NAMORADINHA DA AMÉRICA, NUNCA MAIS

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NAMORADINHA DA AMÉRICA, NUNCA MAIS
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MONET
PROGRAMAÇÃO
MONET
A S UA R E V I S TA
C U LT U R A
PERSONALIDADES
MEG
ESTILO
RYAN
TURISMO
NAMORADINHA DA
AMÉRICA, NUNCA MAIS
MODA
CARROS
COMIDA
TECNOLOGIA
BELEZA
SUPERGUIA NET
ESTRADA PARA
PERDIÇÃO, NO
TELECINE PREMIUM
9 7 71 67 8 49 90 07
N O V E M B R O 2003
00008
NOVEMBRO 2003
NÚMERO 08
R$ 8,00
10/14/03
8:49 PM
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STEPHEN DANELIAN/CORBIS OUTLINE
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A
NOVA
M E G R YA N
DEPOIS DE CONSOLIDAR SUA CARREIRA EM COMÉDIAS ROMÂNTICAS, COMO “HARRY & SALLY –
FEITOS UM PARA O OUTRO”, A ATRIZ PARTE PARA
UM PAPEL MAIS DENSO NO POLÊMICO LONGAMETRAGEM “EM CARNE VIVA”, DE JANE CAMPION
VANESSA MAEL, ESPECIAL PARA A MONET, DE NOVA YORK
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EN t REVIS t A MEG RYAN
M
eg Ryan, a namoradinha da América a partir dos anos 80, resolveu mudar de papel. Aos 41 anos, a atriz
deixa de lado a imagem da mocinha
das comédias românticas, como "Sintonia de Amor"
(1993), "Surpresas do Coração" (1995) e "Mensagem para Você" (1998), para viver uma mulher
complexa e em conflito no filme "Em Carne Viva"
("In The Cut"), com estréia nos cinemas brasileiros prevista para novembro.
No papel da solitária professora de poesia
Frannie Avery, que coleciona versos escritos nas
paredes do metrô e se envolve sexualmente com
um possível assassino, Meg trilha um caminho
que a maioria dos seus fãs jamais imaginariam.
"Frannie não está interessada em agradar as outras pessoas, quer apenas viver a própria vida,
tentando ser o mais autêntica possível, mas é
extremamente fechada. O curioso é que a linguagem é sua grande paixão e, ao mesmo tempo, ela não fala muito. Foi quase como fazer um
filme mudo para mim", descreve Meg.
No filme dirigido pela cineasta australiana Jane Campion, vencedora do Oscar de melhor roteiro por "O Piano", a atriz aparece em um inédito e, para ela, ousado nu. Os excelentes coadjuvantes, interpretados por Mark Ruffalo ("A Última Fortaleza"), Jennifer Jason Leigh ("Mulher
Solteira Procura") e Kevin Bacon ("Garotas Selvagens") também dão peso à trama que envolve suspense e sexualidade.
"Em Carne Viva" é baseado no livro homônimo de Susanna Moore, um thriller montado sob
a perspectiva de uma mulher que expõe seus
impulsos a um policial (Ruffalo), mesmo quando passa a desconfiar que ele é um assassino.
A história enfoca alguns dos mais reais sentimentos da sociedade moderna, como a morte
do romance e a solidão.
Na entrevista a seguir, Meg Ryan contou como
lidou com o desafio de ficar nua na frente das câmeras, reflete sobre as experiências de seu personagem e fala dessa surpreendente metamorfose
de sua carreira. Confira os melhores momentos.
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M O N E T
Como você lida com esta imagem de "namoradinha da América"?
MEG RYAN: Não me sinto dessa forma e não construí isso. Já fiz mais de 30 filmes e apenas seis ou
sete deles eram comédias românticas. As pessoas
tendem a simplificar isso, escolhendo um personagem, mas eu não tenho essa imagem única.
Você se assustou ou se sentiu insegura em algum momento ao ler o roteiro de "Em Carne Viva", escrito pela própria Campion?
Não. Quando li o script, me senti como se estivesse sonhando. Mais tarde, acordei para a realidade. "Onde eu me meti?", pensei. Nesse momento, fiquei assustada, mas trabalhar com Jane Campion alivia isso. Prestei atenção na forma
como ela trabalha, o que ela já fez, a forma como promove a arte ou lida com a sexualidade nos
outros filmes... Então, posso dizer que não me
senti insegura sobre o que faria.
Como você se preparou para o personagem?
Bem, na verdade, não tive muito tempo para trabalhar com a preparação. Foram apenas três semanas corridas. E isso é de fato raro. Geralmente, são meses e meses me preparando para um
novo trabalho. Dessa vez, não tive essa disponibilidade de tempo, o que acabou se tornando parte do processo de composição de Franie. Foi uma
forma de apenas tentar liberar o personagem, naturalmente. Eu pensei "ok, eu tenho este tempo
para me preparar" e assim fui apresentada a professores de poesia da Universidade de Nova York
e improvisei muito também.
A solidão é um tema fortemente retratado neste filme. Como você encara a solidão?
Solidão faz parte da vida de todos. E é a pior parte. Mas pode ser também algo cinematográfico.
