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Transcrição

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A doçaria nos conventos de Beja
“Com estas três drogas simples do açúcar, farinha e ovo, picadas dum ou outro extra
d'especiaria, ninguém sinfoniza o paladar mais finamente, ou sabe tirar desta efémera
sensação maior prodígio de delícias imortais.
Porque singular segredo a clausura, que proibia à mulher o convívio de todas as lubricidades, só esta do doce lhe deixou aberta, como a válvula de segurança contra mais tinhosas
práticas e contaminadoras distracções?
Porque não é necessário ser adivinho arguto, para em certos doces diagnosticar receitas do
Demónio.”…
Fialho de Almeida “O Menino Jesus do Paraíso”, O País das Uvas
A Doçaria Conventual tem como ingredientes principais o açúcar, as gemas de ovos e a
amêndoa. Sempre presente nas refeições que eram servidas nos conventos, só a partir do
século XV, com a divulgação e a expansão do açúcar, vindo das colónias portuguesas,
nomeadamente da ilha da Madeira, atingiu notoriedade.
Uma tradição cujo segredo felizmente chegou até aos nossos dias teve a sua origem,
segundo tudo indica, na necessidade de aproveitar inteligentemente um excedente – as
gemas – que sobravam depois de aos ovos serem retiradas as claras, utilizadas em larga
escala para engomar roupa, para a clarificação do vinho e para o fabrico das hóstias
sagradas.
Mariana Alcoforado e as Cartas
Portuguesas
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A história de um amor impossível
Mariana Alcoforado é uma das religiosas da Ordem de Santa Clara, do Convento da
Conceição de Beja (atual Museu Regional). Natural desta cidade, nasce em 1640, entra na
clausura com 11 anos, professa aos 16 e virá a falecer em 1723, com 83 anos.
As cartas de amor que terá escrito ao cavaleiro Noël Bouton, Marquês de Chamilly, militar
francês que lutou em Portugal durante as Guerras da Restauração, revelam a sua paixão
sublime não correspondida, que perdura no tempo e tem despertado interesse em todo o
mundo.
O Museu conserva ainda a grande janela gradeada através da qual a religiosa viu tantas
vezes passar aquele que a encantava e que num dia especial a destacou com o seu olhar,
fazendo-lhe sentir os efeitos da sua impossível paixão.
Carro - Carruagem do século XIX
(modelo Milord)
Este modelo de charrete foi criado em Inglaterra no século XIX. Trata-se de um carro de
quatro rodas, muito confortável para dois passageiros, com um banco suplementar à frente
que pode levar mais dois, caixa coberta por uma capota de baixar e levantar e munido de
boleia. Utilizava-se sobretudo com bom tempo em pequenos percursos, urbanos ou em
parques, tendo sido também muito utilizado como carro de aluguer.
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Lutas Liberais – O 9 de julho de 1833
A entrada dos liberais em Beja
A guerra civil que opõe miguelistas e liberais decorre entre o final da década de 20 e o início
da década de 30 do século XIX.
Em julho de 1833, a notícia do desembarque de tropas liberais no Algarve provoca grande
contentamento em Beja. Liberais de Beja, Mértola e Serpa, comandados pelo tenentecoronel Francisco Romão de Goes, marcham para Beja na madrugada de 9 de julho, ao som
dos tambores e entoando vivas à liberdade. Vários combates ocorrem por toda a cidade e
os presos políticos liberais são libertados da cadeia. O comandante Goes, avisado de que
uma força de 5000 miguelistas avançará para Beja, retira-se da cidade e junta-se às tropas
liberais no Algarve. O general miguelista Molelos entra em Beja a 10 de julho e vinga-se da
fidelidade dos bejenses à causa liberal, mandando assassinar liberais conhecidos e saquear
as suas casas. Na atual Praça de República são queimados em vida na fogueira os liberais
doutor Madeira, o sapateiro Joaquim de Santana e o frade Baião.
BANDA FILARMÓNICA DE ALJEZUR
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O Poder da Imprensa
As notícias ao alcance de toda a gente
Embora a imprensa tenha uma História de vários séculos, é o século XIX que vem consagrar
a imprensa de massas, capaz de mobilizar a opinião pública, informando-a sobre os mais
variados assuntos.
