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Dezembro de 2010
Reitor
Fernando Ferreira Costa
Coordenador Geral da Universidade
Edgar Salvadori De Decca
Pró-Reitor de Desenvolvimento Universitário
Paulo Eduardo Moreira Rodrigues da Silva
Pró-Reitor de Graduação
Marcelo Knobel
Pró-Reitor de Pós-Graduação
Euclides de Mesquita Neto
Pró-Reitor de Pesquisa
Ronaldo Aloise Pilli
Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários
Mohamed Ezz El Din Mostafa Habib
Chefe de Gabinete
José Ranali
Chefe de Gabinete Adjunto
Ricardo de Oliveira Anido
Coordenadora da DGRH
Patrícia Morato Lopes
Coordenador do GGBS
Edison Cardoso Lins
Comissão Organizadora
Projeto Memória
Profissionais Unicamp
Ex- patrulheiros / guardinhas / mensageiros
Aguinaldo Dias Rodrigues
Claudir Rodrigues da Cruz
Edison Cardoso Lins
Isabel Cristina Araujo Floriano
Jessé Targino da Silva
José Rodrigues de Oliveira
Luciana Rodrigues
SIMARA BUSSIOL MANFRINATTI BITTAR
MARISTELA CARDOSO DIAS
1a Edição
2010
Copyrigh by ©GGBS - Grupo Gestor de Benefícios Sociais / UNICAMP, 2010.
Nenhuma parte dessa publicação pode ser gravada, armazenada em sistema eletrônico, fotocopiada, reproduzida por meios mecânicos ou outros quaisquer sem autorização prévia do editor.
Bittar, Simara Bussiol Manfrinatti.
M263s
Faço parte desta história / Simara Bussiol Manfrinatti Bittar.
- Campinas: E-Color, 2010.
260p.
ISBN 978-85-63058-12-6
1. Universidade estadual de Campinas – Unicamp - História.
2. Unicamp – Depoimentos de funcionários. I. Título.
CDD 378.8161
Catalogação na publicação: Sonia Gomes Pereira – CRB-8/7025
Rua Prof. José Toledo, 20
Jardim do Trevo
Campinas SP
(19) 3305 6526
www.ecoloreditora.com.br
Diretor: Antonio Fernando Bonini
Produção Executiva: Marco Antonio Cruz Filho
Gerente Editorial: César Bittar
Entrevistas, Preparação e Revisão Final: Simara B. Manfrinatti
Bittar e Maristela Cardoso Dias
Capa: Sergio Mitto
Diagramação: Sergio Mitto
AGRADECIMENTOS
A todos os reitores da Unicamp, começando pelo seu fundador,
Zeferino Vaz, e pelos que lhe sucederam, a saber, Plínio Alves de Moraes, José
Aristodemo Pinotti, Paulo Renato Costa Souza, Carlos Vogt, José Martins Filho,
Hermano Tavares, Carlos Henrique de Brito Cruz, José Tadeu Jorge e pelo atual,
Fernando Ferreira Costa que, na forma legal estabelecida, com as adaptações
necessárias em cada época, nunca fecharam as portas para que adolescentes
pudessem iniciar sua vida profissional neste privilegiado ambiente.
Às instituições AEDHA – Associação de Educação do Homem de
Amanhã e CAMPC – Círculo dos Amigos do Menor Patrulheiro de Campinas e
à Unicamp, no tocante aos mensageiros, pelo trabalho que desenvolvem no
encaminhamento dos adolescentes para a vida e para o trabalho.
Menção honrosa às sras. Maria Angélica Barreto Pyles, Maria Helena
Rodrigues e Sheila Karoly Pulino que, neste projeto, representam as respectivas
instituições.
Menção especial ao ProSeres – Programa Institucional de Apoio ao
Servidor Estudante, que há quase duas décadas incentiva funcionários da
Unicamp na obtenção de Graduação e de Pós-Graduação. No primeiro encontro
dos ex-menores hoje profissionais, em novembro de 2009, um indicador
ganhou destaque: 52% dos participantes do referido encontro, possuíam
graduação. Os relatos contidos neste livro atestam a importância do programa
citado na vida desses profissionais. Assim o reconhecimento ao Prof. José Tadeu
Jorge, pela visão que teve em apoiar a implantação do programa em 1993 e
consolidá-lo nos cargos que viria a ocupar posteriormente e aos reitores das
gestões subsequentes pela continuidade de um programa exemplar para o
desenvolvimento educacional de profissionais da Unicamp. Da mesma forma,
reconhecimento a todas as Instituições de Ensino Superior, parceiras do
ProSeres.
Reconhecimento a todos os funcionários e docentes da Unicamp que, de
alguma ou de várias formas, acolheram, em cada época, os menores que aqui
chegaram – e continuam chegando – apoiando-os, motivando-os, integrandoos, sendo-lhes conselheiros e incentivadores. Como atestam os diversos
depoimentos.
Este livro se tornou possível...
...primeiramente, pela adesão significativa dos profissionais da
Unicamp, que nela ingressaram sendo adolescentes, a este projeto acalantado
e construído em muitos anos...
...pela relevância da participação da comissão – todos profissionais aqui
ingressantes adolescentes que organizou o 1º Encontro e, na sequência, definiu
estratégias visando a produção do livro, a saber, Aguinaldo, Claudir, Edison,
Isabel, Jessé, José Rodrigues e Luciana, e também...
...pelo trabalho do Celso Augusto Palermo, de tratamento das fotos
enviadas pelos autores dos depoimentos e pela valiosa colaboração do
SIARQ, disponibilizando fotos do rico acervo, que se constituíram em imagens
importantes para o livro. Também pelo...
...imprescindível apoio da Reitoria da Unicamp na gestão Fernando
Ferreira Costa...
...que, através do GGBS, com aprovação do Conselho do órgão, presidido
pelo Prof. José Ranali, compreendendo a importância do projeto pelos aspectos
de registro e reconhecimento liberou recursos para seu custeio.
Um especial agradecimento às profissionais Simara B. Manfrinatti Bittar
e Maristela Cardoso Dias, pelo cuidadoso trabalho de audição dos depoimentos,
captando passagens interessantes e significativas de histórias de vidas, depois
transformados em textos.
Da mesma forma aos estagiários de jornalismo do GGBS, Luiz Gustavo,
Luiz Ricardo da Silva, Aline Ramos, na organização do 1o. Encontro de exmenores e na etapa inicial da organização do livro, ao Gabriel Santana pela
participação e, em especial, à estagiária de jornalismo, Raquel Calefi, pelo
importante trabalho na finalização desta obra.
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Mesa de Abertura do I Encontro de Funcionários Trabalhadores da Unicamp. Maria
Helena Rodrigues, Edison Cardoso Lins, Patricia Morato Lopes, Fernando Ferreira Costa,
Paulo Celso Motta, Maria Angélica Barreto Pyles e Erika Bueno.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
A comissão organizadora do 1º encontro e do ponta pé inicial para a produção deste
livro: Bel, Lins, Aguinaldo, Jessé, Rodrigues, Claudir e Luciana.
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Momento do I Encontro de Funcionários Trabalhadores da Unicamp em Setembro de 2009.
Foto recente dos trabalhadores, hoje profissionais da Unicamp, que participam do livro
com depoimentos.
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Grupo de trabalhadores da Unicamp que participam do livro com depoimentos
Grupo de trabalhadores da Unicamp que participam do livro com depoimentos
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
Grupo de trabalhadores da Unicamp que participam do livro com depoimentos,
em momento recente.
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FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
Debate Permanente: cena de um dos muitos eventos que ocorrem na Unicamp, dos quais
participam profissionais, inclusive aqueles ingressantes quando menores.
Paulo Renato Costa Souza e José Aristodemo Pinotti (In memorian) ex-reitores, cujas
gestões houve expressiva chegada e registro formal de menores.
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Pedra Fundamental. O começo de tudo
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
Muitos menores, hoje profissionais, começaram por aqui, a Santa Casa de Misericórdia de Campinas,
uma das moradas da Unicamp, e onde concentrou a maior parte das atividades clinico - cirúrgicas.
Visita do Prof. Ataliba Nogueira, Secretário da Educação à Universidade de Campinas. Vista da
Faculdade de Medicina, instalada na maternidade de Campinas. História de vários momentos e
muitas participações. Campinas, 17 de junho de 1964.
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Esta obra, articulada e construída sempre em perspectivas coletivas,
traz histórias interessantes e significativas, alegres, pitorescas, tristes ou de
agradecimentos da parte de profissionais da Unicamp que aqui ingressaram,
em cada uma das décadas de história da Unicamp.
Traz ainda, além de fotos de registros pessoais e momentos históricos
significativos da Unicamp ou com a participação de algum de seus segmentos.
Momentos dentro da linha histórica do tempo, em que situações individuais
ocorriam simultaneamente a situações e desafios da própria Unicamp, em
construção, como espaço de resistência e de luta, para esses menores e pela
democratização do país.
Cada texto, cujo tecer não segue necessariamente ordem cronológica,
respeitando a sequencia dos depoentes, possui um título, cujo sentido está
no texto. É preciso ler com atenção e com sensibilidade. Há em cada texto
aspectos importantes que demonstram o papel da Unicamp como espaço
de desenvolvimento pessoal e profissional para centenas de jovens. E o
compromisso desses, com seu trabalho, para que a Unicamp cumpra seu papel
de excelência junto à sociedade.
Você tem em mãos um livro de grande valor individual e institucional,
cujas situações relatadas ratificam a importância da Unicamp, como fator ímpar
de desenvolvimento abrangente para os que aqui ingressaram como menores
e hoje se encontram inseridos, de forma efetiva, no ambiente organizacional
da universidade, em todas as suas dimensões. Tudo isso tem a ver também
com você, que recebe este livro, mesmo não fazendo parte deste contexto. Há
pontos em comum na sua trajetória de vida com os percursos aqui narrados.
Boa leitura!
Comissão Organizadora
Projeto Profissionais da Unicamp – ingressantes adolescentes
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
APRESENTAÇÃO
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Este livro presta homenagem aos mais de 600 funcionários da Unicamp
que ingressaram na Universidade ainda adolescentes e dentro dela construíram
uma sólida e respeitável carreira profissional.
Colhidos e transformados em texto pela escritora Simara B. Manfrinatti
Bittar, os cerca de 90 depoimentos de ex-mensageiros, guardinhas, patrulheiros
e office boys que preenchem as páginas a seguir conquistam o leitor ora pelo
lado divertido, ora pela emoção que transmitem.
É impossível não se divertir com histórias como a do guardinha que,
recém-admitido, percorreu diversos setores da Unicamp em busca de “papel
carbono quadriculado” e de um “alicate que não cortasse fio” sem se dar conta
de que havia caído em uma brincadeira dos colegas. Da mesma forma, não
há como não se emocionar com os relatos de pessoas de origem humilde que
conseguiram completar o ensino superior, fizeram cursos de pós-graduação ou
especialização e hoje ocupam cargos importantes em faculdades, institutos e
áreas da administração da Universidade.
Também merecem destaque os casos protagonizados por grandes
personalidades da história da Unicamp, como o fundador e primeiro reitor da
Universidade, professor Zeferino Vaz. Em um dos depoimentos, descobrimos
que Zeferino costumava recompensar os mensageiros que carregavam sua
pasta com pequenos presentes, o que provocava acirradas disputas entre os
jovens pelo privilégio de ajudar o Reitor.
Mas o que realmente chama a atenção em todos os depoimentos é a
gratidão expressa pelos funcionários que chegaram à Unicamp antes de atingir
a maioridade. Gratidão aos colegas que os ensinaram a dar os primeiros passos
dentro da Universidade; gratidão aos chefes que os incentivaram − algumas
vezes até mesmo financeiramente − a continuar estudando; gratidão à própria
instituição por haver-lhes oferecido tantas oportunidades de crescimento
pessoal e profissional.
Tenho a satisfação de trabalhar com alguns dos personagens deste livro
na Reitoria da Unicamp e sei o quanto a Universidade foi beneficiada com a
permanência de cada um deles aqui no campus.
Que os depoimentos da Srta. Elisete, minha secretária; do Sr. Edison
Lins, coordenador do Grupo Gestor de Benefícios Sociais; e de todos os demais
funcionários entrevistados para este livro sirvam de exemplo e inspiração
para as centenas de mensageiros, guardinhas, patrulheiros e office boys que
contribuem diariamente para o bom funcionamento da Unicamp.
Boa leitura!
Fernando Ferreira Costa
Reitor da Unicamp
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
PREFÁCIO
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SUMÁRIO
- SUPERANDO BARREIRAS............................................................................................23
- REALIZAÇÃO DE UM SONHO.....................................................................................25
- FARDA RASGADA E UNIÃO........................................................................................27
- SOLIDARIEDADE PARA ESTUDAR..............................................................................29
- SÓ EU FIQUEI BRAVO................................................................................................31
- CIRCULANDO..............................................................................................................33
- RATINHOS ESTRESSADOS............................................................................................35
- REVOLUCIONÁRIOS....................................................................................................37
- DONA SULTANA.........................................................................................................41
- SAUDÁVEL RIVALIDADE.............................................................................................43
- MEU QUERIDO, MEU VELHO, MEU AMIGO..............................................................45
- AYRTON SENNA RACING DAY.....................................................................................47
- DIRETAS, JÁ!..............................................................................................................49
- UM DOUTOR..............................................................................................................51
- CHEFE DA ESPOSA!....................................................................................................55
- PESCA NO PARQUE ECOLÓGICO ................................................................................57
- APAIXONADO PELA UNICAMP...................................................................................61
- SOBRE FILMES? FALE COM ELE!.................................................................................63
- NAS TRILHAS DA UNICAMP........................................................................................67
- LEMBRANÇA DE ROGÉRIO FERNANDES....................................................................69
- TUDO SOBRE A UNICAMP...........................................................................................71
- LANCHE NA ORLY.......................................................................................................73
- O FRETADO DA ALEGRIA............................................................................................75
- VIVENDO OPORTUNIDADES COM PRAZER..............................................................77
- CRESCIMENTO............................................................................................................79
- DESBRAVANDO A UNICAMP.......................................................................................81
- MÚLTIPLAS EXPERIÊNCIAS .......................................................................................83
- CONHECI CÉSAR LATTES.............................................................................................87
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
- PERCURSO E FOTOGRAFIA........................................................................................59
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- UM PONTO DE ENCONTRO.........................................................................................89
- EU ANDAVA MUITO....................................................................................................91
- UNIVERSIDADE ABERTA..............................................................................................93
- ATENÇÃO AOS PACIENTES.........................................................................................95
- DONA MARIA ANGÉLICA............................................................................................97
- APRENDENDO A TER RESPONSABILIDADE................................................................99
- NO ARQUIVO POR ACASO.........................................................................................101
- SISTEMA EM PHP......................................................................................................103
- DESCONTRAÇÃO NO FRETADO.................................................................................105
- VIRTUDE RECOMPENSADA.......................................................................................107
- PAULO FREIRE COMO REFERÊNCIA...........................................................................111
- REALIZADO E NUNCA ACOMODADO.........................................................................113
- FILHO OU IRMÃO MAIS NOVO?...............................................................................115
- A HISTÓRICA CAIXA POSTAL 1170............................................................................117
- TRONCO HUMANO E CAMUNDONGOS....................................................................121
- TRIPLO ALMOÇO......................................................................................................123
- DISCO VOADOR NO ALMOÇO.....................................................................................125
- O SAUDOSO ENSATUR...............................................................................................127
- MUITAS OPORTUNIDADES........................................................................................129
- HASTEANDO NOSSA BANDEIRA................................................................................133
- TER TALÃO DE CHEQUES..........................................................................................135
- UM ETERNO GAROTO...............................................................................................137
- DIÂMETRO E PERÍMETRO..........................................................................................139
- PROJETOS PÓS-APOSENTADORIA.............................................................................141
- VIABILIZANDO SONHOS...........................................................................................145
- ESPAÇO PARA VIOLÃO..............................................................................................147
- QUASE EM XEQUE POR UM CHEQUE........................................................................149
- ATAQUE DE ABELHAS...............................................................................................153
- FUTEBOL E PAGODE.................................................................................................155
- UMA MÃE POSTIÇA.................................................................................................157
- PSICOLOGIA E TEOLOGIA.........................................................................................159
- TROCAS ESTRATÉGICAS............................................................................................163
- SECANDO PAPÉIS COM VENTILADOR.......................................................................165
- ENCONTRO NO BANDEJÃO.......................................................................................167
- A PREMIADA.............................................................................................................169
- PÂNICO NO LABORATÓRIO!.......................................................................................173
- NA ERA MANUAL......................................................................................................175
- MASCOTE E XODÓ....................................................................................................177
- OPORTUNIDADES INTERNACIONAIS........................................................................179
- LAUDAS PARA O DIÁRIO OFICIAL.............................................................................181
- IMPRESSÕES.............................................................................................................183
- INÍCIO COM GREVE..................................................................................................185
- APOIO NA TRAJETÓRIA............................................................................................187
- BIBLIOTECAS.............................................................................................................189
- INOVAÇÃO................................................................................................................191
- UM SONHO REALIZADO.............................................................................................193
- SEM DESÂNIMO.......................................................................................................195
- DA SENZALA À CASA GRANDE..................................................................................197
- UM CAFÉ GOURMET NO BERÇO DO CONHECIMENTO..............................................199
- FORMIGA ATÔMICA E BARATAS ALBINAS...................................................................203
- CURIOSIDADE E A PRAÇA DA PAZ .............................................................................207
- RETOMANDO OS ESTUDOS......................................................................................209
- UM VENCEDOR.........................................................................................................211
- A MENINA DO RG.....................................................................................................213
- DIA DE PAGAMENTO................................................................................................217
- O HC É UMA ESCOLA................................................................................................219
TAMBÉM FAZEMOS PARTE DESTA HISTÓRIA
- LUTAS E VITÓRIAS.....................................................................................................225
- ERA UMA VEZ...........................................................................................................229
- QUANDO LUTAMOS POR CAUSAS NAS QUAIS ACREDITAMOS, A VIDA ADQUIRE
UM SENTIDO MAIOR..................................................................................................235
- APRENDIZAGEM E PROFISSÃO..................................................................................247
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
- EUSTÁQUIO GOMES..................................................................................................221
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SUPERANDO BARREIRAS
Devido ao falecimento do pai, Adriana tomou a iniciativa de entrar na
Associação de Educação do Homem de Amanhã, a “Guardinha”, com a intenção
de ajudar sua mãe.
Fez um treinamento por três meses e, em junho de 1981, aos 15 anos,
foi encaminhada à Unicamp.
Apenas uma pessoa de seu grupo de guardinhas, que se formou no
mesmo pelotão, também foi trabalhar na Unicamp.
Dois anos depois com 17 anos, passou a ser mensageira e, aos 18, tornouse oficial administrativo na área de Recursos Humanos, na DGA (Diretoria Geral
da Administração). Como era de praxe, passou por um processo com psicólogo,
que a considerou apta a assumir o cargo.
Três anos após seu ingresso, já então maior de idade, em 01 de outubro
de 1983 obteve carteira assinada.
A equipe que trabalhava era muito boa, mas três pessoas marcaram
sua vida de maneira especial, e até hoje a amizade permanece. Cássia, que se
tornou madrinha de sua filha, além de serem madrinhas de casamento uma da
outra, e também o Jurandir e o Edison.
Na DGA trabalhou no Expediente; quando passou a ser DGRH (Diretoria
Geral de Recursos Humanos), Adriana trabalhou na Frequência de Funcionários.
Depois foi para o Atendimento ao Cliente, que era o setor de Protocolo.
Permaneceu de 1981 a 1985 na DGRH, no setor de Recursos Humanos,
quando então participou de um processo interno de transferência para o
Hospital das Clínicas, onde permaneceu de 1986 a 2004.
Como toda sua trajetória tinha sido na área de recursos humanos, surgiu
o desejo de aprender coisas novas.
Prestou, então, um processo interno e foi trabalhar na área de
Faturamento, no Gastrocentro, onde permaneceu de 2004 a 2007. Tinha
muita dificuldade com o serviço, pois realizava sua função sem ter muitos
conhecimentos, o que lhe gerava grande insatisfação. Porém não desistiu e
lutou para absorver os conhecimentos e dominar as tarefas. Pôde contar com
o apoio e motivação de sua supervisora, Maria Cristina Pirra, e também com
Maria José, que lhe ensinou tudo sobre faturamento, além de ajudá-la a superar
certas barreiras. Dione, da Regional, também lhe deu muita força.
Essa transição entre setores foi uma das coisas mais marcantes em sua
carreira. “A luta e as dificuldades foram edificantes, pois hoje eu ensino outras
pessoas que chegam ao setor”, ressalta Adriana.
A partir de 2007 passou a ser secretária da área de Secretaria e
Expediente (Protocolo), onde está até hoje.
Ao longo de sua trajetória na Universidade, adquiriu experiências e
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
ADRIANA DE MORAES DOS SANTOS
23
amizades que lhe causaram grande alegria. Rosalina, Luciene e Silvana são
amigas, sempre prontas a ouvir. O Sérgio também é considerado uma pessoa
especial, pois é espontâneo e brincalhão. “São pessoas assim que tornam o
ambiente de trabalho alegre. É muito gostoso trabalhar com eles”, diz Adriana.
Com uma família estruturada e unida, Adriana costuma dizer que não
tem do que reclamar. Suas duas filhas trabalharam na Unicamp, mas seguiram
outras carreiras e estão terminando suas faculdades; a Cibele faz Análises de
Sistemas e a Gislaine faz Têxtil. Seu marido tem uma microempresa, é um bom
administrador e líder em uma igreja.
Formada desde 2009 em Gestão de RH, Adriana acredita que quando
o funcionário tem perspectivas de ser valorizado no trabalho, ele se motiva
a estudar e a buscar especialização. Ela atribui a Rose o incentivo de sua
motivação, por ter acreditado em seu potencial e empenho, oferecendo-lhe
a oportunidade de estudar e adquirir maiores conhecimentos. Acredita que
cada vez mais os funcionários têm que se especializar, pois o mundo é muito
competitivo.
E conclui: “Sou muito grata à Unicamp por tudo que conquistei”.
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REALIZAÇÃO DE UM SONHO
O Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Campinas tinha como
regra que sempre que um jovem trabalhasse em mais de quatro lugares,
obrigatoriamente seria desligado da Instituição. Isso acabou ocorrendo com
Aguinaldo, inscrito no Patrulheirismo desde 1983. Conseguiu, por conta disso,
realizar um desejo que tinha desde quando começou a trabalhar.
Através da informação de um amigo, soube a respeito de um concurso
na Unicamp. Sua mãe, por sua vez, mandou que fosse ver outro emprego em
Barão Geraldo. Sem que ele soubesse, ela o aguardava no endereço que o
enviou. Ao descer do ônibus no Terminal Barão Geraldo, Aguinaldo deu de cara
com a mãe. Como seu sonho era trabalhar na Unicamp, esperou que ela fosse
para o trabalho e se dirigiu à Universidade, onde começou em 25 de junho de
1986, no Instituto de Filosofia.
Muitas foram as experiências vividas ao longo de sua trajetória.
Quando bem jovem, Aguinaldo gostava de mexer com computador, e
como tinha conseguido um joguinho, tentou fazer uma cópia. Sem saber ao
certo, fez tentativas aleatórias e, a cada nova mensagem que aparecia na tela,
ele avançava uma etapa do processo de reprodução. Em determinado momento,
clicou em disc copy e foi passo a passo conseguindo gravar o disquete.
A partir dessa experiência que lhe despertou um interesse maior por
informática, passou a trabalhar nesta área, em 1987.
Muitas são as lembranças do tempo em que era ainda jovem. Acredita
que os melhores acontecimentos se davam no horário do almoço, devido ao
tempo de folga. O Restaurante abria cedo. Os jovens saíam para fazer serviço
dentro da Universidade e aproveitavam para almoçar, por volta das 10h30.
Depois, à tarde, o outro Restaurante servia refeição, e almoçavam novamente,
por volta das 14 horas.
“Estávamos em fase de crescimento, trabalhávamos bastante e
aproveitávamos para nos alimentar bem”, brinca Aguinaldo.
O banco era um ponto de encontro, onde vários mensageiros se
encontravam, era um momento de troca e brincadeiras. Porém, recorda-se
que havia um funcionário que ligava para os diversos setores onde cada um
trabalhava e dizia à chefia que ‘tal’ funcionário estava bagunçando. Várias foram
as broncas que levaram por conta disso.
Muitas pessoas passaram por sua vida e algumas deixaram marcas
positivas. Entre elas, Dª Rosali, uma pessoa especial. “Faço questão de registrar
o respeito e afeto que sinto por Dª Rosali, que foi dentro da escola para me
buscar e me encaminhar à Unicamp, fato que mudou minha vida”, ressalta
Aguinaldo.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
AGUINALDO RODRIGUES DIAS
25
Raquel Aguiar foi quem o incentivou a entrar na área de Cabeamento,
sendo também uma pessoa muito importante em sua carreira.
Aguinaldo fez colégio técnico com ajuda da Unicamp, além de outros
cursos oferecidos pela Universidade.
Atualmente está no setor de Informática, tem a função de programador
de sistema de informação. E conclui: “Sou muito grato à Unicamp pelas
oportunidades”.
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FARDA RASGADA E UNIÃO
Apesar do receio em iniciar no Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro
de Campinas, Ailton foi levado pelo pai à Instituição, aos 12 anos.
Iniciou sua carreira com mérito. Através de uma carta dos seus superiores,
elevou-se, devido aos grandes elogios que lhe foram atribuídos.
Foi parabenizado, recebeu graduação e foi transferido para a Unicamp,
em 1973, quando já estava com 14 anos de idade.
Recorda-se que ao chegar na Universidade estranhou, pois existiam
poucos prédios e havia bastante mato no campus, mas logo se acostumou.
Foi até o departamento de Recursos Humanos e lá o encaminharam à
DGA (Diretoria Geral da Administração) para substituir o Luiz Carlos, que estava
prestando serviço militar. Algum tempo depois conseguiu o registro em carteira,
fato este considerado o mais marcante do início de sua carreira profissional.
O ambiente de trabalho possibilitou que fizesse bons amigos, entre
eles, Edison (FCM), Jacinto, Renato Pires, Arsênio, entre outros que foram
importantes em sua trajetória. Dona Sonia, que apesar de ser dura, direcionou
seu caminho e o ajudou em seu crescimento profissional, assim como o Seu
Manoel, já falecido, que também o ajudou muito.
Geraldo, que também foi patrulheiro, e Sandro são seus amigos e
trabalham todos no mesmo setor atualmente.
Outra pessoa importante foi Marcos Frold, que o ensinou como trabalhar
na função relacionada ao correio, inclusive com passagens aéreas que fazia
parte de suas tarefas.
Fato curioso ocorreu no início de sua carreira, quando Humberto, seu
companheiro de função, que fazia o trabalho de entrega de jornais, pediu-lhe
para que entrasse na sala de Biologia para levar algum documento. Ailton se
recorda pelo fato desse pedido ter lhe tirado o sono, pois sentiu medo de passar
entre os cadáveres, onde eram feitas as autópsias.
Ailton se lembra como os patrulheiros eram unidos em sua época,
estavam sempre juntos, almoçavam, jogavam bola.
Em uma dessas ocasiões, ao jogar bola, ele e um colega rasgaram a
farda e foram até a sala de Dª Sonia que, assustada pelo estado de suas roupas,
pensou que tivessem sido atropelados.
Ao chegar em casa levou uma bronca de sua mãe, pois teve que comprar
novo uniforme.
Muitas são as recordações da época em que era patrulheiro.
Lembra-se quando foi para Petrópolis através de uma seleção que
premiava vários meninos; quatro ônibus saíram rumo ao Rio de Janeiro.
Foram ao teatro no primeiro dia, mas vários patrulheiros dormiram, pois
tinham viajado por muitas horas e estavam exaustos. Visitaram o Pão de Açúcar
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
AILTON APARECIDO BOBLIANO
27
à noite. “Foi uma viagem muito boa”, relembra Ailton.
Através da Instituição Patrulheiros, foram diversas vezes a Santos.
Ailton procurava estar sempre com sua turma para aproveitar melhor
as viagens.
Tem muito respeito pela Unicamp, pois sempre houve grande
consideração por ele ao longo de sua trajetória. Recorda-se de um período que
ficou afastado por trinta dias e Dª Sonia pediu para que outros funcionários
fossem até sua casa e verificassem o que estava acontecendo, e se ele estava
bem ou se precisava de alguma coisa.
Muitas foram as oportunidades oferecidas pela Unicamp, e Ailton
sempre procurou aprender mais e mais. Fez com que as tarefas atribuídas o
fizessem crescer.
Está há 37 anos na mesma área e atualmente exerce função
administrativa. Faz a parte de Expedição e tem muito contato com o pessoal do
Correio.
Seus três filhos usufruíram, desde muito cedo, dos benefícios
educacionais oferecidos pela Unicamp, o que lhe traz orgulho. Conclui, dizendo:
“Sou muito grato ao grande aprendizado conquistado dentro da Universidade”.
28
SOLIDARIEDADE PARA ESTUDAR
Muitas eram as lutas e barreiras a serem superadas.
Criado pelos tios, devido ao falecimento de sua mãe, Alcebíades
trabalhou, inicialmente, no Albergue Noturno.
Posteriormente, a Associação de Educação do Homem de Amanhã, a
“Guardinha”, deu-lhe uma carta de apresentação, e foi encaminhado ao IFCH
(Instituto de Filosofia e Ciências Humanas) da Unicamp.
Foi então para a Pós-Graduação, onde se encontra até hoje.
Recorda-se de seu desejo na época em que começou a trabalhar na
Universidade, que era ficar na Administração do IFCH, pois trabalhava no
barracão e tinha que subir a pé para encaminhar documentos; já quem estava
na Administração tinha bicicleta e circular interno para fazer o serviço. Ele
queria essa “regalia”.
Quando estava cerca de duas semanas na Unicamp, apareceu um amigo
da Guardinha, que veio para trabalhar na Administração. Enquanto muito
jovens que eram, inúmeras brincadeiras faziam.
Tinham mania de brincar com clipes e elástico, em que um tentava
acertar o outro. Faziam uma espécie de estilingue e brincavam de acertar as
aranhas.
Recorda-se de certa vez que desceu para fazer um serviço no Protocolo e,
bem na entrada do prédio, tinha um cacho de marimbondo. Mirou o estilingue
improvisado no cacho e o acertou em cheio. Só não contava com a má sorte de
um aluno que passava pelo local.
Saiu correndo e, tempo depois, ao entrar no setor que trabalhava,
avistou sua chefe passando álcool no tal aluno, que estava com o rosto inchado
de tanta picada.
Outra “arte” comum na época de garoto era a troca das tampas do
saleiro e do azeite no refeitório. Quando os outros iam se servir, caía tudo sobre
eles.
O irmão de Alcebíades também foi trabalhar na Unicamp, no Restaurante,
o que foi muito bom, pois conseguiu ajudar no orçamento da casa.
Ao longo do tempo, Alcebíades foi aprendendo coisas, fez arquivos,
ofícios, sempre querendo entender sobre o conteúdo dos documentos e dos
processos.
Quando abriu um concurso para mensageiro, prestou e passou.
Fato que marcou bastante foi quando, ao completar 18 anos, obteve
registro em carteira, pois não sabia se isso aconteceria ou não. Ficou como
auxiliar administrativo e depois passou a técnico.
Ao longo de sua vida, teve grandes incentivadores, que lhe mostraram a
necessidade de voltar a estudar.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
ALCEBÍADES RODRIGUES JUNIOR
29
Um grupo de professores o ajudou a pagar os primeiros seis meses de
faculdade. Formou-se então em Administração de Pequenas e Médias Empresas.
Devido a seus esforços, o reconhecimento vinha em forma de gestos.
Sua chefe, antes mesmo de se aposentar, disse que ele assumiria seu lugar.
Várias pessoas marcaram sua trajetória.
A Sandra o ajudou muito, e lhe ensinou como lidar com o arquivo. O
Eduardo foi também uma pessoa muito importante e o professor Marcos Nobre
acreditou em sua capacidade e enviou muitos ofícios para resolver sua situação
dentro da Universidade.
Teve uma chance na Coordenação da Pós e tornou-se ATD (Assistente
Técnico de Direção), em 2008.
Sua função é tranquilizar e viabilizar as condições, para que o setor
funcione da melhor maneira possível.
Hoje, com tantos anos de Unicamp, sente-se grato por todas as
oportunidades oferecidas, inclusive com relação à educação de seus filhos, que
utilizaram o CECI (Centro de Convivência Infantil) e o Prodecad (Programa de
Integração e Desenvolvimento da Criança).
“Ao ingressar na Universidade, não imaginava a grandeza e o que
representava esta entidade para a sociedade. Não precisou passar muito tempo
para que eu compreendesse sua imensa importância”, conclui Alcebíades.
Alcebíades Rodrigues Junior e colegas no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas em
festa de aniversário, acolhida e integração.
30
SÓ EU FIQUEI BRAVO!
Alceu soube através de vizinhos que já eram patrulheiros, a respeito do
Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Campinas (CAMPC).
Fez um curso preparatório, aos 12 anos, e foi encaminhado a empresas.
Trabalhou primeiro numa loja de quadros e depois na Bendix, de 1980
até 1983.
Quando o jovem já tinha um tempo como patrulheiro, fazia um novo
curso e os bem disciplinados eram graduados. Foi assim que Alceu passou a ser
graduado na CAMPC.
Esse benefício permitia que quando o patrulheiro graduado não
estivesse bem em uma empresa, poderia ser remanejado. Foi o que ele fez.
Como a Bendix não registrava, quis sair. Se fizesse 18 anos e ainda não tivesse
registro, seria dispensado do Patrulheirismo.
Através de amigos, soube o que a Unicamp era uma Universidade, um
bom lugar para se trabalhar, e que registravam quando se completasse maior
idade. Não teve dúvida em pedir seu encaminhamento, e seu ingresso se deu
em 25 de fevereiro de 1983, quando estava com 16 anos de idade.
Começou na DGA (Diretoria Geral da Administração), onde se processava
tudo ligado ao departamento de Recursos Humanos. Era uma espécie de
informática. O departamento era o Datacentro, a principal função era a folha
de pagamento, a inserção dos novos contratados.
Alceu se recorda que tinha uma bicicleta com bagageiro e saía do
Centro de Computação, onde ficava a impressora, para buscar relatórios. Fazia
a separação dos documentos e os distribuía para os devidos setores.
Certa vez, tinha chovido muito e por não ter asfalto na rua, formara-se
um lamaçal. Alceu tinha que levar de bicicleta vários formulários, mas acabou
derrapando e ele e os documentos ficaram cheios de lama. Ao chegar todo sujo,
as pessoas do departamento o ajudaram a se limpar e entenderam que foi um
acidente. “Ninguém ficou bravo, só eu”, comenta.
O ambiente era acolhedor e muitas amizades foram conquistadas.
Edson Luis Penteado, chamado carinhosamente de Amaral, foi seu
primeiro amigo. Dividiram a mesma mesa quando trabalharam na Bendix e,
quando veio à Unicamp, foi a primeira pessoa que encontrou. “É um grande
amigo, um ser humano espetacular”, ressalta.
Jogaram futebol, frequentaram bares juntos. A irmã de Edson cuidou de
Bruna, filha de Alceu, na recreação da Unicamp. Atualmente, a filha de Bruna
também utiliza a escolinha da Unicamp.
Foi registrado em 1983, como patrulheiro, e permaneceu até completar
18 anos.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
ALCEU LOZAPI VIANA
31
Em 1984 passou a exercer a função de perfurador conferidor, o princípio
de reinserção de dados da informática. Ficou até 1986 e depois passou a trabalhar
como operador de computador de grande porte, terminais e processamento de
folhas, até 1993.
Muitos nomes poderiam ser citados na lista de pessoas que passaram e
deixaram alguma marca em sua vida. João Carlos Curti foi um mestre em Ciências
da Computação. Junto com Alceu começou a trabalhar com microinformática.
Ganhavam lotes grandes de computadores, juntavam dois e faziam um. Logo
criaram a primeira rede de microcomputadores, que se iniciou por volta de
1993 e foi evoluindo ao longo dos anos.
“João Carlos Curti é uma pessoa engraçada, um espelho de vida. Gostaria
que meu filho fosse como ele, uma pessoa que começou do zero e hoje exerce
uma função muito importante dentro da Universidade. Tudo que sei hoje devo
a João”, conclui Alceu. Foi seu mensageiro um dia e, atualmente, é seu chefe.
Ensina, não deixa de fazer, incentiva e motiva. Uma frase que Curti costuma
dizer e Alceu adotou é: “Atenda primeiro as necessidades de seus usuários e
depois poderá fazer o que quiser”.
Outro grande amigo é Jessé, inclusive desde a infância, e também o
Carlos Henrique (Chop).
Alceu aproveitou ao máximo as oportunidades. Fez vários cursos
oferecidos pela Unicamp, dentro de sua área, inclusive alguns fora da
Universidade.
Atualmente é técnico de suporte computacional, onde atende as
necessidades dos usuários. Administra a rede, as contas de e-mails, entre outras.
Alceu conclui: “Meu pai me deu o maior valor que um ser humano pode
ter: respeitar o próximo, viver o bem, não fazer mal a ninguém. Não tive bens
materiais, mas tive a formação de meu caráter”.
32
CIRCULANDO
Entrou na Unicamp em 15 de maio de 1986, aos 15 anos, no CAISM
(Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher), no setor de Enfermaria
Obstétrica e Alojamento Conjunto. Prestava serviços aos médicos, enfermeiros
e amigos de outros departamentos, quando precisavam de ajuda para algo mais
urgente.
Fez um processo seletivo para mensageira. Com 18 anos foi contratada.
O começo foi difícil devido à inexperiência do primeiro emprego.
Perdeu-se várias vezes pelos corredores do HC (Hospital das Clínicas), pois tinha
vergonha de perguntar e pedir ajuda.
O serviço era duro, e passou por alguns percalços. Uma das tarefas que
os mensageiros tinham na época era levar exames de pacientes. Eram vidros
grandes, tampados somente com gaze e, muitas vezes, o líquido do interior do
recipiente molhava quem o transportava.
Aldrey, certo dia, atrasou-se para o colégio, pois derramou urina em sua
roupa e teve que ir para casa se trocar. Chorou de raiva, pois precisou pedir
autorização à professora do colégio em que estudava, para fazer a prova na
terceira aula.
Outro fato marcante em sua trajetória foi saber que uma amiga, também
mensageira, que trabalhava no Centro Obstétrico, tinha que levar vários bebês
em óbito para o HC, embrulhados em sacos. Naquela época, essa tarefa fazia
parte do trabalho e tinha que cumpri-la.
Foram várias as emoções e tristezas que, infelizmente, permeavam
aquele universo.
Quando tinha 17 anos, quase completando 18, houve uma mudança e os
mensageiros não puderam mais ficar dentro da ala hospitalar. Passaram então
ao SAME, um setor de arquivo. Começaram a mexer com papeladas, arquivos,
etc.
Aldrey acredita que apesar de todos os problemas, aquela foi uma fase
boa.
Havia solidariedade por parte de alguns funcionários e médicos com
relação aos jovens que estavam iniciando a carreira; ajudavam sempre que
podiam.
Trabalhou no setor de contas médicas; teve licença gestante e, quando
voltou, um diretor que gostou de seu trabalho a recrutou novamente para o
setor.
Ao longo de sua vida contou com pessoas importantes. O Dr. Verdiane
foi um médico que a apoiou em seus estudos. Quando ia bem na prova, ele
lhe dava bombom como incentivo. Aldrey ressalta: “Eu gostava muito do Dr.
Verdiane”.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
ALDREY CARNAUSKAS DE SOUZA
33
O pessoal que entrou na época de mensageiros também tem grande
valor. Norma Maria Barbosa Carnaúba e Denilza Nicolucci são amigas especiais,
trabalham na mesma sala; a Luciana de Estefano também é uma grande amiga,
pegavam ônibus fretado juntas e frequentam a casa uma da outra; a Giane,
uma boa amiga; Maria Goreti Coelho Stolf, na época diretora do RH, também
foi alguém que a ajudou muito; o Carlos Roberto Carducci, seu padrinho de
casamento é uma pessoa extremamente boa, que a ajudou muito e lhe deu
apoio na época em que precisou se afastar para cuidar da saúde do filho.
Vários momentos marcaram sua trajetória. Lembra-se das vezes que
derrubou o carrinho do almoxarifado, quando ainda era bem jovem. Era um
carrinho de supermercado cheio de papelada, vidros de exames, entre outras
coisas. Quando andava pela chuva, colocava um saco plástico preto sobre o
material que transportava, para tentar protegê-lo.
Outra lembrança era de quando tinha que levar documentos do HC para
outros setores, e por inúmeras vezes se perdeu. Ligava então para a Enfermaria
que trabalhava, e pedia às enfermeiras que explicassem como deveria fazer
para voltar ao CAISM.
Após o trabalho, muitas vezes saía correndo para não perder o fretado e
levou alguns tombos por conta disso.
Lembra-se de derramar suco na hora da refeição, o que lhe causava
muita vergonha.
Após o almoço, era comum sair do refeitório com outras colegas
mensageiras para darem uma volta de circular. Aproveitavam para passear, até
dar o horário de retornar ao serviço.
Aldrey admira o trabalho de duas enfermeiras, Rosane e Luiza, e as
considera pessoas especiais, que inclusive a ajudaram na época que ingressou
na Unicamp. Sempre foram divertidas e responsáveis, existe muito carinho e
respeito entre elas.
Ao longo da carreira pôde fazer vários cursos dentro da Unicamp.
Computação, inglês básico por seis meses, redação, entre outros. Participou
também de várias palestras.
Aldrey é grata por tudo o que a Universidade proporcionou em sua vida,
inclusive com relação à educação dos filhos. Tem uma filha que frequentou o
CECI e a creche, e um filho que usufruiu da escola. Até hoje gosta do que faz,
aprendeu muito e tem muito mais a aprender. É responsável pelo faturamento
do hospital e pela internação hospitalar. E conclui: “A Unicamp é nossa segunda
casa”.
34
RATINHOS ESTRESSADOS
Alexandre trabalhou em uma Gráfica, onde ingressou aos 13 anos de
idade. Permaneceu por um ano, quando então realizou uma prova para um
processo seletivo da Unicamp. Foi chamado duas semanas depois. Pediu
demissão da Gráfica e ingressou na Unicamp em 1987, como mensageiro, na
área de Suprimentos do setor de Importação, aos 14 anos.
Recorda-se do apoio oferecido por sua mãe, que o acompanhou em seu
primeiro dia de trabalho, por ser ainda muito novo, fato que lhe marcou e lhe
fez muito bem.
Ao chegar na Universidade, passou pelo departamento de Recursos
Humanos, e tamanha foi sua surpresa quando lhe disseram que naquele mesmo
dia já começaria a trabalhar. Iniciava-se então sua carreira profissional.
Entrou fazendo o serviço de técnico administrativo. Não teve muito
contato com serviço de expediente. Aprendeu diretamente o serviço de técnico;
viajava bastante entre os aeroportos e portos, pois a Universidade importava
material que tinha que ser retirado.
Alexandre se lembra de uma vez que a Unicamp importou Césio, e ele
teve que ir buscar o material logo que chegou, pois o mesmo tinha que ser
retirado rapidamente do aeroporto.
Recorda-se de certa vez que chegou a ir duas vezes para Santos no mesmo
dia. Os materiais chegavam ao porto e era necessário que fossem retirados. Ele
já dirigia e tinha autorização para utilizar o carro oficial da Unicamp.
Nessas idas e vindas, episódios nem sempre agradáveis aconteciam.
Lembra-se de um dia que precisou buscar produtos químicos e teve uma
experiência desagradável. Ao chegar com o material, verificou-se que estava
todo quebrado. Levou uma bronca séria, apesar de não ser o responsável pelo
desastre ocorrido.
Certa vez, foi buscar ratinhos que vieram importados. Foram
transportados com suprimento de oxigênio, e chegaram arrepiados. A professora
que os recebeu disse: “Vocês estão estressando meus ratinhos!”, e Alexandre
respondeu que “ele era quem estava estressado, pois dirigiu por longa distância
e durante muito tempo”.
Outro acontecimento marcante foi quando, ao transportar certo
material na carroceria do caminhão, olhou para trás e uma das caixas tinha
caído. Eram vidrarias para pesquisa, e chegaram totalmente quebradas. O
professor responsável disse que tinham matado toda sua pesquisa. Foi um
episódio desagradável, e precisaram importar novamente o material.
Muitas foram as aventuras e medos nas viagens à noite. Em algumas
ocasiões era o primeiro a chegar ao aeroporto ou porto, mas o colocavam por
último para receber a carga. Até hoje não sabe ao certo por que isso acontecia.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
ALEXANDRE DOMINGOS FARIA
35
Certa vez, foi ao aeroporto para buscar um material perecível, que tinha
que ficar em temperatura bem baixa. No caminho, o carro quebrou. Pediu ajuda
à Polícia Rodoviária, que lhe deu carona até o aeroporto. Conseguiu cumprir
sua função e pegar o material em tempo certo.
Ficou 13 anos na Área de Suprimentos - Departamento de Importação,
dentro da Diretoria Geral de Administração, no setor de Compras.
Teve que aprender a ler e a se comunicar em inglês, na época que
trabalhou na Importação. A maioria dos estagiários sabia se comunicar em
inglês e espanhol, o que lhe ajudou bastante.
Gostava muito do setor de Importação, mas sentiu que era importante
conhecer novas realidades profissionais.
Foi então para a Assessoria Financeira, dentro da DGA (Diretoria Geral
da Administração), onde cuidava do orçamento e dos recursos que o Governo
oferecia à Universidade. Controlava os gastos e compras da Reitoria.
Depois, recebeu um convite do Diretor para trabalhar na AFPU, onde
está há sete anos.
Fez muitos cursos na Universidade e fora também. Procurou aproveitar
as oportunidades oferecidas.
Algumas pessoas foram importantes em sua trajetória, entre elas, Vânia
Aparecida Massarão, Edvran e Marcos Francisco dos Santos. Eduardo Spinelli foi
um chefe especial, que pôde se espelhar muito.
Entre algumas facilidades que a Unicamp oferece, o fretado é uma delas,
e vem utilizando há mais ou menos dois anos.
Alexandre conclui, dizendo: “Só tenho a agradecer por tudo que vivi, e o
que tenho ainda para aprender”.
36
REVOLUCIONÁRIOS
Uma experiência nova iria acontecer quando Alexandre estava com 15
anos de idade. Já tinha trabalhado em outros lugares, desde os 9 anos, mas “a
Unicamp foi o início de sua formação profissional”, como costuma dizer.
Como mensageiro, em 31 de julho de 1985, recepcionado por Dª Dora,
Dª Neli e Lúcia, começou o seu trajeto profissional, sua estrutura e alicerce.
Iniciou na Coordenadoria Geral dos Institutos, onde ficou por mais ou
menos nove anos.
Sua adolescência foi vivida praticamente na Unicamp. Cultivou muitas
amizades.
Não demorou muito tempo e começou um processo político. Conheceu
várias correntes partidárias, buscou sua politização e, a partir daí, muitas
sementes germinaram dentro e fora da Universidade.
Fundou a comissão de mensageiros da Unicamp, com apoio muito
grande da chefia e também de outras pessoas, que o ajudaram na parte
estrutural e retaguarda política. As coisas tomaram corpo, tratavam de assuntos
relacionados a adolescentes.
Na época, havia um interesse enorme por parte dos menores em
continuar a trabalhar e fazer carreira na Universidade, e como não existia um
programa de contratação, Alexandre encabeçou um grupo que reivindicaria
essa condição. O principal foco da comissão passou a ser que os menores
fossem absorvidos pela Instituição.
Foi presidente da comissão por quatro anos, que só se extinguiu quando
houve a conquista e os mensageiros foram absorvidos no plano de carreira.
Tratavam de vários assuntos, os conflitos dos adolescentes, seus anseios
e direitos; eram muito revolucionários. Existiam vários guetos, correntes de
várias tendências, sentimentos próprios da adolescência.
“Conseguir um ponto de consenso entre os jovens era algo muito difícil,
mas cada um teve seu valor. Era um grupo muito bom, todos de alguma forma
contribuíram”, ressalta Alexandre.
A assistente social se surpreendia da forma como a comissão
conseguia fazer a ponte entre os jovens e a Universidade. Conseguiram muitos
entendimentos e grandes conquistas na época. “A comissão somou em vários
momentos”, completa.
Alexandre é grato à Unicamp, pois o ajudou muito em sua formação
profissional. Teve a oportunidade de fazer vários cursos. Participou do projeto
de montagem dos XTs dos setores, feito importante para a evolução tecnológica
da Universidade.
Recebeu um convite do Dr. Joaquim, cirurgião pediatra, para montar
e estruturar o Laboratório de Informática da Faculdade de Ciências Médicas
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
ALEXANDRE REBAC DE PAULA
37
(FCM).
38
Tinha sido transferido do Instituto de Ciências (IFCH), onde ficou por
apenas trinta dias. Trabalhou com Evaldo, o que julga “ter sido uma honra”. Ele
foi quem desenvolveu a topologia inicial de rede do Laboratório, recebendo
apoio de Alexandre para a sua implantação. Foram juntos para a FCM.
Tempo depois, recebeu um convite da Procuradoria Geral para integrar
a equipe de informática.
Muitas pessoas foram importantes em sua trajetória, entre elas, um
chefe de peso, ressaltado com respeito: “O Dr. Otacílio é uma pessoa que devo
muito, sempre recebi seu apoio, é mais que um chefe, é um ‘paizão’!”
Alexandre costuma dizer que a Procuradoria Geral é um ótimo lugar
para se trabalhar, pois há pessoas maravilhosas e um ambiente muito bom.
Entre vários amigos, o Adriano foi especial e um grande companheiro.
A Evelyn, que foi uma espécie de “braço direito” na época da comissão, é
muito competente e foi determinante em vários momentos, e também o vicepresidente da época da comissão, Jefferson, que também o ajudou muito, e até
hoje são amigos.
Alexandre se recorda das inúmeras dificuldades que ele e os outros
colegas passaram na época enquanto eram mensageiros, pois o jovem era tido
como irresponsável. Mas conseguiram mostrar que tinham valor e que eram a
base para a formação da Universidade, através de várias ações, entre elas, um
informativo da comissão de mensageiros, o “The Mensa”, criado por Alexandre e
seus colegas. O Adriano era o cartunista. Criou o personagem “The Mensa”, que
representava o que seria um mensageiro da Unicamp. “Era pouco politizado,
desencanado de tudo, uma espécie de antimensageiro, um personagem muito
despojado, com trejeitos. Era muito interessante”, relembra Alexandre.
Esse informativo alertava sobre as coisas que deveriam ser mudadas
internamente em cada jovem, não só para atingirem os objetivos enquanto
mensageiros, mas também para a formação pessoal de cada um. Os informativos
aconteciam a cada trinta ou quarenta e cinco dias. O logotipo era o símbolo da
Unicamp pontilhado, com a ideia de que estava sendo construído com vários
tijolos, pelas mãos dos mensageiros.
Muitas foram as conquistas, e acabaram servindo de exemplo para
outros segmentos dentro da Universidade.
Lembra-se de certa vez que, para chamar a atenção, subiram a rua
batendo tambor, a marcha fúnebre, com as bocas lacradas com fitas, em silêncio.
Isso foi uma ideia dos mensageiros, que até hoje é utilizada nas manifestações.
Momento marcante também era o dia de pagamento, considerado por
ele como um evento.
Tinha um mensageiro que trabalhava no setor do pagamento, que
trazia os holerites e, muitas vezes, era escoltado por outros mensageiros, que o
ajudavam a cumprir sua tarefa.
Alexandre se considera privilegiado pela adolescência que teve.
“Enquanto mensageiro, tive uma das melhores fases da minha vida”.
Preocupa-se com a posição dos jovens de hoje, e faz um importante
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
comentário: “Os jovens têm que ser valorizados, pois fazem parte do alicerce
de toda a Universidade”.
Recorda-se de como os mensageiros de sua época representavam a
juventude de maneira muito nobre, com força, energia e garra. Acredita que
isso tenha feito a diferença em suas buscas e conquistas. Julga ser necessário
que haja apoio aos menores que ingressam na Universidade, para que tenham
maior comprometimento e vínculo com o trabalho.
É tecnólogo em rede de computadores, um administrador de redes de
computadores e, atualmente, exerce a função de programador de suporte na
Procuradoria Geral.
Sente-se realizado, e conclui: “A dignidade em minha vida me faz ser
feliz. Tenho um filho maravilhoso, um ótimo emprego e sou grato à Unicamp e a
todos que participaram dos importantes momentos da minha trajetória”.
39
DONA SULTANA
Em 1975, por recomendação de seus pais, Amauri entrou na Associação
de Educação do Homem de Amanhã, a “Guardinha”.
Fez um curso de três meses, participou da formatura e foi encaminhado
à empresa, devidamente uniformizado.
Da Sultana, a responsável pelo encaminhamento, enviou Amauri à
Unicamp, com 14 anos, para a Diretoria de Pessoal, antiga DGA1. Perguntou-lhe
se sabia “bater a máquina” e ele entendeu “se sabia matemática”, o que hoje
relembra achando graça.
O meio de transporte utilizado era o ônibus fretado (via bairro), onde
faziam batuque e cantavam durante o trajeto, sendo um momento muito
agradável de descontração.
Lembra-se com carinho do horário de almoço, das vezes que ia até o
lago dar pão aos peixes e das partidas de futebol que jogava com seus amigos.
Viu ser colocada a Pedra Fundamental na construção do Hospital das
Clínicas, fato que marcou sua vida.
Trabalhou na DGA11 até os 18 anos, quando passou a contínuo porteiro,
posto ocupado até prestar um concurso para oficial de administração e ser
promovido.
Em 1980 foi para o Hospital, na área de Arquivo Médico, onde viu por
várias vezes animais como cobras, aranhas, escorpiões, entre outros insetos,
que eram encaminhados à Biologia.
Aproveitou as oportunidades que a Unicamp lhe proporcionou, e
tornou-se encarregado do setor em 1987.
Finalmente, em 1998, foi promovido a Diretor do SAME, onde ajudou na
modernização do Arquivo Médico.
Em 2003 foi transferido para o serviço de Faturamento, onde está até
hoje.
Com o objetivo de aperfeiçoar suas habilidades, fez curso de
especialização em PDGS (Programa de Desenvolvimento Gerencial para
Supervisor), onde aprendeu metodologias do processo e julgou ser de grande
importância: “O PDGS é uma forma de a Universidade dar oportunidade aos
funcionários e valorizar seu trabalho.”
Homem de boa conversa, gosta bastante do campo e das coisas simples
da vida. Como bom ouvinte, está sempre disposto a ajudar os amigos. Tem
como principal característica o bom-senso.
Com 35 anos de Unicamp, é uma pessoa realizada tanto no trabalho
como na vida pessoal. Como fruto de seu casamento, tem um filho cujo nome
também é Amauri.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
AMAURI ROBERTO DIAS
41
E conclui: “Agradeço a Deus pelas oportunidades de trabalho, pelos
amigos que fiz e pelas pessoas que muito me ajudaram. Considero a Unicamp
como uma ‘mãe’, que me direcionou, capacitou e me permitiu ter inúmeras
conquistas”.
42
SAUDÁVEL RIVALIDADE
Amaury ingressou na Unicamp aos 15 anos de idade, através de uma
classe especial experimental da AEDHA (Associação de Educação do Homem de
Amanhã), a “Guardinha”, que após um curso específico de três meses, preparava
candidatos para serem encaminhados a diversas empresas.
Sua escolha pela Universidade se deu pela diversidade de possibilidades
na área de humanas, pois sonhava em fazer a faculdade de Administração de
Empresas.
Foi lotado na Faculdade de Educação, onde permaneceu por 22 anos,
aprendendo várias coisas pelos setores que passava. Seu maior aprendizado
se deu na Biblioteca, onde passou a maior parte de sua formação profissional,
ajudando e aprendendo com as pesquisas de monografias, teses de mestrado e
doutorado, descobrindo nessa prática uma maneira de “fazer” uma faculdade
por osmose, pois até então não tinha feito nenhum curso superior.
Com tantos anos na Biblioteca da Educação, pôde aprender muito. “Foi
um tempo importante, com pessoas especiais, que fizeram a diferença em
minha vida”, conclui ele.
Entre diversos nomes relevantes, vale citar: Luis Carlos Freitas, Rubem
Alves, Arlete Ivone Piterello, Ademir Canoas, Guilherme Do Val Toledo Prado,
Márcia Strazacapa, Sueli Bonato, Pedro Ganzeli, Corinta Gerardi e Antonio Brian,
todos de grande importância em sua trajetória.
Através de autodidatismo, ampliou seus conhecimentos e conheceu
outros caminhos, pois como desde cedo foi arrimo de família, buscar fontes de
renda se fazia necessário.
Por conviver com diversos profissionais, acabou conhecendo o mundo
das Artes Cênicas e Corporais, e descobriu sua real vocação. É professor de
dança de salão há 22 anos, considerado uma referência na área em Campinas,
graças aos impulsos incentivadores de docentes, chefias e colegas com quem
trabalhou e que fazem parte do seu dia a dia.
Vários momentos foram marcantes ao longo da história dos menores
trabalhadores da Unicamp. Recorda-se da eterna ‘rivalidade’ entre guardinhas
e patrulheiros, em que várias vezes no centro do Ciclo Básico, onde tinha o
chafariz, diversas coisas aconteciam. A forma que um grupo lidava com o outro
era através de zombarias. Viviam com os uniformes sujos devido às brincadeiras,
jogavam laranja um no outro e saíam correndo. Um ex-patrulheiro, considerado
“pavio curto”, era alvo fácil, e todos gostavam de irritá-lo para ver sua reação.
