Informativo São Vicente – Setembro a Outubro de 2011

Transcrição

Informativo São Vicente – Setembro a Outubro de 2011
INFORMATIVO SÃO VICENTE
Boletim de circulação interna da
Província Brasileira da Congregação da Missão
Ano XLIV - No 287
“Colher os frutos do Jubileu”.
Que as diferentes Associações
partilhem os frutos de sua
reflexão, de tal modo que, no
dia em que celebramos a festa
de São Vicente de Paulo,
possam
oferecer,
na
Celebração Eucarística, o fruto
dessa reflexão e, assim,
expressar, de alguma forma,
os compromissos assumidos.
O objetivo é celebrar e
aprofundar o significado dos
frutos do Jubileu, procurando
ver como o Espírito do Senhor
nos convida, como Família, a
aprofundar nossas raízes
neste carisma e a descobrir
como fazer para que o desafio
“Caridade-Missão” continue e
cresça sempre mais entre nós,
para o bem dos Pobres (Pe.
Gregory Gay, C. M.).
Setembro  Outubro de 2011
Rua Cosme Velho, 241
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Equipe responsável pelo
Informativo São Vicente
- Pe. Vinícius Augusto R. Teixeira
- Pe. Paulo Eustáquio Venuto
- Pe. Gentil José Soares da Silva
Revisão:
- Pe. Lauro Palú
Formatação e Impressão:
- Cristina Vellaco
- Equipe de Mecanografia do
Colégio São Vicente de Paulo
245
Sumário
Editorial ..............................................................................................
Voz da Igreja .......................................................................................
Superior Geral ....................................................................................
Palavra do Visitador ...........................................................................
247
249
253
280
Vida Eclesial
Papel dos ex-seminaristas na Igreja .........................
Pe. João Batista Libânio, S.J.
282
Espiritualidade
É hora de alargar o espaço da própria tenda ...........
Pe. Eli Chaves dos Santos, C. M.
284
Herança
Vicentina
A relação entre oração e perseverança na vocação vicentina
..................................................................
Tiago de França da Silva
289
294
CLAPVI
Encontro de Misssionários da Congregação da Missão na
América Latina e no Caribe ...........................
Pe. Agnaldo Aparecido de Paula, C. M.
301
Vida da Província
Crônicas da XIV Assembleia Ordinária da CLAPVI ....
Pe. José Jair Vélez, C. M.
SAVV
Retiro Provincial – 2011 ...........................................
305
Caminhada do SAVV na PBCM .................................
Pe. Alexandre Nahass Franco, C. M.
315
Bendita aquela que vem em nome do Senhor ........
Pe. Francisco Ermelindo Gomes, C. M.
317
Formação
Permanente
Filhas
da Caridade
Família Vicentina
Conjuntura
319
Manhã de oração da Família Vicentina – B.H ..........
Reflexões
Rede de apoio e solidariedade abraça Comunidade Dandara
...................................................................
Maria do Rosário de Oliveira Carneiro
321
324
Idas e vindas do anúncio – II ....................................
Pe. Alex Sandro Reis, C. M.
Notícias .........................................................................................................
246
326
Editorial
Colher os frutos do Jubileu
A celebração do Dia de Oração da Família
Vicentina – na Solenidade de São Vicente de
Paulo, neste ano de 2011, teve como tema:
“Colher os frutos do Jubileu”. Trata-se de uma
convocação para que recolhamos, no
depositário de nossa memória e na pujança de
nossa criatividade, as vivências, ressonâncias e
apelos da celebração dos 350 anos da morte de
São Vicente de Paulo e de Santa Luísa de
Marillac, encontrando aí um vigoroso impulso
para avançar na itinerância da Caridade e da Missão.
Talvez ainda não estejam suficientemente maduros os frutos que
esperamos colher da proveitosa celebração do Ano Jubilar. O que temos são
nossas mãos repletas de promissoras sementes. E, como toda semente traz em si
a potência dos frutos, somos desafiados a encontrar formas criativas e audaciosas
de cultivo daquelas que nos foram confiadas, sem jamais perder tempo antes de
lançá-las nos terrenos férteis da espiritualidade, da formação e do serviço aos
Pobres.
Por meio de celebrações, encontros, retiros, publicações, subsídios e outras
iniciativas, muito foi feito em vista do aprofundamento, da revitalização e da
difusão da espiritualidade vicentina, entendida como um estilo de vida centrado
na pessoa de Jesus Cristo, evangelizador e servidor dos Pobres. Nesta forma
específica de viver o Evangelho, suscitada pelo Espírito em São Vicente e Santa
Luísa, descobrimos um belo e comprometedor caminho de santidade, cujos
percursos nos conduzem irrevogavelmente aos Pobres do mundo. A jubilosa
gratidão pelo dom recebido não nos permite ficar parados diante da urgência de
explorar a riqueza da tradição de que somos herdeiros, nem nos autoriza a reter
em benefício próprio a alegria proveniente da vocação a que fomos chamados:
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“Nos caminhos de Deus, não avançar é retroceder” (SV II, 129). Por isso, num
ritmo crescente, vamos firmando a convicção de que precisamos “beber em
nosso próprio poço”, entrando ou perseverando num qualificado processo de
formação permanente e atraindo para ele todos os que manifestam o propósito
de palmilhar as mesmas sendas, a fim de encontrar na tessitura do legado
vicentino o princípio dinamizador da Caridade e a intuição que fundamenta e
anima a Missão.
Ainda temos um longo caminho a percorrer. Disso, ninguém duvida. De fato,
urge aperfeiçoar e desenvolver projetos formativos de revigoramento espiritual e
missionário de nossas bases, possibilitando aos pequenos grupos o acesso à fonte
abundante e cristalina da qual depende o florescimento de nosso carisma na
Igreja e no mundo. Para isso, há que se aprimorar e ampliar o serviço de
assessoria à Família Vicentina, a) assegurando nossa íntima vinculação com os
Pobres, por meio do contato direto com seus dramas e esperanças, de modo que
falemos do que conhecemos e assumimos; b) superando a tríplice tentação da
superficialidade no cultivo da espiritualidade, da mediocridade no
aprofundamento de nossa herança e da acomodação diante dos deveres a
cumprir; c) exercitando-nos na disponibilidade e na gratuidade diante das
solicitações que nos chegam para contribuir na formação dos leigos e leigas, com
especial atenção para os grupos de menor visibilidade; d) estimulando a
capacitação de novos assessores que, mediante seu efetivo compromisso com os
Pobres, se disponham a transmitir, com simplicidade e competência, o frescor
místico e a contundência profética de nossa espiritualidade.
É assim que nos será dado colher os frutos maduros do Jubileu e suscitar a
mesma paixão por Cristo e pelos Pobres que movia São Vicente, Santa Luísa e
todos aqueles que nos precederam na Caridade e na Missão e que, do Céu, nos
inspiram com seu exemplo e nos acompanham com sua intercessão.
Pe. Vinícius Augusto Ribeiro Teixeira, C. M.
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Voz da Igreja
Mensagem de Bento XVI
para o 85º Dia Mundial das Missões
23 de outubro de 2011
"Como o Pai me enviou, também Eu vos envio" (Jo 20,21)
Por ocasião do Jubileu do Ano
2000, o Venerável Papa João Paulo II,
no início de um novo milênio da era
cristã, reiterou com força a
necessidade
de
renovar
o
compromisso de levar a todos o
anúncio do Evangelho, com "o mesmo
entusiasmo dos cristãos da primeira
hora" (Carta Apostólica Novo Millennio
Ineunte, n. 58). É o serviço mais precioso que a Igreja pode prestar à
humanidade e a cada pessoa individualmente em busca das profundas
razões para viver a própria existência em plenitude.
Por isto, aquele mesmo convite ressoa cada ano na celebração do Dia
Mundial das Missões. Com efeito, o anúncio incessante do Evangelho vivifica
também a Igreja, o seu fervor e o seu espírito apostólico, renova os seus
métodos pastorais, para que sejam cada vez mais apropriados às novas
situações - inclusive as que exigem uma nova evangelização - e animados
pelo impulso missionário: "A Missão renova a Igreja, revigora a sua fé e
identidade, dá a ela novo entusiasmo e novas motivações. É doando a fé, que
ela se fortalece! A nova evangelização dos povos cristãos também
encontrará inspiração e apoio no empenho pela Missão universal" (João
Paulo II, Carta Encíclica Redemptoris Missio, 2).
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Ide e anunciai
Esta finalidade é continuamente renovada pela celebração da liturgia,
de maneira especial da Eucaristia, que se conclui sempre fazendo ressoar o
mandato de Jesus ressuscitado aos Apóstolos: "Ide..." (Mt 28, 19). A liturgia
é sempre um chamamento "do mundo" e um novo envio "ao mundo", para
dar testemunho daquilo que se experimenta: o poder salvífico da Palavra de
Deus, o poder salvífico do Mistério Pascal de Cristo.
Todos aqueles que encontraram o Senhor ressuscitado sentiram a
necessidade de o anunciar aos outros, como fizeram os dois discípulos de
Emaús. Depois de terem reconhecido o Senhor na fração do pão, eles
"partiram sem hesitação e voltaram para Jerusalém. Aí encontraram
reunidos os Onze, e contaram o que lhes tinha acontecido ao longo do
caminho” (Lc 24, 33-35). O Papa João Paulo II exortava a sermos "vigilantes e
prontos para reconhecer o seu rosto e correr a levar aos nossos irmãos o
grande anúncio: "Vimos o Senhor!”(Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte,
59).
A todos
Os destinatários do anúncio do Evangelho são todos os povos. A Igreja,
"é, por sua natureza, missionária, visto que tem a sua origem, segundo o
desígnio de Deus-Pai, na Missão do Filho e do Espírito Santo" (Concílio
Ecumênico Vaticano II, Decreto Ad Gentes, 2). Esta é "a graça e a vocação
própria da Igreja... Ela existe para evangelizar" (Paulo VI, Exortação
Apostólica Evangelii Nuntiandi, 14). Consequentemente, ela nunca pode
fechar-se em si mesma. Ela se enraíza em determinados locais, para ir além.
A sua obra, em adesão à Palavra de Cristo e sob o influxo da Sua graça e da
Sua caridade, faz-se plena e atualmente presente a todos os homens e a
todos os povos, para conduzi-los à fé em Cristo (cf. Ad Gentes, 51).
Esta tarefa não perdeu a sua urgência. Pelo contrário, "a Missão do
Cristo-Redentor, confiada à Igreja, está ainda bem longe do seu pleno
cumprimento... Uma visão geral da humanidade mostra que tal Missão está
ainda no começo, e que devemos empenhar-nos com todas as forças no seu
serviço" (João Paulo II, Carta Encíclica Redemptoris Missio, 1). Não podemos
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permanecer tranquilos, pensando que, depois de dois mil anos, ainda
existem povos que não conhecem Cristo e ainda não ouviram a sua
mensagem de Salvação.
Não só, mas aumenta o número daqueles que, embora tenham
recebido o anúncio do Evangelho, já o esqueceram e abandonaram, já não
se reconhecem na Igreja; e muitos ambientes, também em sociedades
tradicionalmente cristãs, são hoje resistentes a abrir-se à Palavra da Fé. Está
em curso uma mudança cultural, alimentada também pela globalização, por
movimentos de pensamento e pelo relativismo imperante, uma mudança
que leva a uma mentalidade e a um estilo de vida que prescindem da
mensagem do Evangelho, como se Deus não existisse, e que exaltam a busca
do bem-estar, do lucro fácil, da carreira e do sucesso como finalidade da
vida, mesmo em detrimento dos valores morais.
Corresponsabilidade de todos
A Missão universal empenha a todos, tudo e sempre. O Evangelho não
é um bem exclusivo de quem o recebeu, mas constitui uma dádiva a
compartilhar, uma boa-notícia a comunicar. E este dom-compromisso é
confiado não apenas a alguns, mas sim a todos os batizados, que são "a
gente escolhida... a nação santa, o povo que ele adquiriu" (1Pd 2,9), para que
proclame as suas obras maravilhosas.
Estão também envolvidas todas as suas atividades. A atenção e a
cooperação para a obra evangelizadora da Igreja no mundo não podem ser
limitadas a alguns momentos e ocasiões particulares, nem sequer podem ser
consideradas como uma das numerosas atividades pastorais: a dimensão
missionária da Igreja é essencial e, portanto, deve ser sempre considerada. É
importante que tanto os indivíduos batizados como as comunidades eclesiais
estejam interessados, não de modo esporádico e irregular na Missão, mas de
maneira constante, como forma de vida cristã.
O próprio Dia Mundial das Missões não constitui um momento isolado
no curso do ano, mas é uma ocasião preciosa para nos determos e
meditarmos se e como respondemos à vocação missionária: uma resposta
essencial para a vida da Igreja.
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Evangelização global
A evangelização é um processo complexo e compreende vários
elementos. Entre eles, uma peculiar atenção por parte da animação
missionária foi sempre prestada à solidariedade. Esta é também uma das
finalidades do Dia Mundial das Missões, que, por meio das Pontifícias Obras
Missionárias, solicita ajuda para o cumprimento das tarefas de evangelização
nos territórios de Missão. Trata-se de apoiar instituições necessárias para
estabelecer e consolidar a Igreja por meio dos catequistas, dos seminários e
dos sacerdotes, e também de oferecer a própria contribuição para o
melhoramento das condições de vida das pessoas em países onde são mais
graves os fenômenos de pobreza, subalimentação - sobretudo infantil -,
doenças, carência de serviços médicos e para a educação. Também isto faz
parte da Missão da Igreja. Anunciando o Evangelho, ela toma a peito a vida
humana em pleno sentido. Não é aceitável, reiterava o Servo de Deus Papa
Paulo VI, que na evangelização se descuidem os temas relativos à promoção
humana, à justiça, à libertação de todas as formas de opressão, obviamente
no respeito pela autonomia da esfera política. Desinteressar-se dos
problemas temporais da humanidade significaria "ignorar a doutrina do
Evangelho sobre o amor ao próximo que sofre ou que se encontra em
necessidade" (Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, 31.34). Não estaria
em sintonia com o comportamento de Jesus, que percorria "todas as cidades
e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando a Boa-Nova do Reino e
curando todo tipo de doença e enfermidade" (Mt 9, 35).
Assim, por meio da participação corresponsável da Missão da Igreja, o
cristão torna-se construtor da comunhão, da paz, da solidariedade que Cristo
nos concedeu e colabora para a realização do plano salvífico de Deus para
toda a humanidade. Os desafios que ela encontra chamam os cristãos a
caminhar juntamente com os outros e a Missão faz parte integrante deste
caminho com todos. Nela, nós trazemos, ainda que seja em vasos de barro, a
nossa vocação cristã, o tesouro inestimável do Evangelho, o testemunho vivo
de Jesus morto e ressuscitado, encontrado e acreditado na Igreja.
O Dia Mundial das Missões reavive em cada um o desejo e a alegria de
"ir" ao encontro da humanidade levando Cristo a todos. No seu nome,
concedo-vos de coração a Bênção Apostólica, em particular aos que mais se
afadigam e sofrem por causa do Evangelho.
Vaticano, 6 de janeiro de 2011
Solenidade da Epifania do Senhor
252
Superior Geral
CONGREGAZIONE DELLA MISSIONE
CURIA GENERALIZIA
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00164 Roma – Itália
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Fax (39) 06 666 3831
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Apelo para a Missão
Outubro de 2011
A todos os Membros da Congregação da Missão
Queridos Missionários
Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo cumulem seus corações
agora e sempre!
Meus irmãos, mais uma vez nos encontramos no mês de outubro,
ocasião em que, tradicionalmente, o Superior Geral faz um chamado aos
Missionários de todo o mundo para que respondam às necessidades de
nossas
próprias
missões
internacionais,
aos
pedidos
provenientes
de
Províncias
particulares ou de bispos.
Gostaria de começar esta carta
de Apelo para a Missão com uma
experiência que tive em setembro.
Convidaram-me para participar do
100º aniversário da Província de
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Madagascar. Acompanhado pelo Assistente Geral, Pe. Zaracristos, participei
de muitas celebrações para festejar este tempo memorável na história da
Província. Como todos sabemos, a missão de Madagascar foi muito amada
pelo próprio São Vicente que, inclusive em sua idade avançada, manifestava
o desejo de ir para lá, ainda que reconhecendo sua impossibilidade. É um
lugar para o qual o próprio São Vicente enviou mais de 30 Missionários,
tanto Padres quanto Irmãos; nenhum deles sobreviveu à experiência, dando
a vida pela missão, um gesto admirável por parte desses Missionários.
Madagascar, uma vez mais, voltou à vida, depois daquela primeira
experiência de Missionários, como uma Província que, agora, é formada por
Coirmãos de várias nações e culturas, assim como por nascidos malgaxes.
Um dos efeitos de ser uma Província durante 100 anos é um número
suficiente de Missionários para enviar a outras Províncias necessitadas.
No dia 25 de setembro, na Catedral de São Vicente de Paulo, de
Talagnaro, celebramos a Missa de envio de quatro Missionários. Roch
Alexandre Ramiligaona vai para a missão internacional do Tchad, onde a
Província de Madagascar, com outros membros da Conferência de
Visitadores da África e de Madagascar (COVIAM), trabalhará em colaboração
com as Filhas da Caridade e os cristãos do local. Um Missionário de
Camarões e outro da Nigéria já começaram a missão nessa área.
Sedy Rabarijaona respondeu minha última carta de Apelo para a
Missão, na qual a Província de Porto Rico pedia Missionários para as
necessidades urgentes dos haitianos, especialmente os haitianos em
diáspora. Sedy irá para a República Dominicana, a fim de trabalhar com os
haitianos, juntamente com os Missionários da Província de Porto Rico.
Pe. Calvin Tsimangovy e o Irmão Joseph Razafindrabe iniciarão uma
missão em na ilha Reunião (região administrativa da França) uma missão
conjunta das Províncias de Paris e de Madagascar. Na história de Madagascar,
enviavam-se Vicentinos para Réunion com a esperança de que voltassem a
Madagascar, algum dia, depois de tê-la deixado. Atualmente, não há presença
da Congregação da Missão em Réunion. Estou admirado de ver que, como na
tradição da Congregação, um Irmão se une aos esforços missionários.
Sem dúvida, Madagascar é, em si mesmo, um país de missão. Sou
muito grato pelo magnífico trabalho que os Missionários da Polônia,
Espanha, Itália, França e Eslovênia têm realizado desde o princípio e
continuam realizando juntamente com nossos Missionários malgaxes.
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Contudo, a ação missionária em outros países é para mim um sinal da
maturidade da Província de Madagascar, cujos Missionários são conscientes
de que, embora tenham sido formados em Madagascar, são Missionários
para a Congregação da Missão e, por isso, estão disponíveis para ir aonde
possam ser chamados e onde quer que haja uma necessidade.
Consciente disso, agradeço à Província de Madagascar pelo exemplo
que dá a todos na Congregação da Missão. Animo a todos vocês para que
reflitam seriamente sobre os conteúdos da Carta de Apelo para a Missão que
dá informações atualizadas sobre nossas missões, assim como sobre os
novos convites que recebemos e destaca algumas missões especiais. No final
da carta, está o procedimento que devem seguir, quando houver o desejo de
oferecer-se como Missionário para além dos limites de sua própria Província.
Sempre existe a possibilidade, meus irmãos, de responder às petições
do Superior Geral, bem como às petições de diferentes Províncias para
fortalecer nossa colaboração em toda a Congregação. O documento de
nossa Assembléia Geral nos pede que respondamos com enorme
criatividade à Missão e à Caridade. Gostaria de ressaltar três de nossas
Linhas de Ação, que nos chamam a:
 Promover a disponibilidade e a mobilidade pessoal;
 Participar em novos e desafiadores projetos missionários, assumir
novos trabalhos de evangelização em áreas de novas culturas
emergentes, no diálogo ecumênico e religioso;
 Ir às missões ad gentes mais distantes.
Nossa Assembleia Geral convidou-nos a realizar essas ações e, ao
enviar-lhes este Apelo Missionário de 2011, espero que sejamos capazes de
responder.
MISSÕES INTERNACIONAIS
1. Começo com uma atualização de nossas missões internacionais já
existentes, para as quais sempre há oportunidade de oferecer-se como
voluntário, caso alguém se sinta chamado a isso. Em El Alto, Bolívia,
neste último ano, temos um novo Missionário, Pe. Emilio Torres, da
Província do Peru, que se uniu a outros três Missionários. Recordo os
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nomes dos outros Missionários e peço-lhes que orem para que
conduzam com êxito a missão: Cyril de Nanteuil, de Paris; Diego de Plá,
de Madri; e Aidan Rooney, superior da missão, da Província Leste dos
Estados Unidos. Como vocês poderão recordar, iniciamos uma nova
missão em Cochabamba, no ano passado, com os Missionários Joel
Vásquez, da Colômbia; David Paniagua e Jorge Manríquez Castro, da
Província do Chile. Estes dois últimos Missionários são provenientes da
Bolívia. A língua falada em El Alto e em Cochabamba é o espanhol, além
da língua nativa do povo.
2. A missão nas Ilhas Salomão está se expandindo. Agora, sob nossa
responsabilidade, não está apenas o Seminário para as três dioceses das
Ilhas Salomão, que compreende Filosofia e Teologia, mas também uma
paróquia. Além disso, os Missionários se estenderam a outra paróquia,
numa das dioceses vizinhas, onde o bispo nos convidou a trabalhar.
Dentro do grupo de Coirmãos que trabalham nas Ilhas Salomão, está
Victor Bieler, nosso ex-Assistente Geral, que é um exemplo para nós,
porque continua tendo este espírito missionário aos 82 anos de idade. Os
que acabam de chegar à missão são: Raul Castro, da Argentina; Tewolde
Negussie Teclemicael, da Província de São Justino de Jacobis; Augustinus
Marsup, que voltou da Indonésia; Yohanes Agus Styeno, da Indonésia; e
Joachim Nwaorgu Udochukwu, da Nigéria. Ivica Gregurec, da Eslovênia,
continua na missão. Já sabemos que a missão das Ilhas Salomão está sob a
responsabilidade da Cúria Geral, com a ajuda especial da Conferência dos
Visitadores da Ásia e do Pacífico (APVC). A missão é coordenada pelos
serviços de seu superior, Greg Walsh, da Austrália. Quero agradecer
também a Flaviano Caintic, das Filipinas, por seu serviço tão generoso
durante estes três últimos anos nas Ilhas Salomão.
3. Em Papua-Nova Guiné (PNG), a missão caminha com força neste
momento, com 4 Missionários: o recém chegado, Emmanuel La Paz, das
Filipinas, que se uniu a Justino Eke, da Nigéria, e Wlodzimierz Molota, da
Polônia. São coordenados pelos serviços gerais de Homero Marín, da
Colômbia. Felizmente, antes que o ano termine ou no princípio do ano
que vem, Georges Maylaa, da Província do Oriente se unirá à missão em
PNG, assim como Jude Leme, da Província da Nigéria. As línguas de ambos
os países, Ilhas Salomão e Papua Nova Guiné, são inglês e inglês Pidgin.
