Passo a Passo 61: As Crianças e o HIV

Transcrição

Passo a Passo 61: As Crianças e o HIV
Uma revista trimestral que aproxima os trabalhadores da área de desenvolvimento de várias partes do mundo
Passo a Passo
No.61 FEBRERO 2005
AS CRIANÇAS E O HIV/VIH E A AIDS/SIDA
O impacto do HIV/VIH e da
AIDS/SIDA nas crianças
David Kabiswa
As crianças são freqüentemente vítimas silenciosas da pandemia do HIV/VIH
e da AIDS/SIDA. Em muitas sociedades ugandenses tradicionais, as crianças
eram “vistas, e não ouvidas”. À medida que o HIV/VIH e a AIDS/SIDA
destruíam comunidades e países nos anos 80 e 90, as pessoas tentavam compreender o que estava a acontecer. No entanto, as necessidades das crianças
eram altamente ignoradas. As crianças pequenas raramente recebiam alguma
explicação para a perda das suas famílias.
LEIA NESTA EDIÇÃO
• Apoiando as crianças portadoras do
HIV/VIH
• Desenvolvendo a capacidade das
crianças
• Cartas
• Caixas de recordações
• Ajudando as pessoas com pouca voz
• Estudo bíblico: Zelando pelas crianças
• Grupos de solidariedade em Ruanda
• Recursos
• O HIV/VIH e as crianças escolares na
Tailândia
Foto: Richard Hanson, Tearfund
NOTA AOS LEITORES
A Passo a Passo é lida na África, Europa e América do Sul. A
língua portuguesa muda de um continente para o outro.
Alguns artigos podem estar escritos em um estilo diferente do
português que você fala. Esperamos que isto não venha a
mudar a sua apreciação pela Passo a Passo.
NB Escrevemos “AIDS/SIDA”, porque alguns de nossos
leitores conhecem a doença como “AIDS”, enquanto outros a
chamam de “SIDA”.
A quarterly
newsletter linking
development worke
around the world
As crianças
precisam de
tempo e
ajuda para
compreenderem
o que acontece
à sua volta
O jornal nacional de Uganda, The New Vision,
apresentou um artigo, alguns anos atrás,
sobre “crianças brincando de funeral”. Num
povoado, no Distrito de Mbale, foram
encontradas duas crianças “enterrando” o
seu amigo, como se estivessem no processo
de um funeral. Quando lhes perguntaram o
que estavam a fazer, elas explicaram que
estavam a colocar o seu amigo embaixo da
terra, da mesma forma que muitos dos seus
vizinhos tinham sido colocados. O artigo
chamou a atenção de muitas pessoas. Este
ajudou as organizações a considerarem
aspectos que freqüentemente eram ignorados.
As crianças precisam de tempo e ajuda para
compreenderem o que acontece à sua volta.
Respostas iniciais em
termos de políticas
À medida que o governo ugandense decidia
as suas prioridades, a pesquisa realizada pelo
Ministério da Saúde, em 1993, mostrou que
os jovens tinham os índices de infecção mais
altos. Havia crianças até de 12 anos com
AIDS/SIDA (estas estatísticas incluíam
crianças nascidas com o vírus). As estatísticas
mostraram que muitos jovens estavam a
manter relações sexuais com ou sem
consentimento. Isto significava que o povo
ugandense precisava de falar abertamente
sobre o sexo e a sexualidade – uma coisa
muito difícil de pôr em prática, levando-se
em consideração a cultura.
As pessoas começaram a perceber, também,
a freqüência com que a condenação moral,
a falta de informações e o preconceito
resultavam em discriminação, abuso infantil
e negligência. Estas atitudes eram muito
prejudiciais para as crianças, que já estavam
a ter dificuldades para lidar com os efeitos do
HIV/VIH e da AIDS/SIDA.
Qual é o impacto do HIV/VIH
e da AIDS/SIDA nas crianças?
O impacto do HIV/VIH e da AIDS/SIDA nas
crianças foi agrupado em três categorias
gerais. Estes efeitos estão intimamente ligados
ao status social e econômico da família e ao
nível da epidemia no país:
■
perda de apoio social e familiar
■
vergonha e discriminação
■
impacto físico e econômico.
SAÚDE SEXUAL E A AIDS/SIDA
ISSN 1353 9868
A Passo a Passo é uma publicação trimestral que
procura aproximar pessoas em todo o mundo
envolvidas na área de saúde e desenvolvimento. A
Tearfund, responsável pela publicação da Passo a
Passo, espera que esta revista estimule novas
idéias e traga entusiasmo a estas pessoas. A revista
é uma maneira de encorajar os cristãos de todas as
nações em seu trabalho conjunto na busca da
melhoria de nossas comunidades.
A Passo a Passo é gratuita para aqueles que
promovem saúde e desenvolvimento. É publicada
em inglês, francês, português e espanhol.
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Impresso por Aldridge Print Group usando-se
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cartas e artigos não refletem necessariamente o
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são verificadas minuciosamente, mas não podemos
aceitar responsabilidade no caso de ocorrerem
problemas.
A Tearfund é uma organização cristã evangélica que
se dedica ao trabalho de desenvolvimento e
assistência através de grupos associados, a fim de
levar ajuda e esperança às comunidades em
dificuldades no mundo. Tearfund, 100 Church
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Organização sem fins lucrativos sob o No.265464.
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Vergonha e discriminação As crianças
freqüentemente enfrentam discriminação e
são rótuladas como “órfãs da AIDS/SIDA”.
Quando as pessoas sabem que os pais das
crianças são portadores do HIV/VIH, estas
podem perder os companheiros de
brincadeiras e a chance de freqüentar a
escola ou a igreja (por causa dos seus pais
“imorais”). Às vezes, as pessoas recusam-se
a dar alimento às crianças portadoras do
HIV/VIH, porque, na sua forma de pensar,
elas vão morrer de qualquer maneira.
Impacto físico e econômico Algumas crianças
deixam de freqüentar a escola para cuidar
de seus pais doentes. Quando um dos pais
morre, a criança pode perder os seus bens,
que vão parar nas mãos de parentes e
vizinhos gananciosos. O acesso a outros
serviços, como a educação e os cuidados
com a saúde, tornam-se difíceis, e muitas
crianças têm de providênciar a própria
sobrevivência.
A resposta
Em Uganda, os programas de informação
e educação ajudaram a consciencializar as
pessoas sobre as necessidades das crianças.
Os comitês para apoiar os órfãos são uma
estratégia comum para se lidar com a
situação. Foram criados clubes para crianças
cujos pais são portadores do HIV/VIH. As
crianças são auxiliadas a compreender e a
Foto: Richard Hanson, Tearfund
Passo a Passo
Perda de apoio social e familiar Uma criança
pertence não somente a uma família em
particular, mas também a uma comunidade,
a uma família mais ampla, a uma cultura e a
uma religião. A sua educação, saúde e auto-estima estão intimamente ligadas a elas. A
perda de um dos pais freqüentemente faz
com que estas outras formas de apoio
também sejam perdidas. Algumas crianças
são separadas de seus irmãos e irmãs e são
levadas para outros lares. Outras permanecem com os avós, que são idosos demais
para lhes ensinarem as habilidades para a
vida. O impacto emocional é grande.
Nos últimos anos, tem havido uma diminuição constante
no índice de infecção do HIV/VIH em Uganda,
especialmente entre os jovens.
lidar com o que está acontecer. O treinamento em habilidades para a vida e o aconselhamento ajudam as crianças a lidarem
com as suas necessidades emocionais.
As estruturas políticas ajudam a assegurar
que as necessidades práticas das crianças
sejam satisfeitas. O governo agora provê o
ensino primário gratuito. Várias ONGs
introduziram programas para ajudar a pagar
as matrículas escolares. Foi oferecida
proteção legal para evitar que as crianças
perdessem os bens da sua família.
Progresso recente
Nos últimos anos, tem havido uma
diminuição constante no índice de infecção
do HIV/VIH em Uganda, especialmente
Apoio aos órfãos
John (12 anos) e James (14 anos) perderam os pais. Quando o pai morreu,
a vida deles mudou dramaticamente, pois ele era a única fonte de renda da
família. A mãe freqüentemente ficava doente, e eles tinham que cuidar dela.
Ela morreu um ano mais tarde, e eles ficaram sozinhos. Uma organização
cristã descobriu John e James quando eles tinham chegado a uma situação
desesperada. A casa estava em condições terríveis: havia buracos grandes no
telhado, por onde a chuva entrava. Eles reviravam o lixo em busca de alimento. Por algum motivo,
eles não tinham recebido muito apoio da sua comunidade.
A organização ajudou as crianças a lidarem com a situação. James decidiu deixar John continuar
seus estudos. James preparava as refeições para John e cultivava a terra. A ONG mobilizou a igreja e
a comunidade locais para fazerem reparos na casa, ofereceu educação sobre o HIV/VIH e a
AIDS/SIDA e procurou criar um ambiente de apoio para as crianças.
