PDF - Acervo Digital do violão brasileiro
Transcrição
PDF - Acervo Digital do violão brasileiro
UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA MESTRADO EM MÚSICA O VIOLÃO NO PARANÁ: UMA ABORDAGEM HISTÓRICO-ESTILÍSTICA Mário da Silva Junior RIO DE JANEIRO 2002 O VIOLÃO NO PARANÁ: UMA ABORDAGEM HISTÓRICO-ESTILÍSTICA Mário da Silva Junior Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Música do Centro de Letras e Artes da Universidade do Rio de Janeiro (UNIRIO), como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Música sob a orientação da Professora Doutora Ingrid Barancoski. RIO DE JANEIRO 2002 ii TERMO DE APROVAÇÃO iii AGRADECIMENTOS Ingrid Barancoski, Irma Schaffer Wanke, Mariane Schaffer Dias, Marly Schaffer Dias, Orlando Fraga e Rogério Budasz. iv SUMÁRIO LISTA DE EXEMPLOS................................................................................. vii LISTA DE FIGURAS...................................................................................... vii RESUMO ............................................................................................................ix ABSTRACT ......................................................................................................x 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................01 2 CONTEXTUALIZAÇÃO .......................................................................................06 2.1 O VIOLÃO NO SÉCULO XX .............................................................................. 06 2.2 A LITERATURA VIOLONÍSTICA NO NACIONALISMO MUSICAL BRASILEIRO............................................................................................................... 16 2.3. A LITERATURA VIOLONÍSTICA E OS COMPOSITORES CONTEMPORÂNEOS DO SUL E SUDESTE DO BRASIL......................................25 2.3.1 Rio de Janeiro ..................................................................................................... 26 2.3.2 São Paulo ............................................................................................................ 35 2.3.3 Rio Grande do Sul .............................................................................................. 41 3 O VIOLÃO NO PARANÁ 3.1 HISTÓRICO ............................................... .......................................................... 49 3.2 COMPOSITORES E REPERTÓRIO VIOLONÍSTICO ...................................... 56 3.2.1 Compositores nascidos entre 1916-1953............................................................. 57 3.2.2 Compositores violonistas da nova geração nascido após 1953........................... 69 3.2.3 Compositores não-violonistas da nova geração nascido após 1953.................... 84 4 CATÁLOGO DE OBRAS PARA VIOLÃO DE COMPOSITORES PARANAENSES 4.1 Admar Garcia..........................................................................................................................................................95 4.2 Waltel Branco.........................................................................................................................................................96 4.3 Arrigo Barnabé.....................................................................................................................................................100 4.4 Jaime Mirtenbaum Zenamon............................................................................................................................101 4.5 Chico Mello...........................................................................................................................................................105 4.6 Norton Dudeque...................................................................................................................................................106 4.7 Rogério Budasz.....................................................................................................................................................107 4.8 Guilherme Campos..............................................................................................................................................108 4.9 Octávio Camargo.................................................................................................................................................109 4.10 João José Felix Pereira......................................................................................................................................110 4.11 Carmo Bartoloni.................................................................................................................................................111 4.12 Harry Crowl........................................................................................................................................................112 4.13 Maurício Dottori.................................................................................................................................................113 4.14 Fernando Riederer.............................................................................................................................................114 Tabela Estatística do Catálogo.................................................................................................................................115 Quadro Estatístico......................................................................................................................................................116 v 5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 117 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 123 ANEXO 1 – DISCOGRAFIA DO VIOLÃO NO PARANÁ ....................... 129 ANEXO 2 – ARTIGOS EM PERIÓDICOS ................................................. 134 ÍNDICE REMISSIVO .................................................................................... 144 vi LISTA DE EXEMPLOS Exemplo 1. Igor Stravinsky: Quatro Canções Russas (cc 1-10).................................10 Exemplo 2. Joaquin Rodrigo: Concierto de Aranjuez (cc 79-84).................................12 Exemplo 3. Heitor Villa-Lobos: Concerto (1951), Io e IIo movimentos (cc 79-80) e 67).................................................................... ........................... ...................................14 Exemplo 4. Sonoridades idiomáticas de Villa-Lobos: a) cordas soltas..........................................................................................17 b) utilização de harmônicos naturais e artificiais como linguagem.........17 c) ligados como linguagem e efeito sonoro..............................................18 Exemplo 5. Edino Krieger Ritmata (cc 1-6)................................................................27 Exemplo 6: Edino Krieger: Concerto – Toccatta (6a. cc 12-14; 6b. 33-34)...............27 Exemplo 7: Edino Krieger: Concerto – Toccatta (7a. c 178; 7b. c. 185; 7c. c. 189, 7d. c.191)............................................................................................................................28 Exemplo 8. Admar Garcia: Peça semTítulo (1945)....................................................58 Exemplo 9. Waltel Branco Só Nata Brasileira. (cc. 1-4)...........................................61 Exemplo 10. Waltel Branco: Chorojongo no. 3 (cc. 1-4)...........................................62 Exemplo 11. Arrigo Barnabé: Fragmento (cc 5-56).....................................................64 Exemplo 12. Jaime Zenamon: The Black Widow (cc 1-3)……………...66 Exemplo 13. Jaime Zenamon: Homenagem a Ravel (cc 27-28) e Villa-Lobos: Estudo 11 (cc 23-25).................................... .......................................................................................67 Exemplo 14. Jaime Zenamon: Epigramas (cc 1-2) e Estampas (cc 1-2)……………68 Exemplo 15. Chico Mello: Do Lado do Dedo (cc. 1;2;4;15;49)..................................71 Exemplo 16. Chico Mello: Entre Cadeiras (cc. 1-3)....................................................73 Exemplo 17 Norton Dudeque Peça para Violão 1 (cc. 1-9) ..................................75 Exemplo 18 Norton Dudeque: eça para Violão 2 - Continuum (cc. 1-9) .............76 Exemplo 19. Rogério Budasz:Ritos (cc. 1; 11; 53; 75; 78) ......................................78 Exemplo 20. Rogério Budasz Ritos (cc. 94-97; 138-140) ........................79 Exemplo 21. Guilherme Campos: Balacubaco (cc. 1-4)...........................................82 Exemplo 22. Octávio Camargo: Desafignado (cc. 1-6)................................................83 Exemplo 23. João José Felix Pereira: Suite Para Violão- Prelúdio e Alman (cc. 1-2). ............................................................................................................................85 Exemplo 24. João José Felix Pereira: Toccata 1987- 1º. e 2º. (cc. 29-31; 19-60).... 86 Exemplo 25 Carmo Bartoloni: Divertimento (cc. 21-26).... .....................................87 Exemplo 26. Harry Crowl: Assimetrias -. (cc. 1-21)................................................ 89 Exemplo 27. Maurício Dottori: And now the storm blast comes (1ª. parte)…………91 Exemplo 28. Fernando Riederer: Dois Tempos (para Orlando Fraga) (cc. 2931)................................................................................................................................. 94 vii LISTA DE FIGURAS FIGURA 1. CHICO MELLO: ENTRE CADEIRAS. P. 68 viii FICHA CATALOGRÁFICA Silva Junior, Mário da, 1962O Violão no Paraná : uma abordagem histórico-estilística / Mário da Silva Junior. - Rio de Janeiro, 2002. viii, 140f. Orientador: Ingrid Barancoski Dissertação (Mestrado) – Centro de Letras e Artes, Universidade do Rio de Janeiro. Bibliografia: f.112-116 1. Catálogo. 2. Música Contemporânea. 3. Violão I. Barancoski, Ingrid. II. Universidade do Rio de Janeiro (1979-). Programa de Pós Graduação em Música. III O violão no Paraná: uma abordagem histórico-estilística. ix RESUMO O VIOLÃO NO PARANÁ: UMA ABORDAGEM HISTÓRICO-ESTILÍSTICA Essa dissertação tem como objeto de estudo a produção para violão solo, música de câmara com violão e concertos para violão e orquestra, de compositores paranaenses no período de 1941 até os dias de hoje. Os compositores pesquisados são os nascidos no Paraná, mesmo que radicados hoje em outras localidades, e os não paranaenses, mas que fixaram residência neste estado, resultando em quatorze nomes: Admar Garcia (19161994), Waltel Branco (1929-), Arrigo Barnabé (1951-), Jaime Mirtenbaum Zenamon (1953-), Carmo Bartoloni (1956-), Chico Mello (1957-), João José Félix Pereira (1957-), Harry Crowl (1958-), Norton Dudeque (1958-), Maurício Dottori (1960-), Rogério Budasz (1964-), Guilherme Campos (1966-), Octávio Camargo (1967-) e Fernando Riederer (1977-). Estes compositores são classificados em três grupos: (1) compositores nascidos entre 1916 e 1953; (2) compositores violonistas da nova geração nascidos após 1953; e 3) compositores não-violonistas da nova geração nascidos após 1953. O objeto de estudo é contextualizado em três diferentes níveis: (1) os avanços da literatura para violão no século XX; (2) o desenvolvimento da produção violonística no Brasil, a partir de Heitor Villa-Lobos; e (3) o contexto do violão no sul e sudeste do Brasil. O repertório de obras para violão de compositores paranaenses é apresentado em forma de catálogo incluindo informações como instrumentação, dedicatória, movimentos, edição, minutagem aproximada, primeiras audições e gravações disponíveis comercialmente. x ABSTRACT THE CLASSICAL GUITAR IN PARANÁ: A HISTORICAL STYLISTIC APPROACH This study examines the repertoire for solo guitar, chamber music with guitar and guitar concertos by composers from the State of Paraná written from 1941up to date. The list of investigated composers include the ones born in Paraná but now living in other states, and also the ones who have settled down there, although born in other states. They altogether are fourteen: Admar Garcia (1916-1994), Waltel Branco (1929-), Arrigo Barnabé (1951-), Jaime Mirtenbaum Zenamon (1953-), Carmo Bartoloni (1956), Chico Mello (1957-), João José Félix Pereira (1957-), Harry Crowl (1958-), Norton Dudeque (1958-), Maurício Dottori (1960-), Rogério Budasz (1964-), Guilherme Campos (1966-), Octávio Camargo (1967-) and Fernando Riederer (1977-). These composers are classified into three groups: (1) composers born between 1916 and 1953; (2) guitarist composers born after 1953; and (3) non-guitarrist composers born after 1953. This study presents three interrelated aspects for the understanding of this repertoire: (1) the classical guitar literature achievements in the twentieth century; (2) the development of the classical guitar in Brazil starting from Heitor Villa-Lobos; and (3) the scene of classical Southern and Southeastern Brazil. The repertoire collected is presented as a catalogue, including information such as instrumentation, movements, dedications, timing, premier, and available recordings. xi Mário da Silva – O Violão no Paraná 1 1 INTRODUÇÃO O objeto de estudo deste trabalho é a produção para violão de compositores paranaenses no período de 1941 até os dias de hoje. Esta produção concentra-se em Curitiba, capital do Estado, onde encontram-se os principais conservatórios e a Escola de Música e Belas Artes do Paraná, EMBAP, uma das únicas instituições de ensino superior do Estado a oferecer cursos de música em nível de graduação em Instrumentos, Composição, Regência e Canto1. A data inicial da pesquisa é definida como 1941, por não ter sido encontrada até o momento nenhuma obra para violão de compositores paranaenses de destaque nas gerações anteriores, tais como Brasílio Itiberê (1846-1913) e Bento Mussurunga (1879-1970). Os compositores pesquisados são os nascidos no Paraná, mesmo que radicados hoje em outras localidades, e os não paranaenses, mas que fixaram residência e atuam neste estado. Esta delimitação resulta em quatorze nomes, classificados aqui em três grupos: (1) compositores nascidos entre 1916 e 1953, abrangendo desde o precursor Admar Garcia (1916-1994), até os compositores ainda atuantes Waltel Branco (1929-), Arrigo Barnabé (1951-), e Jaime Mirtenbaum Zenamon (1953-); (2) compositores nascidos após 1953 compreendendo dois grupos: 2.1) compositores violonistas da nova geração, atuantes a partir da década de 80 e integrantes do grupo paranaense de violonistas: Chico Mello (1957-), Norton Dudeque (1958-), Rogério Budasz (1964-), Guilherme Campos (1966-) e Octávio Camargo (1967-); e 2.2) compositores não-violonistas da nova geração, compreedendo vários compositores vindos de outros estados, como reflexo principalmente da reestruturação do Curso de Composição e Regência da EMBAP em 1992: João José Félix Pereira (1957-), Carmo Bartoloni (1956-), Harry Crowl (1958-), Maurício Dottori (1960-) e Fernando Riederer (1977-). A delimitação do objeto de estudo bem como a contextualização não incluem compositores do violão popular. Na listagem de compositores deste trabalho, Waltel Branco é o que apresenta maior proximidade com 1 A EMBAP foi a única instituição de ensino na área até a Universidade Estadual de Maringá (UEM) implantar em 2002 os cursos de Licenciatura em Música e Bacharelado em Instrumento. Mário da Silva – O Violão no Paraná 2 os gêneros populares, mas sua inclusão é justificada pelo uso de uma sofisticada e elaborada linguagem. O repertório paranaense para violão é ainda pouco conhecido e raramente executado. Este trabalho visa contribuir para sua divulgação apresentando um catálogo das obras organizado por compositor incluindo informações como instrumentação, dedicatória, movimentos, edição, (manuscrita, digitalizada em software de computador pelo próprio compositor e publicada por uma editora), minutagem aproximada, primeiras audições e gravações disponíveis comercialmente. Após o catálogo, apresentamos tabelas e gráficos estatísticos com informações percentuais sobre número de obras gravadas, editadas e tipos de formações instrumentais. Paralelamente, o trabalho tem por objetivo caracterizar estilisticamente esse repertório e definir a sua posição no cenário do violão no Brasil e da música contemporânea. Para essa definição, faz-se necessário traçar o contexto da produção violonística no século XX, e mais especificamente no Brasil e no Estado do Paraná. Hoje, é notória em todo o mundo a realidade da composição para violão. Com o advento da internet, a quantidade de sites específicos de compositores para violão publicados chega a casa de mil páginas eletrônicas, com um número incontável de obras listadas. Como contextualização do objeto de pesquisa, cabe a este trabalho relacionar apenas os compositores mais proeminentes que alavancaram essa realidade. Optou-se por concentrar os antecedentes do Brasil no Sudeste e no Sul, por terem sido esses centros os principais influenciadores da escola violonística paranaense, tanto do ponto de vista do ensino do instrumento quanto das linguagens composicionais mais utilizadas. Entretanto, tínhamos conhecimento, quando da realização deste trabalho, da grande contribuição para o violão no Brasil de nomes atuantes em outras regiões do país como Eugênio Lima de Souza, em Natal (UFRN), Mário Ulloa e Ana Cristina Tourinho em Salvador (UFBA), Eduardo Meirinhos em Goiânia (UFGO) e muitos outros que tornariam esta lista muito extensa. A pesquisa de campo nos acervos particulares de compositores e instrumentistas foi a principal fonte de coleta de dados deste trabalho, sendo a principal o arquivo do violonista, Professor e Doutor Orlando Fraga. Os documentos Mário da Silva – O Violão no Paraná 3 encontrados no arquivo em residência de Admar Garcia nos revelaram informações importantes sobre o início das atividades do violão no Paraná. Além disso, também foram utilizados entrevistas gravadas em fita cassete, correspondência trocada através de correio eletrônico com violonistas e compositores, e encartes de disco vinil e disco digital (compact disc) encontrados nos acervos do MIS (Museu da Imagem e do Som do Paraná), Rádio Educativa do Paraná e particulares. O levantamento de gravações resultou em um catálogo fonográfico do violão no Paraná (ANEXO 1) que poderá ser útil a pesquisas futuras. Fontes bibliográficas também contribuíram neste trabalho. Quanto aos antecedentes do violão no Paraná, o livro Reminiscências Musicais de Charlotte Frank, de Marisa SAMPAIO forneceu a maioria das informações2. Neste livro a autora relaciona e descreve de forma sucinta os concertos promovidos pela SCABI (Sociedade Cultural Brasílio Itiberê) a partir da década de 40 em Curitiba, incluindo recitais de violão, como o recital de Andrés Segovia em 1953. A música contemporânea para violão produzida no Paraná ainda não foi contemplada com pesquisas extensas - os poucos trabalhos encontrados sobre o assunto são monografias de especialização do curso da EMBAP, além de alguns artigos recentes. Dentre essas fontes abaixo relacionadas, as monografias trazem dados biográficos, estilísticos e catálogos de obras a respeito dos compositores João José Félix Pereira, Jaime Mirtenbaum Zenamon e Chico Mello, enquanto que o artigo de Orlando Fraga traz dados biográficos genéricos de compositores e violonistas como Luiz Cláudio Ribas Ferreira, Rogério Budasz e Octávio Camargo. 2 SAMPAIO, Marisa Ferraro. Reminiscências musicais de Charlotte Frank. Curitiba: Lítero Técnica, 1984. Mário da Silva – O Violão no Paraná 4 São estas as fontes: 1. FRAGA, Orlando, O Violão no Paraná. REM-Revista Eletrônica de Musicologia, www.cce.ufpr.br/~rem; http://. www.cce.ufpr.br/~ofraga/disc.html Curitiba, UFPR.2001 2. MANTELLI, Ricardo. Jaime Zenamon: Catálogo temático - violão solo (1974-1998). Monografia, (Curso de Especialização em Estética e Interpretação da Música do Século XX). EMBAP, 2001. 3. MELLO, Laura Ritzmann de Oliveira. Comparações entre os procedimentos estéticos em Júlio Cortázar em o Jogo da Amarelinha e Chico Mello em Amarelinha. Monografia, Curso de Especialização em Estética e Interpretação da Música do Século XX. EMBAP, 2001. 4. PETRACA, Ricardo Mendonça. Um signo em expressão: maestro João José de Félix Pereira, Biografia e Catálogo de Obras: 1957-1995. Monografia, Curso de Especialização. EMBAP, 1996. 5. SILVA Jr, Mário da. A música experimental paranaense e o repertório de câmara com violão. Monografia (Curso de Especialização em Música de Câmara). EMBAP, 1998. 6. _______ Música para Violão no Paraná. Violão Intercâmbio, Santos, no. 36, Ano 7, p.23-25., jul./ago. 1999. No entanto, mesmo nesses trabalhos e artigos, informações específicas sobre as obras paranaenses para violão são quase inexistentes. Na dissertação de mestrado de Moacyr Garcia TEIXEIRA NETO intitulada Música Contemporânea Brasileira para violão3, o único documento publicado sobre música contemporânea para violão brasileira, o autor faz apenas uma menção genérica à produção paranaense para violão, citando os nomes de Jaime Mirtenbaum Zenamon, Chico Mello e Norton Dudeque e listando algumas das principais composições de cada um deles. Teixeira Neto já antecipa a representatividade do repertório violonístico paranaense: Nos estados do sul do Brasil, e principalmente no Paraná, encontramos uma das regiões onde o violão erudito brasileiro (...) encontra sua maior acolhida como instrumento de interesse4. Esta dissertação está organizada em 5 capítulos. O Capítulo 2 contextualiza o objeto de estudo em três diferentes níveis: (1) os avanços do violão no século XX, descrevendo sucintamente a produção violonística solo, de câmara e concertos de compositores como Stravinsky, Stockhausen, Boulez, Britten, Ginastera e Berio; (2) o 3 TEIXEIRA NETO, Moacyr Garcia. Música contemporânea brasileira para violão. UFRJ, 4 IBID, p. 46-48 1995. Mário da Silva – O Violão no Paraná 5 desenvolvimento da produção violonística no Brasil, a partir da geração nacionalista de compositores; e 3) o contexto contemporâneo do violão no sul e sudeste do Brasil. Referente a este terceiro nível, incluímos compositores de uma geração emergente, e optamos por fornecer dados biográficos sucintos dos nomes menos conhecidos. O Capítulo 3 traça um histórico do violão no Paraná e aborda a trajetória e linguagens musicais de cada compositor paranaense em questão, desde os precursores até as novas tendências da geração de professores e alunos do curso de Composição e Regência da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP). O Capítulo 4 apresenta o catálogo de obras paranaenses para violão e uma tabela estatística. Na Conclusão, traçamos um perfil histórico-estilístico da música paranaense para violão e definimos a posição dessa produção no cenário nacional do violão do século XX e na música contemporânea. Os anexos incluem a discografia do violão no Paraná e transcrições e cópias de artigos em periódicos relacionados à atividade da SCABI – Sociedade Cultural Brasílio Itiberê – quanto à realização de concertos com violão entre 1949 e 1969. Mário da Silva – O Violão no Paraná 6 2 CONTEXTUALIZAÇÃO 2.1 O VIOLÃO NO SÉCULO XX Nos períodos Clássico e Romântico, eram cultivados gêneros de sonoridades amplas, como em óperas de Richard Wagner (1813-1883) e Giuseppe Verdi (18131901) e em sinfonias de Gustav Mahler (1860-1911)5, razão pela qual o repertório e a atividade violonística eram bastante reduzidos. A pedido do violonista Francisco Tárrega (1852-1909), o luthier espanhol Antonio Torres construiu um violão de proporções maiores, para que o instrumento pudesse competir em sonoridade nas salas de concerto. Esse acontecimento proporcionou mudanças radicais na execução desse instrumento e obrigou os violonistas a seguirem uma disciplina mais rígida de estudos. A prática instrumental violonística se tornou mais elaborada e exigente no início do século XX, enquanto que os compositores pesquisavam novos procedimentos composicionais. Isso enfatizava a distinção das atividades de instrumentista versus compositor. Paralelamente, iniciava-se a interação entre violonistas e compositores não-violonistas, fator indispensável e constante no desenvolvimento da literatura violonística do século XX. Os compositores discutiam com os instrumentistas a viabilidade de execução de suas idéias musicais; por outro lado, os violonistas podiam propor alternativas sonoras idiomáticas ao instrumento. Em 1920, Manuel de Falla (1876-1946) compôs a obra Homenagem a Claude Debussy com a supervisão do violonista catalão Miguel Llobet (1878-1938). Norton DUDEQUE6 afirma que “Falla decidiu [...] compor uma homenagem, associando o violão, instrumento espanhol por excelência, à influência da música espanhola sobre Debussy, manifestada em obras como Soirée dans Grenade ou La Puerta del Vino”. 5 Vale salientar que Gustav Mahler foi o primeiro compositor romântico a inserir o violão na instrumentação sinfônica em sua Sinfonia nº 7 (1909), 4º movimento. 6 DUDEQUE, Norton. História do violão. Curitiba: UFPR, 1997. p.83-84 Mário da Silva – O Violão no Paraná 7 Suzanne DEMARQUEZ confirma o resultado idiomático-violonístico: Os recursos especiais do instrumento são habilmente explorados na forma de arpejos, de acordes amplamente abertos, de escalas e de harmônicos oitavados.7. Essa obra é considerada um divisor de águas por ser uma das primeiras peças para violão composta por um compositor não-violonista, seguida de diversas outras obras compostas em situações semelhantes8. Na segunda década do século XX, teve início a promissora carreira do violonista espanhol Andrés Segovia (1893-1987). Em seus concertos, apresentações em rádio e gravações, Segovia executava não só obras do repertório violonístico tradicional como de Johann Sebastian Bach e Francisco Tárrega, bem como de compositores nacionalistas de sua época, como os Estudos 1,8 e 11 (1929), 5 Prelúdios (1940) e o Concerto para violão e pequena orquestra (1951) do brasileiro Heitor Villa-Lobos, Valse (1928), Sonatina Meridional (1939) e Concierto del Sur (1941) do mexicano Manuel Ponce (1882-1948), Sonata op.77 (1934), Capriccio Diabolico op. 85 (1935), Tarantella op.87 (1936) e Tonadilla op.170 (1954) do ítalo-americano Mário Castelnuovo-Tedesco (1895-1968), e obras de seus compatriotas como Madroños (1960), Sonatina (1933) e Concerto de Castilla (1960) de Federico Moreno Torroba (1891-1982), e Homenagem a Tárrega (1935) e Sevillanas (1964) de Joaquim Turina (1882-1949). Embora o impulso inicial da atividade violonística seja proveniente da Espanha, o desenvolvimento da produção de novos repertórios ocorreu em toda a Europa. Como exemplos citamos Quatro Peças Breves (1937) do suíço Frank Martin (1890-1974), Três Tentos (1960) e Royal Winter Music (Sonata on Shakespearen Characters, 1975) do alemão Hans Werner Henze (1926-), Suite (1957) do austroamericano Ernst Krenek (1900-1991), Cavatina (1952) do franco-polonês Alexandre Tansman (1897-1986) e Sarabande (1960) do francês Francis Poulenc (1899-1963). Na Inglaterra, os principais difusores do repertório violonístico britânico são os 7 DEMARQUES, Suzanne. Manuel de Falla. Barcelona: Editorial Labor, AS, 1968. p.123. 