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Tiro_BraPort.indd 1 14.05.2007 16:50:59 Uhr Do original em Inglês: Time is running out Reinhard Bonnke Português – Brasil © E-R Productions LLC 2007 ISBN 978-3-933106-64-9 Primeira Edição, 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer registro informático, sem autorização por escrito do autor e do editor. Capa:Isabelle Brasche Fotografia:Rob Birkbeck Peter van den Berg Roland Senkel Tradução:Débora Faria de Melo Revisão:Marta Mendes R. dos Anjos Diagramação:Roland Senkel E-R Productions Caixa Postal 10360 Curitiba, PR, 80730-970 Brasil www.e-r-productions.com Impresso no Brasil Tiro_BraPort.indd 2 14.05.2007 16:50:59 Uhr índice Tiro_BraPort.indd 3 Prefácio 5 Introdução 7 1 O Evangelista Relutante 15 2 O Evangelismo e o Mundo 33 3 Aprendendo com o Mestre 55 4 A Fé e o Evangelismo 75 5 Pregando um Cristo de Milagres 95 6 A Unção Para a Missão 117 7 Um Projeto Para o Evangelismo 127 8 Ação no Livro de Atos 145 9 Homens Comuns, Mensagem Extraordinária 163 10 O Evangelho e o Pecado 189 11 O Evangelismo nos Evangelhos 201 12 O Evangelismo na Visão do Apóstolo Paulo 224 13 O Evangelismo e A Espiritualidade 241 14 Pregando Julgamento a um Mundo Politicamente Correto 265 14.05.2007 16:51:00 Uhr Tiro_BraPort.indd 4 14.05.2007 16:51:00 Uhr PREFÁCIO E m Novembro de 1996, a Escola de Divindade Regent University teve o privilégio de receber o evangelista alemão Reinhard Bonnke, para uma série de conferências sobre a evangelização mundial. Foi-lhe pedido que se baseasse na sua perspectiva como proeminente evangelista de cruzadas, da década anterior. O pessoal da universidade estava com uma grande expectativa quanto à sua pregação nessa inesquecível série de palestras, e uma das maiores turmas na história da universidade se reuniu no Moot Court do Robertson Hall, para ouvi-lo, por horas, em uma pregação bastante inspirativa. À noite, depois de ensinar por quase todo o dia, Bonnke ainda pregava na Igreja Parkway Temple, para multidões em pé. Este livro é uma adaptação para publicação de suas conferências históricas. Aqui ele coloca sua visão bíblica de como alcançar as multidões para Jesus Cristo, nesta nossa geração. O irmão Bonnke vive para o evangelismo. Suas cruzadas africanas já reuniram até 1.6 milhão de pessoas em um só culto. Pregações evangelísticas, seguidas por sinais e maravilhas, têm surpreendido o mundo e trazido milhões para o reino do Senhor Jesus Cristo. Igrejas explodiram com um novo crescimento, e os poderes das trevas foram expostos e derrotados. Minha esperança é de que este trabalho, adaptado das conferências de Reinhard Bonnke, na Escola de Divindade Regent University, seja acolhido como um importante recurso para futuras gerações, da mesma maneira que as conferências de Charles G. Finney, em “Reavivamento da Religião”, inspiraram as gerações anteriores a confiar em Deus, para um poderoso mover do Espírito Santo. Vinson Synan Diretor da Escola de Divindade – Regent University Virginia Beach – Virginia – EUA Tiro_BraPort.indd 5 14.05.2007 16:51:00 Uhr Tiro_BraPort.indd 6 14.05.2007 16:51:00 Uhr INTRODUÇÃO O TEMPO É FUNDAMENTAL D e acordo com as estatísticas, se 10.000 pessoas moram perto da sua igreja, a cada semana quatro delas morrem. Diante desse quadro, será que seria satisfatório, então, que somente uma delas fosse salva a cada mês, ou mesmo a cada semana? Para mim é impossível exagerar sobre a urgência de compartilhar as Boas Novas, pois o trabalho mais importante na terra é pregar o Evangelho, que também é a maior necessidade do mundo. A situação mundial é crítica, e precisa desesperadamente do poder transformador de Cristo; entretanto o demônio tem feito tudo e mais um pouco para esconder esse fato de nós. E já que suas tramas de assassinato e genocídio contra o nascimento do nosso Salvador (ver Mateus 2.16-18) e, mais tarde, contra as evidências da Sua ressurreição, falharam, a sua única alternativa agora é impedir a pregação do Evangelho. Vemos que no principio Satanás usou principalmente a arma da perseguição e da pregação de um falso evangelho; entretanto, através dos séculos ele tem acumulado um arsenal considerável. Uma de suas armas mais sutis e favoritas é redirecionar nossas prioridades; ele não se importa com o quanto trabalhamos nas nossas igrejas, contanto que o nosso trabalho nos mantenha longe da pregação do Evangelho, que é o que causaria enormes danos ao seu reino do mal. Cuidado, pois podemos estudar doutrina, empenhar em companheirismo, pregar prosperidade ou ainda edificar a nossa alma, e tudo isso sem sequer passarmos perto de cumprir a ordem de Cristo, que é levar o Evangelho a todas as nações. Estamos Tiro_BraPort.indd 7 14.05.2007 16:51:00 Uhr O Tempo está se Esgotando afundando em engano quando permitimos que “boas” atividades tirem o nosso foco desse que é o mais urgente de todos os trabalhos. Não nos deixemos enganar! Anseio Pelo Evangelho Cada ser humano que ainda não tenha sido redimido anseia pela mensagem de salvação, como um peixe na margem do rio anseia por água. Muitos já não têm a menor esperança; têm visto os limites da ciência, da tecnologia, da medicina, da política e da educação e, por não verem saída, se lançam nas drogas para esquecer – drogas, bebidas e misticismo religioso. Como o mito de hydra, o mal cresce duas vezes mais por cada pessoa que deixamos de lado. Esse monstro precisa que o punhal da cruz de Cristo penetre o seu coração e o destrua. Somente o Evangelho pode curar a desgraça do mundo, e não pregá-lo equivale a negar a um doente terminal o remédio para a sua cura! Isaias observou: Toda cabeça está doente, e todo o coração, enfermo (Is 1.5). Algumas vezes o nosso Cada ser humano corpo reage e se cura sozinho; porém, o que ainda não tenha mais comum, é precisarmos de medicasido redimido anseia mentos. Entretanto, quando falamos de pela mensagem salvação, não há outra alternativa de cura de salvação, para o homem além do poder sobrenatural como um peixe do Evangelho, e nossa tarefa é apresentar na margem do rio esse maravilhoso remédio. Agora, se o anseia por água. paciente decide que não quer ser curado, ninguém vai impor-lhe a cura; nem mesmo com ameaças. Aqueles que recusam o evangelho vão simplesmente morrer, a menos que Deus, na Sua misericórdia, intervenha. 1 A hidra era um monstro mitológico extremamente feroz, com nove cabeças; quando uma delas era cortada, outras duas surgiam em seu lugar. Tiro_BraPort.indd 8 14.05.2007 16:51:00 Uhr Introdução: O tempo é fundamental Por que a Humanidade Sofre Uma das perguntas mais freqüentes que me fazem quando sou entrevistado pela mídia é: “Porque Deus permite tanto sofrimento?”. Confesso que já tenho feito essa mesma pergunta, e muitas vezes; talvez não pelas mesmas razões, mas porque sofro muito quando vejo outros sofrendo. Então, por que Deus permite o sofrimento? Você também pode perguntar a qualquer secretário de transportes por que ele permite acidentes nas rodovias. Sem dúvida, ele não levaria em conta a acusação implícita nesta pergunta, mas mostraria as tão bem definidas regras de trânsito para as estradas. E talvez ele respondesse: “Cada vez que uma lei é violada, a pessoa coloca-se a si mesma e a outros em perigo. Os acidentes e o sofrimento acontecem como resultado da falta do cumprimento da lei”. As pessoas sofrem, basicamente, por uma razão: elas escolhem ignorar o Livro das leis de Deus, a Bíblia. E, como resultado, todas as coisas dão terrivelmente erradas. Nosso amável Criador sabe exatamente como fomos criados e o que vai nos ferir. Por isso, com o cuidado de um coração protetor, Ele diz: “Você não deve fazer isso …” Os mandamentos divinos não foram estabelecidos com o intuito de estragar o nosso divertimento; antes, são o manual de instrução do nosso Fabricante. Deus sabe que nosso espírito não pode lidar com o pecado e que, na realidade, somos esmagados e atormentados por nossas próprias iniqüidades. Geralmente as pessoas não relutam em ler o manual de instrução, antes de usar um novo eletrodoméstico, pois se preocupam em não quebrar um aparelho de CD, ou uma nova máquina de lavar. Todavia, estranhamente muitos não ligam se estão destruindo seu próprio espírito e alma com o veneno do pecado. Tiro_BraPort.indd 9 14.05.2007 16:51:00 Uhr 10 O Tempo está se Esgotando Será que agora você consegue ver, de modo mais claro, a necessidade desesperada que o ser humano tem do Evangelho, e porque o coração de Deus clama, de maneira tão insistente e tão urgente, para que compartilhemos a Verdade? O Planeta Pródigo A maior maravilha do Evangelho é o presente de uma vida de qualidade sem igual e eterna. Outras religiões podem reivindicar possuir as respostas para a miséria dos indivíduos. Contudo, o que o homem ganha alcançando harmonia com a natureza, e perdendo a sua alma? Jesus oferece vida eterna, agora. Ele disse: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá (Jo 11.25). O mundo precisa desse precioso presente divino de vida eterna, agora. E isso é urgente! Quando Deus fez o mundo, Ele o encheu com uma fonte inesgotável dos mais puros prazeres. Cada maravilha e encanto veio do amoroso coração de Deus para Seus filhos. E quando andamos nos Seus caminhos, o mundo inteiro é nosso. Contudo, quando O resistimos, impedimos o seu glorioso plano para a nossa vida e, conseqüentemente, recusamos o que Ele tem para nós. O Evangelho transforma em filhos e filhas de Deus, dignos, a todos aqueles que o recebem. A raça humana alcançou brilhantismo na arte e na ciência da aniquilação. Matança em massa de nossas crianças nas escolas; clínicas de aborto licenciadas pelo estado; cenas de carnificina, tanto explícitas como implícitas nas telas da televisão; devastação do meio ambiente; constante desenvolvimento de armas de destruição em massa – enfim, tudo ao nosso redor evidencia a destruição que o pecado causa. Nós guerreamos, odiamos e destruímos tudo o que Deus nos deu. Tiro_BraPort.indd 10 14.05.2007 16:51:00 Uhr Introdução: O tempo é fundamental 11 E isso é o resultado de nos afastarmos de Deus. A maioria das doenças do homem é causada por ele mesmo; entretanto, há poder no Evangelho para reverter esse processo. A verdade nos liberta, nos trazendo de volta à vontade do Criador, que é sempre boa para nós. Deus ama o Seu planeta pródigo e, se voltarmos para Ele, seremos recebidos com alegria pelo nosso amoroso Pai. Eu Tenho Visto Isso Acontecer! De uma maneira poderosa, notamos hoje que Deus está alcançado diversas partes do mundo com o Evangelho, dando-lhes acesso à salvação. Tenho visto os pecadores sendo perdoados, harmonia entre as raças, muitos crimes sendo erradicados, casamentos sendo restaurados, famílias se unindo novamente, homens maus se tornando santos, drogados sendo libertos, doenças fatais e muitas outras sendo curadas, e uma dramática redução da criminalidade sendo reportada por policiais; e tudo isso após nossas campanhas evangelísticas. A vida das pessoas tem sido transformada pelo poder do Evangelho! Sempre vou me lembrar de como, no país de Burkina Faso, enorme quantidade de itens roubados, como geladeiras e outros equipamentos domésticos, foram trazidos por pessoas arrependidas que queriam ver suas casas livres de coisas roubadas. A polícia precisou de vários caminhões para levar embora todos aqueles itens! E essa gloriosa cena tem se repetido em muitos outros países. O Evangelho transforma em filhos e filhas de Deus, dignos, a todos aqueles que o recebem. Homens, antes selvagens, estão agora recuperados e andando como verdadeiros príncipes. Aleluia! Que grande motivo para pregarmos o Evangelho! Será que poderia haver algo mais emocionante, ousado e valoroso? Que esforço em sua vida vale mais do que isso? Nada está tão em jogo como a salvação deste mundo. Com certeza, o Senhor Jesus não pensou que fosse perda de tempo curar os doentes e alimentar as Tiro_BraPort.indd 11 14.05.2007 16:51:00 Uhr 12 O Tempo está se Esgotando multidões famintas. Ele foi perseguido por curar um homem que tinha um braço ressequido, e do momento da cura em diante a sua cabeça estava a prêmio. (Ver Mateus 12.10-13). Entretanto, Jesus se compadeceu daquele homem, e o seu braço precisava ser restaurado; assim, o Filho do Homem não se importou com o preço que teve de pagar. Reflexões da Realidade Você já parou para pensar por que apreciamos tanto a música? Quando somos tocados por alguma música inspirativa, freqüentemente recebemos um lampejo do que é eterno. A música, por si só, sugere infinidade; entretanto, a melodia nos remete a uma grandeza longínqua que ela não pode preencher. Essa infinidade é o próprio Deus. E o que a música meramente sugere, nos é dado quando recebemos a salvação através de Jesus Cristo, e começamos a louvá-Lo. Deus é nossa habitação natural. Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos (At 17.28). Permanecemos presos até ouvirmos o Evangelho e obedecermos à sua mensagem; depois disso, encontramos a Cristo. Em toda parte homens e mulheres têm se debatido contra as prisões impostas por seu próprio materialismo e descrença; são prisioneiros de seu dinheiro. Nossa arte, nossa poesia, nossos bonitos trabalhos são simplesmente expressões de pessoas aprisionadas que, indistintamente, se lembram da agradável sensação trazida pela brisa, bem como da beleza das montanhas. Enquanto acharmos que somos bons por nós mesmos, essas impressões continuarão sendo um mero reflexo da realidade que nos cerca. Jesus é a realidade que existe por trás de tudo o que vemos ou fazemos; e é o Seu Evangelho que nos liberta do cativeiro, permitindo-nos voltar à nossa essência, à herança que nos está proposta! Tiro_BraPort.indd 12 14.05.2007 16:51:01 Uhr Introdução: O tempo é fundamental 13 Enquanto não ouvirem a Verdade e a aceitarem, as pessoas continuarão perdidas, com o olhar fixo no horizonte, sempre distantes, procurando pelo ilusório elixir da felicidade. Os incrédulos bebem do ressentimento, da dúvida e do ódio, mas o Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida (Ap 22.17). O modo de vida pregado no Evangelho sempre nos leva para a frente, para o dia perfeito. Será que precisamos de alguma outra razão para pregarmos as Boas Novas? A Segunda Vinda Certo dia, pouco antes de Jesus subir ao céu, quando alguns discípulos estavam com Ele, fizeram-Lhe a seguinte pergunta: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel? Ao que Ele respondeu: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade … Ditas estas palavras, foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos. E, estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles e lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir (At 1.6-11). Jesus freqüentemente conversava com Seus discípulos a respeito do Reino e, por isso, estavam sempre Lhe fazendo perguntas. Aqui eles estão querendo saber quando o reino de Israel seria restaurado. O Senhor então lhes respondeu que não deviam se preocupar com aquelas questões, e acrescentou: E sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra (At 1.8). Na verdade, eles estavam Tiro_BraPort.indd 13 14.05.2007 16:51:01 Uhr 14 O Tempo está se Esgotando perguntando a Jesus quando Ele iria agir; e Ele devolveu-lhes a pergunta e lhes disse o que eles deveriam fazer. A tarefa dos discípulos era testemunhar, e não ficarem preocupados sobre as coisas da vida. Eles sabiam das profecias que tinham lido em Daniel e em outros livros, e os anjos os lembraram que viria o dia em que Jesus voltaria. Então eles foram e pregaram o Evangelho, e a volta de Jesus se tornou a essência da mensagem deles ao mundo. Existe uma diferença entre anunciar a volta de Jesus e especular sobre tempos e datas em que isso vai acontecer. Por mais de dois milênios, e até hoje, centenas de predições têm sido feitas a esse respeito. Em geral, quando as pessoas vão estudar as profecias, costumam pegar versículos isolados e fazerem especulações. Então criaram a Escatologia, uma ciência menor, que estuda as profecias. Os estudiosos até mesmo planejaram e esboçaram esquemas sobre o futuro, e expuseram em livros, de maneira chamativa, registrando tudo em mapas e gráficos. Em 1930, um livro intitulado: O Próximo Grande Evento do Mundo, foi escrito sobre a vinda de Cristo. Na realidade, o próximo grande evento do mundo foi a Segunda Grande Guerra Mundial. Esse tipo de cálculo e análise tem servido somente para desanimar as testemunhas da Igreja, com relação ao retorno de Jesus. O clamor que deve existir é: Eis o noivo! Saí ao seu encontro! (Mt 25.6) e Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! (Jo 1.29.) Nossa constante responsabilidade até a hora da Sua volta é dar o nosso tempo, nosso dinheiro e nosso esforço para a tarefa que Jesus nos deu: E ser-me-eis testemunhas. Por que estamos parados, olhando para o céu? Vamos continuar! Não podemos perder nem um minuto sequer. Jesus está voltando! Tiro_BraPort.indd 14 14.05.2007 16:51:01 Uhr Capítulo 1 O EVANGELISTA RELUTANTE C onta-se que em algum lugar remoto deste nosso mundo havia uma tribo que adorava a lua. A explicação que davam para tal preferência era: “A lua brilha à noite, quando está escuro. Mas o ridículo e velho sol brilha durante o dia, quando há abundância de luz”. Agora eu pergunto: o que poderia ser mais sem sentido do que isto? É claro que há luz durante o dia, e é exatamente porque o sol está brilhando. Entretanto, há muitas partes do mundo que está escura enquanto há claridade em alguns lugares. Acredito que eu tenha sido como a lua, tentando iluminar alguns lugares escuros aqui na terra. Quando Paulo pregou em Trôade, durante a noite, e Êutico adormeceu, havia muitas lâmpadas no cenáculo onde estávamos reunidos (At 20.8). Há muitas lâmpadas brilhando neste mundo hoje, e isso inclui cada cristão que lê este livro. Fomos chamados para brilhar e trazer claridade no meio de uma geração distorcida, e não para esconder a nossa luz debaixo do alqueire (Mt 5.15; Mc 4.21; Lc 11.33). Algumas pessoas possuem um brilho intelectual, e falam de uma maneira brilhante. Eu me considero um evangelista comum, apesar de crer que o trabalho de um evangelista seja o mais importante do mundo. Meu lugar não é falando em uma universidade ou digitando em um teclado, mas em uma plataforma, em um campo qualquer da África. Qualquer brilhantismo que alguém possa atribuir a mim, por causa deste livro, vem do Espírito Santo e da Palavra de Deus. Minha esperança é a promessa encontrada em Daniel 12.3, que diz que os que a muitos conduzirem à justiça refulgirão como as estrelas, sempre e eternamente. Tiro_BraPort.indd 15 14.05.2007 16:51:01 Uhr 16 O Tempo está se Esgotando A Mensagem de Deus Para a Igreja As pessoas geralmente me perguntam o que Deus está falando à igreja, e minha resposta é que Ele continua falando a mesma coisa; ou seja: … pregai o evangelho a toda criatura (Mc 16.15). Se o próprio Jesus tomasse o meu lugar aqui nestes últimos dias, antes do julgamento final, Ele repetiria Suas últimas palavras aos discípulos, em Atos 1.8: Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra. Até que isso seja feito, Ele não tem nenhuma outra instrução para nós. Alguns sugeriram que deveria haver uma espécie de moratória na tarefa de trazer mais convertidos para a Igreja, até que ela estivesse pronta para recebê-los. Podemos encontrar uma incoerência aqui; afinal, como podemos esperar que estejam prontos, se não obedecemos ao Senhor quando Ele nos manda trazer os convertidos? Embora o treinamento espiritual e o discipulado sejam vitais, ter como foco principal a nossa própria santidade nunca nos fará prontos para alcançar outros com o evangelho. É óbvio que sabemos que Jesus nos chama à santidade; todavia, alcançar o mundo é parte da santificação, a qual não acontece somente quando nos isolamos; a santidade requer de nós olharmos para o perdido. Não conheço melhor maneira de se desenvolver espiritualmente do que sair e ganhar outros para Cristo. Tiro_BraPort.indd 16 Não conheço melhor maneira de se desenvolver espiritualmente do que sair e ganhar outros para Cristo, e quando o fazemos, temos de ser verdadeiros. Se queremos uma igreja viva, então nosso pensamento tem de ser, acima de qualquer coisa, o evangelismo. Quando a igreja subestima o evangelismo, 14.05.2007 16:51:01 Uhr Capítulo 1 • O Evangelista Relutante 17 ela fica estagnada e estéril. Se o povo de Deus não tem como alvo principal o ganhar almas para Cristo, então ele se torna apenas ouvinte, criticando o sermão, o coral, ou julgando a liderança. A igreja não é um restaurante, com uma gastronomia espiritual, para agradar a um determinado tipo de paladar; é, sim, uma cantina para trabalhadores. Não há tempo para os membros da igreja gastarem com críticas, pois existe um trabalho a ser feito. Um cavalo, que é treinado para trabalhar puxando uma carga, nunca dá coices enquanto executa seu ofício. O Objetivo da Igreja O objetivo principal de cada culto, quer seja ele uma reunião de oração, um estudo bíblico, uma reunião de jovens, um ensaio de coral ou mesmo cultos de santa ceia, deveria ser evangelístico. Em muitas igrejas os visitantes não podem assistir a todas as reuniões; e por quê? Creio que eles deveriam ser bem-vindos a todos eles, especialmente os de santa ceia, quando os símbolos do corpo (pão) e do vinho (sangue) são tomados. Nesses dias deveríamos nos certificar de que a igreja estivesse cheia deles. O cálice de vinho é o maior pregador do mundo; é como se fosse o Evangelho ali dentro daquele recipiente; uma oportunidade para convidar os pecadores a aceitarem o sacrifício da cruz. Algumas igrejas têm o hábito de excluírem os visitantes dessa celebração; que perda de oportunidade! O precioso sangue de Jesus nos limpa de todo o pecado; será que somente os que já estão limpos deveriam vir até à fonte? Se uma igreja tem tentado evangelizar, mas tem falhado na sua tentativa, então é hora para uma avaliação séria dos seus esforços. Até mesmo o trabalho da equipe responsável pelas finanças deve ser ganhar almas para Cristo, e não dinheiro. Qualquer fundo de reserva que a igreja possua deveria ser usado em seu verdadeiro negócio: salvar o mundo. Tiro_BraPort.indd 17 14.05.2007 16:51:01 Uhr 18 O Tempo está se Esgotando Predestinação e Evangelismo A controversa doutrina da Predestinação, de que Deus escolheu de antemão a cada crente, sem levar em conta nossos esforços evangelísticos, é um assunto de grande discussão teológica. Meu pensamento, no entanto, é o de não atolar em teorias, mas fazer o trabalho de evangelista. A minha resposta a essa antiga discussão é deixar de lado as polêmicas e partir para a ação. Estando as pessoas entre os eleitos ou não, quero me certificar de que cada homem, mulher ou criança, tenha ouvido o Evangelho. Não vou arriscar o destino eterno de A igreja não é um nenhuma alma, baseado em deduções restaurante, com uma doutrinárias ou teorias. E não há nada no gastronomia espiritual, Novo Testamento dizendo que eu não devo é, sim, uma cantina pregar o evangelho, nem nada que nos diga para trabalhadores. que não devemos dar o nosso melhor para convencer as pessoas a virem para o Reino. Por essa razão, é exatamente isso o que eu faço. Somente quando chegarmos ao céu saberemos quantas pessoas estarão ali. Se todos os que eu encontrar lá foram predestinados, ótimo. Todavia, certamente não quero ninguém lá me dizendo: “Você não tinha certeza de que eu era eleito? Por que você não pregou o Evangelho para mim? Você achou que estava certo e jogou com a minha alma. Sabia que nesse exato momento eu poderia estar no inferno, e não aqui?”. O Evangelista Relutante Se você ler a Bíblia, começando em Gênesis, não vai encontrar nada sobre evangelismo até chegar ao livro de Jonas. Trata-se de um livro que será projetado pelo resto da Bíblia; ele é quase um manual do evangelista para consulta diária. Tiro_BraPort.indd 18 14.05.2007 16:51:01 Uhr Capítulo 1 • O Evangelista Relutante 19 Embora a maioria das pessoas esteja familiarizada com a história de Jonas, muitos, incluindo alguns cristãos, não acreditam que ela realmente tenha acontecido; crêem que existe algo de duvidoso nesse relato. Entretanto, Jesus e Seus contemporâneos a consideraram como história, e não como fábula ou mesmo parábola. E seja quem for que a tenha escrito, sabia como fazêlo. Esse pequeno livro merece nossa preciosa atenção. O profeta Jonas viveu cerca de 800 anos antes de Cristo. Ele foi enviado por Deus para ir à cidade de Nínive, a capital do Império Assírio. Essa cidade ficava no rio Tigre, a 600 milhas a leste de onde Jonas vivia. Entretanto, em vez de ir para Nínive, Jonas comprou passagem de navio para Társis – que ficava a oeste, na direção oposta. Ele estava desesperado para fugir da sua obrigação, e Nínive não era, com toda a certeza, o lugar dos seus sonhos. Vejamos como essa história é descrita. Jonas 1.3 fala que ele foi até Jope, onde tomou um navio e desceu para o porão (verso 5). Quando a tempestade se abateu sobre a embarcação, os marinheiros jogaram Jonas ao mar, e ele foi parar na barriga de um grande peixe que o engoliu. Então Jonas orou: Pois me lançaste no profundo, … desci até aos fundamentos dos montes (Jn 2.3,6). Quando Deus ordenou e o peixe o vomitou na praia, o texto diz que Jonas se levantou (3.3). Obedecer ao chamado do Senhor de ir pregar quando Deus nos manda, nos eleva, nos levanta! Mas não sejamos tão duros com Jonas; afinal de contas, Nínive tinha uma reputação bastante terrível. Alguns dos seus reis foram decididamente brutais, dos piores que existiram na terra. Eles tinham prazer em atrocidades e crueldades tão monstruosas, que até hoje ficamos chocados. Se eu fosse descrevê-los, provavelmente o leitor não conseguiria dormir à noite. E, se dormisse, teria motivos mais que suficientes para ter pesadelos. Tiro_BraPort.indd 19 14.05.2007 16:51:02 Uhr 20 O Tempo está se Esgotando Certamente Jonas não desejava se confrontar com aquele tipo de homens. Como um estrangeiro poderia esperar pregar contra eles e ainda sair vivo? Mas é claro que ele foi, e Nínive acabou se arrependendo dos seus maus caminhos. A pregação de Jonas parece ter surtido efeito. Entretanto, Jonas estava perturbado com os resultados finais. O que ele queria era que a mão de Deus pesasse sobre os ninivitas. E quem poderia culpá-lo por isso? Ele havia advertido a cidade de que Deus estava para destruí-la. Deus sabia da maldade daquelas pessoas e estava ciente de que mereciam ser julgadas. Contudo a cidade se arrependeu e Deus a poupou do Seu julgamento, pelo menos por um tempo; menos de 200 anos depois, Nínive foi totalmente destruída. A Profunda Percepção de Jonas Aqui está o real ponto na história de Jonas, que tem a ver com todo evangelista que nunca saiu para fazer o trabalho de Deus. Exatamente o que Jonas temia, aconteceu: ele pregou um julgamento que não veio. Aliás, Jonas nunca quis pregar contra a cidade pela simples razão de que, se a sua pregação tivesse sucesso, Deus mudaria sua maneira de pensar sobre julgamento! Depois que Deus poupou a cidade, Jonas se zangou com Deus, dizendo: Ah! Senhor! Não foi isso o que eu disse, estando ainda na minha terra? Por isso, me adiantei, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus clemente, e misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e que te arrependes do mal (Jn 4.2). Esses versos provam que Jonas tinha uma profunda percepção do caráter de Deus. Em todos os 39 livros do Antigo Testamento, essa declaração feita pelo profeta se projeta como algo excepcional. Jonas sabia que o coração de Deus era sem igual; mais do que isso, ele sabia que as misericórdias do Senhor se esten- Tiro_BraPort.indd 20 14.05.2007 16:51:02 Uhr Capítulo 1 • O Evangelista Relutante 21 diam além das fronteiras de Israel, até o território inimigo, alcançando, inclusive, os gentios. Poucos em Israel criam no Senhor dessa maneira. Naquele tempo de escuridão espiritual, somente o Espírito Santo poderia ter mostrado isso ao profeta. De alguma forma ele sabia que Deus poderia ser tão gracioso com os gentios quanto o era com Israel, e mesmo com os mais pecadores da terra. Por essa razão ele foi, e por essa mesma razão também não queria ir. Uma parte dele queria que essa malvada nação tivesse o que merecia; contudo, ao mesmo tempo ele sabia que Deus não age assim. Enquanto Jonas queria vingança, Deus era, e continua sendo, um Deus de perdão. Jonas conhecia a compaixão do coração de Deus; entretanto, ele mesmo não a tinha dentro de si. Qualquer homem que se propõe a falar do amor do Senhor sabe muito bem o que Jonas sabia. Afinal, é comum que o salvo em Cristo saiba que Deus é amoroso, gracioso, misericordioso e compassivo. Todavia, será que nós, pessoalmente, sentimos o mesmo pelo perdido? Jonas sabia que ele não sentia. Ele decidiu pregar para a nação de Nínive por simples obrigação ou obediência. Não existe uma falta mais séria do que essa para um evangelista, ou para qualquer um que pregue a Palavra de Deus. O evangelismo não consiste simplesmente em uma questão de palavras sobre o amor compassivo de Deus, ou uma compreensão sobre teologia. O coração de um evangelista deve ter suas batidas sincronizadas com as batidas do coração de Deus, expressando o desejo e a compaixão do Seu coração. O evangelismo tem uma necessidade dupla: a verdade, e pessoas que a reflitam. Alguns crêem que “pregar a coisa certa” é o bastante, mas não é; falta algo muito importante aqui. E é somente o Espírito Santo quem coloca o ingrediente que falta em nosso coração: … o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado (Rm 5.5). O amor de Deus Tiro_BraPort.indd 21 14.05.2007 16:51:02 Uhr 22 O Tempo está se Esgotando em Cristo é mais do que uma simples teologia sistemática, e precisa se tornar vivo na vida de quem o declara. A nossa pregação pode ser ministrada por meio de línguas de fogo, se tivermos o fogo divino ardendo em nosso interior. Você também pode ter este fogo queimando dentro de você, basta que receba a Palavra de Deus em você mesmo. Jonas era um pregador e profeta raro, pois não queria prosperar naquilo que fazia. Ele tinha esperanças de que ninguém em Nínive prestadde atenção ao que ele tinha de pregar ali. Contudo, até mesmo o rei se alarmou sobre os seus próprios pecados, e decidiu mudar. Se nos dispusermos a falar a Palavra de Deus, devemos saber o que estamos fazendo. Ninguém deve “brincar” com esse fogo poderoso. Além de Israel: Visão Mundial Pelo Perdido Entre os profetas do Antigo Testamento, Jonas foi o único a sair de Israel para pregar a Palavra do Senhor abertamente nas ruas de uma terra estrangeira. Notamos uma semelhança entre o espírito de Jonas e Jesus, pois ele foi o único profeta com o qual o Senhor se associou pessoalmente. O Mestre falou dele como sendo um sinal para Israel (Mt 12.39). Jonas recebeu de Deus um grande peso por uma cidade gentia. O próximo a carregar esse peso foi o próprio Jesus Cristo; o Seu coração era grande o bastante para amar a todo o Israel, e a todo o mundo gentio. Nenhum outro profeta de Israel jamais levou a Palavra do Senhor ao estrangeiro, exceto quando eles mesmos foram levados como prisioneiros de guerra. Lemos, nos livros de Daniel e Ester, que na Babilônia alguns continuaram testemunhando do Senhor, o Deus de Israel. As tribos do norte foram conquistadas pelo Império Assírio e perderam. O Salmo 137 diz o seguinte: Pois aqueles que nos levaram cativos nos pediam canções … Eles Tiro_BraPort.indd 22 14.05.2007 16:51:02 Uhr Capítulo 1 • O Evangelista Relutante 23 disseram: Entoai-nos algum dos cânticos de Sião. A resposta, todavia, que tiveram, foi: Como, porém, haveríamos de entoar o canto do Senhor em terra estranha? (Vv.3,4.) E que pena foi essa decisão que tomaram, pois aquelas canções poderiam ter apresentado o Deus vivo ao mundo daqueles opressores. O interesse que Deus tem por aqueles que criou é igual para todos, mesmo para com o mais apóstata e fraco. Contudo, Jonas não sentia o mesmo e não tinha nenhuma compaixão para com aquele povo estrangeiro. Ele tentou fugir dos planos de Deus, mas o Senhor já havia determinado que ele deveria ir, e mandou a tempestade sobre o mar. Aquela tempestade era o protesto de Deus, sem nenhuma pena, contra a atitude de Jonas. O Todo-poderoso coagiu Jonas a fazer algo que Israel nunca havia feito, mas que deveria: fazer o nome do Senhor conhecido por toda a terra (Sl 67; 96; Ez 36.23). Aproximadamente durante os seus primeiros 20 anos a Igreja Primitiva era totalmente judia. Então, apesar de todas as suas faltas, talvez Jonas tenha sido um dos maiores de todos os profetas. O Evangelismo é Iniciativa de Deus A iniciativa de salvar Nínive foi de Deus, e não de Jonas. Afinal, o Senhor não deseja a morte de nenhum homem, mas, sim, que todos venham ao arrependimento (2 Pe 3.9). A iniciativa para o evangelismo é sempre de Deus e é Ele quem nos chama e equipa para a realização desse trabalho. Também foi Ele quem concedeu uns para serem evangelistas (Ef 4.11). A princípio, Jonas agiu por iniciativa própria, e foi em direção oposta, a oeste de Társis, em vez de ir para o lado leste. A conseqüência dessa desobediência declarada foi uma violenta tempestade. O Senhor prometeu abençoar e sustentar os Seus próprios planos; não há bênção sobre os nossos, separados dos de Deus. Tiro_BraPort.indd 23 14.05.2007 16:51:02 Uhr 24 O Tempo está se Esgotando Onde, então, Jonas estava indo? Onde ficava Társis? Vários especialistas se empenharam em estudar para descobrir. A palavra Társis está diretamente ligada ao minério derretido, prata, ouro e estanho. Os navios de Társis carregavam tesouros, e eram conhecidos pela valiosa carga que transportavam; por isso, se tornaram símbolo de riqueza, poder e orgulho. Para Jonas, entretanto, Nínive representava somente sacrifício. A escolha não era muito difícil: Nínive com suas ameaças, ou Társis, com suas riquezas? Será que nós também somos facilmente “comprados” pela sedução da maior oferta? Será que o dinheiro é o fator decisivo em nossa carreira? Não há como misturar Mamon e ministério. A maior recompensa é sempre para quem trabalha mais. Não Importa Para Onde você Fuja, Deus Está Lá Também! A tripulação do navio que ia para Társis não sabia que Jonas era profeta, tampouco conhecia o seu Deus. Os marinheiros eram pagãos, mas repreenderam ao profeta de Deus por dormir no trabalho, no meio de uma tempestade. O mestre do navio lhe disse: Que se passa contigo? Agarrado no sono? Levanta-te, invoca o teu deus; talvez, assim, esse deus se lembre de nós, para que não pereçamos (Jn 1.6). As pessoas esperam que o profeta não se cale, concordando com ele ou não. Talvez elas não queiram adotar a moral cristã ou o caminho do Senhor para si mesmas, embora concordem que a moralidade deve ser praticada, só que pelos outros. E se não pregarmos aquilo em que eles sabem que cremos, ficarão desapontados conosco. A Igreja nunca deve deixar de proclamar, em alto e bom som, o que é certo e o que é errado. Uma vez colocado contra a parede, Jonas admitiu quem ele era. A tripulação estava assustada, e mesmo aterrorizada. Esses Tiro_BraPort.indd 24 14.05.2007 16:51:02 Uhr Capítulo 1 • O Evangelista Relutante 25 homens eram novos convertidos em potencial, pois haviam reconhecido o poder e a autoridade de Deus, e vieram a crer Nele, apesar do fraco testemunho de Jonas: Temeram, pois, estes homens em extremo ao Senhor; e ofereceram sacrifícios ao Senhor e fizeram votos (Jn 1.16). Aqui estava um homem que conhecia as maravilhosas verdades sobre Deus; contudo, ainda assim, eles tiveram de lhe perguntar quem era o seu Deus. Com Jonas a bordo daquele navio, deveria estar claro para todos ali quem era o seu Deus. Será que as pessoas sabem quem é o seu Deus? É interessante notarmos que a identidade de Deus está, geralmente, ligada ao homem. Primeiramente Ele foi conhecido através de Abraão, e chamado de “o Deus de Abraão”. As primeiras impressões sobre Deus vieram do tipo de homem que foi esse patriarca. Quando Jacó fugiu de casa, por causa das ameaças de seu irmão Esaú, ele se referiu ao Senhor como sendo o Deus de seus pais, Abraão e Isaque. Ele identificava a Deus, pela maneira como a vida de seus pais havia sido moldada. Isso criou um sentimento de admiração em Jacó. Então ele decidiu que um dia o Deus deles também seria o seu (Gn 28.21). Ele não achava que isso poderia ser realidade enquanto a sua própria vida não refletisse esse tão grande Deus. Se o nome de Jacó era para ser associado ao Deus de seus pais, então ele queria manter a reputação daquele Deus. Evangelismo significa que alguém vai dizer: “Eu creio no Deus da minha mãe”, ou “Eu creio no Deus do beltrano”, ou “… no Deus de sicrano”. O Evangelho não pode ser apresentado em uma caixinha; entretanto, verdadeiramente pode ser mostrado por intermédio da vida de uma pessoa. O Evangelho é mais do que uma fórmula para se ir para o céu quando morrer, e mais do que um cinto de segurança; ele é vida. A essência do evangelismo é mostrar como Deus é. Jesus disse a Seus discípulos que o Tiro_BraPort.indd 25 14.05.2007 16:51:02 Uhr 26 O Tempo está se Esgotando Espírito de Deus é o espírito que dá testemunho dele (Jo 15.26). Freqüentemente falamos de “evangelismo de poder” – sinais e maravilhas para confirmar o Evangelho. Todavia Jesus disse que mesmo os perversos fariam milagres, apesar de Ele nunca os ter conhecido (Mt 7.22,23). Paulo também falou sobre a demonstração do Espírito (1 Co 2.4). É impressionante como os apóstolos manifestaram a realidade do Evangelho no seu dia-a-dia! Ele disse aos coríntios que a vida de cada um era como uma carta de apresentação, conhecida e lida por todos os homens (2 Co 3.2). Quando as pessoas olharem para nós, será que elas poderão dizer: “Então, é assim que Deus se parece?”? O Verdadeiro Espírito do Evangelismo O método evangelístico ensinado por Jesus era de que o recomendaríamos por meio de nossa vida, da mesma forma que com as nossas palavras. Deveríamos ser “povo de Jesus”, ou melhor, “povo do Evangelho de Jesus”. Somos a luz do mundo; não há outra opção (Mt 5.14). Jonas fugiu da presença do Senhor, mas carregava a luz na sua alma e que, de alguma forma, brilhou. Para embarcar em Jope, ele ocultou o seu testemunho tanto do capitão, quanto da tripulação. Entretanto, Jonas conhecia a Deus e isso foi visto pela tripulação de um navio sacudido pela tempestade, mesmo quando ele tentou fugir do Senhor. Jonas sabia muito bem como Deus era: sabia que Ele era gracioso. Como ele poderia pregar julgamento sobre o povo de Nínive, quando conhecia perfeitamente que Deus era tão bondoso e misericordioso? Jonas sabia que o Senhor perdoaria a maldade dos ninivitas ao primeiro sinal de arrependimento. Então, decidiu fugir da presença do Senhor (Jn 1.3). Estar diante de Deus significava estar impregnado com a Sua graça. A atmosfera estava Tiro_BraPort.indd 26 14.05.2007 16:51:03 Uhr Capítulo 1 • O Evangelista Relutante 27 cheia de compaixão, e Jonas não queria ser compassivo. Ele não sabia sorrir bondosamente para monstros como os senhores de Nínive. Não há julgamento no evangelismo, mas Jonas sentia firmemente que Nínive merecia um pesado julgamento. Considero a sua atitude compreensível. Os sentimentos de Jonas estão freqüentemente ecoando no livro dos Salmos (veja, por exemplo, o Salmo 18, de 37 a 42). Quando Jesus viajou por Samaria com Seus discípulos, Ele queria ficar uma noite na vila. Contudo, os habitantes locais eram hostis aos judeus, e poderiam não acomodá-los. Os discípulos estavam gostando da experiência de usar o poder de Deus para curar, pela autoridade que Jesus lhes havia dado. Eles sabiam que Elias havia feito descer fogo do céu sobre os soldados que vieram para prendê-lo (2 Re 1.8-14). Então eles propuseram fazer o mesmo para exterminar aquela vila; afinal de contas, Deus não havia feito aquilo com Sodoma e Gomorra? Jesus, porém, lhes disse: Vós não sabeis de que espírito sois. Pois o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. (Lc 9.55,56.). João Batista teve uma atitude semelhante, e pregou um julgamento de fogo, com o espírito e poder de Elias, e disse: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. A sua pá, ele a tem na mão, para limpar completamente a sua eira e recolher o trigo no seu celeiro; porém queimará a palha em fogo inextinguível. (Lc 3.7,9,17). Esse, sim, parece o sermão inflamado de Elias, que soa irônico quando Lucas acrescenta: E com muitas outras palavras João exortava o povo e lhe pregava as boas novas (3.18 – NVI). Boas novas? O fogo do inferno? Tiro_BraPort.indd 27 14.05.2007 16:51:03 Uhr 28 O Tempo está se Esgotando Mais tarde João viu Jesus exercendo o seu ministério, e não viu nenhuma chama de julgamento caindo do céu. Então ele enviou mensageiros a Jesus para lhe perguntarem se ele havia identificado o homem errado, como sendo o Messias. Jesus mandou-os de volta para contarem sobre as maravilhas de Deus entre os aflitos e moribundos, e entregar a mensagem: E bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço (Lc 7.23). O AMOR É O VERDADEIRO ESPIRITO DO EVANGELISMO. DEVERÍAMOS ADVERTIR AS PESOOAS SOBRE O PERIGO DO INFERNO COMO SE ELAS FOSSEM NOSSOS PRÓPRIOS FILHOS, ANDANDO NA BEIRA DE UM VULCÃO. Elias era o flagelo de Baal, Jezebel e seu O Evangelho patético marido, Acabe. Jesus, no entanto, é mais do que uma não veio como flagelo. Ele ofereceu as suas fórmula para se ir para próprias costas para serem flageladas, e o céu quando morrer, não as nossas. Ele nos mostrou que o seu e mais do que um coração estava pulsando com desejo e precinto de segurança; ocupação infinitos por cada uma de Suas ele é vida. criaturas. Aliás, quanto mais afundadas no fundo do poço as pessoas estavam, mais Ele sangrava por elas. Eu sei que muitos estão indo para o inferno, e se me preocupo com eles, eu deveria adverti-los. Entretanto, deveria adverti-los como se fossem meus próprios filhos andando na beira de um vulcão. O ódio não deve estar presente em nossos sermões, pois a nossa missão é compaixão. Devemos sentir a ansiedade das almas dos pecadores, que estão sendo devorados pelo inferno, e não exultarmos de satisfação e gritar de alegria. Admoestações e ameaças são duas coisas diferentes, e Jonas achava difícil pregar isso; ele queria pregar a ira, mas sabia que Deus não tem prazer na raiva, pois é longânimo. Tiro_BraPort.indd 28 14.05.2007 16:51:03 Uhr Capítulo 1 • O Evangelista Relutante 29 A Voz do Amor Freqüentemente penso em como seria a fisionomia de Jesus enquanto Ele falava. Certa vez Ele pronunciou sete desgraças contra algumas cidades (Ap 2.1-3.22). E qual foi o tom da Sua voz? Creio que tenha sido de tristeza. Que amor encheu sua voz, que lágrimas encheram seus olhos, mesmo quando entrou em Jerusalém para ser rejeitado (Mt 23.37)! Poderíamos ver o Seu coração pelo tom da Sua voz. Será que tom de voz aquele privilegiado povo ouviu? Em Lucas 4.22 lemos que todos lhe davam testemunho, e se maravilhavam das palavras de graça que lhe saiam dos lábios. Em outra ocasião, alguns sacerdotes e fariseus mandaram soldados do Templo para prender Jesus, mas os mesmos voltaram fascinados e desarmados, dizendo: Jamais alguém falou como este homem (Jo 7.46). E qual seria a expressão de Jesus quando Ele disse: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem (Lc 23.34)? Certa vez D.L. Moody, em Londres, falou a um público de mais de mil convidados racionalistas. A reunião estava ameaçadoramente hostil; quando Moody soluçou literalmente, com lágrimas correndo pela barba, ao implorar que eles se voltassem para Cristo. Repentinamente aquela atmosfera ruim se quebrou e centenas se entregaram a Cristo. Aquelas pessoas nunca mais foram as mesmas. Não estou aqui dizendo que o Evangelho deveria se tornar piegas, afinal de contas, a voz de Jesus fez muito mais do que emocionar as pessoas. A reação delas não era lágrimas mas, sim, alegria. Ele disse a Seus discípulos que falava com a intenção de lhes trazer paz e alegria (Jo 14.27; 15.11). Na realidade, não havia nada de patético nas palavras de Jesus; nada que pudesse ser chamado de sentimentalismo meloso. O som do Evangelho deveria ser triunfante, incontestável e cheio de contentamento. Tiro_BraPort.indd 29 14.05.2007 16:51:03 Uhr 30 O Tempo está se Esgotando Existe um grande contraste entre a voz de advertência de Jonas, na perdida Nínive, bem como uma enorme distância, e a graça e a verdade que vêm à luz por intermédio de Jesus Cristo. Nada fala mais alto do que o amor. Indignação Justa e Prioridades Corretas Mais tarde Deus iria falar a Jonas usando uma planta que cresceu sobre ele, e depois secou. O profeta havia saído para fora da cidade por um tempo, esperando para ver o que iria acontecer aos moradores, após entregar-lhes a mensagem divina. O sol estava muito quente, e então Jonas fez para si um abrigo. Uma planta providenciada por Deus cresceu sobre ele para lhe dar mais proteção do calor; entretanto, durante a noite, ela secou, pois sua raiz havia sido destruída por algum tipo de verme (Jn 4.7). Jonas ficou simplesmente furioso. Então Deus lhe disse: É razoável essa tua ira por causa da planta? Bem, Jonas achava que fosse. Ele justificou dizendo que sua raiva era bastante até mesmo para morrer (verso 9). Então Deus declarou o que Ele pensava. As últimas palavras do livro de Jonas são palavras do Senhor: Tornou o Senhor: Tens compaixão da planta que te não custou trabalho, a qual não fizeste crescer, que numa noite nasceu e numa noite pereceu; e não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda, e também muitos animais? (Jn 4.10-11.) Para Jonas, a planta parecia mais importante do que a vida das pessoas. Temos aqui uma lição para nos ensinar o que é importante para nós. O mundo está cheio de causas justas por aí, hoje em dia. Os Estados Unidos são particularmente conhecidos Tiro_BraPort.indd 30 14.05.2007 16:51:03 Uhr Capítulo 1 • O Evangelista Relutante 31 entre os demais países por sua poderosa influência em grandes questões morais, tal como a preocupação com o ambiente. Os cristãos também podem se envolver politicamente e mesmo profissionalmente; e por que não? A questão é: o que mais nos irrita? É óbvio que as questões sociais, ambientais e morais não são insignificantes para serem descartadas. Também concordo que deveríamos nos irritar com muitas abominações perpetradas pela sociedade moderna. Mas, e a questão da salvação eterna? Pessoas do pró-vida lutam, e com toda a razão, pela vida de bebês que ainda não nasceram. Entretanto, o que nós estamos fazendo sobre os milhões de pessoas que andam pelas ruas de nossas cidades? Sabemos que nem todos serão pregadores ou evangelistas. Necessitamos de pessoas que possam fazer todo o trabalho que mantém nossa sociedade e nossas igrejas funcionando. Qualquer que seja nossa preocupação com a vida mortal e com as questões sociais, o chamado de Cristo para pregarmos o Evangelho a toda criatura deve ser o nosso objetivo mais importante. Colocando isso de outra forma, podemos ser como Jonas, cujo problema imediato era apenas a perda da sombra que tinha sido providenciada pela planta que agora estava morta. Será que estamos mais perturbados com a ameaça de extinção da espécie no Atlântico Norte, do que com o perigo eterno em que se encontram os que rejeitam a Cristo? Quando Jesus ressuscitou da morte, pouco antes de subir ao céu Ele deu aos apóstolos um profundo ensinamento sobre o reino de Deus (At 1.3). Eles lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel? (v. 6). Aquela não era somente a prioridade deles, mas também era a interpretação que tinham Tiro_BraPort.indd 31 14.05.2007 16:51:03 Uhr 32 O Tempo está se Esgotando sobre o reino de Deus (uma questão nacionalista, por exemplo). Eles estavam interessados em tempos e estações. Jesus lhes disse: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra (At 1.7,8). Aquelas foram as últimas palavras de Jesus na terra. É verdade que não é todo mundo que pode deixar seu barco de pescar, para poder se dedicar à pesca de homens. Contudo, a Grande Comissão deve permanecer sendo a nossa maior prioridade. Evangelismo Futuro O mundo pode ser evangelizado mais cedo do que muitos acreditam, mesmo que já estejamos vivendo o novo milênio. Quando Jesus deixou este mundo, havia aqui apenas poucos milhares de cristãos – talvez um para cada 20.000 pessoas. Entretanto, em um período de 300 anos todo o Império Romano se tornou “oficialmente” cristão. A estimativa hoje é de que existam mais de 600 milhões de crentes nascidos de novo, o que significa um em cada dez pessoas. Se estivermos distraídos com outras questões, e empregarmos o nosso tempo, dinheiro e energia em questões meramente sociais e políticas, a propagação do Evangelho vai diminuir, e ela precisa é de aumentar. Precisamos de um máximo esforço final para alcançar os outros nove décimos do mundo. Quando o evangelho tiver sido pregado para todo o mundo como testemunha para todas as nações, então virá o fim (Mt 24.14). Tiro_BraPort.indd 32 14.05.2007 16:51:03 Uhr Capítulo 2 O EVANGELISMO E O MUNDO Q uando consideramos o alcance e as ramificações da Grande Comissão, só podemos ficar impressionados com o fato de que ela é uma expressão do amor de Deus para com o mundo inteiro. É por isso que, qualquer que seja a sua carreira, o principal negócio do cristão é o Evangelismo, o qual é parte indispensável de qualquer ministério cristão. Haja Luz Quando Paulo estava em Trôade, pregou até altas horas da noite e, ao fazê-lo, um jovem chamado Êutico, que estava sentado numa janela, adormeceu profundamente durante a prolongada pregação, e caiu do terceiro andar. Felizmente Paulo estava lá para restaurá-lo à vida. Em Atos 20.8 lemos o seguinte: Havia muitas lâmpadas no cenáculo onde estávamos reunidos. Graças a Deus que hoje também existem muitas lâmpadas no mundo. Contudo, apenas ter as lâmpadas não basta; todas as virgens na parábola do noivo tinham lâmpadas, porém a metade delas se apagou (Mt 25.8). Isso não quer dizer que as lâmpadas estavam “meio apagadas” mas, sim, totalmente sem luz. Quanto a nós, não podemos estar meio acesos: ou brilhamos ou somos apenas sombra. Algumas vezes fico me perguntando se entre os que se dizem cristãos, pelo menos cinqüenta por cento o é realmente. O relato bíblico diz que metade das virgens estava dormindo, assim como Êutico; e veja bem o que aconteceu com ele! Pessoas que dormem Tiro_BraPort.indd 33 14.05.2007 16:51:03 Uhr 34 O Tempo está se Esgotando enquanto trabalham, aquelas cujas lâmpadas se apagaram por não terem óleo, estão condenadas a caírem. Há muito que a Palavra de Deus advertia: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará (Ef 5.14). Se você quiser dissipar as trevas, não faz sentido discutir com elas; simplesmente acenda a luz! Polêmicas não são um substituto apropriado da verdade e do Espírito Santo. Por mais densa que seja a escuridão, ela não pode extinguir, sequer, a tênue luz de uma vela. Jesus disse que João era a lâmpada que ardia e alumiava (Jo 5.35). Em João 1.5 e 7 lemos que a luz resplandece nas trevas e que ele veio como testemunha para que testemunhasse da Luz. Ocorre-me que, se a luz já estava brilhando, porque João era necessário? Quando o sol nasce, todos nós ficamos sabendo; e não precisamos que ninguém nos diga que já é dia. Então, o que é uma “testemunha da luz”? Se você olhar para o céu, em noites bem claras, a lua estará brilhando. Homens já foram à lua e sabem que ela não possui luz por si mesma. Sabem também que, ao seu redor, não há claridade. Se o espaço é escuro, e a lua não tem luz própria, por que ela é tão clara e como pode nos fornecer luz? Simples: porque ela reflete o brilho que vem do sol. Aí perguntamos: se a luz solar viaja através do espaço para alcançar a lua, por que o espaço é tão escuro, mesmo nos arredores da lua? Na verdade, a resposta é muito elementar. A luz, em si mesma, é invisível, e somente é revelada quando se choca com algum outro objeto. A maior parte do espaço é completamente vazia. Ali não existe nada para captar a luz do sol, ou impedi-la de alcançar a lua. Na realidade, o espaço é cheio da claridade gerada por bilhões de sóis, mesmo parecendo um breu. Tiro_BraPort.indd 34 14.05.2007 16:51:04 Uhr Capítulo 2 • O Evangelismo e o Mundo 35 O universo está cheio de Deus. Ele é o Pai das luzes (Tg 1.17) e toda luz vem d’Ele. Entretanto, milhões de pessoas andam vagando por aí em profunda escuridão. E como isso é possível? Como as pessoas podem andar em escuridão espiritual, quando todo o universo está mergulhado na luz de Deus? Essas pessoas não podem ver a luz das coisas invisíveis, até que alguém pegue-a e a reflita. Os raios do sol não seriam vistos na terra, exceto pelo fato de que eles iluPor mais densa minam as moléculas da nossa atmosfera, que seja a escuridão, assim como o pó e a umidade do ar. O ela não pode extinguir, sol irradia luz por bilhões de quilômetros, sequer, a tênue e ainda assim não há vestígio dele até que luz de uma vela. aquela luz seja refletida. Precisamos de algo que nos mostre que ela está lá. Sendo assim, a lua é essa testemunha da luz. Ela é a prova de que o sol está brilhando, pois ela brilha com a claridade dele. A lua navega por todo o céu com luz invisível, e transmite a nós o suficiente dessa luz, a fim de que possamos ver por onde andamos. Primeiro Timóteo 1.17 fala sobre o Rei eterno, imortal, invisível. A luz de Deus é constante, brilhante e nunca intermitente; mas quem a vê? As pessoas andam em trevas; o fato simples e verdadeiro é que a única luz que jamais verão, é a luz refletida. Assim como João era uma lâmpada brilhando, uma testemunha da Luz, assim o é cada crente. Somos ordenados a andar na luz (1 Jo 1.7), caso contrário, não haverá luz. Um mundo espiritualmente perdido depende dos refletores de luz. Se escondermos o Evangelho, ele continuará escondido daqueles que estão perdidos (2 Co 4. 