Fortaleza - Portal do Corredor

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Fortaleza - Portal do Corredor
Movimento é uma palavra que ultrapassa o significado de“ato ou efeito de mover-se,deslocar-se”,queconstanosdicionários.Quandoalgoestáem Movimento, também se renova. Quando alguém está em Movimento, quer dizer que
caminhaemdireçãoaseusobjetivos.QuandoumacidadeestáemMovimento,
expressa o desenvolvimento e o progresso que seus habitantes tanto esperam.
O Movimento faz parte da natureza da capital cearense. Que outra cidade é
tão conhecida pelo vai e vem das ondas do mar? Ou pela brisa refrescante que
chega do oceano? Ou ainda pelo balançar das
frondosas árvores ao sabor dos ventos? Por outro lado, o desenvolvimento traz consigo outro
tipo de movimentação facilmente notada no ir
e vir apressado das pessoas nas calçadas, no
frenesi presente nas áreas comerciais, no ritmo acelerado dos automóveis, ônibus e bicicletas que enchem suas vielas, ruas e avenidas.
Ao festejar seus 289 anos, Fortaleza é pleno
Movimento em diversos setores: turístico,
social, esportivo, comercial, musical, empreendedor e de mobilidade urbana – todos retratados nas reportagens especiais a seguir.
ao
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de tino top
A capital
EVENTOS
O equipamento também conta com espaço para eventos. A área total é de
25.657 m² e tem estacionamentos para 246 veículos, incluindo carros, ônibus
e vans. “Temos sido procurados por diversas empresas e instituições para conhecer o espaço e realizar eventos”, afirma o Diretor-Presidente da CDC. O
gestor observa também que, com as novas instalações, o Porto de Fortaleza ganhou competitividade para atrair novas rotas. “A empresa já está em
contato com armadores, por meio da Diretoria Comercial, em busca de mais
atracações para a temporada 2015/2016”, salienta Mário Jorge Cavalcanti.
A vinda de navios não depende apenas do porto. “Depende também da
conjuntura econômica internacional, da venda de pacotes no
país de origem do cruzeiro e dos
NÚCLEO EDITORIAL DE PLANEJAMENTO
atrativos que Fortaleza vai ofereEDITOR: Giuliano Villa Nova.
cer para que os passageiros desREPORTAGENS: Denise Marçal e Mara
çam para passear”, pondera o DiCristina. PROJETO GRÁFICO: Raphael
retor-Presidente da CDC.
Góes. DIAGRAMACÃO: Juliana Holanda.
O Secretário Executivo da SecreREVISÃO: Lene Paiva. TRATAMENTO DE
taria
de Turismo de Fortaleza (SeIMAGENS: Jandrey Araújo, Deusiana
tfor),
Erick Vasconcelos, destaca
Moreira e Karla Maria Porto. ANALISTA
que
ações
do município são realizaDE PROJETOS: Rayana Gadelha.
das para captação de turistas. “AtraGERÊNCIA GERAL DE COMERCIALIZACÃO:
Rafael Rodrigues. GERÊNCIA MERCADO
vés de nossas visitas aos mercados
ANUNCIANTE: Livia Medeiros.
de forte fluxo emissor, oferecendo o
nosso destino via marítima, mostramos que estamos preparados para
atender bem a chegada de mais de 4.000 passageiros num único navio”, afirma.
Com Fortaleza na rota dos cruzeiros, a expectativa é de incrementar o movimento turístico na cidade. Erick Vasconcelos avalia o impacto que o visitante dos cruzeiros representa. “Um navio, mesmo pequeno, com 350 passageiros, equivale a três aeronaves Boeing 737 com ocupação máxima e mais
uns 200 tripulantes. Imagine que com esses números vem um forte movimento de vendas para o comércio, artesanato, alimentação, vestuário e souvenirs, além do uso de táxis e veículos contratados ainda no navio”, avalia.
Números do setor
Depois de Fortaleza ter sediado grandes eventos, como Copa das Confederações, em 2013, a Copa do Mundo e o Ironman, no ano passado, a
procura pela Capital como destino turístico cresceu significativamente.
Para o Secretário Executivo da Setfor, a chegada dos voos diretos para
Buenos Aires, Bogotá e Miami também contribuiu para aumentar a demanda. “Saímos de 2.829.097 passageiros em 2013 para 3.228.134 em
2014, experimentando um ótimo aumento de volume de passageiros, segundo a Infraero”, destaca Erick Vasconcelos.
A última alta estação, de dezembro de 2014 a janeiro deste ano, também foi aquecida. Segundo informações da Setfor, Fortaleza recebeu
662.476 turistas, dos quais 22.758 eram estrangeiros. No Ceará, o fluxo
turístico da alta estação gerou receita de R$ 2,1 bilhões - 23,8% a mais
do que no ano passado, segundo dados da Secretaria do Turismo do Estado (Setur). Os feriados deste ano, aliados à alta do dólar, também animam o mercado turístico. O impacto já pode ser percebido pelo setor. “A
hotelaria experimentou uma ocupação de 100% no feriado do Carnaval,
o que foi muito comemorado, e nos demais feriados, um volume bem razoável de hóspedes”, observa Erick Vasconcelos.
LC MOREIRA
cearense, que está entre os dez melhores destinos de viagem do Brasil, de acordo com o site
TripAdvisor, experimenta um novo movimento turístico que desembarca via marítima. Pelo menos quatro navios de cruzeiros estão agendados
para a temporada 2015/2016 do Porto de Fortaleza, mas as perspectivas
do setor vão além, graças à aposta na nova infraestrutura portuária e ao
trabalho de captação de novas rotas comerciais.
A nova Estação de Passageiros do Porto de Fortaleza ainda não foi oficialmente inaugurada, mas desde a Copa do Mundo recebe navios. Na primeira operação, em junho do ano passado, recebeu 3,5 mil turistas mexicanos
para o jogo Brasil e México. De lá para cá, outros navios de passageiros da Europa e Estados Unidos já aportaram. De acordo com a Companhia Docas do
Ceará (CDC), em 2014 o Porto de Fortaleza recebeu 15 navios de passageiros.
Segundo informações da CDC, os visitantes de cruzeiros em Fortaleza passam em média 12 horas na Capital. Em alguns casos, a cidade é a
primeira da rota do navio, mas pode estar no meio ou no final do roteiro. Os turistas são recebidos por agentes do receptivo local com mapas
e informações sobre pontos turísticos, ação promovida em parceria com
as Secretarias de Turismo do Estado e do Município. “O Porto de Fortaleza tem uma estação de passageiros equipada e dentro dos padrões do
mercado para atender aos navios”, afirma Mário Jorge Cavalcanti, Diretor-Presidente da CDC. “Até ano passado tínhamos um espaço adaptado.
Hoje, o novo prédio é dotado de scanner, detector de metal, espaço para
montagem de balcões de check-in e check-out, ar-condicionado, cadeiras confortáveis, sistema de som ambiente e wi-fi livre”, destaca.
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“Se há mais ciclistas que deixam o carro
e vão de bicicleta, aquela pessoa que
por acaso não vai deixar o carro de maneira
nenhuma vai ter o trânsito mais livre porque
tem menos gente de carro”, raciocina Milvo Rossarola.
Há algum tempo era Fortaleza, uma pessoa sair de
praticamente impossível, em
natinho rodrigues
casa e ir para o trabalho de bicicleta. E mais: conseguir se deslocar pela cidade usando a “magrela”, adotando-a como um veículo de deslocamento para todos os momentos do seu dia a dia. Hoje, porém, o município pode se orgulhar de oferecer uma estrutura invejável para os ciclistas, em comparação com outras metrópoles do País.
Um exemplo é o Bicicletar, inovador projeto de compartilhamento de bicicletas, fruto
da parceria entre a Prefeitura, a Unimed e as empresas Samba/Serttel e Mobilicidade,
que em menos de quatro meses de funcionamento já tem média diária de 1.579 viagens e 44 deslocamentos por estação.