256
NOVAS MISSÕES
1. Recebemos, nos últimos tempos, uma carta do novo bispo da Diocese de
Alotau Sideia, em Papua-Nova Guiné, nosso Coirmão Rolly Santos,
anteriormente e durante muito tempo missionário em Papua Nova Guiné,
além de um ano de serviço como Visitador da Província das Filipinas. Rolly
escreve para perguntar se podemos incluir esta diocese na presente Carta de
Apelo para a Missão. Diz que, provavelmente, sua diocese é uma das maiores
dioceses do mundo em termos de extensão territorial e muitas paróquias
estão separadas por grandes espaços oceânicos. Algumas estão tão distantes
que se gasta dois dias até chegar lá, por meio de um barco motorizado.
Atualmente, a diocese sofre uma grande necessidade de sacerdotes. Conta
com 21 sacerdotes que servem a 17 paróquias, mas 5 desses sacerdotes têm
75 anos de idade e até mais. Algumas paróquias têm 20 capelas ou
comunidades. Ele gostaria, concretamente, de poder contar com dois Padres
Vicentinos e um Irmão, se possível, para que fossem a Kiriwina, nas ilhas
Trobrand. Há, neste lugar, duas paróquias grandes, com uma população ativa
de umas 2.500 pessoas. Cada uma das paróquias tem seis capelas e três
escolas católicas de ensino primário e fundamental. Informa que é preferível
que os Missionários estejam fisicamente em plena forma e sejam capazes de
viajar pelo mar, quando as circunstâncias o exijam. Finalmente, diz em sua
petição que os Missionários que forem destinados devem saber como viver de
modo simples, adaptando-se às condições do lugar, dado que não há
eletricidade e, por isso mesmo, nem televisão nem centros comerciais. Esta é
uma de nossas novas petições para apoiar uma área do mundo onde já temos
uma presença significativa e onde vocações estão surgindo. As línguas são o
inglês e a língua do povo.
2. Outro projeto da Cúria para as missões internacionais está no Tchad, em
estreita colaboração com os Visitadores da África e Madagascar (COVIAM).
Atualmente, há três Coirmãos na missão: Albert Aching Kitikil, da Província de
Paris, proveniente de Camarões; Onyeachi Sunday Ugwu, da Província da
Nigéria; e Rock Alexandre Ramiligaona, de Madagascar. Visitei os Coirmãos
nesta missão. Eles se associaram a um grupo de Filhas da Caridade da
Província de San Sebastián. As Irmãs estão trabalhando nessa região afastada
há mais de dez anos. É uma missão simples e difícil. Não está limitada,
necessariamente, aos Missionários de COVIAM, de modo que qualquer um é
convidado a considerá-la como uma possibilidade. A língua oficial é o francês,
mas, logicamente, as pessoas também falam a língua local.
257
3. Para mim, é uma alegria muito grande anunciar-lhes que, no dia 1 de
setembro, chegaram ao seu destino dois Missionários enviados a Túnis:
Pe. Firmin Mola Mbalo, da Província de Tolosa, originário do Congo, e o
Irmão Henry Escurel, das Filipinas.
4. Outra missão que iniciamos, pelo menos dando os primeiros passos,
tentando encontrar o lugar adequado para servir, é Angola. A fundação
desta missão foi assumida, até o momento, pelo Pe. José María Nieto, exAssistente Geral, e pelo Pe. José Martínez Ramírez, da Província do México.
Recebi um comunicado das Filhas da Caridade que trabalham em Angola,
bem como dos ramos da Família Vicentina, expressando como estão
contentes pelo fato de que, finalmente, fomos capazes de estabelecer nossa
presença entre a Família Vicentina e o povo deste pobre país de língua
portuguesa. Alimentamos a esperança de que aos dois se juntará um
terceiro Missionário, até que o Conselho Geral decida o lugar do centro da
missão. Pe. Nieto e Pe. Pepe estudarão três pedidos que recebemos de
Angola. São as dioceses de Malanje, Sumbre e Mbanza Congo.
5. Recebemos outras duas solicitações, uma que nos chega da diocese de
Mbaiki, República Centro-Africana. O bispo desta diocese escreveu em
nome de toda a Conferência Episcopal do país. Os bispos dizem que este é
um momento de muito sofrimento, como consequência da crise que
todos conhecemos nos últimos dois anos. Esta diocese foi erigida em 1995
e tem somente 10 paróquias na região de Lobaye. O que mais necessitam
neste momento são sacerdotes exemplares. A consequência da falta de
formação espiritual nos anos passados fez com que uma situação de
debilidade emergisse entre os atuais sacerdotes no país. O bispo conhece
nosso carisma: uma congregação que tem dedicado sua vida ao serviço do
clero, como se fazia nos tempos de São Vicente, quando os clérigos viviam
um momento de debilidade. Gostaria de poder responder a esta
solicitação. O idioma é o francês. Temos uma presença no país. Há três
Missionários da Província de Paris que, a partir da missão de Camarões,
estabeleceram sua própria missão em Bangui.
6. Por meio das Irmãs da Medalha Milagrosa, uma congregação com raízes
na Eslovênia e uma missão em nossa Vice-Província de São Cirilo e São
Metódio, recebemos uma petição não somente da Madre Geral, mas
também do Bispo de N´Dali, Benin, para que Missionários da Congregação
da Missão possam se estabelecer naquele lugar. A diocese tem 800 mil
pessoas, 4 sacerdotes nativos, dos quais somente 1 está servindo na
diocese, 16 seminaristas e um reduzido número de sacerdotes da
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Espanha, Itália e África. É necessária uma ajuda para a evangelização
nesta região, já que o Islamismo prospera, apesar do duro trabalho dos
Missionários.
7. Do bispo da recentemente erigida diocese de Bunda, Tanzânia: há 16
sacerdotes trabalhando em 14 paróquias e outras instituições diocesanas
e a população católica está crescendo. Por parte da diocese, a missão
consiste em algumas ilhas e no Lago Victoria que a diocese não é capaz de
evangelizar por falta de sacerdotes. O bispo convida a Congregação a
trabalhar na diocese recentemente formada.
8. Na Carta de Apelo para a Missão do ano passado, recebi também uma
petição do bispo de Kaolak, no Senegal, que diz “com confiança solicito a
presença de sua Congregação para as obras de evangelização na diocese
de Kaolac”. Infelizmente, não houve resposta para esta petição, apesar do
grande desejo que se tinha de reforçar a presença missionária na diocese.
A língua é o francês.
9. O Bispo de Punta Arenas pede sacerdotes para sua diocese no sul do
Chile, onde há uma extensa área sem sacerdotes. Esta falta tem sido
suprida por alguns diáconos e há um pároco de 82 anos de idade. Há duas
Comunidades de Filhas da Caridade atendidas por sacerdotes locais e,
uma vez ao ano, por dois dias, pelo Visitador do Chile. A presença da
Congregação da Missão seria uma bênção para as Filhas da Caridade e
para a Família Vicentina naquela terra de missão. O clima tem
desanimado a muitos pelo frio intenso do inverno e pelos fortes ventos.
Há também grandes distâncias, mas pode-se apreciar a solidão da imensa
Patagônia.
MISSÕES PROVINCIAIS
1. Estou muito contente em anunciar-lhes que a Vice-Província de São Cirilo e
São Metódio foi reforçada com dois Missionários: Anthony Ekpunobi, da
Província da Nigéria, e Thomas Enchackal, um Missionário de Índia-Sul. Estão
servindo às necessidades das pessoas em seus próprios países, enquanto se
integram nesta Vice-Província de São Cirilo e São Metódio. As necessidades
desta Província são urgentes. Pude visitar Ucrânia, Bielorússia e o Oeste da
Sibéria, Niznij Tagil. Os Missionários estão fazendo um trabalho fantástico, mas
há sempre necessidade de novos Missionários que os apoiem. O idioma é
259
difícil, mas somos chamados a ser Missionários e, por isso, aprendemos
idiomas difíceis.
2. Uma vez mais, faço um chamado em favor da Província da China. A língua
é o chinês. Muitos dos Missionários vêm de todas as partes do mundo e
sempre permanece viva nossa esperança de reforçar concretamente a
missão da China continental. Permito-me anunciar-lhes que tem existido
uma grande colaboração por parte do laicato vicentino no que concerne à
China continental e, felizmente, poderemos confirmar essa constatação
com o começo de uma comunidade de MISEVI. Isso é uma esperança para
o futuro, o qual é promissor.
3. A Vice-Província de Moçambique é uma missão que continua
dependendo principalmente dos Missionários de fora. Os Missionários de
longa duração procedem de Portugal e, agora, procedem também do
Brasil, México, Nigéria, Eritréia, Argentina e Congo. A língua é o português.
A Vice-Província assumiu, recentemente, a responsabilidade que tinha a
Província de Salamanca em Nacala.
4. Também faço um chamado a todos os Missionários para que continuem
ajudando-nos a apoiar a Província de Cuba. A missão de Cuba foi
reforçada, nos dois últimos anos, com Missionários: Ángel Garrido, da
Província de Madri, proveniente de Madagascar, e Nicolás Salazar, da
Província da Colômbia. Continuamos rezando para que o Senhor nos
abençoe com vocações nesta missão.
5. Peço Missionários para nossa Província da Hungria. O número continua
sendo pequeno e, mesmo assim, a missão está viva, com Missionários
jovens que desejam servir com o espírito São Vicente de Paulo. O idioma é
o húngaro.
6. Sempre existe necessidade de Missionários para reforçar a Vice-Província
da Costa Rica, particularmente sua missão em São Tiago Apóstolo,
Amubri, Talamanca, uma zona muito montanhosa, de onde os
Missionários desta pequena Vice-Província da Congregação têm vindo
reiterar a solicitação do Superior Geral durante os últimos anos e que
ainda temos que completar, embora tenham ajuda e presença do pessoal
procedente da Província da Colômbia na área da formação. O idioma é o
espanhol e as línguas nativas.
260
7. Continuo incluindo na lista um chamado aos Missionários de todo o
mundo para nossa missão em Honduras, particularmente na zona que
está sob a responsabilidade da Província de Barcelona. Com alegria,
anuncio-lhes que a Província da Eslováquia tem uma missão em
andamento na diocese do Coirmão Bispo, Luis Solé. Atualmente, há dois
Missionários trabalhando lá. O idioma é o espanhol e o misquito. Para
aqueles que possam estar interessados em continuar apoiando a Província
de Barcelona, este é um magnífico esforço missionário.
8. Como é de costume, gostaria de fazer um apelo em favor de algumas
missões provinciais que temos. Uma vez mais, o Visitador de Porto Rico
pergunta se temos condições de enviar Missionários para a Região do
Haiti para que os Missionários de lá tenham a oportunidade de investir
em outros estudos e amadurecer no espírito vicentino. As línguas são o
francês e o crioulo.
Concluo com algumas missões especiais.
 Aproveito esta oportunidade para dizer-lhes que temos um missionário
que veio do Congo e que está trabalhando em uma missão especial no
Haiti. Pe. Jean-Pierre Mangulu está na missão sob a responsabilidade da
Cúria, trabalhando na animação da Família Vicentina, particularmente em
relação à criação de projetos para o Projeto Zafèn da Família Vicentina
Internacional. No ano passado, não somente foi confiada esta
responsabilidade ao Pe. Jean-Pierre, mas também foi-lhe pedido que
fosse o Diretor das Filhas da Caridade no Haiti. Este é um projeto muito
necessário e significativo da Congregação.
 Também quero mencionar o espírito missionário que manifestou o Pe.
Dan Borlik, nomeado Diretor Assistente de nosso programa do CIF,
para ajudar a animar os Missionários no carisma de Vicente de Paulo.
Dan começa seu período de transição neste mês. Substituirá o Pe. José
Carlos Fonsatti, que realizou um enorme trabalho, levando a cabo os
projetos do programa do CIF nestes últimos cinco anos, juntamente
com o Pe. Marcello Manimtim.
 Outra missão especial que desejo mencionar é a do Pe. Joseph
Agostino, que foi nomeado pela Comissão de Liderança da Família
Vicentina para coordenar a Comissão com uma equipe e criar um
programa para Líderes da Família Vicentina. O Pe. Joe Agostino vem da
Província Oriental dos Estados Unidos e tem trabalhado em diferentes
261
atividades relacionadas com o planejamento, tanto para sua própria
Província como para outras. Agradeço ao Pe. Joe pelo espírito
missionário, desejando partilhar seus talentos para além dos limites de
sua própria Província.
 Finalmente, uma alusão especial à nova missão de nosso ex-delegado
da Família Vicentina, Manuel Ginete. Pe. Ginete, em diálogo comigo e
com a aprovação de seu Visitador, está assumindo uma missão no Sul
do Sudão, uma missão que foi iniciada pela União dos Superiores Gerais
de Congregações Masculinas e Femininas. Trata-se de uma missão
intercongregacional, onde 20 Missionários, 15 mulheres e 5 homens, de
diferentes Congregações estão reforçando ministérios relacionados à
saúde, educação e atividades pastorais. Não estão ali para levar a cabo
essas responsabilidades por si mesmos, mas para preparar outros a fim
de que possam ser os novos responsáveis emergentes para este novo
país do Sul do Sudão. Agradeço ao Pe. Ginete por ter avançado nesta
tarefa e peço as bênçãos e a saúde de que ele necessita para responder
fielmente ao chamado que recebeu.
A oração que recitamos diariamente pede ao Senhor que envie
operários para sua vinha. Esta é minha oração para que haja uma
resposta generosa ao clamor dos que são pobres:
Exspectatio Israel, Salvator eius in tempore tribulationis, propitious de
caelo respice, vide et visita vineam istam, rivos eius inebria, multiplica
genimina eius et perfice quam plantavit dextera tua. Messis quidem
multa, operarii autem pauci. Rogamus ergo te, Dominum messis, ut
mittas operarios in messem tuam. Multiplica gentem et mmagnifica
laetitiam, ut aedificentur muri Jerusalem. Domus tua haec, Domine
Deus; domus tua haec: non sit in ea, quaesumus, lapis quem manus tua
sanctissima non posuerit. Quos autem vocasti, serva eos in nomine tuo
et santifica eos in veritate. Amen.
Seu irmão em São Vicente,
G. Gregory Gay, C. M.,
Superior Geral
262
Informações e critérios para os que escreverão
1. Depois de um período de sério discernimento, caso se sinta tocado para
apresentar-se como voluntário, por favor, envie sua carta ou e-mail a
Roma, no mais tardar até 27 de novembro de 2011 ou, novamente, no dia
27 de fevereiro de 2012, para que possamos analisar as petições nos
encontros de nossos tempos fortes de dezembro e março.
2. Certamente, conhecer previamente o idioma é uma ajuda, mas não é
absolutamente necessário. Proporcionar-se-á aos Missionários um
período de preparação cultural e linguística.
3. Ainda que tenhamos decidido que não se deve estabelecer um limite
automático de idade, é, sem dúvida, necessário que os Missionários tenham
uma saúde razoavelmente boa e a necessária flexibilidade para a inculturação.
4. Os Missionários que se oferecerem como voluntários devem informar ao
Visitador que assim o fizeram. Eu conversarei com o Visitador sobre o assunto.
5. Sua carta deverá proporcionar-nos alguma informação sobre sua pessoa,
sua experiência ministerial, seus idiomas e sua formação. Deve expressar
também qualquer interesse pessoal que você tenha, como, por exemplo, a
missão na qual deseja participar.
6. Mesmo que você já tenha escrito antes, por favor, ponha-se em contato
comigo novamente. A experiência tem demonstrado que Missionários que
não estão disponíveis em um determinado momento podem estar
disponíveis em outro momento.
7. Se você não pode ir às missões, talvez sua contribuição financeira possa
representar seu zelo pela missão. Cada ano, aproximadamente 15
Províncias consideradas necessitadas de ajuda para realizar sua missão
buscam a doação de um microprojeto de 5.000 dólares ou mesmo do
Fundo de Solidariedade Vicentina. Essas doações podem ser feitas pela
Central de Solidariedade Vicentina (VSO) (através da Cúria), de forma
rápida e com um mínimo de burocracia.
A VSO informa sobre os frutos magníficos dessas doações em seu
boletim quadrimestral (disponível em www.famvian.org/vso). O poço para
a concessão de doações para microprojetos está ficando seco. Doações ao
263
Fundo de Solidariedade Vicentina são as únicas fontes para financiar as
concessões para microprojetos.
FUNDO DE SOLIDARIEDADE VICENTINA: PARA UMA COLABORAÇÃO
Contribuições provinciais, de uma Casa ou individuais:
1. Cheques nominais a: Congregazione della Missione e com “Solo
Deposito” escrito no verso. Isso deve ser enviado a:
Ecônomo Geral
Via dei Capasso, 30
00164 Roma, Itália
2. Outras possibilidades podem ser tratadas com o Ecônomo Geral através
de transferências bancárias.
3. Indiquem claramente que os fundos são para o Fundo de Solidariedade
Vicentina (VSO).
Em todo caso:
1. Todo donativo será notificado (se não houver notificação do recebimento
de sua contribuição em um tempo razoável, faça o favor de entrar em
contato conosco para que possamos esclarecer).
2. Faça o favor de informar-nos se fez ou pensa fazer uma doação, segundo
orientamos anteriormente.
264
CONGREGAZIONE DELLA MISSIONE
CURIA GENERALIZIA
Via dei Capasso, 30
00164 Roma – Itália
Tel. (39) 06 661 3061
Fax (39) 06 666 3831
e-mail:[email protected]
Aos membros da Congregação da Missão
Circular Tempo Forte (3-7 de outubro)
Meus queridos irmãos da Congregação da Missão,
Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo cumulem seus
corações agora e sempre!
Começamos nosso encontro de tempo forte com uma sessão de
formação permanente, por parte de um dos membros da Comunidade de
Santo Egídio.
1. Cúria General
 Nossos assuntos regulares começaram com um diálogo sobre o
Encontro de Novos Visitadores, que se realizará de 3 a 11 de janeiro de
2012. Os membros da Cúria Geral partilharão um diálogo sobre o Guia
Prático para os Visitadores. Os assistentes convidados serão o Diretor
da Central de Solidariedade Vicentina, Pe. Miles Heinen; nosso
representante junto às Nações Unidas, Pe. Joseph Foley, através de
uma videoconferência; e o encarregado da página Web, Pe. John
Freund. Outros Coirmãos convidados serão: Pe. Alberto Vernaschi, que
tratará de assuntos jurídicos, e Pe. Joe Agostino, que se centrará no
Planejamento em diferentes âmbitos da Província. Dois membros da
Cúria, Pe. Juventino Castillero e Pe. John Maher, partilharão conosco
assuntos concernentes às comunicações, Vincentiana, Secretariado
Internacional de Estudos Vicentinos (SIEV) e Família Vicentina.
Esperamos uns 15 novos Visitadores para este Encontro.
 Pe. Javier Álvarez partilhou conosco as atas do encontro da Comissão
para o Centro de Estudos Histórico-Vicentinos, que teve lugar em Paris.
A missão do Centro é servir à Família Vicentina Internacional, apoiando
265
a pesquisa e concedendo bolsas em história vicentina, ressaltando
especialmente a importância das fontes históricas da Casa Mãe da
Congregação da Missão. A Comissão tem três prioridades: animar,
apoiar e acolher estudantes que venham a Paris para pesquisar;
estabelecer um centro de acolhida para peregrinos vicentinos na Casa
Mãe de Paris; e oferecer reuniões periódicas e/ou simpósios sobre
diversos aspectos da história vicentina, tanto para estudantes quanto
para membros da Família Vicentina em geral.
 Tratamos do trabalho em andamento para elaborar um Guia Prático
para as Paróquias. No momento, estamos concluindo uma carta que
será enviada a todos os Visitadores e Conselhos para ser debatida no
âmbito local e, depois, em nosso encontro de Visitadores de 2013.
 Dialogamos sobre o Encontro de Visitadores, que acontecerá durante o
mês de julho de 2013. Fizemos o levantamento de alguns países que
possam ter interesse em acolher-nos. Formou-se a Comissão
Preparatória com membros representativos dos quatro continentes: de
América Latina, Silviano Calderón, Visitador da Província do México; da
África, Dominique Iyolo, ex-Visitador da Província do Congo; de ÁsiaPacífico, Simon Kaipuram, de Índia-Norte; da Europa, Josef Lucyszyn,
ex-Visitador de Hungria; e Joseph Agostino, dos Estados Unidos.
 Abordou-se o tema dos novos Estatutos da Congregação da Missão. O
Superior Geral fez o Decreto de Promulgação dos Estatutos em cinco
línguas. Em breve, o material estará nas mãos de todos os Missionários,
através dos serviços de Vincentiana. Serão incluídos todos os Estatutos
da Congregação da Missão: os que não foram reelaborados, os que
sofreram alguma mudança e os recentemente elaborados. Serão
documentos oficiais, juntamente com as Constituições. Qualquer
Província que queira reimprimir as Constituições e Estatutos terá os
textos à disposição.
 Também observamos que muitos membros da Congregação da Missão
continuam perguntando a respeito do Catálogo. Como todos sabem,
iniciamos um processo para por o catálogo on-line. É um processo
longo, mas esperamos que, a longo prazo, facilite o trabalho do
secretariado. Pedimos a todos um pouco de paciência, já que o
266
processo está em sua etapa final. Será publicado on-line de forma
segura. Será possível baixar, se as Províncias desejarem publicá-lo, para
os que não têm acesso à internet.
 Debatemos a questão dos membros da Cúria Geral. Como vocês já
sabem, os Padres Luís Moleres e Julio Suescun, da Província de
Zaragoza, terminaram suas respectivas responsabilidades na Cúria
Geral. Pe. John Maher, dos Estados Unidos, substituiu Pe. Suescun em
seu papel como Diretor de Comunicações. Estamos formando uma
nova equipe de tradutores: Pe. Félix Álvarez, de Madri, que será
membro da Comunidade da Cúria Geral durante pelo menos um ano e
Pe. Charlie Plock, da Província Este, que trabalha de seu escritório nos
Estados Unidos.
Na segunda quinzena de setembro, o Irmão Joseph Luu Xuan Minh
terminou seu compromisso na Cúria Geral e voltou ao Vietnã. Somos
muito agradecidos pelo serviço que nos prestou. Ele será substituído
por um Missionário da Província Índia-Sul, da missão da Tanzânia,
Irmão Leopold Myamba. Chegará à Cúria assim que sua documentação
estiver pronta.
Em relação ao Secretariado, tenho o pesar de comunicar-lhes que
Irmã Mary Hale, secretária de língua inglesa, terminará seus serviços no
começo de dezembro. Sou muito agradecido pelos serviços que a Irmã
nos proporcionou durante os últimos quatro anos. Infelizmente, ela não
será substituída por nenhuma outra Filha da Caridade, porque não há
pessoal disponível. Assumirão suas responsabilidades, ao menos de
forma experimental, Pe. John Maher e um dos membros da equipe da
Cúria.
 Dialogamos sobre o tema da Formação Permanente para o Conselho
Geral. Em março de 2012, teremos a oportunidade de participar de um
curso que versará sobre assembleias provinciais e gerais: sua
preparação, espírito de colegialidade, eleições e outros. O Superior
Geral e Pe. Zaracristos participarão de uma sessão formativa com o
tema Transmissão da Fé, Autoridade, Formação e Evangelização. Para
preparar este encontro, o Conselho Geral respondeu a uma série de
perguntas que foram apresentadas pela União de Superiores Gerais.
