estácio de sá ciências da saúde
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ISSN: 1894-2864 ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE REVISTA DA FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE GOÂNIA SESES - GO VOL. 02, Nº 8, JANEIRO 2013 / JUNHO 2013 FICHA CATALOGRÁFICA DA REVISTA DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CPI) FACULDADE DE GOIÁS CATALOGAÇÃO NA FONTE / BIBLIOTECA FAGO JAQUELINE R. YOSHIDA – BIBLIOTECÁRIA – CRB 1901 LOPES, Edmar Aparecido de Barra e (org.). Revista de Ciências da Saúde da Faculdade Estácio de Sá de GoiásFESGO. Goiânia, GO, v. 02, nº 08, Jan. 2013/Jun. 2013. ISSN 1984-2848 Nota: Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – FESGO. I. Ciências da Saúde. II. Título: Revista de Ciências da Saúde. III. Publicações Científicas. CDD 300 ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS HUMANAS FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE GOIÁS – FESGO VOLUME 02, n. 07, Jan. 2012/Jun. 2012 PERIODICIDADE: SEMESTRAL ISSN: 1984-2864 Cursos de da Faculdade Estácio de Sá de Goiás: Administração Enfermagem Farmácia Educação Física Fisioterapia Recursos Humanos Redes de Computadores Editor Científico: Edmar Aparecido de Barra e Lopes Conselho Editorial Executivo: Amone Inácia Alves Anderson de Brito Rodrigues Cleyson M. Mello Edmar Aparecido de Barra e Lopes Eguimar Felício Chaveiro Jaqueline Veloso Portela de Araujo Nildo Silva Viana Conselho Editorial Consultivo: Amone Inácia Alves Claudio Luiz Correia de Freitas Edicassia Rodrigues de Morais Cardoso Edmar Aparecido de Barra e Lopes Elisa Mara Silveira Fernandes Leão Jose Walber Borges Pinheiro Margareth Ribeiro Machado Santos Silva Maria Aparecida Teles Rocha Nildo Viana Paulo Henrique Castanheira Vasconcelos Tadeu Alencar Arraes Valdeniza Maria Lopes da Barra Equipe Técnica: Editoração Eletrônica, Coordenação Gráfica, Capa e Revisão de Texto em Inglês: Edclio Consultoria: Editorial Pesquisa e Comunicação Ltda Projeto Editorial, Projeto Gráfico, Preparação, Revisão Geral: Edmar Aparecido de Barra e Lopes Revisão Técnica: Josiane dos Santos Lima Endereço para correspondência/Address for correspondence: Rua, 67-A, número 216 – Setor Norte Ferroviário, Goiânia-GO, CEP: 74.063-331 - Coordenação do Núcleo de Pesquisa Informações: Tel.: (62) 3212-0088 Email: [email protected] [email protected] FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE GOIÁS-FESGO Diretora Geral Sirle Maria dos Santos Vieira Coordenação de Fisioterapia Kliver Antônio Marin Gerente Acadêmico Adriano Fonseca Coordenação de Educação Física Maria Aparecida Teles Rocha Qualidade & Regulatório Sue Christine Siqueira Psicologia Elisa Mara Silveira Fernandes Leão COORDENADORES/AS DE CURSOS E NÚCLEOS Coordenação de Redes de Computadores Marcelo Almeida Gonzaga Coordenação de Enfermagem Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso Rejane Danielle Borges Naves Spirandelli Coordenação de Coordenadora do EAD Mara Silvia dos Santos Coordenação de Administração e Recursos Humanos Ana Cláudia Pereira de Siqueira Guedes Coordenação de Farmácia Edson Sidião de Souza Júnior Coordenador de Pós-Graduação Marcelo Marcos Medeiros Luz Coordenador de Pesquisa e Extensão Edmar Aparecido de Barra e Lopes FESGO Estácio www.go.estacio.br/ Fones: (62) 3601-4900 – Brt (62) 8599-6894 – VoIP: *370 4902 SUMÁRIO ARTIGOS 08-15 COMPÓSITO DE POLI(DIMETILSILOXANO) E AMIANTO CRISOTILA RENATA LEAL MARTINS WILSON BOTTER JÚNIOR 16-26 DETECÇÃO DE CASOS NOVOS DE HANSENÍASE NO PERÍODO DE JANEIRO A DEZEMBRO DE 2010 NA CIDADE DE GOIÂNIA-GO SUSANE RAYANNE UCHÔA DE OLIVEIRA ALINE AGUIAR KRAUSS ANA CLAUDIA CAMARGO CAMPOS 27-43 MANIFESTAÇÕES COGNITIVAS E NEUROPSICOLOGIA DA ESCLEROSE MÚLTIPLA ANDRÉIA COSTA RABELO MENDONÇA LEONARDO FERREIRA CAIXETA DENISE SISTEROLLI DINIZ 44-57 INVESTIGAÇÃO DA SATISFAÇÃO COM A IMAGEM CORPORAL, AUTOESTIMA E CONHECIMENTOS SOBRE A SAÚDE DA MULHER EM IDOSAS DA UNATI – ESEFFEGO MARIA CAROLINA LARA MILHOMENS ELDER SALES DA SILVA MARC GINGOZAC NATHALIA CARRIJO DE OLIVEIRA 58-68 CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ACERCA DOS CUIDADOS COM FIXADORES EXTERNOS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA, GOIÁS DANILO BRITO REZENDE E FREITAS HILDA VALÉRIA SANTANA DE FREITAS SUE CHRISTINE SIQUEIRA PESQUISAS 70-91 DAS BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO (BPF) DE ACORDO COM A RCD 216 (ANVISA, 2004) EM SUPERMERCADOS DE GOIÂNIA-GOIÁS PATRÍCIA GOMES DE ASSIS KARYNE FERNANDES SPÍNDOLA 92-99 100-119 OBSERVAÇÃO COMPORTAMENTAL DE ALUNOS UNIVERSITÁRIOS FRENTE POLUIÇÃO AMBIENTAL EM SUA IES ANDRÉ LUIZ AMANCIO GONÇALVES ELISEU FERREIRA DOS PASSOS FERNANDO OLIVEIRA AIRES JANILTON MOURA VIEIRA LEONITA LEITE DE SOUZA LORRANE ANASTÁCIO SILVA UMA ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO TRATAMENTO DE DEPENDENTES QUÍMICOS SORAIA ALVES LETÍCIA SECUNDA LIMA SILVERIO CHARLES BRITTO OLIVEIRA GOMES _________________________ ARTIGOS 8 MARTINS, Renata Leal; JÙNIOR BOTTER, Wilson. Compósito de poli(dimetiloxano) e amianto crisotila. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 08-15, Jan. 2013/Jun. 2013. COMPÓSITO DE POLI(DIMETILSILOXANO) E AMIANTO CRISOTILA Renata Leal Martins1; Wilson Botter Júnior2 RESUMO ABSTRACT Um compósito de poli(dimetilsiloxano) e amianto crisotila foi formado a partir de fibras de amianto crisotila do tipo CB-7TF utilizando poli(dimetilsiloxano) na forma de óleo de viscosidade 500cSt. A identificação do compósito foi realizada a partir da comparação das fibras do amianto crisotila puras com as fibras empregadas na formação do compósito através de espectrofotometria na região do infravermelho, difratometria de raios-X, análise de 29Si por ressonância magnética nuclear, análise da gota séssil e microscopia óptica. As análises dos resultados obtidas a partir das técnicas descritas levaram à confirmação da formação do compósito entre o amianto crisotila e o poli(dimetilsiloxano). A composite of poly(dimethylsiloxane) Chrysotile asbestos and was formed from fibers of chrysotile asbestos type CB-7TF using poly(dimethylsiloxane) as an oil 500cSt in viscosity. The identification of the composite was performed from the comparison of pure chrysotile asbestos fibers with fibers employed in the formation of the composite by spectrophotometry in the infrared, X-ray diffraction analysis, by 29Si nuclear magnetic resonance analysis sessile drop and optical microscopy. The analysis of the results obtained from the described techniques have led to the confirmation of the formation of the composite between chrysotile asbestos and poly(dimethylsiloxane). Palavras-chave: Material. Asbesto, Polímero, Reforço, Key words: Asbestos, Polymer, Reinforcement, Material. Introdução Com o progresso tecnológico, diversos materiais que antes apresentavam apenas algumas aplicações, devido suas propriedades específicas, vêm sendo utilizados em situações antes inimaginável, de forma combinada ou conjugada com um ou mais materiais, obtendo a denominação de compósito. Os compósitos são produzidos com o intuito de exibirem propriedades que são funções das propriedades das fases constituintes[2]. A formação de compósitos objetiva melhorar as propriedades mecânicas, ópticas, elétricas, químicas ou simplesmente baratear os custos 1 Bacharel e Licenciada em Química. M.Sc. – Prof.ª do Centro Universitário de Goiás, Uni-ANHANGUERA, [email protected] 2 Bacharel e Licenciado em Química. Dr. – Prof. da Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, [email protected] 9 MARTINS, Renata Leal; JÙNIOR BOTTER, Wilson. Compósito de poli(dimetiloxano) e amianto crisotila. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 08-15, Jan. 2013/Jun. 2013. do produto[4,5]. Os estudos das propriedades e aplicações do amianto crisotila vêm ocorrendo há muitas décadas. A palavra amianto ou asbestos é um termo comercial aplicável a silicatos fibrosos encontrados na natureza. Ambos os vocábulos são derivados de palavras gregas que significam, respectivamente “incorruptível” (amiantos) e “incombustível” (asbestos), demonstrando dois notáveis predicados físicos destas fibras minerais[5]. É um termo genérico aplicado a um grupo de minerais que ocorrem na natureza em forma fibrosa macroscópica e que se apresentam em muitos tipos e texturas, variando desde uma fibra longa, macia e sedosa, com uma orientação definida dos cristais, até uma massa de fibras curtas, duras e quebradiças, com uma orientação ao acaso dos cristais. A maioria tem brilho sedoso ou nacarado e são todos opacos[1,6]. A composição química dos amiantos varia de um silicato de magnésio hidratado contendo pequenos teores de alumínio (crisotila) aos silicatos complexos, como silicatos de ferro e magnésio (antofilita e amosita) ou silicatos de cálcio e magnésio (tremolita e actinolita) ou silicatos de ferro e sódio, contendo sódio em teores apreciáveis (crocidolita). A crisotila é o equivalente magnesiano do argilomineral caulinita; apresenta a mesma composição do mineral serpentina, isto é, também é um silicato hidratado de magnésio, cuja fórmula da cela unitária é Mg6Si4O10(OH)8; que cristaliza no sistema monoclínico e apresenta hábito fibroso[1]. O poli(dimetilsiloxano) (PDMS) é exemplo de uma substância organo-silícica. O PDMS utilizado neste trabalho é um fluido de silicona produzido comercialmente a partir de oligômeros cíclicos destilados ou hidrolisados[2]. Polímeros sintéticos que apresentam uma estrutura formada por átomos de silício e oxigênio que se encontram ligados alternadamente formando uma cadeia; e onde as demais ligações dos átomos de silício são realizadas com grupos orgânicos, são designados de silicona. O termo silicona tanto pode designar polímeros puros quanto os produtos industriais obtidos a partir deles[2]. Os poli(dimetilsiloxano)s lineares são os mais importantes polisiloxanos industriais. A classificação e utilização desses polímeros são devido à natureza dos grupos terminais e à viscosidade dos mesmos[3]. Fluidos de silicona, em geral, apresentam: boa estabilidade térmica, alta hidrofobicidade, boa resistência à radiação, boas propriedades dielétricas, acentuada atividade superficial; são quimicamente e fisiologicamente inertes além de possuírem propriedades lubrificantes[3]. Neste trabalho foi estudado a reatividade interfacial do poli(dimetilsiloxano) na forma de fluido com viscosidade de 500cSt (=mm2/s) com fibras de amianto crisotila do tipo CB-7TF. 10 MARTINS, Renata Leal; JÙNIOR BOTTER, Wilson. Compósito de poli(dimetiloxano) e amianto crisotila. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 08-15, Jan. 2013/Jun. 2013. Material e métodos Preparo do compósito Inicialmente foi realizada uma mistura mecânica entre PDMS 500cSt da marca Dow Corning e Tetracloreto de carbono (CCl4) P.A. da marca Merck na proporção de 1:2 (em massa). A pesagem foi realizada em uma balança eletrônica Polimate PL 400. A esta mistura inicial foram adicionadas mecanicamente fibras de amianto crisotila do tipo CB-7TF fornecidas pela SAMA mineração S.A., na proporção de 1:4,5 (em massa). A mistura final foi deixada em contato com atmosfera oxidante por aproximadamente 48 horas sendo posteriormente aquecida a 270°C por 300 minutos em uma mufla da Fornitec. A Figura-1 é a representação esquemática do processo de produção do compósito PDMS-amianto. CCl4 Fluido silicona 500 cSt Mistura 1 Mistura 1 Amianto Crisotila tipo CB-7TF Mistura 2 300ºC Compósito Figura-1: Representação esquemática do processo de produção do compósito PDMS-amianto. Após a obtenção do compósito as amostras foram levadas a um extrator Soxlet da marca Vidrolex contendo aproximadamente 250mL de Tolueno P.A. da marca Merck por 180 minutos para realizar a extração da silicona que não sofreu reticulação na superfície das fibras de amianto crisotila. 11 MARTINS, Renata Leal; JÙNIOR BOTTER, Wilson. Compósito de poli(dimetiloxano) e amianto crisotila. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 08-15, Jan. 2013/Jun. 2013. Caracterização Foram realizadas medidas comparativas das fibras do amianto crisotila puras com as fibras do compósito e do PDMS puro também com as fibras do compósito. As medidas comparativas foram realizadas através das técnicas: espectrofotometria na região do infravermelho a partir da técnica de transmitância, utilizando para tanto um espectrômetro da marca Bomen MBSeries; difratometria de raios-X utilizando um difratômetro da marca Shimadzu modelo XRD 6000; análise de 29 Si por ressonância magnética nuclear utilizando um RMN-MAS da marca Brucker modelo AC 300/P; análise comparativa do ângulo de contato formado entre a superfície das fibras do compósito e a água e das fibras puras e a água utilizando a técnica da gota séssil e por fim, a análise comparativa das fibras por microscopia óptica utilizando um microscópio da marca Olympus modelo BX 40. Resultados e discussão É possível observar a partir da técnica da gota séssil na Figura-2 que, a gota colocada em contato com as fibras de amianto crisotila que fazem parte do compósito ficou sobre a superfície das mesmas apresentando propriedades hidrofóbicas devido a presença do PDMS que reticulou na superfície das mesmas. Já, as fibras de crisotila puras apresentaram características hidrofílicas e absorveram totalmente a água que foi colocada em contato com as mesmas. Sem Silicona Com Silicona Silicona Figura-2: Medidas comparativas de ângulo de contato, da interface sólido/ar, utilizando o método da gota séssil de corpos de prova. É possível verificar através das imagens fornecidas pela microscopia óptica (Figura-3) a existência de PDMS na superfície das fibras de amianto crisotila quando comparadas com as fibras de crisotila puras. 12 MARTINS, Renata Leal; JÙNIOR BOTTER, Wilson. Compósito de poli(dimetiloxano) e amianto crisotila. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 08-15, Jan. 2013/Jun. 2013. Sem Silicona Com Silicona Figura-3: Microscopia Óptica de fibras de amianto crisotila CB-7TF e do compósito obtido. A análise da Figura-4 permite verificar que alguns o resultado da análise por espectrofotometria na região do infravermelho. Percebe-se que, determinados picos característicos do PDMS puro e alguns picos característicos do amianto crisotila puro aparecem no espectro de infravermelho do compósito formado. Intensidade Relativa Silicona Pura Fibras Puras Compósito 4 0 0 0 3 5 0 0 3 0 0 0 2 5 0 0 2 0 0 0 1 5 0 0 -1 1 0 0 0 5 0 0 N ú m e ro d e O n d a s / c m Figura-4: Espectros de infravermelho de amianto crisotila CB-7TF (fibras puras), PDMS 500cSt (Silicona pura) e do compósito. 13 MARTINS, Renata Leal; JÙNIOR BOTTER, Wilson. Compósito de poli(dimetiloxano) e amianto crisotila. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 08-15, Jan. 2013/Jun. 2013. A análise da Figura-5 permite verificar que um pico característico do PDMS aparece no espectro de RMN-MAS do compósito formado. COMPÓSITO Figura-5: Espectros de RMN do 29Si do PDMS e do compósito pela técnica de polarização direta e rotação segundo o ângulo mágico (DP-MAS). A análise da Figura-6 permite verificar que alguns picos característicos do amianto crisotila têm suas intensidades reduzidas ou encontram-se omitidos no difratograma do compósito formado. AMIANTO CRISOTILA COMPÓSITO Figura-6: Difratograma do amianto crisotila e do compósito; ângulo 2q (rad Cu Ka ). 14 MARTINS, Renata Leal; JÙNIOR BOTTER, Wilson. Compósito de poli(dimetiloxano) e amianto crisotila. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 08-15, Jan. 2013/Jun. 2013. Conclusões Ø Fibras de amianto crisotila do tipo CB-7TF, quando na presença de uma mistura de 1:2 (em massa) de poli(dimetil)siloxano na forma de óleo 500cSt e CCl4, na proporção de 1:4,5 (em massa), podem ser revestidas com um filme de (PDMS) após 300 minutos de aquecimento a uma temperatura de 270°C. Ø A espectroscopia vibracional na região do infravermelho identifica o (PDMS) na superfície das fibras do amianto crisotila. Ø Medidas de ângulo de contato das superfícies de corpos de prova constituídos de fibras de amianto crisotila e do compósito demonstram que a superfície do corpo de prova constituído pelo compósito torna-se hidrofóbica, enquanto que o constituído apenas por fibras de amianto crisotila continua sendo hidrofílico. Este resultado sugere que, no compósito, segmentos de cadeia do PDMS encontram-se associados às fibras do amianto crisotila. Ø Os resultados de microscopia óptica indicam a formação de um filme polimérico, que interliga e envolve as fibras de amianto crisotila. Este resultado sugere que, no compósito, o revestimento das fibras de amianto crisotila é realizado por filmes de PDMS reticulados, ligados quimicamente à superfície das fibras. Ø No compósito, o sinal de absorção do espectro de RMN de silício-29, utilizando a técnica de DP/MAS em –25ppm aparece mesmo que seja com intensidade relativamente reduzida. Este resultado sugere que as fibras de amianto crisotila no compósito apresentam filmes de PDMS ligados à superfície das fibras. Ø As intensidades relativamente reduzidas dos sinais do difratograma de raios-X no compósito identificam a presença de um material de características amorfas (o PDMS) na superfície das fibras do amianto crisotila. 15 MARTINS, Renata Leal; JÙNIOR BOTTER, Wilson. Compósito de poli(dimetiloxano) e amianto crisotila. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 08-15, Jan. 2013/Jun. 2013. Referências Bibliográficas [ 1 ] Santos, P. S.., Tecnologia de Argilas.v.02. São Paulo: Ed. Edgard Blücher Ltda, 1975. [ 2 ] Botter JR.. Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas, Brasil, 1997. [ 3 ] Araújo, O. A.. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Goiás, Brasil, 2001. [ 4 ] Mano, E. B.. Introdução a polímeros. São Paulo: Edgar Blücher, 1994. [ 5 ] Mano, E. B.. Polímeros como materiais de Engenharia. São Paulo: Edgar Blücher, 1991. [ 6 ] Oliveira, M. C. B.. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, Brasil, 1996. 16 OLIVEIRA, Susane Rayanne Uchôa de; KRAUSS, Aline Aguiar; CAMPOS, Ana Claudia Camargo. Detecção de casos novos de hanseníase no período de janeiro a dezembro de 2010 na cidade de Goiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 16-26, Jan. 2013/Jun. 2013. DETECÇÃO DE CASOS NOVOS DE HANSENÍASE NO PERÍODO DE JANEIRO A DEZEMBRO DE 2010 NA CIDADE DE GOIÂNIA-GO Susane Rayanne Uchôa de Oliveira1; Aline Aguiar Krauss2; Ana Claudia Camargo Campos3 RESUMO ABSTRACT O conhecimento epidemiológico da Hanseníase é uma importante ferramenta para o seu controle em saúde pública. Objetivos: Descrever as características epidemiológicas dos pacientes diagnosticados com hanseníase no período de janeiro a dezembro de 2010 registrados nas Unidades Básicas de Saúde e encaminhados ao Paço Municipal da Secretaria Municipal de Saúde-SMS, na cidade de Goiânia-GO. Material e métodos: Foi realizado um estudo epidemiológico retrospectivo, através de informações de pacientes obtidas no banco de dados da SMS em Goiânia e foram incluídos pacientes com diagnóstico confirmado da doença. Resultados: Foram detectados 345 casos novos de hanseníase no ano de 2010, observando-se um declínio do número referente aos anos anteriores. Constatou-se a presença de um elevado percentual (96,5%) de casos detectados em maiores de 15 anos, a predominância da doença no sexo masculino (55%) e a maioria dos pacientes foram diagnósticos na forma Dimorfa. Conclusão: Dos dados analisados, verifica-se uma prevalência da hanseníase em homens, os quais demonstram menos cuidados com a saúde, e a doença necessita de diagnóstico precoce para ser combatida. Faz-se necessário conscientizar a população. Epidemiological studies of leprosy is an important tool for their control in public health. Objectives: To describe the epidemiological characteristics of patients diagnosed with leprosy in the period January to December 2010 recorded in the Basic Health Units and forwarded to the City Hall Municipal Health-SMS, in Goiânia-GO. Methods: We conducted a retrospective epidemiological study using patient information obtained in the database of SMS in Goiânia and included patients with a confirmed diagnosis of the disease. Results: There were 345 new cases of leprosy in 2010, noting a decline in the number for the previous years. Found the presence of a high percentage (96.5%) cases detected in over 15 years, the prevalence of the disease in males (55%) and most patients were diagnoses as Borderline. Conclusion: From the data analyzed, there is a prevalence of leprosy in men, which show less health care, and illness needs early diagnosis to be fought. It is necessary to educate the public. Palavras-chave: Hanseníase, Casos Epidemiologia, Mycobacterium leprae. 1 Keywords: Leprosy, New Cases, Epidemiology, Mycobacterium leprae. Novos, Enfermeira, graduanda em farmácia pela Faculdade Estácio de Sá de Goiás, Brasil. Graduanda em farmácia pela Faculdade Estácio de Sá de Goiás, Brasil. 3 Doutora em Medicina Tropical pelo Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, Professor da Faculdade Estácio de Sá de Goiás, Brasil. 2 17 OLIVEIRA, Susane Rayanne Uchôa de; KRAUSS, Aline Aguiar; CAMPOS, Ana Claudia Camargo. Detecção de casos novos de hanseníase no período de janeiro a dezembro de 2010 na cidade de Goiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 16-26, Jan. 2013/Jun. 2013. Introdução A hanseníase é conhecida desde os tempos bíblicos como lepra, sendo uma doença infecto-contagiosa de evolução crônica que se manifesta, principalmente, por lesões cutâneas com diminuição da sensibilidade térmica, dolorosa e tátil (1). Esta enfermidade é uma das mais antigas doenças que acomete o homem, encontram-se relatos desta patologia no mundo todo, e esta atinge indivíduos de todas as idades, predominantemente em homens (2). O médico norueguês Gerhard H. Armauer Hansen (1841-1912), pesquisador sobre o tema, identificou e documentou, em 1873, o bacilo causador da lepra, e a doença causada por este recebeu o nome de hanseníase em homenagem a ele (3). A doença é transmitida por meio do convívio com os doentes portadores de hanseníase multibacilar que ainda não foram diagnosticados ou ainda não iniciaram o tratamento. A grande maioria (95%) dos indivíduos apresenta uma imunidade protetora natural para o Mycobacterium Leprae e não é infectada, mesmo com exposição prolongada e íntima (4). Vários são os fatores que facilitam a propagação da endemia como: o clima, os movimentos migratórios, os fatores econômicos e nutricionais e a terapia inadequada (5). O diagnostico da hanseníase é baseado basicamente em manifestações clínicas e a escassez de sintomas no inicio da doença pode contribuir para erros no diagnostico ou para subdiagnósticos. O diagnostico precoce e a introdução do tratamento específico são importantes para reduzir fontes de transmissão e para prevenir que a doença se agrave ocorrendo incapacidade e deficiência física (6). A hanseníase exibe uma variedade incrível de manifestações clínicas e patológicas, que afetam principalmente pele e nervos periféricos. As lesões variam desde pequenas máculas insignificantes e autocicatrizantes da hanseníase tuberculóide até as lesões desfigurantes e difusas, e às vezes fatais, da hanseníase virchowiana (7). Existem várias classificações quanto à hanseníase que baseiam-se em critérios clínicos e bacteriológicos. A classificação de Madri é a adotada no Brasil pelo Ministério da Saúde desde 1994, que considera dois grupos estáveis e opostos (virchowiano e tuberculóide) e dois grupos instáveis (indeterminado e dimorfo). O Ministério da Saúde sugere a classificação operacional para auxiliar no diagnóstico com os seguintes critérios: Multibacilar ou Paucibacilar (8). Nos dias de atuais, o tratamento da hanseníase compreende quimioterapia específica, supressão dos surtos reacionais (nódulos eritematoso, febre, astenia, achados típicos de uma reação inflamatória aguda) prevenção da incapacidade física e psicossocial. Este conjunto de medidas deve ser desenvolvido em serviços de saúde da rede pública ou particular, mediantes notificação de casos 18 OLIVEIRA, Susane Rayanne Uchôa de; KRAUSS, Aline Aguiar; CAMPOS, Ana Claudia Camargo. Detecção de casos novos de hanseníase no período de janeiro a dezembro de 2010 na cidade de Goiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 16-26, Jan. 2013/Jun. 2013. as autoridades sanitárias competentes. Em 1981, a Organização Mundial da Saúde passou a recomendar o tratamento padrão com três drogas. Desde a introdução da PQT (poli-quimio-terapia) ocorreu uma diminuição surpreendente da endemia em todo mundo (9). Em 1991, estabeleceu-se uma meta para reduzir a prevalência mundial de hanseníase para menos de 1/10.000 habitantes até o ano de 2000. Mesmo dispondo de ações programáticas definidas, que visam eliminar a doença, alguns países, dentre eles o Brasil, por não ter conseguido atingir a meta de reduzir a prevalência o prazo foi prorrogado até o ano de 2010, o que também não foi alcançado por algumas regiões (10). O objetivo a partir deste momento é que os municípios busquem individualmente atingir um patamar de controle. O eixo central do plano é utilizar a rede de atenção básica junto às unidades de saúde da família (11). A história da hanseníase no Brasil mostra que a prevalência da doença teve uma redução importante, ainda que a taxa de detecção não tenha diminuído efetivamente, apresentando uma elevação do ano de 2005 para 2006. Em 2007, o Brasil registrou 39,921 casos novos, 15% dos registros no mundo, havendo redução da prevalência para 2,10 casos por 10.000 habitantes (12). O Ministério da Saúde revela que nosso estado vem apresentando declínio na notificação de casos novos de hanseníase, sendo 6.114 casos novos em 2008 caindo para 6.092 em 2009, porém os patamares permanecem elevados, com níveis considerados de hiperendemicidade para a detecção de casos novos em todas as faixas etárias. No município de Goiânia no ano de 2006, foram diagnosticados 1.101 pacientes hansênicos, já em 2008 surgiram 878, o que demonstra um declínio referente a esta doença (13). Os resultados desta pesquisa podem atuar como fonte de informação epidemiológica tanto para profissionais da saúde quanto para a população, bem como motivar a busca por informações e diagnósticos precoces nas unidades de saúde. O diagnóstico precoce e a introdução do tratamento específico são essenciais na redução das fontes de transmissão e prevenção desta doença grave que pode causar incapacidade e deficiência física. Atualmente, a descentralização do diagnóstico e o manejo de complicações, incluindo o tratamento e a reabilitação das incapacidades provocadas, constituem os eixos norteadores no enfrentamento e controle deste agravo. Este estudo teve como objetivo descrever as características epidemiológicas dos pacientes diagnosticados com hanseníase, detectar os casos novos e as formas clínicas predominantes, além de verificar qual o número de casos de hanseníase em registro ativo no período de janeiro a dezembro de 2010 na cidade de Goiânia, GO. 19 OLIVEIRA, Susane Rayanne Uchôa de; KRAUSS, Aline Aguiar; CAMPOS, Ana Claudia Camargo. Detecção de casos novos de hanseníase no período de janeiro a dezembro de 2010 na cidade de Goiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 16-26, Jan. 2013/Jun. 2013. Material e métodos Este foi um estudo epidemiológico retrospectivo, que utilizou as informações obtidas através do banco de dados da Secretaria Municipal de Saúde localizada no Paço Municipal em Goiânia, no período de janeiro a dezembro de 2010. A coleta de dados foi realizada pelas pesquisadoras nos horários e dias especificados, determinados pelos coordenadores de hanseníase do Paço Municipal de localizado Goiânia-GO. As formas clínicas de hanseníase foram relatadas de acordo com a classificação adotada no Brasil pelo Ministério da Saúde: indeterminada, tuberculóide, Virchowiana e dimorfa; assim como a classificação operacional: paucibacilar e multibacilar. De acordo com esta classificação difine-se como: Multibacilar: casos que apresentam baciloscopia positiva ou não, e que apresentam mais de cinco lesões cutâneas e ou mais de um tronco nervoso acometido; Paucibacilar: casos com baciloscopia negativo e com até cinco lesões cutâneas ou com apenas um tronco nervoso acometido (8). Também foi analisado a idade e sexo a fim de se obter a predominância da moléstia, de acordo com estas características (14). Foi relatado o número de lesões, o número de nervos afetados, incapacidade física, modo de detecção, baciloscopia, esquema terapêutico e episódios reacionais. Foram incluídos no estudo todos os casos notificados e com diagnóstico confirmado de hanseníase pelos critérios acima descritos. Contudo, foram excluídos do estudo os casos que entraram no sistema de notificação como recidivas, reingressos, casos transferidos de outros municípios ou estados e casos que, apesar de notificados, não apresentaram confirmação diagnóstica ou que continham inconsistências. Os resultados obtidos com esta pesquisa foram utilizados para fins de publicação científica, assegurando sigilo em relação aos dados de seus participantes. Estas mesmas informações serão arquivadas por cinco anos e incineradas após este período conforme orientação da resolução 196 do Conselho Nacional de Saúde. Para análise dos resultados foram empregados pacotes computacionais como: Word for Windows 2007 para processamento de texto; Excel for Windows 2007 para confecções de tabelas e gráficos; que foram analisados pelo programa Graphprisma 4 e dispostos seus resultados em valores absolutos e relativos. (4, 11). 20 OLIVEIRA, Susane Rayanne Uchôa de; KRAUSS, Aline Aguiar; CAMPOS, Ana Claudia Camargo. Detecção de casos novos de hanseníase no período de janeiro a dezembro de 2010 na cidade de Goiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 16-26, Jan. 2013/Jun. 2013. Resultados e discussão No ano de 2010 foram detectados 345 casos novos de hanseníase na cidade de Goiânia. Podemos observar um declínio dos casos de hanseníase se comparado ao ano de 2006 com 1.101 pacientes hansênicos e com 878 no ano de 2008. Das pessoas acometidas no período compreendido entre os meses de Janeiro a Dezembro de 2010, 3,5% eram menores de 15 anos enquanto 96,5% tinham idade superior a 15 anos (tabela 1); esses dados demonstram que a população jovem e adulta é a mais afetada pela hanseníase, fato observado também em publicação recente (2). Através da análise dos valores absolutos e relativos, observamos a predominância da doença em indivíduos do sexo masculino, com 55% dos casos registrados, em relação às do sexo feminino, que apresentou percentual de 45%. Acredita-se que este resultado decorre do descuido natural que os indivíduos do sexo masculino possuem com assuntos relacionados à saúde ou possivelmente por estes homens estarem mais expostos à população contaminada, por culturalmente terem mais acesso e convívio com grupos de pessoas. Também este fato pode ser devido a mulheres serem mais preocupadas com a sua saúde e procurarem cuidados médicos com maior frequência (2, 12). Podemos observar, também, que a patologia em estudo é encontrada em indivíduos de diferentes raças, havendo maior incidência na população parda com 52,4%, devido a esta representar a maioria da população goianiense, conforme tabela abaixo. Na população branca, a detecção da doença foi de 36% e uma pequena porcentagem está entre os negros com 8,7% e amarelos com 2,9%, dados apresentados na tabela 1. Tabela 1: Distribuição das variáveis entre 345 casos de hanseníase na cidade de Goiânia no ano de 2010. CARACTERÍSTICAS Nº % IDADE > 15 anos < 15 anos 333 12 96.5% 3.5% SEXO Masculino Feminino 190 155 55% 45% RAÇA Parda Branca Negra Amarela 181 124 30 10 52,4% 36% 8,7% 2,9% Nº = número; % = porcentagem 21 OLIVEIRA, Susane Rayanne Uchôa de; KRAUSS, Aline Aguiar; CAMPOS, Ana Claudia Camargo. Detecção de casos novos de hanseníase no período de janeiro a dezembro de 2010 na cidade de Goiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 16-26, Jan. 2013/Jun. 2013. O número de nervos afetados e de lesões cutâneas apresentadas pelos indivíduos infectados pela hanseníase são fatores determinantes no diagnóstico e classificação da doença, sendo que o tipo Multibacilar representa 79,4% dos casos registrados (15). Apesar de a maioria ter apresentado grau de incapacidade (75.5%), percebeu-se que existe uma parcela significativa de pacientes com alguma incapacidade (27,3%). As deformidades e incapacidades físicas são o principal problema da hanseníase, sendo o percentual de pacientes com incapacidades físicas um indicador de impacto da doença (16). Esta moléstia se apresenta sob quatro formas clínicas, a saber, indeterminada, tuberculóide, dimorfa e virchowiana (17). Dentre os 345 pacientes acometidos na população goiana, a forma clínica com maior índice relatado foi do tipo dimorfa com 65,8%, seguida pela virchowiana 13,6%, que tem alto poder de transmissão e incapacidade, a forma tuberculóide apresentou 11,9% e indeterminada 8,7% (18) estes dados estão demonstrado na tabela 2. O baixo percentual de forma indeterminada demonstra atraso no diagnóstico, permitindo inferir que a rede básica não vem detectando os casos nas formas iniciais da doença. 