de portugal com amor
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de portugal com amor
a revista da caixa N . o 0 7 | M a r ç o d e 2 0 1 2 | A n o III caixa geral de de p ósi tos de portugal com amor o muito que fazemos e que sabemos fazer tão bem eduardo lourenço entrevista ao prémio pessoa As ilhas da fantasia Viagem de sonho ao arquipélago dos açores mima house reinventa arquitetura € 1,50 CoNtinente e ilhas periodicidade Trimestral e editorial Portugal positivo a revista da caixa Diretor Francisco Viana Editores Luís Inácio e Pedro Guilherme Lopes Arte e projeto Rui Garcia e Rui Guerra Colaboradores Ana Ferreira, Ana Rita Lúcio, Andreia Simões, Helena Estevens, João Paulo Batalha, Leonor Sousa Bastos, Paula de Lacerda Tavares, Rita Neves (texto); Agência AFFP, Estúdio João Cupertino, Miguel Manso, Rita Chantre, com agências Corbis, Getty Images, iStockPhoto e Reuters (fotos); Dulce Paiva (revisão) Secretariado Teresa Pinto Gestor de Produto Luís Miguel Correia Produtor Gráfico João Paulo Font REDAÇÃO TELEFONE: 21 469 81 96 FAX: 21 469 85 00 R. Calvet de Magalhães, 242 2770-022 Paço de Arcos PUBLICIDADE TELEFONE: 21 469 87 91 FAX: 21 469 85 19 Impresa Publishing R. Calvet de Magalhães, 242 2770-022 Paço de Arcos Diretor Comercial Maria João Peixe Dias ([email protected]) Diretor Coordenador Luísa Diniz ([email protected]) Coordenador Maria João Jorge ([email protected]) Contacto Ana Dória ([email protected]) Eduarda Casa Nova ([email protected]) Assistente Florbela Figueiras ([email protected]) Coordenador de Materiais José António Lopes ([email protected]) Editora Medipress - Sociedade Jornalística e Editorial, Lda. NPC 501 919 023 Capital Social: €74 748,90; CRC Lisboa Composição do capital da entidade proprietária Impresa Publishing, S. A. - 100% Rua Calvet de Magalhães, 242 2770-022 Paço de Arcos Tel.: 21 469 80 00 • Fax: 21 469 85 00 Impressão Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, S. A. Foto de capa: iStockPhoto Propriedade Caixa Geral de Depósitos Av. João XXI, 63, 1000-300 Lisboa Periodicidade Trimestral (Edição n.º 7, janeiro/março 2012) Depósito Legal 314166/10 Registo ERC 125938 Tiragem 85 000 exemplares Correio do leitor [email protected] A Caixa Geral de Depósitos, ao longo da sua história, tem vindo a reforçar a sua solidez, tendo como principal missão estar sempre ao lado das famílias e das empresas, apoiando a economia nacional e atuando no mercado de forma responsável. Para isso, assenta a sua atividade nos principais pilares da sustentabilidade – económico, social e ambiental – e procura adequar os seus produtos e serviços no âmbito desses valores. São disso exemplo o combate à iliteracia financeira, com a promoção de iniciativas que incutam nos cidadãos uma forma saudável de gerir o seu património, e as preocupações ambientais, criando produtos com o menor impacto ao nível das emissões de carbono. É, também, o caso do apoio às PME, permitindo a sua sustentabilidade e, consequentemente, o desenvolvimento da economia do País. Não é, pois, por acaso que a Caixa se assume como o Banco dos Portugueses e é por isso, também, que as palavras «empreendedorismo» e «inovação», que estão, hoje, na ordem do dia, constituem as bases onde assenta a sua atuação de forma incontornável, servindo de mote a esta edição da Cx que chega agora até si. Porque são muitos e bons os exemplos em diferentes setores de atividade, que, pelas melhores razões, levam o nome do nosso País aos quatro cantos do mundo, preparámos uma revista especial, onde cabe, principalmente, o que de melhor se faz em Portugal. Do design à arquitetura biológica, da ciência à indústria tradicional ou ao cinema, convidamo-lo a conhecer um Portugal positivo, capaz de devolver a esperança a todos os portugueses e incrementar a economia. Ou, como defende Eduardo Lourenço, Prémio Pessoa, «um Portugal cheio de potencialidade, a quem só falta não se deixar amarrar ao presente. Porque o futuro, esse, é nosso». Daí a necessidade de empreender e inovar, trunfos que têm de ser aproveitados ao máximo. Nesta edição, não faltam exemplos disso mesmo, da capacidade de alguns portugueses que ousaram e tiveram sucesso nas suas áreas. Mas há muito mais potencialidades por todo o País (nas empresas, nos laboratórios, nas universidades, em grandes cidades ou na ruralidade), tão marcadamente próprias dos portugueses, sempre com vontade de partir para novas descobertas. E porque temos de defender o que é nosso, naquilo que em nós for possível, siga, também, este caminho, à sua maneira. Portugal precisa de todos! Esperamos que aprecie esta edição da Cx. Francisco Viana «E porque temos de defender o que é nosso, naquilo que em nós for possível, siga, também, este caminho, à sua maneira. Portugal precisa de todos!» A Cx é uma publicação da Divisão Customer Publishing da Impresa Publishing, sob licença da Caixa Geral de Depósitos Esta revista está escrita nos termos do novo acordo ortográfico cx a re v i s ta d a c a i xa 3 i interior 06Pormenor Notícias que valem a pena DESTAQUES Pessoas 10 Histórias de sucesso José Fernandes, o Sr. Ach Brito 12 Talento Inês Correia e Cleia Almeida estilo 16 Design & arquitetura O segredo das Dulcineias 20 Automóveis O Carocha volta a atacar! 22 Gourmet + Culto PapaBoa e estrelas Michelin; Produtos selecionados 24 Prazeres Laranja com morangos 39 Observatório Carlos Moreira da Silva destinos 46 Roteiro Sintra, a vila romântica 48 Fugas A Casa da Cisterna é cosy viver 52 Saúde 30 O que é nacional é bom Numa altura em que «crise» é a palavra mais vezes ouvida, chegam-nos, diariamente, exemplos que contrariam esse estado de alma. É um Portugal empreendedor, inventivo, apaixonado e apaixonante. São pessoas feitas exemplo, que colocam o nosso País nas bocas do mundo pelas melhores razões Ultrapassar o medo da cirurgia Ainda há empregos para a vida? 54 Finanças Dicas para poupar; PAPEXPERIENCE 56 Sustentabilidade WWOOF; Caixa atenta ao mar; Caixa Fã de causas; CGD, um Banco responsável cultura 60 Agenda + Ler & Ouvir Espetáculos, livros e discos 62 S.A.L. O cinema com sabor a mar 66 Vintage O certificador de cheques 4 cx a rev i s ta d a ca i xa 18 Design & arquitetura Desenhada pelos arquitetos portugueses Mário Sousa e Marta Brandão, a Mima House revoluciona o conceito de prefabricado, oferecendo uma casa estilizada e personalizada por menos de 50 mil euros 26Entrevista Prémio Pessoa 2011 e um dos nossos mais brilhantes intelectuais, Eduardo Lourenço confessa-se um europeísta desencantado, mas defende que é olhando para o futuro que podemos alterar o presente 41 Grande viagem Composto por nove ilhas de origem vulcânica, os Açores assumem-se como um dos mais importantes paraísos naturais do mundo e merecem um olhar atento através de uma viagem de pormenores 64Cultura A poucos quilómetros de Arraiolos, Tiago Cabeça e Magda Ventura trabalham, diariamente, para dar corpo e alma ao projeto de uma vida: a Aldeia da Terra, a aldeia mais caricata de Portugal Foto: iStockphoto 53 Educação p pormenor take-away solidário Chama-se Cozinha com Alma e apresenta-se como um take-away solidário e aberto ao público em geral, em que todo o lucro social é aplicado numa bolsa social que vai apoiar famílias de classe média/média baixa em graves dificuldades económicas, selecionadas pela Comissão Social de Instituto da felicidade professores e psicólogos, Helena Marujo e Luís Miguel Neto são os rostos mais visíveis ligados ao projeto Instituto da Felicidade, que conta com a parceria da Coca Cola. O objetivo passa por divulgar conhecimento sobre a felicidade, procurando contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos portugueses, algo conseguido com o boneco Feliz Contente, que permitiu que a empresa Burel, de Manteigas, mantivesse as portas abertas. alentejo aos molhos Todos os que têm a Região Alentejana como seu local de eleição para férias ou escapadelas têm motivos extra para sorrir com a escolha. O Turismo do Alentejo criou seis vouchers de oferta (alojamento, restaurante, animação, enoturismo, parques temáticos e lojas de artesanato/gourmet) que, em conjunto com 360 parceiros, proporcionam condições únicas a todos os viajantes. Toda a informação pode ser encontrada no site www.visitalentejo.com. 6 cx a re v i s ta d a c a i xa Freguesia. A funcionar em Cascais, na Rua Eça de Queiroz, n.o 379, funciona de segunda a sábado e conta, além da equipa que assegura o projeto, com um chefe residente e 12 chefes conhecidos, que ajudarão a enriquecer um menu que quanto mais vezes for comprado mais famílias carenciadas irá beneficiar. c a i x a d i r e c ta o n - l i n e Ainda mais perto de si O Caixadirecta on-line está diferente, ainda com mais funcionalidades e possibilidades de personalização Novas funcionalidades e uma nova imagem fazem com que a utilização do Caixadirecta on-line seja mais simples e agradável. Além de escolher as contas a que tem acesso, pode, agora, personalizar a página inicial, selecionar atalhos de acesso rápido às operações que utiliza mais frequentemente e navegar, de forma facilitada, com menus sempre visíveis. Pode, ainda, contar com a presença permanente do seu Gestor ou Assistente Comercial em todas as páginas do Caixadirecta on-line. Sempre que necessite, envie uma mensagem segura ou solicite o contacto para obter apoio na realização de operações ou para qualquer questão relacionada com o seu património. Na área de Oportunidades, conheça as propostas selecionadas especificamente para si em cada momento. Caso fique interessado, pode subscrever ou pedir o contacto do seu Gestor ou Assistente Comercial. Para facilitar a utilização dos diversos canais, o código de acesso de seis dígitos passa a ser comum aos serviços telefone e mobile. Navegue e redescubra o serviço Caixadirecta on-line, que a Caixa desenvolveu para que continue a gerir as suas contas de forma fácil, cómoda, rápida e segura. Marca de Confiança A Marca Caixa Geral de Depósitos foi eleita, pela 12.a vez consecutiva, Marca de Confiança em Portugal, no estudo Marcas de Confiança. Realizado há, precisamente, 12 anos (desde 2000), pelas Selecções do Reader’s Digest, a iniciativa assenta numa sondagem efetuada junto de 11.625 assinantes da revista, sendo o processamento da informação realizado externamente, pela consultora Wyman Dillon (Bristol, UK). Crise? qual crise? a pergunta pode soar estranha, mas surge como a resposta da Artlusa aos sucessivos apelos à criatividade no combate à crise. Sendo a ideia poupar, esta empresa portuguesa decidiu imortalizar frases antigas, relativas ao dinheiro ou à falta dele, aplicando-as em porta-moedas feitos em silicone e disponíveis em verde-alface, azul, vermelho, rosa e preto. O pecado da gula A Saberes e Fazeres da Vila é uma empresa que nasceu com o objetivo de revitalizar o valor das nossas riquezas tradicionais. Uma das primeiras apostas é a Penhas Douradas Food, um novo conceito de produtos gourmet em que é dado a conhecer o que de melhor há na serra da Estrela. Regresso às origens véronique laranjo é filha de portugueses, açorianos mais precisamente, que, no início dos anos 70, deixaram a ilha do Pico rumo ao centro de França. Depois de vários anos em Londres e em Paris, onde trabalhou para a Prada e para Marc Jacobs, regressou a Portugal para abrir uma loja em nome próprio, em Lisboa: a boutique Véronique, uma loja vintage, de luxo, no Chiado. energia de portugal Fotos: D.R. Objetivo: empreender O semanário expresso, em conjunto com a Caixa Geral de Depósitos, a EDP e a SAGE, lançou a iniciativa Energia de Portugal, uma ação que visa demonstrar a importância da criação de novos negócios e desmistificar as dificuldades inerentes ao processo de lançamento de empresas. Este não pretende ser um mero concurso de ideias, antes uma verdadeira fábrica de startups, que vai preparar os 200 candidatos selecionados para lançarem o seu projeto. As dez equipas que chegarem ao final têm garantida uma audiência de investidores dispostos a escutar a sua ideia de negócio e, perante esta oportunidade, a resposta não se fez esperar. Nos primeiros minutos da iniciativa, lançada no dia 29 de fevereiro, registaram-se dez candidaturas, tendo bastado dez dias para ultrapassar as mil. Pode ficar a saber tudo em http://expresso.sapo.pt/ energiaportugal. Melhores PME do ano a sede da caixa foi o local escolhido para a entrega dos Prémios Exame às melhores PME de 2011, uma iniciativa que decorreu a 27 de fevereiro e que teve a CGD como parceira. A grande vencedora foi a Pegop, empresa que assegura a manutenção de duas refinarias elétricas, numa cerimónia onde foram premiadas empresas de 22 setores, tão diferentes como os da agroindústria, da celulose e papel, da química, dos têxteis, e com localizações como Braga, Portalegre, Bragança, Viana do Castelo, Lisboa, Porto, Leiria e Aveiro. Recorde-se que os Prémios Exame são atribuídos há 17 anos, sendo uma importante forma de reconhecer o trabalho feito pelas PME do nosso País. de olhos no céu Já ouviu falar em astroturismo? Não? Então saiba que a Reserva Dark Sky Alqueva foi reconhecida como a primeira reserva do mundo a obter a certificação Starlight Tourism Destination, atribuída pela UNESCO e pela Organização Mundial de Turismo. Para mais informações aceda a www.turismoalqueva. pt/dark-sky. cx a re v i s ta d a c a i xa 7 p pormenor 1 ofereça futuro O kit PAPEXPERIENCE é uma experiência de poupança com a qual poderá presentear um familiar, um amigo ou até a si próprio. Saiba tudo sobre esta proposta da CGD na página 55. 2 Menos papel, melhor serviço. Os Clientes da Caixa que tenham aderido ao serviço Caixadirecta on-line (homebanking) passam a receber um extrato digital relativo aos seus cartões (crédito e/ou débito diferido), em substituição do tradicional documento impresso. Uma medida que pretende proteger o ambiente e que oferece um serviço mais rápido, cómodo, seguro, ecológico e fácil de arquivar (disponível durante 24 meses). 3 pa rc e r i as Vantagens para Clientes da Caixa Beneficie de pagamentos fracionados, sem juros, nas Loja das Meias e Marc by Marc Jacobs se é titular de um cartão de crédito Caixa Classic(1), Caixa Gold(2), Soma(3), Caixa Activa(4) ou Caixa Woman(5), pode beneficiar do fracionamento das suas compras na rede de estabelecimentos da Loja das Meias e da Marc by Marc Jacobs, sem a cobrança de juros. Assim, no ato da compra, pode fracionar o pagamento das suas compras em dois, cinco ou oito meses, sem juros, consoante o período a decorrer, respetivamente, de promoções/ saldos, normal ou quinzenas de primavera, verão, outono e Natal. Para aceder a esta parceria, necessita apenas de efetuar, como habitualmente, o pagamento das suas compras com um dos cartões de crédito referidos, nos terminais netcaixa da CGD, disponíveis nos espaços Loja das Meias e Marc by Marc Jacobs. Encontrará a Loja das Meias na Rua Castilho, Amoreiras e Cascais, enquanto a Marc by Marc Jacobs está presente no Chiado e no Porto. (1) TAEG de 18,3%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 21,50%. (2) TAEG de 27,3%, para um montante de 2500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 20,75%. (3) TAEG de 24,2%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 21,25%. 8 cx a re v i s ta d a c a i xa ideias Para falar orgulhosamente sobre designers e arquitetos portugueses que brilham lá por fora. 1. João Pedro Escaleira Amaral e Manuela Dias Tamborino são dois jovens arquitetos que dão que falar ao ganharem o concurso Renova SP, promovido pela prefeitura de São Paulo (Brasil), procurando soluções para os bairros e favelas da cidade. Em conjunto com outros colegas do Master in Advanced Studies (MAS), frequentado em Zurique, João e Manuela assinaram um projeto, assente em materiais reciclados, que não só permite diminuir os custos como aproveitar muito do lixo existente na cidade brasileira. 2. O designer Pedro Gomes foi galardoado com o Prémio Faces of Design Award 2012, que distingue os melhores designers internacionais, de modo a criar a ligação entre estes e as indústrias ou clientes. Conheça o trabalho em www.pedrogomesdesign.com. 3. (4) TAEG de 22,2%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 20,75%. (5) TAEG de 23,7%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 20,75%. Sérgio Alves venceu o Graphis Gold Award, na categoria Poster Annual 2012. A Graphis apresenta-se como um diário internacional de comunicação visual, recolhendo, ao longo do ano, trabalhos enviados por designers de todo o mundo. Saiba mais sobre Sérgio Alves em www.sergio-alves.com. Laserleap brilha nos eua A LaserLeap foi uma das duas vencedoras no Photonics West 2012. Aquele que é um dos maiores encontros científicos do mundo na área da fotónica aplaudiu esta «seringa a laser», uma tecnologia desenvolvida na Universidade de Coimbra (UC) que permite uma rápida e eficaz administração de fármacos através da pele. cook bomb aliar o humor à gastronomia é o grande objetivo das T-shirts Cook Bomb, desenvolvidas por Romeu Venda e pela HIG. São vendidas dentro de tradicionais frascos de vidro (daqueles onde cabe o feijão ou o grão cozido) e querem conquistar o mercado com frases como «I love couratos» ou « O meu sonho era ser crítico gastronómico, mas a minha mãe mandou-me trabalhar». Encontra-as no Facebook ou à venda na Kiss the Cook, no Lx Factory. O que vamos poder ver e ouvir nos festivais rock in rio lisboa 25 de maio a 3 de junho, Lisboa. Bruce Springsteen, Metallica, Lenny Kravitz ou Smashing Pumpkins são alguns dos nomes confirmados, ainda com espaço para portugueses como Expensive Soul, Xutos e Pontapés, Rita Redshoes, David Fonseca, Orelha Negra ou Rui Veloso. cooljazz fest 29 de junho, Oeiras. Um nome confirmado, e que nome: Sting, num concerto onde revisitará a sua carreira. super bock super rock 5 a 7 de julho, Herdade do Cabeço da Flauta (Meco). Ainda com muitos nomes por anunciar para as noites dançantes junto ao Meco, merece atenção a presença dos Incubus, dos Bat for Lashes, de Regina Spektor e dos The Horrors. optimus alive 13 a 15 de julho, Passeio Marítimo de Algés. Os Radiohead são o grande nome deste festival, mas há outros motivos para não faltar: The Cure, Florence + The Machine, The Stone Roses ou Snow Patrol. músicas do mundo 19 a 28 de julho, Sines. Hugh Masekela, Béla Fleck, Oumou Sangaré, Fatoumata Diawara, Bombino e Jupiter & Okwess Internationale são os nomes já confirmados neste festival, com cada vez mais seguidores. sudoeste tmn 1 a 5 de agosto, Zambujeira do Mar. A possibilidade de ver Eddie Vedder a solo é a última grande confirmação de um cartaz onde cabem, também, Ben Harper, Fat Freddy’s Drop ou The Ting Tings. urban scketcher Fotos: D.R. Volta ao mundo em 80 riscos chama-se luís simões e tem como grande objetivo concretizar o sonho de conhecer os cinco continentes e registar essa viagem através de desenhos (esboços, para sermos mais precisos). Tudo anotado num caderno, que se transforma numa espécie de diário gráfico, algo incontornável na cultura dos urban sketchers. Para correr atrás do seu sonho, Luís Simões despediu-se do emprego como motion designer, na SIC, e começou a contactar outros desenhadores espalhados pelo mundo. E será em casa deles, numa tentativa de alargar conhecimentos, que ficará alojado durante esta aventura, que pode ser acompanhada em www.worldsketchingtour.com. os brigadeiros são o melhor remédio No Porto, a cake designer Marta Queiroz dá que falar com os seus brigadeiros gourmet. Nada mais, nada menos do que 24 sabores diferentes: negro, leite, branco, duo, crocante, coco, menta, M&M’s, amêndoa, café, limão, noz, castanha, amêndoa e cacau, vinho do Porto, frutos silvestres, pistácio, framboesa, Baileys, ananás, cookies, rum, laranja e M&M’s escondido. Mas as novidades não se ficam por aqui. É que estas verdadeiras perdições são vendidas em caixas que recriam caixas de medicamentos e que são apresentadas como SOS Alívio Rápido. Não têm contraindicações e «podem causar sensações de felicidade extrema». Delicie-se em www.martaqueiroz.com. cx a re v i s ta d a c a i xa 9 h histórias de sucesso josé Fernandes Paixão pela vida Não teme arriscar e o seu percurso tem sido pautado pela aposta nos grandes desafios. Agarra, há dez anos, a administração da empresa nacional Ach Brito com a mesma força que dirige o seu kitesurf, tempo suficiente para lhe dar o merecido destaque Por Luís Inácio (com Catarina Vilar) Fotografia Bruno Barbosa Fazer sabonetes nunca esteve entre os seus objetivos de carreira, mas deixou o mundo económico das empresas de seguros e deixou-se cativar por uma fórmula centenária, arregaçando as mangas para a fazer renascer. Marcou a sua posição de tal forma que até Oprah Winfrey usa e recomenda os produtos saídos da Ach Brito. Um exemplo de como o passado pode ajudar a construir o futuro. Cx: Estava no ramo das seguradoras quando passou a ser administrador e diretor-geral da Ach Brito. Como foi essa mudança? José Fernandes: Vim a convite do Achilles de Brito. Tinha 39 anos, uma carreira promissora nas seguradoras e não fazia ideia do que era trabalhar com sabonetes. No dia em que entrei naquela que viria a ser a minha futura sala, percebi que tinha de ficar aqui, senti uma paixão imediata pela história da empresa e não queria que ela morresse. Cx: Como foi trocar a estabilidade por uma empresa com problemas? JF: Senti que havia vontade de recuperar a empresa, apesar de o mercado não ser favorável e não se viver o espírito revivalista de hoje. Apesar de tudo, conseguimos provar que a realidade pode ser alterada e as verdades não são irredutíveis. Percorremos um caminho que nos levou ao sucesso, nos trouxe alguma estabilidade e fizemos um trabalho que deu frutos. Vendemos, agora, para mais de 50 mercados e devagar vamos construindo a nossa rede de distribuição. Tudo o que pode