A ilhA dos fAmosos
Transcrição
A ilhA dos fAmosos
Localizado na Costa Leste dos EUA, lugar atrai celebridades em busca de praias desertas e (quase) anonimato Drew Barrymore, mais bonita ainda de cabelos ruivos, estava caminhando de mãos dadas com seu novo namorado. Ao passar por mim, abriu o maior sorriso. Retribuí a saudação com a maior naturalidade – ou, digamos, como se estivesse dando um alô para uma pessoa conhecida. Não que o fato de se esbarrar com uma celebridade no meio da rua seja a coisa mais corriqueira do mundo, mas a verdade é que estávamos passeando na calçada da charmosa Centre Street, uma rua de paralelepípedos em pleno centro de Nantucket, pequena ilha do Estado de Massachusetts a apenas uma hora de voo de Nova York e a 35 minutos de Boston. O lugar já foi um dos ícones mais relevantes na história dos EUA, quando reinou como a capital baleeira mundial, entre os anos 1800 e 1840. Ao longo das últimas duas décadas, ela se tornou um destino de glamour para a elite, ricos anônimos e famosos em busca de um nicho discreto, onde pudessem perambular à vontade sem comprometer sua privacidade e até mesmo manter o anonimato. Não fosse o número estonteante de jatos particulares semeados no supercozy Memorial Airport – mas que vem a ser o aeroporto de maior movimento de aviões privados do país –, daria para jurar que você está passando férias numa ilhazinha qualquer da Nova Inglaterra. Low profile por natureza, com aproximadamente 126 quilômetros quadrados e emoldurada por mais de 70 quilômetros de praias, a ilha inteira é um distrito histórico com mais de 800 edificações construídas antes da Guerra Civil e que ainda estão em seu lugar de origem. Sem exceção, seguem um rígido pa- drão arquitetônico, com traços semelhantes: todas têm no máximo dois pavimentos, são feitas inteiramente de madeira e as fachadas têm acabamento de taubilha, que adquirem uma cor acinzentada com o passar do tempo. Se estiver nos seus planos adquirir uma dessas residências de veranistas (a ilha é habitada por menos de 4 mil pessoas), prepare o talão de cheques: qualquer mansão ou casa, esteja ela fincada na beira de uma das praias, fora ou no centrinho da cidade, tem uma cotação de base com um mínimo de sete dígitos. Portanto, uma propriedade localizada nos arredores de Brant Point Lighthouse ou próximo ao Main Harbour pode facilmente chegar a US$25 milhões. Até mesmo se hospedar nessa “terra longínqua” pode garantir sérios danos ao seu cartão de crédito. Embora a infraestrutura hoteleira faça jus às diárias, digamos que só faz mesmo sentido para quem chega com seu jato particular: alguns dos cinco estrelas espalhados em Nantucket chegam a estampar, na alta estação, que vai de junho a setembro, preços de até US$2.500 por dia para uma luxuosa acomodação dupla. Encabeçando a lista, temos o aconchegante Wauwinet, um Relais & Châteaux eleito pela Condé Nast Traveller como um dos Top 10 Small Hotels dos EUA. Encravado numa ponta remota da ilha, com praia particular e muitos esportes náuticos privativos ao alcance, abriga também o restaurante Topper’s, considerado um dos melhores pelo Zagat. Sua adega conta com 20 mil garrafas e cerca de 1600 rótulos de vinhos de todas as procedências. FOTO Antonella Kann A ilha dos famosos FOTO getty images Por Antonella Kann, de Nantucket FOTO Antonella Kann destino Nantucket Como chegar Se não for de jato particular, só tem dois jeitos de chegar a Nantucket: De avião: a Delta (delta.com) tem voos diretos de Nova York (JFK), diariamente; a Cape Air Flight (flycapeair.com) e a Nantucket Airlines (nantucketairlines.com) voam de Boston em pequenos aviões bimotores. De barco: ferries (um que transporta carros e outro só para passageiros) ligam a ilha a partir de Harwitch e Hyannis, portos próximos a Boston. nantucketislandferry.com, hylinecruises.com Outro hotel muito prestigiado, não só pela excelente localização rente a uma marina e pela vista indevassável, mas igualmente por sua elegância, é o gracioso White Elephant. A poucos passos dos restaurantes, da badalada Jetties Beach, dos monumentos