22 OLIVEIRA, Susane Rayanne Uchôa de; KRAUSS, Aline Aguiar; CAMPOS, Ana Claudia Camargo. Detecção de casos novos de hanseníase no período de janeiro a dezembro de 2010 na cidade de Goiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 16-26, Jan. 2013/Jun. 2013. Tabela 2: Classificação das formas clínicas e grau de incapacidades físicas da Hanseníase em Goiânia 2010. CARACTERÍSTICAS Nº % 0 lesões 13 3,8% 1 lesão 109 31,6% 2 a 5 lesões 78 22,6% + de 5 lesões 145 42% Total 345 100,0% Não tem nervo afetado 98 28,5% 1 a 3 nervos 118 34,2% 4 a 6 nervos 113 32,7% 7 a 9 nervos 9 2,6% + de 10 nervos 7 2% Total 345 100,0% Dimorfa 227 65,8% Virchowiana 47 13,6% Tuberculóide 41 11,9% Indeterminada 30 8,7% Total 345 100,0% Grau 0 250 75,5% Grau 1 73 21,1% Grau 2 21 6,2% Não Avaliado 1 0,2% Total 345 100,0% Multibacilar 274 79,4% Paucibacilar 71 20,6% Total 345 100,0% LESÕES CUTÂNEAS Nº DE NERVOS AFETADOS FORMA CLÍNICA AVALIAÇÃO DE INCAPACIDADE FÍSICA CLASSIFICAÇÃO OPERACIONAL Nº = número; % = porcentagem 23 OLIVEIRA, Susane Rayanne Uchôa de; KRAUSS, Aline Aguiar; CAMPOS, Ana Claudia Camargo. Detecção de casos novos de hanseníase no período de janeiro a dezembro de 2010 na cidade de Goiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 16-26, Jan. 2013/Jun. 2013. O longo período de incubação do agente etiológico, bem como o preconceito da sociedade, são alguns dos fatores responsáveis pelo diagnóstico tardio da hanseníase, de modo que na maioria dos casos, a detecção ocorre através de encaminhamento, enquanto que somente um terço dos pacientes busca o diagnóstico espontaneamente como mostra a tabela 3. Tabela 3: Distribuição dos casos de hanseníase em Goiânia 2010, segundo modo de detecção. CARACTERÍSTICAS Nº % Encaminhamento 230 66,6% Demanda espontânea 102 29,6% Exame de contato 9 2,6% Outros modos 3 0,9% Exame de coletividade 1 0,3% Total 345 100,0% MODO DE DETECÇÃO Nº = número; % = porcentagem Um dos maiores anseios no tratamento da hanseníase é o seu diagnóstico precoce, haja vista que, atualmente, a detecção somente é realizada já em fase adiantada da doença (19). A baciloscopia é o principal exame realizado para o diagnóstico da hanseníase, no entanto, sua eficácia é mínima, devido à coleta não favorável ou pela dificuldade na coleta, e o método por vezes não é realizado (107 em 345 casos); dentre os exames realizados na capital goiana, 39,5% resultou negativo. Isto ocorre porque se trata de uma patologia praticamente assintomática em seu estágio inicial. Quase sempre, após a descoberta da doença, passa-se ao tratamento medicamentoso, sendo o esquema multibacilar o de maior uso, por ser o tipo predominante de apresentação da hanseníase (20). O tratamento mostra-se eficaz em razão da grande maioria dos pacientes não apresentam episódios reacionais (Tabela 4). O desafio é manter a qualidade dos a qualidade dos serviços de hanseníase e assegurar que todas as pessoas afetadas pela doença, independentemente de onde morem, tenham igual oportunidade de ser diagnosticadas e tratadas por profissionais da área de saúde competentes. 24 OLIVEIRA, Susane Rayanne Uchôa de; KRAUSS, Aline Aguiar; CAMPOS, Ana Claudia Camargo. Detecção de casos novos de hanseníase no período de janeiro a dezembro de 2010 na cidade de Goiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 16-26, Jan. 2013/Jun. 2013. Tabela 4: Distribuição de doentes detectados pela baciloscopia do doente.esquema terapêutico utilizado e episódios de reacionais. CARACTERÍSTICAS Nº % Negativo 136 39,5% Positivo 95 27,5% Não Realizado 114 33% Total 345 100,0% Multibacilar 275 79,7% Paucibacilar 69 20% Substitutivo 1 0,3% Total 345 100,0% Não preenchido 4 1,1% Reação tipo 1 40 11,6% Reação tipo 2 16 4,7% Reação tipo 1 e 2 3 0,8% Sem reação 282 81,8% Total 345 100,0% BACILOSCOPIA ESQUEMA TERAPÊUTICO EPISÓDIOS REACIONAIS É imprescindível estimular a reflexão da comunidade goianiense sobre os conhecimentos relacionados aos sinais e sintomas da doença e informar que esta possui tratamento e cura, desde que haja procura médica. O diagnóstico e o tratamento da hanseníase não são difíceis e estão disponíveis gratuitamente nos serviços de saúde da Secretária Municipal de Saúde de Goiânia. O diagnóstico precoce e a introdução do tratamento específico são importantes para reduzir fontes de transmissão e para prevenir o agravo da doença (21). Conclusão Ao verificar os dados analisados, nota-se que os homens somam a maioria dos casos, sendo os maiores responsáveis pela transmissão da hanseníase. Dentre as formas clínicas da doença, a mais comum em todos os afetados foi do tipo dimorfa, que possui alto poder de transmissão, dado este alarmante, o que deve chamar atenção das autoridades públicas a fim de promover campanhas 25 OLIVEIRA, Susane Rayanne Uchôa de; KRAUSS, Aline Aguiar; CAMPOS, Ana Claudia Camargo. Detecção de casos novos de hanseníase no período de janeiro a dezembro de 2010 na cidade de Goiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 16-26, Jan. 2013/Jun. 2013. no combate a doença e melhoria na estrutura urbana da cidade para que a mesma ofereça qualidade de vida às pessoas vindas do interior e de outras regiões do país. É relevante destacar a importância de se fazer a baciloscopia para diagnosticar com eficácia a doença, no intuito de combatê-la de maneira precoce, fato que pode ajudar a diminuir a disseminação da patologia no município de Goiânia. Outro fator importante é a implantação da poliquimioterapia no tratamento dos casos diagnosticados, buscando a eliminação da hanseníase. Este estudo pretende contribuir na definição do perfil epidemiológico da doença neste município podendo subsidiar ações de enfrentamento desse agravo no âmbito municipal bem como formulação de estratégias em saúde publica para o controle da hanseníase. Entretanto, novos casos continuam a surgir em Goiânia, para ajudar a diminuir a proliferação da doença, são necessárias medidas efetivas e ações imediatas, como a conscientização da população e ações governamentais que visam informar e oferecer melhorar qualidade de vida a populaça que vive em Goiânia. Referências bibliográficas 1. EIDT, L. M. 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Desafios na era pós genômica para o desenvolvimento de testes laboratoriais para o diagnóstico da hanseníase. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 2008, vol.41, suppl.2, pp. 89-94. 27 MENDONÇA, Andréia Costa Rabelo; CAIXETA, Leonardo Ferreira; DINIZ, Denise Sisterolli. Manifestações cognitivas e neuropsicologia da esclerose múltipla. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 27-43, Jan. 2013/Jun. 2013. MANIFESTAÇÕES COGNITIVAS E NEUROPSICOLOGIA DA ESCLEROSE MÚLTIPLA Andréia Costa Rabelo Mendonça1; Leonardo Ferreira Caixeta2; Denise Sisterolli Diniz3 RESUMO ABSTRACT Neste artigo dispusemo-nos a fazer uma revisão da literatura sobre a Esclerose Múltipla (EM) e suas manifestações cognitivas. É sabido que EM é uma doença desmielinizante, inflamatória do sistema nervoso central (SNC), autoimune e degenerativa. Sua sintomatologia é múltipla e as alterações cognitivas que aparecem em 40-60% dos pacientes, muito tem chamado a atenção de todos que se dedicam ao estudo dela. Os prejuízos causados pelas alterações cognitivas em EM geram grande impacto na qualidade de vida do paciente sendo reconhecido como um dos fatores mais incapacitantes. Falaremos sobre a atuação da neuropsicologia na EM, avaliação cognitiva, testes utilizados e principais domínios afetados. Palavras-chave: múltipla, cognição. neuropsicologia, In this article became willing to make a review of the literature on Multiple Sclerosis (MS) and their cognitive manifestations. It is known that MS is a demyelinating disease, inflammatory central nervous system (CNS) disorders, autoimmune, degenerative disease. Its symptoms are multiple and cognitive changes that appear in 40-60% of patients have greatly attracted the attention of all who dedicate themselves to study it. The losses caused by changes in cognitive in MS generate great impact on quality of life of the patient being recognized as one of the most disabling. We'll talk about the role of neuropsychology in MS, cognitive assessment, tests used and the main esclerose areas affected. Keywords: neuropsychology, sclerosis, cognition. multiple Introdução Atualmente, tem-se falado muito a respeito dos prejuízos cognitivos acarretados pela EM e o impacto destes prejuízos tanto na qualidade de vida quanto nas atividades de vida diária dos portadores, sendo eles um dos maiores motivos de incapacitação. Nesta revisão foram abordados brevemente alguns aspectos históricos relevantes da EM, sua definição, as principais manifestações clínicas da doença (incluindo algumas características específicas dos pacientes brasileiros), seus aspectos genéticos e epidemiológicos. De 1 Professora Assistente na Faculdade Estácio de Sá de Goiás (FESGO). Mestranda em Ciências da Saúde – UFG. Professor Adjunto da Faculdade de medicina – UFG. Doutor. Professor Associado Ph.D. de Neurologia da FM-UFG. Afiliação Institucional: Centro de Investigação, Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla (CRIEM)- HC/FM/UFGGoiânia-Go 3 Professora Adjunta da Faculdade de Medicina – UFG. Doutora em Ciências da Saúde – UFG 2 28 MENDONÇA, Andréia Costa Rabelo; CAIXETA, Leonardo Ferreira; DINIZ, Denise Sisterolli. Manifestações cognitivas e neuropsicologia da esclerose múltipla. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 27-43, Jan. 2013/Jun. 2013. forma mais detalhada, foram abordadas as manifestações cognitivas da EM, a avaliação neuropsicológica e os testes mais utilizados. Metodologia O presente estudo é uma revisão integrativa da literatura. Segundo Whittemore (2005), a revisão integrativa permite a inclusão de estudos que utilizaram diversos tipos de metodologias (como a pesquisa experimental e a não experimental), a fim de contribuir para a apresentação de uma variedade de perspectivas – revisão de teorias ou evidências, definição de conceitos, análise de metodologias – sobre determinado objeto, procurando interligar elementos isolados de estudos já existentes. Para a pesquisa foram incluídas as palavras-chave “Multiple Sclerosis” e “Cognition”ou “Neuropsychology”. O artigo está organizado em duas seções, uma sobre generalidades importantes para o neuropsicólogo se familiarizar com os conceitos correntes e noções fundamentais na área de EM e uma segunda seção, especificamente dedicada à neuropsicologia da EM. 1. Generalidades Aspectos históricos A história oficial da Esclerose Múltipla (EM) iniciou-se em meados do século XIX, quando Carswell e Cruveilhier iniciaram seus relatos anatomopatológicos sobre uma nova doença. Há, no entanto, observações de possíveis casos clínicos que datam do século XIII. Credita-se, porém, a Charcot e Vulpian a caracterização da EM como nova entidade clínico-patológica, sendo Jean-Martin Charcot quem primeiro estabeleceu os critérios clínicos para a identificação da EM, em 1870 (MINGUETTI, 2001). Em 1868, ele publica o relato de uma nova doença caracterizada por esclerose em placas com lesões disseminadas no tempo e no espaço, tendo manifestações clínicas marcadas por períodos de agudização e remissão. Estava então relatada pela primeira vez a EM, doença desmielinizante e inflamatória do Sistema Nervoso Central (SNC). Considerada como doença auto-imune, conceito este estabelecido através da produção da encefalite alérgica experimental, em um modelo animal, em 1935 por Ribes e Schwentker, com 29 MENDONÇA, Andréia Costa Rabelo; CAIXETA, Leonardo Ferreira; DINIZ, Denise Sisterolli. Manifestações cognitivas e neuropsicologia da esclerose múltipla. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 27-43, Jan. 2013/Jun. 2013. causa ainda não determinada, a EM leva à perda da bainha de mielina que reveste o axônio, lentificando assim a passagem do impulso nervoso (TILBERY, 2005). Recentemente, verifica-se a presença de uma susceptibilidade genética para a doença. Vários agentes infecciosos têm sido implicados, mas a causa permanece desconhecida. Desde que foi caracterizada a EM, em 1868, vários esquemas de tratamento foram utilizados. Porém, só a partir de 1950, que apareceram drogas realmente eficazes como o ACTH, e logo após, os corticosteróides. Na última década, o tratamento da EM sofreu uma grande mudança com a introdução das drogas imunomoduladoras (interferon, acetato de glatirâmer e anticorpos monoclonais) e imunosupressores, capazes de aliviar ou reduzir os sintomas da esclerose. No século XX, métodos de padronização da doença através de escalas de incapacidade física e critérios clínicos para o diagnóstico da doença, assim como o advento da ressonância magnética, contribuíram significativamente para o estudo da EM. O desenvolvimento de novas tecnologias de imageamento cerebral tem possibilitado um melhor acompanhamento da evolução da doença e a obtenção de diagnósticos mais acurados (MINGUETTI, 2001). Definição A EM não é um processo degenerativo contagioso e, na maioria dos casos, não é fatal. Apesar de não ser herdada, atinge pessoas geneticamente predispostas à doença e se manifesta de diferentes modos. É uma doença incurável, não passível de prevenção e de etiologia desconhecida (ANDRADE, 2004A; ARAÚJO, MOREIRA & LANA-PEIXOTO, 2006). Não se sabe ainda como é desencadeada a agressão do próprio sistema imunológico do paciente às fibras axonais dos neurônios do sistema nervoso central (GILROY, 2005; GREENBERG, AMINOFF & SIMON, 1996; MILLER, 2002). Os avanços no conhecimento dos mecanismos moleculares das doenças auto-imunes poderão elucidar as causas, permitindo o desenvolvimento de novos meios de prevenção e tratamento da doença. Nas últimas duas décadas, várias contribuições da genética, medicina molecular, patologia e do mapeamento de imagem do sistema nervoso têm possibilitado uma maior compreensão sobre a esclerose múltipla, esclarecendo em muito os problemas relacionados com o diagnóstico e o acompanhamento da evolução do quadro clínico do paciente (ARAÚJO, MOREIRA & LANA-PEIXOTO, 2006; MINGUETTI, 2001). A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica, desmielinizante que atinge o sistema nervoso central em adultos jovens, com idades variando entre 20 e 40 anos, sendo pouco comum em crianças e idosos (ANDRADE, 2004A; GILROY, 2005; GREENBERG, AMINOFF & SIMON, 1996; MILLER, 2002; PORTH & CURTIS, 2004). Acomete mais de um milhão de 30 MENDONÇA, Andréia Costa Rabelo; CAIXETA, Leonardo Ferreira; DINIZ, Denise Sisterolli. Manifestações cognitivas e neuropsicologia da esclerose múltipla. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 27-43, Jan. 2013/Jun. 2013. pessoas no mundo todo, sendo mais comum em mulheres que em homens (na proporção de duas mulheres para um homem). É o distúrbio incapacitante mais comum em jovens nos Estados Unidos e Europa. Após 10 anos do início dos sintomas, 50% dos pacientes poderão estar inaptos para fazer atividades profissionais, domésticas e de auto-cuidado. Atualmente, há cerca de 35 mil brasileiros que sofrem deste mal. Apesar da massa encefálica branca ser a mais afetada, existe estudo recente de Michael P. Sanfilipo (2006), afirmando que tanto a atrofia da massa encefálica branca quanto da cinzenta, contribuem para déficits neuropsicológicos na EM. Ainda não se sabe o porquê do ataque ao Sistema Nervoso Central, que é dirigido à mielina - uma substância gordurosa que cobre as fibras nervosas do cérebro e facilita a comunicação entre as células. Esse ataque acontece silenciosamente e recebe o nome de desmielinização (processo de destruição das camadas da mielina). Uma vez que as camadas da mielina vão sendo destruídas, as mensagens que saem do cérebro são atrasadas ou bloqueadas de vez, alterando, assim, o funcionamento da região que esperava um comando de ordem. Onde quer que a camada protetora seja destruída, forma-se um tecido parecido com uma cicatriz. Daí o nome esclerose. E é múltipla, pois atinge várias áreas do cérebro e da medula espinhal. A gravidade de cada caso está relacionada com a área afetada. Quando atinge a medula, o paciente geralmente manifesta fraqueza, dormência ou paralisia dos braços e pernas. Não se tem como avaliar o desgaste da mielina; por isso, o diagnóstico é basicamente clínico, baseado nas queixas dos pacientes, em seu histórico médico, na avaliação dos sintomas e na existência de sinais neurológicos (através de testes para avaliação de coordenação, reflexos e sensibilidades). Exames como ressonância magnética, avaliação do líquido da medula espinhal (líquor) e potencial evocado também são fundamentais neste momento. Diagnóstico clínico e diferencial A EM é uma doença de caráter progressivo e de curso muito variado (ANDRADE, 2004A; GILROY, 2005; GREENBERG, AMINOFF & SIMON, 1996; MILLER, 2002; PORTH & CURTIS, 2004). Um terço dos pacientes permanecem livres de incapacidades mesmo após muitos anos de remissão da atividade da doença, mas no restante pode provocar uma série de alterações orgânicas e cognitivas, incluindo o comprometimento de muitos aspectos psicossociais (HAASE, LACERDA, LIMA, CORRÊA, BRITO & LANA-PEIXOTO, 2004). O diagnóstico não é simples e pode levar alguns anos para ser feito corretamente, pois os sintomas se assemelham, em alguns casos, com outros tipos de doenças do sistema nervoso (devido aos sintomas iniciais, muitas vezes o paciente nem procura orientação médica). Entre os 31 MENDONÇA, Andréia Costa Rabelo; CAIXETA, Leonardo Ferreira; DINIZ, Denise Sisterolli. Manifestações cognitivas e neuropsicologia da esclerose múltipla. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 27-43, Jan. 2013/Jun. 2013. principais sintomas da doença estão alteração no controle de urina e fezes, comprometimento da memória, depressão, dificuldades de movimentos, fala e deglutição, dores articulares, dormências, fadiga intensa, mudanças de humor, paralisia total ou parcial de uma parte do corpo, perda da visão em um ou ambos os olhos, queimações, sensações de formigamento, tremores e tonturas, sendo que estes sinais podem levar horas ou dias para aparecer. Os sintomas e sinais iniciais dos pacientes com esclerose múltipla são bastante variados. Para Greenberg, Aminoff e Simon (1996), as queixas, mais comuns, referem-se à parestesias, desordens da marcha, fraqueza ou descoordenação de membro inferior e neurite óptica, esta caracterizada por perda súbita ou falta de nitidez da visão de um olho, hiperreflexia, ataxia das extremidades inferiores, respostas plantares em extensão, prejuízo dos movimentos alternados rápidos, neuropatia óptica, nistagmo, prejuízo do senso de posição articular, tremor de intenção, espasticidade e prejuízo da sensibilidade dolorosa ou térmica. Dentre todos esses sintomas descritos, a fatigabilidade é um dos mais comprometedores e incapacitantes (PAVAN, SCHMIDT, ARIÇA, MENDES, TILBERY & LIANZA, 2006). Após o quadro sintomatológico inicial, pode haver um intervalo de meses ou anos até o surgimento de novos sintomas neurológicos ou reaparecimento daqueles relatados já observados na primeira consulta do paciente (ANDRADE, 2004A; GILROY, 2005; GREENBERG, AMINOFF & SIMON, 1996; MILLER, 2002; PORTH & CURTIS, 2004). Com o passar dos anos, “o paciente pode tornar-se crescentemente incapacitado por fraqueza, distúrbios sensitivos, insegurança dos membros, visão alterada e incontinência urinária” (GREENBERG, AMINOFF & SIMON, 1996, p. 174). Em média, a doença inicia com um surto por ano ou um a cada dez meses. Recentemente, os critérios de diagnóstico passaram a contar com o auxílio laboratorial, representados por pesquisa de bandas oligoclonais nas imunoglobulinas do LCR, de estudo da imagem do encéfalo e medula espinal por ressonância magnética, permitindo evidenciar a existência de processo inflamatório no LCR e lesões em estruturas do SNC sem tradução clínica. Quando o diagnóstico se realiza com auxílio laboratorial, recebe a denominação de EM laboratorialmente definida (D). O diagnóstico diferencial deve ser a conduta clínica mais importante e que precede a confirmação da EM. São muitas as doenças que tem uma apresentação temporal e espacial de seus sinais e sintomas, entre elas se destacam: a encefalomielite aguda disseminada; a mielite transversa aguda; a neurite óptica; a mielinóse pontina e extrapontina; leucodistrofias; mielopatia pósradiação; as vasculites sistêmicas; lúpus eritematoso sistêmico; doença de Sjöegren; doença de Behçet e sarcoidose; embolia de origem cardíaca em jovens; endocardite; síndrome do anticorpo anti-cardiolipina e cadosil; sífilis meningovascular; doença de Lyme; Sida; mielopatia pelo HTLVI; síndromes paraneoplásicas; encefalite do troncocerebral; mielite; encefalomielite; malformações 32 MENDONÇA, Andréia Costa Rabelo; CAIXETA, Leonardo Ferreira; DINIZ, Denise Sisterolli. Manifestações cognitivas e neuropsicologia da esclerose múltipla. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 27-43, Jan. 2013/Jun. 2013. venosas, encefálicas ou medulares da transição occípto-cervical; processos expansivos encefálicos ou medulares, principalmente de natureza benigna e a mielose funicular. O curso da doença pode seguir quatro principais desenvolvimentos (PORTH & CURTIS, 2004): Recidivante-remitente ou Surto-remissão, a qual é caracterizada por episódios agudos de piora, que são seguidos de recuperação e apresentação de um quadro estável entre as recaídas; Progressiva secundária, a qual é caracterizada por deterioração neurológica gradual, podendo sobrepor recidivas agudas; Progressiva primária, nesta a deterioração neurológica é quase paulatina desde o início do aparecimento da doença; Recidivante-progressiva, a qual é caracterizada pela deterioração neurológica desde o início dos primeiros sintomas, acompanhada de recidivas sobrepostas. A Progressiva-primária é a pior forma de esclerose, onde a evolução da doença é galopante. A rápida progressão pode causar paralisia dos membros, perda da visão ou demência se não for tratada a tempo. Além dessas formas descritas, Gilroy (2005) ainda acrescenta a forma benigna. Os sintomas da EM não necessariamente indicam um agravamento da doença, de modo que manifestações clínicas podem aparecer periodicamente e não estarem relacionados a um surto. As variações do metabolismo ou de fenômenos do meio externo que podem precipitar o aparecimento desses sintomas são principalmente o calor, a febre, exercícios físicos e fumo. Aspectos genéticos e epidemiológicos Trata-se de uma doença do sistema imunológico do paciente, caracterizada pela produção de auto-anticorpos, que pode ser desencadeada por predisposição genética (GELEHRTER & COLLINS, 1992; LEWIS, 2004; NUSSBAUM, MCINNES & WILLARD, 2002; VOGEL & MOTULSKY, 2000), podendo estar associada a fatores ambientais, infecciosos e alimentares (ANDRADE, 2004a). É importante ressaltar que os irmãos de uma pessoa com esclerose múltipla têm 25 vezes mais chances de desenvolver a doença do que irmãos de indivíduos não portadores (LEWIS, 2004). Muito embora a esclerose múltipla seja uma doença multifatorial bastante complexa, suas características genéticas são muito pesquisadas. Lewis (2004) apresenta um dos modelos etiológicos da doença. Assim, haveria a contribuição dos alelos de cinco genes de suscetibilidade. O risco de desenvolver a esclerose múltipla estaria na dependência da herança aditiva de um ou mais alelos. Além do mais, haveria a necessidade de um disparador ambiental ainda desconhecido, podendo este ser de origem viral (VOGEL & MOTULSKY, 2000). 33 MENDONÇA, Andréia Costa Rabelo; CAIXETA, Leonardo Ferreira; DINIZ, Denise Sisterolli. Manifestações cognitivas e neuropsicologia da esclerose múltipla. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 27-43, Jan. 2013/Jun. 2013. O sistema imune está envolvido com essa doença, porque o complexo principal de histocompatibilidade (MHC) humano é formado por três classes de genes (classes I, II e III), sendo composta cada uma por um grande número de subclasses (GELEHRTER & COLLINS, 1992; NUSSBAUM, MCINNES & WILLARD, 2002; VOGEL & MOTULSKY, 2000). Por exemplo, a classe I é formada pelos genes dos loci de HLA-B, HLA-C e HLA-A. A classe II é composta pelos genes dos loci de HLA-D. Por sua vez, a classe III é constituída de genes que não estão aparentemente associados com a resposta imune (VOGEL & MOTULSKY, 2000). Ele tem como função o papel fundamental no reconhecimento de uma grande diversidade de antígenos, internos ou externos, possibilitando às células de defesa do sistema imune uma ação efetiva contra o agressor (VOGEL & MOTULSKY, 2000). Às vezes, entretanto, alguns de seus alelos podem estar associados a inúmeras doenças auto-imunes. Desse modo, trabalha-se atualmente com a hipótese que o complexo principal de histocompatibilidade (MHC) humano, localizado no cromossomo autossômico 6, estaria associado à suscetibilidade de várias doenças, por exemplo: espondilite anquilosante, psoríase, doença de Reiter, esclerose múltipla (GELEHRTER & COLLINS, 1992; NUSSBAUM, MCINNES & WILLARD, 2002; VOGEL & MOTULSKY, 2000). Os estudos genéticos com pacientes portadores de esclerose múltipla têm demonstrado uma associação entre a presença dos alelos DR2 (GELEHRTER & COLLINS, 1992; NUSSBAUM, MCINNES & WILLARD, 2002; VOGEL & MOTULSKY, 2000) e o DQ6 (NUSSBAUM, MCINNES & WILLARD, 2002) de HLA e o risco de adquirir a doença. No Brasil, os estudos de epidemiologia genética sobre a associação entre determinados alelos do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) humano e a eclosão da esclerose múltipla têm demonstrado um quadro bastante diverso dos levantamentos feitos na Europa e nos Estados Unidos. Ao contrário dos países de população branca, cujo alelo de suscetibilidade à esclerose múltipla é o DR2, o Brasil possui um enorme contingente de afro-descendentes, cujo alelo de risco está associado predominantemente com o DQB1*0602 (CABBALLERO, ALVES-LEON, PAPAIS-ALVARENGA, FERNANDEZ, NAVARRO & ALONSO, 1999). 2. comprometimento cognitivo na esclerose múltipla A cognição, composta por linguagem, memória, percepção, função executiva e função motora, é sustentada por redes neurais que contêm canais anatomicamente separados para a transmissão de informação e lesões focais ou alterações difusas dos axônios podem interromper tais redes, o que pode justificar a freqüência de disfunções cognitivas da Esclerose Múltipla (Andrade, 2004a). 34 MENDONÇA, Andréia Costa Rabelo; CAIXETA, Leonardo Ferreira; DINIZ, Denise Sisterolli. Manifestações cognitivas e neuropsicologia da esclerose múltipla. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 27-43, Jan. 2013/Jun. 2013. Segundo alguns autores, as alterações cognitivas são consideradas os prejuízos mais incapacitantes na EM (huijbregts et al., 2004). Todas as formas de evolução da EM apresentam alterações cognitivas. Comparando pacientes com a forma recorrente-remitente, secundariamente progressiva e primariamente progressiva, observou-se que a forma secundariamente progressiva apresenta uma maior gravidade de prejuízos cognitivos (Huijbregts et al., 2004). As alterações cognitivas ocorrem em cerca de 40-60% dos pacientes com EM, comprometendo a memória, atenção, velocidade de processamento da informação, linguagem, solução de problemas e abstração, entre outros, variando desde deficiências leves até graves (Brassington & Marsh, 1998). Além disso, essas alterações podem surgir logo no início do curso da doença, mesmo na ausência de alterações físicas. As causas primárias dos déficits cognitivos em geral são decorrentes diretamente da localização e extensão do dano cerebral. Arnett e Col (1994) publicaram a primeira demonstração de que problemas de cognição na EM se associam com lesões da substância branca em determinadas regiões cerebrais. As causas secundárias do déficit cognitivo são conseqüência de associação com outros processos, como depressão, ansiedade e fadiga. Os problemas causados por estas influências secundárias são reversíveis, o que não acontece com as causas primárias. Ainda para Arnett e col, (1999), os pacientes com depressão têm demonstrado resultados significativamente piores nas tarefas de atenção e memória de trabalho, comparada com pacientes não deprimidos, demonstrando a clara associação entre depressão e déficit cognitivo. Os déficits cognitivos irão depender da localização das lesões desmielinizantes em áreas do sistema nervoso central. De um modo geral, a inteligência geral dos pacientes estava preservada num estudo realizado com uma amostra de 25 pacientes, com idades variando entre 18 e 60 anos, que eram atendidos no Departamento de Neurologia da Universidade Federal de São Paulo UNIFESP (Andrade, Bueno, Oliveira, Oliveira, Oliveira & Miranda, 1999). Mais recentemente, Andrade (2004a), ao revisar a literatura dos últimos vinte anos sobre a doença, mostra que a linguagem, a inteligência geral e as funções vísuo-motoras são menos afetadas, ao menos aparentemente, do que a memória e a atenção. Há um estudo de Amato et al., sobre o impacto da disfunção cognitiva nas atividades da vida diária. Neste estudo, 17 de 25 pacientes que tinham disfunção cognitiva leve ou moderada tiveram que mudar ou abandonar o trabalho, enquanto que no grupo cognitivamente intacto, apenas 2 entre 20 pacientes tiveram essa limitação. Segundo Rao et al. (1991), os domínios cognitivos mais afetados na EM estão relacionados com o aprendizado e memória, atenção, processamento de informação, funções visuoespacial e funções executivas. A memória são informações recebidas pelos órgãos dos sentidos, a codificação e a estocagem dessas informações sob a forma de “engramas”, que seriam as redes que 35 MENDONÇA, Andréia Costa Rabelo; CAIXETA, Leonardo Ferreira; DINIZ, Denise Sisterolli. Manifestações cognitivas e neuropsicologia da esclerose múltipla. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 27-43, Jan. 2013/Jun. 2013. representam o suporte das informações estocadas, e a capacidade de acesso a essas informações (normalmente, pacientes com EM tem problemas de codificação e recuperação da informação tanto verbal como visual). A atenção é o processo que mantém uma severa vigilância sobre o curso preciso e organizado da atividade mental. Nos pacientes com EM, a atenção imediata está tipicamente intacta (FISCHER et all, 1994). O processamento de informação é a velocidade com que se processa a informação, relacionado com a atenção, memória e concentração. As pessoas com EM também apresentam dificuldades nesse processo (em torno de 20-25%). A função visuoespacial envolve o reconhecimento de faces, a determinação de ângulos visuais, relações e integração visual. Aunque Rao Y col. (1991), demonstraram que 10-20% de pessoas com EM apresentam dificuldades nas habilidades visuo-espaciais de ordem superior. As funções executivas compreendem funções complexas que envolvem o raciocínio abstrato, a organização, o planejamento, o gerenciamento, o controle atencional e o monitoramento do comportamento para atividades e solução de novos problemas. Ainda segundo Rao et all (1991), aproximadamente entre 15-20% de pessoas com EM apresentam dificuldades em tarefas executivas. A consideração da função cognitiva deve fazer parte da avaliação contínua do paciente com EM, porque antes do uso da avaliação neuropsicológica, se estimava que menos de 5% dos pacientes tinham deterioração cognitiva (Rao, 1986). Ainda segundo Rao (1986), 80% dos pacientes apresentam déficit cognitivo leve. Para Ryan e col (1996), num estudo de 177 pacientes recidivantes-remitente, a maioria apresentava somente 1 ou 2 domínios cognitivos afetados, e somente 5% apresentava um déficit cognitivo global. Em um estudo, Rao e col (1989), verificaram que as pessoas com EM e declínio cognitivo tinham menos empregos que aquelas que eram normais no ponto de vista cognitivo. Em um outro estudo (1991), eles perceberam que os indivíduos com déficit cognitivo necessitavam de mais ajuda nas atividades de vida diária e higiene pessoal. Concluíram que mesmo os déficits sendo leves, podem ocasionar problemas nas atividades de vida diária. Andrade, Vivian M. et all (1999), realizaram uma pesquisa sobre o perfil cognitivo de pacientes com diagnóstico de esclerose múltipla do tipo surto-remissivo, com 25 participantes. O critério de inclusão para a amostra de no mínimo 4 anos de educação formal, idade entre 18 e 60 anos, nenhuma história anterior de patologia psiquiátrica ou neurológica, de alcoolismo ou abuso de drogas ou sequer história anterior de complicações advindas de uso de medicamentos. Todos os pacientes estavam com EDSS (Expanded Disability Status Scale) entre 0 e 6, sendo que nenhum indivíduo com lesões limitadas à medula espinhal foram incluídos. No momento da avaliação, a patologia deveria estar em estado inativo clinicamente. Toda a amostra composta por voluntários pacientes sob tratamento medicamentoso. A avaliação neuropsicológica foi composta por testes que 36 MENDONÇA, Andréia Costa Rabelo; CAIXETA, Leonardo Ferreira; DINIZ, Denise Sisterolli. Manifestações cognitivas e neuropsicologia da esclerose múltipla. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 27-43, Jan. 2013/Jun. 2013. tiveram como propósito a avaliação dos seguintes domínios cognitivos: inteligência geral, memória (imediata e recente; verbal e não-verbal), capacidades motoras e perceptuais, alguns aspectos da linguagem e humor. A bateria escolhida foi: versão reduzida do WAIS-R, incluindo cinco sub-testes verbais e quatro não-verbais (Compreensão, Aritmética, Vocabulário, Dígitos, Procurar Símbolos, Completar Figuras, Cubos, Arranjo de Figuras); três sub-testes da Escala Wechsler de Memória /WMS (Memória Lógica, Reprodução Visual e Aprendizagem Associativa); Stroop Color Test; Figura Complexa de Rey; Blocos de Corsi; Teste de Fluência Verbal (FAS); Nomeação e memorização de objetos; Inventário Beck de Depressão (BDI); State-Trait Anxiety Inventory (STAI). Não houve diferença estatisticamente significativa entre grupo controle e grupo experimental em relação ao Q.I. total e Q.I. Verbal, segundo resultados do WAIS-R. Entretanto, diferenças significativas foram observadas em testes que envolviam o componente motor, tais como nos sub-testes que envolviam QI de Execução, como o Completar Figuras, Arranjo de Figuras e Procurar Símbolos. Na recuperação da figura Complexa de Rey, também houve um déficit do grupo experimental em relação ao grupo controle, mesmo a cópia da figura tenha sido normal para ambos. Outra diferença estatisticamente significativa (menores resultados do grupo experimental) foi detectada na avaliação de funções relativamente não-contaminadas pelo componente motor, encontradas nos resultados do FAS, Stroop Color, Aprendizagem Associativa (recuperação imediata e tardia) e Memória Lógica (recuperação imediata e tardia). Memória incidental e intencional e reconhecimento de materiais concretos tiveram resultados normais para ambos os grupos. Houve curva de aprendizagem também normal para ambos. Quanto à depressão, observou-se que os escores no BDI do grupo experimental foram maiores do que os escores do grupo controle, entretanto a média obtida não foi indicativa de depressão. Ainda sabendo-se de um possível déficit cognitivo oriundo da depressão, não se pode afirmar, portanto, que o déficit acompanhado no grupo experimental seja em decorrência de um estado depressivo. Resumindo, houve déficit dos pacientes com EM tipo surto-remissão nos seguintes domínios cognitivos avaliados: memória verbal e visual e tarefas de aprendizagem; tarefas com tempo pré-estabelecido (indicativo de lentidão de processamento); tarefas com o componente motor (dificuldade na resposta motora). Levando-se em conta que alguns dos testes motores são dependentes de tempo, o processamento lento dos pacientes pode ser a causa do baixo resultado ao invés de um problema especificamente da função motora. Para a avaliação da base patológica da disfunção cognitiva em pacientes com EM, no estado inicial do tipo surto-remissão (menos de seis meses de duração), alguns autores (Deloire et at., 2006) analisaram amostra de 58 pacientes, excluindo pacientes com outras enfermidades neurológicas ou psiquiátricas, ou com história de trauma na cabeça, ou história de abuso de álcool ou drogas. Todos foram submetidos à avaliação clínica, RM, testes cognitivos e questionário de 37 MENDONÇA, Andréia Costa Rabelo; CAIXETA, Leonardo Ferreira; DINIZ, Denise Sisterolli. Manifestações cognitivas e neuropsicologia da esclerose múltipla. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 27-43, Jan. 2013/Jun. 2013. qualidade de vida. Os resultados mostram que a disfunção cognitiva em indivíduos com início de EM do tipo surto-remissão têm as mesmas funções cognitivas comprometidas (particularmente déficits de memória, de atenção e de conceituação), porém menos severas do que em indivíduos com EM avançada. A queda da velocidade no processamento da informação na EM é resultante de uma desconexão de fibras nervosas e da desmielinização axonal, ocorrendo mais freqüentemente na substância branca periventricular, no corpo caloso e no lobo temporal. Nas áreas de desmielinização, a velocidade de condução do impulso nervoso é reduzida, podendo até mesmo ser completamente bloqueada. A Ressonância Magnética (RM) possibilita a investigação da base patológica da disfunção cognitiva na EM. Em um estudo (Lazeron et al., 2006) foi investigada a relação entre lesões e redução do volume cerebral e lentidão cognitiva, com amostra escolhida ao acaso, composta por 32 pacientes de EM, submetidos às tarefas da bateria ANT e à RM. Foram 11 pacientes do tipo surto-remissão, 13 pacientes do tipo secundariamente progressiva e 8 do tipo primariamente progressiva. A média de idade da amostra foi de 48,2 anos e a de EDSS (Expanded Disability Status Scale) foi de 4. A média de duração da doença foi de 12,2 anos. A bateria ANT acessa velocidade, atenção (focal, sustentada e dividida), processamento vísuo-espacial, organização e flexibilidade atencional, e função psicomotora. Foram encontradas fortes correlações entre os resultados da bateria ANT e mensurações da RM. De forma geral, no caso de lesão extensa e grande redução do volume cerebral, há uma lentidão de processamento correlacionada, bem como grandes flutuações na velocidade de resposta nas tarefas de reação de escolha, com um empobrecimento na performance no controle de tarefas vísuo-motoras. As correlações mais fortes foram encontradas mais freqüentemente no caso de volume cerebral reduzido, mais do que em casos exclusivamente com lesões. Também, nota-se através dos resultados que a velocidade do funcionamento cognitivo é o principal problema, e não a performance. É sugerido que tal prejuízo ocorra devido ao dano cerebral difuso, além das lesões focais e à perda de volume cerebral. Entretanto, não há consenso entre os estudos correlacionais do funcionamento cognitivo e mensurações de RM, o que pode ser explicado pela diferença das tarefas cognitivas usadas, ou porque alguns estudos focalizam-se na performance, sem levar em conta o tempo despendido para a realização das tarefas. Não foi encontrada correlação entre redução do volume cerebral ou lesão e processamento vísuo-espacial. A possível explicação para tanto é que as tarefas executadas automaticamente são menos vulneráveis às lesões da EM do que as que exigem controle de processamento e alta demanda de memória de trabalho. Achiron et al. (2007) apresentaram um estudo onde utilizaram a avaliação neuropsicológica baseada no Brief Repeatable Battery 38 MENDONÇA, Andréia Costa Rabelo; CAIXETA, Leonardo Ferreira; DINIZ, Denise Sisterolli. Manifestações cognitivas e neuropsicologia da esclerose múltipla. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 27-43, Jan. 2013/Jun. 2013. Neuropsychological (BRB-N), a fim de medir aprendizagem verbal com recordação e recuperação tardia; aprendizagem visual e recuperação; atenção complexa e concentração; atenção sustentada e velocidade de processamento de informação; fluência verbal. Também houve avaliação da incapacidade pelo Expanded Disability Status Scale (EDSS), sendo “0” normal e “10” morte; avaliação psiquiátrica, através de entrevista clínica semi-estruturada, além da Escala de Ansiedade e Depressão de Goldberg; Ressonância Magnética (RM) e análises estatísticas. Neste estudo, a amostra foi de 67 pacientes (45 mulheres para 22 homens) com provável EM, sendo a média de idade do grupo 32,3 anos. Quanto à educação, 1 indivíduo fez nível elementar (8 anos de educação formal), 27 fizeram até o ensino médio e 39 tinham nível acadêmico. Nenhum indivíduo teve problemas psiquiátricos o suficiente para alterar a performance cognitiva. Os principais déficits foram encontrados na aprendizagem visual e recuperação, seguido pela fluência verbal, atenção complexa e concentração. 94% dos indivíduos tiveram anormalidade de resultado em pelo menos um dos testes, sendo 53,7% com escores deficitários em um ou dois testes. Em todos os outros sujeitos desde estudo, a presença de prejuízo cognitivo não afetou suas atividades da vida diária. Os prejuízos mais expressivos encontrados foram o de habilidades verbais/ span de atenção, seguido por processamento de informações/ memória, enfatizando que a amostra de provável EM teve média de duração da doença menos de um mês. Deve-se ressaltar que as deficiências cognitivas nem sempre estão relacionadas à Esclerose Múltipla. Avaliação neuropsicológica na EM Inicialmente, a avaliação pode ser realizada através da anamnese neuropsicológica dirigida, realçando-se os pontos mais relevantes do histórico cognitivo do paciente e do motivo do encaminhamento pelo médico. A avaliação neuropsicológica na EM se dedica a avaliar essencialmente a eficiência intelectual, atenção, funções executivas, linguagem, funções motoras, aprendizagem e memória (Andrade, 2004a). Existem várias baterias de testes neuropsicológicos que podem ser utilizados para se avaliar tais domínios. Dentre eles se destacam a Escala de inteligência para Adultos de Wechsler – (Wais-III), Digit Span, Stroop, Subtestes da Escala de memória de Wechsler (Wais-R) (Haase, Lima, Lacerda & Lana-Peixoto Balsimelli, Moreira & Cruz, 2004). Atualmente, a maioria dos centros de referência, fazem opção por uma escala mais reduzida que abrange os domínios cognitivos mais afetados, mas que consuma pouco tempo levando-se em consideração a fadiga e a dificuldade motora dos pacientes em retornar para outras sessões. Por isso, a Multiple Sclerosis 39 MENDONÇA, Andréia Costa Rabelo; CAIXETA, Leonardo Ferreira; DINIZ, Denise Sisterolli. Manifestações cognitivas e neuropsicologia da esclerose múltipla. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 27-43, Jan. 2013/Jun. 2013. Functional Composite (MSFC) e a BRB-N são escalas que estão sendo muito usadas por serem rápidas e de grande eficácia. A MSFC foi padronizada para a população brasileira por TILBERY et all.(2005) e é composta por três testes: Teste Caminhada Cronometrada de 25 pés; Teste dos 9 Pinos nos Buracos; Teste Auditivo Compassado de Adição Seriada (Paced Auditory Serial Addition Task PASAT). O primeiro é uma medida quantitativa de função motora dos membros inferiores, o segundo é uma medida dos membros superiores e o terceiro, é uma medida de função cognitiva que avalia a velocidade de processamento e flexibilidade principalmente de informações auditivas. O BRB-N é uma bateria também desenvolvida pela Sociedade Americana de Esclerose Múltipla, que consiste dos seguintes testes: Teste de Lembrança Seletiva (SRT – Selective Reminding Test) é um teste que mede o aprendizado verbal e a memória durante uma lista de palavras por seis tentativas. Avalia memória imediata e a tardia, assim como sua recuperação; Teste de Evocação Espacial (SPART – Spatial Recalls Test) foi desenvolvido para testar a memória visoespacial pelo aprendizado consecutivo e a recordação tardia; Teste de Modalidades de Símbolos Digitais (SDMT – Symbol Digital Modalities Test) que avalia a atenção sustentada e concentrada; o PASAT e um teste de fluência verbal por categorias (WLG – Word List Regeneration). Cognição e Funcionalidade A demência reduz a capacidade intelectual, principalmente a memória e o pensamento, de forma a impedir as atividades sociais e profissionais. Andrade (1999) desenvolveu um estudo onde os pacientes tinham em média 39 anos, com manifestação da doença havia sete anos. Neste trabalho, ela mostrou que a esclerose múltipla causa demência em um número restrito de pessoas, não havendo comprometimento da capacidade de julgamento, não impedindo a pessoa de gerir sua vida. O trabalho também avaliou o impacto da doença no cotidiano dessas pessoas. Para 39% dos portadores, a doença não influenciou diretamente a vida diária com relação aos aspectos profissionais, educacionais e afetivos. 28% relataram uma leve interferência em pelo menos uma esfera. Cerca de 16% responderam que a EM traz problemas para a atividade profissional e para os estudos, e 21%, consideraram a vida ruim em todos os aspectos. A reabilitação fornece estratégias para lidar com o problema, enfatiza a neuropsicóloga. Como os sintomas mais comuns da EM incluem fadiga, disfunções intestinais e da bexiga, problemas de visão, tremores, espasmos, alterações da fala, dificuldades para engolir, disfunções sexuais, dificuldade em executar as atividades básicas do cotidiano (comer, tomar banho, vestir e cuidar dos afazeres domésticos, dificuldades de aprendizado e concentração, 40 MENDONÇA, Andréia Costa Rabelo; CAIXETA, Leonardo Ferreira; DINIZ, Denise Sisterolli. Manifestações cognitivas e neuropsicologia da esclerose múltipla. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 27-43, Jan. 2013/Jun. 2013. problemas de locomoção, dores e depressão), acabam por causar um impacto na Qualidade de Vida (QL) do indivíduo portador, de seus familiares e amigos. Muitas pessoas com EM abandonam seus trabalhos e passam a depender de parentes ou programas governamentais para seu sustento, seja este financeiro ou não. As intervenções para os déficits cognitivos dependem da natureza e gravidade do problema, relacionados com a deficiência de memória, deficiência na velocidade de informação, raciocínio abstrato insatisfatório, concentração insatisfatória, compreensão deficiente, deficiência na percepção visuo-espacial e na função executiva, principalmente na atenção dispersiva. Referências bibliográficas Achiron, A.& Barak, Y. (2003) Cognitive impairment in probable multiple sclerosis. 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Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 27-43, Jan. 2013/Jun. 2013. Asghar-Ali, A., Taber, K.H., Hurley, R.A. & Hayman, L.A. (2004). Pure neuropsychiatric presentation of multiple sclerosis. Am J Psychiatry,n.161, p.226-231. Disponível em: <http://ajp.psychiatryonline.org>. Brassington, J.C. & Marsh, N.V. (1998). Neuropsychological aspects of multiple sclerosis. Neuropsychology Review, 8, 43-77. Cabballero, A., Alves-Leon, S., Papais-Alvarenga, P., Fernandez, O., Navarro, G. & Alonso, A. DQB1*0602 conferes genetic susceptibility to multiple sclerosis in Afro-Brazilians. Tissue Antigens, 54, 524-526. Cunha, J.A. (2001) Manual da versão em Português das Escalas Beck – São Paulo: Casa do Psicólogo. Deloire, M.S.A., Sarlot, E., Bonnet, M., Arimone, Y., Boudineal, M., Amieva, H. et. al. (2006).Cognitive impairment as marker of diffuse brain abnormalities in early relapsing remitting multiple sclerosis. 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Manifestações cognitivas e neuropsicologia da esclerose múltipla. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 27-43, Jan. 2013/Jun. 2013. Lazeron, R.H.C., Sonneville, L.M.J., Scheltens, P., Polman, C.H. & Barkholf, F. (2006). Cognitive slowing in multiple sclerosis is strongly associated with brain volume reduction. Multiple Sclerosis,n.12,p.760-768. ewis, R. (2004). Genética Humana: conceitos e aplicações (5 ed.) (P. A. Motta, Trad.). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. Medeiros, M.M.C. (1998). Impacto da doença e qualidade de vida dos cuidadores primários de pacientes com artrite reumatóide: adaptação cultural e validação do Caregiver Burden Scale. Tese, Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina, São Paulo, Brasil. Mendes, M.F., Tilbery, C.P., Balsimelli, S., Moreira, M.A. & Barão-Cruz, A.M. (2003). Depressão Arq. Neurona esclerose multipla forma remitente-recorrente. Psiquiatr., SãoPaulo, v.61, n.3A. 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INVESTIGAÇÃO DA SATISFAÇÃO COM A IMAGEM CORPORAL, AUTOESTIMA E CONHECIMENTOS SOBRE A SAÚDE DA MULHER EM IDOSAS DA UNATI – ESEFFEGO Maria Carolina Lara Milhomens, Elder Sales da Silva, Marc Gingozac, Nathalia Carrijo de Oliveira RESUMO ABSTRACT O termo qualidade de vida vai além da condição física e das adequadas condições fisiológicas. Para se aproximar do conceito mais completo é necessário investigar vários campos da sobrevivência que vão da forma com que a pessoa se percebe e o valor que atribui a si mesmo. No caso das mulheres, os últimos acontecimentos históricos sociais e científicos têm mostrado uma releitura no papel destas na sociedade e a necessidade de promover políticas de saúde que estimule o autoconhecimento particularmente no que se refere a sua própria saúde e cuidados pessoais. Esta pesquisa procurou investigar aspectos ligados à satisfação da imagem corporal, a auto-estima e o nível de conhecimento sobre a saúde da mulher e discutir como essas variáveis podem estar relacionadas na determinação da qualidade de vida enquanto bem estar. A partir da investigação das variáveis propostas objetivou-se traçar o perfil do público de mulheres idosas atendidas na UNAT-ESEFFEGO e levantar questões acerca da necessidade de se amplificar as intervenções que visem aumentar o conhecimento dessas mulheres sobre si mesmas e, automaticamente, ir de encontro à melhora da qualidade de vida. O estudo apresenta caráter descritivo transversal prospectivo com levantamento de dados através de questionários validados como a Escala de silhuetas de Sorensen e Sunkard (1993), a Escala de autoestima de Rosenberg (1989) e questionário acerca dos conhecimentos em Saúde da Mulher. Pôde ser observado que as mulheres apresentam uma silhueta atual próxima do que consideram ideal, mas, mesmo assim apresentam certa restrição quanto a imagem corporal e a auto estima. The term quality of life goes beyond the physical condition and the appropriate physiological conditions. To approach the fuller concept is necessary to investigate various fields ranging from survival way the person perceives the value it attaches itself. For women, the past historical events and social science have shown a re-reading the paper on the society and the need to promote health policies that encourage self-knowledge particularly as it relates to their own health and personal care. This research sought to investigate aspects of satisfaction with body image, self-esteem and level of knowledge about women's health and discuss how these variables may be related in determining the quality of life as well be. From the investigation of the variables proposed aimed to profile the audience of older women attending the UNAT-ESEFFEGO and raise questions about the need to amplify the interventions aimed at increasing the knowledge of women about themselves and automatically go against the improved quality of life. The study has a descriptive cross-sectional prospective survey data using validated questionnaires such as the Scale Silhouettes Sunkard and Sorensen (1993), the Rosenberg self-esteem scale (1989) and a questionnaire concerning the knowledge in Women's Health. Could be observed that women have a silhouette than the current next consider ideal, but still have some restriction on body image and self esteem. Palavras-chave: Imagem corporal, autoestima, saúde da mulher, idoso. Keywords: Body image, self-esteem, women's health, elderly. 45 MILHOMENS, Maria Carolina Lara; SILVA, Elder Sales da; GINGOZAC, Marc; OLIVEIRA, Nathalia Carrijo de. Investigação da satisfação com a imagem corporal, autoestima e conhecimentos sobre a saúde da mulher em idosas da UNATI – ESEFFEGO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 44-57, Jan. 2013/Jun. 2013. Introdução O trabalho teve como gatilho o problema básico referente à relação entre satisfação com a imagem corporal, a autoestima e como os conhecimentos sobre o próprio corpo e seu funcionamento podem melhorar ou piorar esses conceitos. O objetivo central foi investigar se essas variáveis podem se encontrar ou divergir na caracterização do perfil das idosas da UNATIESEFFEGO e a partir daí propor ações que vão de encontro à realidade criada e seu desdobramento que é a qualidade de vida. Além disso, devido à própria condição histórica, a pouca informação acerca da sexualidade vista como tabu para suas gerações pode representar uma limitação no conhecimento do corpo. Tudo isso, até certo ponto, poderia contribuir para a diminuição da autoestima e da distorção da própria imagem corporal (GOUVEIA et al., 2005). A pesquisa buscou levantar um dos maiores problemas detectados em saúde pública que seria a desinformação. Embora as discussões em torno da melhora das condições de vida da mulher seja prioridade em muitos governos e até mesmo uma das metas da Organização Mundial de Saúde para salvar o mundo, muito ainda tem que ser feito para que as mulheres alcancem uma condição mais igualitária em relação ao homem (ALMEIDA et al., 2005). Muitos dos problemas relacionados à saúde da mulher estão ligados às pressões sócio culturais que elas sofrem e que, no passado impedia, o acesso a informação sobre o próprio corpo, sua condição física e a imagem própria além da condição repressora da sexualidade que impedia um contato maior até mesmo para os cuidados a saúde (BARROS, 2005). Neste panorama, se torna fundamental avaliar como as idosas atendidas na UNATIESEFFEGO se percebem e investigar como esse conhecimento sobre auto imagem e autoestima pode ser um ótimo termômetro para propor campanhas educativas, propostas de prevenção e atendimento especializados como fisioterapia, educação física e acompanhamento psicológico que já podem ser feitos e incrementados entre outros profissionais. É fundamental acrescentar estudos com a intenção de integrar a saúde de mulheres idosas sob a perspectiva biopsicossocial. Este trabalho visa contribuir com o escopo de investigações em torno da saúde da mulher e enfatizar alguns pontos importantes para sua manutenção. 46 MILHOMENS, Maria Carolina Lara; SILVA, Elder Sales da; GINGOZAC, Marc; OLIVEIRA, Nathalia Carrijo de. Investigação da satisfação com a imagem corporal, autoestima e conhecimentos sobre a saúde da mulher em idosas da UNATI – ESEFFEGO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 44-57, Jan. 2013/Jun. 2013. Revisão de literatura Imagem corporal e saúde A imagem corporal é vista como expressão da personalidade, projetada através do desenho da figura humana refletindo o conceito de si mesmo, representação mental do próprio corpo. Está relacionada à experiência psicológica do indivíduo sob o aspecto da aparência e funcionamento do corpo. Ao longo dos anos, em diferentes fases do ciclo vital, a imagem corporal é construída e reconstruída conforme múltiplas condições que variam desde o aspecto físico propriamente dito até as influências da mídia ou da cultura (BARROS, 2005 e CHAIM, IZZO e SERA, 2009). Neste caso, os fatores sócio-culturais interferem de forma direta na imagem corporal e percepção de saúde do indivíduo. Tendo que conviver com uma realidade mais farta de alimento do que no passado próximo, a população experimenta o estigma social da obesidade por um lado, e os modelos de magreza e de músculos trazidos pelo bombardeio midiático que contribuem para uma imagem corporal negativa, insatisfação pessoal e preocupação com a auto-imagem. Quando não trabalhada internamente de forma equilibrada os transtornos de imagem podem provocar alterações como bulimia, anorexia, vigorexia além de compulsões alimentares comprometendo a saúde do individuo (DAMASCENO et al., 2005; NOVAES et al., 2005). Ainda relacionado ao estudo de Novaes et al., 2005 referente à satisfação com imagem corporal de mulheres fisicamente ativas concluiu-se que há certo comodismo e conformismo com a própria imagem com o passar dos anos. Para Damasceno et al., 2005, por outro lado, seria a insatisfação com a imagem corporal o grande motivo que leva as pessoas à busca de atividades físicas. No caso da população investigada, além da busca de atividades físicas existem outras abordagens que promovem a socialização e integração entre as mulheres idosas atendidas na UNATI. Significado da Imagem corporal na saúde da mulher Gouveia et al., em 2005 avalia o sentimento de constrangimento associado à auto imagem e como podem interferir em diversas circunstâncias pessoais e sociais. Os indivíduos mais susceptíveis a opinião dos outros passam a se sentirem menos aptos socialmente pelo fato de não verem o corpo como aceitável. A mulher, exigida muito mais quanto ao aspecto externo experiência 47 MILHOMENS, Maria Carolina Lara; SILVA, Elder Sales da; GINGOZAC, Marc; OLIVEIRA, Nathalia Carrijo de. Investigação da satisfação com a imagem corporal, autoestima e conhecimentos sobre a saúde da mulher em idosas da UNATI – ESEFFEGO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 44-57, Jan. 2013/Jun. 2013. a evolução de sua imagem corporal de forma mais angustiante que os homens. Embora os efeitos negativos instigarem a buscar atividades que modifiquem os hábitos cotidianos muitas vezes perdem a autoestima e continuam com o mesmo estilo de vida (AQUINO, 2006; MASSET e SAFONS, 2008). Na UNATI, percebe-se como é importante para a mulheres idosas as atividades propostas que acabam por representar momentos que contribuem para melhorar a rotina e cuidar do próprio corpo. O insucesso na tentativa de reverter às mudanças decorrentes do envelhecimento e de alcançar o padrão físico idealizado pela sociedade gera insatisfação com a aparência corporal e prejudica a força de vontade para realizar tarefas específicas o que pode comprometer as atividades da vida diária quando atingem a autoestima. A maneira pela qual o indivíduo percebe seu corpo, sua consciência corporal, pode contribuir para manter essa auto-estima ao longo da vida, principalmente nos últimos anos, quando é necessário mais empenho para obter resultados satisfatórios com o corpo devido à fase de envelhecimento (MASSET e SAFONS, 2008; ALMEIDA et al., 2005). A principal barreira psicológica a ser superada nas mudanças físicas é o comprometimento da autoconfiança uma vez que o envelhecimento tende a deteriorar a imagem que o individuo tem de si mesmo o que compromete a própria valorização tão importante para que permaneça ativo e com maior nível possível de independência. Em muitos casos este cenário pode comprometer a auto imagem criando um grau de rejeição que pode levar ao sentimento de autodesvalorização e de baixa autoestima. (CHAIM, IZZO e SERA, 2009, JOIA, RUIZ e DONALISIO, 2007). Auto estima com parâmetros para bem estar Autoestima é um conceito subjetivo e está relacionado ao sentimento e consideração que uma pessoa sente por si própria e como se avalia diante das suas experiências, o quanto ela si gosta, se vê ou a forma ou juízo de si próprio. Apresenta elementos fundamentais como os sentimentos de competência e de valor pessoal, assim como auto respeito e auto confiança, refletindo a capacidade de lidar com os desafios da vida. Portanto, vincula a sensação de confiança, competência e amor próprio tão importante para uma vida saudável em seu aspecto mais pleno (CHAIM, J.; IZZO, H.; SERA, C. T. N., 2009). Este panorama se antagoniza com as situações de desconhecimento da própria condição de saúde e o descuido que o idoso pode passar a ter com o auto cuidado. Conhecer a relação que o idoso mantém com seu corpo e suas implicações na autoestima são fundamentais para que os 48 MILHOMENS, Maria Carolina Lara; SILVA, Elder Sales da; GINGOZAC, Marc; OLIVEIRA, Nathalia Carrijo de. Investigação da satisfação com a imagem corporal, autoestima e conhecimentos sobre a saúde da mulher em idosas da UNATI – ESEFFEGO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 44-57, Jan. 2013/Jun. 2013. profissionais de saúde considerem todos os aspectos que envolvam a saúde do indivíduo, tais como, físicos, psicológicos, emocionais, mentais (JOIA, RUIZ e DONALISIO, 2007; SAUR e PASIAN, 2008). Evolução dos cuidados com a saúde do idoso Para Chaim, Izzo e Sera (2009) as alterações físicas próprias do envelhecimento defrontam-se com uma sociedade que discrimina indivíduos tidos como não-atraentes, em uma série de situações cotidianas. Os idosos estão mais sujeitos a encontrar ambientes sociais que variam do não-responsivo ao rejeitador, desencorajando o desenvolvimento de habilidades sociais e de um autoconceito favorável. Neste caso, existe o risco do isolamento social, um dos principais fatores que compromete a qualidade de vida e o bem estar. O maior desafio enfrentado por pessoas idosas está em propiciar uma vida autônoma e com qualidade. Para tanto é necessário adotar comportamentos saudáveis, com bons hábitos alimentares, prática de atividades físicas. Tais comportamentos positivos à saúde proporcionam sentimento mais otimista e uma melhor satisfação corporal (LENARDT, MICHEL e WACHHOLZ, 2010) o que representa uma das propostas básicas do grupo de idosas da UNATI. Deste modo a promoção da melhoria das qualidades físicas do corpo, em qualquer idade, pode contribuir para melhora da auto percepção física e emocional, estimula a realização de novas tarefas, o enfrentamento de novos desafios compatíveis com a capacidade de cada um o que incrementa a satisfação com a imagem recaindo sobre a autoestima. Essa relação funciona como um sistema de feed back retroalimentando mutuamente e recaindo sobre a vida que se torna mais satisfatória (ALMEIDA et al., 2005; DAMASCENO et al., 2005, SAUR e PASIAN, 2008). Metodologia Foi realizado um estudo descritivo, transversal e qualitativo no período de março a junho de 2013, no qual foram analisados 20 indivíduos entre 44 e 83 anos que realizavam atividade física pela UNATI na UEG-ESEFFEGO. Todos os avaliados participaram voluntariamente do estudo e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Os inquéritos foram feitos após assinatura do Termo de Consentimento Esclarecido (TCE) e apresentavam questões sobre à satisfação com a imagem corporal, autoestima e conhecimentos em saúde da mulher. 