DISCURSO PROFERIDO PELO SENHOR EVERALDO NERIS NA

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DISCURSO PROFERIDO PELO SENHOR EVERALDO NERIS NA
DISCURSO PROFERIDO PELO SENHOR EVERALDO
NERIS NA SESSÃO ORDINÁRIA DA CÂMARA MUNICIPAL DE
SALVADOR DO DIA 29 DE JUNHO DE 2015 - TRIBUNA
POPULAR
Boa tarde a todos. Primeiro, a minha alegria de estar aqui
nesta bancada, algo histórico no movimento de pessoas com
deficiência. O movimento veio para dentro dessa Casa para se
manifestar, para cobrar uma posição dos senhores que aqui
estão eleitos para nos representar.
Muito bem disse a companheira Cristina, a acessibilidade
em Salvador, gente, o prefeito...
Muito bem disse a companheira Cristina, a acessibilidade
de Salvador... O prefeito ACM Neto é o único prefeito que se
preocupou com tanto entusiasmo com a acessibilidade, mas
infelizmente
eu
posso
garantir,
enquanto
pessoa
com
deficiência, que a acessibilidade em Salvador hoje é feita de
enfeite, porque são pouquíssimas as pistas táteis instaladas
nesta cidade que têm alguma utilidade para nós cegos. Locais
irregulares, pistas inadequadas, sem a sinalização da maneira
correta, como tem que ser. A gente trava uma briga muito
grande hoje no Centro da Cidade por conta dos camelôs.
A pessoa cega sonhou com acessibilidade em Salvador e
achamos que este sonho estaria sendo realizado neste governo
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CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br
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ACM Neto, quando a gente viu ser instalada a pista tátil no
Coqueiro da Piedade, no Relógio de São Pedro, nas transversais
da Avenida Sete. Mas, ledo engano. Essas pistas táteis hoje são
usadas pelos camelôs, colocando barracas em cima. E as
pessoas cegas que sonharam com aquilo, para ter sua
independência de transitar em nosso Centro da Cidade, não
conseguem, exatamente porque as pistas táteis são ocupadas
pelos camelôs. E eles não tiram de jeito nenhum, e a gente
termina tendo indisposição e, além disso, acidentes. Ou seja,
isso não é acessibilidade para as pessoas cegas da cidade.
Então, a gente pede, inclusive, eu faço uma alusão à
Comissão da Pessoa com Deficiência, que aqui nesta Casa está
instalada e representada pelo vereador Léo Prates, que tome
uma posição, que leve isso ao prefeito, que a equipe do prefeito
possa consultar o Movimento de Pessoas com Deficiência para
poder fazer de verdade uma acessibilidade na nossa cidade,
porque o que está aí, realmente, só vai servir de enfeite. E a
gente não aprova o que está aí, porque não está sendo utilizado
e está sendo jogado dinheiro público e privado fora, uma vez
que tem o projeto “Eu Curto o Meu Passeio”, em que os
proprietários do passeio não sabem nem o que é pista tátil.
Eu fiz algumas matérias para a Rede Record, para a TV
Bahia e encontrei pistas táteis de todos os modelos. As pistas
táteis, minha gente, têm que ser de um único piso direcionado e
com suas sinalizações de alerta normalmente. Só que, como as
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pessoas estão sendo obrigadas a cumprir a lei do “Eu Curto
Meu passeio”, eles estão instalando as pistas táteis de qualquer
forma, pistas táteis que não estão sendo úteis para nós cegos.
Eu quero também trazer aos senhores essa queixa que eu
fiz à secretária Rosemma Maluf. Fiz pelo rádio e fiz pelo telefone
com ela, e ela me prometeu que iria ordenar o Centro da Cidade
e que iria acabar com essa confusão, essa guerra que está
travada entre as pessoas cegas e os camelôs desta cidade. E até
hoje nada foi feito. Os senhores podem acessar o Coqueiro da
Piedade que dá acesso à Lapa, a gente não tem acesso à pista
tátil, as transversais da Avenida Sete estão com a pista tátil
instalada, mas não temos acesso.
Então, eu quero pedir encarecidamente ao vereador Léo
Prates, representante do governo ACM Neto nesta Casa, que
leve essa nossa fala ao prefeito, que coloque a gente em contato
para que as próximas pistas táteis que forem instaladas em
Salvador
sejam
assessoradas
pelas
pessoas
cegas,
pelo
Movimento de Deficientes. Porque assim a gente vai ter,
realmente, uma acessibilidade como a dos nossos sonhos;
porque a gente sonhou em ter uma acessibilidade em Salvador e
hoje o nosso sonho está sendo frustrado.
