Dissertação - PRPG - Universidade Federal da Paraíba

Transcrição

Dissertação - PRPG - Universidade Federal da Paraíba
UFPB
UEPB
UERN
UESC
UFAL
UFS
UFRN
UFS
UFPI
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
ADRIANA CARNEIRO TAVARES
ASPECTOS FÍSICOS, QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS DA ÁGUA
ARMAZENADA
EM CISTERNAS DE COMUNIDADES RURAIS NO SEMI-ÁRIDO PARAIBANO
Campina Grande - PB
2009
ADRIANA CARNEIRO TAVARES
ASPECTOS FÍSICOS, QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS DA ÁGUA
ARMAZENADA EM CISTERNAS DE COMUNIDADES RURAIS NO
SEMI-ÁRIDO PARAIBANO
Dissertação apresentada ao Programa Regional de PósGraduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente PRODEMA (UFPB/UEPB) como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em
Desenvolvimento e Meio Ambiente.
Orientadora: Profa. Dra Beatriz Susana Ovruski de Ceballos.
Campina Grande - PB
2009
ADRIANA CARNEIRO TAVARES
ASPECTOS FÍSICOS, QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS DA ÁGUA
ARMAZENADA EM CISTERNAS DE COMUNIDADES RURAIS NO
SEMI-ÁRIDO PARAIBANO
Orientadora: Profa. Dra Beatriz Susana Ovruski de Ceballos.
Campina Grande - PB
2009
É expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto na sua forma impressa como
eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida exclusivamente para fins acadêmicos e
científicos, desde que na reprodução figure a identificação do autor, título, instituição e ano da
dissertação
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL – UEPB
T231a
Tavares, Adriana Carneiro.
Aspectos, físicos, químicos e microbiológicos da água
armazenada e cisternas de comunidades rurais no semi-árido
paraibano [manuscrito]/ Adriana Carneiro Tavares, 2009.
169 f.: il. color.
Digitado.
Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio
Ambiente). Universidade Estadual da Paraíba, Programa de
Pós-Graduação e Pesquisa, 2009.
“Orientação: Profa. Dra. Beatriz Susana Ovruski de
Ceballos, Departamento de Biologia”.
1. Meio Ambiente. 2. Semi-árido.
Armazenagem. 4.Cisternas I. Título.
3.
Água
-
22. ed. CDD 333.7
Agradecimentos
A conclusão deste trabalho contou com a colaboração de muitas pessoas, às quais
expresso meus sinceros agradecimentos.
À Deus, por sua presença constante em minha vida, pelo auxílio nas minhas escolhas e conforto
nas horas difíceis.
Aos meus pais, Lourival Costa Tavares e Francilene Carneiro Tavares, por tudo que sou, por todo
amor, carinho e apoio incondicionais.
Aos meus irmãos Lorena, Leandro e Leonardo pelo apoio constante no cumprimento dos planos
de minha vida.
Ao meu querido Joelson por compreender minha ausência, principalmente na etapa final do
trabalho. Aprendemos juntos a superar as dificuldades, acreditando que tudo pode mudar, por
maiores que os problemas pareçam ser. Obrigada por sua amizade, carinho e amor que foram
fundamentais para eu continuar.
À Universidade Estadual da Paraíba – UEPB e Universidade Federal da Paraíba – UFPB
juntamente com a coordenação e secretaria do Curso de Pós- Graduação em Desenvolvimento e
Meio Ambiente – PRODEMA, pela oportunidade de realização do curso.
À Profa. Dra. Beatriz Susana Ovruski de Ceballos, pelos importantes ensinamentos tanto
científicos quanto pessoais. Por seu exemplo de profissionalismo como pesquisadora e por toda
dedicação e estímulo repassados ao decorrer deste trabalho. À você Bia, meu profundo
agradecimento.
Ao professor Dr. Carlos de Oliveira Galvão pelos valiosos ensinamentos e orientações no estudo
de água de chuva e no desenvolvimento desta pesquisa e pelo carinho com que me acolheu no
Laboratório de Hidráulica II da UFCG.
À todos os Professores que de alguma maneira contribuíram para minha formação, nas
disciplinas ministradas, na convivência e experiências transmitidas.
Aos membros da banca examinadora (Prof. Dr. José Etham de Lucena Barbosa, Prof. Dr. José
Tavares de Sousa, Profa.Dra.Annemarie Konig.) , pelas contribuições valiosas e pela maneira que
conduziram a defesa desta dissertação.
Em especial, aos colegas e amigos dos Laboratórios de Saneamento e Hidráulica II da UFCG por
todo o carinho a mim dispensado e apoio durante o curso, coletas e experimento.
À todas as pessoas não citadas que de alguma maneira contribuíram para minha formação e
realização deste projeto.
Ao DAAD (Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico), pelo apoio financeiro ao longo de
dois anos de mestrado e aos Laboratórios de Saneamento e Hidráulica II da UFCG, pelo apóio na
realização desta pesquisa.
“A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua
utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação
de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.”
(Art. 7º da Declaração Universal dos Direitos da Água)
Resumo
TAVARES, Adriana Carneiro. Aspectos físicos, químicos e microbiológicos da água
armazenada em cisternas de comunidades rurais no semi-árido paraibano. Campina Grande
– PB: PRODEMA/ UFPB/ UEPB, 2009.
A escassez de água potável para consumo humano é um dos principais problemas para a
sobrevivência e melhoria na qualidade de vida das populações rurais do Semi-Árido Brasileiro
(SAB), assim como para sua própria fixação no campo. As cisternas caseiras são soluções
alternativas para a convivência com as características naturais dessa região, estimulando as
famílias a permanecerem em suas terras e garantindo o suprimento de água de boa qualidade para
o consumo humano. Entretanto a ausência de manutenção dos sistemas de captação e
armazenamento de água de chuva (SCAAC) e a falta de manejo adequado da água têm
desvirtuado os princípios norteadores de programas governamentais e de ONGs, como o
Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semi-Árido: Um Milhão
de Cisternas Rurais (P1MC). Nesta pesquisa é apresentado o diagnóstico da qualidade da água
armazenada em cisternas de famílias beneficiadas com SCAAC em São João do Cariri e no
Assentamento Paus Brancos no semi-árido paraibano, considerando as características de
construção e manutenção dos sistemas de captação e armazenamento, nos aspectos físicos,
higiênicos e de manejo ao longo da época de seca e de chuva, típicas do SAB. Também se fez
observações sobre as principais fontes de água usadas pelas famílias e seus usos. Os resultados
permitem concluir que as comunidades com maior nível de educação formal e desenvolvimento
social manejam de forma mais apropriada os SCAAC. Entretanto, diversas cisternas recebem
água de carros-pipas, distribuída pelo Exército na estiagem, que se mistura a água acumulada
durante a época chuvosa. As águas misturadas apresentam qualidade inferior àquelas provindas
apenas de água de chuva. A contaminação microbiológica é o principal fator de deterioração
dessas águas, enquanto que as variáveis físicas e químicas tendem a satisfazer o VMP da Portaria
Nº 518/2004-MS. Vários fatores contribuíram para a contaminação, todos associados ao manejo
do sistema. Naquelas que só armazenaram água de chuva, se observou áreas de captação sujas
(tetos das residências) e das calhas e dos dutos em geral, ausência de dispositivos de desvio das
primeiras águas de chuva, cisternas mal tampadas e uso de baldes e latas para retirada da água
das cisternas. A bomba manual, importante barreira sanitária para evitar ou diminuir a
contaminação, é pouco usada pela sua fragilidade e baixo rendimento. A necessidade de
abastecimento com água de carro-pipa, quando deveria ser apenas de chuva, relaciona-se
principalmente com o uso inadequado dessas águas, que deveriam ser destinadas apenas para
beber, cozinhar e higiene pessoal. Outra causa é o seu consumo por famílias com mais de cinco
pessoas, como foi originalmente calculado pelo PIMC, o que levou a definir cisternas com 16.000
L de capacidade como suficientes para satisfazer as demandas básicas de uma família padrão.
Famílias com mais membros devem completar o volume com água de caminhões pipa, sem
garantia de qualidade, outras retornam a buscar água nas fontes tradicionais (açudes e olhos
d’água); diante disso se perde parte dos êxitos sociais obtidos com os programas de construção de
cisternas no SAB.
Palavras-chave: Semi-árido, Cisternas, Manejo, Qualidade de água.
Abstract
TAVARES, Adriana Carneiro. Aspectos físicos, químicos e microbiológicos da água
armazenada em cisternas de comunidades rurais no semi-árido paraibano. Campina Grande
– PB: PRODEMA/ UFPB/ UEPB, 2009.
The shortage of potable water for human consumption is one of the main problems
affecting the survival and improvement of quality life of the rural population of the semi-arid
region of Brazil (SAB), indeed the continuing existence of rural communities. The construction
of homemade cisterns is one of the alternative solutions for living with the natural characteristics
of this region, stimulating the rural families to stay on their land with a guaranteed supply of
good quality drinking water. The absence of maintenance of these systems to capture and store
rainwater (SCAAC) and a lack of adequate management of the water has disenchanted
government organizers programmes and of NGO’s such as the programme for Social Formation
and Mobilization for the betterment of the Semi-arid: A million rural cisterns (P1MC). This
research presents a diagnosis of the water quality of cisterns (SCAAC), benefiting families in São
João do Cariri and of the Agreement of Paus Brancos in the semi-arid region of Paraiba. It
considers the characteristics of the construction and maintenance of these systems, physical
aspects, hygiene and management practices during the dry and rainy seasons typical of the SAB.
Observations were also made on the principle sources of water used by the families and how it
was utilized. The results showed that communities with a better level of formal education and
social development managed the SCAAC most appropriately. However, various cisterns received
water via tankers distributed by the army that was mixed with rainwater accumulated during the
rainy season. These mixed waters showed inferior quality compared to the stored rainwater.
Microbiological contamination was the principal cause of the deterioration of this water,
however, the physical and chemical variables tended to satisfy the VMP of regulation No.
518/2004-MS. Various factors contributed to the contamination, all were associated with the
management of the system. In the cases where only rainwater was stored it was observed that the
areas of capture namely the roofs and guttering of the houses were dirty and the pipe work, in
general, had no means of diverting the first rains away from the cistern. Cistern lids were ill
fitting and buckets and cans were used to remove water from the cisterns. A hand pump, an
important sanitary barrier to contamination was little used because of its fragility and cost.
The necessity to store water from tankers during the dry season was a principal cause of
the inadequate use of this water that should be destined for drinking, cooking and personal
hygiene. Another cause was the consumption of this water by families with more than five
members when it was originally calculated by the P1MC to transport 16,000 L for each cistern to
satisfy the demands of a so-called “standard” family. Larger families needed to complete the
quantity of water required from water tankers without a guarantee of water quality, or by
returning to fetch water from traditional sources (Lakes and springs) with a resulting loss of some
of the social benefits with the programmes of construction of Cistern in the SAB.
Keywords: Semi-arid, Cisterns, Management, Water quality.
Trabalho realizado com apoio de:
• CT-HIDRO - Fundo Setorial de Recursos Hídricos.
• FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos.
• DAAD - Deutscher Akademischer Austauchdienst (Serviço de Intercâmbio
Acadêmico Alemão).
Sumário
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
2.2 Objetivos específicos
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Situação da água a nível global, nacional e regional
3.2 O semi-árido Brasileiro
3.3 Convivência com o semi-árido brasileiro
3.4 Captação e aproveitamento de água de chuva
3.5 Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC)
3.6 Cisternas de placas
3.7 Dimensionamentos da cisterna
3.8 Fatores que interferem na qualidade da água da chuva
3.9 Proteção sanitária das cisternas
3.10 Padrões de qualidade para água de chuva armazenada em cisternas
3.11 A legislação sobre água de chuva
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1Diagnóstico
4.2 Caracterização dos locais de estudo
4.2.1 São João do Cariri
4.2.2 São José do Sabugí
4.2.3 Assentamento Paus Brancos
4.3 Diagnóstico do contexto social, econômico e cultural
4.4 Seleção dos sistemas de captação e armazenamento de água de chuva
para o monitoramento qualitativo sistemático
4.5 Período da pesquisa e procedimentos de coleta
4.5.1 Amostras para análises físicas e químicas
4.5.2 Amostras para análises microbiológicas
4.6 Técnicas analíticas dos parâmetros microbiológicos
4.6.1 Determinação de coliformes totais e Escherichia coli: Teste com substrato
cromogênico
4.6.2 Determinação de Bactérias Heterótrofas Mesófilas: Técnica de Pour Plate
(vertido em placa)
4.6.3 Determinação de Estreptococos fecais: Técnica da membrana filtrante
4.6.4 Determinação de Salmonella sp: Técnica por membrana filtrante
4.6.5 Determinação de Salmonella sp: Técnica de inoculação direta
4.7 Dados climatológicos
4.8 Análise estatística e apresentação gráfica dos dados para os questionários
Sócio-econômicos e para as cisternas monitoradas
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
24
29
29
29
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71
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73
11
5.1 Análise das condições sócio- econômicas das comunidades estudadas
73
5.2 Avaliação dos sistemas de captação de água de chuva selecionados pela
análise de agrupamento
80
5.3 Parâmetros físicos e químicos e microbiológicos da água armazenada nas
cisternas
91
6. CONCLUSÕES
7. RECOMENDAÇÕES
8. REFERÊNCIAS
ANEXOS
126
128
129
144
12
Lista de Figuras
Figura 1- Região semi-árida
33
Figura 2: Cisternas de placa
42
Figura 3: Localização de São João do Cariri, no estado da Paraíba.
57
Figura 4: Localização do município de São José do Sabugi, no estado da Paraíba.
57
Figura 5: Localização do Assentamento de Paus Brancos no município de
Campina Grande – PB.
58
Figura 6: Porcentagem das famílias entrevistadas nos três municípios e
distribuição por comunidade.
59
Figura 7: Critérios utilizados para selecionar cisternas semelhantes pela análise
de agrupamento
60
Figura 8: Fluxograma de identificação e quantificação de coliformes totais e
Escherichia coli pela técnica do substrato cromogênico.
65
Figura 9: Fluxograma de quantificação de Bactérias Heterotróficas Totais pela
técnica de Pour Plate.
66
Figura 10: Dispositivo de filtração
67
Figura 11: Fluxograma de identificação e quantificação de Estreptococos fecais
pela técnica da membrana filtrante.
67
Figura 12: Disposição dos equipamentos utilizados na filtração das amostras de
água na pesquisa de Salmonella sp.
68
Figura 13: Fluxograma de isolamento e identificação de Salmonella sp em
amostras de água pela técnica da membrana filtrante.
70
Figura 14: Fluxograma de isolamento e identificação de Salmonella sp em
amostras de lodo.
71
Figura 15: Abastecimento com água encanada nas três comunidades em estudo.
76
Figura 16: Abastecimento com água de carro – pipa nas três comunidades em
estudo.
79
13
Figura 17: Tratamento da água de beber nas três comunidades em estudo.
79
Figura 18: Identificação visual das cisternas selecionadas nas comunidades de
São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba
85
Figura 19: Distribuição mensal da cor aparente, nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de
dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva:
cisternas abastecidas somente com água de chuva.
91
Figura 20: Gráficos “box=whisker” da cor aparente no período seco (dez/07mar/08; Ago/08 - dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB.
92
Figura 21: Gráficos “box=whisker” da cor aparente segundo o tipo de água
armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades
de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro
/08.
93
Figura 22: Distribuição mensal da turbidez, nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de
dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva:
cisternas abastecidas somente com água de chuva.
93
Figura 23: Gráficos “box=whisker” da turbidez no período seco (dez/07- mar/08;
Ago/08 - dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB.
94
Figura 24: Gráficos “box=whisker” da turbidez segundo o tipo de água
armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades
de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro
/08
94
Figura 25: Distribuição mensal da temperatura, nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de
dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva:
cisternas abastecidas somente com água de chuva.
95
Figura 26: Gráficos “box=whisker” da temperatura no período seco (dez/07mar/08; Ago/08 -dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB.
95
Figura 27: Distribuição mensal do oxigênio dissolvido, nas águas de oito
cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no
período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção.
96
14
Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
Figura 28: Gráficos “box=whisker” do oxigênio dissolvido no período seco
(dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito
cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB.
96
Figura 29: Gráficos “box=whisker” do oxigênio dissolvido segundo o tipo de
água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de
dezembro/07 a dezembro /08.
97
Figura 30: Distribuição mensal de DBO, nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de
dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva:
cisternas abastecidas somente com água de chuva.
97
Figura 31: Gráficos “box=whisker” de DBO segundo o tipo de água armazenada
na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João
do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08.
98
Figura 32: Distribuição mensal de DQO, nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de
dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva:
cisternas abastecidas somente com água de chuva.
98
Figura 33: Gráficos “box=whisker” de DQO no período seco (dez/07- mar/08;
Ago/08 -dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB.
99
Figura 34: Gráficos “box=whisker” de DQO segundo o tipo de água armazenada
na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João
do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08.
99
Figura 35: Distribuição mensal do pH, nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de
dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva:
cisternas abastecidas somente com água de chuva.
100
Figura 36: Gráficos “box=whisker” do pH no período seco (dez/07- mar/08;
Ago/08 - dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB.
100
Figura 37: Gráficos “box=whisker” de pH segundo o tipo de água armazenada na
cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do
Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08.
101
15
Figura 38: Distribuição mensal da alcalinidade, nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de
dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva:
cisternas abastecidas somente com água de chuva.
102
Figura 39: Gráficos “box=whisker” da alcalinidade no período seco (dez/07mar/08; Ago/08 -dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB.
102
Figura 40: Gráficos “box=whisker” de alcalinidade segundo o tipo de água
armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades
de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro
/08.
103
Figura 41: Distribuição mensal de dureza total, nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de
dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva:
cisternas abastecidas somente com água de chuva.
104
Figura 42: Gráficos “box=whisker” de dureza total no período seco (dez/07mar/08; Ago/08 -dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB.
104
Figura 43: Gráficos “box=whisker” de dureza total segundo o tipo de água
armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades
de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro
/08.
105
Figura 44: Distribuição mensal da condutividade elétrica, nas águas de oito
cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no
período de dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de
construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
106
Figura 45: Gráficos “box=whisker” da condutividade elétrica no período seco
(dez/07- mar/08; Ago/08 -dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito
cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB.
106
Figura 46: Gráficos “box=whisker” da condutividade elétrica segundo o tipo de
água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de
dezembro/07 a dezembro /08.
107
Figura 47: Distribuição mensal da salinidade, nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de
dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva:
107
16
cisternas abastecidas somente com água de chuva.
Figura 48: Gráficos “box=whisker” da salinidade no período seco (dez/07mar/08; Ago/08 -dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB.
108
Figura 49: Gráficos “box=whisker” da salinidade segundo o tipo de água
armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades
de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro
/08.
108
Figura 50: Distribuição mensal de SDT, nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de
dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva:
cisternas abastecidas somente com água de chuva.
109
Figura 51: Gráficos “box=whisker” de SDT no período seco (dez/07- mar/08;
Ago/08 -dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB.
110
Figura 52: Gráficos “box=whisker” de SDT segundo o tipo de água armazenada
na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João
do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08.
110
Figura 53: Distribuição mensal de cloretos, nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de
dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva:
cisternas abastecidas somente com água de chuva.
111
Figura 54: Gráficos “box=whisker” de cloretos no período seco (dez/07- mar/08;
Ago/08 -dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB.
112
Figura 55: Gráficos “box=whisker” de cloretos segundo o tipo de água
armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades
de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro
/08.
113
Figura 56: Distribuição mensal de N-amoniacal, nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de
dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva:
cisternas abastecidas somente com água de chuva.
114
Figura 57: Distribuição mensal de nitrito nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de
dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva:
114
17
cisternas abastecidas somente com água de chuva.
Figura 58: Distribuição mensal de nitrato, nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de
dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva:
cisternas abastecidas somente com água de chuva.
115
Figura 59: Distribuição mensal de Bactérias Heterótrofas Totais nas águas de
oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no
período de dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de
construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
118
Figura 60: Gráficos “box=whisker” de Bactérias Heterótrofas Totais no período
seco (dez/07- mar/08; Ago/08 -dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito
cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB.
119
Figura 61: Gráficos “box=whisker” de Bactérias Heterótrofas Totais segundo o
tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de
dezembro/07 a dezembro /08.
119
Figura 62: Distribuição mensal de coliformes totais, nas águas de oito cisternas
das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de
dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva:
cisternas abastecidas somente com água de chuva.
120
Figura 63: Gráficos “box=whisker” de coliformes totais no período seco (dez/07mar/08; Ago/08 - dez/08) e chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas
das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB.
120
Figura 64: Gráficos “box=whisker” de coliformes totais segundo o tipo de água
armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades
de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro
/08.
121
Figura 65: Distribuição mensal de Escherichia coli, nas águas de oito cisternas
das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de
dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva:
cisternas abastecidas somente com água de chuva.
121
Figura 66: Gráficos “box=whisker” de Escherichia coli no período seco (dez/07mar/08; Ago/08 - dez/08) e chuvoso ( abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas
das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB.
122
18
Figura 67: Gráficos “box=whisker” de Escherichia coli segundo o tipo de água
armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades
de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro
/08.
122
Figura 68: Distribuição mensal de estreptococos fecais nas águas de oito
cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no
período de dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de
construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
123
Figura 69: Gráficos “box=whisker” de estreptococos fecais no período seco
(dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08) e chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito
cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB.
123
Figura 70: Gráficos “box=whisker” de estreptococos fecais segundo o tipo de
água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de
dezembro/07 a dezembro /08.
124
19
Lista de Quadros
Quadro 1: Padrão Microbiológico de Potabilidade da água para consumo humano.
51
Quadro 2: Parâmetros a serem analisados nas coletas de análises de séries curta e
completa
61
Quadro 3: Resultados dos testes bioquímicos para Salmonella sp.
69
Quadro 4: Distribuição do rendimento da família por tipo
instrução/escolaridade do chefe da família nas três comunidades em estudo.
de
73
Quadro 5 : Ocupação das famílias nas três comunidades em estudo.
75
Quadro 6: Características que influenciaram na formação dos agrupamentos
segundo dados dos questionários sócio-econômicos.
81
Quadro 7: Características das oito cisternas selecionadas para monitoramento
qualitativo segundo as informações dos questionários aplicados em campo.
83
Quadro 8: Características das oito cisternas selecionadas para monitoramento
qualitativo após conferir in locu através de visitas de campo.
84
Quadro 9: Abastecimento das cisternas com carro-pipa no período de
dezembro/07 a agosto/08.
89
Quadro 10: Teste de normalidade dos parâmetros de qualidade avaliados nas
águas armazenadas em oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e
Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08.
165
Quadro 11: Volume Máximo Permitido pela Portaria 518/2004-MS para série
nitrogenada.
114
20
Lista de Tabelas
Tabela 1: Parâmetros Analisados nas Amostras de Água e Metodologia
63
Tabela 2: Origem da água usada pelas famílias para higiene pessoal e limpeza da
77
residência nas três comunidades em estudo.
Tabela 3: Estatística descritiva da qualidade da água das quatro cisternas distribuídas
159
no Assentamento Paus Brancos - PB no período de dezembro/2007 a dezembro /2008.
Tabela 4: Estatística descritiva da qualidade da água das quatro cisternas distribuídas
160
em São João do Cariri - PB no período de dezembro/2007 a dezembro /2008.
Tabela 5: Concentração de Cloro residual livre e Total de oito cisternas nas
113
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a
dezembro /08.
Tabela 6: Matriz de correlação de Spearman dos parâmetros dos parâmetros
168
microbiológicos nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e
Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08.
Tabela 7: Concentrações de Metais nas águas de seis cisternas das comunidades de
117
São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro
/08.
21
Lista de Siglas e Abreviaturas
ABCMAC
Associação Brasileira de Captação e Manejo de Água de Chuva
ABNT
Associação Brasileira de Normas Técnicas
AESA
Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba
APT
Água Peptonada Tamponada
ARCSA
American Rainwater Catchment Systems Association
ASA
Articulação do Semi-Árido Brasileiro
CETESB
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CONAMA
Conselho Nacional do Meio Ambiente
CPATSA
Centro de Pesquisa Agropecuária Trópico Semi Arido
CT-HIDRO
Fundo Setorial de Recursos Hídricos
DAAD
Deutscher Akademischer Austauchdienst
DBO
Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO
Demanda Química de Oxigênio
EMBRAPA
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FINEP
Financiadora de Estudos e Projetos
FUNASA
Fundação Nacional de Saúde
IPCC
Intergovernmental Panel on Climate Change
IRCSA
Catchment Systems Association
ITEP
Instituto de Tecnologia de Pernambuco
MDS
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
mg/L
Miligramas por litro
MS
Ministério da Saúde
µS/cm
Micro Siemens por centímetro
N-amon.
Nitrogênio Amoniacal
22
NMP
Número Mais Provável
N-NO2-
Nitrito
N-NO3-
Nitrato
NO2
óxido de nitrogênio
NTU
Unidade Nefelométrica de Turbidez
OD
Oxigênio Dissolvido
OMS
Organização Mundial de Saúde
ONGS
Organizações não governamentais
P1MC
Programa Um Milhão de Cisternas
PCA
Plate Count Agar
PNRH
Plano Nacional de Recursos Hídricos
PNUD
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PURAE
Programa de Conservação e Uso Racional da Água nas
Edificações
RTS
Rede de Tecnologias Sociais
SAB
Semi-árido brasileiro
SCAAC
Sistema de Captação e Armazenamento de Água de Chuva
SO2
Dióxido de enxofre
STD
Sólidos Dissolvidos Totais
UFC
Unidade Formadora de Colônia
23
1
Introdução
A água é um fator limitante para o desenvolvimento sustentável e um dos grandes
desafios da sociedade contemporânea consiste em conciliar o desenvolvimento das atividades
humanas com a conservação do ambiente, buscando amenizar os impactos das suas ações. A
demanda crescente por água devido ao acelerado crescimento populacional e às suas
atividades produtivas decorrentes, somados a degradação dos recursos hídricos que os tornam
impróprios para diversos usos, geram cenários de escassez em diversas regiões do planeta
(TUNDISI, 2003).
Desde épocas remotas, as respostas do homem às secas prolongadas foram o colapso
social, a desagregação cultural e a migração e dispersão da população na busca de áreas
seguras com mais água e terras mais férteis (PANDEY; GUPTA & ANDERSON, 2003).
A necessidade de água, indispensável para vida e desenvolvimento social e econômico
do homem é de interesse crescente na sociedade civil e nos órgãos gestores que buscam
alternativas tecnológicas simples e de baixo custo de fornecimento de água, frente o aumento
populacional, as mudanças climáticas globais e a permanência, sem avanços importantes, de
contingentes humanos em condições de subsistência ou sub-subsistência nas regiões áridas e
semi-áridas do globo (FERRREIRA, 2008; JALFIM, 2001).
No que se refere à distribuição desigual da água entre as regiões do planeta, alguns
aspectos são determinantes para a existência de oferta ou escassez de água. A principal delas é
a distribuição irregular, tanto espacial como temporal motivada por diversos aspectos inclusive climáticos, o que acaba por determinar as quantidades precipitadas. Nesse contexto,
alguns países, mesmo que reconhecidamente abundantes na disponibilidade de água,
hospedam dentro de suas fronteiras, regiões extremamente áridas ou semi-áridas, exigindo
ações por parte dos governantes e da sociedade, de políticas, normas e conscientização para o
uso deste recurso, com eficiência, frente à escassez (TUCCI, 2003).
O semi-árido brasileiro abriga cerca de 2,2 milhões de famílias, mais de 10 milhões de
pessoas e se caracteriza pela reduzida disponibilidade de água e pela insegurança dessas
fontes, acentuada pela diferença marcante entre o período chuvoso e o seco e a incerteza das
chuvas. Embora haja regiões com precipitação de 800 mm anuais, outras apresentam 300 mm
com intensos veranicos. O período chuvoso concentra-se em aproximadamente quatro meses
24
e o elevado déficit hídrico se associa com a alta taxa de evapotranspiração, de até 3000
mm/ano (VIEIRA & JOAQUIM FILHO, 2006).
Nos últimos anos, no Brasil, aumentou a inquietude com o fornecimento de água
segura nos aspetos quantitativos e qualitativos e as políticas publicas e privadas receberam
estímulos tendentes a melhorar e facilitar seu acesso e normatizar essa disponibilidade, seu
uso e sua gestão (GALIZONI; RIBEIRO, 2004). Simultaneamente, houve mudanças do
discurso oficial de “lutas contra as secas” pelo paradigma “da convivência com as secas”. Na
busca de mecanismos para fixar o homem na sua própria terra semi-árida, onde a água é o
fator limitante, se procuram fontes de água em quantidade e qualidade seguras. Nesse
contexto, as cisternas que armazenam água de chuva que escoa dos tetos se apresentam como
tecnologia simples, de fácil acesso aos habitantes da zona rural e podem satisfazer as
necessidades básicas de água. Uma família de cinco pessoas pode dispor de água para beber,
cozinhar e higiene pessoal por até um ano se houverem chuvas de 200 mm/ano e as mesmas
forem devidamente coletadas e criteriosamente utilizadas (FEBRABAN, 2009).
O Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o SemiÁrido: Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC), gerenciado pela Articulação do Semi-Árido
Brasileiro (ASA) foi iniciado em 2002 e propõe construir um milhão de cisternas no SAB;
para garantir as carências de água para consumo de famílias rurais minimizando e até
eliminando os problemas de saúde relacionadas com a com a falta de água e com a veiculação
hídrica de microrganismos patogênicos (ASA, 2008).
