mecanismos de deterioração de refratários
Transcrição
mecanismos de deterioração de refratários
Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO DE REFRATÁRIOS PELA AÇÃO DO COQUE EM UNIDADES DE CRAQUEAMENTO CATALÍTICO Flávio Augusto dos Santos Serra Engenheiro de Equipamentos MSc em Engenharia de Materiais pela UFSCar PETROBRAS/REPLAN. Victor Carlos Pandolfelli Professor Doutor do Departamento de Engenharia de Materiais Universidade Federal de São Carlos. Trabalho apresentado na 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos – COTEQ. Salvador/BA, agosto, 2002. As informações e opiniões contidas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade dos autores. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos SINÓPSE Numa unidade de craqueamento catalítico (UFCC) onde o lucro cessante diário pode ser medido em uma unidade de grandeza da ordem de 105 US$/dia é fundamental para o aumento da lucratividade a conjunção de campanhas operacionais longas e curtas paradas de manutenção. A primeira condição pode ser conseguida via um regime operacional estável e a segunda tratando os pontos críticos de manutenção, entre os quais sobressaem os reparos em refratários em termos de tempo gasto em manutenção. Um dos pontos críticos na área de manutenção de unidades UFCC nas unidades PETROBRAS tem sido a deterioração do refratário pela formação de coque, levando a reparos extensos e, conseqüentemente, a maiores tempos de manutenção. No passado este problema não ficou em evidência, mas com o advento do processamento de cargas mais pesadas e uma busca cada vez maior pela lucratividade (forçando a campanhas maiores e paradas mais curtas) o problema tem se tornado cada vez mais crítico. Com o objetivo de compreender melhor o mecanismo de deterioração de refratários pelo coque em unidades UFCC, foi gerado um projeto de mestrado para estudo do mecanismo de deterioração de refratários pelo coque em unidades UFCC. Os resultados deste projeto permitiram uma melhor compreensão dos mecanismos de dano e levaram a uma proposta de mudança da norma de refratários anti-erosivos. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos 1) INTRODUÇÃO: A deposição de coque nos refratários das unidades UFCC tem sido observada desde os primórdios da operação de tais unidades [1], embora o problema inicialmente não tenha sido considerado grave, pois a literatura da época [1] menciona que “não tem havido muitas evidências de rompimentos dos refratários”. Na PETROBRAS a deposição do coque tem sido observada no refratário do reator e dos riser´s e há registro de uma alteração das propriedades do refratário ao longo da operação decorrente da formação do coque que acompanha as reações de craqueamento. Os problemas associados a esta deposição se manifestam das seguintes formas: • • • • Expulsão do refratário da malha hexagonal [2]; Lascamento (spalling) das camadas superficiais do refratário [2,3]; Trincamento da solda da malha hexagonal com o casco do equipamento e sobreposição das duas seções resultantes [4]; Trincamento extensivo do refratário e queda do mesmo no caso de utilização de outros tipos de ancoragem que não malha hexsteel [2,4]. A deterioração do refratário associado ao coque tem sido observada na PETROBRÁS desde a década de 70. Inicialmente este problema foi percebido quando se notou a “expulsão” do refratário dos hexágonos da ancoragem. Posteriormente se observou que, além deste fenômeno, o próprio refratário tinha suas características alteradas (observou-se um aumento na resistência à compressão a temperatura ambiente, diminuição da porosidade e um aumento na massa específica aparente no material após exposição [5]) e que ocorria a formação do coque no espaço entre o refratário e a parede metálica [2]. Estes efeitos foram associados a: • • • Geração de tensões no refratário durante o resfriamento. Estas tensões ocorrem devido aos diferentes coeficientes de expansão do metal e do refratário; em operação a ancoragem se dilata mais que o refratário, gerando frestas que são preenchidas por coque. No resfriamento o acúmulo de coque nas frestas impede a contração da ancoragem metálica, gerando tensões no refratário [2]; Formação de coque internamente nos poros do refratário, gerando uma expansão do mesmo [2]; Tensões térmicas resultantes da modificação das propriedades do refratário pela deposição do coque, com a face em contato com os fluidos de processo (mais coqueificada) se comportando diferentemente da face mais interna (menos coqueificada) [6]. A literatura consultada [7] confirma a presença de tensões na malha hexagonal e as alterações nas propriedades físicas devido à formação do coque nos refratários (ver tabela 1). Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos Tabela 1-Propriedades de refratários novos (como recebidos) e coqueificados, adaptado da referência [7]. Alta Propriedade Estado do resistência Denso SemiIsolante material à erosão isolante Densidade Coqueificado 2,89 2,40 1,97 1,56 3 aparente (g/cm ) Novo 2,70 2,27 1,60 1,20 Resistência à Coqueificado 170 145 72-123 29,6 compressão (MPa) Novo 101 93,2 7,5-8,7 9,3 Porosidade Coqueificado 7,6 7,0 0,8-1,7 aparente (%) Novo 27,0 22,0 41,5 43,0 Resistência à erosão Coqueificado 2,9 3,16 6,5-7,9 (cm3) Novo 5,5-6,5 6,4 42,6 A deterioração do refratário pelo coque aparentemente está associada às cargas mais pesadas (resíduos) processadas, já que este problema se intensificou na época em que o uso deste tipo de carga iniciou-se. Este processamento de resíduos de maneira mais consistente no mundo, iniciou-se a partir da crise do petróleo em 1973 e das mudanças no perfil de consumo decorrentes [8], quando houve um aumento no consumo das frações mais leves do petróleo e uma diminuição no consumo das frações mais pesadas [9]. Na PETROBRAS este movimento levou ao surgimento do Programa de Craqueamento de Cargas Pesadas (programa PROCAP) que teve inicio em 1981, quando os registros de problemas com o refratário começaram a ter relevância [10]. É interessante notar que problemas de formação de coque nas linhas de vapor em unidades UFCC são percebidos desde os anos 70 [11], coincidentemente com a tendência mundial para processamento de cargas mais pesadas em unidades UFCC [8]. Com o agravamento dos problemas em refratários, foi iniciado, em meados da década de 80, um programa de capacitação que constou da vinda de um especialista em refratários dos Estados Unidos (Mr. Michael S. Crowley) e de uma missão ao exterior para capacitação tecnológica [12]. O resultado desde esforço foi uma melhor compreensão dos mecanismos e uma alteração na especificação dos refratários, em especial uma restrição ao teor de ferro. Apesar destes esforços, os mecanismos de deterioração ainda permaneceram obscuros e as tentativas de compreensão do fenômeno esbarraram nas experiências contraditórias das diversas refinarias da PETROBRAS (em algumas, um tipo de refratário apresentava um bom desempenho ao passo que, em outras, o mesmo material se deteriorava). 2) MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO DO REFRATÁRIO 2.1) Introdução Por muito tempo o mecanismo aceito de deterioração de refratários em unidades UFCC foi a decomposição do CO. A atmosfera do regenerador (contendo CO) e o arraste desta, junto ao catalisador regenerado, fizeram deste mecanismo uma opção natural. De fato, a evolução da norma N-1728, de sua revisão B (1983) para a revisão Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos F (1998), mostra que o teor máximo de Fe2O3 foi alterado de 3% para 1% (em locais sujeitos à formação de coque), revelando uma preocupação com um contaminante do refratário (óxido de ferro) associado à decomposição do CO. Entretanto, os resultados de experiências de campo recentes com material de ultra baixo teor de Fe2O3 (Concreto RS-8 da firma RESCO com teor de Fe 2O3 menor que 1,0%) não mostraram um desempenho superior àquele com o uso de materiais tradicionais [13], colocando dúvidas em relação à aplicabilidade do mecanismo de deterioração do CO. Portanto, além da abordagem tradicional, nesta seção explora-se uma nova rota de formação de coque, baseada nos dados de literatura sobre deposição de carbono em catalisadores. 2.2) Deposição de Carbono pelo CO O problema da degradação dos refratários pela formação do coque oriundo da decomposição do CO se manifesta pela deposição do coque internamente ao refratário [14] e tem sido relacionado ao teor de ferro presente no mesmo [14,15]. A deposição é descrita pela reação 2.1, cujos catalisadores podem ser: ferro, níquel e cobalto [16]. Tal reação ocorre na faixa de temperatura entre 300 a 700ºC [14], com maior taxa entre 450 a 600ºC [17]. Embora espontânea esta reação não ocorre facilmente na ausência de um catalisador [18]. 2CO → C + CO 2 (2.1) O papel do catalisador é fundamental na quebra da ligação C-O. Na superfície do catalisador, as moléculas de CO são adsorvidas, reagindo posteriormente com as moléculas de CO no gás. Esta reação permite a decomposição CO através da reação 2.2 [17]: [CO]ADSORVIDO + COGás → CO2 + Carbono Quanto à reação 2.1, uma primeira abordagem considera que o óxido de ferro e o ferro metálico seriam seus catalisadores [19]. Baseada nesta informação, a literatura [19] recomenda os seguintes teores de ferro e óxido de ferro para o refratário: Ø Teor de ferro: < 0,1% Ø Teor de óxido de ferro: <0,2% A visão de que o catalisador da reação 2.1 seria o óxido de ferro foi contestada já na década de 70, quando dados experimentais [20] mostraram que o ferro elementar era o catalisador, com o óxido de ferro e cementita não tendo virtualmente nenhum efeito catalítico. Resultados da literatura [17,18] confirmam que é o ferro metálico elementar (resultante da redução do óxido) o catalisador, com o ferro metálico não tendo um efeito catalítico muito expressivo [18]. Um estudo interessante [19], visando elucidar a formação de coque através da decomposição do CO, apresentou resultados de formação de coque para amostras de refratário, onde adições controladas de Fe2O3 e Fe 3O4 foram efetuadas. Embora no (2.2) Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos estudo não se tenha tido a preocupação de avaliar as fases presentes após a exposição, foi possível detectar o efeito negativo da redução do Fe2O3 para Fe 3O4, que é acompanhado por uma expansão de volume, a qual é máxima para temperaturas de 500ºC [21]. Desta forma, o mecanismo de deterioração do refratário através do ataque pelo CO pode ser explicado por: Ø Uma ação expansiva provocada pela deposição do carbono na matriz; Ø Uma ação expansiva provocada pela redução do Fe2O3 pelo CO. 2.3) Deposição do carbono através da reação com hidrocarbonetos 2.3.1) Deposição do carbono nos catalisadores Por absoluta falta de dados de literatura sobre mecanismos de deposição de carbono em refratários através de reações envolvendo hidrocarbonetos, fez-se necessário estudar a deposição do coque nos catalisadores de UFCC para tentar gerar informações que expliquem a deposição em refratários. Esta abordagem é facilitada pelo fato do catalisador ser também um material cerâmico. A deposição de coque no catalisador não é um mecanismo bem conhecido [22,23] e nem tem sido estudado com suficiente profundidade e rigor [24]. Apesar disto, o caráter