ε - PGMEC - Universidade Federal Fluminense
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PGMEC PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA CENTRO TECNOLÓGICO UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Dissertação de Mestrado ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO FECHAMENTO EM DUTOS ELASTO-PLÁSTICOS REFORÇADOS COM MATERIAIS COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA RAFAEL FIGUEIREDO SAMPAIO ABRIL DE 2006 RAFAEL FIGUEIREDO SAMPAIO ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO FECHAMENTO EM DUTOS ELASTOPLÁSTICOS REFORÇADOS COM MATERIAIS COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Engenharia Mecânica da UFF como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia Mecânica. Orientadores: Prof. Dr. Heraldo Silva da Costa Mattos ( PGMEC/UFF ) Prof. Dr. João Marciano Laredo dos Reis ( PGMEC/UFF ) UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE NITERÓI, 28 DE ABRIL DE 2006 ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO FECHAMENTO EM DUTOS ELASTOPLÁSTICOS REFORÇADOS COM MATERIAIS COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA Área de concentração Análise Estrutural e aprovada em sua forma final pela Banca Examinadora formada pelos professores: Prof. Heraldo Silva da Costa Mattos (D.Sc.) Universidade Federal Fluminense (Orientador) Prof. João Marciano Laredo dos Reis (D.Sc.) Universidade Federal Fluminense (Orientador) Prof.ª Maria Laura Martins Costa (D.Sc.) Universidade Federal Fluminense Prof. Eduardo Martins Sampaio (D.Sc.) Universidade Estadual do Rio de Janeiro i Dedico este trabalho a Lucia, Thiago, Luciana, Eny, Hélio, Manoela e a todos os meus amigos. ii Agradecimentos A Lucia, Eny e Hélio pela minha formação. À Universidade Federal Fluminense. Aos Professores Heraldo da Costa Mattos, João Reis e Eduardo Sampaio pela orientação, pelas palavras de incentivo, pela amizade e pelo apoio constantes. À CAPES, por ter me concedido esta Bolsa de Mestrado, sem a qual tudo teria sido mais difícil. Ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal Fluminense que me concedeu esta oportunidade de aumentar meus conhecimentos. À PETROBRAS pelo apoio e confiança na realização deste trabalho. A Manoela pela paciência, força e compreensão durante todos os dias. E a todos os meus amigos, pela ajuda sempre presente. iii Sumário DEDICATÓRIA / i AGRADECIMENTOS / ii LISTA DE FIGURAS / v LISTA DE TABELAS / vi LISTA DE SÍMBOLOS / vii RESUMO / ix ABSTRACT / x 1 INTRODUÇÃO / 1 1.1 REFORÇO DE TUBULAÇÕES COM MATERIAIS COMPÓSITOS / 1 1.2 OBJETIVOS DO PRESENTE TRABALHO / 4 2 SOLUÇÃO ANALÍTICA PARA O PROBLEMA DE UM DUTO ELÁSTICO ORTOTRÓPICO SUBMETIDO A PRESSÕES INTERNA E EXTERNA / 7 2.1 INTRODUÇÃO / 7 2.2 TUBO DE PAREDE GROSSA SOB PRESSÃO INTERNA E EXTERNA / 8 2.2.1 DEFINIÇÕES PRELIMINARES / 8 3 SOLUÇÃO ANALÍTICA PARA O PROBLEMA DE UM DUTO ELASTO-PLÁSTICO SUBMETIDO A PRESSÕES INTERNA E EXTERNA / 11 3.1 DETERMINAÇÃO DA TENSÃO NO DUTO USANDO A TEORIA DE PAREDES FINAS / 11 3.2 EQUAÇÕES CONSTITUTIVAS ELASTO-PLÁSTICAS / 13 3.3 COMPARAÇÃO DO DUTO ABERTO COM O DUTO FECHADO / 19 3.4 DETERMINAÇÃO DO DESLOCAMENTO RADIAL DA PAREDE DO DUTO FECHADO / 21 4 TUBOS COAXIAIS SOB PRESSÃO INTERNA / 23 5 DIMENSIONAMENTO DE REFORÇOS EM DUTOS / 26 iv 6 MONTAGEM DE UM LABORATÓRIO VISANDO O DESENVOLVIMENTO DE PROCEDIMENTOS PARA UTILIZAÇÃO DE ADESIVOS COMO REPARO EM DUTOS E NA COLAGEM DE ESTRUTURAS METÁLICAS / 31 6.1 OBJETIVO GERAL / 32 6.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS / 32 6.3 PLANEJAMENTO DOS EXPERIMENTOS E PLANEJAMENTO LOGÍSTICO / 32 6.3.1 DEFINIÇÃO DOS CORPOS DE PROVA / 32 6.3.2 DEFINIÇÃO DOS DEFEITOS A SEREM CONSIDERADOS / 34 6.3.3 DEFINIÇÃO DOS TIPOS DE CARREGAMENTOS / 36 6.3.4 DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE AQUECIMENTO PROJETADO / 36 6.3.5 ADESIVOS E ACABAMENTOS SUPERFICIAIS A SEREM CONSIDERADOS / 38 6.3.6 PROJETO E MONTAGEM DO LABORATÓRIO DE ENSAIOS EM DUTOS (LED/LMTA) / 39 6.3.7 UNIDADE ESPECIAL PARA ENSAIOS EM SISTEMAS DE TUBULAÇÕES / 40 6.3.8 COMPRESSOR / 42 7 CONCLUSÃO / 44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS / 45 APÊNDICES APÊNDICE A / 46 APÊNDICE B / 54 v Lista de Figuras FIGURA 1.1 SISTEMA DE REPARO, PG. 2 FIGURA 1.2 APLICAÇÃO DO REFORÇO, PG. 3 FIGURA 1.3 DANO EM TUBULAÇÕES, PG. 3 FIGURA 1.4 APROXIMAÇÃO DO PROBLEMA, DUTO ABERTO NAS EXTREMIDADES, PG. 5 FIGURA 1.5 APROXIMAÇÃO DO PROBLEMA, DUTO FECHADO NAS EXTREMIDADES, PG. 6 FIGURA 2.1 TUBO SUBMETIDO À PRESSÃO INTERNA E EXTERNA, PG. 8 FIGURA 3.1 ELEMENTO CONSIDERADO, PG. 12 FIGURA 3.2 REPRESENTAÇÃO DO CRITÉRIO DE VON-MISES GENERALIZADO NA BASE DAS DIREÇÕES PRINCIPAIS DO DESVIADOR , PG. 18 FIGURA 3.3 REPRESENTAÇÃO PLANA DO CRITÉRIO DE VON-MISES GENERALIZADO, PG.19 FIGURA 3.4 CURVA J X P , PG. 21 FIGURA 4.1 TUBO E REFORÇO SUBMETIDOS À PRESSÃO INTERNA, PG. 23 FIGURA 6.1 DUTO DE 2” , PG. 34 FIGURA 6.2 DUTO DE 12”, PG. 34 FIGURA 6.3 DEFEITO SIMULANDO REDUÇÃO DE ÁREA DEVIDA A CORROSÃO, PG. 35 FIGURA 6.4 DESENHO DE PROJETO DE PARAFUSO, PG. 36 FIGURA 6.5 RESISTÊNCIA DE CONTROLE DA TEMPERATURA E ENTRADA DE ÁGUA, PG. 37 FIGURA 6.6 SISTEMA AJUSTADO AOS DUTOS DE 2” E 12”, PG. 37 FIGURA 6.7 PLANTA DO LABORATÓRIO, PG. 39 FIGURA 6.8 EQUIPAMENTO DE ENSAIO DE PRESSÃO, PG. 40 FIGURA 6.9 COMPRESSOR UTILIZADO NO SISTEMA DE ENSAIO, PG. 42 vi Lista de Tabelas TABELA 6.1 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO AÇO API 5L GRAU B (%), PG. 33 TABELA 6.2 DIMENSÃO DOS CORPOS DE PROVA, PG. 33 TABELA 6.3 DIMENSÃO DOS DEFEITOS NOS CORPOS DE PROVA, PG. 35 TABELA 6.4 ADESIVOS QUE ESTÃO SENDO TESTADOS NO LAA-UERJ, PG. 38 TABELA 6.5 PREPARAÇÃO DAS SUPERFÍCIES CONFORME OS FABRICANTES, PG. 38 TABELA 6.6 DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE ENSAIO DE PRESSÃO, PG. 41 TABELA 6.7 DESCRIÇÃO DO COMPRESSOR, PG. 43 vii Lista de Símbolos E Er Eθ e F Gr θ J L P , P0 P1 Pc Pmax p p R, ri r0 re r MÓDULO DE YOUNG NA (MATERIAL ISOTRÓPICO) MÓDULO DE YOUNG NA DIREÇÃO RADIAL MÓDULO DE YOUNG NA DIREÇÃO CIRCUNFERENCIAL ESPESSURA FUNÇÃO DE PLASTIFICAÇÃO MÓDULO DE RIGIDEZ TRANSVERSAL TENSÃO EQUIVALENTE DE VON MISES COMPRIMENTO PRESSÃO INTERNA PRESSÃO EXTERNA PRESSÃO DE CONTATO PRESSÃO DE RUPTURA DEFORMAÇÃO PLÁSTICA ACUMULADA MULTIPLICADOR PLÁSTICO VARIÁVEL S RAIO INTERNO RAIO EXTERNO DO DUTO E INTERNO DO REFORÇO RAIO EXTERNO RAIO TENSOR DESVIADOR DA TENSÃO tn ur uθ INSTANTE DE TEMPO DESLOCAMENTO NA DIREÇÃO RADIAL DESLOCAMENTO NA DIREÇÃO CIRCUNFERENCIAL X TENSOR ENDURECIMENTO CINEMÁTICO Xr Xθ ENDURECIMENTO CINEMÁTICO NA DIREÇÃO RADIAL Xz Y A, B,C ENDURECIMENTO CINEMÁTICO NA DIREÇÃO LONGITUDINAL ENDURECIMENTO ISOTRÓPICO CONSTANTES DA FUNÇÃO DE AIRY a, b, v1, v2, K , N 1 CONSTANTES POSITIVAS Δt ε INTERVALO DE TEMPO TENSOR DEFORMAÇÃO εp TENSOR DEFORMAÇÃO PLÁSTICA ENDURECIMENTO CINEMÁTICO NA DIREÇÃO CIRCUNFERENCIAL TENSOR IDENTIDADE viii εr εθ εrθ εθp εzp η σ σr σθ σz σrθ σo σc σmax σy ν νrθ ∅ φ DEFORMAÇÃO NA DIREÇÃO RADIAL DEFORMAÇÃO NA DIREÇÃO CIRCUNFERENCIAL DEFORMAÇÃO CISALHANTE DEFORMAÇÃO PLÁSTICA NA DIREÇÃO CIRCUNFERENCIAL DEFORMAÇÃO PLÁSTICA NA DIREÇÃO LONGITUDINAL EFICIÊNCIA TENSOR TENSÃO TENSÃO RADIAL TENSÃO CIRCUNFERENCIAL TENSÃO LONGITUDINAL TENSÃO CISALHANTE TENSÃO DEVIDO À PRESSÃO INTERNA TENSÃO DEVIDO À PRESSÃO EXTERNA TENSÃO MÁXIMA ADMISSÍVEL TENSÃO DE ESCOAMENTO COEFICIENTE DE POISSON (MATERIAL ISOTRÓPICO) COEFICIENTE DE POISSON (MATERIAL ORTOTRÓPICO) DIÂMETRO FUNÇÃO DE AIRY ix Resumo O presente trabalho tem como objetivos principais estender a metodologia simplificada de dimensionamento de reforços de materiais compósitos em dutos metálicos longos, proposta em [1]-[3], para tubos fechados, e dimensionar o laboratório de ensaios preparado para validação das teorias propostas e para ensaios especiais em dutos. Em geral, dutos em operação são longos e podem ser bem aproximados através da teoria de dutos abertos com paredes finas [1]-[3]. Contudo, para validação experimental em laboratório, por questões óbvias de praticidade (espaço físico, peso, etc.) não é interessante usar dutos muito longos. Dutos curtos apresentam influência das bordas (fechamentos) que devem ser consideradas para na validação de modelos preditivos de sistemas de reparo. A metodologia proposta em [1] - [3] se restringe a dutos longas sob pressão que podem ser tratadas como se fossem dutos abertos nas extremidades. Nessa metodologia simplificada, o duto é considerado um cilindro de paredes finas sob pressão interna. Se ele for aberto nas extremidades, a hipótese de estado uniaxial de tensões é razoável. No entanto, como os resultados experimentais em laboratório são obtidos em ensaios com tubos fechados nas extremidades (testes hidrostáticos), é necessário estender a metodologia para este caso. Se o duto for fechado nas extremidades e não tiver nenhum tipo de dano, o estado de tensões é plano, a principal dificuldade é estabelecer uma teoria elasto-plástica adequada para a determinação da distribuição de tensões e de deformações. x Abstract The present work has as main objectives expand the simplified methodology of dimensioning reinforced polymer matrix composites long metallic ducts proposed in [1]-[3], to close ended pipes, and to project a test laboratory where the proposed theories will be tested. In general, working ducts are very long and the theory that describes its work can be approximated through the theory of thin walled open ended pipes. However, for experimental validation in the laboratory, and for obvious reasons of workability like open space, weight, etc it is not interesting using long ducts. The methodology proposed in [1]-[3] is restricted to long ducts under pressure that can be analyzed as open ended pipes. In this simplified methodology, the duct is considered to be a thin walled cylinder under internal pressure. If the duct is open ended the hypothesis of a uniaxial stress state is reasonable. However, like experimental results performed in the laboratory are obtained by testing close ended pipes (hydrostatic tests), it is necessary to extend the methodology for this case. If the duct is close ended, has no damage and the state is plane stress, the main difficult is to establish and elasto-plastic theory adjusted for the determination of the stress-strain distribution. Capítulo 1 Introdução 1. 