Indicadores de desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2004a), mostram que na área
rural nordestina, apenas 22,7% da população tem acesso ao fornecimento de água por
sistemas de abastecimento coletivo e 58% coleta água para beber e para o uso diário de poços,
nascentes e açudes. Essas fontes representam grave risco à saúde pública e contribuem com a
manutenção dos ciclos endêmicos de doenças infecciosas de veiculação hídrica, com altas
taxas de morbilidade e mortalidade, especialmente em crianças com menos de cinco anos de
idade (AMBIENTE BRASIL, 2008).
Estudos realizados por Diniz et al (1995, 2005) e por Ceballos et al (1998), na região
rural e da periferia da cidade de Campina Grande, PB, evidenciaram elevada contaminação
fecal das águas de pequenos barreiros, olhos d’água e açudes, temporários ou não, usados para
25
abastecimento humano sem tratamento prévio e usos domésticos em geral, que facilitam a
veiculação de doenças infecto-contagiosas transmitidas por via hídrica.
O aproveitamento de água de chuva é um hábito milenar que ressurge nas sociedades
modernas como uma alternativa para diminuir os problemas de escassez de água e reduzir a
dependência excessiva das fontes superficiais de abastecimento. A água de chuva é um
recurso hídrico acessível a toda população, independente das condições econômicas e sociais,
e ainda é uma fonte de água doce que não é cobrada pelo seu uso.
Os sistemas de captação de água de chuva em cisternas representam uma tecnologia
acessível e de baixo custo para armazenar grandes volumes de água. É uma prática muito
difundida em países como a Austrália, Alemanha e Japão, onde já existe um grande número
de sistemas instalados, permitindo a captação de água de boa qualidade de maneira simples e
bastante eficiente em termos de custo-benefício (SILVEIRA, 2008).
No Brasil, a prática de acumular águas de chuva em cisternas vem recebendo maior
atenção nos últimos 20 anos, com destaque para os trabalhos pioneiros da EMBRAPA Semiárido, no final da década de 70 (ABCMAC, 2008). Dentro das experiências existentes no
Brasil, ressalta pela sua envergadura e repercussão, o “Programa de Formação e Mobilização
para a Convivência com o semi-árido: Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC)”, gerado por
organizações da sociedade civil agregadas na ASA- Articulação no Semi-Árido Brasileiro,
com a proposta da construção de um milhão de cisternas de placas em cinco anos, a partir do
ano 2001. Este projeto conta com o financiamento do Ministério de desenvolvimento Social MDS, no âmbito da Rede de Tecnologia Social –RTS, a qual “reúne, organiza, articula e
integra um conjunto de instituições com o propósito de promover o desenvolvimento
sustentável mediante a difusão e a reaplicação em escala de tecnologias sociais” (RTS,
2006).
O P1MC busca garantir água para consumo de um milhão de famílias rurais
minimizando e até eliminando os problemas de saúde relacionados com a falta de água e com
a veiculação hídrica de microrganismos patogênicos. Para isso, a transferência da tecnologia e
a contribuição com o processo educativo devem estar juntos e orientar-se na busca da
transformação social, sendo fundamental “a preservação do acesso, do gerenciamento e a
valorização da água como um direito essencial da vida e da cidadania, ampliando a
26
compreensão e a prática da convivência sustentável e solidária com o ecossistema do semiárido...” (ANA, 2007).
Entre as ações, o P1MC contempla o desenvolvimento e a disponibilização de técnicas
e métodos de dimensionamento, construção e manejo de sistemas de abastecimento de água
de chuva (cisternas rurais) e o processo educativo busca ampliar a compreensão e a prática de
convivência sustentável com o semi-árido e a valorização da água como direito de vida. Neste
contexto, a Educação Ambiental é um instrumento que compreende importante estratégia ao
uso sustentável das águas de cisternas, possibilitando o acesso às tecnologias disponíveis e
permitindo a transferência correta quanto aos cuidados que se deve ter desde a captação,
armazenamento, manejo adequado e tratamento para o consumo seguro.
No semi-árido brasileiro a utilização de cisternas é significativa e beneficia as
famílias ao facilitar o acesso a água de boa qualidade, melhorando a saúde e as condições de
vida, principalmente para mulheres e crianças que freqüentemente tinham que caminhar
vários quilômetros/dia para obter água de poços, barreiros e rios, na maioria das vezes, com
qualidade inadequada para consumo humano (SONDA et al., 2001; GNADLINGER, 2001).
De modo geral a água de chuva é bastante limpa, devido ao processo de “destilação
natural” ligado ao ciclo hidrológico através da evaporação e da condensação. Entretanto,
dependendo da região, a água chuva pode arrastar poluentes atmosféricos em regiões
próximas aos centros urbanos e áreas industrializadas (GOULD NISSEN – PETERSEN,
2002). Em áreas rurais e em pequenas cidades, os níveis de poluição atmosférica são baixos e
não comprometem a qualidade das águas de chuvas.
Vários pesquisadores constataram que a água de chuva armazenada em cisternas
atende geralmente as recomendações da Organização Mundial de Saúde para consumo
humanos em relação aos parâmetros físicos e químicos e não atende os parâmetros
microbiológicos (ANDRADE NETO, 2004; BRITO et al, 2005, BRITO et al, 2005a, SILVA,
2006a ). A contaminação microbiológica depende dos cuidados no manejo em todas as etapas
de captação, armazenamento e retirada da água da cisterna para seu consumo final. A
incorporação de barreiras sanitárias simples no sistema de captação (por exemplo, sistemas de
desvio das primeiras águas de chuva), na retirada da água da cisterna (bomba manual) e a
desinfecção antes do consumo são importantes para assegurar a qualidade da água a ser
consumida (ANDRADE NETO, 2004). O monitoramento da qualidade da água permite
27
acompanhar as variações ao longo do tempo e conhecer fontes eventuais de contaminação,
entre outros dados importantes para avaliar a sustentabilidade dos programas de construção e
manejo de cisternas de modo a prevenir manejos usos indevidos que coloquem em risco o
objetivo básico dos programas: fornecer água de boa qualidade e em quantidade suficiente
para evitar a veiculação de doenças relacionadas com água.
Dentro deste contexto, o presente trabalho objetivou diagnosticar o estado atual de
conservação e manejo de cisternas destinadas ao armazenamento de água de chuva para
consumo humano construídas em comunidades no Nordeste semi-árido, bem como promover
a caracterização da água neles armazenada visando alertar para à proteção sanitária de
reservatórios de água de chuva utilizados no suprimento doméstico.
28
2
Objetivos
2.1 Objetivos gerais
A pesquisa teve como objetivo avaliar as condições de manutenção e manejo dos
sistemas de captação de água de chuva já instalados e da qualidade da água neles armazenada
destinadas a consumo humano em comunidades da área rural no semi-árido paraibano. Os
resultados serão aplicados na melhoria de Programas governamentais e ONGs responsáveis
pela construção de cisternas na área rural.
2.2. Objetivos específicos:
Avaliar o contexto histórico, sócio-econômico e cultural das populações-alvo,
bem como a percepção da relação água/saúde – manejo dos sistemas de captação
e armazenamento de água de chuva em cisternas / qualidade da água consumida;
Identificar as principais fontes de água usadas pelas famílias e seus usos;
Avaliar a qualidade da água armazenada em cisternas rurais já existentes no
semi-árido paraibano, localizadas em três comunidades com características
culturais e sócio-econômicas distintas, considerando o tipo de cisterna, tempo de
uso, formas de coleta e de armazenamento de água pelos usuários e condições
dos telhados e dutos;
Propor formas de manejo dos sistemas de captação e armazenamento de água de
chuva que considerem barreiras as sanitárias, a fim de proporcionar melhor
qualidade dessas águas destinadas ao consumo humano.
29
3
Revisão Bibliográfica
3.1 Situação da água a nível global, nacional e regional
A água doce é um elemento essencial a todos os seres vivos, entre eles o ser humano.
Depende da disponibilidade de água, o desenvolvimento das atividades industriais e agrícolas.
Os problemas de escassez de água que ameaçam a sobrevivência das populações e do
ambiente favorável à vida na Terra têm sua origem no crescimento desordenado das
demandas e aos processos de degradação da sua qualidade, a partir da década de 1950,
atingindo níveis nunca imaginados (BRAGA et al , 2006).
A classificação mundial da água, feita com base nas suas características naturais,
designa como "água doce" aquela que apresenta teor de sólidos totais dissolvidos (STD)
inferior a 1000 mg/L. As águas com STD entre 1000 e l0.000 mg/L são classificadas como
"salobras" e aquelas com mais de 10000 mg/L são consideradas "salgadas".
Estima-se que, no nosso planeta, existam 1,37 bilhões de km³ de água; 97% desse
volume constituem as águas dos oceanos, restando, portanto, apenas 3% de água doce. Desse
percentual de água doce, 2/3 estão nas calotas polares e nas geleiras, onde não existe
tecnologia disponível para a captação, o transporte e uso dessa água, restando apenas 1% do
volume inicial para ser utilizado ou consumido pela população mundial, hoje com mais de 6
bilhões de pessoas (REBOUÇAS; BRAGA & TUNDISI, 2006).
Embora se considere que a quantidade de água que circula na Terra é preservada pelo
ciclo hidrológico, as reservas existentes estão sendo modificadas com a exploração excessiva
dos aqüíferos, a construção de barragens e o desmatamento. A qualidade é alterada
constantemente pelas fontes poluidoras pontuais ou difusas, que limitam a capacidade de
autodepuração (TUNDISI, 2003). Os aspectos qualitativos tornam-se cada vez mais
importantes, ou tão importantes, em muitas regiões desenvolvidas ou muito povoadas do
mundo quanto os problemas tradicionais de escassez quantitativa, natural,das zonas áridas e
semi-áridas, ou engendrada pelo crescimento acelerado ou desordenado das demandas locais
(REBOUÇAS, 2006).
30
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (WHO, 2000), ainda existe
cerca de 1,1 bilhão de pessoas sem acesso à água potável e igual número sem acesso a
serviços de saneamento básico, entre eles a falta de tratamento adequado da água,
comprometendo a saúde humana sendo, principalmente crianças, as vítimas de diarréia,
parasitoses diversas e esquistossomose, entre outras doenças de veiculação hídrica. Com o
crescente desenvolvimento mundial, estima-se que até o ano 2025 a população atingirá
aproximadamente 8 bilhões de habitantes, o que significa que mais pessoas estarão expostas à
incerteza de possuir diariamente água para seu consumo humano (PNUD, 2004).
O Brasil está incluído entre os países com maior reserva de água doce, porém, devido a
sua grande extensão territorial, apresenta elevada heterogeneidade em relação às suas
características demográficas, climáticas e sociais. A Região Norte, a menos populosa do país,
possui praticamente 70% dos recursos hídricos disponíveis no Brasil. Já as outras regiões, que
englobam a maior parte da população brasileira, apresentam 15% no Centro-Oeste, 12% no
Sudeste e Sul e apenas 3% na Região Nordeste (GONDIM, 2001).
De acordo com Rebouças (2006), no contexto da distribuição das águas doces do
mundo, o Brasil, por sua extensão geográfica significativa e 4º país do mundo em território,
detém:
11,6% da água doce superficial do planeta,
54% do total dos recursos hídricos da América do Sul,
14% do deflúvio total dos rios do planeta e
112.000 km3 de águas subterrâneas.
Esses valores caracterizam a abundância de água doce no Brasil, o que tem servido de
suporte à cultura do desperdício da água, à não realização dos investimentos necessários ao
seu uso racional e a proteção mais eficiente dos mananciais. A água tem pequena valorização
econômica, sendo considerada como um bem livre de uso comum.
O Brasil possui ampla diversificação climática, predominando os tipos equatorial
úmido, tropical e subtropical úmidos e semi-árido. Este último sobre menos de 10% do
território nacional. Em termos pluviométricos mais de 90% do Brasil recebe abundantes
chuvas - entre 1000 e 3000 mm/ano. A interação desse quadro climático com as condições
geológicas dominantes gera importantes excedentes hídricos que alimentam uma das mais
extensas e densas redes de rios perenes do mundo. A exceção é representada pelos rios
efêmeros e temporários que nascem nos domínios das rochas do embasamento geológico
31
subaflorante — 400 mil km2 - no semi-árido da região Nordeste. Na zona central da região
Nordeste a pluviometria média varia entre 500 e 800 mm/ano e tem regime muito irregular.
Ademais, a combinação desse quadro meteorológico com o domínio do substrato geológico
formado por rochas cristalinas sub-aflorantes e praticamente impermeáveis resulta em rios
temporários e condições edafoclimáticas de semi-aridez sobre cerca de 10% do território
nacional (VIEIRA & JOAQUIM FILHO, 2006).
As condições físico-climáticas que predominam no Sertão do Nordeste do Brasil podem
dificultar a vida humana, exigir maior empenho e maior racionalidade na gestão dos seus
recursos naturais em geral e da água, em particular, mas não podem ser responsabilizadas pelo
quadro de pobreza amplamente manipulado e sofridamente tolerado. Segundo Rebouças;
Braga & Tundisi (2006), o que mais falta no Brasil em geral e no Nordeste, em particular, não
é água, mas determinado padrão cultural que agregue confiança e melhore a eficiência das
organizações públicas e privadas envolvidas no negócio da água.
A água é um fator limitante ao desenvolvimento e a sobrevivência da civilização. A
evidência está na própria história: as principais civilizações da antiguidade que tiveram maior
desenvolvimento floresceram nos vales dos grandes rios onde a disponibilidade de água era
abundante e com características especiais – vale do Nilo no Egito, vale do Tigre-Eufrates na
Mesopotâmia, vale do Indo no Paquistão, vale do rio Amarelo na China. Todas essas
civilizações construíram grandes sistemas de irrigação, tornaram o solo produtivo e
prosperaram. Um dos maiores desafios a serem enfrentados consiste em minimizar os efeitos
da escassez da água (sazonal ou não) e da poluição, dos rios e dos mananciais particularmente
nos países em desenvolvimento, bem como evitar o consumo irresponsável e sem
fundamentação sustentável no desenvolvimento econômico. A sociedade deve compreender
que não é possível continuar com o desperdício atual, de usar e jogar fora, como se a água
fosse um recurso ilimitado e de propriedade particular, individual (SALATI et al, 2006).
3.2 O semi-árido brasileiro
O trópico semi-árido brasileiro (Figura 1), com uma área de 969.589,4 km2, corresponde
a 86,48% da área da região Nordeste, com exceção do Maranhão e 13,5% da área do país
(região setentrional do estado de Minas Gerais (11 %) e o norte do Espírito Santo (2,5%)
caracteriza-se por apresentar grande diversidade de quadros naturais, compreendidos em 170
unidades geoambientais, onde ocorre vegetação dos diferentes tipos de Caatinga (todas
adaptadas à prolongada estação estiagem) e com diferenciações de ordem física, biológica e
32
socioeconômica. Nele residem 18.466.637 pessoas: 9.835.806 na área urbana e 8.630.691 na
área rural. É o Semi-árido mais populoso da face do planeta (CLIQUE SEMI-ÁRIDO, 2008).
Figura 1: Região Semi-Árida
O principal fator limitante do desenvolvimento no semi-árido brasileiro é a água. Não
propriamente pelo volume precipitado, mas pela quantidade evaporada. A instabilidade
climática característica da região semi-árida é mais influenciada pela irregularidade das
33
chuvas do que por sua escassez, com precipitações pluviométricas que ocorrem entre três e
cinco meses, com grande amplitude de variação de 250 a 800 mm anuais em média;
temperaturas entre 23 e 27ºC e alta taxa de evaporação potencial. Dentro de um mesmo
município, pode chover normalmente numa localidade e não chover na vizinha. Além disso,
quase todos os rios são intermitentes, isto é, enchem apenas quando chove e ficam secos no
verão, com a falta de chuvas (SCHISTEK, 2001). No quadro geológico da região predominam
solos de origem cristalina (70%), rasos e pedregosos, com baixa capacidade de infiltração e de
retenção de água, com potencial de escoamento superficial em torno de 3 l/s/km2, ainda hoje,
pouco aproveitado (VIEIRA & JOAQUIM FILHO, 2006). As águas de subsolo apresentam
problemas de qualidade, apresentando forte salinidade. Isso significa incerteza na distribuição
da água e no abastecimento humano.
Mais de 15 milhões de pessoas são afetadas pela falta de água para consumo, na região
semi-árida, principalmente durante as estiagens. Por outro lado, no meio rural encontram-se
homes e animais partilhando das mesmas fontes de água, comprometendo a qualidade para o
consumo familiar (BRITO & PORTO, 1997).
Somente no século XX, houve sete grandes estiagens, no semi-árido brasileiro, nos
anos de 1915, 1931, 1951-1953, 1958, 1970, 1979-1983 e 1992-1993. As conseqüências
foram desastrosas: perda da produção agropecuária, fome, mortes de homens e animais,
migração de milhares de pessoas (AB’SÁBER, 2003). A tendência é que essa situação se
agrave, uma vez que, segundo o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), a região
é uma das mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas e à desertificação
(SCHNEIDER & SARUKHAN, 2002).
O relatório do Intergovernmental Panel on Climate Change, denominado IPCC sobre as
mudanças climáticas conclui, com mais de 90% de confiança, que o aquecimento global dos
últimos cinqüenta anos é causado pelas atividades humanas.
Segundo Marengo (2008), os resultados desse estudo para a América do Sul indicam
que as mudanças climáticas mais intensas para o final do século XXI, relativamente ao clima
atual, vão acontecer na região tropical, especificamente Amazônia e Nordeste do Brasil. Essas
duas regiões, portanto, são as mais vulneráveis do Brasil às mudanças de clima. Numa
atmosfera mais aquecida, de modo geral espera-se uma maior evaporação resultando na
34
ocorrência de precipitações pluviométricas mais intensas nas regiões mais úmidas, veranicos e
ondas de calor mais freqüentes.
Na região semi-árida, a maioria dos cenários de mudanças climáticas sinaliza para, com
o aumento da temperatura, o aumento da evaporação nos corpos d'água e, conseqüentemente,
redução do volume neles escoado; redução da recarga dos aqüíferos em até 70% até o ano
2050 e, portanto, da realimentação da vazão dos rios; concentração do período chuvoso em
ainda menor espaço de tempo e com redução da precipitação (cenário pessimista: aumento da
temperatura de 2 a 4º C e 15% a 20% a menos de chuva; cenário otimista: 1 a 3º C mais
quente, 10% a 15% de redução de chuva); tendência de "aridização" da região, com a
substituição da caatinga por vegetação mais típica de regiões áridas, como as cactáceas
(MARENGO & DIAS, 2006).
Quando a gestão dos recursos hídricos está relacionada com as comunidades rurais do
SAB, uma solução considerada como das mais eficazes é o aproveitamento de água de chuva.
Vários estudos têm demonstrado que o aproveitamento de água de chuva na região semi-árida
brasileira tem mitigado o efeito das estiagens, se apresentando como uma tecnologia válida de
convivência (PEREIRA, 2007; PALMIER & GNADLINGER, 2005).
A captação da água de chuva é fundamental para as famílias do semi-árido brasileiro
como forma de mitigar os efeitos da estiagem uma vez que pode ser captada em equipamentos
simples e com técnicas conhecidas pela população, é de custo acessível e de nível tecnológico
apropriado para pequena escala, com capacidade de produzir resultados imediatos
(ALBUQUERQUE, 2004). Dentre as vantagens, pode-se destacar:
Por ser vedado, não há perdas significativas de água por evaporação;
Capta água durante a época chuvosa e armazena durante todo durante todo o período
de estiagem, se a cisterna estiver em bom estado de conservação;
A cisterna é construída próximo à residência, evitando que os moradores tenham
que se deslocar por longos percursos para conseguir água para o consumo diário,
restando tempo livre para desenvolver outras atividades; como atenção do lar,
educação dos filhos;
Com os cuidados necessários, a água de chuva armazenada pode possuir qualidade
superior à de outras fontes, contribuindo com a diminuição das doenças de
veiculação hídrica.
35
O Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), recém-lançado pela Política Nacional
de Recursos Hídricos (BRASIL, 2006) enfatiza a necessidade e valoriza a captação de água de
chuva como uma das alternativas para amenizar os efeitos de sua irregularidade,
principalmente em áreas com recursos hídricos limitados e /ou de qualidade inadequada.
Ressalta, ainda, que o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) iniciado em 2002 e
gerenciado pela Articulação do Semi-Árido Brasileiro (ASA) conta atualmente com cerca de
220 mil cisternas construídas em todo semi-árido brasileiro, beneficiando um milhão de
pessoas, aproximadamente (ASA, 2008).
O PNRH descreve que a água da chuva pode ser captada de telhados e do chão,
armazenada e, ou infiltrada de forma segura, tratada conforme requerido pelo uso final e
utilizada no seu potencial pleno, substituindo ou suplementando outras fontes atualmente
usadas, antes de ser finalmente dispensada (BRITO & SILVA, 2007).
A captação de água de chuva é uma fonte alternativa de água para diversos fins,
destacando-se o consumo humano (o qual é mais freqüente na zona rural), os usos diversos
em residências urbanas, o uso industrial e para irrigação, com o objetivo de reduzir a demanda
por água tratada; combater enchentes urbanas, agravadas pelo excesso de pavimentação e
impermeabilização das cidades, bem como proporcionar menor requerimento de galerias
pluviais. Nesse sentido, o aproveitamento de água de chuvas em residências, condomínios e
indústrias, ainda pouco difundido no Brasil, representa benefícios ecológicos e econômicos e
vem sendo defendida pelos órgãos e entidades que cuidam do meio ambiente (TOMAZ,
2003).
3.3 Convivência com o semi-árido brasileiro
A escassez de água potável para consumo humano é um dos principais problemas para a
sobrevivência e melhoria na qualidade de vida das populações rurais do semi-árido brasileiro,
assim como para sua própria fixação no campo. Há séculos, a população do SAB vem
buscando meios de atenuar a escassez de água, com a qual esta obrigada a conviver. Como
forma de mitigar os efeitos de escassez de água causados pelo constante déficit hídrico em
regiões semi-áridas nordestinas, têm-se utilizado soluções alternativas de abastecimento,
como açudes, poços, cacimbas, barragens subterrâneas (para fins agrícolas) e sistema de
36
captação/armazenamento de água de chuva em cisternas (PALMIER & GNADLINGER,
2005; BRITO & SILVA, 2007).
As cisternas caseiras são tecnologias simples desenvolvidas para enfrentar a falta de
água de boa qualidade para beber e cozinhar. É, portanto, mais uma alternativa para se chegar
à convivência com o semi-árido. No entanto, não é a cisterna caseira a solução de todos os
problemas e a resposta para todas as necessidades de água no semi-árido. Além da água de
chuva armazenada na cisterna, destinada a beber e cozinhar, é necessário água para banho,
lavagem de roupas, irrigação de culturas e criação de animais, a fim de tornar viável a vida
familiar, a produção e a geração de renda (GNADLINGER, 2000; ÁGUA DE CHUVA,2001).
A idéia base dos projetos de construção de cisternas para captar água de chuva no semiárido brasileiro é a de fornecer água de boa qualidade para beber, cozinhar e higiene pessoal.
Para outros usos, como a agricultura e a criação de animais, além de pequenas barragens e
aguadas, sugerem-se a adoção das barragens subterrâneas, que guardam a água de chuva para
os tempos de estiagem dentro da própria terra, e garantem a umidade necessária para evitar a
perda das plantações (GNADLINGER, 2000; COSTA, 1994).
Apesar de benefícios visíveis e concretos da economia de água e da melhoria da
qualidade de vida das famílias que vivem no semi-árido brasileiro, o papel e a importância da
coleta da água de chuva são pouco compreendidos pela maioria dos técnicos, governantes, e
também pela população.
Existem duas situações de aplicação para o aproveitamento de água de chuva: em áreas
de grande pluviosidade, como medida preventiva para contenção de cheias, ou em casos
extremos, em áreas de estiagem, onde se procura acumular a água da época chuvosa para a
época de estiagem, com o propósito de garantir, ao menos, a água para beber (FUNASA,
2005).
O campo de pesquisas para a melhoria das técnicas de captação e da qualidade de água
de chuva é amplo e vem sendo muito estudado, tanto em países desenvolvidos quanto nos em
desenvolvimento, por ser uma alternativa que pode auxiliar milhões de pessoas a conviverem
com escassez hídrica e minimizar o impacto de outros problemas, como as enchentes (SILVA,
2006).
No Brasil, a prática de acumular água de chuva em cisternas vem recebendo maior
atenção nos últimos 25 anos, com destaque para os trabalhos da EMBRAPA Semi37
Árido/CPATSA. Une-se a isso o reconhecimento da necessidade de ações educativas
conjuntas à disponibilização da tecnologia, estimulando seu uso correto, para garantir água
em quantidade e qualidade adequada.
A cisterna caseira pode tornar-se a porta de entrada de uma nova cultura de convivência
com o semi-árido. Contudo, muitas vezes, leva tempo até que a população se convença da
eficiência de uma cisterna. É necessário trabalhos de sensibilização, e novos conhecimentos
devem ser adquiridos. (FUNASA, 2005; SILVA et al,2006).
A Educação Ambiental surge como uma metodologia que ajuda na sensibilização das
comunidades usuárias e promove a sua participação em todas as fases da gestão dos recursos
hídricos. Respeita as diversidades de percepções e modos de apropriação da água pelos
habitantes beneficiados, estimula o manejo adequado e higiênico do líquido captado, incentiva
a convivência do homem com sua terra semi-árida e pode gerar condições de sustentabilidade
para os projetos de instalação de sistemas de captação, armazenamento, coleta e uso da água
de chuva. Essa abordagem deverá refletir-se em políticas públicas efetivas e sustentáveis ao
longo do tempo bem como sua apropriação pelas comunidades alvo, sendo fator de
transformação social.
3.4 Captação e aproveitamento de água de chuva
A captação de água de chuva em sistemas individuais de abastecimento parece ter
surgido milhares de anos atrás em diversas partes do mundo de forma independente e em
diferentes continentes. Foi usada e difundida especialmente em regiões semi-áridas onde as
chuvas ocorrem durante poucos meses e em locais diferentes. Atualmente, se está retornando
aos antigos conhecimentos e práticas, dando-lhes novas formas com base em critérios atuais
de construção, manejo e preservação da água. (GNADLINGER, 2000, ANDRADE NETO,
2004).
Uma das inscrições mais antigas do mundo é a conhecida Pedra Moabita, encontrada no
Oriente Médio, datada de 850 a.C. Nela, o rei Mesha dos Moabitas, sugere que seja feita uma
cisterna em cada casa para aproveitamento da água de chuva. No palácio de Knossos, na ilha
de Creta, aproximadamente 2000 a.C., a água de chuva era aproveitada para descarga em
bacias sanitárias (TOMAZ, 2003).
Gould & Nissen- Petersen (2002) citam cisternas no deserto de Negev em Israel que
datam de 2000 a.C. Também citam cisternas de grandes volumes no norte da África que
38
foram construídas há pelo menos 2000 anos. Nos Estados Unidos, principalmente nas regiões
rurais do meio-oeste, existem diversas cisternas com mais de cem anos que foram as únicas
fontes de água limpa no início do século passado para os habitantes dessa região.
No Brasil, Fendrich (2002), cita a Fortaleza de Santo Antônio de Ratones, que foi
constuída no século XVIII, situada na parte setentrional da Ilha de Ratones Grande, localizada
na parte nordeste da Ilha de Santa Catarina, onde a água dos telhados era coletada e conduzida
a uma cisterna para ser consumida pelas tropas do império.
A coleta e o aproveitamento da água da chuva perdeu força com a inserção de
tecnologias mais modernas de abastecimento, como a construção de grandes barragens, o
desenvolvimento do aproveitamento de águas subterrâneas, a irrigação e a implementação dos
sistemas de abastecimento. Atualmente a utilização da água da chuva volta a ser importante
fazendo parte da gestão moderna dos recursos hídricos para fins potáveis e não potáveis.
Vários países europeus e asiáticos utilizam amplamente a água da chuva nas residências, nas
indústrias e na agricultura, pois sabe-se que a mesma possui qualidade compatível com os
usos mais nobres, sendo considerada um meio simples e eficaz para atenuar escassez de água
(GNADLINGER, 2000).
Com o aumento e a concentração da população, a captação de água de chuva tornou-se
uma alternativa de grande importância, principalmente em locais com déficit no fornecimento
de água, como zonas rurais e regiões de clima árido e semi-árido de países como Arábia
Saudita, África, Brasil, China, Estados Unidos, Nova Zelândia e Tailândia (LYE, 1992;
PINFOLD et al., 1993; ZHANDE & JONNALAGADA, 1996; ALABDULA’ALY &KHAN,
2000; SIMMONS et al., 2001; AMORIM & PORTO, 2003; KUN et al., 2004).
A China, país que atualmente enfrente escassez de água em várias regiões, aposta na
construção de grandes tanques para armazenamento de águas pluviais. A iniciativa já
beneficia cerca de 15 milhões de pessoas. A técnica era utilizada pelos chineses há vários
séculos, mas fora abandonada em favor das redes de abastecimento de água captada em rios e
açudes. Com o esgotamento de várias fontes, técnicos aprimoraram o sistema e voltaram a
adotá-lo (ZOLLET, 2005).
