ONG Muiraquitã - Histórias Interativas
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ONG Muiraquitã - Histórias Interativas
PUC-Rio/CCE Os Lugares do Design na Leitura Disciplina: Estratégia RPG Profs.: Eliane Bettocchi e Carlos Klimick Grupo de trabalho: Cynthia Dias, Daniela Marçal, Daniel Santanna, Rosemary Cristina Zuanetti Cynthia Macedo Dias Mat. 072997011 28 de maio de 2008 A CONSTRUÇÃO DE UM CENÁRIO TITA MENDES AYURI VIRTUAL PARA A ONG MUIRAQUITÃ – PERSONAGEM CONCEITO GERAL A proposta deste trabalho é expandir a ambientação do jogo Muiraquitã por meio da construção de um cenário virtual do escritório da ONG. Este cenário tem o objetivo de manter os internautas informados sobre a atuação da organização e, particularmente, sobre os projetos liderados por seus associados. Além disso, apresenta os agentes da narrativa, visto que esses são a interface entre leitor/ jogador e o enredo. Os agentes narrativos são os personagens representados no cenário por ícones que remetem à produção de cada um, neste caso Dona Tita, Bené, Juliette , Marina Martins. O item III, “Concepção”, apresenta em detalhes os trabalhos desses personagens. A sala da ONG constitui, portanto, o cenário onde além da imagem simples do escritório, estão ilustrados objetos-links para os trabalhos realizados pelos personagens, em alguns casos com apoio de recurso multimídia. Esse ambiente será criado como resultado da vivência de cada personagem ao longo do jogo. Será uma ferramenta onde os jogadores disponibilizarão aos interessados a produção de cada personagem, a partir da construção individual de cada um deles, dando uma pequena amostra do que pode ser construído a partir do jogo. O fato de ser um ambiente comum a todos os personagens demonstra a capacidade do RPG de ser um instrumento eficaz na construção de conhecimento coletivo. Mesmo sendo cada leitor/jogador o autor da construção do seu personagem, ele está inserido em um ambiente coletivo, onde suas ações e, conseqüentemente, a construção da narrativa se dá de forma colaborativa. Outro objetivo do cenário é de certa forma criar o tempo da narrativa, pois, quando o leitor/jogador vê que existe uma página na internet e elementos escritos, recursos multimídia e elementos iconográficos, ele entende a época da narrativa jogada. Sendo o RPG um jogo em que os interatores interferem de forma direta na narrativa, através da construção de repertórios ao longo das ações, queremos também, com esse trabalho, trazer para a discussão a importância da internet e seu potencial de interatividade na construção de um novo modelo de leitura. Este se dá de forma não-linear e tem no design um grande aliado, pois a construção do cenário deverá levar em conta aspectos dessa nova leitura em hiperlink e a possibilidade de inserção de vários tipos de mídia em um único cenário. O cenário apresenta ícones hipertextuais que abrem informações sobre os personagens e sua atuação na ONG Muiraquitã, a saber: Arquivo de escritório: ao clicar sobre o arquivo, o leitor terá acesso a quatro perfis de associados: Dona Tita, Bené, Juliette Uypuru, Marina Martins. Também quatro retratos que identificam os personagens. Números da revista Muiraquitã sobre a mesa: um clique sobre as revistas abre dois artigos de Marina Martins publicados em edições da Muiraquitã e um artigo de Tita. Computador: um clique no computador abre o perfil de Bené na rede de relacionamento Orkut. Cartaz: clicar no cartaz na parede da sala da ONG faz abrir os três trabalhos de Bené sob a forma de cartazes, mostrando sua produção artística. Cadeira de balanço com Ipod pendurado: link que leva para o blog dela com artigos e notícias sobre construção e engenharia sustentável (www.responsambiental.blogspot.com). Vaso com ervas: clicando este link, informações sobre botânica aparecerão demonstrando o conhecimentos profissionais de Juliette Uypuru. Aparelho de DVD: este link leva a um