E as perspectivas são animadoras: em 15 anos, a Prefeitura projeta construir um
total de 523 km de ciclofaixas, ciclovias e ciclorrotas na cidade. Hoje, pelo menos 7% da população,
de acordo com estimativas da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos, prefere se locomover pela cidade sobre duas rodas. E o número tende
a crescer, especialmente se forem adotadas medidas para incrementar o sistema cicloviário na cidade. “Isso tudo é um processo que começou agora. Temos muitos desafios pela frente: é preciso
expandir o bicicletário, a malha cicloviária, a ciclofaixa de lazer, investir em campanhas de educação de trânsito. Temos que engajar a sociedade
nisso. O caminho de investir nas bicicletas é longo,
mas irreversível”, analisa Luiz Alberto Saboia, Secretário Executivo de Conservação e Serviços Públicos da Prefeitura de Fortaleza. “A gestão do prefeito Roberto Cláudio deixou de forma inequívoca
que mais do que uma ação de mobilidade urbana,
transporte é prioridade, e bicicleta também é uma
prioridade”, completa o gestor.
É fato que a capital cearense jamais investiu tanto no uso da bicicleta. As compartilhadas e as faixas de lazer são um sucesso. Em nenhum lugar do
mundo se retrocedeu quando foram adotadas políticas em prol da bicicleta e dos ônibus”, observa Celso
Sakuraba Júnior, Diretor da Associação dos Ciclistas
Urbanos de Fortaleza (Ciclovida).
Para usuários e representantes do movimento cicloativista, esta realidade só comprova o que já se
sabia há tempos: Fortaleza é uma cidade adequada para o uso da bicicleta – só faltava o incentivo da
implantação de políticas públicas. “Geograficamente, Fortaleza é uma cidade ideal para bicicletas, porque é plana e seca na maior parte do tempo. Esse
investimento cai como uma luva. A cidade só não é
ideal na questão da relação com o outro, porque ainda é pequeno o investimento na educação de motoristas e pedestres”, defende Erich Soares de Oliveira,
estudante, ciclista e voluntário do Bike Anjo, entidade que ensina pessoas a andarem de bicicleta.
CAMPANHAS
Na visão de cicloativistas, a educação é o ponto central de toda discussão envolvendo as bicicletas em
Fortaleza. É certo que o respeito entre motoristas e
ciclistas não ocorrerá da noite para o dia, mas este
longo processo pode começar com campanhas educativas. “O Código de Trânsito diz que o motorista,
para ultrapassar uma bicicleta, tem que mudar de
faixa. Se as campanhas mostrassem isso, já teríamos um grande avanço”, observa Milvo Rossarola Júnior, professor e Diretor do Bike Anjo. “As campanhas precisam ser de longo prazo e agressivas,
mostrando que quando um carro tira uma ‘fina’ do
ciclista, pode provocar um acidente fatal. Se isso diminuir o atropelamento de um ciclista por semana,
já é muita coisa”, diz Milvo, ele próprio foi vítima da
imprudência no trânsito. “Em janeiro, indo ao trabalho, passei pelo viaduto do Makro e um motociclista simplesmente invadiu minha faixa e me derrubou. Passei vários dias em casa, imobilizado, em
virtude do acidente. Se fosse um carro, o resultado
poderia ter sido muito mais grave”, alerta.
Para Erich Soares de Oliveira, ao investir no esclarecimento da população, o governo também estará economizando recursos. “Dados do Instituto
José Frota (IJF) mostram que o atendimento hospitalar de emergência a ciclistas acidentados diminuiu
em 27% nos últimos meses. É um reflexo do espaço que a mídia tem dado para o movimento ciclístico. Imagine se tivermos campanhas oficiais. Estamos falando de poupar gastos e salvar vidas”, opina.
Com essas medidas, outra consequência benéfica seria a diminuição do número de carros nas
ruas e um trânsito menos congestionado. “Se há
mais ciclistas que deixam o carro e vão de bicicleta, aquela pessoa que por acaso não vai deixar
o carro de maneira nenhuma, vai ter o trânsito
mais livre porque tem menos gente de carro”, raciocina Milvo Rossarola.
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lucas de menezes
INVESTIMENTO
Ainda que a população careça de educação e orientação
para se relacionar bem com os ciclistas, os adeptos da bicicleta têm motivos para festejar. Afinal, desde o último
mês de novembro, a Prefeitura de Fortaleza vem implantando o Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI), que
prevê dotar a cidade com 153,2 km de ciclovias em cinco
anos. A curto prazo, a meta é alcançar 100 km de novas
infraestruturas cicloviárias até 2016, totalizando 216 km.
De acordo com a Prefeitura, serão investidos recursos
da ordem de R$ 53,8 milhões do Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID). “Começamos a investir nas bicicletas como um modal complementar, integrado dentro do
possível ao ônibus e voltado principalmente para curtas e
médias distâncias. Não achamos que ela vai ser o principal meio de transporte, nem que vai resolver todos os problemas do trânsito, mas a bicicleta traz muitos ganhos”,
explica Luiz Alberto Saboia. “O uso da bicicleta é ideal para
regiões muito saturadas de trânsito, como a Aldeota. Outra vantagem é que uma bicicleta a mais é um carro a menos nas ruas, portanto, menos poluição na atmosfera. E
a bicicleta também favorece a saúde dos seus usuários,
além de trazer mais gente para as ruas e melhorar a relação das pessoas com a cidade”, avalia o gestor.
HISTÓRICO
Para a Prefeitura, o ponto mais importante da política
cicloviária na cidade foi a implantação dos binários da
Aldeota, nas Avenidas Dom Luís e Santos Dumont. “A
abertura das ciclovias nessas duas avenidas foi uma das
razões de ser do binário”, aponta Luiz Alberto Saboia,
Secretário Executivo de Conservação e Serviços Públicos da Prefeitura de Fortaleza. “Foi emblemático porque
ocorreu no coração da Aldeota, na parte mais dominada
pelos automóveis na cidade”, avalia o gestor.
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O uso da bicicleta é ideal para regiões muito saturadas de trânsito,
como a Aldeota. Outra vantagem é que uma bicicleta a mais é um carro a
menos nas ruas, portanto, menos poluição na atmosfera”, diz Luiz Alberto Saboia
Desde então, a Prefeitura já conseguiu interligar diversas regiões com ciclovias e ciclofaixas, dando novas opções de deslocamento pela cidade. “Assumimos a gestão em
2013 com aproximadamente 68 km de ciclovias e chegamos agora a 116 km. O prefeito já determinou como meta, até agosto de 2016, mais 100 km”, conta Luiz Alberto
Saboia. “Todas as regiões da cidade serão contempladas. Chegamos ao Bom Jardim, à
Granja Portugal e à região Oeste da cidade. Em breve teremos a ligação das Avenidas
Jovita Feitosa e Bezerra de Menezes e, em 2016, vamos implantar a Intercampus, uma
ciclofaixa muito importante, que vai sair do campus do Itaperi da Uece, passará pelo
Benfica, na UFC, vai ao IFCE, na Gentilândia, e, pelo Montese, chegará até o campus
da UFC, no Pici”, descreve.
Outras duas iniciativas que estão incrementando a utilização das bicicletas na cidade são as ciclofaixas de lazer, aos domingos, e o Projeto Bicicletar, que já tem 35 estações em funcionamento e deve chegar a 40 até o final do mês, totalizando 400 bicicletas à disposição da população. “Nossa missão é criar condições para que esse
modal se desenvolva na cidade. E todas as ações se articulam: a rede cicloviária, o Bicicletar, a ciclofaixa de lazer e ações educativas. Tudo faz parte da política de estímulo ao uso desse modal”, diz Saboia.
Para os cicloativistas, o futuro deve ser bem melhor para a circulação das bicicletas
pelas ruas de Fortaleza. “Não temos medo que o poder público recue. Quando o debate é instalado, esclarece a população e ela passa a entender o significado desse movimento”, avalia Celso Sakuraba Júnior. “Antes éramos apenas pessoas que não se conheciam e foram atrás de lutar por esse ideal. Hoje, são vários movimentos e veículos
de comunicação incentivando o uso da bicicleta”, compara o cicloativista.
PASSEIO CICLÍSTICO
No domingo, dia 26 de abril, ainda em comemoração aos 289 anos de Fortaleza, o Jornal Diário do Nordeste, em parceria com a Prefeitura de Fortaleza, Unimed e Mercadinhos São Luiz, realizará o Passeio Ciclístico Fortaleza em Movimento. A ação vai de
encontro a uma das bandeiras que o jornal levanta por meio do suplemento Vida, que
é a busca por saúde e bem-estar.
