Vidas Secas Graciliano Ramos

Transcrição

Vidas Secas Graciliano Ramos
Vidas Secas Graciliano Ramos
Contexto Histórico
Modernismo brasileiro/ Prosa Regionalista de 30. Segunda fase do Modernismo, em que se encontra uma
prosa comprometida com a problemática nordestina (seca, miséria, exploração, coronelismo, cangaço e
fanatismo religioso). Momento de grandes tensões políticas, entre elas a questão do comunismo, do qual fez
parte o escritor e por causa do qual esteve preso
Estilo do autor
Há nas obras de Graciliano Ramos um sentimento intrínseco de rejeição e conflito.Como diz Alfredo Bosi:
"O realismo de Graciliano Ramos não é orgânico nem espontâneo. É crítico. O herói é sempre um problema:
não aceita o Mundo, nem os outros, nem a si mesmo". Nos seus principais romances o autor preferiu a
narração em 1º pessoa; e isso vai fazer toda a diferença na abordagem psicológica dos temas a que se
propões G. Ramos.
Embora regionalista, sua obra dá muito pouca atenção à paisagem, que só recebe destaque quando assume
um papel de antagonista como meio hostil, como ocorre em Vidas Secas.Sobre
Análise da Obra
Narrador
No romance "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, encontramos a narração em terceira pessoa, com narrador
onisciente. Podemos encontrar muitas vezes os discursos indiretos livres. É o próprio narrador que revela o
interior dos personagens através de monólogos interiores. O foco narrativo ganha destaque ao converter em
palavras os anseios e pensamentos das personagens.
"... Aí, a coleira diminuiu e Fabiano teve pena".
.
Tempo da Narrativa
O tempo de narrativa medeia duas secas. A primeira que traz a família para a fazenda e a segunda que a leva
para o Sul. Mesmo possuindo algumas referências cronológicas na obra, o tempo é psicológico e circular.
"... Sinhá Vitória é saudosista. Lembra-se de acontecimentos antigos, até ser despertada pelo grito da ave e
ter a idéia de transformá-la em alimento".
(Cap. 01 – Mudança)
Espaço da Narrativa
O espaço é físico, refere-se ao sertão nordestino, descrito com precisão pelo autor.
"... na lagoa seca, torrada, coberta de caatingas e capões de mato".
(Cap. 11 – O soldado Amarelo)
Personagens
Personagem Protagonista
Fabiano – Nordestino pobre, marido de Sinhá Vitória, pai de dois filhos. Procura trabalho
desesperadamente, bebe muito e perde dinheiro no jogo. Possui grandes dificuldades lingüísticas, mas é
consciente delas. Homem bruto com dificuldade de se expressar, possui atitudes selvagens. Por não saber se
expressar entra num processo de isolamento, aproximando-se dos animais, com os quais se identifica
melhor.
Sinhá Vitória – Mulher de Fabiano, sofrida, mãe de dois filhos, lutadora, sonhadora e inconformada com a
miséria em que vive, trabalha muito. É a mais inteligente de todos controlando assim as contas e os sonhos
de todos.
Filho mais novo e Filho mais velho – São crianças pobres e sofridas que não tem noção da miséria em que
vivem. O mais novo vê no pai um ídolo, sonha sobressair-se realizando algo, enquanto o mais velho é
curioso, querendo saber o significado da palavra inferno, desvendar a vida e ter amigos.
Baleia – Cadela da família, tratada como gente, humanizada em vários momentos e muito querida das
crianças.
Soldado Amarelo – Corrupto, oportunista e medroso, o Soldado Amarelo é símbolo de repressão e do
autoritarismo pelo qual é comandado (ditadura Vargas), porém não é forte sozinho; sem as ordens da
ditadura, é fraco e acovarda-se diante de Fabiano.
O dono da fazenda – Contrata Fabiano para trabalhar em sua fazenda, desonesto, explorava seus
empregados.
O fiscal da prefeitura – Intolerante e explorador.
Tomás de Bolandeira - Aparece somente por meio de evocações, é tido como referência por Fabiano e Sinhá
Vitória.
