encantadora de palavras

Transcrição

encantadora de palavras
OUT/NOV/DEZ • 2009 • Ano 9 • nº 33
P A P E L
C H A MOIS
a arte de
ler
Lázaro Ramos
LER É PODER
Mauricio de Sousa
O CONTADOR
DE HISTÓRIAS
Lygia Fagundes Telles
ENCANTADORA DE PALAVRAS
Sumário
06
0
Publicação trimestral da MD PAPÉIS LTDA.
Rua Clodomiro Amazonas, 249
Itaim Bibi – São Paulo – SP – 04537-010
Tel.: 11 3491-5000
Conselho Editorial:
Sergio L. Canela
Francine Felippe dos Santos
Ruy Marum
10
03.
editorial
04.
o papel do livro
05.
mercado
06.
Quem lê?
Livro, a memória viva da história
KSR, vivendo o futuro,
todos os dias
homenagem
Lygia Fagundes Telles,
encantadora de palavras
08.
encantando leitores
10.
atualidade
12.
12
Ler é poder
Mauricio de Sousa, o contador
de histórias
entrevista
Agradecimentos:
Arnaldo Niskier
Campus
Ediouro
Eliane Dantas
Elsevier
Jal
KSR
Lázaro Ramos
Litera
Lygia Fagundes Telles
Lúcia Winther
Mauricio de Sousa
Ponte do Brasil
Roberto Camarinha
Rocco
Rosania Amorim
Projeto Gráfico/Editorial
Rua Turiassu, 390 - cj. 112
Tel.: 11 3801-1083
[email protected]
Coordenação Geral
Ruy Marum ([email protected])
Mara Ribeiro ([email protected])
Redação
Mara Ribeiro
Ruy Marum
Atendimento ao leitor
[email protected]
Arnaldo Niskier. Educação,
o princípio de tudo
Pré-impressão e Impressão
Agigraf
13.
leitura em destaque
Tiragem
2.300 exemplares
14.
dicas
15.
gente
g
ge
ent
n e que lê
16.
chamois
ch
ham
a oi
o s em destaque
O Alquimista
PPara
ara estudar, existem regras?
Impresso em papel Chamois Fine Dunas
120 g/m2, fabricado pela MD Papéis,
em harmonia com o meio ambiente.
É proibida a reprodução total ou parcial
de textos, fotos e ilustrações por qualquer
meio sem a prévia autorização.
Editorial
QUEM LÊ?
L
ê o jornaleiro, a dona de casa, o farmacêutico. Lê o escri
escritor,
ito
tor,r o eest
estudante
stud
udan
ante
te e o professor. Lê quem
tem livros e também aqueles que não têm sequer condiçõ
ões financeiras
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iras
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par
p
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comp
m rá-los. Mas,
condições
comprá-los.
leem! Isso porque não é preciso ser letrado ou doutor para ler
er.. Ba
Bast
staa qu
quer
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er.. E qu
q
em quer, pode
ler.
Basta
querer.
quem
tudo. Pode conhecer o mundo sem sair da própria casa. Pode encantar com as pal
alav
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onhe
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cime
ment
n o, assim
palavras
conhecimento,
como também pode ser a mais livre das criaturas da Terra.
Ler é poder. Propagar o amor pela leitura e conquistar novos leitores, uma escolha. Lendo mais
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ediç
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ão
esta
edição
de Chamois Notícias, você acompanhará a entrevista com Lázaro Ramos, criador d
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projeto
Poder”
e exemplo de que quem lê pode tudo. E mais. Acompanhará também um pouco da trajetó
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grandes damas da nossa literatura, a escritora Lygia Fagundes Telles, a quem carinhosament
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carinhosamente
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“encantadora de palavras”.
Para encantar esta edição, chamamos também o nosso contador de histórias em quadrinh
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Môn
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quadrinhos,
Mônica
e tio de várias gerações de crianças e adultos que cresceram com a Turma da Mônica e sua
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travessuras.
Contando e encantando histórias como ninguém, Mauricio de Sousa lidera o segme
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mais
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com a versão Mangá.
E por falar em sucesso, por quê não falar da KSR. A distribuidora de papel que há 35
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crescer,
aperfeiçoando-se diariamente para colocar no mercado produtos de qualidade.
Sucesso também é o livro “O Alquimista”, do escritor Michael Scott, um dos autores mais bem sucedido
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sucedidos
Irlanda e sumidade em mitologia e folclore. Impresso em papel Chamois, o livro mistura o real e o imaginár
rio
io,,
imaginário,
prendendo o leitor da primeira até a última página. Este, aliás, é outro grande poder que o livro exerce nas
pessoas. Ao mesmo tempo que ele nos liberta, ele nos prende, nos envolve em seu mundo de uma forma ttão
ã
ão
singular que pouco tempo com ele já é o suficiente para que nos tornemos cúmplices de suas histórias. Neles
estão guardados os mais preciosos fatos da história, as grandes revoluções, a evolução do homem. Neles,
a memória viva da história que, apenas quem lê, pode conhecer. Quem lê pode também conhecer os métodos
aplicados pelo professor e filósofo L. Ron Hubbard para obter melhores resultados nos estudos.
Quem lê, tem o poder de reivindicar por melhorias na qualidade de vida do cidadão. Pode lutar por uma
educação de qualidade, afinal ela é o princípio de tudo. É na educação que deveriam estar todas as apostas da
sociedade. Para falar dela, convidamos o professor Arnaldo Niskier, o mestre, que, com carinho, nos deu uma
aula sobre o assunto.
Aqui nos despedimos com mais esta edição de Chamois Notícias, desejando a você uma boa leitura.
Até a apróxima edição!
