O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

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O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!
O DESEMBAR UE
B O L E T I M I N F O R M AT I V O
RUA MIGUEL PAES, Nº 25-1º E
2830-356 BARREIRO
TEL: 212 060 079
FAX: 210 884 156
E-mail: [email protected]
SITE - www.associacaofuzileiros.pt
O Homem vive e morre
UM FUZILEIRO NUNCA!
Nº 6
OUTUBRO 2008
2 Boinas
SUMÁRIO
EDITORIAL
* Equilíbrio e Bom Senso ...................................................................
1
NOTA DO PRESIDENTE .........................................................................
* Satisfação e Orgulho
2
ENTREVISTA ...........................................................................................
* Comandante Heitor Prudêncio dos Santos Patrício
3a7
DESTAQUE ..............................................................................................
* Dia da Marinha
* 7º Encontro Nacional de Fuzileiros
* Rendição do cargo de Comandante do Corpo de Fuzileiros
* As relações de cooperação exemplar
entre a Polícia Judiciária e a Marinha Portuguesa na luta
contra o narcotráfico
8 a 17
FICHA TÉCNICA
O DESEMBAR UE
B O L E T I M I N F O R M AT I V O
Director e Responsável Editorial:
Dr. Ilídio Neves
EVENTOS ................................................................................................
18 a 26
* Assembleia Geral
* Comemorações do Dia 10 de Junho
* Almoço na Associação
* Convívio dos Antigos Alunos do Curso D. João I, da Escola Naval
* Convívio do DFE, N.º 13
* Juramento de Bandeira
* Cmdt. Pascoal Rodrigues
* Juromenha
* Associação de Sargentos do Feijó
* Encontro do Destacamento de Fuzileiros Especiais Nº 6 “Os Tubarões”
* Fuzos de Tomar
* Alcache
* Convívio da Comp. Nº 7 de Fuzileiros
* Comp. Nº 10 Guiné
* Comp. Nº 6 Moçambique
* Dest. Nº 6/Comp. Nº 10
* Dest. Nº 5 Moçambique
NÚCLEO DO PORTO ..............................................................................
* Sardinhada e S. João 2008
* 7º Encontro Nacional
* Tomada de Posse
* Aniversário
* Informação
* Convívios
27
A VOZ DOS ASSOCIADOS .....................................................................
* Um Episódio em África
* Prosa Abstracta
29 a 31
FUZO – POESIA ......................................................................................
* Apologia da Infância
32
SALPICOS DE VIDA ................................................................................
* Decorria o Ano de 1966...
33
DESPORTO .............................................................................................
* Tiro Desportivo, Natação e Rappel
34
CULTURA .................................................................................................
* Alm. Vieira Matias
* Homem Ferro
35
PERSONAGEM ........................................................................................
* J.P. Caneira
36 a 39
BREVES ...................................................................................................
* Ofertas/Donativos
* In Perpetua Memoriam
40
Direcção gráfica:
Gráfica 2OOO
Colaboradores:
Mário Manso
José M. Parreira
Vitor Ribeiro
Fotografia:
A.J. Fernandes
Manuel Ribeiro
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Gráfica 2OOO
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1495-703 CRUZ QUEBRADA
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EDITORIAL
1
EQUILÍBRIO E BOM SENSO
Sempre tive por hábito, ao longo da minha extensa e complexa vida
profissional, dirimir ou procurar solucionar os conflitos entre pessoas e grupos, de forma serena, sensata e, tanto quanto possível, equilibrada. Não
fazia, justamente, mais do que o meu dever, ou não fosse a essência das
minhas funções a resolução de conflitos sociais.
Estas relações controvertidas eram, quase sempre, bem difíceis de controlar, na medida em que, grande parte delas, emergiam e se desenvolviam
entre vítimas e agressores.
Tratava-se, no fundo, de contribuir para a realização da Justiça, através
de uma incessante procura da verdade. Da verdade material, ou seja, importava tanto provar a responsabilidade penal de um criminoso como demonstrar a sua inocência.
Para que tal fosse possível, fui naturalmente forçado a impor a mim mesmo
padrões de grande rigor, isenção e exigência, sob pena de pôr em causa os
sagrados valores deontológicos e cometer as mais repugnantes injustiças.
Sempre adoptei esta conduta, quer fosse em relação às pessoas do
público envolvidas, quase sempre transtornadas por um drama que as afligia, quer em relação às centenas de funcionários que dirigi, muitos deles
detentores de autoridade e elevados índices culturais, sobre os quais detinha competências disciplinares.
São estes princípios orientadores que ainda hoje me dominam e dos
quais jamais espero abdicar.
Reconheço, todavia, que a ideia que os homens fazem da Verdade se
modifica e dilata com o decorrer dos tempos, tal como tenho consciência
que nem todos se acham em vias de atingir os píncaros intelectuais, razões
pelas quais a tolerância e a benevolência são coisas que se impõem. Com
efeito, na impossibilidade de se elevarem até ao absoluto, certos homens
acreditam (e sempre acreditaram) ser necessário adaptar à sua forma e
medida tudo o que querem ou queriam conceber.
Também parece certo que a ficção e a fantasia engendraram o erro e,
este, preso a determinados dogmatismos, ergue-se, quase sempre, como
um obstáculo no meio do caminho.
Vem tudo isto a propósito de alguns rumores que me soaram sobre o
significado e conteúdo de dois artigos publicados na revista anterior, da autoria dos colaboradores e associados, Mário Manso e José Manuel Parreira,
intitulados, respectivamente, por “Os Anticorpos e “Memórias com Tristes
Histórias”, nos capítulos “Voz dos Associados” e “Fuzo-Poesia”.
É inquestionável que, sendo eu o Director e Responsável Editorial da
publicação, sou necessariamente co-responsável para todos os efeitos, legais e outros, pelos escritos publicados.
Acontece que, tanto num como noutro, exerci, com dificuldade e a contragosto dos autores, o poder-dever de corrigir algumas frases, não por entender que encerravam conteúdo difamatório, desrespeitoso ou
achincalhante, mas tão somente para tentar evitar ferir quaisquer susceptibilidades, num meio onde reconheço existir, por força das circunstâncias, uma
especial sensibilidade na percepção e avaliação das palavras e dos comportamentos.
Por outro lado, também não posso nem devo esquecer o quanto têm de
valioso os contributos dos dois autores dos artigos, tanto para a dinâmica
funcional e engrandecimento da Associação de Fuzileiros como na intensa e
dedicada colaboração na feitura do Desembarque. Sem o seu empenho e
esforço, em especial do Mário Manso, de certeza que ele não existiria.
Esta indiscutível entrega do Mário Manso à causa dos Fuzileiros, estejam eles no activo, na reserva ou na reforma, no país ou no estrangeiro, civis
ou militares, é claramente visível e constatável no dia-a-dia, quer seja no
apoio material, físico ou psicológico, através do constante e sistemático
franqueamento da sua residência, de centenas de chamadas telefónicas que
recebe e que difunde, umas incentivando e apoiando e outras criticando ou
maldizendo as acções e atitudes dos responsáveis da Direcção, especialmente de alguns que há pouco terminaram o seu mandato.
Este artigo, que intitula de
“Anticorpos” é simplesmente um reflexo, em tom suave, disso mesmo.
O José Manuel Parreira, é um
homem extraordinário, simultaneamente cativante e martirizado. Dotado de grande fluência e de um refinado sentido de humor mas, ao
mesmo tempo, altamente traumatizado, qualidades antagónicas
que o acompanham e se consolidaram durante a guerra, que quase o matou e incapacitou para a vida, que
hoje se reflectem numa tremenda injustiça relativa, nas malfadadas formas
de compensação.
O seu poema traduz um “estado de alma”, uma revolta e uma libertação,
que se reporta a uma época negra da nossa história, a um passado remoto,
hoje condenável e detestado pela quase generalidade dos portugueses.
Quantos poetas e prosadores têm feito alarde de tais circunstâncias?
Quem não criticou os indignos privilégios e distinções de uns quantos à
custa do sacrifício e do sangue de muitos desafortunados?
Será que algum Marinheiro ou Fuzileiro de agora ou do passado, bem
intencionado, de alta patente ou não, se revê ou se sente atingido pelo conteúdo e alcance daqueles versos?
Muito sinceramente, julgo que não ! …
A dádiva, a coragem, a disciplina e a glória dos Fuzileiros e da Marinha
na sua plenitude, não cabem nas entranhas da imaginação de um qualquer
invejoso e maldizente ! … .
Chocante é, isso sim, e constitui para mim uma mágoa profunda, constatar que pessoas que sempre tive (e continuo a ter, certamente) na mais
elevada estima, consideração e amizade, fazerem referências tão absurdas
e sibilinas ao interpretarem os emotivos e inofensivos textos, retirando deles,
de forma falaciosa, intimidativa e inoportuna, um sentido maldoso, ressarciante
e pretensioso, que ele seguramente não tem, porventura servindo valores e
inconfessáveis intenções que visam, tão só, o apoucamento bacoco. De
resto, alguma dessa argumentação, só poderá entender-se como violadora
de princípios fundamentais de Direito, que a lei, ordinária e constitucional,
expressa e rigorosamente proíbe, quando se referem a matéria jurídico-penal, onde deverá incluir-se o RDM, como sejam a analogia e a interpretação
extensiva.
Para terminar, devo esclarecer ainda que, logo à nascença, na primeira
edição do Desembarque, tivemos o cuidado de escrever no Editorial que se
tratava de um “humilde mas audacioso projecto”, sendo que “a humildade
a que se alude significa, acima de tudo, uma atitude despretensiosa, traduzida
numa abertura plena à colaboração e livre participação de todos, independentemente do nível cultural ou académico”. De resto, o próprio nome “Desembarque”, que tanto significado tem na actividade dos Fuzos, foi na oportunidade justificado como sendo o local de onde e para onde desembarcariam as historias, as ideias e as sugestões de cada um.
Por isso, foi criado o capítulo “A Voz dos Associados”, aos quais se
permite que façam do órgão informativo “um repositório de memórias, de
iniciativas e de ideias que pretendam dar a conhecer ou compartilhar”, cujos
limites apenas serão impostos pela obediência às regras ou valores da correcção e do respeito, bem como das leis e regulamentos que impõem a
disciplina funcional e os sãos princípios da convivência social”.
É este, pois, o propósito que nos anima, embora se reconheça a necessidade de alguma censura mitigada, pelos motivos já descritos, mas feita
com sensatez e não redutora dos princípios constitucionais, mormente dos
Direitos, Liberdades e Garantias.
Ilídio Neves
2
NOTA DO PRESIDENTE
SATISFAÇÃO E ORGULHO
Dr. Ilídio Neves
Presidente
“O desabrochar da ideal beleza do pensamento”, é uma
frase bonita que retirei da página de um livro que li durante
as férias, que há pouco terminaram. Tem encanto e tem
conteúdo, por isso se ajusta a uma multiplicidade de situações que, com alguma frequência, nos invadem as ideias.
É neste sentido e nesta medida que, na qualidade de
Presidente da Direcção da Associação de Fuzileiros, aqui
pretendo transmitir uma agradável sensação que colhi durante este período.
Não visitei grandes cidades nem monumentos exuberantes, que me conduzissem à reflexão, abriguei-me no
Templo da Natureza, onde se situa a minha humilde casa
de província, em pleno centro do país, sob zimbórios de
verdura, onde os raios de sol penetravam como flechas de
ouro, para irem derramar-se sobre a relva em mil tons de
sombra e luz. Os murmúrios do vento e o frémito das folhas, produziam em tudo acentos misteriosos, que me impressionavam o espírito e me levavam à meditação.
Obviamente que, embrenhado neste imaginário, tinha espaço
privilegiado a nossa querida Associação e tudo o que com ela se
poderia eventualmente relacionar.
Mas, meia dúzia de acontecimentos se impuseram como motivo
essencial do meu orgulho e da minha satisfação.
Em primeiro lugar, foi a constatação, com factos e indícios, da sua
implementação e afirmação, a níveis francamente reconfortantes.
Em segundo, pela dimensão e grandeza do prestígio e admiração de que gozam os Fuzileiros, em grande medida por via desta
nossa novel Instituição.
Em terceiro, por ter visto, com surpresa e emoção, alguns jovens e adolescentes exibirem no seu próprio corpo, com indisfarçável vaidade, despertando a atenção e a admiração de muitos outros, em festas e arraiais populares, os pólos, brancos e azuis, com
o distintivo da Associação de Fuzileiros, que há ainda pouco tempo
mandamos confeccionar e temos vindo a comercializar em diversos
eventos em que temos estado representados.
Em quarto, pelo frequente e crescente assédio dos “media” sobre a sua existência e funcionamento, solicitando entrevistas e publicando artigos que nos distinguem e nos encorajam, fazendo com
que uma grande quantidade de jovens nos procurem e nos tenham
manifestado o desejo de ingressar nos Fuzileiros, especialmente a
partir do momento em que se tornou pública a abertura do concurso que, pela primeira vez, permitia o ingresso de jovens do sexo
feminino.
“Stand” da Associação, em Setúbal
Devo também realçar o impacto e o interesse que despertam as
pequenas exposições que a Associação tem levado a cabo em alguns eventos de significativa relevância social e local, como foi, por
exemplo, o magnífico “Stand”, preparado por um grupo de jovens
Fuzileiros, nossos associados, residentes em Setúbal, com o beneplácito da Direcção da Associação, numa feira grandiosa, em pleno
centro da cidade, cujo sucesso, em termos de afirmação e divulgação, foi enorme e altamente prestigiante.
E, por fim, pelo crescente empenhamento e aumento substancial do número de sócios, nestes últimos meses, bem como pela grande quantidade de associados que se dignaram efectuar o pagamento das quotas em atraso, respondendo ao apelo que lançamos,
na sequência da apresentação de cumprimentos.
São estas constatações e estes procedimentos que nos dão alento e motivação para fazermos cada vez mais e melhor, em prol desta nossa grande família de afectos e emoções.
Na esteira de um grande filósofo da antiguidade “nenhum ser é
joguete da fatalidade, nem favorito de uma graça caprichosa, porque a existência é um campo de batalha onde o braço conquista
seus postos”.
De resto, o alvo não é a pesquisa de satisfações efémeras, mas
sim a elevação pelo sacrifício e pela sensação de prazer de sentir o
dever cumprido.
Bem Hajam … e um abraço amigo!
Ilídio Neves Luís
ENTREVISTA
COMANDANTE
HEITOR PRUDÊNCIO DOS SANTOS PATRÍCIO
Existem momentos na nossa vida que, por uma razão ou por outra, nos sacodem a sensibilidade de uma maneira muito especial.
Este é precisamente um deles.
Com efeito, a possibilidade de entrevistar para “o Desembarque”, a personalidade que, nos recuados anos de 1965, quando
chegamos a Vale de Zêbro, com maior frequência burilava na nossa mente, como sendo o oficial mais cintilante, pela competência,
pela salutar irreverência e pela respeitabilidade que impunha, na Escola de Fuzileiros, constitui para nós uma elevada honra e um
privilégio, que justificam na plenitude este incontrolável estado de espírito.
O comandante HEITOR PRUDÊNCIO DOS SANTOS PATRÍCIO,veio ao mundo, na cidade de Faro, no ano de 1931, sendo filho
de um militar.
Aos 10 anos ingressou no colégio dos “Meninos da Luz”, onde permaneceu até aos 19, passando, depois, para a Escola do
Exército. Concorreu, de seguida, à Força Aérea, mas acabou por entrar na Escola Naval, em 1951, como Cadete, tendo sido
promovido a Guarda-Marinha, no ano de 1955.
Nos anos de 1956/57, prestou serviço no Estado da Índia, fazendo parte do NRP Afonso de Albuquerque. Foi aqui, que começou
por se revelar a peculiaridade do seu comportamento, quando, estando de oficial de serviço, pelas seis horas da manhã, constata
a entrada a bordo do navio de duas praças, de aspecto enxovalhado, muito para além da hora de recolher obrigatório. Resolveu
então fazer o julgamento à sua maneira, impondo-lhes que, pelas 10,00 horas, o teriam que acompanhar numa sessão de ginástica.
Levou-os ao limite das suas forças, fazendo com que chegassem ao duche quase de rastos, mas limpos de qualquer outro castigo.
Após o regresso da Índia, a Marinha indigitou-o para fazer o curso do INEF (Instituto Nacional de Educação Física).Terminado
este, foi destacado para o N. E. Sagres, como instrutor de Educação Física.
Em Julho de 1961, é destacado para a Escola de Fuzileiros, que, naquela altura, era ainda, tão-somente, um conjunto de
depósitos e paióis de armamento, levando consigo algum pessoal da classe de Manobra, que integrou o 1º Curso de conversão
para a classe de Fuzileiros, sendo que, hoje, são quase todos oficiais.
Foi ele, juntamente com o comandante Maxfredo, a dar os primeiros passos no sentido de dotar a Escola com as condições
mínimas para o início da instrução.
Entretanto, em 1963, faz um estágio de contra insurreição, no C.I.O.E., em Lamego e, em 1964, conclui o curso de Fuzileiro
Especial.
Durante os anos de 1967/1968, frequentou e concluiu, com aptidão, o Curso Geral Naval de Guerra.
Esteve embarcado em diversos navios da nossa Armada, chegando a comandar alguns deles, entre os quais os NRPs Porto
Santo e Diogo Gomes.
Seguidamente, foi nomeado pelo Almirante Ferrer Caeiro, que exercia as funções de Comandante Naval, Oficial de Segurança
dos Postos da NATO, existentes no nosso país.
Como reconhecimento dos inúmeros e excelentes serviços prestados, consta nos seus registos uma apreciável quantidade de
louvores, bem como outras mais distinções e condecorações, algumas delas de grande significado e relevância. Por paradoxal que
pareça, em virtude da sua salutar irreverência e atitudes descontraídas no relacionamento com os seus comandados, a última das
suas muitas condecorações foi a medalha militar de ouro, de comportamento exemplar.
Atingiu a patente de Capitão de Fragata, em Setembro de 1974 e, por força da Lei nº 43/99, foi, muito justamente, promovido a
Capitão de Mar e Guerra.
Passou à situação de adido ao quadro, em Janeiro de 1981, por ter atingido o limite de idade.
Hoje, do alto dos seus 77 anos de idade, conserva exemplarmente a mesma energia e jovialidade, que o caracterizaram durante
toda a sua vida.
3
4
DESEMBARQUE: O Sr. Comandante é
considerado nos Fuzileiros como um
referencial de excelência, pela sua competência, salutar irreverência e inquestionável
prestígio.
Tem consciência disso, Sr. Comandante? Como explica esta situação e como julga que adquiriu este estatuto?
COMT.PATRICIO: O estatuto foi-me
dado pelo privilégio da convivência com o
ENTREVISTA
sua janela pretendia impor a autoridade, eu,
na maior parte das vezes, fazia que não ouvia, até que ele acabava por desistir.