Partindo às 7 horas da Praça Luiza Távora, o percurso levará os ciclistas a pontos
históricos e turísticos da capital cearense, como a Catedral de Fortaleza, o Mercado Central, o Forte de Nossa Senhora da Assunção, o Centro Dragão do Mar de Arte
e Cultura e a Avenida Beira Mar. O evento é aberto ao público. Para participar, basta
trazer sua bicicleta. Para quem tem interesse, mas não tem uma bike, duas opções estarão à disposição: a estação de bicicletas compartilhadas na Praça Luíza Távora e a
possibilidade de alugar uma bicicleta na própria praça no dia do evento.
Um kit especial do passeio será disponibilizado para os participantes de forma gratuita, podendo ser adquirido a partir de hoje, dia 13 de abril, por meio de inscrição no
site do evento (veja endereço abaixo). O número de kits é limitado aos 250 primeiros
inscritos. No site, mais informações sobre o passeio estarão disponíveis, tais como os
pontos históricos, o percurso completo e a forma de recebimento do kit.
Acesse e participe:
www.diariodonordeste.com.br/fortalezaemmovimento
O RIOMAR PARABENIZA
COM MUITO CARINHO
A CIDADE QUE NOS RECEBEU
DE BRAÇOS ABERTOS.
13 DE ABRIL. PARABÉNS, FORTALEZA.
PARABÉNS, FORTALEZENSE.
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o
Movi en o
geralmenlembrada pelos altos índices de violência, algumas iniciativas se levantam para promover a paz. No Grande
Bom Jardim, conjunto de bairros formado por Canindezinho, Siqueira, Granja Portugal, Granja Lisboa e
o próprio Bom Jardim, jovens de seis escolas públicas se tornaram protagonistas da mudança social
de seus bairros, mostrando que é possível construir
uma cultura de não-violência. O nome do projeto
não poderia ser outro: Jovens Agentes da Paz (JAP).
A iniciativa surgiu em 2010 e foi criada pelo Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza (CDVHS) em
contexto de elevados índices de violência no meio
jovem. “A necessidade de organização da juventude pelos Jovens Agentes da Paz se deu devido ao
alto nível da mortalidade juvenil no território”, explica Joaquim Araújo, Coordenador do projeto. “A
juventude decidiu traçar estratégias de mobilização de outros jovens e de ações de paz nas escolas
e no meio cultural”, acrescenta.
Uma das principais ações é a mediação de conflitos. Ameaças a professores ou alunos e consumo de drogas chegam encaminhados pela direção
do colégio ou pelos próprios estudantes para serem
mediados pelos agentes que, anualmente, recebem
treinamento do CDVHS. Por meio do diálogo, os jovens contornam a situação, evitando a transferência do aluno envolvido ou o agravamento dos casos.
“Quando o aluno é transferido e leva a raiva junto, a
possibilidade de aumento da violência é maior. A mediação evita outros agravos”, observa Marileide
Luz, Coordenadora do CDVHS.
Para Joaquim Araújo, a mediação de conflitos trouxe uma nova postura das escolas. “Tem se criado a roda de mediação em vez de dar a transferência”, diz o Coordenador do JAP. Para Marileide Luz,
o trabalho dos agentes da paz chamou a atenção de outras escolas. “Um primeiro resultado positivo
é o interesse das escolas em querer que haja jovens agentes de paz. Hoje, as escolas que não estavam
presentes no projeto querem que nós o implantemos”, comemora Marileide Luz.
Germana Barros, Coordenadora da Escola de Ensino Fundamental e Médio Santo Amaro, no Bom
Jardim, destaca a contribuição do JAP no colégio. “É uma parceria muito importante. Percebemos que
os alunos têm mais proximidade com eles mesmos, com os professores e os profissionais da instituição. Com essa cultura de paz, o JAP mostra que existe uma forma de dialogar, de expor sentimentos,
sem precisar de violência ou ações negativas, respeitando o que os outros têm a dizer”, reflete.
PAZ
pela
lc moreira
Em uma região te
“Muitas vezes um jovem não tem
coragem de chegar para um adulto e
debater certas coisas. Estamos aqui para
facilitar esse processo na adolescência,
esclarecendo dúvidas e compartilhando
experiências”, reflete Michel Reginaldo Ferreira
Protagonismo
Quando o projeto começou, o que chamou a atenção dos coordenadores foi a adesão dos próprios jovens. “Descobrimos que o diálogo com a direção das escolas era importante, mas que a mobilização vinha da própria juventude. A adesão foi imediata”, recorda Marileide Luz.
O grupo aposta em estratégias nas escolas, como as rodas de formação, em que são discutidos assuntos levantados pelos próprios alunos. “Percebo no discursos dos meninos mais engajados um desejo de mudança na vida deles e no lugar”, observa Marileide Luz. Para a Coordenadora do CDVHS, o envolvimento dos jovens amplia a percepção deles em relação a questões além dos muros da escola. “Há
uma interação com outros grupos. O JAP foi convidado a participar do Fórum Mais Fortaleza Menos Desigualdade, avaliação da cidade como parâmetro de garantia do direito da criança e da juventude para
que o município receba o selo Unicef”, afirma.
Do trabalho do JAP participam alunos e ex-alunos. É o caso de Michel Reginaldo Ferreira, de 18
anos, que terminou o Ensino M édio, mas continua no JAP. “Muitas vezes um jovem não tem coragem
de chegar para um adulto e debater certas coisas. Estamos aqui para facilitar esse processo na adolescência, esclarecendo dúvidas e compartilhando experiências”, reflete. “Desejo que a juventude do
meu bairro supere qualquer barreira. Basta ela querer e ter consciência”, conclui.
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“Então, muitas
tudo isso passou a ser rotina pra
mim. Eu diria que esse trabalho coisas foram
me alavancou fortemente”.
bem amadoras,
A rede Cuca Barra, mantida pela
Prefeitura Municipal de Fortale- caseiras,
za e que atende jovens entre 15 e mas que me
29 anos, foi o seu primeiro local de
formação em cultura e arte. Aos 15 trouxeram
anos, Gilson já estava por lá adquirindo conhecimento e colocando
em prática como executar um projeto. Partindo dessa experiência, o e repercussão
jovem se propôs a criar o coletivo a partir da
Molotov. “Comecei a aprender mais
sobre publicidade e propaganda,
que é a área que estou tentando me dos artistas
engajar profissionalmente”.
Para ele, o coletivo tem um im- e parceiros
portante papel no processo de in- que
clusão social. Muitos iniciantes na
aderiram à
música e fotografia já trocaram experiências com Gilson. “Eu acredi- ideia”, diz Gilson
to que esta interação entre produ- de França Oliveira
tores de cultura e arte seja muito
importante, pois aproxima os que
estão começando com os mais experientes. Tenho a sorte de conhecer grandes profissionais que têm a
ver com meu trabalho, então tento
aprender e transmitir o máximo de
conhecimento possível”.
bons
resultados
“Numa cidade como
Fortaleza, em que
até pouco tempo era
projetada apenas para
automóveis, andar de
bicicleta é resistir
e conquistar
um espaço que
também é nosso”, afirma
Bruno de Oliveira Soares
Juv ntud
do
fa e
Fortaleza
se movimenta entre os jovens que buscam oportunidades de
defender seus projetos, causas e estilos de vida. Uma juventude que não fica parada e alia ações culturais, ativismo político e diálogo com a comunidade em
que vive. Rompem fronteiras, encaram os desafios e fazem da rua o palco de suas realizações.
Em torno de um objetivo comum, reúnem-se nos chamados coletivos e atuam nos mais diversos segmentos, tais como gastronomia, cinema, moda e cultura.
Foi assim com o jovem Bruno de Oliveira Soares. Em 2003, ele e sua companheira, Letícia Peixoto, tiveram a ideia de montar um coletivo que unisse desejos comuns. Mas com uma condição: desde
que fosse ao encontro do que realmente gostavam de fazer e que desse o retorno junto à comunidade. Foi daí que surgiu a Bike Vegan. “Sou ciclista vegetariano e cozinhar deixou de ser apenas um hobby e começou a fazer parte de nossa atividade. É a nossa principal fonte de renda”.
O que era um projeto no campo das ideias virou realidade. A proposta principal do coletivo
é promover o estilo de vida vegan e a cultura da bicicleta na cidade de Fortaleza, por meio da
venda de lanches veganes (sanduíches, salgados, brownies e outros doces). Além disso, como
ativistas políticos, realizam a distribuição de zines, informativos e adesivos que dialogam
com o temas do viés político que defendem.