Lembra-se também de um momento desagradável. Em uma disputa
pessoal, dois guardinhas brigaram e rolaram no chão, até caírem dentro do
lago. Suas roupas ficaram encharcadas. Foram disciplinados e, como forma de
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
AMAURY FERNANDES
43
castigo, tiveram que se secar junto às roupas. Esse episódio serviu de alguma
maneira para diminuir a rivalidade entre patrulheiros e guardinhas.
Algumas situações constrangedoras fizeram parte da vida de um ou
outro jovem, no início de carreira. Levar bloco de concreto embrulhado, sem
saber, por longos trajetos entre os setores; ficar à procura de papel carbono
com pauta, sem perceber o absurdo da solicitação. Várias eram as brincadeiras
dos veteranos com os recém-chegados, e Amaury considera-se com sorte por
não ter sido submetido a isso.
Apesar das boas recordações da época enquanto guardinha, também
sente que em alguns momentos era difícil essa condição. Ele acredita que havia
certo preconceito com relação aos guardinhas da Unicamp, principalmente nos
bancos do centro da cidade. Também sentia certa discriminação e rivalidade
dentro da Instituição, pois os que não eram da Universidade achavam que os
outros eram privilegiados por estarem lá.
Um fato que marcou, por ser rotineiro, era o “delivery”. Os guardinhas
iam buscar lanches para os funcionários, e levavam um bloquinho, uma caixa
e dinheiro. Recorda-se que, certa vez, tropeçou e deixou tudo cair. Misturou
todos os lanches e sucos e chegou todo sem jeito, com “cara de cachorro que
caiu do caminhão”, como ele mesmo diz.
Outro momento marcante foi quando, no ano de 1979, houve uma
grande greve do funcionalismo público. Amaury, por estar fardado e andando
no centro da cidade, acabou tendo que correr da polícia. Teve muito medo,
além de causar grande preocupação à sua mãe que estava em casa. “Foi uma
experiência nada agradável! Nunca quis participar de nada que envolvesse esse
tipo de ato”, conclui ele.
Atualmente é técnico em administração no GGBS/Reitoria, sendo
corresponsável pelo posto de atendimento do GGBS/HC, além de ministrar
oficinas de danças de salão aos funcionários da Unicamp, dentro do Programa
de Qualidade de Vida no Trabalho. À noite é diretor administrativo e professor
de dança de salão da Academia Giras.
Está cursando o primeiro ano da Faculdade de Tecnologia em Gestão de
Recursos Humanos, visando aprimorar seus conhecimentos e pensando em seu
futuro profissional.
“Posso dizer, sem ser piegas, que sou feliz com o que tenho − e vou mais
além –, com o que conquistei e com quem sou hoje”, conclui Amaury.
44
MEU QUERIDO, MEU VELHO, MEU AMIGO
Ao entrar na Unicamp, em 1975, como mensageiro, Américo se
considerou com sorte, pois foi logo efetivado. Estava com quase 15 anos.
Foi encaminhado à DGA (Diretoria Geral da Administração), onde
trabalhou no Departamento Pessoal, na Contabilidade e no Financeiro. Dentro
da DGA teve várias oportunidades. Trabalhou como comprador, comprador
júnior e sênior, supervisor de setor e de sessão.
Em 1997 surgiu uma oportunidade e foi para o antigo Centro de
Comunicação, hoje a Rádio TV Unicamp. Concorreu com outras pessoas, e
acabou assumindo o cargo de ATD (Assistente Técnico de Direção), função que
exerce há 15 anos, tendo passado por cinco gestões.
Adquiriu experiência administrativa na própria Universidade e fez vários
cursos, como importação, compras, finanças, redação, informática, sempre
procurando investir em sua área para ter noções gerais sobre os diversos
assuntos que seu cargo gerencia.
Trabalhou em vários projetos: FAPESP, CNPQ, entre outros.
Foi mensageiro na época do Prof. Zeferino Vaz e se recorda de que era
uma briga entre os menores, pois todos queriam carregar sua pasta. O professor,
como forma de incentivo e agradecimento pela ajuda, dava aos jovens um
valor simbólico. “Era uma alegria total poder ajudar o Prof. Zeferino”, relembra
Américo.
Lembra-se das sirenes (DGA), que anunciavam o café e o almoço, como
se fosse uma empresa.
Vários exemplos de pessoas marcaram presença em sua trajetória, entre
elas, Jurivaldo Foregatti, que lhe transmitiu grandes ensinamentos e foi uma
referência no início de sua carreira.
Américo comenta que Jurivaldo deixava o ambiente agradável, e
costumava dizer que “todos devem manter seu lado profissional, sem nunca
deixar de ter seu lado humano na relação com o outro”. Prezava as boas
relações, em que cumprimentar, estar feliz e trabalhar com prazer deveriam ser
atitudes constantes.
Quando mensageiro, já na transição a contínuo porteiro, Américo saiu
para uma viagem a Trindade, onde foi passar um feriado e acabou ficando por
dois meses. Ficou deslumbrado com o lugar, e demorou a voltar, o que deixou
sua chefia muito brava. Encontrou Sonia Braga, Fernando Gabeira e ficou
encantado. Uma turma levou sua mochila por engano, e o deixou sem seus
documentos. Quando retornou, com uma calça de pescador, cabelo comprido,
a chefia quis saber como tinha sido a aventura e como era o lugar. Perguntaram-lhe se tinha tirado foto e brincaram que por não ter fotografado nada,
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
AMÉRICO GARCIA FILHO
45
levaria advertência. Pôde retornar ao serviço.
Vários episódios marcaram sua vida. Enquanto mensageiro, recorda-se
que utilizava um caminho de acesso rápido entre o Departamento Pessoal e a
Contabilidade, exatamente o local onde ficava a Anatomia, dentro do prédio
da Biologia. Ia por essa passagem para encurtar caminho, mesmo não sendo
permitido.
Certo dia, um senhor que trabalhava no setor se escondeu atrás da
porta, com um braço (peça da Anatomia) e começou a correr atrás de Américo.
“Foi um aprendizado, pois nunca mais passei por ali”, comenta ele.
Américo se recorda que eram os mensageiros que davam
encaminhamento a todos os processos da DGA.
Com uma trajetória de responsabilidades e crescimento profissional,
pôde participar de mudanças importantes. Foi o caso de sua participação no
processo de transição do Centro de Comunicação para a TV Unicamp. Participou
primeiro do planejamento estratégico e depois do plano de certificação. Várias
pessoas deram opiniões e apresentaram objetivos, o que tornou o trabalho ainda
mais completo. Na TV pôde atuar como produtor executivo e não só na parte
administrativa. Teve oportunidade de entrevistar várias pessoas, participou de
alguns festivais. “Os resultados foram muito gratificantes”, conclui.
É representante de funcionários, atualmente como suplente, e exerce a
função de Assistente Técnico de Direção.
E ressalta: “É uma história de vida dentro da Universidade. Tenho um
carinho muito grande pela Unicamp”.
46
AYRTON SENNA RACING DAY
Tunico, Pinduca ou Toninho, apelidos carinhosos de Antonio Carlos,
descrevem o pequeno garoto que, aos 15 anos, veio de Poços de Caldas-MG,
por indicação de uma tia, a quem é muito grato, para trabalhar na Unicamp.
Iniciou sua carreira como mensageiro, no Arquivo Médico (SAME),
onde ficou por três anos. Aos 18 anos foi registrado como contínuo porteiro,
permanecendo por dois anos e, em seguida, foi para o setor de Contas e
Convênios como técnico administrativo, onde ficou por mais ou menos cinco
anos. Teve uma diretora muito especial nessa época, que o ajudou muito. Na
sequência, foi para o setor de Informática, onde se encontra até hoje.
Começou na Santa Casa, no centro da cidade. Pediu então transferência
e, depois de muito diálogo, conseguiu seguir para a Universidade.
Muitas foram as amizades conquistadas ao longo de sua trajetória.
Era uma turma animada, que almoçava junto, escutava música e dançava,
além de compartilhar o ônibus interno que levava os mensageiros do HC ao
Restaurante. Edvilson, Claudemir, Jessé, Carlinhos, Marcelo e Antonio Donizete
são alguns dos nomes que compõem a lista de amigos, além de Tiãozinho (in
memorian) da Guardinha, que era muito animado e deixou saudade. Daniel,
do Instituto de Computação, também é lembrado como um amigo muito
importante.
Antonio Carlos encarou as dificuldades sempre com determinação,
conseguindo alcançar inúmeros objetivos.
Deixando sua família em Minas, veio trabalhar e morar com sua tia Ana
Cleuza. Quando tinha uma colocação já engatilhada, trouxe o restante da família
para morar em Campinas.
Formou-se em Tecnologia de Redes, em 2009. Nesse mesmo ano, seu
pai se aposentou como funcionário da Universidade, após ter vivido uma bela
história. Começou como carpinteiro, depois prestou um concurso para faxineiro
e, devido ao seu bom desempenho, foi promovido a supervisor de serviços
gerais. “Sinto orgulho de meu pai”, ressalta Antonio Carlos.
Uma irmã também entrou como mensageira e trabalha na Unicamp.
Sua esposa trabalhou por 16 anos como funcionária da Funcamp no HC
(conheceu-a quando fazia teatro). Tem dois filhos.
Pessoa versátil, Tunico gosta de correr, tocar violão e brincar com os
amigos.
Certa vez, no ímpeto da juventude, apostou uma corrida com Dércio,
seu amigo, para ver quem chegaria primeiro no Restaurante. Antonio ganhou.
Até hoje, os “sarros” por conta dessa brincadeira acontecem entre eles.
Havia um grupo que fazia enduro a pé, chamado “Digalô”, no qual
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
ANTONIO CARLOS DA SILVA
47
mulheres também participavam. Quando elas não mais competiram, e somente
os homens passaram a integrar a equipe, o nome mudou para “Patada de
Cobra”.
Chegou a participar de várias corridas, como a da Lua, a Integração.
Formou uma pequena equipe e correram a Ayrton Senna Racing Day.
Muitos foram os momentos marcantes que viveu. Lembra-se da época
das “diretas já”, que julgou ser um período interessante da história.
Atualmente é operador de computador, mas está em desvio de função,
aguardando o diploma para assumir o cargo de analista de rede.
48
DIRETAS, JÁ!
Antonio Donizete começou sua carreira aos 11 anos e meio de idade.
Através de seus primos, soube que haveria inscrição para o curso de patrulheiro.
Ingressou então no Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Campinas, onde
concluiu o curso em três meses.
Vindo de Divinolândia-SP, lugar que brinca ser a “8ª maravilha do mundo”,
trabalhou em uma metalúrgica. Em seguida, foi para a Unicamp trabalhar no HC
- Santa Casa, na Enfermaria de Emergência.
Dados importantes para Donizete são: sua Matrícula de nº 801, o ano de
1975, e os seus 15 anos de idade.
Muitas foram as experiências vividas no HC da Unicamp.
Recorda-se que carregava órgãos, cadáveres, levava exames ao
laboratório, buscava soro e medicamentos na Farmácia. Chegou a ajudar na
pintura da Enfermaria de Emergência, fazia de tudo um pouco.
Adquiriu maturidade e certa frieza diante do que via.
Dalva, sua primeira chefe na Universidade, já falecida, dava-lhe muita
força e incentivo.
Nos patrulheiros, uma figura marcante por ser enérgica, porém justa,
foi Dª Maria Angélica. “Grande é o respeito que tenho até hoje pelo seu pulso
forte, capaz de formar cidadãos de bem”, ressalta Donizete.
Como patrulheiro honorário, foi graduado para dar exemplo aos demais.
Na 1ª graduação como Cabo tinha que andar fardado, mas na Universidade
não era necessário utilizá-la. Foi subinspetor, passou a diretor de esporte,
inspetor, monitor e instrutor, diretor de disciplina e presidente da Associação
dos Graduados.
Com resquícios do regime militar, regras duras eram indispensáveis,
como os cabelos cortados quatro dedos acima das orelhas, “inclusive cortados
por Luzia, que era como se fosse uma mãezona”, comenta Donizete, e a farda
apresentada de maneira impecável.
Certo dia, ao fazer uma enorme força para carregar soro e medicamentos
de farmácia, ao agachar, sua calça rasgou. Totalmente sem jeito e sem saber o
que fazer, foi mais uma vez socorrido por Luzia, que lhe pediu para aguardar no
banheiro enquanto costurava sua calça.
Donizete sempre procurou retribuir tudo de bom que recebeu.
Tinha o apelido de “ligeirinho”, pois realizava vários feitos antes mesmo
que lhe pedissem.
Por quatro anos permaneceu na Enfermaria, sendo convidado a exercer
o cargo de contínuo porteiro, na Divisão de Enfermagem. Era o único homem
do setor, em meio a 14 mulheres. Trabalhava na Frequência. Permaneceu por
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
ANTONIO DONIZETE NOGUEIRA
49
14 anos na Divisão de Enfermagem. Passou então a oficial de administração.
Mudou-se quando o HC já estava quase pronto.
Fato marcante foi quando o convidaram a gravar com pirógrafo as placas
e instrumentos do Hospital. Recentemente, um amigo lhe mostrou um relógio
de pulso que estava usando, e que tinha sido gravado por Donizete. Disse-lhe
que levará para sempre esta marca e lembrança. Detalhe: a gravação foi feita
há 31 anos.
Com 35 anos de Unicamp, Donizete teve apenas nove faltas justificadas.
Sempre foi disciplinado, não faltava ao serviço.
Enquanto ainda jovem, apesar da boa conduta, alguns episódios
engraçados fizeram parte de sua trajetória. Ele e seu amigo Carlinhos, certo
dia, como de costume, brincavam com uma bola feita com elásticos, que pulava
muito. Jogavam um para o outro e, de repente, o chefe da Santa Casa surgiu.
Pegou Donizete pelo braço e o colocou em uma sala, juntamente com o amigo,
e foi chamar a diretora. Os dois se entreolharam e, mais que depressa, fugiram.
Ficaram escondidos até a chefia esquecer o ocorrido.
Outro episódio lembrado com certo humor, mas que na época causou
constrangimento, foi o que ocorreu no Almoxarifado da Santa Casa. Quando
o caminhão descarregou os alimentos, uma batata caiu no chão, veio rolando
e parou perto de Donizete que, por instinto, chutou-a sem rumo. Por total
infelicidade, a batata acertou em cheio o peito de um médico muito respeitado
e importante, o que acarretou a Donizete uma tremenda bronca. Porém, para
sua alegria, não foi dispensado.
No setor de Divisão de Materiais, em um dia de festa, outro fato
engraçado aconteceu. Donizete comeu quase todos os brigadeiros antes mesmo
do início da festa, sobrando apenas seis doces. Os amigos ficaram muito bravos
quando procuraram os doces e não tinha quase mais nenhum.
Gostava muito de brincar e isto fez com que conquistasse muitas
amizades. A prova disso é que o antigo Tenente é seu padrinho de casamento.
É grato por todas as experiências vividas em sua trajetória.
50
Formatura no Sesi em 1982
UM DOUTOR
A Unicamp sempre foi um lugar muito almejado para se trabalhar, porém
antigamente nem todos a conheciam ou faziam ideia de sua dimensão.
As instituições que encaminhavam os jovens ao mercado de trabalho
geravam grande expectativa com relação ao emprego na Universidade. Quando
surgia uma vaga, todos corriam para fazer a inscrição, com Carlos não foi
diferente.
Ainda muito jovem, ingressou na Associação de Educação do Homem de
Amanhã, conhecida como “Guardinha”, devido à necessidade de conseguir um
emprego. Tinha um ano que chegara da lavoura, morava em um sítio, advindo
de uma família muito carente.
Apesar de pouco conhecer a respeito da Unicamp naquela época,
quando entrou na Guardinha passou a ouvir comentários de como era um bom
lugar para se trabalhar. Mal sabia que, tempos depois, estaria completando 28
anos dentro da Universidade.
Após curto período na Guardinha, Carlos ficou sabendo, através de seu
primo Toninho, que trabalha no HC, que estavam abertas as inscrições para
concorrer a uma vaga na Universidade. Fez logo sua inscrição e, tempo depois,
foi chamado.
A Unicamp foi seu primeiro emprego com registro. Ao chegar, no dia
15 de dezembro de 1980, assustou-se: “Fiquei pasmo com o tamanho da
Universidade!”
Encaminhou-se ao departamento de Recursos Humanos, onde foi muito
bem recebido por uma funcionária, que lhe explicou como chegaria ao prédio
da Biologia, de onde seria encaminhado ao departamento de Anatomia.
Quando chegou na Secretaria da Anatomia, entregou uma carta de
apresentação da Guardinha, e lhe passaram qual seria sua função: entre outras
atividades, faria serviços de banco.
Carlos não imaginava a experiência que viveria a partir dali. Certo dia, um
senhor que trabalhava na Anatomia disse a Carlos para que na hora do almoço
fosse pegar o serviço a ser executado, em uma sala do andar inferior. Ele, sem
saber o que havia na tal sala, abriu a porta e avistou cerca de seis cadáveres.
Mais que depressa saiu do local e disse ao chefe que não mais voltaria. O chefe
teve muita paciência, voltou com ele até a sala e o fez se acostumar com o
ambiente.
Passado o primeiro impacto, encarou o trabalho da melhor forma.
Começou a catalogar os livros do setor e cada foto que via das peças dissecadas,
despertava-lhe mais interesse por aquela área. Iniciava-se, então, sua carreira
no laboratório.
Por três anos permaneceu sem ser registrado, e aos 18 anos foi contratado
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
CARLOS APARECIDO ZAMAI
51
52
como escriturário. Apesar de não gostar muito de trabalhar com papeladas e
documentos, cumpria devidamente sua função. Porém, ficava impressionado
com as coisas do Laboratório. Achava incrível pegar um fragmento e transformar
numa lâmina colorida, bonita, para ser analisada no microscópio. Sem dúvida,
almejava trabalhar naquela área.
Na época, conversou com o chefe do departamento de Anatomia sobre
seu desejo de trabalhar no Laboratório, e como levava jeito para o serviço, pôde
assumi-lo. Permaneceu por seis anos como auxiliar de laboratório.
As atividades que eram desenvolvidas naquele setor (corte, inclusão
e coloração) eram de grande importância para que as pessoas (estudantes e
pesquisadores) realizassem suas experiências e pudessem desenvolver suas
próprias pesquisas. Isso era motivo de orgulho para Carlos, pois sabia que
quando dissecava os cadáveres e entregava o material pronto aos alunos, estava
colaborando de alguma maneira com a preparação das teses e dissertações.
Percebia a grandeza de seu trabalho. Sabia que sua função era como um ponto
de apoio que colaborava para o estudo da medicina.
O trabalho sempre foi executado com responsabilidade e disciplina,
obtendo os melhores resultados.
Ao longo de sua trajetória, vários fatos tornaram-se marcantes, entre
eles, a Universidade Aberta, quando o setor era aberto ao público. O interesse
pela sala da Anatomia era grande. Recorda-se que várias pessoas desmaiavam
ao chegar no local.
Um acontecimento que marcou bastante essa fase na Anatomia foi
quando um professor de São Paulo veio para realizar sua pesquisa na Unicamp.
Enquanto Carlos preparava uma grande quantidade de ácido, utilizado para
limpar as lâminas, a solução caiu sobre o professor, que acabou perdendo seu
terno de casimira, e ficou muito bravo. “Foi um grande constrangimento!”
Os produtos que utilizava eram muito fortes e vivia com os olhos
vermelhos, a boca ressecada e as mãos coloridas, mas sabia que isso fazia parte
do trabalho.
Ficou na Anatomia de 1980 a 1986. Depois foi para o Biotério Central,
onde permaneceu por oito meses, até que outras oportunidades surgiram e foi
transferido. Com a possibilidade de novos projetos, obteve apoio do Prof. João
Andreotti Gomes Tojal e da Drª Antonia Bankoff, pessoas importantes para o seu
crescimento profissional, e passou a se dedicar ao projeto de construção de um
novo laboratório. Em 1989, conseguiram um prédio e começaram a construção
do laboratório. Em 1990, ele foi inaugurado.
A partir daí ficou então responsável por vários laboratórios, exercendo a
função de técnico até 1991, quando pediu para ser transferido ao Laboratório da
Educação Física, na área de avaliação postural. Foi autorizada sua transferência,
e está há 22 anos no setor.
Carlos sempre foi esforçado e buscou seus objetivos. Em relação aos
estudos, recebeu vários estímulos, inclusive da Drª Antonia e, através do
ProSeres, pôde ingressar na Faculdade de Pedagogia, concluída em 1995.
Em 1996, inscreveu-se no programa de Pós-Graduação da Faculdade de
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
Educação Física, como aluno especial, e cursando uma disciplina por semestre,
pôde concluir o mestrado em 2000.
Em 27 de julho de 2009 defendeu sua tese de doutorado, intitulada
“Impacto das atividades físicas nos indicadores de saúde de sujeitos adultos:
Programa Mexa-se”.
Coordena desde 30 de maio de 2004 o “Programa de Convivência
e Atividade Física na Unicamp”, que já ultrapassou a marca dos 70 mil
atendimentos, em cinco anos.
Foram realizados dois encontros nacionais a respeito desse projeto
de avaliação de pessoas, além de o programa gerar dados que resultam em
publicações de congressos, monografias, teses e artigos científicos.
Carlos ressalta: “A Unicamp e as pessoas que nela trabalham me
ofereceram apoio. Tudo que precisei, obtive. Consegui realizar meus estudos e
toda a minha formação através dos incentivos e apoios recebidos”.
Atualmente é coordenador técnico do programa “Mexa-se”, e a Drª
Antonia Bankoff é a coordenadora geral.
Carlos está sempre engajado em algo que promova oportunidades,
e diz: “Se eu tive oportunidades, também posso oferecer oportunidades. As
pessoas precisam de apoio”.
Trabalha no Laboratório de Avaliação Postural, como profissional
especializado de laboratório. É também pesquisador do Laboratório, ajuda
a tabular os dados e a publicar as pesquisas, além de dar aula para curso
universitário. Um de seus objetivos é realizar um congresso em 2011.
Diante dessa rica trajetória, fica aqui seu agradecimento: “Orgulho-me
por fazer parte desta importante Universidade, que além de formar profissionais
nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, contribui para a transformação de
homens. Menores trabalhadores que nem sempre tinham esperanças, e sofriam
com as dificuldades, puderam sonhar e um dia vencer, tornando-se alguém na
sociedade. Muito obrigado a todos que contribuíram para a minha formação
pessoal e profissional, e por eu ter podido me transformar em um Pedagogo e
Professor Doutor na área de Educação Física”.
53
CHEFE DA ESPOSA!
Carlos Henrique foi mensageiro, iniciando sua carreira aos 14 anos.
Começou na Unicamp em 1987, na Superintendência do Hospital das
Clínicas. Sentiu grande apoio familiar, que o fez amadurecer e estudar. Seu pai,
até hoje, aos 82 anos, dá conselhos e o incentiva a fazer o bem para outras
pessoas.
Recebeu muita orientação também na Universidade, que o ajudou a
galgar uma importante trajetória. Aos 18 anos de idade, passou de mensageiro
a técnico básico.
Em 1992, foi trabalhar na secretaria da Farmácia do HC. Assumiu a função
de supervisor de estoque e planejamento, onde ficou por aproximadamente
dois anos e meio. Sua principal tarefa era atuar no planejamento, visando evitar
desperdícios e gastos.
Ficou um mês na área de Medicina Nuclear, no ano de 1998, na parte
administrativa. Seguiu então para o Almoxarifado da Radiologia, onde organizou
o setor, e devido a essa organização, de quatro funcionários que compunham
o quadro, foram necessários apenas dois, sendo que os outros dois puderam
seguir para novos postos de trabalho.
Tempo depois, foi para a Administração da Radiologia e Almoxarifado.
Em 2002 houve uma importante reviravolta profissional em sua vida. Foi
convidado a trabalhar na área administrativa da Divisão de Imagem, atuando na
Gerência Administrativa.
Sempre procurou aproveitar as oportunidades oferecidas pela
Universidade.
Teve duas oportunidades de fazer curso de gestão hospitalar, uma pelo
Ministério da Saúde, promovido através da Superintendência e, em 2009,
foi novamente convidado para fazer especialização na mesma área, junto a
Extecamp. Adquiriu conhecimento e qualificação, além de obter crescimento e
uma visão ampla de todos os processos.
Fato marcante em sua vida foi quando conheceu sua esposa, foi seu
chefe. Começaram a se relacionar quando estavam na Farmácia do HC, ela era
secretária. Casaram-se e continuaram na Universidade, em setores diferentes.
Dessa união nasceu sua filha Grazieli, que desde pequena está no Ceci da
Unicamp. Conhece outros ex-mensageiros que também têm filhos na creche, e
acha muito interessante o convívio entre eles.
Com muito respeito, lembra-se do incentivo de seu irmão (que mora em
Salvador), que sempre o aconselhou a fazer faculdade. Através dessa motivação,
Carlos Henrique se formou em Administração, juntamente com sua esposa. “Foi
uma experiência maravilhosa poder me formar, e devo isso à orientação de
meu irmão”, ressalta.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
CARLOS HENRIQUE GOMES DE OLIVEIRA
55
Entre várias lembranças de quando era mais jovem, recorda-se que
aproveitava o horário do almoço para frequentar a piscina da Universidade.
Divertia-se muito.
Fez várias amizades. Robson, um grande companheiro, sempre
frequentou sua casa. Junto a esse grande amigo, passou por um momento
engraçado. Tinham uma colega de setor que sempre comprava bolacha na
feirinha e oferecia a eles. Certa vez, como não tinham almoçado, começaram a
comer bolachas e, sem noção, acabaram com todas. Ficaram calados quando se
deram conta do que fizeram e, quando a dona do pacote de bolachas ofereceu
para outro colega, tomou o maior susto. Ao abrir a gaveta, ela viu que não tinha
mais nenhuma bolacha ali e ficou muito brava com os dois.
Lembra-se também de quando recebia o pagamento no banco. Todo
mês chorava muito, pois seu salário nunca era pago junto com o dos outros
colegas. “Era frustrante ir até o banco e não receber, ainda mais sem entender
na época o que se passava”, comenta ele. Tempos depois entendeu que era algo
referente a alguma modalidade contratual.
Desde 2002, Carlos Henrique atua na função de Assistente Técnico de
Direção da Divisão de Imaginologia/HC. Tem o prazer de trabalhar no Hospital,
pois pode ajudar as pessoas. Ministra cursos e tem grande preocupação com a
qualificação do pessoal, principalmente em melhorar o atendimento ao público
e garantir um relacionamento saudável entre funcionários e pacientes. Julga
que seu papel como líder é incentivar o grupo e manter um bom ambiente de
trabalho.
Hoje se recorda que, no seu início profissional, aos 14 anos de idade,
chorava, pois não queria trabalhar. Porém, graças ao incentivo e orientação de
sua mãe, teve uma trajetória vitoriosa, e lhe é muito grato.
Agradecimentos especiais também ao seu atual superior imediato e
a todas as chefias anteriores, compostas por pessoas que foram importantes
em sua história. E conclui: “Quero registrar meu agradecimento, de coração,
por poder trabalhar em um local como a Unicamp, e ter recebido incentivo do
Dr. Fernando Lopes Gonçalves Junior e da Gláucia Maria Quaresma em vários
momentos”.
56
PESCA NO PARQUE ECOLÓGICO
Carlos Luiz trabalhou em quatro empregos antes de ingressar na
Unicamp. Fazia parte do Círculo de Amigos dos Menores Patrulheiros de
Campinas (CAMPC).
Foi patrulheiro na empresa “Chapéus Vicente Cury” por um ano e dez
meses, mas como havia dificuldade em obter registro em carteira e aumento de
salário, quis se desligar.
Trabalhava com o amigo Jessé, que também pediu para sair da empresa
e solicitou seu encaminhamento para a Unicamp.
Quando Jessé foi convocado para trabalhar na Universidade, Carlos
também queria ir, mas a princípio seria enviado a outra empresa.
A moça que fazia a carta de encaminhamento dos patrulheiros o chamou
e lhe disse que era para ele tomar o ônibus em frente à padaria “Bola de Mel” e
seguir rumo à Unicamp. Pouco conhecia a respeito da Universidade, mas sabia
que era um bom lugar para se trabalhar.
Ao chegar, em 28 de novembro de 1983, a primeira pessoa que encontrou
foi Jessé, que aguardava o momento de fazer a entrevista. Foi uma alegria muito
grande encontrar o amigo. Ambos foram encaminhados ao departamento de
Recursos Humanos do Hospital das Clínicas, que funcionava no 6º andar. Existia
apenas a estrutura do prédio, e o atendimento era na Santa Casa.
Sua função era datilografar o cartão ponto do Hospital, o que realizava
em máquina “Olivetti” e se propôs a fazer muito bem. Para aperfeiçoar sua
técnica, colocava fita adesiva sobre as teclas, para teclar sem olhar. Conseguia
datilografar um documento que levaria dez minutos, em apenas quatro.
Em 01 de dezembro de 1983 passou a patrulheiro honorário.
Permaneceu por um ou dois anos trabalhando com computadores.
Resolveu então fazer um curso de Contabilidade, porém, mudou para
Informática (Processamento de Dados), estava com 18 anos. Concluiu o curso
de PD em três anos, formando-se em 1989 como programador de sistemas.
Toda a digitação dos manuais era realizada por ele.
Em 1992 se casou. Tinha a responsabilidade de sua família e ainda
ajudava a mãe e a irmã.
Sua esposa trabalha no CAISM e sua filha usufruiu do Prodecad, um dos
benefícios gerados pela Universidade.
Ótimas recordações fazem parte do início de sua carreira enquanto
patrulheiro.
Ele e seu amigo Jessé, que eram considerados os “fortões” da época,
após o almoço desciam a pé até a Praça da Paz, onde jogavam capoeira e davam
pães aos peixes da lagoa. Para voltar ao trabalho, na tentativa de camuflar o
cheiro de suor, passavam desodorante “Avanço”.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
CARLOS LUIZ
57
Outra diversão era a pescaria. Certa vez, trouxe de casa um pedaço de
carne, amarrou-a num anzol e este em uma linha e foi até o Parque Ecológico
para tentar pescar. Como não conseguiu, deixou ali sua isca. No dia seguinte,
ao voltar, viu que havia pescado uma enorme traíra, mas não tinha como
levá-la embora. Então, um amigo levou o peixe para casa e o limpou. Entregou-o
a Carlos dentro de uma vasilha, que feliz da vida deu a sua mãe, dizendo: “O
almoço de hoje está garantido!”
As amizades sempre foram muito boas entre os patrulheiros, sendo
Chop e Jessé seus amigos mais próximos. Passavam mais ou menos uma hora
dentro do ônibus, e aproveitavam o tempo para jogar truco, bingo, cantar e
tocar pagode, entre outras brincadeiras.
Carlos sempre foi determinado e batalhador. Sua garra e determinação
o fizeram ir além.
Em 1999, apesar do conhecimento sobre Análise de Sistemas, era
programador, o que impedia qualquer ascensão. Resolveu então cursar Análise
de Sistemas (Tecnologia da Informação), e ficou aguardando uma possível vaga
na área. Durante a Graduação, vendia sua mão de obra qualificada para pagar
a faculdade.
Por volta de 2004, houve uma seleção no SAME para diretor de serviço.
Carlos H. O. Paula passou e, assim que assumiu como diretor, chamou Carlos
para ser supervisor. Após concluir um projeto que estava em andamento no
setor que trabalhava, foi autorizada sua transferência e pôde assumir sua nova
função, onde ficou por mais ou menos quatro anos e meio.
Carlos tem grande liderança e seu lema é o “Vamos Fazer”. Não gosta de
dar ordens e ficar esperando acontecer. Prefere trabalhar em equipe e realizar
feitos que contribuam para a melhoria do sistema.
Atualmente é diretor de serviço, no setor de Serviço de Patrimônio. Com
27 anos de Unicamp, e muita experiência de vida, Carlos tem um lema: “Nunca
pise nas pessoas quando estiver subindo, pois poderá encontrá-las quando
estiver descendo”.
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PERCURSO E FOTOGRAFIA
Celso entrou no Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Campinas
com o objetivo de ajudar no orçamento familiar. Tinha por volta de 14 anos.
Em 5 de junho de 1973 ingressou na Unicamp, enviado pelo
Patrulheirismo, devido ao seu bom comportamento. Foi encaminhado ao
Instituto de Matemática. Quando chegou não conhecia ninguém, mas logo fez
vários amigos, entre eles, o Nelson da Biblioteca.
Muitas foram as aventuras vividas. Dormiu embaixo da marquise,
empinou “maranhão” no telhado. No horário do almoço ia para a Escola
Normal olhar as meninas, juntamente com outros garotos que trabalhavam na
cidade. “Passamos bons momentos”, relembra Palermo. Achava a comida da
Universidade muito boa.
Passou por diversos setores, exercendo diferentes cargos. No Instituto
de Matemática esteve como mensageiro. No IFCH (Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas) exerceu a função de mensageiro, mas logo passou a contínuo
porteiro. Trabalhou na Secretaria Geral, no registro de diplomas, em 1978, onde
fez um concurso, virou escriturário e acabou entrando também para o sindicato.
Em 1983 foi para o Instituto de Artes, onde está até hoje.
Estudava à noite, e como sempre gostou de estudar, nas folgas lia muito
e ia às bibliotecas. Adora temas como a história da Roma antiga, da Grécia,
entre outras coisas.
Fez Matemática, Ciências, mas não concluiu nenhuma Graduação nestas
áreas. Acabou se formando em Jornalismo, na Área de Comunicação.
Sua formação dentro da Unicamp o fez crescer. Fez cursos de extensão
na área de Fotografia e especialização em Artes Visuais. Em 1986 quis aprender
fotografia para fotografar sua filha que nasceu em 1987.
Ficou até 1990 como secretário do Departamento de Multimeios no IA
(Instituto de Artes). Fez então uma proposta para sua chefe e foi para a área
técnica.
Até 1997 ficou no Laboratório Fotográfico, foi para o Estúdio de
Multimeios trabalhar com fotografia de cinema, vídeo, fazer televisão.
Permaneceu no setor até o final de 2007.
Em 2008 foi para a área de Informática e assumiu atividades relacionadas
à sua formação como Jornalista. É o responsável pela página que divulga o que
acontece no Instituto de Artes. Soube que as coisas que ocorriam no Instituto
eram pouco divulgadas, e fez um projeto para promover esses eventos. “É um
site dinâmico, com 36 mil visitas por mês, é super gratificante”, comenta Celso.
Teve a honra de saber que sua chefe o manteve no cargo por sua
competência e por ser considerado como ‘insubstituível’, devido ao seu
empenho e trabalho realizado com grande seriedade.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
CELSO AUGUSTO PALERMO
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Em 1989 participou de uma semana nacional em Campinas e fez uma
proposta de criação do Núcleo de Fotografia de Campinas, onde ficou como
coordenador. Desligou-se por um tempo, mas atualmente voltou à coordenação.
Ficou na cidade e começou a articular a área de fotografia. Continuou na
Universidade e conseguiu conciliar as várias tarefas.
Mantinha interatividade com alunos que passavam por suas orientações
técnicas. Muitos hoje trabalham na área, inclusive alguns no Japão. O Tenisson
foi um profissional que passou por sua orientação e sempre lhe tece elogios.
Atualmente é presidente de uma importadora de produtos brasileiros, mas
cobriu vários eventos no Japão. “Esses profissionais estão oferecendo um
diferencial no mercado”, orgulha-se Celso.
Várias são as lembranças de fatos que marcaram sua vida. Certa vez, a
mata em volta do Instituto de Artes (cuja instalação ficava em um barracão)
pegou fogo, e como Celso era da CIPA, foi apagá-lo. O fogo não podia chegar
perto do barracão e um segurança foi ajudá-lo a conter as chamas, mas,
infelizmente, tropeçou e bateu em um cacho de abelhas. Enfurecidas, as abelhas
se voltaram para Celso e seu amigo, que precisaram parar de apagar o fogo para
jogar água um no outro, com a finalidade de espantá-las. “Foi engraçado, dois
caras jogando água um no outro”, brinca Palermo.
Com uma intensa trajetória na Universidade, Celso concilia inúmeros
afazeres.
Atualmente é fotógrafo, presidente do Núcleo de Fotografia de
Campinas, entidade associada à Confederação Brasileira de Fotografia e à Rede
de Produtores Culturais de Fotografia do Brasil. É cadastrado na Escola de
Extensão como professor convidado. “É uma conquista poder ministrar cursos
de extensão em fotografia”, ressalta.
60
APAIXONADO PELA UNICAMP
Cláudio trabalhou em um comércio atacadista antes de ingressar na
Unicamp. Não era registrado.
Começou a trabalhar desde cedo, pois perdeu sua mãe precocemente,
o que gerou um amadurecimento prematuro. “Minha mãe faleceu quando eu
tinha seis anos de idade e meu pai não era muito presente, então, a Universidade
foi pai e mãe para mim. Sou apaixonado pela Unicamp”, ressalta Cláudio.
Em 22 de julho de 1985, começou a trabalhar na Universidade como
mensageiro. Iniciou sua carreira no Instituto de Biologia, sendo muito bem
recebido. Foi ‘paparicado’ por todos, pois era o mais jovem, estava prestes a
completar 16 anos. Permaneceu no setor até 1989, quando então recebeu um
convite para trabalhar no CEMEQ (Centro para Manutenção de Equipamentos).
“O Zezinho foi quem abriu as portas do CEMEQ pra mim e sou bastante
agradecido a ele”, comenta Cláudio.
Trabalhava bastante e se recorda como tudo era longe no campus, o
que o obrigava a caminhar muito, fato que contribuiu para conhecer diversos
setores e fazer grandes amigos. Havia um elo entre os jovens daquela época.
Cláudio teve o privilégio de conhecer pessoas que fizeram a diferença
em sua vida. Logo quando entrou na Unicamp, trabalhou com o Dr. Vidal e a
Profª Luisa, pessoas que sempre o ajudaram. Os funcionários do Instituto de
Biologia também foram importantes. O Eli (in memorian), o Marcílio e o Mário,
que é seu amigo inclusive fora da Unicamp, sempre o aconselharam e lhe deram
apoio.
Boas lembranças permeiam sua vida. As rodas de futebol e os batepapos eram momentos agradáveis entre os amigos.
No Banco existiam funcionárias muito bonitas, e na fila havia flertes
entre os jovens. Todos ficavam sentados no chão, durante horas, aguardando
para serem atendidos. “Aproveitávamos muito esse momento”, relembra.
Sua lista de amigos é grande. André, Paula, Edison Lins, Sandra, Cássia,
Raquel, Marcelo, Ronei, Jessé, Américo, Rodrigues, Aguinaldo, entre tantos
outros, que desde a época de mensageiros mantêm um relacionamento de
confiança.
Entre suas funções, é também conselheiro no CONSUL (Conselho
Universitário), representante dos funcionários há oito anos.
Há seis anos é supervisor do Serviço de Atendimento ao Cliente no
CEMEQ.
Foi desde técnico de manutenção até técnico em informática, enfim,
passou por diversos setores e funções.
É formado em Recursos Humanos. Fez cursos importantes ao longo da
carreira. Lembra-se que o curso de datilografia marcou muito, pois realizou
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
CLÁUDIO JOSÉ SERVATO
61
quando ainda era mensageiro.
Em sua trajetória, muitos fatos foram marcantes. Considera ser um
privilégio trabalhar com diversos professores, reitores e funcionários, além de
conhecer vários setores. É grato pelas oportunidades e pela paciência com que
foi acolhido.
Sente-se feliz dentro da Universidade, e comenta: “As amizades e
experiências adquiridas desde quando entrei, até hoje, foram importantes para
mim. O IB, o CEMEQ, o Conselho Universitário, enfim, toda a convivência dentro
da Universidade foi e é de grande valia”.
Faz questão de registrar a importância de seus irmãos em sua vida,
pois foram a base de sustentação quando ainda era criança: “Agradeço a meus
irmãos, que foram fundamentais em minha vida, principalmente quando perdi
minha mãe. Somos muito unidos”.
É grato também à família do Denilson, um ex-mensageiro, o Sr. Darci,
a Dª Bete e as filhas, que muito o aconselharam e foram importantes para
direcionar sua vida, logo que entrou na Universidade.
Com várias conquistas pessoais e profissionais, Cláudio se sente
realizado.
Mora em Artur Nogueira, é casado com Solange e tem um filho, o
Renan, que faz estágio na Unicamp. Gosta muito de futebol. É torcedor assíduo
da Ponte Preta e do São Paulo.
Valoriza a Unicamp em vários aspectos, inclusive pela iniciativa da
composição deste livro, e conclui: “Esse trabalho realizado pelo GGBS é um
marco. Estamos todos apaixonados pelo projeto”.
62
SOBRE FILMES? FALE COM ELE!
Cláudio entrou na Unicamp como mensageiro, aos 13 anos, em 2 de
junho de 1988 . A Universidade foi seu primeiro e único emprego.
Recorda-se que a DGRH (Diretoria Geral de Recursos Humanos) tinha
um critério para selecionar o funcionário. Fazia entrevista com o menor, que era
ou não escolhido para o setor que requisitava a vaga.
Inicialmente, houve convocação para a Engenharia Elétrica, e outro
mensageiro um pouco mais velho assumiu a função.
A segunda chamada foi para um Núcleo, e novamente outro garoto mais
velho foi encaminhado.
Na terceira vez, já no IEL (Instituto de Estudo da Linguagem), Vera Aggio
(in memorian) fez a entrevista, e Cláudio foi escolhido.
Lembra-se que em seu primeiro dia de trabalho, logo que chegou
pela manhã, estava acontecendo uma reunião, e Cláudio foi apresentado
coletivamente a todos os funcionários: “Este é o novo mensageiro do IEL”.
Foi designado para trabalhar no prédio onde tinha a Biblioteca, o Centro de
Documentação, a Secretaria de Pós-Graduação e o Setor Financeiro.
Atendia o serviço interno e eventualmente era convocado para algum
serviço externo. Sua mesa ficava logo na entrada do prédio, onde havia uma
espécie de recepção. O almoxarifado do IEL ficava no porão do prédio.
Recorda-se que quando alguém precisava de algum material, ele tinha
que buscar no porão. “As pessoas estranhavam, pois não sabiam por que eu
entrava e saía tantas vezes do porão. Era engraçada a reação delas”, relembra
Cláudio.
Na época, eram quatro mensageiros no IEL. Faziam muita coisa juntos e
tornaram-se amigos.
Recorda-se que tinha receio dos chamados ‘trotes’ que aconteciam
entre os mensageiros. Os mais velhos submetiam os recém-chegados a tarefas
inusitadas. Mandavam para lugares que não existiam, pediam para entregar
papel em lugar que não havia ou mandavam furar papéis, que não seriam
utilizados para nada. Por conta disso, nos primeiros meses teve receio de
realizar algumas tarefas, como, por exemplo, quando lhe pediam para furar
algum papel e arquivá-lo, e não sabia se era ou não trote.
No último ano como mensageiro, quando ia completar 18 anos, a chefia
pensava como poderia aproveitar Cláudio em algum setor.
Quando a Graduação foi para o prédio do IEL, ele servia a este setor.
Começaram então a pensar na ideia dele ficar no lugar de Fátima, secretária
da Graduação, que ia se aposentar. Sua mesa foi deslocada para dentro da
Graduação, de forma que Cláudio aprendesse as atividades com Fátima, de quem
recebeu também muitos conselhos, incentivando-o a se empenhar. Houve um
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
CLÁUDIO PEREIRA PLATERO
63
64
período de transição, e nos primeiros meses de sua maior idade teve que passar
o serviço ao novo patrulheiro que ingressou, concomitantemente com sua nova
função, que era bem mais complexa e já exigia bastante responsabilidade e
atenção.
Ficou seis meses sozinho na Graduação, por conta da licença-prêmio de
Fátima, exercendo na prática a função de chefe da Secretaria, porém sem ainda
ter assumido efetivamente, fato que ocorreu assim que ela se aposentou.
Após a Secretaria de Graduação, a pedido do diretor, passou para a
Secretaria de Pesquisas e Projetos. Tempos depois, surgiu uma vaga para
a Diretoria de Serviços, e após passar em um concurso interno, Cláudio foi
designado a diretor de serviço. Trabalhou na Direção juntamente com Gilmar
e Roseli, durante a gestão do Prof. Dantas, até o começo da gestão da Profª
Charlote.
Foi então convidado a trabalhar na Pós-Graduação, acumulando dois
cargos. Como gostaram muito do seu serviço, acabou deixando o cargo de
diretor de serviço para assumir o de assistente técnico de Pós-Graduação.
O interessante de sua trajetória foi no sentido de ter começado como
mensageiro e passar a ocupar um cargo de grande responsabilidade, em um
período curto. Respondeu pela Secretaria de Graduação, pela Secretaria de
Projetos, depois como diretor de serviços e agora responde pela Pós-Graduação
do Instituto.
“Não tive uma transição, saí de uma fase enquanto menor e passei para
uma fase de responsabilidade total, num cargo de chefia. Foi um aprendizado
no meio do furacão, sem chance de errar”, ressalta Cláudio.
O IEL como um todo foi de grande importância em sua vida. Várias foram
as pessoas que lhe deram a fundamentação para sua trajetória, para que depois
pudesse andar sozinho. A Vera Aggio foi a primeira pessoa que apostou em
seu potencial, assim como o Prof. Rodolfo Ilari (já aposentado). A professora
Raquel, sua primeira coordenadora na Secretaria de Graduação, foi alguém que
o ensinou bastante, e também a Fátima (já aposentada), que lhe deu a base no
início de sua carreira. Outra pessoa importante foi o Gilmar, que por vezes lhe
transmitia experiências.
Trabalhou na mudança que aconteceu no IEL, da Biblioteca para a
Graduação. Carregou muitas caixas e livros e ajudou na transição de prédios. É
um setor onde sempre acontecem mudanças, o que julga ser um processo que
gera motivação.
Enquanto ainda jovem, na época em que era mensageiro, trabalhava
durante o dia e estudava à noite. Fez colegial técnico em Sumaré. Lembra-se
que tomava banho na Universidade, não jantava, pegava o ônibus fretado e
descia na Rodoviária, de onde seguia a pé até a escola. Fazia o mesmo caminho
na volta, e chegava em casa meia noite.
Por mais ou menos 15 anos ia trabalhar de ônibus fretado. Era uma
troca de experiências. “Era quando você via como se passavam as diferenças
entre os setores, era um momento de confraternização, onde pude perceber as
diversidades de dentro da Universidade”, comenta.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
Os mensageiros que vinham de ônibus fretado moravam no mesmo
bairro e sempre foram muito amigos. Flávio era um deles. A Márcia e a Sandra
têm filhos que estudam na mesma escola dos filhos de Cláudio. Formou-se em
Administração, juntamente com Gilmar, e concluiu um curso de especialização,
o Programa de Desenvolvimento Gerencial (PDG), durante um ano e meio, que
julga ter sido de grande importância.
Sempre teve contato com professores, alunos e pesquisadores, e valoriza
esse convívio diário como forma de crescimento pessoal e profissional.
Na época da Graduação participava das colações de grau como
funcionário homenageado. Vários foram os agradecimentos especiais ao IEL e
a ele também na Pós. “Os agradecimentos aparecem dentro das teses, em meu
nome, com relação às atividades de apoio que desenvolvi junto aos alunos, isso
é muito legal”, comenta Cláudio.
Gosta de assistir futebol. Lembra-se de quando brincava com os colegas,
formavam times pequenos, mas julga que nunca teve vocação para jogar. Gosta
de cinema, lê muito sobre filmes. “Quando outras pessoas querem saber se o
filme é bom, perguntam para mim” ressalta.
Relembra da época de mensageiro, quando tinham que fazer expediente
externo. De manhã faziam relação de remessa, pegavam coisas de bancos e
saíam para fazer o serviço. Despachavam e voltavam para a hora do almoço.
Alguns faziam o serviço e voltavam com muita rapidez, e outros demoravam
bastante. Isso em função de uma sala da Reitoria, onde passavam filmes, e
muitos jovens ficavam por ali assistindo. “Gilmar cortou o barato de todo mundo
quando passou a fazer tudo com uma enorme rapidez. Não dava mais para fazer
hora e assistir filmes”, brinca Cláudio.
Há 23 anos na Unicamp, foi o último mensageiro do IEL, do ciclo de
mensageiros concursados. Julga ser uma pena que isso não mais aconteça, pois
acredita que quando o funcionário ingressa ainda muito jovem, cria um vínculo
interessante com a Universidade.
Fato interessante que acontece com certa frequência é quando
professores da época em que Cláudio era mensageiro, que já aposentaram,
voltam à Universidade e estranham ao vê-lo. E também quando ex-alunos vêm
para defesas de teses, na condição de professores.
Com uma trajetória virtuosa, conclui: “Gosto muito de conhecer
pessoas e o IEL dá oportunidade para isso, você consegue aumentar sua rede
de contatos. É o que me traz maior satisfação, conhecer pessoas diferentes,
de outros Estados e até de outros países, com diversas culturas. Tivemos a
felicidade de passar como mensageiros e deixar um lugarzinho na história do
IEL. Em vários momentos do Instituto tem alguma coisa que participei, e isso é
muito bacana”.
65
NAS TRILHAS DA UNICAMP
Com o desejo de ter uma profissão, Claudir entrou no ‘Círculo de Amigos
do Menor Patrulheiro de Campinas’.
Trabalhou em dois lugares antes de seguir à Unicamp, onde começou
aos 16 anos de idade, como patrulheiro. E ao completar a maior idade, prestou
um concurso interno para poder se efetivar.
Desde o primeiro momento que entrou na Universidade sempre foi
muito bem tratado. Teve o prazer de trabalhar desde o início de sua carreira
com o mesmo diretor, pessoa esta que sempre o apoiou.
Ao longo de sua trajetória fez vários cursos e participou de palestras
dentro da Unicamp, que lhe foram de grande valia para seu desenvolvimento
profissional.
Em 1997, quando houve a abertura de uma vaga para secretário de
departamento, devido ao afastamento de uma secretária, Claudir foi convidado
ao cargo. Passou por um período de experiência e assumiu a função, que é
a de cuidar da agenda do diretor, auxiliar os pesquisadores, além da parte
administrativa do setor.
Sente orgulho em dizer que apresenta bons resultados nas avaliações e
tem boas perspectivas de crescimento profissional.
Desde que entrou na Unicamp, procurou conciliar o trabalho com a
realização de atividades físicas. Recebeu apoio de seu diretor, que o incentivou
a participar dos eventos esportivos no horário do almoço.
Certa vez, ao se preparar para correr, não viu que tinha um ninho de
passarinho ‘quero-quero’ no gramado, e começou sua corrida. Sem que
esperasse, o passarinho começou a correr atrás dele e a tentar bicá-lo. Os
alunos que se encontravam no local começaram a rir, enquanto ele se abaixava
e corria cada vez mais, para que o passarinho não o alcançasse. Passou uma
tremenda vergonha, mas agora se diverte ao lembrar.
Outra recordação é de quando trabalhava na FEAGRI (Faculdade de
Engenharia Agrícola) e tinha que descer a pé para almoçar, por uma trilha de
terra. Demorava de vinte a trinta minutos para conseguir chegar ao Restaurante,
e isso o fez desistir muitas vezes de comer.
Muitas foram as amizades conquistadas dentro da Universidade. Marcos
Luciano Neayme era um grande amigo, foi também mensageiro. Estava sempre
com Claudir, inclusive corriam juntos, mas não está mais na Unicamp. Outra
amiga é a Rosana, a quem julga dever muito, pois teve um peso importante em
sua vida e o ajudou bastante.
Também considera muito o professor Ilton, que o incentivou, motivou e
lhe deu todas as condições, na questão profissional, para ser o que é hoje.
Sua trajetória sempre foi de muita luta, e fazer faculdade era uma meta
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
CLAUDIR RODRIGUES DA CRUZ
67
antiga, que acabou atingindo. Está cursando a Faculdade de Tecnologia e Gestão
de Recursos Humanos, e faz questão de dizer: “Devo muito à minha esposa, aos
meus filhos e aos meus amigos por terem me apoiado”.
Sente orgulho da família que tem, e recorda-se dos bons momentos em
que contava histórias para seus filhos antes de dormir. Sente-se orgulhoso por
ser um pai presente, e ressalta: “Meus filhos são prioridades em minha vida!”
Com grande emoção conclui: “Não tenho palavras para agradecer a
todos. Em especial, ao Edison Lins, que dentro das possibilidades oferecidas
pela Universidade e com seu profissionalismo, sempre procura ajudar. É um
grande ser humano e amigo de verdade!”
Claudir Rodrigues Cruz e amigos participando da Corrida Integração
68
LEMBRANÇA DE ROGÉRIO FERNANDES
A inserção de Cristiane no mercado de trabalho se deu aos 14 anos,
em 1986, quando sua mãe soube que haveria inscrição para mensageiros na
Unicamp, e a inscreveu.
Começou no CAISM (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher),
na Divisão de Enfermagem, onde fez amizade com as enfermeiras Silvana, Ana
Maria e Ianê.
Em 1988 foi para o departamento de Recursos Humanos, onde está até
hoje.
Vários acontecimentos permearam sua trajetória, entre eles, a recordação
de quando ainda bem jovem, participava de jogos de vôlei. E comenta: “Vôlei
sempre foi minha vida!” Adorava ver os campeonatos que aconteciam na
Unicamp, e aproveitava o horário do almoço para assistir aos jogos.
Outra boa lembrança é a do momento de encontro dos mensageiros
em frente ao banco, onde havia uma troca e muito bate-papo. “Vários foram os
momentos bons dentro da Unicamp”.
Recorda-se de quando ainda era bem jovem e houve uma situação que
lhe causou certo constrangimento: levou um tombo, bem onde havia uma terra
vermelha. Este fato a marcou muito, mas hoje sorri ao se lembrar do episódio.
Sua trajetória foi de constante crescimento dentro da Universidade. Foi
supervisora por três anos no RH, entre tantas outras experiências. E ressalta: “A
bagagem que consegui na Unicamp é para a vida toda!”
Além da aprendizagem e do crescimento pessoal e profissional, pôde
também conhecer pessoas especiais. Cristiane considera dois diretores como
sendo de grande importância em sua trajetória: “Rogério Fernandes, já
falecido, tinha uma luz especial, tive grande admiração por ele. Maria Goreti
Coelho Stolf me abriu as portas e acreditou em meu potencial. Foram pessoas
verdadeiramente especiais para mim!”
Outras pessoas também merecem um carinho especial, como o Osmar
da Cruz Ferreira, um supervisor que muito lhe ensinou, e as amigas Liuzange
Vitalino Albuquerque (Liu), Elisabeth Correa Toledo (Betinha), Eugênia Ferreira
Batista, Aldrey Carnauskas de Souza e Sandra Regina Batistel Godoi, entre outros
tantos mensageiros. E conclui: “Foi uma equipe muito legal, que marcou pela
união, por ser uma classe única que estava sempre lutando por suas causas”. A
prova disso era que mesmo estando juntos todos os dias da semana, também
aos finais de semana gostavam de sair. Frequentavam a “Stratosphera”, que era
o point dos mensageiros fora da Universidade.
Entre tantas outras recordações, relembra também quando certa vez
participou de uma autópsia, realizada por um amigo da Anatomia, e diz: “Foi
marcante, mas não fiquei com medo”.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
CRISTIANE BRAGA
69
A Universidade Aberta também marcou bastante.
Cristiane tem um filho de seis anos que vem com ela diariamente à
Unicamp, pois frequenta a creche desde pequeno. Considera isso um privilégio.
Está concluindo a Faculdade de Gestão em Recursos Humanos, e acredita
ter plantado bons frutos, que está colhendo dia após dia.
É muito grata à Unicamp: “A Unicamp nos dá muitas oportunidades e
isso é para sempre em nossas vidas!”
70
TUDO SOBRE A UNICAMP
Desde muito cedo, Delcio começou a trabalhar na Associação de
Educação do Homem de Amanhã, a “Guardinha”.
Seu pai trabalhava na Unicamp e ficou sabendo que abririam vagas para
menores. Como não podia estar vinculado a outra instituição, Delcio precisou
se desligar para poder se inscrever para a seleção da vaga de mensageiro.
Em 1986, ingressou no Laboratório de Ótica da Física, aos 16 anos.
Ficou por um ano, sendo pago por um projeto do CNPQ (Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), mas até então sem vínculo
empregatício com a Unicamp.
Somente em 1987 começou a trabalhar pela Universidade, por ter sido
admitido como mensageiro da Instituição. Foi encaminhado à Faculdade de
Engenharia de Campinas (atual Engenharia Mecânica), para o departamento de
Graduação. Depois foi para a Engenharia de Materiais e atualmente se encontra
na Engenharia de Petróleo. Ao chegar no campus, assustou-se com o tamanho
da Universidade. Achou o início muito tranquilo, tudo era novidade e gostava
do que fazia; realizava serviços de escritório.
Lembra-se que seu pai fazia com que soubesse tudo sobre a
Universidade, o que na época lhe causava certo aborrecimento, mas que depois
veio a entender como aquilo lhe seria de grande valia. E comenta: “Tenho muito
orgulho do meu pai! Fazia coisas que, apesar de seu pouco estudo, sabia como
ninguém. Foi sempre muito esforçado e me ensinou muito!”
Delcio conhece muita gente. Entre tantas pessoas especiais, vale destacar
o amigo José Rodrigues, que considera como um irmão. Aprendeu muito com
ele, têm uma amizade grande e estão sempre em contato, inclusive são vizinhos
de bairro. Eles têm uma história bonita de amizade dentro e fora da Unicamp.
Houve ajuda financeira, tiraram carta no mesmo local, e até o primeiro talão
de cheque foram receber juntos, enfim, muitas experiências. Delcio ressalta:
“Passamos muito tempo trocando ideias e várias aventuras. O Rodrigues é uma
pessoa que considero muito; estamos sempre juntos e temos uma amizade de
irmãos!”
