de portugal com amor

Transcrição

de portugal com amor
a revista da caixa
N . o 0 7 | M a r ç o d e 2 0 1 2 | A n o III
caixa geral
de de p ósi tos
de portugal
com
amor
o muito que
fazemos e que
sabemos fazer
tão bem
eduardo
lourenço
entrevista ao prémio pessoa
As ilhas
da fantasia
Viagem de sonho
ao arquipélago dos açores
mima house reinventa
arquitetura
€ 1,50 CoNtinente e ilhas
periodicidade Trimestral
e
editorial
Portugal positivo
a revista da caixa
Diretor Francisco Viana
Editores Luís Inácio e Pedro Guilherme Lopes
Arte e projeto Rui Garcia e Rui Guerra
Colaboradores Ana Ferreira, Ana Rita Lúcio,
Andreia Simões, Helena Estevens, João Paulo
Batalha, Leonor Sousa Bastos, Paula de
Lacerda Tavares, Rita Neves (texto); Agência
AFFP, Estúdio João Cupertino, Miguel Manso,
Rita Chantre, com agências Corbis, Getty
Images, iStockPhoto e Reuters (fotos);
Dulce Paiva (revisão)
Secretariado Teresa Pinto
Gestor de Produto Luís Miguel Correia
Produtor Gráfico João Paulo Font
REDAÇÃO
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PUBLICIDADE
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Diretor Comercial
Maria João Peixe Dias ([email protected])
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Contacto
Ana Dória ([email protected])
Eduarda Casa Nova ([email protected])
Assistente
Florbela Figueiras ([email protected])
Coordenador de Materiais
José António Lopes ([email protected])
Editora Medipress - Sociedade Jornalística
e Editorial, Lda.
NPC 501 919 023 Capital Social: €74 748,90;
CRC Lisboa
Composição do capital da entidade proprietária
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Impressão Lisgráfica - Impressão e Artes
Gráficas, S. A.
Foto de capa: iStockPhoto
Propriedade
Caixa Geral de Depósitos
Av. João XXI, 63, 1000-300 Lisboa
Periodicidade Trimestral
(Edição n.º 7, janeiro/março 2012)
Depósito Legal 314166/10
Registo ERC 125938
Tiragem 85 000 exemplares
Correio do leitor [email protected]
A Caixa Geral de Depósitos, ao longo da sua história,
tem vindo a reforçar a sua solidez, tendo como principal
missão estar sempre ao lado das famílias e das empresas,
apoiando a economia nacional e atuando no mercado
de forma responsável. Para isso, assenta a sua atividade
nos principais pilares da sustentabilidade – económico,
social e ambiental – e procura adequar os seus produtos
e serviços no âmbito desses valores. São disso exemplo
o combate à iliteracia financeira, com a promoção de
iniciativas que incutam nos cidadãos uma forma saudável
de gerir o seu património, e as preocupações ambientais,
criando produtos com o menor impacto ao nível das
emissões de carbono. É, também, o caso do apoio às PME,
permitindo a sua sustentabilidade e, consequentemente, o
desenvolvimento da economia do País.
Não é, pois, por acaso que a Caixa se assume como
o Banco dos Portugueses e é por isso, também, que as
palavras «empreendedorismo» e «inovação», que estão,
hoje, na ordem do dia, constituem as bases onde assenta
a sua atuação de forma incontornável, servindo de mote a
esta edição da Cx que chega agora até si.
Porque são muitos e bons os exemplos em diferentes
setores de atividade, que, pelas melhores razões,
levam o nome do nosso País aos quatro cantos do
mundo, preparámos uma revista especial, onde cabe,
principalmente, o que de melhor se faz em Portugal.
Do design à arquitetura biológica, da ciência à indústria
tradicional ou ao cinema, convidamo-lo a conhecer um
Portugal positivo, capaz de devolver a esperança a todos
os portugueses e incrementar a economia. Ou, como
defende Eduardo Lourenço, Prémio Pessoa, «um Portugal
cheio de potencialidade, a quem só falta não se deixar
amarrar ao presente. Porque o futuro, esse, é nosso».
Daí a necessidade de empreender e inovar, trunfos
que têm de ser aproveitados ao máximo. Nesta edição,
não faltam exemplos disso mesmo, da capacidade de
alguns portugueses que ousaram e tiveram sucesso nas
suas áreas. Mas há muito mais potencialidades por todo
o País (nas empresas, nos laboratórios, nas universidades,
em grandes cidades ou na ruralidade), tão marcadamente
próprias dos portugueses, sempre com vontade de partir
para novas descobertas.
E porque temos de defender o que é nosso, naquilo
que em nós for possível, siga, também, este caminho, à
sua maneira. Portugal precisa de todos!
Esperamos que aprecie esta edição da Cx.
Francisco Viana
«E porque
temos de
defender
o que é nosso,
naquilo que
em nós for
possível, siga,
também, este
caminho,
à sua maneira.
Portugal
precisa de
todos!»
A Cx é uma publicação da Divisão Customer
Publishing da Impresa Publishing,
sob licença da Caixa Geral de Depósitos
Esta revista está escrita nos termos do novo acordo ortográfico
cx
a re v i s ta d a c a i xa
3
i
interior
06Pormenor
Notícias que valem a pena
DESTAQUES
Pessoas
10 Histórias de sucesso
José Fernandes, o Sr. Ach Brito
12 Talento
Inês Correia e Cleia Almeida
estilo
16 Design & arquitetura
O segredo das Dulcineias
20 Automóveis
O Carocha volta a atacar!
22 Gourmet + Culto
PapaBoa e estrelas Michelin;
Produtos selecionados
24 Prazeres
Laranja com morangos
39 Observatório
Carlos Moreira da Silva
destinos
46 Roteiro
Sintra, a vila romântica
48 Fugas
A Casa da Cisterna é cosy
viver
52 Saúde
30 O
que é nacional é bom
Numa altura em que «crise» é a palavra mais vezes ouvida, chegam-nos,
diariamente, exemplos que contrariam esse estado de alma. É um Portugal
empreendedor, inventivo, apaixonado e apaixonante. São pessoas feitas exemplo,
que colocam o nosso País nas bocas do mundo pelas melhores razões
Ultrapassar o medo da cirurgia
Ainda há empregos para a vida?
54 Finanças
Dicas para poupar;
PAPEXPERIENCE
56 Sustentabilidade
WWOOF; Caixa atenta ao mar;
Caixa Fã de causas; CGD,
um Banco responsável
cultura
60 Agenda + Ler & Ouvir
Espetáculos, livros e discos
62 S.A.L.
O cinema com sabor a mar
66 Vintage
O certificador de cheques
4
cx
a rev i s ta d a ca i xa
18 Design & arquitetura
Desenhada pelos arquitetos
portugueses Mário Sousa e Marta
Brandão, a Mima House revoluciona o
conceito de prefabricado, oferecendo
uma casa estilizada e personalizada
por menos de 50 mil euros
26Entrevista
Prémio Pessoa 2011 e um dos nossos
mais brilhantes intelectuais, Eduardo
Lourenço confessa-se um europeísta
desencantado, mas defende que é
olhando para o futuro que podemos
alterar o presente
41 Grande viagem
Composto por nove ilhas de origem
vulcânica, os Açores assumem-se
como um dos mais importantes
paraísos naturais do mundo e
merecem um olhar atento através
de uma viagem de pormenores
64Cultura
A poucos quilómetros de Arraiolos,
Tiago Cabeça e Magda Ventura
trabalham, diariamente, para dar
corpo e alma ao projeto de uma
vida: a Aldeia da Terra, a aldeia mais
caricata de Portugal
Foto: iStockphoto
53 Educação
p
pormenor
take-away solidário
Chama-se Cozinha com Alma e apresenta-se
como um take-away solidário e aberto ao público
em geral, em que todo o lucro social é aplicado
numa bolsa social que vai apoiar famílias de
classe média/média baixa em graves dificuldades
económicas, selecionadas pela Comissão Social de
Instituto
da felicidade
professores e psicólogos, Helena
Marujo e Luís Miguel Neto são os
rostos mais visíveis ligados ao projeto
Instituto da Felicidade, que conta com
a parceria da Coca Cola. O objetivo
passa por divulgar conhecimento
sobre a felicidade, procurando
contribuir para a melhoria da
qualidade de vida dos portugueses,
algo conseguido com o boneco Feliz
Contente, que permitiu que a empresa
Burel, de Manteigas, mantivesse as
portas abertas.
alentejo
aos molhos
Todos os que têm a Região Alentejana
como seu local de eleição para férias
ou escapadelas têm motivos extra
para sorrir com a escolha.
O Turismo do Alentejo criou seis
vouchers de oferta (alojamento,
restaurante, animação, enoturismo,
parques temáticos e lojas
de artesanato/gourmet) que,
em conjunto com 360 parceiros,
proporcionam condições únicas
a todos os viajantes. Toda a
informação pode ser encontrada
no site www.visitalentejo.com.
6
cx
a re v i s ta d a c a i xa
Freguesia. A funcionar em Cascais, na Rua Eça de
Queiroz, n.o 379, funciona de segunda a sábado e
conta, além da equipa que assegura o projeto,
com um chefe residente e 12 chefes conhecidos,
que ajudarão a enriquecer um menu que quanto
mais vezes for comprado mais famílias carenciadas
irá beneficiar.
c a i x a d i r e c ta o n - l i n e
Ainda mais perto de si
O Caixadirecta on-line está diferente, ainda com mais
funcionalidades e possibilidades de personalização
Novas funcionalidades e uma nova
imagem fazem com que a utilização do
Caixadirecta on-line seja mais simples e
agradável. Além de escolher as contas a
que tem acesso, pode, agora, personalizar
a página inicial, selecionar atalhos de
acesso rápido às operações que utiliza
mais frequentemente e navegar, de forma
facilitada, com menus sempre visíveis.
Pode, ainda, contar com a presença
permanente do seu Gestor ou Assistente
Comercial em todas as páginas do
Caixadirecta on-line. Sempre que necessite,
envie uma mensagem segura ou solicite
o contacto para obter apoio na realização
de operações ou para qualquer questão
relacionada com o seu património.
Na área de Oportunidades, conheça
as propostas selecionadas especificamente
para si em cada momento. Caso fique
interessado, pode subscrever ou pedir
o contacto do seu Gestor ou Assistente
Comercial.
Para facilitar a utilização dos diversos canais,
o código de acesso de seis dígitos passa a ser
comum aos serviços telefone e mobile.
Navegue e redescubra o serviço Caixadirecta
on-line, que a Caixa desenvolveu para que
continue a gerir as suas contas de forma
fácil, cómoda, rápida e segura.
Marca de Confiança
A Marca Caixa Geral de Depósitos foi eleita, pela 12.a vez
consecutiva, Marca de Confiança em Portugal, no estudo
Marcas de Confiança. Realizado há, precisamente, 12 anos
(desde 2000), pelas Selecções do Reader’s Digest, a
iniciativa assenta numa sondagem efetuada junto de 11.625
assinantes da revista, sendo o processamento da informação
realizado externamente, pela consultora Wyman Dillon
(Bristol, UK).
Crise? qual crise?
a pergunta pode soar estranha, mas surge como
a resposta da Artlusa aos sucessivos apelos à criatividade
no combate à crise. Sendo a ideia poupar, esta empresa
portuguesa decidiu imortalizar frases antigas, relativas ao
dinheiro ou à falta dele, aplicando-as em porta-moedas feitos
em silicone e disponíveis em verde-alface, azul, vermelho,
rosa e preto.
O pecado da gula
A Saberes e Fazeres da Vila é uma empresa que nasceu com o
objetivo de revitalizar o valor das nossas riquezas tradicionais. Uma
das primeiras apostas é a Penhas Douradas Food, um novo conceito
de produtos gourmet em que é dado a conhecer o que de melhor há
na serra da Estrela.
Regresso às origens
véronique laranjo é filha de portugueses, açorianos mais
precisamente, que, no início dos anos 70, deixaram a ilha do Pico rumo
ao centro de França. Depois de vários anos em Londres e em Paris,
onde trabalhou para a Prada e para Marc Jacobs, regressou a Portugal
para abrir uma loja em nome próprio, em Lisboa: a bouti­que Véronique,
uma loja vintage, de luxo, no Chiado.
energia de portugal
Fotos: D.R.
Objetivo: empreender
O semanário expresso,
em conjunto com a Caixa Geral
de Depósitos, a EDP e a SAGE,
lançou a iniciativa Energia de
Portugal, uma ação que visa
demonstrar a importância da
criação de novos negócios e
desmistificar as dificuldades
inerentes ao processo de
lançamento de empresas. Este
não pretende ser um mero
concurso de ideias, antes uma
verdadeira fábrica de startups,
que vai preparar os 200
candidatos selecionados para
lançarem o seu projeto.
As dez equipas que chegarem
ao final têm garantida uma
audiência de investidores
dispostos a escutar a sua ideia
de negócio e, perante esta
oportunidade, a resposta não
se fez esperar.
Nos primeiros minutos da
iniciativa, lançada no dia 29 de
fevereiro, registaram-se dez
candidaturas, tendo bastado dez
dias para ultrapassar as mil.
Pode ficar a saber tudo em
http://expresso.sapo.pt/
energiaportugal.
Melhores PME do ano
a sede da caixa foi o local escolhido para a entrega
dos Prémios Exame às melhores PME de 2011, uma
iniciativa que decorreu a 27 de fevereiro e que teve a CGD
como parceira. A grande vencedora foi a Pegop, empresa
que assegura a manutenção de duas refinarias elétricas,
numa cerimónia onde foram premiadas empresas de 22
setores, tão diferentes como os da agroindústria, da celulose
e papel, da química, dos têxteis, e com localizações como
Braga, Portalegre, Bragança, Viana do Castelo, Lisboa, Porto,
Leiria e Aveiro. Recorde-se que os Prémios Exame
são atribuídos há 17 anos, sendo uma importante forma
de reconhecer o trabalho feito pelas PME do nosso País.
de olhos no céu
Já ouviu falar em astroturismo? Não? Então saiba
que a Reserva Dark Sky Alqueva foi reconhecida
como a primeira reserva do mundo a obter
a certificação Starlight Tourism Destination, atribuída
pela UNESCO e pela Organização Mundial de Turismo.
Para mais informações aceda a www.turismoalqueva.
pt/dark-sky.
cx
a re v i s ta d a c a i xa
7
p
pormenor
1
ofereça futuro
O kit PAPEXPERIENCE é uma
experiência de poupança com
a qual poderá presentear um
familiar, um amigo ou até a si
próprio. Saiba tudo sobre esta
proposta da CGD na página 55.
2
Menos papel, melhor serviço. Os Clientes da Caixa que
tenham aderido ao serviço Caixadirecta on-line (homebanking)
passam a receber um extrato digital relativo aos seus cartões
(crédito e/ou débito diferido), em substituição do tradicional
documento impresso. Uma medida que pretende proteger o
ambiente e que oferece um serviço mais rápido, cómodo, seguro,
ecológico e fácil de arquivar (disponível durante 24 meses).
3
pa rc e r i as
Vantagens para
Clientes da Caixa
Beneficie de pagamentos fracionados, sem juros,
nas Loja das Meias e Marc by Marc Jacobs
se é titular de um cartão de
crédito Caixa Classic(1), Caixa
Gold(2), Soma(3), Caixa Activa(4) ou
Caixa Woman(5), pode beneficiar do
fracionamento das suas compras na
rede de estabelecimentos da Loja das
Meias e da Marc by Marc Jacobs, sem
a cobrança de juros. Assim, no ato
da compra, pode fracionar o pagamento
das suas compras em dois, cinco ou oito
meses, sem juros, consoante o período a
decorrer, respetivamente, de promoções/
saldos, normal ou quinzenas de primavera,
verão, outono e Natal. Para aceder a esta
parceria, necessita apenas de efetuar, como
habitualmente, o pagamento das suas
compras com um dos cartões de crédito
referidos, nos terminais netcaixa da CGD,
disponíveis nos espaços Loja das Meias e
Marc by Marc Jacobs. Encontrará a Loja
das Meias na Rua Castilho, Amoreiras e
Cascais, enquanto a Marc by Marc Jacobs
está presente no Chiado e no Porto.
(1)
TAEG de 18,3%, para um montante
de 1500 euros, com reembolso a 12
meses, à TAN de 21,50%.
(2)
TAEG de 27,3%, para um montante
de 2500 euros, com reembolso a 12
meses, à TAN de 20,75%.
(3)
TAEG de 24,2%, para um montante
de 1500 euros, com reembolso a 12
meses, à TAN de 21,25%.
8
cx
a re v i s ta d a c a i xa
ideias
Para falar
orgulhosamente sobre
designers e arquitetos
portugueses que brilham
lá por fora.
1.
João Pedro Escaleira Amaral
e Manuela Dias Tamborino
são dois jovens arquitetos que
dão que falar ao ganharem o
concurso Renova SP, promovido
pela prefeitura de São Paulo
(Brasil), procurando soluções
para os bairros e favelas da
cidade. Em conjunto com outros
colegas do Master in Advanced
Studies (MAS), frequentado
em Zurique, João e Manuela
assinaram um projeto, assente
em materiais reciclados, que não
só permite diminuir os custos
como aproveitar muito do lixo
existente na cidade brasileira.
2.
O designer Pedro Gomes foi
galardoado com o Prémio
Faces of Design Award 2012, que
distingue os melhores designers
internacionais, de modo a criar a
ligação entre estes e as indústrias
ou clientes. Conheça o trabalho
em www.pedrogomesdesign.com.
3.
(4)
TAEG de 22,2%, para um montante
de 1500 euros, com reembolso a 12
meses, à TAN de 20,75%.
(5)
TAEG de 23,7%, para um montante
de 1500 euros, com reembolso a 12
meses, à TAN de 20,75%.
Sérgio Alves venceu o Graphis
Gold Award, na categoria
Poster Annual 2012. A Graphis
apresenta-se como um diário
internacional de comunicação
visual, recolhendo, ao longo do ano,
trabalhos enviados por designers
de todo o mundo.
Saiba mais sobre Sérgio Alves
em www.sergio-alves.com.
Laserleap brilha nos eua
A LaserLeap foi uma das duas vencedoras no Photonics West
2012. Aquele que é um dos maiores encontros científicos
do mundo na área da fotónica aplaudiu esta «seringa a laser»,
uma tecnologia desenvolvida na Universidade de Coimbra (UC)
que permite uma rápida e eficaz administração de fármacos
através da pele.
cook bomb
aliar o humor à gastronomia é o
grande objetivo das T-shirts Cook
Bomb, desenvolvidas por Romeu
Venda e pela HIG. São vendidas
dentro de tradicionais frascos de
vidro (daqueles onde cabe o feijão ou
o grão cozido) e querem conquistar
o mercado com frases como «I love
couratos» ou « O meu sonho era ser
crítico gastronómico, mas a minha mãe
mandou-me trabalhar». Encontra-as
no Facebook ou à venda na Kiss the
Cook, no Lx Factory.
O que vamos poder ver e ouvir nos festivais
rock in rio lisboa
25 de maio a 3 de junho,
Lisboa. Bruce Springsteen,
Metallica, Lenny Kravitz
ou Smashing Pumpkins
são alguns dos nomes
confirmados, ainda com
espaço para portugueses
como Expensive Soul, Xutos
e Pontapés, Rita Redshoes,
David Fonseca, Orelha Negra
ou Rui Veloso.
cooljazz fest
29 de junho, Oeiras. Um
nome confirmado, e que
nome: Sting, num concerto
onde revisitará a sua carreira.
super bock super rock
5 a 7 de julho, Herdade do
Cabeço da Flauta (Meco).
Ainda com muitos nomes
por anunciar para as noites
dançantes junto ao Meco,
merece atenção a presença
dos Incubus, dos Bat for
Lashes, de Regina Spektor e
dos The Horrors.
optimus alive
13 a 15 de julho, Passeio
Marítimo de Algés. Os
Radiohead são o grande
nome deste festival, mas
há outros motivos para não
faltar: The Cure, Florence
+ The Machine, The Stone
Roses ou Snow Patrol.
músicas do mundo
19 a 28 de julho, Sines.
Hugh Masekela, Béla Fleck,
Oumou Sangaré, Fatoumata
Diawara, Bombino e Jupiter
& Okwess Internationale são
os nomes já confirmados
neste festival, com cada vez
mais seguidores.
sudoeste tmn
1 a 5 de agosto, Zambujeira
do Mar. A possibilidade de
ver Eddie Vedder a solo é a
última grande confirmação
de um cartaz onde cabem,
também, Ben Harper, Fat
Freddy’s Drop ou The Ting
Tings.
urban scketcher
Fotos: D.R.
Volta ao mundo em 80 riscos
chama-se luís simões e
tem como grande objetivo
concretizar o sonho de conhecer
os cinco continentes e registar
essa viagem através de desenhos
(esboços, para sermos mais
precisos). Tudo anotado num
caderno, que se transforma
numa espécie de diário gráfico,
algo incontornável na cultura
dos urban sketchers.
Para correr atrás do seu
sonho, Luís Simões
despediu-se do
emprego como motion designer,
na SIC, e começou a contactar
outros desenhadores espalhados
pelo mundo. E será em casa
deles, numa tentativa de alargar
conhecimentos, que ficará
alojado durante esta aventura,
que pode ser acompanhada em
www.worldsketchingtour.com.
os brigadeiros
são o melhor remédio
No Porto, a cake designer Marta Queiroz dá que falar com os
seus brigadeiros gourmet. Nada mais, nada menos do que 24
sabores diferentes: negro, leite, branco, duo, crocante, coco,
menta, M&M’s, amêndoa, café, limão, noz, castanha, amêndoa
e cacau, vinho do Porto, frutos silvestres, pistácio, framboesa,
Baileys, ananás, cookies, rum, laranja e M&M’s escondido. Mas
as novidades não se ficam por aqui. É que estas verdadeiras
perdições são vendidas em caixas que recriam caixas de
medicamentos e que são apresentadas como SOS Alívio
Rápido. Não têm contraindicações e «podem causar sensações
de felicidade extrema». Delicie-se em www.martaqueiroz.com.
cx
a re v i s ta d a c a i xa
9
h
histórias de sucesso
josé Fernandes
Paixão pela vida
Não teme arriscar e o seu percurso tem sido pautado pela aposta
nos grandes desafios. Agarra, há dez anos, a administração da empresa nacional
Ach Brito com a mesma força que dirige o seu kitesurf, tempo suficiente
para lhe dar o merecido destaque
Por Luís Inácio (com Catarina Vilar) Fotografia Bruno Barbosa
Fazer sabonetes nunca esteve entre os seus objetivos de carreira, mas deixou
o mundo económico das empresas de seguros e deixou-se cativar por uma fórmula
centenária, arregaçando as mangas para a fazer renascer. Marcou a sua posição de tal forma
que até Oprah Winfrey usa e recomenda os produtos saídos da Ach Brito. Um exemplo de
como o passado pode ajudar a construir o futuro.
Cx: Estava no ramo das seguradoras quando
passou a ser administrador e diretor-geral da
Ach Brito. Como foi essa mudança?
