1º e 2º dias de prova

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1º e 2º dias de prova
Questão
01
FUVEST 2ª Fase
1º dia 04/01/15
Curso e
Colégio
Examine a seguinte matéria jornalística:
Sem-teto usa topo de pontos de ônibus em SP como cama
Às 9h desta segunda (17), ninguém dormia no ponto de ônibus da rua Augusta com a Caio Prado.
Ninguém a não ser João Paulo Silva, 42, que chegava à oitava hora de sono em cima da parada de coletivos.
“Eu sempre durmo em cima desses pontos novos. É gostoso. O teto tem um vidro e uma tela embaixo,
então não dá medo de que quebre. É só colocar um cobertor embaixo, pra ficar menos duro, e ninguém te
incomoda”, disse Silva depois de acordar e descer da estrutura. No dia, entretanto, ele estava sem a coberta,
“por causa do calor de matar”.
Por não ter trabalho em local fixo (“Cato lata, ajudo numa empresa de carreto. Faço o que dá”), ele varia
o local de pouso. “Às vezes é aqui no centro, já dormi em Pinheiros e até em Santana. Mas é sempre nos pontos,
porque eu não vou dormir na rua”.
www1.folha.uol.com.br, 19/03/2014. Adaptado.
a) Qual é o efeito de sentido produzido pela associação dos elementos visuais e verbais presentes na imagem
acima? Explique.
b) O vocábulo “pra”, presente nas declarações atribuídas a João Paulo Silva, é próprio da língua falada
corrente e informal. Cite mais dois exemplos de elementos linguísticos com essa mesma característica,
também presentes nessas declarações.
Curso e
Colégio
a) O efeito de sentido produzido pela associação dos elementos visuais e verbais presentes na imagem é de
contraste, de oposição, de contradição; e um antagonismo bastante enfático. Esse efeito se dá pelo fato
de a imagem do homem dormindo sobre o teto do ponto de ônibus (nítida e obviamente, um local
inapropriado para o repouso de qualquer ser humano, visto que além de alto e, por si só, perigoso, a “cama”
improvisada é dura, extremamente desconfortável) contrasta com os dizeres presentes na própria parada de
coletivos urbanos. Os elementos verbais “Conforto, segurança e beleza. Aqui, os benefícios não são
passageiros” engendram uma forte oposição com a visão do corpo adormecido sobre a cobertura de vidro,
em posição nada confortável, nem um pouco segura, nem tampouco bela.
RESPOSTA
b)
Outros dois exemplos de elementos linguísticos típicos da língua falada e, geralmente, corrente e informal,
presentes nas declarações de João Paulo Silva podem ser o uso da terceira pessoa (com a mistura de
tratamento na 2ª pessoa do singular) no lugar de se usar a primeira pessoa (em “ninguém te incomoda”). Há
também o terma “numa” (junção de preposição “em” + artigo “uma”). O verbo “catar” (no lugar de “recolher”)
também poderia ser outro exemplo de elemento tipicamente informal. O uso de verbo “ter” em “O teto tem um
vidro”, em vez do indicado verbo “haver”, poderia também ser mais um exemplo.
Questão
02
FUVEST 2ª Fase
1º dia 04/01/15
Curso e
Colégio
Leia o seguinte texto jornalístico:
PARA PARA
Numa de suas recentes críticas internas, a ombudsman desta Folha propôs uma campanha para devolver o
acento que a reforma ortográfica roubou do verbo “parar”. Faz todo sentido.
O que não faz nenhum sentido é ler “São Paulo para para ver o Corinthians jogar”. Pior ainda que ler é ter de
escrever.
Juca Kfouri, Folha de S. Paulo, 22/09/2014. Adaptado.
a) No primeiro período do texto, existe alguma palavra cujo emprego conota a opinião do articulista sobre a reforma
ortográfica? Justifique sua resposta.
b) Para evitar o “para para” que desagradou ao jornalista, pode-se reescrever a frase “São Paulo para para ver o
Corinthians jogar”, substituindo a preposição que nela ocorre por outra de igual valor sintático-semântico ou
alterando a ordem dos termos que a compõem. Você concorda com essa afirmação? Justifique sua
resposta.
Curso e
Colégio
a) Sim, no primeiro período do texto, existe uma palavra que conota sim a opinião do articulista sobre a reforma
ortográfica; trata-se do vocábulo “roubou” em “(...)devolver o acento que a reforma ortográfica roubou do
verbo „parar‟”. Com o verbo “roubar”, o jornalista deixa implícita a sua discordância com a extinção do acento
gráfico, já que a palavra escolhida possui um valor semântico negativo, ruim; “roubar” conota valor pejorativo.
Daí, poder-se concluir que Juca Kfouri, assim como a ombudsman do jornal, desgostou da mudança relativa
à acentuação gráfica. Se o articulista pretendesse ser imparcial, a escolha vocabular teria sido neutra:
“eliminou” ou “retirou” ou “subtraiu” poderiam ser algumas das várias opções lexicais neutras.
RESPOSTA
b)
Sim, é possível evitar o “para para” através da troca da preposição (teríamos: “São Paulo para A FIM DE ver
o Corinthians jogar”) ou ainda alterando a ordem dos termos da frase ( como: “ Para ver o Corinthians jogar,
São Paulo para”).
Questão
03
FUVEST 2ª Fase
1º dia 04/01/15
Curso e
Colégio
Leia o seguinte texto:
Mal traçadas
Canadá planeja extinguir os carteiros
No mundo inteiro, os serviços de correio tentam se adaptar à disseminação do eͲmail, do Facebook, do SMS e do
Skype, que golpearam quase até a morte os hábitos tradicionais de correspondência, mas em nenhum
lugar se chegou tão longe quanto no Canadá. Em dezembro, o Canada Post anunciou nada menos que a
extinção do carteiro tal como o conhecemos. A meta é acabar com o andarilho uniformizado que, faça chuva ou
faça sol, distribui envelopes de porta em porta e, às vezes, até conhece os rostos por trás dos nomes dos
destinatários. Os adultos de amanhã se lembrarão dele tanto quanto os de hoje se recordam dos leiteiros,
profetizou o blog de assuntos metropolitanos do jornal Toronto Star, conformado à marcha inelutável da
modernidade tecnológica.
Claudia Antunes, http://revistapiaui.estadao.com.br. Adaptado.
a) Qual é a relação de sentido existente entre o título “Mal traçadas” e o assunto do texto?
b) Sem alterar o sentido, reescreva o trecho “conformado à marcha inelutável da modernidade tecnológica”,
substituindo a palavra “conformado” por um sinônimo e o adjetivo “inelutável” pelo verbo lutar, fazendo as
modificações necessárias.
Exemplo: “marcha inevitável da modernidade tecnológica” = marcha da modernidade tecnológica que não
se pode evitar.
RESPOSTA
Curso e
Colégio
a) A relação existente entre o título (“Mal traçadas”) do texto e o conteúdo do mesmo (a extinção da
profissão de carteiro no Canadá) é que a expressão “mal traçadas” é, comumente usada acompanhada
