relatório técnico de apoio ao estudo do grupo de trabalho do

Transcrição

relatório técnico de apoio ao estudo do grupo de trabalho do
Análise da evolução da linha de costa em
litoral baixo arenoso nos últimos 50 anos
RELATÓRIO TÉCNICO DE APOIO AO ESTUDO DO GRUPO DE TRABALHO DO LITORAL - GTL
Cristina Lira | Setembro de 2014
Introdução
O presente relatório tem como objetivo principal analisar a evolução da linha de costa em litoral
baixo e arenoso de Portugal continental nos últimos 50 anos.
Materiais e Métodos
O estudo da evolução da linha de costa foi efetuada tendo como suporte duas bases cartográficas
diferentes:
1.
2.
Fotografia aérea de 1958 – voo USAF 1958 (realizado em dias diferentes e sem informação
das fiadas do voo e/ou visualização do relógio de voo)
Ortofotomapas de 2010 fornecidos pelo IGeo (através do endereço URL
http://mapas.igeo.pt/ortos/2010)
A metodologia seguida na georreferenciação das fotografias aéreas é a mesma desenvolvida e
utilizada em CISML (2013).
A vectorização da linha de costa seguiu o mesmo critério do estudo CISML (2013), onde se adotou
o critério de sopé da duna frontal (SDF) como representativo da linha de costa e do limite terrestre
da praia. O SDF é identificado nas imagens como o limite jusante da vegetação dunar. Desta forma,
a delimitação da linha de costa foi apenas efetuada em litoral baixo e arenoso cujo limite terrestre
correspondesse a duna.
Para a data de 2010 foi possível definir a linha de costa para a totalidade do território costeiro
nacional (Figura 1). O litoral baixo arenoso, cujo limite terrestre corresponde a duna, totaliza 350
km, o que corresponde a cerca de 40% do total da costa de Portugal continental.
Para o ano de 1958 e dada a inexistência de algumas fotografias aéreas na região norte,
nomeadamente no troço costeiro adjacente a Esmoriz (Figura 2), não foi possível proceder à
análise total do território. Adicionalmente, e devido á morosidade do processo de
georreferenciação não foi ainda possível, georreferenciar as fotografias aéreas de algumas praias,
com dimensões mais reduzidas, nomeadamente Praia de Santa Rita, Praia da Areia Branca, Praia
do Guincho e algumas praias encaixadas no litoral alentejano a sul de Sines. Este trabalho está
ainda em desenvolvimento.
O erro quadrático médio (RMS) calculado e associado à georreferenciação de fotografias mais
antigas centrou-se no valor de 5 m (Silva and Lira, em preparação). Para efeitos de contabilização
da precisão da georreferenciação de fotografias aéreas no presente estudo, optou-se por associar
um valor de precisão de 10 m, que corresponderá a erros aleatórios no processo de
georreferenciação e que combina, igualmente, erros sistemáticos no processo de vectorização da
linha de costa por parte do operador. O valor de 10 m associado ao período da análise de 52 anos
corresponde a um valor de exatidão de 0.2 m/ano na quantificação da taxa de evolução da linha
de costa.
O cálculo das taxas de evolução da linha de costa foi realizado com recurso a extensão DSAS
(Thieler et al., 2009) desenvolvida para ambiente ArcMap©, usando valores de transeptos
espaçados de 250 m.
PÁGINA 1
Figura 1 – Linha de costa de 2010 em litoral baixo e arenoso de Portugal continental – critério da base da
duna (SDF).
PÁGINA 2
Figura 2 – Linha de costa de 1958 em litoral baixo e arenoso de Portugal continental – critério da base da
duna (SDF). Cobertura da fotografia aérea de 1958 utilizada no presente estudo.
Resultados
Os resultados do cálculo das taxas de evolução da linha de costa para o troço litoral baixo e arenoso
de Portugal continental pode ser observados na Figura 3. Na Tabela 1 encontra-se sumarizada a
informação dos mínimos, máximos e médias das taxas de evolução da linha de costa para cada
célula litoral considerada e para o território português. Nas Figura 4 a Figura 13 é possível observarse a pormenorização das taxas de evolução por célula litoral considerada.
PÁGINA 3
Figura 3 – Taxas de evolução da linha de costa em litoral baixo e arenoso de Portugal continental entre 1958
e 2010.
Merece especial atenção a zona norte adjacente à Nazaré. Esta zona apresenta uma dinâmica
sazonal muito elevada e as taxas calculadas neste estudo estavam de acordo com a variação sazonal