CHAMOIS NOTÍCIAS 3
O papel do livro
LIVRO VIVA DA HISTÓRIA
A MEMÓRIA
N
a história
a da humanidade, livros já foram queimahomens perseguidos. Mas não foi só isso.
dos e h
Guerras
Gue
uerras em nome da paz dividiram espaço com
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por
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dedicaram
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edicaram suas vidas. O mundo passou por transformações.
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Homens
Homens fizeram história, como o rei Salomão (reinou de 1 009 a
922
respeitado
grande
Pensadores
922 aa.C.),
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C.)), rres
espe
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ssabedoria.
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Pens
nsad
ador
ores
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como Platão, Sócrates e muitos outros permanecem vivos até os
dias de hoje. Gênios como Leonardo da Vinci e Michelangelo
abrilhantaram o Renascentismo com suas presenças, e Einstein,,
o cientista mais importante do século passado, descobriu a Teooria da Relatividade. O muro de Berlim caiu, a China transformoutransformou
use no gigante Asiático e o sonho de Martin Luther King se realizou através de Barack Obama, o primeiro presidente negro da
história dos Estados Unidos.
Todos
estes
acontecimentos
marcaram
história
mantêm-se
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man
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têm
m-se
se vvi
ivos através dos livros que, geração após geração, exercem o papel
de mensageiros e multiplicadores do conhecimento. Acontecimentos que, se dependessem apenas da memória humana, certamente teriam caído no esquecimento e ficado em algum lugar na
linha do tempo.
Hoje os tempos são outros e o mundo vive outros tipos de conflitos e revoluções. A tecnologia chegou e o homem moderno se
pergunta se é possível sobreviver sem ela. E, este mesmo homem,
totalmente informatizado, também se pergunta quanto tempo
mais os livros, aqueles que um dia foram queimados e que registraram os mais importantes avanços da humanidade,
humanidade resistirão às
tentações da modernidade.
Naada supera a sensação de folhear as
Nada
páginas de um livro. Os livros impressos
não precisam de energia ou sinal, são
companheiros e, não importa o lugar do
mundo, eles estarão sempre por perto.”
José Luiz Goldfarb
4
CHAMOIS NOTÍCIAS
Previsões não faltam decretando o fim do livro impresso e o domínio dos e-books.
e-books. O Kindle, desde o seu
eu lançamento, já vendeu
mais de 1 milhão de aparelhos, mas ainda
da assim nada poderá
convencer
sobre
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impresso. Como disse o professor e educador José
osé Luiz Goldfarb
em nossa edição de nº 31, “nada supera a sensação
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inimagináveis.
nimagináveis. Livre o homem que conhece a sua história.
história
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E o livro estará sempree por aqui para contá-la. Mercado
VIVENDO O FUTURO,
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os mais só-CHAMOIS NOTÍCIAS 5
Homenagem
ENCANTADORA
TADORA
DE PALAVRAS
É
Foto: Adriana Vichi
quase impossível falar de Lygia Fagundes Telles sem
fugir do lugar comum, ou seja, dizer que é uma
mulher à frente de seu tempo. Impossível também
não citar sua importância no cenário literário brasileiro, sua trajetória de sucesso e sua preciosa vocação de encantar com as palavras.
Para conhecê-la, nada melhor que adentrar em seu universo,
suas obras, onde, em cada uma delas, floresce um pouco de sí e
de seus pensamentos. Seus personagens, na maioria femininos,
são repletos de conflitos pessoais, marcados pela inquietação e
vontade de mudança. O domínio da escrita confere à escritora o
dom de brincar com as palavras, recheando seus livros com um
estilo irônico e ambiguo, levando o leitor a uma fantástica viagem entre o mundo da ficção e o da realidade, da primeira até
a última página.
Tão encantadora quanto sua obra, é a personalidade da escritora. Dizem os amigos que ela se destaca pela simplicidade e bom
humor. Mas é a sua distração a sua grande marca registrada.
“Lygia tem problemas com o passaporte, ela nunca sabe onde
está. Esta é uma confusão que também lhe confere certo charme”, diz a escritora e também amiga Lya Luft.
Forte como suas personagens, Lygia sempre alimentou o sonho
da independência. Filha de pais separados,
desde muito nova sabia que não de“Sou uma
penderia de ninguém. Formou-se
escritora de Terceiro
em direito e educação física pela
Mundo, num país com alto
USP. Se uma profissão não desíndice de analfabetismo, onde
se certo, teria a outra como
a saúde e a educação são um
garantia. Paralelamente continuou investindo em seu
desastre. Quando eu era estudante
grande sonho: as palavras.
de direito, certa ocasião disse uma
Estas,
como pudemos percecoisa que vale até hoje: quando o
ber, ocuparam lugar de destaBrasil tiver mais creches e mais
que
na vida da escritora.
escolas, ele terá menos
“Quando me formei, amigos me
hospitais e menos
convidaram para abrir um escritório
cadeias”
de advocacia. Falências! Concordatas!
6
CHAMOIS NOTÍCIAS
simplicidade
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amor
ENCANTAMENTO
independência
IMORTAL
educação
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PAIXÃO
prêmioss
BESTILO
ELEZA
O
humor
$0,*$
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cativa
brincadeiras
perfeccionista
,;,950A(9
inconfundível
SONHO VOCAÇÃO
Ã
LIVRE
sendo traduzidos para vários idiomas,
entre eles o alemão, o espanhol, o francês, o inglês, o italiano, o polonês, o sueco, o tcheco e o português, de Portugal.
