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Química Têxtil ANO XXXII SET 2009 ISSN 0102-8235 A A T CC Corporate Member Membro Titular Começa mais uma corrida pela bolsa de estudos. Conheça os concorrentes ao III Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo prof. Josep Valldeperas Morell. Tecnologia Plasma Tecnologia Preparação Tecnologia Qualidade Tecnologia Processos Tecnologia Fibras Tecnologia Corantes 69 Site: www.abqct.com.br e-mail: [email protected] ÓRGÃO OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUÍMICOS E COLORISTAS TÊXTEIS Editorial ABQCT - 35 ANOS DE SUPERAÇÃO No próximo dia 11 de Dezembro, a ABQCT estará completando 35 anos de existência. Esta é uma data significativa, visto que tudo começou como um sonho que tinha a finalidade de reunir os profissionais da área de “Química Têxtil” para troca de experiência e conhecimento técnico visando o aprimoramento da classe e da indústria em geral. Ao longo desse período aconteceram inúmeras “crises” e com elas as dificuldades foram enormes, porém, tudo foi superado. Estamos agora em meio a uma crise econômica de âmbito mundial e, paralelamente, outras epidemias nos afetam de forma contundente. Mas isto tudo pode ser superado, desde que os potenciais individuais se aglutinem e atuem na mesma direção. A concorrência é imensa e com isso, a criatividade dos nossos técnicos precisa ser intensificada e aprimorada. Novos desenvolvimentos tecnológicos aparecem dia a dia. Os desafios nos obrigam a reciclar, tanto com relação aos nossos conhecimentos, como os materiais que utilizamos em nossos processos industriais. Necessitamos de uma associação mais ativa e representativa. Para isso, propomos a união dos nossos esforços no sentido do crescimento intelectual dos profissionais do segmento têxtil. Nossa revista pode ser um veículo ativo levando aos leitores os mais novos desenvolvimentos, visto que as matérias são estudadas e os resultados acontecem em uma velocidade realmente incrível. Conclamamos aos nossos associados que ofereçam sugestões e críticas que nos orientem no sentido de melhor atender a todos. Gostaria de lembrar que estamos sempre abertos para a publicação de artigos técnicos e pedimos que os leitores nos enviem, sempre que possível, matérias que possam se tornar artigos interessantes à comunidade. A próxima edição de nossa revista será comemorativa aos trinta e cinco anos da ABQCT. Estamos preparando uma homenagem a esta data e aos associados que participaram da ABQCT naquela oportunidade. Será uma ocasião para “matar a saudade” dos primórdios da nossa associação. Evaldo Turqueti Presidente Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 03 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUÍMICOS E COLORISTAS TÊXTEIS Membro Titular FLAQT AATCC Corporate Member Site: www.abqct.com.br e-mail: [email protected] CORRESPONDÊNCIA É com muita alegria que li hoje na vossa conceituada revista o meu artigo : Tingimento da poliamida 6.6 com corantes reativos para lã e algodão após alteração superficial com descarga plasmática de dupla barreira dilétrica(DBD). Entretanto, venho solicitar cordialmente que ressaltem que o trabalho foi desenvolvido no Departamento de Engenharia Têxtil na Universidade do Minho, sob a orientação do Dr. António Pedro Souto e Noémia Carneiro. Agradeço muito pela oportunidade. Fernando Ribeiro Oliveira SUMÁRIO Editorial.................................................................................................................................. 03 Baixa Pressão, Plasma não-equilibrado como Auxiliar na Geração de Retardante de Chama sobre Algodão. (Vladimir Totolin, Majid Sarmadi, Sorin O. Manolache, e Ferencz S. Denes).......................05 Viscoelasticidade de fios de poliéster usando o modelo de Zurek e sua modificação Ana Maria Islas Cortes 1, Gabriel Guillén Buendia 2, Manuel Olvera Gracia ........................17 Estudo da influência do ph na degradação fotoquímica de grupos Antraquinônicos em corantes reativos do tipo vinilsulfônico (vs). Jorge Marcos Rosa1,2, Elesandro Antônio Baptista2, Jose Carlos Curvelo Santana2 ...............26 Influência do tempo e da temperatura na dipagem de telas de poliéster para pneus Marina Assumpção Calazans, Fernando Barros de Vasconcelos ............................................34 Núcleo Santa Catarina Coordenador Geral: João Vergilio Dias Vice-coordenador: Carlos Udelson Zagolin Secretário: Andre Luis Klein Da Silva Tesoureiro: Sergio Da Costa Vieira Suplente: Walter Alvaro Da Silva Junior Suplente: Henrique Jose Elisio Núcleo de Americana Coordenador: João José Gobbo Vice-coordenador: Durval B. F. Costa Secretári:o Izaias Ezipati Tesoureiro: Edmilson J. Vasconcelos Suplente: José Antonio M. Lima Suplente: Irani Monteiro CORPO REVISOR Esta edição da Revista Química Têxtil contou com uma equipe técnica para revisar os artigos aqui publicados. A equipe é formada pelos seguintes profissionais: Humberto Sabino Reinaldo Ferreira Vitor Alexandre dos Santos José Antonio Marconi Kelson dos Santos Araújo Dimas Novais Rafael Rodrigue Ramos Desafios na Medição e Caracterização do Goniocromatismo Esther Perales, Elísabet Chorro, Víctor Navarro e Francisco Miguel Martínez-Verdú...........39 Os autores devem enviar seus artigos para publicação com, pelo menos, 3 meses de antecedência. Comparação de formação de espumas dos principais tensoativos não-iônicos para a purga têxtil J. V. Barné e D. Daltin..............................................................................................................50 EXPEDIENTE Aumento de absorção de água em tecidos de algodão tratados com descarga corona João B. Giordano1*, João S. C. ...............................................................................................56 Produção de algodão orgânico, colorido e transgênico no Brasil e testes físicos de controle de qualidade da fibra e fio de algodão Regina Aparecida Sanches;Waldir Mantovani, Júlia Baruque Ramos ...................................66 III Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo Perfil dos concorrentes.............................................................................................................78 Produtos e Serviços ............................................................................................................. 82 04 DIRETORIA NACIONAL Presidente: Evaldo Turqueti Vice- Presidente: Lourival Santos Flor 1º Secretário: Walter José Mota 2º Secretário: Ricardo Vital de Abreu 1º Tesoureiro: Adir Grahl 2º Tesoureiro: João Lino Gonçalves Diretor Técnico: Humberto Sabino da Silva Núcleo Nordeste Coordenador: Clélia Elioni Ferreira de Carvalho Vice- Coordenador: Silvagner Adolpho Veríssimo Tesoureiro: Francisco Paiva Costa Secretário: Milton Glavina Suplente: Manuel Augusto Vieira Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Química Têxtil é uma publicação da Associação Brasileira de Químicos e Coloristas Têxteis. Os artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade dos seus autores. ISSN 0102-8235 Periodicidade: Trimestral (mar./jun./set./dez.) Distribuição: mala-direta: associados da ABQCT, Indústrias Têxteis, tinturarias e entidades filiadas à FLAQT e AATCC. Circulação: São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Rio G. do Sul, Ceará e Paraná. Régia Comunicação e Design Jornalista Responsável: Caroline Bitencourt Mtb 02462/SC E-mail: [email protected] www.regiacomunicacao.com - FoneFax: (11) 4330.5624 Colaboradores: Kelson dos Santos Araújo e Márcio Dantas Impressão: Ipsis Gráfica ABQCT Administração e Depto. Comercial: C.G.C: 48.769.327/0001-59 - Inscr. Est.isento Praça Flor de Linho, 44 - Alphaville 06453-000 - Barueri, SP Tel: (11) 4195.4931 FAX: (11) 4191.9774 e-mail: [email protected] til os, êx an ª. T 25 ng es, e E igu o d dr urs Ro , c ra EI rei a F Pe nte d es en enta Dh pres re Perfil dos Concorrentes . Lay la Univ La ís M in in el Go nça l Pau ves, 2 1 lo, cur anos so , de repre Têx sen til e tan Mo te da da. Un ive rsid ade d eS ersid de B r ito M end es, 2 ade 1 Fede ral d UFRN anos, re pres o Eng Rio G enta enha r nte d ria T ande do a êxtil Nor te, c . urso de ão Dhenes Pereira Rodrigues, 25 anos, representante da FEI, curso de Engª. Têxtil. Atualmente trabalha na Camelon Mamut Tinturaria e Malharia Ltda. Reside e mora em São Paulo, capital, filho de Arsênio da Silva Rodrigues, en-carregado de produ-ção, e de Maria Eunice Pereira Rodrigues, do lar. Dhenes conta que, como já trabalha na área de química têxtil, resolveu fazer faculdade para aperfeiçoar e aprofundar seus conhecimentos técnicos e científicos. No geral, no tocante a sua visão quanto ao mercado, considera-o um dos mais complexos do ramo têxtil pois, para ele, é onde aparecem a maioria dos problemas. “Porém, acredito ser muito competitivo até mesmo pela escassez de profissionais com profundos conhecimentos na área. Apesar disso tudo, é uma área que encanta a muitos”, diz. Ele ainda ressalta que espera que o concurso forneça embasamento suficiente para uma boa atuação no mercado de trabalho e enfatiza a revista Química Têxtil como sendo o veículo mais completo e sério do setor pois, para L a í s M i n i n e l Gonçalves, 21 anos, representante da Universidade de São Dhenes, os artigos técnicos apresentados “iluminam o caminho de muitos Paulo, curso de Têxtil e Moda. Nasceu em J a r d i n ó p o l i s e atualmente reside tintureiros”. em São Paulo, capital. Filha de Helder Tadeo Gonçalves, Auxiliar Financeiro e “Este prêmio desperta muito interesse nos alunos do curso de engenharia de Maria Rita Mininel Gonçalves, Auxiliar Odontológica. Para Laís, a escolha da área deve-se ao “dom” que acredita ter. “ Eu escolhi o têxtil, principalmente aos que têm aptidão na área de química têxtil e, como o curso de Têxtil devido às aptidões pessoais, pois desde criança eu sempre fui próprio título "incentivo ao estudo" diz, somos incentivados a buscar muito ligada a essa área, principalmente em relação a costura e artesanato. conhecimentos nas atividades didáticas e práticas. Além disso, o vencedor já Assim, eu não poderia ter deixado isto de lado”, diz. “Só depois de ingressar no inicia sua carreira com um diferencial muito grande em seu currículum. curso, eu descobri que o mercado têxtil é muito mais amplo do que eu Agradeço à Deus, à minha família, à minha namorada, amigos e aos imaginava, o que me fez gostar mais ainda da profissão que eu escolhi para o professores que acreditaram e me apoiaram em todos os momentos.” meu futuro”, revela. Laís conta que espera que o concurso abra novas e grandes portas ao vencedor, e que traga, além de conhecimentos, direcionamentos e Layla de Brito Mendes, 21 anos, representante da UFRN - Universidade estímulos para outros estudantes. “Estou me preparando com a ajuda de professores, que se preocupam em passar materiais disponíveis aos alunos que Federal do Rio Grande do Norte, curso de Engenharia Têxtil. Nasceu e reside em foram selecionados para o concurso”, finaliza. “Agradeço à minha família, Natal / RN. Filha de Maria do Céu de Brito Mendes, funcionária pública municipa, meus pais e meus irmãos, João Rafael e José Vitor, que sempre me apoiaram e e de Marcelo Oliveira Mendes Sobrinho, comerciante. me deram força em todos os momentos da minha vida, principalmente quando Layla considera o mercado químico têxtil competitivo pois, para ela, é eu decidi sair de uma cidadezinha do interior para estudar na maior metrópole representado por ótimos profissionais e por grandes empresas. “Na minha opinião, do País. Também aos meus tios, tio Dé e tia Marly, que me acolheram e se é uma das áreas mais interessantes do ramo têxtil. Espero que seja bastante tornaram meus segundos pais em São Paulo. Por fim, às minhas avós, pela competitivo e que proporcione aos participantes acesso a mais conhecimentos da herança das habilidades manuais, tanto em técnicas de costura, bordado, química têxtil”, diz. crochê, tricô e tantas outras.” Ela diz ainda que vê a ABQCT como uma associação bastante organizada e que muito contribui com o desenvolvimento da química têxtil, unindo empresas, profissionais e estudantes. “O Prêmio Estudantil é visto na UFRN como um evento bastante importante, pois ajuda os alunos que se destacam nessa área a ter uma certa visibilidade no país. Vários alunos desejam participar, não só objetivando ganhar a bolsa de estudos, mas também aprofundar seus conhecimentos na área”, ressalta. “Agradeço a Deus, por tudo que tenho. Aos meus pais, por serem simplesmente os melhores pais do mundo. Aos meus amigos, por serem responsáveis por parte do que eu sou. E a todos os professores que já tive, pelo empenho em cumprir a difícil tarefa que é educar. “ Li rep lian res e F en ern tan an te de da s D FE om I/ S p BC ieri - S , 22 ão an Pa os, ulo . eS de d rsida e iv a Un . a nte d enta il e Mod s e r , rep m Têxt anos e a, 22 harelado v l i S c a a B w iza curso , na A Jari - EACH P US ão P aulo a ed ant ent s e pr , re -til. nos 4 a ia Têx 2 , r tos nha San Enge s o o d rso eir , cu Rib -ringá i k a za mi l de M Ku eo stadua d i nH eE llia dad Wi iversi Un Jarina Aizawa Silva, 22 anos, representante da Universidade de São Paulo USP - EACH, curso Bacharelado em Têxtil e Moda. Nasceu e reside em Guarulhos. Filha de José Sebastião Nei da Silva, professor de português e de Shirley de Freitas Aizawa Silva, professora e diretora aposentada. Jarina descreve-se apaixonada pela leitura e pelos estudos. “Sempre gostei de ler e estudar sobre áreas como química, física e biologia. Entretanto, desenhava e me interessava muito por artes. Quando encontrei um curso que unia a área técnica e a área artística, não tive dúvidas em escolher.” Para ela, o mercado químico têxtil é bastante competitivo pois acredita que existam profis-sionais e pesquisadores muito experientes na área, além de ser concorrido por graduados em diversas áreas, como engenharia têxtil, química, física, engenharia de materiais. Jarina ainda declara que espera que o concurso lhe traga uma grande oportunidade de experiência pessoal e profissional. “ Estou me preparando com a ajuda de meus professores da área e com o estudo de materiais didáticos específicos”, diz. “Agradeço à ABQCT e aos meus professores (Profa.Dra. Silgia Aparecida e Prof.Dr. Maurício Araújo) que me indicaram para esta oportunidade.” Liliane Fernandes Dompieri, 22 anos, representante da FEI/ SBC - São Paulo. Atualmente trabalha na José Roberto Tizzi Cores. Nasceu em São Bernardo do Campo e reside em Santo André. Filha de Eliana Fernandes Dompieri, funcionária pública e Nivaldo Ângelo Dompieri, empresário. Qual a sua visão com relação à ABQCT e ao concurso que ela vem propondo? É uma Associação que busca e aposta no desenvolvimento do setor têxtil no Brasil por meio de publicações informativas mantendo o público da área atualizado. Este prêmio é muito bem visto