Em Beja publicam-se diversos jornais já desde o tempo da monarquia, mas é com o advento
da República que surgem os títulos mais emblemáticos, através dos quais se capta uma
imagem vívida e colorida da sociedade dos inícios do século XX.
A imprensa escrita continua ainda hoje a desempenhar um papel importante na informação regional, com um título em particular – o Diário do Alentejo – a ser publicado desde os
anos 30 do século XX até ao presente.
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Literatos e Políticos
Beja afirma-se na Política e na Cultura
Os ideais republicanos tiveram no distrito de Beja acérrimos partidários e defensores. A
República traz consigo não só uma mudança da forma de governação mas, também, a
aplicação de princípios que constituem mudanças sociais importantes, como a abolição
dos privilégios de nascimento, a separação entre os poderes religioso e civil, a concessão
de alguns direitos aos trabalhadores e o reconhecimento do papel da educação na
evolução da sociedade, com a criação, entre outras medidas, do ensino primário gratuito e
obrigatório.
A região de Beja não fica alheia a estes acontecimentos, e um conjunto de personalidades
se destacam como importantes políticos e literatos nesta época, uns daqui naturais, outros
que aqui trabalharam e viveram, como Ezequiel do Soveral Rodrigues, Aresta Branco, Brito
Camacho, Henrique Augusto da Silva, Aureliano de Mira Fernandes ou Maria Veleda.
Ao longo do século XX muitos outros nomes se continuam a destacar nas áreas política e
literária, alguns naturais da região e outros que fizeram dela sua terra de adoção: tal é o
caso de Gonçalves Correia, Luís Filipe Vargas, Fialho de Almeida, Abel Viana, Bélard da
Fonseca e Manuel Ribeiro, Manuel da Fonseca, entre outros.
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O 25 de abril e o cante
Num dia de abril… a Liberdade
O 25 de abril de 1974 pôs fim a 48 anos de fascismo e abriu as portas a uma sociedade livre
e democrática. Em Beja, onde tantos sofreram a tortura e repressão, a vitória da Revolução
dos Cravos constituiu, também, um momento alto da sua História, com a adesão espontânea aos ideais revolucionários da esmagadora maioria da população. Muitos dos direitos e
liberdades que hoje damos como adquiridos amanheceram naquela manhã de abril, em
que floriram cravos na ponta das espingardas.
Cante – Património Imaterial da Humanidade
O Cante Alentejano constitui uma das expressões artísticas e musicais com mais forte
expressão nesta região. As suas características musicais, aliadas a uma forte componente
social que reflete a identidade e a história locais, levaram, em 2014, à sua classificação pela
UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade.
Carro - O Cante e os Cravos
BOMBOS GRUPO DE ZÉS P´REIRAS DE ANTAS
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
– ACOS
– Bejaparque Hotel
– Bombeiros Voluntários de Beja
– Câmara Municipal de Aljezur
– Câmara Municipal de Serpa
– Casa de São José - Viana do Castelo
– CODIS/ANPC
– Comissão do Cortejo
– Costureiras utentes do Centro Social do Lidador
– Cruz Vermelha Portuguesa
– EMAS
– Escola Secundária Diogo de Gouveia
– Fanfarra dos Bombeiros Voluntárias de Montemor
– Figurantes e cavaleiros do cortejo
– Força Aérea Portuguesa - BA11
– INOVINTER
– Instituto Politécnico de Beja
– João Tejera de Jesus
– Polícia de Segurança Pública
– Regimento de Infantaria n.º 1
– Quinta dos Estudos
– Trabalhadores da Câmara Municipal de Beja
A todos que, de forma direta ou indireta, colaboraram para a realização
deste cortejo histórico de Beja
ITINERÁRIO:
da Rua
D. Afonso Henriques
(junto ao Seminário)
à Av. Miguel Fernandes
Beja cidade com História(s)
Beja foi palco, ao longo dos tempos, de acontecimentos ricos e
diversificados. Este segundo Cortejo Histórico pretende, à
semelhança do primeiro, mas enriquecido com novos quadros e
personagens, assinalar alguns destes acontecimentos, trazendo-os
até ao presente com os seus protagonistas, por vezes conhecidos,
mas tantas vezes anónimos, prestando uma singela homenagem a
mulheres e homens que marcaram o destino desta região e
contribuíram para influenciar o curso da História do nosso país
II Cortejo Histórico
RUFAR E BOMBAR
Carro de abertura – Templo romano
Dedicado ao culto do Imperador, era o edifício mais emblemático da cidade, demonstrando a
quem o contemplasse o poder inquestionável do Império, que se estendia desde Roma, a
capital, até às mais longínquas províncias como a Lusitânia, onde nos situamos.