O amor pela palavra foi marcante na
vida da escritora, e graças a ele teve o
privilégio de conhecer e compartilhar
grandes momentos ao lado de nomes
como Cecília Meireles, Érico Veríssimo,
Oswald de Andrade, Hilda Hilst, Clarice
Lispector, Ignácio de Loyola Brandão,
José Saramago, Carlos Drummond de
Andrade, Manuel Bandeira entre tantos
outros de grande destaque no mundo
das letras. É justamente através da palavra que a escritora manifesta seus sentimentos, e essa é a sua arma, a sua vocação, o seu grande amor. Para ela, esta
é uma forma de se eternizar. “Este meu
blazer, meu brinco, a minha cara, o meu
cabelo, nada disso tem importância,
porque vai passar, mas minha palavra,
esta pode ser que não passe. É uma
aposta que estou fazendo, e se ela não
passar, esta palavra será a negação da
morte. Pronto! Não é preciso mais
nada. Através dela, estou negando a
minha morte”.
Com a sabedoria de quem fez a aposta certa, Lygia nos dá mais uma lição de vida. A
nós, seus leitores e admiradores, cabe agradecer pelas palavras, todas, que nos encantam e emocionam, e também prestar-lhe
uma homenagem, pedindo licença a Vinícius de Moraes fazendo nossa suas palavras: “que seja infinita enquanto dure”.
E que dure para sempre. SONHO
Divórcios! A idéia era ficarmos ricos! Mas
eu tinha uma vocação literária. Bom, o
resto todos sabem, preferi seguir minha
vocação, realizar meu sonho, eles ficaram ricos e eu pobre”, diz a escritora.
Para quem tem em sua trajetória mais de
30 obras, entre romances, livros de contos e memórias, inúmeros prêmios, entre
eles o “Prêmio Camões”, o mais importante da língua portuguesa, essa afirmação deveria ser apenas mais uma de suas
brincadeiras. Mas não é, embora saiba
da importância que tem na literatura, a
escritora também reconhece que num
país como o Brasil, o intelectual não tem
o seu merecido valor. “Sou uma escritora
de Terceiro Mundo, num país com alto
índice de analfabetismo, onde a saúde e
a educação são um desastre. Quando eu
era estudante de direito, certa ocasião
disse uma coisa que vale até hoje: quando o Brasil tiver mais creches e mais escolas, ele terá menos hospitais e menos
cadeias”, arremata.
Se sobrevivo apenas da literatura?
É claro que não. Eu sou uma senhora
procuradora do Estado, aposentada do
Ipesp (Instituto de Previdência do Estado
de São Paulo).
Embora não tenha feito fortuna com
as palavras, a obra de Lygia Fagundes Telles tem um valor inestimável para a literatura brasileira e, ao longo de sua trajetória, conquistou o carinho dos leitores e o
respeito de grandes nomes da literatura.
Atualmente, seus livros ocupam lugar de
destaque no Brasil e em diversos países,
estilo
única
Lygia Fagundes Telles, a encantadora de palavras
SONHO
O O
LIVRE
DPLJD
L
BELEZA
amor
Creio que a função
ç do escritor é a de ser a testemunha do seu tempo
e da ssua sociedade. Escrever por aqueles que não podem escrever.
Falar por aqueles que muitas vezes esperam ouvir da nossa boca
a palavra que gostaria de dizer. Estender, através da palavra, uma
pponte ppara o ppróximo, comunicar-se com ele e ajudá-lo,
j
mesmo com
soluções
ç ambíguas, na sua luta e na sua esperança. A esperança que
o escritor tem que ter no coração.”
vocação
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humor
hu
mor
romances
LETRAS
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CHAMOIS NOTÍCIAS 7
Encantando leitores
LER É
V
iver num país justo, onde todos tenham acesso à cultura
e que tenham também a
perfeita compreensão de seu papel na sociedade. Um país onde a palavra cidadania
não esteja apenas impressa no papel, mas
seja praticada pelo seu povo. País evoluído,
com uma população consciente de seus
direitos e deveres, mas, principalmente,
consciente de seu poder. Utopia?
Para quem sabe a importância
da leitura a resposta é não.
Ler é permitir-se crescer,
abrir a mente para a
informação, o conhecimento. É enxergar o
novo, é libertar-se das
correntes da ignorância.
Ler é poder.
Poder buscar, cobrar e,
também, poder fazer. Fazer
algo para que este país, aparentemente utópico, seja um dia, uma país real.
8
CHAMOIS
HAMOIS NOTÍCIAS
PODER
Quem lê, sabe que isso é possível, basta
que cada um faça a sua parte. Quem também acredita dessa forma é Lázaro Ramos,
um dos grandes talentos da atualidade
e exemplo de consciência cidadã. Um ator
engajado às questões sociais e que, pela
credibilidade perante seu público e por sua
agenda dedicada aos direitos das crianças e
dos adolescentes, foi escolhido para ser
o embaixador do Fundo das Nações
Unidas para a Infância (Unicef).
“Ler é Poder” é o nome do
projeto criado por Lázaro
Ramos, que percebeu que
o índice de leitura dos
brasileiros era muito baixo. O objetivo é incentivar a leitura e com isso
resgatar a cidadania, promover a transformação, o
desenvolvimento e integração
social de crianças, jovens e adultos
dos bairros carentes de Salvador.
Para falar sobre o projeto, educação e de
sua relação com os livros, convidamos
Lázaro Ramos para um bate-papo e, como
todo bom baiano, nos recebeu com simpatia e irreverência, mas também nos deu
um grande exemplo de que ler é poder.
Chamois Notícias: Educação no Brasil.
O que isso significa para você?
Lázaro Ramos: É motivo para dar risada.
