valor nutritivo de silagens á base de capim elefante com níveis

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valor nutritivo de silagens á base de capim elefante com níveis
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE VETERINÁRIA
Colegiado do Curso de Pós-Graduação
VALOR NUTRITIVO DE SILAGENS À BASE DE CAPIM
ELEFANTE COM NÍVEIS CRESCENTES DE SUBPRODUTOS
AGROINDUSTRIAIS DE ABACAXI, ACEROLA E CAJU
ANA CRISTINA HOLANDA FERREIRA
BELO HORIZONTE
ESCOLA DE VETERINÁRIA-UFMG
2005
Ana Cristina Holanda Ferreira
Valor Nutritivo de Silagens à Base de Capim Elefante
com Níveis Crescentes de Subprodutos Agroindustriais
de Abacaxi, Acerola e Caju
Tese apresentada à Escola de Veterinária
da Universidade Federal de Minas Gerais,
como requisito parcial para obtenção do
grau de Doutor em Ciência Animal.
Área de Concentração: Nutrição Animal
Norberto Mário Rodriguez
Orientador
José Neuman Miranda Neiva
Co-orientador
Belo Horizonte
Escola de Veterinária da UFMG
2005
F383v
Ferreira, Ana Cristina Holanda, 1976Valor nutritivo de silagens à base de capim elefante com níveis crescentes de
subprodutos agroindustriais de abacaxi, acerola e caju / Ana Cristina Holanda
Ferreira, - 2005
157 p. : il.
Orientador: Norberto Mário Rodriguez
Co- orientador: José Neuman Miranda Neiva
Tese (doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de
Veterinária
Inclui bibliografia
1. Silagem – Tese. 2. Capim elefante – Silagem – Tese. 3. Digestibilidade –
Teses. I. Rodriguez, Norberto Mário. II. Neiva, José Neuman Miranda. III.
Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Veterinária. IV. Título.
CDD – 633.2
3
DEDICATÓRIA
Á Deus, pelas inúmeras graças alcançadas
Aos meus país Evaldo e Ma Luiza
pela dedicação a família,
e por constiuirem exemplos de
determinação e fé na vida
Ao meu marido Hugo pelo
imenso carinho e principalmente
estímulo aos meus projetos e ideais
Aos meus irmãos Ana Luiza,
Walter, Vinícius e Evaldo Filho
pela amizade e companheirismo
4
AGRADECIMENTOS
Á Deus, pela proteção e por sempre me mostrar como é grande seu poder;
Aos meus pais Evaldo e Ma Luiza e irmãos Ana Luiza, Walter, Vinícius e Evaldo Filho pela confiança,
dedicação e grande incentivo as minhas decisões;
Ao meu marido Hugo pela paciência e companheirismo mesmo nas horas mais difíceis;
Ao Sr. Hugo e Sra. Terezinha pelo carinho com que sempre me receberam;
Á Universidade Federal do Ceará pela minha formação profissional e ao Núcleo de Pesquisa em
Forragicultura do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias por ter possibilitado a
realização de boa parte dos experimentos;
Á Universidade Federal de Minas Gerais pela oportunidade de realização deste curso de doutorado;
Á CAPES pela concessão da bolsa de estudos e ao Programa Nacional de Coodernação Acadêmica
(PROCAD) pelo apoio financeiro;
Ao Prof. Norberto pelos valiosos ensinamentos, pela boa vontade e maneira solícita com que sempres me
recebeu;
Ao Prof. Neuman pela orientação, pelos ensinamentos, confiança e por todas as oportunidades que me
concedeu;
Ao Dr Warley pela amizade, permanente disponibilidade em ajudar e grande contribuição na elaboração
da Tese;
Ao Dr Lôbo e Luciana pela ajuda na realização das análises estatísticas;
Ao Prof. Iran pelas boas conversas, apoio e sugestões a este trabalho;
Ao Dr. Fernando pela disponibilidade e valiosas sugestões;
Á Profa. Zelma Bastos pelos conselhos e sugestões a redação da Tese;
Ao Prof. Ültimo pela amizade e orientação, a Profa. Eloísa pela disposição em ajudar;
Aos funcionários do laboratório de nutrição animal da EV-UFMG, especialmente Toninho, Kelly,
Margot, Carlos, Marcos e Junior, ao pessoal do colegiado de pós-graduaçãoda, Nilda e Eliana, e aos
funcionários da Biblioteca, que sempre tiveram um gesto de atenção e interrese, muito além das
formalidades;
Aos amigos Augusto César, Bruno, Canindé, Carlos, Cynthia, Davi, Fátima, Fernanda, Josemir, Geraldo,
Guaraciaba, Gustavo, Maria Paula, Paula, Roberto Ferreira, Roberto Pompeu, Salete e Wilson. Amigos
que não mediram esforços, se ofereceram para ajudar e o fizeram com muito carinho e seriedade;
Aos novos amigos Andréia, André, Bernardo, Breno, Eduardo, Fátima, Fernando, Gustavo, Janaína,
Juliana, Luiz, Renata, Ruí, Sidney, Vanessa, Vera e Warley e aos velhos amigos de guerra Patrícia
Guimarães, Patrícia Lima e Magno, pelas alegrias que me proporcionaram;
Ao Sr. José “in memorian”e Sra. Wanda Munayer pela acolhida neste segundo lar;
Á todos muito obrigada.
5
6
ÍNDICE
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO GERAL ........................................................................................
17
CAPÍTULO II - REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................
18
2.1. CARACTERÍSTICAS DO CAPIM ELEFANTE (Pennisetum purpureum, Schum)....................
2.2. LIMITAÇÕES DO CAPIM ELEFANTE PARA ENSILAGEM ..................................................
2.2.1.Carboidratos solúveis ..................................................................................................................
2.2.2. Poder tampão ..............................................................................................................................
2.2.3.Teor de matéria seca ....................................................................................................................
18
19
19
20
20
2.3. RESÍDUOS AGROINDÚSTRIAIS ...............................................................................................
2.3.1. Caracterização do resíduo agroindustrial da fruta do abacaxi..................................................
2.3.2. Caracterização do resíduo agroindustrial da fruta da acerola ..................................................
2.3.3. Caracterização do resíduo agroindustrial da fruta do pseudofruto do caju ..............................
22
25
29
32
CAPÍTULO
III
–
CARACTERÍSTICAS
QUÍMICO–BROMATOLÓGICAS
E
FERMENTATIVAS DO CAPIM ELEFANTE ENSILADO COM NÍVEIS CRESCENTES
DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DO ABACAXI........................................................
3.1. Introdução ......................................................................................................................................
3.2. Material e Métodos ........................................................................................................................
3.3. Resultados e Discussão ..................................................................................................................
3.4. Conclusão.......................................................................................................................................
36
37
38
39
49
CAPÍTULO IV - CONSUMO VOLUNTÁRIO, DIGESTIBILIDADE APARENTE E
BALANÇO DE NITROGÊNIO EM OVINOS ALIMENTADOS COM CAPIM ELEFANTE
ENSILADO COM NÍVEIS CRESCENTES DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DE
ABACAXI. ...........................................................................................................................................
4.1. Introdução ......................................................................................................................................
4.2. Material e Métodos ........................................................................................................................
4.3. Resultados e Discussão ..................................................................................................................
4.4. Conclusão.......................................................................................................................................
50
50
51
53
62
CAPÍTULO V - DEGRADABILIDADE IN SITU DO CAPIM ELEFANTE ENSILADO
COM NÍVEIS CRESCENTES DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DO ABACAXI...
5.1. Introdução ......................................................................................................................................
5.2. Material e Métodos ........................................................................................................................
5.3. Resultados e Discussão ..................................................................................................................
5.4. Conclusão.......................................................................................................................................
63
63
64
65
73
CAPÍTULO
VI
–
CARACTERÍSTICAS
QUÍMICO–BROMATOLÓGICAS
E
FERMENTATIVAS DO CAPIM ELEFANTE ENSILADO COM NÍVEIS CRESCENTES
DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DO ACEROLA ......................................................
6.1. Introdução ......................................................................................................................................
6.2. Material e Métodos ........................................................................................................................
6.3. Resultados e Discussão ..................................................................................................................
6.4. Conclusão.......................................................................................................................................
73
74
75
77
83
7
CAPÍTULO VII - CONSUMO VOLUNTÁRIO, DIGESTIBILIDADE APARENTE E
BALANÇO DE NITROGÊNIO EM OVINOS ALIMENTADOS COM CAPIM ELEFANTE
ENSILADO COM NÍVEIS CRESCENTES DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DA
ACEROLA...........................................................................................................................................
7.1. Introdução ......................................................................................................................................
7.2. Material e Métodos ........................................................................................................................
7.3. Resultados e Discussão ..................................................................................................................
7.4. Conclusão.......................................................................................................................................
83
84
85
87
92
CAPÍTULO VIII - DEGRADABILIDADE IN SITU DO CAPIM ELEFANTE ENSILADO
COM NÍVEIS CRESCENTES DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DA ACEROLA..
8.1. Introdução ......................................................................................................................................
8.2. Material e Métodos ........................................................................................................................
8.3. Resultados e Discussão ..................................................................................................................
8.4. Conclusão.......................................................................................................................................
92
93
94
95
102
CAPÍTULO
IX
–
CARACTERÍSTICAS
QUÍMICO–BROMATOLÓGICAS
E
FERMENTATIVAS DO CAPIM ELEFANTE ENSILADO COM NÍVEIS CRESCENTES
DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DO CAJU................................................................
9.1. Introdução ......................................................................................................................................
9.2. Material e Métodos ........................................................................................................................
9.3. Resultados e Discussão ..................................................................................................................
9.4. Conclusão.......................................................................................................................................
103
103
104
106
112
CAPÍTULO X - CONSUMO VOLUNTÁRIO, DIGESTIBILIDADE APARENTE E
BALANÇO DE NITROGÊNIO EM OVINOS ALIMENTADOS COM CAPIM ELEFANTE
ENSILADO COM NÍVEIS CRESCENTES DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DO
CAJU ....................................................................................................................................................
10.1. Introdução ....................................................................................................................................
10.2. Material e Métodos ......................................................................................................................
10.3. Resultados e Discussão ................................................................................................................
10.4. Conclusão .....................................................................................................................................
112
113
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116
124
CAPÍTULO XI - DEGRADABILIDADE IN SITU DO CAPIM ELEFANTE ENSILADO
COM NÍVEIS CRESCENTES DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DO CAJU...........
11.1. Introdução ....................................................................................................................................
11.2. Material e Métodos ......................................................................................................................
11.3. Resultados e Discussão ................................................................................................................
11.4. Conclusão .....................................................................................................................................
124
125
125
126
133
CAPÍTULO XII – ENSAIO DE DESEMPENHO COM OVINOS ALIMENTADOS COM
SILAGEM DE CAPIM ELEFANTE E SUBPRODUTOS DA AGROINDÚSTRIA....................
12.1. Introdução ....................................................................................................................................
12.2. Material e Métodos ......................................................................................................................
12.3. Resultados e Discussão ................................................................................................................
12.4. Conclusão .....................................................................................................................................
134
134
135
137
143
CAPÍTULO XIII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................
144
8
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO II - REVISÃO DE LITERATURA ..............................................................................
18
Tabela 1: Valor nutricional do resíduo do abacaxi desidratado e ensilado ...........................................
28
Tabela 2: Composição química do resíduo industrial da acerola ..........................................................
31
Tabela 3: Composição química do resíduo industrial do pseudofruto do caju......................................
35
CAPÍTULO
III
–
CARACTERÍSTICAS
QUÍMICO–BROMATOLÓGICAS
E
FERMENTATIVAS DO CAPIM ELEFANTE ENSILADO COM NÍVEIS CRESCENTES
DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DO ABACAXI........................................................
36
Tabela 4: Composições químico–bromatológicas do capim elefante (Pennisetum purpureum,
Schum.) (CE) e do subproduto do abacaxi (Ananas comosus, L.) desidratado (SABD) antes da
ensilagem, como porcentagem da matéria seca.....................................................................................
38
Tabela 5: Teores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HCEL), celulose (CEL), lignina (LIG),
nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN), nitrogênio insolúvel em detergente ácido
(NIDA) e energia bruta (EB) do capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de subproduto
do abacaxi desidratado (SABD) ...........................................................................................................
40
Tabela 6: Valores de pH e nitrogênio amoniacal, como percentagem do nitrogênio total (NNH3/NT), ácidos orgânicos (% da MS) do capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de
subproduto do abacaxi desidratado (SABD) ........................................................................................
44
CAPÍTULO IV - CONSUMO VOLUNTÁRIO, DIGESTIBILIDADE APARENTE E
BALANÇO DE NITROGÊNIO EM OVINOS ALIMENTADOS COM CAPIM ELEFANTE
ENSILADO COM NÍVEIS CRESCENTES DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DE
ABACAXI. ...........................................................................................................................................
50
Tabela 7: Consumo de matéria seca (CMS) de ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD). .................................
53
Tabela 8: Consumo de proteína bruta (CPB) de ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) ..................................
56
Tabela 9: Consumo de fibra em detergente neutro (CFDN), fibra em detergente ácido (CFDA),
hemicelulose (CHCEL) e celulose (CCE) de ovinos alimentados com capim elefante (CE) ensilado
com níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) ................................................
57
Tabela 10: Coeficientes de digestibilidade da matéria seca (DMS), proteína bruta (DPB), fibra em
detergente neutro (DFDN), fibra em detergente ácido (DFDA), hemicelulose (DHCEL), celulose
(DCEL), energia bruta (DEB) e energia digestível (ED) do capim elefante (CE) ensilado com níveis
crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD)...................................................................
59
Tabela 11: Ingestão da matéria seca (IMSD), proteína bruta (IPBD), fibra em detergente neutro
(IFDND) e energia digestível (IED), expresso em g/animal/dia, do capim elefante (CE) ensilado
com níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) ...............................................
61
9
Tabela 12: Nitrogênio ingerido, nitrogênio excretado nas fezes e na urina, e balanço de nitrogênio
(BN) em ovinos alimentados com capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de
subproduto do abacaxi desidratado ....................................................................................................... 61
CAPÍTULO V - DEGRADABILIDADE IN SITU DO CAPIM ELEFANTE ENSILADO
COM NÍVEIS CRESCENTES DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DO ABACAXI...
63
Tabela 13: Desaparecimento médio (%) da matéria seca do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) no tempo zero e em diferentes
horários de incubação ruminal ..............................................................................................................
65
Tabela 14: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação de b
(c) e degradação efetiva (DE) da matéria seca (MS) do capim elefante (CE) ensilado com níveis
crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) para taxas de passagem de 2, 5 e 8%/h.....
66
Tabela 15: Desaparecimento médio (%) da proteína bruta do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) no tempo zero e em diferentes
horários de incubação ruminal ..............................................................................................................
67
Tabela 16: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação de b
(c), e degradação efetiva (DE) da proteína bruta (PB) do capim elefante (CE) ensilado com níveis
crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) para taxas de passagem de 2, 5 e 8%/h.....
68
Tabela 17: Desaparecimento médio (%) da fibra em detergente neutro (FDN) do capim elefante
(CE) ensilado com níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) no tempo zero
e em diferentes horários de incubação ruminal .....................................................................................
69
Tabela 18: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação de b
(c), e degradação efetiva (DE) da fibra em detergente neutro (FDN) do capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes do subproduto do abacaxi desidratado (SABD) para taxas de
passagem de 2, 5 e 8%/h .......................................................................................................................
70
Tabela 19: Desaparecimento médio (%) da fibra em detergente ácido (FDA) do capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) no tempo zero e em
diferentes horários de incubação ruminal..............................................................................................
71
Tabela 20: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação de b
(c), e degradação efetiva (DE) da fibra em detergente ácido (FDA) do capim elefante (CE) ensilado
com níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) para taxas de passagem de 2,
5 e 8%/h.................................................................................................................................................
71
Tabela 21: Desaparecimento médio (%) da hemicelulose (HCEL) do capim elefante (CE) ensilado
com níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) no tempo zero e em diferentes
horários de incubação ruminal ..............................................................................................................
72
Tabela 22: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação de b
(c), e degradação efetiva (DE) da hemicelulose (HCEL) do capim elefante (CE) ensilado com níveis
crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) para taxas de passagem de 2, 5 e 8%/h.....
72
CAPÍTULO
VI
–
CARACTERÍSTICAS
QUÍMICO–BROMATOLÓGICAS
E
FERMENTATIVAS DO CAPIM ELEFANTE ENSILADO COM NÍVEIS CRESCENTES
DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DA ACEROLA.......................................................
73
10
Tabela 23: Composições químico–bromatológicas do capim elefante (Pennisetum purpureum,
Schum.) (CE) e do subproduto da acerola (Malpighia glabra, Linn) desidratada (SACD) antes da
ensilagem...............................................................................................................................................
76
Tabela 24: Teores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HCEL), celulose (CEL), lignina (LIG)
nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN), nitrogênio insolúvel em detergente ácido
(NIDA) e energia bruta (EB) do capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de subproduto
da acerola desidratada (SACD) ............................................................................................................
77
Tabela 25: Valores de pH, nitrogênio amoniacal, como percentagem do nitrogênio total (NNH3/NT) e ácidos orgânicos (% da MS) do capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de
subproduto da acerola desidratada (SACD) ..........................................................................................
80
CAPÍTULO VII - CONSUMO VOLUNTÁRIO, DIGESTIBILIDADE APARENTE E
BALANÇO DE NITROGÊNIO EM OVINOS ALIMENTADOS COM CAPIM ELEFANTE
ENSILADO COM NÍVEIS CRESCENTES DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DA
ACEROLA...........................................................................................................................................
83
Tabela 26: Consumo de matéria seca (CMS) de ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD). ..................................
87
Tabela 27: Consumo de proteína bruta (CPB) de ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD) ...................................
88
Tabela 28: Consumo de fibra em detergente neutro (CFDN), fibra em detergente ácido (CFDA),
hemicelulose (CHCEL) e celulose (CCEL) de ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD) ...................................
89
Tabela 29: Coeficientes de digestibilidade da matéria seca (DMS), proteína bruta (DPB), fibra em
detergente neutro (DFDN), fibra em detergente ácido (DFDA), hemicelulose (DHCEL), energia
bruta (DEB) e energia digestível (ED) do capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de
subproduto da acerola desidratada (SACD) ..........................................................................................
90
Tabela 30: Ingestão da matéria seca (IMSD), proteína bruta (IPBD), fibra em detergente neutro
(IFDND) e energia digestível (IED), expressos em g/animal/dia, de ovinos alimentados com capim
elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada
(SACD)..................................................................................................................................................
90
Tabela 31: Nitrogênio ingerido, nitrogênio excretado nas fezes e na urina, e balanço de nitrogênio
(BN) em ovinos alimentados com capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de
subproduto de subproduto da acerola desidratada.................................................................................
92
CAPÍTULO VIII - DEGRADABILIDADE IN SITU DO CAPIM ELEFANTE ENSILADO
COM NÍVEIS CRESCENTES DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DA ACEROLA..
92
Tabela 32: Desaparecimento médio (%) da matéria seca (MS) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD) no tempo zero e em diferentes
horários de incubação ruminal ..............................................................................................................
95
11
Tabela 33: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação de b
(c), e degradação efetiva (DE) da matéria seca (MS) do capim elefante (CE) ensilado com níveis
crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD) para taxas de passagem de 2, 5 e 8%/h......
96
Tabela 34: Desaparecimento médio (%) da proteína bruta do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD) no tempo zero e em diferentes
horários de incubação ruminal ..............................................................................................................
98
Tabela 35: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação de b
(c), e degradação efetiva (DE) da proteína bruta (PB) do capim elefante (CE) ensilado com níveis
crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD) para taxas de passagem de 2, 5 e 8%/h......
98
Tabela 36: Desaparecimento médio (%) da fibra em detergente neutro (FDN) do capim elefante
(CE) ensilado com níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD) no tempo zero e
em diferentes horários de incubação ruminal........................................................................................
99
Tabela 37: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação (c), e
degradação efetiva (DE) da fibra em detergente neutro (FDN) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD) para taxas de passagem de 2, 5 e
8%/h ......................................................................................................................................................
99
Tabela 38: Desaparecimento médio (%) da fibra em detergente ácido (FDA) do capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD) no tempo zero e em
diferentes horários de incubação ruminal..............................................................................................
100
Tabela 39: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação (c), e
degradação efetiva (DE) da fibra em detergente ácido (FDA) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD) para taxas de passagem de 2, 5 e
8%/h ......................................................................................................................................................
101
Tabela 40: Desaparecimento médio (%) da hemicelulose (HCEL) do capim elefante (CE) ensilado
com níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD) no tempo zero e em diferentes
horários de incubação ruminal ..............................................................................................................
101
Tabela 41: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação (c), e
degradação efetiva (DE) da hemicelulose (HCEL) do capim elefante (CE) ensilado com níveis
crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD) para taxas de passagem de 2, 5 e 8%/h......
102
CAPÍTULO
IX
–
CARACTERÍSTICAS
QUÍMICO–BROMATOLÓGICAS
E
FERMENTATIVAS DO CAPIM ELEFANTE ENSILADO COM NÍVEIS CRESCENTES
DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DO CAJU................................................................
103
Tabela 42: Composições químico–bromatólogicas do capim elefante (Pennisetum purpureum,
Schum.) (CE) e do subproduto pseudofruto do caju (Anarcadium occidentale, L.) desidratado
(SPCD) antes da ensilagem ...................................................................................................................
105
Tabela 43: Teores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HCEL), celulose (CEL), lignina (LIG),
nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN), nitrogênio insolúvel em detergente ácido
(NIDA) e energia bruta (EB) do capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de subproduto
do pseudofruto do caju desidratado (SPCD) ........................................................................................
106
12
Tabela 44: Valores de pH, nitrogênio amoniacal, como percentagem do nitrogênio total (NNH3/NT) e ácidos orgânicos (% da MS) do capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de
subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD) ......................................................................
109
CAPÍTULO X - CONSUMO VOLUNTÁRIO, DIGESTIBILIDADE APARENTE E
BALANÇO DE NITROGÊNIO EM OVINOS ALIMENTADOS COM CAPIM ELEFANTE
ENSILADO COM NÍVEIS CRESCENTES DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DO
CAJU ....................................................................................................................................................
112
Tabela 45: Consumo de matéria seca (CMS) de ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD). ..............
116
Tabela 46: Consumo de proteína bruta (CPB) de ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD). ..............
118
Tabela 47: Consumo de fibra em detergente neutro (CFDN) fibra em detergente ácido (CFDA),
hemicelulose (CHCEL) e celulose (CCEL) de ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD) ...............
120
Tabela 48: Coeficientes de digestibilidade da matéria seca (DMS), proteína bruta (DPB), fibra em
detergente neutro (DFDN), fibra em detergente ácido (DFDA), hemicelulose (DHCEL), energia
bruta (DEB) e energia digestível (ED) do capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de
subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD) ......................................................................
121
Tabela 49: Ingestão da matéria seca (IMSD), proteína bruta (IPBD), fibra em detergente neutro
(IFDND) e energia digestível (IED) do capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de
subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD) .....................................................................
122
Tabela 50: Nitrogênio ingerido, nitrogênio excretado nas fezes e na urina, e balanço de nitrogênio
(BN) em ovinos alimentados com capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de
subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD) ......................................................................
123
CAPÍTULO XI - DEGRADABILIDADE IN SITU DO CAPIM ELEFANTE ENSILADO
COM NÍVEIS CRESCENTES DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DO CAJU...........
124
Tabela 51: Desaparecimento médio (%) da matéria seca (MS) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD) no tempo zero e em
diferentes horários de incubação ruminal..............................................................................................
127
Tabela 52: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação de b
(c), e degradação efetiva (DE) da matéria seca (MS) do capim elefante (CE) ensilado com níveis
crescentes de subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD) para taxas de passagem de 2,
5 e 8%/h ................................................................................................................................................
128
Tabela 53: Desaparecimento médio (%) da proteína bruta (PB) do capim elefante (CE) ensilado
com níveis crescentes de subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD) no tempo zero e
em diferentes horários de incubação ruminal........................................................................................
129
Tabela 54: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação de b
(c), e degradação efetiva (DE) da proteína bruta (PB) do capim elefante (CE) ensilado com níveis
crescentes de subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD) para taxas de passagem de 2,
5 e 8%/h.................................................................................................................................................
130
13
Tabela 55: Desaparecimento médio (%) da fibra em detergente neutro (FDN) do capim elefante
(CE) ensilado com níveis crescentes de subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD) no
tempo zero e em diferentes horários de incubação ruminal ..................................................................
130
Tabela 56: Desaparecimento médio (%) da fibra em detergente ácido (FDA) do capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD) no tempo
zero e em diferentes horários de incubação ruminal .............................................................................
131
Tabela 57: Desaparecimento médio (%) da hemicelulose (HCEL) do capim elefante (CE) ensilado
com níveis crescentes de subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD) no tempo zero e
em diferentes horários de incubação ruminal........................................................................................
132
CAPÍTULO XII – ENSAIO DE DESEMPENHO COM OVINOS ALIMENTADOS COM
SILAGEM DE CAPIM ELEFANTE E SUBPRODUTOS DA AGROINDÚSTRIA....................
133
Tabela 58: Composições químico-bromatológicas das silagens de capim elefante (Pennisetum
purpureum, Schum.) com adição dos subprodutos da agroindústria com base na matéria seca. ..........
135
Tabela 59: Composição centesimal do suplemento concentrado. .........................................................
136
Tabela 60: Consumo de matéria seca (CMS) das silagens de capim elefante com diferentes níveis
do subproduto da acerola (SACD), do subproduto do pseudofruto do caju (SPCD) e do subproduto
dos abacaxis desidratados (SABD). ......................................................................................................
137
Tabela 61: Consumo de proteína bruta (CPB) das silagens de capim elefante com diferentes níveis
do subproduto da acerola (SACD), do subproduto do pseudofruto do caju (SPCD) e do subproduto
dos abacaxis desidratados (SABD) .......................................................................................................
139
Tabela 62: Consumo de fibra em detergente neutro (CFDN) das silagens de capim elefante com
diferentes níveis do subproduto da acerola (SACD), do subproduto do pseudofruto do caju (SPCD)
e do subproduto do abacaxi desidratados (SABD) ...............................................................................
140
Tabela 63: Consumo de fibra em detergente ácido (CFDA) das silagens de capim elefante com
diferentes níveis de adição do subproduto da acerola (SACD), do subproduto do pseudofruto do
caju (SPCD) e do subproduto do abacaxi desidratados (SABD). .........................................................
141
Tabela 64: Médias de ganho de peso e conversão alimentar para ovinos alimentados com silagens
de capim elefante com diferentes níveis do subproduto da acerola (SACD), do subproduto do
pseudofruto do caju (SPCD) e do subproduto dos abacaxi desidratados (SABD)................................
141
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO II - REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................
18
Figura 1: Sazonalidade das principais frutas brasileiras .......................................................................
24
Figura 2: Utilização industrial do abacaxi.............................................................................................
26
Figura 3: Diferentes utilizações possíveis dos rejeitos de abacaxi entrando na fábrica de conservas..
27
Figura 4: Frutos de aceroleira................................................................................................................
30
Figura 5: Sementes do fruto da acerola. ................................................................................................
30
Figura 6: Fluxograma básico do processamento do pedúnculo do caju................................................
33
14
RESUMO
Foram realizados dez experimentos com o objetivo de determinar o valor nutritivo de silagens
de capim elefante com níveis crescentes dos subprodutos, com base na matéria seca, do abacaxi
(Ananas comosus) desidraratado (SABD), da acerola (Malpighia glabra) desidratada (SACD), e
do pseudofruto do caju (Anacardium occidentale) desidratado (SPCD). No primeiro, quarto e
sétimo experimentos foram avaliados os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra
em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HCEL), celulose
(CEL), lignina (LIG), nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN), nitrogênio insolúvel
em detergente ácido (NIDA), energia bruta (EB), pH, nitrogênio amoniacal (N-NH3), ácidos
láticos, acéticos, propiônico e butiríco das silagens. No segundo, quinto e oitavo experimentos
foram avaliados o consumo voluntário, digestibilidade aparente da MS, PB, FDN, FDA, HCEL,
CEL, EB, energia digestível (ED) e balanço de nitrogênio (BN). Avaliaram-se também o
consumo de MS, PB, FDN e energia digestível. No terceiro, sexto e nono experimentos foram
avaliadas as degradabilidades ruminais da MS, PB, FDN, FDA e HCEL. No décimo
experimento avaliou-se o consumo de MS, PB, FDN, FDA, ganho de peso e conversão
alimentar das silagens exclusivas de capim elefante, com 7% do SACD, com 10,5% do SPCD e
com 10,5% do SPCD. No primeiro experimento houve aumento nos teores de MS e PB e
redução nos teores de FDN, FDA, HCEL e CEL. Para as características fermentativas houve
redução nos valores de pH e aumento nos teores de ácido lático e acético. No segundo
experimento houve aumento no consumo de MS, PB, FDN, FDA, HCEL, contudo não houve
diferença para a digestibilidade aparente dos nutrientes, sendo que as silagens com adição do
SABD apresentaram balanço de nitrogênio positivo. No terceiro experimento houve aumento no
desaparecimento e na degradabilidade efetiva da MS, PB, FDN, FDA e HCEL das silagens com
a adição do SABD. No quarto experimento observou-se aumento nos teores de MS, PB, FDN,
FDA, LIG, NIDN, NIDA e redução nos teores de nitrogênio amoniacal e ácido lático com a
inclusão do SACD. No quinto experimento os níveis de adição do SACD não influenciaram no
consumo de MS, FDN, FDA, HCEL e CEL, bem como, para os valores de digestibilidade
aparente dos nutrientes, e nas silagens com 3,5, 10,5 e 14% do SACD observou-se BN positivo.
No sexto experimento observou-se que os horários de incubação aumentaram as taxas de
desaparecimento da MS, PB, FDN, FDA e HCEL das silagens. No sétimo experimento
verificou-se aumento (P<0,05) nos teores de MS, PB, FDA, LIG, NIDN, NIDA e redução nos
teores de FDN, HCEL, CEL e valores de pH. No oitavo experimento verificou-se aumento
(P<0,05) no consumo de MS, PB, FDN, FDA. Para a digestibilidade aparente da MS, PB, FDN,
FDA, HCEL e CEL não se observou efeito dos níveis de adição do SPCD, enquanto para o BN
observou-se que somente a silagem com 10,5% do SPCD apresentou valore positivos. No nono
experimento verificou-se que os horários de incubação aumentaram as taxas de desaparecimento
da MS, PB, FDN, FDA e HCEL. No décimo experimento verificou-se que as silagens com
10,5% do SPCD apresentaram consumo de MS, PB, FDN e FDA superiores as silagens
exclusivas de capim elefante. Já para o ganho de peso e conversão alimentar verificou-se que as
silagens com 10,5% do SABD apresentaram valores superiores as silagens exclusivas de capim
elefante.
Palavras-chaves; Subprodutos, silagem, ruminantes
15
ABSTRACT
Ten experiments was conducted with the objective of evaluating the nutritive value of the silage
of elephant grass by the addition of 0; 3,5; 7; 10,5 e 14% of three of dehydrated frut`s byproduct at dry matter basis: pineapple (Ananas comosus) (DPS), barbados cherry (Malpighia
glabra) (DBCS), and cashew apples (Anacardium occidentale) (DCAS). In the first one, fourth
and seventh were determination of dry matter (DM), crude protein (CP), neutral detergent fiber
(NDF), acid detergent fiber (ADF), hemicellulose (HCEL), lignin (LIG), neuter detergent
insoluble nitrogen (NIDN), acid detergent insiluble nitrogen (ADIN), energy and pH, ammonia
nitrogen (N-NH3), lactic, acetic, propionic and butiric acids concentrations of the silage. The
second one, fifth and eighth experiments were analised for intake and coefficients of
digestibility of DM, CP, NDF, ADF, HCEL, CEL, energy and nitrogenous balances (NB). The
intakes of DM, CP, NDF and energy digestibilibly were also evaluated. In the third, sixth and
nineth experiments were evaluate the ruminal degradability of DM, CP, NDF, ADF and HCEL.
In the tenth experiments were analised on intakes of DM, CP, NDF, ADF, daily gain and
feed:gain ration of the silages of elephant grass, with 7% of DBCS, 10,5% of DCAS and 10,5%
of the (DPS). In the first experiment the addition of DPS caused a increase in the DM, CP, lactic
and acetic acids levels and an decrease in NDF, ADF, HCEL, CEL concentration and pH value
of the silage. In the second one the DPS inclusion by the ensiling of elephant grass increase the
intake DM, CP, NDF, ADF, HCEL, whereas the digestibility of DM, CP, NDF, ADF, HCEL,
CEL and energy was not affected by the DPS addition levels. On the other hand, the silages
with DPS had positive protein balances. In the third experiments the addition of DPS caused
increase in the ruminal degradability of DM, CP, NDF, ADF and HCEL. In the fourth
experiment the results showed that the addition of DBCS caused a increase in the DM, CP,
NDF, ADF, LIG, NIDN, ADIN levels and a decreased in the N-NH3 and lactic acids
concentration in the silage. In the fifth experiments the DBCS inclusion at ensiling did not
affecte the intake of DM, NDF, ADF, HCEL, energy and digestibility of nutrients. The silages
with 3,5, 10,5 and 14% showed NB positive. In the sixth experiments the incubation times
increased the ruminal degradability. In the seveth experiments the levels of DM, CP, ADF, LIG,
NIDN, ADIN increased and of NIDN, HCEL, CEL and pH decreased with the addition of
DCAS. In the eighth experiments the addition of DCAS increased the intake of DM, CP, NDF
and ADF, but the digestibility of DM, CP, NDF, ADF, HCEL, CEL and energy didn`t differ
among treatments, whereas the NB was negative. In the nineth experiments the incubation times
increased the ruminal degradability. In the ten experiments the silages with 10,5% of DCAS
reached higher values of intake DM, CP, NDF and ADF than elephant grass silage, whereas the
silages with DPS reached higher daily gain and feed:gain ration than silages with elephant grass.
Keywords: By-products, silage, ruminant
16
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO GERAL
A intensificação dos sistemas de
exploração, baseada no aumento da
produção por área, vem exigindo uma
maior utilização de insumos alimentícios,
não só para cobrir os períodos críticos do
ciclo anual de produção de forragens, mas
também para se conseguir melhor expressão
do potencial genético dos animais. Durante
a engorda, dos animais as rações, além de
apresentar elevada concentração de
nutrientes, têm que ser de baixo custo,
havendo necessidade de estudar a facilidade
de incluir diversas fontes alimentares
alternativas não tradicionais e quantificar as
respostas em termos produtivos e
econômicos.
A pecuária na região Nordeste do Brasil é
caracterizada por baixos índices de
produtividade dos rebanhos. Embora
apresente elevado potencial de consumo de
gêneros alimentícios de origem animal, a
região tem se caracterizado como grande
importadora e a eficiência de produção está
muito aquém de outras regiões brasileiras.
Embora
as
limitações
climáticas,
principalmente a baixa precipitação pluvial,
sejam realidade incontestável, a irrigação
tem trazido novas oportunidades de
produção e geração de renda para a região.
Nas últimas décadas, tem havido
crescimento acentuado da fruticultura no
Brasil e, principalmente, no Nordeste.
Embora inicialmente o foco principal tenha
sido a exportação de frutas “in natura”, há
no momento, forte incentivo no sentido de
estimular o processamento de frutas para se
conseguir maior valor agregado.
Em resposta a esse incentivo, o número de
agroindústrias instaladas tem aumentado
significativamente,
incrementando
a
produção de resíduos agroindustriais que
podem ser aproveitados na dieta animal,
particularmente de ruminantes, tornando-se
importante fator de barateamento nos custos
de produção. Uma possível utilização
desses subprodutos é na alimentação de
bovinos e caprinos leiteiros e de ovinos e
bovinos para produção de carne.
A utilização de sistemas intensivos de
produção de carne e de leite poderá permitir
que se consiga diminuir a estacionalidade
de produção, bem como melhorar a
qualidade final dos produtos.
Como a região Nordeste apresenta baixa
produção de grãos para formulação de
suplementos concentrados, o uso de
subprodutos da agroindústria pode ser
alternativa interessante para alimentação de
animais em sistemas intensivos. Embora o
potencial de uso dos subprodutos da
agroindústria seja freqüentemente citado na
literatura, poucos são os estudos que trazem
informações sobre recomendações de uso
dos mesmos. Vale lembrar que países
desenvolvidos já estudaram exaustivamente
subprodutos originários da industrialização
de frutas como maçã, uva, pêra, tomate, etc.
No caso de subprodutos do processamento
de frutas como caju, abacaxi e banana, os
dados sobre utilização em nutrição animal
são escassos e, no caso do melão e acerola,
inexistentes. Desta forma, o estudo do valor
nutritivo dos subprodutos da agroindústria
para alimentação de ruminantes, como
forma de diminuir os custos de produção, é
de extrema importância, tanto para a
agroindústria como para os pecuaristas, e
obviamente para o consumidor, já que o
subproduto possibilita baratear os custos de
produção
devido
seu
preço
ser,
normalmente inferior aos suplementos
convencionais.
17
Um aspecto que deve ser destacado é o fato
de subprodutos que poderiam ser utilizados
na alimentação animal, se transformarem
em poluentes ambientais, causando sérios
danos ao meio ambiente.
capim elefante (Pennisetum purpureum,
Schum.) com diferentes níveis de adição de
subprodutos da indústria de suco do
abacaxi, caju e acerola. Os subprodutos
foram selecionados de acordo com a
disponibilidade da agroindústria.
Esse estudo foi desenvolvido objetivando
avaliar o valor nutritivo de silagens de
CAPÍTULO II - REVISÃO DE
LITERATURA
2.1. CARACTERÍSTICAS DO CAPIM
ELEFANTE (Pennisetum purpureum,
Schum.)
De origem africana, o capim elefante
(Pennisetum purpureum, Schum.) foi
introduzido no Brasil no início da década de
20 (Faria et al., 1998). Por apresentar várias
características que se adequam às
necessidades da pecuária brasileira como,
rusticidade, alta produção de forragem,
facilidade de multiplicação, disponibilidade
de diversas variedades e cultivares, ser
adaptado a vários tipos de solo, certa
resistência à seca, a pragas e doenças, e
apresentar bom valor nutritivo quando novo,
esta gramínea pôde distribuir-se no país,
sendo utilizada sob diversas formas
(Lavezzo, 1993). Segundo Tosi et al. (1995),
o capim elefante pode ser utilizado em
pastejo direto e como capineiras, para
produção de silagem e fenos.
Dentre essas formas, o aproveitamento do
capim elefante para a ensilagem é
estratégico, devido à produção sazonal de
forragem nas regiões tropicais. Faria et al.
(1995/96) relataram que cerca de 80% do
total de forragem produzida ocorre no
período chuvoso, ficando os rebanhos
sujeitos à escassez de alimentos no período
seco.
18
Lavezzo et al. (1983) obtiveram produções
de 70,3 e 83,2 t/ha de matéria verde para as
cultivares Mineiro e Vruckwona cortada aos
60 dias de desenvolvimento. Para as mesmas
cultivares cortadas aos 75 dias de
desenvolvimento,
foram
observados
produções de 77,2 e 97,2 ton/ha,
respectivamente (Lavezzo et al., 1990).
Com as cultivares Mercker, Napier, Porto
Rico 534 e Mineiro foram encontradas
produções respectivas de 260,9; 260,0;
220,6 e 214,6 t/ha/ano de matéria verde
(Pereira et al., 1966). Mozzer (1993),
trabalhando com as variedades Taiwan A146, Taiwan A-148, Cana africana e
Cameroon-CNPGL obtiveram produções de
158,3; 136,7; 187,7 e 129,8 t/ha/ano,
respectivamente.
Contudo, é importante adequar a produção
de matéria seca com o valor nutritivo em
gramíneas forrageiras tropicais, haja visto,
que essas espécies sofrem declínio
acentuado no seu valor nutritivo com o
avanço do estádio fisiológico. Isto é
resultado da menor relação haste/folha
combinada com a crescente lignificação da
parede celular. Todavia, esse fator pode ser
controlado por meio do manejo adequado do
pastejo, e do momento do corte da forragem
para conservação (Lavezzo, 1993).
O valor nutritivo das plantas forrageiras é
determinado por sua composição química,
principalmente pelos teores de proteína bruta
e de fibra em detergente ácido (FDA),
responsáveis diretos pela digestibilidade da
matéria seca (Euclides et al., 1993; Nussio et
al., 1998). A lignina exerce grande
influência sobre a taxa de degradação e
sobre a degradabilidade efetiva da parede
celular dos alimentos volumosos (Van Soest,
1994), sendo fator determinante do conteúdo
de energia digestível das plantas forrageiras,
enquanto que a fração fibra em detergente
neutro (FDN) tem grande efeito sobre a
ingestão voluntária de alimentos fornecidos
aos animais ruminantes (Mertens, 1992).
Silveira et al. (1973), estudando a influência
do melaço da cana-de-açúcar e do
emurchecimento
prévio,
sobre
a
digestibilidade “in vitro” da matéria seca de
silagens de capim napier, cortado em
diferentes
idades
de
crescimento,
observaram que com o avanço no estádio de
maturação, ocorreu decréscimo significativo
nos coeficientes de digestibilidade “in
vitro”, que passaram de 59,8% aos 51 dias,
para 45,4% aos 121 dias. Segundo os
autores, esse fato era esperado, pois com a
maturidade da forragem, ocorre aumento do
conteúdo de parede celular e, como
conseqüência, haverá diminuição nos
coeficientes de digestibilidade dos princípios
nutritivos.
O mesmo fato foi observado por Andrade e
Gomide (1971), que avaliando o efeito da
maturidade da variedade Taiwan A-146,
sobre seu valor nutritivo, constataram
aumentos na produção de matéria verde (de
9 para 41 t/ha) com o avançar dos intervalos
de corte, porém os teores de proteína bruta
passaram de 15,3% aos 28 dias para 2,3%
aos 196 dias de crescimento, e os valores de
digestibilidade “in vitro” da matéria seca
passaram de 50,3% para 22,1% nas
respectivas idades.
2.2.
LIMITAÇÕES
DO
CAPIM
ELEFANTE PARA ENSILAGEM
“Qualidade da silagem”, é uma expressão
(Silveira et al., 1979) que não traduz o valor
nutritivo do material, sendo utilizada para
descrever até que ponto o processo
fermentativo ocorreu de maneira desejável.
Os parâmetros mais utilizados para
classificar qualitativamente a silagem são: os
teores de ácido orgânicos, pH e o nitrogênio
amoniacal, pois indicam as transformações
relacionadas com as perdas nos elementos
nutritivos no interior dos silos.
Na utilização de capim elefante para
confecção de silagens é possível estabelecer
uma relação entre a produção e o valor
nutritivo. Lavezzo (1985), verificou que o
ponto ideal de produção por área e valor
nutritivo, foi alcançado quando o corte para
ensilagem ocorreu com 50-60 dias de
crescimento. Entretanto, nesse estádio de
desenvolvimento três fatores limitam a
obtenção de silagem de boa qualidade, que
são: baixo teor de carboidratos solúveis, alto
poder tampão e o elevado teor de umidade.
Esses itens segundo McDonald (1981),
influenciam negativamente no processo
fermentativo, impedindo que haja rápido
decréscimo do pH a níveis adequados (3,8 a
4,2), fazendo com que fermentações
secundárias e indesejáveis ocorram devido a
ação de bactérias produtoras de ácido
butírico, que passarão à se desenvolver,
utilizando o lactato produzido e açúcares
residuais. Como esse processo envolve a
descarboxilação do ácido láctico, a
concentração hidrogeniônica é diminuída,
criando condições mais favoráveis às
bactérias butíricas (gênero Clostridium), que
desdobram aminoácidos a ácido butírico,
ácidos voláteis, aminas, amônia e gases,
prejudicando assim, a qualidade do produto
preservado (Lavezzo, 1985).
2.2.1.Carboidratos solúveis
No processo fermentativo da ensilagem é
fundamental a presença de carboidratos
solúveis para promover bom padrão de
fermentação, pois os mesmos, se constituem
fonte mais comum de energia para as
bactérias produtoras de ácido láctico.
Portanto, a quantidade e a rapidez na
19
formação deste ácido depende da maior
disponibilidade de açúcares nas forragens
(McDonald, 1981).
Faria (1971), citado por Sobrinho et al.
(1998a) constatou redução na porcentagem
de carboidratos solúveis quando cortou o
capim elefante cultivar Napier, aos 51, 86 e
121 dias de desenvolvimento, registrando,
respectivamente, valores de 14,3, 12,05 e
8,97%.
Segundo Kearney e Kennedy (1962), a
porcentagem de carboidratos solúveis deve
ser, em média de 15% na matéria seca do
material ensilado. Porém, McCullough
(1977) afirmou que para se produzir silagens
lácticas, as forrageiras devem apresentar
conteúdo de carboidratos solúveis superior a
8,5%, e Catchpoole e Henzel (1971)
concluíram que são necessários de 13 a
16%.
A literatura mostra variações de 6,6 a
16,44% na concentração de carboidratos
solúveis no capim elefante quando cortado
entre 56 e 75 dias (Andrade e Gomide, 1971;
Gutierrez e Faria, 1978; Lavezzo et al.,
1983; Lavezzo et al., 1990; Faria et al.,
1995/96; Sobrinho et al., 1998a).
2.2.2. Poder tampão
Para rápido abaixamento do pH é
imprescindível que exista quantidade
suficiente de carboidratos solúveis a serem
fermentados pelas bactérias, e que o poder
tampão não seja capaz de impedir o
abaixamento do pH aos níveis desejados.
Segundo Weissbach e Horing (1996),
citados por Oude Elferink et al. (1999), a
capacidade de fermentação (CF) é
diretamente proporcional aos teores de
matéria seca (MS) e de carboidratos solúveis
(CS), e inversamente proporcional ao poder
tampão (PT): CF = MS + 8 x CS\PT. Assim,
podem-se propor estratégias de manejo a fim
de otimizar as características da planta, e
assim proporcionar adequada fermentação
no processo de conservação de forragem.
20
Com relação ao poder tampão, Whittenbury
et al. (1967) e McDonald (1981) relataram
que pode haver elevação do poder tampão
das plantas ou do material ensilado após a
ensilagem, e isso tem sido atribuído às
modificações químicas que se processam no
silo. Segundo os autores, as bactérias láticas
podem atuar sobre os ácidos orgânicos,
liberando ions que passarão a formar novos
sistemas tampões, pela combinação com os
ácidos
formados.
McDonald
(1981)
considerou que os ácidos lático e acético
formados no processo de ensilagem seriam
responsáveis pelo estabelecimento dos
tampões adicionais. Segundo Muck (1991),
a capacidade tampão varia com a cultura,
maturidade e condições de crescimento da
planta.
McDonald (1981) ressaltou ainda, que
grande parte das propriedades tamponantes
das forrageiras é atribuído aos ânions (sais
de ácidos orgânicos, ortofosfatos, sulfatos,
nitratos, e cloridatos), e que somente de 10 a
20% são resultados da ação da proteína das
plantas. Dessa forma, maior quantidade de
ácido lático será necessário para provocar o
abaixamento do pH para níveis adequados à
conservação da massa ensilada.
Sobrinho et al. (1998a) observaram redução
no poder tampão do capim elefante de 19,7
para 15,5 e. mg de HCL/100g de MS quando
cortado aos 56 e 84 dias, respectivamente.
Andrade e Lavezzo (1998) registraram
valores médios de 27,38 e. mg de HCL/100g
de MS para o capim elefante cultivar Guaçu,
cortado aos 62 dias de desenvolvimento. Na
idade de 75 dias, Lavezzo et al. (1990)
observaram valores de 19,87 e 24,03 e.mg
de HCL/100 g de MS para o capim elefante,
cultivares
Mineiro
e
Vruckwona,
respectivamente.
2.2.3.Teor de matéria seca
Archibald et al. (1952) consideraram como
um dos principais fatores limitantes na
conservação da silagem de capim elefante, o
teor excessivo de umidade. Em geral, isto
ocorre quando o capim é cortado novo (60
dias). Nesse estádio, o capim se encontra
com altos conteúdos de água (75 a 80% ou
mais), o que irá contribuir para aumento dos
níveis de ácido butírico, bases voláteis e
amônia, diminuindo o consumo voluntário
da silagem (Silveira et al., 1980).
McDonald (1981) destacou que os
microrganismos do gênero Clostridium são
mais inibidos pela falta de umidade do que
pela acidez do meio, podendo tolerar altos
níveis de ácidos e hidrogênio quando em
meio úmido, e que sua resistência é
diretamente proporcional ao teor de
umidade.
O conceito de atividade de água (AW) tem
sido mais completo para relacionar a
umidade na forragem com o crescimento de
Clostridium sp. A AW aumenta com a
umidade
do
material,
sendo
que
GREENHILL (1964) propôs uma fórmula
para sua determinação, na qual a AW é
mensurada em termos de pressão de vapor
relativa, conforme a equação apresentada
abaixo:
AW = 1 – c/m,
Onde, “c” é uma constante determinada pela
somatória dos pesos das moléculas e dos
íons no suco da planta, “m” é a umidade
existente, expressada em gramas (g) de água
por quilograma (kg) de matéria seca da
forragem.
A AW refere-se à mensuração da água livre,
sendo uma medida conveniente, haja visto
que o crescimento e metabolismo dos
microrganismos necessita da presença de
água livre. A AW pode ser reduzida pela
remoção da água, ou pela adição de solutos
na fase aquosa possuindo estreita relação
com a umidade relativa e a pressão osmótica
do material.
Muck (1991) comentou que o incremento no
teor de MS das silagens pode provocar
melhorias no perfil fermentativo e, com isso,
na qualidade do produto final. O primeiro
ponto a ser destacado é a produção de
efluentes ou fluidos das plantas, que são
reduzidos com o aumento do teor de MS.
Desta forma, conserva-se o substrato
necessário às bactérias láticas e a qualidade
nutricional da forrageira, já que, os efluentes
são constituídos de carboidratos solúveis,
nitrogênio, minerais, e outros nutrientes.
Quando estes são formados, representam
maior perda no valor nutricional do alimento
do que na MS.
O segundo ponto a ser observado seria
atividade microbiana. Quando o teor de MS
das silagens aumenta, a atividade da água
decresce (ou a pressão osmótica aumenta),
causando, subseqüentemente a redução da
taxa de crescimento dos microrganismos,
principalmente, o crescimento clostridial.
Estes
microrganismos
podem
atuar
fermentando
carboidratos
e
ácidos
orgânicos, produzindo ácido butírico,
dióxido de carbono (CO2), e hidrogênio.
Atuam também, na hidrólise de proteínas
(proteolíticos), fermentando aminoácidos,
tendo como produtos, variedades de ácidos
orgânicos, CO2, amônia e aminas. Essas
fermentações resultam tanto na perda de MS
como de energia, mais o ponto principal,
segundo Muck (1988), é a produção de
ácido butírico, amônia e aminas, os quais
têm sido fortemente ligados a redução do
consumo ad libitium de alimentos em
ruminantes.
A redução da atividade enzimática das
plantas é o terceiro fator a ser considerado,
pois ocorre de forma extensiva durante a
fase aeróbica da ensilagem (McDonald,
1981), degradando carboidratos solúveis
(glicose, frutose, sacarose), amido e
hemicelulose em monossacarídeos; e
nitrogênio protéico em fontes nitrogenadas
não-protéicas como peptídeos e aminoácidos
livres.
21
O último item a ser considerado seria o
requisito de substrato necessário para
interromper a fermentação pelo baixo pH,
prevenindo
o
crescimento
bacterial.
McDonald (1981) relatou que quanto maior
o teor de MS das silagens, menor é a
quantidade de carboidratos solúveis
necessários para baixar o pH, e inibir o
crescimento microbiano. Isto é um fator
interessante quando se trabalha com
gramíneas tropicais, pois as mesmas, quando
apresentam teor de carboidratos solúveis
satisfatório, podem ter seu valor nutricional
comprometido, pela redução dos teores de
proteína bruta e aumento dos constituintes
fibrosos (Pedreira e Boin, 1969; Andrade e
Gomide, 1971; Silveira et al., 1974; e Ojeda
et al., 1987).
Desta maneira, é sempre recomendável a
redução do teor de umidade, favorecendo de
forma significativa as fermentações mais
adequadas na silagem. O aumento nos teores
de matéria seca pode ser feito pela adição de
material seco no momento da ensilagem ou
pelo emurchecimento por exposição ao sol
(Lavezzo, 1985).
O processo de aditivação com materiais
absorventes, promove aumento no teor de
matéria seca, garantindo melhores condições
para as fermentações desejáveis (Evangelista
e Lima, 2000). Além disso, ocorre redução
da exigência de carboidratos solúveis,
garantindo assim um processo fermentativo
satisfatório, tornando a silagem de
gramíneas tropicais, um alimento de valor
nutricional adequado e de baixo custo de
produção (Lavezzo, 1985 e Vilela, 1998).
O ingrediente a ser aditivado no capim deve
apresentar alto teor de matéria seca, elevada
capacidade de absorver água, boa
palatabilidade, e fornecer carboidratos para a
fermentação. A adição deverá ser calculada
a fim de que a mistura atinja o teor de
matéria seca entre 28 a 32% (ideal para a
fermentação), evitando assim, ocorrência de
22
efluentes que causam perdas, e acelerando o
desenvolvimento de bactérias láticas. Devem
ser
de
fácil
manipulação,
boa
disponibilidade no mercado e baixo custo de
aquisição. Entretanto, o uso de aditivos de
baixo valor nutritivo, determina a produção
de silagem também de baixo valor nutritivo
(Tosi et al., 1989 e Lavezzo, 1993).
Na literatura tem-se que as gramíneas
tropicais apresentam elevado teor de
umidade e baixo teor de carboidratos
solúveis, e esses fatores associados
prejudicam significativamente o processo
fermentativo, proporcionando reduções no
consumo
voluntário
pelos
animais
(McDonald, 1981 e Vilela, 1998).
Balsalobre et al. (2001) sugerem que para se
obter silagens de capim elefante de
qualidade satisfatória, e perdas reduzidas,
partindo de uma forragem com baixos teores
de carboidratos solúveis e altos teores de
umidade, deve-se corrigir essas restrições
com a adição de açúcares e promover
aumento nos teores de matéria seca,
acelerando, assim, a fermentação inicial para
que o pH apresente declínio acelerado.
A utilização de resíduos agro-industriais
torna-se uma alternativa interessante para a
nutrição animal em regiões produtoras de
frutas, haja vista a qualidade dos
ingredientes e o baixo custo de aquisição.
2.3. RESÍDUOS AGROINDÚSTRIAIS
O Brasil é um dos três maiores produtores
mundiais de frutas (algo em torno de 39
milhões de toneladas por ano). Não obstante
essa colocação, o Brasil exporta pouco mais
de 1% da sua produção de frutas “in natura”,
ocupando o 20o lugar entre os países
exportadores, segundo dados do Ministério
da Agricultura. No Brasil são produzidas
frutas tropicais e de clima temperado, o que
é decorrência da extensão do território, sua
posição geográfica e suas condições
edafoclimáticas.
No Nordeste do Brasil, graças aos sistemas
modernos de irrigação e ás altas
temperaturas durante o ano todo, que em
tese poderiam permitir produção contínua,
são cultivados frutas tropicais, subtropicais e
mesmo frutas temperadas, onde se substitui
a dormência pelo frio pela dormência pela
seca. O clima nestas áreas, seco e com
elevada incidência de exposição solar,
permite boa produtividade e prevenção
natural de muitas doenças, devido à baixa
umidade reinante em grande parte do ano.
No Norte, o clima tropical úmido permite o
desenvolvimento de uma fruticultura exótica
e peculiar, com tipos de frutas ainda não
bem conhecidas e pouco consumidas. No
Sudeste, o clima mais suave, mas não
rigidamente marcado pelas estações do ano,
permite a coexistência de muitas frutas,
sobressaindo-se às laranjas para a
agroindustrialização. No Sul, o clima
temperado é marcante, onde se identifica
uma fruticultura sazonal e caracterizada por
frutas de clima temperado por excelência.
Na região Leste, englobando o sul da Bahia
e norte do Rio de Janeiro, as condições de
clima e dos solos permitem a produção de
uma elevada variedade de frutas tropicais e
subtropicais e mesmo de frutas de clima
temperado.