FANFARRA DE MONTEMOR-O-NOVO
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Pax Iulia – A Beja romana
O controle do território
O exército romano é crucial na conquista e controle do vasto território do Império, tendo sido
considerado “a instituição militar mais efetiva e duradoura conhecida da História”. A sua
organização - na qual as legiões (tropas de infantaria) desempenham um papel fundamental a disciplina e a estratégia, constituem os três pilares fundamentais da sua eficácia.
Península Ibérica na época islâmica.
O mercado
Nos mercados tudo se vende e tudo se compra: é impensável imaginar uma cidade da época
sem este pilar fundamental da sua economia. Ao mercado chegam os camponeses para
vender os seus produtos e comprar os objetos de que necessitam no seu quotidiano e não
têm capacidade para fabricar. Aí se compram e vendem, igualmente, os animais que
fornecem o leite, a carne e as peles e que tão necessários são, também, como meio de
transporte. No meio dos negócios e das trocas há de haver, também, tempo para fazer circular
notícias e contar as últimas novidades. Em dia de mercado, este é, sempre, o centro do
mundo.
DJEBEL MUSA
Sábios de Beja
A importância da cidade de Beja revela-se, também, pela quantidade de personagens daqui
naturais que marcaram as ciências, as artes, o pensamento e a cultura desta época: algumas
ainda hoje conhecidas do grande público, como Al-Mu'tamid, outras tendo caído em relativo
esquecimento, mas nem por isso menos importantes no contexto em que viveram e no
legado que deixaram a todos nós. São disso exemplos poetas, jurisconsultos, filósofos,
músicos, matemáticos, astrónomos, botânicos, historiadores, teólogos e literatos, que
contribuíram para o brilho da civilização islâmica no Al-Andalus.
O poder religioso e político
A estruturação da sociedade romana, fortemente hierarquizada, estende-se a todo o
Império, garantindo a administração de um imenso território.
Os Patrícios, descendentes das famílias mais antigas de Roma, dominam a cena política e
desempenham altas funções públicas, no exército, na religião, na justiça ou na administração. Um dos cargos que podem exercer é o de senador, ou seja, membro da assembleia
política mais conhecida na época romana – o Senado.
O culto aos deuses é assegurado por um corpo de sacerdotes e sacerdotisas, que servem de
mediadores entre os deuses e os mortais.
O culto à deusa Vesta era assegurado pelas Vestais, sacerdotisas virgens que permaneciam
ao seu serviço durante trinta anos.
A tradição das Maias, ainda hoje celebrada em Beja, é a herdeira da Floralia, a festividade
romana que consagrava a primavera, homenageando Flora, deusa dos campos cultivados e
das flores.
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1254 - O primeiro foral de Beja
O foral de D. Afonso III
Um foral ou carta de foral define as obrigações e os direitos fundamentais dos habitantes de
um determinado aglomerado populacional.
Na sequência da definitiva conquista de Beja pelos cristãos, no segundo quartel do século
XIII, o rei D. Afonso III concede foral a Beja em 1254. Aí se prevê a reconstrução do seu sistema
de fortificações, obra que vai ser prosseguida pelo filho de D. Afonso, D. Dinis, podendo terse, ainda, prolongado pelos reinados posteriores.
Em zona afetada pelas lutas entre cristãos e muçulmanos ao longo de muitos anos, a
concessão deste foral e a construção do castelo e das muralhas constituem dois fatores
determinantes para garantir a segurança da cidade e, assim, estimular o repovoamento da
região.
BANDA FILARMÓNICA OS LEÕES
A família
A família constitui uma célula fundamental na estruturação da sociedade romana. Uma
família patrícia, ou seja, da aristocracia romana, integra não só o casal e os seus filhos como
também os criados e escravos da sua casa.