José Fernandes: Vim a convite do Achilles
de Brito. Tinha 39 anos, uma carreira
promissora nas seguradoras e não fazia ideia
do que era trabalhar com sabonetes.
No dia em que entrei naquela que viria a ser
a minha futura sala, percebi que tinha de ficar
aqui, senti uma paixão imediata pela história
da empresa e não queria que ela morresse.
Cx: Como foi trocar a estabilidade por uma
empresa com problemas?
JF: Senti que havia vontade de recuperar
a empresa, apesar de o mercado não ser
favorável e não se viver o espírito revivalista
de hoje. Apesar de tudo, conseguimos
provar que a realidade pode ser alterada e as
verdades não são irredutíveis. Percorremos
um caminho que nos levou ao sucesso, nos
trouxe alguma estabilidade e fizemos um
trabalho que deu frutos. Vendemos, agora,
para mais de 50 mercados e devagar vamos
construindo a nossa rede de distribuição.
Tudo o que pode ser estratégico para a
empresa é discutido, algo fundamental
quando não há dinheiro para se encomendar
estudos ou apostar em publicidade.
Cx: Como foram os primeiros tempos?
JF: Foram um sufoco! Vim de uma
multinacional de serviços para uma
empresa pequena de produção industrial
semiartesanal. São realidades e dimensões
diferentes, além do facto de eu nem sequer
10
cx
a re v i s ta d a c a i xa
saber, na altura, como se fazia um sabonete.
Por isso, fui para a fábrica trabalhar muitas
vezes, num intercâmbio de tarefas que ainda
hoje promovemos.
Cx: Como surgiu a ideia de reposicionar a
Ach Brito e a Claus Porto?
JF: Desde cedo percebemos que o caminho
passava pelo reposicionamento das marcas.
Não podíamos concorrer com os maiores
do mundo nos mercados de massa, mas sim
ir para os outros, onde podemos ir buscar
valor acrescentado. Tínhamos de avançar
com uma marca diferente e posicionada no
topo, com um crescimento sustentado. No
fundo, apostamos na história da empresa e
bebemos nas nossas raízes, o que é um fator
posicionador e inimitável; fundamentamos
a marca na nossa genuinidade e assim nos
diferenciamos dos outros. Portugal não é
conhecido como produtor de sabonetes,
mas aqui fazem-se há mais de 100 anos.
A vontade de fazer coisas diferentes e que
vivam da autenticidade do passado foi um
caminho que nos motivou. A conclusão é
«conseguimos provar
que a realidade pode
ser alterada e as
verdades não são
irredutíveis»
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digital
Uma vida fantástica, onde tem
feito aquilo de que mais gosta.
Formado em Direito, José
Fernandes acredita que teria
mais competências para
ser juiz do que advogado.
No entanto, se escolhesse
hoje o seu rumo, acredita
que apostava na engenharia.
Aponta a honestidade, a
frontalidade e a paixão como
suas virtudes, «na dose
certa, esta última pode ser
uma positiva, até mesmo nos
negócios». Adora perder-se
pelo mundo a descobrir outras
culturas, mas não as troca
pela imensidão das planícies
alentejanas. Descanso à parte,
sente atração por tudo o que
é radical. «O último desporto
que aprendi foi o kitesurf, mas
gosto de mergulho, esqui
e adoro andar de moto todo-o-terreno e de bicicleta.»
Não se pense, por isso, que
só elege o ar livre, pois, na
verdade, opta pela sua casa
como local de convívio e, ali,
não prescinde de uma boa
conversa entre amigos.
Projetos pessoais
tem muitos, pois confessa
que, desde cedo, se apercebeu
de que a vida é boa e dura
pouco, «por isso, fui balizado
por aquilo que me dá gozo
fazer e pelo tempo, que é o
nosso bem mais escasso.
Tenho tido uma vida fantástica,
porque faço aquilo de que
gosto». Reconhece que,
profissionalmente, tem
sucesso e, pessoalmente,
é feliz. Continuar a ver as duas
filhas crescer, com bem-estar
e saúde, é a maior ambição
de um homem que mudou a
forma como olhamos para os
sabonetes.
positivo
apaixonado
activo
honesto
frontal
que, atualmente, somos comparados com
as grandes empresas, quando, na verdade,
temos uma estrutura muito pequena.
Cx: Esse foi o resultado da aposta na
tradição?
JF: É a materialização do sonho e do
trabalho de várias pessoas. As empresas
são feitas de pessoas, quanto muito, eu
influenciei algumas questões. Temos feito
muita coisa sem dinheiro, utilizando a massa
cinzenta e não a nota verde. Em dez anos,
nunca fizemos uma página de publicidade,
no entanto, somos falados. É uma forma
diferente de comunicar e que começa dentro
da própria empresa. Acreditamos tanto no
nosso produto que é ele o nosso porta-voz. E a verdade é que a nossa estratégia
funcionou, pois podemos dizer que estamos
economicamente confortáveis numa época
tão difícil.
há três anos, quando a adquirimos. Tem um
caminho longo para percorrer.
Cx: São considerados PME Excelência
e compraram a marca Confiança. Esta
aquisição foi importante no processo de
reposicionamento das vossas marcas?
JF: Ter a Confiança foi um processo muito
interessante. Não queríamos aniquilar um
concorrente, mas essa era a única empresa
da área que tinha de fazer parte do nosso
portefólio, que já tinha mais de 100 anos
de história, e podia dar-se ao luxo
de seguir uma estratégia semelhante
à nossa. Foi muito importante no nosso
reposicionamento e até já estamos a dar os
primeiros passos na sua internacionalização.
Apostamos muito nessa marca, que tem,
hoje, um mercado muito mais vasto do que
Cx: De que forma deve a Ach Brito desafiar
o futuro?
JF: Esse é o nosso lema: preservar o passado,
estimular o presente e desafiar o futuro.
Só desta forma as empresas como a nossa
podem triunfar. Só desafiando conseguimos
estimular as pessoas, desde os trabalhadores
aos compradores. E só assim conseguimos
mudar, em dez anos, para o lugar onde
estamos hoje. Temos de ter a habilidade e
a sapiência de mostrar ao consumidor que
este é o sabonete que lhe faz bem, aquele
de que gosta e precisa. É preciso conhecer
o comprador e dar-lhe o que ele gosta.
Perspetivar é perceber o que se pode fazer
no futuro para que o sabonete se perpetue.
cx
a re v i s ta d a c a i xa
11
t
talento
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Inês Correia
Na brisa da onda
Com o mar na cabeça e um sopro de talento debaixo dos
pés, não passa um dia sem dar à costa para surfar o «vício» que a sagrou
campeã mundial de kitewave. Um título a que o vento a levou, com apenas 18 anos
Por Ana Rita Lúcio Fotografia Gualter Fatia
O mar enrola na areia, quando o relógio se aventura a medo, pouco para lá das
nove horas da manhã. O silvo da nortada que tudo arrasta marca o tom da banda sonora de
um amanhecer invernoso (pouco) agasalhado pelo brilho do sol. E só assim podemos escutar
o que ele nos diz: que quem se atreve a cruzar a Praia da Rainha, na Costa de Caparica,
ainda a despertar do frio torpor matinal, é, afinal, uma velha conhecida. Habituada a tratar
o(s) oceano(s) por tu, Inês Correia sobrevoa o mundo na asa do kite que, em dezembro do
ano passado, aterrou no primeiro lugar do ranking mundial de kitesurf, na modalidade de
kitewave. Agora, enquanto se prepara para tentar a qualificação para os Jogos Olímpicos,
está de novo em casa. É que o vento pode mudar, mas ela volta sempre.
Costuma dizer-se que filho de peixe
sabe nadar. Para traçar o retrato a esta
watergirl – uma espécie de desportista
faz-tudo, demolhada em água salgada –, é
mais acertado, porém, dizer que filha de
aventureiro sabe voar, surfar e ganhar. Por
agora, a lista fica por aqui, mas é provável
que se continue a multiplicar, à medida
que Inês vai somando ambições, conquistas
e uma vontade enorme de correr, como
um rio, para o mar. A montante esteve o
desafio paterno para embarcar num desporto
arrojado, que a fez desaguar, aos 13 anos, na
corrente do kitesurf. Para quem, desde cedo,
aprendeu a conhecer a face e o reverso das
ondas, a modalidade que junta surf, windsurf,
parapente e wakeboard em cima de uma
prancha puxada por uma espécie de papagaio
gigante foi paixão à primeira surfada, logo
tornada «vício». A estreia marcada para Tróia,
com o pai, a mãe e a irmã na plateia dourada
do areal, foi pretexto para depressa a família
se deixar arrastar pela onda. O pai e a irmã,
de 12 anos, já se juntaram à «equipa» familiar
de kitesurf, que inclui Paulino Pereira, o
namorado que é campeão nacional de freestyle
e race. Já a mãe é porto seguro em terra, para
reconfortar o espírito e o estômago, depois
das investidas marítimas. «Deve ser por isso
que adoro comer», confessa a atleta, entre
um suspiro e uma gargalhada.
12
cx
a rev i s ta d a ca i xa
Apetite também não lhes falta para vogar o
País de lés-a-lés de autocaravana, literalmente
ao sabor do vento e das estações. O porto de
partida é sempre o Montijo, onde moram,
mas tanto podem dar à costa na Caparica – a
Nova Vaga é um dos destinos obrigatórios –,
onde «o [vento] nordeste entra no verão»,
no Guincho ou em Peniche, «sobretudo no
inverno, porque há menos dias de vento e,
quando há, pode estar offshore». E porque, se
o vento muda, mudam as vontades, podem
mesmo zarpar de casa às seis da manhã e
irem para Faro, «e no dia seguinte seguir para
Viana do Castelo», na senda de melhores ares.
Quando a sorte não está de feição e
as condições atmosféricas não sopram a
preceito, Inês aproveita a boleia do kite
para saltar fronteiras, rumo ao hemisfério
sul. A kitesurfer que ousou debutar no
circuito nacional em 2008, com 15 anos,
e aos 18 manobrou até abrir caminho
nas competições internacionais já
desembarcou no Brasil, no Peru, nas ilhas
Maurícias – «o melhor spot até agora» –
e, mais recentemente, em Cabo Verde.
Foi precisamente nas águas tépidas do
arquipélago da morabeza – onde teve lugar
a última das três etapas da prova – que
a portuguesa com sangue e sal na guelra
conquistou o campeonato do mundo na
Kite para todos
os voos
Nascido na confluência
de vários desportos, o
kitesurf desliza em quatro
modalidades distintas,
escolhidas ao sabor do vento.
Com o kite na mão e a prancha
- ou board - colada aos pés, os
riders - assim são apelidados
os que se aventuram nesta
modalidade – servem-se
do vento para sulcar o mar,
nunca ficando em terra.
Em competição, os atletas
dividem-se entre as vertentes
de freestyle, com manobras
combinadas em estilo livre;
race, com a corrida num
percurso a evocar as célebres
regatas de barcos; speed, em
que precisam de água lisa
para dar asas à velocidade, e
wave, para surfar as ondas à
boleia do kite. É só escolher. E
esperar que o vento sopre.
vertente de kitewave, na qual, tal como o
nome indica, o kite se casa com a prancha
para a levar a surfar as ondas. Porque não
gosta de «perder nem a feijões», partiu para
a ilha do Sal decidida a vencer: «Não fui com
esperança de me tornar campeã, tinha de ter
a certeza», remata. Com menos uma dezena
de anos que as principais adversárias – a
francesa Marie Gautron e a alemã Kristin
Boese –, a jovem rider passou por cima da
«desconfiança» com que foi olhada. Agora,
prepara-se para tentar o apuramento para os
Jogos Olímpicos, desta feita na modalidade
de race. E no horizonte já ameaçam as ondas,
com o início dos próximos campeonatos
nacional e mundial. Tirando isso, quando
não está «de molho», é vê-la a andar de
mota, a brincar com «a matilha» de cinco
cães… ou a fazer surf, paddle ou wakeboard.
Por mais voltas que dê, não há mesmo volta a
dar: é uma verdadeira cabeça de vento, com
os pés bem assentes no mar.
cx
a rev i s ta d a ca i xa
13
t
talento
cleia almeida
Vão continuar a
chamar-lhe revelação?
Desde cedo soube o que queria ser: atriz. Hoje, vê esse sonho
concretizado, destacando-se no cinema, teatro e televisão
Por Pedro Guilherme Lopes Fotografia João Cupertino
a aparência de miúda desmente os seus quase 30 anos, mas a forma como nos diz
«olá» vai totalmente ao encontro da imagem que fomos fazendo dela através dos seus
desempenhos profissionais: natural, direta, simples, sem ser simplista. Quase indo ao
encontro do realismo das personagens que interpreta e que lhe têm dado visibilidade.
A última foi Cláudia Filipa, em Sangue do
Meu Sangue, o melhor filme português de
2011 (Prémio da Crítica Internacional no
Festival de San Sebastian e o de Melhor
Filme no Festival de Pau, em França). «Foi,
provavelmente, a personagem que me
deu mais luta até hoje», diz Cleia. «Entrei
já eles estavam a trabalhar no guião há
bastante tempo, o que fez com que tivesse
que apanhar o comboio em andamento.»
Isso não impediu Cleia Almeida de se
integrar perfeitamente num filme onde os
atores mergulham de tal forma dentro das
personagens que quase nos esquecemos de
quem é quem.
Tudo fruto de uma forma quase ideal de
trabalhar, conta a atriz, que passou 15 dias
a trabalhar como caixa de supermercado
(chegando a decorar alguns dos códigos dos
produtos e tendo de dizer que era prima...
dela mesma) para se preparar. «Já em Noite
Escura, tinha estado numa casa de alterne»,
recorda. «Este tipo de aproximação é
fundamental para perceber a realidade que
queremos retratar. Tenho a certeza de que
os filmes eram melhores se existisse sempre
esta possibilidade. Depois? Depois, leio
o texto muitas vezes, procuro adaptá-lo a
mim e tento ao máximo que os realizadores
me expliquem o que é que esperam da
personagem.»
Uma alegria enorme
Esta possibilidade de interpretar personagens
que vivem em bairros, ambientes ou
cenários mais duros desperta-a para novas
14
cx
a rev i s ta d a ca i xa
realidades. «Com o tempo, acabamos por
nos envolvermos e nos interessarmos por
essas realidades. Eu sou de Coimbra e as
minhas ligações sempre foram muito dentro
do meio artístico. O conservatório, amigas
de Coimbra que vinham para Lisboa... E,
nesse sentido, os filmes são uma excelente
forma de perceber o que está à minha volta.»
Cleia levou pouco tempo a perceber
aquilo que queria ser. «Eu sempre quis
fazer isto e faço-o desde os 16 anos», diz.
«E, não, não tem nada a ver com os meus
«os filmes são uma
excelente forma de
perceber o que me
rodeia»
pais, que são médicos. A minha mãe ainda
andou a mostrar-me uns panfletos do curso
de Relações Internacionais, mas não valeu de
nada.» [Risos] Começou na escola, com um
grupo de amigos, ensaiando para as festas.
Passou por uma companhia amadora de
teatro, até que, aos 17 anos, deixou a cidade
dos estudantes rumo à capital, para estudar
no conservatório. «Começo, aos 30 anos, a
ter algumas pessoas que acreditam que eu
posso vir a ser boa atriz, que sentem que
eu posso fazer bem aquilo que me pedem.
Tenho o carinho de pessoas que me chamam
várias vezes para trabalhar e sinto carinho
por elas. Começo a sentir tudo isto e é uma
Print
de madrid
a moçambique
No intercâmbio está o ganho.
Cleia estudou em Madrid,
ao abrigo do programa
Erasmus. «Achava que era
fácil conhecer o Almodóvar!»,
diz no meio de risos. «Aprendi
a fazer teatro em espanhol,
conheci o teatro espanhol...
sinto que devia ter ficado
mais tempo. Estive lá seis
meses e a qualquer casting
onde ia era sempre vista
como ‘a portuguesa’. Senti
que temos de viver vários
anos num país para sermos
vistos como alguém capaz
de fazer qualquer papel.»
Entretanto, compreendeu
que não deseja um trabalho
fixo. Nem ser exclusiva de
uma televisão ou de uma
companhia. Quer conhecer
o mundo, conhecer o trabalho
que se faz lá fora e dar aulas
no estrangeiro. E é com
esse objetivo que prepara
a ida para Moçambique.
«Precisamos de estruturar
melhor o curso», diz.
«O intercâmbio entre nós e
os atores moçambicanos só
pode resultar em algo bom.»
alegria enorme, porque nunca quis fazer
outra coisa na vida.»
Década e meia a representar, num
percurso onde cabem títulos como Respirar
Debaixo de Água, Noite Escura, Águas Mil,
The Lovebirds ou Sangue do Meu Sangue, entre
muitos outros trabalhos em televisão e em
teatro. Curioso é que, apesar de um percurso
onde não faltam trabalhos, se vá repetindo a
ideia de que Cleia Almeida é uma revelação.
«Talvez deva pensar que essas pessoas não
prestam muita atenção ao meu trabalho.
Custa assim tanto perguntarem-me quantos
filmes é que eu já fiz ou há quanto tempo é
que trabalho nisto?»
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a rev i s ta d a ca i xa
15
d
design & arquitetura
at e l i e r v i a n a c a b r a l
De olhos bem
fechados
De Ponte de Lima para o mundo, as Dulcineias surgem
como mensageiras de uma nova forma de ser português,
sem preconceitos e com orgulho nas raízes locais
Por Pedro Guilherme Lopes Fotografia Bruno Barbosa
Braga. Capital Europeia da Juventude.
Estamos na Rua de Santa Margarida e, ainda
antes de conferirmos o número da porta, já
a explosão de cores que se tornou imagem
de marca das Dulcineias nos atrai o olhar
para a montra e nos dá a confirmação de
que estamos no local certo. Lá dentro, Vivian
Viana e Ricardo Cabral, mais conhecidos por
Atelier Viana Cabral, abrem-nos as portas do
seu pequeno local de trabalho criativo, um
pouco à imagem do que acontece por toda a
Europa. «Quando vamos a Londres, quando
vamos a Milão, vemos que é precisamente
o que os outros criativos fazem: têm o seu
pequeno ateliê, a sua pequena oficina»,
conta Vivian. «Não há outra solução que não
ser empreendedor. É verdade que quando,
mensalmente, o Estado nos reserva uma
surpresa que nos obriga a pagar algo, por vezes
pensamos que é mais simples ter um trabalho
das nove às cinco. Mas é importante lutarmos
pelo projeto em que acreditamos e não
desanimar. As escolas de design dão a entender
que há uma indústria altamente recetiva e que
há mercado de trabalho para todos, mas isso
é totalmente falso. Seria importante alertar
as pessoas para a necessidade de serem elas
a gerar o seu próprio sustento», acrescenta
Ricardo.
Arriscar é o melhor remédio
Ora isso foi, precisamente, o que fizeram.
Antigos alunos do curso de Design de Produto,
da Escola Superior de Tecnologia e Gestão,
do Instituto Politécnico de Viana do Castelo,
e estando ambos a trabalhar no mundo
do design, ela no mobiliário, ele no vidro,
resolveram apostar num projeto em nome
próprio, até por sentirem a necessidade de
criar a sua própria oportunidade numa região
16
cx
a re v i s ta d a c a i xa
onde as saídas não são assim tantas. E, de um
momento para o outro, as Dulcineias passaram
a viajar para todos os continentes, tornando-se
embaixatrizes de Portugal e de Ponte de Lima.
Foi, aliás, essa vontade de exportar um dos
motivos que levaram a que a pasta de papel, de
que eram feitas as Dulcineias originais, desse
lugar à cerâmica na construção destas bonecas.
«Tornava-se bastante complicado fazer viajar
as Dulcineias feitas em pasta de papel, pois era
complicado encontrar embalagens próprias
e o risco de se danificarem aumentava.
Além disso, as peças de pasta de papel
tornaram-se limitativas em termos de
sustentabilidade e a aposta na cerâmica
abre-nos novos caminhos criativos», explica
Vivian. Em negociações com o mercado
brasileiro, Vivian e Ricardo apostam no
mercado de língua portuguesa e o da diáspora
europeia, inserida nas nossas comunidades.
«Tivemos noção deste potencial quando
começámos a receber e-mails de emigrantes
que nos diziam que as peças lhes transmitiam
portugalidade», relembra o designer.
Começaram sem recursos, contando apenas
com a sua criatividade e com o medo da
cópia, até porque não tinham possibilidade
de investir em proteção legal. Perceberam
que a melhor arma de defesa para a cópia
é a divulgação, encontraram na Câmara de
Ponte de Lima um parceiro de excelência e
no programa Financia uma motivação extra
para arriscar. «Hoje, temos dores de barriga, é
verdade, mas são nossas», diz Vivian. Ricardo
concorda e sublinha que existem imensas
a dupla Vivian Viana e Ricardo
Cabral, os mentores do projeto
trabalho As Dulcineias
começam a ganhar forma no
papel; Vivian prepara uma nova
aposta do ateliê, virada para
a arte sacra (à esquerda)
protagonistas
As incontornáveis Dulcineias
(à direita)
O nome
Não deixa de ser curioso que peças que
tanto procuram transmitir esse sentir
português, nomeadamente da Região
do Minho, tenham sido batizadas como
Dulcineias. Vivian e Ricardo explicam que,
com o tempo, aperceberam-se de que o
nome era uma inegável arma de venda,
«pois entra facilmente no ouvido. A primeira
experiência que fizemos coincidiu com a
celebração dos 400 anos da primeira edição
do livro de Cervantes e o nome Dulcineia
agradou-nos desde logo. E, depois, tem todo
aquele lado poético ligado a Dom Quixote. As
Dulcineias estão sempre de olhos fechados,
precisamente para reforçarem esse aspeto
de serem sonhadoras. É, no fundo, um sonho
materializado».
autarquias do interior a precisarem de pessoas
com ideias e com projetos e que o surgimento
de espaços co-work permite reduzir bastante as
contas, um dos entraves a quem está a dar os
primeiro passos. «Arrisquem! O mínimo que
pode acontecer é não correr bem, mas temos
de contrariar esse sentimento tão português,
tão fado, de que vai correr mal», afirma em
tom de mensagem. «A sociedade não perdoa o
sucesso nem a falha, mas não podemos deixar
que isso nos impeça de apostar naquilo em que
acreditamos e naquilo que gostamos de fazer.»
E a verdade é que, hoje, a dupla Viana Cabral
faz aquilo de que gosta. Demoram cerca de
um mês a fazer nascer uma nova Dulcineia,
de olhos bem fechados e ar sonhador, tempo
para irem pensando noutros projetos, como
a aposta no azulejo, nos acessórios ou numa
nova visão da arte sacra, sempre com o
objetivo de mostrar que existe uma nova
forma de ser português, sem preconceitos
de espécie alguma e com orgulho nas raízes
locais (no caso deles, o destaque vai para
a iconografia minhota). «Este é o caminho
para mostrar um novo Portugal, um País com
credibilidade lá fora e cá dentro», defende
Ricardo. «Há um Portugal que passa pouco
nas notícias. Um Portugal positivo, um
Portugal de pequenas iniciativas,
e a quantidade de blogs existente mostra isso
mesmo. Há um novo Portugal a nascer, com
uma tremenda força criativa, diferente do
que se fazia até hoje, mas completamente
identificada com as raízes nacionais
e a alma deste País, e que acaba por passar
lá para fora.»