dentro de minha universidade por ser um curso de especialização no exterior muito bem conceituado no mundo, o que gera um interesse maior, tanto para empregados, quanto para os empregadores. Enfim, é uma grande oportunidade de crescimento dentro da profissão, já que é um curso de alto custo inacessível para grande parte dos que atuam na área. Eu espero que o concurso tenha um processo seletivo justo, o qual irá evidenciar o melhor estudante e abrir as portas para a sua carreira. Considero-me preparada, mas continuo me dedicando para obter o desempenho necessário. Muitos alunos se mostraram interessados, deste modo foi criado um processo seletivo levando-se em conta o desempenho em classe e atuação na área. Agradeço à ABQCT pela oportunidade, à FEI por acreditar na minha capacidade, à minha família, namorado e amigos que sempre me deram muito apoio, e a Deus. Willian Hideo Kumizaki Ribeiro dos Santos, 24 anos, representante da Universidade Estadual de Ma-ringá, curso Engenharia Têx-til. Atualmente estuda em perío-do integral e, nos horários vagos, trabalha como aprendiz de eletrônica, na eletrônica do seu pai. Mora na cidade onde nasceu, em Goioerê - PR, filho de Adelson José Ribeiro dos Santos, Técnico em Eletrônica e Célia Kiyoko Kumizaki Auxiliar administrativo. Como você analisa o mercado químico têxtil? O mercado químico têxtil em minha opinião é extremamente competitivo, tanto no aspecto de custos como também, no aspecto de inovações, que são frutos de um mercado que cada vez mais busca produtos inovadores e diferenciados. O que espera do concurso? Espero fazer uma boa participação e assim ter a oportunidade de poder aprimorar os meus conhecimentos através do estágio na Universidade de Terrassa, podendo assim contribuir para o cenário têxtil nacional, e também através deste estar disponível para eventuais oportunidades que possam aparecer. Está preparado ou se preparando? Estou sempre me preparando. Com um mercado tão competidor e inovador, é necessário que a cada dia haja uma atualização de conhecimentos, para acompanhar a velocidade com que se fazem as inovações tecnológicas na área química têxtil. Qual a sua visão sobre a ABQCT? É uma organização muito impor-tante, que busca sempre manter seus associados informados sobre todas as inovações, tecnologias e informações da área têxtil. E que desenvolve agora um papel muito importante, organizando este concurso que busca a capacitação e a abertura de novos horizontes para os “profissionais” da área têxtil. Com que imagem é visto o Prêmio Estudantil em sua Universidade? Muitos desejam participar? Como foi o critério de escolha? O prêmio estudantil na Univer-dade Estadual de Maringá é visto como uma oportunidade única para os alunos da engenharia têxtil, onde os esforços para se chegar à classificação são observados durante todo um ano letivo. sidade Estadual de Maringá é visto como uma oportunidade única para os alunos da engenharia têxtil, onde os esforços para se chegar à classificação são observados durante todo um ano letivo. O processo de seleção foi através das notas da disciplina de Trata-mentos Têxteis, onde as duas melhores médias anuais foram classificadas para o concurso. Agradecimentos Primeiramente a Deus, que está sempre me observando e me guiando em todos os meus passos, minha família que sempre me apóia em todos os momentos e são a base de tudo o que sou hoje, aos amigos e familiares sempre me propor-cionando momentos de alegria e carinho, à minha namorada que está sempre presente, disposta a ajudar, fonte de felicidade e renovação espiritual, a todos os mestres e professores que me auxiliaram nesta jornada e à ABQCT, que me proporcionou a oportunidade de estar participando deste concurso. , da R N nte e UF a t en ort res N rep de do , s no an 3 a Gr , 2 Rio o n . o ldi l d xtil Ga dera a Tê s e i a F ar li e E de nh an sida nge Eli iver do E Un rsan cu Joã Cen o Luí tro s Pi n da Ind heiro ústr ia Q Giffon uím i, 2 ica 6 an e T os, êxt il, c repres urs enta aE nge nte do nha S ria ENA Ind I ustr / CET ial I Têx QT til. Eliane Elias Galdino, 23 anos, representante da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN, cursando Engenharia Têxtil. Nasceu em Pureza - RN e atualmente reside em São Gonçalo do Amarante - RN. É filha de Manoel Xavier Galdino, motorista e Vilma Elias da Silva Galdino, do lar. Eliane escolheu a área de engenharia têxtil por acreditar ser um curso que tem uma larga abrangência de áreas onde ela poderá atuar de forma direta ou indiretamente. “Posso trabalhar desde a parte administrativa até a área de pesquisas, assim como participar de todas as etapas que favorecem a formação de um substrato (fio, tecido plano, malha ou peça confeccionada). Daí, a escolha pelo curso, o qual estou estudando para ser uma excelente profissional.” Qual é a sua visão com relação ao mercado químico têxtil? O mercado químico têxtil é bastante competitivo, em que cada um está sempre se aperfeiçoando para mostrar o seu diferencial perante o mercado consumidor. Quais são as suas expectativas com relação ao concurso? Além de estar tendo a oportunidade de participar do concurso, espero receber outras chances e convites de estar realizando cursos. Quem sabe até mesmo uma oportunidade de emprego possa vir a surgir? Estou ciente que, mesmo sabendo que estamos diante de um elo de profissionais extremamente qualificados, apesar de ainda estar estudando, nada me impede de ser também um diferencial e vir a ser uma excelente profissional. Considera-se preparada para a prova? Estou me preparando, até porque a cada dia é necessário nos atualizarmos, e é isto que nos permite dar um passo à frente dos nossos concorrentes, tornando-nos um diferencial. tornando-nos um diferencial. Como os estudantes da sua Universidade recebem a notícia do prêmio? Como é o critério de escolha? O Prêmio Estudantil é uma oportunidade ímpar para qualquer universitário, uma vez que permite, além de testar os nossos conhecimentos, mostrarmos um pouco do nosso perfil para o mercado empresarial. O critério de escolha foi feito por meio do IRA - Índice de Rendimento Acadêmico, em que os melhores IRAs dentre os inscritos estariam recebendo a chance de participar do concurso. Agradeço a todos aqueles, em especial aos meus pais, amigos, mestres pelo conhecimento transmitido, que acreditam no meu potencial e esforço em busca da concretização de meus sonhos, o que faz ser uma cidadã digna e disposta a encarar todos os desafios que irão surgir ao longo dos caminhos que percorrerei. Car l repr os Rafa e de M sentant el Silva e d arin gá, c da Uni e Olive ve ir urso de E rsidade a, 22 a ngen Estad nos, hari a Tê ual xtil. Carlos Rafael Silva de Oliveira, 22 anos, representante da Universidade Estadual de Maringá, curso de Engenharia Têxtil. Nasceu em Osasco e reside em Goioerê – PR. Filho de Maria da Paixão Silva, auxiliar de padeiro, e de Carlos Donizetti de Oliveira, Engenheiro Mecâ-nico e Professor universitário. Carlos escolheu o ramo químico têxtil por declarar a sua afinidade por “exatas” e sua curiosidade o estimulou a buscar “coisas novas”. “Com a maturidade comecei a traçar meu perfil, e percebi que condizia muito com a engenharia. Então, antes de escolher a “Engenharia Têxtil” como meu campo de atuação profissional, fiz uma ampla pesquisa sobre todas as outras engenharias bem como pelo mercado de trabalho das mesmas, visando meu futuro profissional e, dentre todas, vi na engenharia têxtil um setor industrial muito interessante, com amplos campos de atuação, carente de mão-de-obra qualificada e bastante promissor. Daí, veio a certeza de ter optado pelo certo e não me enganei: estou muito feliz e empolgado com a minha área”. Carlos, apesar de se entitular “apenas um estudante”, mostra-se bastante interessado no concurso já que, para ele, é uma oportunidade única. “Tenho visto esse concurso como uma oportunidade única para todos nós.Por isso, espero uma concorrência forte, como sempre foi, porém não estou apreensivo pois, assim como todos, eu confio nos meus conhecimentos e tenho me preparado mais a cada dia. Espero, principalmente, que será uma experiência nova pela qual vou aprender muito e que contribuirá para um bom futuro profissional pra mim. Sei que pessoas muito competentes corrigirão a prova e o prêmio virá para o aluno que realmente merecê-lo e, independente do resultado, todos já somos vencedores por estar aqui. “Muito obrigado à UEM, à ABQCT e às empresas patrocinadoras pela oportunidade!”. Ele ainda revela que a ABQCT, em seu ponto de vista, tem sido uma associação singular em importância para os profissionais da área têxtil por difundir informações e novidades do seguimento químico têxtil, por proporcionar uma maior interação um incentivo para que estudem sempre mais, a fim de se destacar durante o ano letivo e garantir a participação no evento do ano seguinte”, completa. Essa conquista eu agradeço a Deus que é a única razão da minha existência, à minha família pelo apoio e, em especial, à minha mãe. Também, a todos os meus professores que me transmitiram o conhecimento e, principalmente, à ABQCT e às empresas patrocinadoras pela oportunidade e por apostarem no esforço, talento e dedicação de todos nós, estudantes da área têxtil. João Luís Pinheiro Giffoni, 26 anos, representante do SENAI/ CETIQT Centro da Indústria Química e Têxtil, cursa Engenharia Industrial Têxtil. Trabalha atualmente na Vicunha Têxtil S/A - Unidade I (Índigo). Nasceu e reside em Fortaleza-CE. Filho de Luiz Carlos Monteiro Giffoni, autônomo e Maria de Fátima Pinheiro Giffoni, professora. Para João, a escolha desta área deu-se pela possibilidade de aliar o gosto pela gestão de processos com as oportunidades oferecidas pelo pólo local. Qual a sua visão com relação ao mercado químico têxtil? Altamente competitivo, pois é um mercado direcionado pela moda demandando, assim, um alto grau de inovação e assertividade. Qual a sua expectativa perante o concurso? Crescer profissionalmente e ampliar meus conhecimentos. Está preparado para a prova? Sempre me preparando e preparado. Qual a sua visão com relação à ABQCT? Organização que permite a desmistificação de um tema útil e complexo. Como é visto o Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo em sua Universidade? Oportunidade única em que todos anseiam poder participar. Agradecimentos. A todos que contribuíram para a minha formação profissional e, em especial, à minha mãe que a tornou possível. HOMENAGEM PÓSTUMA HEMERSON GABRIEL SILVA JÚNIOR O destino assim traçou e a vida de um filho muito jovem, saudável e alegre foi extemporaneamente ceifada dos seus pais, familiares e amigos. Solidarizados com o sofrimento e consternados ainda com o tão recente fato, gostaríamos de externar a esses dedicados pais os mais profundos sentimentos pela passagem de um filho que era o sentido e alegria de suas vidas. Sabemos de antemão, que somente esta iniciativa não seria suficiente para apagar tamanho sofrimento mas, como amigos da família, foi uma saída que nossos corações acharam para acalentá-los, transmitindolhes nossa força e apoio espiritual, num momento tão difícil, face à perda de um filho tão prematuramente. Temos certeza que lá onde ele se encontra ao lado do PAI ETERNO, tornar-se-á mais um anjo com suas asas e manto a nos proteger. As suas e nossas orações servirão para amenizar a angústia e tristeza dos pais gerada pelo vácuo desta grande perda, propiciando-lhes novas forças e uma nova vida cheia de alegrias e reconquistas. Homenagem à Hemerson Gabriel Silva Júnior, sobrinho de André Arantes - Colorzen. Para sempre JÚNINHO * 12/10/2001 † 06/06/2009 Produtos e Serviços SENAI/SC abre inscrições para cursos de qualificação profissional em 18 cidades A GIII apresenta ao mercado a terceira geração de corantes reativos para tingimento de fibras celulósicas e suas misturas, IMAGINEXT. Vagas são para Camboriú, Blumenau, Brusque, A linha IMAGINEXT, composta de matizes mais Capivari de Baixo, Chapecó, Concórdia, Florianópolis, brilhantes e de alta fixação, trás como principais benefícios Indaial, Itajaí, Jaraguá do Sul, Joinville, Lages, Luzerna, a robustez às variáveis do processo, excelente igualização e Mafra, Rio do Sul, São João Batista, São José e Tubarão O SENAI/SC está com vagas abertas para cursos de lavabilidade e solidez à luz seco/úmido. Ao proporcionar expressiva economia no consumo de qualificação em 18 cidades do Estado, nas áreas de água, de energia, tempo de processo e na utilização de automação, automobilística, calçados, eletroeletrônica, corantes, a versátil linha IMAGINEXT, que pode ser usada eletromecânica, eletrotécnica, gestão empresarial, tanto em “Pad-Batch” como em “Esgotamento”, está informática, inovação tecnológica, mecânica, mecânica alinhada com a demanda mundial, e com os valores da GIII, industrial, metalmecânica, moda e vestuário, moveleiro, de respeito ao meio ambiente. plásticos, segurança, segurança do trabalho, tecnologia da informação, têxtil, vestuário. A linha IMAGINEXT tem como objetivo ser a escolha de quem pensa à frente, de quem opta por processos Os programas são oferecidos nas cidades de robustos, eficazes e ecologicamente corretos, aliados ao Balneário Camboriú, Blumenau, Brusque, Capivari de aumento da produtividade e lucratividade. Baixo, Chapecó, Concórdia, Florianópolis, Indaial, Para mais informações: Itajaí, Jaraguá do Sul, Joinville, Lages, Luzerna, Mafra, www.giii.com.br Rio do Sul, São João Batista, São José e Tubarão. Os 11- 41521300/ 47- 3036360! programas são das áreas de automobilística, construção civil, eletroeletrônica, eletrotécnica, gestão, gestão empresarial, mecânica, mecânica industrial, metalmecânica, moda e vestuário, segurança no trabalho, tecnologia da informação, têxtil. Mais informações podem ser obtidas nas próprias unidades do SENAI/SC, no site http://www.sc.senai.br/ ou pelo SENAI On Line, telefone 0800 48 1212. 82 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Você tem algum artigo técnico inédito e gostaria de publicar em nossa revista? Envie uma cópia digital do artigo para a diretoria técnica da ABQCT, [email protected] para análise. Compartilhe e divulgue sua capacidade intelectual com nossa comunidade. Torne-se um profissional reconhecido. ABQCT Tecnologia Corantes Estudo da influência do ph na degradação fotoquímica de grupos Antraquinônicos em corantes reativos do tipo vinilsulfônico (vs). Autores: Jorge Marcos Rosa1,2, Elesandro Antônio Baptista2, Jose Carlos Curvelo Santana2 1Escola SENAI “Francisco Matarazzo”, São Paulo. 