Os lanches são produzidos em casa de forma artesanal, mas com a dedicação e a higiene sanitária que os alimentos exigem. Os preços são justos, para facilitar o acesso de todas as classes
sociais. Bruno diz que é preciso desmitificar que veganismo é algo elitista ou inviável por conta dos custos. “Queremos alcançar pessoas que normalmente não têm acesso a esse tipo de ali-
mentação livre de derivados animais, despertar a curiosidade e propiciar um primeiro contato com esse estilo de vida”.
Contando ainda com a parceria do amigo Tiago Sousa, Bruno é uma espécie de “faz-tudo” no coletivo. Vive em constante
movimento para fazer dar certo o negócio que escolheu para
viver. “Atuamos em forma de cooperativa. As atividades são separadas de maneira horizontal. Não há liderança. Fazemos o
que gostamos ou o que temos maior desenvoltura”.
O cenário para as vendas da produção do coletivo são,
basicamente, as praças públicas, universidades, feiras, bem
como eventos culturais realizados pela cidade. A Bike Vegan participa como expositor fixo na Feira Agroecológica
no bairro Benfica, realizada quinzenalmente na praça da
Gentilândia. A agenda de negócios se movimenta de acordo
com o calendário de eventos da cidade.
O coletivo deu um toque a mais na vida de Bruno. Para
ele, não há propaganda melhor que a ação que se transforma em ferramenta de propagação de seus ideais. “Numa cidade como Fortaleza, em que até pouco tempo era projetada apenas para automóveis, andar de bicicleta é resistir e
conquistar um espaço que também é nosso”.
Bruno faz parte de um grupo de jovens que encontrou dificuldade de entrar no mercado de trabalho formal e optou pela
autonomia, procurando um espaço sócio-produtivo para trabalhar e sobreviver. O Bike Vegan é um exemplo. Segundo Bruno, o coletivo é geralmente formado por pessoas que moram
juntas e aliam seus hobbies e lutas diárias por emancipação,
para criar algo que proporcione a inclusão social.
Para divulgar seu trabalho, os jovens do Bike Vegan utilizam as redes sociais como principal plataforma de comunicação (facebook, instagram), além de participarem de feiras e
utilizar material gráfico convencional como cartões, banners e
folders. “Tudo é produzido por nós mesmos”.
Cena independente
Gilson de França Oliveira é designer e fotógrafo. Ele comanda o coletivo Molotov Produções Artísticas e Efeitos Visuais. O jovem trabalha em parceria com amigos que atuam na cena independente da arte e cultura de Fortaleza.
O projeto surgiu no momento em que Gilson se descobria
como produtor e precisava urgentemente executar os projetos que tinha em mente. “Então, muitas coisas foram bem
amadoras, caseiras, mas que me trouxeram bons resultados e repercussão a partir da visibilidade dos artistas e parceiros que aderiram à ideia”.
A proposta do Molotov é produzir conteúdo independente e de qualidade, utilizando-se das ferramentas que estão disponíveis para a produção artística. Os locais de filmagens e as formas de realização são
abertos. Não existe um espaço definido. Contanto que seja do agrado
de todos os envolvidos na produção.
Por enquanto, Gilson tem como renda a satisfação de ter seu trabalho apreciado. A justa remuneração virá com o tempo. “Na realidade,
o projeto é quase um laboratório para mim”, comenta. Os frutos como
cidadão já são um grande começo para ele. O coletivo vem mostrando
que as coisas podem ser possíveis quando há total dedicação e as ações
são devidamente planejadas para darem certo.
Gilson aprendeu a se virar sozinho. Não esperou por ninguém para
dar o pontapé. O coletivo deu a ele a oportunidade de valorização profissional, proporcionando ainda relações interpessoais, bem como conhecimento de conteúdos e práticas que nem sonhava em dominar. “Hoje,
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egócios
de FUTU O
ideia na cabeça e algum apoio – principalmente financeiro – para começar a tirá-la do papel. Esses são os elementos fundamentais para a criação
de uma startup, modelo de empresa que está na ordem do dia do
empreendedorismo nacional. Em Fortaleza, esse movimento é semelhante. Dezenas de novas empresas surgem a cada mês, impulsionadas pelos investimentos em tecnologia e o crescente acesso a ela pelos mais diversos públicos, especialmente os mais jovens.
Acompanhando essa juventude, as startups são uma realidade
bastante recente em Fortaleza. Tudo começou oficialmente em dezembro de 2011, num evento denominado “Empreendendo.me”, que
trouxe para a capital cearense pela primeira vez o termo e o conceito de negócio com alto impacto de crescimento (daí vem a palavra
startup). “O evento reuniu pouco mais de 100 empreendedores e depois dele começaram a surgir as iniciativas,
como o grupo Startups.CE no Facebook, outros eventos de
startups, a Anjos do Brasil – Núcleo Ceará, o Elephant Coworking etc.”, descreve Leonardo Lacerda, Diretor da 85
Labs, única aceleradora de startups de Fortaleza e um dos
primeiros empreendedores de startups do Estado.
Para Leonardo, o espaço que o termo ganhou na mídia
ultimamente tem contribuído para o crescimento das startups por aqui. “Os casos de sucesso internacionais e nacionais têm aparecido cada vez mais na imprensa”, aponta.
“Também é relevante o fato de investimentos tradicionais,
como terrenos e imóveis, por exemplo, estarem menos
atraentes. Para se ter uma ideia, a perspectiva na 85 Labs
aceleradora é que as startups se valorizem em pelo menos 500% em até 12 meses. Que investimento proporciona
essa expectativa? Praticamente nenhum!”, compara.
TALENTOS
A 85 Labs tem contribuído para o aumento do interesse pelas startups. Como única aceleradora de startups
do Ceará, a empresa acolhe os empreendedores que têm
uma boa ideia de negócio, fornece treinamento, capacitação, desenvolve o projeto e consegue investidores para
que saia do papel. Com esse trabalho, já fez decolar algumas startups cearenses, como o Agenda Kids e a Washer,
que já fazem sucesso em outros Estados e até no exterior.
Além disso, seus diretores têm feito palestras para levar a
mensagem do empreendedorismo a diversos públicos. “Eu
tenho um projeto voluntário chamado Caminho Empreendedor, no qual dou palestras em escolas públicas do Estado para mostrar aos estudantes que empreender é um
caminho interessante. Estamos sensibilizando vários atores desse ecossistema empreendedor, em busca de um futuro muito mais inovador”, comenta Leonardo Lacerda.
O desempenho da 85 Labs e dos empreendedores digitais do Ceará é elogiado por alguns dos maiores especialistas em startups do Brasil. “O Ceará é o segundo Estado mais desenvolvido do Nordeste no setor de
startups. O Nordeste é um polo muito importante para
o Brasil, porque tem 10% das startups de todo o País
e possui uma cultura muito bem enraizada, que discute formas de fazer bem feito. E também porque há
muitos talentos, muita criatividade emergente”, afirma
Guilherme Junqueira, Gestor de Projetos da Associação
Brasileira de Startups (ABStartups). “Conta muito a criatividade do povo cearense, mas o fator principal é a vontade de fazer. O empreendedor do Nordeste tem essa
vontade, sabe que tem que correr atrás, que precisa so-
o
divulgação
breviver com poucos recursos, e consegue tirar
muito proveito disso”, avalia Junqueira.
Outro fator que explica o crescimento das startups e as perspectivas animadoras para seu desenvolvimento é o quesito inovação, especialmente nos produtos e serviços oferecidos pelas
empresas. “As startups conseguem ver velhos
problemas e encontrar soluções que são totalmente inovadoras. Você não compra mais comida, nem reserva vagas em hotéis como antigamente porque existem aplicativos que permitem
fazer isso com um clique no celular”, exemplifica Guilherme Junqueira. “Vemos um país e um
mundo em plena evolução, e muitas coisas sendo otimizadas e melhoradas”, constata o especialista em startups. Nessa onda, os cearenses estão
aprendendo a nadar de braçada.
