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FUNDAMENTOS DA NOSSA CONFISSÃO
Romeu Bornelli
31 – Igreja (2)
Salmo 133:1-3 - Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os
irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a
barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes. É como o orvalho do
Hermom, que desce sobre os montes de Sião. Ali, ordena o SENHOR a sua
bênção e a vida para sempre.
Pai, nós nos colocamos diante da Tua presença, juntos, desejosos, em nosso
coração, de ouvir algo mais da parte do Senhor. Já pudemos discernir o falar do
Senhor nos nossos corações, nos cânticos, o ministrar do Senhor na adoração, mas
nós precisamos ouvir também a Tua voz na Tua palavra. Pedimos que o Teu Espírito
possa ter a liberdade de usá-la como uma espada afiada de dois gumes operando em
nós o poder da morte e o poder da ressurreição do Teu Filho, para que sejamos
transformados na Tua própria imagem. Faz isso em nossas vidas pela Tua bondade e
fidelidade para a Tua própria glória em nome de Jesus. Amém.
Irmãos, dando sequência ao que temos estudado a respeito do Corpo de
Cristo, esse que seria o penúltimo aspecto, o penúltimo alicerce, como tenho
chamado, que nós estudaremos durante essa série que já, há longos meses, temos
feito. Na primeira reunião, nosso primeiro encontro neste assunto, nós abrimos o
livro de Atos e vimos algumas expressões simples, mas cheias de significado que o
Senhor, o Espírito Santo, inspirando Lucas, o levou a usar para designar, de ângulos
diferentes, a mesma verdade, que nós somos pertencentes ao Senhor, que nós
somos santos, que Ele nos separou para Ele. Nós vimos como o Espírito Santo faz
um uso intercambiável de algumas palavras em Atos. Os irmãos se lembram que nós
vimos a palavra “uniu”, quando Barnabé chega naquela comunidade, a Bíblia diz que
ele era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé e ele foi usado pelo Senhor
naquela localidade. A Palavra diz que, através do ministério de Barnabé, muita gente
se uniu ao Senhor. A palavra uniu é, diretamente, uma tradução, uma expressão da
palavra grega pistes, crer, que significa exatamente isso. Crer significa unir-se, um
lindo significado. Quando nós dizemos creio em Jesus, eu estou dizendo que estou
unido a Ele, é muito mais uma questão de união vital do que de entendimento
intelectual. Creio no Senhor Jesus. Estou unido a Ele. Esse é o sentido literal do crer.
Não é que você deu lugar na tua mente a um assentimento, a algumas verdades
sobre Ele. Entendi que Ele é Filho de Deus, entendi que Ele morreu na cruz, entendi
que o Seu sacrifício foi substitutivo. Muito mais do que isso. Não é entendi. É cri.
Embora é óbvio que a fé envolve a razão, envolve a mente, envolve tudo o que há
em nós. Mas crer é mais do que pensar. Crer é também pensar, mas envolve outros
aspectos. Essa palavra uniu - muita gente se uniu ao Senhor - uma linda expressão
do significado do Corpo de Cristo. É uma expressão usada para com os santos. Nós
começamos de uma forma bem simples, por aí. Algumas palavras em Atos, que são
usadas para designar os santos. Então, nós podíamos dizer que a primeira palavra,
estou apenas recordando, é a palavra unidos. O que é o Corpo de Cristo? É um corpo
de unidos a Cristo. Não que tiveram apenas, como disse, o entendimento de
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algumas verdades sobre Ele, mas é um corpo de pessoas que estão unidas a Cristo.
Irmãos, quão significativo é isso. Se nós não passarmos por juízo, é porque o Senhor
já foi julgado. É porque nós estamos unidos a Ele. Se nós iremos ressuscitar naquele
dia, é porque Ele ressuscitou e a nossa vida está unida a Ele. Se nós temos
expectativa de reinar com Ele, como a Palavra nos diz para aqueles que andam com
Ele de forma fiel, é porque Ele é Rei. E é o Rei que está assentado no trono. E é
porque nós estamos unidos a Ele é que podemos reinar. Os irmãos veem que toda a
essência da nossa vida espiritual depende disso? Unidos. Talvez seja a palavra mais
rica, sobre expressar a realidade do Corpo de Cristo. Um corpo de unidos a Cristo.
Irmão, quando você olha qualquer entidade no mundo, seja ela de que caráter
for, por exemplo, entidades filantrópicas ou mesmo de cunho espiritual, filosóficas,
espiritualistas, você não encontra essa união. Você encontra pessoas que de alguma
maneira estão compreendendo algumas coisas, mas você não vê, porque aí é
impossível verdadeira unidade. Essa é uma marca do Corpo de Cristo. Você conhece,
durante quatro horas de conversa, um cristão lá da Mongólia e você observa, se você
pudesse se comunicar com ele, ou mesmo que não possa até, na sua própria língua,
você observa então que fala a mesma língua, tem o mesmo Espírito. E se você
pudesse se comunicar, você perceberia isso mais claramente. Ele foi santificado por
Cristo Jesus. Ele possui o mesmo Espírito que você. A sua comunhão com ele não é
uma questão de cultura, de raça, de cor, de posição social, é uma questão de
unidade do Espírito, como diz a Palavra em Efésios. Todos nós estamos caminhando
para a unidade da fé. Esse é um processo, mas todos nós já temos a unidade do
Espírito. Por quê? Porque isso foi feito no dia de Pentecostes, quando o Espírito
Santo desceu.
Então, quão importante, para nós, é vermos adequadamente o Corpo de
Cristo, senão começamos a usar até expressões que, de alguma maneira, ofendem
ao Senhor, ofendem a graça, ofendem ao que Ele proporcionou para nós. Quando
você tem comunhão com um irmão, por exemplo, e você chama esse irmão de “um
irmão de uma denominação”, ou “irmãos de denominação”, você está sendo sectário,
porque não existem irmãos de denominação. Isso é um termo muito estranho na
palavra. Existem irmãos de Cristo, já que Ele é o nosso irmão mais velho, e existem
irmãos uns dos outros, apenas. Não existem irmãos de denominação. Se eles, de
alguma maneira, pensam assim e erguem alguma bandeira, isso é problema da
consciência deles com o Senhor. Mas nós para com eles, nunca podemos ver assim.
Existem apenas irmãos, seja onde for que eles estejam. Então, quão grave é a nossa
boa compreensão a respeito disso. Porque, irmãos, é certo que se nós estamos
juntos, estamos entendendo que o Senhor nos reuniu em torno de uma centralidade.