8 IBID, p. 85. Mário da Silva – O Violão no Paraná 8 violonistas Julian Bream (1933) e John Williams (1941), para os quais grande obras foram dedicadas. Esses dois intérpretes foram responsáveis pela modificação do panorama violonístico, antes constituído de obras tradicionais, e depois de um repertório arrojado, resultando na maior transformação estética do século XX. Os principais títulos deste repertório são Noturnal after John Dowland (1963) de Benjamin Britten (1913-1976), Sonatina op. 52/1 (1957) e Theme and Variations op. 77 (1970) de Lennox Berkeley (1903-1989), Five Bagatelles (1971) de William Walton (1902-1983) e Partita (1965), de Stephen Dodgson (1924). As linguagens utilizadas por esses compositores consistiam de: neoclassicismo com uso de formas clássicas, sistema tonal e textura polifônica, como é o caso de Tansman e Britten; experimentações com novas sonoridades, como percussões no tampo e uso de harmônicos utilizados por Dogson e Walton; e novos sistemas de composição, como o serialismo, experimentado pela primeira vez ao violão por Martin, seguido de Henze, Kreneck e Bennet. Uma das idéias estéticas compartilhadas pelas diversas tendências artísticas das primeiras décadas do século XX, tais como o Neoclassicismo liderado por Igor Stravinsky (1882-1971), o Impressionismo de Claude Debussy (1862-1918) e o Expressionismo de Arnold Schoenberg (1874-1951), era a busca de novas sonoridades, incluindo experimentação com inovadoras combinações de instrumentos nos grupos de câmara e nas orquestrações. Isso promovia o reaparecimento do violão na música de câmara. Alguns dos compositores proeminentes dessas primeiras décadas do século XX utilizaram o violão em obras orquestrais, assim como em diversas formações camerísticas, como é listado a seguir: Mário da Silva – O Violão no Paraná 9 Data 1918 Compositor Igor Stravinsky (1882-1971) 1920-3 Arnold Schoenberg (1874-1951) 1927 Anton Webern (1883-1945) Obra (s) Quatro Canções Russas Versão instrumental de 1953 Serenata op.24 sobre o soneto 256 de Francesco Petrarca Canções op. 18 1928 Anton Webern (1883-1945) Peças op.19 1940 Igor Stravinsky (1882-1971) Tango, versão instrumental de 1953 195355 Pierre Boulez (1925) 1958 Hans Werner Henze (1926) Kammermusik 1965 Bruno Maderna (1920-1973) Aulodia per Lothar 1969 Hans Werner Henze (1926) El Cimarrón O martelo sem mestre Sobre três poemas de René Char: L’Artisanat furieux, Bourreaux de solitude, Bel édifice et lês pressentiment Instrumentação Mezzo soprano, flauta e harpa violão Narrador masculino grave, violão, bandolim, cello, violino e viola Mezzo-soprano, clarinete em mib e violão Coro, celesta, violão, violino, clarinete e clarone Violão, clarinete, clarone, trumpete, trombone e quinteto de cordas Contralto, violão, flauta em sol e percussão Violão, tenor, clarinete em sib, trompa, fagote e cordas Oboé d'amore e violão ad libitum Violão, barítono, flauta e percussão O uso do violão na música de câmara estimulou os compositores a uma exploração sonora apurada do instrumento, aproveitando ao máximo suas possibilidades tímbricas e polifônicas. No primeiro movimento da obra Quatro Canções Russas de Igor Stravinsky nota-se um belíssimo resultado tímbrico advindo de uma melodia em oitavas executada em legato pelo violão e pela flauta, agregado ao acompanhamento da harpa em non legato (Exemplo 1). Mário da Silva – O Violão no Paraná 10 Exemplo 1. Igor Stravinsky: Quatro Canções Russas (1918, instrumentação de 1953), para voz, flauta, harpa e violão, Io Movimento – The Drake, - cc. 1-10. Mário da Silva – O Violão no Paraná 11 Hector BERLIOZ (1803-1869) afirma que o violão é um instrumento delicado para acompanhar o canto e fazer parte de peças instrumentais de caráter íntimo: “Este instrumento pode ser comparado a uma pequena orquestra devido às múltiplas possibilidades tímbricas”9. Considerando que no violão se trabalha direto na fonte sonora, sem intermediário (martelo, arco ou palheta), qualquer sutil modificação na posição da mão direita pode alterar o timbre. Essa atitude técnica, quando dominada pelo instrumentista, traz vários benefícios às texturas contrapontísticas e de variedade timbrística. Em novembro de 1940, o violonista Regino Sainz de La Maza estreou em Barcelona o Concierto de Aranjuez (1939) para violão e orquestra do compositor espanhol Joaquin Rodrigo (1901-1999). A perfeita orquestração do Concierto de Aranjuez, combinada à sonoridade flamenca de escalas e rasgueados do instrumento solista, aperfeiçoou essa formação instrumental com possibilidades até então consideradas remotas. Rodrigo soube dosar a combinação orquestral de forma adequada, consciente da riqueza tímbrica e limitações sonoras do violão. No primeiro movimento (cc. 79-84), por exemplo, os acordes em dinâmica ff do violão simultâneos à articulação em dinâmica f das cordas contribuem para a densidade dramática, que é contrastada com a seção em que o violão executa a melodia principal acompanhado pelo fagote em “p staccatto grazioso” (Exemplo 2). 9 BERLIOZ, Hector; STRAUSS, Richard. Treatise on Instrumentation. Trad: Theodore Front. Nova Iorque: Dover, 1991, p. 147. Mário da Silva – O Violão no Paraná Exemplo 2. Joaquin Rodrigo: Concierto de Aranjuez (1939) para violão e orquestra – cc. 79-84. 12 Mário da Silva – O Violão no Paraná 13 Devido ao sucesso do Concierto de Aranjuez, Rodrigo aperfeiçoou suas idéias produzindo outros concertos com solo de violão: Fantasia para un Gentilhombre (1954) para violão e orquestra, Concierto Madrigal (1966) para dois violões e orquestra, Concierto Andaluz (1967) para quatro violões e orquestra e Concierto Para una Fiesta (1982) para violão e orquestra. O Concierto de Aranjuez (1939) de Joaquin Rodrigo e o Concertopara violão e pequena orquestra (1951) de Heitor Villa-Lobos, são atualmente as obras mais executadas por orquestras e violonistas solistas ao redor do mundo, ocupando também o primeiro lugar em gravações desse gênero. Estas duas obras apresentam características distintas em diversos aspectos: (1) quanto a estrutura formal - o concerto de Villa-Lobos é entendido por alguns como um tratamento bastante livre das formas tradicionais e, por outros, como livre de organizações formais preestabelecidas; Joaquin Rodrigo segue os modelos formais tradicionais, utilizando a forma sonata no primeiro movimento e texturas contrapontísticas com processo imitativo no terceiro movimento; (2) quanto ao tratamento do instrumento solista, Villa-Lobos busca uma maior experimentação sonora idiomática que ele mesmo havia empregado nos seus estudos de 1929, enquanto que Rodrigo utiliza modelos idiomáticos da música flamenca para o instrumento solista; (3) quanto à orquestração - Villa-Lobos explora novas combinações timbrísticas e Rodrigo prima pela orquestração clara e minuciosamente resolvida, resultado de seus estudos com Paul Dukas (1865-1935) no Conservatório de Paris (1927-32). Cabe comentarmos que a orquestração de VillaLobos nem sempre é equilibrada: no primeiro movimento, o conjunto instrumental é mais elaborado, como por exemplo a diversidade tímbrica bastante adequada entre oboé, violão e cordas (Exemplo 3a); já no segundo movimento Villa-Lobos não é criterioso na orquestração, na qual o violão executa a frase principal acompanhado por clarinete, fagote, trompa e trombone10, fazendo com que este conjunto de sopros se sobreponha a sonoridade do violão. (Exemplo 3b). 10 A questão pode ser justificada em função de que Villa-Lobos aprovava o uso de amplificação elétrica com microfones para o instrumento solista. Mário da Silva – O Violão no Paraná Exemplo 3a. Heitor Villa-Lobos: Concerto para violão e pequena orquestra, Iº movimento – cc. 78-80 Exemplo 3b. Heitor Villa-Lobos: Concerto para violão e pequena orquestra, IIº movimento – cc. 6-7. 14 Mário da Silva – O Violão no Paraná 15 Os concertos de Rodrigo e Villa-Lobos proporcionaram avanços para a literatura violonística, despertando o interesse de outros compositores e gerando um vasto repertório de concertos para violão. São listados a seguir os principais títulos11: Data 1939 1942 1953 1957 1957 1958 1962 1960 1961 1962 1966 Compositor Mario Castelnuovo Tedesco (1895-1968) Guido Santorsola (1904-1994) Mario Castelnuovo Tedesco (1895-1968) Malcolm Arnold (1921) Salvador Bacarisse (1898-1963) Leo Brouwer (1939) Mario Castelnuovo Tedesco (1895-1968) Federico Moreno Torroba (1891-1982) Federico Moreno Torroba (1891-1982) Federico Moreno Torroba (1891-1982) Guido Santorsola (1904-1994) 1970 1972 1974 1986 1987 Richard Rodney Bennett (1936) Leo Brouwer (1939) Lennox Berkeley (1903) Leo Brouwer (1939) Leo Brouwer (1939) 11 Capítulo 2. Obra (s) Concerto em Ré op.99 Concerto para violão Concerto em Dó op. 160 Concerto op. 67 Concertino op. 72 Três Danças Concertantes Concerto op. 201 Concierto de Castilla Homenage a la Seguidilla Concierto em Flamenco Concerto para Dois Violões Concerto Concerto no. 1 Guitar Concert op. 88 Concerto Elegíaco Retratos Catalães Instrumentação Violão e orquestra Violão e orquestra Violão e orquestra Violão e orquestra Violão e orquestra Violão e orquestra de cordas Dois violões e orquestra Violão e orquestra Violão e orquestra Violão e orquestra Dois violões e orquestra Violão e Grupo de Câmara Violão e orquestra Violão e orquestra Violão e orquestra Violão e orquestra Os concertos para violão e orquestra de compositores brasileiros são mencionados no Mário da Silva – O Violão no Paraná 16 2.2 A LITERATURA VIOLONÍSTICA NO NACIONALISMO MUSICAL BRASILEIRO A relação do nacionalismo musical brasileiro com o violão é inevitável em função desse instrumento fazer parte da cultura popular brasileira. Os precursores Joaquim dos Santos (1873-1935), ou Quincas Laranjeiras, e João Teixeira Guimarães (1883-1947), ou João Pernambuco, vieram de uma cultura violonística popular. A geração de compositores nacionalistas brasileiros produziu portanto um vasto repertório violonístico, inspirado e influenciado por estes e outros compositores populares. A primeira contribuição foi de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), seguido de Francisco Mignone (1897-1976), Radamés Gnatalli (1906-1988), Camargo Guarnieri (1907-1993) e Guerra-Peixe (1914-1993). 2.2.1 Heitor Villa-Lobos12 Ano 1899 1900 1904 Título Mazurka in D Panqueca Valsa Concerto n° 2 Instrumentação Violão solo (partitura não localizada) Violão solo (partitura não localizada) Violão solo (partitura não localizada) 1908 -12 Suíte Popular Brasileira – Mazurka-Choro, Schottish-Choro, Valse-Choro, Gavotta-Choro, Chorinho Canção Brasileira Dobrado Pitoresco Quadrilha Tarantela Mazurka Simples Sexteto Místico Choro n°1 Modinha Doze Estudos Introdução ao Choros Distribuição de Flores Ária da Bachiana n° 5 Seis Prelúdios Melodia poética do Século XVIII Concerto para violão e pequena orquestra Green Mansions Violão solo 1910 1910 1910 1910 1911 1917 1920 1925 1929 1929 1937 1938 1940 1943 1951 1958 12 Violão e canto (partitura não localizada) Violão solo (partitura não localizada) Violão solo (partitura não localizada) Violão solo (partitura não localizada) Violão solo (partitura não localizada) Flauta, oboé, sax alto, harpa, celesta e violão Violão solo Violão e canto Violão e canto Violão inserido na orquestra Violão e flauta Violão e canto Violão solo (Prelúdio 6, partitura não localizada) Violão e canto Vioão e orquestra Violão inserido na orquestra FRAGA, Orlando. Heitor Villa-Lobos: A Survey on his Guitar Music. Disponível em http://www.cce.ufpr.br/~ofraga/revista.html. Acesso em 01/08/02. Mário da Silva – O Violão no Paraná 17 O cenário violonístico brasileiro ganhou impulso para seu desenvolvimento principalmente a partir de Heitor Villa-Lobos, reconhecido como um dos compositores mais importantes para violão do século XX. Isso se deve, em primeiro lugar, à quantidade de obras produzidas por este compositor, numa escala que vai desde o repertório solo, como a Suíte Popular Brasileira (1913), os 12 Estudos (1929) e os 5 Prelúdios (1941), passando pelo de câmara, como o Sexteto Místico (1917), para flauta, oboé, sax alto, harpa, celesta e violão e Distribuição de Flores (1937), para flauta e violão, até o Concerto para violão e Orquestra (1951); e, em segundo lugar, ao idiomatismo de novas propostas sonoras, inserindo o violão definitivamente dentro do contexto musical brasileiro erudito. Dentre as novas sonoridades violonísticas introduzidas por Villa-Lobos podemos citar: cordas soltas acompanhadas por uma seqüência de acordes paralelos que, mesmo provocando uma dissonância, aumentam qualitativamente a sonoridade do instrumento; utilização de harmônicos naturais e artificiais; ligados como linguagem e como efeito sonoro. As novas sonoridades idiomáticas introduzidas por Villa-Lobos continuariam a ser usadas por compositores da geração seguinte, tais como Alberto Ginastera (1916-1983), Edino Krieger (1928-) e Leo Brouwer (1939-) (Exemplo 4): Exemplo 4. Sonoridades idiomáticas de Villa-Lobos encontradas em obras de Ginastera, Krieger e Brouwer: 4a) Seqüência de acordes paralelos: 4b) Harmônicos naturais e artificiais: Mário da Silva – O Violão no Paraná 18 4c) Ligados como efeito sonoro 2.2.2 Francisco Mignone Ano S/ data 1953 1953 1953 1953 1970 1970 1970 1974 1975 1976 1976 1976 1976 1976 1980 1980 1981 Título Canção da garoa e 4 Valsas Choro Minueto Fantasia Modinha Repinicando Brazilian Song 12 Estudos 12 Valsas Brasileiras em Forma de Estudos Prelúdio e Fuga Concerto Valsa de Esquina Variações sobre o tema Luar do Sertão de Catulo da Paixão Cearense Choro Dialogando O Impossível Carinho Batuque 3 Valsas Brasileiras Choro Instrumentação Duo de violões Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Duo de violões Violão e orquestra Violão solo Violão solo Voz e violão Voz e violão Voz e violão Violão solo Violão solo Duo de violões Mário da Silva – O Violão no Paraná 19 As primeiras experimentações ao violão de Francisco Mignone (1897-1986) datam da década de 50, como uso de formas nacionalistas como o choro, no caso de Repinicando (1953), canções, modinhas e valsas. Em 1970, nos seus 12 Estudos, Mignone segue a linha de Villa-Lobos concentrando-se no idiomatismo do instrumento e explorando sistemas diatônicos e cromáticos. Nas Valsas Brasileiras em forma de estudo, Mignone explora o universo do sistema temperado. Edelton GLOEDEN faz a seguinte colocação: Francisco Mignone sistematizou suas 12 Valsas Brasileiras em Forma de Estudos para violão em doze tonalidades menores, dispostas numa seqüência cromática, partindo de do menor até si menor. Mesmo não explorando a totalidade das 24 tonalidades, isto não nos impede de colocar este ciclo entre as raras obras do repertório violonístico baseadas na exploração do universo do sistema temperado13. Em 1975 Mignone compôs o Concerto para violão e orquestra. Nesta obra, o compositor emprega sistema diatônico e cromático e desenvolve estruturas rítmicas variadas no instrumento solista já utilizadas nos 12 Estudos, alternando freqüentemente fórmulas de compassos (4/4, 3/4, 2/4, 3/8). Mignone não inclui o violão em suas composições seriais, porém usou de forma muito competente o sistema diatônico e cromático em obras de caráter nacionalista, confirmando a afirmação de Neves: “em suas peças de câmera como nas grandes obras sinfônicas, Mignone mostra sempre seu perfeito domínio da matéria sonora e da técnica composicional”14. 13 14 1977. p.66 Disponível em http://planeta.terra.com.br/arte/violao_intercambio/ . Acesso em 01/01/02. NEVES, José Maria. Música contemporânea brasileira. São Paulo: Ricordi Brasileira, Mário da Silva – O Violão no Paraná 20 2.2.3 Radamés Gnatalli Ano 1933 Título Divertimento para 6 instrumentos 1934 1943 1944 1946 Retratos Dança Brasileira Seresta Quarteto de Violões 1948 Concertino nº 3 1948 1952 1954 1957 Concerto nº 2 Concerto nº 1 Uma rosa para Pixinguinha Brasiliana nº 8 1957 1959 1959 1960 1960 1964 1966 1967 Concerto nº 2 para violão e piano Sonata Sonata Sonatina Sonatina Concerto de Copacabana (Concerto no. 3) Sonatina Dez estudos para violão Estudo 1 para Turíbio Santos. Estudo 2 para Waltel Branco, Estudo 3 para Jodacil Damaceno, Estudo 4 para Nelson Piló, Estudo 5 para Sérgio Abreu, Estudo 6 para Geraldo Vespar, Estudo 7 para Barbosa Lima, Estudo 8 para Darci Vilaverde, Estudo 9 para Eduardo Abreu, Estudo 10 in memoriam Garoto. Concerto à Brasileira nº 4 “Dedicado a Laurindo de Almeida Concerto para dois violões e orquestra Concerto para dois violões e orquestra de cordas Introdução e Choro Toccata em ritmo de samba – para Waltel Branco Brasiliana nº 13 “Dedicado a Turíbio Santos” Suite – 1.Pastoril 2.Toada 3. Frevo 1967 1968 1968 1971 1981 1983 1988 Instrumentação Violão, 2 pianos, acordeom, baixo e bateria 2 violões (Transcrição) Violão solo Violão, flauta e quarteto de cordas Transcrição para 4 violões do Quarteto no. 1 Violão, orquestra de cordas, flauta e tímpano Violão (7 cordas) e orquestra Violão e orquestra Violão, piano, 2 violões 2 violões, transcrição da formação original para 2 pianos Transcrição do Concerto no. 2 Flauta e violão Violoncelo e violão Cravo e violão Piano e violão Violão e orquestra de cordas Violoncelo e dois violões Violão solo Violão e orquestra de cordas Dois violões e orquestra Dois violões e orquestra de cordas Violino e violão Violão solo Violão solo Violão solo Radamés Gnatalli (1906-1988) exerceu influência no meio violonístico brasileiro popular e foi o mentor da Camerata Carioca, grupo do qual faziam parte violonistas populares renomados hoje como Maurício Carrilho, Luiz Otávio Braga e Rafael Rabello. Entretanto, na sua obra Dez Estudos para violão, ele homenageia violonistas de concerto brasileiros. Nesses Estudos “Gnatalli segue o exemplo de Chopin, Bartók e Villa-Lobos, pois [...] não são didáticos, mas composições com foco Mário da Silva – O Violão no Paraná 21 em configurações técnicas particulares inspiradas por seus amigos violonistas”15. De maneira geral em suas obras para violão emprega temas sincopados, com alternância de compassos (3/8 e 2/4), inseridos em formas clássicas como é o caso da Sonata para violoncelo e violão, Sonatina para flauta e violão e o Concerto à Brasileira nº 4. Sobre esta última obra, Daniel WOLFF comenta: Este concerto, em três movimentos, combina harmonias rebuscadas com os ritmos sincopados da música popular brasileira. Dominando plenamente as características técnicas do violão, Gnatalli atribui-lhe distintas funções ao longo do concerto, ora como solista, ora como acompanhante da orquestra, porém sempre mantendo sua posição de destaque como um dos instrumentos mais cultuados no Brasil16. A maior contribuição para a literatura violonística de Gnatalli foi sua numerosa produção de concertos para violão e orquestra. 2.2.4 Mozart Camargo Guarnieri Ano 1944 1958 1982 1982 1986 Título Ponteio (dedicado a Abel Carlevaro) Estudo no. 1 Estudo no. 2 “Tranqüilo” Estudo no. 3 “Sem Pressa” Valsa Choro no. 2 Instrumentação Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Camargo Guarnieri (1907-1993) escreveu apenas cinco obras para violão, mas com representativa contribuição à literatura violonística brasileira. A linguagem empregada se caracteriza por explorações cromáticas resultantes de movimentos paralelos da mão esquerda do violão, demonstrando influência da obra violonística de Villa-Lobos. De mneira geral, a rítmica é subordinada aos desenhos melódicos cromáticos. A primeira obra Camargo Guarnieri para violão datada de 1944, é entitulada Ponteio e dedicada a Abel Carlevaro; é escrita em linguagem nacionalista e polifônica. O compositor só iria produzir para o instrumento novamente 38 anos mais 15 GNATALLI, Radamés. Dez Estudos para violão. Paris: Chanterelle Verlag, 1988. 1 partitura. Prefácio de Gennady ZALKOWITSCH, p.1. 16 WOLFF, Daniel. Encarte do Compact Disc Concerto à Brasileira. Daniel Wolff, violão. Mário da Silva – O Violão no Paraná 22 tarde, compondo as outras três obras na década de 80. Moacyr TEIXEIRA NETO comenta que sua linguagem neste período percebia uma “tipologia musical que poderíamos chamar de experimentalista, pois seus trabalhos estão próximos das tendências dodecafônicas que foram, por ele próprio, criticadas na década de 50”17. 2.2.5 César Guerra-Peixe Ano 1946 1948 1966 1969 1969 1970 1970 1970 1973 1973 1979 1979 1979 1979 1979 1979 1979 1980 1980 1980 1981 1981 1981 1981 1981 1981 1983 Título Três Peças - I. Ponteio II. Acalanto III. Chôro Suíte - I. Ponteio II. Acalanto III. Chôro Ponteado Sonata – I. Allegro II. Larghetto III. Vivacissimo “Dedicada a Turíbio Santos Prelúdio nº / “Dedicada a Léo Soares” Prelúdio nº 2 (em forma de Estudo) “Dedicada a Geraldo Verpar” Prelúdio nº 3 “Dedicada a Sílvio Serpa Costa” Prelúdio nº 4 “Dedicada a Waltel Blanco” Prelúdio nº 1 Prelúdios – I. Lua Cheia II. Isocronia III. Dança Fantástica IV.Canto do Mar V. Ponteado Nordestino Lúdicas nº 1 Fantasieta “Dedicada a Nélio Rodrigues” Lúdicas nº 2 Dança “Dedicada a Nélio Rodrigues” Lúdicas nº 3 Organum “Dedicada a Nélio Rodrigues” Lúdicas nº 4 Berimbau “Dedicada a Nélio Rodrigues” Lúdicas nº 5 Modinha “Dedicada a Nélio Rodrigues” Lúdicas nº 6 Ponteado “Dedicada a Nélio Rodrigues” Lúdicas nº 7 Diálogo “Dedicada a Nélio Rodrigues” Lúdicas nº 8 Diferencias Brasileñas “Dedicada a Nélio Rodrigues” Lúdicas nº 9 Notas repetidas “Dedicada a Nélio Rodrigues” Lúdicas nº 10 Urbana “Dedicada a Nélio Rodrigues” Breves 1- I. Prelúdio alegre II. Breve cantiga III.Em cinco tempos Breves 2- I. Ligaduras II. Harmônicos naturais III. Arpejado Breves 3- I. Quatro ligadas II. Imperial III. Repetidas Breves 4- I. Uníssonos II. Segundas III. Terças Breves 5- I. Quartas II. Quintas III. Sextas, tempo de paso-doble Breves 6- I. Sétimas II. Oitavas III.Sucessivas Caderno de Mariza para violão - I. Entrada II. Violão a bordo III. Caprichosa IV.O menino da congada Instrumentação Violão solo Violão solo Violão solo (ou viola) Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Ao contrário de Radamés Gnatalli, que tem uma produção numerosa incluindo violão inserido em grupos de câmara e concertos, César Guerra-Peixe (1914-1993) concentrou-se em obras para violão solo, produzindo 29 títulos. Guerra-Peixe pesquisa sonoridades específicas do instrumento. Segundo Clayton Daunis VETROMILLA, Orquestra da Universidade Luterana do Brasil, Tiago Flores, regente. Porto Alegre: Fumproarte, 2000. 17 TEIXEIRA NETO, Moacyr Garcia. Op. Cit, p. 35. Mário da Silva – O Violão no Paraná 23 “Guerra-Peixe, quando escreve para violão, trata o instrumento com autonomia, atribuindo-lhe a capacidade de evocar sonoridades diversas e peculiares”18. GuerraPeixe insere também o violão na música dodecafônica. VETROMILLA defende a hipótese da Suite (1948) ser a primeira obra, em escala mundial, a ser escrita para violão solo dentro da estética serial-dodecafônica. De fato, nesta época Guerra-Peixe desejava conciliar o sistema serial com música popular criando um “dodecafonismo brasileiro de séries defectivas (com menos de doze sons) ou emprego seletivo (por razões estritamente musicais)”19. Na década de 60, Guerra-Peixe compôs a Sonata (1969) para violão, momento este em que o compositor abandonava seus princípios dodecafônicos para voltar ao nacionalismo e princípios neo-clássicos. A Sonata é “constituída de três movimentos, com aspectos cíclicos, explorando intensamente o virtuosismo do intérprete nos movimentos externos. O idioma harmônico remonta a um estilo nordestino, enriquecido por procedimentos tais como alterações cromáticas e acréscimos de nonas”20. As obras destes compositores nacionalistas, bem como de uma geração posterior contaram com o estímulo vindo da atuação de violonistas renomados. Dentre estes violonistas estão Turíbio Santos (1943-), o Duo Abreu - formado pelos violonistas Sérgio Abreu (1948-) e Eduardo Abreu (1949-), e o Duo Assad – formado pelos violonistas Sérgio Assad e Odair Assad no Rio de Janeiro. Turíbio Santos estreou em 16 de novembro de 1962, o Sexteto Místico (1917), de Heitor Villa-Lobos, e em 21 de novembro de 1963 apresentou a execução integral dos 12 Estudos (1929) para violão solo, ambas no Rio de Janeiro. Várias obras foram compostas para esses intérpretes. Por exemplo, Radamés Gnatalli– que usou gêneros populares como choro e canção dentro de formas tradicionais – compôs a Sonatina para Dois Violões e 18 VETROMILLA, Clayton Daunis. Introdução à obra para violão solo de GuerraPeixe. Dissertação de Mestrado em Música, Escola de Música - UFRJ, 2002, p. 23. 19 NEVES, José Maria. Música contemporânea brasileira. São Paulo: Ricordi Brasileira, 1977, p. 102. 20 WOLFF Daniel. Encarte de Compact Disc Fábio Shiro: Recital Brasileiro (RBM 463 022)Porto Alegre, 2000.Disponível em: www.assovio.com.br. Acesso em 28/06/2002. Mário da Silva – O Violão no Paraná 24 Violoncelo (1966), para o Duo Abreu, estreada em 25 de março de 1968, na Sala Cecília Meireles (RJ), com Iberê Gomes Grosso ao violoncelo, e o Concerto para Dois Violões e Orquestra para o Duo Assad (1968)21. César Guerra-Peixe dedicou a Sonata (1969) a Turíbio Santos. Henrique Pinto (1941-), Antônio Carlos Barbosa Lima (1944-), Maria Lívia São Marcos (1946-) e Dagoberto Linhares (1953-) são os violonistas paulistas que mais se destacaram por divulgar a produção brasileira. Em 1961 Maria Lívia São Marcos interpretou o Concerto para violão e pequena orquestra de Heitor VillaLobos, Barbosa Lima estreou o Concerto para violão e orquestra de Francisco Mignone e Dagoberto Linhares interpretou e gravou as obras Sonata e Portrait to Dagoberto de Almeida Prado e Yanomami de Marlos Nobre. Esta geração de intérpretes seria também responsável pela divulgação do repertório de compositores contemporâneos não-violonistas do sul e sudeste. 21 BARBOSA, V.; DEVOS, A. M. Radamés Gnatalli: o eterno experimentador. Rio de Janeiro: FUNARTE/Instituto Nacional de Música, 1984. Gravado pelo Duo Assad pela Continental com Orquestra Armorial de Pernambuco (não consta data), p.56. Mário da Silva – O Violão no Paraná 25 2.3 A LITERATURA VIOLONÍSTICA E OS COMPOSITORES CONTEMPORÂNEOS DO SUL E SUDESTE DO BRASIL A partir da década de 60, a produção de obras para violão passa a contar com um número bem maior de compositores, vindos de diversas regiões e estados brasileiros. Dentre os estados da região sul e sudeste, temos no Rio de Janeiro, Edino Krieger (1928-), Marlos Nobre (1939-), Ricardo Tacuchian (1939-), Roberto Victório (1959-), Arthur Kampela (1960-) e Alexandre Faria (1972-); em São Paulo, Sérgio Vasconcellos Corrêa (1934-), Almeida Prado (1943-), Paulo Bellinati (1950-), Paulo Porto Alegre (1953-) e Giácomo Bartoloni (1957-); no Rio Grande do Sul, temos Bruno Kiefer (1923-1987), Antônio Carlos Borges Cunha (1952-), Fernando Lewis de Mattos (1963-), Vinícius Corrêa (1965-), Daniel Wolff (1967-) e James Correa (1968); e no Paraná, Admar Garcia (1916-1994), Waltel Branco (1929-), Arrigo Barnabé (1951-), Jaime Mirtenbaum Zenamon (1953-), Carmo Bartoloni (1956-), Chico Mello (1957-), João José Félix Pereira (1957-), Harry Crowl (1958-), Norton Dudeque (1958), Maurício Dottori (1960-), Rogério Budasz (1964-), Guilherme Campos (1966) e Octávio Camargo (1967-) e Fernando Riederer (1977-). Mário da Silva – O Violão no Paraná 26 2.3.1 Rio de Janeiro A mais recente geração do Rio de Janeiro produziu obras para violão com influências na escola nacionalista, mas uma nova realidade onde “no lugar da polarização nacionalismo/vanguarda, entre outras antinomias, a música passou a apresentar uma pluralidade estética mais diversificada”22. As linguagens e recursos presentes nas obras dos compositores cariocas englobam tonalismo livre, atonalismo, experimentalismo com aleatoriedade controlada, instrumento preparado, grafismo e ruidismo. O desenvolvimento rítmico através de percussões no instrumento é uma tendência idiomática comum a quase todos. . 2.3.1.1 Edino Krieger Ano 1956 1974 1987 1994 2002 2002 Título Prelúdio Ritmata Romanceiro Concerto Passacalha para Fred Schneiter Sonancias IV Instrumentação Violão solo Violão solo Dois violões Dois violões e orquestra de cordas Violão solo Dois violões e violino Edino Krieger (1928-) produz esporadicamente para violão, mas suas poucas obras são bastante significativas no repertório contemporâneo. Sua obra mais tocada é Ritmata (1974), para violão solo, que freqüentemente é selecionada como peça de confronto em concursos de interpretação. Nessa obra, o compositor utiliza uma linguagem atonal agregada a características idiomáticas do instrumento advindas do contato com Turíbio Santos. O motivo gerador de toda a obra, organizado em intervalos de quartas superpostas (D, A, E [B] em sentido descendente), é transformado continuamente, intercalado com um segundo material cromático em contraponto (Exemplo 5). 