Vitrina 1 «Esta jornada à terra do Egipto e à Palestina permanecerá
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Vitrina 1 «Esta jornada à terra do Egipto e à Palestina permanecerá
Vitrina 1 «Esta jornada à terra do Egipto e à Palestina permanecerá sempre como a glória superior da minha carreira.» Assim se refere Eça de Queirós à sua viagem, percebendo-se bem esse sentimento pela riqueza dos apontamentos tomados, que serviram até para a criação de A Relíquia, um dos seus mais imaginativos romances, onde a literatura de costumes se junta ao relato de viagem. Apresentam-se aqui, por empréstimo da Biblioteca Nacional, os originais dos cadernos de viagem da Alta Síria e da Palestina, os esboços de um mapa da Palestina e de uma planta de Jerusalém e as notas de viagem no Egipto. Acrescentam-se ainda as primeiras edições das obras publicadas neste âmbito: A Relíquia, Notas Contemporâneas e O Egipto: Notas de Viagem. Vitrina 2 Antes dos faraós, já havia Egipto. Leite de Vasconcelos soube ver nessa Época Pré-dinástica algumas afinidades com a Pré-História portuguesa. Adquiriu por isso no Cairo algumas paletas de lousa, que comparou com as placas de xisto das antas ou dólmenes. E recolheu também alguns objectos de alabastro e contas vítreas, que lembram os adornos e graais de calcário dos nossos hipogeus e os colares de tradição mediterrânica que também chegaram à Finisterra europeia portuguesa. Vitrina 3 Até inícios do século XX era comum a oferta e troca de colecções entre investigadores de países diferentes. Não se tratava de «grandes peças», as quais eram reservadas para o comércio de antiguidades, mas sim de objectos de estudo, de colecções comparativas. Aqui se mostram alguns exemplares de lucernas e vasos rituais de cerâmica do período romano no Egipto, oferecidos pelo Prof. Breccia, director do Museu de Alexandria, a Leite de Vasconcelos. Vitrina 4 Leite de Vasconcelos foi um dos mais famosos etnolinguistas da Europa no seu tempo. Não admira por isso que no Cairo tivesse especial interesse por objectos, por vezes bem modestos, mas que contivessem escrita. Estão neste caso as singelas tabuletas de múmias, provenientes de Akhmim, o fragmento de cerâmica (óstraco) e os fragmentos de papiro aqui apresentados, onde se registam as escritas demótica e copta. Incluem-se no mesmo universo de recolha as típicas estatuetas funerárias (chauabtis), de que se apresentam aqui duas, respectivamente em faiança e terracota, contendo inscrições hieroglíficas. Vitrina 5 O contacto de Leite de Vasconcelos com o Oriente não se iniciou com a sua visita ao Egipto e ao Congresso do Cairo em 1909, mas sim com a sua participação noutro Congresso Internacional, o de Atenas, em 1905, que lhe deu o ensejo de viajar também pela «Ásia antiga». Mas estas viagens não configuram exactamente o «Grand Tour» tão caro às elites culturais europeias, porque existiam em Leite de Vasconcelos motivações bem mais científicas e práticas, como seja a aquisição de colecções de antiguidades para o Museu. Tal é o caso dos objectos aqui apresentados, onde se salientam as tabuinhas com inscrições cuneiformes, o cilindro-selo assírio e os colares presumivelmente provenientes da Síria. Vitrina 6 As culturas antigas do Próximo Oriente interessaram profundamente ao grande erudito que foi Leite de Vasconcelos. As suas anotações revelam que adquiriu um conjunto significativo de objectos provenientes dessa região, os quais ainda apresentam, por vezes escrita a lápis, a sua origem. Estão neste caso as pequenas cabeças de terracota provenientes de Tanagra, a mais emblemática das necrópoles helenísticas da Grécia, tão populares que acabaram por dar o nome a este tipo de produção artística. As restantes figurinhas aqui expostas poderão ter sido provenientes da Ásia Menor, onde se encontraram também com grande abundância. Vitrina 7 «Nada nos educa como viajar» – afirmava Leite de Vasconcelos num dos seus livros de viagem. E na História do Museu Etnológico Português dizia: «Nestas viagens relacionei-me com arqueólogos notáveis, visitei museus e bibliotecas, vi monumentos: enfim, instruí-me o mais que pude, pois creio que convém a quem dirige um museu, como o Etnológico, ter alguma instrução». É este o contexto da participação que teve no Congresso de Arqueologia do Cairo, em 1909, e das deambulações que fez pela Europa mediterrânica. Apresenta-se aqui diversa documentação de viagem, com relevo para o passaporte com que foi ao Cairo e a medalha do Congresso, que aí lhe foi outorgada. Vitrina 8 Equipamentos fotográficos usados por José leite de Vasconcelos. Vitrina 9 Livro de entradas do Museu aberto na página onde está registado o fragmento arquitectónico do túmulo de Amen-nakht com uma inscrição hieroglífica (Império Novo, séculos XIII-XI a. C.), que Leite de Vasconcelos trouxe do Egipto em 1909.