do substantivo “linhas” tendo-se “mal traçadas linhas”, em referência , normalmente, às linhas de uma
carta, ao corpo do texto, ao conteúdo, enfim, de uma missiva. Pode-se também pensar no valor de
insucesso, de malogro presente em “mal traçadas” fazendo referência, dessa forma, ao fim da profissão
de carteiro, o que seria um “mau traço”, uma notícia ruim, uma informação infeliz.
b)
Uma possibilidade de resposta seria “submisso à marcha, contra a qual não se pode lutar, da
modernidade tecnológica”.
Questão
04
FUVEST 2ª Fase
1º dia 04/01/15
Curso e
Colégio
Leia a seguinte mensagem publicitária de uma empresa da área de logística: Leia a seguinte mensagem publicitária de uma
empresa da área de logística:
a) Visando a obter maior expressividade, recorre -se, no título da mensagem, ao emprego de expressão com
duplo sentido. Indique essa expressão e explique sucintamente.
b) Segundo o anúncio, uma das vantagens do produto (transporte ferroviário) nele oferecido é o fato de esse
produto ser “sustentável”. Cite um motivo que justifique tal afirmação.
Resposta
Curso e
Colégio
a) A expressão de duplo sentido utilizada é: “A gente anda na linha”. A expressão pode ser interpretada tanto como
“nós agimos corretamente”, entendendo andar na linha como conotativamente agir corretamente; por outro lado
pode-se interpretá-la como “nós nos locomovemos na linha férrea”, interpretando denotativamente a expressão andar
na linha como referência ao serviço oferecido pela empresa que transporta contêineres por via férrea.
b) Na peça publicitária, entende-se sustentável como “bom para o meio ambiente”. Desta maneira, um dos motivos
que se pode entender o transporte ferroviário como sustentável é porque um vagão de trem equivale a muitos
caminhões (um trem de carga com 100 vagões tira das estradas cerca de 357 caminhões, segundo a Associação
Nacional dos Transportadores Ferroviários), assim diminuindo a poluição causada pelos automóveis
consideravelmente.
Questão
05
FUVEST 2ª Fase
1º dia 04/01/15
Curso e
Colégio
Limite inferior
Aprendi muito com o economista filósofo Roberto de Oliveira Campos, particularmente quando tive a honra e
a oportunidade de conviver com ele durante anos na Câmara dos Deputados. Sentávamos juntos e assistíamos aos
mesmos discursos, alguns muito bons e sábios.
Frequentemente,diante de alguns incontroláveis colegas que exerciam uma oratória de alta visibilidade,
Com os dois braços agitados tentando encontrar uma ideia, Roberto me surpreendia com a afirmação: “Delfim, acabo
de demonstrar um teorema”. E sacava uma mordaz conclusão crítica contra o incauto orador.
Um belo dia, um falante e conhecido deputado ensurdeceu o plenário com uma gritaria que entupiu os
ouvidos dos colegas. A quantidade de sandices ditas no longo discurso com o ar de quem estava inventando o
mundo fez Roberto reagir com incontida indignação. Soltou de supetão: “Delfim, construí um axioma, uma afirmação
preliminar que deve ser aceita pela fé, sem exigir prova: a ignorância não tem limite inferior”. E completou,
com a perversidade de sua imensa inteligência: “Com ele poderemos construir mundos maravilhosos”.
Antonio Delfim Netto, Folha de S. Paulo, 17/09/2014. Adaptado.
a)
Explique por que o axioma formulado por Roberto de Oliveira Campos tornaria possível “construir mundos
maravilhosos”.
b) Identifique o trecho do texto que explica o emprego da expressão “oratória de alta visibilidade”.
Resposta
Curso e
Colégio
a) O axioma (uma premissa imediatamente evidente que se admite universalmente verdadeira sem exigência de
demonstração) formulado por Roberto de Oliveira Campos tornaria possível construir mundos maravilhosos, pois o
próprio presume que o discurso anteriormente descrito por Delfim Netto está repleto de sandices (tolices e loucuras)
e com um “ar de quem estava inventando o mundo”, desta maneira, Campos o compreende como uma ignorância
absolutamente inferior, e a partir de uma ignorância absoluta é possível construir algo qualquer que assombre,
surpreenda (dada a ignorância dos outros), logo uma maravilha.
b) O trecho que explica a expressão “oratória de alta visibilidade” empregado no texto de Delfim Netto está em
seguida, entre vírgulas: “com os dois braços agitados tentando encontrar uma ideia”. O emprego da locução adjetiva
“de alta visibilidade” conectado ao núcleo “oratória” presume que haja um orador (alguém que proclama um discurso),
produzindo um discurso com elementos visuais, assim explicado pela expressão seguinte “com os dois braços
agitados”.
A questão exigia apenas a identificação da passagem sem justificativa.
Questão
06
FUVEST 2ª Fase
1º dia 04/01/15
Curso e
Colégio
Examine a tirinha.
a)
De acordo com o contexto, o que explica o modo de falar das personagens representadas pelas duas traças?
b)Mantendo o contexto em que se dá o diálogo, reescreva as duas falas do primeiro quadrinho, empregando o português
usual e gramaticalmente correto.
Resposta
Curso e
Colégio
a) O modo de falar das personagens representadas pelas traças se explica, pois as mesmas estão roendo a bíblia
(nas palavras do rato Níquel Náusea), assim, como é comum do texto bíblico, se apropriam da segunda pessoa do
plural (“vós” e os verbos conjugados de tal maneira) além das ênclises (queria-vos, correu-me, contento-vos e
lamento-vos) como elementos estéticos do diálogo.
b) No português usual, mantendo adequações gramaticais, há várias possibilidades, uma delas:
“Como foi o seu dia?”
“Queria que tivesse sido melhor”
Questão
07
FUVEST 2ª Fase
1º dia 04/01/15
Curso e
Colégio
Andai, ganha-pães, andai; reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de interesse
corporal, comprai, vendei, agiotai. No fim de tudo isto, o que lucrou a espécie humana? Que há mais umas poucas de
dúzias de homens ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de
indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à
ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico? – Que lho digam no
Parlamento inglês, onde, depois de tantas comissões de inquérito, já deve de andar orçado o número de almas que é
preciso vender ao diabo, o número de corpos que se têm de entregar antes do tempo ao cemitério para fazer um
tecelão rico e fidalgo como Sir Roberto Peel, um mineiro, um banqueiro, um granjeeiro – seja o que for: cada homem
rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis.