Diversos países desenvolvidos da Europa, principalmente a Alemanha Japão, China,
Austrália, Estados Unidos e países da África e da Índia estão comprometidos com o
aproveitamento da água da chuva e o desenvolvimento de tecnologias que facilitem o uso
dessa fonte de água, garantindo sua qualidade.
39
3.5 Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC)
Iniciado em julho de 2002, o Programa de Formação e Mobilização Social para
Convivência com o Semi-Árido: um milhão de cisternas rurais” ou P1MC, vem
desencadeando um movimento de articulação e de convivência sustentável com o semi-árido
através do fortalecimento da sociedade civil, da mobilização, envolvimento e capacitação das
famílias, com uma proposta de educação processual. O principal objetivo do P1MC é
beneficiar cerca de 5 milhões de pessoas em toda região semi-árida, com água potável para
beber e cozinhar, através de cisternas de placas. Até o final do ano 2007 foram construídas
cerca de 220 mil (ASA, 2008).
O P1MC, concebido e implementado pela Articulação do Semi-Árido Brasileiro (ASA)
com financiamento do Governo Federal, é um projeto de garantia de água para a população
rural do semi-árido, mas com o objetivo subjacente de promover maior participação da
sociedade civil da região na definição de políticas públicas, para que estas passem a levar em
conta as demandas das populações locais e as limitações do clima.
Segundo Ferreira (2008), o P1MC constitui uma oportunidade efetiva de convivência
com as adversidades climáticas do semi-árido. Por sua concepção e modo de operação,
baseados na ação protagonista da sociedade civil, abre espaço para a superação das relações
clientelistas características da ação governamental na região, na medida em que propõe uma
metodologia de ação pública mais participativa, ao mesmo tempo em que promove uma
grande mobilização social na região. Os dados apontam que o tipo de participação social
promovida pelo programa propicia maior controle e poder de decisão da população do semiárido sobre sua própria condição de vida.
As ações do P1MC contemplam o desenvolvimento e a disponibilização de técnicas
e métodos de dimensionamento, construção e manejo de sistemas de abastecimento de água
de chuva (cisternas rurais) e o processo educativo visando ampliar a compreensão e a prática
de convivência sustentável com o semi-árido e a valorização da água como direito de vida
(FERREIRA, 2008).
Alguns resultados do Programa são abordados por diversos autores (POLETTO,2001;
SCHISTEK,2001)
•
Acesso à água para um número crescente de famílias rurais do Semi-Árido.
40
•
Melhora sensível na qualidade de vida de toda a família e, em especial, de
mulheres e crianças.
•
Redução das doenças causadas pela ingestão de água contaminada.
•
Contribuição para diminuir a dependência das famílias em relação aos grandes
proprietários de terra e aos políticos locais, que usam o acesso à água como meio
de promoção política.
•
Não agride o meio ambiente, não produz resíduos, preserva os lençóis freáticos e
reduz o escoamento superficial, contribuindo para evitar a erosão.
O grande desafio é construir um sistema de captação e armazenamento de água de
chuva em cada residência rural no Semi-Árido brasileiro para suprir a carência de água, além
de capacitar as organizações dos agricultores a conviver com o Semi-Árido, mediante as
soluções alternativas de abastecimento.
3.6 Cisternas de placas
A captação de água das chuvas utilizando cisternas caseiras tem se mostrado uma
opção adequada para disponibilizar água para consumo humano no semi-árido brasileiro, já
que essa se adapta bem às condições físicas e socioeconômicas e culturais da região. Os
custos mais acessíveis, a possibilidade de produzir resultados imediatos e a simplicidade da
construção têm facilitado sua adoção por famílias rurais.
Segundo relatório publicado pela FUNASA (2005) existem diversas técnicas de
construção de reservatórios para armazenamento domiciliar de água com fins de consumo
humano, dentre elas a cisterna de tela e cimento, a cisterna de placas, a cisterna de alvenaria e
a cisterna de vinil, surgida recentemente. O modelo de cisternas de placas pré-moldadas tem
sido consagrado como uma das mais eficientes propostas, sendo adotado majoritariamente no
Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC). Os motivos determinantes desse “sucesso” são:
baixo custo, facilidade de construção, segurança e durabilidade.
A cisterna de placas (Figura 2) é parcialmente enterrada, com cerca de ¾ da altura das
paredes laterais abaixo do nível do terreno, para reforçar a capacidade de suportar a pressão
da água e armazena, em geral, 16.000 litros (cisterna residencial), mas pode armazenar
também 25.000 litros (cisterna comunitária). Sua estrutura consiste em placas de concreto
com tamanho de 50 por 60 cm e com 3 cm de espessura, que estão curvadas de acordo com o
41
raio projetado da parede da cisterna, variando conforme capacidade prevista. Há variantes
onde, por exemplo, as placas de concreto são menores e mais grossas, e feitas de um traço de
cimento mais fino. Estas placas são fabricadas no local de construção em moldes de madeira.
A parede da cisterna é levantada com essas placas finas, a partir do chão cimentado. Para
evitar que a parede venha a cair durante a construção, ela é sustentada com varas até que a
argamassa esteja seca. Em seguida um arame de aço galvanizado é enrolado no lado externo
da parede e essa pé rebocada. Num segundo momento, constrói-se a cobertura com outras
placas pré-moldadas em formato triangular, colocada em cima de vigas de concreto armado,
e rebocadas por fora. Geralmente, as cisternas de placas são construídas em mutirões,
realizados pela população local, devidamente treinada por pedreiros capacitados (MDS,
2008).
Figura 2: Cisternas de Placa
3.7 Dimensionamentos da cisterna
Segundo Boers e Ben-Asher (1982), o sucesso ou fracasso de um sistema de
aproveitamento de água de chuva depende, em grande parte, da quantidade de água captável
pelo sistema. Essa quantidade varia de acordo com alguns dos componentes do sistema como
a área de captação e o volume de armazenamento de água de chuva, sendo influenciada pelo
índice pluviométrico da região e pelo coeficiente de escoamento superficial. Thomas (1999)
acrescenta que o planejamento do sistema de captação de água de chuva deve levar em
42
consideração, além dos fatores já citados, o número e hábitos de consumo dos futuros
proprietários da cisterna.
Jalfim (2001) avaliou a necessidade de armazenamento de água mesmo em situações
mais críticas de precipitação no SAB. Segundo o autor, o consumo de água na zona rural
semi-árida do Brasil é de aproximadamente 6 L por pessoa/dia, considerando apenas as
necessidades prioritárias de beber e cozinhar. Já para Ariyananda (1999), esse valor deveria
ser 20 L, pois a higiene pessoal deve ser incluída, sendo uma necessidade básica do ser
humano para a preservação da saúde.
Em relação aos aspectos quantitativos, os projetos desenvolvidos no Nordeste do
Brasil consideram um volume único de 16 m3 para as cisternas, o que atende em média, uma
família com 5 pessoas,consumindo cada membro, aproximadamente 8 a 9 L/dia,entretanto
não são raras famílias maiores no semi-árido nordestino. Diversas famílias utilizam água da
cisterna para outros fins (higiene pessoal e da residência), quando deveria ser utilizada apenas
para consumo direto (beber e cozinhar). Esses fatos sugerem a necessidade de algumas
mudanças e avanços em relação à construção e operacionalização destes sistemas. A falta de
água, durante a seca, fragiliza a sustentabilidade do programa, uma vez que varias famílias
precisam completar o volume acumulado durante o período de chuvas com água de
caminhões pipa ou de outras fontes sem garantia de qualidade, como açudes e olhos d’água
ou poços distantes, com o qual se perde parte dos êxitos sociais, desviando-se do principal
objetivo de sua construção, que é o de armazenar água de chuva, de melhor qualidade para o
consumo humano. No geral, o uso de água de carros-pipa ocorre quando as águas
armazenadas durante as chuvas não são suficientes para satisfazer a demanda familiar, seja
porque as chuvas do período foram escassas, a área de escoamento é reduzida ou porque a
família tem numerosos membros que consomem mais água do que é possível armazenar no
sistema instalado (TAVARES et al, 2007; BRITO, 2005).
Em alguns casos o reservatório de água de chuva é superdimensionado na tentativa de
se atender a 100% da demanda. Entretanto, segundo Smith; Fok & Heitz (1999), o
dimensionamento da cisterna pode influenciar na qualidade da água a ser armazenada. Pode
ocorrer que a cisterna nunca seja completamente cheia, havendo desperdício do excesso de
material empregado na construção, ou o volume nunca será totalmente consumido,
dificultando a limpeza anual da cisterna e não há a remoção do sedimento acumulado no
fundo (SILVA, 2006). O ideal é trabalhar com uma margem de segurança que nem superdimensione e nem sub-dimensione o sistema, e essa margem, também chamada de
43
confiabilidade do sistema deve ser definida em função do valor que se deseja investir e das
finalidades de uso (ANNECCHINI, 2005).
A eficiência e a confiabilidade dos sistemas de aproveitamento de água de chuva estão
ligadas ao dimensionamento do reservatório de armazenamento, necessitando de um ponto
ótimo na combinação do volume de reservação e da demanda a ser atendida, que resulte na
maior eficiência com o menor gasto possível (NGIGI, 2003).
A quantidade e qualidade da água armazenada estão diretamente relacionadas às
técnicas construtivas da cisterna. Pesquisas realizadas em Minas Gerais evidenciaram que
algumas cisternas apresentaram falhas de construção, como trincas e vazamentos levando, em
alguns casos, à perda total da água armazenada. A utilização de materiais de construção
diferentes dos especificados, (como emprego de areia mais grossa, por exemplo) e, ou mão de
obra não devidamente qualificada pode ter ocasionado essas falhas. Outro problema detectado
está relacionado à vedação das cisternas. Algumas tampas foram construídas com material
passível de empenamento (zinco), o que facilita a entrada de partículas e de pequenos animais
no interior das cisternas, possibilitando contaminação das águas armazenadas. Outros
problemas, observados no processo de construção de uma cisterna, foram relacionados ao
excesso de cimento empregado e à falta de limpeza adequada no interior da cisterna, o que
pode comprometer a qualidade da água futuramente armazenada FUNASA (2005).
3.8 Fatores que interferem na qualidade da água da chuva
A composição da chuva varia com a localização geográfica condições meteorológicas
(intensidade, duração e tipo de chuva, regime de ventos, estação do ano, etc.), com a presença
ou não de vegetação e com a carga poluidora. A arborização, por exemplo, tem papel
importante na qualidade do ar (SIRKIS, 1999).
A água das chuvas não tem uso aconselhado em locais com forte poluição
atmosférica, densamente povoados ou industrializados. Entretanto, principalmente em áreas
rurais e em pequenas cidades, os níveis de poluição e contaminação atmosférica são baixos e
não atingem concentrações capazes de comprometer significativamente a qualidade das águas
de chuvas. Contudo, esta possui pH relativamente baixo, ao entrar em contato com superfícies
como as paredes das cisternas, a água pode ocasionar a liberação de alguns metais
provenientes das superfícies, e tornar-se prejudicial à saúde da população.
44
Próximo ao oceano, a água da chuva apresenta concentrações proporcionais de
elementos como sódio, potássio, magnésio, cloro e cálcio; distante da costa, os elementos
presentes são provenientes de partículas do solo que podem conter sílica, alumínio, ferro,
nitrogênio e enxofre. Em regiões densamente urbanizadas e industrializadas podem ser
encontrados, nas águas da chuva, dióxido de enxofre (SO2), óxidos de nitrogênio (NO2),
monóxido de carbono, ou ainda chumbo, zinco e outros, reflexo das condições da qualidade
do ar (PORTO, 1991). Em regiões de intensa atividade agrícolas a água de chuva pode carrear
aerossóis de agrotóxicos e pesticidas lançados nas plantações (CUNLIFFE, 1998).
A utilização de superfícies para captação da água de chuva também altera as suas
características naturais. Durante os períodos de estiagem ocorre a deposição seca, nessas
superfícies, de compostos presentes na atmosfera, os quais são lavados ou arrastados pela
água da chuva. Portanto, a qualidade da água da chuva, na maioria das vezes, piora ao passar
pela superfície de captação, a qual pode estar contaminada também por fezes de pássaros e de
pequenos animais (FORNARO & GUTZ, 2003).
A literatura mostra diferentes resultados de avaliação da qualidade da água de chuva.
Good (1993) concluiu que a água da chuva que cai na superfície dos telhados é poluída.
Entretanto outros autores encontraram um baixo potencial de poluição associado à mesma
(SHINODA, 1990; ARIYANANDA, 2005), confirmando assim que as características da água
da chuva variam de região para região.
Segundo TOMAZ (2003), existem quatro pontos críticos que influenciam na qualidade
da água de chuva:
•
Antes de atingir a superfície de captação, o que se denomina Água de chuva da
atmosfera ou chuva atmosférica;
•
Após escoar pela superfície de captação, também conhecida como Água de
lavagem do telhado - caso a superfície seja um telhado;
•
Na cisterna ou reservatório de acumulação;
•
No ponto de utilização da água.
45
3.9 Proteção sanitária das cisternas
No meio rural, as águas de chuva armazenadas em cisternas geralmente são utilizadas
para consumo doméstico, dessedentação de animais e irrigação (GNADLINGER, 2000). No
Brasil, as águas de cisternas são empregadas, quase que exclusivamente, para beber, cozinhar,
e higiene pessoal, no geral sem qualquer tratamento. No meio urbano o aproveitamento de
água da chuva geralmente é destinado para fins não potáveis como rega de jardins, descarga
em banheiros, lavagem de carros, shoppings e condomínios.
Campos (2004) faz uma menção a respeito da importância do uso da água de chuva
como alternativa à utilização da água potável em alguns casos:
[...] o aproveitamento de água pluvial aparece neste início de Século XXI como uma
alternativa a fim de substituir o uso de água potável em atividades em que esta não seja
necessária tais como descargas de vasos sanitários, irrigação de jardins e lavagens de carros,
pisos e passeios (GOULD NISSEN-PETERSEN, 2002; GOULD, 1999).
Os requisitos de qualidade estão diretamente relacionados ao uso que será dado à água.
Quando a cisterna é destinada a usos domésticos, a água deve atender aos padrões de
potabilidade, estabelecidos no Brasil pela Portaria Nº 518/2004 do Ministério da Saúde
(BRASIL, 2004). Basicamente, a água potável deve ter sabor e odor agradáveis, não conter
microrganismos patogênicos, ter cor aparente menor que 15 uH, turbidez menor que 1 uT e
não possuir substâncias químicas em concentrações que possam causar mal à saúde humana.
Com a implantação de cisternas para minimizar a escassez de água nas regiões semiáridas, surge um problema relacionado à qualidade da água, pois quando sua coleta e
armazenamento não são realizados de maneira adequada, a mesma pode ser contaminada.
Qualidade da água e saúde da população são elementos inseparáveis, portanto é de
fundamental importância que a água consumida não apresente riscos sanitários à população.
Qualquer técnica que venha a ser implementada para o aproveitamento de água de
chuva deve ser acompanhada de monitoramento constante da qualidade das águas das chuvas
recolhidas através de ensaios que determinem suas características físicas, químicas e
biológicas para verificar se atendem aos padrões de potabilidade.
Estudos, em diversos lugares do mundo que examinaram a qualidade da água de chuva
armazenada em cisternas concluíram que essas geralmente atendem as recomendações da
Organização Mundial de Saúde (OMS) para os parâmetros físicos e químicos. De acordo com
Pathak & Heijnen (2006) e Sharpe & Young (1982), os parâmetros para cor, odor, sabor, pH,
46
sólidos dissolvidos totais (TDS) e dureza total geralmente encontram-se de acordo com os
padrões prescritos pela legislação. Íons, metais e produtos químicos tóxicos são relatados
somente em alguns casos e podem advir dos materiais da superfície de captação, na
construção da cisterna e de poluentes atmosféricos fixados na poeira, emissões poluentes por
atividades industriais e urbanas ou inseticidas agrícolas.
Porém, quanto aos critérios de qualidade microbiológica a maioria de estudos sobre a
água de chuva reservada em cisternas mostra que freqüentemente não atende as
recomendações de potabilidade da OMS para um ou vários indicadores sanitários,
evidenciando que estão geralmente contaminadas ou susceptíveis à contaminação por
microrganismos patogênicos e seu consumo direto, sem tratamento, constitui sério risco à
saúde humana (GOULD, 1999; SIMMONS, 1999; VIDAL, 2002; GOULD & NISSENPETERSEN, 2002 e LYE, 1992). Vários autores brasileiros, em especial da região Nordeste
constaram a presença de coliformes em concentrações acima das estabelecidas pelos padrões
de potabilidade, em todas as cisternas estudadas (AMORIM & PORTO, 2001; ARAÚJO et
al.,2007; BRITO et al, 2005a e b; SILVA, 2006; PEREIRA et al.2007).
Embora os riscos epidemiológicos associados às águas acumuladas em cisternas não
sejam muito conhecidos, estudos recentes recomendam esforços institucionais para minimizar
a contaminação dessa água usada para consumo humano, buscando diminuir a propagação de
doenças de veiculação hídrica. É recomendado a adoção de múltiplas barreiras sanitárias ao
longo do sistema de captação e armazenamento de águas de chuva, que se iniciam com a
higiene da área de captação (telhados), continuam com a manutenção e limpeza nos dutos,
com o uso de dispositivos de desvio das primeiras águas de chuva, com o emprego de bomba
na retirada da água das cisternas e a desinfecção da água antes de seu consumo. O conjunto
dessas ações diminui a contaminação da água e a desinfecção final é mais eficiente.
Comparadas com as águas de cisternas tradicionais sem proteção sanitária, águas de
chuva captadas e armazenadas com a devida segurança sanitária são consideravelmente
melhores constituem-se em fontes seguras de água potável (ANDRADE NETO, 2004;
PATHAK & HEIJNEN 2006).
Andrade Neto (2004) afirma que quanto maior o risco de contaminação, maior deve
ser o rigor na proteção sanitária das cisternas. O risco depende, principalmente: das condições
de uso (público, multifamiliar ou unifamiliar); das condições da superfície de captação (tipo
de material, situação, facilidade de limpeza, etc), quando a superfície de captação primeira
chuva lava esta superfície, carreando a sujeira, ou quando a água está armazenada de forma
não protegida. Outros pontos que devem ser observados são: as calhas e tubulações que
47
transportam a água até o tanque, a exposição a contaminantes (localização rural ou urbana,
isolada ou exposta); as condições epidemiológicas da região (doenças endêmicas, higiene
ambiental, risco de surtos, etc); a operação e manutenção do sistema.
O método de retirada da água também tem grande influência na qualidade da água de
chuva armazenada em cisternas. A contaminação posterior, na retirada de porções de água e
no manuseio para os vários usos, também ocorre com freqüência. Medidas que tendem a
minimizar os riscos de contaminação nessa etapa de retirada das águas é o uso de bombas
manuais ou automáticas - permitindo que a cisterna mantenha-se sempre fechada, mesmo na
hora da coleta, a desinfecção da água (filtração, SODIS, fervura e cloração), e campanhas de
educação sanitária. Quanto melhores os níveis de educação sanitária e ambiental e de
conhecimento de práticas higiênicas dos usuários, mais fácil é a implantação e aceitação
dessas medidas e mais segura será a qualidade das águas das cisternas destinadas ao consumo
humano.
A segurança sanitária de sistemas de captação de água de chuva em cisternas rurais
depende da educação sanitária que deve ser um processo permanente, e da participação social
da comunidade envolvida, mas também depende de um projeto adequado, inspeção regular e
manutenção do sistema.
O projeto adequado deve incluir: um dispositivo para desviar automaticamente as
primeiras águas de cada chuva ou, pelo menos, remover detritos da linha de fluxo quando o
uso é menos nobre; cobertura da cisterna que impeça a entrada de insetos e luz (a luz propicia
a proliferação de algas); extravasor e ventilação para propiciar a re-oxigenação da água e
retirada da água por tubulação (ANDRADE NETO, 2004; FENDRICH & OLIYNIK, 2002;
VIDAL, 2002).
Estudos revelam uma nítida melhoria na qualidade da água armazenada nas cisternas
ao desviar a primeiras águas, principalmente no que diz respeito aos parâmetros
microbiológicos (NTALE & MOSES, 2003; ANNECCHINI, 2005).
Manter uma tela de plástico ou náilon nas saídas das tubulações pode impedir a
entrada de pequenos animais ou insetos na cisterna. Andrade Neto (2004) sugere que as telas
não sejam colocadas na tubulação de entrada da água na cisterna, pois as sujeiras poderiam
ficar retidas na linha de fluxo, obstruindo a passagem de água e comprometendo a sua
qualidade. Entretanto, essa medida é recomendada por Amorim & Porto (2003) e considerada
uma forma de bloqueio contra a entrada de folhas, insetos e pequenos animais, que
contaminariam a água. Mesmo nas situações em que há a inclusão de telas nas entradas, é
48
recomendado o desvio das primeiras águas de chuva, para remover as partículas depositadas
na superfície de captação.
Para Andrade Neto (2004) o tratamento da água deve ser utilizado somente como
medida corretiva, se houver suspeita de contaminação da água. O tratamento da água exige
um treinamento mais difícil de ser assimilado pelos usuários, tem custo considerável e ainda
corre o risco da falta de produtos químicos, quando não podem ser adquiridos a tempo.
Contudo, quando a cisterna armazena águas de qualidade inadequada de outras fontes ou a
água de chuva é captada na superfície do solo, o tratamento é recomendado.
Segundo Annecchini (2005), outros cuidados que devem ser tomados com relação ao
reservatório de armazenamento, visando a sua manutenção e a garantia da qualidade da água
são os seguintes:
A cobertura do reservatório deve ser impermeável;
A entrada da água no reservatório e o extravasor devem ser protegidos por telas
para evitar a entrada de insetos e pequenos animais no tanque;
O reservatório deve ser dotado de uma abertura, também chamada de visita, para
inspeção e limpeza;
A água deve entrar no reservatório de forma que não provoque turbulência para
não suspender o lodo depositado no fundo do reservatório;
O reservatório deve ser limpo uma vez por ano para a retirada do lodo depositado
no fundo do mesmo.
Essas e outras orientações podem ser encontradas em manuais como o Guidance on
the use of rainwater tanks (CUNLIFFE, 1998), Harvesting rainwater for domestic uses: an
information guide (ENVIRONMENT AGENCY, 2003) e no Manual de Cisterna de Placas –
Construindo a Solidariedade no Semi-Árido (2003).
3.10 Padrões de qualidade para água de chuva armazenada em
cisternas
Para que se possa aproveitar todo o benefício da coleta e utilização da água da chuva
de forma segura, é preciso estabelecer os padrões de qualidade que a mesma deve atender
devendo este ser de acordo com os usos a que a mesma for destinada.
49
O principal problema que se deve enfrentar ao estudar a qualidade da água armazenada
em cisternas destinadas ao consumo humano é a ausência de legislação específica para este
tipo de água. Uma forma de contornar esse inconveniente pode ser a utilização de padrões de
referencia para água potável de sistemas de abastecimento ou de sistemas alternativos
segundo Portaria No 518/2004 – MS. Também há algum consenso sobre a aplicação da
Resolução CONAMA No 357/2005 para águas de mananciais destinados ao abastecimento
humano, em particular para águas da classe especial, que precisam apenas de desinfecção
antes de seu consumo. A Portaria Nº 518 de 25 de março de 2004, Ministério da Saúde), rege
a qualidade da água para consumo humano e estabelece os procedimentos e responsabilidades
relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de
potabilidade, e orienta quanto a outras providências.
De acordo com a Portaria No 518/2004 – MS “toda a água destinada ao consumo
humano deve obedecer ao padrão de potabilidade e está sujeita à vigilância da qualidade da
água”. A mesma Portaria, no cap. 2, art. 4, inciso III, enquadra a cisterna como solução
alternativa de abastecimento de água potável para as populações. Devido ao rigor desta
Portaria, foram definidos indicadores mínimos para o monitoramento da qualidade da água no
meio rural. Dentre estes indicadores são citados: turbidez, cor, pH, cloro livre e coliformes.
Os parâmetros exigidos pela Portaria Nº 518/2004 - MS (BRASIL, 2004) são de
coliformes totais, coliformes termotolerantes ou Escherichia coli. Numericamente, as
amostras de água de fontes alternativas destinadas ao consumo humano podem ter a presença
de coliformes totais, desde que haja a ausência de E.coli/100 mL, devendo ser pesquisada a
origem da ocorrência da provável contaminação e providenciar as medidas corretivas e
preventivas (BRASIL, 2005).
A água potável deve estar em conformidade com o padrão microbiológico conforme
Quadro 1 a seguir:
50
Quadro 1: Padrão microbiológico de potabilidade da água para consumo humano. Portaria Nº 518/2004 - MS.
3.11 A Legislação sobre água de chuva
A lei nº 9.433/97, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, define que a
água é um bem de domínio público, constituindo um recurso natural limitado, dotado de valor
econômico. A idéia da aplicabilidade dos sistemas de coleta, armazenamento, utilização e
infiltração das águas pluviais, instalados em todos os tipos de construções, é um instrumento
extremamente importante no controle do balanço hídrico, como medida corretiva e mitigadora
do impacto causado ao ciclo da água local, pelas atividades humanas, nas áreas urbanas das
bacias hidrográficas (FENDRICH, 2002).
Schvartzman & Palmier (2007) fazem uma interessante reflexão sobre a legislação de
água de chuva. Segundo os autores, a recente legislação sobre recursos hídricos não trata
especificamente das águas de chuva. A Lei Federal nº 9.433/97, entretanto, estabelece, no
parágrafo primeiro do artigo 12º:
“Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento: i) o
uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos
populacionais, distribuídos no meio rural; ii) as derivações, captações e lançamentos
51
considerados insignificantes; e iii) as acumulações de volumes de água considerados
insignificantes.”
Interpreta-se que, por serem captadas ou armazenadas em volumes considerados
pouco expressivos, e destinadas às necessidades individuais ou de pequenos núcleos
populacionais, as captações de água de chuva independem de outorga pelo Poder Público.
Desta forma, verifica-se que, salvo regulamentação específica a ser editada, as captações de
água de chuva não são administradas pelos órgãos gestores de recursos hídricos.
A Lei Federal nº 11.445/07 – que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento
básico – dispõe em seu artigo 5º:
“Não constitui serviço público a ação de saneamento executada por meio de soluções
individuais, desde que o usuário não dependa de terceiros para operar os serviços.”
Muitos países já instituíram legislações específicas para o aproveitamento de água de
chuva. No Brasil, as primeiras normas e leis começam a ser discutidas e regulamentadas.
A cidade de São Paulo foi pioneira quando, em Janeiro de 2002, aprovou a Lei nº
13.276 que tornou obrigatória a construção de reservatórios para águas pluviais coletadas por
áreas impermeabilizadas superiores a 500 m2, com o objetivo apenas de evitar inundações. No
Art. 2º parágrafo 2º promulga:
§ 2º - A água contida pelo reservatório deverá preferencialmente infiltrar-se no solo,
podendo ser despejada na rede pública de drenagem após uma hora de chuva ou ser
conduzida para outro reservatório para ser utilizada para finalidades não potáveis.
“A chuva coletada deve ser encaminhada a um reservatório de retenção para
posterior infiltração no solo ou para ser despejada na rede de drenagem após uma hora de
chuva ou ainda para ser conduzida a outro reservatório, para ser utilizada para fins não
potáveis.”
Em Curitiba, a Lei Nº 10.785/03 criou o Programa de Conservação e Uso Racional da
Água nas Edificações – PURAE. Dentre os seus objetivos, está a indução ao uso de fontes
alternativas de abastecimento de água em novas residências, conforme artigos 6o e 7o citados
abaixo:
52
Art. 6º. As ações de Utilização de Fontes Alternativas compreendem:
I - a captação, armazenamento e utilização de
água proveniente das chuvas; e
II - a captação e armazenamento e utilização de
águas servidas.
Art. 7º. A água das chuvas será captada na cobertura das edificações e encaminhada a uma cisterna
ou tanque, para ser utilizada em atividades que não requeiram o uso de água tratada, proveniente da
Rede Pública de Abastecimento, tais como:
a) rega de jardins e hortas;
b) lavagem de roupa;
c) lavagem de veículos;
d) lavagem de vidros, calçadas e pisos”
Em 2004, no Rio de Janeiro, o Decreto Municipal Nº 23.940/04 tornou obrigatório, em
edificações especificadas, a construção de reservatório para retardo do escoamento das águas
pluviais para a rede de drenagem, bem como dispõe sobre o reaproveitamento da água para
finalidades não potáveis.
Mais recentemente, em todo o estado de São Paulo, foi estabelecida a obrigatoriedade
de implantação desses sistemas e o seu condicionamento à obtenção das aprovações e
licenças, de competência do Estado e das Regiões Metropolitanas sobre o uso do solo urbano
e projetos de infra-estrutura.
No artigo 3º da Lei 12.526/2007, são estabelecidos três destinos para a água reservada:
Infiltração no solo;
Lançamento na rede pública, depois de uma hora de chuva e;
Utilização para finalidades não potáveis em edificações.
Fica evidente que a grande maioria dos instrumentos legais apresenta um contexto
superficial das normas para aproveitamento da água de chuva, requerendo-se, portanto,
legislações mais específicas.
