Internet: Forma Aparente e Forma Oculta Memorial

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Internet: Forma Aparente e Forma Oculta Memorial
Internet: Forma Aparente e Forma Oculta
Memorial de qualificação
Indice
2
Projeto de Pesquisa Original
17
Revisão do Projeto de Pesquisa
22
Bibliografia
29
Relato das Disciplinas Cursadas
44
Descrição dos Trabalhos Programados
48
Estrutura dos Capítulos
50
Versão Preliminar do Capítulo 1: Introdução
2
Projeto de Pesquisa Original
A Forma Oculta - Contradições entre forma e conteúdo na internet
Ariane Stolfi, agosto de 2006
Resumo
O desenvolvimento das forças produtivas nos deu novas tecnologias que permitiram uma
revolução das técnicas de produção gráfica, fazendo com que a impressão e a criação, que
antes necessitava de profissionais altamente treinados, chegassem ao âmbito doméstico. Recursos que antes eram extremamente complicados e difíceis de serem executados, até inimaginados, agora estão ao alcance de uma grande parte da população e refletem, de certa
maneira, a tendência a uma homogeneização da força de trabalho, um rebaixamento do seu
custo de formação e reprodução1. Esta popularização está acontecendo com a geração que
mais conviveu com a cultura de informação visual,— televisão, videogames, revistas e agora, internet—e que cada vez mais tem se apropriado dessa popularização de acesso.
Essa mudança da tecnologia não mudou apenas o acesso e a aparência da produção gráfica,
mas também mudou a estrutura de acesso e de armazenamento da informação. “A hipermídia impõe uma ordem não linear, que requer novas estratégias de aprendizado dos leitores e
novas perspectivas de pesquisa dos pesquisadores”2 (Oostendorp 1996). E embora as conseqüências do desenvolvimento da internet já podem ser sentidas na pele de grande parte
da população (aquela que opera, possui ou tem acesso3), ainda não se tem a dimensão exata
de seu papel contraditório no estágio atual de desenvolvimento da sociedade capitalista.
Quando essa pesquisa foi iniciada, ainda em 2001, sob o título de Legibilidade e evolução
das mídias, acreditava-se que cada vez mais as pessoas iriam ler apenas o que lhes interessa,
hoje, percebe-se a imensa dificuldade de conseguir informação relevante e a quantidade de
informação inútil empurrada diariamente
1 Marx, Karl. O Capital. Crítica da Economia política. São Paulo, Abril Cultural
2 Oostendorp, Herre Van. Cognitive aspects of electronic text processing. Norwood, New Jersey, 1996
3 . Aqui evita-se propositadamente o uso do termo incluída digitalmente, por considerá-lo um tanto vago
e pouco determinado
3
Introdução e justificativa
“Graças à cooperação da mão, dos órgãos da linguagem e do cérebro, não só em
cada indivíduo, mas também na sociedade, os homens foram aprendendo a executar operações cada vez mais complexas, a propor-se e alcançar objetivos cada
vez mais elevados. O trabalho mesmo se diversificava e aperfeiçoava de geração
em geração, estendendo-se cada vez a novas atividades.”
(Engels, O Papel do trabalho na transformação do macaco em homem, 1876)
“No senso mais comum, a situação presente da arte é dominada por duas tendências: de um lado, o desenvolvimento de uma vasta escala de condições objetivas para uma cultura artística global que irá iluminar, aprazer e mover massas
de seres humanos, enriquecendo e finalmente alterando suas vidas de um modo
quase inimaginável, de outro o estado decadente das relações sociais existentes
trabalha na direção oposta, tratando a humanidade com o prospecto da guerra e
da ditadura, pondo em perigo a vida cultural existente e suprimindo o a emergência de nova formas e idéias.”4
O desenvolvimento da informática trouxe grandes conseqüências à organização social e
transformou as relações de produção e trabalho no mundo. Mais recentemente, principalmente com o advento e difusão da internet, a informatização da comunicação tem trazido
esse movimento de transformação também para a cultura de um modo geral.
A internet está servindo de berçário — até mesmo pelo custo de publicação que é mínimo
— para todos os novos paradigmas estéticos de modernidade, é um lugar aberto a diferentes tipos de experimentação gráfica. Ao mesmo tempo em que traz novas possibilidades
aos designers de exercitarem sua capacidade criativa, também permite que leigos diversos
exponham seu material de maneira democrática, sejam eles pessoas que estão começando
a usar computador, sejam pesquisadores que publicam seus artigos em linguagem HTML
simples, sejam usuários comuns que se servem de ferramentas auxiliares (como softwares
de desenvolvimento de sites) e provedores gratuitos para montar uma página sobre algum
assunto que lhes interesse pessoalmente.
De repente, a cultura digital começa a já tomar conta de uma geração, que passa dias e dias
no msn, orkut, youtube, fotolog, flickr, myspace, wikipedia, google ou em qualquer que seja
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Walsh, David. Artistic and cultural problems in the current situation. WSWS International Editorial Board meeting
4
o fenômeno internetesco momentâneo. A maioria das pessoas, no entanto, tem um contato
apenas com a forma final, aparente desses fenômenos culturais.
A forma oculta
Basicamente, cada página da internet é um arquivo separado, que fica hospedado em um
servidor, em um determinado endereço IP, que pode ser acessado via um nome, conhecido
como URL. O arquivo contém informações que são interpretadas pelos programas conhecidos como navegadores. Esses programas reconhecem os tokens5 e transformam uma informação codificada na informação visual, união de imagens e texto que é apresentada ao
internauta.
Por trás disso, uma legião de webmasters, designers e programadores mantendo tudo atualizado, funcionando e desenvolvendo meios de manter satisfeitas as vontades das legiões
(BÁRBARAS?!) de empresários, agências e consumidores, sedentos por interfaces amigas,
piadas baratas ou qualquer coisa que possa tornar sua existência mais suportável.
É de se notar que esse desenvolvimento tem aspectos e conseqüências contraditórias na
comunicação. Se por um lado a possibilidade de comunicação instantânea sem fronteiras
demonstra um certo potencial libertador, facilitando de muitas maneiras a pesquisa e a
difusão da cultura de uma maneira geral, por outro lado, traz junto um mar de informação
dispensável e uma imensa sensação de perda de tempo e frustração.
É de se notar alguns aspectos subjetivos e objetivos à respeito das contradições inerentes a
esse novo meio (e todas as suas formas derivadas). Um aspecto objetivo e bem importante
com relação à leitura da informação na internet é a resolução do monitor, que é bem inferior à do papel, e o fato da imagem ser produzida por luz, que causa maior fadiga ocular. As
condições de leitura são bastante prejudicadas por isso (Boag 1990). Ao mesmo tempo, os
custos de reprodução do material são normalmente muito menores, o que possibilita que se
tenha acesso a um número muito maior de dados — a qualidade da quantidade.
Um aspecto subjetivo é a desmaterialização da produção artística e cultural, que pode ter
conseqûencias ainda não exploradas.
5 Token é uma seqûencia de letras que possui um determinado conteúdo semântico.
5
Mais uma vez na história fica demonstrado que todo desenvolvimento é contraditório.
“A burguesia não pode existir sem revolucionar permanentemente os instrumentos de produção, portanto as relações de produção, portanto as relações sociais
todas. A conservação inalterada do antigo modo de produção era, pelo contrário,
a condição primeira de existência de todas as anteriores classes industriais. O permanente revolucionamento da produção, o ininterrupto abalo de todas as condições sociais, a incerteza e o movimento eternos distinguem a época da burguesia
de todas as outras. (...) A necessidade de um escoamento sempre mais extenso
para os seus produtos persegue a burguesia por todo o globo terrestre”.
Tem de se implantar em toda a parte, instalar-se em toda a parte, estabelecer
contatos em toda a parte”6.
Enquanto uns enxergam no comércio eletrônico a mais nova tentativa de salvar o capitalismo, diversos grupos políticos de ideologias diferentes vêem nessa nova cultura um instrumento potencial para a transformação (radical ou não) da sociedade. É mesmo possível
que haja um potencial transformador nesse novo modo de comunicação, mas para isso, os
agentes dessa transformação possível não poderão ficar passivos em relação às novas tecnologias. É preciso avançar e conhecê-las a fundo.
Para tanto, quais seriam os meios mais adequados ?
A simples observação? A compilação?
Como Hegel expõe, no prefácio à fenomenologia do espírito, “Os pensamentos
verdadeiros e a intelecção científica só se alcançam no trabalho do conceito. Só
ele pode produzir a universalidade do saber, que não é a indeterminação e a miséria correntes do senso comum, mas um conhecimento cultivado e completo”7,
isso nos dá indício que a maneira para se buscar a compreensão seria a filosofia:
“Com freqüência se toma a filosofia por um saber formal e vazio de conteúdo.
Não se percebe que tudo quanto é verdade conforme o conteúdo — em qualquer
conhecimento ou ciência — só pode merecer o nome de verdade se for produzido
pela filosofia. Embora as outras ciências possam, sem a filosofia, com o pensamento raciocinante pesquisar o quanto quiserem, elas não são capazes de produzir em si nem vida, nem espírito, nem verdade sem a filosofia.”8
6 Marx, Karl. Manifesto do Partido Comunista. Marxists Internet Archive.
7 Hegel, G. W. F. Prefácio à fenomenologia do espírito. Marxists internet archive.
8 Op. Cit.
6
Para tanto, separei uma bibliografia que inclui tanto fundamentos filosóficos importantes
quanto estudos mais empíricos ou sociológicos e também das ciências exatas.
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11
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Objetivos:
Analisar partes relacionadas com a processo produtivo de web-sites, de uma maneira global, desde o aprendizado do designer (livros técnicos –sites de referência e consulta, apostilas) até as perspectivas de trabalho e o design anônimo não-lucrativo, buscando com isso,
meios de ampliar e concretizar as potencialidades latentes no campo das artes, da cultura e
da política.
Registrar e procurar entender o papel da internet na sociedade produtora de mercadorias
no estágio atual de seu desenvolvimento. Quais são as perspectivas do designer-artista-político-agente histórico em relação a isso, e também quais são as possibilidades do designertrabalhador-operário da indústria digital. Procurar as contradições e correspondências entre a forma aparente, o processo de produção e o uso dessa nova forma de comunicação.
Investigar a possível ausência generalizada de forma (gestalt), que se demonstra na fragmentação da cidade, da sociedade e em todos os aspectos da cultura com conseqüências
nefastas, a partir de uma análise da internet.
Investigar as contradições entre a forma aparente e a forma-oculta, ou as relações formaconteúdo, a partir de fundamentos teóricos sólidos.
Plano de trabalho e cronograma de sua execução:
O trabalho será desenvolvido de duas maneiras, concomitantemente a uma fase de pesquisa
teórica profunda, aonde serão lidas obras fundamentais para a compreensão crítica da história e também de filosofia, destacando entre eles, o Capital - crítica da economia política,
de Karl Marx, a Ciência da Lógica de Hegel e também procurar compreender um pouco
da filosofia da matemática (Russel), bem como estudar algumas das áreas que costumam rodear o design, como semiótica, daí o estudo de autores como Pierce, Pignatari e Humberto
Eco, assim como a hoje marginalizada teoria da forma (Köhler) , procurando sempre que
possível a leitura sem intermediários, direto na fonte. Algumas revisões críticas, teoria da
informação e princípios de arquitetura de sistemas, também serão estudados, para procurar
dar um embasamento teórico sólido às análises e conclusões que serão feitas.
Para entender a internet e dar suporte a seu crescimento, tanto no campo da engenharia
quanto em termos sociais, Berners-Lee e outros pesquisadores do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e das Universidades de Southampton e de Maryland sugerem a
12
criação de uma nova vertente científica interdisciplinar, a ciência da web. Tim Berners-Lee
é o físico britânico que inventou e abriu mão da patente da internet. Segundo eles, para a
compreensão e promover o crescimento tanto em termos de engenharia como sociais da interntet irão requerer o desenvolvimento de um novo campo interdisciplinar. Esta pesquisa
se enquadraria nos termos dessa nova ciência, mas não ciência nos aspectos citados, o da
ciência da computação e das ciências físicas e biológicas, mas principalmente ciência como
a filosofia e a economia.
“O ritmo de desenvolvimento das ciências, marcado pelo acréscimo ininterrupto no estoque de dados, teria aguçado a consciência crescente – apesar da confusão que ainda vicejaria entre os cientistas – de que no método metafísico os fenômenos da natureza não
são “encarados dinamicamente, mas estaticamente, não são considerados como situações
substancialmente variáveis, mas como dados fixos, dissecados como materiais mortos e não
apreendidos como objetos vivos” (Engels, Anti Düring). Esse avanço das ciências naturais,
conjugado com as novas tendências da filosofia, possibilitou a restauração da dialética em
uma forma superior, sintética.
Na apresentação de Engels, a dialética marxista, descrita a partir de suas origens, assume
um caráter bifronte. Por um lado, consiste em uma modalidade de apreensão do mundo,
em uma concepção que “encara as coisas e suas imagens conceituadas substancialmente em
suas conexões, em sua filiação e concatenação, em sua dinâmica, em seu processo de gênese
e caducidade”.
Mas também se configura, por outro lado, como método “experimental”, derivado de um
saber “científico” que adota a explicação da natureza como “pedra de toque”9
Dentro dessa perspectiva de inserção em um campo disciplinar amplo, mas partindo do
design, que é o nosso ponto de ligação ele, procurar analisar formalmente e funcionalmente
alguns objetos mais especificamente. As bases para análise serão determinadas de maneira
mais específica quando se iniciar a pesquisa, mas de um modo geral foram separadas algumas categorias de objetos que mais especificamente interessantes para a pesquisa por dar
um certo caráter de meta-linguagem à própria pesquisa.
