- Mestrado em Horticultura Irrigada

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- Mestrado em Horticultura Irrigada
i
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB)
Pró-reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-graduação (PPG)
Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS)
Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada – Mestrado (PPHI)
EDINEIDE ELIZA DE MAGALHÃES
IMPACTOS DE ALTERAÇÕES DA TEMPERATURA NA INFECÇÃO
DO OÍDIO EM CULTIVARES DE VIDEIRA (Vitis vinifera L.).
JUAZEIRO – BA
ii
2012
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB)
Pró-reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-graduação (PPG)
Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS)
Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada - Mestrado (PPHI)
EDINEIDE ELIZA DE MAGALHÃES
IMPACTOS DE ALTERAÇÕES DA TEMPERATURA NA INFECÇÃO DO OÍDIO
EM CULTIVARES DE VIDEIRA (Vitis vinifera L.).
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Horticultura Irrigada da Universidade do Estado da Bahia
(PPHI/UNEB/DTCS), como parte do requisito para a
obtenção do título de Mestre em Agronomia. Área de
Concentração: Horticultura Irrigada.
Orientadora: Prof. Dr.ª Ana Rosa Peixoto
Co-orientadora: Dr.ª Francislene Angelotti
JUAZEIRO-BA
iii
2012
FICHA CATALOGRÁFICA
Magalhães, Edineide Eliza de
Impactos de alterações da temperatura na infecção do oídio em cultivares de
videira (Vitis vinifera L.)./ Edineide Eliza de Magalhães. – Juazeiro, 2012.
58f.il
Bibliografia
Orientadora: Prof. Dr.ª Ana Rosa Peixoto
Co-orientadora: Dr.ª Francislene Angelotti
Dissertação (Mestrado em Horticultura Irrigada) – Universidade do Estado da
Bahia – Departamento de Tecnologia Ciências Sociais. Campus III, 2012.
1. Uva
2. Uva-doenças 3. Agricultura–Mudanças climáticas. I. Universidade
do Estado da Bahia II. Título
EDINEIDE ELIZA DE MAGALHÃES
CDD 634.82
iv
IMPACTOS DE ALTERAÇÕES DA TEMPERATURA NA INFECÇÃO DO OÍDIO
EM CULTIVARES DE VIDEIRA (Vitis vinifera L.).
Dissertação
apresentada
ao
Programa
de
Pós-
Graduação em Horticultura Irrigada da Universidade do
Estado da Bahia (PPHI/UNEB/DTCS), como parte do
requisito para a obtenção do título de Mestre em
Agronomia. Área de Concentração: Horticultura Irrigada.
Aprovada em: __/ __/______
Comissão Examinadora
__________________________________________
Prof. Dr.ª Ana Rosa Peixoto
Universidade do Estado da Bahia (DTCS / UNEB)
___________________________________________
Dr.ª Francislene Angelotti
Embrapa Semiárido
__________________________________________
Dr. Sérgio Oliveira Pinto de Queiroz
Universidade do Estado da Bahia (DTCS / UNEB)
v
OFEREÇO
À Dra. Fran Angelotti,
que foi incansável para a concretização deste trabalho.
...À Eliza Magalhães (irmã), Onofre e Neuza (pais), Thécio (esposo):
Por toda dedicação a mim nos momentos mais difíceis.
Por todo o amor incondicional.
Ao meu filho MIGUEL (ainda no ventre), o meu sonho, minha nova vida.
Aos amigos, que souberam me compreender em todos os momentos.
DEDICO
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus, presença constante, sempre que a fé fracassou, ele resgatou-me
para a vida;
À minha família, por estar ao meu lado em todos os momentos, pelo
incentivo, apoio e carinho (Eliza, Cléo, Rita, Néia, Maythê, Matheus, Luan, tia
Leuza, etc.);
À Universidade do Estado da Bahia e a turma do PPGHI 2010, pelos
momentos inesquecíveis!
À Dr.ª Ana Rosa Peixoto pela orientação e oportunidade;
À Dra. Francislene Angelotti, pela co-orientação, amizade, confiança,
motivação na realização deste trabalho, e toda equipe “Mudanças climáticas”;
Aos Coordenadores, funcionários e professores do PPGHI, em especial,
s
Drª Bárbara, Cristiane Paz e Lindete sabem transmitir valores humanos que vão
além do conhecimento científico; Bernardinho (Lab. Fito-UNEB), Selma, Carmen e
Ricardo;
À Embrapa Semiárido, funcionários, bolsistas e estagiários pela amizade
sincera e pelo auxílio na parte prática dos trabalhos (É difícil relacionar todos);
Aos pesquisadores das Embrapas Drs. Daniela Lopes (Sede) Wellington,
Juliana, Débora, Roseli, Gava, Paulo Ivan, Diógenes, Bárbara e Natoniel
(Semiárido), Flávia (Arroz e Feijão) pelo apoio e incentivo;
Aos amigos Heraldo, João Ricardo, Elenício, Oli, Zé, Yandra, Assis , Clétis,
Ângela, Eliene, Socorro, Roberta, Cherre, Marisa, Giselle, Laise, Jaime, Luizinha,
Darci Celestino (In memorian), Terezinha, Carol, Henri, Celiane, Josemar e tantos
outros, pelo incentivo e torcida.
Enfim, a todas as pessoas que compartilharam das minhas alegrias e
tristezas, neste longo período, pois as conquistas nunca são individuais.
vii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................ix
LISTA DE TABELAS .....................................................................................ix
RESUMO GERAL............................................................................................x
GENERAL ABSTRACT………….....................................................................xi
CAPITULO I – REVISÃO DE LITERATURA..................................................13
1. INTRODUÇÃO............................................................................................13
2. REVISÃO DE LITERATURA .....................................................................15
2.1 Mudanças climáticas...................................................................................15
2.2 Impactos da temperatura sobre problemas fitossanitários................18
2.3 A cultura da videira.................................................................................23
2.4 Oídio: Etiologia, sintomatologia, disseminação e controle................25
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................29
4. OBJETIVO..................................................................................................37
CAPÍTULO II...................................................................................................38
INFECÇÃO DE OÍDIO EM CULTIVARES DE VIDEIRA (Vitis spp.) SOB
DIFERENTES AUMENTOS DA TEMPERATURA DO AR.............................38
RESUMO ........................................................................................................39
ABSTRACT ....................................................................................................40
1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................41
2. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................42
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................45
4. CONCLUSÃO..............................................................................................50
AGRADECIMENTOS.......................................................................................50
viii
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................51
6. CONCLUSÕES GERAIS.............................................................................55
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Principais regiões brasileiras produtoras de uva..........................24
Figura 2
Germinação de conídios de O. tuckeri, obtidos de folhas de
videira naturalmente infectadas e submetidos à diferentes
temperaturas.................................................................................47
Figura 3
Efeito da temperatura no período latente de O. tuckeri, em mudas
de videira das cvs. ‘Alicante Bouschet’, ‘Crimson Seedless’ e
‘Thompson Seedless’...................................................................49
Figura 4
Severidade do oídio em mudas de videira, submetidas a
diferentes aumentos de temperatura. (A) Alicante Bouschet; (B)
Crimson Seedless; (C) Thompson Seedless................................48
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Reação de cultivares e da temperatura na severidade (%) do
oídio
da
videira,
causado
pelo
fungo
O.