Com caráter normativo, a recém publicada NBR 15527/2007 – “Água de chuva
– Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis – Requisitos” é
voltada exclusivamente para o uso da água de chuva. A elaboração do texto teve início em
53
janeiro de 2007 e esteve disponível para discussão e consulta nacional no site da ABNT até
março, sendo publicada no dia 24 de setembro de 2007. O documento, atinge o seguinte
objetivo:
“Fornecer os requisitos para o aproveitamento de água de chuva de coberturas em áreas urbanas
para fins não potáveis. Aplica-se a usos não potáveis em que as águas de chuva podem ser utilizadas
após tratamento adequado como, por exemplo, descargas em bacias sanitárias, irrigação de
gramados e plantas ornamentais, lavagem de veículos, limpeza de calçadas e ruas, limpeza de pátios,
espelhos d'água e usos industriais”
Alguns dos pontos a serem comentados sobre essa norma técnica são:
A indicação de parâmetros de qualidade de água no ponto de utilização;
A possibilidade dada à utilização para fins potáveis desde que a água de chuva seja tratada e
seu efluente atenda à Portaria n° 518 do Ministério da Saúde;
Recomendações no que se refere à manutenção do sistema;
A existência de anexo com 6 métodos de cálculos para dimensionamento dos reservatórios,
incluindo os métodos práticos alemão, inglês e australiano.
Em países como Austrália, Alemanha, Estados Unidos e Índia existem manuais e guias
de orientação para a utilização da água da chuva de forma segura, que descrevem desde a
implantação e escolha do material até as atividades de conservação da qualidade da água e
manutenção dos reservatórios. São exemplos desses manuais o Texas Guide to Rainwater
Harvesting (1997) e o Water Safety (2005) da Austrália apud Annecchini (2005). Além disso,
existem instituições internacionais e nacionais que promovem congressos, reunindo estudos
sobre o aproveitamento da água da chuva realizados pelo mundo como a International
Rainwater Catchment Systems Association (IRCSA), American Rainwater Catchment
Systems Association (ARCSA) e a Associação Brasileira de Captação e Manejo de Água de
Chuva (ABCMAC).
54
4
Material e Métodos
4.1Diagnóstico
A pesquisa foi concebida com estudos e ações de diagnóstico visando a caracterização
sócio-econômica das comunidades, estudo da qualidade da água armazenada em cisternas já
existentes e a avaliação do manejo dos sistemas de captação e armazenamento de água de
chuva já existentes, assim como a finalidades de uso da água armazenada.
Identificaram-se famílias beneficiadas com sistemas de captação de água de chuva em
cisternas localizadas nos municípios de São João do Cariri, São José do Sabugí e em Campina
Grande, no Assentamento Paus Brancos, no estado da Paraíba, na região semi-árida do
Nordeste do Brasil. Em todas as comunidades, fez-se um diagnóstico socioeconômico,
cultural e ambiental das famílias e, numa etapa posterior se procedeu a seleção de 8 cisternas
para monitoramento qualitativo sistemático. As cisternas estudadas foram identificadas por
siglas que configuraram o seguinte espaço amostral: a) São João do Cariri: SJC1, SJC2, SJC3
e SJC4; b) Paus Brancos: PB1, PB2, PB3 e PB4.
4.2Caracterização dos locais de estudo
4.2.1 São João do Cariri
O município de São João do Cariri está localizado na Microrregião São João do Cariri e
na Mesorregião da Borborema do Estado da Paraíba Localiza-se a 80 km da cidade de
Campina Grande/PB a 186,6 Km de João Pessoa, a capital do Estado. Encontra-se inserido na
Bacia do Rio Taperoá, sub-bacia do rio Paraíba a 7° 25' de latitude Sul e 36° 30' de longitude
Oeste na região do Cariri Paraibano (Figura 3). Sua população aproximadamente é de 4.802
habitantes. Com área de 702 km² e densidade demográfica de 6,73 hab/Km2. A região
apresenta clima seco semi-árido com precipitação média anual de 300 a 503 mm, com período
chuvoso de janeiro a maio. A temperatura varia entre 15,2º C e 36,5ºC, com média anual de
26,2ºC e umidade relativa média anual em torno de 60 a 70,6%. A vegetação é a CaatingaSeridó, típica do semi-árido nordestino, predominando uma vegetação arbustiva aberta.
55
Figura 3: Localização de São João do Cariri, no Estado da Paraíba.
4.2 .2 São José do Sabugí
O município está localizado na região do Seridó ocidental paraibano. Sua população
aproximadamente é de 4.098 habitantes (Figura 4). A densidade demográfica é de
18,1hab/Km2. Com área de 215,4 Km2, situa-se na região Centro-Norte do Estado da Paraíba,
dentro do Polígono das Secas, inserido nos domínios da bacia hidrográfica do Rio Piranhas,
sub-bacia do Rio Seridó, entre as coordenadas 06°88’00’’ de Latitude Sul e 36°74’00’’ de
Longitude Oeste até 06°75’00’’ de Latitude Sul e 36°90’00’’ de Longitude Oeste.
Apresenta pluviometria média anual de 547,8mm, com distribuição irregular e
temperatura média anual de 27ºC. A umidade relativa média anual é em torno de 59%. A
vegetação predominante é do tipo Caatinga-Seridó, típica do semi-árido nordestino.
Figura 4: Localização do município de São José do Sabugi, no Estado da Paraíba.
56
4.2.3 Assentamento Paus Brancos
Situa-se no Agreste Paraibano, na microbacia do Riacho Angico, contribuinte do Riacho
São Pedro, no extremo sudoeste do município de Campina Grande, Estado de Paraíba. A
região é estritamente rural, entre as coordenadas 07°25’00’’ de Latitude Sul; 35°30’00’’ de
Longitude Oeste. O clima da região, entre a serra da Borborema e o início do Cariri, é semiárido quente, com chuvas concentradas em 4 a 6 meses do ano, com médias anuais de 350 a
500 mm, entre fevereiro e maio. A umidade relativa média anual é em torno de 50% e a
evaporação média anual de 1.800 mm/ano. A temperatura média varia entre 25 e 28°C
(AESA/PB).
O Assentamento de Paus Brancos possui área de 2.309.70 hectares com 72 famílias
tuteladas pelo Instituto de Terras e Planejamento Agrícola da Paraíba (INTERPA) desde
1996. A Figura 5 mostra a localização do Estado da Paraíba, climatologia da precipitação
(Fev-Maio/2006) e se destaca a posição do Riacho São Pedro, onde se situa o assentamento da
comunidade Paus Brancos (PB).
Figura 5: Localização do Assentamento de Paus Brancos no município de Campina Grande – PB.
4.3 Diagnóstico do contexto social, econômico e cultural
Para obter uma visão geral sobre o padrão social e econômico das famílias nos três
municípios selecionados (São João do Cariri, São José do Sabugí e Assentamento Paus
Brancos - município de Campina Grande/PB), bem como a percepção da relação água/saúde –
manejo da água das cisternas / qualidade da água consumida e suas limitações, foi elaborado
57
um questionário socioambiental semi-estruturado (Anexo A) e aplicado na forma de
entrevistas, acompanhados da observação direta das condições de moradia, de higiene, formas
de abastecimento de água e fontes características estruturais e de funcionamento dos sistemas
de captação, armazenamento e retirada da água chuva das cisternas para consumo humano,
esgotamento sanitário e aspetos de saúde.
Aplicação dos questionários
Para as entrevistas, foi feito o treinamento das equipes de campo para esclarecer alguns
itens dos questionários e a forma de aplicação.
A aplicação dos questionários ocorreu no período de 28 a 30 de maio de 2007. Foram
formadas 09 equipes com dois integrantes cada um, com tarefas específicas: um integrante
para aplicar os questionários (entrevista semi-estruturada) junto ao responsável pela família e
outro para fazer observações in loco da área de captação de água de chuva, registrar o estado
de conservação da cisterna e o geoprocessamento do local. Foram entrevistadas um total de
175 famílias.
As informações referentes às 175 famílias entrevistadas foram organizadas em um
banco de dados. A Figura 6 apresenta a distribuição das famílias entrevistadas:
Figura 6: Porcentagem das famílias entrevistadas nos três municípios e distribuição por comunidade.
O universo amostral correspondeu a 54 famílias em São João do Cariri, 39 famílias no
Assentamento Paus Brancos e 82 famílias em São José de Sabugí, que dispõem de Sistemas
de Captação de Água de Chuva.
58
4.4 Seleção dos sistemas de captação e armazenamento de água de
chuva para monitoramento qualitativo sistemático
Um dos objetivos da pesquisa foi avaliar a qualidade da água armazenada em função
dos tipos de cisternas existentes; semelhanças e diferenças físicas, higiênicas, culturais e de
manejo, de forma sistemática e em épocas de estiagem e de chuvas. Selecionaram-se então
cisternas representativas do universo amostral registrado nas entrevistas semi-estruturadas. A
seleção foi feita aplicando-se análises de agrupamento, a partir dos dados obtidos das 175
famílias entrevistadas. Para essa seleção foram usados seis indicadores dentre os obtidos nos
questionários sócio-econômicos (Figura 7).
Figura 7: Critérios utilizados para selecionar cisternas semelhantes pela análise de agrupamento
A análise de agrupamento gerou três subgrupos de acordo com os agrupamentos
obtidos (semelhanças/diferenças em cada agrupamento). Dentre esses agrupamentos foram
escolhidos oito sistemas de coleta e armazenamento de água de chuva, com características
diferentes, para o monitoramento sistemático da qualidade da água, o qual foi feito ao longo
dos meses de dez/07- dez/08. Dessas 8 cisternas 4 estão localizadas no município de São João
do Cariri e as outras no Assentamento de Paus Brancos.
4.5 Período da pesquisa e procedimentos de coleta.
A amostragem teve duração de um ano. Os oito sistemas de captação e
armazenamento de água de chuva foram monitorados com freqüência mensal. Em cada visita
mensal um formulário de acompanhamento de campo foi preenchido a fim de registrar
59
mudanças no comportamento das famílias (nº de pessoas, ocorrência de doenças, etc) bem
como alterações no sistema de captação tais como: estado de conservação dos tetos, dos dutos
e das cisternas, volume da água nas cisternas, recebimento de carros- pipa,dentre outros.
A coleta das amostras para as análises de água foi realizada pelos próprios moradores
procedendo da mesma forma que fazem diariamente. Assim algumas foram coletadas com
baldes, outras com latas e em uma única cisterna com mangueira, em substituição a bomba. A
bomba manual presente em algumas cisternas não foi utilizada por nenhuma família.
Os parâmetros qualitativos analisados reuniram-se em dois grupos: serie curta, onde
um número reduzido de parâmetros foi monitorado com freqüência mensal e outro
denominado serie longa, com todos os parâmetros, que foram monitorados com freqüência
trimestral. Considerando que um monitoramento anual, a série curta corresponde a oito meses
e a série longa corresponde a quatro meses (a série longa inclui a série curta).
As análises que compõem cada série são apresentadas no Quadro1
Quadro 2: Parâmetros a serem analisados nas coletas de análises de séries curta e completa
Tipo de série
Série Curta
Freqüência
mensal
Série Longa
Freqüência
trimestral
Parâmetros analisados
pH, Condutividade, OD, Temperatura, Turbidez, Cor, Odor, Salinidade,
SDT, Alcalinidade, Dureza, Cloretos, Coliformes (totais), E.coli, Bactérias
heterotróficas totais
Salmonella sp., Metais (Al, Pb, Fe, Zn, Mg, Mn), DQO, DBO, Série de
Nitrogênio (N-amon., N-NO3-, N-NO2-)
4.5.1 Amostras para análises físicas e químicas
Parte das amostras de água foram transferidas para garrafas plásticas limpas de 2 litros
e preservadas em caixas isotérmicas com gelo (<10ºC) até sua chegada ao laboratório, onde
foram processadas para as análises físicas e químicas nas oito horas após da coleta. Em campo
foram medidos condutividade elétrica, pH e temperatura e fixado o oxigênio dissolvido (OD)
pelo método de Winkler com modificação de Azida (AWWA, 1998).
As análises da série nitrogenada foram feitas para os meses (Dez/07-Fev, Jun, Set e
Dez/08) e as de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), nos meses (Dez/07-Mar/, Jun, Set
60
e Dez/08). O cloro residual total e livre foi medido a partir do mês de abril/08, quando o
equipamento foi adquirido.
As amostras para análise de metais foram coletadas segundo as recomendações do
Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP, 2006):
4.5.2 Amostras para as análises microbiológicas
As amostras destinadas para as análises microbiológicas foram transferidas para
garrafas de polietileno (500 mL) com boca larga protegidas com papel laminado, previamente
esterilizadas (121º C – 30’ em autoclave). Essas amostras foram utilizadas na determinação de
coliformes totais, Escherichia coli, estreptococos fecais e Bactérias Heterótrofas Totais.
As amostras para pesquisa de Salmonella sp. foram coletadas em garrafas plásticas de
5L esterilizadas. Os recipientes eram abertos apenas no momento de coletar a água e em
seguida mantidos em caixas de isopor com gelo a uma temperatura inferior a 10ºC até sua
chegada ao laboratório, onde foram processadas.
A determinação de Salmonella sp. foi realizada nas amostras dos meses de Janeiro,
Março e Junho de 2008. No mês de Janeiro coletaram-se amostras do sedimento do fundo da
cisterna SJC3 que estava sendo limpa no dia da segunda coleta para confirmação de resultado.
Na Tabela 1 apresentam-se, de forma resumida, os parâmetros analisados e os métodos
de análises.
Tabela 1: Parâmetros Analisados nas Amostras de Água e Metodologia
Parâmetro
pH
Unidade
-
Temperatura
ºC
Turbidez
UNT
Cor
UC
Condutividade elétrica
µS/cm
Salinidade
ppm
Sólidos dissolvidos totais
mg/L
Método Analítico
pHmetro digital (TECNAL – Modelo: TEC – 3P – MP)
Termômetro de filamento de mercúrio, com escala entre 0 a 80ºC
Turbidímetro digital (HACH – Modelo: 2100P)
Colorímetro digital (POLICONTROL – Modelo: AquaColor Cor)
Condutivímetro digital (TECNAL – Modelo: TEC- 4P-MP)
Potenciométrico (TECNAL – Modelo: TEC – 4P – MP)
Gravimétrico (Método de secagem à 180ºC)
61
Cloro Total e Residual livre
mg/L
Cloreto
mg/L
Oxigênio dissolvido
mg/L
DBO5,20
mg/L
Nitrato
mg/L
Espectrofotométrico - Método da Coluna de Redução de Cádmio de
nitrato a nitrito.
Alcalinidade
(mg
CaCO3/L)
Método da Titulação Potenciométrica
Dureza
Clorímetro. (POLICONTROL – Modelo: AquaColor Cloro)
Argentométrico (Método de Mohr).
Método de Winkler
Frascos padrões/ Método de Winkler
(mg
CaCO3/L)
Titulométrico com EDTA
NMP/100ml
Substrato cromogênico (Colilert ®)
Bactérias Heterotróficas
Mesófilas Totais
UFC/ml
Contagem padrão em placa (Pour Plate) Meio de cultura: Plate
Count Agar
Estreptococos fecais
UFC/100ml
Coliformes totais e Escherichia
coli
Membrana de Filtração Meio de cultura: M-Enterococcus Agar.
Salmonella s p*
Concentração em membrana (água) e inoculação direta (lodo)
CETESB (2004)
As técnicas analíticas seguiram a metodologia descrita no “Standard Methods for the Examination of Water and
Wastewater” (AWWA, 1998).
4.6 Técnicas analíticas dos parâmetros microbiológicos
4.6.1 Determinação de Coliformes
substrato cromogênico
A
técnica
utiliza
substratos
Totais e Escherichia coli: Teste com
hidrolisáveis
por
enzimas
constitutivas
dos
microrganismos-alvo. A determinação dos coliformes totais é feita através do substrato
ONPG (orto-nitrofenil-β-D-galactopiranosídeo) que é hidrolisado pela enzima β-Dgalactosidase (presente em todas as bactérias do grupo coliforme), seguido da liberação do
orto-nitrofenol (amarela) que indica resultado positivo para coliformes totais após 24 horas de
incubação a 37º C. A determinação de Escherichia coli é feita através do substrato MUG (4metil-umbeliferil-β-D-glicuronídeo) que é hidrolisado pela enzima β-glicuronidase, presente
apenas em E. coli com liberação da 4-metil-umbeliferona que apresenta fluorescência azul sob
exposição à luz ultravioleta (λ = 365 nm) (AWWA, 1998).
62
A combinação do ONPG - MUG utilizada nesta pesquisa foi desenvolvida pelo
Laboratório IDEXX (COLILERT®). A quantificação foi feita pela técnica do número mais
provável (NMP) com uso de cartelas estéreis descartáveis constituídas de 49 cavidades
grandes e 48 cavidades pequenas, que permite detectar na água sem diluição até 2000
bactérias /100 mL na amostra bruta. Em recipiente estéril e próximo ao bico de Bunsen,
introduz - se 100 mL da amostra bruta ou de suas diluições e acrescenta-se o meio de cultura
em forma de pó (meio desidratado) realizando-se a homogeneização para dissolução do
mesmo, em seguida sela-se a cartela na seladora e leva-se as cartelas para estufa de incubação
por 24 horas a 35-37ºC. Os resultados são expressos em NMP/100 mL e são obtidos de uma
tabela de dupla entrada, que combina o número de cavidades grandes e pequenas positivas.
Na figura 8 está um fluxograma de execução do método do substrato cromogênico
utilizando-se COLILERT®.
Amostra
Diluições decimais:
(10-1; 10-2; outras)
Mistura do substrato cromogênico com
100ml da amostra ou diluições em
recipientes estéreis
Encher as cartelas e selar
Incubar por 24h / 37ºC
Leitura: Coloração amarela intensa: Coliformes totais.
Calcular o NMP/100mL na tabela
Fluorescência-UV (λ = 365 nm): Escherichia coli.
Calcular o NMP/100mL na tabela
Figura 8: Fluxograma de identificação e quantificação de coliformes totais e Escherichia coli pela técnica do
substrato cromogênico.
4.6.2 Determinação de Bactérias Heterótrofas Totais: Técnica de Pour Plate
(vertido em placa)
As Bactérias Heterótrofas Totais foram quantificadas pela técnica de Pour Plate
(vertido em placa) utilizando-se o meio de cultura “Plate Count Agar” (PCA) (Difco), com
incubação a 37º C durante 48 hs. (AWWA, 1998; CETESB, 2004).
63
A seqüência de execução da técnica é a seguinte:
Esterilizar placas de Petri de 9 cm de diâmetro em duplicata para cada amostra;
Preparar o meio Agar para Contagem Padrão “Plate Count Agar” (PCA) e distribuir 20
mL em tubos de ensaio e esterilizar a 121º C/20 min e preservar em geladeira até
momento de uso, quando deve ser previamente fundido e mantido a 45ºC no banhomaria;
Homogeneizar a amostra /diluições e acrescentar nas respectivas placas 1 mL em cada;
Introduzir 20mL do PCA que foi anteriormente preparado e homogeneizar com
movimentos circulares;
Incubar as placas em posição invertida por 48 horas a 37ºC e efetuar a quantificação
das colônias. Os resultados serão expressos em UFC/mL (AWWA, 1998). O
fluxograma de execução da metodologia é apresentado na figura 9.
Amostra
Diluições decimais:
Fundir o meio de cultura nos tubos
e manter em banho maria a 45ºC
(10-1; 10-2; outras)
Inocular 1mL de cada diluição
Inocular 1mL da amostra
Adicionar o meio de
cultura fundido
Placas de Petri estéreis
(duplicata da amostra e de cada diluição)
Homogeneizar com movimentos
Deixar solidificar
Inverter as placas e incubar à 48 ± 3h / 35-37ºC
Contagem das colônias. Determinação da
Média e Cálculo dos resultados (UFC/mL)
Figura 9: Fluxograma de quantificação de Bactérias Heterotróficas Totais pela técnica de Pour Plate.
4.6.3 Determinação de estreptococos fecais: Técnica da membrana filtrante
A técnica fundamenta-se na filtração de um volume conhecido da amostra ou de suas
diluições, através de uma membrana atóxica de acetato de celulose com microporos de
0,45µm de diâmetro para reter na linha de fluxo os microrganismos que tenham diâmetro
64
levemente maior. As bactérias retidas nos poros crescem formando colônias sobre a
membrana e são visualizadas a olho nu e podem ser facilmente quantificadas. A filtração é
realizada com um dispositivo específico previamente esterilizado (Figura 10).
1 – Funil de filtro; 2 – Pinça; 3 – Suporte da membrana; 4 – Membrana;
Figura 10: Dispositivo de Filtração
A membrana com as bactérias retidas nos poros é transferida para uma placa de Petri
de 47 mm de diâmetro com o meio Agar M-enterococos para o crescimento seletivo de
estreptococos fecais. A incubação foi realizada a 37º C durante 48 horas. O meio de cultura se
difunde para a membrana e fornece os nutrientes necessários para o desenvolvimento das
colônias de bactérias tipicamente vermelhas (Cocos Gram-Positivos) que são quantificadas e
os resultados expressos em UFC/100 mL (AWWA, 1998). Na figura 11 apresenta-se o roteiro
de identificação e isolamento de estreptococos fecais por membrana filtrante.
Amostra
Preparo de diluições decimais:
(10-1; 10-2; outras)
Filtração de 1mL de cada diluição
Filtração de 1mL
Placas de Petri com o
Agar M-Enterococos
Incubação por 48 h a 37 ºC
Resultado (+): Colônias vermelhas
Contagem das colônias e cálculo dos resultados
(UFC/100mL)
Figura 11: Fluxograma de identificação e quantificação de Estreptococos fecais pela técnica da membrana
filtrante.
65
4.6.4 Determinação de Salmonella sp.: Técnica por membrana filtrante
A técnica consta de seis etapas básicas:
a) Concentração das amostras por filtração
Para o isolamento e identificação de Salmonella sp. utilizou-se a técnica de
concentração das amostras de água por membrana filtrante. Foram filtrados 5 litros da
amostra, utilizando-se um vaso de pressão em aço inoxidável, com capacidade para 5 litros
conectado a uma bomba de pressão (147 Kpa). Um porta filtro foi montado com o filtro de
Membrana (Millipore de 0,45µm de poros e 142 mm de diâmetro) e um pré-filtro para evitar
o entupimento da membrana. Após a filtração foi desprezado o pré-filtro e colocou-se,
assepticamente, a membrana filtrante em caldo Água Peptonada Tamponada (APT). A figura
12 mostra o sistema de filtração: vaso de pressão, porta-filtro e bomba, para o préenriquecimento.
Figura 12: Disposição dos equipamentos utilizados na filtração das amostras de água na pesquisa de
Salmonella sp.
b) Pré -enriquecimento em Água Peptonada Tamponada (APT)
O pré-enriquecimento, em Água Peptonada Tamponada (Difco, pH = 7,0). Após
filtração, foi feito por incubação a 37°C/24h.
66
c) Enriquecimento seletivo
Após o período de incubação em APT, alíquotas de 1 mL foram transferidas para o
caldo Rappaport-Vassiliadis (Oxoid) e incubado a 37°C/24 e 48 horas. O meio de RappaportVassiliadis é seletivo para Salmonella sp.
d) Isolamento
Fez-se o isolamento em placas de Petri com meio seletivo Ágar Verde Brilhante-VB
(Difco) e incubadas a 37°C/24horas. Após a incubação, as colônias típicas (coloração rosa e
vermelha) foram submetidas à identificação.
e) Identificação presuntiva
Colônias características de Salmonella sp. crescidas no meio Ágar Verde Brilhante
(cinco ou seis colônias) foram repicadas em ágar nutriente e incubadas a 37ºC/24 horas.
f) Identificação Bioquímica
A partir do crescimento no ágar nutriente, foram selecionadas algumas colônias
suspeitas de Salmonella sp. e submetidas à triagem bioquímica utilizando-se os meios de
cultura Ágar Tríplice Açúcar Ferro (TSI), e meio SIM (sulfato/indol/motilidade ágar) e Agar
Lisina Descarboxilase (LIA). O Quadro 3 a seguir descreve a interpretação dos resultados
expressos qualitativamente como positivo ou negativo (CETESB, 1993).
Quadro 3: Resultados dos testes bioquímicos para Salmonella sp.
Meio
Ação
Reação
SIM
Mobilidade
+
TSI
Fermentação da glicose
+
TSI
Fermentação da lactose
-
TSI
Fermentação da sacarose
-
TSI - SIM
Produção de H2S
+
SIM
Produção de Indol
+
Agar Lisina Descarboxilase
Descarboxilação da lisina
+
67
g) Sorologia
As cepas identificadas bioquimicamente como Salmonella sp. foram submetidas a
testes de confirmação sorológica, através de anti-soros polivalentes anti-Salmonella com
antígenos somáticos seguindo-se as recomendações do fabricante (Probac do Brasil).
Na figura 13 apresenta-se o fluxograma dessa metodologia.
Amostra (5L)
Filtração em membrana de e
142mm de diâmetro e 0,45µm de
poro
APT (200mL)
24h/35-37ºC
Inocular 1mL em vários tubos
Caldo Rappaport-Vassiliadis (100mL)
Incubação por 24-48h 35-37ºC. Após cada tempo
de incubação, realizar as etapas seguintes:
Agar Verde Brilhante
(colônias roseas e vermelhas)
Incubação por 24h/37ºC
Provas bioquímicas (Agar TSI, SIM e Ágar lisina- descaboxilase)
Incubação por 24h a 37ºC
Sorologia
Figura 13: Fluxograma de isolamento e identificação de Salmonella sp em amostras de água pela técnica da
membrana filtrante.
4.6.5 Determinação de Salmonella sp: Técnica de Inoculação Direta
A amostra de lodo da limpeza do fundo de uma cisterna não permitiu a adoção da
técnica de filtração devido ás partículas sólidas em suspensão. Foi realizada a inoculação
direta de lodo (volume conhecido) no caldo de pré-enriquecimento (APT). Os demais passos
68
da metodologia permaneceram idênticos aos utilizados para água (CETESB, 1993). Na figura
14 apresentam-se os procedimentos adotados para as amostras de lodo.
Amostra de lodo (100 mL)
APT (200mL conc. dupla)
24h/35-37ºC
Inocular 1mL em vários tubos
Caldo Rappaport-Vassiliadis (100mL)
24h/35-37ºC
Incubação por 24-48h 35-37ºC. Após cada tempo
de incubação, realizar as etapas seguintes:
Agar Verde Brilhante
(colônias rosas e vermelhas)
Incubação por 24h/37ºC
Provas bioquímicas (Agar TSI, SIM e agar lisina)
Incubação por 24h a 37ºC
Sorologia
Figura 14: Fluxograma de isolamento e identificação de Salmonella sp em amostras de lodo.
4.7 Dados climatológicos
Os dados pluviométricos de São João do Cariri foram obtidos da estação
meteorológica da Bacia Escola desse município e os dados do Assentamento Paus Brancos
foram fornecidos pela Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba
(AESA/PB).
69
4.8 Análise estatística e apresentação gráfica dos resultados para os
questionários sócio-econômicos e as cisternas monitoradas
qualitativamente
Questionários sócio-econômicos
Os dados dos questionários semi estruturados aplicados nas três comunidades (Paus
Brancos, São João do Cariri e São José do Sabugí) foram analisados em separado. Os
resultados mais significativos dos questionários foram representados em tabelas, diagrama de
setores circulares e histogramas, segundo o modelo mais apropriado.
Cisternas monitoradas
Para os dados mensais de qualidade da água coletada das cisternas fez- se uma análise
descritiva básica relativa ao número de dados, médias aritmética, mediana, desvio padrão. Os
resultados foram apresentados na forma de tabelas, diagramas de colunas e gráficos
“box=whisker”. Para os testes estatísticos inferenciais, foram aplicados: teste de Shapiro-Wilk
para verificar a normalidade dos dados, pois uma inferência baseada apenas em medidas de
posição e dispersão não são suficiente para determinar a natureza das variáveis (paramétricas
ou não – paramétricas) e assim proceder às análises estatísticas com confiabilidade. Aplicouse a correlação de Spearman, para observar possíveis correlações entre as variáveis em estudo
e análise de variância (ANOVA) para comparar diferenças entre as médias das variáveis nas
cisternas monitoradas. O nível de significância adotado para o teste de hipóteses foi o de 5%,
com testes bicaudais. As análises estatísticas dos dados foram executadas através do programa
STATISTICA 7.0.
70
5
Resultados e Discussão
5.1 Análise das condições sócio- econômicas das comunidades estudadas
Constata-se através de informações dos questionários sócio- econômicos que o nível de
desenvolvimento social em São José do Sabugi e São João do Cariri é maior do que aquele de
Paus Brancos, considerando a satisfação de necessidades básicas (trabalho, escola, saúde,
moradia servida de água tratada, esgotamento sanitário, dentre outros). Em relação ao grau de
instrução, observa-se nas três comunidades (Quadro 4), predominância de pessoas com nível
fundamental incompleto ou analfabetos, que são capazes apenas de escrever o próprio nome.
Quadro 4: Distribuição do rendimento da família por tipo de instrução/escolaridade do chefe da família nas três
comunidades em estudo.