Eu tenho um programa de TV, no Canal
Brasil, chamado Espelho (o blog programaespelho.blogspot.com) e, neste ano,
até em função do “Ler é Poder”, resolvi
fazer uma trilogia sobre a educação, ou
seja, fizemos três programas de 25 minutos, entrevistando educadores e pessoas
envolvidas no mundo educacional, tanto
na escola privada quanto na pública e
também na universidade, para fazer um
mapeamento e ver um pouco o que esses
profissionais que estão alí, na lida do dia a
dia pensam, e o engraçado é que o con-
senso geral é de que a educação é desprestigiada. Eu, particularmente, percebi
que temos bons profissionais, que se empenham em dar o melhor de si, mas também temos alguns naturalmente desestimulados, todos se queixam que aquela
escola pública de antigamente morreu, e
isso é um pecado. Eu sou de uma geração
que mistura escola pública e privada, até a
oitava série estudei em escola privada e o
segundo grau na pública. Acho que a educação é um grande problema no nosso
país, acho que a educação é sexta prioridade, mas poderia ser a primeira, não é
mesmo?
CN: Em que momento você foi para a
rede pública?
LR: Quando o Collor chegou ao poder tive
que ir para a pública.
CN: Como adquiriu o gosto pela leitura e quem o influenciou?
LR: Num primeiro momento o estímulo vinha da escola, mas era como atividade escolar e não como prazer. Então nessa época eu lia para cumprir a obrigação da aula
de português ou de redação, que é totalmente diferente de quando você descobre
o prazer de adquirir conhecimento, de se
entreter com a leitura e isso aí aconteceu
na verdade quando já estava no segundo
grau, na escola pública, estimulado pelo
meu professor de teatro, e posteriormente,
pelo meu grupo de teatro que era o bando
de teatro OLODUM. A partir daí, fui buscar uma leitura mais específica, voltada
para o universo do teatro ou biografias. Eu
lembro que a primeira biografia que li foi a
de Nelson Mandela, fiquei encantado com
aquele universo, e a partir daí fui me transformando em um leitor por prazer.
CH: Fale um pouco do projeto “Ler é
Poder”.
LR: Ele nasceu há um ano e meio, um
pouco porque vou muito a Porto Alegre, e
chegando lá notei que o nível de leitura é
bem maior do que no resto do Brasil, as
pessoas leem muito, nas rodas de conversa o assunto é a leitura. Fiquei curioso e fui
procurar dados, quis saber como era na
Bahia, no Brasil... Na época, descobri que
biblioteca, eles também fazem rodas de
as pessoas leem 1,5 livro por ano, isso é
leitura, é um parceiro que está nos ensimuito pouco, sendo que tem uma grande
nando também a lidar de forma até mais
parte que não lê livro nenhum. Aí pensei,
didática, uma parceria maravilhosa. Ouse na Bahia se faz tanto projeto para jovens
tra coisa que me surpreendeu foi perceque são ligados à cultura, eu acho que falta
ber que a Bahia tem mais de 100 biblioum que incentive a leitura. Vou fazer por
tecas comunitárias, porém o grande
conta própria, vou abrir bibliotecas em codesafio é estimular as pessoas a irem até
munidades que já tenham alguma organielas, tornar este espaço mais sedutor.
zação para tentar estimular a leitura. Foi
Essa percepção contribuiu para mudarexatamente de um desejo muito rápido,
mos um pouco o rumo do projeto, que
sem querer abrir uma ONG, foi apenas o
deixou de ter o foco principal na abertura
desejo de estimular a leitura. A minha famíde bibliotecas e passou a priorizar o estília tem muitas professoras. A Rosânia (primulo, levando as pessoas até elas. O nosma do ator e colaboradora do projeto) é
so objetivo é levar o “Ler é Poder” para
professora, está desenvolvendo uma tese
outros estados. de mestrado envolvendo leitura. Tenho
também uma prima que é bibliotecária
e outra professora. Elas começaram
a me ajudar a catalogar. ManSe na
dei e-mails para pessoas
Bahia se faz tanto
e empresas que poderiam
projeto para jovens que
doar livros, como as edisão ligados à cultura, eu acho
toras Objetiva e Ática,
que falta um que incentive
e os retornos começaa leitura. Vou fazer por conta
ram a acontecer. Fui
própria, vou abrir bibliotecas em
colocando tudo na micomunidades que já tenham
nha casa aqui no Rio
de Janeiro e em dois
alguma organização para
meses já tinha 3 mil livros.
tentar estimular
Mandei todos para Salvaa leitura
dor, minhas primas iam catalogando nos domingos e em suas folgas. A Rosânia entrou em contato com
organizações que tivessem espaço e a partir daí fomos abrindo bibliotecas, tudo muito caseiro.
Depois disso fomos descobrindo os parceiros, autores que queriam fazer lançamentos de livros e palestras nas bibliotecas. Na ocasião fui a um programa do
Jornal de Portugal, fiz pedido, várias pessoas doaram e foi crescendo numa proporção que sentimos a necessidade de
organizar mais o projeto, assim minha
prima, hoje em dia, toma conta e organiza tudo. Porém, o que mais me surpreendeu foi como as coisas mudaram o rumo
do projeto. Outra coisa importantíssima
foi a entrada da Universidade Jorge Amado, que está dando apoio logístico, fornecendo alunos para a organização da
CHAMOIS NOTÍCIAS 9
Atualidade
MAURICIO DE SOUSA,
o contador de histórias
C
onsiderado um dos mais bem sucedidos criadores de HQs do Brasil, Mauricio de Sousa, ou o
pai da Turma da Mônica, como também é conhecido, tem muita história para contar. Nelas, aventuras e travessuras típicas das vividas por crianças de todas as idades e um roteiro cuidadosamente elaborado formam a receita de sucesso que,
há 50 anos, conquista leitores mirins de todo o Brasil. O início de
tudo foi em 1959, quando Mauricio ainda trabalhava como repórter policial da Folha da Manhã (hoje, Folha de S. Paulo) e criou sua
primeira tira de quadrinhos, uma história estrelada pelos personagens Bidu e Franjinha. O primeiro número da Mônica veio em
1970 e, o que aconteceu depois pode ser definido em uma só
10 CHAMOIS NOTÍCIAS
palavra: sucesso. E esta palavrinha pode ser tranquilamente substituída por números, que de pequenos, não têm nada:
• Mais de um bilhão de revistas publicadas
• Mais de 200 personagens criados
• Mais de 3 mil itens de produtos licenciados
• O maior estúdio de quadrinhos do Brasil
• A revista de quadrinhos mais vendida no Brasil
Para criar suas historinhas, Mauricio buscou nas recordações da própria infância a inspiração. “Minha Vó Dita contava histórias para a
garotada da rua enquanto eu desenhava para ilustrá-las. Era uma
espécie de cineminha que dava boa audiência. Meus pais eram ligados à poesia e ajudaram muito nessa vontade de ser um escritor.