vídeo (ou animação) informativo da função da personagem Juliette e de seu foco de trabalho na ONG. Pilha de folders sobre a mesa: um click abre o folder em papel reciclado que será distribuído na cidade e nas praias do Rio de Janeiro como parte da campanha “Realce a Cidade” liderada por Marina Martins. Mais um recurso para conscientizar as pessoas de sua responsabilidade na manutenção da limpeza das ruas e praias da cidade. Violão encostado na parede: o clique sobre o violão abre a transcrição da letra e o áudio da música “Realce a Cidade”, adaptada por Marina Martins a partir da composição “Realce” de Gilberto Gil. A música será usada (inteira ou em partes) nas campanhas publicitárias veiculadas pela Rádio e TV Globo. A idéia primeira é hospedar o cenário digitalmente na interface da Incorporais [r][p][g]. Também há a possibilidade dos perfis dos associados, os artigos, cartazes e informações correlacionadas tornarem-se parte constante do livro Muiraquitã: a sobrevivência das lendas, como adendo ao cenário impresso para Incorporais [r][p][g]. CONCEITO DA PERSONAGEM: Minha proposta pessoal, como a dos outros componentes do grupo, é desenvolver minha personagem, aprofundando seu perfil e produzindo material extra-jogo que seja condizente com as atividades e a personalidade dela: uma gerente de projetos de Engenharia aposentada, muito curiosa, às vezes intrometida, determinada e extremamente carismática. Com isso, escolhi produzir posts para um blog pessoal de Tita, um deles podendo ser publicado como artigo na revista Muiraquitã. Dona Tita (Tita Mendes Ayuri) é muito parecida comigo, porém mais determinada, e potencializa ao máximo as características de relacionamento interpessoal que procuro desenvolver na minha vida pessoal. Ela representa, além disso, a “voz da experiência” e um certo equilíbrio, que considerei interessante para o desenrolar do jogo, visto que os outros personagens eram muito jovens, apesar de terem interatores de mais idade que eu. Aconteceu algo curioso durante o jogo: em certos momentos, Tita era esse elemento de equilíbrio emocional e racional; mas em outros, era ela quem desencadeava a ação, pela sua curiosidade intensa e desejo de descobrir e resolver os mistérios, condizendo com as características de determinação e um tanto de intransigência que ela possui. O metajogo vai servir para desenvolver a face de Tita que esteve menos aparente durante o jogo: sua pesquisa em engenharia sustentável, seu lado mais teórico, valorizando boas práticas e criticando as más, sempre procurando uma linguagem que atraia os leitores e os convença de suas idéias, multiplicando essas boas práticas. LEVANTAMENTO Para construir o perfil profissional de Tita e seus artigos na revista da ONG Muiraquitã e no seu blog pessoal, pesquisei assuntos, notícias e práticas relacionadas basicamente à construção sustentável. Para a definição de seu histórico pessoal, procurei pensar o contexto histórico e social brasileiro em cada época de sua vida: preconceitos de gênero, acontecimentos importantes ligados à arquitetura e engenharia. O levantamento ajudou a definir, por exemplo, que a construção de Brasília (e sua inauguração em 1960) poderia ser um disparador para seu interesse pela Arquitetura e Engenharia; que quando entrasse para a faculdade, nos anos 60, ela teria dificuldades com o preconceito por ser uma mulher na Engenharia; e que o crescimento da teoria de gerenciamento de projetos, principalmente a partir das décadas de 80 e 90, definiria sua profissão definitiva, a que mais lhe renderia frutos. A pesquisa tem sido realizada na internet, em blogs sobre o assunto, sites de empresas de consultoria ambiental e de órgãos públicos relacionados ao tema. A pesquisa histórica baseou-se no site da Fundação Getúlio Vargas (http://www.cpdoc.fgv.br). Procurei não aprofundar demais a relação de Tita com a ditadura militar (fosse essa relação boa ou má), por