49 MILHOMENS, Maria Carolina Lara; SILVA, Elder Sales da; GINGOZAC, Marc; OLIVEIRA, Nathalia Carrijo de. Investigação da satisfação com a imagem corporal, autoestima e conhecimentos sobre a saúde da mulher em idosas da UNATI – ESEFFEGO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 44-57, Jan. 2013/Jun. 2013. Resultados e discussão A satisfação com a imagem corporal passou a ser considerada como grande parâmetro de higidez ou saúde. Se por um lado existe a corrida estética até certo ponto mercantilista, há por outro a necessidade de auto cuidado, atividade física regular e exames periódicos que podem de fato interferir na qualidade de vida das pessoas independente da beleza do corpo. O lado positivo dessa busca por uma imagem melhor na sociedade moderna é que a preocupação com os maus hábitos e estilos de vida sedentários aumentou o nível de informação das pessoas acerca da própria saúde (MAZO, CARDOSO e AGUIAR, 2006). O quadro abaixo mostra a escala de silhueta de Soresen e Stunkard (1993) ao qual foram submetidas às mulheres da UNAT e as tabelas 1 e 2, na sequência, mostra os resultados obtidos na avaliação da imagem corporal atual (1) e a imagem corporal ideal (2). Figura 1 – Escala de silhuetas de Sorensen e Stunkard (1993) 50 MILHOMENS, Maria Carolina Lara; SILVA, Elder Sales da; GINGOZAC, Marc; OLIVEIRA, Nathalia Carrijo de. Investigação da satisfação com a imagem corporal, autoestima e conhecimentos sobre a saúde da mulher em idosas da UNATI – ESEFFEGO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 44-57, Jan. 2013/Jun. 2013. Tabela 1 – Resultado da Escala de silhuetas de Sorensen e Stunkard (1993) para silhueta atual (SA) para mulheres da UNAT. Número das imagens 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Número de escolhas 3 5 3 3 1 4 1 x x (%) 15% 25% 15% 15% 5% 20% 5% x x Tabela 2 – Resultado da Escala de silhuetas de Sorensen e Stunkard (1993) para silhueta ideal (SI) para mulheres da UNAT. Número das imagens 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Número de escolhas x 4 11 2 3 x x x x (%) x 20% 55% 10% 15% x x x x Conforme os achados a maior parte das mulheres (70%) apresentam a silhueta atual igual ou abaixo da referência de número 4 na escala, tabela 1. Esse referencial mostra um perfil próximo do que elas mesmas consideram como silhueta ideal que seria, para a maioria (55%), o referencial 3 conforme mostrado na tabela 2. Esses resultados se assemelham aos obtidos por Mazo, Cardoso e Aguiar (2006) que detectaram que a maioria das mulheres que participavam de um programa de hidroginástica para idosos apresentam uma boa avaliação da imagem corporal. Chaim et al., 2009, por outro lado, constatou que a maioria dos idosos investigados quanto à imagem corporal e autoestima não estavam satisfeitos com a imagem corporal e apesar de eutróficos como no caso das mulheres da UNAT, desejam buscar uma silhueta mais magra como ideal e como modelo de saúde. Historicamente houve uma transição dos modelos de saúde que passam a valorizar a atividade física e o auto cuidado que ganham, na atualidade, um caráter de atitude e de disciplina. Imagem corporal pode ser talhada sob a perspectiva da forma estrutural externa do corpo e do seu funcionamento, no entanto sofre distorções conforme a idade e sexo, as condições de saúde e auto 51 MILHOMENS, Maria Carolina Lara; SILVA, Elder Sales da; GINGOZAC, Marc; OLIVEIRA, Nathalia Carrijo de. Investigação da satisfação com a imagem corporal, autoestima e conhecimentos sobre a saúde da mulher em idosas da UNATI – ESEFFEGO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 44-57, Jan. 2013/Jun. 2013. estima sendo uma questão muito relevante para a manutenção ou deterioração da qualidade de vida (CHAIM, IZZO e SERA, 2009; JOIA, RUIZ e DONALISIO, 2007). As mulheres da UNAT buscam um ambiente mais ativo e isto colabora para que promovam fatores positivos sobre a autoimagem e autoestima como a atividade física e o contato social o que é corroborado pelos estudos de Meurer, Beneditti e Mazo em 2009. Neste ponto pode-se dizer que imagem corporal é o resultado da percepção não apenas cognitiva, mas também se vincula as diversas áreas do comportamento humano como a capacidade de se relacionar com os outros e a reflexão dos desejos e anseios (BARROS, 2005). Portanto, é um conceito complexo que se atrela a quase todas as experiências de uma pessoa e como pode interferir em sua saúde e bem estar (DAMASCENO et al., 2005). No que se refere à percepção da própria saúde, a mulheres da UNAT consideram que estão entre regular (40%) e muito boa (45%). Esse resultado foi semelhante ao encontrado por Joia, Ruiz e Donalisio, 2007 em que foi realizada uma pesquisa sobre as condições associadas ao grau de satisfação com a vida entre a população de idosos. Neste estudo, a maioria dos idosos estavam satisfeitos com a vida e com a saúde, ver gráfico 1 abaixo. Gráfico 1 – Avaliação de como está à saúde das mulheres da UNAT. Como está sua saúde 10 8 6 4 2 0 9 8 2 Excelente 1 Muito boa Regular Ruim Uma questão adaptada da escala de autoestima de Rosemberg (1989) para ilustrar como a percepção de saúde pode ser uma variável subjetiva foi feita neste trabalho na UNAT. Quando questionadas sobre a saúde e a comparação com outras pessoas na mesma idade a maioria 60% considerou seu estado melhor e 40% considerou suas condições semelhantes. Nenhuma delas considera estar pior ou muito pior que as colegas contemporâneas conforme gráfico 2 abaixo. 52 MILHOMENS, Maria Carolina Lara; SILVA, Elder Sales da; GINGOZAC, Marc; OLIVEIRA, Nathalia Carrijo de. Investigação da satisfação com a imagem corporal, autoestima e conhecimentos sobre a saúde da mulher em idosas da UNATI – ESEFFEGO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 44-57, Jan. 2013/Jun. 2013. Gráfico 2 – Avaliação comparada da idade e da saúde das mulheres da UNAT. Em comparação com a idade sua saúde está 15 12 8 10 5 0 Melhor Semelhante 0 0 Pior Muito pior Com relação à avaliação do próprio corpo 50% considera satisfeita o que parece demonstrar o auto nível de exigência quanto ao aspecto físico uma vez que a maioria está num referencial bom e de pouca adiposidade conforme demonstrado na avaliação de Sorensen e Stunkard (1993), ver gráfico 3. Gráfico 3 – Avaliação do próprio corpo das mulheres da UNAT. Avaliação do próprio corpo 20 15 10 5 0 18 10 10 9 11 SIM 2 Está satisfeira com o próprio corpo Mudaria alguma coisa no corpo NÃO Preocupa-se em cuidar do corpo Neste gráfico ainda pode ser percebido que 55% das entrevistadas mudariam alguma parte no corpo demonstrando que o conhecimento razoável da imagem corporal envolve, dessa forma, os aspectos mais profundos da cognição que estão relacionados às condições emocionais e motivacionais. Neste ponto se estabelece o link entre imagem corporal e auto estima conforme propõe Aquino (2006). Um achado positivo foi o valor de 90% para as mulheres que se preocupar 53 MILHOMENS, Maria Carolina Lara; SILVA, Elder Sales da; GINGOZAC, Marc; OLIVEIRA, Nathalia Carrijo de. Investigação da satisfação com a imagem corporal, autoestima e conhecimentos sobre a saúde da mulher em idosas da UNATI – ESEFFEGO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 44-57, Jan. 2013/Jun. 2013. em cuidar do corpo. Esses achados são coerentes em relação à amostra, pois 90% delas têm o hábito de fazer exames de rotina para prevenção de patologias e 65% têm o hábito de fazer auto exame o que é extremamente importante para a saúde e bem estar dessas mulheres, ver gráfico 4. Gráfico 4 – Avaliação da saúde e hábitos na UNAT. Avaliação da saúde e hábitos 20 15 10 5 0 18 8 13 12 7 2 Sua saúde atual prejudica suas AVDs Faz exame preventivo SIM NÃO Tem hábito de autoexame Nesta pesquisa, 60% consideram ter algum limite nas AVDs (atividade da vida diária) em função de limites relacionados a saúde. Se for considerado o nível de exigência do grupo pesquisado pode ser sugerido que desejavam participar de atividades mais intensas que a idade já não contribui ao menos hipoteticamente. Para Gouveia (2005) o autoconhecimento é um grande fator para o enfrentamento de situações constrangedoras principalmente para as mulheres que dão muita atenção a opinião dos outro sobre suas condições físicas. No estudo em questão 50% das mulheres afirmam que essa opinião interfere no seu bem estar, 40% sente vergonha de mostrar o corpo. Estas informações parecem paradoxais uma vez que as mulheres pesquisadas estão num perfil no mínimo razoável para idade conforme já discutido, veja gráfico 5 abaixo. 54 MILHOMENS, Maria Carolina Lara; SILVA, Elder Sales da; GINGOZAC, Marc; OLIVEIRA, Nathalia Carrijo de. Investigação da satisfação com a imagem corporal, autoestima e conhecimentos sobre a saúde da mulher em idosas da UNATI – ESEFFEGO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 44-57, Jan. 2013/Jun. 2013. Gráfico 5 – Satisfação e conhecimento do corpo. Percepção da imagem corporal e auto imagem 15 10 10 10 8 7 SIM NÃO 5 0 Opinião do outro no seu bem estar Sente vergonha de mostrar o corpo Os resultados mostrados no gráfico 6 pode revelar que o envelhecimento representa uma reconstrução destes auto conceitos que são fundamentais para a saúde física e psíquica da população envolvida e, de certa forma, mesmo dentro de condições físicas boas, esse envelhecimento, muitas vezes, desencoraja o a autoconfiança com o corpo e com a imagem corporal correspondente (MEURER et al., 2009). Gráfico 6 – Avaliação da percepção da imagem corporal e autoestima. Percepção da imagem corporal e auto estima 15 10 10 10 8 7 5 7 SIM 0 0 Opinião do outro no seu bem estar Sente vergonha de mostrar o corpo NÃO Sente bem ao olhar o espelho Neste ponto pode ser observado que 35% das mulheres sentem bem ao olhar no espelho e 15% não gosta de se olhar no espelho. Essa situação pode revelar que as mulheres têm outros motivos para não aceitarem a imagem corporal o que pode estar ligado aos modelos midiáticos de beleza e de juventude o que confere com os estudos de Chaim, Izzo e Sera (2009) e Joia, Ruiz e Donalisio (2007). Finalmente foi investigada a opinião das entrevistadas a respeito da importância do auto conhecimento na manutenção da saúde, fato que reflete tanto a idéia de imagem corporal quanto a 55 MILHOMENS, Maria Carolina Lara; SILVA, Elder Sales da; GINGOZAC, Marc; OLIVEIRA, Nathalia Carrijo de. Investigação da satisfação com a imagem corporal, autoestima e conhecimentos sobre a saúde da mulher em idosas da UNATI – ESEFFEGO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 44-57, Jan. 2013/Jun. 2013. noção de valor que é atribuído a si mesmo refletindo na autoestima. Neste caso, as variáveis podem apresentar influencias recíprocas uma vez que estão ligados a definição e percepção do corpo e a avaliação da saúde, ver gráfico 7. Gráfico 7 – Investigação da importância do conhecimento para a saúde. Importância do conhecimento para a saúde 20 15 10 5 0 16 11 9 4 O conhecimento do corpo é importante para a saúde SIM NÃO Sabe o que é assoalho pélvico Este resultado se revela curioso, pois embora a grande parte das entrevistadas (80%) considere que o conhecimento do corpo seja um fator importante na manutenção da saúde um número grande (45%) não sabe o que é assoalho pélvico. Considerando a faixa etária pode ser sugerido que o nível de informação e divulgação em saúde pública principalmente na saúde da mulher ainda deixa a desejar. A falta de conhecimento do próprio corpo no caso da mulher é uma questão a ser levantada, pois está envolta em tabus e nas raízes históricas da própria educação. Claro que esses valores têm melhorado na medida em que a mulher conquista seu espaço e seu valor (MASSET e SAFONS, 2008; ALMEIDA et al., 2005). Considerações finais A qualidade de vida no sentido do bem estar pode ser vista como o ponto de convergência deste cenário de estudo. Ainda neste panorama, em conformidade com a população investigada, tem-se por um lado o aumento da população idosa e, por outro, o aumento das necessidades das ações e políticas públicas que visem à agregação da mulher e o reforço na redefinição do seu papel cada vez mais forte na sociedade (LENARDT, MICHEL e WACHHOLZ, 2010 e MAZO, CARDOSO e AGUIAR, 2006). Dentro da proposta desta pesquisa pôde ser levantado a perspectiva através da qual as mulheres avaliam a silhueta atual e como imaginariam a silhueta ideal. Neste contexto, as mulheres 56 MILHOMENS, Maria Carolina Lara; SILVA, Elder Sales da; GINGOZAC, Marc; OLIVEIRA, Nathalia Carrijo de. Investigação da satisfação com a imagem corporal, autoestima e conhecimentos sobre a saúde da mulher em idosas da UNATI – ESEFFEGO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 44-57, Jan. 2013/Jun. 2013. da UNATI estão próximas do que seria ideal conforme os resultados. No entanto muitas delas declaram certo constrangimento quanto à imagem corporal o que sugere ser um problema de ordem biopsicossocial e não apenas uma questão simplificada de percepção corporal. Deste modo, o trabalho pode reforçar a importância do serviço prestado pela UNAT uma vez que promove o contato social e a promoção de saúde. Na medida em que houver a consolidação e mais apoio deste setor não há dúvida que os serviços de atendimento poderão se tornar interdisciplinares e as abordagens mais próximas do atendimento pleno das demandas dessas mulheres. A informação e o conhecimento acerca do corpo e da saúde são fatores investigados e determinantes para a qualidade de vida o que foi comprovado pela própria opinião das pessoas entrevistadas que, apesar deste reconhecimento, demonstraram certa limitação por conhecer, por exemplo, o assoalho pélvico estrutura, hoje, paradigmática do cuidado feminino. Portanto, as abordagens devem continuar priorizando a educação em saúde, a interação social e o cuidado com o corpo medidas reforçadas nesse trabalho que podem contribuir para a melhora da qualidade de vida e do bem estar desse público tão especial. Referências bibliográficas ALMEIDA, G.A.N.; SANTOS, J.E.; PASIAN, S.R., LOUREIRO, S.R. Percepção de tamanho e forma corporal de mulheres: Estudo exploratório. Psicologia em estudo, v. 10. n. 1, p. 27-35, 2005. AQUINO, E.M.. Gênero e saúde: perfil e tendência da produção científica no Brasil. Rev Saúde Pública, 40 (N esp): 121-32, 2006. BARROS, D.D. Imagem corporal: a descoberta de si mesmo. 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CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ACERCA DOS CUIDADOS COM FIXADORES EXTERNOS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA, GOIÁS Danilo Brito Rezende e Freitas1; Hilda Valéria Santana de Freitas2; Sue Christine Siqueira3 RESUMO ABSTRACT A fixação externa (FE) é um método de fixação óssea que permite contato direto dos fragmentos ósseos, eliminando movimentos na área da fratura. A assistência de enfermagem ao paciente portador de FE visa prevenir complicações e retornar o paciente às suas atividades o mais precocemente possível. O objetivo deste trabalho foi avaliar o conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca dos cuidados com os fixadores externos. Trata-se de estudo descritivo-exploratório, realizado na Clínica Ortopédica de um hospital universitário do município de Goiânia-GO. Foram entrevistados 20 profissionais de enfermagem, com prevalência do sexo feminino e idade média de 40 anos. 45% dos profissionais referem já ter participado de capacitação sobre o tema. Duas questões do instrumento tratavam de orientações de enfermagem, que são de grande importância para o sucesso do tratamento com FE. Percebemos que alguns profissionais desconhecem determinadas orientações ou as fazem com uma freqüência inadequada. Outro tópico avaliado foi a realização de curativos, que nos mostrou uma nãouniformização de técnica e materiais. É de grande relevância para o serviço a capacitação dos profissionais para a realização do curativo em FE e a implementação da sistematização da assistência de enfermagem, que organiza o sistema e colabora na definição do seu papel. External fixation (EF) is a method of bone fixation that allows direct contact of bone fragments, eliminating movement in the area of fracture. Nursing care to patients with EF aims to prevent complications and return patients to their activities as early as possible. The aim of this study was to assess knowledge of nursing professionals about the care of external fixators. It is descriptive and exploratory study, conducted in the Orthopedic Clinic of a university hospital in Goiânia-GO. We interviewed 20 nurses, with prevalence in females and mean age of 40 years. 45% of professionals had participated in related training on the subject. Two questions of the instrument dealt of nursing guidelines, which are of great importance to the success of treatment with EF. We realize that some professionals are unaware of certain guidelines or make an inappropriate frequency. Another topic was rated the performance of curative, which showed a lack of standardization of technique and materials. It is of great relevance to the service the professional training to perform the curative in EF and implementation of the systematization of nursing care, which organizes the system and assists in defining its role. Keywords: Orthopedic Nursing, External Fixators, Nursing Care. Palavras-chave: Enfermagem ortopédica, fixadores externos, cuidados de enfermagem. 1 Acadêmico do 8º período do curso de enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás. [email protected]; Acadêmica do 8º período do curso de enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás. [email protected] 3 Enfermeira. Professora especialista do curso de enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás. [email protected] 2 59 FREITAS, Danilo Brito Rezende e; FREITAS, Hilda Valéria Santana de; SIQUEIRA, Sue Christine. Conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca dos cuidados com fixadores em um hospital universitário do município de Goiânia, Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 58-68, Jan. 2013/Jun. 2013. 1 Introdução A fixação esquelética externa é um método de fixação óssea que permite o contato direto dos fragmentos ósseos e elimina os movimentos na área da fratura, o que acelera os estágios da consolidação óssea, além de ter a capacidade única de estabilizar ossos e tecidos moles a certa distância do foco operatório ou do traumatismo (BRANDÃO, 2006). Segundo Delcol (2008), os fixadores externos (FE) são um grupo de aparelhos, geralmente metálicos, que permitem manter a rigidez ou estabilidade da estrutura óssea, com o qual se põe em contato através de pinos ou fios de transfixação que se introduzem, formando ângulos retos e oblíquos, respeitando o formato dos ossos que se ajustam firmemente, mediante o fixador. Podem variar o número de fios, segundo a lesão, mas introduz-se o mesmo número de fios por cima e por baixo da lesão, para que haja uma correta imobilização. É um exoesqueleto que se contrapõe em todos os deslocamentos no sentido axial, da reflexão ou rotação, conforme a necessidade terapêutica, proporcionando estabilidade sem rigidez. A indicação e a aplicação correta de um sistema de fixação externa dependem do conhecimento anatômico da região, da fisiopatologia da lesão e conhecimento biomecânico do aparelho. Este procedimento será utilizado mais comumente no tratamento de fraturas expostas e instáveis onde também existam danos extensos às partes moles; pode também ser utilizado em situações de fraturas não-expostas com fragmentação, em fraturas sépticas e de difícil consolidação, e para facilitar a imobilização cirúrgica de uma articulação. Tipos especializados de fixadores externos podem ser utilizados para esticar ossos das pernas ou imobilizar a coluna cervical (ROTBANDE e RAMOS, 2000). O exame radiológico assegura a redução da fratura após manipulação fechada e posicionamento adequado dos fios. Para permitir a introdução dos fios, faz-se uma pequena incisão, estando o paciente sob anestesia geral ou local. Se houver lesão dos tecidos moles podem ser necessários irrigação e o debridamento no local da fratura e nos tecidos circundantes (MERCADANTE, 2003). Segundo Tashiro e Murayama (2001), são vantagens da fixação externa: rígida fixação dos ossos; compressão, neutralização ou distração fixa dos fragmentos da fratura; permite uma vigilância direta do membro e do quadro da ferida, mesmo de cicatrização da ferida, estado neurovascular, viabilidade dos flaps cutâneos e compartimentos musculares extensos; o tratamento associado, por exemplo, com trocas de curativos, enxertos de pele, enxertos ósseos e irrigação será possível sem que seja perturbado o alinhamento ou a fixação da fratura; a imediata 60 FREITAS, Danilo Brito Rezende e; FREITAS, Hilda Valéria Santana de; SIQUEIRA, Sue Christine. Conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca dos cuidados com fixadores em um hospital universitário do município de Goiânia, Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 58-68, Jan. 2013/Jun. 2013. movimentação das articulações proximal e distal é permitida; a extremidade é elevada sem pressão sobre os tecidos moles posteriores, através de estruturas montadas no leito do paciente; a mobilização precoce do paciente é permitida; o fixador poderá ser inserido por anestesia local, embora tal procedimento não seja considerado ideal; a fixação rígida pode ser usada em fraturas infectadas agudas ou pseudoartose infectada, sendo um fator crítico no controle e resolução da infecção; tratamento ambulatorial, já que o período de internação do paciente é reduzido. Como todos os métodos, a fixação externa também apresenta desvantagens. São elas: meticulosa técnica para a inserção de pinos; cuidados com pele e tração do pino são necessários para impedir a infecção do trato do pino; o pino e a estrutura fixadora podem ser de difícil montagem mecânica por parte do cirurgião não experiente; a estrutura pode ser desconfortável e o paciente pode rejeitá-la por razões estéticas; pode ocorrer fratura pelos trajetos dos pinos; pode ocorrer refratura após a remoção da estrutura, a menos que o membro seja devidamente protegido até que o osso subjacente possa ficar novamente acostumado aos estresses; o equipamento é caro; o paciente não cooperativo pode perturbar os ajustes dos dispositivos; pode ocorrer enrijecimento articular se a fratura requerer que o fixador imobilize a articulação adjacente. O uso do FE tem-se popularizado devido à sua versatilidade e facilidade de aplicação. Atualmente, tem sido utilizado não apenas como estabilizador de fraturas, mas também como alongador e compressor do osso, transportador de fragmentos ou segmentos ósseos e redutor de fratura (MERCADANTE, 2003). Entretanto, o uso disseminado trouxe à tona várias complicações, como infecção e soltura dos pinos, falha do material, pseudartrose e consolidação viciosa. Estudos de KAOGAN (2005 apud DELCOL, 2008) apontam que as maiores complicações da fixação externa são: afrouxamento dos pinos, perda da estabilização da fratura, infecção da ferida causada pelo pino, solução de continuidade da pele e lesão nervosa. Estudos de Giordano (2000) trazem ainda que a infecção no trajeto de fios e pinos é a complicação mais comum e significante do uso de dispositivos de fixação externa. Várias são as medidas a serem adotadas visando diminuir ou minimizar os riscos relacionados ao uso dos FE. Neste contexto a enfermagem tem um papel relevante nos cuidados e orientações conforme a terapêutica adotada. Cabe ao profissional enfermeiro orientar o paciente e seus familiares, sobre o ato cirúrgico para a colocação e retirada do FE, manutenção adequada, cuidados com o aparelho, e ainda, programar medidas de apoio, emocionais, educativas, sensibilizando os familiares sobre a importância da ajuda ao paciente na movimentação até que ele tenha autonomia suficiente, mantendo diálogo com o cliente e a família, deixando-os expressar suas reais necessidades mediante posturas de disponibilidade para esclarecer dúvidas. (DELCOL, 2008). 61 FREITAS, Danilo Brito Rezende e; FREITAS, Hilda Valéria Santana de; SIQUEIRA, Sue Christine. Conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca dos cuidados com fixadores em um hospital universitário do município de Goiânia, Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 58-68, Jan. 2013/Jun. 2013. A assistência de enfermagem ao paciente cirúrgico ortopédico portador de FE exige um profissional que conheça os fundamentos da fixação e cicatrização óssea, que tenha sensibilidade para entender o contexto da internação e que desenvolva novas habilidades para prevenir complicações e favorecer o retorno do paciente às suas atividades diárias o mais precoce possível, porém com qualidade (BRANDÃO, 2000). Desta forma a avaliação do conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca dos cuidados com FE faz-se relevante e necessária para a produção de subsídios científicos que respaldem futuras intervenções junto a este público. 2 Objetivo Avaliar o conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca dos cuidados com os fixadores externos em uma clínica ortopédica de um hospital universitário do município de Goiânia, Goiás. 3 Metodologia 3.1 Tipo de estudo Trata-se de estudo do tipo descritivo, exploratório, com abordagem quantitativa. 3.2 Caracterização do local e participantes do estudo A pesquisa foi realizada na Clínica Ortopédica e de Cirurgia Plástica do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG), no município de Goiânia-GO. Esta clínica está localizada no terceiro andar do hospital, contando com 4 enfermarias e 1 isolamento, sendo 25 leitos: 21 destinados a ortopedia e 4 a plástica. Apresenta 5 enfermeiros, 12 técnicos em enfermagem e 5 auxiliares de enfermagem, sendo que desses 2 são bolsistas assistenciais. A distribuição de serviços é feita pelo método integral onde todo o cuidado assistencial ao paciente fica a cargo de um membro da equipe. Foram entrevistados enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem que possuíam vínculo empregatício com o HC atuantes na clínica ortopédica, que dirigiam seus cuidados a pacientes ortopédicos e que se dispuseram, obedecendo todas as exigências constantes na Resolução 196/96 que trata de pesquisa em seres humanos, entre elas a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 62 FREITAS, Danilo Brito Rezende e; FREITAS, Hilda Valéria Santana de; SIQUEIRA, Sue Christine. Conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca dos cuidados com fixadores em um hospital universitário do município de Goiânia, Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 58-68, Jan. 2013/Jun. 2013. Foram excluídos do estudo questionários respondidos por profissionais com atuação em outra clínica ou profissionais com outra especialidade em saúde. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa Médica Humana e Animal do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás e aprovado sob o número de protocolo 032/2010. 3.3 Coleta e análise de dados Os dados foram coletados por meio de aplicação de um roteiro estruturado composto de questões objetivas e discursivas. A aplicação deste roteiro aconteceu nos meses de abril e maio de 2010, nos respectivos turnos de trabalho dos profissionais. A tabulação dos dados se deu através da utilização de planilha eletrônica do Microsoft Excel 2003. Ressaltamos que todos os questionários foram revisados pelos pesquisadores antes de serem informatizados, com o objetivo de se evitarem erros de preenchimento no banco de dados. 4 Resultados e discussão Dentre os 20 profissionais entrevistados, houve prevalência do sexo feminino, com idade média de 40 anos, trabalhando no hospital em questão há aproximadamente 08 anos, nos cargos de técnico de enfermagem (60%) e enfermeiro (20%). Pequena parcela dos profissionais (20%) afirmou ter alguma especialização ou mestrado (Figura 01). Sexo Idade 16 1 11 Feminino Masculino 4 3 4 1 < 30 anos 41-50 anos 30-40 anos 51-60 anos > 61 anos 4 Profissão 13 1 1 1 Enfermeiros Auxiliar e técnico em enfermagem Técnico em Enfermagem Técnico em enfermagem e Enfermeiro Profissional não respondeu Titulação 2 1 1 1 15 Cargo que ocupa 4 12 2 1 1 Especialização Mestrado Especialização e Mestrado Não possui titulação Profissional não respondeu Enfermeiro Auxiliar de enfermagem Técnico em Enfermagem Auxiliar e Técnico em enfermagem Profissional não respondeu 63 FREITAS, Danilo Brito Rezende e; FREITAS, Hilda Valéria Santana de; SIQUEIRA, Sue Christine. Conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca dos cuidados com fixadores em um hospital universitário do município de Goiânia, Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 58-68, Jan. 2013/Jun. 2013. Tempo de 1 11 6 2 trabalho Turno 5 4 7 4 < 01 ano 11 – 20 anos 01-10 anos Profissional não respondeu Matutino Noturno Vespertino Matutino/Vespertino Figura 01: Distribuição dos participantes do estudo (N=20). Quando questionados a respeito da participação em capacitações sobre o tema cuidados de enfermagem a pacientes em uso de fixadores externos, apenas 45% dos profissionais afirmaram já ter participado de alguma capacitação, tendo esta ocorrido em sua maioria (20%) a menos de 01 ano, ou ainda a 2 ou mais anos (15%). O alto grau de complexidade e abrangência que envolve este tipo de paciente exige da enfermagem ações articuladas, integradas e contínuas. Para que isto possa ser viabilizado, a enfermagem pode lançar mão de atividades como as capacitações, que fazem parte do que denominamos educação permanente, compreendida como processo educativo a ser aplicado nas relações humanas do trabalho, no intuito de desenvolver capacidades cognitivas, psicomotoras e relacionais dos profissionais, assim como seu aperfeiçoamento diante da evolução científica e tecnológica (PASCHOAL, MANTOVANI E MÉIER, 2007). Para Ricaldoni e Sena (2006) o papel da educação permanente é estratégico para a organização do processo de trabalho de enfermagem em articulação com as demais práticas de enfermagem e demais setores do hospital. Tendo em vista a importância das orientações de enfermagem para o sucesso do tratamento com o fixador externo, duas questões foram formuladas. A primeira questão consistia em 09 itens relacionados ao uso do aparelho, para os quais o entrevistado deveria atribuir um A c e r to s o b tid o s n a q u e s tã o 0 9 q u e tr a ta v a d e o r ie n ta ç õ e s d e e n fe r m a g e m a o p a c ie n te e m u s o Cabe ressaltar que o mínimo de acertos foram 04 itens. de fixadores externos (N=20) conceito de verdadeiro ou falso e justificá-lo. A relação acertos pode ser visualizada na Figura 02. (5% ) (15% ) Todos os itens (25% ) 8 itens 7 itens (10% ) 6 itens 5 itens (15% ) (30% ) 4 itens Nenhum, 01, 02 ou 03 itens Figura 02: Relação de acertos obtidos na questão 09, que tratava de orientações de enfermagem ao paciente em uso de fixador externo. 64 FREITAS, Danilo Brito Rezende e; FREITAS, Hilda Valéria Santana de; SIQUEIRA, Sue Christine. Conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca dos cuidados com fixadores em um hospital universitário do município de Goiânia, Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 58-68, Jan. 2013/Jun. 2013. Quanto às justificativas, solicitadas no enunciado da questão para cada item, 45% dos entrevistados não justificaram. Dos que justificaram 20% o fizeram parcialmente, ou seja, não para todos os itens. Dois itens se destacaram com o maior número de erros, cada um com 35% de erro. São eles: 01 e 05, que tratavam respectivamente sobre movimentação do paciente e remoção de crostas da ferida. Eles são descritos a seguir: Item 01 (Falso): Fixador externo é um dispositivo de metal inserido dentro e através de um ou mais ossos quebrados, a fim de estabilizar os fragmentos durante a cicatrização. Neste período o paciente deve ser orientado a permanecer em repouso e sem deambular. Item 05 (Verdadeiro): A crosta que se forma normalmente deve ser removida com gaze, cotonete ou uma escova de dente macia. Em certos casos para facilitar esta remoção pode-se usar água oxigenada leve (10 volumes). Com relação ao item com maior porcentagem de acerto, destacamos o item 09, que teve 95% de acerto. Ele é descrito a seguir: Item 09 (Verdadeiro): Deve-se observar regularmente perfusão periférica, pulso, queixa de formigamento, parestesia, dor e diminuição da sensibilidade, pois poderá ocorrer lesão neurovascular. A segunda questão que tratava sobre as orientações de enfermagem ao paciente em uso de fixador externo solicitava que o entrevistado assinalasse a freqüência com que realiza tais orientações. Os dados seguem abaixo (Figura 03). Freqüência com que é feita Orientação de Enfermagem Sempre Às vezes Nunca 70% 15% 15% 80% 20% --- 80% 10% 10% 50% 15% 35% 70% 20% 5% 35% 5% 60% 1. Supervisione diariamente o local de inserção dos fios e faça o curativo utilizando água, sabão, soro fisiológico e álcool 70°. 