tuckeri..........................................................................................49
x
RESUMO GERAL
A cultura da videira (Vitis spp.) é acometida por diversas doenças fúngicas que
pode causar prejuízos na produtividade de até 100%, se as condições climáticas
forem favoráveis, destacando-se a temperatura. Diante dos cenários climáticos
futuros, a temperatura do ar sofrerá aumentos, interferindo na distribuição
geográfica e temporal de doenças. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho
foi avaliar em condições controladas os impactos provocados pelas alterações de
temperaturas sobre a infecção do oídio da videira. Os experimentos foram
realizados em Petrolina-PE com mudas das cultivares ‘Crimson Seedless’,
‘Thompson Seedless’ e ‘Alicante Bouschet’, inoculadas com uma suspensão de
esporos na concentração de 10 5 esporos/mL + Tween 20 a 0,01%, por meio de
pulverização. O delineamento foi em blocos casualizado com três repetições,
cinco folhas por repetição. As mudas foram submetidas às temperaturas de 26,
28, 29.1, 30.4 e 31.8 oC, por 24 horas, fotoperíodo de 12 horas. O método
descrito foi utilizado também para a germinação in vitro de esporos. As
temperaturas foram selecionadas com base nos acréscimos de 2,0; 3,1; 4,4; e 5,8
o
C correspondente aos cenários climáticos futuros do Intergovernanmental Panel
on Climate Change ( IPCC) B1, B2, A2, A1FI, respectivamente, sobre a
temperatura média da região do Submédio do Vale do São Francisco (26 oC).
Posteriormente, as mudas foram mantidas a temperatura de 26 oC, por 24 horas e
encaminhadas para a casa de vegetação até a avaliação dos resultados. Dados
da severidade foram utilizados para avaliar a intensidade da doença nas folhas,
por meio de escala diagramática e o período latente, determinado pelo número de
dias entre a inoculação e a produção de esporos. Os resultados indicaram que
xi
temperaturas próximas a 28 ºC e fotoperíodo de 12 horas, com exposição inicial à
luz, determinaram o índice de germinação dos conídios. Os aumentos da
temperatura média do ar a partir de 26°C reduziu a severidade do oídio em mudas
de videira nas três cultivares, assim, pode determinar um cenário futuro diferente
do atual, na distribuição geográfica e temporal da doença.
GENERAL ABSTRACT
The culture of grapevine (Vitis spp.) Is affected by several fungal diseases that can
cause losses in productivity of up to 100%, if weather conditions are favorable,
especially temperature. In the face of future climate scenarios, the air temperature
increases suffer, affecting the geographical and temporal distribution of diseases.
Thus, the objective of this study was to evaluate under controlled conditions the
impacts caused by changes in temperature on the infection of powdery mildew of
the vine. The experiments were carried out in Petrolina-PE with seedlings of the
cultivar 'Crimson Seedless', 'Thompson Seedless' and 'Alicante Bouschet',
inoculated with a spore suspension at a concentration of 105 spores / ml + 0.01%
Tween 20 for means of spraying. The experimental design was randomized blocks
with three replications of five leaves per repetition. The seedlings were subjected
to temperatures of 26, 28, 29.1, 30.4 and 31.8 °C for 24 h, 12 h photoperiod. The
method described was also used for the in vitro germination of spores. The
temperatures were selected based on increments of 2.0, 3.1, 4.4, and 5.8 °C
corresponding to the future climate scenarios Intergovernanmental Panel on
Climate Change (IPCC) B1, B2, A2, A1FI, respectively, on the average
temperature in the region of the Lower Basin of the São Francisco (26 °C).
xii
Subsequently, the seedlings were kept at a temperature of 26 °C for 24 hou rs
and sent to the greenhouse to evaluate the results. Data of the severity were used
to evaluate the intensity of the disease on the leaves through diagrammatic and
the latent period, determined by the number of days after inoculation and
sporulation. The results indicated that temperatures around 28 ºC and photoperiod
of 12 hours, with initial exposure to light, determined the rate of spore germination.
The increases in average air temperature from 26 °C reduced the severity of
powdery mildew on grapevine in the three cultivars thus may determine a different
future from the current scenario, the geographic and temporal distribution of the
disease.
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CAPÍTULO I
REVISÃO DE LITERATURA
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, o cultivo da videira ocupa uma área de 81 mil hectares com
vinhedos desde o extremo Sul até regiões próximas à Linha do Equador. Duas
regiões se destacam: o Rio Grande do Sul, por contribuir com 692.692 toneladas
por ano, e o Submédio do Vale do São Francisco (VSF) com a produção de
246.818 toneladas. No VSF destacam-se as cidades de Petrolina-PE e JuazeiroBA, responsáveis por 95% das exportações de uvas finas de mesa (AGRIANUAL,
2011).
A produção de uvas depende diretamente dos fatores climáticos, como
temperatura, precipitação, radiação solar, umidade relativa, umidade do solo, etc.
Além de interferir no crescimento e desenvolvimento das plantas, o clima pode
determinar a predisposição da planta hospedeira à ocorrência de doenças (GHINI,
2005).
Segundo
o
Painel
Intergovernamental
de
Mudanças
Climáticas
-
Intergovernanmental Panel on Climate Change (IPCC) a temperatura média do
planeta poderá aumentar de 2 a 5,8ºC nos próximos 100 anos, dependendo do
esforço das nações para implementar políticas de mitigação de gases de efeito
estufa (IPCC, 2007). Desta maneira, os impactos do aumento da temperatura
poderá tornar a vitivinicultura ainda mais vulnerável à ocorrência de doenças da
videira. Isto porque, os fatores ambientais exercem um papel importante podendo
contribuir para aumentar ou limitar o desenvolvimento das doenças. Neste
14
contexto, importantes doenças podem se tornar secundárias se as condições
ambientes não forem favoráveis, ou doenças secundárias poderão se tornar
importantes (GHINI, 2005).
Essa dinâmica das doenças se deve ao fato da temperatura influenciar
diferentes componentes do ciclo dos patógenos como período de latência,
incubação e viabilidade de esporos (ANGELOTTI, 2011). Entretanto, poucos
estudos foram desenvolvidos sobre o efeito da temperatura sobre os problemas
fitossanitários da videira no VSF. A avaliação dos impactos de alterações da
temperatura requer conhecimentos sobre a interação do patógeno, planta
hospedeira e o ambiente (GARRET, 2006).
No VSF perdas significativas na produção ocorrem devido aos danos
causados pelo míldio, oídio e a ferrugem da videira (LIMA et al., 2009). O oídio da
videira pode ocorrer durante todo o ano, sendo mais expressiva nos meses de
agosto a dezembro em razão de longos períodos com umidade relativa do ar
entre 40 e 70% aliada às temperaturas entre 20-30 °C (ANGELOTTI et al., 2009).
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2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Mudanças climáticas
O IPCC (2007) define as mudanças climáticas como a “mudança do clima”
decorrente da variabilidade natural ou antrópica e os seus efeitos diretos ou
indiretos na composição da atmosfera global. Esse efeito cumulativo é apontado
como a principal causa do aquecimento global, em função da emissão contínua e
excessiva de poluentes atmosféricos.
A concentração dos gases, entretanto, foram os elementos que mais
contribuíram para a elevação da temperatura no planeta nos últimos 150 anos
intensificando o efeito estufa (BARROS, 2005). Desses, os principais são o
dióxido de carbono, óxido nitroso e o metano (IPCC, 2007). O aumento da
concentração destes gases ocorreu principalmente após a Revolução Industrial.
