esquila

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esquila
XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA
ZOOTEC 2015
Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia
Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015
Influência da esquila nas características produtivas de cordeiros Corriedale
Influence of the shearing in the productive characteristic in sheep of Corriedale breed
1° Isadora dos Santos Vicente1, 2° Fernando Amarilho Silveira1, 3° William Cardinal Brondani2, 4° Ester
Maria Lima3, 5° Roger Marlon Gomes Esteves4, 6° Jaqueline Schneider Lemes5
1
Graduando(a) do curso de Zootecnia - UFPel, Pelotas, Rio Grande do Sul. E-mail:
[email protected]
2
Doutorando do Programa de Pós Graduação em Zootecnia - UFPel, Pelotas, Rio Grande do Sul.
3
Bacharel em Química.
4
Engenheiro Agrônomo do DZ/FAEM/UFPel.
5
Professora Adjunta do Departamento de Zootecnia e Ciências Biológicas/CESNORS/UFSM, Palmeira
das Missões/ RS. E-mail: [email protected]
Resumo: O objetivo do trabalho foi verificar o crescimento de lã, ganhos em crescimento e peso corporal
de cordeiros da raça Corriedale mediante ao manejo de esquila. Foram utilizados 36 cordeiros para
verificar características produtivas, sendo avaliado o crescimento do anterior, crescimento do posterior,
crescimento em comprimento, ganho médio diário de peso (GMD) e o crescimento de lã. Os animais
esquilados apresentaram maiores crescimentos de lã, entretanto não foram diferentes nas características
de crescimento corporal e ganho de peso. Logo, conclui-se que a esquila afeta positivamente ao
crescimento de lã, porém é indiferente para o crescimento corporal e ganho de peso.
Palavras–chave: crescimento de lã, produção de lã, ovinos
Abstract:
The objective of this work was to verify the wool growth, gains in growth and body weight in sheep of
Corriedale breed under shearing management. It were used 36 lambs to verify productive characteristics,
being evaluated the previous growth, posterior growth, length growth, average daily weight gain (GMD)
and wool growth. The squilled animals have shown the greater wool growth, however they have not had
any differences in the body growth characteristics and weight gains. Thus, it concludes that shearing has a
positive effect in the wool growth, but it is irrelevant to the body growth and weight gains.
Keywords: wool growth, wool production, sheep
Introdução
A esquila define-se pela colheita de um produto da ovinocultura, o qual se refere à retirada anual
ou semestral da lã. Uma vez que a lã tem a função de proteção contra intempéries que possam acometer o
animal, a usurpação deste mecanismo de defesa pra fins produtivos pode ocasionar em algumas mudanças
fisiológicas no animal.
Frente a essas mudanças metabólicas a esquila vem sendo empregada principalmente em ovelhas
prenhes com intuito de promover um maior peso ao nascer dos cordeiros e minimizar a taxa de
mortalidade perinatal em cordeiros. Ribeiro et al. (2010) em estudo com ovelhas cruzas Border Leicester
x Texel obtiveram uma média de aumento de peso ao nascer dos cordeiros de 0,710kg em fêmeas
esquiladas aos 74 dias de gestação quando comparada as fêmeas não esquiladas. Porém, há uma escassez
de trabalhos em relação a uma maior produção tanto em carne quanto em lã dos animais submetidos ao
manejo de esquila. Considerando estes fatores, o objetivo deste trabalho foi verificar ganhos em
crescimento, ganho de peso e crescimento de lã de cordeiros Corriedale mediante ao manejo de esquila.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no município de Herval–RS, 31°57'19.40"S e 53°30'56.78"O. Foram
utilizados 36 cordeiros machos castrados da raça Corriedale com seis meses de idade. As variáveis
analisadas foram o crescimento do anterior, crescimento do posterior, crescimento em comprimento,
ganho médio diário de peso (GMD) e o crescimento de lã. Os animais foram divididos em dois grupos:
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esquilados (n = 13) e não esquilados (n = 13). Os grupos foram divididos ao acaso, com médias de 28,63
kg e 28,15 kg de peso corporal para os esquilados e não esquilados, respectivamente.
A alimentação foi à base de pastagem nativa, a qual durante o período experimental teve uma
baixa disponibilidade forrageira devido à prevalência de geadas, característico da época nessa região, em
que a produção em média se limitou a 150 kg de MS/ha. Na lotação desta área, a qual tinha 60 ha, além
dos cordeiros havia também bovinos adultos e a carga animal foi ajustada para 0,2 UA por ha. Onde um
cordeiro representa 0,12 UA e um bovino 1 UA, totalizando nessa área 26 cordeiros e 4 vacas vazias.
A esquila ocorreu no dia 22 de abril de 2013, juntamente com a primeira coleta de dados, no dia 28
de julho do mesmo ano ocorreu a segunda coleta. Os animais do grupo esquilado ficaram com um resíduo
de lã de 10 mm de altura, e subsequente pesado a lã para fim de corrigir o peso para comparação, mais
confiável, com os do grupo não esquilado, com isso chegou-se a fórmula: Peso corrigido = (Peso real +
Peso da lã).
No grupo não esquilado, para fins de facilitar o manejo foi apenas esquilada a lã da cabeça, a qual
foi pesada como correção do peso para comparação com o primeiro grupo, com isso se chegou à fórmula:
Peso corrigido = (Peso real + Peso da lã da cabeça).