Recorda-se do tempo que andavam no circular, no horário do almoço,
e independente de estar ou não lotado, várias eram as brincadeiras, e se
divertiam bastante. “O ônibus parecia que ia tombar e achávamos graça nisso”,
lembra Delcio.
Outro bom momento era quando assistiam a filmes, passados onde hoje
é a Biblioteca do IG (Instituto de Geociências). Todos iam para lá, mas somente
alguns assistiam, pois outros acabavam dormindo.
Muito aprendeu ao longo de sua vida na Universidade.
Pôde fazer um curso de computação oferecido pela Unicamp aos
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
DELCIO ANTONIO RIBEIRO DA SILVA
71
mensageiros, que achou muito importante, pois permitiu que os menores
adquirissem noções gerais sobre computação. A maioria quase não tinha
contato com computador.
Delcio é grato pelas oportunidades que teve: “Tudo que sei sobre
computação, entre outras tantas coisas, aprendi na Unicamp”.
72
LANCHE NA ORLY
Denise começou no Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de
Campinas aos 9 anos de idade. Mas antes mesmo de se formar − fato esse que
marcaria história, pois seria o primeiro pelotão composto por meninas −, sua
mãe pediu para que saísse, para cuidar de sua irmã mais nova. “Fiquei triste por
não ter continuado, pois adorava a farda, e seria uma novidade, pois só existiam
homens patrulheiros. Chorei muito”, recorda-se ela.
Tentou voltar com 10 anos, mas foi-lhe informado que só poderia
ingressar novamente quando estivesse na 5ª série. Então, quando completou
11 anos, retornou ao Patrulheirismo, onde se formou em maio de 1976.
Estudava no período da tarde e isso dificultava para arrumar um
trabalho devido a esse horário. Foi então que sua mãe conseguiu um emprego
no Hospital Irmãos Penteado, onde entrava todos os dias às 7h.
Seu Santos, responsável pelo recrutamento dos patrulheiros, foi quem
a encaminhou à Unicamp. “Sou agradecida a ele, pois foi o responsável por eu
estar na Unicamp”, enfatiza Denise.
Seu ingresso na Unicamp se deu em 22 de agosto de 1978, aos 13 anos.
Foi registrada em 1983, com 18 anos, pois devido à nova lei, houve uma
mudança com relação ao registro dos jovens.
Trabalhou na Faculdade de Engenharia de Campinas, que abrangia várias
engenharias (Química, Mecânica e Elétrica).
Em 1987 optou por ficar na Pós da Engenharia Mecânica, onde
permaneceu por 18 anos.
Exerceu a função de mensageira, escriturária, e secretária da Subcomissão
em 1989. Em 1997 ficou como Secretária de Departamento na Mecânica.
Em 2005, tornou-se Assistente Técnico de Direção da Pós, onde está até
hoje.
É formada em Administração, desde 2006.
Fez um curso no período de setembro de 2008 a dezembro de 2009, o
PDG (Programa de Desenvolvimento Gerencial) com especialização em gerência.
Entre várias recordações, um episódio ocorrido no primeiro dia de
trabalho no Hospital Irmãos Penteado marcou bastante.
Na sessão feminina, tocaram a campainha, e a enviaram ao quarto de
uma senhora que tinha acabado de operar o intestino. A paciente apontava
para baixo da cama e dizia: “comadre”. Denise achou que a mulher estivesse
louca, pois como tinha apenas 11 anos de idade, não sabia que “comadre” não
era uma pessoa e sim um recipiente para coleta de excrementos.
Outra lembrança é que quase levou vassourada de paciente com doença
mental.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
DENISE APARECIDA VILLELA
73
Uma tarefa difícil, principalmente para uma criança, era quando no
hospital acontecia alguma amputação de membro de paciente e, muitas vezes,
os jovens patrulheiros tinham que levar o membro amputado, enrolado numa
toalha, para outro setor.
Havia também bons momentos. Recorda-se que ia com sua amiga Jandira
Aparecida Silva Campos receber o pagamento e, no caminho, aproveitavam
para comer um lanche na “Padaria Orly”, no centro da cidade. Só depois é que
levavam o restante do salário para as respectivas famílias.
“O Restaurante I é algo que dá muita saudade! Era muito boa a comida,
os doces, o pedaço de frango bem grande, tinha muita variedade”, comenta.
A Unicamp oferece oportunidades, entre elas, benefícios educacionais
aos filhos de funcionários que, no caso de Denise, puderam utilizar a creche,
sendo que um deles frequentou também a EMEI.
Seu marido, José Raimundo, também trabalha na Universidade.
Conheceu-o no Rio de Janeiro, onde ele era Fuzileiro Naval. Ele acabou vindo
para uma entrevista de emprego em Campinas. Foi chamado como estagiário
e, tempos depois, prestou um concurso na Unicamp, onde passou em primeiro
lugar. Começou o curso de Biologia na USF, em Bragança Paulista, e concluiu
em Campinas. Prestou um concurso para Biólogo e hoje trabalha na Biologia
da Unicamp. “Ele tem uma história muito bonita, foi sempre muito esforçado”,
orgulha-se.
Denise é grata pelas oportunidades que teve, e ressalta: “Sou muito
agradecida às experiências que vivi, mesmo as que foram fortes e difíceis, pois
contribuíram para o meu crescimento pessoal e profissional”.
74
O FRETADO DA ALEGRIA
Denise começou no Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de
Campinas, o Patrulheirismo, devido à indicação de amigos que já pertenciam
à Instituição.
Trabalhou inicialmente em uma clínica, onde ficou por um ano e pouco.
Ouviu que havia aberto uma vaga na Unicamp, mas que na verdade queriam
um menino.
Sempre via reportagens na televisão sobre a Unicamp e sonhava em
trabalhar na Universidade. Ofereceu-se para assumir a função e sendo a única
disponível naquele momento, além também de poder contar com o auxílio de
uma psicóloga que interveio a seu favor, ligaram para a Universidade e foi aceito
que enviassem uma menina ao invés de um menino. Assim Denise ingressou na
Unicamp, em dezembro de 1980, aos 14 anos.
Fez o curso e foi à Universidade para reposição, pois surgiu uma vaga na
DGA1, sendo enviada para supri-la. Entrou como patrulheira, mas foi registrada
como mensageira.
Lembra-se de uma cena que a marcou em seu primeiro dia de trabalho:
a sala tinha uma mesa escura, cheia de processos, onde a chefe, que fumava
muito, havia esquecido o cigarro aceso no cinzeiro; apenas o formato da cinza
queimada e o filtro apoiado compunham o ambiente. Denise comenta: “Foi
uma cena que me marcou muito, não consigo me esquecer”.
Logo que chegou, disseram-lhe que iria trabalhar com “chefes muito
bravas”. Começou receosa, mas logo pôde constatar que estava cercada de
pessoas prontas a ajudá-la.
Há 30 anos na DGRH (Diretoria Geral de Recursos Humanos), passou
por diversas funções. Foi auxiliar administrativa, técnica em administração,
supervisora de sessão e atualmente é analista de recursos humanos.
Entre as várias experiências vividas, muitas são as lembranças que
carrega.
Recorda-se de quando os jovens se reuniam na praça, que era um ponto
de encontro dos patrulheiros; das filas do banco, do fretado, do restaurante.
As reuniões eram basicamente no horário do almoço. “Eram vários pontos de
encontro e muitas amizades”, diz Denise, inclusive citando uma grande amiga,
a Edenilza, já falecida, uma pessoa muito importante, que a apoiou e ensinou
muitas coisas.
Fez cursos dentro da Universidade, como o de Informática e de
Recepcionista.
Muitos episódios engraçados aconteceram ao longo de sua trajetória.
Lembrou-se de uma ocasião que um menino que ela paquerava se
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
DENISE MARIA VILELA
75
aproximou e lhe deu uma bala. Ela ficou feliz, porém todo mundo começou a rir
e, quando foi ver, sua língua estava completamente azul. Na hora ela se sentiu
mal, mas depois acabou achando engraçado.
Recorda-se também do fretado, que era outro momento de encontro. O
pessoal do bairro ia junto. Quando tinha aniversário de alguém, faziam festinhas
dentro do ônibus, o que acontecia também no Natal, no final de ano, enfim,
tudo era motivo para festa. Cantavam e se divertiam muito.
Maria Inês, Lourdes, que eram mensageiras na época, o Amaral, enfim,
muitos foram os amigos da época de patrulheiros e que até hoje estão na
Unicamp.
“A coisa mais marcante pra mim for ter vindo para a Unicamp. Só o fato
de ter sido convocada já foi motivo de muita alegria. A realização de um sonho”,
comenta Denise.
Uma coisa que a marcou, entre tantas outras, nesses 30 anos na Unicamp,
foi a primeira greve ocorrida. Seu grupo que nunca participava desses eventos,
ao chegar numa assembleia, foi ovacionado pelo comando de greve e por todos
ali presentes. Acharam engraçado e, sem dúvida, uma conquista inédita.
Denise conclui: “Trabalhamos em equipe. Estou bastante satisfeita!”
76
VIVENDO OPORTUNIDADES COM PRAZER
Amigos indicaram a Associação de Educação do Homem de Amanhã, a
“Guardinha”, para Divaldo, que já trabalhava em outras funções desde os nove
anos de idade.
Em 1974, teve seu primeiro emprego como guardinha, ficando por
três meses na Chiarini Turismo. Por indicação da diretora da Associação, Da.
Sultana, foi para a CATI, onde ficou por dois anos. Após este período, recorreu
novamente à diretora, para que o transferisse à Unicamp, devido à proximidade
de sua casa. Ela pediu para que aguardasse, e assim que tivesse uma vaga ele
seria transferido.
Em 31 de abril, seguiu então para a Unicamp, aos 15 anos. E, no dia
3 de maio de 1976 começou em definitivo, devido ao feriado de 1º de maio.
Foi designado a trabalhar no Departamento Pessoal. A diretora Da. Maria
de Lourdes Pretti, da DGA-13 foi uma pessoa muito importante em sua vida
profissional, que insistiu para que ele voltasse a estudar. Divaldo lembra-se de
Da. Lourdes com gratidão.
Após a maioridade, contratado pela Universidade, permaneceu
na Diretoria Geral de Recursos Humanos; e já concursado como oficial de
administração. Admir Pedrossanti foi um diretor que cobrava bastante, mas
passava funções de escriturário, o que beneficiou sua carreira profissional.
Foi para o Sindicato em 1988, permanecendo lá por três anos.
Em 1991 passou a trabalhar no Centro de Convenções, onde ficou até
1995, como diretor do Ginásio Multidisciplinar. Na época, foi responsável por
toda a logística no ginásio, inclusive a supervisão dos promotores do evento e
os bombeiros. “Era bem dinâmico trabalhar lá.”
Foi convidado a trabalhar no SAS (Serviço de Apoio ao Servidor).
Subordinado à Diretoria Geral de Recursos Humanos, era o Diretor da DAB
(Diretoria de Assistência e Benefícios), que em 2008 se transformou em GGBS
(Grupo Gestor de Benefícios Sociais), pertencente ao Gabinete do Reitor.
Vários bons momentos ocorreram ao longo de sua trajetória na
UNICAMP. Recorda-se de quando, em 1978, estava acontecendo a Copa
do Mundo, e o expediente era suspenso para assistirem juntos os jogos. Os
funcionários traziam televisão e pipoca. Outra boa lembrança era o momento
de confraternização de fim de ano, com as brincadeiras de ‘amigo-secreto’, que
eram realizadas nos setores.
Divaldo passou por várias transformações ao longo dos anos, na
Unicamp. Percebe que hoje, devido à internet, há a facilidade de comunicação
com um número maior de pessoas. Julga que isso foi determinante para o
crescimento da Universidade. “Foi tudo muito inovador; ninguém imaginava
que a informática fosse crescer tão rápido e possibilitar outras formas de
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
DIVALDO FARIA DE MELLO
77
comunicação e desenvolvimento”.
Fez importantes amigos, entre eles, o Amauri Roberto Dias, o Jurandir
e o João Carlos Curti. “São boas amizades, que ultrapassam o ambiente de
trabalho, ressalta Divaldo”. Gosta de caminhar, de futebol e viajar. Seus filhos
participaram da Escola Sérgio Porto e Prodecad, por dois anos, o que julga ter
sido uma fase importante.
Muitas são as lembranças do tempo em que ingressou na Universidade.
Relembra que a maioria dos jovens, ao começar a trabalhar, sempre “pagavam
algum mico”: foi lhe pedido um ‘papel carbono quadriculado’ e um ‘alicate que
não cortasse fio’. Não sabia muito sobre a vida e ficava de um setor a outro para
conseguir o material solicitado, até descobrir que nada daquilo existia.
Outro episódio marcante, que na época causou constrangimento, e hoje
é motivo de riso, foi o fato de uma senhora que se sentava no banco da frente
do ônibus não permitir que os patrulheiros e guardinhas se sentassem, pois
dizia que, como já não pagavam a passagem, deveriam se manter em pé.
Divaldo sempre busca aproveitar as oportunidades.
Em 2006 fez o curso de Tecnólogo em Recursos Humanos, formando-se
em 2007.
Gosta muito de trabalhar com gestão de pessoas. Costuma dizer que
“tem como característica a função de líder, e não a de chefe”. Organiza seu
pessoal da melhor forma, mostrando ao grupo as mudanças necessárias e
possíveis, sempre com muito respeito.
A gestão é sua função principal. Por vezes, mediante um novo cronograma
de atividades, e mesmo que haja certa resistência com relação às novas formas,
principalmente com relação à informatização, é sua função administrar possíveis
conflitos e implantar os novos sistemas, de forma a garantir que a equipe se
mantenha produtiva, unida e um possa ajudar o outro.
Preocupa-se com os funcionários, incentivando-os a trabalhar, mesmo
diante de dificuldades pessoais, de forma a utilizar o trabalho como forma
de recuperar sua vitalidade e sair da preocupação ou até de uma possível
depressão.
“Fico feliz, quando me sinto útil. Gosto de poder ajudar e servir às
pessoas”, conclui Divaldo.
78
CRESCIMENTO
Donizete tem 26 anos de Unicamp. Entrou com 15 anos, na DGRH14
(Diretoria Geral de Recursos Humanos), como guardinha. “Lembro como se
fosse hoje”, comenta ele.
Desde criança ajudou sua mãe em casa, e não teve dificuldade em
trabalhar.
Na Instituição, como eram muitos guardinhas e havia muitos banheiros,
os jovens eram separados por grupos e as funções eram distribuídas. Em um dia
lavava a louça, outro varria o pátio, outro lavava o banheiro.
Certo dia o selecionaram para substituir um patrulheiro na Unicamp.
Ele desconhecia onde ficava a Universidade. Ensinaram-lhe, então, a pegar o
ônibus fretado que passava perto de sua casa e ia até o campus.
Trabalhou como office boy e o chefe lhe solicitou que fosse aprendendo o
serviço. Depois de uma semana, foi chamado a voltar para a sede da Guardinha.
Donizete pediu para permanecer na Unicamp, pois havia gostado de
trabalhar na Universidade. Realizou suas tarefas com responsabilidade, o que
gerou funções de maior confiança. Por ser muito honesto e trabalhar direito, o
Sr. Arquibaldo Luiz Ventura Filho, diretor da DGRH5 na época, sempre lhe dava
cheques assinados para que fizesse pagamentos na cidade. Ele confiou muito
no trabalho de Donizete e quis registrá-lo. “Graças ao Sr. Ventura e a mim, vários
menores passaram a ser registrados”, ressalta, recordando que, ao completar
16 anos, foi registrado como mensageiro. Permaneceu apenas seis meses como
guardinha e conseguiu o registro, fato que o marcou, além de deixá-lo muito
feliz, pois sentiu como se tivesse sido promovido. Três anos depois foi para o
CECOM (Centro de Saúde da Comunidade), já estava com 19 anos. Trabalhou na
área da cozinha e, por muito tempo, fazia plantões com horas extras.
Ao longo de sua trajetória fez muitos amigos e se considera muito
querido por todos. É muito grato a Arquibaldo, pois julga que foi um grande
amigo e incentivador. “Sem ele não teria conseguido o que tenho hoje”.
Considera-se uma pessoa racional, que sempre procurou usar a
inteligência para desenvolver seu trabalho.
Uma de suas principais características é saber ouvir o que os outros têm
a dizer, dando-lhes a devida atenção. Com isso, conseguiu aprender e realizar
diversas tarefas.
Fez vários cursos, entre eles, o CIPA (Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes) e o de Primeiros Socorros.
Atualmente é técnico em administração, na área de Medicina Nuclear,
que é a mesma área do Raio X.
Costuma dizer que “todas as pessoas têm um lado bom, e que devemos
procurar isso nelas”. Com outra frase que lhe é peculiar, conclui: “O sofrimento
é sinal de crescimento”.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
DONIZETE BARBI
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DESBRAVANDO A UNICAMP
EDER MENEZES
Em agosto de 1985, Eder entrou na Unicamp como mensageiro, aos 16
Começou sua trajetória no expediente da RCC, na parte de liquidação
de despesas. Recebia documentos, fazia relação de remessas, entre outros
serviços administrativos.
Com 18 anos serviu exército e, quando voltou à Unicamp, foi para o
Adiantamento, como auxiliar administrativo, onde tinha a função de conferência
de notas fiscais, verificava se estavam dentro da lei.
Ao longo de sua trajetória fez vários cursos. “Não diga alô”, informática,
entre outros, mas como sempre gostou da área de informática, foi em busca de
sua formação para trabalhar no setor.
Formou-se em Informática, e está há dez anos nesta área na DGA.
Boas lembranças permeiam sua vida, e episódios engraçados, principalmente na época em que foi mensageiro, fazem parte desse universo.
Quando jovens, tinham a função de buscar o lanche servido pelo
restaurante aos funcionários que faziam horas extras. Como gostavam de
passar o tempo, iam a pé, pegavam os lanches e os sucos servidos em galões.
Chutavam o frasco de suco pelo trajeto, como se fosse bola. Com o lanche não
faziam nada. “Era coisa de moleque! Hoje conto e todos riem”, comenta.
Outro motivo de risada era uma campainha que existia no setor em
que trabalhava. A diretora, para chamar determinado chefe (existiam três),
apertava a campainha, e o número de toques representava qual chefe estava
sendo chamado. Por muitas vezes, Eder e outros mensageiros imitavam o som
da campainha com a boca. “Era divertido, dávamos muita risada com isso”,
recorda-se.
Quando entrou, encontrou pessoas muito interessantes. Um chefe tinha
barba e cabelos compridos e uma chefa usava um corte de cabelo, em formato
de capacete. Hoje são amigos e se lembram com alegria daquela época.
Lembra-se que os jovens mensageiros, inclusive ele, almoçavam
rapidamente, para caminharem no meio do mato. Voltavam suados, entravam
na sala para trabalhar e levavam bronca do chefe, mas adoravam desbravar o
campus. Às vezes apanhavam laranja, goiaba, abacate e amoras, que deixavam
suas mãos vermelhas. Conversavam com alguns agricultores pelo caminho.
Certa vez, ao voltar do final de semana, ficou indignado ao ver que várias
árvores frutíferas tinham sido arrancadas. Comenta com pesar: “Lembro-me
com tristeza desse fato.”
Muitos foram os amigos conquistados ao longo de sua vida, entre
eles o Serginho e o Marivaldo, que já tinham uma amizade de infância e que
permanece até hoje.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
anos.
81
As lembranças são diversas, entre boas e, às vezes, nem tanto. O banco,
em dia de pagamento, foi algo que marcou de forma não tão agradável. Passavam
o dia todo pagando contas dos outros e aguardando o próprio pagamento. “Foi
marcante, porém eu não gostava, pois era muito cansativo”, ressalta.
Outro fato marcante foi o jogo de truco no fretado, que considerava
muito bom.
Gosta de jogar futebol; desde muito novo sempre esteve participando
de campeonatos. Quando era menor, para ter um lugar no time, jogava como
goleiro. Quando saía com o time dos adultos, eles pagavam tudo para ele.
Depois cresceu e quis outra posição.
Eder conclui: “Foi uma fase muito legal, valeu a pena!”
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MÚLTIPLAS EXPERIÊNCIAS
Edison entrou no Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Campinas
com 13 anos, para ajudar em casa, uma família com nove irmãos. A mãe o
orientou para que fizesse a inscrição. Foi aprovado, começou a trabalhar como
empacotador em uma farmácia, onde conheceu Geneci, do IB, por quem tem
grande respeito, e que trabalhava na farmácia, e depois foi também para
a Unicamp. Edison ao seguir para a Unicamp, não imaginava a riquíssima
experiência de vida que desenvolveria nessa comunidade.
Pensando em seu futuro, pediu para sair da farmácia, algo não aceito,
mas contou com a compreensão de Dª Maria Angélica, que sem deixar de
adverti-lo o encaminhou para uma substituição num órgão da Reitoria da
Unicamp. Foi para a ET-GPS – Grupo de Planejamento Setorial, substituir o
José Luiz Moreira. Acabou depois permanecendo, foi enviado para o IMECC
(Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica), para a Diretoria.
Seguiu depois para o IB (Instituto de Biologia), unidade onde conseguiu conciliar
trabalho e estudo (era aluno de graduação na Unicamp), após rápida passagem
pelo curso de Direito. Aqui, turma de 1982 obteve graduação – bacharelado e
licenciatura em Letras pelo IEL (Instituto de Estudo da Linguagem).
“Ter ingressado profissionalmente na Unicamp, ainda adolescente,
permitiu-me diversas oportunidades profissionais e pessoais. Muitos, como eu,
éramos arrimos de família, e isso me fez perceber que a Unicamp, ao acolher
menores, promovia algo de alcance social muito relevante”, comenta Edison.
Vivenciou a fase de constituição dos quadros profissionais da
Universidade, em que os menores, na época apenas patrulheiros ou
guardinhas, juravam a Bandeira, na praça em frente à Reitoria e depois, pelo
desenvolvimento proporcionado pelo ambiente acadêmico, assumiam funções
de responsabilidade. Os desafios trouxeram crescimento.
“No meu caso, embora aqui há muitos anos, posso dizer que nunca fui
acomodado, ou como se designa atualmente, na ‘zona de conforto’. Acho que
isso vale também para vários de meus colegas que aqui ingressaram na mesma
condição”, ressalta.
Os fretados foram pontos de contato e integração. Tem boas memórias
do tempo em que ouviam, no percurso, as músicas do Roberto Carlos. Dª
Edite, funcionária bastante conhecida, era como uma coordenadora do ônibus,
exigente, não queria bagunça. Os jovens não gostavam muito da disciplina
imposta, mas quando ela não estava, até sentiam falta das broncas. “A energia
era algo necessário, o que ajudou a moldar o caráter e a conduta dos jovens
naquele momento”.
Passar a ter maioridade, saindo da proteção do “ser menor”, foi marco
para uma outra etapa. A partir daí as coisas aconteceram de forma mais rápida.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
EDISON CARDOSO LINS
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84
Lembra de incentivos e apoios na trajetória, sobretudo dos funcionários,
em eleições disputadas e ganhas com votação expressiva. Tem orgulho de ter
feito parte da primeira representação eleita, dos funcionários, em 1987, uma
novidade e um avanço democrático, a instalação do Conselho Universitário, que
substituiu o antigo Conselho Diretor. Mas lembra do apoio de alguns docentes,
como o do Prof. Rubens Murillo Marques, hoje diretor da Fundação Carlos
Chagas, militante posicionado contra a ditadura, isso por volta de 74. Edison
cita que ele e outro colega patrulheiro tinham muita necessidade financeira,
em família, e o professor Murillo os ajudou com um pequeno empréstimo.
Foram devolver no dia combinado e o professor transformou o empréstimo em
doação, ato com o qual não contavam. Lembra ainda dos Profs. Aníbal Vercesi,
então do IB, e Hiroshi Aoyama, pelo incentivo aos estudos e, posteriormente, do
Prof. Carlos Vogt e Prof. Daniel Hogan pela acolhida no Nepo em um momento
desafiador na sua trajetória na Unicamp.
Edison sempre gostou de frequentar as bibliotecas da Unicamp,
especialmente para consultar as revistas de informação, como a “Veja” e a “Isto
é”. Nos tempos livres, a leitura era seu lazer. As bibliotecas do IEL ou IFCH foram
muito frequentadas por ele na hora do almoço.
O ambiente acadêmico influenciou a postura de Edison frente à vida.
Terminada a graduação, diante da falta de perspectiva na carreira existente
na Unicamp, então a mesma de todo o funcionalismo estadual, prestou um
concurso para professor do Estado, em 1986, foi bem classificado, mas surgiram
novas perspectivas de revisão da carreira, na gestão do Prof. Paulo Renato, que
depois de uma luta coletiva dos funcionários para correção dos chamados
desvios de função, trabalho coordenado pelo então vice-reitor Carlos Vogt, foi
determinante para a implantação de uma nova carreira, específica da Unicamp.
Edison ressalta: “para tratar da questão dos chamados desvios de função, uma
comissão de funcionários foi recebida pela Reitoria”. Isso, como não era comum,
acabou abrindo canal que depois se ampliou. O diálogo era com a ASSUC
(entidade representativa, na prática sindical, da qual foi o último presidente,
sendo hoje substituída pelo STU). “A comissão se organizou, de forma legítima,
e foi respeitada pela Reitoria por representar efetivamente os funcionários
nesta questão de carreira”, diz. Foi recebida pelo interlocutor da Reitoria para
este assunto, carreira de funcionários, o Prof. Carlos Vogt, e isso tudo resultou
em um amplo trabalho de revisão das funções, decisivo para a posterior
implantação de uma carreira específica, que veio dar efetivos e significativos
ganhos salariais. Outras carreiras de funcionários foram implantadas depois,
“... entretanto, a essência da primeira carreira específica se mantém”, avalia.
Terminado o mandato na ASSUC , não se candidatou à reeleição; foi convidado
para implantar e dirigir o SAS (Serviço de Apoio ao Servidor), embrião pioneiro de
uma área institucional de apoio social, benefícios e desenvolvimento humano.
Pela sequência, os órgãos institucionais para tais questões foram o SAS, CAF,
DAB e hoje o GGBS (Grupo Gestor de Benefícios Sociais). Edison também
trabalhou no NEPO (Núcleo de Estudos da População), onde teve contato mais
direto com a realidade de realização de pesquisas interessantes, que resultam
em melhorias para a sociedade, papel da Unicamp, com qualidade e excelência
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
reconhecidas mundialmente.
Voltando no tempo, Edison lembra que em 1988, na presidência
da ASSUC, esteve à frente da mais longa greve já realizada aqui, que teve
uma conquista de extrema relevância: a autonomia universitária, da maior
importância aos destinos da Unicamp, USP e Unesp. Naquele momento também
houve conquistas na carreira. Hoje encontra colegas aposentados que falam
sobre a importância daquelas lutas e sentem efeitos positivos, apesar de muitas
dificuldades, das lutas e conquistas através da ASSUC.
Destaca o trabalho onde foi desbravador e articulador, com apoio do
Prof. José Tadeu, na busca por parcerias entre Unicamp e diversas instituições,
que proporcionam muitas oportunidades para a qualificação dos funcionários.
É a síntese do trabalho do ProSeres – Programa Institucional de Apoio ao
Servidor Estudante, implantado quando o ex-Reitor, José Tadeu Jorge era Chefe
de Gabinete. Programa que já contribuiu com a graduação universitária de
mais de mil funcionários. Orgulha-se do trabalho que faz hoje, no GGBS, órgão
implantado, de forma discutida mais amplamente, na gestão do Reitor José
Tadeu Jorge. Cita entre os casos que passam pelo órgão, dois bem recentes, o
de uma funcionária que foi solicitar bolsa de estudos em cursinho para a filha.
Foi atendida através de parceria. Três dias depois esta funcionária faleceu. A
filha contou com a bolsa, expressão do desejo da mãe quase no fim da vida.
Outra situação exemplificadora é a do impressionante desenvolvimento
profissional de uma funcionária da Editora que, com muito esforço pessoal,
apoio direto do atual diretor da editora e do GGBS, ela graduou-se, aprendeu
uma segunda língua e hoje participa da ação internacional de expansão da
Editora. Considera exemplos representativos do desenvolvimento humano
nesta grande instituição, que também torna grande cada um dos segmentos
que a compõem, incluindo as famílias. Cita ainda o trabalho de pesquisa e de
relacionamentos que desenvolveu, resultando na fundação da CooperUnicamp
da qual é um dos fundadores. Orgulha-se de ter participado da organização do
I SIMTEC – Simpósio dos Profissionais da Unicamp e de ter coordenado, por
designação do Reitor, as edições seguintes de um evento de grande relevância
para todos os profissionais da Unicamp, mostrando vínculo e comprometimento
com as atividades fins da Universidade. Atualmente dedica-se ao planejamento
de um encontro similar entre profissionais da USP e da Unesp.
Entre boas lembranças, há também algumas tristes. A saudosa
lembrança, que também lhe causa muito orgulho, é a história de sua falecida
irmã, Arlete Cardoso Lins. Foi alguém que batalhou muito por conquistas na
Universidade. Deixou sua marca pela luta em relação às moradias, no DIC, para
funcionários da Unicamp, um conjunto que recebeu seu nome.
Edison tem uma importante realização enquanto ser humano, e ressalta:
“ter hoje a guarda de três meninas, são motivos de muita alegria em minha
vida, e uma realização como ser humano”. Sua relação com a família, numerosa,
é bastante percebida pela dedicação, assim como sua relação com vivência
religiosa. Acredita na religião como propulsora de transformação pessoal, e
isso é individual, cada um deve olhar para si, sem querer ditar regras, usos e
costumes, e social, isso tem dimensão coletiva, ampla. Não dá para ficar inerte
85
diante de injustiças. Com tanto envolvimento comunitário, fez muitos amigos
na Unicamp, não mencionará nenhum em especial para não correr risco de
deixar de citar um ou outro.
Edison considera que tanto para os patrulheiros quanto para os
guardinhas e mensageiros, no início de suas carreiras profissionais, a energia,
a rigidez, a competência e a grandiosidade de pessoas tidas como referências
foram necessárias para a construção do futuro de inúmeros jovens. Começou
com o Prof. Zeferino Vaz (in memorian), um visionário, tanto pelo investimento
permanente na construção de uma instituição com a importância da Unicamp,
em todos os sentidos, e ainda por receber os menores e dar rumo às suas
vidas, acolhendo-os quando aqui chegaram, encaminhados pelas Instituições.
Agradece ao atual Reitor, Fernando Ferreira Costa, o apoio ao projeto de
encontro dos ex-menores e também para este livro. Estudar é decisivo. Além
do trabalho na Unicamp, Edison é professor concursado da rede estadual
(atua no ensino médio período noturno). Sempre se emociona ao encontrar
ex-alunos que, com os estudos, conseguiram melhorar de vida. Fez Mestrado
em Educação e está desenvolvendo um projeto de doutorado sobre a relação
educação e trabalho que permeiam as histórias de vida. É grato a Deus e à
Unicamp, pelas oportunidades diferenciadas que, a partir dela, vivenciou e
vivencia. E pela oportunidade do trabalho que hoje desenvolve.
Múltiplas experiências de vida na Unicamp. Em 1985 Edison Lins recebe diplomas de
Bacharel e Licenciatura em Letras, pelo IEL. A turma de 1982 teve como patrono o
Prof. Sirio Possenti.
86
CONHECI CÉSAR LATTES
“Matrícula 1703-5”. Tornou-se guardinha aos 12 anos, teve dois ou
três empregos antes da Unicamp, onde ingressou em 1º de abril de 1976, na
Coordenadoria Geral dos Institutos (CGI).
Edison se recorda que no primeiro dia que chegou na Universidade deu
de cara com o Prof. Zeferino Vaz. Lembra-se que o Professor olhou a carta da
Guardinha e brincou: “Até os guardinhas são maiores do que eu?”
Sua permanência no CGI foi um período interessante e rico. Trabalhou
com muitos físicos, pessoas brilhantes, com rapidez de pensamento, que acabou
contribuindo para que também se tornasse ágil para achar soluções e resolver
problemas.
Com 16 anos de idade, Edison foi para o Serviço de Apoio aos Estudantes.
Como era graduado na Guardinha, tinha a função de olhar como os
jovens se comportavam, e se estavam vestidos de acordo ou não, mas nunca
entregou nenhum amigo por má conduta.
Várias histórias engraçadas fazem parte de sua trajetória. Em certa
ocasião, um professor ganhou um casal de cisnes negros, e Edison foi até o
aeroporto buscá-los. Ao levar os animais ao sítio do professor, um deles bicou
Edison, que o grudou pelo pescoço. A esposa do professor ficou muito brava
com sua atitude. Edison se recorda das palavras do professor quanto ao fato:
“Você até pode matar o cisne, mas longe de minha mulher”, e ambos riram.
Recorda-se do Prof. Cesar Lattes que tinha o costume de ficar com o
pensamento elevado. Edison demorava um tempo para realizar as tarefas e,
quando voltava, o professor se encontrava totalmente absorto. “Era uma de
suas características e eu achava interessante”, comenta.
Muitas coisas bizarras também aconteceram. Edison se lembra de certa
vez que um marido ciumento veio atrás de seu amigo, que tinha se envolvido
com a mulher do sujeito. O homem parecia violento, e foi preciso esconder o
amigo embaixo da mesa, até o homem desistir de encontrá-lo.
Edison tem uma carreira de vitórias. Foi para a Escola de Extensão, cuja
ideia começou em 1988, sendo inaugurada em 1991. Ficou até 2003, e é lotado
na EXTECAMP. Foi para a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares,
que trabalha com comunidades carentes, onde permaneceu até 2008.
Presta serviço como coordenador de aplicação de exames vestibulares,
espaço raramente ocupado por funcionários. Trabalhou em Campinas por
um tempo e depois foi chamado para servir em Belo Horizonte, onde tem
coordenado todo o processo do vestibular nacional da Unicamp na capital
mineira.
Considera-se uma pessoa privilegiada por todos que cruzaram seu
caminho.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
EDISON NUCCI
87
O Prof. Miguel Juan Bacic foi muito importante, pois pagou sua
Faculdade de Administração. Formou-se em 2007. Há uma imensa gratidão nas
palavras de Edison: “Não teria como fazer o curso se tivesse que pagar. Foi uma
oportunidade de ouro!”
O Prof. Carlos Alberto da Silva Lima também foi alguém que lhe ensinou
muito e abriu muitas portas em sua carreira.
O Edison Lins é muito importante, próximo e que lhe apoiou muito.
Consideram-se “irmãos de luta” e têm uma amizade muito bonita. Edison Nucci
brinca: “Dizemos que somos uma dupla de peso”.
Pai de duas filhas que o apoiam muito, Edison será avô neste final de
2010, o que é motivo de orgulho e alegria.
Muitas são as lembranças também da época de guardinha. Uma delas é
que o ônibus fretado nunca saía no horário correto.
Certo dia, Edison estava indo à cidade quando, de repente, ouviu-se um
barulho no ônibus. O freio tinha caído, mas o motorista seguiu assim mesmo.
Quando em uma parada abriu a porta, ela também caiu. Dessa vez o motorista
parou e pediu ajuda aos guardinhas para carregá-la para dentro do ônibus.
Outra lembrança engraçada foi quando fez 18 anos e comprou um
carro. No primeiro dia que foi dirigindo ao trabalho, esqueceu-se e, ao sair do
serviço, tomou o ônibus para a cidade. Teve que pegar uma carona de volta à
Universidade para buscar seu carro.
Fato engraçado também ocorreu com o Prof. Zeferino Vaz, que ia sempre
para São Paulo e, certa vez, o motorista não viu que ele tinha descido do carro
para comprar amendoim, e foi embora. Quando percebeu, ficou desesperado e
ligou de um orelhão para a Unicamp, onde informaram que o professor já tinha
telefonado e estava na Praça da Sé, esperando para irem buscá-lo.
Edison tem um processo de luta e conquistas em sua vida. Quando
ingressou na Faculdade de Administração estava com 42 anos. O que o deixa
orgulhoso é o fato de terem marcado história como sendo uma das melhores
turmas já formadas. Fazia plantões de dúvidas, cultivou muitas amizades e
achava tudo muito bom.
Na Unicamp, foi enquadrado na carreira como administrador, assim que
se formou.
Uma frase do Prof. Zeferino Vaz marcou muito sua vida: “Têm missões
que damos ou para o melhor amigo ou para o pior inimigo.” E com isso moldou
sua trajetória, tendo encarado sempre como desafio positivo as missões
institucionais que tem chegado para ele. Conclui: “Tive muita sorte em minha
vida profissional. Ainda bem que minha escolha profissional foi a Unicamp”.
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UM PONTO DE ENCONTRO
Elenize soube, através de uma vizinha, que estavam contratando
menores para trabalhar na Unicamp. Fez sua inscrição em 1986 e em fevereiro
de 1987 foi chamada.
Estava com 15 anos quando foi para o ET-GPS (Escritório Técnico do
Grupo de Planejamento Setorial), atual AEPLAN (Assessoria de Economia e
Planejamento), trabalhou com o Sr. Nelson Camacho, pelo qual tem grande
consideração. Elenize está até hoje no setor.
Costuma dizer que: “os patrulheiros de hoje não conhecem metade do
que os patrulheiros de antigamente conheciam. Caminhávamos muito dentro
da Universidade e tínhamos muitas responsabilidades”.
Recorda-se que o banco era o ponto de encontro dos menores. Era uma
fila só para eles, no máximo dois caixas para atendê-los, então, ficavam muito
tempo nas filas. O sistema bancário caía várias vezes, e demorava muito para
efetuar os pagamentos. Várias vezes tinham que correr para pegar o fretado na
hora de ir embora.
Havia muito companheirismo entre os mensageiros, além de lealdade e
confiança, pois várias vezes podiam deixar o serviço de banco para um amigo
fazer, enquanto realizavam outros trabalhos e iam para outros setores.
Até mesmo os funcionários tinham muita confiança, pois deixavam
pagamentos, cheques, dinheiro e até senhas com os mensageiros para
cumprirem as tarefas bancárias.
Pessoas importantes marcaram sua carreira, entre elas, Antonio Felix
Duarte, seu chefe, assessor do Reitor na Assessoria de Economia e Planejamento.
Apesar de sua rigidez, sempre teve muita paciência para ensinar e corrigir.
Elenize se recorda da época que entrou na Unicamp, quando os
ex-mensageiros que já eram oficiais de administração ou porteiros contínuos
passavam “pegadinhas” aos recém-chegados. Faziam com que os menores
ficassem de setor em setor atrás de uma “máquina de escrever em inglês”, ou
procurando um “papel carbono pautado”. Tiravam “sarro” e brincavam com os
mais novos. Elenize foi uma das vítimas: “Eu era bobinha e ingênua na época,
nunca tinha visto nada na vida e acabava caindo na deles”.
Ela se sente honrada por trabalhar na Unicamp: “Foi motivo de grande
alegria vir à Unicamp. Conquistei minha independência financeira e consegui
ajudar em casa”.
Desde cedo aprendeu a ter respeito pelos mais velhos, pelos pais, por
outros profissionais, o que julga ser essencial aos jovens que estão iniciando
sua carreira profissional.
Devido às oportunidades oferecidas, fez cursos de informática e
desenvolveu um banco de dados dentro do setor. Fez também um curso de
redação oficial.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
ELENIZE MARIA ALONSO DAVID
89
90
Passou por todas as áreas do setor: Secretaria, que cuida também da
Área de Recursos Humanos (férias, licenças, faltas, etc.); Área Orçamentária,
que cuida das unidades orçamentárias dentro da Universidade (Faculdades e
Institutos); Área de Indicadores e Custos, que elabora o anuário estatístico (coleta
dados); Área Econômica, que planeja e controla as despesas da Universidade
(horas extras, plantões e reajustes salariais). “É um setor importante, que amo
trabalhar!” conclui.
Começou a fazer Bioquímica, mas descobriu tempos depois que não era
isso que queria.
Em 2002 começou a Faculdade de Administração e terminou em 2006.
Teve incentivo e direcionamento de Toninho, seu chefe, para a escolha do curso.
Atualmente é administradora.
O filho frequentou o CECI e o Prodecad e a filha utilizou o CECI maternal,
o que julga ter sido muito bom.
Passou muita dificuldade na vida, mas é muito grata às oportunidades
oferecidas: “Foram muitas as conquistas através do trabalho na Universidade”.
Pessoas importantes passaram e deixaram marcas em sua vida. A
Vera Lúcia de Andrade foi uma pessoa que a ajudou muito em sua trajetória,
compartilhou bons e maus momentos.
Seu Valdemar Morandi era um senhor aposentado, que trabalhava na
Unicamp, e havia muitas brincadeiras em relação a ele. Enquanto passeava
em volta do prédio, o pessoal escondia seu tapete. Ele ficava muito bravo, mas
todos se divertiam.
José Eduardo entrou na mesma época que Elenize, é um bom colega e
também está no setor até hoje. Agradecimentos a seu chefe imediato, Roberto
Bosso, que muito a ajudou em seu crescimento, bem como Floriano Farina e
Mari Comini, amigos de todas as horas.
Rosangela, da FEAGRI (Faculdade de Engenharia Agrícola), Ednilson
Tristão, da Editora, Edson Tristão, do CECOM, Kely, da PRPG (Pró-Reitoria de
Pós-Graduação), Osmar e Marquinhos Zanata, da DGA, Silvaninha, da FEM, e
Marcos Inácio, da DGA, entre outros tantos amigos da época de mensageiros,
que merecem ser lembrados. Luis Fernando de Donato, que trabalha na FCM
(Faculdade de Ciências Médicas) e Maria de Fátima também foram especiais:
“Muitas foram as brincadeiras, eram bem-humorados, foi muito bom trabalhar
com eles”. Lembra-se de um fato marcante, entre tantos outros.
O episódio aconteceu quando o Luis Fernando, muito brincalhão, pegou
uma seringa pequena, sem agulha, e veio para o lado de Elenize, fingindo que
ia furá-la. Infelizmente, ele a furou de verdade, sem querer, pois mesmo sem
agulha, acabou ferindo-a. “Ele ficou muito sem jeito e eu não conseguia parar
de dar risada”, relembra.
Oberdan foi também um grande amigo. Elenize comenta que ele é uma
“figuraça”, muito bonzinho, mas não gosta que tirem sarro dele”.
“Oito horas por dia dentro da Universidade, acabamos sendo como
uma família, como se estivéssemos em nossas casas, onde muitas coisas são
compartilhadas: desânimo, cansaço, mas também alegrias, brincadeiras,
amizades. Grande beijo e abraço a todos que trabalharam na AEPLAN. Foram
momentos marcantes e gratificantes”, conclui.
EU ANDAVA MUITO
Elisete sempre foi determinada. Queria trabalhar e começou com um
emprego no Mc Donald’s.
Através da abertura de vagas para mensageiros na Unicamp, viu uma
nova oportunidade profissional e foi com suas irmãs fazer a inscrição. Como
elas eram mais velhas e tinham mais que 15 anos, não puderam se inscrever.
Depois de um ano da realização da prova, acabou sendo chamada. Entrou na
Unicamp em novembro de 1986.
Recorda-se que ao chegar foi muito bem recebida, sendo encaminhada
à FCM (Faculdade de Ciências Médicas), no setor de Protocolo.
Vários mensageiros entraram na mesma época, e cada qual foi para
um setor. Elisete brinca que foi encaminhada para o lugar com mais trabalho:
“Havia uma demanda muito grande na Unidade, inúmeros processos tinham
que ser encaminhados. Eu andava muito!”
Recorda-se do motorista, o Padre, já aposentado, que nada a ajudava com
relação aos inúmeros documentos que tinha que transportar: “Não me esqueço
dele, pois não me ajudava a carregar as pilhas de documentos. Eu ia duas a três
vezes até o carro para conseguir descarregar tudo.” Ficou aproximadamente
oito anos no Protocolo. Fez muitos amigos.
Lembra-se também de quando ficavam na escada da FCM, conversando.
Adoravam jogar baralho (Can Can). Faziam churrascos, participavam de gincanas,
onde brincavam e se divertiam muito.
Passados 19 anos na FCM, recebeu um convite e foi então para a
Comissão de Extensão, que era junto com a Comissão de Ética Médica. Tinha
uma responsabilidade muito grande, pois era uma comissão de professores.
E conclui: “Foi nesse setor que comecei a crescer, pois adquiri uma postura e
aprendi a ter ética profissional”.
Sua trajetória foi repleta de pessoas essenciais. A Cleusa Filipini foi uma
pessoa que acreditou em seu potencial e lhe abriu as portas para trabalhar com
o Prof. Fernando, na secretaria da Diretoria: “A Cleusa foi um espelho para mim.
É uma grande amiga!” A Maria Inês também a ensinou muito, devido a grande
bagagem enquanto secretária.
Elisete faz questão de ressaltar: “Tudo que sei devo à Faculdade de
Ciências Médicas”.
Recorda-se de ter feito parte do informativo “The Mensa”, cujos
movimentos promovidos pelos jovens julgava ser de grande valor: “Foram boas
conquistas!”
Com uma trajetória permeada por confiança e bom desempenho,
permaneceu como secretária na FCM em várias diretorias.
Em 2005, assumiu como secretária do Prof. Fernando, no então cargo de
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
ELISETE OLIVEIRA SILVA
91
Coordenador Geral. Quando o mesmo passou a Reitor, Elisete continuou como
sua secretária.
Uma de suas maiores virtudes é gostar do que faz. Considera-se uma
pessoa realizada. Tem vários amigos. Sua prima Soraia e a Gislaine são suas
amigas inclusive fora da Universidade, possuem um vínculo forte, pois saem
juntas e têm intimidade.
Trabalha de forma transparente, faz questão de cumprir suas tarefas
com alegria.
Sua formação é Tecnólogo em Administração. Chegou a cursar a
Faculdade de Educação Física, mas não concluiu. Faz curso de inglês e adora
viajar.
Pretende, em um futuro próximo, começar uma especialização, fazer
uma Pós-Graduação.
É grata por todas as oportunidades que lhe foram oferecidas na Unicamp.
“Quero deixar um agradecimento especial ao Prof. Fernando, por
acreditar em mim. Tenho-o como um segundo pai e lhe sou muito grata”,
conclui.
92
UNIVERSIDADE ABERTA
Elisabeth prestou um concurso para a função de mensageiros,
na Unicamp. O CAISM estava sendo inaugurado e jovens estavam sendo
contratados.
Em 1986, Betinha, como também é chamada, começou a trabalhar na
Universidade, no setor de Recursos Humanos do CAISM, onde está até hoje.
Desde o início de sua carreira, julga-se com sorte, pois teve contato com
pessoas que muito lhe ajudaram.
Sua primeira chefe do Departamento Pessoal, Rosemary Lima Anastácio
(já aposentada), foi uma pessoa especial, que a apoiou muito.
Carlos Antonio Dias foi um diretor muito importante, um “paizão”, como
ela costuma dizer, sempre direcionou seu caminho. Está de volta junto à equipe,
na Sessão de Pessoal. Os patrulheiros são muito acolhidos por ele, e todos o
consideram muito especial.
Oscar dos Santos Martins, um antigo diretor, que está na PG (Procuradoria
Geral), foi alguém que muito a ensinou, e foi também muito importante em seu
amadurecimento profissional.
Momentos marcantes fizeram parte de sua história, entre eles, o dia de
pagamento, considerado por ela como sendo de grande importância. Ajudava
em casa com parte do salário, mas podia gastar seu dinheiro com coisas
pessoais, o que lhe trazia muita felicidade. Podia ir ao cinema, à “Stratosphera”,
além de sair com amigas.
Eugênia Ferreira Batista e Cristiane Braga, que foram também mensageiras, tornaram-se amigas de Betinha desde aquela época, e o relacionamento
se estende até hoje, inclusive fora da Universidade.
Recorda-se que participavam da ‘Universidade Aberta’ e foram monitoras
por várias vezes.
Outra boa lembrança era dos tempos livres, normalmente no horário do
almoço, em que pegava o circular com outras mensageiras, para aprender como
andar pelo campus e aproveitar para conhecer a Universidade. Mesmo agora,
com vários anos de trabalho, existem muitos lugares que ainda não conhece.
Em sua trajetória profissional teve a oportunidade de ser supervisora do
Setor de Pessoal, exercendo a função por 11 meses.
Fez muitos cursos e palestras dentro da Universidade, o que julga ter
sido uma grande bagagem.
Betinha conclui: “Tudo que aprendi na vida profissional e pessoal foi a
Unicamp que me proporcionou”.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
ELISABETH CORREA TOLEDO
93
ATENÇÃO AOS PACIENTES
Eneas tinha 15 anos quando começou a trabalhar na Unicamp. Seus
irmãos já trabalhavam na Universidade, e foi um deles que o inscreveu quando
soube que haveria inscrição para uma nova vaga.
Fazia parte da Associação de Educação do Homem de Amanhã, a
“Guardinha”.
Trabalhou na parte de fotocopiadoras, na Administração, e ficou aproximadamente dois anos no setor. Passou a ser mensageiro e foi para o HC, na
parte administrativa, assistência burocrática ao pessoal da enfermagem. Passou
ao setor de Arquivo, onde ficam as pastas dos pacientes.
No início da carreira tinha muito medo de não se adaptar, pois a
inexperiência e o fato de ser muito jovem geravam insegurança. Queria agradar
e ser admitido após o período de experiência. No Hospital das Clínicas entrava
às 7h da manhã, era tudo muito corrido e necessitava ter garra e determinação.
Eneas considera ter sido um período muito difícil, pois trabalhava
durante o dia e estudava à noite. Tinha muitas responsabilidades. Porém sabe
também que foi uma fase de grande importância em sua vida, pois permitiu seu
crescimento pessoal e profissional.
Pôde fazer muitos amigos ao longo de sua trajetória.
Atualmente está no Agendamento de Consulta, onde tem uma vivência
importante devido ao contato com os pacientes, suas histórias e problemas.
Sua função tem grande valor, pois pode ajudar quanto ao bom atendimento
aos pacientes.
Recorda-se que, no início da carreira, tinha muita curiosidade com
relação ao setor de Anatomia. Certa vez assistiu a uma autópsia e achou o
procedimento normal.
Eneas teve várias experiências ao longo de sua vida, fez um pouco de
cada coisa. Está satisfeito com sua trajetória dentro da Unicamp.
Gosta de dançar e ouvir música dos anos 60, flash back, samba rock,
pagode.
Ia muito a bailes na época em que era mais jovem, aos finais de semana.
Tem um filho de sete anos que usufruiu dos benefícios educacionais
oferecidos para filhos de funcionários da Universidade.
Está cursando Gestão em RH, na FAC.
Eneas é muito grato à Unicamp, e diz: “Sou muito grato por ter conseguido
entrar na Unicamp e estar até hoje. Tenho a esperança de me aposentar, com
saúde, na Universidade”.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
ENEAS SILVA PARREIRA
95
DONA MARIA ANGÉLICA
Vindo de Itajubá-MG, aos quatro anos de idade, Eurípedes passou por
inúmeras dificuldades financeiras.
Aos 14 anos ingressou na Associação de Educação do Homem de
Amanhã, a “Guardinha”, para ajudar no sustento da casa.
Trabalhou quatro anos na Singer, quando então pediu dispensa, para
ingressar no Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Campinas, por questão
de salário.
Teve boa orientação nos Patrulheiros. “Havia rigidez, porém, eu tirava
proveito daquela linha dura”, refere-se Eurípedes ao sistema da Instituição.
Durante o tempo em que permaneceu como patrulheiro, procurou
ser correto em sua conduta, transformando a severidade em algo que o fazia
crescer.
Desfilava todos os anos no dia 7 de setembro no qual a disciplina era
muito cobrada.
Tornou-se sargento, por bom comportamento, e mudou sua conduta.
Procurou fazer com seus subordinados, aquilo que gostaria que fizessem com
ele.
Era arrimo de família, e devido à sua postura e disciplina, ganhou prêmio.
Teve muito apoio de todos os seus superiores.
Lembra com carinho e saudosismo, de uma vez que vários patrulheiros
foram contemplados com uma viagem à colônia de férias em Santos-SP. Na
época, a música “Jesus Cristo”, de Roberto Carlos, estava em seu auge e a
escutaram no ônibus durante o trajeto de ida e volta.
Permaneceram quatro dias na praia, o que foi motivo de muita alegria,
pois nunca tinha viajado.
Entre tantas amizades, Vanderlei Gerlac, Sidney Roberto de Lima e João
se destacam.
Passado algum tempo, através de Dª Maria Angélica, foi encaminhado
à Universidade, já com 18 anos, onde teve seu primeiro registro em carteira,
como mensageiro. Ingressou em 03 de julho de 1973. “Eurípedes, você irá para
a Unicamp do Professor Zeferino Vaz” – esta frase de Dona Maria Angélica
marcou sua vida, pois ingressar em uma Instituição renomada como a Unicamp
era simplesmente uma honra.
Ainda em 1973 passou a contínuo porteiro e, em 1974, a escriturário.
Prestou um concurso público para desenhista projetista em 1977, onde
passou em primeiro lugar, assumindo o cargo.
Teve uma vasta trajetória. Foi para o ESTEC (Escritório Técnico de
Construção e Obras) em 1983; para o Centro de Tecnologia, na Mecânica;
passou para a Faculdade de Educação Física, trabalhando com desenho artístico,
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
EURÍPEDES DE LIMA TAVARES
97
desenhando vísceras e partes do corpo humano.
Participou de um projeto voltado à construção de um bairro, onde pôde
acompanhar de perto a construção de casas feitas para funcionários.
No HC, preocupa-se em dar atenção aos pacientes que por ali passam.
Pai de dois filhos e com uma visão altruísta, Eurípedes preocupa-se com
a atual situação dos jovens patrulheiros: “Um motivo de tristeza para mim é
saber que os menores de hoje, ao completarem 18 anos, são dispensados dos
cargos que ocupam enquanto patrulheiros, e obrigados a seguirem caminhos
em outros lugares. Muitos se perdem nessa nova trajetória, o que é uma pena!”
Um exemplo de como possui um olhar voltado ao próximo, é o caso de
sua atenção com os pacientes do HC. Mateus, um garoto de nove anos, com
hidrocefalia, ficou hospedado por várias vezes em sua casa, assim como outros
pacientes, aguardando o dia para retornar à consulta. Criou afeição especial
pela família do garoto, que inclusive recentemente o encontrou e a criança se
lembrou dele, chamando-o de “tio”, fato que o deixou muito emocionado.
Recorda-se de um período curioso que ocorreu em 1989. No Campus não
estavam sendo servidas refeições, devido a uma greve que estava acontecendo.
Somente nos restaurantes do centro da cidade eram servidas refeições. Sendo
assim, os funcionários alimentavam-se com misto-frio, pão com manteiga e
muita “Tubaína”, e várias brincadeiras surgiam a partir disso. Diziam que “os
funcionários que não aderiram à greve acabaram engordando muito, por causa
do excesso de sanduíches que comiam e os refrigerantes que bebiam”.
Atualmente Eurípedes assessora o Diretor do HC.
Sente-se privilegiado pela oportunidade que teve de conhecer o Prof.
Zeferino Vaz, que sempre foi muito presente e interessado pela situação dos
funcionários e setores, cuja morte prematura marcou muito e foi uma grande
perda.
98
APRENDENDO A TER RESPONSABILIDADE
Fábio soube da seleção para mensageiro que a Unicamp estava promovendo, através de seu pai, Reinaldo Thomaz, funcionário já aposentado da
Universidade.
Foi chamado para o trabalho em setembro de 1984, aos 14 anos de
idade.
Ingressou no Instituto de Biologia, onde permaneceu por quatro anos.
Afastou-se para cumprir o serviço militar, retornando com 19 anos, onde passou
a escriturário, no departamento de Recursos Humanos.
Tempo depois, surgiu uma vaga no Instituto de Física, para trabalhar
com um professor que era Consultor da ONU na África. Fábio foi então para
o Núcleo Interdisciplinar para Melhoria do Ensino em Ciências, com convênio
com o Planetário no Parque Taquaral. Trabalhou por mais ou menos três anos.
Por achar o serviço pouco intenso, resolveu aceitar o convite de um
amigo que trabalhava no Almoxarifado do HC. Ficou por mais ou menos 12 anos,
em função administrativa, como almoxarife, na parte operacional de Estoque e
Distribuição. Passou então ao controle do Estoque, e depois foi supervisor do
Almoxarifado. Com a terceirização do Almoxarifado, foi trabalhar na Divisão de
Suprimentos, onde participou do projeto de implantação de controle direto nas
enfermarias. Com a mudança de diretoria do hospital, esse projeto acabou e ele
foi ser responsável pelo controle dos materiais médico-hospitalares. Trabalhou
na parte de contratos, administrando-os, por quatro anos.
Mudou para o setor de licitação, onde está até hoje. Todo o equipamento
que o Hospital de Clínicas adquire através de licitação é de sua responsabilidade,
onde atua desde a elaboração dos Editais, até a entrega.
Fez alguns cursos de formação pessoal, que ajudaram a formar sua
personalidade.
Trabalhou com Sonia Maria Marcelino, assistente técnico de direção
na época, que foi uma pessoa importante em sua vida. E ressalva: “A Sonia
me ensinou a ter responsabilidade, a separar o que quero e o que posso no
trabalho.” Foi através dela que aprendeu a cumprir regras. Era uma pessoa
muito correta, dedicada e bastante rígida. “Aprendi que no trabalho o querer
não é o poder”, completa Fábio.
Tem também grande consideração por Cláudio Roberto Forner, do
escritório da Unicamp em São Paulo, pelo exemplo de perseverança: “Mesmo
com as dificuldades, sempre agradecia pelo emprego e nunca reclamava”.
Uma de suas filhas frequentou a creche da Unicamp, foi importante para
ela, pois teve um convívio com outras crianças mais cedo, o que a tornou menos
desinibida.
