Felipe Worcman Gluckstern

Transcrição

Felipe Worcman Gluckstern
COLÉGIO OFÉLIA FONSECA
QUAIS OS FATORES QUE LEVAM ROGER FEDERER A SER
CONSIDERADO O MELHOR TENISTA DA HISTÓRIA?
FELIPE WORCMAN GLUCKSTERN
SÃO PAULO
2014
“Roger Federer certamente é a minha escolha para ser o melhor de todos os tempos
caso exista algo do tipo” – Rod Laver
“Se alguém diz que eu sou melhor do que Roger, eu acho que essa pessoa não sabe
nada sobre tênis” – Rafael Nadal
“Sempre foi claro para mim que Roger é o melhor” – Pete Sampras
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RESUMO
Neste trabalho irei citar e apresentar argumentos que tentam provar que Roger Federer
pode ser considerado o melhor tenista da história. Desde as suas primeiras raquetadas
até seu título mais recente, em Basel 2014, o suíço vem sempre adicionando uma nova
página aos livros de história, e mesmo com tamanha glória e capacidade de vencer,
ainda há os que contestam sua posição como o “melhor dos melhores”. Graças a isso,
eu, como fã assíduo não só de Federer, mas também do esporte, buscarei comprovar que
sim, ele merece tal classificação, pois alguém que tem mais de 990 vitórias e 82 títulos
de simples no circuito não pode ser chamado de outra coisa que não seja “o melhor de
todos os tempos”.
ABSTRACT
In this work, I will cite and present arguments that try to prove that Roger Federer can
be considered the best tennis player in history. Since his first drills until his most recent
title, in Basel 2014, the Swiss is always adding a new page to the history books, and
even with such glory and capacity of winning, still there are the ones who contest his
position as the “best of the bests”. Thanks to this, me, as a assiduous fan not only from
Federer, but also of the sport, will try to prove that yes, he deserves such classification,
because someone who has more than 990 victories and 82 singles titles cannot be called
anything other than “the best of all time”.
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SUMÁRIO
1. TÊNIS
1.1 Quais as origens do tênis?
1.2 Como é composto o calendário anual?
2. ROGER FEDERER EM NÚMEROS
2.1 Início de carreira
2.2 Primeiros títulos
2.3 Ascensão no ranking
2.4 “Era Federer”
2.5 A decadência
2.6 Hoje em dia
3. O RAIO-X DE ROGER FEDERER
3.1 O forehand
3.2 O backhand
3.3 O slice
3.4 O saque
3.5 O voleio
4. POR QUE ROGER FEDERER É O MELHOR?
4.1 Citações
4.2 O lado humanitário
4.3 Considerações finais
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1. TÊNIS
Criado no fim do século XIX, mais especificamente entre 1859 e 1865, em
Birmingham, Inglaterra, o tênis é um esporte geralmente disputado em
ambientes ao ar livre e que se divide em 3 superfícies de jogo diferentes:
cimento, saibro (composto por pó de telha), ou grama. Cada uma dessas possui
uma data específica onde são disputados torneios no circuito profissional: de
janeiro até março, joga-se nas quadras de cimento; de abril até junho, saibro; em
julho, grama; e por fim, de agosto até novembro, novamento no cimento (o
circuito profissional de tênis não possui torneios oficiais em dezembro, sendo
este o mês das “férias” dos tenistas).
Assim como existe a FIFA no futebol, o tênis também possui uma associação
para si: a ATP (associação dos tenistas profissionais). Criada em 1972 por
Donald Dell, Jack Kramer e Cliff Drysdale, a ATP tem como função organizar o
circuito tenístico anual ao redor do mundo, ouvindo as reclamações dos tenistas
e fazendo o que pode para melhorar a situação destes, e controlar o ranking
mundial, que consiste nos resultados do tenista em um ano, ou seja, a posição de
qualquer jogador no ranking mundial irá depender dos resultados que ele obteve
nas últimas 53 semanas. Além da ATP, também vale citar a existência da ITF,
que diferente da ATP, controla os maiores (Grand Slams) e menores (Futures)
torneios do calendário, ou seja, sua participação é tão importante quanto a da
outra.