2Programa de Mestrado em Engenharia de Produção, Universidade Nove de Julho, São Paulo. Revisão Técnica: Reinaldo Ferreira RESUMO Figura 1: C.I. Reactive Blue 19 de massa molecular = 582 g.mol-1 Colour Index, 1971) O objetivo do trabalho foi verificar a influência do pH H O na degradação fotoquímica de grupos cromóforos H N SO3H antraquinônicos em corantes reativos do tipo VS contidos em efluentes têxteis, nas faixas de pH 7, 9 e 11, sob irradiação de ondas ultravioleta em presença de 1,00 x N O 10-2 mol.dm-3 de Peróxido de Hidrogênio (H2O2). Os H SO2CH2 CH2OSO3Na efluentes foram diluídos em dez vezes para posterior submissão ao tratamento, onde foi constatada a redução da coloração em 90,70% para pH 7, 93,04% para pH 9 e A indústria têxtil, em particular, apresenta elevada 92,11% para pH 11, em níveis de absorbância bem demanda de água em seus processos, gerando grande próximos ao da água de reuso utilizada na Escola SENAI, quantidade de águas residuárias, as quais, geralmente, podendo o efluente ser reutilizado em 95% dos processos contêm altas cargas de sais dissolvidos, surfactantes, sólidos de beneficiamentos têxteis. suspensos e matéria orgânica, principalmente de corantes na Palavras-chave: Degradação Fotoquímica, Corantes forma de moléculas complexas (NEAMTU et al., 2002; VS, Grupo Antraquinônico, pH. ROTT; MINKE, 1999). Segundo COUGHLIN, KINKLE E BISHOP (2003), INTRODUÇÃO cerca de 4% da produção de corantes orgânicos decorrente O objetivo deste trabalho foi o de estudar a degradação dos processos de síntese e aplicação se perde para o meio fotoquímica de grupos antraquinônicos presentes em ambiente, produzindo águas residuárias fortemente corantes reativos do tipo VS nas faixas de pH 7, 9 e 11, sob coloridas. O desenvolvimento de tecnologias eficientes e irradiação de ondas ultravioleta em presença de Peróxido baratas para o tratamento de efluentes contendo corantes de Hidrogênio. O corante em estudo é o C.I. Reactive constitui uma necessidade, e consideráveis esforços estão Blue 19 (RB19), cuja estrutura química é mostrada na sendo dedicados a esse campo de pesquisa (ZAZO et al, Figura 1. 26 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 2006). Tecnologia Corantes Os corantes reativos são utilizados em grande escala ocorra com a celulose ionizada. A reação abaixo explica como no tingimento de fibras de algodão e viscose, isso ocorre. principalmente para o segmento de vestuário em cores de O intensidade média e escura, devido a seus bons índices de CORANTE SH solidez aos tratamentos úmidos. O + CH - +O - CORANTE CELULOSE S O CELULOSE O O Pelo fato desses corantes reagirem não só com o - CH Etapa 4 - Através da adição de um próton, a reação é substrato bem como com a água, acabam sendo um dos completada, como mostrado abaixo. principais constituintes dos efluentes de tinturarias. Após o processo de coloração, o substrato passa por um O CORANTE S O H+ - CH O CELULOSE CORANTE O processo de lavagem justamente para retirar o corante não S O CELULOSE O fixado (hidrolisado) da superfície da fibra. O processo de coloração da celulose com esse tipo de HIDRÓLISE corante é efetuado em presença de álcali e, devido a esse O corante também reage com a água, tornando-se ineficaz fato, o efluente gerado também possui pH alcalino. Os VS no tingimento do substrato. Conforme já demonstrado na são corantes de relativa facilidade de aplicação, pouca Etapa 01, o grupo b-sulfatoetilsulfona em presença de álcali substantividade quando comparado aos demais tipos e torna-se o grupo reativo VS. Segundo SHORE (2002), sua sua reação com a fibra ocorre por adição nucleofílica em reação com a água pode gerar compostos etílicos ou etéreos, quatro etapas distintas, descritas por SHORE (2002) e ocorrendo de duas formas: a) vistas a seguir. O grupo VS reage com a água formando o grupo Etapa 1 - O corante possui o grupo b- sulfoniletanol. Isso pode ser observado na reação a seguir. sulfatoetilsulfona que, em presença de álcali, elimina sulfato de sódio e água, dando origem ao grupo VS, O CORANTE mostrado na reação abaixo. O S O O O S O O Na + H2O SH CORANTE CORANTE CH2 + Na2SO4 + H2O S Temperaturas entre 90 e 100ºC e pH acima de 11,5 em O O OH S O O NaOH CORANTE O + CH - presença de ânions carbonato ou hidróxido, condições Etapa 2- Neste grupo, a dupla ligação carbono- encontradas no tratamento posterior ao tingimento, são carbono é polarizada pela atração eletrônica do grupo condições para a formação do 2-hidróxietilsulfona, uma sulfônico, como está representada na reação a seguir. forma de dietiléter que pode chegar a 10% da massa inicial de corante utilizado, conforme o esquema da reação abaixo. O CORANTE - SH O CH2 CORANTE O + - CH O SH O CORANTE O Etapa 3 - Esta polarização implica em carga positiva + - SH CH + - O O S O O CORANTE CORANTE O O S S O O CORANTE São essas duas formas que estarão presentes em maior ao carbono terminal, permitindo que a adição nucleofílica quantidade nos efluentes. Entretanto, o alvo do ataque 28 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Corantes fotoquímico é o grupo cromóforo contido no sistema e tingimento para posterior tratamento fotoquímico, realizouexistem vários tipos de grupos cromóforos tais como Azo, se um tingimento com o corante reativo RB19 em tecido de Antraquinônico, Trifenilmetano, dentre outros. O grupo malha de algodão 100% previamente alvejada. As receitas e contido no corante em estudo é do tipo antraquinônico. etapas de todo o processo de tingimento são propostas pelo LUCAS et al. (2008) citaram que “a contaminação de fabricante do corante. águas naturais tem sido um dos grandes problemas da sociedade moderna. Sendo assim, a economia de água em Dados utilizados na preparação do efluente processos produtivos vem ganhando especial atenção devido ao valor agregado que tem sido atribuído a este Massa do Substrato 60 g; Relação de Banho 1:10; bem, através de princípios como 'consumidor pagador' e Volume de Banho 600 cm3. 'poluidor pagador', recentemente incorporados na nossa legislação”. Receita do Tratamento Prévio - 1,0 g.dm-3 de Tensoativo Não-Iônico MATERIAIS E MÉTODOS - 1,0 g.dm-3 de Metassilicato de Sódio MATERIAIS - 3,0 cm3.dm-3 de Peróxido de Hidrogênio Balança Analítica Gehaka AG 200. - 2,0 cm3.dm-3 de Hidróxido de Sódio 50º Bé Reator com duas lâmpadas UVC, Philips, 6W e agitador Procedimento magnético. - Iniciar o tratamento com o tensoativo, o metassilicato e o Espectrofotômetro UV-VIS Datacolor SF-600 Plus. peróxido, manter por 5 min a frio; Cubetas de acrílico com 1 cm de caminho ótico. - Adicionar o hidróxido de sódio e manter por mais 5 min a pHmetro Quimis. frio; Solução tampão Acético/Acetato. - Aquecer em 5 ºC.min-1 até 80ºC, manter por 15 min; Solução tampão Bicarbonato/Carbonato. - Resfriar em 5 ºC.min-1 até 60ºC, soltar o banho; C.I. Reactive Blue 19. Cloreto de Sódio. Carbonato de Sódio. Metassilicato de Sódio. Dispersante. Tensoativo Não-iônico. Peróxido de Hidrogênio 35%. Hidróxido de Sódio 50 ºBé. Malha de algodão 100%, fio 30/1 Ne cardado. - Enxaguar a 60 ºC durante 10 min, soltar o banho; - Enxaguar a frio durante 5 min, soltar o banho. Receita do Tingimento - 2% de RB 19 - 50,0 g.dm-3 de Cloreto de Sódio - 5,0 g.dm-3 de Carbonato de Sódio - 2,0 cm3.dm-3 de Hidróxido de Sódio 50º Bé Procedimento - Iniciar com o cloreto de sódio, manter por 5 min a frio; MÉTODOS - Adicionar o corante, manter por mais 10 min a frio; Preparação do efluente - Adicionar o carbonato em duas vezes com intervalo de 5 Com a finalidade de produzir um efluente de min entre as dosagens; Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 29 Tecnologia Corantes - Adicionar o hidróxido em duas vezes com intervalo de 5 dados foi efetuada no espectrofotômetro Datacolor SF-600 min entre as dosagens; Plus, utilizando-se cubetas de acrilico de 1,0 cm de caminho -1 - Aquecer em 2 ºC.min até 40ºC, manter por 90 min, ótico, sendo que o comprimento de onda empregado para soltar o banho. todos os cálculos foi o de lmáx = 600 nm. Para determinar a influência do pH, foram feitas leituras Receita do Tratamento Posterior das absorbâncias inicial (Abs0) e final (Absf) das três - 1,0 cm3.dm-3 de Ácido Acético amostras, adotando l máx = 600 nm. A partir desses dados, -3 - 1,0 g.dm de Dispersante a eficiência foi calculada segundo a Equação 1: Procedimento - Tratar com o acético, manter por 5 a frio, soltar o banho; - Lavar duas vezes a frio durante 5 min; % de Eficiência = (Abs0 - Absf ) x 100 Abs0 - Adicionar o dispersante e aquecer em 5 ºC.min-1 até 80 ºC; - Manter 10 min a 80 ºC, soltar o banho; - Enxaguar uma vez a frio. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o ensaio inicial na faixa de pH 7,0 percebeu-se uma grande resistência na decomposição fotoquímica do Todos os banhos foram coletados e armazenados para corante, como demonstrado na Figura 2. realização dos ensaios.Tratamento Fotoquímico do Efluente Figura 2. Resultado da fotodecomposição em 4,20 x 10+3 s O efluente gerado no processo de tingimento do tecido de algodão foi dividido em três amostras, A, B e C, contendo 1,0 dm3 cada. Os valores de pH foram corrigidos para 7,0 (Amostra A); 9,0 (Amostra B) e 11,0 (Amostra C). Em seguida, adicionou-se 1,00 x 10-2 mol.dm-3 de H2O2 em cada uma das amostras para posterior tratamento no reator durante 90 minutos, a 296 K, com coletas de 10 cm3 efetuadas em A porcentagem de eficiência ficou em apenas 9,81%, intervalos de 10 minutos e posterior análise espectro- praticamente sem descoloração (Figura 7). A partir desse fotométrica UV/VIS. resultado, tínhamos duas opções. Tratar os efluentes por mais tempo ou seguir por uma linha de raciocínio adotada Análise dos efluentes por TEIXEIRA et al. (2008), onde o efluente estudado pelos Espectroscopia UV/VIS autores foi diluído em 30 vezes. Foram utilizados os espectros de absorção na região do Optamos então por adotar os dois métodos, ambos na visível, em comprimento de onda de máxima absorção faixa de pH 7,0 pelo fato da maioria dos processos de dos corantes ( lmáx), para determinação da porcentagem beneficiamentos têxteis serem efetuados nessa faixa, uma de eficiência na descoloração do efluente. A leitura dos com a amostra de efluente sendo diluída em 10 vezes e a 30 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Corantes outra, sem diluição, tratada durante 5:30 h de exposição fotoquímica. Ambos os ensaios apresentaram resultados Figura 5. Gráfico de fotodecomposição do efluente diluído 10 vezes, em 5,40 x 10+3 s e pH 9,0. satisfatórios, descritos nas Figuras 3 e 4, a seguir. Figura 3. Gráfico de fotodecomposição do efluente bruto em 1,92 x 10+4 s, pH 7,0. A eficiência apresentada nesse ensaio foi de 93,04%, com exposição do efluente diluído 10 vezes, em pH 9,0 durante 5,40 x 10+3 s, aproximadamente 1:30 h. A eficiência apresentada nesse ensaio foi de 96,81%, com exposição do efluente bruto em pH 7,0 durante 1,92 Figura 6. Gráfico de fotodecomposição do efluente diluído 10 vezes, em 5,40 x 10+3 s e pH 11,0. x 10+4 s, aproximadamente 5:30 h. Figura 4. Gráfico de fotodecomposição do efluente diluído 10 vezes, em 5,40 x 10+3 s e pH 7,0. A eficiência apresentada nesse ensaio foi de 93,04%, com exposição do efluente diluído 10 vezes, em pH 9,0 durante 5,40 x 10+3 s, aproximadamente 1:30 h.Os dados da porcentagem de eficiência de todos os ensaios efetuados A eficiência apresentada nesse ensaio foi de 90,70%, estão dispostos na Tabela 1 a seguir. com exposição do efluente diluído 10 vezes, em pH 7,0 durante 5,40 x 10+3 s, aproximadamente 1:30 h. Tabela 1. Porcentagem de Eficiência obtida nos ensaios. Baseado nos resultados obtidos, foram efetuados os ensaios com pH 9,0 e 11,0 tratados durante 1:30 h, ambos diluídos em 10 vezes. Os resultados obtidos nesses dois últimos ensaios, estão demonstrados nas Figuras 5 e 6, a seguir. Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 31 Tecnologia Corantes As Figuras 7, 8 e 9 retratam fotos dos efluentes bruto e CONCLUSÃO diluído, juntamente com fotos dos ensaios realizados em MARCOS ROSA, BAPTISTA E SANTANA (2009) pH 7,0 (bruto em 1:30 h e em 5:30 h, diluído em 1:30 h), demonstraram que o grupo cromóforo AZO, contido em 9,0 (diluído em 10 x, 1:30 h) e 11,0 (diluído em 10 x, 1:30 sistemas cromógenos do tipo VS são decompostos h). fotoquimicamente nas faixas de pH 7,0; 9,0 e 11,0, todos em Figura 7. Efluente Bruto após 1:30 h em pH 7,0 1:30 h de tratamento, o que não ocorreu com o grupo cromóforo ANTRAQUINÔNICO contido em sistema cromógeno de mesmo tipo. Foram necessárias 5:30 h para uma decomposição satisfatória ou então trabalhar com diluição do efluente para posterior tratamento. Os resultados mostraram que, para o efluente diluído, em qualquer pH utilizado no tratamento fotoquímico, a eficiência da decomposição do corante na faixa de l máx = 600, via fotocatálise com H2O2 na presença de luz UV foi acima de 90%, demonstrando que o pH não interfere nessa faixa. É importante frisar que ainda há vários estudos a serem Figura 8. Efluente Bruto após 5:30 h em pH 7,0. desenvolvidos, com variações de tempo, concentração de H2O2, fatores de diluição, potência, enfim, são inúmeras variáveis. Existem vários tipos de grupos cromóforos contidos em vários tipos de sistemas cromógenos que podem, ou não, possuírem comportamento semelhante ao comportamento do RB19. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Figura 9. Efluente Diluído após 1:30 h em pH 7,0, 9,0 e 11,0. 32 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. LUCAS, M.; JEREMIAS, P.F.P.T; ANDREAUS, J.; BARCELLOS, I.O.; PERALTA-ZAMORA, P.: “Reutilização de efluente de tingimentos de fibras acrílicas pós-tratamento fotoeletroquímico”. Química Nova. V. 31, n. 6, São Paulo, 2008. MARCOS ROSA, J.; BAPTISTA, E.A.; SANTANA, J.C.C.: “A influência do pH na Degradação Fotoquímica de Sistemas Cromógenos do Tipo Vinilsulfônicos (VS)”. Trabalho enviado para a Comissão Científica do XVII Simpósio Nacional de Bioprocessos - SINAFERM, Natal, Ago/2009. NEAMTU, M. et al. “Kinetics of decolorization and mineralization of reactive azo dyes in aqueous solution by the UV/H2O2 oxidation”. Dyes and Pigments, v. 53, p. 93-99, 2002. SDC - Society of Dyers and Colourists, AATCC - American Association of Textile Chemists and Colorists, Colour Index, Manchester, UK, 1971. SHORE, J.: Colorants and Auxiliaries, v.1: Colorants, 2nd Edition, SDC, Manchester, UK, 2002. TEIXEIRA, W.A.; COSTA, S.M.; P. JUNIOR, A.; COSTA, S.A.: “Descoloração de um Efluente Têxtil via Oxidação Avançada H2O2/UV”. In: XVI Encontro de Química da Região Sul, FURB, Blumenau, Nov/2008. ZAZO, J.A. et al.: “Catalytic wet peroxide oxidation of phenol with a Fe/active carbon catalyst.” Applied Catalysis B: Environmental, v. 65, p. 261-268, 2006. ZOLLINGER, Z. (1991). Color Chemistry: Syntheses, Properties and Applications on Organic Dyes and Pigments. 