3-6). Gostaria de chamar a sua atenção aqui. Paulo fala que a face de Moisés brilhava com a glória de Deus, mas ele cobriu a sua face (2 Co 3.13). Ele era humilde, mas não foi a sua humildade que o Tiro_BraPort.indd 35 14.05.2007 16:51:04 Uhr 36 O Tempo está se Esgotando fez cobrir o rosto. Foi porque a glória diminuiria, e ele sabia que seria ruim se os supersticiosos de Israel a vissem desaparecer; eles poderiam tirar conclusões erradas sobre a diminuição da glória. Então, ele cobriu toda a sua face; assim eles não saberiam se ela estava brilhando ou não. Como diz Paulo, a luz de Deus e a Sua glória, na Era cristã, não desaparecem (2 Co 3.18); ela é permanente. O véu foi tirado porque não há necessidade de temer que ela desapareça depois de um tempo. O Espírito de Deus não parece ser o que não é, flutuando com incertezas ao nosso redor. Ele habita conosco. Podemos andar destemidamente e com o rosto descoberto diante do mundo, para que as pessoas possam ver a glória de Deus em nós. Tiago diz que toda boa dádiva … vem do alto, do Pai das luzes, no qual não há variação ou sombra de mudança (Tg 1.17). O sol produz uma sombra ao se virar, e a sombra se move. Esse é o principio do relógio de sol; ou seja, como ele mantém o tempo. Quando não há sombra é porque o sol está no seu ponto mais alto. Deus nunca faz sombra, pois está sempre no seu ponto mais alto, assim como nunca sai daquela posição perfeita. A luz de Deus não cessa, não é temporária, e está sempre radiante. Ele é a luz perpétua, a qual devemos refletir eternamente. Nossa face não deve estar coberta, pois a Sua glória não vai passar. Nós estamos sendo transformados de glória em glória (2 Co 3.18) – e cada vez mais, recebemos mais dessa glória! A Escuridão Virá Sobre Este País? Porque eu, um evangelista, deveria ir aos Estados Unidos? Será que já não existe mais luz ali do que na Índia, Egito ou Benin? Sim, é verdade. Os Estados Unidos já têm o Evangelho. Parece Tiro_BraPort.indd 36 14.05.2007 16:51:04 Uhr Capítulo 2 • O Evangelismo e o Mundo 37 que, em quase toda a esquina, existe um pináculo apontando para o alto, como um dedo para Deus. Estou tentando levar a luz aonde já há abundância dela? Mas, e quanto à Europa? Lembra-se da história que contei sobre a tribo que adorava a lua? Eles pensavam que o sol era estúpido por brilhar durante o dia já que, nesse horário, havia abundância de luz. Eles estavam enganados porque não sabiam que essa claridade abundante durante o dia, existia exatamente porque o sol estava brilhando. Voltando agora para o lado espiritual, o motivo pelo qual há luz no mundo é porque existem cristãos que têm permitido que a sua luz brilhe. E assim também é na América. Jesus disse: Vós sois a luz do mundo (Mt 5.14). Dessa forma, estou feliz por podermos brilhar juntos. A luz nunca é demais; sempre podemos ter um pouco mais. Sem os cristãos, a escuridão logo tomaria conta de muitos países. Os não-cristãos teriam as coisas do seu jeito, mas logo colheriam o que semearam. Sem uma luz que indique a direção, haveria total anarquia. Muitas pessoas, principalmente nos Estados Unidos e Europa, se enganam achando que podem viver a vida de modo decente sem o Cristianismo. Grande engano! Muitos deles parecem ter se esquecido de que, no seu país, a própria idéia de decência teve origem nos antepassados cristãos, que viviam em sua nação. O ser humano só consegue ficar sem respirar por um curto período de tempo; podem viver por um pouco mais sem água e comida e, sem luz, temporariamente; mas não o pode para sempre. Os recursos espirituais investidos em países como os Estados Unidos, por crentes de gerações anteriores, eventualmente acabará. Afinal, não é possível viver somente dos dividendos dos seus investimentos. Devemos ser geradores de riquezas – corretores das riquezas espirituais, das riquezas da fé. Tiro_BraPort.indd 37 14.05.2007 16:51:04 Uhr 38 O Tempo está se Esgotando Muitos dos admirados filósofos gregos, se estivessem vivos hoje, estariam atrás das grades, cumprindo pena pelo crime de pedofilia. Foi Cristo quem salvou a Europa, não Platão; e somente Ele pode salvar os Estados Unidos e as demais nações do mundo. As autoridades costumam dizer que o preço da liberdade é uma constante vigilância; contudo, essa vigilância sem uma completa dependência de Deus, falhará. A liberdade é o efeito colateral de ser um seguidor de Cristo. Não existe efeito sem causa, e liberdade sem fé em Deus, leva à escravidão. Muitos países que visito não têm uma tradição cristã que molde seus planos de ação. E podemos dizer, com toda a certeza, que é um alicerce reforçado com a fé bíblica que diferencia as nações; se esse alicerce for abandonado, elas serão extinguidas. Algo parecido com isso aconteceu no meu país, a Alemanha. Séculos de pensamento liberal e racionalista, somados a críticas à Bíblia, diluíram a fé cristã na minha terra natal. Fraca e instável como a água, a região não conseguiu superar as pressões (Gn 49.4). Sob tais condições, foi fácil um regime amoral assumir. A resistência à cruel política de Hitler e do Terceiro Reich foi insuficiente. Na França, no século XVIII, a experiência de um estado sem Cristo trouxe um reinado de terror, resultando na matança de dois milhões de pessoas. A Grã-Bretanha, por sua vez, só foi poupada desta barbárie por causa do impacto do movimento de avivamento de Wesley e Whitefield. A Rússia, durante 70 anos teve o ateísmo imposto severamente, e vai demorar pelo menos mais uma geração para se recuperar. Entretanto, talvez pior do que tudo isso sejam as crescentes formas de Cristianismo, corrompidas, que se foram mutilando a ponto de não serem mais reconhecidas como tal. Elas desvalori- Tiro_BraPort.indd 38 14.05.2007 16:51:04 Uhr Capítulo 2 • O Evangelismo e o Mundo 39 zam o Evangelho com teorias incrédulas, superstições descabidas e idolatria. E por não oferecerem a verdade, não produzem liberdade. Por onde passamos vemos que o mundo está clamando por um evangelismo totalmente baseado no sangue de Jesus. O Trabalho de um Evangelista A Grande Comissão, pronunciada pelo próprio Cristo, é encontrada de várias formas nos quatro Evangelhos, bem como no livro de Atos. Em todo o tempo a ênfase recai sobre as nações, as multidões não salvas espalhadas pelo mundo. Encontramos, em Mateus 28.19, o seguinte: Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações”. Marcos 16.15 diz o mesmo: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. João relembra o momento mais sagrado da vida de Jesus, quando Ele falou ao Pai: Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviarei ao mundo … para que o mundo creia que tu me enviaste (17.18,21). Algumas pessoas consideram o evangelista um avivalista; ou seja, alguém que, uma vez por ano, sacode a igreja para que se desperte. Entretanto, o principal trabalho de um evangelista é ganhar almas para A Igreja é a sociedade responsável pela Cristo; não é pregar para cristãos adorpropagação do mecidos e reavivar igrejas mortas! Uma Evangelho. campanha evangelística não é para ser confundida com uma grande celebração da igreja. Se o ministério do evangelista tiver como alvo os santos de Deus, ele está mal direcionado. O dom de evangelista é dado pelo Senhor para que aquele que o possui vá em busca dos homens e mulheres que ainda não se converteram a Cristo. Tiro_BraPort.indd 39 14.05.2007 16:51:04 Uhr 40 O Tempo está se Esgotando Evangelismo é Para Todo o Cristão O Novo Testamento deixa bem claro que evangelizar é a função natural de todos os que seguem a Jesus. De fato, evangelismo é seguir a Cristo, pois foi exatamente o que Ele fez primordialmente. A fé e a sua propagação são os dois lados da mesma moeda. O cristão não tem opção: tem de estar engajado em contar aos outros acerca de sua fé, ou estar envolvido de alguma forma. Sabemos que todas as religiões possuem suas obrigações sagradas. O sique (membro de uma seita hindu monoteísta, fundada no século XVI) deve usar um turbante; os hindus devem evitar animal gordo; os muçulmanos repetem suas orações sagradas, e os cristãos têm a sagrada obrigação de serem testemunhas de Cristo. Testemunhar é o “negócio” da fé cristã, e a Igreja é a sociedade responsável pela propagação do Evangelho. Já no começo do primeiro século, as pessoas se juntavam à Igreja, com o intuito de serem testemunhas, apesar dos riscos serem muito altos. Paulo, mesmo antes de sua conversão sabia que, falar a outros sobre Cristo era dever do crente; e ele perseguiu a Igreja por estar cumprindo sua obrigação. Após a sua conversão, entretanto, o próprio Paulo se viu em apuros por compartilhar sua fé. Como apóstolo do Senhor, sentiu um orgulho natural e perdoável pelo fato de Deus lhe ter confiado a pregação do evangelho. Ele sempre falou como se isso fosse uma das mais valiosas dádivas. O que se espera da Igreja é que ela cresça também em números. Isso está implícito e também explícito por todo o Novo Testamento: E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas! (Rm 10.15.) Tiro_BraPort.indd 40 14.05.2007 16:51:04 Uhr Capítulo 2 • O Evangelismo e o Mundo 41 A igreja, na verdade, tinham paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número. (At 9.31.) Nossa Visão do Mundo Segundo o meu ponto de vista, a grande diferença entre o hebreu e as Escrituras Sagradas, é que o Novo Testamento focaliza o mundo; já o Antigo Testamento, na sua maior parte, se prende na decepcionante história do povo de Israel. As maiores esperanças do povo de Deus eram estritamente nacionalistas; suas perspectivas eram meramente para si. Contudo, no Novo Testamento esse quadro muda. Depois de Cristo comissioná-los a espalhar o Evangelho, os homens de Israel se tornaram viajantes do mundo, proclamando o nome de Senhor por todo lugar. Jesus lhes disse, em João 10.16: Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las. Quando Jesus falava sobre a Sua missão e a da Sua Igreja, falava sobre pastoreio e colheita; porém, falava também sobre pesca. Certo dia, enquanto andava na beira da água, ele observou vários jovens pescadores, galileus, trabalhando. Entre eles, Simão e André estavam lançando a rede enquanto, ali por perto, João e Tiago remendavam as deles. Alguns eram pouco mais que adolescentes. Jesus lhes disse: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. (Mt 4.19.) Cristo queria atrair as pessoas para Si. Se elas eram mais parecidas com ovelhas ou com peixes, não tinha importância. E este continua sendo o Seu grande propósito; e deveria ser o nosso também. Tiro_BraPort.indd 41 14.05.2007 16:51:05 Uhr 42 O Tempo está se Esgotando Pescando no Mar Creio que deveríamos entender melhor o que a pesca e o mar significavam para Israel. Os israelitas nunca foram muito entusiasmados com o mar. Eles não pescavam no Mediterrâneo mas, sim, no minúsculo Mar da Galiléia que é, na verdade, um simples lago. Israel não tinha sua própria frota, e usava os navios de Társis, com tripulação estrangeira, como o navio em que Jonas embarcou em Jope. O Antigo Testamento menciona o mar; entretanto, raramente o retrata de modo favorável. Para os judeus, o mar era o mistério profundo; um lugar de coisas horripilantes, como o leviatã, grande animal aquático, citado em diversos lugares na Bíblia (Sl 74; 104.25,26; Is 27.1 – Ed. Almeida Revista e Corrigida). Ele era uma criatura semelhante à cobra, e que se contorcia igualmente. Isaias 27.1 retrata o leviatã como uma serpente sinuosa, o dragão do mar. O Salmo 74, por sua vez, fala dos monstros das águas e do leviatã. Jonas foi engolido por um monstro marinho. O apóstolo João, ao final da sua revelação (Ap 21.1), diz, como que aliviado, que o mar já não existe. O mar era um elemento selvagem e traiçoeiro, considerado fora do controle humano; somente Deus poderia dominá-lo: … as águas ficaram acima das montanhas; à tua repreensão, fugiram, à voz do teu trovão, bateram em retirada (Sl 104.6,7). O Senhor abriu caminho para os israelitas pelo Mar Vermelho; também, ao Seu comando, o mar destruiu o exército egípcio (Êx 14.15-31). O salmista falou do vento tempestuoso, que eleva as ondas do mar, sobem até aos céus e descem até os abismos (Sl 107.25,26). Essa passagem diz que os marinheiros andavam cambaleando como ébrios, e perderam todo o tino (v. 27). Tiro_BraPort.indd 42 14.05.2007 16:51:05 Uhr Capítulo 2 • O Evangelismo e o Mundo 43 O mar era considerado um lugar de morte, moradia de espíritos poderosos e assombrosos. Em Apocalipse 20.13 lemos: Deu o mar os mortos que nele estavam. Quando os discípulos viram Jesus andando sobre o mar, eles pensaram tratar-se de um fantasma, e ficaram aterrorizados. O vento sombrio gritava como almas perdidas em tormento (Mt 14.26). Esse profundo terror do mar também é expresso como sendo uma figura das nações: Ai do bramido dos grandes povos que bramam como bramam os mares, e do rugido das nações que rugem como rugem as impetuosas águas. Rugirão as nações, como rugem as muitas águas (Is 17.12,13). Em Salmo 2.1 lemos sobre a fúria das nações, e Jesus usou termos semelhantes para descrevê-las em Lucas 21.25,26: Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; sobre a terra, angústia entre as nações em perplexidade por causa do bramido do mar e das ondas; haverá homens que desmaiarão de terror. Entretanto, apesar dos perigos existentes, Jesus chamou Seus discípulos para serem pescadores. Ele disse: … Eu vos farei pescadores de homens (Mt 4.19). E não seria apenas na Galiléia, mas até aos confins da terra (At 1.8), no mar da humanidade, a todas as nações. Esses galileus conheciam pouco do mundo, pois nunca haviam ido para longe de sua pequena cidade pesqueira. Eles não eram aventureiros, mas Cristo os estava enviando para a maior de todas as aventuras empreendidas pelo homem. Eles pescariam homens e mulheres para Cristo, nas águas selvagens desse mundo. Era lá que os alcançariam. Esta era uma pesca em alto mar, onde as tempestades rugem, onde os demônios estão soltos, e onde as águas da adversidade os ameaçariam. Tiro_BraPort.indd 43 14.05.2007 16:51:05 Uhr 44 O Tempo está se Esgotando Quando Jesus os chamou, mostrou a eles que Ele era o mestre das águas. Aqueles homens eram pescadores profissionais, mas Jesus assumiu o comando como gerente executivo do Zebedeu & Filhos, confiscou um dos seus barcos e ensinou esses pescadores como fazer o seu trabalho. O resultado? Uma quantidade tão grande de peixes como eles jamais haviam sonhado (Lc 5.1-11). Certo dia os discípulos estavam indo pelo Mar da Galiléia, quando foram pegos de surpresa por uma tempestade implacável. Não havia nada que eles pudessem fazer, senão esperar e orar por salvação. Então, foi quando viram Jesus andando sobre o mar. As condições não poderiam ser piores. Acredito que o próprio demônio havia provocado a fúria das águas; no entanto, Jesus andava calmamente sobre as ondas. Ele não temeu o dragão das profundezas, nem os ventos uivantes e nem os demônios que não lhe deram folga. Porém, Jesus era o seu Mestre e os esmagou. Repreendeu a sua fúria e, então, se afastaram como cães bem domados que, com chicotes, deitam quietos debaixo dos pés do dono (Mt 14.22,23). Jesus advertiu a seus discípulos de que os estava enviando às águas furiosas para ensinar a todas as nações. As pessoas os matariam pensando que, com isso, estaQuando Jesus riam tributando culto a Deus (Jo 16.2); enviou a nós, eles seriam como ovelhas no meio de lobos Seus servos, (Mt 10.16). Por isso, eles deveriam estar a todas as nações, em prontos a dar a sua vida por essa causa. Sua mente Eles nada sabiam sobre a sabedoria grega, Ele só tinha sobre o vasto império Romano, ou acerca o nosso sucesso. do que havia além dos Pilares de Hércules (Estreito de Gibraltar). Para eles, o mundo era um oceano desconhecido, cheio de perigos; entretanto, Cristo demonstrou que era o Mestre do céu, da terra, do mar e de tudo o que neles há e que, por onde quer que fossem, Ele seria sempre o Senhor. Tiro_BraPort.indd 44 14.05.2007 16:51:05 Uhr Capítulo 2 • O Evangelismo e o Mundo 45 E os discípulos fizeram como Ele havia dito – seguiram pescando em águas tempestuosas, sob a direção do Mestre. Eles zombaram dos poderosos demônios da perseguição e desafiaram os ventos da adversidade. Ao comando divino, lançaram suas redes e as tiraram das turbulentas águas da humanidade: pescaram e encheram seus barcos. Entretanto, o que tudo isso significa para nós, atualmente? Hoje o mundo não está menos conturbado ou menos perigoso. Todavia, o Evangelho está avançando em todas as direções. Como uma maré, enchendo os pequenos buracos e fendas, a fé cristã está inundando o território do inimigo. Quando Jesus enviou a nós, Seus servos, a todas as nações, em Sua mente Ele só tinha o nosso sucesso. Por duas vezes o Senhor ordenou que os discípulos lançassem suas redes (Lucas 5.1-11 e João 21.1-14). A primeira vez foi antes da Sua ressurreição e, a segunda, depois. A última pesca foi maior do que a primeira e, em nenhuma das ocasiões, as redes se romperam. Podemos afirmar que isso foi profético. Os primeiros discípulos varreram os mares de sua época com suas redes, e agora estamos nos aproximando do fim dos tempos. Por todo o mundo vemos muito mais pessoas sendo ganhas para Cristo, a cada dia, do que no dia de Pentecoste. Em uma cruzada na Libéria, em uma única reunião vimos 150.000 pessoas respondendo ao chamado para salvação. Na Nigéria, o total em cada cidade foi de mais de um milhão – Port Harcourt: 1.1 milhão; Calabar: 1.2 milhão e, em Aba: 1 milhão. Almas preciosas para Deus! Somente em Lagos recebemos 3.4 milhões de cartões de decisão por Cristo, preenchidos durante os seis dias da Campanha Evangelística do Milênio. E o fluir da graça continua crescendo entre uma campanha evangelística e outra. Tiro_BraPort.indd 45 14.05.2007 16:51:05 Uhr 46 O Tempo está se Esgotando E a Metodologia? Encontramos, no livro de Atos, nos capítulos 25 e 26, o relato do encontro de Paulo com o Rei Agripa, neto de Herodes, o Grande. Face a face com esse poderoso governante, Paulo não teve medo de se posicionar em favor do que cria. Ele disse àquele rei: Mas, alcançando socorro de Deus, permaneço até ao dia de hoje, dando testemunho, tanto a pequenos como a grandes (At 26.22). Paulo não discutia métodos; apenas falava de Cristo quando e onde podia: em sinagogas, nas margens dos rios, nas escolas dos filósofos ao ar livre, em salas particulares, diante de grandes multidões, em acrópoles, pelos rios e a bordo de navios. Chegou mesmo a testemunhar para um carcereiro suicida, no meio de um terremoto (At 16.26-34). Os crentes são cheios de métodos sobre como alcançar homens e mulheres para Cristo; alguns insistem que a iniciativa é puramente de Deus. Para eles é como se, repentinamente, Deus entrasse em um determinado campo, visitasse uma área, salvasse aqueles a quem escolhesse e, depois, fosse embora. Daí, o campo ficaria adormecido até que outra safra estivesse pronta para a colheita, então Ele repetiria a operação. Para o grande pregador Charles Finney, entretanto, o avivamento acontece como e quando seguimos as regras do reavivamento. Há alguns anos as campanhas evangelísticas foram consideradas a técnica mais eficiente para se ganhar almas para Jesus. Infelizmente existem aqueles que só assistem e oferecem seus criticismos, opondo-se a todo tipo de esforço estruturado. Para eles, somente o testemunho individual é vantajoso; “o fruto tem de ser colhido manualmente”, dizem. Esse e outros métodos, como a arte, a música, a literatura, o trabalho jovem, e o trabalho de rua, todos têm seus defensores. Tiro_BraPort.indd 46 14.05.2007 16:51:05 Uhr Capítulo 2 • O Evangelismo e o Mundo 47 Aliás, hoje em dia a análise dos métodos evangelísticos tornou-se quase uma ciência. Estudamos as regras do sucesso, as melhores práticas dos negócios, a psicologia da comunicação e a propaganda; também aprendemos a causar uma boa impressão na televisão. Pode ser que, talvez, Deus até aprecie nossos esforços para fazermos o trabalho adequadamente. Eu apenas me pergunto se todos os nossos seminários e estudos podem se igualar ao simples entusiasmo que Paulo demonstrou ao falar para pequenos e grandes, quando teve oportunidade. Sua resposta é de que o melhor dos meios é fazer: … com o fim de, por todos os modos, salvar alguns (1 Co 9.22). O método deve condizer com o momento. As pessoas falam sobre aproveitar a oportunidade; entretanto penso que Paulo fazia a oportunidade. Prego para grandes grupos de pessoas não convertidas e creio que esse é o meu jeito; porém, em nossas campanhas, tentamos utilizar cada ministério e cada talento. Acredito sinceramente que o método mais eficiente é quando cada um de nós faz o melhor, usando nossos métodos específicos e não imitando os outros. Andamos com os nossos pés, vemos com nossos olhos, e trabalhamos com as nossas mãos. E, acredite em mim, alguém que nunca seria alcançado de outra forma, o será, por causa de nossa maneira peculiar de abordagem. Whitefield nos Estados Unidos Vamos analisar a situação do Evangelho nos Estados Unidos. Inicialmente foi lançada uma boa fundação, a qual é evidente até hoje. Uns 100 anos depois dos Pais da Peregrinação se fixarem onde hoje está localizado aquele país, um homem teve um papel fundamental na fundação daquela nação. Ele não era nenhum político mas, sim, um evangelista. Seu nome? George Whitefield. Nascido em Gloucester, na Inglaterra, uma cidade de 2000 anos, foi lá que ele pregou o seu primeiro sermão. Ele fez Tiro_BraPort.indd 47 14.05.2007 16:51:05 Uhr 48 O Tempo está se Esgotando sete viagens evangelísticas aos Estados Unidos, e morreu durante a última delas, em 1770. A última vez que alguém o viu vivo, ele estava pregando para um grupo de amigos, segurando uma vela de luz oscilante. A Igreja Memorial Whitefield, em Gloucester, tem gravada, no seu pórtico, as palavras daquele fervoroso pregador: “O amor de Cristo me constrange a levantar minha voz como uma trombeta”. Na praça daquela mesma cidade está, voltada para a igreja, a estátua de Robert Raikes, que também era dali. Ele abriu a primeira escola dominical do mundo, em 1780. Esse homem de Deus havia visto crianças nas ruas, gentias, esfarrapadas, brincando à sombra da grande catedral de 1.400 anos, e resolveu ensinálas em um bangalô nas redondezas. E tudo isso aconteceu não muito longe de Plymouth, onde os Pais da Peregrinação embarcaram no Mayflower, para a sua histórica viagem aos Estados Unidos. Perspectiva: as Nações A perspectiva bíblica sobre evangelismo não é somente para os indivíduos, mas para nações inteiras. Os profetas do Antigo Testamento não fizeram missão em salões nas vielas, nem propaganda do seu ministério profético. Eles falaram a reis e governantes, com o propósito de influenciar suas políticas. Elias apareceu diante de Acabe e assumiu o birô da meteorologia durante três anos (1 Re 17.1; 18.1). Jonas sacudiu a mais poderosa cidade do mundo de sua época com a sua pregação, fazendo com que o rei tremesse sobre o trono (Jn 3.6). As visões que Daniel teve sobre o futuro predisseram a ruína de impérios (Dn 9-11). Mais tarde, no início da Igreja, nada foi feito às ocultas (At 26.26). O próprio Jesus era uma figura pública com quem os líderes da nação tinham que se relacionar. Contudo, mesmo após Tiro_BraPort.indd 48 14.05.2007 16:51:05 Uhr Capítulo 2 • O Evangelismo e o Mundo 49 a Sua morte, os apóstolos não se aquietaram em suas pequenas habitações, nem conduziram igrejas na vila ou clubes de jardinagem, nem apoiaram-se sobre a cerca do jardim ou ficaram mastigando palha. Eles suportaram a antipatia da grande multidão para poderem confrontar os que ocupavam os mais altos postos nas cidades. Quando os inimigos de Paulo não sabiam onde ele estava, só tinham de seguir o tumulto para encontrá-lo. E Deus preparou para que ele fosse a reis, governantes e mesmo ao Imperador de Roma. Desde então, por toda a história, governos e governadores não têm conseguido ignorar a Igreja. Devemos fazer tudo para ver a mensagem de Jesus Cristo no mais alto escalão. Enquanto o Evangelho é uma nova ordem radical para a cidade, ele não é nada menos do que o salvador de uma nação. Ele não é uma religião agradável de domingo à noite, com ares de espiritualidade, ou uma psicologia de autoajuda. Não oferecemos a oração como um tranqüilizante genérico, a fim de minimizar as amarguras da vida. Também não promovemos orações de meditação que acalmam a alma e nem damos aulas de aeróbica espiritual. A Igreja não é simplesmente um lugar para “os idosos fecharem seus olhos e os jovens ficarem olhando as roupas dos outros”. É um pacote de poder para as nações, projetado para manter uma carga dinâmica sobre as pessoas, para toda a vida. A filosofia da Nova Era e as crenças similares simplesmente não têm nada a oferecer comparado ao Evangelho. Seria como tentar encobrir o sol com a luz de velas; simplesmente não funciona! O Evangelho é bastante para todo o homem e para todo o mundo; não é simplesmente um mapa das rodovias, deixado ao lado da estrada para ajudar aos peregrinos solitários acharem seu próprio caminho para o céu. O Evangelho oferece uma fundação firme como a rocha para a nossa vida. (Por que o Senhor deixou na terra 600 milhões de pessoas nascidas de novo, ao invés de Tiro_BraPort.indd 49 14.05.2007 16:51:06 Uhr 50 O Tempo está se Esgotando arrebatá-las para a glória? Simplesmente porque Ele age através de indivíduos, e os 600 milhões poderiam ganhar outros 600 milhões de amigos para Cristo nesse ano). Deus não é um mini-Deus mas, sim, o Deus do céu e da terra, de reis e reinos, de presidentes e repúblicas. Ele preside sobre o destino eterno de todos nós. Isso não significa que o ministro deve se dirigir somente a parlamentos ou trabalhar para mudanças na legislação. A igreja não é uma filial local de um partido político. Esse é um trabalho para políticos cristãos, e não para aqueles chamados para declarar as insondáveis riquezas de Cristo. A função apostólica é alcançar o perdido deste mundo, e não dirigir projetos ambientais, sociais ou questões da fauna. Muitos pensaram que a era do evangelismo em massa havia terminado com a Segunda Guerra Mundial. Aliás, o verdadeiro evangelismo em massa ainda não tinha sido conhecido; estava apenas começando com as reuniões de Billy Graham. Em 1949, uma campanha evangelística com Tommy Hicks, na Argentina, trouxe 400.000 pessoas em uma única reunião. E daí por diante nasceram 148 igrejas. O Senhor Jesus prometeu: Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai (Jo 14.12). Isso não tem nada a ver com curas ou milagres da natureza, mas com o real trabalho de Deus – a salvação. Hoje estamos vendo o trabalho de Cristo cumprido. Ensino sobre Avivamento O assunto de “avivamento” está na mente de muitos cristãos hoje em dia. E até existem alguns eventos, os quais chamamos de “avivamento”. É claro que esta é uma avaliação humana, pois Tiro_BraPort.indd 50 14.05.2007 16:51:06 Uhr Capítulo 2 • O Evangelismo e o Mundo 51 quando falamos nesse tema, normalmente estamos nos referindo a um acontecimento superior e distinto do trabalho normal do Espírito Santo. Nós mesmos decidimos o que é avivamento e o que não é; afinal a Bíblia não nos dá nenhum critério para fazermos essa distinção. Aliás, a Bíblia não menciona o fato de que algum trabalho do Espírito Santo seja raro. Nós é que, com este propósito, criamos o nosso próprio critério de medida. Muitos dizem que “avivamento” é uma palavra bíblica, mas não é assim. Somos nós que identificamos um acontecimento ou uma série deles como sendo avivamento e, então, tentamos definir a palavra. Se não sabemos o que queremos dizer com essa palavra, como vamos saber o que ela é? Precisamos saber sobre o que estamos falando. A pergunta básica é: Será que Deus tem dois níveis de ação espiritual? O trabalho normal do Espírito Santo acontece todo o tempo e em todo o lugar. Existiria outro tipo, um poder especial e superior que opera quando Deus realmente vem até nós? Será que podemos aceitar duas categorias de atividade do Espírito Santo: o poder total e o poder parcial? Pode ter certeza de que não tenho a menor intenção de fornecer respostas a essas perguntas. Levanto a questão apenas para mostrar um perigo em potencial: que muitos estão esperando Deus agir, ou esperando que Ele entre em campo. Qualquer que seja o nosso pensamento sobre avivamento, o ensino claro de Jesus é que devemos pregar o Evangelho a toda criatura. Afinal, não há salvação de outra forma. Aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação (1 Co 1.21). Muitos insistem em dizer que uma campanha evangelística não é avivamento. Tudo bem, então não chamemos de avivamento; vamos chamar do que é: apenas uma campanha. Não importa Tiro_BraPort.indd 51 14.05.2007 16:51:06 Uhr 52 O Tempo está se Esgotando do que a chamemos, contanto que as vidas estejam sendo libertas do poder do diabo e do domínio do pecado (At 26.18). Não devemos desprezar o que está sendo feito; por outro lado, as pessoas freqüentemente oram dizendo: “Senhor, faz isso de novo!” Elas querem que Deus repita algum acontecimento que, para elas, seja um exemplo a ser seguido. Elas querem repetição; entretanto, Deus não dá repetições, não importa o quanto aplaudimos Seus feitos passados. Se avivamento é para o crescimento da Igreja, o que vemos hoje é algo jamais visto na história. Tenho tido o privilégio de pregar para mais de um milhão de pessoas e de A Igreja não é ver, com meus próprios olhos, um milhão simplesmente um de convertidos em um só culto. As expelugar para riências da Igreja Moderna, bem como “os idosos fecharem seus olhos e os jovens o seu crescimento, têm superado mais de mil vezes os recordes narrados no livro dos ficarem olhando as roupas dos outros”. Atos dos Apóstolos. É um pacote de poder para as nações, projetado para manter uma carga dinâmica sobre as pessoas, para toda a vida. Um exemplo disso é a China, onde os cristãos já sabem que vão sofrer por causa da sua fé. Quando o presidente Mao Tse-Tung assumiu o governo daquele país, havia um milhão de cristãos ali. A partir da morte desse líder, em 1976, houve uma expansão da fé, e as últimas estimativas são de que há mais de 120 milhões de Chineses cristãos, apesar de as ameaças e restrições por parte do governo continuarem. Muito do que temos visto acontecer não se encaixa em nenhuma fórmula teológica clássica para conversões e avivamentos. As pessoas que amam a Jesus e estão dispostas a morrer por Ele, como aconteceu a inúmeros seguidores de Cristo, não podem ser Tiro_BraPort.indd 52 14.05.2007 16:51:06 Uhr Capítulo 2 • O Evangelismo e o Mundo 53 crentes inferiores. Quando vejo dezenas de milhares clamando para receber a Cristo, em campo aberto na África, ou em um estádio na Índia, regozijando-se com a experiência, olho para os lados procurando por outro tipo de “avivamento” e não encontro nenhum. Será que podemos desprezar isso como não sendo um avivamento qualificado, pelo simples fato de que não corresponde a nenhum modelo dos ocorridos nos séculos XVIII ou XIX? Creio que está acontecendo um avivamento mundial. E isso é resposta de oração, pois já se orou bastante por isso, até mesmo em hinos; e agora ele está aqui. Na Coréia do Sul, um país budista, 40% da população é de cristãos nascidos de novo, incluindo um terço das forças armadas. Mas como isso pode estar acontecendo? Através do evangelismo – de todos os tipos. Nunca houve um verdadeiro avivamento sem a pregação do evangelho. Já ouvimos, inúmeras vezes, que a oração precede o avivamento; e é claro que tem de preceder, pois o povo ora todo o tempo. Por isso, quando temos esse mover acontecendo, podemos facilmente dizer que ele é resultado de oração. Quando examinamos os relatos anteriores, vemos que os maiores avivamentos de toda a historia têm em comum o evangelismo! Quando as pessoas saíam e pregavam o evangelho, mesmo em tempos difíceis e improváveis, Deus honrava a Sua Palavra. Freqüentemente um extraordinário número de pessoas vinha a Cristo, estando ouvindo a Palavra de Deus pela primeira vez. O despertamento espiritual pode vir tanto através de uma igreja viva, como de uma igreja morta. O Espírito do Senhor tem absoluta liberdade para se mover neste mundo, e Ele trabalha de incontáveis maneiras. Vamos nos deixar levar pela brisa que sopra de Deus, independentemente de qual seja a nossa visão de Tiro_BraPort.indd 53 14.05.2007 16:51:06 Uhr 54 O Tempo está se Esgotando avivamento. Se alguém acreditar que o avivamento virá, ótimo. Enquanto isso, Deus pode salvar milhares de almas. Seria maravilhoso a repetição de um despertamento do passado, mas os acontecimentos de hoje têm trazido muito mais pessoas à salvação, do que qualquer outro mover já ocorrido. De fato, fazer a nossa parte, o que pudermos, talvez prove ser o catalisador que traz os mesmos avivamentos que muitos estão esperando. Tiro_BraPort.indd 54 14.05.2007 16:51:06 Uhr Capítulo 3 APRENDENDO COM O MESTRE A o considerarmos assuntos tão importantes como avivamento e evangelismo, temos muito a aprender com o próprio Jesus. Alguns dos textos mais conhecidos usados para a pregação do Evangelho vêm dos ensinos de Cristo registrados no evangelho de João. Muitas pessoas os conhecem desde a infância; pelo menos os mais velhos. Citamos, a seguir, alguns desses famosos versos de João, que são como música que a gente nunca esquece. Vamos nos deliciar com algumas das mais maravilhosas palavras já escritas! Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome. (1.12.) Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! (1.29.) Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus (3.5). Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (3.16). Quem nele crê não é julgado; o que não crê, já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. (3.18.) Tiro_BraPort.indd 55 14.05.2007 16:51:06 Uhr 56 O Tempo está se Esgotando Aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna. (4.14.) Sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo. (4.42.) Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. (6.51). Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida. Se não crerdes que Eu Sou, morrereis nos vossos pecados. (8.12,24.) E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. (8.32,36.) Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. (10.9,11.) Esses versículos são tesouros, verdadeiras jóias preciosas do Evangelho de João. Nada se compara à Palavra de Deus, onde aprendemos como levar salvação ao mundo. O que eu posso dizer, da minha própria experiência, é que um capítulo do Evangelho de João, sozinho, é tão poderoso e estimulante, quanto qualquer experiência de um evangelista. A Palavra de Deus é a fonte original de toda inspiração. Então, para o que veremos a seguir, eu vou à fonte de todos os recursos. Como o chefe de família que Jesus descreveu em Mateus 13.52, eu quero compartilhar tesouros velhos e novos. Tiro_BraPort.indd 56 14.05.2007 16:51:06 Uhr Capítulo 3 • Aprendendo com o Mestre 57 João Batista Creio que posso dizer, sem medo de errar, que mais sermões são preparados com base no capítulo 3 de João, do que em qualquer outro. Uma parte importante do texto fala sobre João Batista, o primeiro evangelista do Novo Testamento. Ele é citado 19 vezes nesse Evangelho. O único objetivo que João tinha era trazer Israel de volta para Deus. Por essa razão, o seu ministério era para a nação inteira. O Antigo Testamento não enfatiza a idéia de conversões individuais, e João Batista foi o último profeta, por assim dizer, que seguia o estilo do Antigo Testamento. Ele se referia aos fariseus como um todo, como um grupo, e não lhes deu esperança de arrependimento. Ele batizou as pessoas como indivíduos; entretanto, isso era simplesmente parte do trabalho de trazer toda a nação em direção a Deus, cumprindo a profecia de Malaquias (Ml 4.5,6). A mensagem básica de João Batista era que Nada se compara Cristo é o Salvador de todos os homens, à Palavra de Deus, especialmente dos que crêem (1 Tm 4.10 onde aprendemos – NVI). Ele convocou Israel para um novo como levar salvação começo, um novo nascimento como nação. ao mundo. O profeta sabia que sua nação precisava recuperar diante de Deus a sua posição espiritual perdida. Isaias já havia dito exatamente o que João Batista estava dizendo: … olhai para a rocha de que fostes cortados e para a caverna do poço de que fostes cavados. Olhai para Abraão, vosso pai … porque era ele único, quando eu o chamei, o abençoei e o multipliquei. (Is 51.1-2.) João pregou: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus (Mt 3.2). Esta era a esperança dele para Israel – ser o reino de Tiro_BraPort.indd 57 14.05.2007 16:51:07 Uhr 58 O Tempo está se Esgotando Deus. Ele falou sobre Aquele que viria, e esperava que o prometido Messias levasse a nação à vitória. Eles deveriam se preparar para estarem prontos para recebê-Lo. Nessa ocasião Israel havia declinado de sua primeira glória. Todos confiavam na sua identidade nacional, e criam que, se pertenciam a Israel, estavam seguros. Os Israelitas acreditavam ter uma posição favorecida diante de Deus, como nação, como se Deus fosse deles por direito de primogenitura. Esta crença vem do Salmo 87.5,6: E com respeito a Sião se dirá: Este e aquele nasceram nela; e o próprio Altíssimo a estabelecerá. O Senhor, ao registrar os povos, dirá: Este nasceu lá. Era como se prova de residência fosse passaporte para o céu. Ou seja, você era do reino de Deus; os outros … bem, os outros teriam de passar pela imigração. João Batista teve de lidar com essa questão. Ele disse: e não comeceis a dizer entre vós mesmos: ‘Temos por pai a Abraão”; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode susSerá que o Evangelho citar filhos a Abraão (Mt 3.9). O machado foi reduzido a foi colocado à raiz da árvore, significando promessas do tipo a nação, árvore ancestral. Eles se vangloágua com açúcar, riavam de serem filhos de seus pais e de e que não mudam Israel, mas a nação de Israel poderia ser ninguém? deserdada. Portanto, a mensagem de João era: Arrependei-vos. Malaquias tinha dito que Elias converteria o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição. (Ml 4.6). A função de João Batista era a mesma de Elias. João queria que Israel começasse novamente como nação e, para isso, tentou trazer os israelitas de volta às suas raízes. Eles deveriam começar exatamente onde Israel começou com Moisés. Primeiro as pessoas tinham que vir até João no deserto; pois ele Tiro_BraPort.indd 58 14.05.2007 16:51:07 Uhr Capítulo 3 • Aprendendo com o Mestre 59 nunca pregara em nenhuma cidade. Segundo, eles teriam de passar pelas águas, assim como Moisés tinha conduzido Israel pelo Mar Vermelho. João chegou mesmo a batizar uma boa parte da nação no rio Jordão. Passando pelas águas, a nação poderia nascer de novo. Terceiro, os filhos de Israel teriam de recobrar sua posição espiritual, indicando arrependimento. Antes de continuar, deixe-me fazer um comentário sobre a Igreja de hoje. O arrependimento deve ser um poderoso elemento na nossa mensagem de evangelização; e João Batista não facilitava em nada – ou o povo se arrependia, ou haveria um desastre nacional. João era um extraordinário evangelista, o protótipo do que todo evangelista deveria ser: destemido, intransigente quanto ao pecado, declarando a retidão e o julgamento de Deus. Aliás, o próprio Jesus começou o Seu ministério repetindo a mensagem de João, que dizia: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus (Mt 4.17). Freqüentemente a Igreja é acusada por não ter liderança moral na terra. Diante disso, fico pensando se a pregação de retidão e julgamento tem hoje a conotação que deveria ter. Será que o Evangelho foi reduzido a promessas do tipo água com açúcar, e que não mudam ninguém? Deus prometeu a Israel uma terra onde manava leite e mel, mas a Lei foi colocada no coração da nação para que agisse correto. O papel da Igreja deve ser pregar o contraste entre santidade e perversidade, certo e errado, verdade e mentira, bem e mal. Aliás, é exatamente isso que o mundo espera de nós. João Batista e Nicodemos Quase a metade do terceiro capítulo de João é sobre João Batista; porém temos de ligá-lo a Nicodemos, o homem que veio ter com Jesus durante a noite. Nicodemos havia ouvido a mensagem de Tiro_BraPort.indd 59 14.05.2007 16:51:07 Uhr 60 O Tempo está se Esgotando João e, certamente, quase creu que ele era um profeta, e que Israel precisava deixar seus pecados, se quisesse ser novamente a nação poderosa e independente de outrora. Contudo, João não fazia milagres, e Jesus fez. Nicodemos sabia que Deus estava com Jesus, que Ele era um mestre que viera da parte de Deus. Por isso Nicodemos foi até Ele, para entender sobre Israel e o Reino. Sendo um dos principais de Israel, ele buscava a verdade para a sua nação. E Jesus, por sua vez, mostrou a realidade para ele. João ensinou que a nação tinha que renascer passando pelas águas, exatamente como Israel veio a existir originalmente como nação, passando pelo Mar Vermelho e pelo rio Jordão. Jesus, todavia, disse que o renascimento da nação requeria mais do que algo físico. Ele disse: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus (Jo 3.5 – ênfase do autor). Jesus falou a Nicodemos não somente como indivíduo, mas também como um mestre em Israel. Quando falou sobre nascer de novo, Jesus não disse “você” no singular. A conversão A mensagem do novo nascimento não é deve ser resultado do somente para indivíduos, mas também para mover do Espírito, toda uma nação que pode renascer através e não uma transação da pregação do Evangelho. João 3.16 diz: de negócios. Porque Deus amou o mundo, e, todo aquele A pregação no que nele crê. O evangelho é para o mundo Espírito Santo produz convertidos inteiro, e é por isso que temos a África do Espírito. como um alvo – um continente inteiro lavado pelo sangue de Jesus. A África pode escolher: ou ser lavada pelo sangue de conflitos tribais, ou pelo sangue redentor de Jesus. Tiro_BraPort.indd 60 14.05.2007 16:51:07 Uhr Capítulo 3 • Aprendendo com o Mestre 61 Profetas: Bocas de Deus João proclamou a Palavra do Senhor para o povo de Deus, Israel. Elias também falou a Israel – um homem pregando a cada tribo! O que ele, ou qualquer outro profeta foi, a Igreja é hoje. Temos de falar a todas as nações. A igreja tem um ministério profético. Algumas pessoas afirmam ter esse ministério como se fossem diferentes dos demais cristãos. Todavia, gostaria de dizer aqui que todo o povo de Deus recebeu o Espírito de profecia, o Espírito Santo (1 Co 12.13; Ap 19.10). O evangelho é profético. E Jesus confirmou isso, quando disse: Em verdade vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista; mas o menor no reino dos céus é maior do que ele (Mt 11.11). Aqueles que são nascidos do Espírito, e estão no reino de Deus hoje, são maiores do que João, porque temos a grande verdade profética do Evangelho. Esse é o nosso chamado, a nossa responsabilidade. A função do profeta é profetizar, da mesma maneira que o papel das testemunhas é testemunhar. Foi o próprio Paulo quem disse: ai de mim se não pregar o evangelho! (1 Co 9.16). Jeremias até que tentou não profetizar, mas ele viu que as palavras de Deus eram como fogo queimando nos seus ossos (Jr 20.9). Será que temos a ousadia de sermos diferentes de Jonas, e não irmos dormir, enquanto todo mundo à nossa volta está em perigo? Fogo: o Jeito de Deus Pregar a salvação deve ser mais do que um negócio frio, pois conversões são produzidas no fogo. O evangelismo não é uma operação clínica, mas algo envolvente. A conversão deve ser resultado do mover do Espírito, e não uma transação de negócios. A pregação no Espírito Santo produz convertidos do Espírito, e não convertidos técnicos ou teológicos. Cremos, de todo o coração, que a resposta para esta nação não são as polêmicas ou Tiro_BraPort.indd 61 14.05.2007 16:51:07 Uhr 62 O Tempo está se Esgotando os debates, mas o coerente e brilhante testemunho de crentes genuínos. Deixe-me lembrá-lo de que, se você quiser se livrar da escuridão, precisa parar de argumentar e simplesmente deixar a luz brilhar. Lemos, em João 4, que Jesus saiu de Israel e foi para Samaria. Ali Ele ignorou protocolos e tabus sociais, e falou diretamente com uma mulher – uma estrangeira! Pior ainda, pediu a ela que lhe desse de beber do seu próprio vaso, o que era considerado uma contaminação. Afinal de contas, ela era samaritana, povo particularmente detestado pelos judeus. Espantada por ver Jesus Cristo quebrar toda a etiqueta social, a mulher falou com Ele, e Cristo pôde expor a ela toda a sua vida de pecados. Ele sabia que ela era considerada a pior mulher da cidade, mas ofereceu a ela a água da vida. Ela veio ao poço carregando um pote de água, mas quando Ele a despediu, ela deixou o pote para trás, e levou todo o poço com ela – a fonte da vida. Jesus Se revelou a ela quando Ele ainda não havia Se revelado a nenhum outro gentio até aquela hora. Existem mais detalhes a serem considerados aqui. Jesus disse à mulher que fosse até à sua casa para trazer seu marido. Ela se foi, e se o homem com quem ela vivia veio ou não, eu não sei; só sei que ela trouxe um marido com ela! Ela voltou à sua vila dizendo: “Venham ver um homem”. Essa senhora era muito conhecida por seus homens, pois tinha sido mulher de uma meia dúzia deles; e aqui estava o número sete (lembrando do que os saduceus certa vez perguntaram a Jesus sobre sete maridos e uma esposa – no céu, de qual deles ela seria esposa? (Veja Mateus 22.23-28). Ninguém mais do que ela teria feito tão bem o trabalho de testemunha. “Venham ver um homem”, ela chamou, e eles vieram. Bem, você já deve ter lido que naquele tempo os mantos dos homens eram brancos. Então Jesus, levantando os olhos, viu essa Tiro_BraPort.indd 62 14.05.2007 16:51:07 Uhr Capítulo 3 • Aprendendo com o Mestre 63 multidão vestida de branco, vindo em Sua direção, e falou aos discípulos: Erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa (Jo 4.35). Essa mulher já estava trazendo os seus feixes. Agora, vamos dar uma olhada nos versos 31 a 34: Nesse ínterim, os discípulos lhe rogavam, dizendo: Mestre, come. Mas ele lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis. Diziam, então, os discípulos uns aos outros: Ter-lhe-ia, porventura, alguém trazido o que comer? Jesus disse a eles: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra. Seria bom nos perguntarmos que trabalho era esse no qual Jesus tinha mais prazer, do que comida para um homem faminto? Evangelismo. Sempre que Jesus falou sobre a sua satisfação e alegria, deixou claro que Seu prazer era fazer a vontade de Deus. E isso nunca era uma emoção repentina que vinha sobre Ele; mas, sim, algo que lhe sobrevinha quando, com êxito, havia realizado a vontade de Deus. O discípulo não está acima do Seu Senhor; portanto, se quisermos a alegria de Cristo, devemos fazer o que Ele fez. Satisfação para Ele não é encontrar algum prazer cristão que possa juntar-se a algum prazer do mundo. Também não é achar entretenimento na igreja, em vez de no mundo secular. Cristo não compete com o mundo prometendo um equivalente religioso às ofertas que nos chegam todos os dias; ou seja, prazer por prazer. Diferentemente disso, o prazer de Cristo é a vontade de Deus e a sua promulgação. Nenhuma dança, nenhum concerto, nenhum filme sensacional, enfim, nenhum tipo de diversão pode competir com o prazer de ganhar uma vida para Cristo. Tiro_BraPort.indd 63 14.05.2007 16:51:07 Uhr 64 O Tempo está se Esgotando Jesus perguntou aos discípulos: Não dizeis vós que ainda há quatro meses até a ceifa? (Jo 4.35). Bem, certamente Seus discípulos disseram isso uma hora ou outra. Essa frase era um aforismo, como o nosso ditado, “Roma não foi construída em um dia”. Entretanto, a colheita da qual Ele falava Nenhum tipo estava diante dos Seus olhos, representada de diversão pode nos feixes que aquela mulher colhera. O competir com povo de Israel tinha a tendência de sempre o prazer de ganhar esperar que o trabalho de Deus pudesse ser uma vida feito no amanhã – amanhã viria o Reino; para Cristo. amanhã os samaritanos se arrependeriam; amanhã os romanos partiriam; amanhã Deus apareceria novamente com grande poder, como fez durante a partida dos israelitas do Egito, e no Sinai, etc. Eles tinham um Deus para todos os seus “ontens” e para todos os seus “amanhãs”; só não tinham nada para o “hoje”. Conhecemos muito bem essa atitude nos dias de hoje. O grande pregador Smith Wigglesworth disse certa vez: “Não é teologia o que quero; é AGORA-logia”. Falamos muito sobre semear, mas pouco sobre colher, e Jesus disse que os campos estão maduros para a colheita. Não há a menor dúvida que já ouve muitas oportunidades no passado onde vastas colheitas poderiam ter sido feitas, mas não foram. A colheita ficou a cargo de apenas uns poucos segadores; geralmente pregadores profissionais ou evangelistas com tempo sobrando. Algumas vezes, no entanto, as possibilidades foram aproveitadas. Aquele meio século após a morte de João Wesley viu uma grande extensão do avivamento Metodista na Inglaterra; mais até do que durante toda a vida daquele grande homem de Deus. Tiro_BraPort.indd 64 14.05.2007 16:51:08 Uhr Capítulo 3 • Aprendendo com o Mestre 65 O General William Booth disse, certa vez, que no final do período Vitoriano, qualquer pessoa poderia ficar em pé em uma esquina, em qualquer rua, a qualquer hora, e pregar o Evangelho, que uma multidão logo se juntaria para ouvir. Contudo, um dos mais conhecidos evangelistas da Inglaterra tentou impedir outros de fazerem cruzadas, pois achava que isso diminuiria o seu próprio sucesso. Ele chegou a oferecer aos evangelistas grandes e excelentes igrejas, se eles simplesmente parassem de evangelizar. Ele pensou, erroneamente, que a colheita duraria para sempre. Mas o lamento registrado em Jeremias 8.20, é: Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos. É sempre tempo de ir; portanto, vá AGORA! Declaração de Paulo O capítulo 6 de 2 Coríntios talvez seja o maior capítulo já escrito sobre evangelismo. Encontramos nessa passagem palavras desafiadoras do coração do apóstolo Paulo, o homem que introduziu o Evangelho na Europa. Eu desejaria ter aqui espaço suficiente para repetir palavra por palavra: … na muita paciência, nas aflições, nas privações, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, no saber, na longanimidade, na bondade, no Espírito Santo, no amor na fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, quer ofensivas, quer defensivas; por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama, como enganadores e sendo verdadeiros; como desconhecidos e, entretanto, bem conhecidos … pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo. (2 Co 6.4-10.) Tiro_BraPort.indd 65 14.05.2007 16:51:08 Uhr 66 O Tempo está se Esgotando Considere como ele começou o capítulo: E nós, na qualidade de cooperadores com ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação); não dando nós nenhum motivo de escândalo em coisa alguma, para que o ministério não seja censurado. (2 Co 6.1-3.) Francamente, embora eu não seja um acadêmico ou um perito grego, acredito que se traduzíssemos as palavras de Paulo para o nosso linguajar dos nossos dias, poderíamos perder a sua paixão. Seus sentimentos e suas experiências não são nossos, mesmo quando temos a palavra certa. Como um evangelista, talvez, eu tenha apenas um vislumbre do que ele realmente quis dizer. Nessa passagem vemos que Paulo está transbordando com a maravilhosa graça divina. O presente da graça de Deus foi tão grande que ele se sentiu na obrigação de compartilhá-la. Paulo sabia ser rico espiritualmente além dos sonhos de qualquer religioso que já tivesse andado sobre a terra. A pior coisa para ele seria não compartilhá-la; não fazer seria o mesmo que receber a graça de Deus em vão (2 Co 6.1). Era certo receber essa graça; até mesmo os coríntios a tinham. Eles sabiam disso e Paulo também. E funO evangelismo de cionou para eles. Entretanto, manter essa hoje torna possível graça somente para eles significava que o evangelismo ela se perderia na areia. As pessoas devem de amanhã. saber dessa graça a todo custo e por todos os meios, com a máxima energia, perseverança e com todo o nosso poder – não importando o sofrimento. Tiro_BraPort.indd 66 14.05.2007 16:51:08 Uhr Capítulo 3 • Aprendendo com o Mestre 67 Paulo disse: Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós iso: um morreu por todos; logo, todos morreram (2 Co 5.14). A mensagem vital é: Hoje é o dia da salvação. Preparando o Terreno Jesus disse a Seus discípulos: Eu vos enviei a ceifar onde não trabalhaste; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho (Jo 4.38). Creio que João está dando às palavras originais de Cristo uma leve ênfase antecipada. Até aquela hora os discípulos ainda não tinham começado a trabalhar; não obstante, o princípio permanece: O evangelismo de hoje torna possível o evangelismo de amanhã. Hoje em dia o intelectualismo está em voga. Orgulhar-se – ser esperto demais com as “coisas de Deus” – é contribuir com a queda da nossa sociedade. Os intelectuais estão confusos, e os que estão seguindo essa novidade devem ser conduzidos pela mão, com gentileza e sabedoria, em direção à fé em Cristo. Contudo, para a maioria das pessoas, devemos aprender a apreciar o imenso poder do Evangelho apenas quando é pregado de forma original, autêntica e impetuosa. O Evangelho tem um poder admirável e peculiar; é só ele encontrar uma abertura, por menor que seja, que consegue alcançar o coração da pessoa. Quando comparadas a ele, qualquer mera habilidade ou psicologia moderna da nossa parte são toscas comparações. O poder do Evangelho não pode ser comparado com a habilidade de entender e de manipular psicologicamente uma multidão. Mencionei, em um outro livro, que já estivemos em lugares onde pioneiros como David Livingstone e C.T. Studd trabalharam. Na época deles, Livingstone disse que tinha visto apenas poucos frutos se rendendo ao Senhor, mas que outros viriam e que trariam ainda mais luz do Evangelho, e veriam milhares de almas vindo a Cristo. Um dos pontos altos da minha vida foi ministrar em Tiro_BraPort.indd 67 14.05.2007 16:51:08 Uhr 68 O Tempo está se Esgotando Blantyre, em Malawi, que tinha esse nome por causa da pequena cidade escocesa, onde Livingstone nascera. Ele trabalhou muito para Cristo, mas morreu sem ter muito o que mostrar como fruto de seu árduo trabalho. Todavia, ele tornou possível o sucesso de outros, e eu sou um deles. Em Blantyre, vimos 150.000 pessoas virem a Jesus – e isso em apenas uma semana! Minha oração é para que eu possa trabalhar de maneira aceitável, assim como Paulo coloca em 2 Coríntios 6, de modo que qualquer que me siga, tenha condições de encontrar um solo menos árido. Certo dia, meditando na Parábola do Semeador, em Mateus 13, fiquei admirado com o fato de que algumas das sementes caíram na beira da estrada, e que os pássaros vieram e as comeram. Que beira de estrada era essa? O próprio semeador havia semeado ali, ao andar para cima e para baixo! Enquanto ele fazia isso, estava endurecendo o seu próprio campo, enquanto semeava e trabalhava. Então pensei: “Deus, me ajude a não tornar o caminho ainda mais árduo para os outros, pela maneira como faço o que tenho de fazer.” Bem, Jesus também preparou o terreno para outros. Pense por um momento na mulher samaritana, no poço (Jo 4). Poucos anos depois da ressurreição, outro evangelista, Felipe, foi até Samaria e a encontrou aberta e pronta para o Evangelho. Havia grande alegria naquele lugar. Jesus não fez milagres quando esteve lá, pelo menos a Bíblia não menciona nada a esse respeito. Contudo, quando Felipe chegou ali, seguindo os passos do Senhor, realizou muitos milagres de cura, e expulsou demônios. Jesus era um excelente exemplo de trabalhador para se seguir. Ele certamente poderia dizer: “Segue-me e eu vos farei pescadores de homens” sem arruinar todo o local da pesca. Mas Ele também diz: O ceifeiro recebe desde já a recompensa e entesoura o seu fruto para a vida eterna (Jo 4.36). A alegria da colheita é a verdadeira alegria. De repente, o velho hino ganha significado: Tiro_BraPort.indd 68 14.05.2007 16:51:08 Uhr Capítulo 3 • Aprendendo com o Mestre 69 Confiar e obedecer, Pois não há outra maneira De ser feliz em Jesus: Confiar e obedecer. Conheço apenas duas obrigações persistentes, nas quais Cristo nos chama a confiar e obedecer: o amor e o evangelismo. A recompensa vem por causa do trabalho e, se você não trabalhar, não pode aproveitá-la. A Obrigação de Jesus Vamos olhar novamente o texto que fala da passada de Jesus por Samaria. Creio que o relato está resumido em João 4.4, que diz: E era-lhe necessário atravessar a província de Samaria. O grego usa o verbo impessoal dei, que significa “devem”, “deve necessitar”, ou “deve”, e que é usado 105 vezes no Novo Testamento. Somente uma vez o verbo tem o significado de necessidade física; em todos os outros casos está implícita uma necessidade moral ou emocional. Cada vez o texto mostra que o Senhor está consciente do que Ele tem de fazer; ou seja, uma obrigação, o propósito da Sua estada na terra. Não se trata de uma mera necessidade física. … era necessário que o Filho do homem sofresse muitas coisas … (Mc 8.31). É necessário que eu anuncie o evangelho do reino de Deus (Lc 4.43). Importa que o Filho do homem seja levantado (Jo 3.14). É necessário que façamos as obras daquele que me enviou (Jo 9.4). Era necessário ressuscitar ele dentre os mortos (Jo 20.9). Tiro_BraPort.indd 69 14.05.2007 16:51:08 Uhr 70 O Tempo está se Esgotando Para Jesus, o trabalho de salvar homens e mulheres não era mais para ser ignorado, da mesma forma que também não o era o fato de que Ele era um com Deus. Esse trabalho era a Sua essência. Ele não apenas salvou, mas também era a própria salvação. Assim como o fogo está para o calor, da mesma forma Cristo está para a salvação. Para o Senhor, o evangelismo sempre foi um verdadeiro imperativo. Ele mesmo disse que Sua “comida” era fazer a vontade de Deus. Mais tarde Ele disse que havia mandado Seus discípulos fazerem as coisas que Ele tinha feito. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviarei ao mundo. (Jo 17.18.) Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. (Jo 20.21.) João não mostra o dever do evangelismo da mesma maneira que os Evangelhos sinópticos; entretanto, isso está presente em todo o livro de João, de maneira latente e forte. A Obrigação dos Discípulos Os discípulos foram enviados ao mundo – um mundo que era, e continua sendo, hostil e pecaminoso. A Igreja de hoje não deve se preocupar apenas com o crescimento meramente numérico, pois isso pode dar uma conotação de “pesca em aquário”. Certa vez alguém disse que fomos chamados para A alegria da colheita sermos pescadores de homens, e não guardas é a verdadeira alegria. de aquário, pescando no reservatório alheio. De repente, o velho hino ganha significado. Na América a Igreja tem uma enorme piscina religiosa na qual pescar; na Europa, contudo, não tem tal piscina, e existem poucos convertidos em potencial. Tiro_BraPort.indd 70 14.05.2007 16:51:08 Uhr Capítulo 3 • Aprendendo com o Mestre 71 A região européia não somente se tornou extremamente secularizada, como também faz parte de sua tradição ser completamente livre de qualquer reivindicação religiosa. Para conseguirem ganhar uma única alma, as igrejas precisam ser extremamente cheias de recursos e iniciativas. Os líderes trabalham duro, se esforçam, e a maioria das sementes parece cair em solo infértil. A maior parte da nossa sociedade, hoje, é composta por dois grupos principais: os religiosos e os não-religiosos, e é muito difícil para o grupo de religiosos entrar de verdade no outro grupo. Talvez eu esteja desinformado, e sinceramente espero que sim; no entanto, algumas pessoas consideram perda de tempo tentar alcançar o mundo ateu. Contudo, quando ouço as histórias que contam por aí, não acho que isso seja impossível. Mesmo neste exato momento, Deus pode estar levantando, da morte, verdadeiros Lázaros espirituais. E mesmo sendo difícil, é nossa tarefa alcançar o coração do ateu. Se a maioria das igrejas é meramente familiar, continuando sua existência de pai para filho, então é melhor declararmos estado de emergência. Deveria haver um conselho de guerra para ser acionado nessas situações de emergência. O que precisamos, desesperadamente, é voltarmos ao nosso propósito inicial de evangelizar o perdido. Somos enviados ao mundo, e não somente ao reino cristão; somos pescadores de homens, e não somente alimentadores de ovelhas; estamos aqui para levar salvação a todo o mundo, e não apenas para metade dele. O mundo lá fora é um lugar perigoso; um lugar de confessores e de mártires. A oposição que enfrentamos não é simplesmente intelectual mas, às vezes, é também armada com revólveres, facas, pedras, como eu já tenho visto mundo a fora. A pergunta é, será que o mundo de matança vai superar o mundo do amor de Jesus? E mais: estamos prontos para deixar que isso aconteça? Tiro_BraPort.indd 71 14.05.2007 16:51:08 Uhr 72 O Tempo está se Esgotando A Decepção Pode Ser Superada Decepções virão, mas não devemos permitir que elas nos atrapalhem. Vamos voltar novamente a João 2.23-25, e ler até 3.2: Ora, estando ele em Jerusalém pela festa da páscoa, muitos … creram no seu nome. Mas o próprio Jesus não confiava a eles, porque os conhecia a todos, e não necessitava de que alguém lhe desse testemunho do homem, pois bem sabia o que havia no homem … Ora, havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus. Este foi ter com Jesus, de noite … Neste mundo existem pessoas superficiais e que não merecem a nossa confiança. Graças a Deus, porém, não são todas. Aliás, o capítulo 1 de João termina com Jesus descrevendo a Natanael como um Israelita em quem não havia malícia. Nicodemos deixou de ser o homem entre os governantes em Jerusalém, para ser fiel a Jesus, e se identificar com Ele Assim como o fogo depois que foi crucificado (Jo 19.39,40). está para o calor, Algumas sementes são semeadas, mas não da mesma forma dão fruto; algumas chegam a produzir um Cristo está para pouco, outras um pouco mais, e algumas a salvação. outras até dão muitos frutos. A mesma qualidade de semente, o mesmo semeador, mas diferentes solos. O resultado vai depender de para quem você está pregando. Em uma cidade samaritana Jesus não obteve nenhum resultado. Aliás, os moradores nem sequer permitiriam que Ele passasse a noite lá. Em Sicar, porém, foi diferente. Por mais de uma vez, na África, perdemos muito dinheiro investindo em uma cruzada que, na última hora, foi cancelada pelo governo. Temos visto motins como Paulo viu em Éfeso (At 19.23-34); mas, e daí? Jesus prometeu que, no final, vamos Tiro_BraPort.indd 72 14.05.2007 16:51:09 Uhr Capítulo 3 • Aprendendo com o Mestre 73 superar todos os reveses (1 Jo 4.4). Freqüentemente Paulo falava sobre paciência e perseverança, virtudes necessárias para qualquer evangelista; todavia, é Deus quem as dá a nós. Jesus deu o exemplo: Vinde após mim (Mt 4.19). Ele foi à frente, e isso significa que alguém deve segui-Lo. Por que não você? Tiro_BraPort.indd 73 14.05.2007 16:51:09 Uhr Tiro_BraPort.indd 74 14.05.2007 16:51:09 Uhr Capítulo 4 A FÉ E O EVANGELISMO S eguir a Jesus requer fé; aliás, é impossível segui-Lo sem ela. A Palavra diz que aquele que crê será salvo (veja Marcos 16.16), e o evangelismo é parte vital para essa salvação. O evangelista pode cultivar a fé no coração das pessoas; contudo, ele só consegue isso se ele próprio tiver uma fé verdadeira. A fé é algo contagiante, mas não podemos transmiti-la se não a tivermos. É como o sarampo: você só pode contagiar outra pessoa se você mesmo estiver infectado. Primeiro adquirimos a fé por intermédio de alguém; depois alguém vai adquiri-la através de nós. As pessoas geralmente falam e discutem sobre o dom de evangelizar e seu real significado. Falando de maneira simples, considero esse dom como sendo uma fé “infecciosa”; ou seja, para entusiasmarmos a outros, devemos estar entusiasmados. Voltaire, famoso ateísta francês, disse que não cria que os cristãos eram redimidos, porque eles não pareciam redimidos. Mensageiros cristãos não são apenas fitas gravadas, ou simplesmente palavras; eles são mais como “vídeos-palavras”, onde a imagem é que conta. A Bíblia nos diz que quando Felipe foi a Samaria havia uma grande alegria naquela cidade (At 8.8). Creio que o que fez aquele povo se alegrar foi a fé demonstrada na vida e na pregação de Felipe. A Fé no Evangelho de João É interessante a ausência da palavra fé no Evangelho de João; é como se o apóstolo a evitasse. Mesmo nas suas três epístolas, ela aparece somente uma vez. E isso é surpreendente porque a palavra “fé” (do grego pistis) é encontrada 244 vezes no Novo Tiro_BraPort.indd 75 14.05.2007 16:51:09 Uhr 76 O Tempo está se Esgotando Testamento. Em vez do substantivo fé, João escolhe usar o verbo “crer” (do grego pisteuo). Estranhamente, os outros três Evangelhos também não usam muito as palavras “crer” ou “crendo” – apenas 11 vezes em Mateus, 15 em Marcos, e 9 em Lucas – ao passo que, no livro de João, ela ocorre 100 vezes. A fé é algo contagiante, mas não podemos transmiti-la se não a tivermos. O conceito de fé é abstrato; “crer” descreve uma ação. Enquanto a fé pode ser estática, crer é dinâmico. A palavra “crendo” é muito importante no livro de João, para qualquer entendimento de evangelismo; contudo, há uma outra palavra que deve ir junto com ela: “testemunhando”. É bem provável que as pessoas tentem encontrar a palavra “evangelho” ou “evangelismo” em João; todavia, não há menção de nenhuma delas. Novamente João escolhe um termo mais dinâmico: o verbo “testemunhar” (do grego martureo), algumas vezes traduzido como “testificar”. Esse verbo grego, em particular, é usado 33 vezes por João. Estas duas palavras: “crendo” e “testemunhando” representam algo progressivo e ativo, e não estático. Elas estão conectadas; ou seja, enquanto cremos, testemunhamos. João nunca trata o Evangelho como sendo uma simples doutrina, ou uma definição verbal da verdade; ele sempre se refere a ele como algo que está acontecendo. Ele sabe que o evangelho é verdade, pois em 2 João 9, ele diz: Todo aquele que vai além do ensino de Cristo e não permanece nele, não tem a Deus; quem permanece neste ensino, esse tem tanto ao Pai como ao Filho. O livro de João foi escrito para mostrar que o Evangelho é um acontecimento dinâmico e progressivo (ver João 20.31); é verdade e luz. Se optarem por crer em Jesus Cristo, os leitores dessa maravilhosa mensagem verão exatamente onde estão, e para onde vão. Tiro_BraPort.indd 76 14.05.2007 16:51:09 Uhr Capítulo 4 • A Fé e o Evangelismo 77 Sempre que possível João usa palavras de ação. Ele fala, por exemplo, da Verdade, como sendo algo que brilha mais e mais, constantemente iluminando o mundo, e não como uma luz que brilha uma vez só. Pois a verdadeira Luz, que alumia a todo homem, estava chegando ao mundo (Jo 1.9). Na língua grega a palavra “vinda” pode ser associada ou com “todo homem” (como acima), ou com “verdadeira luz”, mostrando que era a verdadeira Luz vinda ao mundo. Outro detalhe interessante que podemos notar é que João nunca fala sobre “conhecimento” do evangelho, ou “conhecimento” de Deus; pelo contrário, ele fala sobre “conhecendo” – que é o processo no qual estamos. Cristo não é alguém de quem você ouviu, ou de quem você sabe … Ele é alguém a quem estamos conhecendo e vivenciando aqui e agora. Ele está conosco. Para o apóstolo João a fé é viva, não um credo ou algo que simplesmente aceitamos; tem a ver com o que fazemos. Como Smith Wigglesworth costumava dizer: “Fé é ação”. Uma Fé Viva O objetivo de João era mostrar que a fé cristã é algo vivo, não uma religião estática. Cristo é vida; crer é vida; conhecê-Lo é vida. E as características de vida são reprodução e adaptação. A própria Bíblia é um bom exemplo disso, pois ela é a Palavra viva, e se reproduz na experiência humana. A palavra de Deus crescia e se multiplicava (At 12.24); ela fala conosco e é uma força no mundo. Alguns consideram a Palavra de Deus como sendo nada mais do que um documento antigo que a Igreja preservou; mais ou menos como uma peça de museu. Contudo, posso afirmar que ela não é nada disso; é viva, e sua atuação é continua. Tiro_BraPort.indd 77 14.05.2007 16:51:09 Uhr 78 O Tempo está se Esgotando As Escrituras só estão conosco hoje porque são a Palavra de Deus (Ro 3.2), e não simplesmente por ser um documento preservado pela Igreja. Foi a Bíblia que preservou a Igreja, e não o contrário. Existem muitas sociedades responsáveis pela preservação de coisas como: o meio ambiente, construções antigas, a paz, a espécie, as tradições, e daí por diante. Entretanto, graças a Deus não temos a necessidade de uma Sociedade Para a Preservação das Escrituras. Afinal de contas, são as coisas mortas que precisam ser colocadas em fluídos conservantes, com poder de preservar, não as “coisas vivas” . Em 2 Timóteo 4.18 encontramos a palavra “preservar”: E o Senhor me livrará de toda má obra, e me preservará para o seu reino celestial – no original grego, porém, a palavra “sozo” já tem o significado de “salvar”. Quer dizer, estamos salvos, não preservados. Afinal de contas, temos vida eterna! Não vamos para o céu como múmias, ou personalidades congeladas; a pulsante vida eterna flui dentro de nós. Nosso Papel é Claramente Definido O Evangelho, para ser realmente Evangelho precisa ser pregado. Essa palavra vem do grego evangelion e significa “boas novas”. Se você guardar uma notícia para si mesmo, ela não será notícia de jeito nenhum, pois notícia é uma informação transmitida em grande escala. Quando colocamos a notícia em um livro, na prateleira, ela se torna apenas história, e o Evangelho não é história, embora seja uma verdade histórica. O Evangelho só acontece e se torna notícia quando é pregado. Você pode nomeálo como quiser – teologia, a Palavra, a Verdade – mas se não for expresso com clareza, então não é boa nova, e a palavra usada não pode ser “evangelho”. A fé, por sua vez, não é uma verdade que pode ser contida em uma dissertação teológica, colocada na prateleira e chamada de “o Evangelho”. É claro que a verdade Tiro_BraPort.indd 78 14.05.2007 16:51:09 Uhr Capítulo 4 • A Fé e o Evangelismo 79 do Evangelho pode ser escrita, mas o Evangelho somos nós, contando a história de Cristo, não importando qual o meio de comunicação utilizaremos. Somos como comissários de bordo do Evangelho (2 Co 4.1; 1 Pe 4.10), e não diretores das suas prisões. E o comissário tem de “gastar” com os passageiros o que ele tem em seu poder, e não guardar, como tentando proteger os bens de algum dano. A melhor maneira de defender a fé cristã é expor o Evangelho aos seus inimigos, pois ele é completamente capaz de lidar com eles. Somos comissários, designados a repartir a todos as boas novas com a generosidade de Deus. A Igreja não é uma sólida construção, que tem a intenção de manter a Verdade intocada, mas uma “instituição filantrópica”, um centro de distribuição. Eliseu fez com que o óleo da botija da viúva jorrasse ininterruptamente, mas Deus nos dá um campo de óleo, um verdadeiro poço que nunca seca. Quando a fé e o testemunho andam juntos, O Evangelho, algo como uma explosão acontece. Paulo para ser disse que o Evangelho “é o poder de Deus” realmente Evangelho, (Ro 1.16), e esse poder só é liberado quando precisa ser pregado. esse Evangelho é pregado. Muitas pessoas oram pedindo poder, mas o poder é algo latente no Evangelho; por isso, pregue a Palavra que o poder será liberado. Os cientistas dizem que existe em Marte, preso nas pedras, oxigênio suficiente para restaurar a atmosfera daquele planeta. Bem, também existe bastante “oxigênio espiritual” estocado no Evangelho; suficiente para restaurar todo o mundo! Então, meu conselho é: pregue o Evangelho e proclame os atos de Cristo como catalisador, trazendo interação entre o poder do Espírito Santo e aqueles que ouvem a mensagem. Quando Jesus for pregado, o Espírito Santo vai agir convencendo as pessoas do Tiro_BraPort.indd 79 14.05.2007 16:51:09 Uhr 80 O Tempo está se Esgotando pecado. Todavia, tudo começa com o nosso crer, fazendo o que devemos fazer. Vamos colocar nossa fé em ação! Preguemos a Palavra e Deus vai agir! Essa é a dinâmica do Evangelho. O Que é Fé Verdadeira? Podemos descrever certas pessoas como sendo “crentes incrédulos”; elas são íntegras na doutrina, mas não confiam em Deus. Pregam o que chamam de evangelho, mas é um evangelho sem vida, simplesmente uma declaração da sua ortodoxia. Quando um homem descreve a beleza de uma bela garota, o faz quase que clinicamente. Entretanto, se ele está apaixonado por ela, então sua descrição faz com que ela pareça uma pessoa cheia de vida, digna de se ter um relacionamento prazeroso. O sermão, em si mesmo, deve ser um ato de crença, em completa dependência de Deus. Durante uma pregação, a semente que devemos semear é a verdade de Cristo; porém, sem a fé, essa semente nunca será fecundada. A menos que o Evangelho seja pregado com fé, ele nunca germinará, florescerá ou frutificará. … exortando-vos a pelejar pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos (Jd 3). E a fé tem de produzir resultados, pois mesmo sendo muito importante, por si só não é suficiente. A fé deve ser frutífera e gerar vida – … para que, crendo, tenhais vida em seu nome (Jo 20.31); é um processo vivo e vibrante: você está crendo, recebendo, conhecendo, vendo e habitando nEle. O resultado de se crer é uma rendição vinda do próprio Deus: uma fé contínua goza dessa entrega total da vida nas mãos do Senhor. Jesus não disse apenas: “Eu sou o caminho e a verdade”; Ele disse: Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14.6 – ênfase do autor). O Evangelho não é a verdade no gelo; mas sim a verdade no fogo. Tiro_BraPort.indd 80 14.05.2007 16:51:10 Uhr Capítulo 4 • A Fé e o Evangelismo 81 Um perfeito exemplo da diferença entre uma fé ativa e uma passiva é a história de Davi e Golias (ver 1 Samuel 17). Os israelitas tinham fé; eles declaravam que Jeová era Deus, e essa era uma tremenda verdade para eles. Contudo, parece que a declaração de fé deles no Deus Jeová não era tão séria assim, pois ela não fez nada na vida deles. E aqui estavam eles; todo um exército juntamente com o próprio rei, um líder fraco e sem liderança. Eles gritaram pelo nome do Senhor e fizeram uma Eliseu fez com que o óleo da botija grande algazarra com as suas armas. Criam da viúva jorrasse que eram o povo de Deus e que Ele estava ininterruptamente, a seu lado; entretanto, isso estava longe de mas Deus nos dá ser verdade. Nenhum soldado teve a cora- um campo de óleo, gem de sair do seu posto e ir, um a um, um verdadeiro poço que nunca seca. enfrentar Golias. É claro! Afinal, para fazer isso seria necessário que a fé que professavam fosse real, uma vez que ninguém em Israel era fisicamente semelhante a Golias; nem mesmo o rei Saul. Davi, um menino pastor, era um forasteiro; entretanto, passou pelo vale, chegou ali no campo de batalha, foi humilhado pelo gigante Golias, e declarou que arrancaria a cabeça dele. E foi exatamente isso o que ele fez. “Fé sem obras é morta”, exatamente como a Bíblia nos diz (Tg. 2.26). O evangelismo requer um crer ativo, que pode ser resumido em testificar, testemunhar, ver, saber e fazer; porém, precisamos de alguns fundamentos para esse tipo de confiança audaciosa. Crer em Deus não tem nada a ver com ser ingênuo, crédulo ou ignorante; para termos fé, o que precisamos é colocar a Palavra de Deus em ação. A segurança da fé é como a segurança que o nadador precisa ter na natação – em ambas é preciso agir. Tiro_BraPort.indd 81 14.05.2007 16:51:10 Uhr 82 O Tempo está se Esgotando O Deus que Nunca Muda A fé em Deus se baseia na fidelidade de Deus. Em Lamenta ções 3.22,23 lemos que a misericórdia do Senhor nunca falha, mas se renova a cada manhã, e que grande é a Sua fidelidade. Essas palavras são simplesmente extraordinárias! Quando Jeremias proferiu isso ele estava sentado, olhando para Jerusalém, que havia sido saqueada, completamente destruída, e reduzida a um amontoado de escombros. Ele chorou sobre a cidade; entretanto, sabia que Deus era fiel e, por isso, sua fé nunca vacilou. O Salmo 119.90 nos assegura que a fidelidade do Senhor dura por todas as gerações. Mas como podemos ver se Deus é mesmo fiel? A quem ou a que Ele é fiel? O Senhor é fiel a Si mesmo. Ele sempre é o que diz ser. Ele nunca fica decepcionado por fazer algo que não condiz com o que Ele realmente é, pois isso simplesmente não acontece. O que Ele revelou sobre o Seu caráter condiz com o que Ele faz, pois Deus nunca age de maneira contrária ao Seu caráter. Quando é o Senhor agindo, não existe dúvida; não haverá espaço para dizermos: “Este não é Ele! Ele não é assim”. Afinal de contas, qualquer coisa que Ele faça, será condizente consigo mesmo. O nosso Deus é o que diz ser; Ele sempre cumpre com a Sua palavra. Aliás, existem certas coisas que Ele deve fazer, se é mesmo o Deus que Ele diz ser. A certeza das Suas promessas está na Sua fidelidade (veja Números 23.19). Em João, mais de uma vez Jesus declara abertamente o que Ele deve fazer. Havia algumas coisas que Ele tinha de fazer exatamente por ser quem Ele era. Uma delas está registrada em 2 Timóteo 2.13, que diz que Ele não pode negar a Si mesmo; ou seja, deve agir de acordo com a Sua natureza. Se a Sua natureza é amor, então Ele deve O Evangelho não é a verdade no gelo; mas sim a verdade no fogo. Tiro_BraPort.indd 82 14.05.2007 16:51:10 Uhr Capítulo 4 • A Fé e o Evangelismo 83 amar; se Ele é justiça, então deve ser justo. Deus só pode ser o que Ele é: ou seja, Deus. Como ser humano que sou, devo respirar, comer e andar. Deus, contudo, deve agir, salvar e cuidar. Desde o começo Deus revelou a Sua verdadeira identidade. Ele disse o seguinte, a Moisés: EU SOU O QUE SOU (Êx 3.14). Vários especialistas examinaram e discutiram a extensão dos possíveis significados e implicações dessa declaração; as palavras foram estudadas tanto gramática quanto teologicamente. Mas, independentemente dessas considerações, o significado é suficientemente simples: Deus está dizendo que Ele é fiel; ou seja, Ele é o que é e nunca mudará. Por exemplo, Ele associou o chamado que fez a Moisés ao que Ele havia dito a gerações anteriores: e lembrei-me do meu pacto … o qual fiz com Abraão, Isaque e Jacó (Êx 6.2-5). Já havia se passado quatro séculos, e Deus não tinha se esquecido do que havia prometido aos patriarcas. O que Ele era, continuava sendo 400 anos mais tarde. Fazendo alusão ao “EU SOU”, conhecido por Abraão, Ele diria a Moisés, sem sombra de dúvida: “EU SOU O QUE SOU”. O que o nosso Deus fez uma vez, nos dá base para saber como ele agirá sempre, e o que Ele faz é uma expressão do Seu imutável caráter. Cada ato divino é um sinal profético de coisas que Ele vai fazer no futuro. O próprio Deus esclarece isto: Eu sou o SENHOR, eu não mudo; Pois eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos (Ml 3.6). Mesmo diante da maior provocação possível, Ele permanece firme, pois nunca mudará. Ele é perfeito, e ser diferente do que Ele é significaria que isso não é verdade. Ter fé em Deus significa confiar que Deus continua sendo o que Ele sempre foi. Se alguma vez Ele respondeu às nossas orações, então podemos estar certos de que Sua reação natural à oração é respondê-la. Se Ele sempre cuidou de uma pessoa é porque Ele Tiro_BraPort.indd 83 14.05.2007 16:51:10 Uhr 84 O Tempo está se Esgotando sempre vai cuidar e, portanto, podemos deixar tudo com Ele. Se Ele cura o sofrimento é porque Ele é o Deus que cura, e o curar as pessoas faz parte da Sua natureza. Se Ele perdoa a alguém que se arrepende é porque Ele é o Deus perdoador. Se Ele salva o ser humano é porque Ele é Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos. Deus Está Disposto Deus faz o que faz porque Ele quer fazer. Já no primeiro capítulo de Gênesis encontramos Deus agindo espontaneamente. Em nenhum momento da criação Ele foi Deus nunca age de forçado a fazer qualquer coisa por pressão maneira contrária ou obrigação. Não havia uma comissão de ao Seu caráter. anjos por lá, sugerindo que a luz seria uma boa coisa, ou dizendo: “O que acha se houvesse firmamento dividindo as águas?”. Deus não pensou: “Bom, creio que eu tenha feito um mundo agradável, pois, se não tivesse, não estaria certo. Afinal, as pessoas esperam que Eu faça o melhor”. Ele nunca se preocupou com isso. Ele também não consultou a Sua consciência, ou considerou o que futuras gerações poderiam pensar, ou ainda o que a História diria. Ele simplesmente queria criar. Era Sua vontade, Seu desejo, Seu instinto e Seu prazer. O que Ele quer fazer é o que Ele ama fazer. O nosso Deus não é um Deus sem paixão, e o que Ele faz, vem do Seu coração, com generosidade e nobreza. O Evangelho reflete o espontâneo dinamismo de Deus. Quando Adão caiu, o Senhor não o abandonou à própria sorte, nem fez um discurso sobre compromisso moral e seus efeitos devastadores. Deus veio para levantá-lo novamente, reabilitá-lo, tranqüilizá-lo, vestir-lhe e dar a ele um futuro. Deus é assim; e vemos isso desde as primeiras páginas da Bíblia. Na verdade, Tiro_BraPort.indd 84 14.05.2007 16:51:10 Uhr Capítulo 4 • A Fé e o Evangelismo 85 toda a Escritura é sobre isso, tanto no Antigo, como no Novo Testamento. Desde o início vemos o total interesse de Deus pela raça humana. E vemos esse tema se desenrolando por todo o Antigo Testamento. Todos os princípios que encontramos nos Evangelhos podem ser vistos em tudo o que Deus faz em todo o Antigo Testamento. Israel se tornou a tela na qual o Senhor pinta o quadro do Seu caráter. Desde os primeiros capítulos de Gênesis vemos que: 1. O propósito do mundo era para o bem. 2. A criação é baseada na Sua bondade. 3. A história será formada para o bem. 4. Deus e a bondade triunfarão sobre o mal. Deus é Revelado em Jesus A revelação de Deus tem o seu apogeu na Pessoa de Jesus Cristo, e é essa a nossa razão de pregar (ver João 1.18). É Ele quem revela o Deus do Antigo Testamento. Sua surpreendente e maravilhosa vida manifesta um Deus surpreendente e maravilhoso. Jesus mudou a idéia das pessoas sobre Deus mostrando-lhes quem Ele realmente era. Deus não pode ser maior do que Ele mesmo, e Jesus nos deu a mais alta concepção possível sobre Ele. O Senhor não está interessado nas nossas filosofias e nem em nosso raciocínio sobre Ele, sendo eles certos ou errados. Adquirimos O Evangelho conhecimento a respeito do caráter de reflete o espontâneo Deus por intermédio de Sua maneira de dinamismo de Deus. agir com a humanidade. Esta é a evidência e tudo o que precisamos saber. O próprio Deus nos ama, e veio para nos salvar. Ele quer que conheçamos a Sua glória. Tiro_BraPort.indd 85 14.05.2007 16:51:10 Uhr 86 O Tempo está se Esgotando Vemos como o Senhor é realmente quando o contemplamos pregado na cruz; se esquecemos isso, não sabemos nada sobre Deus. Afinal, qualquer coisa além disso é pura especulação e não tem valor algum. Já que Deus é infinito é possível que Ele tenha outras facetas, mas não sabemos quais. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento deixam claro que o nosso conhecimento de Deus é limitado. O Senhor não está interessado nas nossas filosofias e nem em nosso raciocínio sobre Ele, sendo eles certos ou errados. As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que observemos todas as palavras desta lei (Dt 29.29). Porque agora vemos como por espelho, em enigma, … agora conheço em parte (1 Co 13.12). Deus deixou muito claras as suas intenções e nós interpretamos o que Ele vai fazer baseados nos Seus feitos, os quais nos contam sobre a Pessoa do Senhor. A Revelação de Deus nas Escrituras Se estamos buscando uma revelação de Deus, a Bíblia é nosso ponto de referência. Podemos vê-la de muitas maneiras: como o livro da salvação, o livro do Reino, ou mesmo como a Palavra da vida. Entretanto, acima de tudo e além de todas as outras considerações, as Escrituras são a revelação de Deus sobre quem Ele é, o que Ele é, e o que podemos esperar dEle. A verdadeira fé é a fé no Deus da Bíblia, e não em alguma teoria pessoal sobre o que Deus é ou deve ser. Sabendo que Ele tem todo o poder, as pessoas virão a Ele com uma lista de 50 pedidos Tiro_BraPort.indd 86 14.05.2007 16:51:10 Uhr Capítulo 4 • A Fé e o Evangelismo 87 diferentes para Ele atender e, muitos deles, na realidade, contradizendo um ao outro! Deus, todavia, não pode contradizer a Si mesmo, porque coerência faz parte do Seu caráter. Ele não faz algo aqui de uma maneira e, logo em seguida, o oposto. Uma fé verdadeira se baseia em como Deus é, e só podemos saber isso, com segurança, por intermédio das Escrituras. Quanto mais compreendemos a Bíblia, melhor entendemos a Deus. E esta é uma tarefa para a vida toda. Se desejamos entender a Jesus, devemos olhar no Antigo Testamento. O que Deus representa ali, Jesus representa no Novo Testamento e hoje. Para entendermos o Deus do Antigo Testamento, olhe para o Jesus do Novo Testamento; é Ele quem nos mostra a verdadeira natureza de Jeová. Quando passamos do Antigo para o Novo Testamento, pode acontecer de termos uma visão deferente de Deus, a menos que tenhamos sempre em mente a eterna fidelidade dEle. Em algumas situações Ele pode mudar de tática, pois trata cada um de maneira individual. Muitas vezes Ele se revela contra o passado com o qual eles se familiarizam, mas suas ações são sempre em amor e a luz da sua justiça continua brilhando mesmo através de nuvens escuras. A luz irradiada através do céu claro é a mesma luz irradiada através do céu averme- A verdadeira fé é a fé lhado, da janela suja ou de um prisma. A no Deus da Bíblia, e não em alguma luz que alcançou Josué era a mesma luz que teoria pessoal Moisés viu na sarça ardente, e a mesma que sobre o que Deus os apóstolos viram no dia de Pentecoste. é ou deve ser. É também a mesma luz que Saulo viu na estrada de Damasco. O amor de Deus às vezes pode se manifestar em forma de cólera, ou até como julgamento, mas vai sempre continuar sendo amor. Tiro_BraPort.indd 87 14.05.2007 16:51:11 Uhr 88 O Tempo está se Esgotando Podemos verificar que existe sempre uma perfeita unidade entre cada revelação que Deus faz sobre Si mesmo e a Palavra. Pode acontecer de termos de procurar enxergá-la, mas ela está lá. E esta é a razão pela qual precisamos constantemente esquadrinhar as Escrituras, para encontrar a sua essência, a sua unidade; a unidade infalível de Deus. O Mesmo Ontem, Hoje e Para Sempre A Palavra de Deus nos diz que Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e o será para sempre (Hb 13.8), porque Deus é imutável, independentemente de tempos e situações. Só é possível termos fé verdadeira em Deus se Ele for fiel; e se existe algo que possa fazê-Lo mudar, então a nossa fé passa a ser uma fé limitada. Algumas pessoas, chamadas dispensacionalistas, crêem que o que Deus faz depende do tempo em que estamos vivendo. Entretanto, será que podemos dizer que Deus mudou a sua maneira de ser no decorrer do livro de Atos, passando de uma época para outra? Esse pensamento divide a Palavra da verdade, fazendo com que uma parte não tenha nada a ver com a outra, e relaciona as promessas de Deus como se estivessem em compartimentos separados. De acordo com esse ponto de vista, Deus não é sempre o mesmo de um período histórico ao outro, mas limitado em suas ações, dependendo dos acontecimentos. Se Deus é Deus apenas sob certas circunstâncias, então Ele não é imutável, e os fatos fazem com que Ele mude, da mesma forma que eles nos mudam. São os seres humanos que mudam com o passar do tempo, não Deus; Ele é flexível, mas não é de lua. A fidelidade de Deus não teria nenhum significado se a Sua Palavra dependesse de tempos e estações para se cumprir. Devemos nos lembrar de que a Sua verdade (ou fidelidade) dura por todas as gerações. Tiro_BraPort.indd 88 14.05.2007 16:51:11 Uhr Capítulo 4 • A Fé e o Evangelismo 89 Se tivermos que descobrir se recebemos ou não o Senhor na dispensação correta, nossa fé se tornará controversa e instável. E a fé não se baseia em interpretações bíblicas, mas em tudo o que Deus tem sido desde o início. Algumas pessoas só confiam no Senhor de maneira parcial: dia confiam, dia não. Contudo, pelo que podemos ver claramente na mensagem da Bíblia, a fidelidade do nosso Deus não está condicionada a calendário. Deus e a Cura Em Gênesis 20 lemos a primeira história de cura relatada nas Escrituras: a história de Abraão e Abimeleque. A oração de Abraão trouxe perdão e cura a todo o lar de Abimeleque, um chefe filisteu. Entretanto, desde o início isso não havia sido idéia de Abraão e, sim, de Deus. Ele falou a Abimeleque que pedisse a Abraão que orasse para que ele fosse curado. Essa é a maneira de Deus agir, incentivando a oração. Quando Deus quer fazer uma obra, Ele inspira a oração. Ele inspirou Abraão a orar, e inspirou Abimeleque a crer que a oração de Abraão seria respondida. Este é o nosso Deus. E quando Ele curou toda a casa de um colonizador filisteu, que era um homem pagão, Ele se comprometeu; afinal, não poderia ser diferente. Deus havia revelado quem Ele era, e não podia mais voltar atrás. Pode ser que Deus não repita Seus feitos exatamente, pois Ele raramente Se repete; afinal, Ele tem um estoque infinito de novas abordagens e planos. Pode ser até que Ele não cure a todos; contudo, Ele Se mostrou como sendo Aquele que cura, e curar é o Seu desejo. O que os feitos de Deus demonstram é a imutabilidade do Seu coração e do Seu caráter. Ele tem o mesmo amor, a mesma vontade que sempre teve, e Suas obras não violam o Seu caráter. Tiro_BraPort.indd 89 14.05.2007 16:51:11 Uhr 90 O Tempo está se Esgotando Imperativo Divino Como vimos, Deus age de acordo com o que Ele é; e sendo Deus, Ele não pode agir de modo diferente. Se Ele é amor, deve amar; se é Salvador, deve salvar. Ele também deve curar, porque Ele mesmo Se revelou como sendo Aquele que cura. Segundo o Evangelho de João, Jesus coloca a necessidade de se nascer de novo no imperativo. Ele diz: “Você tem de nascer de novo” (Jo 3.7). Entretanto, não podemos renascer a nós mesmos, por isso Ele disse isso significando que Ele mesmo o faria por nós. Somente Deus pode realizar tamanha obra. Tiago 1.18 declara: Segundo a sua própria vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade … Esse renascer vem pela Palavra da verdade, o Evangelho. Dessa forma, se o perdido precisa ouvir a Boa Nova, então alguém deve pregá-la; afinal: como ouvirão se não há quem pregue? (Rm 10.14.) As pessoas precisam do Evangelho, e a necessidade delas cria uma outra necessidade no coração de Deus: Ele precisa nos enviar a elas com esse Evangelho. Ele sabe que todos têm de nascer de novo, e não pode simplesmente sentar-se em Seu trono e cruzar os braços, sem fazer nada a respeito. Afinal de contas, tal atitude seria o oposto de tudo o que Ele já fez. Ele conhece nossas necessidades, e se alegra em satisfazê-las. Existe sempre uma perfeita unidade entre cada revelação que Deus faz sobre Si mesmo e a Palavra. Igualmente nós, se somos feitos à imagem e semelhança de Deus, sabemos da fome no mundo, e precisamos fazer algo sobre isso. A necessidade deles cria em nós a necessidade de ajudar ao necessitado. Se você e eu temos abundância, então não podemos simplesmente ficar parados, assistindo, enquanto nossos vizinhos morrem de fome. Tiro_BraPort.indd 90 14.05.2007 16:51:11 Uhr Capítulo 4 • A Fé e o Evangelismo 91 Quando Jesus disse: “Você tem de nascer de novo”, significava que Ele também teve de dizer, quase que As pessoas precisam imediatamente: assim importa que o Filho do Evangelho, do homem seja levantado (Jo 3.14). Nossa e a necessidade necessidade se torna a necessidade dEle delas cria uma outra necessidade no de nos suprir. Durante o tempo que Jesus coração de Deus: viveu aqui, sempre teve a consciência da Ele precisa nos vontade imperativa de Deus. Ele tem de enviar a elas com salvar porque precisamos ser salvos. Ele esse Evangelho. disse: Tenho ainda outras ovelhas que devem ser salvas – a essas também me importa conduzir (Jo 10.16). Essa revelação de Deus se tornou a nossa base de fé e evangelismo. O Deus da Bíblia, nosso Senhor Jesus Cristo, imutável, nunca nos decepcionará. Vamos com Ele, de mãos dadas, apresentá-Lo a este mundo cansado. Uma Pergunta Relevante Gostaria, porém, de lembrá-lo que a iniciativa não é nossa, mas de Deus, pois atrás de todas as coisas está o mover do Espírito do Senhor. A questão é se seremos ou não relevantes ao que Deus está fazendo. Deus deve ser o nosso centro, e não este mundo. As pessoas costumam dizer que nós, os cristãos, somos excêntricos. Um objeto excêntrico cambaleia girando ao redor de um ponto descentralizado. A Bíblia, porém, chama a isso de “mundo”, que cambaleia girando em torno de si mesmo; o crente, porém, está centrado em Deus. Quando as pessoas na Igreja falam sobre tornar o Evangelho relevante, em geral querem dizer que precisamos mostrar que ele tem algo em comum com o mundo da indústria, do lazer e do Tiro_BraPort.indd 91 14.05.2007 16:51:11 Uhr 92 O Tempo está se Esgotando comércio. Esses segmentos, porém, têm uma ordem invertida das coisas. A pergunta, então, não é se a mensagem do Evangelho pode se relacionar com este mundo mas, sim, se o mundo pode ser relacionado à mensagem da cruz. Se não puder, ele será julgado nessa cruz. Se o Evangelho não é relevante para o mundo, então esse mundo está sendo arrastado pela corrente, porque não tem a âncora da Boa Nova para o segurar. Outro comentário que ouço sempre as pessoas fazerem é que os evangelistas estão respondendo a perguntas que o mundo não está fazendo. Creio que isso acontece porque, pelo fato de que o mundo tem feito as perguntas erradas, quaisquer respostas estarão igualmente erradas. Relevância é uma questão de posição e foco. Só podemos ser relevantes quando nos relacionamos com o que o Espírito Santo está fazendo. É comum as pessoas nos dizerem que o nosso ministério tem que acompanhar as mudanças; e eu concordo que novas formas e novos métodos podem Relevância ser usados com sucesso para apresentar o é uma questão de amor salvador de Cristo às pessoas (ver posição e foco. 1 Re 9.22). O conteúdo da nossa mensaSó podemos ser gem, entretanto, nunca deveria mudar. relevantes quando Acredito que, muitas vezes, acompanhar nos relacionamos com o que o Espírito as mudanças deste mundo significa tornar Santo está fazendo. o nosso Evangelho uma outra forma de materialismo – as engrenagens do céu estão girando, roda sobre roda; contudo, é com o mecanismo do céu, e não da indústria, que devemos nos preocupar. Encaixarmos-nos neste mundo significa fazermos do Evangelho uma outra forma de materialismo; simplesmente uma outra maneira de ganhar muito dinheiro e aumentar os lucros. O que nos torna relevantes não é se o Evangelho é apropriado para a situação – não vos conformeis com este mundo, como nos diz a Bíblia (Rm 12.2) – mas se Tiro_BraPort.indd 92 14.05.2007 16:51:11 Uhr Capítulo 4 • A Fé e o Evangelismo 93 a situação corresponde com a verdade de Cristo. Aliás, o mundo não tem nenhuma importância se não se relacionar com Deus. Temos de colocar nossas prioridades na ordem certa. Ou entramos na corrente de revelação, que é o amor de Deus para um mundo perdido, ou seremos arrastados para as águas estagnadas e cheias de destroços das controvérsias e políticas da igreja. Temos de ter a mesma prioridade que o Espírito, pois Ele foi enviado para nos fazer testemunhas. Seu único trabalho é evidenciar o trabalho de Jesus, e atuar na vida humana (ver João 16.9-11 e Atos 1.8). Se queremos nos mover no Espírito, necessitamos participar desse tipo de atividade, porque é isso o que Ele faz. Algumas pessoas que pregam sobre esse mover do Espírito parecem acreditar que são elas mesmas que movem o Espírito. E isso não é nem um pouco bíblico: Quem guiou o Espírito do Senhor, ou, como seu conselheiro, o ensinou? (Is 40.13). Ele não está agindo secretamente. Ele não mudou de direção repentina e inesperadamente para ir atender uns poucos membros que fazem parte de alguma elite espiritual. Ainda hoje encontramos Deus agindo no meio do povo caído: o pecador, o desesperançado e os abandonados. Siga a Jesus – esta expressão é melhor do que mover no Espírito. Siga-O e então você irá aonde Ele for, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos pelo diabo (At 10.38). Tiro_BraPort.indd 93 14.05.2007 16:51:11 Uhr Tiro_BraPort.indd 94 14.05.2007 16:51:11 Uhr Capítulo 5 PREGANDO UM CRISTO DE MILAGRES A menos que captemos a revelação de Jesus como divino Filho de Deus, nunca seremos capazes de ver todo o poder que Ele nos dá para usarmos em nosso ministério. Existe um livro sobre Jesus que tem um título muito interessante: O Homem que Ninguém Conhece. E isso é uma grande verdade, pois o próprio Senhor disse, certa vez: e ninguém conhece plenamente o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar (Mt 11.27). Creio que Jesus está se referindo ao mistério de Deus em carne, o que vai além da compreensão humana. Entretanto, nós podemos conhecê-Lo como Salvador e Senhor, mesmo sem entendermos Sua infinita grandeza. Existem níveis diferentes de conhecimento e até podemos dizer que conhecemos muito bem uma pessoa; porém, isso não quer dizer que compreendemos sua natureza. Alguns maridos costumam reclamar: “Eu simplesmente não entendo minha esposa!” Acredito sinceramente! Podemos conhecer a Deus, mas somente na extensão em que Cristo O revela. Para a Escritura, conhecêLo é parte vital da salvação: se somos salvos, então conhecemos a Deus (Jo 17.3). Baseado nas palavras de Paulo, que ficaram famosas em um antigo hino, posso dizer: “Mas eu sei em quem tenho crido” (2 Tm 1.12). Eu O conheço e sei quem Ele é. Conhecê-Lo é vida eterna; uma maravilha sempre revelada. E esse conhecimento é contínuo, pois podemos crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (2 Pe 3.18). Quanto mais o tempo Tiro_BraPort.indd 95 14.05.2007 16:51:12 Uhr 96 O Tempo está se Esgotando passa, mais podemos melhorar o nosso conhecimento de a Deus; a essência do Seu caráter continua inalterada. É verdade que agora vemos como em um espelho, obscuramente (1 Co 13.12), e ainda não face a face; entretanto, o que Ele significa para mim é tudo. Qual o Cristo que Pregamos? Quando pregamos a Cristo, a pergunta que deve ser feita é: que Cristo estamos pregando? Acima de tudo, deve ser O Cristo que conhecemos. Eu O chamo “meu Jesus”, “meu Senhor”, “meu Deus”. Em todo o Novo Testamento encontramos homens e mulheres que se relacionaram com Jesus. Maria Madalena foi uma delas. Ela abraçou Seus pés e exclamou: Raboni, que quer dizer “meu Senhor” (Jo 20.16). Nesse mesmo capítulo, o apóstolo Tomé clamou: “Meu Senhor e meu Deus” (v. 28). Paulo falou de Jesus com o mesmo afeto íntimo que Maria. […] e esse viver que, agora, vivo […] eu vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e Se entregou por mim (Gl 2.20). Muitos de nós podemos facilmente nos identificar com essas pessoas, com respeito aos nossos sentimentos sobre Jesus. Alguns A menos que dizem coisas como: “Ele é meu Salvador”, captemos a revelação de Jesus como divino ou “Este é meu maravilhoso Salvador”. O Jesus que conheço é tão maravilhoso que Filho de Deus, nunca seremos qualquer coisa que eu disser sobre Ele, não capazes de ver todo conseguirá aumentar em nada o Seu valor. o poder que Ele nos Ele é Aquele que morreu por mim na cruz, dá para usarmos em e é por isso que eu prego a Jesus Cristo crunosso ministério. cificado (1 Co 2.2). Entretanto, hoje existem muitos outros “cristos” que o mundo jamais havia ouvido falar. Eles não se parecem em nada com Aquele a quem eu reconheço, e cuja face ficou mais desfigurada do que a de qualquer homem (Is 52.14). Aliás, pela maneira Tiro_BraPort.indd 96 14.05.2007 16:51:12 Uhr Capítulo 5 • Pregando um Cristo de Milagres 97 como algumas pessoas O descrevem, não consigo imaginá-Lo como sendo o Deus de alguém. Está sempre retratado como um cristo morto, talvez deitado no colo de Sua mãe, ou como um bebê desamparado nos seus braços. Aquele cristo morto, pendurado em uma cruz, não é o tipo de Cristo com quem alguém possa ter um relacionamento pessoal. Há muitas representações de Jesus como essa e sobre as quais eu não posso usar o pronome possessivo “meu”. Novas teologias falam de um Cristo político, revolucionário, liberal, humanista, histórico; falam de um Cristo de uma religião formalista (eternamente sentado, imperturbável como um Buda), como sendo uma grande, distante e intocável divindade; e assim por diante. Quero lhe dizer que O Jesus que eu conheço é muito diferente desses aí. O meu Jesus é afetuoso e amoroso, a quem eu posso amar, e não somente admirar como uma distante montanha ou estrela. Se Ele fosse assim, não seria alguém a quem eu poderia chamar de “meu Jesus”. À Procura de um Jesus Histórico Os recentes estudos sobre Jesus têm uma coisa em comum: eles O despem de tudo o que é sobrenatural – Ele não nasceu de uma virgem, não fez e não faz milagres, não teve ressurreição física, e não subiu ao céu. Cristo foi despido, anteriormente, e crucificado, e agora as pessoas estão tentando anular a vitória que foi Sua morte. O Jesus que as pessoas adoravam e pelo qual morreram era o Jesus que opera maravilhas, que as curou e fez delas novas criaturas. Ele era o próprio milagre, nascido de uma virgem. Ele foi crucificado, mas venceu a morte, e é a este Jesus Tiro_BraPort.indd 97 14.05.2007 16:51:12 Uhr 98 O Tempo está se Esgotando que devemos pregar. Eu não me preocupo com o que os acadêmicos dizem sobre Ele; eu O conheço, sei o que Ele é para mim e o que Ele pode fazer por nós. Nenhum simples mortal poderia nos salvar das chamas do inferno. Este é um trabalho para O Deus encarnado. O Senhor Jesus Cristo penetrou o centro do cosmos e fez infinita justiça. Ele veio da presença do maior Juiz, apresentando os documentos que me garantiam perdão, assinados e selados. Aquele que agiu em dimensão tão superior não poderia ser ninguém menos do que um Cristo de milagres. As pessoas querem e precisam mais do que de um político revolucionário, com um evangelho social, ou mesmo de um líder religioso com um novo sistema. Elas querem mais do que um cristo ético, mais do que um sublime Espírito celestial; elas querem um Cristo divino, que pode carregar nossos pecados no Seu próprio corpo, sobre a cruz (1 Pe 2.24). Não é apenas por meio de historiadores que ficamos sabemos do nosso Cristo. Se Flavius Josephus, famoso historiador judeu, O menciona ou não, pouco importa. Afinal, Ele não é um simples Jesus da História, sobre o qual os historiadores nos contam. Durante mais de um século alguns acadêmicos tentaram retratar a Jesus como uma grande figura histórica, mas sem o Seu lado sobrenatural. Entretanto, em seu livro A Missão do Histórico Jesus (1910), o Dr. Albert Schweitzer jogou por terra a idéia de que Jesus fosse somente um professor de ética. Esse escritor não era evangélico, mas procurou por evidências sobre este errôneo ensino, em grandes pilhas de livros. Dúzias de acadêmicos tentaram colocar o Jesus da História como sendo simplesmente um professor sem milagres. Mas, como bem observou o Dr. Schweitzer, não houve concordância entre eles. Tiro_BraPort.indd 98 14.05.2007 16:51:12 Uhr Capítulo 5 • Pregando um Cristo de Milagres 99 É impossível separar Jesus da Sua divindade e dos Seus poderes milagrosos, quando quase tudo o que sabemos dEle nos é apresentado em uma estrutura sobrenatural; se tirarmos o elemento milagre, a história cai por terra. Curas não são incidentes, com uma pitada de magia aqui e ali; elas são a real substância dos Evangelhos. João, por exemplo, nos dá um livro cheio de sinais e diz: estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome (Jo 20.31). Imagine Jesus sem os milagre; o que sobra? O Homem que Ninguém Conhece. Jesus é muito mais que uma figura histórica; Ele veio de fora do tempo e do espaço, invadiu a História e a transformou. Ele é a chave, o ponto focal de tudo. Ou a História se relaciona a Ele, ou ela não tem sentido. A existência de Jesus explica tudo, e nada é adicionado sem Ele. O Senhor é o pivô de toda a criação. Li em alguns jornais sobre os “Seminários É impossível separar de Jesus”, onde 43 acadêmicos não crentes, Jesus da Sua que se consideram especialistas no tema, divindade e dos Seus andam decidindo o que Jesus fez e o que poderes milagrosos. não fez, o que falou e o que não falou, que partes dos Evangelhos podemos desprezar e quais podemos manter com segurança. Esses “entendidos” continuam com os mesmos joguinhos, com o mesmo raciocínio, como os acadêmicos no tempo do Dr. Schweitzer: querem tirar dos Evangelhos tudo o que faz Jesus diferente, e depois falar que Ele não é diferente de ninguém! Que lógica mais peculiar! Eles cancelam qualquer evidência do milagroso como não histórico, a fim de retratar um Jesus histórico. Estou fazendo a “gentileza” de mencionar tais acadêmicos aqui porque lhes foi dado uma enorme publicidade na mídia. E é óbvio que a multidão ímpia fica encantada com os “resultados”. Tiro_BraPort.indd 99 14.05.2007 16:51:12 Uhr 100 O Tempo está se Esgotando Os membros do “Seminário de Jesus” encontraram muito pouco sobre Ele que crêem ser verdade. Na melhor das hipóteses, O consideram um pregador inofensivo, um pregador errante, que por uma ou outra razão, depois de sua morte, inspirou muitas lendas impossíveis. Aliás, estes, que se dizem autoridades, na verdade não estão certos de nada. Um deles Ou nós devemos chegou ao cúmulo de dizer que acredita crer no Cristo do haver somente uma declaração da qual sobrenatural, podemos estar mais ou menos certos de um Jesus de sinais e atribuir a Cristo. maravilhas, que é o Filho de Deus, ou não teremos nenhuma razão para pensar n’Ele. É bem provável que o leitor saiba alguma coisa sobre essa controvérsia. Eu a estou mencionando aqui apenas por uma razão: Ou nós devemos crer no Cristo do sobrenatural, um Jesus de sinais e maravilhas, que é o Filho de Deus, ou não teremos nenhuma razão para pensar n’Ele. Apesar de Sua ética ser maravilhosa e Seus ensinos transformadores, sem o miraculoso não há dinâmica divina. E sem essa dinâmica, o Sermão do Monte se torna uma montanha mais difícil de escalar do que o Monte Everest. Precisamos entender muito bem que os quatro Evangelhos são mais do que história; também não são recordações emotivas afetuosas. Eles são a Palavra de Deus, e foram escritos inspirados pelo Senhor, exatamente como os temos hoje. Nossa fé não é uma fé no escuro; é claro que há uma base histórica para o que cremos. Mas, no final, não recebemos nosso Jesus dos livros de história, e nenhuma pesquisa história pode levá-Lo embora. Não há, no mundo, livros como os Evangelhos, pois eles não são simples relatórios detalhados, como poderiam ser dados sobre Bismarck ou outro importante personagem; são revelações do Espírito Santo a respeito de Jesus. Precisamos da bendita luz do Espírito para entendê-las. Em outras palavras, precisamos Tiro_BraPort.indd 100 14.05.2007 16:51:12 Uhr Capítulo 5 • Pregando um Cristo de Milagres 101 exatamente da mesma revelação de Pedro, que conheceu a Jesus não pela carne e sangue, mas pelo Pai (Mt 16.17). Os começos e os finais de cada um dos Evangelhos são notáveis. Nenhum outro livro começa ou termina como eles. O Evangelho de Mateus começa mostrando Cristo como o Filho de Davi, e termina com o relato de Sua ascensão a todo poder. Marcos começa revelando Jesus como o Filho de Deus, e termina com Jesus ressurreto, indo por todos os lugares com os Seus discípulos. Lucas começa nos apresentando Jesus como o filho de José e Maria, e termina com É assim que Jesus em glória. João, por sua vez, inicia-se reconhecemos a apresentando Jesus como a Palavra, desde Jesus – pelo que o início com Deus, e termina com Jesus Ele fez e continua comendo na praia com os Seus discípulos. fazendo. Estes começos e finais somente nos mostram que temos um Cristo para pregar, que transcende a toda vida humana. Não tem como existir fé cristã se o milagre for descartado. Ou o nosso Evangelho é sobrenatural, ou devemos abandoná-lo. Contudo, não o abandonaremos, pois ele produz resultados sobrenaturais. Jesus Hoje O Cristo dos Evangelhos é o Cristo que precisamos. Se estamos dispostos a pregarmos a Cristo, devemos pregar o Cristo verdadeiro, e não um diferente do registrado nos Evangelhos e em toda a História. Se não pregamos o Jesus que cura, por exemplo, não estamos pregando o mesmo Cristo da Bíblia. Seus milagres são Sua identidade; o que Ele é. De maneira nenhuma a Sua ascensão ao céu mudou o Seu caráter; Seus milagres continuam atestando Sua identidade. Afinal, como Jesus poderia ser conhecido como o Jesus da Bíblia, se Ele não executasse mais feitos poderosos? Tiro_BraPort.indd 101 14.05.2007 16:51:12 Uhr 102 O Tempo está se Esgotando O primeiro versículo de Atos dos Apóstolos diz: Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo quanto Jesus começou a fazer e ensinar. O uso da palavra “começou” com respeito às atividades de Jesus indica claramente que Ele continua trabalhando hoje. E é nesses termos que Ele é retratado em Atos dos Apóstolos. Como mostra esse livro, o Jesus dos Evangelhos exercitou poder no mundo físico, e não somente no reino espiritual. Se vamos continuar a pregá-Lo como Salvador, também devemos continuar pregando a Ele como Aquele que cura. O livro de Apocalipse nos revela que o Senhor é aquele que é, que era, e que há de vir (1.4). Podemos conhecê-Lo como Ele sempre foi, porque Ele continua fazendo as mesmas coisas que sempre fez. Podemos ser capazes de reconhecer um marco geográfico simplesmente olhando para ele. Entretanto, para reconhecermos pessoas, temos que vê-las em ação. É assim que reconhecemos a Jesus – pelo que Ele fez e continua fazendo. Se Ele não faz mais o que fez um dia, como podemos ter certeza de que é Ele mesmo? Hebreus 13.8 diz que Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente. Muitas pessoas dizem que crêem neste versículo. Contudo, logo mudam de idéia e falam que Ele não faz mais as coisas que costumava fazer! Citam o texto, mas depois o desqualificam como se tivéssemos o direito de desqualificar a Palavra de Deus. Devemos nos lembrar que, quando falamos sobre milagres e curas sobrenaturais, estamos falando daquilo que não foi incidente na vida de Cristo. Essas manifestações milagrosas constituíram um ministério básico de Jesus Cristo, como Pedro disse: (Ele) andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo (At 10.38). Se eu conheço a Jesus, então nunca poderei acreditar que Ele negaria as Suas misericórdias à humanidade. Existem milhões de pessoas que confiam no Senhor, e Ele nunca as deixará decepcionadas. A necessidade humana, hoje, é tão grande quanto sempre foi, e Jesus nunca vai ignorar isso. Tiro_BraPort.indd 102 14.05.2007 16:51:13 Uhr Capítulo 5 • Pregando um Cristo de Milagres 103 O Ungido Ao retornar à Sua cidade natal, Nazaré, depois de ser tentado no deserto, Jesus foi ao Templo e leu um trecho de Isaías 61.1: O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor. (Lc 4.18,19). Depois de ler essas palavras, Ele falou aos que estavam reunidos para ouvi-Lo: Hoje se cumpriu esta escritura aos seus ouvidos (v. 21). Nessa ocasião tão importante, Jesus declarou ser Ele O Ungido, o Cristo. A unção em questão é especialmente relacionada ao Seu ministério de cura e libertação. Pedro contou a toda a casa de Cornélio como Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder; o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele (At 10.38). Hoje o nosso Senhor continua sendo O Cristo, O ungido, e com o mesmo propósito: libertar e curar os oprimidos. Sempre que nos referimos a Ele como Cristo, usamos uma palavra código para designar o Seu ministério de cura. Se você, amigo leitor, não crê que Ele cura ainda hoje, então porque O chama de Cristo? Que tipo de Cristo é esse que não cura ou não tem o poder de curar? Salvação, perdão, e cura física estão interligados nas Escrituras. Jesus perdoou o pecado e tirou o julgamento opressor desse pecado. A cura é sinal de perdão. O nome de Jesus significa salvação dos pecados (Mt 1.21), e o nome Cristo está intrinsecamente ligado à libertação física. Nada Tiro_BraPort.indd 103 Seus milagres não são somente ilustrações de salvação espiritual, mas são promessas de que Ele vai fazer as mesmas coisas hoje. 14.05.2007 16:51:13 Uhr 104 O Tempo está se Esgotando nas Escrituras me dá motivos para crêr que Jesus Cristo não é o mesmo ontem, hoje e para sempre. Aliás, é exatamente o contrário! Seus milagres não são somente ilustrações de salvação espiritual, mas são promessas de que Ele vai fazer as mesmas coisas hoje. É um grande engano separar corpo e alma, e aplicar a salvação somente à alma e não ao corpo. Salvação é para a pessoa inteira. A História da Igreja e o Milagroso Gostaria de mencionar rapidamente algo sobre o Dr. Benjamin Warfield (1851-1921), do Seminário Teológico de Princeton. Ele foi um astuto teólogo evangélico, mas hoje é citado como um importante defensor do “evangelho sem milagres”. Ele insistiu que os milagres terminaram com a morte dos apóstolos. Um dos seus principais argumentos é a história da Igreja não ter relatos de milagres após do ano 100 d.C. Confesso que isso me confunde um pouco. Os séculos XIX e XX são tão parte da história da Igreja quanto o são o II e o III. A grande expansão da Igreja se deu durante os últimos cem anos, e essa expansão tem provado ser uma parte significativa da história da Igreja. Entretanto, podemos afirmar que esta expansão se deu, em grande parte, por causa da pregação de um Evangelho pleno e cheio de milagres. Se havia falta de sinais e maravilhas antes, não há razão para duvidar deles agora. Por que os séculos de incredulidade devem sobrepor-se sobre o renascimento mundial dos dias de hoje? Além disso, não é muito sábio dizer que não houve milagres nos séculos passados. Confesso que a história cristã não é bem a minha área, mas muitos que leram os Pais da Igreja nos contam que os séculos pós-apostólicos não foram desprovidos dos milagres de curas. Afinal de contas, Jesus nunca perdeu sua Tiro_BraPort.indd 104 14.05.2007 16:51:13 Uhr Capítulo 5 • Pregando um Cristo de Milagres 105 compaixão pelo enfermo. Ainda que tivesse havido uma certa pausa na operação de milagres, isso não prova nada quando as manifestações do poder sobrenatural de Deus são tão comuns no mundo de hoje. Certamente Jesus continua ocupado. Quero falar um pouco sobre o que tem acontecido durante as nossas próprias cruzadas. Temos visto Atos dos Apóstolos se repetindo hoje; para ser sincero, mais do que repetido. Cenas impossíveis há 2.000 anos são experiências comuns hoje, por causa dos modernos meios de comunicação que proporcionam uma maior acessibilidade a maiores multidões. Não somente cegos, surdos, enfermos, mancos e possessos pelo demônio têm sido libertos, exatamente como nos tempos apostólicos; mas também convertidos contados aos milhares no dia de Pentecoste, agora são contados em dezenas de milhares, mesmo centenas de milhares, durante as cruzadas. Cada dia uns 150.000 são acrescentados à Igreja mundial, e não apenas 3.000 ou 5.000. Quero acrescentar mais um comentário sobre o Dr. Warfield. Aqui está um professor da Bíblia e um teólogo de grande distinção, ensinou que a Bíblia é a única fonte de doutrina. Entretanto, revirou registros da história da Igreja, feitos pelo homem, para decidir sobre incontestáveis verdades bíblicas. Isso me parece um tanto contraditório. A Bíblia tem a primazia como Palavra de Deus, inspirada, para ser usada para interpretar a História, e não a História para interpretar a Bíblia. Voltando à Grande Comissão William Carey, o pai das missões modernas, desafiou os batistas do século XVIII, bem como a teologia deles. Segundo eles, Deus salvaria aqueles a quem Ele quisesse salvar, por essa razão, não precisávamos nos ocupar com isso. O ponto de Carey era que, se queremos que as promessas andem junto com a Grande Tiro_BraPort.indd 105 14.05.2007 16:51:13 Uhr 106 O Tempo está se Esgotando Comissão, temos de viver essa Grande Comissão. E ele estava certo. Mas o que tem a Grande Comissão que ver com sinais e maravilhas? Vamos analisar. Encontramos em Mateus 28.18-20 a clássica referência da Grande Comissão, que nos manda ir e fazermos discípulos de todas as nações. Mas a passagem começa um pouco antes. Jesus chegou e falou com eles, dizendo: Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto e fazei discípulos de todas as nações. (Ênfase do autor.). Ele enviou os discípulos somente quando havia poder – autoridade celestial – disponível. Não era um poder reservado para uma operação no reino puramente espiritual, mas poder na terra. Em outras palavras, poder que traz resultados físicos. Se queremos que as promessas andem junto com a Grande Comissão, temos de viver essa Grande Comissão. O texto de Marcos 16.15,17 e 18 deixa absolutamente claro que os discípulos deveriam esperar que milagres acompanhassem a sua tarefa. Ele lhes disse: “Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura. E estes sinais seguirão aos que crêem: Em meu nome expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre os enfermos, eles ficarão curados”. Lucas 24.47,49 nos diz que Jesus falou a seus discípulos para esperarem por esse poder de milagre antes de saírem em missão. Arrependimento para remissão dos pecados, deveria ser pregado a todas as nações … E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder. Tiro_BraPort.indd 106 14.05.2007 16:51:13 Uhr Capítulo 5 • Pregando um Cristo de Milagres 107 O Evangelho de João nos fala claramente que, na realidade, Jesus esperava que fizéssemos o mesmo tipo de obra que Ele havia feito enquanto estava na terra. E não apenas as mesmas obras, mas muito mais! Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê em mim, esse também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas; porque eu vou para o Pai (Jo 14.12). Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviarei ao mundo (Jo 17.18). Disse-lhes, então, Jesus segunda vez: “Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós”. E havendo dito isso, assoprou sobre eles, e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20.21,22). Poder e testemunho estão definitivamente ligados em Atos 1.8, onde Jesus diz: Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas … e até os confins da terra. Encontramos, nas cartas dos apóstolos, uma O milagroso expectativa de poder semelhante, ligada à é uma característica proclamação do Evangelho. Poderíamos essencial do reino citar inúmeros textos, tal como as referênde Deus. cias de Paulo à pregação: em demonstração Se o reino do Espírito de poder (1 Co 2.4). Se cumestá entre nós, prirmos a Grande Comissão, temos todo então haverá maravilhas. o direito de esperar que as promessas se cumpram, e que os sinais aconteçam. Se fizermos o que Deus pede, Ele vai fazer o que Ele diz. Tiro_BraPort.indd 107 14.05.2007 16:51:13 Uhr 108 O Tempo está se Esgotando O Reino O sobrenatural é a evidência do reino de Deus, e onde esse Reino está, o poder que opera milagres é visto. Isso é muito importante. Vamos dar uma rápida olhada na questão do reino de Deus. A grande diferença entre os tempos antes de Cristo e os tempos depois de Cristo é a constante presença do Espírito Santo. Certas ocasiões, o Espírito veio sobre as pessoas como relatado no Antigo Testamento. De quando em quando, homens como Moisés, Elias, Eliseu, Sansão e Gideão experimentaram o poder do Espírito Santo. Os profetas também falaram de como foram visitados, mas ninguém conheceu o batismo no Espírito Santo até Jesus vir, e dEle fluiu a mais extraordinária sucessão de milagres que o mundo já testemunhou. Antes de Sua morte e ressurreição, Jesus disse que mandaria o Seu Espírito para estar com os discípulos todo o tempo (Jo 14.16,17). Assim, depois do dia de Pentecoste, o Espírito Santo passou a residir na Igreja. Os resultados foram as grandes manifestações de poder nunca antes vistas. Os cegos, os surdos, e os aleijados foram restaurados – fatos nunca relatados no Antigo Pregue o Evangelho, Testamento. Outra coisa: demônios não e o Evangelho se eram expulsos até Jesus (e depois Seus distornará real. cípulos) expulsar espíritos com Sua palavra. Isso, particularmente, se tornou evidência de grande mudança na organização divina. Jesus disse: Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, logo é chegado a vós o reino de Deus (Lc 11.20). Quando o Senhor Jesus expulsava os demônios pelo poder da Sua palavra, isso era mais que um sinal do dedo de Deus agindo, mostrando que o Reino estava presente. Em outras palavras, o milagroso é uma característica essencial do reino de Deus. Se o reino está entre nós, então haverá Tiro_BraPort.indd 108 14.05.2007 16:51:13 Uhr Capítulo 5 • Pregando um Cristo de Milagres 109 maravilhas, e se há maravilhas, é porque o Reino está entre nós. Quando Jesus veio e os poderes do reino começaram a agir, o reino de Cristo consolidou-se na terra. O “carimbo” de validade do Reino são os sinais e maravilhas. Não devemos negar a ação sobrenatural de Deus na pregação do Reino. Esses sinais e maravilhas acompanham os que crêem. Há tempos eles me acompanham na pregação da Palavra. Gostaria de deixar aqui uma advertência. Todas as pessoas hoje estão clamando pelo sobrenatural. Muitos estão correndo de igreja em igreja para assistirem a convenções, conferências, esperando ver sinais e sensações. Contudo, será que o cristianismo é simplesmente ação sobrenatural? Há muito mais no Evangelho do que cura de pessoas. O grande trabalho de Deus inclui salvação, edificação da igreja, e os crentes manifestando o fruto do Espírito na sua vida, e sendo transformados dia a dia, na semelhança de Jesus. O companheirismo entre os santos é algo muito importante, mas se ficarmos somente vagando por ai, procurando por sinais e maravilhas, o companheirismo não vai significar nada. Curar os enfermos também significa partilhar os fardos uns dos outros. Precisamos fazer o que for necessário para conhecermos as pessoas e ajudá-las com os seus fardos. Vejamos agora quarto princípios do Reino, de grande importância para o trabalho cristão: 1. Jesus só pode ser o que você prega que Ele é. O primeiro desses quarto princípios contém o cerne dos outros três; espero que isso fique entre as coisas que você vai guardar da leitura deste livro. Jesus espera para dizermos o que Ele é. Pregue-O como Salvador, e Ele salvará. Se você não o fizer, Ele não o fará! Pregue-O como Aquele que cura, e Ele curará; do contrário, Ele não poderá fazê-lo! Pregue-O como Perdoador, Tiro_BraPort.indd 109 14.05.2007 16:51:14 Uhr 110 O Tempo está se Esgotando ou como o Doador da paz, e Ele então poderá ser estas coisas para aqueles que ouvem. Pregue o Evangelho, e o Evangelho se tornará real. Entretanto, se você só ficar aí na sua comodidade, inclinado sobre a sua escrivaninha, apenas passando pequenas lições de moral, então o único milagre que vai acontecer será a cura para a insônia, porque esse tipo de conversa, para “levantar a moral”, é suficiente para fazer qualquer um dormir! Se você prega um Jesus de milagres, Ele será um Jesus de milagres. O Espírito Santo só pode abençoar as verdades que você permite que Ele abençoe. Ele não pode tornar realidade a verdade da cura divina, se você falar apenas sobre transcendência divina. Se, ao compartilhar a sua fé, seu assunto é sempre o inferno, isso vai limitar o Espírito Santo. Quando você não estiver sentindo a unção em sua pregação, talvez isso signifique que o Espírito Santo esteja esperando para que você diga algo que Ele possa ungir: Sua verdade, claramente comunicada. 