Esses resultados apresentaram no século XX um aumento na temperatura média
do planeta de 0,2 °C ± 6,0 °C (IPCC, 2001).
No Brasil, o aumento médio da temperatura no século XX ficou em torno de
0,75 °C (MARENGO et al., 2007) e ocorreu em todas as estações do ano
(HULME & SCHEARD, 1999). A estimativa baseada em modelos climáticos
globais revela que a temperatura média do ar continuará aumentando no País,
espera-se de 2 °C a 4 °C na temperatura média brasileira até o ano de 2080
(IPCC, 2007).
Além dos aumentos de temperatura, os eventos extremos climáticos e
hidrológicos têm sido observados nos últimos cinquenta anos, e projeções de
modelos climáticos indicam um cenário que irá aumentar esses eventos em
grandes áreas da região tropical (MARENGO, 2007).
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Contudo, o IPCC elaboraram cenários com base em projeções climáticas
globais até 2100, agrupados em quatro famílias A1, A2, B1 e B2, apresentando as
seguintes características:
A1 - Descreve um mundo futuro onde a globalização é dominante. O
crescimento econômico é rápido, mas o populacional é pequeno com um
desenvolvimento
rápido
de
tecnologias mais eficientes.
Apresenta
convergência econômica e cultural, com redução significativa em
diferenças regionais e renda per capita. Os indivíduos procuram riqueza
pessoal em lugar de qualidade ambiental. São três cenários: A1B – cenário
de estabilização; A1F – máximo uso de combustível fóssil; A1F – mínimo
uso de combustível fóssil.
A2 - Preconiza um mundo futuro muito homogêneo onde a regionalização é
dominante. Existiria um fortalecimento de identidades culturais regionais
com valores da família e tradições locais, alto crescimento populacional e
menor preocupação com o rápido desenvolvimento econômico.
B1 – Apresenta rápida mudança na estrutura econômica mundial com
introdução de tecnologias limpas, soluções globais e sustentabilidade
ambiental e social incluindo esforços combinados para o desenvolvimento
de tecnologia rápida.
B2 – As soluções são locais com sustentabilidade econômica, social e
ambiental. A mudança tecnológica é mais diversa e forte nas iniciativas
comunitárias e inovação social, ao invés de soluções globais.
As previsões sobre as mudanças climáticas têm despertado inúmeras
discussões em diferentes segmentos da sociedade, especialmente quanto às
suas causas e consequências (GHINI & HAMADA, 2008).
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De acordo com NOBRE (2008), o Brasil é um país fortemente vulnerável às
mudanças climáticas pela sua dependência de recursos naturais renováveis,
estando mais de 50% do PIB associados à agricultura e outros. Essa
dependência da economia com a variabilidade climática atual e seus extremos,
estará mais acentuada para os subdesenvolvidos, prevalecente em regiões do
Semiárido pelos possíveis impactos sobre os ecossistemas e a agricultura
(NOBRE et al. 2005), devido não somente as variações de temperatura como
também na precipitação, ventos e umidade (NOBRE et al. 2008).
Diante disso, as alterações podem afetar o ambiente físico e biológico
causando efeitos aditivos ou sinérgicos no ambiente, afetando os grupos de
organismos de diferentes formas (GHINI et al., 2011) e podem colocar em risco a
sustentabilidade dos agroecossistemas (GARRETT et al., 2009). Essas alterações
podem causar a sensibilidade das plantas à umidade e às respostas a patógenos
fúngicos e bacterianos, enquanto que o aumento da temperatura e tendência aos
períodos secos pode favorecer os insetos vetores e viroses (ANDERSON, 2004).
Segundo AGRIOS (2005) estima-se que as doenças interferem ou
destroem a produção em média de 36,5% em várias culturas no mundo,
contribuindo entre outros fatores ambientais, a temperatura. Dessa maneira,
estima-se que a atividade agrícola brasileira também será afetada pelo aumento
das temperaturas reduzindo as safras de grãos de R$ 7,4 bilhões já em 2020 e
poderá chegar a R$ 14 bilhões em 2070. Se não houver medidas mitigadoras
para adaptar às culturas elas podem migrar para outras regiões em busca de
melhores condições de produção (ASSAD et al. 2008).
No Nordeste brasileiro, os cenários futuros de clima sugerem que no pior
cenário de emissão de gases de efeito estufa, até o final do século XXI, em
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decorrência do aquecimento global, haverá um aumento da temperatura de 4 a 5
°C e a redução em até 40% das chuvas (MARENGO, 2008), sendo que a
precipitação pluviométrica é o fenômeno que apresenta o maior grau de incerteza
(IPCC, 2007).
Além disso, os estudos realizados por ANGELOTTI et al. (2007) na região
do VSF por meio da análise de séries históricas da temperatura, mostraram que
há uma tendência de aumento da temperatura do ar para a região nos próximos
40 anos.
2.2 Impactos da temperatura sobre problemas fitossanitários
O ambiente pode influenciar o crescimento e a suscetibilidade da planta
hospedeira, a multiplicação, a disseminação, a sobrevivência do patógeno e suas
interações. Assim, as mudanças climáticas representam uma importante ameaça
à agricultura, capaz de promover significativas alterações na ocorrência e
severidade de doenças de plantas (GHINI, 2005).
A ocorrência de doenças é resultado de uma complexa interação entre o
hospedeiro, o patógeno e o ambiente, sob a interferência humana (AGRIOS,
2005; BERGAMIN FILHO et al., 1995; AMORIM, 1995). Os principais fatores
ambientais que influenciam o desenvolvimento do hospedeiro e patógeno são: a
temperatura, a radiação solar, a umidade do ar, a chuva e o vento (BEDENDO,
1995).
A temperatura é um dos fatores abióticos que mais influencia no ciclo das
doenças, exercendo um papel fundamental desde a germinação dos esporos até
a esporulação e a sobrevivência dos esporos (ANGELOTTI, 2011), Assim, o
19
impacto sobre o ciclo do patógeno pode representar um dos principais efeitos
diretos da interferência climática (GHINI et al., 2011).
Por esse motivo, o impacto econômico poderá ser positivo, negativo ou
neutro, pois as alterações climáticas podem diminuir aumentar ou não ter efeito
sobre os diferentes patossistemas, em cada região (CHAKRABORTY, 2001).
Assim, as consequências podem ser econômicas, sociais e ambientais (GHINI,
2005). A análise desses efeitos pode atenuar o problema e os prejuízos futuros.
Os estudos sobre alterações de temperatura em problemas fitossanitários
têm
sido
desenvolvidos
em
diferentes
patossistemas,
explicando
o
comportamento da planta e patógeno, se efeitos negativos, permitindo o
desenvolvimento de medidas de controle eficientes no cenário de clima futuro
(ANGELOTTI, 2011).
ALVES et al. (2009) verificaram o efeito da temperatura no progresso da
severidade do oídio da soja e concluíram que o progresso máximo da doença na
cultivar Conquista.
Para Phythophthora capsici em pimentão, a doença exige períodos
prolongados de chuva e temperatura entre 22-28 °C, sendo que a temperatura
acima de 28 °C é desfavorável ao seu desenvolvimento. Desta forma, e diante
dos cenários futuros com temperaturas em torno de 28 a 34 °C, a ocorrência
desse patógeno poderá ser limitado (KOBORI, et al. 2008). Os riscos de
epidemias da ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi) também são
desfavoráveis às altas temperaturas, com redução no período latente e na
severidade da doença (DEL PONTE et al., 2008).