Sempre foi muito responsável, muitos chamam isso de “ser careta”,
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
FÁBIO FERNANDO THOMAZ
99
comenta Fábio. Várias foram as experiências ao longo da carreira. Após uma
sindicância, assumiu o cargo de supervisor de seção do Almoxarifado.
Mesmo sendo uma pessoa mais quieta, fez muitas amizades. Sempre
trabalhou com bons profissionais e pôde aprender com eles.
Edvaldo Aparecido dos Santos foi um diretor que lhe ensinou muita
coisa. Certo dia, quando Fábio descarregava um caminhão de papel higiênico,
embaixo de muita chuva, Edvaldo arregaçou as mangas da camisa (trabalhava
sempre com roupa social, era muito vaidoso) e o ajudou a descarregar o material.
Esse gesto foi de grande ensinamento, e Fábio passou a admirá-lo ainda mais.
Criaram um vínculo de amizade e quando a mãe de Edvaldo esteve
internada no HC, por várias vezes Fábio a visitou. Quando faleceu, esteve
presente e apoiou o amigo.
Outra experiência marcante em sua vida foi quando trabalhou
diretamente com as enfermarias e conheceu um paciente com câncer na perna.
Era um jovem com problema sério de rejeição à doença, e que não se relacionava
bem com a família, tinha apenas uma irmã que o acompanhava. Fábio passou a
visitá-lo, e ele, por sua vez, chegou a presentear os filhos de Fábio. Almoçavam
juntos, e se tornaram grandes amigos. Infelizmente o jovem veio a falecer. Foi
uma passagem marcante em sua vida, pois aprendeu muito com essa amizade.
Seu “momento lazer” é quando joga futebol nas quadras da Universidade.
Fábio trabalha atualmente na Divisão de Suprimentos do HC, realiza
trabalhos diretamente com a assessora da Diretoria, e devido à sua experiência
e aos seus conhecimentos na área, consegue informalmente dar andamento a
vários processos quando necessário.
100
NO ARQUIVO POR ACASO
Fábio ingressou aos 12 anos de idade no Círculo de Amigos do Menor
Patrulheiro de Campinas, entidade muito conhecida na cidade por encaminhar
os jovens ao mercado de trabalho.
No Patrulheirismo, falava-se muito a respeito da Unicamp, considerada
um bom lugar para se trabalhar. Porém, Fábio não conhecia a Universidade, e
como era ainda muito jovem, não tinha dimensão de toda a sua estrutura.
Houve então seu encaminhamento à Unicamp, fato interessante, pois
havia completado 13 anos em maio, e seu ingresso se deu no dia 12 de junho
de 1995. Foi seu primeiro emprego.
Logo ao chegar, foi encaminhado ao Arquivo Central, pois tinha uma
demanda urgente. Teve uma primeira boa impressão do setor. Desde muito cedo
pôde perceber o quanto era rico trabalhar com o arquivo de uma Universidade
do porte da Unicamp.
Teve a oportunidade de trabalhar com pessoas que lhe ajudaram a
entender a grandiosidade de sua função, entre elas, a Neire Martins, que
acreditou em seu potencial e lhe deu grande apoio. Fábio costuma dizer que
ela é sua “mentora profissional”, pois o conduziu ao longo de sua trajetória. E
conclui: “A Neire é até hoje uma referência pra mim.”
Quando era ainda muito jovem, através da orientação de sua chefe,
aprendeu como agir diante das diversas situações ocorridas no ambiente de
trabalho. Aprendeu a não se limitar em determinada atividade, o que possibilitou
grande abertura e crescimento.
Recorda-se do tempo dos desfiles de 7 de setembro, enquanto era
patrulheiro. Reuniam-se aos domingos para ensaiar. Lembra-se que estudavam
a história da Instituição, além de conhecer pessoas que faziam parte do início
do patrulheirismo, como Dª Maria Angélica e Sr. Wilson.
Fábio passou por inúmeras experiências ao longo de sua trajetória,
que o fizeram amadurecer. Quando completou 18 anos ainda estava no ensino
médio e não podia prestar vestibular. Foi então contratado para um projeto,
financiado pela FAPESP, de digitalização de documentos do acervo da Unicamp.
Ficou como “serviços de terceiros” até poder prestar o vestibular e ser admitido
como estagiário.
Em 2005 prestou seu primeiro concurso público, com contrato
temporário, conhecido hoje na Unicamp como processo seletivo sumário. Ficou
até meados de 2006 nessa condição, quando prestou outro concurso. Passou
e foi admitido efetivamente para a função de profissional em organização de
arquivos.
Há aproximadamente um ano assumiu o cargo de assistente técnico
de direção, no qual assessora a coordenação do sistema de arquivos. É um
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
FÁBIO RODRIGO PINHEIRO DA SILVA
101
profissional da área de Arquivo, um profissional arquivista. Sua função é
justamente organizar toda documentação da Universidade. Julga-se regrado e
disciplinado, além de manter rigor em relação à ordem do setor que trabalha.
Preza muito o senso de organização.
É formado em Ciência da Informação, pela PUCC. O curso estuda a
informação e seus suportes, que seriam os locais de registros, livros, onde
atuam os bibliotecários, os arquivistas, as peças, os museólogos, enfim, um
estudo muito interessante e próximo ao universo em que estava inserido.
Fábio faz parte de vários importantes movimentos dentro da
Universidade.
Participa de um movimento muito interessante que é a Gestão por
Processos (GEPRO), coordenado pela Pró-Reitoria de Desenvolvimento
Universitário, um projeto que há uma metodologia, um conjunto de ferramentas
para revisar processos de trabalho, visando apontar melhorias e otimizar esses
processos.
Outro importante movimento é o PDG (Programa de Desenvolvimento
Gerencial), coordenado pela Agência de Formação Profissional da Unicamp, onde
se capacitam os gerentes, todos que ocupam cargos gerenciais, supervisores de
seção, diretores de serviço, assistentes técnicos de direção, e assim por diante.
Há também, enquanto Arquivo Central, uma disciplina, Gestão de
Documentos, ministrada por ele e pela Neire, na qual os gerentes aprendem a
lidar com os documentos e inseri-los em sua rotina de trabalho.
Enquanto integrante do movimento GEPRO, Fábio também participa
do PDG nessa frente, ensinando as ferramentas que compõe a metodologia
GEPRO.
“Conviver com diversas pessoas, de diferentes áreas, é algo muito
importante”, ressalta.
Fábio tem como hobby o hábito da leitura, gosta muito do que faz e,
com orgulho, costuma dizer: “Minha trajetória profissional na Universidade foi
sempre uma crescente”.
É muito grato à Neire e à Unicamp, por toda sua trajetória profissional.
E conclui: “Em nome da Neire, agradeço a toda a Universidade. Se não fosse
por ela, não estaria na Unicamp e não seria o profissional que sou hoje.
Sua característica de multiprofissionalismo é muito bacana, e esse convívio
possibilita um grande aprendizado”.
102
SISTEMA EM PHP
A maioria das famílias tinha o sonho de que seus filhos ingressassem em
alguma entidade que facilitasse a possibilidade de emprego.
Não foi diferente com Fernandy. Sua mãe o fez realizar a prova para ser
patrulheiro por quatro vezes. Ele, por sua vez, como ainda era muito jovem, não
tinha o mesmo desejo. Na verdade, Fernandy queria trabalhar na Unicamp.
Quando surgiu a oportunidade de uma vaga para mensageiro na
Universidade, fez a prova e passou. Foi seu primeiro emprego, tinha 14 anos.
Ingressou na DAC (Diretoria Acadêmica), em 1986, no atendimento ao público,
onde ficou por oito anos. Depois seguiu para uma área interna.
Durante 24 anos esteve nesse mesmo setor, onde entrou como
mensageiro e está atualmente como diretor da Documentação Acadêmica.
Fernandy se recorda do apoio que recebeu no início de sua carreira, os
alunos eram colaboradores e ajudavam na realização de algumas tarefas.
Na época em que era mensageiro, passava por diversos departamentos
para realizar o serviço, o que facilitou conhecer várias pessoas e a fazer muitas
amizades, que perduram inclusive fora da Universidade.
Várias foram as pessoas especiais que fizeram parte de sua trajetória
profissional, entre elas, a diretora Maricilda, uma pessoa muito importante,
pois foi quem o ensinou a trabalhar. Foi uma diretora que o direcionou e o
ajudou em seu crescimento profissional. A Inês Haruko Teramoto também foi
muito importante. Fernandy se recorda da forma como se tratavam: “Ela me
chamava de filhinho e eu a chamava de mainha”.
Sempre teve muitas amizades. A Walkiria é muito amiga. Fernandy
estudou com o cunhado dela; sempre saem e participam de churrascos juntos.
O Toninho (Antonio Fagiane) brinca que Fernandy é “filhinho dele”, e é
também um grande amigo.
Lembra-se de um fato engraçado, a forma como ele e seus amigos
mensageiros eram chamados: Dede (André), Dudu (Eduardo) e Didi (Fernandy).
O Dede e o Dudu já saíram da Universidade.
Certa vez, os três amigos, Dede, Dudu e Didi, faziam um trabalho externo
de bicicleta, um ia na garupa, um na cestinha e o outro pedalando. De repente,
caíram dentro de um buraco, derrubaram todos os documentos e ficaram muito
ralados. Ao voltar para o departamento, precisaram se explicar.
Outro episódio que se recorda foi de uma festa que seus amigos fizeram
para ele, antes de se casar. Foi uma despedida de solteiro, e o vestiram de
mulher. Casado há 15 anos, tem uma filha de 13 anos e sonha que ela curse a
Unicamp. Sua esposa também é funcionária da Universidade.
Fernandy sempre foi em busca de seus objetivos. Fez curso de qualidade,
atendimento ao público, especialização em gestão de pessoas, segurança do
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
FERNANDY EWERARDY DE SOUZA
103
trabalho, onde conheceu muita gente. Reuniam-se sempre.
Formou-se em Administração; fez um curso de especialização em Gestão
de Pessoal e pretende fazer Logística, pois é a sua área, já que trabalha no setor
de Matrículas.
Gosta muito de mexer com computador e adora novidades. Lembrase de algo importante em sua trajetória profissional. Tudo que chegava ao
atendimento da DAC tinha que ser registrado em um livro, mas mesmo no
antigo sistema era difícil localizar o documento do aluno. Fernandy resolveu
então fazer em PHP um novo sistema, e conseguiu desenvolvê-lo de forma a
facilitar o trabalho. Sente orgulho do trabalho desenvolvido e é muito grato por
sua trajetória. E conclui:
“Sou muito grato à Unicamp e a todos os amigos que estiveram comigo
ao longo desses 24 anos de trabalho”.
104
DESCONTRAÇÃO NO FRETADO
Flávio entrou como mensageiro no IMECC (Instituto de Matemática,
Estatística e Computação Científica) aos 15 anos, em 26 de abril de 1986.
“Lembro-me de chegar ao DGRH (Diretoria Geral de Recursos Humanos),
onde fui orientado a comparecer ao Instituto de Matemática. Assustado por
não ter ideia do que era e nem onde ficava, dirigi-me ao RH, passando boa
parte da tarde. Aquele momento foi engraçado, pois todos que passavam por
ali perguntavam: é guardinha novo? “Todos os menores trabalhadores eram
chamados de guardinha naquela época”, relembra. Após responder que sim, as
pessoas lhe perguntavam para onde seria encaminhado, e quando ele respondia
que iria para a Biblioteca, diziam: “xiii, coitado!”. Na verdade tudo não passava
de uma brincadeira.
Ao chegar no setor, foi muito bem recebido pelos companheiros de
trabalho (a maioria já se aposentou). Sua primeira missão foi aprender a tirar
cópia.
Fez vários amigos. Recorda-se de quando abria o “bandejão” e iam
almoçar rapidamente para sobrar tempo de jogar baralho com o pessoal.
Passavam de meia hora a quarenta minutos jogando caxeta e pif-paf. Tempos
depois, utilizava o horário de almoço para correr e fazer ginástica. Tomava
banho e voltava ao trabalho.
Lembra-se que na época do pagamento uma enorme fila se formava em
frente ao banco, onde os mensageiros se reuniam e aproveitavam para por a
conversa em dia.
Boa recordação também de quando utilizava o fretado. Muitas eram as
bagunças durante o trajeto. Cantavam e brincavam muito.
Apesar de gostar do serviço da Biblioteca, tirar xerox tinha se tornado
monótono, pois estava realizando essa tarefa há um ano e meio. Surgiu
então uma vaga para trabalhar no Recursos Humanos do Instituto. Flávio se
candidatou, sendo aceito para a função.
No RH aprendeu muitas coisas, inclusive datilografia em máquina manual,
graças a um curso que a Unicamp ofereceu. Permaneceu por um ano, seguindo
para o exército. Ao retornar, no início de 1990, foi designado a trabalhar na
sessão de datilografia especializada. Cinco anos se passaram e sua supervisora,
Maria de Lourdes, ia se aposentar e lhe passou a responsabilidade da supervisão.
“Foi muito difícil assumir a função, mas também muito importante para meu
desenvolvimento profissional”, relembra Flávio. Com gratidão, faz questão de
ressaltar: “Maria de Lourdes Soares da Silva foi uma pessoa muito importante
em minha vida, inclusive porque através dela conheci minha esposa. Nós a
consideramos como uma mãe”.
Aprendeu muito nessa seção, inclusive foi um dos primeiros locais a
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
FLÁVIO RODRIGUES DE ANDRADE
105
utilizar a tecnologia da Informática. Após sete anos de SDE (Seção de Datilografia
Especializada), ela foi extinta, transformando-se em uma área da nova Seção de
Informática, onde Flávio trabalha até hoje, e é técnico de apoio ao usuário de
HD no IMECC.
Digitou muitos trabalhos para professores do Instituto, diversos artigos,
livros, teses, manuais, entre outros.
Fez vários cursos. O primeiro foi o de datilografia, sendo muito útil, pois
adquiriu agilidade para depois aproveitá-la na Informática. Fez inglês no IEL
(Instituto de Estudo da Linguagem).
Gosta de correr e pedalar; começou na FEF (Faculdade de Educação
Física) e há vinte anos está participando de corridas, inclusive as que são
patrocinadas pelo GGBS (Grupo Gestor de Benefícios Sociais).
Com gratidão, conclui: “Quero agradecer ao GGBS pela iniciativa da
produção deste livro, pois será algo importante, que deixará registrada a nossa
história. Devo muito à Unicamp por todas as coisas que conquistei. Graças a ela
consegui construir uma família, sou casado e tenho dois filhos, e uma profissão
da qual me orgulho e executo com muita dedicação e amor”.
O ambiente de trabalho de Flávio Rodrigues no Instituto de Matemática e Estatística
(IMECC)
106
VIRTUDE RECOMPENSADA
Francisco, quando criança, ouvia falar sobre guardinhas e patrulheiros.
Seu pai lhe deu uma chance de arrumar algum trabalho, antes de ingressá-lo
em alguma dessas instituições.
Sua mãe o levou para tentar um emprego em algumas firmas, mas
como Francisco tinha apenas 13 anos, não conseguiu colocação. Como havia a
necessidade de trabalhar, foi então aos patrulheiros. Fez um cursinho por dois
meses e passou.
Seu primeiro emprego foi na empresa Brasilit, onde era tratado como se
fosse funcionário deles, e ficou por três anos. Era conhecido como Chiquinho,
o “caçulinha”. Todos os benefícios que os funcionários tinham, ele enquanto
patrulheiro também tinha. Sempre ajudou em casa, metade do salário era
para pagar o uniforme e fazer algumas viagens e o restante ajudava seus pais.
Passado algum tempo, como não conseguiu ser efetivado nessa empresa, que
inclusive começou a reduzir o número de funcionários devido a uma crise,
Francisco decidiu sair, e como já tinham lhe falado a respeito da Unicamp,
encaminhou-se para lá. Os amigos Wilson Otávio, Paulo Cesar e Evandro que
já estavam na Universidade o influenciaram a trabalhar e foram seus grandes
incentivadores e companheiros.
Dois meses depois que Francisco saiu da Brasilit, soube que o outro
patrulheiro que foi para ficar em seu lugar havia sido demitido, pois lhe disseram
que não mais teriam patrulheiros na empresa.
Francisco ingressou na Unicamp como mensageiro em 1982, aos 16
anos.Ao completar 18 anos, foi registrado. Costuma dizer que teve muita sorte
por ter ingressado na Unicamp naquele período, pois tudo aconteceu na hora
certa.
O primeiro setor dentro da Universidade por onde passou foi o SERCA
(onde todos os alunos pegam o atestado de matrícula, histórico, diploma, etc.),
no Ciclo Básico I, que é a DAC (Diretoria Acadêmica) atualmente. Fazia o controle
de pagamentos dos históricos, diplomas, cópias de material dos alunos.
Recorda-se de quando começou nos Patrulheiros, era muito magrinho,
pequeno, e ficava muito triste caso levasse alguma bronca. Achava o sistema
muito rígido, mas com o tempo percebeu que tudo aquilo era para que
aprendesse a se comportar, e julgou ter sido importante para moldar seu caráter.
Ao longo de sua trajetória, pessoas especiais passaram por seu caminho,
dando-lhe conselhos, o que foi de grande valor.
Logo que ingressou, a Unicamp era muito pequena em termos de
prédios construídos.
Trabalhava junto com outro patrulheiro, o Serginho, e revezavam a função,
um ficava no balcão e o outro fazia o serviço de bicicleta e depois trocavam. “A
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
FRANCISCO DE ASSIS DA SILVA
107
108
bicicleta era vermelha, tinha um cesto na frente e éramos responsáveis por sua
manutenção.”
Um dia, perto do prédio da Faculdade de Educação Física, viu quando
uma moça passou de moto e sua bolsa caiu. Quis devolvê-la, mas teve medo
de acharem que havia roubado. Pediu ajuda para as amigas do setor, que o
auxiliaram a localizar a dona da bolsa. Ela agradeceu muito e o recompensou
com um valor muito grande, o dobro do salário que ganhava nos patrulheiros.
A Dª Lai, que trabalhava no setor junto a Francisco, sugeriu que ele
abrisse uma caderneta de poupança com o dinheiro que havia ganho, e o levou
a um banco. Tempos depois, o banco faliu. Ela se sentiu culpada, trabalhou
muito e lhe devolveu o valor que havia perdido.
Outra boa recordação é do Restaurante II, um ponto de encontro dos
patrulheiros. Francisco chegava com sua bicicleta e parava para almoçar às
10h30. Fazia todo o trabalho, ia para o SERCA, fechava o setor e almoçava pela
segunda vez no Restaurante I. Brinca que “acabou ganhando bastante peso por
isso”.
Um fato marcante da época como patrulheiro é que existia um jovem,
aparentando ter uns 25 anos, conhecido entre os garotos por “meninão”,
já que não sabiam o seu nome, e que lhes causava medo. Ele ordenava que
os patrulheiros sentassem em sua garupa, e saía pedalando, fazendo curvas
e correndo muito. Tinham pavor dele e não sabiam de onde surgia. “Era um
mistério!”
Entre várias lembranças, Francisco tem uma em especial, que é a de um
lugar de terra, com um pó vermelho, onde adorava andar de bicicleta com os
amigos. Chamavam esse lugar de “Serra Pelada”.
Ao longo da carreira, Francisco sempre quis trabalhar no Laboratório de
Química. Uma cena de novela foi gravada nesse setor da Universidade, o que
aumentou ainda mais o seu desejo de ser encaminhado para lá.
Foi então trabalhar no Biotério, trabalhou como operador de máquina 3.
Depois passou a técnico de laboratório. Tratava dos animais, que depois seriam
encaminhados para outra área. Permaneceu por 20 anos no Biotério.
Fez curso em São Paulo para aperfeiçoar as condições de trabalho no
setor. Ele e sua equipe fizeram uma apostila que foi encaminhada para os
congressos, mostrando como eram as condições de trabalho no Biotério e como
poderiam melhorar o que já existia.
Posteriormente quis ir para a FEA (Faculdade de Engenharia de
Alimentos) e foi liberado por sua chefe. Foi para testar rações junto às pesquisas
da Profª Débora. O trabalho foi muito bom e a tese foi comprovada.
No departamento de Parasitologia, onde a professora estava, houve a
possibilidade de Francisco desenvolver um importante trabalho.
Pelos cursos que havia feito, foi convidado a trabalhar com necropsia
dos ratos para verificar parasitas nos animais, além de verificar o sangue, as
vísceras, etc. Procurou vários estágios em setores na Biologia, gostaram de seu
trabalho e permaneceu por 14 anos.
Em finais de semana fazia trabalhos com lobo-guará, coletava material
para verificar parasitologia, vírus, bactéria, etc. Existe uma publicação sobre
Francisco de Assis Silva na Praça Zeferino Vaz (no bolsão do Ciclo Básico) com colegas de
trabalho da Diretoria Acadêmica da Unicamp. Inês, Sônia, Lai (in memorian) e Maricilda.
Os menores foram sempre bem acolhidos.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
isso em que Francisco participou como coautor. Fez uma apresentação sobre o
tema em São Paulo e tem várias publicações em revistas.
Foi para o setor do Canil, onde ficou por quatro anos.
Atualmente está no CEMA (Centro de Monitoramento Animal), onde foi
convidado a trabalhar desde 2005. Enfrentou o desafio de realizar o trabalho
nesse novo setor, trabalhando diretamente com um veterinário. Os animais não
são sacrificados, são cuidados e encaminhados à natureza.
Hoje é técnico em bioterismo, o que o deixa orgulhoso e feliz: “É uma
conquista com relação a essa função”.
Francisco adora fotografia e diz: “Montamos um grupo amador na
Unicamp, tenho isso como hobby, sou apaixonado por fotografia!”
Os filhos usufruíram da creche e EMEI oferecidos pela Unicamp, e sua
esposa também trabalha na Universidade.
“Agradeço a meu pai (in memorian), que foi o espelho de toda a minha
trajetória e onde ele estiver hoje, tenho certeza, estará muito orgulhoso de
mim, e também à minha mãe, que mesmo sem muito recurso, sempre me
acompanhou”, conclui.
109
PAULO FREIRE COMO REFERÊNCIA
Francisco Genézio foi motivado pelo pai a arrumar um emprego. Sua
mãe procurou a Associação de Educação do Homem de Amanhã, a “Guardinha”,
onde passou por um treinamento. Após um mês já pegou o uniforme, o que era
raro, pois na maioria das vezes os menores ficavam por um ano antes de receber
o uniforme. Seu primeiro emprego foi em uma drogaria, onde permaneceu por
apenas um mês.
Começou a questionar e exigir seus direitos desde muito cedo.
Voltou para a Guardinha e uma semana depois a coordenação o enviou
à Unicamp, no ano de 1983.
Foi encaminhado à Faculdade de Educação. Passou por várias fases,
atendimento ao público, entrega de processos, banco para pagamentos de
professores e funcionários. Fazia um trabalho básico, que não exigia tanto
sacrifício.
Os guardinhas daquela época tinham um olhar de perspectiva
profissional. Ao completar 18 anos os jovens passavam por um concurso básico,
exame psicológico e psicotécnico para serem contratados. Esse processo
aconteceu com Francisco Genézio, que na época preocupava-se muito mais em
ganhar o seu salário do que investir em seus estudos.
Onde trabalhava existia muita gente gabaritada, inclusive Paulo Freire,
que sempre tinha umas 50 pessoas com o desejo de falar com ele. Genézio
achava isso muito interessante. Não tinha a ideia, naquela época, de procurá-lo,
mas achava incrível como ele se comportava e como se doava às pessoas.
“Era um professor que não tinha estrelismo, colocava-se no mesmo nível
que todos. Quando despertei para esse olhar sobre Paulo Freire, comecei a me
tornar mais humano”, comenta.
Passou a trabalhar por um período na Biblioteca, e pôde também
verificar a importância de Paulo Freire.
O mais marcante foi quando Paulo Freire, por unanimidade, foi apontado
como Reitor da Universidade, sem movimento político, apenas com sua forma
de agir e ser.
Trabalhando na Biblioteca, passou a servir os alunos em suas pesquisas,
e começou a obter mais conhecimentos.
Resolveu montar uma Biblioteca Popular em seu bairro, que era muito
carente, e deu o nome de “Paulo Freire”. Chegou a falar com o educador, foi até
sua casa para lhe pedir autorização com relação a dar seu nome à biblioteca que
havia criado. Para sua surpresa, o educador concordou. Francisco se emociona
ao dizer: “Foi a experiência mais marcante da minha vida!”
O projeto foi bem estruturado, para poder trabalhar com as diferenças
existentes no local. Ele ressalta: “Achei que uma biblioteca poderia ajudar na
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
FRANCISCO GENÉZIO LIMA DE MESQUITA
111
formação das crianças e mudar o triste quadro de criminalidade, evasão escolar
e drogas existentes na comunidade”.
A unidade, que nasceu na sala de sua casa no Jardim Santa Rosa, periferia
de Campinas, já expandiu para outros sete bairros e está prestes a surgir em
Hortolândia, com apoio da prefeitura local.
Francisco se recorda que certa vez sua biblioteca foi roubada, mas como
sabia quem eram os assaltantes, levou a polícia até eles e conseguiu resgatar
seus livros.
Sempre foi um homem persistente e de coragem. Montou depois uma
Rádio Comunitária. Já estava cursando a Faculdade de Educação. A maioria dos
livros de seu acervo da Biblioteca Popular foram doações através da Unicamp.
Francisco Genézio sempre se envolveu com movimentos que lutam por
causas sociais e que se preocupam com os menos favorecidos.
Dedicou-se a área de educação, no período de 2003 a 2009, e passou
a viajar pela América Latina para propagar seu trabalho com a formação das
bibliotecas populares.
Teve uma feliz experiência, entre tantas outras, quando seus três filhos
cantaram em espanhol junto a uma cantora cubana. O intercâmbio com Cuba
e Peru abriu muitas portas a Genézio, e através do reconhecimento de seu
trabalho, ele e a Universidade receberam títulos de cidadãos cubanos.
Atualmente é técnico em Biblioteconomia, e se formará na Faculdade em
2010. Seu trabalho de conclusão de curso é relacionado a bibliotecas populares,
bibliotecas na periferia, espaços de leitura em postos de saúde e em hospitais
públicos de Campinas. Montou também bibliotecas itinerantes.
Genézio é determinado e voltado aos benefícios sociais. Seu trabalho é
reconhecido e de grande importância. Conclui dizendo: “Sou grato à Unicamp e
também a Paulo Freire”.
112
REALIZADO E NUNCA ACOMODADO
No dia 7 de julho de 1988, Gilmar ingressou como mensageiro na
Unicamp, aos 15 anos. Seu pai era funcionário da Universidade na época (agora
já está aposentado) e lhe avisou sobre a inscrição para o processo seletivo.
Gilmar realizou a prova, passou e foi convocado pelo IEL (Instituto de
Estudos da Linguagem).
Fato interessante ocorreu quando a Assistente Técnica da Diretoria,
Vera Aggio (in memorian), escolheu Gilmar para trabalhar em sua área. Desde o
primeiro momento houve uma identificação entre os perfis, a começar por ambos
terem formação em contabilidade, ele como técnico e ela como contabilista.
Houve uma boa receptividade e, como a Diretoria estava precisando de um
mensageiro, Gilmar assumiu a função.
A Vera era ATU (Assistente Técnico da Unidade) de Gilmar no início de
sua carreira. Hoje, por estar na mesma colocação que ela, percebe o quanto
tiveram empatia, pois a relação entre eles sempre foi de muito respeito. Gilmar
ressalta: “Vera foi um dos pilares da minha formação, tínhamos confiança
mútua”.
Gilmar fazia serviço bancário de forma prestativa e ajudava a resolver os
problemas com presteza.
Em 1991, aos 18 anos, foi convidado pelo Diretor Prof. Dr. Rodolfo Ilari a
ser Secretário de Diretoria, fato inovador para os padrões da época.
Algumas secretárias e funcionários mais antigos ficaram admirados
por existir um secretário. Fato curioso era quando ligavam de outros órgãos
e setores e pediam para falar com a secretária, e quando Gilmar dizia que ele
era o secretário, estranhavam muito. Porém, sempre foi respeitado e tratado
cordialmente por todos, dentro e fora do IEL.
Gilmar, enquanto mensageiro, fazia todo o serviço bancário,
considerava-se como um “solucionador de facilidades”, o que conquistou a
confiança das pessoas.
Em 1995 foi aberto um processo de seleção interno, onde passou a
exercer o cargo de Diretor de Serviço Administrativo. Assumiu esse cargo com
22 anos, fato raro novamente. Ficou por aproximadamente três anos e meio,
quando passou a ser então ATU, em 1998, aos 25 anos.
O “gerente geral” normalmente é alguém acostumado com o setor, com
envolvimento na área, afinidades com as pessoas e suas trajetórias. Como já
estava aliado à equipe, houve apoio de todos.
Está como ATU há 12 anos, com o privilégio de atuar na Universidade,
passando por diferentes gestões de Direção. Gilmar faz sempre o seu melhor,
trabalha diariamente para cumprir sua função de forma completa.
É graduado em Administração de Empresas, com ênfase em Marketing,
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
GILMAR DIAS DA SILVA
113
formado em 1999.
Participou da primeira turma piloto do PDG (Programa de
Desenvolvimento Gerencial), entre 2006 e 2008, considerado um curso de
Pós-Graduação lato sensu, na Unicamp. Considera ser um programa muito
importante, que vem nivelar a questão de visão estratégica e sistêmica dentro
da Universidade.
Gilmar está na administração do IEL desde quando ingressou, inclusive
enquanto mensageiro. Acabou sempre convivendo em um ambiente de
diretoria.
Desde que passou a exercer um cargo de influência de decisões, sempre
se preocupou em garantir o cuidado com os funcionários e suas trajetórias.
Busca o melhor para as pessoas, entendendo a relação de trabalho,
as normas da Unicamp e o convívio com os docentes, alunos e funcionários.
Dando orientações gerais, procura garantir o bem-estar de cada um dentro da
Universidade.
É o atual presidente da CSA (Comissão Setorial de Acompanhamento
de RH), que é uma comissão fundamental no cuidado com o profissional, seus
direitos e deveres na Unidade. Faz parte da Câmara de Recursos Humanos,
desde 1999, quando ela foi criada.
Lembra-se de um fato curioso que ocorreu: existia o Gil, ATU em 1992,
e o Gilmar (ele), Secretário do Diretor, e por inúmeras vezes aconteceram
confusões com relação aos nomes, na hora de abordar certas questões e
pendências. Algumas pessoas confundiam quem era quem, principalmente nos
contatos com órgãos da Reitoria.
Tem amigos da época de mensageiro e costuma dizer: “A Roseli e o
Cláudio são pilares de plena confiança, digo que fazemos parte de um tripé”.
São amigos inclusive fora da Universidade, as famílias se conhecem.
“Com a Creuza, minha antiga chefe, tenho uma amizade muito especial!
Também são amizades muito valiosas, conquistadas ao longo dos anos de
convívio em diferentes gestões, as que tenho com Rodolfo Ilari, João Wanderley
Geraldi, Raquel Fiad, Maria Augusta e Alcir Pécora, este com uma integração
fantástica e de total confiança nos últimos quatro anos à frente da Direção”.
Gosta de futebol, de andar de bicicleta e de ouvir música clássica,
inclusive toca violino. Tem uma vida regrada e muito boa. É casado, tem um filho
de 15 anos e sua residência é em Monte Mor. Sente-se um homem realizado,
porém sempre aberto a novas realizações.
E conclui: “Defender o IEL é algo que priorizo, pois trabalho para realizar
o melhor. As contratações para os cargos são definidas por mérito profissional,
e isso garante a qualidade do trabalho desenvolvido na Unidade em que cresci
e tanto aprendi em 22 anos de serviço na UNICAMP”.
114
FILHO OU IRMÃO MAIS NOVO?
Aos 10 anos, a mãe o levou até a Instituição dos Patrulheiros, onde fez
um treinamento. Em seguida, aos 11 anos, começou a trabalhar em uma loja na
cidade e aos 14, ingressou na Unicamp, onde está desde 10 de julho de 1975.
Naquela época, já ouvia de outros patrulheiros que era muito bom
trabalhar na Unicamp e que existia a possibilidade de permanência após a
maior idade. Então, como queria ser registrado, solicitou à Instituição sua
transferência e, por sorte, conseguiu tal solicitação.
Iniciou sua caminhada profissional no IFCH (Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas), no Departamento de Linguística, onde foi recebido como
um filho ou como um irmão mais novo. O relacionamento no setor era muito
bom.
Lembra-se que para chegar ao Instituto teve que caminhar através da
Unicamp por ruas onde ainda havia muito mato. O departamento tinha vários
outros menores, por isso faziam muitas brincadeiras entre eles. Uma delas
era o futebol entre professores e funcionários; eles jogavam bola, no final do
expediente, no gramado do balão do Ciclo Básico, o que ele achava muito bom.
Recorda-se de um episódio engraçado que ocorreu com o grupo do
futebol: o diretor tinha uma chácara e convidou os patrulheiros para passarem
o dia. Jogaram bola, almoçaram e depois foram ao pomar comer frutas no pé.
Passeando pela casa da chácara, ao entrarem em uma sala, viram que
havia uma garrafa sobre a mesa e acharam que era água, mas ao beberem,
descobriram que era cachaça: “Só se via meninos cuspindo!”
Haroldo salienta a importância do vínculo entre funcionários e
professores naquela época, e conclui: “Havia uma interação bem saudável e um
ambiente muito bom entre nós”.
A partir de 1975, vários professores do departamento de Linguística
resolveram criar o IEL e, em 1977, foi criado o Instituto de Estudos da Linguagem,
quando os antigos funcionários do Departamento de Linguística (IFCH) foram
incorporados ao IEL, inclusive Haroldo, que costuma brincar: “Sou anterior ao
IEL, vi o Instituto nascer e ajudei a construí-lo”. Várias foram as funções exercidas
por Haroldo. Foi registrado como mensageiro. Depois foi para o Laboratório de
Línguas, como auxiliar de laboratório; depois ajudou um senhor na manutenção
do Instituto, como reparador geral; foi para a Biblioteca trabalhar como auxiliar.
Passado um tempo, a diretora, Deise, incentivou-o a fazer Biblioteconomia.
Em 1988, foi fazer Biblioteconomia e se formou. Como já trabalhava na
Biblioteca, permaneceu no setor e em 1991 passou a ser bibliotecário.
Várias pessoas foram muito importantes e o incentivaram em sua
trajetória. Entre elas: a amiga Esmeralda, a Vera e a Deise, que lhe deu o
“empurrão” em relação aos estudos e é também uma grande amiga. Outra
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
HAROLDO BATISTA DA SILVA
115
pessoa que lhe deu muita força foi o Prof. Carlos Franchi: “Foi um dos primeiros
diretores do IEL, uma pessoa fantástica”, completa Haroldo, que sempre busca
criar motivação para trabalhar e renovar as amizades, com bons relacionamentos
que promovam bem-estar no ambiente de trabalho.
Toda a parte profissional e afetiva foi vinculada à Universidade. Por
ter ingressado tão novo, sua vida toda foi cercada por pessoas ligadas à
Unicamp. Costuma dizer que o “vínculo é total com a Unicamp e com o IEL”. Sua
companheira, Carmem, também trabalha no IEL.
Haroldo considera que “caminhar junto com o crescimento do Instituto
foi algo muito marcante”, e ressalta a importância do vínculo que a Universidade
criava com os patrulheiros, a questão do registro em carteira e as oportunidades
oferecidas, proporcionando um futuro aos jovens e diz: “Abriam espaço para as
pessoas estudarem e se qualificarem profissionalmente, o que era muito bom!”
Ele afirma ainda que considerava a Instituição “Círculo de Amigos do
Menor Patrulheiro de Campinas” rígida, pois era regida por um sistema quase
militar. Desfilavam, tinha que manter o uniforme impecável, o cabelo cortado,
a farda em ordem e o sapato engraxado. Havia muito rigor e se cobrava muita
disciplina.
Recorda-se que certa vez dois meninos foram punidos, pois fizeram algo
que não estava de acordo com as regras e foram obrigados a passar por um
corredor onde pessoas batiam e davam “cascudos” neles. Esse fato marcou,
por ser algo brusco e violento. Todos ficavam com medo, mas ao mesmo tempo
aprendiam a respeitar as regras.
O funcionário Haroldo é muito agradecido à sua mãe: “Foi muito
importante que minha mãe tenha me levado à Instituição dos Patrulheiros, pois
me encaminhou na vida! Valeu a pena, sou muito grato ao Patrulheirismo e à
Universidade pelas oportunidades!”
116
Haroldo Batista em solenidade de formatura do curso de Biblioteconomia da PUC - Campinas
HUMBERTO CARLOS OLIVIERI FILHO
Humberto ingressou na Unicamp em 25 de novembro de 1968, aos 16
anos, como office boy, matrícula 180.
Não pôde ser jogador de futebol, como era seu sonho, e nem avançou
nos estudos, pois começou a trabalhar muito cedo para ajudar no sustento
familiar.
Lembra-se do uniforme que usava e que, ao final do expediente, a
camisa branca estava rosada, devido à terra vermelha da região.
Começou a trabalhar com o responsável por toda a mão de obra de
pessoal, sendo um setor cheio de responsabilidades. Sua função era entregar
vale-combustível, no depósito do Almoxarifado. Era o “braço direito do chefe”.
Em 1970, já como auxiliar, mudou-se para a Reitoria, localizada na Av.
Barão de Itapura.
No mesmo ano, foi felicitado com o prêmio de um “bolão”, pois acertou
o maior número de pontos. Ajudou na construção da casa do pai, com parte do
dinheiro.
Com a sorte a seu favor, Humberto novamente ganhou um prêmio,
acertou na loteria, fato que o deixou muito feliz, pois pôde ajudar muita gente.
Em 1972, passou a ser auxiliar da Gráfica.
No início de 1973, trabalhou como faxineiro da Faculdade de Engenharia.
Nesse cargo teve uma experiência desagradável. Partiu em defesa de duas
funcionárias que estavam sendo injustamente agredidas verbalmente por
um chefe, e isso quase lhe custou o emprego. Apesar do episódio, teve novas
oportunidades e, ainda em 1973, passou a auxiliar de eletricista, na Manutenção.
Seguiu para o setor de Protocolo e ficou na DGA por 25 anos. Separava
e entregava os jornais e revistas nos departamentos. A caixa postal 1170 era de
sua responsabilidade, de onde retirava os documentos e os trazia à Unicamp e
à Santa Casa. Era o responsável pelo malote.
Certa vez, uma pessoa estava no Centro Cirúrgico e precisava de um
medicamento que seria entregue através da Viação Cometa. Humberto
aguardou até duas horas da madrugada, quando o medicamento chegou, para
poder entregá-lo ao hospital e atender o paciente.
Em 1974 foi chamado para assumir uma agência de correio, como
funcionário da Unicamp. Participou de como seria a montagem da agência,
permaneceu por um tempo, porém não assumiu o cargo, pois tinha parentes
que trabalhavam em correios.
Um episódio marcante em sua curta permanência na Agência do
Correio foi quando ocorreu um assalto; homens vestidos com jalecos brancos
de médicos apontaram uma arma para sua cabeça e exigiram dinheiro. Houve
tiroteio, mas ninguém se feriu. A diretora de Humberto, ao presenciar a cena,
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
A HISTÓRICA CAIXA POSTAL 1170
117
desmaiou.
Outro fato interessante foi quando ganhou três concursos de criatividade, na época do Natal. Em 1993 chegou a ser apelidado de “Joãozinho
Trinta”, pois fez um lindo enfeite. Recebeu vários elogios, ganhou um troféu por
sua criatividade, porém não ganhou o concurso, e ainda teve a sua filmadora
roubada.
De 1995 a 2010 está fazendo parte de uma comissão responsável pelo
evento do campeonato para funcionários de futebol society, juntamente com
Armando e Fubá; seis campeonatos já foram realizados.
Num desses jogos, Humberto levou um chute de seu colega João
Batista, que é alto e forte, numa disputa de bola. Acha graça ao comentar: “Fui
arremessado a uma altura enorme”.
Ao longo de sua vida, sempre procurou fazer o bem e ter amigos.
Lembra-se que na época do CAF foi feito um contrato com o Ceasa, no
qual os alimentos que não fossem vendidos seriam repassados ao setor. Ele ia
até o Ceasa e retirava frutas, verduras e legumes e os trazia para doar entre 180
famílias cadastradas, que retiravam os alimentos semanalmente, sempre com
a sua organização.
Há 15 anos está entre o CAF e o GGBS. E conclui: “Desde 2008 eu poderia
me aposentar, mas tenho prazer e orgulho de poder continuar trabalhando na
Universidade”.
118
Grupo de amigos em 2005: Sidney Lima Tavares, Humberto Carlos Olivieri, Luiz Carlos Correa
e Eurípedes Lima Tavares.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
Grupo de amigos em 1974: Sidney Roberto de Lima, Luiz Carlos Correa e Eurípedes Lima
Tavares, com Terezinha Ribeiro.
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TRONCO HUMANO E CAMUNDONGOS
Isabel entrou como mensageira na Unicamp aos 15 anos, em 3 de
abril de 1986. Foi encaminhada ao setor de treinamento da DGRH (Diretoria
Geral de Recursos Humanos), na área de secretaria, que capacitava os
profissionais da Universidade inteira. Hoje é a DPD (Diretoria de Planejamento
e Desenvolvimento), dentro da DGRH.
Ficou na DPD até 2006, seguindo para a DAP, onde ficou um ano,
trabalhando com processo de estagiários.
Está desde dezembro de 2007 na Secretaria do PRODECAD (Programa
de Integração e Desenvolvimento da Criança e do Adolescente).
Em 1987, com os rumores de que mandariam embora os menores por
conta da nova Constituição, Isabel participou de sua primeira comissão, que
com a ajuda do sindicato, pleiteou para que os menores permanecessem na
Universidade. O Reitor da época firmou um compromisso de ficar com os
menores, que ao completarem 18 anos seriam absorvidos, pois já tinham
registro em carteira, e a partir de então só seriam contratados patrulheiros.
Sempre, a partir daí, participou de várias comissões, pelo Conselho
Universitário, que foi eleita por várias vezes, representando os funcionários da
Área de Administração da Universidade, foi membro da CIPA (Comissão Interna
de Prevenção de Acidentes) e hoje é membro do Conselho Gestor do GGBS.
Sempre teve uma vida ativa dentro da Universidade, participando de
vários movimentos em prol dos funcionários. E ressalta: “É gostoso poder
trabalhar em benefício dos funcionários, com a responsabilidade de representálos. Acredito ter feito um bom trabalho”.
Vários foram os momentos inusitados vividos dentro da Universidade.
Lembra-se do curso que um fisioterapeuta ministrava aos funcionários
da limpeza, e que para as aulas eram necessários ossos do tronco trazidos da
Anatomia. Pediram então para que Isabel, enquanto mensageira, fosse buscar
um tronco humano, já que o funcionário responsável por isso tinha faltado.
Quando ela chegou para pegar a peça, o responsável pelo setor abriu a porta
e veio ao seu encontro, era um senhor com a pele muito branca, os cabelos
brancos, todo vestido de branco e que caminhava lentamente. O lugar cheirara
a formol e o ambiente era inquietante, cheio de pedaços de esqueletos, mas o
senhor era muito simpático, queria conversar e mostrar tudo. Entregou-lhe o
tronco e quis lhe mostrar outra coisa. Ao abrir a porta, Isabel avistou um caixão.
Mais que depressa saiu correndo, sem olhar para trás. Tremia e chorava muito,
afirmando que nunca mais voltaria naquele setor.
Em outro dia, foi enviada ao Biotério, onde ficavam os ratinhos. Chegou
para entregar a programação de treinamento e ninguém aparecia. De repente
começou a escutar um barulho esquisito e procurou algo que justificasse
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
ISABEL CRISTINA ARAÚJO FLORIANO
121
o ruído, sentindo pavor. Quando olhou ao seu lado, viu uma caixa cheia de
camundongos, saiu correndo novamente, dizendo que nunca mais voltaria ali.
Isabel se recorda, com pesar, de certa vez que chegou ao setor que
trabalhava e seu supervisor tinha mudado sua mesa de lugar, estava virada para
a parede. Tentou falar com o chefe para entender a situação, mas como se não
bastasse a terrível atitude inicial, ainda a destratou.
Isabel chorou muito, mas teve ajuda e apoio. E comenta: “Devo muito às
pessoas que trabalharam comigo, que me apoiaram e acolheram, principalmente
no início da minha carreira”.
Atualmente é profissional de administração, formada em Administração
de Empresas. Obteve o reconhecimento da Universidade. Chegou a ser
supervisora.
Foi inscrita e apoiada pelo ProSeres.
Tem o reconhecimento dos colegas, é muito conhecida e se sente muito
respeitada dentro da Universidade. Já representou os funcionários junto ao
Consu, para isso foi votada de forma expressiva.
Sente-se formada como pessoa, criou valores que a transformaram num
ser humano melhor. “Tudo que vivi tanto de bom quanto de ruim me fez crescer
como pessoa e como profissional”, comenta.
Pôde levar para casa coisas boas que aprendeu na Unicamp, e possibilitar
uma vida melhor às suas irmãs menores e, posteriormente, aos seus dois filhos.
Eles inclusive puderam usufruir dos benefícios educacionais da Unicamp, o que
considera de grande valor.
“Agradeço a minha família que sempre esteve presente. Olhar para
trás e verificar o tanto de coisas que foram realizadas e conquistadas é
motivo de orgulho para mim! É uma honra participar da vida da Universidade,
principalmente no que diz respeito aos direitos dos nossos trabalhadores”,
conclui.
122
TRIPLO ALMOÇO
Ivaldo, desde muito jovem, sempre quis trabalhar. Inscreveu-se então
no Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Campinas, aos 13 anos de idade.
Fez um cursinho, uma espécie de “prova” e passou. Seu primeiro emprego foi
no Pão de Açúcar, onde ficou por apenas dois meses. Depois, uma pessoa da
Instituição dos patrulheiros o encaminhou à Unicamp. Foi para a DGA, que
depois passou a DGRH, em maio de 1982. Em outubro de 1983 foi registrado
como mensageiro.
Passado algum tempo, houve uma reforma administrativa, e foi
encaminhado para a Engenharia Civil, em 1989, permanecendo até 2002.
Recebeu então um convite e foi para a AEPLAN (Assessoria de Economia
e Planejamento), onde ficou por um ano e meio, e depois foi para a DGA
cuidar da parte de orçamento. Posteriormente, para a Biologia, por dois
anos, e atualmente está no IEL, é administrador de orçamento, mas cuida do
Almoxarifado e Patrimônio.
Quando começou como patrulheiro, Ivaldo, como todos, era muito jovem
e, em certos momentos, a falta de maturidade determinava seu comportamento.
Episódios como quando chegava a almoçar três vezes no mesmo dia. Às 10h30
da manhã, logo que abria o Restaurante, já estava na fila para almoçar. Depois,
comia no horário normal, ao meio dia e meia e, por último, às 14h. E comenta:
“Os dias que tinha feijoada e sorvete eram os melhores!”
Recorda-se de uma chefe que o chamava através de uma campainha,
e ele saía correndo para atendê-la. No início atendia no primeiro toque, mas
depois, com o tempo, deixava a campainha soar várias vezes, e dizia que não ia
atender, pois estava cansado. “Era coisa de moleque”, justifica Ivaldo.
Quando terminou o colégio, trabalhava durante o dia na Unicamp e
depois foi trabalhar com produção de jornal, dobrar e empacotar jornais. Sentiu
vontade de fazer faculdade em 1995, porém, o dinheiro não dava. Trabalhou e se
esforçou bastante para conseguir se formar em Administração de Empresas. Sua
chefe Naira Zutim Sangali foi uma grande incentivadora para que continuasse a
estudar. “A Naira foi importante pra mim e me deu muito apoio”, conclui.
Um amigo que Ivaldo nunca se esquece é o Silas Yoshioka Dias, que não
está mais na Unicamp, mas deixou saudades, pois infelizmente não têm mais
contato: “Fico emocionado quando me lembro do Silas, pois foi um grande
amigo da época dos patrulheiros”.
Outro grande amigo é o Robson Andes de Oliveira Kaneko, que também
não está mais na Unicamp, mas ainda mantém contato. Ivaldo o considera
muito e recorda que devido à sua inteligência, ganhou vários prêmios.
Gosta de jogar futebol, brinca em alguns campeonatos do sindicato ou
do GGBS. Gosta de bater papo com os amigos e tomar uma cervejinha. Tem um
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
IVALDO MONTEIRO DE SOUZA
123
filho de nove meses e outros dois maiores, que inclusive frequentaram a creche
da Unicamp.
Ivaldo conclui, dizendo: “Sou grato a tudo que sou e conquistei por
intermédio da Unicamp. Devo tudo à Unicamp”.
124
DISCO VOADOR NO ALMOÇO
Jacques sempre trabalhou muito. Antes de entrar no Círculo de Amigos
do Menor Patrulheiro de Campinas trabalhou em uma fábrica, que era perto
de sua casa, atendia telefone e ajudava na reposição de materiais para árvores
de Natal. Trabalhou na roça também. Formou-se patrulheiro em 1979, com 13
anos e foi trabalhar no Penido Burnier.
Passado um tempo, foi ao serviço social dos Patrulheiros e disse que
não estava satisfeito no Penido, pois não havia a perspectiva de ser registrado
quando completasse 18 anos.
Ficou sabendo então que a Unicamp oferecia a oportunidade de registro,
e fez a opção por trabalhar na Universidade, onde ingressou em 24 de setembro
de 1982, na Reitoria, no Gabinete do Reitor. Estava com 16 anos.
Recorda-se dos bons momentos vividos na época em que era patrulheiro.
Participava dos encontros, tomava muito achocolatado com soja. Todos
os domingos, às 8h da manhã, aconteciam encontros na sede, e Jacques e seus
amigos saíam às 6h30, pegavam o ônibus e seguiam a pé até a sede.
O sistema era rígido. Quando andavam com a jaqueta aberta, o
sapato não engraxado ou qualquer outra irregularidade eram multados pelos
graduados.
O cabelo tinha que ser cortado bem baixo, a farda sempre bem
apresentada, em estilo militar, os sapatos engraxados (007), meia preta, o
cordão tinha que ter o nó direitinho, se isso não fosse respeitado, era cobrada
uma multa.
Os desfiles foram marcantes para Jacques, além das grandes amizades
conquistadas.
Tem um amigo, Carlos Roberto de Souza, do Centro de Memória, que
foi a primeira pessoa que encontrou quando chegou à Unicamp. Ajudou-lhe a
conhecer a Universidade e lhe deu grande apoio. Wanderlei Pereira, do CAISM,
também foi um grande amigo. Amigos que já faleceram, outros que não se
encontram mais na Universidade, todos são lembrados com carinho.
Outras recordações lhe são muito agradáveis, e comenta: “A comida era
muito boa! Tinha uma pizza muito gostosa, que chamávamos de “disco voador”,
servida no almoço; o suquinho, o leite, a turma que se encontrava para um
papo na Praça das Bandeiras, era tudo muito bom!”
Outra boa recordação da época como patrulheiro era a corrida das
“Monarks” com bagageiro, a maioria de cor azul, do pessoal que trabalhava nas
unidades. “Era divertido e não dá pra esquecer o ‘azulão’ das bicicletas”, diz ele.
Lembra-se com saudade da ordem unida. Muita gente desmaiava por
fome, por fraqueza. Então, adotaram o leite de soja, de baunilha ou chocolate
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
JACQUES GAMA
125
e serviam com biscoito.
Várias foram as conquistas dentro da Universidade. Ficou um tempo no
Gabinete do Reitor, trabalhava na Assessoria, e como sempre teve facilidade
com informática, foi convidado para trabalhar com mala direta. Foi então para
o CAISM, onde ficou na Assessoria até 1990. “Praticamente inauguramos o
CAISM, em 1986”, comenta.
Passou então para a área de Planejamento de Materiais, assumiu a
supervisão do Almoxarifado por três anos, e foi para a área de Compras.
Surgiu uma vaga no departamento de Recursos Humanos, que acabou
assumindo.
Inscreveu-se no curso para Técnico de Segurança do Trabalho, no Cotuca,
em 2002. Era um grupo com apenas funcionários da Unicamp e foi a primeira
turma a se formar. Em 2004 fez um processo seletivo para a DGRH, para técnico
de segurança do trabalho.
É formado em Administração de Empresas. Atualmente trabalha com a
integração de segurança de todos os novos funcionários, a parte de treinamento
nas unidades, responde tecnicamente pelo HC.
Tem uma filha de 21 anos, e um filho de 7 que usufrui dos benefícios
do programa educativo da Unicamp. A filha é ex-patrulheira. Jacques ressalta:
“Participei, com emoção, da formatura de minha filha como patrulheira”.
Tem irmãos que também foram patrulheiros. Sua irmã que trabalhou
por um tempo na FEAGRI, mas não se encontra mais na Universidade.
Algumas mudanças estratégicas ocorreram ao longo de sua carreira, e
sonha em fazer Faculdade de Direito, que tinha começado, mas parou.
Procurou aproveitar as várias oportunidades que surgiram ao longo de
sua vida.
Adora pescar, pelo menos a cada 15 dias faz uma pescaria, joga bola
todo final de semana e adora caminhar. Faz aniversário junto com o filho, no
dia 01 de julho, com quem gosta de colecionar álbum de figurinhas, tampinhas,
bolas de futebol, carrinhos e motos.
Jacques conclui: “Surgir a Unicamp em minha vida, em 1982, foi
excelente, fiz a escolha certa! Estou me realizando profissionalmente e pretendo
me realizar muito mais!”
126
O SAUDOSO ENSATUR
Jayme começou a trabalhar com 11 anos, pois queria ter condições
de poder comprar suas próprias coisas. Estudava em um colégio estadual,
localizado num bairro bom da cidade e tinha um amigo mais velho de classe,
que já trabalhava e lhe ofereceu serviço. Aceitou e começou a trabalhar de
madrugada, contrariando seus pais, que se preocuparam devido ao horário.
Ficou por cinco anos. Comprava o pão e o leite para sua família todos os dias, e
tinha dinheiro para seus consumos pessoais.
Quando estava com quase 16 anos já não queria mais trabalhar de
madrugada, e resolveu ir até o Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de
Campinas, onde fez sua inscrição. Foi do primeiro pelotão de 1979, na sede
nova, na Av. das Amoreiras. Conseguiu conciliar o curso que fazia, com o estágio
na Indústria Gessy Lever Ltda. “Esse momento começou a ser o marco da minha
experiência com trabalho administrativo, pois era uma empresa muito séria,
rígida e cheia de normas”, comenta.
Permaneceu na Gessy de abril de 1979 até 21 de outubro de 1980.
Como estava prestes a fazer 17 anos e queria ser registrado, começou a
pensar nos amigos que trabalhavam na Unicamp. Ailton, Célio e João passavam
no ônibus da Ensatur e ele achava o máximo. “Aquilo me fascinava!”, ressalta.
Foi então aceita sua solicitação para trabalhar na Unicamp. Mal sabia
onde ficava a Universidade, mas no dia 22 de outubro de 1980 entrou no
ônibus e seguiu para o campus. Quando resolveu perguntar ao cobrador onde
era a Unicamp, ele respondeu que já estavam nela. Jayme desceu em frente à
Faculdade de Engenharia de Alimentos e precisava ir até o departamento de
Recursos Humanos.
Não sabia ao certo como se informar e, por sorte, encontrou seu amigo
Mário, que já trabalhava na Engenharia de Alimentos. Pediu para que ele
indicasse onde era o RH, e como já era hora do almoço, almoçaram e depois
foram ao setor.
Jayme se recorda do susto que levou ao chegar no departamento de
Recursos Humanos, pois as mesas tinham pilhas de processos e papeis.
Foi encaminhado para trabalhar na FEA (Faculdade de Engenharia de
Alimentos), que coincidentemente era o mesmo local onde tinha descido do
ônibus, ao chegar à Universidade. Jayme ressalta: “Minha ida para a FEA não
poderia ter sido melhor”. Encontrou pessoas especiais, entre elas, Maria José
Pereira, uma chefe que o ajudou muito.
Recorda-se de algo marcante do tempo em que era bem jovem e almoçava
no Restaurante I com outros amigos. Em um dos dias da semana a sobremesa
foi laranja, estava muito calor. Após o almoço, quando Jayme, Amaury, Wilson e
Reinaldo estavam indo embora e desciam a Praça da Paz, avistaram uma árvore
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
JAYME DE SOUZA FILHO
127
com um cacho de abelha enorme e resolveram tacar uma laranja nele, que
caiu bem onde as pessoas transitavam. Saíram correndo e ficaram de longe
olhando as pessoas que passavam e eram picadas pelas abelhas. Quando ele
estava trabalhando em sua mesa, entrou um funcionário com o rosto todo
inchado, transfigurado pelas picadas de abelhas, e muito bravo. O funcionário
foi logo socorrido. “Analisando hoje, acho que foi pura maldade nossa, não
tínhamos noção das consequências de nossos atos. Serviu de lição. Nunca mais
fiz maldade nenhuma em minha vida”, conclui.
Em sua trajetória passou por diferentes funções. Ao completar 18 anos
tornou-se escriturário, e depois secretário, num total de 16 anos na FEA.
Jayme faz questão de ressaltar o apoio recebido por dois professores,
Theo Guenter Kieckbusch e Kil Jin Park, pessoas que o incentivaram a investir
em seu potencial e lhe deram um impulso importante para que pudesse crescer
na carreira.
Ao sair da FEA foi para o Instituto de Artes, onde está há 14 anos na
coordenação de Pós-Graduação, cuja função até 2009 foi a de assistente
técnico da Pós-Graduação. “É um trabalho bastante minucioso, porém muito
gratificante também”, comenta.
A partir de 01 de julho de 2010 assumiu a função de secretário junto ao
Departamento de Multimeios, Mídia e Comunicação, no Instituto de Artes.