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SAÚDE SEXUAL E A AIDS/SIDA
entre os jovens. Acredita-se que o sucesso
se deva principalmente à boa educação
sobre a saúde. As questões sexuais são
discutidas abertamente com as crianças,
e elas são ensinadas sobre o “ABC”:
A Abstinência Adiar a primeira relação
sexual
B Bastante fidelidade Ter poucos parceiros
sexuais (de preferência, apenas um)
C Camisinha Use a camisinha (preservativos) para diminuir a propagação da
infecção do HIV/VIH.
Hoje, as pessoas são muito abertas sobre o
HIV/VIH e a AIDS/SIDA. Muitos programas de rádio apresentam “talk shows”
(programas de discussão) para ajudar a
consciencializar as pessoas. As organizações religiosas, que, no passado, teriam
condenado as pessoas com HIV/VIH e
AIDS/SIDA, agora oferecem a maior parte
dos serviços de cuidados domiciliares.
Avós
Conheci Wezi em Lusaka, na Zâmbia. Alguns assistentes sociais contaram-me
que ela estava a ajudar a cuidar de uns 21 órfãos. Ao ouvir a história dela,
não pude deixar de agradecer a Deus pelos avós. As crianças tinham de 2 a
14 anos e eram todas primas – filhos das três filhas de Wezi. Todos os pais
tinham morrido de AIDS/SIDA. Mais tarde, as mães, filhas de Wezi,
mudaram-se para a casa de Wezi.
As filhas de Wezi não tinham bons empregos. Elas procuravam o que havia disponível diariamente.
O trabalho consistia em lavar roupa, cavar ou arrancar ervas daninhas de jardins. A vida era muito
difícil. Eu vi a alegria nos rostos das crianças e perguntei-me se elas compreendiam a situação. Ao
contarem sobre seus sonhos a um assistente social, elas cantaram algumas canções. Elas queriam a
oportunidade de se apresentarem na televisão! Que esperança e que visão! As meninas pequenas
preocupavam-me em particular. Haveria muitos “lobos” querendo caçar estas meninas para obterem
favores sexuais em troca de alimento. Com a seca, na Zâmbia, e a escassez de empregos, senti uma
dor no coração.
Nos últimos anos, as crianças beneficiaram-se com muitas mudanças em Uganda. No
entanto, as crianças afetadas pelo HIV/VIH
e pela AIDS/SIDA ainda precisam de tomar
decisões difíceis. Elas chegam à idade
adulta antes da hora!
Desafios para o futuro
Muitos programas de ONGs ainda não dão
atenção suficiente às necessidades sociais e
emocionais das crianças. Por exemplo, as
crianças realmente precisam de um adulto
para substituir os seus pais. Elas precisam
de alguém com quem conversar sobre as
suas esperanças e os seus sonhos. Os
desafios são ainda maiores quando elas
perdem o acesso à educação.
Os programas de apoio à criança (matrículas
escolares, apoio material) são freqüentemente interrompidos na idade de 18 anos.
No entanto, muitos destes jovens continuam
a ter uma vida difícil, com muitos desafios.
A necessidade de aconselhamento e outras
formas de apoio talvez não termine só
porque eles se tornaram “adultos”.
Para o desafio deste trabalho, é necessário
que todos nós estejamos envolvidos. Que
este artigo o ajude a seguir em frente, ao
invés de fazê-lo pensar “Ah, não… Uganda
mais uma vez!”
Foto: Mike Webb, Tearfund
David Kabiswa é o Diretor da ACET Uganda.
Seu endereço é: ACET Uganda, PO Box 9710,
Kampala, Uganda.
E-mail: [email protected]
[email protected]
Acredita-se que o recente sucesso de Uganda na diminuição da infecção do HIV/VIH se deva principalmente à boa
educação sobre a saúde.
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SAÚDE SEXUAL E A AIDS/SIDA
Apoiando as crianças
portadoras do HIV/VIH
tação. Os outros 10% das infecções resultam
de transfusões de sangue ou de produtos
sangüíneos contaminados, da utilização de
agulhas e seringas contaminadas e do abuso
ou da exploração sexual.
Cuidados com a saúde
Kristin e Susan Jack
Bec Sompoa tinha uns 18 meses e estava gravemente subnutrida quando
entrou para o nosso programa de nutrição em 1995. Estávamos acostumados
a ver crianças magríssimas e doentias recuperarem a saúde depois de apenas
algumas semanas de tratamento e uma boa alimentação. A mãe de Sompoa
era uma mãe muito boa e levou as lições sobre a saúde realmente a sério,
mas Sompoa não melhorava. Achamos que ela estava com tuberculose e a
tratamos. Vimos uma pequena melhora, mas esta não durou. Era o início da
AIDS/SIDA no Camboja e, embora tivéssemos começado um programa de
educação sobre o HIV/VIH e a AIDS/SIDA, ainda não havíamos visto
ninguém infectado com o HIV/VIH.
Depois de tentarmos tudo por Sompoa,
relutantemente discutimos sobre a
possibilidade de testá-la, assim como sua
mãe, para vermos se eram portadoras do
HIV/VIH. Esperamos ansiosos pelos
resultados: ambos retornaram positivos. Na
nossa próxima reunião de equipe, choramos,
sabendo que este seria o início de um rápido
aumento nos casos tanto em adultos quanto
em crianças no Camboja – pessoas afetadas,
infectadas ou morrendo de AIDS/SIDA.
Rápido aumento no número
de crianças infectadas com
o HIV/VIH
Foto: Jim Loring, Tearfund
Os efeitos do HIV/VIH e da AIDS/SIDA
devastaram as vidas de milhões de crianças
ao redor do mundo. A doença ataca famílias,
comunidades, escolas, sistemas de saúde e
bem-estar e economias nacionais. Antes,
achava-se que as crianças estavam razoavelmente seguras em relação ao HIV/VIH e a
AIDS/SIDA. Achava-se também que, uma
vez infectadas, elas morreriam rapidamente.
Pensou-se muito pouco sobre sua vulnerabilidade sem paralelo. Hoje, porém, mais da
metade de todas as novas infecções ocorrem
em jovens – seus organismos são menos
resistentes à doença. Os índices de mortalidade infantil aumentaram repentinamente.
Quase 3 milhões de crianças ao redor do
mundo agora estão infectadas com o
HIV/VIH. As meninas são atingidas de
forma mais severa e numa idade mais
precoce do que os meninos.
Quase 3 milhões de crianças agora estão infectadas
com o HIV.
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A maioria destas crianças (mais de 90%)
contraem o HIV/VIH de suas mães. Os bebês
podem contrair o HIV/VIH durante a
gravidez, o parto ou através da amamen-
As crianças portadoras do HIV/VIH têm
muita probabilidade de ficarem gravemente
enfermas com doenças comuns da infância.
A prevenção destas infecções através da
imunização, da boa nutrição e do tratamento
antecipado é vital para melhorar sua qualidade de vida. As crianças portadoras do
HIV/VIH, que não apresentam nenhum
sintoma da infecção deste vírus, devem
tomar todas as vacinas na idade recomendada.
As crianças que apresentam sintomas da
infecção do HIV/VIH ou da AIDS/SIDA,
tais como infecções de pele, pneumonia ou
câncer (cancro) de pele, também devem
tomar as vacinas infantis, mas não devem
tomar a BCG (para a tuberculose) ou a vacina
para a febre amarela. Elas devem tomar uma
dose extra da vacina para o sarampo aos seis
meses de idade, assim como a vacina tomada
aos nove meses de idade. A vacina para a poliomielite deve ser dada em forma de injeção.
Tratamento
Quando as crianças não têm acesso ao
tratamento anti-retroviral (ARV), o HIV/VIH
geralmente se desenvolve rapidamente, e
quase metade das crianças infectadas adquire
AIDS/SIDA e morre dentro dos dois
primeiros anos de vida. No entanto, com
bons cuidados e uma boa nutrição, elas
podem ter uma vida mais longa e mais
saudável. Algumas delas agora estão
sobrevivendo até os vinte e poucos anos de
idade e estão tendo seus próprios filhos,
especialmente nos países mais ricos, em que
há bons cuidados de saúde e o tratamento
ARV. Muitas mortes podem ser evitadas
através de informação antecipada e do
tratamento correto das outras doenças. As
crianças que estão morrendo de AIDS/SIDA
devem ter acesso a analgésicos e remédios
adequados para tratar a diarréia e as
infecções pulmonares.
Evitando a infecção
As mulheres que sabem que talvez corram
risco de infecções sexualmente transmitidas,
inclusive o HIV/VIH, devem ser aconselhadas a usarem preservativos (a camisinha) o
tempo todo durante o sexo, a menos que
queiram engravidar. Muitos cristão não
gostam desta sugestão. Para as mulheres em
alto risco, no entanto, os preservativos (as
camisinhas) oferecem proteção contra a
infecção, a morte e uma família órfã. A igreja
e as agências cristãs precisam estar envolvidas
na conscientização sobre estas questões e
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SAÚDE SEXUAL E A AIDS/SIDA
O projeto HALO oferece aconselhamento e cuidados
dentro da família extensa ou da comunidade que cerca as
crianças, mantendo-as fora das ruas e dos orfanatos.
