QuedA nAs vendAs AtenuAdA por regimes de

Transcrição

QuedA nAs vendAs AtenuAdA por regimes de
AutoFrotas
n.º 39 agos. set. out. ‘09 publicação trimestral 2,25 euros
Queda nas vendas atenuada
por regimes de incentivos ao abate
A crise anda
de carro
ENSAIO
Renault Mégane Sport Tourer 1.5 dCi
Dynamique S 110 cv 5p :
Mégane? Oh-Lá-Lá!
SALÃO
Mais voltagem do que nunca
SEGURANÇA
Contra o álcool da noite
editorial 3
editorial
AutoFrotas 39
Propriedade da LeasePlan Portugal
Lagoas Park, Edifício 6
2740-244 Porto Salvo
Linha de Apoio ao Cliente: 707 20 20 20
Linha de Apoio ao Condutor: 800 204 298
Fax. 21 441 95 35
DIRECTOR
António Oliveira Martins
EDITOR
Grupo Algébrica
COMPOSIÇÃO GRÁFICA
Margarida Soares
FOTOGRAFIA
Marina Marques
Caro Leitor
O final do verão é sinónimo de Salão Automóvel de Frankfurt, ponto de encontro das principais marcas mundiais.
Setembro é o mês escolhido pelos construtores para apresentarem as suas armas secretas para os próximos meses.
Quisemos assegurar que os acontecimentos mais relevantes ocorridos neste evento lhe chegariam às mãos o mais
cedo possível.
O futuro desenha-se a “verde”. Prova disso foram alguns
dos mais mediáticos lançamentos do certame. A actual
aposta em mais eficientes concept cars eléctricos faz crer
que, a massificação desta corrente será uma realidade no
dia-a-dia de todos. Basta também estar atento aos media
e aos constantes anúncios de alternativas ao petróleo e ao
actual paradigma da indústria automóvel.
Agora que se assinala um ano de turbulência económica, e
para projectar os tempos que se avizinham, resolvemos destacar também o actual estado do sector automóvel. O objectivo foi perceber como é que os fabricantes se adaptaram à
nova realidade emergente.
Na secção de Segurança optámos desta vez por uma nova
abordagem, mais prática, acompanhando uma operação
Stop nocturna. Através desta reportagem quisemos demonstrar aos condutores/leitores que o álcool e o automóvel não são variáveis da mesma equação.
Nesta revista convidamo-lo a ler os depoimentos de Walter
Lamego, Administrador da MCoutinho Colisão, e de Carlos
Lopes, Corporate Supply Chain and Procurement da Siemens Portugal. O responsável do gigante alemão confessa
que a casa-mãe se preparou desde 2006 para enfrentar a
actual crise. Esta antevisão permite hoje um ritmo normal
na contratação de viaturas para a respectiva frota. Já Walter
Lamego defende que, mais do que uma política comercial
isolada, a oferta deve ser adaptada em termos de serviços.
Espero que este número lhe proporcione agradáveis momentos de leitura!
CONCEPÇÃO, EDIÇÃO E PRODUÇÃO
Grupo Algébrica
Av. da Liberdade, 227 - 3º
1250-142 Lisboa
IMPRESSÃO
Peres - Soctip
Estada Nacional, 10 - Km 103, 8 - Porto Alto
2135-114 Samora Correia
Periocidade: Trimestral
Registo no ICS n.º 123455
Depósito Legal: M-44002-1999
António Oliveira Martins
Tiragem: 12 600 exemplares
Director Geral LeasePlan Portugal
ÍNDICE 5
06 Notícias
36 Entrevista
A actualidade do mundo automóvel
Walter Lamego, Administrador da MCoutinho Colisão
13 LP Card
40 Ensaio
As parcerias mais recentes da LeasePlan Portugal
Renaul Mégane Sport Tourer
14 Mercado
46 Ensaio
Produção ainda em queda
Land Rover Freelander 2
16 Disponibilidade
52 Entrevista
Lideranças consistentes
Carlos Lopes, Corporate Supply Chain and Procurement
da Siemens Portugal
18 Lançamentos
Toda a carne no assador
56 Segurança
Contra o álcool da noite
24 Tema de Capa
A crise anda de carro
62 Turismo
Cidade de Viseu: capital de vinha e do vinho
30 Salão Automóvel de Frankfurt
Mais voltagem do que nunca
024
030
Tema de Capa
Salão Automóvel de Frankfurt
A crise anda de carro: prudência para 2010, apesar da recuperação
Aposta num “choque eléctrico” para reanimar o sector
062
A Renault vai lançar em Portugal, no final do ano, um teste piloto para os carros eléctricos, sendo que o Kangoo e o Fluence
serão os primeiros a chegar ao nosso país. O fabricante francês reforça assim a sua aposta num produto que pretende tornar
acessível a todas as carteiras. Segundo Carlos Ghosn, CEO da aliança Renault Nissan, este “é o momento ideal para os veículos
zero emissões de CO2”. Este responsável garante ainda que os custos de manutenção desta gama - ao nível do “leasing” da
bateria (que não estará incluída no preço de venda, sendo alugada aos fornecedores locais) carregamento e manutenção, deverão ser inferiores em 20% a um carro com motor de combustão. As baterias de ião-lítio que alimentarão esta gama serão
produzidas em Portugal e no Reino Unido e podem ser trocadas em 3 minutos, carregadas numa artéria da cidade em 30
minutos ou entre 4 a 8 horas em casa. A primeira geração de baterias permitirá uma autonomia da ordem dos 160 km.
ELÉCTRICOS EM PORTUGAL
NOTÍCIAS 7
Carros
eléctricos vão
crescer até 2030
Em 2030, 86% das vendas automóveis nos E.U.A. terão
uma motorização eléctrica, de acordo com o relatório
apresentado pela Universidade de Berkeley, citado pela
agência Reuters. A mesma fonte revela ainda que a
implementação de uma rede de carregamento energético
custará mais de 230 mil milhões de euros, enquanto a
poupança em custos energéticos não ultrapassará os 151
mil milhões de euros.
Para que este cenário se revele viável, urge fomentar os
aspectos tecnológicos. Porém, são os próprios analistas
do mercado a apontar reservas quanto ao futuro imediato
desta alternativa. As perspectivas mais optimistas indicam
que o aumento da capacidade das baterias de lítio para
valores bem acima dos actuais 20 kWh, com custos muito
abaixo dos agora praticados – 20.000 € – poderá ditar o
arranque da produção em massa de veículos eléctricos.
Esta poderá ser a resposta que falta no sentido de
aumentar a pegada ecológica das frotas. Um outro estudo
a cargo da Corporate Vehicle Observatory (CVO) refere
que só no Reino Unido 20% das frotas já incluem pelo
menos um veículo amigo do ambiente, subindo para 60%
a quantidade de empresas que pretendem seguir o mesmo
caminho, nos próximos três anos.
Tecnologia
asiática domina
veículos
eléctricos
O sector automóvel asiático está a aproveitar
as novas tendências para impulsionar as suas
qualidades tecnológicas, com grande enfoque para
os veículos eléctricos. Depois do choque petrolífero
do ano passado, procuram-se respostas para os
anseios dos consumidores, receosos de eventual
escalada no preço do crude.
A Mitsubishi e a Nissan encontram-se na linha da
frente desta revolução, que poderá dar frutos nas
próximas décadas. No caso da Nissan, cujo capital
é detido em 40% pela Renault, foi já anunciado
para Portugal e Grã-Bretanha um investimento de
250 milhões de euros numa unidade de produção
de baterias de lítio, perspectivando para 2010 a
entrega das primeiras unidades dos seus modelos
de conceptuais eléctricos. Quanto à Mitsubishi, os
responsáveis do gigante nipónico contam lançar
no mercado ainda 2009 o primeiro veículo eléctrico
de produção em série, o i-MiEV, veículo com 60 cv
de potência e 160 km de autonomia. Para Portugal,
prevê-se que a nova aposta desta marca estará
disponível para comercialização no 2º semestre de
2010.
NOTÍCIAS 8
LeasePlan apoia responsabilidade
social da Earth Water
A LeasePlan, no âmbito da sua cultura de empresa socialmente responsável, incentiva a beber
Earth Water, que se encontra disponível desde finais de 2008 para venda em Portugal. Esta é uma
água mineral embalada, com uma missão humanística cujo reconhecimento máximo é ser o único
produto comercializado em todo o mundo com o logotipo de uma organização das Nações Unidas
na embalagem. Os lucros que esta bebida de qualidade premium obtiver reverterão integralmente
a favor dessa organização e nos países em desenvolvimento. A Earth Water garante a doação de
quatro cêntimos por embalagem, independentemente dos lucros, valor esse que permite fornecer
água potável a uma pessoa durante um dia.
Portugal é o segundo país europeu a comercializar a marca, que conta com a Sociedade Central
de Cervejas e Bebidas (SCC), Tetra Pak, Continente, MSTF Partners, Sonae, Grupo GCI e Fundação
Luís Figo entre os seus parceiros. O antigo internacional português de futebol é, inclusivamente,
o embaixador da Earth Water na Europa. O produto é ainda comercializado nos E.U.A., Canadá e
Holanda, França e Bélgica, para muito em breve chegar ao Japão e Espanha.
O projecto Earth Water, cujo conceito é “Nunca bebe sozinho”, foi concebido para tentar
minorar a tragédia que assola boa parte do mundo, que é a falta de água potável, e cuja grande
consequência é a morte diária de 6000 pessoas, 80% das quais crianças.
Salão de Lisboa
adiado para 2011
A crise financeira obrigou a Associação Automóvel
de Portugal (ACAP) a adiar o Salão Internacional
de Automóvel, previsto para Maio de 2010, para o
último trimestre de 2011.
A decisão é justificada pela situação que o sector
automóvel tem atravessado ao longo do último ano.
Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral
da ACAP, Hélder Pedro, explicou que a associação
“achou prudente adiar por um ano a realização
do salão”, uma vez que “não há perspectivas de
retoma no primeiro semestre de 2010”. “Haverá,
quanto muito, uma estagnação. Por isso, a ACAP
achou prudente adiar a realização do salão para o
último trimestre de 2011, altura em que haverá mais
condições para se fazer um grande salão”, justificou
Hélder Pedro.
O Salão automóvel de Lisboa é o maior evento do
sector e realiza-se de 2 em 2 anos.
NOTÍCIAS 10
eCall
a caminho
Ecológicos
e seguros
O prestigiado organismo que avalia a
segurança dos veículos comercializados
na Europa detectou nos mais recentes
testes uma maior preocupação com os
peões. Segundo o secretário-geral do Euro
NCAP, Michiel van Ratingen, sobretudo ao
nível da protecção aos peões, os híbridos
Honda Insight e Toyota Prius, “mostram
que excelentes níveis de economia de
combustível não impedem um alto grau
de segurança”. Refira-se que até ao ano
passado apenas 25% dos automóveis
obtinha mais do que duas estrelas (40%)
nesse tipo de teste. O motivo desta melhoria
está relacionado com o desenvolvimento de
novos projectos com a segurança dos peões
por parte das marcas.
Das viaturas testadas recentemente,
destaca-se a atribuição da classificação
máxima (cinco estrelas), além dos referidos
híbridos, ao Volkswagen Polo, Subaru
Legacy, Kia Sorento, Renault Grand Scénic
e Skoda Yeti. Nesta cada vez mais exigente
prova de segurança, apenas o Citroën C3
não recebeu a classificação máxima, por não
oferecer de série o controle de estabilidade
(ESC). Em comunicado, o organismo refere,
inclusivamente, que os híbridos não só
cumprem com os actuais requisitos para
merecer as cinco estrelas, como já cumprem
com os previstos para 2012.
A Comissão Europeia assinou um acordo com
a GSMA, órgão que representa a indústria de
comunicações móveis no mundo inteiro, para o
desenvolvimento do eCall. Iniciado há cerca de quatro
anos este sistema permite, em caso de acidente
de viação, uma chamada automática ou manual
para os serviços de emergência, comunicando a
localização exacta do veículo e reduzindo, desta
forma, substancialmente o tempo de resposta destes
serviços.
O preço associado à instalação do eCall, estimado
em cerca de 100 euros por veículo, e a demora na
adaptação dos centros de urgência e na formação de
pessoal, podem ser uma das principais justificações
para o facto de este sistema ainda não estar
operacional em qualquer país da UE. Caso não
haja progressos quanto à implementação deste
sistema até ao final do ano, Bruxelas pondera vir
a estabelecer esta tecnologia com carácter de
obrigatoriedade nas viaturas já em 2010. Segundo
este organismo esta poderá ser uma forma eficaz de
reduzir cerca de 2500 vidas aos 39 mil mortos e 1,7
milhões de feridos registados nas estradas europeias
em 2008. De momento, a implementação deste
sistema é voluntária mas já aplicada por autoridades
públicas, fabricantes de automóveis e operadores de
telemóveis.
NOTÍCIAS 12
General Motors vai
lançar 25 novos
modelos até 2011
O consórcio norte-americano de automóveis, General
Motors, vai lançar 25 novos modelos das suas quatro
marcas principais (Chevrolet, Cadillac, GMC e Buik)
entre 2009 e 2011, de acordo com dados revelados
pela Europa Press.
Estes lançamentos fazem parte do processo de
renascimento da empresa depois da declaração de
insolvência e pretendem cativar um novo tipo de
clientes, pelo que, em 2010, o mercado irá receber
seis novos modelos, de acordo com o presidente da
General Motors, Fritz Henderson.
No que se refere a marcas, a Chevrolet e a Buik
lançarão dez novos automóveis, cada uma, e a
Cadillac outros cinco modelos.
Opel Insignia:
24 prémios em
menos de um ano
O Opel Insignia celebra este mês de Setembro o seu
primeiro aniversário, dando à Opel mais uma razão
para comemorar um número de sucessos acima da
média. Desde o seu lançamento, no Outono passado,
que o novo topo de gama da marca foi inundado de
elogios por parte de todos os sectores da indústria
automóvel e do mercado, tendo rapidamente
conquistado a admiração de especialistas em design,
de adeptos de alta tecnologia e do público consumidor.
Actualmente, o Opel Insignia sedan é líder de vendas
do seu segmento na Europa. Do seu vasto conjunto
de inovações tecnológicas, destaca-se a nova geração
de faróis adaptativos AFL+, o sistema de chassis
adaptativo FlexRide, os bancos ergonómicos e a Câmara
Opel Eye – um sistema inovador com câmara capaz de
reconhecer sinais de trânsito e de alertar para uma
saída inadvertida da faixa de rodagem, que conquistou
o prémio Plus X, o mais abrangente concurso europeu de
tecnologia, desporto e lifestyle.
Em menos de um ano de comercialização, o Opel Insignia
conquistou 24 prémios e distinções, entre os quais o
título de “Carro do Ano Europeu 2009” e diversos outros
atribuídos por painéis de especialistas de consumidores
de 11 países. Para além disso, foi nomeado “Melhor
Automóvel Executivo de 2009” no Reino Unido, Dinamarca
e Eslovénia. Recebeu por duas vezes o prémio de “Melhor
Automóvel Familiar” na Irlanda e foi eleito o melhor modelo
para Frotas em Portugal e na Áustria. Foi ainda galardoado
em Espanha na área da Segurança.
LPcard
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forma cómoda e rápida a toda uma panóplia de serviços. Poderá usufruir de condições especiais
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Trata-se de um cartão sem encargos e muito simples de utilizar, bastando apenas apresentá-lo
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Comércio
ainda em queda
A indústria automóvel nacional continua a deparar-se com valores de vendas em queda
permanente. O panorama continua sombrio para o sector automóvel, mesmo com sinais
menos negativos no decorrer do Verão.
O mês de Agosto de 2009 permitiu observar uma clara atenuação da queda acumulada desde o início do ano do mercado
de veículos ligeiros em Portugal. Face ao mês homólogo do
ano passado, verificou-se um decréscimo de 14,8% (10520
unidades vendidas). O sector automóvel mantém ainda a
tendência fortemente negativa que vem registando ao longo de todo o ano. Entre Janeiro e Agosto de 2009, o mercado
de ligeiros de passageiros manteve a tendência depressiva
de quebra na venda de unidades, 32,1% face ao mesmo período de 2008. Em valores nominais, foram comercializados
nos primeiros oito meses deste ano 100775 veículos ligeiros
de passageiros.
Perante números tão negativos, importa salientar dois
exemplos positivos de marcas cujas vendas aumentaram
no nosso país, apesar de não se encontrarem sequer na
lista das quinze mais vendidas: a Chevrolet e a Saab, cujo
crescimento foi de 7% e 34,9%, respectivamente. O caso do
fabricante sueco é relevante, mas justifica-se pela pequena
quantidade de automóveis comercializados entre nós (dos
63 vendidos até Agosto de 2008, este ano atingiu os 85).
Quanto aos construtores mais populares, nenhum fugiu à
crise. Em alguns casos, a queda é acentuada, com números
preocupantes, como é o caso da Opel, a marca mais afectada com a actual conjuntura (vendeu menos 56,5% que em
igual período do ano passado – 18773 para apenas 8171).
A Renault continua a ser muito popular em Portugal, mas
nem essa distinção impediu que os franceses baixassem as
vendas em 42,4%, para apenas 13748 unidades vendidas.