Contar sobre todas essas coisas foi natural. Quando crio
histórias para divertir, também acabo passando algum ensinamento sobre os valores culturais ou sobre solidariedade, diz ele, que sabe de sua responsabilidade em ser um
interlocutor das crianças, por isso procura, através da
Turma da Mônica, passar mensagens sobre direitos das
crianças, saúde, violência e inclusão social. “O cadeirante
Lucas e a menina cega Dorinha, vieram para mostrar às
crianças que são exatamente iguais a elas. Querem ser tratadas de igual para igual para se sentirem parte da sociedade. Esse trabalho repercute na criança que um dia será
um adulto mais resolvido nessa questão”, diz.
Seus personagens, fizeram e ainda fazem parte do cotidiano de milhares de crianças, conquistando inclusive
lugar de destaque em mais de 126 países e concedeu à
Mônica, sua mais famosa personagem, o título de embaixadora do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a
Infância) no Brasil.
Com uma respeitável trajetória no mundo dos quadrinhos, o criador da Turma da Mônica deu, mais uma vez,
um passo à frente, com ousadia e inovação. Ciente de
que seus leitores haviam crescido, apostou e não errou.
Em 2008 Mauricio lançou a primeira edição da Turma da
Mônica Jovem, no formato Mangá. A Mônica, que antes
era baixinha, dentuça e de forte temperamento, transformou-se numa jovem bonita, apaixonada e cheia de
sonhos. O Cebolinha, agora mais descolado é chamado
pelos amigos de Cebola e, diferentemente do que acon-
tecia na infância, não se une ao Cascão para arquitetar
planos contra a Mônica. Já a Magali, embora tenha algumas recaídas, seleciona um pouco melhor a quantidade
de alimentos que consome, mostrando-se bastante preocupada com a forma física. Enfim, todos agora são jovens
estudantes, que paqueram, frequentam shoppings e vivem conflitos típicos da idade.
Essa mudança trouxe ainda mais resultados. Enquanto
cada edição da versão original vendia cerca de 200 mil
exemplares, a versão Mangá passou para uma média de
400 mil. Antigos leitores foram resgatados e suas quatro
primeiras edições venderam mais de 1,5 milhão de exemplares. Enfim, a Turma da Mônica cresceu e sua versão
Jovem é hoje o gibi de maior sucesso no Brasil nas últimas
três décadas.
Com um passado respeitável e sempre de olho no futuro,
Mauricio de Sousa acredita que o gibi, assim como o livro, tem seu futuro garantido, porque nada substitui o
prazer de folhear uma revista. “Acredito que o tato aproxima o público dos personagens e cria uma cumplicidade
com o autor, pois permite que o leitor domine o ritmo da
história, como se fosse um controle remoto para o cérebro. O gibi é algo estático, que está sempre parado à sua
espera. Além disso, nada supera o cheiro e a textura do
papel impresso”, diz ele. Quanto as suas HQs, a resposta
não poderia ser outra: “eu faço histórias para contar histórias. Na minha infância ouvi muitas e com isso aprendi
a ser um contador de histórias”. Entrevista
EDUCAÇÃO,
O PRINCÍPIO DE TUDO
A busca por um país melhor, justo e ético, onde todos os seus filhos tenham a
consciência do seu papel na sociedade e saibam, na prática, o verdadeiro conceito
de cidadania. Essa busca faz parte da realidade de personalidades como Arnaldo
Niskier, doutor em educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ), professor titular de História e Filosofia da Educação, membro do Conselho
Federal de Educação (1986 a 1992) e do Conselho Nacional de Educação (1996 a
1998), quatro vezes Secretário de Estado do Rio de Janeiro (Ciência e Tecnologia/
Educação e Cultura), membro da ABL (foi presidente no biênio 96/99), presidente
do CIEE/Rio, autor de 73 livros e detentor da legião de Honra da França. Estes são
apenas alguns tópicos que fazem parte do extenso currículo deste educador que é
um exemplo de dedicação em prol da educação. E, como educação é o princípio de
tudo, convidamos o professor Niskier para nos dar uma breve aula de como anda
o Brasil nesta matéria:
Chamois Notícias: Na sua opinião, como
está a educação no Brasil? Ela tem recebido a atenção que merece?
Arnaldo Niskier: Mal, não dá para disfarçar. Ela não tem recebido a atenção devida. Investimos 4,5% do PIB em educação
e esse número deveria ser de 6%. Projetos
são iniciados e sofrem de descontinuidade, em função das mudanças de governo.
Cada ministro que assume começa tudo
de novo. O resultado é que temos 14 milhões de analfabetos puros e cerca de 30
milhões de analfabetos funcionais. Quem
é o responsável por isso?
CN: De que forma governo e sociedade podem trabalhar para a melhoria
do sistema educacional?