FOOD TRUCKS
Segundo o Ibope Inteligência, a alimentação fora
de casa movimentou R$ 140 bilhões em 2014. E a
tendência é de crescimento para este ano, movimento impulsionado em parte pela quase inesgotável variedade de quitutes e refeições que podem
ser saboreadas informalmente nos food trucks. Expressão inglesa que significa “caminhão de comida”, esse tipo de negócio conquista cada vez mais espaço
nas capitais brasileiras, e em Fortaleza não é diferente. Já há dezenas de empreendedores investindo nesse
ramo e os eventos para os apreciadores desse tipo de alimentação comprovam a força do mercado. “Nossos números impressionam. A expectativa era receber nos dois primeiros dias (somados) 1.500 pessoas e
no dois dias foram quase 10 vezes mais que o esperado. Na edição seguinte ampliamos o espaço, modificamos e ajustamos a planta do evento para receber com maior conforto os clientes e, para nossa surpresa,
veio um público ainda maior”, conta Alex Façanha, organizador do Lá Fora, evento que já teve três edições
e reuniu milhares de pessoas no estacionamento do Shopping Iguatemi. “O potencial é muito grande por
dois fatores determinantes: a grande procura do público e o baixo investimento para empreender no segmento se comparado ao investimento de construir um restaurante com ponto fixo”, diz.
Uma boa
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NÚMEROS
Alguns especialistas apontam que existem no Brasil cerca de 4 mil veículos adaptados, vendendo
as mais diversas especialidades de gastronomia. Essa frota, segundo estimativas, garante cerca de
60 mil empregos diretos no País. Em Fortaleza, como se sabe, este movimento já começou. Mas para
que ele realmente possa ser explorado em todo seu potencial, a palavra-chave é regulamentação.
Os empresários do setor aguardam que uma legislação municipal específica seja feita para que possam trabalhar com liberdade. “É fundamental a regulamentação da atividade e isso precisa acontecer com certa urgência, porém cumprindo todas as exigências relativas à formalização de empresa, regularização junto à vigilância sanitária e contratos formais de trabalho”, aponta Alex Façanha.
“Fortaleza, por meio da Prefeitura, do Sebrae e da Abrasel está estudando a melhor maneira de oficializar e permitir a atividade dentro do município. Regularizado, o empreendedor poderá levar seus
produtos às praças públicas, a eventos de massa e até mesmo atuar em diversos pontos da cidade”,
explica. Os amantes do food truck esperam ansiosamente.
“Os casos de sucesso
internacionais e nacionais têm aparecido
cada vez mais na imprensa. Também
é relevante o fato de investimentos
tradicionais, como terrenos e imóveis,
por exemplo, estarem menos atraentes.
Para se ter uma ideia, a perspectiva
na 85 Labs aceleradora é que as
startups se valorizem
em pelo menos 500% em até 12
meses. Que investimento proporciona
essa expectativa? Praticamente
nenhum!”, compara Leonardo Lacerda
BELEZA EM ALTA DEFINIÇÃO HÁ 289 ANOS.
Parabéns, Fortaleza!
www.rabelo.com
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Fortaleza - Ceará,
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ção mais concorrida”, comenta Júlio Oliveira.
Em contraste com o número de provas está a falta de estrutura da cidade. Para quem quer se preparar
para provas longas, uma das poucas opções é a Avenida Beira Mar – realmente livre apenas nas primeiras horas da manhã. “Esperamos que com a reforma da Beira Mar haja mais espaço para os corredores”,
torce Júlio Oliveira, que mantém o site Corredores de Rua de Fortaleza.
Enquanto aguardam por novos locais, atletas e especialistas fazem questão de incentivar a prática
esportiva, com uma ressalva importante: o acompanhamento médico. “É altamente recomendável que
a pessoa, antes de começar a correr, procure um médico. Infelizmente, problemas de saúde acontecem
muito nas corridas. E às vezes as pessoas não sabem que têm o problema porque não fazem exames”,
afirma Félix Luís.
“Correr é uma coisa
democrática, depende da
pessoa, apenas. Qualquer
outro esporte precisa de
muitos equipamentos,
um adversário e quadras
específicas. Já corrida não:
Emoção e inclusão
Contato com a natureza, inclusão, qualidade de vida, emoção, condicionamento físico, superação individual. Tudo isso cabe em cima de uma prancha? No stand-up paddle, sim. O esporte cresce e movimenta praticantes de todas as idades pela orla da Capital cearense e até em outros municípios do Estado. De
acordo com seus adeptos, o que mais os atrai é o menor grau de dificuldade em relação ao surf e a chance de estar mais perto das belezas das águas. “Logo na primeira aula, uma pessoa com o equipamento
certo e as orientações adequadas pode sair remando. No surf, ela demoraria muito mais”, compara David
Alvarez, revelação do Circuito Cearense em 2014.
Poucos sabem, mas o stand-up paddle era praticado apenas por reis. No Havaí, por volta de 1700,
Praia de Pipa (RN). Voltamos com um título no feminino, um no mascusomente os chefes do governo podiam andar sobre
lino, outro no revezamento e o 4º lugar no profissional”, contabiliza Mipranchas. De tão restrito, caiu no esquecimento e
guel Nobre, Presidente da Asup.
só foi resgatado no início da década de 1990 pelo
ícone do surf mundial Laird Hamilton. RapidamenASPECTO INCLUSIVO
te se espalhou pelo mundo. Hoje, já há um moviOs atletas ressaltam que uma das principais características do esporte
mento para incluir o esporte nos Jogos Olímpicos.
é seu aspecto inclusivo, permitindo a participação de mulheres e pessoas com necessidades especiais. “Tenho um problema de locomoção
MODALIDADE
na perna esquerda, mas mesmo assim me tornei praticante. Tive muito
No Ceará, o stand-up paddle chegou há pouco mais
incentivo do meu instrutor e até hoje conto com apoio dos colegas nas
de 10 anos pelas mãos do pioneiro Flávio Ramalho.
competições e nos treinos”, conta Miguel Nobre.
Nesse tempo, conquistou muitos praticantes, mas
Para as mulheres, o esporte também está de portas abertas, garanas primeiras competições oficiais só foram realite Carla Romana. “As mulheres estão presentes em todos os lugares, no
zadas há cerca de cinco anos. “Achavam que sestand-up paddle não poderia ser diferente. Não há nenhum preconceiria apenas para pessoas mais velhas. Na verdade, o
to”, observa a atleta, que precisa usar a força de vontade para seguir no
esporte se espalhou tanto que até adolescentes esesporte. “A prancha é pesada, exige esforço para tirar do carro, carregar
tão praticando”, diz Paulo Vasco, campeão cearenaté a praia e depois guardá-la. Talvez por isso as mulheres ainda estão
se na categoria Race em 2014.
descobrindo o esporte”, afirma.
Os principais locais onde o stand-up paddle é
praticado são a orla da Beira Mar e a Lagoa do CoBENEFÍCIOS E CUIDADOS
losso, em Fortaleza, e o Ponopoint, no Eusébio. NesPraticar stand-up paddle traz benefícios, especialmente para o sistema
ses e em outros points, a Associação Cearense de
cardiovascular. “O praticante melhora seu condicionamento físico, gaStand-up Paddle (Asup) estima que existam cerca
nha resistência nas pernas, abdômen e costas, além de equilíbrio físico
de 150 praticantes regulares. Com os adeptos evene emocional, pelo contato com a natureza”, explica Paulo Vasco.
tuais, o número passa de 200.
Mas praticar o stand-up paddle requer cuidados. “Uma pessoa com
A expansão traz resultados. Este ano está em
problemas lombares, por exemplo, precisa de acompanhamento médicurso o 2º Circuito Cearense e alguns atletas fesco. E não se pode esquecer de contar com um instrutor experiente. Por
tejam triunfos fora do Estado. “Pela primeira vez,
ser uma atividade náutica, é preciso avaliar todos os aspectos de seguformamos uma seleção cearense para competir na
rança e técnica”, afirma Paulo Vasco.
você põe um calção e vai
treinar”, acrescenta Júlio Oliveira
pela
Correndo
cid d
“No início, achavam que o
stand-up paddle
seria apenas para pessoas
mais velhas. Na verdade,
o esporte se espalhou tanto
que até adolescentes estão
praticando”, comenta Paulo Vasco
kiko silva
Da Inglaterra na atualidade, as corridas de rua
do século XVIII para as metrópoles
tornaram-se uma das modalidades esportivas mais populares do mundo. Cada evento mobiliza milhares de pessoas e desperta a paixão de
novos adeptos dia após dia. Em Fortaleza, essa evolução também aconteceu. Há cerca de 20 anos, a cidade assistia a disputas semiamadoras,
realizadas com empenho e boa vontade de poucos abnegados. Hoje, as
provas estão cada vez mais profissionais, atraindo empresas e investidores, reunindo muitos praticantes e exigindo detalhado planejamento.