Outros gigantes fortemente afectados são a Seat (menos
40,1%), Honda (quebras na ordem dos 40%) e Peugeot (com
MERCADOS 15
Venda de veículos ligeiros em Portugal
Agosto 2009
Janeiro
Agosto 2009
Ligeiros de Passageiros Comerciais Ligeiros Total de Ligeiros
10.520 -14,8% 100.775 -32,1%
2.382 -23,8% 23.123 -36,7%
12.902 -16,7% 123.898 -33,0%
Veículos Pesados 192 -46,8% 2.642 -40,9%
Total Mercado Automóvel 13.094 -17,3% 126.540 -33,2%
Fonte: ACAP - Associação Automóvel de Portugal
uma baixa de 36,4%). Aliás, entre as principais marcas, a
que menos sentiu estes tempos conturbados foi a Audi,
cujas perdas quedaram-se pelos 11,2%, vendendo até Agosto deste ano 4374 contra os 4926 do período homólogo de
2008.
Ligeiros comerciais da Fiat em alta no mês de Agosto
Também os veículos comerciais ligeiros sofreram uma quebra, assistindo-se, em Agosto, a um decréscimo de 23,8%
em relação ao mês homólogo do ano anterior, com 2382 vendas. O grande destaque, pela positiva, vai para a Fiat, cujas
vendas subiram 36%, de 146 para 228 unidades e vieram
atenuar o período negro que também afecta o grupo italiano.
De resto, o panorama é sombrio, com a Citroën, novo líder
de mercado, a sofrer um rombo de 14,7%. Mas, se houvesse
prémio para a queda mais dramática na época de Verão, essa
ficaria na posse da Renault, que em 2008 liderou as vendas
no mês de Agosto e que este ano descresceu 47,5%.
No comparativo global, entre Janeiro e Agosto, o mercado caiu
36,7% em relação a igual período precedente, o que corresponde a um total de 23123 unidades comercializadas. Nenhuma
das principais marcas foge ao cenário: Opel com uma impressionante quebra de 58,5%, Renault a cair 50,2% e Volkswagen
a baixar 50%, só para citar os casos mais sonantes.
Com alguns programas de incentivos ao abate já esgotados,
como nos EUA e na Alemanha, a maioria dos quais a terminar no final do ano, acrescem os receios de uma nova queda
de vendas em 2010. Em Portugal, estes incentivos começam
agora a colher os primeiros frutos, mas, sem continuidade
em 2010, dificilmente salvarão o mercado de novas quedas.
O alargamento do desconto no Imposto Sobre Veículos parece estar a trazer os portugueses de volta aos stands. A própria Associação dos Construtores Automóveis Europeus já
fez notar que a recuperação do mercado automóvel europeu
em 2010 poderá estar comprometida, caso os esquemas de
incentivo sejam retirados abruptamente nos 13 países em
que foram lançados.
Venda de veículos ligeiros em Portugal*
Janeiro a Agosto
Unidades
%
% no Mercado
2009
2008
Var.
2009
2008
Renault
13.748 23.865 -42,4
11,10
12,91
Ford
10.060 14.345 -29,9
8,12
7,76
Citröen
9.953 13.920 -28,5
8,03
7,53
Volkswagen
9.621 13.434 -28,4
7,77
7,27
Peugeot
9.599 15.097 -36,4
7,75
8,17
Opel
8.171 18.773 -56,5
6,59
10,16
Fiat
7.870 10.160 -22,5
6,35
5,50
Toyota
7.774 10.994 -29,3
6,27
5,95
Seat
5.927 9.901 -40,1
4,78
5,36
Mercedes
5.642 6.603 -14,6
4,55
3,57
BMW
4.878 7.088 -31,2
3,94
3,83
Audi
4.374 4.926 -11,2
3,53
2,66
Nissan
3.392 4.646 -27,0
2,74
2,51
Mitsubishi
2.961 4.278 -30,8
2,39
2,31
Mazda
2.460 3.310 -25,7
1,99
1,79
Honda
2.406 4.008 -40,0
1,94
2,17
Chevrolet
2.310 2.159 7,0
1,86
1,17
Kia
1.880 2.189 -14,1
1,52
1,18
Hyundai
1.620 2.211 -26,7
1,31
1,20
Smart
1.615 1.987 -18,7
1,30
1,07
Skoda
1.565 2.797 -44,0
1,26
1,51
Volvo
1.082 1.534 -29,5
0,87
0,83
MINI
738 1.078 -31,5
0,60
0,58
Alfa Romeo
723 579 24,9
0,58
0,31
Iveco
568 893 -36,4
0,46
0,48
Lancia
467 482 -3,1
0,38
0,26
Suzuki
459 1.270 -63,9
0,37
0,69
Dacia
358 210 70,5
0,29
0,11
Isuzu
288 428 -32,7
0,23
0,23
Jeep
281 273 2,9
0,23
0,15
Dodge
210 114 84,2
0,17
0,06
Lexus
174 219 -20,5
0,14
0,12
Porsche
172 168 2,4
0,14
0,09
Jaguar
128 257 -50,2
0,10
0,14
Land Rover
107 219 -51,1
0,09
0,12
Saab
85 63 34,9
0,07
0,03
Subaru
78 89 -12,4
0,06
0,05
Daihatsu
50 64 -21,9
0,04
0,03
Chrysler
39 146 -73,3
0,03
0,08
Ferrari
22 10 120,0
0,02
0,01
Aston Martin
19 21 -9,5
0,02
0,01
Bentley
8
6
33,3
0,01
0,00
Tata
7
5
40,0
0,01
0,00
Maserati
6
13 -53,8
0,00
0,01
Lamborghini
2
0
…
0,00
0,00
Lotus
1
3 -66,7
0,00
0,00
Piaggio
0
0
…
0,00
0,00
Daimler
0
1
…
0,00
0,00
Mahindra
0
5
…
0,00
0,00
Ssang Yong
0
14 …
0,00
0,01
Total
123.898 184.855 -33,0 100,00 100,00
* Ínclui veículos Ligeiros de Passageiros, Todo-o-terreno e Com. Ligeiros
Fonte: ACAP - Associação Automóvel de Portugal
NOTA: Com base no Instrumento de Notação registado no INE sob o nº 1892, válido até 09.12.31
Lideranças
consistentes
Se, por um lado, a Mercedes-Benz mantém a intromissão entre japoneses, por outro, a
Fiat ganha terreno entre líderes ligeiros comerciais, segundo as tabelas de disponibilidade da LeasePlan referentes ao período 1 de Junho de 2008 e 31 de Maio de 2009.
No pódio da tabela de disponibilidade da frota de veículos
ligeiros de passageiros da LeasePlan Portugal regista-se
apenas uma alteração face ao anterior relatório (análise de
1 de Março de 2008 a 28 de Fevereiro de 2009) – uma troca
de posições entre Mitsubishi, agora no terceiro posto, e Nissan, que desce para quarto.
A Honda e a Mercedes-Benz seguram o primeiro e segundo
lugares com 1,60 e 1,73 intervenções médias por veículo, respectivamente, mas note-se que, ao passo que a Honda apresenta um resultado ligeiramente pior em duas décimas, a Mercedes melhora consecutivamente a sua marca, que estava em
1,77 operações, sedimentando a posição germânica entre os
nipónicos do costume e aproximando-se do topo. De ressalvar
que o resultado apresentado pela Mercedes é de facto digno
de registo, especialmente se considerarmos que os seus 1144
ligeiros de passageiros (mais 14) ultrapassam significativamente em número as frotas de Honda (os mesmos 183 veículos anteriores), Mitsubishi (37) e Nissan (51) juntas.
No pódio, a habitualmente volátil Mitsubishi conta 1,76
intervenções médias na mais pequena frota de ligeiros de
passageiros da LeasePlan, melhorando em muito o anterior
resultado (1,97) e distanciando-se da Nissan, que soma 94
intervenções em 51 veículos, ou seja, 1,84 intervenções por
automóvel.
A Opel – destacada como a maior frota dos registos, com
6516 carros –, por seu turno, é o furão da tabela, subindo
três lugares, para sexto, com 2,08 intervenções médias –
apenas mais duas décimas que o valor anterior, cuja subida
se justifica pelas quedas acentuadas de outras marcas no
período em análise.
DISPONIBILIDADE 17
2,60
2,50
vW
2,56
2,66
rENAULt
PEUGEOt
2,22
FiAt
2,23
2,17
SKODA
2,54
2,39
2,00
ALFA rOMEO
0,00
AUDi
0,00
Média de
intervenções
de 01.06.2008 até
31.05.2009 por
veículo ligeiro de
passageiros
2,25
2,34
1,84
NiSSAN
CitrOEN
2,09
FOrD
1,76
MitSUBiSHi
SEAt
2,08
OPEL
2,08
MAZDA
1,95
2,65 Média de
intervenções
2,26
2,57
de 01.06.2008 até
31.05.2009 por
2,37
veículo comercial
ligeiro
2,48
2,51
2,37
2,17
2,16
tOYOtA
1,73
MErCEDES
BMW
0,00
HONDA
0,00
Sempre no fundo tem estado, no 18.º posto, a Volkswagen,
apesar de ter melhorado percentualmente em sete décimas,
com 2,60 intervenções médias nos seus 4649 carros, mantendo-se como a terceira maior frota da LeasePlan Portugal,
após Opel e Renault (5464).
Mazda irredutível desde o Verão passado
No segmento dos veículos ligeiros comerciais, a pequena
frota de 39 veículos da Mazda não descola da liderança desde o Verão passado, agora com uma média de 1,95 intervenções, piorando o anterior resultado numa décima apenas.
Segue-se novamente a mais pequena frota LeasePlan de comerciais (cada vez mais pequena, diga-se, se é que frota é
termo que se aplique nestas circunstâncias): a Skoda, desta
feita com apenas dois carros e quatro operações, mantendo
as mesmas duas intervenções médias anteriores, segurando o segundo posto.
Subindo uma posição, a Fiat está agora em terceiro, com
um valor distante dos líderes: 2,17 intervenções médias
que permitiram aos transalpinos ultrapassarem a Peugeot,
que se encontra em queda suave depois de já ter estado em
2,70
2,56
2,00
1,60
segundo e em terceiro. Na realidade, a quebra da Peugeot
neste período é algo significativa, apontando 3030 intervenções em 1366 veículos, o que se traduz em 2,22 operações
médias naquela que é a segunda maior frota do Top Ten dos
comerciais e a terceira maior do conjunto total de marcas
abrangidas neste segmento, após Opel (3298) e Renault
(2612).
Nem a propósito, a Opel, que assim segura ambos os títulos
das frotas mais numerosas (e sempre a crescer!), subiu aqui
um lugar, situando-se em quinto, com o resultado de 2,37
intervenções médias, percentualmente a par com a sexta
classificada Ford, que apresenta 2135 operações em 899 veículos e que desceu uma posição.
A subida mais relevante, para sétimo, é protagonizada pela
Mitsubishi, dando entrada no clube dos dez primeiros com
uma média de 2,48 intervenções referentes a 568 intervenções em 229 carros.
Não fugindo à regra, damos registo do último posicionado –
novamente a Toyota, em 14.º, ainda assim melhorando consecutivamente, desta feita em quatro décimas, o número de
intervenções médias (2,70) nos seus 793 carros.
LANÇAMENTOS 18
A maioria dos fabricantes, aproveitando a “boleia” do importante salão de Frankfurt,
aposta forte para o último terço do ano, com lançamentos para todos os gostos. Numa
altura em que a palavra de ordem é ressuscitar o volume de vendas, as propostas que
se seguem sublinham o esforço ecológico e a visão de futuro optimista da indústria.
toda a carne
no assador
LANÇAMENTOS 19
Porsche Panamera
A nova aposta da Porsche chegou ao mercado nacional em Setembro, em simultâneo com o advento do salão de Frankfurt.
Segundo dados do fabricante alemão, só em Portugal foram
feitas mais de 3 mil encomendas deste modelo, sendo de destacar que entre 80 e 85% dos pedidos foram feitos por clientes que nunca tinham optado por esta marca de prestígio. Os
interessados poderão optar pelas já disponíveis versões Panamera S, 4S e Turbo. Só no final de 2010 estará disponível a
versão V6 e, apesar de sem data de lançamento prevista, ainda
é esperada uma versão híbrida do Panamera. O preço deste
bólide começa nos 134.561 € com o S e acaba nos 174.431 €
com o Turbo.
Estamos perante um respeitável motor de 500 cavalos, já dado
a conhecer em Abril, no último Salão do Automóvel de Xan-
gai, na China. Estima-se que as vendas poderão atingir, pelo
menos, 20 mil unidades no espaço de um ano. Olhando para
a típica silhueta da Porsche, bem patente no Panamera, constatamos que todo o know-how dos engenheiros foi investido
neste espaçoso Grand Turismo, que representa uma expansão
do seu portfolio.
Jaguar XJ
Revelada ao mundo no último salão internacional de Frankfurt, a nova geração XJ destaca-se pela carroçaria maioritariamente construída em alumínio (usando mais de 50% de
material reciclado), dentro dos padrões estabelecidos pelo
recente proprietário, o construtor indiano Tata Motors. O nível da estrutura e sobretudo a qualidade dos seus materiais,
além de representar um upgrade em refinamento e segurança
Porsche Panamera
O super desportivo é também
um sucesso em Portugal
LANÇAMENTOS 20
Jaguar XJ
Dodge Caliber
O estado-da-arte em carros desportivos de luxo
Novo motor a diesel apresentado em Frankfurt
BMW X1
VW Golf VI Variant
Versões do crossover foram lançadas em Frankfurt
Carrinha surge em Novembro na senda dos restylings Golf
superior, permite que este sedan seja o mais leve da sua classe. Exibindo linhas inspiradas no XF, esta nova aposta da marca britânica tem sob o capot o novo propulsor 5.0 litros V8,
com faixas de potência que vão de 385 cv até 510 cv, quando
sobrealimentado por um compressor. De acordo com a Jaguar,
o XJ acelera de zero a 100 km/h em 4,9 segundos na versão
“top” Supersport.
Estamos perante um modelo que representa simultaneamente o melhor do universo desportivo e clássico. É dos mais aerodinâmicos Jaguar de sempre, com um design fluído e desportivo, conforto, espaço e equipamento tecnologicamente
superior, prontos a encantar o mais exigente dos condutores.
E, acima de tudo, comprova que a marca cumpre com o lema
de construir carros deslumbrantes e velozes.
povoado, segmento de pequenos crossovers. No que toca a
dimensões, estamos perante uma versão 10cm mais curta que
a actual do X3. A verdade é que o X1 assemelha-se mais à
plataforma modificada do série 3, que à de um série 1. Como
tal, maiores parecenças a uma station wagon que a um offroader. Apesar de não fugir muito aos padrões estéticos dos
últimos BMW, é um carro compacto bonito e espaçoso (tem
4,45 metros de comprimento e leva cinco passageiros). O
compartimento de bagagem tem capacidade de 420 litros que
pode aumentar para 1350 litros, com os bancos traseiros rebatidos. O X1 disponibiliza configurações para uma condução
com tracção traseira (RWD) ou integral (4x4), duas motorizações a gasolina (um 141cv 2.0 e 258cv 3.0 de seis cilindros) e
três a diesel 2.0 litros (141cv, 175cv e uma versão twin-turbo
que alcança 201cv).
BMW X1
Disponível a partir de Novembro na Europa, o X1 é apresentado como um SAV (Sport Activity Vehicle, ou seja, viatura de
actividade desportiva) representa uma das principais apostas do fabricante alemão para conquistar o, cada vez mais
Dodge Caliber
A versão actualizada deste crossover surge com o interior redesenhado e motores mais potentes, sendo um deles a novidade a diesel para a Europa. No interior encontramos um novo
LANÇAMENTOS 21
painel feito com materiais melhores e um novo grafismo, além
de comandos do ar-condicionado e o porta-objectos à frente
da alavanca de mudanças. Nos equipamentos, a Dodge incluiu
o sistema de som com ligação Bluetooth para telemóveis.
Em estreia no mercado europeu, destaca-se o bloco de
2,2 litros com 163 cv de potência, mais 16% em relação ao
antigo 2,0 litros de 140 cv. Disponíveis nos restantes mercados, seguem-se também as opções a gasolina, com um
novo 2,0 litros (156 cv) – em substituição do 1,8 l de 150 cv
- e o agora topo de gama de 2,4 l e quatro cilindros (170 cv).
O facto é que o grupo Chrysler foi obrigado a aumentar a produção na fábrica de Illinois, em mais 10 mil unidades até ao
final do ano, para dar resposta à enorme procura deste compacto, detentor de um dos mais eficientes níveis de consumo
do seu segmento.
Volkswagen Golf Variant
Apesar da aposta na reformulação da sexta geração Golf, a VW
parece ter optado por não arriscar tanto com versão Variant.
A frente inspirada na versão hatchback (onde se destacam os
grupos ópticos rasgados e uma grelha mais dinâmica) foi as-
sociada à carroçaria antiga, apenas com alterações de monta na quinta porta, pára-choques traseiro – agora pintado da
cor da carroçaria - e o vinco que liga os farolins. Partilhando
a maioria das motorizações com o Golf, a Variant surge disponível em três versões (Trendline, Comfortline e Highline) e
partindo de três motores: o TSI turbo de 1,4 litros a gasolina
de 122 cv e as unidades turbodiesel de 1,6 e 2,0 litros (105 e
140 cv, respectivamente). A motorização mais económica é a
opção 1.6 a diesel de 105 cv, com apenas 4,5 l/100 km. A outra
unidade a diesel tem um consumo médio homologado de 5,0
l/100 km. Já os motores TSI gastam entre 6,0 e 6,4l/100 km.