Município
Paus Brancos
Escolaridade
% Total
Escolaridade
2
11
6,29%
6
0
27
15,43%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
0
0
1
0
1
0,57%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
8
18
11
2
39
-
4,57%
10,29%
6,29%
1,14%
-
22,29%
]1
[1-2[
AN
2
3
4
FI
6
15
FC
-
MI
SC
-
% Total
População /Renda
-
Município
Escolaridade
São João do
Cariri
Total
Ignorada
MC
SI
Total
Renda (salários mínimos)
[2-3[
Renda (salários mínimos)
Total
% Total
Escolaridade
3
8
4,57%
14
3
31
17,71%
1
3
1
6
3,43%
2
1
0
3
1,71%
Ignorada
]1
[1-2[
AN
0
1
4
FI
3
11
FC
1
MI
0
[2-3[
71
0
2
4
0
6
3,43
0
0
0
0
0
3,43
-
-
-
-
-
4
17
26
7
54
2,29%
9,71%
14,86%
4%
-
MC
SI
SC
-
Total
% Total
População /Renda
-
Município
Escolaridade
São José do
Sabugi
Renda (salários mínimos)
Ignorada
]1
[1-2[
Total
% Total
Escolaridade
AN
4
5
10
1
20
11,43%
FI
1
14
24
7
46
26,29%
FC
0
3
1
2
6
3,43%
MI
0
2
0
0
2
1,14%
0
3
2
0
5
2,86%
1
0
0
0
1
0,57%
0
0
0
2
2
1,14%
6
27
37
12
82
7,32%
32,93%
45,12%
14,63%
-
18
62
74
21
175
10,29%
35,43%
42,29%
MC
SI
SC
-
Total
% Total
População /Renda
Total da Coluna
% Total da Coluna
-
30,86%
[2-3[
12%
-
46,86%
100%
LEGENDA:
AN . FI. FC. MI. -
Analfabeto
Fundamental Incompleto
Fundamental Completo
Médio Incompleto
MC. SI. SC. -
Médio Completo
Superior Incompleto
Superior Completo
A maioria das famílias vive com menos de dois salários mínimos. Predominam famílias
de agricultores, vivendo da agricultura de subsistência.
Das 175 famílias entrevistadas nas
três comunidades, 81% ocupam-se com agricultura, 15% têm distintas ocupações como,
auxiliar de consultório, motorista, vigilante, trabalhador em fábrica de cerâmica e dona de
casa e outros 4% integram a classe de aposentados (Quadro 5)
Os dados relativos à incidência de analfabetismo dos chefes de família podem ser
comparados diretamente com os dados de um projeto executado no Ceará (BOTTO, 2006),
em que foram aplicados questionários semelhantes. Nas comunidades do Ceará o
72
analfabetismo variou entre 26 e 35%, enquanto em São José do Sabugi 37,7% dos chefes de
família afirmaram ser analfabetos ou com ensino fundamental incompleto, 22,3% em São
João do Cariri e 21,7 % em Paus Brancos. Muitos moradores que afirmaram ter cursado as
primeiras séries do ensino fundamental, continuam praticamente analfabetos, podendo apenas
escrever o próprio nome.
Da mesma forma, 40 e 80% das famílias das comunidades estudadas por BOTTO
(2006) possuem salários inferiores a um salário mínimo. Em São José do Sabugi 33 % das
famílias vivem nestas condições precárias, em São João do Cariri 9,71% e em Paus Brancos
10,3% sobrevivem com menos de um salário mínimo por mês. Pode-se concluir que as
características sócio-econômicas de São José do Sabugi, São João do Cariri e de Paus Brancos
são semelhantes a outras comunidades rurais do SAB.
Quadro 5 : Ocupação das famílias nas três comunidades em estudo.
Comunidades
Ocupação
Outras
Paus Brancos
%
São João do Cariri
%
Total
Agricultora (a) Aposentado (a)
3
36
0
39
7,69%
92,31%
0,00%
100,00%
12
41
1
54
22,22%
75,93%
1,85%
100,00%
65
6
82
79,27%
7,32%
100,00%
São José do Sabugi
11
%
13,41%
Total Coluna
26
142
7
175
% Total da Coluna
14,86%
81,14%
4,00%
100,00%
A maioria das famílias (63,4%) não possui água encanada, sendo necessário armazenar
a água, principalmente nos períodos de estiagem em caixa d’água, cisternas, potes, tonéis,
entre outros recipientes (Figura 15).
73
60
50
40
30
Frequência absoluta
20
10
0
Sim
Sim
Não
PAUS BRANCOS
Não
SÃO JOÃO DO CARIRI
60
50
40
30
20
10
0
Sim
Não
SÃO JOSÉ DO SABUGI
4.1 água encanada
Figura15: Abastecimento com água encanada nas três comunidades em estudo.
A água que as famílias utilizam para higiene pessoal e limpeza da residência provém de
poços e de cisternas (Tabela 2). Em São João do Cariri e São José do Sabugi a maior parte dos
entrevistados declarou utilizar água proveniente de poços comunitários. Neste contexto, beber
e cozinhar foram citados como os maiores usos para as águas armazenadas nas cisternas
(67,5%). Essa situação ratifica a necessidade de monitoramento sistemático da qualidade da
água das cisternas através de programa governamental. A Secretaria de Saúde do município
de São João do Cariri informou que o sistema de controle está sendo montado. Em Paus
Brancos, 29 famílias (76,32%) utilizam água da cisterna para higiene pessoal e da residência,
indicando que a água de qualidade relativamente boa, é desperdiçada para outros fins quando
poderia ser substituída por águas de outras fontes com qualidade inferior.
Em relação aos aspectos quantitativos, o P1MC considera um volume único de 16 m3
para as cisternas, o que atende, em média, uma família com cinco pessoas, estimando um
consumo diário de aproximadamente 9L por pessoa durante 08 meses de estiagem e
considerando áreas de captação (telhados) em torno de 60 m2 e precipitação média de 400
mm. Entretanto não são raras famílias maiores no semi-árido nordestino. A falta de água nas
cisternas prejudica a sustentabilidade do programa, visto que várias famílias devem completar
o volume com água de caminhões pipa, sem garantia de qualidade, outras retornam a buscar
água nas fontes tradicionais (açudes e olhos d’água); diante disso se perde parte dos êxitos
sociais.
74
Tabela 2: Origem da água usada pelas famílias para higiene pessoal e limpeza da residência nas três
comunidades em estudo.
Fonte
Poço
Paus Brancos
%
São João do Cariri
%
São José do Sabugi
%
Total da Linha
%
4
10,53%
26
49,06%
54
66,67%
84
48,84%
Cisterna
29
1
76,32%
5
9,43%
13
16,05%
47
27,33%
Chafariz
2,63%
0
0,00%
0
0,00%
1
0,58%
Rio
1
2,63%
8
15,09%
5
6,17%
14
8,14%
10
18,87%
8
9,88%
20
11,63%
7,55%
1
1,23%
6
3,49%
172
100,00%
81
47,09%
100%
Barragem/
Açude
Outras
2
5,26%
1
2,63%
4
Total / Coluna
% Total / Coluna
38
22,09%
100,00%
53
30,81%
100,00%
A maioria das famílias (56%) considera que a água da chuva armazenada nas cisternas é
suficiente para uso durante todo o ano. As respostas corresponderam a 18,6% em São João do
Cariri, 31,7% em São José do Sabugi e apenas 5,7% em Paus Brancos. Um total de 23,6%
afirma que a água da chuva das cisternas é suficiente apenas na época de chuvas e 20,4 % que
não é suficiente. Possivelmente, a pergunta não foi formulada de forma clara, e não
considerou a percepção das famílias em relação à água. A pergunta referia-se apenas a água
de chuva e não a outras águas colocadas dentro das cisternas, como as de carros-pipa, que
podem ter influenciado na resposta da maioria.
As respostas sobre o abastecimento com água de carros-pipa indicaram que 59,3 % das
famílias não abastecem a cisterna com águas transportadas por carros–pipa (Figura 16). No
entanto, no acompanhamento feito durante as visitas mensais e nas coletas de água, foi
verificado que é comum na região receber água de carros- pipa fornecida pelo exército
durante a época de estiagem.
Iniciativas da sociedade civil organizada e do governo, definidos deram origem ao
Programas de Formação e Mobilização para a Convivência com o Semi-árido – Projeto Um
Milhão de Cisternas (P1MC), merecem destaque pelo caráter inovador e pela ação concreta e
mobilizadora para melhorar as condições de vida e da saúde da população do semi-árido. A
aceitação, por parte dos órgãos gestores, do fornecimento de águas de carros- pipa para o
enchimento das cisternas deturpa os princípios do P1MC. Destaca-se que o envio de água de
carros- pipa é um programa governamental na maioria dos estados do Nordeste semi-árido
pelo qual o exército abastece periodicamente, na época de seca, cisternas cadastradas nas
sedes dos municípios. Essa ação dificulta e até impede a sustentabilidade dos próprios
projetos estaduais e federais que poderiam trazer bem estar e boa saúde para o habitante rural,
ao aceitar e propiciar que os beneficiados com cisternas usem águas de má qualidade.
75
A situação leva a uma reflexão sobre a articulação das políticas publicas nos países e em
particular no nordeste. O Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência
com o Semi-Árido: um Milhão de Cisternas Rurais - P1MC busca beneficiar cerca de 5
milhões de pessoas do semi-árido, com água de chuvas acumuladas em cisternas (16.000
litros) na época de chuvas para beber e cozinhar. Essa água se fosse utilizada de forma
adequada (beber, cozinhar, higiene pessoal) deveria durar por aproximadamente oito meses.
Somente então poderiam entrar os sistemas assistências a fornecer água de outra fonte, que
deveria ser comprovadamente água potável. O uso correto da água de chuva armazenada na
cisterna é um dos focos principais do P1MC. Cada família possui, com o sistema de captação
de água de chuva em cisternas, uma técnica para ter água de boa qualidade que representa
uma forma de convivência com o Semi-Árido, e passa a ter melhores condições de saúde. A
distribuição de água em carros- pipa desvirtua os princípios norteadores do próprio P1MC,
porque estimula as famílias a gastar além do necessário, por saber que o carro pipa fornecerá
mais água, perdendo-se parte dos ensinamentos de manejo e cuidados com os sistemas de
captação e armazenamento, além dessa água nem sempre ter sua origem de uma fonte segura.
Alguns fatores podem ter influenciado nas diferenças das respostas, pois os
questionários foram aplicados na época das chuvas e para aquele momento realmente não
havia distribuição de água por carros-pipa. Outro fator que pode ter influenciado nas respostas
quanto ao tipo de abastecimento associa-se aos seminários dos grupos de Cáritas e ONGS
relacionadas com o projeto P1MC, onde os beneficiados recebem informações sobre o manejo
correto do sistema e frente aos entrevistadores respondem sobre a forma adequada de uso,
ocultando como realmente é feito esse manejo no dia- a dia da família.
As cisternas que as famílias possuem para armazenar água são oriundas, em sua
maioria, do Projeto 1 Milhão de Cisternas – P1MC do Governo Federal (76,6 %) e através de
associações ou pelo próprio morador (23,4%).
76
70
60
50
40
30
Frequência absoluta
20
10
0
Sim
Não
Sim
PAUS BRANCOS
Não
SAO JOAO DO CARIRI
70
60
50
40
30
20
10
0
Sim
Não
SAO JOSE DO SABUGI
4.24 re cebe carro pipa
Figura 16: Abastecimento com água de carros – pipa nas três comunidades em estudo.
A água de chuva armazenada nas cisternas por longos períodos onde diariamente se
introduz o balde ou lata para retirar água, associada com as práticas pouco higiênicas de
captação de tetos, nem sempre limpos antes das chuvas, pode ter qualidade inadequada para
seu consumo direto, necessitando de algum tratamento (SILVA, 2006 a). Por isso, diversos
trabalhos recomendam sua desinfecção antes do consumo (BRITO et al, 2005a e b;
KATO,2006).
Do total dos entrevistados, 87,4 % afirmaram fazer algum tipo de tratamento na água
de beber, predominando a cloração (Figura17).
80
70
60
50
40
30
20
Frequência Absoluta
10
0
Sim
Já vem Tratada
Não
CAMPINA GRANDE
Sim
Já vem Tratada
Não
SAO JOAO DO CARIRI
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Sim
Já vem Tratada
Não
SAO JOSE DO SABUGI
Figura 17: Tratamento da água de beber nas três comunidades em estudo.
77
O estado de conservação do sistema de captação de água de chuva foi considerado
bom em 86% (tampas em boas condições, ausência de vazamentos, localização adequada,
dentre outros aspectos) das famílias, entretanto, 26,3% apresentam inadequações: problemas
nos telhados (quebrados e sujos), nas calhas (desniveladas e sujas), nos ductos de descida da
água, rachaduras e vazamentos nas cisternas e algumas sem tampa, além da inexistência ou
falha da bomba manual, para retirada da água, confirmando as respostas dadas pelas famílias:
67% usam balde devido às dificuldades de uso da bomba. Outro fator relevante é a
proximidade da cisterna em relação aos criadouros de animais. A maioria (62%) construíram
as cisternas a uma distância adequada (maior que 10 metros).
Constatou-se que não há fossa séptica em 21%, de um total de 132 famílias que
responderam a esta questão. Das casas restantes, com fossas sépticas, 80 % encontram-se
adequadamente dispostas (com nível abaixo da cisterna e a mais de 10 metros de distância da
mesma).
Analisando a higiene da família e as condições estruturais de moradia, constatou-se
que 78% das famílias adotam boas práticas de higiene, equiparando-se com as condições de
higiene da sua moradia (74%). Os resultados evidenciam estreita relação entre as condições
de higiene e as condições das moradias.
5.2 Avaliação dos sistemas de captação de água de chuva selecionados pela
análise de agrupamento
Com os dados dos 175 questionários aplicados fez-se a análise de agrupamento em
135 (77,14%), pois 40 questionários estavam incompletos ou a cisterna estava sem uso no
momento da campanha.
A análise de agrupamento gerou três agrupamentos:
Agrupamento 1 122 cisternas de 135 analisadas, representando 90,4% do total.
Agrupamento 2 8 cisternas de 135 analisadas, representando 5,9% do total.
Agrupamento 3 5 cisternas de 135 analisadas, representando 3,7% do total.
Estes agrupamentos agregaram sistemas semelhantes e dentre esses grupos foram
escolhidas oito cisternas, sendo cinco representativas do agrupamento 1, onde o discriminante
78
principal foi a boa higiene familiar; um do agrupamento 2, com o discriminante das “precárias
condições de higiene” e dois do agrupamento 3, sendo o critério discriminante a retirada da
água por bomba.
As principais características que influenciaram na formação dos agrupamentos estão
descritos no Quadro 6 a seguir:
Quadro 6: Características que influenciaram na formação dos agrupamentos segundo dados dos questionários
sócio-econômicos.
Agrupamento
Indicadores
1
Tempo de
Construção
Sistema de Calha
Retirada da água
Estado de
conservação
do Sistema
Localização da
Cisterna em relação
à fossa
Higiene
Familiar
2
1 ano - 59,83 %
1 ano - 62,5 %
66,39% - Calha móvel
75% - Calha móvel
79,51% - Bomba
87,5% - Bomba
3
6 anos - 60%
3 anos - 20%
>6 anos – 20%
60% - Calha móvel
100% - Bomba
77,04% - Boa
conservação
12,5% - Ótimo
25,5% - Bom
37,5% - Regular
25% - Ruim
60% - Ruim
73,77% - Boa
62,5% - Boa
60% - Boa
84,43% - Boa
87,5% - Ruim
Bom - 40%
Regular - 20%
Ruim - 40%
Das oito cisternas selecionadas, quatro estão localizadas em comunidades rurais do
município de São João do Cariri e quatro no Assentamento Paus Brancos. Por questões
logísticas da pesquisa, não foram selecionadas cisternas para monitoramento qualitativo
sistemático em São José de Sabugi, optando-se por escolher cisternas semelhantes dentro do
mesmo agrupamento nos outros dois municípios.
No Quadro 7 se apresentam as características das cisternas selecionadas para
monitoramento qualitativo.
Durante as visitas mensais para coleta da água, foi preenchido um formulário de
acompanhamento (Anexo B) para registrar possíveis alterações no perfil das famílias e no
sistema de captação de água de chuva. Verificaram-se alterações em relação aos seis
indicadores que discriminaram os agrupamentos. No Quadro 8 se apresentam as
79
características atuais das cisternas selecionadas para monitoramento qualitativo. A Figura 18
mostra uma visão geral das cisternas selecionadas para o monitoramento qualitativo.
80
Quadro 7: Características das oito cisternas selecionadas para monitoramento qualitativo segundo as informações dos questionários aplicados em campo.
Critérios de avaliação dos sistemas de captação de água de chuva
Agrupamento
1
2
3
Cisterna
N° de
pessoas da
Família
Recebimento
carro-pipa
SJC 1
Curral do Meio
5
Não
2 anos
Fixo
Bomba
Bom
Bom
Bom
SJC 2
Sítio Pombo
3
Sim
1 anos
Fixo
Balde
Ótimo
Bom
Bom
SJC 3
Sítio Pombo
5
Não
1 ano
Fixo
Balde
Ótimo
Ruim
Bom
SJC 4
Malhada da Roça
3
Sim
1 ano
Fixo
Bomba
Ótimo
Ruim
Bom
PB1
Paus Brancos
4
Sim
5 anos
Fixo
Bomba
Ótimo
Bom
Bom
PB 3
Paus Brancos
2
Não
1 ano
Móvel
Balde
Ruim
Bom
Ruim
3
Sim
6 anos
Fixo
Bomba
Ruim
Bom
Bom
3
Sim
5 anos
Móvel
Bomba
Bom
Bom
Ruim
PB 2
Paus Brancos
PB 4
Paus Brancos
Tempo de Sistema de Retirada da água
uso
calha
da cisterna
Conservação do
sistema
Localização da cisterna Higiene
em relação à fossa
familiar
81
Quadro 8: Características das oito cisternas selecionadas para monitoramento qualitativo após conferir in locu através de visitas de campo.
Critérios de avaliação dos sistemas de captação de água de chuva
N° de
pessoas
da
Família
Recebimento
carro-pipa
Tempo
de uso
Sistema
de
calha
Retirada da água
da cisterna
Conservação
do sistema
Localização
da cisterna
em relação
à fossa
Higiene
familiar
Agrupamento
Agrupamento
Cisterna
1
SJC 1
Curral do Meio
4
Não
3 anos
Móvel
Mangueira = Bomba
Bom
Não
Não tem fossa
Bom
1
SJC 2
Sítio Pombo
5
Sim
2 anos
Móvel
Lata
Bom
Sim
Bom – Distante > 15 m
Mesmo nível
Bom
1
SJC 3
Sítio Pombo
3
Sim
2 anos
Móvel
Lata
Bom
Não
Está em construção
Bom
3
Não
2 anos
Móvel
Balde
Bom
Não
Não tem fossa
Bom
4
Sim
7,5 anos
Móvel
Balde
Ruim
Sim
Ruim – Próximo: 5 m
Mesmo nível
Regular
1
SJC 4
Malhada da Roça
PB1
204 - Paus Brancos
3
PB 2
Paus Brancos
3
Não
7 anos
Fixo
Balde
Ruim
Sim
Bom – Distante >15 m
Nível abaixo
Ruim
2
PB 3
Paus Brancos
2
Sim
2 anos
Fixo
Balde
Bom
Não
Bom – Distante >15 m
Mesmo nível
Regular
3
Sim
6 anos
Móvel
Balde
Ruim
Sim
Ruim – Próximo: 3 m
Mesmo nível
Regular
1
3
PB 4
Paus Brancos
82
Figura 18: Identificação visual das cisternas selecionadas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba.
Cisterna PB1
Cisterna PB1
Cisterna PB2
Cisterna PB2
83
Cisterna PB3
Cisterna PB3
Cisterna PB4
Cisterna PB4
84
Cisterna SJC 1
Cisterna SJC 1
Cisterna SJC 2
Cisterna SJC 2
85
Cisterna SJC 3
Cisterna SJC 3
Cisterna SJC 4
Cisterna SJC 4
86
A idéia inicial da pesquisa foi selecionar as residências com sistemas que captam
e armazenam apenas água de chuva. Entretanto, durante o acompanhamento mensal da
família, verificou-se que a maioria recebe água de carros-pipa, desviando-se do
principal objetivo de sua construção, que é o de armazenar água de chuva, de melhor
qualidade para o consumo humano. A bomba, preconizada como uma eficiente barreira
sanitária, não é utilizada pelos moradores devido ao seu mau funcionamento, ou
inexistência
O acompanhamento mensal também permitiu obter um panorama real da
freqüência do recebimento de água de carros-pipa para cada cisterna monitorada. O
Quadro 9 apresenta as informações referentes às fontes de água para abastecimento das
cisternas amostradas. Foi confirmado que três delas (SJC1, SJC4 e PB2) não receberam
água de carros-pipa em todo o período de estudo.
Quadro 9: Abastecimento das cisternas com carros-pipa no período de dezembro/07 a agosto/08.
Recebimento do carro-pipa / mês
DEZ/07
Não recebeu
JAN/08
Não recebeu
FEV/08
Não recebeu
MAR/08
Não recebeu
ABR - AGO/08
Não recebeu
Sim
Não
Vazia
Vazia
Não
Cheia com Água de chuva
Sim
Água misturada
(chuva e carro-pipa)
Não
Vazia
Sim
Água misturada
(chuva e carro-pipa)
SJC4
-
Não recebeu
Não recebeu
Não recebeu
Não recebeu
PB1
Sim
Não
Sim
Não
Água misturada
(chuva e carro-pipa)
PB2
Não recebeu
Não recebeu
Não recebeu
Vazia
Não recebeu
PB3
Não
Sim
Não
Não
Água misturada
(chuva e carro-pipa)
PB4
-
Sim
Não
Não
Água misturada
(chuva e carro-pipa)
SJC1
SJC2
SJC3
Conforme apresentado no Quadro 6, duas cisternas secaram em fevereiro de
2008 (SJC 2 e SJC 3, ambos no Sítio Pombo). Em março de 2008, a SJC 2 continuava
vazia, enquanto SJC3 foi cheia com água proveniente de carros - pipa. Nesse mesmo
mês a cisterna PB 2 em Paus Brancos, voltou a receber água de chuva no período de
abril- agosto/08.
87
Vários fatores contribuem para a falta de água na cisterna durante o período de
estiagem:
Finalidades de uso: as águas armazenadas são utilizadas para tomar banho,
lavar louça, beber e cozinhar;
Precipitação pluviométrica inferior à estimada para o período chuvoso e
portanto insuficientes para encher os 16.000 litros calculados para cada
cisterna;
Defeitos no sistema de captação e condução da água até a cisterna, como por
exemplo calhas quebradas ou mal posicionadas, perda de água com as calhas
móveis,;
Famílias numerosas (maior que cinco pessoas) fazendo uso da água das
cisternas para diversos fins.
Todos esses fatores podem influenciar no desabastecimento e colocam em risco
os programas de uso de cisternas no contexto de convivência com o semi-árido. A falta
de água favorece o retorno das famílias na busca de outras fontes, como os carros
pipa,barreiros, olhos d’água, nem sempre de qualidade satisfatória para o consumo
humano.
A água de chuva acumulada em cisternas e seu uso para consumo humano
corresponde a uma fonte alternativa de água que requer medidas de proteção à saúde e
ao meio ambiente, as quais incluem tecnologias de captação e armazenamento
economicamente viáveis, a manutenção higiênica do sistema e a desinfecção da água
antes de beber. Por isso, a institucionalização de normas de qualidade para estas fontes
de água é de grande relevância para um sistema de aproveitamento bem sucedido
(PETERS, 2006).
O principal problema que se deve enfrentar ao estudar a qualidade da água
armazenada em cisternas destinadas ao consumo humano é a ausência de uma legislação
específica para este tipo de água. Uma forma de contornar esse inconveniente e aceita
por numerosos pesquisadores é a aplicação de padrões de referência estabelecidos para a
água potável de acordo com a Portaria No 518/2004-MS. Também há consenso sobre a
aplicação da Resolução CONAMA No 357/2005 para águas de mananciais destinados
ao abastecimento humano, em particular para águas da classe especial, que precisam
88
apenas de desinfecção antes de seu consumo. Neste trabalho foi utilizada a Portaria No
518/2004-MS como base de comparação da qualidade da água das cisternas
monitoradas.
5.3 Parâmetros físicos e químicos e microbiológicos da água armazenada
nas cisternas
Os resultados da avaliação da qualidade física, química e microbiológica da água
das oito cisternas são apresentados nas Tabelas 3 e 4 (Anexo C).
As concentrações das variáveis físicas e químicas nas águas das cisternas
atenderam em geral ao VMP da Portaria Nº 518/2004-MS. No entanto, as variáveis
microbiológicas evidenciaram contaminação fecal.
No Quadro 10 (Anexo C) verifica-se a natureza não paramétrica dos dados , uma
vez que o valor de p < α = 0,05, rejeitando-se a hipótese de nulidade para normalidade.
Cor aparente teve grande variação, entretanto a média em todas as cisternas foi
inferior ao VMP (15 uH) para água potável. Com as chuvas os valores tenderam a
aumentar possivelmente relacionados com suspensão de material do fundo das cisternas
(Figura 19 e 20). Não foram observadas diferenças significativas (ao nível de
significância de 5%) para o tipo de água armazenada na cisterna nem com o tempo de
construção (Figura 21).
Figura 19: Distribuição mensal da cor aparente, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João
do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo
de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
89
Cor aparente Seca: F(7;49) = 1,9731; p = 0,0780
Cor aparente Chuva: F(7;31) = 1,3103; p = 0,2785
Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier
35
30
25
20
15
10
5
0
Cor aparente Seca
Cor aparente Chuv a
(UC)
-5
PB1
PB 2
PB 3
PB 4
SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4
Figura 20: Gráficos “box=whisker” da cor aparente no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08)
chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus
Brancos, PB.
30
30
25
25
20
15
10
5
Cor aparente ( UC):F(1;94) = 1,5867; p = 0,2109
35
Cor aparente ( UC): F(2;93) = 0,0323; p = 0,9682
Cor aparente ( UC)
Cor aparente ( UC)
35
20
15
10
5
0
0
-5
Carro Pipa
Misturada
Chuva
Água armazenada na Cisterna
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
-5
Antiga
Nova
T empo de Construção
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
Figura 21: Gráficos “box=whisker” da cor aparente segundo o tipo de água armazenada na cisterna e
tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no
período de dezembro/07 a dezembro/08
May (2004) avaliou a cor das amostras de água de chuva coletadas em dois
reservatórios na cidade de São Paulo e registrou médias acima do estabelecido pela
legislação. Os resultados da presente pesquisa mostram melhor qualidade da água de
cisternas da zona rural, independente de ser água de chuva e de carros - pipa, em relação
às cisternas de zonas urbanas, pois uma única cisterna (PB2) de oito apresentou média
superior ao VMP, estando mais associado ao manejo e conservação do sistema e não a
90
origem da água, visto que a PB2 é uma cisterna eu recebe água de chuva, mas apresenta
péssimas condições de manutenção e manejo.
A turbidez flutuou na faixa estabelecida pela Portaria 518/2004-MS (< 5 UT)
para água de consumo humano (Figura 22), com algumas exceções no mês de setembro.
As variações mensais numa mesma cisterna se relacionaram com a origem da água e
manutenção do sistema. No período chuvoso, a turbidez foi menor em todas as
cisternas, resultado da diluição, em particular nas novas SJC1 e SJC4, abastecidas só
com água de chuva (Figura 23). A cisterna PB2, de construção antiga e que recebe
somente água de chuva, apresentou valores mais altos nas chuvas e pode-se associar
com as péssimas condições de higiene e conservação de todo o sistema. Apesar das
medidas de turbidez não terem apresentado diferenças significativas (α = 5%), no mês
em que a cisternas receberam água de carros-pipa os valores foram mais elevados,
reduzindo-se com o início das chuvas quando ficaram misturadas (água de chuva e de
carros-pipa). As cisternas que só recebem água de chuva apresentaram os menores
valores (Figura 24).
Figura 22: Distribuição mensal da turbidez, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do
Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de
construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
91
T urbidez( NT U) Seca: F(7;49) = 0,7238; p = 0,6524
T urbidez( NT U) Chuva: F(7;31) = 0,9955; p = 0,4529
Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier
7
6
5
4
3
2
1
Turbidez( NTU) Seca
Turbidez( NTU) Chuv a
0
PB1
PB 2
PB 3
PB 4 SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4
Figura 23: Gráficos “box=whisker” da turbidez no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08)
chuvoso ( abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus
Brancos, PB.
7
4,0
Turbidez( NTU): F(2;93) = 0,6439; p = 0,5276
3,5
6
3,0
Turbidez( NTU)
5
Turbidez( NTU)
T urbidez( NTU): F(1;94) = 0,7594; p = 0,3857
4
3
2,5
2,0
1,5
2
1,0
1
0,5
0
Carro Pipa
Misturada
Chuva
Água armazenada na Cisterna
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
0,0
Antiga
Nova
T empo de Construção
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
Figura 24: Gráficos “box=whisker” da turbidez segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo
de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de
dezembro/07 a dezembro/08
Amorim (2001) analisou 14 cisternas localizadas na comunidade de Volta do
Riacho, no município de Petrolina-PE, abastecidas com água de chuva e/ou carros-pipa
registrando grande variação associada à origem da água. Efetivamente, neste trabalho
verifica-se que os maiores valores de turbidez correspondem às águas de carros-pipa,
confirmando os resultados da presente pesquisa.
Os valores de temperatura da água das cisternas tiveram relação direta com o
período climático: o maior valor (30ºC) ocorreu no período seco, que corresponde à
92
época de verão e o menor (22º C) no período chuvoso – inverno (Figuras 25). A
temperatura apresentou distribuição homogênea entre as cisternas (Figura 26) e as
variações não foram significativas (p > 0,05).
Schüring & Schwientek (2005), ao estudar águas de chuvas armazenadas em
cisternas de comunidades rurais do semi-árido pernambucano também detectaram
valores elevados de temperatura, no período de dezembro de 2004 a março de 2005.
