Rio de Janeiro State League (Campeonato

Transcrição

Rio de Janeiro State League (Campeonato
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História do campeonato fluminense de futebol
Por: Laércio Becker, de Curitiba-PR
A história do campeonato fluminense de futebol é, sem sombra de dúvida, a mais
confusa de todos os campeonatos estaduais do Brasil. Tentaremos aqui resumi-la. Para
tanto, usaremos basicamente as informações dos sites RSSSF e Wikipedia, os artigos de
Auriel de Almeida (o maior especialista no assunto), os livros de Eduardo Viana (falecido
presidente da FERJ, conhecido como “Caixa d’Água”) e sobre o futebol em algumas
cidades (Campos, Nova Friburgo e Petrópolis).
Pois bem, como esclarecemos em nosso artigo “Campeões em mais de um estado”,
durante o Império, a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro era o Município Neutro da
Corte, enquanto Niterói era a capital da província do Rio de Janeiro. Com o art. 2º da
Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 24.02.1891, o Município
Neutro virou Distrito Federal e as Províncias se transformaram em estados. Ou seja, a
cidade e o Estado do Rio continuavam separados.
Daí que, como podemos ver no capítulo “Primeiros jogos”, de nosso livro Do fundo
do baú, o estado do Rio foi o palco da primeira partida “interestadual” jogada no Brasil. Foi
em 01.08.1901, no campo do Rio Cricket & Athletic Association (RC&AA), entre
jogadores brasileiros sócios do Paysandu Cricket Club (do então Distrito Federal) e ingleses
do RC&AA, de Niterói (antigo estado do Rio).
Mas há notícias de que, no próprio estado do Rio, o futebol já era praticado antes.
Falamos sobre isso no mesmo capítulo: há relatos de sua prática no Colégio Paixão, de
Petrópolis, desde 1882, e no Colégio Anchieta, em Nova Friburgo, desde 1886. Suspeita-se
inclusive que em Petrópolis surgiu o primeiro clube fundado para a prática do futebol, o
Foot Rink Club, cf. vimos no capítulo “Primeiros clubes” do mesmo livro.
Na capital Niterói, os primeiros campeonatos foram de 1913 e 1914. Quanto à
entidade a organizá-los, há divergência nas fontes. Segundo Auriel de Almeida, a
informação de que foi a Associação Nictheroyense de Football (ANF) encontra-se no livro
A história do futebol de Niterói, publicado por Jorge Augusto Guimarães em 1955 (não
confundir com o livro de mesmo título, ainda inédito, escrito por Ayrton Pinto Ribeiro; sua
existência é noticiada por Wanderlino Teixeira Leite Netto). Também no site RSSSF,
citando como fonte os jornais O Imparcial e Gazeta de Notícias.
Contudo, Auriel pesquisou os jornais da época e descobriu que alguns falam em
Associação Athlética Nictheroyense (AAN) e outros em Associação Athletica Fluminense
(AAF).
Ano
1913
1914
Campeão
Guarany FC
Rio Branco FC*
Cidade
Niterói
Niterói
Entidade
AAF
AAF
Observação
* desde 1916, Fluminense AC
Se era ANF ou AAN, era uma entidade que, pelo próprio nome, não aparentava ter
pretensões de ser estadual, mas apenas municipal. Assim como a Liga Campista de
Football, fundada em 1913, a Liga Petropolitana de Sports, fundada em 1918, e a
Associação Serrana de Esportes Atléticos, fundada em 1925. Mas se era AAF, esse
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argumento enfraquece e seus dois campeões podem, sim, pleitear o reconhecimento de
título estadual para 1913 e 1914. Por isso, na tabela acima, consideramos AAF.
Após o segundo campeonato, a ANF (ou AAF, ou AAN) foi extinta e, em seu lugar,
surgiu a Liga Sportiva Fluminense (LSF), que organizou campeonatos de 1915 a 1925.
Logo de início, em 1917 e 1918, já enfrentou uma dissidência: a Associação Fluminense
de Desportos Terrestres (AFDT), que organizou campeonatos em 1917 e 1918, sendo
que, aparentemente, este último não foi concluído e não há notícia de que um campeão
tenha sido proclamado.
Os nomes, por si, já indicam que a LSF e a AFDT tinham pretensões de serem
estaduais. Após disputarem entre si o reconhecimento da Confederação Brasileira de
Desportos (CBD), a LSF finalmente conseguiu ser admitida a partir de 1918, como
representante legítima do estado do Rio. A partir desse reconhecimento, filiaram-se à LSF
as ligas de Campos dos Goitacazes e Petrópolis – ora, não se imagina que ligas municipais
filiadas a uma liga municipal, então só podia ser estadual mesmo.
Oficialmente, os campeonatos da LSF eram abertos a todos os times do estado, só
que ela exigia que todas as partidas fossem disputadas em Niterói. O custo e a precariedade
dos transportes dificultava, na prática, a participação dos clubes do interior. Então, embora
prometesse, desde 1915, a realização de um futuro certame estadual, de seus campeonatos
participaram basicamente times de Niterói (à exceção de alguns times de São Gonçalo e
Petrópolis), motivo pelo qual muitas fontes não os consideram efetivamente estaduais.