O tênis, diferentemente do futebol, basquete e vôlei, é um esporte disputado ou
individualmente ou em duplas, gerando mais responsabilidade para o jogador,
pois depende apenas de si ou de seu parceiro o sucesso na modalidade.
Esse tal sucesso no tênis pode ser definido por um fator principal: títulos de
Grand Slam conquistados. Divididos em 4 países diferentes, os torneios de
Grand Slam são os mais importantes disputados do calendário tenístico
profissional ou juvenil, não só em termos de prestígio, mas também em questão
de pontuação no ranking mundial e na premiação financeira. Jogados na
Austrália (Australian Open), França (Roland Garros), Inglaterra (Wimbledon) e
Estados Unidos (US Open), cada um desses 4 torneios se caracteriza por ter uma
superfície de jogo diferente: o primeiro, jogado em Melbourne, utiliza quadras
sintéticas; o segundo, em Paris, usa o saibro; o terceiro, em Londres, é adepto à
grama; e o último, em Nova York, tem as quadras de cimento como palco da
competição.
Tendo sido criado em 1877, Wimbledon é o mais antigo Grand Slam e um dos
torneios que existem há mais tempo na história, tendo sempre sido jogado na
grama. Posteriores ao torneio inglês, surgiram os outros Grand Slams: US Open
em 1881, Roland Garros em 1891, e Australian Open, em 1905. Fazendo uma
conta rápida, chega-se à conclusão de que já foram jogados até hoje mais de 400
Grand Slams, estes divididos entre os 4 países citados anteriormente. Destes 400
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Grand Slams, 17 foram conquistados por Roger Federer, até hoje o maior
vencedor de torneios deste porte e apenas um dos 7 homens na história a vencer
os 4 campeonatos em simples, realizando este feito no ano de 2009, em Roland
Garros, local que é considerada a “casa” de Rafael Nadal, seu arquirrival que
acumula apenas uma derrota em tal torneio desde o ano de 2005, sendo este
revés justamente em 2009, na 4ª rodada do torneio, para o sueco Robin
Soderling.
Além dos Grand Slams, que distribuem 2000 pontos para o campeão (mais do
que qualquer outro torneio), existem outras 6 divisões de torneios no tênis:
Masters 1000, ATP 500, ATP 250, Challengers, Futures, e o ATP Finals.
Os Masters 1000 são o segundo maior tipo de torneio tenístico que há no
calendário, e são jogados 9 desses ao longo do ano. Disputados entre 7 países
diferentes (Estados Unidos, Mônaco, Itália, Espanha, Canadá, China e França),
valem 1000 pontos no ranking para o campeão, além de cerca de U$ 3.000.000
(3 milhões de dólares) para o mesmo.
Os ATP 500, categoria de torneios inferiores aos Masters 1000, possuem 11
campeonatos ao redor do mundo, e assim como seu nome diz, distribuem 500
pontos para o campeão de cada uma das 11 disputas, além de cerca de U$
1.500.000 (1 milhão e 500 mil dólares) para o vencedor.
Abaixo dos ATP 500 estão os ATP 250, que possuem 40 campeonatos ao
longo do ano e oferecem 250 pontos para quem vencer uma de suas disputas,
além de cerca de U$ 700.000 (setecentos mil dólares). Vale destacar como
curiosidade o Brasil Open, torneio deste nível que é disputado desde 2012 em
São Paulo, sendo jogado no Ginásio do Ibirapuera.
Os Challengers são a segunda categoria mais fraca, por assim dizer, que existe
no circuito profissional. Divididos em 178 torneios ao longo do ano, oferecem
por volta de U$ 100.000 (100 mil dólares) para o campeão, com a pontuação no
ranking variando entre 80 e 125 pontos para o vencedor.
A categoria mais fraca do tênis profissional que existe são a dos Futures.