Pela misericórdia do Senhor nós temos sido livrados de centralidade, de estruturas,
de estruturas no centro, sistemas no centro, homens no centro, dogmas no centro,
pela sua misericórdia temos tido a Ele mesmo no centro. E temos entendido que
assim é a vida da Igreja. Mas se alguns, por que motivo for, têm tido outras coisas
no centro, nós de nossa parte, não podemos nos furtar da comunhão com eles, a não
ser por um motivo muito grave, como a Palavra de Deus nos orienta. A não ser que
eles sejam, mesmo se denominando irmãos, pessoas que vivem definitivamente de
uma forma profana, de uma forma impura como Paulo nos ensinou, de uma forma
herética, clara, definida, não creem na encarnação do Senhor, não creem no
sacrifício expiatório de Cristo. Com esses sim nós devemos evitar comunhão porque
a comunhão só é possível em torno da verdade. Mas nós temos que tomar tanto
cuidado quando nós olhamos para diversas denominações e então nós começamos a
taxar irmãos. Irmãos de denominação. Irmãos batistas. Irmãos presbiterianos. Deixe
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com que esses termos sumam da sua mente. São apenas irmãos. Nós somos apenas
irmãos. Nós temos a unidade do Espírito que foi plantada em nós e somos aquele
corpo que foi unido a Cristo e não unido a uma denominação, unido a uma estrutura,
unido a algum homem. Paulo fala assim: alguns dizem entre vós Coríntios: Eu sou de
Paulo. União com Paulo. Eu sou de Cefas. União com Pedro. Eu sou de Apolo. União
com Apolo. E Paulo falou: vocês estão loucos? Acaso Paulo foi crucificado por vós,
acaso Pedro foi crucificado por vós? Acaso Apolo foi crucificado por vós? Eu plantei,
Apolo regou, mas o crescimento veio de Deus (1Co3:6). Cristo está porventura
dividido? Paulo faz essa pergunta aos cristãos.
Então irmãos, qual é o nosso coração? Nós que nos reunimos aqui nesta
grande caixa de quatro paredes, qual é o seu coração? Você se vê como um irmão
unido ao Senhor, junto com todos os irmãos que professam o nome do Senhor nesta
cidade? Você tem um coração para com ele de verdadeiro acolhimento, de
verdadeira aceitação? Você é capaz de compartilhar Cristo com eles? Se eles,
porventura, levantam uma bandeira ou outra, você tem tido discernimento para
recolher essas bandeiras delicadamente e convergir esse foco para Cristo nessas
conversas? É isso que você deveria fazer. Você não devia levantar a sua bandeira e
começar a combater a bandeira deles. E nem julgar a sua bandeira. Você devia
sutilmente recolher essa bandeira e levá-la para Cristo, o nosso Cristo, que é o nosso
tudo. Esse é o Corpo de Cristo. O Senhor tem os Seus filhos que verdadeiramente
creem Nele e estão unidos a Ele em diversos lugares. Até mesmo no sistema
apóstata romano, no Catolicismo Romano, o Senhor tem os que lhe pertencem. Você
deve ter sensibilidade espiritual para estar compartilhando Cristo com cada um
daqueles que o Senhor lhe conceder a oportunidade. Independente de até mesmo
você perguntar, qual é a bandeira que ele levanta, como ele reúne. Isso não
interessa. Você deve levá-lo para Cristo, na centralidade de Cristo e partilhar então o
seu Cristo com ele.
Que lindo salmo, esse Salmo 133. Ele é uma figura de um texto que nós vamos
ler agora mesmo em Atos e procurar, até onde o Senhor permitir, compartilhar um
pouco a respeito dele. Atos 2 e, numa próxima oportunidade, como o Senhor
conduzir, Atos 10. Gostaria de compartilhar com os irmãos esses dois textos, para
que nós vejamos qual o fundamento da Igreja, qual é o fundamento da visão da
Igreja, já que nós já entendemos, como colocamos em encontros passados, em
reuniões passadas, há tempos atrás, que o Senhor usou o apóstolo Pedro, para nos
dar uma clareza muito grande a respeito do fundamento da Igreja, do Corpo de
Cristo. Ele usou o apóstolo Paulo para nos dar uma clareza muito grande a respeito
da estrutura do Corpo de Cristo ou da supraestrutura. O que está sobre o alicerce?
Deus usou Paulo para nos falar sobre essa supraestrutura. O que está edificado
sobre o próprio Cristo, que é a pedra angular? O que está edificado sobre esse
fundamento. Então Paulo é quem toma, na maior parte, o conteúdo desse assunto
edificação. Isso é com Paulo. E João? João é aquele que coloca a pedra de remate.
João escreveu o último Evangelho, João escreveu as últimas epístolas e João
escreveu o último livro da Bíblia. João é o apóstolo das últimas coisas: último
Evangelho, últimas cartas e o livro da Revelação, o Apocalipse. Então João é quem
coloca a pedra de remate, na visão do edifício de Deus. João é quem fala da
consumação. Os escritos e o ministério de Pedro têm a ver com o fundamento; o
ministério e os escritos de Paulo com a edificação e o ministério e os escritos de João
com a consumação. Você lembra que quando o Senhor chamou Pedro, Pedro lançava
as redes, fundamento. Mas você lembra que quando Pedro chamou João, João
consertava as redes. Isso fala de consumação. Então irmãos, esses três homens,
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esses três ministérios, nos dão uma clareza tão linda sobre o Corpo de Cristo. Se
quisermos ver algo sobre o Corpo de Cristo, nós precisamos um pouco de Pedro, um
pouco de Paulo e um pouco de João. Do fundamento de Pedro, da estrutura de Paulo
e da consumação de João. E é o que, pela graça do Senhor, e com a ajuda do
Senhor, nós vamos procurar fazer daqui para frente. Mas hoje nós ainda precisamos
de um pouco mais de fundamento, de pano de fundo. Nós vamos olhar um
pouquinho nesse Salmo 133 e em Atos 2 para compartilharmos alguma coisa.
Volte a sua Bíblia no Salmo 133. Irmão, essa é uma analogia linda a respeito
do Corpo de Cristo. Claro, o próprio texto, três versículos apenas, inicia com esse
foco. Veja esse “Oh!” que expressão linda, de júbilo, de gozo, de admiração. Veja
como através desse “Oh!”, você vê tantas verdades relacionadas ao Corpo de Cristo.