Teve filhos gêmeos, Jayme e Jefferson, e o Leonardo, que hoje é estagiário
dentro da Universidade. Com o apoio da mãe, Jayme direcionou seu caminho e
se manteve na Unicamp, com um emprego muito bom e seguro. E faz questão
de ressaltar: “Quero agradecer a todos e, em especial, à minha mãe, que me
incentivou e apoiou, além de me aconselhar. Na Universidade tive inúmeras
oportunidades e pude crescer profissionalmente”.
128
JESSÉ TARGINO DA SILVA
A história de Jessé começa como a de muitos outros menores, que como
ele, vieram de famílias humildes, mas muito corretas, cujos pais, provenientes
da zona rural, desde cedo precisaram inserir seus filhos no mercado de trabalho.
No seu caso, isso se deu aos 12 anos de idade. Lembra-se, com carinho, do
dia em que sua batalhadora mãe enfrentou fila na madrugada para fazer
sua inscrição no Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Campinas. Essa
iniciativa possibilitou toda sua trajetória profissional.
Teve a oportunidade de trabalhar na sede dos patrulheiros e depois
foi encaminhado ao “Chapéus Vicente Cury”, juntamente com Carlos Luiz, seu
amigo. Como o sonho dos patrulheiros era ter registro em carteira, e isso não
acontecia, Jessé e Carlos resolveram sair da empresa.
Com o apoio de seu pai, seguiu até a Instituição para comunicar sobre o
desejo de ser desligado do Patrulheirismo. Ao chegar à sede, recebeu a notícia
de que seria encaminhado à Unicamp.
Recorda-se do dia 1 de dezembro de 1983, quando ele, um jovem garoto
fardado de azul-marinho, pedia informações de como chegar à Unicamp e, ao
chegar, vendo aquele nome escrito com letras maiúsculas, como também era
o seu significado, vista como uma Instituição de nome respeitado, uma grande
“empresa”, e uma grande oportunidade, que deveria ser agarrada com “unhas
e dentes”.
Fato curioso foi que seu amigo Carlos também foi encaminhado à
Unicamp e ambos começaram a trabalhar no mesmo dia.
Por vezes Jessé se põe a pensar nas dificuldades que enfrentou, com a
pouca idade que tinha. Ter que trabalhar de dia e estudar à noite, em escola da
periferia, lugar perigoso, parando em ponto de ônibus já bem tarde, enfrentando
muitos medos e desafios.
Entre tantas lembranças, recorda-se de momentos que constituíram sua
trajetória.
Enquanto patrulheiro, desfilava, participava das reuniões e tinha grande
acesso à sede, por ter trabalhado lá. Chegou a ser convidado para se graduar,
mas não aceitou.
Como a dificuldade financeira era grande, muitas vezes fazia lanche no
restaurante, na hora do almoço, para garantir o jantar; o pão com carne moída
era considerado o melhor. Pegava das mesas as frutas esquecidas pelas pessoas
e quando a sobremesa era gostosa, almoçava duas vezes no dia.
Quantas mangas, amoras e abacates foram saboreados, logo após as
divertidas “colheitas” realizadas no campus.
Na hora do almoço, que às vezes se estendia um pouco, após uma
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
MUITAS OPORTUNIDADES
129
130
manhã de muita responsabilidade e longas caminhadas para fazer os serviços
bancários, de malote no correio e protocolos, nada melhor do que um bom
descanso e muitas sonecas nas sombras das árvores da Praça da Paz. Nem
sempre dava para dormir, porque às vezes a ocupação era ir até o chafariz
do Básico ou até as lagoas para jogar pedaços de pão aos muitos peixes que
havia, sem contar algumas pescadinhas escondidas, só com linha e anzol para
o segurança não ver.
Jessé sempre foi muito observador, gostava de ver chegar os caminhões
de boias-frias, que vinham fazer colheita na fazenda.
Viu também quase todos os prédios serem construídos e as mudas de
árvores serem plantadas. Na fila do banco, embora fosse momento de trabalho, era também
de lazer. Lembra-se dos bate-papos agradáveis, onde falavam de futebol, das
namoradas e outras intimidades. Frequentava as quadras da Faculdade de
Educação Física.
Acompanhou a conclusão da obra do prédio do Hospital das Clínicas.
Lembra-se de ter ficado admirado com o tamanho de algumas aranhas que
apareciam no teto naquela época.
Ao completar 18 anos, apresentou-se ao serviço militar, mas por ser
arrimo de família e também por excesso de contingência, foi dispensado.
Retornou então à Unicamp, já como oficial de administração, com um
salário melhor, o que foi uma grande surpresa, além de um importante passo
em sua carreira. Nesse mesmo período, casou-se.
Tempos depois, a área de “Apontamento de Cartão”, que muitos
julgavam ser complexa, estava precisando de uma pessoa e Jessé se prontificou
a ir como fiscal do Registro de Ponto. Ficou pouco tempo, até abrir uma vaga
para comandar o mesmo setor, como supervisor.
Foi evoluindo e chegou a Diretor da Área de Administração de Pessoal do
Recursos Humanos, onde trabalhou com profissionais com visão administrativa
e operacional. “Ser corajoso, audacioso e ter atitude me ajudou muito”, ressalta.
Formou-se em Gestão de Recursos Humanos, o que possibilitou sua
ascensão.
Fez muitos cursos, mas o que mais impactou foi o PDG (Programa
de Desenvolvimento Gerencial), ministrado quase que 100% por pessoas da
Unicamp.
Após 26 anos no HC, atualmente está no GGBS.
Jessé gosta de se relacionar com pessoas, ajudá-las e aconselhá-las, e
costuma dizer que “ser um bom cristão o ajudou a ser um bom profissional,
assim como ser um bom profissional o ajudou a ser um bom cristão”.
Ama estar em família; tem um casal de filhos, Rafael e Camila, que
usufruíram da Escola Sérgio Porto, CECI e Prodecad. Lembra-se, com carinho,
das diversas vezes que almoçou com sua esposa no Parque Hermógenes Filho
Leitão.
Ao longo de sua trajetória, várias pessoas foram especiais. E Jessé
conclui: “Agradeço a todos que tiveram significado em minha vida profissional,
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
mas como não seria possível listar o nome de cada um, deixo minha gratidão
na pessoa da Psicóloga, amiga, Maria Christina Mendes dos Santos Guaraldo.
Agradeço a Deus por ter me aberto as portas, sou grato em todos os minutos
da minha vida”.
131
HASTEANDO NOSSA BANDEIRA
João Batista entrou no Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de
Campinas com 10 anos, em 1965. Ainda não existia a sede, a Instituição ficava
na parte de baixo do Palácio da Justiça, no centro da cidade.
Chegou a exercer cargo de chefia nos patrulheiros, onde havia graduação,
participava de reuniões e treinamentos dos mais novos. Foi graduado Sargento.
Era um comando, com uma mulher e dois militares da guarda civil. João foi
várias vezes em eventos, pois era convocado a ajudar no comando, montar
acampamentos, barracas, organização e controle dos mais jovens. “Foi uma
época maravilhosa”, relembra.
Tocava na fanfarra com mais outros amigos. Certa vez, em uma das
apresentações, um dos patrulheiros, ao fazer uma manobra com o bastão do
surdo, teve o rompimento da corda que, ao se soltar, atingiu outra pessoa. “Foi
um grande susto”, recorda.
Seu primeiro emprego foi em uma metalúrgica, onde ficou por dois
anos. Ia trabalhar de bicicleta, pois ficava próxima à sua casa. Porém, devido
às mãos estarem machucadas pelo serviço duro, além da fuligem liberada pelo
ferro, que não possibilitava que os machucados sarassem, resolveu sair.
Fez um contato na Instituição e comunicou seu interesse em seguir
para outro lugar. Dias depois havia três envelopes, que significavam três novas
empresas precisando de patrulheiros, a Bosh, a Mercedes e a Universidade de
Campinas (nome da Unicamp na época). Outro colega patrulheiro escolheu
primeiro e, a seguir, João Batista fez sua opção pela Universidade, onde
ingressou em 03 de maio de 1968.
Ao ser encaminhado, mal sabia onde se localizava a Unicamp. Foi então
à rua Culto à Ciência, nos porões do antigo Bento Quirino, onde fica o Cotuca
atualmente. A parte de compras, setor que iniciou, localizava-se naquele prédio.
Os diretores ficavam no Palácio dos Azulejos (antiga Sanasa), ao lado do Corpo
de Bombeiros, no centro da cidade.
O trajeto que João fazia enquanto trabalhava era entre o Palácio dos
Azulejos e a rua Culto à Ciência. Sua função era levar uma mala com documentos
para serem assinados. A maior parte do tempo atuou fazendo serviço externo e
pedido de cotação nas empresas.
Tempos depois, houve a transferência para a av. Barão de Itapura e,
somente em 1970, o campus da Universidade começou a se formar. Existia o
prédio da Reitoria, onde foram instalados a princípio. Posteriormente foi então
construído o prédio da Biologia.
A Unicamp era um lugar descampado, com pouca construção e havia
vários animais que vez ou outra apareciam. João chegou a ver cobras e
jaguatiricas passeando pelo campus.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
JOÃO BATISTA DA SILVA FILHO
133
Recorda-se que o “Tapetão”, como assim é chamada a rodovia que
interliga Campinas a Barão Geraldo, era uma estrada de terra e quando chovia,
somente ônibus conseguia passar.
Na sequência de sua trajetória profissional, foi para o HC (Hospital das
Clínicas), a convite da Superintendência do hospital.
Sua carteira profissional foi assinada pelo Professor Zeferino Vaz, assim
como a de Humberto Carlos, seu amigo.
Recorda-se de como as coisas eram precárias no início de sua carreira,
não existia computador, e os documentos, as listagens para comparação de
preços, medidas, etc. eram feitos manualmente ou em máquina de escrever
especial, que era bem grande.
Um episódio que o marcou foi o caso de uma funcionária que ao fazer
uma grade para compra de vidros, confundiu-se. Onde teria que colocar o nome
da empresa “Valtecs”, escreveu “Valter”. Toda a planilha saiu errada, mais de
500 itens. “Ela chorou muito e teve que refazer tudo manualmente, além de
aguentar as brincadeiras dos colegas”, recorda João.
Quando ainda era bem jovem, ele e os colegas tinham receio de alguns
chefes considerados bravos. Várias tarefas solicitadas geravam ansiedade entre
os patrulheiros, e um esperava o outro para ver quem executaria o serviço.
Muitas são as boas lembranças do início da carreira.
Recorda-se que diariamente havia o hasteamento à Bandeira na
Universidade. Havia também o prazer de andar de bonde. Os patrulheiros
tinham passagem livre, porém, não podiam se sentar. “Eu adorava passar horas
no centro da cidade, era outra Campinas, como a dos filmes, dá muita saudade”,
comenta.
Logo que entrou nos patrulheiros, tinha também o momento em que
ficavam no Palácio da Justiça, uniformizados e de quepe, pelo menos umas três
ou quatro horas por dia. Para não ficarem sem fazer nada, pois estudavam no
período diurno, eram utilizados para fazer o controle dos semáforos. Os guardas
civis eram os responsáveis e, no horário do almoço deles, os patrulheiros
assumiam o controle.
No almoço, os patrulheiros que trabalhavam no centro da cidade
seguiam de perua Kombi à Universidade, onde a refeição era gratuita.
Considerava o Patrulheirismo como uma família, pelo tempo que
ficavam juntos.
Um episódio engraçado ocorreu em um jogo de futebol com o colega
Humberto. “Fui atingido com certa ‘violência’ por ele num passe de bola”,
lembra-se disso como uma grande brincadeira.
Atualmente é estatutário tem três carteiras profissionais, pois teve
valorização salarial e reconhecimento. ao longo de sua carreira.
“Eu poderia estar aposentado, mas quero continuar trabalhando,
conheço bem a minha área e sinto que tenho muito a oferecer”, conclui João
Batista.
134
TER TALÃO DE CHEQUES
Em 28 de novembro de 1983, aos 16 anos, José passou a trabalhar
na Unicamp como mensageiro. Soube da inscrição para vagas através de um
cunhado que era funcionário da Universidade.
A princípio foi enviado ao Centro de Engenharia Biomédica, mas como
tinha outra pessoa que assumiria a vaga, seguiu para o Núcleo de Informática
Biomédica (NIB), onde ficou até o início de 1986, quando completou 18 anos e
foi servir o exército. Ao voltar do quartel, tinha outro mensageiro em seu lugar
e ele acabou sendo enviado ao setor de Finanças.
Muitas são as lembranças da época em que era mensageiro. Recorda-se
da alegria quando ele e seus colegas frequentavam a piscina da Universidade.
Aproveitavam o horário do almoço, nadavam, arrumavam-se e logo voltavam
ao trabalho. “Eram bons momentos de descontração”, conclui.
O dia de pagamento é uma das melhores lembranças que tem da época
em que era mensageiro. Sentia-se importante por ser ainda tão jovem e ter
talão de cheque.
Ele e os amigos recebiam o pagamento e imediatamente seguiam até
um carrinho que ficava na esquina do banco e compravam amendoim. Subiam
no circular interno e passeavam por Barão Geraldo comendo amendoim. “Era
uma festa!”, ressalta.
José sempre se envolveu com o trabalho de forma positiva. Enquanto
muitos se queixavam do serviço que prestavam, ele se divertia.
Relembra da fase em que foram desenvolvidas melhorias no setor de
compras e enquanto várias pessoas reclamavam em uma reunião, achando
complicado e ruim a nova forma, ele se levantou e disse: “Estou adorando e
achando divertido todo mundo telefonando para cá, fazendo cobranças”. Todos
o olharam assustados. Pôde aprender com diversas situações.
Teve grande crescimento profissional ao longo de sua trajetória.
Trabalhou durante dez anos com custo hospitalar. Nos últimos dois anos,
mudou de área, e atualmente é técnico administrativo, formado em Processos
Gerenciais, com ajuda do ProSeres.
José gosta de sua área de atuação, e comenta: “Estou adorando a área
de planejamento, é um setor dinâmico e gosto disso”.
Em sua vida profissional pôde contar com pessoas que lhe apoiaram,
como foi o caso de uma secretária da época em que estava no NIB. Ela o ajudou
muito, e chegou a cuidar de uma anemia que teve. José ressalta: “Quando a
gente é jovem acaba sendo meio descabeçado, e essa secretária foi quem me
colocou na ‘linha’. Sou grato a ela pelo apoio.” E conclui: “Meu ingresso na
Unicamp foi algo excelente e agradeço por tudo”.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
JOSÉ APARECIDO STELUTTI
135
UM ETERNO GAROTO
JOSÉ CARLOS DE CAMPOS JÚNIOR
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
Quando começou a trabalhar na Unicamp, em março de 1977, tinha
apenas 14 anos.
Pelo fato de gostar muito de futebol, chegou perguntando para outros
jovens que ali se encontravam, quem era o “bom de bola”. Todos ficaram em
silêncio, tentando entender onde José Carlos queria chegar com a pergunta, e
ele, batendo no peito, brincou: “A partir de agora, o bom de bola será o garoto
aqui!”
As pessoas riram muito, e por esse motivo, desde aquele dia, após vários
anos de trabalho no IQ (Instituto de Química), seu apelido ficou marcado como
“Garoto”, e é assim que é conhecido dentro e fora do Instituto, pela maioria dos
amigos que tem na Unicamp.
Hoje, após dedicar boa parte da sua vida sempre trabalhando no IQ,
pode tirar proveito do apelido de “Garoto”, pois brinca que seus amigos já estão
mais experientes e ele continuará a ser o eterno garoto.
Achou a ideia do I Encontro de Funcionários ex-Menores Trabalhadores
da Unicamp muito importante, e espera que muitos outros venham a ser
promovidos. E conclui:
“Parabéns a todas as pessoas que colaboraram direta e indiretamente
com essa brilhante ideia!”
137
DIÂMETRO E PERÍMETRO
José Luiz sempre via amigos da escola com o uniforme da “Guardinha”
(Associação de Educação do Homem de Amanhã), e achava bonito.
Como havia a necessidade de ajudar no sustento da casa, o objetivo
imediato foi seu ingresso na Instituição, que se deu quando tinha 12 anos de
idade.
Trabalhou, inicialmente, em um escritório de advocacia no centro de
Campinas, mas pediu para sair, pois queria ser transferido para Barão Geraldo,
onde morava. Foi então encaminhado à Unicamp, em 1983, para a Engenharia
Mecânica, sendo efetivado em 1984.
O emprego lhe trazia grande prazer. Achava o ‘bandejão’ uma delícia e
confessa gostar até hoje.
José Luiz cultivou amigos, alguns inclusive desde a época da Guardinha.
Outro convívio importante era com os professores. E comenta: “Sentia-me
privilegiado por estar próximo a pessoas tão inteligentes”.
Sempre teve grande satisfação em trabalhar na Universidade e costuma
dizer que não queria tirar férias, de tanto que gostava de trabalhar.
Trabalha atualmente em um dos maiores departamentos da Universidade,
onde além de conhecer muita gente, sempre recebeu muito apoio.
Vários professores o ajudaram e influenciaram positivamente em sua
profissão.
Um determinado professor sugeriu que fizesse Senai, em Valinhos, o
matriculou e conseguiu sua dispensa na Universidade para poder estudar de
manhã. Antes de se formar, o mesmo professor o colocou em um laboratório
para estagiar.
Trabalhou como torneiro antes de ser transferido para um laboratório de
ensaios mecânicos, onde o serviço era mais sofisticado. A mudança de função
marcou bastante, inclusive porque foi fazer um treinamento nos EUA. Fez um
intensivo de inglês e viajou em 1996. Ficou duas semanas, uma treinando e
outra em férias. O professor responsável por sua viagem deu-lhe algum dinheiro
para poder usufruir. “Não contava com essa oportunidade, mas aproveitei e fui
torrar a grana em Miami”, brinca José Luiz.
Ele se recorda de um episódio inusitado na oficina que trabalhou teve
um chefe muito inteligente, que já aposentou. Uma vez estava com várias peças
redondas, de diâmetros diferentes, e barbantes à sua volta. Chamou um colega
e falou sobre a relação do diâmetro e do perímetro, que tinha achado o valor de
“três e mais um pouco” para essa relação. O colega lhe disse que isso já existia,
que era o valor de (Pi), deixando-o muito triste, pois estava certo de que tinha
feito uma grande descoberta. (Pi) passou a ser chamado de “Constante de Le”
por eles do setor, para brincar com a “grande descoberta de Le”.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
JOSÉ LUIZ LISBOA
139
Lembra-se de uma ocasião que ocorreu algo engraçado: José Luiz
presenciou a conversa entre um chefe de setor na Engenharia Civil (já
aposentado) e um jardineiro. O jardineiro, com toda a simplicidade, questionou
que certa pessoa havia mudado as ordens anteriormente dadas, quando o
chefe de setor explicou que a mudança tinha sido feita pelo diretor, o jardineiro,
sem dar a mínima importância, perguntou: “Quem ele pensa que é?” O chefe
respondeu para que cumprisse as ordens do diretor, porém não o repreendeu,
pois entendeu ter sido uma atitude inocente. Tempos depois, José Luiz contou
ao diretor o ocorrido e deram boas risadas.
Ao longo de sua carreira fez vários cursos de aperfeiçoamento. Fez curso
de inglês no CEL (Centro de Estudo de Línguas) e também de ensaios mecânicos
e estruturas de materiais. Atualmente é técnico em laboratório.
José Luiz conclui: “Sinto alegria por trabalhar na Unicamp. É tudo bem
estruturado, arborizado, além de muito bonito!”
140
PROJETOS PÓS-APOSENTADORIA
José Luiz conhecia a Universidade desde 1967, pois seu irmão Paulo José
Moreira entrou na primeira turma de patrulheiros da Unicamp.
Para conseguir trabalho imediato, fez a inscrição no Círculo de Amigos
do Menor Patrulheiro de Campinas, em 1970, e trabalhou de março a dezembro
como porteiro do Edifício Itatiaia, elaborado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
Como achava que não daria certo continuar nessa função, pediu na sede
para ser transferido, o que ocorreu em 12 de janeiro de 1971, quando ingressou
na Unicamp.
Ao chegar na av. Barão de Itapura, onde ficava a Reitoria, com a carta
dos Patrulheiros, tinha 15 anos e meio. Iniciou exercendo atividades na ET-GPS,
onde ficou por aproximadamente seis meses.
Enquanto aguardava na diretoria de pessoal, o economista do ET-GPS,
Antonio José Romão Neto, passou e o convidou para trabalhar. Perguntou-lhe
se tinha curso de datilografia, e José respondeu que não. Como o serviço do
escritório exigia, o professor acabou pagando o curso para ele, que aprendeu
em três meses. José comenta: “Eu era bem tímido e comecei a trabalhar na
raça”.
Foi se desenvolvendo, encaminhando processo, aprendeu a redigir
ofício, etc.
Recorda-se do tempo que levavam marmita de casa, que era colocada
em um recipiente ao lado da copa da Reitoria. A copeira era Da Ana Bulgarelli,
que esquentava as marmitas, e as deixavam em banho-maria; na hora do
almoço cada um apanhava a sua e almoçavam juntos no pátio. Após seis meses,
a Unicamp colocou à disposição dos menores uma perua Kombi que os levava
para o restaurante no campus universitário.
Na ET-GPS trabalhou de 1971 a janeiro de 1974, e de novembro de 1974
a abril de 1978.
Quem tinha uma boa formação, quando completasse a maior idade teria
a oportunidade de mudar a função. Seria passado a contínuo porteiro.
Neste meio tempo, surgiu um concurso público na Unicamp para
estagiário/escriturário. José Luiz pediu uma autorização para prestar o concurso,
mas não foi aceito, pois seria uma exceção à regra.
Apesar de ter sido negado seu pedido, em 1973, quando completou
18 anos, recebeu um ofício que informava sua nova função, a de estagiário/
escriturário.
Em 1974 serviu exército, chegou a ser Cabo. Com sua ausência, foi pedida
uma substituição, e o patrulheiro que ficou em seu lugar foi Edison Cardoso Lins.
Optou por voltar para a Universidade, mesmo com a oportunidade de
seguir carreira no exército e o salário sendo o dobro.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
JOSÉ LUIZ MOREIRA FILHO
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142
Começou a trabalhar na parte técnica, fazendo orçamento, no GGBS.
Passou a ser escriturário e depois oficial de administração.
No período de 1974 a 1977 trabalhavam com máquinas de escrever,
datilografavam grandes relatórios e enviavam a São Paulo.
José discutia muito com o pessoal de fora, da fazenda, os assuntos de
interesse da Universidade.
Em 1978 passou na Unicamp, em Ciências Econômicas (RA 780514).
Como não havia curso noturno, precisou abandonar. Estudou até 1985, levou
algumas matérias, mas perdia aulas e provas, pois tinha que trabalhar. E
lamenta: “Não conclui o curso, e hoje sei que faltou maturidade para tomar
decisões. Eu podia ter pedido um afastamento para estudar, mas tentei fazer as
duas coisas juntas e não consegui, era humanamente impossível”.
Em 1978 começou a trabalhar no IEL, na parte orçamentária, com muita
habilidade em lidar com o pessoal devido às suas experiências anteriores.
Foi para o Almoxarifado, Patrimônio, Compras, tornou-se encarregado de
setor, supervisor de sessão e trabalhou na Diretoria de Serviço, onde mantinha
muito contato com as pessoas da Diretoria.
Em 1971, logo que José entrou, havia o Sr. Hugo Crespi, um diretor de
contabilidade de São Paulo, que recebeu o apelido de “Conde”, pois existia o
“Conde Rodolfo Crespi” na época, e todos brincavam com isso.
Em 1977 tinha o Nelson Malessi, que cuidava da parte de expediente e
estudava hebraico. Ele dava para cada office boy um apelido. José Luiz achava
muito interessante um chamar o outro pelo nome em hebraico.
José Luiz acredita que existia um objetivo comum entre os funcionários
da Unicamp e que todos aplaudiam as promoções e o sucesso dos amigos. Teme
que atualmente não aconteça exatamente dessa forma.
Em tempos atrás, os diversos setores tinham o intuito de que a
Universidade se desenvolvesse da melhor forma. Havia a preocupação em fazer
com que a Universidade crescesse, seguindo a legislação e seus interesses.
Objetivo esse que acredita ter sido alcançado.
Lembra-se que participou das primeiras discussões para a construção da
creche, houve reivindicações para que ela acontecesse.
Outra lembrança foi a greve de 1979, que havia muita repressão. Foram
vaiar e jogar ovo quando o governador Maluf chegou à ferroviária.
Pessoas especiais passaram em sua vida.
Teve como colega de trabalho Dª Ana Bulgarelli, lotada na mesma
unidade, e a Srta. Ester Marçola Mendes, que trabalhava na mesma seção que
ele; em determinado momento houve a saída de uma e a mudança da outra.
Após alguns anos, em 1995, ao entrar na FEEC reencontrou a Srta. Ester Marçola
Mendes, e passou a ter como colega de trabalho, lotado na mesma unidade, o
Sr. Antonio Oriente Contarelli, esposo de Dª Ana Bulgarelli, fato esse que julga
ser uma grande coincidência da vida.
Em 1995 entregou o cargo de diretor de serviço e pediu transferência.
Fez várias entrevistas, passou a trabalhar na Engenharia Elétrica, na área de
compras, onde permanece até hoje como comprador.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
Fez Economia na PUCC, até o quinto ano, mas não pegou o diploma por
não ter feito a monografia.
Formou-se em 2003, em Tecnologia em Recursos Humanos, pela FAC.
Na colação de grau recebeu uma homenagem, um certificado de melhores
notas e maior frequência da turma. Fez Pós-Graduação em Recursos Humanos.
Muitos são os agradecimentos que José Luiz faz questão de registrar:
“Sou grato ao ProSeres, que me ajudou com o desconto para pagar a faculdade
e também ao SAS, que através do desconto oferecido, pude comprar minha
prótese de ouvido. Agradeço ao professor Romão, pois foi quem me proporcionou
crescimento profissional e econômico, e me deu oportunidade”.
Está em fase de conclusão de uma pesquisa sobre os portadores de
necessidades especiais e o processo de inclusão. E conclui: “Sonho que, após
me aposentar em 2011, eu possa estudar para criar uma agência de Recursos
Humanos para encaminhamento dos portadores de deficiências ao mercado de
trabalho”.
143
VIABILIZANDO SONHOS
Rodrigues, como é conhecido, era guardinha e prestava serviço na Santa
Casa de Campinas que era, naquela época, o braço logístico do Hospital das
Clínicas, através de parceria − uma parte era da própria Santa Casa e a outra do
Hospital Irmãos Penteado.
Prestou um concurso para mensageiro, e começou na Unicamp em 30
de outubro de 1984, aos 14 anos de idade. Ingressou na FEC (Faculdade de
Engenharia de Campinas), mais especificamente na Biblioteca das Engenharias.
Acha engraçado quando se recorda do fato dele tão novo, tímido, magro,
com uma mecha no cabelo, entregar documentos de setor em setor.
Viu a Universidade crescer e acha interessante ter ocorrido todo esse
avanço tecnológico e ainda estar em andamento e, de alguma forma, fazer
parte desse movimento.
A Profa Francisca, da Elétrica, o incentivou a estudar. É grato a ela por
isso.
Formou-se em Geografia pela PUCC, em 2001. É como ele avalia uma
grande conquista. Resultado de muita luta e esforço. Hoje, além do trabalho
na Unicamp, é professor da rede estadual à noite. Ciente da importância da
educação, é pai zeloso, assim acompanha, atento, a filha nas tarefas escolares
da mesma. Tem também orgulho pelo fato de uma sobrinha, aluna da Fatec,
uma instituição púbica paulista de ensino superior, certamente se inspirando
no tio, até então o único de uma família digna e lutadora, a ter curso superior.
Trabalha no GGBS (Grupo Gestor de Benefícios Sociais), onde realiza
parcerias com faculdades e escolas para promover ações educacionais e
incentivar pessoas a estudar − de preferência na Unicamp −, mas como nem
sempre é possível, há o incentivo para outras instituições também. Então,
contratos são firmados a fim de reduzir custos, para que os funcionários
possam se formar em cursos de graduação e outras etapas. Rodrigues ressalta:
“O ProSeres, implantado pelo Prof. José Tadeu Jorge junto com uma comissão
de funcionários, a qual gerencio há cinco anos, viabiliza o sonho para que as
pessoas possam estudar, com um custo menor”. Isso possibilita algo diferenciado
para que amplie o número de funcionários qualificados e com nível superior, a
principal meta do programa.
Rodrigues relaciona-se muito bem com os funcionários da Unicamp. Têm
pessoas importantes que agregaram valores e conhecimentos à sua carreira e
vida. Procurou sempre preservar seus ideais e princípios.
Conquistou seu espaço honestamente, valorizou buscar as oportunidades
e não ganhá-las de “mão beijada”. Como costuma dizer: “O importante é ter
força de vontade para superar os desafios. Tem hora que baqueamos, mas é
sempre possível dar a voltar por cima em todos os aspectos”.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
JOSÉ RODRIGUES DE OLIVEIRA
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Preza a religião e a família, e ressalta: “Se você se fortalece nesses dois
pilares, o resto é consequência do trabalho e do dia a dia”.
Uma de suas maiores alegrias foi quando conseguiu se formar. “Quando
você busca um sonho e consegue realizá-lo, é muito bom! A graduação mudou
minha vida, foi verdadeiramente um diferencial”, enfatiza.
Está em fase de conclusão do Mestrado na área de Planejamento
Energético, na Engenharia Mecânica, um braço da Geografia que estuda o meio
ambiente e as questões da energia no país, tema contemporâneo e recorrente.
Acredita que através do estudo é possível realizar um trabalho melhor, o
que julga ser muito gratificante.
“É bom viabilizar sonhos para as pessoas, e o meu trabalho possibilita
isso”, conclui.
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A formatura em 2001, pela PUC - Campinas. O sonho de José Rodrigues de Oliveira, depois de
muita luta, se viabiliza e traz orgulho para a família.
ESPAÇO PARA VIOLÃO
Conhecida pelo apelido de “Lilica”, Josefina começou desde muito cedo
a trabalhar. Aos 12 anos, seu primeiro emprego foi em uma loja de quadros.
Através de uma amiga, soube da inscrição para o Patrulheirismo.
Após o término do curso de um mês, ingressou na Unicamp, na Faculdade
de Engenharia Mecânica, onde permaneceu por 15 anos. Começou no Xerox
e na Encadernação. Tempos depois, passou a trabalhar na Pós-Graduação e
depois na Secretaria.
Ao longo de sua trajetória, Eliane sempre fez boas amizades e contou
com a ajuda de muita gente.
Cleuza e Silvana, da Engenharia Mecânica, foram amigas bem especiais,
também foram patrulheiras, e Soraia, do HC (Hospital das Clínicas), grande
amiga, sempre a apoiou nos momentos difíceis.
Já no CAISM (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher), trabalhou
na Recepção e, posteriormente, no Agendamento de Consulta no HC, onde se
encontra atualmente.
Quando ainda patrulheira, teve grande influência de alunos que a
ajudaram a estudar e a realizar seus deveres, além de incentivos dos amigos
que a fizeram adquirir o gosto pela leitura. Pôde aprender computação e
secretariado, entre outras coisas.
Recorda-se que quando era patrulheira, no horário de almoço, tocava
seu violão azul, na Praça da Paz.
Uma lembrança que marcou sua trajetória foi o fato de que todos os
meses, quando recebia seu salário, como tinha muito medo de ser assaltada,
escondia o dinheiro em suas meias, dentro dos sapatos “757 da Vulcabrás o
‘salarinho’ era sagrado, metade era pra minha mãe e a outra pra mim”, comenta.
Lilica passou por situações especiais ao longo de sua vida e, com muita
fé, viveu momentos de emoção, afeto e solidariedade.
Certa vez, trabalhando no Agendamento de Consultas, sensibilizou-se
com um jovem paciente vindo da Bahia, que não tinha dinheiro e a abordou
perguntando se conhecia um lugar baratinho para que ele pudesse ficar por
uma semana, tempo em que faria os exames necessários para a realização
de um transplante de medula óssea. Sensibilizada e não vendo outra saída,
ofereceu-lhe sua casa, onde ficou por uma semana, juntamente com o irmão
doador e o tio que veio para cuidar deles.
Uma semana depois, o paciente retornou à Unicamp para realizar a
cirurgia e novamente Lilica o acolheu. Acompanhado de sua namorada e seu
irmão, ficaram hospedados por aproximadamente um ano, tempo de duração
do tratamento.
Houve uma paciente que também permaneceu em sua casa por longo
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
JOSEFINA ELIANE RIBEIRO
147
período, devido a tratamentos realizados no HC da Unicamp. Vinda da Bahia,
toda vestida de rosa (inclusive os sapatos), cheia de malas com comidas típicas,
foi recebida por Eliane com afeto, e até hoje são amigas e se visitam.
Com enorme gratidão, Eliane conclui: “Desde o ônibus fretado, a refeição
servida, as oportunidades, até as amizades conquistadas ao longo dos anos,
tudo é motivo de orgulho. A Unicamp foi uma benção em minha vida”.
148
QUASE EM XEQUE POR UM CHEQUE
Josemar nasceu em Recife/PE, casado, pai de dois filhos, adotou
Campinas desde muito pequeno, mal se lembra dos poucos anos que passou
em Recife. Considera Campinas a sua cidade.
Em 1981 entrou na Guardinha, tinha apenas 13 anos, não demorou
muito estava sendo convocado para cantar o Hino Nacional para se formar na
Guardinha. Tinha que cantar o Hino todinho na frente de um militar do exército,
aposentado. Gaguejou muito e errou, pois na maioria das vezes era cantado por
um grupo que se formava, e como ele tinha sido requisitado pela Unicamp, em
função da mãe já trabalhar na Universidade naquela ocasião, tinha que cantar
sozinho, pois apenas ele estava sendo convocado. Apesar de se embananar
muito com o Hino, livrou-se do tão temido militar aposentado.
Dias depois estava indo para a Reitoria da Unicamp, cheguou junto com
outro guardinha, a reitoria tinha convocado dois para o mesmo dia. Foram
atendidos pela secretária do Reitor, a Maria José Bueno da Silva, que em 1982
era o Dr. José Aristodemo Pinotti.
Ficou muito entusiasmado com a grandiosidade da Universidade, até
então nunca havia pisado naquele chão.
“Por sorte minha (na época não sabia se era sorte ou azar) a Maria José
era esposa do Antônio Bueno da Silva, que na ocasião era o administrador
financeiro do Centro de Pesquisas e Controle das Doenças Materno-Infantis
de Campinas, Cemicamp. Não sei que critério a Maria José usou para mandar,
segundo ela, o “melhor” guardinha para o Sr. Bueno, então eu fui o escolhido”,
ressalta Josemar.
Isso aconteceu às 9h da manhã, ele tinha que se apresentar ao Cemicamp
às 14h do mesmo dia. Pegou um ônibus, foi para o centro e ficou fazendo hora
no trabalho da mãe, que era no Raio-X do Hospital, na ocasião a área médica
era toda na Santa Casa, atrás da prefeitura.
O Cemicamp, para quem não conhece, é um centro de pesquisas sem
fins lucrativos, que tem membros da Unicamp em seus quadros de diretoria,
mantém convênios com a Unicamp/CAISM; na ocasião, funcionava em uma
casa alugada no Cambuí, na Rua Guilherme da Silva, 75.
Josemar, desde muito pequeno, já demonstrava muito interesse
por máquinas, ferramentas e tudo que fosse equipamento. E logo no início,
começou a fazer tudo o que era tipo de manutenção de máquinas de escrever
e outras máquinas que tinham no Cemicamp.
No começo foi um pouco difícil, a diretora era a Dra Ellen Elizabeth
Hardy, mais conhecida como “Dona Ellen”, nascida na Argentina, tinha um
forte sotaque. Havia também a Maria Fé de Algaba Fernandez, argentina e de
sotaque ainda pior. Logo se acostumou ao “portunhol”.
Recorda-se que a Maria Fé tinha um carro da Volks, uma TL, muito velha
por sinal. Conta: “Ela, vendo minha destreza com máquinas e ferramentas,
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
JOSEMAR RODRIGUES DE ANDRADE
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pediu-me um favor. Queria que eu olhasse o para-choque de seu carro, estava
quase caindo. Por fim, abaixei-me no carro e fiz o reparo, apenas tinha todos
os parafusos soltos; lembro-me de estar abaixado no carro quando passou uma
senhora e quis saber o que eu estava fazendo ali. Rapidamente expliquei, visto
que a senhora perguntou em tom ríspido, achando que estava fazendo algo
errado com o carro”.
Já há algum tempo trabalhando como mensageiro, achava-se um expert
no assunto. Certa ocasião, esta mesma Maria Fé pediu para levar um cheque.
Ficou irritado, pois ela fez dezenas de recomendações para ter cuidado com o
cheque, visto que não estava nominal e nem cruzado. “... ficou me perturbando
com aquilo. Pensei comigo: já levei cheques maiores e ninguém me encheu
tanto, o que é que essa ai está preocupada? “A partir desse dia, serviu como
um alerta”.
Pegou uma pastinha, levou entre outras coisas o dito cheque; após uns 3
Km, olhou para trás e viu um homem já se levantando e percebeu que ele tinha
pego algo do chão... Caminhou mais um metro, e resolveu abrir a pasta.... Cadê
o cheque? Havia perdido o tão recomendado cheque...
Mais que depressa voltou e teve a impressão de ter sido pelo cara que
se abaixou. No começo este relutou, disse não ter pego, mas depois de Josemar
muito insistir, mostrar a carteirinha da Unicamp, ele devolveu. O resto do trajeto
prosseguiu mais do que abraçado com a pasta e por fim o cheque chegou ao
seu destino.
Como o Dr. Pinotti era o Reitor da Unicamp e, ao mesmo tempo,
Presidente do Cemicamp, conseguiu um novo local para abrigar o Cemicamp. A
Cruzada das Senhoras Católicas, em prédio então pertencente a Unicamp, que
fica próximo a parte de trás da CPFL, da Avenida Anchieta.
Neste período já era mensageiro da Unicamp, e não mais guardinha;
ficou menos de um ano como guardinha em seguida a Unicamp o incorporou
como funcionário da casa.
Logo no início, estando na cruzada, recorda de um fato. Iria acontecer
o Congresso da ALIRH (Associação Latino-Americana de Investigadores
em Reprodução Humana), no Brasil e como Dra Ellen e o Dr. Faundes eram
membros da Alirh, eram os organizadores. Nesta ocasião teve muito trabalho no
Cemicamp para que as coisas acontecessem, tudo ao gosto da Dra Ellen Hardy,
que era extremamente exigente. Ficou encarregado de organizar os slides dos
participantes, tudo tinha que estar pronto para que na hora do palestrante falar,
os slides já estivessem no carrossel e pronto para projeção. A reunião aconteceu
no Novotel, que hoje tem outro nome, próximo à Rodovia D. Pedro, entrada
para o bairro Padre Anchieta. “Tudo era novo para mim, as comidas, o clima no
hotel que nunca havia presenciado... Recordo-me que um determinado dia o
Dr. Faundes apareceu no hotel de shorts, camisetas e tênis, ia se preparar para
mais um dia de palestras, ele acabara de chegar da corrida integração. Fiquei
abismado ao ver que ele, com aquela idade, ainda corria maratonas”, ressalta.
Ia trabalhar de ônibus, descia no terminal que hoje é um prédio da
Guarda Municipal no centro, ia caminhado até perto do final da Avenida
Anchieta, uma distância boa, mas como era mensageiro de centro de cidade,
estava acostumado. Em dias anteriores, no hotel experimentou várias comidas
que não era acostumado. Resultado: ainda no ônibus queria ir logo ao banheiro,
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
e do bendito terminal até o Cemicamp na Cruzada, foi uma verdadeira tortura...
“Ia segurando o intestino ao máximo que podia... Cheguei a sentar por várias
vezes nas guias da rua para ver se dava uma aliviada, caminhava novamente... E
fui aos trancos e barrancos, faltou pouco para não dar tempo de pegar a chave
e ir para o banheiro do Cemicamp...”, relembra.
O último dia de reunião internacional foi uma verdadeira festa. Danças,
comes e bebes à noite toda com uns 15 ou 16 anos, dançando no meio dos
gringos e com as gringas. Nunca pensou que iria passar por uma experiência
como aquela.
Da cruzada, a única reclamação que tinha era que o almoço chegava
muito tarde, pois vinha do restaurante da Unicamp em marmitas, até fazer o
almoço no campus da Unicamp, colocar tudo nas marmitex, só chegava após
às 13h.
Pelo menos a cada duas semanas tinha que se deslocar do centro até
a Unicamp; os guardinhas e patrulheiros eram atendidos por psicólogas, fazia
parte da rotina, como um acompanhamento. Hoje em dia encontra com a
psicóloga, na Unicamp, que o atendia na época.
Uma recordação daquela época quando ia à psicóloga, é que às vezes
era necessário cruzar todo o HC, para cortar caminho entre a rampa do Hospital
e a Reitoria, pois não tinha aquelas ruas laterais que tem hoje. Era um prédio
enorme, em obras, passava por corredores escuros e sem ninguém. “Era
amedrontador!”, relembra.
Neste período, o limite da Unicamp era a rua em frente a rampa do HC,
acima dessa rua era matagal, não pertencia ainda à Universidade.
A proprietária do terreno ia doar esse restante da área para a Unicamp.
Uma pequena parte foi doada ao Cemicamp, certamente através do Dr. Pinotti.
Atualmente está ali instalado, sendo talvez a única área dentro da Unicamp que
não pertença a ela, tanto que tem um estacionamento particular.
Passou certo tempo e a construção da sede do Cemicamp ficou pronta,
que está localizada no último piso do prédio, como mantém um convênio com
a Unicamp, o térreo é usado para a área de Planejamento Familiar, o andar do
meio é usado pela Casa de Repouso, onde ficam algumas pacientes do CAISM,
parte de trás do prédio está a Policlínica e a frente é hoje ocupada para um
laboratório particular.
No tempo do prédio da Cruzada das Senhoras Católicas, o Cemicamp
entrou na era dos computadores. Conseguiu comprar um, de marca mais
moderna, visto que a maioria era de grande porte, a própria Unicamp tinha uns
que ocupavam salas inteiras, com refrigeração a água.
O Cemicamp comprou e o Dr. Anibal Faúndes também comprou um
para uso particular, em sua residência. Diz Josemar: “Foi contratada então uma
pessoa para “comandá-lo”. Eu, apenas um mensageiro, não tinha nem como
chegar perto daquilo, embora minha curiosidade fosse tanta, e nada mais me
interessava, até que eu pudesse por a mão naquilo e saber como funcionava
...com o passar do tempo, fui aprendendo algo aqui e ali sobre essas máquinas
de tela preta e letras verdes.... Em pouco tempo passei a ser um usuário e
ensinava outras pessoas a usar”. Depois disso, o Cemicamp comprou mais
alguns computadores.
No novo prédio, antes mesmo de completar 18 anos, deixou de fazer
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trabalhos de mensageiro, foi trabalhar na parte administrativa do Cemicamp,
cuidava de frequência, folha de pagamento, etc... Mas não era o que gostava,
seus olhos estavam voltados para os computadores. Passou então a trabalhar
meio período na Administração e após o almoço era funcionário do setor de
Informática, que na ocasião estava se expandindo, tendo passado por ali vários
alunos de Computação da Unicamp. Acabou indo trabalhar em definitivo na
Informática.
Numa segunda-feira, já devia ter uns 23 anos, chegou cedo para trabalhar,
subiu as escadas, chegando ao último andar, onde fica o Cemicamp, encontrou
as duas portas que dão acesso as corredores, fechadas, achou bem estranho,
forçou a abertura, mas estavam trancadas. Não chamou por ninguém; desceu
deparou com dois homens subindo, querendo saber se ali estavam abertas, e
quem era ele. Respondeu que estavam fechadas e que tinha acabado de chegar.
Esses dois homens tentaram entrar no banheiro, ambos fechados, desceram
então. Josemar começou a achar a situação um pouco estranha. Voltou para
o andar de cima, para o Cemicamp, agora tentando abrir a porta do lado da
Administração e Presidência. Abriram a porta e o puxaram para dentro rápido,
dizendo que tinha ladrões escondidos no prédio. Eram aquelas caras com os
quais havia cruzado no corredor. A polícia subiu para o andar de cima, achando
que o prédio havia sido evacuado, porém algumas pessoas ficaram ali presas
e acuadas. Viu que alguém forçava a porta, identificaram-se como policiais.
A porta foi aberta lentamente, tinha uma meia dúzia de policiais fortemente
armados. Por fim, os marginais foram presos. Passado o susto, voltara à rotina.
Reconhece que a experiência no Cemicamp foi muito importante para
ele, um grande formador de opinião, responsável pelo seu desenvolvimento
intelectual e o grande incentivador para que apostasse na educação como
instrumento para que atingisse seus objetivos. E diz: “Devo muito a eles e guardo
um carinho especial pelo Prof. Dr. Aníbal Faúndes, nunca conheci profissional
como ele! Outra pessoal especial para mim no Cemicamp foi a Profa Dra. Ellen
Elizabeth Hardy, que faleceu em março de 2010”.
Graduou-se em Matemática pela Puc-Campinas, mas sempre trabalhando com computação. Partiu para uma especialização em Sistemas no
Instituto de Computação da Unicamp. Resolveu que deveria colocar os estudos
em prática e deixou o Cemicamp para ir para a Informática do CAISM. Já era
mesmo funcionário do CAISM, apenas emprestado ao Cemicamp.
No CAISM, desenvolve sistemas para a gestão do hospital, para o
atendimento médico, internações agendamento com o objetivo de desburocratizar, agilizar e eliminar papéis. Usam ali as últimas tecnologias de desenvolvimento de sistemas, lado a lado com a iniciativa privada no tocante a
sistemas e redes de computadores. Avalia Josemar, “que com uma vantagem,
por serem profundos conhecedores do próprio negócio, pois “não existem
soluções prontas de sistemas para vender, é absurdamente caro, e a empresa
teria que começar do zero”.
Casou-se aos 30 anos com Luisa, professora de Matemática. Nunca
havia pensado em ser professor, mas certo dia resolveu experimentar e, assim,
desde 1997, acumula o cargo de professor de Matemática e Física para o Ensino
Médio na rede estadual.
ATAQUE DE ABELHAS
Josué nasceu em Campinas, no dia 29 de setembro de 1970.
Com 12 anos de idade fez o curso para ingressar na Associação de
Educação do Homem de Amanhã, a “Guardinha”. Através da indicação de seu
pai, que trabalhava na Unicamp, foi admitido em 1982 pela Universidade.
Em 1983 passou a exercer a função de mensageiro. No mês de março deste
mesmo ano, sofreu um acidente de automóvel, ficando preso entre as ferragens.
Teve traumatismo craniano e passou por duas cirurgias. Foi desenganado pelos
médicos, mas sobreviveu e ficou completamente restabelecido. Após seis
meses, retomou suas atividades no trabalho e na escola.
Josué nunca se arrependeu de começar a trabalhar com pouca idade,
pois julga ter sido importante obter responsabilidade desde muito cedo.
Quando completou 18 anos passou a fazer parte do quadro de carreia
da Universidade, e em 1988 concluiu o Segundo Grau (atual Ensino Médio).
Fez estágio no Departamento de Eletrificação Rural na Faculdade
de Engenharia Agrícola (FEAGRI), e em 1989 concluiu o Colégio Técnico
em Eletrotécnica/Eletrônica. Tinha a expectativa de seguir carreira nessa
área, mas como a remuneração (referência inicial) era incompatível com a
responsabilidade, optou pela área de Informática.
Em 1992 passou a trabalhar no Núcleo de Informática do Hospital das
Clínicas, onde trabalhou na Operação, contribuindo, entre outras atividades,
para o desenvolvimento e implantação do sistema que gerencia todas as
“Rotinas Batchs”. Em 2002 foi promovido a programador.
Concluiu a Graduação em Tecnologia de Informação em dezembro de
2005, e foi promovido a Analista de Sistemas em 2006.
Ocorreram vários fatos engraçados, mas Josué relembra dois que julgou
serem marcantes. O primeiro foi quando era guardinha. Havia um cacho de
abelhas sobre a porta de entrada do prédio da Administração. O Sr. Dario pediu
a Josué que arremessasse uma toalha molhada e derrubasse o cacho. Como
ele era um menino obediente, fez exatamente o que lhe foi pedido. Porém,
aconteceu o pior. As abelhas atacaram os dois. Ele correu muito, mas o Sr. Dario
não conseguiu, porque tinha dificuldades para caminhar e acabou levando
muitas ferroadas no rosto. No dia seguinte, apareceu com o rosto engraçado,
“parecia um unicórnio” com um dos olhos fechado.
O segundo fato engraçado também ocorreu quando ainda era guardinha.
No departamento, usavam um pote de água com filtro. Josué pegava água de
uma torneira no jardim externo, para encher o pote. O recipiente cheio de água,
pesado, escorregou de suas mãos e ele levou o maior banho. “Fiquei encharcado
e os colegas riram muito. Nunca me esqueci desse episódio”, comenta.
Muitos são os agradecimentos que faz questão de ressaltar: “Agradeço
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
JOSUÉ TABOSSI
153
a Deus pela saúde e por esta porta que Ele abriu. Aos meus pais que sempre
estiveram ao meu lado e me encaminharam desde cedo ao trabalho, à minha
querida esposa, Luciane Franceschini Tabossi, que sempre me apoiou e me
inspirou a desenvolver o sistema que é executado há 14 anos na Operação/CPD
e aos meus colegas de trabalho, que colaboraram comigo”.
154
FUTEBOL E PAGODE
Jurandir começou a trabalhar desde muito cedo. Sua mãe o inscreveu no
Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Campinas.
Inicialmente trabalhou em uma gráfica na cidade. Depois, a assistente
social dos patrulheiros indicou que tinha aberto uma vaga na Unicamp, para
onde foi encaminhado. Seu ingresso se deu em 1981, aos 13 anos de idade.
Apesar de nunca ter ouvido falar sobre a Unicamp, aceitou o
aconselhamento da assistente social. Foi então para a DGRH (Diretoria Geral de
Recursos Humanos) com uma carta, não conhecia ninguém, mas com o tempo
fez várias amizades. No setor que ingressou havia quatro menores. Foi fácil se
adaptar.
Em 1983 foi registrado como mensageiro. Depois passou a escriturário
e, posteriormente, a supervisor de setor.
Serviu exército e, ao retornar, ficou um tempo ainda como supervisor.
Ao mudar de setor, passou a técnico administrativo. Tempos depois, quando
foi para a Informática, assumiu a função de técnico de informática. Estudou,
formou-se, e é atualmente analista de sistemas. Fez especialização na Unicamp
e está há muito tempo na área de Rede de Computadores.
Jurandir contou com o apoio de pessoas especiais ao longo de sua
trajetória. João Carlos Curti foi sempre um grande exemplo para ele, além
de ter sido quem o motivou a retomar os estudos, pois pediu ajuda a vários
professores e arrumou uma bolsa para poder concluir sua especialização.
Várias são as amizades adquiridas no dia a dia. Alceu, Amaral, José
Emílio, Adagilson e Denise são alguns dos nomes, entre tantos outros, que
compõem a lista de grandes amigos que cultivou. E completa: “Desde a época
dos patrulheiros nossa amizade continua, e isso é muito bom!”
Várias são as lembranças de quando ingressaram na Unicamp.
Havia árvores frutíferas na Universidade, e no horário do almoço
aproveitavam para apanhar várias frutas.
Lembra-se dos bons tempos em que na hora do almoço jogavam bola.
Hoje pergunta aos patrulheiros como conseguem trabalhar suados, mas sabe
que fazia a mesma coisa em sua época como patrulheiro.
Jurandir e seus amigos têm um time de futebol, jogam dentro e fora da
Unicamp. Às vezes se reúnem na casa de um ou outro para um churrasco.
Um fato que marcou bastante foi o falecimento de seu grande amigo,
Rogério Fernandes, que teve câncer. Todos gostavam muito dele, era do grupo,
jogavam bola e estavam sempre juntos.
Jurandir é muito grato à Unicamp, e ressalta a importância dos benefícios
educacionais proporcionados aos filhos de funcionários. Tem um casal de filhos,
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
JURANDIR ROQUE DUTRA DA SILVA
155
e sua filha utilizou o Prodecad, o que julga ter sido muito positivo.
Algo interessante que vem acontecendo é que o grupo de amigos, expatrulheiros, há uns três anos estão desfilando, usam uma camisa que mandaram
fazer em homenagem aos patrulheiros. E completa: “Depois do desfile vamos
para uma chácara, passamos o dia, as famílias se unem, curtimos um pagode e
muita conversa. É bem legal!”
Jurandir acredita que é importante realizar o trabalho com alegria
e manter sempre boas amizades. E conclui: “A Unicamp é considerada como
uma família para mim. Passo a maior parte do meu dia dentro da Universidade,
e procuro manter um bom ambiente de trabalho”.
156
UMA MÃE POSTIÇA
LUCIANA RODRIGUES
Luciana entrou na Unicamp em 1988 como mensageira, estava com 14
Foi para a Engenharia Agrícola, onde permaneceu até 1999 e depois
para a Faculdade de Educação, onde está até hoje.
Exerceu a função de mensageira até 1992, posteriormente passou
por várias funções, trabalhou em RH bastante tempo, acompanhava algumas
atividades de uma pessoa que assessorava a Direção e depois prestou um
processo seletivo interno, indo para a Educação, num setor de eventos.
Trabalhou 11 anos com eventos.
Vários acontecimentos interessantes permearam suas atividades.
Um episódio que Luciana se recorda ocorreu em um evento onde D.
Paulo Evaristo Arns ia ser homenageado.
Luciana e o mestre de cerimônias fariam juntos o cerimonial, dividiriam
a tarefa da leitura, devido ao extenso conteúdo a ser lido. Na hora do evento,
com tudo pronto e certo, disseram que apenas um poderia fazer o cerimonial,
pois aquilo não era o “Jornal Nacional” (no sentido de ter um casal a apresentar
a cerimônia). Ficaram assustados, pois tudo estava ensaiado para acontecer
com a leitura dos dois. No ínicio da cerimônia, o Reitor autorizou que ambos
participassem. “Foi um stress, mas tudo acabou bem”, recorda-se ela.
Por um período de três anos, trabalhou na Prefeitura, pois foi requisitada.
Ficou de licença na Unicamp para prestar o serviço. Trabalhou com crianças da
rede pública, um universo diferente do que estava acostumada.
Vários foram os eventos que promoveu.
Certa vez, no Largo do Rosário em determinada data, lanches seriam
direcionados às crianças, uma fila imensa se formou com moradores de rua,
que queriam comer também. “Tive que falar com eles e dizer que os lanches
estavam contados e não poderiam comer”, relembra.
Outra situação foi quando precisou arrumar comida para um evento
com professores. “Tive que ‘virar’ marmitex para atender ao pedido”, brinca
ela.
Teve apoio de diversas pessoas ao longo de sua carreira.
Dalva Vianna Oioli (in memorian) foi uma chefe especial. Vários foram
os eventos e seminários em que levou Luciana, que faz questão de tecer uma
homenagem: “Sou grata a ela por ter me encaminhado. Era uma pessoa incrível
a quem tive grande carinho”.
Rosemary Pacheco Jardini foi alguém que a incentivou, inclusive pagou
algumas mensalidades da faculdade, em um período difícil. Luciana costuma
brincar que ela é sua “mãe postiça”.
Várias pessoas confiaram em seu potencial e lhe deram “carta branca”
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
anos.
157
para trabalhar de sua maneira.
Rosemary Passos é uma grande amiga, que frequenta sua casa e Roberta
Pozzuto é como uma irmã. “São pessoas próximas e temos uma relação íntima”,
enfatiza.
Enquanto mais nova, Luciana era tímida e retraída. Gostava de dar pão
aos peixes, deitava na grama para descansar e dormir. Lia bastante. Gostava de
almoçar no “bandejão”.
Continua amando ler, e brinca que “viaja através dos livros”. Gosta de
escrever para amigos, já escreveu diversas poesias. Gosta das relações pessoais,
principalmente de entregar cartas em mãos para amigos.
Já participou de corais da Unicamp, pois adora cantar.
Viajou para diversos lugares através da Unicamp. “Sempre procurei
abraçar as oportunidades”, conclui.
Sonha também em estar num trabalho mais rotativo, como, por
exemplo, voltar a trabalhar com eventos.
Vários foram os acertos e erros ao longo de sua trajetória, mas julga ter
crescido com as dificuldades e críticas.
É formada em Administração. Começou outras faculdades, mas não
concluiu.
Há três meses é assistente técnico da Pós-Graduação. E comenta: “Minha
vida está agitada, mas está sendo muito bom, estou gostando”.
Um momento que considera importante foi o evento que reuniu os
funcionários que ingressaram ainda jovens na Universidade, e estão até hoje.
“Foi um encontro marcante, que deixou registrada a escolha que todos nós
fizemos pela Unicamp. Construímos a história da Universidade, e valeu a pena”,
ressalta.
Várias foram as reuniões da comissão para que este projeto pudesse
ser realizado. Luciana faz questão de salientar: “Edison Lins, Rodrigues, Jessé,
Claudir, Bel, Aguinaldo, Luis Carlos, Gilmar Dias e eu formamos a equipe da
comissão, responsável para que tudo acontecesse da melhor maneira possível,
o que nos dá muito orgulho”.
158
PSICOLOGIA E TEOLOGIA
A história de Luciene com a Unicamp teve início antes mesmo de ela ser
contratada, pois sua mãe já trabalhava no Restaurante da Universidade e ela
se recorda de muito cedo participar das festas juninas, festas de final do ano e
outras atividades que aconteciam por lá. Juntamente com os filhos dos outros
funcionários, brincava no “RU” naquelas ocasiões.