Figura 25: Distribuição mensal da temperatura, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João
do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo
de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier Range
T emp. Seca: F(7;49) = 1,6251; p = 0,1506
T emp. Chuva: F(7;31) = 1,3814; p = 0,2481
31
30
29
28
27
26
25
24
23
22
Temperatura ( °C ) Seca
Temperatura ( °C ) Chuva
21
PB1
PB 2
PB 3
PB 4 SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4
Figura 26: Gráficos “box=whisker” da temperatura no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08)
chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus
Brancos, PB.
Oxigênio dissolvido foi superior a 6 mg /L (Figura 27) na maioria dos meses em
todas as cisternas, em particular nas duas novas e com boas condições de higiene que
93
recebem apenas água de chuva (SJC4 e SJC1). O menor valor em dezembro 2007
ocorreu junto com o maior valor de DBO5,20.
A Portaria No 518/2004-MS fixa a concentração mínima de 6,0 mg /L na água
destinada ao consumo humano. No período chuvoso os valores tenderam a diminuir
(Figura 28). Nos meses em que as cisternas receberam água de carros-pipa ou
armazenaram águas misturadas (chuva e carros-pipa), as concentrações de O2 reduziram
O tempo de construção das cisternas não evidenciou relação significativa com as
concentrações de oxigênio dissolvido (Figura 29).
Figura 27: Distribuição mensal do oxigênio dissolvido, nas águas de oito cisternas das comunidades de
São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com
o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
OD Seca: F(7;49) = 0,9854; p = 0,4527
OD Chuva: F(7;31) = 2,6431; p = 0,0290
Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier
10
9
8
7
6
5
4
3
2
OD Seca
OD Chuv a
(mgO2 L-1)
1
PB1
PB 2
PB 3
PB 4
SJC 1
SJC 2
SJC 3
SJC 4
Figura 28: Gráficos “box=whisker” do oxigênio dissolvido no período seco (dez/07-mar/08; Ago/08 dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus
Brancos, PB.
94
10
OD (mgO2 L-1): F(2;93) = 4,9417; p = 0,0091
9
9
8
8
OD (mgO2 L-1)
OD (mgO2 L-1)
10
7
6
5
OD (mgO2 L-1):F(1;94) = 2,7156; p = 0,1027
7
6
5
4
4
3
Carro Pipa
Misturada
Chuva
Água armazenada na Cisterna
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
3
Antiga
Nova
T empo de Construção
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
Figura 29: Gráficos “box=whisker” do oxigênio dissolvido segundo o tipo de água armazenada na
cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos,
PB no período de dezembro/07 a dezembro/08
Demanda Biológica de Oxigênio (DBO) apresentou valores acima do
estabelecido para classe especial e classe 1. O valor máximo registrado de 9,1 mg /L
colocou esta água na classe 3, entretanto foi um valor único (Figura 30). Em geral
predominaram valores inferiores ou iguais a 2,0 mg/L, especialmente nas cisternas
abastecidas apenas com água de chuva (SJC1, SJC4 e PB2). A heterogeneidade na
distribuição desta variável para o tipo de água armazenada na cisterna, aplicado o teste
de ANOVA foi considerada significativa (p< 0,05). O tempo de construção não
evidenciou relação significativa com o comportamento desta variável (Figura 31).
Figura 30: Distribuição mensal de DBO, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do
Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de
construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
95
4,0
DBO 5,20 final (mgO2/L): F(2;47) = 5,9839; p = 0,0048
3,5
3,5
3,0
3,0
DBO 5,20 final (mgO2/L)
DBO 5,20 final (mgO2/L)
4,0
2,5
2,0
1,5
1,0
DBO 5,20 final (mgO2/L):F(1;48) = 1,0955; p = 0,3005
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,5
0,0
Carro Pipa
Misturada
Chuva
Água armazenada na Cisterna
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
0,0
Antiga
Nova
Tempo de Construção
Figura 31: Gráficos “box=whisker” de DBO segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de
construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de
dezembro/07 a dezembro/08
Demanda Química de Oxigênio (DQO) teve variação de 7,6 mg/L (SJC2, SJC4,
PB2, PB3) a 240,5 mg/L (PB2), péssimo estado de conservação embora receba somente
água de chuva) (Figura 32). Valores mais altos ocorreram quando as cisternas foram
abastecidas com água de carros-pipa, na estiagem e diminuíram no período de chuvas
(Figura 33). O tempo de construção não influenciou significativamente no
comportamento desta (Figura 34).
Figura 32: Distribuição mensal de DQO, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do
Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de
construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
96
Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier
DQO Seca: F(7;34) = 0,3797; p = 0,9078
DQO Chuva: F(7;15) = 1,9168; p = 0,1374
180
160
140
120
100
80
60
40
20
DQO Seca
DQO Chuva
(mgO2/L)
0
PB1
PB 2
PB 3
PB 4
SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4
Figura 33: Gráficos “box=whisker” de DQO no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08) chuvoso
(abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB.
220
180
DQO (mgO2/L): F(2;62) = 2,7672; p = 0,0706
200
DQO (mgO2/L):F(1;63) = 1,5891; p = 0,2121
160
180
140
160
120
DQO (mgO2/L)
DQO (mgO2/L)
140
120
100
80
60
100
80
60
40
40
20
20
0
-20
Carro Pipa
Misturada
Chuva
Água armazenada na Cisterna
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
0
Antiga
Nova
T empo de Construção
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
Figura 34: Gráficos “box=whisker” de DQO segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de
construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de
dezembro/07 a dezembro/08.
As águas de todas as cisternas apresentaram valores de pH dentro do VMP da
Portaria No 518/2004-MS (6,0 - 9,0), embora maiores ou igual a 7,8 (Figura 35,Tabelas
3 e 4 – Anexo C). É possível afirmar que a alcalinidade encontrada é devido à presença
de (bi) carbonatos substâncias que estão presentes na constituição do cimento.
Provavelmente eles foram disponibilizados na água pela ação da água de chuva, que
entra na cisterna com pH mais reduzido, tornado-se agressiva às superfícies com as
quais ela entra em contato e dissolvendo seus constituintes o que ocasionaria o aumento
do pH durante o armazenamento e até tornaria a água de chuva uma “água dura” (LYE,
1992; VON SPERLING, 1996).
97
Com as chuvas, os valores tenderam a ser mais altos nas cisternas novas,
enquanto nas mais antigas houve redução acentuada, registrando-se, de um modo geral,
os menores valores de pH (Figuras 36 e 37).
A heterogeneidade na distribuição desta variável entre os períodos de seca e
chuva, tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção, aplicado o teste de
ANOVA foi considerada significativa (p< 0,05).
Figura 35: Distribuição mensal do pH, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do
Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de
construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
Ph Seca: F(7;49) = 5,6221; p = 0,00008
Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier Range
Ph Chuva: F(7;31) = 5,1951; p = 0,0005
9,2
9,0
8,8
8,6
8,4
8,2
8,0
7,8
7,6
7,4
7,2
PB1
PB 2
PB 3
PB 4
SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4
Ph Seca
Ph Chuv a
Figura 36: Gráficos “box=whisker” do pH no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08) chuvoso
(abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB.
98
9,0
9,0
8,8
8,8
8,6
8,6
8,4
8,4
8,2
8,2
8,0
8,0
7,8
7,8
7,6
7,6
7,4
7,4
7,2
Carro Pipa
Misturada
Chuva
Água armazenada na Cisterna
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
Ph:F(1;94) = 25,8622; p = 0,000002
9,2
Ph: F(2;93) = 3,5354; p = 0,0331
Ph
Ph
9,2
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
7,2
Antiga
Nova
T empo de Construção
Figura 37: Gráficos “box=whisker” de pH segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de
construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de
dezembro/07 a dezembro/08.
Silva (2006) ao estudar a água de chuva armazenada em cisternas no município
de Araçuaí (Médio Jequitinhonha) obteve resultados diferentes ao da presente pesquisa,
pois algumas cisternas antigas apresentaram os maiores valores no período de seca. Nas
cisternas novas mantiveram constância entre os meses, reduzindo levemente na época
de chuva.
Xavier (2006) detectou valores de pH entre 6,0 e 12,0 em cisternas de
comunidades rurais na cidade de Tuparetama, no sertão de Pernambuco, enquanto
Schüring & Schwientek (2005) com cisternas rurais de PE, registraram valores de pH
entre 5,0 e 10,7. O conjunto de resultados evidencia variações extremas e locais deste
parâmetro.
Os valores de alcalinidade foram levemente maiores nas cisternas novas em
alguns meses (Figuras 38 e 40). Esse parâmetro teve variações entre 25,50 a 147,5
mgCaCO3 /L (Tabelas 3 e 4 – Anexo C ) com o menor valor em PB2, cisterna antiga (7
anos) que recebe somente água de chuva e em péssimo estado de conservação e de
higiene. A maior alcalinidade ocorreu em SJC2, cisterna nova, com águas de chuva e de
carros - pipa misturadas (Quadro 9). A alcalinidade apresentou tendência a aumentar ao
longo dos meses de estiagem (dezembro/07 a março/08), caindo significativamente com
as chuvas (abril a agosto/2008) (Figuras 39). Todas as cisternas que receberam água de
carros-pipa tiveram a alcalinidade aumentada nos meses do evento (Figuras 40).
99
Os resultados indicam influência da água de carros-pipa, proveniente de açudes e
poços, nos valores mais altos de alcalinidade naquelas cisternas que a receberam,
mascarando, em certa medida, a interpretação dos resultados ao associar tempo de uso e
alcalinidade. O decréscimo das concentrações deste parâmetro expressa claramente o
efeito de diluição das chuvas.
Figura 38: Distribuição mensal da alcalinidade, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João
do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo
de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
Alcal. Seca: F(7;49) = 1,4171; p = 0,2200
Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier RangeAlcal. Chuva: F(7;31) = 10,6909; p = 0,0000009
160
140
120
100
80
60
40
Alcalinidade Seca
Alcalinidade Chuv a
(mg CaCO3/L)
20
PB1
PB 2
PB 3
PB 4
SJC 1
SJC 2
SJC 3
SJC 4
Figura 39: Gráficos “box=whisker” da alcalinidade no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08)
chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus
Brancos, PB.
100
Alcalinidade (mg CaCO3/l): F(2;93) = 7,4825; p = 0,0010
160
140
120
120
Alcalinidade (mg CaCO3/l)
Alcalinidade (mg CaCO3/l)
140
Alcalinidade (mg CaCO3/l):F(1;94) = 1,0915; p = 0,2988
100
80
100
80
60
60
40
40
20
Carro Pipa
Misturada
Chuva
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
Água armazenada na Cisterna
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
20
Antiga
Nova
T empo de Construção
Figura 40: Gráficos “box=whisker” de alcalinidade segundo o tipo de água armazenada na cisterna e
tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no
período de dezembro/07 a dezembro/08.
Silva (2006) apresenta resultados semelhantes em relação à alcalinidade nas
águas de cisternas, com maiores valores no período de estiagem e baixando
bruscamente com as chuvas. Entretanto diferem quanto ao tempo de construção: nas
cisternas novas os valores mantiveram-se constantes entre os meses reduzindo
levemente na época de chuvas.
Nos estudo realizado por Jaques; Ribeiro & Lapolli (2006) em reservatórios
(cisternas) na cidade de Florianópolis (SC), os valores médios de alcalinidade foram
mais baixos (3,62 mg/L). No entanto é importante destacar que os reservatórios eram
constituídos de plástico e não de cimento, fato este que pode ter influenciado nos baixos
valores encontrados, mantendo-se os valores característicos da água de chuva.
Os valores de dureza variaram de 24,5 a 255 mg CaCO3/L (Tabelas 3 e 4 –
Anexo C ), portanto são águas com dureza desde moderada até alta. Entretanto, foram
inferiores ao VMP aceito para consumo humano, de 500 CaCO3/L(Figura 41).
A dureza apresentou tendência a aumentar ao longo dos meses de estiagem
(dezembro/2007 a março/2008), caindo significativamente com as chuvas (abril a
agosto/2008) As cisternas novas apresentaram comportamento similar ao das antigas, ou
seja, valores elevados de dureza nos meses de seca, reduzindo na época de chuva
(Figuras 42).
101
Nos meses em que houve aporte de água de carros-pipa, houve aumento da
dureza nas águas dessas cisternas, enquanto as cisternas que recebem apenas água de
chuva apresentaram menores valores de forma semelhante à alcalinidade (Figura 43) A
heterogeneidade na distribuição desta variável para o tipo de água armazenada na
cisterna, aplicado o teste de ANOVA foi considerada significativa (p< 0,05).
Figura 41: Distribuição mensal de dureza total, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João
do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo
de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier
Dureza Total Seca:F(7;49) = 1,9082; p = 0,0883
Dureza Total Chuva:F(7;31) = 3,5638; p = 0,0063
260
240
220
200
180
160
140
120
100
80
60
40
Dureza Total Seca
20
Dureza Total Chuv a
(mg CaCO3 /L)
0
PB1
PB 2
PB 3
PB 4
SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4
Figura 42: Gráficos “box=whisker” de dureza total no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08)
chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus
Brancos, PB.
102
280
Dureza Total (mg CaCO3 /L): F(2;93) = 16,5399; p = 0,0000007
260
260
240
240
220
220
200
200
Dureza Total (mg CaCO3 /L)
Dureza Total (mg CaCO3 /L)
280
180
160
140
120
100
80
Dureza Total (mg CaCO3 /L):F(1;94) = 1,972; p = 0,1635
180
160
140
120
100
80
60
60
40
40
20
20
0
Carro Pipa
Misturada
Chuva
Água armazenada na Cisterna
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
0
Antiga
Nova
Tempo de Construção
Figura 43: Gráficos “box=whisker” de dureza total segundo o tipo de água armazenada na cisterna e
tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no
período de dezembro/07 a dezembro/08.
Silva (2006) encontrou maiores valores de dureza nas cisternas antigas,
principalmente nos meses de estiagem, semelhante a esta pesquisa em que as cisternas
mais antigas apresentaram maior dureza, entretanto não se verifica diferenças
significativas aplicado o teste de ANOVA (Figura 43).
Peters (2006) avaliou o uso de fontes alternativas de água para fins não potáveis
em uma unidade residencial cidade de Florianópolis (SC), obtendo valor máximo de
dureza de 42,4 e mínimo de 10,0, muito abaixo desta pesquisa que avaliou cisternas
rurais.
A condutividade elétrica variou de 56,4 µS/cm a 802,2 µS/cm (Figura 44,
Tabelas 3 e 4 – Anexo C), com os maiores valores nas cisternas com água de carrospipa. Nas que recebem apenas água de chuva, (SJC1, SJC4 e PB2) foi menor em todos
os meses (Figura 46); no período chuvoso houve redução significativa em todas as
cisternas (Figura 45). Observou-se variação significativa da CE, entre as águas das
cisternas tanto no período de seca como no período de chuva (p<0,05). Essas variações
sugerem alterações das concentrações dos sais na água na fonte que fornece água nas
cisternas. Os altos valores de condutividade encontrados nas águas das cisternas estão
associados à salinidade característica das águas transportadas por carros-pipa,
normalmente, oriundas de açudes, poços e barragens.
Vieira & Joaquim Filho (2006) citam a salinização natural das águas de açudes,
poços e barragens no nordeste do Brasil, associada às formações geológicas
103
predominantes. Leprum (1983) estudando a composição química da água de diversos
açudes nordestino cita a composição de íons na seguinte ordem crescente: Cl->HCO3>SO4-2, por tanto estes tem maior influência na CE das águas superficiais analisadas.
Figura 44: Distribuição mensal da condutividade elétrica, nas águas de oito cisternas das comunidades de
São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com
o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
Condutiv. Seca:
F(7;49) = 14,3801; p = 0,0000
Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier Condutiv. Chuva: F(7;31) = 13,6175; p = 0,00000007
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
PB1
PB 2
PB 3
PB 4 SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4
Condutividade Seca
Condutividade Chuva
(µs/ cma)
Figura 45: Gráficos “box=whisker” da condutividade elétrica no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus
Brancos, PB.
104
900
700
Condutividade ( µs/ cma): F(2;93) = 41,732; p = 0,0000
800
Condutividade ( µs/ cma):F(1;94) = 2,6; p = 0,1102
600
700
Condutividade ( µs/ cma)
Condutividade ( µs/ cma)
500
600
500
400
300
400
300
200
200
100
100
0
Carro Pipa
Misturada
Chuva
Água armazenada na Cisterna
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
0
Antiga
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
Nova
Tempo de Construção
Figura 46: Gráficos “box=whisker” da condutividade elétrica segundo o tipo de água armazenada na
cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos,
PB no período de dezembro/07 a dezembro/08.
Schüring & Schwientek (2005) ao estudar águas de chuvas armazenadas em
cisternas de comunidades rurais do semi-árido pernambucano observaram valores entre
59 µS/cm a 551 µS/cm com valores máximos abaixo do encontrado na presente
pesquisa, que foi de 802,2 µS/cm. Jaques; Ribeiro & Lapolli (2006) em reservatórios
(cisternas) na cidade de Florianópolis (SC), também registrou valores médios inferiores,
na ordem de 29,7 µS/cm.
Salinidade teve comportamento semelhante à condutividade elétrica, o qual era
esperado por serem parâmetros relacionados ao conteúdo iônico (Figuras 47, 48 e 49).
Figura 47: Distribuição mensal da salinidade, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João
do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo
de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
105
Salinidade Seca: F(7;49) = 14,5241; p = 0,0000
Salinidade Chuva: F(7;23) = 0,9506; p = 0,4886
Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier
400
350
300
250
200
150
100
50
Salinidade Seca
Salinidade Chuv a
0
PB1
PB 2
PB 3
PB 4
SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4
Figura 48: Gráficos “box=whisker” da salinidade no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08)
chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus
Brancos, PB.
400
350
Salinidade: F(2;85) = 32,2877; p = 0,0000
350
Salinidade:F(1;86) = 2,1197; p = 0,1491
300
300
250
Salinidade
Salinidade
250
200
200
150
150
100
100
50
50
0
Carro Pipa
Misturada
Chuva
Água armazenada na Cisterna
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
0
Antiga
Nova
T empo de Construção
Figura 49: Gráficos “box=whisker” da salinidade segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo
de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de
dezembro/07 a dezembro/08.
Sólidos Dissolvidos Totais - SDT apresentaram valores inferiores ao VMP da
Portaria No 518/2004-MS, de 1000 mg/L. Houve grande variação deste parâmetro entre
46 mg/L e 526 mg/L (Figura 50, Tabelas 3 e 4 – Anexo C), associado à origem da água.
O comportamento ao longo dos meses foi semelhante ao de condutividade e de
salinidade e previsível, uma vez que a fração fixa dos sólidos dissolvidos totais inclui os
106
íons que contribuem com a salinidade da água (SAWYER; MCCARTY & PARKIN,
1994).
Os valores de SDT tenderam a aumentar ao longo dos meses, no período de
estiagem (dezembro-março) e decresceram em todas as cisternas no período chuvoso
(Figura 51). A heterogeneidade na distribuição desta variável entre os períodos de
estiagem e chuvas e tipo de água armazenada na cisterna foi considerada significativa
(p< 0,05).
Observa-se uma tendência a elevação nos valores de SDT nos meses em que as
cisternas receberam carros-pipa e redução nas cisternas com água apenas de chuva. Não
observou-se variação significativa deste parâmetro em relação ao tempo de construção
(Figura 52).
Figura 50: Distribuição mensal de SDT, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do
Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de
construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
107
SDT Seca: F(7;49) = 5,7086; p = 0,00007
SDT Chuva: F(7;31) = 12,822; p = 0,0000001
Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier
600
500
400
300
200
100
SDT Seca
SDT Chuv a
(mg/L)
0
PB1
PB 2
PB 3
PB 4
SJC 1
SJC 2
SJC 3
SJC 4
Figura 51: Gráficos “box=whisker” de SDT no período seco (dez/07 - mar/08; Ago/08 - dez/08) chuvoso
(abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB.
600
SDT (mg/L): F(2;93) = 32,4494; p = 0,0000
500
500
400
400
SDT (mg/L)
SDT (mg/L)
600
300
300
200
200
100
100
0
Carro Pipa
Misturada
Chuva
Água armazenada na Cisterna
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
SDT (mg/L):F(1;94) = 1,4627; p = 0,2295
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
0
Antiga
Nova
T empo de Construção
Figura 52: Gráficos “box=whisker” de SDT segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de
construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de
dezembro/07 a dezembro/08.
De forma semelhante se comportaram cloretos com os menores valores no
período chuvoso. Houve variações extremas, entre 0,8 mg/L a 176 mg/L (Tabelas 3 e 4
– Anexo C). Em todas as cisternas foram inferiores ao estabelecido pela Portaria Nº
518/2004-MS, de 250 mg/L (Figura 53).
Durante o período chuvoso, as concentrações de cloreto reduziram
significativamente (p < 0,05) em todas as cisternas, apresentando valores mais elevados
108
nos meses secos e especialmente quando as cisternas receberam água de carros-pipa
(Figuras 54 e 55).
Figura 53: Distribuição mensal de cloretos, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do
Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de
construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier
180
Cloretos Seca: F(7;49) = 4,7867; p = 0,0004
Cloretos Chuva: F(7;31) = 3,5225; p = 0,0068
160
140
120
100
80
60
40
20
0
-20
PB1
PB 2
PB 3
PB 4
SJC 1
SJC 2
SJC 3
SJC 4
Cloretos Seca
Cloretos Chuva
Figura 54: Gráficos “box=whisker” de cloretos no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08)
chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus
Brancos, PB.
109
180
Cloretos: F(2;93) = 19,7266; p = 0,00000007
Cloretos:F(1;94) = 4,6939; p = 0,0328
160
160
140
140
120
120
100
Cloretos
Cloretos
100
80
80
60
60
40
40
20
20
0
0
-20
Carro Pipa
Misturada
Chuva
Água armazenada na Cisterna
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
-20
Antiga
Nova
Tempo de Construção
Figura 55: Gráficos “box=whisker” de cloretos segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo
de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de
dezembro/07 a dezembro/08.
Estudo realizado por Brito et al. (2005a), registrou valores de SDT inferiores,
variando de 128,0 mg/L a 230,4 mg/L para água armazenada em cisternas rurais que
recebem água de chuva e de carros-pipa na Comunidade de Atalho, município de
Petrolina-PE, analisadas no período de estiagem.
Peters (2006), na cidade de Florianópolis – SC registrou valores de SDT
menores para água de chuva em cisternas na zona urbana, variando de 13,5 a 119,6
mg/Le para cloretos variando de 0,0 a 2,2 mg/L. Annecchini (2005), em Vitória – ES,
obteve para SDT, valores máximos de 22,0 e mínimos 7,0 mg /L e para cloretos, de 0,5
a 4,1 mg/L, considerando a água de chuva armazenada no reservatório após 1,0 mm de
eliminação da primeira chuva.
Coombes et al. (2006) avaliou a qualidade da água de chuva coletada de
telhados na área urbana em Maryville e Carrington de Figtree, na universidade de
Newcastle na Austrália e obtiveram valores médios de SDT de 114 mg/L(Figtree Place)
67 mg/L (Maryville). Para cloretos a média foi de 10,5 mg/L (Figtree Place) e 9,9 mg/L
(Maryville).
Os valores de SDT e cloretos referentes às diversas pesquisas mencionadas
encontram-se inferiores a esta, tanto em cisternas rurais como urbanas.
110
O valor máximo de cloro residual livre foi de 0,12 mg/L (PB2 e PB3) e de cloro
residual total de 0,16 a 0,17 (SJC3 e PB3, ambas com água de carro- pipa), conforme
apresentado na tabela 5. Esses resultados evidenciam que no espaço amostral estudado
não se realiza aplicação de cloro nas águas das cisternas. Essa concentração de cloro
residual pode ter sido adicionada na água de carros – pipa.
Tabela 5: Concentração de Cloro residual livre e Total de oito cisternas nas comunidades de São João do
Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08.
Cloro Residual Livre - VMP: 5UT
Abr
Maio
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
PB1
0,04
-
0,04
0,02
0,04
0,01
0,03
0,08
0,08
PB2
0,04
0,00
0,05
0,06
0,04
0,02
0,05
0,05
0,12
PB3
0,04
0,00
0,04
0,02
0,02
0,06
0,04
0,05
0,12
PB4
0,03
0,00
0,05
0,05
0,01
0,03
-
0,07
0,05
SJC1
0,04
0,00
0,04
0,02
0,02
0,00
0,01
0,04
0,03
SJC2
0,07
0,00
0,04
0,03
0,04
0,01
0,04
0,08
0,09
SJC3
0,05
0,00
0,04
0,03
0,02
0,01
0,02
0,07
0,10
SJC4
0,02
0,00
0,04
0,02
0,02
0,00
0,01
0,05
0,01
Cloro Residual Total - VMP: 5UT
Abr
Maio
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
PB1
0,06
-
0,07
0,05
0,06
0,05
0,15
0,09
0,14
PB2
0,06
0,00
0,07
0,08
0,06
0,05
0,07
0,13
0,14
PB3
0,06
0,00
0,10
0,05
0,11
0,07
0,12
0,06
0,17
PB4
0,05
0,00
0,08
0,07
0,07
0,04
-
0,13
0,09
SJC1
0,07
0,00
0,07
0,09
0,05
0,04
0,04
0,09
0,12
SJC2
0,08
0,00
0,07
0,04
0,09
0,04
0,04
0,11
0,12
SJC3
0,07
0,00
0,11
0,07
0,05
0,05
0,05
0,09
0,16
SJC4
0,05
0,00
0,06
0,06
0,04
0,03
0,05
0,10
0,04
A série nitrogenada (N-amoniacal, nitrito e nitrato) apresentou concentrações
extremamente baixas e sempre inferiores ao VMP na legislação para água destinada ao
consumo humano (Quadro 11, Figuras: 56, 57 e 58).
111
Quadro 11: Volume máximo permitido pela Portaria 518/2004-MS para série nitrogenada.
VMP - Portaria Nº 518/2004-MS
Nitrato
Nitrito
Nitrogênio
Amoniacal Total:
10 mg/L
1 mg/L
3,7 mg/L p/ pH≤7,5
2,0 mg/L para 7,5 < pH ≤ 8,0
1,0 mg/L para 8,0 < pH ≤ 8,5
0,5 mg/L para pH > 8,5
Praticamente não houve detecção de nitrito: as concentrações variaram de muito
baixas e não detectadas a 0,11 mg/L. A distribuição desta variável entre as cisternas foi
bastante homogênea com variância de 0,03%.
Figura 56: Distribuição mensal de N-amoniacal, nas águas de oito cisternas das comunidades de São
João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o
tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
Figura 57: Distribuição mensal de nitrito nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do
Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de
construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
112
Figura 58: Distribuição mensal de nitrato, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do
Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de
construção. Chuva:cisternas abastecidas somente com água de chuva.
Na cisterna PB2 registraram – se os valores mais elevados de nitrato em todo o
período (Figura 58), sendo o mais alto 4,08 mg N-NO3-/L. Apesar da PB2 não receber
água de carros-pipa, é uma cisterna antiga de 7 anos, com estrutura precária e péssimas
condições de higiene, o qual pode ter contribuído com esse valor mais alto em relação
às outras cisternas.
O resultados desta pesquisa estão em conformidade com os resultados de outros
trabalhos, a exemplo de Annecchini (2005) que identificou para a água de chuva
armazenada em cisternas do Espírito Santo, valores máximos de 0,21 mg /L e mínimos
de 0,10 mg /L, com média de 0,14 (± 0,38) mg /L. Jaques; Ribeiro & Lapolli (2006),
registrou valores médios na ordem de 0,50 mg/L. Coombes et al.(2006) obtiveram
valores médios de nitrato menores que 0.05 mg/L em todas as cisternas estudadas. May
(2004) em cisternas urbanas de São Paulo obteve média e desvio padrão de 3,1 mg/L(±
2). Portanto, conclui-se que na maioria das cisternas os valores de nitrato (NO3-) não
ultrapassam o VMP pela legislação.
Alguns
parâmetros
físicos
e
químicos
mostraram-se
positivamente
correlacionados como, por exemplo, a salinidade com SDT, condutividade, dureza total,
cloretos, cloro residual livre e total, DQO e DBO. Identificaram-se correlações
negativas, por exemplo, do OD com DQO, OD com nitrato, com coliformes totais e
com estreptococos fecais, dentre outros parâmetros confirmados pelos valores
significativos dos coeficientes de Spearman (Tabela 6 - Anexo C).
Alumínio excedeu o VMP em quatro cisternas (SJC1, PB1, PB2, PB3), embora
em algumas amostras de quatro análises ao longo de quatro meses. Em SJC1, somente
113
uma amostra excedeu o VMP (25%), PB1, PB2 e PB3 (50%). Do total de 24
amostragens nas oito cisternas, sete apresentaram valores acima do VMP.
Chumbo foi detectado em apenas uma amostra em concentração menor que
0,8mg/L na cisterna PB1 em dezembro/08. Ferro excedeu o VMP em duas cisternas
(SJC3 e PB1) nos meses de março e dezembro/08 respectivamente. Magnésio
apresentou altas concentrações nas cisternas SJC3 e PB1(março/08) em relação às
outras cisternas. Manganês excedeu o VMP nas cisternas SJC1 e PB1 no mês de
Dezembro/08. Zinco ocorreu em alta concentração na cisterna PB1 também no mês de
dezembro. Não é possível fazer associações conclusivas entre tempo de construção das
cisternas e a presença de metais na água, visto que em todas as cisternas houve
flutuações nas novas e nas mais antigas (Tabela 7).