Como dissemos em nosso artigo “Pelo reconhecimento de títulos cariocas
extraoficiais”, em tese, um campeonato restrito aos times da capital não poderia valer como
campeonato estadual. No entanto, não é bem isso o que a história de alguns estaduais tem
revelado. P.ex., assim como os campeonatos da LSF, os primeiros campeonatos paulista,
paranaense, catarinense, capixaba e potiguar também foram disputados apenas pelos times
das respectivas capitais e, mesmo assim, são reconhecidos como títulos estaduais. Isso é
perfeitamente justificável. Em primeiro lugar, porque a prática do futebol estava
inicialmente concentrada nas capitais. Em segundo, porque, mesmo quando era praticado
também em outras cidades do interior, as grandes distâncias eram de difíceis de transpor e
exigiam grandes gastos, às vezes inexigíveis de amadores. Daí a inegável importância das
ferrovias na difusão do futebol, como bem demonstra o livro de Ernani Buchmann.
Mesmo levando isso em consideração,
A participação da Seleção
havia outro problema: a LSF montava uma seleção
Fluminense na primeira edição
composta exclusivamente por jogadores dos times
do
Campeonato
Brasileiro
de Niterói, que ora apresentava-se como uma
resumiu-se a uma derrota por
seleção municipal (ao disputar amistosos contra
2x0 para a Seleção Carioca, em
outras seleções locais, como as de Campos e
27.07.1922, no campo do CR
Petrópolis), ora como uma seleção estadual,
Flamengo. Eis a escalação:
embora de uma cidade só. Justamente a que
David; Luiz e Congo; Vicente,
representava o estado do Rio no Campeonato
Malvino e Serafim; Pires,
Brasileiro de seleções estaduais, que a CBD
Corbiam, Antoninho, Mario e
começou a organizar a partir de 1922. Além de não
Manuelzinho.
ter representatividade, apresentava atuações fracas,
o que irritou bastante o interior do estado.
Por isso, clubes descontentes como o RC&AA, o Canto do Rio FC, o GR Gragoatá,
o Internacional FC, o Serrano FC (de Petrópolis) e o SC Fluminense (atual Fluminense de
Natação e Regatas) fundaram a Associação Fluminense de Esportes Athléticos (AFEA),
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que organizou campeonatos de 1925 a 1927. Como assegurou aos clubes o direito de
mandar seus jogos em seus municípios, recebeu o apoio de outros clubes de Niterói e das
ligas de Campos, Nova Friburgo e Petrópolis, bem como da imprensa. Por isso, seu
campeonato firmou-se como verdadeiramente estadual.
Enquanto isso, a LSF não desistiria facilmente. Em março de 1925, para se
contrapor ao certame da AFEA, resolveu repor em disputa o título de 1924 do Byron FC,
sob o nome de “I Campeonato Fluminense”, no qual o Byron seria desafiado pelo vencedor
da Taça Dr. Noronha Santos, disputada pelos campeões de 1924 em Petrópolis e Campos.
Após vencer o Campos AA por 2x1, em 29.03.1925, o Petropolitano FC solicitou à LSF o
adiamento da final, que estava marcada para 19.04.1925. O pedido foi negado, o Byron
venceu por WO e a LSF sagrou-o campeão de 1924 do autoproclamado “I Campeonato
Fluminense”, sem que ele jogasse uma só partida. Como reuniu os campeões de 1924, é
como se fosse um “supercampeonato” de 1924. Ou seja, a rigor, o Byron foi duas vezes
campeão de 1924. Só que, como a LSF não organizou outro campeonato referente a 1925,
algumas fontes atribuem esse “I Campeonato Fluminense” ao ano de 1925 mesmo, quando
foi jogado.
Em 1926, a LSF mudou de nome para Federação Fluminense de Desportos (FFD)
e criou a Associação Nictheroyense de Desportos Terrestres (ANDT), para finalmente
organizar em separado o campeonato da capital. E foi o que a ANDT fez: o certame
municipal de 1926, vencido pelo Ypiranga FC (é tentador reconhecê-lo campeão
fluminense pela FFD, já que foi o único campeonato que conseguiu organizar e já havia a
tradição de o campeão niteroiense ser considerado o campeão estadual). Só que a FFD,
totalmente esvaziada pela rival AFEA, não conseguiu organizar o certame estadual de
1926. Na condição de filiada à CBD, ainda chegou a participar do Campeonato Brasileiro
de seleções de 1926. Porém, após a eliminação do torneio (derrota de 9x1 para a Seleção
Carioca), a FFD foi dissolvida, o que permitiu à AFEA ser reconhecida pela CBD como a
representante fluminense, a partir de 1927.