22 TACUCHIAN, Ricardo. Duas décadas de música de concerto no Brasil: tendências estéticas. ANAIS DO XI ENCONTRO NACIONAL DA ANPPOM, Universidade de Campinas (UNICAMP), 24 a 28 de agosto 1998. Rio de Janeiro: UNICAMP, 1998, p. 2. Mário da Silva – O Violão no Paraná 27 Exemplo 5. Edino Krieger: Ritmata para violão solo - cc. 1-6. No decorrer da peça motivos rítmicos semelhantes são reapresentados, enriquecidos de efeitos sonoros como percussões no tampo e golpes da mão esquerda e direita no braço do instrumento. A constante mudança de fórmula de compasso também é característica. Na obra Concerto para Dois Violões e Cordas (1994), Krieger alarga várias idéias da Ritmata, reaproveitadas para um conjunto orquestral. O material temático é continuamente transformado, com o tema principal retornando em acordes, em aumentação e tratado em contraponto entre os 2 violões (Exemplo 6a) e entre a orquestra (Exemplo 6b). Exemplo 6. Edino Krieger: Concerto para Violão e Orquestra de Cordas – Io Movimento Toccata 6a) cc. 1214 e 6b) cc. 33-34. Mário da Silva – O Violão no Paraná 28 Na coda, as percussões no tampo dos instrumentos são intercaladas entre orquestra e instrumentos solistas (Exemplo 7 a, b, c, d). Exemplo 7. Edino Krieger: Concerto para Violão e Cordas – Io Movimento Toccata 7a) c. 178, 7b) c. 185, 7c) c. 189 7d) c. 191. Mário da Silva – O Violão no Paraná 29 2.3.1.2 Marlos Nobre23 Ano 1960 1960 1963 1966 1966 1966 1966 1968 1968 1968 1968 1968 1968 1968 1968 1968 1974 1975 1976 1977 1980 1980 1980 1982 1982 1983 1984 1984 1984 1985 1989 1989 1989 1990 1993 1993 1994 Título 1° Ciclo Nordestino Op. 5b 1° Ciclo Nordestino Op. 5c 2° Ciclo Nordestino Op. 13b Dengues da Mulata Desinteressada Op.20b Beiramar Op.21c 3° Ciclo Nordestino Op.22b Modinha, op. 23 Desafio XVIII (Amazônia I) Op. 31/18 Desafio XIX Op.31/19 Desafio XX Op.31/20 Desafio XXI Op.31/21 Desafio XXII Op. 31/22 Desafio XXIII Op. 31/23 Desafio XXIII Op. 31/23b Desafio XXIV Op.31/24 Dia da Graça op. 32 Momentos I Op.41/1 Momentos II Op.41/2 Momentos III Op.41/3 Homenagem a Villa-Lobos Op. 46 Yanomami Op. 47 Sonâncias II op. 48 Concerto Opus 51 Momentos IV Opus 54 Momentos V Opus 55 Três Danças Brasileiras Op. 57 Momento VI Op. 62 Momentos VII Op. 63 Prólogo e Toccata Op. 65 Entrada e Tango Op. 67 Fandango Op. 69 Duo op. 71 Sonatina Op. 76 Reminiscências Op. 78 Op. 31/18 (Amazônia I) Rememórias Op. 79 Concerto duplo Op. 82 Instrumentação Dois violões Violão solo Dois violões Voz e violão Voz e violão Dois violões Voz, flauta e violão Voz e violão Violino,violão e violoncelo Flauta,violão e violoncelo Violão e harpa Dois violões Violão e orquestra de cordas Violão e piano Conjunto de violões Voz e violão Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Coro misto, tenor solo e violão Flauta, violão, piano e percussão Violão e orquestra Violão solo Violão solo Dois violões Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Conjunto de violões Violão e percussão Dois violões Violão solo Voz e violão Violão Dois violões e orquestra Marlos Nobre (Recife, 1939-) é radicado no Rio de Janeiro, onde produziu a maioria de suas obras. Ele diversifica a instrumentação, inserindo o violão em diversos conjuntos de câmara, incluindo percussão e coro. Suas primeiras obras são da década de 60 nas quais utiliza elementos emprestados da rítmica e da estrutura melódica da música folclórica nordestina, embora transformados na linguagem própria do 23 NOBRE, Marlos. Lista de obras para violão. Mário da Silva – O Violão no Paraná 30 compositor. Estes procedimentos são exemplificados nos Ciclos Nordestinos (19601966). Nestas primeiras obras o compositor afirma ter seguido os conselhos do violonista Sérgio ASSAD “nenhuma forma de limitação ou restrição, técnica ou estilística, deixando as soluções para os instrumentistas”24. A série de Momentos (1974-1984) apresenta um caráter distinto das primeiras obras, com menos freqüência de elementos rítmicos folclóricos buscando desenvolver estruturas cromáticas e de intensidade. É a partir de Momentos que Nobre irá explorar o potencial de dinâmica do instrumento até a saturação, resultando numa sonoridade enérgica e transcendendo o estigma do violão como instrumento limitado ao acompanhamento de canções populares. Na sua peça Momentos I (1974) o compositor inicia com “pizzicatto a la Bartók” executado fortíssimo, provocando um grande impacto numa duplicidade sonora: a imitação do berimbau pelo violão, e paralelamente, o uso da máxima sonoridade do violão. Na música de câmara, Nobre também explora as características percussivas do instrumento, como em Yanomami, na qual busca imitar os ritos indígenas organizando a obra sob o ponto de vista da intensidade. Nessa obra, o instrumentista golpeia as cordas do violão em pulsação fixa e reiterada, e o tenor canta a vogal “o” numa freqüência fixa com acentuações diafragmáticas exageradas. Para NOBRE “as possibilidades tímbricas do violão não foram totalmente compreendidas pelos compositores contemporâneos”25. Em sua obra In Memoriam (1976), para orquestra com violão, NOBRE comenta sobre o efeito aparentemente simples, onde o instrumento, em um momento dramático da peça, enuncia o trecho em arpegio ascendente de cordas soltas: O tremendo impacto e sentimento evocativo que provoca este simples procedimento, dentro de uma textura orquestral complexa, é uma prova clara do poder emocional e expressivo do violão, não somente como instrumento solista, como também instrumento de câmara e orquestra26. Disponível em: www.uol.com.br/marlosnobre;listaobras.html. Acesso em 09/02/2002. 24 COOPER, Colin. Marlos Nobre: Speaking Internationally, Colin Cooper interviews with Marlos Nobre, CLASSICAL GUITAR 12 n°3, November, 1993, p. 13. 25 Ibid., p. 14. 26 Ibid., p. 14. Mário da Silva – O Violão no Paraná 31 2.3.1.3 Ricardo Tacuchian Ano 1964 /66 1978 1980 1981 1986 1986 Título Canções Ingênuas (com 2a versão em 2000) Instrumentação Violão e voz média Libertas quae sera tamen Flautas doce (soprano 3, contralto 1, tenor 1), violão, 3 percussionistas (atabaque, agogô, triângulo, guizos e sinos), narrador e público Dois violões Violão solo Violão solo Violão solo Impulsos nº 1 Lúdica I (a Turíbio Santos) Lúdica II (a Hans J. Koellreutter) Evocando Manuel Bandeira (a Paulo Pedrassoli, 2a. versão em 1996) Maxixando (a Graça Allan, 2a. versão em 1996) Impulsos nº 2 (a José Siqueira) Imagem Carioca Profiles (a Michael McCormick) Nos Tempos do Bonde (a Turíbio Santos) Largo do Boticário (a Maria Haro) Festas da Igreja da Penha (a Edelton Gloeden) Parque do Flamengo (a Nicolas de Souza Barros) Evocação a Lorenzo Fernandez Páprica (a Bartholomeu Wiese) 1986 1986 1987 1988 1996 1996 1996 1996 1997 1999 Violão solo Dois violões Quatro violões Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão e flauta Violão solo Ricardo Tacuchian (1939-) apresenta uma produção numerosa para violão, incluindo os gêneros de solo e câmara. Segundo Moacyr TEIXEIRA NETO, “com uma linguagem de vanguarda, preocupado com a lógica estrutural, o compositor utiliza todas as nuances do instrumento, como timbres, efeitos de golpes e mudanças de afinação”27. Essas características são encontradas em Lúdica I (1981), Impulsos I (1984) para dois violões, Lúdica II (1986) e Profiles (1988). Por outro lado, o compositor não abandona totalmente traços de caráter nacionalista. Em sua Série Rio de Janeiro, TACUCHIAN afirma “fazer uma síntese musical partindo de gêneros que nasceram ou se desenvolveram no Rio de Janeiro e se tornaram um protótipo da música popular brasileira”28. As obras dessa série são Evocando Manuel Bandeira, Maxixando, Nos Tempos do Bonde, Largo do Boticário, Festas da Igreja da Penha e Parque do Flamengo, todas dedicadas a violonistas brasileiros. 27 28 TEIXEIRA NETO, op. Cit, p. 28. TACUCHIAN, Ricardo. Texto do encarte do Compact Disc Imagem carioca, obras para violão. Rio de Janeiro: ABM Digital, 2000. Mário da Silva – O Violão no Paraná 32 2.3.1.4 Roberto Victório Ano 1980 1984 1984 1986 1986 1987 1988 1989 1989 1990 1994 Título Para Flores e Estrelas 5 Miniaturas Colônia de Pêssego 5 Miniaturas Três Peças Cantantes Estudos Sintéticos Dois Cânticos para o Sol Miniaturas Choro Misto Tretraktys Cruzar e Bifurcações 1994 1997 1998 Concerto de Câmara Introsfera Cerrados Instrumentação Voz aguda e violão Dois violões Flauta e dois violões Quatro violões Três violões Violão solo Voz média e violão Grupo de choro Grupo de choro Violão solo Flauta, clarinete, trombone baixo, violino, contrabaixo, violão e barítono Flauta, violão e grupo de câmara Clarinete, violão, cello e percussão Grupo de choro Roberto Victório29 (1959-) concluiu o bacharelado em Violão na FAMASF (1980) e o bacharelado em Composição e Regência na UFRJ (1986). Realizou o mestrado em Composição na UFRJ (1991) e atualmente cursa o doutorado em Música na UNIRIO. Reside em Cuiabá (MT), embora mantenha atividades artísticas no Rio de Janeiro. Produziu obras importantes para violão, utilizando-se de aleatoriedade controlada e inserindo o instrumento em formações camerísticas variadas. Segundo Moacyr TEIXEIRA NETO, “sua obra mais conhecida é Tetraktys, uma obra interessante, de difícil execução, exigindo tanto da técnica como da leitura rítmica, explorando sobretudo a aleatoriedade como tendência musical da nova composição para violão”30. 29 EGG, André. “Tetraktys” para violão de Roberto Victório. Monografia (Curso de Especialização em Estéticas e Interpretação na Música do Século XX), EMBAP, Curitiba, 2001. 30 TEIXEIRA NETO, Op. cit. p. 29. Mário da Silva – O Violão no Paraná 33 2.3.1.5 Arthur Kampela Ano 1981/2 1983 1988 1990/3 1994 Título Balada Fandango Polimetria Percussion Study I e II Textorias Instrumentação Violão solo Violão solo Quarteto de violões preparado Violão solo Geração por computador e violão Arthur Kampela (1960-) estudou composição com Hans-Joachim Koellreutter e Ricardo Tacuchian no Brasil. Foi bolsista do CNPq, tendo concluído seu mestrado em Composição na Manhattan School of Music (1992). Também teve aulas com o compositor britânico Brian Ferneyhough (1943-). Arthur Kampela explora os efeitos percussivos do violão executados com os dedos e unha da mão direita e esquerda (no tampo, laterais e fundo da caixa do instrumento) e com materiais percussivos como plástico, vidro e metal. Utilizando-se da mesma nomenclatura dos instrumentos de percussão (instrumentos de sons determinados e indeterminados), Kampela distribui estes sons no decorrer da peça de forma imprevisível e complexa. Esta complexidade também acontece na organização rítmica de freqüentes variações de fórmulas de compassos (1/4, 3/16, 5/4). Em Danças Percussivas I o compositor escreve em duas linhas da seguinte forma: (1) no pentagrama superior, sons determinados; e (2) na linha única inferior (da mesma forma como utilizada na percussão), prescrições de cordas, dedos da mão direita e sons especiais. Kampela denomina esta técnica de “the tapping technique” (técnica percussiva)31, a qual está inserida em seu sistema “micro metric modulation” (modulação micrométrica), que segundo o próprio compositor, é uma extensão da modulação métrica desenvolvida por Elliott Carter (1908). 31 Para maiores informações sobre “The Tapping technique” (Técnica Percussiva) consultar: www.kampela.com/bio.htm Acesso em 02/01/2001. Mário da Silva – O Violão no Paraná 34 2.3.1.6 Alexandre Faria Ano 1992 Título Oração 1993 1996 1997 1999 2001 Entoada Concerto n.1 Prelúdio n.1 "Olhos de uma Lembrança" Concerto n.2 "Mikulov" Prelúdio n.2 "A morte do desejo" Instrumentação Fagote e violão (transcrição pelo autor para violino e violão) Violão solo Violão e orquestra Violão solo Violão e orquestra de cordas Violão solo Alexandre Faria (1972-) é bacharel em Violão pela UNIRIO (1993), onde esteve sob a orientação de Nicolas de Souza Barros. É bacharel em Composição (1996) pelo King’s College em Londres, onde foi orientado por Robert Keeley, Silvina Meinstein e Harrison Birtwistle. Foi o vencedor do IX Concurso de Composição Andrés Segovia (1996), em La Herradura (Granada, Espanha), com a obra Entoada (1993) para violão solo. Na sua produção se destacam duas obras para violão e orquestra: Concerto no. 1 (1996) e Concerto Mikulov para Violão e Orquestra de Cordas (1999), este último estreado por Fábio Zanon (1966), na Morávia, sul da República Checa em 2000. Segundo o próprio compositor32, sua linguagem baseia-se em três elementos: (1) “repetitive elements” (elementos repetitivos) ou pequenas Gestalts organizadas dentro do macro-discurso musical por relações numéricas; (2) “pitch significance” (significado de notas), que delega a cada nota uma significância extra-musical; e (3) motivos como elemento estrutural, que, por não serem desenvolvidos tematicamente, resultam numa certa estaticidade temporal. 32 Declaração feita por Alexandre FARIA em 05/05/01. Mário da Silva – O Violão no Paraná 35 2.3.2 São Paulo A produção para violão paulista das gerações mais recentes é marcada pela diversidade de linguagens e pela presença de compositores violonistas. Sérgio Vasconcellos Corrêa (1934-), segue a linha nacionalista, enquanto que Almeida Prado (José Antonio de Almeida Prado) (1943-) busca novas sonoridades e riqueza tímbrica em suas obras. Essas linguagens diversas são presentes também nas obras dos compositores violonistas como Paulo Bellinati (1950-), Paulo Porto Alegre (1953-) e Giácomo Bartoloni (1957-). 2.3.2.1 Sérgio Vasconcellos Corrêa Ano 1986 Título 6 Peças para Violão Valsa choro nº 1 Sonatina Maneiroso em forma de choro Desafio Concerto Agreste 1992 Instrumentação Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Flauta e violão Violão e orquestra Sérgio Vasconcellos Corrêa (1934-) estudou composição com Camargo Guarnieri e harmonia e contraponto com Osvaldo Lacerda. José Maria NEVES afirma que Vasconcellos Corrêa “adquiriu sólida formação de base e grande apego às normas do nacionalismo, das quais tenta libertar-se pela aceitação de recursos composicionais da música contemporânea”33. Foi inserido na linguagem nacionalista que produziu a maioria das suas obras para violão nas categorias solo, câmara e violão e orquestra. Nas 6 Peças para Violão (1986), Vasconcellos CORRÊA inclui definições ao final de cada peça, dando ênfase ao caráter nacionalista, como por exemplo em Ponteando: 33 1977. p.144. NEVES, José Maria. Música contemporânea brasileira. São Paulo: Ricordi Brasileira, Mário da Silva – O Violão no Paraná 36 “A palavra PONTÊIO, para designar uma composição musical do tipo PRELÚDIO, ou melhor, para substituir – com intensão nacionalizante – essa denominação internacionalmente consagrada foi, ao que tudo indica, usada pela primeira vez em peças de caráter erudito, por CAMARGO GUARNIERI”34. No Concerto do Agreste (1992), também para violão solo, aborda as constâncias rítmicas e melódicas presentes na música do agreste brasileiro. Como experiência de reformulação de linguagem, Vasconcellos Corrêa compõe Concertante (1970) para percussão, orquestra e fita magnética. 2.3.2.2 Almeida Prado Ano 1972 Título Ritual da Palavra 1973 1974 1980 1980 Portrait de Dagoberto Livro para Seis Cordas Sonata Celebratio Amoris et Gaudii (Celebracion de I’amour et de la joie) Poesilúdio no.1 Lira de Dona Bárbara Eliodora – Cantata Colonial 1983 1987 1996 1996 As 4 Estações Sonata Tropical (Com muita Alegria, Scherzo, Modinha, Batucada) Louvor Universal – Salmo 148 1997 Instrumentação Barítono, coral (soprano, contralto, tenor e baixo); flauta, oboé, clarinete, , 2 pianos, violino e violoncelo Violão solo Violão solo Violão solo Coral (soprano, contralto, tenor e baixo)e violão Violão solo Soprano e Tenor coral (soprano, contralto, tenor e baixo). Orquestra [2 flautas, 2 oboé, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trombones, 2 percussionistas: vibrafone, tam-tam, marimba, campana, tímpano, piano, 3 violões, violinos 1 e 2, viola, violoncelo e contra-baixo] Violino e Violão Dois violões Piano, sax soprano (ou clarinete), sax alto, 3 sax tenor, sax barítono, 5 trompetes, 4 trombones, vibrafone, xilofone, campana, tubular, prato suspenso, .5 ton-tons, 4 timpanos, glocken spiel, violão e contrabaixo Almeida Prado (1943-) (José Antonio de Almeida Prado) escreveu dez obras para violão, explorando desde a instrumentação intimista do violão solo e duos, até o 34 p.3. CORRÊA, Sérgio Vasconcelos. 6 Peças para violão. São Paulo: Editora do Autor, 1986, Mário da Silva – O Violão no Paraná 37 violão inserido em instrumentações generosas com percussão, orquestra e coro. De maneira geral sua linguagem ao violão se caracteriza por efeitos timbrísticos, complexidades rítmicas (como alternâncias de compassos 5/8 e 3/4) e uso da tonalidade expandida. A primeira obra de Almeida Prado para violão Ritual da Palavra (1972), pertence a um período em que o compositor já desenvolvia uma linguagem própria. Nesta obra se observa uma constante busca de novas sonoridades e uso de aleatoriedade. Na década de 70, Almeida Prado escreveu Portrait (1973) para o violonista Dagoberto Linhares e Livro para Seis Cordas (1974) para Turíbio Santos. Já na década de 80, Prado compõe duas obras muito contrastantes em grau de dificuldade: a) Sonate nº1 (1981), escrita também para Dagoberto Linhares, na qual Almeida Prado utiliza tonalidade expandida, células rítmicas sincopadas, alternância de fórmula de compasso e acentuações deslocadas; b) e Poesilúdio nº1 (1983), constituída de um único movimento utilizando sistema tonal (Mi Maior) com rítmica uniforme dentro de fórmulas de compasso simples. O experimentalismo e pesquisa timbrística de Almeida Prado ao violão está presente em Sonata Tropical (1986) para dois violões na qual ele utiliza aleatoriedade controlada – somado ao uso de um arco para execução do instrumento - dentro de um ambiente sonoro modal nordestino. Mário da Silva – O Violão no Paraná 38 2.3.2.3 Paulo Bellinati35 Ano Título Instrumentação 1978 1996 1997 Jongo Lund-Duos A Furiosa Alvoroço Aristocrática Baião de Gude Choro Sapeca Choro Sereno Cordão de Ouro “Lundu Capoeira” Dama-da-noite “Modinha Imperial” Embaixador “Maracatu” Emboscada “Xaxado” Estudos Litorâneos: 1. Brisa do Oceano (Bossa Nova) 2. Acalanto das águas 3. Chuva e mar (Tempo de Samba) Fole Nordestino “Baião” Jongo Lira Paulistna Modinha Primorosa “Valsa Brasileira” Pulo do Gato Rosto Colado “Bolero” Sai do Chão “Frevo” Serenata “Choros e valsas do Brasil” Seresteiro Paulistano “Seresta” Suite Contatos Tom e Prelúdio Um amor de valsa Valsa Brilhante Violão solo Quatro violões Quatro violões Violão solo Violão solo Três violões Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo 1997 Violão solo Versão para dois violões Violão solo Violão solo Violão solo Dois violões Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Paulo Bellinati (1950-) estudo violão com Isaías Sávio no Conservatório de São Paulo, complementando seus estudos no Conservatório de Genebra (Suíça). Sua obra Jongo (1978) para violão solo, traz influências de seus trabalhos com improvisação jazzística (da época em que trabalhou com o Grupo Pau-Brasil entre 1982 e 1986). Em 1988 venceu o 8º Concurso de Composição para violão da Martinica com sua obra Jongo. Em 1991 publicou e gravou pela GSP (Guitar Solo Publication) The Guitar Works of Garoto (obras de Garoto, Aníbal Augusto Sardinha). As características principais nas obras de Belinatti são a rítmica sincopada, harmonizações e modulações jazzísticas. 35 BELLINATI, Paulo. Seresteiro paulistano. São Francisco: Guitar Solo Publication (ASCAP), 1997. No catálogo da editora não consta data das obras. Mário da Silva – O Violão no Paraná 39 2.3.2.4 Paulo Porto Alegre Ano 1978 1978 1991 1995 1995 Título Cinco Peças Mini-suite Toccata I e II Contrastes Stravinsky suíte Instrumentação Violão solo Violão solo Dois violões Violão solo Quarteto de violões Paulo Porto Alegre (1953-) estudou violão com Isaías Sávio, Abel Carlevaro e Henrique Pinto, composição com Sérgio Vasconcelos Corrêa e análise musical com H.J. Koellreutter. Da geração de compositores paulistas violonistas, Porto Alegre foi quem mais diversificou linguagens em suas obras para violão. O sistema serial está presente nas Cinco Peças (1978) para violão solo, tomando como base os modelos seriais de Anton Webern; desenvolvimentos polirrítmicos com alternância de fórmulas de compassos estão presentes na obra Mini-Suíte (1978) para violão. Nas suas obras mais recentes, Tocata I e II (1991) para duo de violões, Contrastes (1995) para violão solo e Stravinsky Suíte (1995) para quarteto de violões, Porto Alegre utilizou organizações rítmicas complexas inseridas no sistema tonal expandido. 2.3.2.5 Giácomo Bartoloni Ano 1974 1974 1976 1979 1979 1988 1988 1988 1989 1994 1997 2000 2001 Título Peça n.º 3 Andrômeda Estudos Elíptica Ditirambo Tango Martes Fantasia del Tambor Canção n.º 1 Chorinho para Fábio Rituais Canção n.º 2 Gnattaliana Canção n.º 3 Instrumentação Violão e percussão Flauta, 2 xilofones e violão Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Duo ou trio de violões Violão solo. Obra didática para violão solo Violino e violão Violão solo Trio de violões Violão solo Mário da Silva – O Violão no Paraná 40 Giácomo Bartoloni (1957-) formou-se bacharel em Violão na FAAMUniversidade São Judas Tadeu (1989) na classe de Henrique Pinto. Neste mesmo ano participou da gravação do LP Violão-Câmara-Trio, com Henrique Pinto e Ângela Müner. Bartoloni realizou mestrado em Musicologia no Instituto de Artes/UNESP e doutorado em História (1995) na Faculdade de Ciências, História e Letras da UNESP de Assis/SP. Sua produção está mais concentrada em obras para violão solo, mas em virtude da formação de um duo com o percussionista Carmo Bartoloni, produziu um número expressivo de obras para esta formação. Sua linguagem é diatônica utilizando formas populares, como danças brasileiras e de outros países latino-americanos. Mário da Silva – O Violão no Paraná 41 2.3.3 Rio Grande do Sul As atividades violonísticas em Porto Alegre tiveram avanços principalmente quando o Liceu Palestrina, dirigido por Antonio Crivelaro, produziu a partir de 1969 os Seminários de Violão de Porto Alegre, que aconteceram até 1982. Esse evento trazia à cidade os nomes mais importantes do meio violonístico sul-americano para ministrar cursos e tocar em recitais. Assim a produção violonística neste estado se desenvolveu estreitamente relacionada à influência da escola sul-americana. Na década de 70 violonistas sul-americanos de renome de países fronteiriços se mudaram para aquele estado, o que motivou compositores gaúchos a produzirem obras para o violão. Dentre estes violonistas estão os uruguaios Álvaro Pierri e Krishna Salinas, este último atual professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), e o argentino Eduardo Castañera, radicado em Porto Alegre. 2.3.3.1 Bruno Kiefer36 Ano 1976 1983 1983 Obra Situação (poesia de Carlos Nejar) a Álvaro Pierri Terra Sofrida ao duo Assad Sons Perdidos ao duo Silvana Scarinci e Eduardo Castañera Quiçá... a Nídia Kiefer Música sem Nome a Pedro Duval Faz de conta... a Silvana Scarinci Música sem incidentes: 1. Tranqüilo. 2. Vivo. Momento de Ternura Brincando (do álbum “Música para gente Miúda”) 1983 1983 1983 1983 1985 1985 Instrumentação Coro misto e violão Duo de violões Duo de violões Violão solo Violão solo Violão solo Flauta doce contralto e violão Flauta doce contralto e violão Flauta doce soprano e violão Bruno Kiefer (Alemanha 1923 Porto Alegre, 1987)37 lecionou na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e em 1966 fundou e dirigiu o Seminário Livre de Música de 36 SOUZA, Márcio & CHAVES, Celso Loureiro. Texto do encarte do Compact Disc Sons perdidos: o violão na obra musical de Bruno Kiefer. Porto Alegre: Fumproarte, 2000. 37 MATTOS, Fernando. A música para violão in Bruno Kiefer. Porto Alegre: Cadernos Porto & Vírgula, 1994, p. 57-58. Mário da Silva – O Violão no Paraná 42 Porto Alegre. Kiefer começou a escrever para violão a partir de 1976 e desenvolveu uma linguagem violonística própria, interligada por elementos musicais que conferem unidade e coerência às suas obras. Segundo Celso Loureiro CHAVES, “Bruno Kiefer chegou à maturidade do seu estilo instrumental durante os anos que circundam 1970. Este estilo tem duas características marcantes: uma forma percussiva de aglomerar as sonoridades e, por antítese, uma opção por linhas horizontais contrapontísticas”38. No aspecto harmônico, Kiefer emprega explicitamente sonoridades medievais, evitando a inserção de acordes em encaminhamentos harmônico-funcionais. No aspecto melódico, “as linhas são construídas com base em dois tipos de escalas: a escala cromática e escalas diatônicas modais obtidas de forma livre”39. 2.3.3.2 Antônio Carlos Borges Cunha Ano Obra “Wa” Instrumentação Violão e percussão Antônio Carlos Borges Cunha (1952-) é um compositor gaúcho que tem recentemente se interessado pelo violão. Cunha concluiu o mestrado em Música no New England Conservatory (1991) em Boston, EUA e doutorado em Música na Universidade da Califórnia (1995) em San Diego, EUA. Suas composições têm sido tocadas no Brasil, Estados Unidos e Alemanha e se caracterizam por uma exaustiva procura por diversidade e novidade sonora. Cunha compôs ”WA”40 para um violonista e um percussionista sob encomenda de Fábio Shiro Monteiro, concertista e professor de Violão do Conservatório de Karlsruhe, Alemanha. Nessa obra, os intérpretes, violonista e percussionista, atuam também como vocalistas, utilizando como texto dois haicais de Matsuo Bashô e um poema de Eugen Gomringer. 38 CHAVES, Celso Loureiro. Prefácio. In: KIEFER, Bruno. Terra selvagem. Porto Alegre: Ed. Porto, 1982, p.41. 39 40 MATTOS, op. cit., p. 58. Manuscrito sem data de composição. Estréia: 23/11/2001 com Fábio Shiro Monteiro (violão) e Manfred Rohrer (percussão), na sala Ordensteinsaal em Karlsruhe, Alemanha. Mário da Silva – O Violão no Paraná 43 2.3.3.3 Fernando Mattos Ano 1987 1988 1989 1989 1990 1992 1993 1997 Obra Poemeto O Vigia (ronda numa noite chuvosa) Hush! Hush! Sweet Charlot Duas Peças Para Violão Solo As Parcas O Triunfo da Morte – variações Who is out there? Canção do Dia de Sempre (Bis II) 1999 1999 1999 2000 2000 Ibia-Mom Jaci Ndipapahabi As Parcas (Bis II) Toccata I Concerto n.º 1 para Violão In Memoriam C Ph E Bach Concerto n.º 2 para Violão e Orquestra (Inédita) dedicada a Daniel Wolff Em andamento Instrumentação Violão solo Violão solo Flauta e violão Violão solo Flauta, violão e violoncelo Violão solo Trio de violões Coro infanto-juvenil, quarteto de flautas doces e violão Quarteto de violões Flauta e violão Violão solo Violão solo e orquestra sinfônica Flauta doce e violão Violão e orquestra de cordas Fernando Lewis de Mattos (1963-) completou o bacharelado em Música, Habilitação em Violão (1988) e mestrado em Música (1997) na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em 1998 ingressou no Departamento de Música da UFRGS como professor das disciplinas Arranjos Vocais, Prosódia, Harmonia e Forma e Análise. Mattos tem se dedicado à musicologia, apresentando conferências na I Jornada de Pesquisa do NEA (Núcleo de Estudos Avançados), do Curso de PósGraduação em Música da UFRGS (1995), e no III Simpósio Latino-Americano de Musicologia (1999), na cidade de Curitiba (PR). Atualmente está cursando o doutorado em Música, Composição, do Departamento de Música da UFRGS, com pesquisa voltada para a análise do significado musical na obra de Luiz Cosme. De sua produção de obras para violão constam diversas formações, tais como peças para instrumento solista (5 obras para violão solo), música de câmara (7 obras), canções, música coral, música orquestral (dois concertos para violão), peças didáticas, transcrições e arranjos. Desde 1989, Mattos introduz em sua linguagem musical aspectos relacionados a seus estudos em vários campos lingüísticos, buscando meios de representação musical através de inter-relações entre os diferentes campos do conhecimento. O Triunfo da Morte (Variações para violão) (1992) traduz esta tendência do compositor Mário da Silva – O Violão no Paraná 44 em vários campos. Segundo o autor, a principal citação musical é a Marcha Fúnebre da Sonata em Sib menor de Chopin, sendo que as demais manifestações artísticas abordadas e que influenciaram na construção da obra são: a) Artes Visuais: pinturas de Peter Bruegel, o Velho, tais como O Triunfo da Morte, O Massacre dos Inocentes e A Queda dos Anjos Rebeldes. b) Poesia: Balalaika de Maiakovsky e Annabel Lee de Poe. c) Literatura: História da Morte no Ocidente de Philippe Ariès, O Homem e a Morte de Edgar Morin, O Que é Morte de Souza Maranhão, Mitologias de Roland Barthes, O Queijo e os Vermes de Carlo Ginzburg d) Filosofia: textos de Nietzsche e Schopenhauer41. Nesta mesma obra, as variações Lira de Orfeo e Canto de Orfeo são intercaladas ao tema da Marcha Fúnebre de Chopin e justificadas da seguinte forma pelo autor: A Lira di Orfeo é, na verdade, uma antítese da morte nessa peça (...), visto que Orfeu foi aquele que superou a morte através da música, convencendo os deuses do Hades a deixá-lo levar sua amada Eurídice de volta ao mundo dos vivos – [...] O Canto de Orfeu funciona como o ápice desse sentido na peça. Em termos musicais, busquei trabalhar vários sentidos de morte e de vida através de diferentes estilos e citações musicais e pela oposição entre elementos cromáticos (como o sentido de morte, inevitabilidade da morte) e diatônicos (significando vida, luta pela vida). Assim, a Lira di Orfeo funciona como uma primeira reação ao destino implacável, uma reação abrupta e agressiva, sendo o Canto de Orfeu, a conquista de um novo patamar nessa relação (por isso é diatônico em Mi Maior com caráter modal)42. A obra O Triunfo da Morte-Variações é rica em indicações que buscam proporcionar emoções e subjetividade na interpretação como: agressivo, com furia, dramático. Algumas das variações têm como subtítulo epigramas como: Variação VIII – O Grotesco. “Há lugares em que os sinos não param de dobrar pelos anjos que morrem...” (Souza Maranhão) e Variação IX – Libera me. (Libera me, Domine, de morte aeterna). 41 Declaração feita por Fernando MATTOS através de correio eletrônico em 01/07/02. 42 Ibidem. Mário da Silva – O Violão no Paraná 45 2.3.3.4 Vinícius Corrêa Ano 1988 1988 1989 Obra Catavento Ressonância Momento Característico 1989 1989 1989 2000 1994 1992 1991 1998 1998 1998 2000 1999 1999 2000 2001 2001 2001 Expressões I Expressões II Expressões III Expressões IV O Violeiro sobre um poema de Oswald de Andrade Dança Imaginária Ladainha Imagens Canção da Ausência I Canção da Ausência II Imagens - Segundo Violão Nosso Choro Apimentado Pelas Ruas Batuque Cerro Alegre Fantasia Meridional Instrumentação Violão solo Violão solo Quatro violões. Essa obra integra o CD homônimo do quarteto Contrastos, lançado em 2001. Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Barítono e violão Violão solo Violão solo Violão solo Violão e voz Violão e voz Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Vinícius Corrêa (1965-) iniciou os estudos de violão clássico em 1982, no Liceu Musical Palestrina, em Porto Alegre, e posteriormente realizou estudos com Eduardo Castañera. Participou do Seminário Internacional de Guitarra de Montevidéu, no Uruguai, na classe de Álvaro Pierri (Canadá); da Oficina de Música de Curitiba (Paraná), nas classes de Roberto Gnattali (RJ) e Luís Otávio Braga (RJ); do Seminário Internacional de Violão da Faculdade Palestrina (Porto Alegre), nas classes de Paulo Bellinati (São Paulo) e Abel Carlevaro (Uruguai). Participou como intérprete e compositor em duas edições do Projeto Bruno Kiefer de Música Erudita, em 1990 e 1994. Em 1996 e 1997, realizou turnê pela Bélgica, Alemanha e Holanda, apresentando-se ao lado do percussionista Mico Louruz. Participou do CD Sons Perdidos, do violonista gaúcho Márcio de Souza, lançado em 2000, sobre a obra de Bruno Kiefer. No ano de 2001, teve uma composição sua gravada no CD do Quarteto Contrastos de violões, intitulada Momento Característico. Sua linguagem musical explora o atonalismo, incluindo harmonizações livres com contornos melódicos livres apoiados em textos literários preestabelecidos. Mário da Silva – O Violão no Paraná 46 2.3.3.5 Daniel Wolff Ano 1989 1992 2001 2001 Obra A Terceira Face de Ernesto (Baseada em Temas de Ernesto Nazareth) Abertura Consort Scordatura Tristeza (sobre um tema de Hique Gomes) Instrumentação Dois violões e cordas Quatro violões Violão solo Violão solo Após a desativação dos seminários de violão em 1982, jovens músicos gaúchos precisaram fazer o caminho inverso: buscar mestres no Uruguai e em outros países vizinhos. É o caso de Daniel Wolff (1967-), que estudou com Abel Carlevaro e Eduardo Fernández, na Escuela Universitária de Música de Montevidéu (1988), Uruguai. Daniel Wolff graduou-se bacharel em Música (1989), Habilitação em Violão, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Concluiu o mestrado (1991) e o doutorado (1998) em Performance em Violão na Manhattan School of Music de Nova Iorque, onde recebeu o prêmio Helen Cohn Award. Foi vencedor de importantes concursos nacionais e internacionais de violão, destacando-se o 1º Prêmio no 25o Artists International Competition em Nova Iorque, EUA (1997), no Concurso Nacional de Violão Mozarteum (1986) em São Paulo, no Concurso Villa-Lobos (1987) Funarte/PUC-RS em Porto Alegre, e no Concurso Jovens Solistas da OSPA de Porto Alegre (1988). Como compositor e arranjador, teve suas obras executadas por orquestras e grupos de câmara do Brasil, Estados Unidos, Argentina, Alemanha e Inglaterra. Lançou o CD Concerto à Brasileira (2000), no qual atua como compositor e solista de concertos para violão junto à Orquestra de Câmara da Universidade Luterana Brasileira. Também atuou como arranjador em diversos discos gravados nos Estados Unidos, o que lhe rendeu o prêmio Grammy Awards (2001) e o Prêmio Açorianos de melhor arranjador (2001). A transformação temática e a variação com desenvolvimento (Developing variation) são elementos composicionais utilizados freqüentemente em suas obras. Sobre sua linguagem o próprio autor afirma: “Meu estilo vaira entre características harmônicas do jazz americano, mas sempre há influências no ritmo, na melodia e na harmonia”43. 43 Declaração feita por Daniel Wolff através de correio eletrônico em 19/11/01. Mário da Silva – O Violão no Paraná 47 2.3.3.6 James Correa Ano 1986 1988 1984/86 1986 1989 1990 Obra Prelúdio Estático Aquariana Quatro Prelúdio Tonais Prelúdio Estático Mosaicos Webernianos Arcanos Maiores 1991 1992 Epigrama A voz do silêncio 1992 O óbvio e o obtuso 1992 1993 1995 2000 2001 Is there anybody there A Leaf falls into the night Songs From… book I and II Terrains O jardim dos caminhos que se bifurcam 2002 Empty spaces/b Instrumentação Violão solo Violão solo Violão solo Dois violões e “live electronics” Trio de violões (ou múltiplos) Teatro musical para atriz-cantora, clarinete, violão e sons eletrônicos (quadrafônico) Violão solo Violão e sons eletrônicos prégravados, ou sintetizador ao vivo Violão, soprano, 2 flautas, vibrafone e cello. Trio de violões (ou múltiplos) Violão solo Violão e soprano Violão solo Violão e sons eletrônicos prégravados, ou sintetizador ao vivo Violão e sons eletrônicos prégravados, ou sintetizador ao vivo James Correa (1968-) é compositor e violonista e suas obras tem sido executadas na Argentina, Estados Unidos, Canadá e Europa, e nos mais importantes eventos dedicados à música contemporânea no Brasil. Em 1999 James Correa foi um dos 20 compositores selecionados pelo grupo nova-iorquino North/South Consonance para a temporada de 2000, onde sua obra Serenata teve sua estréia norte-americana em Nova York. Correa é filiado à Associação Internacional de Computação Musical (ICMA), ao Fórum do Ircam nos grupos de Composição Assistida por Computador e Sound Disign, e ao Laboratório de Música Eletroacústica de Santa Maria (LAMESM), onde desenvolve pesquisa em Composição Assistida por Computador. Foi também membro da comissão artística do IV ENCOMPOR e diretor do Núcleo de Música Contemporânea de Porto Alegre (1994/96). É integrante do grupo de arte eletrônica Sons Transgênicos e membro fundador do Núcleo de Interação entre Música, Tecnologia e Artes Contemporâneas (NIMTAC). Suas obras eletrônicas When I Drift into my Thoughts (estreada em Bourges, França) e Winter Etudes (estreada no Canadá) fazem parte da Intervenção Collective Jukebox 3.1, obra que já viajou por diversos Mário da Silva – O Violão no Paraná 48 países e está atualmente em exposição no Museu de Arte Contemporânea de Strasburgo na França. Possui trabalhos gravados em CD no Brasil, Canadá bem como gravações para rádio no Brasil e nos Estados Unidos. James Correa é o representante da música eletroacústica e freqüentemente insere o violão nesta linguagem. Mário da Silva – O Violão no Paraná 49 3 O VIOLÃO NO PARANÁ 3.1 HISTÓRICO Waltel Branco (1929) Compositor, arranjador e professor Walter Pereira da Silva Constâncio de Sousa Eugênio Martins Cecy Mascarenhas Márcio Ferreira da Luz Professores e intérpretes Admar Garcia (1916-1994) Fundador da APV e professor do Conservatório Carlos Wesley Valdomiro Prodóssimo (1944) Professor e fundador do Conservatório Villa-Lobos 1947 – FUNDAÇÃO DA ESCOLA DE MÚSICA E BELAS ARTES DO PARANÁ (EMBAP) 10/06/1953 – Concerto de Andrés Segovia em Curitiba Jaime M. Zenamon (1953) Compositor. Criou o curso fundamental de violão na EMBAP em 1978 Orlando Fraga (1956) Intérprete e professor da EMBAP que criou o bacharelado em violão em 1985 nessa instituição. José Penalva (1924-2002) Compositor. Foi professor de Contraponto e Composição na EMBAP Chico Mello (1957) Compositor. Foi professor de Harmonia e Violão da EMBAP até 1987 Henrique de Curitiba (1934) Compositor. Foi professor de Harmonia e Composição na EMBAP João José Felix (1957) Compositor e professor de contraponto da EMBAP Norton Dudeque (1958) Compositor. Foi professor na Especialização da EMBAP. Arrigo Barnabé (1951) Compositor Mário da Silva (1962) Intérprete, pesquisador e professor de violão da EMBAP Carmo Bartoloni (1956) Compositor e professor de percussão da EMBAP Rogério Budasz (1964) Musicólogo e professor de História da Música da EMBAP Harry Crowl (1958) Compositor e professor de História da Música da EMBAP Guilherme Campos (1966) Compositor e professor de musicalização no Colégio Dom Bosco Maurício Dottori (1960) Compositor e professor de Composição e Contraponto da EMBAP Luiz Cláudio Ferreira (1965) Intérprete e professor de violão da EMBAP Octávio Camargo (1967) Compositor e professor de Harmonia da EMBAP Fernando Riederer (1977) Aluno formando de composição da EMBAP em 2002 Mário da Silva – O Violão no Paraná 50 Os primeiros registros documentados de atividades violonísticas no Paraná datam da década de 30. Isto é comprovado por um documento encontrado no acervo do professor Admar Garcia (1916-1994), um dos precursores do ensino do violão no Paraná. Este documento é o manuscrito de um arranjo para dois violões da obra Lágrima, de Francisco Tárrega, cuja parte do 1o violão é assinada pelo professor Walter Pereira da Silva em 11 de setembro de 1934 em Curitiba, e cuja parte do 2o violão é assinada por Isaías Sávio em Belo Horizonte44. Um segundo documento importante deste acervo é uma crônica, sem autor nem data, que retrata o cenário do violão no Paraná em meados do século: Até os anos de 1960 contava-se nos dedos os violonistas de Curitiba que realmente conheciam música. Poderíamos citar entre êles três professores: Eugenio Martins, Waldemar Silva e Constâncio de Sousa. Contudo havia alguns apaixonados que não se conformavam com a situação mórbida em que se achava o violão na Terra dos Pinheirais. Entre êles Márcio Ferreira da Luz, aluno de Constâncio de Sousa e Admar Garcia, ex-aluno de Eugênio Martins. Nos primeiros dias de 1961 Marcio e Admar estimulados por seus mestres decidem pugnar pela elevação do conceito de seu instrumento.45. As atividades violonísticas destes precursores provavelmente despertaram o interesse do Governo do Estado do Paraná e em fevereiro de 1965, a Secretaria de Estado da Cultura (SEC) promoveu um curso de violão ministrado por Maria Lívia São Marcos (1946-). Outros registros de atividade violonística no Paraná em meados do século XX dizem respeito a grupos de choro e música popular que se apresentavam nas rádios PRB2, Tingüi e Guayracá, entre outras. Mas foi na década de 60 que os programas de rádio incorporaram maior conteúdo musical e informações sobre o violão. Em 1965 Márcio Ferreira da Luz criou um programa na Rádio do Colégio Estadual do Paraná, no qual eram apresentadas exclusivamente histórias, crônicas, gravações e biografias dos mais célebres intérpretes do violão. As atividades em clubes e agremiações eram mais elitizadas, de acordo com os registros dos programas, que dão conta da realização de concertos de piano, violino, 44 Os numerais do ano no documento de Walter Pereira da Silva estão ilegíveis. 45 Esta crônica encontra-se na íntegra no ítem ANEXO 2. Mário da Silva – O Violão no Paraná 51 orquestra e coro e, muito raramente, de violão. Um evento violonístico de destaque em Curitiba, organizado pelo Departamento Cultural do Diretório Acadêmico de Engenharia do Paraná, no dia 4 de setembro de 1949 nos salões da Sociedade Duque de Caxias, foi o recital-conferência do violonista espanhol Albor Maruenda (ver no Anexo 2 o programa executado). Uma referência importante aos antecedentes do violão no Paraná é Waltel Branco (1929-), cujo nome está relacionado a eventos de destaque em Curitiba, como sua participação na execução da cantata O Negrinho do Pastoreio, de Eunice Catunda (1915-1990), no encerramento da 8a temporada da SCABI, em 1952 (Anexo 2). Curitiba viria a incorporar-se definitivamente à história do violão em 10 de junho de 1953, com a presença na cidade de Andrés Segovia, trazido num esforço memorável da Sociedade de Cultura Artística Brasílio Itiberê (SCABI). O recital, o de a número 207 da 9 temporada, foi realizado no salão do Clube Concórdia46. A realização do concerto de Andrés Segovia pode ter significado o início da inserção do violão na sociedade curitibana. Após esse evento, a SCABI promoveu outros importantes concertos de violão na cidade. Em 10 de abril de 1958, a violonista argentina María Luisa Anido (1907-1996) realizou um recital no Auditório do Colégio Estadual do Paraná pela 14a Temporada da SCABI, e em 16 de junho de 1962 foi a vez do concertista alemão Sigfrid Behrend (1933-1990) se apresentar pela 18a Temporada. Behrend retornou em 1965, acompanhando a cantora Belina Behrend. Um dos últimos recitais de violão promovidos pela SCABI foi o da violonista Marga Beuml e do violinista Walter Klasinc, realizado em 2 de setembro de 1969 no salão do Clube Concórdia47. Embora os recitais fossem esporádicos, indiscutivelmente eram de boa qualidade artística e mereciam a atenção de artigos e críticas em jornais. 46 SCABI. Andrés Segovia é a história da Guitarra – Recital de Guitarra. Gazeta do Povo, 9 jun. 1953, p. 3. 47 SAMPAIO, Marisa Ferraro. Reminiscências musicais de Charlotte Frank. Curitiba: Lítero Técnica, 1984, p. 199. Mário da Silva – O Violão no Paraná 52 A vinda de violonistas e professores importantes à cidade despertou interesse pelo estudo do instrumento. Cecy Mascarenhas48 foi uma das primeiras professoras de violão em Curitiba e teve a orientação de Constâncio de Sousa, Primeiro Sargento do Exército. Mascarenhas dava aulas particulares em sua própria residência. Dotada de grande talento, chegou a dar recitais em São Paulo e Rio de Janeiro. Mudou-se para o Rio por volta de 1946-47 acompanhando o esposo que, além de militar da aeronáutica, era exímio flautista. No Rio de Janeiro, Cecy Mascarenhas viria a editar um método de violão. As atividades violonísticas em Curitiba no começo da década de 60 passam a acontecer em torno dos conservatórios e de suas atividades pedagógicas. Admar Garcia, fundador da Academia Paranaense de Violão (APV) e professor do Conservatório Carlos Wesley, está provavelmente entre esses primeiros didatas do violão ligados a escolas de música da capital paranaense. Embora sua atividade pedagógica fosse muito ligada à escola européia de Francisco Tárrega, Admar Garcia desenvolveu-se como intérprete e professor paralelamente nos gêneros erudito e popular. Garcia foi responsável pela formação de professores paranaenses de acentuada representatividade, como Valdomiro Prodóssimo. Valdomiro Prodóssimo (1944-)49 atualmente é diretor do Conservatório VillaLobos em Curitiba, criado por ele em 1981, juntamente com a pianista Jane Soares de Souza Prodóssimo, de Minas Gerais50. O Conservatório Villa-Lobos é uma exceção à maioria das escolas de música, nas quais predominam alunos e professores de piano: é um dos poucos no Paraná onde metade do corpo discente é composto por alunos de violão. Prodóssimo coordena a Orquestra de Violões Villa-Lobos, fundada em 1992, com 14 integrantes e um CD gravado ao vivo, no qual executam obras do repertório 48 Informações obtidas através de entrevista concedida pelo violonista de choro Oscar Fraga a Mário da Silva Jr., em 5 de junho de 2001. Até o momento não foram encontrados registros datados das atividades de Cecy Mascarenhas e Constâncio de Sousa em Curitiba e no Rio de Janeiro. 49 Informações coletadas em entrevista concedida por Valdomiro Prodóssimo no Conservatório Villa-Lobos, em Curitiba, 28 de maio de 2001. 50 O pai de Jane, maestro João Soares de Souza, é fundador do Conservatório de Pouso Alegre, no qual foi professor de teoria e solfejo. Mário da Silva – O Violão no Paraná 53 tradicional, como Concerto em Ré Maior para Cordas e Alaúde (1o e 3o movimentos), de Antonio Vivaldi (1678-1741); La Boda, de Luis Alonso (1889-1968); e Introdução e Fandango, de Luigi Bocherini (1743-1805). A existência de cursos de violão em conservatórios paranaenses e posteriormente na EMBAP tem origem na formação que os professores trouxeram de outras localidades, principalmente de países latino-americanos. Uma das razões para Curitiba sofrer influência da escola violonística não só uruguaia como também argentina é a proximidade geográfica desses países com a Região Sul do Brasil. Essa influência ficou ainda mais acentuada com as 14 edições dos Seminários de Violão de Porto Alegre (1969 a 1982), pois foi nesses seminários que muitos violonistas paranaenses receberam orientação no decorrer de mais de uma década. Nesses eventos, grandes nomes sul-americanos do violão estavam presentes, como Jorge Martinez Zarate (1923-1993) e Roberto Aussel (1954-), da Argentina, e Abel Carlevaro e Eduardo Fernández (1952-), do Uruguai. Freqüentavam esses seminários violonistas brasileiros, hoje conhecidos, como Henrique Pinto (1941-), Paulo Porto Alegre (1953-), Edelton Gloeden (1955-), e Everton Gloeden (1957-), de São Paulo; Leo Soares e Nicolas Souza Barros, do Rio de Janeiro; e Jaime Mirtenbaum Zenamon, Orlando Fraga e Norton Dudeque, de Curitiba. Jaime Mirtenbaum Zenamon, boliviano naturalizado brasileiro, fixou residência em Curitiba na década de 70 e implantou o curso fundamental de Violão Erudito na Escola de Música e Belas Artes do Paraná em 1978. O aluno de Zenamon que mais se destacou sob o ponto de vista didático e artístico foi Orlando Fraga, que implantou o Curso Superior de Violão da EMBAP, em 1985, sendo hoje o principal responsável pela disciplina naquela instituição. A importância do violonista Orlando Fraga como pedagogo no Estado é atribuída não só às suas constantes atividades didáticas e artísticas, mas também ao fato de ele ter sido o criador dos festivais de violão da EMBAP (1982 a 1990) em Curitiba, numa promoção conjunta da Fundação Cultural de Curitiba e da Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Nesses festivais participavam seus alunos mais avançados e também convidados de outros estados, como Henrique Pinto, Giácomo Bartoloni, Fábio Zanon, Mário da Silva – O Violão no Paraná 54 além de vários sul-americanos, entre os quais destacaram-se Sérgio Fernandes Cabrera, Eduardo Baranzano e José Fernandez (Uruguai). Orlando Fraga contribuiu também, em 1983, para a inserção do violão na Oficina de Música – festival tradicional em Curitiba desde 1982 – e, em 1984, no Festival de Música de Londrina. Outros alunos de Zenamon que se destacaram foram Norton Dudeque e Chico Mello. Norton Dudeque manteve atividades como recitalista até 1988, e desde 1993 se dedica à composição e à musicologia. No Paraná, Chico Mello atuou esporadicamente como violonista entre 1978 e 1987, paralelamente às suas atividades de docência na EMBAP como professor de Violão, Harmonia e Composição. Em 1987, transferiu-se para Berlim, onde atualmente desenvolve sua carreira de compositor. A geração de violonistas paranaenses nascidos na década de 60 foram nas sua maioria alunos de Orlando Fraga, e são hoje atuantes no meio musical paranaense com diversidade de atividades: interpretação, docência e pesquisa. Mário da Silva atua nesses três campos e em sua produção fonográfica dá destaque ao registro de obras paranaenses; Guilherme Campos se divide entre as atividades de educador musical e compositor; Rogério Budasz, antes intérprete atuante até 1992, hoje se dedica a pesquisas musicológicas e à docência; Luiz Cláudio Ferreira (não foi aluno de Orlando Fraga), atua como intérprete e leciona violão na EMBAP desde 1989. Sua produção artística tem registros em disco, com obras de Isaac Albeniz e John Dowland. Com o objetivo de complementar seus estudos técnicos interpretativos, essa geração procurou aperfeiçoamento com o professor paulista Henrique Pinto, que teve papel primordial na formação de toda uma geração de violonistas brasileiros. Vários violonistas curitibanos hoje atuantes, como Orlando Fraga, Luiz Cláudio Ferreira e Mário da Silva, receberam orientações dele em festivais e master classes. A formação de Henrique Pinto é diversificada: conhece as escolas latino-americana e européia, além de ter tido muito contato com os violonistas Sérgio e Eduardo Abreu, que, por sua vez, vieram de uma escola de interpretação argentina. Os compositores paranaenses que tiveram sua formação em Curitiba, tiveram influência de dois marcos da composição paranaense: José Penalva (1924-2002) e Henrique Morozowicz (1934-). Esses dois nomes consagrados da música paranaense Mário da Silva – O Violão no Paraná 55 nunca se dedicaram a compor para violão51. José Penalva foi professor da EMBAP de Contraponto e Fuga, Música Contemporânea, Análise e Estética, tendo também participado da fundação da Pró-Música de Curitiba. Foi também professor de Música Contemporânea da Oficina de Música de Curitiba. Compositores de que tratamos que já foram orientados por Penalva: Chico Mello, em aulas particulares de Composição e Contraponto; Norton Dudeque e João José Félix Pereira, em aulas de Contraponto na EMBAP; e Guilherme Campos, em aulas de Música Contemporânea na Oficina de Música de Curitiba. José Penalva influenciou indiretamente no repertório contemporâneo paranaense para violão pois proporcionou a esses compositores um conhecimento amplo sobre a música contemporânea. Henrique Morozowicz lecionou Harmonia e Composição na EMBAP e teve sob sua orientação Chico Mello e João José Félix Pereira. Penalva e Morozowicz implantaram o curso de Composição e Regência da EMBAP na década de 70, mas por falta de alunos o curso foi desativado. A reestruturação só foi ocorrer na década de 90 e atraiu compositores de outros estados a atuarem como docentes, dentre eles o mineiro Harry Crowl e o carioca Maurício Dottori. O curso teve como primeiro formando a compositora Helma Haller (1950-) em 1996. A 2a turma de formandos é de 2000, com apresentações de obras de alunos com a Orquestra da EMBAP. Esse curso vem formando uma nova geração de compositores emergentes, alguns já com obras escritas para violão, como Fernando Riederer. Arrigo Barnabé estudou piano na EMBAP de 1971 a 1973 mas logo ingressou na USP em 1974. Embora Arrigo Barnabé tenha produzido somente uma obra original para violão, ele será incluído neste trabalho por tratar-se de um compositor paranaense de destaque no cenário musical brasileiro. 51 Há apenas uma obra de José Penalva com violão intitulada Hino ao Beato José Manyanet (1988) para voz média e violão. PROSSER, E. S. Um olhar sobre a música de José Penalva: catálogo comentado. Curitiba: Champagnat, 2000. Mário da Silva – O Violão no Paraná 56 3.2 COMPOSITORES E REPERTÓRIO VIOLONÍSTICO Os compositores paranaenses para violão podem ser classificados em três grupos: (1) compositores nascidos entre 1916-1953, abrangendo desde o precursor Admar Garcia (1916-1994), até os compositores ainda atuantes Waltel Branco e Jaime Mirtenbaum Zenamon; (2) compositores nascidos após 1953 e violonistas da nova geração, atuantes a partir da década de 80, e integrantes do grupo paranaense de violonistas: Chico Mello, Norton Dudeque, Rogério Budasz, Guilherme Campos e Octávio Camargo; (3) e compositores nascidos após 1953, não-violonistas da nova geração, compreedendo na sua maioria compositores vindos de outros estados: Arrigo Barnabé, João José Félix Pereira, Carmo Bartoloni, Harry Crowl, Maurício Dottori e Fernando Riederer. A linguagem dos compositores representantes do grupo 2 e 3 se caracteriza por uso do serialismo, sistema híbridos (tonal/modal), eletroacústica e multimídia. Este grupo também se caracteriza por uma forte tendência à experimentações, genericamente através de liberdades formais, inovações em efeitos de sonoridades, aleatoriedade controlada e instrumento preparado. O terceiro grupo tem relação direta com a reestruturação do curso de Composição e Regência na EMBAP, em 1992, que incentivou o surgimento de novas tedências da composição para violão em Curitiba. O curso tem como professores os compositores Maurício Dottori (1960-), Harry Crowl (1958-), João José Félix Pereira, Octávio Camargo (1967-) e o musicólogo Rogério Budasz, entre outros. Em 1997, o curso de Composição recebeu grande impulso quando o compositor Bertold Türcke (1957-), um dos fundadores do Grupo Contemposonoro, em 1993, passou a residir em Curitiba. Além desses compositores ligados ao curso de Composição, outros também vêm produzindo para violão, como é o caso de Carmo Bartoloni, residente em Curitiba desde 1985. Nesta ramificação também será incluído Fernando Riederer por representar uma nova geração de compositores emergentes. Mário da Silva – O Violão no Paraná 57 3.2.1 Compositores nascidos entre 1916 e 1953 3.2.1.1 Admar Garcia a) Trajetória Admar Garcia nasceu em Pelotas, Rio Grande do Sul, em 1916. A partir de manuscritos autografados de suas obras, podemos deduzir que o compositor residiu em cidades do interior do Paraná no início da década de 40. Estudou violão com o professor Eugênio Martins52. Estabeleceu-se em Curitiba em 1944, onde manteve intensa atividade como professor de violão. Dedicou-se quase que exclusivamente ao ensino e fundou a Academia Paranaense de Violão na década de 60, a qual perdurou até 1971. A Academia chegou a contar com 386 alunos de violão. Um dos alunos mais expressivos de Admar Garcia foi Valdomiro Prodóssimo, hoje diretor do Conservatório Villa-Lobos. Depois da extinção da Academia Paranaense de Violão, Admar Garcia passou a lecionar em sua residência e no Instituto Carlos Wesley até sua aposentadoria. Faleceu em 1994 em plena atividade. b) Obras para violão A obra de Admar Garcia para violão até o presente momento é quase desconhecida do público, pois as execuções se limitavam a audições no Instituto Carlos Wesley. Foi encontrado nos seus arquivos pessoais um conjunto de 7 obras para violão solo, uma obra para canto e acompanhamento para violão e um manuscrito do compositor Waltel Branco, com quem Garcia mantinha estreitas relações. Cinco obras datam da década de 40, compostas em cidades do interior do Paraná, tais como Cornélio Procópio, Ibiporã, Ponta Grossa e Quatiguá. As duas restantes, de 1964 e 1971, foram compostas em Curitiba. Suas obras são criadas dentro do sistema tonal, geralmente na forma ABA. Os gêneros utilizados são danças que estavam em voga na época, como valsas, tangos e rancheiras. O compositor também utilizou-se de formas 52 Não foi encontrado nenhum registro sobre Eugênio Martins. Essa informação foi baseada em uma crônica com logotipo da APV anônima e sem data. Mário da Silva – O Violão no Paraná 58 livres, como um Prelúdio inspirado em Bach e uma Peça Sem Título. Esta última apresenta a estrutura ABCA CODA, na qual A é caracterizada por uma melodia em sextas paralelas na tônica em Ré menor (Exemplo 8a); B transpõe a melodia em sextas para a tônica relativa em Fá maior; e C apresenta variações progressivas de ligados com diferentes desenhos rítmicos na tônica em Ré menor (Exemplo 8b). Exemplo 8. Admar Garcia: Peça sem Título (1945) –8a) cc. 1-4. 8b) cc. 16-20, 8c) cc. 33-40, 8d) cc. 41-47. Mário da Silva – O Violão no Paraná 59 3.2.1.2 Waltel Branco a) Trajetória Waltel Branco53 nasceu em 22 de novembro 1929, em Paranaguá (PR). Estudou violão com Oscar Cáceres e com Othon Salero (aluno de Andrés Segovia), no Rio de Janeiro, na década de 5054. Em 1953, Branco assumiu o lugar de José Menezes no sexteto de Radamés Gnatalli no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, Branco conheceu Garoto (Aníbal Augusto Sardinha) e assumiu seu lugar no Trio em Surdina, que era constituído por Garoto ao violão, Fafá Lemos ao violino e Chiquinho do Acordeom. Entre 1962 e 1963 freqüentou o Conservatório Lorenzo Fernandes (RJ), onde estudou composição com Cláudio Santoro e Paulo Silva (1892-1967) e regência e composição com o curitibano Alceo Bochino (1918). Branco teve também contato com Francisco Mignone, de quem recebeu manuscritos das obras Menuetto e Fantasia (1953) e Repinicando (1953) para violão solo. Branco foi convidado a freqüentar como participante o curso Musica en Compostela (Santiago de Compostela, Espanha) em 1971, executando para Andrés Segovia as obras Prelúdio 1 e Estudo 3, de Heitor Villa-Lobos, e Sonata em Mi menor (Albada e Fandango), de Frederico Moreno Torroba. A atividade principal desenvolvida por Branco foi a de arranjador e orquestrador, embora tenha realizado também vários concertos como violonista. Em 1986, no Teatro Cultura Artística de São Paulo (Sala Esther Mesquita), Branco apresentou-se em concerto, quando executou composições de Radamés Gnatalli e Guerra-Peixe para violão solo, e composições suas e de José Menezes de música de câmara. 53 As informações biográficas de Waltel Branco são baseadas em: (1) entrevista realizada por Mário da Silva Junior em 30 de maio de 2001, na residência de Waltel em Curitiba; (2) revista Cine Radio ACTUALIDAD MONTEVIDÉU. MAR/1955. Ano II no. 972; (3) Revista DIREÇÃO (Brasil), 1955. 