1 Reforço de tubulações com materiais compósitos Atualmente o emprego de materiais compósitos de matriz polimérica como reforço em estruturas nas indústrias do petróleo e aeronáutica tem se tornado uma prática industrial comum. O uso destes reforços compreende desde recobrimento de superfícies com defeitos até o reforço estrutural, com o objetivo de aumentar a vida útil de equipamentos e minimizar custos de manutenção. A colocação de um reforço de materiais compósitos de matriz polimérica sobre estruturas metálicas convencionais é feita por colagem. Entre as vantagens deste tipo de união de materiais pode-se destacar a ausência de aporte de calor durante o processo de junção, o que implica que a microestrutura dos aderentes não sofre alterações. Outra grande vantagem do ponto de vista da implementação da união por adesão é que o custo do processo é baixo, tendo em vista que os equipamentos necessários para promover a união por adesão são, geralmente, menos sofisticados que os normalmente empregados nos processos usuais de junção de materiais. Na última década muitos estudos foram feitos para o desenvolvimento de uma metodologia alternativa para reforço e reparo em dutos com materiais compósitos. Por exemplo, o U. S. Gas Research Institute (GRI) coordenou as atividades de um grupo de organizações de pesquisa nesta área visando o desenvolvimento de materiais e procedimentos de aplicação para o reparo permanente de dutos. O resultado deste programa é o sistema 2 Clock Spring® de reparo em dutos (refs.: Clock Spring completes timely repair, C. M. Nicholson and A, J. Patrick, Pipes & Pipelines International, vol. 45, 4, pp. 33 – 40, 2000; Permanent composite repair of gas tranmission lines DOT regulatory process and results, Lewis, K. and Laughlin, S., Proceedings of ETC/OMAE2000 Joint Conference: Energy for the New Millenium, ETCE2000/ER-10150, New Orleans, USA, 2000). Para a simulação do efeito do reparo em diferentes tipos de defeitos foi desenvolvido o programa GRIWrapTM. O DOT – U. S. Departartment of Transportation reconhece esta técnica como um método eficaz de restaurar permanentemente a integridade de dutos. Segundo os fabricantes, a utilização do material compósito para reforço do duto é um processo relativamente fácil. Primeiro o duto é limpo e depois é feita uma análise para verificar a quantidade necessária para reparar de forma segura. Após aplicação do material, é necessário cerca de duas horas, para o adesivo estar curado. As fibras são alinhadas circunferencialmente em torno do duto, impedindo o aumento da tensão circunferencial quando o duto trabalha sobre alta pressão. Além disso, a matriz polimérica torna o material altamente resistente a corrosão. O reparo pode ser feito em poucas horas sem necessidade de soldagem, corte ou equipamentos especiais. O reforço através de material compósito, segundo esta fonte, tem o custo 70% menor do que os métodos convencionais (corte do segmento danificado e aplicação de solda). Figura 1.1: Sistema de reparo (1 – Material Compósito, 2 – Duto Metálico, 3 – Adesivo). 3 Figura 1.2: Aplicação do reforço. Entretanto, na maioria dos produtos comerciais, a determinação da espessura do reforço carece de especificação ou, quando existem, não apresentam uma metodologia clara de cálculo. É de se esperar que, em alguns dutos danificados, como mostrado na figura 1.3, seja necessário, além do reparo do furo com adesivo, o reforço estrutural em toda área danificada com materiais compósitos. Neste trabalho, será avaliada também a necessidade do uso desses materiais. Figura 1.3: Dano em Tubulações 4 1. 2 Objetivos do presente trabalho O presente trabalho tem como objetivos principais: 1. Estender a metodologia simplificada de dimensionamento de reforços de materiais compósitos em dutos metálicos longos para dutos fechados. 2. Dimensionar o laboratório de ensaios preparado para validação das teorias propostas e para ensaios especiais em dutos; Em geral, dutos em operação são longos e podem ser bem aproximados através da teoria de dutos abertos com paredes finas [1]-[3]. Contudo, para validação experimental em laboratório, por questões óbvias de praticidade (espaço físico, peso, etc.) não é interessante usar dutos muito longos. Dutos curtos apresentam influência das bordas (fechamentos) que devem ser consideradas para a validação de modelos preditivos de sistemas de reparo. Em [1] foi desenvolvida uma solução analítica para o dimensionamento de reforços, supondo, inicialmente, os materiais elásticos e o duto e o reforço polimérico como cilindros abertos de paredes grossas. Para estender essa metodologia de forma a levar em conta o comportamento inelástico do duto e a inclusão de defeitos localizados, era conveniente usar uma teoria de paredes finas para o duto metálico. Mostrou-se que as previsões de espessura de reforço eram praticamente as mesmas usando-se uma teoria de paredes finas ou de paredes grossas para o duto metálico, desde que a espessura da parede do duto fosse menor do que 1/10 do diâmetro interno. A previsão feita usando-se essa metodologia para um duto com fissura transpassante foi comparada com simulações tridimensionais, feitas através do método de elementos finitos, com excelentes resultados. Em [2] incluiu-se o comportamento inelástico do duto e foi analisada a importante influência da pressão de aplicação do reforço na resistência do conjunto. Foram considerados os seguintes critérios: plastificação, fadiga de alto ciclo e fissuração. Em [3]-[7] está feita uma revisão dessa metodologia, incluindo defeitos de perda de material por corrosão. Todos os trabalhos citados acima foram desenvolvidos supondo-se que tanto o duto metálico como o reforço de material polimérico pudessem ser modelados como dutos abertos nas extremidades. Em [8], mostrou-se que o efeito de fechamento das extremidades nos dutos pode ser facilmente tratado e que a pressão de ruptura num duto de extremidades fechadas é 5 2/√3 (1,155) vezes maior que a pressão de ruptura de um duto de extremidades abertas (o mesmo acontece com a pressão de escoamento). Portanto, um duto fechado nas extremidades pode suportar cargas 15,5% maiores do que um duto aberto nas extremidades, constituído do mesmo material. Análises experimentais de sistema de reparo, feitas sem levar este fator em conta, podem induzir a erros na avaliação e, conseqüentemente, no uso em campo. A simplicidade na extensão da metodologia, no caso de um duto sem reforço polimérico, é que as componentes axial e longitudinal da tensão são proporcionais, o que simplifica enormemente a análise. Contudo, no caso estudado neste trabalho que é um duto fechado nas extremidades e reforçado com material polimérico, as componentes do tensor tensão não são mais proporcionais, tornando a análise do problema ainda mais complicada. A metodologia proposta em [1] - [7] se restringe a tubulações longas sob pressão que podem ser tratadas como se fossem dutos abertos nas extremidades. Na metodologia simplificada, o duto é considerado um cilindro de paredes finas sob pressão interna. Se ele for aberto nas extremidades e não tiver nenhum tipo de dano, a hipótese de estado uniaxial de tensões é razoável. Portanto, supõe-se que a distribuição de tensões e deformações longe dos defeitos localizados é pouco afetada e que será a mesma do que no duto sem dano. Como o raio do duto é grande em relação a sua espessura, uma estimativa superdimensionada das tensões máximas no defeito pode ser feita considerando-se uma placa infinita tracionada, com um defeito equivalente (fissura interna, fissura externa, fissura transpassante, entalhe, etc.). Para esta placa, considera-se que a distribuição de tensões longe do defeito é igual à tensão circunferencial atuando nas paredes de um duto sem defeito, conforme mostra a figura 1.4. Figura 1.4: Aproximação do problema, duto aberto nas extremidades. No entanto, como os resultados experimentais são obtidos em ensaios com dutos fechados nas extremidades (testes hidrostáticos), é necessário estender a metodologia para este caso. Se o duto for fechado nas extremidades e não tiver nenhum tipo de dano, o estado 6 de tensões é plano e a principal dificuldade é estabelecer uma teoria elasto-plástica adequada para a determinação da distribuição de tensões e de deformações. Este tipo de estudo é realizado neste trabalho. Analogamente ao que é feito para o caso de um duto aberto, supõe-se que a distribuição de tensões e deformações longe de defeitos localizados é pouco afetada e que será a mesma do que no duto sem dano. Como o raio do duto é grande em relação a sua espessura, uma estimativa superdimensionada das tensões máximas no defeito pode ser feita considerando-se uma placa infinita com um defeito equivalente. Para esta placa, considera-se que a distribuição de tensões longe do defeito é igual a atuando nas paredes de um duto sem defeito, conforme mostra a figura 1.5. Figura 1.5: Aproximação do problema, duto fechado nas extremidades. O Capítulo 2 inicia o trabalho apresentando as equações que regem o problema de dimensionamento de reforço para dutos; mais especificamente, um duto elástico ortotrópico submetido a pressões interna e externa. O Capítulo 3 trata da solução analítica para o problema de um duto elasto-plástico submetido a pressões interna e externa, apresentando as equações constitutivas de tal problema. O Capítulo 4 descreve a teoria de tubos coaxiais sob pressão interna, na qual representa o problema do duto com reforço. O Capítulo 5 descreve o dimensionamento da espessura da luva para reforço estrutural. O Capítulo 6 descreve a montagem do Laboratório visando o desenvolvimento de procedimentos para utilização de adesivos como reparo em dutos e na colagem de estruturas metálicas, a fim de validar a metodologia proposta nos capítulos anteriores. O capítulo 7 finaliza com a conclusão deste trabalho. Capítulo 2 Solução Analítica para o problema de um Duto Elástico Ortotrópico submetido a Pressões Interna e Externa 2. 1 Introdução O objetivo deste trabalho é estender o procedimento para dimensionamento de reforços em dutos longos, proposto em [1]-[7], para o caso de dutos curtos, nos quais o efeito de fechamento deve ser levado em conta. Validações experimentais em laboratório sempre irão requerer dutos curtos fechados ou laboratórios com grandes espaços para testes de dutos longos, solução cara e pouco prática do ponto de vista de Engenharia. Para estabelecer as equações que regem o problema é interessante estudar as tensões e deformações em um duto elástico ortotrópico submetido a pressões interna e externa. Este problema pode modelar o reforço de material compósito. No caso de material isotrópico a solução do problema é bem clássica e conhecida. Porém, neste trabalho, existe a necessidade de analisar um duto constituído de um material ortotrópico. Como não é comum encontrar na literatura a solução analítica deste problema, neste capítulo é apresentado o desenvolvimento desta solução. 8 2. 2 Tubo de parede grossa sob pressão interna e externa 2. 2. 1 Definições preliminares Seja um tubo cilíndrico elástico de raio interno ri e raio externo re submetido, respectivamente, a uma pressão interna P0 e a uma pressão externa P1 . No Apêndice A está mostrada a solução analítica para este problema, seja para o caso isotrópico, seja para o caso anisotrópico. Nesta seção apenas serão apresentados os resultados fundamentais para a avaliação da metodologia de sistemas para reparo. Com relação a variáveis envolvidas no problema, Er é o módulo de Young na direção radial, Eθ o módulo de Young na direção circunferencial e νrθ o coeficiente de Poisson. Figura 2.1: Tubo submetido à pressão interna e externa. Caso Isotrópico: Para o caso em que Er = Eθ (material isotrópico), as tensões correspondentes são: B + 2C r2 B σθ = − 2 + 2C r σr = (2.1) (2.2) O deslocamento ur associado é: ur = 1 E ⎡ (1 + ν ) B ⎤ + 2 C r (1 − ν )⎥ ⎢− r ⎣ ⎦ (2.3) 9 Com, B = ri2re2 ( P1 − P0 ) (2.4) re2 − ri2 P0ri2 − P1re2 2C = re2 − ri2 (2.5) Caso anisotrópico: As tensões correspondentes são: ⎛ σr = B ⎜⎜⎜ 1 − ⎝ Eθ Er ⎛ Eθ ⎞ +1 ⎟⎟⎟ Er ⎠⎟ ⎞⎟ −⎜⎜⎜ ⎝ ⎟⎟ r ⎠⎟ ⎛ + C ⎜⎜⎜ 1 + ⎝ ⎛ Eθ ⎟⎞ +1⎟⎟ ⎟⎠ Er ⎛ Eθ ⎞⎟ Eθ −⎜⎜⎜ ⎜ ⎟ σθ = −B ⎜1 − r ⎝ ⎜⎝ Er ⎠⎟⎟ Er Eθ Er ⎛ Eθ ⎞ −1 ⎟⎟⎟ Er ⎠⎟ ⎞⎟ ⎜⎜⎜ ⎟⎟ r ⎝ ⎠⎟ (2.6) ⎛ Eθ ⎞⎟ −1⎟ Er ⎠⎟⎟ ⎛ Eθ ⎞⎟ Eθ ⎜⎜⎜ ⎜ ⎟ r⎝ + C ⎜1 + Er ⎠⎟⎟ Er ⎝⎜ (2.7) O deslocamento ur associado é: ⎛ ur = −B ⎜⎜ 1 − ⎜⎝ ⎛ +C ⎜⎜⎜ 1 + ⎝ Eθ Er Eθ Er ⎞⎟ E θ − ⎟⎟ r ⎠⎟ Er ⎞⎟ E θ ⎟⎟ r ⎠⎟ Er Eθ Er Eθ Er ⎛ 1 ν ⎞ ⎜⎜ + r θ ⎟⎟⎟ + ⎜⎝ E θ Er ⎠ (2.8) ⎛ 1 ν ⎞ ⎜⎜ − r θ ⎟⎟ ⎜⎝ Eθ Er ⎠⎟ Com, P1 B = ⎛ ⎜⎜ 1 − ⎜⎝ ⎡ ⎛⎜ E θ ⎞⎟ ⎢ −⎜⎜⎝ ⎟ ⎢r Er ⎠⎟⎟ ⎢ i ⎢⎣ ⎛⎜ E θ ⎞ ⎛⎜ E θ ⎞ −1 ⎟⎟⎟ −1 ⎟⎟⎟ ⎜⎜ ⎜⎜ ⎟ ⎟ E E ri⎝ r ⎠ − P0 re⎝ r ⎠ ⎞ ⎛ Eθ ⎞ ⎛⎜ E θ ⎞ ⎛ Eθ ⎞⎤ Eθ +1 ⎟⎟⎟ ⎜⎜⎜ −1 ⎟⎟⎟ −1 ⎟⎟⎟ −⎜⎜⎜ +1 ⎟⎟⎟ ⎥ ⎜⎜ ⎟ ⎟ Er E E ⎠⎟ ⎝ Er ⎠⎟ − ri⎝ r ⎠ re ⎝ r ⎠ ⎥ re ⎥ ⎥⎦ (2.9) 10 P1 C = ⎛ ⎜⎜ 1 − ⎝⎜ Eθ Er ⎡ ⎛ ⎞⎟ ⎢ ⎜⎜⎜⎝ ⎟ ⎢r ⎠⎟⎟ ⎢ i ⎢⎣ ⎛ Eθ ⎞ ⎛ Eθ ⎞ −⎜⎜⎜ +1 ⎟⎟⎟ −⎜⎜⎜ +1 ⎟⎟⎟ ⎟ ⎟ E E ri ⎝ r ⎠ − P0 re ⎝ r ⎠ ⎞ ⎛ Eθ ⎞ ⎛ Eθ ⎞ ⎛ Eθ ⎞⎤ Eθ −1 ⎟⎟⎟ −⎜⎜⎜ +1 ⎟⎟⎟ −⎜⎜⎜ +1 ⎟⎟⎟ ⎜⎜⎜ −1 ⎟⎟⎟ ⎥ ⎟ ⎟ ⎟ Er E E E ⎠⎟ re ⎝ r ⎠ − ri ⎝ r ⎠ re⎝ r ⎠ ⎥ ⎥ ⎥⎦ (2.10) Capítulo 3 Solução Analítica para o problema de um Duto Elásto-Plástico submetido a Pressões Interna e Externa 3. 