A base agrícola da cadeia produtiva das
frutas abrange 3,0 milhões de hectares,
gerando 5,6 milhões de empregos diretos, ou
seja, 27% do total da mão-de-obra agrícola
ocupada no País.
Ao mesmo tempo que se alcança recordes
seguidos na produção agropecuária e se
torna um dos maiores exportadores do setor,
o desperdício de alimentos no Brasil é
crescente. Apesar da diferença existente
entre os resultados das pesquisas e das
estimativas, decorrente da diversidade de
metodologias empregadas, a magnitude das
perdas verificadas é de grande relevância.
Uma destas estimativas, com base em dados
da safra 2002/2003 apontou para um
desperdício de 32 milhões de toneladas da
produção ao consumidor final, ou seja,
aproximadamente 15% do total produzido,
somando grãos, frutas, hortaliças e produtos
de origem animal. O fato mais crítico é
quando observa-se o caso das frutas e
hortaliças, onde o montante de perdas pode
chegar a 40% da produção.
Atualmente, a produção destina-se atender à
demanda por frutas frescas. No entanto,
existe uma tendência mundial para o
mercado de produtos transformados, como
conservas, sucos, geléias e doces. A todo o
momento, as agroindústrias investem no
aumento da capacidade de processamento,
gerando grande quantidades de resíduos. Em
muitos casos, a eliminação dos mesmos
eleva o custo operacional das empresas pois,
quando não eliminados, são fonte de
contaminação ambiental.
Os resíduos agroindustriais são aqueles
provenientes do beneficiamento industrial
e/ou do processamento secundário de
produtos agrícolas, pecuários e florestais. O
acúmulo de resíduos oriundos das atividades
agropecuárias é proporcional ao crescimento
do agronegócio. Desta forma, a natureza não
é mais capaz de reciclar os subprodutos
lançados
em
rios,
córregos
ou,
simplesmente, depositados nas propriedades
agrícolas,
causando
grande
impacto
ambiental. De acordo com as circunstâncias,
a natureza tem condições de promover o
“tratamento” desta carga poluidora, por
meio da ação de microrganismos sobre o
material orgânico. Porém, com o
crescimento das atividades agropecuárias,
vem ocorrendo o acúmulo de grandes
volumes de resíduos, os quais podem causar
a saturação dos corpos receptores como rios
e solo, e conseqüentemente, a sua
degradação.
Poucos são os resíduos agro-industriais,
obtidos do processamento de frutos como os
do maracujá e citrus (Lavezzo, 198?) que
possuem estudos sobre seus valores
nutritivos na literatura, os quais permitem
23
aos produtores o fornecimento adequado aos
seus animais. Outros resíduos como os de
caju, manga, acerola e melão, obtidos do
processamento industrial ou do descarte de
frutos inadequados ao para o consumo
humano “in natura”, são pouco ou não
utilizados na alimentação animal, e os
estudos sobre seus valores nutritivos são
bastante escassos, ou mesmo inexistentes na
literatura nacional e internacional.
A industrialização de frutas para produção
de sucos ou polpas produz subprodutos com
elevado potencial de utilização na
alimentação de ruminantes. A produção
varia com o tipo de fruta e o processamento
redução de elementos tóxicos que possam
estar presentes no material, como resíduos
químicos.
utilizado. Para frutas como o abacaxi,
acerola, caju, graviola, goiaba, jaca, manga,
maracujá e melão registrou-se rendimento
dos subprodutos de até 40, 41, 30, 35, 5, 70,
50, 70 e 45%, respectivamente.
Geoffroy (1985) comentou que os resíduos
agroindustriais podem ser estocados de duas
maneiras: desidratados, porém este método
não é interessante, por aumentar o custo de
energia, ou então ensilados, que de acordo
com o autor é o método mais simples e mais
barato. Contudo, em se tratando de regiões
tropicais é possível conciliar os dois
sistemas. Weinberg (1992) ressaltou ainda,
que a conservação dos subprodutos na forma
de
silagem
pode
resultar
na
Figura 1: Sazonalidade das principais frutas brasileiras
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Abacaxi
Acerola
Caju
Goiaba
Laranja
Manga
Maracujá
Maça
Pêssego
Uva
Umeda e P&D PARMALAT BRASIL (2003)
Como pode ser visualizado, há uma extensa
variação de frutas e épocas de colheitas,
distribuídas
durante
todo
o
ano,
possibilitando a produção de grandes
contigentes de resíduos passíveis de serem
utilizados
na
alimentação
animal.
Ressaltando, que quando cultivadas com
sistemas de irrigação, algumas culturas
24
podem ter seu período de produção
estendido. No entanto, Bose e Martins Filho
(1984) alertou que para utilização dos
resíduos, sempre deve-se considerar a
disponibilidade do material, coleta e
transporte até o local de tratamento e uso,
tecnologias envolvidas, assim como
equipamentos necessários e possibilidades
de armazenamento.
2.3.1.
Caracterização
do
resíduo
agroindustrial da fruta do abacaxi
Nome popular: Ananás; abacaxizeiro
Nome científico: Ananas comosus (L.)
Merril.
Família botânica: Bromeliaceae
Origem: América Central e México.
Planta de pequeno porte, podendo atingir 80
cm de altura. Folhas longas e duras,
dispostas espiraladamente, partindo da base,
formando uma roseta. Flores pequenas, de
coloração rósea a roxo-purpúrea, surgem
aglomeradas em uma haste, formando uma
espiga que se desenvolverá originando a
fruta do abacaxi.
O conjunto dos pequenos frutos formam a
estrutura de forma ovóide do abacaxi. Na
sua porção superior forma-se uma "coroa"
de folhas duras, de coloração verde intensa
denominadas brácteas. A haste interna do
abacaxi é envolta pela suculenta polpa que é
comestível.
Prefere solo rico em nutrientes, não
suportando os encharcados. O plantio é feito
no início das chuvas desenvolvendo-se bem
em locais com temperaturas de 16 a 20ºC e
livres de geadas. Produz 20 kg por
planta/ano e frutifica o ano todo.
A produção mundial de abacaxi está
estimada em 12,8 milhões de toneladas
(apenas 3% da produção mundial de todas as
frutas). O Brasil é o 2o produtor mundial de
abacaxi (1,62 milhão de toneladas, em
45.000 hectares plantados), somente
suplantado pela Tailândia, com 1,98 milhão
de toneladas. Os nossos principais
compradores de suco concentrado e de fruto
in natura são a Argentina, Uruguai, Países
Baixos e Estados Unidos.
No Brasil, os principais Estados produtores
são Minas Gerais (523.800 t), Paraíba
(333.100 t) e Pará (177.900 t); o Estado de
São Paulo ocupa, apenas, o 8o lugar (42.600
t). Os Estados de Minas Gerais e Paraíba são
os maiores produtores de abacaxi, cujas
produções, somadas, representam mais da
metade da produção brasileira. Em seguida,
com produções menos representativas,
destacam-se: Pará, Bahia, São Paulo, Rio
Grande do Norte, Espírito Santo e Rio de
Janeiro.
No período de 1991 a 2001, a produção
brasileira de abacaxi evoluiu de 1.106.960
para 3.113.464 toneladas, o que representou
aumento anual da ordem de 8%. Este
aumento foi resultante, não só da expansão
da área colhida, mas também do aumento da
produtividade, que evoluiu de 32,435 para
49,295 t/ha (IBGE, 2002).
No Brasil, a produção de abacaxi concentrase nas Regiões Sudeste e Nordeste. Em
2001, estas regiões foram responsáveis,
respectivamente, por 40,49 e 37,15% da
produção brasileira de abacaxi, cabendo os
22,36 % restantes ao conjunto das demais
regiões.
No processo de industrialização dos frutos
podem ser gerados diversos produtos, como;
fatias, metades, bocados, pedacinhos,
taliscas, cubos, suco, polpa. Bromelina e
outros produtos da fermentação como o
álcool etílico, vinagre e vinho também
podem ser obtidos a partir do abacaxi
(Figura 2).
25
Figura 2: Utilização industrial do abacaxi, baseado em Py e Tisseau (1969), citados por Martin
et al. (1987).
Apartir do processo de industrialização
sobram das fábricas cascas, coroas brotos da
fruta, anexos da fruta moídos e polpa da qual
se extrai o suco. A composição pode
modificar-se de acordo com a qualidade e
variedade da fruta. O bom valor nutritivo
dos resíduos da indústria de conserva de
abacaxi deve-se aos principais constituintes
da matéria orgânica serem os carboidratos
solúveis, principalmente, açúcares. Além
destes, outros carboidratos como a
hemicelulose, celulose, hexosanas e
pentosanas estão presentes. Contêm também
pectina que age protegendo a mucosa
gastrointestinal e neutralizando as toxinas
bacterianas (Muller, 1978).
Segundo Olbrich e Wayman (1973), citados
por Martin et al. (1987), o resíduo da polpa
tem, em média, teores de matéria seca de
14,2%. Acima de 16,0% o produto tem
26
consistência semi-sólida, pastosa, o que
dificulta sua mistura, sendo que a polpa
centrifugada pode ser usada como fonte
energética para crescimento e engorda de
gado de corte e vacas em lactação, e para
crescimento de bezerras desmamadas.
Poderá ser manuseado como suplemento
aquoso e alimentado diretamente, ou
misturado com outros alimentos energéticos
secos, como melaço ou farelo de abacaxi, ou
ainda ensilado como resíduos celulósicos
secos, como o de desfolha e desponte de
cana-de-açúcar.
O fluxograma na Figura 3 mostra os
principais usos que podem ser dados à torta
e suco resultantes da prensagem dos rejeitos
constituídos
essencialmente
das
extremidades e cascas dos frutos que sobram
da industrialização do abacaxi.
Figura 3: Diferentes utilizações possíveis dos rejeitos por tonelada de abacaxi na fábrica de
conservas (baseado em Py et al. 1984, citados por Martin et al., 1987)
Como observado, do total de rejeitos
prensados, 75 a 85% é suco, e 15 a 25%
resulta em torta. Porém, a proporção de torta
produzida pode ter seu valor aumentado
tendo em vista que grande parte das fábricas
de processamento do fruto do abacaxi
trabalha com extração de poucos produtos,
desta maneira aumentando a proporção dos
resíduos.
Todavia, das várias aplicações da torta
destaca-se o resíduo que pode servir de
alimento para os ruminantes, podendo este
ser utilizado em estado fresco, ensilado ou
desidratado. Otagaki e Morita (1959)
ressaltaram que a desidratação do produto é
certamente a melhor opção, porém constituise num método muito oneroso. Contudo, em
se tratando de regiões tropicais como o
Brasil, mais precisamente a região Nordeste,
esse fator pode ser amenizado pela
ocorrência de luminosidade e temperaturas
altas durante o ano.
Quando desidratado, o resíduo da indústria
de conserva do abacaxi é chamado de farelo
de abacaxi. Este é constituído da cascas,
talos, coroas e cilindros considerados
rejeitos. A proporção das partes individuais,
bem como sua composição química, variam
consideravelmente com a variedade da fruta,
maturidade,
qualidade
da
produção
fotossintética (conteúdo de açúcar) e
tecnologia empregada pala fábrica de
conserva (Muller, 1978).
Trabalhando como resíduo da indústria de
conserva de abacaxi na alimentação de
bovinos, sob a forma de silagem, tendo sido
preparada juntamente com cama de frango,
Muller (1978) obteve silagem de qualidade
alta devido à acidez inicial e à presença de
açúcares, assegurando ótima fermentação.
Quanto ao resíduo fresco do fruto Muller
(1978) relatou que este vem sendo utilizado
com sucesso na alimentação de ruminantes,
em níveis de 30 a 100% da dieta, desde que
os nutrientes limitantes (proteína, mineras e
vitaminas) sejam balanceados.
Os valores nutricionais do subproduto do
abacaxi desidratado e ensilado são
apresentados na Tabela 1.
27
Tabela 1: Composição química e digestibilidade do resíduo do abacaxi desidratado (1 e 2) e
ensilado (3, 4 e 5)
Subproduto do abacaxi desidratado
Silagem do subproduto do abacaxi
1
2
3
4
5
MS (%)
84,7
88,5
14,8
14,7
12,9
MO1
93,2
90,8
82,9
PB1
8,4
9,2
5,47
8,83
3,95
FDN1
71,4
66,1
62,2
64,7
62,7
FDA1
30,7
34,4
25,6
41,3
HCEL1
40,7
31,7
CEL1
25,9
37,4
LIG1
5,3
10,05
7,85
6,2
1
EE
1,2
1,34
1,23
2,31
NIDN2
38,4
NIDA2
16,3
MM1
6,8
9,2
5,16
17,0
5,63
EB3
4,09
4,84
4,13
5,14
DMS
47,5
78,2
76,1
DPB
29,0
DFDN
50,8
80,58
(1) Louzada Junior et al. (2005); (2) Rogério, (2005); (3)(5) Rodrigues e Peixoto, (1990ab); (4) Prado et al. (2003)
MS - matéria seca; PB - proteína bruta; FDN - fibra em detergente neutro; FDA - fibra em detergente ácido; HCEL – hemicelulose;
CEL – celulose; LIG – lignina; EE – extrato etéreo; MM – matéria mineral; EB – energia bruta; NIDN - nitrogênio insolúvel em
detergente neutro; NIDA - nitrogênio insolúvel em detergente ácido; DMS – digestibilidade da matéria seca (%); DPB –
digestibilidade da proteína bruta (%); e DFDN – digestibilidade da fibra em detergente neutro (%)
1
Porcentagem da matéria seca
2
Porcentagem do nitrogênio total
3
Mcal/kg de MS
Oliveira Filho et al. (2002) estudaram o
valor nutritivo de silagens de capim elefante
com níveis crescentes de adição do
subproduto do abacaxi e observaram
elevação dos teores de MS das silagens de
25,6 para 28,9% com adição de 20% do
subproduto. Quanto ao teor de PB, não
obtiveram grande variação neste percentual,
passando de 8,4 para 9,5% quando foi usado
o nível máximo de inclusão. Já para os
valores de FDA e FDN, encontraram
redução de 48,4 para 37,1% e de 73,3 para
63,9%, respectivamente.
Lousada Junior et al. (2005) observaram
consumos de matéria seca e de proteína
bruta de 924,2 e 75,3 g/animal/dia, 2,7 e
0,22 %PV e 65,0 e 5,3g/UTM
e
digestibilidade
de
47,5
e
29,0%,
respectivamente quando forneceram o
subproduto do abacaxi desidratado. Rogério
28
(2005) avaliando o consumo e a
digestibilidade aparente da matéria seca e
matéria orgânica em dietas contendo
diferentes níveis de inclusão de resíduo de
abacaxi em dietas de ovinos, observaram
maiores CMS e CMO quando adicionaram
10% de resíduo. No entanto, não observaram
diferença quanto à digestibilidade.
Prado et al. (2003) estudando níveis de
substituição de silagens de milho pela
silagem de resíduo industrial de abacaxi (0;
20; 40 e 60%) sobre o desempenho de
bovinos não registraram efeito sobre o peso
final, ganho médio diário, ingestão de
proteína bruta, energia bruta, fibra em
detergente neutro e conversão alimentar da
matéria seca.
Lallo et al. (2002a) trabalhando com níveis
de substituição da silagem de milho pelo
resíduo industrial de abacaxi (0; 20; 40 e
60%) para avaliar a degradabilidade ruminal
em bovinos de corte encontraram redução da
fração (a) da matéria seca. A taxa de
degradação da fração (b) foi crescente até
40% de inclusão do resíduo, enquanto para a
degradabilidade da proteína bruta, a fração
solúvel foi crescente até o nível máximo de
inclusão (60%). Já para a digestibilidade
aparente das rações, Lallo et al. (2002b)
observaram redução dos coeficientes de
digestibilidade da matéria seca, matéria
orgânica, proteína bruta e energia bruta,
quando se substituiu a silagem de milho pela
silagem do subproduto do abacaxi.
Correia et al. (2002) avaliando níveis
crescentes de resíduo industrial de abacaxi
(0, 33, 66 e 100%) em substituição ao feno
do coast-cross em dietas para caprinos, não
observaram efeito dos tratamentos sobre o
ganho de peso médio diário, consumo de
ração e conversão alimentar. Contudo,
houve redução no custo da ração de 38,23%
para o maior nível de substituição. Alves et
al. (2002) comentou que os subprodutos do
abacaxi podem ser utilizados na alimentação
animal baseado no consumo e coeficientes
de digestibilidade da matéria seca que foram
semelhantes aos volumosos de boa
qualidade.
Porém, além dos subprodutos obtidos do
processamento do fruto do abacaxi, o
resíduo pós-colheita da planta que
compreende as folhas, caules e raízes,
também pode servir como fonte de forragem
(Muller, 1978).
2.3.2.
Caracterização
do
resíduo
agroindustrial da fruta da acerola
Nome popular: cereja-das-antilhas; cerejade-barbados
Nome científico: Malpighia glabra Linn.
Família botânica: Malpighiaceae
Origem: Antilhas - América Central.
A aceroleira (Malpighia glabra) é cultivada
principalmente nos estados do Nordeste,
com grandes perspectivas de expansão das
exportações, principalmente para a França,
Alemanha e Estados Unidos, sendo que
alguns
empreendimentos
agrícolas
localizados no Rio Grande do Norte, Paraíba
e Bahia já exportam acerola sob a forma de
suco, polpa ou fruta congelada para a
Holanda e o Japão, além de explorarem o
mercado interno brasileiro.
Outras regiões, como o Centro Oeste e os
estados de Minas Gerais e São Paulo têm
implementado de forma acentuada o plantio
da aceroleira, principalmente com objetivo
de produção de suco e, mais recentemente,
para
a
indústria
de
refrigerantes,
demonstrando assim o grande potencial
dessa cultura.
A aceroleira é um arbusto de porte médio
que se desenvolve bem em climas tropicais e
subtropicais e, até mesmo, em regiões semiáridas, desde que exista abastecimento
regular de água. Também não é muito
exigente quanto a solos. A planta oriunda de
sementes ou estacas começa a produzir cedo,
ou seja, 2 a 2,5 ou 1 a 1,5 após o plantio,
respectivamente, e frutifica três a quatro
vezes ao ano. No entanto, em algumas
regiões do Nordeste brasileiro, com alta
disponibilidade de luz e temperatura, e sob
irrigação, as plantas advindas de sementes
ou estacas têm começado a frutificar em
menos de um ano produzindo praticamente o
ano inteiro (Alves et al.,1995).
O fruto é uma drupa tri-pirenóide, vermelho
ou vermelho escuro; ovóide achatado; 1 a 3
cm de diâmetro (Figura 4)
29
Figura 4: Frutos de aceroleira (São José e Alves, 1995)
Com epicarpo fino ou delicado, mesocarpo
com células grandes e suculentas, endocarpo
constituído de 3 caroços duros, contendo ou
não no seu interior semente, cada um
formado por células alongadas e lignificadas
de fibras vasculares adjacentes (Figura 5).
Figura 5: Sementes do fruto da acerola (São José e Alves, 1995)
A utilização da acerola, pelas indústrias
alimentícia e farmacêutica, vem estimulando
incremento na área cultivada para fins
comerciais. A fruta está sendo utilizada na
elaboração industrial de vários produtos,
como suco natural, suco concentrado, suco
liofilizado, néctar, compota, purê, balas,
recheios, comprimidos e cápsulas para uso
farmacêutico, além da produção de ácido
ascórbico puro. É usada ainda no
enriquecimento de sucos e néctares de outras
frutas, como abacaxi, mamão, pitanga,
maracujá, pêra, maçã, etc.; na preservação
de sucos frigorificados e enlatamento de
conservas. Juntamente com o ácido cítrico, é
utilizada para preservar e evitar o
escurecimento enzimático que se verifica
nos processos de congelamento e secagem
de produtos industrializados à base de frutas,
30
em face da forte ação antioxidante da
vitamina C.
Segundo Arostegui e Pennock (1956), a
acerola apresenta conteúdo médio de,
aproximadamente, 2% de vitamina C, além
de sua riqueza em vitamina A, tiamina,
riboflavina, niacina, e teores de ferro e
cálcio.
Descobriu-se que, na mesma quantidade de
polpa de fruta, a acerola concentra,
aproximadamente, até 100 vezes mais
vitamina C que a laranja e o limão, 20 vezes
mais que a goiaba e 10 vezes mais que o
caju e a amora. Assim, bastariam quatro
unidades da fruta por dia para suprir todas as
necessidades de vitamina C de uma
pessoa
adulta
saudável.
Outro aspecto importante em nível
econômico é a rentabilidade do cultivo por
hectare, pois 1 ha de acerola (500 plantas)
tem o mesmo valor de renda final de 66 ha
de laranja (13.200 plantas), com custo de
implantação 36 vezes menor. A acerola está
sendo considerada como dinheiro à vista
para muitos fruticultores.
Conforme Arostegui e Pennock (1956), o
rendimento médio de suco está entre 59 e
73% do seu peso. Dessa maneira, pode-se
estimar que a produção de resíduos, a partir
da extração do suco, será, em média, 27 a
41% do peso total de frutas processadas.
Como a acerola produz de três a quatro
safras por ano, podendo chegar até seis
safras, a oferta de resíduos é praticamente
constante durante o ano (Batista et al.,
1989),
sendo
este
constituído,
principalmente, pela semente, polpa
macerada e frutos refugados.
Carneiro et al. (1998) caracterizando
quimicamente as farinhas integral e
desengordurada da semente de acerola
observaram alto conteúdo de fibras (61%),
11% de proteína bruta, 13% de lipídeos e
42% de aminoácidos essenciais na semente,
sendo a lisina, o aminoácido limitante.
Quanto aos compostos fenóis registraram
valores de 6,4 mg/g de amostra, sendo que
os mesmos possuem fatores antinutricionais,
reduzindo a digestibilidade da proteína e a
disponibilidade de minerais.
Tabela 2: Composição química do resíduo industrial da acerola, como porcentagem da matéria seca.
MS1 PB1 FDN1 FDA1 HCEL1 CEL1 LIG1 NIDN NIDA TAN
Vasconcelos et al. 89,7 13,8 63,1
54,5
8,6
33,5 20,5
13,2
(2002)
Lousada Jr et al. 85,1 10,5 71,9
54,7
17,2
35,1 20,1 39,3
26,5
(2005)
Rogério (2005)
82,4 17,4 74,2
60,0
14,3
39,3 40,8
MS - matéria seca; PB - proteína bruta; FDN - fibra em detergente neutro; FDA - fibra em detergente ácido; HCEL – hemicelulose;
CEL – celulose; LIG – lignina; NIDN - nitrogênio insolúvel em detergente neutro e NIDA - nitrogênio insolúvel em detergente
ácido; TAN - tanino – g.kg/MS
1
Porcentagem da matéria seca
2
Porcentagem do nitrogênio total
Gonçalves et al. (2002) estudando a inclusão
do subproduto da acerola em silagens de
capim elefante, observaram elevação nos
teores de MS e PB das silagens. Com a
adição de 15% do subproduto da acerola,
atingiu-se o teor desejado de 30% de MS
desejado. O teor de PB da silagem de capim
elefante foi de 5,7%, enquanto que com a
adição de 10% do subproduto elevou-se de
modo significativo para 7,2%. Não houve
diferença nos teores de FDN. Já os teores de
FDA elevaram-se de 44,7 para 49,7% com
adição de 20% do subproduto. A adição do
subproduto da acerola em silagens de capim
elefante proporcionou fermentação adequada
apesar da elevação do nível de FDA poder
comprometer a digestibilidade da MS.
Lousada Junior et al. (2005) avaliando
consumo e a digestibilidade dos subprodutos
de abacaxi, acerola, goiaba, maracujá e
melão observaram que o consumo de
matéria seca da acerola foi inferior aos
subprodutos da goiaba, maracujá e melão,
enquanto, que o consumo de proteína bruta
foi inferior ao consumo do subproduto do
31
maracujá e melão, e também apresentou
valores inferiores aos subprodutos do
abacaxi, maracujá e melão para a
digestibilidade da matéria seca.
Avaliando a influência da inclusão de 0, 18,
34 e 49% do subproduto do processamento
da acerola em dietas para ovinos, Rogério
(2005) observaram que os animais que
receberam a maior porcentagem de inclusão
do resíduo apresentaram os menores
consumos de matéria seca e digestibilidade
da matéria seca.
Estudando a degradabilidade da matéria seca
dos subprodutos do abacaxi, acerola, goiaba,
maracujá, melão, além do farelo de castanha
e da soja extrusada, Manoel et al. (2003)
concluíram que os subprodutos do abacaxi,
maracujá e melão podem ser considerados
de boa qualidade e os subprodutos da
acerola e goiaba, volumosos de menor
qualidade.
2.3.3.
Caracterização
do
resíduo
agroindustrial da fruta do pseudofruto do
caju
Nome popular: Cajueiro
Nome científico: Anacardium occidentale
L.
Família botânica: Anacardiaceae
Origem: Brasil - Nas regiões costeiras do
Norte e Nordeste.
O cajueiro é uma planta de origem
brasileira, distribuída em vários Estados do
Brasil, principalmente na região do litoral
nordestino, considerada, o centro da origem
da cultura. Conforme muitos autores, foram
os portugueses que levaram o cajueiro para
suas colônias na África e Ásia, dispersando
assim a cultura pelo mundo.
É constituído de árvores ou arbustos
tropicais e subtropicais, tendo casca resinosa
e folhas alternadas. A castanha (fruto
verdadeiro) é constituída de três partes, a
casca, película e a amêndoa. A parte
32
comestível de forma “in natura” é
pseudofruto que apresenta-se como
pedúnculo hipertrofiado, composto
estrutura carnosa e suculenta, rica
vitamina C.
um
um
por
em
Inicialmente o caju era considerado como
componente da cultura e dos hábitos
alimentares dos índios. Contudo, durante a
Segunda Guerra Mundial surgiu uma alta
demanda do LCC (líquido da casca da
castanha de caju), marco inicial da
industrialização efetiva do caju (França,
1988). Logo a amêndoa da castanha de caju
tornou-se produto nobre, passando a ser o
principal produto da indústria (BNB, 1973).
Por sua vez, o pedúnculo começou a ser
utilizado em pequena escala para fabricação
de doces e sucos
A área mundial ocupada com cajueiro está
estimada em 1,5 milhão de hectares. O
cajueiro é cultivado entre latitudes 30°N e
31°S, de modo que é encontrado vegetando
em grandes números de países. Entretanto,
apenas na Índia, Brasil, Monçambique,
Tanzânia e Quênia, o caju apresenta
importância econômica. Estes países são
responsáveis por 98% da produção mundial.
O Brasil, Índia e Moçambique produzem
80% da produção de castanha de caju, sendo
o Brasil responsável por 35% desse total
(Pimentel, 1995).
Segundo Araújo e Silva (1995), o Brasil
apresenta 630 mil ha de área plantada com
cajueiro, com produção estimada de 168 mil
toneladas de castanha por ano. A produção
de pedúnculos chega a mais de 1,3 milhão
de toneladas/ano (Vasconcelos et al. 2002),
ressaltando que, esta produção concentra-se
na estação seca do ano (julho a janeiro),
período este, que se caracteriza pela menor
disponibilidade de forragem na região tanto
quantitativa como qualitativamente.
A agroindústria do caju ocupa lugar de
destaque no contexto econômico e social do
Brasil. O Nordeste brasileiro detém 99% da
responsável por 57% da produção nacional
(EMBRAPA, 1993). Na Figura 6 estão
apresentados os produtos obtidos do
processamento do caju.
produção nacional da castanha de caju. O
cajueiro é cultivado em vários Estados,
destacando-se o Ceará, Piauí e Rio Grande
do Norte, que, são responsáveis por 88% da
produção da castanha de caju (Pimentel,
1995). O Ceará é o principal produtor, sendo
Suco
Colheita
↓
Descastanhamento
↓
Transporte
↓
Recepção
↓
Pesagem
↓
Lavagem
↓
Seleção
↓
Lavagem
↓
Produtos
↓
Geléia
Pré tratamento
Cristalizado
Cajuína
Mel
Passa
Néctar
Doce
Rapadura
Vinho
Polpa
CajuAmeixa
Figura 6: Fluxograma básico do processamento do pedúnculo do caju. (adaptado de Paiva et al.,
2000).
A presença de vitaminas, sais minerais,
carboidratos e ácidos orgânicos faz do
pedúnculo reconstituinte geral e tônico de
primeira ordem (Braga, 1976). Paiva et al.
(2000) relataram que essa composição
química varia de acordo com o tipo, o clone
e a região produtora. Este representa 90% do
peso total do caju, podendo variar de 15 a
200 g com variações de tamanho formato e
cor.
O pseudofruto apresenta a seguinte
composição química e energética: 92,3% de
matéria seca; 11,6% de proteína bruta; 1,8%
de matéria mineral; 0,17% de cálcio; 0,16%
de fósforo e 90,4 % de nutrientes digestíveis
totais (Araújo, 1988).
De acordo com Meneses (1994), os
principais
açúcares
encontrados
no
pedúnculo do caju são: maltose, sacarose,
glicose, celobiose e rafinose, sendo que a
33
glicose é o principal açúcar presente,
seguido pela frutose, com percentagem
muito baixa de açúcares redutores. Dentre os
ácidos, o ácido málico é encontrado em
maior proporção, seguido pelo ácido cítrico.
Quanto aos fenóis são encontrados os ácidos
gálico, protocatecuico, caféico e catequina.
Entretanto, o pedúnculo apresenta a menor
percentagem de industrialização com um
percentual de aproveitamento de apenas 2 a
6% do total (Lopes Neto, 1981). Tendo em
vista uma produção anual de 1,3 milhões de
toneladas, pode-se estimar uma produção de
subprodutos de, aproximadamente, 52 mil
toneladas. Este desperdício do pedúnculo
está associado ao reduzido período de póscolheita, à pequena capacidade de absorção
da indústria, ao curto período de safra e à
inexistência de métodos econômicos de
preservação da matéria prima.
Lima (1988) afirmou, que mais de 90% da
produção do pedúnculo é deixada no campo
após a retirada da castanha, apresentando,
assim, um grande potencial para utilização
em rações.
Segundo Holanda et al. (1996), são três as
opções de consumo do pedúnculo de caju
pelos animais na forma “in natura”, que é
altamente perecível, possui em média 85%
de umidade, servindo para o consumo, por,
no máximo, 48 horas após a maturação e
queda. Neste período, os animais tendem a
consumir os frutos, junto com a própria
castanha a qual é eliminada nas fezes; caju
seco, os próprios produtores normalmente
colhem a castanha destacando-a do
pedúnculo do caju o qual permanece no solo
sujeito às irregulariedades climáticas
decorrentes de oscilações da temperatura,
chuvas e ventos. Durante a estação seca, o
pedúnculos secam, num período de 20 a 30
dias.
Nesta
condição
apresenta
inconvenientes,
principalmente,
pela
impregnação de partículas de areia e pela
proliferação de fungos quando ficam
amontoados.
34
Alguns produtores costumam apanhá-los e
secá-los sobre palhas de carnaúba,
conferindo ao produto um melhor aspecto,
com coloração amarelada e isento de areia e
fungos; e como resíduo da indústria do
processamento do pedúnculo do caju, o
pedúnculo destinado à indústria é
geralmente colhido maduro no próprio
cajueiro, antes da queda no chão. Na
indústria passa por triagem, com eliminação
dos excessivamente verdes ou maduros,
seguida de lavagem, desidratação e extração.
No caso de extração para fabricação de
sucos, há um rendimento de 65 a 70% do
líquido do caju. O bagaço ou resíduo da
indústria de sucos, contendo de 30 a 35% de
umidade pode ser utilizado diretamente na
alimentação animal, desidratado ou ensilado
(Awolumate, 1983).
Kinh et al. (1996) estudando a curva de
fermentação do subproduto do pseudofruto
do caju que continha 22,52% de MS
observaram
valores
de
26,5%
de
carboidratos solúveis no subproduto, que
reduziram drasticamente, alcançando com
30 dias de fermentação, valores de 0,67%.
Mesmo com essa mobilização, as
concentrações de ácido lático permaneceram
baixas, alcançando valores máximos aos 15
dias de fermentação (4,82%), assim como o
ácido acético (5,33%) e nitrogênio
amoniacal (8,78%), que reduziram para
2,86, 2,26% e 7,68% com 30 dias de
fermentação. Quanto aos valores de pH e
ácido butírico não se registrou alteração com
o aumento do período de fermentação (4,0 e
0,07%). Já para as silagens com 12,4% de
MS feitas com o pedúnculo do caju, os
autores registraram redução da concentração
dos carboidratos de 54,7% para 8,6% com
30 dias, enquanto o ácido lático passou de
5,0 a 19,5%, o pH de 4,0 para 3,5. Isto
demonstrou que mesmo com baixos teores
de MS foi possível obter silagens de boa
qualidade devido às altas concentrações de
carboidratos solúveis no material.
Holanda et al. (1996), avaliando os
componentes químicos bromatológicos
digestíveis do farelo de resíduo industrial do
pseudofruto do cajueiro, encontraram a
seguinte composição (base seca): matéria
seca digestível de 69,49%; digestibilidade da
proteína bruta de 8,61%; fibra digestível de
9,78% e nutriente digestível total de 75,26%.
Os autores ressaltaram ainda que o caju é
um alimento que não deve ser consumido
puro. Embora com baixo teor de tanino
(0,43%), é deficiente em cálcio, fósforo,
cobre e cobalto. Apresenta ainda
aminoácidos essenciais como: metionina,
isoleucina e fenilalamina.
Tabela 3: Composição química do resíduo industrial do pseudofruto do caju de acordo
revisada, como porcentagem da matéria seca.
MS1
PB1
FDN1 FDA1
HCEL1
CEL1
Vasconcelos et al. (2002)
29,2
14,4
70,1
54,5
8,6
33,5
Oliveira et al. (2002)*
88,4
13,1
73,1
55,4
17,7
Leite et al. (2004)*
90,1
19,7
58,4
36,7
21,7
25,4
Ferreira et al. (2004)
25,4
14,2
65,5
47,0
18,5
24,3
Rogério (2005)
89,1
14,0
79,2
68,6
10,6
30,8
com a literatura
LIG1
20,5
12,5
22,5
37,7
TAN
13,2
20,0
-
* Pedúnculo do caju desidratado
MS - matéria seca; PB - proteína bruta; FDN - fibra em detergente neutro; FDA - fibra em detergente ácido; HCEL – hemicelulose;
CEL – celulose; LIG – lignina e TAN - tanino – g.kg/MS
1
Porcentagem da matéria seca
Avaliando o uso de farinha de caju na época
seca do ano na Região Nordeste, Catunda e
Meneses (1989) encontraram baixo consumo
da matéria seca, que foi atribuído à
influência negativa do tanino (0,5%) no
aproveitamento
da
proteína
e
na
palatabilidade do material, resultando no
baixo ganho de peso médio diário.
Estudando o desempenho de cordeiros
terminados em confinamento e utilizando o
pedúnculo do caju desidratado na ração,
enriquecido ou não por leveduras, Furusho
et al. (1998) verificaram nos animais que
receberam a ração contendo o pedúnculo
enriquecido menor ganho de peso em
relação aos que receberam o pedúnculo não
enriquecido. Os autores relatam que este
efeito pode estar associado à conversão dos
açúcares em proteína pelos microrganismos,
levando a um declínio na quantidade de
energia na dieta.
Por sua vez, Oliveira et al. (2004) avaliando
o consumo e digestibilidade da matéria seca
e proteína bruta de dietas com diferentes
níveis de inclusão da polpa de caju
desidratado em ovinos, observaram aumento
linear no consumo de matéria seca e proteína
bruta (g/UTM) e redução da digestibilidade
da MS e PB com o aumento dos níveis de
inclusão do subproduto.
Fonsêca Filho e Leitão (1996), avaliando a
digestibilidade in vivo do farelo da polpa de
caju em ovinos, encontraram coeficientes de
digestibilidade (CD): MS (69,49%); PB
(58,15%); FB (71,71%); EE (88,96%); ENN
(72,38%), teores de MS digestível, proteína
digestível, fibra digestível, extrato etéreo
digestível, extrato não nitrogenado digestível
de: 62,17; 7,71; 8,75; 4,82; 40,06 e 67,36%,
respectivamente. Para energia digestível e
metabolizável os resultados foram 2.964
kcal/kg e 2.430 kcal/kg, respectivamente.
Neiva et al. (2001) avaliaram a adição de
bagaço de caju na ensilagem de capim
elefante e observaram aumento nos teores de
proteína bruta à medida que foi adicionado o
subproduto do caju, e decréscimo nos teores
de fibra em detergente neutro e fibra em
detergente ácido. Para os valores de pH,
observaram média de 3,9. Esses autores
concluíram que a adição do subproduto do
caju proporcionou melhora na conservação e
35
no valor nutritivo das silagens de capim
elefante.
Também Ferreira (2002), trabalhando com
níveis crescentes de adição de bagaço de
caju (0; 12; 24; 36 e 48%) (BC) na
ensilagem do capim elefante, observou
elevação nos teores de proteína bruta, que
passaram de 3,58% de PB com 0% de BC,
para 9,57% PB quando se adicionou 36% de
BC. Ou seja, houve uma elevação de seis
unidades de percentagem de PB com a
adição do subproduto. Entretanto, para os
teores de fibra em detergente ácido e
hemicelulose, não se observou diferença
entre as silagens. Quanto aos teores de
carboidratos totais, observaram redução nos
teores com adição do subproduto. Para
digestibilidade da MS, PB, FDN, FDA,
HCEL e NDT não observaram diferença
entre as silagens.
Gonçalves et al. (2003), avaliando o valor
nutritivo de silagens de capim elefante com
adição de 0, 5, 10, 15 e 20% de pedúnculo
do caju desidratado (PCD), observaram
aumento linear nos teores de MS e PB,
atingindo 33 e 9,69%, respectivamente, com
adição de 20% de PCD. Para os teores de
36
FDN não observaram diferença significativa
entre os níveis de inclusão avaliados.
Entretanto, para os teores de FDA
observaram aumentos significativos com a
inclusão do PCD.
Avaliando o desempenho de ovinos
alimentados com dietas à base de silagem de
capim elefante, contendo ou não bagaço de
caju, Teixeira et al. (2003) observaram que
os animais alimentados com silagens
contendo bagaço de caju apresentaram o
maior ganho de peso (P<0,05).
Rogério (2005) avaliando níveis de inclusão
do subproduto do caju (0, 19, 38 e 52%) em
dietas para ovinos observou maior consumo
de matéria seca, matéria orgânica, proteína
bruta, fibra em detergente neutro,
hemicelulose e energia metabolizável para o
tratamento com 19% do subproduto. Os
balanços energéticos e protéicos foram
positivos. Entretanto, registrou-se redução
acentuada destes valores na dieta com 52%
de subproduto. Frente aos resultados o autor
concluiu que o subproduto do caju apresenta
potencialidade
como
alimento
para
ruminantes.
CAPÍTULO III – CARACTERÍSTICAS QUÍMICO–BROMATOLÓGICAS E
FERMENTATIVAS DO CAPIM ELEFANTE ENSILADO COM NÍVEIS CRESCENTES
DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DO ABACAXI
RESUMO
O trabalho foi conduzido com o objetivo de se avaliar o valor nutritivo das silagens de capim elefante
(Pennisetum purpureum, Schum.) com adição de 0; 3,5; 7; 10,5 e 14% de abacaxi (Ananas comosus)
desidratado (subproduto da agroindústria do abacaxi - SABD). Utilizou-se o delineamento inteiramente
casualizado com quatro repetições. Após 50 dias os silos foram abertos e coletadas amostras para
determinação dos teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN),
fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HCEL), celulose (CEL), lignina (LIG), energia bruta
(EB), cinzas, nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) e nitrogênio insolúvel em detergente
ácido (NIDA). Foram analisados também o valor de pH, e teores de nitrogênio amoniacal como
percentagem do nitrogênio total (N-NH3/NT) e ácidos orgânicos (ácido lático, acético, butírico e
propiônico) das silagens. Os teores de MS e PB elevaram de 19,4 para 27,5% e de 4,7 a 6,0%, enquanto,
os teores de FDN, FDA e LIG reduziram de 76,5 para 66,4%, 48,8 para 39,6% e de 14,3 para 11,4%,
respectivamente, com o aumento do nível de adição do SABD (de 0 para 14% do SABD). A adição do
subproduto do abacaxi desidratado (SABD) aumentou (P<0,05) linearmente os teores N-NH3 e ácidos
lático e acético e diminuiu (P<0,05) os valores de pH. Conclui-se que o SABD melhorou o valor nutritivo
da silagem e proporcionou melhor conservação da massa ensilada.
3.1. INTRODUÇÃO
O capim elefante (Pennisetum purpureum,
Schum.) destaca-se entre as gramíneas
tropicais, por ser uma planta de alto
potencial de produção e boa composição
bromatológica,
apresentando-se
como
alternativa mais econômica que outras
culturas anuais para produção de silagem
(Tosi, 1989). Várias pesquisas foram sido
desenvolvidas visando à produção de
silagens de boa qualidade a partir do capim
elefante. Uma alternativa para melhorar os
padrões fermentativos, e consequentemente,
o valor nutritivo da silagem seria a utilização
de aditivos. Uma vez que, o capim elefante
apresenta alto teor de umidade no momento
ideal de corte, baixo teor de carboidratos
solúveis e ainda elevada capacidade tampão.
Os subprodutos originados da agroindústria
do processamento de frutas podem assumir
importante papel na confecção dessas
silagens.
No Brasil, a produção de abacaxi concentrase nas Regiões Sudeste e Nordeste. Em
2001, essas regiões foram responsáveis,
respectivamente, por 40,49 e 37,15% da
produção brasileira de abacaxi, cabendo os
22,36% restantes ao conjunto das demais
regiões. No período de 1991 a 2001, a
produção brasileira de abacaxi evoluiu de
1.106.960
toneladas
para
3.113.464
toneladas, o que representou incremento
anual da ordem de 8%, sendo resultante não
só da expansão da área colhida, mas também
do aumento da produtividade, que evoluiu
de 32,4 para 49,3 t/ha (IBGE, 2002).
Quando do processamento da fruta, são
formados
na
indústria
subprodutos
constituídos de cascas, coroa, brotos, anexos
da fruta moídos e polpa que apresentam
amplo potencial de utilização na alimentação
animal. Devido a palatabilidade e riqueza
em carboidratos solúveis, estes materiais são
rapidamente degradados no ambiente
ruminal, e quando ensilados podem
constituir fonte adicional de carboidratos,
proporcionando processo fermentativo mais
eficiente.
37
Segundo Prado et al. (2003), as silagens de
resíduos industriais de abacaxi apresentam
características nutricionais próximas à da
silagem de milho, podendo assim substituílo como fonte de volumoso para ruminantes.
Oliveira Filho et al. (2002) estudando o
valor nutritivo de silagens de capim elefante
com diferentes níveis de subprodutos do
abacaxi observaram aumento linear nos
teores de matéria seca e redução nos teores
de fibras em detergente neutro e ácido com a
inclusão dos subprodutos, enquanto os
valores de pH permaneceram entre 3,8 e 4,2.
Objetivou-se,
portanto,
com
este
experimento avaliar os efeitos da adição de
diferentes níveis do subproduto do abacaxi
desidratado sobre a composição química e
perfil fermentativo das silagens de capim
elefante.
3.2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Núcleo de
Pesquisas
em
Forragicultura
do
Departamento de Zootecnia do Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Federal
do Ceará (UFC), no município de Fortaleza
(CE).
Foram estudados cinco níveis de adição do
subproduto do abacaxi desidratado (0; 3,5;
7,0; 10,5 e 14,0%), com base na matéria
natural, na ensilagem do capim elefante. Em
relação à matéria seca, essas adições
consistiram em 0; 13,0; 24,0; 33,0 e 41,0%.
Utilizou-se o delineamento inteiramente
casualizado com quatro repetições.
Na confecção das silagens experimentais foi
utilizado o capim elefante (Pennisetum
purpureum, Schum.) proveniente de
capineira
estabelecida
na
Fazenda
Experimental do Vale do Curú (FEVC), em
Pentecoste,
Ceará,
pertencente
à
Universidade Federal do Ceará (UFC). O
capim foi cortado manualmente com,
aproximadamente, 70 dias de idade, quando
em seguida, foi processado em picadeira de
forragem e, posteriormente, misturado ao
subproduto do abacaxi (Ananas comosus L.)
originado do processamento da fruta para
extração de sucos e polpas, da empresa
MAISA em Mossoró (RN).
O subproduto do abacaxi era composto por
cascas e polpa prensada. A desidratação foi
feita ao sol em área cimentada por 48 horas,
sendo espalhado em camadas de,
aproximadamente, 7 cm e revolvido pelo
menos três vezes ao dia, sendo que à noite o
material foi amontoado e coberto por lona,
evitando o acúmulo de umidade.
As composições químico-bromatológicas do
capim elefante (CE) e do subproduto do
abacaxi desidratado (SABD), antes da
ensilagem, encontram-se na Tabela 4.
Tabela 4: Composições químico–bromatológicas do capim elefante (Pennisetum purpureum, Schum.)
(CE) e do subproduto do abacaxi (Ananas comosus L) desidratado (SABD) antes da ensilagem
MS (%) PB1 FDN1 FDA1 HCEL1 CEL1 LIG1 NIDN2 NIDA2 CHOs1 EB3
CE
20,6
3,3
73,6
48,8
24,8
34,5 14,3 23,6
13,9
6,8
4,0
SABD
87,4
9,2
60,7
24,1
36,6
11,3 10,5 18,8
4,1
9,2
4,1
MS - matéria seca; PB - proteína bruta; FDN - fibra em detergente neutro; FDA - fibra em detergente ácido; HCEL – hemicelulose;
CEL – celulose; LIG – lignina; NIDN - nitrogênio insolúvel em detergente neutro; NIDA - nitrogênio insolúvel em detergente
ácido; CHOs – carboidratos solúveis; EB - energia bruta
1
Porcentagem da matéria seca
2
Porcentagem do nitrogênio total
3
Mcal/kg de MS
Como silos experimentais foram utilizados
tambores plásticos de 210 L. Em cada silo
38
foram colocados 126 kg de forragem, de
forma que atingisse uma densidade de 600
kg/m3. Após a pesagem e homogeneização
do capim elefante com o SABD, o material
foi compactado no interior do silo.
Completado o enchimento, os silos foram
fechados com lonas plásticas, presas com
ligas de borracha.
Após 35 dias, os silos foram abertos e deles
retiradas amostras homogêneas de 300 g das
silagens, que permaneceram armazenadas
em congelador a –100C até a época das
análises
químico-bromatológicas.
Nas
amostras das silagens foram determinados os
teores de matéria seca (MS), proteína bruta
(PB), fibra em detergente neutro (FDN),
fibra em detergente ácido (FDA),
hemicelulose (HCEL), celulose (CEL),
lignina (LIG), energia bruta (EB), cinzas,
nitrogênio insolúvel em detergente neutro
(NIDN) e nitrogênio insolúvel em detergente
ácido (NIDA). Foram analisados também o
pH, nitrogênio amoniacal como percentagem
do nitrogênio total (N-NH3/NT) e ácidos
orgânicos (ácido lático, acético, butírico e
propiônico) no Laboratório de Nutrição
Animal do Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal de Minas Gerais,
segundo
Compêndio
Brasileiro
de
Alimentação Animal (1998).
As características estudadas foram avaliadas
por meio de análise de variância, para
realização da comparação das médias,
utilizando o teste de Tukey, e por meio da
análise de regressão, para avaliar o efeito
dos níveis crescentes de adição do SABD,
ao nível de 1 e 5% de probabilidade e no
coeficiente de determinação, por intermédio
do programa SAS (1990).
Antes da realização destas análises, foi feito
estudo para verificar se as pressuposições de
distribuição normal e homocedasticidade
dos dados foram atendidas. As variáveis que
não atenderam estas pressuposições foram
transformadas para se prosseguir com as
análises estatísticas. A transformação
utilizada foi à quadrática para o pH.
3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Teor de Matéria Seca (MS)
Os dados referentes à composições químico–
bromatológicas e as equações de regressão
em função dos níveis crescentes de
subproduto do abacaxi desidratado (SABD)
na ensilagem do capim elefante estão
apresentadas na Tabela 5.
39
Tabela 5: Teores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN),
fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HCEL), celulose (CEL), lignina (LIG), nitrogênio
insolúvel em detergente neutro (NIDN), nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) e energia bruta
(EB) do capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado
(SABD)
Níveis de adição do SABD (%)
0
3,5
7
10,5
14
Equação de Regressão
MS (%) 19,38d
20,40d
23,20c
24,77b
27,54a
Ŷ = 18,92 + 0,59x
R2 = 0,95
MO1
87,73c
88,39bc
88,98ab
88,75ab
89,49a
Ŷ = 87,89 + 0,11x
R2 = 0,57
1
4,77b
5,34ab
5,55ab
5,92a
5,97a
Ŷ = 4,92 + 0,080x
R2 = 0,52
PB
76,55a
73,44b
70,99bc
68,99c
66,41d
Ŷ = 76,22 – 0,71x
R2 = 0,91
FDN1
1
48,80a
45,73b
42,77c
42,62c
39,67d
Ŷ = 48,19 – 0,61x
R2 = 0,84
FDA
27,71ab
28,22a
26,37b
26,75ab
Ŷ = 28,03 – 0,09x
R2 = 0,20
HCEL1 27,74ab
1
34,47a
32,22ab
30,71bc
30,55bc
28,21c
Ŷ = 34,07 – 0,40x
R2 = 0,74
CEL
1
14,33a
13,51ab
12,07bc
12,06bc
11,46c
Ŷ = 14,12 – 0,20x
R2 = 0,58
LIG
21,64a
21,35a
23,41a
21,11a
19,94a
ns
NIDN2
10,24a
8,76a
9,13ba
9,21ba
7,48a
ns
NIDA2
4,0a
3,98a
4,03a
4,02a
4,08a
Ŷ = 4,0 + 0,0053x
R2 = 0,19
EB3
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukey
1
Porcentagem da matéria seca
2
Porcentagem do nitrogênio total
3
Mcal/kg de MS
ns – não significativo
Os teores de matéria seca (MS) das silagens
aumentaram à medida que foi adicionado o
subproduto do abacaxi desidratado (SABD).
As silagens com 14% do SABD
apresentaram o maior (P<0,05) teor de MS
(27,54%), enquanto a silagem exclusiva de
capim elefante e com 3,5% do SABD foram
semelhantes (P>0,05), e apresentaram os
menores (P<0,05) teores de MS (19,38 e
20,40%) em comparação às demais silagens.
Pela análise de regressão observou-se que a
adição do SABD propiciou um aumento
linear (P<0,01) nos teores de MS das
silagens. Para cada 1% de adição do SABD,
houve acréscimo de 0,59 pontos percentuais
no teor da MS da silagem. Com isso foi
possível
obter
incremento
de,
aproximadamente, 8,3 pontos percentuais no
teor de MS quando se adicionou 14% do
SABD em comparação às silagem exclusiva
de capim elefante.
Com adição de 14% do SABD a silagem
atingiu teor médio de 27,54% de MS,
próximo, portanto, da faixa de 28-34% de
40
MS tido com o ideal por McCullough (1977)
para
que
haja
eficiente
processo
fermentativo da silagem. Tal perfil está em
conformidade com as observações de
Oliveira Filho et al. (2002) que trabalhando
com adição do subproduto do abacaxi na
ensilagem do capim elefante também
registraram aumento nos teores de MS das
silagens.
Esse resultado já era esperado, haja visto
que o subproduto foi desidratado, e com isso
apresentou teor de MS (87,40%) superior ao
do capim elefante (20,60%), como
apresentado na Tabela 4. Segundo
McDonald (1981), o teor de MS (28-32%) e
o pH (3,8-4,2) são os fatores mais
importantes na inibição do crescimento de
bactérias do gênero Clostridium nas
silagens.
O aumento linear nos teores de MS com a
utilização de subprodutos também foi
relatado por Mattos et al. (2003) e
Evangelista et al. (1996) em silagens de
capim andropogon e capim elefante,
respectivamente, acrescidos de diferentes
níveis de polpa cítrica.
porém sem alcançar concentração mínima de
7%.
O uso de aditivos com elevado teor de MS
tem sido adotado por vários pesquisadores
com o objetivo de reduzir o teor de umidade
do capim elefante. Assim, Cysne et al.
(2004), Gonçalves et al. (2004), Sá et al.
(2004), Pompeu et al. (2002) e Neiva et al.
(2002) trabalhando com níveis de adição de
subprodutos da graviola, urucum, manga,
melão e goiaba, respectivamente, na
ensilagem do capim elefante, observaram
aumento nos teores de MS com a inclusão
dos subprodutos.
Oliveira Filho et al. (2002) avaliaram níveis
de adição de SABD e obtiveram média
superior (9,0%) à observada neste trabalho.
Contudo, o teor de PB do capim elefante
utilizado (8,61%) já apresentava níveis
acima do nível mínimo para o
funcionamento do rúmen (7% de PB). Prado
et al. (2003) observaram teores de 8,83% de
PB em silagens de resíduo do abacaxi.
Teor de Proteína Bruta (PB)
As adições do SABD também influenciaram
os teores de PB das silagens, tendo as
silagens com 10,5 e 14% do SABD, maiores
concentrações de PB (P<0,05) em relação à
silagem exclusiva de capim elefante.
Entretanto, não houve diferença (P>0,05)
entre as silagens que receberam SABD.
Pelo estudo de regressão foi possível
observar que os teores de PB (P<0,05)
aumentaram linearmente (P<0,05) com os
níveis de adição do SABD, proporcionando
incremento de 0,08 pontos percentuais no
teor de PB, para cada 1% de adição do
SABD. Contudo, a variação entre os níveis
de adição do subproduto foi pequena (4,92 a
6,04%), e os valores permaneceram abaixo
da faixa de 6 a 8,0%; teor mínimo necessário
para que haja fermentação microbiana
efetiva no rúmen (Van Soest, 1994). Esse
resultado foi decorrente dos baixos teores de
PB encontrados no capim elefante (3,36%
PB), assim, influenciando negativamente na
composição química do alimento, já que o
SABD apresentou 9,30% de PB.
Os resultados estão em conformidade com
Sá et al. (2004) e Neiva et al. (2002) que
trabalhando com níveis de adição do
subproduto da manga e goiaba na ensilagem
do capim elefante, respectivamente,
observaram elevações nos teores de PB,
Braga et al. (2001) avaliando o valor
nutricional de silagens de capim elefante
cortado com 70 dias de desenvolvimento na
região de Mossoró-RN observaram teores de
PB (4,66%) similares aos registrados nas
silagens exclusivas de capim elefante deste
trabalho.
Teores de Fibra em Detergente Neutro
(FDN), Fibra em Detergente Ácido (FDA),
Hemicelulose (HCEL), Celulose (CE) e
Lignina (LIG).
No tocante à fração fibrosa, houve efeito
benéfico da adição do SABD. A silagem
com adição de 14% de SABD apresentou o
menor (P<0,05) teor de FDN (66,4%),
enquanto, a silagem exclusiva de capim
elefante apresentou o teor mais elevado
(76,6%) (P<0,05) diferindo das demais
silagens.
Estes resultados podem ser confirmados pelo
estudo de regressão que registrou redução
(P<0,05) linear nos teores de FDN com a
adição do SABD. Para cada 1% de inclusão
do SABD obteve-se redução de 0,71 pontos
percentuais nos teores de FDN das silagens.
Com 14% de adição do SABD, o teor de
FDN decrescem para 66,2%, ficando 9,94
pontos percentuais abaixo do teor das
silagem de capim elefante. A redução na
concentração de FDN nas silagens pode
contribuir para aumentar o consumo de MS
e a densidade energética da dieta de
ruminantes (Jung e Allen, 2000).
41
Estes resultados eram esperados, uma vez
que a concentração de FDN do capim
elefante (73,9%) foi superior à do
subproduto do abacaxi desidratado (60,7%)
adicionado à silagem (Tabela 4).
Prado et al. (2003) avaliando silagens de
resíduo do abacaxi, registraram teores de
FDN (64,7%) próximo do valor encontrado
neste trabalho.
Os teores de FDN observados nas silagens
com 14% de adição do SABD foram
próximos dos valores observados por Rocha
Junior et al. (2000) que observaram valores
de FDN de 67,3 e 68,1% em silagens de
sorgo.
Os teores de FDA seguiram a mesma
tendência observada para os teores de FDN.
