NAMORADINHA DA AMÉRICA, NUNCA MAIS
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NAMORADINHA DA AMÉRICA, NUNCA MAIS
CAPA 8 ok 19/7/03 8:16 PM Page 1 MONET PROGRAMAÇÃO MONET A S UA R E V I S TA C U LT U R A PERSONALIDADES MEG ESTILO RYAN TURISMO NAMORADINHA DA AMÉRICA, NUNCA MAIS MODA CARROS COMIDA TECNOLOGIA BELEZA SUPERGUIA NET ESTRADA PARA PERDIÇÃO, NO TELECINE PREMIUM 9 7 71 67 8 49 90 07 N O V E M B R O 2003 00008 NOVEMBRO 2003 NÚMERO 08 R$ 8,00 10/14/03 8:49 PM Page 35 STEPHEN DANELIAN/CORBIS OUTLINE MN08_p35a39_MegRyan A NOVA M E G R YA N DEPOIS DE CONSOLIDAR SUA CARREIRA EM COMÉDIAS ROMÂNTICAS, COMO “HARRY & SALLY – FEITOS UM PARA O OUTRO”, A ATRIZ PARTE PARA UM PAPEL MAIS DENSO NO POLÊMICO LONGAMETRAGEM “EM CARNE VIVA”, DE JANE CAMPION VANESSA MAEL, ESPECIAL PARA A MONET, DE NOVA YORK 35 MN08_p35a39_MegRyan 10/14/03 8:49 PM Page 36 EN t REVIS t A MEG RYAN M eg Ryan, a namoradinha da América a partir dos anos 80, resolveu mudar de papel. Aos 41 anos, a atriz deixa de lado a imagem da mocinha das comédias românticas, como "Sintonia de Amor" (1993), "Surpresas do Coração" (1995) e "Mensagem para Você" (1998), para viver uma mulher complexa e em conflito no filme "Em Carne Viva" ("In The Cut"), com estréia nos cinemas brasileiros prevista para novembro. No papel da solitária professora de poesia Frannie Avery, que coleciona versos escritos nas paredes do metrô e se envolve sexualmente com um possível assassino, Meg trilha um caminho que a maioria dos seus fãs jamais imaginariam. "Frannie não está interessada em agradar as outras pessoas, quer apenas viver a própria vida, tentando ser o mais autêntica possível, mas é extremamente fechada. O curioso é que a linguagem é sua grande paixão e, ao mesmo tempo, ela não fala muito. Foi quase como fazer um filme mudo para mim", descreve Meg. No filme dirigido pela cineasta australiana Jane Campion, vencedora do Oscar de melhor roteiro por "O Piano", a atriz aparece em um inédito e, para ela, ousado nu. Os excelentes coadjuvantes, interpretados por Mark Ruffalo ("A Última Fortaleza"), Jennifer Jason Leigh ("Mulher Solteira Procura") e Kevin Bacon ("Garotas Selvagens") também dão peso à trama que envolve suspense e sexualidade. "Em Carne Viva" é baseado no livro homônimo de Susanna Moore, um thriller montado sob a perspectiva de uma mulher que expõe seus impulsos a um policial (Ruffalo), mesmo quando passa a desconfiar que ele é um assassino. A história enfoca alguns dos mais reais sentimentos da sociedade moderna, como a morte do romance e a solidão. Na entrevista a seguir, Meg Ryan contou como lidou com o desafio de ficar nua na frente das câmeras, reflete sobre as experiências de seu personagem e fala dessa surpreendente metamorfose de sua carreira. Confira os melhores momentos. 36 M O N E T Como você lida com esta imagem de "namoradinha da América"? MEG RYAN: Não me sinto dessa forma e não construí isso. Já fiz mais de 30 filmes e apenas seis ou sete deles eram comédias românticas. As pessoas tendem a simplificar isso, escolhendo um personagem, mas eu não tenho essa imagem única. Você se assustou ou se sentiu insegura em algum momento ao ler o roteiro de "Em Carne Viva", escrito pela própria Campion? Não. Quando li o script, me senti como se estivesse sonhando. Mais tarde, acordei para a realidade. "Onde eu me meti?", pensei. Nesse momento, fiquei assustada, mas trabalhar com Jane Campion alivia isso. Prestei atenção na forma como ela trabalha, o que ela já fez, a forma como promove a arte ou lida com a sexualidade nos outros filmes... Então, posso dizer que não me senti insegura sobre o que faria. Como você se preparou para o personagem? Bem, na verdade, não tive muito tempo para trabalhar com a preparação. Foram apenas três semanas corridas. E isso é de fato raro. Geralmente, são meses e meses me preparando para um novo trabalho. Dessa vez, não tive essa disponibilidade de tempo, o que acabou se tornando parte do processo de composição de Franie. Foi uma forma de apenas tentar liberar o personagem, naturalmente. Eu pensei "ok, eu tenho este tempo para me preparar" e assim fui apresentada a professores de poesia da Universidade de Nova York e improvisei muito também. A solidão é um tema fortemente retratado neste filme. Como você encara a solidão? Solidão faz parte da vida de todos. E é a pior parte. Mas pode ser também algo cinematográfico. Lembro de ter assistido a um filme da Sandra Bullock chamado "Enquanto Você Dormia" e me senti muito tocada pela solidão do personagem de Sandra. Acredito que você pode se sentir sozinho mesmo dentro de um grupo e