Ano
1915
1916
1917
1918
1919
1920
1921
1922
1923
1924
1925
1926
Campeão
Ararigboya FC
Parnahyba FC
Odeon FC
Byron FC
Nichteroyense FC
Não concluído
Fluminense AC
Fluminense AC
Barreto FC
Byron FC
Barreto FC
Byron FC
Byron FC
Serrano FC
Não realizado
SC Elite
Não realizado
Cidade
Niterói
Niterói
Niterói
Niterói
Niterói
Niterói
Niterói
Niterói
Niterói
Niterói
Niterói
Niterói
Petrópolis
Niterói
Entidade
LSF
LSF
LSF
AFDT
LSF
AFDT
LSF
LSF
LSF
LSF
LSF
LSF
LSF
AFEA
LSF
AFEA
FFD
Observação
Filiação à CBD
Supercamp. disputado em 1925
Sucessora da LSF
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1927
GR Gragoatá
Niterói
AFEA
Filiação à CBD
Em 1927, o campeonato
Dois detalhes. Por um lado, quem nega o caráter
fluminense,
organizado
pela
de estadual aos campeonatos da LSF deveria
AFEA, acabou sendo disputado
negá-lo também a este campeonato da AFEA de
apenas por times da capital. Um
1927. Por outro lado, quem atribui aos primeiros
retrocesso
em
termos
de
campeonatos de Niterói o caráter de estaduais,
representatividade. É que Serrano
deveria reconhecer esse campeonato de 1927, da
FC e Friburgo FC desistiram de
AFEA, também um título niteroiense, já que o
participar devido ao alto custo das
torneio municipal desse ano não foi realizado,
passagens intermunicipais, num
porque a FFD e sua filiada ANDT foram extintas.
longo torneio de turno e returno.
Para contornar esses problemas e devolver representatividade ao torneio, a AFEA
resolveu: (i) trocar o sistema de dois turnos por partidas eliminatórias (o popular “matamata”), o que diminui os deslocamentos e, conseqüentemente, reduz os respectivos custos;
e (ii) substituir os clubes por seleções locais, medida que reduz o número de participantes
(logo, também de deslocamentos) e que supõe que as ligas teriam melhores condições
financeiras de arcar com esses custos.
Nos primeiros anos, a grande campeã foi a Associação Nichteroyense de Esportes
Athleticos (ANEA), fundada em 1928 para organizar o campeonato local, no vácuo da
ANDT, que era filiada à FFD e foi com ela extinta em 1926.
Com essa nova fórmula, a seleção vencedora representaria o estado (p.ex., no
Campeonato Brasileiro de seleções) e, segundo o livro de Jorge Augusto Guimarães, o
clube campeão da respectiva liga seria campeão estadual honorário (ou simbólico), o
representante oficial do estado, caso fosse necessário indicar um (p.ex., para uma Copa dos
Campeões estaduais, como a de 1937). O problema, segundo Auriel de Almeida, é que essa
questão do clube campeão honorário consta apenas no já citado livro de Jorge Augusto
Guimarães, não havendo confirmação nos jornais da época.
Ainda segundo esse livro, quando o campeonato fluminense de seleções não era
disputado, a liga campeã do ano anterior continuava representando o estado, por seu
selecionado local e pelo seu clube campeão municipal (apud Auriel de Almeida). Foi o que
aconteceu, p.ex., em 1932 e 1933.
O campeonato de 1928 foi muito bem explicado em artigo específico de Auriel de
Almeida. Ele terminou com Byron FC e Ypiranga FC empatados na liderança. A final
estava com 3x3 no marcador e um pênalti a favor do Ypiranga quando foi interrompida.
Deu-se um impasse. Passado o carnaval, decidiram anular o jogo e marcaram uma nova
final para 17.03.1929. O Ypiranga discordou e decidiu não comparecer ao jogo, que foi
vencido pelo Byron por WO, conquistando com isso o título. Pouco depois, porém, os
finalistas jogaram um amistoso, em que disputaram a Taça Mme. Ribeiro de Almeida, em
31.03.1929. O Ypiranga venceu por 3x1 e foi considerado, com apoio da imprensa,
primeiro um “campeão moral”, depois o “verdadeiro campeão” de 1928. Com o tempo,
esse amistoso passou a ser computado como a final do campeonato – quando não era –,
motivo pelo qual o Ypiranga é freqüentemente (e equivocadamente) apontado como o
campeão de 1928.
Em 1930, as finais, entre a ANEA e a Associação Campista de Esportes Athleticos
(ACEA), estavam programadas para três partidas, mas a AFEA reduziu unilateralmente
para duas, sendo ambas as partidas marcadas para Niterói. Resultado: após vencer a
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primeira por 4x2 (em 24.08.1930), a ACEA se recusou a comparecer à segunda (em
31.08.1930), perdeu por WO e a ANEA foi proclamada campeã. Só que o campeonato
niteroiense terminou com dois campeões.
Ano
1928
1929
1930
Liga campeã
ANEA (Niterói)
ANEA
ANEA
1931
1932
1933
ANEA
Não realizado
Não realizado
Campeão honor.
Byron FC
Ypiranga FC
Ypiranga FC e
Fluminense AC
Ypiranga FC
Fluminense AC
Canto do Rio FC
Entidade
AFEA
AFEA
AFEA
AFEA
AFEA
AFEA
Observação
Título compartilhado
Venc. da última liga campeã
Venc. da última liga campeã
Em 1933, eclodiu a crise do futebol amador (e do amadorismo “marrom”),
provocada pela pressão em favor de sua profissionalização. O Fluminense AC, Byron FC,
Nictheroyense FC e o Tamoyo FC de São Gonçalo abandonaram a amadorista ANEA
(filiada à AFEA) e, no final do ano, fundaram a profissionalista Liga Nichteroyense de
Futebol (LNF). A LNF recebeu o apoio das ligas campista e petropolitana (que eram ainda
eram amadoristas, mas já planejavam adotar o profissionalismo) e juntas, em 1934, criaram
a Federação Fluminense de Esportes (FFE) que, por sua vez, filiou-se à Federação
Brasileira de Futebol (FBF), entidade profissionalista de âmbito nacional, criada em 1933.