Almeida Garrett, Viagens na minha terra.
a) Destas reflexões feitas pelo narrador de Viagens na minha terra, deduz-se que ele tinha em mente um
determinado ideal de sociedade. O que caracteriza esse ideal? Explique resumidamente.
b) Identifique, em Viagens na minha terra, o tipo social sobre o qual, principalmente, irá recair a crítica presente nas
reflexões do narrador, no trecho aqui reproduzido. O que, de acordo com o livro, caracteriza esse tipo social?
RESPOSTA
Curso e
Colégio
a) O ideal apresentado pelo narrador de Viagens na minha terra no trecho da questão se caracteriza pelo
abandono do materialismo, já que ele mesmo condena durante o trecho a miséria causada por aqueles que almejam
a riqueza, causadora da infelicidade de centenas de infelizes. Apenas com o abandono do materialismo, do desejo de
riqueza que a espécie humana lucrará, segundo o narrador.
b) A crítica do narrador recairá especialmente sobre as classes dominantes na primeira metade do século XIX, ou
seja, os ricos (burgueses) e os nobres (os fidalgos, como são colocados no trecho). Estes tipos sociais no romance
são caracterizados como materialistas nada espirituais além de tomados pelo individualismo, sendo assim são
geralmente ultrapassados e necessitam de revisões morais e de valores (especialmente representados pela
personagem Frei Dinis).
Questão
08
FUVEST 2ª Fase
1º dia 04/01/15
Curso e
Colégio
Responda ao que se pede.
a) Qual é a relação entre o “sistema de filosofia” do “Humanitismo”, tal como figurado nas Memórias póstumas de
Brás Cubas, de Machado de Assis, e as correntes de pensamento filosófico e científico presentes no contexto
histórico-cultural em que essa obra foi escrita? Explique resumidamente.
b) De que maneira, em O cortiço, de Aluísio Azevedo, são encaradas as correntes de pensamento filosófico e
científico de grande prestígio na época em que o romance foi escrito? Explique sucintamente.
RESPOSTA
Curso e
Colégio
a) O final do século XIX foi marcado por grandes revoluções no campo do pensamento herdadas da postura
positivista que passou a dominar o mundo acidental. Essa postura, que exigia um cientificismo e a ideia de que o
progresso científico iria saldar os problemas da humanidade, valorizou os sistemas de conhecimento em detrimento
de filosofias por demais abstratas. O Humanitismo de Quincas Borba é uma resposta irônica de Machado a todo esse
contexto, com um sistema filosófico que não tinha, por fim, nada de científico. Além disso, a filosofia de humanitas é
uma grande interpretação também irônica da filosofia pessimista de Schopenhauer, mostrando como a Vontade e a
relativização dos atos podia gerar uma filosofia parca, desprovida de qualquer senso social e comprometimento com
o outro.
b) O Cortiço, de Aluisio Azevedo, condensa em seu enredo as posturas cientificistas herdadas do darwinismo e
determinismo que chegavam ao Brasil no final do século XIX. As Conferências populares da Glória de 1875
introduziram no pensamento brasileiro a revolução da postura evolucionista com uma interpretação bem peculiar, que
servia como justificativa para a escravidão e desvalorização de classes menos abastadas. Em O Cortiço, a
exploração, a divisão racial e toda a estrutura do enredo obedece a essa lógica científica que considerava os homens
animais que eram determinados pelo meio no qual viviam.
Questão
09
FUVEST 2ª Fase
1º dia 04/01/15
Curso e
Colégio
A uma religiosidade de superfície, menos atenta ao sentido íntimo das cerimônias do que ao colorido e à pompa
exterior, quase carnal em seu apego ao concreto (...); transigente e, por isso mesmo, pronta a acordos, ninguém
pediria, certamente, que se elevasse a produzir qualquer moral social poderosa. Religiosidade que se perdia e se
confundia num mundo sem forma e que, por isso mesmo, não tinha forças para lhe impor sua ordem.
Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil. Adaptado.
Tendo em vista estas reflexões de Sérgio Buarque de Holanda a respeito do sentido da religião na formação do
Brasil, responda ao que se pede.
a) Essas reflexões se aplicam à sociedade representada nas Memórias de um sargento de milícias, de Manuel
Antônio de Almeida? Justifique resumidamente.
b) Os juízos aqui expressos por Sérgio Buarque de Holanda encontram exemplificação em Memórias póstumas de
Brás Cubas, de Machado de Assis, especialmente na parte em que se narra o período de formação do menino Brás
Cubas? Justifique sucintamente.
RESPOSTA
Curso e
Colégio
a) As reflexões de Sérgio Buarque se aplicam com perfeição a Memórias de um sargento de milícias e um dos
maiores indícios é a Comadre, personagem que era muito beata e frequentava todas as missas do Rio de Janeiro,
menos por devoção do que para saber de todas as notícias do dia anterior. Além disso, tinha o mesmo apego ao seu
rosário quanto à figa que carregava, consolidando a mais perfeita representação do sincretismo religioso do Brasil.
b) A religiosidade de superfície indicada por Sérgio Buarque é muito bem exemplificada pelo tio cônego de Brás, que
“não era homem que visse a parte substancial da igreja; via o lado externo, a hierarquia, as preeminências, as
sobrepelizes, as circunflexões.”. A igreja seria, portanto, para o tio, a instituição que permitiria o pleno acesso ao pico
da hierarquia social do Rio de Janeiro e não um lugar de fé e caridade.
Questão
10
FUVEST 2ª Fase
1º dia 04/01/15
Curso e
Colégio
Leia o poema de Drummond para responder às questões relativas a dois versos de sua última estrofe.
ELEGIA 1938
Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.
Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.
Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.
Caminhas entre mortos e com eles conversas
sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.
Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.
Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo.
Considerando-se a “Elegia 1938” no contexto de Sentimento do mundo, explique sucintamente
a) a que se refere o eu lírico com a expressão “felicidade coletiva”?
b) o que simboliza, para o eu lírico, a “ilha de Manhattan”?
RESPOSTA
Curso e
Colégio
a) A “felicidade coletiva” refere-se a um mundo igualitário, no qual os homens de todos os lugares do planeta não
padecessem de injustiças e privações. Essa felicidade seria coletiva porque não se centraria no indivíduo, mas na
coletividade plena.