Não sinto arrependimento pela forma
como me comportava, quando me envolvia
com os Fuzileiros e encarava os seus problemas, porque ainda hoje me dispensam
uma enorme gratidão, o que considero salutar e muito reconfortante.
nos bons, e alguns (poucos) maus momentos no Ultramar. O que aconteceu de mal já
passou à História, para recordar interessamme sobretudo as boas memórias, que felizmente abundam.
De facto, lembro muitas vezes aqueles
episódios delirantes que me preenchiam o
“ego”. Não me coibia de alinhar com qualquer elemento da minha Unidade, fosse qual
fosse a patente, quando frequentava os locais onde se bebiam uns copos, como, p.e.,
no Cisne Negro, em Moçambique. Aqui, num
certo dia, os empregados recusaram-se a
servir três militares do Exército que pretendiam tomar umas cervejas, atitude de que
não gostei e me levou a intervir para conseguir o atendimento correcto dos militares. De
tal modo fiquei indignado com tal comportamento, que decidi desenvolver algumas
“demarches” que conduziram ao encerramento do bar, durante dois meses.
Numa outra ocasião, um grumete Fuzileiro, que ainda hoje parte uma garrafa com
a “mona”, envolveu-se numas escaramuças
num outro bar, reagindo a provocações de
uns civis, arrogantes e convencidos. Fui intimado superiormente para formar a companhia na parada, para que o rufião, maltratado com uma forte cabeçada, pudesse identificar o agressor. Sabendo do sucedido,
mandei formar o pessoal, para que a revista
fosse feita, mas deixei de fora todos os
intervenientes na contenda do dia anterior.
Ainda hoje vivo e sinto os Fuzileiros,
como nos tempos dourados do passado. De
resto, estou sempre com a nossa máxima:
Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre!
DESEMBARQUE:
O Sr. Comandante esteve na origem da Associação de Fuzileiros, sendo um dos sócios fundadores, o que muito nos
orgulha e nos alenta.
Que impulsos ou
motivos o levaram a tomar esta iniciativa?
COMT.PATRICIO:
Sim, é verdade, mas a
iniciativa foi do Comt.
Rebordão de Brito, que
Falando com outros Oficiais numa pausa da guerra
formou um grupo de trabalho, a exemplo de oupessoal. Por aquilo que fiz, por aquilo que tras associações congéneres. Tivemos inslhes pude ensinar, que foi sempre para o seu piração no trabalho desenvolvido por outras
próprio Bem. Mais ainda, tudo o que lhes forças, mas quisemos fazer ainda melhor,
exigi foi sempre depois de eu dar o exem- sempre com o intuito de manter e preservar
plo, nunca mandei fazer nada que não fosse os valores e a mística que são apanágio dos
Fuzileiros. Estou certo que a actual Direceu mesmo capaz de executar.
Na verdade, sendo eu o responsável ção, com o seu dinamismo e empenhamenmáximo pela educação física, que incluía to, é capaz de levar o navio a bom porto!
aquelas modalidades para muitos desconheDESEMBARQUE: Como qualquer um
cidas, como o boxe, o judo e todos os demais exercícios que os instruendos apresen- de nós, sente naturalmente a nostalgia do
tavam, com orgulho, quando juravam ban- passado, mormente dos tempos difíceis e
deira, justifica-se e compreende-se que as- gloriosos que
sim fosse. Colaborei também na concepção passamos nas
e implementação das pistas de combate e campanhas ulde outros mais obstáculos que faziam parte tramarinas. Porém, com a dido plano dos cursos.
Mas lembro ainda algumas outras atitu- mensão pessoal
des que certamente terão contribuído para e profissional
isso, como, por exemplo, o combate que que tem, fazendo
estabeleci contra as meias de cor nas revis- uma retrospectitas de licença. O meu posto de observação va no tempo,
era junto da entrada no autocarro e, quem como vive e senexibisse o folclore acima dos calcanhares, te agora esta
fazia-lhes descalçar as peúgas e mandava- nossa nobre Insas colocar na sarjeta. Na altura de baldear a tituição, os Fuzipequena parada eu era o primeiro a descal- leiros?
C O M T .
çar as botas e a arregaçar as calças, os rapazes seguiam-me entusiasmados nessa PATRICIO: PenParticipando no rancho da porca
tarefa. Quando o Melo Cristino, lá do alto da so muitas vezes
ENTREVISTA
DESEMBARQUE: Que momentos ou
episódios mais o marcaram enquanto Fuzileiro no activo, no continente ou no ultramar?
COMT. PATRICIO: Faltaram-me, como
ainda hoje faltam, palavras. Recordo sem
vergonha algumas lágrimas que verti. Tenho
tantos episódios no Ultramar, na Escola de
Fuzileiros, como em outras campanhas, que
praticamente me é impossível resumir. Se
tivesse talento para as letras, daria certamente um bom livro.
Não quero, no entanto, deixar de referir
alguns episódios, que me marcaram profun-
5
Desloquei-me, a pedido do PAIGC, a
Chegamos a Cacine em perfeita normaQuitafine, para me encontrar com alguns dos lidade. Pelas três da manhã, acabamos a
seus comandantes. O percurso foi de bote e reunião e eu entrei nos meus aposentos.
a acompanhar-me levava apenas um Fuzi- Logo após, entra o Laisec com a sua arma,
leiro do Destº nº 22, armado de espingarda que de forma determinada me entregou, para
G-3. Quando alcançamos o ponto de desem- eu guardar, revelando, mais uma vez, que
barque e já fora do bote, fui imediatamente depositava em mim total confiança. De resempurrado com violência, o que me deixou to, deste curto relacionamento emergiu um
confuso e perplexo, mas logo fui informado tratamento familiar e afectuoso, começando
de que estava prestes a pisar uma mina. ele a tratar-me por tio e eu correspondia com
Passado o susto, pusemo-nos a andar a pé, o de sobrinho.
durante cerca de três quilómetros, até alcanEram indícios fortes da humanização da
çarmos um acampamento totalmente guerra!
acobertado pela vastidão e densidade da
Na localidade de Aldeia Formosa, foi feimata, de onde era ta a troca de prisioneiros entre as duas parimpossível ver o sol. tes, cuja formação era superior a um peloAli, na companhia dos tão e eu era a única autoridade portuguesa
guerrilheiros, come- presente.
mos uma fugaz refeiPara as cerimónias de implantação do
ção de arroz cham- novo Estado, ainda fora de Bissau, apenas
béu, acompanhado eu fui convidado, mas, por minha sugestão,
de leite de cabra e o convite foi estendido a uma representaágua da bolanha.
ção do M.F.A. .
O comandante
Em Gadamael e Cacine, depois de arriaoperacional da guer- da a bandeira portuguesa, que me foi entrerilha, um tal Laisec, gue, as minhas palavras, cheias de comotardava em chegar, o ção, foram de incitamento ao progresso soque me levou a infor- cial, assente nos princípios democráticos.
mar os presentes
A caminho de uma operação
que se estava a fazer
DESEMBARQUE: Chegou ao nosso
tarde para o regres- conhecimento que, por norma, os comandamente. Foram, porém, muitas as peripé- so e se aproximava a baixa maré, que im- dantes das Companhias e Destacamentos
cias em que fui protagonista, mas sempre possibilitava a deslocação do bote. Daí a indigitados, faziam, sempre que possível,
defendendo os valores de que nunca abdi- pouco soaquei, dos quais nunca me arrependo.
ram uns tiros
Recordo, com emoção, os momentos em que, segundo
que fui conversar, e apenas isso, com os me disseram,
homens desterrados em locais onde a mor- assinalavam
te espreitava constantemente e que ninguém a chegada do
desejava. Tinha a noção de que a moral se grande chefe.
recarregava tão-somente com simples ges- Com ele, detos, como, por exemplo, ir dar os parabéns pois dos corao camarada que fazia anos.
diais cumpriDurante os anos de 1973 e 1974, estive mentos, inicina Guiné, como Comandante do designado amos o perCOP-5, sob as ordens do Governador Ge- curso até junral, que depois do 25 de Abril de 1974, foi o to do Zêbro,
Ten. Coronel Carlos Fabião, que rendeu o onde nos
General Bettencourt.
aguardava o
Recepção no acampamento dos guerilheiros
Depois desta data, terão porventura ocor- Fuzileiro. Ao
rido os episódios mais marcantes e decisi- facultar-lhe o
vos, como foi o caso das negociações que embarque, ele tenta de imediato entregar- uma selecção prévia dos elementos que os
desenvolvi com os mais altos responsáveis me a sua arma, gesto que eu recusei pe- iriam integrar, recusando, quase sempre, os
do PAIGC, para acertar a transferência de remptoriamente, ao mesmo tempo que lhe que consideravam indisciplinados. Todavia,
soberania nos locais mais emblemáticos, vi sobressair do rosto um semblante de sa- consta que o Sr. Comandante, quando constituiu a 6ª Companhia, não fez uso de tal
fora de Bissau.
tisfação pela confiança demonstrada.
6
ENTREVISTA
procedimento, chegando mesmo a convidar
alguns que se encontravam a cumprir penas.
Quer dizer-nos se isto tem algum fundamento? A ser verdade, acha que valeu a
pena ter assumido o risco?
COMT. PATRICIO: Quando formei a 6ª
Companhia, com respeito ao pessoal, sargentos e praças, tive sempre como apanágio
pedir voluntários. Trabalhar e exigir a pessoal que entra de sua livre vontade, proporciona sempre um “comando” mais fácil. Com
respeito aos meus amigos “malandrecos”,
talvez sejam até mais sinceros em alturas
cruciais que os “intelectuais”, não querendo
dizer com isso que os mais bem comportados não fossem igualmente bem-vindos, pois
guardo, ainda hoje, grandes amizades tanto
em relação a uns como a outros.
É verdade que fiz estender o convite a
alguns Fuzileiros que se encontravam detidos no Corpo de Marinheiros, levando daí
todos os que se disponibilizaram. Na conversa que tive com eles, apercebi-me da
capacidade de alguns para se movimentarem no meio de organizações marginais,
chegando um deles a oferecer-me os seus
préstimos para recuperar o automóvel de um
camarada, que havia sido furtado algum tempo antes. Acedi à proposta, concedendo-lhe
dois dias para esse efeito, findos os quais
se deveria apresentar, tivesse ou não logrado alcançar o objectivo. Assim aconteceu, a
missão foi cumprida com êxito.
Preparando a entrevista no bar da Associação
Foram muito satisfatórias e reconfortantes as recuperações conseguidas para alguns deles, que me consideravam como pai.
A indispensável disciplina nunca foi
descurada, ao ponto de se reflectir no bom
desempenho das missões.
Fizeram-se trabalhos importantes, entre
eles a construção da pista de aviação de
Metangula e muitos mais de grande utilidade e significado.
Como compensação, todos os elementos da minha companhia tinham autorização
para trajar à civil, fora das instalações da
Unidade.
Dando ordens no convivio da sua Companhia
DESEMBARQUE: No seu entender, que
contributos ou atitudes se devem esperar
dos Fuzileiros em geral, relativamente à nossa Associação?
COMT. PATRICIO: É minha convicção
que todos os Fuzileiros deveriam fazer parte
da nossa Associação. Os que têm possibilidade de pagar a sua quota devida, não terão certamente problemas, e os que não
puderem, que lhes seja proporcionada pela
Direcção, a possibilidade de uma quotização
reduzida, analisada caso a caso.
DESEMBARQUE: Que sugestões quer
dar para que ela se projecte, com a grande
força anímica que sempre acompanhou os
Fuzileiros?
COMT. PATRICIO: As sugestões podem
e devem ser previamente conversadas, não
me é fácil neste curto espaço incluí-las. Para
já estou, como sempre estive, à vossa disposição para melhorarmos a nossa Associação.
No entanto, a sugestão que vos deixo é
que continuem com o dinamismo e entusiasmo que vêm demonstrando, para bem
desta grande família, a que nos orgulhamos
de pertencer.
DESEMBARQUE: Sabemos que a muitos oficiais da Marinha era imposta a sua
integração nos Fuzileiros, o que constituía,
para muitos deles, um desalento e um verdadeiro calvário.
O ingresso do Sr. Comandante aconteceu por vocação genuína, ou foram outras
7
ENTREVISTA
contingências que o impulsionaram a fazer
esta opção?
COMT. PATRICIO: Estive nomeado
para ir buscar a então nova “Sagres” ao Brasil, mas as contingências do país nessa altura alteraram a realidade. Com a criação da
Escola de Fuzileiros pelo então V.A.
Reboredo, a quem os Fuzos muito devem,
fui chamado, assim como o Comt. Maxfredo,
e um pouco mais tarde, o Ten. Pascoal
Rodrigues, para formarmos a classe de Fuzileiros.
A minha ida para a Escola de Fuzileiros,
foi assumida com satisfação e entusiasmo e
foi de tal forma galvanizadora, que arrastou
uma quantidade apreciável de marujos, sendo que, muitos deles, entraram logo no primeiro curso, que se iniciou ainda no Corpo
de Marinheiros. No entanto, naquela altura
só podiam concorrer as especialidades de
manobra, artilheiros e monitores.
DESEMBARQUE: Sendo certo e inequívoco que, perante a sociedade portuguesa, os Fuzileiros são tidos como uma das
principais Forças de Elite, que muito têm dignificado a Marinha e prestigiado a imagem
de Portugal, interna e externamente, não
acha que se assiste a um subaproveitamento
ou até alheamento por parte dos principais
responsáveis políticos e militares, quanto à
sua utilização ou empenhamento em missões internacionais, como vem acontecendo com outras Forças nacionais?
COMT. PATRICIO: Acho que em aspectos militares os nossos Fuzileiros estão
Falando para o Desembarque
a ser um pouco marginalizados. Porquê?
Não sei. Inveja, egoísmo ou motivos políticos?
Tudo isso é possível, mas, francamente,
a sua dádiva é de tal modo elevada que o
País deveria encara-los com mais consideração e respeito.
DESEMBARQUE: Para terminar, o que
se lhe oferece dizer sobre a situação actual
da Associação de Fuzileiros e sobre o conteúdo e apresentação do nosso Desembarque?
COMT. PATRICIO: O Desembarque
tem desempenhado o seu papel principal e
primordial, que é o de levar uma mensagem
positiva e criar um elo de ligação entre os
Fuzileiros, mas como em tudo na vida, há
sempre espaço para melhorar. Gostava ainda de aproveitar esta oportunidade que me
dão, para sem nomear ninguém, porque é
obvio que, dizendo um nome, teria de citar
centenas, homenagear TODOS os que serviram comigo e que foram meus discípulos.
O meu Bem – Hajam e parabéns pelo
trabalho realizado!
Entrevista conduzida por:
Ilídio Neves/Mário Manso
Quinta de S. Tiago, Apartado 32
1760-999 Vila Viçosa
Tel. 268887240 | Fax 268887249
E-mail : marvisaarvisa.com
– de –
João Filipe Vinhas Barroso
– “João dos Potes”
8
DESTAQUE
DIA DA MARINHA
Alocução de Sua Ex.ª o CEMA
Associando-se de forma tão significativa
à comemoração dos 500 anos da cidade do
Funchal, a Marinha decidiu, aproveitando a
histórica oportunidade, celebrar, com grande dignidade e brilho, o dia do seu aniversário, naquela bonita Urbe atlântica, cujo porto e baía se encontravam esplendorosamente engalanadas com o colorido brilhante, devidamente embelezado, de uma
grande parte da sua frota.
À noite, o deslumbrante arraial dos milhares de luzes, que emolduravam os navios, vistos à distância, a partir da inclinada
cidade em festa, representava um fascinante espectáculo de cor e luz, para onde convergiam os olhos admirados de quantos se
dispusessem a sair à rua.
Naquela contemplação comovente, não
havia ninguém, certamente, que não libertasse um sentimento de prazer, de orgulho e até
de saudade, ao desprender o imaginário para
episódios fantásticos do passado, cuja grandeza de prestígio e de glória se reflectia no
presente, numa aliciante perspectiva do futuro.
Afinal não tem a Marinha um significado especial para a quase generalidade dos portugueses? Quantos não
deram a ela, com orgulho, uma gran-
de parte das suas vidas? Quantas famílias se não constituíram, cresceram
e se sustentaram através desta nobre Instituição?
Dando autorização para o desfile
9
DESTAQUE
Vista Geral e forças em parada
É claro que sem aquela emotiva impressão que causava nas pessoas, o fervilhar
constante dos marujos nas ruas, que enfeitavam de branco e azul os locais onde, com
contagiante graciosidade, se deslocavam.
Mas, mesmo assim, sem esses artefactos
vistosos e cativantes do passado, ainda hoje
os Marinheiros, mais ou menos dissimulados, são credores de um grande capital de
admiração, especialmente quando são observados nas fainas que regularmente executam.
O exemplo cabal disto tudo, revelou-se
nas longas filas de populares que, esperando muitas horas ao sol escaldante, não hesitaram em visitar alguns navios que a Armada colocou à sua disposição para esse
efeito. Entre eles o NRP Sagres, o Creoula e
o submarino Barracuda, sendo este o alvo
principal dos mais curiosos e o que maior
admiração causava em todos os transeuntes que gravitavam pelo cais.
As cerimónias oficiais, dirigidas na quase totalidade por Sua Exª. o Chefe do Estado Maior da Armada, Almirante Melo Gomes,
decorreram com grande brilhantismo e dignidade, cujo auge foi atingido, no seguimento
do seu sugestivo e bem elaborado discurso, durante o magnífico desfile de diversas
Unidades da Marinha, ao longo da Avenida
do Mar e das Comunidades Madeirenses,
sobre a presidência de Sua Exª. o Ministro
da Defesa, Prof. Doutor Severiano Teixeira,
e com a presença de todas as autoridades
da Região, ao mais alto nível, nomeadamente o Presidente do Governo Regional, Dr.
Alberto João Jardim, Representante do Governo da República na Região, outros membros do Governo Regional, Presidente da
Câmara Municipal e autoridades civis militares e religiosas, para além de muitos oficiais
generais e superiores, da Marinha e das
outras Forças Militares.
A população da Madeira acorreu em força ao evento e assistiu com grande entusi-
asmo e curiosidade a todo aquele empolgante cenário de beleza
grandiosa, orgulhosa do seu País
e da sua Marinha.
No dia anterior às cerimónias
propriamente ditas, decorreu,
com grande brilho, um excelente
momento artístico, para encanto
dos presentes, um concerto magnífico, interpretado magistralmente pela Banda da Armada, ao qual
se juntou, em alguns números, um
alegre e vistoso conjunto de cordas de uma escola de música local, que teve lugar no Palácio dos
Congressos do Funchal.