Alguns desses metais, como o alumínio e o ferro, presentes na composição do
cimento, alteram apenas o sabor da água, dependendo da concentração presente, não
representando riscos potenciais à saúde. Por isso compõem o padrão de aceitação para
consumo humano da Portaria 518/2004 (BRASIL, 2004). O risco está mais associado à
presença de metais pesados, que também podem estar presentes na constituição do
cimento, na estrutura de captação da água de chuva ou em resíduos depositados na
superfície de captação. Os problemas relacionados ao consumo de água com metais
pesados podem ocorrer a longo prazo. O chumbo, por exemplo, possui capacidade
acumulativa no organismo, podendo causar danos ao sistema nervoso central, sendo as
crianças e os fetos de particular vulnerabilidade (WHO, 2004).
114
Tabela 7: Valores máximos permitidos pela Portaria Nº 518/2004 para metais. Concentrações de metais nas águas de seis
cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08.
METAIS /2008 - mg/L
Março
Cisterna
Alumínio
Chumbo
Ferro Total
Magnésio
Manganês Total
Zinco
(Al)
(Pb)
(Fe)
(Mg)
(Mn)
(Zn)
Portaria
518/04
mg/L
0,2
0,01
0,03
-
0,1
5
SJC 1
1,18
< 0,01
< 0,01
0,52
< 0,01
< 0,01
SJC 2
-
-
-
-
-
-
SJC 3
0,12
< 0,01
0,48
17,37
0,01
0,02
PB1
0,34
< 0,01
0,02
13,15
< 0,01
< 0,01
PB 2
-
-
-
-
-
-
PB 3
0,23
< 0,01
0,01
Junho
10,55
< 0,01
0,02
SJC 1
0,07
<0,01
<0,01
<0,8
<0,01
<0,01
SJC 2
0,07
<0,01
<0,01
<0,8
<0,01
0,01
SJC 3
0,11
<0,01
<0,01
2,37
<0,01
0,01
PB1
0,05
<0,01
<0,01
4,13
<0,01
0,02
PB 2
0,22
<0,01
<0,01
<0,08
<0,01
0,01
PB 3
0,24
0,01
0,13
Setembro
2,27
0,01
0,08
SJC 1
0,11
<0,01
<0,01
0,88
<0,01
<0,01
SJC 2
0,10
<0,01
<0,01
<0,8
<0,01
<0,01
SJC 3
0,14
<0,01
<0,01
1.61
<0,01
<0,01
PB1
0,09
<0,01
0,01
8,19
<0,01
<0,01
PB 2
0,30
<0,01
0,03
<0,8
<0,01
<0,01
PB 3
0,17
<0,01
0,03
Dezembro
7,53
<0,01
<0,01
SJC 1
0,12
0,10
0,06
0,11
0,28
0,16
SJC 2
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
SJC 3
<0,01
0,01
0,11
<0,01
0,01
<0,01
PB1
0,89
<0,8
10,00
9,15
<0,8
12,58
PB 2
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
PB 3
<0,01
0,01
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
A qualidade bacteriológica ou qualidade sanitária foi avaliada através das
concentrações das bactérias indicadores tradicionais de contaminação para água potável:
bactérias heterotróficas totais (contagem padrão), coliformes totais, Escherichia coli.
Salmonella sp. foi escolhida por ser um enteropatógeno de fácil veiculação hídrica.
115
Os parâmetros microbiológicos mostram-se positivamente correlacionados
(Tabela 6 - Anexo C).
Bactérias heterótrofas totais estiveram em altas concentrações em todos os
meses (Figura 59), predominando valores superiores à 500 UFC/ml, VMP pela Portaria
518/2004-MS.
No período chuvoso (Figura 60) as concentrações de bactérias heterotróficas
totais reduziram significativamente entre as cisternas, exceto na PB2, cisterna antiga
que recebe somente água de chuva, apresentou valores mais altos e pode-se associar
com as péssimas condições de higiene e conservação de todo o sistema. A
heterogeneidade na distribuição desta variável entre os períodos de estiagem e chuva,
tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção, aplicado o teste de
ANOVA foi considerada significativa (p< 0,05).
As menos contaminadas foram duas cisternas (SJC1 e SJC4) que recebem
apenas água de chuva e apresentam boas condições higiênicas, de manutenção e
manejo. Verifica-se que a contaminação das cisternas mais novas foi inferior as mais
velhas (Figura 61)
Figura 59: Distribuição mensal de Bactérias Heterótrofas Totais nas águas de oito cisternas das
comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e
sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
116
Median; Box: 25%-75%; Whis ker: Non-Outlier
22000
Bact. Heterotróficas Seca: F(7;48) = 1,824; p = 0,1042
Bact. Heterotróficas Chuva: F(7;31) = 13,3035; p = 0,00000009
20000
18000
16000
14000
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
Bact. Heterotróficas Seca
Bact. Heterotróficas Chuva
(UFC/ml)
-2000
PB1
PB 3
PB 2
SJC 1
PB 4
SJC 3
SJC 2
SJC 4
Figura 60: Gráficos “box=whisker” de Bactérias Heterótrofas Totais no período seco (dez/07- mar/08;
Ago/08 - dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do
Cariri e Paus Brancos, PB.
24000
12000
Bact. Heterotróficas (UFC/ml): F(2;92) = 4,8035; p = 0,0104
Bact. Heterotróficas (UFC/ml):F(1;93) = 5,3824; p = 0,0225
22000
10000
20000
Bact. Heterotróficas (UFC/ml)
Bact. Heterotróficas (UFC/ml)
18000
16000
14000
12000
10000
8000
6000
8000
6000
4000
2000
4000
2000
0
0
-2000
Carro Pipa
Misturada
Chuva
Água armazenada na Cisterna
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
-2000
Antiga
Nova
T empo de Construção
Figura 61: Gráficos “box=whisker” de Bactérias Heterótrofas Totais segundo o tipo de água armazenada
na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus
Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro/08.
As concentrações de coliformes totais foram superiores a 2.500NMP/100mL na
maioria dos meses em todas as cisternas, associados com a presença de poeiras,
partículas de solo, dentre outros fatores, semelhante às bactérias heterótrofas totais. Nas
chuvas houve diminuição em apenas três cisternas (Figura 62).
As diferenças nas densidades de coliformes totais (Figura 63) entre as cisternas
foram consideradas significativas (ANOVA) nos períodos de seca e chuva (p<0,05) e
nos diferentes tipos de água armazenadas nas cisternas. O tempo de construção não
evidenciou relação significativa na contaminação por coliformes totais (Figura 64).
117
Figura 62: Distribuição mensal de coliformes totais, nas águas de oito cisternas das comunidades de São
João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o
tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier
2600
Colif. Totais Seca: F(7;49) = 4,3517; p = 0,0008
Colif. Totais Chuva:F(7;31) = 11,4776; p = 0,0000004
2400
2200
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
-200
PB1
PB 2
PB 3
PB 4 SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4
Coliformes Totais Seca
Coliformes Totais Chuva
(NMP/100mL)
Figura 63: Gráficos “box=whisker” de coliformes totais no período seco (dez/07-mar/08; Ago/08 dez/08) e chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e
Paus Brancos, PB.
118
Coliformes Totais (NMP/100mL): F(2;93) = 4,3423; p = 0,0157
2400
2400
2200
2200
2000
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
400
200
200
0
Coliformes Totais (NMP/100mL):F(1;94) = 0,464; p = 0,4974
2600
Coliformes Totais (NMP/100mL)
Coliformes Totais (NMP/100mL)
2600
0
-200
Carro Pipa
Misturada
Chuva
Água armazenada na Cisterna
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
-200
Antiga
Nova
T empo de Construção
Figura 64: Gráficos “box=whisker” de coliformes totais segundo o tipo de água armazenada na cisterna e
tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no
período de dezembro/07 a dezembro/08.
E.coli indicou contaminação fecal em todas as amostras de água, com menores
concentrações em cisternas com água de chuva, notadamente em SJC1 e SJC4, ambas
cisternas novas e que armazenam apenas água de chuva. SJC1 tem bom estado de
conservação e de higiene, assim como a família é cuidadosa no seu manejo e na higiene
pessoal, e usam mangueira em substituição da bomba. Nessa cisterna houve uma
amostra sem E.coli e o valor máximo foi 180 NMP/100 ml. O tempo de construção não
influenciou na contaminação microbiana e sim o tipo de água e a forma de manejo do
sistema (Figura 65). Com as chuvas, as densidades de E.coli foram menores na maioria
das cisternas, exceto em três antigas, que recebem água de carros-pipa e apresentam
condições estruturais e higiênicas deficientes (PB1, PB2 e PB4) (Figuras 66 e 67).
Figura 65: Distribuição mensal de Escherichia coli, nas águas de oito cisternas das comunidades de São
João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o
tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
119
E. coli Seca: F(7;49) = 10,2742; p = 0,00000008
E. coli Chuva: F(7;31) = 1,3285; p = 0,2704
Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier
2600
2400
2200
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
E. coli Seca
E. coli Chuv a
(NMP/100mL)
0
-200
PB1
PB 2
PB 3
PB 4
SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4
Figura 66: Gráficos “box=whisker” de Escherichia coli no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 dez/08) e chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e
Paus Brancos, PB.
2400
2000
E. coli (NMP/100mL): F(2;93) = 2,1487; p = 0,1224
2200
E. coli (NMP/100mL):F(1;94) = 0,0734; p = 0,7871
1800
2000
1600
1800
1400
E. coli (NMP/100mL)
E. coli (NMP/100mL)
1600
1400
1200
1000
800
1200
1000
800
600
600
400
400
200
200
0
-200
0
Carro Pipa
Misturada
Chuva
Água armazenada na Cisterna
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
-200
Antiga
Nova
Tempo de Construção
Figura 67: Gráficos “box=whisker” de Escherichia coli segundo o tipo de água armazenada na cisterna e
tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no
período de dezembro/07 a dezembro/08.
A presença de estreptococos fecais (Figura 68) confirmou a contaminação fecal
em todas as cisternas durante o período amostral, destacando-se as cisternas PB2 e PB3
que apresentam deficiências higiênicas. As cisternas SJC1 e SJC4 são cisternas que só
recebem água de chuva e apresentam boas condições estruturais e higiênicas. A SJC2 a
partir de abril passou a receber apenas água de chuva, apresentando redução da
contaminação ao longo dos meses de chuva.
120
Na seca a contaminação por estreptococos fecais variou significativamente entre
as cisternas, o mesmo não aconteceu no período chuvoso, quando houve
homogeneidade entre as cisternas (Figura 69). Os dados de estreptococos fecais
evidenciam que existem flutuações em relação ao grau de contaminação, tempo de
construção das cisternas, não apresentando significância estatística (Figura 70).
Figura 68: Distribuição mensal de estreptococos fecais nas águas de oito cisternas das comunidades de
São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com
o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva.
Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier
18000
Estreptococos fecais Seca: F(7;35) = 2,5294; p = 0,0324
Estreptococos fecais Chuva: F(7;23) = 1,9952; p = 0,1000
16000
14000
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
Estreptococos f ecais Seca
Estreptococos f ecais Chuv a
-2000
PB1
PB 3
PB 2
SJC 1
PB 4
SJC 3
SJC 2
SJC 4
Figura 69: Gráficos “box=whisker” de estreptococos fecais no período seco (dez/07 - mar/08; Ago/08 dez/08) e chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e
Paus Brancos, PB.
121
Estreptococos fecais: F(2;71) = 4,2798; p = 0,0176
7000
6000
6000
5000
5000
Estreptococos fecais
Estreptococos fecais
7000
4000
3000
2000
4000
3000
2000
1000
1000
0
0
-1000
Carro Pipa
Misturada
Chuva
Água armazenada na Cisterna
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
Estreptococos fecais:F(1;72) = 0,0355; p = 0,8511
-1000
Antiga
Nova
T empo de Construção
Median
25%-75%
Non-Outlier Range
Figura 70: Gráficos “box=whisker” de estreptococos fecais segundo o tipo de água armazenada na
cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos,
PB no período de dezembro/07 a dezembro/08.
Salmonella sp. foi pesquisada somente nas amostras trimestrais, com inicio em
março/2008. Entretanto, em janeiro de 2008 foram feitas análises da água e do lodo da
cisterna SJC3 porque na família houve relatos de problemas intestinais. Essa cisterna é
abastecida freqüentemente com água de carros- pipa e estava em péssimo estado de
manutenção. Ambas as amostras (água e lodo) foram positivas para essa bactéria Foi a
única ocorrência de Salmonella sp no universo amostral ao longo de 2008.
Os resultados obtidos nas análises microbiológicas concordam com os resultados
de pesquisas de diversos autores. Ariyananda (2001) estudou a qualidade das águas de
cisterna de cinco localidades no Sri Lanka e apenas em uma delas não obteve resultados
positivos para coliformes fecais, nas demais foram positivas com valores de 2000
UFC/100 mL.
Nevondo e Cloete (1999) determinaram a qualidade de fontes hídricas utilizadas
na vila de Dertig pertencente à cidade de Hammanskraal na África do Sul. Dentre as
fontes hídricas estudadas estão as águas de chuvas armazenadas em uma cisterna
comunitária onde constaram valores médios de densidade de Bactérias Heterótrofas na
ordem de 3,27 x 103 UFC/mL; Coliformes Totais com média 6,9 x 102 UFC/mL e
Salmonella sp. de 8,0 x 101. Simmons et al. (2001), avaliaram as águas de 115 cisternas
abastecidas exclusivamente por águas de chuva captadas por telhados residenciais em
quatro comunidades rurais do distrito de Auckand (Nova Zelândia) e obtiveram
positividade em uma das amostras coletadas.
122
Pesquisa realizada por Coombes et al. (2006) avaliaram a qualidade da água
armazenada de cisternas em três projetos pilotos na Austrália e em todas houve
contaminação fecal com valores médio de 100 UFC /100 ml de coliformes fecais. As
Bactérias Heterótrofas Totais superaram os 1000 UFC/mL.
Araújo et al. (2007) avaliaram a qualidade das águas de uma barragem, três
açudes e de três cisternas utilizadas pelos moradores do Assentamento Santa Bárbara
situado nas proximidades do município de Jaguaretama (CE), tendo como variáveis
microbiológicas coliformes totais e E. coli. Os resultados mostraram que as águas
armazenadas em duas cisternas apresentaram altos níveis de contaminação por
coliformes totais e de E. coli.
Resultado semelhante foi encontrado por Brito et al (2005b), em amostras de
água de chuva armazenadas em cisternas de zona rural de Petrolina, PE, onde foi
detectado E.coli em 70% das amostras. No entanto, segundo os autores, esse dado não
reflete exatamente a qualidade microbiológica da água de chuva, pois as cisternas
também eram abastecidas com águas de outras fontes (carros-pipa).
Silva (2006a) ao estudar a água de chuva armazenada em cisternas no município
de Araçuaí (Médio Jequitinhonha-MG) registrou a presença de E. coli em 70% dos 112
resultados obtidos. Resultados semelhantes foram verificados por Brito et al. (2005a),
quando avaliaram a qualidade da água armazenada em cisternas rurais que recebem
água de chuva e de carros-pipa na Comunidade de Atalho, município de Petrolina-PE e
constataram a presença de coliformes totais em todas as cisternas. Amorim & Porto
(2001) em amostras de água de cisternas destinadas ao consumo humano, no município
de Petrolina-PE, também encontraram coliformes fecais em todas as amostras
analisadas.
Pereira et al. (2007) estudaram a qualidade da água de uma cisterna localizada
em Assaré no município de Ceará-Mirim (RN) e observaram alta densidade de
coliformes totais e ausência de coliformes fecais. A elevada concentração de coliformes
totais evidenciou a importância da manutenção e higiene dos reservatórios.
123
6
Conclusões
A falta de água de chuva nas cisternas durante a época de estiagem se relaciona
principalmente com o uso inadequado dessas águas, que deveriam ser destinadas apenas
para beber, cozinhar e higiene pessoal. Outra causa é o seu consumo por famílias com
mais de cinco pessoas. A falta de água nas cisternas prejudica a sustentabilidade do
programa, visto que várias famílias devem completar o volume com água de carrospipa, sem garantia de qualidade, outras retornam a buscar água nas fontes tradicionais
(açudes e olhos d’água); diante disso perde-se parte dos êxitos sociais obtidos com
programas que buscam fornecer água de melhor qualidade visando melhorar as
condições de vida dos habitantes da zona rural.
As cisternas recebem água de chuva e de carros-pipas. Estas últimas são
distribuídas pelo Ministério da Defesa , através do Exercito nas estiagens quando falta
água e são de qualidade duvidosa, como mostram os resultados da presente pesquisa: as
águas das cisternas que recebem somente água de chuva apresentaram melhor qualidade
do que as “águas misturadas” (de chuva e de carro- pipa). As medidas adotadas com
emprego do exército, que fiscaliza teoricamente os carros-pipa, facilita o desperdício da
água de chuva armazenada e desacredita programas importantes e viáveis da sociedade
civil que contam com apoio do governo.
Em todas as cisternas se observou melhoria da qualidade da água com a chegada
da época de chuvas. No geral, as variáveis físicas e químicas das águas das cisternas
monitoradas na presente pesquisa atenderam os critérios de potabilidade da Portaria Nº
518/2004-MS, com destaque para pH, turbidez, sólidos dissolvidos totais, cloretos,
dureza e nitrato. Já as variáveis microbiológicas estiveram fora dos padrões de
potabilidade em todas as cisternas e indicaram contaminação fecal independente da
origem da água.
Dentre os metais pesados analisados, todos excederam o VMP, embora em
algumas amostras de quatro análises ao longo de quatro meses.
O isolamento de Salmonella sp em uma das cisternas e a alta densidade de E.
coli ressaltam a importância para a saúde familiar do manejo adequado e higiênico das
águas das cisternas. Essas águas não são aptas para consumo humano e precisam
receber tratamento antes de serem consumidas. Técnicas simples de desinfecção no
domicilio podem ser aplicadas, dentre elas a cloração e a desinfecção por luz solar.
124
Vários fatores contribuíram para a contaminação, todos associados ao manejo do
sistema. Naquelas que só armazenaram água de chuva, se observou áreas de captação
sujas (tetos das residências) e das calhas e dos dutos em geral, ausência de dispositivos
de desvio das primeiras águas de chuva, cisternas mal tampadas e uso de baldes e latas
para retirada da água das cisternas.
O uso de baldes e latas amarrados a cordas é uma importante fonte de
contaminação da água armazenada. Os baldes e as cordas são mal conservados /
armazenados e se contaminam com poeira e material do solo, onde geralmente são
colocados.
A bomba para retirar a água fornecida com a cisterna apresenta dificuldade de
uso (numerosos bombeamentos para retirar um volume suficiente) e são frágeis,
devendo ser melhoradas.
É importante a adoção de múltiplas barreiras sanitárias ao longo do sistema de
captação e armazenamento de águas de chuva, que se iniciam com a higiene da área de
captação (telhados), continuam com a manutenção e limpeza nos dutos, com o uso de
dispositivos de desvio das primeiras águas de chuva, com o emprego de bomba na
retirada da água das cisternas e a desinfecção da água antes de seu consumo. O conjunto
dessas ações diminui a contaminação da água e a desinfecção final é mais eficiente.
Neste contexto, a Educação Ambiental é um instrumento de sensibilização das
comunidades usuárias e promove a sua participação na gestão dos recursos hídricos.
Utiliza estratégias que respeitam o pensar local e estimula mudanças, mostrando-se
importante para o empoderamento do uso higiênico e sustentável dos sistemas de
captação, armazenamento e consumo de água de chuva. Suas ações possibilitam, às
populações dispersas do semi-árido, o acesso, a aceitação e a compreensão da
importância de tecnologias simples e de baixo custo para captar e manter água de boa
qualidade. Facilita e estimula a transferência correta de ensinamentos higiênicos desde a
captação, durante armazenamento, formas de manejo adequado e tratamento
(desinfecção) para o consumo seguro.
O programa de monitoramento sistemático adotado na presente pesquisa, onde
sistemas de captação e armazenamento de água de chuva foram selecionados
criteriosamente de um universo maior para amostragens e análises mensais de qualidade
da água se mostra eficiente, considerando que os resultados obtidos são representativos
do total das residências visitadas na fase inicial do projeto.
125
7
Recomendações
As cisternas destinadas à captação de água de chuva devem ser de fato “soluções
alternativas” para as famílias, principalmente do meio rural, não atendidas pelos
sistemas tradicionais de abastecimento de água. Entretanto existem muitos desafios a
serem enfrentados:
As cisternas devem ser dimensionadas adequadamente para cada família,
garantindo o manejo higiênico para o fornecimento de água que atenda ao
padrão de potabilidade em quantidade suficiente para assegurar boas condições
de saúde à população.
As famílias devem ser devidamente instruídas para adotar boas práticas de
manejo da água, através de programas contínuos de educação sanitária e
ambiental bem como reforçar os ensinamentos de saber poupar a água
acumulada durante as chuvas para usar nas estiagens.
Deve ser realizado um trabalho conjunto e intensivo por parte das ONGs
responsáveis pela construção das cisternas com as autoridades públicas dos
serviços de saúde e com maior acesso à população (Agentes de Saúde e Agentes
de Vigilância Sanitária) para estimular o uso das barreiras sanitárias e controlar a
qualidade da água utilizada no meio rural, instituindo programas de
monitoramento sistemático da qualidade da água armazenada nas cisternas.
126
8
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141
Anexo A
Questionário sócio-econômico
142
1. INFORMAÇÕES GERAIS
Município:
Distrito:
(dd:mm:aa)
Data do Relatório:
Bairro:
Localidade:
Hora (h):
Fotos: de ______a_____
Endereço Domicílio:
Nº QUEST*
Entrevistador (a)
Latitude:
Localização GPS
Longitude:
Altitude:
*primeira letra do nome do entrevistador / Nº do questionário
2. QUESTIONÁRIO DOMICILIAR
I. CARACTERIZAÇÃO DO ENTREVISTADO E MORADORES
NOME:_____________________________________________________________ SEXO: 1. M
2. F
(CHEFE DA FAMÍLIA)