“Oh!”. Gozo, alegria, um senso de admiração, e nós vamos ver o porquê lá em Atos,
talvez não hoje, quando chegarmos lá em Atos 10, você vai ver o porquê desse
“Oh!”. A explicação dele está em Atos 10. Porque quando Pedro teve aquela visão,
quando ele estava orando naquele eirado, aquele compartimento superior, aquele
quartinho, ele teve aquela visão do céu aberto, ele vê aquele lençol descendo do céu,
baixado pelas quatro pontas, um grande objeto, como se fosse um grande lençol, e
depois nós vamos entrar em detalhes sobre esse texto tão lindo de Atos 10, onde
cada frase é significativa - o lençol, as quatro pontas, baixado do céu - cada frase é
cheia de significado, naquele lindo texto de Atos 10. E Pedro, quando tem aquela
visão, o que ele vê dentro do lençol? Toda a sorte de quadrúpedes, de répteis, e de
aves do céu, todos os animais, que para os judeus eram considerados imundos, e
aquela voz do Senhor dizendo: Pedro, levanta. Mata e come. Ele diz: Não, Senhor,
de maneira nenhuma eu comi coisa comum ou imunda (Atos 10:13-14). Dois termos
muito interessantes no original grego. Comum: koinoos, ou imundo: Akathartos. Nós
vamos ver qual o significado disso. O que Pedro disse com esses dois termos Koinoos
e Akathartos e o que o Senhor quis dizer para ele, quando Ele disse assim: Pedro, ao
que Deus purificou não considere comum (Atos 10:15). Pedro teve um impacto
violento do fundamento do Corpo de Cristo, do significado do Corpo de Cristo:
aqueles a quem Deus purificou, não considere comum. Que tremenda visão. Como
que aquela visão impressionou, impregnou o espírito de Pedro!
Nós vemos que depois ele vai à casa de Cornélio. Quando chegarmos lá, nós
vamos ver detalhes. Eu estou só traçando um quadro para você ver a beleza da
visão do fundamento do Corpo de Cristo que Pedro teve. E como o Senhor usou
Pedro para falar desse fundamento. Pedro sai dali, vai para a casa de Cornélio, e ele
como que começa a pregar o Evangelho de forma assim, digamos, reticente. É como
se ele dissesse assim: “olha Cornélio. Eu estou aqui, mas não sei bem porque eu
estou aqui. Isso aqui é uma casa de gentio!” Ele não falou isso, mas você vê que era
isso que estava no coração de Pedro. Ele diz assim: “olha, em primeiro lugar eu
reconheço que Deus não faz acepção de pessoas.” Como se ele estivesse dizendo:
“vocês são gentios, mas....” Então Pedro vai pregando, vai pregando, mas de uma
maneira a mensagem de Pedro não estava completa, porque o Espírito Santo faz
uma coisa: Ele interrompe Pedro. Pedro vai pregando, pregando, pregando e de
repente o Espírito Santo como que diz: “Pedro, agora dá licença, deixa eu pregar.” E
Ele então é derramado sobre a casa de Cornélio e Pedro vê aqueles irmãos dando
aquele testemunho de que eles agora eram habitação do Espírito. O Espírito foi
derramado sobre a casa de Cornélio. Então o Espírito Santo se adianta a Pedro.
Pedro estava reticente, mas não o Espírito Santo. Se Pedro estava reticente, ele foi
retido, mas o Espírito Santo nunca é retido. Ele vai a frente de Pedro e faz a obra,
Ele inclui Cornélio, e a casa de Cornélio, no Corpo de Cristo. E Pedro vê isso, porque
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ele vê a expressão do Espírito na vida deles, quando eles começam a expressar
aquele sinal profetizando e falando em línguas. Que cena maravilhosa! Como o
Senhor realmente impressionou Pedro com a realidade fundamental a respeito do
Corpo de Cristo.
Nós precisamos ser impregnados com a mesma verdade, senão, nós vamos
falhar. Irmão, não é apenas falhar. Nós iremos frontalmente ofender ao Espírito
Santo, porque o Espírito Santo é um Espírito de unidade. Foi Ele quem reuniu, em
um só corpo, aqueles que, no coração do Senhor, eram os eleitos antes da fundação
do mundo e que pela palavra da verdade do Evangelho foram chamados à fé e
vieram a crer pela graça e pelo Espírito através da palavra - esses escolhidos antes
da fundação do mundo. O Espírito chamou esses membros para um corpo e se nós,
de alguma maneira, somos divisivos ou sectários, nós estamos ferindo, frontalmente,
diretamente aquilo que é sagrado aos olhos do Senhor. O seu próprio corpo. Lembra
quando ele escreve aos Coríntios? Não sabeis que vós sois o santuário do Espírito
Santo? Se alguém destruir o santuário do Espírito Santo, Deus o destruirá (ICo 3:1617). O que você acha dessa palavra? ...Deus o destruirá; porque o santuário de
Deus, que sois vós, é sagrado (ICo 3:17). Quanto nós precisamos ser
impressionados com o Corpo de Cristo. Por essa razão isso não é uma verdade que
está escondida nas Escrituras. Não. É uma verdade clara das Escrituras, porque
dentro da ordem que temos seguido, é o sétimo alicerce da revelação de Deus: o
Corpo de Cristo. Nós precisamos estar claros sobre o Corpo de Cristo, do contrário
nós iremos ofender diretamente a Cristo, porque o Seu corpo é Ele mesmo. Você vai
ser um sectário, você vai ser um partidário deste ou daquele, desta ou daquela
pessoa, desta ou daquela estrutura, desta ou daquela técnica, deste ou daquele
modo de reunir. Quantos cristãos estão aí batendo cabeça em torno desses
assuntos? Eu sou de Paulo, eu sou de Apolo, eu sou de Cefas. Quantos estão
batendo cabeças através de bandeiras estruturais? Eu sou um presbiteriano, eu sou
um calvinista, eu sou um armeniano, eu sou um metodista. E isso tem ofendido ao
Senhor frontalmente, porque o Senhor não usou nenhum desses termos para falar
do Seu corpo. Nós somos irmãos em Cristo. Que necessidade nós temos de uma boa
compreensão do Corpo de Cristo, desse grande alicerce.
Vamos ver então um pouquinho desse Salmo 133. Esse Oh! Como eu já disse,
é uma linda introdução para esse Salmo. Oh, espanto. Espanto porque esse lençol
que desceu do céu é um lençol cheio de quadrúpedes. Você é um quadrúpede ou um
réptil, ou uma ave e eu também. Um animal imundo por natureza, imundo aos olhos
do Senhor, mas Ele te purificou. Nós vamos ver, quando chegarmos lá, que Pedro
usa essa palavra linda, essa raiz Kathartos, que significa limpar, purificar. Ele usa.
Ele aprendeu. Pedro aprendeu muito bem, porque quando ele falou assim: Senhor eu
jamais comi coisa comum ou imunda, ele usa a palavra Akathartos. “A”, uma
palavrinha grega que significa sem. Akathartos: sem pureza. Eu nunca toquei em
coisa sem pureza, Senhor. Imunda: Akathartos. Aí o Senhor usa a palavra: Pedro,
aquilo que eu katharidzo, ao que Deus purificou - katharidzo - não consideres
comum, porque Deus limpou, Ele purificou. E Pedro aprendeu tão bem essa verdade,
ele foi tão impressionado no seu espírito que quando escreve a sua epístola, o
mesmo Pedro, já velhinho, em 1Pedro 1, e em outros lugares, você vai encontrar a
raiz dessa palavra: katharto. Pedro aprendeu bem essa palavra. Depois, quando
chegarmos nela, nós vamos entrar em mais detalhes, por exemplo, 1Pedro 1:22. Ele
vai escrevendo aos irmãos e ele diz assim: Tendo purificado (é a palavrinha –
kathartos. Tendo purificado) a vossa alma, pela vossa obediência à verdade...