Por conta disso, a AFEA não conseguiu mais organizar seu campeonato estadual,
porque já estava esvaziada das principais ligas, que haviam aderido à FFE. Permanceu
inativa, mas ainda filiada à CBD. Se aplicássemos a regra do clube campeão da última liga
campeã, teríamos que relacionar os campeões da ANEA, que foi a última liga campeã da
AFEA, em 1931. Só que a ANEA não conseguiu concluir seu campeonato municipal de
1934 e foi exinta em 1935. Ou seja, realmente não há como reconhecer campeões da AFEA
nesse período de 1934 a 1940.
Enquanto isso, em 1934, a LNF organizou o seu primeiro campeonato niteroiense e
a FFE o seu primeiro campeonato estadual, nos moldes da AFEA, i.e., entre seleções locais
(profissionais, amadoras e mistas) – vencido pela Liga Esportiva Sul-Fluminense (LESF),
de Barra do Piraí.
Segundo o citado livro de Jorge Augusto Guimarães, a FFE manteve também a
regra segundo a qual o clube campeão da liga campeã era o campeão estadual honorário.
Dessa vez, pelo menos, essa indicação teve uma utilidade: a seleção da Associação
Campista de Esportes Terrestres (ACET) foi campeã de 1936, então o campeão campista
SC Aliança foi indicado campeão honorário e, nessa condição, foi convidado a participar da
Copa dos Campeões de 1937, organizada pela FBF – ver nosso artigo “Sobre a unificação
dos títulos brasileiros”.
A FFE também manteve a regra segundo a qual, não sendo disputado o estadual, a
última liga campeã indica o clube campeão honorário. Por isso, em 1937, o estadual não foi
disputado, de sorte que o campeão estadual honorário foi o vencedor da ACET.
Em 1937, a LNF se dissolveu e foi sucedida pela Associação Nictheroyense de
Athletismo (ANA), que se filiou à FFE e foi campeã de 1938. Em 1940, após quatro
empates, a Associação Campista de Esportes Terrestres e a Associação Serrana de Esportes
Athléticos resolveram dividir o título. Segundo Auriel de Almeida, não está claro se a
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divisão do título entre as ligas acarretaria também a divisão do título entre seus campeões
locais. Todas as fontes partem do pressuposto que sim. Quanto ao campeão friburguense,
que não consta nos artigos sobre o assunto na internet, trata-se do Friburgo FC, cf. o livro
de Gustavo Pinto de Faria.
Ano
1934
1935
1936
1937
1938
1939
1940
Liga campeã
LESF (B. Piraí)
Não realizado
LNF (Niterói)
Não realizado
ACET (Campos)
Não realizado
Não realizado
Não realizado
ANA (Niterói)
Não realizado
ACET
Não realizado
ACET e ASEA
(Nova Friburgo)
Não realizado
Campeão honor.
Central SC
Entidade
FFE
AFEA
Ypiranga FC
FFE
AFEA
SC Aliança
FFE
AFEA
SC Aliança
FFE
AFEA
Fluminense AC
FFE
AFEA
Americano FC
FFE
AFEA
Goytacaz FC e FFE
Friburgo FC
AFEA
Observação
Venc. da última liga campeã
Título compartilhado
Em 1941, operou-se a fusão da FFE com a inativa AFEA, dando origem à
Federação Fluminense de Desportos (FFD), que representou um retorno ao amadorismo.
Com o patrocínio do Cassino da Urca, o campeonato fluminense voltou a ser de clubes, os
campeões municipais. E, invertendo a lógica dos campeonatos de 1928 a 1940, a seleção da
liga local a que pertence o clube campeão estadual é que seria a representante oficial
fluminense (campeã honorária) no Campeonato Brasileiro de seleções estaduais. Foi assim
que ganharam o direito de representar o estado as seleções do Departamento Autônomo de
Futebol (DAF, criado em 1941 pela FFD para organizar o campeonato niteroiense, no lugar
da ANA), da Liga Desportiva de Barra do Piraí (LDBP) e da Liga Petropolitana de
Desportos (LPD). Outro detalhe: o campeonato de um ano era disputado no início do ano
seguinte – mais ou menos como o imposto de renda, que a gente declara num ano mas é
relativo ao ano anterior. Assim, na tabela abaixo, o “ano” é o de referência, não o em que
foi disputado.
Ano
1941
1942
1943
1944
1945
Clube campeão
Icaraí FC
Royal SC
Icaraí FC
Petropolitano FC
Serrano FC
Camp. honor.
DAF (Niterói)
LDBP (Piraí)
DAF
LPD (Petróp.)
LPD
Entidade
FFD
FFD
FFD
FFD
FFD
Observação
Em artigo publicado em 2009, Auriel afirma que, a partir de 1945, clubes e seleções
disputavam conjuntamente o mesmo campeonato e que só em 1945 foi vencido por um
clube (Serrano), enquanto nos outros foi por seleções locais. O site Wikipedia vai pela
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mesma linha, afirmando ainda que, após o fechamento do Cassino da Urca em 1946, o
número de seleções superou o de clubes.