A cerimónia terminou, com um
agradável almoço a bordo da
Sagres, que, sendo o culminar
dos eventos, nem as delícias
gastronómicas conseguiam deixar já esconder uma certa nostalgia e uma mágoa, por acontecimento tão belo e tão significativo, que estava prestes a acabar.
A imprensa regional deu grande destaque a todos os aspectos deste grande acto
solene, dedicando páginas inteiras à Marinha, através de longas entrevistas aos seus
mais altos dignitários.
O Desembarque esteve presente, na
pessoa do seu Director e colaborador principal Mário Manso.
Exercício demonstrativo dos Fuzileiros num assalto a meios navais.
Ilídio Neves
10
DESTAQUE
7º ENCONTRO NACIONAL DE FUZILEIROS
O primeiro sábado do mês de Julho, dia
5, era esperado com uma certa ansiedade
por grande número de Fuzileiros, muito especialmente pelos membros da Direcção
Nacional da Associação, que se empenharam com grande entusiasmo, muito zelo e
cuidados bastantes, para que este nosso
evento especial, que faz parte do programa
anual de actividades, decorresse com o necessário brilho e em condições de plena
satisfação para todos os participantes neste
aliciante convívio fraterno.
reflectir e difundir essa nostalgia e saudade
com os Fuzileiros mais recentes, que já não
passaram pela odisseia africana, fazendo a
guerra colonial, mas que vivenciaram , certamente, muitas outras e interessantes façanhas, no país e em outros pontos críticos
pelos mais diversos recantos do mundo.
Pretendia também este acontecimento
transmitir e sensibilizar as futuras gerações
de jovens para esta causa civilizacional e
patriótica, que é servir a Nação ao serviço
da Marinha, integrando um Corpo Especial
amigos e convidados, que “grosso modo”
rondaria o milhar de pessoas.
Tudo decorreu na perfeição, com uma
bem confeccionada e pantagruélica ementa, um excelente programa, ao gosto de quase todos, a avaliar pelas inúmeras referências elogiosas que ao longo do dia nos iam
manifestando. Não foi, todavia, possível o
esperado aliciante da acrobacia aérea, por
total impossibilidade do piloto, nosso prezado associado, o Fuzileiro ilustre Comandante da TAP, Conceição e Silva, que não che-
Concentração dos Associados junto ao Monumento do Fuzileiro
Pretendia-se, no essencial, proporcionar
a todos os Fuzileiros, de diferentes gerações,
quer fossem ou não associados da Associação de Fuzileiros, uns momentos de alegria
e prazer, confraternizando, galvanizados por
uma mística comum, quer fosse a rever amigos e camaradas do passado, que compartilharam vivências, recheadas de sentimentos, de sofrimento e de dor, mas também de
grandes episódios hilariantes de felicidade,
de amizade e solidariedade, ou, ainda, a
de Elite, onde os valores mais sublimes da
coragem, da camaradagem, da disciplina e
da amizade, são a chancela máxima da destreza e da já bem constatável euforia e envaidecido desejo de muitos jovens em querer ingressar nesta grande família de afectos e orgulhos.
Julgamos, muito sinceramente, que os
objectivos foram alcançados na plenitude,
se não mesmo superados, tal foi o número
de Fuzileiros presentes, seus familiares,
gou a tempo de uma viagem de longo curso, que regularmente efectua, no comando
de um dos maiores aviões comerciais (o
AIRBUS – A340) da frota aérea portuguesa.
O êxito e o sucesso do evento ficou ainda a dever-se ao excelente trabalho de coordenação, de esforço e empenhamento
total de grande parte dos membros dos Órgãos Sociais da Associação, com especial
destaque para o muito competente, dedicado e voluntarioso Secretário da Direcção,
DESTAQUE
Profundo sentimento e respeito no momento da homenagem aos Fuzileiros mortos
Cmte. Piteira, do Vice-Presidente, CMG
António Beltrão e dos incansáveis e sempre
disponíveis Mário Manso, J. M. Parreira, Varandas e outros mais, que deram um contributo excelente e decisivo.
A colaboração, auxílio precioso e permanente simpatia dos Exmos. Comandante e
2º Comandante da Escola de Fuzileiros,
CMG António
Ruivo e CFR
Pereira Leite,
respectivamente, bem
como de outros prestimosos oficiais da Unidade, não só foram absolutamente inexcedíveis, imprescindíveis
e incentivadores, como
foram também catalizadores valiosos para a
elevação deste sentimento fraterno e generoso que nos une, com orgulho e emoção,
nesta grande família de Fuzos.
Também um apreço muito especial para
o Exmo. Comandante do Corpo de Fuzileiros, C/AL Carvalho Abreu, pela total disponibilidade de meios, o incitamento cativante
dos seus conselhos e da sua presença,
irradiante simpatia e afecto que sempre demonstrou no acompanhamento do evento.
Nos momentos de maior significado
Institucional e recreativo a Marinha fez-se representar com a honrosa presença, ao mais
alto nível, de Sua Ex.ª o Vice-Almirante
Vargas de Matos, Digmo. Comandante Na-
Alocução do Presidente da Direcção
val, que também representava Sua Ex.ª o
CEMA. Estiveram igualmente presentes o
Exmo. Senhor Vice- Almirante Reis
Rodrigues e muitos outros distintos oficiais
superiores da Marinha, bem como o Exmo.
Presidente da Câmara Municipal do Barreiro,
Comandantes das diversas Forças de Se-
11
gurança da Região e Digníssimos Presidentes e Representantes de diversas organizações de combatentes e ex-combatentes.
Durante o acto solene, mais comovente
e emocional, de homenagem aos nossos
saudosos camaradas mortos, o Presidente
da Direcção da Associação de Fuzileiros,
proferiu uma breve e improvisada alocução,
alusiva ao momento, com profunda consternação e respeito, que, pelas reacções espontaneamente manifestadas, tocou no
âmago da sensibilidade de muitos dos presentes, ao ponto de diversos camaradas
mais comovidos e representantes de algumas Associações de combatentes e ex-combatentes lhe terem solicitado cópias do pequeno discurso. Como tal não era possível,
em virtude de se tratar tão-somente de um
ligeiro e desalinhado conjunto de apontamentos manuscritos, meros tópicos para encaminhamento do raciocínio, transcreve-se,
de seguida, conforme o prometido, em texto devidamente arrumado, o conteúdo dessa singela mas sentida exposição, omitindo
apenas as referências às diversas individualidades presentes:
“ Na qualidade de Presidente da Direcção Nacional da Associação de Fuzileiros,
tenho a probidade e o privilégio de vos saudar a todos e
agradecer, reconhecidamente, a vossa honrosa
presença.
Hoje é um
dia muito especial para
nós, pelo facto de estarmos a realizar
aqui, na nossa
“Casa-Mãe”, a
Escola de Fuzileiros, o nosso dinamizador, congregador, reviverador e fraternal convívio, que reputamos de grande importância, no nosso plano anual de actividades.
Para a Direcção da Associação de Fuzileiros, especialmente para os membros que
mais se empenharam na organização deste
evento, ‘é uma alegria e uma satisfação imen-
12
DESTAQUE
Escutando o toque do silêncio, pelo trompete de bolso do Associado “Neo”
sas, constatar tão forte aderência, com a
presença de camaradas de quase todo o
país e, muitos, vindos expressamente do estrangeiro, para compartilhar alguns momentos de felicidade e
atenuar, durante
apenas algumas
horas, uma saudade fervilhante que
se mantém solidificada nas entranhas
do coração.
Na verdade,
aqueles episódios
decisivamente
marcantes, muitas
vezes de amor e
ódio, de jactância
ou submissão,
nunca, nas circunstâncias difíceis, conseguiam demover ou pôr em
causa os valores e princípios sagrados da
coesão, da entreajuda, da solidariedade e
da amizade. Um por todos e todos por um,
era o nosso lema, muito particularmente na
repartição da dor e do sofrimento. Estas
coisas não se esquecem, até porque se passaram na fase mais impetuosa e revigorante
da vida de cada um.
A Associação tudo fará, e não se poupará em esforços, para manter sempre bem
acesa e brilhante esta chama sentimental,
incitando com devoção todos os Fuzileiros
do passado e do presente e procurando aliciar os jovens do futuro, através de acções
de sensibilização e divulgação, até onde for
possível fazer chegar os seus ecos de influência e meios informativos e até onde se
estender e sustentar a sua capacidade
dinamizadora.
Por tudo isto, quero deixar aqui um agradecimento muito sincero e profundo, aos
Exmos. Comandante e 2º Comandante,
CMG António Ruivo e CFR Pereira Leite, pela
Passeios de bote e de Larc, no rio Coina
inexcedível ajuda, simpatia e permanente disponibilidade, não só na cedência desta nossa querida Unidade, mas também pelo ex-
traordinário apoio logístico
e material que amavelmente nos concederam.
É aqui, neste local,
onde a nobreza dos sentimentos assume um significado invulgar.
Foi aqui, que aprendemos a sonhar e foi a partir
daqui que aprendemos a
perspectivar o mundo.
Tenho a certeza, que
qualquer um de nós, neste
momento e desde há alguns dias para cá, é inundado por uma emoção muito forte e anormal.
Porque é aqui, que nos sentimos enérgicos, galvanizados e nos revemos, com impulsos perseverantes,
na pujança da juventude.
Foi aqui, neste
mítico lugar, outrora
mais lamacento, cheirando a pólvora e ofuscado pelos fumos negros da Siderurgia Nacional, que aprendemos a fazer amigos.
Foi aqui o palco de
muitas das nossas ilusões e desilusões. Foi
aqui, também, o local
onde muito sofremos,
mas com esse sofrimento aprendemos a ser homens afectuosos, aprendemos a ser disciplinados, corajosos e solidários.
O convívio do almoço no refeitório da “Casa-Mãe”
13
DESTAQUE
Foi daqui, que muitos de nós partimos
para o desconhecido, para a guerra colonial, voluntariosos e impregnados de orgulho
e entusiasmo, por irmos defender a Pátria.
Todavia, alguns que daqui partiram já não
sentiram a felicidade do regresso, nem aqui
nem ás suas casas. MORRERAM!... Morreram
no cumprimento do dever, combatendo com
valentia e coragem, ao serviço dos Fuzileiros.
Ainda hoje, ao recordarmos a sua agonia e ao revivermos aqueles momentos dramáticos, pronunciamos silenciosa e
reflexamente, aquelas desesperadas súplicas a Deus e aos Santos da nossa devoção,
numa ânsia de terror, que nos desperta a
dor e inunda os olhos de lágrimas.
É, pois, perante esses nossos mártires
que, aqui e agora, frente a este simbólico e
arrepiante monumento, nos curvamos e
sentidamente homenageamos. Foram os
mortos que derramaram o seu sangue e ofereceram o seu Bem mais precioso, a vida,
para exaltar a honra e glória de todos nós.
Esta dádiva suprema e dolorosa, constitui também para muitos camaradas, que
assistiram impotentes ao seu sacrifício fatal,
uma dor permanente e indelével, que igualmente nos dói, nos une e nos alimenta esta
mística sublime e incontrolável, que dá conteúdo e sentido à nossa máxima: Fuzileiro
uma vez, Fuzileiro para sempre!
Muito obrigado a todos”.
Outro momento comovente, aconteceu
quando o nosso associado, Manuel Gonçalves “O Neo”, vindo expressamente do Minho,
interpretou, de forma magistral, com a sua
Trompete de Bolso, o toque de silêncio e a
marcha da Associação de Fuzileiros, deixan-
No mar, em terra ou no ar, os Fuzileiros estão sempre presentes. Aqui, alguns chegaram
de pára-quedas
do todos os presentes estarrecidos de sentimento e profundamente emocionados.
Este estimado camarada, Fuzileiro de
alma e coração, é natural de Estorãos,
concelho de Ponte de Lima, e foi durante
muito tempo a Maestro da Banda Filarmónica da Casa do Povo de Moreira de Lima
– Ponte de Lima.
O Presidente da Direcção, pretende ainda deixar aqui uma referência especial e um
reconhecido agradecimento às Senhoras,
esposas de camaradas Fuzileiros e associadas simpatizantes, pela sua colaboração e
ajuda preciosa na venda e promoção das
diversas mercadorias, no fornecimento e
venda de senhas para o almoço, bem como
nos registos e recebimento de quotas de
muitos sócios que ali desejaram fazê-lo.
P PÓVOATEJO
COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS DIVERSOS, LDA.
Igualmente manifestar a sua satisfação
e enorme gratidão ao Exmo. Capelão Licínio,
pela comovente envolvência espiritual na
celebração da Santa Missa, pelas almas dos
Fuzileiros mortos e pelas intenções e felicidade dos vivos, acto litúrgico de grande beleza e profundo sentimento, numa linguagem
simples na expressão, mas grandiosa no seu
alcance e significado.
Para o próximo ano, no primeiro sábado
de Julho de 2009, caminhamos empolgados,
com o desejo acicatado e fortemente motivados para fazer tão bem, ou ainda melhor,
se possível, para manter bem acesa e
incandescente esta chama sentimental, que
nos enaltece, nos orgulha e nos rejuvenesce.
Ilídio Neves
AÇO INOXIDÁVEL
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QUÍMICA E FARMACÊUTICA
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14
DESTAQUE
RENDIÇÃO
DO CARGO
DE COMANDANTE
DO CORPO
DE FUZILEIROS
Como se costuma dizer, a vida é um
constante revigorar!
No universo tudo se renova incessantemente em suas partes, mas o conjunto é
eterno. Tudo se transforma, tudo evolui, neste
jogo contínuo da existência, entre a vida e a
morte, mas nada perece. Também nas Instituições, de par com a decrepitude e com a
morte, humanidades novas desabrocham em eterno renovar.
Todavia, há
sempre em tudo
um conjunto de
princípios distintos
da matéria, que se
traduzem numa força indivisível que
persiste e se mantém entre as perpétuas substituições.
Chegou a hora
da mudança no comando do Corpo
de Fuzileiros, no
topo da hierarquia
activa desta nossa
prestigiada Instituição.
De facto, no passado dia 08 do mês de
Outubro, decorreu na Escola de Fuzileiros,
em Vale de Zebro, a imponente cerimónia
de rendição do cargo de comandante. O
Vice-Almirante João da Cruz de Carvalho
Abreu, que o vinha exercendo, com muito
brilho e competência, desde 15 de Novembro de 2005, foi rendido pelo Contra-Almirante Luís Miguel de Matos Cortes
Picciochi.
Este distinto Oficial-General da nossa
Marinha nasceu em Lisboa, em 1957, cidade onde viveu e estudou durante a maior
parte da sua juventude. Ingressou na Escola Naval em 1974, sendo promovido a Guarda-marinha em 01 de Outubro de 1978.
Em 1991 frequentou o Curso Geral Naval de Guerra e, em 2005, o Curso Comple-
A caminho da Tribuna de Honra
mentar Naval de Guerra, ambos no Instituto
Superior Naval de Guerra. Em 2007/2008 frequentou, no Instituto Superior Militar, o Curso de Promoção a Oficial General. É especializado em Educação Física.
Prestou serviço a bordo de diversos navios da Armada, nomeadamente nas fragatas “Almirante Gago Coutinho”, “Comandante Sacadura Cabral” e “Comandante João
Belo”. A bordo da corveta “João Coutinho”
desempenhou as funções de oficial imediato.
Comandou duas unidades navais: o patrulha “Mandovi” e a corveta “António Enes”.
De entre as várias funções desempenhadas em terra, salientam-se as de oficial do
Estado Maior da Armada, na Divisão de Pessoal e Organização; 2º Comandante do
Batalhão de
Formação Geral Comum e
Comandante
do Corpo de
Alunos da Escola Naval, cargo que exerceu durante 5
anos. De 2004
a 2007 foi o
chefe do Gabinete do Superintendente
dos Serviços
do Pessoal.
Foi promovido a Contraalmirante, em
10 de Setembro de 2008.
Da sua folha de serviços constam diversos louvores, tendo sido agraciado com as
seguintes condecorações: Medalha de Serviços Distintos – Prata (duas); Medalha de
Mérito Militar de 2ª classe; Medalha da Cruz
Naval de 2ª classe e Medalha de Comportamento Exemplar – Ouro.
Possui ainda os cursos civis de páraquedismo e de treinador de voleibol.
15
DESTAQUE
O Almirante Carvalho Abreu, em
consequência da sua recente promoção, foi destacado para o cumprimento de outras nobres funções,
adequadas ao seu posto, mas ficará na nossa memória como um comandante exemplar, amigo, respeitado e respeitador, sempre disponível e disposto a ajudar, com
contagiante simpatia e elevado
bom senso, brindando constantemente a Associação de Fuzileiros
com indisfarçável carinho e afecto,
quer fosse nos apoios nunca negados ou nos oportunos e sempre
esclarecidos conselhos que com alguma regularidade transmitia.
É grande a gratidão desta humilde e ainda jovem Instituição,
que registará para sempre o carácter generoso e benevolente
do estimado Comandante desta
Força Especial de Elite, oferecendo-lhe, em contrapartida, a eterna
consideração e amizade, bem como a
total disponibilidade para o que for entendido útil, necessário e desejável, no âmbito
das suas possibilidades.
Como inicialmente referimos, tudo o que
é material é efémero. Os indivíduos e as
gerações passam, tal qual as vagas do mar,
os próprios mundos perecem, os sóis extinguem-se e tudo foge, tudo se dissipa. Há,
porém, duas coisas que, provindas do Divino, resplandecem acima das miragens dos
Passagem do testemunho pelas mãos de Sua Ex.ª o Comandante Naval
valores mundanos e permanecem imutáveis:
são a Sabedoria e a Virtude.
Estas supremas qualidades serão certamente a essência do novo Comandante, o
Exmo. Almirante Luís Miguel Picciochi, a
quem a Associação de Fuzileiros deseja as
maiores felicidades, pessoais e profissionais,
contando com ele manter os mesmos sãos
propósitos de lealdade, correcção, colaboração e compreensão, no desenvolvimento
dos objectivos fraternos e solidários que se
propõe alcançar e consolidar.
De salientar, a importância e significado
das palavras de Sua Exª. o Comandante
Naval, Almirante Vargas de Matos, que presidiu à cerimónia, quando realçou a empenhada e frutificante acção da Associação de
Fuzileiros, bem como a sua especial relevância na divulgação e afirmação da prestigiada
imagem dos “Fuzos”e da Marinha, no país e
no mundo, junto da sociedade civil.
Ilídio Neves
Telefs.: 21 927 99 08 - 21 967 12 29 - Fax: 21 927 01 62
Estrada de Cortegaça - Lote 158 - Fação - 2715-020 Pero Pinheiro - PORTUGAL
Email: [email protected] - [email protected] - Internet: www.janotas.com
16
DESTAQUE
As relações de cooperação exemplar entre
a Policia Judiciária e a Marinha Portuguesa
na luta contra o narcotráfico
Dr. José Braz
É com enorme satisfação, duplamente alicerçada, que damos início a uma rubrica especial, alimentada pela sublime
destreza da pena de um ilustre colaborador, o Dr. José Alberto Campos Braz, distinto Assessor de Investigação Criminal da
Polícia Judiciária e que até há bem pouco tempo foi o mais alto responsável operacional do combate ao narcotráfico do
nosso país.