b) A ilha de Manhattan representa o lugar do capitalismo e todos os males que ele provoca na sociedade, como as
injustiças e explorações. Por ser uma das regiões mais representativas de Nova Iorque, capital do capitalismo
financeiro, seria a materialização das injustiças, riquezas e exploração.
Questão
Redação
FUVEST 2ª Fase
1º dia 04/01/15
Na verdade, durante a maior parte do século
XX, os estádios eram lugares onde os executivos
empresariais sentavam-se lado a lado com os
operários, todo mundo entrava nas mesmas filas para
comprar sanduíches e cerveja, e ricos e pobres
igualmente se molhavam se chovesse. Nas últimas
décadas, contudo, isso está mudando. O advento de
camarotes especiais, em geral, acima do campo,
separam os abastados e privilegiados das pessoas
comuns nas arquibancadas mais embaixo. (...) O
desaparecimento do convívio entre classes sociais
diferentes, outrora vivenciado nos estádios, representa
uma perda não só para os que olham de baixo para
cima, mas também para os que olham de cima para
baixo.
Os estádios são um caso exemplar, mas não
único. Algo semelhante vem acontecendo na
sociedade americana como um todo, assim como em
outros
países.
Numa
época
de
crescente
desigualdade, a “camarotização” de tudo significa que
as pessoas abastadas e as de poucos recursos levam
vidas cada vez mais separadas. Vivemos,
trabalhamos, compramos e nos distraímos em
lugares diferentes. Nossos filhos vão a escolas
diferentes. Estamos falando de uma espécie de
“camarotização” da vida social. Não é bom para a
democracia nem sequer é uma maneira satisfatória de
levar a vida.
Curso e
Colégio
Democracia não quer dizer igualdade perfeita,
mas de fato exige que os cidadãos compartilhem uma
vida comum. O importante é que pessoas de
contextos e posições sociais diferentes encontrem-se
e convivam na vida cotidiana, pois é assim que
aprendemos a negociar e a respeitar as diferenças ao
cuidar do bem comum.
Michael J. Sandel. Professor da Universidade Harvard.
O que o dinheiro não compra. Adaptado.
Comentário do Prof. Michael J. Sandel referente à
afirmação de que, no Brasil, se teria produzido
uma sociedade ainda mais segregada do que a
norte-americana.
O maior erro é pensar que serviços públicos são
apenas para quem não pode pagar por coisa melhor.
Esse é o início da destruição da ideia do bem comum.
Parques, praças e transporte público precisam ser tão
bons a ponto de que todos queiram usá-los, até os
mais ricos. Se a escola pública é boa, quem pode
pagar uma particular vai preferir que seu filho fique na
pública, e assim teremos uma base política para
defender a qualidade da escola pública. Seria uma
tragédia se nossos espaços públicos fossem shopping
centers, algo que acontece em vários países, não só
no Brasil. Nossa identidade ali é de consumidor, não
de cidadão.
Entrevista. Folha de S. Paulo, 28/04/2014. Adaptado
[No Brasil, com o aumento da presença de classes populares em centros de compras, aeroportos, lugares turísticos
etc., é crescente a tendência dos mais ricos a segregar-se em espaços exclusivos, que marquem sua distinção e
superioridade.] (...) Pode ser que o fenômeno “camarotização”, isto é, a separação física entre
classes sociais, prospere para muitos outros setores. De repente, os supermercados poderão ter ala VIP, com
entrada independente, cuja acessibilidade, tacitamente, seja decidida pelo limite do cartão de crédito.
Renato de P. Pereira. www.gazetadigital.com.br, 06/05/2014. [Resumido] e adaptado.
Até os anos de 1960, a escola pública que eu conheci, embora existisse em menor número, tinha boa qualidade e era
um espaço animado de convívio de classes sociais diferentes. Aprendíamos muito, uns com os outros, sobre nossas
diferentes experiências de vida, mas, em geral, nos sentíamos pertencentes a uma só sociedade, a um mesmo país
e a uma mesma cultura, que era de todos. Por isso, acreditávamos que teríamos, também, um futuro em comum.
Vejo com tristeza que hoje se estabeleceu o contrário: as escolas passaram a segregar os diferentes estratos sociais.
Acho que a perda cultural foi imensa e as consequências, para a vida social, desastrosas.
Trecho do testemunho de um professor universitário sobre a Escola Fundamental e Média em que estudou.
Os três primeiros textos aqui reproduzidos referem-se à “camarotização” da sociedade — nome dado à
tendência a manter segregados os diferentes estratos sociais. Em contraponto, encontra-se também
reproduzido um testemunho, no qual se recupera a experiência de um período em que, no Brasil, a tendência
era outra.
Tendo em conta as sugestões desses textos, além de outras informações que julgue relevantes, redija uma
dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema “Camarotização” da sociedade
brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia.
Instruções:
- A redação deve ser uma dissertação, escrita de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
- Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível. Não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de redação.
- Dê um título a sua redação
COMENTÁRIO
Curso e
Colégio
O tema da redação da Fuvest deste ano de 2015 é sobre
segregação de classes sociais e a
democracia. Para desenvolver o tema proposto, foram oferecidos aos candidatos três textos de apoio.
A ideia, como de costume, foi criar um campo de referência contextual de um “problema”: a
segmentação dos espaços para a separação das pessoas, segundo sua condição econômica, quebrando com o
compartilhamento democrático desses espaços.
A finalidade é incitar uma reflexão: seria
a segmentação responsável pela desagregação social e, por
consequência, uma ameaça à democracia? Nesse caso específico, foram disponibilizadas informações
indicando que em um estádio de futebol , por exemplo, pessoas pagam para ter um espaço reservado e
vantagens em relação às outras. Seria o que foi identificado como "camarotização" e também a evidência de
que não estamos exercitando a vivência comum, o que pode explicar as tensões vigentes nesses ambientes.
A questão tematizada afirma ser esse fenômeno da "camarotização" mecanismo de segregação do
espaço, porque, mesmo dentro do mesmo espaço que permite a todos desfrutar do que ali acontece, como no
caso do jogo de futebol, a vivência entre as classes fica refletida na situação evidenciada pelos camarotes e
espaços VIP, áreas em que só quem tem mais poder econômico pode entrar e que promovem uma separação
entre ricos e pobres.