2. No decorrer do tratamento, é normal o surgimento de uma secreção clara, transparente, que seca e se transforma em casca. Esta deve ser retirada durante o curativo diário. 3. Evite fumar, o fumo atrasa o tratamento. 4. Evite antiinflamatórios, caso necessário, faça uso de analgésicos comuns ou aquele que você está acostumado. 5. Não existe dieta, alimente-se normalmente. (Não respondeu: 5%) 6. Se beber, faça-o moderadamente. 65 FREITAS, Danilo Brito Rezende e; FREITAS, Hilda Valéria Santana de; SIQUEIRA, Sue Christine. Conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca dos cuidados com fixadores em um hospital universitário do município de Goiânia, Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 58-68, Jan. 2013/Jun. 2013. 7. Dirigir não é recomendável. (Não respondeu: 10%) 15% 40% 35% 80% 05% 10% 75% 10% 10% 55% 10% 30% 80% --- 15% 50% 15% 25% 8. Use roupas leves e largas que acomodem bem o fixador. No caso da coxa, o uso do velcro em calças compridas ou bermudas com aberturas laterais é uma boa opção. (Não respondeu: 5%) 9. Dentro do possível, procure levar a vida que levava antes de colocar o fixador (Não respondeu: 5%) 10. Ande. O ato de pisar estimula o osso, encurtando o tempo de uso com fixador. (Não respondeu: 5%) 11. O seu fixador não dói! Se esta, a dor, vier a acontecer, pode tratar-se de afrouxamento de pino ou infecção de trajeto. Não se automedique, procure orientação do seu médico que certamente encontrará a solução para o problema. (Não respondeu: 5%) 12. Não existe uma data definida para retirada do fixador. Quando chegar o momento, nem mais, nem menos, um dia, ele, o fixador, será retirado. Salvo exceções, isto é feito no ambulatório e não causa dor devido à geometria cônica do pino. (Não respondeu: 10%) Figura 03: Freqüência com que os profissionais realizam orientações de enfermagem a pacientes em uso de fixadores externos (N=20). As orientações visualizadas acima fazem parte de um material destinado ao paciente, distribuído pelo Instituto Nacional de Tráumato-ortopedia (INTO) e denominado: Instruções a portadores de fixadores externos – um guia para o paciente. Percebemos que alguns profissionais desconhecem determinadas orientações ou as fazem com menor freqüência. Cabe ressaltar que todas são relevantes para o sucesso do tratamento e para diminuição de complicações preveníveis. Outro tópico avaliado pelo instrumento foram as etapas seguidas na realização de um curativo, através de questão discursiva, que solicitava aos profissionais que enumerassem as etapas a serem seguidas na realização de um curativo ideal em fixadores externos. Estas são importantes, pois organizam o trabalho do profissional, economizam tempo, diminuem o desperdício de materiais, permitem avaliação sistemática, dentre outros. Para a realização de um curativo algumas etapas são consideradas básicas e devem ser seguidas (INTO, 2006). Elas seguem abaixo: 66 FREITAS, Danilo Brito Rezende e; FREITAS, Hilda Valéria Santana de; SIQUEIRA, Sue Christine. Conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca dos cuidados com fixadores em um hospital universitário do município de Goiânia, Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 58-68, Jan. 2013/Jun. 2013. 1. Lavar as mãos; 2. Reunir o material e levá-lo para próximo do leito do paciente; 3. Explicar ao paciente o que será feito; 4. Colocar o paciente na posição adequada, expondo apenas a área a ser tratada; 5. Abrir o material a ser utilizado, com técnica asséptica, sobre campo estéril; 6. Remover o curativo anterior, utilizando solução fisiológica se houver aderência, e luva de procedimentos; 7. Inspecionar cuidadosamente a ferida e o tecido adjacente; 8. Limpar a lesão, utilizando as duas faces da gaze, em um único sentido; 9. Realizar o curativo da área menos contaminada, para a mais contaminada; 10. Aplicar o antisséptico ou o curativo selecionado; 11. Datar e assinar o curativo; 12. Evoluir em prontuário ou impresso próprio. Responderam a esta questão 70% dos entrevistados. 15% afirmaram realizar o curativo conforme protocolo existente na clínica, os outros 15% não responderam. Das etapas mostradas acima, apenas a 05 e a 11 não foram citadas por nenhum profissional, apesar de sua relevância para o sucesso do procedimento e continuidade da assistência ao paciente. As etapas mais lembradas pelos profissionais foram a 8 (100%) e a 10 (85,7%), respectivamente. Além das etapas acima, ainda foram citadas: deixar o ambiente organizado (14,2%), preparar o ambiente (7,1%) e paramentar com equipamentos de proteção individual (EPI) (7,1%). As demais etapas foram lembradas, mas em sua maioria por uma parcela pequena de profissionais. Isto é preocupante, uma vez que o não seguimento das etapas coloca em risco o paciente e prejudica a qualidade da assistência prestada. 5 Considerações finais Este estudo permite concluir que os profissionais, em sua maioria, sabem realizar o cuidado de enfermagem ao paciente em uso de fixador externo, mas o realizam de forma tão mecânica que sequer conseguem descrevê-lo. Pecam por não orientarem os cuidados necessários aos pacientes e seus familiares, que como vimos são muitos, o que contribui para que este retorne ao serviço de saúde com algum agravo ou complicação prevenível, colocando em risco a saúde do paciente. 67 FREITAS, Danilo Brito Rezende e; FREITAS, Hilda Valéria Santana de; SIQUEIRA, Sue Christine. Conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca dos cuidados com fixadores em um hospital universitário do município de Goiânia, Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 58-68, Jan. 2013/Jun. 2013. É de grande relevância para o serviço em questão a capacitação de seus profissionais para a realização do curativo em fixador externo conforme protocolo existente na clínica, a fim de uniformizar a técnica e garantir sua qualidade. É importante ainda a implementação da sistematização da assistência de enfermagem, que é um dos meios que a enfermagem dispõe para aplicar seus conhecimentos na assistência ao paciente e organizar o sistema, colaborando na definição do seu papel. 6 Referências bibliográficas BRANDÃO, V. Z. Diagnóstico de enfermagem do paciente portador de fixador externo tipo Ilizarov segundo a Taxonomia da Nanda e a Teoria do Autocuidado de OREM. BDENF, Ribeirão Preto; s.n; 117 p., 2000. Disponível em: <http://bases.bireme.br/cgibin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LI LACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=347339&indexSearch=ID>. Acesso em: 10/09/2009. BRANDÃO, V. Z.; SOLER, Z. A. S. G. Implementação do processo de enfermagem para um paciente com fixador externo Ilizarov: estudo de caso. Arq Ciên Saúde. v. 13, n. 3, jul-set. 2006. Disponível em: <http://www.cienciasdasaude.famerp.br/racs_d/vol=13-3/ID%20184.pdf>. Acesso em 10/09/2009. DELCOL, D. A. V.; SOARES, I. S. S.; AHIF, R. Conhecimento dos profissionais de enfermagem nos cuidados com fixador externo. Disponível em: <http://www.uniandre.com.br/links/menu3/publicacoes/revistaenfermagem/artigo031.pdf>. Acesso em: 26/10/2010. GIORDANO, V. et al. Infecção no trajeto dos fios e pinos do fixador externo de Ilizarov: estudo bacteriológico. Rev Bras Ortop, São Paulo, Vol. 35, Nos 1/2 ; Jan/Fev, 2000. INSTITUTO NACIONAL DE TRÁUMATO-ORTOPEDIA. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Caderno de Enfermagem em Ortopedia: Curativos – Orientações básicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 32p. MERCADANTE, M. T. et al. Estudo mecânico comparativo de quatro montagens de fixador externo monolateral submetidos à força de torção. Rev Bras Ortop, São Paulo, v. 38, n. 3, Março, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010236162008000600006>. Acesso em 26/10/2009. PASCHOAL, A. S.; MANTOVANI, M. de F.; MÉIER, M. J. Percepção da educação permanente, continuada e em serviço para enfermeiros de um hospital de ensino. Rev Esc Enferm USP. São Paulo, v. 41, n. 3, p. 478 -84. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v41n3/19.pdf>. Acesso em 11/11/2010. 68 FREITAS, Danilo Brito Rezende e; FREITAS, Hilda Valéria Santana de; SIQUEIRA, Sue Christine. Conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca dos cuidados com fixadores em um hospital universitário do município de Goiânia, Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 58-68, Jan. 2013/Jun. 2013. RICALDONI, C. A. C.; SENA, R. R. 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DAS BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO (BPF) DE ACORDO COM A RCD 216 (ANVISA, 2004) EM SUPERMERCADOS DE GOIÂNIA-GOIÁS Patrícia Gomes de Assis, Karyne Fernandes Spíndola RESUMO ABSTRACT O presente estudo tem por finalidade salientar o papel do farmacêutico em fornecer subsídios aos profissionais da área alimentícia, e ao seu constante aperfeiçoamento no controle de qualidade dos produtos do ramo, conseguindo identificar e manter por mais tempo a qualidade recomendada aos produtos desse segmento. Fornecer técnicas na aplicação de treinamentos aos manipuladores de alimentos e outros profissionais atuantes no ramo, nos processos de preparação, armazenamento e distribuição dos alimentos de forma adequada, higiênica e segura, com o objetivo de oferecer produtos mais saudáveis para o consumidor final. São sendo avaliados dados atualizados sobre a disposição de alguns produtos alimentícios comercializados a varejo nos supermercados de pequeno, médio porte e hipermercados no município de Goiânia, analisando se estão de acordo com a Agência Nacional de vigilância Sanitária (ANVISA), dentro das normas vigentes na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC 216. BRASIL, 2004). Tendo em vista dados do Ministério da Saúde (MS) em que um número elevado de atendimentos da rede pública de saúde foi proveniente das Doenças Veiculadas por Alimentos (DVA’s), motivos que oneram aos cofres públicos até que se confirme o devido reestabelecimento dos pacientes, ou seja, dos consumidores acometidos. The present study aims to highlight the role of the pharmacist in providing subsidies to food professionals, and their constant improvement in the quality control of products in the industry, identifying and getting longer acceptable quality of products in this segment. Provide technical training in applying to food handlers and other professionals working in the field, in the processes of preparation, storage and distribution of food properly, hygienically and safely, with the goal of providing healthier products to the end consumer. It evaluates current data on the willingness of some food products marketed to small, midsized and hypermarkets in the city of Goiânia, analyzing whether they agree with the Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), within the norms contained in Board Resolution (RDC 216. BRASIL, 2004). Considering data from the Ministry of Health (MS), a large number of appointments at public hospitals were foodborne illnesses (DVA's), which highly cost to government until the patients convalesce, that is, the consumers affected. Keywords: Quality, Microorganisms. Products, Food, Palavras-chave: Qualidade, Produtos, Alimentos, Microrganismos. 1. Introdução Diversos microrganismos presentes no ambiente natural podem causar alterações na homeostase ao interagir com nosso organismo de forma positiva ou negativa. Os patogênicos se interagem negativamente principalmente nos casos em que o organismo encontra-se 71 ASSIS, Patrícia Gomes de; SPÍNDOLA, Karyne Fernandes. Das boas práticas de fabricação (BPF) de acordo com a RCD 216 (ANVISA, 2004) em supermercados de Goiânia-Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 58-79, Jan. 2013/Jun. 2013. imunodeprimido ( MADIGAN, et.al. 1996). O grupo de doenças veiculadas por alimentos (DVA), antes denominadas doenças transmitidas por alimentos (DTA), têm sido preocupação da Saúde Pública e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que é responsável pela normatização legal e fiscalização de produtos comercializados diretamente ao consumidor. No Brasil, as doenças infecciosas, parasitárias e do aparelho digestivo correspondem a 9,2% do total de casos de morbidade e mortalidade, sendo as regiões do Norte e Nordeste brasileiro as mais afetadas (SHINOHARA, et.al. 2008). Essas doenças causam desde infecções brandas até surtos; e na maioria dos casos tem ocorrido por ingestão de alimentos de boa aparência e odor agradável, diferentemente do que se pensa que só existem contaminantes em alimentos que estejam com seu aspecto original alterado (FAULA, 2009). A maioria das DVAs é provocada por bactérias e apresentam os sintomas mais comuns que podem ser vômito, diarréia, dor abdominal, dor de cabeça, febre, alterações da visão, olhos inchados, dentre outros. Para os adultos sadios, tais sintomas podem durar poucos dias e não deixa sequelas, já para as crianças, gestantes, idosos e as pessoas com baixa imunidade as consequências podem ser mais graves, podendo inclusive levar a morte (ANVISA, 2009). Os agentes etiológicos mais comuns causadores das DVAs no Brasil são: Clostridium botulinum, Escherichia coli, Salmonella spp, Staphylococus aureus, Campylobacter spp, Clostridium perfrigens, Shigella spp, Vibrio cholereae, Cryptosporidium spp, Rotavírus, Norovírus, Hepatite A, Enterobacter spp, Toxoplasma gondii, Giardia spp, Trypanosoma cruzi, Taenia spp, entre tantos outros que não citaremos a priori (BRASIL, 2010). Doenças de alta letalidade podem ser contraídas com a ingestão de alimentos contaminados como exemplo, o botulismo que é proveniente do Clostridium botulinum, uma bactéria esporogênica anaeróbia, comumente encontrada em solos, sedimentos marinhos e de águas doces, bem como no trato intestinal de homens e animais. A maioria desses surtos tem sido relacionada com o consumo de conservas de hortaliças e legumes, pescados, frutas e produtos cárneos mal conservados, e poucas vezes com alimentos industrializados (DELAZARI; AVILLA, 1983). Segundo os dados levantados pela vigilância epidemiológica do Botulismo nos anos de 1999 a 2011, dos 68 casos confirmados 97% foram provocadas pelo botulismo alimentar, com 20 óbitos pelo mesmo agente (FRANCO, 1996). Os produtos em que se constatou o maior número da bactéria foram: produtos suínos, sardinha enlatada, mortadela, palmito, torta de frango, sendo que apenas 40% dos produtos contaminados eram de origem industrial (GOIÁS, 2011). 72 ASSIS, Patrícia Gomes de; SPÍNDOLA, Karyne Fernandes. Das boas práticas de fabricação (BPF) de acordo com a RCD 216 (ANVISA, 2004) em supermercados de Goiânia-Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 58-79, Jan. 2013/Jun. 2013. O Abuso de tempo de exposição, temperatura e manipulação dos alimentos podem ser fontes de contaminação e proliferação dos microrganismos à quantidades significativamente patogênicas e causadoras constante de surtos, dos quais são influenciados por hábitos alimentares de uma população e de suas peculiaridades regionais (OLIVEIRA, 2010). É notória a necessidade de se aprofundar cada vez mais em pesquisas de aperfeiçoamento, controle na qualidade dos produtos oferecidos a população, adquirindo-se cuidados especiais na padronização do número de microrganismos contidos nos alimentos, com intuito de diminuir os riscos de adquirir-se uma DVA (ALMEIDA, 2003). As Boas Práticas de Fabricação (BPF) são conjuntos de procedimentos higiênicosanitários, instituídos inicialmente pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), através da Portaria 368 (BRASIL, 1997). Esta aborda especificamente as Boas Práticas de Fabricação e aprova o Regulamento Técnico sobre condições higiênico-sanitárias e Boas Práticas para estabelecimentos industrializados de alimentos, onde são estabelecidos os requisitos essenciais de higiene para alimentos destinados ao consumo humano. No mesmo ano a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) cria a Portaria 326, que sugere o Procedimento Operacional Padronizado (POP) para que este facilite e padronize a montagem do Manual de Boas Práticas de Fabricação (MBPF) e a Resolução da Diretoria Colegiada 275 o normatiza (BRASIL, 2002). Para estes procedimentos, recomendam-se a monitorização, registros, ações corretivas e aplicação constante dos check-lists. A ANVISA como órgão fiscalizador e regulador das atividades realizadas nos estabelecimentos comerciais cria então o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação aprovado pela Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº. 216 (BRASIL, 2004) que abrange o passo a passo dos procedimentos que devem ser adotados nos serviços de alimentação a fim de garantir as condições higiênico-sanitárias do alimento preparado. É de importância comparativa citar alguns dos principais, e não mais importantes que os demais, requisitos descritos (abaixo) retirados de artigos da Resolução 216: - 4.6.2 Os manipuladores que apresentarem lesões e ou sintomas de enfermidades que possam comprometer a qualidade higiênico-sanitária dos alimentos devem ser afastados da atividade de preparação de alimentos enquanto persistirem essas condições de saúde; - 4.6.3 Os manipuladores devem ter asseio pessoal, apresentando-se com uniformes compatíveis à atividade, conservados e limpos. Os uniformes devem ser trocados, no mínimo, diariamente e usados exclusivamente nas dependências internas do estabelecimento. As roupas e os objetos pessoais devem ser guardados em local específico e reservado para esse fim; 73 ASSIS, Patrícia Gomes de; SPÍNDOLA, Karyne Fernandes. Das boas práticas de fabricação (BPF) de acordo com a RCD 216 (ANVISA, 2004) em supermercados de Goiânia-Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 58-79, Jan. 2013/Jun. 2013. - 4.6.4 Os manipuladores devem lavar cuidadosamente as mãos ao chegar ao trabalho, antes e após manipular alimentos, após qualquer interrupção do serviço, após tocar materiais contaminados, após usar os sanitários e sempre que se fizer necessário. Devem ser afixados cartazes de orientação aos manipuladores sobre a correta lavagem e anti-sepsia das mãos e demais hábitos de higiene, em locais de fácil visualização, inclusive nas instalações sanitárias e lavatórios; - 4.6.5 Os manipuladores não devem fumar, falar desnecessariamente, cantar, assobiar, espirrar, cuspir, tossir, comer, manipular dinheiro ou praticar outros atos que possam contaminar o alimento, durante o desempenho das atividades; - 4.6.6 Os manipuladores devem usar cabelos presos e protegidos por redes, toucas ou outro acessório apropriado para esse fim, não sendo permitido o uso de barba. As unhas devem estar curtas e sem esmalte ou base. Durante a manipulação, devem ser retirados todos os objetos de adorno pessoal e a maquiagem; - 4.6.7 Os manipuladores de alimentos devem ser supervisionados e capacitados periodicamente em higiene pessoal, em manipulação higiênica dos alimentos e em doenças transmitidas por alimentos. A capacitação deve ser comprovada mediante documentação; - 4.7.5 As matérias-primas, os ingredientes e as embalagens devem ser armazenados em local limpo e organizado, de forma a garantir proteção contra contaminantes. Devem estar adequadamente acondicionados e identificados, sendo que sua utilização deve respeitar o prazo de validade. Para os alimentos dispensados da obrigatoriedade da indicação do prazo de validade, deve ser observada a ordem de entrada dos mesmos; - 4.7.6 As matérias-primas, os ingredientes e as embalagens devem ser armazenados sobre paletes, estrados e ou prateleiras, respeitando-se o espaçamento mínimo necessário para garantir adequada ventilação, limpeza e, quando for o caso, desinfecção do local. Os paletes, estrados e ou prateleiras devem ser de material liso, resistente, impermeável e lavável; - 4.8.3 Durante a preparação dos alimentos, devem ser adotadas medidas a fim de minimizar o risco de contaminação cruzada. Deve-se evitar o contato direto ou indireto entre alimentos crus, semi-preparados e prontos para o consumo; - 4.8.14 Os alimentos submetidos ao descongelamento devem ser mantidos sob refrigeração se não forem imediatamente utilizados, não devendo ser recongelados; - 4.8.15 Após serem submetidos à cocção, os alimentos preparados devem ser mantidos em condições de tempo e de temperatura que não favoreçam a multiplicação microbiana. Para conservação a quente, os alimentos devem ser submetidos à temperatura superior a 60ºC (sessenta 74 ASSIS, Patrícia Gomes de; SPÍNDOLA, Karyne Fernandes. Das boas práticas de fabricação (BPF) de acordo com a RCD 216 (ANVISA, 2004) em supermercados de Goiânia-Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 58-79, Jan. 2013/Jun. 2013. graus Celsius) por, no máximo, 6 (seis) horas. Para conservação sob refrigeração ou congelamento, os alimentos devem ser previamente submetidos ao processo de resfriamento. - 4.8.16 O processo de resfriamento de um alimento preparado deve ser realizado de forma a minimizar o risco de contaminação cruzada e a permanência do mesmo em temperaturas que favoreçam a multiplicação microbiana. A temperatura do alimento preparado deve ser reduzida de 60ºC (sessenta graus Celsius) a 10ºC (dez graus Celsius) em até duas horas. Em seguida, o mesmo deve ser conservado sob refrigeração a temperaturas inferiores a 5ºC (cinco graus Celsius), ou congelado à temperatura igual ou inferior a -18ºC (dezoito graus Celsius negativos); - 4.10.5 Os utensílios utilizados na consumação do alimento, tais como pratos, copos, talheres, devem ser descartáveis ou, quando feitos de material não-descartável, devidamente higienizados, sendo armazenados em local protegido; - 4.10.6 Os ornamentos e plantas localizados na área de consumação ou refeitório não devem constituir fonte de contaminação para os alimentos preparados; - 4.10.7 A área do serviço de alimentação onde se realiza a atividade de recebimento de dinheiro, cartões e outros meios utilizados para o pagamento de despesas, deve ser reservada somente aos funcionários responsáveis por este setor (RDC 216. ANVISA, 2004). A atuação dos profissionais responsáveis pela qualidade dos alimentos nas unidades industriais e de nutrição deve ser eminentemente preventiva. Rigorosamente fundamentado em planos de amostragem bem definidos, monitorados por meio da avaliação microbiológica do ambiente, dos equipamentos, dos utensílios e dos manipuladores, o que pode melhorar sensivelmente a qualidade dos alimentos servidos aos consumidores (ANDRADE et al; 2000). O objetivo deste trabalho é mostrar a aplicação das boas práticas de fabricação (BPF) de acordo com a RDC 216 (ANVISA, 2004) em supermercados de Goiânia-Goiás, no controle de qualidade dos alimentos que são fornecidos aos consumidores. Mostrar também a importância do farmacêutico, que é um dos profissionais atuantes na área de alimentos, por sua vez no exercício de suas funções tem competência conferida legalmente, ainda que não privativa nos processos de fabricação/ produção, controle, pesquisa, desenvolvimento, assuntos regulatórios, marketing, auditoria de qualidade, produção e análises de alimentos, utilizando-se de conhecimentos das Boas Práticas de Fabricação em alimentos. 75 ASSIS, Patrícia Gomes de; SPÍNDOLA, Karyne Fernandes. Das boas práticas de fabricação (BPF) de acordo com a RCD 216 (ANVISA, 2004) em supermercados de Goiânia-Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 70-91, Jan. 2013/Jun. 2013. 2. Metodologia Os presentes dados foram coletados “in locu” em 20 supermercados dos seguintes bairros (setores) situados na região metropolitana na cidade de Goiânia – Goiás: Setor Central, Marista, Coimbra, Bela vista, Jardim América, Chácara do Governador, Parque Laranjeiras, Leste universitário, Oeste e Cidade jardim; em 02 (duas) visitas intercaladas por 30 dias, entre o dia 10 de novembro, 10 de dezembro de 2012, e sem a interferência de funcionários e de modo pontual. Todas as áreas visitadas nos supermercados são comuns ao público varejista em geral. Foram escolhidas três modalidades de comércio varejista de alimentos: 10 (dez) supermercados de pequeno, 06 (seis) supermercados de médio e 04 (quatro) supermercados de grande porte, sendo os últimos denominados de hipermercados. De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS, 2013) os supermercados de pequeno porte possuem área de até 250 m2 com menos de 2.000 itens, enquanto que supermercados de médio porte possuem de 250 a 5.000 m2, com aproximadamente 20.000 itens e para os hipermercados são oferecidos mais de 20.000 itens e com metragem acima de 5.000 m2. Procedeu-se análises de dados sobre o estado de conservação dos equipamentos, controle de temperatura dos freezers, presença de mofos ou sujidades de modo geral, prática higiênica dos manipuladores de alimentos, estado higiênico-sanitário e distribuição dos itens nas gôndolas de alimentos lácteos, cárneos, embutidos e peixes. Baseando-se legalmente nas leis vigentes no Brasil: RDC 216 (ANVISA-2004), RDC 275 (ANVISA-2002), Portaria 368 (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA-1997), Circular Complementar 175/176 (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento(MAPA-2005) e dando-se por constatação de senso comum e experiência obtida na disciplina cursada sobre Tecnologia em Alimentos no curso de graduação de Farmácia. 3. Resultados Foram separados a priori 06 (seis) dos itens de maior relevância para obter-se tabelas discriminadas de adequações e inadequações dos supermercados, divididos em visitas da seguinte forma: 20 (vinte) supermercados de pequeno porte, 12 (doze) supermercados de médio porte , 08 (oito) hipermercados em 02 (duas) visitas pontuais a cada 30 (trinta) dias. O leite e seus derivados apresentaram 22 produtos com sujidades e umidade (temperaturas normalmente acima de 10ºC nos freezers e gôndolas (Tabela 3.1), o que pode interferir na qualidade do leite que é um alimento de fácil contaminação por outros microrganismos 76 ASSIS, Patrícia Gomes de; SPÍNDOLA, Karyne Fernandes. Das boas práticas de fabricação (BPF) de acordo com a RCD 216 (ANVISA, 2004) em supermercados de Goiânia-Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 70-91, Jan. 2013/Jun. 2013. externos, e sendo um dos alimentos de maior preferência na mesa dos brasileiros é um forte contribuinte ao risco de uma DVA. Tabela 3.1: Quantidade de inadequações em produtos lácteos Produtos Amontoados Temperatura Alimentos Misturados Embalagens Danificadas Umidade e Sujidades Data de Validade TOTAL S. Pequeno porte Quantidade Quantidade Adequados Inadequados 08 12 S. Médio porte Quantidade Quantidade Adequados Inadequados 05 07 Hipermercado Quantidade Quantidade Adequados Inadequados 06 02 07 13 09 03 08 00 05 15 09 03 06 02 14 06 10 02 05 03 06 14 05 07 07 01 10 10 10 02 08 00 Os produtos cárneos e seus derivados ficaram em 3° lugar com 41,6 % de inadequações. Dentre essas, de acordo com as Boas Práticas de Fabricação, os fatores de maior incidência foram os produtos amontoados somando 30 casos (Tabela 3.2), em seguida, com 21 casos estão às sujidades, umidade e sangue remanescente no fundo do freezer ou gôndola. Tabela 3.2: Quantidade de inadequações em produtos cárneos Produtos Amontoados Temperatura Alimentos Misturados Embalagens Danificadas Umidade e Sujidades Data de Validade TOTAL S. Pequeno porte Quantidade Quantidade Adequados Inadequados 03 17 S. Médio porte Quantidade Quantidade Adequados Inadequados 03 09 Hipermercado Quantidade Quantidade Adequados Inadequados 04 04 08 05 12 15 11 12 01 00 05 04 03 04 13 07 09 03 07 01 07 13 07 05 05 03 11 09 09 03 05 03 Os peixes ficaram em 5° lugar na pesquisa com 63,4 % de adequações conforme as 77 ASSIS, Patrícia Gomes de; SPÍNDOLA, Karyne Fernandes. Das boas práticas de fabricação (BPF) de acordo com a RCD 216 (ANVISA, 2004) em supermercados de Goiânia-Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 70-91, Jan. 2013/Jun. 2013. normas BPF, enquanto que apenas 36,6% de inadequações foram verificadas (Tabela 3.3). Destes 36,6% foi devido, principalmente, a grande quantidade de produtos amontoados, o que dificulta a circulação de ar refrigerado entre os mesmos. Outros estavam sem data de validade ou sequer data de envase e origem do pescado; em seguida, a presença de sujidades no gelo com odor fétido típico de peixes conservados a longo prazo e em temperatura inconstante. Tabela 3.3: Quantidade de inadequações nos peixes Produtos Amontoados Temperatura Alimentos Misturados Embalagens Danificadas Umidade e Sujidades Data de Validade TOTAL S. Pequeno porte Quantidade Quantidade Adequados Inadequados 07 13 S. Médio porte Quantidade Quantidade Adequados Inadequados 03 09 Hipermercado Quantidade Quantidade Adequados Inadequados 04 04 17 03 12 00 07 01 11 09 12 00 06 02 05 15 09 03 07 01 03 17 08 04 06 02 07 13 05 07 06 02 Outras observações durante as visitas em campo no ano de 2012, constataram 49 produtos expostos à venda com prazo de validade vencido, ou prestes a vencer. Das 320 Gôndolas e freezers 40,6% estavam armazenados de forma inadequada e 59,4% de forma totalmente adequada de acordo com as Boas Práticas de Fabricação (BPF). Dados pesquisados em 120 dos itens nos supermercados, mostram que cerca de 39,2 % dos produtos apresentaram algum fator favorável ao risco de contaminação cruzada ou possibilidade de alterações organolépticas. Dentre tais observações, a que mais chama atenção é a frequência com que os freezers de cárneos, principalmente o frango congelado, mostraram-se repletos de outros alimentos como: batatas pré cozidas, mandioca, queijo muçarela e minas, açaí, polpa de frutas, cachos de uva, entre outros. Outro item importante, que nos freezers e câmaras dos 20 supermercados pesquisados, apenas 11 estavam dentro dos limites de temperatura adequada com a finalidade de refrigeração ou congelamento dos alimentos. Pôde ser percebida uma diferença muito pequena, quase que empatada entre as adequações e inadequações dos requisitos ligados aos manipuladores. Estavam devidamente adequados 50,8%, enquanto 49,2% com alguma forma de inadequação, visto de forma mais 78 ASSIS, Patrícia Gomes de; SPÍNDOLA, Karyne Fernandes. Das boas práticas de fabricação (BPF) de acordo com a RCD 216 (ANVISA, 2004) em supermercados de Goiânia-Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 70-91, Jan. 2013/Jun. 2013. preocupante a não utilização de equipamentos de proteção individual, especificamente luvas e toucas, e em menor frequência, mas também avaliado, a não utilização de uniformes a devida identificação dos funcionários deste setor destinados ao atendimento, dificultado até mesmo a obtenção de informações por parte dos consumidores a respeito dos produtos expostos nos supermercados. Os equipamentos (freezers ou geladeiras) apresentam a maior fonte de inadequação com 52,50% dos casos (Gráfico 3.3.1). Sabendo-se que com relativos cuidados com a alimentação ainda há riscos de contaminação mesmo diante de uma boa aparência e corretos prazos de validades. Gráfico 3.3.1: Percentual discriminado por itens pesquisados em campo ADEQUADOS INADEQUADOS 63,40% 59,40% 50,80% 49,20% 58,40% 52,50% 47,50% 40,60% MANIPULADORES EQUIPAMENTOS (FREEZERS) DISPOSIÇÃO DOS LÁCTEOS 41,60% 36,60% DISPOSIÇÃO DOS CÁRNEOS DISPOSIÇÃO DOS PEIXES 4. Discussão A produção agropecuária é a matéria-prima fundamental para processamento de produtos alimentícios. Quando os produtos agropecuários vêm do campo, eles contêm microrganismos deteriorantes e frequentemente patogênicos ao ser humano. Assim, as matérias-primas devem receber algum tipo de tratamento na área de recebimento das unidades de processamento. Apesar de todos os avanços tecnológicos atuais a alimentação inadequada é um dos diversos fatores de risco a saúde da sociedade até o século XXI. Estudos divulgados no volume 22 da revista Brasileira de Nutrição do ano de 2009 mostraram que aproximadamente 75% dos casos novos de doenças cardi- 79 ASSIS, Patrícia Gomes de; SPÍNDOLA, Karyne Fernandes. Das boas práticas de fabricação (BPF) de acordo com a RCD 216 (ANVISA, 2004) em supermercados de Goiânia-Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 70-91, Jan. 2013/Jun. 2013. ovasculares ocorridos no mundo, entre as décadas de 70 e 80, poderiam ser explicados por dieta e atividade físicas inadequadas (BRASIL. Rev. Nutr; 2009). O conhecimento desses fatos é visto com grande preocupação pelo Ministério da Saúde (MS) do Brasil, onde um número relevante de atendimentos na rede de saúde pública é proveniente das doenças veiculadas por alimentos (DVA’s), os quais oneraram altos custos aos cofres públicos no período de 2007 a 2010. Neste período o âmbito nacional notificou um total de 2.363 casos ficando o estado de Goiás com 59 casos de surtos causados por DVA, dentre esses 44,8% ocorreram em residências, onde os alimentos cárneos foram indicados como causadores de 50%. Apenas 12% dessas notificações tiveram o agente etiológico isolado (BRASIL. Ministério da Saúde, 2011). 