AN: O governo deve tornar a educação
um fato político de primeira ordem. Falta
essa vontade política, o que nos parece
12 CHAMOIS NOTÍCIAS
incompreensível. Todos sabem que os tigres asiáticos eram nações subdesenvolvidas há 30 anos e deram uma grande
virada, tendo por fulcro a prioridade na
educação. O maior óbice é a forma pela
qual são tratados os professores e especialistas brasileiros. São malformados,
maltreinados e malpagos. É muito mal
para uma só categoria.
CN: É público e notório que o ensino
público regrediu nas últimas décadas.
Na sua visão, o que desencadeou essa
deterioração?
AN: Em princípio, a massificação. Tem um
lado positivo, que é a universalização do
atendimento ao ensino fundamental (97%),
mas a qualidade ficou muito a desejar. No
ensino médio, uma confusão de Leis, portarias e pareceres. Perdeu a personalidade e
deixou enorme brecha na área profissionali-
zante em nível intermediário. E no ensino
superior a estagnação do número de estudantes. Não chegamos a 6 milhões, ficando
atrás de países até menos desenvolvidos.
Hoje, pode-se afirmar que precisamos do
dobro de universitários, e com a garantia da
qualidade indispensável. Querem um exemplo? Formamos 20 mil engenheiros por ano.
A Índia forma 200 mil e a China, 300 mil.
Isso terá efeitos futuros sobre a presença
brasileira no concerto internacional. Quem
está preocupado com isso?
CN: Em relação à remuneração, capacitação, aperfeiçoamento e motivação…
O senhor acha que os educadores estão
recebendo os estímulos necessários?
AN: Deve-se remunerar condignamente os
professores, sem dúvida um dos maiores entraves da nossa educação. Como exigir eficiência a um profissional malpago? Como in-
centivar a escolha do magistério como
carreira, se os salários são baixíssimos? O
que fazer para diminuir a evasão constante
de professores, que abandonam suas turmas? A motivação está diretamente relacionada à remuneração. Já na capacitação somos obrigados a admitir que os cursos de
formação de professores precisam passar
por urgente reformulação. Os professores
não têm qualquer estímulo para procurar
cursos de aperfeiçoamento.
CN: O Brasil se destaca pelo baixo índice de leitura de sua população. Na sua
opinião, o que precisaria ser feito para
revertermos esse quadro?
AN: Deve haver um grande esforço nacional de valorização do gosto pela leitura. A
imprensa tem papel primordial na matéria.
Hoje, é mais comum ler nos jornais as ex-
celsas virtudes do Kindle, por
ma que um fato novo está
exemplo, do que grandes
alterando essa realidade.
Deve haver
projetos de valorização da
A existência do Kindle
um
grande
esforço
leitura, no formato atuda Amazon, por
nacional de valorização do
al do livro (a nosso ver,
exemplo, ao lado
gosto
pela
leitura.
A
imprensa
jamais será substituído e-readerr da
do). Esse gosto pela
Sony, populariza a
tem papel primordial na matéria.
leitura deve vir desleitura eletrônica
Hoje, é mais comum ler nos jornais
de a mais tenra idanos Estados Unias excelsas virtudes do Kindle,
de, como vimos no
dos, abrangendo
por exemplo, do que grandes
Japão, onde os pais
46 jornais e 35 reprojetos de valorização da
costumam ler para os
vistas, além de mileitura, no formato atual
filhos histórias aproprialhares de livros. O fedo livro
das, diariamente, antes
nômeno está chegando
que as crianças adormeçam.
ao Brasil. É comum o emprego de uma nova linguagem, para
CN: Muito se fala que os livros perdequal devemos estar preparados: plataforram espaço para a internet? O senhor
mas on-line, internet, google, facebook,
concorda?
twitter, i-phones, Wi-AA (Administração
AN: Não há esta certeza. Apenas se estiAcadêmica sem Fio) etc. O ALQUIMISTA
U
O ALQUIMISTA
Michael Scott
Tradução Chico Lopes
Editora Rocco
400 páginas
m livro especial. Seu autor,
Michael Scott, um dos
mais bem sucedidos da Irlanda, é também sumidade em mitologia e
folclore. Seus livros já foram vendidos em
mais de 37 países e “O Alquimista” alcançou a
prestigiada lista de mais vendidos do jornal
The New York Times.
Sua narrativa é dinâmica e, para os apreciadores da mitologia, o autor nos presenteia com
uma leitura imperdível, revelando um mundo
distante e ao mesmo tempo, próximo e real.
A trama apresenta a história de Nicholas Flamel, nascido em 1330, Paris. A data de sua
morte é 1418, mas essa informação nunca
pode ser confirmada, pois seu túmulo sempre
esteve vazio. Flamel ficou conhecido como o
maior alquimista que o mundo já conheceu.
Diz a lenda que ele ainda está vivo, graças ao
elixir da vida, descoberto por ele.
Leitura em destaque
O Alquimista esconde seu segredo no Livro de
Abraão, o Mago, considerado o mais poderoso
de todos os tempos. Nele, está o segredo da
vida eterna, mas, em mãos erradas, também
pode estar a chave para a destruição do mundo.
E, em busca de poder absoluto e da destruição
total, está o vilão dr. John Dee, que dedica-se
intensamente na busca pelo livro e dos segredos da Pedra Filosofal e o Elixir da Vida, que é
protegido por séculos por Flamel e sua esposa,
Perenelle.
Na incessante luta do bem contra o mal, fatos
marcantes acontecem e de uma hora para outra tudo pode mudar. Neste livro, autor e obra
levam o leitor a uma fantástica viagem ao
mundo da magia e da fantasia. Para seus leitores, o sucesso não é surpresa, já sabem o que
esperar dele. Impresso em papel Chamois, o livro além de encantador, permite ao leitor uma
agradável leitura. Vale conferir! CHAMOIS NOTÍCIAS 13
Dicas
PARA ESTUDAR,
EXISTEM REGRAS?