isso faz parte das MN08_p35a39_Megryan 10/14/03 8:16 PM Page 37 pessoas. Quanto à minha solidão, bem... eu sei que minha solidão está lá. E é apenas isso. Você aparece muito bonita e confortável durante as cenas de sexo com o ator Mark Ruffalo. Em algum momento se sentiu envergonhada a respeito dessas cenas? Em nenhum momento me senti envergonhada. Não associo o trabalho com o sentimento vergonha, de nenhuma maneira. Eu achei as cenas fantásticas. É exatamente o que o filme pede. Como foi o trabalho neste tipo de cena? No início das filmagens, nós negociamos quais partes do corpo apareceriam. Eu sempre dizia "você pode mostrar esta parte, mas esta não...". Jane tinha muito mais cenas do meu corpo que ela poderia ter usado e apenas não o fez. E, no final, essas cenas são muito comoventes, a parte do filme em que duas pessoas estão se conhecendo intimamente. "EU ME ACHO SENSUAL, SÓ NÃO ME Visual reciclado Meg Ryan em cena de “Em Carne Viva” VEJO COMO UMA MULHER VULGARMENTE SENSUAL. Você se sente pressionada em relação ao seu corpo por aparecer nua no filme, com 40 anos? Não me exercitei durante cerca de um ano antes de rodar "Em Carne Viva", pois estava trabalhando em outro projeto. Esta foi a pior forma física de toda a minha vida. Mas o que eu posso fazer? É o que vocês estão vendo. A segurança a respeito do corpo que Franie demonstra é uma mensagem para as mulheres? N O V E M B R O Acredito que Franie é muito confortável com o corpo que tem. Me sinto dessa forma também, mas Franie tem essa característica realmente destacada. Uma das concepções erradas sobre o filme é que ela está acordando para sua sexualidade. Ela tem uma vida sexual normal, é sensual e procura sexo. A coisa mais simples, como andar nua pelo quarto segurando um copo de água e conversando com seu par é algo corajoso. Não como as cenas de sexo, estou falando da liber- 37 DIVULGAÇÃO É, EU TENHO MEUS MOMENTOS... " MN08_p35a39_MegRyan 10/14/03 9:19 PM Page 38 EN t REVIS t A MEG RYAN OS PA R E S D E M E G R YA N 1989 1987 Em “Viagem Insólita”, Meg aparece como a garota da cobaia de um projeto secreto (Dennis Quaid). Eles se casariam na vida real, quatro anos depois. No filme, ela ainda flerta com o atrapalhado Martin Short. A atriz formou um confuso e divertido casal com Billy Crystal em “Harry & Sally Feitos Um Para o Outro”, de Rob Reiner. Para muitos, a comédia romântica foi o seu melhor trabalho. 1993 A parceria com Tom Hanks reviveu os anos de ouro. Eles parecem feitos um para o outro em filmes como “Sintonia de Amor” e “Mensagem para Você” (foto), de 1998. 1998 FOTOS: DIVULGAÇÃO Na pele de uma cirurgiã, Meg desperta a paixão em um ser puro e celestial, interpretado por Nicolas Cage, em “Cidade dos Anjos”, um remake de sucesso do cult “Asas do Desejo”. 38 M O N E T 2000 Russell Crowe faz par com Meg em “Prova de Vida”. O romance ultrapassou as fronteiras do set e colocou um ponto final no casamento de nove anos com o ator Dennis Quaid. dade do personagem ao fazer aquilo. Isso demonstra o quanto Jane Campion é brilhante. Aquela cena diz "essas pessoas não são recatadas ou tímidas". Meg Ryan é tão sexy quanto Franie? Não, não sei. Bem, eu me acho sensual, só não me vejo como uma mulher vulgarmente sensual. É, eu tenho meus momentos... Você posaria nua? Não, de forma nenhuma. Acredito que isso é uma coisa completamente diferente da concepção deste filme. "Em Carne Viva" refere-se a exploração da intimidade e o respeito pela mulher. A forma como o detetive Malloy (Mark Ruffalo) faz amor com ela no filme é linda, ele está interessado em dar prazer, em observá-la, em conhecê-la... Não se trata de nada além de intimidade. Por que Frannie parece sempre procurar o perigo? O que eu amo em relação a este personagem é que Frannie caminha ao encontro do que ela tem medo e faz isso o tempo todo. Frannie não quer deixar nada pendente, nada para trás, sem resolução, então ela vai até este homem e existem muitas dúvidas em relação a ele. Ele é um assassino, ou não? Ir ao encontro com do que tememos é o que nos faz viver. Quais são seus próximos projetos? Eu filmei no Canadá, antes de "Em Carne Viva", um longa chamado "Against the Ropes" (algo como "Contra as Cordas") em que eu interpreto uma mulher realmente sexy e espalhafatosa [a promotora de boxe Jackie Kallen]. Este tipo de personagem é difícil. Da mesma forma que Frannie gostaria de estar camuflada entre a decoração, para não ser notada, em "Against the Ropes", Jackie queria aparecer. Isso realmente me tirou muita energia. q Assista a Meg Ryan em “Mensagem para Você” O • Warner • segunda, dia 24, 21h