267
 Padres Zaracristos e Thottamkara informaram sobre um encontro, de
que participaram com o Visitador e outros membros da Província da
Holanda, sobre o presente e o futuro dessa Província missionária da
Congregação da Missão.
2. Informou-se acerca do projeto SIEV de Diálogo Interreligioso sobre o
Islam, celebrado na Indonésia, de 7 a 17 de agosto. A Comissão que
trabalhou nesse projeto entregou uma proposta para formar uma
comissão permanente, incluindo outros membros da Família Vicentina.
Felicitamos os organizadores pelo êxito obtido. O Comitê do SIEV pediu
que as conferências e intervenções do evento sejam publicadas em
Vincentiana.
Antes de nosso tempo forte, os membros do SIEV se reuniram na
Cúria Geral. Estavam presentes Eugene Curran, Alexander Jernej e José
Carlos Fonsatti; o novo Diretor Executivo, John Maher; e o
representante do Superior General, Javier Álvarez. Nesse encontro,
foram tomadas algumas decisões. Os membros do Comitê serão
Eugene Curran, Alexander Jernej e Elie Deplace.
SIEV programou dois seminários que haverá em Dublin. O primeiro será
sobre espiritualidade vicentina e estudo acadêmico e histórico da
espiritualidade, de 6 a 10 de fevereiro de 2012. Mais à frente, serão
enviadas informações sobre como participar. O segundo seminário se
centrará na Pesquisa Histórica Vicentina e terá lugar de 3 de junho a 8
de julho de 2012. Este será para pesquisadores atuais e emergentes em
Vicentinismo, tanto na Congregação da Missão quanto na Família
Vicentina. Nossa esperança é de que sirva como um laboratório que
ajude a formar pesquisadores vicentinos.
3. Recebemos informes do Procurador Geral, Pe. Alberto Vernaschi, e do
Postulador Geral, Pe. Luigi Mezzadri, assim como um informe de nosso
Arquivista, Pe. Alfredo Becerra.
4. Recebemos também um informe do Diretor da Central de
Solidariedade Vicentina (VSO), Pe. Miles Heinen. Discutimos os
diferentes projetos da VSO, assim como o desenvolvimento do projeto
268
de fundo patrimonial. Para promover o apoio a nossas Províncias em
via de desenvolvimento, através do projeto de fundo patrimonial, um
grupo seleto de Missionários receberá um convite pessoal do Superior
Geral para solicitar apoio e indicação de pessoas que possam ajudar.
A VSO tomou uma iniciativa para desenvolver nossas relações com
ex-seminaristas nos Estados Unidos. Nossa esperança é de que tais
relações possam estender-se a toda a Congregação, já que os que
foram seminaristas e continuam partilhando o carisma de S. Vicente de
Paulo podem desejar apoiar os projetos que temos em favor dos
Pobres. Além disso, há um plano para o Dia de Solidariedade Vicentina,
sugerido por uma das Províncias. Recomendo que todos os
Missionários se mantenham atualizados em relação à Central de
Solidariedade Vicentina, lendo o Boletim que poderão encontrar na
página web www.cmglobal,org/vso. Ao mesmo tempo, na Carta de
Apelo Missionário, peço que, se não for possível oferecer-se a si mesmo
como missionário para um lugar necessitado, ao menos apoiem, com
suas generosas doações, algum projeto para os pobres, por meio da
Central de Solidariedade Vicentina.
5. Tivemos um informe do Ecônomo Geral, que se propõe reformular de
novo nosso Comitê de Inversão, já aceito pelo Conselho Geral.
Estudamos o informe financeiro do semestre e demos uma olhada
geral no orçamento do próximo ano. Também chegamos a uma
decisão, continuando uma proposta do Ecônomo Geral, de separar
fundos a longo e a curto prazo para torná-los mais úteis em nossa
distribuição de recursos.
6. Missões Internacionais
Revisamos pedidos que chegaram de diferentes lugares do mundo.
Foram incluídos na Carta de Apelo Missionário do mês de outubro.
 Dialogamos sobre os informes das diferentes missões internacionais da
Congregação, começando por El Alto e Cochabamba, na Bolívia.
269
 Para as missões internacionais de Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão,
revisamos um informe entregue pelo Pe. Varghese Thottamkara, com
base em sua visita, por ocasião de sua participação na ordenação de
nosso novo bispo, Rolly Santos, em Papua-Nova Guiné. O superior da
missão das Ilhas Salomão está participando atualmente do programa
de formação permanente do CIF, em Paris. Pe. Marsup Augustinus foi
confirmado pelos bispos das Ilhas Salomão como novo Reitor do
Seminário e Pe. Raúl Castro foi nomeado pelo Superior Geral e seu
Conselho, depois de consultar a Conferência de Visitadores da Ásia e do
Pacífico (APVC) e aos Missionários das Ilhas Salomão, Diretor de
Formação de nossos candidatos.
 Discutimos vários informes que chegaram da missão de Papua-Nova
Guiné e aprovamos renovar o contrato por outros três anos com Pe.
Vladimir Malota, da Província da Polônia, que trabalha na missão de
Woitape. Ele espera a chegada de um companheiro, Pe. Georges
Maylaa, Província do Oriente. Espera também a chegada do Pe. Jude
Lemeh, um missionário da Província da Nigéria. Pe. Manny LaPaz, das
Filipinas, já chegou. A resposta à missão em Papua-Nova Guiné foi boa.
A missão está se expandindo até incluir o território de Rolly Santos, que
pediu Missionários. Sobre isso, informa a Carta de Apelo Missionário.
 Recebemos e debatemos os e-mails do Pe. José María Nieto,
juntamente com Pe. José Ramírez, referentes a possíveis novas missões
em Angola.
 Discutimos a informação recebida dos Missionários de nossa missão
internacional de Túnis, Pe. Firmin Mola Mbalo e o Irmão Henri Escurel.
A missão está sob a responsabilidade da Cúria Geral que, por sua vez,
elaborou um contrato muito sólido com o bispo de Túnis.
7. Família Vicentina
 Pe. Eli Chaves, assistente responsável pela Família Vicentina, partilhou
conosco os programas e as diferentes fases de preparação para o
encontro do Comitê Executivo da Família Vicentina, a se realizar nos
270
dias 12 e 13 de janeiro de 2012, antes da sessão de formação
permanente para todos os líderes da Família Vicentina, que se
celebrará na Via Ezio, Roma, de 13 a 15 de janeiro.
 O Superior Geral partilhou com o Conselho Geral as atas e as propostas
da recentemente formada Comissão de Liderança da Família Vicentina,
que se reuniu há pouco em Roma. Os membros procedem dos
diferentes ramos da Família Vicentina: Pe. Manny Ginete, Congregação
da Missão; Mark McGreevy, DePaul Internacional; Irmã Denise LaRock,
Filhas da Caridade; Denise Khoury, Juventude Marial Vicentina; Yasmine
Cajuste, Presidente Internacional da Juventude Marial Vicentina;
Natalie Monteza, Secretária Executiva da AIC; e Eduardo Marques
Almeida, da Sociedade de São Vicente de Paulo. O Superior Geral
participou do Encontro.
A Comissão fez uma proposta com o fim de desenvolver um
programa para formar líderes para a Família Vicentina. É possível
encontrar mais informações sobre esta Comissão de Liderança da
Família Vicentina na página web da Família Vicentina.
 Revisamos um informe do representante da Congregação da Missão
para a Família Vicentina em Haiti. Nosso Coirmão do Congo, JeanPierre Mangulu, informa que a Família Vicentina se reuniu para
celebrar a festa de São Vicente de Paulo e para falar sobre os frutos do
Ano Jubilar. Animo a todos os membros da Congregação da Missão
para que conheçam o bom trabalho que nós como Zafèn estamos
fazendo para aliviar a situação de sofrimento em Haiti.
8. Discutimos um informe que recebemos da Comissão para a Mudança de
Estruturas. O Superior Geral pediu à Congregação da Missão que seja
capaz de pôr em andamento doações para a mudança de estruturas. Os
Visitadores receberão cartas do Superior Geral pedindo que entreguem
projetos à Cúria.
271
9. Tivemos videoconferência com o responsável pela página web, Pe. John
Freund, que partilhou conosco algumas de suas ideias para atualizar
“cmglobal” e torná-la mais útil à Congregação da Missão, como já se
mencionou na carta que escrevi sobre comunicação. Quero animar a
todos os Missionários a visitar cmglobal com mais frequência, porque
são vocês a principal audiência. Haverá quatro páginas que trarão
informações e notícias sobre acontecimentos recentes, assim como uma
biblioteca. Também será disponibilizado o desenvolvimento de nosso
Plano Estratégico ou as Linhas de Ação, tal como as discutimos em nossa
Assembleia Geral, bem como modos ou formas para continuar a
colaboração on-line. Mas, conscientes de que temos também uma
audiência secundária, a Família Vicentina muito mais ampla, haverá uma
seção mais extensa sobre a Congregação da Missão para que as pessoas
possam entender com maior clareza nossa vocação e missão.
10. Revisamos o informe de nosso representante junto às Nações Unidas,
Pe. Joseph Foley. Ele nos informou sobre os seguintes assuntos. Antes de
tudo, a situação no Chifre da África (nordeste do Continente). Além da
busca da paz no Oriente Médio, as Nações Unidas estão preocupadas
com a fome no Chifre da África. Dez milhões de flagelados em toda a
extensão do Chifre da África, acossados por anos de conflito, deparamse agora com a maior ameaça de todas.
Pe. Foley informou também sobre a sessão 66 da Assembleia Geral das
Nações Unidas, que se centrou em:
 Prevenção de conflitos através da mediação;
 Necessidade absoluta de reformar o Conselho de Segurança;
 Melhora da prevenção de desastres;
 Desenvolvimento sustentável.
A crise econômica global continua sacudindo negócios, governos e
famílias em todo o mundo. O desemprego cresce, as desigualdades sociais
aumentam, muitas pessoas vivem com medo. Por isso, precisamos decidirnos em favor do desenvolvimento sustentável, salvando nosso planeta,
tirando as pessoas da pobreza e impulsionando o crescimento econômico.
272
Pe. Foley informou ainda sobre a Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável, popularmente chamada Rio+20, que terá lugar
em junho de 2012. Os debates oficiais se centram sobre dois temas
principais: como construir uma economia verde para conseguir o
desenvolvimento sustentável e como melhorar a coordenação internacional
para o desenvolvimento sustentável.
Pe. Foley aludiu também a seu papel na Mudança de Estruturas.
Gostaria de citar suas palavras: “As Filhas da Caridade de Halifax aceitam o
desafio evangélico de ser uma congregação profética: ‘somos impulsionados
pela dor do mundo e pela energia de nosso carisma. Dedicamo-nos à oração
e ao diálogo, à colaboração e à ação para promover mudanças estruturais e
cooperar na transformação a que isso nos chama’”. Certamente, esse é o
coração da mudança de estruturas, na qual esperamos avançar em toda a
Família Vicentina.
Pe. Foley mencionou que a Sociedade de São Vicente de Paulo tem
credibilidade como ONG. Falou com o Presidente internacional, Michael
Thio, sobre meios com os quais a Família Vicentina pode colaborar.
11. Estudamos um informe de Marcelo Manimtim, Diretor do Programa do
CIF, que celebrou uma sessão sobre liderança neste verão. Disse que
estão muito contentes de ter Dan Borlik como novo membro da equipe.
Dan substituirá Pe. José Carlos Fonsatti que nos deu alguns anos de
excelente serviço como Diretor Assistente. Muito obrigado a José Carlos.
Atualmente, está acontecendo uma sessão de que participam 15
indivíduos, incluídos dois Irmãos CMM (Fratres da Misericórdia). Estarei
presente no encerramento da sessão.
12. Revisamos diferentes assuntos das Conferências de Visitadores e/ou
Províncias. Gostaria de mencionar que, durante alguns anos, Pe. Sy
Peterka, da Província Este dos Estados Unidos, ajudou o Superior Geral e
o Conselho em assuntos relacionados à formação para Conferência de
Visitadores da África e Madagascar (COVIAM), em particular no que diz
respeito a seu programa de formação para formadores, e visitou as
diferentes províncias para evitar descuidos nos programas de formação.
Pe. Sy já terminou seu compromisso e agradeço-lhe por tão generosos
serviços. Ele deixa recomendações finais para COVIAM em assuntos que
273
são importantes para todos nós, em toda a Congregação da Missão, isto
é, continuar o desenvolvimento da formação de formadores com um
sentido maior de estabilidade, para que haja mais colaboração entre
formadores e Provinciais, compreender a importância de aprender
diferentes idiomas, pesquisar meios para levar a cabo a formação
comum e especialmente encaminhar a formação de candidatos à
vocação de Irmãos.
13. Discutimos nosso calendário até dezembro. Informarei aqui sobre o
ofício do Superior Geral. De 7 a 9 de outubro, o Conselho Geral,
juntamente com o Superior Geral, reúne-se fora de Roma para debater
três temas: evangelização e mudança de estruturas, solidariedade
econômica e uma proposta concreta de formar um ONLUS,
particularmente para solicitar fundos na Europa. Formou-se uma
Comissão para estudar o assunto, composta pelos Padres Giuseppe
Turati, Giuseppe Carulli e Alfredo Becerra.
Em relação ao debate sobre evangelização e mudança de estruturas,
o Conselho Geral aceitou um convite da Comissão para a Mudança de
Estruturas para ter um encontro em março de 2012, em Roma.
Outras visitas do Superior Geral incluem uma conferência para a
Família Vicentina em Londres, dias 16 e 17 de outubro; uma visita à
Província do Chile, de meados de outubro ao começo de novembro;
encerramento da sessão do CIF, em Paris, nos dias 3 e 4 de novembro; um
encontro do Conselho Internacional da Associação da Medalha Milagrosa,
em Madri, dias 12 e 13 de novembro; um encontro dos Presidentes de
Universidade dos Estados Unidos, de 15 a 19 de novembro. Depois,
voltarei a Roma para participar das atividades das Sociedades de Vida
Apostólica e da União de Superiores Gerais, de 22 a 25 de novembro.
Depois do próximo tempo forte, viajarei para visitar as missões das Filhas
da Caridade em Gana e Burkina Fasso.
Seu irmão em São Vicente,
G. Gregory Gay, C. M.,
Superior Geral
274
CONGREGAZIONE DELLA MISSIONE
CURIA GENERALIZIA
Via dei Capasso, 30
00164 Roma – Itália
Tel. (39) 06 661 3061
Fax (39) 06 666 3831
e-mail: [email protected]
Roma, outubro de 2011
Aos Visitadores, Vice-Visitadores e seus Conselhos, aos Presidentes das
Conferências Continentais e a todos os Coirmãos da Congregação da Missão
Prezados Coirmãos,
A graça e a paz de Cristo Jesus estejam sempre conosco!
A Assembleia Geral de 2010 aprovou um postulado endereçado ao
Superior Geral, solicitando-lhe um estudo sobre nosso trabalho vicentino nas
paróquias e a possibilidade de elaboração de um Diretório sobre elas.
Juntamente com o Conselho Geral, encaminhei a todas as Províncias um
questionário para, a partir de nossa realidade, estudar a questão e a
possibilidade de elaboração do Diretório solicitado sobre as Paróquias.
Apenas 23 Províncias me enviaram suas respostas; a elas muito agradeço
esta preciosa e generosa colaboração.
Estudei, juntamente com o Conselho Geral, todo o material recebido e
aqui apresento-lhes algumas reflexões importantes contidas nas respostas
recebidas e também as decisões e propostas a que chegamos:
1. Os relatórios recebidos atestam que paróquias são uma realidade
marcante em nosso atual trabalho vicentino na Congregação da Missão. É
uma realidade complexa, numericamente significativa em quase todas as
Províncias, envolve muitos Coirmãos e que apresenta uma compreensão
muito variada de acordo com a realidade sociopastoral de cada
continente, país e Província. Não há um consenso na compreensão do
que seja “Paróquia convencional” e “Paróquia Missionária”, embora haja
uma inquietação e interesse por adequar esta realidade pastoral com a
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especificidade de nossa vocação missionária vicentina. Há mesmo quem
propõe abandonar esta terminologia, por julgá-la teológica e
pastoralmente imprecisa e imprópria.
2. As respostas enviadas, apesar de seu número reduzido e dentro da
diversidade de experiências, apresentam uma grande variedade de elementos
que revelam a complexidade da questão e a necessidade de aprofundar,
discernir e avaliar o nosso trabalho vicentino em paróquias:
a) Nos relatórios, em geral, se constata uma consciência comum de nossa
índole missionária, de nossa missão junto aos Pobres, de nosso
compromisso com a formação de clérigos e leigos, da necessidade de um
trabalho desenvolvido dentro do espírito vicentino e da promoção dos
ministérios vicentinos e práticas pastorais mais de acordo com o nosso
carisma. No entanto, esta consciência comum é compreendida e
concretizada de forma bastante variada, com uma tal diversidade que
pode gerar o risco de justificar e legitimar todas as paróquias, diluindo e
esvaziando assim nossa identidade vicentina.
b) Alguns relatórios, dentro da consciência ampla da natureza da Igreja
toda missionária, apresentam experiências, características e exigências
específicas para dar uma identidade vicentina própria ao nosso
trabalho em paróquias. São elementos relevantes que podem trazernos critérios, luzes e indicações para a nossa reflexão e para o nosso
trabalho:
- A paróquia missionária vicentina deve estar situada entre os Pobres,
preferencialmente entre os mais Pobres, e/ou estar fundamentalmente
orientada para o serviço dos Pobres, atendendo às novas situações de
pobreza e às necessidades da formação de clérigos e leigos em vista da
evangelização dos Pobres. Os Pobres, em suas necessidades de uma
evangelização integral, são o lugar geográfico, social e pastoral da
paróquia missionária vicentina.
- A Paróquia missionária vicentina, em fidelidade ao espírito de São
Vicente, deve ser uma “Casa de Missão”: Não consiste simplesmente
em manter e desenvolver a fé dos fiéis cristãos dentro de estruturas e
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situações eclesiásticas já estabelecidas e organizadas; antes de tudo,
deve estar situada e comprometida com as situações onde os apelos
dos Pobres e da Igreja são mais urgentes e carentes de clero e de
agentes pastorais; deve estar em contínuo estado de missão e ir ao
encontro dos Pobres mais distantes e abandonados...
- A paróquia missionária deve se caracterizar por uma ação pastoral de
acordo com o espírito vicentino, que esteja presente e inspire todas as
atividades; que não se limite a uma ação pastoral paroquial
convencional; se esforce em promover uma renovação contínua em
atenção aos sinais dos tempos e aos apelos mais urgentes dos Pobres e
da Igreja; seu trabalho deve ser assumido, planejado e realizado em
comunidade, em sintonia com as orientações da Igreja local, sem
descuidar-se do especificamente vicentino. A vida e o trabalho devem
realizar-se em conformidade com as 5 virtudes missionárias vicentinas.
O compromisso deve estar limitado por um espaço de tempo...
- Na paróquia missionária deve se realizar um intenso e prioritário
desenvolvimento dos ministérios vicentinos e de propostas pastorais
mais conformes ao espírito, por exemplo: evangelização integral,
unindo o serviço da Palavra com o serviço da Caridade; promoção,
formação e participação dos leigos na ação pastoral, dentro de uma
Igreja participativa e ministerial; desenvolvimento da dimensão sóciocaritativa em favor dos Pobres; desenvolvimento de uma pastoral
profética e atenção às novas formas de pobreza, às minorias excluídas e
aos mais afastados (missões inter gentes); na ação social, aplicação da
metodologia da mudança de estruturas e da doutrina social da Igreja;
apoio às Missões e realização de Missões populares; apoio aos grupos
da Família Vicentina, colaboração e ação conjunta com eles; apoio e
colaboração com os sacerdotes diocesanos; desenvolvimento do
espírito comunitário, tornando a paróquia uma rede de comunidades;
promoção, colaboração e apoio às pastorais sociais e movimentos
populares...
c) A existência e a manutenção de muitas paróquias nas províncias
aparecem ligadas a diversos fatores históricos e conjunturais da
realidade social, eclesial e provincial e aos múltiplos desafios
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apresentados pela evangelização hoje. A compreensão
contextualizada de nossas paróquias aponta para outras questões
ligadas a este tema e que precisam ser estudadas e aprofundadas,
por exemplo, o envelhecimento dos Coirmãos e seu engajamento
missionário, a manutenção financeira das províncias, a presença
vicentina dentro do atual cenário eclesial de cada país ou continente,
a formação para novas formas de ação missionária hoje, etc.
d) Em algumas Províncias há esforços em realizar mecanismos e
iniciativas provinciais e locais para animar, cultivar e desenvolver a
identidade vicentina no trabalho missionário em paróquias, por
exemplo: Encontros de Coirmãos que atuam em Paróquias; criação
de Comissão Provincial das Paróquias; revisão de obras, com entrega
de paróquias e abertura de obras de maior significado vicentino;
elaboração de Plano Pastoral Provincial para as paróquias;
elaboração de contratos com as Dioceses, estabelecendo o
compromisso limitado por um espaço de tempo; capacitação
específica de Coirmãos para o ministério paroquial; elaboração e
revisão de planos pastorais locais, etc. Estas iniciativas são úteis e
necessárias para dinamizar, de modo vicentino, toda pastoral
paroquial.
3. Os diversos elementos apresentados nos relatórios recebidos
apresentam muitas interrogações, experiências e caminhos que
precisam ser refletidos profundamente e ser bem amadurecidos. Dada
a complexidade do tema e ao pequeno número de respostas ao
questionário, entendo ser mais oportuno e prudente não elaborar no
momento um Diretório para as Paróquias. Proponho a realização de
um amplo processo de reflexão sobre nossas paróquias em todos os
níveis da Congregação. Concretamente, proponho:
a) Que todas as Conferências Continentais procurem promover o
estudo deste tema, apresentando elementos de compreensão e de
avaliação deste ministério, à luz de nosso carisma missionário
vicentino.
b) Que todos os Visitadores com seus Conselhos promovam, em suas
respectivas Províncias, um sério estudo sobre o trabalho vicentino
em paróquias, em vista de uma sincera avaliação das paróquias
assumidas pela província e de uma corajosa revisão de obras.
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c) Será organizado um número especial de Vincentiana, com estudos sobre
as paróquias, para animar e iluminar a reflexão sobre este tema.
d) Este tema será estudado e aprofundado no Encontro dos Visitadores,
em 2013, esperando ali colher os resultados da reflexão feita, com a
esperança de elaborar propostas de ação apropriadas, eficazes e
assumidas por todos.
4. Entendo que esta questão é de fundamental importância para o nosso
crescimento na fidelidade criativa para a Missão. Trata-se de uma
questão, muitas vezes levantada em diversos momentos e ocasiões,
mas que necessita um maior discernimento e estudo. Neste momento,
quando toda a Congregação se empenha em assimilar e colocar em
prática as conclusões da Assembléia Geral/2010, penso ser oportuno
estudar este ministério, com toda a coragem, seriedade e
responsabilidade que requer.
a) Animo a todos os Coirmãos para que, em atitude de conversão e de
fidelidade vicentina, se esforcem no aprofundamento e
discernimento deste importante desafio. Peço especialmente aos
Visitadores, Vice-Visitadores e seus Conselhos que façam todo o
esforço necessário para promover esta reflexão em suas Províncias e
encaminhar, com serenidade e coragem, as decisões julgadas
necessárias para que nossa ação seja realmente missionária.
b) Peço que me enviem, antes de 31 de agosto de 2012, todos os
resultados das reflexões e decisões tomadas sobre este tema, para
que, juntamente com o Conselho Geral, possamos também estudar e
aprofundar este tema.