As silagens com 14% do SABD
apresentaram o menor (P<0,05) teor de FDA
(39,7%), enquanto, a silagem exclusiva de
capim elefante apresentou teor de FDA
superior (48,8%) aos observados nas demais
silagens (P<0,05). Segundo Van Soest
(1994), esses resultados são benéficos, haja
visto, que reduções nos teores de FDA estão
positivamente correlacionados com aumento
da digestibilidade da MS.
Pela análise de regressão, os teores de FDA
reduziram linearmente (P<0,05) com a
adição do SABD, promovendo reduções na
ordem de 0,61 pontos percentuais, para cada
1% de adição do SABD, o que possibilitou
com a inclusão de 14% do SABD a redução
de 9,0 pontos percentuais no teor de FDA
das silagens, ao compararmos com a silagem
exclusiva de capim elefante. Tal fato se deve
à menor concentração em FDA do SABD,
em relação ao capim elefante (24,1 x 48,8%,
respectivamente).
Estes resultados se mostram satisfatórios,
pois sabe-se que o FDA é formada de
constituintes menos digestíveis pelas
bactérias ruminais (celulose e lignina),
fazendo com que alimentos com elevados
42
percentuais
de
FDA
apresentem
digestibilidade reduzida (Van Soest, 1994).
Teores de FDA semelhantes aos encontrados
nas silagens com 14% do SABD foram
registrados em silagens de milho (39,5%)
por Rodrigues et al. (2004), e em silagens de
alfafa (39,8%) por Magalhães e Rodrigues
(2004).
Os teores de hemicelulose (HCEL) diferiram
(P<0,05) apenas entre os tratamentos com
adição de 7,0 e 10,5% de SABD. Pela
análise de regressão, também se verificou
redução linear (P<0,05) com os níveis
crescentes de adição do subproduto, com
decréscimo de 0,09 pontos percentuais no
teor de HCEL, para cada 1% de adição do
SABD. Neste caso, como os teores de HCEL
do capim elefante (24,85%) foram inferiores
ao do subproduto (36,62%), é possível que a
diferença encontrada, seja devido à
utilização dessa fração como substrato para
fermentação, pois segundo Henderson
(1993) as hemiceluloses podem servir de
substrato para fermentação, podendo ocorrer
a utilização de até 40% dessa fração.
McDonald (1981) citaram que a hidrólise da
hemicelulose acontece por meio da ação da
hemicelulase bacteriana e/ou pela hidrólise
por ácidos orgânicos produzidos durante a
fermentação.
Vilela et al. (1990) e Alberto et al (1993),
trabalhando com silagens de capim elefante
e Posseti et al. (2002), avaliando silagens de
girassol, também observaram hidrólise da
hemicelulose.
Comportamentos semelhantes aos relatados
neste trabalho, com relação à redução nos
componentes da parede celular foram
registrados por Sá et al. (2004) e Oliveira
Filho et al. (2002) que avaliaram a adição
de 0; 5; 10; 15 e 20% de subproduto da
manga e abacaxi, respectivamente, na
ensilagem do capim elefante. Também,
Mattos et al. (2003) trabalhando com
silagens de capim andropogon com
diferentes níveis de polpa cítrica seca,
observaram reduções nos teores de FDN,
FDA e HCEL nas silagens com a adição dos
respectivos subprodutos.
Para os teores de CEL, verificou-se que as
silagens com 7,0; 10,5 e 14% se mostraram
similares (P>0,05). Contudo, a silagem com
14% apresentou valor inferior (P<0,05) ao
observado na silagem exclusiva de capim
elefante e com 3,5% do SABD, que não
diferiram entre si. Os valores variaram de
34,5 (0% SABD) a 28,2 (14% SABD). Pelo
estudo de regressão, observou-se que os
teores de CEL reduziram linearmente com a
inclusão do SABD, com queda de 0,4 pontos
percentuais nos teores de CEL para cada 1%
de adição do SABD adicionado.
As reduções nos teores de CEL estão
relacionadas à menor concentração desse
componente no SABD (11,3%) em relação
ao capim elefante (34,5%). Á diminuição
nos teores de CEL, com a inclusão do
SABD, acompanha a constatação dos dados
apresentados neste trabalho com relação à
FDA, haja visto, que a CEL corresponde à
maior fração da FDA. A importância na
redução dos teores de CEL se deve ao fato
dessa ser um dos componentes da parede
celular com menor digestibilidade, podendo
contribuir na redução da qualidade da
mesma. Lousada Junior et al. (2005)
encontrou teor de CEL (25,9%) em SABD
superior ao registrado neste trabalho
(11,3%). Porém, vale ressaltar, que os
subprodutos, em geral, podem ter sua
composição química bem variável, em
função dos tratos culturais, variedades e
tipos de processamento.
Teor de CEL semelhante aos observados nas
silagens foram registrados por Rocha Junior
et al. (2000) em silagens de sorgo (26,9 a
33,5%).
Quanto aos teores de lignina, observou-se
que as silagens com 7,0, 10,5 e 14% não
diferiram entre si (P>0,05), mas a silagem
com 14% do SABD apresentou teor de
lignina inferior (P<0,05) à exclusiva de
capim elefante e com 3,5% do SABD. Os
teores de lignina variaram de 14,33 (0%
SABD) a 11,46% (14% SABD).
O estudo de regressão mostrou que a
inclusão do SABD reduziu linearmente
(P<0,05) os teores de lignina, com
decréscimo de 0,2 pontos percentuais para
cada 1% do SABD adicionado. Este fato era
esperado, uma vez que esse subproduto
possui na composição química teor de
lignina (10,51%) inferior ao do capim
elefante utilizado (14,37%).
O SABD agiu então de forma benéfica, pois
como ressalta Van Soest (1994), a lignina na
parede celular das forragens, age de forma
negativa na digestão da fibra pelos
microrganismos ruminais. Através de sua
estrutura e tipo de ligações covalentes com a
hemicelulose,
torna-se
o
principal
componente redutor da qualidade das plantas
forrageiras, por reduzir a digestibilidade dos
nutrientes das plantas
Pelos resultados obtidos pode-se constatar
que o subproduto da agroindústria do
abacaxi pode constituir uma fonte alternativa
de
alimento
para
ruminantes
por
proporcionar reduções na fração fibrosa das
silagens. Minson (1990) ressaltou que os
teores de FDN, FDA e lignina agem de
forma negativa na digestibilidade e,
conseqüentemente, no consumo. Alimentos
com menor fração fibrosa apresentam de
modo geral, maior digestibilidade e
consumo, desde que não haja outros fatores
envolvidos.
Teores de nitrogênio insolúvel em
detergente neutro (NIDN) e nitrogênio
insolúvel em detergente ácido (NIDA), como
porcentagem do nitrogênio total.
Para os teores de nitrogênio insolúvel em
detergente neutro (NIDN) e nitrogênio
insolúvel em detergente ácido (NIDA), em
relação ao nitrogênio total, não se observou
efeito dos níveis de adição do SABD, sendo
43
o valor médio observado de 21,5 e 9,0%,
respectivamente. Contudo, era esperado que
os valores de NIDN e NIDA fossem
reduzidos em função da menor concentração
destes componentes no subproduto (18,88%
e 4,14%, respectivamente) em relação ao
capim
elefante
(23,6
e
13,9%,
respectivamente). Tal fato sugere a
ocorrência de alterações decorrentes do
processo fermentativo na ensilagem.
Segundo Van Soest (1994) o nitrogênio
insolúvel em detergente neutro, mais solúvel
em
detergente
ácido,
parece
ter
digestibilidade considerável, porém, esse
nitrogênio apresenta taxas de digestão mais
lenta que a fração solúvel em detergente
neutro, e sua concentração pode ser
aumentada com o calor. Já o NIDA
corresponde à fração C no sistema de
CORNELL, sendo considerada indisponível
por conter proteínas associadas a lignina e
taninos, podendo ser produto da reação de
Maillard (Van Soest, 1994).
Contudo, vale ressaltar, que os outros
parâmetros utilizados para caracterização da
qualidade de silagens permaneceram na
faixa que designa as silagens como de ótima
qualidade, como poderá ser visto adiante.
Resultados superiores do NIDA aos
registrados nas silagens com adição do
SABD foram citados por Magalhães e
Rodrigues (2004) em silagens de alfafa
(11,57%) e por Rosa et al. (2004) em
silagens de sorgo (12,50%).
Energia Bruta (EB)
Embora a análise de variância não tenha
mostrado diferença (P>0,05) para os valores
de EB, com a adição do SABD, no qual, foi
observado valor médio de 4,02 Mcal/kg de
MS, o estudo de regressão revelou que
houve resposta linear (P<0,05) para os
valores de EB em função do aumento dos
níveis de inclusão do SABD, com
44
incremento de 0,0053 Mcal/kg de MS para
cada 1% de SABD adicionado.
Apesar de termos trabalhado com o capim
ainda novo (aproximadamente 70 dias), que
segundo a literatura (Lavezzo, 1985) poderia
ser caracterizado como de bom valor
nutricional, a gramínea apresentou baixo
teor de PB (3,36%) e elevada concentração
dos componentes da parede celular. Tal fato
deve estar relacionado com as temperaturas
mais elevadas durante todo o ano na região.
Deinum et al. (1968) explicou que a
intensidade da luz tende a aumentar o
conteúdo de carboidratos solúveis na
forragem, enquanto que o aumento da
temperatura favorece a conversão desses em
carboidratos estruturais. Aumentos na
temperatura, os quais são sucedidos por
aumentos na taxa de crescimento e,
conseqüentemente,
alterações
nos
componentes químicos das forragens,
poderiam ser a principal causa da variação
da digestibilidade das mesmas.
Van Soest et al (1978) ressaltaram que a
temperatura ambiental aumenta o processo
de lignificação, sendo considerado efeito
dominante na composição da forrageira,
enquanto que outros efeitos, tais como
maturação e luz seriam secundários. Minson
e McLeod (1970) observaram que gramíneas
tropicais e temperadas, crescendo em
ambiente subtropical, apresentaram valores
similares de digestibilidade de MS, os quais
foram negativamente correlacionados com a
temperatura e taxa de evaporação.
Ácidos Orgânicos, pH e Nitrogênio
Amoniacal (N-NH3)
Os dados referentes às características
fermentativas (pH, nitrogênio amoniacal e
ácidos orgânicos) das silagens estão
apresentados na Tabela 6.
Tabela 6: Valores de pH, nitrogênio amoniacal, como percentagem do nitrogênio total (N-NH3/NT) e
ácidos orgânicos (% da MS) do capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de subproduto do
abacaxi desidratado (SABD)
Níveis de adição do SABD (%)
0
3,5
7
10,5
14
Equação de Regressão
pH
5,89b
3,84a
3,65a
3,80a
3,83a Ŷ-2= 0,0003 + 0,00002x R2 = 0,28
N-NH3/NT
4,30b
4,67b
5,75ab
6,32ab
7,50a
Ŷ = 4,10 + 0,23x
R2 = 0,62
Ác.Lático
3,486b 4,738ab 6,132a
6,142a 6,779a
Ŷ = 4,25 + 0,114x
R2 = 0,17
Ác.Acético
0,350c 0,986bc 1,682ab 1,832ab 2,025a
Ŷ= 0,53 + 0,119x
R2 = 0,66
Ác. Propiônico 0,024a 0,075a
0,026a
0,041a 0,078a
ns
Ác. Butírico
0,025a 0,032a
0,035a
0,068a 0,031a
ns
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukey
ns – não significativo
Quanto aos valores de pH, verificou-se que
as silagens contendo o SABD foram
equivalentes (P>0,05) e apresentaram
valores inferiores ao observado na silagem
exclusiva de capim elefante.
Através das análises de regressão observouse redução (P<0,01) nos valores do pH, com
a inclusão do SABD. Desta forma, as
silagens
com
adição
do
SABD
permaneceram na faixa dos 3,8-4,2, tida
como indicadora de silagens bem
fermentadas (Catchpoole e HenzelL, 1971;
Marsh,
1979;
McCullough,
1977;
McDonald, 1981).
O pH das silagens com adição dos
subprodutos variou de 3,65 a 3,84, assim,
gerando condições ótimas para o
desenvolvimento
e
permanência
da
microbiota láctica que deve inibir a
atividade de outras bactérias (Wilkins e
Wilson, 1970), tanto pela ação do pH como
pelo efeito tóxico associado aos ácidos
(Woolford, 1972). Valores superiores aos
sugeridos na literatura (3,8 a 4,2), foram
encontrados apenas na silagem exclusiva de
capim elefante (5,89).
Os valores de pH obtidos nas silagens
podem ser conseqüências da interação de
vários fatores. O primeiro a ser destacado
refere-se ao teor de MS, como já discutido
anteriormente. A inclusão do SABD
possibilitou aumento nos teores de MS das
silagens, assim evitando o desenvolvimento
de bactérias do gênero Clostrídium que tem
seu crescimento inibido pela elevação da
pressão osmótica (Wiering, 1958; Gordon et
al., 1961; Catchpoole e HenzelL, 1971;
Woolford, 1972; Thomas, 1978; Marsh
1979;
McDonald,
1981).
Estes
microrganismos agem desdobrando o ácido
lático e carboidratos residuais, em ácido
butírico, e aminoácidos em aminas, amônia
e gases, que por sua vez, neutralizam a
acidez em virtude da ação básica,
prejudicando a qualidade do produto
ensilado.
Segundo Wiering (1960) e McDonald
(1981), os clostrídea são mais sensíveis à
falta de umidade do que à acidez do meio,
haja vista, que esses microrganismos podem
tolerar altas concentrações de ácidos e íons
de hidrogênio quando em meio úmido, e que
sua resistência é diretamente proporcional ao
teor de umidade.
Outro fator, que pode estar relacionado,
refere-se à concentração de carboidratos
solúveis, apesar do processamento das frutas
nas agroindústrias retirar grande parte destas
substâncias, verificou-se que o SABD
(9,2%) apresentou maiores concentrações de
CHOs que o capim elefante (6,8%) (Tabela
4). Desta maneira, o SABD funcionou como
aditivo estimilador da fermentação, uma vez
que, foi possível fornecer fontes adicionais
de carboidratos na ensilagem com o capim
elefante.
45
Muller (1978) ressaltou que os resíduos da
indústria de conserva de abacaxi têm os
carboidratos solúveis como os principais
constituintes da matéria orgânica. Além
desses, outros carboidratos como a
hemicelulose,
celulose,
hexosanas,
pentosanas e pectina estão presentes e,
segundo McDonald (1981), as xiloses e
arabinoses podem ser degradadas pelas
bactérias
lácticas
(homo
e
heterofermentativas) produzindo lactato e
acetato.
Reis et al. (2000) avaliando a composição
química de silagens de capim elefante com
resíduos do fruto do maracujá, observaram
pH de 3,9 no resíduo do maracujá na forma
original ao saír da indústria, demonstrando,
assim, que os subprodutos podem apresentar
pH baixo, e ao serem ensilados
proporcionarem ambiente favorável ao
crescimento de bactérias lácticas ou
estagnação
do
desenvolvimento
de
microrganismos, levando a conservação dos
nutrientes na forma original.
Aguilera et al. (1997) obtiveram pH de 3,9
para silagens com 60% da fruta da manga +
20% da fruta do limão + 20% de milho
triturado, e segundo os autores, o valor do
pH encontrado nas silagens deveu-se a
presença do ácido cítrico e outros ácidos
orgânicos presentes no limão.
Trabalhando com subproduto do abacaxi na
ensilagem do capim elefante, Oliveira Filho
et al. (2002) encontraram valores de pH
superiores aos observados neste trabalho,
assim como Neiva et al. (2002) que
trabalhando com subproduto da goiaba na
ensilagem do capim elefante.
Desta forma é possível que o SABD também
tenha apresentado valores reduzidos de pH
no momento da ensilagem, o que levaria à
manutenção dos aspectos qualitativos do
volumoso, haja visto, que o meio já se
encontraria ácido na massa ensilada, assim
evitando o início do crescimento dos
46
clostrídia, ao mesmo tempo, que estimularia
a proliferação das bactérias láticas. Além
disso, reduziria a ação inicial das enzimas
proteolíticas das plantas, que atuam sobre as
proteínas, transformando-as em fontes de
nitrogênio não protéico como peptídeos e
aminoácidos livres (Ohshima e McDonald,
1978; Muck, 1987).
Segundo Woolford (1972), quanto mais
rápido for a redução do pH ou for
estabelecido um ambiente ácido na massa
ensilada, mais eficiente é a preservação, pois
mais rapidamente é estabelecido o ambiente
anaeróbico no silo e, conseqüentemente,
menor é a extensão da degradação aeróbia
das proteínas e carboidratos, bem como à
ação das bactérias do gênero Clostidium.
Contudo, vale destacar que os valores de pH
registrados nas silagens com adição do
SABD (3,65 a 3,84) podem ser resultado da
alteração dos teores de MS, presença de
carboidratos solúveis e fermentação das
hemiceluloses.
Os fatores mencionados estão em
concordância com Fisher e Burns (1987),
que relataram que a estabilização do pH das
silagens deve-se às interações do teor de
MS, da capacidade tamponante, das
concentrações dos carboidratos solúveis e
lactato, e das condições de anaerobiose no
meio. Essas associações explicam porque
forragens com diferentes teores de MS e de
carboidratos solúveis podem produzir
silagens com o mesmo padrão de queda do
pH.
Estudando o potencial de ensilagem de cinco
resíduos hortícolas (tomate, melão, feijão
verde, fava e aipo) Cerda et al. (1994),
também observaram valores de pH
superiores aos encontrados neste trabalho.
Segundo os autores, as principais limitações
destes resíduos são: alta umidade e altos
níveis de cinzas, que promovem o aumento
da capacidade de tamponamento da massa
ensilada e os altos teores de PB, que ao
serem degradados geram N-NH3, impedindo
queda do pH.
foram
similares
(P>0,05),
todavia,
superiores as silagens de capim elefante.
No presente trabalho, ao contrário da
metodologia adotada por Cerda et al. (1994),
onde os subprodutos foram ensilados no seu
estado natural, o subproduto do abacaxi foi
desidratado e com isso se minimizou o
problema da alta umidade do capim elefante.
Além disso, o teor de PB do SABD foi
relativamente baixo o que certamente não
favoreceu a produção de amônia e,
conseqüentemente, o tamponamento do
meio.
O estudo de regressão mostrou que a
produção de ácido lático com a inclusão do
SABD pode ser representada por uma
equação linear crescente (P<0,05), de modo
que, para cada 1% de SABD adicionado,
ocorreu aumento de 0,114 pontos
percentuais no teor de ácido lático nas
silagens.
No tocante aos teores de N-NH3 observou-se
que as silagens com adição de 7,0; 10,5 e
14% foram semelhantes (P>0,05). Contudo,
as silagens com 14% do SABD foram
superiores (P<0,05) à silagem exclusiva de
capim elefante e com adição de 3,5% do
SABD. A análise de regressão evidenciou
incremento de 0,23 pontos percentuais no
teor de N-NH3 para cada 1% de adição do
SABD. Entretanto, as silagens apresentaram
teores de N-NH3 dentro do limite indicativa
de boa fermentação (<12%) (Catchpoole e
Henzel, 1971; McDonald 1981; Umaña et
al., 1991) evidenciando que não houve
degradação excessiva dos aminoácidos.
Cerda et al. (1994) trabalhando com silagem
de resíduo de aipo obtiveram valor de pH de
3,9 e teor de N-NH3 de 7,9% com 30 dias de
ensilagem, resultados, então, semelhantes
aos encontrados nesse trabalho. Lemos et al.
(2004), observaram em silagens do
subproduto da pupunha, e em silagens de
cana-de-açúcar e de sorgo, valores de pH de
3,9; 3,7 e 4,1, e de N-NH3 de 18,8; 21,9 e
12,1%, respectivamente.
Na avaliação dos ácidos orgânicos
produzidos durante o processo fermentativo
nas silagens, verificou-se que a inclusão do
SABD influenciou na produção de ácido
lático. Pela análise de variância se observou
que nas silagens com 7,0, 10,5 e 14% do
SABD as concentrações de ácido lático
Os teores médios de ácido lático obtidos nas
silagens com inclusão do SABD se
mostraram todos superiores aos valores
relatados por Faria et al. (1972) quando
adicionaram 5 (4,32%), 10 (4,09%), 15
(3,37%) e 20% (2,31%) de polpa de laranja
seca na ensilagem de capim elefante.
Dentre os ácidos orgânicos (ácido acético,
propiônico, isobutírico, butírico, valérico,
isovalérico, succínico, fórmico e lático), que
contribuem para dar a acidez final da massa
armazenada, o ácido lático, em face de sua
maior constante de dissociação (pKa =
3,86), ou seja, maior tendência para perder
seus prótons (Lehninger, 2002), possui papel
preponderante no processo fermentativo da
silagem, pois é responsável pela queda do
pH a níveis inferiores a 4,2 quando, como
conseqüência, ocorrerá a inibição do
crescimento
dos
microrganismos
responsáveis
pelas
fermentações
indesejáveis no produto (McCulloug, 1977;
Thomas, 1978; Marsh, 1979; McDonald,
1981; Umaña et al.1991; Muck,1991).
Como um dos grandes entraves ao se
trabalhar com gramíneas tropicais para
ensilagem está relacionado à baixa
concentração de carboidratos solúveis
(Catchpoole e Henzel, 1971), a adição do
SABD parece ter proporcionado substrato
suficiente para promover a fermentação
lática, e com isso, a conservação do
material, funcionado então, como um
eficiente aditivo, podendo ser incluído no
grupo de aditivos que estimulam a
47
fermentação e também são nutritivos,
segundo a classificação descrita por Vilela
(1998).
Ojeda et al. (1987) relataram que a
necessidade de se obter fermentações láticas,
em silagens tropicais, não se baseia somente
em que estas são mais eficientes do ponto de
vista energético ou de conservação, mas
também por que as bactérias láticas possuem
propriedades antimicrobianas que inibem o
desenvolvimento dos clostridia, bacilos,
estreptococos e estafilococos, contribuindo
para conservar melhor a forragem.
Quanto à concentração de ácido acético,
também verificou-se efeito do SABD. As
silagens com 7,0; 10,5 e 14% do SABD
apresentaram teores de ácido acético
semelhantes (P>0,05), enquanto a silagem
com 14% apresentou teor mais elevado
(P<0,05) que as silagens exclusiva de capim
elefante e com 3,5% do SABD. O estudo de
regressão mostrou que os teores de ácido
acético aumentaram de forma linear
(P<0,05), numa proporção de 0,119 pontos
percentuais para cada 1% de inclusão do
SABD.
reduzido
crescimento
das
bactérias
clostrídicas, que tiveram seu crescimento
inibido ou controlado provavelmente pelos
teores de MS e pH obtidos nas silagens. As
bactérias deste gênero, como discutido
anteriormente, são extremamente sensíveis
ao aumento da pressão osmótica e a
ambientes que apresentem pH abaixo de 4
(McDonald, 1981).
O valor médio de ácido butírico encontrado
foi de 0,0382%, o que indica que as silagens
permaneceram com concentrações dentro do
recomendado na literatura que seria de ≤
0,2% para caracterização de silagens bem
preservadas (Catchpoole e Henzel, 1971;
McDonald, 1981).
Silagens com concentrações elevadas de
ácido butírico indicam deterioração do
material ensilado, pois além da ação
proteolítica, os clostrídeos utilizam os
carboidratos solúveis e ácido lático
promovendo perdas de matéria seca
(McCullough, 1977; McDonald, 1981),
resultando num material menos palatável e
de
odor
desagradável,
o
que,
conseqüentemente, levaria à redução do
consumo voluntário das silagens pelos
ruminantes (Wilkins e Wilson, 1970; Muck,
1988).
Segundo McDonald (1981) e Muck (1991),
o principal e mais importante substrato para
produção de ácido acético nas silagens são
as pentoses. Desta forma, acredita-se que o
principal fator responsável pelo aumento nos
teores de ácido acético nas silagens com a
inclusão do SABD, estejam relacionados ao
metabolismo das pentoses, já que foi
possível constatar reduções nos teores de
hemicelulose, como visto na Tabela 5.
Woolford (1972) comentou que a quebra da
hemicelulose pode ser proveniente da ação
das hemicelulases das plantas, ação
bacteriana (homo e heteroláticas), ou
hidrólise pelos ácidos orgânicos durante a
fermentação.
Apesar das silagens terem mantido tendência
linear crescente para os teores de N-NH3, de
modo
geral,
obtiveram-se
boas
características fermentativas, já que os
valores de pH, N-NH3 e ácidos orgânicos,
mantiveram-se dentro dos parâmetros
estabelecidos na literatura para classificação
de silagens de ótima qualidade que seriam;
pH entre 3,8 - 4,2, teor de N-NH3 menores
que 11-12%, teores de ácido lático entre 1,5
e 6,0% e de ácido butírico ≤ 0,2%
(Catchpoole e Henzel 1971; Silveira, 1975;
McCullough, 1977 e McDonald, 1981).
Não foram observados efeitos dos níveis de
adição do SABD sobre os teores de ácido
butírico. Este fato deve estar relacionado ao
É válido salientar que apenas nas partes
superiores das silagens foram observados
processos de deterioração. Isto evidencia
48
que, poderão ser obtidas silagens de boa
qualidade elaboradas com o subproduto do
abacaxi desidratado.
Para a silagem exclusiva de capim elefante,
observou-se que as concentrações médias de
ácido lático (3,5%), acético (0,35%),
propiônico (0,024%), butírico (0,025%) e
pH (5,89) se enquadram dentro dos valores
encontrados na literatura, que variam de
0,40 a 17,59% de ácido lático; 0,08 a 6,7%
de acético; 0,00 a 0,555% de propiônico; 0,0
a 6,04% de butírico; enquanto para o pH
catalogou-se valores variando de 3,71 a 8,5
(Tosi et al., 1983; Tosi et al., 1989; Alberto
et al., 1993; Faria et al, 1995/96; Andrade e
Lavezzo, 1998; Tosi et al., 1999; Rodrigues
et al., 2002).
3.4. CONCLUSÃO
A adição do subproduto do abacaxi
desidratado melhora o processo fermentativo
da silagem de capim elefante, além de
reduzir os componentes da parede celular e
elevar os teores de matéria seca e proteína
bruta.
49
CAPÍTULO IV - CONSUMO VOLUNTÁRIO, DIGESTIBILIDADE APARENTE E
BALANÇO DE NITROGÊNIO EM OVINOS ALIMENTADOS COM CAPIM
ELEFANTE COM NÍVEIS CRESCENTES DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA
DE ABACAXI
RESUMO
O trabalho foi realizado objetivando avaliar o consumo e a digestibilidade aparente das silagens de capim
elefante (Pennisetum purpureum, Schum.) contendo 0; 3,5; 7; 10,5 e 14% do abacaxi (Ananas comosus L)
desidratado (subproduto da agroindústria do suco de abacaxi) em relação à matéria natural. Utilizou-se
delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições. Utilizando ovinos foram avaliados os
consumos de MS, PB, FDN, FDA, HCEL, CEL (g/animal/dia; %PV e g/UTM), digestibilidade aparente
(%) da MS, PB, FDN, FDA, HCEL, CEL, EB, ED e consumo de MS digestível (CMSD), PB digestível
(CPBD), FDN digestível (CFDND)e energia digestível (CED), bem como, o balanço de nitrogênio (BN)
das silagens. A adição do subproduto do abacaxi desidratado (SABD) promoveu aumento (P<0,05) no
consumo de MS de 388,3 para 631,7 g/animal/dia, PB de 23,8 para 47,4 g/animal/dia e FDN de 1,16 para
1,81% PV para as silagens exclusivas de capim elefante e com adição de 14% do SABD. Para os
coeficientes de digestibilidade das silagens, não observou-se diferença (P>0,05) com a adição do SABD.
Já para o CMSD, CPBD e CED verificou-se que as silagens com 14% do SABD apresentou valor
superior (P<0,05) que a silagem exclusiva de capim elefante. Com relação ao BN, registraram-se índices
positivos para os tratamentos com 7; 10,5 e 14% do SABD. Conclui-se, que o SABD melhora o valor
nutritivo das silagens, possibilitando maiores consumos de matéria seca digestível, proteína bruta
digestível e energia digestível.
4.1. INTRODUÇÃO
A estacionalidade na produção de forragem
tem sido responsável, dentre outros fatores,
pela reduzida produtividade dos rebanhos
que, em conjunto com a freqüente variação
dos preços dos grãos de cereais e
suplementos
protéicos
utilizados
na
alimentação animal, tem despertado o
interesse no aproveitamento de alimentos
alternativos.
Nesse contexto, os resíduos agroindustriais
podem assumir importante papel na
alimentação de ruminantes, principalmente
em situações com baixa disponibilidade de
forragens. O resíduo da indústria do
processamento do abacaxi vem sendo
utilizado em algumas pesquisas substituindo
tanto alimentos volumosos (Alves et al.,
2002; Correia et al., 2002; Lallo et al.,
2002a) quanto grãos de cereais (Muller,
1978), podendo ainda ser utilizado como
aditivo na produção de silagens de
gramíneas tropicais (Oliveira Filho et al.,
2002).
50
O subproduto da agroindústria do suco do
abacaxi é constituído de casca, coroa, brotos
da fruta, anexos da fruta, miolo e polpa. A
proporção das partes individuais que
constituem o resíduo da indústria, bem como
sua
composição
química,
variam
consideravelmente com a variedade da fruta,
maturidade,
qualidade
da
produção
fotossintética (conteúdo de açúcar) e
tecnologia empregada pela fábrica (Muller,
1978).
A adição do subproduto do abacaxi na
ensilagem de gramíneas tropicais além de
reduzir os custos com a alimentação, pode
melhorar as características fermentativas das
silagens. Todavia, esta análise deve ser
acompanhada da avaliação dos efeitos da
inclusão do subproduto sobre o consumo e a
digestibilidade que podem afetar o
desempenho e a saúde dos animais.
Rodrigues e Peixoto (1990a) trabalhando
com ovinos e avaliando a digestibilidade
aparente dos resíduos da indústria do
abacaxi encontraram altos valores de
digestibilidade dos nutrientes.
ao dia, sendo que à noite o material foi
amontoado e coberto por lona, evitando o
acúmulo de umidade.
Desta
maneira
conduziu-se
este
experimento, objetivando avaliar o efeito
dos níveis de adição do subproduto do
abacaxi desidratado na silagem de capim
elefante sobre o consumo e digestibilidade
dos nutrientes em ovinos.
As composições químico-bromatológicas
capim elefante (CE) e do subproduto
abacaxi desidratado (SABD), antes
ensilagem, encontram-se na Tabela 1,
Capítulo III.
4.2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Núcleo de
Pesquisas
em
Forragicultura
do
Departamento de Zootecnia do Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Federal
do Ceará (UFC), no município de Fortaleza
(CE).
Foram estudados cinco níveis de adição do
subproduto do abacaxi desidratado (0, 3,5,
7,0, 10,5 e 14,0%), com base na matéria
natural, na ensilagem do capim elefante. Em
relação à matéria seca, essas adições
consistiram em 0; 13,0; 24,0; 33,0 e 41,0%.
Na confecção das silagens experimentais foi
utilizado o capim elefante (Pennisetum
purpureum, Schum.) proveniente de
capineira
estabelecida
na
Fazenda
Experimental do Vale do Curú (FEVC),
Pentecoste,
Ceará,
pertencente
à
Universidade Federal do Ceará (UFC). O
capim foi cortado manualmente com,
aproximadamente, 70 dias de idade, quando
em seguida, foi processado em picadeira de
forragem e, posteriormente, misturado ao
subproduto do abacaxi (Ananas comosus,
L.), originado do processamento da fruta
para extração de sucos e polpas, da empresa
MAISA em Mossoró (RN).
O subproduto do abacaxi foi composto por
cascas e polpa prensada. A desidratação foi
feita ao sol em área cimentada, por um
período de 48 horas, sendo espalhados em
camadas de, aproximadamente 7 cm de
espessura e revolvidos pelo menos três vezes
do
do
da
do
Como silos experimentais foram utilizados
tambores plásticos de 210 L. Em cada silo
foram colocados 126 kg de forragem, de
forma que atingisse uma densidade de 600
kg/m3. Após a pesagem e homogeneização
do capim elefante com o SABD, o material
foi compactado no interior do silo, durante o
carregamento. Completado o enchimento, os
silos foram fechados com lonas plásticas,
presas com ligas de borracha.
Os dados referentes às composições
químico-bromatológicas do capim elefante
ensilado com níveis crescentes do SABD
estão apresentados na Tabela 2, do Capítulo
IV.
Foram utilizados vinte ovinos SRD
deslanados, machos, inteiros, com peso
médio de 24,0 kg, em delineamento
inteiramente casualizado, com cinco
tratamentos (0; 3,5; 7,0; 10,5 e 14%), e
quatro repetições. Para cada animal
(repetição) foi utilizada a silagem oriunda de
um único silo experimental. Os animais
foram pesados no início e no final do
experimento, vermifugados, e distribuídos
por sorteio nos tratamentos. Os animais
foram mantidos em gaiolas de estudos
metabólicos individuais, equipadas com
coletores e separadores de fezes e urina, bem
como cochos para fornecimento do alimento
e da mistura mineral, e bebedouros com
água permanentemente à disposição.
O experimento teve duração de 21 dias,
sendo, os primeiros 14 dias para adaptação
dos animais às dietas e ao ambiente
experimental e os outros sete dias restantes
51
para coleta de silagem, sobras, fezes e urina,
e para determinação do consumo voluntário,
digestibilidade aparente dos nutrientes e
balanço de nitrogênio.
Após 35 dias, os silos foram abertos e as
silagens foram fornecidas diariamente em
dois períodos (7 e 16h), sendo a quantidade
oferecida baseada no consumo do dia
anterior, de forma a permitir sobras de,
aproximadamente, 15%.
Amostragens das silagens (100 g) foram
realizadas diariamente no momento da
pesagem do alimento que cada animal
recebeu, durante todo o período de coleta de
dados. As amostras foram acondicionadas
em sacos plásticos identificados, e
armazenadas a -10°C. Ao final do
experimento, as amostras referentes a cada
animal,
foram
descongeladas
e
homogeneizadas, sendo retirada uma
amostra de, aproximadamente, 300 g, que
foi processada (pré-secagem) para análises
laboratóriais.
As sobras foram pesadas pela manhã, antes
do fornecimento da nova alimentação. Após
isto, uma alíquota de 80 g foi retirada,
seguindo a mesma metodologia descrita para
amostragem dos para os alimentos
oferecidos.
As fezes foram coletadas diariamente e
pesadas na parte da manhã. Do total, retirouse 10% e acondicionou-se a -10°C. Ao final
do experimento, as amostras referentes a
cada animal foram descongeladas e
homogeneizadas,
sendo
retirados,
aproximadamente, 300 g do total de cada
coleta, que foram acondicionados em sacos
plásticos, identificados e mantidos -10°C.
Com o auxílio de uma proveta foi medido o
volume de urina pela manhã e à tarde
quando então era retirada uma alíquota de
10% do total e armazenada em frascos
âmbar a -10°C. Foram adicionados nas
vasilhas coletoras de urina, 20 mL de ácido
52
clorídrico 1:1, evitando assim, que houvesse
perdas de nitrogênio por volatilização.
Nas amostras colhidas foram determinados
os teores de matéria seca (MS), proteína
bruta (PB), fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente neutro (FDA),
hemicelulose (HCEL), celulose (CEL) e
matéria mineral (MM). As análises foram
efetuadas no Laboratório de Nutrição
Animal da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), em Belo Horizonte,
segundo
metodologia
descrita
pelo
Compêndio Brasileiro de Alimentação
Animal (1998).
Com os valores obtidos das análises da
composição química das amostras, foram
determinados os consumos de MS e PB em
g/animal/dia, %PV e g/UTM (Unidade de
Tamanho Metabólico = PV0,75) e consumos
de FDN, FDA, HCEL e CEL, em
g/animal/dia e %PV. Determinaram-se,
ainda, os coeficientes de digestibilidade
aparente da MS, PB, FDN, FDA, HCEL,
CEL, EB e energia digestível (ED) da dieta,
bem como o balanço de nitrogênio,
determinados de acordo com metodologia
descrita por Silva e Leão (1979). Os valores
de ingestão de matéria seca digestível
(IMSD), proteína bruta digestível (IPBD),
fibra em detergente neutro digestível
(IFDND) e energia digestível (IED) foram
obtidos a partir dos coeficientes de
digestibilidade e consumo destes nutrientes.
As variáveis estudadas foram avaliadas por
meio de análise de variância. Para realização
da comparação das médias foi utilizado o
teste de Duncan (consumo de matéria seca,
expresso em g/animal/dia, %PV e g/UTM),
e o teste de Tukey para os demais
parâmetros. Foram realizadas também
análises de regressão, para avaliar o efeito
dos níveis crescentes
do SABD na
ensilagem do capim elefante, ao nível de 1%
e 5% de probabilidade e no coeficiente de
determinação, por intermédio do programa
SAS (1990).
Antes da realização destas análises, foi feito
estudo para verificar se as pressuposições de
distribuição normal e homocedasticidade
dos
dados
foram
atendidas.
As
características que não atenderam estas
pressuposições foram transformadas para se
prosseguir com as análises estatísticas. A
transformação quadrática foi utilizada para o
consumo de matéria seca (%PV e g/UTM),
consumo de fibra em detergente neutro
(g/animal/dia) e consumo de hemicelulose
(g/animal/dia).
4.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Consumo de Matéria Seca (CMS)
Os consumos de matéria seca (CMS) de
ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de
subproduto do abacaxi desidratado (SABD)
estão apresentados na Tabela 7.
Tabela 7: Consumo de matéria seca (CMS) de ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD)
Silagens
g/animal/dia
%PV
g/UTM
CE + 0% SABD
388,29b
1,55b
34,65b
CE + 3,5% SABD
421,73b
1,92b
41,60b
CE + 7,0% SABD
535,18ab
2,18b
48,46b
CE + 10,5% SABD
500,82ab
2,16b
47,35b
CE + 14% SABD
631,73a
2,71a
59,51a
Médias
495,55 ± 121,02
2,10 ± 1,42
35,95 ± 11,85
CV (%)
24,42
30,23
31,50
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Duncan
A análise de variância mostrou que os CMS
expressos em g/animal/dia, %PV e g/UTM
diferiram (P<0,05) em função da adição do
subproduto do abacaxi desidratado (SABD).
Observou-se que os ovinos alimentados com
silagens contendo 14% do SABD
apresentaram
consumos
g/animal/dia
superiores (P<0,05) em relação aos
verificados nos animais alimentados com
silagens exclusivas de capim elefante ou
com 3,5% de adição do SABD. As demais
silagens (0; 3,5; 7,0 e 10,5%) apresentaram
CMS semelhantes (P>0,05).
Os CMS médios dos animais alimentados
com silagens exclusivas de capim elefante e
com níveis crescentes do SABD variaram de
388,29 a 631,73 g/animal/dia, ou seja, os
animais que consumiram as silagens com
14% do SABD superaram em 63% o valor
médio encontrado para os animais que
ingeriram silagens exclusivas de capim
elefante.
Conforme demonstrado na equação abaixo
em função dos níveis de adição do SABD
observou-se que o CMS aumentou
linearmente. Para cada 1% de adição do
SABD o CMS aumentou em 16,17
g/animal/dia..
CMS(g/animal/dia) = 382,36 + 16,17x
(P<0,01 e R2 = 0,31)
Trabalhando com ovinos, Neiva et al. (No
Prelo) estudando o CMS em silagens de
capim elefante contendo subprodutos do
processamento do maracujá desidratado
(SMD) observaram que para cada 1% de
adição do SMD na ensilagem, o consumo
aumentou em 19,43 g/animal/dia.
Com relação ao CMS expressos em %PV e
g/UTM, verificou-se que os maiores CMS
(P<0,05) foram obtidos com os animais
alimentados com as silagens com 14% do
SABD.
53
Os CMS médios dos animais alimentados
com silagens de capim elefante com níveis
crescentes do SABD variaram de 1,55 a 2,71
%PV e de 34,65 a 59,51g/UTM, para as
silagens exclusivas de capim elefante e para
as silagens com adição de 14% SABD,
respectivamente. Segundo Crampton et al.
(1957), o CMS expresso em %PV e g/UTM
ajuda a minimizar o efeito das diferenças de
tamanho dos animais sobre o consumo do
alimento.
Ao proceder o estudo de regressão,
verificou-se efeito linear dos níveis de
adição do SABD sobre o CMS expressos em
%PV e g/UTM.
CMS2 (%PV) = 2,62 + 0,29x (P<0,01 e R2 =
0,52)
CMS2 (g/UTM)= 1292,49 + 140,57x
(P<0,01 e R2 = 0,49)
O aumento no CMS observado pelo estudo
de regressão com a adição do SABD pode
estar relacionado com o aumento no teor de
matéria seca das silagens, como observado
por Thomas et al. (1961) e Wilkins et al.
(1971) que ressaltaram ainda, que este
aumento no CMS está mais relacionado com
a melhoria no processo fermentativo das
silagens, proporcionado pelo aumento no
teor de MS, do que pelo conteúdo de
umidade da silagem. Evidencia-se também,
o consumo de alimentos possui estreita
relação com a quantidade de matéria seca
presente na dieta, uma vez que a proporção
de volumoso, associada aos maiores
conteúdos de água, determina o espaço
ocupado no rúmen, podendo limitar o
consumo pelo efeito da distensão ruminal.
Esses resultados estão em concordância com
o observado por Jackson e Forbes (1970) e
Andrade et al. (2001) que encontraram
maiores consumos de silagens, com o
aumento dos teores de MS.
Assim como os monogástricos, os
ruminantes
apresentam
um
centro
54
quimiostático, regulador do consumo de
concentrado. Todavia, o consumo de
forragens, assim como o de silagens, é
regulado pela taxa de remoção das partículas
da forragem do retículo-rúmen, estando
relacionada com a composição química,
tamanho da partícula e taxa de digestão
microbiana (Morgan et al., 1980). Porém, na
literatura vários trabalhos (Thomas et al.,
1961; Wilkins et al., 1971; Offer, 2000)
demonstraram menor consumo de silagens
por ruminantes em comparação ao mesmo
material in natura, ou fenado, sendo esse
efeito mais pronunciado em ovinos que em
bovinos (Offer, 2000).
Demarquilly (1973) trabalhando com ovinos
relatou que a redução no consumo
voluntário de silagens é observado em várias
espécies forrageiras, e que essa variação
pode chegar até 64%, quando comparado ao
consumo da forragem in natura. Segundo o
autor, a grande variação no consumo foi
atribuída à grande quantidade de ácidos
produzidos nas silagens, particularmente de
acido acético, e menores reduções foram
relacionados com silagens que continham
mais ácido lático como produto final da
fermentação.
Van Soest (1994) ao contrário, relaciona três
hipóteses para justificar a redução do
consumo de silagens: a) presença de
substâncias tóxicas, ou de produtos da
degradação da proteína como aminas, que
reduzem a palatabilidade; b) alto teor de
ácidos, proveniente de intensa atividade
fermentativa; c) e a mais aceita, a
sincronização na liberação de nutrientes.
Pois, como os ácidos graxos voláteis
apresentam baixa energia de fermentação, e
como, há uma intensa conversão do açúcar
nestes produtos, há menor disponibilidade
de ATP para os microrganismos ruminais
para a síntese da proteína microbiana. A
eficiência com a qual o nitrogênio do
alimento é convertido em proteína
microbiana depende da taxa de liberação da
amônia e de sua assimilação. Se não há
carboidrato ou lactato, quando há rápida
liberação de amônia, esse produto
constituirá além de uma perda de nutriente
(N), perda de energia para sua excreção.
Além de refletir na taxa de digestão dos
constituintes da parede celular.
Entretanto,
pelas
características
fermentativas obtidas nas silagens (Tabela 6)
podemos classificá-las como de ótima
qualidade,
segundo
os
parâmetros
apresentados por McDonald (1981). Com
isso, é pouco provável que os fatores
mencionados por Van Soest (1994) tenham
influenciado no consumo, mas sim, a falta
de
nutrientes.
Como
as
silagens
permaneceram com níveis de nitrogênio
abaixo do recomendado (7% PB), é possível
que o teor de PB tenha influenciado no
consumo, já que, a concentração e a
qualidade da proteína na dieta podem alterar
tanto o mecanismo físico como o
quimiostático no consumo de ruminantes.
Segundo Van Soest (1994), reduções no teor
de PB abaixo de 7%, ou diminuição da
disponibilidade do nitrogênio, poderá
reduzir
a
digestão
da
fibra
e,
subseqüentemente, restringir o consumo, em
conseqüência da lenta passagem dos
alimentos pelo rúmen. Wilkins et al. (1971)
e Steen et al. (1998) observaram alta
correlação entre concentração de proteína
bruta e consumo.
O mesmo resultado foi observado por
Moreira et al. (2001) que avaliando o
consumo de silagens de milho e fenos de
alfafa e do capim coastcross, observaram
menor consumo das silagens devido,
principalmente, à concentração de PB
(5,67%) mais baixa destas em comparação
aos outros alimentos. Valadares et al.
(1997), trabalhando com diferentes níveis de
PB nas rações (7; 9,5; 12 e 14,6%),
observaram redução na ingestão de
alimentos pelos animais que receberam
rações com 7% de PB, atribuindo tal fato ao
baixo teor de PB dietética.
Outro fator que pode ter interagido com os
teores de PB para obtenção destes CMS
pode estar relacionado às concentrações dos
componentes da parede celular. Van Soest
(1965) relatou que os constituintes da parede
celular, os quais são representados pela parte
fibrosa das forragens, podem limitar o
consumo quando a proporção desses
constituintes ultrapassa 55 ou 60% na MS.
De modo que, apesar da redução linear dos
teores de fibra (Tabela 5) com a adição do
SABD, as silagens com 14% de inclusão do
subproduto apresentaram teor de FDN
superior à faixa preconizada por Van Soest
(1965). Com isso o consumo pode ficar
restringido pelo volume ocupado no rúmen
pela massa fibrosa.
Vale ressaltar, porém, que o maior nível de
adição do SABD (14%) proporcionou
incremento de, aproximadamente, 60% no
CMS, quando comparamos com a silagem
exclusiva de capim elefante. Desta maneira,
o SABD, parece ter melhorado as
características nutricionais em relação à
silagem exclusiva de capim elefante.
Ítavo et al. (2000) avaliando silagens de
bagaço de laranja com ou sem aditivos em
ovinos, observaram consumos médios de
MS de 30 e 32 g/UTM; e Okamoto et al.
(1988) trabalhando na ensilagem de resíduo
industrial do milho verde e abacaxi, também
com ovinos, observaram CMS de 22,0 a
33,8 g/UTM Estes valores se mostram
inferiores aos obtidos neste trabalho,
provavelmente devido aos baixos teores de
MS observados, que foram de 13,97% e
20,41% de MS, respectivamente.
Lousada Junior et al. (2005) fornecendo para
ovinos o resíduo do abacaxi desidratado
como alimento exclusivo obteve CMS de
924 g/animal/dia e 64,98 g/UTM, valores
superiores aos obtidos neste trabalho. Isto
pode ter ocorrido pelo fato das silagens deste
experimento terem na sua constituição
maior quantidade de capim elefante, o qual
se encontrava com baixo valor nutricional
55
(baixo teor de proteína bruta e o alto teor de
fibra).
ensilado com níveis crescentes de
subproduto do abacaxi (SABD) estão
apresentados na Tabela 8.
Consumo de Proteína Bruta (CPB)
Os consumos de proteína bruta (CPB) de
ovinos alimentados com capim elefante (CE)
Tabela 8: Consumo de proteína bruta (CPB) de ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD)
Silagens
g/animal/dia
%PV
g/UTM
CE + 0% SABD
23,88b
0,09c
2,13b
CE + 3,5% SABD
29,13ab
0,13bc
2,87b
CE + 7,0% SABD
37,80ab
0,15abc
3,14ab
CE + 10,5% SABD
36,37ab
0,16ab
3,44ab
CE + 14% SABD
47,42a
0,20a
4,45a
Médias
34,91 ± 8,48
0,14 ± 0,02
3,26 ± 0,64
CV(%)
24,31
19,13
19,83
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukey
Houve efeito dos níveis de adição do SABD
(P<0,05) no CPB g/animal/dia, %PV e
g/UTM das silagens.
Para o CPB analisado em g/animal/dia
observou-se que os animais alimentados
com as silagens com adição do SABD
apresentaram consumos similares (P>0,05).
Todavia, os animais que receberam as
silagens com 14% do SABD apresentaram
CPB superiores (P<0,05) em relação àquelas
que receberam silagem exclusiva de capim
elefante, mostrando variação de 23,88 a
47,42 g/animal/dia para a silagem exclusiva
de capim elefante e com 14% do SABD,
respectivamente.
Pelo estudo de regressão verificou-se efeito
linear (P<0,01) dos níveis de adição do
SABD sobre o CPB das silagens, como
mostra a equação abaixo:
CPB (g/animal/dia) = 24,05 + 1,55x (R2 =
0,47)
De modo que, para o consumo expresso em
g/animal/dia foi observado incremento de
56
1,55 g no CPB a cada 1% de adição do
SABD.
Quando o CPB foi expresso em %PV e
g/UTM, verificou-se que os animais que
receberam as silagens com 14% do SABD
apresentaram consumo de PB superior
(P<0,05) aos animais alimentados com
silagens exclusiva de capim elefante e com
3,5% do SABD. Os consumos médios de PB
variaram de 23,88 a 47,42 g/animal/dia, de
0,09 a 0,2 %PV e de 2,13 a 4,45 g/UTM
para a silagem exclusiva de capim elefante e
com 14% do SABD, respectivamente.
Os resultados da análise de regressão
mostraram aumentos lineares (P<0,01) nos
CPB (%PV e g/UTM) decorrentes da adição
do SABD na ensilagem do capim elefante.
CPB (%PV) = 0,101 + 0,0069x (R2 = 0,60)
CPB (g/UTM)= 2,22 + 0,149x (R2 = 0,58)
Estimou-se incremento da ordem de 0,0069
pontos percentuais e 0,149 g no CPB,
respectivamente quando expressos em %PV
e g/UTM, para cada 1% de inclusão do
SABD. O efeito linear no CPB com a
inclusão do SABD é reflexo do aumento dos
teores de PB e do CMS das silagens com a
inclusão do SABD.
As silagens com adição de 14% do SABD
proporcionaram um aumento no CPB de,
aproximadamente, 95% em relação a
silagem exclusiva de capim elefante, o que
pode justificar a utilização desses
subprodutos na ensilagem do capim elefante,
haja vista, que as características nutricionais
das silagens foram melhoradas. Segundo
Cunha e Silva (1977), o fornecimento da
silagem de capim elefante como único
alimento aos animais, limita o desempenho
desses, indicando a necessidade de
suplementos protéicos e/ou energéticos.
Lousada Junior et al. (2005) ao fornecer o
SABD como alimento exclusivo para ovinos
registrou consumo de PB de 75,27
g/animal/dia e 5,3 g/UTM, demonstrando
que o SABD apresenta maior potencial, no
que se refere ao fornecimento de PB, que o
capim elefante quando o mesmo for
utilizado em estádio de desenvolvimento
mais avançado.
De modo geral, as silagens com 14% do
SABD apresentaram CPB satisfatório,
quando comparamos com os valores obtidos
por Moreira et al. (2001) e Bezerra et al.
(1993) em silagens de milho (43,12
g/animal/dia e 3,4 g/UTM) e por Reis et al.
(2000) em silagens de capim elefante
preparadas com 25% de resíduos do fruto do
maracujá (3,12 g/UTM).
Neiva te al. (No Prelo) ao avaliarem silagens
de capim elefante com adição de 14% do
subproduto do maracujá encontraram CPB
de 66,7 g/animal/dia e 6,2 g/UTM valores
superiores aos registrados nas silagens com
o SABD. Porém, vale destacar, que tanto o
capim elefante (6,5% PB) e o subproduto
(12% PB) apresentaram teores de PB
superiores.
Consumo de fibra em detergente neutro
(CFDN), fibra em detergente ácido (CFDA),
hemicelulose (CHCEL) e celulose (CCE).
O consumo de fibra em detergente neutro
(CFDN), fibra em detergente ácido (CFDA),
hemicelulose (CHCEL) e celulose (CCE) de
ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de
subproduto do abacaxi (SABD) estão
apresentados na Tabela 9.
Tabela 9: Consumo de fibra em detergente neutro (CFDN), fibra em detergente ácido (CFDA),
hemicelulose (CHCEL) e celulose (CCE) de ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto do abacaxi (SABD)
FDN
FDA
HCEL
CEL
Silagens
g/dia
%PV
g/dia
%PV
g/dia
%PV
g/dia
%PV
CE + 0% SABD
291,0a 1,16a 181,7a 0,72a 109,3b 0,44b
120,7a 0,48a
CE + 3,5% SABD
305,2a 1,39a 187,1a 0,85a 118,1b 0,54ab 122,1a 0,56a
CE + 7,0% SABD
370,3a 1,51a 216,4a 0,88a 153,8ab 0,63ab 145,8a 0,59a
CE + 10,5% SABD 359,6a 1,57a 219,2a 0,95a 140,1ab 0,61ab 150,0a 0,63a
CE + 14% SABD
422,2a 1,81a 246,8a 1,06a 175,4a
0,75a
164,1a 0,70a
Médias
397,7
1,49
210,2
0,89 139,44
0,59
140,5
0,59
CV (%)
41,40 22,13 27,05 23,31 38,10
20,93
28,61
20,93
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukey
Pela análise de variância a adição do SABD
não afetou (P>0,05) o CFDN (g/animal/dia e
%PV) que apresentaram as seguintes
médias: 397,7g/animal/dia e 1,49 %PV.
Já com o estudo de regressão constatou-se
aumento linear no CFDN (g/animal/dia e
%PV) com os níveis de adição do SABD na
ensilagem do capim elefante.
57
CFDN2 (g/animal/dia)= 91101 + 5643,82x
(P<0,05 e R2 = 0,21)
CFDN (%PV)= 1,19 + 0,04x (P<0,01 e R2 =
0,31)
Segundo Mertens (1992), o teor ideal de
FDN na dieta não é fixo e varia com o
requisito de energia líquida do animal.
Assim, quando o volume da dieta é o fator
limitante, ou seja, a dieta apresenta altos
teores de FDN, o animal necessita consumir
mais para atender o requerimento de energia.
Thiago e Gill (1990) sugeriram que o
consumo voluntário de volumosos está
diretamente relacionado às taxa de digestão
e de passagem no trato gastrointestinal, e
elas estão mais relacionadas com o
percentual de constituintes da parede celular
das forrageiras (FDN), haja visto, que o
conteúdo
celular
seria
rapidamente
fermentado no rúmen e assim, não ocuparia
espaço por muito tempo. Portanto, a
ingestão diminui quando certo volume de
enchimento do rúmen é atingido, e somente
reinicia, quando o enchimento é reduzido,
seja pela fermentação ou pela passagem das
frações indigestíveis (Raymond, 1969).
Desta forma, como foi possível observar a
redução nos teores de FDN nas silagens com
a inclusão do SABD (Tabela 5), é possível
que este fato, também tenha contribuído para
o aumento do CMS das silagens.
Moreira et al. (2001) trabalhando com
silagens de milho e feno de alfafa
observaram CFDN respectivos de 447,88 e
702,9 g/animal/dia em ovinos, dados
superiores ao observado na silagem com
14% de adição do SABD
Lousada Junior et al. (2005) avaliando o
CFDN dos subprodutos do abacaxi, acerola,
goiaba, melão e maracujá ressaltaram que,
embora
os
subprodutos
possuam
semelhanças quanto a origem (subprodutos
do processamento de frutos), há grande
58
variação no CFDN, sendo essas variações
atribuídas à natureza da fibra, ficando
evidente que o conceito preconizado pelo
NRC (2001), que considera como limite de
consumo de 1,4% PV de FDN, em bovinos,
não pode ser aplicado para os subprodutos
estudados.
Para o CFDA, expresso em g/animal/dia e
%PV, a análise de variância também não
demonstrou efeito (P>0,05) da adição do
SABD. Os valores médios observados foram
210,26 g/animal/dia e 0,89 % PV.
O estudo de regressão também não mostrou
influência (P>0,05) dos níveis de inclusão
do SABD no CFDA, quando analisado em
g/animal/dia. Para o CFDA em %PV os
valores aumentaram linearmente com os
níveis de adição do SABD, estimando
acréscimos de 0,02 pontos percentuais no
CFDA, a cada 1% de adição do SABD.