2. A vontade soberana de Deus coopera conosco. O Evangelho de Marcos nos fala desta verdade soberana cooperando conosco depois de o Senhor ter subido ao céu: cooperando com eles (Mc 16.20). Falamos freqüentemente sobre a vontade soberana de Deus; entretanto, Ele trabalha a Sua vontade soberana através dos Seus seguidores, geralmente requerendo algo de nós em primeiro lugar. Soberania não significa surpresa; a palavra é mal entendida e mal usada, e não aparece na Bíblia com esse sentido. Deus é realmente nosso soberano Senhor e Deus, mas Ele não é imprevisível. Se ainda não conheDeus pode encher cemos a vontade de Deus, devemos procurar tantas vasos quantos conhecê-la, pois é nosso dever. O Salmo 103 trouxermos a Ele. diz o seguinte: Fez notórios os seus caminhos Tiro_BraPort.indd 110 14.05.2007 16:51:14 Uhr Capítulo 5 • Pregando um Cristo de Milagres 111 a Moisés, e os seus feitos aos filhos de Israel. Se Deus fosse um Deus imprevisível, não poderíamos ter confiança nEle. Podemos depender seguramente em Seu santo e impecável caráter. Deus, em Sua soberania, planejou nos deixar saber seus desígnios. Ocultarei eu a Abraão o que faço? (Gn 18.17). Mas Ele faz ainda mais do que isso. Jesus disse: Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros (Jo 15.17); a única condição, porém, é que permaneçamos nEle. Deus não somente falou com Abraão o que Ele queria fazer, mas também ouviu as objeções de Abraão, e até concordou com seus desejos, como no relato a respeito de Sodoma e Gomorra (Gn 18.16-33). Ele também revelou Seus segredos a Seus servos, os profetas: Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas (Am 3.7). De modo geral, aquele tempo em que Deus aparecia em cena simplesmente para dar algum aviso a alguém, por meio dos seus profetas, passou. Ele pode até agir dessa forma hoje, mas essa não é a Sua maneira normal de se relacionar com seus filhos hoje. A revelação de Deus em Seu Filho colocou um fim nesse período de imprevisibilidade. É a Sua soberana vontade trabalhando junto com a nossa, embora a Palavra de Deus deva sempre condicionar a nossa. É óbvio que Ele se reserva o direito de agir independentemente, e algumas vezes Ele o faz; contudo, geralmente provocamos a Sua ação por causa da nossa. Talvez não haja exemplo maior desse princípio do que a vida de William Carey, famoso missionário que dedicou sua vida pregando na Índia. Ele era um jovem pregador inglês, consumido pelo peso da Grande Comissão de Cristo. Entretanto, na sua época não havia ninguém saindo da Inglaterra e indo para os campos missionários estrangeiros. Certa ocasião ele levantou-se durante uma reunião e sugeriu a um grupo de pastores batistas Tiro_BraPort.indd 111 14.05.2007 16:51:14 Uhr 112 O Tempo está se Esgotando que discutissem se a ordem dada aos apóstolos, de ensinar a todas as nações, não se aplicava a todas as gerações. O presidente do grupo, Elder Ryland, respondeu à sua proposta com as mesmas palavras citadas um milhão de vezes como exemplo de um tradicionalismo teimoso e intransigente: “Jovem, sente-se! Você é um entusiasta. Quando Deus se agrada em converter um pagão, Ele o faz sem depender de mim ou de você”. As idéias de Elder Ryland eram típicas do seu meio. O pensamento corrente era que Deus fazia o que quisesse sem consultar a ninguém, ou mesmo ser influenciado. Esta também era a teoria com relação ao avivamento, de que era um ato soberano de Deus, vindo como, quando e onde a Sua graça escolhesse, sem aparente motivação ou razão. A crença era de que Deus visitava determinado lugar com a salvação e salvava a quem Ele queria salvar. Depois disso, só iria se manifestar novamente no próximo avivamento. A resposta de Carey veio através da publicação de um tratado, o qual mostrava que não estávamos livres da responsabilidade em relação a evangelismo e avivamento. Willian Carey realizou o seu sonho de pregar na Índia em 1793. Eu posso entender muito bem a frustração de Willian Carey, pois também já fui um missionário fazendo missões do jeito tradicional. Todavia, eu queria muito alcançar mais pessoas, e mais rápido, antes que morressem e fossem para o inferno. Era como se estivéssemos usando tesourinha de unha para colher grandes feixes; entretanto, sabia que precisávamos de colheitadeiras. Naquela ocasião me disseram que o método tradicional de evangelismo era o mais adequado para se alcançar o perdido. Afinal, já haviam tentado e testado, e decidiram que era o método mais efetivo. Entretanto, não descansei enquanto não dei o passo que deu início ao Cristo para todas as Nações. Foi então que vi mais convertidos em uma única noite do que todas as missões africanas haviam visto em centenas de anos. Tiro_BraPort.indd 112 14.05.2007 16:51:14 Uhr Capítulo 5 • Pregando um Cristo de Milagres 113 3. Deus trabalha de acordo com a escala que empregamos. Nossa medida de trabalho é a dEle. Vamos analisar a história da viúva que tinha apenas uma botija de óleo. Elias havia lhe dito que fosse até os seus vizinhos e arranjasse tantas vasilhas quanto pudesse. Então ela se foi e pediu vasilhas emprestadas, e encheu a todas, até que não restou mais nenhuma vazia. Deus pode encher tantas vasos quantos trouxermos a Ele. Ele pode salvar tantas almas, e curar tantos enfermos quanto lhe dermos a oportunidade de salvar e curar. Ele pode ter uma perspectiva local, ou uma perspectiva mundial. 4. Deus sempre toma a iniciativa, mas Ele espera que O sigamos. Deus é o Capitão da nossa fé (Hb 2.10). Vamos voltar um pouco ao Evangelho de João, onde lemos que Jesus curou algumas pessoas sem que alguém houvesse pedido especificamente. Sabemos, entretanto, que qualquer milagre que Ele tenha feito veio de um desejo espontâneo de Deus: … o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz. Porque o Pai ama ao Filho, e lhe mostra tudo o que faz (Jo 5.19,20). Jesus transformou água em vinho sem que ninguém sugerisse (Jo 2.1-10); curou o servo O Evangelho de João ´o perfeito exemplo da do homem nobre da maneira que achou total independência melhor e não como o nobre havia sugerido de Deus com relação (Jo 4.46-53); curou o homem enfermo à vontade do homem. no poço de Betesda sem que ele pedisse (Jo 5.1-9); restaurou a vista ao cego colocando barro nos seus olhos sem seu consentimento (Jo 9.1-7). Ele também recusou o pedido de Marta e Maria para visitar o seu irmão doente, e veio de acordo com o tempo do Seu Pa; ou seja, quatro dias depois que Lázaro morrera. Ressuscitar Lázaro da morte foi idéia de Tiro_BraPort.indd 113 14.05.2007 16:51:14 Uhr 114 O Tempo está se Esgotando Jesus e de ninguém mais (Jo 11.1-44). O Evangelho de João ´o perfeito exemplo da total independência de Deus com relação à vontade do homem. Sempre no começo de qualquer coisa nova que Deus faz, o Seu pensamento é, geralmente, para Si mesmo; Seu alvo não é a promoção humana. É por isso que Jesus afirmou que se estivermos nEle e Suas palavras estiverem em nós, Ele vai fazer tudo o que Lhe pedirmos (Jo 15.7). Contudo, Deus apenas toma a iniciativa; Ele não vai adiante até que primeiro nos movamos em fé. Agindo espontaneamente e sem ser incitado, Ele mostra o que Ele é, e o que vai fazer. Então, o Senhor nosso Deus espera que nos posicionemos e ajamos debaixo do poder daquela demonstração. É isso o que significa agir por fé: significa que confiamos em Deus para ser o que Ele demonstrou ser. Quando Gideão perguntou: … e que é feito de todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o senhor subir do Egito? (Jz 6.13.), ele concluiu que Deus poderia ser novamente o que já havia sido. Deus nunca toma parte na nossa maneira de agir, a menos que tenhamos tomado parte no Seu agir também. Primeiro, Ele sempre nos mostra o que Ele é, e o que Ele vai fazer. Daí por diante, é conosco. Ele espera que aceitemos as suas dicas e que ajamos segundo elas. Paulo disse que ele declarou todo o desígnio de Deus (At 20.27). A palavra usada aqui para “desígnio” também pode ser traduzida como “vontade” ou “propósito”. Declarar todo o Seu conselho é declarar toda a Sua vontade, ou propósito. Não poderíamos declarar a Sua vontade se ela fosse eternamente fechada para nós, e Deus fez exatamente o que Ele queria, quando queria, sem nenhuma razão. Deus não age por capricho. É por isso que o clamor do nosso coração deveria ser que conhecêssemos a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus (Ro 12.2). Tiro_BraPort.indd 114 14.05.2007 16:51:14 Uhr Capítulo 5 • Pregando um Cristo de Milagres 115 Se você for declarar toda a Palavra do Senhor, todo o Seu conselho, sem riscar textos selecionados que estão fora da dispensação atual, então você tem um Deus sobrenatural com você. Porque Ele é Espírito, e nós somos físicos em um mundo material, qualquer coisa que conhecemos d’Ele somente pode vir sobrenaturalmente. Não podemos pregar o verdadeiro Cristo sem o sobrenatural. Tiro_BraPort.indd 115 14.05.2007 16:51:14 Uhr Tiro_BraPort.indd 116 14.05.2007 16:51:14 Uhr Capítulo 6 A UNÇÃO PARA A MISSÃO C rer em um Deus que faz milagres nos predispõe a termos fé para sermos Suas testemunhas. É por isso que somos chamados para agirmos da mesma maneira que Seus discípulos. Quando Jesus comissionou a Seus seguidores, Ele não queria apenas que eles fizessem algo, mas que também fossem algo (At 1.8). Suas testemunhas são exemplos do que Ele faz. Marshall McLuhan tornou popular a noção de que o meio é a mensagem. Realmente, os crentes são a mensagem do Evangelho! Não possuímos somente um conhecimento intelectual de verdade bíblica; o próprio Cristo comunica em nós uma fé que irá testificar d’Ele ao mundo. Ninguém se torna cristão por si mesmo. Somos feitura d’Ele, criados em Cristo Jesus para boas obras (Ef 2.10). A palavra “feitura” literalmente significa “produto”. Somos Seus produtos. A nova pessoa que somos hoje foi criada em verdadeira justiça e santidade (Ef 4.24). Somos chamados para um ministério de afirmação. O Espírito Santo que habita em nós é o Espírito da testemunha e do testemunho; e testemunhar é exatamente o seu trabalho (Jo 15.26). O dom do Espírito não nos é dado para brincarmos de jogos de poder; Seu poder nos molda e nos faz criaturas do Seu eterno propósito, e não do nosso, como Efésios 1.11 deixa bem claro: … predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade. Também somos chamados a termos um sentido eterno de destino. O que Deus fez coloca sobre nós uma obrigação de cumprir Tiro_BraPort.indd 117 14.05.2007 16:51:15 Uhr 118 O Tempo está se Esgotando o propósito para o qual fomos formados. Nossa atitude deveria ser a mesma de Paulo: Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e sangue (Gl 1.15,16). Note a expressão que Paulo usa: revelar seu Filho em mim. Tão logo Ele nasceu de Deus, fez o que nasceu para fazer. Um pássaro nasce para voar, um peixe para nadar, Algumas um ser humano para andar e falar, e um pessoas têm dito, cristão, nascido de novo, para testemunhar. e muito Testemunhas devem testemunhar, pois essa corretamente, que a é a sua natureza. Soldados não usam uniGrande Comissão formes e são equipados com armas simplesnão é apenas uma mente para ir a uma parada; o verdadeiro Grande Sugestão. É, antes de mais nada, lugar deles é no campo de batalha. um recrutamento, uma intimação. É uma prioridade, um requerimento básico para cada igreja. Embora o Senhor tenha colocado o instinto de testemunhar dentro de nós, Ele não nos força a fazê-lo; não somos robôs programados, e Ele não é um ditador. Essa é simplesmente uma prova da nossa amorosa submissão a Ele. Podemos escolher testemunhar ou não. Isso é deixado a nós ou, melhor, ao nosso entendimento do que Deus quer e à nossa consciência da difícil situação das pessoas que estão longe do Senhor. Efésios 4.23,24 e 5.2 nos encoraja: Vos renoveis … vos revistais do novo homem … e andai em amor. Devemos servir porque fomos equipados para isso. Algumas pessoas têm dito, e muito corretamente, que a Grande Comissão não é apenas uma Grande Sugestão. É, antes de mais nada, um recrutamento, uma intimação. É uma prioridade, um Tiro_BraPort.indd 118 14.05.2007 16:51:15 Uhr Capítulo 6 • A Unção Para a Missão 119 requerimento básico para cada igreja. Devemos fazer a seguinte pergunta: “Uma igreja tem o direito de existir, se ela não cumpre o propósito para o qual existe?” A palavra de Deus para os indiferentes laodicenos é clara: porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca (Ap 3.16). Jesus não disse: “Se você não se importa, e se você tem algum tempo livre, que tal fazer algo para Mim?”. Fazer a vontade de Deus não tem nada a ver com fazer a Ele um favor. Ser chamado para o Seu serviço, usar a farda de Cristo, é a maior honra e o maior orgulho que uma pessoa pode experimentar. Há um imperativo no coração de Jesus, que é transferido para aqueles que pertencem a Ele. Estamos aqui na terra no Seu lugar. Ele disse: Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça (Jo 15.16). O nosso negócio não é ficarmos ocupados, mas, sim, testemunharmos; e isso não depende de onde estivermos e do que estivermos fazendo. Um americano é um americano, independente do que ele faça ou de onde ele esteja. Ele tem de ganhar a vida, pois tem uma família para sustentar, um negócio para dirigir e, pode até mesmo ser identificado por todo o mundo, porque ele fala inglês com sotaque americano. Os cristãos são testemunhas de Cristo exatamente da mesma maneira. Somos o que somos. Todo o tempo, nosso estilo de vida e nosso “sotaque” da fé revela a quem pertencemos – pertencemos a Cristo. Somos Equipados Pela Unção Somos ungidos e equipados para a tarefa para a qual Cristo nos chamou, e essa unção é absolutamente importante. Em 1 Jo 2.20,27 lemos: E vós possuís unção que vem do Santo […] a unção que dele recebestes permanece em vós. A palavra “unção” no grego é chrisma, da qual temos o nome de Cristo, O Ungido. Tiro_BraPort.indd 119 14.05.2007 16:51:15 Uhr 120 O Tempo está se Esgotando Essa unção, o dom natural do Espírito Santo, é o segredo de um verdadeiro evangelista. Mesmo o próprio Jesus precisou receber essa unção para fazer o bem e curar as pessoas. Agora, por que será que Jesus, o único Filho gerado de Deus, precisa ser ungido? Porque Ele também era carne e sangue, exatamente como nós o somos. É a unção que toma nossa voz e nossos gestos, e adiciona a eles um toque especial que nem o melhor ator pode imitar. Observe um artista não convertido fazendo o papel de um pregador e pregando em uma novela de televisão. A cena é tão artificial quanto um boneco ventríloquo, pois lhe falta alma. A verdadeira unção de Deus, por sua vez, quebra o jugo do pecado. Em 1 Tessalonicenses 5.19 lemos o seguinte: Não apagueis o Espírito. Alguns dizem que é muito fácil apagar o Espírito; particularmente eu discordo dessa afirmação, pois o Espírito não é tão melindroso assim. O Espírito Santo é persistente, poderoso, e trabalha dentro de nós. Ele é “O fiel”, Aquele que habita. E se é assim, como, então, podemos apagar o Espírito? Ele nos foi dado para nos fazer testemunhas e, se não estamos interessados nos Seus objetivos, aí, sim, O apagamos. O que temos de fazer é manter o brilho! Essa mesma palavra “apagar” (do grego sbennumi) foi usada pelas cinco virgens tolas, que disseram que suas lâmpadas haviam se apagado. Nós apagamos o Espírito quando deixamos de brilhar por cristo. Precisamos Ser Cheios? Existe uma importante pergunta que circula até mesmo entre os pentecostais e que trouxe bastante controvérsia entre eles: Será que, de vez em quando, precisamos buscar a Deus para sermos cheios do Espírito? Algumas de nossas canções trazem essa idéia: “Espírito do Deus vivo, vem sobre mim. Quebranta-me, molda- Tiro_BraPort.indd 120 14.05.2007 16:51:15 Uhr Capítulo 6 • A Unção Para a Missão 121 me, enche-me, usa-me”. Quando Deus nos quebra e nos quebranta, nos molda e nos enche, com que freqüência o processo deve ser repetido? Precisamos ser quebrados de vez em quando? Temos de ser quebrados a cada vez que queremos ser cheios? Esse tema já foi discutido demoradamente pelos teólogos. Os mais capazes dentre eles chegaram até mesmo a citar os tempos dos verbos gregos para provar os seus pontos. Eu não tenho a pretensão de alcançar esse nível de escolástica. Minha abordagem vem de um ângulo bastante diferente – simples, mas não simplório. Se eu descobrisse, de repente, que me encontrava vazio do Espírito e do poder do Senhor, certamente buscaria a Deus para me encher novamente. Mas, como eu iria saber se estava cheio ou não? Acredito que exista duas maneiras: primeiro, eu seria ineficaz no meu trabalho e, segundo, eu me sentiria vazio. A primeira evidência de impotência não é totalmente confiável, porque há pessoas cheias do Espírito que não estão tendo muito sucesso em semear a semente do Evangelho em terreno rochoso. A falta de êxito e outras tensões podem É a unção que deixá-las desencorajadas. Elas se culpam, toma nossa voz e sentem que têm de trabalhar muito e nossos gestos, com Deus para serem cheias. É claro que e adiciona a eles vão continuar inseguros quanto a estarem um toque especial “cheios”, porque não têm como saber; a que nem o melhor menos que experimentem um quebrantaator pode imitar. mento repentino e espantoso. Entretanto, êxitos – mesmo centenas ou milhares de conversões – não vão nos dizer se estamos ou não cheios do Espírito. Então, se você está usando esforços evangelísticos bem-sucedidos como parâmetro, e se não houve mudanças no seu índice visível de êxito depois que você orou e jejuou, e de ter participado de retiros e Tiro_BraPort.indd 121 14.05.2007 16:51:15 Uhr 122 O Tempo está se Esgotando recebido oração com imposição de mãos, mesmo assim a única coisa que você vai ter é uma vaga esperança de que foi cheio novamente. Essa é uma maneira perigosa e desencorajadora de viver. Antes do avivamento pentecostal do século XX começar, a esperança de sinais como resultado de se estar cheio do Espírito era muito comum. Com a chegada do avivamento pentecostal e carismático, línguas eram vistas como sinal. Se as pessoas podiam falar em línguas, então elas sabiam que tinham recebido o Espírito. Sem o sinal, as pessoas não tinham como saber [1]. Antes do avivamento pentecostal a Igreja tinha muitas canções inspirativas e poucas realizações. As pessoas estavam sempre orando por poder, cantando: “Chuvas de bênçãos teremos”, “Ó enche-me Espírito”, “Queremos um outro Pentecoste”, “Avivanos, Senhor” ou “Enche o meu vaso, Senhor”. As canções, entretanto, mudaram com os pentecostais do início do século XX. Eles cantaram, “Faz chover! Faz chover! Aguaceiro da última chuva!”, ou “Este é o Pentecoste em minha alma!”. A minha canção favorita é: “Ele habita, Ele habita; o Consolador habita em mim”. E Quanto aos Nossos Sentimentos? Podemos até pensar que precisamos de um novo encher do Espírito, mas como vamos saber? Analisando os nossos sentimentos, é claro! Não estamos nos sentindo cheios, mas o cristão necessariamente se sente assim? E os sentimentos, são mesmo importantes? Os sentimentos são físicos ou psicológicos. Se você está cansado, está com gripe, sofreu privações, sofreu um acidente de carro, ou foi espancado como Paulo, é muito difícil dizer que possa se Tiro_BraPort.indd 122 14.05.2007 16:51:15 Uhr Capítulo 6 • A Unção Para a Missão 123 sentir cheio do Espírito Santo. Sendo assim, podemos dizer que os sentimentos simplesmente não são critério para nada. Não posso dizer que senti que estava plenamente cheio do poder do Espírito Santo quando o exército teve de nos proteger de uma multidão violenta na Nigéria, em 1991. Algumas pessoas estão sempre muito ansiosas em saber se Deus está ou não com elas. Criam suas próprias regras, por que acham que elas são necessárias, e depois passam os dias avaliando se as quebraram. Ouviram a voz de Deus? Obedeceram ou não? Saíram da vontade de Deus? Se saíram, o que aconteceu? Esse tipo de pessoa fica o tempo todo olhando por sobre os ombros, analisando o passado para ver se, por qualquer possibilidade, ofenderam o Espírito Santo. Aliás, isso significa que elas nunca estão seguras do seu relacionamento com Deus. Elas são as mesmas pessoas que estão sempre pensando se são humildes o suficiente, amorosas o suficiente, boas o suficiente ou se estão orando o suficiente. Oram com esperança, mas não com fé. Muitas dessas pessoas são vítimas de sua própria perspectiva legalista. O perfeccionismo tem base na idéia equivocada de que, desse lado do céu, podemos cumprir os requisitos da lei; ele não é poder, mas orgulho. Alguns se esforçam tentando alcançar o inatingível e buscam auto-satisfação na sua própria santidade. A graça ocupa um lugar muito pequeno nas suas expectativas. Para algumas, a graça não tem lugar em sua vida, a não ser para reconhecer que são salvas por meio dela. Vivem debaixo da lei que se impuseram a si mesmas, e vêem a plenitude do Espírito como testemunho das realizações da sua própria santidade. Existem aquelas pessoas que oram por avivamento; contudo, conhecem mais de 50 razões porque ele “tarda” – e todas elas têm a ver com a qualidade do caráter cristão dos envolvidos. Quando o avivamento tarda, elas sempre acham mais razões para justificar a demora. É fácil: ninguém é perfeito. Tiro_BraPort.indd 123 14.05.2007 16:51:15 Uhr 124 O Tempo está se Esgotando Não há nada nas Escrituras que indique que o Espírito de Deus pode ser espantado como um pombo assustado. Tenho uma idéia completamente oposta. É obvio que havia faltas vergonhosas na Igreja de Corinto, mas Paulo escreveu a eles: Sempre dou graças a Deus a vosso respeito, a propósito da sua graça, que vos foi dada em Cristo Jesus; porque, em tudo, fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento; assim como o testemunho de Cristo tem sido confirmado em vós, de maneira que não vos falte nenhum dom, aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo; o qual também vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo (1 Co 1.4-8). O que é muito claro quando lemos sobre os crentes do Novo Testamento é a sua constante confiança de que Deus estava com eles. Aqueles primeiros crentes não eram super santos, mas nunca pareciam duvidar de que o poder de Deus habitava neles. Eles sabiam que eram homens e mulheres pecadores e fracos, mas retiveram a verdade do amor e da graça de Deus. Se os cristãos de hoje não se sentem dessa mesma maneira, isso não tem nada a ver com o seu pobre contraste com a Igreja Primitiva. Entretanto, tem tudo a ver com o ensino perfeccionista e legalista. Hoje em dia as congregações são exortadas a se esforçarem para manter a boa forma, o que é bom; entretanto, tais exortações freqüentemente são feitas em tom severo e de crítica, produzindo um sentimento de inferioridade espiritual entre as pessoas. Paulo sabia muito bem quão faltosos aqueles cristãos eram, e não hesitou em dizer isso; contudo, também enfatizou o que eles eram em Cristo. Ele os deixou com confiança em Deus, assegurandolhes de que o Espírito de Deus estava com eles. Tiro_BraPort.indd 124 14.05.2007 16:51:16 Uhr Capítulo 6 • A Unção Para a Missão 125 Se você é batizado no Espírito Santo, por quanto tempo você espera que essa experiência dure? Para sempre, ou acha que precisa ser batizado novamente a cada uma ou duas semanas? Se o Espírito Santo desaparecer, você poderia Não há nada nas dizer que ainda está batizado no Espírito? Escrituras que Esse batismo significa “receber o Espírito indique que o Espírito Santo”; ou seja, você começou um relaciode Deus pode ser namento permanente com o Espírito de espantado como um Deus. Você está enchendo-se do Espírito de pombo assustado. maneira contínua (Ef 5.18), e a única coisa que precisa fazer é permanecer nessa experiência. É uma simples questão de fé, e não de grandes realizações morais. Considero muito relevante esta pergunta que Paulo fez aos gálatas: Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne? (Gl 3.2,3). Essa é uma estranha contradição, a qual abraçaram, de que eles desenvolveram a sua espiritualidade por intermédio de obras da carne! Nunca, em toda a história, houve um sucesso evangelístico tão grande como o dos cristãos Pentecostais Carismáticos, dos últimos 100 anos. E qual era o segredo deles? Os evangelistas estavam absolutamente confiantes de que Deus estava com eles, e seus convertidos receberam a mesma garantia. Eles falaram em línguas e, portanto, sabiam que haviam recebido o Espírito Santo. Durante séculos a questão de terem ou não recebido o Espírito preocupou os melhores cristãos. Agora eles sabiam que Ele estaria sempre com eles, de maneira permanente. Não é verdade que os adoradores carismáticos tenham procurado por línguas; eles procuraram pelo Espírito Santo. Tiro_BraPort.indd 125 14.05.2007 16:51:16 Uhr 126 O Tempo está se Esgotando Nota [1]. Considero a palavra carismático um termo impróprio. Eles, na verdade, não são carismáticos (dotados); são pneumáticos (cheios do Espírito). Línguas é uma insígnia real no topo do mastro, para mostrar onde é a residência do Rei. Tiro_BraPort.indd 126 14.05.2007 16:51:16 Uhr Capítulo 7 UM PROJETO PARA O EVANGELISMO C omo um arquiteto fornece o projeto de uma planta para a construção da sua edificação, Deus também nos fornece um projeto para o evangelismo. Trata-se de um projeto composto de métodos e princípios. Aqui, porém, vamos enfocar principalmente os métodos. Em seguida daremos uma olhada no tremendo discurso de Paulo, sobre os princípios do evangelismo. E, para finalizar o capítulo, voltaremos ao tema já discutido e faremos uma “recapitulada”. Métodos e Princípios Bíblicos As pessoas costumam comparar a eficácia dos métodos de evangelismo. Tendo viajado por quase todo o mundo e tido a oportunidade de ver uma variedade de métodos em uso, percebi que há muitos fatores que devem ser levados em conta. Não obstante, se há um texto em toda a Bíblia que fornece o princípio do evangelismo com bastante clareza, creio ser 1 Coríntios 9.22, que diz: Fiz-me tudo para todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns. Planejando Costumam dizer por aí que Deus usa o homem, não métodos. Contudo, não creio que Deus use homens que não tenham métodos. Qualquer que seja a forma de evangelização que você adote, se não houver um bom planejamento, seu impacto pode diminuir ou mesmo desaparecer. Tiro_BraPort.indd 127 14.05.2007 16:51:16 Uhr 128 O Tempo está se Esgotando Acompanhando Quando Jesus deu aos discípulos aquela segunda grande pesca, eles sabiam quantos peixes haviam pescado – 153. Eles não tinham apenas uma vaga idéia; Jesus lhes disse: Trazei alguns dos peixes que acabastes de apanhar (Jo 21.10). Na primeira vez que eles foram pescar, seguindo as instruções de Jesus, pescaram tantos peixes que suas redes romperam e os barcos começaram a afundar (ver Lucas 5.1-11). Aqueles pescadores não estavam esperando por tamanha bondade de Deus e, por isso, foram pegos de surpresa. Eles não estavam preparados para trabalhar no nível de Jesus. Contudo, na segunda vez, já estavam mais organizados e pegaram muitos peixes. Quando ganhamos alguém para Cristo, devemos cuidar delas e discipulá-las, e não permitir que logo voltem para as águas profundas do mundo. Trazei alguns dos peixes que acabastes de apanhar. Não importa como fazemos para evangelizar; fazemos o contato e, ao menos formalmente, as pessoas aceitam a Jesus. Depois disso, precisamos cuidar delas. Contato Pessoal Evangelizar não é um negócio rotineiro, sem vida. Quando Paulo foi a Éfeso, ele teve um certo problema com os empresários do lugar – empresários do ramo da indústria, especialmente os que trabalhavam com prata. Eles estavam forjando imagens da deusa Diana e tendo uma vida excelente com os lucros. A maneira como isso é relatado em Atos 19.26 é bastante interessante: E estais vendo e ouvindo que não só em Éfeso, mas em quase toda a Ásia, este Paulo tem persuadido e desencaminhado muita gente, afirmando não serem deuses os que são feitos por mãos humanas. Tiro_BraPort.indd 128 14.05.2007 16:51:16 Uhr Capítulo 7 • Um Projeto Para o Evangelismo 129 Gostaria que você que lê este livro tivesse condições de verificar o grego. Alguém disse que o verbo usado aqui foi o particípio passado, de modo que a frase “que são feitos por mãos” poderia ser mudada para “que estão sendo feitas por mãos”, dando uma idéia de ação contínua – deuses saindo da linha de produção todos os dias. Essa era a religião daquelas pessoas – uma despersonalizada linha de produção de religião, com os mesmos deuses sendo preparados a toda hora. E isso é exatamente o que o cristianismo não é. Nosso desejo é que, em nossas reuniões, as pessoas possam ter a oportunidade de passarem pela experiência do novo nascimento em um caloroso ambiente de Quando ganhamos amor. É necessário muito mais do que uma alguém para Cristo, assinatura em uma linha pontilhada. Gosto devemos cuidar delas e discipulá-las, de ver os novos convertidos ajoelhados, e não permitir que orando abraçados a alguém por mais ou logo voltem para as menos uma hora, enquanto a atmosfera do águas profundas estádio ou da igreja os envolve em louvor e do mundo. adoração. Novos crentes não devem nascer mortos. Quando uma criança nasce, a primeira coisa que o médico ou a enfermeira deve fazer é certificar-se de que ela esteja respirando. Os novos convertidos, por sua vez, devem ser rapidamente encorajado a fazer o seu primeiro clamor a Deus – faça com que eles, por meio da oração e do testemunho, tragam vida a seus pulmões espirituais. O Evangelho é uma comunicação pessoal entre as pessoas e seu Deus. Vivemos em uma era desumana, com indivíduos reduzidos à parte do fluxo do trânsito ou a uma unidade comercial. Você pode movimentar a sua conta bancária, comprar comida pronta, ir ao cinema ou mesmo participar de um culto da igreja via internet – tudo sem ter o menor contato com uma viva alma. As relações de serviço entre as pessoas estão sendo eliminadas Tiro_BraPort.indd 129 14.05.2007 16:51:16 Uhr 130 Nosso desejo é que, em nossas reuniões, as pessoas possam ter a oportunidade de passarem pela experiência do novo nascimento em um caloroso ambiente de amor. O Tempo está se Esgotando e transferidas para máquinas. Vejo com horror alguns dos “avanços” tecnológicos, os quais nos trazem para uma vida completamente automatizada, e nos impõe uma existência de completo isolamento. Os indivíduos temem a total solidão de um futuro frio e sem amor – e isso é tão ameaçador quanto uma bomba nuclear. Evangelismo é um negócio de coração para coração. Os métodos não substituem o Evangelho pregado pelo Espírito Santo enviado do céu (1 Pe 1.12). Os programas de crescimento da igreja podem ser sistemas válidos para aplicar os métodos do mundo dos negócios aos negócios da igreja. E, se for possível, devemos aprender com a eficiência do mundo secular. Afinal de contas, a Palavra nos fala para sermos diligentes e nos apresentarmos aprovados diante de Deus (2 Tm 2.15). Qualquer que seja o método usado, ele precisa de poder; e poder precisa de método. Ambos são meios de comunicar nossa dedicação e amor. O princípio que não podemos nos esquecer é que Deus usa pessoas, e não métodos. Em qualquer tipo de evangelismo o método utilizado deveria levar em conta que não estamos lidando com máquinas, ou cultivando em um campo; porém, estamos trabalhando com a natureza humana – que não foi regenerada. Isso significa que temos de ser flexíveis, adaptáveis e compreensivos. Não devemos agir como se estivéssemos empurrando pessoas para dentro de uma máquina de moer carnes – pecadores entram por um lado, e os santos vão saindo por outro. Cada pessoa à nossa frente é um indivíduo único; cada um com seus medos, esperanças e reações. Tiro_BraPort.indd 130 14.05.2007 16:51:16 Uhr Capítulo 7 • Um Projeto Para o Evangelismo 131 Em nosso ministério temos o costume de treinar conselheiros para nossas campanhas evangelísticas mais importantes. O treinamento é importante, mas sempre esperamos que aqueles que estão sendo treinados sejam compassivos e prontos para ouvir. Precisamos de métodos, mas os métodos devem ser humanizados, e nunca perder o toque pessoal; nunca devem ser rígidos. A razão de Deus ter tantos filhos diferentes é porque Ele é um Deus pessoal, e gosta que todos tenham a atenção pessoal de alguém. A nossa Bíblia é o manual que nos ensina a tocar as pessoas. Ao impormos as mãos sobre os necessitados, no nome de Jesus, nossos braços se tornam os braços de Deus e o nosso amor, o Seu amor. A Igreja é Cristo andando nas ruas novamente, mostrando compaixão e alcançando o inalcansável; e não apenas “objetivando um projeto de crescimento para a área”. Choramos com os que choram e nos regozijamos com aqueles que se regozijam. O mundo dos negócios fala de “filosofia objetivada”, mas a filosofia objetivada de Deus foi expressa pelos dois braços de Jesus, estendidos sobre o madeiro, protegendo a humanidade das legiões do inferno. Abordagem Individual Deus sabe exatamente quem você é, e tem um lugar especialmente preparado para você. Você é você. Se Deus o chamou é porque você tem um lugar especial nos planos dEle. Não há ninguém como você, e ninguém pode tomar o seu lugar. Se você não fizer o que Deus pede, ninguém mais poderá fazê-lo por você. Suas digitais são para marcar alguma área do Reino, e é impossível trocar as impressões de outra pessoa pelas suas. Trabalhar para Deus nos dá a oportunidade de sermos o que realmente somos, permitindo que nossa verdadeira personalidade floresça a serviço de Deus. Tiro_BraPort.indd 131 14.05.2007 16:51:16 Uhr 132 O Tempo está se Esgotando Cada um de nós deveria fazer o trabalho de Deus à sua própria maneira. Tenho um plano detalhado para as minhas campanhas, mas isso serve apenas para a minha abordagem e o meu estilo. Deveríamos, pelo menos, considerar a melhor maneira para sermos eficazes no evangelismo. Aquilo que eu considero ser a melhor maneira para mim, pode não ser a melhor maneira para você; contudo, se você está fazendo algo para Deus, a primeira coisa a considerar é que Deus quer usar a você, e não a um método. Use Métodos Condizentes com a Tarefa Os primeiros cristãos descobriram e desenvolveram seus próprios métodos. Jesus deixou o Seu exemplo, não um plano detalhado de como fazermos o Seu trabalho. O Espírito Santo abençoará a intrepidez e a capacidade no empreendimento do Evangelho. Não encontramos nenhum método para evangelismo em qualquer lugar das Escrituras. O que os primeiros cristãos fizeram foi aproveitar cada oportunidade que surgia. As Escrituras relatam o que eles fizeram, mas isso não significa Não devemos que os métodos deles sejam ordenanças agir como se divinas para todos. Entretanto, há princíestivéssemos empurrando pessoas pios espirituais por trás das suas atividades e devemos levar tudo isso em conta. para dentro de uma máquina de moer carnes – pecadores entram por um lado, e os santos vão saindo por outro. Deus nos dotou de inteligência; assim, devemos usá-la para traçarmos caminhos e maneiras de chegarmos até às massas de não convertidos desta era. Isso não é simplesmente o número 1 da agenda, mas, sim o conteúdo dela. Se cada item, incluindo “qualquer outro negócio”, não se relaciona direta ou indiretamente com o evangelismo, então não há absolutamente nenhum negócio na agenda. Tiro_BraPort.indd 132 14.05.2007 16:51:17 Uhr Capítulo 7 • Um Projeto Para o Evangelismo 133 Repare no livro de Atos que os discípulos escolheram os métodos que se encaixavam na oportunidade. Pedro ganhou as primeiras almas para Jesus no dia de Pentecoste, aproveitando a oportunidade de ter ali pessoas de diferentes lugares, atraídas pelos discípulos falando em línguas. Seu sermão serviu perfeitamente para a ocasião, explicando sobre línguas e ressurreição, embasado nas Escrituras. Essa mensagem contém todos os elementos do Evangelho; ele simplesmente comunicou isso usando as circunstâncias presentes como sua plataforma. Pedro e os outros discípulos estavam tão cheios da verdade do Evangelho que eles o introduziram com facilidade natural, em todo o tempo, todo lugar, exatamente como se estivessem falando sobre qualquer outra notícia atual. Mantendo a Visão do Essencial Cada método de evangelismo deve ter como objetivo ganhar almas, e não somente encher igrejas. É possível superlotar uma igreja quase que em qualquer lugar. Existem as atrações comuns – música, teatro, jantares, programas infantis, festas típicas, aniversários, Natal, Páscoa, festivais, corais, pregadores especiais, e grupos de rock. Além dessas, as pessoas estão sempre inventando outras. Entretanto, se as pessoas não ouvirem a Palavra de Deus, qualquer atividade Se Deus o chamou é porque você tem ficará praticamente sem sentido. No Novo um lugar especial Testamento, nenhuma oportunidade era nos planos dEle. perdida. A idéia era encontrar meios para trazer a Palavra de Deus para a mente das pessoas. Tenho me entristecido ouvindo sobre os cultos de cura apresentados a não convertidos, mas onde, de forma alguma, houve entrega da mensagem de salvação; somente músicas e o apelo para ir à frente para receber oração de cura. Aparentemente algumas pessoas pregam somente a cura sem a salvação; isso é Tiro_BraPort.indd 133 14.05.2007 16:51:17 Uhr 134 O Tempo está se Esgotando negligenciar as duas coisas, oportunidade e responsabilidade. O Senhor disse: Pregue o evangelho e os sinais seguirão. Devemos colocar as prioridades em ordem: a Palavra e depois os sinais. Pedro usou um milagre de cura, em Atos 3, como uma oportunidade para evangelizar. Ele seguiu o No Novo Testamento, exemplo de Jesus, que fez o mesmo. Aliás, nenhuma todo o livro de João ilustra esse procedioportunidade mento padrão. era perdida. A idéia era encontrar meios para trazer a Palavra de Deus para a mente das pessoas. Em Atos 4 lemos que Pedro e João foram presos e trazidos diante das autoridades. Quando eles encararam a face carrancuda dos seus interrogadores, mudaram o tom da sua defesa para um evangelismo mais agressivo. Estevão, o primeiro mártir cristão, aproveitou ao máximo a oportunidade de pregar a Palavra, mesmo que seus inimigos estivessem envenenados com a idéia de matá-lo (ver Atos 7). Felipe, o evangelista, conduziu o que podemos chamar de “uma campanha de cura” em Samaria, onde o próprio Jesus havia estado preparando o caminho (ver Atos 8). Paulo foi para as sinagogas, onde havia francas oportunidades para se discutir as Escrituras. Ele simplesmente se colocou entre os homens, e expôs as Escrituras. Paulo também soube tirar vantagem das escolas de filosofia. Naquela época eles geralmente ofereciam cursos nas ruas, ou em outros locais abertos para reuniões, e Paulo debateu com eles como o fez na escola de Tirano (At 19.9). Em Atenas, ele se dirigiu aos curiosos “aonde eles viviam”, como dizemos, citando os próprios escritores (Atos 17.16-32). Ele levou o Evangelho tanto a reis e governantes na corte, como às pessoas presas com ele; levou, igualmente, a bordo de um navio, onde falou do seu Deus, quando todos estavam aterrorizados por causa do naufrágio. Se o apóstolo não podia estar, pessoalmente, em algum lugar em particular, ele escrevia cartas. Tiro_BraPort.indd 134 14.05.2007 16:51:17 Uhr Capítulo 7 • Um Projeto Para o Evangelismo 135 Prédios de Igrejas Não temos conhecimento se os cristãos possuíam algum prédio de igreja naqueles primeiros tempos. Sabemos que tiveram mais tarde, mas nem Jesus, e ao que parece, nem qualquer apóstolo, jamais pregou num lugar de culto cristão. Eles simplesmente íam onde as pessoas se reuniam. A primeira reunião de Paulo na Europa foi absolutamente informal. Encontramos esse relato em Atos 16.13: No sábado, saímos da cidade para junto do rio, onde nos pareceu haver um lugar de oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que para ali tinham concorrido. Durante 20 anos, depois do Pentecoste, os cristãos mantiveram reuniões públicas regulares nos recintos do Templo. Eles eram conhecidos como sectários da religião judaica. Os samaritanos nunca teriam sido salvos, se os apóstolos os tivessem meramente convidado para o Templo para ouvir sobre Jesus, pois eles jamais entrariam naquele lugar! Para os samaritanos era uma tradição nacional odiar o Templo de Jerusalém, que era o que os havia separado dos judeus como nação. O sentimento de ódio entre judeus e samaritanos era mútuo, mas Jesus cruzou cada barreira social e tradicional e começou um trabalho em Samaria, que outros seguiram mais tarde. Quando vemos a igreja como sendo o único lugar para ganharmos almas, restringimos em muito as nossas possibilidades de testemunhar. As igrejas fazem provisão para os cristãos, e não para os ateus. Na Alemanha, por exemplo, é constrangedor alguém dizer que vai à igreja – é quase como se a pessoa corresse o risco de pegar uma praga lá. Ir à igreja é considerado perigoso; algo que leva à obsessão ou à melancolia. A maioria dos alemães não iria a uma igreja nem mortos; aliás, esta seria a única hora Tiro_BraPort.indd 135 14.05.2007 16:51:17 Uhr 136 O Tempo está se Esgotando que eles poderiam ser vistos lá! Seria mais provável ganhar o campeonato de futebol em uma arena de hóquei sobre o gelo, do que ganhar a nação alemã para Cristo, dentro dos cultos das igrejas. Talvez a situação seja ainda pior no resto da Europa. Sei que na Grã Bretanha a lei não permite que se façam apelos diretos, na televisão, para que alguém se converta. Sendo assim, precisamos encontrar outras estratégias para alcançarmos o perdido ali. Alcançando Aqueles que Não Vão à Igreja A Grande Comissão exige que confrontemos as pessoas com a mensagem do Evangelho onde quer que as encontremos. O objetivo é inclusivo – todas as nações e nações inteiras. O Novo Testamento nunca considerou o “evangelismo na igreja”, pois as igrejas não existiam naquela época. A situação era muito diferente. Atualmente o pastor de igreja se tornou um psiquiatra barato, ou um oficial de bem estar social – aconselhando, oficiando casamentos, enterrando mortos, abençoando os bebês e assim por diante. Nenhum apóstolo jamais funcionou como um ministro moderno! Os primeiros apóstolos tinham somente um trabalho: trazer o conhecimento de Cristo a cada homem e mulher, em toda parte. Uma importante consideração a fazer ao estimar o êxito do ministério, é avaliar o impacto que a pregação do Evangelho tem sobre a comunidade ou a nação. A pergunta que eu me fazia, nos primeiros anos como missionário, era se Deus estava satisfeito de que trabalhássemos duro, e ganhássemos apenas uma mão cheia de almas a cada ano. De alguma forma eu não podia aceitar aquilo. Certamente Deus conhecia uma outra maneira. Tiro_BraPort.indd 136 14.05.2007 16:51:17 Uhr Capítulo 7 • Um Projeto Para o Evangelismo 137 Eu estava frustrado. Então, certo dia saí com o meu acordeão, e preguei para as pessoas no ponto do ônibus. Depois tentei sair da missão, organizando um curso por correspondência sobre a Bíblia, no qual se matricularam 50.000 pessoas. Para a maioria dos padrões, isso teria sido considerado um empreendimento de sucesso; entretanto, devemos julgar os nossos trabalhos não pelo quanto estamos prosperando, mas por se vemos um máximo de impacto na sociedade. É um grande desafio para mim ver o que algumas pessoas estão fazendo em alguns lugares. Elas estão estuOs primeiros dando os problemas enraizados, tentando apóstolos tinham descobrir o que está acontecendo, como somente um trabalho: romper com a resistência do Evangelho, e trazer o conhecimento como atrair a atenção desses que viram e de Cristo a cada ouviram, mas que continuam impassíveis. homem e mulher, Se aplicarmos nossa inteligência a nada, em toda parte. então é exatamente sobre isso que precisamos pensar. Jesus disse: … os filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz (Lc 16.8). Apelo Popular Será que o cristianismo consegue provocar tentação a alguém? A maioria pode resistir a tudo, exceto à tentação! Ou será que o pão do céu tem sido apresentado como um item não comestível e sem gosto? Na verdade, há muitas apresentações as quais podem ser tudo, menos atrativas. Talvez eles apelem a esses com uma veia masoquista, do tipo que se une à Legião Estrangeira Francesa, ou acham que merecem ser punidos! Esse tipo de religião não é a de Cristo, nem tão pouco puritana. De certa forma os puritanos se tornaram conhecidos como sendo moralistas, sem alegria e sem humor quando, na realidade, eram pessoas muito felizes. Tiro_BraPort.indd 137 14.05.2007 16:51:17 Uhr 138 O Tempo está se Esgotando Os seguidores de Cristo estão como que em uma procissão, com o Príncipe da Vida como cabeça. Eram cegos, mas agora vêem; estavam perdidos, e agora foram achados; estavam mortos, mas agora vivem, e eles são os seguidores do Cordeiro por onde quer que vá (ver Apocalipse 14.4). Eles seguem no Seu despertar como um brilhante rio de luz. Às vezes costumam chamar a minha mensagem de “evangelho populista”. Contudo, não vejo isso como algo ruim. Para mim, esse termo está sendo usado em contraste a ministrar com um certo brilho acadêmico. Com relação a Jesus, a grande multidão O ouvia com prazer (Mc 12.37), e as pessoas comuns são sempre a grande maioria. Certa vez Abraham Lincoln disse: “O Senhor prefere pessoas de aparência comum. É por isso que Ele faz tantos deles”. Não há virtude em apresentar o cristianismo em uma moldura de intelectualismo e finas artes, a menos que isso possa nos levar a alcançar mais pessoas para Cristo. Infelizmente, muitas pessoas confundem sensações fortes com a presença de Deus. Quando andam por uma catedral suntuosa dizem sentir a presença de Deus. Aliás, elas poderiam ter o mesmo sentimento se o local fosse um museu, o que freqüentemente é bastante suntuoso. Entretanto, isso é apenas uma admiração pela arquitetura, e Deus não habita em templos feitos por mãos humanas (At 7.48). Nem todas as pessoas gostam da fina arte. Será, porém, que somente aquelas que são mais cultas podem ser salvas? Será que temos de gostar de Johann Sebastian Bach, ou dos cantos gregorianos para estarmos qualificados para entrar no céu? Paulo disse que seu objetivo era por todos os meios salvar alguns (1 Co 9.22). O Evangelho é o poder de Deus na boca de qualquer pessoa. Creio que existe uma confusão sobre isso. O ambiente do Evangelho não é a mesma coisa que o Evangelho em si mesmo. Tiro_BraPort.indd 138 14.05.2007 16:51:17 Uhr Capítulo 7 • Um Projeto Para o Evangelismo 139 As Boas Novas podem ser pregadas por um arcebispo em uma catedral, ou por um convertido ex-traficante de drogas, em uma tenda. Não creio que em qualquer um desses casos tenhamos permissão para mudar a simplicidade da mensagem. As pessoas podem ouvir uma pregação em um linguajar mais solene possível, ou um belo discurso proferido por um arcebispo; entretanto isso seria meramente por acaso. O Evangelho em si mesmo é a grandeza, o poder, a majestade, e a maravilha de Deus em qualquer ocasião. Paulo disse: Por isso, quanto a mim, estou pronto a anunciar o evangelho também a vós outros, em Roma. Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego (Rm 1.15,16). O Evangelho é o poder de Deus na boca de qualquer pessoa. Na África pregamos o mais puro e o mais direto Evangelho que podemos expressar, e isso tem o mais extraordinário efeito, tocando os corações e mentes como o frescor de uma onda no oceano. Não sei nenhuma técnica, nenhuma psicologia de multidão, nenhum truque, mas não deixamos faltar nada na mensagem. Pregamos um evangelho sobre o céu, o inferno, o arrependimento, a fé, o pecado, e o perdão. Métodos e Princípios em 2 Coríntios Com relação ao tema de servir ao Senhor, O Evangelho acredito que 2 Coríntios seja uma maraé o poder de vilhosa fonte. O próprio Paulo enfrentou Deus na boca de problemas na igreja e com as pessoas que qualquer pessoa. querem “aparecer”. Nessa epístola encontramos tudo o que gostaríamos de saber com respeito a métodos práticos e detalhes. Tiro_BraPort.indd 139 14.05.2007 16:51:18 Uhr 140 O Tempo está se Esgotando Pelo que, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos: pelo contrário, rejeitamos as cousas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus (2 Co 4.1,2). Paulo estava profundamente consciente da necessidade de que os mensageiros de Cristo devem ser exemplos de sua própria mensagem. E essa é a sua preocupação nesses dois versículos. Ele está tratando especificamente das qualidades pessoais dos mensageiros de Deus. O segredo do evangelismo está no homem, e não em alguma estranha operação mística de Deus. Mais tarde, nessa carta, Paulo expressa essa idéia com grande riqueza de detalhes. (Ver 2 Coríntios 6.3-13.) • Ele descreve a si mesmo como tendo recebido misericórdia, a qual é a maior razão para um homem evangelizar; ele quer contar a todos sobre esse maravilhoso presente de Deus. • Essa experiência demonstra que ele não cai fora, nem abandona a tarefa. • Significa, ainda, que ele não vive vida dupla, de um lado pregando o Evangelho e, de outro, vivendo uma vida dupla, com algum vergonhoso segredo. • Ele não adultera a Palavra de Deus. O Senhor lhe deu o Evangelho para pregar, e é isso o que ele faz – e não as suas próprias idéias. • Por esses meios, ele tem, pelo menos, a aprovação da consciência das pessoas. Eles podem dizer que ele é um homem de Deus honesto. Tiro_BraPort.indd 140 14.05.2007 16:51:18 Uhr Capítulo 7 • Um Projeto Para o Evangelismo 141 Pedra de Tropeço O pastor ou evangelista pode ser um tropeço, mais do que qualquer um, e fazer com que as pessoas tropecem e desapareçam. Ele está na posição de fazer um grande bem ou de causar um grande estrago. A diferença entre um homem bem-sucedido e outro nem tanto – seja no trabalho secular ou no ministério A diferença – pode ser algo insignificante. Entretanto, entre um homem esse algo pode gerar afeto ou desamor, bem-sucedido e outro levando à cooperação ou à relutância em nem tanto – seja no trabalho fazê-lo, motivação ou à falta dela, harmosecular ou no nia ou discórdia. Eu poderia listar milhares ministério – de características peculiares pastorais, que pode ser algo não eram questões importantes como douinsignificante. trina ou falha moral, que levaram muitas pessoas a saírem da igreja. De que adianta o evangelismo, o qual traz as pessoas a Cristo, se os líderes fazem com que voltem novamente para o mundo? Quem comigo não ajunta, espalha (Lc 11.23). Paulo, todavia, tem uma alternativa: o amor (ver 1 Coríntios 13). O amor é a garantia e o segredo da sabedoria. Onde os líderes cristãos verdadeiramente amam as pessoas, muitas dessas falhas, comuns entre pastores, simplesmente não ocorrem. Paulo pôde analisar cada uma dessas falhas. Suas cartas são verdadeiros ensinamentos sobre como tratar as pessoas e, não sobre como repeli-las. Tiro_BraPort.indd 141 14.05.2007 16:51:18 Uhr 142 O Tempo está se Esgotando Recomendando a nós Mesmos Paulo fala, de maneira franca, que em tudo recomendamos-nos a nós mesmos como ministros de Deus (2 Co 6.4). Entretanto, podemos até citar, e muito acertadamente, o versículo de Provérbios 27.2, que diz: Seja outro o que te louve, e não a tua boca. Contudo, o que Paulo recomenda não é que devemos nos vangloriar. Ele não está se elogiando aqui com uma hipérbole, ou buscando por publicidade barata. Muita “propaganda” pública pretensiosa e exagerada desvaloriza a imagem do evangelismo. Charles Spurgeon costumava dizer que Davi matou um leão e um urso e nada disse sobre isso, mas alguns fazem uma verdadeira entrada triunfal quando matam um camundongo. O apóstolo Paulo, em vez de se vangloriar com o seu sucesso, recomenda a si mesmo pela paciência, e ela é o requisito número 1 no seu relato. Paulo suportou problemas, adversidades, angústias, prisões, revolta, trabalhos pesados, noites sem dormir, e fome durante seu ministério, e tudo na muita paciência (2 Co 6.4,5). Recomendando-nos a nós mesmos … na muita paciência (v.4) está na conjugação ativa, e não passiva. Quando os problemas chegam, as pessoas pensam que sentar-se passivamente, forçar um sorriso e agüentar tudo é uma atitude muito espiritual. Paulo não fez nada disso, mas procurou encontrar meios de traduzir resistência em atividade, de fazer de si mesmo um exemplo de como manter e sustentar a graça de Deus. Ele escreveu suas epístolas aos Efésios, Filipenses e Colossensses enquanto estava preso em Roma. Quando teve de passar por provações físicas e mentais, ele levantou-se, deu-lhes as boas-vindas e fez o melhor que pôde para a glória de Deus. Ele viu as adversidades como sendo oportunidades para demonstrar o poderoso agir de Deus na sua própria vida. Tiro_BraPort.indd 142 14.05.2007 16:51:18 Uhr Capítulo 7 • Um Projeto Para o Evangelismo 143 Elementos de um Verdadeiro Ministério Em 2 Coríntios 6.6,7 Paulo descreve os elementos positivos do verdadeiro ministério, exibindo pureza, entendimento, paciência, bondade, presença do Espírito Santo, amor sincero, falar honesto, e o poder de Deus; tudo isso sem o uso de nenhuma arma, exceto retidão em ambas as mãos, significando nenhuma arrogância ou hostilidade. Indiferença à Opinião Pública Nos versos de 8 a 10, desse mesmo capítulo, Paulo descreve sua indiferença a todas as reações do público e dos oficiais com relação aos seus trabalhadores. Paulo se dispõe a julgar-se a si mesmo; ele não aceita bajulação, é honesto consigo mesmo e sabe o que ele é e o que não é. Paulo tem senso de auto-crítica. Se ele passasse por um tempo ruim na cidade, ele iria dizer, e não fingiria que tudo havia sido maravilhoso. Ele descreveu a verdade sobre Não somos o seu trabalho e sobre si mesmo, e depois chamados a sermos mostrou como o mundo tem uma visão testemunhas completamente oposta. Contudo ele contido nós mesmos, nua firme, indiferente à glória ou à desonra. mas para sermos Para ele, se os relatórios são bons ou ruins, testemunhas é tudo a mesma coisa. Ele é franco e verdado Senhor deiro, mas foi tratado como um impostor; tratado como um ninguém, embora fosse famoso; tratado como se tivesse à morte, mas continuava muito ativo; castigado, mas não morto; entristecido, mas sempre alegre; tratado como pobre, mas enriquecendo a muitos (agora milhões); não tendo nada, mas possuindo tudo. Tiro_BraPort.indd 143 14.05.2007 16:51:18 Uhr 144 O Tempo está se Esgotando Na verdade, Paulo foi o supremo pioneiro do Evangelho. Deus o escolheu para esse específico e esplendoroso privilégio, e certamente ele nos forneceu um perfeito modelo humano de servo de Deus. Ele voltou a dizer aos Coríntios: Falamos abertamente a vocês, coríntios, e lhes abrimos todo o nosso coração (2 Co 6.11). Para mim isso parece expor o segredo de um dos maiores homens que jamais viveu e serviu a Deus. As pessoas tentaram machucar seu coração, mas ele revidou com as mãos cheias de ajuda e cura. Se queremos causar uma boa impressão como testemunhas, isso não será como profissional, pessoas auto-suficientes, espertas. Não somos chamados a sermos testemunhas do nós mesmos, mas para sermos testemunhas do Senhor, relembrando às pessoas o próprio Jesus, cujo sofrimento em nosso favor nos deixou um exemplo a seguir. Como Pedro disse, somos “desgarrados como ovelhas; agora, porém, vos convertestes ao Pastor e Bispo da vossa alma (1 Pe 2.25). Talvez, um dos melhores treinamentos em evangelismo, seria nos afastarmos por um dia, e relacionarmos cada um dos itens de recomendação de Paulo, em 2 Coríntios 6, paralelamente com a nossa vida, e ver como as nossas prioridades se ordenam. Será que temos sido verdadeiros conosco mesmos e com a nossa comissão? Se estivermos, também o seremos com Deus. Esse é o melhor método que qualquer um pode seguir. Tiro_BraPort.indd 144 14.05.2007 16:51:18 Uhr Capítulo 8 AÇÃO NO LIVRO DE ATOS P odemos analisar planejamentos, conversas, orações; contudo, depois de tudo, devemos agir – faça isso e evangelize. Certa ocasião, Smith Wigglesworth estava viajando de navio e, do seu jeito costumeiro, durante uma conversa, conseguiu impor o seu ponto de vista entre os passageiros. Um clérigo quis dar continuação à disputa com sua argumentação, mas a resposta de Smith foi igualmente direta: “Os Atos dos Apóstolos só foram escritos porque eles agiram, em vez de ficarem discutindo”. O livro de Atos mostra uma Igreja em ação. A partir daí, podemos ganhar mais sabedoria enquanto prosseguimos com afinco. E é por isso que gostaríamos de dar uma olhada nesse livro nos próximos dois capítulos. Vamos começar fazendo algumas observações básicas sobre essa magnífica obra e sobre o homem que viveu tudo isso. Como Obter Resultados Colocando de modo simples, se agirmos como os apóstolos, vamos obter os mesmos resultados que eles. As pessoas, hoje, falam sobre o livro de Atos como sendo o retrato do modelo de avivamento; mas não foi o que aconteceu. Foram os discípulos que fizeram isso acontecer. Eles receberam o Espírito Santo no Cenáculo, e saíram para atear fogo no mundo. Eles não precisaram de nenhuma experiência adicional além de se entregarem à oração e à Palavra de Deus. Eles não ficaram no Cenáculo aproveitando a sua experiência e tentando prolongá-la, procurando receber mais do Espírito; afinal, o Espírito Tiro_BraPort.indd 145 14.05.2007 16:51:18 Uhr 146 O Tempo está se Esgotando Santo não nos é dado para deleite próprio. Os discípulos saíram cheios do poder divino e proclamaram a maravilhosa verdade do que haviam recebido. Então, Deus fez a mesma coisa por onde passavam. Pedro falou que os novos convertidos, em Samaria, receberam o mesmo dom que os apóstolos haviam recebido no início (At 11.15-17). Homens de Ação Os discípulos não só oraram e depois ficaram sentados, esperando que Deus, através de um contato direto com os incrédulos, entrasse “em campo”, convertendo o mundo, sozinho. Era trabalho dos discípulos fazer o contato inicial; eles saíram pelo mundo, dando oportunidade ao Espírito de poder fazer o mesmo, através deles. Marcos 16.20 diz: … cooperando com eles