54 Segundo Waltel Branco, foi Othon Salero quem lhe repassou conteúdos musicais fundamentais, como projeção de contornos melódicos, condução de vozes e execução de articulações melódicas e rítmicas. Mário da Silva – O Violão no Paraná 60 Depois de longa carreira como arranjador e compositor de trilhas sonoras para televisão no Rio de Janeiro entre 1965 e 1994, voltou a Curitiba em 1995. Branco foi então convidado por Alice Ruiz (poeta paranaense e Presidente da Fundação Cultural de Curitiba na época) para comandar o programa Entre Amigos no Teatro Universitário de Curitiba, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná. Este programa ainda acontece uma vez por mês, consistindo na primeira parte com uma apresentação de Branco e uma segunda com um artista convidado. Waltel Branco, hoje aos 71 anos, além de coordenar o projeto Entre Amigos e compor, leciona na Casa de Cultura de Ponta Grossa desde 1998 e rege a orquestra sinfônica daquela cidade. Branco teve influência limitada no cenário do violão no Paraná em virtude de ter desenvolvido suas principais atividades em São Paulo e Rio de Janeiro. b) Obras para violão O catálogo de obras para violão solo de Waltel Branco passa dos 70 títulos. Na categoria de violão com orquestra foi possível, até o momento da última entrevista em 2001, catalogar dois concertos para violão, sendo que um deles está em fase de revisão e acabamento. A característica mais marcante nas obras de Branco é a combinação entre formas tradicionais e gêneros da música popular, como valsas, milongas, choros e sambas. Como exemplo, temos a obra Só Nata Brasileira no. 1 (1991) em três movimentos (Prelúdio, Acalanto e Ponteio), na qual cada movimento é baseado em canções de compositores consagrados da música popular brasileira, entre os quais Noel Rosa e Vadico (Exemplo 9). Embora Branco intitule a obra de Só Nata, sugerindo uma alusão à forma Sonata, ela consiste de um grupo de canções contrastantes, não seguindo essa estrutura de forma. Mário da Silva – O Violão no Paraná 61 Exemplo 9: Waltel Branco: Só Nata Brasileira – 9a) Prelúdio cc. 1-4, 9b) Acalanto cc. 1-4 e 9c) Ponteio cc. 1-4. Mário da Silva – O Violão no Paraná 62 Waltel Branco inclui dedicatória em 29 das suas 50 obras para violão solo. Alguns exemplos são: Valsa, para o violonista paraguaio Agustin Barrios (1885-1944); Argamassa (canção), para Hermínio Belo de Carvalho, produtor da música popular brasileira; e Ninho de Cobra, para o conjunto de choro de Jacob do Bandolim. Uma das práticas mais interessantes no estilo de compor de Waltel Branco é o uso do melonome, processo no qual a seqüência de notas do material que serve de base à composição provem de uma correspondência entre notas e letras de um vocábulo (Exemplo 10). Este procedimento, em alguns casos homenageando renomados violonistas brasileiros amigos de Branco, pode ser observado em várias de suas obras como Choro Clássico (Melonome Turíbio Santos), Choro no. 2 Lembranças (Melonome Rafael Rabello) e Valsa Amorosa (Melonome Laurindo de Almeida). Exemplo 10. Waltel Branco: Chorojongo no. 3 a Nélio Rodrigues, cc. 1-4. Mário da Silva – O Violão no Paraná 63 3.2.1.3 Arrigo Barnabé a) Trajetória Arrigo Barnabé nasceu em Londrina, Paraná, em 1951. Estudou piano na EMBAP de 1971 a 1973, composição na Escola de Comunicação e Artes (USP) de 1974 a 1979, e particularmente com Hans Joachim Koellreutter na década de 70. Na fronteira entre a música contemporânea e a música popular brasileira, Arrigo Barnabé produz composições de características atonais e dodecafônicas. Seus trabalhos de maior destaque são os discos Clara Crocodilo (1980) e Tubarões Voadores (1984); e suas trilhas para os filmes Estrela Nua (1985), Cidade Oculta (1985), Vera (1987) e Lua Cheia (1988), todos premiados na categoria de trilha sonora. Entre seus trabalhos mais recentes estão a obra Peça para dois pianos, percussão e quarteto de cordas e banda de Rock (1995), o cd Ed Mort (1997) e a trilha sonora para o filme Oriundi (1998), produzido pelo ator Antony Quinn no Paraná. b) Obras para violão Arrigo Barnabé escreveu até o momento uma única obra para violão, em 1999, intitulada Fragmento. Nessa obra, o compositor utiliza o serialismo combinado a um tratamento polifônico, com diferentes manipulações de uma mesma série diferenciadas por articulações distintas e freqüentes alternâncias de fórmula de compasso. A obra é organizada em 3 seções com funções estruturais distintas: na primeira, a apresentação da série (cc. 5-6); na segunda, o desenvolvimento polifônico (cc. 13-16); e na terceira, a liquidação do material (cc. 53-56) (Exemplo 11)55. 55 SCHOENBERG, A. Fundamentos da composição musical. São Paulo: EDUSP, 1993, p.186. Liquidação é privar gradualmente as formas-motivo de seus elementos característicos, dissolvendo-as em formas amorfas, tal como as escalas e acordes arpejados. Segundo Schoenberg, um dos propósitos da liquidação é neutralizar a extensão ilimitada. Mário da Silva – O Violão no Paraná Exemplo 11. Arrigo Barnabé: Fragmento (1999) - 11a), cc. 5-6, 11b) 13-16, 11c) 53-56. 64 Mário da Silva – O Violão no Paraná 65 3.2.1.4 Jaime Mirtenbaum Zenamon a) Trajetória Jaime Mirtenbaum Zenamon nasceu em La Paz, Bolívia, em 20 de fevereiro de 1953, e naturalizou-se brasileiro quando veio residir em Curitiba, na década de 70. Estudou composição e violão clássico em Israel, Espanha, Portugal e Uruguai. Foi aluno de Abel Carlevaro (Uruguai, 1918-2001) e Guido Santorsola (Itália, 1904 Uruguai, 1994). Quando mudou-se para Curitiba, estabeleceu-se na cidade como professor de violão. Estimulava seus alunos a estudarem com Abel Carlevaro nos festivais realizados em Porto Alegre e Uruguai, pois acreditava que Carlevaro trazia novidades para o ensino do violão e uma delas era executar, além do repertório tradicional, a música contemporânea da época. Zenamon, que já produzira um número considerável de obras para violão, gradativamente começou a ganhar a confiança da sociedade musical curitibana, e em 1978 implantou o curso fundamental em Violão na EMBAP. No ano seguinte, participou do disco Casamento Campestre da Camerata Antiqua de Curitiba, em uma gravação integral da obra homônima do compositor Jean de Roteterre. Radicou-se em Berlim em 1980, a convite da Escola Superior de Artes (Hochschule der Kunste), onde ocupou o cargo de professor de Violão até 1992. Realizou concertos nos maiores centros culturais e, como compositor e concertista, gravou vários long plays e compact discs. Em 1993 voltou a Curitiba, onde atualmente reside e continua a desenvolver atividades como compositor, recebendo constantemente encomendas da editora de música Verlag Neue Musik (Margaux, Berlim, Alemanha). Sua produção como compositor inclui obras para violão, câmara, orquestra e música eletrônica. Zenamon é um compositor que não está inserido no meio acadêmico e apresenta-se rarissimamente como instrumentista, sobrevivendo dos direitos autorais de suas composições, em sua maioria captados na Europa e Estados Unidos. Mário da Silva – O Violão no Paraná 66 b) Obras para violão Na maioria de suas obras, Zenamon combina formas tradicionais com elementos programáticos. Por exemplo, na obra The Black Widow, as três seções da obra correspondem aos momentos da cópula da aranha “viúva negra”: “Seduction”, na forma de um prelúdio com ornamentações em acelerando livre de aleatoriedade controlada; “Dance and Love”, de forma rítmica alternada entre binário e ternário com acordes de sétima e efeitos idiomáticos através de ligados; “Satisfaction” Cópula, através de uma canção (Exemplo 12). Exemplo 12. Jaime Mirtenbaum Zenamon: The Black Widow. 12a) Sedução c. 1; 12b) Dança cc. 1-3; 12c) Satisfação cc 1-2. Mário da Silva – O Violão no Paraná 67 Sob o ponto de vista violonístico, é possível notar influências de Heitor VillaLobos e Leo Brouwer nas obras de Zenamon, principalmente através de aproveitamentos idiomáticos do instrumento, tais como a utilização de harmônicos naturais e artificiais, ligados como efeito sonoro e cordas soltas acompanhadas por uma seqüência de acordes paralelos que, mesmo provocando uma dissonância, aumentam qualitativamente a sonoridade do instrumento (Exemplo 13). Exemplo 13. a) Jaime Mirtenbaum Zenamon: Homenagem a Ravel, IIo Lento – cc. 27-28 Exemplo 13. b) Heitor Villa-Lobos: Estudo 11- cc. 23-25 Mário da Silva – O Violão no Paraná 68 O catálogo de Zenamon para violão solo, violão inserido em conjuntos camerísticos, violão com orquestra, violão combinado com instrumentos nãoconvencionais como ventiladores e violão inserido na música eletroacústica conta com mais de 120 títulos, a maioria editados na Alemanha. As obras para violão de Zenamon mais conhecidas e executadas são as que se utilizam somente deste instrumento (violão solo, duos, trios e quartetos de violões). Muitas de suas obras contam com registros fonográficos, como, por exemplo, a obra The Black Widow, por Robert Brightmore, em 1994, na Inglaterra, e por Mário da Silva, em 1996, no Brasil. A sua produção inclui também várias obras de nível intermediário com finalidade pedagógica. A série Epigramas (1989) consta de dois volumes com 10 peças cada um, cada peça buscando apresentar ao estudante um elemento técnico específico, como, por exemplo, ligados no Epigrama nº 17, destaque melódico na voz grave pelo polegar e na aguda com toques especiais no Epigrama nº 13. Já as 24 Estampas têm grau de dificuldade mais elevado e segundo o próprio ZENAMON têm duas funções básicas: “melhorar as condições musicais, ampliando gradualmente o conhecimento da música moderna; melhorar as condições técnicas, sem esquecer o sentido melódico, sonoro, rítmico e dinâmico das obras”56. Exemplo 14. Jaime Zenamon: Epigramas nº 17 e 13 cc.1-2; Estampas nº 13 – cc. 1-2 e Estampas 15 - cc. 1-3. 56 ZENAMON, J.M. Epigramme, 20 leicht Stücke für Gitarre. Berlim: Margaux, 1989. Prefácio, p.1. Mário da Silva – O Violão no Paraná 69 3.2.2 Compositores violonistas da nova geração nascidos após 1953 3.2.2.1 Chico Mello a) Trajetória Chico Mello (Luiz Francisco Garcez de Oliveira Mello) nasceu em 1957 em Curitiba. Iniciou seus estudos musicais através de aulas particulares de contraponto com José Penalva e composição com Hans-Joachin Koellreutter (1978). Teve o início de sua formação acadêmica realizada na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, onde estudou violão com Jaime Zenamon e Orlando Fraga concluindo o bacharelado em Violão em 1984. Embora seu interesse primordial fosse a composição, desenvolveu-se também como intérprete, tendo executado obras representativas do repertório, como o Concerto em Ré para violão e orquestra, de Mário Castelnuovo Tedesco (1895-1968) (com acompanhamento de piano). Em seu concerto de formatura em 1984, executou obras de Garoto, Heitor Villa-Lobos (Estudos 5 e 12) e estreou sua obra Do Lado do Dedo. Foi professor de Harmonia e Violão da EMBAP de 1982 a 1985. Nessa época, já exercia paralelamente sua carreira de compositor. Seu long play Chico Mello e Helinho Brandão (1985), com obras dos dois compositores, inclui o primeiro registro fonográfico de sua produção, no qual executa sozinho a sua obra Dança (1984) para quatro violões. Em 1987 ingressou na Escola Superior de Artes de Berlim (graduação em Composição), onde estudou Composição com Dieter Schnebel e Witold Szalonek, formando-se em 1992. Nessa mesma cidade continua desenvolvendo atividades como compositor, intérprete de suas obras e professor de Composição. Participa regularmente de festivais de música contemporânea, tais como o Festival de Música Nova de São Paulo, o Encontro de Música Nova de Curitiba, o Festival de Música Nova de Donnaueschingen (Alemanha), o Festival de Música de Bourges (França) e o “Bang in a Can” (Nova York, EUA). Tem recebido bolsas e comissões de obras de diversas instituições alemãs, entre elas o Senado para Assuntos Culturais de Berlim. Atualmente reside em Berlim e vem divulgando seu mais recente trabalho, registrado no CD Do Lado da Voz (2000). Mário da Silva – O Violão no Paraná 70 b) Obras para violão Chico Mello tem um catálogo violonístico de apenas 9 obras, focando o violão inserido em grupos de câmara. Chico Mello utiliza o experimentalismo não somente em recursos técnicos do instrumento e estrutura formal das obras, mas também como posicionamento estético e busca constante de novas linguagens57. Na obra Do Lado do Dedo para violão solo, Chico Mello propõe uma scordatura diferenciada do violão, buscando a sonoridade do berimbau e da viola caipira brasileira (Exemplo 15). Nessa obra, os recursos composicionais utilizados são instrumento preparado com uso de uma caneta e reiteração através de motivos percutidos no braço do instrumento. É Chico MELLO quem afirma: Do Lado do Dedo se refere à experiência táctil de “tocar” o violão, expandindo seus limites como instrumento de corda e percussão, e em certos momentos, preparando o instrumento no sentido “Cageano” da palavra. As rápidas vibrações produzidas pela afinação microtonal e sua lenta e contínua percussão parecem trazer o violão mais perto do corpo, ao mesmo tempo, produzindo sons associados a outros instrumentos como o berimbau e a viola caipira. O violão é uma continuação de nós mesmos: uma mão amiga, um amigo prá cantar com a gente. Alguém fricciona suas cordas, as acaricia, pergunta algo, e um som nos dá a resposta58. 57 MELLO, Laura Ritzmann de Oliveira. Comparações entre os procedimentos estéticos em Julio Cortázar em o Jogo da Amarelinha e Chico Mello em Amarelinha. Monografia (Curso de Especialização em Estética e Interpretação da Música do Século XX), EMBAP, Curitiba, 2001. 58 MELLO/OCOUGNE, C. S. Música brasileira de(s)composta. Chico Mello e Silva Ocougne, violão. Berlim: Wandelweisers, 1996. 1 CD (56’19): digital, estéreo. Texto do encarte do Compact Disc redigido por Chico Mello. Mário da Silva – O Violão no Paraná Exemplo 15. Chico Mello: Do Lado do Dedo - 15a) c. 1, 15b) c. 2, 15c) c. 5, 15d) c. 15, 15e) c. 49 71 Mário da Silva – O Violão no Paraná 72 Chico Mello tem experiências também com a música cênica (Theatre Music) e música para teatro, sendo freqüentemente convidado a fazer a direção musical em peças de teatro encenadas em Curitiba, Rio de Janeiro e Berlim. Isso se reflete em sua obra. Por exemplo, em sua última obra para violão, Entre Cadeiras (1999), utiliza características cênicas: o violonista é solicitado a executar fragmentos de canções intercalados com a troca de três cadeiras, sendo que os passos entre essas cadeiras são organizados em número e em velocidade. Na cadeira 2, o violonista executa a canção Minha Meia Preta, organizada em células curtas que vão aumentando progressivamente; na cadeira 3, o violonista executa o tango Silêncio em La Noche fragmentado; e na cadeira 1 as duas canções são sobrepostas, com o violonista executando o acompanhamento do tango de forma bem espaçada e a canção Minha Meia Preta cantada de forma bem articulada, para que apenas os sons percussivos da movimentação dos lábios e língua sejam audíveis (Exemplo 16). A disposição das cadeiras e do intérprete no palco é determinada na partitura (Figura 1). Figura 1. Chico Mello: Entre Cadeiras . Mário da Silva – O Violão no Paraná 73 Exemplo 16. Chico Mello: Entre Cadeiras (1999) –16a) Cadeira 1 – cc.1-3, 16b) Cadeira 2 – cc.1-2, 16c) Cadeira 3 – cc. 1-2. Mário da Silva – O Violão no Paraná 74 3.2.2.2 Norton Dudeque a) Trajetória Norton Dudeque nasceu em Curitiba em 1958. Estudou violão com Jaime Mirtenbaum Zenamon de 1977 a 1978. Em 1979, ingressou na Escuela Universitária de Música de Montevidéu, Uruguai, onde estudou Violão com Eduardo Fernández, Abel Carlevaro e Harmonia com Guido Santorsola. Retornou a Curitiba em 1983, passando a ter aulas particulares de harmonia, contraponto e análise com o maestro Osvaldo Colarusso. Concluiu o bacharelado em Violão (1985) pela EMBAP e mestrado em Violão (1991) pela University of Western Ontario, Canadá. Foi professor da EMBAP nas cadeiras de Violão e Harmonia de 1986 a 1989, e quando regressou do Canadá foi docente do curso de especialização em Música do Século XX da EMBAP, na disciplina História da Música do Século XX (1992). Desde 1992, é professor da Universidade Federal do Paraná no curso de Educação Artística, atuando na disciplina de Estruturação Musical. Teve aulas particulares de composição com Hans-Joachim Koellreutter de 1994 a 1995. Publicou o livro História do Violão (1994) e organizou o volume Música Contemporânea Paranaense (1995), com composições de Chico Mello e Rodolfo Richter, ambos para a Editora da UFPR. Realizou mestrado em Musicologia (1997) na Universidade de São Paulo, USP, onde desenvolveu pesquisa sobre a obra teórica de Arnold Schoenberg. Realizou doutorado em Musicologia (2002) na Universidade de Reading, Inglaterra, sob a orientação de Jonathan Dunsby. Atualmente leciona Análise e Contraponto na UFPR e se dedica a trabalhos em musicologia, teoria, composição e editoração musical. b) Obras para violão Sua produção como compositor concentra-se em obras para violão solo, conjunto de violões e câmara com violão. A primeira delas, Quarteto para violões no. 1 , data de 1993. Suas obras apresentam simultaneidade e variedade de procedimentos composicionais, como minimalismo e atonalismo livre. Em algumas de suas obras, Dudeque utiliza um sistema próprio de organização das alturas combinado à variação Mário da Silva – O Violão no Paraná 75 sistemática das durações, garantindo imprevisibilidade melódica e rítmica. Como exemplos da variedade de procedimentos podemos citar: reitereção em Peça Para Violão 2 continuum (1996) e Pintando o 7 (1997); constância de intervalos em Peça para Violão 1 (1995), que é estruturada em intervalos de segundas e nonas maiores e menores e sétimas maiores (Exemplo 17). Exemplo 17. Norton Dudeque: Peça para Violão 1 (1995) para violão solo - cc. 1-9. Mário da Silva – O Violão no Paraná 76 Sua Peça para Violão 2 (1999) (cc. 1-9) é desenvolvida dentro do sistema modal, utilizando-se da reiteração e combinando ostinatos em terças e quartas com melodias construídas em valores longos com superposição de intervalos de nonas e quintas (Exemplo 18). Exemplo 18. Norton Dudeque: Peça para Violão 2 – Continuum (1996) para violão solo - cc. 1 - 9. Mário da Silva – O Violão no Paraná 77 3.2.2.3 Rogério Budasz a) Trajetória Rogério Budasz nasceu em Curitiba, em 1964. Realizou bacharelado em Violão (1992) pela EMBAP, mestrado em Musicologia (1996) pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP) e PhD em Musicologia (2001) pela University of Southern California. No período em que atuava como instrumentista no Quarteto de Violões de Curitiba (1987-1991), e no Grupo Terra Canora (1991), começou a escrever suas primeiras composições para violão. Mais recentemente, Rogério Budasz vem se dedicando a pesquisas musicológicas, e é nessa área que tem recebido destaque. Desde o início da década de 90 tem recebido bolsas de apoio a seus trabalhos: foi bolsista do CNPq (1993-1995) e da Fundação Calouste Gulbenkian (1995-1996) para investigações em Portugal sobre a música colonial brasileira e suas relações com a música ibérica, e da Fundação Vitae (1997) para pesquisar a influência brasileira no repertório português para guitarra barroca. Budasz vem participando de congressos e publicando diversos trabalhos de caráter musicológico. Sua dissertação de mestrado, focalizando a poesia de José de Anchieta e suas relações com o cancioneiro ibérico, apresentou um repertório, até então desconhecido, de música praticada no Brasil quinhentista e resultou em concertos e gravações de intérpretes como Ana Maria Kiefer, Ricardo Kanji, Grupo Vox Brasiliensis e Grupo Continens Paradisi. Sua tese de doutorado analisa a literatura portuguesa para guitarra barroca, concentrando-se nas interações entre Portugal, Brasil e o continente africano. Atualmente é professor de História da Música e Contraponto da EMBAP. b) Obras para violão Rogério Budasz produziu somente 3 obras para violão, todas com características bastante idiomáticas, resultantes do domínio do repertório violonístico clássico e contemporâneo pelo compositor. Na obra Ritos (1991) para quarteto de violões, a primeira seção é construída sobre a reiteração de notas curtas, produzindo Mário da Silva – O Violão no Paraná 78 um moto contínuo e criando centros gravitacionais em torno das notas lá (c.1), mais tarde ré sustenido e si (c. 53, e cc. 75-78) (Exemplo 19). Exemplo 19. Rogério Budasz: Ritos para quatro violões – 1a. seção. Mário da Silva – O Violão no Paraná 79 Na segunda seção o moto contínuo é abandonado para dar lugar a um motivo rítmico posteriormente desenvolvido (cc. 94-97). A terceira seção é caracterizada por uma estrutura isorrítmica (cc. 138-140) (Exemplo 20). Exemplo 20. Rogério Budasz: Ritos para quatro violões. Mário da Silva – O Violão no Paraná 80 Segundo o próprio compositor, o título Ritos foi escolhido após ele ter delineado a estrutura da primeira seção, o que lhe pareceu a princípio uma "música de transe". O aspecto introspectivo e visionário desse transe é explorado na segunda seção, enquanto que a terceira seção é mais energética, física e corpórea. O autor comenta: “por outro lado, além dessas associações óbvias, hoje em dia sinto que a peça está mais relacionada à circularidade (e suspensão, ainda que ilusória) do tempo”59. 59 2002. Declaração feita por Rogério Budasz através de correio eletrônico, em 16 de janeiro de Mário da Silva – O Violão no Paraná 81 3.2.2.4 Guilherme Campos a) Trajetória Guilherme Campos (Guilherme José Campos da Silva) nasceu em Curitiba, em 1966. Iniciou seus estudos musicais com Orlando Fraga, em 1985, e formou-se bacharel em Violão (1992) na EMBAP. Em cursos e seminários de violão, esteve sob a orientação de Jaime Mirtenbaum Zenamon, Giácomo Bartoloni, Ângella Müner, Henrique Pinto, Tadeu do Amaral e Leo Soares. Estudou composição com Aylton Escobar em 1985, José Penalva em 1989 e João José Félix Pereira em 1991. Vem desenvolvendo intensa atividade musical como concertista desde 1987, lançando seu primeiro LP com o Quarteto de Violões de Curitiba (1991), incluindo a obra Cidade 1987, de sua autoria. Foi professor de Violão da Escola de Música e Belas Artes do Paraná durante o ano de 1991. Atualmente, é professor de Música no Colégio Dom Bosco, em Curitiba, paralelamente às suas atividades de compositor. b) Obras para violão Guilherme Campos utiliza-se de várias linguagens, embora o serialismo seja uma constante em suas produções. Como forma de crítica à música tradicional de concerto, busca introduzir o humor nas obras para violão e questiona a função da música de concerto hoje. Segundo ele, a tecnologia eletrônica contribui para o deterioramento de uma audição crítica e reflexiva por parte do público. Na obra Balacubaco (1998), o executante realiza variações com uma caixa de fósforo, atirando-a ao público, para depois executar uma coda ao instrumento, com acordes de timbres metálicos e articulados rapidamente (Exemplo 21). Mário da Silva – O Violão no Paraná Exemplo 21. Guilherme Campos: Balacubaco para violão solo – cc. 1-44 82 Mário da Silva – O Violão no Paraná 83 3.2.2.5 Octávio Camargo a) Trajetória Octávio Camargo nasceu em Curitiba, em 1967. Formou-se bacharel em Violão (1992) pela EMBAP, onde estudou com Orlando Fraga. Octávio Camargo é professor do curso de Composição e Regência da Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Desenvolve um trabalho voltado à performance, criando espetáculos ou intervenções não anunciadas. Faz um amálgama de som, cena e associações literárias, elementos que se transformam em uma ação estética com os significados trazidos pela presença física do performer. b) Obras para violão Camargo produziu 3 obras para violão solo nas quais percebem-se influências da MPB e do minimalismo. Na sua obra Desafignado (1997) Camargo faz uma versão da canção popular de Tom Jobim onde o texto (ausente) é comentado musicalmente através da inserção de corpos estranhos, como a letra “g” no título. A estrutura formal da peça é livre e improvisatória. A melodia, sempre em arpejos, busca explorar a sonoridade própria do instrumento, o que o compositor domina pelo seu conhecimento do repertório violonístico (Exemplo 22). Exemplo 22. Octávio Camargo: Desafignado (1996) para violão solo, cc. 1-6. Mário da Silva – O Violão no Paraná 84 3.2.3 Compositores não-violonistas da nova geração nascidos após 1953 3.2.3.1 João José Félix Pereira a) Trajetória João José Félix Pereira nasceu em Curitiba, em 1957, e iniciou seus estudos ao piano na Escola de Música e Belas Artes do Paraná em 1972. Em 1976 transferiu-se para São Paulo, ingressando na Faculdade Paulista de Artes, no Curso Superior de Canto. Nessa instituição, teve como professores Sônia Kerkezian (Canto), Bernardo Federowski (Regência) e Achille Pichi (Orquestração). Neste período teve a oportunidade de realizar estudos particulares com Hans-Joachim Koellreutter. Logo depois de sua graduação, assumiu na EMBAP as disciplinas de Contraponto (1983) e Harmonia (1984), substituindo respectivamente José Penalva e Henrique Morozowicz. Criou os cursos de extensão em Composição (1988) da EMBAP, e entre seus alunos estiveram os violonistas paranaenses Guilherme Campos e Rogério Budasz. Realizou mestrado em Comunicação e Semiótica (1992) pela PUC de São Paulo, onde desenvolveu pesquisas junto a comunidades indígenas na Serra dos Itatins, no sul daquele estado. Traduziu do idioma Ñandéva para o português o texto “Ara Pyau”, sobre a grande migração Ñandéva em direção ao Atlântico. Atualmente leciona Contraponto e Composição na EMBAP e realiza palestras sobre a arte de fazer e tocar a flauta de bambu. A obra de João José Félix Pereira60 é constituída de 45 títulos distribuídos nas formações de instrumento solo (piano e violão), duos instrumentais (dois pianos; clarinete e piano; duo de violões), trios instrumentais (de cordas; flauta, piano e percussão; piano, sax e violão), quartetos de cordas e violões, orquestra e coro, orquestra e instrumento solista, canto e instrumentos, canto coral, coro e instrumentos. 60 PETRACA, Ricardo Mendonça. Um signo em expressão: maestro João José de Félix Pereira, “Biografia e Catálogo de Obras: 1957-1995”. Monografia (Curso de Especialização em História da Arte e Música) EMBAP, 1996. p. 48. Mário da Silva – O Violão no Paraná 85 b) Obras para violão A produção para violão de João José Félix Pereira se resume a 9 obras, sendo duas para violão solo e as demais para grupos de câmara, todas de nível avançado e com predominância da linguagem atonal. Félix Pereira desenvolveu a escrita em planimetria. As primeiras experiências com o violão do compositor aconteceram em São Paulo, quando produziu duas obras para duo de violões: Suíte para Violão: Prelúdio, Alman, Corranto, Sarabande, Pavane – Venetiana e Gigg (1979), mesclando a forma antiga da suíte com o sistema serial; e Dois Fragmentos Microsseriais (1981) (Exemplo 23). Exemplo 23. João José Félix Pereira: Suíte Antiga (1979) para dois violões. Prelúdio – cc. 1-2; Alman cc. 1-2. Mário da Silva – O Violão no Paraná 86 Durante seu período de docência na EMBAP, compôs Maquimal e Toccata (1987) para violão solo, ambas estreadas por Orlando Fraga, seu incentivador para composição de obras para violão. Na Toccata, observamos mais liberdade na forma e familiaridade com a escrita idiomática do violão do que nas obras anteriores, o que é demonstrado nos seguintes elementos: (1) emprego dos harmônicos artificiais (Io Movimento - cc. 29-31); (2) utilização do pizzicatto a la Bartok para contraste de dinâmica (IIo Movimento - cc. 19-20); (3) articulações diferenciadas (IIo Movimento c. 60) (Exemplo 24a, 24b e 24c). Exemplo 24. João José Félix Pereira: Toccata 1987 para violão solo - Iº Movimento 24a ) cc. 29-31, IIº Movimento 24b) cc. 19-20 e 24c) c. 60. Mário da Silva – O Violão no Paraná 87 3.2.3.2 Carmo Bartoloni a) Trajetória Carmo Bartoloni nasceu em São Paulo, em 1956. Formou-se bacharel em Percussão (1984) pelo Instituto de Artes da UNESP, onde estudou Composição e Regência com Aylton Escobar, Henrique Gregori e Celso Majola. Passou a residir em Curitiba, onde é percussionista da Orquestra Sinfônica do Paraná (1985) e professor de Percussão (1986) da EMBAP. É membro do Grupo Akros de música contemporânea. Atualmente realiza mestrado em Música no Instituto de Artes da UNESP. Sua produção se concentra em obrras para percussão. b) Obras para violão Sua produção para violão (que surgiu pela influência de Giácomo Bartoloni com quem realizou um duo) inclui obras solo, para câmara e com orquestra. Utiliza linguagem tonal. Na obra Divertimento (1985), para violão e percussão, Bartoloni desenvolve movimento melódico ascendente a duas vozes para o vibrafone agregado a um ostinato (fa#, mi) na voz central. O violão atua como ostinato em contrapartida à percussão melódica. As segundas maiores e a fórmula rítmica do violão provocam uma sonoridade de características espanholas. Exemplo 25. Carmo Bartoloni: Divertimento (1985) para violão e um percussionista, cc. 21-26 Mário da Silva – O Violão no Paraná 88 3.2.3.3 Harry Crowl a) Trajetória Harry Lamott Crowl Jr. nasceu em Belo Horizonte em 1958. Em 1977 foi para os EUA, onde estudou Viola na Westport School of Music e Composição com Charles Jones, na Juilliard School of Music. Retornou ao Brasil em 1979, e estudou Composição (1980) com Rufo Herrera e Willy Correia de Oliveira. Em 1983 residiu em Brasília (DF), onde foi violista da Orquestra Sinfônica de Brasília (FOSB). Estabeleceu-se em Curitiba em 1994, integrando o corpo docente da EMBAP. b) Obras para violão Sua produção para violão inclui obras solo e violão inserido em grandes grupos de câmara. Sua obra apresenta idioma atonal livre com ocasionais e quase imperceptíveis incursões à tonalidade e ao modalismo como é o caso de Assimetrias (1998) para violão solo (Exemplo 26), e sobre a qual o compositor comenta: Assimetrias" é uma obra que funciona como um grande painel, quase sinfônico para o violão. Sua concepção baseia-se na idéia da auto-suficiência do instrumento, que possui uma personalidade própria muito diferente da de outros, como o piano, por exemplo. A idéia de algo sinfônico é a primeira vista, totalmente oposta ao caráter intimista e delicado do violão. Ao mesmo tempo, o violão é capaz de grandes tramas musicais que até hoje, foram exclusividade daqueles que tocam e compõem para o instrumento. Seguindo uma tradição brasileira e latino-americana, pretendi criar uma obra que levasse as possibilidades do instrumento ao extremo passando por elementos sintáticos que fossem de Villa-Lobos a Ginastera e Brouwer. A gênese desta obra foi um grande desafio, pois não sou violonista. O resultado é uma sonoridade contínua e brilhante deste painel sonoro cheio de grandes contrastes inesperados61. 