Este duplo regozijo do Director desta humilde publicação, deve-se ao facto de, sendo Fuzileiro ser também, enquanto
responsável da P.J., um dos primeiros impulsionadores da excelente e profícua colaboração entre as duas instituições, a
Polícia Judiciária e a Marinha Portuguesa.
Na verdade, esta eficiente e exemplar cooperação interinstitucional, levada à prática sob a égide deste prestigiado
colega, sempre recebeu dos responsáveis da Marinha a maior compreensão e inteira disponibilidade, quer fosse na utilização da frota de navios em ousadas e arriscadas operações no mar, quer fosse na invulgar perícia e coragem reveladas pelos
Fuzileiros, através da sua Unidade de elite, o DAE, cujos resultados, pela sua dimensão e importância, têm sido alvo do
reconhecimento internacional e dos maiores elogios, contribuindo de forma brilhante para o enriquecimento da imagem
externa de Portugal no quadro da segurança global.
Operação conjunta, em alto mar, com os Fuzileiros e a PJ, que resultou na apreensão de quase 3 toneladas de cocaína
Vivemos tempos de mudança!
A globalização e a interdependência que
formatam os modelos societários pós industriais , são hoje a chave para a compreensão dos novos paradigmas criminais.
O crime organizado utiliza as potencialidades dos novos recursos tecnológicos tor-
nando-se, também ele, um fenómeno global.
Constitui mesmo, dum ponto de vista
estritamente objectivo, uma actividade económica, visando obstinadamente um fim: a
maximização do lucro através de meios ilícitos!
Uma actividade económica que não conhece fronteiras nem limites espácio-temporais, que não conhece regras ou constrangimentos de qualquer natureza, que dispõe de
sofisticados meios e recursos.
O tráfico de estupefacientes é talvez o mais
perfeito exemplo desta preocupante realidade.
17
DESTAQUE
Reconhecendo tal facto, a nova Estratégia da União Europeia de luta contra a Droga (2005-2012) considera que (…) tanto a
nível nacional como da EU, o tráfico de droga continua a ser dos comércios mais produtivos (…) dos grupos criminosos organizados.
Grupos criminosos com características
especificas, frequentemente associados ou
confundidos com unidades económicas formalmente legais, através das quais dissimulam a actividade ilícita e branqueiam os
proventos do crime.
Estruturas fechadas e dotadas de elevada sofisticação organizacional, com grande
capacidade de adaptação e de resistência
às ofensivas das instâncias de controlo formal, que actuam com sentido estratégico,
desenvolvendo contra-medidas que dificultam o seu controlo e desmembramento.
É esta a natureza e a dimensão da ameaça com a qual nos confrontamos.
Portugal como fronteira externa da EU,
face ao seu posicionamento geoestratégico
periférico e à vastidão e difícil controlo do
seu território marítimo e arquipelágico, tem
e continuará a ter, especiais responsabilidades na luta contra o narcotráfico internacional que utiliza estas particulares condições
para introduzir estupefacientes no espaço
europeu.
Nos termos do modelo legislativo em vigor, a luta contra o tráfico de estupefacientes assenta em 3 pilares: fiscalização, pre-
venção e investigação, e tem como pressuposto estruturante a cooperação, quer no
plano interno, quer no plano internacional.
não é pois, uma atribuição exclusiva desta
ou daquela instituição!
É um desígnio nacional que envolve e
compromete a sociedade e o Estado e muito particularmente uma pluralidade de instituições de distinta natureza e vocação:
OPC’s, forças de segurança e outras entidades, num quadro de actuação convergente
e interactivo.
O novo Conceito Estratégico de Defesa
Nacional ao considerar que é de interesse
estratégico prioritário, para Portugal, que a
Defesa Nacional dê prioridade, no quadro
constitucional e legal “às acções de fiscalização, detecção e rastreio do trafico de droga nos espaços marítimo e aéreo sobre jurisdição nacional, auxiliando as autoridades
competentes no combate a este crime” veio
acrescentar uma indispensável mais valia em
termos de eficácia e de capacidade de resposta operacional.
Veio essencialmente exponenciar a afirmação dos princípios da especialização e
da complementaridade como incontornáveis
requisitos de eficácia no cumprimento de tão
difícil missão. As relações entre a Policia
Judiciária e a Marinha Portuguesa na luta
contra o tráfico internacional de estupefacientes por via marítima são exemplo feliz de
cooperação interinstitucional que muito tem
contribuído para a valorização da imagem
externa de Portugal, no quadro da segurança europeia, como país com capacidade
para reagir de forma enérgica e eficaz à
ameaça do narcotráfico internacional, onde
é possível desenvolver com êxito, complexas, delicadas e audaciosas investigações e
operações em tudo iguais ao que de melhor
se faz na EU e no mundo.
Os resultados alcançados nos últimos
anos, em inúmeras operações conjuntas, nas
quais é justo destacar a incontornável importância da acção desenvolvida pelo Corpo de Fuzileiros da Armada Portuguesa,
emergem de uma dinâmica de cooperação
que, tendo por base a observância dos princípios da complementaridade e da especialização multidisciplinar, permitiram alcançar,
com eficiência, notáveis objectivos.
Uma relação de cooperação interinstitucional em que cada um conhece o seu papel
e percepciona a mais valia que o seu trabalho
acrescenta ao trabalho do outro. Em que cada
um reconhece e respeita a especificidade, as
dificuldades e os limites do outro.
Uma relação operacional consolidada no
trabalho conjunto, nos elevados níveis de
confiança recíproca, na resiliência e na tenacidade.
Um modelo de cooperação exemplar e
que importa dar vida e continuidade na luta
contra o crime organizado, quer no plano
interno, quer no plano internacional.
José Braz
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18
EVENTOS
ASSEMBLEIA GERAL
Decorreu, no passado dia 29 de Março, no salão da sede da Associação de Fuzileiros, a Assembleia-geral de sócios, com vista a eleger
os respectivos Órgãos sociais, para o biénio 2008/20010, entre outros assuntos.
Ao acto compareceram cerca de duas centenas de associados, numa atitude de grande civismo e camaradagem, conferindo-lhe a
dignidade e legitimidade adequadas ao seu significado.
Os membros eleitos e respectivas atribuições, são conformes ao quadro que se segue:
MESA DA ASSEMBLEIA GERAL
1º
SECRETÁRIO
PRESIDENTE
MANDATÁRIO
JOSÉ M.
PARREIRA
2º
SECRETÁRIO
J. ROCHA E
ABREU
JOSÉ LEIRIA
PINTO
ANTÓNIO
VARANDAS
1º
SUPLENTE
2º
SUPLENTE
JOSÉ
COISINHAS
HOMERO
VIDEIRA
SUPLENTE
JOAQUIM
ALGARVIO
DIRECÇÃO
Ã
PRESIDENTE
ILÍDIO NEVES
LUÍS
V. PRESIDENTE
ANTÓNIO
BELTRÃO
SECRETÁRIO
TESOUREIRO
FREDERICO
PITEIRA
1º VOGAL
LOPES
HENRIQUES
ANTÓNIO
AUGUSTO
2º VOGAL
3º VOGAL
4º VOGAL
EGAS
SOARES
MIGUEL
REIS
5º VOGAL
ESPADA
PEREIRA
ANTÓNIO
VARANDAS
SUPLENTES
1º SUPLENTE
ANTÓNIO
RODRIGUES
2º SUPLENTE
OLIVEIRA PINTO
3º SUPLENTE
4º SUPLENTE
CALDEIRA
DO COUTO
JOÃO PATRÍCIO
5º SUPLENTE
PAULO FRAGOSO
6º SUPLENTE
7º SUPLENTE
SILVA SANTOS
MÁRIO MANSO
CONSELHO FISCAL
PRESIDENTE
J. CARDOSO MONIZ
1º SECRETÁRIO
J. COSTA DA SILVA
2º SECRETÁRIO
JAIME AZEVEDO
1º
1º SUPLENTE
GONÇALO
CAMBALHOTA
2º SUPLENTE
MANUEL TRINDADE
6º VOGAL
FRANCISCO
GREGÓRIO
19
EVENTOS
COMEMORAÇÕES DO DIA 10 DE JUNHO
À semelhança de anos anteriores, a Associação de Fuzileiros esteve presente, no
passado dia 10 de Junho, na cerimónia de
homenagem aos nossos combatentes, mortos em defesa da Pátria, em Belém – Lisboa,
junto ao monumento em sua honra e memória, ali existente.
A nossa representação foi bastante significativa e carregada de simbolismo, pois lá
se encontravam muitas das figuras mais
marcantes que, na longa e difícil guerra que
travamos no ultramar, se distinguiram, pelo
seu sacrifício, coragem e valentia, enchendo de prestígio e glória a honrosa classe a
que pertencemos.
Junto da tenda e banca montadas no
local, reviveram-se momentos exaltantes,
entre abraços e manifestações de amizade,
envolvendo todos num sentimento comum,
de grande respeito e consternação, muito
especialmente quando a coroa de flores,
com o símbolo dos Fuzileiros, foi depositada por alguns camaradas no sítio mais enternecedor, junto à base do monumento.
Muitos camaradas e amigos aproveitaram ainda a oportunidade para adquirir alguns produtos de “merchandise”, alusivos
aos Fuzileiros e à sua Associação, alguns
dos quais colocados
pela primeira vez à
disposição dos interessados.
A Associação de
Fuzileiros, alheandose de alguns desentendimentos e conflitos entre Instituições
representativas de
e x- c o m b a t e n t e s ,
adoptou a atitude
que entendeu mais
racional, mais justa e
Monumento de homenagem aos combatentes mortos em defesa
da Pátria, em Belém, Lisboa
mais solidária, sem
pretender vincular-se
a qualquer das posições assumidas ou ten- que faz contínuos esforços por tomar forma
tar ferir quaisquer susceptibilidades.
e aparecer à vida. Todavia, o homem virtuoCom efeito, a ideia que muitos fazem da so é semelhante a uma árvore gigantesca,
sua razão ou da sua verdade, altera-se, em cuja sombra benéfica permite frescura e vida
substância e dimensão, com o decurso do às plantas que a cercam.
tempo, sendo certo que nem todas as pessoSão estes os valores e os princípios que
as, que compõem as Instituições, se encon- nos regem. Só deles abdicaremos quando
tram em vias de alcançar os pináculos tivermos a certeza de que as nossas atituintelectivos, pelo que a tolerância, o bom senso des são potencialmente virtuosas e não
e a benevolência são factores a ter em conta.
cedentes a apelos estéreis.
De resto, na profundeza do espírito de
cada um agita-se um mundo de aspirações,
Ilídio Neves
ALMOÇO NA ASSOCIAÇÃO
No passado dia 10 de Abril, decorreu no
salão/restaurante da Associação de Fuzileiros um almoço de confraternização, promovido pela Direcção, em honra dos sócios beneméritos que, em função das suas possibilidades e disponibilidades contribuíram generosamente para a realização das obras da sede.
Tratou-se, afinal, de um reconhecimento
e de um singelo agradecimento aos estimados camaradas que, com sensatez e oportunidade, souberam compreender as dificuldades e os esforços realizados para que a
magnífica obra que hoje temos de pé, para
o conforto e bem estar de todos, se tornasse uma realidade.
A Direcção da Associação, que
tanto empenhamento demonstrou e
tantos obstáculos removeu, entendeu
que era seu
dever distinguir e agradecer estes gestos de boa
vontade e
Almoço de reconhecimento e agradecimento
20
EVENTOS
nobreza de carácter, de um “punhado” de Fuzileiros exemplares que, uma vez mais, fizeram uso
daquele atributo específico, que se chama solidariedade, revelando aquela inigualável prontidão
na hora de responder à chamada.
Também, alguns dias mais tarde, a Direcção teve igual procedimento, para com
algumas Entidades beneméritas da Marinha,
a maioria das quais distintos e prestigiados
Almirantes, que, desde o primeiro momento, nos dispensaram o seu apoio, incentivo
e especial solidariedade.
Foi uma excelente oportunidade para o
Presidente da Direcção, agradecer e demonstrar o enorme reconhecimento da Associação de Fuzileiros, bem como a sua satisfação pela presença de tão honrosas Personalidades.
Por fim, todos saíram satisfeitos com o
convívio e franca hospitalidade, com a promessa de voltar sempre a uma “Casa” cujos
membros sentem orgulho e manifestam profundo respeito pelos mais altos dignitários
da nossa Armada.
Ilídio Neves
CONVÍVIO DOS ANTIGOS ALUNOS DO CURSO D. JOÃO I,
DA ESCOLA NAVAL
“Um grupo de oficiais do Curso D. João I da Escola Naval que se
reúne normalmente uma vez por mês para convívio, escolheu no mês
de Junho, as instalações da Associação de Fuzileiros para um almoço
no restaurante. Entre esses oficiais, que para o ano comemoram os 50
anos sobre a data de entrada na Escola Naval, há vários que prestaram
serviço nos Fuzileiros e nessa qualidade cumpriram comissões em África.
Foi patente a satisfação que mostraram pelas magníficas instalações
da Associação e excelentes condições para este tipo de reuniões.“
Entre os presentes encontravam-se o Exm.º Almirante Reis Rodrigues,
nosso estimado associado e ex-Presidente da Mesa da Assembleia Geral
da nossa Associação, que muito a honrou e dignificou.
A Direcção da Associação agradece e manifesta o seu regozijo pela
presença de tão ilustres visitantes.
Ilídio Neves
Uma foto para recordar
CONVÍVIO DO DESTACAMENTO N.º 13,
DE FUZILEIROS ESPECIAIS
Os elementos que constituíram o DFE, N.º 13, da Guiné, com o seu ilustre Comandante, na visita à
Escola de Fuzileiros
Do ilustre associado, CMG FZE VASCO
BRAZÃO, dirigida à Direcção da Associação
de Fuzileiros, solicitando a publicação no
Desembarque, chegou-nos a seguinte comunicação:
“Em nome do Comandante, Oficiais,
Sargentos e Praças que constituíram o DFE
nº13, manifesto o nosso reconhecimento e
agradecimento pelo amigo acolhimento, disponibilidade e elevada qualidade no apoio
que a Associação de Fuzileiros prestou, tendo proporcionado excelentes condições para
a nossa confraternização, no passado dia 19
de Abril”.
Com efeito, na data antes referida, reuniram-se, uma vez mais, os elementos que
constituíram aquela Unidade – que esteve
na Guiné entre 1968 e 1970 – acompanhados pelas respectivas famílias, para come-
21
EVENTOS
moração dos 40 anos da chegada àquela
ex-província ultramarina.
O encontro iniciou-se na Escola de Fuzileiros, sendo os presentes afectuosamente
recebidos pelo respectivo Comandante,
CMG António Ruivo, que os acompanhou
nas diversas e habituais cerimónias solenes,
bem como às visitas ao Museu do Fuzileiro.
Dirigiram-se, seguidamente, para a sede
da Associação de Fuzileiros, no Barreiro, em
cujo restaurante teve lugar o almoço de confraternização, sobre o qual desejam manifestar e realçar, uma vez mais, a agradável
surpresa pelo “excelente acolhimento e
apoio por parte da respectiva Direcção”.
Na ocasião, o Exmo. Comandante do
DFE -13, Almirante Vieira Matias, dirigindose aos presentes, vincou a vontade de todos de bem cumprir a missão, referindo:
“passamos juntos sacrifícios imensos, vivemos as mesmas ansiedades e saboreámos
as vitórias que a nossa abnegação, coragem
e sentido do dever nos levaram a alcançar.
Nos momentos difíceis caldeámos o respeito mútuo e solidificámos uma amizade que
não conhece postos nem limites temporais”.
O DFE-13 desempenhou intensa actividade operacional, com excelentes resultados, dos quais se realça a maior captura de
armamento, feita de uma só vez, na guerra
do ultramar, dando azo a que, no final da
comissão, no louvor atribuído pelo Comandante Chefe das Forças Armadas da Guiné,
entre outras referências elogiosas e destacando a intensa actividade da Unidade, fosse referido: “o dever de justiça de louvar o
DFE-13, verdadeira Unidade de elite, que de
forma tão brilhante soube prestigiar na Guiné
as notáveis tradições da Marinha e das Forças Armadas Portuguesas”.
A Direcção da Associação agradece, comovidamente, a gentileza e referências elogiosas,
fazendo delas um incentivo e um refinado desejo
para fazer cada vez mais e melhor.
Ilídio Neves
JURAMENTO DE BANDEIRA
Decorreu, com a solenidade e brilho habituais, no passado dia 02
de Maio de 2008, na Escola de Fuzileiros, em
Vale de Zebro, mais uma
cerimónia de Juramento
de Bandeira, do CFBP
FZ RC – 2ª Ed. 2008.
Presidiu a este
emotivo acontecimento
Sua Ex.ª O Superintendente dos Serviços de
Material, Vice-Almirante
Conde
Baguinho,
acompanhado na Tribuna de Honra por diversos Oficiais Generais, entre os quais o
Exmo. Comandante do Corpo de Fuzileiros,
Contra-Almirante Carvalho Abreu, e Oficiais
superiores da Armada, bem como de diversas individualidades, civis e militares.
Mais uma vez, o rigor,
a disciplina e o aprumo,
daqueles jovens formandos, apesar do reduzido tempo de preparação, faziam transbordar de
orgulho todos os presentes, especialmente muitos
familiares dos novos Fuzileiros, que com eles quiseram compartilhar as
emoções e a alegria de
um dia inesquecível.
Parabéns à Escola e ao
Corpo Docente, que uma vez
mais deu sentido e beleza à sua máxima: “Gloria
Docentium Victoria Discentium”!
Ilídio Neves
CMDT. PASCOAL RODRIGUES
Por iniciativa do Mário
Manso e do
“A l m a d a ” ,
dando azo a
uma relação
de grande
afecto e muita admiração, o Comandante
Pascoal Rodrigues, visitou, no passado dia
08 de Abril, as instalações da sede da Associação de Fuzileiros.
A receber tão ilustre Fuzileiro, encontravamse o Presidente cessante da Direcção, CMG
Manuel Mateus, e o Presidente eleito, DR.
Ilídio Neves, que, na oportunidade, agradeceram a honrosa visita e lhe demonstraram
quão regozijados se sentiam por ela ter acontecido.
Para além das palavras de boas vindas
e da exibição de todos os locais, especialmente aqueles que haviam sido alvo das
recentes alterações, foi-lhe atribuído um distintivo de lapela em ouro da Associação de
Fuzileiros, para a qual fizeram questão de
contribuir os diligentes camaradas supra referidos, Mário Manso e “Almada”.