Seu Inácio – Dono do bar.
A INCOMUNICABILIDADE DOS PERSONAGENS DE VIDAS SECAS
Fabiano, Sinhá Vitória, o menino mais novo e o menino mais velho são personagens alegóricos, pode-se vêlos como representantes dos brasileiros excluídos socialmente pela pobreza. Representam também todos os
retirantes nordestinos da época de Graciliano Ramos e das décadas seguintes. Eles inclusive continuam
ainda personificações de uma parcela considerável de brasileiros, já que ainda há seca, pobreza e excluídos.
Eles se vêem como bichos por terem sido maltratados durante a vida toda. Isso fica claro numa das cenas
finais do filme a família está indo embora da fazenda, Sinhá Vitória diz para Fabiano: “Como num havemo
de ser gente um dia? Gente que dorme em cama de couro. Por que havemo de ser sempre desgraçado?
Fugindo no mato que nem bicho. Podemo viver como sempre, fugindo que nem bicho”. Há uma passagem
no capítulo “Fabiano” do livro que também acentua isso: “Coçou o queixo cabeludo, parou, reacendeu o
cigarro. Não, provavelmente não seria homem: seria aquilo mesmo a vida inteira, cabra, governado pelos
brancos, quase uma rês na família alheia” (RAMOS, 1989, p.24).
Essa condição de quase bichos, maltratados pela vida, pobres, muitas vezes famintos e sem instrução fá-los
não conseguir se comunicar com as outras pessoas. A família de retirantes sente uma penosa insegurança
com o gênero da comunicação da “gente da cidade”. Uma passagem do capítulo “Fabiano” mostra a postura
dele com relação às pessoas da cidade: “Na verdade falava pouco. Admirava as palavras compridas e
difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez
perigosas” (RAMOS, 1989, p.20).
Uma passagem do livro de quando Fabiano está na cadeia mostra que ele mesmo vê a falta de instrução
como um dos motivos de sua exclusão social e seu sofrimento: “Nunca vira uma escola. Por isso não
conseguia defender-se, botar as coisas nos seus lugares.” (RAMOS, 1989, p.36).
Excluídos da sociedade a família de retirantes vive em um “mundo fechado” entre si. Mas mesmo no
ambiente familiar não há espaço para afeto, a vida é dura, eles são duros uns com os outros. Eles não se
comunicam além do básico, são quietos, com seus próprios pensamentos.
SÍNTESE DO LIVRO
O livro é dividido em treze capítulos, sendo que cada um se passa pela perspectiva de um membro da
família, mesmo com o narrador em terceira pessoa.
O primeiro capítulo, “Mudança”, mostra o ambiente nordestino de seca, apresenta os personagens que
estão migrando e mostra a chegada à fazenda em que se instalam.
O segundo capítulo, “Fabiano”, acompanha as divagações de Fabiano, suas preocupações e sua
autodegradação.
O terceiro capítulo também se passa sobre a perspectiva de Fabiano. Ele vai à cidade comprar querosene,
fica bêbado e acaba arranjando confusão com o soldado amarelo, é agredido e preso.
O quarto capítulo “Sinhá Vitória” acompanha esta personagem e mostra a vontade dela de ter uma cama de
couro.
O quinto capítulo, “O menino mais novo”, gira em torno deste, de sua admiração pelo pai e de sua tentativa
de se destacar montando numa égua.
“O menino mais velho” é o sexto capítulo sobre este e suas investigações a respeito do significado da
palavra inferno.
No sétimo capítulo, “Inverno”, a incomunicabilidade dos personagens fica evidente, já que eles estão
reunidos em volta do fogo, mas não se comunicam entre si, suas falas apenas se misturam.
O oitavo capítulo, “Festa”, mostra a ida da família à cidade e o modo como eles ficam excluídos em meio à
sociedade urbana.
“Baleia” é o nono capítulo que mostra que a cachorra chamada Baleia está doente. Para tristeza dos
meninos, Fabiano resolve matá-la.