A importância da variação de temperatura no ciclo de infecção pode ser
observada em vários outros patógenos. Para Phythophthora infestans (requeima
20
batata) os esporângios são formados em temperatura em torno de 18-24 °C,
sendo que a temperatura acima de 30 °C inviabiliza a germinação dos esporos.
Assim, caso as previsões do aumento da temperatura global se concretizem,
afetará a incidência e severidade da doença, em regiões brasileiras de baixa
altitude, tornando-se inviável o plantio da batata. Além disso, terá o aumento da
incidência de outras doenças bióticas e abióticas prejudiciais a esta cultura
(LOPES et al., 2008).
Entretanto, no tomateiro, P. infestans causa grandes epidemias em
temperaturas entre12-18 °C com pelo menos 30 mm de chuva constante por 24
horas, germinando entre 12-25°C com umidade (> 90%), mas a 30 °C
praticamente inviabiliza o seu desenvolvimento (GIORIA et al., 2008). Deste
modo, os autores apresentam uma previsão até 2080 para as principais doenças
do tomateiro e consideram que as mudanças climáticas serão desfavoráveis para
a ocorrência de epidemias da requeima (P. infestans), murcha-de-verticilium
(Verticillium albo-atrum), podridão-de-esclerotinia (Sclerotinia sclerotiorum).
Em contraposição a essas doenças, os conídios do fungo Leveilula taurica,
oídio do tomateiro, germinam em temperatura de 26°C e umidade de 52-75% e o
desenvolvimento do patógeno é favorecido a 30°C. Nessas condições, os
cenários para 2080 apontam que em todas as regiões brasileiras, haverá maior
incidência e severidade da doença do que a situação atual, pela tendência do
aumento das temperaturas e menores precipitações. O mesmo poderá ocorrer
para a pinta-preta (Alternaria solani), a murcha-do-fusarium (Fusarium oxysporum
f. sp. lycopersici), a murcha-bacteriana (Ralstonia solanacearum) e
(GIORIA et al., 2008).
viroses
21
Para KUROZAWA et al. (2005), diante dos cenários futuros, se a
temperatura aumentar haverá um decréscimo na importância das viroses
transmitidas por afídios em mamoeiro, pepino, melancia e abobrinha. O período
seco e temperaturas amenas favorecem a sobrevivência e dispersão do Pulgão,
inseto vetor, que deverá reduzir sua população com o aumento da temperatura e
período chuvoso.
Outro exemplo de doença que poderá aumentar sua importância diante do
cenário futuro é a antracnose em curcubitáceas (Colletotrichum gloeosporioides
f.sp. cucurbitae). Os esporos germinam e coloniza o hospedeiro em temperaturas
entre 21 e 27°C e filme d’água que é determinante para a disseminação e
desenvolvimento da doença. Atualmente apresenta restrita importância, mas,
projeta-se um aumento significativo da doença com a ampliação e regularidade de
períodos chuvosos (GIORIA et al., 2008; KUROZAWA et al., 2005).
Na cultura do meloeiro, o clima do semiárido é pouco favorável à ocorrência
de doenças bacterianas, mas propício às viroses, devido à sobrevivência dos
vetores. Doenças fúngicas, como o oídio causado por Podosphaeria xanthii são
favorecido pelo clima quente, de ocorrência entre 10 a 32 °C, propágulos podem
permanecer viáveis até 38 °C (BRUNELLI et al. 2008).
Assim, a distribuição geográfica e temporal das doenças pode ser afetada,
muitos patógenos prevalecem somente em regiões que apresentam condições
ótimas e rápido desenvolvimento. Os dados obtidos sobre o efeito da temperatura
na infecção e desenvolvimento dos patógenos podem ser utilizados para a
elaboração e validação de mapas de distribuição geográfica e temporal das
doenças (ANGELOTTI, 2011).
22
Dessa maneira, GHINI et al. (2007) usando mapas de distribuição da
doença, confeccionados a partir dos cenários do IPCC, realizaram uma análise de
risco
das
mudanças
climáticas
sobre
a
sigatoka-negra
da
bananeira
(Mycosphaerella fijiensis). Os autores observaram uma redução na área favorável
à doença no Brasil, mais acentuada no cenário A2 que no B2. Embora que áreas
extensas ainda continuarão favoráveis à ocorrência da doença, principalmente no
período de novembro a abril corroborando com JESUS JÚNIOR et al. (2008).
Assim, com as informações de dados climáticos, GHINI et al. (2007)
avaliaram os impactos potenciais das mudanças climáticas sobre a distribuição
espacial de nematóides (raças de Meloidogyne incognita), e do bicho-mineiro
(Leucoptera coffeella) da cultura de café, constatando que poderá haver aumento
na infestação, tanto do nematóide quanto da praga, pelo maior número de
gerações (GHINI et al. 2008a). Nesse contexto, HAMADA et al. (2008) analisaram
o risco climático para o míldio da videira no Estado de São Paulo, caracterizando
de forma quantitativa, espacialmente e temporalmente a severidade da doença,
verificando que há uma variação de maior ou menor gravidade da doença entre
as regiões.
Contudo, a falta de séries históricas de problemas fitossanitários é uma das
causas para o pequeno número de casos comprovados. Já que alguns fatores
além do clima, como os tratos culturais, nutrição das plantas, cultivares utilizadas,
entre outros, influenciam nas flutuações das populações de patógenos e pragas,
impedindo uma correlação concreta entre as mudanças climáticas e os problemas
fitossanitários (GHINI et al., 2011).
23
2.3 A cultura da videira
A videira (Vitis spp.) é uma das plantas mais antigas e cultivadas
apresentando extraordinário progresso e difusão em todo o mundo, agregando
em sua história, tradições e religiões (LEÃO & POSSÍDEO, 2000). O gênero Vitis
da família Vitaceae, abrange dezenas de espécies, das quais as de origem
americana (Vitis labrusca L.) e européia (Vitis vinifera L.) se destacam pelo valor
econômico. As V. labrusca produz uvas rústicas, assim denominadas por
apresentarem maior resistência às doenças e apresentar menor exigência dos
tratos culturais. As V. vinifera, produz uvas finas de mesa, são mais suscetíveis às
doenças e exigem manejo específico (GIONANINI, 1999; SIMÃO, 1998).
No Brasil, a videira é cultivada em quase todo o território nacional, e está
entre as culturas de maior importância econômica do país. Os Estados de
Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul apresentam maiores produtividades (Figura 1).
24
Figura 1. Principais regiões brasileiras produtoras de uva (GARRIDO &
ANGELOTTI, 2011).
A produção brasileira em 2010 foi de 1.273.789 toneladas de uva, sendo a
região Sul a maior produtora (838.626 toneladas), com destaque para o Rio
Grande do Sul (692.692 toneladas), seguida pela região Nordeste, com uma
produção de 246.818 toneladas, destacando-se os estados de Pernambuco
(168.225 toneladas) e Bahia (78.593 toneladas) (AGRIANUAL, 2011).
