Sistemas construtivos industrializados - CDHU
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Sistemas construtivos industrializados - CDHU
Aviso Publico Licitações Sistemas Prediais A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano da Secretaria da Habitação do Governo do Estado de São Paulo, com base no princípio da publicidade e cuidados legais torna publico que irá proceder as licitações para construção de conjuntos habitacionais produzidos industrialmente. O objetivo dessa licitação admitirá sistemas industrializados mediante as seguintes condições. Os sistemas ou seus componentes deverão por ocasião da assinatura do contrato apresentar todos os testes de norma ABNT, cujos certificados deverão ser emitidos por entidade devidamente credenciada pelo Inmetro para tal fim. Poderão participar dessa licitação quaisquer empresas de construção civil que detenham de algum modo autorização para uso do sistema industrial. (Autorização de uso, outorga, contrato de representação) e demais formas de direito admitidas. Entende-se por sistemas industrializados aqueles cujos componentes sejam produzidos em fábrica e montados em canteiros excluindo os sistemas cuja fabricação dos componentes sejam produzidos em canteiros. Nesse sentido os autores têm definido o que é construção industrializada. Construção Industrializada Muito se tem dito, no mundo da construção, sobre a definição da industrialização. Todas elas podem ser entendidas numa definição: “a industrialização é utilização de tecnologias que subsistem a habilidade do artesanato pelo uso da máquina” (Rosso, 1980). Neste sentido, segundo Huth: “A produção em série é uma condição necessária para o emprego de uma tecnologia industrializada e determinante de um processo industrial. Só existe industrialização se há uma tecnologia mecanizada envolvida no processo” (HUth, 1976). A racionalização é indispensável na industrialização, além ser identificada com a mesma. Racionalizar a produção significa estudar seus métodos a fim de reduzir o tempo de trabalho e se conseguir melhor produtividade e rentabilidade. JUSTIFICATIVA Caracterização O Brasil possui, segundo a Fundação João Pinheiro, déficit habitacional estimado em 7,903 milhões de novas moradias em 2005, com incidência notadamente urbana, correspondendo a 81,2% do montante brasileiro (6,414 milhões). A região Sudeste lidera a demanda nacional, com necessidades estimadas em 2,899 milhões de unidades. As áreas metropolitanas participam com 28,9% da demanda total, correspondendo a 2,285 milhões de moradias, concentradas nas regiões metropolitanas aonde São Paulo lidera com 738 mil unidades. Essa carência do setor habitacional deve ser analisada em função da distribuição segundo as condições econômicas das famílias afetadas. Na sua grande maioria as famílias recebem renda média mensal inferior a três salários mínimos: correspondem a 5,779 milhões de domicílios, ou 90,3% do total urbano brasileiro estimado. Esse comportamento se repete qualquer que seja a região enfocada, o mesmo acontecendo nas regiões metropolitanas, onde 88,4% do déficit estimado estão relacionados às famílias de mais baixa renda. Por outro lado a construção civil, atividade diretamente ligada à questão habitacional, segundo dados do CBIC, participa com 7,32% na composição do Produto Interno Bruto (PIB) Nacional e com 18,33% do PIB da Indústria e o setor é o maior empregador na indústria sendo, conforme o Ministério das Cidades, responsável por 3,92 milhões de empregos diretos e empregando no todo, entre diretos e indiretos e induzidos, 15.10 milhões de pessoas. Caracteriza-se, principalmente no subsetor residencial, pelo uso intensivo de mão-de-obra, com baixo nível de escolaridade e qualificação profissional, períodos de construção relativamente longos, ampla segmentação da produção com o parcelamento da responsabilidade entre várias empresas, ampla divisão técnica do trabalho com perda da percepção do processo global de produção, grande mobilidade da força de trabalho, pelo caráter semi-artesanal do processo construtivo, pela separação entre a concepção e a execução e pelos desperdícios crônicos de materiais e mão-de-obra. Em função desses fatores temos como conseqüência a baixa eficiência produtiva, precária organização da produção, incipiente base