CFDA (%PV)= 0,74 + 0,02x (P<0,05 e R2 =
0,22)
As maiores ingestões de FDN e FDA se
devem ao aumento no CMS das silagens
com os níveis de inclusão do SABD, uma
vez que, foi observado redução nos teores de
FDN e FDA das silagens (Tabela 5).
Quando o CHCEL foi expresso em
g/animal/dia observou-se que os animais
alimentados com as silagens com 14% do
SABD tiveram consumo superior (P<0,05)
aos animais que receberam a silagem
exclusiva de capim elefante e a silagem com
3,5% do SABD. Os valores variaram de
109,3 (0% SABD) a 175,4 g/animal/dia
(14% SABD).
Já para o CHCEL expresso em %PV,
registrou-se que os animais que receberam
silagens com 14% de SABD apresentaram
consumos superiores (P<0,05) em relação
àqueles alimentados com a silagem
exclusiva de capim elefante. Ao proceder o
estudo de regressão, verificou-se efeito
linear dos níveis de adição do SABD sobre o
CHCEL (g/animal/dia e %PV).
CHCEL2 (g/animal/dia) = 12846 +
1146,85x (P<0,01 e R2 = 0,34)
CHCEL (%PV) = 0,45 + 0,02x (P<0,01 e R2
= 0,41)
Os níveis de adição do SABD também não
influenciaram
(P>0,05)
o
CCEL
(g/animal/dia e %PV). As médias
observadas foram de 140,56 g/animal/dia e
0,59 %PV.
detergente neutro (DFDN), fibra em
detergente ácido (DFDA), hemicelulose
(DHCEL), celulose (DCEL), energia bruta
(DEB) e energia digestível (ED)
Na Tabela 10 são apresentados os
coeficientes de digestibilidade da matéria
seca (DMS), proteína bruta (DPB), fibra em
detergente neutro (DFDN), fibra em
detergente ácido (DFDA), hemicelulose
(DHCEL), celulose (DCEL), energia bruta
(EBD) e energia digestível (ED) do capim
elefante (CE) ensilado com níveis crescentes
de subproduto do abacaxi desidratado
(SABD).
Digestibilidade Aparente da matéria seca
(DMS), proteína bruta (DPB), fibra em
Tabela 10: Coeficientes de digestibilidade da matéria seca (DMS), proteína bruta (DPB), fibra
em detergente neutro (DFDN), fibra em detergente ácido (DFDA), hemicelulose (DHCEL)
energia bruta digestível (DEB) e energia digestível (ED) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD)
Silagens
DMS DPB DFDN DFDA DHCEL
DCEL EBD ED1
CE + 0% SABD
48,2a 37,3a 54,7a
54,3a
55,3a
71,0a 50,9a 1,90a
CE + 3,5% SABD
53,2a 45,1a 55,9a
57,7a
52,8a
78,4a 51,7a 1,89a
CE + 7,0% SABD
52,9a 44,1a 54,0a
52,6a
55,8a
76,4a 50,9a 1,89a
CE + 10,5% SABD 57,2a 40,4a 56,6a
60,9a
49,8a
87,3a 51,0a 2,04a
CE + 14% SABD
54,8a 43,6a 54,7a
56,8a
51,9a
87,9a 53,3a 2,00a
Médias
53,3
42,1
55,2
56,5
53,1
80,2
51,6
1,94
CV (%)
11,1
33,5
7,6
7,1
13,0
6,0
8,4
11,37
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukey
1
Mcal/kg de MS
Pela análise de variância e regressão não foi
observada influência (P>0,05) dos níveis de
adição dos SABD na ensilagem do capim
elefante
sobre
os
coeficientes
de
digestibilidade da matéria seca (53,3%),
proteína bruta (42,1%), fibra em detergente
neutro (55,2%), fibra em detergente ácido
(56,2%), hemicelulose (53,1%), celulose
(80,2%), energia bruta (51,62%) e energia
digestível da dieta (1,94 Mcal).
Os baixos teores de PB e a forma como boa
parte do nitrogênio se encontra ligada à fibra
(NIDA) podem ter afetado de forma
substancial os resultados obtidos. Dietas
com baixo teor de PB atuam de forma a
limitar a digestão dos nutrientes por
deficiência de compostos nitrogenados para
os microrganismos ruminais. Não só a
concentração, mas as qualidades da proteína
da dieta podem alterar tanto o mecanismo
físico como o quimiostático do consumo nos
ruminantes. Teor de PB da dieta abaixo de
7% ou diminuição da disponibilidade de
nitrogênio, poderá reduzir a digestibilidade
dos constituintes fibrosos da parede celular
e, subseqüentemente, restringir o consumo,
em conseqüência da lenta passagem dos
alimentos pelo rúmen (Van Soest, 1994).
Os teores de lignina encontrados nas
silagens,
também
podem
constituir
importante
componente
redutor
da
59
digestibilidade, já que seu teor na parede
celular está altamente correlacionado com a
digestibilidade da celulose e hemicelulose
(Van Soest, 1994).
registraram aumento linear na DMS e DPB
com adição do subproduto, obtendo valores
53,6 e 51,3%, respectivamente, com adição
de 14% do subproduto do maracujá.
Contudo, somente as silagens exclusivas de
capim elefante apresentaram DMS inferior a
50%, considerado índice mínimo satisfatório
para que não haja prejuízos para o
desempenho animal (Milford e Minson,
1966).
É importante destacar, na avaliação da DPB,
que além do material não digerido da dieta,
as fezes contêm ainda, membranas celulares
das bactérias ruminais não digeridas, células
microbianas procedentes do ceco e intestino
grosso, resíduo de muitas substâncias
endógenas incluindo enzimas digestivas,
mucos e outras secreções, e células epitéliais
desprendidas da parede do trato digestivo do
rúmen. Essas podem mascarar o valor do
nitrogênio não digerido de origem dietética e
com isso subestimar o valor da DPB. Além
disso, quanto maior a quantidade de
alimentos de difícil digestão, maior será a
proporção desse nitrogênio de origem
metabólica e endógena nas fezes (Church,
1993). Maso e Frederiksen (1979) citado por
Church (1993) observaram que cerca de
86% do nitrogênio total contido nas fezes
era de origem microbiana e endógena.
Vale destacar, os altos valores de DCEL
obtidos nas silagens que podem favorecer a
ingestão de energia digestível.
Lousada Junior et al. (2005) avaliando os
subprodutos da agroindústria do abacaxi
observaram DMS, DPB, DFDN e DFDA de
47,5; 29,0; 50,8 e 51,0%, respectivamente.
Segundo os autores, as reduzidas
digestibilidades
dos
componentes
nutricionais deveram-se ao baixo nível de
PB (8,4%), podendo ter comprometido a
digestão pela deficiência de compostos
nitrogenados para os microrganismos
ruminais.
Pelos valores relatados por Lousada Junior
et al. (2005), os dados obtidos são
justificáveis, uma vez que os valores para
digestibilidade dos nutrientes no SABD são
próximos aos observados na silagem de
capim elefante exclusivo.
Lallo et al. (2002a) avaliando níveis de
substituição (0; 20; 40, 60%) da silagem de
milho pela silagem do resíduo industrial do
abacaxi em rações de bovinos confinados,
observaram decréscimo linear na DMS e
DPB.
Trabalhando com níveis de adição do
subproduto do maracujá na ensilagem do
capim elefante, ao contrário do observado
neste trabalho, Neiva et al. (No Prelo)
60
Rodrigues e Peixoto (1990a e 1990b)
avaliando o subproduto do abacaxi in natura
e a silagem do subproduto do abacaxi,
obtiveram DFDA de 73,61 e 81,32%,
respectivamente, valores superiores aos
registrados nas silagens com inclusão do
SABD.
Ingestão da matéria seca (IMSD), proteína
bruta (IPBD), fibra em detergente neutro
(IFDND) e energia digestível (IED)
Na Tabela 11 são apresentados os valores de
ingestão da matéria seca (IMSD), proteína
bruta (IPBD), fibra em detergente neutro
(IFDND) e energia digestível (IED) do
capim elefante (CE) ensilado com níveis
crescentes de subproduto do abacaxi
desidratado (SABD).
Tabela 11: Ingestão da matéria seca (IMSD), proteína bruta (IPBD), fibra em detergente neutro
(IFDND) e energia digestível (IED), expresso em g/animal/dia, de ovinos alimentados com
capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado
(SABD)
Silagens
IMSD
IPBD
IFDND
IED
CE + 0% SABD
192,17b
8,54b
159,35a
0,73b
CE + 3,5% SABD
224,97b
10,71ab
170,54a
0,80b
CE + 7,0% SABD
279,66ab
13,90ab
197,66a
0,99ab
CE + 10,5% SABD
278,54ab
14,54ab
203,26a
0,99ab
CE + 14% SABD
346,03a
17,18a
231,20a
1,26a
Médias
264,27
12,97
192,4
0,95
CV (%)
31,91
26,92
25,71
34,95
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukey
Para os valores de IMSD, IPBD e IED
observou-se que as silagens com 14% do
SABD apresentaram valores superiores a
silagem exclusiva de capim elefante. Pelo
estudo de regressão foi possível observar
efeito linear dos níveis de adição do SABD
sobre os nutrientes digestíveis das silagens,
como mostra as equações abaixo:
IMSD2 = 39828 + 5171,86x (P<0,01; R2 =
0,56)
IPBD = 8,87 + 0,60x (P<0,05; R2 = 0,42)
IFDN = 157,9 + 5,07x (P<0,05; R2 = 0,21)
IED = 0,53 + 0,06x (P<0,01; R2 = 0,48)
Balanço de Nitrogênio (BN)
Os valores médios do balanço de nitrogênio
para o capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes do subproduto do abacaxi
desidratado (SABD) constam na Tabela 12.
Tabela 12: Nitrogênio ingerido, nitrogênio excretado nas fezes e na urina, e balanço de
nitrogênio (BN) em ovinos alimentados com capim elefante (CE) ensilado com níveis
crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD)
N ingerido N excretado nas N excretado na
BN
BN
Silagens
(g/dia)
fezes (g/dia)
urina (g/dia)
(g/dia) (% N ingerido)
CE + 0% SABD
3,28
2,01
1,98
-0,61a
-44,69a
CE + 3,5% SABD
4,07
2,35
1,70
0,02a
0,49a
CE + 7,0% SABD
5,33
3,10
1,70
0,52a
9,9a
CE + 10,5% SABD
5,14
2,81
1,62
0,71a
13,8a
CE + 14% SABD
6,59
3,84
2,16
0,59a
8,95a
Médias
0,24
-2,31
CV (%)
2,98
-17,85
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukey
Através da análise de variância e do estudo
de regressão não se observou efeito (P>0,05)
dos níveis de adição do SABD sobre o
balanço de nitrogênio, sendo os valores
médios observados de 0,24 g/dia e de –
2,31%.
Contudo, ressalta-se que os animais que
consumiram as silagens com 7,0; 10,5 e 14%
do SABD apresentaram balanço de
nitrogênio positivo. Este pode ser decorrente
do aumento linear nos teores de IPBD e IED
nas silagens com a adição do SABD (Tabela
61
11), permitindo maior eficiência no
aproveitamento do nitrogênio pelas bactérias
ruminais (Silva e Leão, 1979; Van Soest,
1994). Desta forma, as silagens conseguiram
suprir o requerimento de nitrogênio dos
animais, fato, que pode ser comprovado pelo
ganho de peso médio de 28, 65 e 81g/dia
para as respectivas silagens, ao contrário,
das silagens de capim elefante e com 3,5%
do SABD, no qual, observou-se perda média
de 71 e de 26 g/dia de peso vivo,
respectivamente.
Apesar do balanço de nitrogênio positivo
nas silagens com 7,0; 10,5 e 14%, os valores
foram baixos. Assim é possível que esses
resultados sejam conseqüência dos baixos
teores de N e do baixo consumo de N e de
MS das silagens.
Os resultados concordam com Reis et al.
(2000) que trabalhando com níveis
crescentes do subproduto do maracujá na
ensilagem do capim elefante obtiveram
maior retenção de N nos ovinos que
receberam as silagens com maior teor de
energia. Lousada Junior et al. (2005)
também relacionou a maior retenção de N
nos subprodutos da goiaba (4,98 g/dia),
maracujá (4,29 g/dia) e melão (5,81 g/dia)
aos teores de EB dos subprodutos. Para o
SABD obtiveram retenção de N positivo
(1,43 g/dia), porém, com valores mais
baixos que os outros subprodutos.
Um fato que deve ser lembrado na avaliação
do balanço de nitrogênio nas silagens é que
durante o processo de fermentação, a
proteína da forragem é hidrolizada por
62
enzimas
proteolíticas
endógenas
e
microrganismos. Este fato, leva ao aumento
da fração nitrogenada não protéica (NNP),
que pode não ser adequadamente utilizada,
devido à rápida solubilização e a falta de
sincronização com a liberação de energia,
uma vez que, os carboidratos solúveis são
transformados em ácidos orgânicos de baixa
energia de fermentação e os carboidratos
estruturais são de lenta degradação.
Desta maneira, como a eficiência com que o
N do alimento é convertido em proteína
microbiana depende da taxa de liberação de
amônia e de sua assimilação, se a liberação
for muito rápida, grande parte do N será
absorvida, convertida em uréia e podendo
ser excretada na urina. Além disso, ocorrerá
redução na formação de aminoácidos
essenciais, provenientes das bactérias
ruminais (McDonald, 1981; Van Soest,
1994).
Pórem acredita-se que nas silagens com
adição do SABD este fato não ocorreu,
possivelmente pela maior eficiência de
reciclagem do nitrogênio destas silagens
(Van Soest, 1994)
4.4. CONCLUSÃO
Conclui-se, que o subproduto do abacaxi
desidratado melhora o valor nutritivo das
silagens, possibilitando maiores consumos
de matéria seca digestível, proteína
digestível e energia digestível quando
ensilado com o capim elefante.
CAPÍTULO V - DEGRADABILIDADE IN SITU DO CAPIM ELEFANTE ENSILADO
COM NÍVEIS CRESCENTES DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DO
ABACAXI
RESUMO
Avaliaram-se a degradabilidade in situ da matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente
neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), e hemicelulose (HCEL) das silagens de capim elefante
(Pennisetum purpureum, Schum.) com níveis (0; 3,5; 7; 10,5 e 14%) crescentes do subproduto do abacaxi
(Ananas comosus, L.) desidratado (SABD). Foi utilizado um bovino adulto macho em delineamento
inteiramente casualizado com parcelas subdivididas, sendo as proporções de SABD os tratamentos
(parcelas), os diferentes silos as repetições e os tempos de incubação as subparcelas. Os níveis de inclusão
do SABD proporcionaram aumento (P<0,05) no desaparecimento da MS, PB e nas degradabilidades
efetivas da MS, FDN, FDA e HCEL. O subproduto do abacaxi desidratado constitui alternativa potencial
para ser utilizado como aditivo na ensilagem do capim elefante, haja vista promover incremento nos
parâmetros de degradabilidade ruminal.
5.1. INTRODUÇÃO
A manipulação da proporção que nutrientes
específicos tornam-se disponíveis aos
microrganismos do rúmen e a quantidade
que escapa da fermentação ruminal tem
elucidado o efeito no desempenho animal. A
fim de estabelecer às quantidades e relações
dos nutrientes necessários para uma ótima
resposta microbiana e animal deve-se, em
primeiro lugar, predizer adequadamente a
quantidade com que os nutrientes, de várias
fontes de alimentos, tornam-se disponíveis
no rúmen (Nocek, 1997). Um método
acurado, simples e rápido para mensuração
da qualidade ou digestibilidade da forragem
é de suma importância para técnicos ligados
a produção animal.
A técnica in situ é considerada como a mais
apropriada para a determinação da
degradabilidade ruminal dos alimentos, já
que o material a ser analisado é exposto às
condições normalmente encontradas no
rúmen (Ørskov e McDonald, 1979).
Desta forma, pode-se avaliar a qualidade dos
alimentos por meio da determinação da
quantidade de amostra que é digerida e a
taxa pela qual essa digestão ocorre (Thiago,
1994). No entanto, esta técnica possui
algumas limitações. Por estar confinado a
sacos, o material não está sujeito ao
processo ruminal total, ou seja, de
mastigação, ruminação e passagem. Além
disso, o desaparecimento do material
durante o tempo de incubação não significa,
necessariamente, que houve degradação
completa, microbiológica ou química. Parte
do material pode deixar o saco por ser
suficientemente pequeno para passar através
dos poros, por ser solúvel ou por ter sido
reduzido pelo processo biológico, mas ainda
não tendo sido degradado quimicamente
(Nocek, 1997). Dessa forma, o que é
realmente medido é a porcentagem de
desaparecimento do material e não a
degradação real em si (Sampaio, 1994).
Os alimentos com respeito à disponibilidade
ruminal podem ser descritos em três frações,
solúvel, degradável e não degradável. Essas
frações são referidas freqüentemente, como
A, B e C, respectivamente. O procedimento
in situ pode ser utilizado para quantificar
essas diferentes frações, bem como a taxa de
digestão de B. Contudo, a técnica não pode
ser utilizada para quantificar a taxa com que
A é degradada. Tem sido demonstrado que
uma porção do alimento escapa do saco
antes da incubação ruminal. Isso varia com o
alimento, a porosidade do saco e tamanho da
partícula da amostra. Geralmente, materiais
longos e grosseiros estão associados com
63
menores taxas de digestão e maior variação.
Contudo, materiais finamente moídos estão
sujeitos a maiores perdas mecânicas dos
sacos, resultando algumas vezes em taxas de
digestão rápidas e irreais, apesar da variação
ser mais controlada. A moagem também
modifica as taxas com as quais o nitrogênio
e a matéria seca são digeridos. Moendo as
forragens, aumenta-se a área superficial por
unidade de peso da amostra e a taxa
acessível para o ataque microbiano. Isso
resulta, geralmente, no aumento da taxa de
digestão (Nocek, 1997).
Sendo assim, o conhecimento de como
ocorre e quão eficiente é a degradação dos
alimentos pelos microrganismos ruminais é
de extrema importância em estudos de
avaliação de alimentos para ruminantes.
Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi
avaliar degradabilidade in situ das silagens
de capim elefante com níveis crescentes de
adição do subproduto desidratado do
abacaxi.
de cloreto de potássio. A gramínea foi
cortada e picada com, aproximadamente, 70
dias idade, sendo então ensilada com
diferentes proporções de subproduto
desidratado do abacaxi. Tal subproduto foi
originado do processamento dos abacaxis
utilizados na fabricação de sucos, da
empresa MAISA em Mossoró (RN). Para a
desidratação do subproduto, o mesmo foi
exposto
em
área
cimentada
por,
aproximadamente, 48 horas.
Como silos experimentais foram utilizados
tambores plásticos de 210 L. Em cada silo
foram colocados 126 kg de forragem, de
forma que atingisse uma densidade de 600
kg/m3. Após a pesagem e homogeneização
do capim elefante com o SABD, o material
foi compactado no interior do silo, durante o
carregamento. Completado o enchimento, os
silos foram fechados com lonas plásticas,
presas com ligas de borracha.
As composições químico-bromatológicas do
capim elefante e do subproduto do abacaxi
desidratado, antes da ensilagem, encontramse na Tabela 1, do Capítulo III.
5.2. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo in situ foi conduzido na Escola de
Veterinária da UFMG utilizando-se um
novilho fistulado no rúmen (Tomich e
Sampaio, 2004) e alimentado com silagem
de milho, fornecida às 7 e 16h,
suplementada com 1 kg de concentrado ao
dia.
Avaliou-se a degradabilidade ruminal de
silagens do capim elefante ensilado com
níveis crescentes de subproduto do abacaxi
desidratado (0; 3,5; 7,0; 10,5 e 14%). O
capim elefante utilizado foi proveniente de
capineira
estabelecida
na
Fazenda
Experimental do Vale do Curú (FEVC), em
Pentecoste,
Ceará,
pertencente
à
Universidade Federal do Ceará (UFC). Após
o corte de uniformização, a área recebeu
adubação em cobertura: 50 kg/ha de N na
forma de uréia e 40 kg/ha de K2O na forma
64
Após 45 dias de ensilagem os silos foram
abertos, e coletadas amostras das silagens
para
realização
do
ensaio
de
degradabilidade. As amostras foram présecas em estufa de ventilação forçada a 60o
C, por 72 horas, processadas em moinho tipo
faca com peneira de 5 mm de crivo e
homogeneizadas para incubação posterior.
Os dados referentes às composições
químico-bromatológicas do capim elefante
(CE) ensilado com níveis crescentes de
subproduto do abacaxi desidratado (SABD)
estão apresentados na Tabela 2, do Capítulo
IV.
Os alimentos foram incubados em sacos de
náilon (50 micras) de 9 x 20 cm, com 10 g
do material pré-seco. Os sacos foram
introduzidos no rúmen às 8 horas e retirados
em ordem seqüencial, nos tempos de 6, 24,
48 e 96 horas, sendo então lavados
manualmente em água corrente. Para
determinação do tempo zero (t = 0), utilizouse três bolsas de náilon por tratamento com a
mesma quantidade de amostra utilizada para
os demais horários de incubação, foram
fechados e lavados manualmente da mesma
forma que nos outros horários. Em seguida,
os mesmos foram secos em estufa ventilada
regulada a 60oC, pesados e as amostras
analisadas para determinação matéria seca
(MS), proteína bruta (PB), fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA) e hemicelulose
(HCEL), segundo metodologias descritas
pelo Compêndio Brasileiro de Alimentação
Animal (1998).
tempos de incubação com um animal. O
delineamento utilizado foi o inteiramente
casualizado com parcelas subdivididas,
sendo as proporções de SABD os
tratamentos (parcelas), os diferentes silos as
repetições, e os tempos de incubação as
subparcelas.
A comparação das médias e os coeficientes
do modelo proposto por Ørskov e McDonald
(1979) foram determinados utilizando-se o
programa “Statistic Analysis System” (SAS,
1990). Após a determinação dos parâmetros
do modelo, estimou-se a degradabilidade
efetiva adotando-se as taxas de passagem no
rúmen de 2, 5 e 8%/h (McDonald, 1981).
5.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Análise de variância
Total
Tratamentos
Repetições
Erro a
Total Subparcelas
Tempo
Tempo x Tratamento
Erro B
14
4
2
8
74
4
16
54
O desaparecimento médio da matéria seca
(MS) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto do abacaxi
desidratado (SABD) no tempo zero e em
diferentes horários de incubação ruminal são
mostrados na Tabela 13
Trabalhou-se com cinco níveis de adição do
subproduto, com três repetições e cinco
Tabela 13: Desaparecimento médio (%) da matéria seca (MS) do capim elefante (CE) ensilado
com níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) no tempo zero e em
diferentes horários de incubação ruminal
Níveis de adição do SABD (%)
Horários
0
3,5
7
10,5
14
0
19,43cE
19,65cE
21,59bE
24,01aE
23,05aE
6
22,59dD
24,69cD
28,31bD
30,41aD
30,70aD
24
34,18dC
37,60cC
42,93bC
42,04bC
44,94aC
48
45,45cB
45,73cB
49,69bB
50,39bB
54,11aB
96
61,04bcA
59,78cA
62,62bA
64,56aA
64,65aA
Valores seguidos de letras minúsculas diferentes nas linhas ou letras maiúsculas nas colunas diferem entre si (P<0,05), pelo teste de
Tukey
Verificou-se efeito (P<0,05) do tempo de
incubação e da adição do SABD na
ensilagem
do
capim
elefante
no
desaparecimento da MS. As frações solúveis
variaram de 19,4 a 24,0% para os diversos
tratamentos. Tais valores são bastante
elevados para alimentos fibrosos pobres em
carboidratos solúveis, principalmente pelo
fato de boa parte desses compostos ser
consumida durante o processo de ensilagem.
Portanto, aqueles valores parecem resultar
65
da perda de partículas pelos poros dos sacos
de náilon no momento da lavagem.
Trabalhando com silagens de sorgo, Molina
et al. (2003) encontraram valores médios de
solubilização de 23,0%, próximos aos
encontrados neste trabalho, enquanto Rabelo
(1997) registrou valores de 30,7% para o
desaparecimento da matéria seca também
em silagens de sorgo. Os autores sugeriram
que os altos valores encontrados foram
relacionados à perda de material pelos poros
dos sacos de incubação.
Quanto ao efeito do período de incubação,
notou-se que todas as silagens apresentaram
valores crescentes para o desaparecimento
da matéria seca até 96 horas (P<0,05). Em
todos os tempos estudados as silagens com
14% do SABD apresentaram valores de
degradabilidade da MS superiores (P<0,05)
aos observados na silagem exclusiva de
capim elefante e com adição de 3,5; 7,0% do
SABD.
Durante o intervalo de 6 a 48 horas de
incubação, os valores de desaparecimento da
MS foram, aproximadamente, 10 pontos
percentuais maiores para silagens com 14%
do SABD em comparação às silagens
exclusivas de capim elefante, sendo que os
valores das silagens tendem a se igualar
com 96 horas. Acredita-se que nesse horário
as silagens já tenham alcançado o máximo
de desaparecimento da MS. Sampaio (1994)
preconizou 96 horas para estudos de
avaliação ruminal in situ de volumosos, por
considerar que até nesse tempo de incubação
é
possível
detectar
mudanças
da
degradabilidade do material.
Os maiores valores de desaparecimento da
MS observados durante o período de 6 e 48
horas nas silagens com 14% do SABD
66
devem estar relacionados ao aumento da
quantidade de material solúvel nas silagens,
uma vez que, foram registradas reduções nos
teores de FDN, FDA, CEL e LIG com a
adição do SABD (Tabela 5). Essa diferença
nas frações fibrosas pode influenciar o
consumo animal, pois o enchimento ruminal
é um fator limitante na ingestão de
alimentos, sendo esse correlacionado
negativamente com a FDN (Van Soest,
1994).
Ao contrário do registrado neste trabalho,
onde destacam-se maiores valores de
desaparecimento da MS das silagens com
aumento dos níveis de adição do SABD,
Rogério (2005) observou que somente no
período de incubação de 6 horas o
subproduto do abacaxi (34,64%) apresentou
maiores valores de desaparecimento da MS
em comparação ao capim elefante (30,27%),
estabilizando-se nos tempos de 12 e 24
horas, enquanto o capim elefante mostrou
valores crescentes até 96 horas. Contudo, no
tempo de 96 horas, os dois alimentos
apresentaram as maiores taxas de
desaparecimento da MS: 59,28 e 68,79%,
respectivamente. Este comportamento está
relacionado com as melhores características
nutricionais do capim elefante avaliado em
relação ao subproduto do abacaxi. Já neste
trabalho o SABD apresentou melhor valor
nutricional, ou seja, menor fração dos
componentes da fração da parede celular,
que o capim elefante (Tabela 4).
Os parâmetros de degradação ruminal e a
degradabilidade efetiva da matéria seca
(MS) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto do abacaxi
desidratado (SABD) estão apresentados na
Tabela 14.
Tabela 14: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação de
b (c) e degradação efetiva (DE) da matéria seca (MS) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes do subproduto do abacaxi desidratado (SABD) para taxas de passagem de 2, 5
e 8%/h
DE (%)
Silagens
a (%)
b (%)
c (%)
0,02/h
0,05/h
0,08/h
R2
CE + 0% SABD
18,73
52,00
1,57
41,6
31,2
27,3
0,99
CE + 3,5% SABD
20,03
49,56
1,65
42,4
32,3
28,5
0,99
CE + 7,0% SABD
22,31
44,64
2,27
46,0
36,2
32,2
0,99
CE + 10,5% SABD
24,97
49,77
1,61
47,2
37,1
33,3
0,99
CE + 14% SABD
23,66
44,14
2,62
48,7
38,8
34,5
0,99
Para os parâmetros de degradação ruminal
observou-se que com aumento dos níveis de
adição do capim elefante pelo SABD houve
tendência de aumento da fração prontamente
degradável (a) e da taxa de degradação da
fração b (c) ou lentamente degradada. Os
valores da fração a variaram de 18,73 a
24,97% para as silagens exclusiva de capim
elefante e com adição de 10,5% do SABD,
respectivamente. Enquanto as taxas de
degradação da fração b (c) variaram de 1,57
a 2,62%/h para as silagens exclusiva de
capim elefante e com 14% do SABD,
respectivamente.
As degradabilidades efetivas da MS também
elevaram-se com os níveis de substituição
do capim elefante pelo SABD. O aumento
pode ser justificado pela redução dos
componentes da parede celular com a adição
do SABD (Tabela 5). Esses resultados
demonstram que frente a qualidade do capim
elefante utilizado na confecção das silagens,
o SABD parece ter melhorado a
disponibilidade de nutrientes à microbiota
ruminal.
Manoel et al. (2003) avaliando a
degradabilidade da MS dos resíduos de
polpa de frutas, observaram para o
subproduto do abacaxi valores de 20,8%
para a fração a, taxas de degradação (c) de
5%/h e valores de degradabilidade efetiva de
49,2% para taxa de 5%/h.
Enquanto, Casali et al. (2004) avaliando a
degradabilidade das silagens de capim
elefante encontraram valores para a de
14,73% e para c de 2,74%/h e valores de
degradabilidade efetiva de 32,37% para taxa
de passagem de 5%/h, valores próximos aos
registrados nas silagens exclusivas de capim
elefante.
Trabalhando com a silagem do subproduto
do abacaxi, Lallo et al. (2003a) encontraram
valores médios de 28,8% e 49,4%,
respectivamente para os parâmetros a e b,e
4,2%/h para a taxa de degradação de b (c) da
MS. A degradabilidade efetiva foi de 62,3;
51,4 e 45,9% para as taxas de passagem de
2, 5 e 8%/h, respectivamente. Contudo,
quando avaliaram a substituição de silagens
de milho (0, 20, 40 e 60%) pelas silagens de
resíduos industriais de abacaxi observaram
redução da fração a e aumento da fração b.
Os parâmetros de degradação ruminal e a
degradabilidade efetiva da proteína bruta
(PB) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes do subproduto do abacaxi
desidratado (SABD) estão apresentados na
Tabela 15.
67
Tabela 15: Desaparecimento médio (%) da proteína bruta (PB) do capim elefante (CE) ensilado
com níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) no tempo zero e em
diferentes horários de incubação ruminal
Níveis de adição do SABD (%)
Horários
0
3,5
7
10,5
14
0
16,10cE
18,10bcE
20,56abE
22,20aE
21,16aE
6
24,44cD
27,25bD
28,68bD
29,17bD
32,00aD
24
38,98dC
40,23cdC
42,76bcC
45,05abC
46,90aC
48
44,45dB
52,38cB
53,31bcB
55,45abB
57,19aB
96
68,76dA
65,16dA
71,58bA
71,80bA
75,91aA
Valores seguidos de letras minúsculas diferentes nas linhas ou letras maiúsculas nas colunas diferem entre si (P<0,05), pelo teste de
Tukey
Na determinação do desaparecimento da PB
verificou-se que tanto o tempo de incubação,
como os níveis de adição do SABD na
ensilagem do capim elefante interferiram no
desaparecimento da PB. Os valores foram
sempre crescentes para todos os níveis de
adição do SABD.
Quanto à influência do nível de inclusão do
subproduto no desaparecimento da PB, no
tempo zero (0) a silagem contendo 7,0; 10,5
e 14% do SABD apresentou valor de
desaparecimento superior (P<0,05) em
relação a silagem exclusiva de capim
elefante. Tal resposta deve estar relacionada
com o aumento nos teores de PB das
silagens com a inclusão do subproduto
(Tabela 5).
No horário de 96 horas a silagem exclusiva
de capim elefante mostrou valor de
desaparecimento da PB similar (P<0,05) ao
observado na silagem com 3,5% do SABD,
todavia, inferior (P<0,05) ao obtido nas
silagens com 7,0; 10,5 e 14% do SABD.
Avaliando o subproduto do abacaxi Rogério
(2005) citou que o desaparecimento da PB
do subproduto aumentou 13,58% das seis às
12 horas de incubação, teve menor
68
degradação às 24 horas, quando então voltou
a aumentar 14,82% nas 48 horas, e daí então
apresentou o maior desaparecimento no
tempo de 96 horas (73,11%). Ao comparar
com o capim elefante, o autor registrou que
os valores de desaparecimento da PB foram
sempre crescentes, e maiores que do
subproduto do abacaxi. Esses resultados
diferem do comportamento encontrado nesse
trabalho, no qual verificou-se maiores taxas
de desaparecimento da PB das silagens com
a substituição do capim elefante pelo SABD.
Tal resposta pode ser atribuído ao maior teor
de PB e menor concentração de NIDA do
SABD, em relação ao capim elefante. Já
Rogério
(2005)
como
mencionado
anteriormente, trabalhou com o capim
elefante de melhor valor nutricional, o que
justifica
as
maiores
taxas
de
desaparecimento dessa gramínea em relação
ao subproduto do abacaxi.
Os parâmetros de degradação ruminal e a
degradabilidade efetiva da proteína bruta
(PB) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto do abacaxi
desidratado (SABD) estão apresentados na
Tabela 16.
Tabela 16: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação de
b (c) e degradação efetiva (DE) da proteína bruta (PB) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) para taxas de passagem de 2, 5
e 8%/h
DE (%)
Silagens
a (%)
b (%)
c (%)
0,02/h
0,05/h
0,08/h
R2
CE + 0% SABD
17,89
64,00
1,42
44,5
32,0
27,5
0,97
CE + 3,5% SABD
19,28
52,20
2,16
46,4
35,0
30,4
0,97
CE + 7,0% SABD
21,88
64,24
1,51
49,5
36,8
32,1
0,97
CE + 10,5% SABD
22,81
58,82
1,82
50,8
38,5
33,7
0,98
CE + 14% SABD
23,30
62,80
1,80
53,0
39,9
34,8
0,98
da fração solúvel e das taxas de degradação
de b (c).
As variabilidades nos valores a, b e c da PB
das silagens podem ser creditadas às
O desaparecimento médio da fibra em
características
do
material
ensilado
detergente neutro (FDN) do capim elefante
(composição química) e à qualidade de
(CE) ensilado com níveis crescentes de
fermentação da forragem no silo.
subproduto do abacaxi desidratado (SABD)
Para as degradabilidades efetivas, as
no tempo zero e nos diferentes horários de
silagens
com
inclusão
do
SABD
incubação ruminal são mostrados na Tabela
apresentaram valores sempre maiores que a
17.
silagem exclusiva de capim elefante, como
resultado mais provável dos maiores valores
Tabela 17: Desaparecimento médio (%) da fibra em detergente neutro (FDN) do capim elefante
(CE) ensilado com níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) no tempo
zero e em diferentes horários de incubação ruminal
Níveis de adição do SABD (%)
Horários
0
3,5
7
10,5
14
0
3,87bC
7,56aD
6,67aD
6,52aD
6,09aD
6
3,08bC
7,58aD
7,75aD
5,97aD
6,25aD
24
18,48cB
18,62cC
23,90aC
21,57bC
23,67abC
48
18,48dB
29,41cB
32,41bB
32,24bB
35,30aB
96
53,37aA
49,50bA
50,40bA
51,03bA
49,73bA
Valores seguidos de letras minúsculas diferentes nas linhas ou letras maiúsculas nas colunas diferem entre si (P<0,05), pelo teste de
Tukey
As silagens com 3,5; 7,0; 10,5 e 14%
tiveram valores semelhantes (P>0,05) para a
fração
solúvel
do
alimento,
mais
apresentaram valores superiores (P<0,05) as
silagens exclusivas de capim elefante. Os
valores encontrados nas silagens com adição
do SABD (6,09 a 7,56%) podem ser
considerados altos, uma vez que a fração
fibrosa é predominantemente insolúvel, tal
fato pode ser explicado pela maior passagem
de material pelos poros dos sacos no
momento da lavagem.
Com relação aos níveis de adição do SABD
sobre o desaparecimento da FDN em cada
tempo de incubação, observou-se que
silagens com 14% do SABD registraram
valores de desaparecimento da FDN
superiores (P<0,05) as silagens exclusivas
de capim elefante, com exceção do período
de incubação de 96 horas, no qual as
silagens exclusivas de capim elefante
mostraram valores superiores (P<0,05) as
silagens com 3,5, 7,0, 10,5 e 14% do SABD.
69
É provável que o melhor valor nutritivo,
proporcionado pelo aumento do teor de PB
com a adição do SABD tenha favorecido o
desaparecimento da porção fibrosa destas
silagens, em relação às silagens exclusivas
de capim elefante (Tabela 5). Segundo
Czerkawski (1986), há uma estreita relação
entre bactérias proteolíticas e celulolíticas, e
tal sinergismo poderia estar agindo nas
silagens com maior teor do SABD (14%),
desta forma houve melhor aproveitamento
da FDN em função desta. Contudo, só após
às 24 horas de incubação foi possível
observar o aumento no desaparecimento da
FDN das silagens, que pode ser atribuído a
qualidade da fibra.
Rogério (2005) observou que o subproduto
do abacaxi tardou a mostrar diferença na
degradação da FDN, em função do tempo de
incubação, e nos períodos de 48 e 96 horas
(35,75 e 47,55%) os valores de
desaparecimento se mostraram inferiores aos
encontrados para o capim elefante (46,60 e
61,63%).
Os parâmetros de degradação ruminal e a
degradabilidade efetiva da fibra em
detergente neutro (FDN) do capim elefante
(CE) ensilado com níveis crescentes de
subproduto do abacaxi desidratado (SABD)
estão apresentados na Tabela 18.
Tabela 18: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação de
b (c) e degradação efetiva (DE) da fibra em detergente neutro (FDN) do capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) para taxas de
passagem de 2, 5 e 8%/h
DE (%)
Silagens
a (%)
b (%)
c (%)
0,02/h
0,05/h
0,08/h
R2
CE + 0% SABD
4,50
61,50
1,06
25,8
15,3
11,7
0,89
CE + 3,5% SABD
5,24
61,50
1,16
27,8
16,8
13,0
0,97
CE + 7,0% SABD
5,42
61,50
1,31
29,8
18,2
14,1
0,98
CE + 10,5% SABD
4,50
61,50
1,34
29,2
17,5
13,3
0,99
CE + 14% SABD
4,50
58,89
1,53
30,0
18,3
14,0
0,97
Tabela 17. Tais restrições foram impostas
aos parâmetros “a” e “b”, sendo os limites
Para os parâmetros de degradação ruminal
retirados das tabelas de desaparecimento.
observou-se que a fração solúvel (a) não
obteve grandes variações, os valores
Os
aumentos
observados
nas
variaram de 4,50 observados nas silagens
degradabilidade efetiva das silagens, assim
exclusivas de capim elefante e com 10,5 e
como, nas taxas de degradação de b (c)
14% de SABD à 5,42% nas silagens com
podem ser justificados pela redução nos
7,0% do SABD. As taxas de degradação da
componentes da fração fibrosa (Tabela 5).
fração b (c) variaram de 1,06 a 1,53%/h para
Neste tipo de controle, a taxa com que a
as silagens exclusiva de capim elefante e
digesta deixa o rúmen representa fator
com 14% do SABD, respectivamente.
importante na regulação da ingestão diária.
Entretanto, evidencia-se que parte dos
A extensão e a taxa de degradação do tecido
valores obtidos foram limitados pelas
vegetal, influenciam diretamente a taxa de
restrições máximas impostas durante o
passagem pelo trato digestivo (Owens e
processo de modelagem. Isso demonstra
Goetsch, 1988).
inadequação parcial do modelo aos dados
obtidos, pois caso os limites não fossem
O desaparecimento médio da fibra em
impostos, os valores de “c” tenderam a zero,
detergente ácido (FDA) do capim elefante
o que não é possível como demonstrado na
70
(CE) ensilado com níveis crescentes de
subproduto do abacaxi desidratado (SABD)
no tempo zero e nos diferentes horários de
incubação ruminal são mostrados na Tabela
19.
Tabela 19: Desaparecimento médio (%) da fibra em detergente ácido (FDA) do capim elefante
(CE) ensilado com níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) no tempo
zero e em diferentes horários de incubação ruminal
Níveis de adição do SABD (%)
Horários
0
3,5
7
10,5
14
0
5,40cD
6,74bcD
6,96bcD
11,87aE
9,04bD
6
6,76cD
7,70bcD
8,90bcD
17,02aD
9,99bD
24
20,31cC
22,89cC
26,99bC
27,33bC
31,28aC
48
31,56cB
33,40cB
36,69bB
39,48aB
40,47aB
96
50,14cA
51,82b A
52,96bA
56,72aA
54,26abA
Valores seguidos de letras minúsculas diferentes nas linhas ou letras maiúsculas nas colunas diferem entre si (P<0,05), pelo teste de
Tukey
Os valores de desaparecimento da FDA
seguiram a mesma tendência observada para
o desaparecimento da FDN, ou seja,
somente a partir das 24 horas de incubação
houve o incremento no desaparecimento da
FDA.
O aumento no desaparecimento da FDA
observado com a inclusão do SABD deve
estar relacionado com a redução dos teores
de lignina com a adição do subproduto,
como mostrado na Tabela . A elevação na
proporção deste componente na fração
fibrosa aumenta a resistência à hidrólise
pelos microrganismos ruminais, e a
quantidade deste componente na matriz
determina a habilidade protetora desta contra
a degradação da celulose.
Rogério (2005) também observou elevação
no desaparecimento da FDA do subproduto
do abacaxi somente a partir das 24 horas de
incubação, finalizando o desaparecimento às
96 horas com valores de 45,1 e 61,7% para o
subproduto do abacaxi e capim elefante,
respectivamente.
Os parâmetros de degradação ruminal e a
degradabilidade efetiva da fibra em
detergente ácido (FDA) do capim elefante
(CE) ensilado com níveis crescentes de
subproduto do abacaxi desidratado (SABD)
estão apresentados na Tabela 20.
Tabela 20: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação de
b (c) e degradação efetiva (DE) da fibra em detergente ácido (FDA) do capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) para taxas de
passagem de 2, 5 e 8%/h
DE (%)
Silagens
a (%)
b (%)
c (%)
0,02/h
0,05/h
0,08/h
R2
CE + 0% SABD
4,50
61,50
1,29
28,6
17,1
13,0
0,99
CE + 3,5% SABD
5,11
61,50
1,38
30,2
18,4
14,1
0,98
CE + 7,0% SABD
5,77
59,77
1,61
32,4
20,3
15,8
0,97
CE + 10,5% SABD
11,93
61,50
1,29
36,0
24,5
20,4
0,99
CE + 14% SABD
7,05
53,97
2,14
34,9
23,2
18,4
0,96
Os valores da degradabilidade efetiva não
alteraram de forma significativa com a
adição do SABD. O mesmo comportamento
foi observado no ensaio de digestibilidade
aparente
(Tabela
10).
Menor
degradabilidade efetiva do FDA no
71
subproduto do abacaxi em relação ao capim
elefante foi relatado por Rogério (2005) que
atribuiu o fato ás menores taxa de
degradação (c) (1,1%/h) e fração solúvel
(8,5%) do subproduto do abacaxi em relação
ao capim elefante (2,1%/h e 20,1%).
O desaparecimento médio da hemicelulose
(HCEL) do capim elefante (CE) ensilado
com níveis crescentes do subproduto do
abacaxi desidratado (SABD) no tempo zero
e nos horários de incubação ruminal são
mostrados na Tabela 21.
Tabela 21: Desaparecimento médio (%) da hemicelulose (HCEL) do capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) no tempo zero e
em diferentes horários de incubação ruminal
Níveis de adição do SABD (%)
Horários
0
3,5
7
10,5
14
0
24,95cE
32,40bD
40,89aC
41,64aC
45,25aD
6
29,54dD
30,91dD
37,51cC
42,23bC
50,58aC
24
33,67cC
43,34bC
61,00aB
53,43aB
59,00aB
48
46,72cB
50,53bcB
55,76abB
57,81aB
53,86abB
96
59,46bA
65,11abA
68,10aA
69,14aA
71,61aA
Valores seguidos de letras minúsculas diferentes nas linhas ou letras maiúsculas nas colunas diferem entre si (P<0,05), pelo teste de
Tukey
Verificou-se que tanto o tempo de
incubação, como os níveis de adição do
SABD na ensilagem do capim elefante
interferiram no desaparecimento da HCEL.
Para todos os tempos de incubação as
silagens com 14% do SABD apresentaram
valores de desaparecimento da HCEL
sempre superiores (P<0,05) em relação ao
observado na silagem exclusiva de capim
elefante e com 3,5% do SABD.
Apesar dos maiores valores de HCEL no
subproduto (36,62%) em relação ao capim
elefante (24,85%), verificou-se que os teores
de HCEL foram decrescentes com a inclusão
do SABD (Tabela 5), fato este decorrente da
utilização desse componentes pelas bactérias
láticas no silo (McDonald, 1981). Faz-se o
interessante ressaltar que mesmo com a
redução na concentração da HCEL nas
silagens com a adição do SABD, a HCEL
residual parece estar mais disponível ou
acessível aos microrganismos ruminais que a
HCEL da silagem exclusiva de capim
72
elefante. Presumivelmente, pela redução da
concentração de lignina nas silagens (Tabela
5), já que a lignina é mais firmemente ligada
à hemicelulose (Van Soest, 1994). Desta
maneira, parece que o aumento no nível de
adição do SABD pode ter favorecido a
maior disponibilidade deste componente à
microbiota ruminal.
Rogério (2005) observou equivalência nos
valores de desaparecimento da HCEL no
subproduto do abacaxi nos tempos de 6, 24 e
48 horas de incubação. Porém, neste período
os valores foram superiores aos encontrados
no capim elefante.
Os parâmetros de degradação ruminal e a
degradabilidade efetiva da hemicelulose
(HCEL) do capim elefante (CE) ensilado
com níveis crescentes do subproduto do
abacaxi
desidratado
(SABD)
estão
apresentados na Tabela 22.
Tabela 22: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação de
b (c) e degradação efetiva (DE) da hemicelulose (HCEL) de capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto do abacaxi desidratado (SABD) para taxas de passagem de 2, 5
e 8%/h
DE (%)
Silagens
a (%)
b (%)
c (%)
0,02/h
0,05/h
0,08/h
R2
CE + 0% SABD
29,00
39,50
1,21
43,9
36,7
34,2
0,97
CE + 3,5% SABD
30,36
39,50
1,68
48,4
40,3
37,2
0,89
CE + 7,0% SABD
38,32
29,64
3,10
56,3
49,7
46,6
0,61
CE + 10,5% SABD
40,95
39,18
1,30
56,4
49,0
46,4
0,96
CE + 14% SABD
45,00
39,50
1,01
58,3
51,7
49,4
0,60
(0,81%), da mesma maneira, para a
degradabilidade efetiva.
A
fração
solúvel
aumentou
substancialmente, favorecendo o aumento da
degradabilidade efetiva das silagens com
5.4. CONCLUSÃO
adição do SABD, condizendo com Rogério
O subproduto do abacaxi desidratado
(2005) que reportou índices superiores da
constitui alternativa potencial para ser
utilizado como aditivo na ensilagem do
fração solúvel do subproduto do abacaxi
capim elefante, haja vista promover
(24,34%), em relação ao capim elefante
incremento
nos
parâmetros
de
degradabilidade
ruminal.
73
CAPÍTULO VI – CARACTERÍSTICAS QUÍMICO–BROMATOLÓGICAS E
FERMENTATIVAS DO CAPIM ELEFANTE ENSILADO COM NÍVEIS CRESCENTES
DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DA ACEROLA
RESUMO
O trabalho foi conduzido com o objetivo de se avaliar o valor nutritivo das silagens de capim elefante
(Pennisetum purpureum, Schum.) com adição de 0; 3,5; 7; 10,5 e 14% do subproduto da acerola
(Malpighia glabra, Linn) desidratada (subproduto da agroindústria da acerola). Utilizou-se o
delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições. Após 50 dias, os silos foram abertos e
coletadas amostras para determinação dos teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HCEL), celulose (CEL),
lignina (LIG), energia bruta (EB), cinzas, nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) e nitrogênio
insolúvel em detergente ácido (NIDA). Foram analisados também o pH, nitrogênio amoniacal como
percentagem do nitrogênio total (N-NH3/NT) e ácidos orgânicos (ácido lático, acético, butírico e
propiônico) das silagens. A adição do subproduto da acerola desidratada (SACD) aumentou (P<0,05) os
teores de MS de 19,7 para 30,8%, PB de 5,4 para 10,0%, FDA de 44,4 para 53,6%, LIG de 13,0 para
23,8% e NIDA de 11,8 para 22,0% para as silagens exclusivas de capim elefante e com 14% do SACD.
Para os teores de N-NH3 e ácidos láticos observou-se diminuição (P<0,05) com adição do subproduto,
enquanto, os valores de pH e teores de ácidos acético, propiônico e butírico não foram influenciados pelos
níveis de adição do SACD. Conclui-se que o SACD proporcionou melhor conservação da massa ensilada.
Porém, o aumento nos componentes da parede celular e do NIDA podem comprometer o valor nutricional
da silagem de capim elefante.
6.1. INTRODUÇÃO
A produção forrageira, na maior parte dos
trópicos, tem caráter sazonal. Cerca de 80%
do total de forragem produzida ocorre no
período das águas, ficando os rebanhos
sujeitos à escassez de alimentos no período
seco. O capim elefante é a forrageira mais
utilizada para a produção de volumosos
destinados a suplementar o pasto durante
esse período (Faria et al., 1995/96).
Contudo, 80 a 90% da sua produção ocorre
no verão, quando a forragem disponível nas
pastagens pode ser maior que a demanda
para alimentação do rebanho.
A ensilagem do capim excedente das
capineiras apresenta-se como alternativa
para maximizar o aproveitamento dessa
forrageira, proporcionando regularização da
oferta de volumoso durante o ano.
O capim elefante adapta-se a vários tipos de
solo e clima, sendo cultivado em quase todo
Brasil (Mozzer e Vilela, 1980). Apresenta
elevada produção, podendo atingir mais de
74
300
ton/hectare/ano.
Quando
novo,
apresenta bom valor nutritivo, porém, nessa
fase possui elevado teor de umidade (75 a
80%), baixa concentração de carboidratos
solúveis e alto poder tampão (Lavezzo,
1994), o que comprometeria a qualidade da
silagem, que teria elevados teores de ácido
butírico,
bases
voláteis
e
amônia
(McDonald, 1981).
McCullough (1977) relatou que para que
ocorra boa fermentação no silo, a forrageira
deve apresentar conteúdo de matéria seca
entre 28 e 34%. A adição de produtos ricos
em carboidratos solúveis ou com elevado
teor de matéria seca podem promover
condições que favoreçam a fermentação
lática. Os subprodutos originados do
processamento de frutas na agroindústria
para fabricação de sucos, polpas, doces,
geléias, etc., podem assumir importante
papel na confecção de silagens, tendo vista
que eles podem apresentar quantidades
razoáveis de carboidratos solúveis, como
observado na polpa citríca (Faria et al.,1972;
Igarasi, 2002) e pH ácido (Aguilera et al.,
1997; Reis et al., 2000).
A aceroleira (Malpighia glabra) é cultivada
principalmente nos estados do Nordeste,
com grandes perspectivas de expansão das
exportações, principalmente para a França,
Alemanha e Estados Unidos. Nos Estados do
Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia a
acerola já é exportada sob a forma de suco,
polpa ou fruta congelada para a Holanda e o
Japão, além de explorarem o mercado
interno brasileiro.
Outras regiões, como o Centro Oeste e os
estados de Minas Gerais e São Paulo têm
implementado de forma acentuada o plantio
da aceroleira, principalmente com objetivo
de produção de suco e, mais recentemente,
para
a
indústria
de
refrigerantes,
demonstrando assim o grande potencial
dessa cultura.
Conforme Arostegui e Pennock (1956) o
rendimento médio de suco está entre 59 e
73% do seu peso. Dessa maneira, pode-se
estimar que a produção de resíduos, a partir
da extração do suco, será em média 27 a
41% do peso total de frutas processadas.
Como a acerola produz de três a quatro
safras por ano, podendo chegar até seis
safras, a oferta de resíduos é praticamente
constante durante o ano (Batista et al.,
1989), sendo esse constituído principalmente
pela semente, polpa macerada e frutos
refugados. Quando desidratado, seu
subproduto apresenta em média 85,7% de
matéria seca (Vasconcelos et al., 2002;
Lousada Junior et al., 2005; Rogério, 2005)
e foi observado pH de 3,31 na polpa da
acerola desidratada (Soares et al., 2001).
Com estes teores de matéria seca, o
subproduto pode funcionar como aditivo
absorvente, aumentando a pressão osmótica
no meio e juntamente com seu baixo pH,
inibir o crescimento das bactérias clostrídia.
Gonçalves et al. (2002) estudaram a inclusão
do subproduto da acerola em silagens de
capim elefante, observando elevação nos
teores de matéria seca (MS) e proteína bruta
(PB) das silagens. Com a adição de 15% do
subproduto da acerola, atingiu-se o teor de
30% de MS. Os valores de pH reduziram
linearmente com a adição do subproduto,
alcançando valores de 3,58 nas silagens com
20% do subproduto da acerola desidratado.
Objetivou-se,
portanto,
com
este
experimento, avaliar os efeitos da adição de
diferentes níveis do subproduto da acerola
desidratada sobre a composição química e
perfil fermentativo das silagens de capim
elefante.
6.2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Núcleo de
Pesquisas
em
Forragicultura
do
Departamento de Zootecnia do Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Federal
do Ceará (UFC), no município de Fortaleza
(CE).
Foram estudados cinco níveis de adição do
subproduto da acerola desidratada (0; 3,5;
7,0; 10,5 e 14,0%), com base na matéria
natural, na ensilagem do capim elefante. Em
relação à matéria seca, essas adições
consistiram em 0; 13,0; 24,0; 33,0 e 41,0%.
Utilizou-se o delineamento inteiramente
casualizado com quatro repetições.
Na confecção das silagens experimentais foi
utilizado o capim elefante (Pennisetum
purpureum, Schum.), proveniente de
capineira
estabelecida
na
Fazenda
Experimental do Vale do Curú (FEVC),
Pentecoste,
Ceará,
pertencente
à
Universidade Federal do Ceará (UFC). O
capim foi cortado manualmente com,
aproximadamente, 70 dias de idade, quando
em seguida, foi processado em picadeira de
forragem e, posteriormente, misturado ao
subproduto da acerola (Malpighia glabra,
Linn.), originado do processamento da fruta
para extração de sucos e polpas, da empresa
MAISA em Mossoró (RN).
75
O subproduto da acerola era composto por
sementes, e baixa percentagem de frutos
refugados. A desidratação foi feita ao sol em
área cimentada, por um período de 48 horas,
sendo espalhados em camadas de,
aproximadamente, 7 cm de espessura e
revolvidos pelo menos três vezes ao dia. À
noite o material foi amontoado e coberto por
lona, evitando o acúmulo de umidade.
As composições químico-bromatológicas do
capim elefante (Pennisetum purpureum,
Schum) e do subproduto da acerola
(Malpighia glabra, Linn.) desidratada, antes
da ensilagem, encontra-se na Tabela 23.
Tabela 23: Composições químico–bromatólogicas do capim elefante (Pennisetum purpureum, Schum)
(CE) e do subproduto da acerola (Malpighia glabra, Linn.) desidratada (SACD) antes da ensilagem
MS(%) PB1 FDN1 FDA1 HCEL1 CEL1 LIG1 NIDN2 NIDA2 CHOs EB3
CE
19,6
5,1
74,0
40,9
33,1
31,4 13,3 33,9
11,4
6,8
4,06
SACD
82,5
11,1
73,5
54,9
18,5
29,5 26,5 30,8
18,4
6,5
4,87
MS - matéria seca; PB - proteína bruta; FDN - fibra em detergente neutro; FDA - fibra em detergente ácido; HCEL – hemicelulose;
CEL – celulose; LIG – lignina; NIDN - nitrogênio insolúvel em detergente neutro; NIDA - nitrogênio insolúvel em detergente
ácido;CHOs - Carboidratos solúveis; EB - energia bruta
1
Porcentagem da matéria seca
2
Porcentagem do nitrogênio total
3
Mcal/kg de MS
Como silos experimentais foram utilizados
tambores plásticos de 210 L. Em cada silo
foram colocados 126 kg de forragem, de
forma que atingisse uma densidade de 600
kg/m3. Após a pesagem e homogeneização
do capim elefante com o SACD, o material
foi compactado no interior do silo.
Completado o enchimento, os silos foram
fechados com lonas plásticas, presas com
ligas de borracha.