Vale destacar que a maior parte da produção no Rio Grande do Sul é
destinada a elaboração de vinhos e outros derivados (IBRAVIN, 2012). Enquanto,
a produção de uvas finas de mesa ocorre principalmente nos Estados de
Pernambuco e Bahia (ARAÚJO, 2009).
A videira é originária de clima temperado, entretanto, estabeleceu-se com
sucesso na região Nordeste, em clima tropical, como alternativa de expressivo
25
valor econômico (POMMER et al., 2003; SENTELHAS, 1998), onde é possível a
realização de podas sucessivas, com dois ciclos vegetativos por ano (PROTAS et
al., 2012). Dentre as principais cultivares produzidas na região do VSF destacamse as cultivares apirências: Sugraone, Thompson Seedles, Crimson Seedless;
culivares com semente: Itália, Benitaka, Brasil; e as cultivares para a elaboração
de vinhos: Cabernet Sauvignon, Shiraz, Alicante Bouschet, Chenin Blanc,
Moscato Canelli (LEÃO et al., 2009).
As doenças das videiras brasileiras sugiram a partir do século XIX nas
importações de cultivares norte-americanas, as primeiras doenças registradas
foram
a antracnose, o míldio e o oídio. Entretanto, as grandes perdas em
decorrência dessas doenças ocorriam em viníferas européias (SOUZA, 1996).
Na região do VSF, a produção de até duas safras no ano aliada ao
manejo fitossanitário e materiais genéticos suscetíveis, têm intensificado a
ocorrência de doenças, sendo as principais doenças fúngicas da região: o oídio, o
míldio, a ferrugem da videira (LIMA et al., 2009).
2.4 . Oídio: Etiologia, sintomatologia, disseminação e controle.
O oídio da videira é uma doença, causada pelo fungo Uncinula necator
(Schw.) Burril, corresponde a fase sexuada e Oidium tuckeri na fase assexuada.
O fungo é um parasita biotrófico, ascomiceto pertencente à ordem Erysiphales.
Esta é a doença mais antiga da videira e foi registrada pela primeira vez
América do Norte em 1850, depois foi registrada também na Europa causando
severos prejuízos. Sugere-se que o patógeno foi introduzido através das castas
americanas e, atualmente está presente em todas as áreas vitivinícolas do mundo
(SOUZA, 1996).
26
No Brasil, a doença ocorre em todas as regiões produtoras de uva. Na
região Nordeste, a severidade da doença é mais intensa no período seco, que
favorece o desenvolvimento do patógeno, causando a perda da produção (LIMA
et al., 2009). Na região Sul, a alta frequência de chuvas diminui a favorabilidade
do patógeno (AMORIM & KUNIYUKI, 2005).
O fungo forma hifas hialinas na superfície do hospedeiro e desenvolve
apressórios, a partir dos quais causam a infecção. Após a penetração da cutícula
e da parede celular, haustórios globosos são formados dentro das células da
epiderme. Os conidióforos formados perpendicularmente às hifas originam
conídios hialinos formados em cadeia ou cleistotécios, estruturas de frutificação,
que germinam e fornecem o inóculo primário para a infecção. Em condições de
campo, essas cadeias são curtas, com três a cinco esporos. A disseminação é
feita preferencialmente, pelo vento (AMORIM & KUNIYUKI, 1997).
A ocorrência do oídio é caracterizada pela infecção de todos os órgãos
verdes da planta, como folhas, pecíolos, inflorescências e frutos. O fungo penetra
apenas nas células da epiderme, através da emissão de haustórios, a fim de
retirar os nutrientes necessários a sua sobrevivência. Entretanto, as células
vizinhas infectadas tornam-se necróticas e os sintomas podem ser observados
por meio de uma massa pulverulenta de coloração branco-acinzentada, formado
pelo micélio e conídios superficiais. Além desses sinais do patógeno, nas folhas
novas pode ocorrer murcha do limbo e deformações, reduzindo a área
fotossintética. Nos cachos, em ataque precoce, provoca o abortamento das flores,
não permitindo a frutificação. Nas bagas, ainda em desenvolvimento, o fungo
paralisa o crescimento e provoca a queda prematura do fruto. Em bagas maiores,
a doença provoca o crescimento desigual entre a casca parasitada e a polpa
27
intacta, causando rachaduras. Nesta situação, elas secam ou apodrecem,
podendo ser parasitadas por fungos oportunistas. As manchas causadas são
irreversíveis e depreciam a qualidade do fruto (AMORIM & KUNIYUKI, 1997).
A sobrevivência do fungo ocorre na forma de micélio dormente, no interior
das gemas ou escamas dos ramos de videira de um ano para outro, ou como
cleistotécios, fase perfeita do fungo. No Brasil, a sobrevivência pelo micélio é mais
importante. Em condições favoráveis, o micélio dormente do fungo é reativado e
produz numerosos conídios (AMORIM & KUNIYUKI, 1997).
A doença desenvolve-se em umidade de 40 - 60% e temperatura de 7 a 33
ºC, sendo mais favorável entre 20 e 27 ºC para infecção e colonização (KIMATI &
GALLI, 1997). Temperaturas acima de 35 °C inibem o desenvolvimento da
doença. A presença de água livre também é desfavorável para a germinação dos
conídios, pois a água retira os esporos e a massa micelial da superfície do
hospedeiro (GRIGOLETTI JÚNIOR & SÔNEGO, 1993; PEARSON & GOHEEN,
1994; AMORIM & KUNIYUKI, 1997; DIAS et al., 1998).
Na região irrigada do VSF as condições favoráveis de temperatura fica em
torno de 27ºC para a incidência da doença (LIMA et al., 2009; TAVARES & CRUZ,
2002) que pode ocorrer durante todo o ano, sendo que o período de maior
favorabilidade para a doença é no segundo semestre, devido principalmente à
ocorrência de temperatura entre 20 e 30°C e umidade relativa entre 40 e 70%
(ANGELOTTI, 2009b).
O controle do oídio deve ser realizado de forma preventiva, principalmente
da fase vegetativa até a frutificação,
período em que às plantas estão mais
vulneráveis ao patógeno. Algumas práticas culturais são importantes para reduzir
a fonte primária do inóculo. Tais como a eliminação do córtex na fase de repouso,
28
remoção dos restos de cultura resultantes da poda, instalação do vinhedo em
lugares com boa luminosidade e circulação de ar, monitoramento do parreiral para
detecção de focos iniciais da infecção e escalonamento das podas de produção,
evitando a disseminação de propágulos do fungo das áreas infectadas para os
talhões podados (LIMA et al., 2009).
Contudo, o controle químico é o método mais estudado e utilizado para
esta doença, devido o efeito rápido sobre o patógeno, seja como medida
preventiva ou curativa. O fungicida à base de enxofre é o mais utilizado por ser
efetivo e de baixo custo. Mas, não deve ser aplicado quando a temperatura do ar
for inferior a 18°C, pois a sua eficácia é reduzida ou superior a 30°C, devido a sua
ação fitotóxica (AMORIM & KUNIYUKI, 2005). Mas há fungicidas com outros
princípios ativos com registro para a doença, como os triazóis (cyproconazole,
triadimefon, tebuconazole, difeconazole) quinixalina, fenarimol, tiofanato metílico,
imidazol e cresoxim-metílico (AGROFIT, 2012). É recomendada a alternância de
produtos e a frequência de aplicação vai variar com a época sazonal e
intensidade da doença (LIMA et al., 2009; TAVARES, 2004).