Todos os motores surgem equipados com caixas manuais de
cinco ou seis velocidades, contudo todos eles poderão acoplar
alternativamente uma caixa automática DSG de sete relações.
No interior, a Variant ganhou um painel redesenhado mas muito parecido ao antigo, e praticamente igual às versões Golf de
3 e 5 portas.
Saab 9-4X
Anunciado inicialmente para o final de 2008, e na altura vítima da crise, o novo SUV da marca sueca surge a tempo de
LANÇAMENTOS 22
Saab 9-4X
Kia Magentis
Após adiamento, SUV surge no fim do ano
O arrojado facelift pode fazê-lo “subir de divisão”
Skoda Yeti
Nissan Cube
Fabricante checo entra no segmento dos pequenos crossovers
Formas invulgares versus apetite voraz
a ajudar a aumentar o número de vendas e recuperar o seu
peso no mercado mundial.
Este novo e luxuoso compacto é a aposta num segmento
lucrativo, onde irá esgrimir argumentos com o BMW X5 (de
onde parece ter colhido alguma inspiração) e o Volvo XC90.
Além disso, a inspiração no 9-3 faz-se notar por dentro,
através do seu impressionante habitáculo, muito virado
para o condutor, mas também por fora, numa frente e traseira similares ao irmão mais pequeno.
O selo BioPower é uma tentativa de fazer deste 4x4 um off-roader com consciência ambiental. É possível optar por
gasolina sem chumbo, bioetanol (E85) ou uma mistura de
ambos, significando uma oferta de 300 cv a partir de um
motor turbo de 2,0 litros. O sistema de condução XWD permite enviar a energia para as rodas traseiras a maior parte do tempo – e usa apenas as quatro quando necessário.
Contudo, apesar da possibilidade acrescida de reduzir de
50 a 70% as emissões de CO2, a limitação de postos de
abastecimento do bioetanol pode limitar as suas credenciais “verdes”.
Skoda Yeti
A partir de Novembro já estará disponível no mercado nacional
o quinto modelo da Skoda, o Yeti. Apresentado ao público em
Março, no Salão de Genebra, esta aposta da Skoda entretanto
saída da linha de montagem da fábrica de Kvasiny, é proposta,
numa primeira fase, com dois blocos a gasolina (1.2 TSI de 105
cv e 1.8 TSI de 160 cv) e o motor a diesel 2.0 TDi com vários níveis de potência (110, 140 e 170 cv). A transmissão DSG estará
disponível na versão 1.2 TSI. O Yeti baseia-se na plataforma do
Octavia e o sistema de tracção é o mesmo do Octavia Scout.
Com um comprimento total de 4,223 metros, largura de 1,793
metros, altura de 1,691 metros, e distância entre eixos de
2,578 metros, o novo modelo da marca checa é proposto com
tracção dianteira ou tracção integral permanente. Devido à sua
envergadura e espaço, pode facilmente suportar cinco passageiros. A mala aguenta até 416 litros, que pode estender-se até aos
1760 litros quando rebatidos os bancos. Este modelo, que foi
buscar a sua designação ao “abominável homem das neves”,
representa uma excelente conjugação entre um forte 4x4 e um
prático hatchback na linha de um Nissan Qashqai.
Kia Magentis
Na revolução estética do Magentis em 2009, destacam-se, sobretudo, as mudanças na frente, com uma nova grelha cromada
e faróis mais bicudos. Já a traseira lembra a de um BMW. Certo é
que, apesar de não poder concorrer com os “big boys”, este Kia
tem porte e alguns argumentos para ombrear com propostas
como o novo VW Golf, Citroën C4 ou o Ford Mondeo. Contudo,
o preço mais elevado em relação ao anterior modelo, apesar
do upgrade em potência do motor, agora disponibilizando 164
cv (em vez dos 145 cv) num bloco de 2.0 litros 16V, talvez possa
ser dissuasor. Afinal, e apesar do sucesso que a marca coreana
tem conseguido, sobretudo em terras americanas, estamos perante um carro com algumas condicionantes no mercado europeu. A começar pelo design interior algo ultrapassado e a qualidade dos materiais. Mesmo com a dimensão imponente, típica
dos modelos para executivos, na prática a performance na condução, conforto e espaço podem não estar à altura dos rivais.
De série, o Kia Magentis traz airbag duplo, travões com ABS
e caixa automática. Oferecendo os já habituais 5 anos de garantia, sem limite de quilometragem, a Kia pode captar mais
alguns
clientes
no difícil
do velho continente.
EV LEASEPLAN
210x149
4/22/09
11:51mercado
AM Page 1
LANÇAMENTOS 23
Nissan Cube
Após uma década de sucesso no Japão, que lhe valeram mais
de 1 milhão de unidades produzidas, a variante europeia do
Cube chega em Novembro ao mercado português com duas
motorizações, incluindo uma diesel (1.5 dCi com 106 cv). Já a
gasolina disponibiliza um motor com a mesma cilindrada e 111
cavalos de potência.
Apesar do seu audacioso aspecto, o Cube parece estar a
agradar sobretudo a consumidores de meia-idade, que o
encaram como um “dispositivo móvel”, a um preço competitivo, num carro de características únicas. Da parte do
fabricante japonês, este pequeno modelo parece reunir
condições para o seu sucesso global. De tal forma que esta
terceira geração (e mundial) do Cube teve a colaboração de
engenheiros europeus e americanos. Erguido da plataforma
do Micra, além das formas rectilíneas e uma ou outra assimetria apelativa, o que se destaca neste “cubo” é o interior
espaçoso e chamativo. A funcionalidade e destreza garantidas são de tal ordem que, segundo a Nissan, este é um tipo
de carro tão especial que irá atrair mesmo aqueles que não
se interessam por automóveis.
Desde Agosto deste ano que muitos economistas têm vindo a projectar cenários optimistas para a economia e para a indústria automóvel, concordando que o pior já passou, perante sinais de recuperação um pouco por todo o mundo. Os planos de incentivo
fiscal ajudaram as vendas e aceleraram a produção. O corte de custos e o lançamento
de veículos populares são também parte da solução.
A crise anda de carro
TEMA DE CAPA 25
Governos de vários países decidiram implementar medidas
de incentivo para os construtores, especialmente na Alemanha, tendo a UE registado melhorias na compra de veículos
desde Maio e Junho. Segundo um estudo Bank of America
Securities-Merrill Lynch, a retoma da indústria automóvel
será reflexo da reestruturação das economias desenvolvidas. Também nos EUA a crise obrigou as construtoras a
pedirem ajuda ao governo para a manutenção das suas operações.
O mercado americano estabilizou no segundo trimestre do
ano, com um crescimento de 1%, por comparação com o trimestre anterior, ainda assim 32% inferior ao registado em
período homólogo do ano passado, depois de, no dia 24 de
Julho, o Congresso norte-americano ter aprovado o programa Car Allowance Rebate System, que oferece, ao longo de
quatro meses, acesso a um crédito de 4500 dólares (cerca
de 3061 euros) na troca de um veículo antigo por outro menos poluente.
Jean-Michel Jalinier, que assumiu a liderança da Renault
Mercosul em Maio, afirmou entretanto à Reuters que a empresa passa por um processo global de redução de custos,
acentuado pela crise financeira internacional. Não obstante,
a Renault lançou sete veículos nos últimos três anos e pretende reforçar a presença em alguns segmentos, como por
exemplo nas pickups, além de reforçar a rede de concessionários, decisiva para novas conquistas.
Nisto, desenvolvem-se outras perspectivas, nomeadamente
na Europa, para a mobilidade sustentável nos próximos anos,
sobretudo a partir dos profundos impactos da actual crise, que
colocou General Motors e Volkswagen em xeque. Mas para os
optimistas, até as crises trazem consequências positivas, como
a possibilidade de se escutarem mais atentamente ideias menos convencionais e ortodoxas.
Neste prisma, a discussão em torno da mobilidade sustentável parece não poder dissociar-se da mudança de paradigma
quanto à forma como as pessoas se locomovem – o que poderá
contribuir para a emergência de um novo modelo de sociedade. Defendem os estudiosos de ciência política, Weert Canzler
e Andreas Knie, que o debate não se restringe ao tipo de combustível que moverá os veículos, abarcando inovações organizacionais e culturais de fundo, com a convergência de sectores
que até agora não se comunicavam, adaptando modelos de
negócios.
Na visão de Canzler e Knie, a indústria automóvel deixará de vender carros, admitindo que essa já nem é a sua “praia”, mas sim o
financiamento das vendas – que, conforme os autores, respondia por cerca de 70% do resultado económico das empresas até
ao ano passado. Como um dos principais motores da economia
mundial desde o pós-guerra, a indústria automóvel precisará de
se reinventar novamente e quanto antes, já que a questão climática, a escassez de recursos não renováveis e os problemas
de mobilidade nas grandes cidades exigem urgência.
TEMA DE CAPA 26
Ambos os autores sugerem que as empresas de transportes públicos assumam e operem frotas de bicicletas e carros
públicos como elementos centrais da mobilidade urbana do
futuro. Do sector energético viriam, não só a oferta de novos
produtos, mas novos modelos tarifários, e as tecnologias de
informação encarregar-se-iam de articular, organizar, distribuir e racionalizar o transporte nas cidades.
Novos incentivos aos abates anteciparam corrida à compra
de automóveis
Com alguns programas de incentivos já esgotados, como nos
EUA e na Alemanha, e a maioria deles a terminar no final do
ano, crescem os receios de uma nova queda de vendas em
2010. Em Portugal, um dos 13 países da UE que abraçaram
este programa, o incentivo ao abate de veículos em fim de vida
registou, em 2008, o número recorde de 36128 viaturas – mais
125,4% do que no ano anterior. No entanto, em Maio deste
ano as vendas de carros continuavam em queda e as medidas
tomadas pelo Executivo não eram suficientes. O Governo implementara um Plano de Apoio ao Sector Automóvel (PASA)
mas os critérios apresentavam-se “demasiados exigentes”
para as empresas, reiterava então Hélder Pedro, secretáriogeral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), apontando o “elevado grau de exigência nos rácios de solvabilidade e
autonomia financeira” como entrave à adesão ao PASA.
O aumento da despesa fiscal com os abates será, no entanto, contrabalançado com o fim da redução de Imposto Sobre
Veículos (ISV), na aquisição de viaturas menos poluentes,
previsto para 2009. A ANECRA critica “veementemente” as
alterações nesta matéria, uma vez que o Executivo acabou
com a redução de 500 euros no ISV para veículos a gasóleo
com emissão de partículas inferiores a 0,005 g/km.
O Ministério das Finanças prevê que, com o reforço dos incentivos, o número de veículos abatidos aumente 16%, batendo a marca das 42 mil unidades. Por seu lado, a ACAP
considera ser difícil atingir esta meta e o secretário-geral
Hélder Pedro alerta que, “se em 2010 não continuar a haver
estes incentivos ao abate, que começaram mais cedo noutros países europeus, o mercado nem sequer irá estagnar,
mas sim cair novamente”. Na gaveta continuam, para já, outras propostas da ACAP, como o alargamento do incentivo
para abate à compra de veículos até dois anos e a suspensão temporária do Imposto Único de Circulação (IUC).
Tal como verificado em países como os EUA ou a Alemanha, o
reforço de incentivos em Portugal tem carácter excepcional,
estando em vigor apenas até 31 de Dezembro. Na Alemanha,
onde os incentivos adoptados em Fevereiro findaram a 2 de
Setembro, faltavam ainda 4382 requerimentos para esgotar o
fundo de cinco mil milhões de euros atribuído pelo Estado ao
abate de veículos antigos na compra de carros novos. O prémio de 2500 euros gerou, no entanto, uma média de entrada
de nove mil requerimentos por dia, tendo-se intensificado a
entrega nos últimos dias, apontando um acréscimo nas vendas de 40%. Os especialistas temem que o prémio só tenha
TEMA DE CAPA 27
servido para antecipar a decisão de quem pretendia comprar
carro nos próximos tempos e que no próximo ano haja uma
quebra nas vendas de cerca de um milhão de veículos. Ainda
assim, as vendas de carros na Alemanha em 2009 deverão
atingir os 3,7 milhões, graças ao prémio ao abate.
A consultora Roland Berger estima que as vendas na Alemanha caiam mais de 20 por cento em 2010 e que até 90 mil
empregos possam ser eliminados depois do Governo retirar
a sua ajuda às vendas – cenário que poderia comprometer a
portuguesa Autoeuropa (ver texto abaixo).
Já nos EUA, o programa de abate de carros velhos também
foi visto como um sucesso, apesar de ter terminado dois
meses antes do previsto, a 24 de Agosto, porque se haviam
esgotado os 2 mil milhões de euros previstos pelo governo
dos EUA. O incentivo era de até 4500 dólares (3125 euros),
oferecidos a quem quisesse trocar o seu carro por outro
mais eficiente do ponto de vista energético, e denominouse “Cash for Clunkers” (Dinheiro por Sucata). As vendas
dispararam, levando a General Motors, Ford e o grupo
Chrysler a aumentarem os planos de produção, mas foi a
Toyota quem mais vendas fez ao abrigo do programa subsidiado pelo governo norte-americano, com 19% dos 700
mil novos automóveis vendidos.
Nos EUA, mais de 180 mil veículos acabaram no ferro-velho em apenas um mês, com benefício do meio ambiente.
Apesar do “sucesso maior do que se imaginava”, segundo
palavras do presidente Barack Obama, também quanto ao
caso norte-americano há cépticos, considerando-se ainda
cedo para dizer se há realmente uma retoma duradoura da
indústria. Ironicamente, os quatro automóveis mais vendidos ao abrigo do programa são japoneses.
Na direcção contrária, o Governo de Nicolas Sarkozy
decidiu prolongar por mais dois anos o programa de in-
centivo ao abate, em moldes ainda por definir. Entre
os franceses continua viva a má experiência de 1996,
quando o fim de um esquema de incentivos semelhante fez o mercado automóvel perder mais de 30 por cento. Antes mesmo da decisão francesa, vários especialistas e associações do sector automóvel na Europa e
nos EUA alertaram para a necessidade de prolongar os
programas de incentivos ou retirá-los gradualmente.
Autoeuropa prudente quanto a programa de produção em
2010
Perante a recuperação do mercado automóvel, a Autoeuropa, que dá emprego directo a 3028 pessoas na fábrica de
Palmela, anunciou em finais de Agosto o cancelamento dos
quatro primeiros dias de lay-off previstos para Setembro e
Outubro, com base em reflexos positivos nas encomendas
da Volkswagen.
Com capacidade instalada de 150 mil veículos por ano, a administração da unidade de Palmela já então advertia que o
cenário de retoma devia ser “encarado com prudência”.
A 21 de Agosto também a fábrica de componentes automóveis da Dura Automotives, na Guarda, suspendeu a redução temporária do horário de trabalho devido ao aumento
de encomendas. A decisão de lay-off previa inicialmente a
suspensão da laboração às quintas e sextas-feiras, mas,
entretanto, os trabalhadores já laboram a tempo inteiro e
recebem o vencimento na totalidade.
Ainda que os incentivos de vários governos europeus à compra de viaturas novas esteja a resultar numa clara recuperação do mercado, nomeadamente na Alemanha, e que esta
recuperação tenha reflexos positivos nas encomendas da
Volkswagen Autoeuropa, o responsável admite que o comportamento dos consumidores possa não manter, em 2010,
TEMA DE CAPA 28
a tendência positiva recente, depois de esgotado o período
de vigência dos programas de incentivo.
O tempo é de “realismo”, sendo necessário antecipar o próximo ano com todas as cautelas, esperando para ver como
reagirão os consumidores e o próprio mercado. António Chora, coordenador da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, reconheceu, no entanto, que no curto prazo a medida
de incentivo governamental de Berlim “não terá implicações
no programa de produção” estabelecido pelo construtor automóvel alemão em Portugal.
A Norte, e pela positiva, as empresas do sector instaladas
no cluster de Valença, que apoia a construção automóvel na
Galiza, apresentam claros sinais de retoma e preparam-se
para gerir mais de meio milhar de novos postos de trabalho,
o que colocará novamente o concelho com taxas de desemprego residuais. Depois de a actividade industrial local ter
batido no fundo no primeiro trimestre deste ano, o sector
automóvel, dependente da Galiza, dá sinais de uma evolução positiva, especialmente com o surgimento do interesse
de uma nova empresa espanhola em instalar-se em Valença,
ao passo que a Dayco se prepara para alargar a sua unidade
de produção – além de uma nova nave industrial, já concluída, por parte do grupo Antolin.
Quedas nas vendas atenuadas por regimes
de incentivos ao abate
Em Junho deste ano, as vendas de carros novos na Europa
estavam em queda há 13 meses, e apenas Volkswagen (VW),
Fiat e Hyundai se mantinham acima da linha de água, enquanto GM, BMW e Toyota apresentavam quedas superiores a 8%
em Maio, por comparação com o mês homólogo de 2008. No
geral, o panorama era negativo e, se Áustria (+4,8%), Grécia
(+5,1%), França (+11,8%) e Alemanha (+39,7%) contribuíam
para atenuar a queda de 3,2% na Europa Ocidental, graças
aos programas de incentivos à renovação de frotas, o cenário
não se estendia à maioria dos países. Portugal, por exemplo, registava uma queda de 33,6% em Maio, o Reino Unido
-24,8% e Espanha -38,7%.