O perfil do corredor também mudou. Antes restritas a profissionais
(ou quase), as corridas de rua transformaram-se em sinônimo de qualidade de vida. Quem participa garante: a esmagadora maioria dos que
calçam tênis e calção, na verdade, busca perder peso, livrar-se de vícios,
manter o equilíbrio do organismo após cirurgias bariátricas, dentre outras metas. Nesses casos, a medalha de participação, ao cruzar a linha de
chegada, é mera formalidade. “Correr é democrático, depende da pessoa,
apenas. Qualquer outro esporte precisa de equipamentos especiais, adversários e quadras específicas. A corrida, não: você põe um calção e vai
treinar”, acrescenta o militar da reserva Júlio Oliveira, de 68 anos e corredor de rua há 32.
Com a chegada da internet ao Brasil, na década de 1990, as corridas
de rua ganharam impulso. Difundiram-se informações sobre equipamentos, treinamentos, dietas e, acima de tudo, de realização das provas.
“Quando comecei, em 1982, só havia duas maneiras de comunicação: pelos jornais ou por panfletinhos, entregues ao final de cada prova”, lembra
Júlio Oliveira, que participou e organizou corridas no Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Fortaleza.
ORGANIZAÇÃO
Recentemente, o boom da internet fez surgir diversos sites e blogs. O
mais tradicional é o Portal do Corredor, no ar há 11 anos, com atuali-
zação constante e informações sobre provas,
resultados, preparação e assuntos afins. “Na
época, a única corrida que tínhamos como
referência era a São Silvestre. Deixei meu emprego como professor para me dedicar apenas ao site, pois vi que o negócio de corridas
iria crescer”, conta Félix Luís, de 44 anos, proprietário do Portal do Corredor.
A difusão de informações coincidiu com a
chegada à Fortaleza das corridas organizadas por empresas, patrocinadas por bancos
ou fabricantes de material esportivo. “É uma
consequência inevitável do mundo globalizado. Mas a estrutura melhorou muito. As provas de fora influenciaram nas corridas locais,
seja no preço das incrições, nos kits, no serviço para os corredores ou na estrutura. Uma
mudança da água para o vinho”, compara Félix Luís, que este ano deve chegar a 300 competições (já tem cerca de 280 no currículo).
CALENDÁRIO
Estima-se que Fortaleza tenha visto cerca de
80 corridas de rua nos últimos três anos. O
calendário é constantemente atualizado pela
Federação Cearense de Atletismo, que prevê
para 2015 competições importantes, como
a Meia Maratona de Fortaleza (abril), Corrida da Unifor e 6º Circuito de Corridas Pague
Menos (maio), Circuito Golden Four Asics (junho), Circuito da Caixa, Circuito das Estações, Track & Field (agosto), 9ª Corrida Iguatemi (setembro), dentre outras. “Há corridas
com excelente nível. As da Unifor e da Caixa
são consideradas oficiais, porque são aferidas
por órgãos de competição. Já a da Pague Menos se tornou um fenômeno. Tem uma grande organização por trás. É a que tem a inscri-
natinho rodrigues
divulgação
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Fortal za
Movi
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res têm buscado cada vez mais qualificação com grandes bailarinos argentinos. Há uma ‘ponte aérea
Fortaleza – Buenos Aires’ e todo ano centenas de professores e alunos daqui vão buscar aprimoramento em terras argentinas”, destaca.
Outros ritmos
O aumento da busca pelo tango acompanha
o movimento da dança de salão como um
todo. Com 22 anos de atuação na cena local, o professor e dançarino Carlinhos Araújo afirma que Fortaleza foi a cidade que
Milonga TangoNoche
mais cresceu no Norte/Nordeste no moviOnde: Amici´s (Rua Dragão do Mar, 80)
mento de dança de salão. Um dos impulsioQuando: 17/04, 21h
nadores do movimento dançante, Carlinhos
Quanto: R$20
Araújo lembra que quando iniciou o trabalho “a única dança que se conhecia era o forró”. Nos anos 90, o professor de dança foi o
Milonga DE FORTALEZA
idealizador da atividade de dançarinos de
Onde: RESTAURANTE VILLA CARAVELA
aluguel, formando profissionais para dançar
(Av. Antônio Justa, 3235, Meireles).
com as mulheres nos bailes. O público femiQuando: Toda quinta-feira, 21h
nino predominava nas classes de dança de
Quanto: R$10 (couvert) e
salão e se ressentia por não ter com quem
consumação mínima de R$15
dançar nas festas. A atividade ainda existe e,
para o professor, contribuiu para despertar o
interesse de mais pessoas pela dança. “Este
Milonga Dance Tango
movimento fez crescer o interesse do jovem
Onde: Av. da Universidade, 2223, Benfica.
pela dança de salão. O crescimento é visível
Quando: uma vez por mês (agenda
pela quantidade de academias de dança na
na Fan Page Dance Tango)
cidade e o aumento da frequência de evenQuanto: R$15
tos”, avalia Carlinhos Araújo.
Com a oferta maior de bailes dançantes,
organizados por escolas, projetos e trabalhos independentes, o público de dança de salão tem buscado
outros ritmos além do forró, como samba de gafieira, zouk, tango e bachata. “A procura varia de acordo
com a faixa etária dos alunos: os mais jovens procuram o samba de gafieira, o zouk, a bachata e o forró; enquanto os adultos têm preferência pelo bolero e forró”, afirma Carlinhos Araújo. Para o professor,
o sucesso que as aulas de ritmos como zumba vêm fazendo nas academias convencionais tem despertado o interesse pelos gêneros latinos por parte daqueles que buscam a dança como forma de exercício.
Não apenas como alternativa para sair do sedentarismo, a dança de salão tem a vantagem de promover socialização. Antes praticada em sua maioria por pessoas da terceira idade, a prática tem conquistado mais adeptos de outras faixas etárias. A estudante Karol Moore, 16 anos, não dançava nada até
iniciar as aulas de tango. “Eu queria era salsa mesmo, mas não consegui largar mais o tango desde que
comecei, há três meses”, conta a jovem que começou recentemente a aprender bachata, zouk e forró.
Também atraído pela dança de salão, o economista Guilherme Muchale, 30 anos, conta que não tinha
o menor jeito para dançar. Há menos de um ano, matriculou-se no curso de samba de gafieira, salsa e
forró e depois disso não parou mais de dançar. “O interessante da dança de salão é que existem diversas festas e práticas sendo realizadas todas as semanas, o que acaba sendo uma experiência social enriquecedora”, observa Guilherme Muchale, que foi além dos três ritmos e resolveu arriscar o tango e a
kizomba. “Com professores dedicados e muito eficientes, vi que independente da timidez ou da suposta
falta de habilidade, é preciso ter paciência e dedicação que o aprendizado é rápido, faz bem para a saúde e a dança se torna um refúgio para se proteger do cotidiano estressante”, opina.
Para dançar tango
“Este movimento
fez crescer o interesse do
jovem pela dança de salão.
O crescimento é visivel
pela quantidade de academias
de dança na cidade e o
aumento da frequência de
eventos”, avalia Carlinhos Araújo.
cid
d
a BAILAR
No salão de dança, corresponde ao olhar. Em seguida,
o cavalheiro olha para a dama que
com um cabeceio, ele a convida para dançar. Convite aceito, ela caminha em direção
ao parceiro, ao encontro do seu abraço. Começa o tango. O ritual que precede à dança é típico das milongas argentinas. Mas estes bailes dançantes de tango já podem ser
frequentados em Fortaleza. Na terra do forró, o ritmo tipicamente portenho ganha espaço juntamente com outros estilos latinos da dança de salão.