o Senhor. Aqui não diz que eles foram com Eles saíram o Senhor, mas que eles foram e o Senhor pelo mundo, foi junto. dando oportunidade ao Espírito de poder fazer o mesmo, através deles. Se verdadeiramente seguirmos a Jesus, Ele também nos seguirá. Deus também se moveu quando e onde os apóstolos se moveram. O esforço natural libera o esforço divino; e o Espírito trabalha onde nós trabalhamos. Não é todo o trabalho de evangelismo que produz avivamento, mas nunca houve um avivamento sem houvesse evangelismo. O homem precisa do poder de Deus e Deus precisa de mão de obra. Aproveitando as Ferramentas ao Máximo Os métodos apostólicos não foram escritos para nos dizer exatamente como as coisas são; afinal, eles não são sacrossantos, ou regras e regulamentos definitivos. Entretanto podemos aprender que os apóstolos moldaram o evangelismo às circunstâncias e Tiro_BraPort.indd 146 14.05.2007 16:51:18 Uhr Capítulo 8 • Ação no Livro de Atos 147 à perspectiva do tempo deles. Quanto a nós, devemos fazer o mesmo nessa nossa era de telecomunicações e internet. As pessoas de hoje pensam diferentemente das gerações anteriores. O texto bíblico nos traz a verdade, e nosso trabalho é comunicar essa verdade – e comunicar de maneira efetiva. O Estilo de Vida do Rico Espiritualmente Vamos ser sinceros: os apóstolos fizeram coisas que, geralmente, nem sonharíamos em fazer. Por exemplo, eles lançaram sorte para ver quem substituiria Judas Iscariotes como um dos doze (At 1.23-26). Não conheço nenhuma denominação hoje que ousaria seguir esse exemplo. Imagine escolher um presidente, usando o critério de quem sair com o número maior, ou na base do “cara ou coroa!” A Bíblia relata que, em Jerusalém, os crentes juntaram seus bens e gozavam de um padrão de vida igual. Entretanto, aquele estilo de vida não funcionou muito bem, e logo foi abandonado. Quando Paulo quis ajudar aos cristãos judeus, ele não ajuntou recursos em outras igrejas; teve de fazer um forte apelo às igrejas gentias, para que contribuíssem. O comUnidade não partilhar os bens também não preveniu a é uniformidade; pobreza no meio dos cristãos, na Judéia. nas Escrituras (Provavelmente tenha sido exatamente isso unidade compreende o que causou a pobreza!). Conheço alguns variedade. cristãos que até hoje estão tentando viver em comunidade. Eles acreditam que seja o nosso modo de ver as coisas, hoje, que diz que a tentativa da Igreja Primitiva de viver uma vida em comum tenha fracassado.Entretanto os apóstolos nunca disseram que um viver comum era regra dada por Deus para todas as gerações que viriam. Tiro_BraPort.indd 147 14.05.2007 16:51:19 Uhr 148 O Tempo está se Esgotando Algumas pessoas imaginam que havia uma ordem divina, compelindo os cristãos a uma dada cidade, com o propósito de formar um único centro organizado da igreja. Contudo, naqueles tempos não houve grupos de igrejas organizadas; pelo menos como conhecemos hoje. Um determinado grupo na igreja, com uma lista definida de associados, teria sido considerado um grupo rebeldes. Quando Paulo escreveu à igreja nas cidades, ele não tinha endereço postal. Ao nomear as igrejas, ele simplesmente pensou em todos os cristãos daquela área, de maneira geral. Talvez eles estivessem divididos em grupos, tendo o nome de um ou outro líder, como estavam em Corinto. Mas Paulo os reconheceu, a todos, como “a Igreja”. Naquela época as cidades eram muito pequenas, se comparadas com a maioria das cidades de hoje. Roma tinha uma população de apenas um milhão de habitantes, Jerusalém somente 50.000. Os grupos se encontravam em casas, cada um com seu próprio “ancião”. Temos visto, em nossas campanhas evangelísticas, que os cristãos das igrejas localizadas nas cidadess onde estamos pregando, sempre aparecem para nos ajudar; como se fôssemos um só corpo. Unidade não é uniformidade; nas Escrituras unidade compreende variedade. Um Deus de Variedade Cristo suportou a escuridão da noite por nós. Ele pisou no véu da morte da eterna escuridão do abismo. Mas mesmo ali, Ele irradiou a Sua luz eterna. Tiro_BraPort.indd 148 O que o homem faz é algo muito diferente do que Deus faz. Verificando o livro de Atos, encontramos os princípios da bênção de Deus em ação. Esse livro relata as manifestações do Espírito Santo. Podemos apoiar nossas expectativas hoje no que lemos, uma vez que o que Deus fez, Ele sempre fará. Talvez Ele o faça de maneira diferente da que já tenha feito, exatamente como Jesus curou 14.05.2007 16:51:19 Uhr Capítulo 8 • Ação no Livro de Atos 149 os enfermos de diferentes maneiras. Deus não é uma máquina copiadora. Sua Palavra não é como um software de computador, onde você introduz um CD nele, e a mesma coisa aparece cada vez. Deus opera mudança, mas não muda o Seu caráter. O nosso Deus é o Deus da variedade. Alguém pode dizer que uma folha de carvalho seja uma folha de castanha da índia; entretanto Deus nunca faz duas folhas de carvalho iguais. Ele faz o mesmo tipo de coisa, mas simplesmente nunca coloca no mercado uma cópia da linha de montagem do que Ele fez. Seus objetivos nunca mudam, e Ele os persegue por muitos caminhos. Deus não faz um bis ou repete suas proezas; Seu negócio é encontrar cada um de nós, onde estamos, exatamente como encontrou as pessoas há 2.000 anos. O Papel de Jesus Escrevi o primeiro livro … de todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar (At 1.1). Conforme diz o texto, Jesus havia apenas começado a fazer as coisas que Lucas tinha escrito em seu evangelho. O escritor nos conta aqui que Jesus continuou fazendo-as mesmo quando foi levado ao céu; Ele deve ter continuado trabalhando. De fato, não temos base para dizer que Ele tenha parado. Jesus partiu desse mundo em forma física; entretanto, deu continuidade à Sua obra. Lemos a Palavra para sabermos como era o Seu trabalho; depois olhamos ao nosso redor e esperamos ver e experimentar – e o fazemos! A ausência de Jesus da terra não é igual à minha, da Alemanha. Ele continua a trabalhar com os Seus servos em qualquer lugar que eles estejam. Sua maravilhosa promessa é: E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação do século (Mt 28.20). Tiro_BraPort.indd 149 14.05.2007 16:51:19 Uhr 150 O Tempo está se Esgotando Se Cristo continua realizando o Seu trabalho, então é Ele quem deve ter a palavra final em qualquer coisa que façamos. Ele manda os Seus servos desempenharem tarefas específicas. Devemos sempre nos lembrar que Ele nos diz que cada um tem de Deus o seu próprio dom (1 Co 7.7). Ninguém pode ser coisa alguma, a menos que o Senhor o tenha escolhido. Jesus disse: Não fostes vós que escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designeis para que vades e deis fruto (Jo 15.16). Ele nos adverte: Sem mim, nada podeis fazer (Jo 15.5). Obviamente podemos pregar sem Ele – e, infelizmente, muita gente está fazendo isso – mas, no final, nossos esforços serão em vão. Jesus disse: É necessário que façamos as obras daquele que me enviou [o Pai], enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo (Jo 9.4,5). O trabalho do Pai foi a criação. Ele não criou nas trevas, mas primeiro disse: Haja luz (Gn 1.3). Mesmo o sol e a lua, Ele os fez na luz, e Jesus usa isso como sendo o Seu exemplo, pois Ele é a luz do mundo, e enquanto a luz estava brilhando, muitos milagres aconteceram. João 9 relata que, mesmo um homem cego de nascença havia sido criado para ver. Entretanto, a noite estava se aproximando. A noite chegaria e, durante três dias Jesus ficaria no túmulo. Parecia que a Luz do mundo estava apagada na escuridão daquele túmulo empoeirado. Cristo suportou a escuridão da noite por nós. Ele pisou no véu da morte da eterna escuridão do abismo. Mas mesmo ali, Ele irradiou a Sua luz eterna. João, no início do seu Evangelho, escreve: A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela (Jo 1.5). Disseram-me que João usa uma palavra que é traduzida como “prevalecer” (do grego katalambano) duas vezes, relacionada às trevas. O segundo exemplo aparece em João 12.35, onde lemos: Tiro_BraPort.indd 150 14.05.2007 16:51:19 Uhr Capítulo 8 • Ação no Livro de Atos 151 Andai enquanto tendes luz, para que as trevas não vos alcancem. João está dizendo que, enquanto andarmos na luz, a escuridão não poderá prevalecer contra nós. As trevas não podem triunfar sobre a luz. As trevas do inferno e da morte não podem engolir a luz do céu. Nem a mais densa das escuridões pode fazer com que a luz de uma vela irradie a sua claridade. A morte de Jesus interrompeu tanto o Seu ensino como o Seu ministério de cura e libertação. Desde o momento da prisão de Cristo, até a vinda do Espírito Santo, os discípulos não realizaram milagres de cura. Contudo, logo depois a luz brilhou novamente e eles puderam continuar o trabalho do Mestre. O Papel dos Discípulos Esses, a quem Jesus envia, são Seus agentes autorizados. Todos nós já devemos ter lido sobre ocasiões quando Jesus mandou Seus discípulos em missões para estender Seu próprio trabalho. Em Mateus 10.1 lemos: Tendo chamado todos os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades. Em Lucas 10 Ele os instruiu especificamente a curar os enfermos, e então continuou dizendo: Eis que vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do Podemos pedir inimigo (Lc 10.19). Todavia, quando Jesus qualquer coisa que morreu e fez somente aparições ocasionais, estiver de acordo aparentemente os discípulos não realizaram com a vontade dEle. nenhuma obra. Quando, porém, o Senhor Suas promessas não enviou o Espírito Santo no Pentecoste, Seu querem dizer que Deus está esperando trabalho continuou através deles. Hoje, Jesus está fisicamente ausente do mundo, e a Igreja visível se tornou o Seu corpo. Os crentes têm uma “procuração” Tiro_BraPort.indd 151 por nossas ordens. Ele não é o nosso garçom à espera em nossa mesa. 14.05.2007 16:51:19 Uhr 152 O Tempo está se Esgotando para agirem em Seu nome na continuação do Seu ministério, com Seus poderosos recursos e suprimentos à disposição. Somos Seus executivos em qualquer escritório que Ele nos designar. Seus recursos estão lá para nos equipar, para que possamos realizar o Seu trabalho. Graças a Deus não temos de sair desarmados e sem forças. Jesus nos garante: Tudo o que pedirdes ao Pai, em meu nome, Ele vo-lo concederá (Jo 16.23). Essa promessa está relacionada com o trabalho de Deus, que promete atenção ao nosso chamado quando obedecemos ao Seu chamado. Podemos pedir qualquer coisa que estiver de acordo com a vontade dEle. Suas promessas não querem dizer que Deus está esperando por nossas ordens. Ele não é o nosso garçom à espera em nossa mesa, ou um mágico a quem podemos chamar, bastando para isso esfregar uma lâmpada nas mãos. Ele não prometeu encher nossa carteira ou nossa conta bancária. Ele também nunca prometeu nos fazer ricos, com anéis brilhando nos dedos enquanto dirigimos nossos carros luxuosos. O que pedimos deve ser para o Reino. Jesus disse que não deveríamos nos focar em coisas, mas no Reino. Por favor, não me entenda mal; bens materiais não são piores para os cristãos do que o são o sol ou a chuva. Todavia, eles não têm valor eterno. O mais importante é a convicção de que bondade e misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida (Sl 23.6). Bondade e misericórdia, porém, só nos seguirão quando seguirmos ao Senhor. O Nome de Jesus Temos autoridade para desempenhar qualquer tarefa que Jesus nos tenha confiado. Estamos autorizados a agir no Seu nome, e nos levantarmos nesse nome (veja João 14.14 e 16.23,24). Entretanto, esse nome não é uma fórmula, que deve ser repetida Tiro_BraPort.indd 152 14.05.2007 16:51:19 Uhr Capítulo 8 • Ação no Livro de Atos 153 a cada vez que fizermos algo. É claro que não há nada de errado em dizer “no nome de Jesus”; com isso estamos simplesmente estabelecendo a base da nossa autoridade. Todavia, não adquirimos poder com isso, ou tornamos as nossas palavras milagrosas dessa maneira. Temos poder para fazer qualquer coisa que Ele nos confiar. Ter fé no nome de Jesus significa ter fé na Pessoa de Jesus, e isso é suficiente. Esse importante princípio espiritual está ilustrado na primeira cura realizada por um dos apóstolos, registrada em Atos 3. Pedro disse: … no nome de Jesus Cristo de Nazaré, levanta e anda (At 3.6). Mais tarde, o mesmo Pedro executou atos de cura divina usando uma abordagem diferente. Pedro curou um paralítico, dizendo: Enéias, Jesus Cristo te cura; levanta e faze a tua cama. O que aconteceu depois disso? O texto conclui: E logo se levantou. (At 9.34). Jesus foi claramente identificado como a fonte da cura, mas Pedro não usou a antiga e repetida fórmula: “Em nome de Jesus”. Depois ele foi levado até onde estava o corpo de Dorcas, pouco antes do enterro. Ele a levantou da morte mesmo sem mencionar o nome de Jesus. Primeiro ele se ajoelhou e orou e, então, voltando-se para o corpo, e disse: Tabita, levanta. E ela abriu seus olhos, e quando ela viu Pedro, se sentou. E qual foi o resultado? Muitos creram no Senhor (Atos 9.40-42 – ênfase do autor). As pessoas creram em Jesus e não em Pedro, apesar de ele não ter mencionado o Senhor quando ele levantou Dorcas da morte. As marcas de Jesus são inconfundíveis. Pregue, Ensine, Cure Os ensinamentos de Jesus podem ser resumidos nestas três ordens: “Pregue! Ensine! Cure!” Sua autoridade cobre tanto o ensino como a cura. Somos enviados a ensinar o que Cristo ensinou, e Tiro_BraPort.indd 153 14.05.2007 16:51:20 Uhr 154 O Tempo está se Esgotando a fazer o que Cristo fez. E fazemos isso “no nome de Jesus”; isto é, como Seus representantes autorizados. Ele ensinou e agiu no nome do Pai, e nós ensinamos e agimos no nome de dEle. Algumas vezes realizamos curas no nome de Jesus, mas continuamos a pregar em nosso próprio nome. Contudo, nossa palavra é somente uma opinião, e não fomos enviados a pregar opiniões. Declaramos a Sua Palavra, não a nossa. A autoridade que temos está apoiada na dEle. Atos 4.2 nos fala que os apóstolos pregaram em Jesus a ressurreição da morte. Lemos que quando eles foram presos, os membros do conselho chamaram-nos e lhes mandaram que não falassem absolutamente em o nome de Jesus, tampouco ensinassem esse nome. (At 4.18). Será que realmente apreciamos a pregação? Jesus saiu ensinando nas sinagogas dos judeus, pregando o Evangelho do Reino, e curando todos os tipos de males e enfermidades entre as pessoas (Mt 4.23). O que costumamos chamar de pregação – sermão de domingo em uma igreja, para uma determinada congregação – é o que a Bíblia chama de “ensino”. Ensino bíblico não é um sermão, mas a proclamação de um mensageiro. Como embaixadores do Reino não temos o direito de impor nossas idéias às pessoas; somente de anunciar o que o nosso Rei deseja comunicar. O essencial em tudo isso é que somos mensageiros com autoridade para proclamar a Como Palavra de Deus. Nosso trabalho é anunembaixadores ciar a verdade do Evangelho. do Reino não temos o direito de impor nossas idéias às pessoas; somente de anunciar o que o nosso Rei deseja comunicar. Tiro_BraPort.indd 154 Essa é novamente a razão porque Jesus disse: Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito (Jo 15.7). Se o Evangelho permanece em nós, então 14.05.2007 16:51:20 Uhr Capítulo 8 • Ação no Livro de Atos 155 podemos pedir que o quisermos para proclamar isso. Se desejarmos poder, paciência, coragem, força, e sabedoria para fazer o que Ele nos chamou para fazer, podemos pedir que receberemos. Quando menciono autoridade, não estou dizendo que devemos gritar e desferir golpes no ar, pois isso não é demonstração de autoridade. Não faço objeção a sinais, mas autoridade é um segredo escondido dentro do nosso coração. Ousamos nos expressar com autoridade porque estamos profundamente convictos da sua verdade. Isso não é dogmatismo, mas confiança de que o Espírito Santo convence os nossos ouvintes. A autoridade se apóia na fé na Palavra de Deus, e na consciência do Seu Espírito em nós. Executando a Palavra É concenso de todos na igreja que devemos continuar o que Jesus começou a ensinar. Contudo, não podemos simplesmente ensinar, e omitir as obras que Ele fez. Devemos curar, assim como ensinar. Se não o fizermos, não haverá continuidade do ministério de Cristo, e teremos completado apenas a metade da tarefa: Portanto ide, fazei … ensinado-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado (Mt 28.19,20). Não temos permissão para separar o ensino do Senhor da cura, pois eles se completam. Ele ensinou através do que fez e disse. Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis (Jo 10.37). A autoridade do Seu ensino baseava-se nos Seus milagres, e Seus milagres, no Seu ensino. Assim, se ensinamos o que Ele ensinou, faremos o que Ele fez, ou nosso ensino se tornará apenas acadêmico. Jesus disse: outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai (Jo 14.12). Ele gastou a metade do seu tempo curando. Ver a sua morte como fim desse ministério é, simplesmente, não dar crédito a um Cristo imutável. Tiro_BraPort.indd 155 14.05.2007 16:51:20 Uhr 156 O Tempo está se Esgotando É assim que a Igreja se torna, novamente, a manifestação de Cristo em um mundo necessitado. Sua compaixão flui do nosso coração, pode ser vista por intermédio do nosso olhar, e move os nossos pés como moveu os do Senhor. Nossas mãos se tornam Suas mãos, e nossa voz a Sua voz. Nossos braços de amor são os únicos braços que Ele tem para usar aqui na terra. Nada podemos fazer sem Ele, e Ele não fará nada sem nós. Verdade Viva A verdade do Evangelho é uma verdade viva, e não uma coleção de propostas. Algumas pessoas, porém, se referem a ela como sendo “simples mensagem do evangelho”. Podemos examinar uma meia dúzia de textos bíblicos, e cada um deles vai nos dizer o mesmo: “Você é um pecador. Você vai para o inferno, Cristo levou os seus pecados. Creia e receba o perdão, e então você irá para o céu.” Todas essas afirmações são verdade. Outras religiões podem comparar suas teorias a essas, mas o Evangelho não é uma fórmula, ou um credo, ou uma lista de declarações e definições formais. ELE É PODER. E esse Evangelho se manifesta de forma plena tanto por meio de palavras, como por meio de ação – e não somente por meio das nossas ações, mas por meio do trabalho do Espírito Santo. Para ensinar o que Jesus ensinou devemos fazer o que Jesus fez. Se pregarmos um evangelho sem milagres, estaremos mutilando a verdade. Tiago nos encoraja a sermos praticantes da palavra (Tg 1.22) e João nos fala para não amarmos de palavra ou de língua, mas de fato e de verdade (1 Jo 3.18). O resumo da moral e do ensino ético é o ensino de Jesus; entretanto, sem o elemento milagre, esse ensino fica sem vida. As pessoas falam muito sobre princípios cristãos, mas se esquecem de que o maior princípio de Cristo é que Ele veio trazer a vida Tiro_BraPort.indd 156 14.05.2007 16:51:20 Uhr Capítulo 8 • Ação no Livro de Atos 157 de Deus ao mundo. O ser humano, entretanto, não entendeu isso. Nenhum ensino moral poderia ocasionar as conversões que vemos hoje no mundo – homens maus, feiticeiros, ladrões e bandidos violentos se rendendo ao Senhor. Devo descansar absolutamente no poder miraculoso da Palavra de Deus. E até onde isso tem a ver com cura, é secundário quando comparado ao poderoso efeito do Evangelho sobre a vida das pessoas. A moral cristã e os milagres andam juntos; e sem a revelação de um Deus ativo, a ética e a moral estão mortas – são apenas legalismo frio e mecânico. Todo o ensino de Cristo era uma revelação calorosa e viva do Pai. A Palavra diz que Jesus sempre fez as coisas que o Pai fez (Jo 5.19), incluindo curas. Como o Pai enviou Jesus, Jesus nos envia a nós; esse é um mandato transferido. Nosso trabalho não é simplesmente falar às pessoas para que elas sejam amáveis e bondosas; mas ajudá-las a começar um relacionamento com Jesus, como o que Ele tinha com o Pai – o resto depende disso. Mais que Intelecto O Evangelho é muito mais do que um evangelho intelectual. Ele provoca um efeito interno, algo muito como emoção – fogo na alma. Quando lemos a Bíblia sem emoção, não a lemos propriamente. Devemos permitir que a Palavra mexa conosco. Quando a lemos com a alma, algo fala dentro de nós e diz, “Isso é verdade”. O evangelismo requer algo mais do que simples conhecimento acadêmico. O Evangelho não é algo que você pode decorar, como uma fórmula a ser memorizada. Não é somente informação; é a voz da verdade amplificada na nossa alma. Tiro_BraPort.indd 157 O Evangelho não é algo que você pode decorar, como uma fórmula a ser memorizada. 14.05.2007 16:51:20 Uhr 158 O Tempo está se Esgotando O cristianismo também não é meramente uma declaração de fatos históricos ou uma lista de crenças, e Jesus não é simplesmente uma figura histórica. O Evangelho é uma força dinâmica e doadora de vida doada, e deve ser aceita Evangelismo não pelo homem interior, assim como pelo inteé nada menos do que lecto. A menos que o evangelismo toque o Deus demonstrando o coração das pessoas, será completamente Seu amor às pessoas inútil; apenas uma ortodoxia acurada. O através de nós. êxito da mensagem do Evangelho não se baseia em lógica. O cristianismo não fica devendo nada à lógica ou à filosofia grega. O ensino de Cristo anula a sabedoria desse mundo – quer seja ela a sabedoria de Aristóteles, Platão, Buda ou Lao Tsu. Os antigos professores cristãos cometeram um grave erro ao tentarem demonstrar que o cristianismo era um sistema racional. Igualmente, seus inimigos trataram o Evangelho da mesma maneira, tentando desmenti-lo. Jesus, entretanto, não veio para nos dar um sistema racional, mas para tocar nossa vida e nos salvar. As pessoas nunca crerão em Deus movidas pela razão, mas abrindo o coração à Sua voz e à iluminação divina. Cremos no que cremos por ser a verdade, e é isso que nos move e mexe conosco. Nossas crenças são como a música, a poesia do céu que desafia a lógica humana. O Evangelho é amor, puro amor, e nada menos razoável do que amor. Ele foi chamado de loucura, mas é ele, e não a lógica, que faz com que o mundo gire. Evangelismo não é nada menos do que Deus demonstrando o Seu amor às pessoas através de nós. A igreja teve o seu início com o derramar do Espírito movendo os apóstolos, bem como as pessoas que ouviram a pregação de Pedro. Tudo o que essas pessoas sabiam era que, sete semanas antes, haviam crucificado a Jesus, e estavam sendo acusadas de Sua morte. Pedro tinha estado com Jesus. Ele O adorou, O imitou e, creio, até pegou o Tiro_BraPort.indd 158 14.05.2007 16:51:20 Uhr Capítulo 8 • Ação no Livro de Atos 159 Seu jeito de falar; entretanto, uma coisa parece clara: apesar de ter acusado a multidão, ele não provocou-lhes a ira. Seu tom não era hostil e ele não estava declarando guerra a eles. Talvez suas palavras tenham sido de reprovação, mas ele falou a verdade em amor. Essas pessoas haviam matado o seu melhor amigo, mas ele lhes falou que Deus as havia perdoado, e que lavaria os seus pecados. Fico me perguntando por que a multidão aceitou a acusação de Pedro, e creu na história de Cristo ter sido exaltado e colocado à direita de Deus. Será que foi só porque Pedro falou? Apenas isso? Obviamente que não; havia forças espirituais agindo. Afinal de contas, essas revelações não eram mero dogma ou declarações. As palavras de Pedro foram como um gancho preso na alma daqueles ouvintes. Cristianismo é fé de coração, e não um processo intelectual. O Espírito de Deus interpretou as palavras de Pedro para o coração dos ouvintes. Pedro declarou que Jesus havia ressuscitado e feito Senhor e Cristo; e esse não era o conceito mais fácil para uma mente humano assimilar e aceitar. Todos os pregadores do Evangelho Nossa personalidade responde ao poder devem esperar pelo grande Intérprete. Não que está por trás é prudente insistir demais em seu ponto da criação: ou mesmo tentar amedrontar o não cono amor de Deus. vertido; se o fizermos, vai parecer a eles que a mensagem não tem poder. E se argumentarmos demais, pensarão que é apenas uma questão de ponto de vista. Declare a verdade, sem questionar, como fez Pedro; e as pessoas ficarão alegres por acharem descanso para a sua alma. Chegou a hora de contarmos ao mundo que o nosso universo não é um universo científico, e que as leis da ciência contam somente um lado da história. O mundo foi feito para o amor, Tiro_BraPort.indd 159 14.05.2007 16:51:20 Uhr 160 O Tempo está se Esgotando por amor, e fundamentado em amor, para o deleite do Filho de Deus. A verdade não pode ser expressa através da matemática, da mesma forma que o ser humano também não. Se uma pessoa sabe que idade eu tenho, quanto peso e um pouco mais de informações sobre mim, não quer dizer que ela me conheça. O meu verdadeiro eu somente aparece, de vez em quando, por meio do que eu faço. Essa é a verdade. Talvez um lado de mim possa ser examinado por meio de um processo racional, em laboratório, ou por químicos e físicos; mas há muito mais do que isso. Há uma natureza nos homens e nas mulheres que não pode ser descoberta pelo bisturi do cirurgião. Nossa personalidade responde ao poder que está por trás da criação: o amor de Deus. Assim fomos criados, e é por isso que o Evangelho nos impacta tão profundamente. Um Evangelho de Fogo E apareceram distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito Santo lhes concedia (At 2.3,4). Fogo! O nosso Evangelho é um evangelho de fogo. E o fogo em homens e mulheres significa calor, animação, energia e prazer. Os discípulos tinham uma fé viva e positiva, adicionada a uma pulsante energia que os fazia querer ir. Eles não eram nem possuídos e nem obcecados por Deus, mas eles ficaram em brasas com amor e avidez. O que aconteceu com o cristianismo moderno? Por que ele é tão frio e calculista, sóbrio e inadequado? Será que, de repente, a tolerância só se aplica ao puritano e sério? Nessa idade da razão, se as pessoas deixam o zelo mostrar e falar das suas experiências com o Senhor, o testemunho delas é ridicularizado como sendo Tiro_BraPort.indd 160 14.05.2007 16:51:21 Uhr Capítulo 8 • Ação no Livro de Atos 161 um mero entusiasmo – dizem que são “meio” desequilibradas; estão malucas. O mundo pode ficar louco; entretanto, a Igreja tem que ser digna e sã. Infelizmente, com o passar das eras, a Igreja perdeu a sua reputação de ser um lugar de fogo. O povo de Deus aprendeu a se mostrar racional e seguro; mas o mundo está procurando algo com o que se empolgar. Por que o cristianismo tem de significar quietude, calma e suavidade? Por que as pessoas falam sobre oração como sua “hora tranqüila”?. Oração não era nem um pouco um tempo de tranqüilidade em Atos dos Apóstolos! Duas vezes, pelo menos, a oração chegou a provocar terremotos (At 4.31; 16.26). Se você estivesse no primeiro andar da casa, quando ela começou a tremer, com certeza você iria querer saber. Logo perguntaria: “O que está acontecendo? O que eles estão fazendo lá em cima?” Eles estavam apenas orando. O mundo não pode entender o que é que gira como um vento impetuoso e queima como fogo em nossa alma; mas eu não vou privilegiar o mundo sufocando a minha alegria. Se eles não aprovam, então vou deixá-los experimentar por eles mesmos para que vejam que o Senhor é bom (Sl 34.8). Tiro_BraPort.indd 161 14.05.2007 16:51:21 Uhr Tiro_BraPort.indd 162 14.05.2007 16:51:21 Uhr Capítulo 9 HOMENS COMUNS, MENSAGEM EXTRAORDINÁRIA C onsidero a Bíblia, com suas linhas de impressão delicada, como as janelas de treliça que a gente vê nos países orientais. Imagino como se o Senhor estivesse de pé, atrás daquela treliça, olhando para nós enquanto lemos. Se olharmos de perto, veremos os Seus olhos entre as linhas. Ele está por trás da Sua Palavra. Mesmo que isso não seja um pedido de desculpas, gostaria de dizer que não este livro não é um estudo acadêmico. Embora sempre que posso, costumo prestar bastante atenção às pessoas estudadas, e sempre ganho muito com isso, existe um outro lado das coisas de Deus que precisamos entender; algo chamado “discernimento espiritual”. Restringir o interesse de alguém apenas nas questões acadêmicas é perder um aspecto muito importante da vida religiosa e que é vital para o trabalho de Deus. Há coisas a serem ditas que não aprendemos na sala de aula. Quase posso ouvir o Espírito dizer: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça (Ap 2.7). Quero compartilhar aqui algumas coisas que acredito que Deus esteja nos falando hoje, através da Sua Palavra. Tiro_BraPort.indd 163 14.05.2007 16:51:21 Uhr 164 O Tempo está se Esgotando Evangelismo na Igreja Primitiva Com relação ao evangelismo, o livro de Atos é o livro chave da Bíblia, escrito para mostrar como os discípulos começaram a cumprir a ordem de pregar o Evangelho a toda a criatura. Agora, o que isso significou naqueles dias? Certamente eles não armaram uma tenda e fizeram propaganda em jornal ou televisão! Vamos dar uma olhada no que Jesus queria que eles fizessem. A Mensagem Lembre-se de que a Igreja Primitiva estava se arriscando a fazer algo que ninguém jamais havia feito desde o começo do mundo: evangelizar. A palavra grega evangel significa boas novas, e os discípulos transformaram a sua boa nova em um modo de vida. Eles foram pioneiros de um conceito, o qual lançou os alicerces e construiu a Igreja mundial. Eles não foram apenas os primeiros missionários, também foram os inventores de missões. Antes deles ninguém tinha falado sobre um assunto que valesse a pena ou que fosse digno de ser levado a outras nações. As pessoas tinham seus deuses, ou ídolos, mais por obrigação; esses deuses estavam mais para parasitas problemáticos do que qualquer outra coisa. A Baal, Apolo, Diana, não era dado qualquer tipo de afeição. Eram considerados tiranos esquizofrênicos, alguém que precisa ser agradado e aplacado. As autoridades de alguma cidade não fariam nada sem, antes, reconhecer adequadamente um ou outro deus. Afinal, se falhassem, estariam se arriscando a trazer vingança divina sobre elas. Os Mensageiros Os discípulos eram homens comuns. Mas quem eles realmente eram? Poderíamos dizer: ninguém. Aliás, eles eram simplesmente Tiro_BraPort.indd 164 14.05.2007 16:51:21 Uhr Capítulo 9 • Homens Comuns – Mensagem Extraordinária 165 qualquer pessoa. O que Jesus operou por intermédio deles, poderia ter feito com qualquer um – até mesmo você ou eu. Certamente eles não eram especiais; longe disso. Certo dia, no início de Seu ministério, Jesus estava andando ao longo da praia e viu alguns rapazes da região. Ele os havia encontrado antes, mas naquela manhã os escolheu, aparentemente aleatoriamente. Por que não? A questão não era quem eles eram, mas o que Jesus poderia fazer por intermédio deles. É assim que sempre foi. Lemos que antes de Jesus escolher os 12 discípulos, Ele passou a noite em oração (Lc 6.12). Não sabemos o que, ou como Ele orou, mas cremos que o Senhor procurou na mente do Pai, quais daqueles setenta ou mais discípulos Ele escolheria. Será que precisava realmente disso? Precisava mesmo A Igreja Primitiva gastar toda uma noite para Deus lhe dar estava se arriscando os doze nomes? Agora eu pergunto: Deus a fazer algo que deu a Ele qualquer nome? Não poderia ninguém jamais ser qualquer pessoa, bastando que Deus havia feito desde os autorizasse? Talvez Jesus estivesse, mais o começo do mundo: uma vez, travando uma batalha para escoevangelizar. lher segundo o coração de Deus, em vez de segundo as qualidades humanas. Era realmente tentação não escolher entre esse punhado da ralé, mas achar homens sábios, homens de alto calibre e educação, homens da envergadura de Nicodemos, José de Arimatéia ou alguns dos rabinos superiores? Garantir o futuro de tudo o que Jesus veio para fazer, com um punhado de jovens camponeses, inexperientes, deveria ser um pensamento terrível! Quando Jesus foi preso e crucificado, aqueles Doze não Lhe serviram de nenhum suporte. Todos fugiram e O abandonaram. O chefe deles negou ter qualquer conhecimento de Jesus de Nazaré, chegando até mesmo a jurar e amaldiçoar. E pensar que Jesus deixou a Grande Comissão nas mãos de pessoas como essas! Tiro_BraPort.indd 165 14.05.2007 16:51:21 Uhr 166 O Tempo está se Esgotando Realmente, quando analisamos o que eles eram no começo, podemos bem pensar que todo o projeto de propagar a mensagem da fé cristã estava arruinado. Eles não conheciam ninguém, e nem tinham conexões com pessoas importantes. Eram ignorantes quanto ao mundo, política, e filosofia. Naquela época os gregos se vangloriavam da sua grande sabedoria, os romanos do seu imenso poder; mas, e esses discípulos, o que poderia um punhado de homens, na sua maioria camponeses ou pescadores, e sem uma educação razoável, fazer para ganhar o mundo? Eles nem sequer falavam direito! As diferenças eram pesadas contra eles. Além disso, Jesus os mandou sair sem dinheiro,e lhes disse para não pegarem emprestado com ninguém. Contudo, eles O decepcionaram quando veio a provação. Mesmo quando Ele Se levantou da morte, teve de repreendê-los por não crerem no que viram. Então, como poderiam fazer com que outros cressem? Entretanto, foram eles que viraram Jerusalém de ponta cabeça e, mais tarde, todo o Império Romano. Surpreendente! Mas isso é absolutamente possível com Jesus. Como nos diz as Escrituras, a Sua força se aperfeiçoa na nossa fraqueza. Usando coisas sem nenhum valor, Ele tem o poder de transformar em nada as coisas que são de algum valor. Deus escolheu os menos favorecidos para mostrar que Ele é tudo em todos. O Senhor tem prazer em realizar coisas como essas. Vamos olhar a história de Gideão, registrada em Juizes de 6 a 8. Ele exigiu saber onde estava o Deus do Êxodo, com todos os Seus poderosos milagres. Então Deus se mostrou a ele derrotando um vasto exército de árabes, e usando apenas trezentos homens que não tinham absolutamente nenhuma arma – somente tochas, trombetas e jarros de barro! Não é um grande homem que importa, mas se tudo o que esse homem possui está entregue nas mãos de Deus. Tiro_BraPort.indd 166 14.05.2007 16:51:21 Uhr Capítulo 9 • Homens Comuns – Mensagem Extraordinária 167 A Pura Verdade Os apóstolos foram acusados de mudar antigos costumes (ver Atos 21.21), e foi exatamente isso o que eles fizeram. Eles sabiam que aquele era um trabalho perigoso. O famoso filósofo Sócrates foi sentenciado à morte por ateísmo; isto é, por não crer em deuses. O trabalho dos apóstolos era mover uma montanha – uma montanha de tradições e atitudes, as quais, por mais de mil anos, haviam se tornado leis para a nação. Aliás, pregando o Evangelho eles fizeram muito mais do que mudar maneiras e costumes; mudaram totalmente o padrão de pensamento daqueles tempos, para penetrar no coração, alma e mente de homens e mulheres. Doze homens ignorantes … imagine só isso!!! Nosso trabalho não é tornar o Evangelho relevante para o mundo. É claro que falamos ao mundo na sua própria linguagem; mas a idéia de pregar a Palavra é interpretá-la Garantir o futuro para o entendimento dos ouvintes moderde tudo o que Jesus nos. Entretanto, a velha idéia era amoldar veio para fazer, o Evangelho aos padrões do mundo, para com um punhado de que as pessoas o aceitassem. Se o mundo jovens camponeses, não acreditasse mais no sobrenatural, a inexperientes, solução era pregar um Evangelho desprodeveria ser um vido do sobrenatural. E isso era uma trai- pensamento terrível! ção à mensagem cristã, pois não podemos fazer concessões! Para mudar o mundo, temos de ser diferentes do mundo. Devemos desafiar o pensamento das pessoas. Se eles não crêem, não podemos nos ajustar à sua incredulidade. Os apóstolos pregaram a Cristo, e um Cristo crucificado. Nada poderia ter assegurado mais fracasso à missão deles do que esse fator. Afinal de contas, a crucificação era para os piores criminosos, os mais baixos dos baixos. Jesus foi colocado em uma cruz, e ridicularizado por todos. De maneira nenhuma um Jesus Tiro_BraPort.indd 167 14.05.2007 16:51:21 Uhr 168 O Tempo está se Esgotando crucificado poderia ser a figura ideal para apelar a judeus ou gentios. Era desprezado, e rejeitado dos homens (Is 53.3). Mas aquele era o Jesus que eles conheciam, e o único a quem pregaram. E foi por intermédio da sua pregação que eles conquistaram o mundo inteiro. O mundo precisa se ajustar à Pessoa de Deus. Não podemos pregar um deus feito à imagem desse mundo, mas o Jesus dos Evangelhos – não algum ideal popular, mas o Jesus do Calvário. Se O pregamos não mais que um curador, um suave, doce e bondoso Jesus, então nós estamos ocultando a verdade. Não podemos permitir que a nossa mensagem seja influenciada pelo consenso público, noções humanas e nem preconceitos. Jeremias encontrou um bando de profetas populares, que profetizaram coisas boas e agradáveis aos ouvidos do povo; e ele disse: Ai deles (ver Jeremias 23.1-31). Pessoas que preferem não encarar os fatos vão aprender pela maneira Usando coisas mais dura. Jesus é o Jesus da Bíblia, e não sem nenhum valor, podemos mudá-Lo para que se adeque aos Ele tem o poder de ideais do mundo. transformar em nada as coisas que são de algum valor. João Batista também achou o Cristo diferente das expectativas populares de Israel, do Messias; entretanto, nem por isso Jesus mudou o seu modo de ser. Não importa que Ele tenha desapontado a João, sua própria família ou qualquer outra pessoa. Ele era o que era e Sua mensagem a João foi: … bem-aventurado é aquele que não se escandalizar de mim. (Mt 11.6). Não somos moldadores ou feitores da mensagem. Paulo disse que Deus o havia encarregado do Evangelho; ele era o seu guardador e não o seu criador. Somos apenas comissários da verdade, e espera-se que o comissário seja encontrado fiel (ver 1 Corintios 4.2). Um suposto Cristo, concebido como tal pelas pessoas, não teria poder para nos salvar. Tiro_BraPort.indd 168 14.05.2007 16:51:21 Uhr Capítulo 9 • Homens Comuns – Mensagem Extraordinária 169 O Evangelho Não é Religião O Evangelho aboliu a religião e apresentou-nos Jesus. Sabemos que o mundo conheceu conquistadores que invadiram terras estrangeiras para saquear e matar seus inimigos, destruindo muitas áreas e deixando-as desabitadas. Outros também conquistaram, mas com a intenção de forçar populações nativas a adotar novos hábitos e novas crenças. Contudo, ninguém jamais viajou para terras estrangeiras, enfrentando muitos riscos, simplesmente para amar as pessoas, curá-las, abençoá-las e tirá-las da sua confusão. Quando Paulo pregou em Atenas, os moradores daquela cidade disseram: Parece pregador de estranhos deuses (At 17.18). Mas os apóstolos não sugeriram apenas uma simples troca de deuses; por exemplo, Cristo em vez de Diana. Jesus não era simplesmente um deus diferente e mais agradável. Para a maioria dos gregos, deuses eram somente estátuas no mercado. O Evangelho As pessoas lhes faziam alguma homenagem aboliu a religião e e depois as esqueciam. Entretanto os após- apresentou-nos Jesus. tolos estavam pregando às nações sobre um Deus que merecia ser amado o dia todo e jamais esquecido. O cristianismo era um novo caminho de vida, e não alguns ritos e cerimônias. Jesus queria fazer parte da vida das pessoas de uma maneira que os deuses jamais poderiam. O problema é que é muito mais fácil você executar um ritual diante de alguma imagem, e depois continuar com a sua vida à sua própria maneira. E esse sempre foi o pecado de Israel, que frequentemente abandonava o Senhor. É por isso que os profetas sempre diziam: Lembra-te do Senhor seu Deus (ver Neemias 4.14). Os pagãos se esqueciam dos seus deuses tão logo lhes tinham prestado algum serviço; o Senhor, entretanto, não deve ser tratado dessa forma. A essência absoluta da fé bíblica foi resumida Tiro_BraPort.indd 169 14.05.2007 16:51:22 Uhr 170 O Tempo está se Esgotando neste grande mandamento: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento (ver Mateus 22.37). Uma Mudança de Valores O evangelismo cristão não só desafiou a perspectiva religiosa predominante, mas também desafiou o sistema de valores morais existente. A mensagem de Cristo era o perdão, enquanto o mundo antigo (e muitas culturas até hoje) considerava a vingança justa. Os cristãos falavam de uma esperança viva como uma das três maiores qualidades da vida; porém, a esperança para os pagãos era um sentimento fraco, mais próprio para mulheres idosas. Os discípulos viam o derramamento de sangue como um grande mal, mas o povo romano e o helênico se gloriavam das suas guerras e das suas conquistas. Entre os trabalhos literários mais antigos do mundo encontramos os escritos de Homero, que contou histórias sobre a Guerra de Tróia e sua “gloriosa” matança. A explicação do escritor para o terrível espírito de vingança e derramamento de sangue fascinou a gregos e romanos; contudo tais práticas eram aterrorizantes para os seguidores de Cristo. A perspectiva cristã quase que poderia confundir as pessoas daqueles tempos cruéis, pois os apóstolos estavam mudando todos os conceitos comuns da época, do que era admirável e nobre. O mundo que os discípulos de Cristo deveriam enfrentar era um mundo sem esperança; contudo isso não os fez desistir. E se eles fizeram o que fizeram, então o que nós podemos fazer? É óbvio que esses homens simplórios não teriam conseguido fazer absolutamente nada, a menos que tivessem o apoio do próprio Deus. Eles não estavam promovendo uma religião que não iria mudar as pessoas, mas mostrando-lhes um caminho de vida que Tiro_BraPort.indd 170 14.05.2007 16:51:22 Uhr Capítulo 9 • Homens Comuns – Mensagem Extraordinária 171 inverteria tudo o que elas conheciam. Os discípulos estavam defendendo uma nova ordem mundial com novos tipos de pessoas. E eles tiveram sucesso. Essa é a medida do poder de Deus através do Espírito Santo. É isso o que o Evangelho pode fazer! Devemos agradecer ao trabalho desses pioneiros, que enfrentaram a escuridão de um mundo pagão perdido. Eles mudaram a cultura do mundo e tornaram o nosso trabalho bem mais fácil. Eles também transformaram tudo, de maneira tão profunda, que hoje podemos viver em um mundo bem diferente do que eles enfrentaram. Jesus disse, Eu vos enviei a ceifar onde não trabalhaste; outros trabalharam, e vós entrastes Os discípulos no seu trabalho. (Jo 4.38). Esses primeiros estavam defendendo evangelistas prepararam o terreno para nós. uma nova ordem mundial com novos As pessoas hoje costumam dizer que podem tipos de pessoas. E eles tiveram viver uma “vida decente” sem nenhuma sucesso. crença religiosa. Talvez possam; contudo sem o evangelismo cristão do passado, hoje Essa é a medida do poder de Deus através ninguém poderia saber o que é uma vida do Espírito Santo. decente. O conhecimento de Cristo criou um senso de decência, e nosso evangelismo deveria, ao menos, manter vivo esse conhecimento. As armas tornaram assustadoramente fácil matar nosso semelhante, mas somente o Evangelho pode introduzir a misericórdia. O Tempo do Espírito Santo Os primeiros discípulos se lançaram para ganhar o mundo, utilizando armas nunca vistas. Eles tinham forças secretas por trás deles. Não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e, sim, poderosas em Deus, para destruir fortalezas (2 Co 10.3,4). Tiro_BraPort.indd 171 14.05.2007 16:51:22 Uhr 172 O Tempo está se Esgotando Já mencionei aqui a vasta mudança espiritual que aconteceu com a vinda de Cristo. E um dos primeiros a compreender isso foi um homem cego, cuja visão fora restaurada por Jesus. Ele disse: Desde que há mundo, jamais se ouviu que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença (Jo 9.32). Ele também saberia que, desde que o mundo começou, ninguém havia expulsado demônios nem curado surdos, febris, loucos e aleijados. Muito mais do que isso, ninguém jamais tinha vindo com uma mensagem que invertia totalmente as normas culturais, e transformava personalidades humanas. A era do Espírito Santo havia chegado. Quando Jesus O enviou ao mundo, foi como um evento cósmico, que não poderia ser desfeito. Isso criou uma nova ordem de possibilidades, além de tudo o que se conhecia desde os dias de Adão. Uma nova forma de vida – vida de ressurreição – estava disponível. Os apóstolos tinham o segredo dessa nova vida e eles saíram para demonstrar isso; eles foram as primeiras pessoas no mundo a fazerem isso. Creio que a Igreja está descobrindo o segredo deles mais uma vez, como estamos vendo o livro de Atos se repetindo pelos séculos. Houve duas vezes mais conversões durante a minha vida, do que em todo o mundo no tempo dos apóstolos. O primeiro milagre de Pedro e João após a ressurreição foi a cura de um aleijado, indicando a dimensão dos recursos à disposição deles. Esse milagre foi somente um sinal de maiores coisas que viriam, como Jesus prometera. Precisamos ensinar que o Espírito Santo foi mandado para fazer muito mais do que curar. Cura é apenas um dos nove dons encontrados em 1 Coríntios 12. É uma bênção muito grande podermos cuidar de um mundo em sofrimento; contudo essa não é a maior virtude do Espírito Santo. O mais sensacional não é a grandeza Quando Jesus O enviou ao mundo, foi como um evento cósmico, que não poderia ser desfeito. Tiro_BraPort.indd 172 14.05.2007 16:51:22 Uhr Capítulo 9 • Homens Comuns – Mensagem Extraordinária 173 da manifestação divina. O acontecimento mais espetacular pode não ter sido a maior ação de Deus. Não obstante, quando Deus manifesta cura através de nós, o seu poder, que está sempre à nossa disposição, é evidenciado. Quando a eletricidade foi descoberta, isso foi considerado pela maioria dos observadores como uma novidade divertida. Duzentos anos atrás, poucas pessoas poderiam conceber o potencial do poder da eletricidade para dirigir indústrias, e iluminar cidades inteiras. Quando as pessoas falam em outras línguas, isso é um sinal do potencial do poder do Espírito Santo. E quando Cristo expulsou os demônios pelo dedo de Deus, disse que aquilo demonstrava que o reino de Deus estava entre eles (Lc 11.20). Podemos obter nossa confiança por intermédio do que Deus realmente pode fazer por meio de qualquer manifestação do Espírito. E Esse Espírito não será limitado a incidentes isolados; ele vai permear todo o nosso ministério, se permitirmos que Ele o faça. As grandes obras que Cristo prometeu fazer entre nós incluíam mais do que curas físicas. E a maior delas era a de que os discípulos seriam testemunhas. Alguns dos homens de Atenas chamaram Paulo de tagarela, enquanto outros se convenceram da verdade do que ele havia dito e converteram (At 17.18-34). O testemunho dos apóstolos era pleno, cheio de convicção, promovendo milagres de conversão. Falar sobre a mensagem do Evangelho liberara o Espírito de Deus sobre os ouvintes. Os apóstolos já não eram mais simplesmente homens – eram homens cheios do Espírito, e isso foi demonstrado de muitas maneiras, e não apenas por intermédio de curas espetaculares. Quando eles oravam, as coisas aconteciam; quando eram perseguidos, se alegravam. Quando pregavam, o faziam em poder e demonstração do Espírito. Quando tocavam Tiro_BraPort.indd 173 14.05.2007 16:51:22 Uhr 174 O Tempo está se Esgotando os enfermos, eles eram curados. Quando eram perturbados, não eram afligidos. Quando eram deixados perplexos, não ficavam em desespero. Se eles estavam inseguros, eram guiados. Se eram martirizados, o sangue deles fertilizava a semente que tinham plantado. Se estivessem desanimados, não seriam destruídos. Mesmo com todos os seus conflitos e lutas, os apóstolos eram mais que vencedores (Rm 8.31-39). Esses homens sobrepuseram os pagãos em pensamento, em vida e em morte. Eles conheciam qual era a fonte do verdadeiro poder. Paulo disse que ele era fortalecido com poder, mediante o seu Espírito no homem interior (Ef 3.16). Ele se tornou um ministro segundo a graça operante do seu poder (Ef 3.7). Ele disse que ele era fortalecido com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade, com alegria (Cl 1.11). Na verdade, os apóstolos foram uma nova espécie de homo sapiens: homens espirituais, os primeiros na terra, novas criaturas em Cristo (2 Co 5.17). Eles não foram afetados pela oposição do mundo como qualquer outro poderia ser. E tudo o que dissemos sobre eles também tem sido a verdade na vida de milhares de servos de Deus em todo o mundo. E a mesma força está disponível a cada cristão hoje, na mesma medida em que estava nos dias dos apóstolos. Entretanto, independentemente do tamanho que seja a nossa necessidade, o poder de Deus vai estar sempre à nossa disposição para nos ajudar. Conquanto as exigências do nosso ministério sejam grandes, o poder de Deus vai estar sempre lá na medida certa. Note que não há tais coisas como degraus de poder – Deus não molda o Seu poder para se encaixar no nível da nossa suposta necessidade. Cada um de nós tem todo o poder em Cristo. Os mesmos recursos estão disponíveis, de graça, a todos os que servem a Deus (Jo 3.34; 1 Co 12.27). Tiro_BraPort.indd 174 14.05.2007 16:51:22 Uhr Capítulo 9 • Homens Comuns – Mensagem Extraordinária 175 Em nenhum lugar das Escrituras se sugere a idéia de que crescemos em poder ao crescermos em oração ou santidade. Os discípulos não faziam parte de um grupo de elite, especial, a quem Deus equipou de maneira privilegiadal. Eles mesmos nos encorajaram a entender que a promessa é para todos os que estão longe (At 2.39). Foi aí que percebi que eu era mencionado na Bíblia, pois sou uma dessas pessoas “que estão longe”. Quando operamos como os apóstolos fizeram – em obediência, intrepidez e fé – então Deus opera. Citei as palavras de Jesus: Sem Mim, nada podeis fazer (Jo 15.5), mas é Paulo quem nos dá a conclusão: Tudo posso naquele que me fortalece (Fp 4.13). Há um dom para cada crente: fomos todos dotados para testemunhar; mas o dom vem com uma obrigação. Temos ouvido muito sobre os dons, e muitos querem o dom de milagres. Entretanto, o dom supremo já está dentro de cada cristão nascido de novo; ou seja, Cristo em nós, “o dom inefável” (2 Co 9.15), fazendo de cada um de nós testemunhas. Como já mencionei, ser testemunha é mais do que falar. O homem ou a mulher é a mensagem. Entretanto, devemos responder ao dom. Quando alguém tem o dom de operar milagres, mas não prega a cruz, está tratando os Entretanto, negócios do Reino de uma maneira muito o dom supremo pobre. Ele está disfarçando a fonte do seu já está dentro de cada poder. As testemunhas são testemunhas cristão nascido da ressurreição de Cristo. Não testemude novo; nhamos sobre habilidades extraordinárias, ou seja, experiências especiais, ou a respeito de Cristo em nós, nós mesmos. Testemunhamos a morte e a ressurreição de Cristo – pela vida de Jesus, morremos para o pecado e vivemos para justiça. Se Cristo vive, então nós também devemos viver; e, mais cedo ou mais tarde, as pessoas deveriam perceber isso. Tiro_BraPort.indd 175 14.05.2007 16:51:23 Uhr 176 O Tempo está se Esgotando O Julgamento e o Mundo Quando João, Pedro e Paulo estavam perante as autoridades da lei, e Estevão diante dos seus acusadores, houve muito pouco discurso em sua defesa por parte deles mesmos, e poucos argumentos sobre o Evangelho em si. Eles não consideraram isso como um tema sujeito a debate. Eles apenas sabiam que isso era verdade, e pronto. A tarefa deles era anunciar a mensagem, e foi isso o que fizeram. Plantaram a bandeira do Reino e desfraldaram a bandeira da cruz. Vieram como embaixadores de um poder estrangeiro, oferecendo termos de paz. Ao se posicionarem firmemente, eles inverteram os papéis, e colocaram as autoridades terrenas em julgamento. O Reino do céu é o super poder exigindo rendição. Paulo disse aos homens sábios de Atenas: Agora [Deus] notifica aos homens, em toda parte, se arrependam (At 17.30). Os primeiros cristãos apresentaram o Evangelho como Deus confrontando o mundo com seu pecado. Deveríamos fazer o mesmo; e isso não é uma escolha, mas a única alternativa. O Evangelho traz o mundo inteiro ante o tribunal do julgamento da verdade. E onde quer que os discípulos tenham ido, fizeram com que juízes e governadores sentissem como se estivessem indo contra essa mensagem. E issso foi assim desde o momento em Jesus foi trazido diante de Pôncio Pilatos. Paulo possuía tanto esse ar de verdade que realmente podia levantar seus braços acorrentados e dizer ao rei que o julgava: Rei Agripa, acreditais nos profetas? (At 26.27). Não há discurso exagerado quando isso é para proclamar o Evangelho. Ele só precisa ser anunciado; Ele defende a si próprio. Os sermões encontrados no livro de Atos não parecem muito com debates ou controvérsias. Eles são diretos e cheios de declarações confiantes – um evangelho positivo. A frase defesa do evangelho é encontrada em Filipenses 1.7,17, entretanto Paulo Tiro_BraPort.indd 176 14.05.2007 16:51:23 Uhr Capítulo 9 • Homens Comuns – Mensagem Extraordinária 177 era virtualmente um prisioneiro de guerra. Ele tinha entrado no território do diabo como um invasor vindo do reino de Deus. A única defesa de Paulo era que pregava o Evangelho de Cristo, e este crucificado. Paulo não se envergonhava disso, e nunca estava na defensiva; preferia sempre a ofensiva. Deus não procura por defensores. A idéia é Ele nos defender. Não podemos nos voltar para Deus, e dizer: “Senhor, não se preocupe, eu estou aqui. Eu vou te proteger; não tenha medo!” O Senhor não está encuralado contra a parede, e não é “pobre Deus”; Ele não é uma causa morta. São as pessoas que morrem e não Deus. Tampouco Deus é uma “boa causa”; são os homens e mulheres que são a boa causa de Deus. Ele pagou por eles; deu tudo o que Ele tinha. A melhor maneira de defender o Evangelho é pregá-lo. Paulo defendeu o Evangelho levando a guerra para o campo inimigo. A sua defesa era um bom ataque: o ataque da cruz. A prisão para ele um lugar tão bom como Paulo defendeu qualquer outro para levar o Evangelho. Era o Evangelho levando aqui que ele podia fazer o maior estrago ao a guerra para o príncipe desse mundo, como o prisioneiro campo inimigo. Sansão derrubando o templo em cima de A sua defesa seus inimigos. Paulo não estava preocupado era um bom ataque: o ataque da cruz. com motivação ou circunstância; havia uma consideração muito mais importante: De qualquer modo, quer por pretexto, quer por verdade, Cristo é pregado; e nisso me alegro, sim, sempre me regozijarei (Fp 1.18). Ele encorajou a outros crentes a adotar a sua posição: … em nada intimidado por seus adversários (Fp 1.28). Alguém disse que somos como advogados no tribunal tentando ganhar um veredicto favorável para Cristo; porém, o Senhor não está sendo julgado! Ele é o Juiz. O que as pessoas pensam Tiro_BraPort.indd 177 14.05.2007 16:51:23 Uhr 178 O Tempo está se Esgotando dEle não importa nem um pouco – exceto para elas mesmas. Se aprovamos ou não, isso não O afeta. As pessoas que não querem acreditar que Deus existe deveriam ter mais cuidado. Imagine se elas nunca souberem que Ele existe! Agora pense em todos esses incrédulos e céticos juntos em um único lugar! Eu não posso pensar em um inferno pior do que estar cercado por pessoas como essas. Certa vez, uma mulher, argumentando sobre Deus com o grande escritor e historiador Thomas Carlyle, disse: “Eu acredito no universo”. Ao que ele respondeu: “Senhora, você deveria!” Eu preferiria ter uma divergência de opinião com 100 bilhões de estrelas da Via Láctea, que com o seu Criador. O que Podemos Aprender? Considero Atos capítulo 10 especial porque ele relata a conversão do primeiro ocidental, ou, mais precisamente, europeu; um italiano, como ele seria chamado hoje. Estou certo de que você conhece a história. Dois homens tiveram uma visão. Um estava em Cesaréia, e o outro em Jope, distante cerca de um dia de viagem. Cornélio, o centurião romano em Cesaréia, viu um anjo, e este lhe falou para ir a Pedro, que diria como ele e toda a sua casa poderiam ser salvos. Pedro também teve uma visão de que alguém seria enviado até ele. Ambos agiram de acordo com a sua visão. Pedro foi até Cesaréia e pregou o Evangelho, e Cornélio e toda a sua casa se tornaram os primeiros europeus cristãos convertidos. As Pessoas Precisam do Evangelho Cornélio precisava do Evangelho, mesmo sendo um homem bom, como não se podia esperar encontrar nenhum outro naqueles dias. Ele é descrito como sendo um homem devoto, temente a Deus – uma pessoa que cria na fé judaica. Ele contribuía generosamente para caridade e sempre orava a Deus. Em Atos 10.22, Tiro_BraPort.indd 178 14.05.2007 16:51:23 Uhr Capítulo 9 • Homens Comuns – Mensagem Extraordinária 179 lemos que ele era um homem justo e muito respeitado entre os judeus. Suas ofertas e orações chamaram a atenção de Deus. E mais ainda, ele carregou toda a sua casa, com ele, na sua religiosidade. Contudo, apesar de tudo isso, ele precisava de Jesus. Eu sei que viciados, alcoólatras, espancadores das esposas, e criminosos precisam de Jesus; entretanto, pessoas decentes também, como um herói de guerra. Quando Deus mandou um anjo dizer a uma pessoa boa como Cornélio, que ele precisava ouvir o Evangelho, podemos concluir uma única coisa: todo mundo precisa do evangelho. Não podemos assumir que as pessoas conhecem o a mensagem de salvação, pois pode ser que não. Temos um compromisso com Cristo de fazer com que todos saibam dEle. Uma vida correta não é evidência do conhecimento salvador de Cristo; afinal, um mar de ignorância espiritual nos cerca. Os avanços em aprender são de fato progresso, mas sem fé em Deus o aumento de conhecimento resulta em saldo negativo. O saber ensoberbece, como a Bíblia declara em 1 Coríntios 8.1. Quando Deus mandou um anjo dizer a uma pessoa boa como Cornélio, que ele precisava ouvir o Evangelho, podemos concluir uma única coisa: todo mundo precisa do evangelho. O Senhor nos fez Seus parceiros para ensinarmos a todas as nações e pregar a toda criatura. Cada cristão deveria aprender evangelismo pessoal como uma habilidade especial. Não estou falando aqui sobre treinar conselheiros para campanhas; quero dizer treinar pessoas em como fazer contatos. Uma vez orientados, os cristãos consideram fácil apresentar o Evangelho, mesmo a conhecidos casuais. Cada pessoa nascida de novo é chamada pelo Senhor para ser testemunha de tempo integral. Este é um dom que não deveríamos negligenciar. Tiro_BraPort.indd 179 14.05.2007 16:51:23 Uhr 180 O Tempo está se Esgotando O Ser Humano Proclama o Evangelho Vamos voltar a Atos 10 e à história de Pedro e Cornélio. Você vai perceber que havia um agente humano que foi chamado para levar o Evangelho à casa desse europeu. O anjo disse: [Pedro] te dirá palavras mediante as quais serás salvo, tu Por nosso e a tua casa (At 11.14). Podemos deduzir que intermédio, o anjo tenha contado a Cornélio tudo sobre Deus colocará Jesus; entretanto a Bíblia não menciona um fim no mal e no arquiteto do mal, nada. O trabalho de levar o Evangelho às o diabo. pessoas é nosso, e não dos anjos. Acredito E parte dessa vitória que os anjos teriam espalhado a Palavra final é a presente de maneira mais eficiente; mas Deus, em ordem de pregação Sua sabedoria, escolheu usar a Sua Igreja. do Evangelho. Espalhar as Boas Novas de Jesus Cristo é privilégio nosso, e Deus pode dispor dos Seus privilégios onde e como Ele quiser. O plano de Deus para este mundo depende da cooperação humana. Um dia gozaremos de um mundo justo e sem pecado, onde Cristo reinará para todo o sempre. Graças a Deus o processo já começou. Os anjos podem impor retidão aos homens e fazê-los abandonarem seus caminhos. Podem vir e convencer o mundo inteiro da realidade do céu e do inferno, julgamento e Deus, mas eles não fazem isso. Pelo contrário, Deus escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes (1 Co 1.27). Jesus podia ter chamado a doze legiões de anjos para livrá-Lo da cruz (Mt 26.53), mas a cruz era o veículo que Deus havia escolhido para trazer salvação à humanidade. Deus quer que as pessoas se convençam do pecado e se voltem para Seu Filho, para serem salvas. Contudo, isso deve ser pelo poder do amor, e não por uma fé forçada ou por medo. Se Ele decidisse usar a força Ele até poderia atingir o Seu objetivo, mas seria por meios errados. Tiro_BraPort.indd 180 14.05.2007 16:51:23 Uhr Capítulo 9 • Homens Comuns – Mensagem Extraordinária 181 O Poder do Amor Mesmo de forma um pouco mais lenta, sabemos, com certeza, que o amor vencerá. O Evangelho é a expressão do amor, cujo canal é o evangelista; ou seja, Deus manifestando o Seu amor às pessoas por meio dos seus mensageiros. Os anjos executando essa tarefa não seria a mesma coisa. A glória de Deus será de que a batalha terá sido travada no nível humano, liderada pelo humano Filho de Deus. Não somos muito em nós mesmo; apenas frágeis unidades de consciência. Se Deus não conseguisse manter este planeta em uma temperatura absolutamente equilibrada, as pessoas logo desapareceriam. Somos criaturas caídas, com o intelecto limitado e o caráter danificado e manchado pelo pecado; por isso precisamos ser salvos. Entretanto, a humanidade é a chave para o plano divino do Senhor – plano que se estende pela perspectiva desconhecida de eternidade. Por nosso intermédio, Deus colocará um fim no mal e no arquiteto do mal, o diabo. E parte dessa vitória final é a presente ordem de pregação do Evangelho. Aliás, essa é a parte principal do atual plano. Os planos futuros estão além da nossa compreensão no momento; porém, a menos que assumamos a nossa parte agora, estaremos impedindo o maravilhoso esquema de Deus. A Necessidade de um Evangelismo Cruz-Cultural A conversão de Cornélio e toda a sua casa, por intermédio de Pedro, foi um dos primeiros atos do evangelismo cruz-cultural, e isso foi um avanço extremamente importante. Aquele acontecimento foi algo bastante singular e assombroso no mundo daquele tempo. Entre a simples cultura judia de Pedro, e a Tiro_BraPort.indd 181 14.05.2007 16:51:23 Uhr 182 O Tempo está se Esgotando afluência sofisticada de um oficial romano, havia um abismo de pensamentos tão extenso quanto o Grande Canyon. Geralmente os judeus não entravam em lares gentios; entretanto Deus deu uma visão a Pedro, que o ajudou a mudar a sua estreita mentalidade judia, quebrando tabus e tradições (At 10.10-17). Pedro entendeu o propósito mais amplo de Deus e, então, quando os mensageiros chegaram à Cesaréia, ele estava preparado para ir com eles. Esse trabalho especial de Deus na vida de Pedro aponta o caminho em direção a uma revolução mundial, a um novo tempo em que diferenças raciais não servem para nada, a não ser para o enriquecimento do conhecimento. Pedro tinha de se adaptar, exatamente como Jesus, como podemos observar em Filipenses: Pois Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz (Fp 2.6-8). Os servos de Deus devem procurar se identificar com as pessoas, em qualquer lugar que Deus os mandar. Quando Ananias foi enviado a visitar o assassino dos cristãos, Saulo de Tarso, que havia ficado cego pela luz da glória de Cristo, se dirigiu a ele como “irmão Saulo” (At 9.17). Esse tipo de reconciliação entre homens era uma expressão do que Deus estava procurando fazer para toda a humanidade. Esse foi um passo relativamente pequeno para Ananias, ou para Pedro, mas um pulo gigantesco para a humanidade – passo maior do que o dado por Neil Armstrong, quando saiu do módulo lunar da Apollo 11, no dia 20 de julho de 1969, para andar na superfície da lua. Tiro_BraPort.indd 182 14.05.2007 16:51:24 Uhr Capítulo 9 • Homens Comuns – Mensagem Extraordinária 183 Hudson Taylor (1832-1905) não foi o primeiro missionário na China; mas quando chegou ali, encontrou missionários cristãos mantendo aparência de europeus, vivendo em casas européias, e vestindo roupas européias. Para os chineses isso parecia uma invasão estrangeira. Então, para ser aceito pelo povo, Taylor adotou roupas e estilo chineses. O objetivo de Paulo era semelhante: Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei. Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem lei para Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei. Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de que, por todos os modos, salvar alguns. (1 Co 9.20-22). Por toda a África há igrejas com aparência inglesa, onde as pessoas cantam os hinos Ninguém determinou como o Filho de Deus ingleses. Por toda a América Latina há deveria parecer. Jesus igrejas com aparência americana, e onde não é produto de se cantam as canções gospel americanas. teologia sistemática. Entretanto, recentemente as coisas começaram a mudar. Os povos dessas nações estão criando suas próprias igrejas, com suas próprias canções, e o Evangelho está se espalhando rapidamente. Tudo isso nos diz a mesma coisa. Quando o propósito é por todos os meios salvar alguns, os meios para alcançar o fim são plenamente justificados. A maior força jamais conhecida, para operar mudanças, não foi programada para mudar as culturas, mas para fazer o demônio sair delas. Tiro_BraPort.indd 183 14.05.2007 16:51:24 Uhr 184 O Tempo está se Esgotando A Mensagem é Toda Sobre Jesus Vamos ver mais de perto a mensagem de salvação que o Senhor mandou Pedro pregar a Cornélio: Então, falou Pedro, dizendo: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável. Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel, anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos. Vós conheceis a palavra que se divulgou por toda a Judéia, tendo começado desde a Galiléia, depois do batismo que João pregou: como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele; e somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém; ao qual também tiraram a vida, pendurando-o no madeiro. A este ressuscitou Deus no terceiro dia e concedeu que fosse manifesto, não a todo o povo, mas às testemunhas que foram anteriormente escolhidas por Deus, isto é, a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressurgiu dentre os mortos; e nos mandou pregar ao povo e testificar que ele é quem foi constituído por Deus Juiz de vivos e de mortos.Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio de seu nome, todo aquele que nele crê recebe remissão de pecados. (At 10.34-43). Sem dúvida, este é um resumo do discurso de Pedro, com alguns destaques; podemos ver logo que Pedro falou somente sobre Jesus. Política, relações nacionais, e questões sociais, as quais agitavam as pessoas daquele tempo, sequer foram mencionadas. Pedro pregou apenas Jesus. Ele simplesmente falou Tiro_BraPort.indd 184 14.05.2007 16:51:24 Uhr Capítulo 9 • Homens Comuns – Mensagem Extraordinária 185 que Jesus era Senhor de tudo – e ainda é –, o verdadeiro ponto crucial da questão. A questão de comparação entre religiões é realmente uma questão de contraste; não existe quase nada compatível. Vamos tomar como exemplo os fundadores do islamismo e do budismo. Eles professam não ser mais do que canais. Maomé falou de suas visões; Buda falou da sua iluminação. Jesus não fez nenhum dos dois. Ele nunca reivindicou ser profeta; apenas disse que Ele era tudo o que eles professaram sobre ele. A verdade cristã não é uma série de declarações, ou um código de ética, ou um programa de observâncias religiosas. Jesus é a Verdade. Cristianismo é Cristo. Não temos necessidade de atacarmos o islamismo ou qualquer outra religião. Não precisamos atacar o modo de vida de qualquer pessoa, se moram no oeste, leste, norte ou sul. Tudo o que temos a fazer é simplesmente deixar as pessoas verem, por si mesmas, o que Jesus realmente é. Como a Bíblia coloca, precisamos encorajá-los a “provar e ver que o SENHOR é bom” (Sl 34.8). E Jesus sempre ganha. As pessoas não podem dizer nada contra Ele. Ninguém tem mais poder para salvar, curar, expulsar demônios, ou encher as pessoas de alegria. E ninguém pode dizer como Ele é, até encontrá-Lo. Vou colocar isso de uma outra maneira: ninguém determinou como o Filho de Deus deveria parecer. Jesus não é produto de teologia sistemática. Conheço muitos que dizem saber como Jesus deveria ser e o que deveria fazer; isso é simplesmente um absurdo. Podemos determinar padrões para a Miss Mundo ou para o Mister Universo, mas ninguém pode ditar padrões para Deus, ou para o Filho de Deus. Os acadêmicos que escreveram sobre o Jesus da História é que fazem esse jogo. Primeiro, eles fazem o seu próprio modelo ou ideal e, então, percorrem os Evangelhos, procurando brechas onde encaixar o Jesus deles. Tiro_BraPort.indd 185 14.05.2007 16:51:24 Uhr 186 O Tempo está se Esgotando Essencialmente eles produzem a imagem dEle, e então vão à Bíblia para ver se Ele está lá. Por aproximadamente um século os acadêmicos procuraram por um Jesus social, que não fazia milagres. Eles O projetaram de acordo com sua noção racional e preconcebida, mas não conseguiram montar as peças com convicção, mesmo depois de cem anos de tentativas. Jesus é muito grande para uma mente tão pequena como a nossa. Ele nunca se encaixou nos padrões de qualquer livro, deixando os acadêmicos dos Seus dias se debatendo e completamente perdidos. A rainha de Sabá se sentiu pequena diante da visão do esplendor do estilo de vida de Salomão; ela disse: Não me foi contado a metade (1 Re 10.7). Não chamamos Jesus de Filho de Deus por acharmos que Ele está à altura do que pensamos que Ele deveria ser. Qualquer verdade sobre Ele vem dEle mesmo, e todo o Seu ser reluz essas verdades. Nunca vou à África levando um livro de doutrinas; o que preciso ali é da Bíblia. É fácil evangelizar nas terras africanas se fico colado ao Livro dos livros. Afinal, meu objetivo é levar as pessoas a ter um relacionamento pessoal e dinâmico com Jesus. Só precisamos apresentar a verdade. Os demônios fogem, doenças desaparecem, corações maldosos são limpos, e feiticeiros se tornam santos. Em um de seus sermões Pedro disse: Não há salvação em nenhum outro exceto no nome de Jesus Cristo (At 4.12). Bem, até que essa declaração seja provada como sendo falsa, é inútil debater. Se é Ele quem salva, por que se virar para qualquer outro, ou mesmo querer experimentar o que as outras pessoas crêem? O boxeador Evander Holyfield e eu poderíamos organizar uma disputa de boxe, e alguns analistas desse esporte poderiam até encontrar algumas coisas que temos em comum: somos homens, temos orelhas, pés, e mãos … mas qual é o valor dessas comparações Tiro_BraPort.indd 186 14.05.2007 16:51:24 Uhr Capítulo 9 • Homens Comuns – Mensagem Extraordinária 187 todas antes da luta, se não posso estar à altura da sua rapidez e da sua força? É exatamente essa a questão com relação a Jesus! Ninguém está à altura dEle. É óbvio que podemos encontrar alguma moral e ética no hinduismo; mas será que o hinduismo salva? Ele pode lhe dar perdão, alegria e restauração? Teria o hinduismo, o islamismo ou o budismo um Salvador como Jesus, o Filho de Deus? Se não, qualquer conversa é perda de tempo. Tal discussão poderia lidar apenas com questões superficiais, e não com coisas que realmente importam. A menos que haja outro Cristo, nenhum debate é mesmo possível. O sermão de Pedro a Cornélio consistiu-se de três pontos importantes: 1. Uma descrição da unção de poder de Cristo, para curar e libertar a todos os oprimidos pelo diabo. 2. A crucificação de Jesus. 3. A ressurreição de Jesus. Então Pedro concluiu dando o significado desses fatos chave: Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio de seu nome, todo aquele que nele crê recebe remissão de pecados (At 10.43). Se essa mensagem não é relevante para o mundo nesse novo milênio, não consigo pensar o que poderia ser. Note que a mensagem de Deus era parte do pacote de coisas que realmente aconteceram; não era simplesmente uma coleção de idéias, revelações, visões ou iluminação. O Evangelho é pragmático; Deus nunca lidou com conceitos meramente filosóficos. Ele não fala sobre idéias abstratas da verdade e da bondade. Ele nos enviou Jesus que é a verdade e a bondade personificadas, de modo que podemos ver isso por nós mesmos. Tiro_BraPort.indd 187 14.05.2007 16:51:24 Uhr 188 O Tempo está se Esgotando Primeiramente precisamos conhecê-Lo pessoalmente; depois apresentá-Lo a outros. Podemos falar sobre Ele o quanto quisermos, e se o amarmos, é isso mesmo o que faremos. Aliás, uma vez que o conhecermos, não vamos mais conseguir ficar calados a Seu respeito! Tiro_BraPort.indd 188 14.05.2007 16:51:24 Uhr Capítulo 10 O EVANGELHO E O PECADO T em algo que eu ainda não disse sobre o pecado: não podemos evangelizar sem encará-lo. Essa é a tragédia básica da humanidade, e é por isso que devemos evangelizar; afinal de contas, o mundo todo fala muito pouco sobre isso. Se ninguém quebrasse um dos Dez Mandamentos, isso não seria notícia! O apetite do público é aguçado pelo escândalo. Contudo, para falar sobre pecado e evangelismo, de acordo com Palavra de Deus, devemos primeiro entender a relação entre o Antigo Testamento e os Evangelhos. O Antigo Testamento moldou as pessoas que escreveram o Novo Testamento, e devemos ler os Evangelhos à luz desse fato. O Antigo Testamento e os Evangelhos O evangelho de Marcos começa assim: Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus (Mc 1.1) Considero essa uma maneira estranha de começar um livro. Geralmente ninguém começa um livro, um artigo, ou um sermão dizendo: “Este é o começo”. Quando você abre um livro, por exemplo, creio que não tem nenhum problema em localizar o início do primeiro capítulo. Todavia, Marcos não estava simplesmente declarando o óbvio ou guiando estúpidos leitores ao começo de seu livro. O que ele estava dizendo era que esse era o começo do Evangelho propriamente dito. Tiro_BraPort.indd 189 14.05.2007 16:51:24 Uhr 190 O Tempo está se Esgotando Em seguida, Marcos faz menção ao Antigo Testamento e começa a citar o profeta Isaías. Sua abertura deveria ser lida assim, sem o ponto: “O início do Evangelho … como está escrito nos profetas”. O Antigo Testamento e a revelação contida nele era, na verdade, o início do Evangelho. Marcos quer que entendamos que a Boa Nova de Jesus Cristo não foi um rompante da preocupação divina. Ela sempre esteve lá – os profetas revelaram a notícia. O que Marcos diz, nos seus 16 capítulos, tem suas raízes nas Escrituras como ele as conheceu (por exemplo, o Antigo Testamento). Em sua carta aos Romanos, Paulo nos diz a mesma coisa: Ora, aquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos, e que, agora, se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para a obediência por fé, entre todas as nações (Rm 16.25,26). Isso nos leva a quatro coisas que precisamos saber sobre os Evangelhos, pois se relacionam com a nossa missão de evangelizar o mundo: Os Evangelhos São, em Si Mesmos, a Fonte do Evangelho A menos que conheçamos os Evangelhos, não poderemos conhecer a Palavra de Deus. Sem a base dos quatro evangelistas, não sabemos do que estamos falando. Um bom vendedor não é simplesmente um leiloeiro; ele deve conhecer o que está vendendo. Para qualquer pessoa que está evangelizando, testemunhando, ou ensinando, o manual básico são os quatro evangelhos. Tiro_BraPort.indd 190 14.05.2007 16:51:25 Uhr Capítulo 10 • O Evangelho e o Pecado 191 Os Evangelhos nos Apresentam Jesus, e Ele é o Evangelho O Evangelho não é somente perdão ou cura, ou como fazer Deus aparecer e realizar as coisas para nós, como se fosse o gênio de Aladim. O Evangelho também não é sobre o que a fé pode fazer por nós; mas, sim, o que Jesus pode fazer por nós. Tenho observado que existe um grande número de ministérios através de vídeos, fitas, livros, etc., e todos preocupados com o sensacional e o sobrenatural, visando criar Se ninguém fé para as coisas acontecerem. Olhando o quebrasse um dos catálogo de fitas de áudio disponíveis de Dez Mandamentos, vários pregadores internacionais, notei que isso não seria notícia! geralmente eles têm um mesmo tema: o tra- O apetite do público balho sobrenatural da fé. Entretanto, os prié aguçado pelo meiros cristãos não procuraram nada desse escândalo. tipo; buscaram santidade e sabedoria para ganhar o perdido – e sinais e maravilhas se seguiram. Eles não estavam buscando poder para impressionar ou assustar, e nem querendo receber atenção; tampouco procuravam por sinais e sensações. O interesse deles estava no amor de Jesus, e seu objetivo era a glória de Deus e não ganhos ou vantagens próprios. Evangelização é a Pregação da Palavra, Pela Palavra Existe uma infinidade de livros, artigos e sermões de fonte cristã; entretanto, todos, quase que freqüentemente, contêm somente o que os escritores e pregadores pensam sobre os temas – têm pouco ou nada a ver com a Bíblia. Somos ministros da Palavra e não refletores da moral. Muitos pregam coisas boas, interessantes e sábias, e colocam junto suas próprias idéias e ideais; todavia, isso pode se tornar um hábito, no qual nós facilmente caímos. Tiro_BraPort.indd 191 14.05.2007 16:51:25 Uhr 192 O Tempo está se Esgotando Ministrar a Palavra significa estar diariamente sob a influência dela, como se fosse um amigo chegado. Significa, se possível, reagir naturalmente ao amor dessa Palavra. Se cultivarmos o hábito da disciplina, do estudo, da meditação e da meditação na Palavra de Deus, teremos um ganho Ministrar a Palavra imenso. Sei que a maioria das pessoas não significa estar nasce com essa postura, mas podem ter a diariamente sob ajuda daqueles que têm esse dom em para influência dela, ticular. Podemos nos alimentar do que eles como se fosse um provêem e, daí, alimentar o nosso rebanho. amigo chegado Por qualquer meio, de qualquer maneira, o que dissermos deve ter vida na Palavra de Deus. O Salmo 104.16 nos diz que, as árvores do Senhor estão cheias de seiva, não encharcadas – simples histórias ou romances. As ilustrações deveriam servir para ilustrar a Palavra, e não meramente entreter as pessoas. Afinal, é a Palavra que converte. A Bíblia Inteira é o Evangelho Fomos chamados para declarar todo o desígnio de Deus (At 20.27), não simplesmente um conceito que chamamos de evangelho, o qual é freqüentemente apresentado como meia dúzia de idéias abstratas e completadas com textos para apoiálas. Somos nascidos de novo através de toda a Palavra de Deus. Vamos dar uma olhada nas Escrituras: Pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente. Pois toda carne é como a erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor; a palavra do Senhor, porém, permanece eternamente. Ora, esta é a palavra que vos foi evangelizada. (1 Pe 1.23-25). Tiro_BraPort.indd 192 14.05.2007 16:51:25 Uhr Capítulo 10 • O Evangelho e o Pecado 193 Pedro está dizendo aqui nesses versículos que a Palavra de Deus é o Evangelho. A tradução literal é: “O que Deus falou dura para sempre. O que Ele disse é a mensagem do evangelho que tem sido proclamada a você”. (Comentário da Palavra por Richard J. Bauckham.) Devemos nos lembrar de que, para Pedro, a Palavra de Deus era principalmente o Antigo Testamento, pois o Novo Testamento ainda estava sendo escrito. Assim vemos que a Palavra de Deus é o Evangelho, e que o Evangelho é a Palavra de Deus. Os termos são intercambiáveis. O Evangelho não é um fragmento da Bíblia mas, sim, toda ela. Os quatro Evangelhos chegam a nós envolvidos nas páginas do Antigo Testamento. Nossa mensagem ao mundo pagão é, portanto, entesourada como relíquia em toda a Palavra de Deus. [1] A Queda e a Ascensão do Homem Gênesis 3 de 1 a 24 nos conta sobre a queda do homem. O pecado é o elo entre o Antigo Testamento e os Evangelhos. Qualquer livro sobre evangelismo seria incompleto sem a discussão a respeito do pecado. O O Antigo Testamento evangelho que pregamos é o de que Jesus nos ensina que por trás do nosso pecado, nos salvou do pecado. Vejo esse mal por existe O PECADO todo o mundo, profundamente enraizado – um instinto de pecar na natureza humana. É como a lepra, um que nos trai a todos vírus na corrente sanguínea. Seu sintoma é danoso, sinistro e feio, e só desaparece quando a doença se vai. Naamã (ver 2 Reis 5) era um dignitário da Síria; porém um dignitário enfermo, condecorado com a morte. Ele veio com um séqüito de carruagens e bandeiras, resplandecendo com honras militares, mas escondido debaixo do seu uniforme. Era um homem contaminado com as purulentas feridas dos leprosos – retrato da pompa desse mundo. Tiro_BraPort.indd 193 14.05.2007 16:51:25 Uhr 194 O Tempo está se Esgotando As pessoas até podem admitir uma falha aqui, outra ali, procurar perdão para isso ou aquilo; mas isso não vai acontecer. É como tentar curar as feridas de um leproso usando apenas algumas ataduras. Não estamos falando de uma ou duas manchas, mas de uma legião do mal. O Antigo Testamento nos ensina que por trás do nosso pecado, existe O PECADO – um instinto de pecar que nos trai a todos (Is 59.7,8). O pecado é uma nuvem negra neutralizando cada boa ação nossa; um preconceito destrutivo. Muitos já estão acostumados a confessar os pecados serem absolvidos. Entretanto a minha mensagem é mais que absolvição; é libertação! Glória a Deus! A salvação não apenas nos; ela abre as portas da prisão! A natureza humana traz em si a semente da sua própria ruína. Paulo disse que, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim (Rm 7.21). O Antigo Testamento é a maior exposição da falha humana jamais escrita. De Gênesis a Malaquias a Palavra aponta para homens e mulheres, declarando-os fundamentalmente fracassados. A raça de Adão é uma raça caída; isso é mostrado em toda a tragédia e loucura relatadas do Jardim do Éden para frente. Não há quem faça o bem, não há nenhum sequer (Sl 14.3). O Evangelho, porém, vai até à raiz do problema. As pessoas pecam por causa do que são e, por isso, precisam de uma mudança de natureza. Elas não pecam somente algumas vezes; são pecadoras por herança. É uma verdadeira linhagem de imperfeição. A doença, a pobreza e a ignorância são males meramente derivados. Eles são o amargo fruto da raiz do pecado. Você não vai resolver o problema da raiz curando, ou educando, e nem redistribuindo riquezas. Devemos fazer o que podemos para aliviar esses problemas, mas a primeira coisa a ser lembrada é que essas mazelas são frutos do que as pessoas são. Coisas más não acontecem simplesmente como um nevoeiro sob o mar; nós as causamos. Tiro_BraPort.indd 194 14.05.2007 16:51:25 Uhr Capítulo 10 • O Evangelho e o Pecado 195 O problema é que dirigimos nossa vida sozinhos, quando nossa habilitação não nos permite isso. Acidentes ocorrem como resultado da má direção; porém, a má direção acontece porque dirigimos sem uma orientação, sem um co-piloto. Muitos ímpios se sentam no banco do motorista, e assumem a direção da vida, mas o julgamento na corte do céu não é somente sobre alguns pontos na nossa carteira de motorista. Durante toda a vida de Jeremias ele contemplou a nação de Israel andando sem o Senhor Deus, e clamou: Eu sei, ó SENHOR, que não cabe ao homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus passos. (Jr 10.23). Uma excelente concordância bíblica cita mais de 800 referências a respeito do coração do homem; dessas, 700 estão no Antigo Testamento. Jeremias 17.9 resume isso: Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto. Pecadores é o que somos. Nosso coração é mal. Jesus disse que se a luz dos seus olhos é treva, que grandes trevas serão! (Mt 6.23). A humanidade é espiritualmente astigmática: o que parece certo, não é; afinal, sem Deus temos uma visão deformada da nossa existência. O mundo continua agindo como se todos fôssemos seres angelicais, e que só cometemos deslizes ocasionalmente. Nossa política é sermos bons enquanto isso serve para nosso conforto pessoal ou consciência. As A grande habilidade de Satanás era autoridades só podem legislar contra as colocar “deuses” falhas das pessoas e punir aqueles que dão no caminho da uma “escorregada”; porém nada podem humanidade. fazer para extirpar a raiz do nosso problema. O pecado é endêmico na vida humana, e esse é um vírus que nenhum laboratório médico poderá erradicar. Paulo clamou: Quem me livrará do corpo dessa morte? Graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor! (Rm 7.24,25). A letra de um Tiro_BraPort.indd 195 14.05.2007 16:51:25 Uhr 196 O Tempo está se Esgotando antigo hino dizia: “Sou apenas um pecador, salvo pela graça”. Não me sinto muito à vontade em cantar isso, pois não somos mais apenas pecadores. Os crentes agora são filhos de Deus, redimidos, com uma nova natureza, contrária ao pecado. Talvez até pequemos, mas não somos mais “pecadores”. Nunca veremos os anjos, no céu, cochichando uns com os outros enquanto passamos pelo longo corredor de ouro, dizendo: “Agora eles estão bem, mas você deveria ver como eles eram. O Senhor encobriu tudo, você sabe”. Não viemos diante de Deus como perdoados, mas como justificados pela fé. Devemos andar em santidade, em glória, em Cristo. Em 1 João 3.9, lemos: Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus. Estevão foi martirizado porque ele penetrou no coração da natureza humana. Ele disse, diante de seus algozes, que a raiz dos problemas, a causa do pecado, era a resistência a Deus (At 7.51). Os líderes religiosos o odiaram por confrontá-los com a verdade. Adão e Eva não comeram simplesmente do fruto proibido; eles também tinham um plano de independência e, por isso, procuraram fugir da face de Deus. A grande habilidade de Satanás era colocar “deuses” no caminho da humanidade. Mas o Evangelho atinge o demônio direto na sua jugular: • O Evangelho não somente muda as nossas idéias, ele também muda nosso coração. • O Evangelho não é o poder do pensamento positivo. • Também não é simplesmente um encorajamento para agir como filhos de Deus. • Não é “tudo é mente”. Tiro_BraPort.indd 196 14.05.2007 16:51:25 Uhr Capítulo 10 • O Evangelho e o Pecado 197 • Não é subjetivo, mas objetivo. • Não é uma adaptação psicológica, mas um milagre divino. • Não é um Evangelho de auto-ajuda, mas um Evangelho para o desamparado. Para termos igrejas verdadeiramente cristãs, elas precisam ser compostas por pessoas que foram libertas. O pior de todos os defeitos de personalidade é o orgulho em nossa auto-suficiência e bondade; esse é um pecado pagão. Todas as nossas justiças são como trapos de imundícia (Is 64.6). Muitas pessoas, às vezes, se unem à igreja porque tudo ali é “tão bom” – pessoas amáveis, música agradável, bons programas, atividades para as crianças, multidão de amigos, reuniões sociais, líderes amáveis, e até mesmo fé para curar. É assim mesmo que tudo deveria ser; mas cristianismo é, primariamente, o Salvador. Só pudemos vir a Deus quando esse Salvador nos salvou. E a menos que passemos a responsabilidade da nossa vida para Ele, seremos responsáveis no dia do julgamento por nossa própria vida, nossos pecados e, particularmente, pelo pecado de rejeitar a Cristo. Para conhecê-Lo, precisamos conhecer o Seu poder salvador. Pecadores salvos, pelo poder salvador de Cristo, formam igrejas verdadeiras. Os crentes nascidos de novo também estão sujeitos a pecar também, mas há uma diferença: eles permanecem na família de Deus. João termina sua primeira epístola com as seguintes palavras: Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue (1 Jo 5.16). Tiro_BraPort.indd 197 14.05.2007 16:51:26 Uhr 198 O Tempo está se Esgotando O que ele quer dizer com isso? João está falando sobre a diferença entre o pecar enquanto estamos em Cristo, e o princípio do pecado. Ele explicou esse princípio associando-o ao do anticristo, ou seja, negar o Senhor. Pecado é rebeldia. Efésios 2.2 descreve a humanidade como os filhos da desobediência – filhos e filhas da grande rebelião mundial. Até a vinda de Cristo ao mundo os pecados estavam encobertos. Havia, porém, uma essência de alienação que nunca mudou. O trabalho de Cristo era a reconciliação. Ele trouxe a paz e reconciliou o mundo com Deus, na cruz. Ele lidou com a rebelião, nos fez Seus filhos, e nos trouxe de volta para casa. Embora continuemos a pecar, isso não mais nos afasta de Deus. Se um ladrão joga uma pedra na sua janela, ele é um criminoso. Se seu próprio filho faz isso, ele não é. Isso me faz lembrar da história do homem na reunião de oração. Semana após semana ele repetia as mesmas palavra diante de Deus, dizendo: “Senhor, limpa a minha vida, tira fora as teias”. Finalmente, depois de ter ouviu o bastante sobre as teias de aranha do daquele homem, um outro gritou: “Senhor! Mate a aranha!” As pessoas mais religiosas do Antigo Testamento falaram sobre perdão; entretanto elas sabiam que sua Se um ladrão necessidade fundamental era relacionajoga uma pedra mento com Deus. Essa é a maravilha do na sua janela, entendimento religioso hebreu. Os pagãos, ele é um criminoso. por sua vez, nunca tiveram nem a mais leve Se seu próprio concepção de tal coisa – e nada mudou filho faz isso, desde lá! Israel estava mais preocupado ele não é. sobre Deus estar com eles, do que com qualquer perdão superficial para a injustiça. O Senhor estava preparando o Seu povo para receber o Evangelho. As pessoas Tiro_BraPort.indd 198 14.05.2007 16:51:26 Uhr Capítulo 10 • O Evangelho e o Pecado 199 judias procuravam, antes de tudo, que Deus não virasse o Seu rosto deles. Uma vez ao ano, no Dia da Expiação, o sumo sacerdote entrava na presença de Deus (Lv 16.34); quando ele saía, o povo tinha a garantia de que Deus continuava no meio deles. Isso, porém, era apenas uma sombra das coisas boas que estavam por vir (Hb 10.1); a realidade veio na Pessoa de Cristo. O cristão vem até à presença de Jesus por um novo e vivo caminho. O Senhor Jesus disse: Eu sou o caminho (Jo 14.6). Quando a carne do nosso Senhor Jesus foi rasgada na cruz, o véu do Templo, em Jerusalém, também foi completamente rasgado (Lc 23.45). O Santo dos santos continua aberto para qualquer um entrar. Jesus, de uma vez por todas, fez a verdadeira expiação. Ao lermos o Antigo Testamento, vemos Davi, um homem à frente do seu tempo. Ele se agarrou ao fato de que o Senhor Deus estava com ele. Essa era uma profunda velação e convicção. Poucos se agarraram a isso como ele o fez. E o alcance cristão dessa revelação é ainda maior. Cristo não somente perdoa, como também nos reconcilia com Deus. Ele não traz somente o perdão para os nossos pecados; também nos traz de volta para Deus, nos traz para casa e coloca o Seu amor em nosso coração, pelo Espírito Santo (Rm 5.5). Fazendo-nos amar o que odiamos e odiar o que amamos, Ele derruba as muralhas que nos separam de Deus. Essa gloriosa verdade está completamente fora do pensamento das outras religiões da terra; exceto no do cristianismo. Isso é raro; é o Evangelho como ele realmente é. Ele lida com o PECADO, não somente com os pecados. Nota [1]. Podemos usar as histórias do Antigo Testamento para ilustrar o Evangelho, mas não era isso o pretendido. Essas histórias e tudo o que aí lemos falam por si mesmos. Cada uma contém o seu próprio tema, sua própria revelação da verdade. Elas não Tiro_BraPort.indd 199 14.05.2007 16:51:26 Uhr 200 O Tempo está se Esgotando são alegorias da verdade, mas cada uma contém sua própria verdade. Não devemos ver nelas o conteúdo de algum pensamento neotestamentário. Em vez disso, o que ocorre é que os acontecimentos do Antigo Testamento cooperam conjuntamente para a revelação futura da verdade em Cristo. Tiro_BraPort.indd 200 14.05.2007 16:51:26 Uhr Capítulo 11 O EVANGELISMO NOS EVANGELHOS N a maravilhosa história que Jesus contou, sobre o filho pródigo, o pai não somente perdoou a seu filho, mas também o recebeu de volta na família. Ele poderia ter dado ao jovem uma garantia simplesmente verbal de perdão por sua insensatez; ele não era obrigado a deixá-lo altrapassar a soleira da porta. O pai poderia ter dito simplesmente: “Eu o perdôo; mas agora pode voltar a cuidar dos porcos. Vou supervisionar o que você faz”. Porém, em vez disso, correu e o beijou (Lc 15.20). (O tempo grego do verbo usado nessa passagem significa “continuou beijando-o”). Ele trouxe o seu filho para casa, o vestiu, o alimentou, e o reintegrou nos seus afetos. Esse é um belo exemplo de como Deus é. Essa garantia do amor do Pai por nós também esta lá no Antigo Testamento, mas aparece apenas subentendido. Temos de procurá-la, mas está bem lá, desde o princípio. No Novo Testamento, entretanto, ela se torna uma verdade escancarada. O princípio do pecado acaba: O pecado não terá domínio sobre vós (Rm 6.14). Não somente um ou outro pecado, mas todo. Podemos até mesmo ter um grande pecado, mas ele não terá raiz, uma vez que somos salvos por Cristo. Esse é o Evangelho que devemos levar ao mundo. Mas como um evangelista como eu olha os quatro Evangelhos? Para mim eles são a revelação de Deus do Seu Filho Jesus. Não há livro no mundo como eles. Eles não nos trazem simplesmente a história da vida de Jesus, tampouco biografias interessantes ou histórias. Pelo menos não os vejo dessa forma. Aliás, eu creio que Tiro_BraPort.indd 201 14.05.2007 16:51:26 Uhr 202 O Tempo está se Esgotando são livros especialmente inspirados pelo Espírito Santo para o Seu próprio uso. Eles são feitos para se encaixarem em Sua mão, como uma ferramenta feita sob medida. Ele usa os evangelhos como uma maneira de nos mostrar o que Ele quer que saibamos sobre Jesus. Ele pode até usar outros livros e outros meios, mas os Evangelhos são a origem do que Ele revela sobre o Filho. Milagres também testemunham de Cristo, mas primeiro temos de descobrir sobre qual Cristo. O Espírito Santo abre nossa mente ao verdadeiro Filho, através dos Evangelhos. Ele primeiramente nos deu os Evangelhos, e agora nos dá discernimento para ver neles a glória de Cristo. O Evangelho Segundo Mateus O Evangelho de Mateus apresenta dois grandes temas relacionados: o reino de Deus e o Senhorio, ou autoridade de Jesus Cristo. O Senhorio de Jesus A essência da mensagem da Igreja Primitiva era: Jesus é Senhor. Milhares morreram por se atreverem a dizer isso. O que eles diziam era que Jesus é Senhor agora, não apenas em um tempo futuro, indefinido. Ele é Senhor. Jesus mesmo disse: Toda autoridade Me foi dada no céu e na terra (Mt 28.18). Nunca vamos coroá-Lo pois, geralmente o maior coroa o menor, e não o contrário. Ele pode nos entronizar, mas não podemos colocá-Lo no trono. Não podemos escolhê-Lo como Rei, nem Ele é eleito democraticamente. Ele está no trono por Seu próprio direito como Criador e Salvador. Somente Ele é digno e ninguém mais. Tiro_BraPort.indd 202 14.05.2007 16:51:26 Uhr Capítulo 11 • O Evangelismo nos Evangelhos 203 Evangelismo é proclamar Jesus como Senhor. Ele pode salvar porque é Senhor em cada dimensão, em cada esfera. O mundo resiste mas, no final, ele tem de se render. Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai (Fp 2.10,11). Esse é o tipo de linguagem que Paulo usa quando fala sobre ser embaixadores com uma mensagem de reconciliação (2 Co 5.18-20). Por duas vezes Jesus enviou seus discípulos a pregar; primeiro os Doze (Mt 10.1) e, depois, os Setenta (Lc 10.1). E, por meio deles, estendeu Sua como um evangelista como eu olha os autoridade terrena, até que suas viagens quatro Evangelhos? missionárias se completassem. Mais tarde, Para mim eles são a no Dia de Pentecoste, essa autoridade revelação de Deus entendida foi renovada e se tornou perma- do Seu Filho Jesus. nente, alcançando todo o globo. Paulo, em sua pregação em Atenas, disse: O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra […] agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos (At 17.24,30,31). A verdade ardente dos primeiros pregadores do Evangelho é: Arrependei! Jesus é o Senhor, Seu reino assume o mundo, e Ele está voltando para reinar como Senhor dos senhores. Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira (Sl 2.12). Ele é Senhor, independentemente de o mundo O aceitar ou não. Tiro_BraPort.indd 203 14.05.2007 16:51:26 Uhr 204 O Tempo está se Esgotando O Reino de Deus A Bíblia diz que Jesus deu a Pedro as chaves do Reino (Mt 16.19). É claro que isso não significa que ele carregou as chaves de ouro dos portões do céu, como muitos imaginam! A chave do Reino é o Evangelho. Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus (Jo 3.3) Pedro não foi o único de nós a quem foram dadas as chaves, mas foi o primeiro a usá-las, no Dia de Pentecoste (At 2.14-41). Ele também foi o primeiro a usá-las para conduzir um europeu, Cornélio, ao Reino (At 10.48). O apóstolo Pedro escancarou os portões para judeus e gentios. Vamos dar uma olhada em Mateus 11.12 e 13 para entendermos um pouco mais sobre o que isso significa: Desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele. Porque todos os Profetas e a Lei profetizaram até João. Sei que esse versículo é considerado uma passagem difícil, mas uma coisa é clara: até João Batista o Reino não havia chegado. João pregou, dizendo: Arrependei-vos, Nunca vamos porque está próximo o reino dos céus! (Mt 3.2). coroá-Lo pois, Jesus começou o Seu ministério com essa geralmente o maior mesma mensagem (Mt 4.17). A mensagem coroa o menor, do Reino são as Boas Novas tão faladas por e não o contrário. Mateus. Elas são novas “novas”. O Evangelho do Reino é também a nossa mensagem. Entretanto, ela tomou nova forma desde os acontecimentos no Calvário e na Ressurreição. Somos filhos do Reino (Mt 13.38), proclamando a necessidade de submissão a Cristo como Senhor e ao chamado Tiro_BraPort.indd 204 14.05.2007 16:51:26 Uhr Capítulo 11 • O Evangelismo nos Evangelhos 205 ao arrependimento, de modo que todo aquele que o faz, possa entrar no Reino com todas as riquezas e glórias. Não somos negociantes de doutrina. Estamos fazendoum anúncio histórico, uma proclamação. O Evangelho proclama a Cristo como Rei!! Como filhos de Deus, vivemos sob uma nova ordem centralizada de Cristo: [Ele] que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz. Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor (Cl 1.12,13). O mundo é um território ocupado por rebeldes. Houve uma época em que todo ele viveu sob as regras satânicas e opressoras (1 Jo 5.19); porém, quando Jesus entrou na batalha, as forças do reino de Deus começaram a se firmar. Pela primeira vez os demônios foram expulsos obedecendo a uma ordem, como sinal da autoridade do reino de Cristo. Agora, pela vitória final do Senhor, desapossamos o demônio, provando que somos mais que vencedores por meio d’Aquele que nos amou (Rm 8.37). Evangelismo é batalha espiritual – cada vez que avançamos com o Evangelho, fazemos as forças das trevas recuarem. Paulo fala sobre as armas da nossa luta como sendo a Palavra de Deus (2 Co 10.3-5; Ef 6.17). Dirigir-nos ao demônio em oração, orando contra ele em um tipo de combate corpo a corpo, é desconhecido nas Escrituras. Temos a metáfora de Paulo, de vestir toda a armadura de Deus; contudo, cada item – capacete, couraça, escudo, etc. – é para proteção; exceto a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus (Ef 6.11-17). “Lutamos corpo a corpo” contra essas forças espirituais (Ef 6.12), mas a Bíblia nunca diz que a oração sozinha vai ganhar a batalha. Concordamos que a oração tem lugar vital, mas ela nunca foi designada como uma arma ativa. Tiro_BraPort.indd 205 14.05.2007 16:51:27 Uhr 206 O Tempo está se Esgotando Não criamos o nosso próprio poder e autoridade pela oração. Já temos autoridade em Cristo, que nos é dada através da vitória de Jesus. Lemos, em Apocalipse, que foi expulso o acusador de nossos irmãos … Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho (Ap 12.10,11). Seremos vitoriosos pela palavra do nosso A verdade ardente dos testemunho, e não somente pelo testemuprimeiros pregadores nho. A palavra do nosso testemunho, por do Evangelho é: sua vez, é testemunho que ativa a Palavra. Arrependei! Em Hebreus 4.12 lemos: Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes. Em outras palavras, não encontramos testemunho eficaz na eloqüência, mas na mensagem divina. Estamos aqui como servos do Rei, que é o Senhor do céu e da terra. Pela Palavra de Deus, ungida pelo Espírito, podemos pregar o Evangelho com autoridade, chamando as pessoas ao arrependimento; temos nossa autoridade confirmada por sinais e maravilhas. É isso que é um evangelista e é isso o que ele foi designado a fazer. Mateus nos fornece uma fórmula clássica para cumprirmos a Grande Comissão. O Evangelho Segundo Marcos O Evangelho de Marcos é muito pessoal, apesar do fato de o autor não ser um apóstolo, e talvez nunca ter encontrado Jesus pessoalmente. Um dos escritores da Igreja Primitiva disse que Marcos escreveu o que ele ouviu Pedro dizer. Creio que há realmente muitas evidências de que alguém, por trás do Evangelho de Marcos, observou Jesus de perto; alguém que O conhecia intimamente. Marcos usa a palavra “imediatamente” com muita freqüência. Esse aspecto do ministério de Jesus chocou Pedro, como era de se esperar. O próprio Pedro era uma pessoa “apressada”, e logo percebeu que Jesus não ficou por aí, perambulando, Tiro_BraPort.indd 206 14.05.2007 16:51:27 Uhr Capítulo 11 • O Evangelismo nos Evangelhos 207 mas fez o que tinha de ser feito. Entretanto, havia uma diferença entre eles: Pedro era impulsivo, ao passo que Jesus agia com perfeita sabedoria. Mateus e Lucas começam seus livros falando sobre o nascimento de Jesus, e João fala sobre a obra da Palavra no princípio de tudo (Jo 1.1). A boa notícia é pessoal: Marcos não começa como os outros – nem alguém está vindo! pastores, nem homens sábios e nem anjos. Isso é típico de Deus. Ele começa citando os profetas Isaías e Ele não envia Malaquias. idéias às pessoas … Ele envia as próprias pessoas. Ele enviou Jesus e agora Ele nos envia. Vimos que as Boas Novas começam no Antigo Testamento. Os profetas, de modo geral, falaram de transtornos males acontecendo em Israel; todavia, no meio de todo o problema que Israel trouxe sobre si mesmo, havia as Boas Novas: “Consolai, consolai o meu povo”, diz o vosso Deus. “Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo da sua milícia, que a sua iniqüidade está perdoada e que já recebeu em dobro das mãos do SENHOR por todos os seus pecados”. Voz do que clama no deserto: “Preparai o caminho do SENHOR […] A glória do SENHOR se manifestará, e toda a carne a verá, pois a boca do SENHOR o disse.” (Is 40.1-3,5) As Boas Novas não são algum novo ensinamento ou algum novo dom, mas um homem – uma voz clamando no deserto – disse que devemos preparar para a vinda do próprio Senhor. A boa notícia é pessoal: alguém está vindo! Isso é típico de Deus. Ele não envia idéias às pessoas … Ele envia as próprias pessoas. Ele enviou Jesus e agora Ele nos envia. Tiro_BraPort.indd 207 14.05.2007 16:51:27 Uhr 208 O Tempo está se Esgotando O Evangelho não é apenas doutrina, mas também algo pessoal. Fazemos com que as pessoas se tornem cristãs unido-as a Jesus, e não a certos ensinos evangélicos; mesmo que o ensino seja importante (Mt 18.18-20). Jesus disse: aquele que vem a mim, de maneira nenhuma o lançarei fora (Jo 6.37). Cristianismo é relacionamento, não um credo; daí podemos concluir que nosso papel como evangelistas ou testemunhas, nós mesmos, como pessoas, somos importantes. Nossa personalidade e Cristo combinam nesse trabalho. João Batista era um profeta, e apresentou Jesus. Podemos ser pessoas comuns, mas estamos fazendo o mesmo que João. Evangelismo também é uma questão de personalidade – homens e mulheres apresentando o Homem, Jesus Cristo. Qualquer que seja o meio que usamos para comunicar o Evangelho – rádios, jornais, fitas, televisão – de qualquer maneira há o toque pessoal. Pode haver muito da primeira pessoa, o “eu” no que dizemos porque o Espírito Santo ministra por intermédio de nós, para desvendar o Jesus vivo. A integridade – uma descrição leal da verdade em Cristo – precisa estar presente no espírito de um verdadeiro evangelista. Esse espírito contrasta com o espírito evangelístico a que muitas famílias estão acostumadas – tipo “fogo e enxofre”, com o dedo ameaçador apontando para seus ouvintes e pregando às pessoas. Marcos não tem nada disso. Ele conta a história e só. Ele deixa o Espírito de Deus fazer o Seu próprio trabalho – não podemos fazer por Ele. Nosso trabalho é proclamar a verdade. Quando nós mesmos conhecemos a Jesus, nossas palavras, cheias de sinceridade, carregarão toda a convicção necessária. Para os intransigentes, e aqueles que não crêem em seu coração, debates e argumentação são inúteis. Portanto, deixa Deus tomar conta. Algumas pessoas precisam viajar por estradas acidentadas para poderem encontrar o Senhor. Tiro_BraPort.indd 208 14.05.2007 16:51:27 Uhr Capítulo 11 • O Evangelismo nos Evangelhos 209 Apresentar o Evangelho por meio de debates ou argumentos pode ser inútil. A fé não se baseia na lógica e nem vem por meio da sabedoria das palavras. Se afirmamos a verdade, se sabemos a verdade, e se conhecemos a Jesus, então, sim. “Um homem convencido contra a sua vontade, continua com a mesma opinião”, diz o provérbio. O Evangelho de Marcos julga os leitores. Se eles são humildes, abertos e receptivos, eles crerão; entretanto, os orgulhosos de seus próprios interesses não crerão. Eles exigirão provas, as quais não são dadas, exceto aos crentes. Creia e você verá. Se uma pessoa não crer, não poderá ver a Deus, mesmo se Ele abrir os céus e descer na sua frente (Lc 16.31; Jo 20.29). Aliás, foi exatamente isso o que Jesus fez! Através de Marcos, Pedro nos mostra como evangelizar: pregue a Cristo, conheça-O melhor, testifique dEle como a Palavra diz que Ele é. O Evangelho de Marcos foi chamado de “paixão narrativa com um prólogo”. A cruz Quando nós mesmos conhecemos a Jesus, de Cristo projeta sua sombra até a metade nossas palavras, do livro. Não se fala muito sobre a ressur- cheias de sinceridade, reição – somente 14 versos. É do Jesus que carregarão toda a andou na Galiléia e foi à cruz que Pedro convicção necessária. se lembra. Evangelismo é isso: um homem falando sobre um Homem a quem ele conhece e ama – Jesus, o Homem e o Cristo. O Evangelho Segundo Lucas O começo do Evangelho de Lucas estabelece o tema geral e o caráter do livro. Ele começa com um pacato casal de velhos, Zacarias e Elisabete, considerados profundamente infelizes porque não tinha nenhum filho. Esse casal pertencia à tribo de sacerdotes. Para eles, não ter herdeiros era uma enorme tristeza. Assim, para anunciar a vinda do Seu Filho, Deus abençoou esse casal de idosos com uma criança bem ilustre, a quem chamaram Tiro_BraPort.indd 209 14.05.2007 16:51:27 Uhr 210 O Tempo está se Esgotando João Batista. A seu respeito Jesus disse que, entre os nascidos de mulher, ninguém havia maior do que João (Lc 7.28). Minha própria impressão sobre Lucas é que ele se preocupa com as pessoas destituídas, bem como parece focalizar bastante as pessoas ricas e bem conhecidas, pois as vê como destituídas espiritualmente. O Pobre Rico A Boa Nova de Lucas é para esses que perderam a vida, os forasteiros, especialmente aqueles que tiveram o melhor da vida aos olhos da maioria – pessoas como Herodes e os líderes espirituais de Israel. Na segunda obra de Lucas, o livro de Atos, ele continua no mesmo estilo. Paulo prega para Felix e Agripa, e para seus cortesões reais e familiares; podemos até mesmo identificar sentimento de pena nas palavras do apóstolo. Paulo exclama: Assim Deus permitisse que, por pouco ou por muito, não apenas tu, ó rei, porém todos os que hoje me ouvem se tornassem tais qual eu sou, exceto estas cadeias (At 26.29). Esse é quase o tema chave de Lucas e Atos: evangelismo ao rico destituído. Lucas se preocupa com as pessoas destituídas, bem como parece focalizar bastante as pessoas ricas e bem conhecidas, pois as vê como destituídas espiritualmente. O evangelho de Lucas é cheio desses exemplos. Jesus encontra um homem que tem uma questão sobre herança, uma certa quantia que pertence a ele. Jesus lhe mostra que dinheiro pode ser uma maldição e que ele deveria se envolver com outras coisas, procurando a felicidade em outra direção: … porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui (Lc 12.15). Ele fala desses que querem se sentar no lugar de honra de uma mesa de banquete, e mostra que seriam mais felizes se sentassem em lugares menos importantes (Lc 14.8-10). Tiro_BraPort.indd 210 14.05.2007 16:51:27 Uhr Capítulo 11 • O Evangelismo nos Evangelhos 211 Jesus analisa essa questão nas seguintes histórias: a. O pastor com cem ovelhas que está preocupado por ter perdido uma (15.4-7). b. A mulher que tinha dez moedas, mas estava quase em pânico porque ela havia perdido uma delas (15.8-10). c. Um pai e dois filhos, todos afetados por posses de alguma maneira prejudiciais: o pródigo que pensa que o dinheiro vai lhe trazer vida; o outro filho que tem tudo, mas seu coração está imundo e se recusa a se juntar à alegria; o pai, cujo dinheiro trouxe tanto a tristeza de perder o pródigo, como o ressentimento do filho mais velho pela volta do pródigo (15.11-32). Também há a história do mendigo Lázaro e do homem rico, que passava por ele todos os dias. Ambos morreram, mas o homem rico foi para o inferno, implorando – tardiamente – pela ajuda de Lázaro, que foi para o céu (16.19-31). Jesus também mostra preocupação com o “pobre rico”. Mais de um quarto das referencias à pobreza e ao pobre, no Novo Testamento, são encontradas no livro de Lucas. Os pobres materialmente – aqueles que não têm dinheiro – são chamados de abençoados, porque podem ser muito mais ricos do que pessoas que possuem riquezas materiais. O Evangelho de Lucas traz também o grande poema profético de Maria, a passagem que chamamos de Magnificat: Ele mostrou força com Seu braço; Ele dispersou o orgulhoso na imaginação do seu coração. Ele destronou os poderosos, E exaltou os humildes. Ele encheu de bens os famintos, E o rico Ele o despediu vazio (Lc 1.51-53). Tiro_BraPort.indd 211 14.05.2007 16:51:27 Uhr 212 O Tempo está se Esgotando Em Lucas 18.18-30 vemos o jovem rico que veio a Jesus perguntando como receber a vida eterna. Esse pequeno episódio termina com o jovem rico indo embora muito triste. Ele ficou com o seu dinheiro, mas será que perdeu a sua alma? Jesus comentou que seria quase impossível para um rico entrar no reino de Deus – somente pela grandeza de Deus isso poderia ser feito. Isso me traz à mente dois versículos do livro de Apocalipse. Aqui nós encontramos um total contraste entre pobreza e prosperidade: Estas são as palavras daquele que é o Primeiro e o Último, estava morto, e reviveu: conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico). (Ap 2.8,9.) Pois dizes: “Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma”, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres. (Ap 3.17,18.) Em Nazaré, Cristo declarou Sua missão. Ele disse: O Espírito do Senhor está sobre mim … para pregar boas novas aos pobres (Lc 4.18). Mas quem é o pobre? Tiago tem muito a dizer sobre isso: Deixe o irmão humilde na glória da sua exaltação, mas o rico na sua humilhação … então, o homem rico passará nas suas buscas (Tg 1.9-11). Não escolheu Deus o pobre deste mundo para ser rico em fé e herdar o reino o qual Ele prometeu aos que O amam? (Tg 2.5.) Atendei, agora, ricos, chorai lamentando, por causa das vossas desventuras, que vos sobrevirão (Tg 5.1). Tiro_BraPort.indd 212 14.05.2007 16:51:28 Uhr Capítulo 11 • O Evangelismo nos Evangelhos 213 O Deus Desses que Não Pertencem Quando Jesus pregou em Nazaré, Sua cidade natal, Seu sermão foi sobre dois forasteiros (Lc 4.24-27): a mulher viúva, que fora alimentada durante a fome nos dias de Elias (1 Re 17.1-16); e o sírio, chefe das forças armadas que fora curado de lepra (2 Re 5.1-14). Apesar de não serem de Israel, Deus supriu as suas necessidades. Na época em que Jesus vivia aqui na terra, havia pouca ocupação para os forasteiros na região dos judeus. Os vizinhos anteriores de Jesus sofreram um ataque de cólera com a idéia de que Deus favoreceria os não judeus, e preteriria Seu povo Israel. Lucas usa essa história para nos dizer que Deus é o Deus daqueles a quem Ele não pertence. Ele veio para os perdidos, para as pessoas arrastadas pela corrente sem âncora. O Evangelho de Lucas é um livro para o qual muitos se voltaram para encontrar apoio ao “evangelho social”. Entretanto, Lucas realmente se posiciona à parte de questões de classe, e se interessa pelos que, por alguma razão, sentem que perderam a vida. Por exemplo, Lucas 8.43-48 nos conta a história de uma mulher que tocou nas vestes de Cristo e foi curada de um fluxo de sangue. A constante hemorragia dessa mulher era um desastre. Deixou-a anêmica, fraca, arquejante, e mal podendo andar. Ela também era pobre, pois havia gasto tudo o que tinha com médicos. Por não ter dinheiro, ela não tinha mais como se alimentar adequadamente, para compensar sua perda de força. Ela também era considerada suja, e por causa da sua doença, todas as coisas e todas as pessoas que ela tocava eram consideradas imundas (Lv 15.19-30). Ela não tinha amigos e era indesejada – rejeitada socialmente como qualquer leproso. Tiro_BraPort.indd 213 14.05.2007 16:51:28 Uhr 214 O Tempo está se Esgotando Jesus fazia itinerários sistemáticos pelas vilas e, por isso, ela sabia que Ele estaria passando naquela região. Quando ele veio, ela lutou entre a multidão e tocou a orla da Sua veste e foi instantaneamente curada. Ela sentiu, e Jesus Deus é o Deus também. Agora vem a questão toda dessa daqueles a quem história: o importante não foi exatamente a Ele não pertence. cura, mas o que aconteceu depois. Ele veio para os perdidos, para as pessoas arrastadas pela corrente sem âncora. Jesus perguntou quem O havia tocado. Bom, muitos o fizeram. Poderia ter sido pessoas importantes que também estariam inquietas e à frente, para mais tarde se vangloriarem de que haviam tocado no Mestre. Também havia muitos doentes, que O seguiam de perto, esperando receber dEle um toque pessoal, de alguma maneira, para serem curadas. Havia ainda as pessoas constantemente apressadas que simplesmente queriam estar perto do fazedor de milagres de Nazaré. Entretanto, naquele momento todo mundo ficou parado. Jesus olhou ao redor – quase como se Ele estivesse acusando quem O havia tocado. O espaço ao Seu redor se abriu, as pessoas se afastaram como se Seus olhos procurassem a multidão. Então aquela mulher se aproximou trêmula e amedrontada. Por quê? Porque ela O havia tocado e sabia que a sujeira dela havia maculado Jesus (da mesma forma que a sujeira do nosso pecado O maculou) – Ele se fez pecado por nós (2 Co 5.21) na cruz. Agora todos os olhos estavam sobre ela. A multidão inteira estava em silêncio, e todo mundo se esforçando para ver quem havia causado todo aquele alvoroço. Jesus Cristo, o Filho de Deus, estava totalmente focado nos rejeitados – uma fração de uma humanidade desconhecida. A solidão daquela mulher, associada à sua doença, colocaram todo o céu em polvorosa, e, naquele momento, era como se Deus tivesse mandado o Seu Filho ao mundo só por causa dela. Então, veio o Seu veredicto. O mesmo Tiro_BraPort.indd 214 14.05.2007 16:51:28 Uhr Capítulo 11 • O Evangelismo nos Evangelhos 215 que um dia vai julgar as nações e pronunciar a Sua sentença sobre poderosos impérios. O Senhor e Criador do céu e da terra parou por um momento, e disse: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz. Se somos ricos ou pobres, grandes ou pequenos, os olhos do Senhor vêem a cada um de nós como realmente somos. Ele não precisa de que alguém lhe dê testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo conhece a natureza humana. (Jo 2.25). Sua resposta às pessoas era sempre a mesma: Ele as amava. Marcos diz que Ele amou ao jovem governante. Ele amou João, um dos Seus discípulos mais novos, um simples pescador. As pessoas se sentiram levadas com uma onda de amor por esse Homem, com a Sua amabilidade acolhedora e extrovertida. Encontrá-Lo era um momento inesquecível. Lemos, no livro de Lucas, que em certo sábado Jesus passava pelos milharais. Seus discípulos estavam com fome e, então, começaram a colher algumas espigas, a debulhá-las e a comer os grãos. Quando os fariseus viram que os discípulos estavam, por definição, colhendo – tecnicamente trabalhando – no dia de descanso, disseram a Jesus: Por que fazeis o que não é lícito aos sábados? (Lc 6.2.) Lucas nos conta parte da resposta de Jesus; entretanto Mateus gosta de citar a Escritura e conta que Jesus também disse: Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos, não teríeis condenado inocentes. Porque o Filho do Homem é senhor do sábado. (Mt 12.7,8). Jesus sabia que Seus discípulos estavam com fome. Porém, era sábado e, portanto, eles não poderiam comprar ou fazer qualquer pão. Os fariseus também sabiam, mas eles não estavam olhando a necessidade humana – somente as suas falhas. Eles não estavam preocupados se esses homens estavam com fome, mas, sim, com cada uma de suas regras e rituais. Jesus nos ensina Tiro_BraPort.indd 215 14.05.2007 16:51:28 Uhr 216 O Tempo está se Esgotando a olhar primeiro a necessidade do nosso irmão, em vez da sua religiosidade (Mt 5.44-47; Lc 6.27; 10.29-37; 14.12). Jesus está preocupado com as pessoas, não com a religião. Jesus Cristo, o Filho de Deus, estava totalmente focado nos rejeitados – uma fração de uma humanidade desconhecida. A solidão daquela mulher, associada à sua doença, colocaram todo o céu em polvorosa, e, naquele momento, era como se Deus tivesse mandado o Seu Filho ao mundo só por causa dela. Ele disse aos fariseus: O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado (Mc 2.27). Aliás, a lei do sábado significava uma lei de liberdade. Como escravos no Egito, os filhos de Israel trabalhavam sete dias por semana. Quando eles saíram da escravidão, Deus falou aos Israelitas para descansarem uma semana (Êx 20.10-11; 31.15; Hb 4.3). Contudo, através dos séculos os estudiosos de Israel torceram o significado do sábado em uma ordem de não trabalhar, a qual se tornou um peso, mais do que o trabalho em si mesmo! O sábado de descanso se tornou uma carga pesada – pesada demais para carregar. Entretanto, Jesus era o defensor dos oprimidos. … e compadeceuse deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor (Mc 6.34). Eles não tinham ninguém para defendê-los. Então, procuraram o Senhor porque sabiam que Ele era forte o suficiente para