O nosso estimado Comandante, pioneiro dos actuais Fuzileiros, que se encontra
radicado no Brasil há muitos anos, demonstrou, com emoção, a sua alegria e grande
satisfação, por se encontrar numa magnífica “Casa”, que também é sua, e pela forma
respeitosa, amiga e afável com que foi (e
será sempre) recebido.
Todos os Fuzos que ali se encontravam
se sentiram orgulhosos e honrados com a
sua presença, despedindo-se com amizade
e um sentido “Volte sempre”.
Ilídio Neves
22
EVENTOS
JUROMENHA
No passado dia 07 de Junho, a simpática
e histórica vila de Juromenha viveu mais um
grande acontecimento festivo, em cujo programa se incluiu o convívio anual de Fuzileiros, promovido pelo Núcleo local, que integra um dinâmico grupo de jovens Fuzos, liderados com brilhantismo e exemplar
empenhamento pelo Licínio Morgado, com o
apoio e permanente disponibilidade de outro
estimado “Filho da Escola”, o Paulo Infante,
que exerce as funções de Presidente da Junta de Freguesia.
Este evento, pela simpatia e acolhimento
afectuoso dos seus membros, aliado à beleA observação da deslumbrante paisagem
Demonstração de rappel
za e encanto de uma
paisagem invulgar,
transbordante de história e mistério, constitui já uma meta auspiciosa, no roteiro
dinamizador e revitalizador da Associação
de Fuzileiros.
Uma ilustre e numerosa representação da Instituição, esteve presente, numa
autêntica crepitação
do fulgor do espírito, contribuindo, de certa maneira, para o brilho
das festas, através da exibição de algumas ousadas modalidades
desportivas, com grande significado para os Fuzileiros, como sejam
o Rappel.
O Presidente da Direcção, por inultrapassáveis razões de saúde, não pôde estar presente, mas juntou-se espiritualmente a todos
os camaradas e seus familiares, enviando-lhes uma emocionada
mensagem, que foi transmitida no momento em que decorria o
pantagruélico almoço, num restaurante da localidade.
Estão, pois, de parabéns estes briosos Fuzos de Juromenha,
pelo seu belo exemplo e inexcedível dedicação.
Ilídio Neves
ASSOCIAÇÃO DE SARGENTOS DO FEIJÓ
A Delegação do Feijó do Clube de Sargentos da Armada, comemorou no passado dia 05 de Maio, o seu 24º aniversário.
A cerimónia decorreu nas suas magníficas instalações, onde,
fazendo parte do evento, se encontrava exposta uma distinta colecção de pintura, com belíssimos quadros do consagrado pintor Arlindo
Mateus, também ele associado do Clube.
Os responsáveis desta Delegação, superiormente coordenada
pelo sócio Carlos Simões, têm-se esmerado no brilho e dignificação
do evento, não faltando a componente musical, na qual se integram
as vozes bonitas e maravilhosamente enquadradas do excelente
Grupo Polifónico do Clube de Sargentos da Armada.
À sessão solene compareceram representantes de diversas
instituições e colectividades, sendo a Associação de Fuzileiros
representada pelo seu Presidente, Dr. Ilídio Neves, que, na oportunidade, felicitou os dirigentes da ANS e cumprimentou todos os presentes.
23
EVENTOS
ENCONTRO DO DESTACAMENTO
DE FUZILEIROS ESPECIAIS Nº 6
“Os Tubarões” - ANGOLA 1973/75
Passado um pouco mais de
34 anos após a partida do DFE6
para Angola, e à semelhança de
vários outros Destacamentos,
um grupo de entusiastas organizou e levou a cabo um encontro dos elementos que constituíram essa Unidade, associandose ainda vários familiares.
O encontro, realizado, quiçá,
no lugar mais emblemático para
os camaradas que serviram no
DFE6, teve lugar na Escola de
Fuzileiros e contou com 30 elementos que pertenceram ao
DFE6 e mais 38 familiares que se juntaram
para abrilhantar o convívio.
A concentração, iniciada pelas 10 horas
do dia 10 de Maio transacto, ia acontecendo
com apertados e fraternos abraços entre os
camaradas que chegavam e os que já se en-
contravam na EF. Embora a aparência física
seja mais pesada e madura não foram esquecidos os maus, e particularmente os bons, momentos que no Leste de Angola fizeram criar
laços de amizade, consideração e respeito,
para a vida entre todos os que lá estiveram.
Pelas 10.45 horas foi celebrada uma missa pelo capelão
Licínio Silva por intenção dos
camaradas já falecidos.
Às 11.30 foram homenageados os fuzileiros do DFE6 já
falecidos com deposição de
uma coroa de flores junto do
Monumento do Fuzileiro.
Pelas 12.00 horas foi efectuada uma visita ao museu do
Fuzileiro.
Por fim foi o animado almoço que para lá de repor os índices de energias perdidas foi
aproveitado para ver alguns slides dos lugares e gente que nos anos 73/74 circulavam
por terras do Leste de Angola.
Este texto, resulta do empenho
do Senhor CMG António Ruivo e Sarg
Mor Moura
FUZOS DE TOMAR
Promovido pelo Núcleo de Fuzileiros, “Os Templários”, de Tomar, realizou-se o 12º Encontro destes briosos camaradas, que decorreu num belo empreendimento de restauração, na Quinta das
Azinheiras, nas proximidades da cidade nabantina, onde estiveram
presentes cerca de 130 pessoas.
Este evento anual, tornou-se já uma salutar tradição, com o
empenhamento e a eficácia do Corte Real, do Narciso e outros abnegados “Filhos da Escola”.
À semelhança de anos anteriores, esteve presente o nosso ilustre Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Almirante Leiria Pinto,
que, na oportunidade, proferiu algumas palavras de agradecimento
e incentivo, que, como sempre, foram escutadas pelos convivas com
grande satisfação, estimulando-lhes os sublimes sentimentos do afecto e do orgulho.
Também esteve presente, proferindo igualmente algumas palavras alusivas ao momento, o Exmo. Comandante da Escola de Fuzileiros, CMG António Ruivo, das quais emanaram, causando forte
emoção, os sentimentos maternos da “Casa-Mãe”.
Em representação da Associação de Fuzileiros, esteve presente
o mui respeitável membro da Direcção, Sarg-Mor Egas Soares, que,
em nome desta nossa Instituição, enalteceu e agradeceu o exemplar empenhamento e estimulante devoção destes afeiçoados
“Fuzos” dos Templários.
Ilídio Neves
24
EVENTOS
ALCACHE
Num magnífico restaurante, na Volta da
Pedra, junto a Palmela, desfrutando de uma
paisagem maravilhosa sobre a exuberante
planície circundante, comemorou-se, no passado dia 17 de Julho, mais um aniversário
da Associação de Ex-Marinheiros do Distrito
de Setúbal – O ALCACHE -, que reuniu, em
ambiente de grande alegria e amizade, um
grande número de associados, seus familiares e amigos, com especial destaque para a
sempre agradável componente feminina, que
com o seu sorriso e boa disposição, traz
sempre um brilho e um encanto especiais
aos eventos desta natureza, dando significado e conteúdo à velha máxima, de que
“os marinheiros tinham sempre uma namorada à espera em cada porto”.
A ementa foi rica e abundante, onde,
como a condizer, não faltava o marisco, em
quantidade e abundância.
Foi mais uma excelente oportunidade
para se reverem e confraternizarem amigos
e camaradas de longa data, revivendo momentos marcantes e recordando episódios
fantásticos, passados, em circunstâncias
especiais, em diversos recantos do mundo
ou sobre as agitadas ondas do mar.
Mas também, entre esta
grande família
de marinheiros, se encontrava um grande número de
Fuzos, que
igualmente fazem parte da
Associação de
Fuzileiros, entre eles o seu
Presidente e
outros memO momento das distinções
bros da Direcção.
No decorrer do convívio, foi apresenta- da Assembleia-geral, Sr. Guilherme Cabral,
do, pela primeira vez, numa magnífica inter- fizeram, gentilmente, a oferta do primeiro CD
pretação, em duas versões, cantada e ins- ao Presidente da Direcção da Associação de
trumental, registadas em CD, o hino do Fuzileiros, Dr. Ilídio Neves, que, muito recoAlcache, uma melodia comovente e empol- nhecidamente, lhes agradeceu e retribuiu
gante, carregada de sentimento, que enche com a oferta de um livro, “Fuzileiros – Força
de orgulho e prazer o ouvinte mais desen- de Elite”.
tendido e distraído em matéria musical.
Parabéns, pois, a toda a família do
O Presidente da Direcção do Alcache, Alcache, e um agradecimento sentido a toda
Eng.º José Colaço, e o Presidente da Mesa a sua Direcção, pela hospitalidade e excelente organização.
Ilídio Neves/Mário Manso
CONVÍVIO DA COMP. Nº. 7 DE FUZILEIROS
Na data há muito marcada –
03MAI2008 e antes mesmo da
hora prevista – 11H00M, já praticamente todos os convivas tinham chegado ao local da concentração: Estátua do Anjo, junto à ponte de Entre-os-Rios, em
Castelo de Paiva.
Ia decorrer o 11º. Encontro
Anual dos elementos que constituíram a Companhia nº. 7 de
Fuzileiros, destacada para Angola nos longínquos anos de 1970/
1972.
Entre abraços e perguntas,
as memórias do passado
Os convivas numa pose para a posteridade
reavivam-se e dão lugar a conversas e relatos de episódios já
tantas vezes repetidos. Apresentam-se os familiares e acompanhantes que não quiseram ficar
em casa. Também eles se identificam com o espírito de sã camaradagem que se vive nestes
Encontros e vão aparecendo
cada vez em maior número.
É chegada a hora do almoço, servido no Restaurante do
Hotel S. Pedro mas a alegria do
reencontro é tanta que nem a
ementa trava os sucessivos diálogos. Fazem-se perguntas so-
25
EVENTOS
bre os ausentes procurando saber se estão
de boa saúde, se foram contactados e das
razões que os terão impedido de estarem
presentes.
Relatam-se episódios passados, fala-se
de Luanda, da Pedra do Feitiço, da
Quissanga, de Santo António do Zaire; falase de botes e de lanchas, de tudo um pouco
como se o passado fosse presente. Fala-se
dos que partiram e de quem nunca nos esqueceremos.
Lamentavelmente o tempo não pára
e é chegada a hora do regresso. Voltam
os abraços acompanhados de promessas
de que para o ano ninguém faltará ao
Encontro; fazem-se votos de muita saúde e deseja-se uma viagem de regresso
tranquila.
Assim termina mais um encontro, mais
um convívio que se repetirá, ano após ano
enquanto estes Homens viverem, porque
neles vive o espírito de Fuzileiro e a estas
chamadas outra resposta não sabem dar
que não seja gritar: “PRESENTE”
Silva Mendes
2º. Ten.FZE RN
COMP. N.º 10 GUINÉ
Reuniu, em agradável convívio, no passado dia 10 de Maio,
uma grande parte dos Fuzos, cerca de 70, que constituíram a Companhia nº 10 de Fuzileiros, que esteve na Guiné de 1969 a 1971.
Esteve presente o seu ilustre imediato, Comte. Monteiro dos
Santos, como vem sendo habitual, bem como muitos dos seus elementos mais emblemáticos, como seja, o Caldeira (Algarvio), o
“Bonanza” e os designados “Putos” da Companhia, o Boinha, o
Miguel e o Adriano, este que é, actualmente, o carismático Presidente do Núcleo do Porto, da Associação de Fuzileiros.
Com a felicidade estampada nos rostos, estes estimados camaradas, que se auto-consideram membros de uma das Unidades
mais unidas e, por isso, também das mais castigadas durante a
guerra, deixaram já aprazado o próximo reencontro, que assinalará
o 40º aniversário da partida para aquela ex-província ultramarina.
Ilídio Neves
Destaque para o “Bonanza” e “Cia”
COMP. N.º 6 MOÇAMBIQUE
No passado dia 02 de Agosto, os Fuzileiros que fizeram parte da companhia nº 6, que esteve em Moçambique e foi comandada pelo nosso estimado comandante Patrício, reuniram,
com os respectivos familiares,
atingindo um número superior a
115 pessoas, num agradável
convívio comemorativo, para
matar saudades, rever e abraçar
amigos e camaradas, saboreando um requintado almoço, no
magnífico restaurante “A Furna”,
em Barcelos, em pleno coração
do Alto-Minho.
Para além da alegria do reencontro de
muitos, num autêntico despertar de velhas
amizades, carregadas de afectos e sentimen-
A alegria e a felicidade eram evidentes
tos, acrescia o facto de as excelentes especialidades gastronómicas serem da responsabilidade do proprietário deste belo empre-
endimento de restauração,
também ele um Fuzileiro, o Pinto, nosso prezado associado,
que recebeu os convivas com
grande carinho e satisfação.
Como curiosidade, salienta-se que, pela primeira vez,
estiveram presentes dois camaradas que, desde há muito
tempo, residem no estrangeiro, o “Coimbra”e o “Nobre”,
cujas felicidade e emoção, evidenciadas nos seus rostos,
constituía um precioso estímulo e um incentivo para quantos
se esforçam e se disponibilizam para a organização destes encontros.
Esteve igualmente presente, para satisfação de todos, o ex-grumete Fuzileiro, hoje
26
EVENTOS
um prestigiado médico, o Dr. David Carvalho,
que havia sido alertado para o evento pelo
Mário Manso. Qual não foi a sua surpresa e
impacto emocional, quando ali foi reencontrar dois camaradas que com ele haviam es-
tado numa comissão de serviço, na Guiné,
sendo um deles, para afecção maior, o seu
chefe de equipa, naquela inesquecível missão.
A salutar irreverência e permanente jovialidade do Comandante Patrício, deu, como
sempre, uma tonalidade regozijante a este
fraternal convívio, cuja repetição se ficará a
aguardar, com ansiedade.
Ilídio Neves/Mário Manso
DEST. N.º 6/COMP. N.º 10
Mantendo a tradição, de alguns anos a esta parte, reuniramse, uma vez mais, em convívio
fraterno, no dia 17 de Maio, os
elementos que integraram o Destacamento nº 6 e a Companhia
nº10 de Fuzileiros, em Angola.
O evento decorreu, em ambiente de grande alegria e amizade, no salão/restaurante da
Associação de Fuzileiros, estando presente, como sempre, o
Comandante das duas Unidades, o Exmo. CMG Rui Corte
Real Negrão, bem como um dos
seus ilustres oficiais, o TEN. Dr.
Paulo Lowes Marques, distinto advogado e
ex- Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, os quais, na oportunidade, proferiram breves alocuções, relativas ao acontecimento, manifestando a sua satisfação e
À mesa, em animada convivência
orgulho por se encontrarem de novo reunidos, agora na companhia das respectivas
famílias, muitos dos que, num período muito especial das suas vidas, compartilharam
momentos marcantes e indeléveis, na defe-
sa da Pátria, nas longínquas e
remotas terras do ultramar.
Também o Presidente da Direcção da Associação de Fuzileiros, Dr. Ilídio Neves, que fez parte de uma destas Unidades, manifestou a sua gratidão e profunda satisfação em receber na nossa Sede todos os presentes, os
camaradas e amigos muito especiais, com os quais vivenciou a
parte mais emocionante e inesquecível da juventude.
Também o Mário Manso, que
fez parte das duas Unidades, manifestou a sua alegria e incontido
orgulho, dando azo à inspiração, através dos
seus reconhecidos dotes poéticos.
Findo o convívio, todos se retiraram felizes, na esperança de, no próximo ano, ali
se reunirem de novo.
DEST. N.º 5 MOÇAMBIQUE
Reunião do grupo junto ao Monumento do Fuzileiro
No Sábado, 29 de Março de 2008, realizou-se mais
um encontro anual do DFE5. Às dez horas, concentraram-se na Escola de Fuzileiros, 27 elementos do
Destacamento, dois dos quais pela primeira vez, juntamente com outros tantos familiares e amigos.
Depois da cerimónia militar, junto ao Monumento aos Fuzileiros mortos, o Comandante da Unidade CMG Luís Filipe Vidigal Aragão, depositou uma
coroa de flores.
Na capela da Escola, foi celebrada uma Missa
por alma dos onze camaradas já falecidos. Seguiuse uma visita ao Museu, no final da qual se constitui
uma caravana automóvel em direcção a Benavente,
onde, no Restaurante Fandango, se realizou um animado almoço de confraternização, que se prolongou pela tarde fora.
Joaquim Villas-Boas
NÚCLEO DO PORTO
27
SARDINHADA E S. JOÃO 2008
Como já é tradição, o Núcleo de Fuzileiros do Porto, realizou a sardinhada de S.
João, no passado dia 14 de Junho de 2008,
na sua sede anexa ao Farol da Boa Nova,
em Leça da Palmeira.
Ao evento compareceram dezenas de
Fuzileiros, muitos deles acompanhados pelas respectivas famílias. No repasto, não faltaram as sardinhas, pescadas e oferecidas
pelo “Filho da Escola” Torrão e pelos nossos amigos pescadores da Afurada, os
pimentos, as feveras e o entrecosto, tudo
regado por um belo vinho e cerveja.
Como também já é habitual, a boa disposição, o convívio e a camaradagem evidenciada pelas várias gerações de Fuzileiros, não faltou a este evento.
Fica já feita a promessa de, para o ano,
se repetir esta festa.
7º ENCONTRO NACIONAL
Realizou-se no dia 5 de Julho, na Escola de Fuzileiros, o 7º Encontro Nacional de Fuzileiros. Como já é habitual, o Núcleo de Fuzileiros do
Porto, fretou um autocarro para os Filhos da Escola que lá se quiseram deslocar.
Como também parece ser tradição, aconteceu mais uma peripécia com o autocarro que nos transportou, tendo o mesmo avariado no
nó dos Carvalhos. Após a paragem forçada, que se prolongou por mais de uma hora, o problema foi resolvido e, logo de seguida, as
tropas embarcaram em direcção ao seu objectivo, a
Escola de Fuzileiros.
Depois da chegada, começou o convívio com os
camaradas que já não víamos há algum tempo, com
os elementos deste Núcleo a assistir às exibições de
pára-quedistas e de equipas cinotécnicas dos Fuzileiros, e participado na cerimónia de homenagem aos
Fuzileiros mortos ao serviço da Pátria.
Após o almoço convívio, seguiram-se as actividades náuticas, com passeios no rio, a bordo dos Larc e
dos Zebros da UMD.
Depois de mais algumas horas de convívio com
antigos camaradas, seguiu-se a viagem de regresso à
Invicta, com uma pequena paragem na Mealhada para
que os amantes da iguaria regional degustassem o
afamado pitéu.