Disputados em 534 torneios espalhados pelo mundo todo, são geralmente usados
por novatos que estão iniciando sua carreira profissional e buscando por pontos
para ascender no ranking, e dinheiro para custear suas viagens ao longo do ano.
Diferentemente dos outros torneios citados anteriormente, os Futures são
administrados pela ITF, e não pela ATP.
Por último, o ATP Finals, anteriormente chamado de Masters Cup, é uma
categoria diferente do calendário tenístico. Sendo disputado em Londres, no mês
de novembro, o Finals reúne os 8 melhores tenistas do ano. Ao se classificarem
para tal torneio, estes 8 são posteriormente divididos em dois grupos de 4, onde
todos jogam contra todos, e avançam os dois melhores de cada grupo, que se
enfrentarão em semifinais, e o vencedor de cada um destas, vai para a final.
Quem for campeão deste torneio leva para casa U$ 4.500.000 (4 milhões e 500
mil dólares), além de 1500 pontos para o ranking.
Além de todos torneios citados acima, existem aqueles que são especiais, caso
da Copa Davis e das Olimpíadas. O primeiro consiste em uma disputa entre
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todas as nações globais, uma contra a outra, numa série de confrontos decidida
em uma melhor de 5 partidas. É disputado desde 1900 e tem como maior
vencedor os Estados Unidos, com 32 títulos.
Já o segundo dispensa apresentações. O tênis olímpico é disputado da mesma
forma que todos os outros torneios do calendário, porém, além do fato óbvio de
ser jogado de 4 em 4 anos, possui a disputa do 3º lugar, coisa que não acontece
em nenhum outro evento tenístico. Vale citar também que cada tenista defende
sua própria nação, seja em simples, duplas, ou duplas mistas (um homem e uma
mesma mulher jogando juntos), tendo como premiação para os 3 primeiros as
medalhas de ouro, prata, ou bronze.
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2. ROGER FEDERER EM NÚMEROS
Nascido no dia oito de agosto de 1981 em Basel, Suíça, Roger Federer apenas
viria a dar seus primeiros passos no Tênis aos seis anos de idade. Porém, esse
amor do suíço pelo esporte começou cedo, mais exatamente aos quatro anos de
idade, quando o filho de Robert e Lynette viu seu primeiro jogo na TV, na qual
figurava seu quando criança, o alemão Boris Becker. Foi a partir daí que Federer
tomou gosto pelo Tênis e passou a acompanhar os eventos televisivos sempre
que podia.
Aos seis anos de idade, Roger começou a praticar o esporte nos arredores de
Basel e rapidamente se tornou o melhor de sua faixa etária, praticando cerca de
três vezes por semana.
Dos seis aos dez anos, Federer manteve o treinamento descrito acima até que
foi convidado para ser treinando individualmente por Adolf Kacovsky, um dos
treinadores do clube onde o suíço frequentava, chamado de “The Old Boys
Tennis Club”.
Após quatro anos sendo dirigido por Kacovsky, Federer recebeu um convite
para treinar no Centro de Tênis Nacional da Suíça, localizado em Écublens. Um
ano depois, em 1996, ele se juntou ao ITF junior tennis circuit, que nada mais é
do que o circuito juvenil mundial, com torneios sendo jogados em diversos
países ao longo do ano.
Graças ao relativo sucesso em sua carreira como um juvenil, com direito à
conquista do torneio de Wimbledon em 1998 (em simples e duplas), Federer
recebeu um convite para a disputa de seu primeiro torneio como profissional,
que viria a ser jogado em Julho de 1998, em Gstaad, Suíça. Lá, o suíço perdeu
em sets diretos para o argentino Lucas Arnold Ker, marcando assim a primeira
derrota de Federer como um profissional.
Em seu terceiro torneio no circuito mundial, Roger finalmente obteve sua
primeira vitória, em Toulouse, França, jogando contra Guillaume Raoux
(parciais de 6-2, 6-2). Apesar disso, o suíço é eliminado logo em seguida do
torneio e, consequentemente, não vem a ter grande sucesso em seu primeiro ano
como profissional, acumulando duas vitórias e quatro derrotas.