acreditar que ela estaria mais envolvida com seus projetos no interior do Brasil, em grandes empresas. Ela com certeza angariou alguns desafetos nessas empresas, por sua postura ética e ecologicamente responsável, mas não acredito que ela tenha se envolvido diretamente com a política, procurando se preservar, fazendo seu trabalho sem muito alarde. Para a produção do post no blog, levei em consideração também a postura de Tita dentro do Muiraquitã, como agente agregador e iniciador de ações, o que permitiria a ela produzir um artigo convidando a comunidade a visitar a semana do Meio Ambiente e falar em nome da ONG (anexo 1). CONCEPÇÃO Dona Tita, uma senhora sempre muito antenada com seu tempo, e às vezes até um tanto adiantada, possuirá um blog para falar sobre o assunto de sua vida: a construção sustentável e de baixo impacto ambiental. Agora que ela está aposentada, tem ainda mais tempo para se dedicar a esse canal de expressão e propagação de suas idéias, e assim não se sente parada nem abandonando seu objeto de trabalho e luta de tantos anos. Devido à minha formação em jornalismo, sinto-me bastante à vontade em lidar com diferentes textos, pesquisa, reflexão e produção de novos textos. Por isso, e considerando o perfil de Tita, optei pela estrutura do blog de notícias e artigos: opiniões de Tita e divulgação de boas práticas que ela encontraria navegando pela internet. Poderia haver um link para esse blog na própria revista, na quel Tita também contribuirá com um artigo. JUSTIFICATIVA Este trabalho surgiu da idéia de elaborar um personagem que fosse mais velho, com mais experiência de vida, e que congregasse características que vejo num gerente de projetos que fosse preocupado com o meio ambiente. A partir disso, me interessei em descobrir o que é efetivamente feito em termos de sustentabilidade na construção civil, já que eu tive a idéia sem conhecer bem o campo em que minha personagem estava inserida. As descobertas proporcionadas pela pesquisa foram muito produtivas e construtivas. Fiquei muito interessada pelo assunto, e acredito que a ação de Tita ter um blog falando sobre isso e publicar artigos na revista da Muiraquitã pode levar outras pessoas a conhecer melhor o assunto e procurar ainda mais informações a respeito. Ao longo da pesquisa, fui me dando conta da enorme quantidade de informação, conhecimento e ações que são desenvolvidas na área, mas que a maior parte das pessoas não tem acesso ou não conhece. Minha dificuldade no caso foi a de lidar com esse enorme fluxo e selecionar o que eu usaria, além de não me sentir muito segura para escrever artigos em nome de uma senhora de 65 anos que trabalhou a vida inteira nessa área, sendo eu uma novata no assunto. Mesmo assim, acredito que a função mensageira e relacional de Tita possa servir de canal para a divulgação dessas informações. PERFIL DA PERSONAGEM: TITA MENDES AYURI Profissão: Engenheira e gerente de projetos aposentada Arquétipo: Flor do Mato (Curupira) Nascimento: 07/07/1943 Função heróica: Intelectual Função relacional: Cooperação Competências: Marcial (O), Social (M) e Pessoal (M) Habilidades intuitivas: Empatia (4), Estratégia/tática (4), Liderança (2), Determinação (2), Argumentação (2) Habilidades técnicas: Administração (4), Construção (2), Ensino (2), Treinar animais (2) Características: Vantagens: amigo (2), fartura (1), graduação (2), bravura (1), paciência (2), dirigir automóveis (1) Desvantagens: inimigo (-1), problemas de coluna (-2), pouca resistência física (-1), não sabe nadar (-1), intransigência (-1), paixão por animais (-1) BIOGRAFIA: Tita tem ascendência portuguesa e índia. Seus avós maternos eram índios que viviam no Pará (de quem herdou, com orgulho, o sobrenome Ayuri). Ela nasceu no Rio de Janeiro, mas ia muitas vezes com os pais visitar os avós no Pará. Daí sua aproximação com a natureza. Essa facilidade de viajar se devia à boa situação financeira