EcoFamílias 225

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EcoFamílias 225
Projecto EcoFamílias
Relatório Final
Abril de 2008
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
1. Equipa
Francisco Ferreira, Vice-Presidente da Quercus, Professor universitário
(supervisão)
Ana Rita Antunes, Engenheira do Ambiente
(coordenação)
Ana Filipa Alves, Engenheira do Ambiente
Sara Ramos, Engenheira do Ambiente
Ricardo Gomes, Engenheiro do Ambiente
Carla Verdasca, Engenheira do Ambiente
Sara Campos, Ciências da Comunicação (lic.)
Ana Padrão Dias, Arquitecta
Patrícia Sá Santos, Arquitecta
Inês Pinto, Engenheira do Ambiente
Nuno Pereira, Engenheiro do Ambiente
Filipa Carlos, Engenheira do Ambiente
Fernando Miguel Naves Sousa, Biólogo
Colaboração no capítulo "Caracterização social":
Susana Fonseca, Socióloga
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
2
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
2. Índice
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Equipa ................................................................................................................... 2
Índice ..................................................................................................................... 3
Resumo Executivo ................................................................................................. 5
Introdução.............................................................................................................. 8
Objectivos ............................................................................................................ 11
Metodologia ......................................................................................................... 12
6.1
Selecção das Famílias .................................................................................. 12
6.2
Monitorização ............................................................................................... 15
6.3
Medições de consumos ................................................................................ 16
6.4
Recomendações ........................................................................................... 18
7. Caracterização social........................................................................................... 19
7.1
Caracterização social ................................................................................... 19
7.2
Práticas ambientais e de eficiência energética ............................................. 22
7.2.1
Percepção sobre os gastos energéticos do agregado ........................... 23
7.3
As condições de habitabilidade..................................................................... 24
7.3.1
Disponibilidade para investir .................................................................. 25
8. Caracterização das Habitações ........................................................................... 26
8.1
Caracterização da Construção...................................................................... 28
8.1.1
Paredes exteriores................................................................................. 31
8.1.2
Superfícies envidraçadas (janelas e portas envidraçadas) .................... 35
8.1.3
Protecção solar...................................................................................... 37
8.1.4
Orientação Solar.................................................................................... 39
9. Caracterização de Equipamentos eléctricos e Iluminação ................................... 41
9.1.1
Consumos totais de electricidade .......................................................... 44
9.1.2
Água Quente Sanitária .......................................................................... 45
9.1.3
Climatização .......................................................................................... 46
9.1.4
Cozinha ................................................................................................. 48
9.1.5
Entretenimento ...................................................................................... 50
9.1.6
Informática e Telecomunicações ........................................................... 52
9.1.7
Iluminação ............................................................................................. 54
9.1.8
Frio ........................................................................................................ 58
9.1.9
Máquinas ............................................................................................... 62
10.
Análise de consumos globais ........................................................................... 64
10.1.1 Consumo energético global ................................................................... 64
10.1.2 Electricidade .......................................................................................... 66
10.1.3 Gás........................................................................................................ 68
10.1.4 Água ...................................................................................................... 68
11.
Emissões de GEE vs Consumo de energia ...................................................... 71
12.
Identificação do potencial de poupança energética .......................................... 73
12.1 Informática .................................................................................................... 76
12.2 Entretenimento ............................................................................................. 77
12.3 Iluminação .................................................................................................... 78
12.4 Substituição de equipamentos ...................................................................... 81
12.4.1 Frigoríficos ............................................................................................. 81
12.4.2 Arcas frigoríficas .................................................................................... 82
12.4.3 Máquina de lavar roupa ......................................................................... 83
12.4.4 Máquina de secar roupa ........................................................................ 85
12.4.5 Máquina de lavar loiça ........................................................................... 85
12.5 Temperaturas de lavagem ............................................................................ 86
12.5.1 Roupa .................................................................................................... 86
12.5.2 Loiça ...................................................................................................... 88
12.6 Mudança para contador Bi-Horário ............................................................... 90
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Projecto EcoFamílias – Relatório Final
13.
Conforto higrotérmico ....................................................................................... 92
14.
Divulgação ..................................................................................................... 101
14.1 Solicitada pela comunicação social ............................................................ 101
14.2 Rubrica EcoFamílias – Sociedade Civil ...................................................... 102
14.3 Minuto pela Terra........................................................................................ 103
14.4 Minuto Verde .............................................................................................. 104
14.5 Seminários e Feiras .................................................................................... 107
15.
Indicadores e benefícios da medida ............................................................... 109
16.
Conclusões .................................................................................................... 111
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Projecto EcoFamílias – Relatório Final
3. Resumo Executivo
O projecto EcoFamílias teve como objectivo analisar os consumos de 225 famílias
distribuídas equitativamente pelas nove zonas climáticas de Portugal Continental,
definidas pelo Decreto-Lei nº 80/2006, de 4 de Abril (Regulamento das Características
de Comportamento Térmico dos Edifícios - RCCTE) e propor medidas de redução do
consumo de energia eléctrica pela alteração de comportamentos. Este projecto foi
desenvolvido pela Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza,
promovido pela EDP Distribuição e aprovado pela ERSE no âmbito do Plano para a
Eficiência no Consumo (PPEC)
A adesão ao projecto foi maior nas zonas litorais e menos significativa nas zonas
interiores, não se conseguindo respeitar o objectivo inicial de assegurar 25 famílias por
zona. Para atingir as 225 famílias foram aceites inscrições de zonas climáticas onde o
limite estabelecido de 25 famílias já havia sido atingido. Embora a selecção de famílias
tivesse superado o número previsto (225), apenas foi possível acompanhar 206 devido
a um conjunto de dificuldades, como a distância entre as famílias, a indisponibilidade
de horários para receber a equipa EcoFamílias e a desmarcação das visitas no
momento.
A integração de variáveis de caracterização social neste estudo permitiu perceber que
a amostra está sobrevalorizada em termos de habilitações académicas de nível
superior o que tem óbvios reflexos nas profissões mais correntes. Também em termos
etários se observa uma maior preponderância dos escalões intermédios. Este contexto
exerce óbvias influências nas respostas e consumos registados, levando a que por
vezes a realidade vivida e percepcionada se afaste do padrão da população
portuguesa.
As práticas quotidianas ligadas à poupança de energia surgem entre as mais
frequentemente implementadas, sendo-lhes associado um baixo nível de exigência e
esforço, com excepção da área da mobilidade. Mas a adopção de mais ou menos
práticas ambientais e com maior ou menor frequência também decorre do
conhecimento que cada agregado manifesta em relação àqueles que são os maiores
consumos no espaço doméstico. Os dados recolhidos indicam que há uma relativa
consonância entre os valores efectivamente medidos e a percepção de consumos
mais significativos em áreas como a do frio, do uso das máquinas de lavar e secar e
até da climatização. As áreas da iluminação e informática parecem sofrer de um efeito
de alguma invisibilidade, no sentido em que existem claras discrepâncias entre os
valores medidos e a percepção do seu peso na factura eléctrica mensal. Ainda assim,
a iluminação acaba por ser uma das áreas onde a disponibilidade para investir ao
longo do próximo ano mais se manifesta.
A nível de construção a partir da entrada do primeiro RCCTE, em 1991, verifica-se
uma melhoria do desempenho térmico das habitações e um aumento do uso de
isolamento térmico, apesar de ainda longe do ideal. A tipologia de parede exterior mais
comum nas habitações das EcoFamílias é composta por parede dupla de tijolo com
isolamento térmico (62%). Nas superfícies envidraçadas verifica-se a mesma
tendência de melhoria, depois da entrada em vigor do RCCTE. A existência de vidros
duplos com caixilharia de PVC ou alumínio e corte térmico identificadas em habitações
construídas antes de 1991 devem-se a situações de reabilitação.
Na distribuição de consumos os equipamentos de frio (frigoríficos/combinados e arcas
frigoríficas) medidos representam a maior fatia de consumo de electricidade das
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Projecto EcoFamílias – Relatório Final
famílias (24%). As máquinas de lavar loiça e roupa representam uma fatia de 16%.
Muito próximo da categoria de Frio, estão em conjunto as categorias de Iluminação,
Entretimento e Informática que, em conjunto, representam cerca de 21% do consumo
total de electricidade das EcoFamílias. Estas são as categorias onde o potencial de
poupança está mais associado à alteração de comportamentos, pela eliminação de
consumos de stand-by e off-power e substituição de lâmpadas. Por esta razão foram
também as três categorias onde o projecto mais incidiu.
Através da análise dos dados de consumo eléctrico medidos nos equipamentos de
entretenimento foi possível verificar que cerca de 65% destes equipamentos
evidenciam a existência de consumos off-power ou stand-by. Os equipamentos
informáticos têm um peso crescente nos lares portugueses. Reflexo disto é o facto de
70% das EcoFamílias possuírem computador. Em cerca de 76% das medições
realizadas verificou-se a existência de consumos off-power e/ou stand-by num ou mais
equipamentos.
Na iluminação identificou-se a utilização predominante das lâmpadas incandescentes,
representando 46% do total de lâmpadas caracterizado. Outro facto que se verifica na
iluminação é uma cada vez maior utilização das lâmpadas de halogéneo (22%) e
lâmpadas fluorescentes compactas (22%), o que significa já uma melhoria ao nível da
eficiência energética relativamente à utilização das lâmpadas incandescentes. As
lâmpadas de halogéneo apresentam um consumo elevado, relativamente ao número
de horas de utilização. O potencial de poupança destas lâmpadas pode ser
significativo se substituídas por lâmpadas fluorescentes compactas.
Os equipamentos de frio das EcoFamílias são maioritariamente posteriores à entrada
em vigor da etiqueta de eficiência energética: 86% dos frigoríficos e 72% das arcas.
Também as máquinas de lavar presentes nas EcoFamílias são maioritariamente
posteriores à entrada em vigor das respectivas etiquetas.
O consumo médio das EcoFamílias aproxima-se da média nacional: no período em
avaliação (2007) foi de 3.333 kWh/ano, enquanto a média nacional é de 3.533
kWh/ano.
Em relação ao tipo de contador, verificou-se que mais de metade das EcoFamílias
(51%) não têm contador bi-horário (BH). Fazendo a análise da despesa das
EcoFamílias possuindo contador simples ou BH, verifica-se que compensa a todas as
famílias a opção pelo contador BH, podendo-se transferir em média 1513 kWh/ano
para o período de vazio.
O potencial de poupança energética do projecto EcoFamílias foi calculado pela
substituição de lâmpadas incandescentes e de Halogéneo por fluorescentes
compactas, eliminação de consumos de stand-by e off-power. Foi também calculado o
potencial de poupança pela troca de equipamentos de frio e máquinas de lavar, com
tempo de retorno de investimento inferior a seis anos.
Ao analisar por categoria de actuação verifica-se que as reduções mais significativas
são conseguidas com a anulação de consumos stand-by e off-power dos
equipamentos de entretenimento (33%), seguido pela substituição da iluminação
(31%) e dos equipamentos de frio (18%). A anulação de consumos stand-by e offpower dos equipamentos de informática (17%) está em quarto lugar, seguindo-se o
contributo dos microondas (1%).
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Projecto EcoFamílias – Relatório Final
As medidas tomadas com este projecto representam uma poupança anual de 35.815
kWh/ano, com a anulação de consumos de stand-by e off-power nas categorias de
Entretenimento e Informática. As alterações de comportamento representam uma
poupança de 5,3% do consumo total de electricidade das EcoFamílias. A troca de
lâmpadas representa uma poupança de 22.140 kWh/ano, cerca de 3,2% do consumo.
No total com alteração de comportamentos e potencial de troca de equipamentos, as
famílias incluídas no projecto obtém uma poupança de 71.634 kWh/ano (10% do
consumo total de electricidade), representando uma redução de 34.456 kg CO2.
A Entidade Reguladora dos Sistemas Energéticos (ERSE) considera que as medidas
alcançadas com o Plano de Promoção de Eficiência no Consumo de Energia Eléctrica
(PPEC) em 2007 têm reflexo até 2023, o projecto EcoFamílias atinge uma poupança
global de 1,07 GWh, contabilizando apenas as famílias em causa e não o efeito
multiplicador muito significativo que o projecto teve, através da divulgação efectuada.
O potencial de poupança aqui atingido pode ainda ser melhorado pela análise em
adição da colocação de equipamentos de energias renováveis e melhoramentos nos
aspectos construtivos.
O potencial de poupança obtido neste projecto, aplicado a todas as famílias residentes
em Portugal Continental resulta numa poupança de 1,2 TWh/ano. Esta poupança
traduz-se numa redução de 586 mil toneladas de CO2, relativamente às emissões de
2007, contribuindo em cerca de 1% para o cumprimento do Protocolo de Quioto por
Portugal.
Este projecto foi amplamente divulgado em seminários e congressos, além de ter
estado presente em programas de televisão e rádio como Sociedade Civil (RT2) e Um
Minuto pela Terra (Antena 1).
A inscrição voluntária das famílias e o contacto directo com as mesmas revelou um
bom método de sensibilização para os consumos de energia e consequentemente
com maior potencial para as poupanças energéticas.
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Projecto EcoFamílias – Relatório Final
4. Introdução
O Aquecimento Global é provavelmente o maior problema ambiental do séc. XXI. O
último relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas
(Intergovernmental Panel on Climate Change - IPCC) confirma a acção do Homem
como principal responsável pelo aquecimento global, e que as suas consequências –
as Alterações Climáticas – não poderão ser já todas evitadas.
O Aquecimento Global, associado à emissão de gases de efeito de estufa (GEE), está
intrinsecamente ligado à forma como a sociedade e a vida humana urbana estão
organizadas. Desta forma, o combate às alterações climáticas, pela diminuição da
emissão dos GEE, tem que ser feito a vários níveis e todos os actores da sociedade
têm um papel a desempenhar. Governos, empresas e cidadãos todos juntos, e cada
um na sua dimensão e responsabilidade, podem e devem desenvolver esforços para a
alteração de comportamentos e forma de estar na vida.
Na sequência do denominado pacote Energia/Clima em discussão e aprovação na
União Europeia como forma de responder às novas exigências de mitigação definidas
na Conferência das Partes sobre Alterações Climáticas em Bali em Dezembro de
2007, Portugal encara por agora metas de emissão de GEE de 27% para o período de
2008-2012 em relação a 1990 e de 29,4% para 2020, em relação ao mesmo ano base.
No entanto, em 2005 Portugal já estava 45% acima das emissões de 1990. Em 2006
registou-se uma diminuição, estando agora 40% acima das emissões, também em
relação a 1990.
O consumo de energia final em Portugal, entre 2000/2005, sofreu um aumento de
12%, tendo o consumo de electricidade neste período sofrido um aumento de 19,2%1.
O consumo de electricidade entre 2002 e 2005 cresceu a uma média de
aproximadamente 5,7% ao ano. A partir de 2005 verifica-se um abrandamento no
crescimento do consumo eléctrico. Em 2006 o aumento foi apenas de 2,6% e em 2007
ainda se registou um aumento mais ligeiro de 1,8%2.
O sector residencial em Portugal é uma das áreas onde o consumo de energia tem
crescido consideravelmente, e as previsões mostram que este crescimento continuará.
Representa 17% do total da energia final consumida e é o terceiro maior sector de
consumo em Portugal, depois da indústria e dos transportes 3 (Figura 1). Um estudo
da Rede Eléctrica Nacional (REN) indicou que um kWh poupado em Portugal é dez
1
Ministério da Economia e Inovação. 2008. Energia - Política Energética - Caracterização
Energética Nacional - http://www.min-economia.pt/
2
Rede Eléctrica Nacional. 2007. Dados Técnicos - www.ren.pt
3
Fernandes, Alexandre. 2007. Implementação do sistema energético em edifícios. Seminário
Conservação de Energia & Energias Renováveis no Sector Doméstico, Quercus, Fundação
Calouste Gulbenkian, Lisboa.
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Projecto EcoFamílias – Relatório Final
vezes mais barato que um ganho no investimento da produção de energias
renováveis4.
Serviços
13%
Agricultura
2%
Transportes
35%
Residencial
17%
Industria
33%
Figura 1 – Consumo de Energia Final em Portugal, em 2005 (DGEG, Balanço
energético 2005)
Existe um potencial de economia de energia elevado nas famílias devido à pouca
eficiência energética do parque instalado, nomeadamente na iluminação,
equipamentos de frio, equipamentos audiovisuais5 e informáticos.
Outra área importante para o elevado consumo de energia no sector doméstico é a
construção. A qualidade das novas habitações portuguesas é ainda muito baixa,
especialmente no que concerne ao seu desempenho energético6. A falta de
fiscalização no sector levou a que os regulamentos existentes fossem frequentemente
ignorados ou aplicados de forma deficiente. Em 2006 foi publicada nova legislação7,
muito mais exigente do ponto de vista da construção e da fiscalização, de modo a
melhorar a qualidade do parque edificado.
4
Verdelho, P. 2005. Eficiência energética e gestão da procura no contexto da regulação do
sector eléctrico. Seminário Conservação de Energia & Energias Renováveis, Quercus, FLAD,
Lisboa.
5
ADENE – Agência para a Energia. 2004. Eficiência energética em equipamentos e sistemas
eléctricos no sector residencial.
6
DECO – Pro Teste (2005). Casas novas: caras e sem conforto térmico, Pro Teste n.º 254 –
Jan. 2005 - p. 8 to 13.
7
Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE)
(Decreto-Lei n.º 80/2006, de 4 de Abril) e Regulamento dos Sistemas Energéticos e de
Climatização dos Edifícios (RSECE) (Decreto-Lei n.º 79/2006 de 4 Abril).
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Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Na mesma altura foi publicada legislação com vista à certificação energética de
edifícios8, de forma a aumentar a consciencialização e educação dos vendedores e
compradores, com vista a uma maior eficiência energética nos edifícios. É crucial
informar os cidadãos sobre os aspectos relevantes a ter em conta na compra de uma
casa e encorajá-los a procurar e exigir habitações de melhor qualidade.
A consciencialização dos consumidores, fornecendo às famílias informação sobre
forma de utilização da energia, é essencial para estas conseguirem um consumo mais
racional, anulando alguns consumos desnecessários. Também a identificação dos
equipamentos ineficientes, e a sua substituição por outros eficientes, é uma medida
importante para o aumento da eficiência energética.
Desde 2004 a Quercus tem desenvolvido esforços e trabalho no sentido de alertar os
consumidores e população em geral para o fenómeno das Alterações Climáticas e
sensibilizar para o consumo de energia, através do projecto EcoCasa. No sentido de
aprofundar os conhecimentos do sector doméstico com vista à redução do consumo
energético, a Quercus desenvolveu em 2005/2006 o programa EcoFamílias, tendo
acompanhado um grupo de 30 famílias da Área Metropolitana de Lisboa.
Com base na experiência adquirida em 2005/2006, surge o projecto EcoFamílias
promovido pela EDP Distribuição e aprovado no âmbito do Plano de Promoção de
Eficiência no Consumo de Energia Eléctrica (PPEC) 2007. Este projecto foi alargado a
todo o país, de forma a ter uma percepção mais real ao nível nacional do potencial de
poupança de energia eléctrica das famílias portuguesas.
8
Decreto-Lei n.º 78/2006 de 4 de Abril, Sistema Nacional de Certificação Energética e da
Qualidade do Ar Interior nos Edifícios (SCE).
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Projecto EcoFamílias – Relatório Final
5. Objectivos
O projecto EcoFamílias pretendeu ser um meio de sensibilização dos cidadãos para as
questões ligadas ao consumo de energia eléctrica no sector doméstico, através da
sensibilização para a redução e racionalização deste consumo.
A realização do projecto EcoFamílias surge como forma de aproximação às famílias
portuguesas, actuando directamente nas suas habitações, com o objectivo de
racionalizar os seus consumos energéticos, através da mudança de comportamentos,
sem contudo interferir na sua qualidade de vida. Este projecto teve também como
objectivo a divulgação das acções e resultados conseguidos à escala nacional, para
potenciar e alargar o alcance do projecto a todas as famílias.
Os consumos energéticos ao nível doméstico não são constantes ao longo de um ano
devido nomeadamente à variação própria introduzida pelas estações. O EcoFamílias
acompanhou 225 famílias residentes em Portugal Continental, durante o ano de 2007.
Desta forma, pretendeu-se caracterizar os hábitos de utilização de equipamentos, bem
como as necessidades energéticas que são diferentes ao longo do ano, devido às
diferenças climatéricas existentes no território nacional.
O projecto EcoFamílias contou com a experiência adquirida numa iniciativa da
Quercus, entre Novembro de 2005 e Outubro 2006, onde foram acompanhadas 30
famílias na Área Metropolitana de Lisboa. Este projecto representou um alargamento
da primeira experiência, envolvendo um número consideravelmente superior de
famílias e uma maior cobertura geográfica do território nacional continental.
O projecto teve os seguintes objectivos e visou contribuir para:
 Caracterizar hábitos de consumos energéticos das famílias portuguesas;
 Delinear planos de gestão de procura para as famílias e promover a sua
implementação;
 Promover a eficiência do consumo energético no sector doméstico, através do
aconselhamento directo e personalizado;
 Reduzir os consumos das famílias, através do seu acompanhamento directo.
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11
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
6. Metodologia
6.1 Selecção das Famílias
Este projecto teve como objectivo analisar os consumos de famílias pelas diferentes
zonas climáticas de Portugal Continental, em 2007, decorrendo em fases distintas ao
longo do tempo (Tabela 1). Para obter uma amostra representativa das várias zonas
climáticas, 25 famílias por zona, o projecto foi divulgado através da internet, por
comunicado de imprensa (Anexo I) e difundido através dos meios de comunicação
social, nomeadamente através da RTP, Rádio Renascença e outras rádios e jornais
locais. Esta divulgação teve como objectivo a inscrição voluntaria de famílias neste
projecto.
Tabela 1 – Fases do projecto EcoFamílias
Inicio do projecto
D
i
v
u
l
g
a
ç
ã
o
Selecção das familias
Visitas EcoFamílias
Instalação de equipamentos
Equipamentos de Telemetria
Recolha de equipamentos
Avaliação do potencial de poupança
Relatório Final
As inscrições recebidas somaram 350 famílias no total, mas não repartidas de forma
igual pelas diferentes zonas climáticas. A adesão ao projecto foi maior nas zonas
litorais e menos significativa nas zonas interiores.