Lembra-se de quando era adolescente, com 15 anos, que um dia pela
manhã sua mãe telefonou em casa para avisar que estavam selecionando
mensageiros na Unicamp e perguntou se ela queria participar. Luciene foi fazer
a prova e a entrevista juntamente com outros dois colegas da rua onde morava,
porém apenas ela e mais um foram chamados para trabalhar, a terceira não.
Iniciou o seu trabalho no dia 20 de maio de 1986 no HC. Deveria trabalhar
no Serviço de Protocolo, mas o Engº Reinaldo, diretor da Divisão de Engenharia
e Manutenção do HC – DEM soube da chegada de vários mensageiros naquele
dia e negociou com a Meire, diretora do Protocolo, para deixar uma trabalhar lá
na DEM, já que o Carlos tinha completado 18 anos e, portanto, não seria mais
patrulheiro. E assim foi que Luciene caminhou pelos corredores imensos do HC
com o Reinaldo até seu novo local de trabalho. Foi bem recebida pela Beyla
que seria sua chefe imediata e pelo Carlos a quem iria substituir. As ansiedades,
medos e susto do primeiro dia foram dando lugar a uma tranquilidade e alegria
de trabalhar ali, aprendeu muito com aquelas pessoas, fez grandes amigos.
Tempos depois, o Carlos e sua esposa Noêmea se tornaram padrinhos do seu
casamento, mesmo não mais trabalhando juntos na ocasião.
A convivência e interação entre os jovens mensageiros eram positivas, a
DGRH promovia a prática de esportes entre eles no espaço físico da Faculdade
de Educação Física, recorda-se que os meninos jogavam futebol e as meninas
vôlei, havia a participação de mensageiros de todas as unidades do campus.
O grupo daquela época 87/88 se articulou e formou a Comissão de
Mensageiros da Unicamp, na qual o Alexandre era o presidente, a Evelyn vice
e a Luciene também fazia parte. Essa comissão tinha o objetivo de articular
os mensageiros; para isso criaram até um “jornalzinho informativo” chamado
“The Mensa”. Luciene conta que até era legal o “The Mensa”, que ela ajudava
a escrever. Na primeira página costumava ter um texto mais sério, para refletir,
depois algumas informações, fofocas e até uns quadrinhos, tudo elaborado
pelos próprios mensageiros. Um fato muito marcante para ela foi uma
manifestação que fizeram em frente à Reitoria, na qual reuniram grande parte
dos mensageiros e conseguiram algumas conquistas. Ela se recorda: “Optamos
por fazer algo organizado, uma manifestação silenciosa, apenas com cartazes,
e deu certo, fomos até elogiados e recebidos pela direção. É engraçado que o
marcante foi à forma da manifestação, porque o que a gente estava pleiteando
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
LUCIENE RODRIGUES DE OLIVEIRA BORGES
159
160
mesmo eu nem me lembro mais”.
Em 1989 prestou vestibular para Psicologia e, tendo passado, achou que
teria de pedir demissão porque o curso era integral. Entretanto a direção da
DEM permitiu que Luciene trabalhasse à noite, fazendo inserção de informações
no sistema de ordens de serviços, para que ela pudesse cursar a sua faculdade.
Não foi fácil estudar no período da manhã e tarde, correr pra não perder o
fretado e trabalhar à noite toda, mas valeu a pena o sacrifício e esforço. Por esta
possibilidade de estudar que lhe foi dada, Luciene se diz muito grata.
Logo após ter se formado em 1994, recebeu um convite para ajudar
a realizar as avaliações psicológicas dos grandes concursos públicos que eram
abertos principalmente para a área de enfermagem do complexo hospitalar
da Unicamp. Mesmo assustada com tamanha responsabilidade de aprovar ou
reprovar um candidato do concurso, Luciene aceitou o desafio e foi trabalhar, a
princípio, temporariamente na Diretoria Geral de Recursos Humanos – DGRH/
Recrutamento e Seleção, mas um ano depois foi transferida definitivamente
do HC para aquela área, a qual lhe proporcionou um grande crescimento
profissional como Psicóloga. Teve a oportunidade de fazer vários cursos de
aperfeiçoamento e inclusive algumas disciplinas de mestrado na Unicamp.
Em sua trajetória pessoal sempre gostou de se envolver e ajudar em
comunidades carentes. Foi a partir do desenvolvimento do seu lado espiritual
e religioso que participou de alguns projetos nesse sentido, tanto em Campinas
como em outros estados do Brasil (Minas Gerais e Rio de Janeiro, por exemplo) e
até em países da África, como Moçambique. Comenta que teve a oportunidade
de conhecer pessoas e culturas muito diferentes, tanto ricas em países da
Europa, quanto bastante pobres no Norte, Nordeste do Brasil e também em
vários países da África. “Esse fato por si só já gera uma grande transformação
em qualquer ser humano, a gente passa a enxergar a nossa realidade e os nossos
problemas de forma muito diferente”, diz. Por acreditar que investir nesse lado
era também importante e que poderia ampliar a sua visão de homem e de
mundo, Luciene resolveu cursar Teologia, e se formou em 2004. Hoje utiliza
esses conhecimentos e auxilia no desenvolvimento de alguns projetos em sua
comunidade, pois entende que a igreja deva ter um papel de transformação das
realidades sociais.
O seu local de trabalho, a DGRH, passou por muitas mudanças e
transformações ao longo dos anos. O Recrutamento e Seleção deixou de existir
dando lugar à Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento, por isso o seu
perfil profissional também mudou com o tempo. Deixou de trabalhar com os
concursos, passou a realizar acompanhamento psicoprofissional e transferência
de funcionários dos seus locais de trabalho. Essa atividade realizou por mais de
dez anos, mas nos últimos cinco anos sua atuação profissional está bastante
voltada para o desenvolvimento de pessoas e equipes.
Atuou como professora auxiliar do Salazar e Magda nas disciplinas
de Cultura Organizacional e Relações Interpessoais do Programa de
Desenvolvimento Gerencial – PDG turma 6; atua como facilitadora das
relações de trabalho em setores que foram reestruturados; é professora do
Programa de Excelência no Atendimento ao Cliente – PEAC; ministra oficinas de
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
capacitação para preparar os gerentes para a chegada de novos funcionários,
realiza a integração desses funcionários ingressantes; é uma das idealizadoras
e coordenadoras do Programa de Preparação para Aposentadoria – PPA da
Unicamp. Esta última é uma das atividades que mais gosta de realizar, e para a
sua alegria, tem tido grande reconhecimento interno, por parte dos usuários,
como também externo, pois através do site tem recebido pessoas e/ou e-mails
de vários órgãos públicos e privados do Brasil inteiro parabenizando e desejando
orientações sobre como realizar PPA.
Atualmente o seu trabalho lhe possibilita um olhar para quem entra na
Universidade como também para quem sai, comenta que é muito interessante
observar de um lado a juventude que tem chegado cheia de expectativas
e sonhos e do outro, aqueles que têm se preparado para sair através da
aposentadoria porque já “cumpriram” suas trajetórias na Universidade, tiveram
muitas conquistas por causa dos seus trabalhos e se dizem gratos.
Conclui dizendo que assim como os seus pré-aposentandos, sente-se
muito grata pelas oportunidades aproveitadas, conquistas obtidas, amigos
que ganhou ao longo dos 24 anos de sua história na Universidade e pela
possibilidade que tem de ver suas duas filhas crescendo e usufruindo dos
programas educativos que tem aqui. A Unicamp é uma grande família!
161
TROCAS ESTRATÉGICAS
Lucilia foi para a Unicamp substituindo um guardinha, José Luis Lisboa,
que tinha sofrido um grave acidente de bicicleta. Ficou um período trabalhando
em seu lugar. Tinha 14 anos.
Depois foi embora da Universidade e voltou após longo período. Fez um
concurso para mensageiro e foi para a Engenharia Mecânica em 1985, quando
foi registrada como mensageira.
Trabalha no Protocolo, e inclusive auxilia os patrulheiros,
ensinando-lhes o serviço.
Dos seus irmãos, quatro passaram pela guardinha. A irmã foi a única
que passou pelos patrulheiros, e trabalha na Unicamp.
Lucilia sempre teve amigos. Andando pela Universidade, atualmente,
encontra colegas que têm diferentes colocações, outros cargos e funções, e
acha isso muito interessante.
A Cleusa Lima, a Eliane Ribeiro e o Rodrigues foram companheiros da
época enquanto eram patrulheiros e guardinhas, e são amigos até hoje.
Naquela época, reuniam-se na DGA e trocavam documentos para
agilizar o trabalho e poupar a caminhada. Direcionavam os documentos, para
facilitar o trabalho entre os guardinhas amigos. Marcavam um horário e se
encontravam para fazer a troca dos documentos a serem distribuídos.
Quando ia ao banco, outro menor revezava com ela no horário do
almoço. Esperava o dia todo para realizar pagamentos e saques de docentes.
Achava cansativo, porém gostava daquele momento e achava tudo muito
divertido.
Lucilia acha necessário instruir os novos patrulheiros, mostrandolhes o que é bom e ajudando em seu direcionamento. Por ter iniciado sua
carreira como guardinha, acha importante mostrar aos jovens que estão
começando, como hoje eles são mais amparados e têm melhores condições de
trabalho. Acredita que naquela época havia maior rigidez e menos facilidades.
Lembra-se que realizavam as tarefas a pé, coisa que hoje em dia não
acontece, pois os patrulheiros têm condução dentro da Universidade. Outra
dificuldade era que não havia malote, tudo era no dia, na mão, era trabalhoso,
mas mesmo assim cumpriam as tarefas. “Atualmente os patrulheiros têm mais
informações e respaldo da lei, e é importante que tenham direcionamento”,
comenta.
Apesar de oportunidades e convites para trabalhar em outros setores,
Lucilia preferiu permanecer onde está, pois acha importante transmitir o que
aprendeu aos que estão iniciando e dar continuidade a seu trabalho. E conclui:
“Comecei na FEM e estou até hoje. Gosto do que faço. Quero também dizer que
achei a ideia deste livro muito interessante. Tem muita história boa, engraçada
e importante dentro da Universidade, e essa iniciativa de registrar os fatos foi
muito bacana”.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
LUCILIA CUSTÓDIO RIBEIRO
163
SECANDO PAPÉIS COM VENTILADOR
Com quase 15 anos, Luiz Carlos estava tentando ser jogador de futebol.
Chegou a ser jogador profissional, mas de segunda divisão.
Seu pai, preocupado em arranjar-lhe um emprego, fez sua inscrição no
Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Campinas, e através da Instituição,
foi encaminhado para trabalhar, inicialmente no Rotary. Como não registravam
e Luiz estava prestes a completar 18 anos, resolveu sair. Foi então enviado à
Unicamp, onde começou a trabalhar no dia 04 de outubro de 1971, ainda com
17 anos.
Entrou na antiga Coordenadoria (DGA, atualmente), era office boy da
Administração Geral da Unicamp. Passados alguns meses, completou 18 anos
e foi servir o exército. Quando voltou, assumiu a função de auxiliar de serviços
administrativos, no mesmo setor que estava anteriormente. Permaneceu por
mais ou menos três anos, até que sua chefe lhe pediu para que fosse suprir
provisoriamente a falta de uma funcionária no Protocolo. Este eventual passou
a ser permanente, período que durou 18 anos.
Na área de Protocolo teve grande crescimento profissional; passou a
escriturário, escriturário I e II, encarregado de setor, depois a chefe de sessão e
diretor de divisão, onde permaneceu por bastante tempo. Costuma dizer que
“toda a carreira na Unicamp se deu nessa etapa”. Era autodidata, não tinha
faculdade, mas gostava muito de informática.
Recebeu então o desafio de treinar um pessoal. Com seus conhecimentos
de informática, foi para a Coordenadoria. Montou uma apostila, na área de
informática, e começou a dar curso para os funcionários da Administração.
Julga a época em que foi patrulheiro como “uma fase boa”, mesmo
que não tenha ingressado por vontade própria, procurou aproveitar as
oportunidades e crescer com elas.
Teve dois amigos que também foram patrulheiros e, infelizmente, já
faleceram.
Cláudio Jamaitis (chamado de “Alemão”) trabalhou na Unicamp, era um
grande amigo. Jogavam bola juntos. Foram para Santos, entre outras viagens,
para jogar bola, através da Instituição. “Deixou saudades”, lamenta Luiz.
Muitas são as lembranças do passado. Recorda-se de ter sido graduado
dentro dos Patrulheiros, chegou a Sargento. Achava aquele período bom.
Entre muitos fatos ocorridos, lembra-se que tempos atrás a Administração
da Unicamp era na av. Barão de Itapura, e o coordenador que ficava nesse
prédio tinha que despachar com o Reitor, que se encontrava no campus. Era
tarefa dos patrulheiros levar os processos a ele. No seu primeiro dia de trabalho
chovia muito e o motorista da perua que foi buscá-lo parou fora da cobertura.
Quando Luiz foi passar com os processos para entrar no veículo, derrubou tudo.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
LUIZ CARLOS CORRÊA
165
Ao chegar à Universidade, não sabia ao certo o que fazer. Uma senhora que
servia café o ajudou. Pessoas do setor ligaram vários ventiladores para secar
os papéis. Da Dirce, a funcionária da área, o chamou de “filhinho”, disse-lhe
para ter calma e o ajudou muito. Isso o marcou, devido à atenção e cuidado
dispensados, inclusive por ninguém o conhecer direito, afinal, era seu primeiro
dia de trabalho. E comenta: “Eu tremia igual vara verde. Tive sorte de encontrar
pessoas que me ajudaram”.
Recorda-se de quando jogava na segunda divisão e a chefia o liberava
para alguns jogos.
Certo dia, um funcionário que estava com dor de dente pediu para se
ausentar do trabalho, mas não permitiram. Ele questionou por que “outras
pessoas” tinham privilégios e saíam para jogar bola, e ele, doente, não podia.
Com esse comentário, Luiz acabou sendo prejudicado. Sua chefe lhe pediu para
tomar uma decisão, pois não poderia mais permitir suas saídas.
Aos 24 anos tomou a decisão de parar de jogar, o que julgou ter sido um
dos momentos mais difíceis de sua vida, porém a coisa mais sensata a fazer. Não
via grande futuro como jogador. E conclui: “Tomei a decisão certa, permaneci
na Unicamp!”
Luiz tem um filho e uma filha, ambos casados e formados. O filho é
engenheiro e trabalha na Engenharia Elétrica e a filha trabalha no Banco. Faz
questão de dizer: “Um fato importante que quero registrar é que me tornarei
avô de Daniel, em novembro de 2010, motivo de orgulho e alegria pra mim!”
Luiz recebeu incentivo de sua chefe com relação a cursar a faculdade,
porém, devido às dificuldades da época, não pôde realizá-la. Independente
disso, sente-se realizado.
Recordações engraçadas também fazem parte de sua trajetória
profissional.
Sempre que entravam funcionários novos na Unicamp, no prédio antigo
da Biologia (DGA), eram assustados pelos veteranos, que colocavam medo neles,
dizendo que existia uma loira apavorante no banheiro. Também zombavam dos
novatos, mandando pegar coisas que não existiam, como “chave de fenda para
desentupir fios”, “caixa com papel carbono quadriculado”, etc. Luiz comenta
que eram brincadeiras engraçadas e saudáveis que faziam na época.
É muito grato à Unicamp, pois tudo que tem hoje julga ter sido graças
às oportunidades conquistadas no trabalho: “Quero que fique registrado meu
agradecimento à Unicamp”.
166
ENCONTRO NO BANDEJÃO
Luiz entrou no Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Campinas
em 1972. Com 14 anos de idade ficou sabendo sobre a Instituição, achava
bonito o quepe, a farda, o cordão amarelo, o distintivo (lustravam para ficar
mais brilhante), o sapato engraxado. Chegou a ser graduado nos Patrulheiros,
patamar atingido por quem tirava boas notas e tinha disciplina.
Inicialmente foi encaminhado para trabalhar na Bendix do Brasil, uma
multinacional de freios, entre julho de 1972 e janeiro de 1974. Depois disso foi
enviado à Unicamp, onde ingressou em 08 de fevereiro de 1974, já com carteira
assinada.
Luiz costuma brincar que teve apenas uma frustração enquanto
patrulheiro, “nunca ter ganho o radinho de pilha que era sorteado em festas na
Instituição”.
Recorda-se de certa ocasião em que os patrulheiros ganharam uma
viagem para Pedro Taques, no litoral. Lembra-se de quando tiraram foto sobre
uma moto 125, verde-abacate, que ficava na praia, e depois mostraram para as
meninas, dizendo que tinham moto, mas na verdade era apenas um moço que
a cedia para os turistas fotografarem. “A foto era revelada em um ‘binóculo’ e
achávamos muito divertido”, relembra.
Entre tantas recordações, lembra-se da hora do almoço, o famoso
‘bandejão’, que se tornara um ponto de encontro entre os patrulheiros. Era um
momento de bate-papo e união entre eles.
Apesar de ser graduado e, por isso, ter muita obrigação com relação à
aparência de todos os patrulheiros, Luiz nunca foi “dedo-duro”, apenas dava um
alerta para que cumprissem as regras.
Um episódio marcante e muito triste em sua vida aconteceu no primeiro
dia de trabalho. Tinha acabado de chegar à Bendix e recebeu a informação de
que seu pai tinha falecido. Ele já estava muito doente, mas não quis que a mãe
contasse aos filhos, o que aumentou ainda mais o susto e a dor. “Tinha um
carinho enorme pelo meu pai. Ele foi um ‘senhor’ pai”, ressalta.
Em meio à dor pela perda precoce do pai, Luiz recebeu apoio especial de
Da Maria Angélica, naquele momento tão difícil de sua vida. Ela foi ao enterro
de seu pai. Além disso, dava-lhe conselhos, sempre perguntava se ele estava
precisando de alguma coisa, enfim, foi importantíssima. Deu-lhe apoio para
não desistir de lutar. Luiz faz questão de enaltecê-la: “Dª Maria Angélica foi
uma segunda mãe pra mim, ela é uma pessoa muito especial, uma ‘santa’, que
amo muito! Estarei sempre pronto a atendê-la no que precisar”. A Instituição
“Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Campinas” foi também muito
importante para ele.
A trajetória profissional de Luiz é moldada por muita garra e determinação.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
LUIZ GAMA
167
Formou-se como técnico mecânico pelo Cotuca, e também foi gráfico.
Sempre conseguiu realizar trabalhos que requeriam muita experiência
e conhecimento. Dizem que é muito criativo, adora inventar, criar, corrigir e se
desenvolver.
Depois de dez anos trabalhando como gráfico, foi transferido para a FEM
(Faculdade de Engenharia Mecânica), onde é técnico mecânico.
Trabalha em várias funções, pois gosta de “por a mão na massa”, como
costuma dizer, e desenvolve diferentes métodos de trabalho. Aceita ideias,
inclusive de alunos.
É muito grato por ter sido reconhecido nos setores que passou. Sempre
foi interessado, teve empenho e conquistou seu espaço na Universidade,
além de ter constituído família. “Sinto-me respeitado como pessoa e como
profissional”, orgulha-se.
Talvez se aposente num futuro próximo, mas gosta do que faz.
Sente-se feliz e agradecido. “Hoje consigo entender as regras e a forma
como educavam no Patrulheirismo, a ordem unida, a questão da disciplina
rígida. Tudo foi conduzido para moldar nosso caráter. Devo o que conquistei e
tenho hoje à Instituição “Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Campinas,
à Unicamp e à minha família”, conclui.
168
A PREMIADA
Luzia tornou-se patrulheira aos 12 anos, sendo a patrulheira de
número 02F da 1ª Cia. O ingresso no Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro
de Campinas -CAMPC se deu de forma inusitada, pois ao levar o resultado do
exame médico do seu irmão que já era patrulheiro, despertou a curiosidade da
secretária da Sra. Maria Angélica, coordenadora do CAMPC, isso pelo fato da
pouca idade e mesmo assim estar realizando a tarefa sozinha. Por esta razão foi
convidada para se inscrever e participar do teste de seleção da primeira turma
de patrulheiras. Luzia fez o teste e foi aprovada para iniciar o treinamento. Nas
aulas que eram ministradas na sede do CAMPC havia as disciplinas de português,
matemática, boas maneiras e ordem unida, por ser a educação daquele local
espelhada no ensinamento utilizado pelos policiais militares, que ajudavam a
coordenar a garotada. No final do treinamento foi encaminhada para trabalhar
no Fundo de Social do Governo Municipal de Campinas, ligado à Prefeitura
Municipal de Campinas. Após receber a designação de encaminhamento, a Sra.
Maria Angélica em conversa com Luzia, perguntou-lhe onde ela iria trabalhar.
Em resposta, Luzia toda feliz informou-lhe que iria trabalhar com a mulher do
Prefeito. Imediatamente, a Sra. Maria Angélica, que sempre foi muito enérgica,
corrigiu-a dizendo “mulher não, esposa”! Esse fato marcou para sempre a
vida da menor patrulheira, pois a fez entender a escolha e a diferença entre as
palavras a serem usadas.
Em abril de 1975 foi então encaminhada ao seu primeiro emprego, no
gabinete da Primeira Dama de Campinas, Sra. Maria Lázara Duarte Gonçalves.
Lá fazia o serviço de mensageira e outras atividades que lhe eram atribuídas.
Permaneceu neste local até o final de 1976 quando o Sr. Santos, soldado
responsável pelo encaminhamento dos menores às empresas da região de
Campinas, chamou-a na sede dos patrulheiros e a encaminhou para prestar
serviços na Clínica Eduardo Lane. Na clínica existia a promessa de registrá-la
em CLT, isso era sempre um prêmio para os menores que eram disciplinados.
Passado três meses, novamente o Sr. Santos verificou que a promessa não
havia se concretizado, então a chamou novamente na sede, e avisou que no dia
seguinte ela iria para a Unicamp. Foi então que começou a relação profissional
da menor com a Universidade, em um momento muito feliz e gratificante, pois
só ia para lá quem era considerado “o melhor”, visto que todos queriam ser
encaminhados para trabalhar na Unicamp, porém, poucos eram os felizardos
que conseguiam.
Em 17 de fevereiro de 1977, já com 14 anos de idade, foi encaminhada
para trabalhar no Laboratório de Eletrônica e Dispositivos – LED, junto à
Faculdade de Engenharia de Campinas. Ao chegar naquele local e se apresentar
ao coordenador do LED, Prof. Dr. Carlos Ignácio Zamitti Mamanna, recebeu
a informação de que eles não estavam mais precisando de seus préstimos,
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
LUZIA GOMES FERREIRA PAVANI
169
170
devido o tempo decorrido entre a solicitação e a chegada dela naquele local.
Entretanto, em seguida, para a sorte de Luzia, o coordenador do laboratório
voltou atrás e disse: “bem, já que ela estava ali, podia ficar e se apresentar no
RH para ser contratada pela Fundação Tropical de Pesquisas e Tecnologia”. Essa
fundação administrava os recursos recebidos pelo projeto Telebrás, para apoio
de pesquisas em microeletrônica na Unicamp. Conta que, com isso, ela ficou
feliz da vida, pois faria parte do universo da Unicamp.
Fato curioso é que seu primeiro registro em carteira se deu com a
função de office boy. O salário que recebia era compartilhado para ajudar na
manutenção e sustento da família, parte do valor era entregue para sua mãe
e a outra metade ficava em seu poder, para utilização na aquisição de material
escolar, transporte e demais necessidades básicas do dia a dia.
Ainda no LED, foi promovida a auxiliar de escritório, escriturária,
responsável por custos e patrimônio e mais tarde como técnica especializada
em documentação técnico-científica.
Luzia recorda que saía da Unicamp de ônibus, com cheques para realizar
pagamentos no centro da cidade e que na maioria das vezes, devido a distância
e à dificuldade de transporte para o centro da cidade, não era possível ir e voltar
para a Universidade no mesmo dia. Assim a sua chefia determinava para que
levasse com ela, para sua casa, em uma pastinha tudo o que deveria ser feito no
dia seguinte, pela manhã, antes de vir para a Unicamp, permanecesse no centro
de Campinas para realizar os serviço e só depois de tudo realizado, dirigir-se
à Unicamp. Lembra que a responsabilidade era muito grande, além do medo
de ser assaltada ou deixar extraviar algum documento. Porém, isso jamais
aconteceu. Comenta que com isso aprendeu muito a ter responsabilidade e
zelar pela confiança que lhe era atribuída.
Sempre muito centrada e disposta a ajudar, Luzia juntamente com outros
patrulheiros graduados, alguns que também trabalham na Unicamp e outros de
diferentes empresas da região metropolitana de Campinas, decidiram fundar
a Associação dos Patrulheiros Graduados, com o apoio da Sra. Maria Angélica.
Esta foi a forma que os menores encontraram para manter uma rede de
relacionamentos e troca de experiências vividas por eles. Além da associação,
Luzia usava também seu tempo para fazer parte da fanfarra, tocando nos
desfiles que aconteciam nas datas comemorativas em que os patrulheiros eram
convocados para fazer parte, como primeiro de maio e sete de setembro. Mais
tarde, com a sólida estrutura da Associação dos Graduados, a organização dos
desfiles passou a ser coordenada por eles e os demais menores respeitavam e
obedeciam, sabiam da hierarquia e o papel de cada um no contexto. Lembra
que nos eventos que aconteciam, ela era sempre destacada para entregar
prêmios aos militares e autoridades presentes.
No período entre 1975 e 1977, Luzia recebeu duas graduações em seu
prontuário, sendo a última graduação a de “monitora instrutora”, solenidade
realizada com todas as honras e glórias aos menores que faziam jus. Tais
honrarias eram concedidas aos menores que eram exemplares e disciplinados
na família, escola e no trabalho. A disciplina sempre fez parte de sua rotina no
patrulheirismo. Recorda-se das reuniões que aconteciam aos domingos, uma
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
vez por mês na sede dos patrulheiros. Nessas reuniões todos os menores eram
colocados enfileirados para receber o comando de ordem unida e os avisos de
seus superiores. Conta que perdeu viagens com a família, para não perder a
reunião e ficar com falta em seu prontuário.
No final de 1977, Luzia recebeu homenagem de honra às virtudes pela
Non Scholae Sed Vitae como destaque por tudo que assumia na vida profissional,
escolar e familiar. Em 1979 conheceu seu esposo, por volta dos 17 anos, ela
trabalhando no LED/FEC e ele cursando o segundo ano de engenharia elétrica e
estagiando no mesmo local onde ela trabalhava.
Em três de dezembro de 1983 passou a fazer parte do quadro
de funcionários da Unicamp, após acordo para se desligar da Fundação.
Permaneceu no LED até 1990 quando pediu transferência para trabalhar na
Faculdade de Engenharia Mecânica – FEM, após ser convidada pela segunda
vez. Na FEM Luzia foi Secretária de Departamento de Projeto Mecânico – DPM,
Secretária da Diretoria e Assistente Técnico de Unidade – ATU, cargo gerencial
da Universidade. Lembra que após passar por entrevista para transferência
para o DPM, um dos entrevistadores era temido por todas as secretárias
que trabalhavam no departamento, mas que apesar do medo de enfrentar
a situação, saiu-se muito bem e foi a escolhida para trabalhar. O desafio de
mudar de um setor da Universidade para outro foi gratificante, principalmente
quando foi secretariar a primeira reunião do conselho daquele departamento,
foi recebida com flores pelo seu chefe e demais colegas presentes na reunião,
desejando-a boas vindas.
Por estar no meio universitário, decidiu que ela também faria uma
faculdade, pois queria crescer como profissional; decidiu então prestar vestibular.
Inicialmente optou por Educação Física, porém, devido à distância de sua casa
até o campus aonde iria frequentar, mudou de ideia e prestou vestibular para
Letras, motivada pela facilidade que tinha em aprender línguas. Formou-se em
Letras e mais tarde pós-graduou em Administração Hoteleira e mais recente em
Gestão de Pessoas. Diz que sempre gostou de estudar e sempre aproveitou a
estrutura da Unicamp e os cursos extracurriculares oferecidos .
Casou-se em 1984 e mais tarde viajou pela Europa acompanhando o
esposo em seus estudos de pesquisas. Conheceu vários países na Europa e
também nos USA.
Luzia lembra que o fato de saber falar inglês a ajudou muito no
desenvolvimento de suas atividades como secretária na Unicamp. Conta que
pode ajudar com sucesso pesquisadores de outros países que visitavam o
Departamento em que ela trabalhava. Mais tarde teve conhecimento que foi
elogiada por um pesquisador na Alemanha, após tê-lo ajudado aqui no Brasil.
Fatos como esse sempre motivavam a seguir em frente, vencendo vários
obstáculos e crescendo profissionalmente. Sempre acreditou que o sucesso
profissional depende de três coisas: “fazer o que gosta, com quem gosta e no
lugar que gosta”. Acredita que pelos três diferentes locais na Unicamp em que
prestou serviços teve a chance de vivê-los intensamente, sem deixar de perder
grandes oportunidades para o engrandecimento de sua bagagem profissional.
Várias são as lembranças na rotina da Unicamp, as amizades, as
171
conversas as curiosidades em conhecer o universo da Universidade. Uma delas
era conhecer o setor da Medicina Legal que ficava próximo ao restaurante
universitário na área central da Universidade, onde fez amizade com o pessoal
que preparava o material para os alunos de medicina e biologia. Eles brincavam
muito com ela quando passava próximo ao local em suas idas e vindas ao
banco, também, na área central. Um dia pediu para entrar e ver o que estava
sendo feito lá, como os amigos perceberam a curiosidade e ao mesmo tempo o
medo, chegaram por trás dela e deu um pulo, assustando-a, fazendo com que
ela saísse correndo do local amedontrada. Passado o susto e depois de muitas
risadas, voltou ao local e matou a curiosidade, o que é pertinente a qualquer
jovem que está descobrindo o mundo. Por essas e outras brincadeiras, deixou
de comer algumas comidas preparadas no restaurante, pois sempre lembrava
o que diziam seus amigos, “olha esse material aqui é o que já foi utilizado nas
aulas e agora está indo para o restaurante”. O churrasco também era tema
de gozação entre eles, pois diziam que a faca utilizada para cortar a carne era
a mesma usada para cortar os cadáveres. Luzia sempre procurou tratar as
pessoas com respeito e educação e com isso, cultivou muitas amizades no local
de trabalho, bancos, restaurante e fila do ônibus onde todos se reuniam no final
do expediente no retorno para casa.
Usa os espaços da Unicamp para seus momentos de lazer, onde faz
condicionamento físico pela manhã e para a prática de esporte na condição de
zagueira do time de futsal, onde joga desde 2004.
Costuma dizer que é grata por sua trajetória na Unicamp, pois tudo que
tem conseguiu através do seu trabalho na Universidade e termina dizendo que
tem uma relação de amor com a Unicamp.
Luzia entregando flores para primeira dama
Maria Lázara Duarte Gonçalves
172
Luzia no estágio de Pós-Graduação no Grande
Hotel São Pedro
PÂNICO NO LABORATÓRIO!
Completando 24 anos de trabalho, Marcelo ingressou na Unicamp como
mensageiro aos 17 anos, em 26 de junho de 1986.
Sua mãe, Ervira de Lima Oliveira, já aposentada da Universidade, foi
quem o motivou a trabalhar na Unicamp.
Pelo acaso do destino, após alguns anos de tratamento de bronquite
quando criança no Hospital das Clínicas, passou a ser funcionário no mesmo
local em 1987, já com 18 anos, passou a atividade de oficial administrativo na
Enfermaria de Retaguarda do HC, fazendo o trabalho de reposição de soro,
seringa e outros materiais necessários para o funcionamento do Posto de
Enfermagem, e apesar de ser um ambiente carregado de muitas tristezas, havia
também muita alegria dos pacientes curados e, em alguns casos, a visita deles
à Enfermaria.
Por algumas vezes ajudou a retirar pacientes obesos das macas, em
ajuda às enfermeiras e atendes de enfermagem.
Em 1989, a Enfermaria de Retaguarda passou a atuar no 4º andar do HC,
dividindo-se em Enfermaria de Emergência Clínica e Cirurgia do Trauma. Nesse
período, conheceu vários amigos, inclusive o seu padrinho de casamento Edson
Fortuna.
Um fato interessante é que na mesma ala existe a Enfermaria de
Psiquiatria, e alguns pacientes autorizados a caminhar pelo jardim ali existente,
algumas vezes ficavam conversando com os funcionários, e precisavam ser
encaminhados novamente para a Enfermaria de Psiquiatria, por estarem
abusando da liberdade.
Na época, os oficiais administrativos na Enfermaria tinham que levar os
exames coletados dos pacientes, como sangue, urina, etc. para o laboratório
localizado no 2º andar do HC. Certa vez, Marcelo tomou um susto grande, pois
ao tentar fechar um dos frascos de sangue que transportava, o mesmo se abriu e
virou, derramando o sangue sobre sua camisa. A responsável pelo recebimento
dos exames o ajudou, fornecendo-lhe um jaleco enquanto sua camisa era
encaminhada à lavanderia. Felizmente, pelo diagnóstico do paciente, nada de
grave aconteceu.
Em meados de 1988 iniciou suas atividades no setor de Contas e Convênios,
onde era conferente das fichas azuis ambulatoriais do HC. Ainda em 1989, a
psicóloga Loide, do departamento de Recursos Humanos, convidou Marcelo
para ser operador de sistemas no recém-criado Centro de Processamento de
Dados do HC. Permaneceu na função até 1993, quando passou então a exercer
a função de Scheduler (gerente de tarefas) do MainFrame.
Ao longo de sua trajetória, foi galgando novas funções. Passou a
programador de suporte e administrador de redes. Em 2006 houve um episódio
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
MARCELO ALEXANDRE DE OLIVEIRA
173
que causou grande preocupação, quando um vírus afetou toda rede de dados
do HC, e toda a equipe de Informática teve que atualizar os sistemas, as estações
de trabalho, os servidores de dados e toda rede em 24 horas. Na época, o HC
contou com o forte auxílio do Centro de Computação da Unicamp.
Recentemente, Marcelo passou a ser Supervisor da Área de Atendimento
ao Cliente e Redes.
174
NA ERA MANUAL
Márcia entrou na Unicamp como mensageira, aos 15 anos, em 1986.
Veio para a APG (Associação de Pós-Graduação), onde ficou por um ano.
Como nunca tinha trabalhado, achava tudo estranho a princípio, mas foi
se acostumando com o tempo.
Teve um chefe no seu início de carreira, que com o objetivo de que ela
conhecesse todos os pavilhões da Universidade, pediu-lhe para colocar cartazes
por toda a unidade. Apesar de não ter gostado, acabou conhecendo melhor as
unidades.
Seguiu então para a Diretoria Acadêmica, onde passou por diversos
setores. Está lá até hoje.
Recorda-se da época de mensageira e de fatos engraçados que
ocorriam. Dentro do fretado tinha um homem muito implicante, Seu Ubaldo
(in memorian), que se incomodava com a bagunça dos jovens. Quanto mais ele
se incomodava, mais os mensageiros provocavam, cantavam e falavam alto. No
final, Márcia acabou fazendo amizade com ele, que passou a frequentar sua
casa.
Suas três filhas usufruíram dos benefícios educacionais da Unicamp,
vinham diariamente no fretado com ela, o que considera um privilégio.
Márcia fez curso de computação oferecido pela Universidade. Ao longo
de sua trajetória, conquistou algumas amizades. Atualmente está cursando a
Faculdade de Recursos Humanos.
Gosta de frequentar a igreja junto à sua família.
Atualmente é técnico administrativo da Diretoria Acadêmica. Trabalha
com a documentação de teses que geralmente vão sair do país, as matrículas e
emissão de documentos.
Lembra-se do início de carreira, tudo era feito de forma manual, inclusive
as matrículas. “As filas eram gigantescas e trabalhávamos muito!”
Acha o ambiente de trabalho agradável, gosta do setor que está e de
seus colegas, que a fazem rir em alguns momentos: “Passamos a maioria do
tempo na Universidade, por isso é importante estarmos bem e felizes”.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
MÁRCIA DOS REIS ALEXANDRE
175
MASCOTE E XODÓ
Amigos resolveram fazer a inscrição na Guardinha e Márcio foi com eles.
Apesar de jovens, queriam trabalhar.
Logo que acabou o curso, em 1981, foi encaminhado à Unicamp aos 12
anos, seu primeiro emprego, para a DGA (Diretoria Geral da Administração),
no setor de Protocolo. Foi registrado em 1983. Era chamado de “mascote”
pelo pessoal do setor que trabalhava, e por ser o único menor, passou a ser
considerado o “xodó” de todos.
Do setor de Protocolo, Márcio seguiu para a Sessão de Arquivo, depois
para a Expedição e, a seguir, para o Setor de Transportes. Tempos depois
voltou para a Expedição, retornando novamente ao Setor de Transportes, onde
atualmente é técnico administrativo na Diretoria de Transporte, responsável
pelo agendamento de veículos da Universidade, que faz parte da DGA.
Recorda-se do tempo de garoto, onde ele e seus amigos faziam algumas
peraltices.
Certa vez, ele e outro garoto queimaram um barbante, que tinha um
cheiro forte, e colocaram no corredor. “Era coisa de moleque, achávamos
graça em ver a expressão das pessoas que passavam e sentiam aquele cheiro
estranho”, relembra.
Algumas vezes pegavam misturas de outros guardinhas, só para brincar.
Jogavam laranja um no outro, punham a cabeça para fora do fretado e mexiam
com outras pessoas que passavam na rua, enfim, muitas eram as brincadeiras.
Em outra ocasião, numa “pesca proibida”, ele e alguns amigos foram até
uma lagoa dentro da Universidade. Amarraram um pedaço de cordão a clipes,
jogaram na água e iniciaram uma pescaria. Punham a linha no pé e disfarçavam.
Se os vigias vissem dariam bronca. Pegaram uns dez peixes, limparam, fritaram
e comeram. A pescaria continua sendo um de seus passatempos. “Porém, não
mais na lagoa da Unicamp”, brinca Márcio.
Ao longo dos anos, foi cultivando amigos, que hoje frequentam sua casa,
entre eles o Ailton e o Marivaldo, pessoas que julga serem especiais. Gosta de
se reunir com os amigos, mas é bastante caseiro.
Tem uma filha que usufruiu dos benefícios educacionais da Unicamp, e
dá muito valor a isso.
Márcio tem grande consideração pela Universidade e costuma dizer que
“jamais abriria a boca para falar qualquer coisa contra a Unicamp”. Considera
que talvez não tenha crescido mais dentro da Universidade por falta de vontade
própria, pois muitas oportunidades sempre foram oferecidas. E conclui: “A
trajetória dentro da Unicamp, em especial na DGA, onde sempre trabalhei, está
sendo uma passagem muito boa em minha vida. Foram bons acontecimentos
ao longo desses anos. Só tenho boas coisas a dizer”.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
MÁRCIO JOSÉ DOS SANTOS
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Marcio José dos Santos no ambiente de trabalho na Diretoria Geral de Administração da Unicamp.
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OPORTUNIDADES INTERNACIONAIS
Marcio foi guardinha antes de ingressar na Unicamp. Através da
indicação de uma funcionária que trabalhava em seu antigo emprego, Marcio
soube que a Unicamp estava abrindo vagas para menores. “Ela achou que eu
vindo para a Unicamp seria bem melhor para mim, por isso fez a indicação, e foi
melhor mesmo”, comenta ele. Porém, para poder se inscrever, não poderia ser
nem patrulheiro nem guardinha, pois era uma exigência na época. Optou então
por sair da guardinha, realizou a prova para o processo de seleção da Unicamp
e passou.
Em 7 de agosto de 1974 ingressou como mensageiro no Hospital das
Clínicas e tempo depois passou a contínuo porteiro.
O Hospital das Clínicas funcionava na Santa Casa, e na Enfermaria
de Emergência foi feito um isolamento devido ao surto de meningite que
estava ocorrendo na época. Depois do surto foi construído o MI (Moléstias
Infectocontagiosas).
A farmácia ficava num casarão antigo, onde hoje é o Giovanetti, e a
função de Marcio era fazer o trabalho externo ao isolamento, como transportar
medicação, exames, etc.
Trabalhou também no Ambulatório de Ortopedia, tudo meio
improvisado, pois o hospital não estava ainda funcionando totalmente. Ajudava
a fazer e retirar gesso, além do serviço de office boy.
Fato marcante e que chamava a atenção no ambulatório era quando
engessavam andarilhos, que não tinham nenhum tipo de convênio. Eram
atendidos e desapareciam do hospital. Quando voltavam, muito tempo depois,
para a retirada do gesso, a perna estava com miise e mau cheiro. “Infelizmente,
isso acontecia com certa frequência”, comenta Marcio.
Trabalhava na Santa Casa, no centro da cidade, e achava muito bom,
pois eram vários jovens que trabalhavam juntos e, além disso, aproveitavam
para ver vitrines das lojas quando tinham que realizar serviços externos, além
de aumentar um pouco o período do almoço.
Lembra-se também da bagunça que faziam quando se reuniam na Santa
Casa e seguiam de perua para almoçar na Unicamp. “Foi um tempo muito bom”,
conclui ele.
Vários foram os movimentos importantes dentro da Universidade, e
Marcio destaca a primeira greve do funcionalismo público, em 1979, como
sendo marcante.
Em meados de 1980 começaram as transferências da Santa Casa para
a Unicamp. Passou ao Procedimento Especializado, um setor do hospital que
existe até hoje.
Atualmente trabalha no Centro Cirúrgico, na equipe de Cirurgia Cardíaca.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
MARCIO ROBERTO DO CARMO
179
Formou-se em Biologia. Foi contratado como Biólogo em 1987 e fez
especialização em Circulação Extracorpórea (Perfusão) por um ano em São
Paulo. A Universidade proporcionou a possibilidade de especialização.
Foi aluno da Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas. Fez
todos os créditos.
Participou de congressos fora do Brasil. Foi para o Chile, México e Cuba
onde ganhou um prêmio de melhor trabalho experimental.
Houve incentivo de algumas empresas que ajudaram a patrocinar parte
de algumas viagens para que pudesse participar de congressos, sempre dentro
da área de Circulação Extracorpórea.
É vice-presidente da Sociedade Brasileira de Circulação Extracorpórea.
Tem vários artigos publicados, inclusive internacionais, como segundo
autor, e isso graças à equipe de Cirurgia Cardíaca que o ajudou muito nesse
crescimento.
Várias pessoas especiais fizeram parte de sua trajetória, entre elas, o Dr.
Gottfried Köberle, antigo chefe da Ortopedia, já aposentado, que foi o primeiro
docente com quem trabalhou, e o Dr. Reinaldo Wilson Vieira, da Cirurgia
Cardíaca, considerado uma figura ímpar, um “paizão” e a quem respeita muito.
Outra pessoa importante é o Jorge, seu compadre, padrinho do seu filho e
amigo desde o tempo da Santa Casa. Ele já não se encontra mais na Unicamp.
Possuem uma amizade que surgiu na Universidade e foi além.
Marcio faz questão de ressaltar: “Trabalho com uma equipe muito
aberta, que incentiva o estudo, o que proporciona crescimento profissional e dá
espaço para o crescimento pessoal de cada membro, e isso favorece a todos”.
180
LAUDAS PARA O DIÁRIO OFICIAL
Marco Antonio entrou no Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de
Campinas com 11 anos. Um amigo da família já trabalhava e indicou para que
ele começasse também. Passou por dois empregos antes de seguir à Unicamp,
onde ingressou em 13 de junho de 1977. Em março de 1978 foi contratado, aos
13 anos. Matrícula 2408-2.
Sempre trabalhou muito e tem uma vida bastante ocupada. Foi
encaminhado à DGA12/13 (Diretoria Geral da Administração), na Diretoria de
Docentes (os departamentos eram separados, um só para os funcionários e
outro para os docentes).
Ficou na DGRH (antiga DGA) até 1993. Assumiu a atividade de publicação
da Imprensa do Diário Oficial, onde fazia matérias e preparava as laudas, ou
seja, o material para ser publicado na Imprensa.
Seguiu para a Engenharia Mecânica, no departamento de Recursos
Humanos, e depois foi como chefe para a Sessão de Finanças e Compras.
Pessoas se destacaram ao longo de sua carreira, entre elas, Maria de
Lourdes Malta Prety, que foi alguém especial. Ela acompanhava os patrulheiros,
cuidava, tinha muita paciência e sabia lidar com eles, tarefa nada fácil, pois
bagunçavam muito e precisavam ser direcionados. Marco faz questão de
ressaltar: “Ela foi como uma mãe para mim. Estou na Unicamp hoje graças a
ela”.
Recorda-se de seu início na Unicamp. A Universidade estava começando.
Lembra-se que havia muita festa e diversão. O restaurante era aberto ao
público de fora, que pagava para almoçar.
Na DGRH (Diretoria Geral de Recursos Humanos) existiam vários
menores e era grande o entrosamento entre eles. Brincavam, participavam de
greves, jogavam bola e almoçavam juntos. Subiam no pé de caju. Iam longe
para pegar laranja.
Os patrulheiros eram muito unidos, e Marco costuma dizer: “Fazíamos
do trabalho um lazer, por sermos muito moleques”.
Recorda-se de quando trabalhou com o Divaldo, o Rodrigues e o Mané.
“Bons tempos”, comenta ele.
Jogou bola em clubes de bairro, mas devido ao pouco tempo que
sobrava por conta das inúmeras tarefas, acabou perdendo contato com amigos
da época de patrulheiros.
Entre várias pessoas importantes ao longo de sua carreira, Naira Zutim
Sangali foi uma chefe muito especial, que Marco tem um enorme respeito. Em
sua gestão, ele foi contratado e assumiu um cargo como encarregado de setor
e depois de sessão.
Era uma área com muito serviço, várias vezes trabalhou aos sábados,
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
MARCO ANTONIO PIO
181
sempre com muita responsabilidade.
Quando trabalhou na Publicação, praticamente contratou o HC inteiro.
Quase todos os funcionários, em três dias, tiveram que ser inseridos no quadro
de contratação. Foram feitas as publicações, antes da alteração da lei, de quem
iria trabalhar no hospital. Fazia as laudas, o reitor tinha que conferir, ia para
São Paulo de carro, tudo era datilografado na máquina de escrever IBM, com
formulário padrão e depois ia para a impressão. “Trabalhei 24 horas por dia
para que tudo fosse publicado em tempo”, relembra Marco.
É formado em Administração, pela PUCC.
É casado e tem uma filha, que inclusive utilizou a creche da Unicamp
por nove meses, benefício que julga ter sido muito importante. Conheceu
sua esposa Maria Célia na DGRH, que atualmente está na Pós-Graduação da
Biologia.
Fato curioso ocorreu quando foi fiscal do concurso que sua esposa
participou. Ela ergueu a prova para ler e Marco chamou sua atenção; eles não se
conheciam. Depois de muito tempo, quando começaram a namorar, acabaram
falando sobre esse episódio, e da grande coincidência em suas vidas.
Com uma longa e importante trajetória dentro da Universidade, Marco
conclui: “Cresci com a Unicamp e a Unicamp cresceu comigo”.
182
IMPRESSÕES
Maria Alice entrou com 13 anos no Círculo de Amigos do Menor
Patrulheiro de Campinas. Trabalhou inicialmente em uma empresa, em 1980,
que fazia locação de máquinas musicais e jogos eletrônicos, onde passou a
ter contato diário com a música. Recorda-se que aprendera a andar de ônibus
sozinha quando já estava no primeiro emprego, inclusive à noite, e na época
não tinha tanto medo, sentimento este muito comum hoje em dia.
Depois foi para a DPO, uma litográfica do Diário do Povo, onde era
mensageira contratada como patrulheira. Conheceu ali as impressões, os
fotolitos, a arte final dos jornais, revistas, convites, pois era quem levava esse
material para a equipe de arte. Foi sua segunda experiência profissional.
Aos 14 anos, Alice, como é conhecida na Unicamp, foi para o Instituto
de Tecnologia e Alimentos (Ital), de onde tirou as melhores impressões do
mundo do trabalho, aprendendo muitas coisas importantes. Recorda-se do
antagonismo de seu ingresso no Ital, pois se sentia feliz pelo emprego, mas
como estava indo substituir uma amiga, foi também um momento difícil.
Sua permanência no Ital foi de aproximadamente dois anos e meio.
Considera essa passagem como sendo uma experiência muito importante, em
que pôde crescer e amadurecer.
Entre tantos bons acontecimentos nesse período, o que se destacou
foi o fato de ter conhecido o amigo Dalmo Cesar de Paula, que é hoje seu
marido. O namoro e o casamento vieram a acontecer muitos anos depois, ao
se reencontrarem em Campinas. Alice se recorda que no Ital, guardinhas e
patrulheiros formaram uma Associação de Patrulheiros e Guardinhas (Assopag).
Eram muito responsáveis, e o significado de amizade se intensificou.
Em 19 de janeiro de 1984, Alice estava com 16 anos, quando começou
a trabalhar na Unicamp, no Instituto de Biologia, onde foi muito bem acolhida.
Desde muito nova, já gostava de escrever. Escreveu uma peça de teatro, numa
festa de final de ano do Ital, e recebeu incentivo dos colegas e de funcionários
mais velhos, alguns artistas amadores, o que foi bastante importante.
Queria fazer música, mas por se afastar das aulas de violão, formou-se
em Jornalismo, pela PUC-Campinas, e trabalha na Assessoria de Imprensa e
Comunicação da Unicamp. E ressalta: “É uma responsabilidade muito grande
trabalhar na Assessoria. Não é fácil escrever sobre ciência, mas é muito
enriquecedor e gratificante.” Terminou a especialização em Jornalismo Científico
na Unicamp, no Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), em
julho de 2010.
A jornalista diz ter feito muitos amigos na Universidade, que considera
serem para a eternidade. Valoriza as relações pessoais. Recorda-se do amigo
Benedito de Paula (Benê), já falecido, um dos primeiros patrulheiros de
Campinas, quando a sede era perto do Instituto dos Cegos. Uma pessoa muito
especial, cuja morte chocou a todos: “Ele desenhava muito bem; vivia com uma
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
MARIA ALICE DA CRUZ PAULA
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184
caneta de nanquim, era muito carinhoso e atencioso. Tinha muito talento e
inteligência”.
Sua formação humanística sempre a ajudou muito. Na Subárea de
Armazenamento e Patrimônio do Instituto de Biologia, conquistou vários
amigos, que foram muito importantes. Assim como no Coral da Unicamp, na
época, regido pelo maestro Paulo Rocco.
Recorda-se de um momento muito triste de sua vida, mas em que pôde
contar com pessoas especiais. Recebeu apoio de sua coordenadora, Mercedes
Bueno Costa Leite, que a acolheu quando seu pai esteve hospitalizado, antes
de falecer. Ela lembra que, no dia em que o pai morreu, Mercedes esteve ao
seu lado por muito tempo, inclusive em sua casa, amparando-a. “É raro ter
um chefe que se preocupa com questões pessoais do funcionário, mas aqui na
Universidade encontrei isso. Naquele setor, as pessoas estavam prontas para o
cuidado com o outro”, comenta Alice.
Na Editora da Unicamp, onde permaneceu por sete anos e seis meses,
também encontrou bons amigos e um trabalho enriquecedor. O contato com os
livros, com a imprensa, o trabalho de divulgação e, no Correio Popular, em 2002,
a função de revisora foram importantes experiências profissionais. Na mesma
época, publicou crônicas por um curto período; escrevia coisas da infância,
do dia a dia, homenagem à Ponte Preta e ao avô. Fez isso por seis meses. Da
Editora, seguiu para a Assessoria de Imprensa.
Uma importante experiência veio fazer parte do universo de Maria
Alice, que desde os 9 anos de idade cantava em um coral, no qual tinha aulas de
teoria, partitura e técnica vocal. Pôde participar do Coral da Unicamp na década
de 1990, onde o maestro Paulo Rocco a ensinou muito: “Foi uma experiência
muito rica e me aguçou os ouvidos. A música me toca demais! Sou muito grata
por essa oportunidade rara que me foi oferecida. Só mesmo a Unicamp para me
proporcionar esse reencontro com a música”. Atualmente faz aula de canto com
o maestro e professor Demerval Keller. Tem uma filha que toca violino e outra
que toca violão e flauta transversal. Entre 2005 e 2008 frequentou a disciplina
de canto coral do curso de música da Unicamp, coordenada pelo professor
Carlos Fiorini.
Maria Alice preocupa-se com a situação dos menores de hoje e comenta:
“Desejo que os jovens tenham a oportunidade de ficar na Universidade, que
as pessoas tentem transmitir e imprimir na vida deles alguma coisa boa. Cada
unidade deve ter o compromisso de direcionar e sentir o que os jovens querem,
para que um dia cresçam profissionalmente e sigam um caminho feliz”.
Outro ponto que considera importante é com relação ao apoio oferecido,
principalmente no início da carreira, além de uma estrutura familiar sólida:
“Tudo que realizei devo à minha família. Desde meus pais até minhas filhas.
Todos se envolveram na minha história profissional. Agradeço a todos que
fizeram e fazem parte da minha vida na Unicamp e, em especial, a duas pessoas
que me olharam como amiga desde o primeiro momento, a Marinês, que abriu
um sorriso largo assim que entrei na Unicamp, e a Paulete, que me mostrou
tudo dentro da Universidade logo no primeiro dia. Sou o que sou porque tive
apoio. Aprendi a valorizar o ser humano, independentemente de ter ou não
graduação, pois cada um tem seu valor e deve ser respeitado”.
INÍCIO COM GREVE
Marivaldo entrou na Unicamp, na DGA53 (Diretoria Geral da Administração) em 1987, como mensageiro, através de processo seletivo. Estava com
14 anos de idade.
Trabalhou no arquivo até completar 18 anos. Apesar de sua transição
a contínuo porteiro não ter sido automática como o processo da maioria dos
mensageiros, assumiu o cargo e se tornou efetivo.
Passou a ser técnico operacional básico A ainda com 18 anos, em 1990.
Trabalhava com arquivo e microfilmagem.
Concluiu o ensino médio em 1990 e parou de estudar. Fez vários cursos
de programação, despertando o gosto pela Informática.
Em 1993, data da implantação do sistema de Protocolo, um sistema de
administração de rede, foi convidado a auxiliar o administrador do sistema, e
assumiu o cargo.
Em 2000 foi implantado o PCVS (Plano de Carreira, Vencimentos e
Salários), onde para assumir cargos gerenciais na Universidade seria necessário
ter nível superior.
Em 2001, percebeu que deveria voltar a estudar. Inscreveu-se no
Programa de Identificação de Interesse e Potencial Gerencial, mas não foi
selecionado. Após dois anos, fez nova inscrição e foi aceito.
Trabalhava no Protocolo e participava do Programa, que era como um
“banco de futuros gerentes”, na DGA, e passou a fazer parte desse banco.
Foi estudar nas Faculdades Fleming, fez Administração com ênfase em
Sistemas de Informação, um curso voltado ao gerenciamento. Iniciou em 2002
e se formou em 2005.
Assim que fez a matrícula na faculdade, foi convidado a trabalhar em
outro setor da DGA.
Na faculdade ouvia dizer que ficar muito tempo em um setor podia ser
sinônimo de que alguma coisa estava errada. Resolveu então aceitar a proposta
para trabalhar na Diretoria de Transporte, em 2002.
Como se sentia na chamada “zona de conforto” onde trabalhava
anteriormente, quando foi para o setor de transporte tudo era novidade,
além de muito dinâmico. Assumiu como responsável pelo agendamento de
transporte.
Atualmente é supervisor de transporte, cargo que ocupa desde 2005.
Houve grande melhoria do setor através da implantação do agendamento
eletrônico, em 2008, sistema esse que Marivaldo ajudou a informatizar e
implantar, juntamente com outros profissionais, o que lhe causa orgulho.
Passou por dificuldades e se lembra de certa vez que dormiu sobre
papelões, dentro do arquivo, devido ao cansaço de sua jornada. Ficou fechado,
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
MARIVALDO BAPTISTA DE OLIVEIRA
185
pois todos tinham ido embora. Precisou pular a janela e correr muito para não
perder o ônibus fretado.
Muitos foram os profissionais que incentivaram sua carreira, entre eles,
Maria Roseli, Diretora da Área de Suprimentos, e Sebastião, atual Diretor de
Transporte, com um jeito “mineiro” de administrar e que está sempre pronto a
ajudar. Marivaldo faz questão de ressaltar: “Sempre exigiram bastante, porém
são grandes responsáveis por minha trajetória, com contribuições significativas
no sentido de mostrar o caminho para que eu pudesse gerenciar de forma
coerente, sabendo o momento certo para me apresentar”.
Fato marcante em seu ingresso na Unicamp foi ter começado a trabalhar
no dia em que se iniciava uma grande greve.
Ao longo dos 30 dias de greve, havia pouco trabalho a fazer. Neste
período, aprendeu a jogar pif-paf, que na época era considerado o jogo “oficial”
do funcionário público.
Brincadeiras a parte, orgulha-se de sua trajetória e conclui: “Sou muito
grato a todos que de alguma forma contribuíram para que eu chegasse onde
estou”.
Marivaldo Baptista no ambiente de de trabalho na Diretoria Geral de Administração da Unicamp.
186
APOIO NA TRAJETÓRIA
Mauro entrou como mensageiro na Unicamp com 16 anos. Antes disso
era patrulheiro, e trabalhou em um depósito de materiais para construção.
Havia pessoas conhecidas na Universidade que lhe avisaram sobre a prova
de seleção para mensageiro. Em 1987 assumiu a função na área administrativa,
na DGRH (Diretoria Geral de Recursos Humanos), onde permaneceu até 1998.
Cultivou muitos amigos nessa época, entre eles, o compadre Paulo
Humberto Fozatti, ambos são padrinhos de casamento um do outro.
Mauro sempre quis trabalhar na área técnica. Em 1995 foi fazer um curso
no Senai. Para poder estudar foi preciso pedir demissão, pois os horários não
eram compatíveis e não conseguiria manter as duas coisas. Dois chefes foram
muito importantes nesse momento de sua vida, Marilda, que não o demitiu e
José Luiz Boer, que diante de sua determinação, autorizou a mudança de horário
para que pudesse estudar e trabalhar. Mauro faz questão de registrar seu
agradecimento: “Sou grato pelo apoio recebido e pela compreensão dos meus
chefes, e à Universidade por permitir a flexibilidade do horário de trabalho.”