realizar a tarefa. O momento mais memorável na nossa vida é quando Jesus entra no nosso coração – como se fôssemos os únicos. Esse é o dia que o mundo começa para cada um de nós; o que, naturalmente, é um grande acontecimento para os evangelistas e para o testemunho pessoal. Se você está testemunhando para um, ou para cem mil, a base da obra de salvação de Jesus é pessoal, um a um. Ele trabalha com indivíduos, e cada um em especial. Cada pessoa que Ele chama tem uma função chave nos planos futuros e nos propósitos de Deus. Tiro_BraPort.indd 216 14.05.2007 16:51:28 Uhr Capítulo 11 • O Evangelismo nos Evangelhos 217 Lucas 8.37 nos fala de Jesus expulsando uma legião de demônios de pessoas possessas, mas permitindo a eles entrarem em um bando de porcos que. Por causa disso, os animais se precipitaram mar a dentro, e se afogaram. Aqueles que estavam cuidando dos porcos fugiram apressados e foram relatar o ocorrido no povoado e nas redondezas, e as pessoas saíram para ver o que havia acontecido. Quando eles vieram a Jesus, viram o homem que estava possuído pela legião de demônios, sentado, vestido, e com a mente sã, e ficaram com medo. Os que tinham visto isso contaram às pessoas o que havia acontecido ao homem possesso pelo demônio – e também sobre os porcos. Então as pessoas imploram a Jesus que deixasse a região e fosse embora (Mc 5.14,15,17). Surpreendente! Esses homens estavam com medo da sanidade! E hoje vemos pessoas que também estão com medo de verdadeiros cristãos, porque eles estão muito sãos para esse mundo louco. Quando o homem era um lunático, eles tinham medo da sua insanidade; agora estão com medo da sua sanidade. É, o mundo sempre está com medo. Entretanto, o cristão verdadeiro não tem necessidade de ter medo de coisa alguma. Pela reação daqueles que trabalhavam com os porcos, ficou claro que o que aconteceu com os animais foi tão importante para eles quanto o que aconteceu com o homem. Para eles, era como se as duas coisas estivessem ligadas. Quando os moradores da cidade vieram, viram o homem agora liberto, sentado, vestido e com sua “mente em ordem”. Eles ficaram com medo; talvez porque existissem muitos possessos entre eles, na região dos gerasenos e, se Jesus tivesse que expulsar mais demônios, eles perderiam ainda mais porcos. Ou pode ser que, na presença de Jesus, eles simplesmente se tornaram dolorosamente cientes da sua própria escuridão. Qualquer que seja a razão, eles estavam desejosos de Tiro_BraPort.indd 217 14.05.2007 16:51:28 Uhr 218 O Tempo está se Esgotando ver Jesus pelas costas! Contudo, para o Senhor aquele homem liberto tinha mais valor do que todos os porcos do mundo. Os porcos vão às dúzias para a sujeira, mas o ser humano é uma criatura especial, rara. Há alegria entre os Os fariseus anjos quando um pecador se arrepende também sabiam, (Lc 15.7,10). mas eles não estavam olhando a necessidade humana – somente as suas falhas. Quando Jesus ressuscitou da morte, não havia um brado de triunfo ecoando entre as primeiras palavras que Ele proferiu. Era simplesmente a Sua voz, falando como sempre falou, “Maria!” (Jo 20.16). Isso é evangelismo; sem disparate, agitação, psicologia de multidão, nem provocação de histeria de massa. Era Jesus colocando Suas mãos de amor, cura e força sobre cada um de nós. Nossa maneira de evangelizar deve ser coerente com o que Jesus fez. É assim que eu me sinto ao ler os Evangelhos separadamente: Marcos, com o seu toque pessoal, e Lucas, com sua preocupação com o desconhecido, o esquecido, e o forasteiro. Evangelismo traz o perdido para perto de nós e o faz parte da família. O Evangelho Segundo João Toda testemunha cristã tem dois objetivos: falar de coisas que são reais, e demonstrá-las. Quanto mais leio o Evangelho de João, mais claros se tornam esses objetivos. A pregação do Evangelho faz com que esse Evangelho aconteça; Ele é um criador de novidades – você prega a Boa Nova e ela acontece. João fala muito sobre água em seu Evangelho. Creio que todos sabem que a água é descrita quimicamente como H2O – duas partes de hidrogênio e uma parte de oxigênio. Dois gases. Coloque os dois juntos em um tubo e tudo o que você terá será gás. Os gases são invisíveis e, por isso, às vezes quase cremos Tiro_BraPort.indd 218 14.05.2007 16:51:28 Uhr Capítulo 11 • O Evangelismo nos Evangelhos 219 que eles não existem. E é essa a mesma idéia que muitos têm a respeito do sermão – conversa, ar quente, gás. Falamos sobre coisas que os incrédulos não podem ver e, as quais, pensam não serem reais. Agora, coloque uma faísca elétrica dentro da sua mistura de hidrogênio e oxigênio; os gases imediatamente explodem e se tornam água, e o invisível se torna visível – real. É isso também o que acontece com relação à pregação. Você pode apresentar as verdades do Evangelho, falar até ficar roxo, mas se não tiver o toque do Espírito Santo, essas gloriosas verdades permanecerão escondidas, irreais e incompreensíveis aos não crentes. É o Espírito Santo quem provê a faísca que acende as suas palavras, e que faz com que o Evangelho, repentinamente, se torne água da vida. Entretanto, o Evangelho não tem poder até que você o pregue. Então, com a ajuda do Espírito de Deus, o Evangelho se torna o poder de Deus para a salvação (Rm 1.16). E claro que a fé também é muito necessária (Rm 4). O Evangelho de João nos fala de Jesus conversando com uma mulher que veio tirar água do poço que ficava na cidade de Jericó. Jesus disse a ela: aquele, porém, que Hoje vemos beber da água que eu lhe der nunca mais pessoas que também terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe estão com medo de der será nele uma fonte a jorrar para a vida verdadeiros cristãos, eterna (Jo 4.14). Água verdadeira. Mais porque eles estão tarde Ele disse a ela que os verdadeiros adomuito sãos para radores adorariam a Deus em Espírito e em esse mundo louco. verdade (Jo 4.23,24). Jesus estava contrastando o terreno com o espiritual, o símbolo com a substância. Depois, os moradores da cidade disseram: … sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo (Jo 4.42). Tiro_BraPort.indd 219 14.05.2007 16:51:29 Uhr 220 O Tempo está se Esgotando A noção de coisas reais e verdadeiras, e da realidade existente por trás delas, é encontrada mais de uma vez nesse capítulo. Os discípulos haviam ido comprar comida e, quando voltaram, disseram a Jesus que comesse; porém, Ele disse: uma comida tenho para comer, que vós não conheceis. A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra (Jo 4.32,34). Então Ele falou sobre a colheita, e usou o campo de trigo, que estava diante deles, para simbolizar a verdadeira colheita de almas (versos 35 e 36). Essa é uma passagem muito preciosa para testemunhas e evangelistas, por todos os lugares. A verdadeira colheita! Em nossas igrejas costumamos celebrar um culto de ações de graças pela colheita, uma vez por ano. Todavia, no céu os anjos celebram ação de graças sempre que uma alma é resgatada. João trabalha esse tema de realidade por todo o seu Evangelho. A Palavra tornou-se carne (Jo 1.14). A carne era realmente carne – não um fantasma – mas a verdadeira realidade era a Palavra. João queria que seus leitores olhassem além do que seus olhos mortais podiam ver, e captassem a revelação do Espírito. Entretanto, a menos que as pessoas sejam nascidas de novo, elas não poderão ver. É somente quando elas são novas criaturas que podem ver o Reino (Jo 3.5). De repente ele vem, com poder e maravilha, trazendo propósito para a nossa vida! A realidade está além de todas as aparências terrenas. João está sempre falando da verdadeira luz, verdadeira visão, verdadeiro pão, verdadeira água, verdadeiro pastor, verdadeira videira – a Verdade verdadeira. Você pode apresentar as verdades do Evangelho, falar até ficar roxo, mas se não tiver o toque do Espírito Santo, essas gloriosas verdades permanecerão escondidas, irreais e incompreensíveis aos não crentes. Tiro_BraPort.indd 220 14.05.2007 16:51:29 Uhr Capítulo 11 • O Evangelismo nos Evangelhos 221 Jesus disse: Eu sou o caminho e a verdade e a vida (Jo 14.6). Verdade significa realidade, o original, o genuíno. Jesus é a realidade por trás de todas as coisas que vemos. Ele é a verdade sobre a criação, sobre o futuro, sobre nós. João usa o mesmo tema nas suas epístolas: o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam … Verbo da vida (1 Jo 1.1). O físico é o disfarce do eterno. João viu Jesus e todo mistério foi resolvido. Tudo se encaixou. A filosofia tinha acabado. João começa o seu Evangelho com a seguinte frase: No princípio era o Verbo. Jesus é a realidade da qual todas as coisas vieram. A ciência moderna ficou sem saída na tentativa de resolver o problema da origem do universo. Afirma, com toda segurança, sobre uma Grande Explosão, da qual o universo veio a existir. Só que os “entendidos” não têm a menor idéia de como a “coisa” que explodiu se originou, o que era, e de onde veio. Contudo, sabemos que o universo foi criado, e veio de Deus. Pode até ser que Ele tenha começado as coisas desta maneira: uma imensa concentração de substâncias arremessadas no vazio pela Sua onipotente mão, explodindo no universo com toda a sua maravilha, diversidade, energia e vida. Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem (Hb 11.3). Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua descendência (Rm 4.18). O Antigo Testamento nos traz uma vaga idéia de um Deus onipotente adentrando a escuridão de um mundo pagão, confrontando e confundindo reis, mudando a História – o Deus que responde por fogo. Lemos ali que Deus criou no coração das Tiro_BraPort.indd 221 14.05.2007 16:51:29 Uhr 222 O Tempo está se Esgotando pessoas um desejo pela realidade, pela substância espiritual, algo além, acima, e fora do mundo cotidiano com seus acontecimentos costumeiros, sua ciência, razão e tudo o que é explicável. Mas a dimensão do Espírito é um mundo de entusiasmo e satisfação. Mas como nós entramos nele? Chegamos na questão crucial: como fazemos com que algo real se torne real para uma geração perdida, tateando na escuridão? Mais uma vez, pela Palavra se torJesus é a realidade nando carne – a Palavra de Deus em nós da qual todas as – através do Evangelho em nossa vida, em coisas vieram. nosso coração e mente. Pessoas vivas com a Palavra Viva! Evangelismo é tudo o que Deus pede de nós. Pregue a Sua Palavra e Ele fará o resto. Repentinamente as pessoas verão. O evangelho é a ponte! Ele faz a ligação entre o terreno e o celestial, esse mundo e o outro mundo, o mundano ao divino. Através disso o poder de Deus flui como uma invisível corrente elétrica, abatendo um aparentemente inalterado e inútil cabo. Temos, porém, este tesouro em vasos de barro (2 Co 4.7). Devemos construir a ponte do Evangelho com o nosso testemunho. As pessoas passam por essa milagrosa ponte em direção da luz, do Reino, saindo da condenação para Evangelismo a emancipação, para a casa do Rei, para é tudo o que Deus a gloriosa liberdade como filhos de Deus pede de nós. (Rm 8.21). Os que estão cego, verão, e os Pregue a Sua Palavra famintos serão alimentados com o verdae Ele fará o resto. deiro Pão. Não há outro Pão que satisfaça; não há substituto, nem alternativa – somente um Pão, uma Água da Vida, uma Verdade, e tudo se resume em Jesus. Tiro_BraPort.indd 222 14.05.2007 16:51:29 Uhr Capítulo 11 • O Evangelismo nos Evangelhos 223 O caminho para se experimentar a vida espiritual não é pelo misticismo, pela meditação transcendental, pelo jejum ou pela privação. A espiritualidade não vem por meio de sacramentos, ou aprendizados, ou sugestão de arquitetura da igreja, música ou poesia. Só podemos encontrar a vida espiritual no Evangelho, a Palavra de Deus. Não estamos pregando algo em processo, mas uma obra já acabada, pronta para ser posta em ação. Não há a necessidade de sacrifício. Evangelismo não é uma tarefa desesperada; é uma alegria! Nós pregamos: … não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus (1 Co 2.4,5). O Evangelho é um pacote de poder; uma força de vida. Pregue-o e veja-o agir! É simples assim. Tiro_BraPort.indd 223 14.05.2007 16:51:29 Uhr Tiro_BraPort.indd 224 14.05.2007 16:51:29 Uhr Capítulo 12 O EVANGELISMO NA VISÃO DO APÓSTOLO PAULO C ada passagem do Novo Testamento transmite a idéia de evangelismo. Mesmo quando Paulo dá instruções a Timóteo e Tito, com relação ao compromisso com os líderes das igrejas, isso é parte de toda uma estratégia evangelística. Vamos dar uma olhada nas cartas apostólicas de Paulo, à Igreja Primitiva. Acredita-se que a primeira dessas cartas seja 1 Tessalonicenses. Paulo e dois companheiros visitaram a Tessalônica pelo período de apenas três semanas. Ali eles foram acusados falsamente, espancados, presos e, depois, libertados. Depois disso as autoridades locais, preocupadas que eles pudessem provocar uma revolta, os aconselharam Cristianismo não é em nada parecido a partir. De certa forma, durante aquele ao que se havia tempo, muitos vieram a Cristo. Os três pensado antes. pioneiros fundaram uma igreja notável, que deu continuidade ao trabalho demonstrando poder cuidar muito bem de si mesma. Pregando a uma Sociedade Pagã Será que o passado “religioso”, como adoradores de ídolos, dos tessalonicenses, os ajudou de alguma forma em sua nova vida? Absolutamente, não. Paulo lhes escreveu: Tiro_BraPort.indd 225 14.05.2007 16:51:29 Uhr 226 O Tempo está se Esgotando Deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura (1 Ts 1.9,10). O Evangelho de Cristo é idéia de Deus, e não de homens. O homem nunca será capaz de criar algo parecido com isso; podemos pregar essa mensagem com orgulho. Podemos dizer como Paulo: Não me envergonho do evangelho (Rm 1.16). Nada do que os pagãos creram anteriormente poderia tê-los ajudado a entender o cristianismo. Eles tiveram de olhar em outra direção e escolher um novo caminho. Os liberais costumam dizer que a religião pagã era um solo fértil e, por isso, o cristianismo criou raízes tão facilmente. Eles atribuem o crescimento do cristianismo ao pensamento grego, tanto ou mais que à inspiração divina. Eles também sugerem que religiões misteriosas tinham idéias semelhantes ao ensino cristão, como o novo nascimento, por exemplo. Entretanto, cristianismo não é em nada parecido ao que se havia pensado antes. O Evangelho não deve nada ao paganismo, embora eles possam ter sido grandes e sábios. Os primeiros pais da Igreja fizeram uso das idéias dos filósofos gregos para desenvolver os seus ensinamentos; mas a verdadeira Palavra de Deus é original. As palavras do Senhor são palavras puras, prata refinada em cadinho de barro, depurada sete vezes. (Sl 12.6). Os adoradores de ídolos tinham de mudar os seus padrões de pensamento para poderem seguir a Jesus; precisavam se tornar novas criaturas (2 Co 5.17). O Evangelho não combinava em nada com o que eles tinham em sua mente. As religiões pagãs estavam entranhadas na vida social da cidade: nada era feito sem que se ofertasse alguma coisa aos deuses, e qualquer desrespeito Tiro_BraPort.indd 226 14.05.2007 16:51:29 Uhr Capítulo 12 • O Evangelismo na Visão do Apóstolo Paulo 227 a um deus local poderia ser punido até mesmo com a pena de morte – cristãos “perigosos” tinham de prestar contas quando pregavam a Palavra. Multidões de cristãos morreram porque não se renderam, reconhecendo o Imperador Dioclesiano como o “Senhor e Deus”. Parecia impossível mudar aquela cultura pagã e as trevas se opuseram desafiadoramente à luz; entretanto os primeiros pioneiros cristãos prevaleceram. Esse é o poder e a glória do Evangelho. Em contrapartida, compartilhar o Evangelho nos Estados Unidos, na Europa e em alguns outros Jesus havia sido países do mundo pode parecer quase uma crucificado e rotina. Muitas conversões são de filhos nasexecutado como um cidos em lares evangélicos; e somos gratos criminoso apenas a Deus pela existência deles. Contudo, 20 anos atrás. existem famílias inteiras que são quase que Isso tornou-se completamente ignorantes com relação o fundamento da sua mensagem. à Bíblia, e vivem longe de Deus. É difícil penetrar no mundo deles. Mas, e quanto ao mundo que os apóstolos atacaram? Não havia um cristão em toda a Europa, ou na maioria do mundo romano! As epístolas escritas nesses tempos estressantes – muitas até mesmo da prisão – podem ser excelente fonte de direção e inspiração. A Igreja estava se colocando contra milhares de anos de ateísmo, que se alastrava por toda a terra, e Paulo entrou nisso quase sozinho. Os obstáculos eram enormes e assustadores. O apóstolo disse que estava em Corinto com temor e grande tremor (1 Co 2.3). Entretanto, Paulo controlou os seus sentimentos, ou melhor, sua paixão, para que Cristo pudesse superar todas as outras emoções (2 Co 5.14). Ele assumiu a tarefa, pregou o Evangelho, e o futuro da Europa foi mudado. O Evangelho demonstrou ser suficientemente capaz de vencer o desafio. Tiro_BraPort.indd 227 14.05.2007 16:51:30 Uhr 228 O Tempo está se Esgotando Isso foi evangelismo verdadeiro; um verdadeiro confronto por Jesus Cristo. Jesus havia sido crucificado e executado como um criminoso apenas 20 anos atrás. Isso tornou-se o fundamento da sua mensagem – uma maneira bem improvável de impressionar as multidões na época; contudo, a unção sobre a vida dos discípulos foi manifesta em Tessalônica e grande número de gregos idólatras se voltaram para o Deus vivo. E isso também pode ser feito nos dias de hoje. Ainda há uma desesperadora necessidade do Evangelho! Alvo: América Podemos comparar a América com a Europa de muitas maneiras. Elas estão ligadas pela história e por muitas coisas que estão acontecendo hoje em dia. Podemos aprender muito com cada um desses lugares. A América é um país abençoado. Segundo estatísticas, 50% a 60% da população dessa nação tem algum tipo de interesse religioso. E isto significa uma grande esperança para o mundo inteiro. Glória a Deus por isso! A tradição religiosa é uma grande herança nesse país. As gerações passadas lançaram os fundamentos para as pessoas com relação ao cristianismo: outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho (Jo 4.38). Como resultado, existe um “estoque” de interesse cristão pronto e esperando para ser “utilizado”. Um verdadeiro oceano, se comparado ao pequeno tanque da Europa. Entretanto, há um lado bastante perturbador nesse país pluralístico. Dezenas de milhões de americanos não estão interessados nas coisas de Deus, ou estão terrivelmente interessados em outras formas de espiritualidade, não cristãs. Alcançar pessoas nessa situação é uma tarefa muito difícil. Então, como as igrejas crescem ali? E as mega igrejas? Será que elas estão causando Tiro_BraPort.indd 228 14.05.2007 16:51:30 Uhr Capítulo 12 • O Evangelismo na Visão do Apóstolo Paulo 229 algum prejuízo no grande número de deuses? Ou estão apenas organizando os que já estão interessados em Cristo, em vez de arrancar tição do fogo? (Zc 3.2). Esses forasteiros deveriam ser o item numero 1 na agenda de qualquer igreja – e não apenas “um outro negócio”. Será que a igreja deveria ficar satisfeita só porque existem muitas pessoas chegando para as reuniões? Não poderemos descansar enquanto houver uma única pessoa não convertida! Uma grande igreja não é um fim em si mesma, e, sim, um instrumento para o evangelismo mundial. Se a igreja se preocupa somente com seus próprios negócios, com seu quadro de membros, ela se torna uma eficiente máquina de produzir nada além de folhas (Mc 11.13). Uma igreja não é uma instituição, mas um ramo da videira, que tem como finalidade dar fruto. Se o ramo O objetivo da vida não produz, ele vai ser eventualmente cristã não é receber, cortado. receber, receber; mas dar, dar, e dar. As igrejas só podem estimular o crescimento usando “métodos de negócios” onde exista um “bom mercado” e uma baixa “resistência às vendas”, o que parece ser a situação na América do Norte. Agora é tempo de tirar proveito da oportunidade. Técnicas comerciais, meramente, podem até explorar as possibilidades existentes; mas o Evangelho verdadeiro é aquele que ataca as impossibilidades. Só alcançamos o verdadeiro crescimento da igreja através do evangelismo. Aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação (1 Co 1.21). Recentemente foi relatado que mais de um milhão de pessoas foram a uma igreja na Flórida, e centenas de milhares responderam ao chamado da salvação. Isso nos diz que há uma animada e ascendente maré de interesse espiritual. Mas qual a porcentagem desses que vieram, têm realmente interesse em religião? Quantos turistas cristãos vieram apenas porque ouviram que ali estava Tiro_BraPort.indd 229 14.05.2007 16:51:30 Uhr 230 O Tempo está se Esgotando acontecendo muitos milagres? Será que essa igreja cumpriu o seu propósito de se tornar uma grande igreja? E já que cresceu, será que pode descansar nos seus louros? Será que a igreja fez o seu trabalho e já cumpriu a Grande Comissão? Claro que não! E é isso o que a própria igreja admitiu prontamente. Por favor, não me entenda mal: é bom para os cristãos terem o retorno de outras confraternizações além do deles mesmos, mas certamente a necessidade crucial é que a Grande Comissão de Cristo queime em nosso coração. Gostaria de chamar a atenção do leitor aqui. Não creio que o propósito final do nosso ministério seja ensinar as pessoas a como obter as coisas de Deus. Afinal, o objetivo da vida cristã não é receber, receber, receber; mas dar, dar, e dar. A China está vivendo um momento de reavivamento. Contudo, os milhões que ali estão vindo a Cristo sabem muito bem que enfrentarão muitos problemas, possivelmente prisão, por ser algo algo totalmente desaprovado pelo governo. O cristianismo não é uma grande e confortável poltrona, e Deus não está às nossas ordens, aguardando para nos trazer o que pedimos. Nossa função aqui é trazer o mundo de volta para Deus. Evangelismo Cotidiano O trabalho do evangelismo precisa ser contínuo, mesmo quando parece não haver nenhum avivamento em vista. A idéia do evangelismo em si mesmo torna-se um pouco confusa, com momentos de grandes fenômenos. A menos que o evangelismo esteja ligado a manifestações marcantes e tremendo poder espiritual, alguns vão dizer que isso é obra da carne. Segundo a ótica de alguns, o evangelismo pode não ser avivamento, não obstante, é o trabalho de Deus colocado diante de nós. Isso pode ser difícil – uma verdadeira batalha. Tiro_BraPort.indd 230 14.05.2007 16:51:30 Uhr Capítulo 12 • O Evangelismo na Visão do Apóstolo Paulo 231 O evangelismo nem sempre significa grandes emoções, avivamento de fogo, multidões, maravilhas, e tudo indo muito bem. O progresso dos apóstolos não era medido de avivamento em avivamento. Paulo ia regularmente às sinagogas (At 17.2) e, provavelmente, seria descartado de primeira em nossa concepção. Geralmente o trabalho deles era lento, edificando tijolo sobre tijolo. Paulo descreveu isso dessa maneira: … na muita paciência, nas aflições, nas privações, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns (2 Co 6.4,5) Isto não era um piquenique; era guerra: suportar as adversidades como um bom soldado de Jesus Cristo. (2 Tm 2.3). Voltando a 1 Tessalonicenses, Paulo fala o seguinte: Mas, apesar de maltratados e ultrajados em Filipos … estávamos prontos a oferecer-vos não somente o evangelho de Deus, mas, igualmente, a própria vida; por isso que vos tornastes muito amados de nós. Porque, vos recordais, irmãos, do nosso labor e fadiga; e de como, noite e dia labutando para não vivermos à custa de nenhum de vós, vos proclamamos o evangelho de Deus … do modo por que piedosa, justa e irrepreensivelmente procedemos em relação a vós outros, que credes. (1 Ts 2.2, 8-10.) Naqueles dias, tal tratamento era inevitável. Para ter o privilégio de pregar o Evangelho, você tinha de colocar a sua cabeça a prêmio por amor a Deus. É por isso que Paulo fala em 1 Tessalonicenses 3.3 que a fim de que ninguém se inquiete com estas tribulações. Porque vós mesmos sabeis que estamos designados para isto. Tiro_BraPort.indd 231 14.05.2007 16:51:30 Uhr 232 O Tempo está se Esgotando Paulo escreveu aos romanos: … esforçando-me, deste modo, por pregar o evangelho, não onde Cristo já fora anunciado, para não edificar sobre fundamento alheio (Rm 15.20). Precisamos encontrar alguma maneira para chegar aos não salvos ou atraí-los aos milhares e, então, desenvolver um programa voltado para eles. Na Europa, muitas igrejas estão usando o Curso Alpha – encontros somente para pessoas não religiosas. Esse também deveria ser o foco da igreja. Evangelismo é o primeiro chamado de Cristo e o último mandamento que Ele deu. O apóstolo Paulo fala sobre esse assunto: Porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós. Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo, de sorte que vos tornastes o modelo para todos os crentes na Macedônia e na Acaia (1 Ts 1.5-7). Os seguidores de Paulo se tornaram líderes de outros seguidores, e aprenderam com ele as “dicas” do trabalho. Para eles, cristianismo significava “contar aos outros”. Paulo diz que ele não precisaria levar o Evangelho a um certo lugar, porque outros já haviam feito isso. Mas como? Pelo testemunho pessoal dos que foram contra a onda de idolatria nessa grande cidade. As autoridades sabiam que a propagação do Evangelho ali não havia se dado por meio de grandes reuniões públicas, mas pelo método boca-a-boca, embora tenha começado com os grandes esforços evangelísticos de Paulo. Os dois métodos – pregação pública e evangelismo pessoal – são complementares; são parte do mesmo pacote, e de uma mesma comissão. Tiro_BraPort.indd 232 14.05.2007 16:51:30 Uhr Capítulo 12 • O Evangelismo na Visão do Apóstolo Paulo 233 O importante nesse ministério é que devemos ir até às pessoas. Afinal de contas, Deus é um Deus que deseja que cada um receba uma atenção individual daqueles que trabalham para Ele. Em nossas campanhas na África, freqüentemente pregamos o Evangelho para centenas de milhares de pessoas, de uma só vez. Entretanto, sempre planejamos um acompanhamento individual com os convertidos. Sabemos que um contato individual nem sempre é fácil; entretanto uma campanha em larga escala abre portas para esse tipo de aproximação. As campanhas evangelísticas públicas quebram o gelo e dão força para o trabalhador individual. Procuramos planejar as campanhas de tal maneira que cada pessoa que preenche um cartão com resposta a algum tipo de chamado do evangelismo, possa ser visitada por um outro cristão, o mais rápido possível. É maravilhoso pensar que Deus planeja trabalhar usando todos os tipos de personalidades – levando o Evangelho a pessoas diferentes. Cristo deu a uma mulher Evangelismo samaritana imoral a mesma atenção que é o primeiro chamado deu a um rabino, Nicodemos, embora de Cristo e o último não tenha dado nenhuma atenção ao rei mandamento Herodes, exceto para chamá-lo de “raposa” que Ele deu. (Lc 13.32). Mesmo os mais insignificantes devem ser ouvidos com o mesmo interesse espiritual, como se fossem o chefe de uma nação. Uma alma perdida é uma tragédia, quer seja um príncipe, ou mesmo um miserável. Cristãos Desagradáveis Porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção (1 Ts 1.5). Tiro_BraPort.indd 233 14.05.2007 16:51:30 Uhr 234 O Tempo está se Esgotando E foi assim mesmo que tudo foi feito! Paulo pregou com poder, embora em fraqueza humana. Ele proclamou o Cristo crucificado, ressurreto e que estava voltando. Ele não veio fazendo demonstrações do sobrenatural, ou se vangloriando, ou tentando levar os seus ouvintes a grandes emoções. O poder não é para ser demonstrado, mas para ser usado. Deus não está em um show de negócios e o Espírito Santo não é um efeito inovador. O poder é o braço de Deus, dobrando o arco do evangelho, e, lançando a flecha da convicção no coração dos ouvintes. Deus é um Deus que deseja que cada um receba uma atenção individual daqueles que trabalham para Ele. Os comentários de Paulo em 1 Tessalonicenses são típicos de todo o Novo Testamento. Cada carta apostólica está imbuída com o mesmo zelo e entusiasmo pelo perdido, e pelo compromisso da expansão mundial da Igreja, ganhando cada geração para Cristo. É exatamente sobre isso que as cartas de Paulo falam. Hoje, há doutrinas que permitem aos cristãos se sentarem e não fazerem nada. Eles defendem, usando a própria Bíblia, a atitude fria e casual de deixar tudo para Deus. Eles ensinam que Deus pré-determinou que certas pessoas serão salvas e que não podemos fazer nada para controlar a Sua vontade soberana. (Mencionamos isso em capítulos anteriores). Bem, eu digo enfaticamente que, independentemente do texto que as pessoas citem, tal perspectiva é inteiramente fora do espírito do Novo Testamento. Eu não temo contradição nesse ponto. O Novo Testamento é vibrante em atividade, e essa atividade não é fazer com que os cristãos se sintam confortáveis. Pelo contrário: é fazê-los bastante desconfortáveis até que levem o Evangelho a seus vizinhos. Paulo pregou com poder, embora em fraqueza humana. Ele proclamou o Cristo crucificado, ressurreto e que estava voltando. Tiro_BraPort.indd 234 14.05.2007 16:51:31 Uhr Capítulo 12 • O Evangelismo na Visão do Apóstolo Paulo 235 A Conduta das Revelações de Cristo Quando, porém, ao que … me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios (Gl 1.15,16). Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim (Gl 2.20). Enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho (Gl 4.6). Não existe como traduzir essas palavras desta maneira: “Deus se agradou em revelar o Seu Filho a mim”. Positivamente tem de ser em mim (do grego en emoi). Paulo não está falando do que ele viu na estrada de Damasco, mas o que outros vêem na sua vida. Uma vez que encontramos a Cristo, então, outros podem ver Cristo em nós. Naturalmente, a razão dada de que Deus revelou Cristo em Paulo foi para que ele o pregasse entre os gentios, que são simplesmente cada raça à parte do povo judeu. A palavra revelar naquele texto vem da palavra grega apocalupto, da qual derivamos a nossa “apocalipse”. Você e eu somos revelações de Deus, em Cristo, ao mundo. Não podemos transmitir Jesus efetivamente, por conta própria; é Deus quem fornece o elemento principal. A vida que eu vivo, eu vivo através de Cristo em mim. De outra forma, evangelismo seria um ideal impossível. O que somos em Cristo, não é com nossa ajuda. Eu sou alemão, e não tenho dificuldade em ser alemão. Se você tem um dom, ele simplesmente se mostra; se for na área da música, vai aparecer. É a mesma coisa em ser cristão: isso vai ser evidente. Se o Seu Filho está em nós, isso está fadado a se mostrar. Mais do que isso, a Bíblia diz que Deus revelou Seu Filho em nós. Deus pega o que somos e o que temos e realiza a obra. Tiro_BraPort.indd 235 14.05.2007 16:51:31 Uhr 236 O Tempo está se Esgotando Evangelismo é Deus revelando Cristo em nós, para que O preguemos entre as nações. Se isso não é evangelismo, então eu não sei o que é. O propósito não é fazer com que as pessoas nos admirem, como se impressionássemos com uma elegante pose cristã. O propósito é um evangelismo que funcione. Alguma vez já ocorreu a você de que foi assim que Saulo de Tarso se converteu? Ele assistiu a um cristão morrer, Estêvão, cuja face era como a de anjo, que disse: Senhor, não lhes imputes este pecado (At 7.60). Ninguém, mas ninguém mesmo jamais havia falado assim em toda a história, até Jesus. Sabemos que houve os mártires. O livro de Macabeus descreve a cruel morte de sete filhos de uma mulher, mas eles morreram desafiando, e não cheios de compaixão pelos seus perseguidores. A lei, afinal de contas, era vingança: tratar um inimigo como inimigo; “chame a Deus para amaldiçoá-lo”. Mas Estêvão era um homem que tinha o Espírito de Deus nele, destruindo cada convenção conhecida, e orando para Deus perdoar seus próprios assassinos maliciosos, mesmo com eles vociferando, bramindo e espumando de raiva contra ele. Isso era novo para Paulo, e quando Cristo falou com ele na estrada de Damasco, as palavras de Estêvão continuavam incomodando em sua consciência, surpreendendo-o. Essa é a maneira verdadeira de se levar o Evangelho ao mundo: Cristo em nós. O amor divino é descrito em 1 Coríntios 13; entretanto, um exemplo melhor é a vida de Cristo, que nos amou e Se deu por nós. A melhor maneira de mostramos o amor de Deus em Cristo, em nós, é dando-nos a nós mesmos. Podemos amar as pessoas por conta própria, mas isso é somente amor social, caridade, filantropia. Temos de possuir o amor divino. Somente o Espírito de Deus em nós, nos fará doadores e não consumidores. Devemos entregar a nossa vida pelo não convertido. Tiro_BraPort.indd 236 14.05.2007 16:51:31 Uhr Capítulo 12 • O Evangelismo na Visão do Apóstolo Paulo 237 Conhece o velho ditado: “O que conta é o que somos, e não o que falamos”? Mas, o que somos? Esse é o ponto. Somos o que está em nós (Ez 3.1-3). Ainda me disse: “Filho do homem, come o que achares; come este rolo, vai e fala à casa de Israel”. Então, abri a boca, e ele me deu a comer o rolo.E me disse: “Filho do homem, dá de comer ao teu ventre e enche as tuas entranhas deste rolo que eu te dou”. Eu o comi, e na boca me era doce como o mel. O rolo de papel era a Palavra de Deus. A Palavra deve estar em nós. Somos expressão de Cristo, cartas conhecidas e lidas pelo homem (2 Coríntios 3.2,3). Jesus é o Verbo que se fez carne. Ele é o Verbo vivo. A palavra escrita se tornou viva em Cristo. E o mesmo deveria acontecer conosco. Jesus é o Verbo que se fez carne. Ele é o Verbo vivo. A palavra escrita se tornou viva em Cristo. E o mesmo deveria acontecer conosco. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje (Mt 6.11). Muitos eruditos parecem não poder entender essa parte da Oração do Senhor. Eles comparam o grego, enquanto tratam o pão como sendo um pão comum, e não como o Pão Verdadeiro. Se lermos isso significando a Palavra de Deus, não há problema com o grego ou outra língua qualquer. Existe abundância de Pão diário para nós, mas ele não nos vem automaticamente; temos que pedir por ele a cada dia, e, como Ezequiel, devemos abrir nossa boca e Deus vai enchê-la. Não vamos ter nenhum pão, a menos que Ele nos dê. Talvez conheçamos a Bíblia de cor, mas para que ela nos sustente como alimento, deve ser nos dada fresca. E uma vez que a recebemos, podemos repartir. Vamos Sacudir a Ponte! Tiro_BraPort.indd 237 14.05.2007 16:51:31 Uhr 238 O Tempo está se Esgotando E nós, na qualidade de cooperadores com ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus (2 Co 6.1). Um amigo me contou que, certa vez, quando ele tinha 3 anos de idade, seu pai estava empurrando um carrinho de mão, de duas rodas, cheio de madeira e ferramentas, para um local onde iria consertar uma casa. Seu pai o sentou no carrinho. Contudo, depois de certo tempo o garoto ficou inquieto e pediu para ajudar a empurrá-lo. Então, seu pai o A grandeza da igreja colocou no chão. O fundo da carreta do e a grandeza do carrinho era mais alto do que o menino; Evangelho estão no entretanto, com determinação, o garoto arder em seu Espírito, colocou suas mãos em uma das pernas do vivendo a grandeza carro e, então, foi empurrando. Agora, a do coração e caminhada ficou bem mais lenta, porque mente de Deus. o pai tinha de diminuir o passo para dar espaço a seu filho que era muito pequeno. Quando eles chegaram à casa, seu pai disse ao proprietário: “Meu filho me ajudou a empurrar o carrinho!” Meu amigo disse que sentiu-se muito orgulhoso e contente – de fato, bastante importante. Contudo, certamente eles teriam feito o trajeto bem mais rápido, se ele não tivesse “ajudado”! Deus poderia fazer melhor sem a nossa “ajuda”. Provavelmente nós mais atrapalhamos a Ele do que ajudamos, como Jesus disse: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer. (Lc 17.10.) Contudo, o fato é que Deus prefere nos incluir. Na tarefa de pregar o Evangelho, Ele não faz nada sem nós, e essa é a maneira que Ele quer que Seu grande trabalho seja realizado. Uma excelente passagem bíblica que considero evangelística, é Colossences 1.24,25 que diz: Tiro_BraPort.indd 238 14.05.2007 16:51:31 Uhr Capítulo 12 • O Evangelismo na Visão do Apóstolo Paulo 239 Agora, me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu corpo, que é a igreja, da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus. Repare na maravilhosa arquitetura de alguns edifícios. Lá, as idéias da mente humana surgem como sendo uma sinfonia no concreto, um grande trabalho de arte. Entretanto, provavelmente o arquiteto daquela obra nunca tenha colocado uma única pedra ali. A grandeza da igreja e a grandeza do Evangelho estão no arder em seu Espírito, vivendo a grandeza do coração e mente de Deus. Nosso privilégio é dizer que ajudamos a tornar isso real na vida das pessoas, hoje. Contudo, não podemos reivindicar nenhuma parte, nenhuma sugestão nesse sentido. O esquema parece suficientemente simples agora que está revelado, mas para torná-lo efetivo no mundo, tem de haver trabalho, sofrimento, como Paulo disse. Somente se alguns derem a vida, é que esse esquema poderá ser implemento. Como Oswald Chambers sugere, recebemos de Jesus a nossa ordem de marchar. Certa vez, quando estava na África, ouvi a história da formiga e do elefante. Uma formiga resolveu pegar “carona” na orelha de um elefante que estava atravessando uma ponte trêmula. A formiga, então, disse ao elefante: “Rapaz, viu como nós fizemos esta ponte sacudir!” Não há nada que Deus e nós não possamos fazer juntos. Pois Teu é o reino e o poder e a glória para sempre. Amém! (Mt 6.13.) Nosso é o trabalho, a oração, a fidelidade, a coragem, o sacrifício. Um dia vamos compartilhar da glória de Deus e entrar na Sua alegria. Tiro_BraPort.indd 239 14.05.2007 16:51:31 Uhr Tiro_BraPort.indd 240 14.05.2007 16:51:31 Uhr Capítulo 13 O EVANGELISMO E A ESPIRITUALIDADE A s pessoas freqüentemente confundem os termos, pensando que evangelismo e avivamento equivalem à mesma coisa. O mesmo acontece com espiritualidade – a palavra produz diferentes imagens na mente das pessoas, e algumas chegam a ensinar que avivamento depende da nossa espiritualidade – o indefinível está subordinado ao indefinível! Seja o que for que você e eu entendemos pelo termo “homem espiritual”, quase todo mundo vai concordar que isso inclui um conceito de obediência a Deus. Desde que evangelismo e testemunho são ordenados pelo Senhor, como podemos desenvolver espiritualidade sem obediência ao Seu comando? Podemos ser espirituais e, ao mesmo tempo, ignorar a Grande Comissão? Algumas pessoas dizem que a Igreja tem de se acertar consigo mesma antes de se lançar ao evangelismo. Mas como, se lançarse em um empreendimento evangelístico é exatamente se acertar consigo mesmo?. Como vimos, a Igreja existe para testemunhar e o Espírito Santo está presente na Igreja principalmente com esse propósito. Quando a Igreja concentra os seus esforços em buscar a ovelha perdida, a qualidade da vida espiritual dessa igreja melhora. O evangelismo tem um efeito santificador. Uma vez que os membros da igreja captam a visão de ganhar os não convertidos, eles se tornam ansiosos por demonstrar as qualidades cristãs. Testemunhar é algo terapêutico para as angústias da igreja, uma vez que aquelas que estão ganhando almas não têm condição de ter divisões, problemas, fofocas, e outras coisas do gênero. Tiro_BraPort.indd 241 14.05.2007 16:51:31 Uhr 242 O Tempo está se Esgotando No Novo Testamento, espiritualidade está sempre relacionada à impressão que damos ao mundo. Em Mateus 5.16, por exemplo, Jesus diz: Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus. Pedro usa essas palavras de Cristo na sua primeira carta: mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação (1 Pe 2.12). A menos que um sério esforço evangelístico seja feito, a igreja local não verá muitas conversões. Sem os frutos do evangelismo, a inquietude vem. Na falta de novas pessoas Quando a Igreja respondendo ao chamado do Evangelho, concentra os seus sempre surgem as conversas de que esforços em buscar a “alguma coisa errada está acontecendo”. ovelha perdida, Uma igreja que tem o foco em si mesma e a qualidade da vida nos seus membros, se torna cada vez mais espiritual dessa introspectiva e tende a desenvolver um criigreja melhora. ticismo comum. Quando a missão número 1 da Igreja Cristã é omitida da sua agenda, alguém sofrerá as consequências. Ganhar almas não é apenas o resultado final de ser espiritual, mas também uma maneira de se tornar espiritual. Para começar, nossas orações se tornam mais urgentes e objetivas, deixando de ser apenas aquele vago “Senhor, me abençoe, abençoe a igreja …”. Concentração no evangelismo requer planejamento prático e trabalho duro, por parte de todo o corpo local. O Espírito e a Carne Somente algumas vezes o adjetivo “espiritual” é aplicado às pessoas, no Novo Testamento; em duas delas o leitor pode sentir um Tiro_BraPort.indd 242 14.05.2007 16:51:32 Uhr Capítulo 13 • O Evangelismo e A Espiritualidade 243 leve toque de ironia. Por exemplo, em meio a uma repreensão à igreja de Corinto, Paulo escreve: Se alguém se considera profeta ou espiritual (1 Co 14.37). Talvez ele tivesse em mente aquelas pessoas que, com orgulho, reivindicam ser espirituais. Temos nossas próprias idéias sobre o que significa ser espiritual. Entretanto, em 1 Coríntios 2.15, Paulo escreve: Mas quem é espiritual julga todas as coisas. Isso ajuda. Esse era um ensino geral de Paulo sobre viver no Espírito. Em Gálatas ele contrasta a carne com o Espírito e, no capítulo 5.19-21, nos provê com uma lista de obras da carne. Concentração no evangelismo requer planejamento prático e trabalho duro, por parte de todo o corpo local. Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia,idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas … Ainda nessa mesma carta, ele descreve boas obras como sendo coisas da carne, e que não são capazes de trazer resultados eternos: Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne? Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé? (Gl 3.3,5). Então, tanto a imoralidade sexual como a idolatria são obras da carne; como o são quaisquer esforços para nos tornar perfeitos separados da fé! Muitos, hoje, crêem que são salvos pela graça, mas santificados pelas obras. Agem como se cressem que foram salvos pelo poder de Deus, mas que ainda “precisam” ganhar a entrada no céu, procurando ser perfeitos à parte do Senhor. Tiro_BraPort.indd 243 14.05.2007 16:51:32 Uhr 244 O Tempo está se Esgotando É muito difícil definir o homem espiritual, afinal de contas, espiritualidade é uma qualidade interior. As graças da vida cristã nos advêm de uma condição interior, embora possamos alcançar tais graças por meio do esforço humano. Frutos reais crescem naturalmente nos galhos; não são amarrados ali pelas mãos humanas. Os frutos produzidos pelo homem não são frutos do Espírito, apesar de até poderem se parecer muito com o original. A espiritualidade produz certas qualidades, mas essas qualidades não podem produzir espiritualidade. As igrejas têm seus códigos, escritos ou não e, de fato, seria bom que seus membros se reportassem uns aos outros (Ef 4.3-5, 15-21). Naturalmente, espera-se que eles observem certas proibições: não ir a certos lugares, não fazer certas coisas, não fumar, não beber, não apostar em jogos de azar, não xingar, etc. Tais padrões são bons. As pessoas deveriam representar a Igreja da maneira que convém a Cristo; entretanto, se padrões como esses têm de ser impostos nas pessoas como uma simples questão de disciplina da igreja, então toda a idéia da obra do Espírito é perdida. E aí a igreja seria legalista, em vez de espontânea. Os gálatas adotaram padrões legalistas e estavam enfrentando dificuldades por causa disso. Paulo os advertiu de que escolher viver sob a lei – deles ou qualquer outro – significava cair da graça (Gl 5.4). Conhecê-Lo é Viver Esforços físicos não tornam as pessoas espirituais. Onde o Espírito do Senhor está, há liberdade (1 Co 3.17). Os filhos de Deus naturalmente manifestam sua natureza divina. O Espírito Santo os anima. Eles são dirigidos pelo Espírito, oram no Espírito, andam no Espírito, vivem no Espírito, e cantam no Espírito. A felicidade deles não depende de riquezas terrenas ou das circunstâncias. Quando os assuntos do reino de Deus são prioridade, então todas as coisas entram nos eixos. Tiro_BraPort.indd 244 14.05.2007 16:51:32 Uhr Capítulo 13 • O Evangelismo e A Espiritualidade 245 [É] a minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei envergonhado; antes, com toda a ousadia, como sempre, também agora, será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte.Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor (Fp 1.20,21,23). O apóstolo Paulo escreveu essas palavras quando estava na prisão onde, nos seus dias, geralmente as condições eram tão ruins que as pessoas Os frutos produzidos preferiam morrer – e muitos tiveram seus pelo homem não são frutos do Espírito, desejos satisfeitos. Mas Paulo era diferente apesar de até e encarou cada circunstância como sendo poderem se parecer de Deus. Outros prisioneiros só queriam muito com o original. ficar livres das misérias da prisão, mesmo que para isso precisassem morrer. Paulo não queria nada mais do que estar perto de Cristo, em qualquer lugar; na prisão ou fora dela. Nas palavras iniciais dessa carta aos crentes de Filipos, Paulo agradeceu a Deus pelo seu companheirismo com eles, mas também desejava ardentemente um relacionamento face-a face com Cristo, o que é incomparavelmente melhor (Fp 1.23). Entretanto, ele colocou o Paulo não queria nada mais do que estar bem estar dos seus irmãos antes do dele, e perto de Cristo, escolheu permanecer entre os vivos, porque em qualquer lugar; isso era necessário para o progresso e gozo da na prisão ou fora dela. fé (Fp 1.25) dos seus convertidos. Para si mesmo, porém, tudo o que ele realmente queria era Cristo. E esse desejo estava acima de qualquer paixão desse grande homem. Tiro_BraPort.indd 245 14.05.2007 16:51:32 Uhr 246 O Tempo está se Esgotando Esse desejo de Paulo aparece novamente, mais tarde, na mesma carta: [Quero] conhecer a Ele, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte; para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos. Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus (Fp 3.10-12). Paulo era o maior de todos os evangelistas. Quando Ananias foi mandado para rua chamada Estreita, em Damasco, para impor as mãos sobre Paulo, e orar por ele, o Senhor lhe disse o seguinte: Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel;pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome (At 9.15,16). Esse era o trabalho para o qual Paulo fora designado. O livro de Atos é, em grande parte, um registro da carreira evangelística dele, tendo Roma como seu primeiro alvo. Embora a História não tenha muitos registros sobres os fatos, sabemos que o cristianismo se espalhou rapidamente naqueles primeiros dias que se seguiram à ressurreição de Cristo. O livro de Atos é apenas o esboço de uma estratégia. O plano era para que a mensagem do Evangelho fosse ouvida por reis e governantes e, eventualmente, alcançasse o centro do mundo de então, Roma. Paulo era a flecha chamejante de Deus, atirada de Seu arco, para atingir a cidade; e Paulo fez isso da sua parte mais profunda – a prisão – mas, de lá, ele feriu o coração do paganismo. Tiro_BraPort.indd 246 14.05.2007 16:51:32 Uhr Capítulo 13 • O Evangelismo e A Espiritualidade 247 Apesar de saber muito bem qual era o seu chamado, no seu coração Paulo acalentava um grande desejo; e seu clamor podia ser ouvido vez após vez: Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus (2 Co 7.1) Paulo disse que o maior desejo da sua vida era: … prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus (Fp 3.12). Ele foi chamado como um evangelista e trabalhou como nenhum homem jamais trabalhara; entretanto afirmou que ainda não havia alcançado o que Deus tinha para ele. Se Cristo o tivesse chamado somente para fazer evangelismo, ele teria aceito; e teria feito muito bem. Contudo, está claro que Paulo tinha algo mais em mente, um propósito maior, e não ser apenas apóstolo ou evangelista. E esse desejo maior era conhecer a Cristo. Embora não exista um fim nesse processo, Paulo desejava conhecê-Lo sempre mais profundamente. Paulo sabia que ainda não havia alcançado toda a profundeza de Deus. Certamente ele conhecia Cristo intimamente, mas Deus era um objetivo eterno. Aliás, o apóstolo especificou que a única maneira de conhecer ao Senhor era Cristo sendo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte (Fp 1.20). Paulo queria que o poder da vida ressurreta de Cristo fosse manifesto nele mais e mais, dia após dia, até o dia da sua morte. Paulo desejou: … para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos (Fp 3.11). Esse desejo parece muito estranho. Será que Paulo tinha dúvidas de que ressuscitaria? Será que ele estava dizendo que teria de trabalhar duro para ser incluído nesse plano? Não, ele sabia que ressuscitaria da morte de acordo com as promessas de Deus. Aliás, Paulo expressou essa garantia nessa mesma passagem: Tiro_BraPort.indd 247 14.05.2007 16:51:32 Uhr 248 O Tempo está se Esgotando Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas. (Fp 3.20,21). A ressurreição do crente é um dos ensinos mais freqüentes e inegáveis dos apóstolos. O que Paulo estava pedindo no verso 11 era ser capaz de, cada vez mais, experimentar o poder da ressurreição de Cristo agora, nessa vida. Ele cria que Cristo o chamara para aproveitar a vida ressurreta, que implica mais do que simplesmente levar o Evangelho aos gentios. Paulo conhecia muito bem sobre a vida ressurreta de Jesus. Em Colossenses 1.29 ele testificou: para isso é que eu também me afadigo, esforçandome o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim. Ele sabia, por experiência, que havia maiores alturas e profundidades a experimentar, e uma plenitude ainda maior a ser alcançada. Ele havia encontrado águas para nadar, e elas haviam criado dentro dele uma paixão por explorar as suas profundezas. Conhecer e prosseguir conhecendo a Cristo – essa é a maior recompensa da vida. Aliás, essa é a razão pela qual nós evangelizamos. Nosso propósito não é somente salvar almas do inferno e levá-las ao céu; mas trazer as pessoas para dentro da dimensão da ressurreição de Cristo. Nós não pregamos simplesmente a promessa de um futuro céu – o melhor entre dois endereços para quando morrermos. Embora, em si, essa seja uma maravilhosa promessa, estamos falando de um novo tipo de vida – física e espiritual – que pode ser experimentada aqui e agora. Um crente é alguém que não foi criado apenas para a vida terrena, mas que nasceu de novo para uma vida no reino do Espírito, o reino de Deus. Esse é o verdadeiro “homem espiritual” – uma nova criatura em Cristo Jesus (2 Co 5.17). Tiro_BraPort.indd 248 14.05.2007 16:51:32 Uhr Capítulo 13 • O Evangelismo e A Espiritualidade 249 Quando Paulo fala sobre conhecer a Cristo, isso não significa o que pensamos quando dizemos que conhecemos nossos amigos. Os amigos nos encorajam e nos ajudam, e a amizade é muito preciosa; entretanto, conhecer a Cristo é Um crente gozar mais do que de um aperto de mão é alguém que não e uma conversa. É Cristo vivendo em nós. foi criado apenas para Alguns conhecem a Cristo como uma voz a vida terrena, do além; eles O conhecem misticamente. mas que nasceu de Contudo, devemos conhecê-Lo de maneira novo para uma vida dinâmica. C. S. Lewis escreveu sobre os no reino do Espírito, o reino de Deus. cristãos como sendo pessoas “cristianizadas”. Jesus se identificou com a nossa vida humana para que pudéssemos nos identificar com Sua vida divina. Nosso objetivo é sermos como Cristo – não somente em comportamento, mas compartilhando das qualidades interiores da Sua vida. Amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, fidelidade, mansidão, domínio-próprio (Gl 5.22,23) são evidências externas da nossa experiência interna. Espiritualidade e o Poder do Espírito Santo Espiritualidade, como Paulo entendeu, significa contato de poder com O Ressurreto; não uma experiência que acontece de uma só vez, mas um fluir constante de poder. A verdadeira espiritualidade não é obra de um momento – um milagre brusco, uma repentina avalanche de poder. Não chegamos de uma vez; estamos sempre a caminho. Assim, podemos dizer que espiritualidade é um processo. D. H. Whittle, em seu hino, diz: “Momento após momento eu tenho vida do alto”. Outro hino, escrito por Charles Wesley, diz que somos “transformados de glória em glória, até tomarmos o nosso lugar no céu”. Tiro_BraPort.indd 249 14.05.2007 16:51:33 Uhr 250 O Tempo está se Esgotando Gostaria de esclarecer aqui algo que parece ser a base de muita confusão na Igreja. O poder do Espírito Santo para testemunhar é muito importante, mas nós também precisamos desse poder para o nosso próprio benefício espiritual. Paulo gozou desse poder no seu trabalho e também na sua vida pessoal. Ele escreveu: O qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo; para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim. (Cl 1.28,29). Isso se refere ao poder para o seu ministério; contudo ele também precisou de poder para suportar a adversidade e a oposição, e para conseguir se alegrar em cada aflição. Ele orou para que o mesmo poder fosse dado a todos os cristãos; para os colossenses, por exemplo: Sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria (Cl 1.11). Podemos ter poder para expulsar demônios e, mesmo assim, não conseguirmos vencer o demônio no nosso próprio coração. E é aí que a verdadeira batalha espiritual é travada, e não na estratosfera. Podemos ser usados para curar o doente e, mesmo assim, sermos destruídos pela primeira tentação que surgir em nosso caminho. Deus quer abençoar a Seu povo, dando-lhe o prazer dos encantos da ressurreição Tiro_BraPort.indd 250 14.05.2007 16:51:33 Uhr Capítulo 13 • O Evangelismo e A Espiritualidade 251 Paulo descreveu as credenciais de um apóstolo em 2 Coríntios 12. Ele fez referência não apenas a sinais, prodígios e poderes miraculosos (v.12), mas também a fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições e angústias (v.10). Qualquer pessoa pode impor as mãos sobre os enfermos, e até mesmo as crianças têm pregado o Evangelho. O filho pródigo teve confiança para reivindicar e receber a sua herança, mas não teve caráter para mantê-la. Necessitamos do poder de Deus para fortalecer o nosso caráter. A verdadeira grandeza permanece, mesmo quando o mundo inteiro se opõe a nós. Somente pelo poder de Deus somos capazes de vencer Satanás quando ele trama – sutil e descaradamente – contra nós. Deus nos salvou para nos abençoar, não somente para nos usar. Somos Seus filhos, e não somente instrumentos adequados para se usar por um momento e depois, descartados. Deus não nos “utiliza”. Ele nos fez para o Seu amor, e não para o Seu proveito. Ele nos convida para um banquete em Seus aposentos, e não em uma oficina. Somos “a noiva de Cristo”, e não meramente o pessoal da cozinha. Deus não deseja que sejamosescravos do trabalho, burros de carga. Ele nos coloca entre príncipes (Sl 113.8). Paulo encoraja os novos convertidos a saírem e a alcançarem outros com o Evangelho. Mas ele também tinha outro objetivo em vista. Em Colossenses 2.6,7, ele diz: Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele, nele radicados e edificados e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graças. Deus quer abençoar a Seu povo, dando-lhe o prazer dos encantos da ressurreição – liberdade, alívio e felicidade. Trabalhar para Deus é um privilégio, mas isso não é tudo o que há na vida cristã. Não deveríamos ficar alegres simplesmente fazendo coisas. Tiro_BraPort.indd 251 14.05.2007 16:51:33 Uhr 252 O Tempo está se Esgotando Quando Jesus estava ministrando, encontrou multidões esperando por Ele. Os discípulos Lhe disseram: Todos te buscam! E Ele lhes respondeu: Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de que eu pregue também ali, pois para isso é que eu vim (Mc 1.37,38). Jesus não se sobrecarregou tentando fazer tudo, tentando agarrar todas as oportunidades. Ele andou com Deus e deixou Deus cuidar do resultado. Vivemos em um tempo onde “produção” é a chave do trabalho, e isso prejudica a visão da Igreja cristã – mais trabalho, mais oração, mais atividades, e novos projetos. Gostamos de parecer ocupados, e não queremos que ninguém nos pegue com os pés sobre a mesa. Por isso, pastores ficam sobrecarregados de trabalho, sob pressão, e negligenciam a esposa e a família. Não é de se admirar que existam famílias separadas e tantos divórcios na igreja; muitos maridos e mulheres não têm tempo um para o outro. Certa vez alguém fez a seguinte paródia da conhecida passagem de João 10.10: “Vim para que tenham reuniões, e as tenham em abundância”. (Leia a passagem e compare o que Jesus realmente disse.) Não há uma única sugestão no Novo Testamento de que devêssemos orar buscando poder para fazer a obra de Deus. Depois de os discípulos terem esperado dez dias para receberem o Espírito Santo no dia de Pentecoste, começaram o seu ministério de testemunhar. Eles tinham todo o poder que precisavam – para sempre, a menos que entristecessem ou apagassem o Espírito. Eles continuaram a buscar o Senhor, mas para seu próprio progresso espiritual. Não estavam procurando fazer obras maiores ou realizar mais maravilhas; buscavam simplesmente crescer espiritualmente. Ninguém que trabalha para o Senhor precisa ter falta de poder. A verdade é que a medida da nossa fé é o fator que limita, não as Tiro_BraPort.indd 252 14.05.2007 16:51:33 Uhr Capítulo 13 • O Evangelismo e A Espiritualidade 253 nossas virtudes. O poder está no grau da nossa fé e não na nossa espiritualidade. É assim com o reavivamento. Alguns já disseram que o poder é dado na proporção do quanto de tempo gastamos em oração. Isso é teologia de homens. Jesus disse: E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos (Mt 6.7). Infelizmente, nem sempre poderemos ver uma grande fé e uma grande espiritualidade juntas. Jesus confiou em algumas pessoas que não tinham nenhuma espiritualidade, por causa de sua grande fé – incluindo alguns estrangeiros que não tinham nenhum conhecimento das verdades cristãs, ou do Deus de Israel. E foi pela fé que eles receberam grandes livramentos. Santidade e Espiritualidade Muitos cristãos querem ser usados por Deus, e procuram viver uma vida santa para torná-los aptos ao serviço. Eles supõem que a santidade vai garantir-lhes sucesso como trabalhadores cristãos – santidade como um meio para se alcançar um fim; mas a santidade tem um fim em si mesma. Nosso motivo é ser igual a Jesus, ou ser “algo melhor”? Nosso desejo de ser como Jesus é o mesmo que temos de ser um pregador famoso? Semelhança com Cristo não é apenas um degrau na escada de sucesso; é o mais alto degrau que podemos