Há quem diga que sim, mas
há também quem defenda
que não, afinal, cada pessoa
é única, com características
próprias de compreensão e
entendimento. Alguns preferem o isolamento, silêncio absoluto e se antecipam
inther
Lúcia W
ao máximo nos estudos. Outros dedicam menos tempo e ainda assim podem obter os mesmos resultados. Há
também aqueles que ligam o som no volume máximo e há ainda
aqueles que não se concentram de forma alguma.
Mas no final, a pergunta é uma só: para estudar, existe certou ou errado? A editora Lúcia Winther, considerada desde a infância uma aluna exemplar, defende que seguindo algumas dicas, é possível obter
um melhor desempenho nos estudos. Ela se baseia nas pesquisas realizadas pelo escritor e filósofo americano L. Ron Hubbard que desenvolveu métodos eficazes para o aprendizado.
Hubbard defende que existem barreiras que impedem a compreensão e que causam sintomas físicos no momento que alguém está lendo ou estudando. Quando essas barreiras são
identificadas, é possível corrigir o problema e seguir seus estudos com compreensão. E cada barreira tem a sua série de sintomas físicos. São eles:
A primeira barreira é conhecida como “falta de massa”, quer dizer, ocorre quando não há equilíbrio
entre o concreto e o abstrato. Alguns dos sintomas são: corpo encurvado, tédio, dor de cabeça e nos
olhos, raiva e sensação estranha no estômago.
A segunda barreira é o gradiente muito inclinado ou pulado, ou mais popularmente, etapa queimada.
Ocorre quando o estudante avança para assuntos mais difíceis sem ter entendido bem os precedentes.
Os sintomas desta barreira são confusão e sensação de tontura.
A terceira e mais importante barreira ao estudo é a palavra mal-entendida. Não é só uma palavra que
não foi compreendida totalmente. Pode ter sido entendida de uma forma errada ou parcial, por exemplo. Os sintomas são: “sentir-se em branco”, dispersão, sono, nervosismo e inquietação, indisciplina e
deserção.
Quero ressaltar que o importante é resolver as causas da falta de
compreensão e não simplesmente tentar melhorar os sintomas.
Não adianta repreender o aluno para que preste atenção ou endireite o corpo. Tomar café ou medicações são também soluções
paliativas, já que não atuam nas causas do problema que são, de
fato, as três barreiras ao estudo.
A editora ressalta a importância de estudar com seriedade, evitando momentos de cansaço, consumo de álcool, espaço con14 CHAMOIS NOTÍCIAS
fortável e bem iluminado e ter sempre à mão bons dicionários
para consulta. E, por que não, conhecer um pouco do trabalho
de Hubbard, que ela considera decisivo na sua forma de encarar
os estudos. “O primeiro ponto que mudei na minha forma de
estudar foi que estou sempre buscando como aplicar aquilo que
estudo, em vez de simplesmente empilhar dados em cima de
dados, para expelí-los nos exames e receber um diploma”, finaliza a editora. Gente que lê
Foto: divulgação
Foto: divulgação
Foto: divulgação
ROBERTO CAMARINHA
LÁZARO RAMOS
ARNALDO NISKIER
Publicitário
Ator
Educador
“Estou lendo o livro ‘Ninguém faz sucesso
sozinho’, de A. A. A. de Carvalho, o Tuta,
dono da rádio Jovem Pan. Como seu contemporâneo e também profissional de comunicação, este livro, mais que falar da
história da comunicação no Brasil, conta
um pouco também da minha história, e
dos grandes momentos que passei, juntamente com inesquecíveis amigos. Momentos que me orgulho de ter vivido e que relembro com esta leitura.”
“Estou lendo a biografia do Mário Gusmão de Jeferson Bacelar. O livro é muito
bacana, acho que conhecer a história de
Mário Gusmão, um autor símbolo do teatro brasileiro e também baiano, é importantíssimo. Curiosamente na minha vida foi
o primeiro ator que contracenei e o último
trabalho que ele fez em vida foi comigo
também. Ele foi o primeiro ator negro a entrar em uma universidade de teatro do Brasil, uma pessoa de grande generosidade.”
“Estou lendo, como é meu hábito, dois livros
ao mesmo tempo. ‘Um ato de liberdade’, de
Nechama Tec, sobre a perseguição dos judeus na II Guerra Mundial e os fatos que
transformaram os irmãos Bielski em verdadeiros heróis, e ‘Histórias para crianças’, de
Isaac Bashevis Singer, que escreve de tal forma que os seus pequenos contos são agradáveis de ler para pessoas de todas as idades.”
SINOPSE
O livro ‘Ninguém faz sucesso sozinho’
traz a trajetória de vida do jornalista
Antonio Augusto Amaral de Carvalho,
o Tuta, um inovador e um dos nomes
mais importantes da história do rádio e
da televisão do Brasil.
SINOPSE
O autor descreve como Mário mergulhou
no mundo da cultura alternativa, no estilo
de vida então adotado por artistas e contestadores oriundos da classe média, mas
sem dominar as regras ocultas que lhe permitiriam ser bem-sucedido nesse meio.
Este livro é um importante documento da
história do Brasil. “É o registro da vida de
um batalhador pela cultura em geral e pela
dignidade do povo negro em particular.”