aromático do depósito formado é mencionado com ênfase na literatura [23,25,26,27] . De fato, tanto Derouane [28]como Froment [24] apresentam modelos de formação de coque onde aparece a etapa de formação de um composto aromático. Este composto aromático, dito precursor, pode ser formado pelas seguintes rotas: a) Moléculas largas ou aglomerados de moléculas de asfaltenos1 ou de resíduos presentes na carga [29], com ponto de ebulição superior a 565ºC e com uma estrutura típica de anéis aromáticos fundidos [30]. Este alto ponto de ebulição faz com que sejam carregadas no estado liquido sobre ou dentro do catalisador para o regenerador, onde geram o coque [29]. b) Formados através de uma reação de DIELS-ALDER de olefinas com hidrocarbonetos insaturados [31,32] ou com um radical alil [33], em ambos os casos formando um composto cíclico que cresce através da reação de adição de olefinas [33]. Segundo Nohara e Sakai, em seu estudo sobre as reações de formação de coque na fase gasosa [33], a formação dos aromáticos 1 Asfaltenos são moléculas muito complexas que se acredita serem formadas de laminas de anéis poliaromáticos. A estrura molecular exata dos asfaltenos não é conhecida devido à complexidade das moléculas de aslfaltenos. Desta forma a definição de alfaltenos é baseada na sua solubilidade em determinados solventes. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos é grandemente atribuída a estes mecanismos em temperaturas abaixo de 600ºC. c) Aromáticos produzidos através de reações envolvendo íons carbenium produzidos de olefinas [34]. Um ponto em comum nas abordagens (b) e (c) é a presença de olefinas para a formação do precursor aromático (na abordagem (a) os núcleos aromáticos já estão presentes). Tais equações reforçam a afirmação de Gates et al [23], quando mencionam que as olefinas, na ausência de aromáticos, são necessárias para a formação do coque tanto como precursores do mesmo, como aceptores do hidrogênio liberado dos precursores do coque. Uma vez formados os aromáticos, estes por uma reação de condensação, geram os aromáticos de anéis fundidos, os quais, através de uma reação de desidrogenação, formam o coque. Dentre as rotas possíveis para a condensação temos: a polimerização de aromáticos, adição de diolefinas ou adição de um radical alil [35]. Destas reações, predominam para temperaturas abaixo de 600ºC as reações de adição de olefinas e ou de um radical alil [35]. A última etapa da formação do coque envolve a desidrogenação (remoção do hidrogênio). Nesta etapa a desidrogenação pode acontecer através de uma transferência de hidrogênio entre um aromático e uma olefina [23]. Wojciechowski e Corma [36] concluíram que, embora o mecanismo de formação de coque não seja bem conhecido, envolve a transferência de hidrogênio de espécies adsorvidas na superfície do catalisador para olefinas na fase gasosa. Conclusão semelhante chegou Scherzer [37], quando afirmou que a transferência de hidrogênio das espécies superficiais para olefinas exerce uma tarefa importante na formação do coque. Com base nas observações acima podemos ter uma visão geral do mecanismo de formação de coque, através das reações envolvendo hidrocarbonetos. Um precursor do coque é formado no meio gasoso, sendo posteriormente adsorvido na superfície do catalisador. Nesta superfície ocorre uma reação de desidrogenação com as olefinas existentes no meio gasoso. Salienta-se desta visão, o papel das olefinas como formadores dos precursores ou como elementos desidrogenantes, o que traz à tona a importância das reações de craqueamento térmico, já que estas reações geram grandes quantidades de oleofinas [38]. Sabendo-se que, no processamento de cargas pesadas, as reações de craqueamento térmico podem ocorrer no fundo do riser, devido às dificuldades de vaporização adequada da carga nesta região e às temperaturas mais elevadas do catalisador regenerado, estabelece-se o vínculo entre este processamento e o agravamento do problema da degradação do refratário pelo coque. Portanto, a conjunção de temperaturas mais elevadas no fundo do Riser e dificuldades de vaporização da carga nesta região levam ao craqueamento térmico e à produção de olefinas que irão participar da formação do coque nos refratários. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos 2.3.2) Papel dos sítios ácidos na formação do coque A formação do coque envolve basicamente duas etapas chaves: adsorção dos precursores e posterior desidrogenação destes. Um papel bem definido dos sítios ácidos na formação do coque é adsorver os precursores do coque, adsorção esta, tanto mais irreversível quanto mais forte for o sítio ácido [39]. Gates et al [23] salientam este ponto quando mencionam que o grau de acidez dos sítios ácidos presentes está diretamente ligado à taxa de formação do coque. Outro papel é a capacidade destes em participarem nas reações de desidrogenação [22]. Embora os catalisadores possam participar das reações de desidrogenação do processo de formação de coque, sua presença não é fundamental. Como já colocado por Reynier et al [40], o coque catalisa sua própria formação. Na referência [41] isto é destacado quando se menciona que “em temperaturas elevadas (> 300ºC) a formação do coque pode ser considerada como um processo de nucleaçãocrescimento”. 2.3.3) Alumina como catalisador Um ponto a ser questionado nas discussões acima seria a analogia entre o catalisador e o refratário. Pode-se esperar do refratário um comportamento catalítico similar ao das zeólitas? A questão, para ser respondida, deve atentar para o tipo de refratário que está sendo utilizado. Caso seja um refratário à base de alumina, esta questão pode ser respondida afirmativamente dependendo do grau de calcinação da mesma. A alumina totalmente calcinada (α-Al2O3) é um material inerte, ao passo que as aluminas de transição (γ e θ) são largamente utilizadas como catalisadores [42]. Esta relação entre o grau de calcinação e a atividade catalítica da alumina está diretamente ligada à presença de sítios ativos na superfície da mesma. Tais sítios são associados, segundo Knözinger e Ratnasamy [43], à presença de certos defeitos superficiais formados na desidroxilação do hidróxido de alumina (boehmita). De acordo com Peri [44], tais defeitos são formados acima de um determinado grau de dehidroxilação (67% de dehidroxilação), o que explica o fato da atividade catalítica intensa da alumina aparecer somente para temperaturas acima de 400ºC [45]. Para um melhor entendimento entre o grau de calcinação da alumina e a atividade catalítica é necessário compreender que a seqüência de transformação da alumina γ (gama) em alumina alfa (α) ocorre de forma relativamente suave. Primeiramente há uma redistribuição dos cátions de alumínio, com os íons oxigênio mantendo o subreticulado de íons oxigênio [46], numa fase intermediária ocorre a transformação deslocativa formando a fase θ (theta) e, finalmente, uma transformação reconstrutiva da fase θ (theta) para a fase α (alfa) [47]. Na primeira fase deste processo ocorre um rearranjo superficial que elimina os defeitos responsáveis pelos sítios catalíticos [48], explicando o decaimento da atividade catalítica para temperaturas maiores mencionado por vários autores [49,50]. Para temperaturas ainda maiores, Tanabe [51] mostra um novo aumento da atividade. Este pico de acidez em temperaturas elevadas está associado à presença da fase θ ou, talvez, a etapa de nucleação da fase α (de acordo com Burtin et al [52], o aparecimento da fase α envolve um processo de Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos nucleação e crescimento). Não existem informações claras sobre a origem desta acidez, mas pode-se supor que também esteja associada à defeitos superficiais. 