4.1 A temperatura e o tempo A temperatura e o tempo são o binômio de melhor efeito na conservação dos alimentos (GERMANO, 1992). Para alimentos gelados ou resfriados o armazenamento utiliza-se de temperaturas um pouco acima do ponto de congelação, entre 0ºC e 10ºC, e os alimentos congelados deverão estar entre -10 e -15ºC (ANVISA. RDC 267, 2003). O modo correto de se ter esta medida é através do uso de termômetros (Figura 4.1.1) acoplados ao equipamento, e frequentes checagens devem ser realizadas no decorrer do dia. Os produtos devem ser empilhados (distribuídos) de forma que não impeça a circulação de ar entre eles e ainda estabelecer um programa de descongelamento, limpeza e manutenção dos mesmos, de modo a evitar o acúmulo de gelo e a obstrução dos difusores de ar. Figura 4.1.1: Medidor de temperatura para freezer ou geladeira Fonte: http://portuguese.alibaba.com/product-gs/horizontal-metal-case-glass-tube-refrigerator-fridge-freezerthermometer-316065531.html Mesmo assim, percebe-se que o comércio de um modo geral tem dificuldades em se adequar a uma simples leitura de temperatura, pois não há normativas que regulamentem o modelo correto de termômetros ou termostatos ou mesmo a frequência que se deve fazê-la. A abertura constante de freezers ou geladeiras dificulta a manutenção da temperatura 80 ASSIS, Patrícia Gomes de; SPÍNDOLA, Karyne Fernandes. Das boas práticas de fabricação (BPF) de acordo com a RCD 216 (ANVISA, 2004) em supermercados de Goiânia-Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 70-91, Jan. 2013/Jun. 2013. ideal nos produtos; constatada pela presença de água acumulada nos equipamentos refrigerados indicativo de perda da temperatura, devido a pouca manutenção ou não observação do estado de conservação das borrachas vedantes (ANVISA. RDC 267, 2003). 4.2 O risco de contaminação cruzada Um simples ato de cortar um frango cru e após cortar a carne assada com a mesma faca sem lavá-la pode ocorrer uma contaminação cruzada (Figura 4.2.1), pois carnes cruas e vegetais mal lavados apresentam uma série de microrganismos causadores de doenças, que eventualmente podem ser transferidos para os alimentos prontos. Esse tipo de contaminação cruzada pode acontecer por meio da transferência de microrganismos de um alimento ou superfície por meio de utensílios, equipamentos e/ou do próprio manipulador. Figura 4.2.1: Risco de contaminação cruzada dos alimentos Fonte: http://www.ehow.com/how_2300789_avoid-cross-contamination.html Para garantir que o alimento não sofra contaminação o processo de lavagem de alimentos a serem fornecidos e o cozimento em tempo adequado não podem ser esquecidos. Dados do Ministério da Saúde indicam que alimentos crus, como ovos e carnes vermelhas são responsáveis em média por 34,5% dos surtos de doenças transmitidas por alimentos que ocorrem no Brasil. Os alimentos devem ser separados de acordo com sua origem ou classificação. Assim, os produtos de origem animal precisam estar separados daqueles de origem vegetal. Dentre os produtos de origem animal, ainda há de se observar que bovinos, suínos, aves, peixes e frutos do mar, deverão ter locais adequados que incluem temperatura e disposição separada nos expositores. A contaminação cruzada ocorre por diversos motivos, sendo que as colocações dos produtos de diversas origens em proximidades mínimas facilitam a sua ocorrência (BRASIL. ANVISA, 2009). 81 ASSIS, Patrícia Gomes de; SPÍNDOLA, Karyne Fernandes. Das boas práticas de fabricação (BPF) de acordo com a RCD 216 (ANVISA, 2004) em supermercados de Goiânia-Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 70-91, Jan. 2013/Jun. 2013. O uso de embalagem primária (caixas de papelão) não é adequado em freezers ou geladeiras de exposição ao cliente. Isso deve-se ao fato do mesmo dificultar a penetração do ar frio e ainda possibilitar que sujidades permaneçam junto aos alimentos. Estes também não podem ser armazenados ou dispostos próximos a produtos químicos, de higiene, limpeza e perfumaria, evitandose inclusive a deterioração e alteração de características organolépticas como odores (BRASIL. ANVISA, 2009). 4.3 Produtos vencidos e proliferação de microrganismos Durante as visitas em campo observaram-se 49 produtos expostos à venda com prazo de validade vencido, assim, o consumidor inadvertido acaba comprando, e muitas vezes, acha que o produto venceu na geladeira de sua residência e por isto não reclama. Outra prática muito comum no mercado é a comercialização de produtos prestes a vencer. Normalmente essa prática se dá sob a forma de promoções e o consumidor, achando que está fazendo um bom negócio, acaba comprando vários produtos que não terá tempo de consumir. Comercializar produto no fim do prazo de validade é permitido, mas o consumidor deve ser informado de que terá que consumi-lo em curto prazo. O art. 18, §6° do Código de Defesa do Consumidor afirma que são impróprios ao consumo os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos. A fim de se evitar este acontecimento o fornecedor deve adotar o sistema “Primeiro que Vence é o Primeiro que Sai (PVPS)”, ou seja, o mais próximo a ter o prazo de validade vencido, matéria-prima, produto ou embalagem, deverá ser o primeiro da estante em todo ato de reposição de mercadorias. Aos que por equívoco compraram o produto fora do prazo de validade têm-se o direito de optar pela sua substituição por outro dentro do prazo ou pelo desfazimento do negócio, ou seja, a devolução do produto pelo consumidor e do dinheiro pago pelo fornecedor (BRASIL. CDC; 1990). O consumidor deve ficar atento também para não levar produtos com embalagens amassadas ou danificadas (Figura 4.3.1). Entretanto, é obrigação do comerciante verificar se existem embalagens adulteradas, ilegíveis, com perda da qualidade original, com presença de acúmulo de água no interior das mesmas, se há modificações no aspecto do produto quanto as propriedades organolépticas (ANVISA, 2004), pois existem situações em que o produto perde características próprias mesmo estando ainda no prazo de validade. Órgãos de defesa do consumidor e centros de vigilância sanitária recomendam a não aquisição de produtos cujas embalagens estejam amassadas, justificando que há a possibilidade de destacamento do verniz e 82 ASSIS, Patrícia Gomes de; SPÍNDOLA, Karyne Fernandes. Das boas práticas de fabricação (BPF) de acordo com a RCD 216 (ANVISA, 2004) em supermercados de Goiânia-Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 70-91, Jan. 2013/Jun. 2013. consequente contaminação do produto, por migração de metais da lata para o alimento e/ou contaminação microbiológica, através de micro furos formados (EVANGELISTA, 1998). Figura 4.3.1: Enlatados amassados Fonte: http://areadoconsumidor.blogspot.com.br/p/dicas-ao-consumidor.html 4.4 Sobre os lácteos O consumo de leite no Brasil, assim como a oferta, vem evoluindo rapidamente nos últimos anos, visto que a renda da população é um fator determinante para o crescimento do consumo de lácteos de um país (OMETTO, 2006), fato constatado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010). O leite, por exemplo, é um alimento que sem os cuidados na sua manipulação pode levar a contaminação por bactérias. Alguns tipos de bactérias quando estão em grande número podem causar alterações tanto no leite quando nos seus derivados (queijo, iogurte, manteiga) causando mudanças de textura, coloração, sabor ou odor, que são indicativos de falta de qualidade quando manipulados. As toxinfecções alimentares causadas por S. aureus apresentam fortes implicações à saúde pública, pois suas toxinas podem permanecer estáveis em leites e derivados oferecidos ao consumo. A indústria de alimentos é obrigada a aplicar uma variedade de medidas de controle para evitar a contaminação dos alimentos no ambiente de processamento. O leite deve chegar à agroindústria resfriado na temperatura máxima de 7°C e preferencialmente, a 5°C. Em seguida, procedese análises físico-químicas e pasteurização. A adoção de procedimentos criteriosos de armazenamento e exposição até a venda é uma garantia para a saúde dos consumidores. Almejando este crescimento o fornecedor deve ficar muito atento aos critérios de conservação, distribuição e propaganda dos alimentos lácteos, a adoção desses procedimentos é uma garantia a saúde dos consumidores, e uma garantia de sustentabilidade de todo o setor, pois a cada 83 ASSIS, Patrícia Gomes de; SPÍNDOLA, Karyne Fernandes. Das boas práticas de fabricação (BPF) de acordo com a RCD 216 (ANVISA, 2004) em supermercados de Goiânia-Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 70-91, Jan. 2013/Jun. 2013. dia aumentam as exigências para exportação de alimentos e também dos consumidores dentro do nosso país (CUNHA e CUNHA, 2007). 4.5 Sobre os cárneos e embutidos As carnes oriundas das agroindústrias destinadas à manipulação devem chegar ao comércio em transporte fechado, isotérmico ou refrigerado, dotado de revestimento ou equipamento de refrigeração e deverão possuir autorização expedida pelo órgão competente para o transporte da carga (BRASIL. MAPA, 2005). Durante o transporte, alguns cuidados devem ser tomados para proteger estes alimentos de possíveis fontes de contaminação e/ou avarias que venham a torná-lo inadequado ao consumo, provendo um ambiente que efetivamente controle o crescimento de microrganismos patogênicos ou deteriorantes e a inibição de toxinas nos alimentos. Uma vez utilizada para processamento a carne não deve voltar a ser resfriada ou congelada. Desse modo, deve-se utilizar a totalidade de uma embalagem para o processamento. Após o descongelamento, o processamento deve ser realizado o mais rápido possível, uma vez que a microbiota inicial normalmente presente nas carnes, pode atingir níveis onde se inicia o processo de deterioração, mesmo se estocada em temperaturas de refrigeração (EMBRAPA, 2006). Os suínos têm uma maior atenção pela maior facilidade de veicular vírus, bactérias e protozoários que podem interferir na qualidade do produto final. Todos os freezers destinados ao congelamento e refrigeração de produtos alimentícios devem estar fechados, na finalidade de manter uma temperatura ideal e constante para que não haja proliferação de microrganismos patogênicos. O monitoramento diário destes equipamentos deve ser feito através de termômetro acoplado e de fácil leitura (Figura 4.5.1). Assim, tanto o consumidor quanto o manipulador, podem observar se a temperatura está realmente compatível com a conservação do produto em exposição (ANVISA, 2009). Existem algumas exceções como é o caso dos refrigeradores de posição horizontal, adaptados ao nível do solo e/ou em altura da qual o consumidor tenha que alcançar o alimento através da grade de proteção. 84 ASSIS, Patrícia Gomes de; SPÍNDOLA, Karyne Fernandes. Das boas práticas de fabricação (BPF) de acordo com a RCD 216 (ANVISA, 2004) em supermercados de Goiânia-Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 70-91, Jan. 2013/Jun. 2013. Figura 4.5.1: Produtos cárneos e embutidos Fonte: http://supermercadoatual.blogspot.com.br/2013_03_01_archive.html 4.6 Sobre os peixes Para a venda do peixe "in natura" é necessário que ele esteja fresco, ou seja, recémcapturado, conservado no gelo e que mostre sua qualidade original inalterada. Geralmente, o que se compra no mercado é o peixe recém descongelado. De acordo com a Circular GAB/DIPOA N° 25 /09 (MAPA, 2009), vários são os procedimentos para certificar a qualidade do produto e proteger a saúde do consumidor. Dentre estes, observar a integridade das embalagens, observação de manchas na carne ou pele do peixe por estarem correlacionadas às variações de temperaturas, corretas identificações de rotulagem, controle da temperatura e de riscos de contaminação cruzada. O peixe "fresco" tem suas características bem definidas que vão se transformando conforme vai passando o tempo de pós captura. Assim, nota-se que a superfície do peixe que inicialmente é brilhante, de tonalidade viva e coberta por um muco transparente, vai perdendo suas características originais ficando de cor amarelada e pálida (PROF. MARÍLIA OETTERER, 2010). De acordo com o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, no Artigo 439, o pescado, in natura pode ser: 1) fresco; 2) resfriado; 3) congelado. 1º: Entende-se por "fresco" o pescado dado ao consumo sem ter sofrido qualquer processo de conservação, a não ser a ação do gelo; 2º: Entende-se por "resfriado" o pescado devidamente acondicionado em gelo e mantido em temperatura entre -0,5 e -2°C (menos meio grau centígrado e menos dois graus centígrados); 85 ASSIS, Patrícia Gomes de; SPÍNDOLA, Karyne Fernandes. Das boas práticas de fabricação (BPF) de acordo com a RCD 216 (ANVISA, 2004) em supermercados de Goiânia-Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 70-91, Jan. 2013/Jun. 2013. 3º: Entende-se por "congelado" o pescado tratado por processos adequados de congelação, em temperatura não superior a -25°C (menos vinte e cinco graus centígrados). Observase ainda que depois de submetido à congelação o pescado deve ser mantido em câmara frigorífica a -15°C (menos quinze graus centígrados); se ocorrer desse pescado ter sido uma vez descongelado não deverá ser novamente recolhido à câmara frigorífica (BRASIL. RIISPOA, 1952). 4.7 Apresentação dos manipuladores e atendimento O manipulador de alimento é toda pessoa que entra em contato com um produto comestível em qualquer etapa da produção. Toda pessoa que diretamente, ou indiretamente, trabalha na produção de alimentos deve ser adequadamente orientado em conceitos de higienização, sanitização e boas práticas de manipulação de alimentos. Tendo a finalidade de evitar que os produtos sejam contaminados por agentes físicos, químicos e biológicos (GERMANO, 2003). Os microrganismos estão presentes em todos os lugares e chegam aos alimentos geralmente por falta de higiene do manipulador, por utensílios e ou por falta de cuidados no armazenamento e distribuição dos alimentos já preparados. A higiene pessoal é um item do check-list realizado pelo responsável técnico ou pessoa treinada pelo mesmo. Dentre os fatores, tem-se a entender por parte do consumidor que o bom atendimento também é ter um manipulador de boa aparência, como o hábito de: retirar a barba ou bigode, usar cabelos presos e cobertos com toucas, manter unhas limpas, curtas e sem esmalte, não utilizar adornos, manter roupas e aventais limpos trocando-os diariamente. Detalhes como conversar, tossir ou manipular alimentos quando estiver doente, precisam ser coibidos para evitar contaminantes ao alimento e também para manter uma impressão de higiene ao ambiente (MILLEZI. et.al; 2007). Contudo, o hábito da lavagem das mãos constantemente tem se mostrado um dos métodos primordiais para a segurança dos alimentos manipulados. Os funcionários devem lavar as mãos sempre que chegar ao trabalho, utilizar os sanitários, tossir ou espirrar, usar materiais de limpeza, fumar, pegar em dinheiro, etc. O manipulador oferece riscos de contaminação e até mesmo a qualidade do produto sanificante para as mãos deve ser monitorado (MILLEZI. et.al; 2007). De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas todos os envolvidos na linha de produção devem fazer o uso de todos os Epi’s (Equipamentos de proteção individual), máscaras, toucas, luvas, jalecos, sapatos fechados e de cores claras, calças compridas, em tempo integral enquanto transitar pelo ambiente de manipulação de alimentos (ABERC, 1998). 86 ASSIS, Patrícia Gomes de; SPÍNDOLA, Karyne Fernandes. Das boas práticas de fabricação (BPF) de acordo com a RCD 216 (ANVISA, 2004) em supermercados de Goiânia-Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 70-91, Jan. 2013/Jun. 2013. 4.8 Atuação do farmacêutico na área alimentícia Qualquer anormalidade em produtos fornecidos ao consumidor deve ser comunicada ao técnico responsável, profissional habilitado para exercer atividade na área de produção de alimentos e respectivos controles de contaminantes, visando à proteção da saúde individual e comunitária. Todo o material suspeito deve ser inspecionado e examinado antes da liberação pelo profissional devidamente inscrito no órgão fiscalizador de sua profissão (BRASIL. CFF, 2010). Os farmacêuticos são profissionais da saúde de tradição milenar, sucessores dos boticários, peritos no uso de fármacos e medicamentos e suas consequências ao organismo humano ou animal; peritos no desenvolvimento, produção, manipulação, seleção e dispensação de medicamentos, este profissional, presta o trabalho de assistência farmacêutica, e pode assumir responsabilidade técnica de laboratórios de análises clínicas, distribuidoras, farmácias, pesquisa e controle de qualidade de hemocomponentes e hemoderivados (BRASIL. CFF, 2010). Em 25 de fevereiro de 2010 a Resolução nº 530 do Conselho Federal de Farmácia (CFF) regulamenta as atividades do farmacêutico que atuam na indústria de alimentos, respeitadas as atividades afins com outras profissões. No Artigo 1º cita que é do farmacêutico no exercício da profissão, sem prejuízo de outorga legal já conferida, é de competência, ainda que não privativa do farmacêutico, o processo de fabricação/produção, controle, pesquisa, desenvolvimento, assuntos regulatórios, marketing, auditoria de qualidade, produção e análises de alimentos e responsabilizando-se tecnicamente pela análise, interpretação e emissão de laudos, controle de qualidade higiênico-sanitária, além da promoção de capacitação e aperfeiçoamento contínuo dos profissionais atuantes na área (BRASIL. CFF, 2010). O curso de farmácia tem como missão formar profissionais farmacêuticos capazes de exercer atividades referentes aos fármacos e aos medicamentos, às análises clínicas e toxicológicas, ao controle, produção e análise de alimentos, pautado em princípios éticos e na compreensão da realidade social, cultural e econômica de seu meio, dirigindo sua atuação para transformação da realidade em benefício da sociedade, conforme determina a Resolução CNE/CES nº 2 de 19 de fevereiro de 2002. Utiliza-se de disciplinas específicas da área como: Tecnologia de Alimentos, Análises de Alimentos, bromatologia, toxicologia, microbiologia, controle de qualidade, de alimentos, enzimologia e processos fermentativos. Esta abrangência o torna capaz e habilitado a participar desde atividades de rotina laboratorial como de processos seletivos públicos nacionais; um exemplo, é o da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância 87 ASSIS, Patrícia Gomes de; SPÍNDOLA, Karyne Fernandes. Das boas práticas de fabricação (BPF) de acordo com a RCD 216 (ANVISA, 2004) em supermercados de Goiânia-Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 70-91, Jan. 2013/Jun. 2013. Sanitária) que disponibiliza periodicamente diversas vagas para farmacêuticos com conhecimentos específicos em regulação e vigilância sanitária. Conclusão No presente estudo de campo realizado na cidade de Goiânia, que o consumidor pode e deve obter mais conhecimento sobre a qualidade dos produtos alimentícios que adquirem no varejo dos supermercados, no intuito de evitar as doenças veiculadas por alimentos. Contudo, perante os fatos relatados é necessário monitorar com mais ênfase os critérios de qualidade nas suas características organolépticas e inocuidade do produto. Após a análise de todos os dados recolhidos durantes os 60 dias de visitas, intercaladas em 02 (duas) visitas de 30 dias, aos 20 supermercados, e dos 1.160 questionamentos de campo, constatou-se que 481 itens apresentaram inadequações, o que está pouco abaixo da quantidade de adequações com 679 itens. Ou seja, de 100 % dos analisados aproximadamente 41,5 % apresenta-se inadequados e 58,5 % adequados (GRÁFICO 3.8.1). Nota-se que pesquisas precisam ser aprofundadas em relação ao controle da qualidade dos produtos alimentícios oferecidos à população, bem como cuidados especiais na padronização do número de microrganismos contidos nos alimentos. Gráfico 3.3.2: Percentual geral da pesquisa de campo 88 ASSIS, Patrícia Gomes de; SPÍNDOLA, Karyne Fernandes. Das boas práticas de fabricação (BPF) de acordo com a RCD 216 (ANVISA, 2004) em supermercados de Goiânia-Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 70-91, Jan. 2013/Jun. 2013. Dentre todos os questionamentos a maior fonte de inadequação com cerca de 52,5 % de inconformidades foi a conservação e higiene dos equipamentos (freezers e gôndolas), seguido da apresentação dos funcionários com 49,2 % de inconformidades com as normas das Boas Práticas de Fabricação (BPF). Analisados todos os dados e classificados “por categoria”, constatou-se que os itens de maior prevalência de inconformidades foram: 1° lugar – supermercados de pequeno porte apresentaram de 120 analisados, 44 inadequações por sujidades; 2° lugar - Supermercados de médio porte apresentando de 120 analisados, 25 inadequações por produtos amontoados; 3° lugar - Os hipermercados apresentaram de 120 analisados, apenas 10 inadequações também por produtos amontoados. E em um contexto geral a conservação dos equipamentos (freezers ou geladeiras) apresentam a maior fonte de inadequação com 52,50% dos casos (Gráfico 3.3.1). Sabendo-se que com relativos cuidados com a alimentação ainda há riscos de contaminação mesmo diante de uma boa aparência e corretos prazos de validades. Observar aspecto, cor, odor, aparência das embalagens são medidas primárias de prevenção às DVAs, que devem ser seguidas para o adequado preparo dos alimentos nas residências. Hábitos aprimorados de higiene com os alimentos e com o próprio manipulador são fatores indispensáveis a um tranquilo consumo dos alimentos. Alguns destes destacam-se como: lavar sempre latas e caixas antes de irem para a geladeira, dispensar embalagens secundárias, manter criteriosamente a limpeza de geladeiras e freezer com uso de agente sanificante adequado, evitar aglomerações de produtos nos equipamentos refrigerados, separar produtos manipulados dos demais, separar as classificações de origem dos produtos, etiquetar o dia de abertura do produto e conferir o prazo de validade, retirar objetos de dentro dos equipamentos de refrigeração que não estejam em uso no momento. Referências bibliográficas ABERC. Manual ABERC de práticas de elaboração e serviço de refeições para a coletividade. 5. ed. atual. São Paulo, 1999. 203 p. ALMEIDA, P.M.P.; FRANCO, R.M; Avaliação bacteriológica de queijo tipo minas frescal com pesquisa de patógenos importantes à saúde pública: Staphylococcus aureus, Salmonella spp e coliformes fecais. Revista Higiene Alimentar. 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OBSERVAÇÃO COMPORTAMENTAL DE ALUNOS UNIVERSITÁRIOS FRENTE POLUIÇÃO AMBIENTAL EM SUA IES André Luiz Amancio Gonçalves; Eliseu Ferreira dos Passos; Fernando Oliveira Aires; Janilton Moura Vieira; Leonita Leite de Souza; Lorrane Anastácio Silva RESUMO ABSTRACT Os valores humanos têm sido apontados como importantes para o entendimento e predição de atitudes e comportamento. Sabe-se que a maioria das pessoas já ouviu falar no termo reciclagem, nas cores estabelecidas para cada tipo de lixeira, na importância da separação do lixo para a preservação ambiental. Porém muitas vezes esse conhecimento só fica em bases teóricas, na prática essa realidade é bem difere. A escolha do tema sobre coleta de lixo derivou de sua relevância ambiental. Programas de educação ambiental poderão se beneficiar do conhecimento produzido, podendo ser aplicados na mudança de comportamentos que gerem mudanças efetivas e duradouras. O tema em questão foi de muita relevância, pois, trata da educação, aprendizagem e das possibilidades de reconhecimento do lixo no corredor da faculdade e do comportamento dos alunos da Faculdade Estácio de Sá – Goiás. Human values have been identified as relevant to the understanding and prediction of attitudes and behavior. We know that most people have heard the term recycling, the colors established for each type of trash, the importance of separating waste for environmental preservation. But often this knowledge is only on theoretical grounds, in practice this reality is quite different. The choice of theme on garbage collection derived from their environmental relevance. Environmental education programs can benefit from the knowledge produced and can be applied in changing behaviors that create real and lasting change. The subject matter was very relevant, because dealing with education, learning and recognition of the possibilities of garbage in the hallway of the college and the behavior of students of the Faculty Estacio de Sa de Goiás. Sustentabilidade, Palavras-chave: Poluição e Comportamento. 1. Keywords: Sustainability, Cleaning, Pollution and Behavio. Limpeza, Introdução O estudo realizado foi um projeto de pesquisa acadêmica, elaborado para atender ao requisito de uma observação de campo baseado em investigações científicas. O objetivo primordial foi observar se as pessoas se preocupam em colocar o lixo no seu devido lugar. Sabe-se que o tema em questão foi de muita relevância, pois, trata da educação, aprendizagem e das possibilidades de reconhecimento do lixo no corredor da faculdade e do comportamento dos alunos da Faculdade Estácio de Sá de Goiás (FESGO). 93 GONÇALVES, André Luiz Amancio; PASSOS, Eliseu Ferreira dos; AIRES, Fernando Oliveira; VIEIRA, Janilton Moura; SOUZA, Leonita Leite de; SILVA, Lorrane Anastácio. Observação comportamental de alunos universitários frente poluição ambiental em sua IES. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 92-99, Jan. 2013/Jun. 2013. 2. Justificativa Sabe-se que a maioria das pessoas já ouviu falar no termo reciclagem, nas cores estabelecidas para cada tipo de lixeira, na importância da separação do lixo para a preservação ambiental. Porém, muitas vezes, esse conhecimento só fica em bases teóricas, na prática essa realidade é bem diferente. Quais seriam os fatores que estariam impedindo que esse padrão de comportamento de cuidado com o meio ambiente ocorresse com mais frequência? Falta de informação ou educação? Desinteresse? Lixeiras com cores, identificação, localização inadequadas? Prestando atenção nas compras realizadas no cotidiano e nos serviços contratados, percebe-se que as pessoas adquirem muitas coisas que não precisam ou que usam poucas vezes. Portanto, reduzir significa comprar bens e serviços de acordo com as necessidades para evitar desperdícios. O consumo consciente é importante não só para o bom funcionamento das finanças domésticas como também para o Meio Ambiente. Muitas coisas jogadas no lixo poderiam ser reutilizadas para outros fins. Reutilizando, gera uma boa economia doméstica, além de estar colaborando para o desenvolvimento sustentável do planeta. Isto ocorre, pois tudo que é fabricado necessita do uso de energia e matéria-prima. Ao jogar algo no lixo, estar também desperdiçando a energia que foi usada na fabricação, o combustível usado no transporte e a matéria prima empregada. Sem contar que, se este objeto não for descartado de forma correta, ele poderá poluir o meio ambiente. O interesse em encontrar respostas para esses questionamentos motivou a observar o descarte de material reciclável (lata de refrigerante) em uma lixeira do corredor da FESGO. A maior parte do lixo recolhido é constituída por papel e plástico e a coleta é realizada por empresas contratadas. Além disso, dados dos projetos realizados pela Coordenadoria de Gestão Ambiental (CGA) mostram que a quantidade de resíduos reciclados poderia ser aumentada se houvesse uma mudança na forma de recolhimento e identificação mais precisa das caixas coletoras. 3. Revisão literária A escolha do tema sobre coleta de lixo derivou de sua relevância ambiental. Programas de educação ambiental poderão se beneficiar do conhecimento produzido, podendo ser aplicados na mudança de comportamentos que gerem alterações efetivas e duradouras. A aprendizagem desses novos comportamentos segundo Ribeiro, Carvalho e Oliveira (2004) poderia promover de maneira 94 GONÇALVES, André Luiz Amancio; PASSOS, Eliseu Ferreira dos; AIRES, Fernando Oliveira; VIEIRA, Janilton Moura; SOUZA, Leonita Leite de; SILVA, Lorrane Anastácio. Observação comportamental de alunos universitários frente poluição ambiental em sua IES. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 92-99, Jan. 2013/Jun. 2013. mais efetiva a conservação do meio ambiente. Uma maneira de avaliar a efetividade dessa promoção é descrever as condições que antecedem alguma ação específica relacionada ao meio ambiente e descrever também as consequências decorrentes dessa ação. No presente estudo, as condições antecedentes foram alteradas, isto é, uma lixeira foi colocada em lugar estratégico e bastante visível na qual o lixo, a lata de refrigerante, deveria ser depositado. Os problemas ambientais podem ser compreendidos como decorrentes de comportamentos humanos sob controle de estímulos pouco explícitos, o que geraria padrões de comportamentais mal adaptados. Por isso, a Psicologia tem um importante papel na redução de tais problemas. Assim, é necessário modificar comportamentos pró-ambientais, com ênfase nas relações entre esses comportamentos e regras (valores, normas, declarações) em vez de mudanças internas como supostamente determinantes. Para efetivar mudanças de comportamento no ambiente é necessário, primeiramente, mudanças na sociedade uma vez que os valores, os costumes culturais, as políticas públicas e econômicas de uma nação ajudam a determinar a ação do homem em relação ao meio ambiente (RIBEIRO; CARVALHO; OLIVEIRA, 2004). Segundo Gonçalves-Dias (2006), se houver um aumento no nível de informação, com comprometimento da população envolvida, certamente padrões de consumo que afetam negativamente o meio ambiente se alterarão. Quanto mais motivada estiver uma pessoa para participar de uma ação ambientalista, maior a probabilidade de realizá-la. As consequências de curto prazo podem exercer essa função, ou seja, propiciar condições motivacionais que aumentem a probabilidade de comportamentos relevantes, cujas consequências sejam o cuidado com o meio ambiente. Corral (1998) descreve essa conduta como sinônimo dos termos conduta protetora do ambiente, conduta pró-ecológica, conduta ambiental responsável ou conduta ecológica responsável e a define como toda aquela ação humana que resulta no cuidado com o entorno ou sua preservação. Funcionários de uma oficina foram também incentivados a separar lixo em seu ambiente de trabalho. Brothers, Krantz e McClanahan (1994) avaliaram o efeito da proximidade da lixeira sobre a separação de papel. Participaram 25 empregados de um centro de desenvolvimento infantil com os quais dois procedimentos de intervenção foram testados. No primeiro, entregou-se um memorando no dia de pagamento, em que se informava que no dia seguinte de trabalho se colocaria uma lixeira. Com esse procedimento a coleta de papel aumentou 28% quando a lixeira foi colocada no centro do edifício em comparação com uma fase de linha de base prévia. A segunda estratégia consistiu em colocar uma lixeira no mesmo espaço de trabalho. Nessa condição, a quantidade de papel separado para reciclagem aumentou entre 84% e 95%. 