Para o ano, faremos questão de estar, uma vez mais,
no 8º Encontro Nacional de Fuzileiros!
28
NÚCLEO DO PORTO
TOMADA DE POSSE
No dia 19 de Abril de 2008, tomou posse a Direcção eleita no acto eleitoral
do dia 5 de Abril de 2008.
O acto de posse decorreu antes do almoço comemorativo do 6º aniversário do Núcleo de Fuzileiros do Porto.
A cerimónia foi Presidida pelo Presidente da Associação de Fuzileiros, Dr.
Ilidio Neves Luis.
Tomaram posse os seguintes elementos:
Presidente - Adriano Brandão Soares da Costa, sócio nº 972
Tesoureiro - Miguel Henrique Martinho Magalhães dos Reis, sócio nº 934
Secretário - Vitor Miguel da Graça Rocha Ribeiro, sócio nº 912
Vogal - Carlos Fernando Teixeira Coelho, sócio nº 879
Vogal - Pedro Miguel Rodrigues Alves Pereira, Sócio nº 1229
No acto de posse
ANIVERSÁRIO
Apesar do dia chuvoso, dificilmente poderia ter decorrido melhor o 6º aniversário
do Núcleo de Fuzileiros do Porto.
Douro; o Ex.mo Sr. Dr. Ilídio Neves, Presidente da Associação de Fuzileiros e o Ex.mo
Sr. Comandante Moniz, Presidente do Conselho Fiscal da Associação de Fuzileiros.
Tivemos também o
grato prazer de receber
vários amigos dos Corpos Sociais da Associação de Fuzileiros que,
nesta data, fizeram questão de estar entre nós.
Agradecemos a comparência de todos.
O Presidente da Direcção da Ass. de Fuzileiros proferindo algumas
Antes de iniciado o
palavras
repasto, foi dada posse
Às largas dezenas de filhos da Escola à nova Direcção do Núcleo do Porto, pelo
que compareceram ao evento, tivemos tam- Sr. Presidente da Direcção da Associação
bém o prazer de ter entre nós o Exmo, Se- de Fuzileiros.
nhor Comandante Vargas de Matos, ComanO almoço foi muito bem servido, tendo
dante da Zona Marítima do Norte e a repre- deixado satisfeitos todos os presentes. A
sentar o Exmo. Comandante Naval; o Exmo. comida estava boa, o vinho era bom e o
Comandante Moreira, Chefe do Estado mai- pessoal foi espectacular.
or do Corpo de Fuzileiros; o Exmo. ComanPara substituir a “cereja” (que nunca falta
dante Miranda de Castro, da Capitania do no cimo de um belo bolo), foi oferecido um
brinde que a todos encantou: uma medalha
com o símbolo do Núcleo do Porto e respectiva volta, em prata. Agradecemos ao
amigo Neves, a ideia e a execução desta
obra magnifica. Ao final da tarde, uma dezena de sócios fizeram questão de passar pela
sede do Núcleo, o que veio a acontecer. Lá
se beberam umas cervejas, acabando por
se seguir o jantar.
A pedido de vários presentes, o Pereira
cantou o fado. Após ter interpretado alguns
temas, fomos agradavelmente surpreendidos: o Sr. Comandante Miranda de Castro
demonstrou também os seus dotes de fadista, o que nos surpreendeu agradavelmente.
Então não é que o Sr. Comandante tem
uma voz excepcional para o fado! Obrigado
Sr. Comandante, por nos ter presenteado
com a sua presença e com os números que
interpretou.
Está na “forja”: vamos ter que organizar
uma noite de fado, na sede do Núcleo e a
presença do Sr. Com. Miranda de Castro é
fundamental.
Foi um dia para lembrar.
INFORMAÇÃO
CONVÍVIOS
Realizam-se todos os sábados, na sede do Núcleo de Fuzileiros do Porto, almoços/jantares convívio. Os repastos são sempre
confeccionados pelo cozinheiro de serviço do Núcleo, o Pereira.
Os interessados em participar deverão contactar o Núcleo,
com alguma antecedência, dado que o número de participantes
é limitado.
Tem-se realizado alguns convívios de Companhias e Destacamentos de Fuzileiros no Distrito do Porto, sendo o ponto de
encontro a sede do Núcleo de Fuzileiros do Porto.
Os interessados em fazer o encontro na sede deste Núcleo,
deverão contactar a sua Direcção através do endereço:
[email protected]
29
VOZ DOS ASSOCIADOS
UM EPISÓDIO EM ÁFRICA
O exemplo e o espírito dos Fuzileiros
acompanhou-me sempre. Como português
e como marinheiro, apesar de não ter a honra de ter usado a boina azul ferrete, sempre
encontrei em mim próprio empatia que bastasse, para interiorizar o conteúdo profundo
da frase “Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para
sempre”. E nas horas em que as dificuldades da vida e as provações mais se acumularam, socorri-me muitas vezes da lembrança dessa grande referência que são os Fuzileiros, tanto pelos seus inexcedíveis sacrifícios, sobretudo aqueles que foram vividos
em plena guerra, como pelas suas notáveis
capacidades.
Foi com este espírito, que fui protagonista em Escravos na Nigéria, localizado em
pleno Golfo de Benin, na parte ocidental do
delta do Niger, de um episódio recente e
particularmente marcante, a cujo relato vale
a pena começar por acrescentar alguns detalhes da nossa história.
A presença dos nossos antepassados
quinhentistas na Nigéria, é ainda hoje evidente pela proliferação de muitos nomes
portugueses ao longo da costa. Entre estes,
encontramos Escravos que é na actualidade o nome de um importante porto petrolífero onde os grandes petroleiros carregam
ramas amarrados a bóias ao largo, a cerca
de doze milhas da linha de costa, para destinos diversos, com grande predominância
dos Estados Unidos e da Europa. Toda a
complexa instalação que ali existe, tanto em
terra como ao largo, está a cargo da poderosa petrolífera norte americana “Chevron”
que ali mantém um autêntico “enclave” que
dispõe inclusivamente de uma pista de aviação, e onde se agrupam meios humanos,
técnicos e materiais sob rigorosas condições
de segurança. Mas ali bem perto, existem
outras localidades e rios, que conservam os
nomes que os portugueses lhes deram. É
Duarte Pacheco Pereira, na sua notabilíssima
obra “Esmeraldo de Situ Orbis”, quem explica a fundamentação de todos estes nomes,
ao mesmo tempo que caracteriza toda a
morfologia dos lugares que lhes correspondem, em descrições impressionantes, exaustivas e arrebatadoras:
“Hum rio que tem a boca hasaz grande,
a que nós chamamos o rio dos Escravos, o
qual nome lhe foy posto quando o descobriram, por causa de dous escravos que se
entam aly resguartáram. (...) e este luguar
he muito perigoso, e qualquer homem
sesudo se deue d’aquy guardar”.
Duarte Pacheco Pereira nasceu em Lisboa por volta de 1460. Foi um admirável
navegador, cosmógrafo, homem de armas,
presumindo-se que tenha inclusivamente
pertencido à guarda pessoal de El-Rei D.
João II, e um excepcional roteirista. De tal
sorte que ainda hoje as suas descrições
sobre a África e suas características gerais,
deixam transparecer uma admirável quantidade de informação que poderia ser utilizada como base de trabalho, se porventura
imaginássemos que não dispúnhamos de
outras fontes de conhecimento. A Marinha
Portuguesa teve ao seu serviço uma fragata, a “Pacheco Pereira” (F337), cujo nome
lhe foi atribuído em homenagem a este grande Português. Aquele elegante e leal navio
de guerra, desempenhou numerosas missões durante a guerra do Ultramar
designadamente em Angola, tendo desembarcado Fuzileiros em muitas destas.
Ora, sendo eu na altura comandante de
um navio-tanque petroleiro, o “M/T Genmar
George T”, recebi instruções para seguir
para Escravos na Nigéria, onde deveria car-
regar cerca de um milhão de barris de “Escravos Crude Oil”, cerca de 130.000 toneladas, com destino aos Estados Unidos. O
prazo de carga era porém alargado ou seja,
as operações de carga deveriam iniciar-se
cinco dias depois da chegada do navio a
Escravos, o que obrigaria à permanência por
demasiados dias e noites naquela área que,
tal como todo o delta do Niger se encontra
nos dias de hoje infestado por ameaças
múltiplas, entre as quais a pirataria. Segundo o jornal espanhol “El Mundo”, edição de
28 de Abril de 2008, na Somália, por exemplo, cada pirata pode “ganhar” anualmente
entre os 10.000 e os 30.000 dólares. Corriase ali pois o risco de um encontro indesejável. Por outro lado, a hipótese de se navegar para o largo após a chegada, de modo
a que se garantisse uma razoável distância
de segurança, geralmente não inferior a 200
milhas, não era porém viável uma vez que
não estava excluída a possibilidade de eu
ainda poder receber instruções, em qualquer
momento e com muito pouca margem de
tempo, para aceitar a antecipação do prazo
de carga, e iniciar de imediato as operações.
Restava-me pois pairar mais perto, embora
fora dos limites do porto como fora acordado com as autoridades locais, e assumir os
riscos acrescidos, como parte integrante
daquela missão, antecipando planos adicionais de protecção do navio e da tripulação,
em caso de vir a concretizar-se alguma ameaça, porque havia a noção clara de que se
corria um risco real e praticamente inevitável.
Na última noite que foi passada naquelas condições, foi detectado nos radares,
cerca das 2100 horas do dia 06 de Abril passado, um pequeno eco em aproximação,
que se movimentada a rumos e a velocida-
30
VOZ DOS ASSOCIADOS
des variáveis. A presumível embarcação navegava em ocultação de luzes, ao mesmo
tempo que a iluminação do nosso próprio
navio entrava em conflito com a eficácia dos
meios de visão nocturna. Estava uma noite
lua nova e as estrelas empoalhadas do Golfo
da Guiné não deixavam escapar mais do que
uma tímida luz cidérea, não havia vento e o
mar estava estanhado. Mas o pior, era o peso
inquietante daquele silêncio ameaçador, que
não obstante me permitia antever claramente que íamos ser atacados. Mal se estabeleceu contacto visual pelos sectores da popa,
ordenei que arrancasse a máquina principal,
de onde resultou que a embarcação em
aproximação pela popa se viu confrontada
com o perigoso efeito do hélice, levando os
seus ocupantes a abrir fogo de AK-47 e de
“shot-gun”, enquanto no navio soava ruidosamente o alarme geral, se impedia a abordagem, se punham em acção alguns planos previamente treinados, se evitavam os
ângulos de tiro inimigos e se temia o even-
tual disparo de algum RPG, que não aconteceu. Foi com alegria e com algum alívio
que vimos aquele inimigo finalmente desistir, ao cabo de alguns longos minutos
de insucessos, e afastar-se a uma velocidade de cerca de 32 nós. Não deixou
danos visíveis nem feridos. Durante a
manhã seguinte encontrei apenas alguns
projécteis e componentes das munições
das armas utilizadas, caídos no convés,
o que me levou a concluir que a maioria dos
disparos tinha sido para o ar, numa derradeira e inútil tentativa de conseguirem a minha rendição. Mas restava ainda impedir que
ao longo daquela noite um segundo e eventualmente melhor elaborado ataque pudesse ainda ocorrer, e garantir a segurança durante as operações de carga no dia seguinte, o que consegui com alguma boa ajuda
exterior armada, com a colaboração do Terminal que me assegurou um perímetro de
segurança, mas onde não obstante, não se
incluía nenhum meio disponibilizado pelas
autoridades nigerianas, apesar de estas terem sido notificadas desde os primeiros
momentos.
Mais desafortunadamente e em condições certamente menos defensáveis, no dia
15 de Maio, tomei conhecimento da captura, também no delta do Niger, de um outro
português feito refém, o comandante Pimenta Soares, que ali comandava um navio de
apoio às instalações petrolíferas. Segundo
a edição do Jornal de Notícias naquela data,
o resgate exigido pelos sequestradores, ascendia a 164 mil euros...
Evitou-se porém o pior apesar de tudo.
Certamente que a ajuda Divina também esteve connosco. E eu, português, senti ali um
pouco da presença dos nossos Maiores. Mas
se a esse sentimento tivesse que ser atribuída uma cor, essa seria certamente o azul
ferrete.
António Carlos Ribeiro Santos
Sócio simpatizante nº 1053
31
VOZ DOS ASSOCIADOS
PROSA ABSTRACTA
Quanto eu
gostava de saber escrever
ou dizer, sem
daí se entender, que alguém quero atingir
ou comprometer! Sei que não é fácil transmitir o que nos vai na alma, sem que alguém
perca por vezes, a serenidade e a calma.
Mas sendo algum escrito menos erudito, de quem não tem academia, não deixa
de aparecer o rabo de um qualquer gato que,
sem ser pisado, seu dono mia, coisa que
não se pretendia.
Como diz o ditado, “só não se sente
quem não é filho de boa gente”, mas, para
tanto, não basta querer ser vidente, para que
na sua mente, algo se reflicta, como um espelho que se tem em frente.
Ninguém é perfeito, e também eu, tenho
esse direito, mas há tanta gente com esse
defeito!
Só por si, o saber, o querer e o exercer,
ter o mando ou o comando, nem sempre
consegue subverter, o que o outro disse ou
quis dizer. Ou seja, que em tudo se veja apenas o mal que se deseja.
Não sei a que propósito estou com esta
teoria, mas só que alguém se ria, já valeu a
pena, tentar construir esta cena. “triste, trágica, cómica ou séria, ficará ao critério de
cada um”
A Pátria necessitou, e muito jovem como
eu se alistou. Não tivemos posses nem tempo para estudar, e foi muito cedo que nos
ensinaram a matar. Dei e levei! … . Enquanto no activo, penso só ter arranjado amigos.
Agora, numa contenda sem armas, não me
satisfaz ter inimigos, mais ou menos inconsequentes, porque, como se usa dizer, todos iguais todos diferentes.
Nunca deixei, nem deixarei mal a Armada enquanto Fuzileiro, porque também do
seu património sou obreiro. Nem quero sequer pensar, depois de certa maledicência,
que me tornei num demónio, mas vão aparecendo alguns resquícios que tornam o facto notório.
Será que me terei de abster de escrever,
só porque alguém não quer entender, o que
se quer dizer, julgando apenas que os estão
a ofender?
Não se pode impedir que haja quem,
em certa medida, se veja retratado, mesmo que tudo lhe passe ao lado, mas
às vezes, até fico pasmado por demasiado.
A Associação de Fuzileiros não é
agremiação política, religiosa ou clubista,
mas, apenas e só, uma Instituição onde se
agrupam pessoas de bem, que mais não
querem do que projectar e valorizar o bomnome da Marinha e dos seus Fuzileiros. Sinto-me contente por ela ser diferente, ter estatuto, património e pernas para andar em
frente, sem menosprezar ou ofender alguém,
qualquer que seja a patente. Como se costuma dizer: não somos melhores, nem piores, apenas somos diferentes, mas nunca
indiferentes!
Mas tentar mover influências, através de
mensagens destorcidas e codificadas, é um
presente envenenado com manifesta maldade, é falácia que desrespeita a verdade!
Não querer que o Desembarque seja um
órgão de liberdade e de igualdade, desprovido de falsidade, é sustentar uma visão
distorcida do presente, do futuro e, sobretudo, do passado, o que, de cabeças bemintencionadas, é assunto definitivamente
encerrado, o que me apraz muito, registar.
Saudações anfíbias para todos: os velhos, os novos e os que hão-de vir.
Mário Manso
32
FUZO-POESIA
APOLOGIA DA INFÂNCIA
Ex-Fuzileiro Jordão
Luxemburgo
Naquela infância que não esqueço,
Embora muito singela,
Sendo a miséria o meu berço,
Deixo-me embalar por ela.
Infância eu vivo pensando,
Que foges p’ra me não ver,
Afinal, tu vais ficando,
E eu é que fujo sem qu’rer.
Infância não te esqueci,
Embora fosses madrasta,
E quanto mais pensar em ti,
Mais a saudade me gasta.
Talvez seja porque agora,
Vendo a idade avançar,
Tu, infância vais ficar,
E eu tenho que me ir embora.
Infância que tens feitiço,
P’rá ‘queles que em ti viveram,
Mas mesmo os que em ti sofreram,
Nunca te esqueçem por isso.
Saudade da infância é vida?
Não perguntes a ninguém.
D’uma infância bem vivída,
Saudades, quem as não tem?
Infância como és ‘squesita,1
Para aquele que em ti viveu,
Para aquele que em ti medita,
Ou foste inferno, ou foste céu.
E d’uma infância mal vivida,
Ás vezes quanta saudade,
Quando se avança na idade,
E se chega ao fim da vida.
Infância, infância, onde estás?
Não ouves ? – Estou-te a chamar!
Não fujas volta para trás,
Não te posso acompanhar.
Vive a vida com fragrância,
Se o não fizeres, é toliçe.
Se não viveste na infância,
Tenta viver na velhiçe.
NÚCLEO DO PORTO
DA ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS
RUA CORONEL HELDER RIBEIRO (ANEXO AO FAROL DA BOA NOVA)
4450-686 LEÇA DA PALMEIRA
SITE: www.nucleofuzileirosporto.org
SALPICOS DE VIDA
33
DECORRIA O ANO DE 1966...
Esta rubrica, como certamente todos comfinal, mais um inimigo se estatela perante nós – a
preenderão, tem, na sua essência, um propósito
Coreia do Norte – que humilhamos com 5 – 3, desentimental e pretende, acima de tudo, trazer à
pois de estarmos a perder por 0 – 3.
actualidade factos ou acontecimentos que, em
Por isso, por que diabo tínhamos que nos subdeterminado momento, penetraram e se acomometer às resoluções das Nações Unidas? O mundo
daram no íntimo mais profundo e solitário de
começava agora a olhar-nos com mais respeito!
qualquer Fuzileiro, estimulando-lhe a sensibilidaTodavia, quando chegamos às meias-finais, coude, mas, ao mesmo tempo, ambiciona ser tambe-nos defrontar a equipa da casa, os ingleses. Fibém um despertar das consciências para esses
nalmente iríamos defrontar os “amigos” e até o seu
episódios marcantes que, ainda hoje, burilam com
treinador usou de deferências para connosco, já que
esta mística sublime que nos alimenta o “ego”,
incumbiu um “guerreiro” muito simpático, que dava
quer eles tenham na sua génese natureza drapelo nome de Styles, para marcar o Eusébio.
mática, emocional ou hilariante, mas que, por cerQue raio de importância tinha perdermos com
to, contribuirão para a manutenção e solidificação
os “amigos”? Provavelmente o Eusébio é que desdos laços de fraternidade, de amizade e de união O registo dos mortos no Museu do Fuzileiro conhecia a longa amizade que nos unia e, por isso,
que nos animam e que, neste aspecto, nos toré que chorou no final do jogo. Na verdade, já somos
nam porventura diferentes dos demais.
amigos desde que os nossos antepassados descoDesta vez, trazemos à colação um conjunto de situações conexas, briram o caminho marítimo para a Índia e eles, depois, ficaram com ela,
uma sátira feliz e oportuna, que traduz o “estado de alma”, o sentimento e amizade que se elevou quando cá vieram “confraternizar” com o general
um perspicaz uso da razão de um prestigiado Fuzileiro – o Sargento-Mor Junot, aquele amigo de Napoleão que veio invadir Portugal, por este nosAntónio Varandas – durante o período difícil do conflito colonial, vivido e so país se recusar a aderir ao bloqueio continental. O certo é que, mais
sentido, introspectivamente, no epicentro da guerra.
uma vez, depois de tudo isto, os ingleses fizeram um pacto connosco, na
Na localidade de Fortes, freguesia do concelho de Ferreira do Alentejo, convenção de Sintra, levando em troca algumas “bagatelas” que tínhamos
existe uma rua denominada Manuel Magrinho Caixeirinho. Trata-se de uma de saldo, para além de lhe termos franqueado os portos do Brasil e de lhes
homenagem a um saudoso camarada nosso, Cabo Fuzileiro Especial, que termos concedido diversas outras benesses.
dali era natural e que faleceu em combate, em Moçambique, no ano de
Era, pois, uma longa e sincera amizade, de que nós, gente bondosa,
1966, quando incorporava o Destacamento nº 5 de Fuzileiros Especiais.