No ano seguinte, 1999, Federer é convocado pela primeira vez por seu país
para defendê-lo na Copa Davis, contra a Itália, obtendo uma vitória e uma
derrota no confronto. A despeito disto, o suíço novamente não obtém um ano
muito expressivo no circuito mundial, conquistando 13 vitórias e 17 derrotas
apesar de ter conquistado um título de Challenger em Brest, na França,
derrotando o bielorusso Max Mirnyi na final.
Entre 2000 e 2002, ocorreu a consolidação de Federer no circuito da ATP,
totalizando quatro títulos e seis vice-campeonatos neste período, além de sua
vitória contra Pete Sampras nas oitavas de final de Wimbledon 2001. Esta
partida foi o divisor de água entre o Federer juvenil e o Federer profissional.
Nela, o suíço e o norte-americano batalharam por quase quatro horas até que
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Roger saiu vitorioso com um placar de 7-5 no quinto set. Este foi o único
confronto entre ambos, que são considerados dois dos maiores tenistas da
história. Além disso, Federer chegou às semifinais das Olimpíadas de Sidney de
2000, comprovando mais uma vez que o jovem tinha um futuro brilhante à
frente. Como curiosidade, vale citar o fato de que foi neste torneio que o suíço
viria a conhecer sua futura esposa e mãe de seus 4 filhos, a eslovaca Miroslava
Vavrinec.
Um ano depois, em 2003, iniciou-se o que muitos especialistas chamam de a
“Era Federer”. Neste ano, o suíço venceu o primeiro de seus 17 títulos de Grand
Slam ao bater o australiano Mark Philippoussis na final de Wimbledon em sets
diretos. Na campanha do torneio, Federer perdeu apenas 1 set de 22 jogados
rumo ao título, o que mostra a sua superioridade em relação à seus adversários
neste campeonato em questão. Além de Wimbledon, ele também obteve outros
seis títulos, dentre os quais a Masters Cup, torneio de fim de ano que reúne os
oito melhores jogadores da temporada.
Nas temporada seguinte, 2004, Federer conquistou três dos quatro torneios
mais importantes do circuito, os chamados Grand Slams: Australian Open,
Wimbledon e US Open. Além disso, logo no início deste ano, o suíço tornou-se
número 1 do mundo, fazendo jus ao seu talento e a sua incrível habilidade física
e mental de suportar partidas duras e sair vencedor no final.
Em 2005, Federer viria a conquistar mais dois Grand Slams (Wimbledon e US
Open), além de acumular outros nove troféus, terminando o ano com um
aproveitamento de 95% de vitórias conquistadas.
Veio então 2006, o melhor ano da carreira de Federer. O que o suíço fez nesta
temporada em questão beira o inimaginável, o absurdo: de 17 torneios que ele
jogou, foram 16 finais e 12 títulos, sendo 3 destes Grand Slams. Um
aproveitamento de 92 vitórias e 5 derrotas, das quais quatro destas foram para
Rafael Nadal, seu maior rival. Além disso, Roger ganhou apenas de premiação
pelos resultados obtidos mais de U$ 8.300.000 (8 milhões e 300 mil dólares),
uma das maiores conquistas financeiras obtidas por um tenista até hoje.
No ano seguinte, 2007, Federer repetiu a dose de 2004 e 2006 e venceu três
Grand Slams na mesma temporada, novamente o Australian Open, Wimbledon e
o US Open, conquistando mais cinco títulos além destes e terminando como
número 1 do mundo pelo quarto ano consecutivo. Vale ressaltar a campanha do
suíço no Australian Open, em que ele venceu o torneio sem ceder nenhum set ao
longo de sua campanha, tendo vencido vinte e um dos vinte e um jogados.