Com meu abraço fraterno, despeço-me, pedindo a Deus, por
intercessão de São Vicente de Paulo, as luzes e forças de seu Espírito, para
que possamos avançar sempre com fidelidade, alegria, união e compromisso
no amor missionário aos Pobres.
Seu irmão em São Vicente,
Pe. G. Gregory Gay, C. M.,
Superior Geral
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Palavra do Visitador
Mística Missionária
Para que a lembrança das missões se estenda
para além do mês de outubro, em poucas palavras,
oferecemos, a seguir, uma grande mensagem:
Lendo Mc 1, 9s, vemos que, após os trinta anos
de vida oculta, Jesus inaugura novo modo de ser
missionário. A partir de seu batismo, no Rio Jordão,
ocorrem com ele algumas mudanças muito
significativas, tais como:
- de sedentário, em Nazaré, converte-se em
missionário itinerante;
- de trabalhador braçal, transforma-se em
profeta e pregador;
- de cidadão comum, apresenta-se como mestre e formador de
discípulos;
- de judeu observante da Lei, passa a ser o centro da Nova Aliança;
- o filho de carpinteiro, revela-se Filho de Deus.
Toma o caminho apostólico da humildade, da pobreza, da misericórdia,
do serviço fraterno. Chama discípulos e os capacita para a missão de
anunciar por palavras e obras a Boa Nova do Reino.
Havia chegado um tempo novo e um jeito novo de ser missionário.
Vendo Mc 3, 13-19, notamos que a experiência do discípulo pode ser
considerada em três momentos progressivos:
1º) Admiração: interesse pela figura de Jesus e pelo seu ensinamento. O
convite é: “Vem e vê”.
2º) Amizade: experimenta-se Cristo com o coração. Ele se torna experiência
de vida e não só mestre da verdade. O convite é: “Vem e segue-me”.
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3º) Compromisso: nessa etapa, prevalece a motivação de fé. Os desafios do
caminho entram como pressupostos inevitáveis do discipulado. A ordem é:
“Vai e anuncia”.
O seguimento nesta terceira etapa pressupõe consciência mais clara
quanto às exigências da missão. Jesus diz sem rodeios: “Felizes os que são
perseguidos por causa da justiça...” (Mt 5, 10); “Eis que envio vocês como
ovelhas no meio de lobos...” (Mt 10, 16); “... Se alguém quer me seguir,
renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mt 16, 24).
O início do discipulado pode não ser tão difícil. Nas etapas da
admiração e da amizade, não se exige tanto do discípulo. Contudo, a fécompromisso atrai cruzes. Sem a virtude da fortaleza e sem mística, ninguém
persevera. “Neste mundo, vocês terão aflições, mas tenham coragem: eu
venci o mundo!” (Jo 16, 33).
Mística vem de ‘mistério’. Algo escondido, porém verdadeiro. É um
conjunto de motivações fortes que dão sentido às opções de vida e ao
compromisso do discípulo fiel. É como água na terra boa. Mesmo não sendo
vista, faz germinar e crescer as plantas.
Nas missões, a realização de tarefas apostólicas tem muita importância.
Mas nem por isso é garantia da autenticidade missionária. Toda missão deve
estar sustentada por uma mística, cuja fonte é aquele que nos envia:
“Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos...
Eis que estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 19-20).
Pe. Geraldo Ferreira Barbosa, C. M.
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Vida Eclesial
Papel dos ex-seminaristas na Igreja
Pe. João Batista Libânio, SJ
As experiências passadas desempenham papel extremamente
ambivalente na vida das pessoas. Umas servem de alento, de força vital, de
incentivo para caminhar, crescer, abrir-se ao mundo. Outras paralisam,
bloqueiam, inferiorizam as pessoas. É difícil entender por onde passa o
divisor de águas. Tal constatação vale para os ex-seminaristas. Entre eles
existem desde ateus e revoltados contra a Igreja, carregando escuras
manchas do tempo de seminário, até pessoas que se comovem às lágrimas
quando pensam nos idos da vida clerical.
Esse numeroso contingente de homens, hoje espalhado pelo país e fora
dele, por profissões e atividades bem diversas, merece atenção pastoral
especial. Além das habilidades que adquiriram depois da saída do seminário,
muitos conservam excelente formação religiosa e teológica que prestaria
valiosa contribuição para a comunidade eclesial.
Não temos a mínima ideia da riqueza humana e religiosa que os exseminaristas significam. Um primeiro passo para tomar pé nesse enorme
oceano humano consiste em levantar-lhes os nomes e dados mínimos sobre
a dupla experiência do tempo de seminário e depois dela. Acrescentar-se-ia
a esse primeiro levantamento uma coluna de sugestões e de disponibilidade
pastoral que oferecem. Que tal se alguma cúria ou secretariado de pastoral
criasse um site de ex-seminaristas e então se conversasse com a finalidade
de agrupá-los, pô-los em relação entre si e com alguém que os coordenasse?
Quanta proposta maravilhosa surgiria!
Certas pessoas dispõem de potencial incalculável, que, entretanto, não
rende frutos por falta de ocasião ou de algum empurrãozinho inicial. Talvez
nem lhes tenha ocorrido que, com a formação recebida no seminário
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diocesano ou religioso, contribuiriam altamente para o enriquecimento da
vida da Igreja. A catequese, a pastoral da juventude, o ministério da escuta,
a ajuda em campos específicos – psicológicos, jurídicos, técnicos e outros –
encontrariam inúmeras pessoas disponíveis que, além dos talentos
profissionais, trazem experiências espirituais de valor.
Os seminários e a vida religiosa já viram passar por seus muros
multidões inumeráveis de jovens que guardam recordações positivas e
gratidão pelo que receberam. Falta acordar sua memória e impulsionar-lhes
o desejo de pôr em prática sonhos um dia acalentados. Mesmo em relação
aos que sofreram traumas ou saíram marcados negativamente, há espaço
para a reconciliação. Os antigos já nos semearam a memória com ditos
segundo os quais o tempo é ótimo juiz das coisas, cura as feridas, lapida as
pedras, abranda o ódio, muda a si e a nós com ele. Apostando no futuro, fazse possível a dupla pastoral com os ex-seminaristas: de valorização de seu
cabedal de riqueza espiritual, intelectual e humana e de “purificação da
memória”.
283
Espiritualidade
De 5 a 9 de setembro de 2011, na Fazendo do Engenho (Caraça), realizou-se o retiro
anual da Província Brasileira da Congregação da Missão, orientado pelo Pe. Eli Chaves
dos Santos, Assistente Geral, que nos ofereceu significativa oportunidade de refletir e
rezar sobre as Conclusões da Assembleia Geral de 2010, tendo como lema inspirador:
“Aumenta o espaço da tua tenda...” (Is 54, 2-5). Pela profundidade e densidade das
colocações e pela atualidade e pertinência dos temas abordados, o Informativo São
Vicente publicará, em suas próximas edições, os textos das meditações do retiro. Com
isso, queremos também externar nosso reconhecimento e gratidão ao Pe. Eli por ternos enriquecido e desafiado, à luz da Palavra de Deus e da experiência de São Vicente,
a avançar na linha de uma fidelidade criativa e audaciosa à Caridade e à Missão. Laus
Deo!
É hora de alargar o espaço da própria tenda
Pe. Eli Chaves dos Santos, C. M.,
Assistente Geral (Roma)
Estamos para começar o retiro. Sinto-me
honrado e feliz por estar aqui com vocês. Sinto
a grande responsabilidade desta tarefa de
orientar o retiro (sinto mesmo um friozinho na
barriga!). Com a ajuda de todos e com as luzes
de Deus, possamos ter um bom retiro!
Escolhi para iluminar e orientar toda a
nossa reflexão e oração este texto de Isaías, lido
na primeira leitura (Is 54, 1-5). Entre tantos
textos possíveis, escolhi este para servir de
pano de fundo, de gancho para nossa reflexão e
oração. Naturalmente, toda escolha tem seus
motivos e sua marca de subjetividade. Confesso que este texto tem feito
parte de minha caminhada recente, no meu trabalho e na minha vida em
Moçambique e em Roma. Confesso que este texto tem-me ajudado e pensei
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que talvez possa ajudar-nos agora neste retiro. Este texto é retirado do
chamado Segundo Isaías (que compreende os Cap. 40 a 55, escrito por
ocasião das primeiras vitórias do Rei Ciro, entendido como libertador, que
levanta a esperança de uma libertação de Israel, de surgimento de um novo
êxodo e da restauração de Sião). O profeta descreve a Jerusalém restaurada:
a libertação faz surgir a esperança de uma nova era. Deus compassivo tira
Jerusalém da humilhação, da vergonha, da viuvez, das dificuldades da vida
presente e restaura-lhe a confiança, a juventude, a fecundidade da esposa
amada. Anima-a a sair do medo, da humilhação, pois Javé a tornará uma
cidade esplendorosa. Alarga do espaço da sua tenda, fixa bem as estacas da
fé no Deus da Aliança, estica as cordas dos mandamentos, pois Javé a
tornará uma cidade fecunda. A imagem da cidade perfeita, esplendorosa, é a
utopia que incentiva e orienta o povo de Deus na busca de realização do
projeto de Deus, de construção de uma sociedade perfeita. Jerusalém,
esplendorosa, livre, de tendas alargadas, se tornará luz das nações.
Este mesmo texto de Isaías podemos, através de uma transposição
analógica, aplicá-lo a nossa vida: Deus nos chama a sair da rotina, das
mediocridades, assumir os desafios, fortalecer a fé, solidificar as convicções
e servir, ampliar nossos horizontes, amar e produzir frutos de vida nova. Este
mesmo texto de Isaías podemos, através de uma transposição analógica,
aplicá-los a nós Missionários Vicentinos, à Província e à Congregação da
Missão. Neste período de reflexão e recepção das conclusões da Assembleia
Geral, somos chamados a revitalizar o carisma e viver a paixão por Jesus
Cristo, indo aos Pobres com audácia, compaixão e criatividade. Este mesmo
apelo se renova agora quando somos convidados fortalecer a nossa vocação
vicentina e crescer na fidelidade criativa.
Eu os convido a fazer este retiro dentro deste apelo: Alargue o espaço
de sua tenda! Alargue o espaço de sua vivência da vocação vicentina com
fidelidade criativa! Na experiência do povo de Israel, a tenda é o lugar de sua
morada, de sua vida peregrina na busca da terra prometida, a tenda é
também o lugar que abriga as Tábuas da Lei, é a morada de Deus que
peregrina com seu povo. Uma significativa imagem para caracterizar nossa
vida no peregrinar ao longo da história, para caracterizar a Congregação da
Missão como nossa tenda, nosso lugar de morada e trabalho no conjunto de
tendas que existem dentro do Povo de Deus, a Igreja. Alargar a tenda é
alargar nossa vida, alargar nosso peregrinar, alargar o espaço de nossa vida
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para Deus morar em nós. Aumentar a tenda é desinstalar-se, ampliar o
horizonte de vida em conformidade com o horizonte de Deus, o horizonte do
Reino. Alargar a tenda é viver com fidelidade criativa nossa vocação
vicentina. Neste sentido, a Assembleia de 2010 é para nós um grande
convite para alargar nossa tenda vicentina.
E hoje, mais do que nunca, é preciso alargar nossa tenda, pois vivemos
num mundo de encolhimento, de encurtamento da tenda da morada de
Deus em nós. Cito rapidamente alguns exemplos deste encurtamento:
- No plano pessoal, uma das características mais marcantes do mundo
atual é o individualismo. Diante das mudanças e dos novos problemas que
exigem atitudes e formas novas de vida, existe a forte tendência de as
pessoas se fecharem em si mesmas, em caírem no “ensimesmamento”, na
busca exclusiva dos interesses próprios. Cada vez mais se estreita o espaço
da própria tenda e se entra num processo de alienação. A alienação, em suas
muitas expressões, torna a pessoa fechada, distante de si e ausente de Deus:
alienação física = fechar-se nos limites da própria tenda, perder a
mobilidade; alienação intelectual = refugiar-se nas teorias, contentar-se com
aquilo que já aprendemos ou com uma visão ingênua da realidade, não
buscar novos horizontes e capacitações; alienação psicológica = fixar-se nos
interesses e problemas pessoais, construindo uma redoma de proteção;
alienação social = ignorar o mundo ao nosso redor, indiferente aos seus
problemas e mudanças; alienação religiosa = deixar-se levar por certo tipo
de fé e piedade descomprometidas e espiritualistas.
- No plano sócio-econômico, a realidade ampla e complexa da
globalização, com suas múltiplas faces e inúmeras consequências positivas e
negativas, intensifica a injustiça social, cria exclusão, compromete a
preservação do meio ambiente, provoca o surgimento de novas pobrezas,
assiste ao surgimento de novos conflitos de terrorismo internacional, se
desenvolve, por um lado, dentro de um fechamento ao sentido religioso e,
por outro lado, com o surgimento de fundamentalismos agressivos e
sectários. O grande desenvolvimento técnico-científico e as grandes
descobertas se mostram insuficientes para gerar um ambiente de vida mais
humana e solidária.
- No âmbito da Vida Consagrada, fala-se, há muitos anos, de uma crise
profunda. A globalização cria possibilidades novas de crescimento e
desenvolvimento do ser humano. Mas também torna o mundo fragmentado;
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fragmenta-se a vida, fragmenta-se uma proposta de vida. O momento atual
é desestruturalizante; os carismas e espiritualidades são abalados pela onda
avassaladora da cultura globalizada de massa, que prega fortemente o
individualismo, o consumismo, o subjetivismo e a busca da autossatisfação
aqui e agora. Hoje, a onda neoliberal esvazia a opção pelos Pobres e
alimenta uma enorme ilusão de uma sociedade do bem-estar, do prazer, da
felicidade. Tais fatores afetam profundamente as congregações: diminuem
as vocações, envelhecem os quadros (em alguns lugares, já se fala em morte:
na Holanda, os religiosos se propõem refletir sobre a ars moriendi), e criam
novos desafios para a missão e o testemunho cristão dos consagrados.
- No interior da Congregação da Missão, registra-se também algum
encolhimento, uma redução. Segundo estatísticas apresentadas durante a
Assembleia Geral, a CM teve, no período de 2004-2009, uma redução de 136
membros. A diminuição se deve menos aos falecimentos, que às saídas de
Coirmãos da Congregação (148); este problema é hoje uma das grandes
preocupações; em Províncias sobretudo da Europa, quase não há vocações e
é grande o envelhecimento do pessoal. São 209 os Coirmãos ausentes da
Congregação (seria a 2ª maior Província da Congregação). Grande parte do
pessoal em paróquias, enquanto, nos ministérios especificamente
vicentinos, os números não aumentam e parecem-nos insatisfatórios os
esforços feitos para atender aos novos apelos dos Pobres.
Em meio a este cenário desafiante de encolhimento, alargar a tenda é
um convite para desinstalar-se, abrir-se e viver o “princípio-realidade”,
conhecer e analisar crítica e evangelicamente a realidade, ver o que deve ser
mudado e ser rejeitado e o que é apelo de Deus a assumir para dinamizar a
vida. Só assim, não se torna insignificativo, caduco e desatualizado o projeto
de vida cristã, de vida consagrada. São Vicente de Paulo é para nós um
modelo significativo de quem superou as alienações, os fechamentos
pessoais e alargou a tenda de sua vida, para viver em Deus e caminhar
segundo seus desígnios. Neste testemunho, a Congregação afirma
claramente, na sua última Assembleia, que não quer se fechar, mas quer
buscar ler a realidade e discernir os desafios e caminhos para nós hoje. Seja
este retiro um tempo forte de conversão e renovação! Tempo para refletir
e rezar a realidade de nossa vida, alargando-a, dinamizando-a dentro dos
apelos da fidelidade criativa para nossa vocação.
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A tenda se alarga na caminhada pelo deserto. “O deserto ocupa um
lugar especial no Antigo e no Novo Testamento. É um lugar onde se pode
andar errante e um lugar de purificação, lugar de prova e tentação, de aridez
e morte. É também como uma escola móvel onde o povo de Deus aprende a
viver na solidão, a meditar, a compreender o que é essencial na vida, a
depender de Deus” (Pe. R. Maloney). Numa imagem de muita ternura, Oséias
vê o deserto como o lugar do namoro, onde se realiza a relação contínua, às
vezes tumultuosa, de Deus com seu povo predileto: “Eis que vou, eu mesmo,
seduzi-la, conduzi-la ao deserto e falar-lhe ao coração” (2, 16). Deserto é
lugar de purificação, de privação, de caminhada difícil, mas é lugar de busca
e de encontro do projeto de Deus. O deserto é também um lugar de
demônios. Ali, Jesus encontra, em formas simbólicas, as tentações do prazer,
do poder e da fama. Lugar de discernimento e de opção por Deus. A tenda se
alarga e se solidifica na fé e confiança no Deus da Aliança, que chama o povo
a caminhar, a discernir caminhos, aprofundar as próprias convicções, a
revitalizar o primeiro amor, a produzir frutos. Seja este retiro um tempo
kairológico, um tempo forte de oração, de purificação, de silêncio, de
oração e encontro com Deus em nosso caminhar de fidelidade criativa na
vocação vicentina!
Alargue a sua tenda – alargue, aprofunde a vocação vicentina, em
espírito de fidelidade criativa, tal como nos pede a Assembleia Geral. Que a
Santíssima Virgem e São Vicente peçam a Deus as luzes e forças para que
todos possamos ter um abençoado e fecundo retiro!
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Herança Vicentina
A relação entre oração e perseverança
na vocação vicentina
Tiago de França da Silva
Seminário Interno Interprovincial
“Demo-nos todos a esta prática da oração, pois
é por ela que nos vêm todos os bens. Se
perseveramos na vocação, é graças à oração; se
vamos bem em nossos trabalhos, é graças à
oração; se não caímos no pecado, é graças à
oração; se perseveramos na caridade, se nos
salvamos, tudo isso é graças a Deus e à oração.
Como Deus não recusa nada a quem reza, assim
também não concede quase nada sem oração”
(SV XI, 407).
A oração é um dos temas mais importantes da espiritualidade cristã.
Não há cristão sem oração. A experiência espiritual de São Vicente de Paulo
afirma a mesma coisa: não se pode servir os Pobres sem oração. Não há
seguimento de Jesus evangelizador dos Pobres sem oração. É sobre estas
afirmações que queremos discorrer no presente texto. Não se trata de
apresentar respostas aos desafios atuais, mas de apresentar algumas
provocações a respeito desta prática tão importante na missão.
Por que rezar?
Somos, em Cristo, filhos de Deus. Esta condição de filhos exige diálogo
e comunhão com o Pai. Os filhos conversam com seus pais, são amigos,
partilham a vida. A oração é este diálogo com Deus, uma conversa franca e
construtiva. Nessa conversa, estreita-se a relação filial, aumenta-se a
confiança, vence-se o medo. Pela oração, Deus deixa de ser considerado
e/ou visto como um Ser distante e incompreensível tornando-se próximo e,
portanto, acessível.
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Essa conversa franca e construtiva é uma experiência que permite o
encontro consigo mesmo. Na oração, encontra-se Deus quando a pessoa se
permite encontrar a si mesma. Assim, a oração verdadeira é aquela que
brota da sinceridade do coração: a pessoa mergulha no mais profundo de si
e lá encontra a verdade de si mesma. No encontro com a própria verdade,
começa o processo de libertação pessoal. No mais profundo de si, a pessoa
descobre que está se encontrando com aquele que é a plena verdade e
liberdade do ser humano.
As pessoas que rezam nesta perspectiva nunca deixam de rezar, pois tal
prática confere vida e liberdade. Comumente, quem se recusa a rezar desta
forma pode até gostar de rezar, mas sua oração não gera frutos, é infértil.
Oração como prática infértil não leva à conversão de vida. São características
de uma prática de oração infértil: o excesso de palavras e pensamentos,
desconcentração, emotividade desregrada, pressa, o tornar Deus fonte de
satisfação de desejos, etc. Essas coisas tornam a oração uma experiência
frustrante e alienante.
A oração é uma experiência de liberdade que visa à libertação do
crente orante. Eis o motivo fundamental que faz compreender a necessidade
da oração. Não há bem maior do que encontrar-se com Deus na oração.
Trata-se de um encontro revelador que transforma plenamente a vida da
pessoa. Neste sentido, rezar é antes de tudo uma decisão: decidir-se pela
vida e pela liberdade, decidir-se pelo encontro com aquele que vem ao
encontro, que chama, que está aberto, que quer a vida plena.
A oração na vida de Jesus de Nazaré
Os evangelistas são unânimes em acentuar a oração na vida de Jesus de
Nazaré. Todos falam que Jesus costumava procurar um lugar deserto para
rezar. Através da oração, Jesus conversava com o Pai. A missão do Filho
exigia uma profunda comunhão com o Pai na oração. Esta, para o Nazareno,
era um momento privilegiado de intimidade amorosa com aquele que o
enviou. Esta intimidade lhe conferia a certeza de que jamais seria
abandonado em sua difícil peregrinação.
Na Carta aos Hebreus, encontramos um versículo muito significativo
que fala da experiência orante do Mestre de Nazaré: “Durante a sua vida na
terra, Cristo fez orações e súplicas a Deus, em alta voz e com lágrimas, ao
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Deus que o podia salvar da morte. E Deus o escutou, porque ele foi submisso”
(Hb 5, 7). Jesus de Nazaré é o modelo por excelência de oração. Nesta, ele
ensina a escuta de Deus, escuta que se traduz na obediência à vontade do
Pai; obediência consciente e ativa em função da inauguração do Reino do
Pai.
O conteúdo da oração de Jesus de Nazaré era a vontade do Pai. Nada
estava devidamente pré-estabelecido na vida dele. Assim, na oração, o Pai o
orientava na missão. O Filho aprendeu a fazer a vontade de seu Pai através
da oração. Esta é, portanto, um dos lugares de encontro com Deus e da
revelação de sua vontade. Todas as palavras pronunciadas por Jesus de
Nazaré em sua oração vocal ao Pai estavam em função do cumprimento da
vontade divina e esta vontade consistia na inauguração do Reino.
Os evangelistas também mostram que Jesus de Nazaré não era chegado
ao Templo. Neste, é encontrado com chicote nas mãos, expulsando os
exploradores do povo de Deus. Segundo ele, o Templo tinha deixado de ser
casa de oração, lugar de adoração ao Pai. Ele recomenda à samaritana que
se adore o Pai em espírito e verdade. Este é o novo culto, santo e agradável
a Deus.
É preciso recordar sempre que, na oração de Jesus o essencial é o
cumprimento da vontade do Pai. Ele ensinou que não se pode rezar com
outra intenção que não seja esta: é preciso obedecer antes a Deus do que
aos homens. Portanto, deve-se rezar para que o próprio Deus revele ao
coração humano a sua vontade. Jesus de Nazaré aprendeu, submeteu-se e
foi fiel até as últimas consequências.