ser estratégico para a empresa é discutido, algo fundamental quando não há dinheiro para se encomendar estudos ou apostar em publicidade. Cx: Como foram os primeiros tempos? JF: Foram um sufoco! Vim de uma multinacional de serviços para uma empresa pequena de produção industrial semiartesanal. São realidades e dimensões diferentes, além do facto de eu nem sequer 10 cx a re v i s ta d a c a i xa saber, na altura, como se fazia um sabonete. Por isso, fui para a fábrica trabalhar muitas vezes, num intercâmbio de tarefas que ainda hoje promovemos. Cx: Como surgiu a ideia de reposicionar a Ach Brito e a Claus Porto? JF: Desde cedo percebemos que o caminho passava pelo reposicionamento das marcas. Não podíamos concorrer com os maiores do mundo nos mercados de massa, mas sim ir para os outros, onde podemos ir buscar valor acrescentado. Tínhamos de avançar com uma marca diferente e posicionada no topo, com um crescimento sustentado. No fundo, apostamos na história da empresa e bebemos nas nossas raízes, o que é um fator posicionador e inimitável; fundamentamos a marca na nossa genuinidade e assim nos diferenciamos dos outros. Portugal não é conhecido como produtor de sabonetes, mas aqui fazem-se há mais de 100 anos. A vontade de fazer coisas diferentes e que vivam da autenticidade do passado foi um caminho que nos motivou. A conclusão é «conseguimos provar que a realidade pode ser alterada e as verdades não são irredutíveis» Print Impressão digital Uma vida fantástica, onde tem feito aquilo de que mais gosta. Formado em Direito, José Fernandes acredita que teria mais competências para ser juiz do que advogado. No entanto, se escolhesse hoje o seu rumo, acredita que apostava na engenharia. Aponta a honestidade, a frontalidade e a paixão como suas virtudes, «na dose certa, esta última pode ser uma positiva, até mesmo nos negócios». Adora perder-se pelo mundo a descobrir outras culturas, mas não as troca pela imensidão das planícies alentejanas. Descanso à parte, sente atração por tudo o que é radical. «O último desporto que aprendi foi o kitesurf, mas gosto de mergulho, esqui e adoro andar de moto todo-o-terreno e de bicicleta.» Não se pense, por isso, que só elege o ar livre, pois, na verdade, opta pela sua casa como local de convívio e, ali, não prescinde de uma boa conversa entre amigos. Projetos pessoais tem muitos, pois confessa que, desde cedo, se apercebeu de que a vida é boa e dura pouco, «por isso, fui balizado por aquilo que me dá gozo fazer e pelo tempo, que é o nosso bem mais escasso. Tenho tido uma vida fantástica, porque faço aquilo de que gosto». Reconhece que, profissionalmente, tem sucesso e, pessoalmente, é feliz. Continuar a ver as duas filhas crescer, com bem-estar e saúde, é a maior ambição de um homem que mudou a forma como olhamos para os sabonetes. positivo apaixonado activo honesto frontal que, atualmente, somos comparados com as grandes empresas, quando, na verdade, temos uma estrutura muito pequena. Cx: Esse foi o resultado da aposta na tradição? JF: É a materialização do sonho e do trabalho de várias pessoas. As empresas são feitas de pessoas, quanto muito, eu influenciei algumas questões. Temos feito muita coisa sem dinheiro, utilizando a massa cinzenta e não a nota verde. Em dez anos, nunca fizemos uma página de publicidade, no entanto, somos falados. É uma forma diferente de comunicar e que começa dentro da própria empresa. Acreditamos tanto no nosso produto que é ele o nosso porta-voz. E a verdade é que a nossa estratégia funcionou, pois podemos dizer que estamos economicamente confortáveis numa época tão difícil. há três anos, quando a adquirimos. Tem um caminho longo para percorrer. Cx: São considerados PME Excelência e compraram a marca Confiança. Esta aquisição foi importante no processo de reposicionamento das vossas marcas? JF: Ter a Confiança foi um processo muito interessante. Não queríamos aniquilar um concorrente, mas essa era a única empresa da área que tinha de fazer parte do nosso portefólio, que já tinha mais de 100 anos de história, e podia dar-se ao luxo de seguir uma estratégia semelhante à nossa. Foi muito importante no nosso reposicionamento e até já estamos a dar os primeiros passos na sua internacionalização. Apostamos muito nessa marca, que tem, hoje, um mercado muito mais vasto do que Cx: De que forma deve a Ach Brito desafiar o futuro? JF: Esse é o nosso lema: preservar o passado, estimular o presente e desafiar o futuro. Só desta forma as empresas como a nossa podem triunfar. Só desafiando conseguimos estimular as pessoas, desde os trabalhadores aos compradores. E só assim conseguimos mudar, em dez anos, para o lugar onde estamos hoje. Temos de ter a habilidade e a sapiência de mostrar ao consumidor que este é o sabonete que lhe faz bem, aquele de que gosta e precisa. É preciso conhecer o comprador e dar-lhe o que ele gosta. Perspetivar é perceber o que se pode fazer no futuro para que o sabonete se perpetue. cx a re v i s ta d a c a i xa 11 t talento Print Inês Correia Na brisa da onda Com o mar na cabeça e um sopro de talento debaixo dos pés, não passa um dia sem dar à costa para surfar o «vício» que a sagrou campeã mundial de kitewave. Um título a que o vento a levou, com apenas 18 anos Por Ana Rita Lúcio Fotografia Gualter Fatia O mar enrola na areia, quando o relógio se aventura a medo, pouco para lá das nove horas da manhã. O silvo da nortada que tudo arrasta marca o tom da banda sonora de um amanhecer invernoso (pouco) agasalhado pelo brilho do sol. E só assim podemos escutar o que ele nos diz: que quem se atreve a cruzar a Praia da Rainha, na Costa de Caparica, ainda a despertar do frio torpor matinal, é, afinal, uma velha conhecida. Habituada a tratar o(s) oceano(s) por tu, Inês Correia sobrevoa o mundo na asa do kite que, em dezembro do ano passado, aterrou no primeiro lugar do ranking mundial de kitesurf, na modalidade de kitewave. Agora, enquanto se prepara para tentar a qualificação para os Jogos Olímpicos, está de novo em casa. É que o vento pode mudar, mas ela volta sempre. Costuma dizer-se que filho de peixe sabe nadar. Para traçar o retrato a esta watergirl – uma espécie de desportista faz-tudo, demolhada em água salgada –, é mais acertado, porém, dizer que filha de aventureiro sabe voar, surfar e ganhar. Por agora, a lista fica por aqui, mas é provável que se continue a multiplicar, à medida que Inês vai somando ambições, conquistas e uma vontade enorme de correr, como um rio, para o mar. A montante esteve o desafio paterno para embarcar num desporto arrojado, que a fez desaguar, aos 13 anos, na corrente do kitesurf. Para quem, desde cedo, aprendeu a conhecer a face e o reverso das ondas, a modalidade que junta surf, windsurf, parapente e wakeboard em cima de uma prancha puxada por uma espécie de papagaio gigante foi paixão à primeira surfada, logo tornada «vício». A estreia marcada para Tróia, com o pai, a mãe e a irmã na plateia dourada do areal, foi pretexto para depressa a família se deixar arrastar pela onda. O pai e a irmã, de 12 anos, já se juntaram à «equipa» familiar de kitesurf, que inclui Paulino Pereira, o namorado que é campeão nacional de freestyle e race. Já a mãe é porto seguro em terra, para reconfortar o espírito e o estômago, depois das investidas marítimas. «Deve ser por isso que adoro comer», confessa a atleta, entre um suspiro e uma gargalhada. 12 cx a rev i s ta d a ca i xa Apetite também não lhes falta para vogar o País de lés-a-lés de autocaravana, literalmente ao sabor do vento e das estações. O porto de partida é sempre o Montijo, onde moram, mas tanto podem dar à costa na Caparica – a Nova Vaga é um dos destinos obrigatórios –, onde «o [vento] nordeste entra no verão», no Guincho ou em Peniche, «sobretudo no inverno, porque há menos dias de vento e, quando há, pode estar offshore». E porque, se o vento muda, mudam as vontades, podem mesmo zarpar de casa às seis da manhã e irem para Faro, «e no dia seguinte seguir para Viana do Castelo», na senda de melhores ares. Quando a sorte não está de feição e as condições atmosféricas não sopram a preceito, Inês aproveita a boleia do kite para saltar fronteiras, rumo ao hemisfério sul. A kitesurfer que ousou debutar no circuito nacional em 2008, com 15 anos, e aos 18 manobrou até abrir caminho nas competições internacionais já desembarcou no Brasil, no Peru, nas ilhas Maurícias – «o melhor spot até agora» – e, mais recentemente, em Cabo Verde. Foi precisamente nas águas tépidas do arquipélago da morabeza – onde teve lugar a última das três etapas da prova – que a portuguesa com sangue e sal na guelra conquistou o campeonato do mundo na Kite para todos os voos Nascido na confluência de vários desportos, o kitesurf desliza em quatro modalidades distintas, escolhidas ao sabor do vento. Com o kite na mão e a prancha - ou board - colada aos pés, os riders - assim são apelidados os que se aventuram nesta modalidade – servem-se do vento para sulcar o mar, nunca ficando em terra. Em competição, os atletas dividem-se entre as vertentes de freestyle, com manobras combinadas em estilo livre; race, com a corrida num percurso a evocar as célebres regatas de barcos; speed, em que precisam de água lisa para dar asas à velocidade, e wave, para surfar as ondas à boleia do kite. É só escolher. E esperar que o vento sopre. vertente de kitewave, na qual, tal como o nome indica, o kite se casa com a prancha para a levar a surfar as ondas. Porque não gosta de «perder nem a feijões», partiu para a ilha do Sal decidida a vencer: «Não fui com esperança de me tornar campeã, tinha de ter a certeza», remata. Com menos uma dezena de anos que as principais adversárias – a francesa Marie Gautron e a alemã Kristin Boese –, a jovem rider passou por cima da «desconfiança» com que foi olhada. Agora, prepara-se para tentar o apuramento para os Jogos Olímpicos, desta feita na modalidade de race. E no horizonte já ameaçam as ondas, com o início dos próximos campeonatos nacional e mundial. Tirando isso, quando não está «de molho», é vê-la a andar de mota, a brincar com «a matilha» de cinco cães… ou a fazer surf, paddle ou wakeboard. Por mais voltas que dê, não há mesmo volta a dar: é uma verdadeira cabeça de vento, com os pés bem assentes no mar. cx a rev i s ta d a ca i xa 13 t talento cleia almeida Vão continuar a chamar-lhe revelação? Desde cedo soube o que queria ser: atriz. Hoje, vê esse sonho concretizado, destacando-se no cinema, teatro e televisão Por Pedro Guilherme Lopes Fotografia João Cupertino a aparência de miúda desmente os seus quase 30 anos, mas a forma como nos diz «olá» vai totalmente ao encontro da imagem que fomos fazendo dela através dos seus desempenhos profissionais: natural, direta, simples, sem ser simplista. Quase indo ao encontro do realismo das personagens que interpreta e que lhe têm dado visibilidade. A última foi Cláudia Filipa, em Sangue do Meu Sangue, o melhor filme português de 2011 (Prémio da Crítica Internacional no Festival de San Sebastian e o de Melhor Filme no Festival de Pau, em França). «Foi, provavelmente, a personagem que me deu mais luta até hoje», diz Cleia. «Entrei já eles estavam a trabalhar no guião há bastante tempo, o que fez com que tivesse que apanhar o comboio em andamento.» Isso não impediu Cleia Almeida de se integrar perfeitamente num filme onde os atores mergulham de tal forma dentro das personagens que quase nos esquecemos de quem é quem. Tudo fruto de uma forma quase ideal de trabalhar, conta a atriz, que passou 15 dias a trabalhar como caixa de supermercado (chegando a decorar alguns dos códigos dos produtos e tendo de dizer que era prima... dela mesma) para se preparar. «Já em Noite Escura, tinha estado numa casa de alterne», recorda. «Este tipo de aproximação é fundamental para perceber a realidade que queremos retratar. Tenho a certeza de que os filmes eram melhores se existisse sempre esta possibilidade. Depois? Depois, leio o texto muitas vezes, procuro adaptá-lo a mim e tento ao máximo que os realizadores me expliquem o que é que esperam da personagem.» Uma alegria enorme Esta possibilidade de interpretar personagens que vivem em bairros, ambientes ou cenários mais duros desperta-a para novas 14 cx a rev i s ta d a ca i xa realidades. «Com o tempo, acabamos por nos envolvermos e nos interessarmos por essas realidades. Eu sou de Coimbra e as minhas ligações sempre foram muito dentro do meio artístico. O conservatório, amigas de Coimbra que vinham para Lisboa... E, nesse sentido, os filmes são uma excelente forma de perceber o que está à minha volta.» Cleia levou pouco tempo a perceber aquilo que queria ser. «Eu sempre quis fazer isto e faço-o desde os 16 anos», diz. «E, não, não tem nada a ver com os meus «os filmes são uma excelente forma de perceber o que me rodeia» pais, que são médicos. A minha mãe ainda andou a mostrar-me uns panfletos do curso de Relações Internacionais, mas não valeu de nada.» [Risos] Começou na escola, com um grupo de amigos, ensaiando para as festas. Passou por uma companhia amadora de teatro, até que, aos 17 anos, deixou a cidade dos estudantes rumo à capital, para estudar no conservatório. «Começo, aos 30 anos, a ter algumas pessoas que acreditam que eu posso vir a ser boa atriz, que sentem que eu posso fazer bem aquilo que me pedem. Tenho o carinho de pessoas que me chamam várias vezes para trabalhar e sinto carinho por elas. Começo a sentir tudo isto e é uma Print de madrid a moçambique No intercâmbio está o ganho. Cleia estudou em Madrid, ao abrigo do programa Erasmus. «Achava que era fácil conhecer o Almodóvar!», diz no meio de risos. «Aprendi a fazer teatro em espanhol, conheci o teatro espanhol... sinto que devia ter ficado mais tempo. Estive lá seis meses e a qualquer casting onde ia era sempre vista como ‘a portuguesa’. Senti que temos de viver vários anos num país para sermos vistos como alguém capaz de fazer qualquer papel.» Entretanto, compreendeu que não deseja um trabalho fixo. Nem ser exclusiva de uma televisão ou de uma companhia. Quer conhecer o mundo, conhecer o trabalho que se faz lá fora e dar aulas no estrangeiro. E é com esse objetivo que prepara a ida para Moçambique. «Precisamos de estruturar melhor o curso», diz. «O intercâmbio entre nós e os atores moçambicanos só pode resultar em algo bom.» alegria enorme, porque nunca quis fazer outra coisa na vida.» Década e meia a representar, num percurso onde cabem títulos como Respirar Debaixo de Água, Noite Escura, Águas Mil, The Lovebirds ou Sangue do Meu Sangue, entre muitos outros trabalhos em televisão e em teatro. Curioso é que, apesar de um percurso onde não faltam trabalhos, se vá repetindo a ideia de que Cleia Almeida é uma revelação. «Talvez deva pensar que essas pessoas não prestam muita atenção ao meu trabalho. Custa assim tanto perguntarem-me quantos filmes é que eu já fiz ou há quanto tempo é que trabalho nisto?» cx a rev i s ta d a ca i xa 15 d design & arquitetura at e l i e r v i a n a c a b r a l De olhos bem fechados De Ponte de Lima para o mundo, as Dulcineias surgem como mensageiras de uma nova forma de ser português, sem preconceitos e com orgulho nas raízes locais Por Pedro Guilherme Lopes Fotografia Bruno Barbosa Braga. Capital Europeia da Juventude. Estamos na Rua de Santa Margarida e, ainda antes de conferirmos o número da porta, já a explosão de cores que se tornou imagem de marca das Dulcineias nos atrai o olhar para a montra e nos dá a confirmação de que estamos no local certo. Lá dentro, Vivian Viana e Ricardo Cabral, mais conhecidos por Atelier Viana Cabral, abrem-nos as portas do seu pequeno local de trabalho criativo, um pouco à imagem do que acontece por toda a Europa. «Quando vamos a Londres, quando vamos a Milão, vemos que é precisamente o que os outros criativos fazem: têm o seu pequeno ateliê, a sua pequena oficina», conta Vivian. «Não há outra solução que não ser empreendedor. É verdade que quando, mensalmente, o Estado nos reserva uma surpresa que nos obriga a pagar algo, por vezes pensamos que é mais simples ter um trabalho das nove às cinco. Mas é importante lutarmos pelo projeto em que acreditamos e não desanimar. As escolas de design dão a entender que há uma indústria altamente recetiva e que há mercado de trabalho para todos, mas isso é totalmente falso. Seria importante alertar as pessoas para a necessidade de serem elas a gerar o seu próprio sustento», acrescenta Ricardo. Arriscar é o melhor remédio Ora isso foi, precisamente, o que fizeram. Antigos alunos do curso de Design de Produto, da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, e estando ambos a trabalhar no mundo do design, ela no mobiliário, ele no vidro, resolveram apostar num projeto em nome próprio, até por sentirem a necessidade de criar a sua própria oportunidade numa região 16 cx a re v i s ta d a c a i xa onde as saídas não são assim tantas. E, de um momento para o outro, as Dulcineias passaram a viajar para todos os continentes, tornando-se embaixatrizes de Portugal e de Ponte de Lima. Foi, aliás, essa vontade de exportar um dos motivos que levaram a que a pasta de papel, de que eram feitas as Dulcineias originais, desse lugar à cerâmica na construção destas bonecas. «Tornava-se bastante complicado fazer viajar as Dulcineias feitas em pasta de papel, pois era complicado encontrar embalagens próprias e o risco de se danificarem aumentava. Além disso, as peças de pasta de papel tornaram-se limitativas em termos de sustentabilidade e a aposta na cerâmica abre-nos novos caminhos criativos», explica Vivian. Em negociações com o mercado brasileiro, Vivian e Ricardo apostam no mercado de língua portuguesa e o da diáspora europeia, inserida nas nossas comunidades. «Tivemos noção deste potencial quando começámos a receber e-mails de emigrantes que nos diziam que as peças lhes transmitiam portugalidade», relembra o designer. Começaram sem recursos, contando apenas com a sua criatividade e com o medo da cópia, até porque não tinham possibilidade de investir em proteção legal. Perceberam que a melhor arma de defesa para a cópia é a divulgação, encontraram na Câmara de Ponte de Lima um parceiro de excelência e no programa Financia uma motivação extra para arriscar. «Hoje, temos dores de barriga, é verdade, mas são nossas», diz Vivian. Ricardo concorda e sublinha que existem imensas a dupla Vivian Viana e Ricardo Cabral, os mentores do projeto trabalho As Dulcineias começam a ganhar forma no papel; Vivian prepara uma nova aposta do ateliê, virada para a arte sacra (à esquerda) protagonistas As incontornáveis Dulcineias (à direita) O nome Não deixa de ser curioso que peças que tanto procuram transmitir esse sentir português, nomeadamente da Região do Minho, tenham sido batizadas como Dulcineias. Vivian e Ricardo explicam que, com o tempo, aperceberam-se de que o nome era uma inegável arma de venda, «pois entra facilmente no ouvido. A primeira experiência que fizemos coincidiu com a celebração dos 400 anos da primeira edição do livro de Cervantes e o nome Dulcineia agradou-nos desde logo. E, depois, tem todo aquele lado poético ligado a Dom Quixote. As Dulcineias estão sempre de olhos fechados, precisamente para reforçarem esse aspeto de serem sonhadoras. É, no fundo, um sonho materializado». autarquias do interior a precisarem de pessoas com ideias e com projetos e que o surgimento de espaços co-work permite reduzir bastante as contas, um dos entraves a quem está a dar os primeiro passos. «Arrisquem! O mínimo que pode acontecer é não correr bem, mas temos de contrariar esse sentimento tão português, tão fado, de que vai correr mal», afirma em tom de mensagem. «A sociedade não perdoa o sucesso nem a falha, mas não podemos deixar que isso nos impeça de apostar naquilo em que acreditamos e naquilo que gostamos de fazer.» E a verdade é que, hoje, a dupla Viana Cabral faz aquilo de que gosta. Demoram cerca de um mês a fazer nascer uma nova Dulcineia, de olhos bem fechados e ar sonhador, tempo para irem pensando noutros projetos, como a aposta no azulejo, nos acessórios ou numa nova visão da arte sacra, sempre com o objetivo de mostrar que existe uma nova forma de ser português, sem preconceitos de espécie alguma e com orgulho nas raízes locais (no caso deles, o destaque vai para a iconografia minhota). «Este é o caminho para mostrar um novo Portugal, um País com credibilidade lá fora e cá dentro», defende Ricardo. «Há um Portugal que passa pouco nas notícias. Um Portugal positivo, um Portugal de pequenas iniciativas, e a quantidade de blogs existente mostra isso mesmo. Há um novo Portugal a nascer, com uma tremenda força criativa, diferente do que se fazia até hoje, mas completamente identificada com as raízes nacionais e a alma deste País, e que acaba por passar lá para fora.» Print Design inclusivo O reconhecimento social de cidadãos com deficiência mental é um objetivo incontornável. Mudam-se os materiais, mantém-se inalterada a vontade. Se a base das Dulcineias originais, feitas em pasta de papel, era feita pelos jovens da APPACDM (Associação Portuguesa de Pais, Parentes e Amigos do Cidadão Deficiente Mental) de Ponte de Lima, a mudança para a cerâmica não alterou esta vontade de praticar um design inclusivo. «Queríamos manter a vertente de responsabilidade social nas nossas peças, daí termos decidido reverter uma percentagem das vendas para a APPACDM», explica Vivian. «As Dulcineias em papel não deixarão de ser feitas (fazem-se, agora, por encomenda), até porque são uma herança material de um ícone das romarias minhotas, que são os gigantones e os cabeçudos. E o facto de termos despertado para o design inclusivo tem-nos levado a pensar em projetos que possam ser feitos por esse prisma, acima de tudo para dar visibilidade a instituições e um valor social ao trabalho desses jovens ou dessas pessoas. Temos projetos na