“Vôo da Liberdade, vôo de uma alma”

Transcrição

“Vôo da Liberdade, vôo de uma alma”
Núcleo Espírita Universiátio – Rio de Janeiro
http://zap.to/neurj
“Vôo da Liberdade, vôo de uma alma”
Luiz Carlos D. Formiga, Rio de Janeiro ([email protected])
Revista Internacional de Espiritismo, LXXIV(5): 213-215, junho, 1999.
“Que Deus está conosco, em todas as circunstâncias, é
verdade indiscutível. Todavia, se você não estiver com Deus,
ninguém pode prever até onde descerá seu espírito, nos
domínios da intranquilidade e da sombra”.
André Luiz, Agenda Cristã, pelo médium Francisco Cândido Xavier.
“As Drogas e a Dependência Química”(1) é o título de um video produzido no Leon
Denis Vídeo Produções. Este é um tema que sempre nos aguçou a curiosidade, pela
extensão mundial da epidemia (admite-se que 2,5% da população mundial usa drogas) e
pela necessidade da visão multidimensional do tema.
O Centro Espírita Irmão Samaritano (C.E.I.S.), situado no Rio de Janeiro, reuniu
ex-usuários de drogas, seus familiares, espíritas profissionais de saúde e produziu um
documentário sobre a dependência química, com enfoque multidisciplinar, dinâmico em
alto nível técnico e com excelente qualidade de vídeo. É um esforço louvável.
Acreditamos que todas as casas espíritas deveriam assistí-lo. Além do benefício do
esclarecimento, da necessária conscientização, do urgente desafio da prevenção o
documentário oferece, ainda , uma exata idéia da complexidade do tratamento destes
pacientes.
Todos perceberão a questão das drogas como mais um fenômeno biopsicossocial e
espiritual.
Os compêndios de psiquiatria afirmam que para o estudo deste fenômeno não
podem ser esquecidos três pontos fundamentais: o encontro de uma personalidade com
uma droga psicotrópica, dentro de um certo grupo ou contexto socio-cultural.
No livro Dores, Valores, Tabus e Preconceitos(4) , na advertência que fizemos ao
leitor introduzimos a frase que ouvimos de um adolescente: “La na escola todo mundo
fuma maconha”. A generalização é inadequada, mas, dos 200 milhões de pessoas que
usam drogas no mundo, a maioria prefere a maconha ou o haxixe (130 milhões).
O saudosismo vai dizer que sou um velho professor “inativo” da UERJ, onde o trote
era integração. Quando cheguei à Universidade os veteranos me avisaram: “o trote é
doação de sangue, como você não tem peso nem altura não vai doar”. Fiquei muito feliz
pois assim escapava do trote. Porém, um outro atlético veterano com voz de “Zé Grosso”
falou-me: “mas, quem não doa vai tirar”. Foi a primeira aula prática de punção venosa.
Com que alegria observamos o líquido vermelho aprovar a minha técnica.
Uma de minhas filhas não teve a mesma sorte. Fui encontrá-la em um sinal de
trânsito, com as roupas trocadas, pelo avesso, pedindo esmola, para os veteranos da
medicina gastarem no bar. Nossos valores estão em baixa. O mal é audacioso e os
homens de bem continuam muito tímidos. No entanto, outros alunos entregaram o que
arrecadaram, em mantimentos, ao orfanato que indiquei. Precisamos agir contra o trote
violento, puro sadismo, apenas para humilhar, sem a finalidade integradora-pedagógica.
Calouros humilhados e apavorados podem oferecer reações inesperadas e
conseqüências graves precisam ser evitadas. Essas coisas acontecem quando o “caldo
de cultura” oferece condições ótimas de crescimento do micróbio veterano, patogênico
por excelência. Muitos deles poderão ser eleitos no futuro sem o voto consciente.
Um aluno veterano nos confidenciou, na universidade: “ o dinheiro arrecadado na
temporada de caça ao calouro é, pelo menos em alguns casos, gasto em álcool e
maconha”.
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A atuação da polícia na repressão ao tráfico não consegue apreender nem 20% das
drogas comercializadas em todo o mundo.
No artigo “Bwana nao góstar”, de Bob Fernandes, encontramos um relato de James
M. Derham, principal diplomata dos EUA no Brasil irritado com a Secretaria Antidrogas:
“A gente se vincular à SENAD, Secretaria Nacional Antidrogas, para combater as drogas
é uma bobagem. O Brasil não tem dinheiro para isso.” (Carta Capital, IV(98): 28-29, maio, 1999).
Por isso a visão destorcida do menino: “lá na escola todo mundo fuma maconha!”