61 Declaração feita por Harry Crowl através de correio eletrônico, em 19/04/02. Mário da Silva – O Violão no Paraná 89 Exemplo 26. Harry Crowl: Assimetrias para violão solo, cc. 1-21 3.2.3.4 Maurício Dottori a) Trajetória Maurício Dottori62 nasceu no Rio de Janeiro, em 1960. Estudou clarinete com José Botelho na Escola de Música Villa-Lobos (1974-1980) e Composição (1985) no Teatro Musical na Scuola di Musica di Fiesole, Itália. Realizou mestrado em Artes na Universidade de São Paulo (1991) e PhD em Música (1997) na Universidade de Cardiff, País de Gales. Estabeleceu-se em Curitiba em 1992, integrando nesse mesmo ano o corpo docente da EMBAP como professor de Composição e Contraponto. 62 PROSSER, Elisabeth Seraphim. Tendências da música contemporânea em Curitiba na segunda metade do século XX. ANAIS III SIMPÓSIO LATINO AMERICANO DE MUSICOLOGIA, Fundação Cultural de Curitiba, 2000. p. 309-321. Mário da Silva – O Violão no Paraná 90 b) Obras para violão Compõe a partir de conjuntos fechados de acordes não-tradicionais preexistentes à peça e através de melodias não convencionais e fragmentárias. A rítmica é organizada com alternância entre durações medidas e não medidas, em planos simultâneos. Na sua obra para quarteto de violões, And now the storm blast comes (1992), Dottori utiliza móbiles que variam em forma de labirinto. O compositor faz a seguinte orientação sobre a obra: O primeiro violonista deverá escolher e começar por uma das células principais numeradas de 1 a 8 e a tocará repetidamente. O violonista à sua esquerda, identificando qual célula toca o primeiro, selecionará ao lado dela, na coluna dita série principal, uma das duas células indicadas (x ou y) e começará a tocá-la repetidamente como estará fazendo o primeiro. Este após a entrada do segundo músico, selecionará e tocará uma única vez uma das células indicadas (w ou z) na coluna transitórias ao lado de sua célula principal; e a esta retornará repetindo-a ainda, até que a entrada do último violonista lhe indique uma outra célula principal para prosseguir. O violonista que houver primeiro tocado todas e cada uma das células finais, de 9 a 12, e a tocará, a primeira vez com um sforzato como notado, repetidamente. A partir deste ponto, todos os músicos restantes passarão a tocar, no mínimo três vezes cada uma, todas as células principais que houverem ainda tocada, saltando em seguida, com sforzato, para uma célula final diferente. A cada entrada sucessiva na parte final, o músico que houver entrado precedentemente nesta fase, retornará à última célula principal que tocou, tocando-a duas vezes, e voltando em definitivo à sua célula final. Quando todos os músicos estiverem na fase final, suprimirão os sforzatti, e farão um longo diminuendo até terminarem juntos ppp. POSTO SONATUM. Chegados ao fim, todos declamarão em desordem caótica e tempestuosa fragmentos deste texto, mas a última frase em uníssono e diminuendo63 63 DOTTORI, Maurício. And now the storm blast comes. Ao Quarteto de Violões de Curitiba, Edição própria digitalizada, 1992. Mário da Silva – O Violão no Paraná Exemplo 27. Maurício Dottori: And now the storm blast comes. (1a. parte células 1 a 8) 91 Mário da Silva – O Violão no Paraná 92 A contribuição mais significativa para violão de Dottori, é a criação de All that you know not to be is utterly true (2001), uma obra eletroacústica com aleatoriedade controlada inspirada na escola polonesa de Krzystoff Penderecki (1933) e Witold Lutoslawski (1913) na qual o violão está incluído. É muito provável que esta obra seja o primeiro registro de composição eletroacústica com violão, produzida em Curitiba. Mário da Silva – O Violão no Paraná 93 3.2.3.5 Fernando Riederer a) Trajetória Fernando Riederer nasceu no Rio de Janeiro, em 1977. Ingressou no curso de Composição e Regência da EMBAP, em 1997. Estudou Composição e Música Eletroacústica com Mauríco Dottori, Estética e Música Experimental com Octávio Camargo e História da Música e Orquestração com Harry Crowl. Com bolsa da CAPES (1998), estudou com o compositor americano Roger Reynolds em Porto Alegre. Em 1999, em Cursos de Extensão da EMBAP, cursou as disciplinas História da Música 1900-1950, com Celso Loureiro Chaves, Novas Tecnologias Aplicadas à Música, com Fernando Iazzeta, e Interpretação da Música Contemporânea, com Roberto Victório. Recebeu encomendas de diversos grupos, como o Quarteto de Cordas Araucária, e de solistas como a pianista Leilah Paiva, a mezzo-soprano Denise Sartori e o violonista Orlando Fraga. Riederer representa uma nova geração emergente de compositores paranaenses, com formação no Curso de Composição e Regência da EMBAP. b) Obras para violão Sua linguagem é atonal livre, com uso de aleatoriedade controlada, grafismo e seções abertas não mensuradas. A obra Dois Tempos (2002) para 4 flautas, violão e 4 cellos, foi escrita para atender uma encomenda de Orlando Fraga. Consta de dois movimentos. Segundo o compositor, o 1º. Movimento é uma grande variação do Concerto para flauta e oboé de György Ligeti, escrita originalmente para quarteto de cordas em 1998. No 2º. Movimento, o violão apresenta um ostinato rápido com pulso independente das outras vozes e realiza inversões intervalares executadas pelos outros instrumentos (Exemplo 28). O compositor afirma que faz uso de “planos separados”, termo que define como “poli-atonalidade, inspirado em teorias de Hindemith e Dallapicolla sobre a música atonal harmônica, resultado de seus estudos com Maurício Dottori”64. 64 Declaração feita pelo compositor em entrevista concedida em 08/10/2002. Mário da Silva – O Violão no Paraná Exemplo 28. Fernando Riederer: Dois Tempos. (Para Orlando Fraga), cc. 20-31. 94 Mário da Silva – O Violão no Paraná 95 4 CATÁLOGO DE OBRAS PARA VIOLÃO DE COMPOSITORES PARANAENSES 4.1 ADMAR GARCIA Ano 1941 1941 Título e Sub-título Recordação Valsa Instrumentação Violão solo Violão solo duração Ca. 2’00 1942 1942 Tchau!Tchau!Tchau! Rancheira Violão solo Violão solo Ca. 3’10 1945 1964 Peça Sem Título Prelúdio Violão solo Violão solo Ca. 5’00 Ca. 2’20 1971 Adeus Academia Violão solo Movimentos Edição/gravações Observações “Dedicado à Alda 23/10/41” “À Minha saudosa irmão Aracy “escrita em Ponta Grossa em 26/8/41, Cornélio Procópio 29/10/42 “Dedicado à irmã Ivone 23/10/42” “Ao meu afilhado Wilson” “Ibiporã 12/7/42 Cornélio Procópio 29/10/42” 1/4/45 copiado em 17/5/45 “Dedicado a minha esposa Hortencia Garcia”. Curitiba, 20/1/1964 Curitiba, 27/8/1971 Mário da Silva – O Violão no Paraná 96 4.2 WALTEL BRANCO65 Ano 1970 1970 1970 1970 1974 1974 1978 1990 1991 1991 Título e Movimentos Valsa no. 2 “Valsa Ballet” Valsa no. 4 Kyoko “Valsa Choro n. 2” Valsa no. 4 Menueto e Giga Estudo Opanijé Madorna “Adágio Espirituoso” Ponteio, Brasil (1. Andante 2. Moderato 3. Presto) Instrumentação Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Duração Ca. 4’00 Ca. 4’00 Ca. 4’00 Ca. 4’00 Ca. 5’00 Ca. 6’00 Ca. 6’00 Violão solo Ca. 6’00 Toque Panjari “Prelúdio no. 3” Só Nata Brasileira no.1 Violão solo Ca. 6’00 Violão solo Ca. 7’50 Fantasia Romântica “Ao Cair da Tarde” Violão solo Ca. 3’26 Preludiando no. 4 Seresta Choro Chorojongo no. 3 Só Nata Brasileira no 2 Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Ca. 6’00 Ca. 6’00 Ca. 6’00 Ca. 6’00 65 Algumas obras de BRANCO não constam data. 1ª. Audição Edições Manuscrito Manuscrito Manuscrito Manuscrito Manuscrito Manuscrito Manuscrito Gravações Observações Baseado no melonome Fernando Bicudo “À Agustin Barrios” “À Jards Macalé” “À Nicanor Teixeira” Gravação: Waltel Branco,Som Livre/1978 Baseado no melonome de Rique Pantoja Gravação: Waltel Branco, Estúdio Coda/1994 Gravação: Waltel Branco, Estúdio Coda/1994 Feitiço Para Noel, à Vadico Baseado no melonome Geraldo Casé Baseado no melonome Anélio Rodrigues “Homenagem a Tom Jobim” Mário da Silva – O Violão no Paraná Ano 1991 1991 1991 97 Título e Sub-título Só Nata Brasileira no 3 Instrumentação Violão solo duração Choro Clássico “Choro no. 1” Violão solo Ca. 3’40 Argamassa Violão solo Ca. 3’05 Valsa XV de Novembro Choro Empacotado Violão solo Violão solo Sonata no. 1 Violão solo Estilo Gaúcho Violão solo Movimentos Edição/gravações Gravação: Waltel BrancoNaipi, 2000 Observações Edição de 1997 Saga Music Publishing Ltd, A Division of Thames Publishing Gravação: Waltel Branco, Som Livre/1978. Gravação: Nova Música Brasileira, Mário da Silva / 1997 Baseado no melonome Turíbio Santos Gravação: Entre Waltel Branco, Coda/1994 1. Prelúdio 2. Meditação (Adagio) 3. Despertar 4. Chimarrita Amigos Estúdio “A Erminio Bello de Carvalho” Baseado no melonome Borsalo Baseado no melonome Edvaldo Pacote “A Dr. Paes Leme” Baseado no melonome Alpheu de Azevedo 1991 Bossa do Paulo Violão solo Baseado no melonome Paulo Moura 1991 Valsa Seresteira Violão solo Baseado no melonome Cesar Foffa 1995 Vaneirão do Pelão Violão solo Fuga no. 2 Violão solo Vaneirão do Greca Mário da Silva – O Violão no Paraná Ano 98 Título e Sub-título Ninho de Cobra Instrumentação Violão solo Meu Choro Violão solo Moda de Viola Violão solo Areia Branca Malandrinho - Choro-bossa no. 3 Divertimento Choro nº 1 Milonga Choro Ring no. 4 Bela Querência - Vaneirão do Pelão Divertimento Prelúdio no.1 Violão solo Violão solo Prelúdio, Sarabanda Bourrée Choro no. 2 Lembranças e duração Ca. 3’06 Movimentos Edição/gravações Gravação: Entre Amigos Waltel Branco Estúdio Coda/1994 Nova Música Brasileira, Mário da Silva / 1997 Baseado no melonome Oromar Terra Adagio Cômodo Gravação: Waltel Branco CID/1974. “A João Lourenço Melo” Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo “A German” Violão solo Violão solo 1. Choro 2. Modinha Baseado no melonome Zuza Homem Melo Violão solo Gravação: Waltel Branco CID/1974. Violão solo Choro no. 3 Violão solo Samba Ternário Turbilhões de Beijos Violão solo Violão solo Choro Seresta Valsa Amoroso Violão solo Violão solo Divertimento Rancheira no. 1 Prelúdio Minha Culpa Violão solo Violão solo Observações “Ao conjunto Ninho de Cobra” Ca. 1’15 Baseado no melonome Rafael Rabelo Baseado no melonome Turíbio Santos Estudo de Ligados Adaptação da obra de Ernesto Nazareth Baseado no melonome Boni Baseado no melonome Laurindo de Almeida Mário da Silva – O Violão no Paraná Ano 1997 Título e Sub-título Ipês para Garoto Instrumentação Violão solo Meditação Harpa,violino, cello e violão 1998 1998 1999 1999 Ternura João Igachira Choro Pro Rubinho Concerto 2001 Sinfonia Vila Velha de Ponta Grossa 2002 Concerto Violão solo Violão solo Violão solo Violão e orquestra cordas, fl 2, ob2, fg 1, trompa 1, trombone 1 Cordas e violão, 2 flautas, flautim, 2 oboés, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trombone tenor, 1 trombone baixo, 1 tuba, tímpano, caixa, bôngos Violão e orquestra (cordas, madeiras e metais 66 99 duração Movimentos Choro Edição /gravações Edição de 1993 Seresta Music Ltd, Hull, East Yorkshire, England Observações Estudo para o indicador (i) e polegar (p) “A Marcio Malard” “A Gerson Bientinez” “Choro para João Egashira” 1.Andante 2 Adágio 3.Presto 1.A Cidade velha 2.Osana 3. Allegro66 “A Mário da Silva" O último movimento seria denominado Oyara, entretanto como o significado deste termo é “essa terra tem dono”, a atual prefeitura de Ponta Grossa não concordou e pediu a Waltel para retirar o nome original. Mário da Silva – O Violão no Paraná 100 4.3 ARRIGO BARNABÉ Ano 1999 Título e Sub-título Fragmento Instrumentação Violão solo duração Ca. 4’30 Movimentos Edição/gravações Edição e Gravação: Mário da Silva, Música Contemporânea para Violão Desconstruída sob Encomenda/1999 observações 1a. audição mundial. Mário da Silva no SALONE DEGLI EVENTI DELL’IBRIT – (MilãoItália) em 23 de fevereiro de 2000 Mário da Silva – O Violão no Paraná 101 4.4 JAIME MIRTENBAUM ZENAMON Ano 1974 1977 1977 Título e Sub-título Andante Coral Reflexões no. 1 Reflexões no. 8 1977 1977 1977 1978 1978 1979 1979 1979 1980 1980 1980 1981 1982 1982 1982 Reflexões no. 3 Reflexões no. 3 Reflexões no.3 Suíte Caricaturas no. 2 Suíte Pedras Preciosas XII Pequenos Romances XII Pequenos Romances X Romances Scherzo Samba Pequeno Prelúdio Antigo Berlin 5 Graus ao Sol Pequena Suíte Estilo Barroco Galliard Impressiones Sonata Andina 1983 Ventanita de Cristal 67 Instrumentação Violão solo Violão solo 2 violões, quarteto de cordas e Orquestra Violino e violão Violoncello e violão Flauta e violão Violino e violão Violino e violão Violino e violão Flauta e violão Violino e violão Violino e 2 violões Violão solo Violino e violão Violão solo duração Ca. 3’10 Ca. 5’50 Ca 16’50 Movimentos Ca. 12’00 Ca. 12’00 Ca. 12’00 Ca. 11’20 Ca. 12’46 Violão solo Ca. 3’00 observações MA MA MA Manuscrito Manuscrito - inacabada Manuscrito Manuscrito Manuscrito Manuscrito Manuscrito Manuscrito Manuscrito Ca. 17’00 Flauta, violoncelo e violão Violão solo Dois violões Edição/gravações67 Manuscrito Manuscrito Manuscrito 1. Vivo 2.Lento 3. Bien Animado Manuscrito BA BA/MA. Gravação: Jaime Zenamon, Berlim/1993 BA Sobre John Dowland Versão para Violoncelo e violão Abreviatura das Editoras: (BA) Bärry-musik Norbert Weber GmbH, Rohrdamm 49 – Berlin; (GS) Gitarren-Studio-Musikverlag, Eleonora & Michael Haas, Blissestrasse 54 Berlin; (MA) Verlag Neue Musik/Edition Margaux, http://www.verlag-neue-musik.de Mário da Silva – O Violão no Paraná Ano 1983 1983 1983 1985 1985 1985 1986 1986 1986 1986 1987 1987 1987 1988 1988 1988 1988 1989 1989 1989 1989 1990 1990 1990 102 Instrumentação Violão solo duração Ca. 4’00 Violão solo Dois violões Violão e orquestra Violão solo Violoncelo e violão Violão solo Ca. 5’30 Ca. 25’00 Ca. 6’20 Ca. 18’00 Ca. 21’30 Introdución e Forreando Caprichoso Três Retratos Três Retratos Minimalsong Demian Pirâmide Contrastes Reflexões no. 7 Berlim – Rio Bahava Gita Epigramme no. 1 Epigramme no. 2 Epitáfio a Bartolomé de Las Casas Violão solo Ca. 7’30 Flauta e violão Violino e violão Quatro violões Violão solo Quarteto de violões Quarteto de violões Violão solo Trio de violões Canto (soprano) e violão Violão solo Violão solo Violão solo Ca. 10’30 Ca. 10’30 Ca. 12’00 Ca. 22’00 Ca. 8’56 Ca. 10’45 Ca. 10’00 Ca. 6’30 Ca. 10’45 Ca. 14’20 Ca. 10’15 MA gravada MA gravada Gravada MA gravada Manuscrito / inacabada MA gravada MA gravada Manuscrito Manuscrito MA MA MA gravada Trio de violões Quarteto de cordas e Violão Violino e violão Flauta e violão Ca. 12’00 Ca. 6’00 Ca. 3’30 Ca. 3’30 Manuscrito Manuscrito MA Manuscrito 1Salsita por el Amor de Dios Melancoly Tango Tango 68 Movimentos Edição68/gravações BA Título e Sub-título Un Camello en la Tierra Llamada Blues Drei Stücke für Guitarre Rabbit Walz Iguaçu Soñando de Alegria Reflexões no. 6 24 Estampas observações BA BA MA MA gravada MA gravada GS, Gravação: Jaime Zenamon, Sucadee Music/1986 MA gravada Abreviatura das Editoras: (BA) Bärry-musik Norbert Weber GmbH, Rohrdamm 49 – Berlin; (GS) Gitarren-Studio-Musikverlag, Eleonora & Michael Haas, Blissestrasse 54 Berlin; (MA) Verlag Neue Musik/Edition Margaux, www.verlag-neue-musik.de. Mário da Silva – O Violão no Paraná 103 Ano 1995 1990 1990 Título e Sub-título Tango A Musical Folder The Black Widow Instrumentação Violoncelo e violão Quarteto de violões Violão solo duração Ca. 3’30 Ca. 10’30 Ca. 10’20 1991 1991 1991 1991 1992 1992 1993 1993 1994 1994 1995 1995 Impressionem Chinese Blosson Canto Amazônico Experiências Reflexões no. 9 Reflexões no. 2 Poema 12 Fantasias 12 Fantasias 12 Fantasias Dois violões Violão solo Dois violões Orquestra de violões Flauta, clarinete e violão Flauta e violão Violão e orquestra Dois violões Flauta e violão Violoncelo e violão Violão solo Violão solo Ca. 20’25 1995 1995 1995 1995 1995 1995 1996 1996 1996 1997 1997 1997 Hommage à Maurice Ravel Prelúdio e Rondó Brasiliano Sonatina Nostáligica Três Temas Tibetanos Dpplekonzert Casablanca – a place, a story and a kiss Prelúdios Poéticos Reflexões no. 6 Togo Tocata Monogamia Sonata Tropical Robison Crousoé Chilli com Tango Quadros de uma Exposição Violão solo Dois violões Flauta, orquestra e violão Dois violões e dois ventiladores Violão solo Flauta e violão Marimba, vibrafone e violão Dois violões Quarteto de violões Fita magnética e violão Violoncelo e violão Violino e violão Movimentos Ca. 13’00 Ca. 6’00 Ca. 17’40 Ca. 7’00 Ca. 18’40 Ca. 21’00 Ca. 21’00 Ca. 21’00 Ca. 11’20 Ca. 11’00 Edição/gravações MA Manuscrito MA. Gravação: Robert Brightmore/1994 e Nova Música Brasileira de Mário da Silva / 1997 MA gravada Manuscrito Manuscrito Manuscrito Manuscrito Manuscrito Manuscrito MA Gravada Gravada MA gravada MA Ca. 11’00 Ca. 11’30 Ca. 16’30 Ca. 10’30 MA Manuscrito Manuscrito Manuscrito gravada Ca. 16’00 Ca. 10’00 Ca. 18’00 Ca. 17’50 Ca. 21’24 Ca. 26’08 Ca. 21’30 Ca. 34’21 Manuscrito gravada Manuscrito Manuscrito Manuscrito Manuscrito Manuscrito Manuscrito gravada Manuscrito gravada 1. Seduction 2. Dance and Love 3. Satisfaction observações Transcrição da obra homônima de Mussorgski Mário da Silva – O Violão no Paraná Ano 1997 Título e Sub-título Carisma 1997 1997 1997 1997 1998 1998 1998 4 Etüden für Guitarre Zugabe nº 1 Unicórnio Alfa Centauro Guitar Styles Divertimentos Concerto Místico 1999 1999 2000 Chilli com Tango Epigramme 3 Millenium 2001 2001 2002 Casablanca II Divertimentos Sonata de Concierto Instrumentação Orquestra de cordas e 2 violões Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Violão solo Sax alto e violão Orquestra de dois bandolins, bandola, dois violões e contrabaixo Bandolin e violão Violão solo Orquestra Sinfônica, big band e 4 violões Dois violões Flauta e violão Violão solo 104 duração Ca. 22’00 Movimentos Edição/gravações Manuscrito Ca. 9’07 Ca. 7’00 Ca. 8’00 Ca. 11’20 Ca. 12’00 Ca. 5’30 Ca. 17’00 Manuscrito Manuscrito Manuscrito Manuscrito Manuscrito Manuscrito Manuscrito gravada Ca. 21’00 Manuscrito Manuscrito Manuscrito Ca. 17’00 Manuscrito Manuscrito Manuscrito observações Mário da Silva – O Violão no Paraná 105 4.5 CHICO MELLO Ano 1977 Título e Sub-título Reflexões Instrumentação Flauta e violão duração 1979 Improviso Xaxado 1980 R.pressão 1983 Baiando Saxofone, violão, violoncello e percussão Flauta, saxofone, violão, piano e bexigas infláveis. Saxofone, violão e bongô 1984 Dança Quatro violões Ca. 4’53 1986 Do Lado do Dedo Violão solo e versão para dois violões Ca. 5’40 1987 1999 Peça para Oboé e Violão Entre Cadeiras Oboé e violão Violão solo, voz e passos. 1999 Çnad/Dança Quatro violões Ca. 12’58 Movimentos Edição/gravações Edição: Wandelweiser, Alemanha Gravação: Chico Mello e Helinho Brandão/1984 Editora da UFPR. Gravação: Chico Mello e Helinho Brandão/1984 Quarteto de Violões de Curitiba/1988 Nova Música Brasileira/Mário da Silva/1997 Gravação: Orlando Fraga/1989 solo. Chico Mello e Silvia Oscougne, Compact Disc /1997 com versão para dois violões Edição: Wandelweiser, Alemanha Gravação: Mário da Silva, projeto Música Contemporânea para Violão Desconstruída sob Encomenda/1999 Edição: Wandelweiser, Alemanha observações 1a. Audição: Norton Morozowicz (flauta) e Sérgio Abreu (violão), 1978 Teatro Paiol, Curitiba. 1a. Audição: Quarteto Chico Mello, Norton Dudeque, Orlando Fraga e Mário da Silva em 1987. 1a. Audição: Chico Mello em 1987 1a Audição: Festival “Klang Aktionen”, Munique, Alemanha em 1999. Mário da Silva – O Violão no Paraná 106 4.6 NORTON DUDEQUE Ano 1993 Título e Sub-título Quarteto para violões 1 Instrumentação Quatro de violões duração 1995 Peça para Violão 1 Violão solo Ca. 10’04 1995 Flauta e violão Ca. 6’ 00 1996 Une Sonore, Vaine Monotone... Peça para Violão 2 Violão solo 1997 1998 2001 Pintando o 7 Quarteto para violões 2 Concerto Sete violões Quatro de violões Violão e orquestra (Fl, clb, trompafa, percussão,4 violinos, 2 violas, 1 cello, 1 cb) et Movimentos 1. Lento 2. Toccata Edição/gravações Gravação: Quarteto a Quatro, Suiça / 1998 Gravação: CD Nova Música Brasileira/Mário da Silva/1997 Ca. 13’47 (Continuum) Edição e Gravação: Mário da Silva no projeto Música Contemporânea para Violão Desconstruída sob Encomenda/1999 Ca. 20’00 Ca. 20’00 1. 2. 3. Ca. 10’00 1. 2. observações 1a. Audição: Quarteto de Violões da EMBAP, 1994 1a. Audição: Mário da Silva. Ciclo das Seis Cordas. Teatro Avenida em Curitiba, PR em 11 de junho de 1995 Mário da Silva – O Violão no Paraná 107 4.7 ROGÉRIO BUDASZ Ano 1991 Título e Sub-título Ritos Instrumentação Quatro violões 1991 Variações sobre Bebê (Tema de Hermeto Pascoal) Quatro violões 1994 Prelúdio e Giga Trio de flautas-doce, violino e violão duração Movimentos Edição/gravações observações 1a. Audição: Quarteto de Violões de Curitiba MASP em 1992 1a. Audição: Quarteto de Violões de Curitiba em 1991 1a. Audição: Quarteto de Violões de Curitiba em 1994 Mário da Silva – O Violão no Paraná 108 4.8 GUILHERME CAMPOS Ano 1986 1986 1987 Título e Sub-título Impertinência Urbana Três Peças Curtas Cidade 1987 Instrumentação Violão solo Violão solo Quatro violões 1991 Desenvolvimento no. 2 Desenvolvimento no. 5 Balacubaco 1998 duração Movimentos Edição/gravações Ca. 2’38 Gravação: Quarteto de Violões de Curitiba/1991. Violão e flauta Violão solo Ca. 4’16 Violão solo Ca.10’00 Edição Data música. Gravação: Nova Música Brasileira / Mário da Silva/1997 Edição e Gravação: Mário da Silva, projeto Música Contemporânea para Violão Desconstruída sob Encomenda/1999 observações 1a. audição: Mário da Silva no SALONE DEGLI EVENTI DELL’IBRIT – (Milão-Itália) em 23 de fevereiro de 2000 Mário da Silva – O Violão no Paraná 109 4.9 OCTÁVIO CAMARGO Ano 1997 Título e Sub-título Desafignado Instrumentação Violão solo duração 1999 Suite “g” Agguas de Março Violão solo Ca. 2’49 1999 Suite “g” gRosa Violão solo Ca. 3’20 Ca.3’38 Movimentos Edição/gravações Gravação: Nova Música Brasileira/Mário da Silva/1997 Edição e Gravação: Mário da Silva, projeto Música Contemporânea para Violão Desconstruída sob Encomenda/1999 Edição e Gravação: Mário da Silva, projeto Música Contemporânea para Violão Desconstruída sob Encomenda/1999 observações Sobre tema de Tom Jobim Sobre tema de Tom Jobim Sobre tema de Pixinguinha Mário da Silva – O Violão no Paraná 110 4.10 JOÃO JOSÉ FÉLIX PEREIRA Ano 1979 Título e Sub-título Suite Antiga Instrumentação Duo de violões 1981 Duo de violões 1987 Dois Fragmentos Microsseriais Maquimal 1987 1987 Toccata Teorema I Violão solo Quarteto de violões 1988 Teorema II Quarteto de violões e clarinete 1989 Toccata I Quarteto de violões 1991 J2R Piano, violão e saxofone duração Violão solo Ca. 7’16 Movimentos Prelúdio, Alman, Corranto, Sarabande, Pavana-Venetiana, Gigg Edição/gravações observações 1ª Audição: Mário da Silva e Guilherme Campos, Auditório da EMBAP, Curitiba, em 7 de outubro de 1987 1ª Audição: Orlando Fraga, Sala Scabi, Curitiba, em 12 de setembro de 1987 1a Audição: Orlando Fraga 1987 1a. Audição: Quarteto de Violões, Auditório da EMBAP, Curitiba em 30 de agosto de 1988 1a Audição: Quarteto de Violões de Curitiba e Sérgio Albach (clarinete), Curitiba em 1988. 1a. Audição: Quarteto de violões de Curitiba 1ª Audição:Carlos Assis (piano), Guilherme Campos (violão), Rodrigo Capistrano (sax) em 1991 Mário da Silva – O Violão no Paraná 111 4.11 CARMO BARTOLONI Ano 1979 Título e Sub-título 3 Hexosigmas Instrumentação Violão e orquestra de cordas duração 1985 Divertimento Violão e um percussionista 7’00 1999 Ter Violão solo 5’00 2000 Variações à Flor da Pele Duo de violões e marimba 20’00 2000 Seresta Violão solo 5’00 2001 Sonata Aline Duo de violões 20’00. 15’00 Movimentos Edição/gravações observações 1a. Audição: Giácomo Bartoloni, violão e Orquestra de Cordas da Fundação de Artes de São Caetano do Sul/SP em 1980 1a. Audição: Giácomo Bartoloni, violão e Carmo Bartoloni, percussão em 1985 no Solar do Barão em Curitiba. Violão solo. 1a Audição: Fábio Bartoloni em 1999. 1a. Audição: Giácomo Bartoloni e Fábio Bartoloni, violões, Carmo Bartoloni, marimba em 2000. 1a Audição: Fábio Bartoloni em 2000. Inédita. Mário da Silva – O Violão no Paraná 112 4.12 HARRY CROWL Instrumentação Narrador, Soprano, Barítono, 4 flautas-doce, flauta transversal, oboé, violino, viola,2 violoncelos, violão, cravo, orgão e percussão (1)[2 tímpanos, wood-block, rouxinol, pandeiro, pratos suspensos, ptos. de choque, tambor medieval] Violino solista, soprano, 4 flautas -doce, flauta transversal (flautim), violino, violoncelo, violão, piano, cravo, percussão (2) [2 tímpanos, caixa clara, 3 ptos.susp., wood-block] duração 17’00 Ano 1987 Título e Sub-título Memento Mori 1988 Concerto para Violino 1994 /95 1995 In Solitude, for Company Flauta e violão 15’00 Icnocuícatl 2 flautas (flautins e fl.contralto), 2 clarinetas em sib (2 clarones), trompete em dó, trombone, piano a 4 mãos, violão, quarteto de cordas e percussão (3) [Bombo, tontons, caixa-clara, pratos susp., tantã, marimba, vibrafone, xilofone] 17’00 1996 Sarapalha Barítono, Tenor, Mezzo-soprano, oboé (corneinglês), violão, viola, gaita-ponto e percussão (1). 55'00 1997 Assimetrias Violão solo 13’00 1997 Lumen de Lumine violoncelo solista, flauta [flautim e fl contralto], clarineta [clarone], violão [baixo elétrico], piano e percussão (1) [4 tímpanos, caixa-clara, tontons, thaigongs, vibrafone, marimba, tubular bells, tantã] 15’00 Movimentos Edição/gravações observações 25’00 Ópera de câmera em 1 ato sobre texto homônimo de Guimarães Rosa, adaptado por Renata Pallottini. 