Print
Design inclusivo
O reconhecimento social de
cidadãos com deficiência
mental é um objetivo
incontornável.
Mudam-se os materiais,
mantém-se inalterada a
vontade. Se a base das
Dulcineias originais, feitas
em pasta de papel, era feita
pelos jovens da APPACDM
(Associação Portuguesa de
Pais, Parentes e Amigos do
Cidadão Deficiente Mental) de
Ponte de Lima, a mudança para
a cerâmica não alterou esta
vontade de praticar um design
inclusivo. «Queríamos manter
a vertente de responsabilidade
social nas nossas peças, daí
termos decidido reverter uma
percentagem das vendas para
a APPACDM», explica Vivian.
«As Dulcineias em papel não
deixarão de ser feitas (fazem-se, agora, por encomenda),
até porque são uma herança
material de um ícone das
romarias minhotas, que são os
gigantones e os cabeçudos. E
o facto de termos despertado
para o design inclusivo tem-nos levado a pensar em
projetos que possam ser feitos
por esse prisma, acima de
tudo para dar visibilidade a
instituições e um valor social
ao trabalho desses jovens
ou dessas pessoas. Temos
projetos na calha, como os
acessórios, que voltarão a ser
feitos com intervenção direta
deles», completa Ricardo.
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cx
a re v i s ta d a c a i xa
17
d
design & arquitetura
MIMA HOUSe
A MIMA casinha
É uma casa portuguesa muito engraçada, que tem teto, comodidade, luz,
estilo e tudo o que mais é preciso para lá viver. E todos podem entrar nela
porque é acessível, democrática e, acima de tudo, revolucionária
Por Ana Rita Lúcio Fotografia José Campos
É modesta, como na célebre canção que
Milu cantou no filme O Costa do Castelo e, mais
tarde, popularizada pelos Xutos e Pontapés.
Para a ter não é preciso esperar que caia
uma astronómica soma de dinheiro vinda do
céu. Porém, alegria não lhe falta, tal como o
espaço, para que se instalem as tendências
estéticas e funcionais da traça contemporânea.
É bom morar nela pelo conforto nunca
sacrificado, pela luz que é convidada a entrar
pelas fachadas envidraçadas adentro e pela
atitude camaleónica de um lugar que muda
com quem nele mora. Mas, sobretudo,
porque ela é tão democrática quanto o desejo
de deitar abaixo os entraves da arquitetura
tradicional, procurando levá-la a todos os
que querem casa. E que, agora, se podem
mimar com ela. O nome diz tudo. «Cem
por cento portuguesa», com certeza, pela
nacionalidade dos arquitetos Mário Sousa
18
cx
a re v i s ta d a c a i xa
e Marta Brandão, que esboçaram o sonho
e ergueram a realidade a partir do ateliê
em Viana do Castelo – o MIMA Architects
–, pelos fornecedores exclusivamente
nacionais e ainda pela fábrica responsável
pela produção, arrumada a norte. A vocação
internacional da MIMA House não se
esconde, portanto, dentro de quatro paredes.
Confirma-se, aliás, pelas encomendas
que chegam diariamente «às centenas,
vindas praticamente de todo o mundo»,
adiantam os autores do projeto, apesar da
possibilidade da exportação ainda estar presa
pela afinação de alguns detalhes.
Mas como se compreende, então, que se
mude do singular para o plural para falar
de uma casa – ou de um modelo para várias
casas prefabricadas, melhor dizendo –,
quando, normalmente, se pensa no espaço
onde se vive como algo único, exclusivo
e irreplicável, desenhado ao gosto e à
exata medida dos seus habitantes? É fácil,
respondem Mário e Marta. «Queríamos criar
um produto para massas, rápido, simples,
acessível e com qualidade arquitetónica
e concetual.» E assim construíram uma
morada que se compra segundo um molde e
uma lógica de produção padronizada, como
uma peça de roupa, um par de sapatos,
uma peça de mobiliário ou um carro. De
resto, não é por acaso que demora um mês a
estar pronta e está disponível a partir de um
preço-base de 43.700 euros, «o mesmo que
um Audi familiar», sublinham.
Democracia dentro de portas
Os primeiros esquissos começaram a
esboçar-se há cinco anos, quando o casal de
arquitetos ainda não deixara a faculdade,
ganhando forma na «vontade idílica de
democratizar a arquitetura», mantendo
a mima está povoada
de calhas metálicas
que permitem colocar
ou retirar paredes
Print
POR AMOR À
ARQUITETURA
Unidos pela profissão
que os acolhe a todas
as horas, Mário Sousa e
Marta Brandão querem
transformar o mundo,
sem sair de casa.
a qualidade e a hipótese de cada cliente
imprimir nela a sua marca pessoal. A
inspiração, imagine-se, veio da simplicidade
e versatilidade da tradicional casa japonesa
e de uma maçã que se tornou sinónimo de
uniformização com estilo. «À semelhança da
estratégia da Apple», explicam, que agrada
a miúdos e graúdos, seja qual for a cultura,
partiram em busca das qualidades genéricas
das casas atuais, «sintetizando-as num objeto
com uma imagem universalmente aceite».
E se, ao mostrar a MIMA House ao mundo,
recearam que a classe dos arquitetos lhes
franzisse o sobrolho, logo acabaram por
vê-la sorrir-lhes, como comprova o título
de Edifício do Ano 2011 atribuído pelo
reputado site de arquitetura ArchDaily.
Para que o processo de democratização
em curso não ficasse pelos alicerces,
faltava outra trave mestra: Miguel Matos, o
engenheiro informático que deu corpo ao
«arquiteto virtual» que leva os interessados
a dar um passeio igualmente virtual pela
habitação. Além de abrir as portas da casa
na Internet, este sistema serve, ainda, de
base para que os potenciais moradores
possam intervir na composição das divisões
e na escolha dos acabamentos. Assim é,
porque prefabricada na estrutura, mas
pós-modificada na abertura à personalização
de determinados elementos, esta casa dos
tempos modernos foi projetada com a
intenção de «se adaptar e mudar com os seus
habitantes». É por isso que, seja na versão
estúdio, com 18 metros quadrados, ou loft,
com o dobro da área, a MIMA está povoada
de calhas metálicas, que permitem colocar
ou retirar paredes amovíveis, somando ou
subtraindo divisões, e dar mais vida às
janelas ou paredes com painéis
customizados. Afinal, já diz a
sabedoria popular, «cada um é
senhor em sua casa». E a MIMA
não é exceção.
Namorados desde
a faculdade, Mário
e Marta, 27 e 26 anos,
respetivamente, partilham
a paixão pelo ofício que vai
além «da obrigatoriedade
profissional» e lhes entra
sem pedir licença no
tempo de lazer.
Quando poderiam estar
a descansar ou a ver um
filme, é costume estarem
a esquissar ou mesmo a
projetar, entregando-se à
«liberdade incrível» que lhes
sacia o gosto pela imagem e
expressão plástica. Apesar
serem ambos de Viana do
Castelo, onde está o ateliê da
MIMA, por agora, é a Suíça
que os acolhe. Enquanto
Marta trabalha, em Basileia,
com os prémio Pritzker
Jacques Herzog e Pierre
de Meuron, Mário fá-lo em
Lausanne, no ateliê RichterDahl Rocha & Associés. A
meio caminho, encontramse na e pela arquitetura,
«o processo mágico que
transforma o mundo em que
vivemos».
cx
a re v i s ta d a c a i xa
19
a
automóveis
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Novos voos
O eterno «carocha» da Volkswagen evoluiu.
Cresceu, tem linhas mais desportivas e integra novas tecnologias
Por Luís Inácio
Está diferente, o Beetle. A forma oval,
característica essencial do modelo revivalista
lançado pela Volkswagen em 1993, foi,
decididamente, posta de parte, a favor de uma
silhueta desportiva, que remete mais para o
modelo clássico original. Mas, além do design – um
verdadeiro case study pela forma como consegue
despertar tanta atenção à sua passagem –, o Beetle
evoluiu muito ao nível da condução, sobretudo
no que toca à estabilidade.
A revisão das proporções (a nova geração é
mais larga e mais comprida) permitiu aumentar
o espaço no interior. A capacidade da babageira,
por exemplo, ascende agora a 310 litros. Mas é
nos lugares traseiros que mais se sente a evolução,
sobretudo na altura. O Michael Jordan continuará a
bater com a cabeça no vidro traseiro, mas a maioria
dos adultos já não terá tanta razão de queixa, ao
contrário do Beetle anterior. No que diz respeito à
20
cx
a rev i s ta d a ca i xa
montagem e à qualidade dos materiais utilizados
no interior, também se regista um upgrade, pese
embora se continuem a adotar plásticos com um
toque mais rígido. Quem conhece a anterior geração
não vai encontrar nesta o pequeno – mas marcante
– canteiro para pôr uma flor. Um elemento que
bebeu inspiração no flower power dos anos 60, mas
considerado agora demasiado feminino, sobretudo
se tivermos em conta que este novo Beetle
quer conquistar mais clientes junto do público
masculino.
Com uma interessante lista de equipamento,
onde não falta, mesmo na versão base, um volante
multifunções em couro, ar condicionado e um
excelente sistema de som com oito colunas, o
novo Beetle é proposto em quatro motores – três
a gasolina e um turbodiesel – e três níveis de
equipamento: Beetle, Design e Sport. Um clássico
revisitado. Sempre moderno e sempre na moda.
TAEG de 11,9%,
calculada com base numa
TAN de 9,722 (Euribor 3M +
8,50%), em fevereiro
de 2012, para um crédito
de 30 mil euros, com
reembolso a 60 meses
e garantia de fiança.
Exemplo para operação
com finalidade de
financiamento
de automóvel novo
e Cliente com 30 anos
com cartão de débito
ou débito diferido, cartão
de crédito, domiciliação
de rendimentos, serviço
Caixadirecta e seguros
de vida e automóvel no
Grupo (contratados
na Rede da Caixa).
Prestação mensal
644,54 euros. Montante
total imputado ao
consumidor: 39.142,99
euros.
(1)
Fotos: D. R.
beetle
g
gourmet
A papa
da nação
Para provar Guimarães.
T h e Y e at m a n
e Feitoria
O gosto
das estrelas
Das estrelas, diz-se que são corpos celestes
fixos, que emanam luz própria, pronta
a alumiar outros que a não tenham. No
firmamento da gastronomia, porém, os astros
mais fulgurantes resplandecem, sobretudo, não
à vista de quem em torno deles gravita mas
ao paladar, como nota a sabedoria popular,
os olhos também comem. Eleitos, no final do
ano passado, como restaurantes que, em 2012,
passaram a fazer parte do exclusivo lote que
ostenta uma tão ambicionada estrela atribuída
pelo Guia Michelin, o The Yeatman, a norte,
e o Feitoria, a sul, brilham mais forte no palato
de quem com eles se senta à mesa.
Temperado pela tradição vinícola que
durante séculos se precipitou no Douro, até
desaguar nas caves do Vinho do Porto, o The
Yeatman combina a melhor casta da cozinha
regional recriada ao sabor da criatividade do
chefe Ricardo Costa – que repete o «Óscar»
gastronómico conquistado pela primeira vez
aos comandos do Largo do Paço, na Casa
da Calçada, em Amarante – com a melhor
carta de vinhos do País. Acolhido pelo hotel
que lhe dá nome, prepare-se para embarcar
numa jornada báquica com paragens em
mais de 60 parceiros vínicos que batizam os
The Yeatman
Morada
Rua do Choupelo, Vila Nova de Gaia
Telefone
220 133 100
Horário
Das 12h30 às 15 horas e das 19h30 às 23 horas
Preço médio
€ 50
quartos da unidade hoteleira e dão néctar às
25 mil garrafas que regam a garrafeira e a mais
completa coleção de vinhos portugueses, com
mais de um milhar de referências.
Desta feita, com o testemunho não já do Douro,
mas do estuário do Tejo, o Feitoria ­– ancorado
no não menos luxuoso Altis Belém Hotel & Spa
– tem ao leme outro repetente no rol das estrelas
Michelin, o chefe José Cordeiro, consagrado na
mesma casa amarantina. Lá, onde os paladares
portugueses partem para se encontrarem os
paladares do mundo, a viagem faz-se a bordo
dos menus executivos, de degustação ou criativo
de cozinha de autor. Mostrando, assim, que as
estrelas não só emitem luz, como podem ter
(bom) gosto. ARL
Uma das mais fartas
mesas vimaranenses
tem a História por
vizinha, numa casa que
desafia a tradição. Se, em
Guimarães, se ergueu
o berço da Nação, o
sofisticado restaurante
que afirma o seu lugar
junto ao castelo conquista
terreno para uma «nova
cozinha portuguesa». A
revolução do PapaBoa é
liderada pela chefe Isabel
Vitorino, que polvilha a
matriz regional dos pratos
com as mais recentes
técnicas. Daí que se assista
e se prove um desfile de
pratos no qual a nobreza
da cozinha nacional é
representada pela perdiz
desossada com castanha
e licor de chocolate, pelos
filetes de porco preto
recheados de pasta de
mostarda e gambas, pelas
lulinhas recheadas com
vieira acompanhadas de
risotto de marisco ou por
um crocante de morango.
Tudo servido ao som de
jazz, ao sábado à noite,
porque tanto a papa como
a música se quer boa.
Morada
Altis Belém Hotel & Spa, Doca do Bom Sucesso, Lisboa
Telefone
210 400 200
Horário
Das 12h30 às 15h00 e das 19h30 às 23h00. Encerra aos
domingos e segundas-feiras
Preço médio
€ 50
22
cx
a rev i s ta d a ca i xa
PapaBoa
Morada
Rua Capitão Alfredo
Guimarães, 412, Guimarães
Telefone
253 415 872
Horário
Das 12h30 às 15 horas e das
19h30 às 23 horas. Encerra
aos domingos
Preço médio
€ 25
Fotos: D.R.
Feitoria
c
culto
the one sport
Desporto a pensar no verão
Um frasco transparente, puro,
guarda uma fragrância masculina
que celebra os valores do
desporto e da vida. Rosmaninho,
madeira de sequóia, cardamomo,
patchouli e almíscar estão juntos
no novo e fresco The One Sport,
de Dolce & Gabanna. Pensado
para os enérgicos dias de verão.
capture xp
Não dorme sobre as rugas
A linha Capture XP, da Dior, inova,
atuando durante a noite para corrigir
os sinais da idade. O complexo
Hyalu-stem, com extrato de galanga
e o derivado de vitamina E TP Vityl,
é o segredo de um sérum que é um
concentrado de ingredientes ativos,
tendo como objetivo principal a
correção das rugas em profundidade,
para repulpar as zonas mais
marcadas do rosto.
Offseat
Linhas italianas
malìparmi
Inspiração étnica
Sentido prático numa mala em pele, para usar
na mão ou ao ombro, da nova coleção de verão
da italiana Malìparmi. Se é Cliente CGD, usufrua
de vantagens exclusivas na Loja das Meias
e Marc by Marc Jacobs. Saiba na página 8 ou
em www.cgd.pt quais os cartões associados
a esta parceria.
Criação da dupla Lorenzo Bozzoli e Massimo
Giacon para uma peça da spHaus com nome
inspirado no processo que o programa de
design utiliza para chegar ao característico
estofo. A linha Offseat compreende três
elementos: uma poltrona, um sofá de dois
lugares e um sofá de três lugares com
enchimento em espuma de poliuretano
e pernas em aço tubular e cromado.
Os Clientes titulares de cartões CGD têm
15% de desconto na aquisição em
www.loja.inexistencia.com, apresentando
o código «740181102». Não acumulável com
outras promoções.
EBike
Ser Smart
Já tínhamos falado desta bicicleta elétrica na
Cx n.º 3. Na altura ainda protótipo, a produção
em série da Smart ebike foi, entretanto,
confirmada e esta será apresentada na
Europa durante o 1.º semestre deste ano. A
estética da ebike é muito semelhante à do
concept e está equipada com um propulsor
elétrico de 250 watts que, dependendo da
utilização, pode atingir uma autonomia de 100
km. O carregamento pode ser feito através
da energia gerada pelo próprio utilizador ou
diretamente na tomada de corrente elétrica.
Usufrua das vantagens que o cartão de crédito Caixa Gold(1) proporciona. Além de poder aderir à função de arredondamento e poupar sempre que
o utiliza em compras, este cartão tem associado um programa de pontos para obtenção de descontos nas agências de viagens da Tagus, benefícios em vários
parceiros e um completo pacote de seguros. Saiba mais em www.cgd.pt.
(1)
TAEG de 27,3%, para um montante de 2500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 20,75%.
cx
a re v i s ta d a c a i xa
23
p
prazeres
b o l o de l a r an j a
c o m m o r an g o s
a delícia de...
Aroma a primavera
Leonor de
Sousa Bastos
Fruto da estação
Quantas vezes não
conseguimos resistir ao
aspeto magnífico de uma
caixa de morangos e,
quando chegamos a casa,
parte deles são verdes ou
insípidos? E quando, sem
darmos conta, aqueles que
tínhamos comprado já estão
demasiado maduros?... Porque
os temos em abundância
ou, simplesmente, porque
adoramos morangos, esta é
uma receita perfeita para um
dia de primavera.
Para 6 pessoas
> 180 g de farinha de trigo
> 1 colher de chá de
fermento químico
> 120 g de açúcar
amarelo
> 125 g de manteiga,
cortada em pequenos
cubos
> 2 colheres de chá de
raspa fina de laranja
> 125 ml de sumo de
laranja
> 1 ovo
> 200 g de morangos
frescos
> 30 g de açúcar amarelo
para polvilhar
Pré-aquecer o forno a 180ºC.
Lavar bem os morangos, retirar os pés e cortar longitudinalmente.
Reservar.
Untar uma forma refratária com manteiga e polvilhar ligeiramente
com farinha.
Numa taça, misturar a farinha, o fermento, a raspa de laranja e o açúcar
amarelo.
Juntar a manteiga e trabalhar com a ponta dos dedos até obter uma massa
granulosa.
Noutro recipiente, misturar o sumo de laranja com o ovo ligeiramente
batido.
Verter os líquidos sobre os sólidos e misturar apenas até ficar homogéneo.
Verter a massa na forma, colocar os morangos sobre a massa e pressionar
ligeiramente.
Polvilhar a superfície com o açúcar amarelo.
Cozer cerca de 30 a 45 minutos ou até que um palito inserido no centro
saia limpo.
Retirar do forno e deixar arrefecer sobre uma grade de pastelaria.
Servir morno ou frio.
Nota: Se a parte de cima do bolo começar a tostar e o interior permanecer
mal cozido, tapar com uma folha de papel de alumínio (a parte brilhante
para dentro) até terminar a cozedura.
Devia sentir-me envergonhada por pegar na melhor fruta da época para a cozinhar, mas
confesso que adoro o xarope que se forma em volta dos morangos assados, a massa densa
de um intenso sabor a laranja e a fina crosta de açúcar à superfície... O aroma ao sair do forno
é completamente inebriante...
24
cx
a re v i s ta d a c a i xa
Julian
Reynolds 2006
Estrutura e elegância
de um grande parceiro
de caça.
As vinhas da Herdade
de Cima ficam perto de
Arronches, na fronteira do
Alentejo com Espanha.
Colhidas das castas
Alicante Bouchet,
Trincadeira, Aragonez e
Syrah, as uvas deste vinho
fermentaram em balseiros
de carvalho francês com
temperatura controlada e
uma parte do lote estagiou,
depois, em barricas de
carvalho francês durante
12 meses, mais outro
tanto em garrafa. No nariz,
apresenta um aroma
intenso e complexo, com
notas balsâmicas e de
fruta madura vermelha,
ameixa, alperce seco, bolos
de canela e baunilha. Na
boca, mostra taninos finos,
bem integrados, e um
conjunto elegante, onde
se salientam as notas
de alperce e de passa de
uva. Deve ser servido a
uma temperatura de 16ºC
a 18ºC, na companhia de
carnes vermelhas ou
peixe no forno. É excelente
parceiro de pratos de caça,
sejam aves, como faisão
ou perdiz, ou javali.
José Miguel Dentinho
Notas que
misturam
fruta madura
vermelha,
ameixa, alperce
seco, bolos
de canela e
baunilha
e
entrevista
e d ua r d o lo u r e n ço
«O tempo verdadeiro
é o futuro»
Prémio Pessoa 2011 e um dos nossos mais brilhantes
intelectuais, o ensaísta Eduardo Lourenço confessa-se
um europeísta desencantado face à atual situação do País e da Europa.
Mas sabe que é olhando para o futuro que se muda o presente
Por João Paulo Batalha Fotografia João Cupertino
26
cx
a re v i s ta d a c a i xa
cx
a re v i s ta d a c a i xa
27
e
entrevista
Cx: Como vê a situação atual do País? Portugal vive, além desta
crise económica, uma crise de identidade?
Eduardo Lourenço: A situação do País vem em todas as páginas
dos jornais e é objeto de glosa dos media e do cidadão comum.
Nós temos o sentimento, sobretudo pela maneira súbita como isto
se produziu, de que entrámos numa fase que não estava prevista
no nosso calendário mental, na nossa perspetiva. Seja como for,
estamos confrontados com ela. Por outro lado, não somos os únicos.
Neste momento, o que as pessoas temem é que Portugal possa
passar desta crise ainda relativamente suportável para uma crise
mais profunda e com efeitos mais devastadores. É o caso da Grécia,
naturalmente. Depois de pensarmos que éramos europeus «à part
entière», como dizem os franceses, a tempo completo, teme-se que,
de repente, passemos a ser um dos homens doentes da Europa,
como se dizia antigamente de outras nações que não funcionavam
segundo o modelo dominante e, sobretudo, mais influente.
Cx: Isso está a provocar um debate sobre o nosso lugar no mundo
enquanto país?
E. L.: Nós temos uma grande dificuldade em nos compararmos
com os outros, a não ser de uma maneira quase onírica, ou fazendo
deles nações ou culturas mais dinâmicas do que a nossa, mais
modelares, economias mais fortes. Porque Portugal, não sendo
«A nossa história lida
como uma espécie de fuga
para a frente contínua»
uma ilha, pensou-se sempre um pouco como uma ilha. Sobretudo
quando perdeu a Europa e escolheu partir para outro sítio. Essa
partida não foi uma coisa de aventureiros, como os que nos tempos
modernos vencem os Himalaias ou o Pólo Norte. O meu amigo Joel
Serrão, que foi um grande ensaísta e historiador, dizia que a nossa
famosa gesta imperial, colonizadora e navegadora é uma espécie
de subproduto de outro fenómeno básico, que é a nossa pobreza,
aquilo que nos obrigava a emigrar. A História de Portugal podia
ser colocada quase sob o ponto de vista da emigração. Um País
que aparentemente não era muito viável desde o princípio. E essa
coisa da não viabilidade, do pequeno País que num certo momento
emerge e se impõe como um símbolo, um reino, foi sempre visto
como um certo milagre na ordem histórica. Como se fosse um país
que nasceu sob uma proteção especial da Providência. E isso deixa
os portugueses descansados, porque nós estamos nas mãos de
Deus. A nossa história lida como uma espécie de fuga para a frente
contínua, sempre uns milagres atrás dos outros.
justa distinção Eduardo Lourenço, uma das
figuras mais destacadas da cultura portuguesa
do nosso tempo, recebeu, aos 88 anos,
o Prémio Pessoa
28
cx
a re v i s ta d a c a i xa
Cx: Essa mitologia ajuda a reforçar a ideia que existe em Portugal,
e não só em Portugal, de que estamos a viver uma situação que não
está inteiramente no nosso controlo?