2.1. Escolaridade: __________________ 2.2. Ocupação_______________ 2.3. Rendimento__________________
2.4. Pessoas moram na casa? ___________
2.5. Crianças menores de cinco anos? ___________
2.6. Crianças acima de cinco anos? _________________
1. SIM
2.7. Sempre morou nesta localidade?
2. NÃO
2.8. Condição da propriedade atual
1. própria
2. própria cedida
3. posse
4. outros
2.9. Duração do período chuvoso
1. 4 meses
2. 6 meses
3. 8 meses
4. Não sabe
III. DESCRIÇÃO DAS ÁREAS MOLHADAS (COZINHA)
3.1. Possui Cozinha
1. SIM
2. NÃO (salte p/bloco IV)
3.2. A cozinha possui
1. Pia com água contínua
2. Pia sem água contínua (girau)
3. Fogão a gás
4. Fogão a lenha
5. Fogão improvisado
6. Geladeira
7. Filtro
143
3.3. Localização da cozinha
1. Fora da casa
2. Dentro da casa
3.4. Material predominante da cobertura
1. Telhado de cerâmica
2. Laje
3. Telhado de Fibrocimento
4. Palha
5. Amianto/Zinco
6. Outro: ______________
3.5. Material predominante das Paredes
1. Tijolo cerâmico com furos
2. Tijolo maciço
3. Madeira
4. Outro:_____________
3.6. Material predominante no revestimento interno
1. Sem revestimento
2. Reboco
3. Cerâmica/azulejo
3.7. Periodicidade da limpeza / manutenção da cozinha
1. Diária
2. Semanal
3. Mensal
4. Outra
5. Não sabe
3.8. Quais os produtos utilizados na limpeza?
1. Apenas água
2. Água+sabão em pó
3. Água+sabão em pó+água sanitária
4. Água+água sanitária
5. Outros:_______________
IV. ABASTECIMENTO DE ÁGUA
4.1. Sua residência dispõe de água encanada?
1. SIM
2. NÃO (Salte p/questão /4.3)
4.2. Armazenamento da água encanada
1. Caixa d’água
2. Cisterna
3. Pote
4. Filtro
5. Tonel
6. Outros:____________
4.3. Qual a origem da água que a família consome para beber?
1. Poço
2. Nascente
5. Rio
6. Lago
3. Cisterna
4. Chafariz
7. Barragem/açude
8. Outras __________________
4.4. Armazenamento da água de beber
1. Caixa d’água
2. Cisterna
3. Pote
4. Filtro
5. Tonel
6. Outros:__________
4.5. A família trata a água de beber?
1. SIM
2. NÃO (Salte para questão 4.10)
3. Já vem tratada (Salte para questão 4.10)
144
4.6. Formas de tratamento da água de beber (múltiplas respostas)
1. Filtração
2. Cloração
3. Fervura
4. Não trata
5.Outras:__________
4.7. Material usado para filtração
1. Filtro de barro com vela
2. Filtro de carvão/areia
3.Outro_____________
4.8. Quando utiliza cloro segue alguma medida?
1. SIM. Qual a dosagem:________________
2. Não (Salte para questão 4.10)
3. Não usa cloro (Salte para questão 4.10)
4.9. O Cloro é adicionado
1. No filtro
2. Na cisterna
3. Na caixa d’água
4. No pote
5. Não usa cloro
4.10. Qual a origem da água que a família usa para a higiene pessoal e da residência?
1. Poço
2. Nascente
5. Rio
6. Lago
3. Cisterna
4. Chafariz
8. Outras:______________
7. Barragem/açude
4.11. Armazenamento da água para higiene pessoal e da residência
1. Caixa d’água
2. Cisterna
3. Pote
4. Tonel
5. Outros:__________
4.12. Há quanto tempo está usando água de chuva armazenada em cisterna
1. < 1 ano
2. 1 ano
3. 2 anos
4. 3 anos
5. 4 anos
6. 5 anos
7. > 5 anos
4.13. A água da cisterna é usada para (múltiplas respostas)
1. Beber
2. Cozinhar
5. Lavar roupa
6. Irrigar
3. Banho
4. Limpeza
7. Outros:__________
4.14. A água da cisterna é de boa qualidade
1. SIM
2. NÃO
4.15. Aspectos observados:
1. Transparente
2. Turva
3. Material em suspensão
4. Tem cor
5. Tem odor
6. Tem sabor
7. Entram bichos na cisterna
8. Tipo de bichos_____________
4.16 Origem da cisterna
145
1. Construída pelo morador
2. Projeto social (P1MC)
3. Associação
1. Familiar
4.17 Tipo de uso da água da Cisterna
4.Outro:___________
2. Coletivo
4.18 Modelo da Cisterna
1. Placas
2. Ferro-cimento
3. Alvenaria
4. Não sabe
5. Outro:____________
4.19. Como era o abastecimento de água da família antes da cisterna?
1. Poço
2. Nascente
3. Chafariz
3. Rio
4.Barragem/açude/lago
6. Outro_______________
4.20. A instalação da cisterna trouxe melhorias?
1. SIM
2. NÃO
3. Não sabe responder.
SIM: Quais os benefícios?_________________________________________________
4.21. A água da chuva armazenada é suficiente para uso pela família
1. Apenas na época das chuvas
2. Durante todo o ano
3. Não é suficiente
4.22. A água da chuva é suficiente para encher a cisterna?
1. SIM
2. NÃO
3. Às vezes
4.23. Quando acaba a água de chuva acumulada na cisterna, de onde vem a água para uso pela família.
1. Poço
2. Rio
3. Barragem/açude
4. Nunca acaba
5. Outros: _________
4.24. A cisterna recebe água de carros-pipa
1. SIM
2. NÃO (Salte para questão 4.25)
4.25. Origem da água dos carros-pipa
1. Poço
2. Nascente
4. Rio
5. Lago
3. Chafariz
6. Barragem/açude
7. Outras ___________________
4.26. Freqüência de abastecimento da cisterna com carros-pipa
1. Semanal
2. Quinzenal
3. Mensal
4.Outras ___________________
4.27. Realiza limpeza / manutenção da cisterna?
1. SIM
2. NÃO (Salte para questão 4.28)
4.28. Como é feita essa limpeza?
1. Lava apenas por dentro
2. Lava apenas por fora
3. Por dentro e por fora
146
4.29. Usa escova nessa lavagem
1. SIM
2. NÃO
3. Às vezes
4.30. Costuma pintar a cisterna?
1. SIM
2. NÃO
3. Às vezes
4.31. Tipo de tinta usada para pintar a cisterna
1. Tinta
2. Tinta látex
3. Cal
4. Outros tipos
4.32 Periodicidade da limpeza da cisterna (lavar)
1. Semestral
2. Anual
3. Não sabe
V. CONDIÇÕES DA MORADIA
5.1. Estado de conservação do telhado (Observação in loco do entrevistador)
1. Regular
2. Irregular
3. Outros: _______________
5.2. Estado de higiene (limpeza) do telhado?
1. Limpo (Salte para questão 5.4)
2. Sujo
3. Não sabe
5.3. Qual o tipo de sujeira encontrada no telhado (Observação in loco do entrevistador).
1. Folhas
2. Fezes de animais
3. Latas velhas, garrafas e pneus
4.Outros___________
5.4. Realiza limpeza e manutenção do telhado?
1. SIM
2. NÃO
5.5. Realiza limpeza e manutenção das calhas?
1. SIM
2. NÃO
5.6. Toma algum cuidado para evitar a entrada de sujeiras na cisterna?
1. SIM
2. NÃO
3. NÃO sabe
5.7. Qual é método que usa para retirar água da cisterna?
1. Balde
2. Bomba manual
3. Outro:__________
5.8. Se utiliza balde, este é usado apenas para retirada da água da cisterna atividades?
147
1. SIM
2. NÃO
5.9. O sistema de coleta e armazenamento da água na cisterna apresenta alguma inadequação (Observação in loco do
entrevistador)
1. SIM
2. NÃO (Salte para questão 5.12)
3. Não sabe (Salte para questão 5.12)
5.10. Qual a inadequação (múltiplas respostas)
1. Calha
2. Tubulações (dutos)
3. Rachadura/Vazamento
4. Tampa quebrada
5. Tampa envergada
6. Sem tampa
7. Reboco
8. Com diversos objetos no interior da cisterna
5.11. Sistema de Calha
1. Fixa
2. Móvel
5.12. Animais existentes na propriedade
1. Bovinos
2. Caprinos/ovinos
3. Suínos
5.13. Proximidade dos criadouros de animais
1. < 10 metros
2. > 10 metros
4. Eqüinos
5. Galinhas
6. Outros:_____________
3. Não existem animais
VI. ESGOTAMENTO SANITARIO
6.1. Existência de banheiro
1. SIM
2. NÃO (Salte para questão 6.7)
6.2. Quantidade de banheiros
1. Um banheiro
2. Dois banheiros 3. Tem banheiro só para banho
6.3. Localização do banheiro
1. Dentro do domicílio
2. Fora do domicílio.
6.4 Periodicidade da limpeza /manutenção do banheiro:
1. Diária
2. Semanal
3. Mensal
4. Não sabe
148
6.5. Esgotamento do banheiro
1. Fossa seca
2. Fossa séptica individual
5. Corpo d’água (rio/riacho)
3. Fossa séptica coletiva
6. Jogado no ambiente
7. Não sabe
4. Rede de esgoto
8.Outro:_________
6.6. Esgotamento da cozinha
1. Fossa seca
2. Fossa séptica individual
5. Corpo d’água (rio/riacho)
3. Fossa séptica coletiva
6. Jogado no ambiente
7. Não sabe
4. Rede de esgoto
8.Outros:________
6.7. Tempo de construção da fossa séptica
1. < 2 anos
2. 2 anos
3. 4 anos
4. 6 anos
6. Não sabe
7. Não tem (Salte para questão 6.11)
5. 10 anos
6.8. Realiza limpeza na fossa séptica
1. SIM
2. NÃO
3. Às vezes (quando enche)
4. Não tem
6.9. Condições da fossa séptica
1. Desativada
2. Inadequada
3. Adequada
6.10. Destino do efluente da fossa séptica
1. Solo
2. Corpo d’água
3. Irrigação
4. Outros______________
6.11. Localização da fossa séptica em relação à casa (Observação in loco do entrevistador)
1. Em frente
2. Atrás
3. Ao lado
6.12. Localização da fossa séptica considerando a cisterna
1. Acima
2. Abaixo
3. Ao lado
6.13. Destino dos resíduos (LODO) da fossa séptica
1. Quintal
2. Terreno
3. Rios
4. Lajedos
5. Outros:____________
6.14. Forma de acondicionamento do lixo produzido pela família
1. Latas
2. Lixeiras plásticas
3. Caixão de madeira
4. Sacolas plásticas
5. Não tem recipiente específico
6. Joga no quintal
149
6.15. A família costuma separar o lixo
1. SIM
2. NÃO
3. Apenas resto de comida para animais
4. Apenas as folhas
5. Outros:______________
6.16. Destino dado ao lixo
1. Coletado pela prefeitura
2. Queimado
3. Enterrado.
4. Jogado nos terrenos
5. Jogado nos rios e/ou riacho
6. Reaproveitado.
6.17. Reaproveitamento do lixo
1. Produção de adubo
2. Alimentação animal
3. Artesanato
4. Não reaproveita
VII. SAÚDE PÚBLICA
7.1 Em que pessoas da família as doenças são mais freqüentes (Que Não sejam diarréia)
1. Crianças < 5 anos
2. crianças > 5 anos
3. adultos
7.2. Há casos de diarréia na família? Com que freqüência aparece?
1. Semanal
2. Mensal
3. Semestral
4. Anual
5. Não há
7.3 Em que pessoas da família são mais freqüentes essas diarréias?
1. Crianças < 5 anos
2. Crianças > 5 anos
3. Adultos
7.4 Há agente de saúde na localidade?
1. SIM
2. NÃO
7.5 Qual a periodicidade da visita do agente de saúde?
1. Mais de uma vez/semana
2. Semanal
3. Quinzenal
4. Mensal
7.6. Há outros profissionais de saúde (médicos, dentistas, enfermeiros...) do PSF na localidade?
1. SIM
2. NÃO
7.7. Qual a periodicidade da visita deste profissional de saúde (médicos, dentistas, enfermeiros) à comunidade?
1. Mais de uma vez/semana
2. Semanal
3. Quinzenal
4. Mensal
150
7.8. O agente de saúde faz esclarecimentos sobre:
1. Tratamento da água
2. Higiene pessoal
4. Cuidados com o meio ambiente
5. Outros
3. Doenças causadas pela água
7.9. Existe algum trabalho na comunidade sobre saúde pública?
1. SIM
2. NÃO
3. Não sabe
7.10. Tipo de trabalho
1.Educação Sanitária
2. Educação alimentar
3. Educação Ambiental
4.Outros:___________
7.11. Alguém da casa participa do trabalho?
1. SIM
2. NÃO (Salte para Questão 7.13)
7.12. Após a instalação da cisterna, houve melhoras na saúde dos familiares?
1. SIM
2. NÃO
3. Não sabe responder
7.13. Alguma doença tornou-se menos freqüente?
1. SIM
2. NÃO
(Salte para Questão 7.15)
7.14 Possui animal doméstico?
1. SIM
2. NÃO
7.15. Os animais domésticos são criados soltos?
1. SIM
2. NÃO
7.16. As crianças têm contato com os animais domésticos
1. SIM
2. NÃO
VIII. DIMENSÕES DA CASA
1. Comprimento da casa (lado da casa que tem calha):
|__|__|, |__|__| (em metros e centímetros)
151
2. Largura da casa (lado da casa que não tem calha):
|__|__|, |__|__| (em metros e centímetros)
3. Altura do telhado
Altura 1 Maior (h1) |_____|______|, |______|______| (em metros e centímetros)
Altura 2 Menor (h2) |_____|______|, |______|______| (em metros e centímetros)
Altura 3 Se houver (h3) |______|______|, |_______|_____| (em metros e centímetros)
III. VOLUME DA CISTERNA
1. Capacidade volumétrica_____________________ 2. Volume observado_____________
IV. OBSERVAÇÕES:
1. Estado de conservação da área de captação de água de chuva (Observação in loco)
Estado de conservação do telhado__________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
Estado de higiene (limpeza) do telhado_______________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
1.2. Tipo de sujeira encontrada no telhado____________________________________________________________
2. Estado de conservação das cisternas
2.1. Estado de conservação das cisternas____________________________________________________________
2.2. Inadequação observada no sistema de coleta e armazenamento de água na cisterna_______________________
______________________________________________________________________________________________
3. Localização da cisterna
3.1. Proximidade de criadouros de animais___________________________________________________________
3.2. Localização indevida em relação à fossa séptica___________________________________________________
152
4. Manejo de água de cisterna
4.1. Inadequação observada em relação ao manejo de água de cisterna________________________
____________________________________________________________________________________
5. Higiene da Família
5.1. Condições de moradia_____________________________________________________________
5.2. Condições de higiene da residência_________________________________________________
5.3. Condições de higiene dos membros das famílias______________________________________
6. Outras observações pertinentes
153
Anexo B
Formulário de Acompanhamento
de Campo
154
Formulário de Acompanhamento de Campo:
Data da Coleta:_____________________
Observador : _______________________________________
Código da Cisterna
Proprietário
1- Forma de retirada da água:____________________________________________
2- Nº de pessoas da família: ______________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
3- Localização da Fossa em relação à cisterna:
A. Bom (Nível abaixo / Ñ tem fossa /Distante )
B. Ruim (Nível acima /Próximo)
Outras Obs: _________________________________________
Proximidade de criadouros de animais_____________________________________
____________________________________________________________________
4- Recebeu Carro – Pipa este mês:________________________________________
5- Volume observado____________________________________________________
6- Estado de conservação da área de captação de água de chuva
Estado de conservação do telhado__________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Estado de higiene (limpeza) do telhado______________________________________________
_____________________________________________________________________________
Tipo de sujeira encontrada no telhado_______________________________________________
_____________________________________________________________________________
Estado de conservação / higiene / nivelamento das calhas e condutores ____________________
_____________________________________________________________________________
7 - Estado de conservação das cisternas:
Estado de conservação das cisternas________________________________________________
Inadequação no sistema de coleta e armazenamento de água na cisterna____________________
_____________________________________________________________________________
8 - Higiene Familiar:
Higiene da residência_____________________________________________________________
Higiene dos membros das famílias___________________________________________________
9 – Ocorrência de doenças na família ________________________________________________
155
Anexo C
Estatística Descritiva
Teste de Normalidade e
Coeficientes de correlação
Spearman
156
Tabela 3: Estatística descritiva da qualidade da água das quatro cisternas distribuídas no Assentamento Paus
Brancos - PB no período de dezembro/2007 a dezembro /2008.
PB 1
PB 2
Nº
Média
Mediana
Min
Max
Desv. Pad.
Nº
Média
Mediana
Min
Max
Desv. Pad.
mg CaCO3/L)
(µS/ cm)
12
12
8,0
73
7,9
62,5
7,5
51,8
9
148
0,4
27,6
12
12
7,8
47
7,9
37,5
6,0
25,5
8,3
88,5
0,6
20,3
12
434,8
464,7
212,5
624
154,4
12
158,9
159,6
73,7
244,2
59,5
OD
Temp.
Turb
Cor apar.
Salinidade
SDT
Dureza
Cloretos
Cl Res.Liv.
Cl Res. Total
DQO
DBO 5,20
Amônia
Nitrito
Nitrato
Coli. Totais
(mg / L-1)
(°C)
(uH)
(UC)
ppm
(mg/L)
mg CaCO3/L)
(mg/L)
(mg/L)
(mg/L)
(mg/L)
(mg/L)
(mg/L)
(NMP/100mL)
12
12
12
12
11
12
12
12
8
8
8
7
6
6
6
12
6,3
27,4
1,6
9,1
216,5
335,6
133,5
79,8
0
0,1
75,7
2,9
0
0
0,3
1469
6,3
27,8
1,4
5,6
251,5
366,5
131
72,3
0
0,1
62,9
3,2
0
0
0,2
1780
3,6
24,0
0,5
0,8
23,4
170
70,5
36,6
0,01
0,05
19,4
1,2
0
0
0
1,0
8
30
6
31
313
500
236
148
0
0
179
4
0
0
1
2500
1,4
1,8
1,5
8,9
90,1
126,6
53,2
35,7
0
0
48,6
0,8
0,1
0
0,3
1093
12
12
12
12
11
12
12
12
9
9
8
6
6
6
6
12
6,6
27,2
2,4
16,2
78,4
137,7
85,4
25,5
0
0,1
69,9
1,8
0,1
0
1,3
2500
6,4
27,8
1,5
17,7
84,6
121,5
72,5
16,6
0,1
0,1
41,3
2
0
0
0,9
2500
4,8
24,0
0,4
1,0
15,3
66
39
3,2
0
0
7,6
0,5
0
0
0
2500
8,7
29
13,5
26,7
136
248
174
99,5
0,1
0,1
240,5
2,3
0,2
0
4,1
2500
1,2
1,7
3,6
6,8
38
62,9
47,3
27,2
0
0
78
0,6
0,1
0
1,5
0
E. coli
Bact. Heter.
Estrep.Fecais
(NMP/100mL)
(UFC/mL)
(UFC/mL)
12
12
9
294
4771
1432
57
1690
710
2500
20250
5800
708
6012
1818
12
12
9
945
4017
2370
634
4450
975
890
3043
2330
Média
Mediana
Max
Desv. Pad.
Nº
Média
Mediana
20
479
440
PB 4
Min
2500
8700
5500
Nº
0
120
0
PB 3
Min
Max
Desv. Pad.
mg CaCO3/L)
(µS/ cm)
13
13
8,0
65,9
8,0
55,8
7,6
40
8,4
113,5
0,2
24,7
11
11
7,8
58,6
7,7
54,5
7,5
39,8
8,2
92,5
0,2
19,1
13
389,1
459,2
138,1
646,4
190,7
11
357,7
222,9
147,1
637,9
198
OD
Temp.
Turb
Cor apar.
Salinidade
SDT
Dureza
Cloretos
Cloro Res.Liv.
Cloro Res. Total
DQO
DBO 5,20
Amônia
Nitrito
Nitrato
Coli. Totais
(mg / L-1)
(°C)
(uH)
(UC)
ppm
(mg/L)
mg CaCO3/L)
(mg/L)
(mg/L)
(mg/L)
(mg/L)
(mg/L)
(mg/L)
(NMP/100mL)
13
13
13
13
12
13
13
13
9
9
9
7
6
6
6
13
6,6
26,5
2,3
10,4
198,5
277,5
124,3
65,5
0
0,1
57,2
2,5
0,1
0
0,4
2500
6,4
26,7
1,6
10,8
237
307
130
52,8
0
0,1
40
2,7
0
0
0,3
2500
5,5
23
0,7
1,1
24
99
49
0,8
0
0
7,6
1,2
0
0
0
2500
8,1
29
10,8
23,6
324,5
446
246
159,6
0,1
0,2
206
3,6
0,2
0,1
1,2
2500
0,8
2,2
2,6
7,3
102,9
138,4
63,4
46,7
0
0
61,8
0,8
0,1
0
0,4
0
11
11
11
11
10
11
11
11
8
8
8
6
4
4
3
11
6,4
27
3,1
8,3
177,5
232,4
115,6
67
0
0,1
64,7
2,5
0,1
0
0,1
1699
6,6
26,9
1,2
6,5
170,4
180
129
60,1
0
0,1
59,4
2,5
0
0
0
2076
4,6
24
0,4
0,9
24,9
114
57
11,1
0
0
11,5
1,5
0
0
0
0
8,6
30
20,5
23,2
321,1
385
255
169,1
0,1
0,1
171,8
3,5
0,2
0
0,1
2500
1,3
2,2
5,8
7,4
105,9
111,3
60,7
45,9
0
0
48
0,7
0,1
0
0,1
948
E. coli
Bact. Heter.
Estrep.Fecais
(NMP/100mL)
(UFC/mL)
(UFC/mL)
13
12
10
1065
6400
5014
750
4700
3723
24
479
710
2500
21150
17000
981
6088
4915
11
11
9
145
5661
1325
84
5250
535
0
430
1
401
23000
4600
154
6117
1596
pH
Alcal.
Cond.
pH
Alcal.
Cond.
157
Tabela 4: Estatística descritiva da qualidade da água das quatro cisternas distribuídas em São João do
Cariri - PB no período de dezembro/2007 a dezembro /2008.
SJC 1
Min
Max
Desv. Pad.
Nº
Média
Mediana
8,2
48,5
7,5
31,3
8,6
97,5
0,4
21,4
11
11
8,6
69,5
143,7
151,9
67,5
241,1
48,4
11
7,5
26
0,8
6,6
72,9
156,9
79
28,4
0
0,1
51,8
1,1
0
0
0,4
1352
7,1
26
0,6
4,8
81,1
121,1
58
9,2
0
0,1
54,3
1,1
0
0
0,5
1252
6,4
22
0,3
2,2
34,1
60
34,5
2,4
0
0
15,2
0,2
0
0
0
631
9
29
1,7
18,4
99,7
306
171
176
0
0,1
80
2
0,2
0
0,8
2500
1
2,3
0,5
5,6
23,3
88,9
46,3
47,2
0
0
25,2
0,5
0,1
0
0,3
610
11
11
11
11
10
11
11
11
9
9
7
5
5
5
5
11
13
13
10
39
616
312
17
290
73
180
3350
1225
56
883
431
Nº
Média
1
60
28
SJC 3
Mediana
Min
Max
mg CaCO3/L)
(µS/ cm)
12
12
8,4
68,9
8,5
66,5
7,7
35
12
359,5
233,7
OD
Temp.
Turb
Cor apar.
Salinidade
SDT
Dureza
Cloretos
Cloro Res.Liv.
Cloro Res. Total
DQO
DBO 5,20
Amônia
Nitrito
Nitrato
Coli. Totais
(mg / L-1)
(°C)
(uH)
(UC)
ppm
(mg/L)
mg CaCO3/L)
(mg/L)
(mg/L)
(mg/L)
(mg/L)
(mg/L)
(mg/L)
(NMP/100mL)
12
12
12
12
11
12
12
12
9
9
8
6
5
5
5
12
6,7
25,4
2,1
9,5
170
235,6
106,5
53,7
0
0,1
49,2
2
0,1
0
0,4
2279
6,5
25,8
1,6
9,7
108,2
165,4
72,5
34,5
0
0,1
42,2
2
0
0
0,5
2500
E. coli
Bact. Heter.
Estrep.Fecais
(NMP/100mL)
(UFC/mL)
(UFC/mL)
12
12
9
1089
1693
2192
870
778
1900
Nº
Média
Mediana
mg CaCO3/L)
(µS/ cm)
13
13
8,1
55,9
13
OD
Temp.
Turb
Cor apar.
Salinidade
SDT
Dureza
Cloretos
Cloro Res.Liv.
Cloro Res. Total
DQO
DBO 5,20
Amônia
Nitrito
Nitrato
Coli. Totais
(mg / L-1)
(°C)
(uH)
(UC)
ppm
(mg/L)
mg CaCO3/L)
(mg/L)
(mg/L)
(mg/L)
(mg/L)
(mg/L)
(mg/L)
(NMP/100mL)
13
13
13
13
12
13
13
13
9
9
9
7
6
6
6
13
E. coli
Bact. Heter.
Estrep.Fecais
(NMP/100mL)
(UFC/mL)
(UFC/mL)
pH
Alcal.
Cond.
pH
Alcal.
Cond.
SJC 2
Min
Max
Desv. Pad.
8,7
62,3
7,3
34
9,1
137
0,6
32,8
179,2
167,5
56,4
372,3
98,3
6,1
25,6
2,5
13,6
96,2
172,6
83,4
17,2
0
0,1
67
2,7
0,1
0
0,2
1581
6,4
26
1,2
8,4
96,5
123
56
20,2
0
0,1
26,7
1,5
0
0
0
1770
1,7
22
0,5
0,6
28,8
46
24,5
1,6
0
0
7,6
0,5
0
0
0
125
8,5
30
14
30,2
185,9
430
182
35
0,1
0,1
171,8
9,1
0,2
0
0,8
2500
1,9
2,4
3,9
10,3
50,8
132,7
54,4
11,9
0
0
70,1
3,6
0,1
0
0,3
1004
11
11
8
353
2758
1048
28
660
485
2500
17500
3650
757
5169
1264
Desv. Pad.
Nº
Média
Mediana
1
85
170
SJC 4
Min
Max
Desv. Pad.
8,8
105,5
0,4
26,4
12
12
8,7
66,4
8,8
57,3
7,9
42,5
9
107,5
0,3
21,6
144,9
802,2
241,5
12
191,7
185,2
102,4
317,6
60,5
5,4
22
0,6
0,9
17,2
98
49
9,2
0
0
11,5
1,1
0
0
0
984
8,9
28
6,5
17,4
353,9
526
242
125
0,1
0,2
93,3
3,5
0,2
0
0,9
2500
1,1
2
1,7
5,9
127,4
165,3
67,7
39,9
0
0
32,4
0,9
0,1
0
0,4
477
12
12
12
12
11
12
12
12
9
9
8
6
4
4
4
12
7,3
26,1
1,4
6,3
89,4
161,5
77
23,4
0
0
45,1
2
0,1
0
0,4
1063
7,1
26,7
0,8
4,2
91,6
125,5
66,5
15,9
0
0,1
39,5
2
0
0
0,4
399
6,2
23
0,4
0,5
16,5
85
31
0,8
0
0
7,6
1,7
0
0
0
2
8,9
28,6
5
21
133,3
337
185
50,5
0,1
0,1
118,3
2,3
0,2
0
0,9
2500
0,9
1,8
1,3
6,1
36,1
83,7
45,1
17,2
0
0
37,4
0,2
0,1
0
0,5
1078
13
270
190
2500
5800
6700
942
1995
2203
12
12
10
17
1470
468
6
290
178
0
140
51
106
5800
1145
30
2145
454
158
Cor aparente (uH)
Cor aparente ( UC)
Shapiro-Wilk W=,90796, p=,00001
Expected Normal
45
40
Frequência Absoluta
35
30
25
20
15
10
5
0
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Turbidez (NTU)
Temperatura (°C)
Turbidez( NTU)
Shapiro-Wilk W=,47745, p=,00000
Expected Normal
T emperatura ( °C )
Shapiro-Wilk W=,95617, p=,00279
Expected Normal
100
22
90
20
18
80
16
Frequência Absoluta
Frequência Absoluta
70
60
50
40
30
14
12
10
8
6
20
4
10
2
0
0
-5
0
5
10
15
20
25
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
159
OD (mg/ L-1)
pH
OD (mgO2 L-1)
Shapiro-Wilk W=,96759, p=,01773
Expected Normal
pH
Shapiro-Wilk W=,93840, p=,00021
Expected Normal
40
45
35
40
35
Frequência Absoluta
Frequência Absoluta
30
25
20
15
10
25
20
15
10
5
5
0
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
5,5
6,5
7,0
7,5
8,0
8,5
Condutividade (µS/ cm)
Alcalinidade (mg CaCO3/l)
Shapiro-Wilk W=,92234, p=,00003
Expected Normal
Condutividade ( µs/ cma)
Shapiro-Wilk W=,84239, p=,00000
Expected Normal
45
45
40
40
35
35
30
30
25
20
15
15
10
5
20
40
60
80
100
120
140
160
9,5
20
5
0
9,0
25
10
0
6,0
Alcalinidade (mg CaCO3/L)
Frequência Absoluta
Frequência Absoluta
30
0
-100
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
160
Salinidade
SDT (mg/L)
Salinidade
Shapiro-Wilk W=,87393, p=,00000
Expected Normal
SDT (mg/L)
Shapiro-Wilk W=,87756, p=,00000
Expected Normal
35
50
45
30
40
35
Frequência Absoluta
Frequência Absoluta
25
20
15
30
25
20
15
10
10
5
5
0
0
-50
0
50
100
150
200
250
300
350
-100
400
0
100
200
300
Dureza (mg CaCO3 /L)
Cloretos (mg/L)
Dureza Total (mg CaCO3 /L)
Shapiro-Wilk W=,88999, p=,00000
Expected Normal
Cloretos
Shapiro-Wilk W=,86000, p=,00000
Expected Normal
400
500
600
70
45
40
60
35
Frequência Absoluta
Frequência Absoluta
50
30
25
20
15
40
30
20
10
10
5
0
0
50
100
150
200
250
300
0
-50
0
50
100
150
200
161
Cloro Residual Livre
Cloro Residual Total
Cloro Residual Livre
Shapiro-Wilk W=,91778, p=,00021
Expected Normal
Cloro Residual Total
Shapiro-Wilk W=,95461, p=,01274
Expected Normal
40
25
35
Frequência Absoluta
15
10
30
25
20
15
10
5
5
0
0
-0,02
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
-0,05
0,12
0,00
0,05
0,10
0,15
DQO 5,20 (mg/L)
DBO 5,20 (mg/L)
DQO (mgO2/L)
Shapiro-Wilk W=,83545, p=,00000
Expected Normal
DBO 5,20 final (mgO2/L)
Shapiro-Wilk W=,76054, p=,00000
Expected Normal
40
35
35
30
Frequência Absoluta
30
Frequência Absoluta
Frequência Absoluta
20
25
20
0,20
25
20
15
15
10
10
5
5
0
0
-50
0
50
100
150
200
250
-2
0
2
4
6
8
10
162
Amônia (NH3) (mg/L)
Nitrito (NO2-) (mg/L)
Amônia ( NH3) (mg/L)
Shapiro-Wilk W=,70344, p=,00000
Expected Normal
Nitrito(NO2-)(mg/L)
Shapiro-Wilk W=,45415, p=,00000
Expected Normal
22
40
20
35
18
30
Frequência Absoluta
Frequência Absoluta
16
14
12
10
8
25
20
15
6
10
4
5
2
0
-0,05
0,00
0,05
0,10
0,15
0
0,20
-0,02
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
N-NO3-
Coliformes totais (NMP/100mL)
Nitrato(NO3-) (mg/L)
Shapiro-Wilk W=,62594, p=,00000
Expected Normal
Coliformes Totais (NMP/100mL)
Shapiro-Wilk W=,73270, p=,00000
Expected Normal
30
0,12
70
60
25
Frequência Absoluta
Frequência Absoluta
50
20
15
10
40
30
20
5
10
0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
0
-500
0
500
1000
1500
2000
2500
163
Bactérias heterotróficas totais (UFC/mL)
E. coli (NMP/100mL)
Shapiro-Wilk W=,65299, p=,00000
Expected Normal
Bact. Heterotróficas (UFC/ml)
Shapiro-Wilk W=,68793, p=,00000
Expected Normal
80
80
70
70
60
60
Frequência Absoluta
Frequência Absoluta
E.coli (NMP/100mL)
50
40
30
50
40
30
20
20
10
10
0
0
-500
0
500
1000
1500
2000
-5000
2500
0
5000
10000
15000
20000
25000
Estreptococos fecais (UFC/mL)
Estreptococos fecais
Shapiro-Wilk W=,64805, p=,00000
Expected Normal
80
70
Frequência Absoluta
60
50
40
30
20
10
0
-5000
0
5000
10000
15000
20000
Quadro 10: Teste de normalidade dos parâmetros de qualidade avaliados nas águas armazenadas em oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos,
Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08.
164
Tabela 6: Matriz de correlação de Spearman dos parâmetros microbiológicos nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no
período de dezembro/07 a dezembro /08.
pH
Alcal
Condut
OD
Temp
Tur.
Cor
aparente
Salin.
SDT
Dur.
Total
Cloretos
ClRes.
Livre
ClRes.
Livre
DQO
DBO
5,20
Amônia
Nitrito
Nitrato
Colif.
Totais
E. coli
Bact.
Heter.
pH
1,00
Alcal
0,33
1,00
Condut
-0,04
0,75
1,00
OD
0,07
-0,08
-0,16
1,00
Temp
-0,02
0,56
0,52
0,01
1,00
Tur.
0,01
0,13
0,31
0,11
0,21
1,00
Cor
aparente
-0,02
0,04
0,14
-0,26
-0,05
-0,10
1,00
Salin.
0,02
0,70
0,87
-0,12
0,55
0,31
0,03
1,00
SDT
-0,04
0,74
0,91
-0,14
0,58
0,29
0,06
0,84
1,00
Dur. Total
-0,01
0,75
0,81
-0,23
0,62
0,07
0,25
0,75
0,81
1,00
Cloretos
-0,38
0,16
0,57
-0,04
0,10
0,31
-0,06
0,47
0,51
0,33
1,00
0,08
0,28
0,41
-0,17
0,26
0,21
0,42
0,42
0,40
0,37
0,10
1,00
0,04
0,29
0,41
-0,12
0,21
0,19
0,40
0,44
0,43
0,43
0,12
0,79
1,00
DQO
0,04
0,66
0,57
-0,47
0,67
-0,09
0,24
0,56
0,55
0,71
0,13
0,09
0,17
1,00
DBO 5,20
-0,28
-0,01
0,39
0,06
-0,02
0,31
-0,14
0,42
0,24
0,08
0,47
0,34
0,21
-0,06
1,00
Amônia
-0,30
-0,25
-0,13
-0,27
-0,32
-0,38
0,36
-0,19
-0,20
0,01
-0,25
0,25
0,24
0,08
-0,03
1,00
Nitrito
-0,26
-0,60
-0,25
0,27
-0,48
0,50
-0,06
-0,26
-0,33
-0,46
0,06
-0,49
-0,64
-0,48
0,16
0,14
1,00
Nitrato
-0,02
0,24
-0,07
-0,34
0,09
-0,60
0,29
-0,05
-0,03
0,16
-0,26
-0,14
-0,26
0,10
-0,21
0,26
-0,24
1,00
Colif.
Totais
-0,15
-0,10
0,02
-0,25
-0,02
0,14
0,11
-0,05
0,05
0,04
0,01
0,12
0,01
-0,18
-0,18
0,10
0,27
0,16
1,00
E. coli
-0,16
0,06
0,25
-0,18
0,13
0,22
0,20
0,19
0,20
0,18
0,19
0,37
0,26
0,05
0,08
0,16
0,04
0,14
0,62
1,00
-0,33
0,09
0,37
0,03
0,21
0,41
0,02
0,37
0,30
0,15
0,38
0,42
0,30
-0,13
0,49
-0,15
0,08
-0,10
0,24
0,33
1,00
-0,15
-0,05
0,14
-0,31
0,11
0,17
0,08
0,16
0,06
0,09
0,10
0,27
0,07
0,02
0,06
0,29
0,19
0,41
0,47
0,56
0,41
Cl- Res.
Livre
Cl- Res
.Livre
Bact.
Heter.
Estrep.
fecais
Nota: Coeficientes destacados em vermelho são estatisticamente significativos, ao nível de significância de 5%
165
Estrep.
fecais
1,00

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