Leia na íntegra o discurso do Chefe de Estado
Transcrição
Leia na íntegra o discurso do Chefe de Estado
FADM: O orgulho de ser herdeiro de valores nobres e continuador de causas justas Comunicação de Sua Excelência Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de Moçambique, Presidente da República e Comandante-Chefe das Forças Armadas de Moçambique, na cerimónia das celebrações do jubileu de Ouro das Forças Armadas de Defesa de Moçambique. Zimpeto, 25 de Setemrbo de 2014 1 Queremos saudar e agradecer os organizadores desta cerimónia por nos terem abrilhantado com importantes páginas da nossa História. v A História que nos fez; v A História que fizemos; v A História que estamos a fazer, no quotidiano. Descortinámos, através das actividades que aqui foram exibidas, a ligação entre a resistência dos nossos antepassados ao invasor colonial e a prontidão combativa das Forças Armadas de Defesa de Moçambique. Testemunhamos como o desfile de crianças, artistas, Veteranos da Luta de Libertação Nacional, Prestadores do Serviço Cívico de Moçambique e membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique apresentou-se como uma das correias de transmissão de valores que nos projectam como Pátria de Heróis. Muito obrigado a todos por estas lições de História, de auto-estima, de Unidade Nacional, da Paz e da projecção do progresso da nossa Pátria Amada. Muito obrigado Ministério da Defesa Nacional, Estado Maior General, Comandantes dos Ramos, Oficiais Generais, Oficiais Superiores, Oficiais Subalternos, Sargentos e Praças pela demonstração da prontidão combativa das Forças Armadas de Defesa de Moçambique. Minhas Senhoras e Meus Senhores, A História é como um rio que segue, impertubável, o seu curso. Para esse efeito e para os propósitos por ele próprio definidos, o rio pode criar afluentes, abrir novos leitos e mesmo abandonar 2 o conforto do seu leito para se espalhar pelas planícies como, aliás, muitos dos nossos rios têm feito, muitas vezes provocando a morte e a destruição, mas cada vez mais, e graças às nossas acções de prevenção e resiliência, irrigando os solos para a nossa própria prosperidade. São assim os rios, é assim a História na sua marcha soberana pelos tempos e através das sociedades humanas. Todavia, há momentos em que os acontecimentos se densificam e conferem à História novos ritmos, conteúdos e direcção. Esses momentos são protagonizados por homens e mulheres de fibra, honra e glória. São homens e mulheres que sonham e compenetramse do imperativo de que podem e devem assumir um papel preponderante na mudança do rumo da História, o mesmo que acontece quando o engenho humano constrói uma barragem que altera o curso natural do rio. São homens e mulheres que tiveram um apurado sentido do seu próprio devir e clareza do sentido e pertinência do chamamento da nossa Pátria Amada, ocupada, oprimida e explorada. A 25 de Junho de 1962 esses homens e mulheres de fibra, honra e glória decidiram fazer das suas respectivas biografias a vanguarda e a lanterna da luta pela nossa liberdade e independência. O 25 de Junho de 1962 não fez Moçambique porque este já existia como possibilidade. As condições dessa possibilidade foram os acasos históricos que permitiram que vivêssemos experiências comuns de humilhação, exploração e sofrimento nas mãos de invasores externos e de 3 sistemas económicos que nos foram impostos de fora para nos retirar do curso em que a História nos tinha colocado, como nos recordaram as danças guerreiras aqui exibidas. Com a sua auto-estima, determinação e sentido patriótico, esses homens e mulheres nacionalistas recusaram o que a História colonial lhes tinha pré-destinado, juntando-se, sob a liderança do Arquitecto da Unidade Nacional, Eduardo Chivambo Mondlane, como um só Povo, como uma só força, para contrariar o roteiro que a implacabilidade da opressão e da humilhação coloniais impunham a todos nós moçambicanos. A administração colonial subestimou a nossa decisão, o nosso clamor e vontade de liberdade e independência, recusando colocar ponto final ao problema colonial. O 25 de Setembro de 1964 foi a nossa resposta estruturada a essa recusa obstinada das autoridades coloniais de reconhecer o nosso direito inalienável à liberdade e independência. Era a nossa resposta firme aos massacres com que respondia ao nosso clamor contra as injustiças, a humilhação e a exploração desenfreada dos nossos recursos, cujo resultado era o crescente empobrecimento do nosso Moçambique. O 25 de Setembro 1964 foi, nestas circunstâncias, a decisão que viabilizou o 25 de Junho de 1962, o projecto de Estado que se consumou a 25 de Junho de 1975 com o desfraldar para sempre, da nossa bandeira multicolor. 