1 Determinação da tensão no duto usando a teoria de paredes finas A chamada teoria de paredes finas é interessante, pois permite uma análise simples de problemas fora do regime elástico. Ela é aplicável se o raio interno do duto for, pelo menos, dez vezes maior do que a espessura da parede do duto. Em [1] mostrou-se que, no caso elástico, as previsões feitas usando-se a teoria de paredes grossas tendem para as previsões feitas usando-se a teoria de paredes finas à medida que a relação ri /e aumenta. Neste caso, desprezam-se as componentes da deformação na direção radial (esmagamento). Além disso, a tensão circunferencial é suposta constante, não havendo variação da mesma com o raio. Para determinar a tensão circunferencial, considera-se um elemento de comprimento L isolado do resto do cilindro (figura 3.1). 12 Figura 3.1: Elemento considerado A análise, em detalhes, do problema elasto-plástico está no Apêndice B. Dutos de Paredes Finas sob Pressão Interna Considera-se um duto de raio interno ri e de espessura e = (re − ri ) submetido a uma pressão interna Po . Para que a parede do duto seja considerada fina, e e ri devem obedecer a seguinte relação ri > 10 e (3.1) Duto Aberto sem Dano Neste caso, para um duto sem dano, a tensão é dada por (coordenadas cilíndricas): ⎡ σr = 0 0 ⎢ ⎢ Po ri − P1re σ = ⎢⎢ 0 σθ = re − ri ⎢ ⎢ 0 0 ⎣⎢ ⎤ ⎥ ⎥ 0 ⎥⎥ ⎥ σz = 0 ⎥⎥ ⎦ 0 Trata-se, obviamente, de um estado uniaxial de tensões. Duto Fechado sem Dano Neste caso, para um duto sem dano, a tensão é dada por (coordenadas cilíndricas): (3.2) 13 ⎡ ⎢ 0 ⎢ σr = 0 ⎢ ⎢ Pori − P1re σ = ⎢⎢ 0 σθ = (re − ri ) ⎢ ⎢ ⎢ 0 ⎢ 0 ⎢⎣ ⎤ ⎥ 0 ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ 0 ⎥ ⎥ Pori ⎥⎥ σz = ⎥ 2(re − ri ) ⎥⎦ (3.3) Trata-se de um estado plano de tensões. Em [8] foi feito um estudo sobre o efeito do fechamento das extremidades, em dutos elásto-plásticos, com relação à pressão de ruptura. Um resumo dos principais resultados está no Apêndice B. No caso estudado em [8], as componentes da tensão não são independentes ( σθ = 2σz ), pois a pressão de contato, devida ao reforço, é nula. Portanto, simplificações adicionais podem ser obtidas, e é possível provar que a pressão de ruptura num duto fechado nas extremidades, sem reforço, é 2/√3 (1.155) vezes maior que a pressão de ruptura de um duto aberto nas extremidades (o mesmo acontece com a pressão de escoamento). O objetivo nas seções seguintes é fazer uma análise semelhante no caso em que a pressão de contato, P1 ,devida à luva, não é nula. 3. 2 Equações constitutivas Elasto-Plásticas Elasto-Plasticidade - Equações Constitutivas Gerais Para a extensão da metodologia proposta em [1]-[2], é fundamental considerar o comportamento elasto-plástico do duto num estado multiaxial de tensões. Não é objetivo deste trabalho fazer uma revisão detalhada da teoria da elasto-plasticidade. Nesta seção será apresentado um resumo, sugerindo-se, para maiores detalhes a referência [9]. O comportamento multiaxial de um material elasto-plástico, considerando-se que o endurecimento é exclusivamente isotrópico (hipótese adequada para o caso de vasos de pressão com paredes finas submetidos a carregamentos monótonos), pode ser descrito através das seguintes equações gerais: σ= νE E Tr (ε - ε p )1 + (ε - ε p ) (1 + ν )(1 - 2ν ) (1 + ν ) (3.4) ou, inversamente, (ε - ε p ) = ν (1 + ν ) σ - Tr (σ)1 E E (3.5) 14 Onde σ é o tensor tensão, ε é o tensor deformação e εp é o tensor deformação plástica e 1 é o tensor identidade. Usa-se o símbolo Tr(•) para o traço de um tensor (•) . E é o módulo de Young e ν o coeficiente de Poisson. Para a caracterização completa do comportamento elasto-plástico, são necessárias ainda as seguintes leis de evolução: 3 ε p = (S − X )p (3.6) =0 p ≥ 0 ; F = J − Y ≥ 0 ; pF (3.7) 2J com, 3 (S ⋅ S ) = 2 3 3 ∑ ∑ (S ij)2 (3.8) Y = σy + v1 ⎡⎣⎢ 1 − exp(−v2 p) ⎤⎦⎥ (3.9) J = i =1 j =1 Onde, • σy , v1 , v2 são constantes positivas que caracterizam o comportamento plástico do material e que podem ser obtidas a partir de ensaios uniaxiais [9]. • S é o desviador da tensão, dado por, () 1 ⎡ ⎤ S = ⎢σ − Tr (σ)1 ⎥ 3 ⎣ ⎦ • (3.10) A variável Y é chamada de endurecimento isotrópico e modela como o limite de escoamento varia com a plastificação. • F é usualmente chamada de função de plastificação e a variável J de tensão equivalente de Von Mises. A lei de evolução (3.7) caracteriza as chamadas equações = 0 em (3.7), de complementaridade. Se F < 0 tem-se que J < Y e, da relação pF segue que p = 0 . Portanto, usando-se (3.6) conclui-se que ε p = 0 (não há p escoamento e o material se comporta elasticamente). Só há escoamento ( ε ≠ 0 ) quando F = 0. O critério F < 0 é chamado de critério de Von Mises generalizado. Se 15 Y = σy então a condição J < Y nada mais é do que o critério de Von Mises Clássico que estabelece que não haverá escoamento se: ⎡3 ⎤1/ 2 J = ⎢ (S ⋅ S ) ⎥ < σy ⎣2 ⎦ Maiores detalhes sobre a interpretação do critério de Mises generalizado serão dados na próxima seção. • A variável p é usualmente chamada de multiplicador plástico variável e p é usualmente chamada de deformação plástica acumulada. À partir da equação (3.6) é possível verificar que 2 p p ε ⋅ ε 3 p = (3.11) e, portanto, t p(t ) = p(t = 0) + ∫ t =0 • ⎛ 2 p ⎞ p ⎜⎜⎝⎜ 3 ε (ζ ) ⋅ ε (ζ ) ⎠⎟⎟⎟d ζ (3.12) Geralmente, toma-se como condição inicial o material virgem, p(t = 0) = 0 , εp (t = 0) = 0 (3.13) Daqui para diante, em todas as deduções, considera-se sempre este conjunto de condições iniciais. Equações Constitutivas no Espaço das Direções Principais Para entender melhor as equações constitutivas elasto-plásticas apresentadas e, também, para poder simplificar o modelo no caso de dutos de paredes finas sob pressão, é interessante a representação das equações constitutivas (3.1)-(3.4) na base das direções principais do tensor tensão. 16 É possível verificar que, num dado ponto, o tensor tensão e o seu desviador têm as mesmas direções principais (autovetores). Sejam ( σ1 , σ2 , σ3 ) as componentes principais (autovalores) do tensor tensão e (S1, S2, S3) as componentes principais do tensor desviador da tensão. Estes tensores são representados na base das direções principais da seguinte forma: ⎡S ⎤ 0 ⎤⎥ ⎢ 1 0 0⎥ 1 ⎢ ⎥ ⎥ 0 ⎥ ; S = ⎢ 0 S 2 0 ⎥ ; Si = σi − tr (σ) 3 ⎢ ⎥ ⎥ ⎢⎢ 0 0 S 3 ⎥⎥ σ3 ⎥⎥ ⎦ ⎣ ⎦ ⎡σ ⎢ 1 0 ⎢ σ = ⎢ 0 σ2 ⎢ ⎢⎢ 0 0 ⎣ (3.14) É possível verificar também que, se as leis de evolução (3.6) e (3.7) forem válidas e a condição inicial (3.13) verificada, então o tensor deformação plástica ε p terá as mesmas direções principais do que o tensor S (e que o tensor tensão σ ). Sejam, então, ( ε1p , ε2p , ε3p ) as componentes principais do tensor deformação plástica. Na base das direções principais, esse tensor é expresso da seguinte maneira: εp ⎡ εp ⎢ 1 ⎢ =⎢ 0 ⎢ ⎢ 0 ⎣⎢ 0 ε2p 0 0 ⎤⎥ ⎥ 0 ⎥ ⎥ ε3p ⎥⎦⎥ (3.15) Logo, na base das direções principais, um conjunto completo de equações constitutivas pode ser expresso da seguinte forma: 3 νE σi = (εj (1 + ν )(1 - 2ν ) ∑ j =1 - εjp ) + E (ε (1 + ν ) i - εip ) ; i = 1, 2 ou 3 (3.16) i = 1, 2 ou 3 (3.17) ou (εi - εip ) = (1 + ν ) ν σi E E 3 ∑ (σ j ) ; j =1 e εip = 3 S p ; i = 1, 2 ou 3 2J i 1 2 2 2 3 =0 p ≥ 0 ; F = ⎡⎢ (S 1 ) + (S 2 ) + (S 3 ) ⎤⎥ 2 ≥ Y ; pF ⎣ 2 ⎦ J (3.18) (3.19) 17 A equação (3.11) também pode ser representada nesta base, 2 p 2 [ (ε ) + (ε2p )2 + (ε3p )2 ] 3 1 p = (3.20) É importante observar que as componentes principais do desviador da tensão, da deformação plástica e do endurecimento cinemático não são independentes, o que permite introduzir simplificações adicionais nas equações. Usando-se as equações (3.6), e as condições iniciais (3.12), verifica-se que Si = Sj εip εjp ∀ (i, j = 1, 2, ou 3) (3.21) Como o traço do tensor desviador é nulo, segue que, 3 ∑ Si 3 = i =1 ∑ εip =0 (3.22) i =1 Logo, uma simplificação adicional pode ser introduzida, levando-se em conta o fato dos traços do tensor desviador da tensão, da deformação plástica e do tensor endurecimento cinemático serem nulos. S 3 = −(S1 + S2 ) ; ε3p = −(ε1p + ε2p ) (3.23) As relações em (3.23) permitem representar as equações constitutivas (3.16)-(3.19) usando apenas duas componentes principais de S e εp , pois a terceira não é independente: ε1p = 3 S p 2J 1 (3.24) ε2p = 3 S p 2J 2 (3.25) 1 (3.26) =0 p ≥ 0 ; F = [ 3(S12 + S1S 2 + S 2 ) ]2 − Y ≥ 0 ; pF J 18 Representação Geométrica do Critério de Mises Generalizado A representação do critério de Mises generalizado (J < Y ⇒ ε p = 0 ) usando-se a base das direções principais do desviador da tensão permite fazer uma interessante interpretação geométrica dos endurecimentos cinemático e isotrópico. Da definição da tensão equivalente de Mises segue que a condição J < Y implica na seguinte relação J = ⎡3 ⎢⎣ 2 ( (S 2 ) + (S 2 ) + (S 3 ) )⎤ 2 1 2 2 2 ⎥⎦ 1 2 ⇒ <Y 2 2 (S 1 ) + (S 2 ) + (S 3 ) < ( 3 Y )2 que define uma esfera de raio (3.27) 2 Y centrada na origem na base das direções principais do 3 desviador, conforme a Figura 3.2. Tomando-se como condições iniciais os valores (p(t = 0) = 0 , ε p (t = 0) = 0 ), a evolução do domínio elástico será caracterizada por uma expansão devida ao endurecimento isotrópico Y(t) de uma esfera de raio 2 σ (região 3 y elástica inicial). Figura 3.2: Representação do critério de Von-Mises generalizado na base das direções principais do desviador 19 As relações (3.23) permitem representar o critério de Mises generalizado usando apenas duas componentes principais de S , pois a terceira não é independente. Isto é conveniente para estudos experimentais, pois o critério, mesmo para estados triaxiais de tensão, pode ser representado num plano: [ (S1 )2 + (S1 S2 ) + (S2 )2 ] < Y2 3 (3.28) A equação anterior é de uma elipse inclinada de 45 graus, centrada na origem conforme mostra a figura 4. A evolução do domínio elástico é caracterizada, portanto, por uma expansão desta elipse devida ao endurecimento isotrópico Y(t). Figura 3.3: Representação plana do critério de Von-Mises generalizado. 3. 