Ocorre que, em artigo publicado em 2008, Auriel de Almeida disse que, a partir de
1946, o campeonato voltou à fórmula anterior: entre seleções, com indicação do campeão
honorário (campeão da liga campeã). Também o site RSSSF, atualizado em 2012, informa
que o campeonato voltou a ser entre seleções. Segundo Auriel, essa versão tem por base o
livro de Jorge Guimarães e não é comprovada pelos jornais. Apesar disso, é essa versão que
vamos adotar na tabela abaixo, não por considerá-la correta (faltam-me elementos para
julgar), mas para incluir os “campeões honorários”, que ficariam de fora numa tabela que
assumisse a versão acima, do campeonato misto de seleções e clubes. É mais fácil o leitor
desconsiderar informações do que ter que incluí-las.
Em 1946, o campeonato não foi realizado. Se valia a regra do campeão da liga
campeã do ano anterior, como fazer, já que o campeonato de 1945 foi vencido por um
clube? Como o campeão foi o Serrano, da LPD, uma hipótese – muito bem levantada por
Auriel de Almeida – seria conferir o título de 1946 ao campeão seguinte da LPD (campeã
honorária), ou seja, o SC Internacional. É o que consideraremos também, pelo mesmo
motivo explicado no parágrafo anterior.
Outro problema é o campeonato de 1949. Auriel de Almeida e o site RSSSF
informam como não disputado, enquanto a Wikipedia (nos verbetes do campenato
fluminense de clubes e de seleções) informa Petrópolis (LPD) campeã. Talvez a Wikipedia
esteja considerando válida a regra do campeão do ano anterior e é assim que informaremos
na tabela abaixo.
Ano
1946
1947
1948
1949
1950
1951
Liga campeã
Não realizado
LCD (Campos)
LPD (Petrópolis)
Não realizado
LDBP (B. Piraí)
LDBP
Campeão honor.
SC Internacional
Americano FC
EC Cascatinha
EC Cascatinha
Adrianino AC
EC 1º de Maio
Entidade
FFD
FFD
FFD
FFD
FFD
FFD
Observação
Venc. da última liga campeã
Venc. da última liga campeã
Em dezembro de 1951, a FFD criou a Divisão Estadual de Profissionais (DEP). Foi
o retorno ao profissionalismo. A DEP organizou dois campeonatos em 1952, um em cada
semestre. Segundo Auriel de Almeida, o livro de Jorge Augusto Guimarães diz que o
primeiro foi relativo a 1951 – caso em que desconsideraríamos o EC 1º de Maio campeão
de 1951, cf. tabela acima. No entanto, Auriel informa que os jornais da época trataram o
segundo como um “torneio extra”. Na realidade, ele foi organizado não porque o primeiro
era relativo a 1951, mas para acomodar os novos clubes que se inscreveram na DEP. O
Adrianino AC ganhou ambos os torneios, assim como o CR Flamengo em 1979, como
veremos mais adiante. Segundo o Caixa d’Água, esse torneio extra foi amistoso, mas o fato
é que foi mais representativo.
Em 1953, vários clubes se filiaram à DEP. Os clubes de Niterói e Campos acharam
que o campeonato estaria muito inchado e, por isso, o boicotaram; preferiram jogar seus
torneios locais. Isso fez com que os campeonatos da DEP de 1953 a 1955 contassem apenas
com clubes do Vale do Paraíba. Os clubes de Niterói e Campos pressionaram a FFD e ela
decidiu o seguinte: (i) o certame da DEP não seria mais considerado um título estadual, mas
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apenas um torneio do Vale do Paraíba; e (ii) o título estadual seria decidido apenas entre os
campeões de Niterói, Campos e DEP (e os vices também, em 1954 e 1955).
É claro que essa medida desagradou aos participantes do campeonato da DEP, bem
como parte da imprensa. (Se lembrarmos que vários títulos fluminenses foram disputados
apenas por clubes de Niterói, a carência de representatividade da DEP já tinha precedentes.)
Em 1962, a FFD voltou atrás e reconheceu os campeonatos da DEP como títulos estaduais,
enquanto os torneios entre os campeões de Niterói, Campos e DEP seriam considerados um
supercampeonato (vou chamar assim por ser um torneio entre campeões locais, ao contrário
do torneio extra relativo a 1953). Também com status de título estadual, compartilhado.
O supercampeonato referente a 1954 não foi realizado. Tudo começou quando o
Coroados FC, campeão da DEP, impôs muitas condições para participar do triangular final
que definiria o supercampeão. Diante da recusa do clube, a FFD resolveu substituí-lo pelo
vice-campeão, Royal SC. O Coroados protestou, a FFD quis reincluí-lo no triangular mas aí
quem reclamou foi o Royal. Por isso, a FFD resolveu incluir os três vice-campeões,
transformando o triangular num hexagonal. Por falta de datas, o torneio foi adiado sine die
até que, no fim de 1955, segundo os jornais da época (cf. Auriel de Almeida), a FFD
decidiu voltar à fórmula de um triangular só com os campeões e o Coroados desistiu. Isso
levaria a uma final entre os dois outros, ou seja, Americano FC e Fonseca AC, mas Auriel
informa que não localizou notícia dessa partida. Provavelmente, ela não foi jogada porque o
Fonseca também desistiu, motivo pelo qual a FFD proclamou campeão estadual o
Americano FC, que é a versão do Caixa d’Água, adotada na tabela de campeões que consta
no site oficial da FERJ.