Nas zonas climáticas cujo número de famílias era inferior ao necessário foi realizada
nova divulgação, contactando directamente as Câmaras Municipais, Juntas de
Freguesia, Escolas e Associações, para uma maior divulgação local. Os contactos
regionais e locais foram realizados via e-mail, fax e por telefone e tiveram maior
incidência nas zonas interior Norte e Sul, devido à baixa taxa de participação das
famílias. Mesmo assim não foi conseguido o número proposto de 25 famílias em cada
zona climática. Para conseguir o número global de 225 famílias foram então aceites
inscrições de zonas climáticas já preenchidas com 25 famílias.
Nas zonas climáticas com número superior ao pretendido o critério de selecção foi o
de conseguir atingir todos os estratos sociais, de forma a ter uma amostra
representativa da sociedade portuguesa. Os critérios de selecção escolhidos tiveram
por base a informação presente nos dados dos Censos 2001. Nesta segunda fase as
famílias foram seleccionadas tendo em conta o número de elementos de agregado
familiar, a idade dos elementos, o nível de ensino do casal e número de divisões da
casa. Foi também estabelecida alguma colaboração com os Gabinetes de Acção
Social e Associações de Solidariedade Social, de modo a angariar famílias de estratos
sociais mais baixos, de modo a constituir-se uma amostra representativa da população
de acordo com os Censos de 2001.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
12
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
O universo de famílias do projecto foi então fechado com 225 famílias a nível nacional.
No entanto durante as visitas surgiram algumas situações que levaram à necessidade
de substituir algumas EcoFamílias, como a indisponibilidade de horários para receber
a equipa EcoFamílias, desconfiança por parte das famílias, principalmente as do
interior do país que se tinham inscrito através de associações, e desmarcação das
visitas no momento. Assim, embora a selecção de famílias tivesse atingido as 225,
para efeitos de relatório apenas foram consideradas 206 famílias (Tabela 2).
Tabela 2 – Número, composição do agregado familiar e distribuição pretendida das
EcoFamílias
Código da Zona
Climática
A
B
C
D
E
F
G
H
I
Zona
Climática
Composição do
Agregado Familiar
1Pessoa
2Pessoas
I1V1
3/4Pessoas
5+Pessoas
1Pessoa
2Pessoas
I1V2
3/4Pessoas
5+Pessoas
1Pessoa
2Pessoas
I1V3
3/4Pessoas
5+Pessoas
1Pessoa
2Pessoas
I2V1
3/4Pessoas
5+Pessoas
1Pessoa
2Pessoas
I2V2
3/4Pessoas
5+Pessoas
1Pessoa
2Pessoas
I2V3
3/4Pessoas
5+Pessoas
1Pessoa
2Pessoas
I3V1
3/4Pessoas
5+Pessoas
1Pessoa
2Pessoas
I3V2
3/4Pessoas
5+Pessoas
1Pessoa
2Pessoas
I3V3
3/4Pessoas
5+Pessoas
Número total de famílias
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
Número de
EcoFamílias
2
7
17
6
3
8
14
5
1
6
14
3
3
5
18
5
0
4
11
3
1
4
14
3
0
1
2
3
1
8
18
2
1
2
10
1
Total
32
30
24
31
18
22
6
29
14
206
13
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
A Figura 2 ilustra a distribuição geográfica do universo de EcoFamílias que integraram
o projecto.
Figura 2 – Distribuição geográfica das EcoFamílias
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
14
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
6.2 Monitorização
Neste projecto foram utilizados instrumentos para a medição de consumos eléctricos e
registo de valores de temperatura e humidade, dentro de cada habitação. A seguir
descrevem-se os instrumentos utilizados, durante as fases de avaliação de consumos
e potencial de poupança.
Termohigrómetro com registo (data-logger) (Figura 3) – Permite a leitura e o registo
de valores de temperatura e humidade, em intervalos pré-definidos, ao longo do
tempo, com armazenamento de dados. Foram instalados 82 termo-higrómetros nas
casas das Ecofamílias.
Figura 3 – Termohigrómetro utilizado na medição e registo dos valores de
Temperatura e Humidade em cada EcoFamília.
Equipamento de medição local (Figura 4) – O aparelho Energy check permite a
leitura de consumos eléctricos em cada tomada, para um ou mais aparelhos;
capacidade de leitura e registo até 99 dias, com armazenagem de dados. Foram
instalados para medição 300 energy-check.
Figura 4 – Instrumento de medição utilizado na medição e registo de consumo de
energia eléctrica de equipamentos
Instrumento de medição remoto (Figura 5) – Este instrumento permite a
telecontagem dos consumos eléctricos em cada disjuntor, enviando os dados por
GPRS para uma base de dados central. Esta solução permite a monitorização de
equipamentos ligados directamente ao sistema eléctrico da casa, como iluminação de
tecto, fornos e placas de fogão eléctricas. Foram instalados 50 equipamentos de
medição nas casas das EcoFamílias.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
15
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Figura 5 – Instrumento de telecontagem utilizado na leitura a partir do quadro eléctrico.
Este equipamento que não estava inicialmente previsto, mas optou-se pela sua
aquisição permitindo a análise do potencial de poupança dos electrodomésticos.
6.3 Medições de consumos
Durante todo o programa, quer a caracterização dos consumos energéticos, quer a
avaliação da redução dos mesmos, foram realizadas medições dos consumos de
equipamentos eléctricos de acordo com as acções e ferramentas que a seguir se
descrevem.
Medição de consumo de equipamentos. Através de instrumentos de medição de
consumos eléctricos, quer locais, quer remotos, descritos no ponto anterior (Figura 6).
Com este método pretendeu-se obter uma grelha, o mais completa possível, dos
consumos reais de cada equipamento para uma avaliação o mais fidedigna possível
do potencial de poupança associada à anulação de stand-by e off-power dos
equipamentos, troca de lâmpadas e substituição de electrodomésticos.
Figura 6 – Medição de equipamentos com Energy Check
Registo de níveis de temperatura e humidade relativa, através de
termohigrómetros. Estes instrumentos foram instalados geralmente uma sala ou quarto
principal. Os valores de temperatura e humidade foram registados em intervalos de 15
minutos. Este intervalo de tempo permite identificar as flutuações de temperatura
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
16
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
dentro de cada divisão e os períodos em que estão ligados os aparelhos de
climatização.
Com este método pretendeu-se perceber o desempenho das paredes exteriores e
superfícies envidraçadas relativamente ao conforto higrotérmico no interior das
habitações, relacionando as flutuações de temperatura e humidade ao longo do dia e
de acordo com os usos da casa.
Registo dos consumos globais de energia. Os consumos globais foram
monitorizados através das leituras dos contadores e da análise das facturas de
electricidade e gás. Foram também registadas as leituras de consumo de água, por
terem implicação directa no consumo de energia, pela necessidade de aquecimento.
Dado a distribuição geográfica das famílias foi pedido às famílias registassem as
leituras dos seus contadores, na página de internet onde também se disponibilizaram
as leituras dos equipamentos de medição remota. Nas famílias sem acesso à internet
foi deixada uma folha para registo das leituras de contadores.
Figura 7 – Campos de preenchimento de dados dos contadores da base de dados
online.
Levantamento dos equipamentos eléctricos existentes e hábitos de consumo.
Através de um questionário (Anexo II) desenvolvido para o efeito foram identificados
todos os equipamentos eléctricos existentes nas EcoFamílias. Para a caracterização
dos hábitos de consumo foi solicitado à EcoFamília que identificasse o tempo de
utilização de cada equipamento, a permanência ou não dos mesmos em stand-by.
Caracterização da Construção. A caracterização da construção é relevante na
medida em que o desempenho energético dos edifícios influencia o conforto interior, e
determina a necessidade de recorrer à climatização para o garantir. Foi efectuada a
análise da solução construtiva adoptada através de um inquérito (Anexo II). Para a
caracterização foi ainda feita a medição e verificação da dimensão e espessura das
paredes exteriores (materiais seleccionados para os panos de parede e isolamento
térmico) e registo da orientação solar das mesmas. As janelas foram caracterizadas
pelo registo das suas áreas, orientações solares, forma de sombreamento e tipo de
caixilharia e tipo de vidro, adoptados em cada caso.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
17
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Caracterização social. Foi elaborado um questionário para a caracterização social
das famílias, que não estava inicialmente previsto (Anexo II).
6.4 Recomendações
O potencial de poupança energética foi calculado com base nas características dos
consumos de:
 stand-by
 off-power
 iluminação
 equipamentos de frio
 máquinas de lavar roupa e loiça
Este projecto teve por objectivo o aumento da eficiência energética por alteração de
comportamentos e por isso incidiu mais na redução ou mesmo anulação dos
consumos de stand-by e off-power, que pode ser conseguido desta forma.
A mudança de hábitos de consumo também pode verificar-se na adesão aos
contadores bi-horários, com consequente adequação de planos de gestão da procura.
As recomendações sobre aspectos construtivos/conforto higrotérmico foram dadas na
ficha de recomendações entregues às famílias.
As fichas de recomendação dadas a cada família estão reproduzidas no Anexo IV
deste relatório.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
18
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
7. Caracterização social9
No intenso debate que tem vindo a acontecer nos últimos anos sobre a temática da
energia, a inclusão de variáveis sociais que permitam contextualizar e compreender os
comportamentos e as opções quotidianas dos cidadãos tendeu a ser esquecida. Em
alternativa, o debate manteve-se muito na área das tecnologias e suas
potencialidades, persistindo, contudo, a perplexidade perante a não adesão dos
cidadãos a soluções consideradas, muitas vezes, como claramente vantajosas em
termos ambientais e económicos.
Ciente desta lacuna e aproveitando a oportunidade de poder desenvolver o projecto
das EcoFamílias a nível nacional, a Quercus decidiu integrar algumas questões
básicas que permitem adicionar um pouco de contexto social a um conjunto alargado
de dados que são recolhidos no âmbito do projecto. Assim, de seguida é apresentada
uma descrição geral de algumas variáveis sociais relevantes para a análise deste
tema.
Não obstante o esforço realizado no sentido de procurar aproximar a amostra de
famílias abrangidas pelo projecto do panorama geral do país (observável através dos
dados mais recentes dos Censos 2001), os resultados apontam para um
enviusamento significativo em termos de variáveis fundamentais para a temática da
energia como são a idade e as habilitações académicas. Da mesma forma, o facto de
o projecto abranger 225 famílias, mas de apenas 142 terem efectivamente respondido
ao inquérito de caracterização social, reduziu ainda mais esta aproximação à realidade
nacional. Esta diferença de inquéritos respondidos, em relação ao número de famílias
deveu-se ao facto que muitas vezes não haver disponibilidade de tempo para a
realização dos três inquéritos (Social, Equipamentos e Construção).
7.1 Caracterização social
Uma análise de algumas das variáveis básicas em termos de caracterização social
indica-nos que se verifica uma significativa dispersão das EcoFamílias pelo país, com
maior destaque para a região de Lisboa, Porto, Setúbal.
A tipologia familiar assume maioritariamente a figura de uma família com filhos (70%),
onde ter um (41,4%) ou dois filhos (42,4%) acaba por ser a situação mais comum.
Sem filhos são cerca de 14%, muito embora nestas situações possam estar também
englobadas famílias em que os filhos já não residem com os pais. A coabitação entre
2, 3 ou 4 pessoas num mesmo espaço acaba por abranger cerca de 85% da amostra
9
Trabalho realizado por Susana Fonseca, Socióloga.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
19
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
inquirida, sendo a situação mais frequente a primeira (31%). Comparando estes
valores com os dos Censos 2001 é possível concluir que existe alguma proximidade,
registando-se uma pequena sobre-representação das famílias com 4 ou 5 elementos.
Existe uma clara sub-representação das pessoas que vivem sozinhas, que nas
EcoFamílias representam pouco mais de 6%, ao passo que em Portugal o valor é de
17%. Esta discrepância não é de somenos importância para esta área, quando se
sabe que o aumento dos agregados de menor dimensão tende a representar um
desafio significativo em termos de eficiência energética, quando comparados com
agregados mais numerosos.
Analisando os grupos etários é possível concluir que os mais jovens e os mais velhos
se encontram em menor número do que seria de esperar quando se comparam com
os Censos 2001 e os grupos etários intermédios (entre os 30 e os 44 anos e entre os
45 e os 65 anos) estão sobre-representados face à realidade portuguesa.
No que concerne à ocupação profissional, observa-se um desequilíbrio na amostra em
termos de habilitações académicas, onde os grupos com menor escolaridade estão
sub-representados, acontecendo o oposto com o grupo dos que se enquadram numa
escolaridade de nível superior. De facto, se em Portugal esta categoria não enquadra
mais do que 10% da população, na amostra em análise ela ascende a quase metade
(46,8%). A comparação noutras categorias torna-se um pouco mais complexa, uma
vez que os dados dos Censos contabilizam toda a população e, logo, as crianças, que
neste estudo estão excluídas. Assim, os números registados em graus de ensino
como o 1º, o 2º e 3º ciclos serão necessariamente mais elevados nos primeiros e
menores no segundo. Contudo, a discrepância registada ao nível do ensino superior
não é abrangida por este contexto da mesma forma e representa, assim, um elemento
fundamental a ter em conta na análise de todas as questões subsequentes,
nomeadamente, as referentes a práticas e representações.
Como referido, o maior relevo dos níveis de habilitações superiores determina,
necessariamente, uma distribuição anormal no que concerne às profissões mais
frequentes. Nesta amostra existe uma sobre-representação das profissões intelectuais
e científicas (23,2% vs 8,5 nos censos 2001) e das profissões técnicas intermédias
(23,9% vs 9,5%), que contrasta com uma clara sub-representação dos trabalhadores
da produção industrial e artesãos (2,9% vs 25,5% nos Censos 2001) e dos
trabalhadores menos qualificados das áreas da agricultura, indústria e comércio (8%
vs 15%).
Em geral, o trabalho por conta de outrem abrange uma boa parte da amostra (66%) e
o trabalho enquanto principal meio de vida (por oposição a situações como a
aposentação ou o desemprego) enquadra quase 70% dos inquiridos.
Um factor sempre importante na análise das práticas de promoção da eficiência
energética e, particularmente, num contexto em que se pretende promover e incentivar
alterações às mesmas, é a propriedade da habitação. Nesta amostra quase 85% das
famílias são proprietárias e apenas cerca de 13% são arrendatárias. Ainda que não
sejam o factor fundamental, o facto das famílias sentirem que estão a investir num
espaço que é seu e sobre o qual têm quase total autoridade e responsabilidade,
permite-lhes encarar, com maior naturalidade, a possibilidade de proceder a
mudanças de carácter estrutural que podem representar ganhos significativos em
termos de eficiência energética.
Por último, apresentam-se os dados relativos aos escalões de rendimento das
EcoFamílias envolvidas. Esta questão é sempre complicada de aplicar e os resultados
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
20
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
nem sempre espelham a realidade, mas ainda assim foi tomada a decisão de a incluir
como variável de caracterização importante para o tema. O escalão que inclui maior
número de famílias é o dos 1501-3000 euros mensais (34,5%), seguido do escalão
entre 750-1500 euros (21,8%) e do escalão abaixo dos 750 euros (19%).
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
21
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Tabela 3 – Distribuição das EcoFamílias segundo o rendimento declarado
Rendimento
Menos de 759€
Entre 750€ e 1500€
Entre 1501 e 3000€
Entre 3001 e 5000€
Entre 5001 e 10 000€
Acima de 10 000€
NS/NR
Categoria
1
2
3
4
5
6
99
%
19
22
35
16
3
0,7
5
7.2 Práticas ambientais e de eficiência energética
Uma análise das práticas ambientais mais frequentes em cada agregado (onde se
conjugaram áreas como a energia, a água, os resíduos ou os produtos ecológicos)
permite verificar que as relativas à poupança de energia em casa são as que, não só
são mais frequentemente executadas, como são as que, no entender dos inquiridos,
menor esforço implicam. Há apenas a sublinhar a excepção da área da mobilidade,
onde a frequência da troca do transporte individual pelo transporte colectivo ou por
andar a pé nas distâncias mais curtas é baixa (ainda que o conjunto das respostas
sempre e alguma frequência equivalha a 66%), sendo uma das acções às quais é
atribuído um maior grau de esforço para ser realizada (38%) (Tabela 4).
Tabela 4 - Práticas ambientais mais frequentes e grau de esforço que lhe está
associado
Comprar produtos em embalagens
reutilizáveis
Utilizar transportes colectivos ou
andar a pé em curtas distâncias
Separar os resíduos
Fechar a torneira quando lava os
dentes ou faz a barba
Comprar produtos amigos do
ambiente
Desligar as luzes quando não são
necessárias
Fechar a água enquanto se
ensaboa no duche
Vestir mais uma camisola para
evitar ter que aquecer mais a casa
Reutilizar água (por exemplo do
chuveiro)
Usar as máquinas da roupa e loiça
com carga completa
Não deixar os aparelhos em standby
Secar a roupa ao ar
Sempre /
Algumas vezes (%)
Muito esforço /
Algum esforço (%)
52
43
66
38
84
20
64
16
62
41
89
15
63
39
85
13
30
42
98
9
73
23
96
7
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
22
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Baixar os estores durante o dia no
Verão
90
5
Quanto às razões para se fazer mais ou menos pelo ambiente, existem pequenas
diferenças entre aquilo que se imagina que impede os restantes cidadãos de assumir
práticas ambientais no seu dia-a-dia, e aquelas que são as razões apontadas para o
seu agregado. Contudo, mais do que uma diferença nas razões, regista-se uma
diferença na concentração em determinadas razões. Para os outros, o comodismo e a
falta de informação surgem destacados enquanto razões para uma menor adopção de
práticas ambientais, surgindo de seguida a perspectiva de que as pessoas não
pensam nisso. Quando nos aproximamos da esfera individual, ainda que o comodismo
e a falta de informação mantenham o seu protagonismo, os valores registados
aproximam-se de outras razões como: ser dispendioso, não pensarem nisso ou a falta
de apoio institucional à sua implementação. Também é de sublinhar o facto das não
respostas subirem para o dobro.
7.2.1 Percepção sobre os gastos energéticos do agregado
Criar um contexto onde seja possível trabalhar o tema da eficiência energética e
propor alterações nos hábitos quotidianos dos agregados familiares implica,
necessariamente, uma consciência clara sobre quais os consumos de energia com
maior peso na factura familiar mensal. O desconhecimento dos portugueses sobre a
questão energética (como é repetidamente sublinhado pelos dados dos vários
inquéritos do Eurobarómetro sobre a matéria) e a dificuldade em lidar com um tema
que tem muito de intangível (a energia não se vê e não tem uma utilidade em si, mas
antes nos serviços que nos permite desfrutar), pode acarretar dificuldades acrescidas
na implementação de medidas de eficiência.
Perceber onde estão os maiores consumos dentro de casa é, assim, um primeiro
passo para um trabalho em prol da eficiência energética. Neste sentido, as famílias
abrangidas por este estudo foram questionadas sobre este tema e os resultados
indicam algum desfasamento entre aqueles que são os dados oficiais e a percepção
que as famílias têm sobre as áreas com maior peso na sua factura. O que os dados
gerais indicam é que é a área do frio que maior peso tem na factura mensal dos
agregados familiares (32%) em termos de consumo de electricidade, seguida da área
do aquecimento/arrefecimento (17%), da iluminação (12%), do entretenimento (11%) e
das máquinas de lavar e secar (10%).
A percepção dos gastos energéticos quotidianos parece distanciar-se, em alguns
casos de forma significativa, dos consumos reais e dos valores referidos acima. As
máquinas de lavar surgem em primeiro lugar seguidas da área do frio. O
entretenimento, a climatização e a cozinha surgem em terceiro lugar, registando o
mesmo número de respostas. Em suma, quer o frio, quer a climatização, ainda que
não nos lugares que lhe cabem em termos dos estudos sobre o consumo de energia
nos agregados em Portugal, são percepcionados como áreas com um contributo
significativo para a factura mensal. Só o caso da iluminação, incluída nos dados
oficiais na categoria dos maiores consumos domésticos, fica de fora do conjunto de
situações mais referidas pelos inquiridos (três mais relevantes) (Tabela 5).
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
23
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Tabela 5 - Comparação da repartição do consumo doméstico de electricidade segundo
dados da ADENE10 e as respostas dos inquiridos quando questionados sobre o tema
Categoria de consumo
Distribuição de
consumos (%)
Frio
Aquecimento e arrefecimento
Iluminação
Máquinas de lavar e secar (roupa e loiça)
Entretenimento
Cozinha (forno e pequenos electrodomésticos)
Informática
32
17
12
10
9
3
2
Percepção das
EcoFamílias no
consumo (%)
21
12
10
26,5
12
12
5
7.3 As condições de habitabilidade
Como já foi referido anteriormente, a componente de aquecimento/arrefecimento pode
ter um peso significativo na factura energética dos agregados familiares. A
necessidade de recorrer com maior ou menor frequência ao seu uso pode depender
de diversos factores, muito embora um dos principais se prenda com as condições da
própria habitação.
Os resultados do inquérito indicam que as características da casa que mais
directamente estão ligadas ao conforto térmico parecem já fazer parte dos requisitos
tidos em conta para avaliar um investimento nesta área. O conforto térmico, a
qualidade dos materiais e acabamentos, a existência de vidros duplos e a própria ficha
técnica da habitação são critérios considerados muito importantes na avaliação de
uma casa. Os factores ligados à climatização assumem menor relevo, ainda que o
aquecimento central comece a ser referido já com alguma insistência quando se trata
de definir as características importantes a considerar no momento de adquirir uma
nova casa (63,1%). Este número deve ser olhado com alguma preocupação,
principalmente se considerarmos que a existência de ar condiciona acolhe apenas
cerca de metade das referências. Considerando o clima ameno de grande parte das
regiões do país, e o facto de Portugal ser mais conhecido pelas suas altas
temperaturas do que pelas baixas, este padrão de respostas merece uma reflexão
mais profunda se o objectivo é contribuir para uma maior eficiência energética do país.