95 GONÇALVES, André Luiz Amancio; PASSOS, Eliseu Ferreira dos; AIRES, Fernando Oliveira; VIEIRA, Janilton Moura; SOUZA, Leonita Leite de; SILVA, Lorrane Anastácio. Observação comportamental de alunos universitários frente poluição ambiental em sua IES. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 92-99, Jan. 2013/Jun. 2013. Os meios de comunicação também funcionam como fonte de transmissão de informação ambiental (VILLA, 2007). A iniciativa da rádio Eldorado AM e FM, emissora paulistana pertencente ao Grupo Estado de São Paulo, usou informação antecedente como incentivo ao comportamento pró-ambiental. Há sete anos mantém o projeto "Pintou Limpeza", que tem como objetivo despertar a conscientização ambiental, orientando a população por meio de boletins durante programações, exposições, palestras. Como consequência desse projeto, surgiram postos de arrecadação de lixo, denominados "Postos de Entrega Voluntária - PEVs", mostrando que a linguagem da mídia tornou o assunto popular, que repercutiu em compromisso social de participação ativa das pessoas com o meio ambiente (MARIUZZO, 2007). A falta de uma política de reciclagem, o destino impróprio do lixo são questões importantes para uma política do meio ambiente. Para a efetivação dessa política, a Psicologia como ciência poderia contribuir por meio da observação e alteração das condições que interferem e prejudicam o meio ambiente com decorrências diretas sobre a qualidade de vida dos indivíduos. No caso dos comportamentos pró-ambientais, o benefício em curto prazo pode ser irrelevante, já que as consequências deste comportamento talvez só alcancem uma geração ainda por vir. Mas podem ser praticados como resultado da seleção cultural, controlados pelas contingências do grupo social (RIBEIRO; CARVALHO; OLIVEIRA, 2004). 4. Objetivos O objetivo deste estudo foi verificar se a sinalização e a organização espacial das lixeiras influênciavam o modo de utilizá-las pelos usuários da Faculdade; sem prévio trabalho de resignificação comportamental por meio de palestras e trabalhos educacionais com intuito de promover a conscientização da importância da coleta seletiva. O intuito é observar se diante das reclamações advindas dos alunos estes mesmos teriam a atitude de promover a mudança em relação à limpeza do espaço onde convivem. 5. Metodologia de pesquisa O estudo observacional foi desenvolvido no pátio da FESGO, o grupo de seis pessoas, acadêmicos do curso de psicologia se dividiu e observou, de lugares estratégicos, quantas pessoas colocariam a lata no lixo. Os participantes da pesquisa foram alunos, frequentadores e funcionários 96 GONÇALVES, André Luiz Amancio; PASSOS, Eliseu Ferreira dos; AIRES, Fernando Oliveira; VIEIRA, Janilton Moura; SOUZA, Leonita Leite de; SILVA, Lorrane Anastácio. Observação comportamental de alunos universitários frente poluição ambiental em sua IES. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 92-99, Jan. 2013/Jun. 2013. da instituição. Os funcionários da limpeza estavam cientes de que a lata de refrigerante estava no local era propositalmente. Os materiais utilizados foram um cesto de lixo, uma lata vazia de refrigerante colocados no meio do corredor, de forma que todos que passassem por aquele lugar, pudessem vêlos. A lata vazia de refrigerante foi colocada próxima ao cesto de lixo; ambos; dispostos na entrada de um dos corredores da FESGO. O objetivo foi observar quantas pessoas teriam a iniciativa de colocar a lata vazia no cesto de lixo. O tempo total de pesquisa foi 25 minutos. Dentro desse tempo constatou-se diversos tipos de comportamentos. Algumas pessoas chutaram a lata, pisaram, pularam, e outras apenas a olharam. Estes comportamentos serão detalhadamente e descritos na análise de resultados deste artigo. 6. Resultados Na Tabela I são apresentadas as reações dos observados em relação ao experimento. Observa-se que entre as 70 pessoas, 08 passaram no local não olharam a lata, 06 estavam falando no celular, 11 chutaram a lata, 11 param ao lado da lata, e apenas uma pessoa reagiu de maneira almejada tirando a lata de refrigerante que estava no meio do corredor, e em seguindo jogando no cesto de lixo. Tabela 1 HOMENS MULHERES TOTAL Números de Participantes 37 33 70 Não olharam a lata 08 13 21 Falando ao celular 06 02 08 Chutaram a lata 11 08 19 Pararam ao lado da lata 11 10 21 Depositaram a lata no lixo 01 00 01 TOTAL 37 33 97 GONÇALVES, André Luiz Amancio; PASSOS, Eliseu Ferreira dos; AIRES, Fernando Oliveira; VIEIRA, Janilton Moura; SOUZA, Leonita Leite de; SILVA, Lorrane Anastácio. Observação comportamental de alunos universitários frente poluição ambiental em sua IES. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 92-99, Jan. 2013/Jun. 2013. Gráfico 1 7. Conclusão Diante do que foi observado no comportamento de nossa população entre o gênero masculino e feminino em diferentes faixas etárias os resultados sugerem que o desenvolvimento de projetos que lidam com sinalização (legenda) nas caixas coletoras podem auxiliar não só a cooperação, o comportamento adaptativo, mas, também, a conscientização em relação à educação ambiental. Para Moser (1998), a percepção, a avaliação e as atitudes dos participantes em relação ao ambiente são mediadas pelas dimensões sociais e culturais de cada indivíduo, demonstrando que a ausência de comportamentos pró-ambientais podem estar relacionadas às nossas práticas cotidianas. Contudo, os dados apresentados nesta amostra de pesquisa não reflete toda realidade e todos os casos que envolvem uma pessoa como despercebida. Apesar das queixas dos alunos referentes à manutenção da limpeza, os mesmos não se mobilizam para tentar mudar essa realidade. 8. Referências bibliográficas FRIEDMAN, Howard S.; SCHUSTACK, Miriam W. Teorias da Personalidade. 2º edição, Editora Pearson. 2004 São Paulo - SP. 98 GONÇALVES, André Luiz Amancio; PASSOS, Eliseu Ferreira dos; AIRES, Fernando Oliveira; VIEIRA, Janilton Moura; SOUZA, Leonita Leite de; SILVA, Lorrane Anastácio. Observação comportamental de alunos universitários frente poluição ambiental em sua IES. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 92-99, Jan. 2013/Jun. 2013. GONCALVEZ‑DIAS, S. L. F. Há vida após a morte: um (re)pensar estratégico para o fim da vida das embalagens. Gestão & Produção, São Carlos (SP), set./dez., v. 13, n. 3, p.463‑474, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ abstract&pid=S0104‑530X2006000300009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 5 de Marc 2013. 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Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 92-99, Jan. 2013/Jun. 2013. ANEXOS 1- LOCAL DA PESQUISA 2 - FLUXOS DE PESSOAS DESPERCEBIDAS PASSANDO NO LOCAL 100 ALVES, Soraia; SILVERIO, Letícia Secinda Lima; GOMES, Charles Britto de Oliveira. Uma abordagem fisioterapêutica no tratamento de dependentes químicos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 100-119, Jan. 2013/Jun. 2013. UMA ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO TRATAMENTO DE DEPENDENTES QUÍMICOS Soraia Alves1; Letícia Secunda Lima Silverio2; Charles Britto Oliveira Gomes3 RESUMO ABSTRACT A problemática das drogas é uma questão de ordem social que esbarra nas dificuldades de se encontrar políticas de saúde eficazes para a prevenção, tratamento e recuperação de seus acometidos. Para tanto, esse estudo teve como critério uma pesquisa bibliográfica de tratamentos fisioterapêuticos e as co-morbidades decorrentes da manifestação das drogas no organismo do dependente, inferindo sobre suas possibilidades e contribuições. Dessa forma, entende-se a necessidade de uma equipe das práticas interdisciplinar dispondo fisioterapêuticas que podem muito contribuir para esse público na busca da recuperação clínica, social e educacional, sendo, portanto um reflexo na qualidade de vida para toda população. Tais práticas nessa reengenharia social do indivíduo restabelece o seu equilíbrio corporal e mental, e ainda aliado ao apoio familiar nos processos de reabilitação e reinserção, evitam recaídas. The problem of drugs is a matter of social order which faces the difficulties of finding health policies for prevention, treatment and recovery of their affected. To this end, this study was to test a literature survey of physical therapy and comorbidities of the manifestation of the drugs in the body of the dependent, inferring on their abilities and contributions. Thus, we understand the need for an interdisciplinary team providing physical therapy practices that can contribute to this very public in the pursuit of clinical recovery, social and educational and is therefore a reflection on the quality of life for all people. Such practices in the social engineering of the individual restores the equilibrium of body and mind, and yet allied to family support in rehabilitation and reintegration, prevent relapses. Dependência Palavras Chave: Fisioterapia, Reabilitação. Keywords: Addiction, Therapy, Rehabilitation. Química, Introdução Atualmente, um dos maiores problemas sociais do mundo são as drogas e sua devastadora ação na sociedade. Conforme Prata (2009) no Brasil, diante de um aumento alarmante do seu consumo a partir da segunda metade do século XX, transformou-se em um fenômeno em massa e uma questão preocupante de saúde pública. Seus efeitos causam alterações fisiológicas dos acometidos, gera aumento da violência, o que sucumbe com a desestruturação familiar e social. Observa-se nas ruas seres humanos, perambulando nos sinais de trânsito, pedindo e roubando para sustentar seu vício e, para tanto, não há distinção de idade nem de gênero. Sem 1 Bacharel em Fisioterapia pela Faculdade Estácio de Sá, FESGO – Goiânia GO. Email p/contato: [email protected] 2 Bacharel em Fisioterapia pela Faculdade Estácio de Sá, FESGO – Goiânia GO. 3 Orientador e professor do Curso de Fisioterapia da Faculdade Estácio de Sá, FESGO – Goiânia GO. 101 ALVES, Soraia; SILVERIO, Letícia Secinda Lima; GOMES, Charles Britto de Oliveira. Uma abordagem fisioterapêutica no tratamento de dependentes químicos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 100-119, Jan. 2013/Jun. 2013. domínio dos seus atos vão perdendo sua dignidade, sua identidade, retratando uma triste realidade que incentivou a realização desse estudo. Os indivíduos que abusam das drogas psicoativas necessitam de tratamento, primariamente por não terem consciência da vulnerabilidade e risco que correm. Nesta perspectiva, há o encaminhamento, muitas vezes por familiares, para atendimento psiquiátrico, na maioria no setor público e, neste caso, muitos ficam na espera em filas ou jogados nas ruas. No estado de Goiás, a qualidade de vida da população reduziu gradativamente diante do aumento da incidência dos drogaditos, termo este utilizado para denominar os dependentes, recursos que poderiam ser investidos em educação, saúde, cultura, destina-se para intervir em problemas gerados por este desequilíbrio social. Deve-se ainda acrescentar que o problema é deveras complexo, pois envolve uma série de fatores socioeconômicos e culturais. Levando isto em conta, a preparação e posterior execução de um programa para tentar solucioná-lo deve contar com o apoio de familiares e uma equipe interdisciplinar de profissionais. Portanto nesse estudo aborda-se uma pesquisa bibliográfica de tratamentos fisioterapêuticos sobre os efeitos das drogas, bem como, a apresentação da fisioterapia que dispondo de recursos na reabilitação de inúmeras áreas anatomofuncionais, pode atuar na readaptação e recuperação desses indivíduos, desenvolvendo uma conduta dentro de cada quadro clínico, com recursos fisioterapêuticos que podem ser utilizados em prol do seu tratamento e principalmente na redução da reincindiva, diminuição do Crawing (fissura), e reinserção deste na sociedade. Histórico e conceito das drogas A literatura possui diferentes episódios referentes às drogas e, apesar das convergências, um ponto emerge como consensual de que o uso das drogas acompanha a evolução e as trajetórias dos povos desde tempos remotos. Como ressalta Oga, Camargo e Batistuzzo (2008), observando o Papiro de Ebers (1.500 a.c.), de origem egípcia, já mostra uma lista com cerca de 800 ingredientes, sendo esses venenos de animais, vegetais tóxicos, metais como chumbo e cobre. Este, dependendo da dosagem utilizada, poderia ser usado tanto para cura, como para envenenamento. Embora as drogas existam há muitos anos, conforme Prata (2009) elas só começaram a aparecer na literatura nos séculos XVIII e XIX como decorrência da urbanização da Revolução Industrial no consumo de álcool, referindo-se aos problemas relacionados à saúde. A urbanização trouxe ainda outro problema conforme Mesquita (2008) com o objetivo de colocar em ordem, 102 ALVES, Soraia; SILVERIO, Letícia Secinda Lima; GOMES, Charles Britto de Oliveira. Uma abordagem fisioterapêutica no tratamento de dependentes químicos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 100-119, Jan. 2013/Jun. 2013. disciplinando a sociedade. Foi construídos asilos ou manicômios para depósito de doentes mentais, mendigos, delinqüentes, bem como, era referido aos alcoólatras e dependentes químicos. Com o relevante crescimento da população, a Cidade passou a se deparar, com alguns problemas. E, dentre eles, a presença dos loucos pelas ruas. O destino deles era a prisão ou a Santa Casa de Misericórdia que era um lugar de amparo, de caridade, não um local de cura. Interessante observar que naquele momento, o recolhimento do louco não possuía uma atitude de tratamento terapêutico, mas, sim, de salvaguardar a ordem pública (MESQUITA, 2008, p. 03). Este episódio trouxe a reforma psiquiátrica, que conforme Brasil (2005) relaciona-se a uma luta pelos direitos dos pacientes diante da insatisfação da sociedade nesses tratamentos - um processo que teve duas fases: a primeira, do século XIX, era o isolamento dos doentes, retirando-os da sociedade; a segunda, de 1992 e que persevera até hoje, consiste na implantação de assistências de serviços extra-hospitalares. No País, de acordo ainda segundo Brasil (2005) no final da década de 70 inicia-se uma reforma com a mobilização dos profissionais da saúde mental e dos familiares de pacientes com transtornos mentais. Já em 1990, o Brasil assina a Declaração de Caracas a qual propõe a reestruturação da assistência psiquiátrica, seguida da aprovação da Lei Federal 10.216 em 2001 que dispõe sobre um novo modelo assistencial em saúde mental. Pode-se dizer que a evolução das drogas se deu através das mudanças culturais e acompanhando os padrões sociais e os tipos de substâncias e ainda de acordo com as condições sócio culturais existentes em cada época. A incidência das drogas a partir da segunda metade do século XX desencadeou um aumento significativo passando a constituir um elemento de doença social, fazendo que os indivíduos acometidos percam os valores humanos. Diante disso e em função de sua complexidade na atualidade, a dependência química como pontua Aguillar &Pillon (2005) é um problema crescente e que mobiliza a atenção do sistema de saúde e esta questão deve ser abordada como problema psicossocial, que abrange além de aspectos fisiológicos e psicológicos, os processos sócios culturais e econômicos no meio em que se vive. No que se diz respeito ao conceito das drogas segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), Droga é qualquer substância não produzida pelo organismo que tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento. As drogas chamadas psicoativas ou psicotrópicas são aquelas que causam modificação no estado mental e classificadas do ponto de vista legal, em ilícitas e lícitas. As primeiras, proibidas por lei, e as últimas, que são comercializadas legalmente. Ressalvando às lícitas, que podem 103 ALVES, Soraia; SILVERIO, Letícia Secinda Lima; GOMES, Charles Britto de Oliveira. Uma abordagem fisioterapêutica no tratamento de dependentes químicos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 100-119, Jan. 2013/Jun. 2013. apresentar algumas restrições, como receituário médico ou a proibição da venda a menor de 18 anos. Na classificação pode-se dividir conforme as modificações na atividade mental, segundo Secretaria Nacional de Políticas sobre as drogas, SENAD (2010): Depressoras: Substâncias que diminuem a atividade mental, decorrente tendência de redução de atividade motora e reatividade à dor e ansiedade. Inicia-se com efeito de euforia, passando ao estado de sonolência. Estimulantes: Drogas que excitam, aumentando e acelerando processos psíquicos das atividades mentais, proporcionando estado de alerta. Perturbadoras: Estas provocam alterações na atividade cerebral, resultando em fenômenos psíquicos anormais como delírios e alucinações. Num amplo aspecto pode-se citar ainda as drogas que são substâncias de uso doméstico e que causa dependência, mas que por ordem cultural ou social foram introduzidas em nosso cotidiano são elas: açúcar, chás ou até a concentração de cafeína encontrada nos refrigerantes. Em alguns casos o uso abusivo provoca distúrbios metabólicos e gastrointestinais que afetam a saúde do indivíduo. A incidência atual no estado de Goiás e população mais vulnerável Os dados estatísticos atuais de consumo de drogas no Brasil, entre capitais, bem como a criação de projetos de saúde voltados ao uso de drogas psicotrópicas é apresentado em relatórios e levantamentos sobre drogas elaboradas pelo SENAD (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas), que em parceria com outras entidades públicas e privadas mapeia as conseqüências dos impactos e explicita o público alvo mais acometido nas regiões brasileiras. Conforme o Observatório Brasileiro de Informações sobre as drogas OBID (2005), subgrupo do SENAD, o último levantamento domiciliar sobre o uso das drogas psicotrópicas no Brasil, envolvendo as maiores cidades do País, no ano de 2005, apresenta dados sobre a população mais acometida, bem como suas condições sócias econômicas e culturais, aqui enfatizadas da região Centro-Oeste. “Neste foram feitas 673 entrevistas em sete cidades pesquisadas com mais de 200 mil habitantes. Foram elas: Brasília, Anápolis, Goiânia, Aparecida de Goiânia, Cuiabá, Várzea Grande e Campo Grande” (OBID, 2005, p.179-184). 104 ALVES, Soraia; SILVERIO, Letícia Secinda Lima; GOMES, Charles Britto de Oliveira. Uma abordagem fisioterapêutica no tratamento de dependentes químicos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 100-119, Jan. 2013/Jun. 2013. No resultado a incidência sobre a porcentagem do uso na vida, que se refere ao uso de pelo menos uma vez ao longo da vida pelos indivíduos, de todas as drogas pesquisadas, apresenta uma prevalência do álcool (73,6%) e do tabaco (41,9%) sobre as outras substâncias. Nas características gerais da população em amostra segundo sua classe econômica a maior porcentagem da população estudada concentrou-se nas classes socioeconômicas C e D. Na distribuição da faixa etária e nível de escolaridade, nota-se que 30,9% não eram letrados e a maioria estava na faixa de 12-17 anos, um fato preocupante para os jovens da fase escolar (OBID, 2005). A preocupante exposição dos jovens as drogas, demonstra a necessidade de políticas de saúde mais intensas no que diz respeito a esse público. A fase da metamorfose que o jovem passa da infância à fase adulta gera uma série de transformações orgânicas e mentais. Dentre estas, temos o refinamento de áreas cerebrais com conexões mais específicas e amadurecidas, mudanças hormonais e de formação da personalidade, bem como, a necessidade de se incluir socialmente, segundo Bessa e Pinsky (2009), essa fase deve ser assistida por familiares pela dificuldade e incertezas que o jovem passa ao tomar as próprias decisões de forma responsável e adulta, tentando ganhar seu espaço na sociedade. O mesmo problema pode ser observado em questões de aparência corporal, onde o jovem que apresenta tendência de engordar ou não se enquadra em padrões de beleza culturais de uma sociedade pode ser acometido com preconceitos e conseqüente depressão, optando por se automedicar para diminuir ansiedades. É neste momento crucial que a família torna-se papel fundamental nesse processo. Apoio e compreensão competem em proteção, como também, a inclusão de esportes, prática de atividades de lazer, boas escolas e profissionais de saúde atentos também propiciam um trabalho preventivo. A influência da mídia compete em outro problema - estudos mostram que esses órgãos incentivam e ditam regras de costumes. A constante violência imposta por esses meios de comunicação acaba por estimular as crianças e adolescentes a comportamentos agressivos. Portanto, a criação de uma educação para mídia seria importante, controle mais rigoroso de programação, material impresso e internet para jovens e crianças contribuiriam em tal questão. Os programas de tevê violentos incentivam comportamentos agressivos. Crianças e adolescentes que assistem a filmes violentos tendem a bater mais em seus companheiros, desobedecer a regras e deixar tarefas inacabadas, assim estão menos dispostos a esperar do que as crianças que não assistem a tais programas (PINSKY e GOMIDE, 2009, p. 55). Quanto ao uso do álcool, existem alguns fatores que atraem os jovens, como a busca do prazer temporário do consumo e o fator de desinibir ou mediador de sociabilidade, o chamado “beber socialmente”, trazendo consigo o grave problema de mediar também à entrada de outras 105 ALVES, Soraia; SILVERIO, Letícia Secinda Lima; GOMES, Charles Britto de Oliveira. Uma abordagem fisioterapêutica no tratamento de dependentes químicos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 100-119, Jan. 2013/Jun. 2013. drogas. Essa fragilidade para participar de grupos sociais ou aparentar maturidade, apresenta risco ocasionado pela cultura e educação infantis de uma sociedade. Pode-se pontuar ainda outra problemática nesse público que são as crianças e jovens nascidos de mães viciadas, muitas vezes abandonadas pelas mesmas, já nascem com conseqüências do abuso das drogas, sendo desde deformidades e necessidades especiais, quanto à sintomatologia da síndrome de abstinência da droga – conforme Michel (2002), a criança pode apresentar irritabilidade, tremores, insuficiências respiratórias, como até convulsões. Destacando a incidência no Estado de Goiás atualmente, a problemática das drogas, mostra índices de alastramento que assustam e ainda que suas políticas de saúde, não acompanham a velocidade que a droga se multiplica na sociedade. Estima-se que atualmente sejam cerca de 1,2 milhão de dependentes químicos no Brasil, dos quais mais de 300 mil só em Goiás - destes pelo menos 50 mil são viciados em Crack, segundo levantamento do Ministério Público Estadual. “Sendo esse o Crack, detectado sua entrada no Estado em 2005 pelas autoridades” (MELO, 2011, p. 4). Hoje, o estado de Goiás é o sexto entre os estados com maior taxa de assassinatos de mulheres, para cada grupo de 100 mil habitantes. Posição esta adquirida também pelo aumento da participação de mulheres também no tráfico e aumento geral da violência no Estado. Os jovens também são um número muito crescente entre os homicídios, sendo as principais vítimas, até pela vulnerabilidade de se expor as bocas de fumo, bares por onde trafegam na ida ou volta dos pontos de droga. De acordo ainda com Melo (2011), uma estatística da Delegacia de Homicídios de Goiânia deste ano revela que cerca de 80% dos crimes de morte na capital foram cometidos porque ou vítima ou acusado tinha envolvimento com drogas. Conforme o jornal local “O Popular”, observa os números do mapa da violência, a taxa nacional de homicídios de jovens por 100 mil habitantes subiu de 47,7 em 1998 para 56,6 em 2008. Em Goiás, o aumento também foi significativo em 1998 a taxa era de 19,6 e em 2008 passou para 57,7 - um aumento de quase 300%. Também pode destacar o aumento do número de crianças em abrigo, abandonadas por mães dependentes, que chegou a aumentar 47% em apenas um ano. Com isso, o Estado de Goiás adquiriu o 9º lugar em crianças abrigadas por abandono no País. “O Cadastro Nacional de Crianças Acolhidas aponta que em julho de 2010 existiam no Estado 688 crianças e adolescentes abrigados em Goiás. Em julho de 2011, já eram 975. A causa principal foi à disseminação do consumo de drogas no Estado” (MELO, 2011, p. 4). Foi criado em julho de 2010, sob decreto governamental, um Comitê Gestor Interinstitucional de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas. Porém, segundo Mergulhão (2011) 106 ALVES, Soraia; SILVERIO, Letícia Secinda Lima; GOMES, Charles Britto de Oliveira. Uma abordagem fisioterapêutica no tratamento de dependentes químicos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 100-119, Jan. 2013/Jun. 2013. no jornal “O Popular”, esse grupo avalia, como um dos impasses ainda discutidos, a necessidade de um projeto que visa internação ou não do dependente para o tratamento. Alguns membros deste Comitê defendem a idéia de não internação e a realização de oficinas- dia, na qual o paciente passaria o dia em tratamento e voltaria depois para casa. Com isso, o paciente/dependente teria contato com a família e sua casa, ajudando no processo de reinserção social. Em contrapartida, outros membros defendem a necessidade de internação, os quais alegam que os pacientes em fase de abstinência e casos graves requerem essa intervenção de internação, alegando que o contato com a familiar, em certos casos, ao invés de ajudar, atrapalha no sucesso do tratamento. Essa internação é outro problema, atualmente existem cerca de 300 pessoas aguardando uma vaga na fila de espera, dados estes do Pronto Socorro Wassily Chuc, que é a porta de entrada para o tratamento de dependentes químicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Goiânia. “O município hoje conta com 130 leitos para internação” (MELO, 2011, p. 4). A rede pública conta com restritas opções, uma pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Municípios divulgada em dezembro/2010, mostrou que 11% dos municípios goianos possuem Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e outras Drogas, o CAPS/AD, apesar das drogas estarem presente na maioria deles. Em Goiânia, os CAPS/AD não têm atendimento 24 horas, sendo o Hospital Wassily Chuc, único alternativa para casos de urgência na área de psiquiatria pelo SUS. Porém, em 2011, uma nova medida começou a ser aplicada pela Prefeitura Municipal de Goiânia, como explicita Mergulhão (2011): são os consultórios de rua - uma equipe composta de profissionais da saúde (médicos, psiquiatras, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e pedagogos) - para o atendimento nas ruas. Serviço este de atendimento móvel de urgência para os dependentes. Esses consultórios também estão sendo implantados em Aparecida de Goiânia e Anápolis. Atuação e propostas fisioterapêuticas para os dependentes As ações fisioterapêuticas não se resumem somente na reabilitação do paciente como era intitulada há 10 anos. Atualmente abriu-se o leque que mostra a importância da fisioterapia nas ações de promoção de saúde em prevenção, orientação, diagnóstico, tratamento e recuperação da saúde do ser humano. Essas novas condições nos mostram “A fisioterapia como agente multiplicador de saúde, atuando em interação com uma equipe multiprofissional e de forma interdisciplinar” (RAGASSON, et. al 2009, p.01). 107 ALVES, Soraia; SILVERIO, Letícia Secinda Lima; GOMES, Charles Britto de Oliveira. Uma abordagem fisioterapêutica no tratamento de dependentes químicos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 100-119, Jan. 2013/Jun. 2013. Embora se observe ainda pouca inclusão da fisioterapia nessas equipes, percebe-se a necessidade de mudança desse aspecto com uma atuação mais ampla, visando o trabalho em conjunto para se alcançar o objetivo da recuperação desses acometidos. Nas últimas décadas com um aumento da incidência de doenças crônicas, degenerativas e traumáticas, a dependência química pode se enquadrar como tal, alcançando níveis crônicos, degenerativos e muitas vezes promovendo traumas com problemas relacionados na exposição do indivíduo aos crimes e a violência. Nesta abordagem da dependência química a fisioterapia pode alcançar resultados significativos e buscar cura a estes pacientes, as melhoras adquiridas em atividades físicas, já adotadas em planos de tratamento para dependentes, sem dúvidas obtêm significativos bons resultados. Conforme Trisltz, Ruas, Jamami e Couto (2007), os indivíduos fumantes quando avaliados apresentam uma diminuição significativa na tolerância ao esforço. No tratamento, ainda segundo Pimentel, Oliveira e Pastor (2008), dentre os mecanismos pelos quais as drogas pode ser excretada, o suor inclui a difusão passiva da droga no sangue para as glândulas sudoríparas e a migração transdérmica da droga através da pele. Um importante fator de desintoxicação e via de excreção da droga. Sendo assim o condicionamento físico é uma parte fundamental no tratamento, no impedimento de prostração, bem como, conseqüente imobilismo e depressão, causadores de inúmeras complicações, devemos também salientar a obtenção funcional global desses indivíduos, através de recursos fisioterapêuticos empregados em cada necessidade tanto neurossensomotora, cognitiva ou de ordem musculoesquelética. Portanto, a abordagem fisioterapêutica no comprometimento nervoso e neurocognitivo desses pacientes podem antecipar sua recuperação. Em outro estudo de um programa de relaxamento e alongamento para dependentes químicos foi observado, segundo Zanella, Pansera, Pinto, Silva, Ferretti (2008), que a efetividade do programa trouxe como benefícios diminuição do grau de depressão, qualidade do sono e aumento do grau de flexibilidade muscular dos dependentes químicos. Ou, ainda em um estudo da aplicabilidade da fisioterapia na abstinência de drogas, observou-se uma significativa melhora em índices de pré e pós tratamento. “No processo enfatizouse terapias manuais, alongamentos globais e caminhadas de 40 minutos” (ALMEIDA e CESTARI, 2009, p. 7). Conforme Lima (2008), o Governo implantou “O programa Nacional de Atenção Integrada aos usuários de álcool e outras drogas”, após reconhecer a gravidade do problema de saúde pública, tendo como objetivo a melhoria do acesso ao tratamento, à compreensão integral com a finalidade de auxiliar psicossocialmente o usuário. 