que seu pai havia herdado de seus avós portugueses, muito bem-sucedidos no comércio de doceria e padaria. Com seu jeito determinado, sutil e convincente, conseguiu deixar o negócio da família para cursar Engenharia. Começou o curso porque queria planejar e construir coisas grandiosas, como a Brasília que estava sendo inaugurada na época em que estava na escola (1960), cujas imagens ela acompanhava, encantada, pela televisão. No início de sua carreira, teve dificuldades profissionais motivadas principalmente pelo preconceito contra mulheres na Engenharia. No setor onde trabalhava, voltado para Planejamento, as mulheres eram maioria, enquanto os homens ocupavam o setor de Obras. Elas ganhavam menos que os homens, e não eram incluídas nas conversas. 1 Mas Tita nunca se abalou. Depois de passar por algumas empresas de médio porte, sempre na área de Planejamento, conseguiu emprego numa construtora que desenvolvia projetos de construção civil no interior do Brasil, fazendo estradas e pontes. Com sua experiência anterior, ela conseguiu se colocar, aos poucos, como gerente de projetos, passando por mais algumas empresas, sempre de grande porte, até se aposentar, este ano. Desde o início, e influenciada por histórias que seus avós índios lhe contavam, e pela visão de mundo que eles lhe transmitiam, Tita come;ou a perceber o impacto que aquelas obras enormes geravam no meio ambiente, os estragos que causavam, a poluição, o desmatamento, a quantidade de lixo gerado e a energia despendida e muitas vezes desperdiçada. Com isso, sempre que pôde procurou abrir os olhos das pessoas à sua volta para esses problemas, e quando se tornou gerente orientou sempre suas pesquisas e seu trabalho no sentido de procurar o menor impacto possível, os materiais menos poluentes e mais econômicos, e a maior integração ao ecossistema da região, o que lhe rendeu tanto aliados como inimigos. Hoje ela é referência do início desse pensamento de construção sustentável no Brasil, e continua pesquisando a respeito. Num de seus primeiros empregos, trabalhando em obras na zona portuária do Rio de Janeiro, conheceu Marcos, tenente da Marinha, e com ele teve três filhos. Marcos foi seu companheiro durante 9 anos, e faleceu numa missão ambiental da Marinha que ia para a Antártida, em 1984. Tita perdeu a mãe em 1982, dois anos antes do marido, e em 1985 decide criar, com alguns amigos, a ONG Muiraquitã, em memória dele e de sua preocupação ambiental, e 1 http://www.fazendogenero7.ufsc.br/artigos/C/Carla_Cabral_25.pdf como forma de canalizar seu sofrimento para algo positivo: a luta pela melhoria das condições ambientais do Rio de Janeiro. Seu pai, Rogério Mendes, ainda colaborou na ONG, às vezes cuidando dos filhos de Tita para que ela resolvesse problemas da Organização, às vezes auxiliando ações da própria Muiraquitã. “Seu Roger”, como ficou conhecido entre os voluntários, faleceu em 1997, depois de fornecer muitos pães-doces e sonhos para as reuniões da Muiraquitã. Hoje, Tita ainda pesquisa sobre consrução sustentável, oferece cursos a respeito na sede da ONG e organiza visitas de crianças de escolas públicas ao Jardim Botânico e à Floresta da Tijuca, para conscientização ambiental e maior integração das crianças com o tema, procurando fazer com que elas se sintam parte de algo maior, inseridos na natureza e responsáveis por ela. Tita ainda tem muitos contatos, dos amigos que fez nas empresas onde trabalhou, e procura estar, assim, informada das decisões tomadas, sempre que possível tentando influenciá-las de acordo com suas idéias e ideais. PERFIL DE TITA NO BLOG: Acabo de finalizar meu período de trabalho numa grande empresa, onde trabalhei por muitos anos, sempre em prol da sustentabilidade ambiental dos projetos que gerenciei. Em 1985 criei a ONG Muiraquitã, onde hoje faço oficinas de encontro com o meio ambiente com crianças de algumas escolas públicas, e continuo lutando para que