éramos bem merecedores!
Naquela altura, a morte espreitava, andava à solta e, naquele dia fatídiEntretanto, e porque, normalmente, na guerra não há intervalos, os
co, esperava quem quer que fosse. Estava escondida, alapada, esperando paquetes Império, Pátria, Niassa e Príncipe Perfeito, bem como alguns
pacientemente a sua vítima. O Caixeirinho morreu e aos seus companhei- ferrugentos navios cargueiros, continuavam, sem interrupção, na sua odisros, conhecidos por “Pastor” e “Punheta”, só não lhes aconteceu o mes- seia de transportar militares para África.
Claro e indiscutível, era preciso combater os inimigos da Pátria!
mo porque a milagrosa Providência Divina assim não quis. Na mesma
Ainda não sei porque razão se dizia num grande cartaz, empunhado
ocasião, pior sorte tiveram alguns militares do exército que, na estrada de
por brancos e negros, exibido durante uma manifestação em Lourenço
Meponda e do Caracol, tombaram para a eternidade.
Na verdade, em tantos locais sensíveis, nomeadamente em Marrupa, Marques, esta inqualificável blasfémia:
“Fora com os piratas americanos dos Açores! Viva Portugal! Somos
Mueda, Mataca, Chiteje, Chitope e Zuza Gombe, as “equipas” de militares
Portugueses!”
portugueses iam ficando cada vez mais fragilizadas.
Seria porque os “Américas” votavam sempre contra o nosso País na
Tinham embarcado para os campos de batalha das matas de
Moçambique conjuntamente, no dia 6 de Novembro de 1965, nos porões ONU?
Porém, para apuramento do 3º e 4º lugar no mundial de futebol, Pordo paquete Niassa. A bordo, foi incutido pelo comandante do batalhão o
tugal venceu brilhantemente a URSS, por 2 -1. Mais um inimigo vencido!
respectivo grito de guerra, a sugestiva designação de “Lá vai aço!”.
Mas quantas avenidas, ruas ou pracetas não haveriam nas nossas … . E os outros?
Mas talvez aqueles soldados do batalhão “Lá vai aço” tivessem muito
cidades, vilas ou aldeias, evocando os nomes dos militares mortos na
mais para contar, sobre os acontecimentos desse ano de 1966. Porventura,
guerra de África?
Seriam muitas, certamente!... . Assim existisse o empenho e a sensibi- eles, mais do que nós, tenham ligado mais ao futebol, para esquecer os
lidade que, neste caso, tiveram o Dgmo. Comandante do Destacamento seus mortos. E foram muitos! … .
Algures, num qualquer lugar, existirá também certamente uma rua ou
nº 5, José Luís Pinto Gomes Teixeira, e o distinto Presidente da Câmara
Municipal de Ferreira do Alentejo, cujo nome se desconhece, mas, por avenida com o nome de Eusébio da Silva Ferreira, em honra desse exímio
futebolista, que tanto orgulho nos deu, nascido num bairro pobre de
certo, uma pessoa de bem.
Mas que importância tinham estas coisas, em comparação com o bri- Moçambique.
Também em 1966, foi inaugurada, com pompa e circunstância, a ponlhante desempenho da Selecção Nacional de Futebol, que, nesse mesmo
te sobre o rio Tejo, a que foi dado o nome de Salazar. Foi-lhe dado, mas já
ano, tão boa conta de si havia dado em Inglaterra?
De facto, já no apuramento para esse mundial haviam dado com a não é.
Tudo muda e tudo passa. Por causa disto, também os navios da C.N.N.
“ripa” nos Checos, eles que até fabricavam as armas que contra nós disparavam na guerra. Seguiram-se os Húngaros, os Búlgaros e até os Brasi- e da C.C.N. deixaram de trazer militares mortos, cujos nomes eram susleiros que foram despachados com doses avantajadas. Já nos quartos de ceptíveis de enobrecer e identificar quaisquer ruas ou vielas deste país.
34
DESPORTO
TIRO DESPORTIVO
Decorreu, nos dias 3 e 4 de Maio, em Tavira, o Campeonato regional do Sul, de Tiro Prático (IPSC), onde a
Associação de Fuzileiros esteve representada, com três
dos seus atiradores, na divisão de Modified.
Apesar de ser uma Divisão da zona sul, ainda com
poucos participantes, a nossa representação, em parceria com o Clube de Praças da Armada, conseguiu reunir o
número mínimo de atiradores para ter o quórum necessário, com vista à obtenção da pontuação conveniente nas
respectivas provas.
O CPA ficou classificado em 1º lugar e a Ass. De Fuzileiros em 2º, do Campeonato regional Sul.
Os treinos de tiro desportivo continuam a realizar-se
no 2º e 4º domingo de cada mês, sendo necessário, para
neles participar, uma pré-inscrição, como se encontra regulamentado.
È intenção da Secção de Tiro Desportivo, levar a exame da Federação Portuguesa de Tiro, já no princípio do ano, novos atiradores, militares e civis sócios da A.Fz, que estejam interessados a
praticar esta modalidade, com o propósito de aumentar a nossa participação em provas nacionais.
Os interessados deverão entrar em contacto com a A.Fz, através do e-mail [email protected] .
NATAÇÃO
São cada vez mais os sócios que manifestam interesse
em praticar natação na Escola de Fuzileiros, através da Ass.
de Fuzileiros.
Deste modo informa-se que, desde Setembro, é necessário que os interessados solicitem uma declaração na secretaria da Associação, a indicar que têm as quotas em dia e
reúnem as condições necessárias para a renovação
RAPPEL
No passado dia 07de Junho, a Secção Desportiva da Associação deslocou-se a Juromenha, no Alentejo, por ocasião do aniversário do
Núcleo de Fuzileiros da localidade, onde efectuou uma demonstração de rappel e auxiliou os presentes mais ousados a experimentar as
sensações e o equilíbrio nas alturas.
Foi um momento de grande emoção, vivido com entusiasmo e expectativa por quantos se disponibilizaram para participar naquela
exaltante aventura.
35
CULTURA
ALM. VIEIRA MATIAS
Decorreu,
no passado dia
09 de Outubro
de 2008, no Salão Nobre da
Academia de Ciências de Lisboa, uma importante sessão conjunta das Classes de Ciências e de
Letras, na qual foram intervenientes duas ilustres
figuras da nossa Marinha, os Académicos e mui
prestigiados Almirantes António Emílio Ferraz
Sachetti e Nuno Gonçalo Vieira Matias, que apresentaram duas interessantes comunicações: “O
Mar Português e a Fronteira Marítima Europeia”
e “A Nova Descoberta do Mar”, respectivamente.
O Almirante Sachetti, abordou a temática
através de uma exaustiva e interessante perspectiva histórica, com grande pormenor e
profundidade, caracterizando a relevante
acção dos portugueses como decorrência
das suas invulgares qualidades, globalmente reconhecidas, pelos extraordinários conhecimentos científicos, grande capacidade
técnica e enorme competência profissional.
Por sua vez, o Almirante Vieira Matias,
surpreendeu, logo de início, pela clarividência e sensibilidade, dirigindo-se à enorme e
esclarecida plateia, composta por muitas das
mais altas patentes militares dos vários ramos das Forças Armadas, entre as quais o
Almirante Chefe do Estado Maior da Armada, o General Chefe da Casa Militar da Presidência da República e Almirante representante do Chefe de Estado Maior General das
Forças Armadas, bem como outros ilustres
intelectuais e académicos, agradecendo a
presença de todos, com cordial efusividade,
muito particularmente aos caros camaradas
da Armada, desde os cadetes aos almirantes, quer ostentassem na cabeça o cintilante boné branco ou a boina azul ferrete, numa
clara alusão à presença de grande número
de Fuzileiros e ao seu orgulho de também
fazer parte desta gloriosa família.
A sua intervenção, pela transparência e riqueza de conteúdo, sobre a 4ª Descoberta do Mar, a
descoberta do fundo do mar, foi deveras emocionante, ao conduzir os arrebatados ouvintes ao
fascínio do desconhecido, começando por referir que “o homem sempre se preocupou em descobrir o que se passava à superfície menosprezando a indescortinável e labiríntica essência das
profundezas.
Desenvolvendo, com facundidade, uma
bem elaborada teoria das placas tectónicas,
fez uma descrição exaustiva e surpreendente sobre a grandiosa biodiversidade marinha,
a incomensurável quantidade de produtos e
de vidas que gravitam nessa imensidão oculta e misteriosa, mas que, a pouco e pouco,
com os sucessivos avanços tecnológicos e
científicos, se vêm paulatinamente revelando, contribuindo, de maneira decisiva e florescente, para o progresso da humanidade.
Por fim, salientou, de forma eloquente, o
papel e a participação que Portugal deve
assumir, numa profícua simbiose com os
países de língua portuguesa, todos eles com
uma profunda relação com o mar, nesta
magnificente aventura científica.
O Desembarque, que esteve representado pelo seu Director, sente-se grato e reconhecido pela oportunidade concedida e,
a Associação de Fuzileiros, pela honra do
convite de tão ilustre palestrante e insigne
Académico, Sua Exª. o Almirante Nuno Gonçalo Vieira Matias.
Ilídio Neves
HOMEM FERRO
Constituiu um momento cultural relevante e de grande significado
para os Fuzileiros, o lançamento do livro “O HOMEM FERRO”, da autoria do nosso estimado associado, Sarg- Mor Manuel Pires da Silva,
que decorreu, no passado dia 31 de
Maio, no salão da sede da Associação, perante o entusiasmo de uma
enorme assistência, composta por
muitos camaradas de armas, muitos
amigos e diversas entidades que acederam aos convites formulados.
A apresentação do livro esteve a
cargo do Presidente da Direcção da
Associação de Fuzileiros, Dr. Ilídio
Neves, que também foi o autor do respectivo prefácio.
A sessão decorreu em ambiente
de grande emoção, envolvida por uma sensação de profundo respeito, camaradagem e solidariedade, em grande medida pelo envolvente
e comovente conteúdo da obra. Na verdade, este excelente trabalho
literário é um fascinante repositório de memórias e factos que traduzem uma amarga realidade, repleta de episódios fantásticos, eivados
de sentimento, de orgulho, de dor e sofrimento, mas também de muitas alegrias, mergulhados numa experiência riquíssima de quatro comissões de serviço, quase sempre reflectida nos palcos escarposos
do epicentro da guerra.
A obra encerra ainda, de forma inédita e com grande riqueza de
pormenores, uma perspectiva racional do autor, sobre aspectos interessantes de natureza político-social, que conduzem
o leitor a uma fácil e melhor compreensão das razões, dos personagens e
dos motivos que estiveram
na génese e disseminação
do conflito, em que tão corajosa e empenhadamente
os Fuzileiros estiveram envolvidos.
36
PERSONAGEM
J.P. CANEIRA
Devemos, antes de mais, confessar que,
quando decidimos avançar para este iniciativa, desconhecíamos, quase por completo,
a pessoa que iríamos abordar, apenas
algumas vagas referências sobre a relevância dos serviços que havia prestado na Guiné, bem como a sua grande coragem e competência. Combinamos o encontro, para as proximidades
da vila de Ansião, onde, debaixo da
sombra de uma nogueira que existe
junto à casa de campo do signatário,
decorreu a nossa conversa.
Após as apresentações, sentamonos à mesa de cimento para um improvisado mas bem apaladado almoço, na companhia de mais alguns Fuzileiros e, no decurso do mesmo, falou-se, obviamente, da guerra e dos diversos episódios relacionados com os Fuzos.
O nosso imaginário estatelou-se, de imediato, no aquartelamento de Guidaje e nas
matas e bolanhas circundantes, tendo como
pano de fundo o tenebroso cenário dos ataques sanguinários, dos mortos e feridos, da
dor e do sofrimento.
Ficamos absolutamente horrorizados e
fascinados com as descrições feitas pelo
nosso “personagem” , que com a sua destreza, sangue frio e extraordinários conhecimentos na área da saúde, constituía a única
réstia de esperança e força anímica, para
quantos por ali lutavam desesperadamente
pela sobrevivência e por um pouco de dignidade, quer fossem Fuzileiros, militares de
outros ramos ou população indígena.
Este ilustre Enfermeiro, JOAQUIM PEREIRA CANEIRA, nasceu em 1945, em Glória
do Ribatejo – Salvaterra de Magos.
Alistou-se na Armada, como 2º Grumete
voluntário, em 01 de Abril de 1963. Dois anos
depois, foi promovido a Marinheiro, na classe de Manobra. No período de 1968 a 1971
frequentou e concluiu o curso de Enfermagem Geral, obtendo a promoção a 2º Sargento, desta especialidade, em Junho de
1971.
De Abril a Setembro, do ano de 1972,
frequentou o 28º curso de Fuzileiros Especi-
ais, que concluiu com aproveitamento e louvor, tendo sido agraciado, no final, com o
prémio “Manuel Correia Gomes”, que se
Antes
Depois
destinava a premiar o sargento ou praça que
obtivesse a melhor classificação.
Em Novembro de 1972, é nomeado para
uma comissão de serviço na Província da
Guiné, integrando o Destacamento de Fuzileiros Especiais nº 4, onde chega em Abril
de 1973. Regressou à Metrópole em Outubro de 1974, a bordo do NRP S. Gabriel.
Em Julho de 1976, é-lhe concedida baixa do serviço da Marinha, passando à situação de reserva Ab.
A partir desta altura, começou a desenvolver a sua actividade profissional de Enfermeiro, nos Hospitais da Universidade de
Coimbra. Foi professor de enfermagem durante 14 anos, na Escola Superior de Enfermagem Dr. Ângelo da Fonseca, em Coimbra
e, em 2001, passou à situação de aposentado da função pública.
Actualmente, exerce ainda actividade,
como professor de enfermagem, na Escola
Superior de Saúde Jean Piaget, em Viseu.
Para “O Desembarque” constitui uma
honra e um privilégio, levar ao conhecimento dos leitores as acções altamente meritórias, que nos enchem de prestígio e de orgulho, de um virtuoso camarada de armas que,
não obstante os sucessos alcançados ao
longo da vida, se sente muito honrado e orgulhoso por pertencer à grande família dos
Fuzileiros, que considera homens extraordi-
nários, corajosos e destemidos, para os
quais o país tem grande dívida de gratidão.
DESEMBARQUE: Caro “Filho da
Escola”, depois desse brilhante e excitante percurso de vida, ainda te recordas daquelas estranhas sensações que de ti se apoderaram quando chegastes à Guiné?
J. P. CANEIRA: Claro que recordo! … Ao chegar à Guiné, fui invadido por um turbilhão de sentimentos
de angústia, insegurança e até mesmo medo, face aos relatos que ouvia
relativamente ao que se passava nos
teatros de guerra daquela Província.
Contudo, a realidade do que vi e
vivi foi muito mais dramática que
aquela que a minha imaginação concebeu.
Na verdade, por mais que nos esforcemos
por relatar objectivamente o que sofremos,
ao longo dos inesgotáveis meses de guerra,
será difícil, para quem nos ouve, avaliar em
absoluto o quanto padecemos. O sofrimento físico foi muito intenso, mas o psicológico
foi atroz. Assistir ao desaparecimento de vidas humanas a todo o momento, lutar para
salvar a vida dos que ficavam gravemente
feridos, tendo consciência de que todo o
esforço desenvolvido resultava, em muitas
circunstâncias, apenas no adiamento da sua
morte por algumas horas, destrói qualquer
ser humano.
DESEMBARQUE: Já nos apercebemos
da tua visão profundamente humana,
tranquilizadora e encorajadora, sendo que
a tua acção empenhada e corajosa era, para
muitos, a única e ultima esperança que lhes
restava.
Tinhas bem a consciência desse teu papel e agias sempre em função desses valores, desses elevados princípios éticos e
morais?
J. P. CANEIRA: Hoje, passados 35 anos,
quando reflicto sobre a minha missão como
enfermeiro, invade-me um sentimento de
grande tristeza e, simultaneamente, de grande alívio, porque tenho a consciência de que
PERSONAGEM
fiz tudo o que me era possível fazer, sendo
certo que nunca, em momento algum, deixei de socorrer alguém por medo ou com
receio de perder a minha vida.
Na verdade, era eu que prestava assistência a todos os elementos das Forças Armadas, em Guidaje e Chugé. Fazia de médico, de enfermeiro e até de assistente social, porque tinha a noção, bem patente, de
que, acima de tudo, era a minha pessoa a
grande esperança de sobrevivência para
toda aquela gente, incluindo os próprios
nativos.
DESEMBARQUE: Consta até que foi o
“Fuza” Caneira que, com refinada subtileza,
conseguiu impor a regra sublime de que,
fosse em que circunstância fosse, o corpo de um camarada, ferido ou morto,
mesmo que se encontrasse desfeito, nunca era deixado ou abandonado no terreno,
mas sim transportado para lugar onde a sua
dignidade humana fosse minimamente preservada.
É tudo isto verdade e confirmas esta situação?
J. P. CANEIRA: Sim, essa era a máxima de que os Fuzileiros não abdicavam! E,
em grande parte, isso tem algum fundamento. Esforcei-me muito e inventei algumas
estratégias para que assim acontecesse.
Com efeito, passei por uma situação trágica
que me chocou e comoveu profundamente.