3 Comparação do duto aberto com o duto fechado Uma boa forma de comparar a resistência de um duto aberto (tensões dadas em (3.2)) e um duto fechado nas extremidades (tensões dadas em (3.3)) operando além do regime elástico é usar a curva tensão equivalente de Mises versus deformação plástica acumulada ( J x p ). Usando-se a seguinte notação, onde σ 0 e σ c são, respectivamente, as tensões devida à pressão interna e a pressão de contato do reforço, σo = Pori (re − ri ) σc = P1re (re − ri ) (3.29) 20 e a definição da tensão de Mises, é possível mostrar que: - Num duto aberto sem reforço ( P1 = 0 , equação (3.2)): J = σo = σo 2 (3.30) - Num duto aberto com reforço ( P1 ≠ 0 , equação (3.2)) J = σo − σc = ( σo − σc )2 = σo 2 − 2σo σc + σc 2 (3.31) - Num duto fechado sem reforço ( P1 = 0 , equação (3.2)): J= 3 σ = 2 o 3 2 σ 4 o (3.32) - Num duto fechado com reforço ( P1 ≠ 0 , equação (3.2)). J= = ( σo − σc )2 − ( σo 2 σo σc + )= 4 2 σo 2 − 2σo σc + σc 2 − ( 3σo 2 3σo σc − + σc 2 4 2 σo 2 σo σc + )= 4 2 (3.33) Para um carregamento crescente ( Po > 0 ) tem-se que: J = Y = σy + v1 ⎡⎢⎣ 1 − exp(−v2 p ) ⎤⎥⎦ A figura 3.4 mostra o comportamento da curva J x p (3.34) 21 Figura 3.4: Curva J x p Logo, o duto irá plastificar quando a tensão equivalente de Von Mises for maior do que a tensão de escoamento σy (J > σy ) e irá romper quando a tensão equivalente de Von Mises for igual a σy + v1 (J = σy + v1 ) . A diferença de comportamento entre o duto aberto e o fechado nas extremidades, reforçado ou não, se deve exatamente à diferença na definição da tensão equivalente de Von Mises. A pressão interna Po necessária para plastificar (ou romper) um duto fechado nas extremidades é maior do que a necessária para plastificar (ou romper) um duto aberto nas extremidades. 3. 4 Determinação do deslocamento radial da parede do duto fechado A determinação da expressão para o deslocamento radial da parede do duto fechado nas extremidades, reforçado com material compósito, e submetido a deformações inelásticas, será fundamental para desenvolver uma metodologia de dimensionamento de reforço num duto. De (3.17) segue que, εθ = εθp + = Como εθ = εθp + (1 + ν ) ν σθ - (σθ + σz ) = E E (2 - ν ) (1 + ν ) σo − σc 2E E εθp + σθ νσz − = E E (3.35) ur , chega-se a: ri (3.36) 22 ur ⎡ (2 - ν ) (1 + ν ) ⎤ σc ⎥ = ri ⎢ εθp + σo − E 2E ⎣⎢ ⎦⎥ No caso de um duto fechado nas extremidades e com reforço, diferente do caso de dutos abertos nas extremidades, não é possível representar analiticamente a deformação plástica circunferencial εθp como uma função da pressão interna e de contato. Capítulo 4 Tubos Coaxiais sob Pressão Interna Sejam dois dutos coaxiais constituídos por materiais diferentes. O cilindro interno, fechado nas extremidades, tem paredes finas e é constituído por um material metálico que se comporta de acordo com as equações constitutivas elasto-plásticas apresentadas no capítulo anterior. O cilindro externo é constituído por um material compósito de matriz polimérica com um comportamento elástico ortotrópico, sendo E r o módulo de Young na direção radial, Eθ o módulo de Young na direção circunferencial e ν rθ o coeficiente de Poisson. O duto interno possui raio interno ri e raio externo r0 . O duto externo possui raio interno r0 e raio externo re . O sistema está submetido a uma pressão interna P0 . Figura 4.1: Tubo e reforço submetidos à pressão interna. 24 Onde, ri ≡ raio interno do duto r0 ≡ raio externo do duto e raio interno do reforço re ≡ raio externo do reforço P0 ≡ pressão interna Pc ≡ pressão de contato Para a análise de tensões, neste caso, é necessário inicialmente calcular a pressão Pc na interface de contato. Como ambas as superfícies devem ter o mesmo deslocamento radial: [ ur (r = ro ) ]reforço = [ ur (r = ro ) ]duto (4.1) usando-se as equações (3.36) e (2.8), tem-se : ⎡ ri ⎢ εθp + ⎣ −B ( 1 − A ) A ro−K ( (2 - ν ) σo − 2E 1 ν + rθ Eθ Er ) (1 + ν ) E ⎤ ⎦ σc ⎥ = + C ( 1 + A ) A roK ( 1 Eθ − νr θ Er com, σo = Po ri σc = ro − ri σθ = σo − σc σz = ( − A )[ ro− ( K +1 ) 2 Er −PC re (1 ro − ri σo Eθ A = B = Pc ro re ( A −1 ) K −1 ) − ro A−1 re− ( ) ( A +1 ) ] ) (4.2) 25 −PC re− ( C = (1 − A )[ ro A−1 re− ( ) ( K +1 ) A +1 ) − ro− ( A +1 ) re ( A −1 ) ] O caso do dimensionamento da espessura da luva para reforço estrutural será discutido em detalhes no próximo capítulo. Uma vez fixada a espessura do duto e do reforço ( ro , ri e re conhecidos), o material do duto (E , ν, σy , v1, v2 conhecidos) e o material do reforço ( E r , Eθ e νrθ conhecidos), determina-se qual deve ser a pressão de contato Pc resolvendo a equação (4.2). Com a pressão de contato, determina-se a tensão no duto através das expressões anteriormente definidas. Capítulo 5 Dimensionamento de Reforços em Dutos O sistema de reforço em dutos nada mais é que uma luva de material compósito envolvendo o duto numa região com algum tipo de defeito. O desempenho de um dado reforço num teste hidrostático pode ser acompanhado através da curva pressão interna versus deformação plástica acumulada. No caso de um duto fechado nas extremidades e reforçado com material compósito, o forte acoplamento entre as diferentes variáveis requer que se use um algoritmo para a aproximação numérica das variáveis, mostrado a seguir. Apesar da elasto-plasticidade ser um comportamento independente de taxas, para identificar a seqüência de eventos serão usadas as seguintes notações: • Dado um intervalo de tempo Δt , o instante tn será definido como tn = n.Δt • Dada uma função y qualquer, por simplicidade y(tn ) será notado (y )n Logo, tn = n.Δt y(tn ) = (y )n O seguinte algoritmo, baseado nos algoritmos propostos e testados em [10], é proposto para analisar a evolução das tensões e deformações plásticas num duto fechado com reforço. 27 ALGORITMO i) n = 0 , i = 1 . n é o passo no tempo e i indica o número de iterações num passo ii) (εθp )n , (εzp )n , (p)n , (Pc )n , (Po )n +1 são conhecidos iii) (σθ )n +1 = (Po )n +1ri − (Pc )n re (Po )n +1ri ; (σz )n +1 = re − ri 2(re − ri ) σ σ iv) (J)n +1 = J ((σθ )n +1, (σz )n +1 ) < δ ? ( δ é uma tolerância, sugerindo-se y ≤ δ ≤ y ) 50 100 SIM: ⇒i =1 ⇒ (εθp )n +1 = (εθp )n ; (εzp )n +1 = (εzp )n ⇒ Calculo (Pc )n +1 resolvendo a seguinte equação algébrica: [ ur (r = ro ) ]duto = [ ur (r = ro ) ]reforço Ou seja, encontrando a raiz (Pc )n +1 da função ψ ψ((Pc )n +1 ) = ⎡ (ε )n +1 ⎢⎣ p ri θ −K −(B )n +1 1 − A A ro ( ) (σo )n +1 = ( 1 Eθ + (2 - ν ) + ) νr θ Er (σo )n +1 2E (Po )n +1 ri (C )n +1 = ) − ( (σ z )n +1 = 1 − A [ ro ( ) Eθ − νrθ Er (σo )n + 1 2 Er −(PC )n +1 re A −1 K +1 − ro A −1 1 Eθ ) K −1 re ( ) −(PC )n +1 re ( ( ro − ri ( 1 − A [ ro − (Pc )n +1 ro (σc )n +1 = ro − ri (σc )n +1 ⎤⎥ ⎦ E K A = ( (1 + ν ) + (C )n +1 ( 1 + A ) A ro (σ θ )n +1 = (σo )n +1 − (σc )n +1 (B )n +1 = − ) re − ( A +1 ) A −1 ( − ) ( K +1 A +1 re A −1 ( ) ] ) − − ro − re ) ( A +1 ) ( ) ] )=0 28 ⇒ Com (Pc )n +1 calculo (σθ )n +1, (σz )n +1 ⇒ n = n +1 ⇒ Volte para (ii) NÃO: ⇒ Se i > i max pare e imprima a mensagem: “O PROGRAMA NÃO CONVERGIU EM i max ITERAÇÕES NO PASSO n”. Sugere-se i max = 10 . Se i ≤ i max , continue. ⇒ i = i +1 ⇒ Calculo (p)n +1 encontrando a raiz da seguinte equação algébrica (pode ser obtida analiticamente) ξ(p)n +1 ) = J ((σθ )n +1, (σz )n +1 ) − ( σy + v1 ⎡⎢⎣ 1 − exp(−v2 (p)n +1 ) ⎤⎥⎦ ) = 0 ⇒ Δp = pn +1 − pn ⇒ Δεθp = 3 (S ) Δp ; 2(J )n +1 θ n +1 (εθp )n +1 = (εθp )n + Δεθp ⇒ Δεzp = 3 (Sz )n +1 Δp ; 2(J )n +1 (εzp )n +1 = (εzp )n + Δεzp ⇒ Calculo (Pc )n +1 resolvendo a seguinte equação algébrica: [ ur (r = ro ) ]duto = [ ur (r = ro ) ]reforço Ou seja, encontrando a raiz (Pc )n +1 da função ψ ψ((Pc )n +1 ) = ri −K −(B )n +1 1 − A A ro ( ) (σo )n +1 = ⎡ (ε )n +1 ⎢⎣ p θ ( 1 Eθ + νr θ Er (Po )n +1 ri ro − ri + (2 - ν ) ) 2E (σo )n +1 − (1 + ν ) K + (C )n +1 ( 1 + A ) A ro (σc )n +1 = (σθ )n +1 = (σo )n +1 − (σc )n +1 (σc )n +1 ⎤⎥ ⎦ E ( 1 Eθ − (Pc )n +1 ro ro − ri (σ z )n +1 = (σo )n + 1 2 νrθ Er − )=0 29 Eθ A = Er −(PC )n +1 re ( (B )n +1 = ( 1 − A )[ ro − K +1 ( ) re ( K −1 ) A −1 − ro ( − −(PC )n +1 re ( (C )n +1 = 1 − A )[ ro ( ( A −1 ) − A +1 re ( ) ) K +1 A −1 ) ( ) ] ) − A +1 − ro − A +1 re ( ) re ( A −1 ) ] θp )n +1 ⇒ (εθp )n = (ε zp )n +1 ⇒ (εzp )n = (ε ⇒ (p)n = (p)n +1 ⇒ (Pc )n = (Pc )n +1 ⇒ Vá para (ii) Para o dimensionamento da espessura da luva para reforço estrutural é necessário determinar qual a pressão de contato que este deve exercer no duto. Dada a máxima pressão de operação (Po )max e algum critério de segurança, determina-se qual deve ser a pressão de contato máxima (Pc )max para que este critério seja satisfeito. Para maiores detalhes sobre diferentes critérios (fadiga, fissuração, corrosão) ver [6]. Supondo-se que qualquer critério a ser adotado possa ser expresso da seguinte forma geral: F( σθ , σz ) ≤ 0 Onde F é uma função escalar e positiva da componente radial da tensão no duto, é possível desenvolver um procedimento geral, independente do critério adotado, para a determinação da pressão de contato e da espessura do reforço. Fixadas a geometria e a pressão de operação e usando-se as equações (3.3) referente a teoria de paredes finas, verifica-se que a componentes σθ , σz podem ser expressas como função da pressão de contato Pc , 30 σθ = Poro − Pcr1 r1 − ro σz = Poro 2(r1 − ro ) De uma forma geral é possível expressar o critério da seguinte maneira, F ( Pc ) = F ( σθ ( Pc ), σz ) A pressão de contato máxima é uma raiz da equação anterior ( F ( (Pc )max ) = 0) a qual pode ser obtida analíticamente, ou numericamente através de técnicas bastante simples (Newton, bisseção e outras). Um critério de parada alternativo para o algoritmo acima pode ser quando (Pc )n > (Pc )max . Capítulo 6 Dimensionamento e Montagem de um Laboratório visando o desenvolvimento de Procedimentos para utilização de Adesivos como Reparo em Dutos e na Colagem de Estruturas Metálicas Este trabalho faz parte de um programa desenvolvido em cooperação entre a Petrobras, o Laboratório de Mecânica Teórica e Aplicada – LMTA, da Universidade Federal Fluminense – UFF e o Laboratório de Adesão e Aderência – LAA, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Este programa visa o desenvolvimento de procedimentos de qualificação e aplicação de adesivos comerciais usados tanto em reparo de dutos como na colagem de estruturas metálicas em geral. Dois projetos estão sendo desenvolvidos em paralelo. Um que trata do desenvolvimento de procedimentos para a aplicação dos adesivos comerciais usados em reparos de dutos e em colagem de estruturas metálicas e outro, intitulado, “Qualificação de Adesivos Utilizados em Reparo de Dutos e na Colagem de Estruturas Metálicas”, que trata de procedimentos para qualificação dos produtos comerciais disponíveis. Um outro projeto, que ainda esta em fase de desenvolvimento, trata da validação de um protótipo (dispositivo mecânico) e de um processo para reparo de danos transpassantes em dutos. 32 6. 1 Objetivo geral Para a validação da metodologia proposta nos capítulos anteriores, está sendo montado na UFF o Laboratório para Ensaios em Dutos. Este laboratório está sendo parcialmente patrocinado pela PETROBRAS dentro de um projeto que visa desenvolver normas de utilização de adesivos como reparo em dutos e como substituição de solda em estruturas metálicas. Como proposta inicial, este laboratório se propõe a analisar a capacidade de adesão, aderência, degradação e estanqueidade dos adesivos e a necessidade do uso de reforço estrutural com materiais compósitos em dutos com dano de aço API 5l grau B com diâmetro de 2” e 12”, sujeitos a pressão de 10 Kg/cm2 tendo como fluído água salgada com presença de óleo a uma temperatura de 90°C. 6. 2 Objetivos específicos Dentro do largo espectro de possibilidades de estudos, inicialmente este laboratório se propõe a realizar: 1) Testes de estanqueidade em dutos reparados com adesivos, conforme procedimentos de aplicação do fabricante dos adesivos. 