Os dados sobre a satisfação com a casa que actualmente possuem, quando esta é
avaliada do ponto de vista de variáveis ligadas à eficiência energética, espelham
algum descontentamento, uma vez que 60% consideram estar total ou bastante
10
ADENE. Projecto EURECO – Campanha de medições por utilização em 400 unidades de
alojamento na União Europeia. 2002.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
24
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
satisfeitos com o conforto térmico da sua casa e cerca de 50% referem estar nessa
mesma situação em relação ao isolamento das janelas. Não se trata de valores muito
negativos, mas demonstram claramente que há ainda uma larga margem de
intervenção com o objectivo de promover uma maior eficiência energética e uma
melhor qualidade de vida.
7.3.1 Disponibilidade para investir
Tornar o quotidiano mais eficiente pode implicar a realização de investimentos
substantivos, principalmente quando se pretende fazer alterações estruturais, onde
muitas vezes os ganhos tendem a ser mais visíveis. No sentido de testar a
disponibilidade dos agregados inquiridos para realizarem investimentos que promovam
a eficiência energética, estes foram confrontados com alguns dados que lhes
apresentavam os ganhos económicos que poderiam ser obtidos se fossem feitos
investimentos em determinadas áreas – iluminação, frio, isolamento, vãos
envidraçados, climatização, painel solar.
De uma forma geral é possível afirmar que as pessoas que já investiram em cada uma
destas áreas tende as rondar os 25%, sendo que o valor mais elevado se refere à
instalação de janelas duplas e caixilharias (34,5%) e o mais baixo ao isolamento da
casa e climatização eficiente (18%). Quanto à disponibilidade para investir durante o
próximo ano, a iluminação é a que acolhe mais respostas positivas (55%), seguida da
área do frio (36%), da climatização mais eficiente ou limpa (29%), do isolamento da
casa (27,5 %) e por último, das janelas duplas e caixilharias (25,4%). Já no que
concerne ao painel solar, cerca de 42% dos agregados inquiridos refere ter interesse
em investir durante o próximo ano.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
25
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
8. Caracterização das Habitações
O RCCTE – Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos
Edifícios – divide o território de Portugal em nove zonas climáticas (seguindo os limites
de cada concelho) combinando três zonas de Inverno (I) e três zonas de Verão (V),
correspondendo a zona I1V1 ao clima mais ameno e a zona I3V3 ao clima mais
rigoroso. Incidindo este projecto sobre a eficiência energética e avaliação de
consumos, também ao nível das habitações, a caracterização das EcoFamílias está de
acordo com estas nove zonas climáticas (Figura 8).
Figura 8 – Mapa das zonas climáticas de acordo com o RCCTE (DL 80/2006)
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
26
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
A distribuição das habitações das EcoFamílias quanto ao tipo de habitação é
relativamente equilibrada a nível nacional: 53% reside em Moradias e 47% em
Apartamentos. Esta distribuição verifica-se na generalidade das zonas climáticas,
sendo que nas zonas I1V1, I1V2, I2V2 e I3V2 que tem mais apartamentos que
moradias, cerca 40% e 60%, respectivamente. Neste projecto todas as EcoFamílias da
zona climática I3V1 residem em Moradias (Figura 9).
100%
90%
80%
70%
60%
50%
Apart
40%
Moradia
30%
20%
10%
0%
I1V1
I1V2
I1V3
I2V1
I2V2
I2V3
I3V1
I3V2
I3V3
Figura 9 – Tipo de habitação das EcoFamílias, por zona climática.
A tipologia de habitação mais comum nas EcoFamílias é o T3 (37%), e verifica-se um
equilíbrio entre T2 (27%) e T4 (22%) (Figura 10).
>T5
12%
T0 T1
1% 1%
T2
28%
T4
22%
T3
36%
Figura 10 – Tipologia das habitações das EcoFamílias
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
27
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
8.1 Caracterização da Construção
O programa EcoFamílias, de participação voluntária, não teve como critério de
selecção as características construtivas o que originou uma base aleatória, no que diz
respeito a estas características.
O primeiro RCCTE entrou em vigor em 1991 (Decreto-Lei 40/90 de 6 de Fevereiro),
tendo sido revogado pelo Decreto-Lei 80/2006 de 4 de Abril, em vigor desde 1 de
Julho de 2007. A aplicação do RCCTE teve implicações na construção dos edifícios ao
nível do isolamento da sua envolvente (paredes exteriores, pavimento térreo e
coberturas). O isolamento térmico da envolvente da construção influencia a
capacidade de resistência à passagem de calor entre o interior e exterior, fundamental
para o seu bom desempenho energético. Embora se registe uma melhoria na
construção das habitações após 1991, este Regulamento teve uma aplicação
deficiente.
Apesar das exigências do RCCTE, continuaram a verificar-se anomalias frequentes,
tais como pontes térmicas11 e paredes duplas sem tubos de ventilação ou drenagem
nas suas caixas de ar12, que acabam por originar patologias de difícil reparação.
É também após a entrada em vigor do RCCTE que aparecem as caixilharias com
ruptura térmica13. A aplicação de vidro duplo e parede dupla torna-se praticamente
uma regra a partir desta legislação.
A qualidade do isolamento e da caixilharia são dois dos aspectos que foram
analisados neste projecto. Quanto melhor isolada termicamente e melhor seja a
orientação solar de uma habitação, melhor será o seu desempenho energético e,
consequentemente, o conforto do utente.
Na caracterização das soluções construtivas foi considerado o ano de construção
(informação obtida junto das EcoFamílias) e, sempre que possível, foram recolhidos
outros dados pela visita à habitação. Os dados recolhidos passam pela identificação
dos sistemas construtivos e materiais utilizados para a envolvente directa em contacto
com o exterior (paredes e envidraçados). Nas paredes e lajes pretendeu-se
caracterizar os seus constituintes (materiais e isolamento), tipologia de parede (dupla
ou simples, por exemplo) e nas superfícies envidraçadas (janelas e portas
envidraçadas), o tipo de vidro e de caixilharia.
11
As pontes térmicas (zonas sensíveis da construção) são responsáveis, na maioria dos casos,
pelo aparecimento de condensações ou outras patologias que influenciam o conforto
higrotérmico, e normalmente decorrem da má aplicação do material de isolamento ou da sua
inexistência.
12
A caixa de ar em parede dupla, é o espaço de ar que fica entre os panos de alvenaria (em
tijolo ou outro). Este espaço poderá ser preenchido na sua totalidade ou em parte pelo
isolamento térmico.
13
As caixilharias com ruptura de térmica ou corte térmico, são fabricadas de forma a promover
uma redução da transmissão térmica entre 40% a 60% o que significa uma optimização no que
respeita à conservação de temperatura interior.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
28
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Analisando o tipo de paredes exteriores com o ano de construção, verifica-se que a
partir da entrada em vigor do RCCTE (1991) há uma melhoria do desempenho térmico
destas, verificando-se também um aumento significativo do uso de isolamento térmico
(Figura 11).
100%
90%
80%
70%
60%
50%
>1991
40%
<1991
30%
20%
10%
0%
parede
parede
parede
parede
parede
parede
parede
parede
parede
parede
simples de simples de simples de simples de dupla de
dupla de
dupla de
dupla de
dupla de
dupla de
pedra s/
tijolo s/
tijolo c/
tijolo c/
tijolo s/
tijolo c/
tijolo c/
tijolo c/
tijolo c/
tijolo c/
isolamento isolamento isolamento isolamento isolamento isolamento isolamento isolamento isolamento isolamento
não id.
xps
eps
xps
lã mineral poliuretano
não id.
Figura 11 – Tipo de parede exterior de acordo com o ano de construção das
habitações.
Fazendo a mesma análise para as superfícies envidraçadas verifica-se a mesma
tendência de melhoria destas, depois da entrada em vigor do primeiro RCCTE (Figura
12). Na análise desta figura chama-se a atenção para a existência de vidros duplos
com caixilharia PVC e vidros duplos com caixilharia de alumínio com corte térmico em
habitações construídas antes de 1991, facto que se deve a situações de reabilitação.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
29
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
>1991
30%
<1991
20%
10%
0%
Vidro
simples
com
caixilho de
alumínio
sem corte
térmico
Vidro
Vidro
Vidro
simples
simples
simples
com
com
com
caixilho de caixilho de caixilho de
alumínio madeira PVC com
com corte
corte
térmico
térmico
Vidro
duplo com
caixilho de
alumínio
sem corte
térmico
Vidro
Vidro
Vidro
duplo com duplo com duplo com
caixilho de caixilho de caixilho de
alumínio madeira PVC sem
com corte
corte
térmico
térmico
Vidro
duplo com
caixilho de
PVC com
corte
térmico
Figura 12 – Tipo de envidraçados de acordo com o ano de construção das habitações.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
30
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
8.1.1 Paredes exteriores
As alvenarias dos nossos dias são muito diferentes das construídas há alguns séculos
na construção tradicional. As paredes exteriores dos edifícios, desde que concebidas e
executadas de acordo com os códigos e regras construtivas adequados, são capazes
de desempenhar um papel resistente e higrotérmico apropriado, mesmo quando
sujeito a condições adversas.
O avanço da tecnologia e dos processos construtivos permite que hoje a parede seja
constituída por um conjunto de camadas justapostas de materiais distintos,
desempenhando cada uma delas a sua função, de modo a que a parede resultante dê
resposta a todos os requisitos construtivos exigidos, de forma o mais racional e
económica possível.
A transmissão de energia entre o exterior e o interior é um factor determinante no
desempenho energético do edifício seja qual for o sistema de climatização, daí que a
primeira decisão a tomar seja a escolha do sistema construtivo da envolvente da
construção que deverá ser adequada ao clima do lugar em que se insere. Assim, as
diferenças construtivas entre os elementos analisados ocorrem por diversas razões
entre elas a zona do território (norte, sul e centro, interior e litoral do país), factores
climáticos e data de construção da habitação.
Numa parede dupla com isolamento térmico no seu interior, apenas é aproveitada
parte da inércia térmica, tornando-se necessário corrigir as pontes térmicas. Este facto
traduz-se numa maior área de isolamento e, consequentemente, no aumento da
espessura da parede, peso da estrutura e fundações, tornando a solução mais
dispendiosa. Para o seu bom desempenho, é também fundamental que exista uma
caixa de ar bem ventilada (através de pequenos furos para favorecer a ventilação e
drenagem).
Por oposição, o sistema construtivo composto por parede simples com isolamento
térmico pelo exterior faz um maior aproveitamento da inércia térmica, e não possui
pontes térmicas, traduzindo-se numa solução menos dispendiosa.
A tipologia de parede exterior mais comum nas habitações das EcoFamílias é
composta por parede dupla de tijolo com isolamento térmico (62%), este facto é
justificado por se tratar de construções posteriores a 1991 (ano de aplicação do
primeiro RCCTE). Esta situação está de acordo com os resultados obtidos no inquérito
social, em que 60% das famílias consideram estar total ou bastante satisfeitos com o
conforto térmico da sua casa.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
31
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
1%
10%
1%
3%
4%
19%
9%
1%
1%
12%
39%
parede simples de pedra s/
isolamento
parede simples de tijolo s/
isolamento
parede simples de tijolo c/
isolamento não id.
parede simples de tijolo c/
isolamento xps
parede dupla de tijolo s/
isolamento
parede dupla de tijolo c/
isolamento eps
parede dupla de tijolo c/
isolamento xps
parede dupla de tijolo c/
isolamento lã mineral
parede dupla de tijolo c/
isolamento poliuretano
parede dupla de tijolo c/
isolamento não id.
parede tripla de pedra + tijolo
c/ isolamento xps
Figura 13 – Tipo de parede e isolamento existente nas habitações das EcoFamílias
A identificação do tipo de isolamento térmico utilizado foi feita com base no
testemunho das famílias que em alguns casos acompanharam a construção da
habitação, ou recorrendo à ficha técnica da habitação (elemento relevante na
aquisição de habitação). Nem sempre foi possível confirmar a sua natureza.
O tipo de isolamento mais utilizado é o poliestireno expandido (EPS), seguido do
poliestireno extrudido (XPS), lã mineral e por fim poliuretano.
O poliestireno expandido (EPS)14 vulgarmente conhecido como esferovite, é uma
espuma termoplástica, tal como o XPS. É um material celular e que se apresenta no
mercado com múltiplas formas e funções, sendo a sua aplicação na construção civil
extraordinariamente variada. A sua principal vantagem é a baixa condutibilidade
térmica15 (U-value) apresentada.
14
O poliestireno expandido ou EPS é um material rígido que apresenta uma estrutura assente
em esferas cheias de ar produzidas através de vapor de água.
15
Condutibilidade térmica é a capacidade que uma substância possui para transmitir calor por
condução. É geralmente simbolizada com a letra K ou então denominada U-value.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
32
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
O poliestireno extrudido (XPS)16, é muito utilizado actualmente na construção civil, por
possuir, um baixo índice de condutibilidade térmica7 (U-value), o que o torna muito
resistente às trocas térmicas, favorecendo a conservação da temperatura no ambiente
interior. Possui ainda uma excelente resistência às acções mecânica e ambientais,
sendo largamente utilizado nas chamadas “coberturas invertidas” em que o isolamento
térmico se encontra por cima da impermeabilização.
A manta de lã de rocha é um material de isolamento térmico flexível, leve e de muito
fácil instalação. A lã de rocha, além de bom isolante térmico é também um excelente
isolante acústico, e ainda incombustível, resistente à água, não corrosiva e não é
atacada por sais nem por ácidos. É muito utilizado para isolar paredes ou na
impermeabilização de lajes.
Na análise do tipo de parede exterior com as zonas climáticas, ao contrário do que
seria de esperar as construções não se encontram adaptadas às especificidades
climáticas locais (Figura 14). O tipo de parede com pior comportamento térmico
aparece nas zonas climáticas mais rigorosas, mas são também nestas zonas que
residem as EcoFamílias de classes de rendimento mais baixas, o que pode influenciar
estes resultados.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
parede
simples de
pedra s/
isolamento
parede
simples de
tijolo s/
isolamento
parede
simples de
tijolo c/
isolamento
não id.
parede
parede dupla parede dupla parede dupla parede dupla
simples de
de tijolo s/ de tijolo c/ de tijolo c/ de tijolo c/
tijolo c/
isolamento isolamento isolamento isolamento lã
isolamento
eps
xps
mineral
xps
I1V1
I1V2
I1V3
I2V1
I2V2
I2V3
I3V1
I3V2
parede dupla parede dupla parede tripla
de tijolo c/ de tijolo c/ de pedra +
isolamento isolamento
tijolo c/
poliuretano
não id.
isolamento
xps
I3V3
Figura 14 – Tipo de parede exterior de acordo com a zona climática
16
O poliestireno extrudido ou XPS é uma espuma homogénea rígida de poliestireno, obtida por
um processo de extrusão em contínuo, que se apresenta sob a forma de placas de cor azul ou
rosa.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
33
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
34
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
8.1.2 Superfícies envidraçadas (janelas e portas envidraçadas)
Através das superfícies envidraçadas ocorrem as maiores trocas térmicas. De um
modo geral, traduzem-se em ganhos térmicos no Verão e perdas térmicas no Inverno.
A orientação solar dos envidraçados é também um factor importante em termos
térmicos e em termos de iluminação, condicionando o conforto interior. A energia
acumulada é influenciada pela intensidade da radiação solar incidente na superfície
envidraçada, da sua área e do seu factor solar17.
Em Portugal, o quadrante Sul é o mais favorável para os ganhos térmicos uma vez
que recebe radiação solar directa ao longo do dia. No quadrante Norte a iluminação é
constante mas é também o quadrante onde não se registam ganhos térmicos e
existem perdas térmicas, uma vez que não recebe radiação solar directa. No
quadrante Este, durante o período da manhã ocorrem os ganhos térmicos, período em
que recebe radiação solar directa. A Oeste os mesmos ganhos ocorrem durante o
período da tarde, devido ao “movimento aparente” do Sol.
A utilização de vidros duplos, preferencialmente de baixa emissividade18, com
caixilharias com corte térmico, pode reduzir até 50% das perdas térmicas pelas
janelas, assim como o ruído do exterior. Importa frisar que, por exemplo, cerca de 15%
da energia utilizada para aquecimento e arrefecimento de uma habitação é perdida
através de frinchas existentes em caixilharias mal vedadas ou empenadas.
A caracterização das superfícies envidraçadas das habitações das EcoFamílias foi
feita tendo em conta o tipo de vidro e caixilharia existente. Ao analisar as superfícies
envidraçadas existentes, e tal como já foi mostrado na Figura 12, verifica-se que a
maioria é composta por vidro duplo (os envidraçados possuem 52% vidro duplo e 48%
possuem vidro simples). Estes resultados estão relacionados com o facto de, a partir
de 1991, o RCCTE estabelecer a sua obrigatoriedade (embora nem sempre se
verifique) e por se tratar de uma medida relativamente simples, face a outras, na área
da construção, que melhora significativamente o conforto térmico do edifício. Esta
situação está de acordo com os resultados obtidos no inquérito social, em que 50%
das famílias consideram estar total ou bastante satisfeitos situação em relação ao
isolamento das janelas.
Em relação ao material da caixilharia verificou-se que a maioria é em alumínio (71%
de alumínio; 19% de madeira; 10% PVC) (Figura 15). Verifica-se também que a
caixilharia em madeira tem entrado em desuso provavelmente devido ao seu
17
O factor solar de um envidraçado é o quociente entre a energia que o atravessa e a radiação
solar que nele incide.
18
A emissividade mede a capacidade de um corpo em emitir energia. Os vidros de baixa
emissividade possuem a característica de reduzir a transferência de calor, proporcionando um
elevado isolamento térmico.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
35
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
comportamento térmico e, principalmente porque empenam com o uso e a idade, com
os respectivos inconvenientes associados, tanto na abertura e fecho das janelas.
4%
4%
4%
30%
Vidro simples com caixilho
de alumínio sem corte
térmico
Vidro simples com caixilho
de alumínio com corte
térmico
Vidro simples com caixilho
de madeira
Vidro simples com caixilho
de PVC com corte térmico
21%
Vidro duplo com caixilho de
alumínio sem corte térmico
1%
Vidro duplo com caixilho de
alumínio com corte térmico
Vidro duplo com caixilho de
madeira
15%
19%
2%
Vidro duplo com caixilho de
PVC sem corte térmico
Vidro duplo com caixilho de
PVC com corte térmico
Figura 15 – Tipo de envidraçados existentes nas habitações das EcoFamílias
Ao analisar o tipo de vidro e o tipo de caixilho verificamos que a maior percentagem
(21%) corresponde a envidraçados compostos por vidro duplo com caixilharia em
alumínio com corte térmico, seguido dos envidraçados compostos por vidro duplo com
caixilho de alumínio simples (19%).
Verifica-se que as melhores soluções de tipos de vidro e caixilho, analisado em função
da zona climática, encontram-se nas zonas onde o clima é menos rigoroso (Figura 16).
Este facto pode ser motivado por uma maior preocupação com o conforto interior ou
devido às EcoFamílias destas zonas climáticas pertencerem a classes de rendimento
mais elevadas.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
36
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Vidro
Vidro
Vidro
Vidro
Vidro duplo Vidro duplo Vidro duplo Vidro duplo Vidro duplo
simples
simples
simples
simples
com
com
com
com
com
com
com
com
com
caixilho de caixilho de caixilho de caixilho de caixilho de
caixilho de caixilho de caixilho de caixilho de alumínio
alumínio
madeira
PVC sem
PVC com
alumínio
alumínio
madeira
PVC com sem corte com corte
corte
corte
sem corte com corte
corte
térmico
térmico
térmico
térmico
térmico
térmico
térmico
I1V1
I1V2
I1V3
I2V1
I2V2
I2V3
I3V1
I3V2
I3V3
Figura 16 – Tipo de envidraçado de acordo com a zona climática.
8.1.3 Protecção solar
A protecção solar é quase sempre imprescindível para se poder tirar partido da nossa
maior fonte de energia – o Sol. Esta pode ser conseguida por exemplo, através de
estores ou portadas, pelo lado exterior do vidro.
Os raios solares ao atingirem directamente o vidro geram o chamado "efeito de
estufa": atravessam o vidro e vão aquecer a habitação, sendo depois impedidos pelo
mesmo de voltarem a sair. Uma vez aquecida a massa de ar interior, o calor só se
perde à noite, quando a temperatura exterior é inferior à interior19, pois o fluxo de calor
através do vidro verifica-se sempre da temperatura mais alta para a mais baixa.
Em termos de ganhos e perdas térmicas, existem diferenças entre proteger os
envidraçados pelo exterior ou pelo interior. Uma janela protegida pelo interior do vidro
deixa passar mais 20% a 30% da radiação solar para o seu interior, do que uma
protegida pelo exterior. Este facto pode ser vantajoso no Inverno, mas no Verão pode
conduzir a um sobreaquecimento do interior, e a um consequente aumento do gasto
de energia em sistemas de climatização para o frio. No entanto, no que diz respeito a
19
O fluxo de calor, neste caso através do vidro, verifica-se sempre da temperatura mais alta
para a mais baixa.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
37
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
perdas térmicas, uma janela a Norte com sombreamento pelo exterior, pode deixar
perder mais calor durante a noite do que uma protegida por estores interiores, o que
igualmente, poderá conduzir a um aumento de gasto de energia em sistemas de
climatização para aquecer no Inverno.
Das habitações analisadas, 78% apresenta protecção pelo interior e exterior,
maioritariamente com recurso a estores no exterior e cortinados no interior. Os estores
podem ser úteis para alcançar o conforto interior desde que se faça um correcto uso
deles. A protecção pelo interior representa 12% das EcoFamílias, seguido de 6% de
protecção pelo exterior (Figura 17).
1% 1%
12%
Protecção pelo interior
2%
6%
Protecção entre janelas
Protecção pelo exterior
Protecção pelo interior e
exterior
Protecção interior e entre
janelas
Nenhum tipo de protecção
78%
Figura 17 – Localização do protecção solar nas habitações das EcoFamílias.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
38
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
8.1.4 Orientação Solar
De acordo com a análise efectuada no que diz respeito à envolvente das habitações
(paredes exteriores e superfícies envidraçadas), todas as orientações solares são
contempladas, existindo um relativo equilíbrio nessa distribuição. Esta orientação é
dada pela orientação da fachada com maior área envidraçada (Figura 18).