(1Pe 1:22). Você vai ver que aquela epístola de Pedro era chamada de universal,
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porque ele não escreveu para os judeus. Ele escreveu para todo o Corpo de Cristo,
ele escreveu para gentios. Tendo purificado - Kathartos - as vossas almas... Pedro
compreendeu o valor, o poder da purificação, pelo sangue de Cristo, e do significado
da inclusão daqueles impuros no Corpo espiritual de Cristo, que é a Igreja.
É importante irmãos, nós termos uma boa visão sobre o corpo, senão você vai
ter problemas, você vai escolher alguns e desprezar outros, você vai ter dificuldade
com o que se costuma chamar de “irmãos de denominação”, um termo muito ruim,
porque isso não existe. Nós somos irmãos de Cristo e irmãos uns dos outros. Então
esse “Oh!” é uma admiração por causa dessa linda verdade. Ao que Deus purificou,
não consideres comum. Palavrinha “comum” no grego, é usada em dois sentidos e já
coloquei aqui. Koinos é um sentido de onde vem a palavra Koinonia. O que é
Koinonia? Comunhão. Significa simplesmente ser comum e ter as coisas em comum.
Então ela é usada nesse primeiro sentido, Koinos, comum, no sentido de que eu não
considero nada como meu particular. Koinos nesse sentido faz contraste com outra
palavrinha grega chamada idios. Koinos é comum e idios é particular, é meu. Meu
só. Quando fala sobre o viver da Igreja primitiva, diz assim: cada um não
considerava propriedade exclusiva sua, idios, seu, nada do que possuía: tudo lhes
era comum. Lembram do texto? Atos 2 e Atos 4? A palavra comum ali é Koinos. Mas
esse não é o sentido aqui em Atos 10, quando o Senhor fala com Pedro: ao que Deus
purificou, não considere comum. O sentido aí é a mesma palavrinha Koinos, mas o
sentido aí não faz contraste com o que é comum, no sentido de ter a participação de
muitos, e no sentido do que é específico meu. Ali em Atos 10 não. Ali a mesma
palavra Koinos, mas usada em outro sentido. Ali é usado no sentido muito lindo.
Koinos ali é usado no sentido de “aquilo que é geral”. Então o Senhor falou assim
para Pedro: “Pedro, não considere aquilo que Eu purifiquei, comum, ou seja, como
pertencente à generalidade. Mas aquilo que Eu purifiquei não pertence mais à
generalidade. Aquilo que Eu purifiquei Pedro, pertence à particularidade.” Pedro
aprendeu essa lição também. Lembra que na sua epístola ele escreve isso? 1Pedro
2? Quando ele escreve para os cristãos, ele fala assim: Vós, porém, sois raça
eleita (Pedro aprendeu bem. Vós sois), sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus... (1Pe 2:9). Está vendo? Isso foi o que ele
aprendeu lá naquela visão, naquele cenaculozinho, naquele quartinho quando estava
orando. Ao que Deus purificou não considere Koinos. Não considere comum. Não
considere pertencente a generalidade. Mas o que Deus purificou não pertence mais a
generalidade. O que Deus purificou pertence à particularidade. Vós sois uma raça
eleita, um sacerdócio real, uma nação separada, não mais na generalidade, mas na
particularidade. Meu, minha. Minha nação, meu reino, meu sacerdote. Um povo de
propriedade exclusiva de Deus. Que coisa maravilhosa, irmãos. Essa é a Igreja.
Nenhuma sociedade na face da terra é assim. Nenhuma entidade na face da
terra é assim. Só a Igreja. Um povo de propriedade exclusiva. Quando você olha
para si mesmo o que é que você vê? Um quadrúpede, um réptil, uma ave, um
imundo? Mas o que Deus purificou! Que maravilha é a graça de Deus. Esse é o
fundamento a respeito do Corpo de Cristo. É assim que sempre nós iremos nos ver.
Sempre. Aqueles que por natureza são impuros. Paulo diz assim: eu de mim mesmo
nada sou. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem
algum (Rm 7:18). Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor... (Rm
7:25). Essas duas coisas sempre vão andar juntas em nossa vida. Não andaremos
debaixo do pecado respondendo à carne, amando o mundo, em cobiças e paixões.
Não. Mas nós saberemos que potencialmente somos assim, que por essência e por
natureza nós somos assim. Mas nós somos tornados filhos de Deus, purificados pelo
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sangue, postos à parte e ninguém mais pode nos arrebatar das Suas mãos. Esse é o
sentido de Koinos em Atos 10. Diferente de Koinos em Atos 2 e 4, como já expliquei.
Então que linda palavra o Senhor usou ali, irmãos. Quando chegarmos lá,
entraremos em mais alguns detalhes preciosos.
Mas veja então esse Oh! Esse Oh! expressa tudo isso. Por que o Espírito Santo,
usando o salmista, Davi, ele está expressando tanta admiração para uma coisa que
parece tão comum? Pelo menos três vezes por ano o judeu estava junto, com os
seus irmãos, porque era uma ordem de Deus que eles fossem celebrar a Páscoa,
depois fossem celebrar o Pentecostes e depois fossem celebrar os Tabernáculos. Três
festas anuais. Três vezes por ano, pelo menos, eles subiam todo ano. Irmão, se você
participa de uma mesma conferência, por exemplo, em um mesmo lugar, três vezes
ao ano, ano após ano, ano após ano, será que você ainda vai manter esse senso de
admiração? Oh! como é bom. Você só pode manter, usando essa figura para a gente
entender, se você apreciar o Corpo de Cristo. Oh! Como é bom. Porque vai ver as
mesmas pessoas. Se você começar a observar os defeitos e falhas, você vai ver os
mesmos defeitos quem sabe. As mesmas falhas, as mesmas pessoas. Você nunca vai
ter esse Oh!. Muito pelo contrário. Você pode nem suportar. “Cansei daquele
encontro. Já cansei daqueles irmãos. Tenho que mudar de ares. Vou procurar um
encontro lá no Canadá.” Mas o Salmista quando escreve esse Salmo ele diz assim:
Oh! Oh!. As mesmas pessoas. Pelo menos três vezes por ano. “Oh!. Como é bom”.
Por que é bom? Porque nós somos membros de um mesmo corpo, porque em nós
habita o Espírito Santo. Nós podemos acolher uns aos outros porque Deus, em
Cristo, nos acolheu. Nós não somos complacentes com os pecados uns dos outros,
nem coniventes, mas nós nos acolhemos como pessoas, para que Deus, em Cristo,
pelo Espírito e pela Palavra trabalhe o Seu Corpo que é a Igreja. Esse Oh! nunca
pode ser perdido de nossas vidas. Irmão, quando nós perdermos esse Oh!, esse
senso de exclamação, de admiração, a nossa vida cristã está fadada ao fracasso, à
estagnação, ao retrocesso, porque já perdemos, diante de Deus, o senso de
admiração. O que nós estamos vendo são (.....??.....)
