Microsoft word - parte I - Estilo Estetica

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Microsoft word - parte I - Estilo Estetica
Projeto de Interiores Residênciais
Prof. Arq. Ms. Cláudio Lima Ferreira
Introdução: Estilo
Segundo Miriam Gurgel em seu livro- Projetando Espaços: Design de
Interiores (p.79), para escolher um estilo, deve-se primeiramente entender o
que ele representa.
Definições, segundo o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa:
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Conjunto
de
tendências,
gostos,
modos
de
comportamento
característicos de um indivíduo ou grupo. Ex. Essas cores não fazem meu
estilo.
8 Modo pessoal, singular de realizar ou executar algo (falando-se de
figuras importantes no âmbito do esporte, do cinema, da dança, etc).Ex. O
estilo de Almodóvar.
9 Rubrica: artes plásticas, arquitetura, música, literatura. Conjunto de
tendências ou características formais, conteudísticas, estéticas que identificam
ou distinguem uma obra, ou um artista, escritor, etc. ou determina período ou
movimento. Ex. Estilo art déco, Prédio em estilo neoclássico.
10 Conjunto de traços que identificam determinada manifestação
cultural. Ex. estilo Hippie.
11 Conjunto de características formais que distinguem e qualificam um
objeto segundo o modo e a época e que foi produzido.
Ex. mobiliário em estilo colonial.
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De todas as definições e explicações que tenho visto, a que mais me
agradou pela simplicidade e fácil compreensão foi a aplicada a estilos
arquitetônicos.
“Os estilos arquitetônicos são importantes porque nos ajudam a
visualizar os diversos tipos de pessoas que quiseram, projetaram, pagaram,
construíram e usaram edificações e, mais ainda, ajudam a compreender a
sociedade em que essas pessoas viveram.”
Considero como estilo, numa definição bem simplificada, a manifestação
visual de uma sociedade que vive ou viveu em determinado momento histórico.
Nele, se expressam a economia e a tecnologia que guiam a sociedade em
questão, bem como seus usos e costumes. Um exemplo seria o estilo vitoriano,
cuja sociedade mostrava seu poder econômico na mobília e no requinte da
decoração interna das residências. Ligada ao período da revolução industrial e
a conseqüente fácil publicação de livros, a mesma sociedade “bem-sucedida”
exibia seus inúmeros livros, lidos ou não, em bibliotecas particulares enormes.
Surgiram nessa época os móveis feitos sob encomenda, com várias estantes
exibindo a “sabedoria”.
Na verdade , esse símbolo de poder que as residências representam
ainda hoje para diferentes sociedades é uma expressão do capitalismo em que
vivemos e, portanto, do consumismo que nos envolve.
Se estilo esta ligado a um momento econômico, tecnológico e histórico
específico de uma sociedade e a seus usos e costumes, podemos dizer que só
será possível entender o que acontece “hoje” em termos de design de
interiores, se analisarmos quem somos e como vivemos.
Fazemos parte de uma sociedade em constante mudança, evolução.
Lembro-me de que, quando eu estudava no segundo grau, meu pai comprou
várias enciclopédias. Precisávamos, então, de várias estantes para formar uma
“minibiblioteca”. Hoje um simples CD comporta até mais de uma enciclopédia
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inteira, fazendo com que as estantes do passado sejam completamente
“obsoletas”.
O computador PC nasceu há mais ou menos 25 anos, por volta de 1986.
Esse “fenômeno tecnológico” viria a atender a vida de diferentes sociedades
em muito mais aspectos do que se esperava.
A rapidez com que se acessa a informação e sua quantidade mudaram e
vem mudando os usos e costumes.
Alguns autores classificam como estilo somente aqueles ligados a
grandes acontecimentos históricos. Eu entretanto, acredito que também
podemos identificar um estilo pelas características específicas relacionadas a
um povo, seu país, seus costumes, sua crença e a natureza que o envolve.
Lidar com design de interiores é estar em contato com design, artes
plásticas, elementos arquitetônicos, decoração e, como já se disse a princípio,
com uma sociedade vinculada a determinado tempo, com uma economia e
política específica e anseios particulares a ela.
Escolhendo Corretamente
Alguns pontos são importantes quando consideramos determinado estilo
ou “roupa” para vestir um ambiente. Por exemplo:
1-
Adequação ao clima: Avalie o clima do local e analise se as
características estéticas que pretende utilizar são coerentes
com ele, principalmente em relação aos materiais envolvidos
na criação do ambiente;
2-
Utilização dos espaços: Fator importantíssimo, já que a
distribuição interna, materiais utilizados, iluminação e etc.
devem
estar
de
acordo
com
a
tarefa
e
atividades
desenvolvidas em cada espaço.