Trabalhou à noite durante três anos. Conseguiu dar conta do trabalho e
do estudo, e adquirindo assim a confiança dos chefes.
Graças a um convênio entre o Senai e a Unicamp, firmado pelo SAS e
dirigido por Edison Lins, os funcionários interessados puderam cursar o colégio
técnico, o que proporcionou crescimento profissional para várias pessoas.
Recorda-se dos bons tempos enquanto mensageiro: “Eu e meus amigos
entrávamos na fila várias vezes para tomar sorvete. Foi um tempo muito bom!”
Mauro é formado em Instrumentação, no Ensino Médio.
Há 12 anos está na Engenharia Mecânica, como técnico em eletrônica.
E costuma dizer: “Aproveitei todas as oportunidades que passaram por mim, e
consegui realizar o sonho de estar na área técnica”.
Fez curso superior, formou-se em Ciências da Computação através de
uma bolsa concedida pela Unicamp. E ressalta: “Acho que se não fosse por esse
incentivo, não teria conseguido me formar”.
Vários foram os apoios recebidos durante sua trajetória pessoal e
profissional. E conclui: “Edison Lins sempre ‘correu’ atrás de benefícios para
os funcionários. É uma pessoa importante em minha vida. Sou grato a ele e a
todos que me apoiaram”.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
MAURO ROMERA
187
BIBLIOTECAS
Oscar perdeu sua mãe quando tinha 11 anos de idade. A partir daí,
começou a querer trabalhar. Recebeu apoio do pai e do irmão mais velho, e
acabou adquirindo responsabilidade precocemente.
Soube a respeito do Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de
Campinas e se inscreveu. A Instituição o encaminhou à Unicamp, em outubro
de 1991, aos 13 anos. Foi seu primeiro emprego.
Ingressou na Procuradoria Geral, onde foi tratado com muito respeito,
e que julga ter sido uma passagem muito importante para adquirir experiência
profissional. Ficou até outubro de 1994, data essa que marcou sua saída da
Universidade, pois assumiu uma vaga na empresa onde seu irmão trabalhava.
Em junho de 1998, já cursando a Faculdade de Biblioteconomia,
retornou à Universidade como estagiário em Biblioteconomia, na Biblioteca da
Medicina. Permaneceu até janeiro de 2000, e passou num teste da Tess Celular,
onde ficou até 2002, quando foi para um projeto da Biblioteca do IFCH, ficando
até 2003, onde prestou um concurso para funcionário temporário. Em 2004,
prestou novo concurso e passou a ser bibliotecário efetivo da Biblioteca do IEL.
Desde cedo teve incentivo em relação à leitura. Estudou no Colégio
Culto à Ciência, onde tinha biblioteca e brinquedoteca, que frequentava com
amigos e achava um ambiente acolhedor e gostoso.
Oscar se recorda de como achava boa a época em que era patrulheiro.
Eles eram em muitos e quando se encontravam era agradável e divertido,
pois aconteciam muitas brincadeiras e conversas. Era uma experiência nova
para ele, por conta de ser seu primeiro emprego. E comenta: “A Unicamp tinha
um ambiente muito bom. Havia muitos jovens. Estávamos saindo para o mundo
naquele momento. Vínhamos trabalhar, mas parecia também que tudo era uma
grande diversão. Era um momento legal, de integração total”.
No horário do almoço, os menores se reuniam para jogar cartas e pescar
no lago. Pescavam e soltavam novamente e, às vezes, davam os peixes para
outras pessoas que estavam no local.
Os garotos adoravam ver as meninas de biquíni na piscina da FEF.
Muitos fatos foram marcantes e os relacionamentos também.
Outra diversão, enquanto patrulheiro, era ir à Biblioteca Central, o que
contribuiu para a escolha da profissão. Sempre gostou de frequentar bibliotecas,
o ambiente sempre foi um incentivo e adquiriu o gosto pela leitura.
Um de seus maiores desejos era ser efetivado na Unicamp, e conclui:
“Meu retorno como estagiário, três anos após ter saído da Universidade, foi
algo que me deixou muito contente, pois estava concretizando o sonho de
poder fazer parte do quadro de funcionários da Unicamp”.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
OSCAR ELIEL
189
Muitas pessoas foram importantes e o incentivaram. O Aparecido, a
Lúcia, o Wellington e o Toninho foram pessoas que o apoiaram muito quando
começou a trabalhar.
O Cristiano é um grande amigo. Entraram no mesmo período, trabalham
juntos e se relacionam fora da Unicamp também.
No início da carreira, estudava à noite e trabalhava durante o dia. Apesar
de ter sido um período difícil, adorava, e se sentia como adulto por viver aquelas
experiências.
Fez cursos e participou de palestras na Unicamp. Foram passados valores,
como conscientização quanto a drogas e doenças sexualmente transmissíveis,
fatos fundamentais para nortear a vida dos jovens. Acha importante esse papel
que a Unicamp sempre teve, no sentido da construção de valores junto aos
funcionários. E conclui: “Quero agradecer a todos que me ajudaram desde o
início da minha jornada. Em especial, o pessoal da Procuradoria, das Bibliotecas
da Medicina, do IFCH e do IEL”.
190
INOVAÇÃO
Pedro Ermerson entrou na Unicamp com 15 anos, como mensageiro,
através de um recrutamento de seleção na DGRH (Diretoria Geral de Recursos
Humanos).
Com 21 anos, em 1991, foi para o Centro de Computação, através de um
concurso interno para programador de sistemas.
Em 1998, já formado em Direito, foi para o serviço de apoio ao estudante,
a convite, para uma área de atendimento a discente, e eventualmente docente,
no apoio jurídico do Serviço de Apoio ao Estudante.
Ainda em 1998, a convite do Dr. Otacílio e do então Prof. Douglas Zampiere,
foi para o antigo EDISTEC (Escritório de Difusão de Serviços Tecnológicos), o
antecessor do que é hoje a Agência de Inovação.
Em 2001 prestou um concurso interno e foi para a Auditoria, como
auditor interno.
Com a implantação da Agência de Inovação, em 2003, na gestão do Prof.
Brito Cruz, foi chamado para estruturar a agência o Dr. Alberto Duque Portugal,
ex-presidente da Embrapa e atual secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior do Estado de Minas Gerais, que mapeou algumas competências
na Unicamp na área de transferência de tecnologia (área de atuação de Pedro)
e o chamou para estruturar a área de Contratos e Parcerias. As pessoas que
eram da EDISTEC foram incorporadas à Agência de Inovação.
Todas as etapas que enfrentou, sempre a convite, foram marcadas de
maneira significativa, representando sempre um novo desafio.
“Participar do processo de estruturação e implementação da Agência
de Inovação foi um desafio e, certamente, uma experiência gratificante, pois
me possibilitou abertura e amplitude de conhecimentos muito grandes. Uma
inserção no cenário internacional e em outras instituições, de norte a sul do
Brasil”, ressalta Pedro.
Ministrou, em outras instituições, cursos e palestras, e acompanha a
evolução do Sistema de Inovação no país.
A lei de inovação foi promulgada em 2004 e regulamentada em 2005;
portanto em pleno ambiente de estruturação da Inova-Unicamp. A Unicamp já
tinha essa visão, foi precursora na área de inovação e gestão de estratégia de
conhecimento e busca de interação entre diversas instituições.
A partir de 2009, a inserção internacional num projeto com a União
Europeia foi de forte crescimento profissional.
Algo engraçado aconteceu com Dª Maria de Lourdes Malta Prety, que
era então Diretora do Departamento de Recursos Humanos na DGRH.
Pedro, ainda muito jovem, aprendendo que a linguagem de comunicação
das relações profissionais é diferente das pessoais e afetivas, frente a uma
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
PEDRO ERMERSON DE CARVALHO
191
192
solicitação de Dª Lourdes, respondeu-lhe algo parecido com “não dá, pois não
estou disponível”. Foi sua primeira experiência contundente de aprendizado
quanto às deficiências de comunicação. “Não me fiz entender de que não havia
tempo para executar a tarefa solicitada, sendo meu primeiro grande aprendizado
das falhas de comunicação, muito comum em todas as áreas”, comenta Pedro.
Muitos foram os desafios ao longo de sua trajetória. Situações tensas e
outras muito alegres.
Em relações profissionais, teve experiência com diversos profissionais,
pesquisadores de renome, e pôde participar de momentos importantes da vida
de cada um deles, momentos de tensão, mas também de alegrias, além de suas
conquistas.
Um desses importantes profissionais foi o Prof. Yon Park, da FEA
(Faculdade de Engenharia de Alimentos), um imigrante, com uma história
impactante de dedicação à pesquisa, que conseguiu transferir sua tecnologia
para empresas e lançar produtos no mercado. Foi recentemente reconhecido
num prêmio de inventores da Universidade, e Pedro faz questão de salientar:
“Ver a satisfação do professor por suas realizações e conquistas foi um aspecto
bastante marcante, pois sua história realmente me encantou”.
Pedro é atualmente assessor técnico na Agência de Inovação da
Diretoria Executiva, cargo formal, no entanto gerencia uma equipe, agentes
de transferência de tecnologia, analistas, com perfis diversificados, formação
técnico-científica, com advogados que auxiliam na parte de contratos e
engenheiros. Coordena também essa área de contratos, que são inerentes
à atividade de transferência de tecnologia, de propriedade intelectual, de
licenciamento dentro da INOVA.
Além da satisfação pelo trabalho, aprecia muito estar em família, com
a esposa e filho. Os estudos também permeiam o seu dia a dia. Está fazendo
disciplinas de mestrado. Fez duas especializações pela Unicamp. É professor
numa Universidade particular, ministrando uma disciplina de propriedade
industrial e intelectual, em um curso de Engenharia Ambiental.
Tem um pequeno hobby, que é colecionar coisas de onde passa.
Através dos projetos realizados, conheceu a Inglaterra − a Universidade
de Oxford − em 2009, sendo por ele considerado um grande aprendizado.
No segundo semestre de 2009 conheceu a Espanha, a Argentina, o
Peru e a Colômbia, onde teve contato com diversas pessoas, culturas e línguas.
“Foram experiências importantes”, ressalta Pedro Ermerson.
Fez o PDG (Programa de Desenvolvimento Gerencial). Achou o curso
muito bom e enfatiza: “Seria interessante que todos pudessem participar desse
curso, para adquirir uma visão ampla da importância de uma Universidade
Estadual e da pesquisa para o desenvolvimento do país”.
Muitos são os agradecimentos, e conclui: “Sou muito grato a todas as
pessoas com quem tive a grata possibilidade de dividir o trabalho. Tenho uma
enorme dívida de gratidão pelas oportunidades oferecidas, inclusive dentro da
Agência de Inovação e na Auditoria. Fiz grandes amigos e agradeço pelo apoio
recebido”.
UM SONHO REALIZADO
Raquel teve seu primeiro contato com a Unicamp no ano de 1981,
quando seu pai precisou de um tratamento de saúde e recorreu ao Hospital das
Clínicas para receber atendimento médico. Ela o acompanhava às consultas,
juntamente com sua mãe.
Recorda-se com carinho dessa época. Tinha apenas doze anos de idade.
Porém, algumas lembranças ficaram bem nítidas em sua memória: ficava
encantada com a visão da paisagem do campus da Unicamp, quando o ônibus
circular fazia seu trajeto. Observava atentamente pela janela do veículo e
pensava: “que lugar lindo!” Não imaginava que um dia este cenário faria parte
do seu cotidiano.
Quando iniciou o ano de 1982, Raquel não mais precisou acompanhar
seu pai ao Hospital das Clínicas, pois as consultas médicas não eram mais
necessárias.
A vida seguia seu rumo e aconteceu a primeira experiência de trabalho
que foi rápida e a obrigou a refletir sobre o seu futuro, e assim o fez. Até que
uma forte motivação veio ao seu encontro e Raquel pensou: “Eu gostaria muito
de trabalhar na Unicamp”.
Enquanto alimentava seu sonho, imaginava-se trabalhando na Unicamp.
As imagens que tinha de quando acompanhava seu pai, voltaram aos seus
pensamentos com intensidade.
Sua vontade foi tanta que, em outubro de 1984, então com 15 anos
de idade, Raquel realizou seu desejo, o de ser admitida para trabalhar na
Universidade Estadual de Campinas.
Para sua felicidade, não precisava mais sonhar acordada. Ela era
funcionária efetiva desta conceituada Universidade e tinha até registro na
carteira profissional, o que era motivo de muito orgulho.
Ao chegar, foi encaminhada para atuar na Reitoria, onde está até hoje.
Primeiramente exerceu atividades na CADI e, atualmente, na Coordenadoria
Geral da Universidade.
Raquel se considera uma pessoa privilegiada por ter tido a oportunidade
de ser admitida na Unicamp.
Sente-se muito feliz, gosta de realizar um bom trabalho e adora o que faz.
Sempre se empenha em fazer tudo com amor, dedicação e responsabilidade,
desde a mais simples até a mais complexa tarefa.
Acredita que a Universidade permite um horizonte e comenta: “O
importante é não desistir dos sonhos, dos objetivos e querer sempre aprender,
cada vez mais e mais. Nunca sabemos o suficiente, sempre teremos algo novo
para acrescentar”.
Raquel sente-se realizada e conclui: “A Unicamp ajudou a estruturar
minha vida e tem contribuído significativamente para esta continuidade. Sou
imensamente grata à Unicamp”.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
RAQUEL TEIXEIRA GOMES MAGRI
193
SEM DESÂNIMO
Roberto Carlos se recorda de quando entrou no Círculo de Amigos do
Menor Patrulheiro de Campinas, em meados de 1978, quando a sede ainda
era na Vila Marieta, na rua Vitoriano dos Anjos.
Conheceu várias pessoas que lhe deram muito apoio e facilitaram sua
integração à sociedade.
Nasceu de uma família humilde, morava em um bairro perigoso da
periferia, mas graças à educação dada por sua mãe, ele e seus irmãos seguiram
por um bom caminho.
Lembra-se com carinho do escritório de contabilidade, situado no
Cambuí, onde trabalhou como patrulheiro.
Foi tratado com muito respeito. Teve apoio do patrão e dos funcionários,
que muitas vezes faziam a despesa de sua casa, garantindo-lhe alimentação e
roupas, além de levá-lo para almoçar em restaurantes ou até em suas casas.
Foi ali que viu como é ser honesto e ter caráter, pois aprendeu muito
com eles. Até seus estudos foram financiados por seus antigos chefes. E
ressalta: “Jamais esquecerei o apoio que recebi dessas pessoas tão especiais
em minha vida”.
Em 1981 saiu do escritório, pois como estava para completar 18 anos,
precisava de um trabalho em que fosse registrado.
Então, seguiu à sede, relatou seu problema e foi prontamente atendido.
Chegou à Unicamp em 1982, como patrulheiro, no Instituto de Física,
onde permaneceu por 15 anos aproximadamente.
Depois houve sua transferência para o IEL (Instituto de Estudo da
Linguagem), onde está até hoje, como técnico administrativo.
Roberto Carlos completa, deixando um conselho aos jovens trabalhadores: “Dificuldades virão, mas lutem, não desanimem! Os frutos serão
colhidos mais tarde”.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
ROBERTO CARLOS CUSTÓDIO
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Roberto Carlos Custódio e Norma Suelli Alegretti registram sua amizade na foto.
196
DA SENZALA À CASA GRANDE
Robson conhecia o fundador da Instituição, Dr. Rui Rodriguez, pois
ele era assíduo frequentador do Centro de Ciências, Letras e Artes, onde sua
mãe trabalhava. Foi ela quem pediu ao Dr. Rui para que Robson entrasse na
Associação de Educação do Homem de Amanhã, a “Guardinha”.
Seu primeiro emprego foi aos 13 anos, numa Eletrotécnica. Trabalhou
também no antigo Eldorado, que pegou fogo.
Depois, seria encaminhado para a PUCC, devido à proximidade de sua
casa, mas outros guardinhas acabaram indo para lá, e ele foi para o Citibank.
Passado algum tempo, no ano de 1981, foi encaminhado à Unicamp.
Estava com 17 anos. Ao chegar, levou um susto com o tamanho da Universidade.
Foi encaminhado para trabalhar no Restaurante, onde permaneceu por
mais ou menos 15 anos.
Trabalhava com pessoas que moravam em bairros próximos, eram
conhecidas, o que tornou sua adaptação mais fácil.
Robson tem boas recordações daquela época. Lembra-se que no intervalo
do almoço, jogavam bola na FEF (Faculdade de Educação Física). Iam atrás do
‘bandejão’, colocavam pauzinhos para simular uma trave de gol, juntavam uns
garotos e se divertiam. O momento de lazer dos jovens era o futebol.
Grande parte de sua vida foi na Universidade.
Fez cursos no Senai e tentou ser metalúrgico. Na época, buscou um novo
momento, e foi trabalhar numa Indústria Química, mas acabou se queimando
com ácido e resolveu então voltar para a Unicamp. Prestou um concurso e
passou em segundo lugar, retornando ao Restaurante em 1989.
Trabalhava como operador de máquina na copa, na saída do Restaurante.
Sua função era limpar as bandejas, tirar os resíduos de alimentos, colocar
os talheres, pratos e bandejas para serem lavados na máquina e retornar as
bandejas na fila. “Não trabalhava como cozinheiro, porque de cozinha não
entendo, só sei comer e mais nada!”, brinca Robson.
Trabalhou um período de dia e também à noite. Foi ajudante de cozinha
e também trabalhou no Almoxarifado.
Saiu do Restaurante e trabalhou na Gráfica do IMECC (Instituto de
Matemática, Estatística e Computação Científica) com mimeógrafo, xerox e off
set, por cerca de dois anos. Depois do IMECC saiu por um tempo da Universidade.
Ao retornar, exerceu a função de técnico de laboratório no Instituto
de Física. Prestou serviço para o Cartório Eleitoral e depois voltou para a
Universidade, na Secretaria de Graduação do Instituto de Biologia, onde está
atualmente.
Vários foram os bons momentos da juventude. Na época do Restaurante
tinha várias amizades, frequentavam a casa um do outro, faziam churrasco,
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
ROBSON JOSÉ DE ALMEIDA
197
jogavam bola juntos.
Foi jogador da Ponte Preta, disputou vários jogos como amador e alguns
com um time que foi premiado. Como veteranos, foram campeões em Paulínia,
com reportagem, fotos e um bonito troféu.
Vários foram os momentos engraçados que o futebol proporcionou.
Jogavam bola com botas sete léguas brancas, para proteger os pés. Certa vez,
Robson foi jogar bola descalço e quebrou o dedão. Um senhor colocou seu dedo
no lugar e mesmo com dor voltou para o jogo.
Recorda-se de outra ocasião, em que seu colega Quico chutou a bola,
sua bota saiu do pé e acertou em cheio a boca de Robson, que ficou inchada.
Daí para frente começaram a chamá-lo de “Bicudinho”, apelido esse que não o
agradava.
Já havia no grupo vários apelidos, o ‘Fanta’, o ‘Morrendo’, o ‘Patuá’,
e Robson comenta: “Eu achava horrível os apelidos e não queria fazer parte
daquele time”.
Além do futebol, outros esportes também o agradam bastante, como o
tênis de mesa e a natação.
Ao longo de sua trajetória, procurou aproveitar as oportunidades que
surgiram.
Fez alguns cursos, como o de computação MS DOS, e o de auxiliar técnico
de enfermagem, sendo da última turma do curso realizado dentro da Unicamp,
pois agora acontece somente no Cotuca.
Por um tempo trabalhou com transporte de pacientes, inclusive para
internação em hospitais psiquiátricos, e como auxiliar de enfermagem da Ponte
Preta e do Guarani. Como achou a área da saúde bastante complexa, acabou
optando por continuar na área administrativa.
Através de incentivo, acabou por fazer Faculdade de Recursos Humanos.
Foi enquadrado na carreira e trabalha na área até hoje.
Tem três filhos, que inclusive utilizaram a creche da Unicamp,
benefício este que considera como sendo de grande importância. E comenta:
“A Universidade proporciona recursos e benefícios para promover o lado
profissional e enquadrá-lo com o pessoal, o que é muito importante”.
Robson trabalhou em outros locais, sempre buscando melhorar sua
condição. Tentou ser policial, mas não deu certo. Fez curso de Segurança
Patrimonial, trabalhou por um ano, mas desistiu.
As inúmeras experiências ao longo de sua vida profissional o fizeram
amadurecer. E conclui: “Agente precisa de chão em nossa vida, de estabilidade, e
a Universidade proporciona isso. Sinto-me realizado em trabalhar na Unicamp”.
198
UM CAFÉ GOURMET NO BERÇO DO CONHECIMENTO
Ronei ingressou na Unicamp em 1987. Atuou no CEMEQ e na DGRH e,
atualmente, na ASCOM. Soube, por meio de uma vizinha, que estavam abertas
as inscrições para o processo seletivo, no qual seriam admitidos menores para
trabalhar na área administrativa da Universidade.
Mesmo não sabendo o local na Unicamp, foi sozinho (de ônibus) fazer a
sua inscrição.
Realizou a prova e, alguns meses depois, recebeu uma carta que o
convocava a trabalhar. Tinha uma experiência de trabalho de dois meses em
uma gráfica. A Unicamp foi o segundo emprego.
Assim que chegou à Unicamp, assinou o contrato e, no mesmo dia,
começou suas atividades no Centro para Manutenção de Equipamentos
(CEMEQ), local que permaneceu até 1999. Fez muitos amigos durante os 12
anos que lá permaneceu. Após esse período, foi trabalhar na Diretoria Geral de
Recursos Humanos (DGRH).
Já formado em Jornalismo (1997), atuou como jornalista na DGRH, onde
produzia boletins, informativos, publicações expressas, notícias para o site na
internet e publicações especiais ao público da Unicamp. A experiência adquirida
foi um dos aspectos positivos nessa área da Administração da Universidade.
Conheceu várias pessoas nos setores e aprendeu muito com elas. Vislumbrou
nova oportunidade na área jornalística e atuou até 2002 na DGRH. Fez muitos
amigos. “Participamos de várias atividades. Também, promovemos eventos
entre os amigos. Até hoje temos encontros com certa frequência”.
Ao longo de sua carreira exerceu diversas funções: como auxiliar
administrativo, técnico administrativo, secretário e supervisor de seção. As
oportunidades favoreceram seu profissionalismo.
Durante sua carreira encontrou várias dificuldades, mas sempre procurou
fazer o melhor em suas funções e atividades. Foi e está sendo um aprendizado
trabalhar na Universidade. A cada dia uma novidade, uma inovação, uma
tecnologia.
Na Faculdade (PUC-Campinas), aprendeu as técnicas de produção
de textos, produção de jornais, programas de rádio e tv, além das disciplinas
práticas em laboratórios de Jornalismo. Também, disciplinas teóricas e práticas
na área de Artes Cênicas.
Na Assessoria de Imprensa (ASCOM), lida com a comunidade acadêmica
e com a imprensa/mídia do Brasil – rádios, tvs, jornais, revista, portais de internet
e, também, publicações especializadas tanto nacionais como internacionais.
Fez pós-graduação em Comunicação Jornalística, na Faculdade Cásper
Líbero, em São Paulo. Por dois anos viajava a São Paulo toda semana. Também,
cursos na área de Jornalismo Científico, ambiental de internet.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
RONEI APARECIDO THEZOLIN
199
200
Todos os cursos que a Unicamp ofereceu, aproveitou. O primeiro
foi datilografia. Depois fez “não diga alô, diga Unicamp”. Ainda, informática,
internet, editor de texto, Word, Excel, PowerPoint, inglês, editoração de jornal,
fotografia, edição de vídeo, liderança, coaching gerencial além de outros cursos
na área de qualidade, que julgou ser mais importantes entre outros.
Várias passagens interessantes aconteceram ao longo da sua vida na
Universidade. Uma delas curiosa. É quando as pessoas que serão entrevistadas,
por conta de uma pesquisa ou estudo, perguntam se a divulgação sairá na TV,
se aparecerá na Globo (TV Globo), e se “dará no Fantástico ou pegadinha do
Faustão”. Ronei ressalta: “O bom humor vale muito para lidar com as pessoas”.
Recorda-se do início da carreira, de como foi difícil começar a trabalhar
em um universo novo e desconhecido, a complexidade da Unicamp.
Teve a chance de conhecer pessoas que lhe deram apoio. O professor Joni
foi especial quando atuava na DGRH. Ele foi o responsável pela sua transferência
para a ASCOM, num momento oportuno. “Só tenho a agradecer ao Joni e ao
Eustáquio. O Eustáquio me recebeu com o maior carinho na Assessoria de
Imprensa. A partir de 2002, novas oportunidades surgiram na minha profissão
e na minha vida na ASCOM. Agradeço outras pessoas que colaboraram e me
incentivaram ao longo da carreira, como o Arsênio Lente de Carvalho, Laisez
Cabral P. Hernandes, Carmem Puia, Paulo, Marino, Fábio Lemos, entre outros”.
Quando da sua saída do CEMEQ, o grupo de amigos preparou uma festa
de despedida. “Foi muito bacana e emocionante”.
Ronei almejou sua carreira e buscou sua qualificação e aperfeiçoamento.
Ao longo dessa estrada, atuou e atua com diversos públicos, tanto na Unicamp
quanto fora. Professores, alunos, pesquisadores, funcionários e colegas da
profissão de jornalista estão na rotina de trabalho. Desses, muitos são amigos.
Também fez muitos amigos jornalistas fora da Universidade. A atividade permite
esses contatos e amizades.
Adora viajar. Já conheceu alguns países da Europa e da América do Sul.
Costuma dizer: “É preciso abrir mão de algumas coisas para conseguir outras.
Mas não se pode esquecer de planejar aquilo que quer fazer. Seja motivado
e determinado para com seus objetivos”. Sempre procurou aproveitar as
oportunidades profissionalmente e, também, da sua vida privada.
Fez disciplinas como aluno especial no Núcleo de Estudos de População
(Nepo), na área de migração. Pretende fazer mestrado e doutorado.
Trabalhou com o Alexandre que dizia: “Às vezes não basta você ensinar
a pessoa, tem de pegar na mão da pessoa e ensiná-la a fazer”.
Na Assessoria de Imprensa, tem que ter equilíbrio em tudo, ser preciso
e claro, pois você atua com a informação. É ter responsabilidade por suas
atividades. Procura aprender e crescer com esse aprendizado, sempre.
Encara o trabalho com seriedade e profissionalismo. Considera um
privilégio trabalhar na Unicamp. Por conta da diversidade que se encontra cada
momento nas faculdades, institutos, centros, núcleos e administração.
Acredita que trabalhar com vontade, carinho, paixão e qualidade é um
dever: “O trabalho é como se fosse um presente que damos a alguém, temos
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
que presentear da melhor maneira, como se o presente fosse seu”.
Ronei conseguiu auxílio para cursar a faculdade. Um programa da
Unicamp aos funcionários colaborou nos dois primeiros anos.
Além do trabalho, tem como hobby a fotografia e a gastronomia. Prepara
e inventa receitas, prepara receitas dos chefs famosos. Fotografa os pratos para
publicação na internet. Adora café. É um gourmet em café. Inclusive, busca o
café no sítio, em Divinolândia-SP. Costuma dizer: “É um café da roça”. Também é um apreciador de cervejas artesanais e especiais. Fez curso na
área de preparação. Pretende realizar outros cursos nessa área de gastronomia.
Agradece, e muito, a todas as pessoas que ofereceram as oportunidades
e o que foi proporcionado pela Universidade. “A Unicamp é um berço do
conhecimento, por sua diversidade em pesquisa e ensino, de pessoas e por
sua atuação. Os caminhos estão em todo lugar, basta aproveitar cada um deles.
Depende muito de você aproveitar cada uma dessas oportunidades”, conclui.
201
FORMIGA ATÔMICA E BARATAS ALBINAS
Roseli trabalhava como guardinha na Sanasa. Soube então que estavam
abertas as inscrições para um processo seletivo na Unicamp. Fez a prova quando
tinha 13 anos e aproximadamente um ano depois, foi chamada.
Para poder assumir a função na Unicamp, precisou pedir demissão
na Associação de Educação do Homem de Amanhã, a “Guardinha”. Desligouse da Instituição em julho de 1987, onde supostamente seria admitida pela
Universidade. Porém, devido a um erro de exame no CECOM, por conta de um
homônimo, ficou desempregada de julho a novembro, algo que lhe causou
grande frustração. Todo o processo burocrático foi refeito, o erro corrigido, e
Roseli pôde começar a trabalhar em 24 de novembro de 1987.
Foi encaminhada ao Instituto de Química. Ao chegar à Unicamp, achou
tudo maravilhoso, o ônibus, as pessoas, o local. Permaneceu no IQ por exatos
dez anos.
Tem muitas recordações agradáveis do seu início de carreira na
Universidade.
Lembra-se de uma vez que estava na Praça da Paz, próxima ao restaurante,
descansando, quando um rapaz se aproximou e lhe deu uma bonequinha. Em
meio a elogios lhe disse que a achara linda e que queria lhe presentear. Roseli
achou muito interessante, e guardou a bonequinha por muitos anos.
Recorda-se de ter feito muita “molecagem” na época de mensageira.
Subia em árvores, apanhava frutas para comer. Dormia no banco da praça.
Tinha um banheiro enorme no Instituto de Química e, na hora do almoço,
várias pessoas colocavam papelão no chão e dormiam para descansar. Além
disso, havia venda de diversos itens. Roseli costuma dizer que “era montado um
verdadeiro ‘circo’ para a venda de coisas”.
Recorda-se também da brincadeira com barbante nas mãos que fazia
com seus amigos, como o Flavinho.
Enquanto ficou no Instituto de Química, frequentou muito a Biblioteca
do IEL (Instituto de Estudo da Linguagem). A Biblioteca Central também foi
bastante utilizada. Existia um projeto que se chamava “Biblioteca do Lazer”, o
que era muito bom, pois podia retirar livros. Leu muito naquela época, e até
hoje lê no banco da praça, em seu horário de almoço.
Teve momentos muito felizes na época do Instituto de Química.
Recorda-se que fizeram um chá de bebê quando Roseli teve sua primeira
filha, que agora já está cursando o primeiro ano do Ensino Médio. A filha utilizou
o CECI, a EMEI, o Prodecad, o Sérgio Porto. O filho menor, com nove anos, fica
meio período no Prodecad e outra parte do dia no Sérgio Porto, benefício este
que considera de grande valor.
Chegou a começar a Faculdade de Administração de Empresas, mas foi
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
ROSELI DA SILVA LOPES
203
204
numa fase difícil de sua vida, era muito nova, não tinha recursos financeiros
e não pôde levar adiante o curso. Fez então, tempos depois, a Faculdade de
Recursos Humanos.
Após anos no IQ, Roseli foi aprovada em um processo seletivo e passou
a ser secretária de direção, assumindo o cargo no Instituto de Estudo da
Linguagem em 1997.
Em 2007 assumiu como diretora de serviços da AFAO (Área Financeira
Administrativa Operacional).
Vários foram os cursos e treinamentos que participou. Treinamento
para secretária, para técnico administrativo, curso de relações interpessoais,
relações humanas, o SISA (Semana de Integração e Soluções Administrativas) e
palestras.
Na parte de informática fez tudo que o Centro de Computação ofereceu.
Fez também cursos de secretariado, inglês, vários módulos com apoio
do CEL e o PDG (Programa de Desenvolvimento Gerencial), que considera muito
importante para lidar com as questões gerenciais do dia a dia.
Algo que marcou muito seu início de carreira foi quando aos 15 anos
viu pela primeira vez uma máquina Olivetti Eletrônica, que era a sensação
do momento. Em uma ocasião, quando estava datilografando, errou, e usou
o “branquinho” para a correção, mas sem querer borrou a tela da máquina.
Ficou desesperada, mas a chefe nunca comentou nada sobre o assunto e Roseli
também não. Permaneceu apenas na memória aquele episódio, além do medo
que sentiu de ser demitida.
Muita gente foi importante em sua trajetória. O Prof. Fernando
Galembeck, que considera um espelho de competência e trabalho, e que
permitiu sua ida ao IEL; a Maria Alzira; a Cleonice que foi uma base muito forte de
aprendizado e a ensinou muito; as meninas da limpeza do Instituto de Química;
a Alice; o pessoal do Xerox; a Normélia; a Paula; a Yara, que infelizmente faleceu
prematuramente, mas foi uma senhora que a recebeu com muito carinho. O
Prof. Luis Dantas, a Profª. Raquel Fiad, o Prof. Wanderley Geraldi, a Creuza e
o Gilmar são pessoas que a ajudaram muito. Atualmente tem muito contato
com o pessoal da área operacional e sente um carinho muito grande por eles, e
conclui: “Respeito muito a todos que desenvolvem um trabalho sério, de grande
importância. O pessoal que ajuda na manutenção, os pedreiros, os eletricistas,
os encanadores, as meninas da limpadora, Seu Francisco, uma pessoa do bem,
que já se aposentou e faz uma falta enorme com seu profissionalismo, enfim, a
todos, cada qual com seu valor”.
Roseli é chamada de “Formiga Atômica”, porque sempre foi muito
agitada e corre de um lado a outro, batalha pelos projetos e para colocá-los em
prática.
Está há 13 anos no IEL.
Nos últimos três anos pôde perceber como o IEL vem conquistando
espaços. Muitas são as mudanças de salas e até de prédios inteiros. “O IEL,
como canteiro de obras, é uma conquista, resultado de muita luta”, comenta.
Entre tantas habilidades, Roseli tem também facilidade em escrever.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
Já escreveu um livro intitulado “Joaquim Neres Pereira: parte, baluarte,
mas a sua história continua”, sobre a história de um ministro da igreja que
frequenta, já falecido. Sua filha também adora escrever, o que lhe causa muito
orgulho.
Fez a conversão de um manuscrito de 1960 em material digital, de Luís
Galho, sobre os primórdios da igreja. Na Unicamp, sua experiência relacionada
à escrita foi em anotar as atas e transcrever as reuniões.
Roseli desenvolve um trabalho muito sério e voltado à resolução de
problemas, para que de fato as melhorias aconteçam. Luta pelos professores,
pelos jardineiros, pela melhoria estrutural e desenvolve projetos para que tudo
isso ocorra.
Vários acontecimentos permearam sua experiência profissional. Lembrase de algo que marcou, logo que assumiu como diretora de serviços em 2007.
Havia uma caixa de contenção num local em obra. Engenheiros e estagiários
chegaram para verificá-la, pois fazia parte do projeto de um novo prédio. Era
uma enorme caixa e foi preciso muita força para retirar a tampa sobreposta a ela.
Quando conseguiram, o susto foi grande, pois havia uma enorme quantidade
de baratas albinas que começaram a sair. Ninguém nunca tinha visto nada igual.
A estagiária que estava no local saiu correndo, tamanho o susto que levou.
Em outra ocasião, chamou uma empresa para fazer a limpeza dos
telhados. Novamente uma surpresa, pois havia uma família de urubus que
morava ali. Um macho e uma fêmea desceram para “namorar” na escada
do prédio, em frente à sala de aula, e todo mundo ficou olhando. O órgão
responsável pelo meio ambiente foi chamado e disseram que os urubus são
animais protegidos e que nada pode ser feito contra eles. Somente tamparam o
alçapão onde eles ficavam. Gambás também foram encontrados muitas vezes.
Outro fato marcante foi quando, certo dia, uma árvore seria retirada da
praça, no Ciclo Básico, mas uma turma enorme de alunos abraçou seu tronco
e não permitiu que ela fosse cortada. Até hoje ela permanece no mesmo lugar.
Roseli conclui: “Muitas foram as vivências dentro da Universidade.
Literalmente cresci dentro da Unicamp”.
205
CURIOSIDADE E A PRAÇA DA PAZ
Sara entrou na Unicamp como mensageira, com 16 anos, na CGI, em
1984. Foi substituir um mensageiro que estava de férias. Depois seguiu para o
departamento de Recursos Humanos, onde ficou por cinco anos.
Tempos depois houve um bolsão e Sara se inscreveu para uma vaga
no Instituto de Matemática. Fez a entrevista e foi aceita. Ficou por onze anos,
como administrativo de um setor de informática, exercendo as duas funções,
administrativa e informática.
Surgiu então um concurso interno para trabalhar à noite, no Instituto de
Artes. Prestou e passou, ficando por quatro anos. Neste período engravidou,
mas teve algumas complicações devido a um derrame. Quando voltou de sua
licença, não conseguia se lembrar de nada do Instituto de Artes, e teve que
voltar para o Instituto de Matemática, pois de lá tinha total memória. Está há
cinco anos nesse setor.
Onde trabalhava havia mais de sessenta moças, ficavam em um grande
galpão, eram poucos meninos. Sara fazia serviço para essas moças, na época
em que era mensageira. Realizava serviço de banco.
Andava muito pelos jardins na Praça da Paz, lembra-se com carinho
dessa época: “Relembrar da época de mensageiros é muito gostoso, pois havia
muita conversa e brincadeiras. Estávamos sempre juntos, foi uma fase boa”.
Achava a hora do almoço a mais gostosa.
Recorda-se que certa vez, na Praça da Paz, ela e suas amigas viram
uma turma saindo de um lugar redondo da praça, e no chão havia vários tocos
de cigarros jogados. Todos os dias passaram a observar a movimentação no
local. Quando eles saíam do buraco, elas entravam para verificar o que tinham
deixado ali.
“Morríamos de medo, mas passamos a vigiá-los todos os dias. Era
divertido, pois parecia uma investigação, que chamávamos de ‘operação papacapim’. Achávamos o máximo”, comenta ela.
Sara mantém alguns contatos através da internet, e tem maior contato
com o Val e a Adriana, do Instituto de Geografia, que são seus amigos da época
de mensageiros e atualmente frequentam a mesma igreja aos finais de semana.
As filhas utilizaram os benefícios educacionais que a Unicamp ofereceu,
o Prodecad e o Sérgio Porto. O filho não teve a mesma oportunidade, pois como
Sara trabalha no período noturno, não daria certo o horário.
Está no setor de informática do Instituto de Matemática. É técnica de
apoio ao usuário. Trabalha com o usuário e resolve os problemas relacionados
à informática. Recebe o serviço do setor e o encaminha para as pessoas
executarem.
Fez muitos cursos de informática oferecidos pelo Centro de Computação
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
SARA APARECIDA RODRIGUES DA SILVA
207
na Unicamp. Aproveitou as oportunidades que surgiram. Formou-se em
Tecnologia da Informação.
Pensa muito em quando se aposentar. Quer continuar trabalhando,
talvez em algo novo e, se possível, ainda na Universidade, que parece ter um
novo programa a oferecer para quem se aposentar. E completa: “Foi muito
gostosa e alegre a época como mensageira”.
208
RETOMANDO OS ESTUDOS
Sidnei foi contratado como mensageiro da Unicamp em 1 de outubro
de 1983, mas iniciou suas atividades em 17 de novembro de 1983. Tinha 14
anos. Tudo aconteceu por acaso, em um dia tirou seu documento e, no outro,
já estava empregado.
Ingressou na Unicamp por indicação de um cunhado que era patrulheiro
na Universidade, cujo chefe perguntou se conhecia algum menor que quisesse
trabalhar, pois havia uma vaga. Entrou no Instituto de Biologia, na Genética
Vegetal, trabalhou por 15 dias e depois foi para a Reitoria, na DGRH (Diretoria
Geral de Recursos Humanos), onde ficou 18 anos e 7 meses.
Sidnei preserva até hoje amizades especiais da época enquanto mensageiro.
Conhecia quase todo muito, pois trabalhava em uma área de expediente,
que era responsável por enviar documentos para outros setores, o que contribuía
para fazer novos contatos.
Recorda-se das inúmeras brincadeiras, apelidos e formas dos jovens
se chamarem: ‘pasteleiro’ (guardinha), ‘pastel’ (patrulheiro), ‘the mensa’
(mensageiro).
A turma se encontrava no Protocolo ou no Banco, eram points, onde as
conversas aconteciam. Havia muito bate-papo entre eles. Quase não saíam, os
encontros aconteciam mais dentro da Universidade.
Naquela época, a fase boa para a maioria dos jovens era até os 18 anos,
depois havia certa ansiedade se continuariam a trabalhar na Unicamp ou não,
se conseguiriam passar pela avaliação que era feita e continuar a carreira na
Universidade. Sidnei comenta: “Tive sorte, pois quando entrei na Universidade
logo fui contratado. Mas não gostava de ver a ansiedade dos meus amigos em
relação à contratação”.
Ficou um tempo sem estudar, mas pessoas especiais como João Carlos
Curti, chefe da DGRH, e Paulo Ferreira, ambos ex-mensageiros, deram-lhe muito
apoio e conselho, e o motivaram . “Chegou uma hora que não deu mais e tive
que voltar a estudar. Via meus amigos e tentei me espelhar neles”, comenta.
Formou-se em Recursos Humanos, trabalhou 17 anos e 6 meses nesta
área. E ressalta: “A faculdade foi uma escola muito valiosa, tinha muitas amizades
importantes, era uma grande família, havia pessoas preocupadas”.
Sidnei e a esposa fizeram faculdade juntos. Foram espelhos para os
jovens alunos da turma. Tem uma filha que passou pelo CECI da Unicamp; hoje
está com 19 anos e é universitária.
Amigos antigos ainda conseguem manter o vínculo, e Sidnei se orgulha
ao dizer: “Temos um grupo que até hoje se frequenta. Combinamos saídas,
passeios, aniversários, almoçam juntos. Ainda conseguimos manter esse laço”.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
SIDNEI DOS SANTOS
209
O Marcelo e o Paulo fazem parte dessa turma de amigos, ex-mensageiros, que
trabalharam muito tempo juntos. São grandes amigos.
Como sempre valorizou muito as amizades conquistadas, recorda-se
com pesar dos amigos que se perderam no caminho. Alguns casos de mortes
prematuras ocorreram entre os menores. José Benedito Boa Nova (conhecido
como ‘Zezinho do CEMEQ’) foi mensageiro, entrou junto com Sidnei, e faleceu
ainda jovem, deixando muita saudade.
Um momento considerado importante foi o encontro dos ex-mensageiros
/patrulheiros e guardinhas. “Foi maravilhoso e emocionante aquele evento”,
ressalta.
Ao longo de sua trajetória profissional teve chefes que lhe deram muitas
oportunidades, entre eles, Maria Gorete S. Coelho, uma pessoa que marcou
muito por lhe oferecer muitas oportunidades e incentivos.
Outra pessoa importante, considerada como uma “mãezona” por Sidnei,
foi Da Irma, que era a responsável pelo Protocolo Central da DGA. Às vezes
ficava um pouco brava com o barulho que os mensageiros faziam ao chegar,
mas geralmente tinha muita paciência.
Sidnei trabalhou em quatro ou cinco departamentos, oportunidade rara
que procurou abraçar. Sempre buscou melhorar os processos e ir atrás de novas
tecnologias.
Atualmente está na área de treinamento na AFPU (Agência para
Formação Profissional da Unicamp), como secretário. O setor dá treinamento
a todos os funcionários da Universidade, menos aos docentes. A infraestrutura
para que aconteçam os treinamentos é de sua responsabilidade.
Sidnei procurou, ao longo de sua vida, melhorar e progredir. Aprendia
e repassava seu aprendizado. E conclui: “Fomos uma geração mais ‘cabeça’,
com responsabilidade. Tínhamos direcionamento, pessoas que aconselhavam
e davam apoio. Devo muito à Universidade, que é para mim como uma grande
família”.
210
UM VENCEDOR
A Associação de Educação do Homem de Amanhã, com sede no bairro
Ipaussurama, tinha cerca de 30 alunos; Silvio Lima era um deles. Garoto humilde,
ingressou na Guardinha com 12 anos, por orientação de uma assistente social,
com a finalidade de ajudar no sustento da casa. Fez um curso preparatório
durante nove meses. Trabalhou inicialmente em um escritório de contabilidade;
depois permaneceu por dois meses no antigo Eldorado, que pegou fogo, e
depois seguiu à Unicamp.
Aos 13 anos foi enviado para trabalhar na Santa Casa, em 22 de junho de
1982. Seu registro em carteira se deu no dia 13 de maio de 1985.
Iniciou sua carreira profissional como guardinha, permanecendo por um
período de três anos, e depois se tornou mensageiro, por mais ou menos três
anos também. Passou então a escriturário, exercendo esta função por mais ou
menos uns dez anos e, posteriormente, assumiu como secretário, função que
exerce até hoje.
Ficou no setor de Anestesia até os 18 anos de idade, quando foi recrutado
pela Aeronáutica.
Ao longo de sua trajetória, Silvio passou por inúmeras dificuldades.
Lembra-se de quando estava na aeronáutica e tinha que marchar três
quilômetros para ir rumo ao refeitório e três para voltar, no horário do almoço.
O sol a pino tornava a tarefa ainda mais desgastante.
Por inúmeras vezes optou por não comer, devido ao cansaço e falta de
interesse pela refeição. Recorda-se de um episódio desagradável. Certo dia,
apesar da fome que o acometia, decidiu não marchar os seis quilômetros. Mas,
independente de não querer almoçar, lembra-se de ter sido obrigado a marchar,
como punição. Quase desmaiou.
Comida sempre foi um problema para Silvio, tanto que quando estava na
aeronáutica, achava a comida péssima e chegou a sentir saudade do ‘bandejão’
da Universidade. Hoje, alimenta-se na lanchonete diariamente, porém, de
tempos em tempos almoça no refeitório, para estar com os colegas.
Cumprido seu tempo na aeronáutica, retornou à Unicamp aos 19 anos,
novamente na área de Anestesia, onde trabalhou 24 anos na Secretaria do
Centro Cirúrgico. Trabalha atualmente no HC como secretário, e costuma dizer
que “acredita que o HC tenha os melhores profissionais de saúde do Brasil”.
Embora tenha passado por inúmeras situações difíceis, considerando-se
uma pessoa firme e com poucos amigos, no fundo é um ser humano lutador
e capaz de proporcionar uma educação de qualidade aos filhos, dando-lhes
carinho, atenção e boa qualidade de vida.
Apesar da Guardinha ter sido o início de um crescente processo
profissional, Silvio vivenciou situações nem sempre agradáveis. Certa vez,
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
SILVIO LIMA
211
seu chefe da época o incumbiu de comprar um “churrasquinho”. Ao efetuar
o pagamento, recebeu de troco uma bala, e a chupou. Entregou o lanche ao
chefe, que lhe pediu o troco. Como ele havia chupado a bala, foi obrigado a
vender seu passe de ônibus, para entregar a moeda de dez centavos ao chefe.
Outro episódio marcante em sua vida foi quando teve que levar
documentos do Hospital Irmãos Penteado à Maternidade. Chovia muito, e
perguntou ao chefe se podia aguardar a tempestade passar, tendo uma recusa.
Para proteger os documentos, enrolou-os em saco plástico; porém, foi obrigado
a retornar ao local por três vezes, pois o chefe alegava que estavam amassados.
Chorou muito neste dia e pediu ao seu pai para sair da Guardinha. O
pedido foi recusado, pois seu salário era necessário para o sustento da casa.
Uma vez por mês tinha que passar na sede da Guardinha. Um dia,
passando pela fila do bandejão foi abordado pelo chefe, que lhe deu uma
bandejada na mão por achar que estava demorando demais para se servir. E
recorda-se: “Fiquei muito bravo, a bandeja caiu no chão, e quase saímos no
tapa”.
Embora tenha tido muitas lutas no decorrer de sua trajetória, sente-se
vencedor pelas conquistas: “Sofri muito quando era jovem, não foi fácil! Lutei
muito para chegar até aqui”.
212
A MENINA DO RG
Solange adorava brincar com os amigos. Sua mãe, preocupada por ela
ficar muito na rua, resolveu inscrevê-la no processo seletivo para mensageiros
da Unicamp. Solange comenta ter sido de uma das últimas levas de mensageiros
a ingressar na Universidade. Começou em agosto de 1987, estava com quase 15
anos de idade.
Foi encaminhada direto para o IA (Instituto de Artes), e ao longo de sua
carreira só mudou de departamento, porém sempre dentro do mesmo Instituto.
Quando Solange começou a trabalhar, mal sabia tomar um ônibus.
Aprendeu a descer do circular em frente ao HC, e de lá seguia a pé até o IA.
Recorda-se que morria de medo de se perder.
Quando foi liberado o uso do ônibus fretado, aproximadamente duas
semanas depois que já estava na Unicamp, encontrou conhecidos, que eram
guardinhas e patrulheiros. Sua mãe também trabalhava na Unicamp, como
enfermeira do HC.
Iniciou sua trajetória profissional na comissão de Pós-Graduação, onde
ficou por muitos anos, até que houve uma troca de coordenador e Solange
foi para a Diretoria. Depois foi para o Centro de Produções, onde agendava e
organizava os eventos. Ficou por aproximadamente cinco anos.
Entre várias pessoas que tiveram uma significativa passagem por sua
vida, recorda-se de João, do Centro de Comunicação, e Maria Inês Galvão, do
IA, ambos muito queridos por ela. Agiam como se fossem seus pais. Faziam
compras para ela, e estavam sempre muito presentes em sua vida. Ela passava
os finais de semana com eles, que por não terem filhos, parecia que a tinham
adotado. Maria Inês lhe ensinou várias coisas, até a comer com garfo e faca.
Ambos faleceram com câncer e deixaram saudade. Solange ressalta: “Tive vários
‘pais’ e várias ‘mães’ no IA, pois como sou pequenininha, entrei muito nova,
sempre fui bem cuidada e protegida por todos. Era a ‘mascote’ do Instituto”.
Desde que entrou no IA teve incentivo em relação à dança, uma de
suas grandes paixões, inclusive de sua chefe. Dá aula de dança para crianças.
Participa do projeto “Descobrindo Talentos”, no Jardim do Lago, onde incentiva
várias meninas da comunidade a fazerem aulas de dança, ginástica olímpica
e natação. Algumas alunas ficam até um pouco mais do que a idade máxima
permitida no projeto, que é 18 anos, tamanho o envolvimento. Procura manter
contato com ex-alunos, que até hoje telefonam e vão à sua casa.
O foco da Universidade sempre foi “estudar para progredir”, e Solange
cresceu com esta meta, contando sempre com o apoio de pessoas que ajudaram
a direcionar seu caminho.
O Prof. Etienne Samain foi alguém especial que a ajudou na escolha
pela Faculdade de Educação Especial. Foi um grande incentivador em sua vida.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
SOLANGE DE BRITO ARAÚJO
213
214
Solange se recorda que antes mesmo que ela ou seus pais fossem pegar o
resultado do vestibular, o professor já tinha visto que ela havia passado.
O pai, dentro de sua simplicidade, achava que por Solange trabalhar
com crianças portadoras de necessidades especiais, ela fosse médica. Sente
muito orgulho da filha.
Sua primeira graduação foi em Pedagogia/Educação Especial e,
atualmente, está cursando a Faculdade de Direito.
Cultivou algumas amizades, e se lembra que no início da carreira, muitas
eram as brincadeiras a que era submetida.
Recorda-se de quando entrou no IA e o Elcio Marcelino e o Alexandre
Carmona ficaram responsáveis por lhe ensinar o serviço. Ensinavam tudo errado,
como brincadeira. Colocavam Solange na máquina de escrever ruim. Ela fazia
coisa errada por conta de ter aprendido errado com eles, que riam muito. Faziam
com que ela pegasse o circular interno, e seguisse com pilhas de documentos
e processos e a mandavam para o lugar errado. “Outros mensageiros é que
acabavam me ajudando a resolver”, relembra.
Hoje são muito amigos, mas Solange se lembra do tanto que sofreu
com as “pegadinhas” dos dois, porém eram brincadeiras inocentes, que
nunca atrapalharam o andamento do trabalho. Paulinha também brincou
algumas vezes com Solange. “Hoje damos risada quando nos lembramos das
brincadeiras.”
Participavam de danças e festivais com o pessoal do fretado. O “Kojak”,
um amigo do IEL, cantava, dançava e agitava as brincadeiras.
Participava de reuniões, churrascos e os amigos diziam: “Vamos chamar
a Sol, pois ela fotografa tudo”.
Ivaldo Cobra, o “Cobrão” e Talari foram amigos de aventuras fora da
Unicamp. O Ivaldo Pessoa foi alguém que lhe ensinou muitas coisas.
Fez muitos cursos. Todas as chances que a Universidade lançava,
Solange participava. Fez curso para secretária, inglês básico, além de participar
do encontro de secretárias em São Pedro, que acontece todo ano em setembro,
e também de inúmeras palestras.
No banco, quando iam receber, não gostava de mostrar seu RG, pois
tinha vergonha da foto. O caixa questionava que precisava confirmar se era ela
mesma. Ele a via e falava: “Olha a menina do RG”. A fila ficava emperrada, pois
ela só mostrava o verso do documento. “Ele sabia quem eu era e fazia essa
tortura comigo, só porque eu ficava vermelha de vergonha”, comenta. Outro
fato marcante acontecia por conta de trabalhar toda maquiada, com salto alto.
Os outros funcionários, para mexer com ela, diziam que o fretado estava no
ponto, e que se ela não corresse, o perderia. Na verdade, o ônibus não havia
chegado, e ela corria sem necessidade.
Momentos bons permearam sua vida, porém Solange tem duas tristes
recordações. A primeira diz respeito a Serginho, que foi mensageiro na Reitoria,
e morreu ainda muito jovem. Morava no mesmo bairro que ela e no dia que
faleceu houve grande confusão em frente à sua casa, com carro de polícia e
ambulância. Ela acompanhou tudo e se lembra com pesar. Outro triste episódio
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
foi quando encontrou um ex-mensageiro que trabalhou na Unicamp, pedindo
dinheiro no meio da rua. Ela conversou com ele e soube que saiu da Universidade,
pois se envolveu em um furto, por conta de ser usuário de drogas. “Foi muito
triste esse encontro. Ele teve dois caminhos e, infelizmente, escolheu o errado”,
conclui.
Solange é determinada. Gosta de sempre começar alguma coisa e ir até
o fim. Adora viajar e comer fora. Vai à chácara dos pais sempre que pode, gosta
de reuniões com amigos. Já conquistou seu apartamento. Sente-se uma pessoa
realizada.
Tem alegria ao lembrar quando pegou um bolo de dinheiro do décimo
terceiro salário e foi comprar seu carro. Não conseguiu encher o tanque no
dia que foi buscar o carro, e seu pai precisou lhe dar dinheiro para a gasolina.
Mesmo assim, lembra-se da emoção que sentiu.
Sempre procurou aproveitar as oportunidades que surgiram. Quando
abriu um concurso interno para secretária do Departamento de Cinema, prestou
e passou em primeiro lugar. Está há quatro anos no setor, que julga ser tranquilo
e muito bom. Trabalha diretamente com seis professores.
É grata pelas inúmeras conquistas e realizações profissionais e pessoais
alcançadas. E conclui: “Minha mãe acertou quando me incentivou a ingressar
na Unicamp. Tive a base necessária para moldar minha trajetória”.
215
DIA DE PAGAMENTO
Sonia Mara entrou como mensageira na Unicamp, com 15 anos, em 6
de abril de 1987.
Ficou 13 anos na Pró-Reitoria de Pesquisa e saiu para poder adequar o
horário de trabalho às suas necessidades. Foi então para o HC, na recepção da
Radiologia, cuja carga horária era reduzida. Tempos depois foi para a Medicina
Nuclear e faz três anos que está na Divisão de Imagem, como supervisora de
sessão dentro da Radiologia.
Sua supervisora gostou do seu trabalho e a colocou em vários setores
para aprender diferentes funções.
Fazia horas extras, chegou a trabalhar por 12 horas seguidas durante
uma semana toda, o que considera ter sido uma experiência positiva, pois
aprendeu muito.
Ao ingressar na Unicamp foi muito bem recebida. Teve facilidade de
adaptação, pois já conhecia algumas pessoas que trabalhavam na Universidade.
Sonia nunca teve problema com colegas e chefes ao longo de sua
trajetória, pelo contrário, tem amigos da época de mensageira, mas que
infelizmente pouco os encontra atualmente, pois trabalhando no hospital os
horários são restritos.
Entre muitos que passaram pelo seu caminho, Olga, da Pró-Reitoria de
Pesquisa, foi uma chefe que sempre a elogiou e proporcionou oportunidade
de melhoria em sua carreira. “Tudo que aprendi foi com ela. Devo-lhe muito”,
ressalta.
Várias são as recordações do tempo que era mensageira. Um fato que
achava ruim era o dia de pagamento. Os mensageiros queriam furar fila, mas os
funcionários do Banco não deixavam. “Tinha uma fila só para os mensageiros,
mas como era demorada e comprida, tentávamos entrar em outras, só que não
permitiam e nos mandavam voltar”, relembra.
A parte que julgava boa era estar com os amigos. Lembra-se das
brincadeiras de Dário. Subia a calça e falava para que olhassem suas meias, mas
ninguém nunca conseguia olhá-las. Também imitava pessoas com perfeição. A
forma como brincava, arrancava sorrisos de todos à sua volta.
Os momentos de greves também fazem parte da memória de Sonia,
pois além de tudo, ainda sofria ao ter que comer “marmitex”, pois não gostava
da comida.
Algo que considera muito importante são os benefícios educacionais
oferecidos pela Unicamp aos filhos de funcionários. Seus dois filhos fizeram até
o infantil e depois seguiram para outras escolas. Hoje o mais velho está com 20
anos e o mais novo com 15.
Entre acontecimentos marcantes, Sonia recorda-se do assalto com
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
SONIA MARA CAMARGO DOS SANTOS
217
tiroteio que aconteceu no Banco. “Eu tinha acabado de sair e soube do assalto.
Senti muito medo”, relembra.