100%
90%
80%
70%
O
60%
SO
S
50%
SE
E
40%
NE
N
30%
NO
20%
10%
0%
I1V1
I1V2
I1V3
I2V1
I2V2
I2V3
I3V1
I3V2
I3V3
Figura 18 – Orientação solar por zona climática.
A orientação Norte deve ser evitada porque é neste quadrante que ocorrem grandes
perdas térmicas e não existem ganhos, uma vez que não recebe radiação solar
directa, independentemente da altura do ano e do dia. Isto significa que no Inverno, os
gastos de energia para manter a temperatura de conforto aumentam e pode ser
necessário recorrer a iluminação auxiliar durante o dia.
A orientação Sul, como já foi referido, é a que apresenta maior potencialidade para o
aproveitamento do Sol. A incidência da radiação solar neste quadrante pode ser
controlada na sua totalidade com o recurso a estores, portadas, palas de
sombreamento horizontais ou outros elementos de sombreamento, uma vez que o Sol,
consoante a estação do ano, apresenta diferentes ângulos de incidência solar.
A Nascente e a Poente, a entrada de raios solares através das superfícies
envidraçadas é de difícil controlo. O período da manhã é aquele em que se regista a
incidência solar directa a Nascente e quando ocorrem os ganhos térmicos. O mesmo
se verifica a Poente mas no período da tarde. Nestas orientações os raios solares
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
39
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
atingem uma inclinação quase perpendicular ao vidro, o que dificulta a sua protecção
de outro modo que não seja a total.
Assim, recomenda-se que no Verão se protejam os envidraçados no período da
manhã a Nascente, podendo desprotege-los no período da tarde, promovendo
também a ventilação dos compartimentos. A Poente os envidraçados devem ser
protegidos no período da tarde. Durante o Inverno dever-se-á fazer o processo inverso
de modo a promover os ganhos solares e minimizar as perdas térmicas
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
40
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
9. Caracterização
Iluminação
de
Equipamentos
eléctricos
e
Tal como descrito no capítulo da Metodologia, a recolha de dados foi efectuada
através dos inquéritos de identificação e utilização dos instrumentos de medição de
consumos locais e remotos e também pelo registo das leituras dos contadores de
electricidade, gás e água.
Através do inquérito de levantamento dos equipamentos eléctricos existentes foram
identificados 170 equipamentos diferentes nas EcoFamílias. A Figura 19 mostra a taxa
de presença dos equipamentos nas EcoFamílias. Nesta análise não foram
considerados os equipamentos presentes em menos de 10% das EcoFamílias, por
não se considerar como presença significativa.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
41
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
Figura 19 – Taxa de presença dos equipamentos nas EcoFamílias.
42
Equipamentos
Video
Ventoinha
Video
Ventoinha
Torradeira
Termoventilador
Televisão
Telefone
Secador
Router
rádio
PS
Portátil
Placa
Microondas
Maquina secar
Maquina Roupa
Maquina loiça
Maquina Café
Irradiador a oleo
Impressora
Frigorifico
Forno
Ferro Engomar
Exaustor
Esquentador a gás
DVD
Desumidificador
Despertador
Descodificador
Computador
Combinado
Colunas
Caldeira
Calculadora
Aspirador
Arca
Ar Condicionado
Aquecedor electrico
Aparelhagem
Antena interior
Taxa de presença (%)
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Pela análise da Figura 19 verifica-se que equipamentos como fogão,
frigorífico/combinado, máquina de lavar roupa existem em todas as EcoFamílias e
85% das famílias possuem micro-ondas. Outros equipamentos como computador
estão presentes em cerca de 70% das famílias abrangidas por este programa.
Os equipamentos identificados foram agrupados nas seguintes categorias:
 Água Quente Sanitária (AQS)
 Climatização
 Cozinha
 Entretenimento
 Frio
 Iluminação
 Informática e Telecomunicações
 Máquinas e Outros
Na medição de consumos eléctricos, foram caracterizados 653 equipamentos no total
das 206 EcoFamílias, numa média de 3 equipamentos por EcoFamília.
A medição de alguns aparelhos apresentou algumas dificuldades. O caso dos
electrodomésticos encastrados, sistemas de aquecimento e caldeiras, em que não se
consegue ter acesso às fichas de electricidade dos mesmos, foi uma condicionante às
medições efectuadas em várias habitações. A opção de colocar numa parte das
habitações instrumentos de mediação nos disjuntores foi precisamente para
ultrapassar esta dificuldade. No entanto, muitos dos quadros eléctricos encontrados
estão mal estruturados, tendo muitos circuitos no mesmo disjuntor. Assim, em vez de
medições de apenas um equipamento obteve-se uma medição simultânea de vários
equipamentos, o que não ajudou a uma caracterização pormenorizada em muitos
casos.
Os equipamentos de entretenimento (televisão, DVD, vídeo-gravador, etc.) estão todos
ligados à mesma tomada, que se encontra por trás de móveis, o que tornou por vezes
a sua medição impraticável. Em alguns casos ainda assim foi possível medir os
equipamentos mas apenas em conjunto. Houve também casos em que se assumiu
medir alguns equipamentos em conjunto, por se verificar que existiam em quase todas
as casas, como por exemplo um conjunto composto por uma televisão, DVD,
aparelhagem de som e descodificador de televisão (vulgarmente conhecido por
powerbox).
Na fase de validação, algumas medições foram ainda rejeitadas. Para além disso,
existiram medições que não foi possível considerar devido a problemas com os dados
dos instrumentos de medição local e remoto, o que condicionou uma caracterização
mais completa das famílias.
A leitura dos contadores de algumas EcoFamílias também não foi possível, devido ao
facto de alguns se encontrarem fechados, apenas acessíveis para os técnicos das
empresas. Dado que se optou pela inserção, por parte das famílias, dos dados dos
contadores numa base de dados online, há algumas falhas de registo, existindo
mesmo famílias que não existem valores das contagens. Nas famílias sem acesso à
internet foi entregue uma folha para o registo das leituras, mas muitas das famílias não
os registaram.
Como se pode verificar pelas situações descritas, a implementação do programa
EcoFamílias no terreno teve que transpor algumas dificuldades e ajustar-se em alguns
momentos às situações que iam surgindo. Desta experiência resulta que os dados
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
43
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
recolhidos em cada EcoFamília apresentam diferenças, quer em termos de qualidade,
quer em quantidade.
9.1.1 Consumos totais de electricidade
Na Figura 20 apresenta-se a repartição dos consumos de electricidade com base nos
consumos eléctricos dos equipamentos medidos. No caso da iluminação e
climatização, o valor apresentado foi calculado através da potência e tempo de
utilização referido pelas famílias, por não ter sido possível medir.
Não medido
30%
Entretenimento
6%
Informática
7%
Máquina de
lavar loiça
7%
Máquina de
lavar roupa
9%
Iluminação
8%
Climatização
9%
Arca
10%
Frigorífico
14%
Figura 20- Distribuição dos consumos de electricidade pelas categorias.
Os equipamentos de frio (frigoríficos/combinados e arcas) medidos representam a
maior fatia de consumo (24%). As máquinas de lavar loiça e roupa representam 16%
do consumo total.
Os equipamentos não medidos incluem aparelhos de ar condicionado,
electrodomésticos encastrados, equipamentos eléctricos de aquecimento de águas
sanitárias e pequenos electrodomésticos.
Muito próximo da categoria Frio, estão em conjunto as categorias de Iluminação,
Entretimento e Informática representam cerca de 21% do consumo total das
EcoFamílias. Estas são as categorias onde este projecto vai incidir mais na alteração
de comportamentos para a eliminação de consumos de stand-by e off-power e
substituição de lâmpadas.
A análise dos equipamentos eléctricos foi feita por categorias, visto terem sido
realizadas medições individuais e por grupo de equipamentos.
A compreensão desta distribuição de consumos é fundamental para a mudança de
comportamentos. A comparação da repartição dos consumos das famílias (Figura 20)
com a percepção que estas têm dos mesmos (Tabela 5), permitiu verificar que há
alguma concordância no que concerne à área do frio e mesmo da climatização. Já em
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
44
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
termos das áreas da iluminação e das máquinas de lavar observa-se uma
subvalorização no primeiro caso e o efeito contrário no segundo.
De sublinhar, é ainda o facto dos consumos reais medidos nas EcoFamílias
comprovarem a percepção que os inquiridos têm sobre o peso que o consumo das
máquinas de lavar (roupa e loiça) tem nas despesas mensais do agregado, o que não
acontece quando comparamos com os dados oficiais. Esta aparente incoerência
poderia levar a uma interpretação que apontasse para uma incorrecta percepção dos
inquiridos sobre as áreas de maior consumo de electricidade no seu agregado, quando
o que se verifica é que as medições registadas nas EcoFamílias, dão origem a
padrões de consumo diferentes dos registados entre a população portuguesa em
geral. Tal situação não será de estranhar, face às diferenças sublinhadas no capítulo
da caracterização social em variáveis tão relevantes para este tema, como são o grau
de habilitações, a idade ou a ocupação profissional.
A área da iluminação é aquela onde a distância entre os dados reais relativos à
população portuguesa ou os dados recolhidos nas EcoFamílias e a percepção do
consumo é maior, isto quando analisamos as principais categorias de consumo.
9.1.2 Água Quente Sanitária
Na Tabela 6 encontram-se os equipamentos presentes nas EcoFamílias, para o
aquecimento da água.
Tabela 6 – Tipo de Equipamentos da categoria de Águas Quente Sanitária presentes
nas EcoFamílias
Tipo de Equipamento
Categoria
AQS
Esquentador
Caldeira a gás
Termoacumulador
Caldeira a gasóleo
Painel solar
Nas EcoFamílias, ainda prevalece o gás como fonte de energia para aquecimento de
águas, quer através de esquentadores, como caldeiras (Figura 21).
Renováveis
6%
Lenha
1%
Gasóleo
6%
Eléctrico
6%
Gás
81%
Figura 21 – Distribuição das várias formas de energia para AQS, nas EcoFamílias
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
45
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
O gasóleo apresenta um peso significativo, 6%, estando na mesma proporção que a
energia eléctrica e energias renováveis.
9.1.3 Climatização
Na Tabela 7 apresentam-se os equipamentos presentes nas EcoFamílias, para o
aquecimento e arrefecimento das habitações.
Tabela 7 – Tipo de equipamentos da categoria Climatização presentes nas
EcoFamílias
Categoria
Climatização
Tipo de Equipamento
Desumidificador
Acumulador de calor
Aquecedor infra-vermelhos
Escalfeta
Aquecimento central eléctrico
Ar condicionado
Lareira eléctrica
Aquecimento central a gás
Aquecedor de halógeneo
Braseira eléctrica
Irradiador a óleo
Termoventilador
Ventoinha
Aquecedor Catalítico
Aquecimento central a gasóleo
Lareira a lenha
Os equipamentos eléctricos são mais utilizados pelas EcoFamílias, sendo o irradiador
a óleo o equipamento mais presente (30%), seguido dos equipamentos de ar
condicionado (18%).
Figura 22 – Equipamentos de climatização (ar Condicionado e lareira com recuperador
de calor)
Analisou-se a presença de equipamentos de climatização por escalão de rendimentos
e verifica-se que o escalão médio de rendimento – escalão 3 – tem um maior número
de famílias com equipamentos de climatização, e com maior variedade de tipos de
equipamentos (Figura 23).
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
46
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
O menor número de equipamentos de climatização na classe de rendimentos superior
pode ser justificado pelas melhores soluções construtivas das habitações, o que
implica uma menor necessidade de utilização destes equipamentos.
120
100
Número de famílias
80
60
40
20
0
1
2
3
4
5/6
99
Classe de rendimento
Irradiador óleo
Termoventilador
Desumidificador
Aquecedor catalítico
Lareira
Fogão a lenha
Aquecimento central a Electricidade
Aquecedor infra-vermelhos
Aquecimento Central a gás
Acumulador de calor
Aquecimento Central Gasóleo
Lareira electrica
Emissor térmico
Ar Condicionado
Ventoinha
Escalfeta
Braseira
Aquecedor halogéneo
Econo-heat
Figura 23 – Presença dos vários tipos de equipamentos de climatização existente nas
EcoFamílias, por escalão de rendimento.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
47
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
9.1.4 Cozinha
Os equipamentos eléctricos presentes numa cozinha são muitos variados, com
características e funções muito diferentes (Tabela 8).
Tabela 8 – Tipo de equipamentos da categoria Cozinha presentes nas EcoFamílias.
Tipo de Equipamento
Máquina de café
Categoria
Batedeira
Espremedor de citrinos
Exaustor
Máquina de Pão
Micro-ondas
Placa a gás
Picador de gelo
Forno eléctrico
Placa eléctrica
Torradeira
Fritadeira eléctrica
Grelhador eléctrico
Cozinha
Jarro eléctrico
Robô
Cafeteira
Liquidificador
Bimby
Fiambreira
Forno a gás
Iogurteira
Máquina de cozer a vapor
Panela eléctrica
Placa vitrocerâmica
Tostadeira
Varinha mágica
Picadora
Máquina de sumos
Base para comida quente
Chaleira
Fogão com placa electrica
Placa de indução
Máquina de batidos
Misturadora
Patusca
No que respeita aos electrodomésticos de cozinhar a placa a gás continua a ter muito
maior peso (82%) do que as eléctricas (Figura 24) No caso do forno existe uma maior
presença de fornos eléctricos nas casas das EcoFamílias (69%).
Forno a gás
31%
Placa
eléctrica
18%
Forno
electrico
69%
Placa a gás
82%
Figura 24 – Percentagem de placas e fornos a gás e eléctricos
As medições de consumos nas cozinhas apresentam algumas dificuldades por
diversas razões, entre as quais electrodomésticos encastrados ou ligados
directamente à instalação eléctrica da casa (por exemplo, forno eléctrico e exaustor).
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
48
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Dos pequenos electrodomésticos apresentados na Tabela 8 o mais comum, e também
o mais utilizado, é o micro-ondas, estando presente em cerca de 85% das
EcoFamílias.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
49
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
9.1.5 Entretenimento
Na análise do tipo de equipamentos de Entretenimento (Figura 25) existentes nos
lares das EcoFamílias, verificou-se que 99% têm pelo menos um aparelho de
televisão, sendo que uma família não possui este equipamento por opção e a outra
possui um videoprojector. Outros equipamentos como DVD ou aparelhagem de som,
são comuns nas EcoFamílias, encontrando-se em 80% e 64 % das famílias,
respectivamente. Nesta categoria estão ainda incluídos equipamentos como o
descodificador de televisão (vulgarmente conhecido por powerbox) ou consolas, num
total de 29 tipos de equipamentos (Tabela 9).
Figura 25 – Equipamentos de entretenimento
Tabela 9 – Tipo de equipamentos de Entretenimento presentes nas EcoFamílias.
Tipo de Equipamento
Categoria
Amplificador
Aparelhagem de som
Entretenimento
Leitor de CDs
Descodificador
Sist. de som panorâmico
Consola
Adaptador TV
Gira-Discos
LCD
Plasma
PlaySation
Subwoofer
Transmissor
Volante PS
Video
Vídeo
DVD
Porta CD
Rádio
Auscultadores sem fios
Satélite
Televisão
Adaptador PS
Antena Interior
Karaoke
Leitor ipod
Projector
Receptor Comando
Transformador
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
50
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Do consumo dos equipamentos medidos verificou-se que nas EcoFamílias os
aparelhos de entretenimento apresentam grandes variações de consumos: entre os 3
e os 822 kWh/ano, numa média de cerca de 223 kWh/ano (Figura 26), que
corresponde em média a 6% do consumo total de electricidade. Analisando ainda o
gráfico os resultados nesta categoria, concluiu-se que o consumo total destes
aparelhos não é semelhante em famílias do mesmo escalão de rendimento.
900
Consumo (kWh/ano)
800
700
600
500
400
300
200
100
1(B09)
1(G06)
1(H21)
1(I02)
2(A02)
2(A25)
2(D01)
2(D09)
2(D11)
2(D12)
2(D22)
2(F02)
2(F16)
2(H08)
2(I08)
3(A11)
3(A26)
3(B34)
3(B36)
3(C04)
3(C15)
3(C16)
3(D15)
3(D21)
3(D26)
3(F07)
3(F18)
3(H25)
3(H33)
4(A07)
4(B21)
4(E08)
4(E10)
4(E24)
4(F11)
4(F12)
4(F15)
4(I20)
5(A38)
5(D23)
99(F10)
0
EcoFamília
Figura 26 – Consumo dos equipamentos de Entretenimento (kWh/ano) nas
EcoFamílias, por escalão de rendimento.
Através da análise dos dados de consumo eléctrico medidos nestes equipamentos foi
possível verificar que cerca de 65% evidenciam a existência de consumo off-power ou
de stand-by. Equipamentos como as aparelhagens de som e os leitores de DVD e
vídeo são normalmente fontes de consumos off-power.
Uma outra análise neste grupo foi a influência da potência dos aparelhos no consumo
total de electricidade. Assim, analisou-se grupo de equipamentos com a mesma
constituição, tendo sido possível nas EcoFamílias A11, A26 e A38. Na análise do
grupo constituído por televisão, DVD e Aparelhagem verifica-se que o consumo mais
elevado é no conjunto com maior potência e não no que apresenta mais horas de
consumo (Figura 27).
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
51
10000
9000
8000
7000
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
600
500
400
300
200
100
Consumo (kWh/ano)
horas/ano
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
0
3(A11)
3(A26)
5(A38)
EcoFamília
Tempo (horas/ano)
Consumo (kWh/ano)
Consumo instantâneo (W)
Figura 27 - Comparação entre o número de horas de utilização e o consumo médio por
mês do grupo de entretenimento constituido por televisão, DVD e Aparelhagem.
9.1.6 Informática e Telecomunicações
Os equipamentos informáticos (Figura 28) têm um peso crescente nos lares
portugueses. Reflexo disto é o facto de 70% das EcoFamílias possuírem computador.
Figura 28 – Equipamentos de informática
Os computadores fixos estão presentes em 62% das famílias e os portáteis em 19%.
Nesta categoria foram identificados 21 equipamentos diferentes nesta categoria
(Tabela 10).
Tabela 10 – Tipo de equipamentos da categoria Informática e Telecomunicações
existentes nas EcoFamílias
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
52
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Categoria
Calculadora
Carregador de telemóvel
Colunas
Computador pessoal
Computador portátil
Informática e
Sintetizador
Telecomunicações
Fax
Carregador de pilhas
Disco externo
Transformador
USB com placa de rede
Tipo de Equipamento
Impressora
Modem
Monitor
Multifunções
Scanner
Telefone
Carregador máquina fotográfica
Router
UPS
Webcam
Das medições realizadas nesta categoria, não se encontrou uma relação entre os
rendimentos da família e o consumo deste tipo de equipamentos. Como se pode
verificar pela Figura 29, o consumo destes equipamentos é muito variável entre
famílias, dependendo muito da utilização que cada uma faz destes equipamentos
(trabalho ou lazer). Os consumos nesta categoria variam de 48 a 3.202 kWh/ano,
representando um peso médio de 7% da factura total de electricidade.
3500
Consumo (kWh/ano)
3000
2500
2000
1500
1000
500
2(B16)
2(D08)
2(D22)
2(E01)
2(E17)
2(F02)
2(F14)
3(A18)
3(A19)
3(A20)
3(A23)
3(B15)
3(B18)
3(B20)
3(C08)
3(C13)
3(C17)
3(D15)
3(E28)
3(F08)
3(F25)
4(A03)
4(A32)
4(C01)
4(C27)
4(E08)
4(E10)
4(F03)
4(F11)
4(I20)
5(A38)
5(F19)
99(B11)
0
EcoFamília
Figura 29 – Consumo eléctrico da categoria Informática (kWh/ano) nas EcoFamílias
Em cerca de 76% das medições realizadas verificou-se a existência de consumos offpower e/ou stand-by num ou mais equipamentos. Fazendo a análise individual dos
equipamentos verificou-se a existência de consumos off-power em computadores,
multi-funções e colunas de som.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
53
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
9.1.7 Iluminação
Na categoria Iluminação foram identificados 6 tipos de lâmpadas nas EcoFamílias
(Tabela 11).
Tabela 11 – Tipo de equipamentos de Iluminação presentes nas EcoFamílias.
Tipo de Equipamento
Categoria
Iluminação
Lâmpada de halogéneo
Lâmpada fluorescente
LED
Lâmpada fluorescente compacta
Lâmpada incandescente
Néon
Na iluminação (Figura 30) identificou-se a utilização, ainda predominante, das
lâmpadas incandescentes, representando 46% do total de lâmpadas caracterizado
(Figura 31). Outro facto que se verifica na iluminação é uma cada vez maior utilização
das lâmpadas de Halogéneo (22%) e lâmpadas fluorescentes compactas (22%), o que
significa uma melhoria ao nível da eficiência energética relativamente à utilização das
lâmpadas incandescentes. As lâmpadas fluorescentes encontrando-se principalmente
nas cozinhas (10%). Duas EcoFamílias, já optaram em algumas zonas da casa por
LEDs, e uma possuía Néons.
Figura 30 – Iluminação de halogéneo
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
54
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Lâmpada
fluorescente
10%
Lâmpada
fluorescente
compacta
22%
Lâmpadas de
halogéneo
22%
LED
0,33%
Néon
0,07%
Lâmpadas
incandescentes
46%
Figura 31 - Percentagem de presença dos vários tipos de lâmpadas nas EcoFamílias
Nesta categoria foram poucas as medições que se conseguiram realizar, visto a
iluminação ser predominantemente de tecto. Na contabilização total da Iluminação
existente numa habitação, os candeeiros de secretária, de sala ou de quarto, têm
pouco peso (13% do número total de lâmpadas).
Da análise da iluminação existente nas EcoFamílias verificou-se que a potência média
das lâmpadas incandescentes é de 43 Watts (W) e a das lâmpadas de Halogéneo é
de 59W. No caso das lâmpadas fluorescentes, a potência média é de 27W e a das
lâmpadas fluorescentes compactas é de 13W. O número médio por quarto nas
EcoFamílias é de 3 lâmpadas.