calha, como os acessórios, que voltarão a ser feitos com intervenção direta deles», completa Ricardo. Conheça o Cartão Design da Caixa, nas versões pré-pago e de crédito(1), exclusivo para estudantes e profissionais do design. Ao utilizar este cartão de crédito, contribui para a sua poupança, através da devolução de até 1% do valor efetuado em compras, a partir de um montante de 100 euros, com o limite máximo de 50 euros mensais. Saiba todas as condições em www.cgd.pt. (1) TAEG de 23,7%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 20,75%. cx a re v i s ta d a c a i xa 17 d design & arquitetura MIMA HOUSe A MIMA casinha É uma casa portuguesa muito engraçada, que tem teto, comodidade, luz, estilo e tudo o que mais é preciso para lá viver. E todos podem entrar nela porque é acessível, democrática e, acima de tudo, revolucionária Por Ana Rita Lúcio Fotografia José Campos É modesta, como na célebre canção que Milu cantou no filme O Costa do Castelo e, mais tarde, popularizada pelos Xutos e Pontapés. Para a ter não é preciso esperar que caia uma astronómica soma de dinheiro vinda do céu. Porém, alegria não lhe falta, tal como o espaço, para que se instalem as tendências estéticas e funcionais da traça contemporânea. É bom morar nela pelo conforto nunca sacrificado, pela luz que é convidada a entrar pelas fachadas envidraçadas adentro e pela atitude camaleónica de um lugar que muda com quem nele mora. Mas, sobretudo, porque ela é tão democrática quanto o desejo de deitar abaixo os entraves da arquitetura tradicional, procurando levá-la a todos os que querem casa. E que, agora, se podem mimar com ela. O nome diz tudo. «Cem por cento portuguesa», com certeza, pela nacionalidade dos arquitetos Mário Sousa 18 cx a re v i s ta d a c a i xa e Marta Brandão, que esboçaram o sonho e ergueram a realidade a partir do ateliê em Viana do Castelo – o MIMA Architects –, pelos fornecedores exclusivamente nacionais e ainda pela fábrica responsável pela produção, arrumada a norte. A vocação internacional da MIMA House não se esconde, portanto, dentro de quatro paredes. Confirma-se, aliás, pelas encomendas que chegam diariamente «às centenas, vindas praticamente de todo o mundo», adiantam os autores do projeto, apesar da possibilidade da exportação ainda estar presa pela afinação de alguns detalhes. Mas como se compreende, então, que se mude do singular para o plural para falar de uma casa – ou de um modelo para várias casas prefabricadas, melhor dizendo –, quando, normalmente, se pensa no espaço onde se vive como algo único, exclusivo e irreplicável, desenhado ao gosto e à exata medida dos seus habitantes? É fácil, respondem Mário e Marta. «Queríamos criar um produto para massas, rápido, simples, acessível e com qualidade arquitetónica e concetual.» E assim construíram uma morada que se compra segundo um molde e uma lógica de produção padronizada, como uma peça de roupa, um par de sapatos, uma peça de mobiliário ou um carro. De resto, não é por acaso que demora um mês a estar pronta e está disponível a partir de um preço-base de 43.700 euros, «o mesmo que um Audi familiar», sublinham. Democracia dentro de portas Os primeiros esquissos começaram a esboçar-se há cinco anos, quando o casal de arquitetos ainda não deixara a faculdade, ganhando forma na «vontade idílica de democratizar a arquitetura», mantendo a mima está povoada de calhas metálicas que permitem colocar ou retirar paredes Print POR AMOR À ARQUITETURA Unidos pela profissão que os acolhe a todas as horas, Mário Sousa e Marta Brandão querem transformar o mundo, sem sair de casa. a qualidade e a hipótese de cada cliente imprimir nela a sua marca pessoal. A inspiração, imagine-se, veio da simplicidade e versatilidade da tradicional casa japonesa e de uma maçã que se tornou sinónimo de uniformização com estilo. «À semelhança da estratégia da Apple», explicam, que agrada a miúdos e graúdos, seja qual for a cultura, partiram em busca das qualidades genéricas das casas atuais, «sintetizando-as num objeto com uma imagem universalmente aceite». E se, ao mostrar a MIMA House ao mundo, recearam que a classe dos arquitetos lhes franzisse o sobrolho, logo acabaram por vê-la sorrir-lhes, como comprova o título de Edifício do Ano 2011 atribuído pelo reputado site de arquitetura ArchDaily. Para que o processo de democratização em curso não ficasse pelos alicerces, faltava outra trave mestra: Miguel Matos, o engenheiro informático que deu corpo ao «arquiteto virtual» que leva os interessados a dar um passeio igualmente virtual pela habitação. Além de abrir as portas da casa na Internet, este sistema serve, ainda, de base para que os potenciais moradores possam intervir na composição das divisões e na escolha dos acabamentos. Assim é, porque prefabricada na estrutura, mas pós-modificada na abertura à personalização de determinados elementos, esta casa dos tempos modernos foi projetada com a intenção de «se adaptar e mudar com os seus habitantes». É por isso que, seja na versão estúdio, com 18 metros quadrados, ou loft, com o dobro da área, a MIMA está povoada de calhas metálicas, que permitem colocar ou retirar paredes amovíveis, somando ou subtraindo divisões, e dar mais vida às janelas ou paredes com painéis customizados. Afinal, já diz a sabedoria popular, «cada um é senhor em sua casa». E a MIMA não é exceção. Namorados desde a faculdade, Mário e Marta, 27 e 26 anos, respetivamente, partilham a paixão pelo ofício que vai além «da obrigatoriedade profissional» e lhes entra sem pedir licença no tempo de lazer. Quando poderiam estar a descansar ou a ver um filme, é costume estarem a esquissar ou mesmo a projetar, entregando-se à «liberdade incrível» que lhes sacia o gosto pela imagem e expressão plástica. Apesar serem ambos de Viana do Castelo, onde está o ateliê da MIMA, por agora, é a Suíça que os acolhe. Enquanto Marta trabalha, em Basileia, com os prémio Pritzker Jacques Herzog e Pierre de Meuron, Mário fá-lo em Lausanne, no ateliê RichterDahl Rocha & Associés. A meio caminho, encontramse na e pela arquitetura, «o processo mágico que transforma o mundo em que vivemos». cx a re v i s ta d a c a i xa 19 a automóveis solução caixa auto Se precisa de trocar de viatura, se encontrou o carro dos seus sonhos ou se pretende oferecer ao seu filho o primeiro automóvel, saiba que a Caixa Geral de Depósitos tem à sua disposição o Crédito Pessoal Automóvel(1) de que necessita. Disponível para montantes mínimos de cinco mil euros e com prazo até 84 meses, esta solução permite-lhe beneficiar de financiamento a 100% do valor de aquisição, taxas de juro bastante competitivas, registo de propriedade de imediato em nome do Cliente e um pacote de seguros bastante atrativo. Saiba mais em www.cgd.pt ou numa Agência da Caixa. Novos voos O eterno «carocha» da Volkswagen evoluiu. Cresceu, tem linhas mais desportivas e integra novas tecnologias Por Luís Inácio Está diferente, o Beetle. A forma oval, característica essencial do modelo revivalista lançado pela Volkswagen em 1993, foi, decididamente, posta de parte, a favor de uma silhueta desportiva, que remete mais para o modelo clássico original. Mas, além do design – um verdadeiro case study pela forma como consegue despertar tanta atenção à sua passagem –, o Beetle evoluiu muito ao nível da condução, sobretudo no que toca à estabilidade. A revisão das proporções (a nova geração é mais larga e mais comprida) permitiu aumentar o espaço no interior. A capacidade da babageira, por exemplo, ascende agora a 310 litros. Mas é nos lugares traseiros que mais se sente a evolução, sobretudo na altura. O Michael Jordan continuará a bater com a cabeça no vidro traseiro, mas a maioria dos adultos já não terá tanta razão de queixa, ao contrário do Beetle anterior. No que diz respeito à 20 cx a rev i s ta d a ca i xa montagem e à qualidade dos materiais utilizados no interior, também se regista um upgrade, pese embora se continuem a adotar plásticos com um toque mais rígido. Quem conhece a anterior geração não vai encontrar nesta o pequeno – mas marcante – canteiro para pôr uma flor. Um elemento que bebeu inspiração no flower power dos anos 60, mas considerado agora demasiado feminino, sobretudo se tivermos em conta que este novo Beetle quer conquistar mais clientes junto do público masculino. Com uma interessante lista de equipamento, onde não falta, mesmo na versão base, um volante multifunções em couro, ar condicionado e um excelente sistema de som com oito colunas, o novo Beetle é proposto em quatro motores – três a gasolina e um turbodiesel – e três níveis de equipamento: Beetle, Design e Sport. Um clássico revisitado. Sempre moderno e sempre na moda. TAEG de 11,9%, calculada com base numa TAN de 9,722 (Euribor 3M + 8,50%), em fevereiro de 2012, para um crédito de 30 mil euros, com reembolso a 60 meses e garantia de fiança. Exemplo para operação com finalidade de financiamento de automóvel novo e Cliente com 30 anos com cartão de débito ou débito diferido, cartão de crédito, domiciliação de rendimentos, serviço Caixadirecta e seguros de vida e automóvel no Grupo (contratados na Rede da Caixa). Prestação mensal 644,54 euros. Montante total imputado ao consumidor: 39.142,99 euros. (1) Fotos: D. R. beetle g gourmet A papa da nação Para provar Guimarães. T h e Y e at m a n e Feitoria O gosto das estrelas Das estrelas, diz-se que são corpos celestes fixos, que emanam luz própria, pronta a alumiar outros que a não tenham. No firmamento da gastronomia, porém, os astros mais fulgurantes resplandecem, sobretudo, não à vista de quem em torno deles gravita mas ao paladar, como nota a sabedoria popular, os olhos também comem. Eleitos, no final do ano passado, como restaurantes que, em 2012, passaram a fazer parte do exclusivo lote que ostenta uma tão ambicionada estrela atribuída pelo Guia Michelin, o The Yeatman, a norte, e o Feitoria, a sul, brilham mais forte no palato de quem com eles se senta à mesa. Temperado pela tradição vinícola que durante séculos se precipitou no Douro, até desaguar nas caves do Vinho do Porto, o The Yeatman combina a melhor casta da cozinha regional recriada ao sabor da criatividade do chefe Ricardo Costa – que repete o «Óscar» gastronómico conquistado pela primeira vez aos comandos do Largo do Paço, na Casa da Calçada, em Amarante – com a melhor carta de vinhos do País. Acolhido pelo hotel que lhe dá nome, prepare-se para embarcar numa jornada báquica com paragens em mais de 60 parceiros vínicos que batizam os The Yeatman Morada Rua do Choupelo, Vila Nova de Gaia Telefone 220 133 100 Horário Das 12h30 às 15 horas e das 19h30 às 23 horas Preço médio € 50 quartos da unidade hoteleira e dão néctar às 25 mil garrafas que regam a garrafeira e a mais completa coleção de vinhos portugueses, com mais de um milhar de referências. Desta feita, com o testemunho não já do Douro, mas do estuário do Tejo, o Feitoria – ancorado no não menos luxuoso Altis Belém Hotel & Spa – tem ao leme outro repetente no rol das estrelas Michelin, o chefe José Cordeiro, consagrado na mesma casa amarantina. Lá, onde os paladares portugueses partem para se encontrarem os paladares do mundo, a viagem faz-se a bordo dos menus executivos, de degustação ou criativo de cozinha de autor. Mostrando, assim, que as estrelas não só emitem luz, como podem ter (bom) gosto. ARL Uma das mais fartas mesas vimaranenses tem a História por vizinha, numa casa que desafia a tradição. Se, em Guimarães, se ergueu o berço da Nação, o sofisticado restaurante que afirma o seu lugar junto ao castelo conquista terreno para uma «nova cozinha portuguesa». A revolução do PapaBoa é liderada pela chefe Isabel Vitorino, que polvilha a matriz regional dos pratos com as mais recentes técnicas. Daí que se assista e se prove um desfile de pratos no qual a nobreza da cozinha nacional é representada pela perdiz desossada com castanha e licor de chocolate, pelos filetes de porco preto recheados de pasta de mostarda e gambas, pelas lulinhas recheadas com vieira acompanhadas de risotto de marisco ou por um crocante de morango. Tudo servido ao som de jazz, ao sábado à noite, porque tanto a papa como a música se quer boa. Morada Altis Belém Hotel & Spa, Doca do Bom Sucesso, Lisboa Telefone 210 400 200 Horário Das 12h30 às 15h00 e das 19h30 às 23h00. Encerra aos domingos e segundas-feiras Preço médio € 50 22 cx a rev i s ta d a ca i xa PapaBoa Morada Rua Capitão Alfredo Guimarães, 412, Guimarães Telefone 253 415 872 Horário Das 12h30 às 15 horas e das 19h30 às 23 horas. Encerra aos domingos Preço médio € 25 Fotos: D.R. Feitoria c culto the one sport Desporto a pensar no verão Um frasco transparente, puro, guarda uma fragrância masculina que celebra os valores do desporto e da vida. Rosmaninho, madeira de sequóia, cardamomo, patchouli e almíscar estão juntos no novo e fresco The One Sport, de Dolce & Gabanna. Pensado para os enérgicos dias de verão. capture xp Não dorme sobre as rugas A linha Capture XP, da Dior, inova, atuando durante a noite para corrigir os sinais da idade. O complexo Hyalu-stem, com extrato de galanga e o derivado de vitamina E TP Vityl, é o segredo de um sérum que é um concentrado de ingredientes ativos, tendo como objetivo principal a correção das rugas em profundidade, para repulpar as zonas mais marcadas do rosto. Offseat Linhas italianas malìparmi Inspiração étnica Sentido prático numa mala em pele, para usar na mão ou ao ombro, da nova coleção de verão da italiana Malìparmi. Se é Cliente CGD, usufrua de vantagens exclusivas na Loja das Meias e Marc by Marc Jacobs. Saiba na página 8 ou em www.cgd.pt quais os cartões associados a esta parceria. Criação da dupla Lorenzo Bozzoli e Massimo Giacon para uma peça da spHaus com nome inspirado no processo que o programa de design utiliza para chegar ao característico estofo. A linha Offseat compreende três elementos: uma poltrona, um sofá de dois lugares e um sofá de três lugares com enchimento em espuma de poliuretano e pernas em aço tubular e cromado. Os Clientes titulares de cartões CGD têm 15% de desconto na aquisição em www.loja.inexistencia.com, apresentando o código «740181102». Não acumulável com outras promoções. EBike Ser Smart Já tínhamos falado desta bicicleta elétrica na Cx n.º 3. Na altura ainda protótipo, a produção em série da Smart ebike foi, entretanto, confirmada e esta será apresentada na Europa durante o 1.º semestre deste ano. A estética da ebike é muito semelhante à do concept e está equipada com um propulsor elétrico de 250 watts que, dependendo da utilização, pode atingir uma autonomia de 100 km. O carregamento pode ser feito através da energia gerada pelo próprio utilizador ou diretamente na tomada de corrente elétrica. Usufrua das vantagens que o cartão de crédito Caixa Gold(1) proporciona. Além de poder aderir à função de arredondamento e poupar sempre que o utiliza em compras, este cartão tem associado um programa de pontos para obtenção de descontos nas agências de viagens da Tagus, benefícios em vários parceiros e um completo pacote de seguros. Saiba mais em www.cgd.pt. (1) TAEG de 27,3%, para um montante de 2500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 20,75%. cx a re v i s ta d a c a i xa 23 p prazeres b o l o de l a r an j a c o m m o r an g o s a delícia de... Aroma a primavera Leonor de Sousa Bastos Fruto da estação Quantas vezes não conseguimos resistir ao aspeto magnífico de uma caixa de morangos e, quando chegamos a casa, parte deles são verdes ou insípidos? E quando, sem darmos conta, aqueles que tínhamos comprado já estão demasiado maduros?... Porque os temos em abundância ou, simplesmente, porque adoramos morangos, esta é uma receita perfeita para um dia de primavera. Para 6 pessoas > 180 g de farinha de trigo > 1 colher de chá de fermento químico > 120 g de açúcar amarelo > 125 g de manteiga, cortada em pequenos cubos > 2 colheres de chá de raspa fina de laranja > 125 ml de sumo de laranja > 1 ovo > 200 g de morangos frescos > 30 g de açúcar amarelo para polvilhar Pré-aquecer o forno a 180ºC. Lavar bem os morangos, retirar os pés e cortar longitudinalmente. Reservar. Untar uma forma refratária com manteiga e polvilhar ligeiramente com farinha. Numa taça, misturar a farinha, o fermento, a raspa de laranja e o açúcar amarelo. Juntar a manteiga e trabalhar com a ponta dos dedos até obter uma massa granulosa. Noutro recipiente, misturar o sumo de laranja com o ovo ligeiramente batido. Verter os líquidos sobre os sólidos e misturar apenas até ficar homogéneo. Verter a massa na forma, colocar os morangos sobre a massa e pressionar ligeiramente. Polvilhar a superfície com o açúcar amarelo. Cozer cerca de 30 a 45 minutos ou até que um palito inserido no centro saia limpo. Retirar do forno e deixar arrefecer sobre uma grade de pastelaria. Servir morno ou frio. Nota: Se a parte de cima do bolo começar a tostar e o interior permanecer mal cozido, tapar com uma folha de papel de alumínio (a parte brilhante para dentro) até terminar a cozedura. Devia sentir-me envergonhada por pegar na melhor fruta da época para a cozinhar, mas confesso que adoro o xarope que se forma em volta dos morangos assados, a massa densa de um intenso sabor a laranja e a fina crosta de açúcar à superfície... O aroma ao sair do forno é completamente inebriante... 24 cx a re v i s ta d a c a i xa Julian Reynolds 2006 Estrutura e elegância de um grande parceiro de caça. As vinhas da Herdade de Cima ficam perto de Arronches, na fronteira do Alentejo com Espanha. Colhidas das castas Alicante Bouchet, Trincadeira, Aragonez e Syrah, as uvas deste vinho fermentaram em balseiros de carvalho francês com temperatura controlada e uma parte do lote estagiou, depois, em barricas de carvalho francês durante 12 meses, mais outro tanto em garrafa. No nariz, apresenta um aroma intenso e complexo, com notas balsâmicas e de fruta madura vermelha, ameixa, alperce seco, bolos de canela e baunilha. Na boca, mostra taninos finos, bem integrados, e um conjunto elegante, onde se salientam as notas de alperce e de passa de uva. Deve ser servido a uma temperatura de 16ºC a 18ºC, na companhia de carnes vermelhas ou peixe no forno. É excelente parceiro de pratos de caça, sejam aves, como faisão ou perdiz, ou javali. José Miguel Dentinho Notas que misturam fruta madura vermelha, ameixa, alperce seco, bolos de canela e baunilha e entrevista e d ua r d o lo u r e n ço «O tempo verdadeiro é o futuro» Prémio Pessoa 2011 e um dos nossos mais brilhantes intelectuais, o ensaísta Eduardo Lourenço confessa-se um europeísta desencantado face à atual situação do País e da Europa. Mas sabe que é olhando para o futuro que se muda o presente Por João Paulo Batalha Fotografia João Cupertino 26 cx a re v i s ta d a c a i xa cx a re v i s ta d a c a i xa 27 e entrevista Cx: Como vê a situação atual do País? Portugal vive, além desta crise económica, uma crise de identidade? Eduardo Lourenço: A situação do País vem em todas as páginas dos jornais e é objeto de glosa dos media e do cidadão comum. Nós temos o sentimento, sobretudo pela maneira súbita como isto se produziu, de que entrámos numa fase que não estava prevista no nosso calendário mental, na nossa perspetiva. Seja como for, estamos confrontados com ela. Por outro lado, não somos os únicos. Neste momento, o que as pessoas temem é que Portugal possa passar desta crise ainda relativamente suportável para uma crise mais profunda e com efeitos mais devastadores. É o caso da Grécia, naturalmente. Depois de pensarmos que éramos europeus «à part entière», como dizem os franceses, a tempo completo, teme-se que, de repente, passemos a ser um dos homens doentes da Europa, como se dizia antigamente de outras nações que não funcionavam segundo o modelo dominante e, sobretudo, mais influente. Cx: Isso está a provocar um debate sobre o nosso lugar no mundo enquanto país? E. L.: Nós temos uma grande dificuldade em nos compararmos com os outros, a não ser de uma maneira quase onírica, ou fazendo deles nações ou culturas mais dinâmicas do que a nossa, mais modelares, economias mais fortes. Porque Portugal, não sendo «A nossa história lida como uma espécie de fuga para a frente contínua» uma ilha, pensou-se sempre um pouco como uma ilha. Sobretudo quando perdeu a Europa e escolheu partir para outro sítio. Essa partida não foi uma coisa de aventureiros, como os que nos tempos modernos vencem os Himalaias ou o Pólo Norte. O meu amigo Joel Serrão, que foi um grande ensaísta e historiador, dizia que a nossa famosa gesta imperial, colonizadora e navegadora é uma espécie de subproduto de outro fenómeno básico, que é a nossa pobreza, aquilo que nos obrigava a emigrar. A História de Portugal podia ser colocada quase sob o ponto de vista da emigração. Um País que aparentemente não era muito viável desde o princípio. E essa coisa da não viabilidade, do pequeno País que num certo momento emerge e se impõe como um símbolo, um reino, foi sempre visto como um certo milagre na ordem histórica. Como se fosse um país que nasceu sob uma proteção especial da Providência. E isso deixa os portugueses descansados, porque nós estamos nas mãos de Deus. A nossa história lida como uma espécie de fuga para a frente contínua, sempre uns milagres atrás dos outros. justa distinção Eduardo Lourenço, uma das figuras mais destacadas da cultura portuguesa do nosso tempo, recebeu, aos 88 anos, o Prémio Pessoa 28 cx a re v i s ta d a c a i xa Cx: Essa mitologia ajuda a reforçar a ideia que existe em Portugal, e não só em Portugal, de que estamos a viver uma situação que não está inteiramente no nosso controlo? EL: Agora está menos, porque antes tínhamos espaços nossos, que tinham sido feitos com o nosso esforço. A verdade é que até ao fim do nosso império (um império um pouco particular), até 1974, tivemos sempre sítios para onde ir. É a primeira vez que não