EL: Agora está menos, porque antes tínhamos espaços nossos,
que tinham sido feitos com o nosso esforço. A verdade é que até
ao fim do nosso império (um império um pouco particular), até
1974, tivemos sempre sítios para onde ir. É a primeira vez que
não temos. Toda essa fuga para a frente agora foi uma fuga para a
retaguarda, uma retaguarda-vanguarda para nós, que são as nações
europeias, que davam o tom na ordem guerreira, na organização,
no savoir-faire. Sempre tivemos um grande complexo em relação
a esta Europa, que é a Europa que agora nos fala de cima, de
uma maneira natural para eles, mas para nós escandalosa, porque
Portugal é um pequeno país, mas tem uma grande História. Eu
sou muito europeísta, mais desencantado agora do que já fui. A
nossa esperança é, apesar de tudo, este sonho europeu, esta Europa
hoje dividida entre ela, com países que continuam nas mesmas
competições culturais e económicas entre si.
Cx: É possível construir um futuro a partir da identidade histórica da
Europa?
EL: Sim, claro! Vou dar-lhe um exemplo que vai parecer cómico. Fui
a Nashville fazer um colóquio sobre Pessoa. Nashville é conhecida
pelas Bíblias, é um grande produto comercial de exportação. Eles
não têm lá nada de especial para ver. Então, simpaticamente,
disseram-me que tinham uma coisa que era interessante, e lá foram
mostrar-me aquilo: têm um Pártenon, com as mesmas dimensões,
em cimento. Para um europeu aquilo não lembra ao Diabo! É mesmo
à americano! Depois fiquei a meditar naquilo. É uma coisa um pouco
infantil, é uma homenagem, por um lado, como fazem em Las Vegas,
em que têm lá os mundos todos. Mas, se o Pártenon real desaparecer,
nós só temos aquilo, em cimento! Isto para dizer que ainda há 50
anos um grande historiador dessa escola francesa, Lefèvre, dizia
que a nossa civilização – a francesa, a alemã – é uma civilização
de historiadores. Historiadores da nossa própria história e, ao
mesmo tempo, os que escreviam a história universal pelos outros. O
primeiro que sugeriu esta ideia de que o excesso de história podia
ser uma doença foi Nietzsche. Porque a história é, ao mesmo tempo,
um culto da morte.
cx
a re v i s ta d a c a i xa
29
e
entrevista
E Nietzsche queria falar do que estava vivo e não fazer um recital,
um discurso sobre aquilo que é glorioso, mas morto.
Cx: Portugal, em particular, vive muito esse culto do passado?
EL: Portugal não vive tanto como outros, mas vive-o sem discurso,
o que é pior. Em França, atualizam esse culto, e é outra maneira de
viver. Nós prendemo-nos aos mitos. A memória só tem função se ela
reificar o presente. O que Nietzsche dizia era que importa ter uma
ideia do tempo numa espécie de eterno retorno, quer dizer, que o
presente seja a coisa que importa. Nós estamos sempre confrontados
com o presente. E mais, o tempo verdadeiro para a humanidade
é um projeto, é o futuro. O tempo verdadeiro é o futuro. Não ter
futuro é como, na ordem psicológica, não ter esperança. Ora, neste
momento, uma das nossas angústias é que temos esta história,
temos este passado no qual nos podemos refugiar, mas temos de
estar no presente. A concorrência faz-se no presente. E nós temos
medo de que não sejamos capazes de acompanhar o presente dos
outros, sobretudo o presente europeu. Ora, nós acompanhamo-lo!
Sempre o acompanhámos. E tem havido até uma recuperação nesse
capítulo. Hoje, uma parte das elites portuguesas ou fizeram bons
«em portugal, temos tendência
para o 8 ou o 80, passamos das
euforias para a desgraça»
estudos aqui ou foram para as grandes escolas lá fora, inglesas,
americanas, etc. A verdade é que há uma elite portuguesa, portanto,
Portugal não é o Burúndi. Temos tendência para o 8 ou o 80, em
Portugal, passamos das euforias para a desgraça. Essa cantiga tinha
desaparecido um pouco do nosso discurso habitual, tinha acabado.
Voltou rapidamente.
Cx: Que opções é que Portugal tem? Tem-se voltado a falar da
vocação marítima de Portugal. Temos mesmo uma vocação
marítima?
EL: Essa vocação marítima é outro dos mitos. Efetivamente, ainda
temos muitos espaços marítimos que podem ser aproveitados
do ponto de vista económico. As pescas, por um lado, e muitas
riquezas no fundo marítimo que podem ser exploradas. Depois da
revolução de abril, apareceu, julgo que no Diário de Notícias, um
mapa a dizer que Portugal perdeu terras mas tem água. Era um
mapa da água que a gente tinha à volta dos Açores e da Madeira. Era
uma coisa patética, mas muito típica dos portugueses: a gente tem
de se refugiar em qualquer coisa. Mas, objetivamente, é verdade. Eu
sei que se justifica um aproveitamento económico potencial dessas
riquezas que estão no mar, à nossa volta. Temos nós capacidade
para isso? Não sei, não conheço essa área. Na verdade, o nosso
maior sofrimento, neste momento, é esse. Os atuais níveis de vida
são conquistas de uma civilização que apostou na ciência e que
30
cx
a re v i s ta d a c a i xa
modificou verdadeiramente os dados naturais com que contava para
explorar e transformar a matéria. Nós realmente entrámos muito
tarde nessa corrida. O nosso problema continua a ser o eterno
problema que era já apontado pelo ensaísta António Sérgio, que era
a ciência. Esta cruzada foi retomada pelo meu amigo Mariano Gago
e alguns frutos tem dado a recuperar esse atraso. Simplesmente,
estes atrasos são terríveis, não se vencem de um dia para o outro.
Cx: Mesmo nesta Europa em crise, a mobilidade das gerações mais
novas, que têm a capacidade de estudar e trabalhar lá fora, é um
potencial de valor para o País?
EL: Em parte, sim, se eles regressarem! O problema é que, nos sítios
onde lhes for oferecido trabalho, eles não têm interesse nenhum em
regressar. Alguns regressam, felizmente para nós, mas, em Portugal,
não se pensa que as pessoas que fazem estudos depois devem algo
ao País que lhes paga essa formação – que era o que acontecia no
século XVI, quando o D. João III mandava estudiosos para Paris,
para depois voltarem cá para Portugal. Nós aí perdemos um pouco
o comboio, mas nunca totalmente, não tanto como se diz. Mas
foi no século XIX que aconteceu muita coisa nova. De repente, a
aceleração foi brutal. De repente, esses ritmos também mudavam.
Antigamente, podia-se governar com três ou quatro cabeças. Mas
depois formaram-se centros científicos, que são o que explica a
superioridade da Europa em relação ao resto do mundo. E hoje
é a mesma coisa, simplesmente esses centros já não estão todos
na Europa. Felizmente, estão na América, estão na Índia. Essa é
a globalização. A boa globalização. E nós também usufruímos,
naturalmente, dessa globalização. Temos gente muito boa.
Cx: Começamos a ver algumas empresas, até por causa da crise
na Europa, a voltarem a procurar os mercados de língua portuguesa.
Há um caráter atlântico que pode ser recuperado na nossa
identidade?
EL: Mas é a mesma coisa, é fugir para o nosso passado de outra
maneira! Mas com razão, com razão. Se não fossem razões de ordem
ideológica, provavelmente metade deste País já estava em Angola
outra vez. As colonizações, mesmo as explorações, sempre deixam
rastos, mais positivos ou mais negativos, mas deixam sempre rastos.
E neste caso, de facto, não há dúvida nenhuma de que há uma
espécie de familiaridade nesta cultura que é nossa, talvez por não
ser tão elitista na sua essência. São espaços de refúgio, efetivamente,
mas sempre esses. O Brasil não precisa de nós, nós é que precisamos
deles. Angola já precisou e ainda precisará, mas eles é que são os
senhores do que precisam, não somos nós. Agora não temos mais
colónias, não temos mais Áfricas nem Índias. Agora é a Europa.
Somos um país europeu e temos de nos comportar como europeus.
O nosso destino, agora, é estar solidário com a Europa e não há que
sair daqui. Não há alternativa.
Cx: Quando pensa no futuro e nas nossas principais qualidades
e características, pensa quais são as principais potencialidades que o
País pode desenvolver?
EL: É preciso não ter a idolatria do identitário. Eu passo
por ser uma das pessoas que introduziram essa temática da
«precisamos de tudo menos
desta espécie de denegrimento
de nós próprios»
identidade, mas na verdade ou me exprimi mal ou uma certa
ironia não funciona neste País. A verdade é que, quando eu falo
da hiperidentidade portuguesa, é uma crítica. Quer dizer, é um
comportamento compensatório que os portugueses têm. É preciso
não confundir duas coisas: uma, é o natural amor das gentes aos
territórios de emoção, à Pátria que os fez. Outra, é pensar que são
a nata da nata e que os outros não prestam, por ignorância total.
Mas também é a mesma coisa para os outros países em relação
a nós. Têm-se dito muitos clichés sobre Portugal, clichés que são
repercutidos ao mais alto nível e que têm consequências terríficas,
não só para Portugal, mas para o sul da Europa – a ideia de que
somos uns preguiçosos, essa coisa toda. O problema é o nosso
sistema organizacional não sentir, ainda, um certo aguilhão que
obrigue os que mandam a comportarem-se de outra maneira, que
faça a diferença. Porque quando os portugueses saem daqui – às
vezes mesmo sem o mínimo de prática em trabalhos específicos –,
são apreciadíssimos em toda a parte. São trabalhadores, aprendem
depressa. Quer dizer, a massa é tão boa como em qualquer outra
parte do mundo. O problema é a exigência e a organização,
que é o que faz a diferença.
Cx: E só isso já é um bom argumento para ganharmos
distanciamento, ganharmos mundo, irmos para fora?
EL: Portugal foi sempre aberto, sempre se abriu. A Europa está
aberta, assim como nós. Uma coisa única na história portuguesa foi
haver uma parte da famosa Europa, que vem lá da Roménia e do
Leste, a vir para Portugal. Termos aqui 500 mil imigrantes do Leste
é uma coisa única, nunca tinha acontecido. Para o País, penso que
foi uma coisa muito boa, porque é gente muito qualificada.
uma questão de massa «[...] quando os
portugueses saem daqui, às vezes sem o mínimo de
prática em trabalhos específicos, são apreciadíssimos
em toda a parte. Quer dizer, a massa é tão boa como
em qualquer outra parte do mundo»
Cx: E o futuro de Portugal só faz sentido como país aberto.
EL: Claro, nenhum país se pode fechar, mesmo que quisesse. Eu
penso que a Europa, apesar de estar nesta fase tão particular, já
esteve em fases piores. A Europa soçobrou na II Guerra Mundial!
Fez coisas, na ordem ética, tenebrosas. O Holocausto é uma
marca indelével, um buraco negro da História da Europa. E é
europeu, foram europeus que cometeram estes crimes – e europeus
considerados de primeira, da grande Alemanha culta, do Goethe,
do Kant, da música. Não foram todos, mas estes crimes foram
cometidos pela loucura, pelo desvairo de um grupo. É preciso ser
muito otimista, como o Leibniz, que era um grande filósofo (mais
subtil do que se imagina), para pensar que tudo corre sempre
pelo melhor. Mas a verdade é que sem essa crença os homens não
davam um passo! Precisamos de tudo menos desta espécie de
denegrimento de nós próprios, de complacência, desta espécie de
muro de lamentações nacionais. Assim não se vai a lado nenhum.
cx
a re v i s ta d a c a i xa
31
h
32
história de capa
cx
a rev i s ta d a ca i xa
produção nacional
Nacional
e bom
Quando os
portugueses querem
e as empresas ousam,
uma montra de produtos
e serviços com selo luso nasce,
cumprindo o desígnio de mostrar, dentro
e fora de portas, o (muito) que o País faz
de melhor. Do que vestimos e calçamos
ao que servimos no prato, passando pelos
materiais que nos entram em casa,
até ao último grito da mais nova
tecnologia, o solo pátrio é fértil
em casos de sucesso
Foto: iStockPhoto
Por Ana Rita Lúcio
cx
a rev i s ta d a ca i xa
33
h
história de capa
D
e cada vez que a seleção portuguesa de futebol entra em campo,
o País veste-se com as cores da bandeira e, por esse território
dentro, não há fôlego que não clame por Portugal. Se algum
artista, cientista (ou qualquer outro profissional destacado na sua
área de saber) é nomeado, premiado, distinguido ou honrado
além-fronteiras, é ver correr a tinta pelas páginas dos jornais, à
mesma velocidade que os noticiários televisivos e radiofónicos enchem a voz
para dar nota do «português» que venceu «lá fora». E há, claro, aqueles que
não perdem uma oportunidade para prender na lapela da nação o título de um
qualquer recorde do Guinness… e quanto mais inusitado, melhor.
Com este cenário de exaltação, podemos concluir que o País faz bem e
todos o sabem e celebram. Mas se as manifestações de patriotismo acima
descritas dão eco de um Portugal que vibra com os feitos alcançados por uma
parte da sua gente, fica, também, a sensação de que muito mais poderia ser
feito para impulsionar o País e aquilo que de melhor temos. E que melhor
maneira de o conseguir do que aproximando os cidadãos, na sua vivência
quotidiana, dos exemplos que dão motivos à sociedade portuguesa para
continuar a sorrir e a torcer por Portugal?
Passada a «espuma dos dias», começam a despontar, vindos de todos os
quadrantes, ações e movimentos que põem a portugalidade na ordem do dia.
Juntando à mesma dose de orgulho uma pitada de atitude, de promoção e
valorização perante o que há por cá, com qualidade comprovada, com eles
se pretende provocar o re-encontro dos portugueses com a realidade de uma
nação empreendedora, criativa, inovadora e capaz de
produzir segundo padrões de elevada exigência. E
pondo as inseguranças e a baixa autoestima para trás
das costas, esta nação estará apta a competir de igual
para igual com qualquer outro parceiro mundial, nas
mais diferentes áreas. Com esta missão bem presente,
no que à economia diz respeito, são de destacar
iniciativas como a campanha Compro o que é Nosso,
lançada pela Associação Empresarial de Portugal (AEP),
procurando sensibilizar e mobilizar os consumidores,
de modo a que estes prefiram marcas e produtos de
origem nacional e que gerem valor acrescentado para o
País. No seio da sociedade civil, outras nascem, como
é o caso do Movimento 560, que pretende pôr todos
O que tem valor
em Portugal também
tem valor lá fora
moda O setor dos têxteis
talha-se para a diferenciação
calçado Nos últimos anos,
investiram-se 66 milhões
de euros em inovação
design O ateliê Boca do Lobo,
aqui com o aparador Heritage, é
uma aposta internacional ganha
cortiça A Corque Design
mostra que a reinvenção de
setores tradicionais é outro
rumo
34
cx
a rev i s ta d a ca i xa
Print
Desenhados
para vencer
Prova de que o design
português está na moda, há
marcas nacionais que já têm
um destino (bem) traçado: o
sucesso internacional.
Foto: Jeffrey Coolidge (Manequim); Sonnet Sylvain/hemis.fr (Sapato); D.R. (Aparador e objetos de cortiça)
a investigar o código de barras dos produtos, em busca dos três primeiros
números, que indicam que as empresas que os fabricam têm registo em
Portugal. E há sempre desafios que põem a tónica na apologia de tornar certos
produtos ícones de um país produtor, como é o caso dos célebres pastéis de
nata, tão portugueses na sua essência.
Cá de dentro, lá para fora
O que tem valor em Portugal tem, também, valor lá fora, embora nem sempre
as opções de consumo sejam fáceis de tomar. Mas se é importante consumir
português, apoiando a nossa produção, as nossas marcas e matérias-primas,
para que haja uma recuperação económica, o aumento das exportações tem
aqui um valor acrescido. E, para isso, muito contribuem os empreendedores
nacionais. Esta dinâmica é, aliás, corroborada pelos índices das exportações
portuguesas, que, entre janeiro e agosto de 2011, subiram 16% em relação ao
período homólogo do ano anterior, passando dos 23,7 mil milhões de euros
para os 27,6 mil milhões, segundo dados do Eurostat. O que mostra que o
País, apesar das dificuldades endógenas e exógenas, é, hoje, representado por
uma seleção da «nata» empresarial portuguesa, que continua a querer dar
novos mundos ao mundo dos negócios, numa perspetiva global. Inspiração,
talvez, do legado histórico de um povo que, desde cedo, quis descobrir
territórios e explorar o desconhecido.
Uma nova diáspora lusitana, comandada não só pelos «gigantes»
empresariais, mas também por uma armada de pequenas e médias empresas
(PME) que não têm medo de investir para lá da sua zona de conforto. Em
muitos casos, arriscando em nome próprio e sem «rede de proteção». Foi
o que aconteceu com Sandra Correia, presidente da Pelcor, eleita Melhor
Empresária da Europa em 2011, uma distinção atribuída pelo Parlamento
Europeu e pelo Conselho Europeu das Mulheres Empresárias. Tomando
em braços uma fábrica de rolhas de cortiça que herdou do pai, Sandra é
A criatividade é bem
conhecida por não ter
fronteiras. No entanto, há
rasgos que podem ter país
de origem e vários destinos
de chegada. Traçando uma
rota de sucesso internacional
bem marcado para o design
made in Portugal, não faltam
nomes para dar rosto ao
que de bom se desenha por
cá e que já chegou a outros
pontos do globo, como Filipe
Oliveira Baptista, o estilista
que deu uma dentada de
leão no crocodilo da Lacoste,
tornando-se diretor criativo
da prestigiada marca
de vestuário sport-chic
francesa. Falar de design é,
também, entrar no universo
dos interiores, com marcas
como Boca do Lobo, Corque
Design, Munna Design, Águas
Furtadas, Vandoma Design ou
Arte Lusa. E é não esquecer
que a Caixa se assume como
o Banco do Design, apoiando
a criação de inovação e de
valor e contribuindo para a
descoberta de novos talentos
nacionais.
cx
a rev i s ta d a ca i xa
35
h
36
história de capa
cx
a rev i s ta d a ca i xa
Fotos: Nicolas Lemonnier (Porto); DEA/G.Cigolini (Queijo); Tooga (Azeite); D.R. (Pastéis); Shana Novak (Tubo de ensaio)
a protagonista de uma história de alquimia comercial. Isto porque ousou
transformar a casca do sobreiro em «ouro», dando-lhe uma nova roupagem
que a fez romper pela passerelle da moda e do design e aterrar em vários
países europeus, nos Estados Unidos e até no Japão. Criando acessórios
em cortiça que se convertem em objetos tão inesperados como a capa de
um iPad, a Pelcor dá o exemplo de uma aposta ganha na especialização em
determinados nichos de mercado, fazendo da inovação uma prioridade.
E, já que tratamos de conquista mundial pelo próprio pulso, porque
não falar de uma empresa bem portuguesa que é líder incontestável na sua
área de negócio e abarca 75% do mercado internacional, remando contra
ventos e marés, desde 1978? A crescer a um ritmo médio de 15% ao ano,
a M.A.R. Kayaks faz deslizar pelas águas da canoagem os mundialmente
famosos caiaques Nelo, exportando 99% da produção para 100 países. No
seu palmarés, esta empresa tem, ainda, o estatuto de fornecedora oficial dos
Jogos Olímpicos, desde 2004. Uma corrida batizada com o nome de Manuel
Ramos – mais conhecido por Nelo –, o ex-campeão nacional de canoagem,
que permanece ao leme da empresa que com ele deu as primeiras remadas
numa garagem de um prédio abandonado em Vila do Conde.
Desengane-se, porém, quem pensar que só alcançam êxito no estrangeiro
os produtos nacionais que se distinguem por conquistar nichos de mercado
ou enveredar por setores onde a vanguarda da tecnologia dá o mote. Porque
também é possível vingar em atividades mais tradicionais e enquadradas em
setores da economia que, à partida, encaramos como menos desenvolvidos,
como sucede com o agroalimentar. Embora haja, ainda, muito a fazer nesta
área, sobretudo em função de diretivas comunitárias e da Política Agrícola
Comum, encontramos alguns exemplos de referência, como é o caso da
Sopragol. Trata-se de uma transformadora de tomate, instalada em Mora, que
leva mais de 90% da sua produção para o resto da Europa e que, agora, quer
lançar-se em África. Transformando mais de 2200 toneladas de tomate fresco
por dia, produz concentrados, triturados, pastas, cubos e molho para piza.
Há, ainda, que provar o gosto do triunfo com o Queijo Amarelo da Beira
Baixa Sabores da Idanha, com denominação de origem protegida pela União
Europeia, que venceu, recentemente, a Medalha de Ouro no World Cheese
Awards, um género de cerimónia dos Óscares do queijo, que premeia os
melhores do mundo na especialidade. É apenas um entre muitos queijos
e variedades nacionais, apreciados aquém e além-fronteiras, que ganham
destaque fruto de prémios e distinções internacionais. O mesmo sucede
no setor dos vinhos, onde os exemplos de reconhecimento além-fronteiras
se multiplicam, como sucede com o vinho Vinha da Ponte, da Quinta do
Castro, merecedor de um lugar na exclusiva lista dos 100 melhores vinhos do
mundo, num ranking elaborado pela revista vitivinícola Falstaff. Um néctar
dos deuses, que é elaborado exclusivamente com vinhas velhas e colheitas
especiais desta quinta, ancorada na margem direita do rio Douro, entre a
Régua e o Pinhão. Um vinho que, a exemplo de tantos outros, dá rosto e
paladar ao fenómeno do aumento das exportações vinícolas, que, assim,
compensou a queda do consumo interno e permitiu
ao setor crescer, em 2011, 3,9% em relação ao ano
anterior (dados de um estudo setorial da autoria da
Informa D&B). Isto sem esquecer o «velhinho» Vinho
do Porto, cujas apresentações se dispensam, seja em
Portugal ou em qualquer parte do mundo.