9 Musse, Ricardo. A dialética como discurso do método. Scielo, 2005
13
Entre eles:
— Publicações acadêmicas (revistas de debates, teses, publicações de artigos). Neste caso,
a preocupação deveria ser totalmente voltada para aspectos funcionais como legibilidade e
organização dos tópicos, ajudando o leitor que se auto-organiza a encontrar a informação
desejada, mais em muitos casos impera a prolixidade. A maioria das publicações (principalmente as teses) segue normas padrão. Quais são essas normas? Elas são pertinentes?
— Livros técnicos de informática (referência rápida, manuais, apostilas, guias de referência). Existem diferenças entre várias tipologias de literatura técnica disponível, mas no geral
são publicações pesadas (literalmente ou visualmente), mas no geral há uma preocupação
funcional inerente.
— Sites de movimentos sociais e de grupos políticos (talvez também panfletos, jornais e
informativos). Este é um outro caso delicado, pois os designers muitas vezes são voluntários
semi-amadores, ou amadores. Também é importante checar possíveis contradições ou corelações entre forma e conteúdo.
— Informação publicitária (tradicional e SPAM). Este é um gênero persuasivo, mas que
conta com todos recursos tecnológicos de impressão e desenvolvimento. É o grande motor
do desenvolvimento da internet. Por ser um gênero persuasivo (Waller) às vezes toma emprestada a cara de outros gêneros.
— Sites de compras. O maravilhoso mundo das mercadorias talvez seja a verdadeira razão
de ser da internet. A estrutura do sistema é bastante complexa e deve contar com todas os
meios mais avançados de atualização e gerenciamento de informações.
— Portfolios on-line. A força de trabalho de um designer é mais uma mercadoria em circulação no mercado. Muitos procuram, ao expor sua força de trabalho, revelar sua capacidade
plena. O estudo e análise de alguns casos pode levar à compreensão da composição dessa
força de trabalho. Quais são os atributos necessários?
Dessas categorias, procurarei fazer uma análise que parta da forma aparente, tanto do ponto de vista formal (gestalt) como do simbólico e sintático (semiótico), e também procurar
analisar a forma oculta, a estrutura da informação, a linguagem que está por trás da forma e
também o processo de produção que forjou o objeto em questão, procurando destacar possíveis conteúdos ideológicos, no sentido marxista do termo, como “falsa consciência” (Eco,
73), e também o papel cumprido na sociedade produtora de mercadorias.
14
Também é possível que seja produzido como sub-produto algum material de referência que
pode posteriormente ter alguma finalidade didática, nos moldes do guia de referência e
dicionário de HTML, CSS, JavaScript e DOM produzido pela autora.
Cronograma de trabalho:
Primeiro ano:
Leitura da bibliografia indicada e reunião de material base para análise
Produção de relatório parcial
Segundo ano
Análise do material recolhido embasada pelos princípios teóricos estudados
Elaboração da dissertação de mestrado
Material e métodos:
Livros técnicos. Serão escaneados e analisados. Encontrados em livrarias, bibliotecas e escolas de informática. Sites serão salvos e analisados pela forma aparente e pelos códigos-fonte.
Para a execução da pesquisa serão necessários um computador e scanner e impressora, e
além da bibliografia programada vai ser necessária a compra de um certo número de artigos
e subscrição em algumas revistas científicas, como a sciencencemag.org, além de softwares
de edição de imagens e diagramação para realização das experiências gráficas.
Pode ser necessário também realizar algumas entrevistas com autores e designers, afim de
se obter uma compreensão maior sobre os processos produtivos dos materiais analisados,
bem como para buscar compreender os princípios de concepção envolvidos, para isso vai
ser necessário gravador e fitas.
A pesquisa tem um certo caráter meta-lingüístico, por ter como um dos focos uma compreensão e análise de aspectos relacionados à pesquisa e à difusão e propagação de informação
na internet. Sendo assim, haverá uma certa rotina de documentação do próprio processo
de pesquisa, como a compilação e preparação para a impressão de textos on-line (que será
feita sempre que for necessário o registro material da informação ou quando a quantidade
for extensa o suficiente para que a compreensão seja prejudicada pela leitura no monitor)
e também screenshots de diversos momentos da pesquisa não só para uma documentação
necessária mas também para servir de base para os experimentos gráfico-analíticos.
Forma de análise dos resultados:
15
Por entender que o método dialético é o método de procurar a compreensão (e possível
superação) da realidade, um certo experimentalismo gráfico também poderá ser utilizado
como modo de exposição dos resultados, de forma a colocar em conflito e fazer relacionar
as informações gráficas10. Considerando aqui uma relação dialética entre a teoria e as artes
gráficas, cabendo sempre ressaltar a importância do desenvolvimento, da pesquisa e, nesse
sentido, da universidade como um dos poucos lugares que mantém, ainda que minimamente, uma perspectiva de colocar esse desenvolvimento a serviço de uma superação do estado
atual de barbárie.
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17
Revisão do projeto de pesquisa
Justificativa
Ao longo do desenvolvimento da pesquisa, alguns objetivos e métodos foram revisados, assim como parte da bibliografia original selecionada. Apesar do objeto central permanecer o
mesmo, procuramos nos manter mais atrelados aos aspectos da internet que se relacionam
mais intimamente com a disciplina do design gráfico.
Assim, dos objetivos iniciais, mantivemos a análise do processo produtivo de web-site, de
uma maneira global, desde o aprendizado do designer até as perspectivas de trabalho, e
procuramos nos aprofundar neste aspecto, buscando uma compreensão maior do que a
proposta inicialmente das ferramentas e métodos de trabalho, que inclui uma compreensão
das linguagens envolvidas nesse processo produtivo; tanto da linguagem do design gráfico,
como das linguagens funcionais envolvidas, como HTML, CSS e JavaScript, entre outras.
Em um certo ponto da pesquisa, lidamos também com uma questão importante. Consultamos uma série de livros e trabalhos sobre a prática de webdesign e constamos que as práticas nesta área tem um ritmo de mudança muito rápido, e sendo assim, trabalhos escritos
a quatro anos atrás já são hoje obsoletos. Como estamos tratando aqui de tecnologias que
estão sendo usadas e difundidas em larga escala no presente, mas que tem, em certa medida,
um futuro incerto, já que estão sujeitas a mudanças constantes, procuramos assumir desde
o início esse caráter de transitoriedade e, dessa maneira, encarar esta pesquisa como um
trabalho de história, da história do presente.
Tínhamos um objetivo inicial de registrar e procurar entender o papel da internet na sociedade produtora de mercadorias no seu atual estágio de desenvolvimento, mas, ao longo
da pesquisa, concluímos que para isso, deveríamos dedicar um trabalho exclusivamente a
isso. Embora possamos dar alguma dimensão do que pode ser este papel, não poderíamos
compreende-lo totalmente sem uma avaliação do papel que tiveram as mudanças nas tecnologias de comunicação que antecederam o surgimento da internet.
Ao longo do desenvolvimento da pesquisa, também constatamos que a história da comunicação visual carecia, em parte da inclusão de uma série de agentes e fatos que faziam parte,
até aqui, somente da história da tecnologia, como o desenvolvimento da informática e dos
18
meios de comunicação elétricos e eletrônicos. E tendo isso constatado, procuramos incluir
nos objetivos dessa pesquisa, um breve estudo do percurso histórico da comunicação humana, desde as primeiras formas de expressão pictográficas, até a world wide web, e mais
recentemente, a web 2.0
Essa revisão de objetivos causou uma mudança também na metodologia e na bibliografia.
A seguir, apresentamos o resumo da pesquisa, os novos objetivos redigidos e a nova metodologia de pesquisa.
Resumo da Pesquisa
O desenvolvimento da internet trouxe grandes mudanças na organização do setor produtivo e também da cultura de um modo geral, há quem diga que estamos passando por uma
revolução nas comunicaçõs. No entanto, apesar de todas as conseqüências óbvias que já podem ser sentidas por todos que se utilizam dessa ferramenta, ainda não se tem a dimensão
exata de seu papel na sociedade.
Concentrando-se na forma da rede, que aqui desdobramos em forma aparente, que é a interface e aquilo que chamamos de forma oculta, que é a forma que estrutura a informação
online, os códigos-fonte, a presente pesquisa busca se inserir no campo disciplinar que
começa a se configurar como ciência da web.
Para compreender o desenvolvimento desta forma, estudaremos a sua formação histórica,
e então partiremos para o estudo das relações forma-conteúdo na produção de web-sites,
a partir de fundamentos teóricos sólidos, para procurar desvelar essa forma oculta. Assim,
nos mantemos portanto dentro do campo do Design, um campo que permite amplos horizontes de pesquisa, e é fundamental para o desenvolvimento econômico e social, mas aonde
a prática de pesquisa nacional encontra-se ainda bastante aquém das suas potencialidades
e necessidades.
Nesse sentido, essa pesquisa e suas possíveis decorrências vêm no sentido de procurar colaborar com a construção de um núcleo de pesquisa interdisciplinar, tendo em vista o recémcriado curso de design na USP, e auxiliar o desenvolvimento da pesquisa na área no Brasil.
19
Clareza do Objeto
Nosso objeto de pesquisa são as página de internet, sob os aspectos que dizem respeito à
disciplina da comunicação visual. Nestes aspectos, incluímos um desenvolvimento histórico das tecnologias de comunicação, com ênfase nos meios de comunicação que servem de
base para a linguagem visual, e principalmente uma retrospectiva da história do computador como ferramenta e suporte para a comunicação.
Além do desenvolvimento histórico deste meio, é objetivo destre trabalho estudar a forma
da rede, compreendendo que existem dois aspectos a serem levados em conta. A rede é, em
princípio, formada a partir de uma série de informações digitais, hospedadas em inúmeros servidores e endereços por toda a parte do mundo. Embora para os usuários ela tenha
a forma de informação gráfica, de interface, na essência ela é constiuída de uma série de
informações textuais, organizadas através de algumas linguagens funcionais, de marcação,
programação e script. A esses dois aspectos da rede, a interface, e os códigos, estamos chamando de forma aparente e forma oculta.
A maioria dos usuários comuns da rede só tem contato com essa forma aparente, e mantémse alienada desta estrutura geradora, que permanece por trás da interface. Mas para os designers que estejam envolvidos na produção para este novo meio é interessante ter um certo
domínio sobre aquilo que estrutura e organiza o seu trabalho. Nesse sentido, este trabalho
tem como objeto clarificar essa forma oculta, que pode ser considerada até misteriosa, de
início, mas que pelo próprio projeto original, é um tanto simples, aberta e maleável.
Tendo a forma da rede como objeto, entendemos também que essa forma, aberta, livre e
descentralizada de comunicação instantânea em uma escala global, gera novas perspectivas
para a prática profissional do design gráfico, gera consequências para a sociedade como um
todo e requer a formação de um novo campo disciplinar, a ciência da web, no qual a comunicação visual se insere de uma maneira peculiar.
20
Objetivos
Como já expusemos na justificativa da mudança do projeto de pesquisa, os novos objetivos
desta pesquisa são:
— Refazer um panorama do desenvolvimento da tecnologia da comunicação visual, incluindo elementos que em geral ficaram de fora da historiografia tradicional, como a informática
e a história das redes de computador, até o momento presente, o que inclui as várias modificações já ocorridas nesses vinte anos de World Wide Web (WWW).
— Buscar um entendimento sobre os aspectos da rede que se relacionam com a comunicação visual, que inclui tanto uma compreensão da interface, das linguagens de design gráfico
utilizadas na rede e da formação de uma nova estética de escala global, quanto uma compreensão da estrura que rege esta forma, no caso as linguagens funcionais que dão forma à
rede, como HTML, CSS, JavaScript e as liguagens de construção de bancos de dados e de
processamento no servidor.
— Entender as relações entre forma aparente e forma oculta no campo disciplinar dos designers gráficos e programadores, e entender a relação entre essa forma e o conteúdo, a partir
de novos conceitos que se consolidam, como a criação de conteúdo dinâmico, capaz de
organizar o que se chama de inteligência coletiva.
— Colaborar na formação de um novo campo disciplinar que surge da necessidade de compreender e desenvolver esse novo e potencialmente revolucionário meio de comunicação,
que ainda tem uma importância pequena dentro do volume de pesquisa produzido no Brasil e na FAU.
21
Metodologia
A base da pesquisa é feita a partir da relação entre uma vasta bibliografia disponível nas áreas de design, webdesign, história, comunicação e filosofia, apresentada a seguir. A metodologia apresentada no projeto original desta pesquisa incluía um grande volume de estudos
de caso, mas diante da revisão dos objetivos desta pesquisa, decidimos reduzir o papel desses estudos, que serão feitos pontualmente, quando necessário, durante o desenvolvimento
dos capítulos.
Separamos também, como bibliografia complementar, uma série de artigos retirados de
sites da web incluindo entre eles artigos responsáveis pela definição de alguns conceitos
estudados, e páginas que em geral exemplificam situações que serão expostas durante a
argumentação final. Essas páginas reunidas, seguidas de comentários nossos, foram organizadas em um dos trabalhos programados.
Além dessas páginas citadas, reunimos também em páginas de órgãos oficiais como o W3C1,
uma série de documentos — boa parte deles escritos por Tim Berners-Lee, o fundador da
World Wide Web — que remontam os princípios da rede, incluindo sua proposta original,
e uma série de documentos que relatam as especificações técnicas, reunidos sob o nome de
“design issues”2.
Esse conjunto de fontes de pesquisa forma a base do material necessário para o desenvolvimento de nossa pesquisa, e dá conta de fundamentar os assuntos definidos nos objetivos
já apresentados.
Cronograma
Boa parte do material já está escrito, mas sem uma forma final.