técnica, imprevisibilidade de tempo e de custos e de tarefas, a qualidade variável dos produtos pela falta de cultura da qualidade e da produtividade e uma baixa garantia sobre os produtos e serviços entregues. No Brasil construímos e projetamos com os mesmos materiais e componentes há décadas, valorizando as construções em alvenaria. Dentre as características apontadas da construção civil, a mais marcante é a sua baixa produtividade, equivalendo a um terço da norte-americana. Segundo Santos (1995), a produtividade nos canteiros brasileiros encontra-se em 45 hh/ m2, enquanto na Dinamarca é de 22 hh/m2 (Rosso, 1974). Segundo Rosso (1980), nas edificações pode se passar de uma produtividade de 80 hh/m2 em um processo artesanal para uma de 10 hh/m2 em um processo industrializado. Picchi (1993) afirma que a produtividade no Brasil é menor que um quinto da produtividade dos países industrializados (Maués 1996). Essa baixa produtividade está relacionada principalmente a qualificação do trabalhador e a pouca utilização de novas tecnologias Se a construção civil brasileira adotasse a industrialização em larga escala, seria um dos setores da economia a liderar o aumento da produtividade brasileira. Para que isso se torne possível, é necessária a reunião de diferentes competências, governo, empresas, universidades, institutos de pesquisa e entidades do setor, visando à promoção de ações inovadoras na construção civil brasileira. Projeto Diante do crescimento populacional e dos avanços tecnológicos, a necessidade de projetos habitacionais flexíveis, a integração de ambientes e adoção de espaços multiuso com mais funções em menor espaço disponível, os cômodos de múltipla utilização passam a ser essenciais. Os projetos devem conter flexibilidade planejada que atenda a evolução dos modos de vida, dos formatos dos novos grupos domésticos e as transformações do ciclo de vida da família nuclear, elementos importantes na discussão sobre o desenho da habitação brasileira e essa flexibilidade espacial depende diretamente do sistema estrutural e dos fechamentos e divisões internas utilizados e, consequentemente, das soluções tecnológicas adotadas. Razões Sustentabilidade A sustentabilidade ambiental é outra grande tendência da construção civil em todo o mundo. A sociedade está exercendo forte pressão para que a construção civil diminua o impacto de suas atividades no meio ambiente pois contribui com a geração de resíduos sólidos na ordem de até 60%, o consumo de 15% a 50% dos recursos naturais e de 66% da madeira derrubada. Qualquer utilização de recursos além do necessário à produção de determinado produto é caracterizada como desperdício, classificado conforme seu controle, sua natureza e sua origem O consumo desnecessário de material resulta numa alta produção de resíduos, causando transtornos nas cidades, reduzindo a disponibilidade futura de materiais e energia, provocando uma demanda desnecessária no sistema de transporte.Hoje no Brasil calculado na base de 11 à 15% ( Spinelli) É necessário haver uma mudança de valores, assumindo a conservação, a qualidade e a parceria substituindo a ideologia do crescimento econômico pela idéia do desenvolvimento econômico e social e da sustentabilidade ecológica, focando, no planejamento e execução de uma obra, a interferência no ambiente quanto ao desperdício, o consumo de insumos e a geração de poluição. Com a Resolução do CONAMA, do Ministério de Meio Ambiente, Nº 307 de 5 de julho de 2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, as construtoras se tornam responsáveis pela destinação do entulho gerado nos seus canteiros. Norma de desempenho A partir de maio de 2010 a Norma de Desempenho para Edifícios Habitacionais de até Cinco Pavimentos da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) irá mudar a rotina de profissionais e empresas da construção. O construtor terá de garantir, já no memorial, a qualidade, o prazo de vida útil, o prazo de garantia e o desempenho de cada sistema da obra comercializada e a integração de todos eles na construção do empreendimento. A maneira de projetar e apresentar o projeto irá se alterar, pois os projetistas serão responsáveis pela definição da vida útil de projeto de cada um dos sistemas abordados na Norma. Deverão estudar profundamente as características