Com uma boa trajetória, sente-se grata pelas oportunidades oferecidas.
E conclui: “Tudo que sei hoje aprendi aqui na Universidade”.
218
O HC É UMA ESCOLA
Soraia ingressou na Unicamp em 9 de maio de 1986. Com quase 14 anos
prestou o concurso para mensageiros, junto com alguns amigos.
Vários também ingressaram no mesmo período e estão na Universidade
até hoje, inclusive uma de suas amigas é secretária do Reitor atualmente.
Entre tantas amigas estão a Andrea, Mônica, Sonia, Elizete e Gislaine,
que ainda trabalham na Unicamp, e Regiane e Rosana, que já saíram.
Logo que chegou à Unicamp, Soraia foi para o Instituto de Física, na
Secretaria do Estado Sólido, onde ficou em período de adaptação por três a
quatro meses.
Tem uma lembrança muito boa da época em que comia “bolinho
de chuva” feito pelas senhoras da copa do IFGW (Instituto de Física ‘Gleb
Wataghin’), achava delicioso.
Passou para a DGRH3 (Diretoria Geral de Recursos Humanos), no
Expediente, onde havia um ambiente muito familiar para se trabalhar.
Quando ainda jovem, participava de festas promovidas na Universidade.
“O ambiente era agradável e me divertia muito”, relembra.
Os superiores tinham paciência, inclusive para atenderem as ligações de
sua mãe, que se preocupava em saber se ela estava trabalhando direito. “Coisas
de mãe”, como costuma dizer.
Conheceu Cleide, considerada uma mulher incrível, que a tratava como
filha. Lembra-se com carinho quando ela fazia uma lista de coisas gostosas
e mandava comprar na feira interna da Unicamp, para distribuir entre os
mensageiros. “A Cleide cuidou muito bem da gente. Era como uma ‘mãezona’.
Foi uma pessoa importante em minha trajetória, que deixou saudade, pois já
faleceu”, ressalta Soraia.
Apesar de trabalhar muito, achava o ambiente agradável, pois existia
muita integração. Passado um tempo, houve um quadro de carreira. A Mariza
era uma das diretoras e foi quem ajudou no enquadramento inicial de Soraia,
que continuou na DGRH.
Aos 19 anos, através de um bolsão de recolocação, seguiu para
a Engenharia Elétrica como secretária. Ficou curto período, indo para o
atendimento do CECOM (Centro de Saúde da Comunidade), com a condição de
cobrir uma vaga temporária.
Recorda-se que nessa época muitos foram os bons momentos em
que tomava café na “Padaria Alemã” com algumas de suas amigas que eram
enfermeiras do HC.
Passado um tempo, foi encaminhada ao Hospital das Clínicas, para a
Secretaria do Almoxarifado, onde ficou por dois anos.
Quando a Funcamp assumiu, foi para o Serviço Social, a convite de uma
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
SORAIA ALESSANDRA DAMIÃO ALCÂNTARA RICARDO
219
amiga.
Ao longo de sua trajetória profissional, teve a oportunidade de trabalhar
com pessoas especiais, que lhe ensinaram ética, técnicas de secretaria, entre
outras coisas. Sandra Regina de Angelis Terra e Odete Tavares Coutinho, ambas
aposentadas, foram importantes e lhe ofereceram várias oportunidades.
“Foram pessoas que me fizeram crescer profissionalmente e que aprendi
muito”, ressalta.
Vários foram os cursos oferecidos pela Unicamp e que Soraia aproveitou,
como inglês no IEL (Instituto de Estudo da Linguagem), datilografia e computação,
assim como aulas, eventos, viagens (inclusive com o pessoal da USP e UNESP),
palestras e técnicas gerenciais. “Considero todas essas modalidades como
sendo de grande importância para nosso crescimento profissional e pessoal”,
enfatiza.
Costuma dizer que “o HC é uma escola”, e conclui: “Quando trabalhamos
em um hospital, ficamos aptos a trabalhar em qualquer outro lugar, pois se vê de
tudo um pouco nesse ambiente. Carências, dificuldades financeiras, doenças,
enfim, várias coisas complicadas. Não tem como não nos envolvermos”.
Teve experiência própria em relação às dificuldades causadas por
doença. Ficou afastada por um ano por conta de um problema grave da tireoide,
perdeu a força muscular e quase não andava. “Foi um período muito difícil, mas
tive afeto, apoio e dedicação de pessoas especiais que trabalhavam comigo”,
enfatiza.
É grata à Universidade, pois teve todo suporte necessário para se
recuperar. Recebeu apoio e carinho de várias pessoas, entre elas, Maria Virgínia
Righetti, que foi muito especial em sua fase de superação.
Atualmente está na Secretaria do Serviço Social, como técnico
administrativo.
“Trabalhar na Unicamp é uma dádiva, um presente”, conclui.
220
EUSTÁQUIO GOMES
Wanilde entrou na Unicamp como patrulheira, aos 17 anos de idade. Foi
seu segundo emprego, mas com registro em carteira foi o primeiro. Dois irmãos
mais velhos foram patrulheiros, um deles trabalhava na Unicamp, e foi por seu
intermédio que Wanilde conheceu a Universidade.
Em 1984 foi para o Gabinete do Reitor, trabalhava direto com a secretária
do Reitor, realizando serviço de banco e sendo responsável pelo malote do
pessoal do Gabinete.
Teve a oportunidade de trabalhar com três segmentos da Universidade:
as pessoas da Reitoria, os funcionários e os alunos.
Trabalhou inicialmente no Gabinete. Depois com funcionários, através
do SAS (Serviço de Apoio ao Servidor) e também com alunos, em momentos
pontuais. Não chegou a trabalhar no SAE (Serviço de Apoio ao Estudante)
diretamente, mas foi várias vezes convidada a ajudar nesta área. Ajudava a fazer
a seleção para moradia estudantil, e também a “bolsa trabalho” de alunos,
sempre a convite de pessoas dos setores, além de trabalhar com usuários do
hospital.
Achou gratificante realizar essas tarefas, principalmente os onze anos
que trabalhou com os funcionários, conhecendo muita gente. Ao passar pelos
corredores da Universidade, cumprimenta e conversa com muita gente. Os
amigos brincam que ela deveria se candidatar.
Quando era patrulheira e trabalhava no Gabinete, ainda adolescente,
teve um momento em que estava fazendo trabalho interno, e outro colega
também patrulheiro (Cobra, seu apelido), ouvindo música, dançava, e ela
graduada “sargento”, deveria chamar-lhe a atenção, o que não fez.
Quando se formou Assistente Social teve certa dificuldade para exercer
a profissão e pediu afastamento de um ano. Foi trabalhar em Itatiba, junto à
sua professora, que conhecia seu empenho e a convidou. Depois desse tempo
voltou à Unicamp e teve a oportunidade de assumir sua função como assistente
social no SAS, junto com a assistente social Marisa, já falecida. Antes disso foi
escriturária, secretária e técnico administrativo.
Realizava-se ao ver um funcionário conseguir êxito em sua função, e
também as conquistas do ProSeres (servidores e estudantes), em que cada bolsa
conseguida era uma vitória. “Era muito gratificante quando o aluno conseguia
concluir o curso e recebia o diploma”, comenta Wanilde.
Outro momento gratificante era quando o funcionário conseguia sua
moradia e ia pegar a chave do imóvel, junto com a família.
Recorda-se do tempo em que trabalhava no telex com uma amiga, onde
nos momentos vagos ambas liam e escreviam.
Certa vez, Eustáquio Gomes, que era jornalista da Universidade, fez uma
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
WANILDE BARBOSA DE MORAIS
221
matéria sobre as poesias de Wanilde e sua amiga Giselda. Gostaram muito de a
matéria ter saído no boletim, ficaram felizes pela iniciativa dele.
Outra boa recordação é de quando se locomovia da Unicamp à PUCC
para poder concluir seu curso universitário. “Tanto a pé quanto de fretado, os
momentos junto aos amigos, quando seguíamos para a faculdade, foram muito
marcantes”, completa.
Com uma trajetória bastante significativa, Wanilde ressalta: “Este é um
momento importante de nossa história. Muitas são as lembranças e situações
que passaram por nós e deixaram marcas muito mais positivas do que negativas.
Deixo aqui o meu abraço a todos os ex-guardinhas, patrulheiros e mensageiros
da Unicamp”.
222
TAMBÉM FAZEMOS PARTE DESTA HISTÓRIA...
Patrícia Maria Morato Lopes – DGRH/Unicamp
Maria Helena Novais Rodriguez – AEDHA
Maria Angélica Barreto Pyles – CAMPC
Sheila Karoly Pulino – Unicamp – Recepção de patrulheiros e guardinhas
e selecionadora das primeiras turmas de mensageiros.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
José Tadeu Jorge – Secretário de Educação de Campinas – Reitor da
Unicamp 2005/2009
223
LUTAS E VITÓRIAS
Ingressou na Unicamp como escriturária, em 8 de agosto de 1983, estava
no último ano da Faculdade de Direito. Fazia faculdade, estágio e dava aula à
noite.
Foi contratada para trabalhar na DGRH, que era uma diretoria de pessoal
e que posteriormente se transformou em uma diretoria de recursos humanos.
Permaneceu por cerca de três anos.
Recorda-se de como foi bem recebida ao ingressar na Universidade. Era
um universo diferente do que já conhecia, e muitos foram os desafios a vencer.
Seu primeiro trabalho foi produzir um “caderninho indicador” do que
tinha na Unicamp. Deram-lhe listagens enormes para resumir e como não sabia
ao certo como realizar a tarefa exigida, chorou muito. Pensou que deveria
ultrapassar aquela barreira, caso contrário, não poderia permanecer ali.
Começou então a desvendar aquele universo, e julgou ser aquele um desafio
importante a ser vencido. Foi sua primeira tarefa difícil, mas serviu para que
ganhasse a confiança das pessoas.
“Os desafios aparecem, mas não podemos parar. Temos que
vencê-los pouco a pouco, sem prepotência, nunca imaginando que sabemos
tudo, e contando com os parceiros”, ressalta.
Numa mudança de diretoria, foi convidada a trabalhar na Prefeitura do
campus, em 1986, ficou lá por aproximadamente um ano. Logo após, prestou
serviços ao Hospital das Clínicas por um período de seis meses.
Em 1987, foi encaminhada à Procuradoria, para exercer o cargo de
Procuradora. Trabalhava com convênio, licitação e contrato, e com a parte
regimental interna da Universidade.
Em 2002, foi convidada a assumir a Secretaria Geral, que é um órgão
da Reitoria, onde permaneceu até dezembro de 2009. Desligou-se em janeiro
de 2010, quando assumiu a DGRH (Diretoria Geral de Recursos Humanos), um
órgão importante, que demanda muita responsabilidade e empenho, pois cuida
basicamente da vida das pessoas.
A princípio teve medo de viver uma experiência tão diferente da rotina
que estava acostumada, porém tem procurado exercer a função da melhor
maneira, buscando se aperfeiçoar a cada dia. Sente-se muito feliz por assumir
esse desafio. “Tem sido uma experiência muito gratificante, tenho aprendido
muito. Encontrei pessoas comprometidas e dedicadas”, comenta.
Seu papel é organizacional, de gerência e suporte, que exige também
conhecimento técnico, mas fundamentalmente sua função é voltada a dirimir
as divergências e reorganizar o trabalho, para que as coisas sejam produtivas.
“É um setor dinâmico e muito gratificante”, ressalta.
Pôde reencontrar vários amigos do passado, além de conviver com
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
PATRICIA MARIA MORATO LOPES
225
226
pessoas bastante interessantes, como a Susy, a Maristela, a Rita e a Maricélia,
entre outras tantas.
Trabalhou com ex-mensageiros que hoje ocupam cargos de chefia,
como é o caso do Jober e do Amaral. Conviveu com Edison C. Lins, que sempre
teve espírito de liderança, além de outros que ingressaram como “menores
trabalhadores” e estão em cargos importantes, desenvolvendo ótimos trabalhos.
Patrícia sempre foi muito ligada aos mensageiros, tanto para dar bronca
quando necessário, quanto para ouvi-los, com a intenção de compreender suas
histórias.
Nunca conviveu com nenhum menor que lhe desse problema, inclusive
atualmente, que há menos vínculo devido ao curto espaço de tempo que
passam na Universidade.
Tempos atrás, o menor fazia carreira na Unicamp. Ingressava com 12
ou 13 anos e praticamente sua formação pessoal acabava sendo concluída no
trabalho.
Com a mudança da legislação, já não podia permanecer na Universidade
após os 18 anos. Hoje, o jovem só pode ingressar com 16 anos, o que ela julga
ser uma pena. “A sociedade não o acolhe, e ficar nas ruas nessa idade é ruim”,
lamenta Patrícia. A oportunidade de trabalhar e ter contato com o universo
de uma empresa é algo que considera imprescindível, além do relacionamento
com diversas pessoas, que o ajudará a amadurecer e crescer profissionalmente.
Sente que o jovem de hoje passa realmente por um sistema de
aprendizado dentro da Unicamp, mas seu foco é o mercado de trabalho, e acaba
por não se fixar. Patrícia costuma dizer que “a Universidade é uma passagem
para os adolescentes” que, na maioria das vezes, têm histórias de vida com
muitas lutas e sofrimentos.
Patrícia se recorda de um mensageiro que era muito bom, responsável,
batalhador e morava apenas com o pai. Certo dia chegou ao trabalho sem
uniforme, pois como seu ferro de passar havia queimado, não pôde passar sua
roupa. Ele pediu desculpas a Patrícia, e também sua tolerância, pois como estava
sem dinheiro para consertar o ferro, não tinha como deixar o uniforme em
ordem. Prometeu que daria um jeito na situação o quanto antes. Prontamente
ele foi compreendido. Era um garoto esforçado, e quando fez 18 anos, entrou
na faculdade. Em seguida, passou a ser estagiário de Informática no setor de
Patrícia, e conseguiu se formar. “Histórias como essa me deixam muito feliz”,
conclui ela.
Patrícia julga ser fundamental ter um comportamento “visível”, o que
resume em chamar atenção quando necessário e ser tolerante na mesma
proporção.
As reclamações quanto ao comportamento dos menores são diversas.
Sempre existiram. Porém, Patrícia acredita que estão em uma fase complexa e
precisam ser direcionados. A Universidade tem esse cuidado, por isso oferece
palestras e orientações de diversas formas. Os jovens devem ter respeito
e responsabilidade, pois isso lhes será cobrado, mas essa cobrança se dará
sempre com muito diálogo.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
A trajetória de Patrícia é de luta e vitórias, o que lhe causa satisfação.
Orgulha-se ao dizer: “O que sou hoje devo a muita ajuda que tive. Pessoas que
passaram por mim e foram verdadeiramente especiais, como o Dr. Otacílio
Machado Ribeiro, que é um parceiro e amigo. Profissionalmente me ensinou
muitas coisas, além de me oferecer oportunidades e noções gerais sobre vários
aspectos, que me ajudaram a amadurecer”.
Em sua trajetória, procurou aproveitar as oportunidades oferecidas
e recebeu apoios oportunos em momentos difíceis. E ressalta: “Tudo que
conquistei foi dentro da Universidade, que me deu oportunidade de crescimento
pessoal e profissional, remunerando-me dignamente. Até quando passei por
problemas pessoais difíceis, encontrei apoio incondicional”.
Sente-se uma profissional mais madura e acredita que este é o momento
de contribuição, em retorno a tudo que conquistou dentro da Unicamp. Costuma
dizer que “no que puder colaborar para que a Universidade seja melhor, estará
sempre pronta”.
Trabalha na DGRH com satisfação, pois é um setor que não há rotina.
“Na DGRH, jamais sentirei tédio”, brinca ela. Todos os dias têm momentos
engraçados. Sempre tem alguma novidade, ou com as crianças (são 1100
atendidas) ou com os quase 9 mil funcionários.
Patrícia diz não ter relato ruim a respeito dessa relação com
patrulheiros, mensageiros e guardinhas. Acredita que as experiências são muito
importantes, tanto para eles quanto para a Universidade. E conclui: “Agradeço,
indistintamente, desde os mensageiros até os Reitores, que me acompanharam
nessa longa trajetória, pela gentileza com que me trataram e pelo crescimento
que me proporcionaram dentro da Universidade. Sou absolutamente grata à
Unicamp, pois tudo que tenho hoje foi graças a ela”.
227
ERA UMA VEZ...
Mas esta não é uma história de fadas... É uma história... de fatos de
grande repercussão. Fadas? Sensibilidade social, dedicação, perseverança... E
também idealismo, lucidez, liderança genuína e muita, muita alegria de viver
o amor verdadeiro por sua cidade, por sua família, por seus muitos e muitos
amigos.
Posso começar assim a falar de RUY RODRIGUEZ, o fundador da
ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO DO HOMEM DE AMANHÃ (AEDHA), que
todos conhecem como a “Guardinha” de Campinas. E se vão aqui muitas
particularidades às quais me permito, é porque conheço bem essa história, a
história do meu pai.
Apresento-a assim, com um tom familiar, exatamente porque os próprios
meninos, que começaram a integrar a instituição fundada em 1965 passaram
quase a ser da nossa família... Afinal, até ciúmes dos ‘guardinhas’ a gente tinha,
os quatro filhos de Ruy Rodriguez e de Heleninha Novaes Rodriguez, Rachel,
Raul, Maria Helena e Beatriz.
Cuidando da cronologia, registro primeiro que Ruy Rodriguez foi por
quinze anos (até 1965) o Presidente da ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL
DE CAMPINAS (ACIC). Nos anos 50 era comerciante, proprietário da Eletro
Rádio, na rua Barão de Jaguara, herança familiar de seu pai, o espanhol Eleutério
Rodriguez, proprietário – com seu irmão Olympio – da Companhia Telefônica de
Campinas, no início do século XX. Ruy, o sexto de onze irmãos, numa família
de esportistas, já tinha exercitado, a esse tempo, sua capacidade de liderança,
como presidente do Clube Campineiro de Regatas e Natação.
Sua capacidade agregadora de pessoas em torno de ideias traduzse maximamente na dinâmica das ações do CONSELHO DE ENTIDADES DE
CAMPINAS, que se reunia na ACIC, já na década de cinquenta, em cuidados
relevantes com a cidade.
Foi na sede da ACIC que se desenrolaram reuniões essenciais para que se
trouxesse para Campinas a Faculdade de Medicina, embrião da UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE CAMPINAS, a UNICAMP. Confiram a história da Universidade, e o
nome de RUY RODRIGUEZ está destacado como uma das figuras em prol de sua
fundação, ao lado de amigos de grande presença social e gabarito profissional,
entre os quais Roberto Franco do Amaral e, depois, Zeferino Vaz.
A Federação das Entidades Sociais (FEAC) hoje referida como Fundação
FEAC também surgiu dessas lideranças.
Voltemos, porém, ao foco básico e talvez mais relevante destas reflexões.
Em 1939, temos o registro do início de funcionamento da “Guarda de Automóveis
de Campinas”, vinculada simultaneamente à Delegacia de Polícia e à ACIC, pois
por questão estatutária daquele órgão, a presidência cabia ao presidente da
ACIC, numa articulação muito significativa entre comércio, indústria, visando à
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
MARIA HELENA NOVAES RODRIGUEZ
229
230
segurança naquela época.
Mas por todos aqueles quinze anos à frente da ACIC, um sonho começou
a se delinear mais e mais fortemente, até se concretizar: para Ruy Rodriguez
era muito pouco cuidar de crianças nas ruas... Tomar conta de carros, ajudar
a transportar pacotes... isso era muito pouco e certamente prejudicial para o
desenvolvimento de jovens, que ficavam à mercê de gorjetas pouco educativas.
E vieram muitas reuniões (há diversas atas disponíveis para análise) para
reflexão e consolidação dos princípios em que se iriam organizando as propostas
de caráter formativo para os ‘garotos’, como gostava de referir Ruy.
E, em 12 de novembro de 1965, ocorreu a transformação da “Guarda de
Automóveis de Campinas” na “Associação de Educação do Homem de Amanhã”.
Pressupostos básicos da nova instituição? Saúde, lazer e educação
para todos, na melhor condição possível. O processo de desenvolvimento das
crianças e adolescentes, com vistas a um futuro saudável e feliz, produtivo e
harmonioso, com muitas oportunidades de ampliação de horizontes: essa era a
essência.
Vale cotejar com fato posterior: o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), Lei Federal nº 8069, de 13 de julho de 1990 consolidou esses princípios
para toda ação com crianças e adolescentes no Brasil.
Pretensiosa a referência? Por óbvio que não! Afinal o ECA configura os
anseios construídos por décadas pela comunidade jurídica, pelos órgãos de
classe, pelos pensadores teóricos, pelos técnicos de serviço social, pedagogia
e psicologia, pela população que o referendou com mais de um milhão de
assinaturas. Ruy Rodriguez já não estava entre nós (faleceu em 1987), mas
certamente estaria liderando grupos para que os princípios do ECA fossem
amplamente implementados.
Este é o ponto que merece o principal destaque: o pressuposto básico
que, 25 anos mais tarde, passou a ser a linha mestra do ECA já sustentava, desde
1965, as ações da Associação de Educação do Homem de Amanhã: proteção
integral para crianças e adolescentes, incluindo saúde, educação, lazer, esporte
e o que mais se identificasse como necessário.
Talvez algumas pessoas levantem supostas contradições nos registros
que faço aqui. Fatos têm que ser contextualizados ou nos provocam avaliações
equivocadas. A história das conquistas sociais, da implementação de políticas
públicas com embasamento teórico e visão de mundo ampliada, dá conta das
mudanças.
Por exemplo: nos final dos anos 90 e início desta primeira década
que se encerra, ouviram-se críticas ferozes porque tinha havido em anos
anteriores ‘guardinhas’ com onze, doze anos... Entretanto, todos se lembram,
paralelamente, de que não havia escolas para todos? Depois do quarto ano
primário, quantos “ginásios” havia em Campinas? E as crianças deviam ficar na
rua? A universalização da escola de oito anos deu-se apenas em 1971, quando
se ampliou o número de quintas séries. E hoje há os núcleos de atendimento,
para os horários alternados com a escola regular. Por conta dos fatos é que a
AEDHA também acolhia, àquela época, os mais jovens (agora, só a partir dos
quinze anos e meio).
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
Ruy Rodriguez pensou sempre em educação. Consultemos os
documentos originais da fundação da AEDHA: na formatação do Estatuto
da nova entidade aparecem registros feitos por ele, de próprio punho, onde
escreve ‘aprendizado’ ou ‘aprendizagem’ substituindo ‘serviço’ ou ‘trabalho’.
E não era, de fato, apenas questão retórica. A preparação das pessoas
que iam receber os jovens nas empresas também era orientada. Em grandes
empresas, foram criados departamentos especiais para o acompanhamento
dos adolescentes (Telebrás, CPFL, Bosch), ou advogados ou empresários, por
exemplo, dedicavam-se pessoalmente a orientar os meninos.
Na UNICAMP, certamente, todos os jovens devem ter em sua lembrança
a figura de um docente em particular, de um administrador especial, que tenha
cuidado de acompanhá-los, de aconselhá-los. A pessoa responsável.
E os jovens há mais tempo (agora talvez com quarenta anos ou mais)
hão de se lembrar de figuras marcantes em sua vida como ‘guardinhas’, das
educadoras, do responsável pela disciplina, Joaquim, de cozinheiras tão queridas
como Tia Nair, Tia Anastácia, da secretária muito firme e sempre dedicada, Da
Sultana (de 2004 a 2008 ela compôs a Diretoria Executiva).
Certamente não se esqueceram de que havia comida saudável e farta
(muitas vezes a receita era da Da Heleninha, sabiam?).
Os cuidados com o processo educativo eram intensos, tanto que
foram realizados, por iniciativa da Guardinha, três seminários, que renderam
um vasto estudo na Divisão Regional e na Secretaria de Estado da Educação
para a humanização dos cursos noturnos. Houve sempre a preocupação com
os jovens que faziam seus estágios educativos e tinham que estudar à noite. Alguns dos tópicos tratados: atividades diversificadas, metodologia especial
e até o alongamento dos cursos para a necessária compensação de horas de
efetivo estudo.
Muitas outras questões sobre a defesa da criança e do adolescente
tematizaram encontros. E de tal forma articulada isso ocorria que os padrões de
funcionamento da AEDHA foram se disseminando naquilo que costumo chamar
de “franquia sem franqueador”. Isso porque a metodologia era integralmente
oferecida a quem por ela se interessasse em outros municípios, sempre de modo
gratuito, incluindo assessoria técnica. E a Associação de Educação do Homem
de Amanhã tem, assim, diversas outras homônimas em outros municípios do
Estado de São Paulo (São João da Boa Vista, Jundiaí, Araras, por exemplo), e
mesmo em outras unidades federativas (Barra do Piraí – RJ) , incluindo Brasília.
E o mesmo logo é compartilhado.
Para promover esses produtivos debates, em busca de melhores
metodologias, estratégias e parcerias, sob a liderança de Ruy Rodriguez
constituíram-se a Federação das Associações do Menor / FAM – que congregava
as ‘guardinhas’ e o Conselho das Associações do Menor do Estado de São Paulo
/ COAMESP. E a sede da “Guardinha” de Campinas, já em seu espaço cedido
pelo Governo do Estado de São Paulo na Avenida das Amoreiras, 165 (Parque
Itália) acolheu a grande maioria desses eventos.
É importante destacar que integram o Estatuto da AEDHA, desde seu
formato original, essas estratégias de ações educativas não só para seus usuários
231
232
e suas famílias, mas também para a população. Assim, a história da AEDHA,
agora em seus 45 anos, registra centenas de eventos tais como seminários,
congressos, palestras para a construção de políticas públicas em benefício das
crianças e dos jovens.
E muitos eventos também transformadores e ampliadores dos horizontes
de vida dos jovens, tais como competições esportivas, viagens orientadas,
vivências especiais.
Historicamente a instituição se constitui num centro de reflexões em
relação à defesa dos direitos da criança e dos adolescentes, na perspectiva da
proteção integral preconizada modernamente pelo ECA. Ou seja: muitos e muitos
foram (e continuam sendo) os eventos sediados na Instituição, congregando
lideranças, profissionais de áreas específicas de forma a pensar estratégias de
superação das dificuldades que ainda são enfrentadas no município e na região
em relação a nosso público.
Atualmente, por exemplo, em parceria com o Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente e a Cooperativa de Profissionais do Serviço
Social, desenvolve-se capacitação para profissionais que atuam em programas
de acolhimento (abrigos, casas lares, famílias acolhedoras), objetivando a
construção de metodologia tecnicamente sustentada.
E nossos músicos? Quantos deles encontramos profissionais de grande
mérito? O maestro Wílson Dias é exemplo fundamental! Com mais tempo na
instituição, tiveram a oportunidade de se formarem efetivamente nessa área.
Muitas fotos estão em nossos arquivos: das formaturas dos jovens, cheias de
pompa, no Largo do Rosário ou na Escola de Cadetes.
Agora, na quadra poliesportiva, a formatura tem tido, além do clima
solene, contornos de forte emoção, como em julho de 2010, quando duzentos
jovens, em belo coral, cantaram para seus pais “Como é grande o meu amor por
você”.
A história é... a história... Temos que aprender com ela. Vejam se não
é deste modo. Inicialmente, só meninos eram aceitos na “Guardinha”. Mas as
escolas não eram assim mesmo? Havia classes masculinas, classes femininas...
Havia escolas inteiras só masculinas ou só femininas... Em 1974, as meninas
passaram a integrar a instituição. Novos cuidados, novas estratégias pedagógicas,
novas preocupações. Desenvolvimento social nas mesmas proporções dos
avanços culturais da humanidade. A coordenadora dessa nova frente foi Da Sylla
Pompêo de Camargo, esposa de nosso atual tesoureiro da Diretoria Executiva
Senhor Raphael Pompêo de Camargo.
Foi nessa época que a AEDHA, administrada de forma a ser
autossustentável financeiramente (tinha ações específicas de captação de
recursos por sua cozinha industrial, por sua confecção, entre outras) passou a
perceber a necessidade de ampliar seu foco de ação. A sensibilidade de seus
diretores, sempre liderados por Ruy Rodriguez ou por seu grande amigo Caio
Affonso da Rocha Leme, promoveu a instalação de um abrigo para crianças, que
passou a ser um novo braço das ações institucionais: o “CONVÍVIO APARECIDA”,
mantido também por toda a gestão do presidente Dátis Alves de Almeida.
Para finalizar o texto, repercutindo nele a história de que eu, Maria
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
Helena, faço parte ativa, registro que, no início de maio de 2004, coube-me a
presidência da Diretoria Executiva da “Guardinha”, por eleição na Assembleia
Geral. Assumi o compromisso de revitalizar a instituição, trazendo para ela
os conceitos mais atuais, incorporando o conjunto de minhas experiências
e estudos, quer como docente de Língua Portuguesa e Linguística na PUCCampinas, como professora efetiva de Língua Portuguesa do ensino público
estadual, como conselheira eleita para o Conselho Municipal dos Diretos da
Criança e do Adolescente / CMDCA (de que cheguei a ser presidente e vicepresidente) e ainda como doutoranda de Análise Crítica do Discurso no Instituto
de Estudos da Linguagem da UNICAMP. E, no meu “curriculum” explicitamente
estava minha história familiar, que me permitiu o aprendizado informal do
conteúdo, da vivência e, primordialmente do exemplo, da dedicação, do
entusiasmo, da inquietude para a superação de dificuldades. Ou seja: a gente
nasce onde precisa aprender para fazer valer a nossa vida... (Ouvi isso em algum
lugar).
Ninguém atua sozinho, se quer fazer vingar boas ideias. Assim, com
apoio do Conselho de Assistência Social, do CMDCA, da Secretaria Municipal de
Assistência Social, da Fundação FEAC e de tantos amigos idealistas, iniciamos,
em 2004, nova etapa da história da “Guardinha”, colocando-a em alto patamar
de respeitabilidade, modernidade e consistência teórica.
E de tal forma isso ocorreu que, em 2007, sediamos a Conferência
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, com elevado público
participante, jovens e adultos, refletindo e propondo diretrizes para a política
municipal.
A Instituição é mantida (com grandes esforços administrativos) com
recursos das parcerias, aluguéis de imóveis, doações, cofinanciamento público,
subvenção da FEAC, contribuições de associados e voluntários. Cite-se, por
exemplo, que a Escola Técnica de Comércio “Bento Quirino” – que comemora
neste ano CEM anos de fundação – é propriedade da “Guardinha, por doação
das cotas de seus antigos proprietários (na década de 80). No momento está
arrendada para uma instituição privada de ensino, cujo compromisso é repassar
mensalmente os valores do arrendamento.
Esta é a proposta da Associação de Educação do Homem de Amanhã:
prosseguir em sua história vitoriosa de atenção aos jovens e às crianças de
Campinas e da região. O que mais temos que fazer: proporcionar oportunidades
valiosas para os jovens e também para as crianças, para que todos, por si
mesmos, por seus méritos, conquistem sua própria trajetória vitoriosa em
novos espaços.
O nome é esse: Associação de Educação do Homem de Amanhã. Mas
quem é que, tendo feito história, vai desconsiderar a referência respeitável – e,
mais ainda, profundamente carinhosa – do nome GUARDINHA?
Para nossos jovens “guardinhas”, hoje respeitáveis profissionais da
UNICAMP fica aqui uma proposta de máxima significação: entre nossas ações
de cidadania, há um dever constitucional a cumprir, como está expresso na
Constituição Federal (artigo 227). Que tal nos unirmos em reconhecimento para
compartilharmos nossas habilidades e competências, e nos irmanarmos todos
construindo novas etapas de nossa história aqui mesmo na “Guardinha”?
233
Hoje temos três programas de atendimento em que você pode se
engajar:
• o Programa Socioeducativo “Guardinha – Cidadania Hoje”/
Aprendizagem Profissional (desde 1965), já conhecido de vocês;
• o Programa de Acolhimento Institucional “Convívio Aparecida” –
Unidades I e II (1977 e 2007);
• o Programa ‘ConViver” de Acolhimento Familiar (desde 2006).
As conquistas da vida de cada um de vocês pode se traduzir e repercutir
em benefícios para muitos outros nossos concidadãos.
Venham ser nossos voluntários! A história continua em cada uma de
nossas ações!
E se a solidariedade social foi o início, que seja também nosso presente
e nosso futuro!
Grupos menores da Associação do Homens do Amanhã em formação durante atividades na Instituição.
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Grupos menores da Associação do Homens do Amanhã em formação durante atividades
na Instituição. Disciplina válida para a vida.
Nascida na cidade de São Paulo, considera-se campineira de coração e
de direito.
De coração, por ser esta a cidade que adotou para viver. De direito, por
ser Cidadã Campineira desde 1970.
Viúva do empresário Carlos Wilson Pyles (Bill), tendo uma única filha,
Karina. Formou-se no Curso de Magistério, pelo Instituto de Educação em Casa
Branca-SP (1951).
Veio para Campinas a fim de cursar a Faculdade, diplomando-se em
Pedagogia (1955) e Orientação Educacional (1962) pela PUCCAMP, com PósGraduação em Psicologia da Criança e do Adolescente (63/64). Psicóloga
aposentada da Secretaria de Promoção Social do Estado. Diretora Presidente
da Bill’s Rock Shop. Presidente do Conselho Deliberativo do CAMPC.
Lecionou em colégios tradicionais da cidade, distinguindo-se pela
sua dedicação ao ensino. Mesmo jovem, ministrou aulas nos Cursos de PósGraduação do Magistério. Regente de muitos cursos intensivos de Psicologia
e Higiene Mental promovidos pelo Estado, Prefeitura Municipal e Clubes de
Serviço.
Participou e liderou exaustivamente campanhas, grupos de estudo e
planejamentos no campo do menor.
Em todas as etapas de sua vida, quer como Pedagoga, Psicóloga,
Orientadora e Empresária, como resultado do seu dinamismo, entusiasmo e
empenho, conseguiu concretizar suas metas com sucesso. Seu currículo é
extenso e rico no seu conteúdo.
A benemerência é por excelência o seu campo de atuação, e por essas
quatro décadas de dedicação tem recebido um reconhecimento ímpar da
comunidade campineira.
Maria Angélica
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
QUANDO LUTAMOS POR CAUSAS NAS QUAIS ACREDITAMOS,
A VIDA ADQUIRE UM SENTIDO MAIOR
MARIA ANGÉLICA B. PYLES
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Grupo menores do Círculo dos Amigos do Menor Patrulheiro de Campinas em formação durante
solenidade da Instituição
No Círculo dos Amigos do Menor Patrulheiro de Campinas, um momento de formação de nova turma.
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Grupo de mães de menores do Círculo dos Amigos do Menor Patrulheiro de Campinas em formação
durante solenidade da Instituição.
Considerações Prévias
“O futuro da nossa Pátria está sendo plasmado dia a dia, no presente da
nossa infância e juventude”.
Há premência de soluções objetivas e concretas para que não
percamos o Brasil de amanhã.
E este é um investimento em que todos somos responsáveis.
Há necessidade de estímulos adequados no momento oportuno para
não perdermos as nossas possibilidades funcionais.
A pólvora encaixotada perde a sua função.
Não há medida mais prática e urgente do que instrumentalizar, preparar
e despertar o amor ao trabalho (aprendendo e se ocupando) nos nossos jovens,
especialmente aqueles com vulnerabilidade econômica.
Esta iniciação é de extrema importância numa época em que o mercado
de trabalho está mais seletivo e competitivo.
Exige-se cada vez mais uma experiência profissional anterior.
A iniciação do jovem através de uma Obra credenciada pode sanar esta
lacuna.
É a forma do jovem colocar em prática a sua capacidade e responsabilidade
e de conhecer os seus direitos e deveres.
Certamente o fruto mais importante que estamos sentindo é a criação
de uma nova mentalidade mais preventiva do que punitiva.
Daí o aumento cada vez maior de obras como a dos Patrulheiros,
Guardinhas, Mensageiros e outras entidades congêneres, sugerindo medidas
que, em nosso entendimento, poderão contribuir para deter, amenizar e mesmo
equacionar, em parte, esta temática de abrangência nacional.
Em 1965, quando fui designada para o gabinete do Juiz da 1a. Vara
Criminal e de Menores, a situação era preocupante.
Os jornais locais noticiavam com relativa constância, delitos cometidos
por menores, sendo alguns de alta periculosidade.
A comunidade campineira não ficou de braços cruzados.
Foram formados grupos de trabalho, comissões técnicas com a
participação do Poder Judiciário, Prefeitura Municipal, FEAC e de outros órgãos
representativos da cidade.
O objetivo precípuo era detalhar o problema do menor em Campinas
e sugerir as reivindicações necessárias junto aos poderes competentes.
Era também de substancial importância que o Poder Judiciário através
da 1a. Vara Criminal e de Menores além de sua adesão ao movimento, tivesse
uma ação mais efetiva.
Nesta ocasião, sob a minha responsabilidade, foram elaborados dois
projetos quase simultâneos (março/65): o dos Engraxates e o dos Vigilantes.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
Fundação do Patrulheirismo
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Os engraxates eram dispostos nas praças públicas e os vigilantes
empurravam os carrinhos nos supermercados. Eles eram distinguidos pelo
uniforme e pelas carteirinhas de identificação (nelas eram destacados o horário
de atividade e o horário escolar).
Estes projetos, apesar da boa aceitação da comunidade, não tinham
uma supervisão assídua, não evitavam o contato constante e negativo da rua e
os menores não recebiam uma iniciação profissional adequada.
De outro lado, evitavam a ociosidade, permitiam uma integração com as
famílias e também foram importantes para evidenciar uma mobilização
do poder judiciário.
Madre Thereza de Calcutá dizia que “às vezes sentimos que o que nós
estamos fazendo é apenas uma gota no oceano, mas o oceano seria menor se
faltasse essa gota”.
Eu perseguia um sonho, e este sonho começou a se concretizar quando
fui designada pelo Juiz Substituto Dr. Roland Peres para conhecer uma obra
bem sucedida, idealizada pelo Dr. Marino da Costa Terra, Juiz de Direito, de
grande competência na Comarca de São Carlos. De imediato, eu me encantei
com o Dr. Marino e o seu projeto.
Estava pronta para assumir um novo desafio.
Às vezes os desafios são tão benfazejos que são verdadeiras missões.
Após dois meses, o trabalho de implantação do Patrulheirismo estava
pronto e aprovado.
E no dia 6 de maio de 1966 foi reunida no Fórum de Campinas a imprensa
escrita e falada.
Nesta ocasião, Dr. Roland Peres falou sobre a magnitude de um novo
planejamento e eu fiquei responsável pelo detalhamento do mesmo, em seus
aspectos básicos.
A fundação do Patrulheirismo em Campinas estava assim concretizada e
oficializada.
Com a responsabilidade de implantar e de por em execução o novo
projeto, passamos a seguir as linhas mestras do mesmo, mas fizemos algumas
adaptações dentro da nossa realidade e adquirimos um perfil próprio.
Numa de suas visitas à Instituição, Dr. Marino deixou uma mensagem
no livro de registro que muito me sensibilizou: “Primeiro eu vim para ensinar,
agora eu vim para aprender. Parabéns à Da Angélica e sua equipe! Continuem e
que Deus os abençoe”.
O Patrulheirismo é uma obra sócio-educativa e de iniciação profissional
que atende os jovens na faixa etária de 15 a 18 anos, em situação de
vulnerabilidade econômica, visando a sua inserção na comunidade em que
vivem.
A filosofia de ação é baseada no trinômio “Educação Bem Dirigida”,
“Recreação Sadia” e “Trabalho Bem Orientado”.
Concluído o Curso Básico de Formação, o menor é encaminhado às
empresas para um Estágio Educativo Profissionalizante.
Com a fundação do Patrulheirismo, Campinas passou a ganhar uma obra
Unicamp
É um universo sólido e exemplar, de cultura, de educação, de ciência, de
pesquisa e de prestação de inúmeros serviços à comunidade.
Desde o início, despontou-se como uma das principais instituições
de ensino superior do país, e atualmente é uma das Universidades de maior
destaque da América Latina.
Todas as empresas parceiras têm o seu próprio valor, mas é claro que
a parceria com a Unicamp era uma meta muito desejada, pela multiplicidade
de oportunidades que poderiam ser oferecidas e desbravadas pelos nossos
patrulheiros.
Dois fatores foram fundamentais para que fosse sacramentada a
parceria com a Unicamp: 1) Dr. Zeferino Vaz sempre esteve atualizado com os
assuntos da nossa comunidade e era muito aberto para os problemas sociais.
Ele estava predisposto em conhecer a nossa instituição e introduzir os nossos
menores na Universidade. 2) Tínhamos um amigo em comum, o Deputado Dr.
Salvador Jullianeli, que na ocasião presidia a Comissão encarregada da reforma
universitária na Câmara Federal.
E, a partir de 1971, formou-se um elo indissolúvel entre o Patrulheirismo e
a Unicamp. Naquela ocasião nós estabelecemos um critério de encaminhamento
para a Unicamp. Como incentivo e prêmio, eram selecionados os Patrulheiros
de maior destaque, especialmente os Graduados.
No universo da Unicamp, eu me permitiria fazer um destaque especial
ao ProSeres e ao seu Presidente, Edison Cardoso Lins (ex-Patrulheiro) que com
o seu idealismo, garra e eficiência consegue concretizar as metas traçadas.
Fiquei impressionada com o número de ações diversificadas que são
oferecidas aos funcionários da Unicamp e com as parcerias do ProSeres com as
Faculdades, permitindo a conquista tão sonhada de um diploma universitário.
Finalizando, um momento de aplauso e de gratidão ao Magnífico Reitor
Fernando Ferreira Costa.
Já houve quem dissesse que “não há exagero mais belo do que o exagero
da gratidão”.
E é com gratidão plena que todos nós indistintamente que participamos
do I Encontro e, neste momento, do lançamento deste livro carregado de
emoção, devemos interagir.
Dr. Fernando, sem o seu apoio incondicional, nada seria realizado. Além
da sua competência tão decantada, somente pessoas com a sua grandeza de
alma sabem avaliar a importância ímpar destes dois eventos.
Expansão do Patrulheirismo
Não é possível neste espaço, fazer um retrospecto fidedigno dos 44 anos
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
abrangente, preventiva e promocional que unifica o menor, a família,
a escola e a comunidade.
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240
de existência do Patrulheirismo de Campinas.
É uma longa caminhada, com um riquíssimo conteúdo.
Para mim, os números e datas são frios e desinteressantes se não forem
associados a um sentimento ou significado especial e acoplados da sua história.
No jogo de alternativas, optei por destacar alguns acontecimentos mais
significativos num descritivo relâmpago dando saltos na cronologia
e enfatizando um pouco mais a Obra, no seu instante presente.
1- Primeiro Presidente – Dr. Roberval Baptista Sampaio, Magistrado
exemplar, empossou-se como Titular da 1a. Vara Criminal e de Menores e
assumiu simultaneamente a Presidência da Instituição. Seu apoio incondicional
foi de suma importância. Na sua gestão, passou a Obra do Poder Judiciário para
a comunidade, ficando eu, responsável pelos passos desta transição (19661976).
2- Porão abençoado (1966) – Nossa sede inicial foi no porão do Palácio da
Justiça, em duas salas de multiuso. Nela formou-se a 1a. Turma de Patrulheiros,
com 16 menores que, após a conclusão de um curso de três meses, foram
encaminhados para um estágio educativo profissionalizante junto ao comércio
local. A partir deste momento, os próprios menores e as empresas passaram
a procurar a entidade. As reuniões semanais eram realizadas no final do
expediente, na escadaria do 1º andar e assistidas com entusiasmo por algumas
autoridades do poder legislativo e judiciário.
3- Com a aprovação e registro dos Estatutos, passou de Sociedade de
Fato para Sociedade Jurídica (1968).
4- Inauguração da nova sede num prédio da Secretaria da Promoção
Social do Estado, que nos foi cedido durante dez anos, para usufruto e, ao
mesmo tempo, assinado o comissionamento de nove funcionárias daquela
pasta para prestação de serviços no Patrulheirismo. Este casarão foi palco de
inúmeras formaturas, eventos e comemorações (1969-1979).
5- Iniciada a parceria com a Unicamp (1971).
6- Doação de um terreno de 19,950 m2, na gestão do Exmo. Prefeito
Municipal, Dr. Orestes Quércia. Nada acontece por acaso. Ouvi de um
ascensorista do Palácio da Justiça sobre a disputa entre várias Associações,
por uma grande área de terreno da Prefeitura, na Avenida das Amoreiras.
Entramos de imediato com o nosso pedido e saímos vencedores (1972).
7- Conselho Promocional Feminino (fundado em 1972 e oficializado em
1974) – formado por 15 senhoras pertencentes a vários Clubes de Serviço, que
tiveram um trabalho da maior expressão, criaram campanhas em prol da sede
própria, promoveram bazares, chás, jantares para atingir metas prioritárias
como equipar a cozinha, a oficina de costura, etc. Seus eventos eram noticiados
nas colunas dos jornais e sempre muito disputados. Foram as nossas abelhinhas
operosas e as minhas inesquecíveis amigas.
8- Fundação do Patrulheirismo Feminino (1975) formam um agrupamento garboso e valoroso, pois disputam com a mesma eficiência lado a lado
com os seus companheiros, o mercado de trabalho.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
9- Inauguração da sede própria (1975) – Foi uma inauguração solene,
iniciada com uma programação desenvolvida pelos nossos Patrulheiros e que
emocionou os presentes. Presença maciça de Autoridades Municipais, Estaduais
e Federais, representantes das mais diversas Associações e convidados em
geral. Elogio especial e de real mérito ao Presidente Wilson pelo esforço intenso,
despendido no erguimento dos vários blocos de construção da nossa sede e
pela colaboração dedicada durante longos anos.
10- O namoro do Rotary Clube Campinas Sul (1976 até a presente data)
com os Patrulheirismo começou com o Sr. Wilson Vieira Alves. Eleito Presidente
da Diretoria do CAMPC, como Rotariano convicto, convidou seus companheiros
do Clube para compor com ele, os quadros da Administração. O namoro virou
casamento e a adoção foi concluída. Sem dúvida, uma parceria de sucesso. Uma
adoção de amor e eficiência.
11- Administração atual (2008-2010).
Sob o comando do Sr. Paulo Mota, a sede está fervilhante, sempre
fincada com os pés no presente, mas com os olhos no futuro.
Recentemente foi inaugurado um prédio com 2370 m2 de área
construída, visando atender um número maior de jovens interessados em
ingressar na Obra.
Quando é feita a inscrição para a seleção, há um comparecimento
maciço de cerca de 4 mil candidatos.
Os projetos e cursos que beneficiam os nossos patrulheiros englobam as
mais variadas frentes de atividades: inclusão digital, inglês, Banda
Sinfônica, oficinas profissionalizantes (biscuit, patch-work), alfabetização
de adultos, hip-hop, kung-fu, violão, etc.
Nesta administração concluiu-se um sonho, uma meta trabalhada
durante muitos anos e que é um marco da maior importância.
Trata-se da Lei de Aprendizagem (Decreto 5598 - Lei 10.0097) do
Programa Auxiliar Administrativo, que permitiu aos nossos Patrulheiros o
registro em Carteira de Trabalho e Previdência Social e, consequentemente,
acesso a todos os benefícios do trabalhador.
Iniciamos com 16 menores. Estamos com 1.300 exercendo as suas
atividades em todos os cantos de Campinas.
Passaram pela Entidade mais de 50 mil menores. Este número é
surpreendente!
Há uma força que não se desintegra que é a fraternidade espiritual.
O meu reconhecimento imenso a todos, que com este espírito, deram
a sua contribuição para transformar o Patrulheiros de Campinas nesta
Obra
abençoada por Deus e aplaudida em âmbito municipal, estadual e
nacional.
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Dois Momentos Inesquecíveis
Não consigo tirar a emoção, dentro de mim, quando se trata de Patrulheirismo, e estas emoções têm uma força motriz indescritível.
É muito gratificante poder olhar para trás e reviver um passado
revigorante e produtivo.
Neste meu retrospecto eu evidenciaria dois acontecimentos dentre uma
multidão de muitos outros:
1- Visita a Petrópolis (RJ) – 1973.
Uma comitiva de 150 patrulheiros e mais 15 representantes da nossa
entidade foi a Petrópolis apadrinhar a primeira turma de formandos, ocasião
em que fomos agraciados com um belíssimo Troféu como gratidão por todo o
nosso carinho e suporte na implantação do Patrulheirismo naquele Município.
Tivemos uma programação intensa (colaboração nos ensaios da
formatura, entrada solene dos nossos Patrulheiros cantando o Hino de
Campinas, desfile pelas ruas da cidade na Semana do Colono, com faixas de
boas vindas, etc.).
No programa também constou visitação ao Museu Imperial, ao Palácio
de Cristal e ainda a célebre visita ao Quitandinha.
No retorno, fizemos um tour pelos pontos turísticos principais (Maracanã,
Corcovado, Quinta da Boa Vista, etc.).
Muitos Patrulheiros nunca tinham visto o mar e o conheceram logo
na Avenida Atlântica, quando eu, assessorada pelos guardas-civis, paramos o
trânsito para a travessia dos nossos jovens e foi uma comoção geral.
2- 15º Aniversário do CAMPC, no Teatro Castro Mendes – 1981.
Para mim, nos meus 21 anos como Coordenadora Geral, foi a mais
bonita, a mais arrojada e a mais inovadora comemoração festiva.
Mais bonita, pela programação muito elaborada e pela participação
brilhante dos mais de mil menores que lotaram o Teatro Castro Mendes.
Muito arrojada porque tivemos que contar com a colaboração especial
de São Pedro, os lanches foram servidos na praça em frente, os toaletes foram
usados na escola ao lado e nossos patrulheiros aguardaram muito tempo em pé
para entrar no recinto. Eles eram valentes e estavam entusiasmados.
Mais inovadora porque as autoridades e convidados foram acomodados
no palco e a plateia inteiramente tomada pelos Patrulheiros.
Eles foram preenchendo os seus lugares gradativamente, com
cruzamento de Bandeiras dos Estados, evolução rítmica musicada (mãos com
luvinhas brancas acenando), movimentação das bandeirolas coloridas do alto do
balcão superior, jogo de luzes na entrada do estandarte alusivo ao aniversário,
etc.
Infelizmente houve um problema técnico com a filmagem, mas esta
festa está perpetuada na memória do meu coração.
242
Recadinho aos meus ex-Patrulheiros
Reflexão Final
Agradeço comovida a Deus, por permitir que eu ainda com vida, saúde,
lucidez e alegria de viver possa participar deste lançamento, tão esperado e
desejado.
O inverno da minha vida não é cinzento. Ele é produtivo e com uma
multiplicidade de direcionamentos.
A verdadeira longevidade é ativa, física e mentalmente.
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
Umas pessoas influenciam-nos como o sol, numa manhã de verão.
Outras podem ser comparadas a uma geada num campo verde.
O importante é não perdermos de vista o negativo, mas concentrarmonos no positivo para que o sol possa ressurgir.
Que vocês continuem lutadores e íntegros, desbravando com entusiasmo
o caminho que vem pela frente. Nada de grande é realizado sem entusiasmo.
Aceitem os desafios, o inevitável, e vivam vigorosamente porque a vida
renasce todos os dias.
Se os contratempos forem maiores, sempre resultará um amadurecimento
que poderá transformar-se num trampolim, na etapa seguinte.
Os nossos sonhos somente serão grandes, na medida em que nós
lutarmos por eles. É agradável sonhar grandes sonhos, mas para realizá-los é
preciso planejamento, ação, entusiasmo, esforço e persistência.
As almas fracas se encolhem nas adversidades. As almas fortes não se
enclausuram, sempre encontram saídas.
O pensamento do escritor irlandês Bernard Shaw sintetiza bem a
minha mensagem: “Quando eu morrer quero sentir que esgotei todos os meus
recursos. Quanto mais trabalho, mais vivo. Para mim, a vida não é apenas uma
vela efêmera. É como uma tocha esplêndida que me é dada por algum tempo.
Quero que esta tocha, nas minhas mãos, queime com o maior brilho possível,
antes de passá-la às gerações futuras”.
O amor que eu transmiti a vocês, não foi o amor piegas, mas o amor
de uma mãe enérgica que quer estimular o filho, dentro da disciplina, do
enrijecimento de caráter, da confiança em si mesmo, do civismo, da integridade
e do amor pelo trabalho.
Vocês são e sempre serão os grandes homens de hoje e de amanhã.
Quando falo em grandes homens, não me refiro apenas aqueles que
adquiriram fama, mas ao bom filho, o bom cidadão, o bom chefe de família e ao
profissional dedicado.
Tenho enorme orgulho de vocês!
O depoimento sincero e autêntico de cada um ajudará a alavancar
muitas vidas estagnadas.
Visitem a nossa sede, porque ela é parte integrante de vocês.
Espero que um pouquinho de mim esteja no coração de cada um, porque
vocês estarão sempre no meu coração.
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Ninguém deve ficar à margem dos acontecimentos, especialmente no
mundo em que vivemos, onde as transformações são imensamente rápidas.
A vida perde o sentido quando não se sabe por que e para que viver.
O tempo é o mesmo para todos nós.
O que é diferente em cada pessoa é o que ela faz com o tempo de que
dispõe.
Na passagem dos anos vividos, vamos formando a nossa coleção de
felicidade. É preciso saber valorizá-la.
Na minha coleção de felicidade, este evento terá um lugar especial.
Será um momento para sempre.
A semente foi plantada.
Quando a semente é plantada com amor e fé inquebrantável, os frutos
serão sempre viçosos.
Eu, mais uma vez, tenho sido abençoada, porque continuo recebendo
os louros do meu plantio.
Nunca deixarei de sentir e vibrar com a grandiosidade do Patrulheirismo
de Campinas.
A história não deve ser apagada.
Tenho a satisfação imensa de ser uma mola viva desta história.
No dia do Supremo Confronto não estarei de mãos vazias.
244
APRENDIZAGEM E PROFISSÃO
A história da Unicamp é repleta de inovações e características muito
peculiares ao seu processo de implantação. Desde o início, graças aos conceitos
e princípios seguidos pelo Professor Zeferino Vaz, as pessoas ocuparam o papel
de protagonistas, quase únicos, dos resultados qualificados que a Universidade
buscava alcançar. Sua famosa frase, “a universidade se constrói com cérebros,
cérebros e cérebros”, certamente referia-se aos docentes, mas passou a incutir
na atmosfera universitária o respeito ao ser humano e a valorização do trabalho
cotidiano.
Nos primeiros anos de funcionamento, para compor o quadro de
funcionários, a Unicamp recrutou pessoas para as mais diversas funções,
priorizando a vontade de trabalhar em uma universidade e o indício de que
criariam um vínculo afetivo com a instituição. Essa sistemática contribuiu para
estabelecer significativa heterogeneidade em vários aspectos do conjunto de
recursos humanos: formação profissional, experiência, idade, valores e outros.
Nesse contexto, assume singular significado a presença do que se convencionou
chamar de “ingressantes adolescentes”. O objetivo de preparar menores de
idade para o mundo do trabalho configura-se como missão nobre e humanista,
pois busca dotar os adolescentes dos valores responsáveis pela formação do
caráter, que leva ao exercício pleno da cidadania e do entendimento de que
todos devem contribuir para o estabelecimento da justiça social e da qualidade
de vida.
Carinhosamente reconhecidos como “guardinhas” ou “patrulheiros” ou
“mensageiros”, ingressavam na Universidade com cerca de 14 anos de idade
e podiam exercer suas atividades até completarem 18 anos. Enquanto pôde,
a Unicamp incorporou-os ao seu quadro de funcionários, assim que atingida
a idade limite. Espalhados por todo o campus, passaram a trabalhar nas
faculdades, institutos, órgãos da administração e área da saúde.
A oportunidade oferecida contribuiu para fortalecer os laços de
identidade com a instituição, já marcados por uma adolescência vivida no
cotidiano da geração do conhecimento, em atmosfera de valorização do saber, de
colaboração e de valorização da perseverança, dedicação e atuação em equipe.
Vida e trabalho estavam unidos através do elo mais forte e representativo para
o ser humano, o de acreditar no seu potencial.
Foi, portanto, com naturalidade que essas pessoas começaram a buscar
suas trajetórias profissionais na Unicamp. Em um ambiente que valoriza a
aprendizagem, foram conquistando espaços, acumulando conhecimentos,
aperfeiçoando suas formações e sintonizando seus objetivos com os da própria
instituição.
Com a conquista da autonomia universitária, a Unicamp estava pronta
para responsabilizar-se pelo seu futuro. A qualificação da Universidade passava,
obrigatoriamente, pelo crescimento qualitativo dos seus recursos humanos. O
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
JOSÉ TADEU JORGE
245
projeto qualidade permitiu o grande salto para o quadro docente.
Em relação aos funcionários, consolidada a implantação de uma carreira
que permitia contemplar a valorização do esforço em busca do aprimoramento
profissional, era necessário estimular a efetiva procura pela formação de nível
superior. Nasceu o ProSeres (Programa do Servidor Estudante) e com ele a
oportunidade de aprender e crescer profissionalmente.
É fácil compreender porque aqueles que ingressaram na Unicamp ao
mesmo tempo em que iniciaram a adolescência aproveitaram tanto o citado
programa. O valor da educação estava na formação inicial que receberam. E a
Unicamp só fez consagrar os princípios aprendidos desde cedo.
Esta publicação é um relato histórico. Elaborado pelas próprias personagens. Depoimentos que confundem vida e instituição, até porque, em vários
casos trata-se de uma só realidade. É, também, uma história única! Que permite
entender uma das razões pelas quais a qualidade da Unicamp é tão destacada.
246
FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA
Edison Lins, Sheila Karoly Pulino e Isabel. Dois integrantes da comissão organizadora do livro
com Sheila, que fazia a Recepção de patrulheiros e guardinhas e selecionadora das primeiras
turmas de mensageiros
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