A quebra, reflexo da crise económica, acentuou-se no primeiro semestre deste ano, mas Augusto Bernardo, do gabinete de
estatísticas da ANECRA, recorda ainda outros factores, como
a reforma da tributação automóvel, nomeadamente o menor
ISV, que é pago à cabeça. Neste caso, tornou-se mais atractiva a opção por carros novos. Também o IUC, pago anualmente,
desincentivou a importação de usados, uma vez que os veículos importados com matrícula portuguesa desde 1 de Julho de
2007 passaram a pagar no mínimo 100 euros.
Finalmente, em Julho, as vendas davam sinais de recuperação, e
as três marcas de automóveis que mais venderam em Portugal
– Renault, Ford e Citroën – estancaram as quedas desastrosas
dos primeiros meses do ano, que superaram os 50%. A Renault
Portugal justificou os números menos gravosos do primeiro
mês do segundo semestre com o lançamento de novos modelos, como o Mégane, o Clio, o Scénic e o Mégane Sport Tourer.
Já a Opel evoluiu em sentido oposto, apresentando quedas próximas dos 45%. A situação financeira da casa-mãe, a General
Motors, em processo de falência, bem como a ausência de novos modelos, pode ter estado na base destes valores. A Toyota
foi o único construtor a subir as vendas – nove por cento.
Mas nem todos sentem a crise com a mesma intensidade. A
Hyundai Motor Company registou um aumento de 25,1% nas
vendas globais, por comparação com o mês de Agosto do
ano transacto. O resultado decorreu dos benefícios fiscais
implementados pelo governo coreano desde Maio, visando
a substituição de veículos com mais de 10 anos. A estratégia
da Hyundai Motor passa pela concentração de esforços no
crescimento da quota de mercado mundial, aumentando o
fornecimento de modelos económicos e funcionais suportados por adequadas campanhas de marketing de suporte aos
mercados locais, além do lançamento de novos produtos em
segmentos onde a procura é maior; nova identidade da rede
de distribuição; introdução de maior flexibilidade na capacidade industrial na Europa; aumento das receitas vindas das
frotas e uma maior notoriedade da marca. Os responsáveis
coreanos crêem que a procura de veículos compactos com
grande qualidade e elevado valor de retoma vai continuar.
A Kia Motors Corporation anunciou vendas globais de
139656 unidades em Agosto - o que representa um aumento
de 24,1% em relação ao mesmo mês do ano passado. A marca obteve aumento nas vendas na China (21770 unidades,
TEMA DE CAPA 29
crescimento de 104,9%), na América do Norte (44870 unidades, 55%) e na Coreia (25184 unidades, 8,1%). O modelo
mais vendido este ano nos mercados externos foi o Cerato,
do segmento C (conhecido como Spectra ou Forte).
Por seu turno, a Audi AG começou também a apresentar
sinais de crescimento das vendas em importantes pontos
de venda, como Estados Unidos, China e Europa. Em todo
o mundo, no mês de Agosto, a marca comercializou 65900
carros Premium, sofrendo uma baixa de apenas 2,7% por
comparação com o mesmo mês do ano passado. De Janeiro
a Agosto, o volume de vendas da Audi na Europa foi 7,5%
inferior ao verificado no mesmo período de 2008 mas os responsáveis da empresa consideram que os números foram
satisfatórios face à crise que se instalou.
A Volkswagen vendeu mais de 3,12 milhões de carros até
Junho de 2009 e está a caminho de fundir-se com a Porsche.
Mas parece não haver fundo para a queda das acções da
VW, que em 2009 já deslizaram 22,37%, enquanto o mercado vai recuperando – as 30 maiores empresas alemãs subiram mais de 10% no mesmo período. Nos primeiros seis
meses do ano, as vendas do grupo que agrega marcas como
Audi, Seat e Skoda não conseguiram evitar que os lucros caíssem quase 78% face ao período homólogo. Os mercados
que mais sentiram o contágio da crise foram, nas contas da
VW, a África do Sul, Reino Unido, Argentina, Índia, Japão e os
EUA, todos com quebras superiores a 15% nas entregas de
automóveis a clientes. Nas marcas, as piores notícias chegam dos construtores de luxo. A Bentley viu as vendas de
unidades caírem para menos de metade das registadas nos
primeiros seis meses do ano anterior, enquanto a Lamborghini e Bugatti venderam menos um terço de veículos.
Nem fusões animam as bolsas
Mas o grande golpe nas acções da Volkswagen pode ter
sido dado pela notícia da fusão entre o maior fabricante de
automóveis europeu e a empresa que eternizou o nome de
Ferdinand Porsche, detentora de 50,75% do capital do grupo. O banco norte-americano Goldman Sachs acredita que a
fusão, que deverá levar dois anos a consumar-se, será mais
vantajosa para a fabricante do famoso 911.
Assim, nem os números da fusão, que fará da marca Porsche a décima do grupo da Baixa Saxónia, parecem animar
as bolsas. Apesar de Martin Winterkorn, presidente executivo do grupo que será também o novo líder da Porsche, ter
anunciado que a empresa tem agora “o que é preciso para
ser o número um na indústria automóvel”, o mercado reagiu
mal às novidades. A Volkswagen espera cortar três mil milhões de euros de custos na junção com a Porsche e vai ter
vendas de 6,4 milhões de veículos anualmente, que sairão
do esforço de 400 mil trabalhadores. Além disso, a Qatar
Holding, vai ser um forte accionista do novo formato do grupo, passando a deter 17 por cento e a ser o terceiro maior
accionista, depois da Porsche e do Estado da Baixa Saxónia,
de acordo com a empresa.
Por outro lado, a longa e complicada negociação entre Magna International, General Motors, governo alemão e os trabalhadores, para decidir o futuro da Opel e da Vauxhall na
Europa parece ter chegado ao fim. A construtora norte-americana decidiu vender 55% da subsidiária Opel ao consórcio
entre Magna e o banco russo Sberbank, ao passo que a GM
manterá 35% e os trabalhadores terão os restantes 10%.
Os funcionários da Opel e da Vauxhall devem abrir mão de
benefícios e concordar com cortes de custos significativos
para a viabilização das operações na Europa, que se estendem à Alemanha, Reino Unido, Espanha, Polónia e Bélgica,
somando 54500 pessoas. O entendimento envolve também
o governo do Reino Unido, interessado em preservar empregos e instalações produtivas.
Mas a crise parece não ter prejudicado a indústria automóvel da Rússia, onde três dos maiores construtores de
automóveis e camiões podem unir forças. A nova empresa,
que seria baptizada como Rosavto, contaria com a Avtovaz
(responsável pela produção dos modelos da Lada), a marca de camiões Kamaz – que compete anualmente no Rali
Dakar – e a fabricante de motores Avtodizel. A nova empresa poderá ser formada por quatro subsidiárias, responsáveis pela produção de veículos leves, camiões, motores e
peças. O comando ficaria a cargo da Russian Technologies,
conglomerado que actua em diversos sectores. Apesar de
vista com bons olhos pela indústria, analistas financeiros
condenam a fusão. Georgy Ivanin, do banco de investimentos Alfa Bank, afirmou que “não vê sinergia na união de um
fabricante de automóveis com outro que produz camiões”.
Note-se que, actualmente, a Renault detém 25% da Avtovaz,
enquanto que a Daimler possui 10% das acções da Kamaz.
Mais
voltagem
do que
nunca
O Salão Automóvel de Frankfurt,
que decorreu entre os dias 17 e
27 de Setembro, somou cerca de
850 mil visitantes. Apesar da crise
sentida na Europa, a 63.ª edição do
evento somou 150 lançamentos e
foi marcada pela aposta dos construtores em modelos “amigos do
ambiente”.
SALÕES 32
O maior salão automóvel da Europa foi inaugurado pela
chanceler alemã Angela Merkel, que começou por visitar
o stand da Opel, depois do aval do governo para a venda
da filial europeia da General Motors à fabricante de peças
canadiana Magna e ao banco russo Sberbank. Também o
ministro alemão da economia, Karl-Theodor zu Guttenberg,
visitou o certame, tendo trocado impressões com os executivos dos construtores germânicos, posando ainda para as
fotos no interior de alguns carros. Com efeito, as grandes
estrelas foram, naturalmente, os carros alemães, responsáveis por quase 70% dos lançamentos.
Segundo o presidente da Associação da Indústria Automóvel Alemã, Matthias Wissmann, a importância da feira é inegável, ocupando o “primeiro lugar entre eventos do sector”.
Em 11 dias, estiveram em exposição 82 modelos inéditos
apresentados por 62 construtores nos 190 mil metros quadrados do centro de exposições Festhalle/Messe.
Mesmo assim, o salão contou com menos expositores (as
japonesas Nissan, Honda e Mitsubishi, por exemplo, não se
apresentaram), numa quebra de 30% face aos números verificados na edição anterior. No entanto, Wissmann salientou
que “nenhuma outra feira apresenta toda a cadeia de produção – de produtores a fornecedores”.
O Salão de Frankfurt centrou-se em veículos de baixo consumo e automóveis eléctricos. Mesmo as marcas ditas de luxo,
ou premium, exibiram “versões” verdes dos seus carros
mais cobiçados. A BMW lançou o Vision, um híbrido equipado com dois motores eléctricos e um terceiro a diesel, e com
a particularidade das portas ao estilo “asas de borboleta”
– método de abertura de portas que surgiu, aliás, num outro
veículo em destaque, o Mercedes-Benz SLS, o qual deverá
ter igualmente uma versão híbrida no futuro próximo.
A estrear
Quanto a lançamentos, comecemos por alguns modelos menos inacessíveis como as duas estreias mundiais da Citroën,
que comemorou este ano os seus 90 anos. Com a Creative
Technology, a Citroën oferece a gama mais vasta de sempre,
evidenciada pelas estreias do C3 e do primeiro representante da linha DS: o DS3 – duas novidades totalmente adaptadas ao desenvolvimento actual dos veículos do segmento.
A concorrer com o C3, com o Honda Fit ou com o Opel Meriva, a Kia apresentou o monovolume Venga, somando pouco
mais de quatro metros de comprimento, 1,6 metros de altura
e distância entre-eixos de 2,615 metros. Este monovolume
estará disponível na Europa no início de 2010 com motor 1.4
a gasolina de 75 cv e 1.6 a diesel de 115 cv.
Por seu turno, o novo Opel Astra hatchback de cinco portas
demonstrou um design elegante e moderno que deriva do
mesmo conceito aplicado no Insignia, embora com uma in-
Lexus LF-Ch
terpretação diferente, estreando-se com uma gama de oito
motores cuja média de consumo representa uma significativa melhoria de mais de 12% face à actual geração. O novo
Astra traz para o segmento dos automóveis compactos muitas inovações em matéria de conforto e de segurança.
Outra estreia foi a do novo Ford C-MAX, disponível em duas
versões, prometendo estabelecer padrões de estilo no segmento dos veículos multi-actividades (MAV) compactos,
assinalando uma evolução do elogiado “kinetic design”, da
Ford. Pela primeira vez, os clientes de MAV da Ford poderão
escolher entre o C-MAX de 5 lugares e o novo Grand C-MAX
de 7 lugares, dotado de duas portas deslizantes e bancos
inovadores, além de um conjunto de tecnologias avançadas,
destinadas a melhorar o conforto, segurança e sustentabilidade, incluindo os novos e potentes motores a gasolina EcoBoost da Ford, de elevada eficiência e baixas emissões.
Já a Alfa Romeo mostrou os primeiros dois motores MultiAir
do MiTo – o 1.4 de 135 cv e o 1.4 de 105 cv, disponíveis para
todos os actuais níveis de equipamento da gama. O Alfa
Romeo MiTo 1.4 estreia a tecnologia MultiAir, desenvolvida
e patenteada pela Fiat Powertrain Technologies. Posteriormente, será comercializado o 1.4 MultiAir Turbobenzina de
170 cv, que completará a gama de motores a gasolina do
Alfa Romeo MiTo e que será proposto exclusivamente com
o equipamento “Quadrifoglio Verde”. Aliado às motoriza-
SALÕES 33
ções MultiAir, é lançado pela primeira vez na Alfa Romeo o
“Start&Stop”.
Outra novidade foi o mais emblemático modelo Saab, o novo
9-5, que irá ser comercializado a partir do início de 2010. Entre os luxuosos, notaram-se muitos coupés de quatro portas.
Além do Panamera, da Porsche, a Aston Martin trouxe o Rapide e a Bugatti o inédito Galibier. A Bentley mostrou o Mulssane e a Rolls Royce apresentou o Ghost.
Acima dos 300 km/h, a Mercedes-Benz revelou o SLS AMG,
sucessor do SLR McLaren, como o desportivo por excelência
da marca. A Ferrari não fez por menos e levou ao evento o
458 Italia, que substituirá o F430 como principal máquina da
marca italiana. Este modelo chega com o motor exclusivo 4.5
de 8 cilindros com injecção directa de gasolina, sete velocidades e dupla embraiagem. Os 570 cv de potência levamno dos 0 aos 100 km/h em 3,4 segundos, a uma velocidade
máxima de 325 km/h.
Destaque também para o Porsche 911 Turbo, com um motor
3.8 de 6 cilindros que recebeu mais 80 cv em relação aos
420 cv da versão anterior, e para o Audi Spyder, já famoso
pela aparição no filme Iron Man 2, com motor V10 5.2 (525
cv) e duas opções de caixa: manual de seis marchas ou automática R-tronic. O primeiro vai dos 0 aos 100 km/h em
3,4s e atinge 312 km/h, e o segundo chama a atenção pelos
detalhes.
Ligados à corrente
Corria no pavilhão a ideia que nunca haviam sido vistos tantos carros eléctricos num mesmo local. De pequenos modelos
como o e-up! (apenas disponível em 2013), da VW, ao desportivo e-Tron, da Audi – concept com um visual sci-fi equipado
com quatro motores eléctricos de 313 cavalos que permitem
acelerar dos 0 aos 100 km/h em apenas 4,8 segundos; velocidade máxima limitada de 200 km/h e autonomia de 248
km.
A Mercedes-Benz prometeu uma versão eléctrica do SLS
AMG; a BMW revelou o Vision Efficient Dynamics (coupé com
três motores – um diesel e dois eléctricos que somam 276 cv).
Mas insista-se no Vision, que oferece uma potência de 356
cv e 800 Nm de par, consumindo apenas 3,76 l/100 km de
gasóleo, atinge os 250 km/h e acelerar aos 100 km/h num
tempo digno de super-desportivo: 4,8 segundos.
A Renault, que não revelou qualquer modelo de produção,
compensou a falha com quatro veículos eléctricos, todos conceptuais ainda, da linha Z.E, de “zero emission”. Tratam-se de
protótipos da aliança com a Nissan que antecipam os modelos de série que chegarão em 2011. O mais curioso é talvez o
Twizy, espécie de carro urbano de dois lugares e dimensões
compactas cujo desempenho é semelhante ao de uma mota
de 125 cc. Com capacidade para duas pessoas (uma na frente e outra atrás), chega a 75 km/h e tem autonomia de 100
SALÕES 34
VW L1
Audi e-Tron
km. O Kangoo Z.E., por seu lado, antecipa a pequena carrinha
eléctrica destinada a frotistas e utilizadores profissionais, com
uma motorização eléctrica de 70 kW e binário de 226 Nm.
Digno de nota, o Opel Ampera eléctrico, com capacidade para
quatro pessoas e espaço para bagagens, é um automóvel familiar com o ADN do Astra e do Insignia, mas utiliza uma tecnologia revolucionária de propulsão eléctrica designada Voltec, recorrendo à electricidade como fonte de energia primária
e à gasolina como meio para produzir electricidade. Os planos
para a entrada em produção apontam para o final de 2011.
A Opel vai lançar também em Janeiro de 2010 uma nova versão
ecoFLEX do popular Corsa, cujas emissões de CO2 se fixam em
apenas 98 g/km. Este será o primeiro Opel a baixar da barreira
dos 100 g/km. O próximo passo na evolução da gama ecoFLEX
de emissões extremamente reduzidas será dado pelo novo
Astra, na Primavera, com uma versão de 109 g/km. A Opel
mostrou ainda o novo Insignia de 130 cv, da linha ecoFLEX,
capaz de aliar um consumo baixíssimo de 5,2 l/100 km a uma
performance digna de registo graças aos 320 Nm de binário
disponibilizados pelo motor turbodiesel 2.0 CDTI.
Protótipos e invulgares
O Volkswagen L1 é outro carro que poderia eventualmente
figurar entre eléctricos, mas o facto de ser também pouco
ortodoxo em vários aspectos confere-lhe acima de tudo a
dimensão de protótipo. O L1 é, pois, um dos veículos mais
económicos do mundo, “bebendo” 1,38 litros de diesel a
cada 100 km, graças ao seu motor turbodiesel de dois cilindros, combinado com um motor eléctrico e sete mudanças.
A leveza do veículo também ajuda na economia, em função
da carroçaria de fibra de carbono, que contribui para o peso
total de apenas 380 kg.