A oração na vida de São Vicente de Paulo
Nas famosas conferências proferidas por São Vicente, nas Regras
Comuns, nas cartas e recomendações, percebe-se que o santo fundador era,
a exemplo de Cristo, um homem de oração. De forma profética e audaciosa,
afirmou São Vicente: “Dai-me um homem de oração e ele será capaz de
tudo” (SV XI, 83). A Congregação não cansa de repetir esta sentença
vicentina, mas, infelizmente, são poucos aqueles que param para pensar no
seu verdadeiro significado.
Um homem sem oração não é capaz de ser missionário! Esta é a
afirmação no seu sentido oposto. Por que será que ainda há pessoas que se
291
assustam com missionários que não são capazes de quase nada...? Segundo
São Vicente, é impossível que um homem de oração permaneça estático na
vida. Ele aprendeu que Jesus de Nazaré subia ao monte para rezar, mas lá
não permanecia. A permanência de Jesus de Nazaré era no meio dos Pobres.
Isto não quer dizer que ele passava somente algumas horas com o Pai nos
momentos de oração, mas o Pai estava nele e ele no Pai.
São Vicente exortou seus missionários a serem fiéis seguidores de Jesus
evangelizador dos Pobres. Isso implica rezar como Jesus rezou. Trata-se de
rezar como evangelizadores dos Pobres. Assim, os Pobres faziam parte da
oração cotidiana de São Vicente, eram seu conteúdo, conteúdo inspirador e
provocador. Na oração, São Vicente aprendeu a amar os Pobres através das
cinco virtudes que assimilou na leitura e meditação evangélicas. Ele irradiava
o amor de Deus nas palavras e nos gestos. Estar perto dele era viver uma
experiência de Deus.
A comunhão com Deus através da oração e da caridade para com os
Pobres levou São Vicente à santidade. Ele foi se santificando naturalmente,
sem pressa, na contemplação da realidade e na escuta da Palavra que o
questionava profundamente. Interior e exteriormente, São Vicente foi
descobrindo a vontade divina e resolveu aceitá-la para o bem dos Pobres. Há
uma diferença entre descobrir e aceitar a vontade de Deus. É um processo
ascético que implica conversão, reorientação da própria vida.
São Vicente se esforçou em fazer a mesma experiência de Jesus de
Nazaré, uma vez que o Filho de Deus sempre esteve no centro de sua
espiritualidade. Por isso, sempre orientou seus Missionários a buscarem, na
vida e na prática orante, fazer a vontade de Deus. Para ele, a vontade divina
estava na evangelização dos Pobres. E, como evangelizar os Pobres não é
tarefa fácil, os Missionários precisam ser homens de oração para nesta
encontrar força, motivação, horizonte de sentido, disposição e criatividade
para servir os Pobres.
A oração, o apostolado e a perseverança na vocação
“Não tenho tempo para rezar, a minha oração é a Missa que celebro”,
disse-me, certa vez, um missionário lazarista. Se o encontrasse, o que lhe
diria São Vicente? Certamente, diria que o mesmo não iria muito longe na
vocação. A maioria dos que desistem da vocação missionária vicentina é
292
formada por gente que não assimilou a importância da oração. Essa é um
dos meios mais eficazes na superação das dificuldades inerentes à vocação.
A escuta dos Pobres é um dom de Deus que se alcança por meio da
oração. Geralmente, quem não escuta a Deus na oração não é capaz de
escutar os Pobres na ação. Para o serviço dos Pobres, o dom de escutá-los
com atenção é de fundamental importância. Há missionários que tentam se
justificar diante da Comunidade dizendo que graças ao intenso apostolado
não têm tempo para rezar. Quem assim procede, torna-se, num curto
período de tempo, um missionário superficial, sem muita profundidade
naquilo que diz e faz; tudo se torna seco e, consequentemente, insuportável.
Nas Comunidades onde não há oração comunitária, a convivência entre
os Coirmãos não é edificante, pois, onde as pessoas não rezam, os
problemas e os conflitos tornam-se insolúveis. E quem não tem tempo para
a oração comunitária, geralmente, não tem para a oração pessoal: são duas
formas interligadas de oração, uma encaminha para a outra.
Segundo as Constituições da Congregação, deve haver uma íntima
união entre oração e apostolado, através da qual o missionário torna-se
contemplativo na ação e apóstolo na contemplação (CC 42). Neste sentido, o
apostolado deve ser precedido da oração, porque não há trabalho
missionário fecundo sem Coirmãos dados à prática da oração pessoal e
comunitária. Para que esta última não se torne mecânica e,
consequentemente, monótona e cansativa, a Comunidade é chamada a
participar espontaneamente. O momento de partilha é espaço privilegiado
de participação na oração.
Espero que estas reflexões tenham ajudado o leitor a compreender a
importância da oração na vida do missionário lazarista. Sem oração, não há
convivência fraterna, mas pessoas que, sobrevivendo numa casa, tentam se
suportar mutuamente. É daí que surgem as desmotivações e a consequente
desistência de muitos. Por outro lado, somente quem está unido a Deus
através da prática permanente da oração é capaz de seguir Jesus
evangelizador dos Pobres na liberdade e na gratuidade da missão.
293
Formação Permanente
Encontro de Missionários da Congregação
da Missão na América Latina e Caribe
Pe. Agnaldo Aparecido de Paula, C. M.
A
Conferência
Latino-Americana
de
Províncias Vicentinas da Congregação da Missão
(CLAPVI) realizou, conforme programação para o
Plano Trienal 2009-2011, o Encontro para
Coirmãos missiólogos e para os demais Coirmãos
envolvidos
diretamente
em
trabalhos
missionários. Este encontro, o sexto promovido
pela CLAPVI tendo como temática “A MISSÃO”,
aconteceu nos dias de 19 a 23 de setembro, na
cidade de Fortaleza, Brasil. O tema, diga-se de
passagem, muito ambicioso para ser tratado em
apenas cinco dias, foi “A essência missionária da
Congregação da Missão frente às experiências, desafios e perspectivas da
missão na América Latina e no Caribe” e o lema “O Senhor enviou-me para
evangelizar os Pobres” (Lc 4, 16). Estiveram presentes ao encontro 23
coirmãos das seguintes Províncias: Argentina (1), Colômbia (4), Fortaleza (7),
Rio de Janeiro (2), Curitiba (2), Peru (2), América Central (3), Panamá (1) e
Venezuela (1). Pela importância da temática para uma Congregação que
carrega na própria identificação o nome “DA MISSÃO”, acredito que
poderíamos ter contado com um número maior de participantes.
Fiéis a São Vicente de Paulo e ao espírito da Congregação da Missão os
objetivos propostos para o encontro foram: 1) Partilhar nossas experiências
missionárias, procurando abrir novos caminhos e buscando novos métodos
para responder às exigências da missão e do mundo atual; 2) Fortalecer
nossa vocação missionária através do encontro, do estudo e da reflexão para
maior comprometimento, uma vez que o ministério das Missões é para nós
o primeiro e o principal dentre os trabalhos; 3) Aprofundar-nos na essência
missionária da Igreja e da Congregação da Missão, mediante uma autêntica
294
formação permanente que nos permita ter as missões em grande estima, de
tal maneira que “estejamos preparados para ir a elas quando nos chamar a
isso a obediência”; 4) Dar novo impulso à nossa preparação e formação
missionária, através dos documentos da Igreja e da Congregação da Missão,
para oferecer um melhor serviço missionário e entregarmo-nos a Deus
agradavelmente exercendo bem e com convicção o trabalho que realizamos;
5) Renovar nosso espírito missionário, atendendo ao Evangelho e aos sinais
dos tempos para que o fim da Congregação da Missão permaneça em estado
de renovação contínua.
Pessoalmente, avalio que apenas pequena parte dos objetivos foi
atingida, existindo um longo caminho a ser percorrido. Entre as propostas
conclusivas, apenas três, podemos encontrar caminhos para que os mesmos
objetivos propostos para este encontro continuem sendo meta a ser
percorrida e luz a iluminar nossos ideais, nossas Missões e nossas vidas,
passando-se da mera aspiração para a realidade concreta.
Pe. Daniel Arturo Vásquez Ordoñes, presidente da CLAPVI, lembrou
que “o tema das Missões está presente no coração da CLAPVI”. De fato, o
tema já foi tratado de maneira específica em cinco encontros: 1) Chile
(1984); 2) Colômbia (1987): “Projeto de manual para as Missões Populares
Vicentinas”; 3) Panamá (1990): “A nova evangelização e as Missões
Populares Vicentinas”; 4) México (1994): “A Missão Popular Vicentina na
América Latina” e 5) Honduras (2003): “Ratio Missionum”.
Apresento a seguir algumas anotações das reflexões apresentadas
pelos assessores e pelos encontristas. O material produzido pelos assessores
Pe. Paulo Suess, Pe. Andrés Román María Motto, C. M. (Província da
Argentina) e o Pe. Alexandre Fonseca de Paula, C. M. (Província de Fortaleza)
295
será publicado para a informação e formação de todos no próximo número
da Revista CLAPVI.
As primeiras sessões de trabalho foram dedicadas aos Coirmãos
participantes que apresentaram um pouco de suas experiências e/ou do
trabalho realizado por suas Províncias, especialmente na área das missões.
Pe. Paulo Suess em sua assessoria abordou
de maneira bastante livre e com a competência
que lhe é própria o tema: “A missão da Igreja na
América Latina e no Caribe (cenário)”. Iniciou sua
reflexão apresentando alguns dos muitos e
complexos desafios apresentados à Missão nos
dias atuais, destacando: a migração que afeta a
vivência dos valores; a “concorrência religiosa”; a
abertura para o trabalho de descolonização; a ausência de sujeitos sociais
que, no momento atual, aspirem e sejam capazes de assumir a
transformação mais profunda das estruturas; o mundo plural, onde o
mercado é o que se apresenta como a mais sagrada das realidades e os
desafios para se pensar a possibilidade de outra realidade, outra estrutura,
cujo horizonte para o missionário é o Reino de Deus. Diante desta realidade
que se impõe, o assessor apresentou como ponto de partida para a missão o
Projeto de Vida, centrado no testemunho/anúncio do “Núcleo do Kerigma”,
por ele entendido como sendo: 1) A Filiação Divina, que estabelece o
alicerce sobre o qual se entende e se constrói a Igualdade e a Dignidade
fundamental de todos os seres humanos, chamados a viver a Fraternidade
num profundo e sincero reconhecimento do outro (alteridade) e na
distribuição dos bens; 2) A Ressurreição, apresentada como fundamento da
prática da Justiça associada à prática da Verdade.
Paulo Suess afirmou que são três as posturas diante da realidade: 1)
Inculturação como ingênua assimilação, adaptação (“ser como o mundo”); 2)
Proteger-se do mundo através da construção dos muros, da proteção da
identidade e do legalismo; 3) Ir ao Mundo sem ser do mundo. Esta é a tarefa
mais difícil, pois exige proximidade e, ao mesmo tempo, distância. É preciso
recordar que não possuímos o Evangelho (a Boa Notícia) em “estado puro”,
mas codificado em elementos de determinada cultura, por sua vez
condicionada pelos elementos históricos do tempo e do espaço. Todas as
culturas estão repletas de elementos que constituem positivamente a vida do
povo, mas também estão atravessadas por estruturas de pecado. Inseridos no
mundo atual, onde as informações e as imagens são superadas numa
velocidade surpreendente, torna-se necessário relativizar as imagens bíblicas e
históricas de Deus (códigos disponíveis) e devemos enfocar mais a imagem do
296
mistério divino. É importante lembrar que Jesus de Nazaré, quando fala do
Reino de Deus, o faz em parábolas. Quando falamos de Deus, nós o fazemos
por analogia e não como se fosse uma equação. É preciso priorizar novas
relações. Como anunciar com a vida, a vida toda e em todo lugar o querigma,
se não o conseguimos viver no reduzido espaço de nossa casa? É preciso deixar
de agir como funcionários que tratam os outros como clientes.
Finalizando a assessoria, Paulo Suess apresentou
dez imperativos do Concílio Vaticano II que muito
contribuíram com a Igreja e continuam atuais para a
Missão: 1) Natureza missionária de todas as instâncias
e atividades eclesiais; 2) Centralidade da Palavra de
Deus; 3) Centralidade do Reino de Deus; 4)
Compreensão da Igreja como Povo de Deus; 5) Opção
pelos Pobres e pelos outros; 6) Inculturação e
libertação; 7) Compreensão da Salvação como
realidade Universal, no sentido de que quem não recebeu o Evangelho
também pertence ao Povo de Deus e da Salvação, sem a necessidade do
conhecimento do Evangelho (LG 16); 8) Sinais de Justiça / Imagens de
Esperança, convite a evitar o ativismo e a estabelecer prioridades no
trabalho missionário; 9) Liberdade Religiosa; 10) Ecumenismo e Diálogo
Religioso.
Pe. Andrés Motto, Província da Argentina, abordou o tema: “A missão
da Congregação da Missão na América Latina e no Caribe”, desenvolvendo
sua reflexão em três momentos: 1) O pensamento missionário de São
Vicente; 2) A Missão Vicentina na América Latina; 3) A contribuição de
Aparecida no que se refere à Vocação Missionária.
Partindo das experiências de Vicente de Paulo nas Paróquias de Clichy
e Châtillon-les-Dombes e como capelão da Família dos Gondi, o assessor
assinalou como essas mesmas experiências ajudaram a formar o estilo
missionário do fundador da Congregação da Missão. “Com base em suas
experiências pastorais, São Vicente constata que o povo pobre ignora as
verdades fundamentais do dogma e da ética católica e se encontra carente
dos bens materiais e de dignidade. Descobre, com todo o peso da palavra,
que os Pobres estão abandonados”. Entre outros elementos, Pe. Andrés
destacou três fundamentos da Missão em Vicente de Paulo: 1) Bíblico: a
evangelização dos Pobres é sinal de que o Reino de Deus chegou à terra,
sendo tarefa congregacional o seguimento de Jesus Cristo missionário e a
continuação da sua missão. 2) Eclesial: toda a Igreja deve estar com os
Pobres, em especial os sacerdotes e particularmente os Padres e Irmãos da
CM. 3) Pedagógica: não se pode evangelizar sem que antes o Missionário
297
entregue ao Pobre o seu coração; para tanto, nas missões se deverão
exercer as cinco virtudes missionária e uma singular caridade; a correta
aprendizagem da língua, procurando evitar os equívocos e a capacidade de
deixar-se evangelizar pelos pobres. Vicente de Paulo, devedor da teologia do
seu tempo, investe na formação para o conhecimento das verdades
fundamentais da fé e no “fazer bem a confissão”. Entretanto, não se limita a
isso, orientando-se para o compromisso claro com os mais pobres e no
atendimento integral dos mesmos, em suas palavras: espiritual e
corporalmente. A missão entre os Pobres assume duas grandes frentes: as
Missões Populares e as Missões ad gentes. Em relação às paróquias, sempre
houve grandes restrições e reservas.
Pe. Andrés Motto disse que é preciso reconhecer que a Missão
Vicentina na América Latina surge pelo impulso missionário do Pe. João
Batista Etienne, superior geral da Congregação da Missão de 1843 a 1874.
Além de reorganizar as missões no Brasil e Estados Unidos, servindo-se de
Missionários, em sua grande maioria de origem francesa e espanhola, abre
missões em vários países: México (1844), Chile (1853), Peru (1858),
Argentina (1859), Guatemala (1862), Cuba (1853), Equador e Colômbia
(1870), Porto Rico (1873). Sobressai nos Missionários Vicentinos uma sólida
formação clássica e um estilo de vida comunitário baseado na uniformidade,
levada ao extremo por Etienne. Pe. Andrés destacou dois importantes
elementos para o incremento da formação e o fortalecimento do espírito
missionário: em nível de toda a Congregação, o empenho dos últimos
superiores gerais, em especial os padres Robert Maloney e Gregorio Gay, e,
na América Latina, a criação da Conferência Latino Americana de Províncias
Vicentinas (CLAPVI).
Segundo o Pe. Andrés Motto “quando um Vicentino lê o Documento de
Aparecida, sempre o lerá unido ao tema da opção pelos Pobres. Tarefa não
tão difícil já que o mesmo Documento tem muito presente estes dois
aspectos: vocação missionária e opção pelos Pobres”. A eclesiologia de
Aparecida é missionária, um convite a ir às periferias e aos afastados, a
acompanhar e fazer-se solidária com a vida e as lutas do povo pobre,
oprimido e excluído, um apelo à transformação das atuais estruturas
sedentárias e estáticas em instrumentos itinerantes, leves e dinâmicos. “A
missão põe à prova a sinceridade da opção pelos Pobres. A missão é uma
forma eminente de expressar a proximidade maternal da Igreja para com
seus filhos afastados e abandonados”. Aparecida propõe: o testemunho de
gente apaixonada por Cristo crucificado e ressuscitado; aproximar-se dos
batizados para que redescubram a Igreja como sua casa; o diálogo e a
cooperação ecumênica, a conversão pastoral; a trabalhar por comunidades
298
mais adultas e fraternas; voltar à pastoral kerigmática, que anuncia e
prolonga o encontro com Cristo vivo; ir ao encontro dos novos migrantes,
promovendo a cidadania universal na sociedade e a hospitalidade afetiva e
efetiva de uma igreja sem fronteiras; renovar, recriar as missões populares
em colaboração com as congregações, os leigos e os jovens em sintonia e
comunhão com a pastoral de conjunto da Igreja Local.
Muitos são os desafios, maiores são os motivos de esperança: 1) A
Congregação vem reforçando sua vocação missionária em torno das missões
populares e ad gentes; 2) As associações jovens vicentinas têm assumido
com grande entusiasmo a tarefa missionária; 3) As Províncias vicentinas na
América Latina assumem estilos mais evangélicos de missão; 4) Ainda que
com diversos tempos e intensidades, vem crescendo uma evangelização
inculturada.
Finalizando sua reflexão Pe. Andrés Motto disse que a vida missionária
cristã se sustenta a partir de Cristo pobre, evangelizador dos Pobres.
Afirmou, também, que a vida vicentina continua sendo uma vida para os
Pobres e apresentou os seguintes acentos que uma missão vicentina deve
apresentar: 1) Menos sacramentalista, mais evangelizadora e construtora de
comunidades cristãs renovadas; 2) Missões profundamente cristológicas,
onde os Pobres se encontrem cada vez mais com Jesus Cristo; 3) Missões
com forte base bíblica, que leve o povo ao encontro direto com a Palavra de
Deus; 4) Espaço para a proclamação dos valores do Reino de Deus, tais como
a paz, a democracia, os direitos humanos, a ecologia, etc. Espaço para a
reconquista do humano; 5) Missões criativas, com particular atenção ao
aspecto da linguagem (simples e profundo); 6) Missionário(a)s que sejam
verdadeiras pessoas de oração.
A terceira parte do Encontro foi dedicada ao
tema “Missão e carisma vicentino em nossa
formação, em nossa vida e obra: nosso agir vicentino
na América Latina e Caribe”. Pe. Alexandre Fonseca
iniciou sua exposição apresentando o relato de três
experiências (quedas) que foram sinais fortes em sua
vida e que muito o auxiliaram no processo de
conversão à verdadeira prática e vida missionáriovicentina. Em seguida, tomando por base a perícope
de Êxodo 3, 7-10, apresentou o que chamou de “passos eternos da missão”:
1) Olhar: “Eu vi, eu vi a miséria do meu povo que está no Egito”. Para ver, é
necessário aproximação em todos os aspectos e não apenas geográfico. Para
o missionário vicentino, ir ao encontro do Pobre e do outro é aproximar-se
de Cristo. 2) Ouvir: “Eu ouvi o seu clamor por causa de seus opressores”.
299
Tarefa que exige calar, mas não apenas a boca, também os conceitos e
preconceitos. Exige a experiência de kenose, esvaziamento (cf. Fl 2, 6-8)
Ouvir o Outro, o Pobre, o Espírito e os Sinais dos Tempos e do Reino é
deixar-me moldar, mudar, converter, acolher, modificar-me. Nunca uma
atitude passiva. Ouvir é serviço que se presta ao outro, na ressignificação e
reinterpretação da sua situação, contribuindo assim para que possa recobrar
sua dignidade, suas forças e sua esperança. 3) Conhecer: “Eu conheço as
suas angústias”. Para conhecer, é preciso experimentar. Deus conhece
porque participa dos sofrimentos, das angústias, das humilhações, das
alegrias e das esperanças do seu povo. Conhecer é “nascer com”. No caso do
missionário vicentino, conhecer é nascer com o Pobre e o outro, deixar-se
co-formar pelo sofrimento do Pobre e do outro. Aproximar-se do Pobre e do
outro é uma atitude exigente e dura. Sofrimento que se assemelha ao de
Jesus de Nazaré que faz do sofrimento na cruz o caminho da glória.
Pe. Alexandre Fonseca apresentou três dentre os muitos e urgentes
desafios que na América Latina se apresentam às Províncias da Congregação
da Missão: os povos indígenas, a urbanização acelerada e o pluralismo
religioso. Frisou que “somos uma só Congregação da Missão (...). As
Províncias não dividem a Congregação da Missão. Por que tanta dificuldade
em agirmos, em desafios
continentais, como uma
única
Congregação?”
Apresentou três propostas
que foram assumidas pelos
presentes e que deverão ser
encaminhadas à Assembleia
da CLAPVI, em outubro
deste ano, na Guatemala. Eis
as propostas: 1) Organizar
uma Escola de Formação
para
Missionários
Vicentinos,
em
nível
continental nos moldes das Escolas já existentes de Espiritualidade Vicentina
e Formação de Formadores; 2) Continuar estimulando a criação de Equipes
Missionárias Interprovinciais na América Latina e Caribe; 3) Iniciar um sério
processo de reflexão sobre a Reconfiguração da Congregação da Missão em
toda a América Latina e Caribe, começando pela reconfiguração de nossas
Províncias, tendo-se sempre em mente, como objetivo central, maior
fidelidade à vocação, ao carisma e missão vicentina.
300
CLAPVI
Crônicas da XIV Assembleia Ordinária da CLAPVI
Guatemala, 16 a 20 de outubro
1º DIA: 16 de outubro, domingo
A Assembleia se iniciou com a Lectio Divina do evangelho de Mateus
22, 15-21, dirigida pelo Pe. Daniel Vásquez, presidente da CLAPVI. Na sessão
plenária, moderada pelo Pe. Silviano Calderón, Visitador da Província do
México, após as saudações de costume por parte da Conferência e da
Província anfitriã, a palavra foi dada ao Pe. Eli Chaves dos Santos, Assistente
Geral. Além de ler a saudação enviada pelo Superior Geral, Pe. Eli comentou
a importância da CLAPVI para toda a Congregação e ainda apresentou
algumas preocupações do Conselho Geral, que devem ser preocupações de
toda a Comunidade, como o desenvolvimento do espírito missionário, as
paróquias, os Coirmãos em dificuldade, a formação inicial e permanente, a
reconfiguração em vista da fidelidade criativa à missão, a colaboração
interprovincial, a internacionalidade da Congregação e a colaboração com a
Família Vicentina.
Em seguida, procedeu-se às apresentações dos Visitadores, versando
sobre a realidade de cada Província, Coirmãos e Obras, especialmente sobre
a vida missionária da Congregação em seus mais distintos ministérios.