técnicas de produtos e as tecnologias construtivas disponíveis e se atualizar constantemente quanto aos novos sistemas lançados no mercado e acompanhar de perto os ensaios de protótipos de sistemas construtivos. As empresas deverão realizar ensaios válidos de seus produtos para conhecer o comportamento em uso dos componentes dos sistemas construtivos. Desenvolver um método padronizado para a apresentação detalhada das informações sobre o desempenho de seus produtos nos catálogos, sites e outros meios de comunicação com os clientes. No caso das tecnologias inovadoras, deverão ser providenciados ensaios e relatórios técnicos confiáveis de sistemas não contemplados por normas técnicas nacionais. Industrialização A construção civil é o único setor da economia nacional que não se industrializou de forma notável. Hoje apresenta grande variabilidade tecnológica onde coexistem processos produtivos dos mais tradicionais aos mais modernos. Setores como a agricultura e o têxtil se modernizaram. A agricultura hoje é responsável por superávits da balança comercial brasileira e o setor têxtil consegue preços internacionalmente competitivos e exporta seus produtos. A construção civil se utilizava de uma lógica em que o custo de produção não era determinante na competitividade da empresa, mas isso mudou. Com a falta de financiamento da produção as empresas tiveram que procurar saídas alternativas, com a abertura do mercado as pressões sobre os preços tornaram-se crescentes e com o Código de Defesa do Consumidor o mercado se tornou mais exigente. O que impulsiona o uso mais intensivo dos sistemas industrializados no Brasil é a internacionalização da economia, com a chegada de empreendedores estrangeiros, habituados à utilização dos pré-fabricados e a obras rápidas. A construção civil no mundo tem buscado sistemas mais eficientes de construção com o objetivo de aumentar a produtividade, diminuir o desperdício e atender a uma demanda crescente, o que industrializada. passa necessariamente pela construção Se os orgãos governamentais financiarem ou apostarem na industrialização da construção civil, patrocinando a produção em maior escala, obterão como resultado a construção de maior numero de unidades em menor tempo e a redução dos custos com sistemas construtivos industriais que atendam às faixas populares. Por outro lado, para o uso dos sistemas industrializados em habitação popular, será necessário a certificação dos novos materiais, implicando em ensaios e a avaliação do desempenho de muitos componentes dos sistemas. VANTAGENS DA INDUSTRIALIZAÇÂO As inovações tecnológicas na indústria da Construção Civil, mudam a obra de “construção” para “montagem”. Os materiais construtivos chegam à obra em regime de just-in-time, ou seja, nada deve ser produzido, transportado ou comprado antes da hora correta de montagem e, consequentemente, os trabalhadores devem ser de perfil profissional diferente daqueles que anteriormente realizavam essas atividades na construção tradicional. Os trabalhadores tradicionais como auxiliares, pedreiros, carpinteiros, encanadores eletricistas devem passar por processos de aprendizagem. O trabalho passa por mudanças significativas de organização e conhecimento. requerendo cada vez mais conhecimentos multidisciplinares por parte dos engenheiros, arquitetos, pedreiros, serventes e os construtores em geral. A construção a seco por sua vez é a resposta para a preservação ambiental porque proporciona recursos e materiais que causam menor impacto a natureza. A construção industrializada tem como vantagens em relação a construção tradicional a velocidade de execução gerando ganhos nos custos pela redução de prazos na construção, planejamento mais objetivo e minucioso da produção e montagem das peças, completo controle sobre a obra e previsibilidade total dos custos e aumento da produtividade da mão-de-obra, a alta qualidade final do produto através do maior controle da qualidade e a análise prévia de todos os detalhes na produção das peças com conseqüente redução das patologias posteriores, a utilização de mão-de-obra qualificada, componentes ou "kits" prontos de fábrica tornando o canteiro de obras um local de montagem e a obra se torna limpa e seca de execução rápida e precisa sem adaptações ou improvisações e com redução de ruído