Após 28 dias, os silos foram abertos e deles
retiradas amostras homogêneas de 300 g das
silagens, que permaneceram armazenadas
em a –100C até a época das análises
químico-bromatológicas. Nas amostras das
silagens foram determinados os teores de
matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra
em detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA), hemicelulose
(HCEL), celulose (CEL), lignina (LIG),
energia bruta (EB), cinzas, nitrogênio
insolúvel em detergente neutro (NIDN) e
nitrogênio insolúvel em detergente ácido
(NIDA). Foram analisados também o pH,
nitrogênio amoniacal como percentagem do
nitrogênio total (N-NH3/NT) e ácidos
orgânicos (ácido lático, acético, butírico e
76
propiônico) no Laboratório de Nutrição
Animal do Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal de Minas Gerais,
seguindo
metodologia
descrita
pelo
Compêndio Brasileiro de Alimentação
Animal (1998).
As variáveis estudadas foram avaliadas por
meio de análise de variância, para realização
da comparação das médias, utilizando o teste
de Tukey, e por meio da análise de
regressão, para avaliar o efeito dos níveis
crescentes de adição do SABD, ao nível de
1% e 5% de probabilidade e no coeficiente
de determinação, por intermédio do
programa SAS (1990).
Antes da realização destas análises, foi feito
estudo para verificar se as pressuposições de
distribuição normal e homocedasticidade
dos
dados
foram
atendidas.
As
características que não atenderam estas
pressuposições foram transformadas para se
prosseguir com as análises estatísticas. As
transformações
utilizadas
foram
a
logarítmica para as concentrações de MS,
PB, HCEL, NIDN e ácido lático;
exponencial para o teor FDA; e quadrática
para o pH.
6.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Teor de Matéria Seca (MS)
Os dados referentes às composições
químico–bromatológicas e as equações de
regressão em função dos níveis crescentes
de adição de subproduto da acerola
desidratada (SACD) na ensilagem do capim
elefante estão apresentadas na Tabela 24.
Tabela 24. Teores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN),
fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HCEL), celulose (CEL), lignina (LIG) nitrogênio
insolúvel em detergente neutro (NIDN), nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) e energia bruta
(EB) do capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada
(SACD)
Níveis de adição do SACD (%)
0
3,5
7
10,5
14
Equações de Regressão
MS(%)
19,75d
23,21c
24,91cb
26,83b 30,85a
Log(Ŷ) = 1,3 + 0,01x R2 = 0,89
MO1
85,67e
86,46d
87,53c
88,31b 90,18a
Ŷ = 85,46 + 0,31x
R2 = 0,93
1
PB
5,45c
7,43b
7,98b
8,73ab 10,01a Log(Ŷ) = 0,77 + 0,02x R2 = 0,80
1
FDN
73,04a
73,82a
74,90a
75,75a 76,25a
Ŷ = 73,08 + 0,24x
R2 = 0,20
1
FDA
44,46b
44,24b
47,83b
50,12b 53,64a Exp(Ŷ) = -5,02e + 1,47e R2 = 0,84
1
HCEL
28,58a
29,57a
27,08ab
25,63b 22,61c Log(Ŷ) = 1,48 – 0,007x R2 = 0,69
1
CEL
31,45a
28,76a
30,73a
31,38a
29,78a
ns
LIG1
13,01d
15,48c
17,10bc
18,73b
23,86a
Ŷ = 12,64 + 0,71x
R2 = 0,89
2
NIDN
24,72a
25,35a
28,31a
27,70a
30,47a Log(Ŷ) = 1,39 + 0,006x R2 = 0,37
2
NIDA
11,83c 13,22bc
17,80ab
18,06ab 22,07a
Ŷ = 11,53 + 0,724x
R2 = 0,57
3
EB
3,93d
4,00cd
4,11bc
4,20ab
4,25a
Ŷ = 3,93 + 0,02x
R2 = 0,84
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukey
1
Porcentagem da matéria seca
2
Porcentagem do nitrogênio total
3
Mcal/kg de MS
ns – não significativo
Os teores de MS das silagens aumentaram à
medida que foi adicionado o subproduto da
acerola desidratado (SACD). As silagens
com adição de 14% do SACD apresentaram
o maior (P<0,05) teor de MS (30,85%),
diferindo das demais.
Os valores variaram, respectivamente, de
19,75 a 30,85% com 0% e 14% de adição do
SACD, ou seja, um incremento de 11 pontos
percentuais no teor de MS. As silagens com
14% do SACD ficaram dentro da faixa de
28-34 % de MS, tido como ideal por
McCullough (1977) para que haja eficiente
processo fermentativo da silagem. Em
silagens com maior teor de MS, menor teor
de ácido lático faz-se necessário para
redução do pH para valores que indicam boa
conservação do material (McDonald, 1981).
O estudo de regressão demonstrou que os
teores de MS aumentaram linearmente
(P<0,05) com o aumento na concentração do
SACD nas silagens.
Devido ao baixo teor de MS na ensilagem
do capim elefante constituir um dos
principais fatores limitantes na conservação
da silagem, o uso da acerola desidratada
mostrou-se boa alternativa para minimizar
esse problema. Segundo Wilkinson et al.
(1983), quando o teor de MS se aproxima
dos 30% ou fica superior a este, há aumento
da pressão osmótica nas células vegetais,
desta forma, favorecendo a ação dos
microrganismos láticos, ao mesmo tempo
em que desfavorece a ação dos clostrídios.
Segundo McDonald (1981), nesta situação a
germinação dos esporos e crescimento dos
77
clostrídios são inibidos mais por este fator,
do que pela produção de ácido lático.
Thomas et al. (1961) ressaltaram que as
características do processo fermentativo das
silagens parecem ser mais determinantes na
quantidade de MS consumida que o
conteúdo de MS por si. Contudo, a MS
determina parcialmente o grau de
fermentação durante o processo de
ensilagem, consequentemente, o consumo de
silagem pelos ruminantes.
O mesmo comportamento registrado nas
silagens com SACD foi encontrado por
Gonçalves et al. (2002), que trabalhando
com os níveis de 0; 5; 10; 15 e 20% de
adição do SACD, também verificaram
aumento nos teores de MS, sendo de 34,74%
de MS no maior nível de inclusão do
subproduto.
Teor de Proteína Bruta (PB)
Os níveis de adição do SACD também
influenciaram os teores de PB das silagens,
de forma que, a silagem exclusiva de capim
elefante apresentou menor teor de PB
(P<0,05) diferindo das demais silagens. A
adição do SACD fez com que os teores de
PB passassem de 5,45% na silagem
exclusiva de capim elefante para 10,01% no
maior nível de adição do subproduto (14%),
o que representou acréscimo de 4,6 unidades
percentuais no teor da PB. Este fato era
esperado pela maior concentração de PB no
SACD (11,19%) em comparação ao capim
elefante (5,09%) (Tabela 23).
Com a análise de regressão pode-se verificar
que os níveis de inclusão dos SACD
proporcionaram aumento linear (P<0,05) nos
teores de PB das silagens.
Para uma fermentação microbiana efetiva no
rúmen, há necessidade de teor mínimo de
7,0% de PB (Van Soest, 1994), o qual, foi
alcançado a partir do nível de adição de
3,5% do subproduto da acerola, observando
valor médio no nível de 7,0% de inclusão, e
78
chegando a 11,22% de PB, com adição de
14% do SACD, segundo a equação de
regressão.
Gonçalves et al. (2002) e Gonçalves et al.
(2004) também registraram elevação nos
teores de PB com adição do SACD e
urucum, respectivamente, na ensilagem do
capim elefante, alcançando teores de 7,52 e
10,01% de PB com 15% de adição dos
respectivos subprodutos .
Teores de PB semelhantes aos das silagens
com 14% do SACD foram registrados por
Posseti et al. (2002) com silagens de girassol
(11,62% PB).
Rodrigues et al. (2004) avaliando silagens de
milho registraram teores de PB de 9,07,
valores inferiores aos observados nas
silagens com 14% do SACD, demonstrando
ser esse um bom aditivo para silagens de
forrageiras de baixo valor nutritivo.
Teores de fibra em detergente neutro (FDN),
fibra em detergente ácido (FDA),
hemicelulose (HCEL), celulose (CE) e
lignina (LIG).
Pela análise de variância, não foram
detectadas variações nos teores de FDN nas
silagens (P>0,05) com adição do SACD. O
valor médio observado foi de 74,75 ± 2,37%
de FDN. Contudo, o estudo de regressão
constatou que os níveis de inclusão do
SACD atuaram aumentando linearmente
(P<0,05) os teores de FDN das silagens,
estimando-se acréscimos de 0,24 pontos
percentuais no teor de FDN para cada 1% de
inclusão do SACD.
Os resultados encontrados pela análise de
variância estão de acordo com os obtidos por
Gonçalves et al. (2002) e Cysne et al. (2004)
que trabalhando com adição do subproduto
da acerola e graviola, respectivamente, em
silagens de capim elefante, também não
observaram alterações nos teores de FDN
com adição destes subprodutos.
Para os teores de FDA observou-se que os
níveis de adição influenciaram (P<0,05) na
composição das silagens. As silagens com
adição de 14% do SACD apresentaram o
maior (P<0,01) valor (53,64%) diferindo das
demais silagens.
Com isto, é possível que a adição do
subproduto da acerola no nível de 14%
comprometa o valor nutritivo da silagem
obtida, podendo levar à redução do consumo
voluntário, já que, o consumo esta
diretamente relacionado ao teor de
constituintes da parede celular do alimento
(Raymond, 1969).
Gonçalves et al. (2002), Neiva et al. (2002) e
Pompeu et al. (2002) trabalhando com níveis
de adição de subproduto da acerola, goiaba e
melão na ensilagem do capim elefante,
respectivamente,
também
observaram
aumento nos teores de FDA com a inclusão
dos subprodutos, sendo os valores próximos
aos observados neste trabalho. Ressalta-se
que esses valores são semelhantes aos
obtidos por Gonçalves et al. (2003) que
trabalharam com feno de tifton 85 aos 28
dias, e observaram 46,6% de FDA, e por
Evangelista et al. (2002), que obtiveram
teores de 55,19% de FDA em silagens de
cana de açúcar (55,2% de FDA),
demonstrando que tais valores condizem
com forragens de boa qualidade.
Em relação aos teores de HCEL das
silagens, verificou-se que eles foram
influenciados (P<0,05) pela presença dos
SACD. As silagens com 14% de SACD
apresentaram o menor (P<0,01) valor
(22,61%) diferindo das demais silagens. No
estudo de regressão foi observado que os
teores de HCEL reduziram linearmente
(P<0,05) com a adição do SACD. Como o
SACD apresentou menores concentrações de
HCEL (18,51%) em relação ao capim
elefante (33,12%), esta redução também já
era prevista (Tabela 23).
Para os teores de celulose, a análise de
variância e a de regressão não constataram
efeito (P>0,05) dos níveis de inclusão do
SACD na ensilagem do capim elefante, cujo
valor médio foi de 30,42%.
Já os teores de lignina foram influenciados
(P<0,05) pelos níveis de adição do SACD.
As silagens com 14% do SACD
apresentaram o maior (P<0,05) teor de
lignina (23,86%), enquanto a silagem
exclusiva de capim elefante apresentou o
menor (P<0,05) teores (13,01%) diferindo
(P<0,05) das demais silagens. O estudo de
regressão mostrou que os teores de lignina
cresceram linearmente (P<0,05) com a
adição do SACD, com um incremento de
0,71 pontos percentuais nos teores de lignina
para cada 1% de inclusão do SACD.
Desta forma, o aumento nos teores de
lignina com a inclusão do SACD na
ensilagem do capim elefante pode constituir
fator limitante para utilização desse
subproduto na alimentação animal, pois, a
lignina contida na parede celular se encontra
firmemente ligada a polissacarídeos das
plantas, reduzindo a digestibilidade da fibra
pelos microrganismos do rúmen. Além
disso, impede o ataque das bactérias aos
nutrientes contidos no interior da célula,
assim, torna-se o principal componente
redutor da qualidade das plantas forrageiras
por diminuir a digestibilidade dos nutrientes
(Van Soest, 1994).
Teores de nitrogênio insolúvel em
detergente neutro (NIDN) e nitrogênio
insolúvel em detergente ácido (NIDA), como
porcentagem do nitrogênio total.
Quanto aos teores de NIDN, em relação ao
nitrogênio total, não foi observado efeito
(P>0,05) dos níveis de adição do SACD
sobre o parâmetro analisado (Tabela 24). O
valor médio registrado foi de 27,3% de
NIDN. A regressão mostrou que os teores de
NIDN aumentaram linearmente (P<0,01)
com a inclusão do SACD. No maior nível de
79
adição do SACD a proporção de NIDN
chegou a 30,5% do nitrogênio total.
taninos, podendo ser produto da reação de
Maillard (Van Soest, 1994).
Quanto aos teores de NIDA, observou-se
que as silagens com 7,0; 10,5 e 14% do
SACD apresentaram teores de NIDA
superiores (P<0,05) em relação à silagem
exclusiva de capim elefante. Os valores
variaram de 11,8 (0% SACD) a 22,0 (14%
SACD) de NIDA. O estudo de regressão
detectou que o SACD agiu de forma a
aumentar os teores de NIDA das silagens,
com incremento de 0,72 pontos percentuais,
para cada 1% de inclusão do SACD.
Mahanna
(1997)
explicou
que
o
prolongamento da fase aeróbica do material
na ensilagem, devido à demora na confecção
dos silos, ou problemas na compactação,
podem promover o aquecimento do material,
resultando na formação de compostos de
Maillard, no qual, açúcares redutores
combinam-se com grupos aminas dos
aminoácidos tornando-os biologicamente
indisponíveis para o animal.
O aumento nos teores de NIDN e NIDA, em
relação ao nitrogênio total, com os níveis
crescentes de adição do SACD era previsto,
pela
maior
concentração
desses
componentes no SACD. Contudo, notou-se
que as silagens apresentaram maior teor de
NIDA (%NT) em relação ao material
original (Tabela 23). Este fato pode ser
atribuído à maior aeração das silagens, em
virtude
da
maior
dificuldade
de
compactação. A menor compactação
conferida às silagens se deu pela dificuldade
inerente ao subproduto, que apresentou
densidade muito baixa e com isso dificultou
a compactação das silagens com proporções
mais elevadas do mesmo.
Segundo Van Soest (1994) o nitrogênio
insolúvel em detergente neutro, mais solúvel
em
detergente
ácido,
parece
ter
digestibilidade considerável, porém, esse
nitrogênio apresenta taxas de digestão mais
lenta que a fração solúvel em detergente
neutro, e sua concentração pode ser
aumentada com o calor. Já o NIDA
corresponde à fração C no sistema de
CORNELL, sendo considerada indisponível
por conter proteínas associadas a lignina e
80
Reis et al. (2003) trabalhando com silagens
de capim tifton com 5% de polpa cítrica,
registraram teores de NIDN de 29,3%, assim
como, Pedreira et al. (2003), em silagens de
sorgo 29,9%. Estes valores foram próximos
aos observados nas silagens com 14% do
SACD.
Trabalhando com adição de casca de café na
silagem de capim elefante Bernadino et al.
(2003) também observaram aumento nos
teores de NIDA com a adição do resíduo.
Energia Bruta (EB)
Para os valores de EB, verificou-se que as
silagens com 10,5 e 14% do SACD foram
semelhantes
(P>0,05),
entretanto
apresentaram valores superiores (P<0,05) às
silagens exclusivas de capim elefante e com
3,5% do SACD. Os valores variaram de 3,93
(0% SABD) a 4,25 (14% SABD).
Ácidos Orgânicos, pH e Nitrogênio
Amoniacal (N-NH3)
Os dados referentes às características
fermentativas (ácidos orgânicos, pH e
nitrogênio amoniacal) das silagens estão
apresentados na Tabela 25.
Tabela 25: Valores médios de pH e teores de nitrogênio amoniacal, como percentagem do nitrogênio total
(N-NH3/NT) e ácidos orgânicos (% da MS) do capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de
subproduto da acerola desidratada (SACD)
Níveis de adição do SACD (%)
0
3,5
7
10,5
14
Equação de Regressão
pH
4,7a
4,22a
4,21a
3,95a
3,96a
ns
N-NH3/NT
15,95a
10,80ab 13,00ab
6,60b
6,97b
Ŷ = 15,09 – 0,63x R2 = 0,40
Ác.Lático
2,660ab
4,236a
2,571ab 0,785b 0,656b L(Ŷ) = 0,578 – 0,06x R2 = 0,41
Ác.Acético
0,447a
0,194a
0,186a
0,183a 0,232a
ns
Ác.Propiônico
0,047a
0,030a
0,028a
0,016a 0,023a
ns
Ác.Butírico
0,074a
0,030a
0,013a
0,018a 0,123a
ns
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukey
ns – não significativo
No presente trabalho, os níveis de adição
dos SACD não influenciaram (P>0,05) os
valores de pH quando realizada a análise de
variância e o estudo de regressão. O valor
médio observado foi de 4,2. Contudo, as
silagens com a inclusão do SACD
permaneceram com valores de pH a baixo
do limite superior de 4,2 unidades
(Catchpoole e HenzelL, 1971; Marsh, 1979;
McCullough, 1977; McDonald, 1981) a
partir do qual, pode se ter comprometimento
na estabilização do processo fermentativo, e
com isso depreciação na qualidade
nutricional das silagens.
Tal aspecto também foi relatado por Pinto et
al. (2004) que avaliando níveis de adição de
polpa cítrica (0; 5; 10 e 15%) na ensilagem
do capim-aruanã, também não observaram
alterações nos valores de pH.
Os valores de pH obtidos nas silagens
podem ser conseqüências da interação de
vários fatores. O primeiro a ser destacado
refere-se aos teores de MS, como já
discutidos anteriormente. A inclusão do
SACD possibilitou aumento nos teores de
MS das silagens, assim evitando o
desenvolvimento de bactérias do gênero
Clostridium que têm seu crescimento inibido
pela elevação da pressão osmótica
(Wieringa, 1958; Gordon et al., 1961;
Catchpoole e HenzelL, 1971; Woolford,
1972; Marsh 1979; McDonald, 1981).
Segundo Woolford (1972) e McDonald
(1981), o pH pode ser considerado critério
seguro para avaliação da fermentação, mais
seu efeito inibitório sobre as bactérias
depende da velocidade da concentração
iônica e do grau de umidade do meio. Os
clostrídia podem ser tolerantes a altas
concentrações de ácido e íons hidrogênio em
materiais com alta umidade, mas, em
silagens com teor matéria seca elevada, o pH
necessariamente não precisa estar baixo
(3,8-4,2) para garantir a preservação
(Wieringa,1960).
Soares et al. (2001) avaliando a composição
físico-química da acerola desidratada
observaram valores de pH de 3,31. Desta
forma, é possível que o SACD também
tenha apresentado valores reduzidos de pH
no momento da ensilagem, o que levaria à
manutenção dos aspectos qualitativos do
volumoso, por inibição do crescimento de
microrganismos indesejáveis e estimulando
a proliferação das bactérias láticas, já que as
mesmas são mais tolerantes ao baixo pH e à
baixa atividade da água (Muck, 1991).
Segundo Woolford (1972) quanto mais
rápido for a redução do pH mais eficiente é a
preservação da massa ensilada, pois menor é
a extensão da degradação aeróbia das
proteínas e carboidratos, bem como a ação
das bactérias do gênero Clostridium.
Desta maneira, os valores finais dos pH
registrados nas silagens com adição do
SACD (4,22 a 3,95) devem ser conseqüência
81
da interação do pH inicial no SACD e do
aumento dos teores de MS, como já
mencionado anteriormente.
Fisher e Burns (1987) relataram que a
estabilização de pH das silagens deve-se a
interações do teor de MS, da capacidade
tamponante,
das
concentrações
dos
carboidratos solúveis, do lactato e das
condições de anaerobiose no meio. Essas
associações explicam porque forragens com
diferentes teores de MS, e de carboidratos
solúveis podem produzir silagens com o
mesmo padrão de queda do pH.
Gonçalves et al. (2002) registraram valor de
pH de 3,93 em silagens de capim elefante
com 20% de adição do SACD, valores estes
muito próximos aos encontrados na silagem
com 14% do SACD (3,96).
Quanto aos teores de N-NH3, verificou-se
que as silagens com os SACD foram
semelhantes (P>0,05). Todavia, as silagens
com 10,5 e 14% do SACD mostraram teores
de N–NH3 inferiores (P<0,05) ao observado
na silagem exclusiva de capim elefante.
O estudo de regressão registrou redução
linear (P<0,01) nos teores de N-NH3 com
adição do SACD. Para cada 1% de adição do
SACD, reduziu-se em 0,63 pontos
percentuais o teor de N-NH3, ou seja, houve
redução de, aproximadamente, 9,0 unidades
percentuais no teor de N-NH3 quando se
adicionou 14% do SACD comparado á
silagem exclusiva de capim elefante. Dessa
forma, foi possível observar que as silagens
contendo 3,5; 10,5 e 14% do SACD
apresentaram teores de N-NH3 abaixo do
valor limite de 12% para caracterização de
silagens bem preservadas e com baixa
atividade proteolítica (Catchpoole e
HenzelL, 1971; McDonald, 1981; Umaña et
al., 1991).
A redução nos teores de N-NH3 observada
nas silagens com a adição do SACD deve
ser consequência dos teores de MS e valores
82
de pH obtidos nas silagens, já que as
bactérias clostrídicas responsáveis pela
atividade proteolítica, têm seu crescimento
inibido ou controlado pelo aumento da
pressão osmótica no meio e por ambientes
que apresentem pH abaixo de 4, como já
mencionado anteriormente.
Redução nos teores de N-NH3 também
foram relatados por Sá et al. (2004) em
silagens de capim elefante com níveis
crescentes do subproduto da manga. Assim
como, Pinto et al. (2004) avaliando níveis de
adição (0; 5; 10 e 15%) de polpa cítrica na
ensilagem do capim aruanã.
Para os teores de ácido lático verificou-se
que as silagens exclusivas de capim elefante,
com 3,5 e 7,0% do SACD foram
semelhantes (P>0,05), e que a silagem com
3,5% de SACD mostrou-se com teor de
ácido lático superior (P<0,05) aos
observados nas silagens com 10,5 e 14% do
SACD. Pela equação de regressão,
constatou-se que a inclusão do SACD, atuou
de forma a reduzir (P<0,05) a produção de
ácido lático.
Quanto aos teores de ácido acético,
propiônico e butírico, a análise de variância
e o estudo de regressão não detectaram
efeito dos níveis de adição do SACD. As
médias observadas foram de 0,2488; 0,0291
e 0,0519%, respectivamente.
Apesar da redução dos teores de ácido lático
com a adição do SACD, como observado
pelo estudo de regressão, podemos constatar
que
esse
fenômeno
também
foi
acompanhado da redução linear nos teores
de N-NH3. Na silagem com 14% do SACD,
na qual observamos o menor teor de ácido
lático (0,656%), foi registrado teor 6,97% de
N-NH3, enquanto, os valores de pH e ácido
butírico foram de 3,96 e 0,123%,
respectivamente.
Esses resultados indicam que a redução dos
teores de ácido lático não foi limitante para
obtenção de silagens de boa qualidade, já
que os parâmetros discutidos ficaram dentro
dos níveis estabelecidos na literatura para
caracterização de silagens bem preservadas
(pH entre 3,8 - 4,2, teor de N-NH3 menores
que 10-12%, teor de ácido lático entre 1,5 e
6,0% e de ácido butírico ≤ 0,2% (Catchpoole
e Henzel, 1971; Silveira, 1975; McCullough,
1977 e McDonald, 1981), excetuando-se
para os teores de ácido lático que ficaram
abaixo do recomendado.
Todavia, o ácido lático é o principal ácido
responsável pela redução do pH para valores
abaixo de 4, em face de sua maior constante
de dissociação (pKa = 3,86), ou seja, maior
tendência para perder prótons (Lehninger,
2002). Os resultados encontrados devem
estar relacionados a uma queda rápida do pH
ou ao estabelecimento de ambiente ácido no
momento da ensilagem proporcionado
possivelmente pelos baixos valores de pH do
SACD.
Faria et al. (1972) também associaram a
redução na concentração de ácido lático nas
silagens de capim elefante, com o aumento
nos níveis (5; 10; 15 e 20%) de adição de
polpa cítrica desidratada, a um processo de
fermentação mais rápido, de modo que, o pH
atingiu mais cedo os níveis inibitórios.
O aumento nos teores de MS das silagens
com a inclusão do SACD também pode ter
constituído um importante fator. Vários
estudos têm mostrado que a elevação nos
teores de MS, reduz a taxa de crescimento
das bactérias láticas, bem como o pico das
populações nas silagens. Como resultado, a
taxa de queda do pH e a produção dos ácidos
são reduzidos com o aumento nos teores de
MS (Marsh, 1979; Muck, 1987; Muck,
1991). Assim, a função dos ácidos em
promover uma fermentação eficiente se
reduz (Umaña et al., 1991).
ácido lático à medida que se aumenta o teor
de MS na silagem (Wilkins e Wilson, 1971;
Alberto et al., 1993; Andrade e Lavezzo,
1998). Quanto à silagem exclusiva de capim
elefante, nota-se que a concentração de
ácido butírico foi baixa, porém apresentou
altas porcentagem de nitrogênio amoniacal.
Este resultado é conflitante, uma vez que
altas concentrações de amônia estariam
relacionadas com altas taxas de proteólise
(McDonald, 1981). Todavia, os resultados
sobre ocorrência de altas porcentagens de
amônia em silagens de capim elefante
podem não ser consistentes, pois há relatos
tanto de altas percentagens de nitrogênio
amoniacal (Lavezzo et al., 1984; Andrade e
Lavezzo, 1998; Tosi et al., 1999) como de
baixas porcentagens (Sobrinho et al., 1998b;
Rodrigues et al., 2002), mesmo quando as
percentagens de ácido butírico eram baixas.
As concentrações médias de ácido lático
(2,66%), acético (0,447%), propiônico
(0,047%) e butírico (0,074%) e pH (4,7)
obtidas na silagem exclusiva de capim
elefante se enquadram dentro dos valores
encontrados na literatura, que variam de
0,40 a 17,59% para o ácido lático; de 0,08 a
6,7% para o acético; de 0,00 a 0,555% para
o propiônico; e de 0,0 a 6,04%para o
butírico enquanto os valores de pH variaram
de 3,71 a 8,5 (Tosi et al., 1983; Tosi et al.,
1989; Alberto et al., 1993; Faria et al.,
1995/96; Andrade e Lavezzo, 1998; Tosi et
al., 1999; Rodrigues et al., 2002).
6.4. CONCLUSÃO
Conclui-se que o
melhor conservação
Porém, o aumento
parede celular e
comprometer o valor
de capim elefante.
SACD proporcionou
da massa ensilada.
nos componentes da
do NIDA podem
nutricional da silagem
Com respeito a isto, numerosas afirmações
comprovam diminuição da concentração de
83
CAPÍTULO VII - CONSUMO VOLUNTÁRIO, DIGESTIBILIDADE APARENTE E
BALANÇO DE NITROGÊNIO EM OVINOS ALIMENTADOS COM CAPIM
ELEFANTE ENSILADO COM NÍVEIS CRESCENTES DE SUBPRODUTOS DA
AGROINDÚSTRIA DA ACEROLA
RESUMO
O trabalho foi realizado objetivando avaliar o consumo e a digestibilidade aparente das silagens de capim
elefante (Pennisetum purpureum, Schum.) contendo 0; 3,5; 7; 10,5 e 14% de subproduto da acerola
(Malpighia glabra, Linn.) desidratada (subproduto da agroindústria do suco da acerola) em relação à
matéria natural. Utilizou-se delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições. Foram
avaliados os consumos de MS e PB (g/animal/dia, %PV e g/UTM), de FDN, FDA, HCEL e CEL
(g/animal/dia e %PV), digestibilidade aparente da MS, PB, FDN, FDA, HCEL, CEL, EBD, ED e
consumo de MS digestível (CMSD), PB digestível (CPBD), FDN digestível (FDND) e energia digestível
(CED), bem como, o balanço de nitrogênio (BN) das silagens. A adição do subproduto da acerola
desidratada (SACD) não influenciou (P>0,05) o consumo (expresso em g/animal/dia) de MS (478,7), PB
(40,6), FDN (354,8), FDA (225,8), HCEL (139,4) e CEL (133,8), como também, os coeficientes de
digestibilidade da MS (43,6%), PB (36,4%), FDN (44,8%), FDA (40,7%), HCEL (51,6%) e CEL (54,7%)
e o CMSD, CPBD, CFDND e CED das silagens. Com relação ao BN, registrou-se índices positivos para
os tratamentos com 3,5; 10,5 e 14% do SACD. Pelos resultados obtidos, conclui-se, que o SACD pode ser
incluído em até 14% na ensilagem do capim elefante sem comprometer o consumo e a digestibilidade dos
nutrientes em ovinos.
7.1. INTRODUÇÃO
O valor nutritivo de uma silagem pode ser
considerado função do consumo voluntário,
digestibilidade e eficiência pelo qual os
nutrientes são utilizados. Porém o principal
fator que limita a produção dos animais
ingerindo silagens é o nível de consumo
voluntário. Segundo Wilkins e Wilson
(1970), o consumo de matéria seca da
silagem pode corresponder a 70% do
consumo do mesmo alimento desidratado.
Segundo Van Soest (1994) são três as
hipóteses para justificar a redução do
consumo de silagens: a) presença de
substâncias tóxicas ou de produtos da
degradação da proteína como amina, que
reduz a palatabilidade; b) alto teor de ácidos,
proveniente de uma intensa atividade
fermentativa; c) e a mais aceita,
sincronização na liberação de nutrientes.
Como os ácidos graxos voláteis apresentam
baixa energia de fermentação, e como, há
intensa conversão do açúcar do material
ensilado nestes produtos, há menor
disponibilidade
de
ATP
para
os
84
microrganismos ruminais para síntese da
proteína microbiana. A eficiência com a qual
o nitrogênio do alimento é convertido em
proteína microbiana depende da taxa de
liberação da amônia e de sua assimilação. Se
não há carboidratos ou lactato, quando há
uma rápida liberação de amônia haverá,
além de perda de nutriente (N), perda de
energia para sua excreção. Além de refletir
na taxa de digestão dos constituintes da
parede celular.
Contudo,
devem-se
analisar
as
características intrínsecas do alimento.
Dietas com deficiência de compostos
nitrogenados (N), seja na forma de amônia,
aminoácidos ou peptídeos influenciam na
regulação da ingestão de alimentos. Quando
o suprimento endógeno não atende aos
requisitos microbianos, ocorre limitação do
crescimento microbiano (Sniffen et al.,
1993) e depressão da digestão da parede
celular (Wilson e Kennedy, 1996),
resultando em diminuição do consumo. Para
Van Soest (1994), a depressão do consumo
poderá ser atribuída à deficiência de N para
o animal, à redução na fermentação ruminal
ou à redução na habilidade de esvaziar o
rúmen de resíduos não digeridos.
O consumo voluntário de matéria seca
também é altamente correlacionado com o
conteúdo de fibra em detergente neutro
(FDN) do alimento, porque a fermentação e
a passagem da FDN pelo rúmen-retículo são
mais lentas aqueles observados em que
outros constituintes dietéticos, tendo grande
efeito no enchimento e sobre o tempo de
permanência, quando comparadas com os
componentes não-fibrosos do alimento (Van
Soest, 1994).
O subproduto da acerola apresenta teores de
proteína bruta (PB) (14%) elevados, como
também altas concentrações de FDN
(69,7%) e FDA (58%). Desta maneira,
conduziu-se este experimento objetivando
avaliar o efeito dos níveis de adição do
subproduto do acerola desidratada na
ensilagem de capim elefante sobre o
consumo e digestibilidade dos nutrientes em
ovinos.
capim foi cortado manualmente com,
aproximadamente, 70 dias de idade, quando
em seguida, foi processado em picadeira de
forragem e, posteriormente, misturado ao
subproduto da acerola (Malpighia glabra,
Linn.), originado do processamento da fruta
para extração de sucos e polpas, da empresa
MAISA em Mossoró (RN).
O subproduto da acerola era composto
basicamente por sementes, e com baixa
percentagem de frutos refugados. A
desidratação foi feita ao sol em área
cimentada, por um período de 48 horas,
sendo espalhados em camadas de,
aproximadamente, 7 cm de espessura e
revolvidos pelo menos três vezes ao dia. Á
noite o material foi amontoado e coberto por
lona, evitando o acúmulo de umidade.
A composição químico-bromatológica do
capim elefante (Pennisetum purpureum,
Schum.) (CE) e do subproduto da acerola
(Malpighia glabra, Linn.) desidratada
(SACD), antes da ensilagem, encontra-se na
Tabela 23, Capítulo VI.
7.2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Núcleo de
Pesquisas
em
Forragicultura
do
Departamento de Zootecnia do Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Federal
do Ceará (UFC), no município de Fortaleza
(CE).
Foram estudados cinco níveis de adição do
subproduto da acerola desidratada (0; 3,5;
7,0; 10,5 e 14,0%), com base na matéria
natural, na ensilagem do capim elefante. Em
relação à matéria seca, essas adições
consistiram em 0; 13,0; 24,0; 33,0 e 41,0%.
Na confecção das silagens experimentais foi
utilizado o capim elefante (Pennisetum
purpureum, Schum.) proveniente de
capineira
estabelecida
na
Fazenda
Experimental do Vale do Curú FEVC), em
Pentecoste,
Ceará,
pertencente
à
Universidade Federal do Ceará (UFC). O
Como silos experimentais foram utilizados
tambores plásticos de 210 L. Em cada silo
foram colocados 126 kg de forragem, de
forma que atingisse uma densidade de 600
kg/m3. Após a pesagem e homogeneização
do capim elefante com o SACD, o material
foi compactado no interior do silo.
Completado o enchimento, os silos foram
fechados com lonas plásticas, presas com
ligas de borracha.
Os dados referentes às composições
químico-bromatológicas das silagens de
capim elefante com níveis crescentes de
adição do subproduto da acerola desidratada
(SACD) estão apresentados na Tabela 24, no
Capítulo VI.
Foram utilizados vinte ovinos SRD
deslanados, machos, inteiros, com peso
médio de 24,0 kg, em delineamento
inteiramente casualizado, com cinco
85
tratamentos (0; 3,5; 7,0; 10,5 e 14%), e
quatro repetições. Para cada animal
(repetição) foi utilizada a silagem oriunda de
um único silo experimental. Os animais
foram pesados no início e no final do
experimento, vermifugados, e distribuídos
por sorteio nos tratamentos. Os animais
foram mantidos em gaiolas de estudos
metabólicos individuais, equipadas com
coletores e separadores de fezes e de urina,
bem como dotados de cochos para
fornecimento do alimento e da mistura
mineral, e de bebedouros com água
permanentemente à disposição.
O experimento teve duração de 15 dias,
sendo os primeiros 10 dias para adaptação
dos animais às dietas e ao ambiente
experimental e os outros cinco dias restantes
para coleta de silagem, sobras, fezes e urina
para determinação do consumo voluntário,
digestibilidade aparente dos nutrientes e
balanço de nitrogênio.
Após 28 dias, os silos foram abertos e as
silagens foram fornecidas diariamente em
dois períodos (7 e 16 h), sendo a quantidade
oferecida calculada diariamente, a partir do
consumo do dia anterior, de forma a
permitir sobras de, aproximadamente, 15%.
Amostragens das silagens (100 g) foram
realizadas diariamente no momento da
pesagem do alimento oferecido, durante
todo o período de coleta de dados. As
amostras foram acondicionadas em sacos
plásticos, identificados e armazenadas a 10°C. Ao final do experimento as amostras,
referentes
a
cada
animal,
foram
descongeladas e homogeneizadas, sendo
retirada amostra de, aproximadamente, 300
g, que foi processada (pré-secagem) para
análises posteriores.
As sobras foram pesadas pela manhã, antes
do fornecimento da nova alimentação. Após
esta pesagem, uma alíquota de 80 g foi
retirada, seguindo a mesma metodologia de
86
amostragem utilizada para os alimentos
oferecidos.
As fezes foram coletadas diariamente e
pesadas na parte da manhã e do total,
retirou-se 10% e acondicionou-se a -10°C.
Ao final do experimento, as amostras
referentes
a
cada
animal
foram
descongeladas e homogeneizadas, sendo
retirados, aproximadamente, 300 g do total
de cada coleta, que foram acondicionados
em sacos plásticos, identificados e mantidos
a -10°C.
Com o auxílio de uma proveta foi medido o
volume de urina pela manhã e à tarde,
quando então era retirada uma alíquota de
10% do total e armazenada em frascos
âmbar a -10°C. Foram adicionados nas
vasilhas coletoras de urina, 20 mL de ácido
clorídrico 1:1, evitando assim, que houvesse
perdas de nitrogênio por volatilização.
Nas amostras colhidas foram determinados
os teores de matéria seca (MS), proteína
bruta (PB), fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente neutro (FDA),
hemicelulose (HCEL), celulose (CEL) e
matéria mineral (MM). As análises foram
efetuadas no Laboratório de Nutrição
Animal da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), em Belo Horizonte,
segundo metodologias descritas pelo
Compêndio Brasileiro de Alimentação
Animal (1998).
Com os valores obtidos das análises da
composição química das amostras, foram
determinados os consumos de MS e PB em
g/animal/dia, %PV e g/UTM (Unidade de
Tamanho Metabólico = PV0,75), bem como
de FDN, FDA, HCEL e CEL em
g/animal/dia e %PV. Determinaram-se,
ainda, os coeficientes de digestibilidade
aparente da MS, PB, FDN, FDA, HCEL e
CEL, bem como o balanço de nitrogênio,
determinado de acordo com metodologia
descrita por Silva e Leão (1979). Os valores
de ingestão de matéria seca digestível
(IMSD), proteína bruta digestível (IPBD),
fibra em detergente neutro digestível
(IFDND) e energia digestível (IED) foram
obtidos a partir dos coeficientes de
digestibilidade e consumo destes nutrientes.
adição do SACD na ensilagem do capim
elefante, ao nível de 1 e 5% de probabilidade
e no coeficiente de determinação, por
intermédio do programa SAS (1990).
7.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As variáveis estudadas foram avaliadas por
meio de análise de variância. Para
comparação das médias, foi utilizado o teste
de Duncan (consumo de matéria seca,
expresso em g/animal/dia, %PV e g/UTM e
digestibilidade da matéria seca), e o de
Tukey para os demais parâmetros. Foram
realizadas também análises de regressão,
para avaliar o efeito dos níveis crescentes de
Consumo de Matéria Seca (CMS)
Os consumos de matéria seca (CMS) dos
animais alimentados com as silagens de
capim elefante com níveis crescentes de
subproduto da acerola desidratada (SACD)
estão apresentados na Tabela 26.
Tabela 26: Consumo de matéria seca (CMS) de ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD)
Silagens
g/animal/dia
%PV
g/UTM
CE + 0% SACD
395,6a
1,71a
37,44a
CE + 3,5% SACD
554,4a
2,28a
50,53a
CE + 7,0% SACD
425,7a
1,87a
40,85a
CE + 10,5% SACD
534,9a
2,22a
49,17a
CE + 14% SACD
497,3a
2,09a
46,11a
Médias
478,77 ± 165,83
2,02 ± 0,65
44,59 ± 14,45
CV (%)
34,64
32,34
32,40
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Duncan
Para o CMS (g/animal/dia, %PV e g/UTM)
não se observou efeito (P>0,05) da adição
do SACD na ensilagem do capim elefante.
Os consumos médios observados foram de
478,77 ± 165,83 g/animal/dia; 2,02 ± 0,65
%PV e 44,59 ±14,45 g/UTM.
As silagens com adição do SACD
apresentaram
boas
características
fermentativas. Nesse sentido, os valores
obtidos de CMS das silagens devem estar
relacionados primeiramente com o baixo
valor nutricional do capim elefante, como
mostra a Tabela 23, caracterizado por
elevadas concentrações dos componentes da
fração fibrosa e baixo teor de PB. O
aumento nos teores de FDN com a inclusão
do SACD também pode constituir um
importante fator. Segundo Van Soest (1965)
o consumo voluntário de MS encontra-se
altamente correlacionado com o teor de
FDN, quando esta se situa acima de 55 e
60% da matéria seca do alimento, haja visto,
que a fermentação e a passagem de FDN
pelo rúmen-retículo são mais lentas que as
observadas
em
outros
componentes
nutricionais, tendo grande efeito no
enchimento e sobre o tempo de
permanência,
comparado
com
os
componentes não-fibrosos.
Um outro fator que pode também estar
relacionado com os resultados obtidos diz
respeito à forma como boa parte do
nitrogênio se encontra indisponível (NIDA)
aos microrganismos ruminais. Reduções no
teor de PB abaixo de 7%, ou diminuição da
disponibilidade do nitrogênio, poderá
reduzir
a
digestão
da
fibra
e,
subseqüentemente, restringir o consumo, em
conseqüência da lenta passagem dos
alimentos pelo rúmen (Van Soest, 1994).
87
A presença de tanino no SACD, como
relataram Vasconcelos et al. (2002), também
pode constituir fator influenciador do
consumo, pois os taninos além de
precipitarem a proteína, também são capazes
de interagir com outras macromoléculas,
como carboidratos, membrana celular das
bactérias e íons metálicos (Van Soest, 1994).
Cannas (2005) relatou que os taninos podem
atuar na redução do consumo de duas
maneiras. Primeiro, pelo seu efeito
adstringente, reduzindo a palatabilidade do
alimento, o que consequentemente conduz à
redução da ingestão; e segundo pela redução
na
digestibilidade,
influenciando
negativamente no consumo, pelo efeito de
enchimento associado às frações não
digeridas.
Neste sentido, é provável que o baixo
consumo voluntário das silagens, tenha sido
combinação do valor nutricional do capim
elefante, juntamente com os níveis de FDN,
NIDA e tanino no SACD.
Tal aspecto também foi relatado por Rosa et
al. (2004) que observaram relação inversa
dos teores de FDN com o consumo de MS
em diferentes silagens de hibrídos de milho,
registrando valores bem próximos (2,20
%PV) aos obtidos nas silagens com inclusão
do SACD. Assim como, Moreira et al.
(2001) que atribuíram o menor consumo de
MS do feno do capim coastcross e da
silagem de milho em relação ao feno de
alfafa, ao maior teor de FDN daqueles
alimentos.
Lousada Junior et al. (2005) avaliando o
fornecimento dos subprodutos do abacaxi,
acerola, goiaba, maracujá e melão na
alimentação de ovinos, observou que o
menor consumo de MS foi registrado
quando foi fornecido o subproduto da
acerola (500,3 g/animal/dia; 1,4 %PV e 34,2
g/UTM). Segundo o autor, este fato é
atribuído ao elevado teor de lignina
registrado no subproduto.
Consumo de Proteína Bruta (CPB)
Os consumos de proteína bruta (CPB) dos
animais alimentados com as silagens de
capim elefante (CE) com níveis crescentes
de adição de subproduto de acerola
desidratada (SACD) estão apresentados na
Tabela 27.
Tabela 27: Consumo de proteína bruta (CPB) de ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD)
Silagens
g/animal/dia
%PV
g/UTM
CE + 0% SACD
23,03a
0,10b
2,19b
CE + 3,5% SACD
42,99a
0,18ab
3,94ab
CE + 7,0% SACD
36,72a
0,16ab
3,52ab
CE + 10,5% SACD
49,04a
0,2ab
4,51ab
CE + 14% SACD
53,56a
0,22a
4,95a
Médias
40,65 ± 14,22
0,17 ± 0,05
3,79 ± 1,21
CV (%)
34,98
31,58
31,93
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukey
A adição do SACD na ensilagem do capim
elefante não influenciou (P>0,05) o CPB das
silagens, quando o consumo foi expresso em
g/animal/dia A média observada foi de 40,65
± 14,22 g/animal/dia. Contudo, pelo estudo
de regressão observou-se aumento linear
(P<0,01) no CPB com a adição do SACD,
88
onde a adição de 1% do SACD
proporcionou aumento no CPB de
1,91g/animal/dia. Pela equação, a variação
no CPB pode chegar a 100%, ao se
comparar a silagem com 14% do SACD e a
silagem exclusiva de capim elefante.
CPB (g/animal/dia) = 27 + 1,91x (P<0,01 e
R2 = 0,31)
Quando o CPB foi expresso em %PV e
g/UTM, observou-se que os animais que
receberam as silagens com o SACD
apresentaram consumo semelhante (P>0,05).
Contudo, os animais alimentados com a
silagem com 14% do SACD tiveram
consumo superior (P<0,05) aos alimentados
com a silagem de capim elefante. Os CPB
variaram de 0,10 a 0,22 %PV, com média de
0,17 ± 0,05%PV, e de 2,19 a 4,95 g/UTM
com média de 3,79 ± 1,21 g/UTM.
O estudo de regressão também demonstrou
que houve aumento linear nos CPB quando
expressos em %PV e g/UTM, à medida que
foi utilizado o maior nível do SACD.
CPB (%PV) = 0,12 + 0,008x (P<0,01 e R2 =
0,35)
CPB (g/UTM) = 2,60 + 0,17x (P<0,01 e R2
= 0,34)
para cada 1% de adição do SACD. O
aumento no CPB das silagens era esperado,
haja visto, que foram observados elevações
na concentração dos teores de PB com
adição do SACD na ensilagem do capim
elefante, como mostra a Tabela 24.
Valores similares aos obtidos neste trabalho
foram encontrados por Reis et al. (2000) ao
fornecer para ovinos, silagens de capim
elefante contendo 75% de resíduo de
maracujá in natura (4,58g/UTM).
Consumo de Fibra em Detergente Neutro
(CFDN) de Fibra em Detergente Ácido
(CFDA), Hemicelulose (CHCEL) e Celulose
(CCEL).
O consumo de fibra em detergente neutro
(CFDN), fibra em detergente ácido (CFDA),
hemicelulose (CHCEL) e celulose (CCEL)
dos ovinos alimentados com o capim
elefante (CE) ensilado com níveis crescentes
de subproduto da acerola desidratada
(SACD) estão apresentados na Tabela 28.
Pelas equações observa-se aumento de 0,008
pontos percentuais e de 0,17g/UTM no CPB
Tabela 28: Consumo de fibra em detergente neutro (CFDN), fibra em detergente ácido (CFDA),
hemicelulose (CHCEL) e celulose (CCEL) de ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD)
FDN
FDA
HCEL
CEL
Silagens
g/dia
%PV
g/dia
%PV
g/dia
%PV
g/dia
%PV
CE + 0% SACD
283,4a 1,22a 169,2a 0,73a 114,2a 0,49a 113,9a 0,49a
CE + 3,5% SACD 403,0a 1,66a 241,5a 0,99a 161,5a 0,67a 147,5a 0,60a
CE + 7,0% SACD 322,8a 1,42a 203,1a 0,89a 119,6a 0,52a 123,0a 0,54a
CE + 10,5% SACD 405,7a 1,68a 265,1a 1,10a 140,6a 0,58a 157,0a 0,65a
CE + 14% SACD
371,8a 1,56a 260,1a 1,09a 111,6a 0,47a 127,6a 0,54a
Médias
354,8
1,50
225,8
0,95
139,4
0,55
133,85
0,56
CV (%)
34,91
32,76
37,11
23,31
38,10
31,84
36,48
34,35
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukey
A adição do SACD na ensilagem do capim
elefante não influenciou (P>0,05) no CFDN,
FDA, HCEL e CEL (g/animal/dia e %PV).
O estudo de regressão também não mostrou
significância no CFDN quanto da adição do
SACD na ensilagem do capim elefante.
Como já discutido para CMS, os teores de
FDN apresentados nas silagens (74,75%)
devem ter contribuído no comportamento do
consumo das silagens. Segundo Mertens
(1992) existem correlações entre a ingestão
voluntária e a concentração dietética de
89
FDN, devido à relação desta com a
ocupação de espaço do trato gastrointestinal.
Conrad et al. (1964) ressaltaram ainda, que a
ingestão
alimentar
depende
das
características do animal e da dieta. Se a
ingestão for limitada pela capacidade física
do animal, quando a dieta contém altas
proporções de FDN, a ingestão torna-se
função das características da dieta. Desta
forma, o animal consome alimento até
atingir a capacidade máxima de ingestão de
FDN, que passa a inibí-lo, havendo, assim,
um limite de distensão ruminal que
determina a interrupção da ingestão
voluntária.
Os consumos dos constituintes da parede
celular das silagens (FDN, FDA, HCEL,
CEL) tiveram seus comportamentos
determinados em função do CMS e de suas
concentrações na matéria seca do alimento.
Digestibilidade Aparente da matéria seca
(DMS), proteína bruta (DPB), fibra em
detergente neutro (DFDN), fibra em
detergente ácido (DFDA), hemicelulose
(DHCEL), celulose (DCEL), energia bruta
(EBD) e energia digestível (ED)
Na Tabela 29 são apresentados os
coeficientes de digestibilidade da matéria
seca (DMS), proteína bruta (DPB), fibra em
detergente neutro (DFDN), fibra em
detergente ácido (DFDA), hemicelulose
(DHCEL), celulose (DCEL) e energia bruta
(DEB) e energia digestível da dieta (ED) do
capim elefante (CE) ensilado com níveis
crescentes de subproduto da acerola
desidratada (SACD).
Tabela 29: Coeficientes de digestibilidade da matéria seca (DMS), proteína bruta (DPB), fibra em
detergente neutro (DFDN), fibra em detergente ácido (DFDA), hemicelulose (DHCEL), energia bruta
(DEB) e energia digestível (ED) do capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de subproduto da
acerola desidratada (SACD)
Silagens
DMS
DPB
DFDN
DFDA
DHCEL
DCEL EBD
ED1
CE + 0% SACD
42,2a 18,5a
42,4a
38,6a
46,9a
52,8a
41,1a 1,62a
CE + 3,5% SACD
48,8a 43,4a
50,7a
46,6a
56,1a
64,4a
45,6a 1,83a
CE + 7,0% SACD
44,4a 35,7a
47,9a
44,8a
52,7a
65,0a
44,5a 1,83a
CE + 10,5% SACD
52,1a 48,9a
53,5a
48,9a
61,8a
59,6a
50,4a 2,11a
CE + 14% SACD
32,6a 38,7a
32,5a
26,6a
42,8a
31,7a
28,6a 1,22a
Médias
43,6
36,4
44,8
40,7
51,6
54,7
41,6
1,72
CV (%)
7,2
35,2
7,7
42,0
5,1
4,2
7,6
28,7
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukey
1
Mcal/kg de MS
A análise de variância, bem como o estudo
de regressão, não detectou efeito (P>0,05)
dos níveis de adição do SACD na ensilagem
do capim elefante sobre os coeficientes da
digestibilidade aparente da MS (43,6%), PB
(36,4%), FDN (44,8%), FDA (40,73%),
HCEL (51,6%), CEL (54,7%), EBD (41,6%)
e ED (1,72 Mcal).
Os baixos teores da digestibilidade dos
componentes nutricionais das silagens
podem ser atribuídos, em parte, ao baixo
valor nutritivo do capim elefante utilizado, e
90
também ao SACD, que apresentava boa
parte do nitrogênio ligado aos componentes
da fração fibrosa na forma de NIDA (Tabela
23) considerados de baixa disponibilidade
para os microrganismos ruminais (Van Soest
e Mason, 1991). Como também, devido a
fração fibrosa, que apresentou elevados
teores de lignina (Tabela 24), fator primário
a limitar a digestibilidade da parede celular
(Van Soest, 1994; Jung e Allen, 2000).
Esperava-se que o aumento dos níveis de
adição do SACD proporcionassem redução
na digestibilidade da fração protéica, devido
ao aumento nos teores de NIDA e da fração
fibrosa, o que levaria, conseqüentemente, à
redução na digestibilidade da MS, fato não
verificado, possivelmente também, pela
baixa qualidade nutricional do capim
elefante, como citado anteriormente.
Resultados semelhantes foram relatados por
Souza et al. (2004) que não observaram
efeito da substituição do milho pela casca de
café sobre a digestibilidade da MS, PB, FDN
e FDA. Apesar de terem registrado
aumentos nos teores de NIDN, NIDA e
lignina, vale ressaltar, que o volumoso
utilizado apresentava 66,2% de NIDN e
11,9% de NIDA.
Os resultados obtidos também podem ter
sido influenciado pela presença de taninos
no SACD, haja vista, que estes reduzem a
digestibilidade da fibra, pela complexação
com os carboidratos da parede celular, por
meio da interação com enzimas celulares e
com bactérias do rúmen, e em alguns casos,
a baixa digestibilidade da fibra pode ser
resultado da deficiência de nitrogênio
fermentável ruminalmente devido à ligação
das proteínas com o tanino (Cannas, 2005).
acerola (33,2%), goiaba (39,5%), maracujá
(54,4%) e melão (47,7%) também observou
influência dos teores de NIDA em reduzir a
DPB. Contudo, ressaltou que nos
subprodutos, os níveis de PB exerceram
maior influência que os teores de NIDA. O
autor destacou ainda, o teor de tanino como
importante fator depressor da DPB,
principalmente, nos subprodutos com
sementes, como a acerola.
Dumont et al. (1985) e Reyne e Garamboins
(1985) constataram a presença de taninos em
subprodutos da industrialização da uva como
fator responsável pela baixa DPB, cujos
valores foram de 12,9 e 13,0%,
respectivamente.
Ingestão da matéria seca (IMSD), proteína
bruta (IPBD), fibra em detergente neutro
(IFDND) e energia digestível (IED)
Na Tabela 30 são apresentados os valores
ingestão da matéria seca (IMSD), proteína
bruta (IPBD), fibra em detergente neutro
(IFDND) e energia digestível (IED) do
capim elefante (CE) ensilado com níveis
crescentes de subproduto da acerola
desidratada (SACD).
Lousada Junior et al. (2005) ao estudar a
DPB dos subprodutos do abacaxi (29,0%),
Tabela 30: Ingestão da matéria seca (IMSD), proteína bruta (IPBD), fibra em detergente neutro
(IFDND) e energia digestível (IED), expressos em g/animal/dia, de ovinos alimentados com
capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada
(SACD)
Silagens
IMSD
IPBD
IFDND
IED
CE + 0% SACD
165,00a
4,68b
118,16a
0,63a
CE + 3,5% SACD
277,24a
19,06a
208,52a
1,04a
CE + 7,0% SACD
196,61a
12,72ab
149,49a
0,79a
CE + 10,5% SACD
307,26a
26,33a
238,85a
1,24a
CE + 14% SACD
162,89a
21,06a
116,46a
0,61a
Médias
217,30
16,26
162,48
0,84
CV (%)
9,73
25,5
9,84
16,0
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukey
Para os valores de IMSD, IFDND e IED não
se observou efeito (P>0,05) dos níveis de
adição do SACD. Para os valores de IPBD
verificou-se que as silagens com adição de
3,5; 10,5 e 14% do SACD apresentaram
valores superiores (P<0,05) a silagem
91
exclusiva de capim elefante. Pelo estudo de
regressão verificou-se efeito linear na IPBD
com a adição do SACD.
logIPBD = 0,79 + 0,04x
0,28)
(P<0,05; R2 =
Balanço de Nitrogênio (BN)
Os valores médios do balanço de nitrogênio
em ovinos alimentados com capim elefante
(CE) ensilados com níveis crescentes do
subproduto da acerola desidratada (SACD)
constam na Tabela 31.
Tabela 31: Nitrogênio ingerido, nitrogênio excretado nas fezes e na urina, e balanço de nitrogênio (BN)
em ovinos alimentados com capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes do subproduto da acerola
desidratada (SACD)
N ingerido N excretado nas
N excretado na
BN
BN
Silagens
(g/dia)
fezes (g/dia)
urina (g/dia)
(g/dia)
(% N ingerido)
CE + 0% SACD
3,68
2,98
2,57
-1,82a
-62,59a
CE + 3,5% SACD
6,88
3,83
2,07
0,98a
11,64a
CE + 7,0% SACD
5,87
3,84
2,72
-0,69a
-23,41a
CE + 10,5% SACD
7,85
3,63
1,79
2,43a
22,52a
CE + 14% SACD
8,57
5,20
2,63
0,74a
6,19a
Médias
0,22
-10,79
CV (%)
8,18
-36,48
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukey
Como nas silagens com SABD, não foi
observado pela análise de variância e pelo
estudo de regressão efeito (P>0,05) dos
níveis de adição do SACD sobre o balanço
de nitrogênio (g/dia e % N ingerido).
Apesar dos reduzidos consumos de MS e
PB, e do aumento das concentrações de
nitrogênio na fração fibrosa do SACD, na
forma de NIDN e NIDA. Constatou-se que
nas silagens com 3,5; 10,5 e 14% do SACD
houve balanço de nitrogênio positivo.