Veio então 2008, um ano abaixo do “padrão Federer”. Nesta temporada, o
suíço alcançou oito finais, conquistando a magra quantia de apenas quatro títulos
(entre os quais estava o US Open, tendo Roger vencido este torneio pelo quinto
ano seguido), o que lhe garantiu a perda da liderança do ranking pela primeira
vez desde 2004. Vale destacar como jogo marcante deste ano a final de
Wimbledon entre o próprio Federer e o espanhol Rafael Nadal, considerada por
muitos especialistas como a melhor partida de todos os tempos que,
infelizmente, terminou com a derrota do suíço.
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Em 2009, o ressurgimento: Federer conquista Roland Garros (o único Grand
Slam que faltava em sua coleção) e vence Wimbledon pela sexta vez,
totalizando assim quinze Grand Slams. Era o que muitos especialistas
aguardavam para nomear Roger como o melhor de todos os tempos. Em adição
à isso, ele voltou à liderança do ranking, desbancando Rafael Nadal da posição.
A temporada de 2010 viu o suíço aumentar para oito o número de temporadas
em que ele conquistou ao menos um Grand Slam, com a vitória no Australian
Open, logo em janeiro. Tirando isso, a temporada de Federer foi mediana,
obtendo cinco títulos em nove finais jogadas.
Em 2011, sinais da decadência: pela primeira vez em oito anos o suíço termina
a temporada sem vencer nenhum título de Grand Slam, tendo chegado mais
perto de conquistar Roland Garros, porém perdendo novamente para Nadal na
final. À isso soma-se a ascensão do sérvio Novak Djokovic, e Federer termina
uma temporada pela primeira vez sem ser número um ou dois desde o longínquo
ano de 2003, mesmo tendo obtido quatro títulos nesta temporada.
Um ano depois, em 2012, o décimo sétimo título de Grand Slam: Federer bate
Andy Murray na final de Wimbledon e conquista tal torneio pela sétima vez,
além de encerrar um incômodo jejum de um ano e meio sem vencer nenhum dos
quatro torneios mais importantes do calendário. Com seis títulos no fim do ano,
esta é a melhor marca do suíço desde 2007, o que faz com que ele retorne à
liderança do ranking e assim bata o recorde que pertencia a Pete Sampras de
semanas como número um do mundo: Roger chega à incrível marca de 302
semanas liderando o tênis masculino mundial, um número que nunca sequer foi
aproximado por nenhum outro homem.
Porém, vêm 2013, e junto a isso, os problemas físicos. Devido a uma série de
exibições realizadas na América no Sul no final de 2012, Federer não obtém o
descanso necessário para seu corpo e sofre com constantes dores na região
lombar, o que faz com que sua temporada seja pífia, acumulando apenas um
título em três finais disputadas, o que corresponde a pior marca do suíço desde
2001, quando ele ainda não passava de uma promessa. Graças a isso, ele termina
a temporada como sexto do mundo.
No ano seguinte, 2014, vê-se um ressurgimento do suíço: dez finais alcançadas
e cinco títulos conquistados fazem com que Roger “escale” de volta no ranking,
chegando a ocupar a segunda posição. Este sucesso do suíço deve-se
principalmente a dois fatores determinantes: primeiramente, ele decide contratar
como seu treinador o sueco Stefan Edberg, ex-número 1 do mundo e vencedor
de vários Grand Slams. Edberg faz mudanças necessárias ao jogo de Federer,
fazendo com que este jogue indo mais à rede para poupar-lhe físico pois,
atualmente com 33 anos, Roger não possui mais o condicionamento de um
jovem, o que lhe atrapalha em partidas mais longas que exigem mais do corpo.
A outra mudança realizada pelo número três do mundo é trocar a raquete: tendo
jogado com uma raquete de 90 polegadas a carreira inteira, o suíço decide mudar
desta para uma de 97, proporcionando-o maior potência nos golpes, fator
absolutamente necessário para um tenista como ele que, graças à idade, não pode
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ficar trocando bolas constantemente, tendo de ter mais rapidez para definir os
pontos de modo que seu físico não seja prejudicado.
