utilização do neurofeedback como recurso terapêutico não

Transcrição

utilização do neurofeedback como recurso terapêutico não
UTILIZAÇÃO DO NEUROFEEDBACK COMO RECURSO TERAPÊUTICO
NÃO FARMACOLÓGICO EM ADOLESCENTES COM MIGRÂNEA NA
CIDADE DO RECIFE: SÉRIE DE CASOS.
RuannaKetyllin Gonçalves de Freitas; Camilla Medeiros Araújo; Marília
Franciely de Mesquita Soares;Tiago dos Anjos Gomes; Tibério Correia de Araújo;
Thiago Nunes de Azevedo Ferraz de Carvalho; Valdenilson Ribeiro Ribas, Rosalie
Barreto Belian.
Introdução: A enxaqueca (ou Migrânea – Mi) é caracterizada por manifestações
dolorosas de moderada a forte, muitas vezes debilitante para crianças e adolescentes,
trazendo limitações em suas atividades da vida diária. Geralmente é acompanhada por
sintomas como náuseas e/ou vômitos e, às vezes, manifestações neurológicas
transitórias. Fotofobia e fonofobia também podem estar presentes. A Mi é uma das
principais causas de queixas entre as crianças e adolescentes em Neurologia Pediátrica e
é a dor mais comum relatada na infância e na juventude em que os acontecimentos
referidos pelos jovens padecedores de Mi, relatam dor com maior intensidade,
frequência e duração. A Mi apresenta-se como uma doença progressiva e incapacitante
caracterizada por um aumento da excitabilidade do sistema nervoso central (SNC). Para
a modulação da dor, aparelhos de biofeedback (BFB) permitem que se execute uma
intervenção não farmacológica, promovendo a redução da crise, mesmo após o
tratamento. Os objetivos primários do tratamento da enxaqueca têm tradicionalmente
incluído o aliviar da dor, restaurar a função e reduzir a frequência da dor. O
neurofeedback (NFB) trabalha com a prática do auto aprendizado, com a geração
consciente de padrões de eletroencefalograma mais saudáveis. Ele consiste em uma
forma de trabalhar o condicionamento operante, observando os resultados dos estados
mentais e emocionais do indivíduo após os treinamentos, modelando sua respiração,
concentração e postura, permitindo, por sua vez, uma mudança na atividade elétrica do
cérebro. Metodologia: Série de casos com ênfase no tratamento da cefaleia primária
(migrânea) com e sem aura, em adolescentes de 10-24 anos de idade, utilizando o
equipamento Neurofeedback. Este tratamento oferece duas modalidades de NFB, o
NeurofeedbackHemoencefalográfico (HEG) e o Neurofeedback Eletroencefalográfico
(QEEG), como meio de avaliação e intervenção. O uso de QEEG, através do
mapeamento eletrônico de padrões de ondas cerebrais, permite estabelecer as
correlações de eletroencefalograma (EEG) com queixas clínicas. O Hemoencefalografia
XV ENEXT/I ENExC - 2015
é o método que realiza o treinamento do controle voluntário do fluxo sanguíneo para o
córtex pré-frontal. Os participantes da população-alvo foram recrutados e selecionados
no ambulatório de pediatria do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando
Figueira (IMIP), no Hospital Universitário Osvaldo Cruz e no Hospital das Clínicas da
Universidade Federal de Pernambuco. A população-alvo foi composta por adolescentes
de ambos os sexos, com idades entre 10 e 24 anos e que atendiam os critérios de
inclusão e exclusão do estudo. Para os critérios de inclusão, os participantes deveriam
apresentar diagnóstico médico de enxaqueca com ou sem aura; presença de pelo menos
um ataque de enxaqueca por mês. Todos os participantes começaram a partir de uma
linha de base: a presença de uma crise. Na presença da dor, era solicitado utilizar apenas
um medicamento abortivo da dor (analgésico), e que não continha cafeína, barbituratos,
narcóticos ou psicotrópicos associados com o analgésico. Para os critérios de exclusão
foram removidos os participantes do estudo que tiveram diagnóstico prévio de acidente
vascular cerebral; anemia falciforme; diabetes mellitus, amputação de membros; hérnia
de disco; queimaduras de terceiro grau; que usaram o NFB no passado; participando de
outro estudo clínico; doenças cardiovasculares, síndromes genéticas. Os participantes
foram triados e encaminhados para o consultório de neuroregulação já com diagnóstico
médico de migrânea com ou sem aura, de acordo com os critérios diagnósticos da
classificação internacional dacefaleia. Os pacientes e seus representantes legais foram
convidados a participar deste estudo e a assinar o termo de consentimento livre e
esclarecido e o termo de assentimento livre e esclarecido sobre a pesquisa. Resultados:
Percebemos um perfil do predomínio da atividade elétrica disfuncional desses
indivíduos. O estudo está em andamento visando 20 sessões de HEG e QEEG, mas os
resultados inerentes à frequência, duração e intensidade da dor são positivamente
promissores, com estabilização das crises após 10 sessões dos casos relatados no estudo.