O cearense que quiser ver e aprender o tango argentino não precisa ir tão longe hoje
em dia. Nos últimos dois anos, o número de escolas e profissionais ofertando o ensino da dança tem crescido significativamente. Neste ritmo, também aumentou a oferta de eventos voltados para os praticantes de tango, como bailes, onde se ouvem todos os ritmos, e milongas, evento voltado exclusivamente para dança argentina. Em
Fortaleza, lugares como a Escola de Dança Bailando realizam mensalmente a Milonga Dance Tango, mas toda quinta-feira este tipo de evento é promovido no restaurante
Villa Caravela, no Meireles. Mais recentemente, o tango ganhou espaço na programação da casa noturna Amici´s com o Milonga TangoNoche, uma vez por mês. Neste último, uma aula de tango para iniciantes é oferecida antes da festa em si.
O movimento tangueiro na Capital também pode ser observado nas redes sociais. É por
meio delas que os apaixonados pelo ritmo organizam eventos e divulgam a dança em terras alencarinas. Um dos grupos mais populares é o Dance Tango, que conta com cerca de
1.200 participantes. A iniciativa foi criada pelos professores Cleidson Diniz e Bel Miranda
em 2010 para difundir a prática de tango argentino em Fortaleza, por meio de aulas e bailes regulares. Cleidson Diniz recorda que na época em que o projeto foi iniciado quase não
havia praticantes de tango. “Lembro-me claramente que ia aos bailes com a Bel e, quando tocavam tango, não ficava ninguém no salão, as pessoas pediam para passar a música.
lc moreira
Uma
Eu e ela começávamos a dançar sozinhos na pista, ainda
meio tímidos pois, claro, também estávamos iniciando”,
recorda. “Hoje, qualquer turma de tango que divulgamos
na escola lota já na aula de abertura. Se a pessoa perder a
data, precisa esperar pelo menos quatro meses para uma
nova oportunidade”, constata o professor de tango.
Milongueiro de carteira, o publicitário e músico Mário
Ribeiro não perde um evento de tango desde que começou
a aprender o ritmo há dois anos. Para ele, a cena tangueira cearense passou por mudanças consideráveis nos últimos anos. “Exclusivamente de tango, antes só tínhamos
um baile mensal. Hoje temos, em média, três bailes mensais, uma milonga semanal, mais opções de escolas, professores e, principalmente, temos muito mais gente dançando”, comemora.
Além de praticante de tango, Mário Ribeiro é um dos
entusiastas da difusão da dança portenha em Fortaleza,
sendo também responsável pela Milonga TangoNoche no
Amici’s. “Vivemos o melhor momento do tango na cidade”, avalia o publicitário. “No Norte e Nordeste talvez só
ficamos atrás de Salvador, que já possui até uma associação de tangueiros”, afirma. E não apenas a quantidade de
interessados evoluiu, mas também a qualidade do ensino
dos professores, como observa Mário. “Nossos professo-
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o
lc moreira
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fotos divulgação
“Desde o Fagner, que despontou
na década de 1970, não surgiu
um cantor ou cantora
cearense em nível nacional.
Dessa nova geração,
ainda não tem ninguém fazendo
sucesso como ele. Temos muitas
promessas, tanto de vozes quanto
de compositores, pessoas com
muito potencial e capacidade
artística. Temos evoluído muito
de uns anos para cá, mas ainda
há muito o que melhorar na
estrutura e no espaço oferecido para
os artistas do Ceará”, opina Marcos Lessa.
Marcos
Lessa
ves. “Morei nos Estados Unidos e vi
que o cearense é um trabalhador,
que vai buscar seus sonhos e corre
atrás”, afirma o cantor.
Abrir novos espaços culturais e
dar mais oportunidades de participação aos cantores em licitações
públicas são fatores que poderiam
ajudar a revelar mais talentos,
na visão de Marcos Lessa. “Precisamos ocupar mais os espaços e
equipamentos culturais de Fortaleza, como o Passeio Público, o Estoril, a Praia de Iracema”, diz. “Os
editais também precisam dar condição para os artistas, porque, às
vezes, a gente ganha um edital,
vai receber aquele valor lá na frente e fica difícil para o compositor
ou cantor que está começando”,
afirma. “Abrindo espaço, o pessoal
tem talento para ocupar”, garante.
“Mesmo
trabalhando
na ‘terra
do forró’,
nunca precisei
entrar nesse
circuito para
fazer sucesso.
Tenho muito
orgulho de
trabalhar
com música, de
me sustentar
fazendo o que
mais gosto.
Como qualquer
profissão, tem
os momentos
Nayra ruins e bons. O
Costa importante é
não desistir
nunca”, garante
Nayra Costa
Solt ndo
“No mercado da música, o que
mais influencia
é a equipe que você escolhe
para trabalhar, os produtores,
o empresário e a gravadora.
Temos que aproveitar e fazer
a voz
a divulgação
trabalho, não só no aspecto
profissional, mas no lado pessoal,
ter contato com
eles”, opina Sam Alves.
A cena cultural do Ceará, ca, é uma das mais riespecialmente na músi-
cas de todo o Brasil. Em muitos cantos, palcos e estúdios de Fortaleza e de todo o Estado é imensa
a quantidade de talentosos cantores, compositores, instrumentistas e arranjadores que produzem e exibem obras encantadoras. No entanto, há muitos anos o País não ouve uma voz marcante e de sucesso vinda das terras alencarinas junto ao grande público e à mídia de massa. Pelo
menos, não ouvia. Sam Alves, Marcos Lessa e Nayra Costa, dentre outros, estão se movimentando e trabalhando forte para tentar provar o contrário. “Desde o Fagner, que despontou na década
de 1970, não surgiu um cantor ou cantora cearense em nível nacional. Dessa nova geração, ainda
não tem ninguém fazendo sucesso como ele. Temos muitas promessas, tanto de vozes quanto de
compositores, pessoas com muito potencial e capacidade artística. Temos evoluído muito de uns
anos para cá, mas ainda há muito o que melhorar, na estrutura e no espaço oferecido para os artistas do Ceará”, opina Marcos Lessa.
Curiosamente, todos os cantores cearenses
da nova geração mais conhecidos pelo País fizeram sucesso nos últimos anos no The Voice
Brasil, programa da TV Globo destinado à revelação de talentos musicais. Sem exceção, os artistas admitem: a atração televisiva foi um dos
grandes marcos na profissão. “É um programa
que realmente coloca o foco na música e em revelar artistas, que talvez até tenham tentado
antes e não tiveram sucesso, mas querem mostrar seu talento e sua voz. O The Voice me deu
realmente a oportunidade de mostrar não só o
que consigo fazer, mas também me colocou na
vitrine aqui no Brasil e mundialmente, para eu
começar uma nova carreira”, comenta Sam Alves, ganhador do The Voice em 2013.
FRUTOS
Marcos Lessa não venceu o The Voice Brasil, mas
também colhe frutos da sua ótima performance
na mesma edição. Em 2013, o cantor de 24 anos
chegou à semifinal do reality show. Desde então, já lançou seu primeiro CD, “Entre o mar e o
sertão”, e tem feito muitas exibições pelo Brasil.
“Eu tive a sorte de, antes do The Voice, já ter um
trabalho feito. Desde 2007, eu vinha fazendo vários festivais. Eu já tinha uma estrutura preparada, uma banda, um repertório com mais de 30
músicas, empresário e site”, conta Marcos. “Hoje,
muita gente me reconhece pelo programa, mas
depois disso, continuei dando motivos para o
público lembrar de mim. Se a pessoa aparecer
no The Voice e não tiver um trabalho consolidado, fica difícil”, observa o artista.
Na visão de Sam Alves, que após o The Voice também lançou dois CDs próprios, intitulados “Sam Alves” e “ID”, este recém-lançado, o
apoio que o artista recebe faz toda a diferença.
“No mercado da música, o que mais influencia
é a equipe que você escolhe para trabalhar, os
produtores, o empresário e a gravadora. E também tem muito a ver com o apoio dos fãs. Eu tenho uma legião de fãs, a Guerreiros de Sam, que
do
divulgação
Sam
Alves
me segue nas redes sociais. Temos que aproveitar e fazer a
divulgação do trabalho, não só no aspecto profissional, mas
no lado pessoal, ter contato com eles”, opina Sam Alves.
Nayra Costa também tem aproveitado a boa exposição
proporcionada pela televisão. Ela não reclama de forma alguma da vitrine global, mas lamenta que foi preciso participar do reality show para que seu trabalho fosse definitivamente reconhecido por aqui. “Acho chato o artista ter
que sair do mercado de Fortaleza para ter algum valor. Observo isso não só de agora. Desde sempre isso acontece,
pois até Fagner e Belchior tiveram que sair daqui para fazer sucesso”, constata a cantora. “Mas o The Voice foi a melhor coisa que me aconteceu. O programa realmente é sério.