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3. O RAIO-X DE ROGER FEDERER
Um jogador completo: é assim que pode ser definido Roger Federer. Seja
jogando com sua direita ou com sua esquerda, com seu saque ou seu voleio, o
suíço está sempre em busca do winner, o que certamente o ajuda a poupar físico,
já que ele evita as trocas de bola mais longas. Mas como ele toma controle dos
pontos? Como ele é tão bom sacador com “apenas” 1,85 metros? Como ele
consegue estar entre os 2 melhores do mundo em simples apesar de seus 33
anos? É o que veremos a seguir:
- O forehand (direita)
O forehand de Roger Federer sempre foi considerado um dos melhores do
mundo, quando não, o melhor. Com esse golpe, o suíço consegue aliar potência,
aceleração e precisão, e assim dominar o ponto colocando o adversário para
correr ou finalizando o ponto diretamente com um winner.
Em seus jogos, Federer sempre busca jogar com o forehand, mas fazer isso não
é fácil; é preciso ter muito preparo físico para fugir do backhand e jogar com a
sua direita. Porém, o suíço não foge da esquerda à toa. Quando vê uma chance
de pressionar o adversário, ele dá passos rápidos para a esquerda e se posiciona
para atacar com a direita, num golpe conhecido como inside out forehand.
Em sua tática convencional, Federer costuma trocar muitas bolas de meio de
quadra com os oponentes. Isso pode parecer besteira, mas, na verdade, dessa
forma ele evita dar ângulo para os rivais. Assim, quando recebe uma bola mais
curta ou mais lenta, o suíço acelera o golpe e desfere um forehand letal que
quando não finaliza o ponto com um winner, o coloca em posição confortável
para fazê-lo na próxima bola com um voleio ou outro forehand.
Além disso, vale destacar que Federer utiliza o grip ‘eastern’ em seu forehand,
ou seja, por ser mais conservador do que outros tenistas, o suíço comete menos
erros e é capaz de manter a bola em quadra com mais facilidade.
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http://www.optimumtennis.net/images/roger-federer-forehand-grip.jpg
- O backhand (esquerda)
O backhand de uma mão é um golpe admirado e atualmente está em extinção
no circuito. Realizá-lo com maestria não é uma tarefa fácil e costuma ser um
ponto fraco de muitos jogadores. Porém, quando bem feito e bem construído, é
fatal.
Até pouco tempo atrás, havia diversos tenistas top que desferiam seus
backhands com uma mão, como Gustavo ‘Guga’ Kuerten, Pete Sampras, Patrick
Rafter, Stefan Edberg, etc. com o tempo, a esquerda de uma mão foi caindo em
desuso e a esquerda com duas mãos foi tomando conta do circuito.
Com Federer, a técnica de bater o revés com uma mão voltou à tona, e isso fez
com que vários jovens se inspirassem no suíço para realizar o mesmo.
Sem entrar no mérito das vantagens e desvantagens em comparação à esquerda
de duas mãos, esse golpe é extremamente eclético e requer firmeza de punho e
uma técnica quase perfeita.
https://lh3.googleusercontent.com/-xm8W7B-JWvU/Uum2vk3vy8I/AAAAAAAACPk/drvhoXZaZKs/w1900-h586/P1130723%2BFederer%2BBackhand.jpg
- O slice
O slice é um golpe defensivo? O slice de devolução é ainda mais defensivo?
Engana-se quem pensa isso... Veja o que Federer é capaz de fazer com seu slice
de devolução e entenda que esse golpe é uma arma tática.
O suíço responde os saques adversários com um slice ofensivo que, quando
bem executado, passa rasante sobre a rede e fica baixo na quadra, obrigando o
rival a colocar efeito na bola ou responder a jogada com outro slice. Ou seja, ele
(o rival) geralmente não consegue atacar na segunda bola, jogar
confortavelmente e dominar o ponto.
O slice na devolução pode ser considerado uma opção “ofensiva-defensiva”,
pois minimiza o efeito do saque do adversário no backhand de Federer, dando a
chance deste retomar a quadra.