De agosto a setembro, terminar a primeira parte - história das tecnologias da comunicação
De outobro a dezmbro, terminar de redigir a segunda e a terceira parte - Forma aparente e
forma oculta
De janeiro a fevereiro - redação das considerações finais e revisão
Março - apresentação da dissertação
1World Wide Web Consortium. É uma organização fundada por Tim Berners-Lee com a finalidade de
definir os padrões das linguagesn para a WWW.
2Design nesse caso num sentido de princípios para o projeto, e determinação das suas bases.
22
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29
Relato das Disciplinas Cursadas
Disciplina CTR5140
Economia da Informação e Novas Mídias
Área de Concentração:
27153
Criação:
30/09/2005
Ativação:
14/10/2005
Nr. de Créditos:
7
Docente Responsável:
Gilson Schwartz
Objetivos
Abordar os principais temas e resenhar criticamente a literatura associada à economia política da informação e do conhecimento, que se
descortina como nova disciplina acadêmica e também como um novo
campo na instituição social e do imaginário.
Justificativa
Temas como “sociedade da informação” ou “economia do conhecimento” assumiram nos últimos anos o caráter de projetos estratégicos
de governos, empresas e outras organizações, transversalmente, em
todo o mundo. A difusão de mídias digitais interativas ampliou os
espaços de trocas econômicas, sociais e simbólicas. O eixo orientador
dessa reconstrução metodológica é a “economia da informação”, tomada
como ponto de partida e como fio condutor da série de temas e textos
que serão debatidos.
Conteúdo
1. Informação e novos paradigmas na economia 2. Informação, regras e
“nova economia” 3. Informação, espaços e organizações 4. Informação
e teoria do valor 5. Economia de Indústrias em Rede 6. Economia
dos símbolos 7. Economia e gestão do conhecimento 8. Economia e
evolução tecnológica 9. Mercados virtuais: e-commerce, e-gov, .org 10.
Avaliação de ativos intangíveis 11. Sistemas de informação comparados (casos internacionais) 12. O Brasil na Era da Informação (casos
nacionais)
Forma de Avaliação
Elaboração de monografia apoiada em pesquisa sobre tema inserido no
programa do curso.
Observação
No estudo de casos brasileiros, será dada ênfase ao desenvolvimento do
projeto “Cidade do Conhecimento” do IEA-USP (www.cidade.usp.br).
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1997 Warrick, P.S., The Cybernetic Imagination in Science Fiction, MIT
Press, 1980.
Relato da disciplina
Esta disciplina foi importante para a pesquisa pois apresentou alguns
conceitos chave relacionados ao momento histórico atual na Internet
como o conceito de inteligência coletiva, da nova economia em rede,
mundos virtuais, web2.0.
A disciplina consistia em uma série de aulas expositivas,sobre os temas
citados anteriormente, e uma série de seminários aonde os alunos
faziam uma apresentação do seu trabalho de pesquisa, relacionandoo com parte do tema tratado em aula, ou então uma exposição sobre
algum dos livros da bibliografia do curso, sempre relacionando com
alguma questão atual pertinente.
Como produto dessa disciplina, foi executado pela pesquisadora um
artigo, entitulado “Código: Aberto para os negócios”, que relacionava o
livro do escritor Lawrence Lessig - Code and other laws of cyberspace,
com questões realcionadas à apropriação do trabalho coletivo pelas
grandes empresas, atraves do uso de ferramentas de participação dos
usuários, como o caso do You Tube, por exemplo e também a aproriação do trabalho coletivo dos desenvolvedores de software de código
aberto pelas grandes corporações, que estão adotando o software livre
num novo modelo de negócios.
Este trabalho pode, com algumas adaptações se tornar parte de um
capítulo da dissertação de mestrado.
31
Disciplina CJE5250
Metodologia de Webdesign Baseada em Usabilidade para Comunicação Efetiva e Eficiente da
Informação
Área de Concentração
27153
Criação
28/08/2006
Ativação
01/11/2006
Nr. de Créditos
7
Docente Responsável
Maria Laura Martinez
Objetivos
Desenvolver nos estudantes conhecimentos e habilidades que lhes permitam gerenciar projetos que utilizem as novas tecnologias online para
a comunicação efetiva da informação e para o eficiente atendimento
do seu público. É fundamental esclarecer que não se trata de capacitar
o estudante a ser um webmaster, mas sim fornecer aos participantes
conhecimentos que lhes permitam gerenciar equipes de publicação de
informação no ciberespaço, otimizando a comunicação da informação,
focando na parte mais importante do desenvolvimento: o usuário.
Justificativa
Numa economia baseada em conhecimento a informação tornou-se
mais importante que a matéria-prima, assumindo as mais variadas
formas. Na era do capital intelectual, as ferramentas de trabalho do
trabalhador do conhecimento estão no seu cérebro. O crescimento das
redes computacionais e a as novas tecnologias de informação online
permitiram a fácil disseminação da informação. Neste âmbito sistemas
hipermídia na Web tornaram-se pilares da revolução do conhecimento
e o mundo digital passou a exigir profissionais mais preparados. Contudo, nem sempre o meio online está sendo usado para facilitar a vida
dos usuários. Não é raro ver pessoas frustradas ou perdidas em web
sites mal projetados. O que é apenas um ‘dado’ para uma pessoa, pode
ser conhecimento essencial para outra. O projeto deve atender o perfil
do público, suas expectativas, cultura, necessidades, prioridades... e
não as do projetista. Este é o campo da usabilidade. Como atestam
numerosos estudos de usabilidade, perde-se muito com web sites mal
feitos. Pode parecer fácil desenvolver um web site: qualquer um com
ferramentas modernas de edição HTML pode publicar informação.
Contudo, fazer um bom site, eficiente e profissional, é uma tarefa complexa. A Web introduziu uma complexidade nova para a usabilidade
nunca vista antes no software tradicional. A usabilidade na Web é uma
área importante, em plena expansão, que tem características particulares que dificultam o seu estudo. Seguir uma boa metodologia baseada em usabilidade que guie o projeto de web sites é estratégico para a
comunicação efetiva da informação. O curso apresenta uma orientação
metodológica que ensina a publicar informação online otimizando a
comunicação e atingindo o público de forma mais eficiente. Aborda
os diferentes aspectos do desenvolvimento que fazem toda a diferença
para um bom empreendimento profissional na Internet. Com este
curso espera-se contribuir para a melhora da comunicação no novo
meio e com a aprendizagem destes tópicos por parte de todos aqueles
interessados na produção profissional de web sites e preocupados com
a parte mais importante do desenvolvimento: o usuário.
32
Conteúdo
1.Dado, Informação e conhecimento. 2.A economia do conhecimento
e o capital intelectual. O trabalhador do conhecimento. 3.Introdução
à usabilidade. Percepção humana: o lado do usuário. 4.Desafios e importância da usabilidade na Web. 5.Avaliação de usabilidade: analítica
e empírica. Métodos de avaliação. 6.Características dinâmicas e interativas do ciclo de desenvolvimento de web sites. As práticas comuns
de web design. O suporte midiático e as tecnologias online. 7.As
etapas da produção de web sites: o planejamento, a implementação e a
distribuição. A análise de requisitos. As especificações de conteúdo, de
interface, de implementação e de distribuição. O dadoduto de implementação. A publicação no ciberespaço e a divulgação. 8.A formação
e o papel das equipes multidisciplinares: características e desafios. O
gerenciamento de recursos e equipes. 9.Estudos de caso. 10.Tendências
e perspectivas.
Bibliografia
1. BONSIEPE,G. Interface - an approach to design. Maastricht: Jan
van Eyck Akademie, 1999. 2. CAROLL, J.M. Making use: scenariobased design of human -computer interactions. MIT Press. 2000. 3.
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5. DIX, A.J. et al. Human-Computer Interaction. Prentice Hall. 1998.
6. FARINA, M. Psicodinâmica das cores em comunicação. Edgard
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Escola Politécnica. Universidade de São Paulo. São Paulo, Brasil.
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GRAPHICA’2001 IV International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design & 15o Simpósio Nacional de Geometria
Descritiva e Desenho Técnico. Anais em CD-ROM, São Paulo - SP Brasil. Nov./2001. 17. MARTINEZ,M.L. Usabilidade no design gráfico
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Graphics Engineering for Arts and Design & 14o Simpósio Nacional
de Geometria Descritiva e Desenho Técnico. Anais em CD-ROM.
Ouro Preto - MG - Brasil. Jun./2000. [ também em ] 18. MAYHEW,D.J.
The usability engineering lifecycle: a practitioner’s handbook for user
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NIELSEN, J.; MACK, R. L. (eds) Usability inspection methods. New
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Seattle, WA. p. 249-256. 1990. 22. NIELSEN,J. Estimating the number
of subjects needed for a thinking aloud test. International Journal of
Human-Computer Studies. 41, 3, 385-397. 1994b. 23. NIELSEN,J.;
LANDAUER,T.K. A mathematical
33
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93, 206-213. New York, NY. 1993b. 24. NORMAN,D.A. Design of
everyday things. Currency/Doubleday. Reissue edition. March 1990.
25. NORMAN,D.A. Emotional design: why we love (or hate) everyday
things. Basic Books. 2004. 26. NORMAN,D.A. The invisible computer: why good products can fail, the personal computer is so complex,
and information appliances are the solution. The MIT Press. Reprint
edition. 1999. [320p.] 27. PREECE,J. Human-Computer Interaction.
Wokingham, Addison-Wesley. 1994. [775p] 28. ROSENFELD,L.;
MORVILLE,P. Information architecture for the World Wide Web.
O’Reilly & Associates, 1998. 29. RUBIN, J. Handbook of usability testing: how to plan, design, and conduct effective tests. . John Wiley &
Sons, Inc. 1994. 30. SHEDROFF,N. Information interaction design: a
unified field theory of design. In: JACOBSON,R. (ed.) Information design. The MIT Press, London, England. 1999. 31. SHNEIDERMAN,B.
Designing the user interface: strategies for effective human-computer
interaction. 3rd Edn. Reading, Ma: Addison Wesley. Longman Publishers, 1998. 32. SNYDER,C. Paper prototyping: the fast and easy way
to design and refine user interfaces. Morgan Kaufmann Publishers
/ Elsevier Science (USA). 2003. 33. WURMAN,R.S. Ansiedade de
Informação: como transformar informação em compreensão. Cultura
Editores Associados. 1991.
Relato da Disciplina
A disciplina inseriu-se bem pragmaticamente no presente trabalho.
Ela apresenta o conceito de usabilidade de websites, e toda uma
metodologia para desenvolvimentos de sites tendo como ponto de
partida o usuário. O curso foi ministrado a partir de uma série de aulas
expositivas, apresentando etapas da metodologia proposta e conceitos
que embasavam teoricamente a mesma. Eram propostos pequenos exercícios individuais, relacionados a cada aula, como pequenas análises
de websites, reconhecimentos de maus exemplos, bons exemplos,
reconhecimentos de metáforas entre outras.
A turma foi dividida em uma série de grupos para que esses se concentrassem na execução de um trabalho final, que também foi apresentado
em etapas, de projeto ou redesenho de um website, desde o reconhecimento do público-alvo, projeto e aplicação de questionários iniciais,
identificação das demandas por prioridade, execução de um protótipo
de navegação a partir de experiências com usuários tipos, execução de
protótipos de navegação em papel e teste de aplicação, identificação de
possíveis erros e desenho do layout.
34
Disciplina AUP5878
Ética do Design
Área de Concentração
16134
Criação
14/06/2007
Ativação
14/06/2007
Nr. de Créditos
9
Docentes Responsáveis
Cibele Haddad Taralli
Luís Cláudio Portugal do Nascimento
Objetivos
Expor os alunos a uma visão abrangente dos principais conceitos e dados técnicos situados na área de intersecção entre os campos da ética e
do design. A partir da discussão de tais informações, espera-se que eles
se encontrem melhor instrumentados para fazer face, de acordo com
suas subjetivas visões de mundo, aos dilemas de natureza ética com
que se defrontarão em suas carreiras – ou, caso se dediquem exclusivamente à docência, que possam contribuir para o amadurecimento
de tal sensibilidade entre seus próprios alunos. Este curso tem, assim,
preocupação de desenvolver, em cada um, uma consciência mais nítida
do impacto da atuação profissional dos designers na sociedade e no
ecossistema como um todo.
Justificativa
Estando o campo do design ainda em processo de formação e
maturação, ele se encontra, também, em via de estabelecer conexões
com variadas áreas do conhecimento, em que se inclui o universo da
ética. Esta disciplina preencheria, em parte, esta lacuna. Dedicada à
discussão de princípios, valores e responsabilidades, ela possui caráter
complementar a disciplinas de natureza mais técnica. Se ao domínio
da técnica corresponde a dimensão metodológica, operativa, do “como
fazer”, isto é, a dimensão do “como caminhar” de um ponto a outro,
ao domínio da ética, disciplina que lida com os objetivos essenciais da
vida humana e com as formas de que se lança mão para atingi-los, corresponde o papel de exercitar a reflexão substantiva — não mais, como
no ensino da técnica, sobre o “como”, mas — sobre o “que” fazer, sobre
o “para onde” caminhar. Outra tônica presente no curso seria uma
visão intrinsecamente otimista quanto à possibilidade de aperfeiçoar se
continuamente a percepção moral que se constrói da realidade, a partir
do uso perseverante e bem-fundamentado da dialética crítica, com
reais benefícios para o agente deste processo e, em última análise, para
a sociedade.
Conteúdo
Universo da filosofia. Lógica, epistemologia, metafísica, estética e ética.