Excelência made in Portugal
À semelhança dos vinhos portugueses, que semeiam
fama em qualquer parte do globo, a reputação
dos têxteis nacionais deu, no passado, pano para
mangas ao País. Contudo, se, no presente, o
tecido empresarial tradicional decresceu, perante a
concorrência de produtos de outras paragens, como
tradição Portugal senta-se
à mesa com o mundo, dando
a provar algumas das suas
iguarias mais típicas
mar A vanguarda científica
e tecnológica também é
uma vaga de fundo no mar
português, nomeadamente
na área da biotecnologia
Também é possível vingaR EM
ATIVIDADES TRADICIONAIS E EM SETORES
QUE, À PARTIDA, ENCARAMOS COMO
MENOS DESENVOLVIDOS
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a rev i s ta d a ca i xa
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história de capa
Print
Um salto de gigante para a «portugalidade»
As indústrias tecnológicas de futuro também têm sotaque português.
desta feita no mercado das tecnologias
de informação aplicadas ao mundo
dos negócios, desenvolveu a Agile
Platform, um software empresarial que
até já conquistou o Exército norte-americano. Certificando a qualidade
dos seus produtos, a Biopremier, um
laboratório privado português que
faz testes de ADN alimentar, foi a
primeira empresa lusa de biotecnologia
portuguesa a ser listada em bolsa e a
segunda nacional a entrar no mercado
de capitais de Frankfurt.
E há sempre casos como o da
Seed Studios, a primeira empresa
portuguesa a criar um videojogo – o
Under Siege – para a PlayStation
3, ou a Biodroid, que já avança pelo
negócio das aplicações para consolas,
computadores, tablets e smartphones
e está em vias de abrir duas antenas
comerciais: uma na Tech City, em
Londres, e outra em São Paulo,
demonstrando que a indústria dos
videojogos não está para brincadeiras.
é o caso da China, o futuro trouxe uma lição de reviravolta pela excelência
para o setor. Isso mesmo sublinham modelos como o da NG Wear, criadora
de uma linha de vestuário com propriedades de defesa antimosquito,
conjugando estilo, investigação científica e propriedades medicinais.
A dar passos firmes rumo ao futuro está também o setor português do
calçado, que, desde 2010, pisou em solo internacional com o lema Portuguese
shoes: Designed by the Future e um investimento de nove milhões de euros na
promoção externa (uma fatia que compõe o bolo total de 66 milhões de euros
investidos nos últimos anos em inovação, internacionalização e qualificação).
Os resultados estão à vista e ao pé: no espaço de uma década, e só na Europa,
a quota nacional cresceu 22,8%, para os 10,5%, assumindo-se como o único
estado-membro produtor com saldo positivo na balança comercial de calçado
[dados fornecidos pela Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado,
Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos - APPICAPS].
De pé, mas na prancha que pode «surfar» a maré de oportunidades que a
(re)descoberta do potencial marítimo e costeiro do País traz consigo, importa
também não esquecer que um sem-número de exemplos vêm à tona, fazendo
do mar um cluster emergente. Desde as atividades turísticas e de recreio, às
indústrias marítimas, ao comércio marítimo e à dianteira da investigação
científica com base oceânica, são muitas as «ondas» a explorar.
38
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a rev i s ta d a ca i xa
A comprová-lo está, a título ilustrativo, a Necton
– Companhia Portuguesa de Culturas Marinhas,
a primeira spin-off científica nacional neste setor,
dominando a biotecnologia de microalgas e
produzindo, sobretudo, para os mercados da
aquacultura e da cosmética.
Em suma, é claro que a convocatória para
esta seleção de qualidade com selo luso não fica
por aqui e a lista de motivos e exemplos de valor vai
muito mais além. Uma convocatória que faz
da promoção do consumo de produtos feitos em
Portugal e com as nossas matérias-primas uma
prioridade na agenda nacional. Por isso, o rumo
a seguir deve passar pela procura da excelência,
aproveitando todo o potencial de empreendedorismo e
de inovação de que os portugueses são capazes. Tudo
isso junto, a par de um sentimento comum na defesa
dos valores, produtos e marcas portugueses, a começar
pelas escolhas feitas no consumo, deve ser o nosso
orgulho.
Foto: Erik Simonsen
De certeza que já ouviu a mítica frase
de Neil Armstrong, o astronauta
norte-americano que gravou para a
posteridade a sua primeira passada
na Lua: «This is one small step for
man, one giant leap for mankind.»
Agora, imagine que a pronúncia era
portuguesa? O enredo pode parecer-lhe digno de um filme de ficção
científica, mas a verdade é que não
está a galáxias de distância, já que a
indústria aeroespacial portuguesa
começa a voar em direção ao espaço.
Assim acontece com a Lusospace,
fornecedora e parceira da Agência
Espacial Europeia, que, em 2003, se
lançou na corrida aos magnetómetros,
uma espécie de bússolas espaciais que
orientam e monitorizam, em tempo
real, a posição dos satélites na órbita
terrestre, através da determinação
do campo magnético. Conquistando
terreno lá fora, mas noutro ramo das
tecnológicas de futuro, a OutSystems
é outra empresa portuguesa que,
o
observatório
Silva
carlos moreira da
presidente da direção da cotec portugal
Superar o «vale da morte»
É indispensável incutir nos jovens
uma cultura de inovação e de empreendedorismo,
valorizando estes conceitos ao longo de toda a formação
Fotos: D.R. (Carlos Moreira da Silva); Martin Barraud (Jovem sobre caixas)
O «vale da morte» é um conceito bem conhecido de todos os
que se ocupam da questão da valorização do conhecimento gerado
nas universidades. Exprime a distância que separa os mundos da
investigação universitária e da atividade empresarial e a
dificuldade em fazer chegar ao mercado os resultados da referida
investigação. Em algumas culturas, com destaque para a americana, a
distância parece menor e mais fácil de vencer, diríamos de forma quase
espontânea. Noutras culturas, como na nossa, o problema afigura-se
mais sério, exigindo uma boa dose de voluntarismo, de criatividade
e de perseverança.
A experiência da COTEC Portugal, através do programa COHiTEC,
tem consistido em aproximar os
investigadores e tecnólogos do mundo
da gestão empresarial – para que possam
perceber melhor como este funciona,
como valoriza e deixa de valorizar as
tecnologias e os produtos que, através
delas, podem ser produzidos. Trabalhando
sempre com tecnologias concretas,
devidamente protegidas, aproxima os
tecnólogos de estudantes de MBA e
de gestores, sejam pessoas ligadas à
indústria do capital de risco, sejam os
chamados «executivos de conteúdo»,
com experiência empresarial em áreas
de atividade próximas das tecnologias
em avaliação. Este exercício, que
tem como primeiro resultado a apresentação de um business plan
preliminar, prolonga-se, nos casos mais promissores, já com
empresas formalmente constituídas e com intervenção de sucessivos
instrumentos de financiamento, nas fases de desenvolvimento
da prova de conceito, aprofundamento do plano de negócios e
apresentação a investidores.
Sem menosprezo pela intervenção acabada de referir, estamos hoje
convencidos de que a superação do «vale da morte» exige outras
formas de intervenção, parecendo indispensável:
• incutir nos jovens uma cultura de inovação e de empreendedorismo,
valorizando estes conceitos ao longo de toda a sua atividade de
formação;
• familiarizar os jovens, desde cedo (na fase final do ensino básico e
durante o ensino secundário), com uma formação menos escolástica e
mais experimental, utilizando os meios laboratoriais de que as escolas
podem até dispor, mas que nem sempre se mostram suficientemente
«apropriados»;
• em fases mais avançadas do processo de ensino, já na universidade
e, por maioria de razão, nas áreas mais tecnológicas, fomentar
todas as formas de comunicação entre a vida universitária e a vida
empresarial, em que destacaríamos: (I) estágios dos jovens estudantes
nas empresas; (II) períodos de permanência em empresas dos
docentes e investigadores universitários; (III) intervenção de quadros
empresariais no próprio processo de ensino, de preferência tecnólogos
com responsabilidades de gestão, para que as componentes mais
experimentais da formação universitária possam refletir melhor a
cultura e as preocupações de uma atividade de índole empresarial;
• aproximar a universidade dos vários agentes especializados na
atividade de capital de risco, em especial business angels e venture
capitalists;
• fomentar a proteção da propriedade
intelectual (patenteamento) e o
conhecimento indispensável à avaliação
destes instrumentos e a cedência da sua
utilização a terceiros (tanto por
licenciamento como por venda pura
e simples).
Acreditamos, hoje, que, tanto ou mais
do que levar os universitários a criarem
empresas, talvez seja importante levá-los
a cederem a utilização das suas tecnologias
a empresas detidas por terceiros capazes
de as valorizarem;
• fomentar a transferência de tecnologia
não proprietária;
• incentivar a colocação nas empresas de mestres e de doutores,
para que estas passem a dispor das competências e da cultura
necessárias ao reconhecimento da importância da inovação
e à aquisição de capacidade de comunicação com o mundo
universitário (sem o que o conhecimento gerado nas universidades
nunca poderá ser nem devidamente valorizado nem efetivamente
apropriado pelas empresas);
• financiar a investigação universitária de índole aplicada cada vez
mais através da procura, nomeadamente através de uma procura
canalizada pelas empresas, em vez de financiar diretamente a
mesma investigação por vias que se mostrarão sempre mais distantes
do mercado e dos requisitos da valorização económica dos seus
resultados.
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a re v i s ta d a c a i xa
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grande viagem
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Açores
As ocidentais
ilhas lusitanas
Arquipélago de muito mar e pouca terra. A geologia
deu‑lhe a variedade de formas, o clima consente quase todos os géneros
de flores e de frutos, a geografia concedeu‑lhe um papel de relevo
na História de Portugal e do mundo. Bem-vindo aos Açores
Por Daniel de Sá *
N
Foto: Randi Utnes
os Açores, o mar é um prolongamento das ilhas. E cada vez mais as gentes açorianas se
sentem atraídas por ele como lugar de recreio. Não somente para se banharem nas águas
amornadas de um dos braços da Corrente do Golfo, mas também para se deslumbrarem com
as paisagens marinhas e as suas flora e fauna. A origem vulcânica das ilhas faz com que, no
fundo do oceano, se encontrem lavas torcidas e retorcidas, grutas e colinas ou mesmo fossas e
bancos, podendo estar-se até na presença de uma ilha em formação, como no caso do banco
D. João de Castro. Algumas das espécies que encontramos são de uma beleza que mais parece de peixes dos
recifes de coral. Como o pequeno peixe-rei ou o manso mero, que atinge várias dezenas de quilos. O mero
está protegido por lei apenas contra a caça submarina, mas os pescadores do Corvo, pela importância que
ele tem para os praticantes de mergulho, transformaram em reserva voluntária o Caneiro dos Meros.
Nos Açores, há também cada vez mais o gosto da aventura em forma de parapente ou asa-delta.
A orografia das ilhas oferece excelentes locais de lançamento e correntes ascendentes de ar que permitem
longas permanências em voo. Todas estas modalidades de exploração dos Açores, à maneira dos peixes
ou das aves, têm centros para o seu ensino e a sua prática.
Mas uma terra é também a sua gente. Por isso, se puder, o visitante procura percebê-la melhor
conhecendo um pouco da sua arte. Da estética das formas e das cores à dos sons e das palavras escritas.
Os museus, as discotecas e as livrarias podem ser bons lugares de revelação.
Flores, um adeus europeu
A ilha das Flores é a apoteose, o grande final com que a Europa se despede de ser Europa. O ar é impoluto;
a floresta, virgem, imaculada; o mar, sem mancha; os povoados completam a paisagem sem a magoar. Por
isso a UNESCO, em 2009, declarou esta ilha, que parece nascida das ilustrações de um conto de fadas,
Reserva da Biosfera. Assim fizera, em 2007, com o Corvo e a Graciosa. Porque, se o afastamento isola,
também preserva. Como na Fajã Grande, o último lugar habitado da Europa.
A uma escassa milha, fica o derradeiro rochedo europeu, o ilhéu de Monchique (que se avista desde
a Ponta do Albernaz), formado por um vulcão submarino e, tal como as Flores e o Corvo, situado na
placa norte-americana; a meia légua, a aldeia da Cuada, que a revista Travel & Leisure considerou um dos
melhores destinos turísticos românticos.
A ilha das Flores resume ou repete todas as belezas do arquipélago, mas aperfeiçoadas, expurgadas de
excessos. O seu interior não fica longe de sítio nenhum, mas guarda, ciosamente, vestígios da floresta de
laurissilva e defende-se de ser devassado com os ásperos caminhos de suntuosa
duplo v O verde
beleza que lá conduzem. Por isso, apreciar as Flores na sua intimidade provoca
e as típicas vacas
um sentimento de admiração, que deve aproximar-se do espanto com que os
são a imagem de
marca do arquipélago primeiros que pisaram aquele chão as contemplaram.
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v
grande viagem
Corvo, a ilha absoluta
A Vila Nova do Corvo, que é antiga e única, parece ter sido feita de modo a poupar
espaço. O fascínio de um minúsculo burgo de 400 habitantes, que nasceu em
pleno Renascimento com aparência de Idade Média, mas que a pouco e pouco
se foi modernizando, de modo que, fora das pequenas ruas históricas, já em
nada se distingue do resto do mundo civilizado. Em toda a volta, quase sempre
inexpugnáveis escarpas; no interior, uma velha caldeira, com uma pequena lagoa
no fundo, semelhante em beleza a qualquer outra dos Açores. O suficiente para
uma velhinha de há várias décadas, que nunca atravessara o mar, dizer que não
havia ilha maior nem mais bonita do que o Corvo.
Faial, uma ilha para o mundo
A terra tremeu centenas de vezes. Depois, o vulcão entrou em erupção a 27 de
setembro de 1957, só tendo adormecido a 24 de outubro de 1958. Quando a
erupção terminou, a ilha crescera cerca de 2,5 km2, em grande parte recuperados
pelo mar de onde vieram. O que resta é de uma beleza fantasmática, podendo
ser percebida toda a sua história no Centro de Interpretação do Vulcão dos
Capelinhos, um museu escavado nas cinzas e outras escórias trazidas pela chuva e
pelo vento e ali sedimentadas.
A Horta, posta entre duas bem abrigadas baías, foi o porto alternativo ao
de Angra para as carreiras das Índias e o mais utilizado para as outras viagens
transatlânticas. O porto de paragem e abastecimento para os aviões de correio
transatlântico tornou-se num dos mais visitados por iates de todo o mundo. E,
continuando a tradição que coloria as muralhas do molhe, a passagem da maior
parte das muitas centenas de iates que amaram na marina fica assinalada por
pinturas que transformam os cais em imensas telas cheias de cor e arte.
Pico, onde Portugal chega mais alto
No Pico, a beleza transforma-se, deixando de ser um reino do verde absoluto para
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a rev i s ta d a ca i xa
conceder espaço ao solo sem húmus. A sua montanha
está tão próxima da perfeição que foi eleita uma das Sete
Maravilhas Naturais de Portugal. E se nas Flores acaba
Portugal a oeste, é aqui, a 2351 metros de altitude, o
limite de Portugal entre nuvens.
O solo da ilha é feito de pouco mais do que pedra. Mas
a rocha vulcânica é tão fértil que já produziu vinho para
Papas e czares. A paisagem da cultura da vinha da ilha do
Pico é assombrosa. De tal maneira que a UNESCO, em
2004, a declarou Património Mundial.
O Museu dos Baleeiros guarda memórias e conta
histórias de um século de riscos e aventuras. Primeiro,
foram jovens arrebanhados por navios americanos, muitos
deles mais interessados em entrarem clandestinamente na
América do que em serem pescadores de baleias. Depois,
por volta de 1880, começou, na própria ilha, a caça ao
cachalote. A vila das Lajes foi o último lugar destas ilhas
de onde saíram botes para a faina.
São Jorge, a ilha sossegada
São Jorge, criação fantasiosa de sucessivos vulcões gerados
numa irrequieta falha tectónica, estende-se por mais de
50 km, não ultrapassando os oito de largura. A obra feita
foi uma espécie de serra que emerge do Atlântico, com
pequenas plataformas ao nível do mar, as fajãs, e com o
requinte de, na Lagoa da Fajã do Santo Cristo, existirem
amêijoas, o que não acontece em nenhum outro lugar dos
Açores (espreite também a Lagoa da Fajã dos Cubres, uma
das mais visitadas e de mais fácil acesso).
Fotos: Luis Davilla (Furnas); Joel Santos (Lagoa); Franco Banfi (Antigo porto de pesca); Wolfgang Poelzer (Baleias); Gerard Soury (Whale watching)
Nos Açores, muitos dos povoados nasceram junto a pequenas baías, aqui
geralmente ditas «calhetas». Por isso é Calheta o nome de uma belíssima vila,
encastoada entre o mar e os montes. Montes que não se chega a perceber
se descem até ao mar ou se são as aprumadas arribas que, com a altura, se
transformam neles. Já a Vila das Velas assenta numa das raras nesgas de terra à
beira-mar, com uma visão privilegiada sobre o canal do famoso Mau Tempo no
Canal, de Nemésio. Dali se contempla a majestosa figura da ilha do Pico, como
que a espreguiçar-se de um lado e outro da montanha, tendo a oeste a placidez
do Faial. Devido à sua proximidade, estas três ilhas sempre viveram numa forte
relação social e económica, o que as torna numa espécie de subarquipélago, sendo
conhecidas por «as Ilhas do Triângulo».
Graciosa, a cheia de graça
A Graciosa é uma das duas ilhas cujo nome as define um pouco. E, tal como o Pico
se destaca pela montanha, a Graciosa distingue-se pela suavidade da paisagem. A
sua baixa «estatura», que mal ultrapassa os 400 metros, faz dela a ilha dos Açores
com menos pluviosidade. O que lhe permitiu ter boas condições para a produção
de abundante trigo e de excelente vinho. No entanto, as searas que agora restam
são de milho, o que permite poéticas imagens, como a do grão a secar ao sol,
assim protegido da pirataria dos ratos. E foi, precisamente, pela maneira como na
Graciosa se vive em harmonia com a Natureza que a ilha mereceu da UNESCO a
classificação de Reserva da Biosfera.
Sem perder a Natureza de vista, conheça a vila de Santa Cruz, cuja claridade faz
jus ao título de «Ilha Branca», que lhe foi dado devido à invulgar abundância de
traquitos e pedra-pomes esbranquiçadas.
5
1
2
3
4
1 famosas As furnas, na ilha de São Miguel
2 flores A Lagoa da Fajã Grande e as suas famosas
quedas de água
3 histórico Antigo porto de pesca em Calheta
de Nesquim (Pico), de onde saíam os barcos para
a pesca à baleia
4/5Rrainhas do mar A possibilidade de avistar baleias
é uma das atrações para quem visita os Açores
Terceira, a ilha da fraternidade
Muitas das tradições açorianas vieram com os povoadores. A da Festa do
Espírito Santo é uma delas, tendo-se transformado numa característica comum
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a rev i s ta d a ca i xa
43
v
grande viagem
Mas estar em São Miguel é vir à procura da rota
dos vulcões. Durante cerca de três milhões de anos, os
vulcões construíram o imponente maciço montanhoso
do nordeste. E na serra da Tronqueira, uma das paisagens
mais arrebatadoras dos Açores, há o extra de poder ver
uma das aves mais raras do mundo, o priolo.
Partindo de Ponta Delgada, pode chegar-se às Furnas
indo por norte ou por sul e regressar pelo outro desses
caminhos. Os panoramas que se sucedem na viagem são
por vezes deslumbrantes, como Vila Franca do Campo
e o seu ilhéu, na costa sul, ou as plantações de chá da
Gorreana, na costa norte. Ao chegar às Furnas, poderá
comprovar que de cerca de 750 mil anos de atribulada
história geológica ficou uma lagoa numa paisagem de
sonho, sulfataras tumultuosas, águas minerais quentes
ou frias, uma cálida ribeira ou um solo ubérrimo, que
consente espécies vegetais de quase todos os tipos de
clima, o que permite a existência de um jardim idílico,
o Parque Terra Nostra.
Depois, as lagoas. A das Sete Cidades, uma das Sete
Maravilhas de Portugal, resultado de meio milhão de
anos de ourivesaria vulcânica. E a do Fogo, por muitos
considerada a mais bela, com a sua água praticamente
intacta à intervenção humana.
1
2
3
1 sem fôlego A vista
para a Lagoa do Fogo,
em São Miguel, é de
cortar a respiração
2 a perder de vista
O verde como pano
de fundo da ligação
das gentes à terra
3 capital Ponta
Delgada é a capital
administrativa dos
Açores e a mais
cosmopolita cidade
do arquipélago
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a todas as ilhas. E se acaso o Pentecostes deixasse de
ser comemorado nos Açores, seria decerto na Terceira
a última coroação e a derradeira mesa posta para toda a
gente. Porque esta é a festa da alegria e da fraternidade.
Apenas no Corvo, nas Flores e em Santa Maria
os problemas com o vulcanismo parecem estar
definitivamente resolvidos. Nas outras seis ilhas, os
vulcões continuam a dar sinais de que não se extinguiram
ainda, sendo capazes de reaparecer a qualquer altura,
o que vem acontecendo regularmente desde o início
do povoamento. Esse aviso, ou essa ameaça, pode, no
entanto, apresentar formas e cores fascinantes, como
acontece nas Furnas do Enxofre, no coração da Terceira.
São Miguel, um Éden sem dragões
Uma visita a Ponta Delgada, onde abundam pontos de
grande interesse, como velhas ruas, belos templos e
magníficos jardins, ficará incompleta sem uma passagem
pela Igreja de Todos-os-Santos.
Santa Maria, a ilha-mãe
A Ermida dos Anjos é por muitos apontada como a mais
antiga dos Açores. E se é verdade que existem inúmeras
versões a respeito dessa antiguidade, existe uma certeza
incontornável: as pedras desta ermida são das mais
venerandas dos Açores.
Em São Lourenço, contrastando com o resto
do arquipélago, encontrará praias de areia branca.
Noutros areais, os da Formosa, tem lugar um dos mais
importantes festivais de música dos Açores, o Maré
de Agosto.
Na famosa zona residencial do aeroporto, estão
a desfazer-se, pela corrosão, as últimas casas de lata
e papelão. O plaino onde foram construídas, no final
da Segunda Guerra Mundial, era de uma absoluta
e estéril desolação. Mas os americanos trouxeram terra
das zonas altas da ilha e nela semearam flores e plantaram
árvores. E o quase deserto fez-se jardim. Talvez não haja
mais nada semelhante no mundo. Já que Santa Maria
perdeu a glória desse tempo, que não lhe perca
a memória.
Todas as ilhas do arquipélago são diferentes. Mas esta
é mais diferente do que as outras. Santa Maria é a negação
dos lugares-comuns do verde bem comportado dos
Açores. Cada recanto seu é sempre uma surpresa para o
visitante consumidor apenas de propaganda genérica.
A zona residencial do aeroporto será, com certeza, a
maior de todas. Por enquanto...
* Adaptado do texto originalmente escrito para a revista Visão Vida & Viagens.