típica desta região1. Desta forma, foram excluídas no presente estudo as taxas de variação
calculadas neste troço, por não representarem a variabilidade inter-anual e decadal desta região.
1
A data das fotografias aéreas de 1958 é desconhecida, assim como a data dos ortofotomapas.
PÁGINA 4
Tabela 1 – Taxas de evolução da linha de costa por célula litoral e para a totalidade do troço costeiro baixo e
arenoso de Portugal continental.
Célula Litoral
1a
1b
1c
2
3
4
5
6
7
8
Portugal continental
Mínimo
(m/ano)
-1.83
-7.35
-2.72
-1.07
-0.48
-4.79
-1.27
-0.89
-0.63
-7.82
-7.82
Máximo
(m/ano)
5.60
4.57
2.94
1.16
0.04
1.28
8.16
1.30
3.18
8.85
8.85
Média
(m/ano)
-0.18
-0.92
-0.17
-0.25
-0.16
-0.13
0.42
0.51
0.35
-0.03
-0.23
Figura 4 - Taxas de evolução da linha de costa na célula 1a entre 1958 e 2010.
PÁGINA 5
Figura 5 - Taxas de evolução da linha de costa na célula 1b entre 1958 e 2010.
Figura 6 - Taxas de evolução da linha de costa na célula 1c entre 1958 e 2010.
PÁGINA 6
Figura 7 - Taxas de evolução da linha de costa na célula 2 entre 1958 e 2010.
Figura 8 - Taxas de evolução da linha de costa na célula 3 entre 1958 e 2010.
PÁGINA 7
Figura 9 - Taxas de evolução da linha de costa na célula 4 entre 1958 e 2010.
Figura 10 - Taxas de evolução da linha de costa na célula 5 entre 1958 e 2010.
PÁGINA 8
Figura 11 - Taxas de evolução da linha de costa na célula 6 entre 1958 e 2010.
Figura 12 - Taxas de evolução da linha de costa na célula 7 entre 1958 e 2010.
PÁGINA 9
Figura 13 - Taxas de evolução da linha de costa na célula 8 entre 1958 e 2010.
Adicionalmente aos resultados das taxas de evolução é possível observar-se nas Figura 14 a
Figura 22 pormenores da evolução da linha de costa entre 1958 e 2010, com “um antes e depois”
em áreas mais sensíveis e mediáticas.
A
B
Figura 14 – Evolução da linha de costa no troço litoral adjacente a Ofir: A – 1958 e B – 2010. Linha amarela –
Base da duna 1958. Linha vermelha – Base da Duna 2010.
PÁGINA 10
A
B
Figura 15 - Evolução da linha de costa no troço litoral adjacente a Ovar: A – 1958 e B – 2010. Linha amarela –
Base da duna 1958. Linha vermelha – Base da Duna 2010.
A
B
Figura 16 - Evolução da linha de costa no troço litoral norte adjacente à barra de Aveiro: A – 1958 e B – 2010.
Linha amarela – Base da duna 1958. Linha vermelha – Base da Duna 2010.
PÁGINA 11
A
B
Figura 17 - Evolução da linha de costa no troço litoral sul adjacente à barra de Aveiro: A – 1958 e B – 2010.
Linha amarela – Base da duna 1958. Linha vermelha – Base da Duna 2010.
A
B
Figura 18 - Evolução da linha de costa no troço litoral adjacente à barra da Figueira da Foz: A – 1958 e B –
2010. Linha amarela – Base da duna 1958. Linha vermelha – Base da Duna 2010.
PÁGINA 12
A
B
Figura 19 - Evolução da linha de costa no troço litoral adjacente à Costa da Caparica: A – 1958 e B – 2010.
Linha amarela – Base da duna 1958. Linha vermelha – Base da Duna 2010.
A
B
Figura 20 - Evolução da linha de costa no troço litoral adjacente à península de Tróia: A – 1958 e B – 2010.
Linha amarela – Base da duna 1958. Linha vermelha – Base da Duna 2010.
PÁGINA 13
A
B
Figura 21 - Evolução da linha de costa no troço litoral adjacente à barra de Faro – Ria Formosa: A – 1958 e B
– 2010. Linha amarela – Base da duna 1958. Linha vermelha – Base da Duna 2010.
PÁGINA 14
A
B
Figura 22 - Evolução da linha de costa no troço litoral adjacente a Manta Rota – Ria Formosa: A – 1958 e B –
2010. Linha amarela – Base da duna 1958. Linha vermelha – Base da Duna 2010.
PÁGINA 15
Referências Bibliográficas
Silva, A.N. and Lira, C. (em preparação) – A quick method to derive shoreline position from aerial
photographs – errors and accuracy quantification in low laying sandy coasts.
CISML, 2013 - “Criação e implementação de um sistema de monitorização no litoral abrangido pela
área de jurisdição da Administração da Região Hidrográfica do Tejo”, adjudicado pela Agência
Portuguesa do Ambiente, I.P./Administração da Região Hidrográfica do Tejo e financiado pelo
QREN, atribuído pelo POVT (Operação POVT-12-0233-FCOES-000034)
Thieler, E.R., Himmelstoss, E.A., Zichichi, J.L., and Ergul, Ayhan, 2009 - Digital Shoreline Analysis
System (DSAS) version 4.0— An ArcGIS extension for calculating shoreline change: U.S.
Geological Survey Open-File Report 2008-1278.
PÁGINA 16

Documentos relacionados