O Tratamento Ortodôntico pode melhorar as condições Psicológicas

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O Tratamento Ortodôntico pode melhorar as condições Psicológicas
O Tratamento Ortodôntico pode melhorar as condições
Psicológicas e a Auto Estima do indivíduo, influindo na sua Saúde
e Qualidade de Vida?
Prof. Ms Helio Gomes da Silva
Doutor em Ortodontia pela UNITAU-SP
Mestre e especialista em Ortodontia
Especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares e ATM (Letra B CFO).
A odontologia tem se destacado como uma das profissões da área da saúde
que apresentou uma grande evolução técnica e científica nos últimos anos.
Evidentemente que também evoluiu a conscientização, o grau de informação dos
indivíduos sobre a importância de se ter uma boca saudável e, também, sua autopercepção, como um ponto de partida para se obter um estado de saúde melhor,
orgânica e emocional.
Segundo o conceito de saúde proposto pela OMS (Organização Mundial da
Saúde), uma boca saudável, equilibrada e funcionando em harmonia com os
diversos sistemas biológicos integrados se constitui numa das importantes variáveis
deste contexto para a auto estima e qualidade de vida do indivíduo. Desta forma, a
relação das condições de saúde bucal e a sua influência na qualidade de vida têm
sido correlacionadas na literatura.
Uma boa qualidade de vida é caracterizada como a “sensação de bem-estar
proveniente da satisfação com áreas consideradas importantes na vida do
indivíduo”. O enfoque dos estudos clínicos tem sido mensurar a qualidade de vida
com a proposta de avaliar os cuidados com a saúde. Essas medições estão
ganhando cada vez mais importância para os pesquisadores e para os
Ortodontistas. Portanto, para avaliar inteiramente qualquer intervenção na área da
saúde, incluindo os serviços de atenção à saúde bucal, como o Tratamento
Ortodôntico, requisita-se um diagnóstico seguro, abalizado e realista, porém
fundamentado nas queixas principais do indivíduo que busca o tratamento.
Tradicionalmente, a determinação da necessidade de tratamento ortodôntico é
feita com base em medidas normativas que não consideram as expectativas do
paciente, e nem sua percepção em relação ao que o fez procurar tratamento, não
informando, por exemplo, o quanto a má-oclusão que ele possui pode estar
influenciando negativamente em seu dia-a-dia em termos de limitações funcionais,
bem-estar e psicossocialmente.
A utilização de indicadores sociodentais que medem a qualidade de vida, na
Ortodontia, permite avaliar o impacto que a má-oclusão e as consequentes
alterações estéticas, funcionais e psicosociais vão gerar na rotina do indivíduo, já
que para um mesmo tipo de má-oclusão existem diferentes impactos psicossociais.
Isso significa que uma determinada má-oclusão pode ser percebida de diferentes
maneiras pelas pessoa e que, ao que se pressupõe, essa percepção individual é o
gatilho para a busca do tratamento ortodôntico, relacionando-se ou não com a
gravidade da má-oclusão.
As pesquisas na área odontológica, baseadas em evidências, trouxeram para
a Ortodontia um de seus maiores desafios: conhecer e avaliar o impacto do
tratamento ortodôntico na qualidade da vida diária dos pacientes. Isso porque a
terapia ortodôntica deve ser capaz de trazer um benefício significativo ao indivíduo,
que supere os custos biológicos e financeiros para que atenda as necessidades
estéticas e funcionais e psicosociais que o levaram a buscar tratamento.
Inúmeros trabalhos científicos publicados em revistas internacionais indexadas
justificaram a existência de
evidência de que indivíduos portadores de más
oclusões têm pior qualidade de vida relacionada à saúde bucal em comparação a
pacientes que possuem oclusões equilibradas. Portanto, os principais benefícios do
tratamento ortodôntico estão relacionados à estética e à função mastigatória, que
trarão como consequências melhoras no bem-estar social e psicológico do
indivíduo melhorando sua “qualidade de vida” e a sua auto-estima.
Os benefícios do tratamento ortodôntico convencional, especialmente em suas
dimensões psicossociais, estéticos e funcionais, foram comprovados recentemente
por um estudo de caso-controle e duas avaliações prospectivas longitudinais. A
“qualidade de vida relacionada à saúde bucal” é um conceito multidimensional, que
inclui a percepção subjetiva do bem-estar físico, psicológico e social de cada um.
Sua essência, de acordo com alguns autores, seria o reflexo das experiências de
um indivíduo, que influenciariam em sua satisfação com a vida em todos os seus
aspectos.
Os impactos mais negativos realacionados com a má oclusão, relatados pelos
indivíduos pesuisados
são as alterações Estética, Funcionais e Psicossociais.
Esses conhecimentos podem auxiliar o ortodontista a buscar alternativas, visando
atender a queixa principal do indivíduo
e a visibilidade de outras áreas de
impactos, além de abrir novos caminhos em clínicas e consultórios.
Após a revisão de literatura, pudemos destacar que a maioria dos autores que
investigaram o tema concluíram que o tratamento ortodôntico claramente reduziu os
impactos na saúde bucal e na qualidade de vida entre os indivíduos avaliados antes e
depois do tratamento. Os adolescentes que completaram o tratamento ortodôntico
apresentaram um impacto de saúde bucal bastante reduzido e tiveram uma melhor
qualidade de saúde bucal relacionada com a qualidade de vida, em comparação com
aqueles que estavam em tratamento e também com aqueles que nunca tiveram o
tratamento ortodôntico. Os indivíduos que necessitaram de correção orto-cirúrgica
melhoraram das condições patológicas específicas que envolviam a sua saúde e a
qualidade de vida, e também e o estado de ansiedade, independentemente da
gravidade antes da cirurgia. A ansiedade pós-operatória e a sua saúde relacionada a
qualidade de vida foram avaliadas antes e depois do tratamento orto-cirúrgico e os
resultados indicaram
que a cirurgia da mandíbula juntamente com o tratamento
ortodôntico melhoraram o estado psicológico dos pacientes de forma acentuada.
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