Guia de Viagem
Ir
De Lisboa, pode-se voar para São
Miguel, Terceira, Faial e Pico através
da TAP Air Portugal (www.flytap.
com) e para Santa Maria, São Miguel,
Terceira, Faial e Pico com a SATA
Internacional. www.sata.pt
Do Porto, pode-se voar para São
Miguel através da TAP Air Portugal
(www.flytap.com) e para São Miguel
e Terceira com a SATA Internacional.
www.sata.pt. Existe uma rota que
liga Faro a São Miguel e uma que liga
o Funchal a São Miguel através da
SATA Internacional. www.sata.pt
Viagens interilhas
Existem aeroportos em todas as
ilhas e, consequentemente, voos
entre todas elas, através da SATA
Air Açores (www.sata.pt). Existe,
também, a via marítima, com
ligações regulares. Procure mais
informação através da Transmaçor
(www.transmacor.pt), da
Atlânticoline (www.atlanticoline.pt)
e da Malheiros Serpa
(www.malheiros.net).
Fotos: Rui Almeida Fotografia (Lagoa); Steve Jacobs (Agricultor); Alan Copson (Ponta Delgada)
Santa Maria
Ficar
Hotel do Colombo Situado numa
posição sobranceira a Vila do Porto,
oferece a possibilidade de optar entre
quarto ou apartamento.
www.colombo-hotel.com
Hotel Santa Maria Numa das zonas
mais calmas da ilha.
www.hotelsanta-maria.com
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O Grota Com vista deslumbrante
para o Farol de São Gonçalo,
especializado em peixes e mariscos
frescos. Tel.: 296 884 184
Terra Nostra Garden Hotel Com
elegantes e amplos salões.
www.bensaude.pt
Comer
A Lota Situado no porto de pesca de
Lagoa e famoso pelo naco de atum.
Tel.: 296 916 055
O Amaral Das mãos de Maria de
Jesus saem pitéus de chorar por
mais. Tel.: 296 442 258
Terceira
Ficar
Quinta do Martelo As casas dos
hóspedes vão desde a mais
modesta, com mantas de trapos
e louças de barro, até à casa do
proprietário abastado, com móveis
de estilo. Tel.: 295 642 842
Terceira Mar Hotel Hotel em estilo
resort virado para a panorâmica baía
do Faial. Tel.: 295 402 280
Comer
Beira Mar Angra Um dos mais
conceituados da ilha, tendo como
especialidade a sopa do mar.
Tel.: 295 215 188
Graciosa
Ficar
Casa das Faias Casa tradicional
recuperada. Tel.: 295 732 766
Graciosa Resort Business Hotel
Perfeitamente inserido na paisagem.
www.graciosahotel.com
Comer
Restaurante Apolo 80
Pratos típicos por encomenda.
Tel.: 295 712 660
São Jorge
Ficar
Quinta de São Pedro Misturando
o tradicional e o moderno.
www.quintasaopedro.com
Hotel São Jorge Garden O único hotel
da ilha. Tel.: 295 430 100
Comer
Fornos de Lava A carta é seletiva
e concentra-se no bom peixe e na
boa carne. Tel.: 295 432 415
Pico
Ficar
Glicínias do Pico Casas de campo,
com uma localização privilegiada.
www.gliciniasdopico.com
Pocinho Bay Ambiente sofisticado e
requintado. www.pocinhobay.com
Baía da Barca Funciona como um
condomínio fechado. Ideal para
famílias ou para casais.
www.baiadabarca.com
Comer
Ancoradouro Cataplanas,
arroz de marisco, caldeiradas
e o muito procurado caldo
de peixe.
Restaurante Lagoa Aqui encontra
o famoso polvo guisado do Pico.
São Miguel
Ficar
Furnas Lake Villas Um marco na
arquitetura contemporânea, em
perfeita comunhão com a Natureza,
localizado a poucos metros da Lagoa
das Furnas. www.furnaslakevillas.pt
Informação na Net para tirar notas antes de fazer a mala e apanhar o avião.
Sites que não deve deixar de consultar: visitazores.com; acores.com; guiaturisticoacores.com
Faial
Ficar
Hotel Canal A história da ilha é
contada através da sua decoração.
Tel.: 292 202 120
Faial Resort Hotel Com boa vista
para o mar, a montanha e a cidade.
Tel.: 292 207 400
Comer
Peter Café Paragem obrigatória
para locais e turistas.
Tel.: 292 392 897
Flores
Ficar
Aldeia da Cuada Casas de pedra
modernizadas.
www.aldeiadacuada.com
Comer
O Forno Transmontano Aqui, o
cliente tem a possibilidade de
encomendar o que lhe apetece.
Tel.: 292 593 137/91 7 763 459
Corvo
Ficar
Guest House Comodoro Casa de
hóspedes com instalações muito
confortáveis. Tel.: 292 596 128
Comer
Traineira Localização excelente e
especialidade imperdível: filetes de
peixe-porco. Tel.: 292 596 088
açores (portugal)
Formado por nove ilhas
de origem vulcânica, o
arquipélago dos Açores
proporciona uma viagem
de fortes contrastes, de
verdes inesquecíveis, de
gentes que amam a sua
terra de mão dada com
o mar e que dele retiram
quase tudo do que
necessitam
Cartão miles & more
A CAIXA, EM PARCERIA COM O PROGRAMA
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O CARTÃO DE CRÉDITO(1) QUE O DEIXA
MAIS PERTO DA SUA PRÓXIMA VIAGEM,
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MILHAS DA MILES & MORE, TANTO NO
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CARACTERÍSTICAS DO CARTÃO MILES &
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REEMBOLSO A 12 MESES, À TAN DE 19,00%. MILES &
MORE CLASSIC (COMPRAS): TAEG DE 24,7%, PARA
UM MONTANTE DE 1500 EUROS, COM REEMBOLSO
A 12 MESES, À TAN DE 19,50%.
cx
a rev i s ta d a ca i xa
45
r
roteiro
sintra
A mais romântica
Distinguida como Património Mundial pela
UNESCO, é famosa pela fusão quase perfeita
entre a histórica vila e a serra que a rodeia
Por Pedro Guilherme Lopes
Ilustração Marta Monteiro/www.re-searcher.com
1 as queijadas Comece o seu passeio fazendo uma pausa no caminho que o
leva até à vila. Na Sapa confecionam-se as famosas queijadas de Sintra, e um
pacotinho será excelente companhia para o que se segue.
2 centro da vila Caso não tenha tomado o pequeno-almoço na Sapa, faça-o
na Piriquita, detentora do segredo dos incontornáveis travesseiros. Dirija-se
ao Terreiro Rainha D. Amélia e visite o Largo do Paço Real. Não deixe, ainda, de
conhecer o Museu de História Natural e o Museu do Brinquedo e aproveite para
experimentar um romântico passeio de charrete.
3 quinta da regaleira A poucos minutos do centro histórico, encontrará um
surpreendente palácio, rodeado de belíssimos jardins. Um ambiente quase
mágico, que nos faz sentir personagens de um filme.
4 palácio de seteais Localizado num miradouro com vista para o Castelo dos
Mouros e o Palácio da Pena, envolto em luxuriantes jardins, oferece, ainda, a
possibilidade de dormir no majestoso Tivoli Palácio de Seteais.
5 monserrate Um exuberante jardim e um charmoso palácio fundem-se de
forma quase perfeita. É aqui que encontrará, também, a Quintinha Pedagógica,
onde se recria o tradicional e o pitoresco da região saloia.
6 convento dos capuchos Prepare-se para fazer uma viagem no tempo
e conhecer a vida conventual franciscana.
7 palácio da pena Eleito uma das 7 Maravilhas de Portugal, classificado como
Património da Humanidade pela UNESCO, considerado uma obra-prima da
arquitetura, uma visita a Sintra nunca ficará completa sem subir ao alto da serra
para conhecer este fantástico palácio.
8 castelo dos mouros Guardando memórias das conquistas de D. Afonso
Henriques, oferece inesquecíveis vistas, que vão da vila de Sintra até ao mar.
46
cx
a re v i s ta d a c a i xa
cx
a re v i s ta d a c a i xa
47
f
fugas
casa da cisterna
O segredo
das pequenas
coisas
No centro da aldeia histórica de Castelo Rodrigo,
envolta por muralhas seculares, a Casa da Cisterna
conquista-nos assim que entramos. E depressa nos mostra que a vida
tem outro sabor quando temperada com dedicação, simplicidade e naturalidade
Por Pedro Guilherme Lopes Fotografia Filipe Pombo
F
az parte de um bloco de
apontamentos, já com uns milhares
de quilómetros feitos à descoberta
do nosso País, uma ideia que,
pelo menos para nós, continua a
fazer sentido: chamar «casa» a um
projeto de turismo rural deixa-nos sempre
com a expetativa de termos à nossa espera
um local onde, acima de tudo, apetece ficar.
Ora, ao subirmos a escada que dá acesso à
sala de jantar (mais concorrida ao pequeno-almoço) da Casa da Cisterna, e depois de
termos puxado uma campainha cujo toque nos
liberta imediatamente dos sons mais urbanos,
foi precisamente essa a sensação que tivemos:
apetecia-nos ficar ali. O sentimento apurou-se
com uma subida à mezzanine transformada em
sala de estar e biblioteca, com vista para um
pequeno jardim, que convidava a aproveitar
um surpreendente sol de inverno.
A terra que se fez deles
É precisamente esse jardim, iluminado por
esse reconfortante sol, que escolhemos como
palco para a conversa com Ana Berliner, que,
em conjunto com o seu marido, António
48
cx
a rev i s ta d a ca i xa
Monteiro, trocou Lisboa por esta aldeia
histórica, localizada a mais de 700 metros
de altura e com vista para a incontornável
serra da Estrela. «A vinda para aqui teve a
ver com a nossa formação académica. Somos
biólogos e viemos fazer o estágio de final de
curso, pois esta é uma das áreas, senão a área
mais rica em termos naturais no nosso País»,
recorda Ana. «Esta aldeia sempre foi uma
aldeia muito gira e, como estava no âmbito
do programa das Aldeias Históricas, houve
uma intervenção que a valorizou em muito,
permitindo recuperar muitas das ruínas
existentes. Isso incentivou a comprar e a
ficar, mas, resumidamente, hoje como antes,
achamos que esta aldeia é um encanto.»
A compra da casa deu-se em 1998, tendo
as obras arrancado quatro anos depois. A
primeira das duas casas que hoje compõem a
Casa da Cisterna abriria em 2004, tornando
realidade um desejo antigo. «Sempre
procurámos quintas e sempre nos despertou
imenso interesse o conceito de turismo
rural», conta. «Quando comprámos a casa,
nem tínhamos bem a certeza se daria para
o que pretendíamos, mas foi dando e, hoje,
cx
a rev i s ta d a ca i xa
49
f
fugas
Burricadas
Para lá de todo o seu encanto próprio, a Casa
da Cisterna proporciona aos seus hóspedes
a possibilidade de contactarem de perto com
os burros (burras, para sermos mais precisos)
de raça asinina de Miranda. António Monteiro,
que se apaixonou pela raça em 1999, é o
«guardião» de dez exemplares, que adoram
festas e que permitem realizar inesquecíveis
passeios.
como em casa Ana Berliner
prepara com todo o pormenor
e carinho a sala que recebe o
pequeno-almoço (página de
abertura)
pedra A cor terra das paredes
exteriores já indicia o aconchego
que nos espera no interior
jardim Dois dos quartos dão
acesso direto a um inspirador
jardim. Atravessando as portas
vermelhas, chegamos à sala de
estar e à biblioteca
quartos O branco é comum
a todos eles, com a diferença
a ser feita pelos pormenores
50
cx
a rev i s ta d a ca i xa
posso dizer que somos tanto de Lisboa como
daqui», confirmando uma ligação à terra
que ultrapassa questões familiares e que os
inclui em projetos como o Parque Natural do
Douro Internacional, onde António trabalha
como biólogo, ou a Reserva da Faia Brava, em
Figueira, um parque natural que ajudaram
a construir. E, depois, temos a qualidade de
vida, numa aldeia com cerca de meia centena
de habitantes e duas mãos-cheias de crianças,
incluindo as duas filhas do casal. «Aqui ao
lado, em Figueira de Castelo Rodrigo, a dois
ou três minutos de carro, encontramos tudo o
que precisamos.»
Presente e futuro
E o que encontra quem visita a Casa da
Cisterna? «Adoramos receber pessoas e
pretendemos afastar-nos completamente
do ambiente de hotel. Apostamos numa
maior proximidade, numa guesthouse onde
há tempo para receber bem, onde há tempo
para conversar, onde há tempo para mimos e
atenções», garante a proprietária.
E esses mimos começam logo ao pequeno-almoço. Dos doces caseiros aos diversos
tipos de mel da região, passando pelos bolos
imaginados por Ana Berliner ou pelo sumo
natural feito com as célebres laranjas de Barca
Guia de Viagem
Como ir
Se vier de Lisboa, apanhe a A1 em
direção a Torres Novas e, aí, apanhe
a A23 até à Guarda. Se vier do Porto,
apanhe a A1 até Albergaria-a-Velha e, daí, a A25 até à Guarda.
Continuando na A25, dirija-se a
Vilar Formoso, saindo em direção
a Almeida. Já na estrada nacional,
continue para Figueira de Castelo
Rodrigo e siga a placa que indica
Castelo Rodrigo. A Casa da Cisterna
(www.wonderfulland.com/cisterna)
fica na Rua da Cadeia.
Em redor
Tanto para fazer
Por muito que seja grande a
vontade de ficar a aproveitar tudo
o que a Casa da Cisterna tem para
lhe oferecer, acredite que existem
motivos de sobra para aproveitar
os dias em diversas atividades.
Desde logo, passear a pé pela
aldeia, inserida na rede de Aldeias
Históricas de Portugal (ou visitando
algumas das mais próximas, como
Almeida, Trancoso ou Marialva),
fazendo uma paragem obrigatória
na Casa de Chá e na loja Sabores
do Castelo, onde encontrará
muito do melhor que a região lhe
oferece. Conte, também, com os
conhecimentos de Ana Berliner
para o guiar num passeio de jipe ou
numa visita às gravuras do rio Côa.
d’Alva, entre tantas outras iguarias, o que
não faltam são motivos para deixar correr o
tempo lentamente (ainda para mais sem uma
imposição rígida de horários para saborear
a primeira refeição da manhã). Os sabores
caseiros podem continuar a fazer parte da
ementa em refeições previamente acordadas
ou através dos cestos de piquenique
preparados com todo o carinho para
acompanhar os passeios dos hóspedes.
Para desfrutar com igual calma são os
quartos. Sete, no total, todos eles com nomes
de pássaros, que confirmam a paixão de Ana
e António pela Natureza. Na casa principal, o
Pisco e o Rabirruivo; virados para o jardim, o
Andorinhão e o Noitibó (sendo este uma suíte
com mezzanine); e na casa Mikwéh (ótima
para alugar na sua totalidade), composta por
uma sala comum de apoio e três quartos, o
luminoso Chapim, o surpreendente Melro
Azul e o Coruja, com teto estrelado e cama
suspensa. Já aprovado está o projeto para
a recuperação de uma terceira casa, junto
à piscina, onde nascerão quartos pensados
para oferecer belíssimas vistas panorâmicas,
confirmando que, por estas bandas, o segredo
do sucesso é mesmo o saber aproveitar as
pequenas coisas.
O pecado da gula
A sensivelmente 15 minutos de
distância, na aldeia de Malpartida,
fica o restaurante Casa d’Irene.
A calorosa receção e a confeção
dos pratos são feitas pela própria
D. Irene, que nos delicia com os
sabores da região, do cabrito ao
bacalhau, passando pelo polvo
e terminando num leite creme de
comer e chorar por mais.
Naturalmente
Ana e António conhecem
perfeitamente o Parque Natural
do Douro Internacional e são
as pessoas ideais para o ajudar
a preparar esta sua visita.
cx
a rev i s ta d a ca i xa
51
s
saúde
p r é - o p e r at ó r i o
Ultrapassar o medo da cirurgia
Entrar no bloco operatório pode causar alguma ansiedade.
Apesar dos avanços da medicina
e de grande parte das cirurgias serem já
intervenções consideradas correntes, persiste,
em algumas pessoas, um medo latente.
Hélder Viegas, diretor do Departamento
de Urgência e Cuidados Intensivos no
Hospital de Cascais, refere que foi realizado,
em 1995, no Serviço de Cirurgia do Hospital
do Desterro, um estudo que se debruçou
sobre a ansiedade dos doentes cirúrgicos no
pré-operatório. Para o estudo, foi feito um
inquérito, elaborado com a colaboração de
um psicólogo, a 52 doentes submetidos a
média e grande cirurgia pelos cirurgiões da
equipa chefiada pelo cirurgião Luiz Damas
Mora. «A análise dos resultados permitiu
estabelecer dois tipos de circunstâncias,
que, com mais frequência, são causa de
ansiedade: circunstâncias gerais, comuns
a todo o tipo de cirurgia, e circunstâncias
específicas, relacionadas com a cirurgia
sobre determinados órgãos ou sistemas»,
descreve Hélder Viegas. No primeiro
caso, as causas de ansiedade prendiam-se com a possibilidade de uma doença
maligna, dor no pós-operatório, eventual
necessidade de transfusão e medo de «não
acordar da anestesia». No que diz respeito
às segundas, a mais frequente foi o medo
de ser necessária uma colonostomia.
«Naturalmente, atos cirúrgicos realizados
por outras especialidades desencadearão
outros medos, como lesões neurológicas
definitivas, impotência sexual, ou outros»,
refere o cirurgião.
Consolidar a relação de confiança
«É minha convicção que explicar ao doente,
de forma acessível, em que consiste a
cirurgia é fundamental para combater o
medo que se instala quando é transmitida a
notícia de que tem de ser operado», defende
52
cx
a rev i s ta d a ca i xa
Conselho do especialista
«O doente deve estar consciente da confiança
que tem no seu cirurgião, colocando-lhe
atempadamente todas as suas dúvidas e receios,
sem tabus, não hesitando em escolher outro
cirurgião se aquela relação não se revestir de
confiança e cumplicidade mútuas. É esta, a meu
ver, a base para a diminuição do medo legítimo de
um ato cirúrgico», recomenda Hélder Viegas.
Hélder Viegas. Segundo o cirurgião, este
esclarecimento deve ser acompanhado de
informações claras sobre os benefícios e
riscos do ato cirúrgico, destruindo alguns
conceitos e mitos ainda muito presentes.
«A segurança com que o cirurgião esclarece
as dúvidas e presta as informações é
diretamente proporcional à confiança
adquirida pelo doente», afirma. Porém, não
deve confundir-se segurança com arrogância
ou distanciamento. Qualquer destas tem
efeito contrário ao desejado, alerta o
cirurgião.
No estudo referido, verificou-se que,
já no bloco operatório, rodeado de um
ambiente hostil e desconhecido, o que mais
tranquiliza o doente é encontrar o «seu
cirurgião», provavelmente a única pessoa
que ele reconhece entre tantas caras, vindo,
logo a seguir, a compreensão e apoio do
anestesista e da equipa de enfermagem.
A preservação da relação médico-doente
é, pois, um pilar fundamental no combate à
ansiedade no período pré-operatório, pelo
que o cirurgião deve manter o hábito de
trocar algumas palavras tranquilizadoras
com o «seu doente» antes da indução
anestésica.
Ilustração: Getty Images
Saiba como pode vencer esse receio
e
educação
Mobilidade
Emprego(s) para
a(s) vida(s)
Porque o mercado laboral está em constante movimento,
deixou de ser possível colocar um travão à mobilidade profissional. Não se deixe
parar pelo medo e aproveite o balanço para dar um novo impulso à sua carreira
Ilustração: Getty Images
Por Ana Rita Lúcio
Acabado de sair da faculdade, com
um diploma debaixo do braço, o Senhor X
tinha o destino traçado. O curso Y, assim
como todo o percurso escolar correram
sem sobressaltos e até com momentos de
distinção – a antiga escrivaninha guardada no
sótão ainda se abre para recordar a medalha
recebida pela entrada no quadro de honra
da escola onde completou o antigo 5.º ano
de liceu. Cedo descobrira o que queria ser
«para o resto da vida» – e ainda hoje sorri ao
recordar-se de como, ainda mal aprendera a
atar os sapatos, já tinha a certeza de qual viria
a ser a sua profissão. E assim foi.
O emprego na empresa Z esperava-o
mal se sentara nas carteiras da universidade.
Assim que se formou, a secretária com vista
para a rua sempre pejada de transeuntes era
sua. Sua continuou – enquanto a máquina
de escrever deu lugar ao computador de
secretária e as molduras com as fotografias
dos netos se somaram às dos filhos – até se
reformar, há alguns anos. E é por isso que o
Senhor X estranha quando pensa em A, a neta
mais velha, que poucos mais anos do que ele
tinha quando pôs o pé no mercado laboral,
já assumiu as funções B e C, na empresa D,
correndo as sucursais E e F, e se dedica, agora,
à função G, na empresa H, enquanto faz a pós-graduação I, em complemento à licenciatura
em J. Sem nunca fechar a porta a outras
oportunidades que possam surgir. Porque,
explica, «o futuro é um livro aberto».
As letras do alfabeto dão-nos o retrato de
dois casos fictícios, mas que não estão muito
distantes da realidade laboral portuguesa, à
medida que avançamos na segunda década
do século XXI. Se, até há bem pouco tempo,
se falava de «emprego para a vida» – como
aquele que acompanhou o Senhor X ao longo
dos anos –, hoje, talvez seja mais adequado
falar-se de vários empregos para várias vidas
– como a da jovem A, que vai adaptando e
conciliando o seu percurso de vida com os
desafios de trabalho, à medida que o caminho
se vai fazendo. E se é verdade que estes são
exemplos posicionados nos extremos opostos
da escala das realidades laborais – havendo
uma miríade de gradações pelo meio –, há
algo que parece indiscutível: a mobilidade
profissional veio para ficar, fruto de uma
economia aberta e em constante mutação,
onde as leis da oferta e da procura ditam as
regras do mercado.
Em vez de ficar parado, à espera do
que lhe possa acontecer, esta pode ser uma
boa ocasião para se antecipar ao fluxo da
mudança. A chave mestra para abrir o enigma
do novo cenário de flexibilidade que se
esboça é a formação contínua. Desenvolver
conhecimentos e competências na sua área de
especialização – que não deve ser vista como
uma baliza estanque – ou apostar na formação
em áreas distintas são sempre mais-valias para
dar um novo fôlego à sua carreira.
Além disso, há que olhar para o próprio
conceito de mobilidade, que não tem de
significar uma transformação drástica – nem
dramática – na vida de quem trabalha.
Desde logo, pode representar, apenas, a
oportunidade de desempenhar novas funções
ou acumular responsabilidades, dentro do
quadro da empresa onde já trabalha, ou
continuar no seu setor de atividade, ainda
que respondendo a uma nova entidade
patronal. Claro que mobilidade pode também
ser sinónimo de explorar uma nova área de
ação ou, em determinados casos, remeter
para a possibilidade de mudar de cidade ou
até mesmo de país. Desde que esse cenário
se concilie com as expetativas e ambições
profissionais do próprio, essa é uma porta que
pode ser mantida aberta, se estiverem reunidas
todas as condições.
E sendo certo que nenhuma destas
alterações de status quo deve ser feita à revelia
dos trabalhadores, o truque é não se deixar
arrastar por uma mudança que pode ocorrer
a qualquer momento. Pode mesmo, aliás,
antecipar-se a ela. Afinal, emprego(s) novos,
vida(s) nova(s).
cx
a re v i s ta d a c a i xa
53
f
finanças
P o u pa n ç a
No ano em que todos fazem contas à vida,
faça da poupança um aliado que o pode ajudar a contar com
um futuro financeira, ambiental e socialmente mais sustentável.