O décimo capítulo, “Contas”, mostra Fabiano sendo explorado pelo patrão na hora do pagamento.
No capítulo 11 “O soldado amarelo”, Fabiano encontra o homem que o agrediu (vide capítulo 3), pensa em
vingar-se, mas acaba se curvando.
O capítulo 12 “O mundo coberto de penas” mostra Fabiano, na esperança de combater a seca, atirando em
pássaros que bebem a água de onde ele mora.
O capítulo 13, “Fuga”, acompanha a saída da família da fazenda, novamente fugindo da seca.
Resumo comentado
A obra se classifica entre o conto e o romance e fala do drama do retirante diante da seca implacável e da
extrema pobreza que leva a um relacionamento seco e doloroso entre as personagens, quase um monólogo.
Os participantes da história são: Fabiano o chefe da família, homem rude e quase incapaz de expressar seu
pensamento com palavras; Sinhá Vitória, sua mulher com um nível intelectual um pouco superior ao do
marido que a admira por isto; O menino mais novo, quer realizar algo notável para ser igual ao pai e
despertar a admiração do irmão e da Baleia, a cadela; O menino mais velho, sente curiosidade pela palavra
“inferno” e procura se esclarecer com a mãe, já que o pai é incapaz; A cadela, Baleia, e o papagaio
completam o grupo de retirantes, na história; Representando a sociedade local, na história, estão o soldado
amarelo, corrupto e arbitrário, impõe-se ao indefeso Fabiano que o respeita por ser representante do
governo; Tomás da Bolandeira, dono da fazenda, onde a família se abrigou durante uma tempestade, e
homem poderoso da região que impõe sua vontade. O livro tem l3 capítulos, até certo ponto autônomos,
ligando-se por alguns temas. I - Mudança Este capítulo é o inicio da retirada, com as personagens citadas
acima. Supõe uma narrativa anterior: “Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e
famintos.” Tocados pela seca chegam a uma fazenda abandonada e fazem uma fogueira. A cachorra traz um
preá: “Levantaram-se todos gritando. O menino mais velho esfregou as pálpebras, afastando pedaços de
sonho. Sinhá Vitória beijava o focinho de Baleia, e como o focinho estava ensangüentado, lambia o sangue
e tirava proveito do beijo,” Fala da terra seca e do sofrimento. A comunicação é rara e ocorre quando o pai
ralha com o filho e esse procedimento é uma constante no livro. Há uma intenção do autor de não dar nome
aos meninos, para evidenciar a vida sem sentido e sem sonhos do retirante. “Ainda na véspera eram seis
viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, à beira
duma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés,
a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto.” II - Fabiano “Apossara-se da casa porque
não tinha onde cair morto, passara uns dias mastigando raiz de imbu e sementes de mucunã. Viera a
trovoada. E, com ela, o fazendeiro, que o expulsara. Fabiano fizera-se desentendido e oferecera os seus
préstimos, resmungando, coçando os cotovelos, sorrindo aflito. O jeito que tinha era ficar. E patrão aceitarao, entregara-lhe as marcas de ferro. Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como
um bicho, entocara - se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado.” Contente dizia a si mesmo:
“Você é um bicho, Fabiano.” Mostra o homem embrutecido, mas capaz de auto-análise. Tem consciência de
suas limitações e admira quem sabe se expressar. “Admirava as palavras compridas da gente da cidade,
tentava reproduzir algumas em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas.” III - Cadeia Na
feira da cidade o soldado convida Fabiano para jogar baralho e depois desentende-se com ele e o prende
arbitrariamente. A figura do soldado amarelo simboliza o governo e, com isto, o autor quer passar a idéia de
que não é só a seca que faz do retirante um bicho, mas também as arbitrariedades cometidas pela autoridade.
Ao fim do capítulo ele toma consciência de que está irremediavelmente vencido e sem ilusões com relação á
sorte de seus filhos. “Sinha Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai.
Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados
por um soldado amarelo.” IV - Sinhá Vitória Enquanto o marido aspira um dia saber expressar-se
convenientemente, a mulher deseja apenas possuir uma cama de couro igual a do seu Tomás da bolandeira,
fazendeiro poderoso que é uma referência. Ela recorda a viagem, a morte do papagaio, o medo da seca. A
presença do marido lhe dá segurança. V - O Menino Mais Novo Quer ser igual ao pai que domou uma égua
e tenta montar no bode caindo e sendo motivo de chacota de irmão e da Baleia. O sonho do menino é uma
forma de resistência ao embrutecimento, tal como a mãe que sonha com a cama de lastro de couro. VI - O
Menino Mais Velho As aspirações da família são cada vez mais modestas. Tudo que o menino mais velho
desejava era uma amizade e a da Baleia já servia bem: “O menino continuava a abraçá-la. E Baleia
encolhia-se para não magoa-lo, sofria a carícia excessiva.” VII - Inverno É a descrição de uma noite
chuvosa e os temores e devaneios que a chuva desperta na família. Eles sabiam que a chuva que inundava
tudo passaria e a seca tomaria conta de suas vidas novamente. VIII - A Festa É um dos capítulos mais
tristes. É natal e a família vai à festa na cidade. Fabiano compara-se com as pessoas e se sente inferior.
Depois da missa quer ir às barracas de jogo mas a mulher é contra porque ele bebe e fica valente. Acaba
pegando no sono na calçada e em seus sonhos os soldados amarelos praticam arbitrariedades. A família toda
sente a distância que os separa dos demais seres. Sinhá Vitória refugia-se no devaneio, imaginando-se com a
cama de lastro de couro. IX - Baleia É um capítulo trágico. O autor faz uma humanização da cadela Baleia.
Ela parece doente e será sacrificada. Desconfiada, tenta esconder-se. Não entende porque estão querendo
fazer isso com ela. Já ferida ela espera a morte e sonha com uma vida melhor. Na história, a Baleia e sinhá
Vitória são as personagens que conseguem expressar melhor os seus anseios. X - Contas Fabiano tem de
vender ao patrão bezerros e cabritos que ganhou trabalhando e reclama que as contas não batem com as de
sua mulher. Revolta-se e depois aceita o fato com resignação. Lembra que já fora vítima antes de um fiscal
da prefeitura. O pai e o avô viveram assim. Estava no sangue e não pretendia mais nada. XI - O Soldado
Amarelo É uma descrição dessa personagem. Ele aparece como é socialmente e não como é
profissionalmente. A sua força vem da instituição que representa. Mais fraco fisicamente, arbitrário e
corrupto, acovarda-se ao encontrar-se à mercê de Fabiano na caatinga. Fabiano vacila na sua intenção de
vingança e orienta o soldado perdido. A figura da autoridade constituída é muito forte no inconsciente de
Fabiano. XII - O Mundo Coberto de Penas O sertão iria pegar fogo. A seca estava voltando, anunciada pelas
aves de arribação. A mulher adverte que as aves bebem a água dos outros animais. Fabiano admira-se da
inteligência da mulher e procura matar algumas que servirão de alimento. Faz um apanhado da suas
desgraças. O sentimento de culpa por matar a Baleia não o deixa. “Chegou-se á sua casa, com medo, ia
escurecendo e àquela hora ele sentia sempre uns vagos tremores. Ultimamente vivia esmorecido, mofino,
porque as desgraças eram muitas. Precisava consultar Sinhá Vitória, combinar a viagem, livrar-se das
arribações, explicar-se, convencer-se de que não praticara uma injustiça matando a cachorra. Necessário
abandonar aqueles lugares amaldiçoados. Sinhá Vitória pensaria como ele.” XIII - Fuga A esposa junta-se
ao marido e sonham juntos. Sinhá Vitória é mais otimista e consegue passar um pouco de paz e esperança.
O livro termina com uma mistura de sonho, frustração e descrença. Fabiano mata um bezerro, salga a carne
e partem de madrugada. “E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de
pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles dois velhinhos,
acabando-se como uns cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia. Que iriam fazer? Retardaram-se
temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a
mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, sinhá Vitória e
os dois meninos.”

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