durante a obra, rígido controle dos materiais utilizados permitindo reduzir ou eliminar o uso de materiais com emissão de contaminantes, redução do entulho devido a precisão dimensional, o controle de misturas e outros resultando em menor índice de desperdícios, menor manutenção e controle do produto em função da elaboração de plano de manutenção viável possibilitando e facilitando a execução de reparos e da manutenção e a durabilidade da construção Além disso, as habitações industrializadas podem ter a mesma aparência das paredes tradicionais, receber diversos tipos de acabamento, são resistentes aos impactos e possibilitam a fixação de objetos e acessórios nas paredes. Sustentabilidade No aspecto específico da sustentabilidade a construção industrializada possibilita o tempo para conclusão mais curto e previsível, a redução drástica da poluição da nos canteiros de obra, planejamento do transporte dos componentes visando o menor impacto ambiental urbano, a melhoria da eficiência energética, o uso eficiente de recursos, a minimização e gestão de resíduos, a redução do consumo de água a melhoria da produtividade e do projeto gerando menor custo, com maior previsibilidade, a minimização de defeitos, resultando na satisfação do cliente. Razões Econômicas Benefícios Diante da produtividade do sistema industrial e do sistema convencional e mais ainda a antecipação do retorno em 10 meses, conclui-se pela economia tanto para o governo como para o mutuário. Para o governo temos o reinvesti mento antecipado em 10 meses. Ainda há de se considerar a sensível redução da produtividade homem/h em processo de economia de escala que indicará declínio de preço. Desafios Para que a construção industrializada no Brasil tenha um desenvolvimento consistente e duradouro deverá: • • • Desfazer ou reduzir a barreira cultural para edificações que não sejam em alvenaria de blocos ou tijolos, e a idéia de que esses produtos produzem uma habitação de arquitetura repetitiva e desagradável esteticamente e o conceito de que a construção leve é sinônimo de fragilidade. A divulgação das vantagens dos sistemas inovadores precisará ser ampla e didática. Numero reduzido de escritórios de arquitetura e engenharia com conhecimento aprofundado em sistemas inovadores de forma a permitir que a concepção incorpore todo o potencial e as condicionantes do sistema construtivo, o processo de produção e em sintonia com a padronização das peças fornecidas pela indústria. Desenvolvam corretamente o projeto de fabricação e o planejamento de produção e seqüência de montagem na obra determinando cada passo do processo construtivo ainda na fase de projeto, a logística e racionalização do canteiro de obras e dessa forma não permitir alterações com a obra em andamento. Investir na qualificação da mão-de-obra inclusive dos engenheiros com o treinamento de instaladores que serão credenciados e autorizados pelo fabricante comprovando estarem aptos para fazerem determinadas • • • • • • atividades relativas ao sistema ofertado e desenvolver políticas de engajamento e fixação dos trabalhadores à empresa. Todas as terceirizações de mão-de-obra deverão ser feitas com critério através de credenciamento e corresponsabilidade da empresa principal sobre os serviços executados. Criação de uma rede de informações indicando a mão-de-obra qualificada e autorizada para aquele sistema, quando necessários consertos, reformas e manutenções. Treinamento de fiscalizadores dos organismos financiadores que serão credenciados e autorizados pelo fabricante, comprovando estarem aptos para fazerem a fiscalização e a medição durante a execução de obra com o sistema ofertado. Criação de uma rede de fornecimento de componentes do sistema para reposição, com pontos de venda com vendedores treinados e autorizados pelo fabricante comprovando o seu conhecimento do sistema ofertado. Elaborar documentos técnicos de referência para as terminologia adotadas e os critérios de padronização entre os componentes dos sistemas. Fornecer aos diversos segmentos de usuários, manuais com a indicação de vida útil dos componentes do sistema, planos de manutenção, prazos de garantia e outras informações necessárias. Garantir a qualificação de todos os materiais complementares ao sistema através dos programas setoriais da qualidade.