Seria prudente demonstrar que a variação do ponto de vista sobre o tema torna imperativo considerar
que tempo baliza a afirmação, isto porque, no passado não muito distante, segundo a coletânea, os mesmos
espaços eram usufruídos por classes sociais distintas, sem muita diferenciação, e isso seria fator responsável
pelo fortalecimento da democracia; já hoje, a diferenciação é bem marcada. É preciso ainda verificar em que
estrutura político/ social o mecanismo aparece, para ser possível identificar que o artifício da separação é caso
de “segregação”, porque evidencia claramente o poder usado a fim de impedir a aproximação entre as classes
que compõem uma sociedade, revelando uma estrutura injusta de oportunidades cada vez mais marcada
nestes tempos. O exercício da convivência está ameaçado e as tensões estão, por isso, cada vez mais
acirradas, podendo, assim, comprometer um projeto democrático de sociedade.
Questão
01
FUVEST 2ª Fase
2º dia 05/01/15
Curso e
Colégio
In 1998 Fernando Henrique Cardoso, then Brazil’s president, said he would triple the area of the Amazonian
forest set aside for posterity. At the time the ambition seemed vain: Brazil was losing 20,000 square kilometres of
forest a year. Over the next 15 years loggers, ranchers, environmentalists and indigenous tribes battled it out – often
bloodily – in the world’s largest tropical forest. Yet all the while presidents were patiently patching together a jigsaw of
national parks and other protected patches of forest to create the Amazon Region Protected Areas (ARPA), a
protected area 20 times the size of Belgium. Now, less than 6,000 sq km of Brazil’s Amazonian forest is cleared each
year. In May the government and a group of donors agreed to finance ARPA for 25 years. It is the largest tropical
forest conservation project in history.
This matters because of Brazil’s size: with 5m sq km of jungle, it has almost as much as the next three
countries (Congo, China and Australia) put together. But it also matters for what it may signal: that the world could be
near a turning point in the sorry story of tropical deforestation.
The Economist, August 23, 2014. Adaptado.
Redigindo em português, atenda ao que se pede.
a) Com base no texto, compare a situação da floresta amazônica em 1998 com a de 2014.
b) Segundo o texto, o que é o projeto ARPA e qual a importância que ele pode vir a ter para a floresta
amazônica?
RESPOSTA
Curso e
Colégio
a) Segundo o texto, a floresta Amazônica em 1998 estava perdendo cerca de 20.000 (vinte mil) quilômetros
quadrados de floresta por ano; já em 2014, a floresta é desmatada em menos de 6.000 (seis mil) quilômetros
quadrados.
b) O projeto ARPA consiste na criação de uma área de preservação ambiental que é, em área, vinte vezes maior
que a Bélgica. Segundo o texto, a importância do projeto é devida ao tamanho do Brasil e sua área de floresta (cinco
milhões de metros quadrados), além do fato de o projeto demonstrar um momento de reviravolta no cenário do
desmatamento tropical.
Questão
02
FUVEST 2ª Fase
2º dia 05/01/15
Curso e
Colégio
When it comes to information and connection, we rarely want for anything these days. And that’s a problem,
argues journalist Michael Harris in his new book The End of Absence: Reclaiming What We’ve Lost in a World of
Constant Connection (Current, August 2014). Harris suggests that modern technology, especially the smartphone,
has taken certain kinds of absence from our lives – it has eliminated our time for solitude and daydreaming, and filled
even short moments of quiet with interruptions and distractions. Harris worries that these “absences” have
fundamental value in human lives, and maintains that we ought to try to hold on to them.
Certain generations alive today will be the last to remember what life was like before the Internet. It is these
enerations who are uniquely able to consider what we’ve lost, even as we have gained the vast resources and instant
connectivity of the Web and mobile communications. Now would be a good time for society to stop and think about
protecting some aspects of our preͲInternet lives, and move toward a balanced future that embraces technology
while holding on to absence.
Scientific American, July 15, 2014. Adaptado.
Responda, em português, às seguintes perguntas relativas ao texto.
a) Qual é a opinião de Michael Harris sobre a tecnologia moderna, em especial sobre o smartphone?
b) Como as gerações mais velhas se situam face ao uso das novas tecnologias na era da internet?
RESPOSTA
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a) De acordo com o jornalista Michael Harris em seu novo livro, como descreve o texto, a tecnologia moderna, em
especial o smartphone, tirou algumas “ausências” da vida das pessoas em geral, como, por exemplo, os momentos
de solidão e reflexão individual, inserindo até em pequenos momentos de quietude interrupções e distrações.
b) As gerações mais velhas, segundo o texto, serão as últimas a se lembrarem do mundo sem a internet, assim
essas seriam capazes de refletir sobre o que se perdeu na sociedade com a vastidão de recursos tecnológicos e
conectividade constante na web e na comunicação móvel.
Questão
03
FUVEST 2ª Fase
2º dia 05/01/15
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Observe o mapa.
a) Explique uma razão do expansionismo japonês nas décadas de 1930 e 1940.
b) Aponte um país atual da região da antiga Indochina Francesa, destacada no mapa, e caracterize sua posição no
contexto industrial mundial do século XXI.
RESPOSTA
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a) Dentre as razões do expansionismo Japonês nas décadas de 1930 e 1940, podemos apontar o fracasso das
negociações de paz ao final da I Guerra Mundial, bem como da diplomacia exercida pelas potências europeias
nos anos 1920. Ademais, o Japão passava por um período de forte nacionalismo, característica também doa
anos 1920 e 1930.
Poderíamos apontar, também, o caráter tardio da industrialização japonesa. Tendo sido forçado a inserir-se no
comércio internacional na metade do século XIX, o Japão inicia um processo de industrialização e
desenvolvimento tecnológico gerador do movimento continuo de expansão até a II Guerra Mundial.
b) Esse país é o Vietnã. Hoje esse país é considerado um novo Tigre Asiático, tendo se industrializado como
plataforma de exportação com investimento vindo principalmente dos Estados Unidos, que explora sua mão de