Ano
1952
1953
1954
1955
Campeão
Adrianino AC
Adrianino AC
Barra Mansa FC
Barra Mansa FC
Coroados FC
Americano FC
Frigorífico AC
Goytacaz FC
Torneio
DEP
Torneio extra
DEP
Supercamp.
DEP
Supercamp.
DEP
Supercamp.
Entidade
FFD
FFD
FFD
FFD
FFD
FFD
FFD
FFD
Observação
Desistência dos demais
Em 1956, a FFD substituiu a DEP pela Divisão Departamental de Profissionais
(DDP), responsável pela organização do campeonato estadual, dividido em zonas. Também
estabeleceu a regra de que, caso apenas uma dessas zonas organizasse um torneio
profissional, seu vencedor seria considerado campeão estadual – é o famoso art. 183 das
Regras Administrativas e Técnicas (RAT) da FFD.
No primeiro ano da nova fórmula, ainda 1956, os torneios zonais tiveram os
seguintes campeões:
• 1ª e 2ª (sul fluminense): Central SC, de Barra do Piraí (cf. RSSSF e Auriel
de Almeida); ou Coroados FC, de Valença (cf. Caixa d’Água, FERJ e Paulo
Ourives)
• 3ª (baixada fluminense): EC Guarani, de Duque de Caxias (cf. RSSSF e
Auriel de Almeida); ou não disputado (cf. Caixa d’Água e FERJ)
• 4ª (centro): Serrano FC, de Petrópolis
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• 5ª (Liga Campista de Desportos – LCD): Campos AA
Segundo Auriel de Almeida, ocorreu que, logo após essa fase regional, o Guarani
encerrou as atividades, o Serrano disse que voltaria ao amadorismo e o campeonato
campista não terminaria a tempo de iniciar a fase final. Por isso, o Central chegou a pleitear
o título mas, em decisão publicada em 01.02.1957, a FFD cancelou a fase final por falta de
datas. A meu ver, deveria considerar o Central campeão e, por isso, assim constará na
tabela abaixo.
Em 1957, mais uma confusão. Eis os campeões regionais:
• 1ª (Volta Redonda): Adrianino AC, de Engº Paulo de Frontin
• 2ª (Barra do Piraí): não disputado
• 3ª (baixada fluminense): Nacional FC, de Duque de Caxias
• 4ª (centro): Fonseca AC, de Niterói
• 5ª (Campos): Goytacaz FC
Adrianino, Nacional e Fonseca disputaram entre si quem jogaria as finais com o
vencedor do campeonato campista, que ainda não tinha terminado. Adrianino e Nacional
terminaram empatados em primeiro lugar e deveriam jogar uma partida de desempate
quando a FFD puniu o Nacional devido a débitos e, por esse motivo, classificou o
Adrianino para a final. Como o campeonato campista estava demorando para terminar, a
FFD indicou para a final o campeão campista de 1956, o Campos AA. Enquanto isso, o
Nacional recorreu contra sua desclassificação e a FFD teve de suspender a realização das
finais até seu julgamento. Devido à longa paralisação, o Campos desistiu de disputar o
título. Depois, o Nacional teve seu recurso provido, ganhando com isso o direito de disputar
a final com o Adrianino. Só que o próprio Nacional acabou desistindo, restando apenas o
Adrianino para ser proclamado campeão de 1957 (cf. Auriel de Almeida e Wikipedia). E o
Goytacaz, que acabou sendo o campeão campista? Paulo Ourives o considera o campeão
fluminense do ano.
Em 1958, por pouco que não se repetiu o que aconteceu em 1956. Vejamos os
campeões regionais:
• 1ª e 2ª (sul fluminense): Barra Mansa FC
• 3ª (baixada fluminense): não disputado
• 4ª (centro): Ypiranga FC, de Niterói
• 5ª (Campos): CE Rio Branco
Ocorre que o Barra Mansa e o Ypiranga voltaram ao amadorismo mas dessa vez a
FFD os substituiu a tempo pelos vice-campeões regionais, a saber, AA Barbará, de Barra
Mansa, e Manufatora AC, de Niterói – que acabou se sagrando campeã.
Em 1960, o campeonato campista (5ª zona) demorou demais e, quando a CBD
cobrou a indicação do clube que participaria da Taça Brasil de 1961, a FFD quis indicar o
campeão de 1959, o Fonseca. A CBD recusou, dizendo que teria que ser o campeão ou o
vice, mas do ano de 1960. Como o Fonseca, campeão da 4ª zona, já estava classificado para
a final, seria no mínimo vice-campeão, então foi nessa condição que foi indicado para a
Taça Brasil. Depois, finalmente o campeonato campista terminou, sagrando-se campeão o
Goytacaz. Mas como o Fonseca já havia participado da Taça Brasil, o Goytacaz desistiu da
final, o que acabou confirmando o título estadual para o Fonseca.
Em 1961 e 1962, os campeões foram Rio Branco e Fonseca, respectivamente, mas
na tabela de campeões do site oficial da FERJ eles estão com os anos trocados.