A carteira, o ambiente e a sociedade agradecem
Austeridade. Reduções. Ajustamentos.
Cortes. Todos os dias, o dicionário da crise
cresce em entradas, à medida que diminuem
os rendimentos disponíveis para fazer face às
despesas do dia a dia. Mas há uma palavra
que merece lugar de destaque no vocabulário
da contenção. Ela é uma arma ao alcance de
todos no combate às restrições financeiras,
mas também um aliado na luta contra o
desperdício: essa palavra é a «poupança».
E se o mesmo dicionário nos mostra que
poupar significa gastar com moderação,
não desperdiçar e economizar, na prática, o
ato de poupar pode ser sinónimo de maior
folga no orçamento familiar e de um avanço
significativo rumo à meta de um consumo
mais responsável e sustentável. «Meta» é
mesmo o termo mais apropriado, já que não
bastam passadas avulsas para a alcançar.
Gastar menos e melhor é, essencialmente,
uma corrida de fundo que exige esforço,
54
cx
a re v i s ta d a c a i xa
alguma disciplina e, claro, perseverança. Essa
exigência não tem, porém, necessariamente,
de pressupor alterações radicais e penosas do
estilo de vida de cada um. A verdade é que,
gesto a gesto, e sempre com coerência entre
eles, pequenas transformações nos hábitos
de consumo podem resultar em ganhos
substanciais nas poupanças domésticas, mas
também, num sentido mais abrangente, em
termos sociais e ambientais, contribuindo,
assim, para o bem-estar de todos.
O primeiro impulso – que pode decidir
logo o desfecho desta jornada de aforro – é
dado pelo cálculo do seu orçamento mensal,
de modo a que possa geri-lo com maior
eficiência, sabendo exatamente quando, onde
e como gasta. E porque é tão importante
quanto é saber controlar as suas despesas,
uma ferramenta imprescindível é um mapa
de despesas mensais. Nele podemos apontar
todas as despesas realizadas ao longo do mês
e estipular valores máximos para
cada uma delas. Depois, é só
seguir o plano à risca, evitando ao
máximo os desvios: caso precise
de uma motivação extra, pode
sempre estabelecer penalizações,
caso não cumpra as diretrizes,
ou, por outro lado, recompensas,
caso as alcance. Sem confundir
rigor com dramatismo, uma
penalização não tem de ser um
martírio e uma recompensa
não envolve, obrigatoriamente,
dinheiro ou bens materiais.
É claro que poupar não é só
gastar menos, é também fazer
economias. Ajustadas às suas
possibilidades, há que procurar
soluções que lhe permitam
poupar todos os meses, de modo
Cartão Soma
O cartão de crédito Soma(1) permite-lhe
efetuar pagamentos e levantamentos,
convertendo as suas compras em
pontos para um dos dois programas
associados:
• FastGalp, em parceria com a Galp
Energia; ou
• Tagus, em parceria com a agência de
viagens Tagus.
Por cada múltiplo de 5 euros de compras
e cash advance (exceto cash advance
para a conta à ordem) que efetuar com
o cartão Soma, terá direito a 5 pontos,
que são convertidos mensalmente e
na mesma proporção. Poderá rebater
os pontos acumulados em produtos e
serviços Galp ou Tagus. Consulte
www.fastgalp.com ou www.taguseasy.
pt. Além disso, o cartão Soma oferece
descontos nos mais variados parceiros.
Visite www.vantagenscaixa.pt.
Pode, também, reforçar a sua
poupança através da funcionalidade
de arredondamento. Ao efetuar
compras com o cartão Soma, o valor
remanescente da sua compra reverte,
automaticamente, para uma conta de
poupança da Caixa que detenha. Saiba
mais em www.cgd.pt.
(1)
TAEG de 24,2%, para um montante
de 1500 euros, com reembolso a 12
meses, à TAN de 21,25%.
a que possa constituir ou consolidar um fundo
de poupança, idealmente, de valor três a seis
vezes superior ao seu rendimento mensal.
Não menos relevantes, existem, ainda, os
gestos de poupança quotidianos, desde logo
quanto ao dispêndio de eletricidade, gás ou
água: nunca é demais reforçar a importância
de recorrer a lâmpadas economizadoras,
desligar os aparelhos em stand-by, regular a
temperatura de esquentadores e caldeiras e
banir os banhos de imersão.
Porém, fora de casa também se pode
consumir responsavelmente. Ao volante,
mantenha velocidades constantes e deixe
o carro de lado em trajetos curtos, nos
quais seja possível andar a pé e fazer algum
exercício. Quando for às compras, prefira
produtos da época e da região e opte,
também, por comprar, quando se justificar,
pela Internet, onde se podem encontrar
oportunidades imperdíveis.
Foto: Richard Newstead
Contar com a poupança
Nove Mecanismos
Para uma poupança
automática
Conheça o PAP – Plano de Poupança
Automática e saiba como poupar
na Caixa automaticamente e sem
esforço.
PAP E X P E R I E NCE
Um presente com futuro
Saiba como tirar partido desta oportunidade
e partilhá-la com quem lhe é querido
Já pensou que hoje, mais do que assinalar
um momento com a oferta de um presente
efémero, é importante reforçar as condições
que podem contribuir para um futuro bem
melhor daqueles de quem mais gosta? Por
exemplo, o início de uma poupança. É
justamente a pensar nisso que lhe propomos
a oferta do kit PAPEXPERIENCE.
Em que consiste?
Trata-se de uma experiência de poupança que
lhe permite oferecer, diretamente, 25 euros
para abertura ou reforço de uma conta de
poupança e a possibilidade de ativação dos
mecanismos de poupança automática que
mais se adequem ao seu beneficiário. Quem
receber este presente pode beneficiar, ainda,
de 35 euros de bónus – oferta da Caixa.
Como funciona o bónus?
Se o beneficiário deste presente assegurar uma
nova domiciliação de rendimentos (salário,
pensão ou reforma, no mínimo de 500 euros
líquidos) na Caixa ou reforçar ou constituir
uma poupança a um ano com um montante
vindo de outra instituição de crédito, no
mínimo de 1000 euros, a Caixa oferece-lhe
25 euros adicionais.
Entretanto, pode, também, receber 10
euros suplementares oferecidos pela Caixa se
for um dos 20 mil Clientes que mais poupar
através do mecanismo de arredondamento
dos cartões da Caixa. Válido para extratos de
dezembro de 2011 a março de 2012, com
um arredondamento mínimo de 75 euros, e
para os extratos de abril a outubro de 2012,
com um arredondamento mínimo de 125
euros.
Como adquirir?
Basta dirigir-se a uma Agência da Caixa ou
aceder à loja on-line do serviço Caixadirecta
on-line e adquirir o PAPEXPERIENCE.
Poderá, assim, distinguir aqueles de quem
gosta com um presente com futuro. Ofereça,
também, um PAPEXPERIENCE a si próprio
e conheça todos os detalhes em qualquer
Agência da Caixa ou em www.cgd.pt.
contas de poupanças
1. Caixa Aforro Poupe Mais: premeia,
automaticamente, a permanência e
os reforços a uma taxa de juro com
um spread crescente;
2. Depósitos POP: no vencimento,
alimentam, automaticamente, a
conta Caixa Projecto com o crédito
automático do capital e juros;
3. Caixa Poupança Activa: para
Clientes com mais de 55 anos,
beneficia de reforços automáticos
através da possibilidade de
agendamento ou da devolução dos
gastos em compras com cartão de
crédito Caixa Activa(1).
reforçar a poupança
utilizando cartões
4. Cartões LOL e LOL Júnior: o saldo
não utilizado é acumulado e, quando
atingir os 10 euros, é transferido,
automaticamente, para a conta de
poupança;
5. Cashback: devolução automática
de uma percentagem das compras
que forem efetuadas com
determinados cartões;
6. Arredondamento: o Cliente define
o valor do arredondamento que é
efetuado automaticamente para a
conta de poupança cada vez que seja
efetuada uma compra.
facilitadores de poupança
7. Entregas programadas da conta à
ordem para a conta de poupança;
8. Reforço automático numa conta
de poupança de um depósito a prazo
quando este atinge o vencimento.
Exemplos: Depósito Super Mais
a 3 anos, Depósito a Prazo a 3 anos;
9. Serviço de Gestão Automática
de Tesouraria (GAT): os excedentes
de tesouraria na conta à ordem são,
diariamente, transferidos para a
conta de poupança associada, com
uma remuneração majorada.
TAEG de 22,2%, para um montante
de 1500 euros, com reembolso a 12 meses,
à TAN de 20,75%.
(1)
cx
a re v i s ta d a c a i xa
55
sustentabilidade
A t i v i smo soc i a l
Restabelecer laços
com a Natureza
Voluntariado e agricultura biológica dão as mãos
num projeto aliciante em prol de um planeta melhor
Por Helena Estevens
praia, cavalos, comida, dormida e, em
troca, sensação de missão cumprida. Umas
férias de sonho para uns, uma experiência
diferente para qualquer um e ao alcance de
todos, por quatro horas de trabalho voluntário
por dia, numa exploração agrícola orgânica,
neste caso, o Monte da Cunca. Esta é uma
as dez melhores WWOOF (Oportunidades
Mundiais em Quintas Orgânicas) a nível
global, segundo o jornal britânico The
Guardian. É aqui, junto à praia da Carrapateira,
que Klaus, austríaco, e Dania, italiana, recebem
os visitantes, entre amigos e colaboradores,
vindos de todo o mundo para, durante algum
tempo, poderem dar o seu contributo para o
desenvolvimento da propriedade, dedicada à
agricultura biológica. Em compensação, este
INFO WWOOF
Contactos: www.wwoof.org e
www.wwoof.pt (Portugal)
Taxa anual: 15 euros
Primeiro contacto com anfitriões: um a
dois meses antes da época pretendida
56
cx
a re v i s ta d a c a i xa
engenheiro e esta antiga chef oferecem comida
e dormida e a possibilidade de desfrutarem
de algumas amenities do Monte da Cunca
– como os seus cavalos e carros. E, claro, a
praia ali tão perto. Aliciante, sem dúvida, mas
desengane-se se pensar que é este o atrativo
que anualmente leva um número crescente
(em Portugal, foram 1150 em 2010) de
pessoas a reservarem na agenda algum tempo
para se dedicarem de corpo e alma ao projeto
WWOOF, com presença um pouco por todo
o mundo. O trabalho – anunciado nos sites
do movimento – é variável, podendo oscilar
entre trabalho no campo, desenvolvimento
de projetos de energias renováveis ou outras
técnicas amigas do ambiente, ou alguma
reparação, sendo deixado a cada wwoofer
a possibilidade de escolher. Depois, é só
entrar em contacto e confirmar se é viável.
Na despedida, mais do que todos os bons
momentos passados, fica a partilha de
experiências e de culturas, os conhecimentos
apreendidos e o crescimento pessoal. Ou, até
mesmo, um novo rumo.
Print
campo e cidade,
nova simbiose?
Promover o acesso e contacto
com o campo e a agricultura
biológica a todos aqueles que
normalmente não o poderiam
fazer.
Foi assim que surgiu
a WWOOF, no início Working
Weekends on Organic Farms
(Fins de Semana em Quintas
Orgânicas), corria o ano
de 1971. A ideia nasceu
de uma secretária londrina,
Sue Coppard, tendo
rapidamente sido posta em
prática num fim de semana que
não poderia ter corrido melhor.
Anfitriões e voluntários –
chamemos-lhe assim
– adoraram a entreajuda e
partilha de conhecimentos,
dos quais nasceram também
fortes amizades. Não tardaria
até que os fins de semana
se revelassem insuficientes,
alargando-se a experiência
a mais dias ou semanas. O
nome sofreu também algumas
adaptações até chegar à
designação atual. Willing
Workers on Organic Farms
(algo como Trabalhadores
Voluntários em Quintas
Orgânicas) para World Wide
Opportunities on Organic
Farms (Oportunidades
Mundiais em Quintas
Orgânicas).
em Portugal ou no estrangeiro, são inúmeras
as quintas por onde escolher. Lembre-se de
que este é um projeto de voluntariado, não
concedendo vistos nem licenças de trabalho.
Qualquer dúvida deverá ser esclarecida com as
respetivas embaixadas. Se não tiver seguro de
saúde ou de viagem, informe-se previamente
com a sua seguradora. A OVEuropa e a World
Nomads são das mais populares entre os
wwoofers.
Foto: Luís Barra/Visão
s
s
sustentabilidade
empreender
Caixa atenta ao mar
Conhecedora das potencialidades que se escondem
por detrás do recorte da costa portuguesa, a Caixa Geral de Depósitos
Fotos: Rui Marto/Estúdio João Cupertino
continua a promover o debate sobre o re-encontro de Portugal
com a cultura e a economia do mar
É um recurso, uma oportunidade e, acima
de tudo, um desígnio. Para Portugal, o mar
representa – ou deve representar – uma fonte
de riqueza da qual há que retirar proventos,
sempre numa perspetiva sustentável. Significa
o acarretar de uma vaga de projetos inovadores,
capazes de gerar negócios e atividades de e para
o futuro, assim como a determinação conjunta
de um povo que, com ou sem epopeias, se
deseja lançado numa aposta consolidada na
exploração do potencial que banha a nossa
costa. E representa-o, também, para a Caixa,
que, por estes motivos, há muito elegeu como
sua a missão de fomentar e congregar esforços
para a reaproximação entre o País e as suas
cultura e economia marítimas.
Em função desse renovado compromisso
com o mar, o Banco faz questão de manter
e até diversificar o apoio a iniciativas que
coloquem as temáticas da cultura e economia
marítimas no topo da agenda nacional. Isso
mesmo aconteceu numa série de conferências,
no final do ano passado, em cuja dinamização e
divulgação a CGD se envolveu diretamente.
Realizada a 25 de novembro, numa região
histórica, social e economicamente ligada
às atividades costeiras, a Conferência do
Mar 2011, organizada pelo jornal Expresso
e patrocinada pela Caixa, levou ao Hotel
Palácio Estoril uma fatia expressiva do
tecido empresarial português, bem como
representantes de organizações e das
autoridades competentes com interesses nas
áreas da economia do mar. Num evento que
surgiu na esteira da conferência organizada
no ano anterior também pelo semanário,
as intervenções subordinaram-se ao tema
«Portugal, a Europa e o Mar: Uma Estratégia
para o Século XXI», pondo em evidência a
importância estratégica deste setor para o
futuro, tanto no contexto interno como no
comunitário.
Entre muitos ilustres convidados, a lista de
oradores incluiu o presidente da Comissão
Europeia, José Manuel Durão Barroso, o
ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, o
secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de
Abreu, o especialista em assuntos marítimos e
consultor da Presidência da República para os
Assuntos da Ciência, Ambiente e Mar, Tiago
Pitta e Cunha, e o vice-presidente da Comissão
Executiva da Caixa Geral de Depósitos, António
Nogueira Leite. Entre outras, destacam-se as
declarações do titular da pasta da Economia,
apelando ao investimento nas atividades
portuárias, que «deve cair, sobretudo, nas
entidades privadas, cabendo ao governo
legislar», e as do presidente da Comissão
Europeia, apontando o mar como «um dos
setores que nos pode ajudar a libertar da crise».
Mais uma vez contando com o apoio da Caixa
Geral de Depósitos, a 8 de novembro de
2011 foi a vez do BCSD Portugal realizar, na
Culturgest, a Conferência «Economia do Mar
– Sustentabilidade, Inovação e Valorização»,
apontando, igualmente, para a relevância
de uma aposta de longo prazo no setor. O
encontro proporcionou uma abordagem
geral ao tema, fazendo incidir o foco da
discussão sobre as oportunidades geradas pela
exploração sustentável dos recursos marítimos.
Um propósito alcançado com a reunião de
peritos e a apresentação de casos de sucesso
na dinamização marítima, que incidiram,
particularmente, sobre o empreendedorismo
e a criatividade na criação de novos negócios,
a importância da inovação e investigação
e formas de financiamento a projetos de
investimento inerentes à economia do mar.
Finalmente, nos dias 28 e 29 de novembro,
o Centro de Congressos de Lisboa acolheu
a Conferência do Atlântico, à qual a CGD
se associou, conjuntamente com o Fórum
Empresarial da Economia do Mar. Subordinado
ao tema «Economia e Ciência Marítimas
para um Desenvolvimento Sustentável da
Europa», o evento serviu de palco para a
discussão em torno da Estratégia Marítima
Europeia para a Área do Oceano Atlântico
e teve como propósito estimular o debate
entre representantes dos Estados membros
e das diferentes regiões, empresários e
empreendedores e clusters da Ciência. Um dos
pontos altos foi a apresentação da Comunicação
da Estratégia Marítima Europeia, com o
objetivo de produzir recomendações tendo
em vista a formação de uma rede denominada
Fórum do Atlântico e a aproximação aos
Estados vizinhos do Atlântico nos continentes
africano e americano.
cx
a re v i s ta d a c a i xa
57
s
sustentabilidade
Ao utilizar o cartão Caixa Fã, a Caixa contribui com uma percentagem do
valor das suas compras para o Fundo Caixa Fã, que apoia diversos projetos
cotados na Bolsa de Valores Sociais. O cartão Caixa Fã é mais do que um meio
de pagamento e o seu contributo é mais do que um apoio: é um investimento
em projetos com retorno social. Saiba mais em www.cgd.pt.
responsabilidade
Uma Caixa Fã de causas
Findo o segundo semestre de 2011, é altura de um primeiro olhar
Criado em 2008, o Fundo Caixa Fã
apoia projetos de responsabilidade social,
através da canalização de 0,05% do valor
das compras efetuadas pelos Clientes com
o cartão Caixa Fã. A Bolsa de Valores Sociais
intervém na seleção das entidades, através
da análise das candidaturas e monitorizando,
posteriormente, a execução dos projetos
apoiados.
O segundo semestre de 2011 não foi
diferente e, mais uma vez, regista-se,
com agrado, o impacto real da iniciativa.
Exemplo disso foi o caso da Associação
Democrática da Defesa de Interesses da
Igualdade das Mulheres, cujo montante
proveniente do Fundo foi já executado
na totalidade. Foram mais de 26 mil
euros, que resultaram em campanhas de
sensibilização, ações de apoio social, obras
de reparação no Centro de Atendimento à
58
cx
a re v i s ta d a c a i xa
Vítima e posterior inauguração de uma sala
para crianças.
Já a Associação Portuguesa de Pais e
Doentes com Hemoglobinopatias – que
intervém a nível médico e social, melhorando
a qualidade de vida destas pessoas – usou
o financiamento do Fundo Caixa Fã no seu
projeto Direito do Globi a uma Cidadania
Plena. Isto permitiu prestar atendimento
na sede da Associação e efetuar visitas
domiciliárias, orientação para a procura ativa
de emprego e apoio na integração laboral,
com a realização de ações sobre técnicas de
procura de emprego e ateliês para aquisição ou
aperfeiçoamento de diversas competências.
Os projetos das restantes entidades
apoiadas neste semestre encontram-se,
igualmente, em execução, estando a sua
conclusão prevista a curto ou médio prazo.
Ainda assim, a Cavalo Amigo regista já a
aquisição de uma grua e de um cavalo (ainda
em teste) para o seu programa de equitação
terapêutica, meios que permitirão alargar os
tratamentos a cidadãos com paraplegias. Por
seu lado, a Associação de Pais e Amigos dos
Deficientes Auditivos da Madeira (APADAM)
concretizou já vários procedimentos logísticos
e administrativos para criar uma empresa de
inserção, que formará, a cada dois anos, sete
profissionais com necessidades especiais,
aumentando a empregabilidade destas
pessoas.
Há, ainda, muito por realizar, mas
estes apoios darão frutos a médio prazo,
devolvendo à sociedade o investimento
efetuado em integração social de pessoas
em situações de fragilidade. Vale, pois, a
pena ser Fã e contribuir, sem qualquer gasto
adicional, para este Fundo. Basta usar o
cartão Caixa Fã.
Foto: ULTRA.F
para os projetos inseridos no Fundo Caixa Fã e constatar que vale a pena ser fã
sustentabilidade
c o m pr o m i ss o
Líder no combate
às alterações climáticas
A Caixa é a melhor empresa portuguesa
e a melhor instituição financeira ibérica na resposta às exigências
de uma economia de baixo carbono
Foto: Ed Honowitz
O Relatório CDP Ibéria 125 2011 –
publicado pelo Carbon Disclosure Project
(CDP) – avaliou, pela primeira vez, as
respostas das maiores empresas cotadas
em Portugal e Espanha no âmbito das suas
estratégias de responsabilidade climática.
A classificação Carbon Disclosure avalia
o nível de compreensão e transparência das
empresas em relação ao tema, assim como
a sua eficácia na mitigação de emissões de
gases com efeito de estufa.
A CGD foi a primeira instituição
financeira portuguesa a tornar-se investidor
signatário do CDP e, desde 2009, passou
a responder ao respetivo questionário. A
sua ação é, agora, reconhecida, sendo uma
das seis empresas ibéricas com classificação
superior a 85 pontos, numa escala de 100,
obtendo, assim, a classificação A- na escala
Carbon Performance (apenas três empresas
espanholas atingem a classificação A). Os 88
pontos da CGD representam, aliás, a melhor
classificação entre as empresas portuguesas e,
também, a melhor em todo o setor financeiro
ibérico.
Em primeiro no índice ACGE 2011
Mas não é apenas no Carbon Disclosure Project
que a Caixa foi distinguida pela sua ação em
prol do ambiente. No âmbito do Índice ACGE
2011, que mede a responsabilidade climática
em Portugal, a CGD obteve a liderança
do setor financeiro e a segunda posição
no total das 82 empresas avaliadas, como
reconhecimento pelo seu empenho na resposta
ao desafio das alterações climáticas e a uma
economia de baixo carbono.
O Índice ACGE avalia a resposta das
empresas ao desafio das alterações climáticas e
a uma economia de baixo carbono e estabelece
um ranking que possibilita a comparação
dos resultados das políticas de gestão dos
vários participantes (82 empresas de 14
setores de atividade), numa perspetiva de
competitividade e melhoria de desempenho,
assumindo, também, uma dimensão de
sensibilização e informação pública.
Estes resultados comprovam que o tema
está plenamente integrado na estratégia
da CGD, concretizando-se em iniciativas
de elevada eficácia. É nesse âmbito que se
enquadra o Programa Caixa Carbono Zero,
através do qual a CGD tem vindo
a desenvolver, desde 2007, um conjunto
de iniciativas que a posicionaram na liderança
do setor financeiro nacional na resposta às
novas exigências de uma economia de baixo
carbono.
Sustentabilidade. Na Caixa. Com certeza.
s
Print
The Best
Sustainable
Banking Group
(Portugal) 2011
A revista internacional
The New Economy
distinguiu a Caixa Geral
de Depósitos pelo segundo
ano consecutivo.