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A melhor maneira de executar este golpe é da forma como o suíço faz,
entrando em quadra e pegando a bola na frente, na diagonal. Ele também pode
ser usado no chip-and-charge, estratégia que Federer frequentemente usa e que
consiste em dar o slice e seguir em direção à rede para finalizar o ponto.
http://www.strandtc.com/wp-content/uploads/2013/02/Federer-Slice-Return1.jpg
- O saque
Roger Federer não é o jogador mais alto e mais forte do circuito. Ainda assim,
seu saque é um dos melhores. O suíço sempre termina as temporadas entre os
melhores no quesito, liderando ou sempre perto de liderar diversas estatísticas de
saque.
Até o momento em 2014, por exemplo, ele é nono tenista no geral em número
de aces anotados, com 611, e figura na terceira posição em número de games de
serviço confirmados, tendo ganho 91% destes. Mais do que isso, ele é o primeiro
em pontos vencidos no segundo saque, com 58%. Por fim, é o terceiro entre os
que mais salvou break points, com a porcentagem de 70%. Isso tudo só mostra o
quão efetivo o saque de Federer é.
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http://www.optimumtennis.net/images/roger-federer-tennis-serve-motion.jpg
- O voleio
Em um jogo tão rápido quanto o Tênis se tornou atualmente, são poucos os
jogadores que se arriscam a ir à rede. Com as bolas pesadas, não é fácil dominar
os pontos e conseguir definir a jogada perto da rede, sacar e volear como nos
áureos tempos, menos ainda.
Porém, ainda há tenistas que se aventuram em uma área da quadra que a
maioria sequer passa perto quando está atuando. O suíço é um deles. Ele joga
sempre vindo para a frente, sempre tentando diminuir os espaços e não tem
medo de tentar seus voleios habilidosos.
Hoje, grande parte dos jogadores só vem para a rede nas bolas de definição,
quando o ponto está quase que 100% ganho. Federer não. Ele pressiona o
adversário ao vir para a frente em bolas menos prováveis e joga dentro da
quadra, pegando a bola na subida. Dessa forma, ele precisa estar pronto para
algumas boas respostas dos rivais e precisa dominar a técnica do voleio
perfeitamente. Contudo, um dos segredos do suíço é não ter medo de improvisar.
http://www.optimumtennis.net/images/roger-federer-volley-technique.jpg
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4. POR QUE ROGER FEDERER É O MELHOR?
Após citados todos os números e estatísticas das páginas anteriores, chegamos à
uma conclusão: Roger Federer é o melhor tenista da história. Os argumentos
favoráveis a esta afirmação são simples: nenhum tenista passou tantas semanas
no posto de número 1 do mundo, e nem conquistou tantos Grand Slams como o
suíço. É o que outro ex-número 1 do mundo (o norte americano Andy Roddick)
disse: "Os Grand Slams são o que definem nosso esporte. Simplificando: Roger
é o melhor jogador".
Mas não é apenas Roddick que afirma que Federer é o melhor. Outras lendas do
esporte, como por exemplo a norte americana Serena Williams, vão mais longe.
Para ela, Federer "é o melhor atleta masculino de todos os tempos",
comprovando que o sucesso de Roger não se restringe apenas às quadras de
Tênis.
Este brilhantismo do suíço faz com que ele seja posto no mesmo nível das
maiores estrelas da história do esporte, como Pelé, Ayrton Senna, Michael
Jordan e Tiger Woods (sendo estes dois últimos amigos pessoais de Federer).
Toda esta importância comercial do "Maestro Suíço" (apelido dado a ele pelos
fãs) faz com que ele seja o sétimo atleta mais bem pago do mundo, recebendo
cerca de U$ 52.000.000 (52 milhões de dólares) anuais de seus patrocinadores,
entre eles a Wilson (raquetes), Rolex (relógios), Lindt (chocolate), MercedesBenz (automóveis), e Nike (roupas), com esta última tendo criado uma linha
exclusiva de roupas para seu patrocinado, fazendo com que ele utilize a mesma
em seus torneios ao longo do ano.