1a. Audição: Mário da Silva 3 de maio de 2002 em Curitiba. Mário da Silva – O Violão no Paraná 113 4.13 MAURÍCIO DOTTORI Ano 1979 1992 2001 Título e Sub-título Profundamente sobre poesia de Manuel Bandeira And now the storm blast comes Instrumentação Mezzo-soprano, violão e cello. Quarteto ou quinteto de violões. All that you know not to be is utterly true Tape, 6 violinos, 2 violas, 2 cellos, 1 contra-baixo, flauta, oboé, clarinete, fagote, trumpete, trombone, 2 percussionistas, violão. duração Ca. 3’30 Movimentos Edição/gravações Ca. 6’00 Ca. 9’15 Gravação: Universidade Federal do Paraná/2002 com Orlando Fraga ao violão. observações Inédita 1a. Audição: Quarteto de Violões de Curitiba no Teatro Paiol em 1992. Obra criada e estreada na exposição da artista plástica Eleonor Gutierrez em 2001. Mário da Silva – O Violão no Paraná 114 4.14 FERNANDO RIEDERER Ano 1999 1999 2002 Título e Sub-título Um pedaço de sonoro amarrado cuja nostalgia pretende permanecer no inteligível Viagem ao fim da noite Dois Tempos Instrumentação Clarineta e violão. duração Quarteto de violões Violão, 4 flautas e 4 cellos Livre Ca. 7`00 Movimentos Edição/gravações observações Mário da Silva – O Violão no Paraná 115 O VIOLÃO NO PARANÁ - Catálogo Estatístico Compositores Garcia Branco Zenamon Mello Dudeque Budasz Campos Camargo Barnabé Pereira Bartoloni Crowl Dottori Riederer Geral % 103 51,0% 16 7,9% Instrumentação Violão solo Grupos de Câmara Pequenos Grupos de Câmara Grandes 2 violões 3 violões 4 violões Canto e violão Violino e violão Flauta e violão Violoncelo e violão Percussão e violão ConcertosOpera Violão e oboé Violão e clarinete Violão e fita magnética Violão preparado Total de Títulos Obras Gravadas Obras Editadas 7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 50 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 7 0 0 54 11 2 2 0 0 0 0 29 4 2 9 2 5 1 9 8 5 1 6 2 3 0 1 0 2 0 0 1 0 0 0 0 0 2 1 0 0 0 2 1 0 0 0 2 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 10 1 3 7 3 1 1 84 22 32 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 6 3 1 3 3 3 1 0 0 0 4 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 2 0 2 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 0 1 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 0 4 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 2 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 1 1 8 0 0 6 0 0 7 0 0 3 1 0 3 0 0 8 4,0% 13 6,4% 2 1,0% 15 7,4% 1 0,5% 9 4,5% 12 5,9% 5 2,5% 2 1,0% 11 5,4% 1 0,5% 1 0,5% 2 1,0% 1 0,5% 202 100,0% 45 22,3% 43 21,3% Mário da Silva – O Violão no Paraná 116 O VIOLÃO NO PARANÁ - Quadro Estatístico de 1940 a 2002 Mário da Silva – O Violão no Paraná 117 5 CONCLUSÃO No Paraná, com concentração na cidade de Curitiba, existe uma comunidade violonística de expressão, tanto de intérpretes quanto de compositores, cujas atividades tiveram início na década de 30 e persistem até os dias de hoje. Este fato se confirma na discografia (Anexo 1) e no catálogo de obras, listando um total de 202 títulos, com maioria de obras para violão solo (103) mas englobando também formações camerísticas desde duos a grupos maiores, e 10 concertos para violão e orquestra. Este trabalho apresenta o catálogo de obras de 14 compositores paranaenses, classificados aqui em três grupos: (1) compositores nascidos entre 1916 e 1953; (2) compositores violonistas da nova geração nascidos após 1953; (3) compositores nãoviolonistas da nova geração após 1953. O grupo de compositores nascidos entre 1916 e 1953, engloba desde o precursor Admar Garcia até compositores paranaenses da atualidade como Waltel Branco, Jaime Zenamon e Arrigo Barnabé. Como características comuns à maioria dos nomes deste grupo estão: uso de tonalidade, elementos da música popular brasileira e uso de formas clássicas. Como características particulares estão o uso do melonome por Waltel Branco e de elementos programáticos por Zenamon. Este último representa a interseção entre o neoclássico e a vanguarda, utilizando instrumentos nãoconvencionais como ventiladores e música eletroacústica. Arrigo Barnabé se diferencia neste grupo com uma linguagem ligada mais diretamente à vanguarda; sua obra para violão é serial. No grupo dos compositores violonistas da nova geração nascidos após 1953, observamos uma diversidade acentuada de linguagens associada à experimentação e exploração das possibilidades sonoras do violão. Chico Mello utiliza acordes de quartas e quintas superpostas e sobrepostas, microtonalidade e aleatoriedade controlada, e desenvolve jogos lúdicos entre som e silêncio, atonalidade e harmonias de canções da música popular brasileira e theater music. Nesta mesma linha, Octávio Camargo faz uma síntese entre a música popular urbana e a música experimental em algumas de suas obras e utiliza o sistema tonal. Norton Dudeque desenvolve modos Mário da Silva – O Violão no Paraná 118 próprios originados dentro da oitava, explorando-os através de inversão, mudança de registro, retrogradação, condensação, saturação e rarefação. Dudeque também utiliza reiteração com apresentação de elementos novos derivados de anteriores, ritmos sincopados, pedais, ostinati, acordes construídos a partir de quartas ou quintas superpostas. Rogério Budasz desenvolve o sistema modal, trabalhando com moto contínuo melódico, motivo rítmico, reiteração e processos isorrítmicos. Guilherme Campos utiliza o sistema atonal, buscando técnicas da música contemporânea com base na arte literária; paralelamente utiliza aleatoriedade controlada e instrumentos não-convencionais (como caixa de fósforo) e reiteração. No grupo dos compositores não-violonistas da nova geração nascidos após 1953, observou-se a interação com os violonistas paranaenses, na busca de escritas idiomáticas para o instrumento. A diversidade de linguagens também é marcante. Arrigo Barnabé utiliza sistema serial e texturas contrapontísticas atonais com freqüente alternância de fórmulas de compasso. A linguagem atonal também é o ponto de partida de João José de Félix Pereira, que a utiliza de maneira diversa, criando módulos próprios atonais agregados a formas tradicionais, como a suíte. Além disso, Félix Pereira tem desenvolvido sistemas baseados em fórmulas matemáticas utilizando-se da planimetria. Assim como Félix Pereira, Maurício Dottori utiliza conjuntos fechados de acordes, embora dentro do sistema tonal. Utiliza também o sistema eletroacústico para instalação sonora. Harry Crowl apresenta idioma atonal livre, com incursões à tonalidade e ao modalismo, explorando todas as possibilidades do violão sob o ponto de vista da tessitura e do timbre. Fernando Riederer escreve com características atonais livres; também utiliza aleatoriedade controlada, grafismos e seções abertas nãomensuradas. Carmo Bartoloni utiliza o sistema tonal e formas convencionais. Podemos observar um constante intercâmbio de atividades violonísticas entre o Paraná e os demais estados da região Sul e Sudeste que acontece de várias formas: com intérpretes de outros estados executando obras de compositores paranaenses – o duo Norton Morozowicz-Sérgio Abreu interpretou Reflexões (1977) para violão e flauta de Chico Mello; com intérpretes paranaenses realizando obras de compositores de outros estados – por exemplo, Orlando Fraga gravou Livro para Seis Cordas (1974) Mário da Silva – O Violão no Paraná 119 de Almeida Prado e Momentos I (1974) de Marlos Nobre; e com a geração mais recente de compositores atuantes em Curitiba, vindos de outros Estados. Paralelismos de estilo podem ser encontrados entre a produção do Paraná e a produção do Sul e Sudeste. Por exemplo, no Rio de Janeiro, uma tendência idiomática, bastante peculiar e que caracteriza a composição nessa cidade, é o desenvolvimento rítmico através de percussões no instrumento. Essa característica pode ser observada desde a Ritmata (1974), de Edino Krieger, com as primeiras experimentações de percussão no tampo e braço do instrumento, passando pela Lúdica I (1981), de Ricardo Tacuchian, que utiliza, além de percussões no tampo, glissandos com a unha da mão direita, até o sistema composicional desenvolvido por Arthur Kampela nos seus Percussion Studies (1990-93), que ele mesmo denomina “The Tapping Technique” (técnica percussiva). Essa característica é encontrada na produção paranaense: em Reflexões no.3 (1977) para flauta e violão, Jaime Mirtenbaum Zenamon utiliza percussões no tampo do violão, e na obra Balacubaco (1999), Guilherme Campos agrega percussão no tampo ao simultâneo uso da voz do intérprete. Para fins de comparação, classificamos aqui os compositores citados do Paraná e Sul e Sudeste em violonistas e não-violonistas: Compositores violonistas paranaenses Admar Garcia, Waltel Branco, Jaime Mirtenbaum Zenamon, Norton Dudeque, Chico Mello, Guilherme Campos, Rogério Budasz, Octávio Camargo Compositores violonistas sul e sudeste Heitor Villa-Lobos, Arthur Kampela, Alexandre Faria, Giácomo Bartoloni, Paulo Porto Alegre, Paulo Bellinati, Fernando Mattos, Daniel Wolff, Vinícius Corrêa Compositores não-violonistas paranaenses Arrigo Barnabé, João José Félix Pereira, Carmo Bartoloni, Harry Crowl, Maurício Dottori, Fernando Riederer. Compositores não violonistas sul e sudeste Edino Krieger, Radamés Gnatalli, Bruno Kiefer, James Correa, Francisco Mignone, Camargo Guarnieri, Guerra-Peixe, Marlos Nobre, Ricardo Tacuchian, Ségio Vasconcelos Corrêa, Almeida Prado, Roberto Victório Traçando comparações entre nomes de grupos afins, observamos que entre os compositores violonistas há semelhanças entre obras de Jaime Zenamon - Sonata Andina (1982) - e de Giácomo Bartoloni – Tango Martes (1988) -, os quais utilizam gêneros latino-americanas agregados a efeitos idiomáticos do instrumento. Considerando Chico Mello e Arthur Kampela, ambos buscam ir além das convenções Mário da Silva – O Violão no Paraná 120 da interpretação de concerto, utilizando processos não convencionais para novas sonoridades: Kampela utiliza-se de objetos como colher, deslizamento da unha da mão esquerda sobre a corda, provocando ruído e percussões diversas em Percussion Studies (1990-93); e Chico Mello utiliza caneta em Do Lado do Dedo (1986), deslocamento do intérprete entre cadeiras, percussões diversas em Entre Cadeiras (1999). Entre compositores não violonistas Arrigo Barnabé em Fragmentos (1999) e Edino Krieger em Concerto (1994), utilizam o atonalismo e processos seriais da composição. Ricardo Tacuchian em Lúdica I (1981) e João José Félix Pereira em Dois Fragmentos Microseriais (1981), procuraram pesquisar as sonoridades do instrumento. Portanto podemos afirmar que os compositores violonistas utilizam-se com mais freqüencia de modelos violonísticos idiomáticos em suas obras, enquanto que por parte dos compositores não violonistas observa-se pensamento organizacional através de técnicas diversificadas, numa ampla reflexão sobre a eficácia sonora e sobre o papel do violão de concerto na produção contemporânea brasileira. A produção paranaense para violão se insere no contexto regional e confirma estas tendências. As obras paranaenses para violão revelam uma grande diversidade de linguagens, desde sistemas tradicionais da composição tonal até a mais radical das experimentações, incursões pela eletroacústica e instrumento preparado, tornando bastante oportuno o desenvolvimento de palhetas diversificadas de sonoridades por parte dos violonistas paranaenses. Além dos intérpretes mencionados no ANEXO 1, é importante salientar os grupos camerísticos de Curitiba que foram responsáveis pela divulgação de boa parte deste repertório destacando-se o Intermezzo (coordenado por Chico Mello na década de 70), Quarteto de Violões de Curitiba (coordenado por Orlando Fraga na década de 80) e o grupo Contemposonoro (coordenado por Bertold Türcke e Chico Mello na década de 90). A interação entre compositores e intérpretes paranaenses possibilitou que compositores não-violonistas também produzissem para instrumentos seguindo a mesma tendência de Andrés Segovia, Julian Bream e John Williams, que motivaram compositores de sua época a produzirem para violão. Isto ocorreu com o Trio de Violões Giuliani, na década de 70, formado por Orlando Fraga, Norton Dudeque e Mário da Silva – O Violão no Paraná 121 Jaime Mirtenbaum Zenamon, que interpretava obras deste último (Suíte Caricaturas, 1978)69, Orlando Fraga, que interpretava obras de João José Felix Pereira (Toccata II, 1987), o Quarteto de Violões de Curitiba, formado por Guilherme Campos, Mário da Silva, Paulo Demarchi e Rogério Budasz, que interpretava obras de Jaime Mirtenbaum Zenamon (Contrastes, 1988), João José Felix Pereira (Teorema I, 1987), Chico Mello (Dança, 1984), Maurício Dottori (And now the storm blast comes, 1992), Guilherme Campos (Cidade 1987) e Rogério Budasz (Ritos, 1991) e Mário da Silva que interpretava obras de Norton Dudeque (Peça para Violão 1, 1995), Guilherme Campos (Balacubaco, 1998), Arrigo Barnabé (Fragmentos, 1999) e Harry Crowl (Assimetrias, 1998). Esta ação mútua entre intérpretes e compositores paranaenses promove assim o crescimento de ambos: de um lado os compositores, solicitando o emprego de novas sonoridades e exigindo detalhamento timbrístico para clareza de texturas e estruturas complexas, e de outro os intérpretes, fornecendo aos compositores elementos para estes avanços e sendo instigados por estas solicitações. No catálogo de obras para violão que complementa essa dissertação, de um total de 202 títulos, 45 obras foram gravadas e 43 foram editadas. Mesmo assim, no que diz respeito ao acesso desse material, alertamos para o fato de que na grande maioria dos casos são as formas mais “caseiras” de publicação que predominam, como a entrega pelo próprio compositor de cópias impressas a partir de seu computador pessoal—quando não fotocópias de manuscritos -, que não se revelam meios adequados para a distribuição em grande escala. A produção paranaense contemporânea para violão é recente impossibilitando a definição de um perfil genérico. Todavia pudemos observar que há um preferência pelo atonalismo e por explorações de sonoridades não convencionais como percussão no tampo e no braço. A produção da música paranaense para violão tem atingido níveis bastante significativos, tanto quantitativa como qualitativamente. A posição dessas obras no cenário nacional do violão do século XX e na música contemporânea é notória e 69 Concerto de 1979 no Teatro Paiol, Curitiba. Mário da Silva – O Violão no Paraná 122 intérpretes paranaenses têm levado este repertório para públicos nacionais e internacionais diversificados. Este trabalho apresenta uma visão panorâmica da produção violonística paranaense, o que certamente servirá de base para pesquisas futuras sobre fatias deste rico repertório. Mário da Silva – O Violão no Paraná 123 REFERÊNCIAS 1 AZEVEDO, Luiz Heitor Correia. 150 anos de Música no Brasil (1800-1950). Rio de Janeiro: José Olympo, 1956. 2 BARBOSA, Valdinha Barbosa; DEVOS, Anne Marie. Radamés Gantalli: o eterno experimentador. Rio de Janeiro: FUNARTE/ Instituto Nacional de Música, 1984. 3 BARTOLONI, Giácomo. Violão: a imagem que fez escola. Tese (Doutorado em Música ) UNESP, 1995 4 BRANCO, Waltel Branco. Entrevista concedida ao autor. Curitiba 10 abr. 1998/30 maio 2001. 5 BUDASZ, Rogério. Sobre a música no Paraná. Gazeta do Povo, Curitiba, 25 set. 1995. Caderno G. 6 CAMERON, Pedro. Estudo programado de violão. São Paulo: Irmãos Vitale, 1978. 7 CARLEVARO, Abel. Escuela de La Guitarra - Expoposición de La Teoría Instrumental. Buenos Aires: Barry, 1979. 8 CARVALHO, Leandro. A música para violão de Heitor Villa-Lobos e João Pernambuco. ANAIS DO I SIMPÓSIO LATINO-AMERICANO DE MUSICOLOGIA. Fundação Cultural de Curitiba, 1998, p. 255-264. 9 COOPER, Colin. “Marlos Nobre: Speaking Internationally, Colin Cooper interviews with Marlos Nobre”, CLASSICAL GUITAR 12 n. 3, November, 1993, p.39. 10 COSTA LIMA, Paulo. Ernest Widmer e o ensino de composição musical na Bahia. Salvador: Fazcultura/Copene, 1999. 11 DIÓGENES DE, O. J. Violão Brasileiro, 80 anos. Prefeitura Municipal de Paulicéia, 1981. 12 DUDEQUE, Norton Eloy. Harmonia tonal e o conceito de monotonalidade nos escritos de Arnold Schoenberg. Dissertação de Mestrado em Musicologia - ECAUSP, 1997. 197 f. 13 _____. Schoenberg e a função tonal. REM-Revista Eletrônica de Musicologia, Disponível em: www.cce.ufpr.br/~rem Acesso em 14/05/2001 v. 2.1 – out. 1997 . Mário da Silva – O Violão no Paraná 124 14 _____. História do violão. Curitiba: UFPR, 1997. 15 _____. Música Contemporânea Paranaense. Partitura, Curitiba: UFPR, 1994. 16 EGG, André. “Tetraktys” para violão de Roberto Victório. Monografia (Curso de Especialização em Estéticas e Interpretação na Música do Século XX), EMBAP, Curitiba, 2001. 17 _____. A obra para violão de Roberto Victório. Violão Intercâmbio, Santos, n. 47, ª 7, p. 23-26, 2001. 18 FRAGA, Orlando. O violão no Paraná. REM-Revista Eletrônica de Musicologia. Disponível em: www.cce.ufpr.br/~rem; http://www.cce.ufpr.br/~ofraga/disc.html Acesso em: 22/02/2001. 19 GRAÇAS, Maria R J. Violão carioca: nas ruas, nos salões, na universidade uma trajetória. Dissertação de Mestrado em Música, UFRJ, 1995. 20 MANTELLI, Ricardo. Jaime Zenamon: catálogo temático – violão solo (19741998). Monografia (Curso de Especialização em Estética e Interpretação da Música do Século XX). EMBAP, 2001. 21 MARIZ, Vasco. Cláudio Santoro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1994. 22 _____. História da música no Brasil. 5ª ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. 23 MATTOS, Fernando. Sons perdidos. O violão na obra musical de Bruno Kiefer. Porto Alegre, Encarte de Compact Disc, 2000. 24 MELLO, Laura Ritzmann de Oliveira. Comparações entre os procedimentos estéticos em Júlio Cortazar em o Jogo da Amarelinha e Chico Mello em Amarelinha. Monografia (Curso de Especialização em Estética e Interpretação da Música do Século XX), EMBAP, 2001. 25 MELLO/OCOUGNE, C. S. Música brasileira de(s)composta. Wandelweisers Records,1996. Encarte de Compact Disc. Berlim: 26 Villa-Lobos, sua obra. 3. ed. Rio de Janeiro: Museu Villa-Lobos, 1989, 3a. ed. 27 NEVES, José Maria. Música contemporânea brasileira. São Paulo: Ricordi Brasileira, 1977. Mário da Silva – O Violão no Paraná 125 28 NOBRE, Marlos. Lista de obras. Disponível em: http://sites.uol.com.br/marlosnobre/listaobras.html Acesso em: 09/02/2002 29 PÁSCOA, Márcio. Cláudio Santoro. Disponível em: http://www.visitamazonas.com.br/serie_memoria_website/ensaios/18_claudio.htm Acesso em: 15/12/2001. 30 PETRACA, Ricardo Mendonça. Um signo em expressão: maestro João José de Félix Pereira, Biografia e Catálogo de Obras: 1957-1995. Monografia (Curso de Especialização em História da Arte e Música na EMBAP), 1996. 31 PINTO, Henrique. Iniciação ao violão. São Paulo: Ricordi Brasileira, 1978. 32 _____. Curso progressivo de violão. São Paulo: Ricordi Brasileira, 1982. 33 PROSSER, Elisabeth Seraphim. Um olhar sobre a música de José Penalva: catálogo comentado. Curitiba: Champagnat, 2000. 34 _____. “Tendências da música contemporânea em Curitiba na segunda metade do século XX”. ANAIS III SIMPÓSIO LATINO AMERICANO DE MUSICOLOGIA, Fundação Cultural de Curitiba, 2000. p. 309-321. 35 SÁVIO, Isaías. Escola moderna de violão. São Paulo: Ricordi Brasileira, 1961. 36 SAMPAIO, Marisa Ferraro. Reminiscências musicais de Charlotte Frank. Curitiba: Lítero Técnica, 1984. 37 SCHOENBERG, Arnold. Fundamentos da composição musical. Trad. De: Eduardo Seincman. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1993. 38 SILVA JR, Mário. A música experimental paranaense e o repertório de grupos de câmara com violão. Monografia (Curso de Especialização em Música de Câmara), EMBAP, 1998. 39 _____. Música para Violão no Paraná. Violão Intercâmbio, Santos, n. 36, Ano 7, p. 23-25., jul./ago. 1999. 40 _____. Encarte de Compact Disc, Nova música brasileira. Curitiba, 1997. 41 _____.Encarte de Compat Disc, Música desconstruída sob encomenda, Curitiba, 2000. contemporânea para 42 SIMÕES, Ronoel. The Guitar in Brazil. Guitar Review, n. 22, 1958, p .6. violão Mário da Silva – O Violão no Paraná 126 43 SOUZA, Marcio. Entrevista com Daniel Wolff. Violão Intercâmbio, Santos, n. 40, a. 7, p. 4-8, mar./abr. 2000. 44 TACUCHIAN, Ricardo. Imagem carioca, obras para violão. Escrito por Ricardo Tacuchian, Rio de Janeiro, 2000. Encarte de Compact Disc. 45 _____. “Duas décadas de música de concerto no Brasil: tendências estéticas”. ANAIS DO XI ENCONTRO NACIONAL DA ANPPOM, Universidade de Campinas (UNICAMP), 24 A 28 de agosto 1998. Rio de Janeiro: UNICAMP, 1998, 1-4. 46 TEIXEIRA, Moacyr Garcia Neto. Música contemporânea brasileira para violão. Vitória: A1, 1996. 47 _____. Música contemporânea brasileira para violão. Dissertação de Mestrado em Música, UFRJ, 1996. 48 TURNBULL, H.; HECK, T.F. Guitar. The New Grove’s Dictionary, Londres, 1983. 49 VETROMILLA, Clayton Daunis. Introdução à obra para violão solo de GuerraPeixe. Dissertação de Mestrado em Música, Escola de Música - UFRJ, 2002. 50 WOLFF, Daniel. Concerto à Brasileira. Porto Alegre, Encarte de Compact Disc, 2000. 51 ZANON, Fábio. Prefácio. In: SILVA JR, Mário. Música contemporânea para violão desconstruída. Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 2001. Mário da Silva – O Violão no Paraná 127 FONTES PRIMÁRIAS 1. Manuscritos: Acervo particular dos compositores, de Orlando Fraga e Mário da Silva Jr. 2. Correspondência Eletrônica com compositores trocadas em 2001 e 2002: Alexandre Faria,Antonio Carlos Borges Cunha Arrigo Barnabé, Daniel Wolff , Edino Krieger, Fernando Mattos, Leo Brouwer, Norton Dudeque, Paulo Porto Alegre, Ricardo Tacuchian, Roberto Victório e Rogério Budasz. 3. Correspondência Eletrônica com violonistas trocadas em 2001 e 2002: Everton Gloeden, Edelton Gloeden, Fábio Zanon, Giácomo Bartoloni, Graça Alan, Henrique Pinto, Krishna Salinas, Luiz Cláudio Ferreia, Márcio de Souza, Moacyr Teixeira Neto e Paulo Bellinati. 4. Entrevistas: FRAGA, Oscar. Entrevista concedida ao autor. Curitiba, 5 jun. 2001 PRODÓSSIMO, Valdomiro. Entrevista concedida ao autor. Curitiba, 28 maio 2001 Mário da Silva – O Violão no Paraná 128 ANEXO 1 DISCOGRAFIA DO VIOLÃO NO PARANÁ O catálogo fonográfico de violão no Paraná foi elaborado a partir dos arquivos do MIS (Museu da Imagem e do Som do Paraná), da Rádio Educativa do Paraná e de arquivos pessoais do pesquisador e dos compositores paranaenses. Para constituir este catálogo foram selecionados Long Plays e Compact Discs contendo gravações de obras de compositores paranaenses para violão e/ou obras (de compositores paranaenses ou não) interpretadas por alaudistas e violonistas paranaenses. Nesta discografia estão presentes os compositores Arrigo Barnabé, Chico Mello, Guilherme Campos, Jaime Mirtenbaum Zenamon, Luiz Fernando Melara, Norton Dudeque, Octávio Camargo e Waltel Branco, os intérpretes alaudistas Sergio Silvestri e Ângelo Esmanhoto e os intérpretes violonistas Andréa Bernardini, Chico Mello, Guilherme Campos, Jaime Mirtenbaum Zenamon, Luiz Claudio Ribas Ferreira, Mário da Silva, Norton Dudeque, Orlando Fraga, Paulo Demarchi, Rogério Budasz, Vital Joffily e Waltel Branco. Mário da Silva – O Violão no Paraná 129 1. TÍTULO:Waltel Branco, Música do Século XVI ao XX DADOS EDITORIAIS: 1974, CID DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco 33 1/2 rpm Estereofônico Vinil 12" ENCARTE: sem texto CONTEÚDO: Face A: Anônimo: Canções do Século XVI; Gluck: Ballet; Schumann: Romanza; Brahms: Valsa no. 15; S.L.Weis: Ballet; F. Chopin: Prelúdio 20; Fernando Sor: Estudos 1 e 6. Face B: F. Poulenc: Sarabande; Waltel Branco: Prelúdio, Sarabanda e Bourrée; Villa-Lobos: Prelúdio 2; Pieter Van Der Staak: Andante; Waltel Branco: Moda de Viola. ASSUNTO/GÊNERO: 1.Violão 2.Solo.3.Erudito 2. TÍTULO: Waltel Branco, Recital DADOS EDITORIAIS: 1978, Som Livre ENCARTE: Texto de Júlio Medaglia DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco 33 1/2 rpm Estereofônico Vinil 12" CONTEÚDO: Face A: Heitor Villa-Lobos: Bachiana no.5; Waltel Branco: Ponteio, Brasil (Andante Moderato, Presto, Argamasse; Tárrega: Estudo no. 1, Dolor; Face B: Maria Tereza Paradis: Ciciliana; Luys Narvaez: Diferencias sobre Guardame Las Vacas.Radamés Gnatalli: Estudo no.2; Christoph Willibald Gluck: Ballet. J.S.Bach: Minueto e Prelúdio 13 (Transcrição Waltel Branco); Waltel Branco: Romance do pescador ASSUNTO/GÊNERO: 1.Violão 2.Solo.3.Erudito 3. TÍTULO: Casamento Campestre Jean Roteterre DADOS EDITORIAIS: 1979, Fundação Cultural de Curitiba, Polygram DESCRIÇÃO FÍSICA: 2 discos 33 1/2 rpm Estereofônico Vinil 12" ENCARTE:Texto de Eduardo da Rocha Virmond CONTEÚDO: Jean Roteterre: Suite Casamento Campestre: 1ª Parte – Prólogo: Prelúdio/ 1a Marcha Nupcial/Sarabanda/Marcha da Volta/Os cumprimentos. 2a Parte – O Banquete: Overture – Le Festin/Aria I e II/A procissão/Rondó/Marcha dos Pastores/ Bourrée/ Sarabanda/Menuet I e II/Musette/Branle/Rondó Rústico. 3ª Parte – O Baile: Entrada do Baile/ Quatro Menuets/Rigadon 1 e 2/ Ária Pastoral/ Passepied 1 e 2/ Contredanse/ Cotilon. 4ª Parte: Epílogo: Le Coucher/Despertar Matinal. ASSUNTO/GÊNERO: 1.Orquestra, Coro e solistas 2.Erudito INTÉRPRETES: Jaime Mirtenbaum Zenamon, Norton Dudeque (violão) e Roberto de Regina (1927) (regência), Camerata Antiqua de Curitiba (orquestra), Camerata Antiqua de Curitiba (coro). 4.TÍTULO: Chico Mello e Helinho Brandão DADOS EDITORIAIS: 1984, Sir Laboratório DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco 33 1/3 RPM Stereo Vinil 12 pol ENCARTE:Texto de Chico Mello CONTEÚDO: Lado A: Hélio Brandão e Chico Mello: Água; Hélio Brandão: Improviso I; Chico Mello: Baiando; Lado B: Chico Mello: Matraca; Hélio Brandão e Chico Mello, Gerson Kornin: Improviso II; Chico Mello: Dança p/ 4 violões ASSUNTO/GÊNERO: 1.Grupo Instrumental 2.Erudito 3. Música Experimental INTÉRPRETES: Chico Mello e Helinho Brandão Mário da Silva – O Violão no Paraná 130 5. TÍTULO: El Alme de las Estampas DADOS EDITORIAIS: 1986, Sucadee Music, Berlim DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Jaime Mirtenbaum Zenamon CONTEÚDO: Lado A: Luiz Bonfa: Passeio no Rio, Sambalamento, Na Sombra da Mangueira; Jaime M Zenamon: 24 Estampas: 1. Nostalgia 2. Danza de las Sulfrides 3. Ronda 4. El Pequeño Coche 5. Sarabande 6. Mi Amigo es Fantasma 7. Pagoda 8. Diálogo entre el tio y el noño 9. Bossa 10. Preludio 11. Cubanita. Lado B (continuação) 12. El elefante volador13. Eco 14. El camino del inca 15. El tren16. En la montaña 17. Danza de las brujas 18. Pieza en Do 19. Carta de amor 20. Dia de inverno 21. Ciudad grande 22. El anillo perdido 23. Niños solitarios 24. Despedida. Ramirez, A.: Alfonsina y el Mar ASSUNTO/GÊNERO: 1. Violão 2. Erudito 3. Música Latino-Americana INTÉRPRETE: Jaime Mirtenbaum Zenamon 6. TÍTULO: Orlando Fraga, violão DADOS EDITORIAIS: 1987, Fundação Cultural de Curitiba, Skylab DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco 33 1/3 RPM Stereo Vinil 12 pol ENCARTE:Texto de Orlando Fraga CONTEÚDO: Lado A- Francis Poulenc: Sarabande (1960); Abel Carlevaro: Preludios Americanos n. 4 "Ronda"; Marlos Nobre: Momentos I (1974); Leo Brouwer 1939-: Elogio de la Danza (1969); Lado B – Almeida Prado: Livro para Seis Cordas (1974); Chico Mello: Do Lado do Dedo (1986). ASSUNTO/GÊNERO: 1.Violão 2.Erudito INTÉRPRETE: Orlando Fraga 7. TÍTULO: Promenade DADOS EDITORIAIS: 1988, Polygram Internacional Music B.V.Baarn. Londres Inglaterra. DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Jaime Mirtenbaum Zenamon CONTEÚDO: Jaime Mirtenbaum Zenamon: Thirteen Kittle Eights · Real Pink II ·Pantanal · End of a Film · Aimaras · The Funny Side of the Street; Roo, M., Jaime Mirtenbaum Zenamon: Three against Four; Appelt, Roo, D. Jaime Mirtenbaum Zenamon: Promenade of the Times Through the Countries Klaus Gertken Diotima ASSUNTO/GÊNERO: 1. Violão 2. Erudito 3. Duo INTÉRPRETE: Jaime Mirtenbaum Zenamon 8.TÍTULO: Luiz Cláudio Ribas Ferreira, violão DADOS EDITORIAIS: 1989, Sir Laboratório DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco 33 1/3 RPM Stereo Vinil 12 pol NOTA: Gravado em 1987, patrocínio Banco Nacional ENCARTE:Texto de Luiz Claudio Ribas Ferreira CONTEÚDO: A- John Dowland: Lachrimae Antiquae Pavan/Lady Clifton’s Spirit/Sir. John Langhton’s Pavan/Sir John Smith his Almain/The Eare of Essex/ Fantasy I. B – Isaac Albeniz 1860-1909: Granada / Cadiz / Cuba / Mallorca /Sevilla.Total 56’ ASSUNTO/GÊNERO: 1.Violão 2.Erudito INTÉRPRETE: Luiz Claudio Ribas Ferreira Mário da Silva – O Violão no Paraná 131 9. TÍTULO: Quarteto de Violões de Curitiba DADOS EDITORIAIS: 1991, Fundação Cultural de Curitiba DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco 33 1/3 RPM Stereo Vinil 12 pol NOTA: Transcriçõs e Arranjos: Orlando Fraga CONTEÚDO: Lado A – Antonio de Cabezon: 5 Diferencias sobre el Canto del Caballero; John Dowland: The Earl of Essex, his Galliard - Captain Digorie Piper's Galliard - The King of Denmark, his Galliard; Igor Stravinsky 1862-1971: Waltz – Andante – Balalaika; Guilherme Campos da Silva: Cidade 87; Lado B – Homero Perera,: Hojas – Charcos – Domingo; Astor Piazzolla: Tango de Angel - Verano Poteño ASSUNTO/GÊNERO: 1.Música de Câmara 2.Violão 2.Erudito INTÉRPRETES: Quarteto de Violões de Curitiba (Mário da Silva, Guilherme Campos, Paulo Demarchi, Rogério Budasz e Orlando Fraga). 10. TÍTULO: Guitarrenmusik des 20. Jahrhunderts aus Lateinamerika DADOS EDITORIAIS: 1993, Gravado em Berlin.Barry-Musik, 1982 DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Jaime Mirtenbaum Zenamon CONTEÚDO: Lado A- Leo Brouwer (Cuba) – Musica Incidental Campesina: - Preludio – Interludio -Danza – Final; Francisco Mignone (Brasil): BrazilianSong; Manuel Ponce (México): Arrulladora Mexicana – Scherzino – Intermezzo; Guido Santorsola, (Uruguai): Finale da Suite Antica. Lado B: Marcela Rodriguez (México) – Madrugada; Jaime M. Zenamon, (Bolivia): Sonata Andina: - Vivo - Lento - Bien Animado; Leo Brouwer (Cuba): 4 Micro Piezas ASSUNTO/GÊNERO: 1.Duo. 2.Violão 3. Erudito, Música Latino-Americana INTÉRPRETE: Laurie Randolph e Jaime Mirtenbaum Zenamon 11. TÍTULO: Jóias da Música Antiga - Sarau na Capela Magdalena DADOS EDITORIAIS: 1994, Paulus DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Roberto de Regina CONTEÚDO: N. Riminsku-Korsakoff: Pater noster (quarteto vocal solo); Henry Purcell: Music for a while (voz e violão); Thomas Campion: Never weather-beaten sail (voz e violão): John Bennet: Weep, o mine eyes (quarteto solo); Thomas Morley: April is my Mistress' face (quarteto solo); John Dowland: Can she excuse (quarteto solo) - Flow, my tears (voz e violão)Fantasia VII (violão solo) – Come again (voz e violão); Phillip Rosseter: When Laura smile (voz e violão); Henry Purcell: Ground (cravo solo) - O, lead me (voz e violão); G. F.Handel: Sweet Rose and Lilie (voz e violão) J. S Bach: Prelúdio da Partita 2 para alaúde (violão solo); Clement Janequin: Ce moys de may (quarteto solo) - Le chant des oyseuax (quarteto solo) – Mámye a eu de Dieu (quarteto solo) Francis Pilkington: Rest sweet nymphs (quarteto solo) ASSUNTO/GÊNERO: 1.Grupo Vocal. 2.Violão 3.Cravo. 4.Erudito. 5. Música Antiga INTÉRPRETE: Mário da Silva, Quarteto Angra (Darcy de Almeida, soprano, Paulo Mestre, contra-tenor Marcos de Brito, tenor Ademir Silva, baixo) COORDENAÇÃO: Roberto de Regina Mário da Silva – O Violão no Paraná 132 12. TÍTULO:Waltel Branco, Entre Amigos DADOS EDITORIAIS: 1994, CID DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 Fita Cassete, Estúdio Coda. ENCARTE: não há texto CONTEÚDO: Face A: Waltel Branco: 1. Só Nata Brasileira; 2. Rua das Flores; 3. Fantasia Romântica; 4. Choro Pra Turíbio; 5. Estrela; 6. Vida. Face B: Waltel Branco: 1. Ao Cair da Tarde; 2. Paranaguá; 3. Caprichoso; 4. Ninho de Cobra; 5. Forró de Lucas Pacote; 6. Choro Empacotado; 7. O Anjo e o Vampiro; 8. Maha Mantra. ASSUNTO/GÊNERO: 1.Violão 2.Solo.3.Erudito INTÉRPRETE: Waltel Branco 13. TÍTULO: Rêverie DADOS EDITORIAIS: 1996 DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Edelton Gloeden CONTEÚDO: Tomaz Albinoni: Adagio 8’18; Francisco Tárrega: Adelita 2’43; Johann Sebastian Bach: Ave Maria 6’11; Vital Joffily: Quando bem Longe eu Estiver 2’46 – Lembranças da Infância 6’49; Robert Schumann: Rêverie; Wolfgang Amadeus Mozart: Marcha Turca 3’44; Franz Schubert: Serenata 4’14; Johann Sebastian Bach: Jesus Alegria dos Homens 2’55 ASSUNTO/GÊNERO: 1.Violão 2.Solo. 3.Erudito INTÉRPRETE: Vital Joffily 14. TÍTULO: Música Brasileira De(s)composta DADOS EDITORIAIS: 1996, Wandelweisers Records DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Chico Mello CONTEÚDO: 1. John Cage na praia n. 1 Mello/Ocougne; 2. Hermeto Paschoal: Bebê. 3. Chico Buarque: Samba e Amor 4. John Cage na praia n. 2 Mello/Ocougne; 5. Mello/Ocougne: Dentro do Tubo 1. 