4) CONCLUSÕES: A formação do coque em refratários não pode ser explicada somente pelo mecanismo de decomposição do CO. Outro mecanismo de formação do coque requer a presença de sítios ácidos nos refratários. A visão geral do processo de formação do coque pode ser simplificada na adsorção dos precursores do coque nos sítios ácidos do refratário e posteriores reações de dehidrogenação, envolvendo provavelmente as olefinas presentes no meio, formando coque, o qual cresce por um processo de nucleação e crescimento. Este, uma vez formado, gera tensões no material, resultando no aparecimento de trincas no mesmo. Isto torna o material refratário mais susceptível às tensões termomecânicas oriundas dos coeficientes de dilatação distintos, do metal e do refratário, ocorrendo daí as falhas. A presença dos sítios ácidos nos refratários está associada à alumina presente nos refratários, a qual, dependendo da sua temperatura de calcinação, pode ter uma acidez considerável. Mesmo a alumina α (alfa), tida como inerte, pode adsorver os precursores do coque, conforme demonstrado nos experimentos da referência [53]. Os estudos teóricos mostram que as aluminas calcinadas em temperaturas até 1200ºC ainda podem ter propriedades ácidas. Portanto recomenda-se que as aluminas utilizadas em refratários para unidades UFCC sejam calcinadas a temperaturas acima de 1400ºC eliminando-se a possibilidade de sítios ácidos que possam adsorver os precursores do coque. 5) BIBLIOGRAFIA 1 ROBSON, T. D. High-alumina cements and concretes. New York: John Wiley. 1962. 263 p. 2 GAZINI, F. T. et al. Reunião do grupo de MASP sobre deterioração do refratário nas unidades de UFCC. Paulínia: PETROBRÁS/REPLAN/SEDEQ, 1995. 3 STATEN, W. T. Vibration-cast refractory linnings for FCCU catalyst transfer lines. In: REFINERY AND PETROCHEMICAL PLANT MAINTENANCE CONFERENCE, 1985, Atlanta. Proceedings… [S.l.]: National Petroleum Refiners Association, [1985]. p. 1-8. Article MC-85-4. 4 GAZINI, F. T. Uso de malha flexmetal em ciclones de reator. In: ENCONTRO TÉCNICO SOBRE “REFRATÁRIOS E ISOLAMENTO TÉRMICO DO DEPIN”, 1., 1995, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: PETROBRAS/SEREC/CEN-SUD, 1995. Paginação irregular. 5 MONTEIRO, W. Estudo de caracterização do Korkast 60. In: ENCONTRO TÉCNICO SOBRE “REFRATÁRIOS E ISOLAMENTO TÉRMICO DO DEPIN”, 1., 1995, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: PETROBRAS/SEREC/CEN-SUD, 1995. Paginação irregular. 6 GAZINI, F. T. Comunicação pessoal. Março de 1998. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos 7 CROWLEY, M. S.; SCHACHT, C. A. A comparison of the thermo-mechanical properties of as “as installed” vs “coked filled” refractories for fluid catalytic cracking units. In: UNIFIED INTERNATIONAL TECHNICAL CONFERENCE ON REFRACTORIES: UNITECR’97, 1997, Lousiana. Proceedings…. [S.l.]: [UNITECR], 1997. p. 1643-1652. 8 OTTERSTEDT, J. E. et al. Fluid catalitic cracking of heavy (residual) oil fractions: a review. Applied Catalysis, v. 22, p. 159-179, 1986. 9 OELDERIK, J. M.; SIE, S. T.; BODE, D. Progress in the catalysis of the upgrading of petroleum residue: a review of 25 years of R&D on Shell´s residue hydroconversion technology. Applied Catalysis, v. 47, p. 1-24, 1989. 10 SOARES, M. P. A. M.; LOBO, A. C. O. Relatório de missão ao exterior: refratários antierosivos. Rio de Janeiro: PETROBRÁS/DEPIN/DIEQ/SESMAN, 1984. 11 BREVOORD, E.; WILCOX, J. R. Coke formation in reactor vapor lines of fluid catalytic cracking units. In: OCCELLI, M.L.; O´CONNOR, P. Fluid catalytic cracking III: materials and processes. [S.l.]: American Chemical Society, 1994. p. 110-117. Chapter 9. 