Citados os parceiros comerciais e valores financeiros que Federer ganha, vale
destacar o uso benéfico que ele faz deste dinheiro: criada em 2004, a "Roger
Federer Foundation" é uma instituição de caridade gerenciada por Roger e sua
família que tem como objetivo combater a pobreza extrema que afeta crianças na
África, em países como a África do Sul, a Zâmbia e, principalmente, o
Zimbábue. O total de jovens beneficiados pela fundação beira os 140 mil, e entre
as atividades realizadas por estes, destacam-se os estudos e a prática de esportes,
além de receberem alimentação e infra estrutura para que possam ter uma vida
normal. Ademais à criação de sua fundação, vale destacar os esforços feitos por
Federer para arrecadar fundos para o Haiti após o terremoto em 2010, ocasião na
qual o suíço organizou uma série de exibições em solo australiano em que todo o
dinheiro advindo da venda de ingressos para o público foi doado ao país da
América Central. Isso tudo apenas mostra o quão forte é o lado humanitário do
suíço, qualidade que fez com que ele fosse eleito a segunda pessoa mais
respeitada do mundo em 2011, atrás apenas de Nelson Mandela, líder sul
africano que Federer tanto admirava.
Voltando à questão dos resultados dentro de quadra, outro fator que deve ser
ressaltado é a longevidade do suíço no topo do esporte: desde outubro de 2002
que ele não sai da lista dos 8 melhores do mundo, devendo permanecer por essa
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posição por pelo menos mais um ou dois anos. Hoje em dia, apesar de seus 33
anos (idade considerada avançada para o Tênis), Federer é o segundo melhor
tenista do mundo, atrás apenas de Novak Djokovic, fato que comprova o quão
preparado fisica, mental, e tecnicamente é o suíço.
Com seus 17 títulos de Grand Slam em 25 finais disputadas, Roger ainda está 3
campeonatos à frente de seu rival Rafael Nadal, o segundo dessa lista. Como
disse anteriormente Andy Roddick, são os títulos de Grand Slam que definem o
melhor desse esporte, e se dependermos deste quesito, não há dúvida alguma de
que o suíço merece a classificação como o melhor da história deste esporte
chamado Tênis.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
“A Biografia de Roger Federer” – René Stauffer – Editora Évora
Revista Tênis – Edição 69 – Ano 06 – Editora Inner
Revista Tênis – Edição 106 – Ano 09 – Editora Inner
http://www.rogerfederer.com/en.html (acessado em 6/11/2014)
http://tennis.si.com/2013/09/27/pete-sampras-roger-federer-rafael-nadal/ (acessado em
5/11/2014)
http://www.foxsports.com.au/tennis/roger-federer-is-greatest-player-of-all-time-saysaustralian-tennis-legend-rod-laver/story-e6frf4mu-1226418545853
(acessado
em
5/11/2014)
http://tt.tennis-warehouse.com/showthread.php?t=330475 (acessado em 5/11/2014)
http://www.atpworldtour.com/Tennis/Players/Top-Players/Roger-Federer.aspx
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http://www.atpworldtour.com/Tennis/Players/Top-Players/RogerFederer.aspx?t=pa&y=1998&m=s&e=0# (acessado em 4/11/2014)
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(acessado em 4/11/2014)
http://www.atpworldtour.com/Rankings/MatchFacts.aspx (acessado em 4/11/2014)
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http://en.wikipedia.org/wiki/2003_Roger_Federer_tennis_season
3/11/2014)
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http://en.wikipedia.org/wiki/2006_Roger_Federer_tennis_season
3/11/2014)
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http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_ATP_number_1_ranked_singles_players (acessado
em 3/11/2014)
http://en.wikipedia.org/wiki/Roger_Federer_career_statistics (acessado em 3/11/2014)
http://en.wikipedia.org/wiki/Grand_Slam_(tennis) (acessado em 3/11/2014)
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“Roger Federer Encyclopedia” – Ashutosh Soman
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