10
Em 1963, o único torneio regional disputado foi o de Campos (agora chamado de 6ª
zona), vencido pelo Goytacaz. Por esse motivo, foi proclamado campeão estadual, cf. art.
183 das RAT.
Em 1964, a 1ª zona (agora Niterói e São Gonçalo) resolveu organizar o torneio que
era para ter ocorrido em 1963, vencido pelo Eletrovapo. Enquanto isso, só a 6ª zona
organizou seu torneio de 1964, vencido pelo Americano FC. Resultado: o Americano
reivindicou o título estadual, cf. art. 183 das RAT, enquanto o Eletrovapo exigiu uma final
entre os dois. A FFD tentou agradar aos dois clubes: proclamou o Americano campeão de
1964, cf. art. 183 das RAT, mas marcou um torneio extra só entre os dois, para definir a
vaga para a Taça Brasil de 1965 – conquistada pelo Eletrovapo.
A partir de 1968, a vaga de Campos para as finais do campeonato estadual era
decidida não mais no torneio campista, mas na Taça Cidade de Campos. Em 1975, voltou a
valer o campeonato campista.
Quanto ao campeonato de 1971, Auriel de Almeida, RSSSF e Wikipedia informam
que a AA Barbará foi campeã, enquanto Caixa d’Água, FERJ e Claudio Nogueira dizem
que foi o Central SC e Barbará vice.
Outra divergência ocorre quanto ao campeonato de 1973. Ninguém discorda que,
nesse ano, houve uma tentativa de mudar a fórmula do campeonato: em vez dos torneios
eliminatórios regionais, ele seria disputado de forma unificada, por vinte times de todas as
regiões do estado. Só que houve uma reação dos clubes que preferiam a fórmula anterior e
a nova fórmula foi abandonada. Aqui ocorre a divergência:
• RSSSF informa que o campeão de 1973 é desconhecido. Segundo a
Wikipedia, o campeonato foi sucessivamente adiado até se tornar impossível
sua realização. Auriel de Almeida diz que o único torneio regional disputado
foi a Taça Cidade de Campos, razão pela qual o EC Cambaíba deveria ser
proclamado campeão fluminense, cf. art. 183 das RAT.
• Caixa d’Água afirma que houve, sim, as finais. Foram entre os campeões e
vices das zonas campista e da baixada/sul-fluminense, com vitória do
Barbará, Cambaíba vice. Assim, Barbará é indicado campeão também pelo
site da FERJ e pelo livro de Claudio Nogueira.
Ano
1956
1957
1958
1959
1960
1961
1962
1963
1964
1965
1966
1967
1968
Campeão
Central SC
Adrianino AC
Manufatora AC
Fonseca AC
Fonseca AC
CE Rio Branco
Fonseca AC
Goytacaz FC
Americano FC
AE Eletrovapo
Americano FC
Goytacaz FC
Goytacaz FC
Americano FC
Cidade
Barra do Piraí
Eng.P.Frontin
Niterói
Niterói
Niterói
Campos
Niterói
Campos
Campos
Niterói
Campos
Campos
Campos
Campos
Entidade
FFD
FFD
FFD
FFD
FFD
FFD
FFD
FFD
FFD
FFD
FFD
FFD
FFD
FFD
Observação
Desistência dos demais
Desistência dos demais
Desistência do outro finalista
Art. 183 das RAT
Art. 183 das RAT
Torneio extra
Art. 183 das RAT
11
1969
1970
1971
1972
1973
1974
Americano FC
Campos
Central SC
Barra do Piraí
AA Barbará ou Barra Mansa
Central SC
Barra do Piraí
AA Barbará
Barra Mansa
AA Barbará ou Barra Mansa
EC Cambaíba
Campos
EC Sapucaia
Campos
Em 15.03.1975, os Estados da
Guanabara e do Rio de Janeiro foram
fundidos no atual Estado do Rio de
Janeiro, conforme art. 8º da Lei
Complementar 20, de 01.07.1974.
Mas as Federações continuaram
separadas,
organizando
seus
campeonatos – sendo que o antigo
campeonato fluminense também
passou a ser conhecido como
Campeonato do Interior. Era o
chamado “modus vivendi”. Segundo
o Caixa d’Água, isso ocorreu devido à
resistência dos clubes cariocas, que
não queriam disputar o campeonato
estadual com os clubes do interior.
Quando a fusão ocorreu, o
campeonato fluminense de 1974 não
tinha terminado e o de 1975 se
resumiu ao campeonato campista,
bem atrasado. Quando da fusão, o
campeonato carioca de 1975 já havia
começado. Mas para os campeonatos
cariocas de 1976 e 1977, a Federação
Carioca de Futebol (FCF) convidou o
Americano, o Goytacaz e o Volta
Redonda FC. Por isso, não
participaram
do
campeonato
fluminense de 1976 e 1977. Em 1977,
a FFD mudou de nome para
Federação Fluminense de Futebol
(FFF).
FFD
FFD
FFD
Divergência entre as fontes
FFD
FFD
Divergência entre as fontes
FFD
Lembrando que Americano, Goytacaz e Volta
Redonda, em 1976, não foram os primeiros clubes de fora
da cidade do Rio a participar do campeonato carioca.