2nd Edition, New York, VCH Publishers, Inc. Tecnologia Fibras Produção de algodão orgânico, colorido e transgênico no Brasil e testes físicos de controle de qualidade da fibra e fio de algodão Autores:Regina Aparecida Sanches; Waldir Mantovani Júlia Baruque Ramos Revisão Técnica: José Antonio Marconi RESUMO vegetal (Gossypium herbaceum). Quando seca, a fibra de O algodão é a principal fibra têxtil de origem vegetal algodão é quase inteiramente composta por celulose (88 a no Brasil e no mundo. É uma fibra de semente vegetal 96%). Além de celulose, ela contém pequenas porções de (Gossypium herbaceum), sendo objeto de estudos e proteína, pectina, cera, cinzas, ácidos orgânicos e pigmentos experimentos. Além do algodão comum, atualmente, (RIBEIRO, 1987). novas variedades como o algodão orgânico, colorido e Trata-se de uma fibra fina, de comprimento variando entre transgênico estão sendo produzidas em escala mundial. A 24 e 38 mm e, por não apresentar grandes exigências em produção dessas variedades no Brasil é recente, e relação ao clima ou ao solo, pode ser produzido em representa papel fundamental nos aspectos econômicos e praticamente todos os continentes (OLIVEIRA, 1997; sociais. As propriedades físicas da fibra determinam a ARAÚJO E CASTRO, 1984). No entanto, é uma planta de sua qualidade ou valor tecnológico. No entanto, o cultura delicada e muito sujeita a pragas, sendo grande conceito de qualidade do algodão sofreu modificações consumidora de desfolhantes, herbicidas e fungicidas. Seu em função do avanço tecnológico. preço é regulado pela oferta, demanda e classificação de Muitos dos testes físicos de qualidade foram qualidade, especialmente em relação às características da atualizados através do uso de aparelhos mais fibra, como, por exemplo, o índice de uniformidade e o teor sofisticados, tais como o “High Volume Instrument” de impurezas presentes na matériaprima (fardos). (HVI). Apesar dessas novas tecnologias serem mais As principais vantagens comparativas do algodão em caras, é vital para os países produtores sua rápida relação às fibras artificiais e sintéticas decorrem adaptação aos padrões de qualidade como maneira de principalmente do conforto dos itens confeccionados e manterem sua competitividade no mercado mundial. também dos aspectos ecológicos. O algodão responde por PALAVRAS-CHAVE: Algodão, Variedades, Brasil, Controle de Qualidade, Testes Físicos. aproximadamente 80% das fibras utilizadas nas fiações brasileiras: na tecelagem, 65% dos tecidos são produzidos a partir de fios de algodão, enquanto na Europa gira em torno 1. Introdução 66 68 de 50% (OLIVEIRA, 1997). O algodão é a principal fibra têxtil de origem vegetal O Brasil é o quinto produtor mundial e o quarto maior no Brasil e no mundo. O algodão é uma fibra de semente exportador da fibra. Os maiores produtores brasileiros são os Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Fibras Estados do Mato Grosso, Bahia, Goiás e Mato Grosso do final limpo, com rendimento satisfatório (LIMA, 1995). Sul. Cerca de 90% do algodão brasileiro é produzido no Diversos casos de desastres ecológicos registrados têm Cerrado (Centro Oeste, oeste da Bahia, sul do Maranhão e como principal causa o uso indevido e em larga escala de Piauí), região que oferece condições favoráveis à pesticidas, fertilizantes, fungicidas e desfolhantes. Dessa expansão da lavoura, como clima, baixo custo de maneira, a cultura orgânica visa obter uma produção produção e condições topográficas ideais para a mecanização do plantio e da colheita. O restante é sustentável livre de elementos químicos (LIMA, 1995). As técnicas aplicadas na agricultura elevam a matéria plantado no norte e oeste do Paraná e oeste e sul de São orgânica e melhoram as condições do solo. A adubação verde, Paulo. (BAYER, 2008). método que emprega esterco animal ou compostos orgânicos O processo de beneficiamento do algodão tem grande no solo, e a rotação de culturas são exemplos de técnicas influência na comercialização da fibra, pois permite aplicadas durante o desenvolvimento da planta (LIMA, agregar valor e margem de lucro para os produtores. 1995). Dessa maneira, realizar o beneficiamento em local Já no controle biológico, o manejo de pragas e doenças é próprio pode elevar o preço de mercado (LIMA et al, realizado por métodos de monitoramento, pulverização com 2006). Após o beneficiamento, o algodão é separado por produtos de origem vegetal ou óleos e sabões, armadilhas de tipos e lotes. Antes de ser embarcado, o algodão ainda é feromônios, catação manual e uso de organismos vivos tais submetido ao teste de HVI (High Volume Instrument) como Bacillus thuringiensis, baculovirus ou insetos para estabelecer os valores intrínsecos à qualidade, onde predadores e parasitas (SOUZA, 2000). são registrados os valores de tenacidade, comprimento, cor e a espessura da fibra. (BAYER, 2008). No caso do Brasil (Tabela 1), essa atividade iniciou-se em meio a uma grave crise na produção do algodoeiro Gossypuim hirsutum Marie galante Hutch, conhecido como 2. Algodão Orgânico “mocó”, que quase foi extinto na Região Nordeste devido à A produção de têxteis ecológicos tem se expandido praga do bicudo. A cultura orgânica foi utilizada para manter muito nos últimos anos, com o interesse de indústrias de e recuperar a qualidade nutricional do solo e os resultados pequeno, médio e grande porte na fabricação de peças que obtidos estimularam outros agricultores a também adotarem utilizam o algodão orgânico, porém ainda não acompanha as técnicas orgânicas. (LIMA, 1995). o forte aumento da demanda industrial pela fibra (LIMA et al, 2006). A produção nacional de algodão orgânico está a cargo de pequenos produtores que empregam mão-de-obra familiar, A agricultura orgânica é uma técnica que tem como principalmente no Estado do Ceará, em cultivo consorciado objetivo preservar o equilíbrio natural do ecossistema com outras culturas. Atualmente, o cultivo de algodão utilizando métodos contrários à aplicação de agrotóxicos, herbáceo substituiu à tradicional cultura do algodão arbóreo. substâncias químicas e materiais sintéticos que depositam (SOUZA, 2000). resíduos tóxicos e geram riscos à saúde ambiental e Outros Estados como Paraíba, Rio Grande do Norte, humana (ambientebrasil). As áreas de agricultura Pernambuco e Paraná também produzem o algodão orgânico orgânica são trabalhadas a fim de manter o equilíbrio (Tabela 1), mas ainda dependem da inserção de técnicas e natural, produzindo plantas sadias e conseqüente produto maior organização na produção, processamento, distribuição Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 67 Tecnologia Fibras e consumo que visem fortalecer aspectos econômicos e 3. Algodão Colorido sociais, compondo um sistema coordenado (LIMA et al, 2006). Uma antiga forma de cultivo de algodão, com fibras naturalmente coloridas, é conhecida e praticada a mais de As diferenças registradas entre as Regiões Nordeste e 5.000 anos (Figura 1). Através dos conceitos de Sul são referentes às formas de cultivo do algodão. desenvolvimento sustentável e preservação do meio Enquanto no Nordeste, o cultivo da fibra é consorciado ambiente, esse algodão retornou como fonte alternativa de com outras culturas como milho e feijão, no Sul as matéria-prima têxtil, que reduz o impacto ambiental na lavouras orgânicas são baseadas no sistema de produção e processamento de algodão. Com isso, a cultura do monocultura (LIMA et al, 2006). algodão naturalmente colorido está presente hoje em 19 Com o crescimento da demanda, criou-se a países (SOUZA, 2000). necessidade de certificar o produto orgânico, com normas Figura 1: Algodão Colorido (iac.sp.gov.br) que regularizem a produção, processamento e comercialização desses produtos (Tabela 2). Coube então à Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica (IFOAM) elaborar legislação especifica, em vigor na União Européia e em diversos países. Outros estabelecimentos certificadores são: KRAV (Suécia), Biokultura (Hungria), Instituto Biodinâmico (Brasil), FVO (Estados Unidos) e NASAA (Austrália).A certificação é uma ferramenta fundamental para o consumidor; baseado na certificação se tem a total segurança de adquirir um produto de qualidade (LIMA, 1995). Tabela 1: Produção de Algodão Orgânico no Brasil – 2006 A variedade é encontrada nas cores verde e marrom em diferentes tonalidades. O cultivo foi mantido por índios e pequenos agricultores ao longo dos anos por comunidades tradicionais do México, Guatemala e Peru (SOUZA, 2000). A partir dos anos 80 algumas empresas norte-americanas adquiriram patente das variedades coloridas e as reinseriram no mercado, sendo parte delas produzidas no sistema orgânico. Além disso, características como comprimento, Tabela 2: Organização de Produtores e Instituições de Apoio – Algodão Orgânico uniformidade, finura, resistência e manutenção de cor são objeto de estudo de pesquisadores para melhoramento genético. Também realizado no Brasil, esse estudo está a cargo do Centro Nacional de Pesquisa de Algodão da Empresa Brasileira de Pesquisa (SOUZA, 2000). A principal vantagem da fibra colorida é a eliminação da 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Fibras etapa de tingimento na indústria têxtil, assim o nível de 4. Algodão Geneticamente Modificado efluentes resultantes do uso de corantes é drasticamente Os programas de melhoramento genético convencional do reduzido, diminuindo o impacto ambiental (SOUZA, algodoeiro datam do início do século XX e, inicialmente, 2000). tinham como principal foco a obtenção de cultivares mais Um ponto negativo é a contaminação dos algodões precoces e de ciclo determinado (Figuras 2 e 3). Por meio brancos pelos coloridos durante o cultivo e bene- desses programas, criou-se a possibilidade de aumentar a ficiamento. Sua produção é cerca de 10% menor do que o produtividade das plantações, além da melhoria na qualidade algodão comum, e suas propriedades nem sempre são das fibras (cib.org.br). satisfatórias para a fiação. Conta, ainda, com o fator Uma vertente muito estudada está relacionada ao controle limitante de cores existentes no mercado, devido a de pragas características das plantações de algodão. Bicudo incerteza de aceitação dos produtores (SOUZA, 2000). (Anthonomus grandis), lagartas (Alabama argillacea, No Brasil, alguns algodões com fibras marrons já eram Heliothis virescens e Pectinophora gossypiella), Spodoptera cultivados nos estados de Minas Gerais e Bahia, somente frugiperda e Trichoplusia ni são exemplos de pragas que para confecção de artesanatos. A provável origem dessa atacam esse cultura (cib.org.br). coloração natural se dá às espécies G. barbadense L e G. Mustelinum (naturalfashion.com.br). Atualmente são cultivados dois tipos de algodão geneticamente modificados, resistentes a insetos e ao Com o crescente interesse no estudo de fibras herbicida glifosato (algodão.agr.br). coloridas, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) – Algodão, juntamente com o intercâmbio Figura 2: Exemplo de Planta Geneticamente Modificada (cib.org.br) de informações de outros países que também desenvolvem projetos acerca do assunto, vêm desenvolvendo novas cores e melhorando a qualidade da fibra. Como resultado, foram selecionadas as cultivares BRS VERDE, lançada em 2003 e as BRS RUBI e BRS SAFIRA, em 2005, de fibra marrom avermelhada. São plantas anuais, cultivadas especialmente na Região Nordeste, que possui precipitação pluvial igual ou maior quer 600 mm anuais. Já a BRS 200 de fibra marrom claro é semiperene, indicada para as regiões mais secas da região Nordeste, com ciclo de três anos (naturalfashion.com.br) No Brasil, o marco inicial da pesquisa de melhoramento Esse algodão plantado na Região Nordeste é genético data de 1924, em São Paulo, pelo Instituto basicamente de agricultura familiar, utilizando pequenas Agronômico de Campinas. Desde então, houve o e médias propriedades ou associações, usando mini- desenvolvimento de novos programas, que atendem a descaroçadoras e prensas (algodao.agr.br). diversas demandas (cib.org.br) Bacillus thuringiensis (B. t.) é uma bactéria facultativa Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 69 Tecnologia Fibras anaeróbica que forma cristais de proteína, substância 11.460, de março de 2007 (conversão da MP 327), e tóxica para certos invertebrados. Portanto, essa variedade regulamentada pelo decreto N° 5950, de outubro de 2006. apresenta resistência a insetos (algodão.agr.br). Figura 4: Zonas de Exclusão do Algodão Há uma bactéria no solo que modifica a enzima EPSPS, e não é afetada pelo herbicida glifosato (tecnologia Roundup Ready ou RR). Esse herbicida possui mobilidade no solo, resistência e riscos ao ser humano e vida aquática baixos, sendo considerado menos danoso ao meio ambiente e organismos (algodão.agr.br). A tecnologia RR oferece ao produtor maior flexibilidade no manejo de plantas daninhas e sustentabilidade dos custos de produção a curto e longo prazo. As variedades Bt e RR trouxeram enormes benefícios à industria algodoeira, reduzindo o uso de pesticidas e herbicidas convencionais (algodão.agr.br). Figura 3: Exemplo de Cruzamento Artificial (cib.org.br) 5. Principais Testes Físicos das Fibras de Algodão Muitos dos testes descritos abaixo atualmente podem ser realizados pelo “High Volume Instrument” (HVI), aparelho patenteado pela Uster Technologies, em adição ou como um substituto para a visão humana, notadamente para substituição das análises de comprimento da fibra, tenacidade, índice micronaire (uma medida da finura do algodão), grau de cor, cor Rd (reflectância), cor +b (amarelamento), e porcentagem de resíduos. Seguidamente a este item será descrito o emprego e índices de classificação utilizando o HVI. Os principais testes físicos são descritos como segue: Natureza – Refere-se à sua classificação como matériaprima. Exemplos: algodão, lã, seda, poliéster, etc. Morfologia – A vista longitudinal e o corte transversal que caracterizam a forma da fibra. Há ainda as “zonas de exclusão”, áreas que Estes são determinados por microscopia ótica ou possibilitam a diminuição de cruzamento entre microscopia eletrônica. variedades (Figura 4). No Brasil, além das Zonas de Comprimento – É a dimensão da fibra em seu estado Exclusão de algodoeiros transgênicos, estabelecidas pelo natural. A determinação do comprimento comercial pode ser Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a feita por meio manual (RIBEIRO, 1987; Bayer, 2005; Lei N° 9985, de julho de 2000, alterada pela Lei N° ARAÚJO e CASTRO, 1984; ALBUQUERQUE e VIEIRA, 70 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Fibras 1988), apesar de mais imprecisa que o método descrito a Determina-se também o Índice ou Conteúdo de Fibras seguir. Visualmente pode ser medida a “olho nu” com Curtas (%) que é a freqüência expressa em função do peso ou régua ou eletronicamente (RIBEIRO, 1987; ARAÚJO e da quantidade de fibras com comprimento inferior a 12,7 mm. CASTRO, 1984; ALBUQUERQUE e VIEIRA, 1988). Fardos de algodão com alto conteúdo de fibras curtas irão Eventualmente, há a necessidade de auxílio de lupa ou acarretar perdas e irregularidade importantes na fiação, microscópio óptico para fibras muito