Foto: Jim Loring, Tearfund
As igrejas locais estão envolvidas tanto
quanto possível. A maioria das pessoas que
oferecem Cuidados Domiciliares e dos jovens
voluntários que atuam como “irmãs ou
irmãos mais velhos” dos órfãos são membros
das igrejas. Eles ficam amigos das crianças
órfãs, conversando e brincando com elas e
levando-as para passearem. Todo este
trabalho é integrado em programas mais
amplos de nutrição, imunização e cuidados
gerais com a saúde para a comunidade.
Nossa meta é mostrar o amor de Cristo no
meio de uma pandemia devastadora.
Planos futuros
incentivar os homens principalmente a
mudarem seu comportamento de alto risco.
Apoio às crianças órfãs da
AIDS/SIDA
As crianças que vivem em famílias afetadas
pelo HIV/VIH sofrem muitos problemas
sociais, econômicos e psicológicos. Muitas
ficarão órfãs. Calcula-se que haja mundialmente, no momento, 15 milhões de crianças
com menos de 18 anos que perderam um
dos pais ou ambos devido à AIDS/SIDA. Os
cuidados médicos certamente não são
suficientes para oferecer um apoio eficaz
para estas crianças e suas famílias. Elas
também precisam de outros tipos de ajuda.
Devem-se considerar as necessidades
emocionais, espirituais, sociais, educacionais
e legais, tais como os direitos de herança.
Quando os pais estão infectados e não há
tratamento ARV disponível, as famílias e as
crianças precisam discutir juntas onde a
criança viverá no futuro. É necessário apoio
contínuo para assegurar que estes desejos
sejam cumpridos.
Respostas para o HIV/VIH e
a AIDS/SIDA no Camboja
Servants, uma organização cristã, está
oferecendo uma resposta integrada para a
crise da AIDS/SIDA no Camboja (onde 2,7%
da população está infectada com o HIV/VIH).
Possuímos um programa de educação de
igual-para-igual, em que os jovens compartilham informações, compreensão e apoio com
outros jovens. Também possuímos um
programa de Cuidados Domiciliares, que
treina famílias e agentes comunitários a
cuidarem (física e espiritualmente) de
pessoas com o HIV/VIH. Mais de 500
pessoas beneficiam-se com estes cuidados.
O projeto HALO (Hope, Assistance and
Love for Orphans – Esperança, Assistência e
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Amor para Órfãos) trabalha com mais de
600 filhos de pais que morreram ou estão
morrendo de AIDS/SIDA. Este projeto
oferece aconselhamento e cuidados dentro
da família extensa ou da comunidade
imediata. Ele assegura que estas crianças
sejam mantidas fora das ruas e dos
orfanatos. Todas as crianças são auxiliadas a
freqüentarem a escola ou treinamento
profissionalizante, e seus direitos e suas
heranças são respeitados. O HALO também
organiza postos de saúde para bebês
nascidos com o HIV/VIH.
As crianças e os jovens encontram-se no
centro da crise do HIV/VIH e da AIDS/SIDA.
Eles também oferecem a maior esperança
para se derrotar esta epidemia. Eles deveriam
ser essenciais nos planos para se deter a
propagação da AIDS/SIDA – através da
educação e da participação total em
discussões sobre seu próprio futuro.
Kristin e Susan Jack trabalham com a Servants to
Asia’s Urban Poor, no Camboja.
Web: www.servantsasia.org
E-mail: [email protected]
EDITORIAL
O impacto do HIV/VIH e da AIDS/SIDA é enorme. Muitas das conseqüências ainda estão por vir. O impacto a longo prazo nas crianças
especialmente é, muitas vezes, ignorado, à medida que as necessidades
mais imediatas dos adultos são satisfeitas. Esta edição da Passo a
Passo examina várias maneiras diferentes de como as crianças são
afetadas pelo HIV/VIH e pela AIDS/SIDA e traz muitas idéias sobre
como ajudar a satisfazer as necessidades destas crianças.
Esta edição foi difícil de elaborar, no que diz respeito à compreensão do impacto enorme e
crescente. Espero que ela não só desafie os leitores, mas também os incentive a trabalharem juntos
e agirem de forma prática, da maneira mais apropriada para a sua comunidade. O nosso envolvimento no trabalho com o HIV/VIH e a AIDS/SIDA não é mais opcional. As preocupações e o impacto
são grandes demais. Todos nós precisamos trabalhar juntos para enfrentar este desafio. Isto pode
consistir em mudarmos as nossas atitudes e preconceitos; pode consistir em compartilharmos
informações e educação; pode exigir o trabalho de defesa de direitos para desafiar as políticas
existentes; para alguns, pode consistir em agirmos de maneira prática, apoiando, cuidando ou
abrindo nossos lares para as de nós pessoas afetadas ou infectadas pelo HIV/VIH e pela AIDS/SIDA.
Embora os governos e as agências internacionais estejam agindo para lidar com o HIV/VIH e a
AIDS/SIDA, a maior parte dos desafios que o HIV/VIH e a AIDS/SIDA trazem ainda precisam ser
enfrentados pelas pessoas que se preocupam. Como cristãos, todos nós possuímos uma função a
desempenhar para assegurar que a próxima geração possa crescer com apoio, amor e compreensão.
Precisamos ter a certeza de que todas as crianças, sem importar a
seriedade com que foram afetadas pelo HIV/VIH e pela AIDS/SIDA,
tenham a oportunidade de ter sonhos e esperanças para o futuro.
Isabel Carter, Editora
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TRABALHANDO COM AS CRIANÇAS
Aviso para incentivar
o desenvolvimento da
liderança
■ Ofereça apoio, treinamento e folgas para
os jovens que cuidam de irmãos e irmãs
menores ou que estão envolvidos no
desenvolvimento comunitário.
■ Permita que os jovens que estão enfrentando situações difíceis, passem algum
tempo com outros que estejam passando
por experiências semelhantes.
■ Apóie e incentive todos os tipos de
trabalho juvenil e de divulgação.
■ Veja as crianças como agentes de
mudança nas suas comunidades. Elas são
fundamentais para a criação de relações
nos lares e nas famílias.
■ Compreenda que as necessidades das
Foto: Jim Loring, Tearfund
crianças vão além das necessidades físicas e
materiais.
Ajudando as crianças
a realizarem o seu
potencial
O Exército da Salvação recentemente realizou um trabalho de consulta sobre
o desenvolvimento da capacidade de jovens, o que mostrou ser uma oportunidade fundamental para compartilhar conhecimentos de todo o mundo.
Foram realizadas discussões sobre as
necessidades específicas de jovens afetados
pelo HIV/VIH. Entre as preocupações manifestadas, estavam a falta de tempo para as
crianças dentro das comunidades. Isto
significa que as necessidades psicológicas
das crianças são raramente satisfeitas, e não
há oportunidade para que as crianças
desenvolvam as suas visões e os seus
sonhos. Os líderes do Exército da Salvação
viram a necessidade de um trabalho futuro
quanto à questão legal da herança de bens e
salientaram o abuso das crianças dentro das
comunidades e dos lares.
Foram discutidas e compartilhadas muitas
formas boas e estimulantes de se trabalhar.
Em particular, há uma necessidade de se ver
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o potencial para a liderança entre os jovens
(veja o quadro), inclusive os órfãos ou os
vulneráveis devido ao impacto do
HIV/VIH e da AIDS/SIDA.
Acampamento Masiye
O Acampamento Masiye (Masiye Camp),
em Zimbábue, é um bom exemplo de como
o Exército da Salvação está oferecendo
apoio e incentivando o potencial das
crianças afetadas pelo HIV/VIH e pela
AIDS/SIDA.
A saúde psicológica e mental das crianças
que cuidaram de seus pais com AIDS/SIDA
e os perderam é frequentemente ignorada.
O impacto da morte dos pais nas crianças é
complexo e afeta o seu bem-estar a longo
prazo. A vida de órfão pode limitar o
desenvolvimento emocional da criança e
afetar habilidades para a vida, como a
comunicação e a tomada de decisões. Os
órfãos, muitas vezes, perdem a esperança
para o futuro e possuem uma auto-estima
baixa.
O Acampamento Masiye tem trabalhado,
há vários anos, com crianças que vivem
com AIDS/SIDA, dando ênfase especial
para o atendimento das suas necessidades
emocionais. O seu trabalho tem tido
resultados animadores, entre eles:
■
restauração e fortalecimento da auto-estima
■
apoio às crianças no seu período de luto,
para evitar o trauma a longo prazo
■
desenvolvimento das suas habilidades
para a tomada de decisões e a negociação
■
empoderamento das crianças, para que
sejam capazes de assumir responsabilidade pela sua própria vida
■
criação de valores e esperança para o
futuro.