meus ideais se realizem e meu trabalho não tenha sido em vão. http://responsambiental.blogspot.com/ ANEXO 1 - TEXTO POSTADO NO BLOG “Troca-troca na Semana do Meio Ambiente” Olá amigos! Como muitos sabem, dia 5 de junho é o Dia do Meio Ambiente, e está acontecendo nesta semana uma movimentação muito interessante, bem pertinho aqui do Muiraquitã. É a Semana do Meio Ambiente na PUC, organizada pelo NIMA, Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente. Dentro dela, acontece uma feirinha de troca-troca que procura incentivar o consumo sustentável. Em vez de jogarmos fora objetos que não usamos mais e comprarmos outros novos, por que não trocarmos? Sempre há algo interessante por lá. Vamos organizar uma visita das crianças à feirinha. Portanto, quem quiser participar pode se cadastrar na secretaria do Muiraquitã e separar seus objetos para o troca-troca. Devemos ir nesta quinta ou sexta-feira. O NIMA também está oferecendo, dentro da Semana, mini-cursos e oficinas na área de Meio Ambiente, na faixa de 5 a 25 reais. Quem não puder pagar vá até a secretaria, que nós avaliamos e vemos como o Muiraquitã pode ajudar. São cursos de Jardim Sustentável, Agrofloresta, Botânica Econômica, Plantas Medicinais, Saúde, Sociedade e Ambiente e Educação Ambiental: Teoria e Prática e outros. Os participantes receberão certificado. Além disso, haverá palestras, encontros, enfim, será uma semana bem movimentada. Até eu vou lá dar uma palhinha no debate sobre eco-vilas e construção sustentável, na sexta-feira às 9h da manhã, no Auditório Padre Anchieta, na PUC. Se houver amigos do Muiraquitã por lá, ficarei feliz. A programação completa está aqui. (clique para seguir o link) Para incentivar a entrar no troca-troca: Você sabe qual é o seu impacto no meio-ambiente? Pelo menos em termos de emisão de CO2, o gás carbônico, na atmosfera, nós podemos ter uma idéia. Separe sua conta de luz e de gás, o quanto você gasta de gasolina ou de ônibus por mês, e entre no site da “Iniciativa Verde”. Eles oferecem uma calculadora que mostra, a partir desses dados, uma média da quantidade de CO2 que emitimos a partir de nossas ações cotidianas. É mostrada também a quantidade de árvores que seria necessário plantarmos para neutralizar essas emissões. Mas não é só dessa forma que podemos neutralizar nossas emissões de carbono na atmosfera. Aliás, tem-se dito por aí que o plantio de árvores por pessoas comuns, pequeninas nesse imenso planeta, não impacta muito na absorção de carbono pelas áreas florestadas como um todo. Certo, mas não é por isso que deixaremos de plantar nossas mudinhas, não é? J Bem, enquanto lutamos para que grandes empresas se dêem conta do seu impacto por emissões de carbono e tomem providências, podemos come;car a impactar de muitas formas: - procurando usar mais o transporte público do que carros - dando carona em vez de andarmos sozinhos, quando andamos de carro - procurando implantar sistemas de produção de energia mais limpa – solar, por exemplo, para aquecimento domiciliar, de água - reaproveitando a água da chuva para banheiros e cozinha, como já é feito em muitas eco-vilas e casas sustentáveis pelo país - levando sacolas de papel ou pano para o mercado em vez de usar as sacolinhas plásticas, que demoram muito tempo para serem rabsorvidas pela natureza - consumindo mais produtos naturais, ou que possuam embalagens biodegradáveis - reaproveitando embalagens para confeccionar produtos, como fazemos nas oficinas do Muiraquitã - separando nosso lixo reciclável do orgânico, para que ele possa ser usado em fábricas, economizando matéria-prima e volume de lixo acumulado em nossos lixões (já imaginaram se vai ter espaço aqui nesse planetinha para tudo que jogamos fora?) - fazendo mercados de troca-troca, como esse que está acontecendo agora na PUC. Lanço agora uma proposta mais que decente para vocês: por que não fazer um troca-troca na sua comunidade, na sua