O modelo BB1, da Peugeot, tem 2,5 metros de comprimento
muito fáceis de estacionar, inclusivamente em posição perpendicular à via, salta à vista um aspecto cruzado de motociclo e carro. A condução é semelhante à de uma moto,
com posição dos assentos mais vertical – possível graças à
ausência dos pedais no piso. Incrivelmente, o BB1 é capaz
de receber quatro pessoas e tem tracção 100% eléctrica,
reinventa o automóvel em todas as suas dimensões.
Num cenário onde os híbridos e os eléctricos conseguiram
ser as estrelas também entre “bombas” e protótipos, falemos agora do Mazda MX-5 Superlight Version, em comemoração aos 20 anos do descapotável MX-5, o dois lugares
mais vendido do mundo. O protótipo MX-5 Superlight mescla linhas futurista com um visual retro que não traz capota
e nem pára-brisas. Sob o capot, tem o mesmo motor do modelo menos potente do MX-5: 1.8 litros, a gasolina, de 127
cavalos de potência.
Nisto, enterrado aquando da queda do Muro de Berlim, há
20 anos, o carro comunista Trabant surgiu como versão eléctrica às mãos da empresa IndiKar em parceria com a Herpa,
detentora da marca. O carro, produzido na Alemanha Oriental a partir de 1958, tem um motor eléctrico com potência
equivalente a 63 cv e, segundo o fabricante, pode rodar 160
km com uma carga de bateria. Com algumas alterações de
design em relação ao original, que vendeu mais de três milhões de unidades em 30 anos de produção, o Trabant nT é
apresentado como carro-conceito, mas o fabricante está em
busca de parceiros para transformá-lo num carro comercialmente viável, a lançar no mercado em 2012.
Por fim, no segmento de luxo, estendeu-se a passadeira
vermelha para o inovador protótipo Lexus LF-Ch, o primeiro compacto de luxo totalmente híbrido. A Lexus aplicou a
sua inovadora tecnologia 100% híbrida, denominada Lexus
Hybrid Drive, que permite uma condução praticamente silenciosa, com zero emissões e modo totalmente eléctrico a
baixas velocidades. A aceleração é linear e dinâmica, mas
extraordinariamente suave. O LF-Ch combina dimensões exteriores compactas de hatchback com 5 portas, criando a
impressão de um coupé dinâmico. O design interior é futurista, com um tablier assimétrico e Remote Touch.
Walter Lamego
ADMINISTRADOR DA MCOUTINHO COLISÃO
Em contra-ciclo, e prevendo um crescimento do seu negócio na ordem dos 8% para este
ano, a MCoutinho Colisão considera que, mais do que uma política comercial isolada, a
oferta deve ser adaptada em termos de serviços. Esta empresa de reparação de sinistros, pintura e recondicionamento de viaturas sente que a LeasePlan é o parceiro ideal,
pois há mútua compreensão das expectativas e necessidades.
ENTREVISTA 37
Que tipo de serviços presta a
MCoutinho Colisão?
A MCoutinho Colisão opera no negócio
da reparação de sinistros, pintura e
recondicionamento de viaturas. Temos
procurado centrar a nossa estratégia
no desenvolvimento de um serviço
perfeitamente orientado para as
necessidades do cliente.
É nossa missão oferecer um serviço
completo e integrado, aspectos que
nos permitem evidenciar as vantagens
que o cliente pode usufruir connosco,
face à reparação efectuada num
operador designado por “tradicional”.
A viatura de substituição, a rapidez
no início da reparação e de todo o
“timing” em termos de processo –
possível através do estabelecimento de
canais de comunicação privilegiados
com as seguradoras – são exemplos do
valor que conseguimos criar na oferta
do serviço da MCoutinho Colisão.
Que balanço faz da relação com a
casa-mãe MCoutinho?
O nosso negócio está integrado num
Grupo que conta com mais de 50
anos de experiência na distribuição
automóvel, actualmente representa 17
marcas de veículos, com uma oferta
de produtos e serviços alargada a
todos os segmentos do negócio.
Estes factores são uma permanente
alavanca do negócio e reforçam
permanentemente a nossa ambição.
Refira-se que a MCoutinho Colisão
conta já com 20 anos de actividade,
tendo sido a primeira área de negócio
do Grupo a ser alvo de uma política
de centralização e de especialização.
Consideramos que o pioneirismo com
que desenvolvemos esta actividade
tem contribuído para manter uma
dinâmica de permanente inovação – e,
de facto estes são também aspectos
que pertencem ao código genético
MCoutinho.
O Grupo tem prosseguido uma política
de desenvolvimento sustentado do
negócio, tendo ao longo dos últimos
anos concretizado o arranque de novas
empresas. Estas circunstâncias vêm
gerar novas oportunidades para o
negócio, através da abertura de novos
Centros de Colisão.
Qual é o perfil dos vossos clientes?
Como já referi anteriormente, o
nosso esforço tem sido orientado
para a concretização de uma oferta
de serviços integrados, mas também
adaptados às diferentes necessidades
do cliente.
Nesse sentido, podemos afirmar que
a nossa oferta está particularmente
adaptada para uma grande parte
do mercado, nomeadamente, para
viaturas ligeiras e comerciais ligeiras,
independentemente da marca, com
idade compreendida entre os 0 e os 10
anos.
Apesar da conjuntura menos favorável
no mundo automóvel, o vosso negócio
está em contra-ciclo. Até onde
prevêem crescer?
O nosso negócio depara-se com
constrangimentos acentuados e
permanentes. São exemplo disso a
tendência da redução de sinistralidade
e o aumento da idade média do
parque automóvel. Associado a este
aumento, verifica-se a desvalorização
das viaturas, com sérias implicações
no crescimento do volume das perdas
totais. É neste sentido que se torna
ENTREVISTA 38
relevante a oferta de uma solução de
reparação multimarca e com soluções
de custo para além da marca.
Terminámos 2008 com mais de 14.000
reparações e perspectivamos para
2009 um crescimento na ordem dos
oito por cento – estes são números
que muito nos entusiasmam.
Pensamos que os resultados
que temos conseguido atingir
evidenciam que estamos realmente
com propostas adequadas às
necessidades dos nossos clientes, o
que nos permite posicionar em contra
ciclo com o mercado.
Mais do que servir uma quota de
mercado, até que ponto tencionam
crescer?
A definição da nossa política de
crescimento e dos objectivos para o
nosso negócio advêm da resposta
às necessidades dos clientes.
Entendemos que só com muita
atenção ao mercado e a estas
necessidades é que poderemos
ter objectivos de crescimento
sustentáveis – é assim que
pretendemos prosseguir.
Quanto à relação com a LeasePlan,
qual o historial da vossa parceria?
O nosso relacionamento comercial
com a LeasePlan conta já com
alguns anos de experiência, o
que nos permitiu perceber as
respectivas verdadeiras necessidades
– sem dúvida com objectivos e
necessidades específicas para as
suas viaturas e clientes.
Fomos ao longo da nossa
convivência profissional assumindo
e ultrapassando desafios vários, que
julgo ter permitido cimentar e crescer
o nosso envolvimento com este
cliente de dimensão considerável.
Qual o vosso modelo de fidelização
para um cliente com o peso da
LeasePlan?
A fidelização de um cliente passa
sobretudo por compreendermos
as suas expectativas e as suas
necessidades.
Independentemente da importância
da LeasePlan, no que se refere ao
volume de reparações, é imperativo
agir sobre essas mesmas expectativas
e necessidades. Desta análise resulta a
configuração de uma oferta adaptada
em termos de serviços pretendidos e
de um princípio de parceria – mais do
que uma política comercial isolada.
Ao abrigo desta parceria temos vindo
a evoluir na definição de objectivos
quantitativos claros que nos permitem
efectuar uma optimização de custos e
consequentemente da nossa política
de preços, repercutindo a vantagem
para o nosso cliente.
Quais são os projectos, parcerias
e perspectivas de negócio até ao
final do ano? Há uma estratégia de
internacionalização ou é incompatível
com o vosso core business?
Os nossos projectos centram-se no
fundamento essencial da oferta da
MCoutinho Colisão – qualidade de
serviço e competitividade. É com
estes dois vectores que poderemos
ambicionar a manutenção da confiança
dos nossos clientes e parceiros,
assegurando o crescimento sustentado
do nosso negócio.
Acredita que as frotas têm vindo a
liderar uma espécie de revolução
ecológica no parque automóvel
mundial? Qual é a vossa expectativa
em termos de introdução de veículos
“verdes” nos próximos tempos?
A revolução ecológica no parque
automóvel é de facto um tema que está
na ordem do dia. A subida de preços
dos combustíveis verificada em 2008
no mercado internacional despertou
novamente esta preocupação – desde
essa altura assistimos à intensificação
do desenvolvimento de novos produtos
automóveis e soluções alternativas aos
combustíveis tradicionais, por parte da
generalidade dos fabricantes.
O mercado europeu irá certamente
acolher essas soluções com agrado,
até porque os consumidores valorizam
o factor novidade. O nosso país tem
evidenciado a importância desta
concretização, nomeadamente através
do desenvolvimento de projectospiloto na área de abastecimento de
viaturas eléctricas.
Sabemos também que o sucesso desta
revolução ecológica dependerá em
grande parte da questão central para
a generalidade dos consumidores
– o custo que estas novidades vão
implicar. E quando falamos das frotas
das empresas e instituições, temos
noção de que os custos, a par das
garantias funcionais e de mobilidade,
constituirão factores determinantes na
decisão de compra. Por isso, acredito
que o mercado poderá oferecer
soluções interessantes para os
consumidores, para que estes possam
aderir a essa revolução ecológica.
O Grupo acompanha e perspectiva as
evoluções e os desafios do mercado,
também neste sector do ambiente.
Como operador especializado na área
da reparação, a MCoutinho Colisão
incorporará as necessárias implicações
no serviço que oferecemos, com o
objectivo de podermos servir o cliente
sempre com excelência.
ENSAIO 40
Requintada e com um toque de charme tipicamente francês, a nova carrinha da marca
parisiense não se quer restringir à preferência das famílias.
ENSAIO 41
Mégane?
Oh-Lá-Lá!
Renault Mégane Sport Tourer 1.5 dCi Dynamique S 110 cv 5p
ENSAIO 42
Os ventos sopram de feição para os lados de BoulogneBillancourt, nos subúrbios de Paris, sede da Renault. O motivo para tanta algazarra dá pelo nome de Mégane Sport Tourer, reforço de luxo para o gigante automóvel presidido por
Carlos Ghosn. Este veículo vai ocupar o espaço do segmento
familiar, sem descurar um toquezinho de ousadia e desafio.
Com 110 cv e uma velocidade máxima de 190 km/h, vai ser
preciso mão-de-ferro para travar os instintos aventureiros de
quem, mesmo numa banal viagem de trabalho ou negócios,
tem à sua disposição – para total entretenimento – uma temível fera das estradas.
Com todos estes predicados, cheira a dinastia. Em 2008, a
break do anterior Mégane já tinha garantido a preferência
dos consumidores, ao ser a mais vendida no segmento das
carrinhas familiares compactas. E quando as anteriores versões (a berlina, o coupé e os monovolumes Grand Scénic e
Scénic) têm a qualidade e a aceitação das massas, então é
porque estamos mesmo perante um caso sério de popularidade. Carros com um conceito predominantemente familiar
já não se querem apenas utilitários, sem pinga de emoção ou
beleza no design. As linhas fluidas do Mégane Sport Tourer
são de cortar a respiração, de uma beleza clássica e uma estética inabalável. Motivo, pois, para um conselho: a carrinha
não é recomendável a corações fracos, susceptíveis de largar
tudo em nome da paixão por umas hipnóticas quatro rodas.
A bagageira mais ampla do segmento
Logo à primeira vista destaca-se a sua dinâmica e agilidade. De imediato, e numa primeira avaliação diferenciadora
do modelo anterior, o destaque visual vai inteirinho para o
tejadilho mergulhante e as ópticas traseiras bem salientes
e agressivas, incomuns para uma carrinha familiar, mas que
comprovam na perfeição que o objectivo dos responsáveis
franceses é agradar a um público bem mais abrangente. Nes-
te caso, é curioso efectuar uma rápida comparação com os
principais concorrentes e verificar as evidentes vantagens
do Mégane. O Volkswagen Golf Variant sofre dos males de
usar a imagem do Golf V – a nova geração da carrinha alemã
só será comercializada mais para o final do ano, pelo que é
ainda uma incógnita. Já o Volvo V50, mesmo com a palavra
qualidade escrita em cada cm2 da chapa deste veículo sueco,
torna-se demasiado austero no seu design, o que contrapõe
ao espírito jovial da wagon da Renault.
O novo design tem como consequência a diminuição do espaço interior, mais concretamente na bagageira. Em relação ao
anterior modelo, esta perdeu 30 litros, para os actuais 491 litros, ainda assim o volume mais generoso, quando comparado com os seus concorrentes directos. Como grande virtude,
o baixo plano de carga facilita o acesso ao seu interior, fundamental quando é necessário carregar volumes mais pesados.
Para quem necessitar de ainda mais espaço no interior do habitáculo, o rebatimento dos bancos traseiros, e inclusivamente do banco dianteiro do passageiro, possibilita aumentar a
capacidade de carga para valores na ordem dos 1600 litros.
E como todos os pormenores não podem ser descurados,
foram instalados debaixo da mala dois espaços suplementares. Aqui fica um conselho: este é o espaço adequado para
arrumar o colete de segurança, em detrimento do inestético
hábito de o colocar sob o banco do condutor. Com o Mégane todos os centímetros são aproveitados, garantindo zonas
de arrumação para todos os gastos, desde o porta-luvas, às
bolsas das portas e das costas dos bancos dianteiros, inclusivamente na consola central e nos alçapões que se encontram
aos pés do condutor e do passageiro da frente. Entre tantas
alternativas, são mais 25 litros à disposição.
Um interior que se quer amplo
As atenções viram-se agora para o habitáculo. Sem grandes
ENSAIO 43
novidades para além da melhor qualidade dos materiais, o
banco do condutor tem várias regulações possíveis, de acordo com as preferências de cada um. O volante é igualmente
regulável, para além de ergonómico. Já quanto ao painel de
equipamentos, sem ser a última maravilha que a Renault tem
para mostrar, está longe de uma qualquer consola draconiana, que apenas inclui o essencial, sem margem para a pose
artística. As duas secções na parte inferior da consola são de
fácil manuseamento. Cheio de pequenos truques e engenhocas, o Mégane permite que o travão de parqueamento assistido seja activado electricamente quando o motor é desligado
e desactivado com o arranque do veículo apenas por força de
uma pequena pressão no pedal do acelerador. A nova menina dos olhos franceses possui ainda um cartão de abertura
mãos-livres, que funciona como chave para acender os faróis
à distância. É constituído ainda um dispositivo que tranca automaticamente as portas quando o condutor se afasta uma
certa distância do veículo.
Quanto aos restantes ocupantes, nada têm que recear; a
liberdade para as pernas não sofreu quaisquer alterações
em relação ao anterior modelo, que é como quem diz, vão
sentir-se à “grande e à francesa”. Apenas a altura traseira se
ressentiu, fruto do já salientado tejadilho em curva descendente à retaguarda, um handicap no acesso à segunda fila,
mesmo que esta opção beneficie a imagem mais desposrtiva
da wagon.
Mas o tablier também apresenta alguns defeitos que importa
referir. Desde logo, destaca-se pela polémica, pois ao mostrador analógico de contra-rotações junta-se um painel digital
para o manómetro central – que tem como objectivo melhorar
a leitura e controlo visual da velocidade. É provável que este
ponto referente à mistura do digital com o analógico levante
alguns anti-corpos e críticas por parte dos mais puristas e de
quem defende acirradamente que “cada macaco no seu galho”. Outra falha apontada prende-se com a luz do mostrador
central que, quando ligada à noite, quase ofusca. É necessário utilizar o reóstato para a regular, pormenor pouco digno
quando se fala numa das melhores wagon do mercado.
Viajar à vontade num labirinto de estradas
O sistema de som é outra pequena maravilha a reter. O RadioSat Classic possui uma potênciade 80W, e integra quatro
altifalantes, um conector RCA e um leitor de CD – compatível
com MP3. Se a preferência passar pelo topo de gama, então a
proposta da Renault vai para o 3D Sound by Arkamys. É ainda
possível ouvir as músicas armazenadas num leitor portátil ou
telemóvel. Basta efectuar a ligação USB ou bluetooth a dispositivos externos instalados na consola central.