O Acampamento Masiye treinou voluntários
cristãos como facilitadores para oferecer
apoio emocional e social. Até agora, este
treinou 120 jovens e 1.600 adultos. Estabeleceram 14 centros de atendimento diurno e
25 Clubes Infantis. Além disso, foram
treinados profissionais de cuidados infantis
e professores com habilidades básicas de
aconselhamento, com ênfase especial em
aconselhamento para crianças, cujos pais
recentemente morreram. Também são
treinadas pessoas que cuidam de crianças e
voluntários para fazer visitas domiciliares
aos órfãos.
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CARTAS
SO
PASSO A PAS
PO BOX 200
BRIDGNORTH
SHROPSHIRE
WV16 4WQ
REINO UNIDO
Consciencialização sobre a
deficiência
Consciencialização é uma palavra grande.
No Nepal, esta palavra é usada pelas
organizações de muitas formas diferentes:
consciencialização sobre a deficiência, consciencialização sobre a pobreza, consciencialização
sobre a mulher, consciencialização comunitária,
consciencialização política, e assim por diante.
A ONG, Community-Based Rehabilitation
Service (CBRS – Serviço de Reabilitação com
Base na Comunidade), trabalha com e para
as pessoas deficientes, os seus familiares e
as suas comunidades. A nossa visão é de
uma “sociedade, que respeite os direitos e a
dignidade das pessoas com deficiências nas
suas famílias e comunidades, usando as
suas habilidades e seu conhecimento como
potenciais”.
O nosso trabalho é fazer desta visão uma
realidade prática. Usamos cartazes,
dramatização, canções, histórias e vídeos
para a consciencialização sobre as necessidades das pessoas com deficiências. No
Nepal, poucos professores estão realmente
cientes das necessidades das crianças com
deficiência e do seu potencial de aprendizagem. O CBRS realiza programas de
consciencialização nas escolas, enfatizando
estas mensagens:
Foto: Jim Loring, Tearfund
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Emile Kweguent
Saild–Binum
Camarões
E-mail: [email protected]
■
As crianças com deficiências têm o
direito de freqüentar a sua escola local.
Identificaçao dos líderes
comunitários
■ Ofereça apoio especial, se necessário,
para ajudar as crianças com deficiência a
freqüentarem a escola.
TETELESTAI (que significa tudo é alcançado
em grego) é uma ONG que procura melhorar
a qualidade de vida das pessoas e lutar
contra a pobreza em Togo, especialmente
entre jovens e mulheres.
■
Não insulte as crianças com deficiências.
■ A deficiência não é o resultado de um
pecado ou uma maldição, nem da criança,
nem dos pais.
E-mail: [email protected]
Os membros da equipe técnica recentemente
encontraram-se para um encontro de treinamento sobre “Reconhecimento dos verdadeiros líderes comunitários”. O treinamento
baseou-se num artigo da Passo a Passo 48,
página 16. Durante o treinamento, foi usada
uma folha de pesquisa para ajudar a
reconhecer líderes nas nossas comunidadesalvos. Agradecemos à Passo a Passo por estas
informações.
O uso da dramatização
de papéis
M Adodo S Houemy
BP 29, Badou
Togo
Obrigada pelas experiências compartilhadas,
na Passo a Passo, por comunidades que
Adeva/Pez, BP 21 Butembo
República Democrática do Congo
as crianças a discutirem os seus sentimentos
abertamente. Há conselheiros para ajudar as
crianças a superarem os desafios e os
problemas que enfrentam.
O posto encaminha as crianças para os
profissionais apropriados. Desta forma, ele
complementa as estruturas existentes, ao
invés de competir com elas. O posto visita
regularmente todos os Clubes Infantis de
Masiye e escolas. Para torná-lo atraente para
as crianças, ele foi montado num reboque,
com telhado de palha e pintado com cores
vivas, e uma equipe de marionetes viaja com
ele para oferecer educação e entretenimento.
Krishna Lamichhane
CBRS, Pokhara
Nepal
PA S S O
Depois de receber a edição sobre o uso do
teatro no desenvolvimento, comecei a usar a
dramatização de papéis para consciencializar os membros do nosso comitê de gestão
do seguro de saúde. Pedindo às pessoas que
desempenhassem o papel das diferentes
partes interessadas – membros da comunidade querendo explicações, gerentes sem
tato, gerentes responsáveis e membros do
comitê – todos passaram a compreender
melhor as suas tarefas.
■ Olhe primeiro para as crianças e suas
capacidades e não para suas deficiências.
O nosso trabalho ajudou mais de 100
crianças com deficiências a freqüentarem
escolas locais.
O Acampamento Masiye também organiza
acampamentos especiais para órfãos e
outras crianças vulneráveis nos países
africanos ao sul do Saara. Há dois tipos
de acampamentos: um, que compartilha
habilidades para a vida com os órfãos, e
um outro, para crianças que atuam como
chefes de famílias. Mais de 3.000 crianças
afetadas pela AIDS/SIDA participaram
dos acampamentos em Masiye até agora.
Enquanto estão no acampamento, as
crianças participam em atividades de
aventura, arte e artesanato, música e
aulas de computador. Os acampamentos
oferecem uma oportunidade para passar
algum tempo com outras crianças em
situações semelhantes. As sessões ajudam
participam do seu próprio desenvolvimento.
Freqüentemente faço fotocópias da revista
para incentivar as comunidades no seu
processo de auto-desenvolvimento.
Postos legais móveis
Um dos problemas que o Acampamento
Masiye encontrou é que os órfãos e as
crianças vulneráveis, muitas vezes, acham
difícil obter serviços legais. Elas podem não
saber onde encontrar estes serviços ou como
usá-los e freqüentemente não têm condições
financeiras para pagá-los. O posto legal
móvel procura trazer os serviços legais até
as crianças, ao invés de deixá-las procurando
os serviços sozinhas.
Masiye Camp
Matopo, Bulawayo
Zimbábue
E-mail: [email protected]
7
APOIO À FAMÍLIA
Quem deve fazê-las?
Caixas de recordações
Qualquer um pode fazer uma caixa ou um livro de recordações…
■ Envolva as crianças tanto quanto possível. Isto lhes dá a
oportunidade de conversarem sobre suas preocupações sobre o
futuro. As crianças muito pequenas podem participar, desenhando
figuras ou compartilhando suas recordações favoritas.
Os pais que vivem com o HIV/VIH e a AIDS/SIDA freqüentemente se preocupam
com o que acontecerá com seus filhos depois de morrerem. Se a criança for pequena,
ou se a família for separada numa época de crise, as lembranças poderão desaparecer,
e as informações importantes, muitas vezes, ficarão perdidas. A criança poderá
crescer confusa quanto ao seu passado e à sua identidade.
Um presente prático que o pai ou a mãe que vive
com o HIV/VIH e a AIDS/SIDA pode dar aos seus
filhos é uma caixa ou um livro de recordações.
Escrevendo fatos importantes e guardando tradições familiares, fotos e recordações felizes, assim
como suas esperanças e crenças, o pai ou a mãe
pode ajudar seu filho a lembrar-se das informações sobre sua família e o início da sua vida.
Fazer uma caixa de recordações dá aos pais e às
crianças uma oportunidade de lembrar experiências compartilhadas, falar abertamente sobre os
problemas e as preocupações e planejar para o
futuro. Cada caixa de recordações pode ser
diferente, já que é uma coisa muito pessoal.
Porém, aqui estão algumas sugestões…
■ Se for difícil escrever, peça a um amigo ou a
uma criança mais velha para ajudar. Eles podem
fazer perguntas e escrever as respostas.
■ Se os pais já tiverem morrido, outros parentes
ou amigos da famílias podem ajudar a criança a
fazê-las.
O que colocar
nela…
Tradições e crenças
familiares
De que material elas
são feitas?
As caixas de recordações podem ter qualquer formato
ou tamanho. Para que durem bastante, elas precisam
ser fortes. Se possível,
use uma caixa de metal,
que possa ser trancada, ou
uma cesta ou caixa forte. Se
estiver fazendo um livro,
escreva em caneta,
para não apagar. Use
um caderno com
capa dura e encape
com plástico, para
protegê-lo da chuva e
dos cupins. As crianças
podem ajudar a decorá-lo.
Recordações
■
Explique as tradições familiares.
■
Descreva eventos ou datas que sejam
especiais para a família ou para a
comunidade.
■
Descreva crenças e pensamentos sobre a
vida e esperanças para o futuro.
minha avó = meu avô
minha avó = meu avô
meu tio
minha mãe = meu pai
minha irmã
eu
meu tio = minha tia (por casamento)
meu irmão
Informações importantes
■
informações sobre ambos os pais, inclusive os
nomes completos, as datas e os locais de
nascimento, casamento e morte e informações
médicas (especialmente quaisquer problemas
de saúde que possam ser herdados)
■
informações sobre a criança, inclusive os dados
sobre seu nascimento e os primeiros anos de
vida, como lhe foi dado o seu nome,
informações médicas (doenças, ferimentos,
alergias, nomes dos médicos ou dos postos de
saúde onde foi tratada)
Escreva recordações de momentos felizes
ou de como a família lidou com as épocas
difíceis. Coloque:
■
fotos
■
árvore genealógica (veja acima)
■
receitas favoritas
■
dados sobre onde a família morou
■
letras de hinos ou poemas favoritos
■
cerimônias especiais
■
piadas familiares
■
■
gravuras, cartões e cartas especiais
nomes e endereços de parentes próximos e
amigos
■
pequenos objetos com significado especial –
como um lenço, contas (colares), roupas de
bebês ou uma pedra ou sementes do jardim.