O Dr. Sarinho, da Associação de Medicina e Espiritismo da Paraíba(7), diz que “o
narcotráfico, nome pomposo para o tráfico de drogas, é um animal monstruoso de mil
tentáculos e mil cabeças, espalhados pelo mundo”. Creio que a imagem surgiu quando
Sarinho, ouvindo uma notícia de TV, percebeu que os “mil cérebros” chegaram à
conclusão de que deveriam investir na infância e na adolescência. A estratégia, difícil
acreditar que seja verdade, seria utilizar “meninos de rua.” Com seu poder econômico
iriam tirar das ruas as crianças, abandonadas pela sociedade atual, matriculá-las nos
colégios particulares, fornecer uniformes, sapatos e livros e, após instruí-las, dar-lhes-iam
drogas, para que elas se tornassem seus intermediários. Difícil também de acreditar é a
notícia que narra a expectativa do narcotráfico em relação a aprovação da Lei do aborto.
Uma vez aprovado o genocídio eles comprariam e multiplicariam as “clínicas”. Bom
investimento, próspero negócio!
O Núcleo Universitário do Fundão sugeriu, ano passado, o voto consciente no seu
opúsculo. O leitor interessado pode ver as questões na RIE, LXXIII(8): 360, setembro,
1998, com o título: “Antes de votar pergunte ao seu candidato sobre o aborto”. Se estes
boatos tiverem um pingo de verdade, o Sarinho vai me perdoar, mas o monstro não tem
apenas mil cabeças!
O vídeo “do Irmão Samaritano” é espírita, mas a Codificação tem apenas 142 anos .
O movimento espírita ainda é um embrião em termos do viver como espíritas, como
referido por Luís de França, através da mediunidade de Ermance Dufax, na residência do
Prof. Rivail, no dia do lançamento de O Livro dos Espíritos(2).
Se procurarmos orientações, na vasta coleção de obras de escritores espíritas,
sobre a questão das drogas veremos que são escassos os títulos sobre este tema. Ainda
estamos adentrando num tópico diversificado e controvertido e devemos levar em
consideração que do tratamento à prevenção este é assunto que carece de verdade
científica única.
Para leitores infanto-juvenis, com boa divulgação, vemos o livro “De Olhos Bem
Abertos - A Realidade das Drogas”, da pedagoga Cléo de Albuquerque Mello(6). No seu
prefácio encontramos o enfoque do livro: “Cléo sabe, que quando o problema é drogas,
uma grama de prevenção pode valer mais do que uma tonelada de cura”. Isto nos
lembrou um dos casos descritos pelo Dr. Andrade, no livro “As Drogas e Suas
Consequências”(5). A jovem, proveniente de classe média-alta foi enviada para a
Inglaterra. Seu pai queria afastá-la das areias da praia do Arpoador e da maconha. Mas
na Inglaterra não era maconha, mas morfina mesmo. Quando o traficante constatou a
dependência “mudou o tom da voz: - De agora em diante eu só darei a sua droga se você
trabalhar para mim!”. O restante o leitor pode imaginar. Gostaria de sugerir a leitura de um
artigo que publicamos na Revista Fraternidade (Lisboa), 419: 149-154, maio, 1998, e que
pode ser encontrado, para cópia, no Boletim 294 do geae ( Grupo de Estudos Avançados
Espíritas), http://www.geae.org/. Seu título é “Sexo: Artigo de Compra e Venda”.
No video “O Vôo da Liberdade”(1) , falamos ligeiramente sobre o que a Doutrina
Espírita pode oferecer. O documentário discute diversas questões, destaquemos
algumas: como explicar a vulnerabilidade de determinadas pessoas diante das drogas?
As drogas podem trazer à tona instintos primitivos arquivados no inconsciente profundo?
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Que tipos de comportamentos poderiam ser explicados desta forma? Que tipo de
educação recebida pela criança pode favorecer seu consumo no futuro? Um indivíduo já
pode ser um “dependente” mesmo antes de usar a droga pela primeira vez? O tratamento
é demorado? Qual o valor dos grupos de Alcoólicos Anônimos e Narcóticos anônimos? É
difícil ajudar quem diz: “Eu não sou dependente. A hora que eu quiser deixar, eu deixo”?
A quimiodependência pode ser provocada por espíritos desencarnados? Por que pessoas
bem sucedidas na vida, executivos, artistas, consomem drogas? Como o Centro Espírita
pode ajudar na prevenção? E a família como vai?
Na questão da droga os extremos sociais se tocam, os muito pobres e os muito ricos
são irmanados. E o pior e que “nossas autoridades são impotentes, nossas polícias
despreparadas e nossos governantes não tomam uma decisão política sobre tão grave
situação” (7).
“Há quem argumente que a miséria é o principal responsável pelo estado caótico
em que se encontra a humanidade. Mas se a riqueza fosse suficiente para manter o
equilíbrio do homem, não teríamos suicídios e crimes entre as pessoas mais ricas”(8).