pequenas. especialmente em processos penteados. Tem-se como uma A amostra da fibra, quando do seu recebimento para amostra de boa qualidade de algodão aquela que contiver no fins de teste pelo laboratório, deve ser bem elaborada, a máximo 7% de fibras curtas (Bayer, 2005). fim de que os resultados possam ter características confiáveis. Também deve-se ressaltar que a relação direta entre o comprimento de extensão das fibras e a regulagem adequada Quando essa mistura não é bem feita, corre-se o risco dos escartamentos em todos os campos da estiragem torna a de estar levando a teste uma parte não representativa do medida do assim chamado “span lenght” um importante passo algodão que se encontra realmente na amostra. Para evitar para o fabricante de fios. O Fibrógrafo Digital mede o tais problemas, no caso do algodão prepara-se, via de comprimento de extensão em cada estágio do processo de regra, a amostra colhendo 32 punhados de diferentes produção, desde amostras dos fardos até o acompanhamento partes do estoque, com um peso aproximado de 10 das fitas de carda através do processo. Amostras dos gramas, após o que é levada ao Misturador de Fibras. cortadores de fibras artificiais e sintéticas também podem ser Após isso, utiliza-se um Preparador de Amostras medidas por este aparelho. (ALBUQUERQUE e VIEIRA, (“Fibrosampler”) para as análises seguintes. No caso do algodão, o comprimento da fibra é, 1988) Ao saírem da máquina, as fibras entram na seguinte em basicamente, uma característica genérica da fibra peculiar sentido contrário. A verificação deste detalhe se faz em cada variedade. Contudo, o clima, a deficiência de necessário, tendo em vista que num dos lados da fibra está o nutrientes, a limpeza, secagem/umidificação excessivos, gancho e, para não haver erro, deve-se dar um nó na ponta da durante o processo de beneficiamento, afetam fita. Em seguida, distribui-se a fita no “Sliver Clamp negativamente o comprimento da fibra. O Comprimento Fibrograph”. Não se pode deixar de ter sempre em mente a Médio da Fibra (UHM) é determinado eletronicamente, parte traseira (“back”) e dianteira (“front”) da fibra, pois, considerando-se o comprimento médio da metade mais pela formação dos ganchos que foi referida, as medidas dos longa do feixe de fibras em 32 subdivisões de polegada. comprimentos no “Sliver Clamp Fibrograph” apresentam Este procedimento reproduz com grande fidelidade o diferenças e não é possível invertes as leituras em hipótese alguma, pois serão necessárias as medidas na posição correta comprimento visual, executado pelo classificador. Determina-se a Uniformidade de Comprimento (%), quando se for verificar o escartamento. À medida que as fibras relação entre o comprimento médio e o comprimento vão sendo processadas, as diferenças “front” e “back” médio da metade mais longa do feixe de fibras. Se não diminuem, aumentando a quantidade de fibras sem ganchos houvesse discrepância entre estas duas medidas, a (ALBUQUERQUE e VIEIRA, 1988). uniformidade seria igual a 100%. Entretanto, isto só é possível em fibras produzidas quimicamente. Finura ou Fineza – É a medida do diâmetro da fibra. No caso do algodão, o Índice Micronaire, também conhecido Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 71 Tecnologia Fibras como “finura de fibra”, é um índice adimensional, recuperação das deformações dos tecidos e certos aspectos do indicador da resistência de uma determinada massa de toque. A deformação divide-se em duas partes, uma elástica fibras a um fluxo de ar, à pressão constante, em câmara de que é recuperável e outra plástica que não é recuperável. A volume definido. Este índice, que é fortemente recuperação elástica é definida como (ARAÚJO e CASTRO, influenciado pelo conteúdo de celulose presente na 1984): parede secundária da fibra, permite estimar a quantidade de fibras que irão compor a seção transversal do fio e, Re = extensão elástica. 100 extensão total portanto, sua resistência e regularidade em função de comprimento. O índice micronaire exerce forte Resiliência – É a propriedade da fibra de voltar ao seu influência na eficiência de limpeza e de remoção de estado original tão logo seja retirada a carga ou a força que a “neps”, na resistência à ruptura e na uniformidade de comprimia (RIBEIRO, 1987). massa dos fios, bem como no tingimento de fibras, fios e Flexibilidade – É a propriedade que a fibra possui de tecidos. No caso do algodão, esta característica tem uma suportar a flexão (RIBEIRO, 1987). contribuição genética muito expressiva, entretanto, Fiabilidade – É a propriedade que a fibra possui de se aspectos ambientais e de manejo também podem transformar em fio (RIBEIRO,1987). provocar variações. Dentro de uma mesma variedade, Resistência – É a capacidade que a fibra tem de suportar fibras com baixo índice micronaire tendem a ter menor uma carga até romper-se. Da resistência, da finura, do conteúdo de celulose do que aquelas que apresentam comprimento e da uniformidade da fibra depende a altos índices. A celulose pode representar mais de 95% da resistência do fio. Outros fatores podem, ainda, contribuir massa total da fibra seca, por este motivo ela é a principal para essa resistência, tais como o coeficiente de torção, o tipo responsável pela maioria das características físicas de de estiragem e, de uma maneira mais geral, um bom processo fibra. Usualmente comercializa-se algodão entre os de fiação (ALBUQUERQUE e VIEIRA, 1988). A resistência limites 3,9 e 4,5 de micronaire, sendo ideais os a ruptura é expressa em g/tex (universal) e gf/tex (Brasil), compreendidos entre 3,8 a 4,2 (Bayer, 2005). sendo que este parâmetro de qualidade representa a força Alongamento – É a deformação longitudinal máxima máxima necessária para romper um feixe de fibras. Para o que a fibra suporta antes de romperse. O alongamento à algodão, quanto mais resistente for este, pode ser usado em ruptura (%) indica a deformação total da fibra (elástica e menores quantidades. Este parâmetro é diretamente ligado à permanente), quando submetida à tração, até a sua maturidade da fibra de algodão, ou seja, a seu conteúdo de ruptura (Bayer, 2005). celulose presente na parede secundária da fibra. Um algodão Cessação por interrupção – É a capacidade que a fibra colhido prematuramente, ou conduzido em condições de solo possui de recuperar, total ou parcialmente, o seu e clima inapropriados, irá, certamente, apresentar um baixo comprimento inicial, após a cessação da força que a padrão de resistência à ruptura. Nos processos de colheita e deformava (RIBEIRO, 1987)]. As fibras têm maior ou beneficiamento mecânicos, fibras de baixa resistência tendem menor recuperação elástica podendo, pelo menos a romper-se, formando pequenos emaranhados. A esta aproximadamente, relacionar essa propriedade com deformidade dá-se o nome de neps e, ultimamente, a algumas características de produtos têxteis, tais como indústria têxtil tem demonstrado grande preocupação com 72 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Fibras este defeito em particular. Atualmente, espera-se uma mufla) para determinar o comportamento do material encontrar, para fibras de algodão entre 28 e 29 mm, uma têxtil ao fogo (Controle de Qualidade Têxtil, 2001) resistência mínima de 26 g/tex (Bayer, 2005). Cor, Lustro e Reflectância – A cor é inerente à natureza da Potencial de Formação de Neps em Fibras de Algodão fibra. No caso das fibras naturais, a variação de cor depende – Para determinar a potencialidade de formação de neps de complexos processos agronômicos ou pecuários. O lustro nas fibras de algodão, o Departamento de Pesquisas é o brilho natural da fibra. A forma da fibra também tem Têxteis, da Universidade da Carolina do Norte (E.U.A.), influência no brilho. Quanto mais lisa e circular, maior brilho desenvolveu um aparelho denominado Nepotômetro, que a fibra apresenta. No algodão a cor pode estar relacionada atua como uma carda em miniatura e consta, com diversos fatores tais como: genética, cor da terra onde foi essencialmente de três tambores em disposição equilátera plantado, prolongada exposição ao sol ou às chuvas, pragas recobertos por uma guarnição rígida rodando com que atacam o capulho, grau de impurezas, etc. A cor será uma velocidades ligeiramente distintas. Durante o das principais características para a determinação do tipo e funcionamento do aparelho ocorre o favorecimento para valor comercial do algodão (ALBUQUERQUE e VIEIRA, um máximo de capacidade de formação de neps. Após o 1988). A reflectância (Rd %) representa uma escala que varia teste com a fibra, ocorre a comparação com padrões do branco ao cinza. Quanto maior a reflectância da fibra, previamente fornecidos com o equipamento menor será o seu acinzentamento, e, portanto, maior o (ALBUQUERQUE e VIEIRA, 1988). interesse da indústria têxtil, uma vez que os custos com Umidade e “Regain”– Umidade é o percentual de água alvejamento pré-tintorial são significativamente reduzidos. que o material possui em relação ao seu peso úmido (PU). Sabe-se que colheita e armazenamento em ambientes com “Regain” é o percentual de água que o material possui em umidade excessiva contribuem para aumentar o relação ao seu peso seco (PS) até atingir o ponto de acinzentamento da fibra (Bayer, 2005). Para determinar o equilíbrio com a umidade relativa ambiente (medida com tipo de algodão (em função do seu grau de limpeza) auxílio de um psicômetro). A porcentagem de “regain” é comparam-se amostras de fardos com amostras-padrão sempre maior do que o percentual de umidade. As contidas nas Caixas de Algodão Padrão fornecidas pelo amostras deverão ser colhidas em vasos hermeticamente Ministério da Agricultura (RIBEIRO, 1987). fechados e pesadas antes e depois de secagem em estufa na balança analítica. Determinação do Percentual de Matéria Não Fibrosa no Algodão – As impurezas oriundas do campo acompanham as Porosidade – Quanto mais porosa, mais higroscópica fibras do algodão até chegar à indústria. É importante a é a fibra, ou seja, mais capacidade ela apresenta de separação da matéria não fibrosa que está inserida na massa absorver umidade ou corante (RIBEIRO, 1987). de fibra do algodão, possibilitando saber-se a quantidade real Densidade – É a relação entre a massa da fibra e o seu de matéria-prima que poderá ser efetivamente transformada volume (RIBEIRO, 1987). Flamabilidade – É a propriedade que a fibra possui de queimar ou não (RIBEIRO, 1987). em fio (ALBUQUERQUE e VIEIRA, 1988). Maturidade – É o grau de desenvolvimento da parede da fibra. Para duas fibras de mesmo diâmetro, a mais madura Analogamente ao teste realizado em tecidos pode se será aquela que tiver parede mais espessa na sua seção usar um Inflamabilímetro (equipamento semelhante a transversal. Esta propriedade só diz respeito à fibra natural de Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 73 Tecnologia Fibras origem vegetal, que na maioria das fibras encontra-se um substituto para a visão humana) para o comprimento da muito ligada à época da colheita. (RIBEIRO, 1987; fibra, a resistência, índice micronaire (uma medida da finura ARAÚJO e CASTRO, 1984] do algodão), grau de cor, cor Rd (reflectância), cor +b (amarelamento), e porcentagem de resíduos. Todas as 6. “Universal Standards for American Cotton” medidas instrumentais aceitas atualmente pelo USDA são (UNCTAD, 2008) executadas pelo “High Volume Instrument” (HVI), aparelho Antes do desenvolvimento de padrões oficiais, o patenteado pela Uster Technologies, uma das principais algodão era negociado na base de sua variedade e onde foi companhias para controle da qualidade de matéria têxtil. cultivado, apesar da existência de alguns padrões físicos Dada a aceitação internacional do teste de HVI, em 1996 o para classificação do algodão (caixas de amostras), as acordo universal dos padrões do algodão foi emendado quais eram usadas em caráter privado. O “United States reconhecer padrões USDA de calibração por HVI para o Cotton Futures Act” de 1914 autorizou o Ministério da índice de tenacidade, do comprimento e da uniformidade. Os Agricultura Americano (USDA) a estabelecer padrões novos padrões foram chamados “Universal HVI Calibration físicos como meios de determinar o grau de cor, o Cotton Standards” e continuam a ser os padrões mais comprimento e a resistência da fibra e outras qualidades e reconhecidos para a calibração de HVI. O USDA está propriedades. Estes padrões depois disso foram continuando seu esforço para a padronização global de HVI. acordados e aceitos pelas principais associações A qualidade da fibra do algodão é determinada por três européias de algodão. Foram acordados como fatores, a saber, pela cor do algodão descaroçado, da pureza (a denominados “Universal Standards for American ausência de corpos estranhos) e da qualidade do processo de Cotton”. Assim, quando em 1923 o Ministério da descaroçamento, e do comprimento das fibras. Atualmente, Agricultura dos Estados Unidos (USDA) assinou o praticamente todo o algodão cultivado nos Estados Unidos é acordo universal dos padrões do algodão com nove classificado pelo USDA a pedido dos produtores. associações de algodão em sete principais países A classificação HVI (High Volume Instrument) está europeus, esse sistema se tornou cada vez mais de uso disponível em uma base opcional a todos os cultivadores e global. Atualmente 24 associações signatárias, interessados desde 1981. A cor do algodão é medida pelo grau representando 21 países, concordaram usar somente da reflectância (Rd) e de amarelamento (+b). Um código de padrões universais para avaliar o algodão “upland cor de três números é usado para indicar a classe da cor. Esta americano” cultivado nos Estados Unidos. Além disso, é classe da cor é determinada encontrando o quadrante da carta empregado também por países não-signatários para de cor em que os valores do Rd e do +b se cruzam. Por avaliar algodão originário ou não dos Estados Unidos. exemplo, uma amostra com um valor de Rd de 72 e um valor Considerando que outros países começaram desenvolver de +b de 9.0 teria um código de cor de 41-3. seu próprio sistema de classificação, o USDA esforça-se Na classificação do algodão, a classe da cor do algodão do continuamente no desenvolvimento e na melhoria dos “upland americano” é determinada usando a carta de cor de padrões da classificação do algodão. HVI (medida pelo instrumento), o qual é provido para Desde 1991, a classificação do algodão do USDA é fornecer os padrões de classe que estão na custódia do USDA baseada em medidas instrumentais (em adição ou como (os padrões universais acima mencionados do algodão usados 74 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Fibras por classificadores humanos para determinar a classe amostras do algodão que são usadas para medir o oficial da cor). comprimento da fibra. Os resultados são relatados nos termos A classe de resíduos