■
informações sobre onde estão guardados os
documentos importantes ou os objetos de valor.
Compilado por Maggie Sandilands,
com nosso agradecimento pela
autorização para usar as
informações do livro Memory
Book for Africa, a partir de onde
muitas destas informações foram
adaptadas. Este livro custa £2,50 e
pode ser obtido através da TALC
(Reino Unido) (veja a página 14
para obter o endereço).
8
PA S S O
A
PA S S O 61
PA S S O
A
PA S S O 61
meu primo
Uma árvore genealógica (veja acima) é uma
maneira simples e clara de mostrar a relação
entre todos os membros da família.
Aviso prático
■ Uma caixa de recordações não é um lugar para se
guardarem objetos de valor ou cópias originais de
documentos importantes. As certidões de
nascimento, os passaportes, os testamentos e os
documentos de propriedade de imóveis, de saúde e
de vacinação devem ser todos guardados num lugar
seguro. Este poderia ser um banco ou com um
advogado, parente mais velho ou um amigo de
confiança. Coloque um bilhete na caixa, dizendo
onde eles estão guardados.
■ Fazer uma caixa de recordações pode trazer à
tona emoções fortes. É bom ter o apoio de um
amigo para compartilhar as recordações dolorosas e
as perguntas difíceis.
■ Verifique se todas as informações estão corretas.
Se estiver faltando alguma informação, é melhor
deixar em branco, ao invés de inventá-la, caso
contrário, será difícil para a criança saber no que
acreditar.
■ Escreva as informações privadas ou difíceis que
quiser guardar para quando a criança estiver mais
velha numa carta e deixe-a com um amigo de
confiança. Deixe um bilhete na caixa, dizendo com
quem está a carta.
9
SAÚDE SEXUAL E A AIDS/SIDA
Ajudando as pessoas
com pouca voz
Andrew Tomkins
Nos últimos anos, houve mudanças enormes tanto na conscientização
quanto na disponibilidade de medicamentos para o tratamento de adultos
com HIV/VIH e AIDS/SIDA. O trabalho eficaz de defesa de direitos
internacional ajudou a diminuir os preços das drogas anti-retrovirais (ARV).
Muito mais pessoas com HIV/VIH e AIDS/SIDA, agora, recebem tratamento,
muitas vezes, gratuitamente. Numa conferência recente sobre a AIDS/SIDA,
em Bangkok, houve muitos relatos de sucesso. A OMS visa financiar o tratamento de mais três milhões de pessoas infectadas com o HIV/VIH antes do
final de 2005. Entretanto, a maioria destas são adultos – as crianças foram
altamente negligenciadas.
Foto: Richard Hanson, Tearfund
Há várias razões para isto. Em primeiro
lugar, se o financiamento é limitado, as
pessoas tendem a tratar os adultos antes
das crianças. Em segundo lugar, a maioria
das pessoas acredita que todas as crianças
infectadas com o HIV/VIH morrerão cedo.
Uma jovem mãe infectada com o HIV/VIH,
na Cidade do Cabo, recentemente, deu o
nome de “Sem Esperança” a seu filho, por
estar convencida de que ele morreria
rapidamente. Na realidade, isto não é
verdade. Por motivos que ainda não compreendemos, muitas crianças infectadas
com o HIV/VIH crescem e desenvolvem-se
muito bem, desde que as infecções próprias
da infância sejam tratadas adequadamente e
elas sejam bem alimentadas. O sistema
imunológico delas continua a ser capaz de
combater as infecções. Cuidamos de crianças
infectadas com o HIV/VIH no nosso hospital,
aqui em Londres. Apenas metade destas
crianças têm uma imunidade tão precária
que precisam de tratamento anti-retroviral.
Lendo o Evangelho de Mateus, podemos ter
certeza de que Jesus incluiria as crianças
entre os pacientes infectados com o HIV/VIH
que encontrasse. O desafio agora é incluir as
crianças entre as pessoas selecionadas para
receber os ARV em mais e mais países.
No entanto, “é melhor prevenir do que
remediar”. Há várias maneiras novas de se
evitar a transmissão do HIV/VIH das mães
para os filhos.
Educação
Em alguns países, o HIV/VIH é transmitido
pelas mães que se injetam drogas. Na
Ucrânia, a proporção de mulheres que se
injetam durante a gravidez (infectando-se a
si próprias e aos seus bebês) diminuiu de
30% para 5%, como resultado de mensagens
claras e consistentes sobre a saúde e de
apoio. Agora há menos bebês nascendo com
HIV/VIH em países como este.
Proteção dos bebês
Mães infectadas com HIV/VIH podem
passar o vírus para seus bebês no útero,
durante o parto e através da amamentação.
Se as mães infectadas com o HIV/VIH
receberem ARV na gravidez e não amamentarem seus bebês, o risco de transmissão do
HIV/VIH para eles diminui de 30% para
1%. Entretanto, isto só é possível para os
que têm condições financeiras para comprar
substitutos para o leite materno e podem
prepará-los de forma higiênica e numa
concentração suficiente. A maioria das
mães, nos países pobres, não têm condições
financeiras para isto. Entretanto, se as mães
infectadas com o HIV/VIH receberem uma
dose de nevirapine durante o parto, e o
bebê recebê-la logo após o nascimento e for
alimentado somente com leite materno por
apenas seis meses, somente 10% dos bebês
serão infectados. Esta é uma área em que as
novas pesquisas e o novo trabalho está
trazendo mudanças e melhorias rápidas. Se
mais mães infectadas pudessem ser tratadas
com ARV, menos bebês seriam infectados.
Muitas pessoas acreditam que todas as crianças
infectadas com o HIV/VIH morrerão cedo. Isto
simplesmente não é verdade.
10
PA S S O
A
PA S S O 61
SAÚDE SEXUAL E A AIDS/SIDA
O estigma é um problema enorme em
muitas comunidades. As igrejas têm muitas
oportunidades de incentivar uma maior
abertura sobre o HIV/VIH e como tratá-lo e
preveni-lo. Infelizmente, muitas mulheres
não recebem ARV, porque não concordam
em fazer o teste do HIV/VIH durante o
periodo pré-natal.
Dar uma dose diária de co-trimoxazole –
um antibiótico barato e eficaz – às crianças
infectadas com o HIV/VIH durante o
primeiro ano de vida, previne várias
infecçoes geralmente contraídas por
crianças portadoras do HIV/VIH,
especialmente a pneumonia. Isto também
melhora sua saúde e sobrevivência, mesmo
que elas não estejam recebendo ARV.
Amamentação
A amamentação exclusiva (sem outros
alimentos ou líquidos, nem mesmo água)
é mais segura para o bebê do que uma
alimentação mista, já que há menos riscos
de se passar o vírus. Em primeiro lugar,
a água ou outros alimentos podem estar
contaminados com germes e sujeira que
danificam o intestino do bebê, permitindo
que o vírus entre no seu corpo. Em segundo
lugar, a amamentação exclusiva e freqüente
mantém os seios vazios, diminuindo a
quantidade de vírus no leite.
amamentar na mesma altura que começam
a dar ao bebê outros alimentos. Entretanto,
muitas mães têm medo do estigma que
enfrentarão, se não amamentarem.
Em Entebbe, Uganda, a maioria das mães
infectadas param de amamentar por volta
dos 4–6 meses, e dão mingau (matete) feito
com leite de vaca aos seus filhos. Tomar
aspirina por 48 horas diminui a dor dos
seios inchados, quando a amamentação é
interrompida abruptamente. Qual é o mais
importante: sofrer o estigma ou evitar que
uma criança contraia o HIV/VIH?
Os pesquisadores agora estão testando
maneiras de melhorar os alimentos locais,
para que os bebês possam crescer e se
desenvolver bem sem o leite materno.
O leite dos animais deve ser fervido ou
misturado com mingaus (matetes). Estão
sendo criados mingaus (matetes) baratos,
fortalecidos com sais minerais e vitaminas,
que poderão ser mais facilmente
encontrados.
Seria bom saber se os leitores da Passo a
Passo encontraram maneiras eficazes de
alimentar os bebês de mães infectadas com
o HIV/VIH sem o leite materno.
A amamentação exclusiva supre todas as
necessidades nutricionais do bebê por 4 a 6
meses. Depois disso, o bebê precisa de uma
alimentação mista e nutritiva. Se a mãe
continuar com a amamentação ao mesmo
tempo que dá outros alimentos ao bebê, há
mais probabilidade de infectá-lo. Isto é
difícil para as mães – elas precisam parar de
Professor Andrew Tomkins lidera o Centre for
International Child Health, Institute of Child
Health, London, Reino Unido.