Oh! Porque eu sou um quadrúpede. Oh! Porque eu sou um réptil. Oh! Porque
eu sou uma ave impura. Mas o Senhor, como Ele disse lá para Pedro: Ele nos
purificou. ...ao que Deus purificou, não consideres comum (At 11:9). Não
considere como pertencendo a generalidades porque agora pertence à
particularidade. É Dele. É meu povo. Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.
Irmão que verdade simples. John Nelson Darby foi um ministro, um clérigo
anglicano, naquela grande coisa que foi chamada de igreja naquela época. Só tinha
estrutura, aquele grande garrancho, a igreja anglicana que persiste até hoje,
estruturalmente falando um grande garrancho, uma grande estrutura morta em si
mesma. John Nelson Darby, um homem de Deus, era membro, um clérigo, um
pregador da igreja anglicana. Um dia o Senhor abriu os olhos de Darby, para
enxergar essa simples verdade: a Igreja é o Corpo de Cristo e nós somos membros
uns dos outros. Sabe o que ele fez em uma conferência? Ele desceu do púlpito, uma
noite, ele tirou o seu colarinho de clérigo, aquele colarinho que se usa - um colarinho
clerical. Ele tirou seu colarinho e jogou de fora e disse: “Irmãos, a partir de hoje, eu
sou apenas um irmão entre vocês”. É claro que ele nunca foi mais do que isso. Ele é
que achava que era, mas ele nunca foi. Mas um dia ele compreendeu o que era o
Corpo de Cristo.
Irmãos, o Corpo de Cristo é uma verdade tão simples que, por causa da mão
do homem tem sido tão confundida, por causa da mão do homem você tem: eu sou
de Paulo, eu sou de Apolo e os adeptos de homens. Por causa da mão do homem
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você tem os adeptos de estruturas. Essa estrutura é melhor, aquela estrutura é
melhor, a outra estrutura é melhor. E sabe o que você vê quando estuda os
avivamentos na história da Igreja? Você vê que isso não é uma coisa nova, mas por
causa da corrupção do homem isso já existe há dois mil anos. Você vê que quando o
Espírito Santo é derramado, e então aquelas pessoas são genuinamente avivadas por
Ele, esse Espírito que nos batizou em um corpo. Quando o Espírito Santo move esses
grandes chamados avivamentos, esse mover do Espírito na história da Igreja, você
vai ver que há como que um derramar de vinho numa taça que estava vazia, seca,
sem nenhum gozo, nada para beber. Apenas aquela taça, aquela estrutura. O grande
presbiterianismo, o grande metodismo, o grande calvinismo, o grande “ismo” vazio.
Então o Espírito Santo foi derramado ali diversas vezes nesses dois mil anos e você
vê então aquelas pessoas serem trazidas para uma realidade espiritual. Realidade
espiritual, porque é isso que é o Corpo de Cristo. Mas depois irmão, por causa da
nossa corrupção, o que você vê de novo é o vinho nessa taça, começar a baixar de
novo, a baixar de novo, porque as pessoas deixam de ouvir o Espírito, de andar no
Espírito e começam, de novo, a se apegar a homens. Óh aquele grande pregador,
aquele grande profeta, aquele grande mestre, aquele grande apóstolo. Então o
Espírito Santo vai se declinando, porque Ele deixa de ser o grande no meio do povo.
Outros passam a serem os grandes. Então o Espírito Santo vai, de maneira lenta e
gradua, sendo extinguido entre os irmãos. E o que você tem no final de um
avivamento? De novo, as taças vazias. E apenas aquele grupo olhando para outro
grupo e disputando qual taça é mais brilhante. Mas são duas taças vazias.
Irmão que o Senhor tenha misericórdia de nós, porque nestes dias nós
precisamos que as nossas taças sejam novamente enchidas. Todas elas. Que pela
misericórdia do Senhor, esse soprar do Espírito alcance os santos nas diversas
chamadas denominações, onde estiverem aqueles que sinceramente amam o
Senhor. Que o Espírito Santo possa estar recolhendo para Cristo, não para nós, mas
para Cristo, aqueles que o tem desejado sinceramente. Eis o que nós cremos que o
Senhor pela sua bondade, deseja fazer nestes últimos dias: recolher, de novo, um
povo para Ele, de diversos lugares, através desse sopro do Seu Espírito. Como
precisamos. Como precisamos orar para que o Senhor derrame o Seu Espírito sobre
nós nestes dias. Como precisamos. Por mais ortodoxos que sejamos, por mais que
tenhamos o dever, como mestres, de preservar as linhas mestras do ensino de Deus,
isso não é o suficiente. Nós precisamos que o Espírito venha soprar essas brasas,
que o Espírito venha soprar esse ensino, que o Espírito Santo venha soprar esses
corações, onde quer que eles estejam, para que nós possamos, pela graça de Deus,
experimentar nestes tempos do fim, novamente, a realidade espiritual da Igreja. A
realidade espiritual da Igreja. Oh! Como é bom. Oh! Como é bom e agradável,
prazeroso, viverem - vejam a palavrinha agora aqui - unidos. Unidos. Que linda
palavra para designar o cristão, como eu já falei. Crer. Unir-se. Unidos. E como esse
Salmo enfoca o corpo, então veja que ele fala mais do corpo do que da cabeça. Mas
como um corpo não é nada sem cabeça, então ele tem que mencionar a cabeça,
porque tudo o que há no corpo, flui da cabeça, que é Cristo. Então o Salmo 133 diz:
Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! Corpo, porque o foco
do Salmo é o corpo, mas ele não pode falar do corpo, nem quando o foco é o corpo,
mesmo quando o assunto é o corpo, tem que se falar da cabeça, porque é da cabeça
que fluem todas as coisas.
Irmãos, o nosso Senhor é o sol. Ele tem luz própria. A Igreja é a lua. Ela não
tem luz própria. Quando a Igreja, que é a lua, se coloca na frente do sol, nós temos
uma eclipse, trevas. Todas as vezes que a Igreja se coloca no centro, quando você
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ouve alguns testemunhos de pessoas que se converteram, pelo menos é o que
dizem, eles dizem assim: “quando eu fui para a igreja tal, minha vida foi
transformada”. Isso é impossível, porque a igreja não transforma ninguém, porque a
Igreja não salva ninguém, porque a Igreja não muda ninguém. A Igreja é a lua
apenas. Cristo é o sol. Todas as vezes que a lua entra na frente do sol, você vai
estar em trevas. Você vai estar amando a sua taça, você vai estar de olho na beleza
da sua estrutura, que você cultua, mas você já perdeu Cristo há muito tempo.