Na análise da Iluminação verifica-se que em praticamente todas as EcoFamílias ainda
existe uma presença significativa das lâmpadas incandescentes, em todos os escalões
de rendimento (Figura 32). Nestes casos, o potencial de redução de consumo pela
troca por lâmpadas fluorescentes compactas, poderá ser elevado, dependendo do
tempo de utilização das mesmas.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
55
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Número médio de lâmpadas
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
1
2
3
4
5/6
99
Classe de rendimento
LH
LF
LFC
LI
Figura 32 – Número médio e tipo de lâmpadas existentes por EcoFamília, por escalão
de rendimento.
Relativamente às lâmpadas de halogéneo verifica-se que também têm uma presença
muito forte nas habitações (22%), em parte devido à construção, com a sistematização
de tectos falsos com iluminação de Halogéneo embutida, mas também devido aos
fabricantes de candeeiros, que apostaram fortemente nos candeeiros para estas
lâmpadas. Pela análise da Figura 32 verifica-se um aumento do número de lâmpadas
fluorescentes compactas com a classe de rendimento.
Na categoria de Iluminação foram cruzados os dados de tempo de utilização com o
consumo das lâmpadas (Figura 33). Em termos de utilização das lâmpadas verifica-se
que as lâmpadas fluorescentes de 36 W são as mais utilizadas. Verifica-se também
que apesar de uma utilização elevada dos LED de 2W, o consumo associado a este é
muito baixo.
Consumo médio (kWh/ano)
60
50
40
30
20
10
0
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
tempo médio (h/ano)
Lâmpada de Halogéneo 50
Lâmpada de Halogéneo 55
Lâmpada fluorescente 18
Lâmpada fluorescente 36
Lâmpada fluorescente compacta 11
Lâmpada fluorescente compacta 15
Lâmpada incandescente 25
Lâmpada incandescente 40
Led 1,3
Led 2
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
56
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Figura 33 – Consumo médio e tempo de utilização médio por tipo de lâmpada
As lâmpadas de halogéneo apresentam um consumo elevado, relativamente ao
número de horas de utilização. O potencial de poupança destas lâmpadas pode ser
significativo se substituídas por lâmpadas fluorescentes compactas.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
57
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
9.1.8 Frio
Nesta categoria foram identificados 4 electrodomésticos diferentes (Tabela 12). Os
combinados e frigoríficos encontram-se em todas as EcoFamílias. As arcas
congeladoras têm menor expressão (cerca de 18%) nas famílias abrangidas por este
programa.
Tabela 12 – Tipo de equipamentos de Entretenimento presentes nas EcoFamílias.
Tipo de Equipamento
Categoria
Frio
Arca Horizontal
Frigorífico
Arca Vertical
Combinado
Os equipamentos desta categoria presentes nas habitações são maioritariamente
equipamentos posteriores à entrada em vigor da etiqueta de eficiência energética
(Janeiro de 1995): 86% dos frigoríficos (Figura 34), e 72% das arcas (Figura 35).
1980-1989
4%
1990-1994
10%
1995-2007
86%
Figura 34 – Idade dos frigoríficos das EcoFamílias
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
58
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
1970- 1989
8%
1990-1994
20%
1995-2007
72%
Figura 35 – Idade das arcas frigoríficas das EcoFamílias
Os consumos de electricidade dos frigoríficos e combinados não estão directamente
relacionados com o número de pessoas de cada EcoFamília, nem com o escalão de
rendimento (Figura 36).
O consumo destes electrodomésticos varia entre os 211 kWh/ano e 1.835 kWh/ano,
nas famílias abrangidas.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
59
1(A08)
1(A10)
1(A15)
1(A39)
1(B09)
1(C14)
1(D07)
1(D10)
1(D16)
1(G15)
1(H07)
1(H09)
1(H20)
1(I14)
2(A02)
2(B04)
2(B10)
2(C19)
2(D09)
2(D12)
2(D25)
2(F01)
2(F04)
2(F13)
2(F16)
2(G04)
2(H05)
2(H12)
2(I08)
3(A13)
3(A23)
3(C02)
3(C03)
3(C04)
3(C09)
3(C09)
3(C16)
3(C21)
3(C23)
3(D15)
3(E09)
3(E21)
3(F08)
3(I15)
4(A01)
4(A01)
4(A03)
4(A05)
4(A07)
4(C01)
4(C20)
4(F03)
4(F09)
4(F15)
4(H23)
4(I20)
5(B07)
5(D23)
99 (B08)
99 (B11)
99 (E13)
Consumo (kWh/ano)
2000
1800
1600
Figura
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
EcoFamília
36
–
Consumo
de
frigoríficos
e
combinados
(kWh/ano)
nas
EcoFamílias,
por
escalão
de
rendimento
No caso das arcas de congelação apresentam consumos que variam entre 212 e
1.093 kWh/ano. Os consumos elevados poderão ser explicados por até recentemente
ser difícil encontrar no mercado equipamentos de classe de eficiência energética
superior à C.
1200
Consumo (kWh/ano)
1000
800
600
400
200
1(A08)
1(A15)
1(B14)
1(C14)
1(D07)
1(H09)
2(A06)
2(C19)
2(D09)
2(D11)
2(D25)
2(E20)
2(H08)
2(I08)
3(A19)
3(B18)
3(B36)
3(C02)
3(C05)
3(C08)
3(C13)
3(C16)
3(E16)
4(A01)
4(A07)
4(C01)
4(F09)
4(F11)
4(F17)
4(H23)
4(H28)
5(F19)
99 (D13)
0
EcoFamília
Figura 37 - Consumo de arcas (kWh/ano) nas EcoFamílias, por escalão de rendimento
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
9.1.9 Máquinas
Nesta categoria são analisadas as máquinas de lavar e/ou secar roupa e as de lavar
loiça. Foram identificadas 4 tipos de máquinas nas EcoFamílias (Tabela 13), sendo as
mais comuns as máquinas de lavar roupa, com uma taxa de presença nestas famílias
de 100%, e de lavar loiça, presente em cerca de 65% das famílias.
Tabela 13 – Tipo de equipamentos da categoria Máquinas existentes nas EcoFamílias
Categoria
Máquinas de lavar
Tipo de Equipamento
Máquina de lavar loiça
Máquina de lavar roupa
Máquina de lavar e secar roupa
Máquina de secar roupa
Figura 38 – Máquinas de lavar roupa e loiça
Os equipamentos desta categoria presentes nas habitações das EcoFamílias (Figura
38) são maioritariamente posteriores à entrada em vigor da etiqueta de eficiência
energética: 1997 para as máquinas de lavar roupa (82%) e 2000 para as de lavar loiça
(81%) (Figura 39).
1980-1989
3%
1980-1989
2%
1990-1996
15%
1997-2007
82%
1990-1999
17%
2000-2007
81%
Figura 39 – Idade das máquinas de lavar roupa (à esquerda) e de lavar loiça (à direita)
das EcoFamílias
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
62
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Dos dados recolhidos verifica-se que não existe uma relação entre o consumo de
máquinas de lavar roupa e a classe de rendimento (Figura 40). O consumo deste
electrodoméstico é bastante variável e representa um peso médio na factura de
electricidade anual das EcoFamílias de cerca de 9%.
Consumo (kWh/ano)
600
500
400
300
200
100
1(A09)
1(A16)
1(A39)
1(B09)
1(B12)
1(B14)
1(C14)
1(D07)
1(D16)
1(H07)
1(H09)
1(I12)
2(A02)
2(A25)
2(B06)
2(B16)
2(C19)
2(D01)
2(D24)
2(E20)
2(F04)
2(F16)
2(G10)
2(H12)
2(I08)
3(A11)
3(A20)
3(A33)
3(B15)
3(B17)
3(C03)
3(C05)
3(C13)
3(C15)
3(C16)
3(C21)
3(D15)
3(E09)
3(H25)
4(A01)
4(B21)
4(B24)
4(B31)
4(C01)
4(E06)
4(E27)
4(F09)
4(H23)
5(A38)
5(B07)
99 (B01)
99 (B11)
0
EcoFamílias
Figura 40 – Consumo eléctrico das máquinas de lavar roupa (kWh/ano) nas
EcoFamílias
Da análise efectuada ao consumo das máquinas de lavar loiça verificou-se que é
semelhante nas EcoFamílias onde foi possível medir o consumo isolado destes
electrodomésticos (Figura 41). O consumo anual varia entre 200 e 368 kWh/ano.
400
Consumo (kWh/ano)
350
300
250
200
150
100
50
4(F09)
4(H34)
4(F03)
4(E24)
4(C20)
4 (A07)
4 (A05)
3(I15)
4 (A03)
3(E09)
3(H16)
3(C21)
3(C16)
3(C15)
3(C13)
3(C12)
3(C11)
3 (C08)
3 (B17)
3 (A23)
3 (A11)
2(I08)
2(I04)
2(D24)
2(D12)
1(H09)
0
EcoFamília
Figura 41 – Consumo eléctrico das máquinas de lavar loiça (kWh/ano) nas
EcoFamílias
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
63
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
10. Análise de consumos globais
Foram analisados os consumos globais de electricidade, gás e água, através das
leituras dos contadores. No caso do gás, também foi contabilizado o número de
garrafas consumidas. Tal como já foi referido, nem em todas as EcoFamílias foi
possível fazer as leituras dos contadores, pois em alguns casos só as empresas têm
acesso aos mesmos.
10.1.1
Consumo energético global
O consumo global (gás e electricidade) foi calculado em Joules, unidade que se utiliza
para agregar valores de energia eléctrica (kWh) e gás (m3 (n) GN).
Na análise efectuada, o consumo de energia não é directamente proporcional ao
rendimento familiar, nem se encontra associado à zona climática (Figura 42). Para o
cálculo da média das EcoFamílias não foi considerado o consumo da família A05, por
ser muito superior ao das restantes famílias.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
64
A03
A05
A06
A11
A25
A26
B04
B06
B11
B19
B20
B21
B29
C02
C03
C04
C05
C06
C08
C10
C13
C15
C16
C17
C19
D03
D07
D08
D13
D18
D21
D23
D24
D25
D26
E01
E07
E09
E17
F01
F02
F05
F07
F08
F10
F12
F16
F17
F23
G06
H05
H07
H11
H14
H18
H25
I01
I02
I04
consumo energético (GJ/ano)
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
EcoFamília
Consumo de energia (GJ/ano)
Figura 42 – Consumo energético das EcoFamílias vs média nacional
Média EcoFamílias (GJ/ano)
10.1.2
Electricidade
Foi pedido às EcoFamílias para registem as leituras dos contadores de electricidade e
colocassem numa base de dados online, disponibilizada para o efeito. Não se
apresentam valores para todas as EcoFamílias visitadas, uma vez que, como referido
anteriormente, houve famílias que não registaram as leituras de contadores. Na Figura
43 são apresentadas as médias de consumo anuais das EcoFamílias, calculadas a
partir destas leituras.
Consumo (kWh/ano)
25000
20000
15000
10000
5000
A03
A05
A06
A11
A12
A25
A26
B04
B06
B11
B19
B20
B21
B24
B27
B29
C02
C03
C04
C05
C06
C08
C10
C13
C15
C16
C17
C19
D02
D03
D07
D08
D13
D17
D18
D21
D22
D23
D24
D25
D26
D33
E01
E07
E09
E10
E17
F01
F02
F05
F07
F08
F10
F12
F16
F17
F23
G06
H05
H07
H11
H14
H16
H18
H25
I01
I02
I04
I11
I13
I14
0
EcoFamília
Consumo de energia eléctrica
Média das EcoFamílias
Média Nacional
Figura 43 – Médias de consumo médio de electricidade (kWh/ano) nas EcoFamílias vs média nacional20.
20
O cálculo da média nacional foi realizando tendo como base os dados do consumo por sector da DGEG, para o ano de 2006. Tendo como número de famílias
portuguesas os dados do Censos2001
O consumo médio das EcoFamílias aproxima-se da média nacional: no período em
avaliação foi de 3.333 kWh/ano, enquanto a média nacional é de 3.533 kWh/ano. Para
o cálculo da média das EcoFamílias não foi considerado o consumo da família A05,
dada a discrepância relativamente às restantes EcoFamílias.
Pela comparação de consumos por família, não se verifica uma padronização de
consumos por zona climática. Os consumos de electricidade devem estar, então,
relacionados com hábitos de consumo e ocupação da habitação.
Na análise de consumo de electricidade as EcoFamílias A05, F12, F17, B27, H05 e
B21 são as que apresentam valores mais elevados, verificando-se que a zona
climática não tem grande influência no consumo de electricidade.
A EcoFamília A05 apresenta consumos de electricidade muito elevados, que pode ser
justificado devido à não utilização de forma mais correcta do contador Bi-Horário.
Através da análise dos dados de telecontagem, verificou-se que os acumuladores de
calor eram colocados em funcionamento antes da hora de vazio.
10.1.3
Gás
Na análise de consumos de gás verificou-se que a maioria das habitações das
EcoFamílias (52%) possui gás de botija, destes o mais utilizado é o gás propano
(Figura 44).
Gás cidade
18%
Propano botija
29%
Não tem
5%
Propano
canalizado
1%
Gás natural
24%
Butano Botija
23%
Figura 44 – Tipos de gás e taxa de distribuição nas EcoFamílias
10.1.4
Água
No que diz respeito ao consumo de água, constata-se que a zona climática não tem
influência nos consumos (Figura 45).
A03
A05
A06
A11
A25
A26
B04
B06
B11
B19
B20
B27
C02
C03
C04
C05
C06
C08
C10
C13
C14
C15
C16
C17
C19
D01
D02
D03
D08
D13
D17
D18
D21
D23
D24
D26
E01
E10
E17
F01
F02
F03
F05
F07
F08
F10
F12
F16
F17
F23
G06
H05
H07
H11
H14
H16
H25
I01
I02
I04
I11
I13
I14
Consumo (m3/ano)
400,00
350,00
300,00
250,00
200,00
150,00
100,00
50,00
0,00
EcoFamília
Figura 45 – Consumo de água (m3/ano) das EcoFamílias
Os consumos de água superiores à média (123m3) que algumas EcoFamílias
apresentam estão normalmente relacionados com a existência de jardim ou horta, o
que conduz a um consumo de água relacionada com a rega (por exemplo EcoFamília
F16). Apesar de existirem mais famílias com jardim o seu consumo não é significativo
pois possuem um sistema de captação de água (furo), não sendo o consumo de água
para regas e exterior contabilizado.
Existem casos de EcoFamílias que vivem em apartamentos, não tendo jardim, mas
que apresentam consumos de água elevados. Estes consumos resultam de um
número de duches elevado e prolongados, de um elevado número de lavagens tanto
da roupa como da loiça e de uma baixa consciencialização de racionalização de
consumos de água.
As EcoFamílias que têm crianças pequenas também apresentam um consumo de
água alto, este está associado a um elevado número de máquinas da roupa por
semana (por exemplo EcoFamília H05).
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
11. Emissões de GEE vs Consumo de energia
O consumo de energia está directamente relacionado com a emissão de gases de
efeito de estufa (GEE), sendo o dióxido de carbono (CO2) o gás que mais contribui
para este fenómeno.
A Quercus calculou as emissões de CO2 para os anos de 2007 em termos de
produção de electricidade. Assim, para 2007 o factor de emissão foi de 481
gCO2/kWh. O cálculo de emissões associado ao consumo de gás foi calculado
utilizando a mesma fórmula do Plano Nacional de Alocação de Licenças de Emissão.
As emissões associadas aos consumos de electricidade e gás das famílias são em
média de 2.539 kg de CO2/ano, variando entre os 324 kg CO2/ano e os 10.951 kg
CO2/ano (Figura 46).
Para uma melhor noção das emissões de CO2 relacionadas com o consumo de
energia eléctrica, pode utilizar-se a seguinte comparação: 1 kg de CO2 é emitido numa
semana, por uma lâmpada incandescente de 60W estar ligada 5 horas por dia.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
71
A03
A05
A06
A11
A25
A26
B04
B06
B11
B19
B20
B29
C02
C03
C04
C05
C06
C08
C10
C13
C15
C16
C17
C19
D03
D07
D08
D13
D18
D21
D23
D24
D25
D26
E01
E07
E09
E17
F01
F02
F05
F07
F08
F10
F12
F16
F17
F23
G06
H05
H07
H11
H14
H18
H25
I01
I02
I04
I11
I13
I14
Emissões (kgCo2/ano)
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
EcoFamília
Figura 46 – Emissões de dióxido de carbono (CO2) (Kg /ano) das EcoFamílias
12. Identificação do potencial de poupança energética
O potencial de poupança energética foi calculado com base nas características dos
consumos de:
 stand-by
 off-power
 iluminação
 equipamentos de frio
 máquinas de lavar roupa e loiça
Nos consumos de stand-by e off-power dos aparelhos eléctricos, o potencial de
poupança foi calculado considerando a sua eliminação, através da colocação de fichas
com corte de corrente nas tomadas de aparelhos com este tipo de consumos (Figura
47).
Figura 47 – Exemplo de ficha com corte de corrente
Na avaliação do potencial de poupança na iluminação, foram consideradas várias
características nomeadamente o tipo e utilização das lâmpadas pelas famílias. A
poupança de electricidade é obtida pela substituição de lâmpadas por outras mais
eficientes, tendo em consideração o consumo da lâmpada, o tempo de utilização e o
preço médio de mercado. Considerou-se ainda que a substituição das lâmpadas só se
justificava para um período de retorno de investimento inferior a 5 anos. De uma forma
geral, na casa das famílias visitadas, a poupança de energia é alcançada através da
troca de lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes compactas e através
da substituição de lâmpadas encastradas (de halogéneo ou incandescentes) por
lâmpadas economizadoras reflectoras, que já se encontram disponíveis no mercado
(Figura 48).
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Figura 48 – Tipos de lâmpadas. Da esquerda para a direita: incandescente, de
halogéneo, fluorescente compacta e economizadora reflectora.
Na análise dos consumos dos equipamentos de frio e das máquinas de lavar avaliouse a possibilidade de substituir os equipamentos por outros mais eficientes.
As medidas tomadas com este projecto representam uma poupança anual de 35.815
kWh/ano, com a anulação de consumos de stand-by e off-power nas categorias de
Entretenimento e Informática. As alterações de comportamento representam uma
poupança de 5,3% do consumo total de electricidade das EcoFamílias. A troca de
lâmpadas representa uma poupança de 22.140 kWh/ano, cerca de 3,2% do consumo.
No total com alteração de comportamentos e potencial de troca de equipamentos, as
famílias incluídas no projecto obtém uma poupança de 71.634 kWh/ano (10% do
consumo total de electricidade), representando uma redução de 34.456 kg CO2
(Tabela 14).
Tabela 14 – Poupanças conseguidas em cada categoria por família e em termos
globais
A Entidade Reguladora dos Sistemas Energéticos (ERSE) considera que as medidas
alcançadas com o Plano de Promoção de Eficiência no Consumo de Energia Eléctrica
(PPEC) em 2007 têm reflexo até 202321, o projecto EcoFamílias atinge uma poupança
global de 1,07 GWh.
Se todas as famílias residentes em Portugal Continental conseguissem reduzir o
mesmo que as EcoFamílias, obter-se-ia uma poupança de 1,2 TWh/ano. Esta
poupança resultaria numa redução de 586 mil toneladas de CO222, contribuindo em
cerca de 1% para o cumprimento do Protocolo de Quioto por Portugal.
Ao analisar por categoria de actuação verifica-se que as reduções mais significativas
são conseguidas com a anulação de consumos stand-by e off-power dos
equipamentos de entretenimento (33%), seguido pela substituição da iluminação
21
http://www.erse.pt/vpt/entrada/utilizacaoracionaldeenergia/PPEC+2007/Beneficios+das+medi
das+aprovadas+no+PPEC/
22
Calculado com base no factor de emissão de CO2 de 2007.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
74
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
(31%) e dos equipamentos de frio (18%) (Figura 49). A anulação de consumos standby e off-power dos equipamentos de informática está em quarto lugar (17%),
seguindo-se o contributo dos microondas, apenas com 1% de potencial de poupança
identificado.
Frio
18%
Iluminação
31%
cozinha
1%
Informática
17%
Entretenimento
33%
Figura 49 - Distribuição das poupanças para as diferentes categorias
Em valores absolutos, a poupança global do projecto, na categoria de entretenimento
é de 23.591 kWh/ano (3,4% do consumo total de electricidade), representando uma
redução da emissão de 11.347 kg CO2/ano. As poupanças conseguidas na iluminação
são muito próximas (22.139 kWh/ano, 3,2% do consumo total de electricidade) (Tabela
14).
Estes potenciais de redução de consumo vão de encontro aos resultados obtidos no
inquérito social, relativo à percepção dos consumos em que se verifica ser na
iluminação que parece existir maior necessidade de sensibilização, uma vez que são
poucas as famílias que a referem como uma das três categorias mais importantes de
consumo energético. Não obstante esta área não ser considerada muito relevante
pelos inquiridos, acaba por ser aquela onde a disponibilidade para investir durante o
próximo ano é maior.
Já fora das três principais categorias de consumo, a área da informática parece ser
particularmente relevante nesta amostra, principalmente quando comparada com os
resultados dos dados padrão da população portuguesa, ainda que seja ignorada por
muitos dos inquiridos. Também a este nível, onde muitas vezes se podem obter
ganhos de poupança importantes, é fundamental trabalhar informação no sentido de
permitir um melhor conhecimento dos consumos em cada agregado e de serem
alterados alguns comportamentos, eventualmente menos eficientes.
Segundo a classe de rendimento das EcoFamílias, a classe 4 apresenta o maior
potencial de poupança. A classe de melhores rendimentos apresenta o menor
potencial de redução de consumo (Figura 50).
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
75
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
200
180
Poupança (kWh/ano)
160
140
120
100
80
60
40
20
0
1
2
3
4
5/6
99
Classe de Rendimento
Iluminação
Entretenimento
Informática
cozinha
Frio
Média Iluminação
Média entretenimento
Média Informática
Média Cozinha
Média Frio
Figura 50 - Poupanças médias conseguidas em cada categoria por classe de
rendimento
Numa análise das poupanças conseguidas por classe de rendimento, verifica-se que
existe uma potencial de redução de consumo significativo na iluminação em todas as
classes de rendimento, sendo no entanto mais elevado na classe 4 (Figura 50). Esta
situação deve-se ao facto da maioria das famílias com maior disponibilidade financeira
apresentarem uma menor preocupação com a utilização racional da iluminação.