Web: www.cich.ich.ucl.ac.uk
Alguns fatos…
O HIV/VIH e a AIDS/SIDA
afetam todos os tipos de
pessoas em todos os
países. Até agora, 20
milhões de pessoas já
morreram de AIDS/SIDA.
Há cerca de 40 milhões de
pessoas vivendo com
HIV/VIH no momento.
O problema está crescendo:
em 2003, houve cerca de 5
milhões de infecções novas.
Mais da metade de todas
as infecções novas agora
ocorrem em jovens.
ESTUDO BÍBLICO
Zelando pelas crianças
Dewi Hughes
É muito fácil valorizar as crianças mais pelo que elas podem vir a ser
do que pelo que elas próprias são. As crianças podem ser vistas como
um certo fardo, do momento em que nascem até a época em que
podem ser úteis. Era assim que elas eram vistas na época de Jesus.
O que Jesus disse sobre as crianças, e sua atitude para com elas foram,
portanto, coisas revolucionárias na época.
•
Como Jesus tratava as crianças que usava como auxílio visual? O que a
criança teria sentido, quando Jesus a tomou nos braços?
•
Os discípulos tinham estado discutindo sobre quem era o maior. O que
Jesus queria que eles entendessem por “receber uma criança em seu nome”?
•
Quem Jesus disse que seria o maior ou o primeiro em seu reino? Como
podemos responder a isto, num mundo em que há tantas pessoas
necessitadas?
•
O que significa receber uma criança em nome de Jesus na nossa
comunidade?
Leia Marcos 9:33-37
A palavra grega usada no Novo Testamento para “criança” também
é usada para “servo” ou, até mesmo, “escravo”. As crianças eram
vistas, portanto, como semelhantes aos servos ou escravos em status
social. Nesta estória, Jesus usa uma criança como auxílio visual para
ensinar seus discípulos.
PA S S O
A
PA S S O 61
Dewi Hughes é o Assessor Teológico da Tearfund.
11
DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
Grupos de
solidariedade
em Ruanda
Mukarugira Mediatrice
A maioria teve que deixar a escola, para
cuidar de crianças menores e encontrar
alimento. Muitas delas não sabiam por
onde começar.
A Moucecore, uma organização cristã de
Ruanda, assim, começou a trabalhar com
igrejas. Ela mobilizou os membros, para que
compreendessem a responsabilidade da
igreja de mostrar o amor de Deus. Jesus se
preocupa muito sobre como ajudamos os
pobres (Tiago 1:27), e os cristão formaram
grupos para ajudar as viúvas e os órfãos
especialmente.
Grupos de solidariedade
Grupos de pessoas dentro das igrejas
reuniram-se para resolver os seus problemas.
Há muitas coisas que um grupo pode fazer,
que uma pessoa sozinha não pode. Os
membros do grupo comprometem-se a
trabalhar para ajudarem-se uns aos outros e
aos pobres. Eles são motivados pelo lema da
Moucecore: “mude e mude os outros”.
Foto: Jim Loring, Tearfund
Os grupos baseiam o seu trabalho em
quatro aspectos-chaves:
O trabalho de criação de grupos de solidariedade do Moucecore, em
Ruanda, foi uma resposta às necessidades enormes surgidas após o
genocídio. Agora, a experiência deles em ajudar as crianças a reconstruírem
as suas vidas tem sido um benefício imenso para os que se tornaram órfãos
como resultado da AIDS/SIDA e pode oferecer um grande incentivo para
outros que estão a enfrentar desafios semelhantes.
Em Ruanda, não havia nenhum órfão antes
do genocídio. Na nossa cultura, as crianças
pertencem à família extensa e à comunidade
inteira. Sempre que um dos pais ou ambos
morrem, a família extensa ajuda a criança.
Se uma mulher morre, os avós ou as tias
cuidam das crianças. Se um homem morre,
a família extensa sustenta os órfãos e a
viúva. Os vizinhos geralmente ajudam a
cuidar do seu lar e protegê-lo. Para encurtar,
as crianças pertencem à comunidade inteira.
Depois do genocídio em Ruanda, as comunidades depararam-se com o desafio de
haver órfãos em demasia. Na maioria
dos casos, as crianças ficaram sem nenhum
parente. Estas crianças depararam-se com
muitos problemas. O seus lares, muitas
vezes, tinham sido destruídos e elas tinham
irmãos e irmãs menores para cuidar. Elas
tinham que lidar com o trauma de perder
12
entes queridos e, às vezes, de testemunhar
as suas mortes. Elas tinham medo de
todos, porque era difícil confiar em
qualquer um depois de ver o que havia
acontecido. Sua situação era sem esperança.
■
transformação de si próprios em espírito,
mente e corpo
■
trabalho em unidade
■
ação prática para ajudarem-se uns aos
outros
■
trabalho conjunto para ajudar os outros.
Depois de ver o trabalho deles, muitas
outras pessoas freqüentemente entram para
o grupo. Mais tarde, o grupo existente pode
ajudar a começar um grupo novo, que
funcione da mesma maneira.
Assumindo responsabilidades comunitárias
Em 1996, em Kiramurunzi, 16 pessoas e seu
pastor formaram um grupo chamado
Ubumwe bw’abarokore (Pessoas que acreditam
na Unidade). Antes de agirem de forma
prática, os membros reuniram-se para pedir
perdão uns aos outros, pela época difícil do
genocídio e da guerra. Os membros do
Uma nova vida para Jean de Dieu
Ngabonziza Jean de Dieu perdeu ambos os pais em 1994, quando tinha 12
anos de idade. Depois da guerra, ele retornou dos campos de refugiados e
foi acolhido pela sua tia, que era muito pobre. Mais tarde, Jean de Dieu foi
embora para Kigali, onde trabalhou como empregado doméstico. Lá, ele
ficou sabendo do grupo Ubumwe bw’abarokore na sua comunidade e sobre
como ele ajudava os órfãos. Ele voltou para casa e entrou para o grupo, o qual
o ajudou a construir uma casa, ensinou-o como cultivar e cercar as suas terras e
deu-lhe uma vaca para usar como dote, ao se casar.
Jean de Dieu, agora, é um agricultor auto-suficiente, com duas vacas. A sua família é feliz e ajuda os
outros a libertarem-se da pobreza.
PA S S O
A
PA S S O 61
DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
Mushime Jean tem três irmãos e uma irmã. As crianças agora vivem com a
avó de 80 anos e a tia, que tem problemas mentais. O resto da família foi
morta durante o genocídio. O grupo Ubumwe bw’abarokore encontrou-os
quando estavam totalmente desesperados. O grupo mandou o irmão mais
velho, Paul, de volta para a escola secundária e pagou a sua educação,
começou uma plantação de banana, ajudou a família a cultivar suas terras e
comprou uma bicicleta para o Mushime, para que ele pudesse transportar pessoas e produtos,
proporcionando uma pequena renda para o lar.
A família agora está bem estabelecida. Paul terminou a escola e agora está a ajudar os seus irmãos
menores e a sua irmã. Mushime está a estudar mecânica, enquanto os seus irmãos menores e a sua
irmã estão na escola primária. Agora, a família tem sonhos para o futuro.
grupo que haviam tomado os pertences
dos outros devolveram-nos.
Os membros começaram a confiar novamente uns nos outros e, então, começaram
a considerar as questões desafiadoras dos
órfãos, das viúvas, dos deficientes e dos
idosos.
Os membros estabeleceram estas metas:
■
ajudar as vítimas do genocídio a
superarem os seus vários problemas
■
promover a unidade e a reconciliação
e restaurar as relações rotas
■
compartilhar o poder do evangelho
entre a comunidade cristã
■
ajudar as pessoas pobres a providenciar
as suas próprias necessidades,
fortalecendo sua auto-estima durante
o processo.
O número de membros cresceu rapidamente, de 16 para 153 pessoas, em seis
pequenos grupos. Até agora, os grupos
ajudaram 184 lares chefiados por crianças
e viúvas pobres a proverem suas próprias
necessidades. Treze dos órfãos agora se
casaram. Os membros fazem tudo que
uma família faria num momento como
este: construção de uma casa, provisão do
dote, preparativos para a cerimônia de
casamento e aconselhamento do jovem
casal.
Uma história de AIDS/SIDA
bem sucedida
Mercedes Sayagues
O Senegal é um país pobre. No entanto, o seu índice de HIV/VIH é um dos mais
baixos dos países ao sul do Saara. Como resultado de uma ação antecipada,
corajosa e aberta, o Senegal manteve um baixo índice de HIV/VIH de 1,4%. Com
pouco auxílio estrangeiro para o trabalho com a AIDS/SIDA, por que os seus índices
de HIV/VIH permaneceram baixos, quando eles sobem em todos os outros lugares?
Quando os primeiros seis casos de AIDS/SIDA
apareceram em 1986, os cientistas e os médicos
convenceram o Presidente Abdou Diouf a usar
esta oportunidade, possivelmente a única, para
conter a AIDS/SIDA. Assim, o Senegal tomou
todas as providências possíveis para a
prevenção. Os departamentos de saúde
senegaleses agiram rapidamente para assegurar
um suprimento de sangue seguro no país e
dados de confiança sobre os índices de infecção
e para iniciar programas para o controle e o
tratamento de doenças sexualmente transmitidas.