Ética deontológica e teleológica. Ética normativa e descritiva. Ética
normativa e meta-ética. Problemas do autoritarismo e do relativismo
para o inquérito ético. Principais classes de questões em que o campo
da ética e o do design se superpõem. Ética das estéticas — programas
estéticos do design vinculados a visões éticas. Ética do funcionalismo e
do “styling”. Obsolescência planejada. Designers enquanto agentes morais. Ética do masculino e do feminino no design. Designers percebendo, ou não, o contexto maior em que seus trabalhos se inserem. Crítica
justa, necessária e injusta. Excelência técnica como dever moral. Plágio
e pirataria. Segurança dos usuários. Meio ambiente. Direitos dos animais. Design de armas e equipamentos militares. Ética da linguagem
persuasiva e da linguagem informativa. Design e política. Designers
contribuindo, ou não, para promoção de justiça social. Códigos de
ética de associações de designers.
Observação
Critérios de avaliação: Trabalhos escritos e seminários solicitados aos
alunos ao longo do semestre, em que deverão demonstrar um pensamento analítico próprio, além de domínio das técnicas expositivas pertinentes. Inclui-se, também, um trabalho escrito final em que deverão
vincular a temática da disciplina a seus projetos pessoais de pesquisa.
35
Bibliografia
BONSIEPE, Gui. A tecnologia da tecnologia. São Paulo: Edgard
Blücher, 1983. BONSIEPE, Gui. Teoria e practica del disegno industriale: Elementi per una manualistica critica. Milão, Giangiacomo
Feltrinelle, 1975. BUCHANAN, Richard e MARGOLIN, Victor.
Discovering design: Explorations in design studies. Chicago: University
of Chicago Press, 1995. Design Issues (periódico de design). Todos os
números até a data. DORMER, Peter. The meanings of modern design:
Towards the twenty-first century. Londres: Thames and Hudson, 1990.
GLASER, Milton. The design of dissent: Socially and politically driven
graphics. Gloucester, Massachusetts: Rockport, 2006. GREENHALGH,
Paul. The modern ideal: The rise and collapse of idealism in the visual
arts, from the enlightenment to postmodernism. Londres: Victoria and
Albert Museum, 2005. HELLER, Steven. Citizen designer: Perspectives on design responsibility. Nova Iorque: Allworth, 2003. HESKETT,
John. Desenho industrial. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998 e 2006.
JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de
filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996. KAZANZIAN, Thierry.
Haverá a idade das coisas leves. São Paulo: Senac, 2005. LASN, Kalle.
Design anarchy. Vancouver: Adbuster, 2006. MALDONADO, Tomás.
El diseño industrial reconsiderado: Definición, historia, bibliografía.
Barcelona, Gustavo Gili, 1977. MANZINI, Ezio e VEZZOLI, Carlo.
O desenvolvimento de produtos sustentáveis. São Paulo: Edusp, 2002.
MARGOLIN, Victor. Design discourse: History, theory, criticism. Chicago: University of Chicago Press, 1989. McQUISTON, Liz. Graphic
agitation: Social and political graphics since the sixties. Londres: Phaidon, 2004. McQUISTON, Liz. Graphic agitation II: Social and political
graphics in the digital age. Londres: Phaidon, 2004. NASCIMENTO,
Luís Cláudio Portugal do. The teachability of ethics in design schools:
An investigation of the exposure of design students to ethical ideals
in relation to their future professional conduct. (Tese de doutorado
defendida na New York University.) Ann Arbor, Michigan: UMI, 1997.
NORMAN, Donald A. The design of everyday things. Nova Iorque:
Doubleday, 1990. PACKARD, Vance. The waste makers. Nova Iorque:
David McKay, 1960. PAPANEK, Victor. Design for the real world: Human ecology and social change. Londres: Thames and Hudson, 1984.
PLATÃO. Diálogos (em especial: Apologia de Sócrates). ROBERTS, Lucienne. Good: Ethics of graphic design. Lausane: AVA, 2006. ROHMANN, Chris. O livro das idéias: Um dicionário de teorias, conceitos,
crenças e pensadores que formam nossa visão de mundo. Rio de
Janeiro: Campus, 2000. SHAUGHNESSY, Adrian. How to be a graphic
designer without losing your soul. Princeton, Nova Jérsei: Princeton
Architectural Press, 2005. WEISMAN, Leslie Kanes. Discrimination by
design: A feminist critique of the man-made environment. Urbana, Illinois: University of Illinois Press, 1994. WHITELEY, Nigel. Design for
society. Londres: Reaktion Books, 1993.
36
Relato da Disciplina
O curso foi ministrado na forma de seminários dados pelos professores
responsáveis. Cada aula tinha um tema central, e era baseada em algum
texto que os alunos deveriam ler previamente. Durante a semana, os
alunos escreviam um pequeno texto sobre o tema apresentado, que
circulava de forma anônima por e-mail para o resto da turma. A cada
semana dois textos eram selecionados em votação pelos alunos e apresentados à turma na semana seguinte.
Os temas dos textos apresentados sempre tratavam de questões éticas
relacionadas ao design, como obsolescência programada, relativismo e
autoritarismo, feminismo, ecologia, usabilidade, design universal, que
são temas gerais que são correntes no campo do design e importantes
para qualquer trabalho que tenha um certo viés crítico em relação às
formas correntes da sociedade.
Nesse sentido, apesar da maior parte dos temas tratados ter relação
mais estrita com design industrial do que design gráfico ou web design,
que é o tema desta pesquisa, a disciplina apresentou uma forma de
análise crítica que pode ser facilmente estendida para uma análise de
outros segmentos do design, como o que é escopo deste trabalho.
Além disso, a metodologia de execução de pequenos textos foi um
estímulo à escrita e a formação de uma argumentação coerente.
37
Disciplina CCA5678
Semiótica da Comunicação na Cultura
Área de Concentração
27152
Criação
28/08/2006
Ativação
01/11/2006
Nr. de Créditos
7
Docente Responsável
Irene de Araujo Machado
Objetivos
Compreender a dinâmica conceitual que vai da comunicação às linguagens consideradas, assim, agentes da semiose geradora de sistemas
culturais. Problematizar as noções de diversidade e de multiplicação
das linguagens da comunicação na cultura. Compreender processos
de mediação a partir de variantes histórico-culturais que constroem
sistemas de signos. Discutir abordagens teóricas formuladas do ponto de
vista dos códigos culturais criadores de linguagens e das interações em
espaços culturais diversificados. Problematizar a perspectiva sistêmica
nos estudos da comunicação, considerando as mediações diversificadas
entre funcionamentos: (1) dos signos, no contexto das linguagens; (2)
das linguagens, no contexto dos meios que as veiculam; (3) dos processos cognitivos transformadores das relações interativas nos ambientes e
espaços culturais. Analisar temas e problemas emergentes do confronto
histórico entre crescimento das possibilidades comunicacionais e limitação de acesso às linguagens dos sistemas de signos em circulação na
cultura. Formular alternativas teórico-conceituais a partir dos objetos de
pesquisa contextualizados no âmbito da discussão em curso. Encaminhar experimentos, projetos e produções teóricas e/ou práticas que
demandem conhecimento da semiose na comunicação e na cultura.
Justificativa
A hipótese elementar da abordagem semiótica da cultura pode ser
sintetizada na idéia de que a cultura não “fala” uma única língua, mas
diferentes linguagens que são construídas graças à interação e aprimoramento dos códigos culturais. Porque são variados, os códigos
constroem diferentes sistemas de signos, cada um dotado de possibilidades específicas de significar o mundo e atos de pensamento. Face a
esta compreensão, o estudo da comunicação na cultura situa no centro
da abordagem os códigos, as linguagens e os sistemas de signos em
suas possibilidades de significação. Com isso é possível considerar o
potencial gerador de diferentes códigos e sistemas de linguagens, constantes e imprevisíveis, como problema semiótico a reivindicar métodos
dinâmicos de compreensão. Por um lado, trata-se de compreender que a
linguagem na cultura é manifestação da pluralidade de códigos que organizam os sistemas de signos. Por outro, de considerar que as diferentes
linguagens demandam conhecimentos diferenciados, uma vez que os
códigos são diferentes e potencializam mediações igualmente distintas
na produção de semiose. Com isso, as possibilidades comunicativas dos
sistemas não são análogas. Exigem, pois, aprendizagem e conhecimento.
Considerando tais funcionamentos, o anunciado aumento das possibilidades comunicativas só pode ser efetivo se for acompanhado de
conhecimento das linguagens construídas pelos sistemas, bem como de
seu funcionamento específico. Este, contudo, só pode ser dimensionado
no contexto das operações cognitivas de signos e não a partir dos efeitos
imediatos das chamadas ferramentas tecnológicas eficientes que, inadvertidamente, se colocam à margem das articulações históricas da cultura. Para a abordagem semiótica da comunicação na cultura, a interação
não é decorrência automática da transmissão, mas exercício consciente e
construtivo de linguagem. A necessidade de rever instrumentos teóricos
face à dinâmica que, historicamente, constitui os sistemas culturais é a
principal coordenada de cursos e de pesquisas na disciplina ora apresentada para ser ministrada em nível de pós-graduação.
38
Conteúdo
I – Tópicos temáticos 1.Comunicação como problema semiótico:
evolução da comunicação às linguagens com seus distintos sistemas de
signos e possibilidades de significação. 2.Processo de interação dialógica
na comunicação e na cultura: a perspectiva do conflito gerador de
variáveis culturais estrategicamente formalizados em códigos. 3.Crescimento das linguagens da comunicação face à expansão das mediações
entre códigos culturais e sistemas de signos. 4.Semiótica como teoria
crítica da cultura: construção de modelos teóricos a partir dos atos
e sistemas comunicacionais em espaços culturais. 5.Os «paradoxos»
da comunicação: transmissão de informação; unicidade do código;
unidirecionalidade na produção e recepção das mensagens. 6.Circuitos
dialógicos e retroação: sinal vs. signo; transmissão vs. interação; controle
vs. probabilidade; produção vs. construção de semiose. 7.Conceito
semiótico de código: convencionalidade e transmutação no contexto
da complementaridade entre signos e da metacomunicação. 8.Mediação semiótica: semiose e autogeração de mensagens como operações
cognitivas da linguagem. 9.Mecanismos da transformação da informação em texto da cultura: funcionamento interativo dos sistemas
complexos modelizantes. 10.Configuração das interações semióticas na
semiosfera: combinatória de signos discretos e contínuos em processos
de miscigenação e hibridismo como operação da mente da cultura e dos
programas de ação da memória. 11.Sistemas modelizantes nas linguagens da cultura, na comunicação mediada e nos processos de síntese.
12.O signo informático como emergência do design da linguagem e
dos processos de recodificação, dos gêneros e dos formatos. Expansão
das práticas metacomunicativas. 13.Ambientes ecológicos da comunicação: códigos e sistemas no cenário da comunicação intercultural,
dos multiculturalismos, dos processos de mestiçagem e de hibridação
de linguagens, das transcondificações. II – Seminários Experimentação
conceitual orientada pelos tópicos teóricos acompanhada de análise de
manifestações específicas a partir dos temas e problemas derivados dos
objetos de pesquisa dos alunos.
Bibliografia
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41
Relato da Disciplina
A disciplina foi de especial importância para este trabalaho de pesquisa
por apresentar conceitos como o de semiótica e de semiologia, as
diferenças entre as escolas de Pierce e Saussure, e principalmente por
apresentar a corrente de semiótica russa, que tem uma abordagem particularmente interessante de compreensão da cultura como texto, não no
sentido verbal, mas tratando os objetos culturais como peças que podem
ser lidas semióticamente.
Através do desenvolvimento do curso, foi possível compreender o conceito de linguagem, e a compreensão de que a cultura não é resultado de
uma só liguagem, mas de um conjunto múltiplo de liguagens, cada uma
dotada de seu sistema particular de significação e seus códigos específicos. Também, em oposição à teoria mecanicista da informação, que
estabelece um emissor, um receptor e uma mensagem, que o significado
de uma determinada peça cultural depende não somente do domínio
do código pelo emissor (produtor), mas também do receptor (leitor), do
nível comum de compartilhamonto que ambos têm de um determinado
código, além da própria conjuntura histórica. Assim, um determinado
objeto cultural, pode ter significados totalmente diferentes dependendo
de quem o lê, de uando e etc, podendo ter significados até contraditórios.
Para essa compreensão, foi necessário compreender o conceito de
código, e os sistemas modelizantes que geram determinado código, e
conceitos como codificação, decodificação, metacódigo, de interação, de
sistemas de signos, de significação.
Estudamos os sistemas de signos, e compreendemos a diferença entre
sistemas discretos e sistemas contínuos, e desenvolvemos uma metodologia de análise semiótica afim de permitir a leitura de determinados
fenômeno cultural como texto, e compreendemos o conceito de semiosfera, como o meio ambiente das interações semióticas.
A partir destes estudos, foi possível desenvolver um trabalho que consistiu na compreensão do design gráfico como um sistema de linguagem,
e separar os elementos constitutivos deste código liguístico. Além disso,
também é possível tecer uma relação entre esse conceito semiótico de
código e o conceito de código na informática, e posicionar as linguagens de programação dentro de uma categoria específica de código. A
avaliação consistia em um seminário, que relacionasse o conteúdo da
disciplina com o projeto de pesquisa de cada aluno, e a entrega de um
artigo, que fosse um desenvolvimento do seminário apresentado.
No caso, foi apresentado um seminário que se intitulava “Design
gráfico como Linguagem”, que apontava em que momento que o design
deixa de ser somente um sistema de paraliguagem, auxiliar ao sistema
da linguagem escrita, e passa a ser um sistema de linguagem com
significação própria, independente da linguagem verbal. O artigo que
acabou recebendo o mesmo nome, desenvolvia a questão apresentada
no seminário, levando em conta os debates gerados e as colocações
apontadas pelos demais pesquisadores e pela Dra. Irene Machado, e
ia além, apontando alguns elementos constitutivos do design como
linguagem, assim como o potencial comunicativo do design, apontando
pelo menos um caso específico aonde o design gráfico é utilizado de
uma maneira que potencializa a linguagem verbal, na relação entre o
design e a literatura na poesia concreta.