Possivelmente, este efeito estar relacionado
com o aumento do teor de PB e ingestão de
PBD das silagens com a adição do SACD,
uma vez que, a despeito do aumento dos
teores de NIDA nas silagens com o
incremento do SACD, registrou-se que as
silagens com 3,5; 7; 10,5 e 14% do SACD
possibilitaram o fornecimento de 6,4; 6,5;
7,1 e 7,8% de PB. Desta maneira, parece que
a adição do SACD na ensilagem do capim
92
elefante atendeu os
nitrogênio do animal.
requerimentos
de
A granulometria do SACD, que apresentavase em partículas pequenas, também, pode ter
facilitado a ação das bactérias ruminais, com
isso, possibilitando maior disponibilidade do
nitrogênio.
Deve ser lembrado que animais alimentados
com silagens apresentam menor eficiência
de retenção de nitrogênio, devido à falta de
sincronização da liberação do nitrogênio não
protéico e liberação de energia no rúmen
(McDonald, 1981; Van Soest, 1994).
7.4. CONCLUSÃO
Conclui-se que o subproduto da acerola
desidratada pode ser incluído em até 14% na
ensilagem do capim elefante, sem
comprometer o consumo e a digestibilidade
dos nutrientes em ovinos.
CAPÍTULO VIII - DEGRADABILIDADE IN SITU DAS SILAGENS DE CAPIM
ELEFANTE ENSILADO COM NÍVEIS CRESCENTES DE SUBPRODUTO DA
AGROINDÚSTRIA DA ACEROLA
RESUMO
Avaliaram-se a degradabilidade in situ da matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente
neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), e hemicelulose (HCEL) das silagens de capim elefante
(Pennisetum purpureum, Schum.) com níveis crescentes (0; 3,5; 7; 10,5 e 14%) do subproduto da acerola
(Malpighia glabra, Linn.) desidratada (SACD). Foi utilizado um bovino adulto macho em delineamento
inteiramente casualizado com parcelas subdivididas, sendo as proporções de SACD os tratamentos
(parcelas), os diferentes silos as repetições e os tempos de incubação as subparcelas. Os períodos de
incubação aumentaram (P<0,05) as taxas de desaparecimento da MS, PB, FDN, FDA e HCEL. Contudo
não observou-se efeito dos níveis de inclusão do SACD sobre as degradabilidades efetivas da MS, FDN,
FDA e HCEL. Concluiu-se que o SACD pode ser utilizado na alimentação de ruminantes, porém pode
haver redução na disponibilidade de proteína e energia nas dietas baseadas neste alimento.
8.1. INTRODUÇÃO
A
partir
de
sua
introdução
na
experimentação animal, a técnica de
incubação in situ tem adquirido uso corrente
para avaliação da degradabilidade ruminal
de alimentos de diversas categorias (Ørskov
et al., 1980). Apesar das dificuldades com o
preparo cirúrgico e manipulação dos animais
experimentais, sua utilização permite análise
mais próxima possível da digestão in vivo,
com a limitação de colocar o alimento em
condições estáticas, não experimentando os
processos de passagem e ruminação que a
digesta é constantemente exposta.
Ørskov e McDonald (1979) propuseram um
método para descrever o curso da
degradabilidade em função do tempo para
amostras individuais de alimentos. Este
método envolve a execução de uma série de
tempos de incubação do material no rúmen.
As perdas de matéria seca são confrontadas
com o tempo e um modelo exponencial é
ajustado de acordo com a equação: p = a + b
(1 – e-ct), onde: “p”, é a percentagem de
degradação após um tempo “t” expresso em
horas de incubação no rúmen; “a”, é o
intercepto da curva de degradação no tempo
zero (to), que representa o substrato solúvel
e completamente degradado; “b” é o
substrato insolúvel, mas potencialmente
degradável; “c”, é ataxa fracional constante
de degradação da fração “b” remanescente a
partir do tempo zero e t, (em horas) de
incubação do rúmen.
Segundo Sampaio (1988), os parâmetros
“A” e “c” são os principais elementos na
qualificação de uma forragem. Dessa forma,
quando da comparação de diferentes
equações, um maior valor de “A” indica um
material mais degradável e um maior valor
de “c”, implica em menor tempo para o
desaparecimento
da
fração
não
imediatamente degradável. Forrageiras mais
digestíveis apresentam valores altos de “A”,
mas devem também possuir elevados valores
de “c” para alcançarem o potencial máximo
de
degradação
em
menor
tempo.
Ressaltando que o A de Sampaio (1988),
equivale ao a + b do Ørskov (1982).
A taxa de passagem afeta significativamente
a degradação no rúmen. Assim a degradação
do alimento nos compartimentos do trato
gastrointestinal é resultante de dois
parâmetros competitivos, a taxa de
passagem e a taxa de degradação (Ørskov,
1982).
Nas situações em que as taxas de passagem
não foram ou não puderam ser medidas,
podem ser aplicados os valores propostos
pelo ARC (1984) que considera as taxas de
passagem de sólidos de 2, 5 e 8% por hora
93
para baixo, médio e alto consumo,
respectivamente. A taxa de passagem de
2%/h é indicada para bovinos e ovinos em
mantença, a de 5%/h para vacas leiteiras de
pequena produção, e para bovinos de corte e
ovinos em crescimento, alimentados à
vontade com dietas mistas, enquanto que a
de 8%/h é adequada para vacas de alta
produção alimentadas com dietas mistas.
O subproduto da acerola caracteriza-se como
um subproduto com altos teores de lignina e
nitrogênio insolúvel em detergente ácido
(NIDA). O objetivo deste trabalho foi
avaliar degradabilidade in situ das silagens
de capim elefante com níveis crescentes de
adição
do
subproduto
da
acerola
desidratado.
8.2. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo in situ foi conduzido na Escola de
Veterinária da UFMG, utilizando-se um
novilho fistulado no rúmen (Tomich e
Sampaio, 2004) e alimentado com silagem
de milho, fornecida às 7 e 16 h,
suplementada com 1 kg de concentrado ao
dia.
Avaliou-se a degradação ruminal do capim
elefante ensilado com níveis crescentes de
subproduto da acerola desidratada (0; 3,5;
7,0; 10,5 e 14%). O capim elefante utilizado
foi proveniente de capineira estabelecida na
Fazenda Experimental do Vale do Curú
(FEVC), em Pentecoste, Ceará, pertencente
à Universidade Federal do Ceará (UFC).
Após o corte de uniformização, a área
recebeu adubação em cobertura: 50 kg/ha de
N na forma de uréia e 40 kg/ha de K2O na
forma de cloreto de potássio. A gramínea foi
cortada com, aproximadamente, 70 dias de
idade, sendo então ensilada com diferentes
proporções de subproduto desidratado da
acerola. Tal subproduto foi originado do
processamento das acerolas utilizadas na
fabricação de sucos, da empresa MAISA em
Mossoró (RN). Para a desidratação do
94
subproduto, o mesmo foi exposto em área
cimentada, por aproximadamente 48 horas.
Como silos experimentais foram utilizados
tambores plásticos de 210 L. Em cada silo
foram colocados 126 kg de forragem, de
forma que atingisse uma densidade de 600
kg/m3. Após a pesagem e homogeneização
do capim elefante com o SACD, o material
foi compactado no interior do silo, durante o
carregamento. Completado o enchimento, os
silos foram fechados com lonas plásticas,
presas com ligas de borracha.
A composição químico-bromatológica do
capim elefante (Pennisetum purpureum,
Schum.) (CE) e do subproduto da acerola
(Malpighia glabra, Linn.) desidratada
(SACD), antes da ensilagem, encontra-se na
Tabela 23, do Capítulo VI.
Após 45 dias de ensilagem os silos foram
abertos, e coletadas amostras das silagens
para
realização
do
ensaio
de
degradabilidade. As amostras foram présecas em estufa de ventilação forçada
regulada a 60o C, por 72 horas, processadas
em moinho tipo faca com peneira de 5 mm
de crivo e homogeneizadas para incubação
posterior.
Os dados referentes às composições
químico-bromatológicas do capim elefante
(CE) ensilado com níveis crescentes de
subproduto da acerola desidratada (SACD)
estão apresentados na Tabela 24, do
Capítulo VI.
Os alimentos foram incubados em sacos de
náilon (50 micras) de 9 x 20 cm, com 10g do
material pré-seco. Os sacos foram
introduzidos no rúmen às 08 horas e
retirados em ordem seqüencial, nos tempos
de 6, 24, 48 e 96 horas, sendo então lavados
manualmente em água corrente. Para
determinação do tempo zero (t = 0), utilizouse três bolsas de náilon por tratamento com a
mesma quantidade de amostra utilizada para
os demais horários de incubação, foram
fechados e lavados manualmente da mesma
forma que nos outros horários. Em seguida,
os mesmos foram secos em estufa ventilada,
regulada a 60oC, pesados, e as amostras
analisadas para determinação da matéria
seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA) e hemicelulose
(HCEL), segundo metodologias descritas
pelo Compêndio Brasileiro de Alimentação
Animal (1998).
A comparação das médias e os coeficientes
do modelo proposto por Ørskov e McDonald
(1979) foram determinados utilizando-se o
programa Statistic Analysis System (SAS,
1990). Após a determinação dos parâmetros
do modelo, estimou-se a degradabilidade
efetiva adotando-se as taxas de passagem no
rúmen de 2, 5 e 8%/h (McDonald, 1981).
Trabalhou-se com cinco níveis de adição do
subproduto, com três repetições e cinco
tempos de incubação com um animal.O
delineamento utilizado foi o inteiramente
casualizado com parcelas subdivididas,
sendo as proporções de SACD os
tratamentos (parcelas), os diferentes silos as
repetições, e os tempos de incubação as
subparcelas.
Análise de variância
Total ........................................................14
Tratamentos...............................................4
Repetições .................................................2
Erro a.........................................................8
Total Subparcelas....................................74
Tempo .......................................................4
Tempo x Tratamento...............................16
Erro B......................................................54
8.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os desaparecimentos médios da matéria seca
(MS) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto da acerola
desidratada (SACD) no tempo zero e nos
horários de incubação ruminal estão
apresentados na Tabela 32.
Tabela 32: Desaparecimento médio (%) da matéria seca (MS) do capim elefante (CE) ensilado
com níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD) no tempo zero e em
diferentes horários de incubação ruminal
Níveis de adição do SACD (%)
Horários
0
3,5
7
10,5
14
0
19,43bE
21,02aE
20,57abE
20,50abE
20,30abE
6
22,59cD
26,45aD
24,95abD
23,30bcD
24,16bcD
24
34,18bC
38,45aC
35,47bC
34,20bC
31,21cC
48
45,45abB
47,45aB
45,75abB
44,04bB
45,66abB
96
61,04baA
62,22aA
58,08bA
55,76bcA
55,01cA
Valores seguidos de letras minúsculas diferentes nas linhas ou letras maiúsculas nas colunas diferem entre si (P<0,05), pelo teste de
Tukey
Verificou-se efeito (P<0,05) do tempo de
incubação ruminal e a adição do SACD
(P<0,05) na ensilagem do capim elefante no
desaparecimento da MS. As frações solúveis
variaram de 19,43 a 21,02% para as silagens
exclusivas de capim elefante e com adição
de 3,5% do SACD, respectivamente. Tais
valores são bastante elevados para alimentos
fibrosos pobres em carboidratos solúveis,
principalmente pelo fato de boa parte desses
compostos ser consumida durante o processo
de ensilagem. Portanto, aqueles valores
parecem resultar da perda de partículas pelos
poros dos sacos de náilon no momento da
lavagem.
Houve aumento no desaparecimento da MS
até 96 horas de incubação. Acredita-se que
nesse horário as silagens já tenham
alcançado o máximo de desaparecimento da
95
MS. Segundo Sampaio (1994), o período de
incubação de 96 horas é suficiente para
estudos de avaliação ruminal in situ de
volumosos, por considerar que até nesse
tempo de incubação é possível detectar
mudanças da degradabilidade do material.
Todavia, no que tange à influência do nível
de adição do SACD nos tempos de
incubação, esperava-se que houvesse
redução do desaparecimento da MS, pois
como constatado na Tabela 2, houve
aumento nos teores de nitrogênio insolúvel
em detergente ácido (NIDA), bem como,
aumento nos teores de lignina. Esses fatores
podem ter influenciado na redução do
desaparecimento da MS das silagens com
adição do SACD, o primeiro pela redução na
disponibilidade de nitrogênio para os
microrganismos, e o segundo fator, como
barreira ou camada protetora sobre os
nutrientes no interior da célula, bem como,
sobre a disponibilidade da celulose e
hemicelulose.
Contudo, os efeitos daqueles componentes
não se mostraram de forma clara entre os
níveis de adição do SACD (0; 3,5; 7,0; 10,5
e 14%). Tal fato pode ser decorrente de
problemas envolvendo a granulometria do
SACD, pois esse, ao ser processado para
confecção das silagens, formou um pó muito
fino e com presença de sementes intactas.
Além disso, notou-se a pulverização do
capim elefante por efeito do subproduto.
Esta situação pode ter conduzido a
problemas na homogeneização da amostra,
uma vez que houve diferença entre o
tamanho e a densidade das partículas do
SACD e do capim elefante.
96
A pulverização das amostras pode também
ter permitido maior escape das amostras
pelo saco de náilon para o ambiente ruminal.
Segundo Ørskov (1988), o tamanho da
partícula pode afetar a homogeneidade da
amostra a ser incubada e, conseqüentemente,
sua degradabilidade in situ no rúmen.
Situação semelhante foi observada por
Campos (2005) que relatou maior perda de
material pelos saquinhos quando a silagem
de milho foi moída a 2 que a 5 mm.
A redução do tamanho das partículas do
SACD pode ter favorecido a ação dos
microrganismos sobre a parede celular do
subproduto,
resultando
em
maior
degradabilidade. Essa influência simultânea
de vários fatores sobre a degradabilidade da
MS dificulta a identificação de um ou de
outro componente como responsável pelas
diferenças nas degradabilidades das silagens.
Avaliando a degradabilidade do subproduto
da acerola e do capim elefante observou
Rogério
(2005)
estabilização
do
desaparecimento da MS do subproduto da
acerola a partir das 24 horas de incubação
(43,36%), demonstrando que o subproduto
da acerola é pouco degradado no rúmen, e
apresentou, com exceção do período de 6
horas
de
incubação,
valores
de
desaparecimento da MS inferiores aos
encontrados no capim elefante.
Os parâmetros de degradação ruminal e a
degradabilidade efetiva da matéria seca
(MS) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto da acerola
desidratada (SACD) estão apresentados na
Tabela 33.
Tabela 33: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação de
b (c) e degradação efetiva (DE) da matéria seca (MS) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD) para taxas de passagem de 2, 5 e
8%/h
DE (%)
Silagens
a (%)
b (%)
c (%)
0,02/h
0,05/h
0,08/h
R2
CE + 0% SACD
18,73
52,00
1,57
41,6
31,2
27,3
0,99
CE + 3,5% SACD
21,54
52,00
1,54
44,1
33,8
29,9
0,99
CE + 7,0% SACD
20,65
49,09
1,50
41,7
32,0
28,4
0,99
CE + 10,5% SACD
20,01
47,50
1,46
40,1
30,7
27,3
0,97
CE + 14% SACD
19,88
48,25
1,40
39,7
30,4
27,1
0,97
Observou-se para a fração solúvel (a) que a
silagem com 3,5% do SACD apresentou o
maior valor numérico, quando então houve o
decréscimo com os níveis de adição do
SACD.
Manoel et al. (2003) encontraram na fração
a valores de 11,94% para o subproduto da
acerola, mostrando o baixo potencial do
SACD em fornecer substrato prontamente
degradável.
Os níveis de adição do SACD levaram à
redução das taxas de degradação da fração b
(c). Todavia, Manoel et al. (2003) e Rogério
(2005) encontraram taxas de degradação de
4,82 e 5%/h para o subproduto da acerola,
valores bem superiores aos registrados na
literatura para silagens de capim elefante
(Valadares Filho, 1992), provavelmente pelo
maior escape de material dos sacos ou pela
maior ação dos microrganismos, pelo
aumento da superfície de contato, já que
esse material é altamente lignificado (Tabela
23).
Baixas taxas de degradação da fração b (c)
indicam maior permanência do alimento no
rúmen, o que pode levar à redução do
consumo
pela
distensão
do
trato
gastrointestinal, antes que as demandas
energéticas do animal hospedeiro sejam
atendidas. Sampaio (1988) relatou que taxa
de degradação inferior a 2%/h é indicativa
de alimentos de baixa qualidade, já que
necessita de período longo de permanência
no rúmen para que sua digestão ocorra.
Desta forma, é possível que a adição do
SACD na ensilagem do capim elefante
comprometa a qualidade nutricional do
alimento, pelo seu reduzido índice de
aproveitamento
pelos
microrganismos
ruminais.
As degradabilidades efetivas (DE) da MS
das silagens praticamente não se alteraram,
com a adição dos SACD à silagem do capim
elefante. Como a parede celular representou,
aproximadamente, 75% da composição da
matéria seca das silagens, vale salientar, a
influência destes componentes, como um
dos fatores responsáveis pela redução da
taxa de degradação b (c). O tanino com sua
habilidade de formar complexos com vários
tipos de moléculas também pode ser
considerado importante depressor da
degradabilidade.
Tais
resultados
se
assemelham aos obtidos no ensaio de
digestibilidade aparente das silagens, onde
não foram observadas diferenças nas
digestibilidades da matéria seca com a
adição do SACD na ensilagem do capim
elefante.
Tais respostas corroboram com os resultados
de Rogério (2005) que verificou menor
degradabilidade efetiva no subproduto da
acerola (43,0 e 38,8%/h) quando comparado
ao capim elefante (53,62 e 42,69%),
respectivamente, para as taxas de 2 e 5%/h,
demonstrando o baixo potencial de
degradação do SACD.
97
Os parâmetros de degradação ruminal e a
degradabilidade efetiva da proteína bruta
(PB) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto da acerola
desidratada (SACD) estão apresentados na
Tabela 34.
Tabela 34: Desaparecimento médio (%) da proteína bruta (PB) do capim elefante (CE) ensilado
com níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD) no tempo zero e em
diferentes horários de incubação ruminal
Níveis de adição do SACD (%)
Horários
0
3,5
7
10,5
14
0
17,30cE
18,11bcE
21,63aE
18,60bE
19,09bE
6
24,99cD
27,24aD
26,63abD
24,36cD
25,63bcD
24
37,06bC
39,00abC
38,06abC
37,71bC
39,22aC
48
47,01bcB
49,31abB
51,45aB
51,00aB
45,22cB
96
64,57aA
65,20aA
64,52aA
63,71aA
62,88aA
Valores seguidos de letras minúsculas diferentes nas linhas ou letras maiúsculas nas colunas diferem entre si (P<0,05), pelo teste de
Tukey
Verificou-se efeito (P<0,05) tanto do tempo
de incubação, como dos níveis de adição do
SACD na ensilagem do capim elefante, no
desaparecimento da PB. Os valores de
degradação parcial foram sempre crescentes
para todos os níveis de adição do SACD.
Quanto à influência do nível de inclusão do
subproduto no desaparecimento da PB, não
se observou de forma significativa, o efeito
do nitrogênio insolúvel em detergente ácido
(NIDA) e a presença do tanino (Vasconcelos
et al., 2002) com o aumento das proporções
do SACD. Possivelmente pela granulometria
do SACD, permitindo maior ação dos
microrganismos sobre as partículas do
alimento, o que ajuda também a justificar o
balanço de nitrogênio positivo obtido nas
silagens com 3,5; 10,5 e 14% do SACD, no
ensaio de digestibilidade aparente (Capítulo
VII).
Menores concentrações de N-NH3 no líquido
ruminal foram relatados por Rogério (2005)
ao fornecer 18 e 49% de subproduto da
acerola na dieta, servindo para confirmar o
baixo potencial de desaparecimento da PB
deste subproduto em relação ao capim
elefante.
Os parâmetros de degradação ruminal e a
degradabilidade efetiva da proteína bruta
(PB) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto da acerola
desidratada (SACD) estão apresentados na
Tabela 35.
Tabela 35: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação de
b (c) e degradação efetiva (DE) da proteína bruta (PB) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD) para taxas de passagem de 2, 5 e
8%/h
DE (%)
Silagens
a (%)
b (%)
c (%)
0,02/h
0,05/h
0,08/h
R2
CE + 0% SACD
17,72
63,34
1,38
43,6
31,4
27,0
0,98
CE + 3,5% SACD
19,87
56,41
1,65
45,4
33,9
29,5
0,98
CE + 7,0% SACD
21,54
55,82
1,54
45,8
34,7
30,6
0,98
CE + 10,5% SACD
18,55
54,44
1,85
44,7
33,3
28,8
0,98
CE + 14% SACD
20,40
56,30
1,41
43,7
32,8
28,8
0,97
98
Os valores obtidos na degradabilidade
efetiva comprovam, mais uma vez, que os
níveis de adição do SACD não interferiram
na disponibilidade de nitrogênio, apesar da
lignificação e porcentagens de NIDA no
material.
Baseados nestes dados recomenda-se a
suplementação protéica para dietas baseadas
em subprodutos de acerola, principalmente
de proteínas solúveis para corrigir a
deficiência de nitrogênio ruminal nas
primeiras horas.
Contudo, como observado no ensaio de
digestibilidade aparente (36,5%), os valores
foram baixos, mostrando que o reduzido
consumo e a baixa digestibilidade da matéria
seca, pode ter sido também proveniente do
baixo potencial de fornecimento de proteínas
degradáveis no rúmen.
Os desaparecimentos médios da fibra em
detergente neutro (FDN) do capim elefante
ensilado com níveis crescentes de
subproduto da acerola desidratada (SACD)
no tempo zero e nos horários de incubação
ruminal estão apresentados na Tabela 36.
Tabela 36: Desaparecimento médio (%) da fibra em detergente neutro (FDN) do capim elefante
(CE) com níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD) no tempo zero e em
diferentes horários de incubação ruminal
Níveis de adição do SACD (%)
Horários
0
3,5
7
10,5
14
0
9,66cE
12,57bE
14,34abE
12,67bE
15,89aE
6
16,45aD
17,77aD
16,91aD
15,48aD
17,46aD
24
29,53bC
32,97aC
27,99bcC
27,09bcC
26,35cC
48
36,22bB
41,45aB
40,49aB
37,48bB
41,05aB
96
52,71bcA
58,20aA
55,34abA
52,04cA
55,05bA
Valores seguidos de letras minúsculas diferentes nas linhas ou letras maiúsculas nas colunas diferem entre si (P<0,05), pelo teste de
Tukey
As silagens com 3,5; 7,0; 10,5 e 14%
apresentaram valores superiores (P<0,05)
aos observados na silagem exclusiva de
capim elefante para a fração solúvel. A
diferença registrada nas silagens com adição
do
SACD
pode
ser
explicada,
provavelmente, pela perda de material dos
sacos no momento da lavagem, uma vez que
a fração fibrosa é predominantemente
insolúvel.
A adição do subproduto não alterou de
forma clara o desaparecimento da FDN nos
tempos zero (0); 24; 48 e 96 horas de
incubação. Isso provavelmente ocorreu em
função da granulométria do subproduto,
permitindo além da maior área de contato
para ação dos microrganismos ruminais ,
também, maior efluxo de partículas dos
saquinhos.
Rogério
(2005)
observou
que
o
desaparecimento da FDN do subproduto da
acerola estabilizou-se a partir das 24 horas
de incubação (36,79%), e que a FDN
desapareceu sempre com maior intensidade
para o capim elefante em comparação ao
subproduto da acerola. O autor ressaltou
ainda, o elevado teor de ligninas presente no
subproduto, como um dos principais fatores
limitantes da utilização do FDN pelos
microrganismos ruminais.
Os parâmetros de degradação ruminal e a
degradabilidade efetiva da fibra em
detergente neutro (FDN) do capim elefante
(CE) ensilado com níveis crescentes de
subproduto da acerola desidratada (SACD)
estão apresentados na Tabela 37.
99
Tabela 37: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação (c)
e degradação efetiva (DE) da fibra em detergente neutro (FDN) do capim elefante (CE) ensilado
com níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD) para taxas de passagem de
2, 5 e 8%/h
DE (%)
Silagens
a (%)
b (%)
c (%)
0,02/h
0,05/h
0,08/h
R2
CE + 0% SACD
10,94
53,60
1,52
34,1
23,4
19,5
0,98
CE + 3,5% SACD
12,93
57,76
1,56
38,2
26,6
22,3
0,99
CE + 7,0% SACD
13,41
59,00
1,26
36,3
25,3
21,5
0,99
CE + 10,5% SACD
12,21
58,82
1,18
34,0
23,4
19,8
0,96
CE + 14% SACD
14,25
59,00
1,19
36,2
25,6
21,9
0,96
Observou-se que a fração solúvel (a) variou
de 10,94% na silagem exclusiva de capim
elefante para 14,25% na silagem com 14,0%
do SACD.
Acompanhando o que ocorreu com as taxas
de degradação da MS (c), as taxas de
degradação da FDN também foram
reduzidas com a adição do SACD. As
silagens com 14% do SACD apresentaram
os menores valores (1,19%/h).
Lousada Junior et al. (2005) e Rogério
(2005) mencionaram a presença de
compostos fenólicos no subproduto da
acerola como fator também responsável pela
redução da degradabilidade ruminal do
subproduto. Segundo Cannas (2005) o
tanino pode atuar na redução da
digestibilidade da fibra em detrimento da
sua ação sobre as enzimas celulases e
bactérias ruminais, bem como, pela escassez
de nitrogênio fermentado ruminalmente,
devido à complexação da proteína.
Os desaparecimentos médios da fibra em
detergente ácido (FDA) do capim elefante
(CE) ensilado com níveis crescentes de
subproduto da acerola desidratada (SACD)
no tempo zero e nos horários de incubação
ruminal estão apresentados na Tabela 38.
Tabela 38: Desaparecimento médio (%) da fibra em detergente ácido (FDA) do capim elefante
(CE) ensilado com níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD) no tempo
zero e em diferentes horários de incubação ruminal
Níveis de adição do SACD (%)
Horários
0
3,5
7
10,5
14
0
10,07cD
10,90cD
17,59bD
15,10bD
22,27Ad
6
12,33cD
14,14cD
20,17abD
19,00bD
23,42aD
24
25,23bC
29,39aC
31,63aC
28,59abC
31,07aC
48
33,83cB
40,33abB
42,33aB
37,94bB
43,46aB
96
52,95abA
56,54aA
52,52bA
53,24abA
54,75abA
Valores seguidos de letras minúsculas diferentes nas linhas ou letras maiúsculas nas colunas diferem entre si (P<0,05), pelo teste de
Tukey
Para o desaparecimento da FDA notou-se
que os valores nos tempos zero (0) e 6 horas
de incubação foram similares (P>0,05),
demonstrando
lenta
ação
dos
microrganismos nas primeiras horas de
incubação, atenuando somente após as 24
100
horas, quando então, observou-se aumento
crescente do desaparecimento da FDA,
alcançando no tempo de incubação de 96
horas os maiores (P<0,05) valores.
Comparando as taxas de desaparecimento da
FDA com as da FDN no período de
incubação após às 24 horas, notou-se que os
valores foram próximos, o que esta
relacionado com as proporções das frações
fibrosas do SACD, que promoveram a
redução da digestibilidade do FDN, pois
como observado na Tabela 23, o subproduto
apresentou concentrações menores de
HCEL, o que levaram aproximação dos
teores da FDN e FDA, refletindo em menor
qualidade da fibra.
Os parâmetros de degradação ruminal e a
degradabilidade efetiva da fibra em
detergente ácido (FDA) do capim elefante
(CE) ensilado com níveis crescentes de
subproduto da acerola desidratada (SACD)
estão apresentados na Tabela 39.
Tabela 39: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação (c)
e degradação efetiva (DE) da fibra em detergente ácido (FDA) do capim elefante (CE) ensilado
com níveis crescentes de subproduto da acerola desidratada (SACD) para taxas de passagem de
2, 5 e 8%/h
DE (%)
Silagens
a (%)
b (%)
c (%)
0,02/h
0,05/h
0,08/h
R2
CE + 0% SACD
12,00
56,50
1,16
32,8
22,7
19,2
0,97
CE + 3,5% SACD
12,00
56,50
1,51
36,3
25,1
21,0
0,92
CE + 7,0% SACD
16,80
44,46
1,72
37,3
28,2
24,7
0,97
CE + 10,5% SACD
15,15
56,50
1,13
35,5
25,6
22,1
0,97
CE + 14% SACD
19,00
53,59
1,16
38,7
29,1
25,8
0,94
As baixas taxas de degradação (c) podem
refletir menor digestibilidade do alimento e,
consequentemente na redução do consumo
voluntário. As degradabilidades efetivas não
apresentaram mudanças significativas com a
inclusão do SACD, concordando com os
resultados
obtidos
no
ensaio
de
digestibilidade aparente desta fração. Os
resultados encontrados demonstram o baixo
valor nutricional do subproduto da acerola,
caracterizando-se
como
alimento
desbalanceado em termos de nutrientes,
tanto para os ruminantes, como para os
microrganismos ruminais.
Os baixos valores registrados para os
parâmetros de degradação da FDA podem
estar relacionados, principalmente, com os
teores de lignina encontrados nas silagens. A
lignina é o fator primário a limitar o
potencial de digestão dos carboidratos
fibrosos onde está quimicamente ligada
(Van Soest, 1994), pois é de baixa ou nula
digestibilidade. Seu principal efeito deve-se
à função física como substância que
favorece a rigidez pariental, bem como às
características de suas ligações químicas
com os polissacarídeos estruturais, também
conhecida como fração lignocelulósica, à
inibição da atividade enzimática ou mesmo à
inter-relação de todos os fatores.
O desaparecimento médio da hemicelulose
(HCEL) do capim elefante (CE) ensilado
com níveis crescentes de subproduto da
acerola desidratada (SACD) no tempo zero e
nos horários de incubação ruminal estão
apresentados na Tabela 40.
101
Tabela 40: Desaparecimento médio (%) da hemicelulose (HCEL) do capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes do subproduto da acerola desidratada (SACD) no tempo zero e
em diferentes horários de incubação ruminal
Níveis de adição do SACD (%)
Horários
0
3,5
7
10,5
14
0
8,16cD
17,47aC
10,45bcD
13,47abD
8,62bcD
6
8,20bcD
17,43aC
11,07bD
12,06abD
6,56cD
24
12,89cC
44,91aB
21,52bC
24,19bC
12,91cC
48
37,34aB
42,36aB
37,10aB
36,60aB
35,48aB
96
49,48bA
60,21aA
55,70abA
56,15abA
52,62abA
Valores seguidos de letras minúsculas diferentes nas linhas ou letras maiúsculas nas colunas diferem entre si (P<0,05), pelo teste de
Tukey
Os valores de desaparecimento de HCEL
seguiram a mesma tendência da FDA, ou
seja, as silagens no tempo zero (0) e as com
6 horas de incubação não diferiram entre si
(P>0,05), quando a partir das 24 horas
verificou-se o aumento crescente no
desaparecimento da HCEL, finalizando às
96 horas com os maiores (P<0,05) valores.
o que deve estar relacionado, com a
associação da lignina com a hemicelulose
(Van Soest, 1994).
Os parâmetros de degradação ruminal e a
degradabilidade efetiva da hemicelulose
(HCEL) do capim elefante (CE) ensilado
com níveis crescentes de subproduto da
acerola
desidratada
(SACD)
estão
apresentados na Tabela 41.
Em comparação com as silagens com o
SABD, estes valores se mostram inferiores,
Tabela 41: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação (c)
e degradação efetiva (DE) da hemicelulose (HCEL) do capim elefante (CE) ensilado com níveis
crescentes do subproduto da acerola desidratada (SACD) para taxas de passagem de 2, 5 e 8%/h
DE (%)
Silagens
a (%)
b (%)
c (%)
0,02/h
0,05/h
0,08/h
R2
CE + 0% SACD
9,50
59,00
1,06
29,9
19,8
16,4
0,91
CE + 3,5% SACD
15,69
46,54
2,58
41,9
31,5
27,0
0,63
CE + 7,0% SACD
9,50
59,00
1,33
33,1
21,9
17,9
0,97
CE + 10,5% SACD
10,43
59,00
1,31
33,8
22,7
18,8
0,93
CE + 14% SACD
9,50
59,00
1,09
30,3
20,2
16,6
0,87
microbiota ruminal, como processo de
lignificação e ausência de nutrientes para a
As baixas taxas de degradação (c) obtidas
microflora como nitrogênio.
nas silagens explicam os reduzidos
consumos observados nas silagens (Capítulo
6), pois o máximo consumo de uma
8.4. CONCLUSÃO
forragem
pelo
ruminante
depende,
Concluiu-se que o SACD pode ser utilizado
primariamente, das taxas de esvaziamento
na alimentação de ruminantes, porém pode
do rúmen da hemicelulose e da celulose. Por
haver redução na disponibilidade de proteína
sua vez, estas taxas, dependem de vários
e energia nas dietas baseadas nesse alimento.
fatores que interferem na atividade da
102
CAPÍTULO IX – CARACTERÍSTICAS QUÍMICO–BROMATOLÓGICAS E
FERMENTATIVAS DO CAPIM ELEFANTE ENSILADO COM NÍVEIS CRESCENTES
DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DO CAJU
RESUMO
O trabalho foi conduzido com o objetivo de se avaliar o valor nutritivo das silagens de capim elefante
(Pennisetum purpureum, Schum.) com adição de 0; 3,5; 7; 10,5 e 14% do subproduto do pseudofruto do
caju (Anacardium occidentale, L.) desidratado (subproduto da agroindústria do suco de caju). Utilizou-se
o delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições. Após 50 dias, os silos foram abertos e
coletadas amostras para determinação dos teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HCEL), celulose (CEL),
lignina (LIG), energia bruta (EB), cinzas, nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) e nitrogênio
insolúvel em detergente ácido (NIDA). Foram analisados também o pH, nitrogênio amoniacal como
percentagem do nitrogênio total (N-NH3/NT) e ácidos orgânicos (ácido lático, acético, butírico e
propiônico) das silagens. A adição do subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD) aumentou
(P<0,05) os teores de MS de 19,8 para 27,0%, PB de 4,6 para 9,1%, FDA de 45,3 para 49,3, LIG de 13,3
para 24,4%, NIDN de 26,9 para 57,5% e NIDA de 11,7 para 24,7% para as silagens exclusiva de capim
elefante e com 14% do SPCD. Para os parâmetros fermentativos observou-se redução (P<0,05) dos
valores de pH, porém não registrou-se influência (P>0,05) dos níveis de adição do SPCD sobre os teores
de N-NH3/NT e ácidos orgânicos. Conclui-se que o subproduto do pseudofruto do caju desidratado pode
ser ensilado com o capim elefante, sem comprometer as características fermentativas das silagens de
capim elefante. Porém, o aumento nos componentes da parede celular e do NIDA podem comprometer o
valor nutricional do ensilado final.
9.1. INTRODUÇÃO
A exploração racional dos ruminantes exige
uma alimentação balanceada durante todo o
ano. Todavia, as condições climáticas
reinantes no Brasil, determinam épocas
favoráveis (estação chuvosa) e críticas
(estação seca) para produção de forragem.
Este fato leva ao fornecimento de forragens
de baixa qualidade aos animais no período
seco do ano, determinando inadequado
consumo de nutrientes e comprometendo a
produção animal. Uma das maneiras de se
alterar o quadro vigente é desenvolver
alternativas para o aproveitamento de
subprodutos da agroindústria disponíveis no
período crítico do ano.
Segundo Araújo e Silva (1995), o Brasil
apresenta 630 mil ha de área plantada com
cajueiro (Anacardium occidentale L.), com
uma produção estimada de 168 mil
toneladas de castanha por ano, enquanto, a
produção de pedúnculos chega a mais de 1,3
milhão de toneladas/ano (Vasconcelos et al.,
2002), Na industrialização do pseudofruto
do caju para produção de sucos, são gerados
em torno de 40% de subproduto (bagaço do
pseudofruto do caju), ressaltando que esta
produção concentra-se na estação seca do
ano (julho a janeiro), período este, que se
caracteriza pela menor disponibilidade de
forragem na região Nordeste tanto
quantitativamente como qualitativamente.
Os subprodutos resultantes da extração do
suco do pseudofruto do caju e dos
pedúnculos imprestáveis para o consumo
humano, podem ser utilizados na
alimentação animal, ao natural, como farelo
de polpa de caju (Lavezzo, 1994), e na
forma de silagem, que representa uma
maneira de melhorar o valor nutritivo da
polpa de caju, já que o produto apresenta
altos teores de umidade e fibra, que podem
limitar a utilização direta na alimentação
animal (Awolumate, 1983). Desta forma, a
busca pela utilização mais adequada desse
subproduto é de extrema importância, não só
na formulação de dietas para ruminantes,
103
mas como forma de evitar a poluição do
meio ambiente.
No Brasil, uma das gramíneas possíveis de
serem utilizadas na ensilagem do bagaço do
caju é o capim elefante (Pennisetum
purpureum, Schum.). Segundo Faria et al.
(1995/96), a ensilagem do capim elefante
minimiza o problema da estacionalidade de
produção de forragem que, no caso da
referida gramínea, tem 80% da produção no
período chuvoso.
Há que se destacar, entretanto, que o capim
elefante apresenta algumas limitações.
Segundo Lavezzo (1985), quando o capim
elefante atinge seu “equilíbrio nutritivo”, ou
seja, apresenta uma boa produção por área e
bom valor nutritivo, que ocorre quando o
corte para ensilagem é realizado com 50-60
dias de crescimento, apresenta alto teor de
umidade, baixo teor de carboidrato solúvel e
alto poder tampão, fatores que, em conjunto,
podem influenciar negativamente o processo
fermentativo. Segundo McDonald (1981),
estes itens agem impedindo rápido
decréscimo do pH a níveis adequados (3,8 a
4,2), fazendo com que fermentações
secundárias e indesejáveis ocorram devido à
ação de bactérias produtoras de ácido
butírico, que passarão a se desenvolver,
utilizando o lactato produzido e os açúcares
residuais.
Catchapoole e Henzel (1971) afirmaram que
algumas forragens tropicais são de difícil
ensilagem. Porém, os autores ressaltaram
que a utilização de aditivos ou técnicas que
visem melhorar a preservação da forragem
antes da ensilagem pode melhorar a
fermentação.
Neiva et al. (2001), avaliando a adição de
bagaço de caju na ensilagem de capim
elefante, observaram aumento nos teores de
proteína bruta, à medida que foi adicionado
o subproduto do caju, e decréscimo nos
teores de fibra em detergente neutro e fibra
em detergente ácido. Para os valores de pH,
observaram uma média de 3,9. Esses autores
concluíram que a adição do subproduto do
caju proporcionou uma melhora na
conservação e no valor nutritivo das silagens
de capim elefante.
Ferreira et al. (2004) observaram aumento
nos teores de proteína bruta e redução nos
valores de pH e nitrogênio amoniacal com a
adição do bagaço de caju na ensilagem do
capim elefante.
O presente trabalho foi desenvolvido
objetivando avaliar o valor nutritivo e
características fermentativas de silagens de
capim elefante com diferentes níveis de
adição do pseudofruto do caju desidratado.
9.2. MATERIAL E MÉTODOS
Os efeitos maléficos do alto teor de umidade
foram observados por Faria et al. (1995/96),
que ensilando capim elefante com teores de
matéria seca de 14,34%, obtiveram teor de
nitrogênio amoniacal de 19,59% e valor de
pH de 4,32. Da mesma forma, Tosi et al.
(1995), avaliando o potencial da cv. Mott
para ensilagem encontraram teor de matéria
seca de 15,94% de nitrogênio amoniacal de
23,1% e pH de 4,5. Esses resultados estão
acima dos valores preconizados por
McDonald (1981) e McCullough (1977),
para que ocorra boa fermentação no silo.
104
O experimento foi conduzido no Núcleo de
Pesquisas
em
Forragicultura
do
Departamento de Zootecnia do Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Federal
do Ceará (UFC), no município de Fortaleza
(CE).
Foram estudados cinco níveis de adição do
subproduto do pseudofruto do caju
desidratado (0; 3,5; 7,0; 10,5 e 14,0%), com
base na matéria natural, na ensilagem do
capim elefante. Em relação à matéria seca,
essas adições consistiram em 0; 13,0; 24,0;
33,0 e 41,0%. Utilizou-se o delineamento
inteiramente
repetições
casualizado
com
quatro
Na confecção das silagens experimentais foi
utilizado o capim elefante, proveniente de
capineira
estabelecida
na
Fazenda
Experimental do Vale do Curú (FEVC), em
Pentecoste,
Ceará,
pertencente
à
Universidade Federal do Ceará (UFC). O
capim foi cortado manualmente com,
aproximadamente, 70 dias de idade. Em
seguida, foi processado em picadeira de
forragem e, posteriormente, misturado ao
subproduto do pseudofruto do caju originado
do processamento da fruta para extração de
sucos e polpas, da empresa MAISA em
Mossoró (RN).
O subproduto do pseudofruto do caju era
composto, basicamente pelo bagaço do caju,
resultante do processamento do pseudofruto
para a fabricação de sucos . A desidratação
foi feita ao sol em área cimentada, por
período de 48 horas, sendo espalhados em
camadas de, aproximadamente, 7 cm de
espessura e revolvidos pelo menos três vezes
ao dia. À noite o material foi amontoado e
coberto por lona, evitando o acúmulo de
umidade.
A composições químico-bromatológicas do
capim elefante (CE) e do subproduto do
pseudofruto do caju desidratado (SPCD),
antes da ensilagem, encontram-se na Tabela
42.
Tabela 42: Composições químico–bromatólogicas do capim elefante (Pennisetum purpureum, Schum)
(CE) e do subproduto pseudofruto do caju (Anarcadium occidentale L) desidratado (SPCD) antes da
ensilagem
MS (%) PB1
FDN1 FDA1 HCEL1 CEL1 LIG1 NIDN2 NIDA2 CHOs EB3
CE
19,5
4,9
70,7
39,2
31,5
25,3 13,8
29,3
10,5
6,8
3,9
SPCD
86,0
18,2
72,2
56,5
15,6
21,0 35,5
51,2
16,7
3,9
4,7
MS - matéria seca; PB - proteína bruta; FDN - fibra em detergente neutro; FDA - fibra em detergente ácido; HCEL – hemicelulose;
CEL – celulose; LIG – lignina; NIDN - nitrogênio insolúvel em detergente neutro; NIDA - nitrogênio insolúvel em detergente
ácido; CHOs – carboidratos solúveis; EB - energia bruta (Mcal/kg de MS)
1
Porcentagem da matéria seca
2
Porcentagem do nitrogênio total
3
Mcal/kg de MS
Como silos experimentais foram utilizados
tambores plásticos de 210 L. Em cada silo
foram colocados 126 kg de forragem, de
forma que atingisse uma densidade de 600
kg/m3. Após a pesagem e homogeneização
do capim elefante com o SPCD, o material
foi compactado no interior do silo.
Completado o enchimento, os silos foram
fechados com lonas plásticas, presas com
ligas de borracha.
Após 65 dias, os silos foram abertos e deles
retiradas amostras homogêneas de 300 g das
silagens, que permaneceram armazenadas à
–100C até a época das análises químicobromatológicas. Foram então determinados
os teores de matéria seca (MS), proteína
bruta (PB), fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente ácido (FDA),
hemicelulose (HCEL), celulose (CEL),
lignina (LIG), energia bruta (EB), cinzas,
nitrogênio insolúvel em detergente neutro
(NIDN) e nitrogênio insolúvel em detergente
ácido (NIDA). Foram analisados também o
pH, nitrogênio amoniacal como percentagem
do nitrogênio total (N-NH3/NT) e ácidos
orgânicos (ácido lático, acético, butírico e
propiônico) no Laboratório de Nutrição
Animal do Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal de Minas Gerais,
seguindo metodologias descritas pelo
Compêndio Brasileiro de Alimentação
Animal (1998).
As variáveis estudadas foram avaliadas por
meio de análise de variância. Para realização
105
da comparação das médias, foi utilizando o
teste de Tukey, e por meio da análise de
regressão foi avaliado o efeito dos níveis
crescentes de adição do SPCD, ao nível de 1
e 5% de probabilidade e no coeficiente de
determinação, por intermédio do programa
SAS (1990).
Antes da realização destas análises, foi feito
um estudo para verificar se as
pressuposições de distribuição normal e
homocedasticidade dos dados foram
atendidas. As características que não
atenderam estas pressuposições foram
transformadas para se prosseguir com as
análises estatísticas. As transformações
utilizadas foram a logarítmica para PB e pH,
e inversa para a lignina.
9.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Teor de Matéria Seca (MS)
Os dados referentes às composições
químico–bromatológicas e as equações de
regressão em função dos níveis crescentes
de adição de subproduto do pseudofruto do
caju desidratado (SPCD) na ensilagem do
capim elefante (CE) estão apresentadas na
Tabela 43.
Tabela 43. Teores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN),
fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HCEL), celulose (CEL), lignina (LIG), nitrogênio
insolúvel em detergente neutro (NIDN), nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) e energia bruta
(EB) do capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de subproduto do pseudofruto do caju
desidratado (SPCD)
Níveis de adição do SPCD (%)
0
3,5
7
10,5
14
Equação de Regressão
MS(%)
19,84d 21,04cd 22,12c 25,35b
27,05a
Ŷ = 19,33 + 0,53x
R2 = 0,91
1
MO
87,26c 87,97c
87,90c 89,41b
90,66a
Ŷ = 86,99 + 0,23x
R2 = 0,78
1
PB
4,67c
5,44c
7,08b
8,12ab
9,10a
Log(Ŷ)= 0,67 + 0,02x
R2 = 0,91
1
FDN
73,13a 73,87a
74,00a
71,43a
71,94a
Ŷ = 73,84 – 0,14x
R2 = 0,17
1
FDA
45,35c 48,78ab 48,24ab 47,06bc 49,32a
Ŷ = 46,51 + 0,18x
R2 = 0,24
1
HCEL
27,78a 25,09abc 25,76ab 24,37bc 22,62c
Ŷ = 27,33 – 0,31x
R2 = 0,56
1
CEL
31,43a 31,49a 29,06ab 25,58bc 23,46c
Ŷ = 32,57 – 0,62x
R2 = 0,74
1
LIG
13,34a 16,51b 18,18bc 20,29c
24,36d
1/ Ŷ = 0,072 – 0,002x
R2 = 0,90
2
26,98c 41,95b 45,94ab 46,63ab 57,46a
Ŷ = 30,66 + 1,87x
R2 = 0,65
NIDN
2
NIDA
11,70b 21,40a
19,21a
21,08a
24,75a
Log(Ŷ)= -1,15 + 0,01x
R2 = 0,44
3
EB
3,87d
3,93cd 4,00bc
4,11ab
4,16a
Ŷ = 3,86 + 0,02x
R2 = 0,81
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha, diferem entre se (P<0,05), pelo teste de Tukey
O teor de MS aumentou em função dos
níveis de adição do subproduto do
pseudofruto do caju desidratado (SPCD)
adicionado às silagens. O maior teor de MS
(P<0,01) foi obtido na silagem contendo
14% do SPCD (27,05%), sendo observado
que tal silagem apresentou 7,21 unidades
percentuais de MS a mais que a silagem
exclusiva de capim elefante (19,84%). A
silagem com 14% do SPCD apresentou
concentração de MS bem próxima da
recomenda pela literatura (28 a 34% de MS)
como
indicativa de silagens bem
conservadas (McCullough, 1977).
106
Pela equação de regressão observou-se
aumento linear (P<0,05) nos níveis de MS
com adição do SPCD, e para cada 1% de
adição do SPCD, foi proporcionado aumento
(P<0,01) nos teores de MS das silagens de
0,53 pontos percentuais.
Ferreira et al. (2004) avaliando a adição do
bagaço de caju (0; 12; 24; 36 e 48%) na
ensilagem do capim elefante também
observou aumento nos teores de MS, com
adição do subproduto. Já Gonçalves et al.
(2003) e Oliveira Filho et al. (2003)
trabalhando com silagens de capim elefante
e capim braquiária contendo níveis
crescentes (0; 5; 10; 15 e 20%) do
pedúnculo integral do caju desidratado,
respectivamente, obtiveram crescimento
linear nos teores de MS, alcançando
concentrações de 33,12 e 34,06% de MS nas
silagens com adição de 20% do SPCD.
Teores de MS superiores aos do presente
trabalho foram observados somente em
silagens com capim em avançado estádio de
crescimento, ou que foram submetidas a
alguma prática de redução de umidade,
como emurchecimento ou adição de
materiais com elevado teor de MS (Vilela et
al., 1990; Alberto et al., 1993; Andrade e
Lavezzo et al., 1998; Sobrinho et al., 1998;
Tosi et al., 1999; Evangelista et al., 2002).
Desta maneira, o subproduto do caju
desidratado funcionou, como eficiente
absorvente em forragens úmidas, evitando a
perda de matéria seca, e possivelmente, a
ação de bactérias indesejáveis (Clostridium),
produtoras de ácido bitírico e de outros
produtos, que diminuem os aspectos
qualitativos das silagens. As silagens
apresentaram cheiro agradável e naquelas
com adição do subproduto foi observado
cheiro típico do fruto na forma original.
Teor de Proteína Bruta (PB)
Os níveis de adição do SPCD influenciaram
os teores de PB das silagens, de forma que,
aquelas com 10,5 e 14% do SPCD foram
semelhantes (P>0,05), apresentando teores
de PB superiores (P<0,05) nos observados
na silagem exclusiva de capim elefante e
com adição de 3,5% do SPCD, que por sua
vez, permaneceram com teores abaixo dos
7,0% necessários para que não haja
decréscimo no consumo voluntário e na
digestibilidade da MS (Milford e Minson,
1966).
A adição do SPCD proporcionou aumento
linear (P<0,05) nos teores de PB das
silagens. Estes resultados eram esperados,
uma vez que, o SPCD apresentou teor
protéico (18,26%) superior ao do capim
(4,98%). As silagens com 14% do SPCD
possibilitaram
incremento
de,
aproximadamente, 90% nos teores de PB das
silagens.
Os resultados concordam com Neiva et al.
(2001) que observaram aumento linear nos
teores de PB com adição do bagaço de caju
(subproduto do pseudofruto do caju) na
ensilagem do capim elefante. Nas silagens
com 100% do bagaço de caju foi observado
teor de 13,1% de PB. O mesmo
comportamento
foi
observado
por
Gonçalves et al. (2003), trabalhando com
níveis crescentes do pseudofruto do caju
desidratado na ensilagem do capim elefante.
Estes autores observaram elevação nos
teores de PB com adição do subproduto e
nas silagens com 20% do SPCD obtiveram
9,69% de PB, valores semelhantes aos
obtidos nas silagens com adição de 14% do
SPCD.
Da mesma forma, Oliveira Filho et al.
(2003) estudando a utilização de níveis
crescentes do pseudofruto do caju
desidratado na ensilagem do capim
braquiária também observaram aumento
linear nos teores de PB das silagens.
Teixeira et al. (2003) observou teores de PB
de 11,52% em silagens de capim elefante
com 12% do SPCD.
Contudo Ferreira et al. (2004), observaram
que os teores de PB se comportaram de
forma quadrática com a adição do bagaço de
caju na ensilagem do capim elefante.
Teores de Fibra em Detergente Neutro
(FDN), Fibra em Detergente Ácido (FDA),
Hemicelulose (HCEL), Celulose (CE) e
Lignina (LIG).
Não se observou efeito (P>0,05) da adição
do SPCD sobre o teor de FDN e a média
observada foi de 72,87 ± 1,21%. O estudo de
regressão, ao contrário, mostrou que os
teores de FDN reduziram (P<0,05) em 0,14
107
pontos percentuais, para cada 1% de adição
do SPCD.
Neiva et al. (2001) registraram decréscimo
linear nos teores de FDN com adição do
bagaço de caju na ensilagem do capim
elefante. Já Oliveira Filho et al. (2003) não
observaram efeito dos níveis de adição do
pedúnculo do caju desidratado na ensilagem
do capim elefante sobre os teores de FDN.
Gonçalves et al. (2003), porém, registraram
um crescimento linear nos teores de FDN
com a adição do pedúnculo do caju
desidratado.
Quanto aos teores de FDA, não foram
verificadas diferenças (P>0,05) entre as
silagens com a adição (3,5; 7,0 e 14,0%) do
SPCD. Contudo, as mesmas mostraram
teores de FDA superiores (P<0,05) ao
observado na silagem exclusiva de capim
elefante que se assemelhou (P>0,05) à
silagem com 10,5% do SPCD. Os valores
variaram de 45,35 (0%) a 49,32% (14%).
A análise de regressão mostrou incremento
(P<0,05) de 0,18 pontos percentuais nos
teores de FDA, para cada 1% de adição do
SPCD.
Os resultados obtidos estão de acordo com
Gonçalves et al. (2003) e Oliveira Filho et
al. (2003) que também observaram aumento
linear nos teores de FDA com a adição do
pedúnculo do caju desidratado. Nas silagens
com o maior nível de adição do pedúnculo
do caju desidratado (20%) registraram teores
de
53,91
e
47,64%
de
FDA,
respectivamente.
Ao contrário, Ferreira et al. (2004) não
observaram efeito da adição do bagaço de
caju na ensilagem do capim elefante
(46,55%) e Neiva et al. (2001) observaram
que as silagens reduziram linearmente os
teores de FDA com a adição do bagaço de
caju, atingindo teores de 34% de FDA
naquelas com 100% de bagaço de caju.
108
Como o SPCD utilizado apresentou teor de
FDA elevado (56,56%), é possível que um
nível
mais alto desse
subproduto
comprometa a qualidade nutricional das
silagens.
Evangelista et al. (2002) trabalhando com
silagens de cana de açúcar encontraram
teores de FDA superiores (55,19%) aos
registrados neste trabalho. Assim como
Magalhães e Rodrigues (2004) que
avaliando diferentes híbridos de milho
(50,29 a 69,09% de FDA) também
obtiveram teores de FDA superiores aos
observados nas silagens com SPCD.
Teores decrescentes de HCEL foram obtidos
com adição do SPCD. As silagens com 14%
do SPCD apresentaram o menor (P<0,05)
valor (22,62%), diferindo das demais
silagens. Os valores variaram de 27,78 (0%)
a 22,62% (14%).
Pelo estudo de regressão observou-se
decréscimo (P<0,05) de 0,31% no teor de
HCEL, com adição de 1% do SPCD. Os
resultados estão em conformidade com
Gonçalves et al. (2002) que registraram
reduções de 0,32% nos teores de HCEL a
cada unidade de SPCD adicionado na
ensilagem do capim braquiária.
Para os teores de CEL, verificou-se que as
silagens exclusivas de capim elefante e com
3,5 e 7,0% do SPCD foram semelhantes
(P>0,05). Contudo, apresentaram valores
superiores (P<0,05) ao observado na silagem
com 14% do SPCD. Os valores variaram de
31,49 (3,5%) a 23,46% (14%).
O estudo de regressão mostrou que os teores
de CEL reduziram linearmente (P<0,05),
com o aumento nos níveis de inclusão dos
SPCD. Houve redução de 0,62 pontos
percentuais nos teores de CEL, para cada
1% de adição do SPCD. O mesmo
comportamento foi observado por Mattos et
al. (2003) ao adicionarem diferentes níveis
de polpa cítrica (0; 15; 20; 25 e 30%) na
ensilagem do capim andropogon.
As reduções nos teores de HCEL, bem como
nos teores de CEL, estão relacionadas à
menor concentração desses componentes no
SPCD, em relação ao capim elefante (Tabela
42).
Quanto aos teores de lignina, observou-se
que as silagens com 14% do SPCD
apresentaram o maior valor (24,36%)
diferindo (P<0,05) das demais silagens. A
silagem de capim elefante exclusivo
apresentou o menor (P<0,05) teor (13,34%)
de lignina. O estudo de regressão mostrou
aumento linear (P<0,05) nos teores de
lignina com inclusão do SPCD.
Desta forma, o aumento nos teores de
lignina com a inclusão do SPCD na
ensilagem pode constituir fator limitante
para utilização desse subproduto na
alimentação animal, pois, a lignina contida
na parede celular se encontra firmemente
ligada aos polissacarídeos das plantas, dando
uma forte estrutura. Isso pode reduzir a
digestibilidade da fibra, por impedir o ataque
dos microrganismos do rúmen aos nutrientes
contidos no interior da célula (Van Soest,
1994).