Eclipse. Irmãos, o que tem acontecido durante esses dois mil anos de história da
Igreja? Você sabe que desses dois mil, mil deles, a Igreja passou no que é chamado,
conhecido na história da Igreja como “idade das trevas”. Do século V até o século
XV, são mil anos, irmão. Mil anos de trevas em que nem a palavra de Deus estava
na mão dos santos mais. A palavra de Deus estava lá em uma língua que ninguém
conhecia, só lá no latim, escondida nos mosteiros e, quando se lia, de alguma forma
aquela palavra em culto público, ninguém sabia o que estava sendo falado, porque o
latim não era língua do povo comum. Para que serve isso? Idade das trevas. A lua se
colocou na frente do sol. A grande estrutura do Catolicismo Romano se colocou na
frente do sol. O ensino da mulher, Tiatira, e nós ficamos em trevas. Mas irmão, não
foi diferente depois da Reforma Protestante. Como eu já disse, em muitos períodos
após o século XVI da reforma, o Senhor, pela Sua bondade, soprou o Seu Espírito na
Igreja, enchendo essas taças, mas a nossa história não é diferente da história do
Catolicismo Romano. A história do Protestantismo é exatamente igual. Nós também
esvaziamos as taças e de novo a lua foi colocada na frente do sol. Nós começamos a
ter as grandes estruturas: a Igreja Holandesa, a Igreja Anglicana, a Igreja Metodista,
a Igreja Presbiteriana, e seja lá o que for. Sistemas. Claro que lá dentro nós temos
santos, nós temos pessoas que amam o Senhor, que são Dele - como eu já disse no
início - mas as estruturas não são do Senhor.
Que fique claro para nós irmãos, para que nós possamos, na compreensão do
Corpo de Cristo, retornarmos à realidade espiritual do Salmo 133. Oh! como é bom
(essa é a Igreja) e agradável (prazeroso), viverem unidos os irmãos (Sl 133:1)!
Então veja que o foco do Salmo é a Igreja, como eu já disse, mas não há como você
falar da lua sem falar do sol, porque a lua não é nada sem o sol. A lua não tem brilho
sem o sol. Então no v.2, o que você tem? É como o óleo precioso sobre a
cabeça...(Sl 133:2). Cristo. Irmão, quando você lê Atos 2, o que Pedro fala na
primeira mensagem que ele pregou em Atos 2? Esteja absolutamente certa, pois,
toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez
Senhor (Kyrios - Senhor Supremo) e Cristo (At 2:36). A mesma palavra Messias,
no hebraico. Que significa o quê? Christos no grego significa o quê? Ungido. Está
vendo onde a unção começou? Tendo recebido do Pai a promessa do Espírito - Pedro
disse - Jesus homem, o Deus encarnado. Ele por ter sido obediente até a morte, e
morte de cruz, como Paulo diz em Filipenses, Ele entrou na morte, venceu a morte, e
era impossível que Ele fosse retido por ela, porque Ele foi um varão aprovado por
Deus, Pedro diz em Atos 2, varão aprovado, varão aprovado por Deus, foi tentado
em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Aprovado. ...Este é o
meu Filho amado (no Seu batismo), em quem me comprazo (Mt 3:17). Este é
o meu Filho (amado), o meu eleito; a Ele ouvi (Lc 9:35). Aprovado na vida,
aprovado como mensageiro no ministério. A Ele ouvi. É o Meu eleito, o Meu amado.
Então esse Senhor entrou na morte, venceu a morte e recebeu do Pai a promessa do
Espírito. O Espírito era o dom do Pai para o Cristo encarnado. Ele recebeu do Pai a
promessa do Espírito. Você vê a beleza disso irmão?
Porque o Senhor Jesus não é apenas Deus. O Senhor Jesus é homem. Você
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precisa ver isso. E a Sua natureza humana começou no ventre de Maria. A natureza
humana de Cristo não é eterna, irmão. Porque a natureza humana não é eterna. Só
Deus é eterno. A natureza, não a Pessoa. Mas a natureza humana do redentor
começou no ventre de Maria. É claro. Ele é um homem. Então aquela natureza
humana, junto com a natureza divina, o Logos eterno, o Verbo, Ele, então, começou
a se desenvolver no ventre de Maria. E aquela criança, foi conduzida e cuidada como
qualquer outra criança e cresceu em sabedoria, estatura e graça, sendo ensinado
pelo Logos de Deus, a natureza divina, ensinando a natureza humana e a
personalidade única do Senhor se desenvolvendo. E, então, irmão, Ele passou por
todos aqueles testes, como homem e Deus, e Ele venceu todas as coisas e Ele entrou
na morte e, por ser o Santo de Deus venceu a morte. A morte não podia retê-Lo
porque Ele não tinha pecado. A morte não tinha direito sobre Ele. Então Ele venceu a
morte, e ressuscitado como homem de novo, Ele recebe do Pai a promessa do
Espírito. Você vê por que a promessa do Espírito? Porque Ele é homem. Então isso
era o dom para Ele, esse Espírito. Não uma parte do Espírito, mas todo o Espírito.
Diferente de nós. Cada um de nós tem uma parte no Espírito de Deus. Nós não
temos alguém que possua todo o Espírito de Deus. Cada um de nós possui um único
e mesmo Espírito, mas não com o Senhor Jesus. O Senhor Jesus foi derramado sobre
Ele, todo o óleo da unção. Lembra que João fala isso no cap.3? Deus não dá a Ele o
Espírito por medida (Jo 3:34). Ele recebeu do Pai a promessa do Espírito, a unção
sobre a cabeça - Cristo ressuscitado. Essa unção então desce para a barba e desce
para as golas e para as vestes, o corpo. O Pentecostes, nada mais é do que o Senhor
Jesus derramando aquele cálice do óleo que Ele recebeu do Pai sobre os seus.
Lembra que em Hebreus 2 o autor cita um Salmo profético com relação ao
Senhor nesse sentido? A meus irmãos - é o Senhor Jesus quem está dizendo - a
meus irmãos, nós que somos os redimidos, nós para o qual Ele veio. Ele não veio
para todo o mundo. Ele veio para aqueles que foram escolhidos antes da fundação
do mundo no coração de Deus. Eu não rogo pelo mundo, mas por estes que me
destes do mundo. Rogo por estes aqui, esse colégio aqui de onze, Judas já tinha se
retirado, e rogo por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da Sua
palavra. Todos os santos que viriam depois. Rogo por esses, os onze. Rogo por
aqueles, nós. João 17. Aqueles que vierem a crer em mim por intermédio da Sua
Palavra, para que todos sejam um e para que nós então fôssemos um, o que era
necessário? Termos as mesmas convicções? Os mesmos pensamentos? As mesmas
crenças? Irmão, isso é impossível. Nós somos divididos até de nós mesmos. Tem dia
em que você acorda brigando com você mesmo. Imagine com quem está do seu
lado? Como o Senhor podia reunir os cento e vinte lá no Pentecostes, em um?