No caso das categorias de entretenimento verifica-se que o potencial de redução de
consumo é mais baixo na classe mais elevada, pelo facto destas famílias terem mais
equipamentos com baixo consumo stand-by e off-power, como o caso dos televisores
LCDs (Figura 50).
Os equipamentos de frio têm um potencial de redução de consumo significativo com a
sua substituição nas famílias de classe 1, pois nestes casos as famílias adiam o
investimento em equipamentos mais recentes. No entanto, as famílias com melhores
rendimentos apresentam um menor potencial de poupança nesta categoria pois
apresentam equipamentos com melhor eficiência energética.
No caso dos equipamentos de informática verifica-se que o potencial de redução de
consumo é mais reduzido na classe 1, por estarem pouco presentes nestas
habitações. A classe de rendimento 5/6 é onde se verifica o 2º menor potencial de
poupança, devendo-se à maior presença de portáteis.
O potencial de poupança com a eliminação dos consumos de stand-by na categoria da
cozinha é mais elevado na classe 5/6 pois é nestas famílias que se encontram mais
micro-ondas com visor.
12.1 Informática
O potencial de poupança pela anulação de stand-by e off-power de equipamentos
informáticos nas EcoFamílias é significativo (Figura 51). A avaliação de consumos
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
76
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
permitiu identificar a existência de consumos off-power e/ou stand-by num ou mais
equipamentos, em cerca de 76% das medições realizadas. Esta análise permite
identificar um potencial de redução de consumo de pelo menos 40% em metade dos
casos analisados. A redução de consumo varia entre 35 e 412 kWh/ano (Figura 51).
Esta redução representa 1,8% do consumo total de electricidade médio das
EcoFamílias.
3500
Consumo (kWh/ano)
3000
2500
2000
1500
1000
500
2(B16)
2(D08)
2(E01)
2(E17)
2(F02)
2(F14)
3(A18)
3(A19)
3(A20)
3(A23)
3(B15)
3(B18)
3(B20)
3(C08)
3(C13)
3(C17)
3(D15)
3(E28)
3(F08)
3(F25)
4(A03)
4(A32)
4(C01)
4(C27)
4(E08)
4(E10)
4(F03)
4(F11)
4(I20)
5(A38)
5(F19)
0
EcoFamílias
Potencial de poupança
Consumo
Figura 51 – Consumo actual das EcoFamílias e potencial de poupança na categoria de
Informática
Os picos de consumos estão relacionados com EcoFamílias que apresentam
equipamentos informáticos que estão ligados mais horas por dia, e também com um
número elevado de equipamentos por conjunto informático.
12.2 Entretenimento
O potencial de redução de consumos na categoria de entretenimento é o mais elevado
de todos. A presença destes equipamentos nas habitações é muito significativa. Em
30% das medições identificou-se um potencial de redução de cerca de 40% do
consumo das famílias nesta categoria. A redução de consumo varia entre 4,4 e 210
kWh/ano (Figura 52). Esta redução representa 3,4% do consumo total de electricidade
médio das EcoFamílias.
Verificou-se já existirem alguns casos de boas práticas na utilização dos
equipamentos, não existindo um potencial de poupança nestas famílias.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
77
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
900
800
Consumo (kWh/ano )
700
600
500
400
300
200
100
1(B09)
1(G06)
1(H21)
1(I02)
2(A02)
2(A25)
2(D01)
2(D09)
2(D11)
2(D12)
2(D22)
2(F02)
2(F16)
2(H08)
2(I08)
3(A11)
3(A26)
3(B34)
3(B36)
3(C04)
3(C16)
3(D15)
3(D21)
3(D26)
3(F07)
3(F18)
3(H25)
3(H33)
4(A07)
4(B21)
4(E08)
4(E10)
4(E24)
4(F11)
4(F12)
4(F15)
4(I20)
5(A38)
5(D23)
0
EcoFamílias
Potencial de poupança
Consumo
Figura 52 - Consumo actual das EcoFamílias e potencial de poupança na categoria de
Entretenimento
Os consumos mais elevados pertencem a famílias com maior número de
equipamentos e maior utilização dos mesmos. Estes consumos estão maioritariamente
relacionados com as tecnologias CRT e plasma.
12.3 Iluminação
Como foi referido na caracterização da iluminação (Figura 31) as lâmpadas
incandescentes são as mais presentes nas EcoFamílias (46%). As lâmpadas de
Halogéneo também já têm uma presença significativa (2º lugar com 22%, a par das
lâmpadas fluorescentes compactas).
As lâmpadas fluorescentes compactas (económicas) apresentam consumos que
podem ser 5 vezes inferior às lâmpadas incandescentes, tendo consecutivamente
menores emissões de CO2.
Assim o potencial de poupança na categoria de iluminação é elevado, não só pela
substituição de lâmpadas incandescentes e lâmpadas de halogéneo por lâmpadas
fluorescentes compactas por potência equivalente (Tabela 15).
A recomendação de substituição de lâmpadas incandescentes e de halogéneo por
lâmpadas fluorescentes compactas tem em consideração um período de retorno do
custo da lâmpada de 5 anos, a sua eficiência energética, o tempo de utilização e o
preço médio das lâmpadas no mercado.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
78
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Tabela 15 – Equivalência de potências entre lâmpadas incandescentes e lâmpadas
fluorescentes compactas.
Lâmpada incandescente
25W
40W
60W
75W
100W
Lâmpada de Halogéneo
50W
Lâmpada fluorescente compacta
4-5W
7-8W
11W
14-15W
20-21W
Lâmpada fluorescente compacta
11W
O potencial de poupança da substituição de iluminação reflecte que 75% das
poupanças está relacionado com a troca de lâmpadas incandescentes, e que, apesar
de existirem em menor número, as lâmpadas de halogéneo representam um potencial
significativo de redução (Figura 53).
Lâmpadas de
Halogéneo
25%
Lâmpadas
incandescentes
75%
Figura 53 - Distribuição das poupanças por tipo de lâmpadas
A potencial de poupança nesta categoria varia entre 7,30 e 810 kWh/ano, que se pode
traduzir em reduções de 4 a 390kg CO2.
O potencial de poupança na iluminação é muito significativo em todas as classes de
rendimento, conseguindo-se reduzir o consumo em cerca de 40% nas classes 1 a 3.
Na classe 4 consegue-se reduzir o consumo em 36%, e na classe 5/6 28% (Figura
54).
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
79
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Consumo médio (kWh/ano)
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
1
2
3
4
5/6
99
Classe de rendimento
Potencial de poupança
Consumo
Figura 54 - Consumo médio e média de poupanças estimadas da categoria iluminação
por classe de rendimento
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
80
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
12.4 Substituição de equipamentos
Uma melhoria da eficiência energética de uma habitação poderá verificar-se pela
substituição de equipamentos ineficientes por outros mais eficientes.
Um dos objectivos nas EcoFamílias foi exactamente analisar a viabilidade de trocar
equipamentos de frio e máquinas menos eficientes por modelos mais eficientes de
classe A, ou A+ caso existam.
Para esta análise foram utilizados os dados recolhidos com o sistema de medição
remoto.
12.4.1
Frigoríficos
Os frigoríficos presentes nas casas das EcoFamílias são na sua grande maioria
posteriores à entrada em vigor da etiqueta da eficiência energética, em Janeiro de
1995 (Figura 55). Esta situação traduz-se num parque de frigoríficos maioritariamente
com 12 anos ou menos (86%).
1980-1989
4%
1990-1994
10%
1995-2007
86%
Figura 55 – Idade dos frigoríficos presentes nas EcoFamílias
Para a análise da viabilidade de substituição deste electrodoméstico, foi feita uma
análise do consumo dos frigoríficos e a sua substituição por frigoríficos
energeticamente mais eficientes, de classe A+. As EcoFamílias têm maioritariamente
frigoríficos de 2 portas ou um combinado de livre instalação, e por isso a comparação
foi feita com equipamentos equivalentes de classe A+, escolhidos através do site
TopTen (www.topten.pt). Foi ainda considerado um tempo de retorno de investimento
igual ou inferior a 6 anos, para considerar viável a substituição.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
81
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Consumo (kWh/ano)
Desta análise verificou-se ser viável apenas a substituição de 8 equipamentos (Figura
56), conseguindo-se uma redução de consumo entre 585 e 1594 kWh/ano, numa
média de 982 kWh/ano. Esta substituição representa uma poupança global de 7852
kWh/ano, 1,1% em relação ao consumo total de electricidade médio das EcoFamílias.
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
1(A15)
1(A39)
2(F13)
3(A12)
3(C23)
4(F15)
99 (B11)
99 (E13)
EcoFamílias
Potencial de poupança
Consumo
Figura 56- Poupança no consumo dos frigoríficos com a substituição de equipamento
12.4.2
Arcas frigoríficas
Também nas arcas se verificou que o parque é maioritariamente posterior à entrada
em vigor da etiqueta de eficiência energética (Janeiro de 1995), o que se traduz em
72% dos equipamentos com 12 anos ou menos (Figura 57).
1970- 1989
8%
1990-1994
20%
1995-2007
72%
Figura 57 – Idade das arcas presentes nas habitações das EcoFamílias
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
82
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
A análise da viabilidade de substituição teve por base a substituição por arcas de
classe A+, disponíveis no mercado. Nesta comparação teve-se em conta o facto de
ser uma arca vertical ou horizontal, de acordo com o equipamento já existente nas
EcoFamílias. Foi ainda considerado 6 anos, como o tempo máximo de recuperação de
investimento. Assim, também aqui existe um potencial reduzido para a substituição de
equipamentos.
Desta análise verificou-se ser viável a substituição de 7 equipamentos (Figura 58),
conseguindo-se uma redução de consumo entre 712 e 809 kWh/ano, numa média de
766 kWh/ano. Esta substituição representa uma poupança global de 5360 kWh/ano,
0,8% em relação ao consumo total de electricidade médio das EcoFamílias.
Consumo (kWh/ano)
1200
1000
800
600
400
200
0
1(A08)
1(B14)
1(D07)
2(C19)
2(H08)
3(A19)
4(F09)
EcoFamílias
Consumo
Poupança
Figura 58 - Poupança no consumo das arcas com a substituição de equipamento
12.4.3
Máquina de lavar roupa
As máquinas de lavar roupa das EcoFamílias são maioritariamente equipamentos com
menos de 10 anos (82%) (Figura 59).
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
83
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
1980-1989
3%
1990-1996
15%
1997-2007
82%
Figura 59 – Idade das máquinas de lavar roupa presentes nas EcoFamílias
Tal como já foi referido na caracterização de consumos das EcoFamílias, foi realizada
uma análise do consumo das máquinas de lavar roupa por ciclo de lavagem (Figura
60), para a análise da viabilidade da sua substituição. Para esta comparação foi
escolhida uma máquina de classe A+ de livre instalação, por ser o modelo mais
presente nas EcoFamílias, escolhida através do site TopTen. Foram consideradas
viáveis as substituições de equipamentos cujo investimento se recupera até 6 anos.
Este cenário traduz-se num potencial reduzido para a substituição de equipamentos.
2,5
2
1,5
1
0,5
0
1(A09)
1(A16)
1(A39)
1(B09)
1(B12)
1(B14)
1(C14)
1(D07)
1(D16)
1(H07)
1(H09)
1(I12)
2(A02)
2(A25)
2(B06)
2(B16)
2(C19)
2(D01)
2(D24)
2(E20)
2(F04)
2(F16)
2(G10)
2(H12)
2(I08)
3(A11)
3(A20)
3(A33)
3(B15)
3(B17)
3(C03)
3(C05)
3(C13)
3(C15)
3(C16)
3(C21)
3(D15)
3(E09)
3(H25)
4(A01)
4(B21)
4(B24)
4(B31)
4(C01)
4(E06)
4(E27)
4(F09)
4(H23)
5(A38)
5(B07)
B01
B11
Consumo por ciclo de lavagem (kWh/ciclo)
Verificou-se que, apesar de existirem alguns casos de consumo elevado, a
substituição das máquinas de lavar por uma de classe A+ não é viável, por não se
conseguir recuperar o investimento em 6 anos.
EcoFamílias
Figura 60 – Consumo médio por ciclo de lavagem da máquina da roupa das
EcoFamílias
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
84
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
12.4.4
Máquina de secar roupa
As máquinas de secar roupa são maioritariamente equipamentos recentes, em que
94% dos equipamentos têm no máximo 10 anos (Figura 61).
A idade destes equipamentos, aliada ao facto de regra geral as famílias apenas
utilizarem estes equipamentos quando chove no Inverno, traduziu-se na existência de
um potencial muito reduzido de redução de consumos com a substituição do
equipamento. Por este facto não foi feita análise de viabilidade da sua substituição.
1990-1996
6%
1997-2007
94%
Figura 61 – Ano das máquinas de secar roupa presentes nas EcoFamílias
12.4.5
Máquina de lavar loiça
As máquinas de lavar loiça são maioritariamente equipamentos recentes, em que 81%
dos equipamentos têm no máximo 7 anos (Figura 63). Tal como já foi referido na
caracterização de consumos das EcoFamílias, foi realizada uma análise do consumo
das máquinas de lavar loiça por ciclo de lavagem, para a análise da viabilidade da sua
substituição. Para esta comparação foi escolhida uma máquina de classe A de livre
instalação, por ser o modelo mais presente nas EcoFamílias, escolhida através do site
TopTen. Foram consideradas viáveis as substituições de equipamentos cujo
investimento se recupera até 6 anos.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
85
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
1980-1989
2%
1990-1999
17%
2000-2007
81%
Figura 62 – Idade das máquinas de lavar loiça nas EcoFamílias
2
1,8
1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
1(H09)
2(D12)
2(D24)
2(I04)
2(I08)
3 (A11)
3 (A23)
3 (B17)
3 (C08)
3(C11)
3(C12)
3(C13)
3(C15)
3(C16)
3(C21)
3(E09)
3(H16)
3(I15)
4 (A03)
4 (A05)
4 (A07)
4(C20)
4(E24)
4(F03)
4(F09)
4(H34)
Consumo por ciclo de lavagem
(kWh/ciclo)
Verificou-se que, apesar de existirem alguns casos de consumo elevado, a
substituição das máquinas de lavar por uma de classe A não é viável, por não se
conseguir recuperar o investimento em 6 anos.
EcoFamílias
Figura 63 – Consumo das máquinas de lavar loiça por ciclo de lavagem nas
EcoFamílias
12.5 Temperaturas de lavagem
12.5.1
Roupa
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
86
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
Na lavagem da roupa o aquecimento da água é a tarefa que mais consome
electricidade (cerca de 80 a 90%23).
Regra geral as máquinas de lavar roupa indicam a temperatura a que os diferentes
programas devem trabalhar. No entanto, a escolha da temperatura é independente da
escolha do programa, e com a evolução na qualidade dos detergentes, tornou-se
possível ter uma boa qualidade de lavagem mesmo a baixas temperaturas (30°C),
permitindo reduzir os consumos energéticos na lavagem da roupa.
Estudos realizados24 identificam que, a alteração da temperatura de 60ºC para
30/40ºC representa, em média, uma redução para metade no consumo eléctrico na
lavagem. A passagem da temperatura de lavagem de 90ºC para 30/40ºC representa
uma redução deste consumo para um terço.
A análise realizada sobre a temperatura de lavagem é apenas qualitativa, pois os
aparelhos de medição utilizados não permitiram fazer uma correlação estreita entre o
consumo de electricidade e temperatura utilizada. Ao analisar as temperaturas
utilizadas na lavagem de roupa à máquina verifica-se que em 87% do total de ciclos de
lavagens das EcoFamílias a temperatura utilizada é no máximo 40ºC. Existe assim,
um potencial de redução de consumo em 13% das lavagens, onde são utilizadas
temperaturas elevadas (50ºC ou mais) (Figura 64).
50 oC ou +
13%
Frio
11%
30/40 oC
76%
Figura 64 – Temperaturas utilizadas pelas EcoFamílias nas lavagens de roupa
Comparando o consumo e temperatura de lavagem verificou-se existir uma variação
significativa de consumo para as mesmas temperaturas (Figura 65). Esta situação
23
DGGE. Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial.
2004.
24
ADENE. Projecto EURECO – Campanha de medições por utilização em 400 unidades de
alojamento na União Europeia. 2002.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
87
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
pode justificar-se pelo facto da escolha da temperatura ser separada da escolha do
programa de lavagem e, em muitos casos, da centrifugação. A possibilidade de
conjugar várias opções pode originar que, mesmo escolhendo temperaturas mais
baixas, o consumo seja elevado por se escolher ciclos de lavagem mais longos.
Consumo por ciclo de lavagem
(kWh/ciclo)
2,5
2
1,5
1
0,5
0
0
10
20
30
40
50
60
Temperatura de lavagem (ºC)
Figura 65 – Consumo médio de um ciclo de lavagem vs temperatura utilizada pelas
EcoFamílias na lavagem da roupa
12.5.2
Loiça
Na lavagem da loiça à máquina há duas fases que representam os principais
consumos de electricidade (mais de 80%25): o aquecimento da água e a secagem da
loiça.
Assim, também para as máquinas de lavar loiça é fundamental ter em atenção a
temperatura de lavagem. Esta pode ser limitada entre 50-55°C através da utilização do
programa económico, que a maior parte das máquinas já tem. É assim possível a
redução do consumo de energia eléctrica, bem como a diminuição da quantidade de
água por lavagem26.
A análise realizada sobre a temperatura de lavagem é apenas qualitativa, pois os
aparelhos de medição utilizados não permitiram fazer uma correlação estreita entre o
consumo de electricidade e temperatura utilizada. Ao analisar a temperatura de
lavagem de loiça na máquina verifica-se que mais de metade das famílias (56%) ainda
25
DGGE. Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector
residencial. 2004.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
88
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
utilizam temperaturas de 60ºC ou mais (Figura 66). Constata-se assim existir um
potencial de redução de consumo pela redução da temperatura de lavagem da loiça.
< 60oC
44%
>=60oC
56%
Figura 66 – Temperatura de lavagem da loiça nas EcoFamílias
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
89
Projecto EcoFamílias – Relatório Final
12.6 Mudança para contador Bi-Horário
A substituição de contador simples por Bi-Horário (BH) é uma medida que, apesar de
não se traduzir numa redução de consumo, acarreta benefícios ambientais
importantes e pode trazer benefícios económicos para as famílias.
A transferência de consumos do período diurno para o nocturno é o ganho ambiental
desta medida, pois muitas centrais termoeléctricas estão sempre a produzir
electricidade, havendo assim um excesso de oferta de madrugada na rede que a tarifa
bi-horária procura deslocalizar em termos de consumo do dia para a noite.
A alteração de hábitos de consumo é fundamental para esta medida resultar, portanto
é preciso ter em conta factores como a faixa etária dos elementos das EcoFamílias e a
existência de empregada doméstica, cuja presença se faz sentir durante o período
diurno aos dias de semana.
Fazendo a análise do tipo de contador, verificou-se que metade das EcoFamílias
(51%) não tem contador bi-horário (BH). As EcoFamílias com contador BH conseguem
fazer praticamente metade dos seus consumos no período de vazio (48%). Tendo por
base este dado estimou-se a poupança que as famílias com contador simples
obteriam se alterassem para contador BH (Figura 67).
A troca de contador permite uma transferência de consumos para o período de vazio
entre 325 e 3343 kWh/ano.
Para além dos benefícios ambientais com a passagem dos consumos para um período
em que há um excesso de oferta de electricidade em termos monetários também se
torna vantajoso para as famílias adoptarem este regime. As famílias conseguem
poupar entre €14 e €169 e em média em €95.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
90
A03
A05
A06
A12
A25
A26
A26
B04
B06
B11
B19
B20
B21
B24
B27
B29
C02
C03
C04
C05
C06
C08
C10
C13
C15
C16
C17
D02
D03
D07
D08
D13
D17
D18
D21
D22
D23
D24
D25
D26
D33
E01
E07
E09
E10
E17
F01
F02
F02
F05
F07
F08
F10
F12
F16
F17
F23
G06
H05
H07
H11
H14
H16
H18
H25
I01
I02
I04
I11
I13
I14
Consumo de electricidade (€/ano)
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
EcoFamília
Custo contador simples (€/ano)
Consumo BH (€/ano)
Figura 67 – Cálculo dos gastos associados ao consumo de electricidade para a utilização de contador simples ou BH (€/ano)
13. Conforto higrotérmico
Num edifício, o conforto individual é afectado por inúmeros factores que vão desde os
factores de natureza ambiental (do ambiente interior) aos factores de natureza pessoal
(do habitante). As temperaturas do ar, a humidade relativa, a velocidade do ar, o ruído,
a luz, insolação, odores entre outros, incluem-se nos factores ambientais. Nos factores
pessoais incluem-se a actividade metabólica e o tipo de vestuário.
É através da combinação destes factores que se pode falar em conforto. Este pode ser
de vários tipos, entre eles o conforto higrotérmico, que abordado neste capitulo, e que
relaciona a temperatura do ar e a humidade relativa do ar num espaço, em relação à
sensação de bem-estar. É de salientar que a sensação de conforto é subjectiva e
variável de indivíduo para indivíduo.
Em relação à temperatura, um corpo tenderá a perder calor rapidamente num
ambiente frio, enquanto num ambiente quente a mesma perda será feita de modo
excessivamente lento. Relativamente à humidade, a evaporação da pele é lenta e
incómoda num ambiente húmido, enquanto num ambiente seco a pele e as superfícies
respiratórias secam mais depressa. Por isso, e de modo a que estes dois parâmetros
se encontrem regulados dentro de um edifício, para além da temperatura e humidade
relativa é também necessário considerar ainda a radiação térmica e consequente
condução e movimentação de ar (por convecção e ventilação). Estes parâmetros têm
um papel importante no comportamento térmico de um edifício, independentemente de
existir sistema de climatização.
O edifício deve ser desenhado de modo a reduzir a humidade interior, através da
impermeabilização contínua da sua envolvente exterior. A impermeabilização, apesar
de impedir a entrada de água no interior, deve permitir a transmissão de vapor de
água para o exterior, deixando assim o edifício “transpirar”. Para conter as oscilações
acentuadas de temperatura no interior deve, de igual modo, ser isolado continuamente
pelo exterior, obtendo assim uma camada protectora relativamente às temperaturas
exteriores.