Indispensável nos dias de hoje, em que tempo é dinheiro e já
ninguém dispensa um sistema de navegação capaz de evitar
Características Técnicas
MOTOR
Traseira: eixo semi-rígido
Tipo: 4 cilindros em
Barra estabilizadora
linha Diesel, transversal,
frente/trás: sim/não
dianteiro
Cilindrada (cc): 1461
DIMENSÕES, PESO E
Diâmetro x curso (mm):
CAPACIDADES
76,0x80,5
Comprimento/
Taxa de compressão:
Largura/Altura (mm):
15,2:1
4559/1804/1468
Potência máxima
Distância entre eixos
(cv/rpm): 110/4000
(mm): 2701 mm
Binário máximo (Nm/rpm):
Vias frente/trás (mm):
240/1750
1468/1501
Distribuição: 1 v.e.c. 16
Capacidade do depósito
válvulas
(l): 60
Alimentação: Injecção
Capacidade da bagageira
directa common-rail
(l): 491
Sobrealimentação: Turbo +
Peso (kg): 1320
intercooler
Relação peso/potência
(kg/cv): 12,0
DIRECÇÃO
Jantes de série – pneus
Tipo: Pinhão e cremalheira
de série: 7 1/2Jx17´´ –
Assistida: Sim
205/50R17
Diâmetro de viragem (m):
11,0
PRESTAÇÕES
Velocidade máxima
TRAVÕES
(km/h): 190
Dianteiros (mm): Discos
Aceleração 0 – 100 km/h
ventilados (280)
(s): 10,8
Traseiros (mm): Discos
Consumos (l/100 km)
maciços (260)
Extra-urbano/Combinado/
ABS: Sim
Urbano: 4,2/4,8/5,8
Emissões de CO2 (g/km):
TRANSMISSÃO
Tracção: Dianteira
Caixa de velocidades:
manual de 6+ma
SUSPENSÕES
Dianteira: McPherson
126
ENSAIO 44
Custos de exploração
PVP
Locação
Manutenção Seguro
Imposto
& Pneus
Circulação
Renda Mensal
12 meses/30,000 Km
27375,99
796,21
30,36
91,73
29,23
963,06
24 meses/60,000 Km
27375,99
525,26
85,45
91,73
22,24
741,39
36 meses/90,000 Km
27375,99
432,64
107,53
91,73
20,07
669,04
48 meses/120,000 Km
27375,99
393,86
105,27
91,73
19,11
627,20
4pneus por cada 40,000Km
*Todos os valores têm IVA incluído
que o mais distraído se perca em labirínticas estradas e ruas,
a Renault propõe como extra o Carminat TomTom, opcional
que tem um valor um pouco inferior a 500 €, perfeitamente
acessível, se comparado com a generalidade destes equipamentos. As informações deste poderão ser actualizadas
através da internet, bastando para tal recarregar o seu cartão de memória SD. O condutor terá acesso a tudo, desde
mapas bastante detalhados, informações de trânsito, limites
de velocidade, pontos turísticos para quem vai em viagem de
férias, tudo de fácil acesso e execução. E não diga a ninguém,
mas esta tecnologia transmite inclusivamente um alerta de
radar nas imediações. Tudo isto num ecrã de 5,8 polegadas.
Para quem as engenhocas contam, e muito, na escolha de
um automóvel, terão igualmente à disposição o Carminat
Bluetooth DVD, um topo de gama entre os sistemas de navegação. Entre as principais características pode-se destacar o
comando central, o mapa cartográfico da Europa, ligação ao
telemóvel através do bluetooth e reconhecimento vocal para
as funções de navegação.
Novas motorizações a somar ao popular 1.5
Quanto aos motores, desde logo se destaca a manutenção
do silencioso bloco de base 1.5 dCi, disponível para a potência de 90 e 110 cv e com um consumo médio anunciado de
4,8l/100km – isto ao nível dos turbodiesel, com as emissões
de CO2 a atingir os 126g/km. Estes são os números oficiais,
que depois na prática os valores aumentam, de acordo com
condução e as condições em que esta se efectua. A fiabilidade e rentabilidade do 1.5 dCi fizeram deste um dos principais
motivos para o sucesso do anterior modelo. No mais, e sem
estar fadado para grandes velocidades, a verdade é que a
qualidade do chassis e o equilíbrio entre conforto e eficácia
em curva permitem viagens excitantes, com o pedal do acelerador a poder ser utilizado até ao seu limite. Mas atenção
com os excessos! Para evitar entusiasmos desmesurados, ao
volante deste ondulante Mégane, o ESP permanente actua
sempre que necessário, o que dá pouca margem de manobra
ao condutor. A ajudar a todo este cenário de requinte, a suspensão e a direcção são extremamente dinâmicas. Um must
de suavidade e conforto, como se a estrada não passasse de
um aglomerado de fofas nuvens ou, em alternativa, um tapete persa bem liso.
Mas também há que apontar algumas críticas. A mais evidente, e para tal basta olhar atentamente para a traseira do
Mégane, prende-se com a visibilidade e dimensão reduzida
do óculo. Motivo para levar em alta consideração a adopção
de sensores de estacionamento (que é um opcional) que
facilitem esta manobra. Quanto ao registo em estrada, o
1.5 dCi nem sequer é particularmente rápido a desenvolver
o seu motor e atingir os 100km/h, quando comparado com
os seus adversários mais directos; mas a sua capacidade de
travagem compensa qualquer pequena decepção quanto ao
ligeiríssimo défice de velocidade.
Sumário de uma carrinha familiar
Para quem soma todas as contas e analisa ao pormenor os
gastos com o seu carro, importa frisar a baixa carga fical que
acompanha o Mégane Sport Tourer. Garantia de competitividade comercial, os consumos reduzidos e as excelentes
prestações são as grandes armas que os franceses oferecem
quando o dinheiro fala mais alto.
As boas notícias não se restringem à beleza visual ou à performance da máquina em plena estrada. Tal como vendo
sendo a regra, as questões referentes à segurança activa
e passiva são fundamentais para o sucesso de vendas, em
particular quando o segmento de mercado preferencial é o
familiar. Neste caso, não há que recear, pois a nova coqueluche francesa adoptou todas as resoluções e desenvolveu os
aspectos técnicos que permitem a esta wagon a obtenção da
nota máxima nos testes EuroNCAP. Por 23.375,99 €, a versão
Dynamique S do Mégane Sport Tourer promote dar que falar
em Portugal, e não apenas entre as famílias. As suas características e design são perfeitas para que muitos se apaixonem
pela aposta da Renault.
ENSAIO 46
Pusemos à prova o primeiro 4x4 do mercado com a tecnologia stop/start. Tal sistema
inteligente faz deste o Land Rover mais ecológico até à data.
ENSAIO 47
O bom gigante
Land Rover Freelander Td4_e Stop/Start 2.2
MY10 160cv 5p
ENSAIO 48
Características Técnicas
Motor
Peso máximo rebocável –
Cilindrada: 2.179 cc
sem travões: 750 kg
Diâmetro X curso: 85 mm
Capacidade máxima de
X 96 mm – 4 cilindros em
carga (incluindo Condutor
linha
75 kg) = 550 kg
Relação de compressão:
16,5:1
Prestações e
Potência máxima: 118kW
consumos
(160cv) /4000rpm
Velocidade máxima:
Binário máximo:
181km/h
400Nm/2000rpm
Aceleração: 11,7seg dos
Sistema de injecção
0-100km/h
commom rail 3
Consumo urbano:
Caixa manual de seis
8,5l/100km
velocidades
Consumo extra-urbano:
5,7l/100km
Direcção
Consumo combinado:
Tipo: Assistida de pinhão
6,7l/100km
e cremalheira
Emissões CO2: 179g/km
Volante: 2,6 ajuste em
Capacidade útil do
altura de série
depósito de combustível:
Diâmetro de viragem:
68 litros
11,3 m
Ruído de rolamento: 73dB
Jantes e Pneus
Dimensões
Em liga leve de 16’’ com 5
Altura ao solo: até 210
raios duplos – 215/75 AT
mm
Espaço máximo de carga
Travões
– bancos rebatidos: 1670
Dianteiros: discos
litros
ventilados (300 mm)
Espaço máximo de carga
Traseiros: discos sólidos
– bancos na posição
(302 mm)
normal: 405 litros
Largura: 2005 mm com
Pesos
espelhos recolhidos
Tara: desde 1775 kg
Altura: 1740 mm
Peso bruto: 2505 kg
Distância entre eixos:
Peso máximo rebocável –
2660 mm
com travões: 2000 kg
Comprimento: 4500 mm
Os jipes nunca foram propriamente conhecidos pela eficiência do seu consumo, ao nível dos combustíveis, taxas e
portagens. Contudo, a segunda geração Freelander, apesar
de (ainda, infelizmente) presa ao pagamento de portagens
de um classe 2, abre caminho a uma atitude responsável
para este tipo de viaturas. O investimento superior a 800
milhões de euros em tecnologias sustentáveis por parte da
Jaguar e Land Rover não deixam margem para dúvidas sobre
a opção “verde” deste fabricante, começando no novo Freelander o combate às emissões de CO2. O TD4_e representa
a primeira aposta na inclusão de elementos do programa de
engenharia sustentável “e_TERRAIN TECHNOLOGIES” da
Land Rover. Deste, é parte decisiva a introdução do stop/
start de origem, sem aumento de custo associado, em todos os modelos de caixa manual a diesel, contribuindo para
uma economia geral até 20% e uma redução 15g/km nas
emissões - ou seja de 8%, permitindo-lhe atingir os 179g/
km, sem afectar o desempenho.
Potente e eficiente
Apesar de simples, este sistema de paragem e arranque é
mais “inteligente” do que à primeira vista possa parecer.
Utiliza sensores que desligam o motor quando paramos o
carro e o colocamos em ponto morto, arrancando novamente sempre que pisemos a embraiagem, prontos para iniciar a
marcha. É verdade que é necessário à maioria dos condutores adaptarem o seu estilo de condução para poderem tirar
partido desta tecnologia, pois é fundamental disciplinarmonos para usar o ponto morto com regularidade – principalmente tendo em conta o intrincado trânsito citadino. No entanto, este esforço compensa na factura final a quem perde
muito tempo no “pára-arranca”. O uso do stop/start é apenas anulado em situações excepcionais (com o intuito de
deixar o motor funcionar até estar disponível mais potência
na bateria): se a bateria se encontrar com pouca carga, se
o controlador climático estiver em esforço, caso a temperatura desça dos quatro graus ou suba mais do que os 25, ou
se a viatura operar num dos modos de “terreno especial”,
fazendo uso da tracção.
Esta versão ecológica do Freelander conta ainda com uma
luz indicadora de mudança de velocidade (aconselhando
a engrenar uma mudança superior), um novo software de
transmissão e pneus de baixa resistência ao rolamento, factores decisivos para atingir os impressionantes 6,7l/100 km
de consumo combinado – uma redução de 0,7 litros em cada
100km em relação à primeira versão.
Mas que não restem dúvidas sobre a excelente resposta que
oferece o motor 2.2 e os 160 cv deste compacto de luxo. Disponível desde meados deste ano, o Freelander parece não
desconhecer qualquer tipo de terreno e não desilude nem
ENSAIO 49
um pouco quem aprecie a precisão e potência do modelo
original. Portanto, esta tentativa de cortar nas emissões resulta num redundante sucesso que nos faz esperar ansiosamente pela próxima tecnologia de ponta a levar a cabo pelo
construtor de Solihull, Inglaterra. Atrevemo-nos a afirmar
que a partir de agora, graças ao novo Freelander, o futuro se
tornou mais risonho para os SUV.
Preparado para tudo
No interior o espaço é amplo, a qualidade é elevada, o equipamento convincente e o posto de condução absolutamente
delicioso. Este último é, de resto, uma das principais maisvalias do habitáculo, permitindo uma visibilidade ampla e
uma maior sensação de controlo da viatura. O capítulo da
segurança merece também particular ênfase, sobretudo em
virtude dos travões ABS, Controlo Electrónico de Tracção e
do sistema inteligente 4x4. Qualquer um destes ingredientes são decisivos para o condutor evitar situações de perigo. Perante a quantidade de equipamento de protecção à
disposição não restam dúvidas que estamos perante um
verdadeiro Land Rover. Alguns dos mais sofisticados sistemas de segurança e tecnologia do mercado, comprovados
pelos exigentes testes do Euro NCAP em 2007, fizeram do
novo Freelander o primeiro veículo do seu segmento a obter
a classificação máxima. Estes equipamentos incluem ainda
7 airbags, o novo sistema de Controlo de Estabilidade da
Inclinação, Distribuição Electrónica da Força de Travagem,
Travagem Assistida de Emergência, Controlo de Travagem
em Curva e o Controlo de Estabilidade Dinâmica (que auxilia o condutor a manter o controlo do veículo em situações
de perda de tracção). O sistema Terrain Response, que tivemos a felicidade de experimentar, encontra-se ao alcance
de um pequeno comando e permite, sem esforço, alterar o
tipo de condução (condução geral; relva/gelo/neve; lama
e trilhos; areia) maximizando as capacidades absolutas da
viatura. Mas não convém esquecer que na base da magní-
fica combinação de eficiência e desempenho está também
a introdução de tecnologias inteligentes menos visíveis
como o módulo de qualidade da tensão eléctrica, sistema
de monitorização da bateria, sensor de vácuo do sistema de
travagem e o sistema de ar condicionado automático maximizado. A adição de um motor de arranque maximizado,
nova roda de coroa, volante de massa dupla e a bateria AGM
(electrólito absorvido) são ainda aspectos que contribuem
para uma durabilidade sem compromisso desta novidade.
De série tirámos partido de uma caixa manual de velocidades de 6 relações, faróis de halogéneo, espelhos exteriores
com ajuste eléctrico, computador de bordo com centro de
mensagens, a tomada auxiliar áudio para dispositivos MP3,
entre outros. À parte disso, o excelente sistema de ar condicionado, os revestimentos e qualidade dos bancos dian-
ENSAIO 50
Custos de exploração
PVP
Locação
Manutenção Seguro
Imposto
& Pneus
Circulação
Renda Mensal
12 meses/30,000 Km
44260,81
1930,98
57,60
113,06
40,89
2156,12
24 meses/60,000 Km
44260,81
1169,83
125,07
113,06
31,14
1454,32
36 meses/90,000 Km
44260,81
912,3
161,07
113,06
28,09
1230,25
48 meses/120,000 Km
44260,81
793,49
168,55
113,06
26,73
1117,79
4pneus por cada 40,000Km
*Todos os valores têm IVA incluído
teiros e traseiros não deixam margem para grandes dúvidas
que nos encontramos perante uma viatura de luxo.
No entanto, apesar da excelente capacidade de carga, até
1670 litros (possível com o rebatimento dos bancos) o único
ponto negativo que demos conta é o espaço e praticabilidade dos ocupantes do veículo que são, por vezes, relegados
para segundo plano. Além disso, foi com muita pena nossa
que só pudemos apreciar um pack de extras mais reduzido,
ainda assim com um volante em pele com controlos do excelente sistema de som e cruise control incluídos e um rádio
com caixa de 6 CD e 6 altifalantes. Alguns dos opcionais disponíveis na versão “_e” incluem navegação por satélite com
DVD, filtro de partículas diesel, sensores de estacionamento
dianteiros e traseiros, tecto de abrir, vidros fumados e pintura metalizada.
Irresistível fora da estrada
O modelo que tivemos o prazer de conduzir foi um vistoso
branco “alaska”. Deparámo-nos com a quase improvável
mistura do requinte de uma berlina que “acumula funções”
com um 4x4 de topo. Na cidade pudemos constatar que é
ágil, dinâmico e confortável. A resposta é excepcional, fican-
do a sensação que há mais cavalagem para puxar sempre
que for necessário. A maleabilidade da viatura sofre um
pouco em curva, de resto como todos os veículos com estas
características – o mesmo acontece, por exemplo, com o seu
principal rival o Honda CR-V i-CTDi. Mas nada impeditivo de
desfrutar da condução com um refinamento enorme e que
transmite a confiança necessária para arriscar, com segurança, em qualquer tipo de piso e condições climatéricas.
O facto é que o atraente e inspirado design frontal deste
revolucionário e avançado Land Rover, aliado a um interior
que é o de um verdadeiro habitáculo premium e o seu alto
nível de conforto não comprometem a sua principal qualidade, a tracção em terra batida. Bem mais convincente offroad, este robusto Freelander 2, mesmo assim, demarca-se
da concorrência sobretudo devido ao sistema “eco” que lhe
permite baixar os consumos sem beliscar as performances,
num futuro que parece muito mais “verde” para este famoso
fabricante. Se para muitos esta gama é uma espécie de parente pobre da Land Rover, e que vive à sombra dos irmãos
Range Rover e Discovery, a verdade é que o Freelander e o
seu recente selo ecológico podem ajudar a puxar a marca
britânica desta recessão.
De referir que o Freelander é o primeiro SUV a conseguir a
certificação completa de Veículos em Fim de Vida, relativa
à homologação de veículos a motor, no que diz respeito à
sua potencial reutilização. Ou seja, 85% dos componentes
serão reutilizados ou reciclados, com mais 10% em massa
reutilizável e/ou reciclável.
Na hora de comprar, em caso de dúvida, recomendamos a
escolha de uma versão a diesel, tal como a que testámos.
Além de mais económica face à versão a gasolina, as emissões reduzidas fazem todo o sentido quando nos referimos
a um carro de empresa e, no final, os preços são também
mais em conta. Independentemente disso, entendemos
que, apesar de caro, este Freelander vale o peso do seu investimento.
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ENTREVISTA 53
Carlos
Lopes
CORPORATE SUPPLY CHAIN AND
PROCUREMENT DA SIEMENS
PORTUGAL
Com uma frota de 400 veículos, totalmente alocados à LeasePlan,
a Siemens apenas em alguns casos prolongou os seus serviços
de renting. Ciente desde 2006/2007 da crise económica que
ainda se faz sentir, o gigante alemão assume actualmente uma
política ambiental e lança-se no objectivo de reduzir a curto prazo
as emissões de CO2 das suas frotas.
Como é composta a frota da Siemens? É toda ela alugada
à LeasePlan?
De facto, neste momento toda a frota automóvel da
Siemens Portugal – cerca de 400 viaturas - está ligada à
LeasePlan, que é um fornecedor preferencial da empresa.