A clientela é um grupo constituído por pessoas que se colocam ao serviço de um patrício,
recebendo dele proteção. Os clientes, por sua vez, devem-lhe respeito e obediência.
Carro - Templo romano
Situado no forum, a principal praça pública da cidade - junto à atual Praça da República data do século I d.C., sendo dedicado ao culto imperial.
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Beja islâmica
Al-Mu'tamid, o Rei Poeta
Al-Mu'tamid, nascido em Beja na década de 40 do século XI, foi rei de Sevilha e um dos poetas
mais importantes do al-Andalus, nome por que era conhecida a Península Ibérica.
Na sua corte reuniram-se alguns dos maiores cientistas e homens das artes e letras da época,
num momento ímpar de florescimento cultural que terminaria com a chegada dos almorávidas
à Península Ibérica, em finais do século XI.
MARC PLANELS (ALAÚDE) E BAILARINAS
Carro - Tear tradicional
Tear cujo modelo se manteve ao longo dos séculos: nele se teciam as mantas de lã cujos
motivos decorativos se perpetuaram, desde a época islâmica até aos nossos dias,
praticamente sem alterações.
Os ofícios
A civilização islâmica tem uma forte componente urbana onde o comércio desempenha um
relevante papel: comerciantes e artífices são, assim, uma parte importante da população das
cidades, agrupando-se, estes últimos, por grémios - segundo as suas profissões - em bairros,
ruas e praças, onde produzem e vendem os seus artigos.
Ourives, oleiros, tecelões, curtidores de peles, armeiros, correeiros, ferreiros e tantos outros
davam vida, cor e movimento às cidades do Al-Andalus.
Algumas produções artesanais da atualidade, como as mantas de lã, são herdeiras desta
milenar tradição.
Carro - Cegonha ou Picota
Instrumento milenar utilizado para retirar água dos poços, terá sido introduzido na
Carro - Castelo, Torre de Menagem
A torre de menagem do Castelo de Beja, com 38,80 m, é a mais alta da Península Ibérica e
uma das obras-primas da arquitetura militar do período gótico de toda a Europa.
GAITAS DE FOLES DE CARDIELOS
Século XIV – D. Dinis manda construir
a torre de menagem
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A grande torre do Sul
É no reinado de D. Dinis que se terá iniciado a construção da torre de menagem. O seu
posicionamento, alinhado pela muralha e saindo para fora desta, corresponde às novas
táticas militares e de defesa de um castelo, refletindo o novo conceito de defesa ativa,
próprio dos castelos góticos, que teve em D. Dinis o seu grande impulsionador. Esta nova
localização traduz uma maior confiança na capacidade defensiva do castelo, com a melhoria
dos mecanismos de defesa das fortificações, deixando as torres de menagem de estar
situadas no centro do pátio de armas, isoladas das muralhas, como até então se verificava.
Possui três pisos, que correspondem a três salas abobadadas que refletem o alto nível
técnico da construção, nomeadamente a do segundo piso, com abóbada nervurada que,
partindo de oito arranques, forma um desenho em estrela.
As suas paredes, em cantaria de calcário e mármore, possuem, na parte inferior, uma
espessura de 3,52 m. A escadaria de acesso aos diversos pisos totaliza 183 degraus.
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Mercado Medieval
O mercado urbano, peça-chave da economia medieval
A principal atividade comercial da cidade desenvolvia-se no seu mercado. A ele chegava todo
o tipo de mercadorias, por vezes vindas de longínquas terras, mas, o mais das vezes,
produzidas localmente. A partir do campo abastecia-se a cidade de géneros alimentícios; na
cidade fabricavam-se instrumentos, utensílios e outros bens que só aí podiam ser encontrados e adquiridos.
Ao mercado acudiam, sobretudo, os habitantes das redondezas, mas havia também quem
comprasse diversos produtos por atacado para os revender, em seguida, a todos aqueles que
não se podiam deslocar à cidade.
Toda esta atividade era regulada pelos almotacés, funcionários encarregados de velar pelo
bom funcionamento dos mercados, evitando fraudes, controlando os preços e a qualidade
dos produtos, verificando os pesos e medidas e multando as infrações.