Quem está lá é bom, mesmo. Depois daquilo, apareceram
mais shows para mim, inclusive pelo interior do Ceará, que
eu não fazia muito”, explica Nayra Costa.
TALENTO
A cantora cearense, semifinalista do The Voice Brasil em 2012, afirma que se
sente vitoriosa, pois sempre conseguiu manter seu estilo – que vai do rock
ao popular – em suas apresentações. “Mesmo trabalhando na ‘terra do forró’, nunca precisei entrar nesse circuito para fazer sucesso”, observa. “Tenho muito orgulho de trabalhar com música, de me sustentar fazendo o que
mais gosto. Como qualquer profissão, tem os momentos ruins e bons. O importante é não desistir nunca”, garante a artista, que está desenvolvendo um
repertório junto com amigos compositores e projeta o lançamento do seu CD
próprio para este ano. “Estamos trabalhando nesse projeto com calma”, diz.
Para Sam Alves, o sucesso dos cantores cearenses no The Voice Brasil não
ocorreu por acaso. Foi apenas uma questão de oportunidade. “A exposição
na mídia nacional é que permite ao cearense mostrar seu talento. A mídia
realmente tem esse poder e tem ajudado”, observa, constatando o poder da
criatividade dos talentos locais. “Artista no Ceará a gente sabe que não falta. É um povo alegre, haja vista tantos comediantes que saíram do Ceará. É
só uma questão de ser visto para alcançar muita gente”, comenta Sam Al-
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Fortal za
Movi
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A volta do passeio acontece no momento em que o Sol se despede e o
dia vai dando espaço para a noite. Com o anoitecer, a orla de Fortaleza
ganha o brilho das luzes e aos poucos a paisagem marítima vai mudando. Ali, acalentados pela brisa e pelo movimento do barco, alguns aproveitam para repousar os olhos no horizonte e pensar na vida. Outros se
aquecem nos braços do seu par e
fazem seu próprio clima romântico. Mas há quem simplesmente
descanse sobre os bancos, exaustos de um longo dia de sol e mar.
Viver em uma cidade banhada pelo mar é um privilégio que
só reconhece quem não tem essa
Estátua de Iracema
sorte. Mas ao vislumbrar uma ouPorto de Jangadas / Mucuripe
tra perspectiva da cidade, o enMoinho Dias Branco /
cantamento pode fazer qualquer
residente prestar mais atenção
Fábrica Dona Benta
nas belezas da Capital. “O passeio
Navio Beny - Naufrágio 1969
de veleiro pela orla de Fortaleza é
Cais do Porto / Píer
a retomada da sensação de que viPetroleiro / Mucuripe
vemos numa das mais belas cidaPraia Mansa / Parque
des litorâneas do Brasil”, opina a
Eólico / Mucuripe
professora cearense Magali Moura. “A brisa e o cheiro do mar são
Navio Amazonas - Naufrágio 1981
inconfundíveis. Além disso, emNavio Mara Hope - Encalhe 1983
balados pelo som natural e culMarina Parque Hotel
tural do forró, somos envolvidos
Igreja de Santa Edwirges
pela nordestinidade do ambiente
Mercado Central /
e das pessoas que parecem desCatedral de Fortaleza
lumbradas com a beleza alencarina”, completa.
Indústria Naval / INACE
O serviço é oferecido há 30
Ponte Metálica / Antigo Porto
anos e é gerenciado pela AssoPonte dos Ingleses
ciação dos Veleiros de Fortaleza.
Quebra-Mar / Espigões
Três embarcações se revezam no
Beira Mar Fortaleza
transporte de passageiros: duas
Calçadão Beira Mar Fortaleza
com capacidade média de 62 pessoas e uma que comporta até 70
pessoas. Cada barco conta com
tripulação credenciada, formada por mestre da embarcação, marinheiro auxiliar e mecânico. Os barcos são equipados com coletes salva-vidas, boias circulares, rádio de comunicação e balsa inflável.
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fotos davis lobo/divulgação
das
Caminho
gu s
Programa leza, o passeio de barco pela orla
imperdível de quem visita Forta-
marítima revela uma outra perspectiva da Capital. À bordo
de um veleiro, turistas e residentes podem conferir os encantos da orla no embalo das ondas do mar.
“O passeio é para ver como é bonita nossa cidade. Só toma
duas horas do dia e você conhece Fortaleza de um outro ângulo”, destaca Sérgio Tadaiesky, vice-presidente da Associação dos Veleiros de Fortaleza. O trajeto pode ser feito tanto pela manhã, de 10h às 12h, como à tarde, de 16h às 18h.
Quem opta por pegar o segundo, não se arrepende. Em um
dia de céu claro, o cair da tardinha no veleiro é nostálgico,
romântico e divertido. A sensação depende do estado de espírito e às vezes da sua resistência ao balanço do mar, que
em algumas pessoas causa enjoo. Tirando isso, embarcar
nesse programa rende lindos cliques e a oportunidade de
conhecer histórias que marcaram o mar do Ceará.
Um dos primeiros pontos avistados é uma parte do navio
Beny, que naufragou na enseada do Mucuripe em 1969. Como
explica o guia Andrew Davis, a embarcação trazia uma carga de
sal e tinha como destino a cidade de Salvador. Nas proximidades de Fortaleza, o motor do navio apresentou problemas e ficou
ancorado aguardando reparos. “O sal corroeu o casco e o navio
começou a afundar”, conta o guia. Outro naufrágio que chama
a atenção dos turistas é o do navio Amazonas, que afundou em
1981. O cargueiro vinha de Belém do Pará, trazendo madeira e
produtos eletrônicos. “Toda sua carga de madeira flutuou até a
praia Leste-Oeste. Na época, populares tentaram saquear e até
uma pessoa morreu e outras ficaram feridas”, relata o guia.
Mais na frente, uma grande carcaça, que também pode ser
vista dos espigões da Beira Mar, deixa todo mundo do barco
com um olhar curioso. Trata-se do navio Mara Hope, que naufragou há exatos 30 anos. O petroleiro estava sendo rebocado
dos Estados Unidos para Taiwan por outro navio quando este
teve problemas mecânicos enquanto navegava em águas brasileiras. O navio rebocador foi obrigado a ancorar no estaleiro
da Indústria Naval do Ceará e durante uma noite de maré alta
e forte tempestade, o Mara Hope soltou-se de suas amarras.
Ficou à deriva até encalhar num banco de
areia próximo à Praia de Iracema.
“Você pensa que num mar desse tamanho não tem histórias, mas tem muitas”,
entusiasma-se a turista paulistana Conceição da Silva, encantada com o passeio
e as curiosidades contadas pelo guia do
veleiro. Visitando Fortaleza pela segunda
vez, a aposentada rasga elogios para a cidade e para o povo hospitaleiro. “A atenção com o turista, a preocupação em dar
informação correta, acho isso importante”, observa a aposentada.
lc moreira
Pontos
avistados
do mar
Serviço:
Passeio Marítimo pela orla de Fortaleza
Adulto: R$50
Crianças de 0 a 4 ano: grátis
Crianças de 5 a 11 anos: paga meia
Informações: (85) 3263 1085
“Você pensa que num
mar desse
tamanho
não tem históriAS,
mas tem muitas. A
atenção com o turista, a
preocupação em
dar informação
correta, acho isso
importante”, observa
Conceição da Silva
Procura
De acordo com Sério Tadaiesky, o passeio é mais procurado por turistas do
que residentes. “Muita gente desconhece o serviço. A cada dia nos deparamos com pessoas que não sabiam dele. Tem gente que nem sabe
que existe a Praia Mansa”, observa o
vice-presidente da Associação de Veleiros. A praia fica à direita da enseada do Mucuripe e abriga turbinas do
Parque Eólico. É um dos pontos avistados no passeio de barco, entre outros, como cais do Porto, píer petroleiro e o estaleiro da Indústria Naval
do Ceará (Inace), nas proximidades do
Hotel Marina Park. “Próximo ao hotel,
nós paramos de 15 a 20 minutos para
um banho. Depois, o barco vem pela
orla passando pela ponte metálica e
retornando até o ponto de partida, no
Mucuripe”, explica o vice-presidente.
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