temos. Toda essa fuga para a frente agora foi uma fuga para a retaguarda, uma retaguarda-vanguarda para nós, que são as nações europeias, que davam o tom na ordem guerreira, na organização, no savoir-faire. Sempre tivemos um grande complexo em relação a esta Europa, que é a Europa que agora nos fala de cima, de uma maneira natural para eles, mas para nós escandalosa, porque Portugal é um pequeno país, mas tem uma grande História. Eu sou muito europeísta, mais desencantado agora do que já fui. A nossa esperança é, apesar de tudo, este sonho europeu, esta Europa hoje dividida entre ela, com países que continuam nas mesmas competições culturais e económicas entre si. Cx: É possível construir um futuro a partir da identidade histórica da Europa? EL: Sim, claro! Vou dar-lhe um exemplo que vai parecer cómico. Fui a Nashville fazer um colóquio sobre Pessoa. Nashville é conhecida pelas Bíblias, é um grande produto comercial de exportação. Eles não têm lá nada de especial para ver. Então, simpaticamente, disseram-me que tinham uma coisa que era interessante, e lá foram mostrar-me aquilo: têm um Pártenon, com as mesmas dimensões, em cimento. Para um europeu aquilo não lembra ao Diabo! É mesmo à americano! Depois fiquei a meditar naquilo. É uma coisa um pouco infantil, é uma homenagem, por um lado, como fazem em Las Vegas, em que têm lá os mundos todos. Mas, se o Pártenon real desaparecer, nós só temos aquilo, em cimento! Isto para dizer que ainda há 50 anos um grande historiador dessa escola francesa, Lefèvre, dizia que a nossa civilização – a francesa, a alemã – é uma civilização de historiadores. Historiadores da nossa própria história e, ao mesmo tempo, os que escreviam a história universal pelos outros. O primeiro que sugeriu esta ideia de que o excesso de história podia ser uma doença foi Nietzsche. Porque a história é, ao mesmo tempo, um culto da morte. cx a re v i s ta d a c a i xa 29 e entrevista E Nietzsche queria falar do que estava vivo e não fazer um recital, um discurso sobre aquilo que é glorioso, mas morto. Cx: Portugal, em particular, vive muito esse culto do passado? EL: Portugal não vive tanto como outros, mas vive-o sem discurso, o que é pior. Em França, atualizam esse culto, e é outra maneira de viver. Nós prendemo-nos aos mitos. A memória só tem função se ela reificar o presente. O que Nietzsche dizia era que importa ter uma ideia do tempo numa espécie de eterno retorno, quer dizer, que o presente seja a coisa que importa. Nós estamos sempre confrontados com o presente. E mais, o tempo verdadeiro para a humanidade é um projeto, é o futuro. O tempo verdadeiro é o futuro. Não ter futuro é como, na ordem psicológica, não ter esperança. Ora, neste momento, uma das nossas angústias é que temos esta história, temos este passado no qual nos podemos refugiar, mas temos de estar no presente. A concorrência faz-se no presente. E nós temos medo de que não sejamos capazes de acompanhar o presente dos outros, sobretudo o presente europeu. Ora, nós acompanhamo-lo! Sempre o acompanhámos. E tem havido até uma recuperação nesse capítulo. Hoje, uma parte das elites portuguesas ou fizeram bons «em portugal, temos tendência para o 8 ou o 80, passamos das euforias para a desgraça» estudos aqui ou foram para as grandes escolas lá fora, inglesas, americanas, etc. A verdade é que há uma elite portuguesa, portanto, Portugal não é o Burúndi. Temos tendência para o 8 ou o 80, em Portugal, passamos das euforias para a desgraça. Essa cantiga tinha desaparecido um pouco do nosso discurso habitual, tinha acabado. Voltou rapidamente. Cx: Que opções é que Portugal tem? Tem-se voltado a falar da vocação marítima de Portugal. Temos mesmo uma vocação marítima? EL: Essa vocação marítima é outro dos mitos. Efetivamente, ainda temos muitos espaços marítimos que podem ser aproveitados do ponto de vista económico. As pescas, por um lado, e muitas riquezas no fundo marítimo que podem ser exploradas. Depois da revolução de abril, apareceu, julgo que no Diário de Notícias, um mapa a dizer que Portugal perdeu terras mas tem água. Era um mapa da água que a gente tinha à volta dos Açores e da Madeira. Era uma coisa patética, mas muito típica dos portugueses: a gente tem de se refugiar em qualquer coisa. Mas, objetivamente, é verdade. Eu sei que se justifica um aproveitamento económico potencial dessas riquezas que estão no mar, à nossa volta. Temos nós capacidade para isso? Não sei, não conheço essa área. Na verdade, o nosso maior sofrimento, neste momento, é esse. Os atuais níveis de vida são conquistas de uma civilização que apostou na ciência e que 30 cx a re v i s ta d a c a i xa modificou verdadeiramente os dados naturais com que contava para explorar e transformar a matéria. Nós realmente entrámos muito tarde nessa corrida. O nosso problema continua a ser o eterno problema que era já apontado pelo ensaísta António Sérgio, que era a ciência. Esta cruzada foi retomada pelo meu amigo Mariano Gago e alguns frutos tem dado a recuperar esse atraso. Simplesmente, estes atrasos são terríveis, não se vencem de um dia para o outro. Cx: Mesmo nesta Europa em crise, a mobilidade das gerações mais novas, que têm a capacidade de estudar e trabalhar lá fora, é um potencial de valor para o País? EL: Em parte, sim, se eles regressarem! O problema é que, nos sítios onde lhes for oferecido trabalho, eles não têm interesse nenhum em regressar. Alguns regressam, felizmente para nós, mas, em Portugal, não se pensa que as pessoas que fazem estudos depois devem algo ao País que lhes paga essa formação – que era o que acontecia no século XVI, quando o D. João III mandava estudiosos para Paris, para depois voltarem cá para Portugal. Nós aí perdemos um pouco o comboio, mas nunca totalmente, não tanto como se diz. Mas foi no século XIX que aconteceu muita coisa nova. De repente, a aceleração foi brutal. De repente, esses ritmos também mudavam. Antigamente, podia-se governar com três ou quatro cabeças. Mas depois formaram-se centros científicos, que são o que explica a superioridade da Europa em relação ao resto do mundo. E hoje é a mesma coisa, simplesmente esses centros já não estão todos na Europa. Felizmente, estão na América, estão na Índia. Essa é a globalização. A boa globalização. E nós também usufruímos, naturalmente, dessa globalização. Temos gente muito boa. Cx: Começamos a ver algumas empresas, até por causa da crise na Europa, a voltarem a procurar os mercados de língua portuguesa. Há um caráter atlântico que pode ser recuperado na nossa identidade? EL: Mas é a mesma coisa, é fugir para o nosso passado de outra maneira! Mas com razão, com razão. Se não fossem razões de ordem ideológica, provavelmente metade deste País já estava em Angola outra vez. As colonizações, mesmo as explorações, sempre deixam rastos, mais positivos ou mais negativos, mas deixam sempre rastos. E neste caso, de facto, não há dúvida nenhuma de que há uma espécie de familiaridade nesta cultura que é nossa, talvez por não ser tão elitista na sua essência. São espaços de refúgio, efetivamente, mas sempre esses. O Brasil não precisa de nós, nós é que precisamos deles. Angola já precisou e ainda precisará, mas eles é que são os senhores do que precisam, não somos nós. Agora não temos mais colónias, não temos mais Áfricas nem Índias. Agora é a Europa. Somos um país europeu e temos de nos comportar como europeus. O nosso destino, agora, é estar solidário com a Europa e não há que sair daqui. Não há alternativa. Cx: Quando pensa no futuro e nas nossas principais qualidades e características, pensa quais são as principais potencialidades que o País pode desenvolver? EL: É preciso não ter a idolatria do identitário. Eu passo por ser uma das pessoas que introduziram essa temática da «precisamos de tudo menos desta espécie de denegrimento de nós próprios» identidade, mas na verdade ou me exprimi mal ou uma certa ironia não funciona neste País. A verdade é que, quando eu falo da hiperidentidade portuguesa, é uma crítica. Quer dizer, é um comportamento compensatório que os portugueses têm. É preciso não confundir duas coisas: uma, é o natural amor das gentes aos territórios de emoção, à Pátria que os fez. Outra, é pensar que são a nata da nata e que os outros não prestam, por ignorância total. Mas também é a mesma coisa para os outros países em relação a nós. Têm-se dito muitos clichés sobre Portugal, clichés que são repercutidos ao mais alto nível e que têm consequências terríficas, não só para Portugal, mas para o sul da Europa – a ideia de que somos uns preguiçosos, essa coisa toda. O problema é o nosso sistema organizacional não sentir, ainda, um certo aguilhão que obrigue os que mandam a comportarem-se de outra maneira, que faça a diferença. Porque quando os portugueses saem daqui – às vezes mesmo sem o mínimo de prática em trabalhos específicos –, são apreciadíssimos em toda a parte. São trabalhadores, aprendem depressa. Quer dizer, a massa é tão boa como em qualquer outra parte do mundo. O problema é a exigência e a organização, que é o que faz a diferença. Cx: E só isso já é um bom argumento para ganharmos distanciamento, ganharmos mundo, irmos para fora? EL: Portugal foi sempre aberto, sempre se abriu. A Europa está aberta, assim como nós. Uma coisa única na história portuguesa foi haver uma parte da famosa Europa, que vem lá da Roménia e do Leste, a vir para Portugal. Termos aqui 500 mil imigrantes do Leste é uma coisa única, nunca tinha acontecido. Para o País, penso que foi uma coisa muito boa, porque é gente muito qualificada. uma questão de massa «[...] quando os portugueses saem daqui, às vezes sem o mínimo de prática em trabalhos específicos, são apreciadíssimos em toda a parte. Quer dizer, a massa é tão boa como em qualquer outra parte do mundo» Cx: E o futuro de Portugal só faz sentido como país aberto. EL: Claro, nenhum país se pode fechar, mesmo que quisesse. Eu penso que a Europa, apesar de estar nesta fase tão particular, já esteve em fases piores. A Europa soçobrou na II Guerra Mundial! Fez coisas, na ordem ética, tenebrosas. O Holocausto é uma marca indelével, um buraco negro da História da Europa. E é europeu, foram europeus que cometeram estes crimes – e europeus considerados de primeira, da grande Alemanha culta, do Goethe, do Kant, da música. Não foram todos, mas estes crimes foram cometidos pela loucura, pelo desvairo de um grupo. É preciso ser muito otimista, como o Leibniz, que era um grande filósofo (mais subtil do que se imagina), para pensar que tudo corre sempre pelo melhor. Mas a verdade é que sem essa crença os homens não davam um passo! Precisamos de tudo menos desta espécie de denegrimento de nós próprios, de complacência, desta espécie de muro de lamentações nacionais. Assim não se vai a lado nenhum. cx a re v i s ta d a c a i xa 31 h 32 história de capa cx a rev i s ta d a ca i xa produção nacional Nacional e bom Quando os portugueses querem e as empresas ousam, uma montra de produtos e serviços com selo luso nasce, cumprindo o desígnio de mostrar, dentro e fora de portas, o (muito) que o País faz de melhor. Do que vestimos e calçamos ao que servimos no prato, passando pelos materiais que nos entram em casa, até ao último grito da mais nova tecnologia, o solo pátrio é fértil em casos de sucesso Foto: iStockPhoto Por Ana Rita Lúcio cx a rev i s ta d a ca i xa 33 h história de capa D e cada vez que a seleção portuguesa de futebol entra em campo, o País veste-se com as cores da bandeira e, por esse território dentro, não há fôlego que não clame por Portugal. Se algum artista, cientista (ou qualquer outro profissional destacado na sua área de saber) é nomeado, premiado, distinguido ou honrado além-fronteiras, é ver correr a tinta pelas páginas dos jornais, à mesma velocidade que os noticiários televisivos e radiofónicos enchem a voz para dar nota do «português» que venceu «lá fora». E há, claro, aqueles que não perdem uma oportunidade para prender na lapela da nação o título de um qualquer recorde do Guinness… e quanto mais inusitado, melhor. Com este cenário de exaltação, podemos concluir que o País faz bem e todos o sabem e celebram. Mas se as manifestações de patriotismo acima descritas dão eco de um Portugal que vibra com os feitos alcançados por uma parte da sua gente, fica, também, a sensação de que muito mais poderia ser feito para impulsionar o País e aquilo que de melhor temos. E que melhor maneira de o conseguir do que aproximando os cidadãos, na sua vivência quotidiana, dos exemplos que dão motivos à sociedade portuguesa para continuar a sorrir e a torcer por Portugal? Passada a «espuma dos dias», começam a despontar, vindos de todos os quadrantes, ações e movimentos que põem a portugalidade na ordem do dia. Juntando à mesma dose de orgulho uma pitada de atitude, de promoção e valorização perante o que há por cá, com qualidade comprovada, com eles se pretende provocar o re-encontro dos portugueses com a realidade de uma nação empreendedora, criativa, inovadora e capaz de produzir segundo padrões de elevada exigência. E pondo as inseguranças e a baixa autoestima para trás das costas, esta nação estará apta a competir de igual para igual com qualquer outro parceiro mundial, nas mais diferentes áreas. Com esta missão bem presente, no que à economia diz respeito, são de destacar iniciativas como a campanha Compro o que é Nosso, lançada pela Associação Empresarial de Portugal (AEP), procurando sensibilizar e mobilizar os consumidores, de modo a que estes prefiram marcas e produtos de origem nacional e que gerem valor acrescentado para o País. No seio da sociedade civil, outras nascem, como é o caso do Movimento 560, que pretende pôr todos O que tem valor em Portugal também tem valor lá fora moda O setor dos têxteis talha-se para a diferenciação calçado Nos últimos anos, investiram-se 66 milhões de euros em inovação design O ateliê Boca do Lobo, aqui com o aparador Heritage, é uma aposta internacional ganha cortiça A Corque Design mostra que a reinvenção de setores tradicionais é outro rumo 34 cx a rev i s ta d a ca i xa Print Desenhados para vencer Prova de que o design português está na moda, há marcas nacionais que já têm um destino (bem) traçado: o sucesso internacional. Foto: Jeffrey Coolidge (Manequim); Sonnet Sylvain/hemis.fr (Sapato); D.R. (Aparador e objetos de cortiça) a investigar o código de barras dos produtos, em busca dos três primeiros números, que indicam que as empresas que os fabricam têm registo em Portugal. E há sempre desafios que põem a tónica na apologia de tornar certos produtos ícones de um país produtor, como é o caso dos célebres pastéis de nata, tão portugueses na sua essência. Cá de dentro, lá para fora O que tem valor em Portugal tem, também, valor lá fora, embora nem sempre as opções de consumo sejam fáceis de tomar. Mas se é importante consumir português, apoiando a nossa produção, as nossas marcas e matérias-primas, para que haja uma recuperação económica, o aumento das exportações tem aqui um valor acrescido. E, para isso, muito contribuem os empreendedores nacionais. Esta dinâmica é, aliás, corroborada pelos índices das exportações portuguesas, que, entre janeiro e agosto de 2011, subiram 16% em relação ao período homólogo do ano anterior, passando dos 23,7 mil milhões de euros para os 27,6 mil milhões, segundo dados do Eurostat. O que mostra que o País, apesar das dificuldades endógenas e exógenas, é, hoje, representado por uma seleção da «nata» empresarial portuguesa, que continua a querer dar novos mundos ao mundo dos negócios, numa perspetiva global. Inspiração, talvez, do legado histórico de um povo que, desde cedo, quis descobrir territórios e explorar o desconhecido. Uma nova diáspora lusitana, comandada não só pelos «gigantes» empresariais, mas também por uma armada de pequenas e médias empresas (PME) que não têm medo de investir para lá da sua zona de conforto. Em muitos casos, arriscando em nome próprio e sem «rede de proteção». Foi o que aconteceu com Sandra Correia, presidente da Pelcor, eleita Melhor Empresária da Europa em 2011, uma distinção atribuída pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho Europeu das Mulheres Empresárias. Tomando em braços uma fábrica de rolhas de cortiça que herdou do pai, Sandra é A criatividade é bem conhecida por não ter fronteiras. No entanto, há rasgos que podem ter país de origem e vários destinos de chegada. Traçando uma rota de sucesso internacional bem marcado para o design made in Portugal, não faltam nomes para dar rosto ao que de bom se desenha por cá e que já chegou a outros pontos do globo, como Filipe Oliveira Baptista, o estilista que deu uma dentada de leão no crocodilo da Lacoste, tornando-se diretor criativo da prestigiada marca de vestuário sport-chic francesa. Falar de design é, também, entrar no universo dos interiores, com marcas como Boca do Lobo, Corque Design, Munna Design, Águas Furtadas, Vandoma Design ou Arte Lusa. E é não esquecer que a Caixa se assume como o Banco do Design, apoiando a criação de inovação e de valor e contribuindo para a descoberta de novos talentos nacionais. cx a rev i s ta d a ca i xa 35 h 36 história de capa cx a rev i s ta d a ca i xa Fotos: Nicolas Lemonnier (Porto); DEA/G.Cigolini (Queijo); Tooga (Azeite); D.R. (Pastéis); Shana Novak (Tubo de ensaio) a protagonista de uma história de alquimia comercial. Isto porque ousou transformar a casca do sobreiro em «ouro», dando-lhe uma nova roupagem que a fez romper pela passerelle da moda e do design e aterrar em vários países europeus, nos Estados Unidos e até no Japão. Criando acessórios em cortiça que se convertem em objetos tão inesperados como a capa de um iPad, a Pelcor dá o exemplo de uma aposta ganha na especialização em determinados nichos de mercado, fazendo da inovação uma prioridade. E, já que tratamos de conquista mundial pelo próprio pulso, porque não falar de uma empresa bem portuguesa que é líder incontestável na sua área de negócio e abarca 75% do mercado internacional, remando contra ventos e marés, desde 1978? A crescer a um ritmo médio de 15% ao ano, a M.A.R. Kayaks faz deslizar pelas águas da canoagem os mundialmente famosos caiaques Nelo, exportando 99% da produção para 100 países. No seu palmarés, esta empresa tem, ainda, o estatuto de fornecedora oficial dos Jogos Olímpicos, desde 2004. Uma corrida batizada com o nome de Manuel Ramos – mais conhecido por Nelo –, o ex-campeão nacional de canoagem, que permanece ao leme da empresa que com ele deu as primeiras remadas numa garagem de um prédio abandonado em Vila do Conde. Desengane-se, porém, quem pensar que só alcançam êxito no estrangeiro os produtos nacionais que se distinguem por conquistar nichos de mercado ou enveredar por setores onde a vanguarda da tecnologia dá o mote. Porque também é possível vingar em atividades mais tradicionais e enquadradas em setores da economia que, à partida, encaramos como menos desenvolvidos, como sucede com o agroalimentar. Embora haja, ainda, muito a fazer nesta área, sobretudo em função de diretivas comunitárias e da Política Agrícola Comum, encontramos alguns exemplos de referência, como é o caso da Sopragol. Trata-se de uma transformadora de tomate, instalada em Mora, que leva mais de 90% da sua produção para o resto da Europa e que, agora, quer lançar-se em África. Transformando mais de 2200 toneladas de tomate fresco por dia, produz concentrados, triturados, pastas, cubos e molho para piza. Há, ainda, que provar o gosto do triunfo com o Queijo Amarelo da Beira Baixa Sabores da Idanha, com denominação de origem protegida pela União Europeia, que venceu, recentemente, a Medalha de Ouro no World Cheese Awards, um género de cerimónia dos Óscares do queijo, que premeia os melhores do mundo na especialidade. É apenas um entre muitos queijos e variedades nacionais, apreciados aquém e além-fronteiras, que ganham destaque fruto de prémios e distinções internacionais. O mesmo sucede no setor dos vinhos, onde os exemplos de reconhecimento além-fronteiras se multiplicam, como sucede com o vinho Vinha da Ponte, da Quinta do Castro, merecedor de um lugar na exclusiva lista dos 100 melhores vinhos do mundo, num ranking elaborado pela revista vitivinícola Falstaff. Um néctar dos deuses, que é elaborado exclusivamente com vinhas velhas e colheitas especiais desta quinta, ancorada na margem direita do rio Douro, entre a Régua e o Pinhão. Um vinho que, a exemplo de tantos outros, dá rosto e paladar ao fenómeno do aumento das exportações vinícolas, que, assim, compensou a queda do consumo interno e permitiu ao setor crescer, em 2011, 3,9% em relação ao ano anterior (dados de um estudo setorial da autoria da Informa D&B). Isto sem esquecer o «velhinho» Vinho do Porto, cujas apresentações se dispensam, seja em Portugal ou em qualquer parte do mundo. Excelência made in Portugal À semelhança dos vinhos portugueses, que semeiam fama em qualquer parte do globo, a reputação dos têxteis nacionais deu, no passado, pano para mangas ao País. Contudo, se, no presente, o tecido empresarial tradicional decresceu, perante a concorrência de produtos de outras paragens, como tradição Portugal senta-se à mesa com o mundo, dando a provar algumas das suas iguarias mais típicas mar A vanguarda científica e tecnológica também é uma vaga de fundo no mar português, nomeadamente na área da biotecnologia Também é possível vingaR EM ATIVIDADES TRADICIONAIS E EM SETORES QUE, À PARTIDA, ENCARAMOS COMO MENOS DESENVOLVIDOS cx a rev i s ta d a ca i xa 37 h história de capa Print Um salto de gigante para a «portugalidade» As indústrias tecnológicas de futuro também têm sotaque português. desta feita no mercado das tecnologias de informação aplicadas ao mundo dos negócios, desenvolveu a Agile Platform, um software empresarial que até já conquistou o Exército norte-americano. Certificando a qualidade dos seus produtos, a Biopremier, um laboratório privado português que faz testes de ADN alimentar, foi a primeira empresa lusa de biotecnologia portuguesa a ser listada em bolsa e a segunda nacional a entrar no mercado de capitais de Frankfurt. E há sempre casos como o da Seed Studios, a primeira empresa portuguesa a criar um videojogo – o Under Siege – para a PlayStation 3, ou a Biodroid, que já avança pelo negócio das aplicações para consolas, computadores, tablets e smartphones e está em vias de abrir duas antenas comerciais: uma na Tech City, em Londres, e outra em São Paulo, demonstrando que a indústria dos videojogos não está para brincadeiras. é o caso da China, o futuro trouxe uma lição de reviravolta pela excelência para o setor. Isso mesmo sublinham modelos como o da NG Wear, criadora de uma linha de vestuário com propriedades de defesa antimosquito, conjugando estilo, investigação científica e propriedades medicinais. A dar passos firmes rumo ao futuro está também o setor português do calçado, que, desde 2010, pisou em solo internacional com o lema Portuguese shoes: Designed by the Future e um investimento de nove milhões de euros na promoção externa (uma fatia que compõe o bolo total de 66 milhões de euros investidos nos últimos anos em inovação, internacionalização e qualificação). Os resultados estão à vista e ao pé: no espaço de uma década, e só na Europa, a quota nacional cresceu 22,8%, para os 10,5%, assumindo-se como o único estado-membro produtor com saldo positivo na balança comercial de calçado [dados fornecidos pela Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos - APPICAPS]. De pé, mas na prancha que pode «surfar» a maré de oportunidades que a (re)descoberta do potencial marítimo e costeiro do País traz consigo, importa também não esquecer que um sem-número de exemplos vêm à tona, fazendo do mar um cluster emergente. Desde as atividades turísticas e de recreio, às indústrias marítimas, ao comércio marítimo e à dianteira da investigação científica com base oceânica, são muitas as «ondas» a explorar. 