42
Disciplina AUP5881
Design Gráfico: Precisão e Imprecisão
Área de Concentração
16134
Criação
29/11/2007
Ativação
29/11/2007
Nr. de Créditos:
9
Docente Responsável:
Vicente Gil Filho
Objetivos
Desenvolvimento de experimentos gráficos que deverão tratar com
precisão a imprecisão. Reflexão, pesquisa, processo e discussão dos
experimentos por meio de uma abordagem amplamente embasada
em questões históricas, sociais, econômicas, e políticas que são parte
integrante da verdadeira prática do design. De acordo com a evolução
dos experimentos serão introduzidas questões complexas e idéias que
irão se constituir em instrumentos necessários para decifrar as várias e
freqüentes tendências conflitantes em nossa cultura, entendendo como
é possível impactar e ao mesmo tempo questionar em design gráfico.
Justificativa
—Discussão e reflexão sobre design em que a pesquisa experimental é
privilegiada. —Abordagem criativa, na qual acidentes podem conduzir
a ótimas soluções e só o autor pode reconhecer a diferença entre um
acidente e sua intenção original. —Contribuir com o crescimento individual e profissional dos alunos na medida em que privilegia o desenvolvimento de linguagens próprias e individuais, geradoras de regras
próprias e livres para cada designer. —Pensar, usando a inteligência na
busca de soluções e respostas aos problemas apresentados e lembrando
sempre que um trabalho sem percepção, intuição e espontaneidade é
privado de humanidade.—Trazer para a discussão conjunta, problemas de equilíbrio, ritmo e sintaxe das formas, organização do campo,
relações cromáticas, bem como de pertinência das soluções quanto ao
tema dado e sua atualidade.
Conteúdo
Por meio de leituras, reflexões e exercícios práticos semanais os alunos
poderão aperfeiçoar suas linguagens individuais, recriar seu repertório
e desenvolver uma visão critica da realidade. Os exercícios serão
desenvolvidos, preferencialmente, sob a orientação do professor numa
troca constante de informações, respeitando-se, porém, o partido e
pesquisas adotados por cada um dos alunos. Serão produzidos 10
experimentos gráficos individuais apoiados na reflexão sobre trabalhos
importantes na história do design e que deverão utilizar a tipografia como elemento dominante. Esses experimentos contribuirão no
desenvolvimento do projeto experimental a ser apresentado no final
do curso.
Forma de Avaliação
Interesse e participação ativa nas discussões, reflexões e atividades
práticas propostas pela disciplina.
Observação
A disciplina deverá ter no máximo 15 vagas. Os alunos previamente
inscritos deverão ser entrevistados pelo professor e só assim poderão
cursar a disciplina. A secretaria poderá aceitar 25 inscrições para
entrevistas. Não serão aceitos alunos especiais.
43
Bibliografia
Básica: HOLLIS, Richard. Design Gráfico—Uma História concisa.
Martins Fontes. São Paulo, SP, 2001. BRINGHURST, Robert. Elementos do Estilo Tipográfico.Cosac Naify. São Paulo, SP, 2005. HENDEL,
Richard. O Design do Livro. Ateliê Editorial. São Paulo, SP, 2003.
FELICI, James. The Complete Manual of Typography—A Guide to
Setting Perfect Type. Adobe Press (Peachpit Press).Berkeley, CA, 2003.
LUPTON, Ellen. Pensar com tipos. Cosac Naify. São Paulo, SP, 2006.
TSCHICHOLD, Jan. A Forma do Livro—Ensaios sobre Tipografia
e Estética do Livro. Ateliê Editorial. São Paulo, SP, 2007. Estruturas
Visuais Gráficas: SAMARA, Timothy. Making and Breaking the Grid.
Rockport Publishers. Gloucester, MA, 2002. MÜLLER-BROCKMANN, Josef. Grid Systems in Graphic Design. Verlag Niggli. Zürich,
1981. BOSSHARD, Hans Rudolf. The Typographic Grid. Verlag
Niggli. Zürich, 2000. KRÖPLIEN, Manfred. Karl Gerstner. Hatje
Cantz. Germany, 2001. CROUWEL, Wim. Alphabets. BIS Publishers.
Amsterdam, 2003. HOFMANN, Armin. Poster Collection. Lars Müller
Publishers. Zürich, 2003. HOFMANN, Armin. Manual de Diseño
Gráfico. G. Gilli. México, 1996. RUDER, Emil. Manual de Diseño
Tipográfico. Barcelona, 1983. BILL, Max. Typography. Verlag Nigli.
Zürich, 1999. Design Experimental: HELLER, Steven and POMEROY,
Karen. Design Literacy. Allworth Press. New York, 1997. GLASER,
Milton. Art is Work. The Overlook Press. New York, 2000. GIL, Vicente. A Revolução dos Tipos. Tese de Doutorado FAUUSP. São Paulo,
SP, 1999. WOZENCROFT, John. The Graphic Language of Neville Brody. Thames and Hudson. London, UK, 1994. BLACKWELL, Lewis and
CARSON, David. The End of Print. Chronicle Books. San Francisco,
1995. NUNOO-QUARCOO, Franc. Paul Rand: Modernist Design.
University of Maryland. New York, 2003. MÜLLER-BROCKMANN,
Josef. Historia de La Comunicación Visual. G. Gilli. Barcelona, 2001.
KLANTEM, Robert. Neasden Control Centre. Die Gestalten Verlag.
Berlim, 2003. SAKAMOTO, Tomoko and PRAT, Ramon. Japan Graphics. Actar. Barcelona, 2002. KLANTEN, Robert; BOURQUIN, Nicolas
e GEIGER, Thorsten. TresLogos. Die Gestalten Verlag, Berlin, DE,
2006. GERBER, Anna. All Messed Up—Umpredictable Graphics. Laurence King Publishing Ltd. London, 2004. MCQUISTON, Liz. Graphic
Agitation—Social and Political Graphics in the Digital Age. Phaidon
Press Inc. New York, NY, 1993. MCQUISTON, Liz. Graphic Agitation
2—Social and Political Graphics in the Digital Age. Phaidon Press Inc.
New York, NY, 2004. LASN, Kalle. Design Anarchy. Adbusters Media
Foundation. Vancouver, CA, 2006.
Relato da Disciplina
Esta é uma das poucas disciplinas oferecidas na área de concentração
de Design e Arquitetura na pós-graduação que tem um escopo
bastante prático, de execução de exercícios e peças gráficas. A disciplina é constituída por um momento de reflexão e debate sobre alguma
fonte tipográfica, o contexto histórico em que ela foi feita e desevolvida, bem como a apresentação de trabalhos executados pelo autor
da fonte, ou por algum designer de relevância histórica do mesmo
contexto histórico da fonte.
A partir dessa exposição/reflexão, os alunos desenvolviam peças gráficas experimentais a partir de um conceito dado, que tinha relação com
o autor ou linguagem apresentada. Na semana seguinte os trabalhos
eram apresentados à turma e discutidos, e avaliados pelo conjunto dos
alunos. A orientação dada era para que os trabalhos fossem desenvolvidos prioritariamente na prórpia sala de aula, com orientação do
professor responsável Dr. Vicente Gil Filho, um experiente designer
gráfico.
A disciplina foi importante por apresentar, de forma prática, momentos históricos do desenvolvimento das artes gráficas e da tipografia, e
por fomentar uma leitura criativa desses momentos, além de estimular
uma visão crítica e analítica do design, nas avaliações dos trabalhos
apresentados.
44
Descrição dos trabalhos programados
Trabalho programado 1
A pré história da internet
História da tecnologia da comunicação,
da escrita aos precurssores do computador
O Terceiro trabalho programado foi desenvolvido principalmente a partir da leitura de “Os
meios de comunicação como extensões do Homem” de Marshall McLuhan, e busca refazer
o percurso do desenvolvimento dos meios de comunicação, desde a invenção da escrita,
com particular ênfase no papel que cada novo meio teve nas mudanças sociais que sucederem as suas implantações.
Assim, compreendemos o papel que a invenção da escrita teve para o fim das sociedades
tribais e no desenvolvimento das primeiras sociedades organizadas; o papel que teve o desenvolvimento do alfabeto fonético para o fim do domínio religioso e o surgimento das
cidades-estados gregas e para o império romano; a invenção da imprensa na China; e como
a falta de papiro colaborou na derrocada do Império Romano.
Estudamos o papel que teve a invenção da imprensa para o Renascimento e posteriormente
para a Revolução Industrial, estudamos também o desenvolvimento da imprensa, e o nascimento do design gráfico, a partir da necessidade de escoamento das mercadorias produzidas pela Revolução Industrial.
Estudamos também o surgimento da comunicação instantânea, a partir da invenção do
telégrafo, do rádio e do telefone, e encerramos o trabalho com o trabalho dos pioneiros da
informática: Carles Babbage, Ada Lovelace, George Boole e Hollerith.
Com esse trabalho, temos a base para a construção da história da informática, que será
desenvolvida mais profundamente na dissertação de mestrado. Conseguimos com ele ter
uma dimensão histórica das transformações ocorridas na sociedade a partir da inserção de
cada novo meio de comunicação até o final do século XIX. Isto será importante para compararmos a escala e a rapidez das transformações que já estamos sofrendo e que certamente
iremos sofrer ainda mais nos próximos anos com a inserção da internet.
45
Trabalho programado 2
Zeitgeist - uma coletânea de páginas web
Como a rede, que é o objeto central deste trabalho é um ambiente muito instável, onde as
informações frequentemente desaparecem ou mudam de lugar, resolvemos recolher uma
série de artigos, com temas relacionados aos temas de estudo deste trabalho em uma compilação de páginas da internet, seguidas de comentários e breves observações.
Dividimos os textos recolhidos em duas partes; uma mais genérica, relacionada a assuntos
mais gerais da internet, e outra mais relacionada com o design e o webdesign. A primeira
parte, tem artigos divididos entre os temas: história, estatísticas, infra-estrutura, e-commerce e publicodade online, Google, copyright e pirataria, spam e malware. Na segunda
parte os textos estão divididos nas categorias: acessibilidade, usabilidade, design e código,
mercado de trabalho, web 2.0, HTML, CSS e Ajax, Recursos para programação e design e
dicas e conselhos de design.
Procuramos reunir os artigos, sempre que possível de sites confiáveis, como do New York
Times, UOL, Alertbox e outros blogs importantes, embora tenhamos deliberadamente selecionados alguns artigos superficiais, com o intuito de rever criticamente um tipo de informação que é encontrada em abundância na rede. Alguns textos são de importância mais
significativa, e foram responsáveis por definir alguns conceitos importantes, como o texto
de Tim O’Reilly que define o que é web 2.0, e o texto de James Garrt que definiuo o conceito
de Ajax. Nesses casos, o comentário também é um pouco mais aprofundado.
Chamamos este trabalho de zeitgeist, pois ele ajuda a definir um pouco o espírito do tempo,
pelo menos no que diz respeito ao web-design e às tendências deste mercado de trabalho.
Embora o essencial da bibliografia desta dissertação seja uma seleção de livros e artigos
tradicionais, estes textos foram especialmente selecionados pois colaboram para embasar
algumas premissas e conceitos que serão expostos ao longo da dissertação; são uma galeria
de opiniões e também serão fontes valiosas para uma série de citações.
46
Trabalho Programado 3
Forma Aparente, Forma Oculta
Estudos de casos
Neste trabalho, selecionamos alguns exemplos de site com uma interface minimalista em
comum, mas com estruturas diferentes, que revelas diferentes conceções de projeto e processo produtivo.
Expusemos suas interfaces e seus códigos HTML e CSS, e comentamos caso a caso. Esta
nálise é importante pois fundamenta premissas que defenderemos, como o valor do código
gerado à mão, e também a importância e a facilidade de customização dos sistemas opensource de geração de conteúdo.
Trabalho programado 4
Código: Aberto para os negócios
Este trabalho programado é um pequeno artigo com reflexões feitas a partir do livro de Lawrence Lessig, Code — and other laws of cyberspace, originalmente apresentado como trabalho final para a disciplina Economia da Informação e Novas mídias, ministrada na ECA
pelo professor Gilson Schwarz. Lawrence Lessig, o autor do livro é o fundador da creative
Commons, organização responsável pelo lançamento de uma série de licenças de uso de compartilhamento e distribuição livre, também conhecidas como copyleft.
No trabalho programado, abordamos algumas questões apontadas por ele quanto à legislação
na internet, controle sobre os usuários, entre outras, e as relacionamos com questões apresentadas por outros autores.Uma questão importante tratada neste artigo é a da apropriação
capitalista dos programas de código aberto, levantada também por outros autores citados no
trabalho. Um exemplo disso, são grandes corporaç`oes, como a Google, por exemplo, que
baseia grande parte dos seus serviços em plataformas desenvolvidas muitas vezes por voluntários e licenciadas como software livre.
Tratamos também da legislação americana pós 11 de setembro, que permitiu um monitoramento dos e-mails, ampliando o controle sobre os usuários; de questões como a falta de uma
legislação unificada para a rede, e da questão dos espaços virtuais, que tendem a ser cada vez
mais mercantilizados.
47
Por fim, dedicamos uma atenção maior ao novo modelo de negócios que tem se constituído
sob o rótulo de web 2.0, que se baseia em uso de software livre como suporte, e criação de
conteúdo pelos usuários, um milagre do capitalismo, que consegue agora se apropriar de valor
gerado pelos seus próprios consumidores.
Trabalho programado 5
O design gráfico como linguagem
Este segundo trabalho foi originalmente apresentado como trabalho final da disciplina
Semiótica da Comunicação na Cultura, ministrada pela Dra. Irene Machado na ECA. O
Trabalho parte da definição de linguagem apresentada por Iuri Lotman em “A estrutura do
texto artístico”, que inclui um sistema de signos com regras determinadas para contrução
de textos no sentido semiótico amplo, um sistema modelizante. Procuramos, através deste
trabalho, compreender qual é o sistema modelizante que determina a linguagem do design
gráfico,e chegamos em alguns fatores listados no trabalho como a tipografia, determinação
de formatos e composição, determinação de cores, entre outros.