4 O 25 de Setembro de 1964 foi um importante passo na mudança, pelos moçambicanos, do rumo da História do seu Moçambique. Nessa data, vincamos, de forma mais audível, perante África e o Mundo, a nossa vontade e determinação de sermos uma nação livre, independente e soberana. O 25 de Setembro de 1964 é o dia em que o Moçambique que nascera a 25 de Junho de 1962, ganhou uma nova configuração, mais cristalina, reluzindo, mais ainda, nos nossos corações. Com o 25 de Setembro de 1964 a Nação Moçambicana, rica na sua diversidade, ganhou maior conteúdo e consistência. Ela consolidouse como uma meta a alcançar, primeiro como liberdade do jugo colonial, e depois como progresso e bem-estar em termos por nós próprios definidos. O 25 de Setembro de 1964 é uma data empolgante no processo de construção de Moçambique como nação. v Não é a violência que nos foi imposta pelo colonizador que faz do 25 de Setembro empolgante. v Não é apenas a valentia dos homens e mulheres que deram as suas vidas pela causa proclamada a 25 de Junho de 1962 que faz do 25 de Setembro de 1964 empolgante. v Não são apenas os sacrifícios que a Geração do 25 de Setembro consentiu para que o sonho de liberdade, anunciado a 25 de Junho de 1962, que faz do 25 de Setembro empolgante. 5 O que faz do 25 de Setembro de 1964 empolgante é o facto de a Insurreição Geral Armada ter constituído o momento em que os moçambicanos consolidaram a consciência de comunhão de destino. Como proclamava nesse dia histórico o Presidente Eduardo Mondlane, o patrono da nossa nacionalidade, E NÓS CITAMOS, “O nosso combate não cessará senão com a liquidação total e completa do colonialismo português [...] reforcemos continuamente a nossa unidade, a união de todos os moçambicanos do Rovuma ao Maputo [...]” FIM DA CITAÇÃO. O dia 25 de Setembro de 1964 tornou Moçambique mais viável ainda como projecto e mais orgulhoso da valentia, heroicidade e bravura dos seus filhos que se predispuseram a ser mártires da sua libertação. São estes seus filhos, que elevaram bem alto a sua bandeira nas diferentes frentes em que se encontravam engajados: v Nas frentes de combate directo contra as forças de opressão; v nas masmorras da PIDE; v na frente clandestina; e v na frente diplomática. O 25 de Setembro de 1964 entra assim na nossa História como o momento da efervescência patriótica da nossa nacionalidade, que mais do que o documento que nos identifica como moçambicanos é a voz e o direito que temos de ocupar o nosso merecido lugar no concerto das nações. Minhas Senhoras e Meus Senhores, 6 O 25 de Setembro de 1964 foi protagonizado por um grupo de cerca de 250 guerrilheiros, esses heróis nesta Pátria de Heróis. Muito cedo, porém, multiplicaram-se e, em catadupa, porque a sua causa era a causa de um Povo, a causa do Povo Moçambicano. Disciplinadas, patrióticas e sempre amigas do nosso Povo e claras de quem era o seu inimigo, as Forças Populares de Libertação de Moçambique, de arma em punho, foram avançando em diferentes frentes, desferindo golpes mortais ao inimigo e fazendo sangrar a sua máquina de guerra até 7 de Setembro de 1974, o dia da nossa Vitória. Foi durante o processo da Luta de Libertação Nacional que as Forças Populares de Libertação de Moçambique consolidaram as relações de amizade com outros combatentes da região e de outras latitudes, aprofundando assim o seu sentido de solidariedade com a luta desses povos, à semelhança do que fazíamos na CONCP. Foi neste contexto que, sob a égide da FRELIMO, as FPLM desenvolveram relações de camaradagem com os guerrilheiros nacionalistas do ANC, do MPLA, da SWAPO, da ZANU e da ZAPU e, mais tarde, com as forças progressistas do Uganda, dirigidas pelo actual Presidente da República daquele País amigo, Yoweri Musseveni. Hoje, os valores identitários das Forças Populares de Libertação de Moçambique integram a matriz identitária das Forças Armadas de Defesa de Moçambique. Como o têm feito em outras ocasiões, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique voltaram hoje a demonstrar como se sentem orgulhosas herdeiras das honras e glórias do 25 de Setembro de 1964. Demonstraram isso durante o desfile, reafirmando o seu compromisso com a Unidade Nacional, a 7 Paz e o progresso na Nação Moçambicana. Demonstraram ainda a sua entrega a causas nobres e à consolidação das relações civismilitares. Queremos uma vez mais saudar as Forças Armadas de Defesa de Moçambique pelo 25 de Setembro, seu dia, o dia da celebração das Bodas de Ouro da sua ligação umbilical com o nosso Povo muito especial, o maravilhoso Povo Moçambicano. A terminar, sublinhamos, uma vez mais, que foi o 25 de Junho de 1962, temperado pelo 25 de Setembro de 1964 e por outras lutas de libertação nacional nas outras colónias portuguesas, de então, que produziram o 25 de Abril de 1974, um importante passo para a libertação do Povo Português do fascismo e da ditadura, bem como para a introdução da democracia multipartidária em Portugal. v Povo Moçambicano Unido do Rovuma ao Maputo hoye! v Unidade Nacional hoye! v Geração 25 de Setembro hoye! v Forças Armadas de Defesa de Moçambique hoye! Muito obrigado pela vossa atenção. 8
Documentos relacionados
História - UEM - Departamento de Admissão à Universidade
B. a construção da linha férrea Lourenço Marques – Transvaal (África do Sul) C. a construção dos portos de Lourenço Marques e Beira D. a construção da linha férrea de Lourenço Marques- Malvernia (f...
Leia mais