38 cx a rev i s ta d a ca i xa A comprová-lo está, a título ilustrativo, a Necton – Companhia Portuguesa de Culturas Marinhas, a primeira spin-off científica nacional neste setor, dominando a biotecnologia de microalgas e produzindo, sobretudo, para os mercados da aquacultura e da cosmética. Em suma, é claro que a convocatória para esta seleção de qualidade com selo luso não fica por aqui e a lista de motivos e exemplos de valor vai muito mais além. Uma convocatória que faz da promoção do consumo de produtos feitos em Portugal e com as nossas matérias-primas uma prioridade na agenda nacional. Por isso, o rumo a seguir deve passar pela procura da excelência, aproveitando todo o potencial de empreendedorismo e de inovação de que os portugueses são capazes. Tudo isso junto, a par de um sentimento comum na defesa dos valores, produtos e marcas portugueses, a começar pelas escolhas feitas no consumo, deve ser o nosso orgulho. Foto: Erik Simonsen De certeza que já ouviu a mítica frase de Neil Armstrong, o astronauta norte-americano que gravou para a posteridade a sua primeira passada na Lua: «This is one small step for man, one giant leap for mankind.» Agora, imagine que a pronúncia era portuguesa? O enredo pode parecer-lhe digno de um filme de ficção científica, mas a verdade é que não está a galáxias de distância, já que a indústria aeroespacial portuguesa começa a voar em direção ao espaço. Assim acontece com a Lusospace, fornecedora e parceira da Agência Espacial Europeia, que, em 2003, se lançou na corrida aos magnetómetros, uma espécie de bússolas espaciais que orientam e monitorizam, em tempo real, a posição dos satélites na órbita terrestre, através da determinação do campo magnético. Conquistando terreno lá fora, mas noutro ramo das tecnológicas de futuro, a OutSystems é outra empresa portuguesa que, o observatório Silva carlos moreira da presidente da direção da cotec portugal Superar o «vale da morte» É indispensável incutir nos jovens uma cultura de inovação e de empreendedorismo, valorizando estes conceitos ao longo de toda a formação Fotos: D.R. (Carlos Moreira da Silva); Martin Barraud (Jovem sobre caixas) O «vale da morte» é um conceito bem conhecido de todos os que se ocupam da questão da valorização do conhecimento gerado nas universidades. Exprime a distância que separa os mundos da investigação universitária e da atividade empresarial e a dificuldade em fazer chegar ao mercado os resultados da referida investigação. Em algumas culturas, com destaque para a americana, a distância parece menor e mais fácil de vencer, diríamos de forma quase espontânea. Noutras culturas, como na nossa, o problema afigura-se mais sério, exigindo uma boa dose de voluntarismo, de criatividade e de perseverança. A experiência da COTEC Portugal, através do programa COHiTEC, tem consistido em aproximar os investigadores e tecnólogos do mundo da gestão empresarial – para que possam perceber melhor como este funciona, como valoriza e deixa de valorizar as tecnologias e os produtos que, através delas, podem ser produzidos. Trabalhando sempre com tecnologias concretas, devidamente protegidas, aproxima os tecnólogos de estudantes de MBA e de gestores, sejam pessoas ligadas à indústria do capital de risco, sejam os chamados «executivos de conteúdo», com experiência empresarial em áreas de atividade próximas das tecnologias em avaliação. Este exercício, que tem como primeiro resultado a apresentação de um business plan preliminar, prolonga-se, nos casos mais promissores, já com empresas formalmente constituídas e com intervenção de sucessivos instrumentos de financiamento, nas fases de desenvolvimento da prova de conceito, aprofundamento do plano de negócios e apresentação a investidores. Sem menosprezo pela intervenção acabada de referir, estamos hoje convencidos de que a superação do «vale da morte» exige outras formas de intervenção, parecendo indispensável: • incutir nos jovens uma cultura de inovação e de empreendedorismo, valorizando estes conceitos ao longo de toda a sua atividade de formação; • familiarizar os jovens, desde cedo (na fase final do ensino básico e durante o ensino secundário), com uma formação menos escolástica e mais experimental, utilizando os meios laboratoriais de que as escolas podem até dispor, mas que nem sempre se mostram suficientemente «apropriados»; • em fases mais avançadas do processo de ensino, já na universidade e, por maioria de razão, nas áreas mais tecnológicas, fomentar todas as formas de comunicação entre a vida universitária e a vida empresarial, em que destacaríamos: (I) estágios dos jovens estudantes nas empresas; (II) períodos de permanência em empresas dos docentes e investigadores universitários; (III) intervenção de quadros empresariais no próprio processo de ensino, de preferência tecnólogos com responsabilidades de gestão, para que as componentes mais experimentais da formação universitária possam refletir melhor a cultura e as preocupações de uma atividade de índole empresarial; • aproximar a universidade dos vários agentes especializados na atividade de capital de risco, em especial business angels e venture capitalists; • fomentar a proteção da propriedade intelectual (patenteamento) e o conhecimento indispensável à avaliação destes instrumentos e a cedência da sua utilização a terceiros (tanto por licenciamento como por venda pura e simples). Acreditamos, hoje, que, tanto ou mais do que levar os universitários a criarem empresas, talvez seja importante levá-los a cederem a utilização das suas tecnologias a empresas detidas por terceiros capazes de as valorizarem; • fomentar a transferência de tecnologia não proprietária; • incentivar a colocação nas empresas de mestres e de doutores, para que estas passem a dispor das competências e da cultura necessárias ao reconhecimento da importância da inovação e à aquisição de capacidade de comunicação com o mundo universitário (sem o que o conhecimento gerado nas universidades nunca poderá ser nem devidamente valorizado nem efetivamente apropriado pelas empresas); • financiar a investigação universitária de índole aplicada cada vez mais através da procura, nomeadamente através de uma procura canalizada pelas empresas, em vez de financiar diretamente a mesma investigação por vias que se mostrarão sempre mais distantes do mercado e dos requisitos da valorização económica dos seus resultados. cx a re v i s ta d a c a i xa 39 v 40 grande viagem cx a rev i s ta d a ca i xa Açores As ocidentais ilhas lusitanas Arquipélago de muito mar e pouca terra. A geologia deu‑lhe a variedade de formas, o clima consente quase todos os géneros de flores e de frutos, a geografia concedeu‑lhe um papel de relevo na História de Portugal e do mundo. Bem-vindo aos Açores Por Daniel de Sá * N Foto: Randi Utnes os Açores, o mar é um prolongamento das ilhas. E cada vez mais as gentes açorianas se sentem atraídas por ele como lugar de recreio. Não somente para se banharem nas águas amornadas de um dos braços da Corrente do Golfo, mas também para se deslumbrarem com as paisagens marinhas e as suas flora e fauna. A origem vulcânica das ilhas faz com que, no fundo do oceano, se encontrem lavas torcidas e retorcidas, grutas e colinas ou mesmo fossas e bancos, podendo estar-se até na presença de uma ilha em formação, como no caso do banco D. João de Castro. Algumas das espécies que encontramos são de uma beleza que mais parece de peixes dos recifes de coral. Como o pequeno peixe-rei ou o manso mero, que atinge várias dezenas de quilos. O mero está protegido por lei apenas contra a caça submarina, mas os pescadores do Corvo, pela importância que ele tem para os praticantes de mergulho, transformaram em reserva voluntária o Caneiro dos Meros. Nos Açores, há também cada vez mais o gosto da aventura em forma de parapente ou asa-delta. A orografia das ilhas oferece excelentes locais de lançamento e correntes ascendentes de ar que permitem longas permanências em voo. Todas estas modalidades de exploração dos Açores, à maneira dos peixes ou das aves, têm centros para o seu ensino e a sua prática. Mas uma terra é também a sua gente. Por isso, se puder, o visitante procura percebê-la melhor conhecendo um pouco da sua arte. Da estética das formas e das cores à dos sons e das palavras escritas. Os museus, as discotecas e as livrarias podem ser bons lugares de revelação. Flores, um adeus europeu A ilha das Flores é a apoteose, o grande final com que a Europa se despede de ser Europa. O ar é impoluto; a floresta, virgem, imaculada; o mar, sem mancha; os povoados completam a paisagem sem a magoar. Por isso a UNESCO, em 2009, declarou esta ilha, que parece nascida das ilustrações de um conto de fadas, Reserva da Biosfera. Assim fizera, em 2007, com o Corvo e a Graciosa. Porque, se o afastamento isola, também preserva. Como na Fajã Grande, o último lugar habitado da Europa. A uma escassa milha, fica o derradeiro rochedo europeu, o ilhéu de Monchique (que se avista desde a Ponta do Albernaz), formado por um vulcão submarino e, tal como as Flores e o Corvo, situado na placa norte-americana; a meia légua, a aldeia da Cuada, que a revista Travel & Leisure considerou um dos melhores destinos turísticos românticos. A ilha das Flores resume ou repete todas as belezas do arquipélago, mas aperfeiçoadas, expurgadas de excessos. O seu interior não fica longe de sítio nenhum, mas guarda, ciosamente, vestígios da floresta de laurissilva e defende-se de ser devassado com os ásperos caminhos de suntuosa duplo v O verde beleza que lá conduzem. Por isso, apreciar as Flores na sua intimidade provoca e as típicas vacas um sentimento de admiração, que deve aproximar-se do espanto com que os são a imagem de marca do arquipélago primeiros que pisaram aquele chão as contemplaram. cx a rev i s ta d a ca i xa 41 v grande viagem Corvo, a ilha absoluta A Vila Nova do Corvo, que é antiga e única, parece ter sido feita de modo a poupar espaço. O fascínio de um minúsculo burgo de 400 habitantes, que nasceu em pleno Renascimento com aparência de Idade Média, mas que a pouco e pouco se foi modernizando, de modo que, fora das pequenas ruas históricas, já em nada se distingue do resto do mundo civilizado. Em toda a volta, quase sempre inexpugnáveis escarpas; no interior, uma velha caldeira, com uma pequena lagoa no fundo, semelhante em beleza a qualquer outra dos Açores. O suficiente para uma velhinha de há várias décadas, que nunca atravessara o mar, dizer que não havia ilha maior nem mais bonita do que o Corvo. Faial, uma ilha para o mundo A terra tremeu centenas de vezes. Depois, o vulcão entrou em erupção a 27 de setembro de 1957, só tendo adormecido a 24 de outubro de 1958. Quando a erupção terminou, a ilha crescera cerca de 2,5 km2, em grande parte recuperados pelo mar de onde vieram. O que resta é de uma beleza fantasmática, podendo ser percebida toda a sua história no Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos, um museu escavado nas cinzas e outras escórias trazidas pela chuva e pelo vento e ali sedimentadas. A Horta, posta entre duas bem abrigadas baías, foi o porto alternativo ao de Angra para as carreiras das Índias e o mais utilizado para as outras viagens transatlânticas. O porto de paragem e abastecimento para os aviões de correio transatlântico tornou-se num dos mais visitados por iates de todo o mundo. E, continuando a tradição que coloria as muralhas do molhe, a passagem da maior parte das muitas centenas de iates que amaram na marina fica assinalada por pinturas que transformam os cais em imensas telas cheias de cor e arte. Pico, onde Portugal chega mais alto No Pico, a beleza transforma-se, deixando de ser um reino do verde absoluto para 42 cx a rev i s ta d a ca i xa conceder espaço ao solo sem húmus. A sua montanha está tão próxima da perfeição que foi eleita uma das Sete Maravilhas Naturais de Portugal. E se nas Flores acaba Portugal a oeste, é aqui, a 2351 metros de altitude, o limite de Portugal entre nuvens. O solo da ilha é feito de pouco mais do que pedra. Mas a rocha vulcânica é tão fértil que já produziu vinho para Papas e czares. A paisagem da cultura da vinha da ilha do Pico é assombrosa. De tal maneira que a UNESCO, em 2004, a declarou Património Mundial. O Museu dos Baleeiros guarda memórias e conta histórias de um século de riscos e aventuras. Primeiro, foram jovens arrebanhados por navios americanos, muitos deles mais interessados em entrarem clandestinamente na América do que em serem pescadores de baleias. Depois, por volta de 1880, começou, na própria ilha, a caça ao cachalote. A vila das Lajes foi o último lugar destas ilhas de onde saíram botes para a faina. São Jorge, a ilha sossegada São Jorge, criação fantasiosa de sucessivos vulcões gerados numa irrequieta falha tectónica, estende-se por mais de 50 km, não ultrapassando os oito de largura. A obra feita foi uma espécie de serra que emerge do Atlântico, com pequenas plataformas ao nível do mar, as fajãs, e com o requinte de, na Lagoa da Fajã do Santo Cristo, existirem amêijoas, o que não acontece em nenhum outro lugar dos Açores (espreite também a Lagoa da Fajã dos Cubres, uma das mais visitadas e de mais fácil acesso). Fotos: Luis Davilla (Furnas); Joel Santos (Lagoa); Franco Banfi (Antigo porto de pesca); Wolfgang Poelzer (Baleias); Gerard Soury (Whale watching) Nos Açores, muitos dos povoados nasceram junto a pequenas baías, aqui geralmente ditas «calhetas». Por isso é Calheta o nome de uma belíssima vila, encastoada entre o mar e os montes. Montes que não se chega a perceber se descem até ao mar ou se são as aprumadas arribas que, com a altura, se transformam neles. Já a Vila das Velas assenta numa das raras nesgas de terra à beira-mar, com uma visão privilegiada sobre o canal do famoso Mau Tempo no Canal, de Nemésio. Dali se contempla a majestosa figura da ilha do Pico, como que a espreguiçar-se de um lado e outro da montanha, tendo a oeste a placidez do Faial. Devido à sua proximidade, estas três ilhas sempre viveram numa forte relação social e económica, o que as torna numa espécie de subarquipélago, sendo conhecidas por «as Ilhas do Triângulo». Graciosa, a cheia de graça A Graciosa é uma das duas ilhas cujo nome as define um pouco. E, tal como o Pico se destaca pela montanha, a Graciosa distingue-se pela suavidade da paisagem. A sua baixa «estatura», que mal ultrapassa os 400 metros, faz dela a ilha dos Açores com menos pluviosidade. O que lhe permitiu ter boas condições para a produção de abundante trigo e de excelente vinho. No entanto, as searas que agora restam são de milho, o que permite poéticas imagens, como a do grão a secar ao sol, assim protegido da pirataria dos ratos. E foi, precisamente, pela maneira como na Graciosa se vive em harmonia com a Natureza que a ilha mereceu da UNESCO a classificação de Reserva da Biosfera. Sem perder a Natureza de vista, conheça a vila de Santa Cruz, cuja claridade faz jus ao título de «Ilha Branca», que lhe foi dado devido à invulgar abundância de traquitos e pedra-pomes esbranquiçadas. 5 1 2 3 4 1 famosas As furnas, na ilha de São Miguel 2 flores A Lagoa da Fajã Grande e as suas famosas quedas de água 3 histórico Antigo porto de pesca em Calheta de Nesquim (Pico), de onde saíam os barcos para a pesca à baleia 4/5Rrainhas do mar A possibilidade de avistar baleias é uma das atrações para quem visita os Açores Terceira, a ilha da fraternidade Muitas das tradições açorianas vieram com os povoadores. A da Festa do Espírito Santo é uma delas, tendo-se transformado numa característica comum cx a rev i s ta d a ca i xa 43 v grande viagem Mas estar em São Miguel é vir à procura da rota dos vulcões. Durante cerca de três milhões de anos, os vulcões construíram o imponente maciço montanhoso do nordeste. E na serra da Tronqueira, uma das paisagens mais arrebatadoras dos Açores, há o extra de poder ver uma das aves mais raras do mundo, o priolo. Partindo de Ponta Delgada, pode chegar-se às Furnas indo por norte ou por sul e regressar pelo outro desses caminhos. Os panoramas que se sucedem na viagem são por vezes deslumbrantes, como Vila Franca do Campo e o seu ilhéu, na costa sul, ou as plantações de chá da Gorreana, na costa norte. Ao chegar às Furnas, poderá comprovar que de cerca de 750 mil anos de atribulada história geológica ficou uma lagoa numa paisagem de sonho, sulfataras tumultuosas, águas minerais quentes ou frias, uma cálida ribeira ou um solo ubérrimo, que consente espécies vegetais de quase todos os tipos de clima, o que permite a existência de um jardim idílico, o Parque Terra Nostra. Depois, as lagoas. A das Sete Cidades, uma das Sete Maravilhas de Portugal, resultado de meio milhão de anos de ourivesaria vulcânica. E a do Fogo, por muitos considerada a mais bela, com a sua água praticamente intacta à intervenção humana. 