obra muito barata em setores industriais menos qualificados, como têxtil, principalmente.
Questão
04
FUVEST 2ª Fase
2º dia 05/01/15
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A ocupação da atual Amazônia Legal Brasileira ocorreu em diferentes épocas, teve diferentes origens e
envolveu distintas atividades. No período compreendido entre os séculos XVI e XVIII, destacou-se a ocupação
portuguesa. A ocupação, na atualidade, é marcada por diferentes atividades econômicas, algumas delas
voltadas ao mercado externo.
Com base em seus conhecimentos, complete a legenda no mapa da página de respostas. Para isso, nomeie as
ocupações ou atividades econômicas correspondentes a cada símbolo.
RESPOSTA
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Missões Jesuíticas
Drogas do Sertão
Carajás
Expansão Agrícola
Questão
05
FUVEST 2ª Fase
2º dia 05/01/15
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O novo Plano Diretor Estratégico para o município de São Paulo, aprovado em 2014, estabelece que o extremo sul
do município, destacado no mapa ao lado, deve ser considerado zona rural. No Brasil, áreas rurais têm sido
utilizadas tanto para a agricultura convencional quanto para a agricultura orgânica, as quais diferem nos aspectos
apresentados no quadro abaixo.
a) Considerando as características apresentadas no quadro, qual dos tipos de agricultura, a convencional ou a
orgânica, é mais adequado à zona rural do extremo sul do município de São Paulo? Justifique.
b) Os vegetais utilizam o elemento nitrogênio, presente no adubo, na produção de alguns compostos importantes
para sua sobrevivência. Cite uma classe de macromoléculas sintetizadas pelos vegetais e que contêm nitrogênio em
sua estrutura.
RESPOSTA
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a) A agricultura orgânica é o mais indicado, pois ocupa espaços menores e isso faz muita diferença em uma
região próxima a uma metrópole. Outra vantagem desse tipo de agricultura é um menor perigo de
contaminação das águas de importantes mananciais (represa Billings e Guarapiranga).
b) Uma classe orgânica que apresenta nitrogênio na sua composição é a classe das proteínas. Também
podemos citar as vitaminas e os ácidos nucléicos.
Questão
06
FUVEST 2ª Fase
2º dia 05/01/15
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Nas águas das represas de regiões agrícolas, o aumento da concentração de íons nitrato, provenientes de sais
contidos em fertilizantes, pode levar ao fenômeno da eutrofização. Tal fenômeno provoca a morte de peixes e de
outros organismos aquáticos, alimentando um ciclo de degradação da qualidade da água.
a) Explique a relação entre o aumento da concentração de íons nitrato, a eutrofização e a diminuição de
oxigênio dissolvido na água.
b) Considere um material compostado com teor de nitrogênio de 5% em massa e o nitrato de amônio
(NH4NO3), que é um fertilizante muito utilizado na agricultura convencional. Se forem utilizadas massas
iguais de cada um desses dois fertilizantes, qual deles fornecerá maior teor de nitrogênio por hectare de solo? Mostre
os cálculos.
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RESPOSTA
a) O aumento da concentração de nitrato nas águas das represas das regiões agrícolas é o que determina a
proliferação de algas. Essas algas são decompostas por microorganismos que consomem o oxigênio.
b) Material compostado 5% (m\m) de N. NH4NO3 - Nitrato de Amônio. Cálculo da porcentagem de nitrogênio no
NH4NO3.
N=2.14=28g\mol
H=4.1=4g\mol
O=3.16=48g\mol
Total = 80 g\mol
Logo: 80g\mol ------100%
28g\mol----x
X= 35% de N no NH4NO3.
Considerando 1000g de fertilizante, temos:
Material compostado
Teor de N
1000g ----100%
x---------5% x=50g
NH4NO3
Teor de N 1000g ---100%
Y -----------35%
y = 350g
Questão
07
FUVEST 2ª Fase
2º dia 05/01/15
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A dieta de jogadores de futebol deve fornecer energia suficiente para um bom desempenho. Essa dieta deve conter
principalmente carboidratos e pouca gordura. A glicose proveniente dos carboidratos é armazenada sob a forma do
polímero glicogênio, que é uma reserva de energia para o atleta.
Certos lipídios, contidos nos alimentos, são derivados do glicerol e também fornecem energia.
a) Durante a respiração celular, tanto a glicose quanto os ácidos graxos provenientes do lipídio derivado do glicerol
são transformados em CO2 e H2O. Em qual destes casos deverá haver maior consumo de oxigênio: na
transformação de 1 mol de glicose ou na transformação de 1 mol do ácido graxo proveniente do lipídio cuja fórmula
estrutural é mostrada acima? Explique.
Durante o período de preparação para a Copa de 2014, um jogador de futebol recebeu, a cada dia, uma
dietacontendo 600 g de carboidrato e 80 g de gordura. Durante esse período, o jogador participou de um treino por
dia.
b) Calcule a energia consumida por km percorrido em um treino (kcal/km), considerando que a energia necessária
para essa atividade corresponde a 2/3 da energia proveniente da dieta ingerida em um dia.
RESPOSTA
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a) C6 H12 O6 + 6O2 → 6CO2 + 6H20
CH3 (CH2)9 CH2 COOH + 17O2 → 12CO2 + 12H2O
Segundo a estequiometria das reações, vemos que o maior consumo de O2 na transformação do ácido graxo.
b) 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑜 ∶ 600𝑔 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑖𝑑𝑟𝑎𝑡𝑜 → 600 ∙ 4 = 2400 𝑘𝑐𝑎𝑙; 80𝑔 𝑑𝑒 𝑔𝑜𝑟𝑑𝑢𝑟𝑎 → 80 ∙ 9 = 720 𝑘𝑐𝑎𝑙; 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑖𝑎 → 3120 𝑘𝑐𝑎𝑙; 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑢𝑡𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑎 𝑛𝑎 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒: 2
3
∙ 3120 = 2080 𝑘𝑐𝑎𝑙. 𝐿𝑜𝑔𝑜, 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠:
2080 𝑘𝑐𝑎𝑙
𝐸
𝐸 = 416 𝑘𝑐𝑎𝑙/𝑘𝑚 −
−
5 𝑘𝑚
1 𝑘𝑚
Questão
08
FUVEST 2ª Fase
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2º dia 05/01/15
Em uma transformação química, há conservação de massa e dos elementos químicos envolvidos, o que pode ser
expresso em termos dos coeficientes e índices nas equações químicas.
a) Escreva um sistema linear que represente as relações entre os coeficientes x, y, z e w na equação química
b) Encontre todas as soluções do sistema em que x, y, z e w são inteiros positivos.
Curso e
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RESPOSTA
a)
Pela conservação:
8 x  z