A pesquisa tem avançado em busca de alternativas, como o controle
biológico, por meio do uso do produto BIOMIX, à base do fungo Trichoderma spp.
revelou o controle satisfatório para os sistemas de cultivo no VSF, quando
associado ao manejo integrado da doença (CRUZ et al., 1999).
A utilização de resistência genética também é uma estratégia eficiente para
minimizar o ataque de U. necator através da seleção de material de propagação
resistente (CABRAL et al. 2005; RIBEIRO et al., 2005; TAVARES, 1996). Há uma
variação na suscetibilidade ao oídio entre diferentes espécies do gênero Vitis. São
altamente suscetíveis V. vivifere, V.betufolia, V. pubescens, V. davidii, V pagnucii
29
e V. piasezkii. As espécies americanas apresentam certa resistência V. aestivalis,
V.berlandieri, V. cinérea, V. labrusca, V.riparia e V. rupestris (PEARSON &
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37
4. OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi avaliar o impacto do aumento da temperatura
do ar na infecção do oídio em cultivares de videiras sob condições controladas.
38
CAPÍTULO II
INFECÇÃO DE OÍDIO EM CULTIVARES DE VIDEIRA (Vitis spp.)
SOB DIFERENTES AUMENTOS DA TEMPERATURA DO AR
Artigo formatado com base nas normas para publicação na revista
“CIÊNCIA RURAL”, para a qual foi submetido.
Infecção do oídio em cultivares de videira (Vitis spp.) sob diferentes
aumentos da temperatura do ar*
Edineide Eliza de Magalhães*I Ana Rosa PeixotoII Francislene Angelotti II Heraldo
Alves FernadesII
*I
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Horticultura Irrigada Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Laboratório de
Fitopatologia, Avenida Edgard Chastinet s/n°, Juazeiro-BA, CEP 48905-680.
II
Embrapa Semiárido, Mudanças climáticas, (CPATSA), Petrolina, PE, Brasil.
E-mail: [email protected]. Autor para correspondência.
39
MAGALHÃES, E.E.; PEIXOTO, A.R.; ANGELOTTI, F.; FERNADES, H.A. Infecção
do oídio em cultivares de videira (Vitis spp.) sob diferentes aumentos da
temperatura do ar. UNEB/DTCS, Juazeiro-BA, 2011. (Dissertação).
RESUMO
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) descreve um
cenário futuro com o aumento da temperatura média da Terra entre 1,8 ºC a 6,4
°C nos próximos 100 anos, contribuindo para aumentar ou limitar o
desenvolvimento de doenças de plantas. O objetivo deste trabalho foi avaliar a
influência do aumento da temperatura sobre a infecção do oídio (Oidium tuckeri)
em cultivares de videira. Realizou-se um teste de germinação in vitro com uma
suspensão de esporos de 105 esporos/mL + Tween 20 a 0,01%, espalhando-se
100µl da suspensão sobre placas de Petri com agar-ágar para germinação. Essa
mesma suspensão foi pulverizada nas mudas de videiras das três cultivares
‘Alicante Bouschet', ‘Crimson Seedless’ e 'Thompson Seedless'. As mudas foram
submetidas às temperaturas de 26; 28; 29,1; 30,4 e 31,8 °C, por 24 horas, estas
temperaturas foram selecionadas com base nos acréscimos de 2; 3,1; 4,4; e 5,8
°C correspondente aos cenários do IPCC sob a temperatura média da região do
Submédio do Vale do São Francisco (26 °C). Posteriormente, as mudas foram
aclimatadas por 24 horas a 26 °C com fotoperíodo de 12 horas e encaminhadas
para a casa de vegetação. O delineamento experimental foi inteiramente
casualizado com quatro repetições para os testes “in vitro” e três repetições para
os “in vivo”. Cada repetição continha cinco folhas. Para a germinação foram
contados 100 esporos germinados e não germinados, aleatoriamente. A
severidade da doença foi avaliada através de escala diagramática. O maior
40
percentual de germinação foi observado a 26 °C, com 74,75%. Para a infecção
nas folhas de videira, os níveis mais elevados também foram observados na
temperatura de 26 °C e houve um decréscimo na severidade da doença a partir
de 28 º C, nas três cultivares. O experimento foi repetido duas vezes.
Palavras-chave: Vitis spp., Oidium tuckeri, mudanças climáticas.
ABSTRACT
The Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) describes a future
scenario with the increase in Earth's average temperature by between 1.8 ºC to
6.4 °C over the next 100 years, helping to increase or limit the development of
plant diseases. The objective of this study was to evaluate the influence of
increased temperature on the infection of powdery mildew (Oidium tuckeri) in
grape cultivars 'Alicante Bouschet', 'Crimson Seedless' and 'Thompson Seedless'.
We carried out a test in vitro germination with a spore suspension of 105 spores /
ml + 0.01% Tween 20, spreading the suspension 100mL Petri dishes on agar-agar
for germination. The same suspension was sprayed on seedlings of three cultivars
of grapevines and subjected to temperatures of 26, 28, 29.1, 30.4 and 31.8 °C for
24 hours, selected based on increments of 2, 3.1, 4.4, and 5.8 °C average
temperature in the region of the Lower Basin of the São Francisco Valley (26 °C)
corresponding to the IPCC scenarios, in order to see how these temperature rises
interfered with infection of powdery mildew, if the predictions of the IPCC is
confirmed. Subsequently, the seedlings were acclimated for 24 hours at 26 °C with
a photoperiod of 12 hours and forwarded to the greenhouse. The experimental
design was completely randomized with four replications for tests "in vitro" and
41
three repetitions for "in vivo". Each repetition contained five leaves. For
germination were counted 100 spores germinated and not germinated at random.
Disease severity was evaluated using diagrammatic. The highest percentage of
germination was observed at 26 °C, with 74.75%. For infection on vine leaves, the
highest levels were also observed in the temperature of 26 °C and there was a
decrease in the severity of the disease from 28 °C, in three varieties. The
experiment was repeated two times.
Key words: Vitis spp., Oidium tuckeri, climate change.
INTRODUÇÃO
A vitivinicultura é uma atividade de grande importância socioeconômica
no Brasil. Porém, se destacam o Rio Grande do Sul e o Submédio do Vale do São
Francisco (VSF) as cidades de Petrolina-PE e Juazeiro-BA, responsáveis por 95%
das exportações de uvas finas de mesa (AGRIANUAL, 2011). Entretanto no VSF,
a produção de até duas safras no ano aliada ao manejo fitossanitário e materiais
genéticos suscetíveis, têm intensificado a ocorrência de doenças, a ocorrência do
oídio na sua fase assexuada que corresponde a Oidium tuckeri, é um parasita
biotrófico, sobrevive como micélio. O patógeno exerce a sua patogênese durante
todo o ano (LIMA et al., 2009), sendo mais expressiva no segundo semestre com
temperaturas de 20 °C a 30 °C e umidade relativa entre 40% a 70% (ANGELOTTI
et al., 2009), porém, as folhas tornam-se infectadas entre 6 °C e 33 °C (CRUZ,
2001), com rápida germinação e crescimento micelial entre 21°C e 30 °C (KIMATI
& GALLI, 1997), produção de novos esporos de cinco a seis dias, chuvas
abundantes e temperaturas acima de 35 °C são prejudiciais à disseminação
42
(DIAS et al., 1998) devido ao menor percentual de germinação dos ascósporos
(GADOURY & PEARSON, 1990) e a retirada de conídios da superfície do
hospedeiro pela ação da água.