3-
Apelo Visual: A imagem ou mensagem que o estilo escolhido
vai passar às pessoas é a desejada? Por exemplo, um
escritório ligado a tecnologia estaria coerentemente “vestido”
com móveis artesanais de madeira? Avalie a imagem final e
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certifique-se de que ela é coerente com a mensagem que
deseja emitir;
4-
Elementos arquitetônicos a serem considerados: Vigas
aparentes ou paredes de pedra, por exemplo, podem não ser
uma boa opção para pessoas com problemas alérgicos, já que
a manutenção pode ser mais complicada.
5-
Custo-benefício: Outro fator importante, pois a correta
administração do custo de uma obra e os benefícios não
somente estéticos que obtemos são sem dúvida motivos de
sucesso no projeto;
6-
Acessórios: Um estilo pode pedir inúmeros acessórios, já outro
sua total ausência. Esses elementos conferem personalidade
aos ambientes, característica diretamente ligada ao perfil dos
ocupantes e utilizadores do espaço.
Segundo Miriam Gurgel nem sempre a moda é leal conosco. O que esta na
moda hoje, pode não estar amanhã, o que ditam as tendências pode não ser
adequado a um espaço. Acredito que a moda será economicamente mais bem
administrada em pequenos detalhes da composição, o que possibilitará a
substituição de peças “fora de moda”, sem muito comprometimento financeiro.
Trocar um a abajur pode ser bem mais econômico do que um conjunto de
sofás! (se bem que às vezes um abajur “da moda” pode custar uma fortuna!)
Analisaremos posteriormente alguns estilos que “foram moda” enfocando suas
questões sociais e históricas, no entanto nesse momento gostaria de salientar
que existem alguns “estilos” que não estão diretamente ligados a mudanças,
fatos históricos ou grandes conceitos teóricos, mas sim a cultura de diferentes
países. Por exemplo:
•
French Country (Provençal)
Esquemas de cores ensolarados com amarelos e azuis, rosas e /ou
vermelhos. Utiliza nas paredes “off-white” ou tons bem fracos de ocre, mel
ou apricot. Na maioria das vezes, piso de lajotas e móveis sólidos em
madeira ou com pátina branca.
•
Toscano
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Estilo encontrado nas residências da região central da Itália, que usa
paredes internas num tom róseo desbotado, ocre ou creme. O hall de
entrada pode ser as vezes decorados com “frescos”. Pisos em terracota,
tijolos, cerâmica ou em “pietra serena”, pedra local, recebem móveis
elegantes, sólidos, grandes e formais em madeira ou cobertos por uma fina
camada de tinta. Utiliza como acessórios vasos de alabastro e cerâmica
majólica (técnica de pintura aplicada a peças cerâmicas e queimadas em
forno para fixação)
•
Santa fé
Originário da cidade de mesmo nome, este estilo esta ligado ao calor e à
poeira existente nessa região dos Estados Unidos, próxima ao México. As
paredes espessas internamente recoberta por pedras ou “caiadas”, em tons
pálidos de terra ou mesmo banco, procuram amenizar o calor. Shutters de
madeira utilizados na parede externa das janelas protegem do sol intenso e
da poeira. Pisos em terracota, tijolos ou pedras recebem móveis em
madeira escura (influência espanhola) ou madeira clara (local).
Os acessórios são inspirados nas principais influências desde estilo, ou
seja, os índios nativos norte-americanos e os mexicanos, como tapetes com
motivos gráficos em cores fortes, peças em argila ou ainda candelabros.
•
Estilo Étnico-eclético
É um estilo que mistura elementos culturais de outros países a peças
funcionais. Inclui acessórios que reverenciam outras culturas, mesclados a
peças básicas. Os tapetes, na maioria dos casos, são peças originais e
artesanais provenientes do México, Índia, Oriente, África, etc. As paredes
podem receber máscaras, pratos, ou qualquer outro tipo de coleção, como
cestos. Podemos encontrar, entre os móveis utilizados. Peças de bambu,
palha ou qualquer outro material natural.
•
Estilo Barroco mineiro
Surgiu em meados do século XVIII, ou seja, na época da extração de
diamantes, este estilo tão brasileiro nos remete às casas de fazenda, a
Minas Gerais, à parte rústica de nossa cultura. Móveis em madeira maciça,
de visual ás vezes pesado porem muito gracioso, sob pisos na maioria das
vezes em pedra ou lajota. É rústico, agradável, simples, com telhas
coloniais, vigas aparentes e pilares robustos.
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