Impossível, a não ser que o Espírito Santo fosse derramado. E quando o Espírito
Santo foi derramado, aquele sinal específico daquele dia se manifestou, apareceram
línguas como de fogo, pousando sobre a cabeça de cada um deles e eles falando,
embora diversas línguas, porque o Corpo de Cristo tem diversidade como Paulo
ensina em Efésios 4 - embora eles falassem diversas línguas – eles falavam os
mesmos mistérios de Deus, porque o Corpo de Cristo tem unidade. É o ensino de
Efésios 4. Diversidade porque somos diferentes. Diferentes pessoas, diferentes dons,
diferentes ministérios, mas um mesmo Espírito. Essa é a diferença da Igreja. É isso
que torna a Igreja, Igreja. Batizados por um Espírito, em um corpo, como Paulo
ensina em Coríntios. Então irmão, que lindo esse v.2: Como o óleo precioso sobre a
cabeça, porque a promessa do Espírito é para Jesus, homem- aquele que venceu a
morte, que foi aprovado por Deus, um varão aprovado por Deus. Deus homem, o
Senhor Jesus. Ele recebeu o Espírito, mas Ele não reteve esse dom para Ele. O que
Ele faz então? Ele vira essa taça, Ele derrama, sobre a Igreja. Esse é o dia de
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Pentecostes. E quando Ele derramou, Ele batizou aqueles homens tão diferentes em
um mesmo corpo: a Igreja.
É o que diz o v.2. Vejam a unidade da Palavra. Davi falou isso aqui há quase
mil anos antes de Cristo. É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce
para a barba, a barba de Arão (Arão era o sumo sacerdote, figura de Cristo) e
desce para a gola das suas vestes (Sl 133:2). Então veja o v.2: É como o óleo.
Duas figuras lindas nesse Salmo. É como o óleo: santidade. Para que servia o óleo
no Velho Testamento? Para separação. Por que o rei, profeta e sacerdote, três
ministérios eram ungidos? Porque quando eles eram ungidos, eram separados. Davi
era só um pastor de ovelhas, não era? Mas quando ele foi ungido por Samuel, ele foi
separado. Enquanto ele estava pastoreando as ovelhas, tudo estava mais ou menos
bem, com exceção de um leão, de vez em quando, que vinha e que ele tinha, pelo
poder do Senhor, lidar com aquele leão, mas uma vida boa de pastor. Tranquilo. Mas
depois que aquela unção de Samuel repousou sobre a cabeça de Davi, todos os
problemas vieram ao mesmo tempo. Saul começou a jogar lanças nele, porque a
unção de Deus apartou Davi. Agora Davi não era um pastor de ovelhas. Agora Davi
era um pastor de Deus. Unção. Óleo. Óleo na Bíblia sempre tem relação com
separação, com santidade - ser posto à parte para um uso exclusivo. Irmão, você vê
a Igreja assim? Você vê que todas essas verdades estão embutidas nesse lindo
Salmo 133, só três versículos! Mas tão lindo! É como o óleo precioso - isso é uma
figura do Espírito. Verso 2: Santidade. É como óleo. Verso 3: é como o orvalho. Duas
figuras que o Espírito Santo mesmo está usando.
É como óleo. Óleo fala de santidade, de ser posto à parte, de separação.
Irmão, se você creu verdadeiramente no Senhor Jesus, se você não é um convencido
sobre ele, mas se você é um convertido a Ele e por Ele, se você não se converteu
como muitos dizem: “Eu me converti” (e ainda falam com o peito bem cheio). Isso
não é uma verdade. Eu fui convertido, porque foi outro quem fez essa obra em mim.
Eu fui convertido. Eu não me converti, porque eu sou inconvertível, mas eu fui
convertido. Então se você foi convertido a Cristo, você tem a realidade desse óleo.
Você sabe que foi posto à parte. Aquelas leituras que você fazia, quem sabe não te
dão prazer mais. Aquelas coisas que você via, quem sabe você não tem prazer mais.
Aqueles ambientes que você frequentava você não tem prazer mais. Você não vai lá,
porque tem um monte de gente olhando para você e dizendo: se você for lá, você
está roubado. Vai ter gente lá que vai ver você e vai falar para os outros e você vai
ter problemas. Não. Você não vai lá porque simplesmente lá não é o seu lugar,
porque você não tem prazer lá, porque o óleo desceu da cabeça para o corpo e o
corpo foi santificado.
A palavra santificação no Novo Testamento é usada em dois sentidos. Primeiro
no sentido objetivo e segundo no sentido subjetivo. Você sabe disso? 1Coríntios 6,
você vê o sentido objetivo, porque você vê que a santificação é colocada antes da
justificação. Lá fala que aqueles santificados pelo Espírito, foram justificados. E nesse
sentido, a santificação é objetiva. Significa que desde antes da fundação do mundo o
Senhor já nos conhecia, que Ele já nos pôs à parte. Quando que Ele nos pôs à parte?
Antes de nós nascermos? Quando que Ele fez isso? Efésios diz assim: Ele nos
escolheu em Cristo, em união com Cristo, antes da fundação do mundo (Efésios
1:4). Está vendo? Isso é santificação antes de você nascer. Antes de nascer, você já
estava santificado nesse sentido. Antes de você nascer, você já foi unido a Cristo. Ele
nos escolheu em Cristo, união com Cristo, antes da fundação do mundo. Mas quando
você nasceu, não sabia. Quem sabe você caminhou dez anos, quatorze anos, vinte
anos, trinta anos, alguns foram convertidos aos cinquenta anos, alguns foram
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convertidos aos oitenta anos, alguns aos noventa anos. Mas, então, naquele
momento você entendeu que Ele te colocou à parte, antes da fundação do mundo e
que Ele separou a sua vida para Ele, porque o óleo santifica, separa. Irmão, essa é a
realidade do nascer de novo. O Espírito regenera e os regenerados são separados.
Você vê que não é religião, você vê que não é mandamento, você vê que não é lista
de ordenanças: faça, não faça, pode e não pode, veste, não veste. Faça isso e deixe
de fazer aquilo. Mas é uma separação em primeiro lugar objetiva, realizada antes da
fundação do mundo e uma separação subjetiva, uma santificação que vem então a
partir do nosso novo nascimento, a partir da justificação. Então, nós somos
trabalhados agora lá na alma, no coração, dia a dia, dia a dia, de glória em glória na
Sua própria imagem. Isso é santificação subjetiva. Mas antes dela existe uma
santificação objetiva. Deus nos pôs à parte para Cristo antes da fundação do mundo.