108 ALVES, Soraia; SILVERIO, Letícia Secinda Lima; GOMES, Charles Britto de Oliveira. Uma abordagem fisioterapêutica no tratamento de dependentes químicos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 100-119, Jan. 2013/Jun. 2013. Nesse novo perfil, a fisioterapia apresenta uma missão primordial de cooperação, “mediante a nova realidade de saúde, através da aplicação de meios terapêuticos físicos, na prevenção, eliminação ou melhora de estados patológicos do homem, na promoção e na educação em saúde” (RAGASSON, e tal. 2009, p. 04). Diante do exposto, a Fisioterapia pode e deve atuar na recuperação de dependentes químicos, fazendo parte de uma equipe que interdisciplinarmente montará um plano de tratamento ao paciente com esse distúrbio. Dentre as alterações dos acometidos a contribuição da Fisioterapia com suas condutas através de seu conhecimento e trabalho pode se citar em: ® Postura: A postura é um dos fatores afetado diretamente com a diminuição da auto estima como forma de curvar-se ao mundo e sentir-se inferior diante de um grupo ou sociedade. Fatores emocionais conturbados refletem na sua postura de proteger-se do meio externo. A fisioterapia pode intervir diretamente nessa exposição, com reeducação postural e terapias na força muscular, encurtamentos – o que se sabe - provoca desorganização estrutural propiciando o aparecimento de doenças e desconfortos, conseqüente ansiedade e mal estar geral. Ou ainda, como afirmam Kisner e Colby (2005), o tratamento de problemas posturais na fase de retorno a função é trabalhado através do controle da coluna nas atividades intensas, a força dinâmica, a mobilidade em músculos, articulações e fáscias antes retraídas, retorno a atividades de alto nível com correção postural. ® Percepção Corporal: A interação de percepção corporal é um fator agravante nesse processo com a dependência química. O indivíduo passa a se anular como organismo vivo, não tendo mais consciência corporal, expõe seu corpo a agressões externas e internas constantes, o que muitas vezes se torna ponto chave para a instalação de doenças oportunistas e agravamento de outras. A grosso modo, o indivíduo passa a ser um “zumbi”, só em busca da saciedade de seu vício. O trabalho de percepção corporal e controle neuromuscular da fisioterapia oferecem consciência de posicionamento articular e trabalha essa conscientização corporal geral em tempo e espaço. O indivíduo passar a se enxergar e a valorizar seu corpo. Nessas técnicas, englobam treino de equilíbrio, de funções neurossensomotoras, proprioceptivas, de marcha e correto posicionamento geral do corpo. 109 ALVES, Soraia; SILVERIO, Letícia Secinda Lima; GOMES, Charles Britto de Oliveira. Uma abordagem fisioterapêutica no tratamento de dependentes químicos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 100-119, Jan. 2013/Jun. 2013. ® Complicações respiratórias: Diante complicações fisiológicas, a respiratória demonstra sinais claros de distúrbios, conforme a agressividade do uso de algumas drogas de inalação ou fumo, essa área perde rápido seu padrão correto. As técnicas de treino respiratório incluem a estabilização de um correto padrão respiratório, manobras como a realização de isostretching (trabalho de educação postural associado à técnica de respiração), também pode ser usado a técnica de Pilates, que também associa a respiração com trabalho muscular de força e flexibilidade. Sem contar em abordagem de etapa aguda, na qual pode-se necessitar de higienização brônquica e reeducação diafragmática que se trabalha o diafragma, que é o músculo responsável pela expansibilidade pulmonar. ® Complicações cardíacas: Fatores de agravantes cardiovasculares também como debilidade do consumo de drogas, devem ser monitoradas com a prática de exercícios que promovam redução de imobilismo, estabilizam débito cardíaco com freqüência para a nãosobrecarga, melhora de vascularização tecidual,em geral com retorno venoso suficiente. Conforme Kisner e Colby (2005), no comprometimento com insuficiência vascular e o aparecimento de edemas, a fisioterapia atua no aumento do retorno venoso, redução do linfedema, além de impedir a estagnação venosa através de massoterapia, exercícios de bombeamento, exercícios ativos leves quando possível e programa de exercícios domiciliares. ® Condicionamento Físico: O ganho de força muscular e aumento de flexibilidade, promovem disposição e melhoram o estado físico e mental. O adequado acompanhamento interdisciplinar de um educador físico com a fisioterapia encontra o ponto de inclusão de atividades físicas para cada paciente dentro de suas capacidades, respeitando suas funcionalidades. Ganho de amplitude de movimentos e bom desempenho nas atividades físicas, bem como práticas esportivas e de entretenimento em grupos, traz bem estar e socialização, um grande estímulo para sua recuperação. ® Diminuição de ansiedade e stress: Também mais um ponto chave da recuperação deste paciente e que deve ser bem abordado com práticas de relaxamento como alongamentos, massoterapia, inclusão de terapias alternativas como yoga, técnica que é uma combinação de respiração, postura e meditação para buscar o autocontrole. Uma redução nos níveis de stress, fator que se não controlado, muitas vezes, acaba por levar o dependente às recaídas. Também nesse 110 ALVES, Soraia; SILVERIO, Letícia Secinda Lima; GOMES, Charles Britto de Oliveira. Uma abordagem fisioterapêutica no tratamento de dependentes químicos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 100-119, Jan. 2013/Jun. 2013. aspecto interfere-se na qualidade do sono, fator importante, um bom posicionamento e regras ergonômicas podem promover um descanso ideal, como reflexo, diminuindo irritabilidade, ansiedade, e até grau de depressão. ® Cognição: que é segundo o Dicionário Aurélio (2010) “a capacidade de aquisição de conhecimento”. Muitas drogas atingem a parte cognitiva, bem como, a área da aprendizagem. A fisioterapia dispõe de exercícios para estimular o cognitivo, a coordenação, através de terapias lúdicas, estimulam área cerebral a realizar tarefas, contribuindo na retomada da realização de atividades diárias. No entanto, deve-se salientar que, mesmo assim procedendo, cada área necessita de avaliação prévia individual e de um trabalho contando com uma equipe de profissionais, para a conclusão e o alcance de objetivos com bons resultados. Segundo a Secretaria Nacional de Políticas sobre as Drogas SENAD (2010) que aborda o uso indevido de drogas, cada droga psicotrópica tem suas características quanto aos seus efeitos no organismo do usuário, apresentando alterações agudas ou crônicas e não dependendo somente da ação da substância, mas da maneira que é usada pelo indivíduo. Na explanação dos efeitos decorrentes da sua abstinência, a fisioterapia a fim de se observar as possíveis atuações na sua sintomatologia, possui diversas técnicas que podem ser trabalhadas nesse quadro, porém no auge da excitabilidade da droga ou fase imediata de uso não é recomendado tratamento, devido às desordens orgânicas presentes no indivíduo, necessitando nesse momento de ser somente assistido e protegido de seu próprio descontrole. Opta-se, nesse caso, por atuação fisioterapêutica em fase de abstinência, passado as crises de contenção. Para ainda, salientar a divisão de cada efeito causado por cada droga individualmente, comparando-os com a atuação fisioterapêutica, pode-se pontuar: ® Álcool Pode ser dividido em fases de níveis de álcool na corrente sanguínea: como em fase inicial ou baixa concentração, apresenta sensação de euforia, com desinibição do comportamento e da crítica, prejuízo das funções sensoriais, certa falta de coordenação motora. Já em nível médio, no sangue temos a fala pastosa com dificuldades na marcha, redução de reflexos e sonolência. No nível alto, o usuário tem náuseas e vômitos, diplopia (visão dupla), acentuação da falta de coordenação e da sonolência podendo evoluir para hipotermia e morte por parada cardíaca. 111 ALVES, Soraia; SILVERIO, Letícia Secinda Lima; GOMES, Charles Britto de Oliveira. Uma abordagem fisioterapêutica no tratamento de dependentes químicos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 100-119, Jan. 2013/Jun. 2013. Sua complicação crônica esta envolvida com a tolerância desenvolvida pela adaptação cerebral ao estímulo químico e faz dos sintomas descritos fatores crônicos na vida do usuário. Nas formas de tratamento, a fisioterapia pode contribuir com reabilitação das funções neurossensomotoras, bem como, coordenação, treino de equilíbrio e marcha, fatores estes acometidos ao usuário crônico. Além de inclusão de programas de atividades físicas e de relaxamento, buscando equilíbrio corporal e mental do acometido. ® Barbitúricose os Benzodiazepínicos Os Barbitúricos produzem diminuição da capacidade de concentração e raciocínio, sonolência e relaxamento e reflexos mais lentos. Em doses mais elevadas podem elevar a sonolência até o coma, e sendo uma droga que promove tolerância, o indivíduo necessita sempre de doses maiores. Sua abstinência causa insônia, irritação, agressividade, ansiedade, chegando a convulsões. Já os Benzodiazepínicos promovem diminuição da ansiedade, indução do sono, relaxamento muscular e redução do estado de alerta e decorrência disso diminuição em processos de aprendizagem e memória, função motora. Na abstinência parece-se com os Barbitúricos. Algumas das intervenções da fisioterapia pode ser um programa de massoterapia e relaxamento para redução da ansiedade, alongamentos, exercícios ativos leves, tendo progressão gradativa de intensidade, correção postural global e posicionamento correto para o sono. ® Opióides Nos Opiódes também chamados de narcóticos por produzir efeito de hipnose e analgesia, ocorre contração pupilar, diminuição da motilidade gastrointestinal, diminuição da concentração, torpor e sonolência, estes também deprimem o sistema respiratório podendo levar a complicações e morte. Seus efeitos na abstinência são náuseas e vômitos, cólicas intestinais e diarréia, cãibras, corrimento nasal e arrepios que podem durar 12 dias. Na sintomatologia exposta à fisioterapia dispõe de manobras de massagem gastrointestinal que melhora seu funcionamento e melhora da vascularização tecidual e muscular, treino respiratório, condicionamento físico com exercícios aeróbicos, bem como também diminuição da ansiedade e bem estar geral. ® Solventes ou Inalantes 112 ALVES, Soraia; SILVERIO, Letícia Secinda Lima; GOMES, Charles Britto de Oliveira. Uma abordagem fisioterapêutica no tratamento de dependentes químicos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 100-119, Jan. 2013/Jun. 2013. Inicialmente promove euforia, seguida de confusão e desorientação, em uma próxima etapa depressão com alucinações, diminuição dos reflexos, falta de coordenação motora, e em última etapa inconsciência, coma com possível morte. A preocupação do uso crônico é seu poder de destruir neurônios, lesões no fígado e arritmias cardíacas. Por ser muito barato e de fácil acesso, muito usado por moradores de rua ou até mesmo por crianças e jovens desse âmbito para se integrarem aos grupos. Sendo assim sabe-se que ao se incluir a um programa de tratamento, geralmente o indivíduo encontra-se em alto nível de debilidade, necessitando de avaliação geral para a identificação de pontos atingidos e cada qual deve ser atendido diante seu quadro individualizado. A fisioterapia no diagnóstico de arritmias cardíacas pode trabalhar exercícios para condicionamento vascular, com retorno venoso adequado e estabilização da frequência e débito cardíaco. Nas perdas neurais, com treino de coordenação e cognição que ajuda na recuperação da autonomia de atividades de vida diária. ® Anfetaminas Essas provocam taquicardia, aumento da pressão arterial, rapidez na fala, perda de apetite e sono, dilatação da pupila e sensação de euforia e menor fadiga, podendo incluir alucinações e delírios. E na sua abstinência desânimo e desmotivação, apresentando falta de energia. Estas de acordo com Pinsky (2009) conhecido pelos motoristas como “rebite” e pelos estudantes como “bolinha”. Nas causas decorrentes das anfetaminas, o desânimo e desmotivação pode ser combatido com a prática de atividades físicas de forma gradual, se possível terapia em grupo, assistido por um profissional fisioterapeuta com objetivo de socialização e redução de imobilismo e conseqüente depressão. ® Cocaína Sensação de intensa euforia, estado de excitação, hiperatividade, insônia, falta de apetite, perda da sensação de cansaço, nas alucinações e delírios caracteriza um estado psicótico. Apresentando um grande poder de dependência, na forma do Crack poucas vezes de uso é necessário para o vício. Em dosagens maiores provoca irritabilidade, aumento da temperatura e convulsões, elevação da pressão arterial que pode predispor a um infarto do miocárdio ou um acidente vascular encefálico AVE. Dentre as drogas a compulsão pelo uso do crack á tão grande que o indivíduo passa a “não se enxergar mais” e somente busca a droga, como corrobora Michel (2002): “A degradação 113 ALVES, Soraia; SILVERIO, Letícia Secinda Lima; GOMES, Charles Britto de Oliveira. Uma abordagem fisioterapêutica no tratamento de dependentes químicos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 100-119, Jan. 2013/Jun. 2013. corporal é rápida e visível e o indivíduo não se preocupa com isso, até sendo consciente do mesmo, diferente dos usuários dos outros tipos de droga”. Na fisioterapia a avaliação e tratamento das complicações respiratórias e cardiovasculares decorrentes da agressividade dessa droga deve-se ser enfatizadas, conforme sua exposição descontrolada a fatores agravantes, seguido de controle da ansiedade com prática de atividades físicas, lúdicas, massoterapia e medicinas alternativas, uma combinação de terapias de acordo com cada questão individual. ® Maconha Usado para promover relaxamento e menor fadiga com perturbação da sensibilidade de tempo e espaço, afeta nos estágios agudos interferindo na aprendizagem e memória, delírios e taquicardia, olhos vermelhos e diminuição da produção de saliva. Já nos estágios crônicos estado de desmotivação geral com problemas respiratórios decorrentes da agressiva fumaça produzida com teor de alcatrão e benzopireno (substância de agente cancerígeno). Tratamento fisioterapêutico das complicações respiratórias e de controle do stress, bem como um condicionamento físico com atividades esportivas traz um equilíbrio para a não recaída e a busca pelos efeitos relaxantes da droga. ® Alucinógenos Capazes de produzir alterações psíquicas, alucinações e delírios. Drogas que promovem distorções psicológicas com estados de exaltação e que na sua abstinência promovem uma depressão por parte do usuário, que passa a depender da droga para enfrentar o cotidiano. Nessa atuação fisioterapêutica pede-se uma intensificação nas terapias que diminuem a ansiedade e distúrbios psíquicos com terapias lúdicas de atividades físicas, dança e musicoterapia. ® Tabaco Embora sua maior aceitação social (cada vez menos), provoca efeitos devastadores como doenças cardiovasculares, respiratórios e diversas formas de câncer. E que possui uma síndrome de abstinência com irritabilidade, alteração no sono, ansiedade e diminuição da concentração. Ou como pontua Bessa (2009) manifesta-se na abstinência da nicotina a fissura ou desejo incontrolável pela droga, alegando que ao fumar a substância promove calma. As formas de desvincular a droga com grande dependência pode necessitar de intervenção que se condicionar o indivíduo em outros hábitos de vida, a fisioterapia junto a uma 114 ALVES, Soraia; SILVERIO, Letícia Secinda Lima; GOMES, Charles Britto de Oliveira. Uma abordagem fisioterapêutica no tratamento de dependentes químicos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 100-119, Jan. 2013/Jun. 2013. equipe interdisciplinar estimula, orienta e pode assistir práticas de atividades físicas aeróbicas, contribuindo e exigindo mais do sistema respiratório, reeducação postural global, estabilidade de padrão respiratório ideal, como prática de atividades de interação social e cultural. Fisioterapia na reinserção social A reinserção social é a capacitação do indivíduo na realização de suas tarefas e convivência com sua comunidade, sendo família, amigos e trabalho. Segundo OBID Observatório Brasileiro de Informações sobre as Drogas (2007) o uso abusivo das drogas promove a exclusão social do acometido, onde o início são os problemas sociais. É neste ponto que se encontra um dos grandes desafios dos profissionais da saúde na atualidade, pois quando se inicia um tratamento, o acometido se expõe à sociedade e entra em conflito com a mesma, com sentimentos de rejeição, culpa e insegurança. Por isso, os profissionais devem assumir uma postura acolhedora, uma atitude solidária e de conhecimento perante o problema, firmando assim já um vínculo positivo. Depois, tentar afastar o indivíduo de opções que o façam retornar às drogas. O profissional fisioterapeuta também faz parte dessa equipe, traçando uma conduta que incentiva e orienta esse paciente e sua família na sua reinserção. A família do dependente vai se encontrar em crises, portanto torna-se necessária uma mudança de hábitos e orientações dos profissionais envolvidos. O trabalho de inclusão social faz parte de uma reabilitação que busca solução para a dependência química, pois reinsere o indivíduo em uma nova vida, sem drogas. A orientação familiar se torna imprescindível, já que esta é um referencial de comportamento e atitude do indivíduo. Assim enquadra-se a proposta terapêutica de tratamento pós internação, onde o usuário participa de oficinas durante o dia, e retorna a noite para casa, e que tem o objetivo à reinserção aos poucos no convívio familiar e na sociedade. A prática de atividades e terapêuticas, cuja fisioterapia tem papel importante na equipe de profissionais, para a promoção de qualidade de vida a este indivíduo. Conforme ainda OBID (Observatório Brasileiro de informações sobre as Drogas, 2011) abrangendo as sistemáticas positivas e negativas da família em relação ao paciente têm: ® Comportamentos negativos ü Vigilância: perseguir para vigiar o paciente. 115 ALVES, Soraia; SILVERIO, Letícia Secinda Lima; GOMES, Charles Britto de Oliveira. Uma abordagem fisioterapêutica no tratamento de dependentes químicos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 100-119, Jan. 2013/Jun. 2013. ü Agravamento: dramatizar situações de risco, lapsos e recaídas vividas pelo paciente. ü Culpa: reprovar e recriminar as atitudes e iniciativas do paciente. ü Indiferença: fingir que não dá importância ao problema. ü Vitimização: fazer de si próprio uma vítima do paciente ou do seu problema. ü Passividade: submeter-se a chantagens ou ameaças do paciente. ® Comportamentos positivos ü Reconhecimento: valorizar pequenas conquistas. ü Disponibilidade: mostrar-se solidário e comprometido com o processo de recuperação. ü Diálogo: ouvir, discutir e refletir em conjunto com o paciente. ü Acolhimento: demonstrar afeto e compreensão pelo paciente e pela sua situação. ü Consciência da inexistência de soluções mágicas: a recuperação é um processo longo e gradativo. ü Limites: impor um mínimo de regras ou disciplina. Fonte: OBID (2011). Um projeto de vida que promova mudança nos hábitos com o estabelecimento de metas, contudo de fácil alcance no início, melhoram auto estima e a consciência de auto confiança. A reconstrução de uma rede social com atividades terapêuticas em grupo traz socialização. Alguma religião também é importante para a se acreditar em transformação de sonhos em projetos de vida e de sentimento de valorização intrapessoal. No âmbito profissional, de acordo com OBID (2011), a busca da inserção no mercado de trabalho deve ser observada de perto. Em virtude de algum aprimoramento profissional, um voluntariado ou serviços temporários deve ser encarado como uma etapa a ser alcançada. Contudo, os cuidados com a saúde física e psicológica englobam diferentes profissionais e, quanto mais áreas se preocuparem com essa problemática, mais completa e rápida será a reabilitação. O tratamento atual para dependência química Na observação das atividades atualmente trabalhadas com a dependência química, podese analisar que o impasse dos problemas sociais traz uma enorme carga, uma barreira a ser enfrentada pelos profissionais. A agravante exposição dos indivíduos aos confrontos diários, seus medos, promove uma fragilidade que só é vencida com terapias em longo prazo. 116 ALVES, Soraia; SILVERIO, Letícia Secinda Lima; GOMES, Charles Britto de Oliveira. Uma abordagem fisioterapêutica no tratamento de dependentes químicos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 100-119, Jan. 2013/Jun. 2013. O trabalho realizado está apenas “engatinhando” com as propostas terapêuticas apresentadas, pudera também a enorme problemática. A avaliação individual de cada acometido solicita uma análise detalhada e uma equipe maior de profissionais preparados nessa atuação, como: tratamento, desintoxicação, reabilitação e, ao mesmo tempo, reinserção social dos indivíduos, a qual demanda abordagens específicas. As clínicas particulares têm custos altos e, a maioria da população opta por comunidades terapêuticas. Estas de uma forma ampla trabalham a fase de desintoxicação realizando jejuns, orações e disciplina com regras impostas pela instituição, a fase aguda do problema, faltando inclusive embasamento científico nos procedimentos aplicados. Muitas dessas comunidades quanto ao uso de medicações ou avaliação profissional do estado físico, precisa encaminhar o paciente aos postos de atendimento público para consulta e prescrição, ou recebe visita deste profissional com data agendada, ou seja, não dispondo de pronto atendimento diário ou acompanhamento no local de reabilitação. Assim, há a necessidade de imposição dos órgãos públicos em oferecer mais formação e qualificação de profissionais preocupados com esse tema, bem como a devida inclusão de profissionais das diferentes áreas de atuação, no tratamento destes e nessas comunidades e instituições. Em uma dessas alternativas para abranger essa questão de saúde pública conta-se com o PROAD Programa de Orientação e Atendimento ao Dependente (2006), esse programa foi instituído no Brasil desde 1990, que trata-se de um programa de redução de danos provocados em decorrência da droga ao público dependente, como também para toda sociedade. Suas equipes saem as ruas com o intuito de orientar o uso de drogas, com o menor poder de agressividade possível, ou seja, diminuindo a incidência de doenças com HIV ou Hepatite provenientes do uso incorreto de injetáveis. Mesmo havendo controvérsias sobre uma forma de política de orientação quanto ao uso dessas substâncias por esses agentes, o objetivo deste no atendimento até mesmo daqueles que não aceitam tratamento, uma forma de aproximação e enfim uma redução nos índices de alastramento de doenças contagiosas em meio à sociedade. Conforme ainda o PROAD (2006) uma forma de ação preventiva contra doenças como o HIV, doença comum entre os usuários de drogas, a distribuição de seringas descartáveis e preservativos, bem como, orientações de uso trazendo um menor risco de contaminação e disseminação do vírus. Também como forma de redução de danos a distribuição de cachimbos de madeira para dependentes de Crack, para minimizar os efeitos provenientes do uso de latinhas de refrigerantes que soltam alumínio e prejudica ainda mais os pulmões do usuário, sem contar que chegando à corrente sanguínea vai para o cérebro causando danos ainda maiores. 117 ALVES, Soraia; SILVERIO, Letícia Secinda Lima; GOMES, Charles Britto de Oliveira. Uma abordagem fisioterapêutica no tratamento de dependentes químicos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 100-119, Jan. 2013/Jun. 2013. A visão do PROAD não é de se opor a abstinência as drogas, mas outra forma de atuação, essa iniciativa junto a dados do Ministério da Saúde constatou número de usuários que ao serem atendidos, mesmo sem querer tratamento, depois de intervenções estavam abandonando o uso. Considerações finais Ao longo do trabalho ressaltou-se que as drogas invadiram nosso contexto atual, apresentando índices alarmantes, atingindo a sociedade como um todo. A complexidade da problemática mostra que não se podem afastar as questões pertinentes ao meio em que este indivíduo vive, optando por abordar todos os aspectos que o cercam e buscando unir as forças para vencer esse mal, ou seja, uma equipe interdisciplinar de profissionais. O trabalho de prevenção deve ser mais intensificado com programas de educação em saúde nas escolas e centros comunitários; a criação de práticas de atividades físicas e de lazer com programas de interação familiar, o que pode trazer equilíbrio e ajudar a afastar esses problemas da população. O trabalho com apoio da família e amigos facilita o processo de reinserção social e contribui com o trabalho terapêutico das equipes de saúde. É imprescindível a atuação desses também na etapa pós internação para monitoramento e acompanhamento do indivíduo na construção de uma nova vida. Diante das diversas alterações e das incapacidades produzidas pela droga no organismo do drogadito, uma das mais difíceis de reverter e que impede do mesmo alcançar a cura é a dependência e a ausência de sua própria percepção corporal ao mundo externo, de sua autodestruição, anulando-se, e muitas vezes mesmo consciente do seu necessário tratamento, comete as recaídas e, o que se tinha ganhado em reabilitação, se perde. Essa recorrência é considerada um desafio aos novos estudos e aos profissionais envolvidos que procuram por uma transferência do foco do vício do dependente, como uma forma de impedir a retomada do paciente às recaídas. Nas terapias combinadas dos profissionais atuantes, a fisioterapia apresenta importante papel neste trabalho de diferentes manifestações fisiológicas no organismo do dependente químico e com isso contribui para o alcance de uma melhora em suas condições físicas e mentais com atuação direta em astenia, prostração, depressão, imobilismo, déficit neurossensomotores e cognitivos com percussão sócio-histórico-cultural, trazendo uma adequada reabilitação. 118 ALVES, Soraia; SILVERIO, Letícia Secinda Lima; GOMES, Charles Britto de Oliveira. Uma abordagem fisioterapêutica no tratamento de dependentes químicos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 08, 100-119, Jan. 2013/Jun. 2013. A atuação da fisioterapia nas três etapas dos níveis de prevenção, pode ser: Primária nos programas educativos de prevenção e orientação, bem como, incentivo e acompanhamento em atividades físicas para promoção de saúde e qualidade de vida. Secundária na atuação das comorbidades decorrentes do adoecimento do organismo do usuário e na Terciária com a reabilitação das funções comprometidas e efeitos crônicos das drogas, e/ou ainda no processo de reinserção social. Em suma, a realização desse trabalho trouxe uma aproximação com essa problemática e mostrou que todos podem contribuir. Não se pode deixar de salientar o poder de mutação das drogas, como novas combinações e formas de uso, o que requer a continuidade dos estudos, principalmente em fase de prevenção, para sempre estar um passo a frente, trazendo qualidade de vida para a sociedade. Referências bibliográficas AGUILLAR, L. R., & PILLON, S. C. Percepciónestentaciones de uso de drogas em personas que reciben tratamiento. Revista Latino-Americana de Enfermagem. 13 ed. 2005. ALMEIDA Renata Ap. C., CESTARI, Vinícius A. Fisioterapia aplicada à abstinência de dependência química: estudo de caso. 2009. AURELIO, B. F. de H.. 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Editor Responsável Edmar Aparecido de Barra e Lopes [email protected] 1 – Os trabalhos enviados para publicação deverão ser inéditos, não sendo permitida sua apresentação simultânea em outro periódico. De preferência redigidos em português, a REVISTA publicar eventualmente textos em língua estrangeira (inglês, francês, espanhol). 2 – Os originais serão submetidos apreciação do Conselho Editorial, após prévia avaliação do Conselho Consultivo, o qual poder aceitar, recusar ou reapresentar o original ao autor com sugestões para alterações. Os nomes dos relatores permanecerão em sigilo, omitindo-se também os nomes dos autores perante os relatores. 3 – Os artigos e comentários críticos devem ser apresentados com original e cópia e devem conter entre 10 (dez) e 18 (dezoito) laudas e 70 (setenta) toques de 30 (trinta) linhas. As resenhas devem conter 05 (cinco), os resumos de TCC 03 (três) e a entrevistas até 15 (quinze) laudas. 4 – Os originais devem ser encaminhados através do email: [email protected] (fonte Times New Roman, tamanho 12, entrelinha 1,5). 5 – Cada artigo deve vir acompanhado de seu título e resumo em português e inglês (abstract), com aproximadamente 80 palavras e título em inglês; e de, no máximo cinco palavraschave em português e inglês. 6 – No cabeçalho do original serão indicados o título (e subtítulo se houver) e o nome do(s) autores, com indicação, em nota de rodapé, dos títulos universitários ou cargos que indiquem sua autoridade em relação ao assunto do artigo. 7 – As notas do rodapé, quando existirem, deverão ser de natureza substantiva, e indicadas por algarismos arábicos em ordem crescente. As menções a autores, no decorrer do texto, devem subordinar-se ao esquema (Sobrenome do autor, data) ou (Sobrenome do autor, data, página). Ex.: (ADORNO, 1968) ou o ano serão identificados por uma letra depois da data. Ex.: (PARSONS, 1967ª), (PARSONS, 1964b). 8 – A bibliografia (ou referências bibliográficas) ser apresentada no final do trabalho, listada em ordem alfabética, obedecendo aos seguintes esquemas: a) No caso de livro: SOBRENOME, nome. Título sublinhado. Local de publicação, Editora, data. Ex.: GIDDENS, Anthony. Novas regras do método sociológico. Rio de Janeiro, Zahar, 1978. Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a pontuação. b) No caso de coletânea: SOBRENOME, Nome. Título não sublinhado. In: SOBRENOME, Nome, org. Título do livro sublinhado. Local de publicação, editora, data, p. ii-ii. Ex.: FICHTNER, N. A escola como instituição de maltrato infância. In: KRINSKY, S., org. A criança maltratada. São Paulo, Almeida, 1985. p. 87-93. Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a pontuação. c) No caso de artigo: SOBRENOME, nome. Título do artigo. Título do Periódico Sublinhado, local de publicação, número do periódico (número do fascículo): página inicialpágina final. Mês(es) e ano de publicação. Ex.: CLARK, D. A. Factors influencing the retrieval and control of negative congnotions. Behavior and Therapy, Oxford, 24(2): 151-9. 1986. Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a pontuação. d) No caso de tese acadêmica: SOBRENOME, Nome. Título da tese sublinhado. Local, data, número de páginas, dissertação (Mestrado) ou Tese (Doutorado). Instituição em que foi defendida. (Faculdade e Universidade). Ex.: HIRANO, Sedi. Pré-capitalismo e capitalismo: a formação do Brasil Colonial. São Paulo, 1986, 403 p. Tese (Doutorado). Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a pontuação. GUANICUNS III 2006 24-09-06.pmd 294 24/9/2006, 20:20 9 – Uma vez publicados os artigos remetidos e aprovados pelo Conselho Consultivo e pelo Conselho Editorial, A REVISTA, se reserva todos os direitos autorais, inclusive os de tradução, permitindo, entretanto, a sua posterior reprodução com transcrição e com devida citação da fonte. 10 – Os conceitos emitidos nos trabalhos serão de responsabilidades exclusiva dos autores, não refletindo obrigatoriamente a opinião do Conselho Consultivo e do Conselho Editorial. 11 – A REVISTA de caráter interdisciplinar e pretende se consolidar como um instrumento de reflexão crítica, contribuindo para dar visibilidade produção técnico-científica do corpo docente e discente da instituição. 12 – A REVISTA aceita colaborações, sugestões e críticas, que podem ser encaminhadas ao Editor, através do e-mail supracitado. 13 – Originais não aproveitados serão devolvidos, mas fica resguardado o direito do autor(a) em divulgá-los em outros espaços editoriais. Naturalmente toda a responsabilidade pelos artigos a seus respectivos autores. Endereço: Avenida Bandeirantes, n. 1140, Setor Leste CEP: 76.170-000/Caixa Postal: 07 Dúvidas:Tel/Fax: 62-81259000 E-mail: [email protected] Solicita-se permuta/Exchange desired.