2) Avaliação da necessidade do uso de materiais compósitos como reforço estrutural em dutos com dano. 3) Testes hidrostáticos em dutos reparados com adesivos e com materiais compósitos. 4) Desenvolvimento de procedimentos para utilização em campo de reparos com adesivos e com materiais compósitos em dutos com dano. 6. 3 Planejamento dos experimentos e planejamento logístico 6. 3. 1 Definição dos corpos de prova Os tubos para a realização dos ensaios serão de aço API 5l grau B, com uma composição química aproximada especificada a seguir. 33 Cmáx Mnmáx Pmáx Smáx 0,27 1,15 0,030 0,030 Tabela 6.1: Composição química do aço API 5l grau B (%) Os testes serão de estanqueidade em dutos reparados com adesivos, conforme procedimentos de aplicação do fabricante dos adesivos. Dimensão Tubo 1 Tubo 2 Diâmetro Nominal (pol.) 2” 12” Diâmetro Externo (pol.) 2,375 12,75 Schedule (sch) 80 30 Espessura (mm) 5,54 8,38 Comprimento (mm) 1300 1300 Tabela 6.2: Dimensão dos corpos de prova Os testes serão realizados a partir das seguintes variáveis: Temperatura de ensaio: 90-100°C Composição da solução: água salgada +óleo Pressão máxima de ensaio: 30 kg/cm2 O tubo de 2” deverá ser roscado internamente com rosca de passo normal, numa das extremidades. Na outra extremidade deverá ser soldada uma flange de ∅ 3” e espessura de 1/2”, conforme a figura 6.1. No tubo de 12” deverão ser soldadas flanges de ∅ 15”, com espessura de 1”, conforme a figura 5.2. Numa das flanges deverá ser feito um furo passante roscado de ∅ 2” conforme a figura 6.2. Inicialmente está prevista a preparação de 20 CP´s. 34 Figura 6.1: Duto de 2” Figura 6.2: Duto de 12” 6. 3. 2 Definição dos defeitos a serem considerados Para a análise do sistema de reforço, serão considerados defeitos circulares transpassantes. Para a definição de tamanho de defeito “padrão”, será feita uma coleta de informações com o pessoal de campo. A princípio, serão considerados furos com raio igual à espessura dos dutos. 35 Dimensão Tubo 1 Tubo 2 Diâmetro Nominal (pol.) 2” 12” Diâmetro Externo (pol.) 2,375 12,75 Schedule (sch) 80 30 Espessura (mm) 5,54 8,38 Comprimento (mm) 1300 1300 Diâmetro do defeito (mm) 11,08 16,76 Tabela 6.3: Dimensão dos defeitos nos corpos de prova Também foi sugerido o uso de uma redução de área na região vizinha ao furo, simulando perda de material por corrosão. Figura 6.3: Defeito simulando redução de área devida à corrosão 36 6. 3. 3 Definição dos tipos de carregamentos A princípio, os dutos com diferentes técnicas de reparo serão ensaiados à pressão crescente até uma eventual falha, com o fluido a 90o C e a temperatura ambiente. O fluido será uma mistura de água salgada (ASTM D1141 – 98 Standard Practice for the Preparation of Substitute Ocean Water) e óleo, numa fração a ser definida à partir da coleta de informações com o pessoal de campo. Será feita uma comparação preliminar entre a resistência dos reforços com o fluido a temperatura ambiente e com o fluido a 90o. Caso não haja ruptura brutal do reforço com pressão abaixo de 30 Kg/cm2, serão realizados ensaios com pressão constante de 30 Kg/cm2 com o fluido a 90o C e a temperatura ambiente. Neste caso, o duto ficará carregado por um período determinado, também a ser definido. Caso os reforços resistam também a este ensaio, serão feitos sucessivos carregamentos cíclicos (carga até 30 Kg/cm2 e tempo de espera com pressão constante) para verificar a possibilidade de ruptura por fadiga. 6. 3. 4 Descrição do sistema de aquecimento projetado O sistema de pressão e aquecimento do fluído contido nos dutos para a execução dos ensaios foi desenvolvido de forma a comportar os mecanismos num só componente. A figura 6.4 mostra o desenho de projeto desse dispositivo. Figura 6.4: Desenho de projeto de parafuso 37 A figura 6.5 mostra o parafuso com a resistência, já fabricados, a entrada para o termostato de controle e a entrada de fluido no duto. Figura 6.5: Resistência de controle da temperatura e entrada de água Figura 6.6: Sistema ajustado aos dutos de 2” e 12” 38 6. 3. 5 Adesivos e acabamentos superficiais a serem considerados Em reunião com representante do CENPES, foi definido que serão realizados ensaios com dois tipos de adesivos, escolhidos entre os que estão sendo testados no Laboratório de Adesão e Aderência; e aplicados em dutos de superfícies limpas e sujas. PRODUTO FORNECEDOR SUPERFÍCIE LIMPA MAC SEAL ARC-858 MULTIMETAL BELZONA MM METAL SS AÇO CERÂMICO 1111 SUPERFÍCIE CONTAMINADA ARC-5ES MM METAL UW 1221 Tabela 6.4: Adesivos que estão sendo testados no LAA-UERJ Para cada adesivo serão considerados dois tipos de tratamentos superficiais: o do Fabricante (FAB) e o que está sendo desenvolvido no LAA/UERJ. Tabela 6.5: Preparação das superfícies conforme os fabricantes 39 6. 3. 6 Projeto e montagem do laboratório de ensaios em dutos (LED/LMTA) O laboratório de ensaios em dutos, LED/LMTA, já montado, fica no bloco D, sala C10 do campus da Praia Vermelha da UFF, situado na Rua Passo da Pátria 156, Niterói. Ele tem cerca de 30 m2 com uma área para trabalho e uma área para ensaios com bancada e local para testes protegido por paredes para ensaios até a ruptura. Figura 6.7: Planta do laboratório Todas as obras civis (bancadas, paredes de proteção, etc.) e de adequação da rede elétrica e hidráulica já foram realizadas. Além dessa área, o LED/LMTA conta com um depósito anexo, com cerca de 10 m2, para guardar os CP´s fabricados. Toda a instalação foi planejada para facilitar a operação da unidade especial de testes, descrita a seguir. 40 6. 3. 7 Unidade especial para ensaios em sistemas de tubulações. O sistema para ensaios de pressão será uma unidade móvel para ensaios de sistemas de tubulações Marca Flutrol Modelo FLUASF100-MS7, pressão máxima 15000 psi (1034 bar) e sistema de controle capaz de impor histórias complexas de pressão (também é possível impor histórias complexas de temperatura através do dispositivo para aquecimento de fluido desenvolvido) com as características descritas na tabela 6.6. Este sistema trabalha com bombas hidropneumáticas, i.e., bombas para líquidos acionadas a ar comprimido. Tais bombas trabalham pelo princípio de diferenças de áreas. Um pistão pneumático com grande área e baixa pressão é acoplado diretamente a um pistão com área menor no setor de compressão de fluído, gerando uma grande pressão de líquido. A diferença entre estas áreas é chamada de "relação" e na prática este número é o fator de multiplicação que designa a maioria dos modelos no mercado. Figura 6.8: Equipamento de ensaio de pressão 41 Item Qt. Descrição/Código 01 01 Unidade móvel para ensaios de sistemas de tubulações Marca Flutrol Modelo FLUASF100-MS7, pressão máxima 15000psi (1034 bar). Conforme descritivo abaixo: 1-Bomba Hidropneumatica Haskel mod.FLUASF-100, pressão máxima 15000psi , vazão máxima 2 L/min ; 1pç 2- Bomba Hidropneumatica Haskel mod.FLUMS-7, pressão máxima 900psi , vazão máxima 8 L/min ; 1pç 3- Conjuntos regulador, filtros e válvula de bloqueio para ar comprimido para funcionamento das bombas pneumáticas e solenóide para cortar a bomba na pressão; 2pçs 4- Manômetros de pressão para painel 4” – escala 0-1000psi; 3pçs 5- Manômetro de pressão para painel 4” – escala 0-15000psi -1pç 6- válvulas de bloqueio de saída para as linhas de baixa e alta pressão; 4pçs 7- Transdutor de pressão 0-1000psi – 3pçs 8-Transdutor de pressão 0-15000psi -1pç 9- Indicador digital – 4pçs 10- Válvula de dreno de pressão -2pçs 11- Reservatório de 50 litros para alimentação das bombas em aço inox com filtros de sucção para as bombas e válvulas 3 vias para alimentação externa; 10- tubos em aço inox 316, conexões em aço inox 316, para interligação da instrumentação. 11-Skid em aço carrbono com pintura em epóxi para montagem do conjunto nas dimensões de 1,10(H) x 0,57(L) x 1,10(C)m ref. GB0008 Obs: 3 Saídas de Baixa pressão- 0-1000psi 1 Saída de Alta pressão - 0-15000psi 02 01 Automatização do painel para teste de fadiga (ciclos de pressão) para a linha da bomba FLUASF-100 : - 01 Tescom para 15.000 psi com cabeçote eletrônico; - 02 transmissores de pressão sendo 01 para a entrada da válvula (cetificar que existe pressão a montante maior que a jusante para evitar trancos na válvula já que não temos acumulador) - 01 CLP mais programação para execução do teste; - 01 válvula DHP4F-ATO5 para dreno da linha em caso de emergência; - 01 válvula solenóide de 3 vias para acionamento da válvula atuada; - 01 indicador digital com retransmissão de sinal para instalar junto com o transmissor colocado a montante da reguladora. Tabela 6.6: Descrição do sistema de ensaio de pressão 42 6. 3. 8 Compressor Equipamento fundamental para o laboratório, o compressor de ar é o componente básico de qualquer sistema pneumático. O ar é comprimido em um sistema pneumático, de forma que possa ser usado para puxar, empurrar realizar trabalho ou desenvolver potência. Quando o ar atmosférico entra no compressor, é comprimido pela máquina a uma pressão maior, e descarregado então em um sistema de dutos. O ar comprimido pode ser usado para impulsionar motores a ar, martelos pneumáticos, e outros dispositivos de ar. Para tanto, foi adquirido um compressor da marca Schulz com as seguintes características descritas na tabela 6.7. Figura 6.9: Compressor utilizado no sistema de ensaio 43 Modelo CSL 40 BR / 250L Larg. x Alt. x Comp. 570 x 1160 x 1660 mm Deslocamento Teórico 40 pés³/min - 1132 l/min RPM 1240 Pressão de Operação Motor Unidade Compressora Mínima 135 lbf/pol² - 9,3 bar Máxima 175 lbf/pol² - 12 bar Potência 10 hp - 7,5 kW Nº de Pólos 2 Nº de Estágios 2 Nº de Pistões 2 em V Volume do Reservatório 353 L Volume de Óleo 880 ml Peso Líquido com motor 292 Kg Peso Bruto com motor 340 Kg Tabela 6.7: Descrição do compressor Capítulo 7 Conclusão Este trabalho dá seqüência a uma linha de pesquisa iniciada já há alguns anos no Laboratório de Mecânica Teórica e Aplicada (LMTA) da UFF. Apesar de já haver uma teoria simplificada bastante consistente proposta para dimensionamento de reforços e de reparos e dutos por compósitos de matriz polimérica, ainda é necessário um programa de validação experimental da metodologia de cálculo proposta. Uma parceria foi estabelecida entre o LMTA-UFF, o laboratório de adesão e aderência (LAA) da UERJ e a PETROBRAS para o desenvolvimento de procedimentos para utilização de adesivos como reparo em dutos e na colagem de estruturas metálicas e a qualificação de adesivos utilizados em reparo de dutos e na colagem de estruturas metálicas. Como um dos resultados, foi montado, com apoio da PETROBRAS, um laboratório para ensaios em dutos na UFF. O projeto, concepção e montagem desse laboratório foi parte do presente trabalho. O objetivo, no médio prazo, é fazer os ensaios necessários para validar os procedimentos que vêm sendo propostos por esses grupos de pesquisa. Um passo importante para isso, também apresentado nesta dissertação, foi adaptar os procedimentos de cálculo propostos para dutos longos para dutos curtos fechados nas extremidades. Com o laboratório operante e a metodologia adequada, será possível fazer um programa adequado de validação experimental que será o objeto do prosseguimento desse trabalho no curso de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da UFF. Referências Bibliográficas [1] CORTES, R. M. A. DIMENSIONAMENTO DE REFORÇOS EM DUTOS COM MATERIAIS COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO. DEZEMBRO DE 2001. INSTITUIÇÃO: DEM-UFF. [2] SILVA, C. J. APLICAÇÃO DE REFORÇOS A BASE DE MATERIAIS COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA PARA A EXTENSÃO DE VIDA DE DUTOS ELASTO-PLÁSTICOS. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO. SETEMBRO DE 2002. DEM-UFF. [3] COSTA MATTOS, H.; SAMPAIO, E. M.; CORTES, R. M. A.; SILVA, C. J. ANALYSIS COMPOSITE SLEEVE REINFORCEMENT SYSTEMS OF UNDERGOING ELASTIC OR INELASTIC DEFORMATIONS. ANAIS FOR DO METALLIC PIPELINES 58° CONGRESSO ANUAL DA ABM. RIO DE JANEIRO, JULHO DE 2003. V.1. P.1935 - 1945. [4] COSTA MATTOS, H.; SAMPAIO, E. M.; CORTES, R. M. A.; SILVA, C. J. 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ANAIS DO 18TH INTERNATIONAL CONGRESS OF OR MECHANICAL ENGINEERING, NOVEMBRO DE 2005, OURO PRETO, MG, BRASIL. [8] DOS SANTOS, A. T. COMPORTAMENTO DE DE MELLO. ANÁLISE DUTOS INFLUÊNCIA DA ELASTO-PLÁSTICOS EM DO FECHAMENTO TESTES NO HIDROSTÁTICOS. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO. ABRIL DE 2006. DEM-UFF. [9] CHABOCHE, J. L.; LEMAITRE, J. MECHANICS OF SOLID MATERIALS. CAMBRIDGE UNIVERSITY PRESS, 1990. [10] DOS SANTOS, C. V. ANÁLISE DE TENSÕES SOB REGIME ELASTO-PLÁSTICO EM VASOS DE PRESSÃO DE PAREDES FINAS. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO. MARÇO DE 1999. DEM- UFF. [11] LOUREIRO, S. M. N. A. REFORÇO DE VASOS DE PRESSÃO POR MATERIAL COMPÓSITO DE MATRIZ POLIMÉRICA, DISSERTAÇÃO DE MESTRADO, COPPE-UFRJ, MARÇO DE 1999. [12] BEENA, A. P.; SUNDARESAN, M. K.; RAO, B. NAGESWARA. DESTRUCTIVE STRESS OF 15CDV6 STELL ROCKET MOTOR CASES AND THEIR APPLICATION TO LIGHTWEIGHT DESIGN. VOLUME 62, ISSUE 3 , 1995, PAGES 313-320. [13] SUBHANANDA RAO, A.; VENKATA RAO, G. ; NAGESWARA RAO, B. EFFECT OF LONG-SEAM MISMATCH ON THE BURST PRESSURE OF MARAGING STEEL ROCKET MOTOR CASES. ENGINEERING FAILURE ANALYSIS, VOLUME 12, ISSUE 2, APRIL 2005, PAGES 325-336. [14] MARGETSON, J. BURST PRESSURE PREDICTIONS OF ROCKET MOTORS. IN: AIAA PAPER NO.78-1567. AIAA/SAE 14TH JOINT PROPULSION CONFERENCE LAS VEGAS, NV USA: JULY 1978. Apêndices Apêndice A - Tubo Elástico Anisotrópico de Parede Grossa sob Pressão Interna e Externa A. 1 Definições preliminares Seja um tubo cilíndrico elástico de raio interno ri e raio externo re submetido, respectivamente, a uma pressão interna P0 e a uma pressão externa P1. Figura A.1: Tubo submetido à pressão interna e externa. As equações que modelam o problema, expressas em coordenadas cilíndricas, são: 47 Balanço de Momento Linear Supondo um estado plano de tensão e desprezando-se o peso próprio, as equações de balanço de momentum linear, para um corpo em equilíbrio, podem ser expressas da seguinte forma: σr − σθ ∂σr 1 ∂σr θ =0 + + ∂r r ∂θ r (A.1) ∂σ 2σ 1 ∂σ θ + rθ + rθ = 0 ∂r r ∂θ r (A.2) Equações Constitutivas Supondo um comportamento elástico linear ortotrópico, as relações entre o tensor tensão e o tensor deformação podem ser expressas da seguinte forma: εr = ν 1 σr − r θ σθ Er Er εθ = − νr θ σr + Er εr θ = 1 σ Eθ θ 1 σ 2Gr θ r θ (A.3) (A.4) (A.5) Relações Geométricas Definindo o vetor deslocamento em coordenadas cilíndricas, tem-se: εθ = ur 1 ∂u θ + r r ∂θ εr = εr θ = ∂ur ∂r u ⎞ ∂u 1 ⎜⎛ 1 ∂ur + θ − θ ⎟⎟⎟ ⎜ r ⎠ 2 ⎜⎝ r ∂θ ∂r (A.6) (A.7) (A.8) 48 Para modelar adequadamente o problema, além das equações (A.1) a (A.8), é necessário fornecer as seguintes condições de contorno: σr r = ri = −P0 (A.9) σr r = re = −P1 (A.10) As equações de (A.1) a (A.10) modelam o problema ortotrópico. A técnica usada para a solução analítica é o Método dos Deslocamentos. A. 2 Solução do Problema Através do Método da Função Tensão de Airy Na solução através deste método, introduz-se uma função diferenciável de r e θ notada φ e denoinada de função de Airy. Supõe-se que φ(r, θ) é tal que: 1 ∂φ 1 ∂2φ σr = + 2 2 r ∂r r ∂θ ∂2φ σθ = ∂r 2 σr θ = − ∂ ⎛ 1 ∂φ ⎞⎟ ⎜ ∂r ⎜⎝ r ∂θ ⎠⎟ (A.11) (A.12) (A.13) Verifica-se facilmente que, se (A.11) a (A.13) forem válidas então as equações (A.1) e (A.2) serão automaticamente satisfeitas. Supondo um problema com simetria axial de tensões ( φ(r , θ ) = ϕ(r ) ) , as equações (A.11), (A.12) e (A.13) se reduzem a : σr = 1 dϕ r dr (A.14) 49 d 2ϕ σθ = 2 dr (A.15) σrθ = 0 (A.16) Introduzindo (A.14) a (A.16) nas equações constitutivas (A.3) a (A.5), obtém-se: 1 1 d ϕ νr θ d 2ϕ εr = − Er r dr Er dr 2 (A.17) νr θ 1 d ϕ 1 d 2ϕ εθ = − + Er r dr Eθ dr 2 (A.18) εrθ = 0 (A.19) A escolha de uma função ϕ(r ) que satisfaça as condições de contorno (A.9) e (A.10) não assegura a solução do problema pois nada garante que exista um campo de deslocamentos ur , uθ que satisfaça as relações geométricas (A.6) a (A.8). Supondo que, para um problema com simetria axial como este, uθ = 0 , as relações geométricas se reduzem a: εθ = εr = ur r (A.20) ∂ur ∂r (A.21) Obtido εθ a partir da equação (A.18), determina-se ur pela expressão (A.20). Para que φ seja uma escolha adequada, é necessário que a expressão para εr obtida a partir de (A.17) satisfaça (A.21), ou seja, ∂εθ 1 = ( εr − εθ ) ∂r r (A.22) 50 onde (A.22) é a equação de compatibilidade do problema. Introduzindo (A.17) e (A.18) em (A.22), obtém-se: 1 Eθ ⎡ d 3ϕ 1 d 2ϕ ⎤ 1 1 dϕ ⎢ 3 + ⎥ − =0 ⎢⎣ dr r dr 2 ⎥⎦ Er r 2 dr (A.23) Ou seja, a função φ que corresponde à solução do problema (A.1) a (A.10) deve ser uma solução da equação diferencial ordinária (A.23). Para resolver esta equação é interessante introduzir a seguinte mudança de variáveis: r = et . Examinando inicialmente o termo dϕ : dr dϕ d ϕ dt dϕ t = = e dr dt dr dt (A.24) e, continuando, ( ) ( ) ⎛ 2 d 2ϕ d dϕ d dϕ t dϕ ⎞⎟ t ⎜d ϕ = = e = e − ⎟ ⎜⎜ 2 dr dr dt dt dt ⎠⎟ ⎝ dt dr 2 d 3ϕ d ⎛⎜ d 2ϕ ⎞⎟ d ⎡⎛⎜ d 2ϕ dϕ ⎞⎟ t ⎤ = ⎜ 2 ⎟⎟ = ⎢ ⎜ 2 − ⎟⎟e ⎥ 3 ⎜ ⎜ ⎢ dr dt dt ⎝ dr ⎠ ⎠ ⎥⎦ dr ⎣ ⎝ dt ⎛ 3 d 2ϕ dϕ ⎞ −3t ⎜ d ϕ = e ⎜ 3 − 3 2 + 2 ⎟⎟⎟ ⎜⎝ dt dt ⎠ dt (A.25) (A.26) Substituindo-se as equações (A.24), (A.25) e (A.26) na equação de compatibilidade (A.23), obtém-se uma equação diferencial ordinária linear com coeficientes constantes que pode ser resolvida analiticamente. 1 Eθ ⎡ d 3ϕ d 2ϕ d ϕ ⎤ 1 dϕ ⎢ 3 −2 2 + ⎥− =0 ⎢⎣ dt dt ⎥⎦ Er dt dt (A.27) 51 Para o caso em que E r = E θ (material isotrópico) a solução geral da equação (A.27) é obtida usando-se ϕ = emt e substituindo-se em (A.27) para obter a equação auxiliar m3 – 2m2 = 0 que tem como raízes m = 0, 0, 2. Logo, ϕ = A + B ln r + Cr 2 (A.28) As tensões correspondentes a esta função de Airy são: σr = 1 dϕ B = 2 + 2C r dr r d 2ϕ B σθ = 2 = − 2 + 2C dr r (A.29) (A.30) Substituindo (A.29) nas condições de contorno (A.9) e (A.10), chega-se a: B = ri2re2 ( P1 − P0 ) re2 − ri2 P0ri2 − P1re2 2C = re2 − ri2 (A.31) (A.32) O deslocamento ur associado é obtido através das equações (A.4) (para um material isotrópico) e (A.20). ur = 1 ⎡ (1 + ν ) B ⎤ + 2 C r (1 − ν )⎥ ⎢− E⎣ r ⎦ (A.33) A solução da equação (A.27) para o caso anisotrópico é obtida de forma análoga ao caso isotrópico. Neste caso a equação auxiliar: ⎛E ⎞ Er 3 E m − 2 r m 2 + ⎜⎜ r − 1 ⎟⎟⎟ m = 0 ⎜⎝ E θ Eθ Eθ ⎠ ⎛ tem as raízes m = 0 , ⎜⎜⎜ 1 + ⎝ Eθ Er ⎞⎟ ⎛⎜ ⎟ , ⎜1 − ⎠⎟ ⎜⎝ Eθ Er ⎞⎟ ⎟ ⎟⎠ 52 Logo, ϕ = A+B ⎛ E ⎞ ⎜⎜⎜ 1− θ ⎟⎟⎟ r ⎝ Er ⎠⎟ +C ⎛ Eθ ⎞⎟ ⎟ ⎜⎜⎜ 1+ Er ⎠⎟⎟ r⎝ (A.34) As tensões correspondentes a esta função de Airy são: 1 dϕ 1 ⎡⎢ ⎛⎜ Eθ ⎞⎟ − = ⎢ B ⎜1 − σr = ⎟r r dr r ⎢ ⎜⎝ Er ⎠⎟ ⎣ ⎛ σr = B ⎜⎜ 1 − ⎜⎝ Eθ Er ⎛ Eθ ⎞ +1 ⎟⎟⎟ Er ⎠⎟ ⎞⎟ −⎜⎜⎜ ⎝ ⎟⎟ r ⎠⎟ Eθ Er ⎛ + C ⎜⎜ 1 + ⎝⎜ ⎛ + C ⎜⎜ 1 + ⎝⎜ Eθ Er Eθ Er ⎞⎟ ⎟r ⎠⎟ Eθ ER ⎤ ⎥ ⎥ ⎥⎦ ⎛ Eθ ⎞ −1 ⎟⎟⎟ Er ⎠⎟ ⎞⎟ ⎜⎜⎜ ⎟⎟ r ⎝ ⎠⎟ (A.35) d 2ϕ σθ = 2 dr ⎛ Eθ ⎟⎞ +1⎟⎟ ⎟⎠ Er ⎛ Eθ ⎞⎟ Eθ −⎜⎜⎜ ⎜ ⎟ σθ = −B ⎜1 − r ⎝ ⎜⎝ Er ⎠⎟⎟ Er (A.36) ⎛ Eθ ⎞⎟ −1⎟ Er ⎠⎟⎟ ⎛ Eθ ⎞⎟ Eθ ⎜⎜⎜ ⎜ ⎟ r⎝ + C ⎜1 + ⎜⎝ Er ⎠⎟⎟ Er (A.37) Substituindo (A.29) nas condições de contorno (A.9) e (A.10) chega-se a: ⎛⎜ E θ ⎞ ⎛⎜ E θ ⎞ −1 ⎟⎟⎟ −1 ⎟⎟⎟ ⎜ ⎜ ⎟⎠ ⎜⎝ Er ⎜⎝ Er ⎠⎟ ri − P0 re ⎞ ⎛ Eθ ⎞ ⎛⎜ E θ ⎞ ⎛ Eθ ⎞⎤ Eθ +1 ⎟⎟⎟ ⎜⎜ −1 ⎟⎟⎟ −1 ⎟⎟⎟ −⎜⎜ +1 ⎟⎟⎟ ⎥ ⎜ ⎟⎠ ⎟⎠ ⎟⎠ ⎝⎜ Er ⎜⎝ Er ⎜⎝ Er Er ⎠⎟ ⎥ − ri re re ⎥ (A.38) ⎛ Eθ ⎞ ⎛ Eθ ⎞ −⎜⎜⎜ +1 ⎟⎟⎟ −⎜⎜⎜ +1 ⎟⎟⎟ ⎝ Er ⎠⎟ ⎝ Er ⎠⎟ ri − P0 re ⎞ ⎛ Eθ ⎞ ⎛ Eθ ⎞ ⎛ Eθ ⎞⎤ Eθ −1 ⎟⎟⎟ −⎜⎜⎜ +1 ⎟⎟⎟ −⎜⎜⎜ +1 ⎟⎟⎟ ⎜⎜⎜ −1 ⎟⎟⎟ ⎥ ⎟ ⎟ ⎟ Er E E E ⎠⎟ re ⎝ r ⎠ − ri ⎝ r ⎠ re⎝ r ⎠ ⎥ (A.39) P1 B = ⎛ ⎜⎜ 1 − ⎜⎝ ⎡ ⎛⎜ E θ ⎞⎟ ⎢ −⎜⎜⎝ ⎟ ⎢r Er ⎠⎟⎟ ⎢ i ⎢⎣ P1 C = ⎛ ⎜⎜ 1 − ⎜⎝ ⎡ ⎛⎜ E θ ⎞⎟ ⎢ ⎜⎜⎝ ⎟ ⎢r Er ⎠⎟⎟ ⎢ i ⎢⎣ ⎥⎦ ⎥ ⎥⎦ 53 ⎛ ur = −B ⎜⎜ 1 − ⎜⎝ ⎛ +C ⎜⎜⎜ 1 + ⎝ Eθ Er Eθ Er ⎞⎟ E θ − ⎟⎟ r ⎠⎟ Er ⎞⎟ E θ ⎟⎟ r ⎠⎟ Er Eθ Er Eθ Er ⎛ 1 ν ⎞ ⎜⎜ + r θ ⎟⎟ + ⎜⎝ E θ Er ⎠⎟ ⎛ 1 ν ⎞ ⎜⎜ − r θ ⎟⎟ ⎜⎝ Eθ Er ⎠⎟ (A.40) Apêndice B - Tubo Elasto-Plástico com Parede Fina sob Pressão Interna e Externa B. 1 Elasto-Plasticidade - Equações Constitutivas Gerais Para a extensão da metodologia proposta em [1]-[2], é fundamental considerar o comportamento elasto-plástico do duto isotrópico num estado multiaxial de tensões. O comportamento multiaxial de um material elasto-plástico, considerando-se que o endurecimento é exclusivamente isotrópico (hipótese adequada para o caso de vasos de pressão com paredes finas submetidos a carregamentos monótonos), pode ser descrito através das seguintes equações gerais. Relação tensão-deformação: σ= νE E (ε - ε p ) Tr (ε - ε p )1 + (1 + ν )(1 - 2ν ) (1 + ν ) ou, inversamente, (ε - ε p ) = ν (1 + ν ) σ - Tr (σ)1 E E Onde σ é o tensor tensão, ε é o tensor deformação e εp (B .1) é o tensor deformação plástica e 1 é o tensor identidade. Usa-se o símbolo Tr(•) para o traço de um tensor (•) . E é o módulo de Young e ν o coeficiente de Poisson. Para a caracterização completa do comportamento elasto-plástico, são necessárias ainda as seguintes leis de evolução: Leis de evolução: 3 ( S − X ) p 2J (B .2) 2 p X = a ε − bX p 3 (B .3) =0 p ≥ 0 ; F = J − Y ≥ 0 ; pF (B .4) ε p = 55 com J = 3 (S − X ) ⋅ (S − X ) = 2 Y 3 3 (B .5) ∑ ∑ (S ij - X ij)2 i =1 j =1 (B .6.1) = σy + v1 ⎡⎣⎢ 1 − exp(−v2 p) ⎤⎦⎥ ou (B .6.2) Y = σy + K p N Onde • σy , v1 , v2 , a , b , K e N são constantes positivas que caracterizam o comportamento plástico do material e que podem ser obtidas a partir de ensaios uniaxiais [4], [10]. • S é o desviador da tensão, dado por () 1 ⎡ ⎤ S = ⎢σ − Tr (σ)1 ⎥ 3 ⎣ ⎦ • (B .7) A variável X é chamada de endurecimento cinemático e modela a anisotropia induzida pela plastificação. • A variável Y é chamada de endurecimento isotrópico e modela como o limite de escoamento varia com a plastificação. • F é usualmente chamada de função de plastificação e a variável J de tensão equivalente de Von Mises. A lei de evolução (B.3) caracteriza as chamadas equações = 0 em (B.4), de complementaridade. Se F < 0 tem-se que J < Y e da relação pF segue que p = 0 . Portanto, usando-se (B.2) conclui-se que ε p = 0 (não há p escoamento e o material se comporta elasticamente). Só há escoamento ( ε ≠ 0 ) quando F = 0. O critério F < 0 é chamado de critério de Von Mises generalizado. Se Y = σy então a condição J < Y nada mais é do que o critério de Von Mises Clássico que estabelece que não haverá escoamento se: ⎡3 ⎤1/ 2 J = ⎢ (S ⋅ S ) ⎥ < σy ⎣2 ⎦ 56 Maiores detalhes sobre a interpretação do critério de Mises generalizado serão dados na próxima seção. • A variável p é usualmente chamada de multiplicador plástico variável e p é usualmente chamada de deformação plástica acumulada. À partir da equação (B.2) é possível verificar que, p = 2 p p ε ⋅ ε 3 (B .8) e, portanto, t p(t ) = p(t = 0) + ∫ t =0 • ⎛ 2 p ⎞⎟ p ⎜⎜ ε ζ ε ζ ( ) ( ) ⋅ ⎟d ζ ⎜⎝ 3 ⎠⎟ (B .9) Geralmente, toma-se como condição inicial o material virgem, p(t = 0) = 0 , εp (t = 0) = X (t = 0) = 0 (B .10) Daqui para diante, em todas as deduções, considera-se sempre este conjunto de condições iniciais. B. 2 Equações Constitutivas no Espaço das Direções Principais Para entender melhor as equações constitutivas elasto-plásticas apresentadas e, também, para poder simplificar o modelo no caso de dutos de paredes finas sob pressão, é interessante a representação das equações constitutivas (B.1)-(B.4) na base das direções principais do tensor tensão. É possível verificar que, num dado ponto, o tensor tensão e o seu desviador têm as σ σ σ mesmas direções principais (autovetores). Sejam ( 1 , 2 , 3 ) as componentes principais (autovalores) do tensor tensão e (S1, S2, S3) as componentes principais do tensor desviador da tensão. Estes tensores são representados na base das direções principais da seguinte forma: 57 ⎡S ⎤ 0 ⎤⎥ ⎢ 1 0 0⎥ 1 ⎢ ⎥ ⎥ 0 ⎥ ; S = ⎢ 0 S 2 0 ⎥ ; Si = σi − tr (σ) 3 ⎢ ⎥ ⎥ ⎢⎢ 0 0 S 3 ⎥⎥ σ3 ⎥⎥ ⎦ ⎣ ⎦ ⎡σ ⎢ 1 0 ⎢ σ = ⎢ 0 σ2 ⎢ ⎢⎢ 0 0 ⎣ (B .11) É possível verificar também que, se as leis de evolução (B.2) e (B.3) forem válidas e a condição inicial (B.10) verificada, então o tensor deformação plástica ε p e o tensor endurecimento cinemático X terão as mesmas direções principais do que o tensor S (e que o tensor tensão σ ). Sejam, então, ( ε1p , ε2p , ε3p ) as componentes principais do tensor deformação plástica e (X1, X2, X3) as componentes principais do tensor X . Na base das direções principais, estes tensores são expressos da seguinte maneira: εp ⎡ εp ⎢ 1 ⎢ =⎢ 0 ⎢ ⎢ 0 ⎣⎢ ⎡X 0 ⎤⎥ ⎢ 1 0 ⎥ ⎢ 0 ⎥ ; X = ⎢ 0 X2 ⎥ ⎢ ⎢⎢ 0 0 ε3p ⎥⎦⎥ ⎣ 0 ε2p 0 0 ⎤⎥ ⎥ 0 ⎥ ⎥ X 3 ⎥⎥ ⎦ (B .12) Logo, as equações constitutivas (1)-(4) podem ser expressas da seguinte forma: 3 σi = νE (εj (1 + ν )(1 - 2ν ) ∑ j =1 - εjp ) + E (ε (1 + ν ) i - εip ) ; i = 1, 2 ou 3 (B .13.1) ou (εi - εip ) = (1 + ν ) ν σi E E e εip = 3 ∑ (σ j ) ; i=1,2 ou 3 (B .13.2) j =1 3 S p ; i = 1, 2 ou 3 2J i (B .14) X i = a εip - b X i p ; i = 1, 2 ou 3 (B .15) 1 2 2 2 3 =0 p ≥ 0 ; F = ⎡⎢ (S 1 − X 1 ) + (S 2 − X 2 ) + (S 3 − X 3 ) ⎤⎥ 2 ≥ Y ; pF ⎣ 2 ⎦ (B .16) J A equação (8) também pode ser representada nesta base p = 2 p 2 [ (ε ) + (ε2p )2 + (ε3p )2 ] 3 1 (B .17) 58 É importante observar que as componentes principais do desviador da tensão, da deformação plástica e do endurecimento cinemático não são independentes, o que permite introduzir simplificações adicionais nas equações. Usando-se as equações (B.2), (B.3), as condições iniciais (B.10), verifica-se que, εip εjp Si = Sj = Xi Xj ∀ (i,j = 1,2,ou3) (B .18) Como o traço do tensor desviador é nulo, segue que, 3 ∑ Si = i =1 3 ∑ εip 3 = i =1 ∑ Xi =0 (B .19) i =1 Logo, uma simplificação adicional pode ser introduzida, levando-se em conta o fato dos traços do tensor desviador da tensão, da deformação plástica e do tensor endurecimento cinemático serem nulos. S 3 = −(S1 + S2 ) ; ε3p = −(ε1p + ε2p ) ; X3 = −(X1 + X2 ) (B .20) As relações em (B.20) permitem representar as equações constitutivas (B.14)-(B.16) εp , X , pois a terceira não é independente. usando apenas duas componentes principais de S , ε1p ε2p = 3 S p 2J 1 = 3 S p 2J 2 (B .21.1) (B .21.2) X 1 = a ε1p - b X 1p (B .22.1) X 2 = a ε2p - b X 2 p (B .22.2) 1 =0 p ≥ 0 ; F = [ 3(S12 + S1S 2 + S 2 ) ]2 − Y ≥ 0 ; pF J (B .23) 59 B. 3 Representação Geométrica do Critério de Mises Generalizado ε p = 0 ) usando-se a base das A representação do critério de Mises generalizado (J<Y ⇒ direções principais do desviador da tensão permite fazer uma interessante interpretação geométrica dos endurecimentos cinemático e isotrópico. Da definição (B.5) da tensão equivalente de Mises segue que a condição J < Y implica na seguinte relação J = ⎡3 ⎢⎣ 2 ( (S 1 − X 1 ) + (S 2 − X 2 ) + (S 3 − X 3 ) )⎤ 2 2 2 2 2 ⎥⎦ 1 2 ⇒ <Y 2 2 (S 1 −X 1 ) + (S 2 −X 2 ) + (S 3 −X 3 ) < ( 3Y )2 que define uma esfera de raio (B .24) 2 Y centrada no ponto X = (X1, X2, X 3 ) na base das 3 direções principais do desviador, conforme a Figura B.1. Tomando-se como condições iniciais os valores (p(t = 0) = 0 , ε p (t = 0) = X (t = 0) = 0 ), a evolução do domínio elástico será caracterizada por uma expansão devida ao endurecimento isotrópico Y(t) e translação da região elástica inicial devida ao endurecimento cinemático X de uma esfera de raio 2 σ (região elástica inicial). 3 y Figura B.1: Representação do critério de Von-Mises generalizado na base das direções principais do desviador 60 As relações (B.20) permitem representar o critério de Mises generalizado usando apenas duas componentes principais de S e de X , pois a terceira não é independente. Isto é conveniente para estudos experimentais pois o critério, mesmo para estados triaxiais de tensão, pode ser representado num plano: [ (S1 -X1 )2 + (S1 -X1 )(S2 -X2 ) + (S2 -X2 )2 ] < Y2 3 (B .25) A equação anterior é de uma elipse inclinada de 45 graus, centrada no ponto X = (X1, X2 ) conforme mostra a figura B.2. A evolução do domínio elástico é caracterizada, portanto, por uma expansão desta elipse devida ao endurecimento isotrópico Y(t) e por uma translação X . Figura B.2: Representação plana do critério de Von-Mises generalizado. B. 4 Dutos de Paredes Finas Sob Pressão Interna Nesta seção, as equações elasto-plásticas apresentadas serão particularizadas para o caso de dutos com paredes finas submetidos a pressão interna. Considera-se um duto de raio 61 interno R e de espessura e submetido a uma pressão interna P . Para que a parede do duto seja considerada fina, e e R devem obedecer a seguinte relação: R > 10 e (B .26) Duto Aberto nas extremidades e sem Dano Neste caso, para um duto sem dano, a tensão é dada por (coordenadas cilíndricas): 0 ⎡ σr = 0 ⎢ ⎢ PR σ = ⎢ 0 σθ = ⎢ e ⎢ 0 0 ⎢⎣ 0 ⎤ ⎥ ⎥ 0 ⎥ ⎥ σz = 0 ⎥⎥ ⎦ (B .27) Trata-se, obviamente, de um estado uniaxial de tensões. Neste caso, o tensor desviador é dado por, 1 ⎡ ⎢ Sr = − σθ 3 ⎢ ⎢ 0 S =⎢ ⎢ ⎢ ⎢ 0 ⎢⎣ ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ 0 ⎥ 1 ⎥⎥ Sz = − σθ ⎥ 3 ⎦ (B .28) 1 Xr = X z = − X θ 2 (B .29) ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ 0 ⎥ ⎥ ⎥ 1 εzp = − εθp ⎥ 2 ⎥⎦ (B .30) 0 0 2 σ 3 θ Sθ = 0 Da equação (B.18) e de (B.28) segue que, 1 εrp = εzp = − εθp 2 e Logo, numa notação matricial tem-se que, ⎡ ⎢ εrp = − 1 ε p ⎢ 2 θ ⎢ P 0 ε =⎢ ⎢ ⎢ ⎢ 0 ⎢⎣ 0 εθp 0 0 62 E, introduzindo a variável X = 3 X 2 θ 1 ⎡ ⎢ Xr = − X 3 ⎢ ⎢ X =⎢ 0 ⎢ ⎢ ⎢ 0 ⎢⎣ 0 Xθ = ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ 0 ⎥ 1 ⎥⎥ Xz = − X ⎥ 3 ⎦ 0 2 X 3 0 (B .31) Usando a expressão para J apresentada na equação (16) chega-se a J= σθ − X (B .32) Logo tem-se as seguintes equações constitutivas para duto aberto nas extremidades (εθ − εθp ) = (εr + σθ E (B .33) εθp εp ) = (εz + θ ) = -ν(εθ − εθp ) 2 2 (B .34) σθ − X σθ − X (B .35) . εθp = p X = a εθp − b X p (B .36) =0 p ≥ 0; F = σθ − X - Y ≤ 0 ; pF (B .37) Y = σy + v1 ⎡⎢⎣ 1 − exp(−v2 p) ⎤⎥⎦ (B .6.1) Y = σy + Kp N (B .6.2) ou, Técnicas numéricas para resolver este tipo de equações podem ser encontradas em [10]. É possível mostrar que, para as equações mostradas anteriormente, como a pressão é sempre positiva, então a deformação plástica εθp será sempre positiva (εθp ≥ 0) e a taxa de deformação plástica εθp não negativa (εθp ≥ 0) . Neste caso, como εθp ≥ 0 e, por definição p ≥ 0 , de (B.35) segue que σθ − X ≥ 0 e, portanto, a função de plastificação é dada por: 63 F = σθ − X − Y ≤ 0 . Como εθp ≥ 0 , de (35) verifica-se que εθp = p e, sob condições iniciais adequadas ( εθp (t=0) = p (t=0) = X (t=0) = 0 ), que εθp = p . A equação (B.36) é, neste caso, equivalente a dX +bX = a d εθp ; X (t = 0) = 0 (B .38) que pode ser resolvida analiticamente : X = a (1 − exp(−b εθp )) b (B .39) Logo, as seguintes simplificações nas equações constitutivas para um duto aberto nas extremidades podem ser feitas, pelo fato da pressão ser sempre positiva ou nula: (εθ − εθp ) = (εr + σθ E (B .33) εθp εp ) = (εz + θ ) = -ν(εθ − εθp ) 2 2 (B .34) σθ − X σθ − X (B .35) εθp = p . p ≥ 0; F = σθ − X - Y ≤ 0 ; p F = 0 X = a (1 − exp(−b εθp )) b Y = σy + v1 ⎡⎢⎣ 1 − exp(−v2 εθp ) ⎤⎥⎦ (B .37) (B .39) (B .40) ou p N Y = σy + K (εθ ) (B .41) Para carregamentos desse tipo com pressão estritamente crescente (P > 0 , sem descarga elástica ) é possível resolver analiticamente as equações (B.35) – (B.37) obtendo-se uma expressão associando a tensão com a deformação plástica. . A condição de complementaridade p F = 0 implica em que F = 0 se p ≠0, isto é, só há escoamento quando F = σθ − X − Y = 0 . Logo, 64 σθ = X + Y quando há escoamento (p σθ = = εθp > 0) . Logo, tem-se as seguintes equações N a (1 − exp(−b εθp )) + σy + K(εθp ) , se σθ > σy b (B .43) Y X onde (B .42) x = Max{0,x}, se a expressão (6.2) for considerada para o endurecimento isotrópico Y ou σθ = a (1 − exp(−b εθp )) + σy + v1(1 − exp(−v2εθp )) , se σθ > σy b (B .44) Y X se a expressão (B.6.1) for considerada. A principal diferença entre as expressões (B.44) e (B.45) é que a segunda admite um valor máximo para a tensão dado por Max {σθ } = X max + Ymax = a + σy + v1 bN X max Ymax e a pressão de ruptura do material é ⇒ P MAX = e a ( + σy + v1 ) R b (B .45) As seguintes equações constitutivas elasto-plásticas podem ser obtidas para um duto aberto nas extremidades. Elas foram simplificadas usando-se o fato de que P≥0 e >0 considerando-se P (εθ − εθp ) = (εr + σθ PR = E Ee εθp εp ) = (εz + θ ) = -ν(εθ − εθp ) 2 2 A deformação plástica εθp é tal que (B .33) (B .34) 65 σθ = N a (1 − exp(−b εθp )) + σy + K(εθp ) , se σθ > σy b (B .46) Y X se a expressão (B.6.2) for considerada para o endurecimento isotrópico Y ou, σθ = a (1 − exp(−b εθp )) + σy + v1(1-exp(-v 2 εθp )) , se σθ > σy b (B .47) Y X O endurecimento cinemático só tem papel fundamental em problemas onde ocorrem deformações plásticas cíclicas, o que não é o caso de uma tubulação com carregamento crescente. Portanto, é uma simplificação razoável considerar o endurecimento puramente isotrópico ( X = 0 ) e, portanto, tem-se as seguintes expressões analíticas εθp onde = σ θ − σy 1 N (B .48) K x = Max{0,x}, se a expressão (B.6.2) for considerada para o endurecimento isotrópico Y ou, εθp ⎡ σy + v1 - σθ − ln ⎢ v1 ⎢⎣ = v2 ⎤ ⎥ ⎥⎦ (B .49) se a expressão (B.6.1) for considerada. As equações constitutivas para um duto aberto nas extremidades, simplificadas usando-se o fato de que P≥0 e considerando-se P > 0 , sem endurecimento cinemático, são as seguintes. (εθ − εθp ) = (εr + σθ PR = E Ee εθp εp ) = (εz + θ ) = -ν(εθ − εθp ) 2 2 εθp = σ θ − σy (B .33) (B .34) 1 N K se a expressão (B.6.2) for considerada para o endurecimento isotrópico Y ou, (B .48) 66 εθp ⎡ σy + v1 - σθ − ln ⎢ v1 ⎢⎣ = v2 se a expressão (B.6.1) for considerada (Obs.: ⎤ ⎥ ⎥⎦ (B .49) x = Max{0,x}) A principal diferença entre as expressões (B.48) e (B.49) é que a segunda admite um valor máximo para a tensão σθ igual a σy + v1 . Usualmente, em ensaios uniaxiais em barras metálicas, a expressão (B.49) é mais adequada para a curva “tensão real” x deformação plástica e a expressão (B.48) mais adequada para a curva “tensão de engenharia” x deformação plástica (a chamada “tensão de engenharia” é a razão entre a força de tração e a área nominal da seção transversal e a chamada “tensão real” é a razão entre a força de tração e a área