12 INTRODUÇÃO. In: ENCONTRO TÉCNICO SOBRE “REFRATÁRIOS E ISOLAMENTO TÉRMICO DO DEPIN”, 1., 1995, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: PETROBRAS/SEREC/CEN-SUD, 1995. Notas de encerramento do evento. Paginação irregular. 13 BERNARDES, R. Falha por ação de coque em refratários de reatores de UFCC. In: ENCONTRO TÉCNICO SOBRE “REFRATÁRIOS E ISOLAMENTO TÉRMICO”, 3., 1999, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: PETROBRAS/SEREC/CEN-SUD, 1999. Paginação irregular. 14 MARTIN, C. BRWN Jr, J.J. CO disintegration of stainless stell fiber-reinforced refractory castables. The American ceramic Society Bulletin, v. 65, n. 7, p. 10471051, 1986. 15 CROWLEY, M. S. Known causes of, solution to, CFB-boiler refractory problems. Power, p. 54-57, Jan. 1992. 16 PARK, C.; RODRIGUES, N. M.; BAKER, R. T. K. Carbon deposition on ironnickel during interaction with carbon monoxide-hydrogen mixtures. Journal of Catalysis, v. 169, p. 212-227, 1997. 17 FILIPOV, S. The theory of metallurgical processes. Translated by G. Kittel. Moscow: MIR, 1975. 296 p. 18 XU, M. P.; BROWN Jr, J. J. Mechanism of iron catalysis of carbon monoxide decomposition in refractories. The Journal of American Ceramic Society, v. 72, n.1, p. 110-115, 1989. 19 CHIEN, Y. T. ; KO, Y-C Causes of refractory disintegration in a carbon monoxide environment. The American Ceramic Society Bulletin, v. 62, n. 7, p. 779-786, 1983. 20 TURKDOGAN, E.T.; VINTERS, J.V. Catalytic effect of iron on decomposition of carbon monoxide: Part I: carbon deposition in H2-CO mixtures. Metallurgical Transactions, v. 5, p. 11-19, Jan. 1974. 21 CHIEN, Y. T. ; KO, Y-C Causes of refractory disintegration in a carbon monoxide environment. The American Ceramic Society Bulletin, v. 62, n. 7, p. 779-786, 1983. 22 WOJCIECHOWSKI, B. W.; CORMA, A. Catalytic cracking. New York: Marcel Dekker, 1986. 236 p. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos 23 GATES, B. C.; KATZER, J. R.; SCHUIT, G. C. Chemistry of catalytic processes. [New York]: McGraw-Hill, 1979. 464 p. 24 FROMENT, G. F. Coke formation in catalytic processes: Kinetics and catalyst deactivation. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM [ON] CATALYST DEACTIVATION, 7., 1997, Cancun. Proceedings… Amsterdam: Elsevier Science, 1997. p. 53-68. 25 BARBIER, J. Deactivation of reforming catalyst by coking: a review. Applied Catalysis, v. 23, p. 225-243, 1986. 26 MASAI, M. et al. Enhanced graphitization of coke as a guide to coke formation process. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM [ON] CATALYST DEACTIVATION, 1980, Antwerp. Proceedings... Amsterdam: Elsevier Science, 1980. p. 261-270. 27 MAO, R. L. V. et al. Effects of the nature of coke on the activity and stability of hybrid catalyst used in the aromatization of ethylene and n-butane. Applied Catalysis A: General, v. 164, p. 81-89, 1997. 28 DEROUANE, E. G. Zeolite structure and hydrocarbon reactions. In: KETJEN CATALYSTS SYMPOSIUM’86, 1986, Scheveningen. Proceedings… Amersfoort: Akzo Chemie Ketjen Catalysts, [1986]. p. 1-16. 29 OTTERSTEDT, J. E. et al. Fluid catalitic cracking of heavy (residual) oil fractions: a review. Applied Catalysis, v. 22, p. 159-179, 1986. 30 LERNER, B. A. Resid processing in FCCUs: concepts and catalysts. International Journal of Hydrocarbon Engineering, v. 3, n. 3, p. 26-28, 1998. 31 BREVOORD, E.; WILCOX, J. R. Coke formation in reactor vapor lines of fluid catalytic cracking units. In: OCCELLI, M.L.; O´CONNOR, P. Fluid catalytic cracking III: materials and processes. [S.l.]: American Chemical Society, 1994. p. 110-117. Chapter 9. 32 ARAI, Y. Chemistry of powder production. Translated by R. J. Akers; C. R. G. Treasure, Cambridge: Chapman & Hall, 1996. 