O Clube Esportivo Petropolitano participou da
reunião preparatória para a fundação da Liga
Metropolitana de Football, em 1905, na cidade do Rio.
O RC&AA, de Niterói, disputou o campeonato
carioca desde sua primeira edição, em 1906, até 1915. Só
parou de participar porque era um clube de ingleses e
seus melhores jogadores voltaram à Europa para lutar na
1ª Guerra Mundial. Seu índice técnico despencou, o clube
foi rebaixado à segunda divisão e, esvaziado, não teve
condições de montar um time bom novamente para
participar do campeonato.
Em 1933, o Fluminense AC, de Niterói,
abandonou a liga amadora (ANEA, filiada à AFEA) e
negociou seu ingresso no campeonato profissional
carioca organizado pela Liga Carioca de Football. Só não
concretizou o plano porque acabou participando do
campeonato profissional niteroiense.
O Canto do Rio FC, também de Niterói,
disputou o campeonato carioca de 1941 a 1964.
Conseguiu entrar no campeonato graças a uma norma
segundo a qual um clube poderia participar dos torneios
da outra localidade desde que estivesse num raio de 35km
da sede. Segundo José Rezende e Raymundo Quadros,
teve o apoio político de Ernani do Amaral Peixoto,
interventor no Distrito Federal. Mas enfrentou a crítica de
outros tantos, como o Caixa d’Água, para quem essa
postura só atrapalhou o desenvolvimento do futebol
fluminense.
Depois, o Canto do Rio teve de abandonar o
futebol carioca graças a uma decisão do Conselho
Nacional de Desportos (CND). Usando de pretexto a
conversão do Distrito Federal em estado da Guanabara,
que ocorreu em 1960, o CND aproveitou para proibir que
os campeonatos estaduais fossem disputados por clubes
de outros estados. Quando entrou no torneio de 1964, o
Canto do Rio já sabia que era o último.
Sobre o assunto, ver ainda nosso artigo
“Campeões em mais de um Estado”.
12
Em 29.09.1978, finalmente ocorreu a fusão da FCF com a FFF, dando origem à
Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ). A FERJ resolveu organizar um
último campeonato só com clubes do interior, classificatório para o que seria o primeiro
campeonato unido. O campeonato, disputado no final de 1978, foi vencido pelo Goytacaz,
que se classificou com outros três para o campeonato do início de 1979. Só que os outros
clubes do interior reclamaram da pequena quantidade de vagas a eles reservadas. A CBF
acolheu o pleito. Para justificar um novo campeonato no mesmo ano (1979), a FERJ passou
a considerar o torneio classificatório como o último campeonato fluminense, o primeiro de
1979 como “campeonato especial” e o segundo como “primeiro campeonato estadual”.
Ano
1975
1976
1977
1978
Campeão
Americano FC
Central SC
Manufatora AC
Goytacaz FC
Cidade
Campos
Barra do Piraí
Niterói
Campos
Entidade
FFD
FFD
FFF
FERJ
Observação
Art. 183 das RAT
E assim termina, também em confusão, o campeonato mais caótico de todos os
estados brasileiros. Interessante notar que, por causa ou apesar da confusão, foi o torneio
com menor concentração de títulos nas mãos de poucos clubes. Eles estão espalhados em
vários clubes. Note-se que o recordista tem apenas oito títulos (noutros estados, costuma
passar de quarenta). Observe-se também a grande quantidade de clubes com apenas um
título.
Clube
Cidade
Americano FC
Campos dos Goytacazes
Fluminense AC (e Rio Niterói
Branco FC)
Goytacaz FC
Campos dos Goytacazes
Byron FC
Niterói
Central SC
Barra do Piraí
Ypiranga FC
Niterói
Adrianino AC
Engº Paulo de Frontin
Fonseca AC
Niterói
AA Barbará
Barra Mansa
Barreto FC
Niterói
Serrano FC
Petrópolis
SC Aliança
Campos dos Goytacazes
Icaraí FC
Niterói
EC Cascatinha
Petrópolis
Barra Mansa FC
Barra Mansa
Manufatora AC
Niterói
Guarany FC
Niterói
Ararigboya FC
Niterói
Parnahyba FC
Niterói
Odeon FC
Niterói
Títulos
8
6
5
4
3
2
1
13
Nichteroyense FC
SC Elite
GR Gragoatá
Canto do Rio FC
Friburgo FC
Royal SC
Petropolitano FC
SC Internacional
EC 1º de Maio
Coroados FC
Frigorífico AC
CE Rio Branco
AE Eletrovapo
EC Cambaíba
EC Sapucaia
Niterói
Niterói
Niterói
Niterói
Nova Friburgo
Barra do Piraí
Petrópolis
Petrópolis
Barra do Piraí
Valença
Mendes
Campos dos Goytacazes
Niterói
Campos dos Goytacazes
Campos dos Goytacazes
Centralização um pouco maior há nas cidades. Lembrando que a concentração em
Niterói se deve, em boa parte, ao período em que o campeonato não contava com os times
do interior.
Cidade
Niterói
Campos dos Goytacazes
Barra do Piraí
Petrópolis
Barra Mansa
Engº Paulo de Frontin
Nova Friburgo
Valença
Mendes
Títulos
33
19
7
6
5
4
1
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