real). Como, para a maioria dos problemas de interesse prático, as deformações são sempre razoavelmente pequenas (menores do que 5 %), a “tensão de engenharia” pode ser confundida com a “tensão real” e ambas as curvas modelam bastante bem o comportamento de ligas metálicas. Duto Fechado nas extremidades e sem Dano Para um duto sem dano, a tensão é dada por (coordenadas cilíndricas): ⎡σ = 0 ⎤ 0 0 ⎢ r ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ PR σ=⎢ 0 σθ = 0 ⎥ e ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ PR ⎢ 0 ⎥ 0 σz = ⎢⎣ 2e ⎥⎦ (B .50) Trata-se de um estado plano de tensões, mas, como as componentes da tensão não são independentes ( σz = 2σθ ), simplificações adicionais podem ser obtidas. Neste caso, o tensor desviador é dado por, 67 ⎡ S = − σθ ⎢ r 2 ⎢ ⎢ S =⎢ 0 ⎢ ⎢ 0 ⎢⎢ ⎣ ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ 0 ⎥ ⎥ Sz = 0 ⎥ ⎥⎥ ⎦ 0 S¸ = 0 0 σθ 2 (B .51) Da equação (B.18) e de (B.51) segue que, εrp = −εθp ; εzp = 0 Xr = −X θ ; e Xz = 0 (B .52) Logo, numa notação matricial tem-se que ⎡ εrp = −ε p θ ⎢ ⎢ εP = ⎢ 0 ⎢ ⎢ 0 ⎣⎢ E, introduzindo a variável X = ⎤ ⎥ ⎥ 0 ⎥ ⎥ εzp = 0 ⎥⎥ ⎦ 0 0 εθp 0 (B .53) 1 X 2 θ 1 ⎡ ⎢ Xr = − X 2 ⎢ ⎢ 0 X =⎢ ⎢ ⎢ 0 ⎢ ⎢⎣ 0 Xθ = 0 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ 0 ⎥ ⎥ X z = 0 ⎥⎥ ⎥⎦ 0 1 X 2 (B .54) Usando a expressão para J apresentada na equação (B.16) chega-se a, (B .55) J = 3 Sθ − Xθ = 3 σ −X 2 θ Logo, têm-se as seguintes equações constitutivas para duto fechado nas extremidades, 68 (εθ - εθp ) = (1 + ν ) ν (2 - σ) σθ - (σθ + σz ) = σθ 2E E E (εr + εθp ) = − εz = 3ν 3ν σθ = − (ε 2E (2 - ν ) θ 1 − 2ν (1 − 2ν ) σθ = (ε 2E (2 - ν ) θ εθp = (B .56) - εθp ) (B .57) - εθp ) (B .58) 3 σθ − X p 2 σθ − X (B .59) 4 X . X = a εθp − 2b p 3 2 . p ≥ 0; F = (B .60) . 3 σθ − X - Y ≤ 0 ; p F = 0 2 (B .61) Y = σy + v1 ⎡⎣⎢ 1 − exp(−v2 p) ⎤⎦⎥ (B .6.1) Y = σy + K p N (B .6.2) ou Técnicas numéricas para resolver este tipo de equações podem ser encontradas em [10]. É possível mostrar que, para as equações mostradas anteriormente, como a pressão é sempre positiva, então a deformação plástica εθp será sempre positiva (εθp ≥ 0) e a taxa de deformação plástica εθp não negativa (εθp ≥ 0) . Neste caso, como εθp ≥ 0 e, por definição p ≥ 0 , de (B.59) segue que σθ − X ≥ 0 e, portanto, a função de plastificação é dada por: F = 2 p 3 ε e, sob (σθ − X ) - Y ≤ 0 . Como εθp ≥ 0 , de (B.59) verifica-se que p = 2 3 θ condições iniciais adequadas ( εθp (t=0)= p (t=0)= X (t=0) =0 ), que p= 2 p ε . A 3 θ equação (B.60) é, neste caso, equivalente a, dX 2b 4 X = a p + d εθ 3 3 que pode ser resolvida analiticamente : ; X (t = 0) = 0 (B .62) 69 X = 2a 2b p (1 − exp(− ε )) 3b 3 θ (B .63) Logo, um conjunto completo de equações constitutivas para um duro fechado nas extremidades, simplificadas pelo fato da pressão ser sempre positiva ou nula é: (εθ - εθp ) = (εr (1 + ν ) ν (2 - ν ) σθ - (σθ + σz ) = σθ 2E E E + εθp ) = − εz = 1 − 2ν (1 − 2ν ) σθ = (ε 2E (2 - ν ) θ εθp . p ≥ 0; F = X = 3ν 3ν σθ = − (ε 2E (2 - ν ) θ = - εθp ) - εθp ) 3 σθ − X p 2 σθ − X (B .56) (B .57) (B .58) (B .59) . 3 σθ − X - Y ≤ 0 ; p F = 0 2 (B .61) 2a 2b p (1 − exp(− ε )) 3b 3 θ (B .63) ⎡ ⎢⎣ Y = σy + v1 ⎢ 1 − exp(− 2v2 ⎤ εθp ) ⎥ ⎥⎦ 3 (B .64) ou Y = σy + K ( 2 3 ) N p εθ (B .65) Analogamente ao que foi feito para dutos abertos nas extremidades, com pressão estritamente crescente (P > 0 , sem descarga elástica ) , é possível resolver analiticamente as equações (B.59) – (B.61) obtendo-se uma expressão associando a tensão com a deformação plástica. . A condição de complementaridade p F = 0 implica em que F = 0 se p ≠0, isto é, só há escoamento quando F = 3 (σ − X ) - Y = 0 . Logo, 2 θ σθ = X + 2 Y 3 (B .66) 70 quando há escoamento (p = 2 p ε > 0) . Logo, tem-se as seguintes equações, 3 θ 2 p N 2σy 2a 2b p σθ = (1 − exp(− ε )) + + K( εθ ) , se σθ > σy 3b 3 θ 3 3 X (B .67) Y onde x = Max{0,x}, se a expressão (B.6.2) for considerada para o endurecimento isotrópico Y ou, σθ = 2v 2 p 2σy 2v 2a 2b p εθ )) + + 1 (1- exp((1 − exp(− εθ )) , se σθ > σy 3 3b 3 3 3 X (B .68) Y se a expressão (B.6.1) for considerada. A principal diferença entre as expressões (B.67) e (B.68) é que a segunda admite um valor máximo para a tensão, σθ máximo= X max + Ymax = 2a 2 2 a + (σy + v1 ) = ( + σy + v1 ) 3b 3 3 b N X max Ymax Portanto, um conjunto completo de equações constitutivas para um duto fechado nas extremidades, simplificadas usando-se o fato de que P≥0 e considerando-se P > 0 é dado por: 71 (εθ - εθp ) = (εr (1 + ν ) ν (2 - ν ) σθ - (σθ + σz ) = σθ 2E E E + εθp ) = − 3ν 3ν σθ = − (ε 2E (2 - ν ) θ 1 − 2ν (1 − 2ν ) σθ = (ε 2E (2 - ν ) θ A deformação plástica εθp é tal que εz = (B .56) - εθp ) (B .57) - εθp ) (B .58) N 2 p 2σy 2a 2b p (1 − exp(− + K ( εθ ) , se σθ > σy σθ = εθ )) + 3b 3 3 3 X (B .67) Y se a expressão (B.6.2) for considerada para o endurecimento isotrópico Y ou, σθ = 2v 2 p 2σy 2a 2b p 2v εθ )) + + 1 (1- exp((1 − exp(− εθ )) , se σθ > σy 3 3b 3 3 3 X (B .68) Y se a expressão (B.6.1) for considerada. Ou seja, neste caso, a análise do problema para as componentes circunferenciais é ⎛ 2E ⎞⎟ exatamente igual a estudar um duto aberto nas extremidades, usando ⎜⎜ ⎟, ⎝ (2 - ν ) ⎠⎟ ⎛ 2σy ⎜⎜ ⎜⎝ 3 ⎞⎟ ⎟, ⎠⎟ ⎛ 2v1 ⎞⎟ ⎛ 2v2 ⎞⎟ ⎜⎜ ,⎜ ⎝ 3 ⎠⎟ ⎜⎝ 3 ⎠⎟ (( 2 K ), 3) N ( 4a3 ) e ( 2b3 ) respectivamente no lugar de E , K , σ , v , v , a e y 1 2 b. O modelo baseado nas equações (B.6.1) é interessante porque define a tensão máxima a qual o material pode resistir. Neste caso, é fácil verificar que a máxima tensão tangencial que o material pode suportar é dada por Max {σθ } = X max + Ymax = 2a 2 2 a (σy + v1 ) = ( + σy + v1 ) + 3b 3 3 b N X max Ymax e, portanto, a pressão de ruptura é dada por, ⇒ P MAX = 2e a ( + σy + v1 ) R 3 b (B .69) 72 Ou seja, a pressão de ruptura num duto fechado nas extremidades é 2 vezes superior 3 (1,155 vezes – 15,5 %) a pressão de ruptura de um duto aberto nas extremidades. O mesmo acontece com a pressão de escoamento. Como já foi comentado no caso de dutos abertos, o endurecimento cinemático só tem papel fundamental em problemas onde ocorrem deformações plásticas cíclicas, o que não é o caso de uma tubulação com carregamento crescente. Portanto, é uma simplificação razoável considerar o endurecimento puramente isotrópico ( X = 0 ) e, portanto, tem-se as seguintes expressões analíticas εθp = onde ⎛ 2σ σθ −⎜⎜⎜ y ⎝ ⎛ ⎜⎜ ⎜⎝ ⎞⎟ ⎟⎟ ⎠⎟ N 3 2 ⎞⎟(N + 1) ⎟ K 3 ⎠⎟ (B .70) x = Max{0,x}, se a expressão (B.6.2) for considerada para o endurecimento isotrópico Y ou εθp ⎡ ⎛ 2 Ãy ⎞⎟ ⎤ ⎢ ⎜⎜ ⎟⎟ + a - σθ ⎥ ⎢ ⎜⎝ 3 ⎠⎟ ⎥ ⎥ − ln ⎢ 2a ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ 3 ⎢⎣ ⎥⎦ = 2b 3 ( ) ( ) (B .71) se a expressão (B.6.1) for considerada. Finalmente, um conjunto completo de equações para duto fechado nas extremidades, > 0 . Sem endurecimento simplificadas usando-se o fato de que P≥0 e considerando-se P cinemático é dado por: 73 (εθ - εθp ) = (εr (1 + ν ) ν (2 - ν ) σθ - (σθ + σz ) = σθ 2E E E + εθp ) = − εz = 3ν 3ν σθ = − (ε 2E (2 - ν ) θ 1 − 2ν (1 − 2ν ) σθ = (ε 2E (2 - ν ) θ εθp = ⎛ 2σ σθ −⎜⎜⎜ y ⎝ ⎛ ⎜⎜ ⎜⎝ ⎞⎟ ⎟⎟ ⎠⎟ - εθp ) - εθp ) (B .56) (B .57) (B .58) N 3 2 ⎞⎟(N + 1) ⎟ K 3 ⎠⎟ (B .70) se a expressão (B.6.2) for considerada para o endurecimento isotrópico Y ou, εθp ⎡ ⎛ 2σy ⎞⎟ ⎤ ⎢ ⎜⎜ ⎟⎟ + a - σθ ⎥ ⎢⎝ 3 ⎠ ⎥ − ln ⎢ ⎥ a 2 ⎢ ⎥ ⎢⎢ ⎥⎥ 3 ⎣ ⎦ = 2b 3 ( ) ( ) (B .71) se a expressão (B.6.1) for considerada. B. 5 Comparação com dados experimentais Na seção anterior, foi mostrado que, usando-se o modelo oriundo da Teoria da Plasticidade, a tensão tangencial máxima que um duto fechado nas extremidades pode suportar é 2/√3 (1.155) vezes a tensão de ruptura de um duto aberto nas extremidades (a qual coincide com a tensão de ruptura num ensaio uniaxial). Portanto, um duto fechado nas extremidades pode suportar cargas 15.5% maiores do que um duto aberto nas extremidades, constituído do mesmo material. Apesar deste cálculo ser simples, ele não é levado em conta mesmo nas normas mais respeitadas mundialmente. Por exemplo, o ASME Boiler and Pressure Vessel Code – Section VII – Division 1, 1992 ed. 1995 addenda, apresenta a seguinte fórmula para o cálculo da pressão necessária para a ruptura no sentido longitudinal (tensão circunferencial) 74 ηe P MAX = r + 0.6e (σmax ) i (B .72) Onde, σ max é a máxima tensão admissível =limite de ruptura uniaxial (psi) η = eficiência da junta soldada = 1 (para duto sem costura) ri = Raio interno (polegada) e = espessura da parede (polegada) Para um duto de paredes finas sem costura, o código ASME sugere obter a pressão máxima multiplicando a tensão máxima obtida num ensaio uniaxial pelo fator enquanto que, pela teoria da plasticidade, esta deveria ser multiplicada pelo fator e , ri + 0.6e 2e ri 3 . Em [11] foi feito um ensaio hidrostático num duto constituído por uma liga de alumínio SB – 241 6063 –T5. Al Si Fe Cu Mn Mg Zn Ti 98.83 0.41 0.07 0.003 0.004 0.19 0.006 0.003 Tabela B.1: Liga de alumínio SB – 241 6063 –T5. Composição Química percentual E com as seguintes características, σ max (média de 5 ensaios uniaxiais, corpo de prova ASTM B557) = 25762 psi ri = 2,52’’ e = 0,258’’ O cilindro foi conectado a uma bomba de teste hidrostático e introduzido em uma câmara de teste. A elevação da pressão foi feita de uma forma gradual, em 6 etapas, 775, 1526, 2027, 2482, 2983 e 3011 psi. 75 A partir do experimento, concluiu-se que, Pressão de ruptura – experimental = 3011 psi Pressão de ruptura - norma ASME = 2485 psi (ruptura 17,5% abaixo) Pressão de ruptura – modelo proposto = 3036 psi (ruptura 0.8% acima) Obviamente, como era de se esperar, o código ASME é mais conservativo, enquanto que a previsão obtida através da teoria da elasto-plasticidade é mais próxima da realidade. A estimativa pela norma ASME e a estimativa pela teoria da elasto-plasticidade podem ser usadas como limites inferior e superior para a pressão de ruptura num duto. Em [12] foi feito um ensaio hidrostático num duto constituído por uma liga de aço 15CDV6. O duto ensaiado possuía as seguintes características: σ max = 981 MPa σy = 833.85 MPa ri = 102 mm e = 2,6 mm Após a realização do ensaio e comparando as pressões de ruptura, concluiu-se, Pressão de ruptura – experimental = 28,86 MPa Pressão de ruptura - norma ASME = 24,63 MPa (ruptura 14,7% abaixo) Pressão de ruptura – elasto-plasticidade = 28,87 MPa Neste caso, o código ASME é também mais conservativo, enquanto que a previsão obtida através da teoria da elasto-plasticidade é mais próxima da realidade. Em [13] apresenta-se uma série de resultados baseados em dutos de aços maraging. Estes resultados, segundo esta referência, foram obtidos em [14]. 76 Espessura da parede (mm) 1,630 Pressão de ruptura (MPa) Experimental 86,62 Pressão de ruptura (MPa) Modelo 90,13 1,735 92,30 95,94 1,756 94,50 97,10 1,763 94,00 97,49 1,793 94,00 99,14 Tabela B.2: Comparação entre as pressões de ruptura dos dutos de aço maraging ( σ max = 2155 MPa; r = 45 mm) A diferença entre a previsão pelo modelo e a experiência, neste caso, é maior. Contudo, é importante observar que estes dutos eram soldados o que pode reduzir a pressão de ruptura Isto é, a eficiência η da junta soldada é menor do que 1. Neste caso sugere-se usar, analogamente ao código ASME, o modelo com um fator de correção para soldas: 2η e (σ max ) 3 P MAX = R No caso anterior este valor seria, aproximadamente 0,96.