PA S S O
A
PA S S O 61
Motivos dos baixos índices
de HIV/VIH
■ Foi feito um trabalho de divulgação a todos os
trabalhadores sexuais nos postos de saúde, com
informações e preservativos gratuitos. Através de
uma pesquisa nacional feita em 2001, foi visto
que quase todos os trabalhadores sexuais usavam
camisinhas (preservativos) com os clientes.
Através da unidade e do trabalho dos crentes
cristãos destes grupos de solidariedade,
muitos órfãos como Mushime e Jean de Dieu
(veja os estudos de casos) foram ajudados.
Os fardos pesado tornam-se leves, quando
há outras pessoas ajudando a carregá-los.
Os órfãos não estão mais sozinhos; eles
agora encontram uma família afetuosa na
sua comunidade, que os compreende e se
interessa por eles.
Mukarugira Mediatrice é assistente de gerente
de projeto do programa de desenvolvimento
integral infantil da Moucecore, Ruanda.
Endereço: Moucecore, BP 2540, Kigali, Ruanda.
E-mail: [email protected]
Foto: Richard Hanson, Tearfund
Mushime ofereceu esperança
As crianças pertencem à comunidade inteira.
deter a AIDS/SIDA. Os líderes religiosos
islâmicos concordaram em pregar a fidelidade e a
abstinência, mas não se oporiam às campanhas
para o uso de camisinhas (preservativos). Estas,
por sua vez, seriam modestas e salientariam a
sexualidade responsável.
■ A circuncisão masculina (quase universal)
parece diminuir a infecção. A remoção do prepúcio
antes da puberdade torna a pele exposta mais
resistente aos danos ou à infecção durante o sexo.
■ O consumo de bebidas alcoólicas, no
Senegal, é muito baixo, e os hábitos sexuais são
conservativos.
O Senegal sabe que não pode depender de seus
êxitos. O país agora está trabalhando para
oferecer tratamento anti-retroviral para metade
das pessoas que o necessitam. E há o desafio
contínuo de não deixar que as novas gerações
contraiam o HIV/VIH.
Mercedes Sayagues é uma jornalista sediada na
África do Sul. Este é parte de um artigo mais
longo, escrito para www.allafrica.com
■ Foram formadas alianças com os líderes
religiosos que trabalhavam com o governo para
13
RECURSOS
de gênero, comunicação e habilidades de
relacionamento, produzido pela Action Aid.
O treinamento ajuda as pessoas e suas
comunidades a mudarem o seu comportamento através de “alpondras” (stepping
stones) fornecidas nas várias sessões. Ambos
podem ser obtidos em inglês e francês (o
vídeo também pode ser obtido em luganda
ou kisuaíli) através de:
Livros
Boletins
Materiais de treinamento
Respondendo ao VIH/HIV e à SIDA
com maior eficácia
Um novo guia PILARES, elaborado para
ajudar as comunidades a responderem aos
desafios do HIV/VIH e da AIDS/SIDA. Este
livro ajuda as pessoas a discutirem os seus
sentimentos abertamente e a aprenderem
umas com as outras. Ele desafia as atitudes
inúteis e o estigma, oferencendo informações
sobre a infecção do HIV/VIH, testes de
HIV/VIH, costumes tradicionais prejudiciais,
alimentação saudável e medicamentos. Ele
examina o papel da igreja e da comunidade
no apoio a adultos, crianças e pessoas que
cuidam dos outros, que tenham sido afetados
pelo HIV/VIH e pela AIDS/SIDA. Ele contém
vários estudos bíblicos participativos sobre o
comportamento sexual, o amor, o sofrimento
e a preocupação com as crianças.
Há exemplares avulsos gratuitos para as
organizações que trabalham no hemisfério
sul. Para as organizações do hemisfério norte,
os exemplares custam £5 libras esterlinas ($9
dólares americanos ou €7 euros). Encomende
através de:
Tearfund Resources Development
PO Box 200, Bridgnorth, WV16 4WQ
Reino Unido
E-mail: [email protected]
Web: www.tilz.info/português/pilares
Crianças do Amanhã: As notas
temáticas na África
TALC
PO Box 49, St Albans, Herts, AL1 5TX
Reino Unido
E-mail: [email protected]
resultado do HIV/VIH e da AIDS/SIDA.
Eles cobrem tópicos como saúde e nutrição,
educação, apoio econômico e inclusão
social. Eles conteem mais de 100 estudos de
casos de toda a África e podem ser obtidos
gratuitamente em inglês, francês e
português.
Para obter um formulário de encomenda,
envie um e-mail para
[email protected] ou visite o
website, www.aidsalliance.org
International HIV/AIDS Alliance
Queesberry House, 104–106 Queen’s Road
Brighton, BN1 3XF
Reino Unido
Parrot on my shoulder
Este livro ilustrado oferece atividades e
conselhos para ajudar as pessoas que
querem trabalhar de forma eficaz com as
crianças, educando-as sobre o HIV/VIH e
a AIDS/SIDA. Ele traz atividades para
quebrar o gelo, energizadores, idéias para o
trabalho em grupo, teatro, dramatização de
papéis, pintura e desenho. Ele pode ser
obtido gratuitamente através do website
da Alliance ou seu e-mail (acima).
Positive parenting
Este conjunto de nove livros excelentes é a
resposta da Scripture Union and Family
Impact para as necessidades dos casais
casados, pais e jovens. Eles estão comprometidos a promover as boas relações, os
casamentos saudáveis e uma vida familiar
forte. Os livros oferecem conselhos práticos
para os pais, com uma perspectiva bíblica.
Cada livro contém um guia de estudo em
grupo no final. Entre os temas cobertos,
estão: crianças confiantes, orando por seus
filhos e sexualidade sensata.
O pacote custa £10 libras esterlinas,
incluindo a remessa postal (Ksh.1.000,
se encomendado dentro do Quênia).
Encomende através de:
Family Impact Africa
PO Box 7261, Eldoret
Quênia
Alguns websites úteis
■ www.unicef.org/aids
Esta série de seis pequenos livros foi criada
para ajudar as comunidades e as organizações locais a darem apoio às crianças que
se tornaram órfãs ou vulneráveis como
■ www.aidsalliance.org
Stepping Stones
Um manual e um vídeo de treinamento
sobre o HIV/VIH e a AIDS/SIDA, questões
■ www.ovcsupport.net-orphans
É difícil conversar
sobre o sexo com
os jovens!
Mais
tarde:
!
Descontraia-se
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deles.
Incentive-os
a falar.
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Isto é
verdade!
Muito melhor!
PA S S O
A
PA S S O 61
RECURSOS
What religious leaders can do about
HIV/AIDS
A UNAIDS e a UNICEF trabalharam com
líderes religiosos de várias crenças, para
elaborar este manual. Ele oferece fatos
básicos sobre o HIV/VIH e a AIDS/SIDA
e traz sugestões sobre como os líderes
religiosos podem ajudar a diminuir a
propagação do HIV/VIH através do ensino
e desafiando práticas culturais inúteis.
Ele também examina o papel deles na
reconciliação dentro das famílias e
comunidades divididas pelo HIV/VIH
e pela AIDS/SIDA.
Este manual pode ser obtido gratuitamente
através de:
UNICEF
333 East 38th Street
New York 10016
EUA
E-mail: [email protected]
The Truth about AIDS
Auntie Stella
Sou um rapaz de 17 anos
e tenho uma namorada que
amo muito. Estou a preparar-me e realmente quero…
Sou uma rapariga
de 15 anos e um dia
o meu professor
comecou a beijar-me e eu…
Auntie Stella (Tia Estela) é um recurso optimo,
criado para ser usado com crianças mais velhas.
Ele expõe as preocupações dos jovens sobre o
HIV/VIH e a AIDS/SIDA e tem a forma de cartões
com figuras. Primeiro os jovens dizem qual é sua
preocupação. Através de uma série de pontos para
discussão, os jovens discutem os seus pontos de
vista. Depois, eles podem ver o conselho da Tia
Estela. Aqui está um exemplo.
Patrick Dixon
Esta é uma nova
edição, com 570
páginas, repleta
de informações
úteis, estudos
de casos e idéias
práticas. Ele
traz fatos
médicos, idéias
para a ação
comunitária,
uma resposta
cristã prática e ensinamento bíblico.
Ele também contém informações
provenientes de várias outras publicações
no final.
Querida Tia Estela,
Os exemplares custam £1,50 libras
esterlinas mais a remessa postal e também
podem ser obtidos gratuitamente para
encomendas em grandes quantidades, nos
países em desenvolvimento, através de:
Pontos para discussão
ACET
PO Box 46242
Ealing
London
W5 2WG
Reino Unido
Estou muito preocupada com a AIDS/SIDA, dois
anos atrás, a mulher do meu tio morreu. Depois,
ele veio morar conosco. Agora ele está muito
doente, e minha mãe disse que ele está com
AIDS/SIDA. Ele emagreceu tanto, que sua aparência
é muito má. Ele fica na cama o dia inteiro. Agora eu
estou com medo de pegar a doença, pois ele não
tem um prato ou um vaso sanitário só para ele, e
eu, muitas vezes, ajudo a minha mãe a tratá-lo. Por
favor, diga-me o que devo fazer, pois eu tenho
medo de que, se ficar perto dele e respirar o
mesmo ar, eu também vá pegar esta doença. Tia,
será que eu me deveria mudar?