A temperatura e a umidade relativa do ar são os principais fatores
climáticos que determinam o processo de infecção do oídio da videira. De acordo
com os dados do IPCC (2007), o aumento dos gases do efeito estufa pode elevar
a temperatura média no planeta Terra entre 1,8 °C a 6,4 °C nos próximos 100
anos. Diante destes cenários, doenças importantes podem se tornar secundárias
ou o inverso, se as condições ambientes forem favoráveis. Assim, o objetivo deste
trabalho foi avaliar a influência de aumentos da temperatura sobre a infecção de
oídio em videira das cvs. ‘Alicante Bouschet’, ‘Crimson Seedless’ e ‘Thompson
Seedless’ em condições controladas.
MATERIAL E MÉTODOS
Caracterização do local do experimento e produção de mudas
Os experimentos foram conduzidos na Embrapa Semiárido em Petrolina-PE no
ano de 2010/2011 em mudas de videira Vitis viniferae L. das cultivares ‘Thompson
Sedless’, ‘Crimson Sedless’(uva fina de mesa) e ‘Alicante Bouschet’ (uva para
vinho) enxertadas no porta-enxerto IAC-766. As mudas foram obtidas por meio da
propagação de estacas em substrato de solo mais esterco bovino (3:1) e
plantadas em sacos de polietileno de 15 cm x 21 cm em viveiro e encaminhadas
para a casa de vegetação sob condições de temperatura e umidade relativa do ar
de 26 ±2 °C e 50%, respectivamente, até a inoculação.
43
Obtenção, manutenção e multiplicação do inóculo
O inóculo inicial foi obtido a partir de folhas de videira com infecção natural,
coletados em parreiral no município de Petrolina-PE. A multiplicação do inóculo foi
realizada em mudas a cada 15 dias e mantidos em casa de vegetação até a
inoculação. Foram utilizados os esporos com idade de 10 dias retirados das
folhas com o auxílio de um pincel e água destilada esterilizada.
Plaqueamento da suspensão de O. tuckeri
para germinação in vitro de
esporos
Estudou-se a germinação in vitro de esporos do O. tuckeri por meio do
preparo de uma suspensão na concentração de 10 5 esporos/mL + Tween 20 a
0,01%, determinada pelo uso de hemocitômetro (câmara tipo Neubauer). Uma
alíquota de 100 µl da suspensão foi espalhada sobre placas de Petri contendo
meio de cultura Agar-ágar 2%.
As placas foram incubadas por 24 horas em
temperatura com base nos acréscimos de 2; 3,1; 4,4; e 5,8°C sob a temperatura
média da região do Submédio do Vale do São Francisco (26 °C) correspondente
aos cenários do IPCC em câmara de crescimento (tipo B.O.D.). As placas foram
submetidas às temperaturas de 26; 28; 29,1; 30,4 e 31,8°C, fotoperíodo de 12
horas (luz branca). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com
quatro repetições. Determinou-se na avaliação 100 esporos por repetição,
germinados e não-germinados, perfazendo um total de 400 esporos amostrados,
visualizados aleatoriamente, em microscópico óptico. Foram considerados
germinados os esporos com tubo germinativo maior, ou igual ao comprimento do
esporo.
44
Inoculação de O. tuckeri na infecção de cultivares de videira
O preparo da suspensão de esporos foi realizado como descrito acima.
Mudas de videira das cultivares ‘Alicante Bouschet', ‘Crimson Seedless’ e
'Thompson Seedless' foram inoculadas por meio de pulverização nas folhas, até o
ponto de escorrimento e submetidas às de 26; 28; 29,1; 30,4 e 31,8°C com
descrito anteriormente. Após o período de incubação, as mudas foram
aclimatadas por 24 horas a 26 °C e, em seguida, encaminhadas para a casa de
vegetação até a avaliação dos resultados. O delineamento experimental foi
inteiramente casualizado com três repetições, em arranjo fatorial 5x3 (cinco
temperaturas e três cultivares), sendo cada parcela composta por uma planta útil
com cinco folhas. Para quantificar a severidade da doença, foi avaliado o período
latente, determinado pelo número de dias entre a inoculação e a produção de
esporos. A severidade da foi quantificada por meio de escala diagramática
adaptada de HORSFALL & BARRATT, descrita em CAMPBELL & MADDEN
(1993) determinando a porcentagem da área foliar doente.
Análise estatística
Os dados foram submetidos à análise de variância (p<0,05) e quando
significativos foram analisados por regressão linear e ou/ quadrática, aplicando-se
o teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade para comparação das médias no
aplicativo ASSISTAT, versão 7.6. Para validação dos dados apresentados, o
experimento foi repetido duas vezes. Os dados foram submetidos à análise de
regressão.
45
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Germinação in vitro de O. tuckeri sob diferentes aumentos da temperatura
Os conídios de O. tuckeri
germinaram em todas as temperaturas
avaliadas. A análise de variância do efeito da temperatura na germinação dos
esporos foi significativa (p<0,01). A relação entre a germinação dos esporos e a
temperatura foi descrita pela equação quadrática: y=-1131T2+93.85T-1, 82
(R2=0,98) onde y = porcentagem de germinação e T = temperatura (Figura 1).
Reduções significativas na porcentagem de germinação foram observadas nas
placas submetidas às temperaturas de 29,1 °C (48,50%), 30,4 ºC (66,50%) e 31,8
ºC (88,60%). As menores reduções ocorreram nas temperaturas de 26 °C
(25,25%) e 28 °C (26,3%). Verificou-se que, de modo geral, esporos submetidos a
26°C apresentaram o maior índice de germinação (74,75%). Assim, nota-se que a
exposição dos esporos aos aumentos de temperatura a partir de 28°C provocou
uma redução no índice de germinação do oídio da videira (Figura 2).
90
y = -1131T2 + 93,85T - 1,82
R² = 0,98
80
Germinação (%)
70
60
50
40
30
20
10
0
25
26
27
28
29
30
31
32
Temperatura (°C)
Figura 2. Germinação de conídios de O. tuckeri, obtidos de folhas de videira
naturalmente infectadas e submetidos à diferentes temperaturas.
46
Resultados análogos foram obtidos em oídios da videira (O. tuckeri) por
ANGELOTTI et al. (2010b) a 27 °C e não houve germinação a partir de 35 °C,
em pessegueiro WEINHOLD (1961) e eucalipto (SILVA et al. , 2003) para a
germinação de Sphaerotheca pannosa. Em begônia (O. begonae) fica entre 20 a
25 °C e não germinou a 30 °C (QUINN & POWELL, 1982), em soja Microsphaera
diffusa é reduzido a partir de 28°C (GRAU & LAURENCE, 1975), mas os
propágulos fúngicos de Phodosphaera Xanthii no meloeiro resistem até 38°C
(BRUNELLI, 2008). Enquanto que, os conídios de Stenocarpella maydis ocorrem
entre 30 e 33 ºC e S. macrospora entre 26 e 29 ºC (CASA et al., 2007), o
Colletotrichum gloeosporioides da mangueira, germina e esporula eficiente a 28
°C e a 35°C é prejudicial (MAIA, 2011). SILVA et al. (2003) atribui a temperatura o
fator de maior interferência para a germinação dos oídios, devido à desidratação
dos conídios, embora sejam adaptados às condições secas. A falta de umidade
do ar leva a retração do esporo, enquanto que um excesso de água líquida pode
causar a ruptura do esporo antes ou depois da germinação (BLAICH et al., 1989).
