CONSOLIDAÇÃO DA REPÚBLICA

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CONSOLIDAÇÃO DA REPÚBLICA
CONSOLIDAÇÃO DA REPÚBLICA - GOVERNOS MILITARES
Deodoro e Floriano (1891-1894)
Depois de elaborar a Constituição de 1891, a Assembleia Constituinte foi transformada em Congresso Nacional. Cabia agora
a esse órgão eleger os primeiros presidentes e vice-presidentes da república.
Nessas primeiras eleições, os políticos ligados aos cafeicultores de São Paulo apresentaram seus candidatos: o fazendeiro
Prudente de Morais para presidente e o marechal Floriano Peixoto para vice-presidente. Os setores militares insistiram,
porém, na candidatura de Deodoro para presidente e na do almirante Eduardo Wandenkolk para vice-presidente.
A legislação eleitoral desse período permitia que o eleitor votasse em candidatos de chapas diferentes para presidente e
vice.
Contando com a ajuda dos militares que pressionavam os congressistas, Deodoro conseguiu vencer as eleições por uma
diferença de apenas 32 votos sobre Prudente de Morais. O vice-presidente de Deodoro, entretanto, perdeu para Floriano
Peixoto por uma diferença mais expressiva, de 96 votos.
Embora tivesse vencido as eleições, o marechal Deodoro já não tinha apoio político suficiente para governar o país com
tranquilidade. Sofria a oposição dos grandes cafeicultores de São Paulo, que o acusavam de autoritarismo e o
responsabilizaram pela crise econômica provocada pelo encilhamento, a reforma financeira promovida por Rui Barbosa. Os
grandes cafeicultores dispunham de vários representantes no Congresso Nacional. Como não conseguia lidar com a
oposição parlamentar, Deodoro, em novembro de 1891, decidiu fechar o Congresso e prender seus principais líderes,
atitude que representava grave desrespeito à Constituição.
A oposição política organizou-se. Em protesto contra o autoritarismo do governo, os trabalhadores da Estrada de Ferro
Central do Brasil entraram em greve e, enquanto isso, membros da marinha — liderada pelo almirante Custódio José de
Melo — ameaçavam bombardear o Rio de Janeiro com os navios de guerra ancorados no porto, no episódio que ficou
conhecido como Primeira Revolta da Armada.
Diante dessa situação, Deodoro renunciou à presidência em 23 de novembro de 1891. Seu cargo foi ocupado pelo vicepresidente Floriano Peixoto.
O marechal Floriano Peixoto chegou ao poder apoiado pelas forças políticas de São Paulo e por influentes setores das
forças armadas. Entre suas primeiras medidas, destacaram-se o afastamento dos chefes de governo estaduais indicados
pelo governo anterior e a reabertura do Congresso Nacional.
Em pouco tempo, também o novo governo passou a sofrer forte oposição política. Os oposicionistas alegavam que outra
eleição deveria ser convocada, como determinava a Constituição. Entretanto, o novo presidente permaneceu no poder e
cumpriu até o fim o mandato iniciado por Deodoro.
Devido à sua maneira de enfrentar os adversários políticos, Floriano tornou-se conhecido como Marechal de Ferro. Mas a
oposição ao seu governo não diminuiu, motivando a Segunda Revolta da Armada e a Revolução Federalista.
Segunda Revolta da Armada
No Rio de Janeiro, o almirante Custódio José de Melo liderou a Segunda Revolta da Armada, em setembro de 1893: 15
navios da marinha, ancorados na baía de Guanabara, ameaçavam bombardear o Rio de Janeiro caso o presidente não
convocasse novas eleições. Os comandantes cumpriram a ameaça.
Apoiado pelo Partido Republicano Paulista (representante dos cafeicultores do estado) e utilizando as tropas do exército, o
governo conseguiu dominar os revoltosos e impor-se politicamente.
A Revolução Federalista
Ainda em 1893, no mesmo ano da Segunda Revolta da Armada, ocorreu no Rio Grande do Sul um violento conflito entre
dois grupos políticos, representados, de um lado, pelo Partido Republicano Gaúcho e, de outro, pelo Partido Federalista. O
Partido Republicano defendia o sistema presidencialista, apoiava Floriano Peixoto e era apoiado por ele. Já o Partido
Federalista, segundo o historiador Boris Fausto, defendia a instauração de um governo parlamentarista e a revogação da
Constituição do estado, concentrando mais poderes no Executivo.
Os federalistas uniram-se aos rebeldes da Armada, no Rio de Janeiro, e ameaçaram atacar o estado de São Paulo, cuja elite
política representava os cafeicultores e prestigiava o governo central.
A Revolução Federalista foi uma luta sangrenta, que provocou a morte de aproximadamente 10 mil pessoas e terminou
somente em 1895, no governo de Prudente de Morais, presidente eleito em 12 de março de 1894.
Nesse início de governo republicano, liderado por Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, revelou-se uma disputa política
que já existia antes da proclamação da República e na Assembleia Constituinte. Nessa disputa, de um lado, estavam aqueles
que desejavam um governo centralizado, cujas principais decisões nacionais partiriam da capital da república (Rio de
Janeiro, na época), e que tivesse um Poder Executivo forte (apoiado pelos militares, principalmente). De outro lado,
estavam aqueles que desejavam a descentralização das decisões e, por consequência, uma autonomia maior para cada
estado da Federação, isto é, queriam implantar o Federalismo, de fato. A Revolução Federalista revelou essa disputa de
maneira bem clara, com os federalistas lutando pela maior autonomia do Rio Grande do Sul.