Como já se referiu no capítulo em que se caracterizaram as habitações, é através dos
envidraçados que ocorrem as maiores trocas térmicas. Importa, por isso, que estes
tenham um bom comportamento térmico de modo a evitar os ganhos ou perdas
excessivas recorrendo, por exemplo, ao uso de vidro duplo com caixilho com corte
térmico nas aberturas dos edifícios. Estas superfícies envidraçadas deverão ser
protegidas pelo exterior, de acordo com o quadrante a que estão expostas de modo a
tirar maior partido das horas de sol.
Um dos objectivos deste projecto foi também perceber, ao nível do conforto
higrotérmico, a interacção entre o clima exterior e a construção, e consequentemente
o ambiente interior. Para cada EcoFamília analisaram-se os valores registados pelo
termohigrómetro juntamente com as características construtivas da habitação (solução
construtiva, tipo de superfícies envidraçadas, protecção solar e orientação), os
sistemas de climatização utilizados na divisão onde foi colocado o termohigrómetro e o
tipo de ocupação desta.
Posteriormente, foram analisados os dados por zona climática, de acordo com as nove
zonas climáticas estabelecidas no RCCTE (Decreto-Lei 80/2006 de 4 de Fevereiro).
Uma vez que não foi possível obter dados relativos à temperatura e humidade do
exterior em cada zona climática (dados ISA), e alguns termohigrómetros não
funcionaram correctamente, não sendo assim possível tratar os dados de algumas
EcoFamílias – para as zonas climáticas I1V1, I1V2 e I3V3 foi difícil comparar o
conforto higrotérmico no interior das habitações.
Foi colocado um termohigrómetro (TH) em cada habitação e de acordo com alguns
critérios: não poderiam estar directamente expostos a fontes de aquecimento e de
arrefecimento, e/ou humidade, de modo a não influenciar a recolha de dados. Assim, a
divisão escolhida para a sua colocação foi geralmente uma sala ou quarto.
A monitorização dos dados está traduzida nos gráficos que se apresentam em seguida
(excepto para as zonas climáticas acima referidas), na análise realizada por zona
climática, existindo um gráfico de temperatura média (em ºC) ao longo do período em
análise e um outro gráfico de humidade relativa média (em %) para o mesmo período.
Na zona climática I1V1, onde o Inverno e o Verão são mais amenos em Portugal, a
partir da análise dos dados registados e das características construtivas da sua
habitação (parede exterior dupla de tijolo com caixa de ar e isolamento térmico XPS,
vãos envidraçados constituídos por vidro duplo com caixilharia em alumínio com corte
térmico) pode concluir-se que a envolvente da habitação tem um bom desempenho
uma vez que não existem grandes flutuações de temperatura e humidade relativa ao
longo do período analisado.
Na zona climática I1V2, os dados recolhidos na EcoFamília revelam valores de Verão
elevados no interior da habitação. Este facto pode ser justificado pelo tipo de
envidraçado com pior desempenho (vidro simples com caixilho de madeira).
Em I3V3, zona climática que apresenta um clima mais rigoroso tanto no Inverno, como
no Verão, registaram-se valores médios tanto de temperatura como de humidade
relativa desconfortáveis em relação aos valores de referência definidos no RCCTE
(alínea a), Art. º 14, Capítulo V, Decreto-Lei 80/2006) para a estação de arrefecimento:
temperatura do ar de 25ºC e 50% de humidade relativa. Este facto pode ser justificado
com um sistema construtivo com mau desempenho e da zona climática em que se
insere.
Ao analisar os gráficos (Figura 68 e Figura 69) com os valores médios da temperatura
e o da humidade relativa registadas nas EcoFamílias da zona climática I1V3,
verificamos que existe um comportamento semelhante em termos de temperaturas
médias, embora a C10 apresente temperaturas inferiores. Em termos de humidade
relativa, as diferenças já são mais significativas. Verifica-se uma semelhança entre os
sistemas construtivos (tanto das paredes exteriores, como dos envidraçados e da sua
protecção), áreas e orientação solar. O tipo de ocupação é semelhante em C03 e C10
(principalmente de manhã e à noite), e a C11 apresenta uma ocupação regular ao
longo do dia (permanência total e uso de equipamentos) o que pode justificar os
valores de humidade relativa.
Figura 68 – Temperatura média interior (ºC) nas EcoFamílias da zona climática I1V3
Figura 69 – Humidade relativa média interior (%) nas EcoFamílias da zona climática
I1V3
Na zona climática I2V1, as EcoFamílias situam-se todas na mesma rua, o que nos é
útil pois estiveram sujeitas às mesmas temperaturas e humidade. D09 e D11
apresentam o mesmo tipo de construção (paredes exteriores, tipo de vãos
envidraçados e protecção solar) e ambas construídas posteriormente a 1991 e com
áreas semelhantes. O facto de apresentarem valores de humidade relativa tão
distintos pode justificar-se com as orientações das divisões onde foram colocados os
termohigrómetros (Figura 70 e Figura 71): em D09 foi colocado numa divisão voltada a
Nordeste e em D11 foi colocada a Sudoeste. D10 apresenta maiores variações ao
longo do período analisado quer em termos de temperaturas médias, quer em termos
de valores médios de humidade relativa – este facto pode ser justificado com o tipo de
construção: construída antes de 1991, apresenta paredes exteriores simples em pedra
ou em tijolo e vãos envidraçados compostos por vidro simples e caixilharia em
madeira.
Figura 70 – Temperatura média interior (ºC) nas EcoFamílias da zona climática I2V1
Figura 71 - Humidade relativa média interior (%) nas EcoFamílias da zona climática
I2V1
Para a zona climática I2V2, as diferenças entre as EcoFamílias analisadas podem ser
atribuídas às diferenças nos sistemas construtivos e ao tipo de ocupação (Figura 72 e
Figura 73). E01 apresenta parede exterior dupla de tijolo sem isolamento térmico e
envidraçados com vidro duplo e caixilharia em PVC e, uma ocupação apenas durante
o período nocturno. E17 apresenta parede exterior dupla com isolamento térmico xps
e envidraçados com vidro simples e caixilharia em alumínio e, uma ocupação
permanente.
Figura 72 - Temperatura média interior (ºC) nas EcoFamílias da zona climática I2V2
Figura 73 - Humidade relativa média interior (%) nas EcoFamílias da zona climática
I2V2
A zona climática I2V3, apresenta comportamentos semelhantes entre as várias
famílias (Figura 74 e Figura 75). É no entanto de salientar as diferenças entre as
famílias F10 e F13 que apresentam características construtivas semelhantes (quer ao
nível do tipo de parede exterior, quer do tipo de envidraçado), ambas orientadas a
nordeste e um tipo de ocupação também semelhante e no entanto, apresenta
desempenhos distintos. Para esta situação não se conseguiram relacionar factores
que a justificassem.
Figura 74 - Temperatura média interior (ºC) nas EcoFamílias da zona climática I2V3
Figura 75 - Humidade relativa média interior (%) nas EcoFamílias da zona climática
I2V3
Na zona climática I3V1, as EcoFamílias apresentam características construtivas
bastante diferentes – sendo este um dos principais factores a que podemos atribuir os
valores representados nos gráficos da Figura 76 e Figura 77: G06 apresenta paredes
exteriores simples sem isolamento térmico e superficies envidraçadas com vidros
simples e caixilho em alumínio, enquanto G10 apresenta uma envolvente exterior com
paredes duplas com isolamento XPS e superficies envidraçadas com vidros duplos
com caixilho em alumínio. G10 apresenta um melhor desempenho quando comparado
com G06, uma vez que o sistema construtivo tem um melhor desempenho térmico que
se traduz em menores flutuações de temperatura e humidade relativa.
Os valores de humidade relativa superiores em G06 também se podem justificar com a
proximidade de um riacho.
Figura 76 - Temperatura média interior (ºC) nas EcoFamílias da zona climática I3V1
Figura 77 - Humidade relativa média interior (%) nas EcoFamílias da zona climática
I3V1
Na zona climática I3V2, vamos destacar os valores de H18 e H33 de acordo com o
apresentado nas Figura 78 e Figura 79. H18 apresenta valores inferiores de
temperatura média e valores superiores de humidade relativa, facto que pode ser
justificável pelo tipo de envolvente da habitação (parede exterior simples e
envidraçados de vidro duplo com caixilho em alumínio) e por uma ocupação apenas
fora do horário laboral. H33 apresenta uma melhor relação temperatura média/
humidade relativa, facto que pode ser justificável pelo tipo de envolvente da habitação
(parede exterior dupla com isolamento térmico e envidraçados de vidro simples com
caixilho em alumínio) e por uma ocupação permanente.
Figura 78 - Temperatura média interior (ºC) nas EcoFamílias da zona climática I3V2
Figura 79 - Humidade relativa média interior (%) nas EcoFamílias da zona climática
I3V2
Após a interpretação dos gráficos e dos outros dados relativos às EcoFamílias pode
concluir-se que, de um modo geral e independentemente da zona climática em que se
inserem, são vários os factores que contribuem para a sensação de conforto. Desde
logo a orientação solar é determinante na sua análise higrotérmica. Observou-se que a
orientação face ao quadrante Norte se traduz geralmente por maior humidade e
menores temperaturas (facto justificado por não receber radiação solar directa). As
orientações Este e Oeste são quentes ou frias, consoante seja manhã ou tarde
(quando recebem radiação solar directa). Quando a orientação é Sul verificam-se
temperaturas mais elevadas e menor humidade uma vez que é o quadrante que tem
maior número de horas de radiação solar directa, sendo o quadrante mais favorável.
Juntamente com a orientação solar, a envolvente construtiva é também um factor
relevante. O tipo de parede exterior relacionado com o tipo de vidro e caixilharia são
características que determinantes para a sensação de conforto. Assim, quando a
habitação estava bem isolada e o sistema de caixilharia era duplo e com corte térmico
verificava-se um ambiente interior ameno.
A construção deve ser isolada de forma contínua pelo exterior constitui uma camada
de protecção contra o ambiente exterior (clima agressivo, intempéries, …) e facilita o
papel da inércia térmica das paredes em contacto directo com o exterior. Este
isolamento evitará as perdas ou ganhos térmicos excessivos e, consequentemente, a
necessidade de recorrer a sistemas de climatização.
O lugar onde as habitações se situam é também um factor influente – verificou-se por
exemplo que a proximidade de um riacho pode influenciar os valores de humidade
relativa no interior da habitação.
14. Divulgação
O projecto EcoFamílias recebeu sempre uma atenção muito dedicada pela
comunicação social, precisamente por fazer a ponte entre as Alterações Climáticas e o
que o cidadão comum pode fazer nesta nova era de consumo de energia.
O projecto EcoFamílias foi proposto com o duplo objectivo claro de proceder a uma
avaliação e implementação de políticas de conservação de energia e eficiência
energética, mas também potenciar o efeito multiplicador da aprendizagem obtida
através do projecto. Neste contexto, o Projecto EcoFamílias teve uma fortíssima
componente de comunicação, quer numa filosofia de sensibilização pessoal, quer
recorrendo aos meios de comunicação social e onde a área da energia e em particular
da electricidade assume grande relevância.
Neste contexto, a par da participação em inúmeros seminários e conferências, o
recurso a meios de comunicação com uma forte audiência revelou-se essencial (rádio
e televisão). Simultaneamente tornou-se necessário dar posteriormente resposta aos
contactos efectuados por pessoas individuais e colectivas, relacionados com os temas
divulgados.
Um aspecto fundamental é que a realização dos programas de rádio e televisão e o
suporte logístico às respostas consequentes de pedidos de informação obrigou à
criação de uma estrutura complementar tendo em grande parte tido um suporte no
projecto Ecofamílias que funcionou como âncora dado a temática da energia ser a
predominante.
Na fase de divulgação, o projecto foi anunciado em dezenas de rádios nacionais e
locais para que as famílias se inscrevessem neste projecto.
Neste capítulo, mais do que a fase de divulgação para inscrição das famílias, é
importante referir as referências ao projecto durante o decorrer do mesmo. Este
capítulo apenas poderá estar incompleto por defeito, pois algumas vezes não foi
possível registar a referência ao projecto na comunicação social.
14.1 Solicitada pela comunicação social
A pedido da comunicação social o projecto EcoFamílias participou em vários
programas, deu várias entrevistas, quem para jornais, rádio e televisão. Muitas destas
notícias não foi possível guardar, por não se saber a data exacta em que foram
publicadas. Na imprensa escrita, a Revista Água & Ambiente e o jornal Quercus
Ambiente foram dos locais onde foram publicadas reportagens e artigos (Anexo III).
Foi também solicitado à Quercus a apresentação em alguns programas de televisão.
Não foi possível contabilizar todos nem sempre é indicado pelas televisões o dia em
que o programa é transmitido. No dia 21 de Setembro de 2007, no Programa Praça da
Alegria (RTP 1) a Quercus esteve presente a falar sobre este projecto. O programa
2010 (RTP 2) também transmitiu uma reportagem sobre este projecto.
A Quercus também participou em vários programas de rádio onde se falou no projecto
EcoFamílias, no trabalho desenvolvido e no que cada um pode fazer para ser também
uma EcoFamílias. Nem todos os programas foram anotados, pois por vezes
solicitaram apenas declarações via telefone. Com presença em estúdio, a Quercus
falou no projecto EcoFamílias nos seguintes programas:
 TSF - Um dia Será Notícia, 22 de Outubro de 2007, às 14h
 Rádio Clube Português – Coimbra, 19 de Fevereiro 2008, às 16h30;
 TSF – Programa da manhã, 24-03-2008.
14.2 Rubrica EcoFamílias – Sociedade Civil
A Quercus tem um espaço EcoFamílias no programa Sociedade Civil (Figura 80), do
Canal 2. A rubrica EcoFamílias é exibida uma vez por mês. Este espaço pretende
mostrar através do exemplo de uma EcoFamília deste projecto o que cada uma pode
fazer em casa para mostrar o que cada um pode fazer também em sua casa.
Figura 80 – Logotipo do programa Sociedade Civil
Esta rubrica começou com um programa inteiro dedicado a este projecto a 14 de
Junho de 2007, seguindo nos meses posteriores a rubrica em formato normal. No total
serão exibidas 12 rubricas (Tabela 16), entre Junho de 2007 e Junho de 2008.
O programa Sociedade Civil tem um share de audiências de 31%, para um universo
de 32 mil telespectadores.
Em anexo a este relatório junta-se um CD com algumas das rubricas. As rubricas que
faltam não foi possível gravar uma cópia.
Tabela 16 – Datas de exibição da Rubrica EcoFamílias no programa Sociedade Civil
Tema
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
12
Introdução Eco225
/Resultados Eco30
Iluminação
Climatização
Escritório - Categoria
Informática
Máquinas (Loiça e
Roupa)
Frigoríficos
Aquecimento Ambiente
Sala - Categoria
Entretenimento
Cozinha - Pequenos
Electrodomésticos
Aquecimento Solar
Térmico (AQS)
Resultados EcoFamílias
225
Micro-Geração
(Eólico/Fotovoltaico)
Data
Programa
Família exemplo
31-05-2007
Maria Manuela Silva
Francisco Ferreira
28-06-2007
26-07-2007
Alfredo Vieira
Helena Ramos
Francisco Ferreira
Aline Delgado
27-09-2007
Ana Maria Durães
Ana Rita Antunes
25-10-2007
29-11-2007
31-01-2008
Pedro Simões
Paulo Mota
Daniel Machado
Francisco Ferreira
Ana Rita Antunes
Ana Rita Antunes
28-02-2008
Carlos Pedroso
Ana Rita Antunes
27-03-2008
08-05-2008
Daniel Machado
Presença em
Estúdio
Filipa Alves
-
29-05-2008
Juliana Romão Regra
Família c/ maior
poupança obtida
26-06-2008
Olímpio Guedelha
-
-
14.3 Minuto pela Terra
O programa estreou na estação de Rádio Antena 1 em 17 de Setembro de 2007
(Figura 81). Este programa é da responsabilidade da Quercus e passa três vezes por
dia, de segunda a sexta-feira. A Antena 1 durante o período em que é transmito o
Minuto pela Terra tem Antena Um, tem share médio de 6,7% de um universo de 4600
milhões de ouvintes.
Figura 81 – Logotipo da rubrica Minuto pela Terra
Na Tabela 17 são descritos os programas dedicados à eficiência energética no sector
doméstico.
Tabela 17 – Programa Minuto Verde dedicado à poupança energética em casa.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
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15
16
17
18
19
20
21
Tema
Carregador do Telemóvel
Não deixar aparelhos electrónicos em stand-by
Desligar a luz quando não é necessária
Frigorífico
Máquina de lavar roupa
Utensílios eléctricos versus utensílios manuais
Lâmpadas de alta eficiência versus lâmpadas incandescentes
Ser cuidadoso no uso do microondas
Poupar energia na cozinha
Carga completa, maior eficiência e eficácia
Usar o microondas de forma ecológica
Poupar energia num computador portátil
Alterações Climáticas
Cuidados na utilização do ferro de engomar
Construção de uma casa - cuidados de isolamento
Casas claras no interior para poupar na iluminação
Vidros Duplos melhoram isolamento térmico e acústico
Monitores TFT – a melhor solução económica e ambiental
Conforto térmico: melhor opção para o ambiente e para si
Um carregador solar serve para telemóveis, máquinas fotográficas e mp3
Obras de manutenção são fundamentais para garantir o conformo térmico
Data
17-09-2007
18-09-2007
19-09-2007
20-09-2007
24-09-2007
25-09-2007
26-09-2007
2-10-2007
3-10-2007
4-10-2007
10-10-2007
24-10-2007
30-10-2007
7-11-2007
9-11-2007
15-11-2007
3-12-2007
7-01-2008
15-01-2008
18-01-2008
19-02-2008
14.4 Minuto Verde
O programa Minuto Verde (Figura 82) é da responsabilidade da Quercus. Esta rubrica
tem já a duração de dois anos e é transmitida três vezes diariamente no programa
Bom Dia Portugal, que tem um share de 50% de audiências, para 500 mil
telespectadores.
Figura 82 – Logotipo do programa Minuto Verde
Este programa dedicou 50 programas a transmitir conselhos para a poupança de
energia em casa (Figura 82).
Tabela 18 – Programa Minuto Verde dedicado à poupança energética em casa.
Nº
1
2
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4
5
6
7
8
e
10
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31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
Data
07-02-2007
19-02-2007
05-03-2007
15-03-2007
26-03-2007
27-03-2007
30-03-2007
11-04-2007
12-04-2007
18-04-2007
20-04-2007
16-05-2007
24-05-2007
06-06-2007
25-06-2007
28-06-2007
02-07-2007
06-07-2007
15-08-2007
21-08-2007
27-08-2007
11-09-2007
14-09-2007
18-09-2007
25-09-2007
08-10-2007
18-10-2007
22-10-2007
24-10-2007
31-10-2007
01-11-2007
09-11-2007
13-11-2007
15-11-2007
22-11-2007
23-11-2007
28-11-2007
29-11-2007
30-11-2007
04-12-2007
Tema
Lâmpadas Halogéneo Alta Eficiência
Balastro lâmpadas florescentes
Balastro lâmpadas florescentes eficiência
Balastro electrónico
Cafeteira Eléctrica
Processamento de denúncias
Barbear descartáveis
Borrachas do frigorífico
Lâmpadas florescentes
Substituir o frigorífico antigo
Alterações climáticas
Como acondicionar alimentos no frigorífico
Afastar e limpar a grelha do frigorífico
Electrodomésticos
Energia fotovoltaica
Parede dupla
Ficha técnica da habitação II
Estores com isolamento térmico
Janelas de sótão
Estores a energia solar
Estores com caixa externa
Candeeiros fotovoltaicos
Roupa fácil de passar
Materiais para o chão
Reabilitação na construção
Etiqueta Energética
Classe energética desde o inicio
Janelas de batente
Informação no Certificado da habitação
Forno Solar, o que é ?
Estores Interiores (entre vidros)
Janelas com ruptura térmica
Ciclo de vida do isolamento
Validade do certificado
Lâmpadas Eficientes
Manutenção das caixilharias
Forno Solar Utilização
Isolamento pelo exterior
Entregar lâmpadas usadas
Pedalar pela energia
Tabela 19a – Programa Minuto Verde dedicado à poupança energética em casa
(cont.)
Nº
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
Data
07-12-2007
11-12-2007
17-12-2007
04-01-2008
07-01-2008
08-01-2008
14-01-2008
16-01-2008
17-01-2008
18-01-2008
Tema
Ventilação em portas e janelas
Reabilitação e janelas eficientes
Iluminação de Natal
Lâmpadas LEDs
Legislação de equipamento EE
Protocolo de Quioto
Fornos solares / reutilização de materiais
Detergentes concentrados
Entrega EEE
Promoção electrodomésticos
14.5 Seminários e Feiras
A Quercus foi convidada a apresentar o projecto EcoFamílias em diversos seminários
por todo o país e estrangeiro em 2007 e também já em 2008 (Tabela 20).
Tabela 20 – Apresentação do projecto EcoFamílias em Congressos e Seminários
Nome
Seminário "Energia,
Ecoeficiência e
Desenvolvimento Local"
EcoAtitude “Aquecimento
Global e Problemas
Energéticos”
9ª Conferencia Nacional de
Ambiente
Ciclo Planeta Terra
Alterações Climáticas e
Consumo de Energia
Seminário "Conservação de
Energia e Energias
Renováveis no Sector
Doméstico"
Seminário "Troca de
Experiência de Utilização
Racional de Energia"
Dia Mundial do Ambiente
I Jornadas de Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável
do Algarve
Seminário “Power Your
Future”
Energy Efficiency – Global
Forum & Exposition
Metering, Billing
"Energy for Development"
Ciclo de Debates "À Volta do
Ambiente"
Debate Energia e Alterações
Climáticas
Seminário “Eficiência
energética e gestão da
procura”
Expo Energia’07
IV Conferência de Ciências e
Tecnologia do Ambiente
Alterações Climáticas - Qual o
nosso futuro?