Teores de nitrogênio insolúvel em
detergente neutro (NIDN) e nitrogênio
insolúvel em detergente ácido (NIDA), como
porcentagem do nitrogênio total.
Os teores de NIDN, como percentagem do
nitrogênio total, das silagens foram
influenciados (P<0,05) pelos níveis de
adição do SPCD. Pela análise de variância,
as silagens com inclusão de 7,0; 10,5 e 14%
do SPCD se mostraram semelhantes
(P>0,05). Contudo, a silagem com 14%
apresentou teor superior (P<0,05) aos
observados nas silagens exclusiva de capim
elefante e com 3,5% do SPCD. Os valores
variaram de 26,98 (0%) a 57,46% (14%) de
NIDN.
A equação de regressão mostrou que a
inclusão do SPCD, aumentou de forma
linear (P<0,05) os teores de NIDN nas
silagens, com incremento de 1,87 pontos
percentuais, a cada 1% de inclusão do
SPCD.
Para os teores de NIDA, como percentagem
do nitrogênio total, também verificou-se
efeito (P<0,05) da inclusão do SPCD. As
silagens com o SPCD foram similares
(P>0,05) e apresentaram teores de NIDA
superiores (P<0,05) ao observado na silagem
exclusiva de capim elefante. Os valores
variaram de 11,70 (0% SPCD) a 24,75%
(14% SPCD) de NIDA.
Segundo Van Soest (1994) o nitrogênio
insolúvel em detergente neutro, mais solúvel
em
detergente
ácido,
parece
ter
digestibilidade considerável, porém, esse
nitrogênio apresenta taxas de digestão mais
lenta que a fração solúvel em detergente
neutro, e sua concentração pode ser
aumentada com o calor. Já o NIDA
corresponde à fração C no sistema de
CORNELL, sendo considerada indisponível
por conter proteínas associadas a lignina e
taninos, podendo ser produto da reação de
Maillard (Van Soest, 1994).
Energia Bruta (EB)
Nos valores de EB, as silagens com 10,5 e
14% do SPCD foram semelhantes (P>0,05),
e seus valores superiores (P<0,05) aos
observados nas silagens exclusiva de capim
elefante e com 3,5% do SPCD, que não
diferiram entre si (P>0,05).
Ácidos Orgânicos, pH e Nitrogênio
Amoniacal (N-NH3)
Os dados referentes às características
fermentativas (ácidos orgânicos, pH e
nitrogênio amoniacal) das silagens estão
apresentados na Tabela 44.
109
Tabela 44: Valores de pH, teores de nitrogênio amoniacal, como percentagem do nitrogênio total (NNH3/NT) e ácidos orgânicos (% da MS) do capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de
subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD)
Níveis de adição do SPCD (%)
0
3,5
7
10,5
14
Equação de Regressão
pH
6,04c
5,71bc 5,24b
4,28a
4,30a Log (Ŷ ) = 0,78 – 0,01x R2 = 0,44
N-NH3/NT
3,5a
2,45a
2,22a
2,12a
1,80a
ns
Ác.Lático
1,616a 1,259a 1,958a 2,007a 1,857a
ns
Ác.Acético
0,178a 0,222a 0,382a 0,375a 0,259a
ns
Ác.Propiônico
0,031a 0,035a 0,042a 0,032a
ns
Ác.Butírico
0,021a 0,032a 0,012a 0,041a 0,023a
ns
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukey
ns – não significativo
Para os valores de pH, verificou-se que as
silagens com adição de 10,5 e 14% do SPCD
foram equivalentes (P<0,05) e apresentaram
valores inferiores (P<0,05) aos observados
nas silagens exclusiva de capim elefante e
com 3,5 e 7,0% de adição do SPCD.
Utilizando-se do estudo de regressão foi
possível observar redução nos valores de
pH. Todavia, a silagem exclusiva de capim
elefante, assim como, as silagens com 3,5;
7,0 e 14% do SPCD apresentaram valores de
pH superiores à faixa preconizada na
literatura (Catchpoole e Henzel, 1971;
Marsh,
1979;
McCullough,
1977;
McDonald, 1981) que seria de 3,8 a 4,2 para
caracterização de silagens bem preservadas.
Quanto aos teores de N-NH3 não se
observou efeito (P>0,05) da adição do SPCD
sobre o parâmetro analisado, a média
observada foi de 2,33%. Todos os
tratamentos então, permaneceram com
valores bem abaixo dos 12% de N-NH3,
indicando reduzida atividade proteolítica das
bactérias sobre os compostos nitrogenados
nas silagens (Catchpoole e HenzelL, 1971;
McDonald 1981; Umaña et al., 1991).
Ferreira et al. (2004) verificaram efeito
quadrático nos valores de pH com adição de
níveis crescentes (0; 12; 24; 36 e 48 %) de
bagaço de caju na ensilagem do capim
elefante. Todavia, os valores permaneceram
na faixa dos 3,8 e 4,2, enquanto, os teores de
110
N-NH3 reduziram, e ficaram abaixo dos
12%, como observados neste trabalho.
Já Oliveira Filho et al. (2003) não
observaram efeito dos níveis de adição do
pedúnculo do caju na ensilagem do capim
braquiária, enquanto, Gonçalves et al.
(2002) registraram aumento nos valores de
pH com o incremento da inclusão do
pedúnculo do caju na ensilagem do capim
elefante.
A análise de variância e o estudo de
regressão não evidenciaram efeito dos níveis
de inclusão do SPCD sobre os teores de
ácido lático, acético, propiônico e butírico,
sendo as médias observadas de: 1,740;
0,2834; 0,0354 e 0,0258%, respectivamente.
Avaliando a composição química do
pedúnculo de caju, Menezes e Alves (1995)
observaram valores de pH variando de 3,6 a
4,3. Já Fé et al. (1972) obtiveram média de
pH de 4,48 no pedúnculo de caju, e Kinh et
al. (1996) de 4,0 no subproduto do
pedúnculo do caju.
Desta forma, é possível que o SPCD na
ensilagem tenha apresentado valores de pH
ácido, e juntamente com o aumento nos
teores de MS das silagens com a adição do
SPCD, terem proporcionado ao meio um
ambiente desfavorável à multiplicação dos
microrganismos. Desta forma, restringindo a
fermentação e comprometendo a formação
dos ácidos orgânicos (ácido lático, acético,
propiônico, butírico) que são responsáveis
pela produção e estabilização dos baixos
valores de pH nas silagens (Woolford, 1972;
McDonald, 1981), justificando, dessa
maneira as baixas concentrações de ácido
lático, acético, propiônico e butiríco
encontradas nas silagens.
Os baixos teores de CHOs presente no
capim elefante e no SPCD (Tabela 42)
também ajudam a explicar as baixas
concentrações de ácidos lático, acético, e
propiônico e butírico nas silagens.
Vale ressaltar, que quanto mais rápido o pH
cai, mais eficiente é a preservação, e menor
será o desdobramento da proteína em
compostos nitrogenados não protéicos, como
peptídeos e aminoácidos que são produtos
da atividade das enzimas proteolíticas das
plantas, que geralmente atuam no início do
processo fermentativo e menor será a
produção de amônia, produto da ação das
bactérias Clostrídicas (Woolford, 1972;
Ohshima e McDonald, 1978; McDonald,
1981).
Maiores valores de pH provenientes do
aumento nos teores de MS também foram
observados em estudo efetuado por
McDonald (1981). Todavia, segundo
Whittenbury et al. (1967), o pH
isoladamente se constitui num valor
duvidoso como índice de qualidade de
silagens com elevado teor de matéria seca,
principalmente em se tratando de silagens de
forrageiras tropicais, cuja composição
química não se enquadra nos padrões de
regiões temperadas para silagens láticas.
Porém, como o ácido málico é o principal
ácido encontrado no pedúnculo do caju,
seguido pelo ácido citríco (Menezes e Alves,
1995) eles podem ter contribuído para
formação de um novo sistema tampão no
meio, e com isso aumentado os valores
finais
do
pH
(McDonald,
1981).
Whittenbury et al. (1967) e McDonald
(1981) e relataram que pode haver elevação
do poder tampão das plantas ou do material
ensilado após a ensilagem, e isso tem sido
atribuído às modificações químicas que se
processam no silo. Segundo os autores, as
bactérias láticas podem atuar sobre os ácidos
orgânicos, liberando íons que passarão a
formar novos sistemas tampões, pela
combinação com os ácidos formados.
McDonald (1981) considerou que os ácidos
lático e acético formados seriam os
responsáveis pelo estabelecimento dos
tampões adicionais.
Segundo Muck (1991), a capacidade tampão
varia com a cultura, maturidade e condições
de crescimento da planta. McDonald (1981)
ressaltou ainda, que grande parte das
propriedades tamponantes das forrageiras é
atribuída aos ânions (sais de ácidos
orgânicos, ortofosfatos, sulfatos, nitratos, e
cloridatos), e que somente de 10 a 20% são
resultado da ação da proteína das plantas.
Dessa forma, maior quantidade de ácido
lático será necessária para provocar o
abaixamento do pH para níveis adequados à
conservação da massa ensilada.
Kinh et al. (1996) estudando a curva de
fermentação do subproduto do pseudofruto
do caju que continha 22,52% de MS,
observaram
valores
de
26,5%
de
carboidratos solúveis no subproduto, que
reduziram drasticamente, alcançando com
30 dias de fermentação, valores de 0,67%.
Mesmo com essa mobilização, as
concentrações de ácido lático permaneceram
baixas, alcançando valores máximos aos 15
dias de fermentação (4,82%), assim como de
ácido acético (5,33%) e nitrogênio
amoniacal (8,78%), que reduziram para
2,86; 2,26% e 7,68% respectivamente, com
30 dias de fermentação. Quanto aos valores
de pH e ácido butírico não se registrou
alteração com o aumento do período de
fermentação (4,0 e 0,07%).
Igarasi (2002) observou aumento do poder
tampão ao adicionar polpa cítrica na
ensilagem do capim Tanzânia. Porém,
111
segundo o autor, a maior disponibilidade de
carboidratos solúveis e o aumento do teor de
MS com a adição da polpa cítrica,
proporcionaram condições para que o pH
das
silagens
atingisse
os
valores
preconizados na literatura. Segundo o autor,
à ação tamponante da polpa cítrica pode
estar
relacionada
a
concentração
relativamente elevada de cálcio. Evangelista
et al. (2001) também observaram esse efeito
ao adicionar níveis crescentes de polpa
cítrica na ensilagem do capim tanzânia.
ácido lático (1,61%), acético (0,17%),
propiônico (0,00%), butírico (0,02%) e o pH
(6,0) obtidas nas silagens se enquadraram
dentro dos valores encontrados na literatura,
que variam de 0,4 a 17,6% de ácido lático;
0,08 a 6,7% de acético; 0,00 a 0,55% de
propiônico; 0,0 a 6,04% de butírico; e o pH
de 3,71 a 8,5 (Tosi et al., 1983; Tosi et al.,
1989; Alberto et al., 1993; Faria et al,
1995/96; Andrade e Lavezzo, 1998; Tosi et
al., 1999; Rodrigues et al., 2002)
9.4. CONCLUSÃO
Portanto, apesar dos valores mais elevados
do pH, a inclusão do SPCD não depreciou o
processo fermentativo das silagens, haja
visto, os baixos teores de N-NH3/NT(2,14%)
e de ácido butírico (0,027%) registrados nas
silagens ficaram dentro dos níveis
estabelecidos
na
literatura
para
caracterização de silagens bem preservadas
(pH entre 3,8 - 4,2; teor de N-NH3 menor
que 10-12%; teor de ácido lático entre 1,5 e
6,0% e de ácido butírico ≤ 0,2%, segundo
Catchpoole e Henzel, 1971; Silveira, 1975;
McCullough, 1977 e McDonald, 1981).
Para a silagem exclusiva de capim elefante
observou-se que as concentrações médias de
112
Conclui-se que o subproduto do pseudofruto
do caju desidratado pode ser ensilado com o
capim elefante, sem comprometer as
características fermentativas das silagens de
capim elefante. Porém, o aumento nos
componentes da parede celular e do NIDA
podem comprometer o valor nutricional do
ensilado final.
CAPÍTULO X - CONSUMO VOLUNTÁRIO, DIGESTIBILIDADE APARENTE E
BALANÇO DE NITROGÊNIO EM OVINOS ALIMENTADOS COM CAPIM
ELEFANTE ENSILADO COM NÍVEIS CRESCENTES DE SUBPRODUTO DA
AGROINDÚSTRIA DO CAJU
RESUMO
O trabalho foi realizado objetivando avaliar o consumo e a digestibilidade aparente das silagens de capim
elefante (Pennisetum purpureum, Schum.) contendo 0; 3,5; 7; 10,5 e 14% de subproduto do pseudofruto
do caju (Anarcadium occidentale, L.) desidratado (subproduto da agroindústria do suco do caju) em
relação à matéria natural. Trabalhando com ovinos, utilizou-se delineamento inteiramente casualizado,
com quatro repetições. Foram avaliados os consumos de MS e PB em g/animal/dia, %PV e g/UTM
(Unidade de Tamanho Metabólico = PV0,75), e de FDN, FDA, HCEL e CEL (em g/animal/dia e %PV),
digestibilidades aparentes da MS, PB, FDN, FDA, HCEL, CEL, EBD, ED, e consumo de MS digestível
(CMSD), PB digestível (CPBD), FDN digestível (CFDND) e ED (CED), bem como, o balanço de
nitrogênio (BN) das silagens. A adição do subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD)
promoveu aumento (P<0,05) no consumo de MS de 325,7 para 647,5 g/animal/dia, PB de 17,4 para 59,7
g/animal/dia e FDN de 1,16 para 2,19% PV, respectivamente, para as silagens exclusiva de capim
elefante e com 10,5% de adição do SPCD. Para os coeficientes de digestibilidade das silagens não foram
observados efeitos (P>0,05) dos níveis de adição do SPCD. Enquanto para os valores de CMSD, CPBD,
CFDND e CED verificou-se que as silagens com 10,5% tiveram valores superiores (P<0,05) as silagens
exclusivas de capim elefante. Com relação ao BN, registrou-se índices positivos somente nos tratamentos
com 10,5% do SPCD. Pelos resultados obtidos, conclui-se que o SPCD pode ser incluído em até 14% nas
silagens de capim elefante. Porém, os elevados teores de NIDA podem comprometer a utilização e a
disponibilidade de nitrogênio para os animais.
10.1. INTRODUÇÃO
Os animais ruminantes têm a capacidade
peculiar de coletar, armazenar, processar e
aproveitar alimentos fibrosos, inadequados
para o consumo humano, convertendo-os em
substâncias nutritivas que, posteriormente
são aproveitadas para produção de carne,
leite, lã e trabalho. Este processo depende
intimamente da fermentação ruminal
realizada pelos microrganismos que habitam
os pré-estômagos do animal, que, por sua
vez, requerem energia e proteína em
quantidade e qualidade adequadas às suas
demanda metabólicas para hidrólise e
digestão de moléculas complexas, como por
exemplo a celulose.
O consumo e a digestibilidade aparente dos
nutrientes são importantes parâmetros nas
pesquisas de nutrição de ruminantes e no
desenvolvimentos
de
sistemas
de
alimentação com o objetivo de descrever o
valor nutritivo dos alimentos (Van Soest,
1994).
O consumo voluntário é definido como
sendo a quantidade de matéria seca que um
animal espontaneamente ingere, enquanto a
capacidade de um alimento ser ingerido
depende da ação de vários fatores, que
interagem em diferentes situações de
alimentação, comportamento animal e meio
ambiente (Thiago e Gill, 1990).
Vários fatores complexos agem nas
sensações de fome e saciedade e na interrelação dos mesmos. O consumo é função
do animal (peso vivo, nível de produção,
variação no peso vivo, individualidade,
depósitos de gordura prévios, fase de
crescimento, sexo, idade, tamanho do
animal, dentre outros), do alimento (FDN
efetiva,
capacidade
de
enchimento,
densidade energética, necessidade de
mastigação, composição, forma física,
balanço de nutrientes principalmente de
energia e proteína, digestibilidade, dentre
113
outros), das condições de manejo da
alimentação (disponibilidade de alimento,
freqüência de alimentação, espaço no cocho,
tempo de acesso ao alimento, seleção da
dieta, dentre outros), das condições
ambientais (temperatura e umidade relativa
do ar, fotoperíodo, estação do ano, dentre
outros), além do manejo diário e das causas
sociais (Mertens, 1992; Mertens, 1994 e
Forbes, 1995). Entretanto, os fatores que
influem no consumo e no estímulo dos
mecanismos que o regulam não são
completamente entendidos (Mertens, 1994).
processo de conversão de macromoléculas
do alimento para compostos simples que
podem ser absorvidos a partir do trato
gastrointestinal.
Segundo Forbes (1995), o consumo de
alimentos volumosos é positivamente
relacionado à taxa ou extensão da digestão
no rúmen (teoria física), que tem sido
baseada na presença de receptores na parede
ruminal, sensíveis à expansão e ao contato, e
pelo fato de ocorrer redução no consumo,
quando a capacidade do rúmen é diminuída.
Já a teoria quimiostática baseia-se na
elevação de produtos metabólicos no rúmen
(receptores sensíveis aos ácidos graxos, que
estimulam
receptores
quimicamente
sensíveis, que, por sua vez, ativam o sistema
nervoso central, responsável pelo estado de
saciedade (Illius e Jessop, 1996).
O experimento foi conduzido no Núcleo de
Pesquisas
em
Forragicultura
do
Departamento de Zootecnia do Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Federal
do Ceará (UFC), no município de Fortaleza
(CE).
Quando o volume da dieta é o fator
limitante, os animais não são capazes de
ingerir quantidades suficientes de MS para
suprir suas necessidades energéticas, o que
implica em menor produção. Por outro lado,
a ingestão e a digestibilidade são
negativamente correlacionadas, quando se
trata de dietas de alta qualidade, em que a
fração fibrosa é pequena e, provavelmente,
não afeta a ingestão, a qual será controlada
pela exigência energética do animal.
Já a digestibilidade do alimento constitui a
capacidade de permitir que o animal utilize,
em maior ou menor escala, seus nutrientes.
Essa capacidade é expressa pelo coeficiente
de digestibilidade do nutriente, sendo
característica do alimento e não do animal
(Silva e Leão, 1979). Logo, a digestão é um
114
Desta
maneira,
conduziu-se
este
experimento, objetivando avaliar o efeito
dos níveis de adição do subproduto do
pseudofruto do caju desidratado na silagem
de capim elefante sobre o consumo e
digestibilidade dos nutrientes em ovinos.
10.2. MATERIAL E MÉTODOS
Foram estudados cinco níveis de adição do
subproduto do pseudofruto do caju
desidratado (0; 3,5; 7,0; 10,5 e 14,0%), com
base na matéria natural, na ensilagem do
capim elefanteEm relação à matéria seca,
essas adições consistiram em 0; 13,0; 24,0;
33,0 e 41,0%.
Na confecção das silagens experimentais foi
utilizado o capim elefante (Pennisetum
purpureum, Schum), proveniente de
capineira
estabelecida
na
Fazenda
Experimental do Vale do Curú (FEVC), em
Pentecoste, Ceará, pertencente à UFC. O
capim foi cortado manualmente com,
aproximadamente, 70 dias de idade, quando
em seguida, foi processado em picadeira de
forragem e, posteriormente, misturado ao
subproduto do pseudofruto do caju
(Anarcadium occidentale L) originado do
processamento da fruta para extração de
sucos e polpas, da empresa MAISA em
Mossoró (RN).
O subproduto do pseudofruto do caju era
composto, basicamente pelo bagaço do caju,
resultante do processamento do pseudofruto
para a fabricação de sucos. A desidratação
foi feita ao sol em área cimentada, por
período de 48 horas, sendo espalhados em
camadas, de aproximadamente, 7 cm de
espessura e revolvidos pelo menos três vezes
ao dia. Á noite o material era amontoado e
coberto por lona, evitando o acúmulo de
umidade.
A composição químico-bromatológica do
capim elefante (CE) e do subproduto do
pseudofruto do caju desidratado (SPCD),
antes da ensilagem, encontram-se na Tabela
42, do Capítulo IX.
Como silos experimentais foram utilizados
tambores plásticos de 210 L. Em cada silo
foram colocados 126 kg de forragem, de
forma que atingisse densidade de 600 kg/m3.
Após a pesagem e homogeneização do
capim elefante com o SPCD, o material foi
compactado no interior do silo. Completado
o enchimento, os silos foram fechados com
lonas plásticas, presas com ligas de
borracha.
Os dados referentes às composições
químico-bromatológicas das silagens de
capim elefante com níveis crescentes de
adição do subproduto do pseudofruto do
caju desidratado (SPCD) estão apresentados
na Tabela 43, do Capítulo IX.
Foram utilizados vinte ovinos SRD
deslanados, machos, inteiros, com peso
médio de 24,0 kg, em delineamento
inteiramente casualizado, com cinco
tratamentos (0; 3,5; 7,0; 10,5 e 14%), e
quatro repetições. Para cada animal
(repetição) foi utilizada a silagem oriunda de
um único silo experimental. Os animais
foram pesados no início e no final do
experimento, vermifugados, e distribuídos
por sorteio nos tratamentos. Os animais
foram mantidos em gaiolas de estudos
metabólicos individuais, equipadas com
coletores e separadores de fezes e urina, bem
como com cochos para fornecimento do
alimento e da mistura mineral, e com
bebedouros com água permanentemente à
disposição.
O experimento teve duração de 21 dias,
sendo, os primeiros 14 dias para adaptação
dos animais às dietas e ao ambiente
experimental e os sete dias restantes para
coleta de silagem, sobras, fezes e urina para
determinação do consumo voluntário,
digestibilidade aparente dos nutrientes e
balanço de nitrogênio.
Após 65 dias, os silos foram abertos e as
silagens foram fornecidas diariamente em
dois períodos (7 e 16h), sendo a quantidade
oferecida calculada diariamente, a partir do
consumo do dia anterior, de forma a
permitir sobras de, aproximadamente, 15%.
Amostragens das silagens (100g) foram
realizadas diariamente no momento da
pesagem do alimento oferecido a cada
animal, durante todo o período de coleta de
dados. As amostras foram acondicionadas
em sacos plásticos, identificados e
armazenadas a -10°C. Ao final do
experimento, as amostras referentes a cada
animal,
foram
descongeladas
e
homogeneizadas, sendo retirada uma
amostra de, aproximadamente, 300 g, que
foi
processada
(pré-secagem)
para
posteriores análises.
As sobras foram pesadas pela manhã, antes
do fornecimento da nova alimentação. Após
a pesagem, uma alíquota de 80 g foi retirada,
seguindo a mesma metodologia descrita para
amostragem dos alimentos oferecidos.
As fezes foram coletadas diariamente e
pesadas na parte da manhã. Do total diário,
retirou-se 10% e acondicionou-se a -10°C.
Ao final do experimento, as amostras
referentes
a
cada
animal
foram
descongeladas e homogeneizadas, sendo
retirados, aproximadamente, 300 g do total
de cada coleta, que foram acondicionados
em sacos plásticos, identificados e mantidos
a -10°C.
115
Com o auxílio de proveta foi medido o
volume de urina pela manhã e à tarde,
quando então era retirada uma alíquota de
10% do total e armazenada em frascos
âmbar a -10°C. Foram adicionados nas
vasilhas coletoras de urina, 20 mL de ácido
clorídrico 1:1, evitando assim, que houvesse
perdas de nitrogênio por volatilização.
Nas amostras colhidas foram determinados
os teores de matéria seca (MS), proteína
bruta (PB), fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente neutro (FDA),
hemicelulose (HCEL), celulose (CEL) e
matéria mineral (MM). As análises foram
efetuadas no Laboratório de Nutrição
Animal da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), em Belo Horizonte,
segundo metodologias descritas pelo
Compêndio Brasileiro de Alimentação
Animal (1998).
Com os valores obtidos das análises da
composição química das amostras, foram
determinados os consumos de MS e PB em
g/animal/dia, %PV e g/UTM (Unidade de
Tamanho Metabólico = PV0,75), de e FDN,
FDA, HCEL e CEL, em g/animal/dia e
%PV.
Determinaram-se,
ainda,
os
coeficientes de digestibilidade aparente da
MS, PB, FDN, FDA, HCEL e CEL, bem
como o balanço de nitrogênio, determinados
de acordo com metodologias descritas por
Silva e Leão (1979). Os valores de ingestão
de matéria seca digestível (IMSD), proteína
bruta digestível (IPBD), fibra em detergente
neutro digestível (IFDND) e energia
digestível (IED) foram obtidos a partir dos
coeficientes de digestibilidade e consumo
destes nutrientes.
As variáveis estudadas foram avaliadas por
meio de análise de variância. Para
comparação das médias foi utilizado o teste
de Duncan (consumo de matéria seca,
expresso em g/animal/dia, %PV e g/UTM e
digestibilidade da matéria seca) e o Tukey
para os demais parâmetros estudados. Foram
realizadas também análises de regressão,
para avaliar o efeito dos níveis crescentes de
adição do SPCD na ensilagem do capim
elefante, ao nível de 1 e 5% de probabilidade
e no coeficiente de determinação, por
intermédio do programa SAS (1990).
Antes da realização destas análises, foi feito
estudo para verificar se as pressuposições de
distribuição normal e homocedasticidade
dos
dados
foram
atendidas.
As
características que não atenderam estas
pressuposições foram transformadas para se
prosseguir com as análises estatísticas. A
transformação utilizada foi a logarítmica
para o consumo de proteína bruta
(g/animal/dia, %PV e g/UTM).
10.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Consumo de Matéria Seca (CMS)
Os consumos de matéria seca (CMS) de
ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de
subproduto do pseudofruto do caju
desidratado (SPCD) estão apresentados na
Tabela 45.
Tabela 45: Consumo de matéria seca (CMS) de ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD)
Silagens
g/animal/dia
%PV
g/UTM
CE + 0% SPCD
325,73b
1,57b
33,51b
CE + 3,5% SPCD
337,89b
1,61b
34,43b
CE + 7,0% SPCD
493,40ab
2,27ab
49,02ab
CE + 10,5% SPCD
647,46a
3,03a
65,16a
CE + 14% SPCD
529,15ab
2,35ab
51,25ab
Médias
466,72 ± 129,74
2,17 ± 0,55
46,67 ± 12,07
CV (%)
27,80
28,46
25,87
116
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Duncan
A adição do SPCD influenciou (P<0,05) o
CMS das silagens. Os CMS expressos em
g/animal dia, %PV e g/UTM apresentaram o
mesmo comportamento, ou seja, os animais
que se alimentaram com as silagens
contendo 7,0; 10,5 e 14% do SPCD tiveram
consumo similar (P>0,05). Contudo, os
animais que receberam as silagens com
adição de 10,5% tiveram CMS superior
(P<0,05) áquelas observadas para as silagens
exclusiva de capim elefante e com adição de
3,5% do SPCD. Os valores variaram de
325,73 a 647,46 g/animal/dia para as
silagens exclusiva de capim elefante e com
adição de 10,5% de SPCD.
Pelo estudo de regressão foi possível
observar aumento linear no CMS com a
inclusão do SPCD na ensilagem do capim
elefante, como mostra a equação:
CMS (g/animal/dia) = 323,44 + 20,47x
(P<0,01 e R2 = 0,34)
Pela equação encontrada foi possível
observar incremento de 20,47g/animal/dia
no CMS para cada 1% de adição do SPCD
na ensilagem do capim elefante. Desta
forma, ao adicionarmos 14% do SPCD foi
possível
registrar
aumento
de,
aproximadamente, 90% no CMS em relação
à silagem exclusiva de capim elefante.
Ferreira (2002) trabalhando com silagens de
capim elefante com níveis crescentes de
adição do subproduto do pseudofruto do
caju obteve CMS inferiores aos observados
no presente trabalho. Os valores variaram de
284,40 a 412g/animal/dia, com média de
338,15g/animal/dia. Segundo a autora, o fato
deve estar relacionado aos baixos teores de
MS (23%) das silagens.
Para o CMS expresso em %PV e g/UTM os
valores variaram de 1,57 a 3,03%PV, com
média de 2,17 ± 0,55% PV, e de 33,51 a
65,16 g/UTM, com média de 46,67 ± 12,07
g/UTM. O estudo de regressão também
apresentou aumento linear com a adição do
SPCD, onde observou-se aumento de 0,08
pontos percentuais e de 1,89g/UTM no CMS
para cada 1% de adição do SPCD, como
demonstrado nas equações:
CMS (%PV) = 1,57 + 0,08x (P<0,01 e R2 =
0,31)
CMS (g/UTM) = 33,43 + 1,89x (P<0,01 e
R2 = 0,32)
O aumento linear no CMS (g/animal/dia,
%PV e g/UTM) observado pela análise de
regressão deve estar relacionado ao aumento
no teor de MS das silagens, observado com a
inclusão do SPCD, como observado por
Thomas et al. (1961) e Wilkins et al. (1971).
Esses autores ressaltaram ainda, que este
aumento no CMS está mais relacionado com
a melhoria no processo fermentativo das
silagens, proporcionado pelo aumento no
teor de MS, do que pelo conteúdo de
umidade da silagem. Evidencia-se também
que, o consumo de alimentos possui estreita
relação com a quantidade de matéria seca
presente na dieta, uma vez que a proporção
de volumoso, associada aos maiores
conteúdos de água, determina o espaço
ocupado no rúmen, podendo limitar o
consumo pelo efeito da distensão ruminal.
As silagens com adição do SPCD
apresentaram
boas
características
fermentativas. Neste sentido, os valores
obtidos no CMS das silagens devem estar
relacionados primeiramente ao baixo valor
nutricional do capim elefante, caracterizado
por
elevadas
concentrações
dos
componentes da fração fibrosa e baixos
teores de PB. O aumento nos teores de FDN
com a inclusão do SPCD também pode
constituir importante fator.
117
Segundo Van Soest (1965), o consumo
voluntário
de
MS
é
altamente
corrrelacionado com o teor de FDN, quando
este se situa acima de 55 e 60% da matéria
seca do alimento, haja vista, que a
fermentação e a passagem de FDN pelo
rúmen-retículo são mais lentas de que os
outros componentes nutricionais, tendo
grande efeito no enchimento e sobre o tempo
de permanência quando comparadas com as
dos componentes não-fibrosos.
Outro fator que pode também estar
relacionado com resultados obtidos, diz
respeito, à forma como boa parte do
nitrogênio se encontra indisponível (NIDA)
aos microrganismos ruminais. Reduções no
teor de PB abaixo de 7% ou diminuição da
disponibilidade do nitrogênio podem reduzir
a digestão da fibra e, subseqüentemente,
restringir o consumo, em conseqüência da
lenta passagem dos alimentos pelo rúmen
(Van Soest, 1994).
A presença de tanino no SPCD, como
relataram Vasconcelos et al. (2002), também
pode constituir um fator influenciador do
consumo, pois os taninos além de
precipitarem a proteína, também são capazes
de interagir com outras macromoléculas,
como carboidratos, membrana celular das
bactérias e íons metálicos (Van Soest, 1994).
Cannas (2005) relatou que os taninos podem
atuar na redução do consumo de duas
maneiras. Primeiro, pelo seu efeito
adstringente, reduzindo a palatabilidade do
alimento, o que conseqüentemente conduz à
redução da ingestão pelo decréscimo na
digestibilidade, influenciando negativamente
no consumo, pelo seu efeito de enchimento
associado às frações não digeridas.
118
Neste sentido, é provável que o baixo
consumo voluntário das silagens tenha sido
uma combinação do valor nutricional do
capim elefante, juntamente com as
concentrações de FDN, NIDA e tanino no
SPCD.
Tal aspecto também foi relatado por Rosa et
al. (2004) que observaram relação inversa
dos teores de FDN com consumo de MS em
diferentes silagens de híbridos de milho,
registrando valores inferiores (2,20 %PV)
aos mostrados nas silagens com inclusão de
7,0; 10,5 e 14% do SPCD. Também,
Moreira et al. (2001) atribuíram o menor
consumo de MS do feno do capim
coastcross e da silagem de milho em relação
ao feno de alfafa, ao maior teor de FDN
daqueles alimentos.
Já Siqueira et al. (1999), utilizando
subproduto do maracujá ensilado na
terminação de bovinos de corte, constataram
ingestão diária de MS de 2,03% PV, valor
semelhante à média observada neste
trabalho.
Para o CMS expresso em %PV e g/UTM,
Ferreira (2002) registrou valores inferiores
(1,32%PV e 29,65g/UTM) aos observados
neste trabalho.
Consumo de Proteína Bruta (CPB)
Os consumos de proteína bruta (CPB) de
ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de
subproduto do pseudofruto do caju
desidratado (SPCD) estão apresentados na
Tabela 46.
Tabela 46: Consumo de proteína bruta (CPB) de ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD)
Silagens
g/animal/dia
%PV
g/UTM
CE + 0% SPCD
17,38b
0,08b
1,79b
CE + 3,5% SPCD
20,57b
0,10b
2,09b
CE + 7,0% SPCD
40,17a
0,18a
3,98a
CE + 10,5% SPCD
59,72a
0,28a
6,02a
CE + 14% SPCD
55,68a
0,25a
5,40a
Médias
38,70 ± 20,72
0,18 ± 0,09
0,52 ± 0,13
CV (%)
9,30
16,40
25,75
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukey
Os níveis de adição do SPCD possibilitaram
alterações no CPB das silagens. Os CPB
expressos em g/animal/dia, %PV e g/UTM
apresentaram comportamentos semelhantes.
Os animais que receberam as silagens com
adição de 7,0; 10,5 e 14% do SPCD tiveram
consumos semelhantes (P>0,05) e superiores
(P<0,05) aos observados nos ovinos
alimentados com as silagens com 3,5% de
SPCD e exclusiva de capim elefante, que se
mostraram equivalentes (P>0,05). Os CPB
variaram de 17,38 (0%) a 59,72 g/animal/dia
(10,5%), com média de 38,70 ± 20,72
g/animal/dia; de 0,08 (0%) a 0,28%PV
(10,5%), com média de 0,18 ± 0,09 e de
1,79 (0%) a 6,02g/UTM (10,5%), com
média de 0,52 ± 0,13 g/UTM.
O CPB observado nas silagens com 10,5 e
14% de SPCD pode ser considerado
satisfatório, se considerarmos que foi
fornecido como alimento exclusivo.
Segundo NRC (1985), o CPB necessário
para ovinos com 25 kg é de 32 g/animal,
sendo superado a partir do nível de 7,0% de
inclusão do SPCD. A adição do SPCD
possibilitou um aumento de mais de 200%
no CPB, quando se adicionaram 10,5 e 14%
do SPCD, em comparação com a silagem
exclusiva de capim elefante.
Os maiores CPB observados nos animais
que consumiram as silagens com 7,0; 10,5 e
14% do SPCD foram resultado dos maiores
CMS e dos teores mais elevados de PB das
silagens contendo o subproduto. Pela análise
de regressão, a adição do SPCD
proporcionou aumento linear no CPB das
silagens, como mostram as equações:
Log CPB (g/animal/dia) = 1,22 + 0,04x
(P<0,01 e R2 = 0,67)
Log CPB (%PV) = -1,09 + 0,04x (P<0,01 e
R2 = 0,66)
Log CPB (g/UTM) = 0,23 + 0,04x (P<0,01
e R2 = 0,67)
Trabalhando com o bagaço de caju na
ensilagem do capim elefante, Ferreira (2002)
também observou aumento linear no CPB
das silagens com a adição do subproduto.
Todavia, o aumento foi de 0,77g para cada
unidade do bagaço de caju adicionado.
O consumo de fibra em detergente neutro
(CFDN), fibra em detergente ácido (CFDA),
hemicelulose (CHCEL) e celulose (CCEL)
de ovinos alimentados com capim elefante
(CE) ensilados com níveis crescentes de
subproduto do pseudofruto do caju
desidratado (SPCD) estão apresentados na
Tabela 47.
119
Tabela 47: Consumo de fibra em detergente neutro (CFDN), fibra em detergente ácido (CFDA),
hemicelulose (CHCEL) e celulose (CCEL) de ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilados com níveis crescentes de subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD)
FDN
FDA
HCEL
CEL
Silagens
g/dia
%PV
g/dia
%PV
g/dia
%PV g/dia %PV
CE + 0% SPCD
240,8b
1,16b
144,0b
0,69b
96,8a 0,47a 100,0a 0,48a
CE + 3,5% SPCD 261,1ab 1,24b
169,4b
0,81b
91,9a 0,44a 108,6a 0,52a
CE + 7,0% SPCD 373,3ab 1,72ab 241,4ab 1,11ab 132,0a 0,61a 137,0a 0,63a
CE + 10,5% SPCD 468,84a 2,19a
310,4a
1,45a
158,4a 0,74a 152,4a 0,71a
CE + 14% SPCD
388,4ab 1,73ab 270,1ab 1,20ab 118,2a 0,52a 111,8a 0,50a
Médias
346,59
1,49
227,11
1,05
119,4
0,55 122,0 0,57
CV (%)
28,61
22,13
27,63
25,58
31,53 28,67 31,53 28,67
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukey
Os consumos dos constituintes da parede
celular das silagens (FDN, FDA,
hemicelulose
e
celulose)
foram
determinados em função do CMS e de suas
concentrações na matéria seca das silagens.
Verificou-se que os animais alimentados
com as silagens com adição do SPCD
apresentaram
CFDN
(g/animal/dia)
equivalentes (P>0,05). Contudo, os ovinos
alimentados com as silagens contendo
10,5% do SPCD apresentaram consumos
superiores (P<0,05) em relação aqueles
receberam silagem exclusiva de capim
elefante. O CFDN variou de 240,8 a 468,8
g/animal/dia para as silagens exclusiva de
capim elefante e com 10,5% de SPCD,
respectivamente. A média observada foi de
346,59 ± 99,15 g/animal/dia.
Efetuada a análise de regressão observou-se
que a adição do SPCD possibilitou aumento
linear no CFDN, com incremento de 14,36 g
para cada 1% de adição do SPCD, como
mostra a equação:
CFDN (g/animal/dia) = 246,09 + 14,36x
(P<0,01 e R2 = 0,31)
Com relação ao CFDN expressos em %PV
observou-se que os animais que receberam
as silagens com adição de 7,0; 10,5 e 14%
apresentaram
consumos
semelhantes
(P>0,05), enquanto, os ovinos que
receberam as silagens com 10,5% do SPCD
120
tiveram consumos superiores (P<0,05)
áqueles que receberam a silagem exclusiva
de capim elefante e com adição de 3,5% do
SPCD. Os valores variaram de 1,16 a
2,19%PV para as silagens exclusivas de
capim elefante e com adição de 10,5% do
SPCD.
O estudo de regressão possibilitou observar
também aumento linear no CFDN (%PV)
com a adição do SPCD, de forma que, a
cada 1% de adição do SPCD houve
incremento de 0,06 pontos percentuais no
CFDN, como descrito na equação:
CFDN (%PV) = 1,19 + 0,06x (P<0,05 e R2
= 0,28)
Waldo (1986) relatou que a FDN é o melhor
e mais simples fator para predizer o
consumo voluntário. Mertens (1992)
também afirmou que a FDN mede melhor a
propriedade dos alimentos em ocupar espaço
físico que os componentes da FDA. O teor
ótimo de FDN nas dietas não é fixo e varia
com o requisito de energia líquida do
animal. Logo, quando o volume da dieta é o
fator limitante, ou seja, o conteúdo de FDN
é alto, o animal necessita consumir mais
para atender seu requerimento de energia
(Mertens, 1992).
Ferreira (2002) trabalhando com níveis de
adição do bagaço de caju na ensilagem do
capim elefante não observou efeito do
subproduto sobre o CFDN em g/animal/dia.
Para o CFDN expresso em %PV notou-se
que os animais que receberam as silagens
com 48% do bagaço de caju tiveram CFDN
superior aos animais que receberam as
silagens exclusivas de capim elefante e com
12 e 24% do subproduto. Os valores
variaram de 215,62 a 306,11g/animal/dia e
0,86 a 1,21%PV para silagens exclusivas de
capim elefante e silagens de capim elefante
com 48% de adição do bagaço de caju.
No CFDA expresso em g/animal/dia e %PV
observou-se a mesma tendência para os dois
parâmetros, de modo que, os animais que
ingeriram silagens com adição de 10,5% do
SPCD mostraram consumos superiores
(P<0,05) aos alimentados com silagem
exclusiva de capim elefante e com 3,5% do
SPCD. Porém não diferiram dos CFDA
apresentados pelos animais alimentados com
silagens contendo 7,0 e 14% do SPCD.
Os CFDA variaram de 144,07 a 310,41
g/animal/dia e de 0,69 a 1,45%PV para as
silagens exclusiva de capim elefante e com
adição de 10,5% de SPCD, respectivamente.
Pelo estudo de regressão observou-se que o
CFDA aumentou linearmente com os níveis
de adição do SPCD. Através das equações,
constatou-se incremento no CFDA de 11,23
g/animal/dia para cada 1% de adição do
SPCD, enquanto para o CFDA em %PV o
incremento foi de 0,05 pontos percentuais
para cada unidade do SPCD adicionado,
como mostram as equações:
CFDA (g/animal/dia) = 148,47 + 11,23x
(P<0,01 e R2 = 0,42)
CFDA (%PV) = 0,72 + 0,05x (P<0,01 e R2
= 0,40)
Para os consumos de HCEL e CEL não
foram registrados efeitos (P<0,05) dos níveis
de adição do SPCD na ensilagem do capim
elefante. Os valores médios registrados
foram 119,49 g/animal/dia e 0,55% PV e
122,01 g/animal/dia e 0,57% PV,
respectivamente.
Digestibilidade Aparente da matéria seca
(DMS), proteína bruta (DPB), fibra em
detergente neutro (DFDN), fibra em
detergente ácido (DFDA), hemicelulose
(DHCEL), celulose (DCEL), energia bruta
(DEB) e energia digestível (ED)
Na Tabela 48 são apresentados os
coeficientes de digestibilidade da matéria
seca (DMS), proteína bruta (DPB), fibra em
detergente neutro (DFDN), fibra em
detergente ácido (DFDA), hemicelulose
(DHCEL), celulose (DCEL), energia bruta
(DEB) e energia digestível (ED) do capim
elefante (CE) ensilado com níveis crescentes
de subproduto do pseudofruto do caju
desidratado (SPCD).
Tabela 48: Coeficientes de digestibilidade da matéria seca (DMS), proteína bruta (DPB), fibra em
detergente neutro (DFDN), fibra em detergente ácido (DFDA), hemicelulose (DHCEL), energia bruta
(DEB) e energia digestível (ED) do capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes de subproduto do
pseudofruto do caju desidratado (SPCD)
Silagens
DMS
DPB
DFDN
DFDA
DHCEL
DCEL
EBD
ED1
CE + 0% SPCD
47,5a 24,4a
51,8a
48,3a
56,9a
61,9a
45,7a 1,77a
CE + 3,5% SPCD
41,7a
5,1a
50,3a
44,3a
61,3a
66,1a
39,1a 1,54a
CE + 7,0% SPCD
45,2a 19,1a
51,1a
47,6a
57,4a
79,7a
42,1a 1,68a
CE + 10,5% SPCD 43,7a 23,5a
46,1a
41,8a
54,7a
83,3a
41,3a 1,70a
CE + 14% SPCD
43,7a 16,2a
48,3a
45,9a
54,1a
89,2a
41,9a 1,74a
Médias
44,4
17,6
49,5
45,6
56,9
76,0
42,0
1,68
CV (%)
11,0
24,9
7,6
10,7
8,87
9,74
10,3
8,6
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukey
1
Mcal/kg de MS
121
Assim como nas silagens com adição do
SABD e SACD, a análise de variância e o
estudo de regressão não detectaram efeito
(P>0,05) dos níveis de adição do SPCD na
ensilagem do capim elefante sobre os
coeficientes de digestibilidade aparente da
MS (44,4%), PB (17,6%), FDN (49,5%),
FDA (45,6%), HCEL (56,9%), CEL
(76,0%), EB (42,0%) e ED (1,68 Mcal).
As
silagens
com
SPCD
também
apresentaram elevados teores de NIDN e
NIDA, bem como, elevados teores de
lignina, o que pode, como nas silagens com
SACD, ter contribuído na obtenção dos
baixos teores de digestibilidade. O mesmo
comportamento foi observado por Ferreira
(2002) que também não observou influência
dos níveis de adição do bagaço de caju (0;
12; 24; 36 e 48%) na ensilagem do capim
elefante sobre a digestibilidade da MS, PB,
FDN, FDA e HCEL e NDT, encontrando
valores médios de 43,04; 21,94; 40,93;
29,74; 57,23 e 42,21%, respectivamente.
Segundo a autora, os elevados teores de
FDA nas silagens podem ter contribuído
para obtenção destes resultados.
Em dietas com baixa disponibilidade de
compostos nitrogenados e ricos em FDN, o
suprimento de proteína degradada no rúmen
é limitante para o crescimento microbiano, a
digestão
da
parede
celular
fica
comprometida e a ingestão de alimentos é
reduzida (Van Soest, 1994).
É importante destacar, na avaliação da DPB,
que além do material não digerido da dieta,
as fezes contêm ainda, membranas celulares
das bactérias ruminais não digeridas, células
microbianas procedentes do ceco e intestino
grosso, resíduos de muitas substâncias
endógenas, incluindo enzimas digestivas,
mucos e outras secreções, e células epitéliais
desprendidas da parede do trato digestivo do
122
rúmen. Essas podem mascarar o valor do
nitrogênio não digerido de origem dietética e
com isso subestimar o valor da DPB. Além
disso, quanto maior a quantidade de
alimentos de difícil digestão, maior será a
proporção desse nitrogênio de origem
metabólica e endógena nas fezes (Church,
1993). Maso e Frederiksen (1979) citados
por Church (1993) observaram que cerca de
86% do nitrogênio total contido nas fezes
era de origem microbiana e endógena.
Os resultados obtidos também podem ter
sidos influenciados pela presença de taninos
no SACD. Estes componentes reduzem a
digestibilidade da fibra, pela complexação
com os carboidratos da parede celular,
através da interação com as enzimas
celulares e com as bactérias do rúmen, e em
alguns casos, a baixa digestibilidade da fibra
pode ser resultado da deficiência de
nitrogênio fermentado ruminalmente devido
à ligação das proteínas com o tanino
(Cannas, 2005).
Trabalhando com os subprodutos do
abacaxi, acerola, goiaba, maracujá e melão
Lousada Junior et al. (2005) encontraram
DFDN e DFDA de 50,8 e 51,8; 16,8 e 8,2;
17,7 e 13,0; 56,2 e 65,4 e de 38,65 e
38,74%, respectivamente, destacando que as
menores DFDN foram observadas nos
subprodutos com menor teor de lignina.
Ingestão da matéria seca (IMSD), proteína
bruta (IPBD), fibra em detergente neutro
(IFDND) e energia digestível (IED)
Na Tabela 49 são apresentados os valores
ingestão da matéria seca (IMSD), proteína
bruta (IPBD), fibra em detergente neutro
(IFDND) e energia digestível (IED) do
capim elefante (CE) ensilado com níveis
crescentes de subproduto do pseudofruto do
caju desidratado (SPCD).
Tabela 49: Ingestão da matéria seca (IMSD), proteína bruta (IPBD), fibra em detergente neutro
(IFDND) e energia digestível (IED), expressos em g/animal/dia, do capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes de subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD)
Silagens
IMSD
IPBD
IFDND
IED
CE + 0% SPCD
154,84b
4,40b
125,31b
0,58bc
CE + 3,5% SPCD
145,32b
1,93b
133,75ab
0,53c
CE + 7,0% SPCD
224,61ab
8,06a
191,48ab
0,83abc
CE + 10,5% SPCD
281,00a
13,61a
214,84a
1,09a
CE + 14% SPCD
232,54ab
9,15a
188,38ab
0,92ab
Médias
207,6
7,43
170,75
0,79
CV (%)
29,56
47,14
30,15
28,72
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukel
Para os valores de IMSD, IPBD, IFDND e
IED observou-se que as silagens com 10,5%
do SPCD apresentaram valores superiores as
silagens exclusivas de capim elefante. Pelo
estudo de regressão foi possível observar
efeito linear dos níveis de adição do SPCD
sobre os nutrientes digestíveis das silagens.
IMSD = 151,55 + 8,25x (P<0,05; R2 = 0,27)
IPBD = 0,40 + 0,04x (P<0,05; R2 = 0,23)
IFDN = 130,78 +5,88x (P<0,05; R2 = 0,22)
IED = 0,55 + 0,03x (P<0,05; R2 = 0,33)
Balanço de Nitrogênio(BN)
Os valores médios do balanço de nitrogênio
do capim elefante (CE) ensilado com níveis
crescentes do subproduto do pseudofruto do
caju desidratado (SPCD) constam na Tabela
50.
Tabela 50: Nitrogênio ingerido, nitrogênio excretado nas fezes e na urina, e balanço de nitrogênio (BN)
de ovinos alimentados com capim elefante (CE) ensilado com níveis crescentes do subproduto do
pseudofruto do caju desidratado SPCD
N ingerido
N excretado nas
N excretado na
BN
BN
Silagens
(g/dia)
fezes (g/dia)
urina (g/dia)
(g/dia) (% N ingerido)
CE + 0% SPCD
2,78
2,08
2,98
-2,27a
-89,37a
CE + 3,5% SPCD
3,29
3,08
2,67
-2,46a
-89,81a
CE + 7,0% SPCD
6,43
5,14
2,63
-1,34ab
-24,35ab
CE + 10,5% SPCD
9,56
7,38
1,92
0,26b
3,27b
CE + 14% SPCD
8,91
7,44
2,78
-1,32ab
-15,25ab
Médias
-1,43
-43,10
CV (%)
4,40
72,39
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukey
Para o balanço de nitrogênio (g/dia e % do N
ingerido) observou-se que as silagens com
7,0; 10,5 e 14% foram semelhantes
(P>0,05). Todavia, as silagens com 10,5%
do SPCD diferiram (P<0,05) das silagens
exclusiva de capim elefante e com 3,5% do
SPCD, na qual, se observou menor
aproveitamento da proteína consumida pelos
ovinos.
Com os resultados obtidos no consumo e
digestibilidade da matéria seca e proteína, e
pelo aumento nos teores de NIDN e NIDA
com a inclusão do SPCD estes resultados
eram previstos. Tais resultados diferem dos
relatados por Ferreira (2002) que observou
BN positivo em todos os níveis de adição do
bagaço de caju na ensilagem do capim
elefante.
A presença de tanino no SPCD também
pode constituir um fator importante, pois a
complexação do tanino com proteína reduz a
digestibilidade
do
nitrogênio
e,
123
conseqüentemente, conduz à maior excreção
de N nas fezes.
O efeito do NIDA e/ou do tanino
indisponibilizando o nitrogênio do SPCD,
pode ser comprovado, quando observa-se o
aumento na excreção de nitrogênio nas
fezes, com a adição do SPCD na ensilagem
do capim elefante.
Neste contexto, pode-se sugerir que a
ingestão do SPCD seja acompanhada por
suplementação protéica.
124
Sousa et al. (2004) também atribuíram o BN
negativo encontrado com a inclusão da casca
de café (0; 3,5; 7,0 e 10,5%) em dietas de
vacas lactantes, aos elevados teores de
NIDN (38,4%) e NIDA (26,5%) do resíduo.
10.4. CONCLUSÃO
Conclui-se, que o SPCD pode ser incluído
em até 14% nas silagens de capim elefante.
Porém, os elevados teores de NIDA podem
comprometer a disponibilidade de nitrogênio
pelos animais.
CAPÍTULO XI - DEGRADABILIDADE IN SITU DO CAPIM ELEFANTE ENSILADO
COM NÍVEIS CRESCENTES DE SUBPRODUTO DA AGROINDÚSTRIA DO CAJU
RESUMO
Avaliaram-se a degradabilidade in situ da matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente
neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), e hemicelulose (HCEL) das silagens de capim elefante
(Pennisetum purpureum, Schum.) com níveis (0; 3,5; 7; 10,5 e 14%) crescentes do subproduto do
pseudofruto do caju (Anarcadium occidentale, L.) desidratado (SPCD). Foi utilizado um bovino adulto
macho em delineamento inteiramente casualizado com parcelas subdivididas, sendo as proporções de
SPCD os tratamentos (parcelas), os diferentes silos as repetições, e os tempos de incubação as
subparcelas. Os períodos de incubação aumentaram (P<0,05) as taxas de desaparecimento da MS, PB,
FDN, FDA e HCEL. Contudo não observou-se efeito dos níveis de inclusão do SPCD sobre as
degradabilidades efetivas da MS. Concluiu-se que o SPCD pode ser utilizado na alimentação de
ruminantes, porém pode haver redução na disponibilidade de proteína e energia nas dietas baseadas neste
alimento.
11.1. INTRODUÇÃO
As tabelas internacionais de requerimentos
trabalham em termos e nutrientes
degradados ou não no rúmen, a fim de
atender com maior precisão as exigências da
microbiota ruminal, bem como, as do
hospedeiro. Isso traz a necessidade de
avaliar a degradabilidade dos alimentos.
Desta maneira, a fim de reduzir o número de
animais fistulados, bem como o trabalho
durante o período experimental e aumentar a
precisão dos parâmetros estudados, Tomich
e Sampaio (2004) propuseram a realização
do ensaio de degradabilidade, utilizando
apenas um animal fistulado, haja visto, que
em estudos de degradação de forragens, a
unidade experimental é a amostra, não o
animal.
Usualmente, a técnica in situ é realizada
fazendo-se um “pool” das amostras, que são
homogeneizadas, colocadas nos sacos de
náilon, e em seguida incubadas no animal.
No entanto, o erro obtido sob estas
condições não reflete a fonte de variação
entre as amostras de forragem, mas das
réplicas.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a
degradabilidade in situ das silagens de
capim elefante com níveis crescentes de
adição do subproduto do pseudofruto do
caju desidratado.
11.2. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo in situ foi conduzido na Escola de
Veterinária da UFMG, utilizando-se um
novilho fistulado no rúmen (Tomich e
Sampaio, 2004) e alimentado com silagem
de milho, fornecida às 7 e 16 h,
suplementada com 1 kg de concentrado ao
dia.
Avaliou-se a degradabilidade ruminal do
capim elefante (CE) ensilado com níveis
crescentes do subproduto do caju
desidratado (0; 3,5; 7; 10,5 e 14%). O capim
elefante utilizado foi proveniente de
capineira
estabelecida
na
Fazenda
Experimental do Vale do Curú (FEVC), em
Pentecoste,
Ceará,
pertencente
à
Universidade Federal do Ceará (UFC).
Após o corte de uniformização, a área
recebeu adubação em cobertura: 50 kg/ha de
N na forma de uréia e 40 kg/ha de K2O na
forma de cloreto de potássio. A gramínea foi
cortada com, aproximadamente, 70 dias de
idade, sendo então ensilada com diferentes
proporções de subproduto desidratado do
pedúnculo do caju. Tal subproduto foi
originado
do
processamento
dos
pseudofrutos do caju utilizados na
125
fabricação de sucos, da empresa MAISA em
Mossoró (RN). Para a desidratação do
subproduto, o mesmo foi exposto em área
cimentada por, aproximadamente, 48 horas.
Como silos experimentais foram utilizados
tambores plásticos de 210 L. Em cada silo
foram colocados 126 kg de forragem, de
forma que atingisse uma densidade de 600
kg/m3. Após a pesagem e homogeneização
do capim elefante com o SPCD, o material
foi compactado no interior do silo, durante o
carregamento. Completado o enchimento, os
silos foram fechados com lonas plásticas,
presas com ligas de borracha.
As composições químico-bromatológicas do
capim elefante (Pennisetum purpureum,
Schum.) e do subproduto do pseudofruto do
caju
(Anarcadium
occidentale,
L.)
desidratado, antes da ensilagem, encontramse na Tabela 42, do Capítulo IX.
Após 45 dias de ensilagem, os silos foram
abertos, e coletadas amostras das silagens
para
realização
do
ensaio
de
degradabilidade. As amostras foram présecas em estufa de ventilação forçada
regulada a 60o C, por 72 horas, processadas
em moinho tipo faca, com peneira de 5 mm
de crivo, e homogeneizadas para incubação
posterior.