1 2 3 1 sem fôlego A vista para a Lagoa do Fogo, em São Miguel, é de cortar a respiração 2 a perder de vista O verde como pano de fundo da ligação das gentes à terra 3 capital Ponta Delgada é a capital administrativa dos Açores e a mais cosmopolita cidade do arquipélago 44 cx a rev i s ta d a ca i xa a todas as ilhas. E se acaso o Pentecostes deixasse de ser comemorado nos Açores, seria decerto na Terceira a última coroação e a derradeira mesa posta para toda a gente. Porque esta é a festa da alegria e da fraternidade. Apenas no Corvo, nas Flores e em Santa Maria os problemas com o vulcanismo parecem estar definitivamente resolvidos. Nas outras seis ilhas, os vulcões continuam a dar sinais de que não se extinguiram ainda, sendo capazes de reaparecer a qualquer altura, o que vem acontecendo regularmente desde o início do povoamento. Esse aviso, ou essa ameaça, pode, no entanto, apresentar formas e cores fascinantes, como acontece nas Furnas do Enxofre, no coração da Terceira. São Miguel, um Éden sem dragões Uma visita a Ponta Delgada, onde abundam pontos de grande interesse, como velhas ruas, belos templos e magníficos jardins, ficará incompleta sem uma passagem pela Igreja de Todos-os-Santos. Santa Maria, a ilha-mãe A Ermida dos Anjos é por muitos apontada como a mais antiga dos Açores. E se é verdade que existem inúmeras versões a respeito dessa antiguidade, existe uma certeza incontornável: as pedras desta ermida são das mais venerandas dos Açores. Em São Lourenço, contrastando com o resto do arquipélago, encontrará praias de areia branca. Noutros areais, os da Formosa, tem lugar um dos mais importantes festivais de música dos Açores, o Maré de Agosto. Na famosa zona residencial do aeroporto, estão a desfazer-se, pela corrosão, as últimas casas de lata e papelão. O plaino onde foram construídas, no final da Segunda Guerra Mundial, era de uma absoluta e estéril desolação. Mas os americanos trouxeram terra das zonas altas da ilha e nela semearam flores e plantaram árvores. E o quase deserto fez-se jardim. Talvez não haja mais nada semelhante no mundo. Já que Santa Maria perdeu a glória desse tempo, que não lhe perca a memória. Todas as ilhas do arquipélago são diferentes. Mas esta é mais diferente do que as outras. Santa Maria é a negação dos lugares-comuns do verde bem comportado dos Açores. Cada recanto seu é sempre uma surpresa para o visitante consumidor apenas de propaganda genérica. A zona residencial do aeroporto será, com certeza, a maior de todas. Por enquanto... * Adaptado do texto originalmente escrito para a revista Visão Vida & Viagens. Guia de Viagem Ir De Lisboa, pode-se voar para São Miguel, Terceira, Faial e Pico através da TAP Air Portugal (www.flytap. com) e para Santa Maria, São Miguel, Terceira, Faial e Pico com a SATA Internacional. www.sata.pt Do Porto, pode-se voar para São Miguel através da TAP Air Portugal (www.flytap.com) e para São Miguel e Terceira com a SATA Internacional. www.sata.pt. Existe uma rota que liga Faro a São Miguel e uma que liga o Funchal a São Miguel através da SATA Internacional. www.sata.pt Viagens interilhas Existem aeroportos em todas as ilhas e, consequentemente, voos entre todas elas, através da SATA Air Açores (www.sata.pt). Existe, também, a via marítima, com ligações regulares. Procure mais informação através da Transmaçor (www.transmacor.pt), da Atlânticoline (www.atlanticoline.pt) e da Malheiros Serpa (www.malheiros.net). Fotos: Rui Almeida Fotografia (Lagoa); Steve Jacobs (Agricultor); Alan Copson (Ponta Delgada) Santa Maria Ficar Hotel do Colombo Situado numa posição sobranceira a Vila do Porto, oferece a possibilidade de optar entre quarto ou apartamento. www.colombo-hotel.com Hotel Santa Maria Numa das zonas mais calmas da ilha. www.hotelsanta-maria.com Comer O Grota Com vista deslumbrante para o Farol de São Gonçalo, especializado em peixes e mariscos frescos. Tel.: 296 884 184 Terra Nostra Garden Hotel Com elegantes e amplos salões. www.bensaude.pt Comer A Lota Situado no porto de pesca de Lagoa e famoso pelo naco de atum. Tel.: 296 916 055 O Amaral Das mãos de Maria de Jesus saem pitéus de chorar por mais. Tel.: 296 442 258 Terceira Ficar Quinta do Martelo As casas dos hóspedes vão desde a mais modesta, com mantas de trapos e louças de barro, até à casa do proprietário abastado, com móveis de estilo. Tel.: 295 642 842 Terceira Mar Hotel Hotel em estilo resort virado para a panorâmica baía do Faial. Tel.: 295 402 280 Comer Beira Mar Angra Um dos mais conceituados da ilha, tendo como especialidade a sopa do mar. Tel.: 295 215 188 Graciosa Ficar Casa das Faias Casa tradicional recuperada. Tel.: 295 732 766 Graciosa Resort Business Hotel Perfeitamente inserido na paisagem. www.graciosahotel.com Comer Restaurante Apolo 80 Pratos típicos por encomenda. Tel.: 295 712 660 São Jorge Ficar Quinta de São Pedro Misturando o tradicional e o moderno. www.quintasaopedro.com Hotel São Jorge Garden O único hotel da ilha. Tel.: 295 430 100 Comer Fornos de Lava A carta é seletiva e concentra-se no bom peixe e na boa carne. Tel.: 295 432 415 Pico Ficar Glicínias do Pico Casas de campo, com uma localização privilegiada. www.gliciniasdopico.com Pocinho Bay Ambiente sofisticado e requintado. www.pocinhobay.com Baía da Barca Funciona como um condomínio fechado. Ideal para famílias ou para casais. www.baiadabarca.com Comer Ancoradouro Cataplanas, arroz de marisco, caldeiradas e o muito procurado caldo de peixe. Restaurante Lagoa Aqui encontra o famoso polvo guisado do Pico. São Miguel Ficar Furnas Lake Villas Um marco na arquitetura contemporânea, em perfeita comunhão com a Natureza, localizado a poucos metros da Lagoa das Furnas. www.furnaslakevillas.pt Informação na Net para tirar notas antes de fazer a mala e apanhar o avião. Sites que não deve deixar de consultar: visitazores.com; acores.com; guiaturisticoacores.com Faial Ficar Hotel Canal A história da ilha é contada através da sua decoração. Tel.: 292 202 120 Faial Resort Hotel Com boa vista para o mar, a montanha e a cidade. Tel.: 292 207 400 Comer Peter Café Paragem obrigatória para locais e turistas. Tel.: 292 392 897 Flores Ficar Aldeia da Cuada Casas de pedra modernizadas. www.aldeiadacuada.com Comer O Forno Transmontano Aqui, o cliente tem a possibilidade de encomendar o que lhe apetece. Tel.: 292 593 137/91 7 763 459 Corvo Ficar Guest House Comodoro Casa de hóspedes com instalações muito confortáveis. Tel.: 292 596 128 Comer Traineira Localização excelente e especialidade imperdível: filetes de peixe-porco. Tel.: 292 596 088 açores (portugal) Formado por nove ilhas de origem vulcânica, o arquipélago dos Açores proporciona uma viagem de fortes contrastes, de verdes inesquecíveis, de gentes que amam a sua terra de mão dada com o mar e que dele retiram quase tudo do que necessitam Cartão miles & more A CAIXA, EM PARCERIA COM O PROGRAMA MILES & MORE DA LUFTHANSA, CRIOU O CARTÃO DE CRÉDITO(1) QUE O DEIXA MAIS PERTO DA SUA PRÓXIMA VIAGEM, AO PERMITIR-LHE GANHAR E ACUMULAR MILHAS DA MILES & MORE, TANTO NO CÉU COMO NA TERRA. SAIBA TODAS AS CARACTERÍSTICAS DO CARTÃO MILES & MORE DA CAIXA EM WWW.CGD.PT. (1) MILES & MORE GOLD (COMPRAS): TAEG DE 25,8%, PARA UM MONTANTE DE 2500 EUROS, COM REEMBOLSO A 12 MESES, À TAN DE 19,00%. MILES & MORE CLASSIC (COMPRAS): TAEG DE 24,7%, PARA UM MONTANTE DE 1500 EUROS, COM REEMBOLSO A 12 MESES, À TAN DE 19,50%. cx a rev i s ta d a ca i xa 45 r roteiro sintra A mais romântica Distinguida como Património Mundial pela UNESCO, é famosa pela fusão quase perfeita entre a histórica vila e a serra que a rodeia Por Pedro Guilherme Lopes Ilustração Marta Monteiro/www.re-searcher.com 1 as queijadas Comece o seu passeio fazendo uma pausa no caminho que o leva até à vila. Na Sapa confecionam-se as famosas queijadas de Sintra, e um pacotinho será excelente companhia para o que se segue. 2 centro da vila Caso não tenha tomado o pequeno-almoço na Sapa, faça-o na Piriquita, detentora do segredo dos incontornáveis travesseiros. Dirija-se ao Terreiro Rainha D. Amélia e visite o Largo do Paço Real. Não deixe, ainda, de conhecer o Museu de História Natural e o Museu do Brinquedo e aproveite para experimentar um romântico passeio de charrete. 3 quinta da regaleira A poucos minutos do centro histórico, encontrará um surpreendente palácio, rodeado de belíssimos jardins. Um ambiente quase mágico, que nos faz sentir personagens de um filme. 4 palácio de seteais Localizado num miradouro com vista para o Castelo dos Mouros e o Palácio da Pena, envolto em luxuriantes jardins, oferece, ainda, a possibilidade de dormir no majestoso Tivoli Palácio de Seteais. 5 monserrate Um exuberante jardim e um charmoso palácio fundem-se de forma quase perfeita. É aqui que encontrará, também, a Quintinha Pedagógica, onde se recria o tradicional e o pitoresco da região saloia. 6 convento dos capuchos Prepare-se para fazer uma viagem no tempo e conhecer a vida conventual franciscana. 7 palácio da pena Eleito uma das 7 Maravilhas de Portugal, classificado como Património da Humanidade pela UNESCO, considerado uma obra-prima da arquitetura, uma visita a Sintra nunca ficará completa sem subir ao alto da serra para conhecer este fantástico palácio. 8 castelo dos mouros Guardando memórias das conquistas de D. Afonso Henriques, oferece inesquecíveis vistas, que vão da vila de Sintra até ao mar. 46 cx a re v i s ta d a c a i xa cx a re v i s ta d a c a i xa 47 f fugas casa da cisterna O segredo das pequenas coisas No centro da aldeia histórica de Castelo Rodrigo, envolta por muralhas seculares, a Casa da Cisterna conquista-nos assim que entramos. E depressa nos mostra que a vida tem outro sabor quando temperada com dedicação, simplicidade e naturalidade Por Pedro Guilherme Lopes Fotografia Filipe Pombo F az parte de um bloco de apontamentos, já com uns milhares de quilómetros feitos à descoberta do nosso País, uma ideia que, pelo menos para nós, continua a fazer sentido: chamar «casa» a um projeto de turismo rural deixa-nos sempre com a expetativa de termos à nossa espera um local onde, acima de tudo, apetece ficar. Ora, ao subirmos a escada que dá acesso à sala de jantar (mais concorrida ao pequeno-almoço) da Casa da Cisterna, e depois de termos puxado uma campainha cujo toque nos liberta imediatamente dos sons mais urbanos, foi precisamente essa a sensação que tivemos: apetecia-nos ficar ali. O sentimento apurou-se com uma subida à mezzanine transformada em sala de estar e biblioteca, com vista para um pequeno jardim, que convidava a aproveitar um surpreendente sol de inverno. A terra que se fez deles É precisamente esse jardim, iluminado por esse reconfortante sol, que escolhemos como palco para a conversa com Ana Berliner, que, em conjunto com o seu marido, António 48 cx a rev i s ta d a ca i xa Monteiro, trocou Lisboa por esta aldeia histórica, localizada a mais de 700 metros de altura e com vista para a incontornável serra da Estrela. «A vinda para aqui teve a ver com a nossa formação académica. Somos biólogos e viemos fazer o estágio de final de curso, pois esta é uma das áreas, senão a área mais rica em termos naturais no nosso País», recorda Ana. «Esta aldeia sempre foi uma aldeia muito gira e, como estava no âmbito do programa das Aldeias Históricas, houve uma intervenção que a valorizou em muito, permitindo recuperar muitas das ruínas existentes. Isso incentivou a comprar e a ficar, mas, resumidamente, hoje como antes, achamos que esta aldeia é um encanto.» A compra da casa deu-se em 1998, tendo as obras arrancado quatro anos depois. A primeira das duas casas que hoje compõem a Casa da Cisterna abriria em 2004, tornando realidade um desejo antigo. «Sempre procurámos quintas e sempre nos despertou imenso interesse o conceito de turismo rural», conta. «Quando comprámos a casa, nem tínhamos bem a certeza se daria para o que pretendíamos, mas foi dando e, hoje, cx a rev i s ta d a ca i xa 49 f fugas Burricadas Para lá de todo o seu encanto próprio, a Casa da Cisterna proporciona aos seus hóspedes a possibilidade de contactarem de perto com os burros (burras, para sermos mais precisos) de raça asinina de Miranda. António Monteiro, que se apaixonou pela raça em 1999, é o «guardião» de dez exemplares, que adoram festas e que permitem realizar inesquecíveis passeios. como em casa Ana Berliner prepara com todo o pormenor e carinho a sala que recebe o pequeno-almoço (página de abertura) pedra A cor terra das paredes exteriores já indicia o aconchego que nos espera no interior jardim Dois dos quartos dão acesso direto a um inspirador jardim. Atravessando as portas vermelhas, chegamos à sala de estar e à biblioteca quartos O branco é comum a todos eles, com a diferença a ser feita pelos pormenores 50 cx a rev i s ta d a ca i xa posso dizer que somos tanto de Lisboa como daqui», confirmando uma ligação à terra que ultrapassa questões familiares e que os inclui em projetos como o Parque Natural do Douro Internacional, onde António trabalha como biólogo, ou a Reserva da Faia Brava, em Figueira, um parque natural que ajudaram a construir. E, depois, temos a qualidade de vida, numa aldeia com cerca de meia centena de habitantes e duas mãos-cheias de crianças, incluindo as duas filhas do casal. «Aqui ao lado, em Figueira de Castelo Rodrigo, a dois ou três minutos de carro, encontramos tudo o que precisamos.» Presente e futuro E o que encontra quem visita a Casa da Cisterna? «Adoramos receber pessoas e pretendemos afastar-nos completamente do ambiente de hotel. Apostamos numa maior proximidade, numa guesthouse onde há tempo para receber bem, onde há tempo para conversar, onde há tempo para mimos e atenções», garante a proprietária. E esses mimos começam logo ao pequeno-almoço. Dos doces caseiros aos diversos tipos de mel da região, passando pelos bolos imaginados por Ana Berliner ou pelo sumo natural feito com as célebres laranjas de Barca Guia de Viagem Como ir Se vier de Lisboa, apanhe a A1 em direção a Torres Novas e, aí, apanhe a A23 até à Guarda. Se vier do Porto, apanhe a A1 até Albergaria-a-Velha e, daí, a A25 até à Guarda. Continuando na A25, dirija-se a Vilar Formoso, saindo em direção a Almeida. Já na estrada nacional, continue para Figueira de Castelo Rodrigo e siga a placa que indica Castelo Rodrigo. A Casa da Cisterna (www.wonderfulland.com/cisterna) fica na Rua da Cadeia. Em redor Tanto para fazer Por muito que seja grande a vontade de ficar a aproveitar tudo o que a Casa da Cisterna tem para lhe oferecer, acredite que existem motivos de sobra para aproveitar os dias em diversas atividades. Desde logo, passear a pé pela aldeia, inserida na rede de Aldeias Históricas de Portugal (ou visitando algumas das mais próximas, como Almeida, Trancoso ou Marialva), fazendo uma paragem obrigatória na Casa de Chá e na loja Sabores do Castelo, onde encontrará muito do melhor que a região lhe oferece. Conte, também, com os conhecimentos de Ana Berliner para o guiar num passeio de jipe ou numa visita às gravuras do rio Côa. d’Alva, entre tantas outras iguarias, o que não faltam são motivos para deixar correr o tempo lentamente (ainda para mais sem uma imposição rígida de horários para saborear a primeira refeição da manhã). Os sabores caseiros podem continuar a fazer parte da ementa em refeições previamente acordadas ou através dos cestos de piquenique preparados com todo o carinho para acompanhar os passeios dos hóspedes. Para desfrutar com igual calma são os quartos. Sete, no total, todos eles com nomes de pássaros, que confirmam a paixão de Ana e António pela Natureza. Na casa principal, o Pisco e o Rabirruivo; virados para o jardim, o Andorinhão e o Noitibó (sendo este uma suíte com mezzanine); e na casa Mikwéh (ótima para alugar na sua totalidade), composta por uma sala comum de apoio e três quartos, o luminoso Chapim, o surpreendente Melro Azul e o Coruja, com teto estrelado e cama suspensa. Já aprovado está o projeto para a recuperação de uma terceira casa, junto à piscina, onde nascerão quartos pensados para oferecer belíssimas vistas panorâmicas, confirmando que, por estas bandas, o segredo do sucesso é mesmo o saber aproveitar as pequenas coisas. O pecado da gula A sensivelmente 15 minutos de distância, na aldeia de Malpartida, fica o restaurante Casa d’Irene. A calorosa receção e a confeção dos pratos são feitas pela própria D. Irene, que nos delicia com os sabores da região, do cabrito ao bacalhau, passando pelo polvo e terminando num leite creme de comer e chorar por mais. Naturalmente Ana e António conhecem perfeitamente o Parque Natural do Douro Internacional e são as pessoas ideais para o ajudar a preparar esta sua visita. cx a rev i s ta d a ca i xa 51 s saúde p r é - o p e r at ó r i o Ultrapassar o medo da cirurgia Entrar no bloco operatório pode causar alguma ansiedade. Apesar dos avanços da medicina e de grande parte das cirurgias serem já intervenções consideradas correntes, persiste, em algumas pessoas, um medo latente. Hélder Viegas, diretor do Departamento de Urgência e Cuidados Intensivos no Hospital de Cascais, refere que foi realizado, em 1995, no Serviço de Cirurgia do Hospital do Desterro, um estudo que se debruçou sobre a ansiedade dos doentes cirúrgicos no pré-operatório. Para o estudo, foi feito um inquérito, elaborado com a colaboração de um psicólogo, a 52 doentes submetidos a média e grande cirurgia pelos cirurgiões da equipa chefiada pelo cirurgião Luiz Damas Mora. «A análise dos resultados permitiu estabelecer dois tipos de circunstâncias, que, com mais frequência, são causa de ansiedade: circunstâncias gerais, comuns a todo o tipo de cirurgia, e circunstâncias específicas, relacionadas com a cirurgia sobre determinados órgãos ou sistemas», descreve Hélder Viegas. No primeiro caso, as causas de ansiedade prendiam-se com a possibilidade de uma doença maligna, dor no pós-operatório, eventual necessidade de transfusão e medo de «não acordar da anestesia». No que diz respeito às segundas, a mais frequente foi o medo de ser necessária uma colonostomia. «Naturalmente, atos cirúrgicos realizados por outras especialidades desencadearão outros medos, como lesões neurológicas definitivas, impotência sexual, ou outros», refere o cirurgião. Consolidar a relação de confiança «É minha convicção que explicar ao doente, de forma acessível, em que consiste a cirurgia é fundamental para combater o medo que se instala quando é transmitida a notícia de que tem de ser operado», defende 52 cx a rev i s ta d a ca i xa Conselho do especialista «O doente deve estar consciente da confiança que tem no seu cirurgião, colocando-lhe atempadamente todas as suas dúvidas e receios, sem tabus, não hesitando em escolher outro cirurgião se aquela relação não se revestir de confiança e cumplicidade mútuas. É esta, a meu ver, a base para a diminuição do medo legítimo de um ato cirúrgico», recomenda Hélder Viegas. Hélder Viegas. Segundo o cirurgião, este esclarecimento deve ser acompanhado de informações claras sobre os benefícios e riscos do ato cirúrgico, destruindo alguns conceitos e mitos ainda muito presentes. «A segurança com que o cirurgião esclarece as dúvidas e presta as informações é diretamente proporcional à confiança adquirida pelo doente», afirma. Porém, não deve confundir-se segurança com arrogância ou distanciamento. Qualquer destas tem efeito contrário ao desejado, alerta o cirurgião. No estudo referido, verificou-se que, já no bloco operatório, rodeado de um ambiente hostil e desconhecido, o que mais tranquiliza o doente é encontrar o «seu cirurgião», provavelmente a única pessoa que ele reconhece entre tantas caras, vindo, logo a seguir, a compreensão e apoio do anestesista e da equipa de enfermagem. A preservação da relação médico-doente é, pois, um pilar fundamental no combate à ansiedade no período pré-operatório, pelo que o cirurgião deve manter o hábito de trocar algumas palavras tranquilizadoras com o «seu doente» antes da indução anestésica. Ilustração: Getty Images Saiba como pode vencer esse receio e educação Mobilidade Emprego(s) para a(s) vida(s) Porque o mercado laboral está em constante movimento, deixou de ser possível colocar um travão à mobilidade profissional. Não se deixe parar pelo medo e aproveite o balanço para dar um novo impulso à sua carreira Ilustração: Getty Images Por Ana Rita Lúcio Acabado de sair da faculdade, com um diploma debaixo do braço, o Senhor X tinha o destino traçado. O curso Y, assim como todo o percurso escolar correram sem sobressaltos e até com momentos de distinção – a antiga escrivaninha guardada no sótão ainda se abre para recordar a medalha recebida pela entrada no quadro de honra da escola onde completou o antigo 5.º ano de liceu. Cedo descobrira o que queria ser «para o resto da vida» – e ainda hoje sorri ao recordar-se de como, ainda mal aprendera a atar os sapatos, já tinha a certeza de qual viria a ser a sua profissão. E assim foi. O emprego na empresa Z esperava-o mal se sentara nas carteiras da universidade. Assim que se formou, a secretária com vista para a rua sempre pejada de transeuntes era sua. Sua continuou – enquanto a máquina de escrever deu lugar ao computador de secretária e as molduras com as fotografias dos netos se somaram às dos filhos – até se reformar, há alguns anos. E é por isso que o Senhor X estranha quando pensa em A, a neta mais velha, que poucos mais anos do que ele tinha quando pôs o pé no mercado laboral, já assumiu as funções B e C, na empresa D, correndo as sucursais E e F, e se dedica, agora, à função G, na empresa H, enquanto faz a pós-graduação I, em complemento à licenciatura em J. Sem nunca fechar a porta a outras oportunidades que possam surgir. Porque, explica, «o futuro é um livro aberto». As letras do alfabeto dão-nos o retrato de dois casos fictícios, mas que não estão muito distantes da realidade laboral portuguesa, à medida que avançamos na segunda década do século XXI. Se, até há bem pouco tempo, se falava de «emprego para a vida» – como aquele que acompanhou o Senhor X ao longo dos anos –, hoje, talvez seja mais adequado falar-se de vários empregos para várias vidas – como a da jovem A, que vai adaptando e conciliando o seu percurso de vida com os desafios de trabalho, à medida que o caminho se vai fazendo. E se é verdade que estes são exemplos posicionados nos extremos opostos da escala das realidades laborais – havendo uma miríade de gradações pelo meio –, há algo que parece indiscutível: a mobilidade profissional veio para ficar, fruto de uma economia aberta e em constante mutação, onde as leis da oferta e da procura ditam as regras do mercado. Em vez de ficar parado, à espera do que lhe possa acontecer, esta pode ser uma boa ocasião para se antecipar ao fluxo da mudança. A chave mestra para abrir o enigma do novo cenário de flexibilidade que se esboça é a formação contínua. Desenvolver conhecimentos e competências na sua área de especialização – que não deve ser vista como uma baliza estanque – ou apostar na formação em áreas distintas são sempre mais-valias para dar um novo fôlego à sua carreira. Além disso, há que olhar para o próprio conceito de mobilidade, que não tem de significar uma transformação drástica – nem dramática – na vida de quem trabalha. Desde logo, pode representar, apenas, a oportunidade de desempenhar novas funções ou acumular responsabilidades, dentro do quadro da empresa onde já trabalha, ou continuar no seu setor de atividade, ainda que respondendo a uma nova entidade patronal. Claro que mobilidade pode também ser sinónimo de explorar uma nova área de ação ou, em determinados casos, remeter para a possibilidade de mudar de cidade ou até mesmo de país. Desde que esse cenário se concilie com as expetativas e ambições profissionais do próprio, essa é uma porta que pode ser mantida aberta, se estiverem reunidas todas as condições. E sendo certo que nenhuma destas alterações de status quo deve ser feita à revelia dos trabalhadores, o truque é não se deixar arrastar por uma mudança que pode ocorrer a qualquer momento. Pode mesmo, aliás, antecipar-se a ela. Afinal, emprego(s) novos, vida(s) nova(s). cx a re v i s ta d a c a i xa 53 f finanças P o u pa n ç a No ano em que todos fazem contas à vida, faça da poupança um aliado que o pode ajudar a contar com um futuro financeira, ambiental e socialmente mais sustentável. A carteira, o ambiente e a sociedade agradecem Austeridade. Reduções. Ajustamentos. Cortes. Todos os dias, o dicionário da crise cresce em entradas, à medida que diminuem os rendimentos disponíveis para fazer face às despesas do dia a dia. Mas há uma palavra que merece lugar de destaque no vocabulário da contenção. Ela é uma arma ao alcance de todos no combate às restrições financeiras, mas também um aliado na luta contra o desperdício: essa