É um conjunto de variáveis que não tem significado intrínseco, mas dependendo da composição podem ser índice de um determinado gênero, e um determinado momento histórico.
Além disso, o design serve como determinador do aspecto técnico do texto, ao interferir na
eficiência da leitura, sendo assim, essencial no processo de comunicação das mensagens.
Outro aspecto da linguagem do design gráfico, é um tipo de etiqueta tipográfica, um conjunto de normas que determinam o quão correta é a peça. Nesse sentido, funciona como
um código, que realiza um tipo de comunicação que vai além do sentido da mensagem,
principalmente de designer a designer. Mas sobretudo, a linguagem do design vai num sentido de possibilitar uma comunicação que não tem equivalentes na linguagem falada, como
a relação entre elementos numa tabela, mapa ou gráfico, através de elementos que são próprios da linguagem visual, como os relacionados por Donis A. Dondis em “A sintaxe da
linguagem visual”.
Por fim, discutimos a relação entre o domínio da linguagem e a capacidade de expressão
artística, usando para isso o exemplo da poesia concreta, onde os poetas, se valendo da
linguagem do design, que extrapola a linguagem da poesia, criaram peças únicas e extremamente significativas.
48
Estrutura dos Capítulos
Internet: Forma Aparente e Forma Oculta
1 Introdução
2 Formação: uma breve história das tecnologias de comunicação
2.1 Da palavra falada à palavra impressa
2.2 Da revolução Industrial aos primeiros computadores
2.3 O computador como ferramenta militar
2.4 O computador como amplificador do intelecto
2.5 O computador pessoal
2.7 A internet e a world Wide Web
2.8 Forma e conteúdo: A criação do CSS
2.9 Um novo paradigma: O software livre
2.10 Rede dinâmica: a Web 2.0
2.11 Ubiquidade
3. A forma aparente
3.1 A linguagem do design
3.2 Do design gráfico ao design digital
3.3 Do desing digital ao design para web
3.5 Interface: domínio da Usabilidade
3.6 Mashups e Customizações
3.7 Uma estética em escala global
4. A forma Oculta
4.1 Impulsos elétricos, bits e Bytes
4.2 Redes e Protocolos de transmisão
4.3 Linguagens de programação e linguagens de marcação
4.4 Processo de trabalho: do planejamento à construção
4.5 WYSIWYG: what you see is what you get
4.6 A estrutura base: o HTML
4.7 Dando forma à estrutura: o CSS
4.8 Forma em movimento: JavaScript e Ajax
4.9 Forma em contrução: Server side scripting
49
5 Considerações finais
5.1 Designers e programadores
5.2 Desenvolvendo a Inteligência coletiva
5.3 A formação de um novo campo disciplinar
6 Bibliografia
50
Versão preliminar do capítulo 1
Introdução
A virada do século XX para o século XXI foi descrita e imaginada por uma série de escritores de ficção científica, e filmada de diversas maneiras na história do cinema. Em 2001,
uma odisséia no espaço, de Stanley Kubrick, um dos filmes mais significativos de ficção
científica já filmados, a virada para o século XXI aparece com o homem conquistando o
espaço, e com um computador que começava a adquirir sentimentos humanos e subjugar
os homens. O domínio dos computadores sobre os homens também foi proposto em vários
outros filmes e livros, como Fuga para o Século XXI, 1984, Blade Runner. Vários avanços
foram imaginados: ciborgues, andróides, viagens aeroespaciais, exaustão dos recursos naturais, guerras nucleares, carros voadores, superpopulação e quando se tratava de informática,
o tema mais comum era inteligência artificial e o possível domínio das máquinas sobre os
seres humanos.
A realidade da história, no entanto, mostrou um caminho que pouquíssimos visionários do
século passado puderam imaginar: uma rede mundial de computadores, onde uma parte
considerável da cultura humana criada até então está reunida, ao alcance de um clique;
redes sociais, na qual milhões de homens podem entrar em contato uns com os outros de
forma direta; um espaço onde os homens podem comprar mercadorias de qualquer parte
do mundo, disponibilizar sua mão-de-obra globalmente, encontrar parceiros e amores; um
lugar aonde as pessoas podem publicar suas produções artísticas e acadêmicas livremente,
fora do domínio das grandes corporações de mídia. Robôs existem aos montes, mas não
como eram imaginados, — para combater inimigos ou para realizar tarefas degradantes —
mas para percorrer esse imenso mar de dados em busca de informação.
A internet, que é possivelmente o fruto mais pródigo da guerra fria, surge com a idéia da
criação de uma rede de computadores descentralizada, que pudesse sobreviver a possíveis
ataques nucleares — uma resposta do militario americano ao lançamento do foguete russo
Sputnik. Durante mais de duas décadas, essa rede teve uso predominantemente militar e
acadêmico, e foi a invenção de uma nova tecnologia embasada nela que pode fazer-lhe dar
51
o seu grande salto social: a World Wide Web (WWW).1 O desenvolvimento e alastramento
dessa rede se deu numa velocidade e escala nunca antes vista na história do homem. Em
vinte anos, um simples documento — escrito pelo pesquisador Tim Berners-Lee, quando
era consultor do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (CERN) — com uma proposta de
um sistema de organização e compartilhamento de informações, se transformou em um
dos mais importantes meios de comunicação mundiais.2
A rede mundial de computadores (WWW) não é somente o desenvolvimento de meios de
comunicação que vieram antes dela, mas inaugura uma forma de comunicação nunca antes
experimentada pela sociedade: a comunicação muitos a muitos — numa escala global. Uma
invenção única na história, como aponta Michal Dertouzos, no prefácio do livro de Tim
Berners-Lee, Weaving the Web:
"Ela [a world wide web] já nos deu uma gigantesca feira- livre de informação, onde
indivíduos e organizações compram, vendem e trocam informações e serviços de
informação livremente uns com outros. A imprensa, o rádio e a televisão nunca
chegaram perto disso; tudo que eles conseguem fazer é pulverizar a mesma informação a partir de uma fonte para muitos destinos. Nem as cartas nem o telefone
se aproximam do poder da Rede, porque mesmo esses meios só permitem trocas
um-a-um, são lentos e carecem da capacidade do computador de busca, automação e mediação. Significativamente — comparada com a prensa de Gutemberg, o
telefone de Bell e o rádio de Marconi — e muito antes de estabelecer sua forma
final, a Rede de Berners-Lee já se estabeleceu sua singularidade.
Milhares de cientistas da computação estiveram debruçados por duas décadas
sobre mesmas duas coisas — hipertexto e redes de computador. Mas só Tim concebeu como juntar esses dois elementos e criar a Rede." (Dertouzos in BernersLee 1999 pg X)
1 É muito comum haver uma certa confusão entre internet e World Wide Web. A internet é a rede física
que interliga os computadores mundialmente. A World Wide Web é uma tecnologia que existe na internet.
A internet é mais ampla do que a world wide web, e inclui redes de e-mail, redes de troca de arquivos,
como as p2p (torrents, soulseek, e-mule, etc) e a usenet, por exemplo. Num capítulo mais adiante falaremos melhor sobre essas outras redes. A World Wide Web, é a rede de páginas, cujos endereços começam
em geral com www e inclui alguns protocolos específicos, como http, ftp, stp, que também explicaremos
na terceira parte desse trabalho.
2 Além da internet, o telefone também teve um grande salto evolutivo nesses últimos 15 anos, com a
invenção e a popularização do telefone celular; mas o telefone sozinho é um meio restrito apenas à fala,
enquanto a internet é um suporte para uma multiplicidade de formas de linguagens: texto, imagem, som e
vídeo e permite, inclusive, a circulação de capital e de mão de obra. A tendência atual inclusive, é a fusão
das tecnologias, com a rede sendo incorporada pelos parelhos celulares, televisões e videogames.
52
Um novo campo de pesquisa
A relevância dessa ferramenta no cotidiano e no desenvolvimento de todas as ciências já se
mostra extremamente significativa para a comunidade acadêmica. Em todas as áreas do conhecimento, uma série de pesquisadores já se volta para esse novo meio, estudando as influências e as potencialidades da internet em relação às suas respectivas disciplinas. Em uma
busca no Dédalus, o banco de dados das bibliotecas da USP, podemos encontrar hoje 576
teses feitas somente na USP, em campos tão diversos como psicologia, computação, economia, direito, educação, jornalismo, comunicação, letras e até astronomia, que tem a palavra
internet no seu título ou em sua descrição. A FAU, no entanto, possui apenas 4 desses 576
registros, sendo que apenas três são realmente teses que tem aspectos da internet como
ponto central3. Apesar da importância que o design de interfaces para a web tem ganhado
no campo da comunicação visual, apenas uma delas é relacionada com esse tema: Cor E
Interatividade: Funções Cromáticas Na Interface Hipermídia, de Flávia Gonsales, orientada
pela já falecida professora Elide Monzeglio.
Entendendo a importância que a internet tem como meio de comunicação, e o crescimento
da atividade de webdesign dentro do campo da comunicação visual, este trabalho busca
ampliar a pesquisa nesta área dentro da FAU, onde ela ainda se encontra incipiente. Ele é
fruto do desenvolvimento de uma pesquisa que já dura quatro anos, e começou ainda na
graduação, no curso de uma disciplina intitulada "Oficina de Arte e Programação", ministrada pelo professor Etienne Delacroix, que buscava apresentar e estimular o conhcecimento de conceitos de linguagens de programação e a produção cultural e artístistica experimentais a partir desses recursos.
3 Teses cujo tema tem relação com a internet na FAU:
SALES, Gastão Santos - Ambientes totais para ensino de projeto arquitetônico : novos paradigmas de
utilização da informatica , 2005 - Sobre o ensino da arquitetura sob o viés da informática, do presencial
ao não presencial.
AZUMA, Maurício Hidemi - Comunicação e integração de projetos : a contribuição da informática , 2001 Uma análise das possíveis contribuições da informática nos processos de comunicação e integração de
projetos.
GONSALES, Flávia Igliori - Cor e interatividade : funções cromáticas na interface hipermídia , 1999 - Um
estudo sobre o emprego da cor na interface visual hipermídia.
Outra tese relacionada com a internet pode ser encontrada pesquisando o verbete web:
SILVA, Ailton Santos. Design e arquitetura de informação para web sites educacionais : um estudo de
usabilidade.
53
Desse caminho aberto, seguiu se o desenvolvimento de um dicionário de código HTML,
CSS e JavaScript — linguagens de marcação4 que são a base da World Wide Web — apresentado como TFG na FAU, que como o próprio professor Etienne afirmou, necessitava de
um "livro companheiro" que fosse além no estudo e na compreensão desse meio de comunicação. Seguindo essa orientação, esta pesquisa é feita nesse sentido, de produzir um entendimento sobre a internet, do ponto de partida da comunicação visual, que é a nossa área
de atuação, no sentido de procurar elucidar o modo (ou modos) como se estrutura a rede.
Este trabalho, está organizado em quatro partes: primeiro, uma pesquisa histórica sobre a
tecnologia da comunicação; depois, uma reflexão sobre a forma aparente desse novo meio,
e conceitos que estão ligados a ela; em terceiro, um aprofundamento nas tecnologias e protocolos que estruturam a web: a forma oculta; e, por fim, considerações sobre a web e suas
consequências sociais: o espírito do tempo.
Uma jangada em um oceano
Falar que a internet é um campo imenso e inesgotável de informação e que sua iportância
para a economia é imensa, não é mais do que constatar o óbvio. O importante é tentarmos
dar uma dimensão dessa importância econômica e compreender como a rede interfere na
economia. A internet é o coroamento de uma nova economia, que se desenvolveu a partir
da útlima revolução tecnológica, como aponta Manuel Castells:
Uma nova economia surgiu em escala global no último quartel do século XX. Chamo-a de informacional, global e em rede [...]. é informacional porque a produtividade e a competitividade de unidades ou agentes nessa economia [...] dependem
basicamente de sua capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente a
informação baseada em conhecimentos. É global porque as principais atividades
produtivas, o consumo e a circulação, assim como seus componentes (capital, trabalho, matéria prima, administração, informação, tecnologia e mercados) estão
organizados globalmente. É rede porque, nas novas condições históricas, a produtividade é gerada, e a concorrência é feita numa rede de global de interações
entre redes empresariais.
A internet participa no processo de reprodução de capital de várias maneiras. Ela aumenta
o ritmo de circulação de mercadorias, ela é um meio de circulação de informação e tecnologia e ela facilita a distribuição de trabalho numa escala global, colaborando, em certa
4 Na terceira parte deste trabalho “A forma oculta, explicaremos o conceito de liguagem de marcação e a
diferença que elas tem em relacao às linguagens de programação
54
medida, para uma diminuição dos salários. Uma estimativa de volume financeiro movido
apenas pelo comércio eletrônico nos Estados Unidos, chega a somas de mais de 200 bilhões
de dólares em 20085.
http://news.netcraft.com/archives/2009/06/site_count_history.png
O volume de informação disponível na internet é um dado muito difícil de se obter, mas
para se ter uma idéia, o gráfico acima fornecido pela pesquisa da Netcraft mostra a evolução histórica do número de domínios; e a mesma pesquisa afirma que existem mais de 200
milhões de sites no mundo. Segundo a Internet Telecommunication Union, atinge cerca de
23% da população mundial, sendo superada somente (e de longe) pelos telefones celulares6.
Em 2005, a rede já tinha atingido um bilhão de usuários7. No Brasil, a penetraçao da rede já
chega a 34% da população, o que corresponde a mais de 67 milhões de usuários8.