6. Mello/Ocougne: Dentro do Tubo 2 7. John Cage na praia n. 3 Mello/Ocougne; 8. Chico Mello: Do Lado do Dedo 9. Baden Powel: Berimbau 10. Pixinguinha: 1x0; 11. Adoniran Barbosa: Trem das Onze; 12. John Cage na praia n. 4 Mello/Ocougne. ASSUNTO/GÊNERO: 1.Grupo Instrumental 2.Erudito 3. Música Experimental INTÉRPRETES: Chico Mello e Silvia Ocougne, violão 15. TÍTULO: Nova Música Brasileira - Mário da Silva DADOS EDITORIAIS: 1997, Fundação Cultural, Lei de Incentivo -Sonopress DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Mário da Silva e Octávio Camargo CONTEÚDO: Garoto: Jorge do Fusa - Lamentos do Morro; Waltel Branco: Argamassa (Prelúdio) - Ninho de Cobra; Radamés Gnatalli: Dança Brasileira; Edino Krieger: Ritmata; José Eduardo Gramani: Pinho; Jaime Mirtenbaum Zenamon: The Black Widow; Guilherme Campos: Divertimento 5; Octávio Camargo: Desafignado; Norton Dudeque: Peça para Violão Solo; Chico Mello: Dança ASSUNTO/GÊNERO: 1. Violão 2. Erudito INTÉRPRETE: Mário da Silva Mário da Silva – O Violão no Paraná 133 16. TÍTULO: Terra Sonora DADOS EDITORIAIS: 1997, Música de diversas regiões do mundo DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Plínio da Silva CONTEÚDO: 1. Mongólia: Argagüj, Amrag; 2. Lapônia: Normu Jovnna; 3. Brasil, José Eduardo Gramani e Ana Salvagni: Seresta; 4. Venezuela: El Quitapesares; 5. Albânia: Byibali; Brasil, Roberto Corrêa: Baião do Pé Rachado; 7. Bachkiria: Plasavay; 8. Brasil, Manchinha: Pura Inspiração; 9. Noruega: Kamma no; 10. Armênia: O ma belle; 11. Grécia: Yerakina; 12.Transilvânia: Istenem, Istenem; 13. Brasil: José Eduardo Gramani: Manaira; 14. Espanha: Esta noite hai unha fia; 15. Mongólia: Torgud nutag; 16.Brasil: Rogério Gulin: Serra Baixo; 17. China: Phoenix at the lakeshore; 18.Noruega: Kjetta; 19. Zimbábue: Chipindura; 20. Tuva: Dayr-Todur. Total 56:17 ASSUNTO/GÊNERO: 1.Música de Câmara. 2. Música de regiões diversas. INTÉRPRETES: Grupo Terra Sonora: Giampiero Pilatti, flauta; Adriano Mottin,percussão; Plínio Silva, flautas; Rogério Gulin, viola caipira; Andréa Bernardini violão e vozes; Liane Guariente, voz. DIREÇÃO: José Eduardo Gramani COORDENAÇÃO: Plínio da Silva 17. TÍTULO: Coral Impressões DADOS EDITORIAIS: 1998, UFPR, Trace Disc Multimídia Ltda DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Álvaro G Nadolny CONTEÚDO: 1.Luiz Fernando Melara: In Monte Oliveti 2. Wolfgang Amadeus Mozart: Deh, Vieni Alla Finestra; 3. Richard Wagner: Winterstümme Wichen Dem Wonnemond; 4. Léo Delibes: Viens, Mallika (Duo Flores); 5. Antonin Dvorak: Pisen Rusalky o Mesicku; 6. John Dowland: Fine Knacks for Ladies – Flow My Tears; 8. Rugero Leoncavallo: Recitar! Vesti La Giubba; 9. Robert Schumann: Die Beiden Grenadiere; 10. Arrigo Boito: L’Altra Notte in Fondo Al Mare; 11. Carl Bohn: Still Wie Die Nacht; 12. Dietrich Buxtehude: Magnificat Anima Mea; 13. L. de R illé: I martiri alle Arene; ASSUNTO/GÊNERO: 1. Coral 2. Erudito INTÉRPRETES: Coral da UPFR , Karina P.Gineste, piano; Guilherme Campos, violão Álvaro G Nadolny, regente. 18. TÍTULO: Música Contemporânea Desconstruída sob Encomenda DADOS EDITORIAIS: 2000, Fundação Cultural, Lei de Incentivo –CD+ DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Mário da Silva CONTEÚDO: José Eduardo Gramani : Suíte Araucária: Dança do Pião Bailarino / Madeira Verde / Morretes / Largo da Ordem. Guilherme Campos: Balacubaco: Prelúdio / Interlúdio / Final. Octávio Camargo: Agguas de Março e Grosa. Norton Dudeque: Continuum. Arrigo Barnabé: Fragmentos. Chico Mello: Entre Cadeiras ASSUNTO/GÊNERO: 1. Violão 2. Erudito INTÉRPRETE: Mário da Silva Mário da Silva – O Violão no Paraná 134 19. TÍTULO: Waltel Branco, Naipi DADOS EDITORIAIS: 2000, Lei de Incentivo DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Afrânio Lammy Spolador CONTEÚDO: Waltel Branco: Poema ao Rio Iguaçu, Luana Pilar Browne, Miceli, Prelúdio ao Pequeno Jonatha, Juan Cabeza de Vaca, Só Nata Brsileira no. 3, Nossa Cidade, Fantasia Daniel, Ari Blues, Só – Nata Brasileira no. 4. aprendiz de Compositor, Josephina Spolador, Praça Espanha, Canção Pra Curitiba, Rio Curitiba ASSUNTO/GÊNERO: 1. Violão e voz 2. Erudito e popular INTÉRPRETE: Waltel Branco. 20. TÍTULO: Quadros de uma exposição, Zenamon (violão) – Borgomanero (violino) DADOS EDITORIAIS: 2002, Elysium, DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Guido Borgomanero CONTEÚDO: Mussorgski: Quadros de uma Exposição. Jaime Mirtenbaum Zenamon: Suite Caricaturas: Preludio, Calmíssimo, Andante, Danza – Saltando, Fugadito; 3 Retratos: Encuentro, Diálogo, Despedida. ASSUNTO/GÊNERO: 1. Violão 2. Erudito INTÉRPRETE: Jaime Mirtenbaum Zenamon (violão) e Alessandro Borgomanero (violino) Mário da Silva – O Violão no Paraná 135 ANEXO 2 ARTIGOS EM PERIÓDICOS Transcrições e cópias dos artigos em periódicos relacionados à atividade da SCABI-Sociedade Cultural Brasílio Itiberê quanto a concertos de violão entre 1949 e 1953 (material coletado na Biblioteca Pública do Paraná). ARTIGO 1. GAZETA DO POVO, Quarta-feira, 1 de setembro de 1949. Scabi – Recital de Albor Maruenda. ARTIGO 2. GAZETA DO POVO, Quarta-feira, 12 de novembro de 1952. Scabi – Concerto de Orquestra e Côro. ARTIGO 3. GAZETA DO POVO, Terça-feira, 9 de junho de 1953. Scabi – Andrés Segovio e a História da Guitarra. ARTIGO 4. GAZETA DO POVO, 9 de abril de 1958. Scabi – Recital de Maria Luisa Anido. ARTIGO 5. ACADEMIA PARANAENSE DE VIOLÃO, não consta data. O Violão no Paraná. Mário da Silva – O Violão no Paraná 136 ARTIGO 1. Periódico: GAZETA DO POVO Torroba Data: Quarta-feira, 1 de setembro de 1949, p. ?. b) Andante Expressivo SCABI c) Maruenda, natural da Guatemala, um artista que vem [..] das mais elogiadas referências da crítica internacional. O recital de Albor Maruenda será realizado no salão principal da Socieade Duque de Caxias, às 20:30 horas, devendo ele alcançar grande êxito, dada a enorme expectativa que se vem observando em nosos meios sociaisartísticos pela sua realização. Albor Maruenda para sua única apresentação aos nossos aficcionados da arte oferecerá o seguinte e magnífico programa: I PARTE Pavana e gallarda (1674) – Gaspar Sanz. Los adioses – Fernando Sor 4 piezas – Frederico Moreno Torroba. Prelúdio, Mazurka y Estudio Allegro rítmico Danza no. 5 – Enrique Granados RECITAL DE ALBOR MARUENDA [...]Albor a) Allegretto gracioso – Francisco Tárrega II PARTE Andante – de Haynd Minuetto – de Mozart Dos preludes (para Laud) – de Bach Sarabanda – de Bach Gavotte I e II – de Bach Minuette – de ach III PARTE Zarabanda lejana – de Joquin Rodrigo Sonatina em lá mayor – de F. Moreno Asturias (Leyenda) de Albéniz. [...] Mário da Silva – O Violão no Paraná 137 Mário da Silva – O Violão no Paraná 138 Periódico: GAZETA DO POVO Braga e a música de Eunice Catunda. Inspira-se Data: Quarta-feira, 12 de novembro de 1952, p. 3. a Cantata na conhecida lenda folclórica do Rio Grande - O Negrinho do Pastoreio - tão SCABI difundida nos pampas gaúchos. Os solistas CONCERTO DE ORQUESTRA E CÔRO dessa parte são os seguintes: Jorge Frank, Amanhã, às 21 horas, no salão do Clube flauta; Walter Branco, violão; João Ramalho e Concordia, terá lugar o 199o concerto da Giuseppe Bertolho, instrumentos de percussão. Sociedade Cultural Artistica Brasilio Itiberê, Esse conjunto instrumental acompanhará um com o qual será encerrada a temporada de 1952. Coro Feminino a 3 vozes. Também para melhor Será um concerto de Orquestra de Câmara, sob a regência do maestro Jorge Kaszáz, com a colaboração de um Côro compreensão do público, o programa trará todo o texto do poema de Z|ora Braga. São os seguintes compoentes do Coro Feminino: Feminino e diversos solistas. O programa, absolutamente inédito para Curitiba, constará da Cantata do Café, de Bach, do Negrinho do Pastoreio, de Eunice catunda, e de um Divertimento, do compositor Rezsoe Amanda Doubek Dall'Ingma, Walkiria Machado Cortes, Iolanda Caillot, Gerda Strobel, Frida Vitoria Cobbe, Waldtraut Sobbol, Esther Graf, Hildegard Soboll e Hellen Butler. O Divertimento do jovem compositor Sugar. Da Cantata do Café participarão os seguintes solistas: Amanda Doubek Dall'Ingma, soprano; João da Glória, tenor; Guilherme Wollf Chaia, barítono; Jorge Frank, flautista; Reneé Devraine Frank, piano contínuo. Os hungaro Rezsoe Sugar preencherá a terceira parte do programa. É uma peça escrita para orquestra de cordas. Os componentes dessa orquestra são os seguintes: PRIMEIROS VIOLINOS: Bianca solistas serão acompanhados por uma orquestra Bianchi, Luiz Eulogio Zilli, Caros Fiedler, de cordas. Essa é a Cantata nº 211, de Bach. Clovis Carnascialli, Maria Olimpia Lisboa e Para melhor compreensão da peça, o programa Augusto Schlumperge. trará impresso o texto da Cantata no original alemão e a tradução em português. Guilherme Seyer, Ives Diseró, Emilio Ribeiro O Negrinho do Pastoreio é uma Cantata para três acompanhamento vozes de femininas, flauta, SEGUNDOS VIOLINOS: Oezir Correia, violão com e instrumentos de percussão. O poema é de Zora da Silva. VIOLAS: (…), Francisco Schellmann, Wilson da Rocha Peplow e Benedito Cordeiro. Mário da Silva – O Violão no Paraná VIOLONCELOS: Charlotte Frank e José Vaini. CONTRABAIXOS: Guilherme Carlos tieplemann e Edino Beltrami. 139 Mário da Silva – O Violão no Paraná Periódico: GAZETA DO POVO 140 comprazer-se no seguimento dos problemas Data: Terça-feira, 9 de junho de 1953, árduos e complexos, mas é músico consumado, p. 3. um SCABI - ANDRÉS SEGOVIA E A HISTÓRIA DA GUITARRA dos intérpretes mais proeminente e completos da época atual. Sua técnica é prodigiosa, flexível igual, ignora os desfallecimentos e se adapta sem esforço à Amanhã, às 21 horas, no salão do Clube realização de obras polifônicas, nas quais Concórdia terá (...) o 207º concêrto da destaca os planos sonoros tão sensíveis e Sociedade de Cultura Artística Brasílio Itiberê facilmente, que permite ao instrumentista no qual será apresentado, pela primeira vez em desenhar cada frase melódica, iluminando cada Curitiba, Andrés Segovia, o maior guitarrista do acento e inflexão. mundo. Das seis cordas da guitarra, SEGOVIA A vinda de Segovia a Curitiba representa tira uma tão grande variedade de coloridos e para a nossa cidade um acontecimento invulgar sons delicados, que nos confundem. A sua no campo da arte, pois, além de ser considerado técnica sempre se subordina às idéias dos uma das duas maiores cerebrações musicais do autores, século, Segovia veio ao Brasil passar apenas manifestando que virtuosismo deve ser um meio cinco dias e realizar cinco concêrtos, partindo e nunca uma idéia fundamental. no dia seguinte ao último para a Europa. Êsse comportando-se grande mestre plenamente, intérprete Miguel Llobet reintegrou, no estrangeiro, necessitava de seu próprio repertório. Não se a guitarra à música clássica, à margem da qual podia contestar com as lamentáveis transcrições tinha vivido durante três quartos de séculos que durante muito tempo representavam toda a aproximadamente. Graças a SEGOVIA, a literatura da guitarra. Assim entre as obras que guitarra recuperou a popularidade universal, da deixaram os guitarristas da época brilhante, qual gozava atingamente. Assistimos, por assim como Sor, Giuliani, Coste e Tárrega ANDRÉS dizer, à sua ressureição – surpreendidos SEGOVIA encontrou grande quantidade de maravilhados, conquistados desde o instante em peças que mereciam sobreviver. Mais tarde, que o grande artista pousa as mãos sôbre o pesquizou entre os guitarristas e mestres do instrumento delicado, o mesmo que alguém alaúde de séculos anteriores. Graças a êle, hoje acreditava estar condenado para sempre às nos deleitamos com um bom número de diversões de pouco valor. composições antigas, entre as quais existem ANDRÉS SEGOVIA não é apenas um verdadeiras obras-mestras, inclusive algumas de “virtuose” imcomparável, cujos dedos parecem Johann Sebastian Bach que era um ferovoroso Mário da Silva – O Violão no Paraná 141 admirador do alaúde tendo escrito e transcrito guitarra foi importada na Espanha pelos arabes, para este instrumento uma quinze páginas que no fim do século VIII. Naquela época, o alaúde, significaram uma valiosa contribuição para o parente repertório do instrumento. instrumentos, divulga-se rapidamente na Europa mais próximo nessa família de Hoje são os músicos modernos que enquanto que a guitarra ficou na Espanha, onde devem enriquecer os programas de SEGOVIA. logo foi eleita pelo público para o seu Ouvindo-o, não tardaram em dar-se conta que a instrumento predileto. guitarra é um instrumento capaz de expressar o Nove séculos mais tarde, a guitarra mais belo colorido e as emoções mais intensas; transpôs os Pirineus, e encotrou no famoso que, executada por este grande mestre, era Corbetta (1620-1682), “ músico de camera” de capaz das mais ricas combinações e dos mais Luiz XIC, Roberto de Visée (aluno de variados desenhos. E, concederam a êste Corbetta), e mais tarde em François Campio instrumento ontem ainda desdenhado, toda a (até 1710), “virtuoses” que devido à sua arte e atenção que merece, escrevendo muitas peças seu entusiasmo, conseguiram a naturalização da valorosas, que são testemunha do renascimento guitarra em França, enquanto que outros artistas definitivo da uma arte que durante muito tempo (Montesardo, Foscarini, Roncalli) a cultivavam parecia ter desaparecido por completo. na Itália. Porém, na Inglaterra e Alemanha teve Falla, Turina, Moreno Torroba, Salazar, entre os mexicano; compositores Roussel, espanhóis; Samazeu(..) Ponce, de lutar intensamente para obter um lugar ao lado do alaúde, então todo poderoso. Laparra, A partir de 1770, a guitarra se impõe em Collet, Ferroud, Ibert, entre os franceses; o toda a Europa, com êxito extraordinário, ingles Cyril Scott e tantos outros nomes que sucedendo aos alaúde que estava vivendo os seria impossível enumerar aqui, são os atuais seus últimos dias, depois de ter conhecido colaboradores de SEGOVIA, na grande obra séculos de glória, e que moria nas mãos de artística que realiza com unánime êxito. (L. alguns dos seus “virtuoses” que ainda lhe eram Aloy Mooser). fiéis. A guitarra introduziu-se em todos os NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A GUITARRA De origem oriental, como a harpa e o alaúde, foi conhecida desde a mais remota antiguidade, na Pérsia e no Egito, onde figura em quase todos os baixo relevos que foram conservados à posteridade. É certo que a salões, graças compositores, tais aos como seus executantes Bérad, Labarre, Gataves e Costes, na França; Carulli e Legnani na Itália; Kamerloher e Babach, na Alemanha; Pleyel, Held, Jansa e Merts na Áustria; Sy?chra e Wissotsky, na Rússia enquanto que na Espanha, desde fins do século XVIII, apareciam Mário da Silva – O Violão no Paraná artistas que levaram a sua técnica a uma perfeição até então desconhecidas,, Fernado Sor e Dionisio Aguado. Desde 1800, vão surgindo novos adeptos cada vez mais numerosos e hábeis em Paris, Londres, Viena e São Petesburgo. Os grande compositores lhes dão atenão Schubert escreveu 15 “ Lieder” com acompanhamento de guitarra, um quinteto e quarteto, nos quais dedica à guitarra uma parte importante. Weber deixo 60 “Lieder” (...) guitarra e um divertimento para guitarra e piano. Haydn dedica-lhe uma parte em dos seus quartetos. Bocherini a introduz num quinteto e, finalmente, Paganini, guitarrista consumado, deixou grande quantidade de peças para guitarra solo so concertante. Pouco a pouco, a moda do entusiasmo pela guitarra começã a passar e na metade do século XIX existe apenas um grande mestre: Francisco Tárrega (1854-1909), que com mão férrea mantém a arte deste instrumento, ao qual consagra a sua vida inteira. Depois de um período de brilho incomparável, o velho instrumento sofre rápida decadência. Esta se prolonga até os primeiros anos do nosso século, interrompida pela aparição de Miguel Lloet, discípulo e continuador de Tárrega, cujo único desejo é reconquistar para a guitarra o pretígio de outrora. Hoje o novo propagandista e animador da guitarra´é o exímio artista ANDRÉ SEGOVIA. (A.M) 142 Mário da Silva – O Violão no Paraná 143 Mário da Silva – O Violão no Paraná 144 Periódico: GAZETA DO POVO palavra Maria Luisa Anido é o melhor Data: 9 de abril de 1958, embaixador da cultura argentina, muito melhor p. ?. que cem diplomatas. Sua maestria estimula SCABI – MARIA LUISA ANIDO nossa admiração por aquele país americano, tão [...] Maria Luisa Anido nasceu em Moro? longínquo, no outro lado do mundo. A Câmara (Argentina). Começou seus estudos de guitarra de Deputados organizou uma recepção em sua na tenra idade de 5 anos. Aos sete, seus estudos honra, no Hotel Sgoto, de Tóquio. Ali, o continuaram sob a direção do professor presidente Domingo Peut, apresentando-se pela primeira Tsutsumi declarou: “A senhora Anido é a artista vez em concerto público aos oito anos. Pouco mais importante produzida pela Argentina em depois, Miguel Llobet, discípulo predileto de nossos dias. Sua arte e seu nome são admirados Francisco Tárrega, se interessou pela precoce através de todo o mundo, como um marco na artista, e aceitou-a como aluna. Nos anos história da música da guitarra. Nesta ocasião, os seguintes, Maria Luisa Anido, conquistou uma representantes japoneses obsequiaram a artista grande popularidade em seu país e outros do com uma [...] cinzelada a 250 anos atrás, por continente. Realizou várias tournees e gravou um artesão da família Asado. Em 1956, Maria em com Llobet, para a Odeon. Desde então, a Luisa Anido estreou em Moscou, perante a sala artista tem desenvolvido uma extraordinária apinhada de público do Teatro Tchaikowsky. técnica, musical, Entre os presentes se encontravam os mais transformando-se em uma das maiores solistas importantes artistas e músicos soviéticos da argentinas e uma das mais famosas guitarristas atualidade. do mundo. Realizou numerosas tournees, Kabalevski disse: “Nas mãos de Maria Luisa conquistando aplauso dos críticos e do público, Anido a guitarra soa frequentemente como toda no uma e Brasil, um notável Uruguai, espírito Equador, Colômbia, da Câmara, Depois orquestra”. senhor deste Yasujiro recital, Posteriormente, Dimitri a artista Inglaterra, França, [...] Itália, [..] União realizou recitais em outras cidades do país. Na Soviética. Em 1954 [..] para viajar ao Japão. oportunidade de sua visita a Leningrado W. P. Esta viagem [...] um dos triunfos mais Machlewitch, da Sociedade de guitarra desta importantes da carreira da artista. Apresentou-se cidade, escreveu: “Sem dúvida Maria Luisa em 15 recitais em Tóquio e outras cidades do Anido é a melhor guitarrista do mundo. Seus país, bem como em inúmeros programas de programas rádio e televisão. O professor Takeshi Okada interessantes, cheios de calor e mais, [...] escreveu: “[..] coisas que realmente atingem nossa mais profunda sensibilidade. Em uma de recital são extremamente Mário da Silva – O Violão no Paraná 145 Mário da Silva – O Violão no Paraná 146 Athayde Marcio consegue na Rádio Colégio Academia Parananense de Violão Estadual Data: não consta apresentavam do Paraná um exclusivamente horário onde história e crônicas do violão, bem como gravações e O VIOLÃO NO PARANÁ biografias – dos mais célebres violonistas. Tal Há muitos anos o Paraná recebeu, com medida despertou a atenção das agremiações bastante agrado, concertos violonísticos do culturais que resolveram trazer bons violonistas imortal Barrios, Livino Albano e outros. Fomos à Curitiba. Tivemos então audições com inclusive honrados com audições do próprio Siegfried Behrend (da Alemanha), Charles Byrd Andres Segóvia. (U.S.A) e brasileiros como Waltel Branco, os Todavia nem por isso o estudo clássico Índios Tabajaras, Raul Santiago e outros. do instrumentos despertava interesse. Como Por seu lado Admar Garcia resolveu tantos cronistas já se referiram o violão era dedicar-se de corpo e alma, ao ensino do violão. apenas boêmio e seresteiro e a muito pouco Animado gente foi dada a oportunidade de ouvir as encontrou, montou a primeira academia do maravilhosas gravações de um Tárrega, por estado com o nome de “Academia Paranaense exemplo. de Violão”, que contudo ainda é a única. pela grande receptividade que Até os anos de 1960 contava-se nos Todavia espera-se que ainda êste ano sejam dedos os violonistas de Curitiba que realmente instaladas quatro novas academias. Cumpre conheciam música. Poderíamos citar entre êles ressaltar que Admar conseguiu, nestes quatro três professores: Eugenio Martins, Waldemar anos, iniciar nada menos de 386 alunos nos Silva e Constâncio de Sousa. mistérios dêste belo instrumento. Contudo havia alguns apaixonados que Até o Estado já está olhando com bons não se conformavam com a situação mórbida olhos o desenvolvimento da cultura violonística, em que se achava o violão na Terra dos pois a S.E.C e a Pró-Música de Curitiba Pinheirais. Entre êles Márcio Ferreira da Luz, promoveram um curso de verão em fevereiro de aluno de Constâncio de Sousa e Admar Garcia, 1965, com extenso programa musical, onde, ex-aluno de Eugênio Martins. para assombro de todos o curso de violão, Nos primeiros dias de 1961 Marcio e ministrado por Maria Lívia São Marcos, obteve Admar estimulados por seus mestres decidem um número de inscritos tão grande que não foi pugnar pela elevação do conceito de seu possível atender a todos. Foi o curso mais instrumento. procurado. Esta professôra deu ainda uma Coadjuvado por Aristides Severo audição na casa do Exmo. Sr. Ney Braga, Mário da Silva – O Violão no Paraná Governador do Estado, fêz apresentações na Televisão e foi um verdadeiro sucesso o concerto de Vivaldi para violão e orquestra de câmera – que que apresentou na Reitoria da Assim Marcio e Admar viram coroados de êxito os seus empreendimentos (Sem autor e data) 147 Universidade do Paraná. Mário da Silva – O Violão no Paraná 148 ÍNDICE REMISSIVO Abreu, Eduardo, 18; Sérgio, 18, 19, 53, 110 Ahanorián, Coriún, 114 Albeniz, Isaac, 53, 121 Allan, Graça, 28 Almeida Prado, José Antonio de, 22, 32, 36, 37, 110111 Almeida, Laurindo de, 19, 60, 90, 121 Amaral, Tadeu do, 77 Andrade, Oswald de, 45 Anido, Maria Luisa, 50 Arnold, Malcolm, 8, 9, 15, 116 Assad, Odair, 18; Sérgio, 18, 27 Assis, Carlos, 102 Aussel, Roberto, 52 Bacarisse, Salvador, 15 Bach, Johann Sebastian, 7, 122, 123, 127 Baranzano, Eduardo, 53 Barnabé, Arrigo, vii, viii, 1, 55, 79, 80, 108, 109, 111, 124 Barrios, Agustin, 60, 88 Bartoloni, Carmo, vii, viii, 1, 38, 55, 84, 103, 110, 111; Giácomo, 1, 22, 32, 38, 53, 77, 84, 111 Bashô, Matsuo, 47 Behrend, Sigfrid, 50, 133 Bellinati, Paulo, 22, 32, 39, 40, 46, 111 Bennett, Richard Rodney, 15 Berkeley, Lennox, 8 Berlio, Hector, 11 Bernardini, Andréa, 119 Beuml, Marga, 50 Birtwistle, Harrison, 31 Bochino, Alceu, 57 Botelho, José, 85 Mário da Silva – O Violão no Paraná 149 Boulanger, Nadia, 34, 37 Boulez, Pierre, 9 Braga, Luiz Otávio, 19, 46 Branco, Waltel, vii, viii, 1, 2, 33, 50, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 88, 89, 90, 109, 111, 114, 120, 123, 125, 127 Brandão, Helinho, 65; Hélinho, 96, 120 Bream, Julian, 8, 108 Brightmore, Robert, 64, 94 Britten, Benjamin, 8 Brouwer, Leo, 15, 16, 63, 85, 122 Budasz, Rogério, iv, vii, viii, 1, 3, 53, 55, 73, 74, 75, 76, 81, 84, 108, 109, 111, 122 Cabrera, Sérgio Fernandes, 53 Cáceres, Oscar, 57 Camargo Guarnieri, Mozart, 22, 32, 34, 35, 111 Camargo, Octávio, vii, viii, 1, 3, 55, 79, 84, 86, 109, 111, 123, 124 Campos, Guilherme, vii, viii, 1, 53, 54, 55, 77, 81, 102, 108, 109, 110, 111 Capistrano, Rodrigo, 102 Carlevaro, Abel, 34, 35, 44, 46, 52, 61, 70 Carter, Elliot, 30 Carvalho, Hermínio Belo de, 60, 89 Castañera, Eduardo, 41, 46 Castelnuovo-Tedesco, Mário, 7 Catunda, Eunice, 50 Chaves, Celso Loureiro, 42, 86 Colarusso, Osvaldo, 70 Corrêa, Sérgio Vasconcelos, 111; Vinícius, 22, 45, 46, 111 Correia de Oliveira, Willy, 85 Costa Lima, Paulo, 114 Crowl, Harry, vii, viii, 1, 55, 84, 85, 86, 108, 110, 111 Cunha, Antonio Carlos Borges, 22, 46 Debussy, Claude, 6, 8 Demarchi, Paulo, 108, 119, 122 Demarquez, Suzanne, 7 Mário da Silva – O Violão no Paraná 150 do Acordeom, Chiquinho, 57 do Bandolim, Jacob, 60 Dodgson, Stephen, 8 Dottori, Maurício, vii, viii, 1, 55, 84, 85, 86, 108, 110, 111 Dowland, John, 8, 53, 92, 121, 122, 124 Dudeque, Norton, vii, viii, 1, 4, 6, 7, 32, 52, 53, 54, 55, 70, 71, 72, 108, 109, 111, 114 Dukas, Paul, 13 Duo Abreu, 18 Duo Assad, 18, 41 Egg, André, 29, 115 EMBAP, 1, 3, 4, 5, 29, 52, 53, 54, 55, 61, 65, 66, 70, 73, 74, 79, 81, 83, 84, 85, 86, 97, 102, 115, 116 Escobar, Aylton, 77, 84 Esmanhoto, Ângelo, 119 Falla, Manuel de, 6 Faria, Alexandre, 22, 31, 111 Federowski, Bernardo, 81 Félix Pereira, João José, vii, viii, 1, 3, 54, 55, 77, 81, 82, 83, 84, 108, 109, 111, 116 Fernandez, Jose, 53; Lorenzo, 28 Fernández, Eduardo, 44, 52, 70 Ferneyhough, Brian, 30 Ferreira da Luz, Márcio, 49 Ferreira, Luiz Cláudio, 49, 53, 121, 133 Fraga, Orlando, iv, 2, 3, 4, 51, 52, 53, 65, 77, 79, 83, 86, 96, 102, 105, 108, 110, 113, 115, 121, 122 Garcia, Admar, vii, viii, 1, 2, 4, 28, 35, 49, 51, 55, 56, 108, 111, 117, 133 Garoto, Aníbal Augusto Sardinha, 19, 40, 57, 65, 91 Ginastera, Alberto, 4, 16, 32, 85 Gloeden, Edelton, 28, 33, 52; Everton, 52 Gnatalli, Radamés, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 57, 111 Gnattali, Roberto, 46 Gomes Grosso, Iberê, 18 Gomringer, Eugen, 47 Gramani, José Eduardo, 123, 124 Gregori, Henrique, 84 Mário da Silva – O Violão no Paraná Guerra-Peixe, César, 18, 21, 22, 23, 57, 111, 117 Haller, Helma, 54 Haro, Maria, 28 Henze, Hans Werner, 7, 8, 9 Herrera, Rufo, 85 Iazzeta, Fernando, 86 Itiberê, Brasílio, 1 Jobim, Tom, 88, 100 Joffily, Vital, 119, 123 Kampela, Arthur, 22, 30, 110, 111 Kanji, Ricardo, 74 Keeley, Robert, 31 Kerkezian, Sônia, 81 Kiefer, Bruno, 20, 22, 23, 41, 42, 46, 74, 111, 115, 117 Klasinc, Walter, 50 Koellreutter, Hans-Joachim, 28, 30, 65, 70, 79 Krenek, Ernst, 8 Krieger, Edino, 15, 16, 22, 23, 24, 110, 111 Lacerda, Osvaldo, 35 Lemos, Fafá, 57 Linhares, Dagoberto, 18, 37 Llobet, Miguel, 6 Louruz, Mico, 46 Lutoslawski, Witold, 86 Mahler, Gustav, 6 Majola, Celso, 84 Mantelli, Ricardo, 3, 115 Martin, Frank, 7, 8 Martins, Eugênio, 49, 56, 133 Maruenda, Albor, 7, 50 Mascarenhas, Cecy, 51 Mattos, Fernando Lewis de, 22, 42, 43, 111 McCormick, Michael, 28 151 Mário da Silva – O Violão no Paraná 152 Meinstein, Silvina, 31 Meirinhos, Eduardo, 2 Melara, Luiz Fernando, 119 Mello, Chico, vii, viii, 1, 3, 4, 53, 54, 55, 65, 66, 67, 68, 70, 96, 108, 109, 110, 111, 112, 113, 120, 123 Mello, Laura Ritzmann de Oliveira, 4, 115 Menezes, José, 57 Messiaen, Olivier, 37 Mignone, Francisco, 22, 32, 33, 34, 57, 111 Morozowicz, Henrique, 53, 54, 81; Norton, 110 Müner, Ângela, 38, 77 Mussurunga, Bento, 1 Nazareth, Ernesto, 44, 90 Neves, José Maria, 22, 34, 35, 37, 116 Nobre, Marlos, 15, 22, 26, 27, 28, 110, 111 Pedrassoli, Paulo, 28 Penalva, José, 53, 54, 65, 77, 81, 116 Penderecki, Krzystoff, 86 Pereira da Silva, Walter, 49 Petraca, Ricardo, 3, 116 Pichi, Achille, 81 Pierri, Álvaro, 41, 46 Pinto, Henrique, 32, 38, 52, 53, 77 Pixinguinha, 19, 100, 123 Ponce, Manuel, 7, 122 Porto Alegre, Paulo, 20, 22, 32, 38, 39, 41, 42, 52, 73, 111 Poulenc, Francis, 8 Prodóssimo, Valdomiro, 51, 56, 116 Prosser, Elisabeth Seraphim, 116 Quarteto de Violões de Curitiba, 73, 77, 96, 99, 102, 122 Rabello, Rafael, 19, 60 Randolph,: Laurie, 122 Ribas Ferreira, Luiz Cláudio, 3 Riederer, Fernando, vii, viii, 1, 54, 55, 84, 86, 110, 111 Mário da Silva – O Violão no Paraná 153 Rodrigo, Joaquin, 11, 13 Rosa, Noel, 58 Ruiz, Alice, 58 Salero, Othon, 57 Salinas, Krishna, 41 Sampaio, Marisa Ferraro, 3, 116 Santoro, Cláudio, 57, 115, 116 Santorsola, Guido, 15, 61, 70 Santos, Turíbio, 18, 19, 20, 21, 23, 28, 35, 37, 60, 73, 89, 90, 115, 116, 117 Sanz de La Maza, Regino, 11 São Marcos, Maria Lívia, 49, 133 Sartori, Denise, 86 Sávio, Isaías, 32, 49 Schnebel, Dieter, 65 Schoenberg, Arnold, 8, 9, 70, 80, 115 Segovia, Andrés, 3, 7, 31, 50, 57, 108, 129 Shiro Monteiro, Fábio, 46, 47 Silva, Mário da, i, ii, 3, 53, 64, 77, 89, 90, 91, 94, 96, 97, 99, 100, 101, 102, 104, 108, 122, 123, 124, 133; Silva, Paulo, 57, 122 Silvestri, Sérgio, 119 Siqueira, José, 28 Soares, Leo, 21, 51, 52, 77 Sor, Fernando, 109, 129, 131 Sousa, Constâncio, 49, 51, 133 Souza Barros, Nicolas, 28, 31, 52 Souza, Eugênio Lima de, 2, 46, 51 Souza, Marcio, 117 Stravinsky, Igor, 4, 8, 9, 10, 39 Szalonek, Witold, 65 Tacuchian, Ricardo, 22, 28, 30, 110, 111, 117 Tansman, Alexandre, 8 Tárrega, Francisco, 6, 7, 49, 51, 109, 120, 129, 131, 133 Mário da Silva – O Violão no Paraná 154 Tedesco, Mario Castelnuovo, 15, 65 Teixeira Neto, Moacyr Garcia, 4, 28, 29, 35 Teixeira, Nicanor, 88 Torres, Antonio, 6 Torroba, Federico Moreno, 7, 15, 57, 130 Tourinho, Ana Cristina, 2 Türcke, Bertold, 84, 113 Turina, Joaquim, 7 Ulloa, Mário, 2 Vadico, 58, 88 Vasconcellos Corrêa, Sérgio, 22, 32, 35 Verdi, Giuseppe, 6 Vetromilla, Clayton Daunis, 21, 117 Victório, Roberto, 20, 22, 29, 86, 111, 115 Villa-Lobos,: Heitor, vii, 4, 7, 13, 15, 16, 18, 19, 23, 26, 33, 34, 35, 51, 57, 63, 65, 85, 111, 115 Wagner, Richard, 6 Walton, William, 8 Webern, Anton, 9 Wiese, Bartholomeu, 28 Williams, John, 8, 108 Wolff, Daniel, 20, 22, 42, 44, 111, 117 Zanon, Fábio, 31, 53 Zarate, Jorge Martinez, 52 Zenamon, Jaime Mirtenbaum, vii, viii, 1, 3, 4, 52, 53, 55, 61, 62, 63, 64, 65, 70, 77, 92, 93, 108, 109, 110, 111, 115, 121, 122