palavra é a «poupança». E se o mesmo dicionário nos mostra que poupar significa gastar com moderação, não desperdiçar e economizar, na prática, o ato de poupar pode ser sinónimo de maior folga no orçamento familiar e de um avanço significativo rumo à meta de um consumo mais responsável e sustentável. «Meta» é mesmo o termo mais apropriado, já que não bastam passadas avulsas para a alcançar. Gastar menos e melhor é, essencialmente, uma corrida de fundo que exige esforço, 54 cx a re v i s ta d a c a i xa alguma disciplina e, claro, perseverança. Essa exigência não tem, porém, necessariamente, de pressupor alterações radicais e penosas do estilo de vida de cada um. A verdade é que, gesto a gesto, e sempre com coerência entre eles, pequenas transformações nos hábitos de consumo podem resultar em ganhos substanciais nas poupanças domésticas, mas também, num sentido mais abrangente, em termos sociais e ambientais, contribuindo, assim, para o bem-estar de todos. O primeiro impulso – que pode decidir logo o desfecho desta jornada de aforro – é dado pelo cálculo do seu orçamento mensal, de modo a que possa geri-lo com maior eficiência, sabendo exatamente quando, onde e como gasta. E porque é tão importante quanto é saber controlar as suas despesas, uma ferramenta imprescindível é um mapa de despesas mensais. Nele podemos apontar todas as despesas realizadas ao longo do mês e estipular valores máximos para cada uma delas. Depois, é só seguir o plano à risca, evitando ao máximo os desvios: caso precise de uma motivação extra, pode sempre estabelecer penalizações, caso não cumpra as diretrizes, ou, por outro lado, recompensas, caso as alcance. Sem confundir rigor com dramatismo, uma penalização não tem de ser um martírio e uma recompensa não envolve, obrigatoriamente, dinheiro ou bens materiais. É claro que poupar não é só gastar menos, é também fazer economias. Ajustadas às suas possibilidades, há que procurar soluções que lhe permitam poupar todos os meses, de modo Cartão Soma O cartão de crédito Soma(1) permite-lhe efetuar pagamentos e levantamentos, convertendo as suas compras em pontos para um dos dois programas associados: • FastGalp, em parceria com a Galp Energia; ou • Tagus, em parceria com a agência de viagens Tagus. Por cada múltiplo de 5 euros de compras e cash advance (exceto cash advance para a conta à ordem) que efetuar com o cartão Soma, terá direito a 5 pontos, que são convertidos mensalmente e na mesma proporção. Poderá rebater os pontos acumulados em produtos e serviços Galp ou Tagus. Consulte www.fastgalp.com ou www.taguseasy. pt. Além disso, o cartão Soma oferece descontos nos mais variados parceiros. Visite www.vantagenscaixa.pt. Pode, também, reforçar a sua poupança através da funcionalidade de arredondamento. Ao efetuar compras com o cartão Soma, o valor remanescente da sua compra reverte, automaticamente, para uma conta de poupança da Caixa que detenha. Saiba mais em www.cgd.pt. (1) TAEG de 24,2%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 21,25%. a que possa constituir ou consolidar um fundo de poupança, idealmente, de valor três a seis vezes superior ao seu rendimento mensal. Não menos relevantes, existem, ainda, os gestos de poupança quotidianos, desde logo quanto ao dispêndio de eletricidade, gás ou água: nunca é demais reforçar a importância de recorrer a lâmpadas economizadoras, desligar os aparelhos em stand-by, regular a temperatura de esquentadores e caldeiras e banir os banhos de imersão. Porém, fora de casa também se pode consumir responsavelmente. Ao volante, mantenha velocidades constantes e deixe o carro de lado em trajetos curtos, nos quais seja possível andar a pé e fazer algum exercício. Quando for às compras, prefira produtos da época e da região e opte, também, por comprar, quando se justificar, pela Internet, onde se podem encontrar oportunidades imperdíveis. Foto: Richard Newstead Contar com a poupança Nove Mecanismos Para uma poupança automática Conheça o PAP – Plano de Poupança Automática e saiba como poupar na Caixa automaticamente e sem esforço. PAP E X P E R I E NCE Um presente com futuro Saiba como tirar partido desta oportunidade e partilhá-la com quem lhe é querido Já pensou que hoje, mais do que assinalar um momento com a oferta de um presente efémero, é importante reforçar as condições que podem contribuir para um futuro bem melhor daqueles de quem mais gosta? Por exemplo, o início de uma poupança. É justamente a pensar nisso que lhe propomos a oferta do kit PAPEXPERIENCE. Em que consiste? Trata-se de uma experiência de poupança que lhe permite oferecer, diretamente, 25 euros para abertura ou reforço de uma conta de poupança e a possibilidade de ativação dos mecanismos de poupança automática que mais se adequem ao seu beneficiário. Quem receber este presente pode beneficiar, ainda, de 35 euros de bónus – oferta da Caixa. Como funciona o bónus? Se o beneficiário deste presente assegurar uma nova domiciliação de rendimentos (salário, pensão ou reforma, no mínimo de 500 euros líquidos) na Caixa ou reforçar ou constituir uma poupança a um ano com um montante vindo de outra instituição de crédito, no mínimo de 1000 euros, a Caixa oferece-lhe 25 euros adicionais. Entretanto, pode, também, receber 10 euros suplementares oferecidos pela Caixa se for um dos 20 mil Clientes que mais poupar através do mecanismo de arredondamento dos cartões da Caixa. Válido para extratos de dezembro de 2011 a março de 2012, com um arredondamento mínimo de 75 euros, e para os extratos de abril a outubro de 2012, com um arredondamento mínimo de 125 euros. Como adquirir? Basta dirigir-se a uma Agência da Caixa ou aceder à loja on-line do serviço Caixadirecta on-line e adquirir o PAPEXPERIENCE. Poderá, assim, distinguir aqueles de quem gosta com um presente com futuro. Ofereça, também, um PAPEXPERIENCE a si próprio e conheça todos os detalhes em qualquer Agência da Caixa ou em www.cgd.pt. contas de poupanças 1. Caixa Aforro Poupe Mais: premeia, automaticamente, a permanência e os reforços a uma taxa de juro com um spread crescente; 2. Depósitos POP: no vencimento, alimentam, automaticamente, a conta Caixa Projecto com o crédito automático do capital e juros; 3. Caixa Poupança Activa: para Clientes com mais de 55 anos, beneficia de reforços automáticos através da possibilidade de agendamento ou da devolução dos gastos em compras com cartão de crédito Caixa Activa(1). reforçar a poupança utilizando cartões 4. Cartões LOL e LOL Júnior: o saldo não utilizado é acumulado e, quando atingir os 10 euros, é transferido, automaticamente, para a conta de poupança; 5. Cashback: devolução automática de uma percentagem das compras que forem efetuadas com determinados cartões; 6. Arredondamento: o Cliente define o valor do arredondamento que é efetuado automaticamente para a conta de poupança cada vez que seja efetuada uma compra. facilitadores de poupança 7. Entregas programadas da conta à ordem para a conta de poupança; 8. Reforço automático numa conta de poupança de um depósito a prazo quando este atinge o vencimento. Exemplos: Depósito Super Mais a 3 anos, Depósito a Prazo a 3 anos; 9. Serviço de Gestão Automática de Tesouraria (GAT): os excedentes de tesouraria na conta à ordem são, diariamente, transferidos para a conta de poupança associada, com uma remuneração majorada. TAEG de 22,2%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 20,75%. (1) cx a re v i s ta d a c a i xa 55 sustentabilidade A t i v i smo soc i a l Restabelecer laços com a Natureza Voluntariado e agricultura biológica dão as mãos num projeto aliciante em prol de um planeta melhor Por Helena Estevens praia, cavalos, comida, dormida e, em troca, sensação de missão cumprida. Umas férias de sonho para uns, uma experiência diferente para qualquer um e ao alcance de todos, por quatro horas de trabalho voluntário por dia, numa exploração agrícola orgânica, neste caso, o Monte da Cunca. Esta é uma as dez melhores WWOOF (Oportunidades Mundiais em Quintas Orgânicas) a nível global, segundo o jornal britânico The Guardian. É aqui, junto à praia da Carrapateira, que Klaus, austríaco, e Dania, italiana, recebem os visitantes, entre amigos e colaboradores, vindos de todo o mundo para, durante algum tempo, poderem dar o seu contributo para o desenvolvimento da propriedade, dedicada à agricultura biológica. Em compensação, este INFO WWOOF Contactos: www.wwoof.org e www.wwoof.pt (Portugal) Taxa anual: 15 euros Primeiro contacto com anfitriões: um a dois meses antes da época pretendida 56 cx a re v i s ta d a c a i xa engenheiro e esta antiga chef oferecem comida e dormida e a possibilidade de desfrutarem de algumas amenities do Monte da Cunca – como os seus cavalos e carros. E, claro, a praia ali tão perto. Aliciante, sem dúvida, mas desengane-se se pensar que é este o atrativo que anualmente leva um número crescente (em Portugal, foram 1150 em 2010) de pessoas a reservarem na agenda algum tempo para se dedicarem de corpo e alma ao projeto WWOOF, com presença um pouco por todo o mundo. O trabalho – anunciado nos sites do movimento – é variável, podendo oscilar entre trabalho no campo, desenvolvimento de projetos de energias renováveis ou outras técnicas amigas do ambiente, ou alguma reparação, sendo deixado a cada wwoofer a possibilidade de escolher. Depois, é só entrar em contacto e confirmar se é viável. Na despedida, mais do que todos os bons momentos passados, fica a partilha de experiências e de culturas, os conhecimentos apreendidos e o crescimento pessoal. Ou, até mesmo, um novo rumo. Print campo e cidade, nova simbiose? Promover o acesso e contacto com o campo e a agricultura biológica a todos aqueles que normalmente não o poderiam fazer. Foi assim que surgiu a WWOOF, no início Working Weekends on Organic Farms (Fins de Semana em Quintas Orgânicas), corria o ano de 1971. A ideia nasceu de uma secretária londrina, Sue Coppard, tendo rapidamente sido posta em prática num fim de semana que não poderia ter corrido melhor. Anfitriões e voluntários – chamemos-lhe assim – adoraram a entreajuda e partilha de conhecimentos, dos quais nasceram também fortes amizades. Não tardaria até que os fins de semana se revelassem insuficientes, alargando-se a experiência a mais dias ou semanas. O nome sofreu também algumas adaptações até chegar à designação atual. Willing Workers on Organic Farms (algo como Trabalhadores Voluntários em Quintas Orgânicas) para World Wide Opportunities on Organic Farms (Oportunidades Mundiais em Quintas Orgânicas). em Portugal ou no estrangeiro, são inúmeras as quintas por onde escolher. Lembre-se de que este é um projeto de voluntariado, não concedendo vistos nem licenças de trabalho. Qualquer dúvida deverá ser esclarecida com as respetivas embaixadas. Se não tiver seguro de saúde ou de viagem, informe-se previamente com a sua seguradora. A OVEuropa e a World Nomads são das mais populares entre os wwoofers. Foto: Luís Barra/Visão s s sustentabilidade empreender Caixa atenta ao mar Conhecedora das potencialidades que se escondem por detrás do recorte da costa portuguesa, a Caixa Geral de Depósitos Fotos: Rui Marto/Estúdio João Cupertino continua a promover o debate sobre o re-encontro de Portugal com a cultura e a economia do mar É um recurso, uma oportunidade e, acima de tudo, um desígnio. Para Portugal, o mar representa – ou deve representar – uma fonte de riqueza da qual há que retirar proventos, sempre numa perspetiva sustentável. Significa o acarretar de uma vaga de projetos inovadores, capazes de gerar negócios e atividades de e para o futuro, assim como a determinação conjunta de um povo que, com ou sem epopeias, se deseja lançado numa aposta consolidada na exploração do potencial que banha a nossa costa. E representa-o, também, para a Caixa, que, por estes motivos, há muito elegeu como sua a missão de fomentar e congregar esforços para a reaproximação entre o País e as suas cultura e economia marítimas. Em função desse renovado compromisso com o mar, o Banco faz questão de manter e até diversificar o apoio a iniciativas que coloquem as temáticas da cultura e economia marítimas no topo da agenda nacional. Isso mesmo aconteceu numa série de conferências, no final do ano passado, em cuja dinamização e divulgação a CGD se envolveu diretamente. Realizada a 25 de novembro, numa região histórica, social e economicamente ligada às atividades costeiras, a Conferência do Mar 2011, organizada pelo jornal Expresso e patrocinada pela Caixa, levou ao Hotel Palácio Estoril uma fatia expressiva do tecido empresarial português, bem como representantes de organizações e das autoridades competentes com interesses nas áreas da economia do mar. Num evento que surgiu na esteira da conferência organizada no ano anterior também pelo semanário, as intervenções subordinaram-se ao tema «Portugal, a Europa e o Mar: Uma Estratégia para o Século XXI», pondo em evidência a importância estratégica deste setor para o futuro, tanto no contexto interno como no comunitário. Entre muitos ilustres convidados, a lista de oradores incluiu o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, o secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu, o especialista em assuntos marítimos e consultor da Presidência da República para os Assuntos da Ciência, Ambiente e Mar, Tiago Pitta e Cunha, e o vice-presidente da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos, António Nogueira Leite. Entre outras, destacam-se as declarações do titular da pasta da Economia, apelando ao investimento nas atividades portuárias, que «deve cair, sobretudo, nas entidades privadas, cabendo ao governo legislar», e as do presidente da Comissão Europeia, apontando o mar como «um dos setores que nos pode ajudar a libertar da crise». Mais uma vez contando com o apoio da Caixa Geral de Depósitos, a 8 de novembro de 2011 foi a vez do BCSD Portugal realizar, na Culturgest, a Conferência «Economia do Mar – Sustentabilidade, Inovação e Valorização», apontando, igualmente, para a relevância de uma aposta de longo prazo no setor. O encontro proporcionou uma abordagem geral ao tema, fazendo incidir o foco da discussão sobre as oportunidades geradas pela exploração sustentável dos recursos marítimos. Um propósito alcançado com a reunião de peritos e a apresentação de casos de sucesso na dinamização marítima, que incidiram, particularmente, sobre o empreendedorismo e a criatividade na criação de novos negócios, a importância da inovação e investigação e formas de financiamento a projetos de investimento inerentes à economia do mar. Finalmente, nos dias 28 e 29 de novembro, o Centro de Congressos de Lisboa acolheu a Conferência do Atlântico, à qual a CGD se associou, conjuntamente com o Fórum Empresarial da Economia do Mar. Subordinado ao tema «Economia e Ciência Marítimas para um Desenvolvimento Sustentável da Europa», o evento serviu de palco para a discussão em torno da Estratégia Marítima Europeia para a Área do Oceano Atlântico e teve como propósito estimular o debate entre representantes dos Estados membros e das diferentes regiões, empresários e empreendedores e clusters da Ciência. Um dos pontos altos foi a apresentação da Comunicação da Estratégia Marítima Europeia, com o objetivo de produzir recomendações tendo em vista a formação de uma rede denominada Fórum do Atlântico e a aproximação aos Estados vizinhos do Atlântico nos continentes africano e americano. cx a re v i s ta d a c a i xa 57 s sustentabilidade Ao utilizar o cartão Caixa Fã, a Caixa contribui com uma percentagem do valor das suas compras para o Fundo Caixa Fã, que apoia diversos projetos cotados na Bolsa de Valores Sociais. O cartão Caixa Fã é mais do que um meio de pagamento e o seu contributo é mais do que um apoio: é um investimento em projetos com retorno social. Saiba mais em www.cgd.pt. responsabilidade Uma Caixa Fã de causas Findo o segundo semestre de 2011, é altura de um primeiro olhar Criado em 2008, o Fundo Caixa Fã apoia projetos de responsabilidade social, através da canalização de 0,05% do valor das compras efetuadas pelos Clientes com o cartão Caixa Fã. A Bolsa de Valores Sociais intervém na seleção das entidades, através da análise das candidaturas e monitorizando, posteriormente, a execução dos projetos apoiados. O segundo semestre de 2011 não foi diferente e, mais uma vez, regista-se, com agrado, o impacto real da iniciativa. Exemplo disso foi o caso da Associação Democrática da Defesa de Interesses da Igualdade das Mulheres, cujo montante proveniente do Fundo foi já executado na totalidade. Foram mais de 26 mil euros, que resultaram em campanhas de sensibilização, ações de apoio social, obras de reparação no Centro de Atendimento à 58 cx a re v i s ta d a c a i xa Vítima e posterior inauguração de uma sala para crianças. Já a Associação Portuguesa de Pais e Doentes com Hemoglobinopatias – que intervém a nível médico e social, melhorando a qualidade de vida destas pessoas – usou o financiamento do Fundo Caixa Fã no seu projeto Direito do Globi a uma Cidadania Plena. Isto permitiu prestar atendimento na sede da Associação e efetuar visitas domiciliárias, orientação para a procura ativa de emprego e apoio na integração laboral, com a realização de ações sobre técnicas de procura de emprego e ateliês para aquisição ou aperfeiçoamento de diversas competências. Os projetos das restantes entidades apoiadas neste semestre encontram-se, igualmente, em execução, estando a sua conclusão prevista a curto ou médio prazo. Ainda assim, a Cavalo Amigo regista já a aquisição de uma grua e de um cavalo (ainda em teste) para o seu programa de equitação terapêutica, meios que permitirão alargar os tratamentos a cidadãos com paraplegias. Por seu lado, a Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos da Madeira (APADAM) concretizou já vários procedimentos logísticos e administrativos para criar uma empresa de inserção, que formará, a cada dois anos, sete profissionais com necessidades especiais, aumentando a empregabilidade destas pessoas. Há, ainda, muito por realizar, mas estes apoios darão frutos a médio prazo, devolvendo à sociedade o investimento efetuado em integração social de pessoas em situações de fragilidade. Vale, pois, a pena ser Fã e contribuir, sem qualquer gasto adicional, para este Fundo. Basta usar o cartão Caixa Fã. Foto: ULTRA.F para os projetos inseridos no Fundo Caixa Fã e constatar que vale a pena ser fã sustentabilidade c o m pr o m i ss o Líder no combate às alterações climáticas A Caixa é a melhor empresa portuguesa e a melhor instituição financeira ibérica na resposta às exigências de uma economia de baixo carbono Foto: Ed Honowitz O Relatório CDP Ibéria 125 2011 – publicado pelo Carbon Disclosure Project (CDP) – avaliou, pela primeira vez, as respostas das maiores empresas cotadas em Portugal e Espanha no âmbito das suas estratégias de responsabilidade climática. A classificação Carbon Disclosure avalia o nível de compreensão e transparência das empresas em relação ao tema, assim como a sua eficácia na mitigação de emissões de gases com efeito de estufa. A CGD foi a primeira instituição financeira portuguesa a tornar-se investidor signatário do CDP e, desde 2009, passou a responder ao respetivo questionário. A sua ação é, agora, reconhecida, sendo uma das seis empresas ibéricas com classificação superior a 85 pontos, numa escala de 100, obtendo, assim, a classificação A- na escala Carbon Performance (apenas três empresas espanholas atingem a classificação A). Os 88 pontos da CGD representam, aliás, a melhor classificação entre as empresas portuguesas e, também, a melhor em todo o setor financeiro ibérico. Em primeiro no índice ACGE 2011 Mas não é apenas no Carbon Disclosure Project que a Caixa foi distinguida pela sua ação em prol do ambiente. No âmbito do Índice ACGE 2011, que mede a responsabilidade climática em Portugal, a CGD obteve a liderança do setor financeiro e a segunda posição no total das 82 empresas avaliadas, como reconhecimento pelo seu empenho na resposta ao desafio das alterações climáticas e a uma economia de baixo carbono. O Índice ACGE avalia a resposta das empresas ao desafio das alterações climáticas e a uma economia de baixo carbono e estabelece um ranking que possibilita a comparação dos resultados das políticas de gestão dos vários participantes (82 empresas de 14 setores de atividade), numa perspetiva de competitividade e melhoria de desempenho, assumindo, também, uma dimensão de sensibilização e informação pública. Estes resultados comprovam que o tema está plenamente integrado na estratégia da CGD, concretizando-se em iniciativas de elevada eficácia. É nesse âmbito que se enquadra o Programa Caixa Carbono Zero, através do qual a CGD tem vindo a desenvolver, desde 2007, um conjunto de iniciativas que a posicionaram na liderança do setor financeiro nacional na resposta às novas exigências de uma economia de baixo carbono. Sustentabilidade. Na Caixa. Com certeza. s Print The Best Sustainable Banking Group (Portugal) 2011 A revista internacional The New Economy distinguiu a Caixa Geral de Depósitos pelo segundo ano consecutivo. O Grupo CGD foi considerado o Grupo Financeiro mais Sustentável de Portugal em 2011. Esta distinção foi atribuída no âmbito da iniciativa The New Economy´s Sustainable Finance Awards, que visa reconhecer os bancos e as instituições financeiras que demonstraram liderança e inovação na integração de critérios sociais, ambientais e corporativos nas suas operações. A iniciativa da revista The New Economy, organizada pela terceira vez, passou, em 2010, a incluir também Portugal. The New Economy é uma publicação quadrimestral, sediada em Londres e lançada em 2007, na assembleia-geral do World Fórum. Esta revista aborda os temas da Sustentabilidade nos setores da Banca e Finanças, Tecnologias Limpas e Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia. A distinção internacional agora obtida reforça o Grupo CGD como digno embaixador do setor financeiro português e representa um reconhecimento do mérito da sua atuação no domínio da Sustentabilidade. cx a re v i s ta d a c a i xa 59 agenda Dança En Attendant 5 e 6.6 Fundação CGD - Culturgest, Lisboa O ponto de partida de En Attendant é a Ars Subtilior, uma forma complexa e altamente refinada de música polifónica do século XIV. A dança controlada e ondulante de En Attendant evoca e homenageia, de forma muito bela, a natureza pura mas estratificada da música e a dissonância e contrastes pouco comuns que a caracterizam. Diferentes constelações de corpos vão-se desenvolvendo no espaço e no tempo. Exposições Zona Letal, Espaço Vital Até 14.4 m|i|mo – Museu da Imagem em Movimento, Leiria O projeto de itinerância da Coleção da Caixa Geral de Depósitos apresenta a sua terceira edição. A exposição Zona Letal, Espaço Vital procura aproximar o espectador de algo a que geralmente não tem acesso: o processo criativo. Sabendo que este não é rígido nem visível, e que cada artista desenvolve procedimentos singulares de criação, pretendeu mostrar-se que as obras não são o resultado de um desenvolvimento linear. A exposição é acompanhada Condições exclusivas Para cartões cgd 40% de desconto na aquisição de até 2 bilhetes por espetáculo e exposição aos titulares dos cartões Caixa Fã, ITIC, ISIC, CUP e Caixa Activa. 