O que leva a Siemens a ter a sua frota alocada à
LeasePlan? Optaram prolongar os contratos de renting?
Como fornecedor preferencial da Siemens, a LeasePlan
ofereceu um conjunto de condições que foram ao
encontro das nossas expectativas. Procuramos sempre
que possível estabelecer parcerias sustentadas e de
ENTREVISTA 54
A crise económica teve como resultado uma
diminuição das trocas comerciais, também com
consequências ao nível da tecnologia e dos sistemas
de informação. Este factor implicou um menor
investimento na frota da Siemens?
A Siemens começou a preparar-se para a crise em
2006/2007, reestruturando-se em apenas três
sectores – Industry, Healthcare e Energy. Esta
antevisão permitiu-nos reagir de uma forma saudável
ao actual cenário económico e financeiro. Por isso,
ao longo deste ano temos mantido o ritmo normal de
contratação de viaturas para a nossa frota.
longa duração, como é o caso. Quanto à questão
do prolongamento do renting, apenas o fizemos em
alguns casos pontuais.
Que condições vos são apresentadas pela LeasePlan
quanto ao estado dos veículos? Na Siemens também
são exigentes com os vossos condutores?
Neste âmbito, as exigências da LeasePlan não
diferem das normalmente praticadas no mercado.
Da nossa parte, temos o cuidado de sensibilizar os
nossos colaboradores para a necessidade de cuidar
o melhor possível das viaturas a seu cargo e de ter
uma condução responsável. É importante mencionar
que o índice de sinistralidade da Siemens está abaixo
da média do mercado, o que revela que os nossos
esforços têm sido bem acolhidos pelos condutores/
colaboradores.
Os utilizadores passam um tempo crescente no
interior dos veículos de serviço. Contudo, também
lhes é exigido cada vez mais melhor desempenho e
produtividade. Não será contraproducente?
A viatura de serviço é um instrumento de trabalho,
logo de promoção da competitividade do colaborador
e da empresa. E é importante não esquecer que com as
novas tecnologias o trabalho move-se connosco. Como
tal, parece-me que o tempo que se passa nos veículos
não é um obstáculo à produtividade.
Uma das questões que o gestor de frotas tem de estar
alerta é a protecção contra oficinas – mesmo as que
trabalham com as locadoras – que possam cobrar
em demasia pelos seus serviços. Considera que
esta situação pode conduzir muitos responsáveis a
desistirem deste serviço incluso nos contratos de AOV?
Como em todas as negociações comerciais,
esperamos que os serviços contratados não só
correspondam à proposta de valor intrínseca,
como as suas condições não sofram alterações
inesperadas. A inflação dos valores é naturalmente
um problema para o qual qualquer gestor tem de
estar atento. No caso concreto da frota, o que a
Siemens espera do seu fornecedor é justamente
um serviço chave-na-mão cujo valor cobrado seja
mais competitivo do que se este fosse desintegrado,
permitindo ainda uma racionalização/optimização
dos seus recursos.
Quando estas vantagens não mais existirem, então o
AOV poderá deixar de fazer sentido, pelo menos nos
moldes em que hoje existe.
Na maioria das situações em que se optou por viaturas
híbridas, os diagnósticos de consumo avançados
pelas marcas foram totalmente contrariados. Qual é a
sua percepção sobre os híbridos? Estará o problema
apenas na condução? Há espaço para melhoria da sua
tecnologia ou serão apenas modelos transitórios para
o eléctrico ou outras opções mais sustentáveis?
A questão da mobilidade tem sido um dos temas
dominantes em quase todas as discussões e
propostas para o desenvolvimento urbano à escala
local e global. No caso da indústria automóvel, é
notória a preocupação da maioria dos construtores
em lançar propostas ambientalmente mais eficientes.
O recente Salão Automóvel de Frankfurt demonstrou
exactamente esta tendência, com todas as marcas
ENTREVISTA 55
a apresentarem modelos para comercialização ou
concepts com motorizações eléctricas ou híbridas.
Neste contexto, convém realçar que a Siemens tem
como objectivo a curto prazo, e à escala global,
limitar os valores de emissões de CO2 da sua frota.
Orgulhamo-nos de ser uma empresa profundamente
envolvida na defesa e promoção de boas práticas
ambientais. Este envolvimento revela-se com
particular evidência no nosso Portefólio Ambiental.
Este conceito inclui produtos e soluções integradas
que contribuem para a eficiência ambiental e
financeira das instituições, abrangendo praticamente
todas as áreas da produção, transporte e consumo
de energia, assim como tecnologias ambientais para
a purificação da água, controlo da poluição do ar e
poupança de energia em ambientes hospitalares.
Um estudo feito no Reino Unido mostra que, se
forem opções “amigas do ambiente”, os carros
frota reduzem 29% da sua pegada ecológica, que
corresponde aos valores das emissões de CO2. Se
assim é, porque será que há tantos gestores de
frotas pouco receptivos a esta opção da máxima
importância?
Conforme já disse anteriormente, a redução de
emissões de CO2 para a atmosfera é um tema para o
qual a Siemens está sensível. Para dar um exemplo, no
ano passado as nossas soluções ajudaram os clientes
a reduzir as emissões de CO2 em 148 milhões de
toneladas – um valor 30 vezes superior às emissões de
CO2 emitidas pela Siemens, que são de 5,1 milhões de
toneladas.
Na minha opinião, a partir do momento em que a
alteração do quadro fiscal (redução na carga fiscal
das empresas, logo, menos custos) seja totalmente
absorvida pela comunidade empresarial, acredito que a
adopção de práticas ambientalmente correctas passe a
ser a regra e não a excepção.
Operação policial
Contra
o álcool da noite
As saídas nocturnas dão azo a excessos, e nem todos são pueris. Acompanhar a PSP na
fiscalização aos condutores, mesmo numa noite de Agosto em Lisboa, é fundamental para
conhecer o comportamento de quem deve ser responsável para consigo e os outros.
SEGURANÇA 57
O local é escolhido em cima da hora,
ainda nas instalações da Divisão de
Trânsito, na Alta de Lisboa. São quase
3h00 de uma madrugada amena e todos os agentes destacados para esta
operação parecem estar tranquilos, jucosos até. Ninguém sabe onde decorrerá a operação. Os oficiais de serviço
debatem rapidamente os prós e contras das várias alternativas. A decisão é
breve. Ainda antes das 3h30 de quinta
para sexta-feira já os agentes da Divisão de Trânsito da Polícia de Segurança Pública (PSP) estão a postos para
mais uma rotineira operação de combate às ilegalidades no tráfego urbano
–vulgarmente conhecida por Operação
Stop. Durante cerca de quatro horas,
algumas centenas de condutores serão
mandados parar. “Em todas estas operações temos o cuidado de verificar os
aspectos de segurança passiva e activa
do automóvel, com especial atenção
ao cinto de segurança, utilização do
telemóvel por parte do automobilista,
colete conforme a lei, triângulo, pneu
sobresselente, etc.”, explica o comissário João Pinheiro, responsável pela
equipa de cerca de 27 homens e mulheres que se instalam na Rua da Cintura do Porto de Lisboa, mesmo em frente ao Museu do Oriente, em Alcântara
(e também na Avenida de Ceuta). Mas
confessa que “a maior preocupação
vai para o despiste de álcool. Ninguém
que seja mandado parar segue viagem
sem soprar no balão”.
Tudo a postos junto ao Museu do
Oriente
O trabalho ainda agora começou mas
a noite já não é uma criança. Os pinos
laranja encerram uma faixa de rodagem. Três veículos da PSP mantêm-se
ligados, com o dispositivo informático
necessário para identificar os condutores, verificar os seus cadastros, bem
como assegurar a legalidade dos documentos que estes possuem. Mesmo
em pleno Agosto, as saídas nocturnas
induzem a excessos. E, quando o calor
aperta, mais comuns se tornam os abusos por parte de quem deveria ser responsável. “A verdade é que as pessoas
conduzem muito mal, são perigosas ao
volante”, admite um agente, enquanto
observa um automobilista a passar um
sinal vermelho, na Avenida 24 de Julho,
no sentido do Cais do Sodré, como se
fosse perfeitamente natural. A distância para o infractor não permite uma
actuação imediata da autoridade. Outro carro passa, no mesmo sentido; mo-
SEGURANÇA 58
discoteca Lux-Frágil, Parque das Nações ou Cais do Sodré são pontos óbvios para a PSP aos fins-de-semana,
quinta-feira incluída.
mento ideal para um ocupante desse
veículo gritar uns quantos impropérios
em direcção da brigada policial: “Há
cada vez menos respeito pela polícia,
em especial pela Brigada de Trânsito”,
lamenta o comissário Pinheiro. Ao longo desta missão, em particular depois
das 5h30, alguns comportamentos tornarão essa constatação bem evidente.
Não é preciso esperar muito tempo
até todos os polícias começarem a
carburar em pleno. E logo surgem as
contra-ordenações. Relembre-se que
estas são graves quando a quantidade
de álcool no sangue se situa entre os
0,5 g/litro até aos 0,79 g/litro. A coima
para esta infracção varia entre os 250€
e 1.250€ e sanção acessória de inibição de condução. Se a taxa for igual ou
superior a 0,8 g/litro até 1,19 g/litro, a
contra-ordenação é muito grave e a coima variará entre os 500€ e os 2.500€,
para além do respectivo impedimento
de condução. Acima deste valor é cri-
me e o automobilista é detido. Caso
o condutor não concorde com a taxa
acusada, pode pedir uma contra-prova
no local ou um novo teste no hospital.
Porém, neste último caso, terá ainda
que pagar 263€ pela análise sanguínea. E se esta corroborar os dados da
primeira prova, poderá ser um fim de
festa bem aziago do ponto de vista financeiro. Nesta noite o excesso de velocidade não será uma preocupação:
os agentes estão bem visíveis, numa
recta larga. Todos abrandam a marcha,
muitos são – mesmo assim – mandados parar. A estratégia não passa pela
surpresa, como adianta o comissário
Pinheiro: “Nós costumamos estar nos
mesmos locais, não variamos muito,
até porque não é logisticamente possível montarmos uma operação destas
nas ruas mais estreitas no interior da
cidade de Lisboa”. Assim, locais como
as avenidas de Ceuta, 24 de Julho, Rua
da Cintura do Porto de Lisboa, junto à
Os perigos e medos após beber álcool
Um dos aspectos mais marcantes ao
longo da operação policial reporta-se à
expressão facial dos condutores. A tensão e os músculos túrgidos, o sangue
a latejar nas frontes, outros mostramse lívidos, mas todos enfrentam o contacto com os agentes. É latente o medo
com que a generalidade das pessoas se
encaminha para a carrinha policial, onde
deverá proceder à análise ao álcool. Os
espíritos mostram-se inebriados, nem
sempre consequência do excesso de
bebidas, por vezes ouvem-se risos nervosos e conversas de ocasião para tentar ganhar a simpatia dos agentes.
Contam-se pelos dedos das mãos os
condutores e passageiros com mais
de 35 anos. A noite atrai as faixas mais
jovens e é propícia a excessos. Nos
últimos anos têm sido apresentadas
diversas campanhas de sensibilização contra os perigos do álcool e das
drogas. Mesmo que os resultados não
sejam excepcionais, têm-se sentido
melhoras (ver Caixa): “se ao nível das
contra-ordenações não verificamos
grandes alterações nos valores estatísticos, quanto aos crimes a verdade é que
há uma diminuição na quantidade de
condutores presos”, salienta o comissário Pinheiro. E são mesmo os automobilistas que viajam com uma taxa de
alcoolemia entre os 0,5 g/litro e 1,19 g/
litro de sangue que maior perigo representam para quem os rodeia. O oficial
da PSP lembra “que a taxa de sinistralidade é maior junto daqueles que beberam álcool mas que não atingiram
valores considerados passíveis de crime”. E explica: “quanto mais se bebe
mais devegar se guia. É muito comum
estes indivíduos terem acidentes após
adormecerem ao volante e baterem em
baixíssima velocidade contra postes
SEGURANÇA 59
ou até carros estacionados”. Pior é entre aqueles que têm uma taxa de 0,9 g/
litro de sangue, por exemplo, os quais
“encontram-se eufóricos, acham que
são capazes de tudo, e muitas vezes
são incitados pelos amigos, que estão
igualmente alcoolizados. Ora, acontece que a velocidade a que viajam é
bem superior, com consequências tantas vezes dramáticas”, explica.
“Se sair à quinta-feira não conduza”
Com o raiar da manhã os agentes já
sabem que cresce a quantidade de potenciais infractores. Por ser Agosto, o
número não é muito elevado nem exige
uma espera exagerada por parte dos
condutores para efectuarem o respectivo
teste. Aliás, até às 7h apenas uma pessoa aguardava no local a sua detenção,
pois detinha uma taxa superior a 1,19 g/
litro de sangue, para além de não ter consigo quaisquer documentos do veículo.
Para piorar a sua situação, nem sequer o
computador policial apresentava dados
electrónicos referentes à identificação do
automobilista. Um factor a levar em consideração é que cada vez mais mulheres
são fiscalizadas e, infelizmente, autuadas. Mesmo assim, e pelo que foi dado
a ver nesta operação, numa conjectura
puramente empírica, a quantidade de álcool que ingerem é inferior aos homens.
Outro dado casuístico que foi dado a
observar refere-se ao dia da semana
mais susceptível. Um agente confessa
que “as quintas-feiras são, por vezes,
bem complicadas, pois é comum os
jovens universitários sairem, jantarem
e irem para a noite”. O comissário Pinheiro corrobora e graceja: “como
costumamos dizer, «se sair à quintafeira não conduza»”. Mas é aos finsde-semana que os ânimos aquecem.
Às sextas-feiras aumentam as acções
policiais e, proporcionalmente, as autuações. Dado curioso refere que, em
contrapartida, há também um maior
cuidado ao volante, por parte de uma
franja da população: “é comum os casais jantarem fora e levarem os filhos.
A faixa etária que sai para se divertir é
também mais elevada e responsável”,
adianta o oficial da PSP, o qual explica
ainda “que os sábados, até pela quantidade de pessoas que se encontra na
rua, os excessos de álcool e condução
perigosa, são propícios à montagem
das operações de maior calibre”.
Atenção às corridas de automóveis
Às 7h30 inicia-se o desmontar da tenda. Restam alguns automobilistas, que
anseiam por finalmente baixar a quantidade de álcool no sangue para números
legais e seguir viagem; alguns fazem
exercício físico, há quem tenha ido comer qualquer coisa ou beber água.
Permanece igualmente o detido, que
aguardará pela abertura do tribunal
para ser apresentado ao juíz. O comissário Pinheiro ainda se dirige à Avenida
de Ceuta, onde a operação até parece
não ter horas para acabar, pois ainda se
efectuam testes de alcoolemia. Termina
mais uma noite rotineira para a Divisão
de Trânsito lisboeta. O cansaço apodera-se de todos, mas há ainda alguns aspectos burocráticos a tratar, bem como
a análise aos dados estatísticos. O sol
já nasceu, a luz matinal rejuvenesce os
espíritos, a capital ganha nova vida –
desta vez de milhares de pessoas que
se dirigem para o seu local de trabalho.
Ainda há tempo para lembrar que não
só de Operações Stop vive esta equipa.
A fiscalização da segurança automóvel
é também feita através de veículos
descaracterizados, que circulam em
pontos estratégicos, com o objectivo
de impedir que se verifiquem as corridas de automóveis transformados, diversão para alguns e que é geralmente
intitulada de tunning. “A nossa atenção vai para a Ponte Vasco da Gama e o
Parque das Nações, locais onde se concentram muitos jovens, também para
assistir”, explica o graduado. Se o desejável é evitar o início de despiques,
SEGURANÇA 60
Pedir para fazer o teste do balão antes de conduzir
É um facto facilmente constatável que o álcool desinibe mesmo o mais
empedernido. Uma noite de operação policial é disso retrato fiel. Um
dos aspectos mais curiosos de uma noite com a PSP prende-se com
o método de abordagem com que os agentes são alvo por parte de
transeuntes, potenciais automobilistas. A operação junto ao Museu
do Oriente encontrava-se a cerca de 200 metros de algumas das
discotecas mais frequentadas de Lisboa igualmente próxima das Docas
de Santo Amaro. Depois de algumas horas de folia, diversos noctívagos
verificavam a presença da Divisão de Trânsito nas imediações. Logo se
dirigiam junto da polícia e pediam para soprar no balão. Cerca de uma
dezena o fez, nem todos nas melhores condições. Ao conselho: “Vá
apanhar ar, comer qualquer coisa, beber água ou correr”, quase sempre
se afastavam desgostosos, alguns desagradados, garantindo “estar em
perfeitas condições de conduzir”, apesar de cambaleantes. Os agentes
apenas sorriam. Alguns asseguravam que a noite estava a ser “muito
tranquila”. “Nem sempre estas pessoas se dirigem com os melhores
modos, fazem exigências, dizem que somos obrigados a facultar-lhes
um balão para soprar”, refere um dos agentes no local. Porém, como
o material para efectuar a operação é limitado, nem sempre é possível
disponibilizá-lo para aqueles que querem saber se estão em condições
de guiar. Motivo suficiente para manifestações de desagrado, em
especial de quem acabou por fazer o teste – após muita insistência – e
tinha uma taxa de 1,63 g/litro de sangue, ou de um outro indivíduo, que,
acompanhado de quatro jovens mulheres, ameaçava chamar o advogado
se não fizesse o teste, isto sob uma voz manifestamente entaramelada.
também é verdade que, se necessário
for, os carros descaracterizados da PSP
perseguem os autores de quaisquer
façanhas: “Já atingimos os 240 km/h
numa perseguição, mas o ideal é evitar essa situação ao máximo”, assegura, até porque, “acima de tudo, está a
segurança dos agentes e também de
quem conduz esses carros”.