“As conquistas científicas e tecnológicas não foram capazes de, sozinhas, preencher
o vazio criado na civilização ocidental”(7). “se aprendermos a racionalizar a nossa vida,
constataremos que o carro de 30 mil ou o de 10 mil, nos levam ao mesmo lugar”. “A maior
vantagem de quem vive sem artifícios é que é uma pessoa de verdade. Não precisa se
preocupar em fazer tipos, tendo bolso de pobre e garganta de milionário”(8).
Com Celso Martins(5), na coordenação, surgiu o livro “As Drogas e Suas
Conseqüências” e não esquecemos da interface com a Sindrome de Imunodeficiência
Adquirida. “O grande investimento do momento não se faz na poupança, nem no CDB ou
na Bolsa de Valores. O melhor lugar para investir é na família”(8). No capítulo sobre
alcoolismo(5) comentamos que os estudos epidemiológicos, ao contrario da enfase
experimental, orientam-se para a estrutura geradora do fenômeno e que, em linhas
gerais, as taxas de consumo são mais elevadas nos países ricos, no subconjunto
populacional em que as famílias não são coesas.
O Video “O Vôo da Liberdade”(1) e o livro “O Vôo de uma Alma”(3), onde Freitas,
nos oferece um pequeno ensaio sobre um dos maiores valores literários e doutrinários do
Espiritismo no Brasil, a médium Yvone do Amaral Pereira, surgem no Centro Espírita
Leon Denis, no Rio de Janeiro, na mesma época e com títulos parecidos, mas qualquer
semelhança foi mera coincidência. Através da médium Nilva Salata Silva, no C.E.I.S., do
Além recebemos depoimentos (9).
Yvone Pereira continua ativamente trabalhando, como nos informa Freitas(3). O
Centro Espírita Leon Denis criou o Serviço de Atendimento aos Usuários de Drogas e
seus Familiares, com a sugestiva sigla “SAUD”, porque no combate às drogas, todos
podem ajudar. Seus colaboradores participam de cursos periódicos de reciclagem e
pessoas são recebidas respeitosamente, sem exigências, com garantia de sigilo e
privacidade. Da mesma forma são recebidas as mulheres grávidas, que estão sendo
pressionadas a abortar. Valorizando o momento mais sublime da vida, podemos entrar
em contacto com o Núcleo de Valorização da Gravidez do CELD, Centro Espírita León
Denis. O Núcleo oferece apoio emocional com objetivo de ouvir com muito carinho, sem
crítica ou condenação, qualquer pessoa envolvida com a gravidez que esteja se sentindo
pressionada e só. Divulgue este número: (021)452-2266. Ligue, todos os dias das 13 às
21 horas, ou vá conversar pessoalmente no mesmo horário, de segunda a sábado, na
rua Abílio dos Santos, 137 - Bento Ribeiro - Rio de Janeiro, RJ.
Não temos dúvida, usar drogas é suicídio. E o aborto?
É uma pena que notícias como estas não sejam amplamente divulgadas na mídia,
mas talvez tenhamos nossa parcela de culpa. Nas doenças infecciosas podemos
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encontrar um bom exemplo e por isso escrevemos na Revista de Pediatria o artigo:
“Difteria Iatrogenia da Omissão”(4b).
Suicídio, drogas, aborto e vacinação antitóxica são temas só aparentemente não
interligados. Pare para pensar.
Referências:
1. As Drogas e a Dependência Química. “O Vôo da Liberdade”. Léon Denis Vídeo Produções. C.E. Irmão
Samaritano. Rua José Sardinha 247. Sulacap. Rio de Janeiro. RJ. CEP 21741-120. Tel. (021)
357.51.53. Projeto Cristo Consolador.;
2. Carrara, O.P. No dia do lançamento. Revista. Internacional de Espiritismo, LXXIV (3): 128-129, abril,
1999;
3. Freitas, A.M. Yvonne do Amaral Pereira. “O Vôo de Uma Alma”. Edições Centro Espírita Léon Denis
(CELD). Rio de Janeiro. RJ. 1999;
4. Formiga, L.C.D. Dores, Valores, Tabus e Preconceitos. Edições CELD, RJ. RJ. 1996; 4b. Formiga, L.B.;
Formiga, L.C.D. & Gomes, R.O. 1994. Difteria Iatrogenia da Omissão. Pediatria Atual, 7(8): 27-31.
5. Martins, C.; Pastana, J.A.; Formiga, L.C.D; Andrade,O.M. & Silveira, R. As Drogas e Suas
Conseqüências. Editora Fonte Viva, BH. MG. P. 167. 1993;
6.Mello, C.A. De Olhos Bem Abertos. A Realidade das Drogas. Publicações Lachâtre. Niterói. RJ. 1998;
7. Sarinho, G.T. Revista. Internacional de Espiritismo, LXXIV (3): 128-129, abril, 1999;
8. Serrano,O.C. Onde Foi Que Eu Errei? Revista Internacional de Espiritismo, LXXIII(6): 261-262, julho,
1998;
9. Silva, N.S. Depoimentos do Além, Editora Fonte Viva, BH. MG.
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