Por essa razão, nas condições experimentais utilizadas, atribui-se aos aumentos
de temperatura a redução nos índices de germinação de O. tuckeri a partir de 28
ºC.
Infecção de O. tuckeri em cultivares de videira sob diferentes aumentos da
temperatura do ar
A temperatura teve efeito no período latente da doença (Figura 3) em
mudas de videira. A temperatura de 26 °C proporcionou o menor período de
latência, que foi de cinco dias, em todas as cultivares. Efeito semelhante ocorreu
nas cultivares ‘Alicante Bouschet’ e ‘Crimson Seedless’ nas temperaturas de 28°C
e 29,1 °C, aumentando para seis dias nas mudas submetidas a 30,4 e 31,8 °C.
47
Para a cultivar ‘Thompson Seedless’ os primeiros indícios da esporulação do
fungo apareceram no sexto dia nas mudas a 28 °C . Nota-se que as doenças
completam o seu ciclo mais rápido, quando a temperatura é ótima para o
desenvolvimento do patógeno.
Período de latência (Dias)
Alicante Bouschet
Crimson Seedless
Thompson Seedless
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
26
28
29,1
30,4
31,8
Temperatura (°C)
Figura 3. Efeito da temperatura no período latente de O. tuckeri, em mudas de
videira das cvs. ‘Alicante Bouschet’, ‘Crimson Seedless’ e ‘Thompson Seedless’.
Dessa maneira, observou-se níveis diferentes de severidade nas folhas, de
acordo com a cultivar. Detectou-se a redução da doença acima de 30°C para as
três cultivares avaliadas. A equação foi quadrática (p<0.01) com coeficientes de
determinação para ‘Alicante Bouschet’ e ‘Thompson Seedless’ de R 2=0,97 e
R2=0,93, respectivamente. Para a cv. ‘Crimson Seedless’ o R 2 = 0, 99 a equação
foi linear (p<0,01), onde y= severidade da doença e X= temperatura (Figura 4).
48
60
y = 9,56x² - 57x + 0,85
R² = 0,97
50
40
30
20
10
0
26
27
28
29
30
31
32
y = 0,45x2 - 31,79x + 577,21
60
Severidade nas folhas (%)
Severidade nas folhas (%)
25
R2 = 0,99
50
40
30
20
10
0
25
26
60
27
28
29
30
31
32
Temperatura (°C)
y = 866,4x2 - 49,8x + 0,71x
R² = 0,93
50
40
30
20
10
0
25
26
27
28
29
30
31
32
Temperatura ( C)
Figura 4. Severidade do oídio em mudas de videira, submetidas a diferentes
aumentos de temperatura. (A) Alicante Bouschet; (B) Crimson Seedless; (C)
Thompson Seedless.
De modo geral, a severidade foi maior em todas as cultivares a 26 °C, sendo
maior na cv. ‘Crimson Seedless’ e menor na cv. ‘Thompson Seedless’. Notou-se
que houve decréscimo na severidade das plantas submetidas a 30, 4 e 31, 8 °C
(Figura 4).
49
Na relação da interação entre as cultivares e temperaturas não foi
detectada interação significativa entre os dois fatores (p = 0.05) expressadas
através das variáveis severidade e temperatura (Tabela 1). A cv. ‘Crimson
Seedless’ e a ‘Thompson Seedless’ apresentaram maior (64,58%) e menor
(9,66%) severidade a 26 °C e 31,8°C, respectivamente.
Tabela 1. Reação de cultivares e da temperatura na severidade (%) do oídio da
videira, causado pelo fungo O. tuckeri.
SEVERIDADE (%)
TEMPERATURA
Alicante
Crimson
Thompson
(°C)
Bouschet
Seedless
Seedless
26
52.08 aA
64.58 aA
54.16 aA
28
36.41 abA
54.16 aA
41.66 aA
29,1
19.58 bcB
54.16 aA
18.78 bB
30,4
14.00 cA
28.91 bA
13.27 bA
31,8
11.00 cA
18.00 bA
9.66 bA
*médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não
diferem entre si pelo teste Scott-knott ao nível de 5% de probabilidade.
Neste trabalho, o período de latência de O. tuckeri foi de cinco a seis dias,
corroborando com Cruz (2001) de 23 °C a 30 °C. Isto explica a constância da
ocorrência do oídio da videira no VSF que apresenta temperatura média de 26°C
(ANGELOTTI et al., 2009; LIMA et al, 2009). Também MAGALHÃES et al. (2011)
e ANGELOTTI et al. (2010c) encontraram resultados semelhantes, não ocorrendo
infecção a 39°C. THOMAS et al. (1994) e Reis (2004) citam o crescimento do
fungo e germinação de esporos a 25 ºC, ocorrendo a morte de esporos e de
50
colônias a 33 ºC. Os níveis de infecção observados na cv. ‘Crimson Seedless’ a
26 °C estão próximos aos índices encontrados no cajueiro com O. anacardii (26 a
28 °C), na mangueira O. mangiferae (20 a 25°C) e do mamoeiro O. caricae Noack
(18 a 32°C) (FREIRE & VIANA, 2001). Por outro lado, no Brasil, a Alternaria
helianthi em girassol é mais severa a 25 °C (LEITE et al., 2002) e na Austrália é
de 26°C (ROTEM, 1994).
Outro aspecto relevante é a avaliação da severidade do oídio em diferentes
patossistemas, selecionando cultivares que apresentam genótipos com diferentes
níveis de resistência (RIBEIRO et.al. 2005; AMORIM & KUNIYUKI, 2005;
PEARSON & GOHEEN, 1994). Dessa forma, TAVARES et al. (1996) avaliaram
135 genótipos no VSF, selecionando 14 altamente resistentes. Assim, a doença
necessita da interação favorável da temperatura e umidade relativa do ar, a
variabilidade da espécie fúngica e a suscetibilidade da cultura hospedeira
(FREIRE & VIANA, 2001; AGRIOS, 2005).
CONCLUSÃO
Os aumentos da temperatura média do ar a partir de 26°C reduz a severidade de
O. tuckeri em videira.
AGRADECIMENTOS
À UNEB (PPGHI) pelo apoio financeiro e a Embrapa Semiárido (Dr. Carlos Gava
e equipe) pela parceria e colaboração para a realização desse trabalho.
51
5. REFERÊNCIAS
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1961.
55
6. CONCLUSÕES GERAIS
1. Todos os genótipos avaliados foram suscetíveis ao oídio da videira;
2. A temperatura de 26°C apresentou os maiores níveis de germinação in vitro de
conídios do oídio no substrato ágar-ágar;
3. A temperatura de 26 °C proporcionou o menor período de latência da doença,
nas três cultivares, aumentando o número de dias quando as mudas foram
submetidas a 30,4 e 31,8 °C;
4. A cv. ‘Crimson Seedless’ mostrou-se com maiores níveis de infecção na folha
em todas as temperaturas, sendo a 26 °C a mais favorável;
5. A cv. ‘Thompson Seedless’ foi a variedade que apresentou menor severidade
quando submetida a temperatura de 31,8°C.

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