AVALIAÇÃO DO EFEITO ANTI-IFLAMATÓRIO DO

AVALIAÇÃO DO EFEITO ANTI-IFLAMATÓRIO DO POLISSACARÍDEO
SULFATADO EXTRAIDO DA ALGA MARINHA Hypnea Musciformis NA DOENÇA
DE CROHN EXPERIMENTAL INDUZIDA POR TNBS
Dandara Marques Duarte (Orientando ICV- Iniciação Científica Voluntária/UFPI), André Luiz
dos Reis Barbosa (Orientador, dep. de fisioterapia – CMRV/UFPI)
INTRODUÇÃO
As doenças inflamatórias intestinais (DII) abrangem duas desordens crônicas do
intestino: Doença de Crohn (DC) e a retocolite ulcerativa (RCUI). Essas patologias
apresentam os quadros clínicos e sintomatológicos semelhantes, deixando o intestino
vermelho, inchado e, muitas vezes com úlceras (feridas abertas no revestimento do
intestino).
Como representantes citaremos a doença de Crohn. A fisiopatologia desta está
diretamente ligada a um aumento da produção local de células Th17 e células Th1 do
sistema imune da mucosa intestinal, ocorrendo assim um aumento da produção de IL-17 e
interferon gama e uma alteração genética do componente NOD2. (KOBAYASHI et al., 2005;
SMYTHIES et al., 2005; KAMADA et al., 2008; HEDL et al., 2007; WATANABE et al., 2008).
Em experimentos de colite realizados em ratos, Morris e colaboradores (1989)
expuseram um modelo de colite difusa por acido trinitrobenzeno sulfônico (TNBS), diluído
em etanol a 50%, administrado por via retal e pode ser reproduzido em 100% dos casos.
Esse modelo de DII vem sendo usado como padrão na indução experimental da Doença de
Crohn em animais (NEURATH et al., 2002; STROBER et al ., 2002).
Como terapia alternativa tem-se a utilização de polissacarídeos extraídos de alga
marinha. Atividade antinociceptiva, anticoagulante e antiinflamatória dos polissacarídeos
sulfatados têm sido demonstradas em estudos com animais de experimentação.
(SRIVASTAVA & KULSHVESHTHA, 1989; CAPEK et al., 2003; YAMADA, 1994; NERGARD et
al., 2005).
Sabendo-se que a colite induzida por TNBS leva a uma inflamação da mucosa
intestinal gerando alterações em seu funcionamento, faz-se necessário verificar a possível
atividade anti-inflamatória do polissacarídeo sulfatado extraído da alga vermelha Hypnea
muciformis sobre a colite por TNBS.
METODOLOGIA
Utilizou-se 18 camundongos Swiss machos, em três grupos de 6 animais,
procedentes do Biotério Central da Universidade Federal do Piauí. Todos os tratamentos e
procedimentos cirúrgicos realizados estavam de acordo com o guia de cuidado em uso de
animais de laboratório do National Institutes of Heath (Bethesda, MD, USA) e esse projeto
foi enviado para aprovação pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal (CEEA) da
UFPI com o seguinte número de protocolo: Nº 23111.011979/11-80.
1- MODELO DE DOENÇA DE CROHN INDUZIDO POR ÁCIDO TRINITROBENZENO SULFÔNICO
(TNBS) E DA COLITE INDUZIDA POR ETANOL A 50% EM RATOS. PREPARAÇÃO DO CÓLON E
INDUÇÃO DAS COLITES.
A princípio, o primeiro grupo, com 6 animais, passaram por um processo de preparação do
cólon. Eles permaneceram de 16 a 18 hrs recebendo somente água ad libitum. Depois, foram
submetidos à limpeza do cólon por edema com 20 ml de solução salina a 0,9%, 1 hora antes do
procedimento. As colites foram induzidas pela administração de TNBS (20%, 20 mg diluídas em
álcool a 50%, num volume de 0,8 ml), que simula experimentalmente a doença de Crohn, ou etanol
(50%, num volume de 0,4 ml), via transanal. O grupo controle recebeu apenas salina (0,9%, num
volume de 0,4 ml). Para a indução das colites ou não, os animais foram anestesiados e posicionados
em decúbito lateral esquerdo. Foi introduzido, por via retal, um cateter de polietileno nº 6 até 8 cm da
margem anal para a injeção das soluções. O animal permaneceu suspenso pela cauda, de cabeça
pra baixo, por 30 segundos para evitar o retorno da solução.
2- AVALIAÇÃO DO PESO ÚMIDO DOS COLÓNS DE ANIMAIS COM OU SEM COLITE.
Antes de analisar macroscopicamente os escores de lesão dos cólons do segundo grupo
com 6 animais com ou sem colite, foram retirados fragmentos, medindo cada um 1 cm de
comprimento, dos cólons de animais com ou sem colite. Posteriormente, foi feita a pesagem desses
fragmentos e os resultados foram expressos pela unidade peso úmido / cm de lesão.
3- MEDIÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DO ÓXIDO NÍTRICO (NO3/NO2)
Homogeneizado de tecido intestinal do terceiro grupo de animais (6 por grupo)foi incubada
num microplaca com nitrato redutase durante 12 h para converter NO3 a NO2. A produção de óxido
nítrico foi determinada medindo as concentrações de nitrito em um leitor de placas de ELISA a 540
nm, utilizando o método de Griess. Os resultados foram expressos como micromoléculas de nitrito,
utilizando a curva padrão interno.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O teste estatístico utilizado foi o de Bonferroni, que apresentou significância de p<0,05,
mostrando não haver diferença significativa. Foram usados 6 animais em cada grupo, totalizando 18.
No peso úmido apresentou um aumento significativo (p<0,05) deste nos cólons de animais,
três dias após a indução das colites por TNBS quando comparados com o grupo que recebeu
somente salina via transanal. Nos animais tratados com polissacarídeo extraído (PLS) de Hypnea
musciformis (30, 60 e 90 mg/kg) observou-se uma redução significativa do peso úmido dos colóns
desses animais
Os animais tratados com TNBS tiveram redução dos níveis de GSH. O pré-tratamento com
PLS reverteu o consumo de GSH quando comparado esse grupo com o grupo TNBS.
Em relação ao NO, observamos que o os animais tratados com TNBS tiveram aumento dos
níveis de NO3/NO2. O pré-tratamento com PLS diminuiu esse aumento de NO3/NO2 quando
comparado esse grupo com o grupo TNBS.
CONCLUSÃO
Em conclusão nossos experimentos demonstraram que o polissacarídeo sulfatado extraído
da alga vermelha Hypnea musciformis teve uma ação anti-inflamatória no modelo de colite induzida
por TNBS, pois foi capaz de reduzir os parâmetros pró-inflamatórios decorrentes dessa lesão colônica
induzida experimentalmente.
Apoio. UFPI/CNPq.
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Palavras-chaves. Polissacarídeo, TNBS e doença de Crohn