9 y  w
2 y  2 z  w

a) Resposta: o sistema pode ser escrito como:
z
0
8 x

w  0
9 x

2 y  2z w 0

b)
{
(
*(
)
|
)
+
Questão
09
FUVEST 2ª Fase
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2º dia 05/01/15
O casal Fernando e Isabel planeja ter um filho e ambos têm sangue do tipo A. A mãe de Isabel tem sangue do
tipo O. O pai e a mãe de Fernando têm sangue do tipo A, mas um outro filho deles tem sangue do tipo O.
a) Com relação ao tipo sanguíneo, quais são os genótipos do pai e da mãe de Fernando?
b) Qual é a probabilidade de que uma criança gerada por Fernando e Isabel tenha sangue do tipo O?
Curso e
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RESPOSTA
ii
_IA
IA i
IAi
I
Isabel
Fernando
II
IAi
IA_
ii
III
P(ii)
A
a) Tanto o pai quanto a mãe de Fernando são heterozigotos do grupo sanguíneo A: I i.
b) Probabilidade de Fernando ser heterozigoto é 2\3, pois sabemos que os pais dele são heterozigotos e ele é
A
A
do grupo A, portanto, do cruzamento entre I i x I i. Há 2\3 de chance de se obter um indivíduo heterozigoto
dentre os indivíduos do grupo A como demonstrado abaixo:
A
A
A A
A
A
I i x I i, resultando como prole os seguintes: I I ; I i; I i; i i
2\3
Portanto, a probabilidade do casal (Fernando e Isabel) ter uma criança do grupo O é 1\6 como demonstrado abaixo:
Fernando
A
2\3 I i
Isabel
A
x
1\2
I i
1\2
ii
2\3 . 1\2. 1\2 = 1\6
Questão
10
FUVEST 2ª Fase
2º dia 05/01/15
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Coloca se para reagir, em um recipiente isolado e de volume constante, um mol de gás hidrogênio e um mol
de vapor de iodo, ocorrendo a formação de HI (g), conforme representado pela equação química Coloca se para
reagir, em um recipiente isolado e de volume constante, um mol de gás hidrogênio e um mol de vapor de iodo,
ocorrendo a formação de HI(g), conforme representado pela equação química
Atingido o equilíbrio químico, a uma dada temperatura (mantida constante), as pressões parciais das substâncias
envolvidas satisfazem a igualdade
a) Calcule a quantidade de matéria, em mol, de HI(g) no equilíbrio.
b) Expresse o valor da pressão parcial de hidrogênio como função do valor da pressão total da mistura, no
equilíbrio
Curso e
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RESPOSTA
a)
H2
I2
2HI
Inicio
1mol
1mol
0
reage
X mol
X mol
2 X mol
Equilíbrio
1- X mol
1 – X mol
2 Xmol
No equilíbrio temos
(
)
(
)
)
((
√
√
(
(
PV = nRT
)
)
(
)
(
,
(
)
) (
)
) (
(
)
(
)
)
b)
Questão
11
FUVEST 2ª Fase
2º dia 05/01/15
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O sistema de airbag de um carro é formado por um sensor que detecta rápidas diminuições de velocidade, uma bolsa
inflável e um dispositivo contendo azida de sódio (NaN3) e outras substâncias secundárias. O sensor, ao detectar
uma grande desaceleração, produz uma descarga elétrica que provoca o aquecimento e a decomposição da azida de
sódio. O nitrogênio (N2) liberado na reação infla rapidamente a bolsa que, então, protege o motorista. Considere a
situação em que o carro, inicialmente a 36 km/h (10 m/s), dirigido por um motorista de 60 kg, para devido a uma
colisão frontal.
a) Nessa colisão, qual é avariação ∆E da energia cinética do motorista?
b) Durante o 0,2s da interação do motorista com a bolsa, qual é o módulo a da aceleração média desse
motorista?
c) Escreva a reação química de decomposição da azida de sódio formando sódio metálico e nitrogênio gasoso.
d) Sob pressão atmosférica de 1atm e temperatura de 27 ºC, qual é o volume V de gás nitrogênio formado
pela decomposição de 65 g de azida de sódio?
Curso e
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RESPOSTA
Dados: m = 60 kg; v = 0; v0 = 10 m/s; t = 0,2 s.
a) A variação da energia cinética (E) é:
ΔE  E  E0 
b) a 
Δv
Δt





a  50 m/s2 .
m 2
60 2
v  v 02 
0  102
2
2
0  10
0,2


ΔE   3.000 J.
c) 2 Na N3  s   2 Na  s   3N2  g
d) 2 Na N  s   2 Na  s   3 N  g
3
2
2 mol
:
2 mol
: 3 mol
2  (65 g)

3 mol
65 g

x
x  1,5 mol de N2
p V  nR T  V 
V  36 L de N2
nR T 1,5  0,08  300


p
1
Questão
12
FUVEST 2ª Fase
2º dia 05/01/15
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A energia necessária para o funcionamento adequado do corpo humano é obtida a partir de reações químicas
de oxidação de substâncias provenientes da alimentação, que produzem aproximadamente 5 kcal por litro de
O2 consumido. Durante uma corrida, um atleta consumiu 3 litros de O2 por minuto.
Determine
a) a potência P gerada pelo consumo de oxigênio durante a corrida;
b) a quantidade de energia E gerada pelo consumo de oxigênio durante 20 minutos da corrida;
c) o volume V de oxigênio consumido por minuto se o atleta estivesse em repouso, considerando que a sua
taxa de metabolismo basal é 100 W.
Curso e
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RESPOSTA
a) Dados: EProd = 5 kcal/L; Vcons = 3 L/min.
P
4.000 J
ΔE
kcal
L
kcal
 Eprod  Vcons  5
3
 15
 15 
 .
Δt
L
min
min
60 s
P  1.000 W.
b) Dado: tC = 20 min = 1.200 s.
E  P ΔtC  1.000  1.200 
E  1,2  106 J.
c) Dados: Pb = 100 W; tb = 1 min = 60 s.
Eb  Pb Δtb  100  60  6.000 J  Eb  1,5 kcal.
Por proporção direta:
5 kcal  1 L