30% de desconto na aquisição de até 2 bilhetes por espetáculo e exposição aos titulares dos cartões Caixa Gold, Caixa Woman, Visabeira Exclusive, Leisure e Caixadrive. 60 cx a re v i s ta d a c a i xa Teatro Regresso de Philippe Quesne à Culturgest, depois de, em 2009, ter apresentado L’Effet de Serge e La Mélancolie des Dragons. Big Bang pode tanto evocar uma explosão gigantesca como uma teoria fundadora, ou uma simples onomatopeia de banda desenhada. Talvez se passe numa ilhota, onde um grupo de náufragos refaz o mundo, regressando às origens para representar a História em fast forward. Uma sucessão de quadros serve de estudo quase anatómico de um microcosmos humano numa geografia inesperada. Philippe Quesne dá um passo em direção à abstração, num dos percursos mais instigantes da criação contemporânea. pela edição de um catálogo e atividades educativas dirigidas a públicos diversos. cartão de débito ou de crédito da CGD (não acumulável com outros descontos). Amigos de Paris Jos de Gruyter e Harald Thys Até 15.4 Fundação Arpad Szènes - Vieira da Silva, Lisboa Até 19.5 Fundação CGD - Culturgest, Porto Big Bang 25 e 26.05 Fundação CGD - Culturgest, Lisboa Aqui, pode apreciar peças únicas do trabalho de quatro artistas, Lourdes Castro, René Bertholo, José Escada e Jorge Martins, que, tal como muitos outros, tiveram oportunidade de conviver com Vieira da Silva e Arpad Szènes. Os Clientes da Caixa têm um desconto de 50% na entrada para qualquer exposição da Fundação, mediante a apresentação de um Jos de Gruyter e Harald Thys trabalham em conjunto desde o final da década de 80. Ao longo dos anos, produziram numerosas obras em vídeo, mas o seu trabalho engloba também, com frequência, fotografias, esculturas e desenhos. Inspirando-se na realidade quotidiana, Jos de Gruyter e Harald Thys fazem uso de um humor absurdo para construir mundos paralelos, obscuros, povoados de intrigantes personagens, oferecendo, assim, um retrato (caricatural) impiedoso da condição humana. Música Concerto Pais & Filhos zona letal, espaço vital André Cepeda, Sequência#9, 2000 22.4 e 20.5 Cinema São Jorge, Lisboa Após o êxito da primeira edição de 2011, a Caixa, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a EGEAC – Cinema São Jorge e a revista Pais & Filhos avançam com um novo ciclo de concertos. Mais do que um programa de música, cada apresentação é motivo para uma conversa em que os participantes são chamados a intervir ativamente. A entrada é livre para crianças menores de seis anos. CICLO DE CONCERTOS PROMENADE 22.4 e 20.5 Teatro das Figuras (Faro), às 12 horas, ou Auditório Municipal (Lagoa), às 16:30 Com o apoio mecenático da Caixa, o Ciclo de Concertos Promenade CGD/Orquestra do Algarve reflete a filosofia de atuação da Caixa e a sua responsabilidade social, nomeadamente junto das gerações mais novas e suas famílias. As diversas edições deste ciclo de concertos afirmam-se pela sua qualidade artística, mas também didática, passando o objetivo por dar a conhecer os diversos instrumentos de uma orquestra completa. Teatro PANOS - Palcos Novos Palavras Novas 18 a 20.5 Fundação CGD - Culturgest, Lisboa Sétima edição deste projeto, que junta a nova dramaturgia ao teatro escolar e juvenil. Dois novos textos em português, escritos por Pedro Mexia e Alex Cassal; uma peça traduzida do projeto Connections, do National Theatre de Londres, de Rory Mullarkey. Mais de 30 grupos de todo o País estiveram, desde novembro, a ensaiar um destes três textos para o apresentar, em estreia nacional e absoluta, no seu espaço habitual; seis desses espetáculos virão ao festival da Culturgest. Fotos: Martin Argyroglo Callias Bey (Big Bang); André Cepeda (Zona Letal, Espaço Vital) a c cultura 1. As regras da casa da sidra 2. sangue quente John Irving Contraponto Jonathan Coe Numa América devastada e dominada por hordas de mortos-vivos, R. anseia por algo mais do que devorar sangue quente. É então que conhece Julie, iniciando uma incrível história de amor. Dom Quixote (€ 14,85, na Wook on-line) (€ 16,11, na Wook on-line) Civilização Um dos maiores romancistas americanos contemporâneos oferece-nos uma grande narrativa, que tem como ponto de partida a amizade entre um rapaz e o fundador do orfanato onde está. Isaac Marion 3. A Vida Privada de Maxwell Sim A vida vazia de Maxwell muda graças a uma proposta de trabalho: conduzir um carro carregado de escovas de dentes de Londres até às remotas ilhas Shetland. as escolhas de... David Machado Escritor Ainda a gozar do sucesso de Deixem as Pedras Falar e com um novo conto para crianças a espreitar a luz do dia, deixa-nos três grandes sugestões. O Mapa e o Território, (€ 20,61, na Wook on-line) de Michel Houellebecq (por muitos apontado como o melhor escritor francês da atualidade), é o livro que, neste momento, merece a sua preferência. Os Lambchop e o seu álbum Mr. M encabeça a sua lista musical e, no cinema, ficou rendido a A Dama de Ferro, com Meryl Streep. 4. Gare do oriente Vasco Luís Curado Dom Quixote Cinco pessoas, vindas de diferentes pontos da cidade, convergem para o mesmo comboio. Algo faz despertar neles uma consciência comum: o ataque terrorista ocorrido nessa manhã, numa estação estrangeira, cujas imagens passam continuamente na televisão. (€ 11,61, na Wook on-line) 5. do lado de cá do mar 8. ao vivo no coliseu dos recreios 7. seasons: rising 6. born to die David Fonseca Lana del Rey Universal Music Universal Music Philip Graham Deolinda Primeira parte de um trabalho que assinala o regresso do músico português de uma forma inovadora: com um disco que relata um ano da sua vida. É impossível não a ouvir ou não ouvir falar dela. Com um disco de estreia tremendamente consistente, uma voz irresistível e canções para ouvir repetidamente. Editorial Presença (€ 14,99, na Fnac on-line) (€ 15,99, na Fnac on-line) (€ 11,61, na Fnac on-line) Valentim de Carvalho Oportunidade de ouro para ver e ouvir os melhores temas de Canção ao Lado e de Dois Selos e um Carimbo. (€ 14,99, na Fnac on-line) O autor leva-nos no melhor tipo de viagem que há, enquanto, simultaneamente, nos revela a fascinante cidade de Lisboa – os seus bairros, os escritores, os seus costumes, a sua cozinha. cx a re v i s ta d a c a i xa 61 c cultura Print outros filmes s.a.l. Cinema com sabor a mar Intitula-se Surf at Lisbon Film Fest e recebe honras de ser o primeiro festival internacional de cinema dedicado à cultura do surf Lisboa tem uma história que se confunde com o mar. Ao longo de séculos, o mar trouxe vida a Lisboa e, agora, é este mesmo mar que vem até à capital mostrar que os mares nunca de antes navegados já não têm de ser lugar de receios, mas um lugar de prazer, arte e vida. Este é o ponto de partida para o S.A.L.’12 ou, se se preferir, para o Surf at Lisbon Film Fest, o primeiro festival internacional de cinema dedicado à cultura do surf realizado no nosso País, e que terá lugar no Cinema São Jorge, nos dias 14, 15 e 16 de junho. O S.A.L. apresenta algumas das mais relevantes produções internacionais no contexto de uma abordagem alternativa e artística da modalidade. É uma ocasião única de a cidade de Lisboa presenciar um acontecimento onde uma atividade e um modo de vida tão apelativos são, pela primeira vez, apresentados ao público no grande ecrã. Uma experiência sem igual, que apela a várias 62 cx a rev i s ta d a ca i xa formas de expressão artística, numa perspetiva multidisciplinar, e apelando à consciência ecológica de todos nós. O festival decorrerá ao longo de três dias, com a exibição de longas e curtas metragens numa vertente mais artística, a par de atividades paralelas, como exposições de fotografia ou pintura, concertos e atuações de vários DJ. Integrado nas Festas de Lisboa, o S.A.L. tem como objetivo inserir-se no panorama dos mais importantes festivais internacionais de cinema de surf, bem como dos certames cinematográficos que decorrem em Portugal. Privilegiando uma abordagem alternativa, os filmes escolhidos para o festival procuram dar a conhecer o lado mais artístico e plástico da cinematografia do surf, procurando potenciar sinergias nas áreas cultural, desportiva e turística, firmando-se como um veículo de promoção e interação entre as mesmas, de forma a cativar novos públicos. De 13 a 21 de abril, o Cinema São Jorge e a Cinemateca Portuguesa abrem as portas ao Panorama, 6.a Mostra do Documentário Português. Este ano, subordinado à temática Como se vê o documentário português?, o Panorama volta a ser um espaço de reflexão. Cinco dias após terminar o Panorama, arranca o Indie Lisboa 12 (de 26 de abril a 6 de maio). Tendo a Culturgest como uma das salas de exibição (a par do São Jorge e do Cinema Londres), a 9.a edição do Indie traz 11 dias de cinema e mais de 200 filmes inéditos, distribuídos por oito secções: Competição Internacional, Competição Nacional, Observatório, Cinema Emergente, Director’s Cut, Pulsar do Mundo, IndieJúnior e IndieMusic. As sessões oficiais são assinadas por Todd Solondz, com o filme Dark Horse, na abertura, e por Julie Delpy, com o filme Skylab, no encerramento. O aguardado Take Shelter, de Jeff Nichols, será o último filme a ser exibido. Mais a norte, em Vila do Conde para sermos mais precisos, terá lugar a 20.a edição do Curtas International Film Festival. E porque a data assim o exige, está a ser preparado um programa muito especial, sendo uma das iniciativas mais significativas um programa especial dedicado a Stanley Kubrick. Confirmada está, também, uma curta original dirigida por Thom Andersen. A não perder, de 7 a 15 de julho. Foto: Sean Davey Nos próximos meses há outros festivais que justificam várias horas numa sala de cinema. casaclaudia.sapo.pt Assine a CASA CLÁUDIA e comece já a decorar a sua casa. ASSINE JÁ! Sim, desejo assinar a Casa Cláudia. 707 200 350 214 698 801 (Dias úteis das 9h às 19h) Indique o código ao operador: C06VT [email protected] 2 anos (24 edições) 8* x €7,88 1 ano (12 edições) 4* x €8,61 Nome Morada Código Postal - NIF €63,04 25% Desconto €34,44 18% Desconto Data Nascimento E-mail / / Telefone INDIQUE A MODALIDADE DE PAGAMENTO QUE PREFERE www.assineja.pt Morada (não necessita de selo) Medipress Remessa livre 1120 EC Paço de Arcos 2771 - 960 Paço de Arcos Pagamento com Cartão de Crédito. Até outra indicação, a minha assinatura é renovada automaticamente. N.º Validade C.V.V. C.V.V.: Últimos 3 dígitos no verso do cartão por cima da assinatura Pagamento por Multibanco. Indique acima um endereço de email válido para envio da referência multibanco. Pagamento por Cheque no valor total. Envie o cheque juntamente com o cupão para a morada ao lado indicada. Cheque n.º (à ordem de Medipress, Lda.) Assinatura *Suaves prestações mensais sem juros, TAEG 0%, mediante pagamento por cartão de crédito, débito direto ou multibanco. Campanha válida em Portugal até 15/05/2012, salvo erro tipográfico. Os dados recolhidos são processados automaticamente pela Medipress, Lda. e destinam-se à gestão do seu pedido e à apresentação de futuras propostas do grupo Impresa. O seu fornecimento é facultativo, sendo garantido o acesso aos dados e respetiva retificação. Como membros da AMD - Associação Portuguesa de Marketing Direto, obrigamo-nos a cumprir o respetivo Código de Conduta. Caso não pretenda receber propostas de outras entidades, assinale aqui. C06WB c cultura Aldeia da terra O barro que comanda o sonho Ele esculpe e molda. Ela pinta e finaliza. Em conjunto, a poucos quilómetros de Arraiolos, Tiago Cabeça e Magda Ventura trabalham, diariamente, para dar corpo e alma ao projeto de uma vida Por Pedro Guilherme Lopes (texto e fotografia) «Bem-vindos à aldeia mais caricata de Portugal.» A frase brilha, orgulhosamente, no muro, imaculadamente caiado, que separa a Aldeia da Terra da estrada de terra batida que se percorre para lá chegar. Lá dentro, Tiago Cabeça e Magda Ventura trabalham com vista para um colorido mundo de barro, que começou a nascer há, sensivelmente, três 64 cx a rev i s ta d a ca i xa anos. «Trabalhamos todos os dias, incluindo Natal e Ano Novo», conta Magda. «Chegámos a um ponto em que tínhamos tantas peças feitas que já não tínhamos espaço para as guardar», completa Tiago. Assim, a 23 de junho de 2011, abriram as portas da Aldeia da Terra, que vai continuando a ganhar novos habitantes enquanto chegam os visitantes. «A maioria das pessoas que nos visita tropeça nisto quase por acaso. Não conhecem o projeto, mas acabam por sair com um grande sorriso», diz Tiago. Cultura e originalidade Diariamente, atualizam o número de peças existentes, o que faz com que o mínimo de Print ao pormenor Cheia de cor, humor e originalidade, a Aldeia da Terra foi classificada como Projeto de Interesse Cultural pelo Ministério da Cultura 600 peças, pensado de início, esteja hoje transformado em mais de 2300. O próximo passo é a inauguração da estação de caminhos de ferro, nova forma de chegar a um pedaço de planície onde convivem três aldeias: a Aldeia da Terra, mais tradicional, ligada ao campo e às atividades do campo; a Aldeia da Pedra, mais dentro da lógica da vida urbana, e a Aldeia de Baixo, ainda em construção, virada para o turismo e para um estilo de vida mais moderno. Dentro de cada uma delas, retratam-se cenas do dia a dia deste ou de outros tempos, numa descontraída mistura de humor e de crítica social, sempre com um ponto em comum: a originalidade. «É um trabalho criativo, que diverge do artesanato tradicional, onde se faz a repetição de uma peça ou de uma ideia», explica Tiago. «Aqui, as peças são sempre originais, até porque trabalhamos por encomenda. Por exemplo, no Natal, fazemos cerca de 80 a 100 presépios e não há dois iguais.» O trabalho vai-se dividindo entre as novas peças para a Aldeia e as que são criadas para «alimentar» a loja da Oficina da Terra, nome pelo qual respondem enquanto dupla e que lhes começou a valer reconhecimento. E, com tanta dedicação e criatividade, não admira que a Aldeia da Terra tenha sido classificada como Projeto de Interesse Cultural pelo Da plasticina aos prémios Quando decidiu fazer bonecos de plasticina para um sobrinho, Tiago Cabeça estava longe de imaginar o que se seguiria. Ministério da Cultura. «Sem dúvida que o nosso trabalho é, acima de tudo, cultural, embora a vertente comercial exista, por ser um trabalho autossustentado», afirma o artesão, reforçando as dificuldades inerentes à tentativa de publicitar um trabalho com poucos recursos. Nesse aspeto, o site tem sido um aliado desde a primeira hora e a aposta on-line continua com um divertido blog, onde são registadas as notícias relacionadas com a Aldeia da Terra. Nem todas, porque há alguns segredos bem guardados, como a forma de manter um jardim de esculturas. «Desde que aqui estamos, já tivemos chuvas torrenciais, ventos quase ciclónicos e queda de granizo, o que nos fez deitar as mãos à cabeça. Só falta a neve», diz Magda. «Tem servido para vermos como as peças se comportam e fazermos reajustes, experimentando materiais, desde tintas a vernizes. Neste momento, já estamos a recuperar algumas peças e temos a perfeita noção de que este projeto implica uma constante manutenção.» Constante manutenção e constante trabalho, dedicação e criatividade, até porque o que hoje pode ser visto é, ainda, uma pequena amostra daquilo que a aldeia vai ser. Nada que assuste este casal, totalmente empenhado em moldar o sonho de uma vida. Incentivado por Magda Ventura, então namorada, Tiago passou da plasticina ao barro. A primeira peça que vendeu, uma máscara, foi para casa de amigos. Seguiram-se muitos outros pedidos, algumas exposições e um número de vendas que permitiu ao casal avançar para a compra de um forno. Ela abandonou o curso de Física e Química, ele o de Engenharia de Processos e Energia, e abraçaram a arte de moldar e pintar o barro. A primeira vez que trouxeram o seu trabalho a Lisboa mostrou-lhes que tinham feito a escolha certa. Na FIL – Feira Internacional de Lisboa, arrecadaram o 1.o Prémio e a 1.a Menção Honrosa de Artesanato Contemporâneo, com a representação da Última Ceia e da Crucificação de Cristo, respetivamente. Daí para cá, continuaram a receber prémios, abriram a sua loja, em Évora, que gerem com a ajuda familiar, e agarraram, a quatro mãos, um projeto ao pé do qual «tudo o resto se apequena»: a Aldeia da Terra. www.aldeiadaterra.pt A Aldeia da Terra oferece aos titulares dos cartões CGD 15% de desconto nas visitas e nas peças à venda na loja. Saiba mais em www.vantagenscaixa.pt/parceiros/aldeia-da-terra. cx a rev i s ta d a ca i xa 65 v vintage Segurança Para não pôr os cheques em cheque Como um agente ao serviço no combate contra as falsificações e as adulterações, o certificador de cheques surgiu no século XIX, para garantir a segurança dos pagamentos Por Gabinete do Património Histórico da CGD Com a evolução do sistema bancário no século XIX, expandiu-se a moeda escritural representada pelo cheque, tornando-se mais expressiva a partir de finais do mesmo século. O cheque, conhecido de todos, é um instrumento de pagamento que possibilita a movimentação dos montantes disponíveis à ordem nas contas dos respetivos titulares e confere ao seu beneficiário a expectativa de receber o montante monetário nele assinalado. O funcionamento do certificador assenta num mecanismo com base na existência de uma roda deslizante, numerada e com símbolos que identificam os diversos tipos de moeda, que permite posicionar, sucessivamente, cada algarismo correspondente ao valor do cheque. Cada posicionamento numérico é seguido por um pulsar de um manípulo, o qual 66 cx a rev i s ta d a ca i xa Era uma vez 1865 No ano em que os cheques foram regulamentados pela primeira vez, em França, o tempo não deixou de correr. E a História também não. 1. Andrew Johnson torna-se o 17.o presidente dos Estados Unidos da América, após o assassinato de Abraham Lincoln. 2. Termina a Guerra Civil Americana com a rendição das últimas tropas da Confederação. A França foi o primeiro país a regulamentar o cheque, com a Lei de 14 de junho de 1865. Na Inglaterra, onde ele se expandiu mais rapidamente, só foi legislado em 1882. Além da regulamentação, foi necessário criar mecanismos que impedissem, fisicamente, a falsificação do cheque e, em particular, a adulteração do valor nele representado. Nos finais do século XIX, e à semelhança de outros países, passou a utilizar-se, também em Portugal, o certificador de cheques, um instrumento utilizado na atividade bancária e, como tal, nas Agências e filiais da Caixa Geral de Depósitos e do Banco Nacional Ultramarino. Este objeto tinha a função de certificar ou proteger os cheques, através de um picotado que lhes conferia a segurança contra eventuais falsificações. Foi, em simultâneo, um objeto quase decorativo, sendo alguns exemplares profusamente decorados com motivos vegetalistas, em que sobressaía um dourado polido e brilhante. factos 3. Argentina, Brasil e Uruguai formam a Tríplice Aliança para combater o Paraguai . 4. 5. Nasce o rei George V de Inglaterra, a 3 de junho. imprime uma furação no cheque, desenhando o respetivo algarismo. A sucessão de posicionamentos e respetivos pulsares completa a operação, perfurando o cheque com o valor e o símbolo da moeda. Mas será que o cheque vai «passar à história»? Verifica-se, hoje, uma gradual substituição da utilização do cheque por um conjunto de meios de pagamento eletrónicos, que garantem uma forma mais segura, cómoda, rápida e eficaz de efetuar os mais variados pagamentos. De facto, na atual conjuntura de crise económica, a utilização do cheque tem vindo a diminuir. Especialistas apontam como consequência de uma menor procura deste meio de pagamento por parte de particulares o sufoco financeiro de muitas empresas e uma maior consciencialização dos efeitos do uso indevido dos cheques, diminuindo o espírito de confiança que preside à sua circulação. A 13 de junho, dá-se o nascimento de William Butler Yeats, Prémio Nobel da Literatura em 1939. 6. São publicadas as aventuras de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll. 7. É representada pela primeira vez, em Munique, a ópera Tristão e Isolda, de Richard Wagner. 8. Inaugura-se, a 18 de setembro, a Exposição Internacional do Porto. 9. Morre o filósofo dinamarquês Soren Kierkegaar, a 11 de novembro. 10. Rudyard Kipling, outro Prémio Nobel da Literatura, em 1936, nasce a 30 de dezembro.