No dia 12 de Maio de 1973, em consequência de um cerco, feito pelo inimigo, ao aquartelamento de Guidaje, recebemos ordens
para enquadrar uma coluna militar de reabastecimento que partiria de Binta para
Guidaje, porquanto havia a informação de
que um grupo operacional do PAIGC, bastante numeroso e bem armado, actuava naquela zona e já teria impedido a passagem
de uma primeira coluna, resultando do confronto uma apreciável quantidade de mortos e feridos entre a tropa portuguesa. Tive
então oportunidade de verificar, ao longo do
itinerário, sinais evidentes e arrepiantes dos
confrontos bélicos com as colunas anteriores, nomeadamente viaturas destruídas e
corpos de soldados mortos, em combate,
espalhados pelo chão. Estes corpos não
foram resgatados por nós, como eu e todos
os camaradas gostaríamos, porque havia a
forte probabilidade de estarem armadilhados
e da existência de minas nas proximidades
dos cadáveres.
Na verdade, tive oportunidade de constatar, com tristeza, o sentimento generalizado dos militares, com o pavor estampado
nos rostos mirrados, ao preferirem uma
morte imediata em vez de ficarem gravemente feridos ou incapacitados. Era a preocupação mórbida de evitar o sofrimento, nem que
fosse através da morte.
Tudo isto eu tentava ultrapassar, dando
alento e aconselhando força anímica, através de uma argumentação consoladora, mas
muitas vezes com a consciência do vazio e
da desesperança, procurando tão-somente
um frágil conforto e um
“animus” especial, que
os levasse a
encarar o sofrimento com
mais leveza e
suavidade.
37
A propósito disto, fiquei recentemente
comovido com a admiração dos familiares
dos pára-quedistas mortos, que foram trasladados para Portugal, cujos corpos foram
desenterrados na Guiné e se verificou a existência de cal a envolvê-los. Pois fui eu mesmo, com a intenção atrás referida, que procedi a tais operações.
Ainda a propósito das medidas tomadas,
passou-se um caso curioso e, não fora o bom
senso do meu comandante, acabaria por me
acarretar alguns dissabores. É que o Director dos Serviços de Saúde da Guiné chegou
DESEMBARQUE:
Mas consta
que chegastes mesmo a
tomar medidas concreFalando ao Desembarque
tas para tornar possível
um encaminhamento minimamente digno a questioná-lo sobre a utilização e destino
aos desgraçados que perdiam a vida?
dos medicamentos, suspeitando que o enJ. P. CANEIRA: Sim, isso também é fermeiro andasse a lucrar ou fazer contraverdade. Recorri, muitas vezes à cera derre- bando dos mesmos, tal eram as quantidatida, que obtinha das velas das Igrejas, para des extras requisitadas, quando, na verdatapar todos os orifícios dos cadáveres, não de, eu apenas procurava, com eficiência
só os do próprio corpo, como a boca, as comprovada, fazer face às enormes necesnarinas, ouvidos e ânus, como os provoca- sidades com que diariamente me deparava.
De resto, nunca o meu Destacamento,
dos por balas ou estilhaços, na tentativa de
retardar os maus cheiros e a putrefacção, em tempo algum, teve qualquer elemento de
prolongando a conservação dos corpos o baixa, por doença, em Bissau. Disto tomou
mais tempo possível, tendo em vista um en- conhecimento o Director de Saúde, que fiterro mais digno e o eventual aparecimento cou deveras surpreendido e bastante satisde umas espécies de caixão ou simples- feito, ao verificar as estatísticas em relação
mente um lençol para os embrulhar de- às demais Unidades.
DESEMBARQUE: Chegou ainda ao nosbaixo da terra. Também fui eu que introduzi o método de lançar a cal em pó em so conhecimento que também impusestes
redor dos cadáveres, com o mesmo pro- regras, suficientemente rigorosas, para a
pósito antes referido. Isto é, uma forma prevenção do paludismo?
J. P. CANEIRA: Sim, é verdade. Invende preservação, com o sentido de, em algum momento, serem recuperados e não tei e impus regras de procedimento, que toficassem para sempre abandonados ou dos deveriam observar, quanto à forma de
servissem de alimento aos abutres e outros tomar os comprimidos. Não só impunha regras como exercia permanente vigilância
animais carnívoros.
38
sobre esses comportamentos. O único indivíduo que não controlava, por razões de
confiança, era o meu ajudante, o “Boticas”
Andrade, e que, por isso, se desleixava e
não os tomava. Como consequência, apanhou uma carga de tal ordem, que por pouco o não matou.
PERSONAGEM
flagelava a nossa sensibilidade e nos fazia
sentir impotentes.
A partir daqueles momentos, o meu posto de trabalho reconduzia-se à enfermaria a
prestar cuidados aos feridos internados e os
primeiros socorros aos que vinham sucessivamente chegando. Repousava por breves
momentos, sentado num caixote, nunca me
DESEMBARQUE: As circunstâncias deitava para descansar ou dormir, mas tamem que exercestes a tua nobre e importante bém não tinha sono.
missão eram, como se constata, altamente
Aparentemente, a enfermaria era a insdifíceis, mas mesmo assim, o teu desempe- talação mais segura do aquartelamento,
nho foi absolutamente extraordinário e dado que tinha uma cobertura, que se sudeterminante, sendo muitos os êxitos alcan- punha de betão armado. Não sei se era reçados e uma reputação inigualável, reconhe- sistente aos bombardeamentos porque, felizmente, nunca foi atingida, o que não deixa
de ser curioso mas facilmente se compreende, é que para ali convergiam também os elementos da população
feridos ou doentes e,
sabe-se lá, muito provavelmente até alguns
membros do inimigo.
Todos tínhamos a
consciência de que a
qualquer momento poderíamos morrer ou fiA caminho de uma operação, no dia de Natal de 1973
car feridos. Não havia
qualquer abrigo absolucida por todos quantos viviam ou sobrevivi- tamente seguro. A enfermaria era, de facto,
am naquela região.
pelo menos na aparência, o reduto mais
Achas que te eram garantidas as mí- confiante.
nimas condições para trabalhar e que te
No entanto, assim não o entenderam cinera proporcionada alguma réstia de se- co furriéis do exército, que decidiram consgurança?
truir, para eles, um abrigo subterrâneo, coJ. P. CANEIRA: Ao chegarmos a berto com várias camadas de troncos de
Guidaje, deparamo-nos com um cenário té- árvores e terra. Após a construção, transfetrico. As instalações militares apresentavam- riram os seus beliches para lá, com a conse todas esburacadas, algumas partes vicção de que a segurança ali era absoluta,
destruídas ou semi-arruinadas, revelando tendo-me dito, com tranquilidade e confianuma sensação de abandono, pois que, de ça, na altura: “ “Fuza”, vamos finalmente
início, não se vislumbrava vivalma. Os mili- dormir uma noite tranquila”!
tares encontravam-se posicionados nos seus
Cerca das onze horas da noite, despepostos de vigia, próximos dos abrigos de dem-se de mim, desejando-me felicidades.
protecção. Encontramo-los moralmente des- Passados alguns minutos, surge um ataque
troçados, fisicamente exaustos, desnutridos intenso e demolidor, cai uma granada de
e com o sentimento de abandono pelas che- morteiro no abrigo, perfurando a cobertura,
fias militares.
e explode no seu interior. Quatro deles tiveOs ataques eram constantes e de uma ram morte imediata e o outro ficou graveviolência extrema, ouviam-se gritos de so- mente ferido.
corro por todos os lados e os mortos e feriOs cadáveres foram retirados dos esdos eram abundantes. Era uma desorienta- combros, por mim e pelo Tenente Pires de
ção total, um universo de trevas, que Moura. Era a crueldade do destino! … .
DESEMBARQUE: Tens mais algum episódio interessante que nos queiras descrever?
J. P. CANEIRA: Episódios impressionantes ocorriam quase todos os dias, pelo que,
no meio de tantos, não é fácil distinguir o
grau ou critério de avaliação, mas já que me
pedem, vou resumidamente referir alguns:
O comandante do aquartelamento de
Guidaje, Tenente-coronel Correia de Campos, era um homem surpreendente. Creio
que todos os militares nutriam grande admiração e respeito por ele. Nunca se abrigava quando surgiam os ataques, permanecendo calmo e sereno no local onde se
encontrava. Observei-o várias vezes, de pé
na parada, no decorrer de intensos
bombardeamentos, segurando o seu
“bengali”, perscrutando o tenebroso cenário ao seu redor.
Em certo momento, o nosso imediato,
Tenente Pedro Menezes, e eu próprio, fomos
chamados por ele, para nos informar que,
uma vez que não tínhamos caixões para
guardar os cadáveres, tinha decidido improvisar um cemitério, onde iriam ser enterrados os mortos, e que as sepulturas ficariam
devidamente identificadas, tendo em vista
um futuro resgate dos corpos, o que na verdade veio a acontecer.
Esta reunião teve lugar no seu gabinete,
estando ele sentado na secretária e eu e o
Ten. Menezes estávamos de pé, em frente
dele. Surge, entretanto, um violento ataque,
mas o comandante demonstrou ignorá-lo
completamente, continuando a conversa
connosco, como se nada estivesse a acontecer. Nós, mantivemo-nos firmes no nosso
lugar, incapazes de obedecer aos instintos
naturais de preservação. Recordo, todavia,
que o meu batimento cardíaco era de tal
modo intenso que se conseguia ouvir à distância.
A criação do cemitério em Guidaje, seguindo as sugestões por mim formuladas,
foi uma solução de recurso racional, tendo
em conta que os corpos dos soldados mortos entravam em decomposição em menos
de 24 horas.
Tudo fizemos para adiar os enterros, com
o propósito de os tornar mais dignos e
humanizados, como antes já referi, mas,
naquelas circunstâncias, era impossível fazer mais e melhor. Todos os corpos enterrados em Guidaje, foram previamente preparados por mim, entre eles os dos três pára-
PERSONAGEM
quedistas que morreram na zona do Cufeu, rando-me por um braço, me disse para não
que recolhi num armazém, onde estiveram me precipitar, porque não valia a pena corcerca de 24 horas.
rer ao acaso, enfrentando riscos desnecesUma outra situação interessante, foi a sários. Mantivemo-nos dentro dos balneárique ocorreu quando, no dia 12 de Maio de os até obtermos a informação do melhor lo1973, recebemos ordens para enquadrar a cal de protecção. Corremos então para uma
coluna militar de reabastecimento, que pas- vala e deitamo-nos dentro dela, enquanto as
saria por locais fagranadas de mortídicos, onde sisteteiro caiam incesmaticamente ocorsantemente em
riam mortes e desnosso redor, com
truições de vária
explosões ensurdeordem, como na
cedoras, que mal
anterior havia
deixavam ouvir os
acontecido.
gritos desesperaPerante este
dos de militares fequadro, os Fuzileiridos a nosso lado.
ros apetrecharamAcabado o tirose com rigor, fateio, eu e o Ten. Pizendo parte do arres de Moura
mamento a módilevantamo-nos ileca quantidade de
sos, mais parecen18 metralhadoras
do dois croquetes,
MG-42. Não se veem virtude de nos
rificou qualquer intermos atirados
cidente. Saímos de
ensaboados para o
Binta pelas 09,00
buraco de barro
horas da manhã e
vermelho. Apesar
Fazendo o ponto da situação, por ocasião
chegamos
a
de tudo, tivemos
da
visita
do
CEMA
ao
Chugué
Guidaje por volta
sorte. A que faltou a
das 17,00 horas,
dois soldados que
perante a estupefacção e admiração dos lá se encontravam deitados, que já dormimilitares do exército que se encontravam am o sono eterno.
amedrontados no quartel.
Na enfermaria, esperava-me uma
A este propósito, o Ten. Coronel Correia imensidão de feridos, clamando desesperade Campos fez o seguinte comentário: damente por socorro.
“Vocês não foram atacados. Eles são pretos
mas não são parvos!”.
DESEMBARQUE: Certamente que, pelo
Logo após a chegada, não valorizamos teu extraordinário desempenho, reconhecitanto como devíamos o facto de o aquarte- da competência e eficácia demonstrada,
lamento ser constantemente bombardeado fostes alvo de louvores ou menções
e decidimos, antes de mais nada, tomar um elogiosas.
reconfortante duche no chuveiro. Eu, como
Queres fazer alguma referência sobre
a maioria dos camaradas, dirigimo-nos à este assunto?
zona balneária, que também indiciava os
J. P. CANEIRA: Sim, na verdade o traefeitos das morteiradas. Despi-me e balho que desenvolvi ao serviço dos Fuzileiensaboei-me, mas, nesse instante, surge um ros, foi objecto de diversas manifestações
ataque intensíssimo de morteiros. O pânico de reconhecimento. Desde logo, o prémio
foi geral e lançamo-nos em correria, todos atribuído por ter sido o melhor classificado
nus, desorientados à procura de um abrigo. no curso de Fuzileiros Especiais. Mas tamO problema é que ainda desconhecíamos bém fui contemplado com algumas menções
onde eles se situavam, pelo que o Ten. Pires honrosas, de entre as quais destaco o loude Moura, com calma e serenidade, segu- vor que me foi concedido, em Setembro de
39
1973, pelo meu comandante, Albano Manuel Alves de Jesus, que fundamenta nas qualidades e aptidões demonstradas durante a
guerra, dizendo que “o sargento Enfermeiro
Caneira sempre se impôs como um excelente profissional, dotado de alto sentido do
dever, inexcedível zelo e noção exacta da
responsabilidade,” não só na actividade desenvolvida no âmbito do Destacamento mas
também na prestação de serviços de saúde, quando da assistência pronta e eficiente
aos diversos militares feridos, dos Comandos, Pára-quedistas e do Exército, bem
como aos elementos da população. Conclui
o louvor referindo que “a acção do Sarg.
Caneira, na Guiné, foi excepcional e constituiu motivo de referências elogiosas por parte
de superiores de outros ramos das Forças
Armadas”.
DESEMBARQUE: Queres deixar mais
alguma observação sobre esse período
marcante e inesquecível da tua vida, ao serviço dos Fuzileiros?
J. P. CANEIRA: Muito mais teria certamente para dizer, mas já lá vão muitos anos
e, como é natural, muitos pormenores, sobretudo no que respeita a datas, não estão
muito presentes na minha memória.
Sinto, todavia, um enorme orgulho por
pertencer à família dos Fuzos e recordo, com
saudade, todos aqueles camaradas que fizeram parte do D.F.E. 4. Foram, e são
concerteza, homens extraordinários, corajosos e destemidos. O País tem uma grande
dívida de gratidão para com os Fuzileiros.
DESEMBARQUE: A conversa já vai
longa, mas, para terminar, o que te oferece
dizer, muito resumidamente, da nossa Associação e deste nosso “Desembarque”?
J. P. CANEIRA: Acho que a criação da
Associação de Fuzileiros foi uma iniciativa
maravilhosa, congregadora de sentimentos
e de orgulhos, que consubstanciam uma
mística extraordinária, que acalenta, fortalece e rejuvenesce os Fuzos de diferentes
gerações, que, com o indestrutível espírito
audaz, embarca e se difunde pelo mundo, a
bordo deste precioso veículo, que se chama “Desembarque”.
Ilídio Neves/Mário Manso
40
BREVES
OFERTAS/DONATIVOS
Continuamos a registar, com agrado e sentida gratidão, os gestos de solidariedade de alguns nossos associados, que, reconhecendo as enormes dificuldades por que passa a Associação, no
sentido de pôr em prática todos os objectivos que se propõe atingir,
vão contribuindo generosamente com preciosos donativos, alguns
deles bem significativos, o que, para além da materialização da nobreza dos sentimentos, representa um estímulo e um renovado incentivo,
para quantos se esforçam para fazer cada vez mais e melhor.
De entre todos, merece-nos destacado regozijo a dádiva repetida do sócio simpatizante Nº 1308, João Pedro M. da Luz, que, uma
vez mais, nos brindou com a oferta de 500 Euros.
Um agradecimento especial também para os estimados associados que se seguem, pelos seus exemplos fraternos e solidários,
que, de igual modo, os tornam credores da nossa admiração e consideração:
Bem Hajam, caros amigos! …
NOME
Nº SÓCIO
QUANTIA
JOÃO PEDRO MARQUES DA LUZ
1308
500.00 €
ANTÓNIO LOUREIRO
1470
60.00 €
LUDGERO SILVA
167
50.00 €
JOAQUIM DOS RAMOS MARTINS
421
40.00 €
ALM. VIEIRA MATIAS
1590
35.00 €
ANTÓNIO ROSÁRIO
619
20.00 €
CARLOS BERNARDO
680
20.00 €
MARIA MANUELA RIBEIRO
1174
20.00 €
ALEXANDRE PERNINHA
232
COMPUTADOR
PERPETUA MEMORIAM
IN IN
PERPETUA
MEMORIAM
No passado dia 09 de Maio, deixou-nos, para sempre, o nosso estimado associado, Sargento
Fuzileiro, CEFÍDIO JOSÉ FERREIRA AGUIAM “O ÉVORA”.
Foi com sentida consternação que muitos camaradas e amigos se despediram deste membro
da nossa família afectiva, parte dos quais com ele comungaram momentos de dor e sacrifício, mas
também de alguma felicidade, durante as várias comissões de serviço em que participou, na Guiné,
Angola e Moçambique.
Ficou sepultado no cemitério da Moita (Vale do Forno), em cujo acto fúnebre esteve presente
uma representação da Associação de Fuzileiros.
O Desembarque, apresenta comovidas condolências a sua esposa, filhos e netos.
Paz à sua alma!
St. John’s School
Externato
CRECHE - INFANTIL - PRÉ-PRIMÁRIA
KINDERGARTEN - RECEPTION - YEAR 1
ST. GEORGE’S SCHOOL
CURRICULUM PORTUGUÊS E INGLÊS
BOTH ENGLISH AND PORTUGUESE CURRICULA
COLÉGIO OFICIALIZADO
PRIMARY CLASSES
ENSINO PRIMÁRIO
Both English and Portuguese Curricula
Curriculum em Inglês e Português
E-mail: [email protected] - www.stjohns-school.com
Av. Marechal Carmona, 366 - 2750-313 CASCAIS
214 867 966
fax 214 823 151
BOTH ENGLISH
AND PORTUGUESE CURRICULA
Approved by Ministry of Education
Officially registered in 1971
Approved by Ministry
of Education
ALVARÁ DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
TRINITY REGISTERED EXAMINATION CENTRE
CURRICULO EM INGLÊS
E PORTUGUÊS
CLOSED FOR IMPROVEMENTS
Aprovado pelo Ministério
da Educação
Tel. 214 864 754/5 • Fax 214 864 753
Av. do Lidador, 322 – S. João do Estoril
2765-333 Estoril
Rua dos Depósitos de Água, 339 • Cobre • 2750-561 CASCAIS
ONTEM, HOJE E SEMPRE
FUZILEIROS

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