alcançar! Sem [santidade] ninguém verá o Senhor (Hb 12.14). O trabalho não é o maior benefício; a santidade é, pois significa conhecer a Jesus. Cristo nos deu essa lição na casa de Lázaro. Marta estava servindo, preparando uma Santidade tem um comida primorosa para o Senhor. Tudo fim em si mesma. deveria estar muito bem organizado, segundo o costume oriental. Ela impôs essa tarefa a si mesma, esperando agradar ao Senhor; entretanto, Jesus não queria que ela fosse Sua escrava e, sim, que conhecesse o Seu amor. Maria, Tiro_BraPort.indd 253 14.05.2007 16:51:33 Uhr 254 O Tempo está se Esgotando por sua vez, simplesmente sentou-se aos pés de Cristo, o que o agradou mais do que toda a correria de Marta. Ele disse que Maria escolhera a melhor parte, a qual não lhe seria tirada (Lc 10.42). O Antigo Testamento está cheio de homens e mulheres que fizeram grandes coisas para Deus, através do Seu poder, mas poucos deles se tornaram santos notáveis. Não vemos muitas igrejas chamadas São Jacó, São Moisés ou São Abraão. Será que qualquer um desses homens seria aceito no ministério hoje? Suponhamos que Moisés tenha solicitado suas credenciais ministeriais em uma das denominações em nossa denominação; será que ele seria aprovado? Lembre-se, ele matou um homem (Êx 2.11,12)! Podemos fazer um estudo interessante sobre Davi e Saul. Será por que Deus usou a Davi e não a Saul? Ele perdoou Davi por alguns pecados horrorosos, mas não perdoou a Saul. Algumas pessoas têm uma simpatia oculta por Saul. Outros não lhe mostram nenhuma simpatia. O profeta Samuel se opôs a Israel, mesmo que a nação tinha um rei. Por 50 anos Samuel julgou a nação como juiz, mas, quando Saul foi ungido rei, isso significou que Samuel estava sendo colocado de lado. Por não concordar com a idéia de um rei terreno para Israel, ele foi duro com Saul. E o rei fracassou. Entretanto, não foi mostrada misericórdia com ele – não como a Davi, que pecou mais gravemente. Saul era um homem muito alto, certamente um tipo desajeitado de homem do campo; faltava-lhe a sutileza de Davi. Ele era inexperiente nos tortuosos corredores do poder. Saul se tornou, insanamente, ciumento com relação a Davi. Contudo, até certo ponto isso era compreensível. Davi era um jovem agressivo, atraente, impetuoso e popular, e Saul se sentiu ameaçado desde o início. Tiro_BraPort.indd 254 14.05.2007 16:51:33 Uhr Capítulo 13 • O Evangelismo e A Espiritualidade 255 Mas Saul era, pelo menos, um homem de moral, o que Davi certamente não era. Saul admitiu ter cometido um erro, ao passo que Davi fez pior do que cometer um erro. Saul nunca teve de escrever um Salmo, como a agonizante confissão de Davi, descrita no Salmo 51. Saul tinha um filho, Jônatas, que superou em caráter a todos os traiçoeiros filhos de Davi. Saul era um fazendeiro rústico, e não adotou ares reais e de encanto, e nunca construiu um palácio, ou cultivou prestígios como Davi. Deus usou Davi porque ele tinha uma fé extraordinária. Ele compreendeu o coração de Deus e isso o impulsionou no entendimento do Altíssimo, colocando-o à frente do seu tempo. Seu pecado abriu os seus olhos para a generosidade divina. A chave foi que ele ousou crer em Deus, e reconhecer que o Senhor era Rei – o Rei dos reis. Deus usou esse homem Davi da maneira mais extraordinária possível. E mesmo quando ele matou um homem, o Espírito Santo o inspirou a escrever um dos maiores salmos de contrição jamais escrito. Aliás, a fé de Davi e o trabalho de Deus foram bem extraordinários durante aqueles dias remotos, quando o conhecimento de Deus era pouco assimilado. Somente mais tarde os profetas iriam falar a esse respeito de maneira mais completa. Davi levou a fé de Israel a alcançar novos níveis e organizou todo o sistema de adoração. Embora o caráter de Davi tenha sido um pouco confuso, a sua efetividade pode ser resumida no seguinte segredo: sua fé ativa. Como Davi, muitos grandes servos de Deus foram personagens um pouco estranhos. Jonas fugiu de Deus, tomando uma direção oposta ao comando do Senhor. Ele foi o único profeta desobediente na Bíblia, e o único que trouxe uma nação inteira ao arrependimento. Sem falar em Sansão – um personagem com um caráter incorrigível. A Bíblia é um verdadeiro registro da boa vontade de Deus em usar homens e mulheres que consideraríamos inadequados. Tiro_BraPort.indd 255 14.05.2007 16:51:33 Uhr 256 O Tempo está se Esgotando Certa ocasião os apóstolos encontraram um homem expulsando demônios no nome de Cristo, e o mandaram parar; entretanto Jesus lhes disse que o deixassem continuar (Mc 9.38,39). Aquele homem desconhecido viu que a fé no nome de Jesus era capaz de fazer coisas maravilhosas. Igualmente, alguns hoje não parecem ser grandes exemplares de espiritualidade cristã. Se formos olhar bem, nem os próprios discípulos o foram; contudo há muito tempo eles se tornarem santos, e agora procuramos imitá-los. Os discípulos de Jesus expulsaram demônios e curaram enfermos. Recentes acontecimentos mostram que fazer milagres e operar grandes maravilhas para Deus não é nenhuma garantia da virtude pessoal de ninguém. Essa é a razão pela qual devemos buscar a Deus para que Ele trabalhe em nós, e não apenas para obtermos poder para servir. Talvez tenhamos poder para servir, mas sejamos um fracasso como seguidores de Cristo; no final isso vai acabar por arruinar o nosso testemunho. O semeador trabalha duro no solo para obter boa colheta. Embora o caráter de Davi tenha sido um pouco confuso, a sua efetividade pode ser resumida no seguinte segredo: sua fé ativa. Jesus disse que havia aqueles que no dia do grande Julgamento O chamariam Senhor e reivindicariam ter operado poderosas maravilhas em Seu nome. Entretanto, Ele os mandaria embora, como os que praticais a iniqüidade (Mt 7.23). Confesso não entender como alguém que pratica o mal pode expulsar demônios e curar doentes, mas foi exatamente o que Jesus disse. Isso certamente nos mostra que esse tipo de poder não vem unicamente por intermédio da santidade. Paulo disse que desejava não ser achado na sua própria retidão, mas na que é por fé em Cristo (Fp 3.9). Deus pode agir por meio de nós somente através da Sua provisão de graça e misericórdia; nos coloquemos diante d’Ele lavados e remidos pelo sangue do Cordeiro. Tiro_BraPort.indd 256 14.05.2007 16:51:34 Uhr Capítulo 13 • O Evangelismo e A Espiritualidade 257 Quando eu era um jovem pastor, ouvi certa vez um idoso ministro do Evangelho orando. Ele falava com arrependimento do seu triste fracasso. Lembro-me de que naquela ocasião fiz a seguinte oração: “Ó Senhor, me conceda que, quando for velho, como esse homem, eu não tenha motivos para ter de fazer esse tipo de oração”. As tentações com as quais nos deparamos ao prosseguir com o trabalho de Deus, são sutis e quase impostas; entretanto, precisamos desesperadamente alcançar a santidade, para sermos líderes e servos cristãos, qualificados. Há pouco fiz referência a Samuel, um líder possuidor de uma integridade perfeita; mas ele não era perfeito. Parece que ele guardava um certo rancor contra Saul, pois sempre foi bastante implacável com relação a ele. Samuel foi um servo do Senhor que nunca se enriqueceu valenso-se de subornos ou abuso de poder. Ele foi um dos maiores na história de Israel. Não precisamos esperar a vida toda para O propósito do nos tornarmos perfeitos em virtudes cristãs, poder é testemunhar, antes de sermos usados por Deus. Contudo, mas o propósito para o nosso próprio bem, deveríamos orar da santidade é a como Paulo, para conhecer a Cristo. Em própria santidade. um sentido mais amplo, a eficácia de toda a Igreja é afetada se os cristãos agem ou não como cristãos. O propósito do poder é testemunhar, mas o propósito da santidade é a própria santidade. O propósito da espiritualidade, por sua vez, é pessoal – sermos como Deus é e, então, cumprirmos o propósito final do Senhor, Sua suprema e maior razão para ter criado a raça humana, como determinado desde o princípio: façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança (Gn 1.26). Deus tem planos para cada um de nós, individualmente, não somente como Seus servos e instrumentos. Ele nos ama, não apenas porque somos úteis a Ele. De modo geral, não costumamos ter algum tipo de relacionamento com nossos Tiro_BraPort.indd 257 14.05.2007 16:51:34 Uhr 258 O Tempo está se Esgotando martelos e serrotes, nem Deus se relaciona conosco como se fôssemos Suas ferramentas. Ser usado por Deus é simplesmente um dos benefícios, um privilégio de conhecer a Cristo. A derrota dos crentes sob o ataque de Satanás é comum. Algumas pessoas pecam abertamente e não têm a menor preocupação em parecer que são bondosas. Outros, por outro lado, pecam às escondidas, enquanto mantêm uma aparência de bondade. Paulo escreveu: nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor (1 Co 4.5). Não somos qualificados para nos apropriarmos do julgamento do Deus onisciente. Alguns pecados são feridas de batalhas horrorosas, em que se obteve vitória. Alguns homens lutam com mais tentação em um dia, do que outros em um mês. Grandes homens podem pecar de maneira grande, mas uma pequena falha pode se tornar enorme, quando exposta através das lentes da fama. Vivendo em Verdadeira Confiança Vamos considerar os exemplos do apóstolo Pedro. Ele era um homem de ação, mas essa sua virtude era também a sua falha – seu impulso para agir era muito freqüentemente irrefreável. Ele falava quando não devia, era cheio de entusiasmo e autoconfiança. Quando Pedro ouviu Jesus falar sobre ser preso pelos Seus inimigos, ele se achou um grande homem, o herói protetor do seu Mestre (Mt 16.21,22). Assumir o papel de protetor de Jesus é uma tarefa e tanto! Agora, falar com o Mestre para confiar nele para a Sua segurança, aí já é demais! Você pode dizer que isso é vanglória, insolência – autoconfiança, se você preferir … como você quiser. Entretanto, esse era Pedro. Porém, o verdadeiro começo da auto-confiança é confiar completamente em Jesus. Perca a confiança no Senhor que mais cedo ou mais tarde a sua arrogância vai explodir, e parecer tão trsite Tiro_BraPort.indd 258 14.05.2007 16:51:34 Uhr Capítulo 13 • O Evangelismo e A Espiritualidade 259 quanto um balão murcho. Quando Jesus foi preso e provado, Pedro se surpreendeu com a sua própria covardia. Ele se tornou um homem esquivo, tão pequeno que as palavras de uma serva o amedrontavam. Aí ele começou a representar, fingindo ser apenas um dos que estavam por perto. Ele se aqueceu no fogo com outros pagãos, e passou a portar-se como um deles, amaldiçoando, jurando e negando ter qualquer coisa a ver com Jesus de Nazaré (Mt 26.74; Mc 14.54). Agora, para uma falha daquela magnitude, em qualquer conferência ministerial os membros teriam destituído a Pedro de suas funções sacerdotais, e retirado suas credenciais de apóstolo. Quando Jesus chamou a Pedro, Ele disse: “Segue-me”, e lhe concedeu uma grande pesca (Mt 4.19). Então, vieram três maravilhosos anos com Cristo, até que chegou a cruz. Isso derrubou Pedro; foi uma queda de uma grande altura. Esses dias maravilhosos com Jesus pareceram desaparecer como uma miragem. Pedro simplesmente encolheu os ombros, e voltou para o ponto de partida, de volta ao que ele sabia: pescar. Ali, entretanto, tinha sido o lugar onde ele havia visto Jesus pela primeira vez, e foi para lá que Jeus voltou. O Mestre encontrou Pedro O verdadeiro pescando novamente – o mesmo Jesus de começo da autoontem, hoje e eternamente. Ele operou o confiança é confiar mesmo milagre, a grande pesca, e, então, completamente Jesus disse as mesmas palavras que dissera em Jesus. três anos antes: “Segue-me!” (Jo 21.19). Porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis (Rm 11.29). Efésios diz que Deus concedeu uns para evangelistas (Ef 4.11). Podemos falar sobre o departamento de evangelismo da igreja ou organização cristã, mas Deus não reconhece tais departamentos. Ele somente reconhece a Igreja. A Igreja é o departamento de evangelismo – toda ela. Mas evangelismo requer mais do que evangelistas; o trabalho necessita de apóstolos, professores, Tiro_BraPort.indd 259 14.05.2007 16:51:34 Uhr 260 O Tempo está se Esgotando profetas e pastores – todos eles. Para quê? Para alimentar os novos convertidos. Não há nada errado com cruzadas evangelísticas, mas pode haver algo muito errado depois delas. Jesus disse a seus discípulos, na praia: … trazei alguns dos peixes que acabastes de apanhar (Jo 21.10). Não eram somente os evangelistas que estavam incluídos naquela ordem. Uma coisa que nos deixa alarmados nessa cena da restauração de Pedro é que Jesus não repetiu a ele o que havia dito antes, sobre dar a Pedro o Espírito Santo ou as chaves do Reino. O que Ele disse foi: Apascenta as minhas ovelhas (Jo 21.17). O assunto agora não tinha mais nada a ver com pesca, mas com ovelha. Nós comemos peixes, mas as ovelhas devem ser alimentadas. Os críticos da igreja têm um ditado: “Evangelistas tomam decisões, mas Jesus disse, ‘Fazei discípulos’”. Entretanto, evangelistas não tomam decisões; são os convertidos que o fazem. Evangelistas não fazem nada, eles simplesmente chamam a atenção para Cristo, e trabalham por uma resposta. Um evangelista recebe respostas, mas são necessários pastores para fazer discípulos. O evangelista traz a matéria bruta, Nós comemos peixes, e o pastor tem de trabalhá-la. E mesmo mas as ovelhas devem que o evangelista desenvolva bem o seu ser alimentadas. ministério, fazer discípulos toma tempo e não pode ser feito em uma cruzada de seis dias. Alguns pastores não o conseguem em anos. Jesus gastou três anos com os Doze e, mesmo assim, eles não eram tão maravilhosos assim. Nenhum evangelista pode alimentar os novos convertidos na igreja; mesmo sendo eles todos nascidos de novo e treinados nos princípios do discipulado. Se ele pudesse, pastores e professores não seriam necessários (nem qualquer outros companheiros crentes. Ver 1 Coríntios 12; Efésios 3.18). Tiro_BraPort.indd 260 14.05.2007 16:51:34 Uhr Capítulo 13 • O Evangelismo e A Espiritualidade 261 A Igreja não escolhe e designa apóstolos, profetas, pastores, professores e evangelistas, casualmente. É o Senhor quem os escolhe. Podemos escolher outros e perder os designados do Senhor. A Igreja Católica rejeitou Martin Lutero. A Igreja Anglicana rejeitou João Wesley. Os Metodistas rejeitaram William Booth. Os Batistas rejeitaram William Carey. O povo da Holiness rejeitou William Seymour; contudo, Deus não rejeitou a nenhum deles. Deus coloca pastores em cada igreja, de qualquer tamanho, e todos eles são parte da liderança, como costumamos chamar (1 Co 12.28). Eles têm o coração cheio de amor pelas pessoas, para cuidar delas, visitá-las e orar por elas. Eles são a equipe de enfermeiras e médicos de Deus, operando na retaguarda. A Bíblia fala sobre pessoas sendo bem ajustado (Ef 2.21); o original grego se refere à fixação de um osso deslocado ou quebrado. Deus escolheu a esses líderes, e lhes deu sabedoria para aconselhar. Pode ser que os pastores que escolhemos não tenham nenhuma dessas características. Nossa tendência é escolher homens de negócio, figuras populares, organizadores, gerentes, talvez generais, ou primeiro sargento. Contudo, o verdadeiro trabalho é feito por esses de coração suave e compassivo, prontos a se esforçarem a qualquer tempo, que são – em grande parte – desconhecidos, jovem ou velho, homens ou mulheres. Eles têm o dom de reconhecer rostos cheios de conflituosas e também possuem uma palavra de conforto para compartilhar com os que precisam. Às vezes até têm uma palavra para alguém, mas recebem uma palavra de sabedoria e entendem que não devem dizer nada a ninguém, a não ser orar. Não entendo como um evangelista pode fundar uma igreja em apenas alguns dias, suprindo a todo o grupo de convertidos das ruas, e qualificá-las como discípulos. O evangelismo é simplesmente o primeiro passo, não todo o processo. Um homem Tiro_BraPort.indd 261 14.05.2007 16:51:34 Uhr 262 O Tempo está se Esgotando para fazer tudo isso em apenas seis dias teria de ser um tipo de guru. E um evangelista não deve aceitar o papel de guru. Alguns pastores têm medo de que um evangelista crie essa situação na igreja, um medo que, tristemente, nem sempre é infundado. A Fé Trabalha por Amor Por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor. Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutíferos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo (2 Pe 1.5-8). Como já mencionei, a fé é a chave; contudo, a espiritualidade tem de ser desenvolvida. A espiritualidade é a qualidade que será reconhecida no céu quando receberemos a nossa recompensa, ou o nosso status. Ela é desenvolvida durante toda a vida, vencendo, colocando as coisas espirituais antes das carnais. Na passagem acima, Pedro não está dizendo que uma virtude é derivada da outra; ou seja, domínio próprio de conhecimento ou perseverança de domínio próprio. Não progredimos de uma qualidade à outra, mas devemos ter a todas sempre melhorando. A fé não leva, essencialmente, ao amor; antes, fé e amor estão atrelados: a fé age por amor. Quando Jesus restaurou a Pedro ele não disse, “Ok, você está perdoado. Esqueça o passado, somente continue o seu trabalho”. Ele disse: Simão, filho de Jonas, você Me ama? (Jô 21.15-17). O amor de Pedro por Cristo era a única coisa que tinha que Tiro_BraPort.indd 262 14.05.2007 16:51:35 Uhr Capítulo 13 • O Evangelismo e A Espiritualidade 263 ser perguntada. Realmente, é isso mesmo o que conta. Ele não vai nos perguntar quantas almas ganhamos. Ele somente vai nos medir pelo nosso amor. Suas pergunta continua sendo: “Você me ama?”. Bem, e o que vamos responder? Tiro_BraPort.indd 263 14.05.2007 16:51:35 Uhr Tiro_BraPort.indd 264 14.05.2007 16:51:35 Uhr Capítulo 14 PREGANDO JULGAMENTO A UM MUNDO POLITICAMENTE CORRETO Mandou chamar Paulo e passou a ouvi-lo a respeito da fé em Cristo Jesus. Dissertando ele acerca da justiça, do domínio próprio e do Juízo vindouro, ficou Félix amedrontado (At 24.24,25). P aulo foi o primeiro missionário na Europa. Por onde ele foi, encontrou pessoas cujas idéias eram contrárias ao Evangelho; tinham a mente conformada a um padrão diferente. Todas as indicações eram de que a Europa era uma terra dura e infértil, imprópria para o plantio da semente do Evangelho. O encontro de Paulo com Félix foi típico. Era como se o cristianismo encontrasse com o temor e a suspeita, porque ele representava uma nova maneira de ver as coisas. Mas o que era tão novo sobre o cristianismo? Apenas uma coisa: ele não era simplesmente uma nova “religião”, como as demais. Os gregos e os romanos serviam a muitos deuses, mas esses deuses não tinham o poder para mudar a vida de ninguém. Uma pessoa poderia praticar os ritos, fazer os sacrifícios requisitados, mas o cristianismo era uma nova maneira de pensar – uma nova maneira de viver. Na realidade, Félix conhecia o cristianismo como sendo “o caminho”. Paulo estava introduzindo uma nova e revolucionária maneira de conhecer a Deus, que mudava atitudes e tudo o mais. Uma nova forma de as pessoas viveram o dia-a-dia. Tiro_BraPort.indd 265 14.05.2007 16:51:35 Uhr 266 O Tempo está se Esgotando Mesmo que Paulo tenha sido criado de acordo com as tradições judaicas, ele foi chamado pelo próprio Jesus para pregar o evangelho aos gentios, tanto étnica como religiosamente; os não judeus do mundo greco-romano (At 22.21). Os gentios dos dias de Paulo eram dedicados a muitas filosofias, bem como a sistemas diferentes de crenças. O livro de Atos menciona especificamente as práticas da magia (8.9; 19.19), crença em deuses clássicos (14.11), leitura de sorte e advinhação (16.16), adoração a ídolos (17.16), filosofia estóica e epicureana (17.18) e adoração à deusa Diana (19.27). Também larga e ativamente praticada era a adoração ao Imperador, o culto da misteriosa religião órfica, os ritos de fertilidade da seita Eleusiana, os oráculos de Delfos e ai por diante. Mesmo a comunidade judaica estava dividida religiosamente. O partido dos saduceus negava importantes aspectos do sobrenatural, enquanto os fariseus os afirmaram (Ato 23.7,8). Os essênios, em uma tentativa de escapar do sistema mundial do mal, implantaram comunidades ascéticas no deserto. Outros judeus se tornaram influenciados pelo pensamento e cultura grega. Hoje, isso é o que chamamos de sociedade pluralística. Paulo estava levando o Evangelho às pessoas, cuja inteira educação e perspectiva eram alheias, ou até mesmo opostas, aos princípios básicos sobre os quais o Evangelho havia sido fundado. Cada religião oferece o seu próprio estilo de vida superficial; o verdadeiro cristianismo, entretanto, oferece muito mais. Por exemplo, os clérigos muçulmanos com sua política religiosa regulam a maneira que seus seguidores comem, lavam, vestem, conduzem relacionamentos, oram, e vão a extremos para impor suas regras. A Bíblia, entendida propriamente, não faz nada do tipo. O verdadeiro cristianismo simplesmente muda os princípios da vida. Tudo se torna motivado pelo nosso amor a Cristo. Desde o momento em que uma pessoa nasce de novo, passa a olhar o mundo com olhos diferentes (2 Co 5.14-17). Tiro_BraPort.indd 266 14.05.2007 16:51:35 Uhr Capítulo 14 • Pregando Julgamento a um Mundo Politicamente Correto 267 Os cristãos sabem que o seu modo de vida choca muitas religiões e culturas, em muitos países ao redor deles, resultando freqüentemente em perseguição aos crentes. Algumas religiões se opõem frontalmente à cultura americana e européia; os muçulmanos extremistas chamam a América de “O Grande Satã”. Hoje, qualquer um que testemunhe de Cristo, Cada religião oferece em seu país ou no exterior, enfrenta probleo seu próprio estilo mas para comunicar o Evangelho a grupos de vida superficial. de diferentes credos religiosos. No meu caso, esse é um problema diário, uma vez que prego para multidões diversas. Produzimos 185 milhões de livros e livretos em 142 línguas diferentes, na tentativa de construir pontes de acesso aos não cristãos. Freqüentemente, o problema que enfrentamos é que, em muitas culturas, o indivíduo se identifica muito de perto ou pelo seu país, ou pela sua religião. Converter é quase que um ato de traição. Isso é verdade especialmente nas nações islâmicas, onde converter ao cristianismo atualmente leva à pena de morte! Entretanto, pluralismo não é mais simplesmente um problema missionário. Desde a Segunda Grande Guerra Mundial, uma nova situação demográfica surgiu no mundo. A Alemanha, a França, a Grã-Bretanha, os Estados Unidos e outros países sofreram mudanças significativas, inundados pelos imigrantes da Ásia e do Oriente Médio. O Oeste teve que se ajustar, visto que as novas culturas não se integram com as nossas tradições nativas e cristãs. O pluralismo cria atrito e, na América, entre o aumento da tolerância e a justeza política, adotou-se uma legislação para atenuar a tensão. A Quê Somos Absolutamente Contra Atos 24.4,5 ilustra bem a abordagem de Paulo para apresentar o Evangelho àqueles de diferentes culturas. Félix era procurador Tiro_BraPort.indd 267 14.05.2007 16:51:35 Uhr 268 O Tempo está se Esgotando da Judéia (e, portanto, sucessor de Pôncio Pilatos), mas possivelmente tenha sido escravo. Por linhagem ele era romano, mas sua esposa, Drusila, era judia. Ele tinha algum conhecimento do cristianismo, possivelmente através de sua esposa. É bem interessante ver como o apóstolo apresentou o Evangelho a esses governantes pagão. Paulo conversou com Félix sobre basicamente quatro coisas: 1) fé em Cristo; 2) retidão; 3) domínio próprio e 4) julgamento vindouro. Neste livro falei muito sobre três desses assuntos, e agora chegamos ao quarto. Como deveríamos nós, como cristãos, abordar o tópico do julgamento em uma sociedade pluralística, politicamente correta? Evangelismo ou missões, hoje, é uma rede lançada em muitas nações, línguas, religiões, e modos de pensar. Quando os primeiros missionários modernos trabalharam na Índia e na África, eles tentaram impor a maneira ocidental sobre os convertidos, como se o modo de vida ocidental fosse a maneira correta. Os primeiros missionários modernos foram principalmente os ingleses – inicialmente João Wesley foi um missionário para os índios americanos. Eles construíram igrejas inglesas, ensinaram formas inglesas de adoração, hinos ingleses, e providenciou roupas inglesas para os nativos. Paulo conversou com Félix sobre basicamente quatro coisas: 1) fé em Cristo; 2) retidão; 3) domínio próprio e 4) julgamento vindouro. Tiro_BraPort.indd 268 Os primeiros missionários criaram grandes problemas para si próprios, tentando “ocidentalizar” seus convertidos. Nessas terras longínquas o cristianismo, uma religião estrangeira, veio para se identificar com o Oeste.Até hoje, em alguns lugares, ele ainda é visto ccomo algo “importado”. Por outro lado, Hudson Taylor cria que, a fé em Cristo poderia expressar a si mesma 14.05.2007 16:51:35 Uhr Capítulo 14 • Pregando Julgamento a um Mundo Politicamente Correto 269 em qualquer ambiente cultural – afinal, Cristo pertence a todas as nações. Em terras chinesas a fé em Cristo foi apresentada na forma inglesa; entretanto, Hudson Taylor viu que aquilo era um erro. Então, ele adotou a moda chinesa para alcançar os chineses. Esse foi o começo de tudo. Os convertidos ao Evangelho não precisam de mudar sua cultura nacional, exceto onde elas são culturas demoníacas, baseadas em adoração de espíritos. Uma cultura chinesa cristã ou uma cultura cristã indiana são tão legítimas como uma cultura ocidental. Em qualquer caso, é um erro pensar na cultura ocidental como se fosse completamente cristã. Por exemplo, as primeiras práticas de democracia são pré cristãs, originadas na Grécia antiga, e não na Bíblia. E nosso eficiente sistema de débito e crédito do Oeste, não é especificamente cristão; entretanto, vivemos e servimos a Deus nele. Hoje o problema da espiritualidade está sendo atacado de várias maneiras, por pessoas de diferentes crenças e culturas. Por exemplo, alguns tentam reconciliar a eles mesmos e suas crenças ao Evangelho, alegando que o Evangelho não é único, e, sim, em essência, o mesmo em todas as religiões. Dizem que se trata apenas de uma questão de experiência pessoal. Estão tentando provar que essa experiência, comum, é realmente a “luz interior” que todos nós compartilhamos. Em outras palavras: não é politicamente correto reivindicar que cristianismo seja o único. Outro método pluralístico é separar o melhor de todas as religiões e colocar junto – uma abordagem que chamamos de sincretismo. Outros preferem buscar os místicos orientais para encontrarem uma maneira de desenvolver sua consciência religiosa, sintonizando com influências externas. Nada de credos, nada de doutrinas, e até nada de adoração – simplesmente sentimentos de “elevação”. Tiro_BraPort.indd 269 14.05.2007 16:51:35 Uhr 270 O Tempo está se Esgotando Na maioria dos países do mundo, a religião freqüentemente não significa nada mais que uma experiência que vem do banco em uma igreja – a sensação do local propriamente dita, com sua quietude, paz, e mistério. A liturgia tem como objetivo aumetar o mesmo efeito psicológico e, por isso, freqüentemente o sermão é simplesmente um interlúdio com chavões e clichês. Existe na Igreja um movimento em andamento, para que haja um “diálogo” entre as religões estrangeiras. Costumam dizer que há verdade em cada uma elas. Confesso que isso me preocupa. Não me importo com diálogos, se isso significar que posso contar a alguém sobre Jesus, que também vai me contar sobre as crenças das outras religiões; contudo, freqüentemente a idéia é interagir e integrar. E como podemos adequar o cristianismo e suas práticas ao budismo, islamismo, ou hinduísmo? Isso é uma concessão mútua, mas que não é nem somente inaceitável como também impraticável. Não há como colocar todas as religiões em um cadinho e criar uma liga forte; isso nunca funciona. O que teremos no final, será apenas uma sacola cheia de absurdas bugigangas religiosas. O cristianismo, entretanto, é uma religião dogmática; o Evangelho possui declarações fortes que devem ser aceitas. O cristianismo é histórico; e isso é fato. O Evangelho pode significar sentimentos, mas não pode ser reduzido a eles. Isso é verdade, qualquer um pode ver. Pessoas morreram penduradas em estacas, por causa da Verdade – isso não foi por sentimentos. Devemos declarar a verdade intrepidamente, e nunca comprometê-la ou diluí-la, para não ofender os sentimentos de alguém. Eu sei que podemos encontrar grãos de ouro na areia. Também é possível encontrar parte de verdade mesmo em falsas crenças (Romanos 1); todavia, nem tudo que é bom, salva, e, nem toda verdade é a verdade salvadora. Bons conselhos palavras sábias Tiro_BraPort.indd 270 14.05.2007 16:51:35 Uhr Capítulo 14 • Pregando Julgamento a um Mundo Politicamente Correto 271 não trarão perdão. Jesus não veio para nos dar conselhos, ministrar conhecimentos, ou nos ensinar a encontrar nossa luz interior. Ele veio para que tenhamos VIDA, e vida em abundância. Se todas as religiões são a mesma coisa, nós podemos também ficar em casa; vamos deixar os muçulmanos serem muçulmanos. Vamos deixar que os hindus, brâmanis, Nem tudo que é budistas, animistas, espíritas, feiticeiros bom, salva, e, nem – vamos deixar que fiquem como estão. toda verdade é a Afinal de contas, as religiões não são a verdade salvadora. mesma coisa?! Milhões são desprezados por suas religiões, em vez de abençoados. Freqüentemente as práticas sagradas produzem males e atrazos de vida – a opressão da mulher, intolerância, vingança, fanatismo, e escravização de classes menos privilegiadas estão entre os resultados. O Evangelho, por outro lado, é um poder libertador e edificante! Onde ele é aceito, traz melhorias sociais e respeito para o menor e o mais simples. Lembre das palavras do hino do grande Isaac Watt: “Jesus reinará”. As bênçãos abundam onde quer que Ele reine, O prisioneiro salta livrando-se de suas correntes, O fraco encontra descanso eterno, E todos os filhos querem ser abençoados. Há milhões esperando e esperançosos por algo mais, algo melhor que nossos bons sentimentos. Depois de conviver 30 anos no meio de pessoas não cristãs, sei que essas almas terrenas anseiam por algo que só podem encontrar em Jesus Cristo. Eles querem uma realidade mais sublime, algo mais substancioso – mais que pompa, cerimônias, observâncias, orações e símbolos. Eles querem uma fé que seja uma rocha no meio da tempestade. Tiro_BraPort.indd 271 14.05.2007 16:51:36 Uhr 272 O Tempo está se Esgotando As pessoas querem saber que existe justiça no mundo. Eu prego Cristo, o Juiz de todos. Eles querem poder para superar o mal em seu coração; eu prego que Jesus salva. Eles querem perdão para os seus pecados; eu prego que através desse homem, Cristo Jesus, se vos anuncia remissão de pecados por intermédio deste [Jesus] (At 13.38). Eles querem experimentar Deus; eu prego o batismo com o Espírito Santo enchendo-os Jesus é a Rocha mente, corpo e espírito. Eles querem ajuda que garante a nossa para suas lutas diárias, não uma religião segurança em um que impõe mais deveres; eu prego um mundo à deriva. Jesus a quem eles podem entregar sua vida, quem vai assumir responsabilidade sobre o seu passado, o seu presente e o seu futuro. Quem mais pode fazer tudo isso? Jesus verdadeiramente é o único Salvador. Ele não tem nenhum rival, nem vivo, nem morto. Cristo não dita regras quanto ao lavar, o comer ou ao orar. Ele muda a nossa essência. Sua sabedoria é colocada em nós, como uma lei da natureza – nossa nova natureza em Cristo. Somos nascidos de novo; temos genes divinos. Nosso DNA, codificado em nossos genes, guia o crescimento e as características do nosso corpo físico. O DNA é como uma fita gravada automaticamente, instruindo cada célula viva a fazer o que deve ser feito. O Espírito de Deus age como nosso DNA, desenvolvendo e guiando nosso crescimento em Cristo. Pregando o Evangelho em um Mundo Pluralístico Os apóstolos pregaram julgamento. Na verdade, esse não era um assunto sobre o qual os pagãos gostavam muito de pensar. Entretanto, era a verdade e os apóstolos foram mandados para pregar a verdade. Recentemente tive a oportunidade de pregar para centenas de milhares de mulçulmanos e hindus. Não tenho Tiro_BraPort.indd 272 14.05.2007 16:51:36 Uhr Capítulo 14 • Pregando Julgamento a um Mundo Politicamente Correto 273 nenhuma dificuldade em pregar o Evangelho na sua totalidade. Prego com alegria sobre Jesus, retidão, moderação e o julgamento vindouro. Esse Evangelho queima no coraçcão das pessoas, como uma repentina alvorada depois da uma escuridão, depois de uma noite sombria. Jesus é a Rocha que garante a nossa segurança em um mundo à deriva, em um mar de incertezas. Deus não nos abandonou tentando nos agarrar a sentimentos confusos, segurando apenas em um fio de esperança passageira. Nossa mensagem cristã a um mundo confuso é positiva, sólida e racional. Eu não critico outras crenças. Eu não ofendo, intencionalmente, a seguidores de outras religiões. Eu não argumento sobre religião, e não entro em discussão sobre qual sistema de crença é certo. Eu simplesmente apresento o glorioso Evangelho de Cristo de maneira positiva. Se meus ouvintes acreditam que seus deuses hindus ou mesmo Alá ou Buda podem oferecer perdão a eles, dar-lhes poder sobre o pecado, vesti-los na retidão e dar-lhes esperança quando são julgados, tudo bem. Deixe-os continuar como estão; entretanto sei, e eles também sabem, que não há nada semelhante a isso em seus credos e costumes. Somente Jesus salva! Ninguém mais está no páreo. Se é ética que as pessoas querem, a Palavra de Deus está completa. Nossa ética cristã vem da Bíblia; não precisamos ir ao Alcorão ou aos mitos hindus procurando por direção. Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento [de Jesus Cristo] (2 Pe 1.3). Todas as religiões têm uma teoria sobre como a justiça final será realizada. Esse é um princípio básico, e essa é a razão pela qual Jesus falou muito sobre ele. O Senhor disse: E o Pai a ninguém Tiro_BraPort.indd 273 14.05.2007 16:51:36 Uhr 274 O Tempo está se Esgotando julga, mas ao Filho confiou todo julgamento (Jo 5.22). O julgamento está nas mãos de Jesus. Mas que mãos são essas – marcadas por um prego de ferro, são mãos de misericórdia. Aquele que nos ama é o Juiz. Que alívio! O nome de Jesus alegra as pessoas por todo o mundo. Note que os apóstolos não ameaçaram as pessoas com julgamento; afinal, eles estavam pregando boas novas. Eles não desejam causar temor. Eles não precisaram adverti-las de que, sem Cristo, elas iriam perecer. Elas sabiam muito bem disso, e já estavam cheias de medo sobre o que Eles não precisaram poderia acontecer a eles, especialmente na adverti-las de que, morte. Muitos criam que quando morressem Cristo, sem mergulhariam em um mundo de escuelas iriam perecer. ridão, temido submundo, guardado por Elas sabiam muito um cão de três cabeças chamado Cérbero. bem disso. Os apóstolos sabiam que, diante da menção da morte e de julgamento o mundo pagão se curvaria, temeroso. Esses homens de Deus, porém, vieram trazer a mensagem da cruz e da ressurreição, de justiça e misericórdia, no trono da graça divina. Não há nada errado com essa gloriosa mensagem! É uma palavra para todas as pessoas, de todas as crenças, de todas as culturas, de todos os tempos, de todas as raças. Não precisamos comprometer tais maravilhosas notícias. Declaramos a verdade, os fatos, e são esses inflexíveis fatos que todo mundo em nossa sociedade pluralística deve encarar. Os apóstolos pregaram julgamento, não castigo eterno. Suas epístolas e os sermões em Atos são, na sua maioria, silenciosos nesse assunto, mas fortes no conceito de julgamento. A palavra “inferno” é mencionada apenas algumas vezes no Novo Testamento. Ameaçar as pessoas com o inferno não tem efeito; elas riem da idéia, caricaturada entre elas, de um inferno em chamas, enxofre, cavernas, e demônios com calda bifurcada. Tiro_BraPort.indd 274 14.05.2007 16:51:36 Uhr Capítulo 14 • Pregando Julgamento a um Mundo Politicamente Correto 275 Os pregadores, no passado, descreveram uma agonia no inferno como Deus jamais havia planejado, mesmo para a pior de Suas criaturas. O quadro do inferno tem sido exagerado. A igreja medieval sofreu tanto que chegou à paranóia. Um escritor daqueles tempos disse que as crianças que não fossem batizadas sofreriam no fogo, que iria piorando a cada século. Quem daria ouvidos a uma coisa dessas hoje em dia? Para pregar sobre o inferno (ou qualquer outra coisa) duas coisas são necessárias: primeiro, devemos fornecer uma explicação apropriada do que a Bíblia diz e, segundo, devemos como Jesus pregou – se é que podemos. Sua voz, como tudo o que Ele fez, era uma expressão de profundo desejo e infinito amor por todas as Suas criações. Ele não teve nenhum prazer em adverti-las sobre o inferno. Ele veio fazer tudo o que podia para preveni-las de irem para lá. E Ele proferiu esses avisos com a voz partida. Se queremos ver os mesmo resultados da pregação dos apostólicos, devemos pregar a mesma mensagem que eles pregaram. Nas regiões sombrias onde freqüentemente prego, qualquer outro tipo de sermão seria uma traição escandalosa do que o evangelho é, e uma traição àqueles que me ouvem. Meu evangelho é o Evangelho de Jesus, Paulo, Pedro e todos os outros. Não importa o que foi colocado na mente daquelas pesSe queremos ver soas, como lavagem cerebral, o Evangelho os mesmo resultados é apropriado para cada situação. Ele lida da pregação dos com as questões da vida de todo mundo. apostólicos, Ele é o bisturi do cirurgião cortando fora devemos pregar a o câncer do pecado. O Evangelho deve ser mesma mensagem cortante, mais afiado do que espada de dois que eles pregaram. gumes (Hb 4.12), e lida honesta e positivamente com o pecado, julgamento, retidão, a salvação da Cruz e o poder de Deus. Essas coisas não são para serem debatidas, mas para serem proclamadas. Tiro_BraPort.indd 275 14.05.2007 16:51:36 Uhr 276 O Tempo está se Esgotando Como Jesus Ligou a Sua Mensagem com os Acontecimentos Finais O julgamento era parte pesada do ensino de Jesus, e isso tornava muito solene tudo o que Ele tinha a dizer. Algumas vezes Ele falou sobre isso explicitamente, mas estava em sua mensagem o tempo todo, de maneira implicita. A eternidade é sempre vista nos ensinamentos do Senhor. Os acontecimentos finais faziam parte do pacote. Eles estavam presentes quando Cristo falou sobre eles, e é principalmente por intermédio de Jesus que recebemos entendimento sobre dias finais. É surpreendente ver como a noção de julgamento permeou tudo o que Jesus falou. Ele não veio ao mundo para que as pessoas se divertissem com o Messias; falou diretamente sobre recompensa e castigo. Creio que hoje, de modo geral, a Igreja tem o hábito de amenizar essa questão do julgamento; contudo, essa é a parte essencial dos ensinamentos de Cristo. Ele teve grande compaixão, mas nunca maquiou a verdade. Ele falou, de maneira direta, que o julgamento vem. Ele teve tamanha compaixão pelas multidões que além de alimentar 5.000 deles, também os advertiu sobre seu destino, caso não cressem n‘Ele. Foi exatamente por causa desse julgamento que o Senhor veio à terra e teve de morrer na cruz. Isso é uma realidade. Ele teve tamanha compaixão pelas multidões que além de alimentar 5.000 deles, também os advertiu sobre seu destino, caso não cressem n’Ele. Devemos pensar em algo mais do que pão, e confiar em Deus para nos salvar. Ninguém mais fará isso por nós. Tiro_BraPort.indd 276 14.05.2007 16:51:36 Uhr Capítulo 14 • Pregando Julgamento a um Mundo Politicamente Correto 277 Jesus em Julgamento Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mt 4.17). Arrependimento é a primeira coisa que ouvimos do ministério do Senhor, e João Batista pregou essa mesma mensagem antes dEle (Mt 3.2). Já até falaram que Jesus começou o Seu ministério como sendo um dos discípulos de João, mas não vejo evidência desse fato na referência bíblica. Entretanto, a mensagem de João estava cheia de julgamento, como a de Jesus. João usou expressões como fugir da ira vindoura (Mt 3.7) e toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo (Mt 3.10), e a sua pá, ele a tem na mão e limpará completamente a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível (Mt 3.12). Jesus usou esse tipo de advertência por todo o Seu ministério e usou figuras de linguagem semelhantes. Tanto João Batista quanto Jesus chamaram as pessoas ao arrependimento. Jesus, entretanto, adicionou um novo elemento: … e crede no evangelho (Mc 1.15). Jesus, porém, nunca ameaçou; simplesmente descreveu o que estava por acontecer, o inevitável. Quando Não há saída – exceto em Cristo. Ao rejeitar Cristo nasceu, a Jesus a iniqüidade imediatamente coloca a eternidade ficou uma pessoa sob a ira de Deus. Julgamento confinada entre o é questão de causa e efeito. Um dia o que tempo e o espaço. fizemos será julgado. Nossos feitos vão permanecer ou cair por terra; serão lançados fora ou ficarão para sempre como “créditos” em nossa “conta”. A Bíblia enxerga além dos interesses e tensões diárias desse mundo, para nos mostrar uma realidade maior – é a eternidade que importa. Tiro_BraPort.indd 277 14.05.2007 16:51:37 Uhr 278 O Tempo está se Esgotando Quando Cristo nasceu, a eternidade ficou confinada entre o tempo e o espaço. O céu tem um acerto com a terra, e o julgamento de Deus já começou. A Bíblia revela a natureza das forças que norteiam o destino humano. Nosso mundo temporal deve levar em conta o eterno. O Sermão da Montanha é uma exortação para se viver todos os dias à luz das coisas por vir. Essa verdade deveria fazer desse mundo um lugar hoje. A consciência de um julgamento futuro trará justiça agora, fazendo com que as pessoas tenham pressa de fazer o que sabem que agrada ao Senhor. O futuro julgamento de Deus tem efeito claro no presente, quando pregado às pessoas. O evangelista D. L. Moody, certa vez pregou para um grupo de homens que estavam em greve, e foi criticado por isso. Alguns disseram que Moody havia tomado o lado dos patrões, e que ele estava incentivando os trabalhadores a aceitarem salários menores, porque o salário real deles lhes seria dado mais tarde, no céu. Os críticos de Moody distorceram a mensagem do Evangelho. Se vivemos à luz do fato de que vamos encarar o justo Juiz, vamos lutar pelo que é justo, e não encorajar as pessoas a se sentarem silenciosas, sob a injustiça. O Evangelho levanta as classes baixas e lhes dá dignidade. Ele muda nações – sempre para melhor. O Evangelho é a maior força propulsora jamais conhecida! Jesus e a Salvação Quando compartilhamos o Evangelho, estamos falando nada menos do que da questão do destino humano. Tiro_BraPort.indd 278 Jesus falou de salvação, mas deixou bem claro do que é que Deus nos salva. De nada vale pregar que Jesus salva, se a pessoa não está em perigo – ou se não sabe que está em perigo. O fato de eles estarem em perigo é a verdade que deve ser parte da nossa pregação do Evangelho. Devemos 14.05.2007 16:51:37 Uhr Capítulo 14 • Pregando Julgamento a um Mundo Politicamente Correto 279 dizer às pessoas que a fé em Cristo vai nos resgatar do pecado, do julgamento, e da perda eterna. Quando compartilhamos o Evangelho, estamos falando nada menos do que da questão do destino humano. O Evangelho de João, por exemplo, registra dois elementos contrastantes do ensino de Cristo: promessa e advertência. Nessas passagens seguintes, Jesus comenta do Seu poder para salvar, e o que acontecerá se não buscarmos salvação: Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus (Jo 3.36). Porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a Sua voz e sairão, os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo (Jo 5.28,29). O julgamento nunca saiu da mente de Cristo. Nessas passagens, na segunda delas, Jesus simplesmente curou um homem que esteve inválido por 38 anos. Milagrosamente esse homem pôde andar pela primeira vez, em décadas; isso levou Jesus a falar de pessoas levantando da morte para encarar a condenação! Tal assunto parece fora de hora, mas ele ensinou muito sobre o julgamento que virá. Por exemplo, quando Jesus ouviu que um muro havia caído e matado 18 pessoas, e que os soldados de Pilatos também haviam matado muitos de galileus, parece que não deu muita atenção. Em vez disso, observou: a menos que se arrependam, todos igualmente perecerão (Lc 13.3,5). Nossa reação diante de fatos assim, talvez seja dizer o quão triste estamos e prometer que vamos orar pelos afligidos; para Jesus, porém, a verdadeira tragédia era o Tiro_BraPort.indd 279 14.05.2007 16:51:37 Uhr 280 O Tempo está se Esgotando pecado e falta de arrependimento. Havia um destino muito pior para o que não se arrependesse. Jesus aproveitou que as pessoas estavam chocadas com a maior tragédia daqueles dias, para falar sobre a maior de todas elas: pessoas morrendo em seus pecados. Julgamento no Evangelismo Apostólico Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus (Rm 14.10). Existem muitas expressões poderosas sobre julgamento, por todo o Novo Testamento. Apocalipse 20.11 fala do grande trono branco do julgamento. Hebreus 9.27 diz: aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disso, o juízo. Quando Paulo pregou para Félix e Drusíla, falou da justiça, do domínio próprio e do Juízo vindouro (At 24.25). Foi um sermão muito claro e arrojado, com poucas pessoas na congregação! Não havia dúvida a quem Paulo se referia. Todos os escritores do Novo Testamento declaram que pecado traz salários amargos. Algumas pessoas más podem até parecer que estão se divertindo mas, no final, ninguém escapa das conseqüências. Vamos morrer nos nossos pecados, a menos que nos arrependamos e procuremos a misericórdia de Cristo. O pecado tem que ser pago, ele exige julgamento; as duas coisas não podem se separar. E é aí que Cristo entra e paga a nossa dívida, sofrendo as conseqüências em nosso lugar. As Escrituras geralmente não declaram, diretamente, que os maus são destinados a perecer. Freqüentemente, porém, encontramos declarações de que, quem confia em Cristo, não perecerá. Fica implícita apenas a idéia de que as pessoas que não confiam perecerão. É claro que existem passagens que dizem que os iní- Tiro_BraPort.indd 280 14.05.2007 16:51:37 Uhr Capítulo 14 • Pregando Julgamento a um Mundo Politicamente Correto 281 quos e incrédulos estão sob condenação. Entretanto, freqüentemente só podemos fazer deduções. Por quê? A razão é que Jesus Cristo veio para nos salvar da condenação. Se recusarmos, estaremos recusando o remédio, nosso único meio de fuga. Cristo veio para nos livrar; se O recusarmos, simplesmente vamos receber o que era para nós. As pessoas sempre souberam que pereceriam. Jesus e os apóstolos não necessitavam falar a eles, e nem nós; todavia o Evangelho oferece esperança, e é a resposta ao temor universal de morte e desesperança. Por todo o mundo romano, no tempo de Cristo, a morte era o maior dos terrores. O pensamento corrente era de que ela significava uma sub-existência entre as sombras do submundo. As personalidades pereciam, e mesmo os homens fortes e guerreiros se tornavam meros fantasmas – fracos, desanimados, murmurando coisas sem sentido. Jesus disse, porém, que os que confiassem nEle jamais teriam esse destino; antes, teriam vida eterna – uma eternidade maravilhosa. Nos tempos de Cristo, grande parte do povo judeu cria na vida após a morte. A palavra grega hades referia-se ao lugar onde ficava o morto, de modo geral – afinal, as pessoas que morriam tinham de ficar em algum lugar. Nesse ínterim, no entanto, as pessoas já estavam convencidas de que havia diferenças nesse lugar além da sepultura, e falavam sobre o “seio de Abraão” como um local especial e agradável (um tipo de “meio caminho andado”), onde ficariam aqueles a quem Deus havia favorecido (Lc 16.22). Quanto ao outro lado desagradável da vida após a morte, mestres de Israel, escribas e rabinos diziam que, a menos que as pessoas conhecessem a lei, seriam amaldiçoados (Jo 7.49). Como podemos ver, Israel elaborou “pareceres” sobre a morte, Tiro_BraPort.indd 281 14.05.2007 16:51:37 Uhr 282 O Tempo está se Esgotando vida humana, e vida depois da morte. Eram explicações diversas e que tinham muito pouco a ver certezas e convicções. Fora de Israel, a idéia aceita era, “comamos, bebamos e nos alegremos porque amanhã morreremos”. Muitos nem mesmo criam que tinham uma alma. Por outro lado, os egípcios tinham uma obsseção mórbida pela morte, e gastaram grandes fortunas tentando assegurar que, de um jeito ou de outro, continuariam sendo prósperos no mundo além. A Bíblia nos fala que o apóstolo Paulo contendeu os estóicos, para quem a morte significava aniquilação virtual (At 17.18). A crença estóica era a de que, na morte, o espírito do homem voltava para o grande oceano do espírito, como uma gota de chuva no mar. Eles consideravam perda de tempo falar sobre a ressurreição. Essa é mais ou menos as expectativas dos budistas. Outros crêem em reencarnação: a alma retorna, talvez milhares de vezes, até que, finalmente, afunde no oceano da insignificância, sendo liberada do peso da existência; ou seja: deixa de existir. No Paedo de Platão, Sócrates gasta suas últimas horas tentando argumentar o que acontecerá a ele quando a morte chegar. Ele diz: “Nada pode prejudicar um bom homem, seja na vida ou na morte”. Entretanto, suas últimas palavras mostram uma patética conecção com as superstições dos seus dias; suas palavras finais foram: “Críton, devíamos oferecer um galo a Asclépio. Cuide disso e não se esqueça”. Os cristãos pensam na alma como sendo eles mesmos, no mais completo sentido da personalidade (ver, por exemplo, Mateus 16.26; Lucas 9.25). Os anciãos gregos não tinham idéia da alma como essência da sua personalidade, e certamente nem Tiro_BraPort.indd 282 14.05.2007 16:51:37 Uhr Capítulo 14 • Pregando Julgamento a um Mundo Politicamente Correto 283 da sua vida após a morte. Para eles, a alma era somente um resto fantasmagórico. Morrer era se tornar uma coisa e não uma pessoa. Apesar das grandes contribuições dos seus filósofos (incluindo seus pensamentos sobre a alma), o que deixava a desejar – como entre todos os pagãos – era bastante simples: a revelação de um Deus vivo, que fez o homem como uma maravilhosa unidade de espírito, alma e corpo. Essa unidade foi restaurada depois da queda, pela obra redentora de Jesus Cristo – como evidenciado pela Sua ressurreição e envio do Espírito Santo (ver Gênesis 2.7; João 20.20,22; 1 Coríntios 15.45; 1 Tessalonicenses 5.23). A promessa de Cristo é que nunca vamos perecer, pois a salvação é a certeza da vida com Cristo após a morte, e da ressurreição – uma visão inteiramente nova da vida e morte com relação ao mundo antigo. O salvo está nas mãos de um poderoso Salvador que venceu a morte. Isso significa que há Alguém nas portas da morte, capaz de cuidar de nós. Que poderosa salvação! Que poderoso Salvador – uma luz nas trevas, e uma rocha protetora entre as incertezas da vida! No Ocidente a melancolia da incerteza abate milhões, incluindo o rico, o proeminente e o poderoso. Eles confessam estar incomodados e temerosos diante do futuro. Assim como os Bebês Boomers* envelhecem na América, eles também têm ciência de que estão perecendo: somos como águas derramadas na terra que já não se podem juntar (2 Sm 14.14). Ao experimentarem o início das doenças e do enfraquecimento, se sentem caindo no esquecimento, apagando como a chama de uma vela. Se o Evangelho tem algum significado, é a cura para essa mórbida perspectiva. Nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho (2 Tm 1.10). Tiro_BraPort.indd 283 14.05.2007 16:51:37 Uhr 284 O Tempo está se Esgotando O Evangelho é salvação e esperança. Não conheço nenhuma religião ou filosofia no mundo que oferece tal esperança, e que isso soe na alma humana como sendo verdade. Cristo venceu a morte, e para os que crêem, ela não é mais castigo. Ao contrário: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor (Ap 14.13). Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos Seus santos (Sl 116.15). A morte não é mais motivo de especulação. Não vamos perecer como uma árvore apodrecendo na terra, secando por causa do raio que lhe sobreveio durante uma tempestade. Estamos salvos. Nós vivemos n’Ele! Aleluia! Ao prosseguirmos na caminhada neste terceiro milênio, percebemos que o conhecimento humano tem avançado além do que poderíamos prever, 200 anos atrás. A cada hora, em cada casa, a tecnologia faz com que o “impossível” aconteça; mas os mesmos velhos problemas continuam conosco: maldade, temor, críticas e doenças. Nos dois séculos passados, milhares de novas religiões, pequenas e grandes, foram fundadas; contudo, nenhuma delas tem uma resposta ao problema do pecado e do temor, e nem uma pista sobre o julgamento de um Deus santo. Dez mil novas idéias têm sido apresentadas para explicar o universo, mas todas falharam em resolver a difícil situação da humanidade, que é nos salvar de nós mesmos. Entretanto a solução, ou melhor, Aquele que tem a solução – está vivo e atuando em qualquer lugar que permitirmos Ele atuar: Eu sou o Primeiro e o Último. E Aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do inferno (Ap 1.17,18). Tiro_BraPort.indd 284 14.05.2007 16:51:37 Uhr Capítulo 14 • Pregando Julgamento a um Mundo Politicamente Correto 285 O Evangelho não falha. Ele é a revelação de Deus em Seu Filho, Jesus Cristo. Quando olhamos para Ele, nunca ficamos decepcionados. Ele anda a passos largos através dos séculos, como o único Salvador, e Seus pés estão firmemente plantados no novo milênio. Paulo queria pregar em Roma, e disse que não se envergonharia do Evangelho, mesmo no centro do império pagão. Eu também sou um pregador, e não vou me envergonhar do Evangelho, pois ele continua sendo o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. O Evangelho não falha. Ele é a revelação de Deus em Seu Filho, Jesus Cristo. Uma Palavra Final Um dia o último hino será cantado, a mensagem final pregada e feita a última oração. O julgamento virá. Os santos de Deus – a ovelha perdida e encontrada pelo Salvador e Senhor Jesus Cristo, e que O seguiu para o lar – irão para a sua recompensa celestial. E que dia maravilhoso será esse! Será uma oportunidade sem par de encontrarmos o Mestre face a face, apreciarmos as belezas do céu, nos regozijar no companheirismo com a família de Deus, e aprendermos um pouco mais sobre o destino eterno. Tudo isso vai parecer tão direito, tão oportuno, a esperança de séculos cumprida … contudo, será muito tarde para evangelizar; não haverá ovelha perdida no céu. Eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação (2 Co 6.2). Tiro_BraPort.indd 285 14.05.2007 16:51:38 Uhr Coisas Ainda Maiores Evan gelis mo angelis gelism po r fogo por Acendendo sua Paixão pelos Perdidos Mais de 3.000.000 de cópias impressas em 47 idiomas Se seu coração está incendiado por uma paixão pelo perdido, se deseja fazer “coisas ainda maiores” para Deus, maiores que as histórias contidas neste livro, então o seu próximo passo é ler o livro “Evangelismo por Fogo” do Evangelista Reinhard Bonnke. Cuidado! Este livro não é “água com açúcar”! Ele irá aumentar a sua fé, lhe encorajará a crer em Deus pelo impossível, e lhe revelará cada passo necessário para se alcançar um evangelismo bem sucedido – os mesmos passos que Reinhard Bonnke usa quando prega para milhões de pessoas ao redor do mundo. Este é exatamente o mesmo livro que usamos no treinamento de milhares de obreiros em nossas campanhas evangelísticas. São mais de três milhões de cópias impressas em 47 idiomas, um bestseller imperdível! Descontos para livrarias e distribuidores Descontos especiais para igrejas 196 Tiro_BraPort.indd 286 [email protected] www.cfan.org 14.05.2007 16:51:38 Uhr Ressuscit ado Ressuscitado dentre os Mortos “Quando me despertei... ouvi muitas vozes... depois vi mãos que me seguravam... eles me diziam: ‘caixão... necrotério... 3 dias” ... Eu não entendia!” Pastor Daniel Ekechukwu “Ele dizia: ‘Água... água’, então eu gritei para que trouxessem água... Depois ele perguntou: Onde está minha pasta... minha pasta... minha pasta...?” Pastor Lawrence Onyeka Esta é a impressionante história do Pastor Nigeriano Daniel Ekechukwu. Ele foi mortalmente ferido num desastre de carro, perto da cidade de Onitsha, na Nigéria, África, no dia 30 de Novembro de 2001. Durante o dramático trajeto para o hospital na cidade de Owerri, ele perdeu todo indício de vida e, mais tarde, foi declarado morto por duas equipes médicas diferentes em dois hospitais distintos. A última produziu um informe médico autorizando o transporte do corpo para o necrotério. Mas a esposa de Daniel recordou um versículo da Bíblia Sagrada extraído do livro de Hebreus, capítulo 11, que diz: ‘E as mulheres recuperaram seus maridos ressuscitados’. Ela tomou conhecimento de uma reunião na qual o evangelista Reinhard Bonnke estaria ministrando, e compareceu nela trazendo consigo o caixão com o corpo do Daniel. O que segue é uma história incrível que você nunca esquecerá! ... Descontos para livrarias e distribuidores A Editora Exclusiva do Evangelista Reinhard Bonnke [email protected] www.e-r-productions.com 197 Tiro_BraPort.indd 287 14.05.2007 16:51:38 Uhr A Editora Exclusiva do Evangelista Reinhard Bonnke www.e-r-productions.com Para maiores informações a respeito de outros produtos do Evangelista Reinhard Bonnke favor visitar o nosso website na internet ou entrar em contato conosco no escritório mais perto de você: América Latina E-R Productions Ltda Caixa Postal 10360 Curibita – PR 80.730-970 Brazil Estados Unidos & Canadá E-R Productions LLC P.O. Box 593647 Orlando, Florida 32859 U.S.A. Europa E-R Productions GmbH Postfach 60 05 95 60335 Frankfurt am Main Germany Ásia & Austrália E-R Productions Asia Pte Ltd. 451 Joo Chiat Road #03-05 Breezeway in Katong Singapore 427664 África do Sul E-R Productions RSA c/o Revival Tape and Book Centre P. O. Box 50015 West Beach, 7449 South Africa Para maiores informações a respeito do ministério do Evangelista Reinhard Bonnke (CfaN – Christ for all Nations), favor visitar nosso website na internet ou entrar em contato conosco no escritório mais perto de você: América Latina Christ for all Nations Caixa Postal 10360 Curibita – PR 80.730-970 Brazil Canadá Christ for all Nations P.O. Box 25057 London, Ontario N6C 6A8 Estados Unidos Christ for all Nations P.O. Box 590588 Orlando, Florida 32859-0588 U.S.A. Christus für alle Nationen Postfach 60 05 74 60335 Frankfurt am Main Germany África do Sul Christ for all Nations P O Box 50015 West Beach, 7449 South Africa Christ for all Nations 250 Coombs Road Halesowen West Midlands, B62 8AA United Kingdom Tiro_BraPort.indd 288 Europa Reino Unido Ásia Christ for all Nations Asia/Pacific Singapore Post Centre Post Office P.O. 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