escola, no seu prédio, no Muiraquitã? Vai ser maravilhoso. Você economiza dinheiro, recursos naturais, matéria-prima da indústria que fabricaria os produtos que você compraria, e ainda tem a oportunidade de conhecer novas pessoas, trocar idéias junto com os objetos, aumentar a rede, para que fique cada vez mais fácil mudarmos a marcha da destruição do planetinha Terra, nossa casa. Depois volto a falar em detalhes dos assuntos listados acima. Espero todos lá na Semana de Meio Ambiente da PUC. Esperança sem descanso! Para saber mais: Neutralização de carbono: http://polegaropositor.com.br/node/83 http://www.carbononeutro.com.br/02_asolucao/opcoes.htm Semana do Meio Ambiente na PUC (2008): http://www.nima.puc-rio.br/informe/eventos/24030801.html Iniciativa Verde: http://www.iniciativaverde.org.br/pt/ A NEXO 2 – TEXTO REVISTA MUIRAQUITÃ: POSTADO NO BLOG , QUE PODE ENTRAR COMO ARTIGO NA “Entulho pode sair dos lixões para virar asfalto e casas” Um estudo feito em 2005 pela Fundação João Pinheiro (FJP) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) descobriu que no Brasil faltam 7.902.699 de habitações, sendo 2.285.462 só nas regiões metropolitanas selecionadas na pesquisa. Nas regiões Nordeste e Sudeste estão mais de 70% dessas carências. Todos os dias vemos novos empreendimentos imobiliários distribuindo panfletos pelos sinais da cidade. É bom saber que novas habitações estão sendo construídas. Mas dificilmente elas serão destinadas a uma população de baixa renda, servindo para elevar ainda mais o padrão de vida de pessoas que já possuem uma moradia razoável. Essas construções, acima de tudo, geram impactos ambientais, e um dos grandes impactos é a geração de resíduos sólidos, o conhecido entulho. Construção civil e demolições geram 61% do lixo produzido nas cidades brasileiras, segundo dados da Secretaria Nacional de Saneamento do Ministério das Cidades. De acordo com pesquisa dessa secretaria, este percentual corresponde a 90 milhões de toneladas de lixo por ano. A construção civil é responsável por até 50% do uso de recursos naturais em nossa sociedade, dependendo da tecnologia utilizada. Além disso, na construção de um edifício, o transporte e a fabricação dos materiais representam aproximadamente 80% da energia gasta. Vê-se sempre muito desperdício de material e imensa produção de entulho. Toneladas de restos de tijolos, argamassa e madeira estão a cada dia sendo levados por empresas de caçambas até aterros sanitários ou mesmo terrenos baldios, aumentando os depósitos de lixo na cidade e proporcionando condições para a proliferação de animais transmissores de doenças. Essa situação começou a melhorar em 2002, quando o CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente, emitiu uma resolução determinando que “os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final.” Os geradores, no caso, são as “pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, responsáveis por atividades ou empreendimentos que gerem os resíduos”, ou seja, empresas construtoras de um modo geral e seus dirigentes. A resolução diz também que “os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de "bota fora", em encostas, corpos d`água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei”, e pede que os municípios se adequem, determinando formas de reutilização e reciclagem desses materiais dentro de um prazo que foi um pouco extrapolado. Deveria ser em 2004, como fez a prefeitura de Belo Horizonte, por exemplo, mas para o Rio de Janeiro, não encontrei até a produção deste artigo informações sobre qualquer programa desenvolvido pela prefeitura da nossa cidade. Em janeiro de 2008, o governo do Estado do Rio instituiu o Plano Diretor de Gestão de Resíduos Sólidos da área Metropolitana do Estado, que não desenvolve efetivamente o trabalho de gestão dos resíduos, mas só estabelece diretrizes, que deverão ser tomadas pelas prefeituras, coisa que na