As alturas do anterior e do posterior foram realizadas com uma trena graduada em centímetros e
obtidas pela distância compreendida entre as cruzes e o solo e entre a cabeça do fêmur e o solo,
respectivamente. Os valores referentes a distância da base da mecha até sua respectiva ponta foram
aferidos com um paquímetro graduado em milímetros na região média do costilhar. O comprimento foi
medido em centímetros e obtido através da distância entre as cruzes e a base da cauda. Assim, com as
diferenças entre as medidas finais e inicias das mesmas variáveis, chegou-se a valores de crescimento.
Para a realização das medidas, os animais foram colocados em estação, em superfície horizontal. Para
minimizar os erros inerentes ao avaliador, estas foram feitas sempre pela mesma pessoa. O ganho médio
diário de peso foi obtido pela fórmula: GMD = (peso final - peso inicial / 97 dias). O crescimento de lã foi
obtido pela diferença entre o comprimento final e inicial da mecha de lã.
Os valores obtidos para cada grupo foram submetidos à análise de variância utilizando-se o pacote
estatístico SAS 9.0.
Resultados e Discussão
Não foram encontradas diferenças significativas (P>0,05) entre as variáveis para o GMD,
crescimento de anterior, posterior e em comprimento. Porém o crescimento da mecha de lã apresentou
uma superioridade (P=0,0467) para os animais esquilados (Tabela 1).
Tabela 1. Medidas corporais dos cordeiros esquilados e não esquilados (médias e desvios-padrão).
Esquilados
Crescimento do anterior
Crescimento do posterior
Crescimento em comprimento
GMD
Crescimento de lã
4,23 ± 1,58
a
5,07 ± 2,10
a
5,76 ± 4,16
a
0,01 ± 0,02
a
18,07 ± 3,2
a
Não esquilados
Pr>F
4,92 ± 2,84
a
0,22
6,11 ± 2,77
a
0,14
5,30 ± 3,66
a
0,38
0,01 ± 0,01
a
0,59
13,07 ± 9,4
b
0,04
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente (P<0,05)
Revell et al. (2000), atribuíram o fator esquila como um meio de provocar maior ingresso de
glicose no sistema insulinodependente. O estresse pelo frio induzido pela esquila inibe a secreção de
insulina, o que provoca um aumento da glicemia e consecutivamente um maior aporte de glicose para o
animal. Porém há lacunas nesta afirmação quando relacionados ao crescimento de lã, pois esta resposta
está associada às quantidades de aminoácidos absorvidos (principalmente sulfurados) no duodeno, e por
sua vez, o nitrogênio disponível no intestino não está diretamente relacionado com o nitrogênio que
contém na dieta, o qual depende de sua degradação e passagem que ocorre a nível ruminal.
A glicose é um estimador de energia na dieta, sendo que no rúmen as bactérias necessitam desta
energia para sintetizar aminoácidos de origem microbiana (Caldas Neto et al., 2007). A glicose circulante
em maiores níveis após a esquila por ação hormonal não explicaria o maior crescimento de lã, entretanto
explicaria se as características de crescimento e ganho de peso tivessem sido superiores nos animais
esquilados.
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Estudos com ovinos observaram maior crescimento de lã em animais mantidos em pastagens
cultivadas quando comparada a pastagem natural, evidenciando a influência alimentar no ritmo de
comprimento de mecha. Segundo Azzarini (1983), animais esquilados e expostos a diminuição abrupta de
temperatura podem ocasionar alterações nas exigências nutricionais quando comparados a animais não
esquilados e submetidos ao frio, com aumento de valores próximos a 77%. Assim, aumentando seu
consumo voluntário (Sphor, 2011), que provavelmente ocorreria uma maior procura de alimentos, maior
velocidade na apreensão (pastejam mais rapidamente), elevando o nível de produção de proteína
microbiana. Neste sentido Azzarini (1983), relata que o pico de consumo se da um mês após a esquila,
perfazendo de 40 a 60% a mais o consumo de matéria seca.
Conclusões
Os animais esquilados apresentaram maiores crescimento de lã, porém não apresentaram diferença
entre características de crescimento corporal nem em ganho de peso.
Literatura citada
AZZARINI, M. El efecto de la esquila em la produccion ovina. Secretariado Uruguayo de la Lana.
Ovinos y Lanas, n.7, 1983.
CALDAS NETO, S. F,; ZEOULA, L. M.; KAZAMA, R.; PRADO, I. N.; GERON, L. J. V.; OLIVEIRA,
F. C. L.; PRADO, O. P. P. Proteína degradável no rúmen associada a fontes de amido de alta ou baixa
degradabilidade: digestibilidade in vitro e desempenho de novilhos em crescimento. Revista Brasileira
de Zootecnia, v. 36, n. 2, p. 452-460, 2007.
REVELL, D. K.; MAIN, S. F.; BREIER, B. H.; COTTAM, Y. H.; HENNIES, M.; MCCUTCHEON, S.
N. Metabolic responses to mid-pregnancy shearing that are associated with a selective increase in the
birth weight of twin lambs. Domest Anim Endocrinol v.18, p.409-422, 2000.
SPHOR, L. A. Desempenho materno-filial de ovinos da raça ideal submetidos a esquila pré-parto.
Dissertação do programa de pós graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Pelotas, p.41,
2011.
RIBEIRO, L. A. O.; BRITO, M. A.; MATTOS, R. C. Ewes shorn and unshorn during pregnancy in South
Brazil: effects on body condition score and lamb birth weight. Brazilian Journal of Veterinary
Research and Animal Science. São Paulo, v. 47, n. 2, p. 111-117, 2010.
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