Infracções entre os condutores
chegam aos 13%
Os números da PSP não enganam.
No decorrer do primeiro semestre de
2009 foram detidos 710 automobilistas
por força de conduzirem sob o efeito
de álcool. Isto num total de 136.459
viaturas fiscalizadas, no decorrer das
1.458 Operações Stop realizadas pela
autoridade policial em todo o país. As
fontes policiais referem que de todas
estas fiscalizações, foram detectadas
18.172 infracções (13,3%). Estatisticamente, este número não foge à média
registada em anos anteriores. É no que
concerne à condução com índices de
álcool no sangue acima do legalmente
estabelecido que se tem sentido uma
quebra, actualmente a rondar os 0,5%.
O comissário Pinheiro não se mostra
muito convicto com a mudança de hábitos junto dos condutores nacionais:
“Muitas vezes, as pessoas fogem aos
pontos mais críticos. Para regressarem
a casa embrenham-se por ruas menos
frequentadas, onde sabem que não
estará a decorrer qualquer operação”.
É um jogo do gato e do rato, onde as
manhas do rato podem resultar num
desfazamento estatístico face à realidade social.
É curioso verificar que o abuso de bebidas alcoólicas nem sequer é a principal infracção detectada. Entre Janeiro e
Junho, 1.081 automobilistas foram autuados por força da sua condução com
taxa de álcool acima dos 0,49 g/litro de
sangue. De facto, a falta dos documentos da viatura, com 2.975 infracções,
e a falta da inspecção periódica, com
2.499 infracções, lideram o ranking.
Voltando às detenções por violação
dos aspectos estipulados no Código da
Estrada, 462 condutores foram presentes a tribunal por não possuirem habilitações legais para guiar um veículo automóvel. Outros 132 foram igualmente
detidos pelos mais diversos motivos.
Quanto aos números desta noite de
acompanhamento à operação policial,
os 27 agentes destacados para a Rua
da Cintura do Porto de Lisboa e Avenida de Ceuta verificaram 177 automóveis, que resultaram em cinco detenções – duas delas por desobediência,
12 contra-ordenações por infracções
graves e 15 infracções muito graves.
Percentualmente, a quantidade de automobilistas infractores até subiu, face
aos números globais do semestre do
ano, pois foram detectadas situações
anómalas em 18% dos condutores avaliados. Mesmo assim, esta até pode
considerar uma operação rotineira e
tranquila. A noite seguinte, mesmo em
pleno mês de férias para a generalidade dos portugueses, revelou-se muito
mais movimentada, com um total de 10
detidos por parte dos agentes da Divisão de Trânsito da capital.
Cidade de Viseu
capital
da vinha
e do vinho
Viseu Catedral
Viseu é um pequeno burgo situado no interior de Portugal, perto do sopé de uma grande montanha que foi crescendo até se transformar numa cidade, a que foi dada o nome
de Viseu. Antiquíssima e episcopal, a Cidade de Viseu é a terra de cultivo da vinha para
os famosos vinhos do Dão e de Lafões.
Viseu é o único distrito português que
não faz fronteira nem com o mar nem
com Espanha. Situado na Região Norte/Centro do país, abrange três SubRegiões: Dão-Lafões, Douro e Tâmega.
Trata-se de um dos distritos mais montanhosos do país, sendo constituído
pelos maciços das serras da Lapa, Le-
omil, Caramulo, Gralheira e Montemuro. Nos seus vales correm os afluentes
do Douro, nomeadamente, o Távora, o
Varosa e o Paiva, e os rios Vouga, Dão
e Mondego, além de várias ribeiras.
A sua história foi-se construindo ao
longo dos anos com as conquistas dos
seus heróis, com as suas tradições, com
os seus artistas e monumentos, transformando-se num espaço agradável e
digno de ser visitado.
A capital do distrito é a cidade de Viseu,
onde se cultiva a vinha que dá vida aos
famosos vinhos do Dão e de Lafões.
A cidade de Viseu tem uma posição
quase central em relação ao Distrito e
TURISMO 64
ao Município, localizando-se no chamado “Planalto de Viseu”. É envolvida por
um sistema montanhoso constituído a
norte pelas Serras de Leomil, Montemuro e Lapa, a noroeste pela Serra do
Arado, a sul e a sudoeste pelas Serras
da Estrela e Lousã, e a oeste pela Serra
que mais directamente influencia esta
área, a Serra do Caramulo.
Cenários encantados, aldeias escondidas, caminhos sinuosos e velhas estradas romanas fazem da cidade um destino de cortar a respiração.
Com um relevo acidentado, a cidade é
rodeada por numerosos cursos e linhas
de água. De um modo geral, estes organizam-se em três bacias: a do Vouga, a
do Dão e a do Paiva. Existem outras de
menor caudal mas igualmente importantes, nomeadamente, o rio Pavia e rio
de Mel.
Situado numa zona de transição, o Concelho apresenta um conjunto de micro-climas, pelo que o clima de Viseu caracterizase pela existência de elevadas amplitudes
térmicas, com Invernos rigorosos e húmidos e Verões quentes e secos.
A cidade encontra-se a apenas duas
horas e meia de Lisboa e Salamanca, a
cerca de uma hora do Porto e a pouco
mais de meia hora da cidade de Aveiro,
o que facilita as incursões dos viseenses até à beira-mar. A aumento do “betão” tornou os contactos mais fáceis e
cómodos, mas Viseu é uma cidade muito mais de gentes de acolhimento do
que de êxodo. As cores de Grão Vasco,
quentes e calorosas, constituem o seu
principal elemento de atracção.
Viseu Histórica
Interpretando os vestígios descobertos,
a povoação que deu origem a Viseu nasceu no alto do monte onde hoje se situa a
Sé. As origens de Viseu antiga, ilustre cidade, perdem-se nos confins do tempo.
Por aqui passaram homens das idades
remotas da pré-história, conviveram
Celtas e Lusitanos, fixaram-se os Romanos em séculos de prosperidade e paz,
Interior da Sé
e passaram povos invasores como os
Suevos, os Godos ou os Muçulmanos. Foi em 1058, quando conseguiu definitivamente recuperar a sua liberdade, que
a cidade de Viseu se desenvolveu como
nunca. Levantou as abóbadas da Catedral e mandou esculpir nos portais, nas
janelas e nas cornijas das suas casas
em artísticos lavores, os sinais da sua
prosperidade. Ainda hoje a cidade de Viseu se pode orgulhar de possuir um dos
mais belos conjuntos de casas, portais
e janelas dos estilo gótico e manuelino
do país, dispersos um pouco por todos
os recantos, sobretudo nas típicas ruazinhas junto à Catedral.
Cidade de existência mais que milenar,
não podia deixar de reflectir no seu rosto deteriorado pelo tempo o testemunho
da passagem das sucessivas gerações.
Felizmente, os monumentos artísticos
de todas as idades foram poupados ao
impiedoso desgaste dos séculos e à indiferença dos Homens.
Durante a dominação romana, Viseu já
era a capital de um grande território, a
Lusitânia, e um centro urbano de grande importância, como se pode comprovar pelos inúmeros vestígios arqueológicos encontrados na região, entre os
quais se destacam moedas, sepulturas,
marcos milenares e, principalmente, estradas romanas.
A importância que Viseu teve em toda a
Beira, na época dos romanos, pode ser
comprovada com uma visita a Cava de
Viriato, antigo quartel-general dos romanos em forma octogonal, com dois
quilómetros de perímetro, que servia
de ponto de vigia e defesa de todas as
estradas que ali convergiam.
No século VI, com o domínio dos Visigodos, a cidade de Viseu foi elevada
a sede de diocese. Reza a história que
Ramiro, rei visigodo, está sepultado na
igreja de S. Miguel do Fétal.
Do conjunto constituído pela colina da
Sé e a Cava de Viriato nasceu uma vila
intermédia de fornecedores, serviçais e
negociantes, hoje chamada de Cidade
Velha.
Muralha da Cidade Velha
É de paragem obrigatória a quem visita a cidade. Surgiu na sequência de um
ataque, em 1385, na qual foi saqueada
e incendiada pelas tropas de Castela,
que foram posteriormente vencidas
em Aljubarrota. Depois deste ataque,
D. João I mandou construir uma muralha para defesa da cidade, que só foi
concluída no reinado de D. Afonso V
(daí chamar-se muralha afonsina), cujos
vestígios são hoje, para além de algumas partes da muralha, as portas do
Soar e a Porta dos Cavaleiros.
TURISMO 65
Viseu
A partir do séc. XIV, a cidade desenvolveu-se para fora das muralhas da Sé. Foi
neste século que a cidade iniciou uma
fase de expansão, que se estendeu para
a actual zona central, o Rossio. Em pouco tempo, este novo centro começou a
ser local de encontro da sociedade. No
entanto, só três séculos mais tarde foi
construído o actual edifício da Câmara
Municipal.
Assim, foi ao longo de muitos e atribulados séculos de história, no meio de lutas, sacrifícios, derrotas e vitórias, que
se construiu uma cidade em que hoje o
passado e o presente se fundem harmoniosamente, dando-lhe uma personalidade própria, que lhe permite oferecer
qualidade de vida aos seus habitantes
e visitantes.
Cava de Viriato
Era um octógono regular constituído
por uma alta trincheira de terra batida,
cercada por um fosso, de que ainda
existe uma pequena extensão. A água,
para este fosso, era encaminhada do rio
Pavia e da ribeira do Pintor, assim como
das nascentes locais.
A cidade adoptou Viriato como seu herói, confundindo-se a lenda com a história deste pastor lusitano, que não se
sabe bem ao certo onde terá nascido,
e que batalhou nos campos do sul de
Espanha, chefiando os lusitanos nas lutas contra os romanos que ameaçavam
os limites do seu território. Acabou por
morrer atraiçoado por alguns dos seus
companheiros de armas, constituindo a
imortalidade do seu nome, a sua maior
vingança. Viseu guarda a memória de
Viriato no monumento erguido junto
à Rotunda da Feira de S. Mateus, em
1940, fronteiro à Cava.
Sé de Viseu
É uma das construções mais antigas de
Viseu, não havendo certezas relativamente à data de início da sua construção. A torre do relógio é românico-gótica e a fachada central e a torre dos sinos
são maneiristas do séc. XVII-XVIII.
Na interior da Sé poderá ver as colunas coroadas por arcos ogivais, que
suportam a abóbada dos nós do séc.
XVI. Os claustros inferiores da Sé datam
do séc. XVI e os claustros superiores
datam do séc. XVIII, sendo os vários
portais do claustro inferior de estilo
românico-gótico. Os azulejos do claustro da Sé remontam ao final do séc. XVI,
início do séc. XVII, e são, sem dúvida,
merecedores de uma visita. No andar
superior, poderá ver o Museu de Arte
Sacra, constituído pelo antigo tesouro
da Sé e que se encontra localizado em
dependências dos claustros. Cofres de
Limoges do séc. XIII, imagens, cruzes,
hostiários, relicários e inúmeras peças
de ouro e prata fazem parte do valioso
espólio deste museu.
Praça do Rossio
É o “Salão de Visitas da Cidade”. Sofreu
as transformações inerentes ao passar dos tempos, mas desde sempre se
constituiu como um atractivo local de
passeio e convívio das gentes de Viseu,
sobretudo ao longo dos séculos XVIII e
Varanda Cónegos
XIX. Hoje em dia, continua a ser o coração da cidade, o local por excelência
onde se sente o pulsar da sociedade
viseense.
Capela de S. Sebastião
Reedificada no século XVIII, a Capela
de S. Sebastião é como um templo de
delicada arquitectura, que encanta pela
simplicidade do seu traço e pelas suas
equilibradas proporções. Apresenta na
fachada um portal de desenho primário e duas janelas de risco simples que
iluminam o interior. Por cima do portal
encontrará uma espécie de óculo de formas dinâmicas e movimentadas. Duas
pilastras adossadas, encimadas por
urnas ornamentais, parecem enquadrar
esta fachada. O conjunto é rematado
por um frontão ondulante que, sustentando uma cruz, assinala a religiosidade
do local.
Capela da Sr.ª dos Remédios
Situada num pitoresco largo do centro
histórico, Largo Pintor Gata, antiga Praça da Erva, esta capela é um pequeno
templo que se abre às devoções de
quem passa. Entrando, deslumbra-se
um interior que apesar de dimensões
reduzidas, o convidará ao recolhimento,
TURISMO 66
Onde Ficar
Hotel Senhora do Castelo ***
Situa-se no Monte Senhora do
Castelo, a 600 metros de altitude
e a 15 km de Viseu. Possui uma
paisagem relaxante, de onde se
podem observar as Serras da Estrela
e Caramulo, e partir à descoberta
da região na sua diversidade
de paisagens, lugares, usos e
costumes.
Contacto
Monte Senhora do Castelo
Apartado 4
3534-909 Mangualde
Telefone: +351 232 619 950
Fax: +351 232 623 877
E-mail: [email protected]
Web: http://www.cotel.pt/
Hotel do Parque ****
Unidade hoteleira equipada com
Health Club & Spa. Restaurante
com pratos essencialmente da
gastronomia regional.
Contacto
Termas de S. Pedro do Sul
3660-692 S. Pedro do Sul
Telefone: +351 232 723 461
Fax: +351 232 723 047
E-mail: [email protected]
Web: http://www.hoteldoparque.pt/
ao envolvê-lo numa atmosfera mística.
O atenção de quem visita este monumento é conduzida quase de imediato
ao altar principal, que se inscreve numa
capela pouco profunda, de volta perfeita e abóbada de berço.
O retábulo, datado de meados de setecentos, ostenta dois pares de colunas
coríntias de fuste liso, um dossel que
ambienta a imagem da Senhora com o
Menino ao colo, e no remate uma “glória” radiante exibida por dois anjos. A
imagem da Santa devota é obra das oficinas de Coimbra e é feita em calcário.
Solar dos Treixedos
É um edifício que se impõe pela sua
organização espacial e, acima de tudo,
pela sua fabulosa linguagem decorativa. De planta rectangular, o edifício
distribui-se por dois andares, bem
evidentes na leitura da fachada, onde
se rasgam dois registos de aberturas.
Tratam-se de janelas majestosamente
embelezadas por uma moldura de granito, sendo que as do andar superior se
distinguem e evidenciam por um maior
cuidado e requinte. Em conjunto com os
imponentes e altivos portais, de traçada
nobre, compõem uma fachada extremamente apelativa e dinâmica no seu jogo
de contrastes.
Ruas e Ruelas
Um passeio pelas encantadoras e pitorescas ruelas da cidade é obrigatório
a quem optar por este destino para as
suas férias.
A Rua Grão Vasco é uma ruela ladeada
por típicas e vernáculas casas, fazendo
a ligação entre a Praça D. Duarte e o Largo Pintor Gata.
Por seu turno, a Praça D. Duarte situase a Sudoeste da Sé, sendo a sua configuração resultante de sucessivos ajustamentos, com a eliminação de edifícios
menos característicos.
A Rua Formosa liga o centro da cidade
e a Praça do Rossio ao Largo de Santa
Cristina, sendo envolvida por casas de
comércio tradicional e edifícios que
obedecem à estética Arte Nova. Nela se
localiza o Mercado Municipal, um espaço reconvertido em zona de comércio e
de lazer, segundo projecto do arquitecto Álvaro Siza Vieira.
Não deve deixar de visitar também o
Mercado 2 de Maio, que ressurgiu do
antigo Mercado Municipal, com um
novo espaço urbano que mantém uma
ligação estética com o Rossio. Idealizada por Siza Vieira, esta Praça é palco de
diversas Feiras e Espectáculos realizados na cidade, assim como de inúmeras
esplanadas que, em noites de Verão,
enchem a cidade e toda a zona histórica
de vida e movimento.
Igreja do Carmo
A Rua do Comércio é transversal à Rua
Formosa e conduzi-lo-á até à Praça D.
Duarte. É envolvida por estabelecimentos tradicionais que se conjugam com a
intervenção contemporânea no antigo
Mercado Municipal.
Não deixe de apreciar ainda a Rua Direita, situada no interior das muralhas medievais. Estreita e sinuosa, contrariando
o seu nome, esta rua tinha grande actividade comercial, sendo conhecida por
“Rua das Tendas”. Possui vários edifícios interessantes, dos séculos XVI e
XVIII, sendo um dos mais impressionantes desta época o Solar dos Treixedos.
Gastronomia
Rica e variada, a gastronomia tradicional
desta região é um dos seus principais
atractivos. Caldo verde, sopa da Beira,
rancho à moda de Viseu, arroz de carqueja, lampreia ou pato, vitela assada
à moda de Lafões, cabrito da Gralheira
assado, trutas do Paiva são alguns dos
pratos regionais, não esquecendo os
enchidos, o presunto, o pão de mistura
ou de centeio e a broa de milho. As sobremesas passam pelos doces de ovos,
leite-creme, papas doces de milho, arroz doce...
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