281 p. 33 NOHARA, D.; SAKAI, T. Kinetic study of model reactions in the gas phase at the early stage of coke formation. Industrial Engineering and Chemical Research, v. 31, p. 14-19, 1992. 34 TRIMM, D. L. Catalyst design for reduced coking (a review). Applied Catalysis, v. 5, p. 263-290, 1983. 35 KROES, B.; GROENENBOOM, C.J.; O’CONNOR, P. New zeolites in FCC. In: KETJEN CATALYSTS SYMPOSIUM’86, 1986, Scheveningen. Proceedings… Amersfoort: Akzo Chemie Ketjen Catalysts, [1986]. p. 1-14. Fluid catcracking. Article F1. 36 WOJCIECHOWSKI, B. W.; CORMA, A. Catalytic cracking. New York: Marcel Dekker, 1986. 236 p. 37 SCHERZER, J. Octane-enhancing zeolitic FCC catalysts. New York: Marcel Dekker, 1990. 249 p. 38 REYNIERS, M. S. G.; FROMENT, G. F. Influence of metal surface and sulfur addition on coke deposition in the thermal cracking of hydrocarbons. Industrial Engineering Chemical Research, v. 34, p. 773-785, 1995. 39 GUISNET, M.; MAGNOUX, P.; MARTIN, D. Roles of acidity and pore structure in the deactivation of zeolites by carbonaceous deposits. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM [ON] CATALYST DEACTIVATION, 7., 1997, Cancun. Proceedings… Amsterdam: Elsevier Science, 1997. p. 1-9. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos 40 REYNIERS, M. F.; TANG, Y.; MARIN, G. B. Influence of coke formation on the conversion of hydrocarbons II. i-butene on HY-zeolites. Applied Catalysis A: General, v. 202, p. 65-80, 2000. 41 GUISNET, M.; MAGNOUX, P.; MARTIN, D. Roles of acidity and pore structure in the deactivation of zeolites by carbonaceous deposits. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM [ON] CATALYST DEACTIVATION, 7., 1997, Cancun. Proceedings… Amsterdam: Elsevier Science, 1997. p. 1-9. 42 BOROSY, A. P. et al. Structure and bonding of bulk and surface θ-alumina from periodic Hartree-Fock calculations. Journal of Physical Chemistry, v. 98, p. 13189-13194, 1994. 43 KNÖZINGER, H. ; RATNASAMY, P. Catalytic aluminas: surface models and characterization of surface sites. Catalysis Review: science and engineering, v. 17, n. 1, p. 31-70, 1978. 44 PERI, J. B. A model for the surface of γ-alumina. Journal of Physical Chemistry, v. 69, n. 1, p. 220-230, 1965. 45 PERI, J. B. Infrared and gravimetric study of the surface hydration of γ-alumina. Journal of Physical Chemistry, v. 69, n. 1, p. 211-219, 1965. 46 RUBERTO, C. Metastable alumina fom theory: bulk, surface and growth of κAl2O3. 2001. 98 f. Ph.D. Thesis, Götheborgs Universitet. Sweden. Disponível em: <http://fy.chalmers.se/~ruberto/thesis.html>. Acesso em: out. 2001. 47 ZHOU, R.; SNYDER, R. L. Strutures and transformation mechanisms of the η, γ and θ transition aluminas. Acta Crystalographica, v. B47, p. 617-630, 1991. 48 BLONSKI, S.; GAROFALINI, S. H. Molecular dynamics study of silica-alumina inferfaces. Disponível em: <http://glass.rutgers.edu/slawek/Silica-alumina/silicaalumina.html>. Acesso em: out. 1999. Versão ampliada do artigo de mesmo título publicado em: Journal of Physical Chemistry, v. 100, p. 2201-2205, 1995. 49 GERMAIN, J. E. Catalytic conversion of hydrocarbons. London: Academic Press, 1969. 322 p. 50 KANIA, W.; JURCZYK, K. Acid-base properties of modified γ-alumina. Applied Catalysis, v. 34, p. 1-12, 1987. 51 TANABE, K. Solid acids and bases: their catalytic properties. Tokio: Kodansha Scientific Books, 1970. 175 p. 52 BURTIN, P. et al. Influence of surface área and aditives on the thermal stability of transition alumina catalyst supports. II: kinetic model and interpretation. Applied Catalysis, v. 34, p. 239-254, 1987. 53 NILSSON, P.; MASSOTH, F. E.; OTTERSTED, J. E. E. Catalytic cracking of heavy gas oil. Applied Catalysis, v. 26, p. 175-189, 1986.