2º DIA: 17 de outubro, segunda-feira
301
Após a celebração eucarística, presidida pelo Pe. Geraldo Ferreira
Barbosa, Visitador da Província do Rio de Janeiro, continuaram as
apresentações dos Visitadores. Depois, houve um passeio até a Antiga
Guatemala, que é patrimônio cultural da UNESCO. Entre as muitas riquezas
culturais desse lugar, os Coirmãos visitaram o templo de São Francisco, a
Igreja das Mercês e a Catedral, que foi atingida por um terremoto em 1778.
3º DIA: 18 de outubro, terça-feira
Após a Missa, presidida pelo
Pe. Manuel Botet Caridad, da
Província de Barcelona, missionário
em Honduras, os trabalhos se
iniciaram com a conferência de Dom
Mario Fiandri, bispo do Vicariato
Apostólico de Petén. A temática
abordada foi a missão e a formação
no Documento de Aparecida.
Segundo o Documento, a formação
tem dois eixos centrais: a espiritualidade e o encontro com Jesus Cristo.
Neste sentido, o bispo foi categórico ao afirmar que formação é viver no
Espírito e respirar no Espírito. Disse também que a experiência formativa em
nossas comunidades deve estar baseada nas dimensões comunitária e
missionária, como questão prioritária e fundamental no processo de
formação, pois não existe verdadeira formação se não prepara e leva à
missão.
Nesta conferência, também se
falou sobre o discipulado, concebido
como ministério central de Jesus. Ser
discípulo significa estar com ele e
viver com ele, fazer dele a vocação
existencial da vida e começar um
processo de “cristificação”, a partir
do qual a pessoa vai morrendo para
ir crescendo em Cristo.
Sobre a formação missionária, afirmou que não há vida cristã nem
presença de Igreja sem missão. Recordou o caráter missionário da Igreja,
fazendo alusão à realidade de que todo cristão, se está vivo, é chamado a ser
missionário. Finalmente, fez um chamado para que, como membros da
302
Congregação da Missão, sejamos pioneiros e contagiemos a outros neste
compromisso missionário.
Na parte da tarde, houve a apresentação dos relatórios da CLAPVI e dos
compromissos assumidos pela Conferência na Assembleia Geral de 2010.
4º DIA: 19 de outubro, quarta-feira
Já que, durante estes últimos anos, se vem insistindo sobre a
“fidelidade criativa para a Missão” e sobre a necessidade de impulsionar um
“ecossistema da vida comunitária”, os participantes do Encontro realizaram
uma viagem até o território de Iximche, que é uma antiga cidade maia
kaqchikel, localizada no município de Tecpán, no departamento de
Chimaltenango. O altiplano kaqchikel é uma das planícies mais extensas e de
maior densidade populacional das terras altas dos maias. É um território
conhecido desde os primeiros colonizadores como zona de florestas. Na
verdade, o nome kaqchikel Iximche vem de ixim que significa árvore de
milho e designa uma árvore da família dos carvalhos. Ao final da turnê,
passaram em Tecpán, sede do Conselho Municipal, onde se reuniram com as
Filhas da Caridade.
5º DIA: 20 de outubro, quinta-feira
Após a celebração eucarística, presidida pelo Pe. Rubén Pedro Borda,
Visitador do Peru, o Pe. Túlio Cordero apresentou o informe da experiência
do Seminário Interno da região CLAPVI – NORTE. Sua apresentação foi
dividida em três partes: o impulso, os começos e o futuro. Em seguida, foi
apresentada a experiência do Seminário Interno do CONE SUL, pelo Padre
Rubén Pedro Borda. Desde o início, esta experiência foi assumida pelas
Províncias do Peru, Argentina, Chile e, ultimamente, também por Equador.
Também nos falou sobre a missão interprovincial empreendida pelo CONE
SUL, realizada, de forma ininterrupta, já há quinze anos.
Em seguida, o moderador Pe. Juan Carlos Gatti convidou a Assembleia
para uma leitura atenta dos Estatutos de CLAPVI, antes de proceder às
eleições. A Assembleia acolheu a proposta de que, para presidente, se deve
votar somente naqueles que se encontram em exercício e podem ser
reeleitos para os seus cargos e considerou-se prudente não votar naqueles
que estão terminando seus mandatos e não podem ser reeleitos. Como
sucedeu na Assembleia de 2008, ficou determinado que se promova a
revisão dos Estatutos para a próxima Assembleia.
303
E assim foram eleitos: Presidente: Pe. Daniel Vásquez, Colômbia; VicePresidente: Pe. Fabiano Spisla, Curitiba (Brasil); Primeiro Vocal: Pe. Juan
Carlos Gatti, Argentina; Segundo Vocal: Pe. Túlio E. Cordero, Porto Rico;
Secretário: Pe. José Jair Vélez, Colômbia
À tarde, após a apresentação do Pe. Oscar Mata, de Costa Rica, o Pe.
Jair Vélez, secretário, introduziu o assunto referente à Escola de
Espiritualidade Vicentina e o Curso de Formação de Formadores. Oferecido
tempo para ressonância do que foi exposto, fez-se a leitura da carta enviada
pelos participantes do Encontro de Missões realizado em Fortaleza (Brasil).
Como gesto de fraternidade para conosco, tivemos a grata visita do
Conselho Nacional da Família Vicentina da Guatemala. E, logo em seguida,
para concluir o trabalho, formaram-se grupos por regiões para uma leitura
atenta do Plano Trienal 2009-2011 e apresentação de propostas para o novo
Plano Trienal 2012-2014, que orientará o trabalho a ser feito de agora em
diante. À noite, houve confraternização com música, jantar e um pouco de
folclore da América Central.
6º DIA: 21 de outubro, sexta-feira
No último dia da Assembleia, além da avaliação e da celebração
eucarística de encerramento, houve a retomada das propostas para o
próximo triênio e a marcação das atividades e das respectivas Províncias
anfitriãs. Voltando a suas Províncias, cabe agora aos Visitadores transmitir a
todos os Coirmãos as decisões e encaminhamentos do encontro para que
toda a Comunidade cresça na fidelidade criativa para a Missão,
especialmente em nossas terras latino-americanas, tão precisadas do
carisma vicentino.
(Resumo das Crônicas do Pe. José Jair Velez, C. M.)
304
Vida da Província
Retiro Provincial – 2011
“Alarga o espaço de tua tenda, estende a tua lona
— nada de economia — estica a corda, finca a estaca!” (Is 54, 2)
Aconteceu na Fazenda do Engenho, à sombra do Santuário do Caraça,
entre o dia 5 e 9 de setembro, o retiro da Província Brasileira da
Congregação da Missão, orientado pelo Padre Eli Chaves dos Santos, C. M.,
que atualmente está em Roma, Itália, trabalhando como Assistente Geral da
Congregação.
Iluminados pelo texto do Profeta Isaías (54, 1-5), o retiro possibilitou
aos participantes uma fecunda experiência de Deus, que continua
convocando seu povo e o atraindo para si. Eram pouco mais de 40 Coirmãos,
vindos de quase todas as Comunidades da Província. Certamente, a
experiência deste retiro levará a todas as Casas e Obras, e àqueles que por
um motivo ou outro não puderam participar, as mais ricas graças e bênçãos
de Deus.
Abrindo o retiro com a Celebração Eucarística, no dia 5, o pregador já
deu as primeiras coordenadas
da oração, meditando sobre o
texto proposto de Isaías.
Insistiu para que fôssemos
capazes de estender os
espaços de nossa tenda,
abrigando o próprio Deus em
nós, dando espaço, no tumulto
do mundo, para a presença e a
graça divinas. Disse que, em
tempos de encurtamento das tendas, expressão usada para ilustrar os
reducionismos, as divergências e os paradoxos do mundo atual, é preciso
mais do que nunca esticar os espaços de nossa tenda, dilatando nosso
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coração em direção a Deus, aos irmãos e às grandes causas do Evangelho do
Reino.
Na manhã do segundo dia, 6, a meditação apontou para a importância
de se estender a lona da espiritualidade vicentina sobre nossa própria vida,
quer dizer, acolher com fecundidade o dom que Deus nos deu como missão
que é o carisma de São Vicente de Paulo.
Apoiado na leitura do evangelho de Lucas
(6,19; 8,43-48), a cena da mulher com
hemorragia há dozes anos, o pregador
comentou que Jesus era um carismático,
sobre o qual estava permanentemente a
tenda do Espírito de Deus. Assim como
São Vicente, outro carismático que fez
opção para ficar sob a tenda do Espírito,
também nós assim devemos agir,
colocando-nos sob a ação do Espírito de Deus e deixando que, a partir de
nós, também saia para o mundo uma força transformadora e curativa.
Pela tarde, o tema foi “fixar a estaca da formação”, a partir do qual
Padre Eli propôs a formação permanente como um caminho mais que
fundamental para ser trilhado. Partindo do evangelho de Mateus (9, 35-38),
que retrata a cena em que Jesus sente compaixão da multidão, o pregador
apresentou esta compaixão missionária como necessidade para todos nós.
Se queremos ser missionários vicentinos de verdade é preciso adquirir, pela
graça de Deus, esta compaixão, que nos invada e incomode, levando-nos a
um compromisso mais decisivo com os Pobres. Comentou também sobre a
expressão do documento final da Assembleia Geral de 2010 que diz que
somos “bens dos Pobres”. Dos Pobres são nossos bens, nossas propriedades,
nossa missão e o horizonte de nosso carisma. Especialmente, nós somos dos
Pobres. E exatamente por causa disso, a formação permanente é uma
urgência. É um dever dos consagrados e um direito da Igreja, do povo e dos
Pobres, que merecem missionários
“santos e sábios”, verdadeiros
discípulos e missionários audazes.
Na manhã do terceiro dia, 7, a
partir do evangelho de João (17, 1033), Padre Eli apresentou-nos a
“estaca
da
comunidade”.
Relembrando a todos a importância
de
construirmos
comunidades
sadias e felizes, baseadas no amor e na corresponsabilidade, o pregador
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salientou a necessidade de transformarmos nossas comunidades em oásis
de humanidade, para que todos possam crescer e se desenvolver humana e
espiritualmente. É preciso reforçar a cada dia e a todo instante o amor que
constrói o humano pela mediação da comunidade. Nessa mesma linha, tanto
o encontro com Deus quanto a missão são mediados pela comunidade. E
isso é fundamental para se garantir os valores evangélicos e para que
ninguém se perca na defesa de conveniências subjetivas e interesses
particulares.
Na parte da tarde, a partir do evangelho de Marcos (6, 34-44), sobre a
compaixão de Jesus pelas multidões e a partilha do pão para alimentar as
multidões, Padre Eli nos convidou a “fixar a estaca da criatividade
ministerial”, afirmando que o futuro da Congregação da Missão está ligado à
abertura aos novos desafios dos Pobres. Para tanto, convidou-nos a sermos
parceiros dos Pobres, em suas lutas e vitórias, desafios e dramas.
Na manhã do dia 8, sob a proteção de Nossa Senhora, cuja Natividade
celebramos, fomos convidados pelo pregador a “esticar as cordas da
reconfiguração e da mudança de estruturas”. A partir do evangelho de
Marcos (2, 18-22), que trata dos odres e dos vinhos, dos tecidos e dos
remendos, Padre Eli afirmou a urgência da reconfiguração na vida da
Congregação, mas não só no que se refere a Províncias, mas a obras,
práticas, atitudes e convicções. A inflexibilidade diante das obras e das
próprias atitudes é um desserviço à Missão. Ao contrário, a abertura aos
novos desafios e às novas perspectivas garante a existência da Congregação
e sua atualidade e importância no cenário mundial e eclesial.
Na parte da tarde, a partir do evangelho de Mateus (8, 18-27), que
mostra Jesus chamando alguns que não aceitaram de imediato seu chamado
e, em seguida, atravessa o mar sobre as águas, Padre Eli nos conclamou a
“esticar as cordas da colaboração congregacional e com a Família Vicentina”.
Jesus chama a Congregação para, rompendo com as seguranças próprias e
desejadas da vida, ser capaz de avançar para águas mais profundas,
ultrapassando fronteiras e assumindo novos desafios. Apresentando as
novas experiências interprovinciais e mundiais da Congregação e
comentando sobre as Missões Internacionais, o pregador nos motivou a
sermos capazes de romper com o sossego de nossa vida e obra para
aprofundarmos nosso espírito missionário e nossa itinerância apostólica. No
que tange à Família Vicentina, apontou quatro campos de atuação: a
formação; a parceria; a partilha do carisma com os leigos, especialmente os
jovens; e as ações conjuntas.
No último dia do retiro, 9, sob a proteção do Bem-Aventurado Antônio
Frederico Ozanam, cuja memória celebramos, Padre Eli nos convidou a
307
“estender-se na fecundidade de uma vida no Espírito de fidelidade criativa
para a missão”. A partir do evangelho de Mateus (28, 6-11), que trata da
ressurreição, o pregador comentou que a voltar à Galileia é retomar o
caminho de Jesus, longe do vazio espiritual da velha e elitizada Jerusalém. A
partir dos sonhos que a Assembleia Geral apontou para a Congregação,
Padre Eli foi comentando a importância da recepção criativa do documento
final da Assembleia.
Finalmente, para encerrar nosso retiro, houve a Celebração Eucarística
e a homenagem aos Coirmãos jubilandos de 2011. Presidida pelo Padre
Geraldo Ferreira Barbosa, C. M., Visitador Provincial, a Missa cantou
louvores a Deus pela vida, vocação e consagração de nossos irmãos. Para
maior agradecimento pela vida dos Coirmãos jubilandos, durante a homilia,
Padre Marcus Alexandre Mendes de Andrade, C. M., fez a saudação em
nome de toda a Província. A todos estes Coirmãos, nossa gratidão e
homenagem por tudo o que representam para nós e para a Igreja,
especialmente os mais pobres.
HOMILIA E SAUDAÇÃO LAUDATÓRIA AOS JUBILANDOS DE 2011
9 de Setembro de 2011
Padre Marcus Alexandre Mendes de Andrade, C. M.
Estimado P. Eli, nosso Coirmão de Província e hoje Assistente Geral da
Congregação,
Estimado P. Geraldo, nosso querido Visitador Provincial, que me confiou esta
missão de saudar nossos jubilandos,
Estimados Coirmãos aqui presentes,
Mui estimados Coirmãos Jubilandos, a quem especialmente me dirijo neste
momento
Celebramos no dia de hoje, com toda a Família Vicentina, a memória do
Bem-Aventurado Antônio Frederico Ozanam. Sua vida, curta em comparação à
de muitos Coirmãos hoje homenageados, como o P. José Guido Branta, meu
companheiro nas distantes terras de Campina Verde, que completa este ano 70
anos de vocação, foi e é para todos nós um chamado à fidelidade evangélica no
serviço aos Pobres, ou, para usar as expressões que nos ressoam de nossa última
Assembleia Geral, a vida de Frederico Ozanam é para nós um chamado e uma
provocação à nossa fidelidade criativa para a missão.
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Frederico Ozanam nasceu em 1813 e faleceu em 1853. Foram apenas
40 anos. Menos do que qualquer um dos jubilandos deste ano. No entanto,
sua vida foi plena de Deus; seu testemunho eloquente de serviço aos Pobres
e de luta por um mundo novo deixaram marcas indeléveis na história da
Igreja e da humanidade. Como ouvimos na primeira leitura de nossa Missa,
tirada do livro do Eclesiástico, Ozanam em nenhum momento “recusou o
dom de sua vida ao necessitado”, ao irmão que lhe estendia a mão. E, neste
sentido, falando em dom que não se recusa, ao contrário, que é vida
ofertada, precisamos prestar nossa homenagem aos jubilandos de idade:
com 50 anos, P. Juarez e P. Neider; com 60 anos, P. Calixto, P. Onésio e P.
Paulo Venuto; com 80 anos, P. Célio e P. Luiz de Oliveira Campos.
Obrigado porque vocês também, como Frederico Ozanam, não nos
recusaram o dom de suas vidas. Seus pais, em seu amor, geraram vida para o
mundo. E vocês... vocês tomaram esta vida e a ofereceram. E como é bom
para nós, seus Coirmãos, fazer parte da vida de vocês e tê-los como parte de
nossas vidas!
Nesta tentativa de não recusar a oferta de sua própria existência como
dom, alguns de vocês foram ainda crianças para o Caraça. Outros entraram
no seminário com um pouco mais de idade. Alguns entraram na Comunidade
muito novos; outros, por suavez, entraram crescidos e já chegando à
maturidade.
No entanto, o como entraram não nos importa. Para nós o que vale, e é
este o motivo de nosso louvor, é por que ficaram e como ficaram. E a
resposta que nos vem ao coração não poderia ser outra a não ser: para fazer
de suas vidas um dom de amor para o mundo. Vocês receberam esta dádiva
preciosa de Deus e não a guardaram para si. Fizeram dela dom de amor. E ao
longo da vida, foram renovando esta entrega, esta oferta de amor a Deus e
aos irmãos, especialmente os mais pobres.
Vocês passaram por muitos lugares. Foram missionários nos campos,
no sertão e nas praias, nas cidades do interior e nas capitais. Alguns de vocês
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prestaram à Comunidade e à Família Vicentina serviços importantes que
serão sempre e historicamente reconhecidos: foram Visitadores,
Conselheiros da Província, Diretores das Filhas da Caridade...
Muitos foram formadores do clero diocesano, nos mais célebres
seminários que o Brasil conheceu, ou formadores dos nossos. Inclusive,
muitos de vocês olham hoje para nossa Província, tão jovial e renovada em
idade, e devem recordar os momentos que passaram em nossas casas de
formação, juntos com esta nova geração de lazaristas, formada pelo árduo
labor de quase todos vocês. Neste tempo de formação, que podemos
tranquilamente e com orgulho chamar “nosso”, foram muitos os momentos
alegres que celebramos: noites culturais, confraternizações, passeios,
formatura, votos, ordenações, vitórias na vida, na pastoral, no vestibular, na
faculdade. Muitas também, e calorosas!, foram as discussões que travamos,
as disputas por este ou por aquele motivo. De fato, neste tempo que
chamamos “nosso”, não havia discussões desnecessárias. Os temas eram
palpitantes e o interesse e a vivacidade brilhavam em nossos olhos ainda
juvenis. Como não lembrar também as muitas risadas que demos em torno
da mesa, como também as partilhas – às vezes longas e cansativas – na
oração comunitária... Momentos felizes e às vezes tensos, mas momentos
intensos, que não deixamos passar despercebidos.
Para prestar-lhes nossa mais sincera homenagem, faço uso de uma
expressão de Exupéry, o mestre do “Pequeno Príncipe”: “Minha vida é
monótona. Mas, se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol.
Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros...” Tenham
certeza: nossa vida e a vida de nossa Província perderam sua monotonia
quando topamos com vocês nos caminhos da Missão. Suas vidas, hoje
celebradas solenemente, nos encheram de luz, nos encheram de sol. E isso
porque não nos recusaram o dom de seu amor. Assim como na primeira
leitura desta Missa, que nos recomendou: “Faze com que a comunidade te
ame”, podemos assegurar-lhes: nós os amamos! E reconhecemos que, muito
além das diferenças, conflitos e crises que existem entre nós, nós
reconhecemos e valorizamos, publicamente, o dom de suas vidas.
SÓ COM AMOR SE MOVE A VIDA/ Ô... Ô... COM MUITO AMOR/ NÃO DEIXEM
A LUZ ESCONDIDA!/ Ô... Ô... DIZ O SENHOR.
Vem! Vamo-nos vestir de Vicente/ Porque lá fora nossa gente/ Vive a
incerteza do amanhã./ Vem! Vamo-nos fazer de menino/ Porque lá fora os
pequeninos/ Querem um lugar ao sol./ Sonhar! Como é bom poder sonhar!/
310
É divino ensinar como o Mestre ensinou./ Plantar, plantar! Como é bom
poder plantar/ Mil sementes de emoção, explodindo no coração.
Vestir-se de Vicente! A vida, nascida do amor e feita dom de amor para
o mundo, foi plenificada de graça pela doação livre, alegre e generosa, feita
a Deus para o serviço dos mais pobres. Isto é vestir-se de Vicente. Porque lá
fora a nossa gente, o nosso povo sofrido e desamparado, quer um lugar ao
sol, quer uma luz para se iluminar, quer um baluarte para manter firme sua
vida, quer uma esperança para dar sentido e horizonte para sua existência. E
como é bom poder contemplar e celebrar o jubileu de tantos Coirmãos que
fizeram de sua vida, naturalmente um dom divino, um dom especialíssimo,
pois doada livremente e consagrada a Deus e aos Pobres na sinceridade e na
alegria da vocação vicentina!
Neste ano de 2011, celebramos, além do jubileu de idade, o jubileu de
25 anos de vocação do P. Juarez e do P. Neider e o jubileu de 60 anos do P.
Célio. Os outros jubilandos de vocação são: P. Paulo Faria, P. Gomes e P.
Wilson Belloni, completando 60 anos, e o Ir. Thomaz, que completa 70 anos
de consagração. Faz tempo que vocês se vestiram de Vicente. A maioria de
vocês entrou para a Comunidade no grande Seminário de Petrópolis, espaço
mais que célebre da formação da Congregação no Brasil.
Lá, sob o silêncio quase monástico do Petit-Saint-Lazare e a batuta firme e
humanística do saudoso P. José Luís Saraiva, que nós da nova geração
conhecemos já idoso, mas sem nunca perder a serenidade que toda a vida o
caracterizou, e com o mesmo pigarro do tempo em que era Diretor de vocês,
vocês e seus contemporâneos puderam experienciar a riqueza da vocação e
da missão vicentina. Entre exercícios espirituais, estudos e conferências,
foram sendo moldados como lazaristas para o serviço da Igreja.
Tanto vocês que passaram por Petrópolis como os outros dois Coirmãos
que, há 25 anos, num outro tempo e ad experimentum fizeram seu
Seminário Interno em outra modalidade, todos puderam fazer a experiência
de vestir-se de Vicente. Ou melhor, para sermos mais fiéis à teologia da
graça, puderam fazer a experiência do ser vestido de Vicente por força e
graça do Senhor de toda vocação. Para situar este momento tão rico e
fecundo da vida de vocês, pelo qual todos nós outros já passamos, nos mais
variados tempos, lugares e modalidades, cabe aqui retomar um versículo da
primeira leitura da Missa de hoje, da memória de Frederico Ozanam: “Inclina
teu ouvido ao pobre e responde-lhe a saudação com afabilidade”. Foi para
311
isso que vocês se fizeram lazaristas. Foi para isso que há 25, 60 ou 70 anos
vocês foram admitidos à nossa Comunidade, em vista da consagração total
de suas vidas a Deus no serviço dos Pobres.
O beato Ozanam, em uma de suas cartas, afirma que, diante do Pobre,
nós devemos nos inclinar, reconhecendo a presença de Jesus sofredor nele.