descreve o conteúdo de folhas ou de gramas por tex (uma unidade do tex é igual ao peso em de resíduos no algodão. Uma medida do resíduo por HVI gramas de 1.000 metros de fibra). Desse modo, a tenacidade é está também disponível, embora o método tradicional da descrita como a força exigida para romper um conjunto de determinação do classificador para a classe de resíduos fibras por unidade de tex. A tenacidade da fibra é determinada continue a ser incluído como parte da classificação oficial em sua maior parte pela variedade de espécie do algodão. As do algodão pelo USDA. No HIV, os resíduos no algodão medidas da tenacidade são executadas por HVI de acordo cru são medidos por um “video-scanner”. com métodos padrão do teste. Os termos descritivos listados Com base na metodologia de classificação USDA, a abaixo (Tabela 4) podem ser úteis em explicar os resultados medida do comprimento do algodão “upland americano” da medição. é executado por HVI de acordo com métodos padrão do Tabela 4: Tenacidade da Fibra teste. O comprimento da fibra, medida em polegadas e em frações de polegada, é classificado de por meio de códigos (Tabela 3). Tabela 3: Medidas de Comprimento Outras propriedades que são de grande importância para o uso industrial do algodão são a finura e maturidade da fibra, as quais são medidas de acordo com métodos padrão do teste. A metodologia classificatória está continuamente sendo atualizada em termos de métodos e equipamentos. A uniformidade do comprimento é a relação entre o 7. Principais Testes Realizados nas Indústrias de Fiação comprimento médio e o comprimento médio da metade de Algodão superior em uma amostra. É medida nas mesmas amostras A análise de fios é fundamental para manter a qualidade do algodão que são usadas para medir o comprimento da final da fiação. O processo de fiar contém muitos pontos que fibra e relatada como uma porcentagem. Quanto mais interferem no produto final e precisam de controles elevada a porcentagem, maior a uniformidade. As permanentes. Por outro lado, a produção deve obedecer a medidas são executadas por HVI. O algodão com um regra global de otimização de custos para se tornar baixo índice da uniformidade provavelmente tem uma competitiva. porcentagem elevada de fibras curtas e pode ser difícil de processar. Para produzir com qualidade e a custos mínimos, há necessidade de investir em uma estrutura de controle de A medida da resistência (tenacidade) da fibra é feita qualidade que monitora a fiação. Dentre as principais prendendo e rompendo um pacote de fibras das mesmas análises deve-se atentar para: título, torção, regularidades, Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 75 Tecnologia Fibras resistência/alongamento, aparência e coeficiente de atrito. valor do produto acabado. As análises devem ser feitas diariamente, por Regularímetro – Neste teste é analisada a regularidade do amostragem em todas as máquinas. O laboratório deve ser fio, determinando o coeficiente de variação da massa, os climatizado (20oC e 65% de umidade relativa) de modo a pontos finos e grossos, neps e a pilosidade do fio, prevendo a manter as condições ideais de umidade e temperatura, qualidade do tecido final. permitindo maior fidelidade nos resultados auferidos. Espectograma: Indica se as variações são casuais ou Os fios podem ainda ser avaliados de acordo com o periódicas e qual seu comprimento. É indicado para padrão USTER, referência internacional em controles de determinar a localização de defeitos e estiragem. qualidade do segmento. Os principais procedimentos de controle de qualidade são (Incofios, 2008): HVI – Instrumento de medição para altos volumes, Dinamômetro – Este teste tem por objetivo medir a resistência (tenacidade) e o alongamento do fio. Aspa – Através dos aparelhos de análise Aspa e Balança, mede com precisão e rapidez as propriedades físicas do ocorre a medição do título (Ne) do fio. O teste determina a algodão, como comprimento, resistência, alongamento, massa em gramas para 100 metros de fios. cor e conteúdo de impurezas da fibra (Figura 5). Faz a Seriplano – Mede a aparência visual do fio. separação que permite novos níveis de controle da Torcímetro – Mede a quantidade de torções por metro no armazenagem e seleção de mistura e a regulagem fio. adequada das máquinas. Figura 5: HVI, modelo ART da empresa Premier iQ Ingeenered Quality http://www.premier-1.com/home.html Coeficiente de Atrito do Fio – Mede o coeficiente de atrito do fio, verificando se a parafinagem está sendo aplicada corretamente. 8. Conclusões O algodão tem grande importância para a economia do Brasil. Além do algodão de fibra branca, alternativas como algodão orgânico, colorido e geneticamente modificado estão sendo inseridos no mercado nacional e a produção dessas novas variedades tem como características peculiares a produção familiar em pequenas e médias propriedades. A demanda está em elevação, porém ainda há necessidade de incorporar tecnologias no cultivo e processamento da fibra, pois as propriedades físicas da fibra determinam a sua Medição neps/grama – Mede a quantidade de qualidade e valor. neps/grama do algodão em pluma, entrada/saída de cardas Antigamente o valor do algodão era considerado apenas e fitas de penteadeiras. Este controle permite o em função do comprimento da fibra e do tipo comercial, acompanhamento da qualidade do algodão, eficiente de sendo o primeiro determinado manualmente pelos cardagem e índice da saída de neps durante o processo. A classificadores e o segundo, visualmente, em função da presença de neps nos fios de algodão afeta a qualidade e o limpeza, aparência, cor e aspectos de beneficiamento. No 76 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Fibras entanto, o conceito de qualidade do algodão sofreu INCOFIOS – Empresa de Fiação em Santa Catarina modificações em função das atualizações tecnológicas. (Brasil). Arquivo capturado em outubro/08 (www.incofiO teste “High Volume Instrument” (HVI), aparelho os.com.br) patenteado pela Uster Technologies, é exemplo de Lima, P. J. B. F. Algodão Orgânico: bases técnicas da inovação em controle de qualidade em adição ou como produção, certificação, industrialização e mercado. VII um substituto para a visão humana, notadamente para Reunião Nacional do Algodão, Londrina, Paraná, 1995. substituição das análises de comprimento da fibra, tenacidade, índice micronaire (uma medida da finura do algodão), grau de cor, cor Rd (reflectância), cor +b (amarelamento), e porcentagem de resíduos. Desse modo, apesar das novas tecnologias serem mais caras, é vital para os países produtores, em especial o Brasil, a rápida adaptação aos novos tipos de algodão e padrões de qualidade como maneira de manterem sua competitividade no mercado mundial. Lima, P. J. B. F., SOUZA, M. C. M. Produção Brasileira de Algodão Orgânico e Agroecológico em 2006. Disponível em:www.esplar. org.br/artigos/2007/agos-to/algodao_agroecologico.pdf (acessado dia 29/05/2008) Oliveira, M.H. Principais Matérias-Primas Utilizadas na Indústria Têxtil. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 5: 1-40, mar. 1997. Ribeiro, L.G.; Andrade Filho, J. Introdução à 9. Referências Bibliográficas Engenharia Têxtil. Volumes I, II e III, SENAI, Rio de Albuquerque, F.F.; Vieira O.F. Controle de Janeiro, 1987. Souza C. M. Produção de algodão orgânico colorido: Qualidade na Indústria de Fiação e Tecelagem. Vol. I e II. SENAI, Rio de Janeiro, 1988. possibilidades e limitações. Informações Econômicas, Araújo, M.; Melo e Castro, E.M. Manual de São Paulo, v. 30, n. 6, jun/2000. UNCTAD - United Nations Conference on Trade and Engenharia Têxtil. Volumes I e II. Fundação Caloustre Gulbekian, Lisboa (Portugal), 1984. Delopment – Commodities Information: Cotton Quality. Bayer - Fibras 100%. Qualidade final: Algodão. Arquivo capturado em outubro/08. (Http://www.unctad.org/infocomm/anglais/cotton/qu Revista Bayer CropScience, Jun/05: 3-4, 2005. Bayer - Do campo até o consumidor. Revista Bayer ality.htm) (http://pt.wikipe-dia.org/wiki/Algod%C3%A3o) Report, Jan/08: 34-9, 2008. Controle de Qualidade Têxtil II – Protocolos dos (Http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3? Testes Físicos. Apostila do Curso de Química – Ramo base=./agropecuario/index.html&conteudo=./agropecuar de Controle de Qualidade dos Materiais Têxteis da io/agrinatural.html#oquee) acessado dia 08/05/2008) Universidade do Minho (Portugal), 2001. (http://www.iac.sp.gov.br/Tecnologias/Algodao/algod Guia do Algodão: tecnologia no campo para uma ao.htm) (acessado dia 30/10/2007) indústria de qualidade. CIB – Conselho de Informações sobre Biotecnologia. Disponível em http://www.cib.org.br Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 77 Tecnologia Fibras Viscoelasticidade de fios de poliéster usando o modelo de Zurek e sua modificação Autores: Ana Maria Islas Cortes 1, Gabriel Guillén Buendia 2, Manuel Olvera Gracia 1 (1) Instituto Politécnico Nacional, ESIT, Lindavista, GAM, Cidade do México (2) Instituto Politécnico Nacional, ESIME-UPA, Azcapotzalco, Cidade do México. Tradução: Agostinho S. Pacheco - ABQCT Revisão Técnica: Vitor Alexandre dos Santos RESUMO Figura 1: Diagrama da curva esforço-deformação de materiais viscoelásticos. Os fios de poliéster de usos comuns na indústria têxtil são corpos viscoelásticos quando são submetidos à tração. Por isso, neste estudo foi utilizado o modelo de F Zona de reforço Zona linear Zurek e o modelo modificado do mesmo nome, para explicar a relação que existe entre os parâmetros destes e Ponto de ruptura Zona de fluidez h as propriedades mecânicas dos fios têxteis. Para a determinação numérica dos parâmetros do modelo de Zurek ajustado a uma curva carga-deformação de fios de Tensão de fluidez poliéster foi usado o método gráfico e estes foram otimizados pelo método iterativo de Marquardt. Também . Módulo inicial foi aplicado o modelo de Zurek modificado que contém funções potenciais da deformação em lugar das funções lineares da deformação do modelo original. Nesta curva, na parte inicial o esforço é proporcional à deformação, é o limite da região elástica. Em seguida, temos Palavras chave: Modelo de Zurek, Zurek modificado, uma região onde ocorre o deslizamento do material devido à método Marquardt, fio de poliéster. ruptura de seus enlaces prioritariamente secundários que permite que a estrutura da rede se estenda facilmente, é a 1.ANTECEDENTES tensão de fluidez. Quando a deformação atinge o seu limite, e Birgham denominou de “reologia” o ramo da ciência não podem ser produzidos mais deslizamentos entre as que estuda a deformação e o fluxo dos materiais (a cadeias, atinge-se a zona de reforço. Nesta região o mecânica dos sólidos e a mecânica dos fluidos)1. O estudo alongamento do material aumenta continuamente e quase se dos polímeros trata normalmente com materiais mantém até atingir o ponto de ruptura. viscoelásticos, isto é, materiais que podem responder Foram propostos numerosos modelos para explicar o elasticamente “ e ” a uma tensão “F” aplicada, mas que comportamento viscoelástico dos materiais sujeitos a tração também apresentam posteriormente um fluxo viscoso “F”, a partir do uso de molas e pistões colocados “ h ”, como ilustrado na figura 1 ao lado. convenientemente. Naqueles modelos, os que utilizam molas explicam a recuperação elástica “ e ” dos corpos submetidos Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 17 Tecnologia Fibras à tração; enquanto que os que utilizam pistões, explicam Onde: as variações das dimensões que se produzem no material F - é a tensão específica ou tenacidade que se aplica ao ao longo do tempo, seja durante a aplicação do esforço ou material. depois de cessar o mesmo, e estão relacionados com as e - é a variação de dimensões que o material experimenta. tensões internas acumuladas no material que se liberam A e B - são parâmetros do modelo de Maxwell a serem gradualmente “ h ”. A utilidade dos modelos, como estes determinados. indicados, é percebida no controle de processos Os polímeros sintéticos como a poliamida e o poliéster industriais, sempre e quando se disponha do histórico de mostram uma curva de esforço-deformação similar à tais condições técnicas assim como das características do assinalada na primeira figura, com variações dependendo do produto, material deste modelo. Na cadeia produtiva grau de orientação e/ou massa molar do material têxtil. Neste têxtil é difícil dispor desses dados, já que o processo têxtil último caso, os modelos mais complexos costumam ter não é contínuo. ajustes excelentes, como o modelo de Zurek3 entre outros. Na James C. Maxwell2 propôs o modelo que leva seu figura 3, o modelo de Zurek está representado, e nele um nome, submetendo o material aos dois tipos de tensão em mecanismo de resistência é substituído por um sistema de série, aplicando tensão por molas ao material elástico e fricção interna de massa “M” e força de fricção “T” pistão ao material viscoso, como ilustrado na figura 2. proporcional ao alongamento. A fricção interna está FIGURA 2: O modelo de Maxwell construído a partir de uma mola de elasticidade “e ”, e um pistão de viscosidade “ h”, colocados em série. incorporada a um sistema em paralelo composto por uma mola (lei de Hooke) com uma constante “K2” e um pistão de viscosidade “h ” (lei de Newton), tudo conectado à extremidade de outra mola com constante “K1”. FIGURA 3. O modelo de Zurek, que explica o comportamento viscoelástico de materiais sintéticos sujeitos à tração O modelo de Maxwell é adequado para explicar o comportamento de materiais como as fibras de algodão quando submetidas à tração, já que possuem um alto módulo elástico (aproximadamente até 94% de sua curva esforço-deformação) e um fluxo viscoso no final da mesma. A expressão matemática do modelo de Maxwell é a seguinte: F = A e exp - B e 18 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. (1) Tecnologia Fibras O modelo de Zurek segue a seguinte expressão matemática: Na figura anterior, nota-se que a determinação numérica do parâmetro A é obtida da expressão (3) abaixo, e quanto ao F = A e + B + (C e - B )exp - D e (2) parâmetro B, este é um valor obtido ao se prolongar a linha de reforço até interceptar a escala da tenacidade. Onde: A= F é a tensão específica ou tenacidade que se aplica ao CP AP (3) material. FIGURA 5. Os parâmetros C e D do modelo de Zurek são cocientes ao usar os termos Xa e Xs como assinalado no gráfico. e - é a variação de dimensões que o material experimenta. A, B, C e D são parâmetros que serão determinados, com as características mecânicas obtidas da curva carga- 20 deformação. As constantes do modelo de Zurek citadas podem ser determinadas por diversos métodos, entre eles o método gráfico proposto originalmente pelo autor do modelo, todavia necessita-se do refinamento dos valores 24 Tenacidade (cN/tex) 24 Tenacidade (cN/tex) sendo que estes têm um significado físico que se relaciona 16 12 8 4 0 20 16 12 Xa 0 10 20 30 40 Alongamento (%). B 8 4 0 Xs 0 10 20 30 40 Alongamento (%). numéricos obtidos usando, por exemplo, um método iterativo como o Marquardt4. Nas figuras 4 e 5, estão indicados os procedimentos As expressões (4) e (5) abaixo são usadas para determinar gráficos para determinar numericamente os parâmetros do os parâmetros C e D do modelo de Zurek, tendo como auxílio modelo de Zurek, usando para isso uma curva carga- as linhas traçadas na figura 5. deformação clássica para polímeros sintéticos, onde a C= tensão específica ou tenacidade é expressa em centiNewton/tex, (cN/tex), entendendo-se por “tex” a massa em gramas de 1000 metros de fio têxtil; e o D= alongamento expresso em porcentagem (%). FIGURA 4. Procedimento gráfico para determinar o parâmetro A, isto é, o cociente entre a carga e o alongamento em um ponto determinado. O parâmetro B é obtido ao prolongar a reta de reforço até a origem B xa (4) B - Cxs B xs (5) Onde: xa é a abscissa do último ponto no qual a reta toca a curva carga-deformação. 