O volume de informação disponível é um dado impossível de ser medido, uma vez que a
rede é uma estrutura descentralizada, e que mesmo mecanismos de busca super potentes,
como os robôs da google, não conseguem atingir o que se chama de web profunda, que é
5 June 2008: Us Retail e-commerce. Pesquisa da e-marketer sobre comércio eletônico. http://www.iab.
net/insights_research​/530422/​1675/​334589
6 Em 2008, o número de assinaturas de números de telefone celular chega a 61% do número de habitantes, segundo o documento Measuring the information Society, da International Telecommunication
Union.
7 “One Billion Internet Users”, do alertbox de Jakob Nielsen, dezembro de 2005. http://www.useit.com/
alertbox/internet_growth.html
8 fonte: http://internetworldstats.com/stats10.htm
55
Mapa dos backbones da internet nos estados Unidos, em 1999
uma imensa quantidade de dados9 localizados em intranets, em diretórios sem links públicos e bancos de dados particulares.
Nesse oceano de bits, qualquer pesquisador é só uma jangada, e para tentar entender as
decorrências de um fenômendo dessa dimensão, é necessário entender o processo que permitiu esse desenvolvimento.
História do Presente
A proposta inicial deste trabalho não era de ser uma análise histórica, e sim o de ser uma
ferramenta para auxiliar designers e programadores a lidarem com os novos desafios impostos pela internet. Contudo, vivemos hoje um momento no qual as tecnologias mudam
muito rápido — nada é estável e o futuro é incerto — e, diante disso, é certo que qualquer
trabalho que seja feito somente com base na tecnologia do presente se tornaria obsoleto
em pouco tempo. De qualquer maneira, o destino desse trabalho, mais cedo ou mais tarde,
seria de fazer sentido mais para a história do que para a prática cotidiana dos designers e
9 Em 2000, estimava-se que a web profunda tinha um volume de dados mais de cico vezes maior do que
a web superficial. fonte http://www2.sims.berkeley.edu/research/projects/how-much-info/internet.html
56
programadores. Diante disso, a saída foi assumir desde já esse destino, e entender desde já
esse trabalho como um trabalho de história, da história do presente.
A história da comunicação visual vem se desenvolvendo desde os primórdios junto à história do homem, e já foi registrada e estudada por uma série de historiadores como Philip
Meggs, Richard Hollins, Abrams entre outros de uma certa forma. Art Nouveau, Art Deco,
Futurismo, Construtivismo Russo, Escola Suíça e até o Pós Modernismo, como várias outras escolas e linguagens surgidas ao longo do tempo, são partes bem conhecidas dessa
história, registrada em belos livros ilustrados. É certo também que os avanços tecnológicos
de cada tempo tiveram um papel central no desenvolvimento de cada uma dessas escolas
e de muitas outras que existiram, mas os historiadores sempre procuram estudar aqueles
avanços que tiveram ligações mais diretas com o desevolvimento dessas linguagens, e principalmente, aqueles avanços que tinham mais relação com a comunicação impressa, que até
pouco tempo atrás era a forma dominante de comunicação visual. Eles não tinham como
supor qual seria o futuro da comunicação visual, e mesmo quando estudaram o computador, estudaram-no somente como ferramenta para a comunicação visual impressa, e não
como suporte.10
No instante em que as atenções dos designers se voltam para esse novo meio que é a rede, a
história do design gráfico se funde com a história dos meios de comunicação.
Ao longo do século passado, os avanços tecnológicos no campo da informática eram somente ferramentas para o design gráfico11, e foi só no final do século passado que o computador deixou de ser uma ferramenta e passou a ser também o suporte para uma nova forma
de comunicação visual. A interface, até então, era somente objeto do design industrial, e as
tecnologias de comunicação, incluindo as ciências que dão base a elas, ficaram de uma certa
forma fora da historiografia do design gráfico.
10 Tanto para a comunicação visual impressa quanto a audiovisual, como o desevolvimento de aberturas
de filmes e vídeos. No final do século XX, alguma atenção foi voltada para o que se chamou de multimía,
que incuía a criação de materiais interativos, como CD-Roms, jogos eletrônicos e instalações artísticas.
11 Aqui consideramos as interfaces de equipamentos eletrônicos ou mecânicos. Algum campo de trabalho
para designers gráficos também já existe ha um certo tempo (começo dos anos 80) na indústria do software, mas esse era um campo relativamente restrito se compararmos com o campo de trabalho que a
world wide web abriu para os designers. Falaremos mais adiante sobre o desenvolvimento das interfaces
gráficas na informática.
57
E compete a nós que estamos vivendo essas transformações, vivendo esse novo e potencialmente revolucionário meio, buscar reconstruir a história do design gráfico a partir desses
novos elementos, resgatando uma série de agentes e momentos históricos responsáveis por
fazer-nos chegar a nosso estado atual: matemáticos, inventores, cientistas e pesquisadores
que criaram os primeiros meios de comunicação elétricos, que desenvolveram os primeiros
computadores e que deram as bases para a contrução dessa realidade da rede mundial de
computadores entram agora na história do design gráfico — assim como os inventores do
papel, da tinta e da imprensa já faziam parte dela há muito tempo.
Para essa tarefa, foram fundamentais as leituras de Marshall McLuhan, que buscou compreender o desenvolvimento dos meios de comunicação e suas consequências para a costura
do tecido social. McLuhan enxerga os meios de comunicação como extensões do homem,
e principalmente a tecnologia elétrica como uma extensão do nosso sistema nervoso, nas
próprias palavras dele:
"Ao colocar o nosso corpo físico dentro do sistema nervoso prolongado, mediante
meios elétricos, nós deflagramos uma dinâmica pela qual todas as tecnologias anteriores — meras extensões das mãos, dos pés, dos dentes e dos controles do calor do corpo, e incluindo as cidades como extensões do corpo — serão traduzidas
em sistemas de informação. (...) O homem deve servir à tecnologia elétrica com a
mesma fidelidade servomecanística com que serviu seu barco de couro, sua piroga, sua tipografia e todas as demais extensões de seus órgãos físicos. Com uma
diferença, porém: as tecnologias anteriores eram parciais e fragmentárias, a elétrica é total e inclusiva. Um consenso ou uma consciência externa se faz agora tão
necessário quanto a consciência particular. Com os novos meios também é possível armazenar e traduzir tudo; e quanto à velocidade, não há problema. Nenhuma
aceleração maior é possível aquém da barreira da luz." (McLuhan, 1964 pg 78)
Ele vivia no momento da euforia da televisão, e ainda não tinha a dimensão de algo com a
internet, mas em alguns momentos parece já prever o desenvolvimento da tecnologia para
algo maior do que os meios de seu tempo lhe indicavam. E nesse sentido, vimos ao longo
dessa pesquisa que ele não foi somente um visionário, mas também foi um fundador, uma
vez que suas idéias foram lidas e estudadas por uma série de pesquisadores que colaboraram
58
no processo de desenvolvimento dos meios de comunicação eletrônicos12. Mc Luhan acredita que uma mudança no meio tem consequências em todo o tecido social, nesse sentido,
"o meio é a mensagem", como explica no seguinte parágrafo:
"Numa cultura como a nossa, há muito acostumada a dividir e estilhaçar todas as
coisas como meio de controlá-las, não deixa, às vezes, de ser um tanto chocante
lembrar que, para efeitos práticos e operacionais, o meio é a mensagem. Isto apenas significa que as consequências sociais e pessoais de qualquer meio — ou seja,
de qualquer uma das extensões de nós mesmos — constituem o resultado do
novo estalão introduzido em nossas vidas por uma nova tecnologia ou extensão
de nós mesmos. " (OSMC pg 21)
ou ainda:
"O meio é a mensagem" significa, em termos da era eletrônica, que já se criou um
ambiente totalmente novo. O "conteúdo" deste novo ambiente é o velho ambiente mecanizado da era industrial. O novo ambiente reprocessa o velho tão radicalmente como a TV está reprocessando o cinema. Pois o conteúdo da TV é o cinema.
(McLuhan, 1964 pg 11)
O momento vivido por McLuhan: a formação da cultura de massas e o domínio da televisão, era somente um passo do que ainda estava por vir. Agora, da mesma forma que a TV
reprocessou o cinema, a internet reprocessa a TV, e vai muito além disso, reprocessando
também todas os outros meios de comunicação anteriores num só. A interatividade que
ela proporciona é um passo muito além da TV, do rádio e do cinema, é a possibilidade de
comunicação instantânea através de longas distâncias, já anunciada pelo telefone, ampliada
para abrigar todas as vantagens e potencialidades da cultura escrita, como a possibilidade
de durar para além de seu instante.
O conteúdo de um meio, diz McLuhan (1964), "é sempre outro meio ou veículo" assim,
como "o conteúdo da escrita é a fala", e "a palavra escrita é o conteúdo da imprensa". O conteúdo da internet, é, por sua vez, o conteúdo de todas as formas de comunicação anteriores:
a fala, a escrita, a imprensa, a arte, a televisão e a música. A "mensagem" de um meio ou
tecnologia, por sua vez, é nas palavras dele "a mudança de escala, cadência ou padrão que
12 O próprio Alan Kay, pesquisador do pioneiro laboratório da Xerox Park, em Palo Alto, e inventor o primeiro computador portátil fairma no livro de Bill Moggridge “Design Interactions”, que se sentiu inpirado
por McLuhan a pensar no computador como um meio de comunicação verdadeiramente novo. (Moggridge,
2007 p 159)
59
esse meio ou tecnologia introduz nas coisas humanas" e no caso da internet, a mudança de
escala foi radical, unindo, não o mundo todo, mas todas as partes dele onde tenha eletricidade e/ou rede de telefone, numa única rede13.
A televisão já tinha consagrado a cultura de massas, mas com a internet — principalmente
após a web 2.0, fenômeno que trataremos mais adiante — as massas já não são mais somente contemplativas, e passam a se tornar agentes: elas tem o poder de fazer sua própria programação, tem o poder de respoder e intervir sobre as notícias, e de escolher entre infinitos
"canais". A indústria cultural deixa de ser dividida entre produtores e consumidores, inaugurando uma era onde todos indivíduos, produtores em potencial, passam a ter acesso meios
de produção culturais. Com a internet, a eletricidade já não é mais uma extensão somente
do nosso sistema nervoso, mas também a extensão de vários sentidos — tato, audição, visão,
fala — de várias pessoas interconectadas. É um sistema nervoso coletivo, um passo a mais
nunca vivido na história da cultura humana.
A rede permite o acesso a um volume de informações colossal: a coisas que só existiam
em acervos pessoais, a vídeos que já passaram há muito tempo na televisão, a documentos
que antes eram praticamente inacessíveis, a um sem número de gravações musicais. E esse
volume de informação só tende a aumentar mais e mais, de acordo com uma tendência que
tem se mantido de aumento preogressivo da capacidade e velocidade dos computadores14.
É certo que o amplo acesso a esse oceano de informações, de possibilidades e de indivíduos
terá efeitos sobre toda organização social, sobre a política e a sobre a civilização como um
todo. Fatos objetivos como esses criam condições históricas sem precedentes, nunca imaginados por teóricos, revolucionários e políticos antes de seu advento. Quais efeitos serão, é
impossível de se determinar, mas alguns fatos objetivos já começam a ser observados, entre
eles, a formação de um mercado global de mão de obra, a decadência da televisão como
meio de comunicação predominante e a transformação da própria linguagem. O próprio
McLuhan constatou:
13 Na realidade, a China tem um controle de acesso à internet controlado por um bloqueio central, conhecido como “a grande muralha digital”. Alguns países muito pequenos e subdesenvolvidos também não
têm acesso á rede, assim como a Coréia do Norte, que como a China, também é controlada por um regime
autoritário (fonte http://www.internetworldstats.com)
14 A lei de Moore diz que a capacidade de processamento dos computadores cresce exponencialmente,
dobrando a aproximadamente cada dois anos. Kuzweill, 1999
60
Os novos meios e tecnologias pelos quais nos ampliamos e prolongamos constituem vastas cirurgias coletivas levadas a efeito no corpo social com o mais completo desdém pelos anestésicos. Se as intervenções se impõem, a inevitabilidade
de contaminar todo o sistema tem de ser levada em conta. Ao se operar uma sociedade com uma nova tecnologia, a área que sofre a incisão não é a mais afetada.
O sistema inteiro é que muda [grifo nosso].
É um momento aonde os produtos cuturais estão se desmaterializando, e com ele, conceitos
solidamente edificados ao longo de séculos de desenvolvimento da mídia impressa começam a ser questionados, como o conceito da propriedade intelectual, dos direitos autorais.
É muito fácil se tornar um criminoso quando se está sozinho na frente de uma tela, é muito
fácil roubar algo que se pode ser multiplicado infinitamente.
Qualquer suposição sobre as influências que a internet pode ter nas demais partes do sistema pode ser arriscada, mas podemos estudar as transformações ocorridas na história da
humanidade com o surgimento de cada novo meio, desde os primórdios, para entender
como eles afetaram a sociedade no seu tempo. Assim, começaremos este trabalho com uma
breve história da tecnologia da comunicação, desde a escrita, até o momento presente, para
entender os agentes que trouxeram a tecnologia até o seu estágio atual. Além de compreender as mudanças que o desenvolvimento de cada meio causou na sociedade, é importante
fazermos essa retrospectiva também para entender a diferença entre a escala e a velocidade
das mudanças anteriores e a da que estamos vivendo agora, que teve uma propagação e
disseminação sem precedentes na história.