Conclusão: O treinamento cerebral com Neurofeedback, em adolescentes com
migrânea, demonstra ser um recurso promissor na diminuição na frequência, intensidade
e duração da dor, sendo uma alternativa não farmacológica.
Palavras chave: Migrânea; Neurofeedback; Biofeedback
Referências
XV ENEXT/I ENExC - 2015
ABU-AREFEH, I.; RUSSEL, G. Prevalence of headache and migraine in school
children.BMJ, v. 309, n. 6957, p. 756-769, 1994.
AKYOL, A.; KIYLIOGLU, N.; AYDIN, I.; ERTURK, A.; KAYA, E.; TELLI, E.;
AKYILDIZ, U. Epidemiology and clinical characteristics of migraine among school
chindren in the Menderes region. Cephalalgia, n. 67, p. 2005-2014, 2007.
AMERICAN HEADACHE SOCIETY. The 2012 AHS/AAN guidelines for prevention
of episodic migraine: A summary and comarison with other recente clinical practice
guidelines. Headaches, v. 52, p. 930-945, 2012.
ARNS, M.; RIDDER, S.; STREHL, U.; BRETELER, M.; COENEN, A. Efficacy of
neurofeedback treatment in ADHD: the effects on inattention, impulsivity and
hyperactivity: a meta-analysis. Clinical EEG and Neuroscience, v. 40, n. 3, 2009.
BIGAL, M.E.; LIPTON, R.B.; WINNER, P.; REED, M.L.; DIAMOND, S.;
STEWART, W.F. Migraine in adolescents: Association with socioeconomic status and
family history. Neurology. V. 69, p. 16-25, 2007.
BIRBAUMER, N.; RUIZ, S.; SITARAM, R. Learned regulation of brain
metabolismo.Trends in Cognitive Sciences, v. 17, n. 6, p. 295-302, 2013.
BLANCHARD, E. B.; ANDRASIK, F.; AHLES, T. A.; TEDERS, S. J.; O’KEEFE, D.
Migraine and tension headache: a meta-analytic review. Behavior Therapy, v. 11, n. 5,
p. 613-631, 1980.
CARLSSON, J. Prevalence of headache in schoolchildren: relation to family and school
factors. Actapediatrica, v. 85, n. 6, p. 692-696, 1996.
COLLURA,
T.
F.
Neuronal
Dynamics
in
Relation
to
Normative
Electroencephalography assessment and Training.Biofeedback, v. 36, n. 4, p. 134-139,
2008.
XV ENEXT/I ENExC - 2015
COLLURA, T. F. Technical Foundations of Neurofeedback.1ªed. New York,
Routledge, 2014.
DAMASCENO NETO, J. O neurofeedback como recurso neuropsicoterápico para o
transtorno do déficit de atenção com ou sem hiperatividade e impulsividade. Revista
FSA, n. 9, p. 263-275, 2012.
DIAS, Á. M. Tendências do neurofeedback em psicologia: Revisão sistemática.
Psicologia em estudo, v. 15, n. 4, p. 811–820, 2010.
DIAS, Á. M.; VAN DEUSEN, A. A new neurofeedback protocol for depression. The
Spanish journal of Psychology, v. 14, n. 1, p. 374-384, 2011.
DIAS, Á. M.; VAN DEUSEN, A. M.; ODA, E.; BONFIM, M. R. Clinical efficacy of a
new automated hemoencefalographicneurofeedback protocol, The Spanish journal of
Psychology, v. 15, n. 3, p. 930-941, 2012.
FRIEL, P. N. EEG biofeedback in the treatment of attention deficit/hyperactivity
disorder.Alternative Medicine Review, v. 12, n. 2, p. 146-151, 2007.
XV ENEXT/I ENExC - 2015