24 xs é a abscissa que se encontra na intersecção da reta do Cp 20 20 16 12 8 4 0 Ap 0 10 20 30 40 Alongamento (%). Tenacidade (cN/tex) Tenacidade (cN/tex) 24 módulo inicial com a prolongação da zona de reforço. 16 B 12 2.PARTE EXPERIMENTAL 8 Para o desenvolvimento deste trabalho foram usados fios 4 0 0 10 20 30 40 Alongamento (%). Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 19 Tecnologia Fibras de poliéster de uso comum na indústria têxtil, que foram submetidos ao ensaio de tração em um dinamômetro Statimat M, da Textechno (ilustrado na figura 6 abaixo). O ensaio foi realizado segundo a norma técnica ASTM5, as amostras foram acondicionadas em atmosfera de 20 +/- 2ºC e 65 +/- 2% de umidade relativa durante 24 horas anteriores ao ensaio de tração. FIGURA 6. Dinamômetro Statimat M da Textechno. TABELA 1. Curva de tenacidade alongamento de um fio de poliéster. Alongamento e (%) 0.01 0.10 1.20 1.67 2.80 8.60 22.5 30.96 Tenacidade (cN/tex) 0.500 0.9014 9.190 10.510 12.260 14.070 18.100 20.690 3. ANÁLISE DE RESULTADOS Usando os dados da Tabela 1 para ajustar o modelo de Zurek, foi seguido o procedimento gráfico descrito nas figuras 4 e 5; assim como usando as expressões (3), (4) e (5) e os resultados são: A = 20 28 = 0.714285 (6) B = 11 .0000 (7 ) O dinamômetro acima citado proporciona um gráfico médio de carga-deformação resultado de 50 curvas individuais e, indica também os valores médios da carga máxima do alongamento de ruptura, do módulo inicial e C= 11 .000 = 4.4000 2.5 (8) D= 11 - (4.40 *1.5) = 0.600 (11.0 *1.5) (9) do trabalho de ruptura do material ensaiado. Na figura 7 temos a ilustração do gráfico médio, de onde foram extraídos os pontos contidos na Tabela 1. FIGURA 7. Gráfico médio da carga-deformação de um fio de poliéster de uso têxtil. 24 Te nacidade(cN/tex) (cN/tex) Tenacidad expressão do modelo de Zurek (2), chega-se ao modelo numérico-funcional que se descreve abaixo: 20 16 F = 0.714285 e + 11 .000 + (4.4000 e -11 .000 )exp -0.6000e 12 (10) 8 Os parâmetros do modelo (10) são considerados 4 estimadores iniciais que convergem com o método iterativo 0 0 20 68 Substituindo os valores anteriores (6), (7), (8) e (9) na 10 20 30 40 Alongamento (%). Alargamiento (%) Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Marquardt4, como ilustrado na Figura 8 a seguir. Tecnologia Fibras FIGURA 8. Otimização dos estimadores numéricos do modelo de Zurek obtidos pelo método gráfico usando o método iterativo Marquardt. TABELA 3. Análise das variações No caso de não dispor de um software comercial para realizar os ajustes do modelo estabelecido no documento, é necessário realizar o ajuste dos quadrados mínimos usando como apoio uma folha de cálculo. Os quadrados mínimos para o modelo de Zurek estão contidos na seguinte expressão: n Por isso, o modelo numérico-funcional do modelo de [ S = å ( Ae + B + (Ce - B) e Resolvendo as equações normais F = 0.298505 e + 11 .4246 + (4.15272 e -11 .4246 )exp -0.718185e (11) -s ) ] i =1 Zurek resultado do refinamento dos estimadores iniciais é: 2 - De ¶S ¶S ¶S ¶S = = = =0 ¶A ¶B ¶C ¶D obtemos um(11 sistema de quatro equações não lineares com ) quatro incógnitas: (12) Na Tabela 2, estão indicados os intervalos de confiança dos parâmetros A, B, C e D do modelo de Zurek. O espaço entre tais intervalos é uma medida da qualidade geral do ajuste de regressão. Tabela 2. Estimadores de intervalos de confiança para os parâmetros do modelo de Zurek. n ¶S = å ( Ae + B + (Ce - B ) e - De - s ) (e ) = f1 = 0 ¶A i =1 [ ] n ¶S = å ( Ae + B + (Ce - B ) e - De - s ) (1 - e - De ) = f 2 = 0 ¶B i =1 [ ] n ¶S = å ( Ae + B + (Ce - B) e - De - s ) (e e - De ) = f 3 = 0 ¶C i =1 [ ] n ¶S = å ( Ae + B + (Ce - B ) e - De - s ) ¶D i =1 [ ][e e - De ] ( B - Ce ) = f 4 = 0 Não é possível simplificar mais este sistema de equações não lineares (12). A resolução chega, então, por um método iterativo, sendo que aqui o método utilizado foi o de NewtonRaphson6 que consiste em transformar linearmente o sistema Na Tabela 3 aparece sua correspondente análise de de quatro equações não lineares ( f , f , f y f ) com 1 2 3 4 variação, resultados que indicam um excelente ajuste do quatro incógnitas (A, B, C e D) através do Jacobiano modelo de Zurek ao observar os valores da variação assinalado a seguir: residual (quadrado médio residual) e o coeficiente de determinação (R2). é ¶f1 ê ¶A ê ¶f ê 2 ê ¶A ê ¶f 3 ê ¶A ê ¶f ê 4 ë ¶A ¶f1 ¶B ¶f 2 ¶B ¶f 3 ¶B ¶f 4 ¶B ¶f1 ¶C ¶f 2 ¶C ¶f 3 ¶C ¶f 4 ¶C ¶f1 ù ¶D ú ¶f 2 ú ú ¶D ú ¶f 3 ú ¶D ú ¶f 4 ú ú ¶D û éê ê êê êê ê êë f1 ù ú ú f2 ú ú f 3 úú ú f 4 úû Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 21 Tecnologia Fibras No método de Newton-Raphson substituem-se os do fio de poliéster em estudo, foi realizada uma modificação valores de A, B, C e D no Jacobiano; com um vetor de na expressão original, sendo que a alteração consiste em solução [A0, B0, C0, D0], que inicialmente valiam [0, 0, 0, substituir as funções lineares da deformação do modelo de 0], isto pela necessidade de contar com um estimador Zurek por funções potenciais da deformação. Logo, a inicial6, mesmo que possam funcionar outros estimadores expressão do modelo modificado é: diferentes. E Agora o sistema de equações com quatro incógnitas é F = A e + B (1 - exp - D e ) + C e exp - D e E (14) linear em cada ponto avaliado e antão, podemos usar Gauss-Jordán6. Resolvendo por Gauss-Jordán obtemos Neste estudo, os parâmetros do modelo modificado um vetor solução [h, k, l, m], que somado ao vetor solução anterior são determinados usando um software estatístico, [A0, B0, C0, D0] conduz aos valores para [A1 = A0 + h, B1 = considerando como estimadores iniciais de seus parâmetros B = B + k, C = C + l, D = D + m]. O processo é aqueles obtidos no modelo de Zurek acima exposto, 0 0 1 0 1 0 iterativo até que o vetor solução seja convergente ao sistema de equações não lineares, o critério de parar o processo iterativo é a distância mínima. Na Tabela 4 estão assinaladas as iterações, chegando a uma enquanto que o estimador inicial do parâmetro “E” do modelo modificado será 1, porque se estima que a deformação é linear. O resultado do ajuste iterativo estabelece a função numérico-funcional para o modelo de Zurek modificado da seguinte maneira: distância nula na oitava iteração. TABELA 4. As iterações obtidas pelo processo iterativo F = 0.295071e + 11 .5178 (1 - exp -0.781632 e 1.13413 ) + 3.54474 e exp -0.781632 e 1.13413 (15) Na Tabela 5 aparece a correspondente análise de variação, destacando o valor da variação residual e o coeficiente de determinação, melhorando os ajustes obtidos pelo modelo original. Então, o modelo numérico-funcional do modelo de Zurek é o seguinte: F = 0.298498 e + 11 .424784 + (4.15197 e -11 .424784 )e - 0.718294e (13) Com a finalidade de melhorar o nível de ajuste do modelo que origina a fórmula da curva carga-deformação 22 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tabela 5. Análise de variação do modelo de Zurek modificado. (13) Tecnologia Fibras 4. CONCLUSÕES produtiva não é contínua e não se dispõe do histórico das O presente estudo permite formular as seguintes condições nas quais o material foi processado. * O modelo de Zurek modificado conduz a um ajuste conclusões: * O modelo de Zurek é ajustado para curvas carga- similar ao obtido pelo modelo original do mesmo deformação de fios de poliéster de uso têxtil com nome. excelentes resultados. Foi usado o método gráfico para estimar os valores iniciais dos parâmetros do modelo 5.BIBLIOGRAFiA 1. mecânico, e estes foram otimizados pelo método Marquardt. * Foi realizado o ajuste do modelo de Zurek sobre os Seymour R. B. & Carraher Jr, C. E.; (2002), “Introducción a la química de los polímeros”, 2da. reimpresión, Editorial Reverté S. A.; 5960. 2. Bower, D. I.; (2002) “An Introduction to Polymer Physics”, dados anteriores com a mesma técnica de quadrados Cambridge University Press; 194-195. 3. Aksan Stanislawa & Zurek Wiltod, (1975), “A Rheological mínimos usando como apoio uma folha de cálculos, com a finalidade de mostrar aos alunos dos primeiros anos de Model of Viscose Rayon”, Journal of Applied Polymer Science, Vol. 19, engenharia a versatilidade destas. Foi usado o método de 3127-3129. 4. Marquardt, D. W., (1963), “An Algorithm for Least-Squares Newton-Raphson para tornar linear o sistema de Estimation of Nonlinear Parameters”, Journal for the Society of equações não lineares. Posteriormente o sistema linear Industrial and Applied Mathematics, 11:431-41. resultante pôde ser resolvido por Gauss-Jordán. * Os métodos de Zurek e Zurek modificado têm aplicação no controle dos processos industriais. No caso 5. ASTM D 2256, “Tensile Properties of Yarns by the Single- Strand Method”. 6. Maron, M. & López, R. J.; (1999), “Análisis numérico. Un enfoque práctico”, Editorial CECSA, México; 210-217. da indústria têxtil, sua aplicação é limitada já que a cadeia Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. X Tecnologia Plasma Baixa Pressão, Plasma não-equilibrado como Auxiliar na Geração de Retardante de Chama sobre Algodão. Autores: Por Vladimir Totolin, Majid Sarmadi, Sorin O. Manolache, e Ferencz S. Denes, Universidade de Wisconsin Madison Tradução: Tatiana Pricevicius Revisão Técnica: Humberto Sabino Originally published in AATCC review magazine issue in june 20009 reprinted with permission from AATCC, www.aatcc.org, copyright holder RESUMO Retardante de Chama, FR (Flame Retardant), Plasma, O objetivo deste projeto foi gerar um tratamento Silicato durável retardante de chama em tecidos de algodão. Camadas de silicato de sódio (SS) foram pré depositadas 1.Introdução em substratos de algodão limpo com ligações cruzadas FR (Retardantes de Chama) e produtos têxteis FR são usando plasma de oxigênio (O2) em desequilíbrio sob essenciais em todos os aspectos no nosso dia a dia. Eles estão baixa pressão. Antes do depósito, foram extraídas presentes em mobílias estofadas, cortinas, mobília amostras de algodão em acetona por 6 horas via soxhlet, doméstica, assentos de automóveis, no ambiente de trabalho para assegurar uma superfície limpa. Foi usado um e em todas as áreas públicas, incluindo trens e aeronaves. Os design estatístico de experimentos a fim de otimizar os FRs são produtos químicos adicionados aos materiais de parâmetros do plasma. Foram testadas amostras de polímero, tanto natural quanto sintético, para aumentar as algodão com relação à inflamabilidade em uma câmara propriedades FR. Os produtos químicos FR são mais de inflamabilidade automática em um ângulo de 45o. comumente utilizados para melhorar o desempenho da Análises Termogravimétricas (TGA, Thermo- chama de produtos de polímeros de baixo e médio custo. Os gravimetric Analyses, em inglês) indicaram uma baixa FRs podem ser fisicamente misturados ou quimicamente quantidade de material de revestimento. Também foram ligados ao polímero hospedeiro. Eles geralmente diminuem realizados estudos de durabilidade à lavagem para a suscetibilidade de ignição ou a chance de a chama se determinar a resistência do revestimento na técnica de espalhar uma vez que a ignição tenha ocorrido. lavagem rápida. O controle das amostras das superfí- Alguns polímeros são inerentemente menos inflamáveis cies tratadas (não tratadas) foi caracterizado por devido a estruturas poliméricas mais estáveis; geralmente, Espectroscopia de Fotoelétrons excitados por raio X esses tipos de polímero são os plásticos mais caros, como (XPS, X-ray Photoelectron Spectroscopy¸ em inglês), poliimidas, polibenzoimidazois e poliéter cetonas. 1 Em espectroscopia de infravermelho pela transformada de polímeros sintéticos ou naturais mais inflamáveis, a fase Fourier atenuada (ATR/FTIR, attenuated Fourier mais significante no processo de queima é a etapa de transform Infrared spectroscopy, em inglês) e produção do combustível, onde a energia termal induz microscopia eletrônica de varredura (SEM, scanning mecanismos de cisão de ligação que resultam na formação electron microscópio, em inglês). de fragmentos moleculares voláteis. Estes componentes de Palavras-chave: Revestimentos, Algodão, baixo peso molecular se difundem no ambiente e geram Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 05 Tecnologia Plasma gases inflamáveis que iniciam a combustão. É possível limitações levaram a um desenvolvimento mais aprofundado fazer modificações para alterar a inflamabilidade do de métodos de processamento físico-químico alternativos. material em vários estágios do processo queima, os quais Neste campo, a tecnologia plasma mostra vantagens incluem aquecimento, degradação e decomposição, distintas que respeitam o meio ambiente, e propriedades de volatilização e oxidação.2 A maioria dos FRs diminuem superfície de materiais inertes que podem ser facilmente a inflamabilidade ao aumentar a formação de modificadas. Baseado nisso, este trabalho discute a melhora carbonizado, ao reduzir a formação de voláteis na fase de dos FRs em tecidos de algodão usando SS (Silicato de Sódio) 2 condensação, ou ao inibir a oxidação na fase gasosa.3 Os e tratamentos de plasma de baixa pressão de O . métodos mais simples de modificação envolvem a adição de boratos e fosfatos amônicos ácidos solúveis em água. Experimentos Os acabamentos mais sofisticados e duráveis usam Materiais composto de fósforo conjugado com resinas de melanina Foi comprado um tecido tingido de algodão branqueado e uréia para gerar um acabamento de ligação cruzada com desengomado (78 x 76), peso = 102 g/m2 da Testfabrics Inc. e a celulose. 4 Este tipo de acabamento é usado via método este foi cortado em amostras de 2- x 6-in. A solução SS e 2 de reticulação por calor.5 Problemas com estes acetona (27 wt% SiO ) foram compradas da Sigma Aldrich acabamentos incluem amarelecimento por calor de cura, Chemicals. dano ácido e, alteração do tecido, e degradação, ou perda total das propriedades mecânicas. 