NINGU
NINGUÉM
UÉM
FAZ SU
UCESSO
SUCESSO
SOZINH
HO
SOZINHO
A. A. A.
A de Carvalho
Escritur
ras
Escrituras
432 pá
ginas
páginas
MÁ
MÁRIO
ÁRIO GUSMÃO – UM
PRÍNCIPE
PRÍ
NCIPE NEGRO NA
TERRA
TER
RRA DOS DRAGÕES
DA MALDADE
Jeferson
Jefe
erson Bacelar
Pallas
Palla
as
295
5 páginas
SINOPSE
Em 1942, um pequeno grupo de judeus estabeleceu uma comunidade de resistência
na Bielo-Rússia, oferecendo proteção a todos os fugitivos judeus que conseguissem
chegar lá. O líder dessa comunidade, o carismático Tuvia Bielski, contou sua história a
Nechama Tec, duas semanas antes de morrer em 1987.
UM
M ATO DE LIBERDADE
Nechama
Nec
chama Tec
Record
Rec
cord
470
0 páginas
HISTÓRIAS
HIS
STÓRIAS PARA
CRIANÇAS
CR
IANÇAS
Isaac
Isaa
ac Bashevis Singer
Topbooks
Top
pbooks
340
0 páginas
CHAMOIS NOTÍCIAS 15
Chamois em destaque
MAUS SAMARITANOS – O mito do livre-comércio e a história secreta do capitalismo
TRILHAS PARA O RIO – D
Do reconhecimenh i
to da queda à reinvenção do futuro
ELE NÃO
à SERVE PRA VOCÊ
Ê – Um guia para
livrar-se de relacionamentos destrutivos
Ha-Joon Chang
Editora Elsevier
288 páginas
Impresso em Chamois Fine Dunas 75g/m2
André Urani
Editora Campus
256 páginas
Impresso em Chamois Fine Dunas 75g/m2
Beth Wilson
Editora Rocco
320 páginas
Impresso em Chamois Bulk Dunas 70g/m2
É raro encontrar um livro que trate as questões mundiais sob uma perspectiva original,
mas o renomado economista Ha-Joon Chang
traz algumas perspectivas inovadoras sobre o
futuro da globalização. Ao contrário da maioria dos economistas, que constroem modelos
de como o mercado deveria funcionar, Chang
examina o passado e aponta o que mudou.
Sua narrativa controversa e cáustica vai demolindo todos os pilares dos mitos sobre a economia de livre comércio.
Embasado nas pesquisas do IETS (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), André Urani traz
ao leitor uma obra de arte sociológica. Mais que
um estudo superficial ou romântico sobre o Rio
de Janeiro, este livro é um retrato dos caminhos
passados, presentes e futuros da cidade que um
dia já foi maravilhosa. Urani, com propriedade
de alguém que conhece a fundo o Rio e que já
participou da esfera pública, traça um mapa dos
principais problemas da metrópole e propõe soluções viáveis para o fim da letargia fluminense.e
a amizade que nasce dessa situação-limite.
Encontrar o amor é o sonho de muitas mulheres. Mas, em nome desse desejo, algumas
acabam presas a homens problemáticos e se
tornam vítimas de abuso emocional. Em “Ele
não serve pra você”, ensina a reconhecer os sinais de um relacionamento destrutivo e mostra
como escapar dele, rompendo com um padrão
de comportamento que leva a verdadeiras armadilhas sentimentais. Ao longo de 14 capítulos, a autora aborda temas delicados como
depressão e medo, descreve as várias formas
de controle identificadas em relações doentias.
AS MEMÓRIAS DO LIVRO
A CHAVE – O segredo que faltava par
para
você atrair tudo o que quiser
RIQUEZA – Como os milionários criam
criam,
mantêm e gerenciam sua fortuna
Joe Vitale
Editora Rocco
204 páginas
Impresso em Chamois Bulk Dunas 70g/m2
Merryl Linch
Editora Elsevier
248 páginas
Impresso em Chamois Fine Dunas 75 g/m2
De que adianta conhecer o segredo da Lei da
Atração, que pode modificar a realidade à sua
volta e trazer prosperidade para a sua vida, e
os seus pedidos continuarem a não ser respondidos pelo Universo. Na prática, você quer
crescer, só que, inconscientemente, continua
sabotando os seus desejos. Com “A chave, o
segredo que faltava para você atrair tudo o
que quiser”, o dr. Joe Vitale, uma das estrelas
do filme The Secret, de Ronda Byrne, ensina
10 técnicas de libertação de eficácia comprovada que abrirão as portas do Universo para
os seus pedidos.
Em todo o mundo, existem mais de 10 milhões
de milionários, controlando um enorme fundo
de ativos de cerca de US$37 trilhões. Como as
pessoas muito ricas adquirem suas fortunas e
como conseguem gerenciar o seu crescimento
em um ritmo mais rápido que o investidor médio? Os ricos são criadores de tendências no
mundo das finanças e do investimento; aprender sobre o modo como adquirem e constroem
suas fortunas pode ajudar qualquer investidor
a alcançar resultados e retornos superiores. Repleto de estratégias de criação de riqueza este
livro é um guia completo para uma gestão holística de fortunas bem-sucedida.
Geraldine Brooks
Editora Ediouro
400 páginas
Impresso em Chamois Fine Dunas 70g/m2
Da Espanha de 1480 até a enfraquecida Sarajevo de 1996, um livro sagrado de valor incalculável é caçado por fanáticos políticos e
religiosos. Seu destino está nas mãos de uma
talentosa conservadora de livros, a charmosa
protagonista Hanna, e sua recuperação resulta
em um mistério histórico arrebatador. Quando
Hanna é chamada a Sarajevo para examinar o
Hagadá, um código judaico do século XV que
havia desaparecido durante a guerra da Bósnia, ela não pode acreditar que um documento
tão maravilhoso estava preservado depois de
tantas guerras e tanto preconceito.
CHAMOIS NOTÍCIAS 16