Os dados referentes às composições
química-bromatológicas do capim elefante
(CE) ensilado com níveis crescentes do
subproduto do pseudofruto do caju
desidratado (SPCD) estão apresentados na
Tabela 43, do Capítulo IX.
Os alimentos foram incubados em sacos de
náilon (50 micras) de 9 x 20 cm, com 10 g
do material pré-seco. Os sacos foram
introduzidos no rúmen às 08 horas e
retirados em ordem seqüencial, nos tempos
de 6, 24, 48 e 96 horas, sendo então lavados
manualmente em água corrente. Para
determinação do tempo zero (t = 0), utilizouse três bolsas de náilon por tratamento com a
126
mesma quantidade de amostra utilizada para
os demais horários de incubação, foram
fechados e lavados manualmente da mesma
forma que nos outros horários. Em seguida,
os mesmos foram secos em estufa ventilada,
regulada a 60oC, pesados, e as amostras
analisadas para determinação da matéria
seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA) e hemicelulose
(HCEL), segundo metodologias descritas
pelo Compêndio Brasileiro de Alimentação
Animal (1998).
A comparação das médias e os coeficientes
do modelo proposto por Ørskov e McDonald
(1979) foram determinados, utilizando-se o
programa “Statistic Analysis System” (SAS,
1990). Após a determinação dos parâmetros
do modelo, estimou-se a degradabilidade
efetiva adotando-se as taxas de passagem no
rúmen de 2, 5 e 8%/h (McDonald, 1981).
Trabalhou-se com cinco níveis de adição do
subproduto, com três repetições e
cincotempos de incubação com um animal.
O delineamento utilizado foi o inteiramente
casualizado com parcelas subdivididas,
sendo as proporções de SACD os
tratamentos (parcelas), os diferentes silos as
repetições, e os tempos de incubação as
subparcelas.
Análise de variância
Total ........................................................14
Tratamentos...............................................4
Repetições .................................................2
Erro a.........................................................8
Total Subparcelas....................................74
Tempo .......................................................4
Tempo x Tratamento...............................16
Erro B......................................................54
11.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O desaparecimento médio (%) da matéria
seca (MS) do capim elefante (CE) ensilado
com níveis crescentes do subproduto do
pseudofruto do caju desidratado (SPCD) no
tempo zero e nos horários de incubação
ruminal estão apresentados na Tabela 51.
Tabela 51: Desaparecimento médio (%) da matéria seca (MS) do capim elefante (CE) ensilado
com níveis crescentes de subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD) no tempo zero
e em diferentes horários de incubação ruminal
Níveis de adição do SPCD (%)
Horários
0
3,5
7
10,5
14
0
19,43cdE
22,16aE
21,29abE
20,27bcE
18,94dE
6
22,59dD
26,16aD
23,98bcD
24,48bD
22,82cdD
24
34,18aC
32,39bcC
31,77cC
33,52abC
32,37bcC
48
45,45bB
49,34aB
47,29bB
46,82bB
46,98bB
96
61,04aA
60,79aA
59,78abA
61,35aA
58,11bA
Valores seguidos de letras minúsculas diferentes nas linhas ou letras maiúsculas nas colunas diferem entre si (P<0,05), pelo teste de
Tukey
Verificou-se que o período de incubação e
os níveis de adição do SPCD (P<0,05) na
ensilagem do capim elefante interferiram no
desaparecimento da MS. Para as frações
solúveis no tempo zero (0) os valores
variaram de 18,94 a 22,16%. Esses valores
podem ser considerados altos, já que trata-se
de alimentos fermentados. Desta maneira, a
fração solúvel estaria representada pelos
açúcares
e
compostos
nitrogenados
remanescentes da fermentação no silo. Neste
caso, é possível que os resultados
encontrados sejam decorrentes do maior
efluxo de partículas dos sacos de náilon no
momento da lavagem, já que, por ocasião da
moagem nas peneiras com crivo de 5 mm,
foi possível registrar a formação de
partículas bem pequenas, provenientes do
SPCD.
Trabalhando com silagens de sorgo, Molina
et al. (2003) e Rabelo (1997) verificaram
valores médios de solubilização da MS de
23,01 e 30,69%, respectivamente, onde os
resultados foram relacionados à perda de
material pelos poros dos sacos de incubação.
Ao longo do tempo de incubação, as
silagens
apresentaram
taxas
de
desaparecimento da MS crescentes até as 96
horas (P<0,05). Acredita-se que nesse
horário as silagens já tenham alcançado o
máximo de desaparecimento da MS.
Segundo Sampaio (1994), o período de
incubação de 96 horas é suficiente para
estudos de avaliação ruminal in situ de
volumosos, por considerar que até esse
período de incubação é possível detectar
mudanças da degradabilidade do material.
Porém, quando se avalia os níveis de adição
do SPCD em cada período individualmente,
não se observa variações consistentes nos
valores de desaparecimento da MS. Uma
possível explicação seriam falhas na
homogeneização das amostras. Segundo
Ørskov (2000) e Sampaio (1988), as
diferentes estruturas das plantas (colmo,
folha ou grãos/panículas) quando moídas em
peneiras com crivo de 5 mm podem
apresentar comportamentos diferentes, seja
por influência da densidade, ou pela
formação de partículas de tamanhos
variados. Estes dois agentes juntos podem
atuar na homogeneidade da amostra a ser
incubada
e,
conseqüentemente,
na
degradabilidade ruminal, uma vez que a
amostra não estaria representada na sua
forma real. Recomenda-se para alimentos
frescos, como forragens, silagens e
subprodutos fibrosos a moagem em peneiras
com crivo de 5 mm. Porém, quando
materiais de estruturas diferentes são moídos
concomitantemente é possível que a
127
homogeneização não ocorra de maneira
adequada (Ørskov, 1982; Nocek, 1988).
como único responsável pelos coeficientes
de degradabilidade.
Como a porção fibrosa representou,
aproximadamente, 2/3 dos constituintes
totais da MS, vale destacar neste item a
influência do NIDA (nitrogênio insolúvel
em detergente ácido) e da lignina, como
fatores influenciadores da degradabilidade
da MS, haja visto, que o aumento nas
proporções de SPCD promoveram o
aumento daqueles componentes (Tabela 43).
Neste contexto, esperava-se que houvesse
depressão da degradabilidade da MS das
silagens, já que o NIDA é indisponível para
os microrganismos.
Gonçalves et al. (2004) registraram
diferença no desaparecimento percentual da
MS do subproduto do pedúnculo do caju
somente após 28 horas de incubação,
observando às 96 horas valores de 44,20%,
assim como Rogério (2005) que observou
aumento no desaparecimento da MS desse
subproduto somente após às 24 horas,
quando então verificou-se aumentos
crescentes dos valores até às 96 horas
(43,83%).
Porém, verificou-se certa homogeneidade
nos valores de desaparecimento de MS da
silagem exclusiva de capim elefante com as
silagens que continham o SPCD. Tal fato se
deve, provavelmente, ao pequeno tamanho
das partículas do SPCD, o que aumenta a
superfície de contato para a ação dos
microrganismos ruminais.
Essa influência simultânea de vários fatores
sobre a degradabilidade da MS dificulta a
identificação de um ou de outro componente
Os baixos valores encontrados para o
desaparecimento da MS das silagens
indicam que a utilização do SPCD na
alimentação de ruminantes deve ser feita
com certa prudência, uma vez que o
subproduto pode reduzir a disponibilidade
dos nutrientes aos microrganismos ruminais.
Os parâmetros de degradação ruminal e a
degradabilidade efetiva da matéria seca
(MS) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes do subproduto do
pseudofruto do caju desidratado (SPCD)
estão apresentados na Tabela 52.
Tabela 52: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação de
b (c) e degradação efetiva (DE) da matéria seca (MS) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD) para taxas de
passagem de 2, 5 e 8%/h
DE (%)
Silagens
a (%)
b (%)
c (%)
0,02/h
0,05/h
0,08/h
R2
CE + 0% SPCD
18,73
52,00
1,57
41,6
31,2
27,3
0,99
CE + 3,5% SPCD
21,39
52,00
1,43
43,0
32,9
29,3
0,97
CE + 7,0% SPCD
20,07
52,00
1,42
41,7
31,6
27,9
0,98
CE + 10,5% SPCD
19,84
52,00
1,52
42,3
32,0
28,1
0,99
CE + 14% SPCD
18,38
53,19
1,47
40,9
30,4
26,6
0,99
Para os parâmetros de degradação ruminal
notou-se que na fração solúvel, a silagem
com 3,5% do SPCD apresentou o maior
valor numérico, quando então houve
decréscimo nos valores da fração a com os
níveis de adição do SPCD.
128
Para as taxas de degradação de b (c) notouse que todas permaneceram com valores
abaixo de 2%/h, indicando maior
permanência do alimento no rúmen, o que
pode levar à redução do consumo pela
distensão do trato gastrointestinal, antes que
as demandas energéticas sejam atendidas.
Sampaio (1994) relatou que taxa de
degradação inferior a 2%/h é indicativa de
alimento de baixa qualidade, já que necessita
de período longo no rúmen para que sua
digestão ocorra. Desta forma, é possível que
a adição do SPCD na ensilagem do capim
elefante comprometa a qualidade nutricional
do alimento, pelo seu reduzido índice de
aproveitamento
pelos
microrganismos
ruminais.
Entretanto, evidencia-se que parte dos
valores obtidos foram limitados pelas
restrições máximas impostas durante o
processo de modelagem. Isso demonstra
uma inadequação parcial do modelo aos
dados obtidos, pois caso os limites não
fossem impostos, os valores de “c”
resultantes seriam irreais. Tais restrições
foram impostas aos parâmetros “a” e “b”,
sendo os limites retirados das tabelas de
desaparecimento.
adição do SPCD. Mesmo comportamento foi
observado para a digestibilidade aparente
destas silagens (P>0,05). A presença de
tanino no SPCD também pode constituir
fator de redução do desaparecimento da MS,
haja visto, que o principal impacto dos
taninos na nutrição animal deve-se à
habilidade desses compostos em formar
complexos com vários tipos de moléculas.
Rogério (2005) registrou degradabilidade
efetiva da MS de 32,84 e 25,91% para as
taxas de passagem de 2 e 5%/h,
respectivamente. Porém, esses valores foram
inferiores aos registrados para o capim
elefante (51,60 e 41,15%), demonstrando o
baixo potencial de degradação do SPCD em
relação ao capim elefante.
Os parâmetros de degradação ruminal e a
degradabilidade efetiva da proteína bruta
(PB) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de subproduto do
pseudofruto do caju desidratado (SPCD)
estão apresentados na Tabela 53.
As degradabilidades efetivas se mantiveram
praticamente constantes com os níveis de
Tabela 53: Desaparecimento médio (%) da proteína bruta (PB) do capim elefante (CE) ensilado
com níveis crescentes de subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD) no tempo zero
e em diferentes horários de incubação ruminal
Níveis de adição do SPCD (%)
Horários
0
3,5
7,0
10,5
14
0
16,54aE
12,20bE
11,37bE
9,23cE
8,29cE
6
25,06bD
28,03aD
24,91bD
28,26cD
22,82cD
24
36,87aC
34,45bC
32,84cdC
33,78bcC
31,47dC
48
47,17bB
49,09aB
47,52bB
44,11cB
42,17dB
96
64,82aA
58,90bA
57,41cA
55,02cA
52,18eA
Valores seguidos de letras minúsculas diferentes nas linhas ou letras maiúsculas nas colunas diferem entre si (P<0,05), pelo teste de
Tukey
Na determinação do desaparecimento da PB
verificou-se que tanto o tempo de incubação,
como os níveis de adição do SPCD na
ensilagem do capim elefante interferiram no
desaparecimento da PB.
Como observado no SACD, a inclusão do
subproduto
não
influenciou
no
desaparecimento da PB, apesar do aumento
nos teores de nitrogênio insolúvel em
detergente ácido (NIDA), e da provável
existência de tanino nas amostras, como
sugerido por Vasconcelos et al. (2002).
129
Provavelmente, esse efeito possa ser
atribuído à granulometria do SPCD, como
registrado no trabalho com a adição do
SACD.
Contudo, esses resultados confirmam os
baixos
valores
encontrados
na
digestibilidade aparente (17,6%) deste
parâmetro, bem como, ajudam a explicar o
baixo consumo
(Capítulo X).
obtido
nestas
silagens
Os parâmetros de degradação ruminal e a
degradabilidade efetiva da proteína bruta
(PB) do capim elefante (CE) ensilado com
níveis crescentes de adição do subproduto
do pseudofruto do caju desidratado (SPCD)
estão apresentados na Tabela 54.
Tabela 54: Frações solúvel (a) e insolúvel potencialmente degradável (b), taxa de degradação de
b (c) e degradação efetiva (DE) da proteína bruta (PB) do capim elefante (CE) com níveis
crescentes de subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD) para taxas de passagem de
2, 5 e 8%/h
DE (%)
Silagens
a (%)
b (%)
c (%)
0,02/h
0,05/h
0,08/h
R2
CE + 0% SPCD
18,66
62,61
1,36
44,0
32,0
27,8
0,98
CE + 3,5% SPCD
15,69
47,00
2,55
42,0
31,6
27,1
0,95
CE + 7,0% SPCD
14,03
47,94
2,42
40,3
29,7
25,2
0,97
CE + 10,5% SPCD
14,01
42,03
3,00
39,2
29,8
25,5
0,91
CE + 14% SPCD
11,40
42,70
2,80
36,3
26,7
22,5
0,97
Apesar do aumento na taxa de degradação
(c) das silagens com a inclusão do SPCD,
observou-se redução nos valores da
degradabilidade efetiva com a inclusão do
subproduto, possivelmente pela redução da
fração solúvel.
O tipo de resposta encontrada para as
silagens com o SPCD pode estar relacionado
à maior dificuldade que os microrganismos
tiveram para atingir a parte da matriz
protéica, ficando a mesma protegida pela
fração
fibrosa,
que
pode
estar
indisponibilizadas por interações existentes
com ligninas e/ou com taninos.
Nesse sentido, os resultados obtidos nesse
estudo indicam que há necessidade de
suplementação protéica em dietas que
incluem o subproduto do pedúnculo do caju.
Baseado nas características de degradação
ruminal, os suplementos deverão apresentar
taxas decrescentes de degradação ruminal da
PB.
130
Os desaparecimentos médios (%) da fibra
em detergente neutro (FDN) do capim
elefante (CE) ensilado com níveis crescentes
do subproduto do pseudofruto do caju
desidratado (SPCD) no tempo zero e nos
horários de incubação ruminal estão
apresentados na Tabela 55.
Tabela 55: Desaparecimento médio (%) da fibra em detergente neutro (FDN) do capim elefante
(CE) ensilado com níveis crescentes de subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD)
no tempo zero e em diferentes horários de incubação ruminal
Níveis de adição do SPCD (%)
Horários
0
3,5
7
10,5
14
0
7,21bE
10,42aE
11,55aD
11,27aD
11,57aE
6
13,08abD
13,06abD
13,71aD
10,79bD
14,24aD
24
18,48cC
19,91bcC
19,52cC
22,12abC
21,29aC
48
33,21cB
40,67aB
38,69aB
35,74bB
38,43aB
96
53,37abA
54,45abA
54,24abA
54,81aA
52,12bA
Valores seguidos de letras minúsculas diferentes nas linhas ou letras maiúsculas nas colunas diferem entre si (P<0,05), pelo teste de
Tukey
Na determinação do desaparecimento da
FDN também observou-se o efeito do
período de incubação e dos níveis de adição
do SPCD (P<0,05) na ensilagem do capim
elefante. Para as frações solúveis no tempo
zero (t0) os valores variaram de 7,21 a
11,57%. Evidencia-se que essa perda inicial
da fração fibrosa deveu-se provavelmente ao
maior efluxo de material pelos poros dos
saquinhos no momento da lavagem, uma vez
que a fração fibrosa é predominantemente
insolúvel.
No período de incubação de 96 horas, a
silagem exclusiva de capim elefante e as
silagens com 3,5; 7,0; 10,5 e 14% do SPCD
apresentaram os maiores (P<0,05) valores de
desaparecimento da FDN, comparando com
os outros tempos de incubação. Nesse
período, as silagens com adição do SPCD
apresentaram
valores
médios
de
desaparecimento da FDN similares (P>0,05)
ao observado na silagem exclusiva de capim
elefante.
Apesar
do
aumento
nas
concentrações de lignina e NIDA,
evidenciou-se que o resíduo apresentou bom
aproveitamento da fibra quando comparado
à silagem exclusiva de capim elefante, o que
pode estar relacionado com a granulométrica
do subproduto, permitindo maior área de
contato para ação das bactérias ruminais.
Compostos fenólicos como taninos têm sido
apontados como barreira primária para a
degradação das frações fibrosas, estando a
redução de sua concentração positivamente
relacionada com a digestão (Van Soest,
1994).
Segundo Cannas (2005) os taninos podem
atuar na redução da digestibilidade da
matéria orgânica e da fibra, como resultado
tanto da complexação com carboidratos da
parede celular, como da interação com
enzimas celulares e/ou bactérias do rúmen.
O autor ressaltou ainda, que em alguns
casos, a baixa digestibilidade da fibra pode
ser resultado da deficiência de nitrogênio
fermentado no rúmen devido à complexação
das proteínas pelo tanino.
Rogério (2005) também citou a presença da
lignina e do tanino como um dos principais
fatores
responsáveis
pela
baixa
degradabilidade da FDN.
O modelo utilizado não se adequou aos
dados de desaparecimento da FDN, FDA e
hemicelulose das silagens incubadas.
Os desaparecimentos médios (%) da fibra
em detergente ácido (FDA) do capim
elefante (CE) ensilado com níveis crescentes
do subproduto do pseudofruto do caju
desidratado (SPCD) no tempo zero e nos
horários de incubação ruminal estão
apresentados na Tabela 56.
131
Tabela 56: Desaparecimento médio (%) da fibra em detergente ácido (FDA) do capim elefante
(CE) com níveis crescentes de subproduto do pseudofruto do caju desidratado (SPCD) no tempo
zero e em diferentes horários de incubação ruminal
Níveis de adição do SPCD (%)
Horários
0
3,5
7
10,5
14
0
13,44aD
11,85bE
11,44bE
12,40bE
13,39bD
6
13,66bD
16,72aD
14,99abD
15,85abD
15,40abD
24
28,44aC
24,09bC
19,20cC
28,24aC
23,63bC
48
45,83aB
42,49abB
39,06bcB
38,58bcB
38,30cB
96
57,66aA
54,78abA
53,81abA
55,19abA
51,59bA
Valores seguidos de letras minúsculas diferentes nas linhas ou letras maiúsculas nas colunas diferem entre si (P<0,05), pelo teste de
Tukey
Como observado para o desaparecimento da
FDN, os períodos de incubação, bem como
os níveis de adição do SPCD influenciaram
nos valores de desaparecimento da FDA. No
tempo zero (0) os valores variaram de 11,44
a 13,44% para as silagens com 7,0 e 0% do
SPCD, respectivamente.
Ao longo do tempo de incubação notou-se
que o desaparecimento foi crescente,
excetuando-se para a silagem exclusiva de
capim elefante e para as silagens com 14%
do SPCD, que apresentaram valores
similares (P>0,05) para os tempos zero (0) e
6 horas de incubação.
Comparando as taxas de desaparecimento da
FDA com as da FDN nos períodos de
incubação, após as 24 horas, notou-se que os
valores foram próximos. A redução dos
teores de hemicelulose com a inclusão do
SACD na silagem de capim elefante (Tabela
43) levou à aproximação dos teores da FDN
e FDA, refletindo em menor qualidade da
fibra.
Avaliando a influência da inclusão do
subproduto do processamento do caju (0, 19,
38 e 52%) em dietas isoprotéicas e
132
isofibrosas Rogério (2005) relatou redução
na produção total de ácidos graxos voláteis
quando adicionou 38 ou 52% de subproduto
do caju na dieta. Tal fato foi atribuído à
indisponibilização dos constituintes fibrosos.
Segundo Jung e Deetz (1993) a lignificação
da parede celular pode limitar a digestão dos
polissacarídeos de três maneiras: 1) pelo
efeito tóxico de componentes da lignina nos
microrganismos do rúmen; 2) pelo
impedimento físico causado pela ligação
lignina-polissacarídeo e; 3) pela limitação da
ação das enzimas hidrofilicas causada pela
hidrofobicidade criada pelos polímeros de
lignina. Conforme esses mesmos autores, o
limitado acesso físico das enzimas
hidroliticas ao centro de reação do
carboidrato parece ser a maior limitação à
degradação da parede celular das
forrageiras, em decorrência da lignificação.
Os desaparecimentos médios (%) da
hemicelulose (HCEL) do capim elefante
(CE) ensilado com níveis crescentes do
subproduto do pedúnculo do caju
desidratado (SPCD) no tempo zero e nos
horários de incubação ruminal estão
apresentados na Tabela 57.
Tabela 57: Desaparecimento médio (%) da hemicelulose (HCEL) do capim elefante (CE) com
níveis crescentes de subproduto do pedúnculo do caju desidratado (SPCD) no tempo zero e em
diferentes horários de incubação ruminal
Níveis de adição do SPCD (%)
Horários
0
3,5
7
10,5
14
0
5,26cdC
7,39bcCD
11,66abD
13,89aCD
1,42dE
6
5,41bC
5,92abD
11,22aD
9,39abD
10,36abD
24
3,13cC
11,72bC
18,25aC
15,24abC
16,17abC
48
18,33bB
37,10aB
38,03aB
36,03aB
38,20aB
96
46,27bA
53,74aA
55,05aA
54,03aA
52,77aA
Valores seguidos de letras minúsculas diferentes nas linhas ou letras maiúsculas nas colunas diferem entre si (P<0,05), pelo teste de
Tukey
Os resultados comprovam o efeito inibitório
da lignina quanto à disponibilidade da
HCEL. Segundo Van Soest (1994) a lignina
está mais fortemente associada com a HCEL
e essa associação pode ocorrer através de
ligação do tipo éster, bem como através da
ligação direta. Como nas forragens tropicais
a energia está contida, principalmente, sob a
forma
de
carboidratos
estruturais
(hemicelulose e celulose), é possível que a
adição do SPCD reduza a disponibilidade
desta fonte de energia no alimento.
Rogério (2005) reportou valores crescentes
para o desaparecimento da hemicelulose do
subproduto do caju, porém os valores foram
sempre inferiores aos do capim elefante.
11.4. CONCLUSÃO
Concluiu-se que o SPCD pode ser utilizado
na alimentação de ruminantes, porém pode
haver redução na disponibilidade de proteína
e energia nas dietas baseadas neste alimento.
133
CAPÍTULO XII – ENSAIO DE DESEMPENHO COM OVINOS ALIMENTADOS COM
SILAGEM DE CAPIM ELEFANTE E SUBPRODUTOS DA AGROINDÚSTRIA
RESUMO
O estudo foi realizado com o objetivo de avaliar o desempenho produtivo e o consumo (g/animal/dia,
%PV e g/UTM) de matéria seca (CMS), proteína bruta (CPB), fibra em detergente neutro (CFDN e fibra
em detergente ácido (CFDA) em ovinos em confinamento com dietas à base de capim elefante com
adição do subproduto da acerola (SACD), do pseudofruto do caju (SPCD) e do abacaxi desidratados
(SABD) nos níveis de 0; 7; 10,5 e 10,5%, respectivamente. Utilizou-se delineamento inteiramente
casualizado, com quatro repetições, sendo cada repetição composta por um animal. Para o CMS
(g/animal/dia, %PV e g/UTM) e CPB (g/animal/dia e %PV) verificou-se que as silagens com 10,5% do
SPCD apresentaram consumo superior (P<0,05) às silagens exclusivas de capim elefante, enquanto para o
CFDN maior (P<0,05) ingestão foi observada nas silagens com adição dos subprodutos. Maior ganho de
peso foi observados nos animais que receberam as silagens com o SPCD e SABD em comparação as
silagens exclusivas de capim elefante. Contudo para conversão alimentar não verificou-se efeito (P>0,05)
dos subprodutos. Conclui-se que os subprodutos podem ser utilizados na alimentação de ovinos.
12.1. INTRODUÇÃO
O confinamento é um dos sistemas
empregados para o aumento dos índices de
produtividade dos rebanhos, com reflexos
positivos sobre a qualidade e oferta de
produtos na entressafra. Entretanto, o êxito
na exploração intensiva dos ruminantes em
confinamento
está
relacionado
à
disponibilidade e ao custo dos alimentos
utilizados.
Para se obterem resultados satisfatórios com
esta atividade, faz-se necessário buscar
alternativas alimentares que tornem a prática
mais lucrativa, visto que a alimentação é o
componente que mais interfere na
lucratividade.
As estimativas do consumo de alimentos em
ovinos são vitais para predição do ganho de
peso, e o estabelecimento dos requerimentos
nutricionais dos animais, necessários á
formulação das dietas (NRC, 1985). Na
estimativa do consumo devem ser
considerados as limitações relativas ao
animal, ao alimento e ás condições de
alimentação. De acordo com Mertens
(1992), o consumo é função do alimento
(densidade energética, teor de nutrientes,
necessidade de mastigação, capacidade de
enchimento, entre outros), do animal (peso
134
vivo, variação do peso vivo, estado
fisiológico, nível de produção, etc.) e, das
condições de alimentação (espaço do cocho,
disponibilidade de alimentação, entre
outros).
As dietas à base de volumosos
caracterizados pela elevada proporção de
fibra, influenciam o consumo pelas
características peculiares do trato digestivo
dos ruminantes, com longos períodos de
permanência do alimento e grande
capacidade física de armazenamento do préestômago, sendo o mecanismo que regula o
consumo, a distensão ruminal, influenciado
pelas taxas de digestão e de passagem do
alimento (Forbes, 1995).
O ganho de peso é uma variável importante
do desempenho produtivo do animal,
associado à faixa etária em que ocorre a
maior taxa de crescimento, sendo um
indicativo para que o abate ocorra numa fase
em que inicia o declínio da eficiência de
conversão alimentar. A redução da
velocidade de ganho de peso pode ser uma
referência para determinação do momento
de abate. Assim, evitam-se idades muito
avançadas e/ou alta deposição de gordura na
carcaça.
Existe uma variedade de alimentos e
resíduos da agroindústria que podem ser
utilizados na alimentação de ruminantes,
sendo o valor nutricional determinado pela
complexa interação com os microrganismos
do trato digestivo, nos processos de digestão
e absorção, no transporte e na utilização de
metabólitos, além da própria condição
fisiológica do animal.
Desta maneira, com base nos resultados
obtidos nos trabalhos anteriores escolheu-se
os melhores níveis de adição dos
subprodutos do abacaxi, acerola e do
pseudofruto do caju na silagem de capim
elefante para determinação do consumo de
matéria seca, proteína bruta, fibra em
detergente neutro e fibra em detergente
ácido, ganho de peso e conversão alimentar
de ovinos.
12.2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi desenvolvido no Núcleo
de Pesquisas em Forragicultura do
Departamento de Zootecnia do Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Federal
do Ceará (UFC), no Campos do Pici,
Fortaleza (CE). O município de Fortaleza
situa-se na zona litorânea, a 15,49m de
altitude, 30º43’02” de latitude sul, e
38º32’35” de longitude oeste. O clima
característico da região de Fortaleza é
classificado, segundo KOOEPEN, como
AW’ – Tropical chuvoso, com chuvas
principalmente no verão. A precipitação
média anual é de 1.378,3 mm e a umidade
relativa média, do ar de 77%.
Baseado nos resultados obtidos com a
composição
químico-bromatológica,
consumo, digestibilidade aparente e
degradabilidade
das
silagens
foram
escolhidos os melhores níveis de inclusão de
cada subproduto na ensilagem do capim
elefante, como forma de validar os dados
observados nos experimentos anteriores.
Na confecção das silagens experimentais foi
utilizado o capim elefante (Pennisetum
purpureum,
Schum)
proveniente
de
capineira já estabelecida na Fazenda
Experimental do Vale do Curú, em
Pentecoste,
Ceará,
pertencente
à
Universidade Federal do Ceará.
O capim foi cortado manualmente com,
aproximadamente, 70 dias de idade, quando
em seguida, foi processado em picadeira de
forragem e, posteriormente, misturado aos
subprodutos originados do processamento da
fruta para extração de sucos e polpas, da
empresa MAISA em Mossoró (RN). A
desidratação foi feita ao sol em área
cimentada, por um período de 48 horas,
sendo espalhados em camadas de,
aproximadamente, 7 cm de espessura e
revolvidos pelo menos três vezes ao dia. À
noite o material foi amontoado e coberto por
lona, evitando o acúmulo de umidade.
As dietas experimentais foram compostas de
silagem exclusiva de capim elefante
(Pennisetum purpureum, Schum.); com 7,0
% do subproduto da acerola (Malpighia
glabra, Linn.) desidratada (SACD); 10,5 %
do subproduto do pseudofruto do caju
(Anarcadium occidentale, L.) desidratado
(SPCD); e 10,5% do subproduto do abacaxi
(Ananas comosus, L.) desidratado (SABD).
Os subprodutos foram adicionados na
ensilagem do capim elefante com base na
matéria natural. O concentrado foi fornecido
em razão de 1,8% do peso vivo dos animais
e semanalmente a quantidade fornecida era
reajustada, sendo o mesmo utilizado para
todos os tratamentos.
As composições químico-bromatológicas
das silagens de capim elefante com adição
dos
subprodutos
da
agroindústria,
encontram-se na Tabela 58.
135
Tabela 58: Composição químico-bromatológica do capim elefante
subprodutos da agroindústria, como porcentagem da matéria seca.
Silagens
MS (%)
PB1
FDN1
FDA1
CE + 0%
21,10
4,19
74,44
45,47
CE + 7,0% SACD
26,44
7,33
72,56
47,02
CE + 10,5% SPCD
29,91
7,81
66,20
45,05
CE + 10,5% SABD
28,48
5,24
66,25
39,67
(CE) ensilado com adição do
HCEL1
23,93
25,54
21,15
26,58
CEL1
32,18
29,05
29,82
27,86
LIG1
13,29
17,97
15,23
11,81
MS - matéria seca, PB - proteína bruta, FDN - fibra em detergente neutro, FDA - fibra em detergente ácido, HCEL - hemicelulose,
CEL – celulose e LIG – lignina
CE – silagem de capim elefante; SACD – subproduto da acerola desidratada; SPCD – subproduto do pseudofruto do caju
desidratado; SABD – subproduto do abacaxi desidratado
Foram utilizados 20 ovinos, sem raça
definida, com peso médio de 20 kg e idade
entre 4 e 6 meses, distribuídos nos quatro
tratamentos, em delineamento inteiramente
casualizado, com cinco repetições, sendo
que cada repetição foi composta por um
animal. Inicialmente, todos os animais foram
pesados,
identificados
com
brincos,
vermifugados e após sorteio, distribuídos em
baias individuais, para um período de
adaptação de 14 dias, quando foram
novamente pesados. Após este período, os
animais foram pesados a cada 14 dias,
durante 56 dias.
Tabela 59. Composição centesimal do suplemento concentrado
Ingredientes
Milho
Grão de soja extrusado
Farelo de soja
Farelo de trigo
Calcário
Fosfato bicálcico
Sal comum
Aditivo anti oxidante/fúngico
Premix micromineral e vitamínico
MS (%)
PB1
EE1
NDT
Ca
Concentrado
90,1
23,5
7,0
79,0
1,10
P
0,6
(%)
46,34
24,00
23,28
2,25
1,85
1,12
0,84
0,12
0,20
Na
0,35
MS - matéria seca; PB - proteína bruta; EE – extrato etéreo; NDT – nutrientes digestíveis totais; Ca – cálcio; P – fósforo; Na – sódio
1
Porcentagem da MS
Durante todo o período do experimento
foram realizadas pesagens diárias do
alimento fornecido, bem como das sobras. A
silagem era fornecida separada do
concentrado e em quantidade que permitisse
sobras de 15%.
Durante o período experimental foram
coletadas amostras semanais do alimento
fornecido (silagem e concentrado) e das
sobras, sendo as mesmas colocadas em
congelador a -8°C. Posteriormente, essas
amostras
foram
descongeladas
e
136
homogeneizadas (1º - 14º dia; 15º - 28º; 29º
- 42º e 43º - 56º dia de experimento)
formando
amostras
compostas
representativas de 2 semanas que foram
utilizadas para análises posteriores.
Os teores de matéria seca (MS), proteína
bruta (PB), fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente ácido (FDA),
celulose (CEL) e lignina (LIG) foram
efetuadas no Laboratório de Nutrição
Animal do Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal de Minas Gerais,
segundo metodologias descritas pelo
Compêndio Brasileiro de Alimentação
Animal (1998).
Foram avaliados os consumos de matéria
seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA), bem como ganho
de peso diário dos animais e a conversão
alimentar (kg de MS consumida/kg de ganho
de peso). Os consumos foram expressos em
gramas por dia (g/dia), porcentagem do peso
vivo (%PV) e gramas por unidade de
tamanho metabólico (g/UTM).
As médias foram comparadas utilizando-se o
teste de Student-Newman-Keuls (SNK),
com exceção do ganho de peso e do
consumo de proteína bruta (%PV), em que
se utilizou o teste de Duncan e Tukey,
respectivamente. As análises estatísticas
foram realizadas, utilizando-se o programa
SAS (Statystical Analyses System, 1990).
12.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Consumo de matéria seca (CMS)
Os CMS dos animais alimentados com
capim elefante (CE) ensilado com diferentes
níveis do subproduto da acerola (SACD), do
subproduto do pseudofruto do caju (SPCD)
e do subproduto do abacaxi desidratados
(SABD) estão apresentados na Tabela 60.
Tabela 60: Consumo de matéria seca (CMS) de ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com níveis crescentes do subproduto da acerola (SACD), do subproduto do
pseudofruto do caju (SPCD) e do subproduto do abacaxi desidratados (SABD)
Silagens
g/animal/dia
%PV
g/UTM
CE + 0%
648,60b
2,92c
63,40c
CE + 7,0% SACD
764,40ab
3,56b
76,38b
CE + 10,5% SPCD
960,00a
4,13a
93,52a
CE + 10,5% SABD
941,00a
3,71b
83,06ab
Médias
828,5 ± 147,0
3,62 ± 0,40
79,09 ± 9,13
CV (%)
17,79
11,15
11,55
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem (P>0,05) pelo teste SNK
Para o consumo expresso em g/animal/dia,
verificou-se que os animais alimentados com
as silagens com o SPCD e com SABD
apresentaram consumos superiores (P<0,05)
aos animais que receberam as silagens
exclusivas de capim elefante. Já para o
consumo expresso em %PV observou-se que
os animais que ingeriram as silagens com o
SPCD mostraram consumos superiores
(P<0,05) aos animais alimentados com as
demais silagens. Os maiores consumos
expressos em g/UTM (P<0,05) foram
registrados nos ovinos alimentados com as
silagens contendo o SPCD e o SABD.
As superioridades no consumo das silagens
com o SPCD e com o SABD podem estar
relacionadas com o aumento do teor de MS
destas com o incremento do subproduto,
como observado na determinação do
consumo voluntário no ensaio de
digestibilidade aparente. Todavia, vale
destacar o consumo registrado nas silagens
com o SPCD ficaram próximos às
exigências de CMS para ovinos com 20 kg
de peso vivo e ganhos de 250 g/dia, que é de
1000g/animal/dia (NRC, 1985) e que foram,
aproximadamente,
45%
superior
ao
consumo registrado na silagem exclusiva de
capim elefante. Os menores teores de FDN
dessas silagens também ajudam a explicar a
semelhança no CMS entre as silagens com
SPCD e com o SABD, quando o consumo
foi expresso em g/animal/dia e g/UTM, o
que também justifica a superioridade no
consumo sobre as silagens exclusivas de
capim elefante.
137
O reduzido tamanho das partículas dos
subprodutos pode também ter aumentado o
consumo das silagens com adição do
subproduto, em função do aumento da taxa
de passagem destas partículas. Porém esse
fato nem sempre esta relacionado com a
redução do desempenho, como pode ser
comprovado na Tabela 64
O maior CMS das silagens com adição do
SABD e do SPCD também pode ser reflexo
da qualidade das silagens, quanto aos
aspectos do processo fermentativo. Como
visto anteriormente, produtos da ação dos
clostridia estão diretamente relacionados
com
a
deterioração
do
alimento,
conseqüentemente, inibindo o consumo
voluntário pelos animais. Durante o
processo de abertura dos silos, observou-se
que as silagens com inclusão dos
subprodutos apresentavam bom aspecto de
preservação, sem sinal de putrefação.
Esses resultados confirmam, mais uma vez,
que a adição dos subprodutos pode
melhorar o processo fermentativo das
silagens de capim elefante, bem como, o
valor nutricional dessas.
Quando se compara os valores dos CMS
deste experimento, com os valores obtidos
no ensaio de digestibilidade aparente,
verifica-se aumento de 75, 75, 50 e 90% no
CMS dos animais para as silagens
exclusivas de capim elefante, com inclusão
de 7,0% do SACD, com inclusão de 10,5%
do SPCD, e com 10,5% adição do SABD,
respectivamente. Entretanto os animais deste
experimento receberam em média 37% de
concentrado nas dietas. Neste sentido, podese constatar que como alimento exclusivo, as
silagens de capim elefante, bem como as
silagens com adição dos subprodutos,
podem limitar o desempenho dos animais,
possivelmente pelo desequilíbrio protéico
e/ou energético, uma vez que esses
alimentos apresentaram altos teores de fibra.
Contudo, como pode se observar, quando
atendidas as exigências nutricionais dos
138
animais e dos microrganismos ruminais
pode-se averiguar maior consumo das
silagens.
Com os resultados obtidos nos trabalhos
anteriores esperava-se valores menores do
CMS das silagens com o SPCD, já que o
subproduto havia se caracterizado por ter
teores elevados de FDN, lignina e NIDA.
Desta maneira, os resultados ajudam a
concretizar que os subprodutos podem ter
sua composição alterada, em função do tipo
de processamento no qual o fruto foi
submetido, variedade, adubação, irrigação,
localização, luminosidade, etc.
Avaliando silagens de capim elefante com
12% do subproduto do pseudofruto do caju
desidratado, com dois níveis (1,5 e 2,5% do
peso vivo) de concentrado, Teixeira (2003)
obteve CMS (g/animal/dia, %PV e g/UTM)
inferior aos registrados nas silagens com
10,5% do SPCD, provavelmente pelo maior
teor de FDN (73,0%) observado nestas
silagens. Alves et al. (2003) avaliando níveis
de energia em dietas para ovinos Santa Inês
também atribuíram o baixo CMS observado,
aos elevados teores de FDN registrados nos
volumosos.
Bueno et al. (2004) avaliando o desempenho
de cordeiros alimentados com silagens de
milho e girassol com 20% de concentrado,
relataram CMS de 586,3 e 378,1
g/animal/dia,
respectivamente,
valores
inferiores aos registrados neste trabalho.
Segundo os autores, o menor consumo das
silagens de girassol foi atribuído ao maior
conteúdo de ligno-celulose na parede celular
desta silagem, o que acarretou provável
redução
no
esvaziamento
ruminal,
desfavorecendo a ingestão voluntária,
semelhante ao observado na silagem
exclusiva de capim elefante e com 7,0% do
SACD.
Estudando níveis de adição de polpa de caju
desidratado (0, 10, 20, 30 e 40%) em dietas
compostas por milho, farelo de soja e feno
de tifton, Lopes et al. (2004) observaram
consumos de 1,54 kg/dia e 4,48% PV ao
introduzir 10% da polpa de caju na dieta,
valores superiores aos encontrados neste
trabalho para as silagens com 10,5% do
SPCD, possivelmente pelos menores teores
de FDN (42,9%), FDA (20,49%) e lignina
(5,88%) registrados nestas dietas. Já
Catunda e Meneses (1989), avaliando o uso
de farinha de caju na época seca do ano, na
Região Nordeste, encontraram baixo
consumo da matéria seca, que foi atribuído à
influência negativa do tanino (0,5%) no
aproveitamento
da
proteína
e
na
palatabilidade do material, resultando no
baixo ganho de peso médio diário.
Ribeiro et al. (2002) fornecendo dietas com
50% de silagem e 50% de concentrado
relataram CMS de 83,2; 69,7 e 76,2g/UTM
para as silagens de milho, sorgo e girassol,
respectivamente, valores que ficaram abaixo
do CMS (93,5g/UTM) registrado na silagem
com 10,5% do SPCD, mas semelhantes aos
registrados na silagem com 7,0% do SACD
(76,3g/UTM) e na silagem com inclusão de
10,5% do SABD (83,1g/UTM). Assim, em
vista
dos
custos
dos
alimentos,
possivelmente os alimentos estudados neste
trabalho sejam vantajosos do ponto de vista
econômico.
Avaliando níveis crescentes de resíduo
agroindustrial de abacaxi (0; 33; 66 e 100%)
em substituição ao feno de capim coastcross
Correia et al. (2003) não observaram efeito
dos níveis de adição do resíduo de abacaxi
sobre o CMS, registrando média de 1.033
kg/animal/dia.
Consumo de proteína bruta (CPB)
Os CPB dos animais alimentados com capim
elefante (CE) ensilado com diferentes níveis
do subproduto da acerola (SACD), do
subproduto do pseudofruto do caju (SPCD)
e do subproduto do abacaxi desidratados
(SABD) estão apresentados na Tabela 61.
Tabela 61: Consumo de proteína bruta (CPB) de ovinos alimentados com capim elefante (CE)
ensilado com diferentes níveis do subproduto da acerola (SACD), do subproduto do pseudofruto
do caju (SPCD) e do subproduto do abacaxi desidratados (SABD)
Silagens
g/animal/dia
%PV
g/UTM
CE + 0%
99,8b
0,44c
7,04a
CE + 7,0% SACD
122,2ab
0,57a
8,20a
CE + 10,5% SPCD
138,6a
0,62a
8,64a
CE + 10,5% SABD
129,2ab
0,50b
7,56a
Médias
122,5 ± 19,4
0,53 ± 0,07
7,86 ± 0,99
CV (%)
15,82
9,40
12,65
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem pelo teste SNK (P>0,05)
Para o CPB expresso em g/animal/dia,
observou-se que os ovinos que ingeriram as
silagens com os subprodutos da acerola, do
pseudofruto do caju e do abacaxi tiveram
consumos similares (P>0,05). Todavia,
somente os ovinos que receberam as
silagens com o SPCD tiveram consumo
superior em relação, aos ovinos alimentados
com a silagem exclusiva de capim elefante.
Quando o CPB foi expresso em %PV, as
silagens com o SACD e com SPCD
apresentaram
consumos
semelhantes
(P>0,05) e superiores (P<0,05) às demais. O
aumento no consumo de PB destas silagens
está relacionado tanto com o maior CMS,
como também pelo teores mais elevados de
PB nesses materiais (Tabela 58).
Para o consumo de proteína em função do
peso metabólico dos animais nenhuma
diferença foi observada entre os tratamentos,
entretanto evidencia-se que a ingestão de PB
via concentrado representou 72% da
139
proteína total ingerida o que pode minimizar
o efeito dos tratametos.
Os animais apresentaram consumo médio de
PB de 7,4g/UTM, sendo esse valor
semelhante ao requisito de exigência líquida
de mantença (7,2 g proteína./UTM) para
ovinos em crescimento (Resende, 2005). Se
forem consideradas as perdas urinárias (não
mensuradas), pode-se inferir que a
quantidade de “proteína líquida ingerida”
seria inferior a 7,4g/UTM. Isso indica que os
requisitos para mantença e/ou ganho de peso
dos animais foram inferiores aos valores
mencionados pelo autor anteriormente
citado, pois com um consumo de 7,4g/UTM
os animais ainda apresentaram ganho de
peso médio de 134g/animal/dia.
Apesar do aumento de quase 40% no CPB
das silagens com o SPCD em relação à
silagem exclusiva de capim elefante, deve-se
fazer ressalva aos teores de NIDA e à
presença do tanino no SPCD, que podem
limitar a utilização desse nutriente pelos
microrganismos
ruminais.
Novamente
alerta-se a necessidade de suplementação
protéica para os animais que estejam
consumindo esse tipo de alimento.
Consumo de fibra em detergente neutro
(CFDN)
Os CFDN dos animais alimentados capim
elefante (CE) ensilado com diferentes níveis
do subproduto da acerola (SACD), do
subproduto do pseudofruto do caju (SPCD)
e do subproduto do abacaxi desidratados
(SABD) estão apresentados na Tabela 62.
Tabela 62: Consumo de fibra em detergente neutro (CFDN) de ovinos alimentados com capim
elefante (CE) ensilado com diferentes níveis do subproduto da acerola (SACD), do subproduto
do pseudofruto do caju (SPCD) e do subproduto do abacaxi desidratados (SABD)
Silagens
g/animal/dia
%PV
g/UTM
CE + 0%
260,2b
1,18b
25,65b
CE + 7,0% SACD
368,2a
1,71a
36,84a
CE + 10,5% SPCD
464,6a
2,08a
45,13a
CE + 10,5% SABD
438,4a
1,73a
38,81a
Médias
382,9 ± 108,5
1,68 ± 0,25
36,60 ± 5,69
CV (%)
19,40
15,37
15,56
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem pelo teste SNK (P>0,05)
As silagens com os subprodutos (SACD,
SPCD e SABD) apresentaram consumos de
FDN (g/animal/dia, %PV e g/UTM)
semelhantes (P>0,05) e superiores (P<0,05)
ao observado para a silagem exclusiva de
capim elefante. Este resultado pode ser
conseqüência do maior CMS destas silagens,
uma vez que, os teores de FDN foram
menores nas silagens com inclusão dos
subprodutos (Tabela 58), o que pode ter
estimulado a ingestão do alimento, já que o
teor dietético de FDN está negativamente
correlacionado com o consumo voluntário
(Van Soest, 1994).
140
O menor tamanho das partículas dos
subprodutos, também pode justificar o maior
consumo destas silagens em relação as
silagens exclusivas de capim elefante, ao
passo que, os valores de CFDN deste
experimento foram semelhantes aos
resultados
obtidos
no
ensaio
de
digestibilidade aparente que foram de 1,19%
PV para as silagens de exclusivas de capim
elefante, 1,68% PV para as silagens com
7,0% do SACD, 2,19% PV para as silagens
com 10,5% do SPCD e de 1,57% PV para as
silagens com 10,5% do SABD. Desta
maneira, parece que a ingestão de
concentrado não influenciou no CFDN.
Mertens (1994) sugeriu que o CFDN em
%PV deve estar entre 0,8 e 1,2%PV.
Todavia, o autor relatou que os animais
tendem a ultrapassar este limite, quando a
dieta apresenta baixos níveis de energia,
buscando, assim, compensar a deficiência
dietética.
Valores semelhantes aos observados nas
silagens com 10,5% do SABD foram
registrados por Camurça et al. (2002) ao
forneceram dietas com 70% de capim buffel
e 30% de concentrado para ovinos da raça
Santa Inês, que registraram CFDN de 440,6
g/animal/dia
Neiva et al. (2005) avaliando níveis de
adição do farelo de glúten de milho no
concentrado em ditas à base de feno de
tifton para ovinos da raça Santa Inês também
obtiveram consumos médios de FDN (3,0 %
PV) superiores aos registrados neste
trabalho.
Consumo de fibra em detergente neutro
(CFDA)
Os CFDA dos animais alimentados com
capim elefante (CE) ensilado com diferentes
níveis do subproduto da acerola (SACD), do
subproduto do pseudofruto do caju (SPCD)
e do subproduto do abacaxi desidratados
(SABD) estão apresentados na Tabela 63.
Tabela 63: Consumo de fibra em detergente ácido (CFDA) de ovinos alimentados com capim
elefante (CE) ensilado com diferentes níveis de adição do subproduto da acerola (SACD), do
subproduto do pseudofruto do caju (SPCD) e do subproduto do abacaxi desidratados (SABD).
Silagens
g/animal/dia
%PV
g/UTM
CE + 0%
134,80b
0,61c
13,29c
CE + 7,0% SACD
199,00a
0,92b
19,89b
CE + 10,5% SPCD
282,00a
1,25a
27,25a
CE + 10,5% SABD
222,00a
0,88b
19,67b
Médias
209,3 ± 69,9
0,91 ± 0,16
20,02 ± 3,70
CV (%)
13,59
18,26
18,52
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem (P>0,05) pelo teste SNK
Verificou-se que os animais alimentados
com as silagens contendo os subprodutos da
acerola, do pseudofruto do caju e do abacaxi
apresentaram
CFDA
(g/animal/dia)
semelhantes (P>0,05), todavia superiores
(P<0,05) aos observados nos ovinos
alimentados com as silagens exclusivas de
capim elefante.
Já para o CFDA expresso em %PV e g/UTM
observou-se que os animais que receberam
as silagens com 10,5% do SPCD
apresentaram consumos superiores (P<0,05)
aos ovinos que receberam as demais
silagens.
Ganho de peso e conversão alimentar
O ganho de peso e a conversão alimentar
dos ovinos alimentados com capim elefante
(CE) ensilado com diferentes níveis do
subproduto da acerola (SACD), do
subproduto do pseudofruto do caju (SPCD)
e do subproduto do abacaxi desidratados
(SABD), estão apresentados na Tabela 64.
141
Tabela 64: Médias de ganho de peso e conversão alimentar para ovinos alimentados com capim
elefante (CE) ensilado com diferentes níveis do subproduto da acerola (SACD), do subproduto
do pseudofruto do caju (SPCD) e do subproduto do abacaxi desidratados (SABD)
Ganho de peso*
Conversão alimentar **
Silagens
(g/animal/dia)
(kg ingerido/kg PV ganho)
CE + 0%
93,4b
8,48b
CE + 7,0% SACD
123,2ab
7,18ab
CE + 10,5% SPCD
154,4a
7,59ab
CE + 10,5% SABD
164,8a
5,84a
Médias
134,0 ± 26,4
7,27 ± 1,90
CV (%)
19,69
26,12
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem pelo teste SNK
* (P>0,05)
**(P>0,10)
Não foram observadas diferenças (P>0,05)
para o ganho de peso (g/animal/dia) nos
animais que receberam as silagens com os
subprodutos (SACD, SPCD e SABD).
Porém, os animais alimentados com a
silagem de capim elefante contendo 10,5%
do SPCD e as silagens com 10,5% do SABD
tiveram ganho de peso superior (P<0,05) aos
animais que receberam a silagem exclusiva
de capim elefante.
Embora o ganho de peso dos animais esteja
abaixo dos 250 g/animal/dia recomendado
pelo NRC (1985), os subprodutos
apresentaram boa aceitabilidade pelos
animais, não limitando o desempenho dos
mesmos, como pode ser visualizado pelas
taxas de ganho de peso, consideradas
satisfatórias para o tipo de alimento.
Observou-se que o ganho de peso dos
animais alimentados com as silagens
contendo 10,5% do SABD apresentaram
ganho 71 g/dia superior aos animais que
ingeriram a silagem exclusiva de capim
elefante. Tal diferença representaria um
ganho adicional de 3,55 kg/animal em 50
dias de confinamento, podendo essa
diferença impactar significativamente na
rentabilidade dos sistemas de produção.
Neste contexto, os subprodutos se
comportam como ótimas alternativas de
alimentação aos ruminantes, principalmente
142
por ter melhorado o valor nutricional das
silagens de capim elefante.
Considerando os valores de degradabilidade
efetiva obtidos para a taxa de passagem de
2%/h nos estudos in situ (Capítulo V, VIII e
XI) das silagens exclusivas de capim
elefante (41,6%), com 7% do SACD
(41,7%), com 10,5% do SPCD (42,3%) e
com 10,5% do SABD (48,7%) e o consumo
de MS dos animais deste ensaio, obtem-se a
ingestão de matéria seca digestível de
406,1g para a SPCD e 458,3g para a SABD.
Esses valores foram superiores aos
observados para as silagens exclusivas de
capim elefante (270,0g) e para as silagens
com 7% do SACD (318,7g). Dessa forma
verificou-se que apesar de não ter
aumentado a digestibilidade das dietas
(Capítulo IV, VII e X) a adição dos
subprodutos pode aumentar o desempenho
dos animais por aumento no consumo,
resultando em maior retenção de nutrientes
pelos animais e conseqüentemente em maior
ganho de peso Tabela 64.
Os resultados contradizem com Correia et al.
(2002) que não observaram efeitos no ganho
de peso e na conversão alimentar ao
avaliarem a substituição do feno de capim
“coast cross” pelo resíduo agroindustrial de
abacaxi (0, 33, 66 e 100%). Contudo, os
autores observaram reduções no custo do
quilograma das rações de 14,71; 26,47 e
38,26% para os níveis de 33, 66 e 99%,
respectivamente, em virtude do baixo preço
desse resíduo.
Teixeira (2003), avaliando silagens de capim
elefante com 12% do SPCD com 1,5% (peso
vivo) de concentrado em ovinos da raça
Santa Inês, obteve ganho de peso (110g/dia)
inferior ao registrado nas silagens com
10,5% do SPCD neste trabalho. Porém,
quando o fornecimento de concentrado
passou a 2,5% do peso vivo o ganho de peso
passou para 176g/dia, o que pode ser
atribuído ao maior aporte de energia e
proteína fornecido pelo concentrado.
Avaliando o desempenho de ovinos
alimentados com rações formuladas com
níveis de substituição do feno de leucena
pelo farelo do pedúnculo do caju desidratado
(30; 40; 50; 60 e 70%), Leite et al. (2004)
observaram maior ganho de peso (153 g/dia)
quando a dieta foi fornecida com 50% do
feno de leucena e 50% do farelo de caju
desidratado. Os autores atribuíram este fato
ao maior equilíbrio nos valores de lignina e
tanino na dieta, já que o feno de leucena
proporcionou aumento nos teores de tanino
e, em contrapartida, o farelo do pedúnculo
de caju promoveu o aumento na
concentração de lignina na dieta.
Verificou-se que os animais alimentados
com a silagem exclusiva de capim elefante e
com adição do SACD e do SPCD
precisaram consumir, aproximadamente, 2,5
kg de MS a mais, que os animais que
ingeriram à silagens de capim elefante com
adição do SABD.
Pelo ensaio de digestibilidade aparente
verificou-se que não houve diferença
(P>0,05) na digestibilidade dos nutrientes
com a adição dos subprodutos. Contudo, a
média de digestibilidade observada nas
silagens com o SABD foi cerca de 10 pontos
percentuais superior aos valores registrados
nas silagens com adição do SACD e com
adição do SPCD, fato também registrado no
ensaio de degradabilidade. Tais diferenças
refletiram em uma superioridade de 32% na
conversão alimentar da SABD em relação a
silagem de capim elefante, possivelmente
pela maior disponibilidade de nutrientes
proporcionado
por
este
subproduto.
Ademais, que este subproduto caracterizouse pela menor proporção dos componentes
da parede celular, em comparação aos
subprodutos da acerola e do pedúnculo do
caju.
Estes resultados estão de acordo com Prado
et al. (2003) que não observaram diferença
na conversão alimentar, quando avaliaram
níveis (0; 20; 40 e 60%) de substituição das
silagens de milho pelas silagens de resíduo
industrial do abacaxi na dietas de bovinos,
registrando média de 6,7 kg MS/kg ganho de
peso.
Lopes et al. (2004) observaram ganho de
peso de 265 g/dia, superiores aos registrados
neste trabalho, quando incluíram 10% da
polpa de caju desidratada em dietas de
ovinos mestiços Santa Inês, o que se deve ao
melhor valor nutricional das dietas, como
mencionado anteriormente. Todavia, para a
conversão alimentar, os autores também não
observaram influência dos níveis de adição
da polpa de caju desidratada, registrando
valores de 4,48 kg MS/kg ganho de peso.
Ribeiro et al. (2002) avaliando dietas com
50% de concentrado e 50% de silagem,
registrou para as silagens de milho, sorgo e
girassol, valores de 7,96, 7,96 e 7,26 kg
MS/kg de ganho de peso, respectivamente,
similares aos registrados nas silagens com
7,0 do SACD e com 10,5% do SPCD e
inferiores aos observados nas silagens com
10,5% do SABD.
12.4. CONCLUSÃO
Conclui-se que os níveis de adição de 7% do
SACD, 10,5% do SPCD e 10,5% do SABD
na ensilagem com o capim elefante podem
ser utilizados na alimentação de ovinos, por
proporcionar maior consumo de nutrientes e
143
maior ganho de peso, em comparação aos
animais que receberam as silagens
exclusivas de capim elefante.
Vale destacar as silagens com 14% do
SABD que apresentaram maior conversão
alimentar.
CAPÍTULO XIII REFERÉNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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