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A Revolução de 1383-85 em Beja
A independência em perigo
Com a morte de D. Fernando sem herdeiro varão, a rainha viúva, D. Leonor Teles, defende
que o poder deverá ser entregue a sua filha, D. Beatriz, casada com o rei de Castela. Contra
isto se insurgem muitos portugueses, vendo aí uma ameaça à independência nacional e
apoiando D. João, Mestre de Avis, filho bastardo do rei D. Pedro I. Este conflito, que dura dois
anos e terminará com a subida ao trono de D. João I, tem um nítido caráter de classe: a
nobreza portuguesa e castelhana enfrentará a burguesia urbana e rural, os artesãos, os
pequenos proprietários e os camponeses, que apoiam o Mestre de Avis.
Em Beja, os populares tomam partido pelo Mestre e, liderados por Gonçalo Nunes e Vasco
Rodrigues, tomam o castelo. Gonçalo Nunes dirige-se depois a Colos e aí prende o almirante
Lançarote Pessanha, apoiante da rainha, trazendo-o para Beja, onde virá a ser morto, por
terem os populares receado que pudesse reconquistar o castelo para o partido da rainha.
Ermida de Santo André, exemplo do
“gótico alentejano” – Sécs. XV/XVI
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Carro - Ermida de Santo André
Erguida, segundo a tradição, no local de um templo anterior, de que não restam porém
quaisquer vestígios, esta ermida constitui um exemplo do denominado estilo “gótico
alentejano” e terá sido construída em finais do século XV ou inícios do século XVI,
eventualmente sob a ação mecenática de D. Manuel, enquanto ainda duque de Beja.
Corresponde a um tipo regional de pequenos templos ameados, erguidos muitas vezes à
entrada das povoações. No exterior possui robustos contrafortes cilíndricos com remates
cónicos, sobre os quais descarrega o peso das abóbadas. À nave retangular adossa-se, ao
fundo, a capela-mor, de planta quadrada, e, à frente, um alpendre ou galilé.
GRUPO DE BOMBOS ALEN-RITMOS
D. Leonor – Fundadora das
Misericórdias
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A rainha D. Leonor e a criação das Misericórdias
Filha do Infante D. Fernando e de Dona Brites, fundadores do Convento da Conceição de
Beja, D. Leonor é irmã de D. Manuel (duque de Beja e futuro rei D. Manuel I) e mulher do rei
D. João II, um dos mais notáveis monarcas portugueses.
Foi responsável pela maior rede de assistência social de que há memória em Portugal – as
Misericórdias – ao criar, em 1498, a primeira delas, na cidade de Lisboa. A rede de
Misericórdias, gerida por irmandades em todo o reino, constitui uma iniciativa pioneira em
toda a Europa e chega até aos nossos dias, sempre ativa no papel social e assistencial a que
esta rainha a destinou.
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Século XVI - O Foral de D. Manuel I
Os “Forais Novos”
Estando os forais existentes ultrapassados e desfasados da realidade da época, prestandose a abusos e deturpações lesivos dos interesses das populações, vários procuradores dos
concelhos solicitam que se proceda à sua revisão.
A reforma dos forais é levada a cabo por uma comissão nomeada por iniciativa de D. Manuel
I, tendo desempenhado esta tarefa ao longo de mais de 25 anos.
D. Manuel I é, assim, o rei que concede a Beja o seu novo foral, datado de 1510. É também
com D. Manuel I que, em 1521, Beja readquire o estatuto de cidade, perdido aquando da
conquista cristã do século XIII.
ALVORADA
Carro – Convento de Nossa Senhora da
Conceição
O Real Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição foi fundado na segunda metade do século
XV pelos Infantes D. Fernando, primeiro duque de Beja, e sua mulher, D. Beatriz ou D. Brites,
pais da rainha D. Leonor e do futuro rei D. Manuel I.
Construído a partir de um pequeno retiro de freiras contíguo ao palácio dos Infantes, o
Convento de Conceição pertencia à ordem de Santa Clara.
Do seu aspeto geral ainda hoje subsistem algumas influências do estilo tardo-gótico em
Portugal, nomeadamente o portal gótico flamejante da igreja, as janelas de duplo arco
tipicamente mudéjar e a platibanda rendilhada, que revelam uma importante transição
para o estilo manuelino. Do espaço primitivo fazem parte a Igreja, o Claustro e a Sala do
Capítulo.