1,5 kcal  V
c)
 V
1,5

5
V  0,3 L.
2 Na N3  s  2 Na  s   3N2 g
d) 2 Na N3  s   2 Na  s   3 N2  g
2 mol
:
2 mol
: 3 mol
2  (65 g)

3 mol
65 g

x
x  1,5 mol de N2
p V  nR T  V 
V  36 L de N2
n R T 1,5  0,08  300


p
1
Questão
13
FUVEST 2ª Fase
2º dia 05/01/15
Curso e
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Leia o texto.
A luz aumentou e espalhou-se na campina. Só aí principiou a viagem. Fabiano atentou na mulher e nos
filhos, apanhou a espingarda e o saco dos mantimentos, ordenou a marcha com uma interjeição áspera. Afastaramse rápidos, como se alguém os tangesse, e as alpercatas de Fabiano iam quase tocando os calcanhares dos
meninos. A lembrança da cachorra Baleia picava-o, intolerável. Não podia livrar-se dela. Os mandacarus e os
alastrados vestiam a campina, espinho, só espinho. E Baleia aperreava-o. Precisava fugir daquela vegetação inimiga.
Graciliano Ramos. Vidas secas.
a) Além da presença de espinhos, cite outras duas características da vegetação do bioma em que se passa a
história narrada na obra Vidas secas.
b) Considerando a data de publicação da primeira edição do romance Vidas secas (1938) e a região em que
se passa seu enredo, caracterize os problemas sociais sugeridos pelo texto.
RESPOSTA
Curso e
Colégio
a) O bioma em que se passa a história narrada na obra Vidas secas é a caatinga. Além da presença de
espinhos, as plantas da caatinga podem apresentar estômatos em criptas (dificultadno a transpiração
estomatar), e epiderme estratificada com sutícula espessa (dificultando a transpiração cuticular).
b) A presença de oligarquias regionais que se impunham politicamente oprimindo boa parte da população, a
concentração histórica de terras e riquezas são os principais problemas daquela época e que, em parte,
ainda persiste.
Questão
14
FUVEST 2ª Fase
2º dia 05/01/15
Curso e
Colégio
Com base nos números apresentados na tabela acima, identifique e explique o fator determinante para o
aumento populacional registrado entre
a) 1700 e 1770;
b) 1920 e 1970.
RESPOSTA
Curso e
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a) Os números apresentados na tabela nos anos de 1700 e 1770 refletem o aumento populacional provocado
pela exploração do ouro e suas consequências. Tendo sido descoberto em torno do ano de 1700, o ouro trouxe um
novo modelo de exploração colonial que, essencialmente promoveu a interiorização de grandes contigentes
populacionais interessadas na sua exploração. Para além da interiorização de população que vivia no litoral da
colônia, houve também de reinóis da iniciativa privada como quadros da administração.
Para além de população livre tivemos também a presença muito mais acentuada de escravos africanos
destinados a todo tipo de atividade nos novos povoamentos que mais tarde originariam as vilas coloniais. Estas vilas
também dinamizaram as atividades econômicas e acabaram por atrair contigentes cada vez maiores de população
livre e escrava.
b) Os dados da tabela apontam para um crescimento populacional importante entre 1920 e 1970
proporcionado principalmente pela aceleração do processo de industrialização ocorrido no Brasil neste período. Tal
processo gera uma concentração de população na cidade cada vez mais relevante, atingindo, inclusive, a
concentração maior no ambiente urbano que no meio rural (em torno de 1970).
Em decorrência disto, temos a melhoria das condições sanitárias e uma maior atenção à profilaxia de
diversas doenças reduzindo a taxa de mortalidade, o que implica uma expectativa de vida maior para o povo
brasileiro. Com isso, o crescimento vegetativo se acelerou.
Podemos também, em menor escala atribuir uma parte deste crescimento à processos migratórios,
especialmente na primeira metade do século.
Questão
15
FUVEST 2ª Fase
2º dia 05/01/15
Curso e
Colégio
A figura abaixo representa dois processos biológicos realizados por organismos eucarióticos.
a) Complete a figura reproduzida na página de respostas, escrevendo o nome das organelas citoplasmáticas
(i e ii) em que tais processos ocorrem.
b) Na figura acima, o fluxo da matéria está representado de maneira cíclica. O fluxo de energia nesses
processos pode ser representado da mesma maneira? Justifique.
RESPOSTA
Curso e
Colégio
a) i: Cloroplasto
ii: Mitocôndria
b) Não, a energia segue um fluxo acíclico. Os produtores captam a energia solar e a convertem em energia
química. Esta energia é transferida para os próximos níveis tróficos, porém, sempre com perda de energia na
transferência de níveis tróficos.
Questão
16
FUVEST 2ª Fase
2º dia 05/01/15
Curso e
Colégio
Foi o Capitão com alguns de nós um pedaço por este arvoredo até um ribeiro grande, e de muita água, que ao nosso
parecer é o mesmo que vem ter à praia, em que nós tomamos água. Ali descansamos um pedaço, bebendo e
folgando, ao longo dele, entre esse arvoredo que é tanto e tamanho e tão basto e de tanta qualidade de folhagem
que não se pode calcular. Há lá muitas palmeiras, de que colhemos muitos e bons palmitos.
A carta de Pero Vaz de Caminha.
http://dominiopublico.gov.br. Acesso em 30/11/2014.
O texto descreve características da paisagem encontrada pela esquadra do português Pedro Álvares Cabral, em
1500, ao chegar ao que hoje é o Brasil.
a) Paisagens semelhantes a essa já eram conhecidas de navegadores portugueses, em outros trajetos, antes de
1500? Justifique.
b) Dentre as áreas demarcadas no mapa abaixo, indique, com as respectivas letras, duas áreas nas quais é possível
encontrar, atualmente, florestas com as mesmas características daquela descrita no texto.
RESPOSTA
Curso e
Colégio
A) Sim, conheciam. Durante a circunavegação do Continente Africano os portugueses tiveram contato com
florestas tropicais, como a floresta do Congo.
B) F e G

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