A gente vê aí a Estação da Lapa, que está sendo
reformada. Não sabemos como vai ser implantada ali, naquele
espaço, também a acessibilidade. A gente chama a atenção para
que não sejam cometidos os mesmos equívocos que estão
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cometendo na cidade toda. Hoje em dia as pessoas comentam,
“Ah, já tem aquele caminhozinho de vocês”, mas quer dizer que
o pessoal nem sabe o que é aquilo que está no chão, não sabe o
que é um piso tátil e não sabe que aquilo ali dá 90% de
independência às pessoas cegas.
Então, eu peço aos senhores, mais uma vez, à Comissão
de Direitos das Pessoas com Deficiência aqui desta Casa, que
olhem para isso com carinho, para que a gente possa ordenar o
Centro da Cidade e instalar uma pista tátil mais digna, para
que a gente possa realmente ter uma acessibilidade na Cidade
do Salvador.
Eu vou voltar e falar um pouco agora do transporte
público. A gente louva a atitude da frota renovada, está certo,
mas existe uma grande dificuldade para as pessoas cegas, para
as pessoas cadeirantes em acessar esse transporte.
Os motoristas de ônibus são orientados a mandar as
pessoas cegas descerem do transporte se aquela frente estiver
cheia. A gente já lutou isso junto ao secretário Fábio Mota e ele
disse que a orientação é do consórcio, que ele infelizmente não
pode fazer nada, a orientação está vindo de lá. Quer dizer, a
gente tem uma lei...
SR. VEREADOR HILTON COELHO: - Pela ordem, Sr.
presidente.
SR. PRESIDENTE VEREADOR PAULO CÂMARA: - Pois
não.
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SR. VEREADOR HILTON COELHO: - Eu já cumpri o
papel, já houve um reclame aqui da representante na Tribuna
Popular, porque ela precisava ser ouvida, e estamos vendo o
mesmo equívoco se repetir. Os vereadores não estão ouvindo,
eu gostaria de pedir a atenção.
SR.
PRESIDENTE
VEREADOR
PAULO
CÂMARA:
-
Obrigado, vereador.
Sr. Everaldo com a palavra.
SR. EVERALDO NERIS: - Muito obrigado.
Então,
senhores,
nós
estamos
passando
por
uma
verdadeira humilhação no transporte público também de
Salvador. O que ocorre? Quando vamos nos dirigir para um
ônibus, se aquelas três cadeirinhas da frente estiverem cheias,
a maioria dos motoristas nem sequer abre mais a porta, porque
não pode abrir a porta traseira nem a porta do meio do carro
para que a gente acesse o ônibus, e termina a gente perdendo
aquele transporte. E é assim, as pessoas cegas, como bem disse
Cristina, têm que ir para o médico, tem que ir trabalhar,
estudar, elas têm uma vida comum.
Os cadeirantes têm as dificuldades deles aí: o transporte
velho, o elevador do carro está quebrado ou o cobrador não
sabe operar e aí a pessoa termina perdendo aquele transporte.
Para nós cegos já é a dificuldade que é, porque nós não
precisamos escolher o ônibus, imagine para os cadeirantes, que
ficam ali mais de meia hora esperando um carro com um
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elevador e que quando vem está quebrado ou o profissional que
está no ônibus não consegue operar o elevador do transporte.
Então, nós precisamos que essas coisas sejam ouvidas
pelos senhores, e mais do que ouvidas, que vocês tomem uma
providência. Léo Prates, enquanto presidente da Comissão, leve
isso ao prefeito, que a oposição aqui, ao governo ACM Neto leve
isso também de alguma forma para que a gente possa ter,
realmente, nesta cidade uma acessibilidade digna, onde a gente
possa ter o direito de ir e vir que é de todos nós.
Portanto, agradeço a todos vocês pelo espaço. Espero que
esses 20 minutos que foram dados aqui para o movimento
sejam
bem
aproveitados,
enquanto
vocês
ouviram
essa
realidade, porque todos nós que estamos aqui, sua maioria,
anda de ônibus, anda no dia a dia da cidade. Então, estamos
falando do que realmente acontece nesta cidade, está bem?
Muito obrigado a todos e boa tarde.
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