Que maravilha. É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce para a barba, a
barba de Arão, que desce para a gola das suas vestes. Primeira verdade. Vou
compartilhar as duas apenas desse Salmo e nós vamos encerrar por hoje. Depois nós
vamos examinar Atos, nas próximas reuniões.
Versículo 2, santidade do Corpo de Cristo. O óleo que desce pelas vestes. Óleo,
santidade. Unção tem a ver com separação. Não esqueça isso irmão. Unção tem a
ver com separação. Se você tem seguido o ensino da unção, João diz: a sua unção
vos ensina a respeito de todas as coisas (está vendo? Não tem lista, regra. Ela
vos ensina a respeito de todas as coisas), e é verdadeira... (1Jo 2:27). Ela
permanece em vós. Se você tem seguido o ensino da unção, a sua vida será cada
vez mais separada. Separada da velha maneira de viver do mundo, separada dos
conceitos. Isso é progressivo. Você não precisa ficar olhando para o seu irmão
julgando-o: “oh, mas ele ainda está nesse nível. Será que não está claro para ele
que isso aí é um caminho errado? É um caminho mundano”. Não julgue o seu irmão.
Ajude. Ajude a ser sensível à unção do Espírito. Ajude a orar sobre aquele assunto
que você entende que tem sido danoso na vida dele. Ajude-o, mas não o julgue,
ajude-o. Irmão, pese isso, ore sobre isso, busque mais do Senhor sobre esse
assunto. Você tem que fazer isso, porque o Senhor vai te cobrar sobre isso, porque a
Bíblia nos ensina que nós somos responsáveis uns pelos outros. Exortai-vos
mutuamente cada dia. É uma ordem. Não é uma opção. Exortai-vos. Dia a dia, cada
dia durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós seja endurecido
pelo engano do pecado. Hebreus 3. Porque nós desfrutamos a santidade do corpo de
Cristo, porque o óleo desceu até nós. O óleo não ficou na cabeça. O óleo foi
suficiente, não só para ungir a cabeça. O óleo foi suficiente para banhar todo o
corpo, até às orlas das vestes. Santidade do Corpo de Cristo. Que maravilha irmãos.
Nós não fizemos nada disso. Tudo isso foi feito para nós e por nós. Você não fez
nada, você não deu um passo, foi feito. É como o óleo que desce. Esses somos nós,
a Igreja, o Corpo de Cristo.
Agora a segunda figura: É como o orvalho. Veja que os dois versos começam
da mesma maneira. É como o óleo. A santidade da unção. Unção é o pré-requisito
para função, para você funcionar no Corpo de Cristo. Você precisa andar no Espírito,
viver no Espírito. Viver em união com Cristo. Do contrário você vai simplesmente se
mover no corpo e mover causando problemas. A não ser que você ande no Espírito,
é a única maneira. Segunda figura, v.3 - É como o orvalho do Hermon... Irmão,
que linda figura. Sabe por quê? O monte Hermom é o monte mais alto de Israel,
naquela região. É um monte que tem, praticamente, geleiras eternas, no seu ápice.
Então ali, por causa do orvalho, por causa daquela geleira, você tem aquelas
nascentes do Hermom alimentadas por este orvalho. Por causa do orvalho do céu 12
veja - você tem aquelas nascentes alimentadas. Senão, elas secariam. E por causa
daquelas nascentes alimentadas, nós temos o rio Jordão. O Jordão nasce no
Hermom. E o rio Jordão, é a fonte de vida do povo de Israel. Se o rio Jordão secasse,
acabou a vida em Israel. Eles não têm como importar água a milhares de
quilômetros. O rio Jordão é a fonte de vida de Israel. Então quando a Bíblia diz: É
como o orvalho - significa: fonte de vida. Então, a unção do Espírito Santo sobre a
Igreja, não é apenas como óleo, santidade da unção. É como vida. Vida da unção.
Vida do orvalho. Nós não somos dirigidos por princípios exteriores: isso você pode,
aquilo você não pode. Nós somos dirigidos por uma vida interior. Aquilo que não
condiz com a vida dentro de você, não faça. Você vai ofender a sua consciência e vai
perder Cristo na sua experiência espiritual, perder a relação com Ele. Claro que não a
salvação, mas a relação com Ele. Nós andamos pelo ensino da vida interior. É como
o orvalho que desce sobre os montes, o monte Hermom, através do monte Hermom
as nascentes do Jordão, e através do rio Jordão, o mar da Galiléia. Você sabe que o
mar da Galiléia não é um mar salgado. O mar da Galiléia é o lago de Genesaré, ou
mar de Tiberíades. Mar não é um bom termo, porque não é água salgada, é água
doce. O lago de Genesaré. O rio Jordão é a fonte de vida, onde o Senhor exerceu a
maior parte do Seu ministério, na Galiléia, com aqueles pescadores, pescando para
sobreviver, para comer o peixe e vender o peixe. A fonte de vida de Israel, o rio
Jordão. De onde vem? Do Hermom? Não. Do orvalho sobre o Hermom. Dos céus.
Assim é a vida da Igreja. A vida da Igreja vem de onde? Da Igreja? Não. De Cristo,
do alto, dos céus, do Senhor, do Filho de Deus, do verbo encarnado. É como o
orvalho do Hermom que desce sobre os montes de Sião (Sl 133:3).
E por último, nesse lindo Salmo diz no v.3: Ali... Ali. Nunca se aparte da
comunhão do Corpo de Cristo. Se você quiser compreender o significado de “ali”, leia
Hebreus para você interpretar o “ali”. Hebreus fala tudo sobre o ali. Não é o Ali Babá.
Não. É o ali desse Salmo. Ali. Ali em Hebreus, você vai ver tudo sobre o ali. Hebreus
10:25 diz assim: Não deixemos de congregar-nos (olha o ali), como é costume
de alguns (não deixemos); antes, façamos admoestações (uns aos outros) e
tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima (Hb 10:25). Ali, ordena o
Senhor a sua benção e a vida para sempre (Sl 133:1). Se você se apartar da
Igreja, você estará se apartando do Corpo de Cristo. Você irá perder das riquezas do
Senhor, do alimento do Senhor, da vitalidade do Senhor, do frescor do Senhor,
porque “ali” ordena o Senhor a sua benção. Então irmão, um Salmo tão simples, três
versículos, mas cheio da beleza, da realidade espiritual da Igreja. O Senhor te ajude
a pensar sobre isso. Pense sobre isso, ore sobre isso. Que você possa ter esse “Oh!”
no seu coração. Oh! Senhor, obrigado pela Igreja. Oh! Senhor, obrigado pelos
irmãos. Oh! Senhor, obrigado por aqueles que o Senhor escolheu. Oh! Senhor, que
alegria estar na Igreja que é o Teu Corpo.
Nós Te pedimos isso, Pai. Que o Senhor nos conceda a graça de Te ver na
Igreja. A Ti seja a glória na Igreja e em Cristo Jesus em todas as gerações para todo
o sempre. Amém.
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