Seminário Consumo, Energia
e Ambiente
Workshop - Eficiência
Energética
Primeira Conferência sobre
Edifícios Eficientes
Data
Organização
Local
14-03-2007
Projecto Nordeste 21
Mirandela
20-03-2007
JS Mondim de Basto
Mondim de
Basto
Universidade de Aveiro
Lisboa
FNAC - Colombo
Escola Superior de
Gestão de Santarém
Lisboa
21-05-2007
Quercus
Lisboa
30-05-2007
OEINERGE
Oeiras
05-06-2007
CM Vila Velha de Rodão
V.V. Rodão
25 e 26 -062007
CM de Albufeira
Albufeira
06-09-2008
Universidade do Algarve
Faro
11-11-2007
Alliance to Save Energy
02-10-2007
10-10-2007
CRM Europe
IST
Washington,
EUA
Vienna, Austria
Beja
19-10-2007
CM de Loures
Loures
13-11-2007
Centro de Informação
EUROPE DIRECT de
Santarém
Santarém
15-11-2007
APEA
Porto
22-11-2007
Água & Ambiente
Oeiras
23-11-2007
NECTAR
Porto
30-11-2007
PSD Paredes
Paredes
10-12-2007
DECO
Porto
12-12-2007
ENERGAIA
Porto
25-01-2008
Universidade do Algarve
Faro
18 a 20-042007
11-05-2007
17-05-2007
Santarém
Tabela 21a – Apresentação do projecto EcoFamílias em Congressos e Seminários
(cont)
Organização
U. Católica Portuguesa Escola Superior de
Biotecnologia - Extensão
em Caldas da Rainha
Local
31-03-2008
DECO
Coimbra
04-04-2008
ISCE - Instituto Superior
de Ciências Educativas
Odivelas
Nome
Data
III Jornadas de Ambiente
20-02-2008
Seminário Consumo, Energia
e Ambiente
1º Congresso Ambiente e
Sociedade
Caldas da
Rainha
O projecto EcoFamílias foi também apresentado em algumas feiras, como a Feira das
Energias Renováveis que decorreu em Faro em Junho de 2007 e a AMBIURB, na FIL
em Novembro de 2007. Nestas feiras, o projecto esteve presente com um painel
produzido para o efeito (Figura 83).
Figura 83 – Painel sobre o projecto EcoFamílias
15. Indicadores e benefícios da medida
Neste capítulo e sucintamente são referidos os indicadores e benefícios desta medida.
Famílias abrangidas e caracterização:












285 Famílias inscritas;
206 EcoFamílias acompanhadas ao longo de um ano, com distribuição por
todos os distritos de Portugal Continental (Tabela 22);
Realização em média de 3 visitas por família;
Instalação de 300 Energy-checks em locais diferentes;
Instalação de 82 Termo-higrómetros em locais diferentes;
Instalação de 50 conjunto de equipamentos para medição remota;
Caracterização social das EcoFamílias abrangidas;
Caracterização de habitação das EcoFamílias abrangidas
Caracterização dos equipamentos eléctricos (170 equipamentos diferentes) e
iluminação;
Caracterização dos consumos eléctricos das 206 famílias por categoria e
escalão de rendimento;
Caracterização dos consumos globais e emissões de gases de efeito de estufa;
Identificação do potencial de poupança.
Tabela 22 - Distribuição das EcoFamílias por distrito.
Distrito
Aveiro
Beja
Braga
Bragança
Castelo-Branco
Coimbra
Évora
Faro
Guarda
Leiria
Lisboa
Portalegre
Porto
Santarém
Setúbal
Viana do Catelo
Vila Real
Viseu
Total
Nº de
famílias
8
7
15
21
15
10
3
5
6
4
45
3
20
13
9
5
5
12
206
Medições e Potencial de poupança:







Medição de consumos eléctricos num total de 465.871 horas;
Medição de consumos por sistema remoto durante 130.992 horas.
Iluminação: 3,2% de potencial de poupança em relação ao consumo total de
electricidade anual; poupança de 40% do consumo total desta categoria (média
por família);
Anulação de consumos de stand-by e off-power: 5,3% de redução de
consumos em relação ao consumo total de electricidade anual; poupança de
30% nas categorias de entretimento e informática;
Troca de equipamentos: potencial de poupança de 1,9% do consumo total de
electricidade anual, em equipamentos de frio.
Total de potencial de poupança conseguido: 10% em relação ao consumo total
de electricidade anual (média por família);
206 Fichas de recomendação dadas e personalizadas a cada família.
O potencial de poupança em relação à troca de caixilharia não foi possível calcular por
não estar ainda disponível o simulador STE -Simulação Térmica de Edifícios,
actualizado ao RCCTE (Regulamento Regulamento das Características de
Comportamento Térmico dos Edifícios, DL n.º 80/2006), desenvolvido pelo INETI.
Os potenciais de poupança em iluminação e anulação de consumos de stand-by e offpower revelou-se superior ao previsto. O potencial de poupança associado à troca de
equipamentos de frio revelou-se inferior ao esperado, devido à idade recente dos
equipamentos de frio.
Divulgação:


- Criação de rubricas sobre EcoFamílias e eficiência energética em canais
públicos de televisão e rádio;
- Participação em seminários, conferências, numa média superior a 2 por mês
e feiras para divulgação do projecto e forma de actuação.
16. Conclusões
O projecto EcoFamílias teve como objectivo analisar os consumos de 225 famílias
distribuídas equitativamente pelas nove zonas climáticas de Portugal Continental,
definidas pelo Decreto-Lei nº 80/2006, de 4 de Abril (Regulamento das Características
de Comportamento Térmico dos Edifícios - RCCTE) e propor medidas de redução do
consumo de energia eléctrica pela alteração de comportamentos. A adesão ao
projecto foi maior nas zonas litorais e menos significativa nas zonas interiores, não se
conseguindo respeitar o objectivo inicial de assegurar 25 famílias por zona. Para
atingir as 225 famílias foram aceites inscrições de zonas climáticas onde o limite
estabelecido de 25 famílias já havia sido atingido. Embora a selecção de famílias
tivesse superado o número previsto (225), apenas foi possível acompanhar 206 devido
a um conjunto de dificuldades, como a distância entre as famílias, a indisponibilidade
de horários para receber a equipa EcoFamílias e a desmarcação das visitas no
momento.
O projecto EcoFamílias pretendeu atingir os seguintes objectivos:



Caracterizar o consumo energético das EcoFamílias;
Verificar a relação entre o escalão de rendimento e/ou a zona climática das
EcoFamílias com os consumos de energia;
Analisar o potencial de poupança energética através da mudança de
comportamentos.
Olhar hoje para o tema da eficiência energética associada a contextos familiares
implica olhar para o contexto social. Este olhar permite não apenas enquadrar as
respostas e os dados recolhidos, mas também desenvolver metodologias e
ferramentas que possibilitem uma intervenção mais concreta e eficaz.
Em todo este processo de estímulo à eficiência energética através da mudança de
comportamentos o grau de informação, não sendo o único factor relevante, é um dos
factores base. Os dados atrás analisados permitem avançar com a ideia que existe
uma percepção relativamente clara e correcta de onde se operam os consumos de
peso mais significativo para o orçamento familiar, muito embora persistam algumas
discrepâncias no que concerne a áreas como a iluminação ou a informática.
Integrar esta informação no momento de estruturar o aconselhamento a dar a cada
uma das EcoFamílias abrangidas por este estudo permite reforçar as possibilidades de
serem atingidos os objectivos de melhorar a sua eficiência energética. Foi isso que se
procurou fazer neste caso.
Estando inicialmente previsto o acompanhamento de 225 famílias, este relatório
apresenta os resultados de 206 famílias, pelas razões anteriormente descritas,
distribuídas pelas 9 zonas climáticas definidas no RCCTE (Regulamento das
Características de Comportamento Térmico dos Edifícios).
O programa EcoFamílias não teve como critério de selecção as características
construtivas o que originou uma base aleatória, no que diz respeito às características
da construção.
A partir de 1991 entrou em vigor o primeiro RCCTE - Regulamento das Características
de Comportamento Térmico dos Edifícios (Decreto-Lei 40/90 de 6 de Fevereiro). Este
Regulamento teve implicações na edificação impondo um maior rigor em termos
construtivos ao nível do seu desempenho energético e, consequentemente, no
isolamento térmico dos elementos da construção: paredes exteriores, pavimento térreo
e coberturas. Por este motivo, o ano de construção foi tido em conta no momento da
caracterização construtiva das habitações.
As habitações visitadas construídas após 1991 registam um melhor comportamento
térmico: verifica-se o crescente uso de isolamento térmico nas suas paredes exteriores
e superfícies envidraçadas com melhor desempenho (tipo de caixilho e tipo de vidro).
Na realidade não se verificou a aplicação desejada do Regulamento, continuando a
verificar-se algumas anomalias, apesar de se registarem melhorias.
O sistema construtivo deve estar adaptado ao clima em que se insere. As diferenças
construtivas entre os elementos analisados ocorrem por diversas razões entre elas a
zona do território (norte, sul e centro, interior e litoral do país), factores climáticos e
data de construção da habitação. De um modo geral verificou-se que as construções
não estão adaptadas às especificidades locais.
A orientação solar é um factor igualmente importante na concepção de um edifício
para que se possa tirar partido do Sol, quer em termos de calor, quer em termos de
luz.
Na análise do tipo de parede exterior com as zonas climáticas, ao contrário do que
seria de esperar as construções não se encontram adaptadas às especificidades
climáticas locais. O tipo de parede com pior comportamento térmico aparece nas
zonas climáticas mais rigorosas, mas são também nestas zonas que residem as
EcoFamílias de classes de rendimento mais baixas, o que pode influenciar estes
resultados.
Verifica-se que as melhores soluções de tipos de vidro e caixilho, analisado em função
da zona climática, encontram-se nas zonas onde o clima é menos rigoroso. Este facto
pode ser motivado por uma maior preocupação com o conforto interior ou devido às
EcoFamílias destas zonas climáticas pertencerem a classes de rendimento mais
elevadas.
Na análise do conforto higrotérmico e outros dados relativos às EcoFamílias pode
concluir-se que, de um modo geral e independentemente da zona climática em que se
inserem, são vários os factores que contribuem para a sensação de conforto. Desde
logo a orientação solar é determinante na sua análise higrotérmica. Observou-se que a
orientação face ao quadrante Norte se traduz geralmente por maior humidade e
menores temperaturas (facto justificado por não receber radiação solar directa). As
orientações Este e Oeste são quentes ou frias, consoante seja manhã ou tarde
(quando recebem radiação solar directa). Quando a orientação é Sul verificam-se
temperaturas mais elevadas e menor humidade uma vez que é o quadrante que tem
maior número de horas de radiação solar directa, sendo o quadrante mais favorável.
Através do inquérito de levantamento dos equipamentos eléctricos existentes
constatou-se que equipamentos como fogão, frigorífico/combinado, máquina de lavar
roupa existem em todas as EcoFamílias e 85% das famílias possuem micro-ondas.
Outros equipamentos como computador estão presentes em cerca de 70% das
famílias abrangidas por este programa.
Os equipamentos de frio (frigoríficos/combinados e arcas frigoríficas) medidos
representam a maior fatia de consumo (24%). Os equipamentos desta categoria
presentes nas habitações são maioritariamente equipamentos posteriores à entrada
em vigor da etiqueta de eficiência energética. Os consumos de electricidade dos
frigoríficos e combinados não estão directamente relacionados com o número de
pessoas de cada EcoFamília.
Na categoria de máquinas de lavar as mais comuns nas casas das EcoFamílias são
as máquinas de lavar roupa, com uma taxa de presença nestas famílias de 100%, e de
lavar loiça, presente em cerca de 65% das famílias. Os equipamentos desta categoria
presentes nas habitações das EcoFamílias são maioritariamente posteriores à entrada
em vigor da etiqueta de eficiência energética. As máquinas de lavar loiça e roupa
representam 16% do consumo total.
A nível de aquecimento de águas sanitárias as EcoFamílias, ainda prevalece o gás
como fonte de energia, quer através de esquentadores, como caldeiras.
No que refere à climatização, predominam os equipamentos eléctricos, sendo o
irradiador a óleo o equipamento mais presente (30%), seguido dos equipamentos de
ar condicionado (18%). O escalão de maior rendimento apresenta o menor número de
equipamentos de climatização o que pode ser justificado pelas melhores soluções
construtivas das habitações, implicando uma menor necessidade de utilização destes
equipamentos.
No que respeita aos electrodomésticos de cozinha, a placa a gás continua a ter muito
maior peso (82%) do que as eléctricas. No caso do forno existe uma maior presença
de fornos eléctricos nas casas das EcoFamílias (69%). Existe potencial de poupança
ao eliminar os consumos stand-by que alguns micro-ondas possuem. O potencial de
poupança com a eliminação dos consumos de stand-by na categoria da cozinha
(microondas) é mais elevado na classe 5/6 pois é nestas famílias que se encontram
mais micro-ondas com visor.
Na análise do tipo de equipamentos de entretenimento existentes nos lares das
EcoFamílias, verificou-se que 99% têm pelo menos um aparelho de televisão. Outros
equipamentos como DVD ou aparelhagem de som, são comuns nas EcoFamílias,
encontrando-se em 80% e 64 % das famílias, respectivamente. Nesta categoria estão
ainda incluídos equipamentos como o descodificador de televisão ou consolas, num
total de 29 tipos de equipamentos.
Do consumo dos equipamentos medidos verificou-se que nas EcoFamílias os
aparelhos de entretenimento apresentam uma média de cerca de 223 kWh/ano, que
corresponde em média a 6% do consumo total de electricidade. Os consumos mais
elevados estão maioritariamente relacionados com as tecnologias CRT e plasma.
Conclui-se também que a potência dos aparelhos apresenta maior peso no consumo
do que o tempo de utilização. O potencial de poupança da categoria de entretenimento
é em média 3,4% em relação ao consumo total de electricidade. O potencial de
redução de consumo é mais baixo nas classes de rendimentos mais elevada (5 e 6),
pelo facto destas famílias terem mais equipamentos com baixo consumo stand-by e
off-power, como o caso dos televisores LCDs.
Os equipamentos informáticos têm um peso crescente nos lares portugueses.
Reflexo disto é o facto de 70% das EcoFamílias possuírem computador. O consumo
destes equipamentos é muito variável entre famílias, dependendo da utilização que
cada uma faz destes equipamentos (trabalho ou lazer). Os consumos nesta categoria
representam um peso médio de 7% da factura total de electricidade.
A redução de consumo na área da informática é de 1,8% do consumo total de
electricidade. No caso dos equipamentos de informática verifica-se que o potencial de
redução de consumo é mais reduzido na classe 1, por estarem pouco presentes
nestas habitações. As classes de rendimentos 5 e 6 são onde se verifica o segundo
menor potencial de poupança, devendo-se à maior presença de portáteis.
Na iluminação identificou-se a utilização predominante em todos os escalões de
rendimento de lâmpadas incandescentes. Outro facto que se verifica na iluminação é
uma cada vez maior utilização das lâmpadas de Halogéneo (22%) e lâmpadas
fluorescentes compactas (22%) sobretudo nos escalões de maior rendimento, o que
significa uma melhoria ao nível da eficiência energética relativamente à utilização das
lâmpadas incandescentes. As lâmpadas fluorescentes encontram-se principalmente
nas cozinhas (10%).
O potencial de poupança nesta categoria é em média de 3,2% do consumo total de
electricidade sendo muito significativo em todos os escalões de rendimento. Apesar
dos escalões de rendimentos superiores apresentarem um número superior de
lâmpadas fluorescentes compactas, apresentam também um número significativo de
lâmpadas incandescentes e de halogéneo.
Na análise do tipo de contador, verificou-se que cerca de metade das EcoFamílias
(51%) não tem contador Bi-Horário. No entanto, verifica-se que se tornava vantajoso
para estas famílias optarem por este tipo de contador. A troca de contador permite
uma transferência de consumos para o período de vazio entre 325 e 3343 kWh/ano,
sendo a média anual de 1513 kWh.
O consumo eléctrico médio global das EcoFamílias aproxima-se da média nacional:
no período em avaliação foi de 3.333 kWh/ano, enquanto a média nacional é de 3.533
kWh/ano. Este consumo não é directamente proporcional ao rendimento familiar, nem
se encontra associado à zona climática. Os consumos de electricidade devem estar,
então, relacionados com hábitos de consumo e ocupação da habitação.
Na análise de consumos de gás verificou-se que a maioria das habitações das
EcoFamílias (52%) possui gás de botija, destes o mais utilizado é o gás propano. O
gás natural está utilizado por 24% das EcoFamílias.
As emissões associadas aos consumos de electricidade e gás das famílias são em
média de 2.539 kg de CO2/ano, variando entre os 324 kg CO2/ano e os 10.951 kg
CO2/ano.
No que diz respeito ao consumo de água, constata-se que a zona climática não tem
influência nos consumos. Os consumos de água superiores à média que algumas
EcoFamílias apresentam estão normalmente relacionados com a existência de jardim
ou horta, o que conduz a um consumo de água relacionada com a rega. Apesar de
existirem mais famílias com jardim o seu consumo não é significativo pois possuem
um sistema de captação de água (furo), não sendo o consumo de água para regas e
exterior contabilizado.
O potencial de poupança energética foi calculado com base nas características dos
consumos de stand-by, off-power, iluminação, equipamentos de frio e máquinas de
lavar.
As categorias de Iluminação, Entretimento e Informática que, em conjunto,
representam cerca de 21%, são as categorias onde o potencial de poupança está mais
associado à alteração de comportamentos, pela eliminação de consumos de stand-
by e off-power e substituição de lâmpadas. Por esta razão foram também as três
categorias onde o projecto mais incidiu.
Ao analisar o potencial de poupança por categoria de actuação verifica-se que as
reduções mais significativas são conseguidas com a anulação de consumos stand-by
e off-power dos equipamentos de entretenimento (33%), seguido pela substituição da
iluminação (31%) e dos equipamentos de frio (18%). A anulação de consumos standby e off-power dos equipamentos de informática está em quarto lugar (17%),
seguindo-se o contributo dos microondas, apenas com 1% de potencial de poupança
identificado.
O potencial de redução de consumos na categoria de entretenimento é o mais elevado
de todos, também porque a presença destes equipamentos nas habitações é muito
significativa. A redução de consumo varia entre 4,4 e 210 kWh/ano, que representa
3,4% do consumo total de electricidade médio das EcoFamílias. A anulação de
consumos stand-by e off-power na Informática varia entre 35 e 412 kWh/ano e
representa 1,8% do consumo total de electricidade médio das EcoFamílias.
A subsituação de frigoríficos, com tempos de retorno de investimento de 6 anos, é
viável para apenas algumas EcoFamílias, conseguindo-se uma poupança global de
7852 kWh/ano, representado 1,1% em relação ao consumo total de electricidade
médio das EcoFamílias. Em relação às arcas frigoríficas a substituição viável destes
equipamentos, consegue-se uma poupança global de 5360 kWh/ano no projecto.
Os equipamentos de frio têm um potencial de redução de consumo significativo com a
sua substituição nas famílias de classe de rendimento 1, pois nestes casos as famílias
adiam o investimento em equipamentos mais recentes. Por outro lado, as famílias com
melhores rendimentos apresentam um menor potencial de poupança nesta categoria
pois apresentam equipamentos com melhor eficiência energética.
Nas máquinas de lavar roupa e loiça, e para as famílias abrangidas, verificou-se que,
apesar de existirem alguns casos de consumo elevado, a substituição das máquinas
de lavar por uma de classe A não é viável, por não se conseguir recuperar o
investimento em 6 anos.
Segundo a classe de rendimento das EcoFamílias, a classe 4 apresenta o maior
potencial de poupança. A classe de melhores rendimentos apresenta o menor
potencial de redução de consumo.
As medidas tomadas com este projecto representam uma poupança anual de 35.815
kWh/ano, com a anulação de consumos de stand-by e off-power nas categorias de
Entretenimento e Informática. As alterações de comportamento representam uma
poupança de 5,3% do consumo total de electricidade das EcoFamílias. A troca de
lâmpadas representa uma poupança de 22.140 kWh/ano, cerca de 3,2% do consumo.
No total com alteração de comportamentos e potencial de troca de equipamentos, as
famílias incluídas no projecto obtém uma poupança de 71.634 kWh/ano (10% do
consumo total de electricidade), representando uma redução de 34.456 kg CO2
(Tabela 23).
Tabela 23 – Poupanças conseguidas em cada categoria por família e em termos
globais
As principais dificuldades do projecto foram:
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Alcançar a representatividade tanto em número de famílias como em escalão
de rendimento por zona climática (25 famílias por zona climática);
Distância entre famílias limitou o número de visitas por dia, também por serem
quase todas em horário pós laborar; Indisponibilidade de famílias em receber a
equipa EcoFamílias;
Medição de equipamentos encastrados e dificuldade de acesso a fichas de
electricidade e a sistemas de aquecimento e caldeiras;
A medição individual de equipamentos devido a uma estruturação inadequada
dos quadros eléctricos (disjuntores);
Insuficiente introdução de dados dos contadores na base de dados por parte de
algumas famílias.
Com o objectivo de divulgação, mas também potenciar o efeito multiplicador da
aprendizagem que poderia obter, o Projecto EcoFamílias teve uma fortíssima
componente de comunicação, quer numa filosofia de sensibilização pessoal, quer
recorrendo aos meios de comunicação social e onde a área da energia e em particular
da electricidade assume grande relevância.
As EcoFamílias tiveram presentes quer em programas de rádio diversos, como
televisão (Sociedade Civil). Os conselhos dados durante o projecto foram a base de
muitos das rubricas Minuto pela Terra e Minuto Verde, da responsabilidade da
Quercus. Este projecto esteve ainda presente em muitos seminários e congressos por
todo o país, tendo sido também apresentado na Europa e Estados Unidos da América.
A ERSE considera que as medidas alcançadas com o PPEC 2007 têm reflexo até
2023, pelo que o projecto EcoFamílias atinge uma poupança global de 1,07 GWh, em
15 anos.
O potencial de poupança aqui atingido pode ainda ser melhorado pela análise em
adição da colocação de equipamentos de energias renováveis e melhoramentos nos
aspectos construtivos.
O potencial de poupança obtido neste projecto, aplicado a todas as famílias residentes
em Portugal Continental resulta numa poupança de 1,2 TWh/ano. Esta poupança
traduz-se numa redução de 586 mil toneladas de CO2, relativamente às emissões de
2007, contribuindo em cerca de 1% para o cumprimento do Protocolo de Quioto por
Portugal.

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