E este ato – diz ele – equivale à prostração feita diante do Santíssimo
Sacramento, não só pela presença real e palpável de Deus nos Pobres, tanto
quanto na Eucaristia, mas principalmente por sua dignidade e seu valor,
destruídos pelas situações de dor, miséria e exclusão. Parece até uma
homilia sobre o Evangelho de nossa Missa, que nos mostra aquele viajante
samaritano, apesar de toda a ocupação de sua viagem, prostrado diante do
homem ferido pelos bandidos. Assim como ensina o livro do Eclesiástico,
que diz: “Não rejeites o pedinte oprimido, não desvies teu rosto do pobre. Do
que pede, não desvies teu olhar”, também o samaritano faz sua a compaixão
do próprio Deus e, abandonando todo tipo de distância geográfica e de
consciência em relação ao Pobre, inclina-se para ouvir o seu clamor, o seu
pedido por misericórdia. Hoje podemos recordar: quantas foram as pessoas
para as quais vocês inclinaram seu ouvido e responderam com afabilidade! A
lista seria imensa, devido à intensidade e a vitalidade com que assumiram
sua vocação. Só temos que lhes agradecer. Em nome dos Pobres, nossos
mestres e senhores, só podemos render a vocês nosso ato de gratidão e de
reconhecimento. Saibam que não foi em vão a consagração que fizeram de
suas vidas! Vestiram-se mesmo do samaritano Vicente e, abandonando as
velhas montarias e os projetos pessoais, não titubearam diante do grito dos
sofredores.
SÓ COM AMOR SE MOVE A VIDA/ Ô... Ô... COM MUITO AMOR/ NÃO DEIXEM
A LUZ ESCONDIDA!/ Ô... Ô... DIZ O SENHOR.
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Vem! Vamos levar fé e calor,/ Muita esperança, paz e amor:/ Somos
caminho e a fonte./ Vem! Vamos formar um batalhão/ E em toda nossa
inspiração/ Adicionar este ideal:/ Somar, para poder dividir;/Não partir sem
repartir,/ Deixando alguém feliz, feliz./ Ninguém tem tanto que nada falte;/
Nem tão pouco, que não tenha/ Um pouquinho pra doar.
Por fim, cabe-nos prestar homenagem aos jubilandos de votos e
ordenação. Celebrando jubileu de prata de ordenação presbiteral, temos o
nosso Excelentíssimo Senhor Prefeito, sempre tão amigo de todos e, apesar
da distância amazônica e das muitas ocupações ora assumidas, sempre tão
presente no seio provincial, P. Edimir. Com 25 anos de votos, temos o P.
Hélio e o P. Agnaldo, que também é jubilando de idade. Com 50 anos,
celebrando o jubileu áureo de seus votos, temos o P. Sebastião Carvalho e
com 70 anos o P. Guido.
Quando vocês emitiram seus votos e foram ordenados, como diz a
música que entoamos há pouco, vocês decidiram adicionar à sua vida um
ideal: “Somar, para poder dividir; não partir sem repartir, deixando alguém
feliz”. De fato, os santos votos e a ordenação presbiteral são uma
manifestação da bondade de Deus para conosco, do Deus que nos convida a
somar forças na obra do seu Reino. Nada merecido de nossa parte, o dom da
vocação é para nós um presente que nos faz missionários. Um dom que se
faz missão!
Adentrando
a
Pequena
Companhia de São Vicente, vocês
decidiram somar com gerações e
gerações que os antecederam.
Receberam de graça um patrimônio
imenso: espiritualidade, carisma,
história congregacional, tradição,
bens e Coirmãos. Mantendo-se
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firmes e fiéis, renovaram sua decisão de somar com as gerações
contemporâneas e futuras. Viveram e conviveram com uma infinidade de
Coirmãos, dos mais velhos aos mais jovens; partilharam e ainda partilham a
vida e a riqueza da vocação; sonharam e ainda sonham com uma
Comunidade cada vez mais fiel ao Evangelho, lido, interpretado e vivido por
São Vicente de Paulo.
Há grandeza em cada gesto de vocês. Há grandeza na consagração
perpétua e no acolhimento do dom de sua vocação presbiteral. O mesmo
Exupéry, citado há pouco, em sua obra “Terra dos Homens”, afirma: “A
grandeza de uma profissão é, talvez, antes de tudo, unir os homens. Só há
um luxo verdadeiro: o das relações humanas. A experiência mostra que amar
não é olhar um para o outro, mas olhar juntos na mesma direção”. Isso
podemos perceber na vida de cada um de vocês, hoje aqui solenemente
celebrada. A grandeza da existência e da vocação de cada um está
exatamente no dom de se ofertarem livremente a Deus e aos irmãos.
Obrigado porque não perderam tempo olhando um para o outro, se
adulando ou se provocando; não perderam tempo, especialmente, olhando
para si mesmos. Obrigado por olharem, juntos, na mesma direção: o Reino
de Deus, que começa no meio dos Pobres e, a partir deles, alcançará todo o
mundo.
Olhando juntos na mesma direção, conosco, a querida Província
Brasileira da Congregação da Missão, não tenham medo de prosseguir.
Façam de suas vidas uma casa de acolhida para todos, especialmente para
aqueles que estão jogados pelas estradas e abandonados pelo sistema
excludente. Derramem sobre o mundo, tão carente e frágil, apesar de sua
roupagem de força e de poder, derramem sobre as feridas do mundo o óleo
da bondade, qual bálsamo santificador, e o vinho eucarístico da redenção,
buscando a salvação de todos pela graça de Deus. E quando vocês voltarem
a esta evangélica pensão do cuidado, onde deixaram, em liberdade, os
Pobres e o mundo sofredor, saibam que não será o dono da hospedaria, mas
os próprios Pobres, socorridos e libertos de sua dor pela sua solidariedade e
compaixão, serão eles, juntos de Jesus, o Pobre e, ao mesmo tempo, o
Samaritano da humanidade, serão eles que abrirão a vocês as portas,
brindando com todos nós o dom de suas vidas! Felicidades! Ad multos
annos!
314
SAVV
Caminhada do SAVV na PBCM
Pe. Alexandre Nahass Franco, C. M.
Nos meses de setembro e outubro, a
Equipe Ampliada do SAVV teve a
oportunidade de se reunir duas vezes para
vários encaminhamentos no trabalho
vocacional da PBCM. Conseguimos concluir o
Projeto do SAVV para 2011-2016, aprovado
pela Direção Provincial na última reunião do
Conselho, dia 3 de outubro de 2011. Em
breve, nossas Comunidades receberão esse
Projeto.
Numa atitude de reflexão, partilha e colaboração, buscamos rever
também a metodologia, organização e conteúdos dos nossos Encontros
Vocacionais para os próximos anos. Desta forma, poderemos fortalecer a tão
sonhada “cultura vocacional” em nossa Província e dividir as
responsabilidades no serviço tão importante da Animação Vocacional.
Aproveitamos para agradecer a todos os Coirmãos que vem
colaborando com o Serviço de Animação Vocacional Vicentina da PBCM,
lembrando um elemento muito importante que estabelecem as Normas
Provinciais, no artigo 44 “Para suscitar candidatos à Missão Vicentina, em
nossas Casas e nas Obras a nós confiadas, haja empenho em se realizar,
cada ano, pelo menos um movimento vocacional específico, a ser previsto no
Planejamento da Comunidade e comunicado ao Promotor Vocacional
Provincial até o mês de abril”.
Gostaríamos de apresentar as prioridades que estão em nosso Projeto
Provincial 2011-2016, assumidas com as demais Províncias da Congregação
da Missão e das Filhas da Caridade, no VI Encontro Interprovincial do Serviço
de Animação Vocacional Vicentino, realizado em Belo Horizonte-MG, em
maio de 2011. A partir das prioridades, linhas de ação e estratégias
estabelecidas em nível nacional, definimos nossa meta de trabalho e nos
propomos as seguintes atividades:
315
PRIORIDADE
LINHAS
DE AÇÃO
JUVENTUDE
Ser presença
atuante junto
à juventude,
proporcionan
do-lhe...
ESTRATÉGIAS
ATIVIDADES
-Experiências de oração;
-Encontros
de
formação;
-Proximidade com os
Pobres;
-Subsídios
e
acompanhamento.
-Reconfiguração
e
promoção de encontros
vocacionais;
-Visita aos vocacionados;
-Visita dos vocacionados a
nossas Casas e Obras;
-Renovação do material de
divulgação e criação de
novos subsídios.
FORMAÇÃO
-Novas formas de
encantar a juventude;
Intensificar a -Aprofundamento
e
formação dos fidelidade criativa ao
animadores
carisma;
vocacionais, -Aprimoramento do
buscando...
serviço missionário;
-Revisão
da
metodologia pastoral.
CORRESPONSABILIDADE
-Atividades que criam
cultura vocacional nas
Vocacionaliza Províncias;
r
a -Inserção de conteúComunidade dos ligados ao SAVV
Provincial,
no programa de forpromovendo. mação;
..
-Encontros
de
animação vocacional
para
todos
os
membros da Província;
-Parceria
com
a
Família Vicentina e
outros grupos afins.
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-Estudo dos documentos
da Igreja sobre juventude
e o SAVV;
-Reconfiguração da Equipe
Provincial, dos animadores
regionais e das equipes do
SAVV;
-Atualização permanente
do site da PBCM;
-Aprofundamento
dos
critérios de admissão ao
Seminário e formas de
acompanhamento.
-Dinamizar a prática da
oração pelas vocações;
-Redimensionamento das
visitas aos vocacionados
pelos membros do SAVV;
-Encontro Provincial sobre
o SAVV;
-Estreitamento
da
cooperação com as Filhas
da Caridade e presença
nas atividades da Família
Vicentina, particularmente
dos ramos mais ligados à
juventude.
Filhas da Caridade
Bendita aquela que vem em nome do Senhor
Terminava o dia 9 de outubro de 2011 e estávamos no hall de entrada
da Casa Provincial João XXIII, em Belo Horizonte. Entre ensaios, conversas e
cochilos, aguardávamos o momento tão esperado da chegada da 55ª
sucessora de Santa Luisa de Marillac, Irmã Evelyne Franc.
Nos primeiros minutos do dia 10, vimos parar em frente à Casa
Provincial o carro que conduzia a Superiora Geral das Filhas da Caridade de
São Vicente de Paulo. Dele, sai uma Irmã sorridente, leve como pluma solta
ao vento, boa disposição e grande simplicidade para acolher a todos com
fraternal abraço.
Acompanhando-a veio a Ir. Marlene Terezinha Rosa, Conselheira Geral
para a Língua Portuguesa, mulher forte, determinada e zelosa pelo bem
estar da Superiora Geral e facilitadora do encontro desta com todas as
Irmãs. Pessoa encantadora!
Após as saudações e acolhidas mútuas, nós nos dirigimos à Capela. Lá,
Ir. Maria Rozaria da Silva, com seu violão afinado, ajudou-nos a entoar, entre
outros, o tradicional Magnificat e o “Ó Marie conçue sans péché...”.
Ao amanhecer do dia 10, na capela da Casa Provincial, celebramos,
toda a comunidade e funcionários, a Eucaristia de abertura da visita de Ir.
Evelyne Franc à Província de Belo Horizonte. “Bela liturgia, magnífica!”
Assim ela resumiu seu encantamento pela liturgia do Brasil.
Ao longo dos quase oito dias da Visita, muitos foram os trabalhos
realizados. Intensa programação! A todos, acolheu com disponibilidade e
atenção. Com ela, visitamos algumas Obras da Província. Estivemos na Vila
São José Bento Cottolengo, Trindade (GO). Este encontro foi marcado por
fortes emoções. Ali, as Filhas da Caridade, em parceria com os Redentoristas,
trabalham na promoção da vida e da dignidade da pessoa com deficiência
física, mental e em situação de vulnerabilidade social.
Fomos a Curvelo (MG), ao encontro das Servas dos Pobres e, no dizer
da Ir. Evelyne Franc, “tesouros da Companhia”, as Irmãs Idosas e enfermas.
Impressionante a alegria, o entusiasmo, a vivacidade que aquela visita
provocou na Comunidade! O encontro foi marcado por grandes emoções. A
cada uma, abraçou e disse uma palavra de ânimo, de encorajamento e
317
gratidão. Entre cantos e ofertas de presentes, estes confeccionados pelas
próprias Irmãs, foi feita a saudação, discurso proferido pela Ir. Sebastiana
Cirilo, com seus 98 anos de idade. Ela mesma produziu o texto.
Esta mesma sensibilidade pelos “tesouros da Companhia” a levou
igualmente à Casa Catarina Labouré e à Comunidade Irmã Dutra, em Belo
Horizonte (BH). A mesma vivacidade, o mesmo amor e alegria das Irmãs
Idosas e enfermas pela sucessora de Santa Luisa. Que belo “espírito de fé!”
Finalmente, nossa última viagem foi a Mariana, a primeira Casa das
Filhas da Caridade no Brasil. Ali, enfrentando enormes desafios, sobretudo
da inculturação, chegaram as primeiras Irmãs missionárias, vindas da França,
chegando a 4 de abril de 1849, a pedido do Bispo de Mariana, Dom Antônio
Ferreira Viçoso, C. M. Tudo com muito requinte e beleza, merecidos pela Ir.
Evelyne Franc e que bem caracterizam nossas cidades históricas. A visita
teve seu início com a bênção do Santíssimo Sacramento dada pelo Exmo. Sr.
Arcebispo de Mariana, Dom Geraldo Lírio Rocha. Uma agradável garoa nos
acompanhou por quase todo o dia. Eram bênçãos caindo do céu para
fecundar o histórico momento que ali vivíamos.
Embora não tenha sido uma Visita Regular, Ir. Evelyne Franc pode se
encontrar com todas as Irmãs da Província, pois os encontros foram
realizados por regionais.
No Educandário e Creche Menino Jesus, em Belo Horizonte,
aconteceram os encontros com as Pré-Postulantes, Postulantes, Irmãs
Jovens (do Seminário e até dez anos de vocação), com a Família Vicentina e
as Irmãs Serventes. Sempre a mesma postura de acolhida e atenção.
Impressionante!
De sua atenta e acurada percepção, nada escapava. Quando fizemos a
síntese final de sua visita, pudemos perceber claramente tudo isso, a partir
de suas observações e das orientações que ela nos deixou como prova de
seu imenso amor pela Companhia das Filhas da Caridade, a qual lhe cabe
animar, encorajar e exortar à fidelidade criativa ao carisma.
“Bendita aquela que vem em nome do Senhor”. Essa foi a saudação,
repetidas vezes dirigida a Irmã Evelyne. De fato, veio e, em nome dele,
trouxe tudo aquilo que se espera de quem se torna sua porta-voz.
Por tudo, por todos e todas, pela semeadura do amor-caridade na
humildade e simplicidade destas “terras” férteis da Província de Belo
Horizonte, Te Deumlaudamus!
Pe. Francisco Ermelindo Gomes, C. M.,
Diretor Provincial das Filhas da Caridade de Belo Horizonte
318
Família Vicentina
Manhã de Oração da Família Vicentina – BH
No dia 25 de setembro de 2011, na
paróquia São José do Calafate, realizouse a Manhã de Oração da Família
Vicentina, antecipando a celebração da
Solenidade de São Vicente de Paulo.
Todos os nove Ramos que compõem o
Regional de Belo Horizonte estiveram
significativamente
representados,
constituindo uma numerosa assembleia de, mais ou menos, 900 pessoas. Em
atenção à proposta de nossos dirigentes internacionais, procuramos colher
os frutos do Jubileu dos 350 anos da morte de São Vicente e Santa Luísa,
centrando nossa atenção no tema do Encontro Nacional da Família
Vicentina, realizado em Goiânia (GO), em junho de 2011: Família Vicentina,
pelos pobres do mundo, no mundo dos pobres.
Ao longo dos anos, a Manhã
de Oração tem se apresentado
como uma oportunidade ímpar de
revitalização do sentido de
pertença à Família Vicentina,
aprofundamento
de
nossa
espiritualidade, revitalização do
nosso compromisso caritativo-missionário e estreitamento dos laços de
fraternidade e cooperação que nos unem em torno do mesmo carisma. Em
2011, mais uma vez, procuramos tomar consciência de que somos uma
grande família espiritual e apostólica, que encontra em Vicente de Paulo sua
fonte de inspiração na vivência dos valores cristãos, particularmente na
caridade para com os Pobres, uma caridade que nos leva a integrar
evangelização e promoção humana em tudo o que fazemos. Reafirmamos o
319
nosso propósito de ouvir os Pobres e torná-los protagonistas na caridade,
estimulando sua promoção humana e social, e na missão, evangelizando-os
e deixando-nos evangelizar por eles. Assim, esperamos encontrar caminhos
novos na tarefa de transformar as estruturas que mantêm os Pobres em
situações de carência e abandono.
A programação constou de oração de abertura, dinâmica de
acolhimento e apresentação dos Ramos, encenação da vida de São Vicente
e, como coroamento, a celebração da Santa Missa, presidida por Dom José
Maria Pires, arcebispo emérito da Paraíba. Todos os momentos da Manhã de
Oração foram preparados e dinamizados pelos próprios Ramos, cada vez
mais comprometidos com o aprimoramento dos projetos desenvolvidos em
parceria.
Logo no início da Manhã
de Oração, acolhemos a
relíquia de São Vicente trazida
ao altar pelos dois jovens que
representaram a Sociedade de
São Vicente de Paulo –
Conselho Metropolitano de
Belo Horizonte (CMBH) na
Jornada
Mundial
da
Juventude, em Madri (Espanha). Ao final da Eucaristia, foi avisado que, a
partir daquele dia, teria início a peregrinação do relicário pelos Ramos do
Regional e, a partir de janeiro de 2012, por entre cada um dos 15 Conselhos
Centrais do CMBH.
Fazemos votos de que a peregrinação da relíquia de São Vicente seja
útil à revitalização de nossas bases, por meio do aprofundamento de nossa
herança espiritual e do fortalecimento da adesão convicta e laboriosa de
todos os membros da Família Vicentina às mais diversas iniciativas de
solidariedade e serviço aos Pobres, a fim de que, juntos, cheguemos a “amar
o que São Vicente amou e praticar o que ele ensinou” (Oração da Missa de
São Vicente de Paulo).
320
Conjuntura
Rede de apoio e solidariedade abraça
Comunidade Dandara
“A gente tem muita fé e coragem. A gente não está
só. Quanto mais eles nos ignoram, mais aparece
gente para nos apoiar”.
Maria do Rosário de Oliveira Carneiro
Advogada popular
Desde que a Comunidade Dandara, no bairro Céu Azul, em Belo
Horizonte (MG), recebeu a notícia de que seria expedido o mandado de
despejo no processo de reintegração de posse que tramita na 20ª vara Cível
da Comarca de Belo Horizonte, tem sido impressionante o grande número
de manifestações de apoio e solidariedade à Comunidade, no sentido de
discordância com a decisão judicial e com a forma como o poder público do
Estado de Minas tem tratado as 1.000 famílias que, há 2 anos e 6 meses,
vivem na Dandara.
Pela internet, estão sendo realizadas diversas campanhas de apoio a
Dandara, inclusive internacional. De diversos cantos do mundo, grupos e
pessoas têm encaminhado à Comunidade Dandara recados de apoio à
321
Comunidade e contrários ao despejo. Na Comunidade, tem sido grande o
número de visitantes, diariamente, apoiando às famílias. Um grupo de
jovens apoiadores, desde que soube da notícia do despejo, veio acampar e
morar com as famílias de Dandara.
No último 12 de outubro, dia das crianças, durante todo o dia, houve
festa na Comunidade, com a presença de dezenas de apoiadores que, de
muitas maneiras, contribuíram e se solidarizaram com as crianças que são
centenas. Foi um dia de muita festa e de muito gesto solidário. “Aqui na
Dandara, somos felizes. Brincamos, vamos à escola, participamos da
comunidade e lutamos. Estamos aprendendo a lutar também com os semterrinhas do MST”, dizem muitas crianças dandarenses.
Dia 16 de outubro, centenas de pessoas de diversos cantos de Minas
Gerais, do Brasil e do mundo, vieram abraçar a Comunidade Dandara. O dia
começou animado, com as famílias dandarenses enfeitando a comunidade e
se preparando para receber as visitas. Foi uma verdadeira primavera de
solidariedade. Às 13h, as pessoas foram chegando, trazendo faixas de apoio
e muito calor humano. Foram diversas entidades, movimentos sociais e
populares, religiosos/as, faculdades e universidades, sindicatos, professores,
padres, igrejas diversas, estudantes, comunidades vizinhas, artistas e
famílias. Também se fizeram presentes diversas instituições através de
telefonemas e e-mails, justificando a ausência física, mas afirmando o apoio
à luta das famílias.
A Comunidade Dandara, com bandeiras vermelhas estendidas sobre
todas as casas, sinalizava a resistência, o sangue aguerrido de sua gente que
insiste em dizer que sua luta é justa, legítima, urgente e necessária. Insiste
ainda em dizer, sobretudo, que as famílias não podem sair de Dandara,
porque não têm para onde ir, porque o lugar chamado Dandara é uma
conquista, tem sido libertação, tornou-se um projeto de vida para milhares
de pessoas, sobretudo para centenas de crianças. O sonho de Dandara não
pode ser abortado! Após a morte de duas crianças na Dandara – Beatriz e
Estefânia – que morreram carbonizadas em um barraco de 4 metros
quadrados, volta e meia o arco-íris vem visitar a Comunidade, acordando em
todos a certeza de que o Deus da vida vibra de alegria com a luta de
Dandara.
Com músicas, falas dos apoiadores e muita animação, o grande abraço
aconteceu, inclusive com Ato Ecumênico para pedir a bênção divina e a sua
322
proteção. Quinhentas crianças do MST, os sem-terrinha, marcaram
presença. Recitaram poesia para Dandara, cantaram músicas e deram gritos
de luta, solidários com as crianças e as famílias da Comunidade. “Mexeu com
Dandara, mexeu com os sem-terrinhas e com o MST”, gritavam todos. Uma
onda de energia revolucionária contagiava a todos.
De maneira organizada e em marcha, nove moradores de Dandara, cada
um com uma grande bandeira vermelha, foram seguindo para um
determinado ponto dentro da comunidade, acompanhados de centenas de
apoiadores e moradores. Em seguida, ao som de foguetes, com gritos e
hinos, o povo foi se espalhando, dando as mãos e abraçando a Comunidade
Dandara. Um helicóptero de amigos parceiros sobrevoou a Comunidade
durante o ABRAÇO A DANDARA e registrou a beleza profética e política do
que estava acontecendo.
A comunidade Dandara possui um território de 330 mil metros
quadrados (33 hectares). Ao redor de toda a Comunidade, estavam cerca de
3 mil pessoas de mãos dadas, simbólica e concretamente, dizendo às
autoridades, que não concordam com a decisão que decretou o despejo das
1.000 famílias e que esta decisão não pode ser cumprida.
Este abraço veio confirmar a força que tem o povo de Dandara. Força
visível na luta de cada dia, na organização interna, na convicção de seus
direitos e no imenso apoio que a Comunidade tem da sociedade. Apoio em
Belo Horizonte, em Minas Gerais, no Brasil e no mundo. Tem razão quando
diz Dona Maria, moradora de Dandara: “A gente tem muita fé e coragem. A
gente não está só. Quanto mais eles nos ignoram, mais aparece gente para
nos apoiar”.
Parabéns, Comunidade Dandara! Vocês estão construindo história
verdadeira, construindo outro mundo possível, com ternura e resistência.
323
Reflexões
Idas e Vindas do Anúncio – II
Pe. Alex Sandro Reis, C. M.