históricos e das principais atrações do centro, é um ícone para ninguém botar defeito. E ainda por cima tem seu próprio spa. Aos que preferem ter a liberdade de entrar com areia nos pés em sua suíte com varandão debruçado sobre uma das praias mais família de Nantucket, a dica é o Cliffside Beach Club & Hotel, que faz pose de antiguinho e recatado, mas transborda de amenidades dignas de um resort de altíssimo gabarito. E o melhor da história é que você está dentro da praia. Lá, uma das opções é alugar acomodações com dois quartos e cozinha, e ficar independente. Ao seu lado, o restaurante The Galley é o único a oferecer mesas literalmente encravadas na areia. Nenhum outro estabelecimento da ilha tem mais permissão para ostentar este privilégio, adquirido em idos tempos. Mais acessível, porém longe de ser barato, o pitoresco The Cottages & Loft at the Boat Basin brinda seus hóspedes com chalés encravados no próprio píer do Main Harbour, principal cais da cidade. Alguns são minidúplex inteiramente modernizados, com varandinha e vista para as dezenas de embarcações (algumas cinematográficas) ancoradas nos fingers e dentro da marina. Durante o dia, é o ponto ideal para praticar o people watching, pois o píer é uma verdadeira passarela, escorada por um comércio farto em lojinha, restaurantes e quiosques. Outra vantagem é poder testemunhar de perto o inevitável fog, a qualquer época do ano. Mas se é atividades ao ar livre que você está garimpando, não faltam opções para se divertir na natureza de maneira saudável. De praias desertas, com ou sem ondas, a esportes náuticos, que vão de caiaque a windsurfe, de surfe a ski aquático, de pesca oceânica a vela, tem de tudo um pouco. Sendo que equipamentos e lanchas apropriadas podem ser alugados à vontade, sem muita burocracia. Nantucket é sui generis em vários aspectos. Para começar, seu nome se refere tanto à ilha quanto ao condado e à cidade, caso único nos EUA. Caso único também para as intrigantes normas locais: sinais de trânsito não existem, não é permitido nenhum néon, outdoor ou qualquer painel luminoso. Lá, você vai morrer de fome se procurar por McDonald’s ou Starbucks. Simplesmente não aporta na ilha nenhuma cadeia comercial do gênero, e esta regra se estende a marcas famosas, como Prada, Gucci e Louis Vuitton. A única exceção é Ralph Lauren, que (ninguém sabe explicar bem como) conseguiu driblar a vigilância e tem uma discreta loja de esquina na Main Street, a rua mais movimentada da cidade. No entanto, a ausência de grifes não impediu que no centrinho histórico de Nantucket se formasse um efervescente burburinho com lojinhas fashion recheadas de adoráveis modelitos assinados por designers independentes, fora butiques sofisticadas, joalherias, galerias de arte, museus e antiquários. Devido a uma severa lei do silêncio, imposta até mesmo aos aviões particulares, que são obrigados a desviar de cima dos telhados de, por exemplo, algum big shot do Google, Nantucket não é exatamente o destino ideal para quem está a fim de agitar. As palavras “disco” ou “nightclub” sequer constam do Guia Oficial de Turismo de 2011. E algazarra no meio da rua de madrugada, nem pensar! No entanto, não faltam bares e locais atraentes para a turma se divertir, como é o caso da descolada Cisco Brewery, uma cervejaria de clima festivo durante a happy hour, quando acabam os programas de praia e o local fica abarrotado. E não me surpreenderia se até mesmo Drew estivesse por lá, após uma bucólica pedalada, no meio daquele bando de gente descontraída, vestida à vontade, curtindo música ao vivo com uma caneca de cerveja artesanal na mão. É, Nantucket tem dessas coisas... Cisco Brewery ciscobrewers.com White Elephant Hotel whiteelephanthotel.com Cliffside Beach Club & Hotel cliffsidebeach.com The Galley Beach galleybeach.com The Cottages & Lofts at the Boat Basin thecottagesnantucket.com The Wauwinet wauwinet.com Localizada a uma hora de voo de Nova York, a ilha é o paraíso de jatos executivos e iates. O lugar tem 70 quilômetros de praia FOTO Jake Rajs FOTO Latinstock destino Nantucket