O Grupo CGD foi considerado
o Grupo Financeiro mais
Sustentável de Portugal
em 2011.
Esta distinção foi atribuída
no âmbito da iniciativa
The New Economy´s
Sustainable Finance Awards,
que visa reconhecer os
bancos e as instituições
financeiras que demonstraram
liderança e inovação na
integração de critérios
sociais, ambientais e
corporativos nas suas
operações.
A iniciativa da revista
The New Economy,
organizada pela terceira vez,
passou, em 2010, a incluir
também Portugal.
The New Economy
é uma publicação
quadrimestral, sediada
em Londres e lançada
em 2007, na assembleia-geral do World Fórum.
Esta revista aborda os
temas da Sustentabilidade
nos setores da Banca e
Finanças, Tecnologias Limpas
e Energias Renováveis
e Ciência e Tecnologia. A distinção internacional
agora obtida reforça
o Grupo CGD como digno
embaixador do setor
financeiro português
e representa um
reconhecimento do
mérito da sua atuação
no domínio da
Sustentabilidade.
cx
a re v i s ta d a c a i xa
59
agenda
Dança
En Attendant
5 e 6.6
Fundação CGD - Culturgest, Lisboa
O ponto de partida de
En Attendant é a Ars Subtilior,
uma forma complexa e altamente
refinada de música polifónica do
século XIV. A dança controlada
e ondulante de En Attendant
evoca e homenageia, de forma
muito bela, a natureza pura
mas estratificada da música e a
dissonância e contrastes pouco
comuns que a caracterizam.
Diferentes constelações
de corpos vão-se desenvolvendo
no espaço e no tempo.
Exposições
Zona Letal, Espaço Vital
Até 14.4
m|i|mo – Museu da Imagem em
Movimento, Leiria
O projeto de itinerância da Coleção
da Caixa Geral de Depósitos
apresenta a sua terceira edição.
A exposição Zona Letal,
Espaço Vital procura aproximar
o espectador de algo a que
geralmente não tem acesso: o
processo criativo. Sabendo que
este não é rígido nem visível,
e que cada artista desenvolve
procedimentos singulares de
criação, pretendeu mostrar-se
que as obras não são o resultado
de um desenvolvimento linear.
A exposição é acompanhada
Condições exclusivas Para
cartões cgd
40% de desconto na aquisição
de até 2 bilhetes por espetáculo
e exposição aos titulares
dos cartões Caixa Fã, ITIC, ISIC,
CUP e Caixa Activa.
30% de desconto na aquisição
de até 2 bilhetes por espetáculo
e exposição aos titulares
dos cartões Caixa Gold,
Caixa Woman, Visabeira
Exclusive, Leisure e Caixadrive.
60
cx
a re v i s ta d a c a i xa
Teatro
Regresso de Philippe Quesne à
Culturgest, depois de, em 2009,
ter apresentado L’Effet de Serge
e La Mélancolie des Dragons.
Big Bang pode tanto evocar uma
explosão gigantesca como uma
teoria fundadora, ou uma simples
onomatopeia de banda desenhada.
Talvez se passe numa ilhota, onde
um grupo de náufragos refaz o
mundo, regressando às origens
para representar a História em fast
forward. Uma sucessão de quadros
serve de estudo quase anatómico
de um microcosmos humano numa
geografia inesperada. Philippe
Quesne dá um passo em direção
à abstração, num dos percursos
mais instigantes da criação
contemporânea.
pela edição de um catálogo e
atividades educativas dirigidas
a públicos diversos.
cartão de débito ou de crédito
da CGD (não acumulável com
outros descontos).
Amigos de Paris
Jos de Gruyter e Harald Thys
Até 15.4
Fundação Arpad Szènes - Vieira
da Silva, Lisboa
Até 19.5
Fundação CGD - Culturgest, Porto
Big Bang
25 e 26.05
Fundação CGD - Culturgest, Lisboa
Aqui, pode apreciar peças únicas
do trabalho de quatro artistas,
Lourdes Castro, René Bertholo,
José Escada e Jorge Martins, que,
tal como muitos outros, tiveram
oportunidade de conviver com
Vieira da Silva e Arpad Szènes.
Os Clientes da Caixa têm um
desconto de 50% na entrada para
qualquer exposição da Fundação,
mediante a apresentação de um
Jos de Gruyter e Harald Thys
trabalham em conjunto desde o
final da década de 80. Ao longo
dos anos, produziram numerosas
obras em vídeo, mas o seu
trabalho engloba também, com
frequência, fotografias, esculturas
e desenhos. Inspirando-se na
realidade quotidiana, Jos de
Gruyter e Harald Thys fazem
uso de um humor absurdo para
construir mundos paralelos,
obscuros, povoados de intrigantes
personagens, oferecendo, assim,
um retrato (caricatural) impiedoso
da condição humana.
Música
Concerto Pais & Filhos
zona letal, espaço vital André
Cepeda, Sequência#9, 2000
22.4 e 20.5
Cinema São Jorge, Lisboa
Após o êxito da primeira edição
de 2011, a Caixa, a Orquestra
Metropolitana de Lisboa, a EGEAC
– Cinema São Jorge e a revista
Pais & Filhos avançam com um
novo ciclo de concertos. Mais do
que um programa de música, cada
apresentação é motivo para uma
conversa em que os participantes
são chamados a intervir
ativamente. A entrada é livre para
crianças menores de seis anos.
CICLO DE CONCERTOS
PROMENADE
22.4 e 20.5
Teatro das Figuras (Faro), às 12 horas,
ou Auditório Municipal (Lagoa), às
16:30
Com o apoio mecenático da Caixa,
o Ciclo de Concertos Promenade
CGD/Orquestra do Algarve
reflete a filosofia de atuação da
Caixa e a sua responsabilidade
social, nomeadamente junto
das gerações mais novas e suas
famílias. As diversas edições
deste ciclo de concertos afirmam-se pela sua qualidade artística,
mas também didática, passando
o objetivo por dar a conhecer os
diversos instrumentos de uma
orquestra completa.
Teatro
PANOS - Palcos Novos
Palavras Novas
18 a 20.5
Fundação CGD - Culturgest, Lisboa
Sétima edição deste projeto,
que junta a nova dramaturgia
ao teatro escolar e juvenil. Dois
novos textos em português,
escritos por Pedro Mexia e Alex
Cassal; uma peça traduzida do
projeto Connections, do National
Theatre de Londres, de Rory
Mullarkey. Mais de 30 grupos
de todo o País estiveram, desde
novembro, a ensaiar um destes
três textos para o apresentar, em
estreia nacional e absoluta, no
seu espaço habitual; seis desses
espetáculos virão ao festival da
Culturgest.
Fotos: Martin Argyroglo Callias Bey (Big Bang); André Cepeda (Zona Letal, Espaço Vital)
a
c
cultura
1. As regras
da casa da sidra
2. sangue quente
John Irving
Contraponto
Jonathan Coe
Numa América devastada
e dominada por hordas de
mortos-vivos, R. anseia por
algo mais do que devorar
sangue quente. É então que
conhece Julie, iniciando uma
incrível história de amor.
Dom Quixote
(€ 14,85, na Wook on-line)
(€ 16,11, na Wook on-line)
Civilização
Um dos maiores
romancistas americanos
contemporâneos oferece-nos uma grande narrativa,
que tem como ponto
de partida a amizade
entre um rapaz e o fundador
do orfanato onde está.
Isaac Marion
3. A Vida Privada
de Maxwell Sim
A vida vazia de Maxwell muda
graças a uma proposta de
trabalho: conduzir um carro
carregado de escovas de
dentes de Londres até às
remotas ilhas Shetland.
as escolhas de...
David
Machado
Escritor
Ainda a gozar do sucesso
de Deixem as Pedras Falar
e com um novo conto para
crianças a espreitar a luz
do dia, deixa-nos três
grandes sugestões.
O Mapa e o Território,
(€ 20,61,
na Wook on-line)
de Michel Houellebecq
(por muitos apontado como
o melhor escritor francês
da atualidade), é o livro que,
neste momento, merece a sua
preferência. Os Lambchop
e o seu álbum Mr. M encabeça
a sua lista musical e, no
cinema, ficou rendido a A
Dama de Ferro, com Meryl
Streep.
4. Gare
do oriente
Vasco Luís Curado
Dom Quixote
Cinco pessoas, vindas
de diferentes pontos da
cidade, convergem para
o mesmo comboio. Algo
faz despertar neles uma
consciência comum: o
ataque terrorista ocorrido
nessa manhã, numa
estação estrangeira,
cujas imagens passam
continuamente na
televisão.
(€ 11,61, na Wook on-line)
5. do lado
de cá do mar
8. ao vivo
no coliseu
dos recreios
7. seasons: rising
6. born to die
David Fonseca
Lana del Rey
Universal Music
Universal Music
Philip Graham
Deolinda
Primeira parte de um
trabalho que assinala
o regresso do músico
português de uma forma
inovadora: com um disco
que relata um ano da sua
vida.
É impossível não a
ouvir ou não ouvir falar
dela. Com um disco de
estreia tremendamente
consistente, uma voz
irresistível e canções para
ouvir repetidamente.
Editorial Presença
(€ 14,99, na Fnac on-line)
(€ 15,99, na Fnac on-line)
(€ 11,61, na Fnac on-line)
Valentim de Carvalho
Oportunidade de ouro para
ver e ouvir os melhores
temas de Canção ao Lado e
de Dois Selos e um Carimbo.
(€ 14,99, na Fnac on-line)
O autor leva-nos no melhor tipo
de viagem que há, enquanto,
simultaneamente, nos revela
a fascinante cidade de Lisboa –
os seus bairros, os escritores, os
seus costumes, a sua cozinha.
cx
a re v i s ta d a c a i xa
61
c
cultura
Print
outros filmes
s.a.l.
Cinema com sabor a mar
Intitula-se Surf at Lisbon Film Fest
e recebe honras de ser o primeiro festival internacional
de cinema dedicado à cultura do surf
Lisboa tem uma história que se
confunde com o mar. Ao longo de séculos,
o mar trouxe vida a Lisboa e, agora, é este
mesmo mar que vem até à capital mostrar que
os mares nunca de antes navegados já não
têm de ser lugar de receios, mas um lugar de
prazer, arte e vida. Este é o ponto de partida
para o S.A.L.’12 ou, se se preferir, para o
Surf at Lisbon Film Fest, o primeiro festival
internacional de cinema dedicado à cultura
do surf realizado no nosso País, e que terá
lugar no Cinema São Jorge, nos dias 14, 15 e
16 de junho.
O S.A.L. apresenta algumas das mais
relevantes produções internacionais no
contexto de uma abordagem alternativa
e artística da modalidade. É uma ocasião
única de a cidade de Lisboa presenciar um
acontecimento onde uma atividade e um
modo de vida tão apelativos são, pela primeira
vez, apresentados ao público no grande ecrã.
Uma experiência sem igual, que apela a várias
62
cx
a rev i s ta d a ca i xa
formas de expressão artística, numa
perspetiva multidisciplinar, e apelando à
consciência ecológica de todos nós. O festival
decorrerá ao longo de três dias, com a exibição
de longas e curtas metragens numa vertente
mais artística, a par de atividades paralelas,
como exposições de fotografia ou pintura,
concertos e atuações de vários DJ.
Integrado nas Festas de Lisboa,
o S.A.L. tem como objetivo inserir-se no
panorama dos mais importantes festivais
internacionais de cinema de surf, bem como
dos certames cinematográficos que decorrem
em Portugal. Privilegiando uma abordagem
alternativa, os filmes escolhidos para o
festival procuram dar a conhecer o lado mais
artístico e plástico da cinematografia do surf,
procurando potenciar sinergias nas áreas
cultural, desportiva e turística, firmando-se
como um veículo de promoção e interação
entre as mesmas, de forma a cativar novos
públicos.
De 13 a 21 de abril, o Cinema
São Jorge e a Cinemateca
Portuguesa abrem as portas
ao Panorama, 6.a Mostra do
Documentário Português.
Este ano, subordinado à
temática Como se vê o
documentário português?,
o Panorama volta a ser um
espaço de reflexão. Cinco dias
após terminar o Panorama,
arranca o Indie Lisboa 12 (de
26 de abril a 6 de maio). Tendo
a Culturgest como uma das
salas de exibição (a par do São
Jorge e do Cinema Londres),
a 9.a edição do Indie traz 11
dias de cinema e mais de 200
filmes inéditos, distribuídos
por oito secções: Competição
Internacional, Competição
Nacional, Observatório, Cinema
Emergente, Director’s Cut,
Pulsar do Mundo, IndieJúnior
e IndieMusic. As sessões
oficiais são assinadas por
Todd Solondz, com o filme
Dark Horse, na abertura, e
por Julie Delpy, com o filme
Skylab, no encerramento. O
aguardado Take Shelter, de Jeff
Nichols, será o último filme a
ser exibido. Mais a norte, em
Vila do Conde para sermos
mais precisos, terá lugar a 20.a
edição do Curtas International
Film Festival. E porque a
data assim o exige, está a
ser preparado um programa
muito especial, sendo uma das
iniciativas mais significativas
um programa especial
dedicado a Stanley Kubrick.
Confirmada está, também,
uma curta original dirigida por
Thom Andersen. A não perder,
de 7 a 15 de julho.
Foto: Sean Davey
Nos próximos meses há
outros festivais que justificam
várias horas numa sala
de cinema.
casaclaudia.sapo.pt
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C06WB
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cultura
Aldeia da terra
O barro que comanda o sonho
Ele esculpe e molda. Ela pinta e finaliza. Em conjunto, a poucos quilómetros
de Arraiolos, Tiago Cabeça e Magda Ventura trabalham, diariamente,
para dar corpo e alma ao projeto de uma vida
Por Pedro Guilherme Lopes (texto e fotografia)
«Bem-vindos à aldeia mais caricata de
Portugal.» A frase brilha, orgulhosamente, no
muro, imaculadamente caiado, que separa
a Aldeia da Terra da estrada de terra batida
que se percorre para lá chegar. Lá dentro,
Tiago Cabeça e Magda Ventura trabalham
com vista para um colorido mundo de barro,
que começou a nascer há, sensivelmente, três
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cx
a rev i s ta d a ca i xa
anos. «Trabalhamos todos os dias, incluindo
Natal e Ano Novo», conta Magda. «Chegámos
a um ponto em que tínhamos tantas peças
feitas que já não tínhamos espaço para as
guardar», completa Tiago. Assim, a 23 de
junho de 2011, abriram as portas da Aldeia
da Terra, que vai continuando a ganhar novos
habitantes enquanto chegam os visitantes.
«A maioria das pessoas que nos visita tropeça
nisto quase por acaso. Não conhecem o
projeto, mas acabam por sair com um grande
sorriso», diz Tiago.
Cultura e originalidade
Diariamente, atualizam o número de peças
existentes, o que faz com que o mínimo de
Print
ao pormenor
Cheia de cor,
humor
e originalidade,
a Aldeia da Terra
foi classificada
como Projeto
de Interesse
Cultural pelo
Ministério
da Cultura
600 peças, pensado de início, esteja hoje
transformado em mais de 2300. O próximo
passo é a inauguração da estação de caminhos
de ferro, nova forma de chegar a um pedaço
de planície onde convivem três aldeias: a
Aldeia da Terra, mais tradicional, ligada ao
campo e às atividades do campo; a Aldeia da
Pedra, mais dentro da lógica da vida urbana,
e a Aldeia de Baixo, ainda em construção,
virada para o turismo e para um estilo de vida
mais moderno. Dentro de cada uma delas,
retratam-se cenas do dia a dia deste ou de
outros tempos, numa descontraída mistura
de humor e de crítica social, sempre com um
ponto em comum: a originalidade.
«É um trabalho criativo, que diverge do
artesanato tradicional, onde se faz a repetição
de uma peça ou de uma ideia», explica Tiago.
«Aqui, as peças são sempre originais, até
porque trabalhamos por encomenda. Por
exemplo, no Natal, fazemos cerca de 80 a 100
presépios e não há dois iguais.»
O trabalho vai-se dividindo entre as novas
peças para a Aldeia e as que são criadas para
«alimentar» a loja da Oficina da Terra, nome
pelo qual respondem enquanto dupla e que
lhes começou a valer reconhecimento. E, com
tanta dedicação e criatividade, não admira
que a Aldeia da Terra tenha sido classificada
como Projeto de Interesse Cultural pelo
Da plasticina
aos prémios
Quando decidiu fazer
bonecos de plasticina para um
sobrinho, Tiago Cabeça estava
longe de imaginar o que se
seguiria.
Ministério da Cultura. «Sem dúvida que o
nosso trabalho é, acima de tudo, cultural,
embora a vertente comercial exista, por ser
um trabalho autossustentado», afirma o
artesão, reforçando as dificuldades inerentes
à tentativa de publicitar um trabalho com
poucos recursos. Nesse aspeto, o site tem sido
um aliado desde a primeira hora e a aposta
on-line continua com um divertido blog, onde
são registadas as notícias relacionadas com a
Aldeia da Terra. Nem todas, porque há alguns
segredos bem guardados, como a forma de
manter um jardim de esculturas. «Desde que
aqui estamos, já tivemos chuvas torrenciais,
ventos quase ciclónicos e queda de granizo, o
que nos fez deitar as mãos à cabeça. Só falta a
neve», diz Magda. «Tem servido para vermos
como as peças se comportam e fazermos
reajustes, experimentando materiais, desde
tintas a vernizes. Neste momento, já estamos
a recuperar algumas peças e temos a perfeita
noção de que este projeto implica uma
constante manutenção.»
Constante manutenção e constante
trabalho, dedicação e criatividade, até
porque o que hoje pode ser visto é,
ainda, uma pequena amostra daquilo
que a aldeia vai ser. Nada que assuste
este casal, totalmente empenhado em
moldar o sonho de uma vida.
Incentivado por Magda
Ventura, então namorada,
Tiago passou da plasticina
ao barro. A primeira peça
que vendeu, uma máscara,
foi para casa de amigos.
Seguiram-se muitos outros
pedidos, algumas exposições
e um número de vendas que
permitiu ao casal avançar para
a compra de um forno. Ela
abandonou o curso de Física
e Química, ele o de Engenharia
de Processos e Energia,
e abraçaram a arte de moldar
e pintar o barro.
A primeira vez que trouxeram
o seu trabalho a Lisboa
mostrou-lhes que tinham
feito a escolha certa. Na FIL –
Feira Internacional de Lisboa,
arrecadaram o 1.o Prémio
e a 1.a Menção Honrosa de
Artesanato Contemporâneo,
com a representação da
Última Ceia e da Crucificação
de Cristo, respetivamente. Daí
para cá, continuaram a receber
prémios, abriram a sua loja, em
Évora, que gerem com a ajuda
familiar, e agarraram, a quatro
mãos, um projeto ao pé do qual
«tudo o resto se apequena»:
a Aldeia da Terra.
www.aldeiadaterra.pt
A Aldeia da Terra oferece aos titulares dos cartões CGD 15% de desconto nas visitas e nas peças à venda
na loja. Saiba mais em www.vantagenscaixa.pt/parceiros/aldeia-da-terra.
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a rev i s ta d a ca i xa
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v
vintage
Segurança
Para não pôr os cheques
em cheque
Como um agente ao serviço no combate contra as falsificações
e as adulterações, o certificador de cheques surgiu no século XIX, para garantir
a segurança dos pagamentos
Por Gabinete do Património Histórico da CGD
Com a evolução do sistema bancário no século
XIX, expandiu-se a moeda escritural representada
pelo cheque, tornando-se mais expressiva a partir
de finais do mesmo século. O cheque, conhecido
de todos, é um instrumento de pagamento que
possibilita a movimentação dos montantes disponíveis
à ordem nas contas dos respetivos titulares e confere
ao seu beneficiário a expectativa de receber o
montante monetário nele assinalado.
O funcionamento do certificador assenta num
mecanismo com base na existência de uma roda
deslizante, numerada e com símbolos que identificam
os diversos tipos de moeda, que permite posicionar,
sucessivamente, cada algarismo correspondente ao
valor do cheque. Cada posicionamento numérico
é seguido por um pulsar de um manípulo, o qual
66
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a rev i s ta d a ca i xa
Era uma
vez 1865
No ano em que os cheques
foram regulamentados
pela primeira vez, em
França, o tempo não
deixou de correr. E a
História também não.
1.
Andrew Johnson torna-se o 17.o presidente dos
Estados Unidos da América,
após o assassinato de
Abraham Lincoln.
2.
Termina a Guerra Civil
Americana com a
rendição das últimas tropas
da Confederação.
A França foi o primeiro país a regulamentar o
cheque, com a Lei de 14 de junho de 1865. Na
Inglaterra, onde ele se expandiu mais rapidamente,
só foi legislado em 1882. Além da regulamentação,
foi necessário criar mecanismos que impedissem,
fisicamente, a falsificação do cheque e, em particular,
a adulteração do valor nele representado.
Nos finais do século XIX, e à semelhança de outros
países, passou a utilizar-se, também em Portugal, o
certificador de cheques, um instrumento utilizado na
atividade bancária e, como tal, nas Agências e filiais
da Caixa Geral de Depósitos e do Banco Nacional
Ultramarino. Este objeto tinha a função de certificar
ou proteger os cheques, através de um picotado
que lhes conferia a segurança contra eventuais
falsificações. Foi, em simultâneo, um objeto quase
decorativo, sendo alguns exemplares profusamente
decorados com motivos vegetalistas, em que
sobressaía um dourado polido e brilhante.
factos
3.
Argentina, Brasil e
Uruguai formam a
Tríplice Aliança para combater
o Paraguai .
4.
5.
Nasce o rei George V de
Inglaterra, a 3 de junho.
imprime uma furação no cheque, desenhando o
respetivo algarismo. A sucessão de posicionamentos e
respetivos pulsares completa a operação, perfurando o
cheque com o valor e o símbolo da moeda.
Mas será que o cheque vai «passar à história»?
Verifica-se, hoje, uma gradual substituição
da utilização do cheque por um conjunto
de meios de pagamento eletrónicos, que
garantem uma forma mais segura, cómoda,
rápida e eficaz de efetuar os mais variados
pagamentos.
De facto, na atual conjuntura de crise económica,
a utilização do cheque tem vindo a diminuir.
Especialistas apontam como consequência de uma
menor procura deste meio de pagamento por parte de
particulares o sufoco financeiro de muitas empresas
e uma maior consciencialização dos efeitos do uso
indevido dos cheques, diminuindo o espírito de
confiança que preside à sua circulação.
A 13 de junho, dá-se
o nascimento de William
Butler Yeats, Prémio Nobel da
Literatura em 1939.
6.
São publicadas as
aventuras de Alice
no País das Maravilhas, de
Lewis Carroll.
7.
É representada pela
primeira vez, em
Munique, a ópera Tristão e
Isolda, de Richard Wagner.
8.
Inaugura-se, a 18 de
setembro, a Exposição
Internacional do Porto.
9.
Morre o filósofo
dinamarquês Soren
Kierkegaar, a 11 de novembro.
10.
Rudyard Kipling, outro
Prémio Nobel da
Literatura, em 1936, nasce a
30 de dezembro.

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