Lembro de ter assistido a um filme da Sandra Bullock chamado "Enquanto Você Dormia" e me senti muito tocada pela solidão do personagem de
Sandra. Acredito que você pode se sentir sozinho
mesmo dentro de um grupo e isso faz parte das
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pessoas. Quanto à minha solidão, bem... eu sei
que minha solidão está lá. E é apenas isso.
Você aparece muito bonita e confortável durante as cenas de sexo com o ator Mark Ruffalo. Em
algum momento se sentiu envergonhada a respeito dessas cenas?
Em nenhum momento me senti envergonhada.
Não associo o trabalho com o sentimento vergonha, de nenhuma maneira. Eu achei as cenas fantásticas. É exatamente o que o filme pede.
Como foi o trabalho neste tipo de cena?
No início das filmagens, nós negociamos quais
partes do corpo apareceriam. Eu sempre dizia
"você pode mostrar esta parte, mas esta não...".
Jane tinha muito mais cenas do meu corpo que
ela poderia ter usado e apenas não o fez. E, no
final, essas cenas são muito comoventes, a parte do filme em que duas pessoas estão se conhecendo intimamente.
"EU ME ACHO
SENSUAL, SÓ NÃO ME
Visual reciclado
Meg Ryan
em cena de
“Em Carne Viva”
VEJO COMO UMA MULHER VULGARMENTE SENSUAL.
Você se sente pressionada em relação ao seu corpo por aparecer nua no filme, com 40 anos?
Não me exercitei durante cerca de um ano antes
de rodar "Em Carne Viva", pois estava trabalhando
em outro projeto. Esta foi a pior forma física de toda a minha vida. Mas o que eu posso fazer? É o que
vocês estão vendo.
A segurança a respeito do corpo que Franie
demonstra é uma mensagem para as mulheres?
N O V E M B R O
Acredito que Franie é muito confortável com o
corpo que tem. Me sinto dessa forma também,
mas Franie tem essa característica realmente destacada. Uma das concepções erradas sobre o filme é que ela está acordando para sua sexualidade. Ela tem uma vida sexual normal, é sensual e
procura sexo. A coisa mais simples, como andar
nua pelo quarto segurando um copo de água e
conversando com seu par é algo corajoso. Não
como as cenas de sexo, estou falando da liber-
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DIVULGAÇÃO
É, EU TENHO MEUS MOMENTOS... "
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EN t REVIS t A MEG RYAN
OS
PA R E S D E
M E G R YA N
1989
1987
Em “Viagem
Insólita”, Meg
aparece como a garota da
cobaia de um projeto
secreto (Dennis Quaid). Eles
se casariam na vida real,
quatro anos depois. No
filme, ela ainda flerta com o
atrapalhado Martin Short.
A atriz formou
um confuso e
divertido casal com Billy
Crystal em “Harry & Sally Feitos Um Para o Outro”,
de Rob Reiner. Para muitos,
a comédia romântica foi o
seu melhor trabalho.
1993
A parceria com Tom
Hanks reviveu os anos
de ouro. Eles parecem feitos um
para o outro em filmes como
“Sintonia de Amor” e “Mensagem
para Você” (foto), de 1998.
1998
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Na pele de
uma cirurgiã,
Meg desperta a paixão em
um ser puro e celestial,
interpretado por Nicolas
Cage, em “Cidade dos
Anjos”, um remake de
sucesso do cult
“Asas do Desejo”.
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M O N E T
2000
Russell
Crowe faz
par com Meg em “Prova
de Vida”. O romance
ultrapassou as fronteiras
do set e colocou um
ponto final no casamento
de nove anos com o ator
Dennis Quaid.
dade do personagem ao fazer aquilo. Isso demonstra o quanto Jane Campion é brilhante.
Aquela cena diz "essas pessoas não são recatadas ou tímidas".
Meg Ryan é tão sexy quanto Franie?
Não, não sei. Bem, eu me acho sensual, só não
me vejo como uma mulher vulgarmente sensual.
É, eu tenho meus momentos...
Você posaria nua?
Não, de forma nenhuma. Acredito que isso é uma
coisa completamente diferente da concepção deste filme. "Em Carne Viva" refere-se a exploração da
intimidade e o respeito pela mulher. A forma como o detetive Malloy (Mark Ruffalo) faz amor com
ela no filme é linda, ele está interessado em dar
prazer, em observá-la, em conhecê-la... Não se
trata de nada além de intimidade.
Por que Frannie parece sempre procurar o perigo?
O que eu amo em relação a este personagem é
que Frannie caminha ao encontro do que ela tem
medo e faz isso o tempo todo. Frannie não quer
deixar nada pendente, nada para trás, sem resolução, então ela vai até este homem e existem
muitas dúvidas em relação a ele. Ele é um assassino, ou não? Ir ao encontro com do que tememos é o que nos faz viver.
Quais são seus próximos projetos?
Eu filmei no Canadá, antes de "Em Carne Viva", um
longa chamado "Against the Ropes" (algo como
"Contra as Cordas") em que eu interpreto uma mulher realmente sexy e espalhafatosa [a promotora
de boxe Jackie Kallen]. Este tipo de personagem é
difícil. Da mesma forma que Frannie gostaria de estar camuflada entre a decoração, para não ser notada, em "Against the Ropes", Jackie queria aparecer. Isso realmente me tirou muita energia. q
Assista a Meg Ryan em “Mensagem para Você”
O • Warner • segunda, dia 24, 21h