capital ainda não foi feita. Belo Horizonte serve como bom exemplo para demonstrar os benefícios desse trabalho, realizado lá desde 1993, antes mesmo da resolução do CONAMA. Eles possuem três usinas de reciclagem de entulho. A última usina construída custou cerca de um milhão de reais, e gera uma economia anual de 1.400.000,00. Ou seja, em um ano de funcionamento, o investimento já foi pago. As usinas constam de máquinas trituradoras, ou britadoras, usadas em mineração. O entulho entra nessas máquinas e sai triturado. Restos de concreto servem para a produção de artefatos, ou seja, novos blocos para construção, meio-fio, pisos, bancos, colunas, entre outros. Restos de tijolos e cerâmica são usados como base e sub-base (aquilo que fica por baixo do asfalto) para pavimentação de ruas e estradas. O material resultante tem a mesma qualidade e rendimento que o material produzido por fábricas tradicionais. Reaproveitando a matéria-prima, diminuem muito os custos do material. O entulho não é depositado no ambiente, e o trabalho dos transportadores de entulho é mais valorizado, fazendo com que sua imagem frente aos outros cidadãos da cidade melhore muito, como “agentes do ambiente”, pois eles não estão depositando em terrenos baldios, mas levando esse material para um fim muito nobre. Para se ter idéia do impacto do trabalho realizado em Belo Horizonte, em 11 anos do projeto a quantidade de entulho reciclado seria suficiente para construir 70.000 casas populares, ou 3.300 prédios de 4 andares. Ou ainda conseguir material para fazer a base de 137km de pistas. Nesse tempo, a prefetura economizou 10 milhões de reais, utilizando os materiais reciclados nas obras municipais. Com isso, vê-se o impacto social que pode ser gerado com um trabalho como esse. Você se lembra da quantidade de moradias que faltam no nosso país? Volte e dê uma olhadinha no início deste artigo. Muita coisa, não é? Além de moradias a baixo custo, a reciclagem fornece matéria-prima para a pavimentação de ruas e estradas que antes eram de barro, melhorando a qualidade de vida de muitas pessoas. É preciso mudar a mentalidade dos engenheiros e construtores, para terminar com o preconceito com relação aos materiais reciclados. E começar com urgência a ampliar a reciclagem de resíduos da construção civil, para diminuir o impacto negativo no ambiente, e aumentar o impacto positivo na sociedade. Tita Mendes Ayuri – engenheira e gerente aposentada de projetos de construção civil ambientalmente corretos. Fontes e onde saber mais: Decreto n° 41.122 de 09 de janeiro de 2008. (do Estado 10/01/2008) (Institui o plano diretor de gestão de residuos sólidos da região metropolitana do estado do Rio de Janeiro) http://www.ademi.webtexto.com.br/IMG/pdf/doc-636.pdf Déficit habitacional em 2005: http://www.cidades.gov.br/secretarias-nacionais/secretaria-dehabitacao/biblioteca/publicacoes-e-artigos/deficit-habitacional-no-brasil2005/Deficit2005.pdf Resolução do CONAMA Nº 307, DE 5 DE JULHO DE 2002 (Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil): http://www.cetesb.sp.gov.br/licenciamentoo/legislacao/federal/resolucoes/2002_Res_CO NAMA_307.pdf http://www.viaseg.com.br/noticia/4019meio_ambiente__residuos_da_construcao_civil.html Programa Cidades e Soluções (GloboNews) sobre reciclagem de entulho: http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM679147-7823RECICLAGEM%2BDE%2BENTULHOS,00.html “Bota Fora - Programa para reciclar entulhos de contrução Civil substitui a areia e a brita em obras de manutenção de Belo Horizonte” http://www.cidadesdobrasil.com.br/cgicn/news.cgi?cl=099105100097100101098114&arecod=19&newcod=24 Reciclagem de entulho na prefeitura de Belo Horizonte: http://www.pbh.gov.br/bhrecicla/entulho.htm http://www.cidadesdobrasil.com.br/cgicn/news.cgi?cl=099105100097100101098114&arecod=19&newcod=24 www.mundosustentavel.com.br Todos os links acima foram acessados em 28 de maio de 2008.