Petronella
■ Há muitas pessoas na sua comunidade, que
estão doentes, com AIDS/SIDA? Com quem elas
moram? Quem cuida delas?
■ Petronella está certa em ter medo de pegar
AIDS/SIDA do tio? Até que ponto o risco é grande?
Ela pode fazer alguma coisa para se proteger?
■ O que os amigos e vizinhos de Petronella podem
fazer para ajudar o seu tio e sua família? Quem mais
pode ajudar?
E-mail:
[email protected]
Auntie Stella pode ser obtida através de:
El sida y usted
Training and Research Support Centre
47 Van Praagh Ave
Harare, Zimbábue
por Patrick Dixon
Uma versão curta e fácil de ler de The Truth
about AIDS. Disponível em inglês, espanhol
e francês através do endereço acima.
PA S S O
A
PA S S O 61
Sou uma rapariga
de 15 anos e estou
preocupada por algo
que ouvi. A minha
tia disse-me que a
AIDS/SIDA pode.…
E-mail: [email protected]
Web: www.auntiestella.ORG
ou através da TALC (Reino Unido),
a partir de fevereiro de 2005
Querida Petronella,
Vou começar por responder à sua última pergunta.
Não se preocupe: não há necessidade alguma de
se mudar. Você não está a correr nenhum perigo.
Agora que o seu tio está tão doente, ele precisa de
companhia e ajuda.
Há apenas três maneiras de uma pessoa contrair o
vírus HIV/VIH, o qual causa a AIDS/SIDA: mantendo
relações sexuais sem proteção com alguém que
tenha o HIV/VIH; usando agulhas ou lâminas
infectadas; ou da mãe para o filho durante o parto
ou a amamentação.
Você NÃO contrairá o vírus HIV/VIH por usar os
mesmo pratos, as mesmas toalhas ou o mesmo
vaso sanitário, ou mesmo dormindo no mesmo
quarto. Há uma pequena chance de você se
contaminar, se tiver um corte ou uma ferida nas
mãos e tocar no sangue fresco de alguém com o
HIV/VIH. Para estar mais segura, proteja as mãos
com um pedaço de plástico ou papel, se estiver a
limpar qualquer coisa com sangue ou fluídos
corporais. Lave sempre as mãos, os lençóis e as
roupas sujas com água e sabão. Use lixívia
(alvejante) se quiser.
Cuidar de alguém doente é, muitas vezes, difícil. É
importante que a sua família consiga auxílio. Há
organizações e pessoas na maioria dos lugares, que
podem ajudar. Eles dão auxílio médico, conselhos e
podem conversar consigo sobre as suas próprias
preocupações e dificuldades. Às vezes, eles também
ajudam com alimento e matrículas escolares.
Portanto, lembre-se: o seu tio precisa da sua ajuda e
da sua compaixão. Não tenha medo.
Tia Estela
Pontos para a ação
■ Na maioria das famílias, as mulheres são
responsáveis por cuidar das pessoas doentes. Que
função você acha que os homens e os jovens
poderiam ter? Faça uma lista das coisas que você
pode fazer para ajudar.
■ Descubra que organizações, igrejas ou postos de
saúde na sua região ajudam famílias que cuidam de
pessoas com AIDS/SIDA. Todos sabem sobre eles?
Como você pode divulgar as informações? Alguma
destas organizações precisa de voluntários?
15
SAÚDE SEXUAL E A AIDS/SIDA
O HIV/VIH e as crianças
escolares na Tailândia
Rachel Stevens
Uma em cada 60 pessoas está infectada com
o HIV/VIH na Tailândia. A educação é uma
grande preocupação para as crianças portadoras do HIV/VIH. Algumas organizações
incentivam escolas específicas para crianças
com HIV/VIH. Entretanto, a Siam--Care não
acredita que esta seja a resposta. Preferimos
muito mais a integração com as crianças
portadoras do HIV/VIH nas escolas locais, o
que geralmente só é possível, aumentando-se
o conhecimento e a conscientização. Na
verdade, incentivamos a integração em todas
as áreas do nosso trabalho com o HIV/VIH e
a AIDS/SIDA.
Vimos que a maioria dos professores têm
um grande senso de compaixão pelas
crianças com HIV/VIH. Entretanto, o medo
da possível infecção toma conta deles, por
falta de conhecimento. Em várias ocasiões,
pediram-nos que conversássemos com
escolas que não permitiam que as crianças
com o HIV/VIH freqüentassem as aulas,
porque os professores tinham medo,
especialmente quando a criança mostrava
sintomas físicos. A melhor maneira de lidar
com o medo é aumentando o conhecimento
e as informações.
As famílias também precisam de apoio. Se
as crianças forem à escola com feridas infectadas, isto mostra a falta de higiene em casa.
A Siam-Care trabalha com famílias, procurando ensiná-las como tratar os sintomas
físicos das crianças de forma correta.
A Siam-Care tem trabalhado ativamente
para oferecer treinamento aos professores
sobre questões de saúde sexual em geral e
especificamente sobre o HIV/VIH e a
AIDS/SIDA. No passado, isto geralmente
era feito com professores de escolas de
segundo grau. Entretanto, as crianças com
HIV/VIH começam sua educação na escola
primária.
Um pequeno livro chamado “There’s a little
dragon in Brenda’s blood” mostrou ser uma
ferramenta didática bem recebida tanto pelos
adultos quanto pelas crianças menores. Este
pequeno livro, inicialmente escrito em
holandês, foi recentemente traduzido e
reimpresso no idioma tailandês. Ele ajuda as
crianças a se conscientizarem sobre como é
para uma criança estar com AIDS/SIDA. Ele
salienta algumas dificuldades e problemas
que encontrarão. A história baseia-se na
personagem verdadeira de três anos,
Brenda, que tem um pequeno dragão
vivendo no seu sangue, chamado HIV/VIH.
Este pequeno dragão, que aparece em todas
as páginas, embora sempre presente no
corpo de Brenda, geralmente está dormindo,
exatamente como o vírus HIV/VIH, e não
afeta sua vida diária.
O livro será usado como um recurso útil
tanto para professores, quanto para crianças
e pais, através de seu estilo fácil de ler,
suas ilustrações coloridas e o capítulo final
útil, que responde às “perguntas mais
freqüentes”. A Siam-Care dará exemplares
deste pequeno livro em tailandês para alas
hospitalares infantis, bibliotecas de escolas
primárias e outras, que trabalhem com
crianças na área dos cuidados de saúde e
sociais na Tailândia.
A Siam-Care recentemente deu um exemplar
para Nong Erng, uma criança de cinco anos
de idade, infectada com o HIV/VIH. Um
membro da Siam-Care leu o livro, enquanto
Nong Erng olhava as ilustrações. Mais tarde,
Nong Erng disse aos funcionários da SiamCare que estava tomando seus remédios,
16
Foto: Siam-Care
A Siam-Care possui mais de dez anos de experiência de trabalho na
Tailândia, oferecendo apoio a mulheres e crianças necessitadas. Vimos
muitas destas crianças crescerem e se desenvolverem. Vimos também
muitas mudanças como resultado do aumento do HIV/VIH.
para que o dragão continuasse dormindo
no seu corpo!
Rachel Stevens escreveu este artigo em nome
da Siam-Care. Seu endereço é PO Box 86,
Sutthisan Post Office, Bangkok 10321,
Tailândia. E-mail: [email protected]
Os exemplares de “There’s a little dragon in
Brenda’s blood” podem ser encomendados
através dos Países Baixos. Por favor, peça
informações sobre o preço através de:
Uitgeverij De Banier, Brigittenstraat 1
Postbus 2330, 3500 GH Utrecht
Países Baixos
E-mail: [email protected]
Os exemplares da tradução tailandesa podem
ser encomendados através da Siam-Care,
somente para organizações na Tailândia, e
custam 70 Baht.
Publicado pela: Tearfund, 100 Church Rd,
Teddington, TW11 8QE, Reino Unido
Editora: Dra Isabel Carter, PO Box 200,
Bridgnorth, Shropshire, WV16 4WQ, Reino Unido
Os funcionários da Tearfund passam uma boa parte
do seu tempo revisando milhares de pedidos para
financiamento, os quais não podemos apoiar. Isto
afasta-os do trabalho importantíssimo de levar boas
novas aos pobres através das atuais parcerias.
Por favor, observe que todas as propostas de
financiamento serão rejeitadas, a menos que sejam
provenientes dos atuais parceiros da Tearfund.
Esta edição da Passo a
Passo foi produzida com
o apoio da Development
Cooperation Ireland (HAPS)
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