Para fazer essa pesquisa, além da leitura de McLuhan, procuramos outros historiadores da
comunicação visual, como Richard Rollins e Allain Weill, que traçam, principalmente, um
desenvolvimento das linguagens do design gráfico ao longo do tempo, e Philip Meggs, que
traça um bom quadro do desenvolvimento tecnológico da comunicação até a revolução
industrial. Além desses teóricos, procuramos também estudar autores que buscaram traçar um desenvolvimento das tecnologias que acomapanharam a humanidade, como Trevor
Williams, Alexander Hellemans e Bryan Bunch, além de uma historiografia do desenvolvimento da informática, através do trabalho de autores como Howard Reinghold, Bill Moggridge — que traçou um bom panorama do desenvolvimento do design de interações, atra-
61
vés de entrevistas com vários dos agentes envolvidos nesse processo — e Manuel Castells,
um teórico que se também se dedicou ao estudo desse novo meio.
A forma da Rede: forma aparente e forma oculta
Poderíamos estudar vários aspectos da rede: aspectos econômicos, sociológicos, influências
psicológicas da rede, centenas ou milhares de aspectos que a rede possui, mas por estarmos
inseridos dentro do campo disciplinar da comunicação visual, e dentro ainda da Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo, é interessante que o tema central desse trabalho seja a internet
sob um ponto de vista específico: o da sua forma. Apesar de sabermos que forma e conteúdo se relacionam, a forma, mais do que o conteúdo, será nosso objeto de pesquisa. Assim,
as partes seguintes desse trabalho serão divididas no sentido de estudar dois aspectos dessa
forma: a forma aparente, e o que chamamos aqui de "forma oculta".
A forma aparente é, a grosso modo, a interface: é a forma com que os sites de internet se
mostram para o mundo; e nessa parte do trabalho, nos dedicaremos a estudar aspectos relacionados ao design gráfico, como a relação entre design gráfico e design digital, a linguagem
do design gráfico, e questões que se colocam com relação à interface, como a usabilidade.
Além disso também faremos uma análise sobre a estética que surge agora em uma escala
global.
O que estamos chamando aqui de "forma oculta", é na verdade a estrutura dos sites de
internet. Sabemos que as páginas da web se estruturam a partir de códigos, e iremos nos
dedidicar com mais atenção a essa forma oculta, que é construída a partir de uma série
de linguagens e recursos de informática, e estudaremos possibilidades novas surgidas nos
últimos anos com o desenvolvimento da rede, baseadas na possibilidade de multiplicação e
alteração dos códigos, como customizações e mashups.
A Forma Aparente
Para estudar a "forma aparente", primeiramente, estudaremos a própria linguagem do design gráfico e seus elementos básicos e constitutivos: cor, linha, plano, forma, tipo, disposição, entre outros. Estudaremos também nesse capítulo formas de expressão gráfica através
do uso desses elementos, tal como estudadas por Donis A. Dondis no livro "Sintaxe da Linguagem Visual". Além disso, usaremos como base outros livros teóricos de design gráfico,
como Design e Comunicação Visual, de Bruno Munari.
62
http://pravida.org/capital.html, forma aparente e forma oculta
Depois, estudaremos brevemente as transformações ocorridas no campo do design gráfico até o design digital, e como o computador mudou as tarefas do designer ao longo do
seu desenvolvimento. Mesmo antes da Rede, o computador já tinha se tornado a principal ferramenta para a produção gráfica impressa, e tinha revolucionado todas as etapas da
produção, desde a escrita, com a invenção dos processadores de texto, a produção gráfica,
imensamente facilitada através de programas de edição de fotografias como photoshop e de
desenho vetorial como o Corel Draw, a diagramação, feita com programas específicos para
composição de textos como o PageMaker e até a impressão de fotolitos, feita diretamente a
partir de arquivos digitais.
O uso do computador como ferramenta nas artes gráficas foi uma nova revolução estética
nas páginas impressas: multiplicou a disponibilidade de fontes tipográficas e ampliou o repertório da linguagem gráfica, facilitando a realização de efeitos especiais, as sobreposições
de elementos, criando novas possibilidades de disposição e orientação, facilitando o recorte
e a fotomontagem, ampliando as possibilidades de simulação 3D, facilitando recursos de
63
tratamento de imagens, reduzindo o custo da realização de testes e simulações e sobretudo
aliviando o peso do erro, com a possibilidade de se desfazer o que foi feito, só para enumerar alguns entre vários recursos proporcionados pela inclusão dessa nova ferramenta.
Para isso, usaremos como bibliografia também livros teóricos de design gráfico, mas que
já tem essa perspectiva do computador com ferramenta, como: Graphic Design Basics, de
Amy Arntson, Design Basics, de David Laurer e Stephen Pentak, e Novos Fundamentos do
Design, de Ellen Lupton
Como a forma aparente, na internet, é a interface, estudaremos também o conceito de interface gráfica do usuário (GUI), sua relação com outras formas de interface existentes, como
a baseada em linha de comando, dando atenção especial a uma questão ligada ao desenvolvimento de interfaces, que é a usabilidade: uma palavra que é repetida à exaustão por
vários experts e agentes envolvidos na construção e planejamento de websites. Usabilidade,
ou design centrado no usuário, é um campo disciplinar que determinou toda uma metodologia para o desenvolvimento de websites, e nesse campo, é importante a leitura de Jakob
Nielsen — chamado de "guru da usabilidade" — e Don Norman, dois dos principais agentes
na formação e difusão desse conceito, que publicam constantemente pesquisas sobre aspectos relacionados a relação entre a tecnologia e os usuários.
Uma vez tendo estudado uma metodologia para o projeto de websites, procuraremos estudar mais especificamente as potencialidades e restrições que a internet tem em relação aos
meios anteriores com relação aos aspectos gráficos, e daí partiremos para o último capítulo
desta parta, aonde faremos uma análise estética da rede, que tem se configurado como uma
estética de escala global, aonde diferenças regionais e identidades nacionais são minimizadas, e é muito difícil reconhecer onde é feito, hospedado ou administrado determinado
site15. Reuniremos nesse capítulo também, alguns elementos dessa linguagem global, que
no momento atual aparecem em uma série de websites, como a tendência de uso de cantos
arredondados, degradés, e a simulação de sombras e volumes, chamados por alguns de
“modismos” ou clichés.
15 As vezes é possivel se reconhecer a localidade de um site pela língua, e às vezes também pelo domínio,
como .com.br indica um site brasileiro, mas nada imepede um site brasileiro de ser hospedado em um
servidor americano, ou até de trinidade tobago, logo nem o domínio pode ser considerado como fonte de
origem confiável.
64
A Forma Oculta
Tendo passado pelos elementos que contituem a forma aparente, é o momento de nos enveredarmos pelo que estamos chamando de "forma oculta": as tecnologias, protocolos e
linguagens que servem de estrutura para a Rede.
Nesse sentido, começaremos por conceitos básicos de comunicação entre máquinas: impulsos elétricos, a noção de bit e byte, o sistema binário e suas vantagens em relação ao sistema
analógico. A partir disso, iremos avançar sobre a comunicação mais específica da internet:
a definição de rede de computadores, os protocolos de comunicação entre computadores, a
noção de endereçamento, de domínio, e o sistema de transferência de arquivos — os fundamentos da rede.
Depois de ter estudado esses procedimentos mais básicos, passaremos para a definição de
conceitos de linguagens de programação, de marcação e de script, e apresentaremos exemplos de algumas linguagens mais comumente utilizados. Neste ponto, estudaremos também
a diferença entre linguagens de baixo nível — as linguagens de máquina — e as linguagens
de alto-nível — que os homens conseguem entender.
A partir disso, nos dedicaremos a estudar mais profundamente o ambiente de desenvolvimento das páginas da Rede: primeiro estudaremos o processo de produção de websites,
que pode ocorrer de inúmeras maneiras diferentes, dependendo do porte do trabalho, do
orçamento do cliente e da formação das equipes. O processo de produção de um site inclui
vários trabalhos diferentes; por exemplo: a definição da estrutura do site (wireframe), a
execução do layout, a programação da interface (HTML e CSS) e a estrutura de banco de
dados (programação em php e MySQL por exemplo). Em alguns casos, um só profissional
acumula todas as funções, em outros casos, cada etapa é feita por um profissional diferente
e além disso, pessoas podem acumular algumas dessas funções em combinações diferentes.
Nesse ponto, daremos atenção especial para o papel do designer neste processo produtivo.
O designer não precisa ter domínio total de programação, mas é interessante que ele tenha,
pelo menos, alguma noção da organização geral do sistema, do contrário, ele é como um
arquiteto antes dos modernos: um mero desenhista de fachadas. Nesse capítulo trataremos
65
também das possibilidades de abordagem com relação ao código: escrevê-lo a mão ou utilizar um editor visual.
Tendo as bases mais fundamentadas, partiremos então para um estudo mais específico
de algumas das principais linguagens utilizadas na internet. Para começar, o HTML, ou
Hypertext Markup Language, que é uma linguagem que estrutura os elementos de uma página a partir de definições de semânticas, diferenciando, por exemplo, o que é um parágrafo
do que é uma imagem, do que é uma tabela, e assim por diante e é uma linguagem que tem
algumas características peculiares, definidas pelo projeto da rede, e que é fundamental para
a configuração de algumas características da rede, como a abertura, a permeabilidade e a
navegabilidade.
Estudaremos também a linguagem chamada de CSS ou Cascading Style Sheets, que é a responsável por dar forma ao HTML, através de definições de aparência, como cor, tamanho,
posição, fundo, entre várias outras. O CSS é a transformação dos elementos da linguagem
do design gráfico em linguagem funcional, textual, com algumas restrições impostas pelo
meio e pelo seu estágio de desenvolvimento.
Depois avançaremos para o estudo do JavaScript, que é uma linguagem que permite a manipulação direta dos elementos de uma página, permitindo animações, personalizações, e
interações mais avançadas. E junto ao JavaScript estudaremos o Ajax, que é uma nova forma de se usar HTML, CSS e JavaScript, que permite atualizações dinâmicas sem o recarregamento das páginas.
No capítulo seguinte, passaremos a estudar as tecnologias que permitem o processamento
de scripts no servidor, que permitem a construção de aplicativos web, a atualização automática, a geração de conteúdo para o usuário, e a integração entre as páginas da rede com
bancos de dados, que são a base do que se chama de web 2.0. Com isso, poderemos estudar
também os chamados CMSs (Content Management Systems, Sistemas de Gerenciamento
de Conteúdo), que são aplicativos que podem ser projetados ou encontrados prontos para
utilização, e em muitos casos com distribuição livre, que já contém uma solução pronta
de código que pode ser instalada, adaptada e utilizada pelos designers, programadores ou
produtores de conteúdo para criação de um site. Os CMSs e bilbiotecas de código abrem
66
também uma nova perspectiva para o mercado de trabalho e a prática profissional, que é a
customização e a criação de aplicativos baseados em dados de terceiros.
Nessa parte do trabalho, a intenção não é se aprofundar exaustivamente sobre cada um
desses pontos, já que existe uma abundância de livros técnicos sobre cada um deles mas
apresentar considerações gerais e familiarizar o leitor com a forma-código. Para uma compreensão mais abrangente, indicaremos em cada tema alguns desses livros técnicos que
usaremos para embasar as informações apresentadas, e que mergulham mais profundamente em cada técnica ou tecnologia. A intenção não é dar o domínio total sobre tudo isso
que foi introduzido, mesmo porque não seria possível com o trabalho de uma pessoa nesse
período de tempo, mas sim dar um panorama geral que poderá auxiliar quem quiser um
domínio maior sobre o código, ou sobre a estrutura, em particular os designers. A ideia é
ajudar aqueles que desejarem escolher um caminho de aprendizado por esse imenso mar
de possibilidades.
O Espírito do tempo
Como o objetivo principal desse trabalho é o de dar um panorama geral, tanto histórico
como técnico e teórico do design de interfaces para web e da internet no que se refere à
forma, é um trabalho que não tem uma conclusão propriamente dita, uma vez que cada
aspecto estudado já tem em si as suas conclusões. Sendo assim, encerraremos este trabalho
não com uma conclusão, mas com algumas considerações finais, aonde iremos retomar
algumas questões apontadas ao longo do trabalho e tentar compreender mais precisamente
algumas transformações políticas, sociais e econômicas decorrentes dessa transformação
nos meios de comunicação. Considerações sobre o Espírito do Tempo.
Começaremos essas considerações com um questionamento sobre a relação entre design
e programação, e entre arte e técnica, e várias potencialidades latentes dessa relação. Citaremos também experiências práticas que vêm se desenvolvendo no sentido de aproximar
essas duas disciplinas.
Numa segunda parte, trataremos das questões surgidas em decorrência da popularização e
difusão do que se chama de web 2.0, a web dinâmica criada a partir de conteúdo gerado por
usuários. São ferramentas que permitem a organização de comunidades virtuais, de novas
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formas de comunicação, de propagação de material produzido, e também de larga difusão
de produtos culturais oriundos de outros meios de comunicação e de outros tempos históricos. Além de todas as possibilidades surgidas desse novo formato, existem também uma
série de questões delicadas que surgem como consequência disso, que iremos tratar nesta
parte.
Por fim, concluiremos essa dissertação com considerações sobre esse novo campo disciplinar, relacionando autores e disciplinas que ela engloba, e dando uma perspectiva de como
o design gráfico pode ser inserido dentro dele. A rede é um espaço muito amplo, e com
múltiplos aspectos e consequências sociais. Um estudo aprofundado sobre ela não pode
ser fruto de uma pesquisa individual, mas deve ser resultado de esforços de uma série de
pesquisadores, em uma série de campos diferentes do conhecimento humano.
O desejo que moveu essa pesquisa era o de conhecer mais a fundo o universo desse meio,
e por isso optamos por não manter um foco muito definido, e sim pairar por um amplo
espectro de possibilidades. A consequência dessa abordagem é que nenhum tema tratado
se esgota nessa pesquisa, mas ao mesmo tempo, ela dá indícios de vários temas que poderão ser tratados mais profundamente por qualquer pesquisador que se sinta estimulado em
explorar este tema tão desafiador.

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