“Ide e fazei que todas as nações se
tornem discípulos, batizando-as em
nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo e ensinando-as a observar
tudo quanto vos ordenei” (Mt 28,
19-20).
Se a realidade em que vivemos é dinâmica e complexa, dando-nos certa
impressão de fracasso, plantar o Anúncio em tal realidade, torna-se um
enorme desafio.
Olhar para o mandato missionário de Jesus pelo lado de fora ou com
um mínimo de comprometimento com a realidade torna-se, aparentemente,
algo simples. O anúncio poderá se envergar pela via doutrinária, correndo o
risco de ser sinal de camisa de força e não uma Palavra que liberta, um peso
e não uma leveza que gera esperança. Poderá também enveredar pela via do
‘universalismo’, onde produzirão belas palavras, porém rasas, incapazes de
interpelar e provocar mudanças.
Comprometer-se com a realidade e tornar-se instrumento para que o
Anúncio seja anunciado se torna um grande desafio.
Afinal, a Palavra deve agradar ou deve se impor? Se o Anúncio vier
colado com a necessidade de agradar às diversas realidades, ele poderá
correr sérios riscos. Se a Palavra for anunciada, puramente conforme cada
situação e as características regionais, talvez gere certa ambiguidade, de
modo que tenha uma cara para cada realidade.
O Anúncio deverá se interpor, colocar-se ao lado de cada um e da
caminhada dos povos. Ao mesmo tempo em que ele é segurança, amparo; é
324
também farol que ilumina o percurso, clareia os rumos. Por este ângulo,
certamente, ela encontrará boa acolhida, pois quem não busca algo que seja
escora e indicativo de uma boa direção?
Mas o Anúncio deverá ser interpelativo. Ele tem que levar o ser
humano à consciência de seu ser, do seu sentir e do agir. Deverá levá-lo à
reformulação de vida, do fechamento à abertura. Ao mesmo tempo em que
o Anúncio é paz e força, amparo e luz, é também revisão de vida. Talvez,
para alguns, neste quesito, o Anúncio sofra duras rejeições, pois nem
sempre as pessoas estarão dispostas a reverem suas vidas e se abrirem aos
outros, menos ainda aos diferentes dos seus grupos. Olharão para o Anúncio
com desconfiança, com sentimentos de invasão, intuirão que a liberdade
fora ameaçada.
O Anúncio deverá ser provocativo. Deverá levar o ser humano a olhar
para si, não como uma obra-prima, ilhada de todo o universo, mas como ser
ainda em construção, onde tal construção se concretiza no encontro com o
outro.
O encontro do Ser humano com a Mensagem o levará a perceber que
os abismos entre pessoas devem ser diminuídas. Que pontes devem ser
construídas, amizades restauradas e a vida celebrada. Que as diferenças
culturais, sociais, econômicas... devem ser superadas pela força que produz
o Anúncio quando toca no coração.
325
Notícias
I – Notícias do Visitador e do Conselho
1. Aprovado o Planejamento Provincial do Serviço de Animação Vocacional
Vicentina (SAVV). O texto deverá chegar a todas as Casas até o final de
novembro deste ano.
2. Próximas Ordenações Presbiterais na PBCM:
* Diác. Odinei de Paiva Magalhães, dia 12 de novembro, às 18 horas,
na igreja matriz de Senhora de Oliveira (MG), pela imposição das mãos
de Dom Getúlio Teixeira Guimarães, SVD, bispo diocesano de Cornélio
Procópio (PR).
* Diác. Vanderlei Alves dos Reis, dia 3 de dezembro, às 10 horas, no
Santuário Bom Jesus do Matosinhos, Conceição do Mato Dentro (MG),
pela imposição das mãos de Dom José Maria Pires, arcebispo emérito
da Paraíba.
Todos somos convidados a rezar por esses nossos Coirmãos, pedindo ao
Senhor torná-los fecundos na vivência do ministério que vão abraçar como
Missionários Vicentinos.
3. Concluída a elaboração do Planejamento Provincial 2011-2013. Chegará às
nossas Casas o mais breve possível.
4. A Província adquiriu um imóvel rural de 84 alqueires, no município de
Gurinhatã (MG), tendo em vista a ampliação das Fazendas Reunidas e o
atendimento de suas demandas atuais.
5. Através da Cúria Generalícia, fizemos a doação de uma quantia à ViceProvíncia de Moçambique, em vista da aquisição de um veículo para o
atendimento das comunidades eclesiais acompanhadas pelos Coirmãos
numa das missões. Assim, procuramos firmar nosso compromisso de
cooperação missionária com aquela porção da Congregação em terras
africanas.
326
II – Assembleia Nacional de MISEVI
Entre os dias 2 e 4 de setembro de 2011, no Centro Social Padre
Raimundo Gonçalves (Belo Horizonte-MG), teve lugar a Assembleia Nacional
da Associação dos Missionários Leigos Vicentinos (MISEVI).
Na noite do dia 2, sexta-feira, depois da palavra de abertura da
Presidente Nacional e de significativo momento orante, deu-se a
apresentação da caminhada dos Núcleos, enriquecida pela partilha de
interessantes experiências de evangelização e serviço aos Pobres e de
participação em iniciativas pastorais das paróquias em que os Missionários
estão inseridos. Constatou-se a necessidade de revitalização das bases da
Associação e de ampliar a compreensão da vocação missionária para não a
limitar a momentos específicos de maior intensidade apostólica e
visibilidade eclesial, como, por exemplo, as Santas Missões Populares
Vicentinas. Os membros de MISEVI devem assumir sua vocação missionária
vicentina dentro das mais variadas circunstâncias, desde o interior da
família, passando pelo mundo do trabalho, pelas comunidades eclesiais,
pelos projetos comuns da Família Vicentina, chegando até à Missão ad
gentes.
No sábado, os participantes da
assembleia tiveram a grata alegria
de receber a visita do Pe. Eli Chaves
dos Santos, assistente geral da
Congregação da Missão, que trouxe
a todos a saudação do Diretor Geral
da Associação, celebrou a Eucaristia
e fez uma conferência sobre os
desdobramentos do Ano Jubilar,
oferecendo valiosas indicações para a redescoberta da espiritualidade
vicentina e a aplicação prática do binômio Caridade-Missão. Em seguida, os
participantes se debruçaram sobre o tema do XII Encontro Nacional da
Família Vicentina, realizado em Goiânia (GO), em junho deste ano: Família
Vicentina, pelos Pobres do mundo, no mundo dos Pobres. A tarde foi
dedicada ao exigente trabalho de revisão dos Estatutos Nacionais, em vista
de sua adequação aos Novos Estatutos Internacionais. Pe. Alexandre Nahass
327
Franco foi quem conduziu o grupo, elucidando princípios e sinalizando novas
perspectivas.
No domingo, dia 4, o grupo saiu em peregrinação à Serra da Piedade,
“magnífica arquitetura divina”, onde foi possível celebrar a Eucaristia de
encerramento, consagrar o empenho missionário dos Núcleos à Mãe de
Jesus, avaliar os trabalhos da Assembleia, definir metas para o processo de
revitalização das bases da Associação e festejar a comunhão fraterna ao
redor de farta mesa.
III – Encontro de Assessores Espirituais da SSVP
Promovido pelo Conselho Nacional do Brasil (CNB), realizou-se em Belo
Horizonte, na Casa Santíssima Trindade, o Encontro Nacional de Assessores
Espirituais da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), reunindo padres e
diáconos de várias dioceses e Congregações, bem como Filhas da Caridade,
Irmãos e leigos empenhados no mesmo serviço de assessoria. O evento se
constituiu numa oportunidade privilegiada de redescoberta do sentido e do
alcance desse ministério para a animação espiritual e apostólica da SSVP e para
o aprimoramento do serviço caritativo desenvolvido por seus membros nos
mais distantes rincões do país.
Depois das palavras de acolhida da Direção Nacional e dos
esclarecimentos do Assessor Nacional e principal articulador do Encontro,
Pe. Alexandre Nahass Franco, C. M., a palavra foi dada ao Assessor
Internacional da SSVP, Pe. Audace Manirambona, C. M., que transmitiu a
todos a jubilosa saudação do Conselho Geral pela bela e promissora
caminhada da Sociedade no Brasil e pela feliz iniciativa do evento. O
Encontro se desenvolveu em torno de três eixos temáticos: Vocação e
328
missão dos leigos, apresentado de forma clara, provocadora e envolvente
pelo Pe. Agnaldo Aparecido de Paula, C. M.; Fundamentos da Espiritualidade
Vicentina, tendo em vista a explicitação da experiência espiritual de São
Vicente e da herança que ele transmitiu a toda a Família Vicentina; Perfil do
Assessor Espiritual da SSVP, reflexão ampla e esclarecedora, que suscitou
vivo interesse em todos os participantes, ainda mais por ter sido feita por
leigos de reconhecido compromisso vicentino: Carlos Henrique Davi (Kaíke) e
Ada Ferreira, Presidente Nacional.
A riqueza dos momentos orantes e das celebrações diárias, a
pertinência dos temas abordados e o ambiente de fraternidade e alegria
foram avaliados com justiça pelos assessores presentes, todos à espera do
próximo Encontro.
IV – Solenidade de São Vicente
No dia 27 de setembro, os Padres, Irmãos e Seminaristas residentes em
Belo Horizonte e Contagem estiveram reunidos para a celebração da
Solenidade de São Vicente de Paulo, na Casa Dom Viçoso. A profundidade e
a beleza próprias da Celebração Eucarística foram evidenciadas pelo esmero
empregado em sua preparação e pela piedade com que foi vivida pelos
presentes e presidida pelo Pe. João Saraiva, C.M. À celebração acorreram
pessoas ligadas às nossas Casas e membros de vários outros ramos da
Família Vicentina. “Ao nosso Deus, glória e louvor eternamente, ao Deus de
São Vicente. Glória e louvor, glória e amor, por nos ter concedido fundador
tão querido”.
V – Seminário São Justino de Jacobis
Do cotidiano de nossa Comunidade, partilhamos com os leitores do
Informativo São Vicente as atividades que deixaram marcas mais
significativas:
Dia 5 de setembro: Hospeda-se em nossa Casa o Pe. Audade Manirambona,
C. M., nascido em Burundi, pertencente à Província de Paris e, atualmente,
Assessor Internacional do Conselho Geral da SSVP. Sua passagem pelo Brasil
teve como finalidade a participação no Encontro Nacional de Assessores.
329
Dia 7 de setembro: A Comunidade tomou parte no Grito dos Excluídos,
unindo-se ao clamor dos Pobres da Terra e da Terra dos Pobres: “Vida em
primeiro lugar! Pela vida, grita a Terra… Por direitos, todos nós!”.
Dia 12 de setembro: As Casas de Formação estiveram reunidas para celebrar
a memória litúrgica de nosso mártir São João Gabriel Perboyre, patrono do
Teologado. A celebração, presidida pelo Pe. Luís Carlos do Vale Fundão,
contou com a participação de representantes do Núcleo de MISEVI que
também tem Perboyre como seu patrono.
Dia 13 de setembro: Recebemos a visita do Pe. Manoel Bonfim, C. M., de
passagem por Belo Horizonte, que aceitou o nosso convite para celebrar a
Santa Missa e partilhar do nosso convívio fraterno. Volte sempre!
Dia 14 de setembro: Inicia-se a preparação dos 4 candidatos ao Seminário
Interno em 2012.
Dia 21 de setembro: Encontro mensal de formação, desta vez sobre a
Dimensão Vicentina: São Vicente de Paulo e a opção pelos Pobres. Como
assessor um expert no assunto: Pe. Getúlio Grossi, C. M., a quem
externamos nossos mais sinceros agradecimentos.
Dia 25 de setembro: Manhã de Oração da Família Vicentina, com o
envolvimento dos membros da Comunidade na preparação e organização da
liturgia.
De 25 de setembro a 3 de outubro: Visita da relíquia de São Vicente de
Paulo à nossa Casa. Nas orações e celebrações diárias, com reverência e
gratidão, procuramos pôr em relevo o significado espiritual da conservação
dos despojos de nosso santo fundador, ressaltando o desafio de conservar e
transmitir a riqueza e a atualidade do carisma missionário que ele nos legou.
Dia 27 de setembro: Missa da Solenidade de São Vicente, com a participação
dos Coirmãos das Casas de Belo Horizonte e Contagem. Aplaudimos o
extraordinário zelo com que a Missa foi preparada pelos Nossos e vivida por
todos os presentes.
Dia 1 de outubro: Visita ao Assentamento Dandara, para o qual foi destinado
o fruto do jejum quaresmal de nossa Comunidade. Lamentamos a situação
em que se encontram as famílias ameaçadas de despejo pelos interesses
espúrios dos órgãos públicos e de seus dirigentes. Estamos acompanhando e
apoiando as manifestações de resistência.
Dia 6 de outubro: Fomos agraciados com a visita de 4 Filhas da Caridade da
Casa Catarina Labouré: Irmãs Inês, Joaninha, Matildes e Zélia. Celebraram
330
conosco a Santa Missa e aceitaram participar de nossa ceia fraterna,
edificando-nos com o testemunho de suas vidas e a serena alegria que nos
transmitiram. Gratos, Irmãs!
Dia 12 de outubro: Participamos de um breve colóquio da Família Vicentina
com a Superiora Geral das Filhas da Caridade, em visita à Província de Belo
Horizonte.
De 14 a 16 de outubro: Passeio Intercomunitário das Casas de Formação.
Dia 20 de outubro: Participação na manifestação de apoio às famílias da
Comunidade Dandara, no centro de Belo Horizonte.
Dia 25 de outubro: Encontro mensal de formação sobre Espiritualidade da
Liturgia das Horas. Tivemos a feliz oportunidade de ouvir um perito no
assunto, Frater Henrique Cristiano José Matos, CMM, a quem muito
agradecemos por nos ter proporcionado verdadeiro mergulho na tradição
orante da Igreja, impulso para centrarmos nossa vida espiritual no louvor de
Deus e na santificação do tempo.
O ano vai chegando ao fim... Podemos ouvir, então, como se dirigidas a nós,
as palavras de São Vicente: “Mas que faremos nós? Faremos o que Nosso Senhor
quer, isto é, que nos mantenhamos sempre na dependência de sua Providência,
pois assim é do seu agrado, ele que vê o que é melhor para nós” (SV II, 469).
Comunidade do SSJJ
VI – Pe. Onésio: 60 anos
Com imensa alegria, a Comunidade do Calafate
celebrou o natalício de seu pároco, em 24 de setembro de
2011. Missa festiva e muito bem preparada e participada, às
11 horas, seguida de almoço. Pe. De Rossi foi muito
brilhante na homilia, ressaltando a figura do Pe. Onésio.
Alegramo-nos todos: Coirmãos, familiares e os
representantes da comunidade paroquial. Parabéns. Ad
multos annos!
Pe. Célio Maria Dell’Amore, C. M.
331
VII – Novo pároco de Campina Verde
Enriquecendo a programação da Semana de
Oração da Família Vicentina, na Paróquia Nossa
Senhora da Medalha Milagrosa, em Campina Verde
(MG), Pe. Marcus Alexandre Mendes de Andrade, C.
M., assumiu o serviço de pároco no dia 29 de
setembro. A celebração eucarística, presidida por
Monsenhor João Gilberto e concelebrada pelos
Padres Calixto Emanoel Ardisson, José Gonzaga de
Morais, Alexandre Nahass Franco e Agnaldo Aparecido de Paula, contou com
a presença de significativo número de fiéis. A Semana de Oração Vicentina
ainda foi enriquecida com: Encontro
de Jovens (25/9), Vigília Vicentina
(26/9), Inauguração da Capela em
honra de São Vicente de Paulo (27/9),
Oficina de Santidade (28/9) e
Recrutamento de Jovens promovido
pela
SSVP
(1-2/10).
Pe.
Agnaldo
Aparecido
de Paula, C. M.
VIII – Capela São Vicente: marco do serviço aos Pobres em
Campina Verde
Foi inaugurada, durante a Solenidade de São Vicente de Paulo, a nova
capela da Paróquia de Campina Verde: Capela São Vicente de Paulo - um tributo
àqueles e àquelas que, ontem e hoje, consagram sua vida ao serviço dos Pobres
em fidelidade ao Evangelho de Jesus.
A Missa, com grande presença de fiéis, foi presidida pelo Pe. Agnaldo
Aparecido de Paula, contando com a presença de todos os Padres da Casa e
do Pe. Alexandre Nahass Franco, que, como filho da terra, fez a aspersão da
água benta na Capela.
Nesta Capela, organizada como um Santuário da Santidade Vicentina,
além das imagens de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, de São Vicente e
Santa Luísa, foram colocados 26 quadros, com todos os nossos bemaventurados e santos da Família Vicentina. Assim, procuramos prestar a
justa homenagem àqueles que nos precederam no seguimento de Jesus, na
trilha do serviço aos Pobres, e ainda desejamos estimular os irmãos e irmãs
332
de hoje a também assumirem, por causa de sua fé, a causa dos mais sofridos
e desamparados, os prediletos do Senhor.
Construída no Bairro Risoleta Neves, em intensa expansão, a capela já
"nasceu" pequena, devido ao grande número de fiéis que têm acorrido para as
missas que são celebradas aos domingos, às 18h. Que esta Capela, nos rincões de
Campina Verde, onde secularmente o Evangelho é pregado e testemunhado sob
a inspiração de São Vicente de Paulo, traga ao nosso povo ainda mais ardor
missionário e entusiasmo para o sempre mais exigente serviço aos Pobres.
Pe. Marcus Alexandre Mendes de Andrade, C. M.
IX – Homenagem ao Pe. Lauro Palú
Pe. Lauro Palú foi eleito
Personalidade
Educacional
2011, em votação promovida
pela Associação Brasileira de
Educação
(ABE)
e
pela
Associação
Brasileira
de
Imprensa (ABI), em parceria
com o jornal Folha Dirigida. É
uma homenagem aos educadores e às Instituições que se
destacam na sociedade em prol da educação e da cultura. Os eleitos foram
escolhidos por meio de 10,9 mil votos de representantes de diversos setores
da área de educação, como reitores, professores e pesquisadores,
profissionais da imprensa, entre outros. A solenidade de homenagem
aconteceu na sede social do Jockey Club Brasileiro, no Centro da cidade do
Rio de Janeiro, no dia 20 de outubro do corrente ano.
Pe. Eduardo Santos, C. M.
333
334
As Palavras do Pe. Lauro Palú
Agradeço à Folha Dirigida, à
Associação Brasileira de Educação e à
Associação Brasileira de Imprensa esta
homenagem, que me pôs na companhia
prestigiosa de pessoas e instituições
altamente qualificadas. A todos esses
nada acrescento e isso me dá uma
liberdade enorme neste momento.
Felicito e saúdo os homenageados,
Domício, Gaudêncio, João Ricardo, José
Carlos, D. Malvina, D. Marlene, D. Miriam,
Padre Pedro e Stavros, e o Colégio Militar,
o Sagrado Coração de Maria e a FAETEC,
representados pelo Bruno, pela Maria
José e pelo Celso.
Dedico este título e o que simboliza
aos meus Pais. Minha Mãe, Olívia, foi
professora até se casar e depois nos educou, sem fazer teorias como Piaget,
mas aplicando a nós quatro o que aprendera para os 30 e com eles. Quando
comecei a andar, muito cedo, ela contou a meu Pai, que chegava do serviço:
“O piá andou hoje”. Meu Pai disse: “Ô louco! Não pode!” E ela dizia que eu,
nos meus oito meses e vinte e dois dias, me levantei e andei para meu Pai.
Quase cinquenta anos depois, Mamãe me escreveu, num aniversário, com
uma rosa do seu jardim: “E você não parou mais de andar!” Quanto devo a
quem me deu firmeza em meus passos, me amparou quando vacilei, me
levantou, me ajudou a ter confiança em mim e nos outros! Meu Pai era
contador, foi gerente de uma grande madeireira. E me abriu um mundo que
ainda exploro, quando, num piquenique à beira de um rio, me mostrou
como era a estrutura de uma planta, com as folhas duas deste lado, duas do
outro, diferente daquela cujas folhas nasciam em espiral, quando a planta ia
crescendo. Ensinou-me a ver o mundo com encantamento, alegria,
curiosidade e muitas perguntas.
Dedico este título a meus Professores. Aprendi a ler numa escolinha no
mato, no sul do Paraná. Usava a lousa de ardósia e um colega me deu um
estilete de nó de pinheiro, que escrevia tão bem quanto os de pedra e
durava mais. Esse colega me deu o gosto de escrever, me fez descobrir o
prazer físico de escrever palavras e de desenhar. Gosto muito de escrever a
335
lápis, talvez porque posso apagar. Hoje, ficou fácil compor no computador.
Escreve, guarda, apaga, junta, permite ver em conjunto as alternativas de
um texto.
Já na cidade, a inspetora foi ver como escrevíamos. Mostrei minha linha
de letras bonitas. Ela perguntou que letra era aquela; eu disse que era um
eme. Ela disse que o eme só tem três pernas e o meu tinha quatro. Respondi
o que penso ainda hoje: “Mas assim é mais bonito”. E esta é a única
lembrança que tenho de todo o meu curso primário.
Fui aluno dos Irmãos Maristas em Curitiba e deles aprendi o gosto pelos
sinônimos, descobri com eles as riquezas do espírito humano, a infinita
gradação entre as palavras, o nome próprio de cada sentimento, a
possibilidade de nomear o indizível, que torturou e realizou Clarice Lispector.
No Seminário do Caraça, o professor de latim me estimulou a criar meu
próprio poema, na língua de Ovídio, Horácio e Virgílio. Outro me mostrou
que eu poderia estar entre os melhores, se me aplicasse ao exercício. Por
isso gosto da primavera, de verão, outono e inverno, com seus pássaros e
suas luzes, meus convidados e hóspedes de minha adolescência.
Nos cursos de Filosofia e Teologia, um professor de altíssimo valor
intelectual, quando eu perguntava, não me respondia, mas me indicava uma
bibliografia, para eu fazer um “trabalhinho” para meus colegas sobre aquilo
que perguntara. Além de me ajudar a ter confiança em mim, ensinou-me o
gosto de partilhar, ajudou-me a ser professor.
Já vou terminar minha página e não pude falar dos poetas, dos
profetas, dos cientistas, dos pesquisadores. Não falei dos meus anos de
professor, do meu gosto de ler os autores nas suas línguas, das minhas
viagens, a grande universidade que tive. Preferi dedicar conscientemente
estes minutos regimentais a mostrar a quem devo o estar aqui, neste
momento.
O bom é que não vim sozinho. Aqui estão o Artur, meu irmão caçula, e
a Helena e o Artur Neto, meu sobrinho, representando meu Pai e minha
Mãe. Aqui estão meus irmãos de Congregação, representando o Caraça e
minha Província. Aqui estão os do Colégio São Vicente de Paulo,
Coordenadores, Professores, Funcionários, Alunos dos Grêmios e a
Associação de Pais e Mestres de nossa grande Comunidade Educativa, que
represento com justificada satisfação e alegria. Todos me ensinam a ser
Educador e Formador. Partilho com todos este título, sendo justo e
agradecido, totalmente transparente como quis ser, neste momento.
Muitíssimo obrigado, de coração.
Padre Lauro Palú, C. M.
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