1-5 Houve um aumento da demanda para substituir tanto Procedimento Amostras de algodão foram extraídas com Soxhlet com os sistemas antimônio-halogênio no verso dos acetona por 6 horas para remover impurezas das fibras, e revestimentos dos produtos têxteis quanto em depois secas durante a noite em um forno a vácuo a 30 Torr, tratamentos livres de formaldeído em acabamentos na temperatura ambiente. As amostras foram embebidas em duráveis. Portanto, a quantidade de novos artigos, solução SS nas concentrações desejadas de SiO2 por 2 horas. patentes e produtos associados aos sistemas FR com base As concentrações foram escolhidas de acordo com o design de silício é uma evidência de novos interesses em estatístico dos experimentos (software Design Expert 7). abordagens FR que não dependem completamente de Depois de embebidas, as amostras foram secas em um forno halogênio e fósforo. Acredita-se que os FRs baseados em a vácuo à RT durante a noite e então expostas a plasma de O2 silício para polímeros sintéticos ou orgânicos atuam de em um reator de placa paralela de 13.56 MHz.17 As amostras duas maneiras básicas: solidificação termal (decom- foram lavadas por 30 minutos em água deionizada com um posição endotérmica do FR) e formando um revesti- banho ultrassônico depois do tratamento com plasma. Foram mento protetor (líquido ou barreira carbonizado). 6-16 feitos três banhos em cada lote. Os parâmetros de plasma de Devido ao aumento de requisições de acabamentos de O2 utilizados foram: 59W-150W RF (Frequência de Rádio) tecidos têxteis, bem como a demanda do mercado e da na ausência de plasma, 2-8 min., 200-m Torr de pressão na sociedade por produtos têxteis que são processados por ausência de plasma, e 60-m Torr base de pressão. A Tabela I métodos que respeitam o meio ambiente, são necessárias mostra a otimização dos parâmetros de plasma e seus técnicas inovadoras de produção. Estas preocupações e resultados correspondentes ao tempo de propagação do 06 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Plasma fogo nas amostras de algodão tratadas e não tratadas padrão requer um tempo de ignição de 1-s e, para esses experimentos, o tempo de ignição usado foi de 5 s porque as (controle). amostras tratadas com plasma não pegaram fogo na primeira Teste de Inflamabilidade no ângulo de 45o tentativa. As amostras lavadas foram secas em forno a vácuo a o 80 Cg durante a noite e então testados com relação à ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TGA) inflamabilidade com a câmara de Auto-Flame com O peso da TGA muda em um material de acordo com a o ângulo de 45 . Este teste é usado para medir e descrever função de temperatura sob atmosfera controlada e foi as propriedades de tecidos naturais ou sintéticos em realizada uma análise de tratamento de apoio em correlação resposta ao aquecimento e chama sob condições aos dados espectroscópicos. Uma TGA Q500 (TA controladas em laboratório. Instruments) gravou a estabilidade termal e a decomposição de amostras usando uma proporção de aquecimento de 10oC/ Fig. 1. Resposta da superfície ao tempo de queima verso energia (W) e concentração SS (%) min. a 700oC. O nitrogênio foi usado como gás expurgo. DURABILIDADE À LAVAGEM Para avaliar a durabilidade do revestimento durante a lavagem, as amostras lavadas foram expostas a um método rápido de lavagem proposto por McSherry, ET al.18 O padrão é conhecido por correlacionar estreitamente com 50 ciclos de lavagem doméstica. Uma relaçõ de banho de 1 para 40 (água DI) para a relação de tecido foi usado com uma solução de fosfato de sódio tribásico (Na3PO4 .12 H2O) e 0,1% de Triton X-100. As amostras foram fervidas por 4 horas, lavadas usando cinco tipos de água destilada, e secas em um forno a o As amostras foram organizadas em uma estrutura e vácuo a 80 C durante a noite. mantidas em um ângulo de 45o. Uma chama padronizada foi aplicada na superfície próximo a parte de baixo e por Características da Superfície um tempo específico (5 s). A chama passou por todo o XPS comprimento do tecido usando uma sequencia de Um Espectrômetro Perkin Elmer Physical Electronics desencadeamento, o qual parou o temporizador após ser Phi 5400 Small Area (Fonte Mg; 15 kV; 300 W; energia completamente queimado. O tempo necessário para a medida= 89.45 eV) foi usado para a análise XPS. Um ângulo o chama percorrer todo o comprimento do tecido e parar o inicial de 45 foi usado entre a amostra e o detector. Foram desencadeamento foi gravado, bem como a reação física feitas pesquisas e digitalização de alta resolução (HR, highdo tecido no ponto de ignição. Foram testadas cinco resolution, em inglês) para níveis centrais nas amostras. A amostras para cada tratamento e os testes foram prova de curva dos picos de HR foi feita usando um algorítmo duplicados. É importante ressaltar que mesmo o teste Gaussian. Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 07 Tecnologia Plasma Resultados e Discussões Teste de Inflamabilidade no Ângulo de 45o Os parâmetros dos experimentos e os resultados da propagação da chama das amostras são apresentados na Tabela I e na Fig. 1. As concentrações SS no faixa de 3% a 4% e os valores de energia de 45 W a 90 W durante o tempo de domínio (5 min. de tratamento) resultaram em melhores dados de tempo de propagação da queima baseadas nos dados na Fig. 1. O modelo quadrático (a probabilidade de 0.9999 é medida com um efeito sistemático, e não com um ruído experimental; análise ANOVA) é expressa pela Eq. 1. Bt = -25.47164 + 8.71527 C + 0.68692 P + 2.95907t 0.04374 C P 0.1864 C t 0.02093 Pt 0.5576 C2 2.43743 10-3 P2 + 0.026825 t2 Eq. 1 Bt é o tempo queima (s), C é a concentração SS (%), t é o tempo de tratamento (min.), e P é a energia dissipada (W). O modelo prevê o tempo de queima maior que 31.9s para amostras usando concentração SS de 3% tratadas por 7.8 min. a 76 W. Resistência à lavagem ATR/ FTIR Para avaliar a resistência do revestimento durante a Foram feitas análises ATR/ FTIR para obter mais lavagem, as amostras tratadas foram expostas ao método informação sobre as ligações químicas e para chegar às lavagem rápida proposta por McSherry, et.al., como descrito conclusões de medidas XPS. Foi utilizado um (Bruker) previamente. Baseado nos resultados obtidos do design Equinox 55 para caracterizar a superfície. Foram experimental, os seguintes parâmetros de plasma O2 foram coletados dados na região 500 4000 cm-1 da onda com selecionados para determinar o comportamento FR: a 300 varreduras para cada amostra em uma resolução de energia RF foi de 100W e a pressão do gás na ausência de 0.5 cm-1. As amostras foram colocadas em um cristal de plasma foi de 200 mTorr, com tempo de exposição ao plasma germânio. de 8 min. Ao variar apenas a concentração SS, as amostras foram testadas com relação à inflamabilidade tanto antes SEM ( microscópio de varredura eletrônica) quanto depois da lavagem (Tabela II). Foram testadas cinco Para caracterizar a morfologia da superfície, bem amostras para cada tratamento e os testes foram duplicados. como a uniformidade do revestimento, as amostras As amostras testadas antes da lavagem apresentaram foram analisadas com um LEO DSM 1530 FE SEM. A comportamento elevado do FR (retardante de chama)resí. ampliação usada foi de 20,000x. 08 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Além disso, mostrou-se que mesmo depois de 50 ciclos de Tecnologia Plasma lavagem, foi observado um aumento drástico no tempo Os substratos que passaram por um processo de 50 ciclos de combustão (aproximadamente três vezes mais para 2 e de lavagem apresentaram perda de peso de 87%, 89% e 88$, 3 wt% e duas vezes mais para 5 wt%). Resultados obtidos respectivamente, apesar da concentração da solução de a partir das amostras lavadas são similares aos relatados silicato usada durante o processo revestimento. Pode-se pela Konda, et.al.19 e Ramachandran, et.al.20 concluir que a maior parte da camada de silicato prédepositada e tratada com plasma foi removida durante o Resultados de Inflamabilidade para Diferentes Concentrações de SS processo de lavagem. A perda de peso que começou em temperaturas baixas em amostras tratadas foi relacionada à água quimicamente ligada (presente na SS) eliminada através de uma reação endotérmica. Comportamento da Queima A fotografia na Fig. 3 mostra o comportamento de Análise Termogravimétrica (TGA) amostras tratadas (b, c e d) comparadas às não tratadas (a) Curvas TGA típicas de amostras não tratadas e durante o teste de queima. O algodão virgem queima amostras tratadas com solução SS 2wt% são mostradas completamente, enquanto a maior parte do material na Fig. 2. A perda de peso da amostra de celulose não queimado é retida como um resíduo carbonizado, no caso modificada começou a 330oC e o substrato foi consumido de amostras tratadas com silicato/ plasma. Esta é uma completamente a 700oC. Resíduos de peso a 700oC de característica de revestimento de silicato homogêneo em substratos revestidos de silicato e tratados com plasma amostras tratadas. apresentaram menor perda de peso (63.6%, 63.2% e 58.7% para concentrações SS de 2wt%, 3wt% e 5wt%, respectivamente) comparados com as amostras que não Fig. 3. Comportamento da queima de (a) algodão não tratado, e (b) 5% de silicato, (c) 3% de silicato, (d) 2% de silicato depositado e algodão tratado com plasma. foram expostas à técnica de lavagem rápida. Fig. 2. Diagramas TGA de (a) algodão tratado, (b) algodão imerso em 2% SS e plasma tratado, e (c) algodão tratado com plasma após 50 ciclos de lavagem. Análise XPS A celulose pura consiste em ligações C-O e C=O/O-C-O. Entretanto, mesmo o filtro de papel de alto grau de pureza ou estruturas de algodão incorporam pequenas quantidades de grupos O-C=O originárias do ácido urônico e ligações alifáticas relacionadas com a presença de impurezas de superfície contendo carbono. É por isso que antes do 10 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Plasma depósito de camadas de silicato, amostras de algodão foram extraídas com Soxhlet em acetona por 6h. O pico de maior resolução (HR) C1s é enquadrado em quatro picos distintos incluindo: C-C/C-H (285 eV), C-O (286.5 eV), O-C-O/C=O (288 eV) e O-C=O (289.2 eV).21 Dados da pesquisa XPS de algodão não extraído apresentou 67.1%C e 32.9% de O para as concentrações atômicas relativas da superfície (Tabela III). Isto é significantemente diferente em comparação com as concentrações atômicas da estrutura de celulose teórica (C:54.5% e O: 45.5%). Uma explicação possível é que as Fig. 4. Espectro C1s de alta resolução de (a) amostras de algodão virgem, (b) Extrato de acetona e (c) coberta com silicato assistido por plasma. fibras do algodão são compostas de uma parede secundária (tipicamente 90% por peso) e um parede primária externa. 22 A parede secundária é essencialmente composta de celulose na natureza, enquanto que a parede primária externa consiste de ~55% de celulose, o resto é atribuído às proteínas, pectinas, e cera; deste modo, pode-se observar a presença de impurezas de hidrocarbono. As pesquisas e os resultados HR XPS obtidos de amostras de algodão extraídos com Soxhlet em acetona (Fig.4b) mostram claramente a existência de uma menor concentração atômica de carbono na superfície relativa (51%) e uma diminuição significante da área de superfície relativa do pico C-C (32.4%) depois da extração (Tabelas III e IV). Concluiu-se que, para simplificar a análise da superfície deste sistema complexo, a extração com Soxhlet em acetona deveria preceder as etapas de tratamento de O diagrama HR C1s(Fig. 4a) de algodão não extraído plasma e revestimento para remover as impurezas que confirma que havia um alto teor de carbono presente nas podem interferir com os processos de deposição e também camadas da superfície do substrato. A presença de uma poderiam influenciar as características de adesão das área de superfície relativa elevada e intensa de pico C-C camadas de plasma no substrato. (57.2%) comparada ao pico C-O (35.7%) da área da A diminuição do conteúdo de carbono atômico da superfície indicava a presença de impurezas baseadas superfície relativa e a presença de átomos de silício (6.4%) em carbono (Tabela IV). 12 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. incorporado ao revestimento de silicato e ao plasma exposto Tecnologia Plasma O2, bem como os resultados das amostras extraídas revestimento silicato dos substratos e do subsequente consecutivamente, são mostrados na Fig. 5 e na Tabela tratamento com plasma, estas absorções não foram evidentes III. Sugeriu-se que tenha acontecido uma ligação cruzada no diagrama ATR/ FTIR das amostras modificadas com de parte da estrutura de silicato pré depositado e plasma SS/ O2. convertido em uma rede não solúvel em água. A presença de uma área de superfície relativa maior de pico 285 eV Fig. 5. Espectro de pesquisa XPS de SS assistida de plasma de O2 (2%) coberta com amostra de algodão (Fig. 4c) no diagrama HR C1s indica que, além das ligações C-C, as ligações C-Si também fazem parte das camadas de plasma modificadas. ATR/ FTIR As ondas infravermelhas penetram as superfícies em aproximadamente 2-5µ, enquanto que alguns tipos de plasma penetram apenas alguns nanômetros na camada da superfície. Foram feitas medidas ATR/ FTIR em amostras de celulose e em amostras tratadas com plasma para descobrir se, durante o tratamento com plasma, moléculas não modificadas de silicato foram Fig. 6. Espectro ATR/ FTIR de algodão tratado com plasma e controle. encapsuladas abaixo do topo da estrutura de ligação cruzada. Todas as absorções da celulose foram designadas assim: 23 663-670 cm-1 (frequencia/ OH); 893-900 cm-1 (trecho do anel de 1030 cm-1 (alongamento C-O); 1050 1100 cm-1 (alongamento ponte assimétrica C-O-C); 1315 1370 cm-1 (frequencia CH, flexão CH); 1428 cm-1 (flexão OH quando plano); 2893 2959cm1 (alongamento C-H); e 3300 3400 cm-1 (H- ligado a OH alongamento). Os diagramas ATR/ FTRI de celulose, e celulose tratada com plasma e revestido de silicato (Fig. SEM 6) não apresentaram diferenças significantes. Isto indica Imagens SEM comparativas de celulose e amostras de que o silicato não modificado com plasma não foi celulose modificadas (Fig.7) indicam a presença de incorporado sob a fina camada da superfície da ligação revestimento com base de silicato em superfícies de fibras cruzada. A presença de uma pequena absorção bimodal tratadas. Foi possível notar uma imagem menos clara das na zona da onda 1920 2200 cm-1 do substrato de celulose características das fibras devido ao tratamento com plasma e não tratado foi relacionada à contaminação de revestimento em comparação com as fibras de celulose. hidrocarbono insaturado remanescente devido a Pode-se concluir que, mesmo após o procedimento de manipulação depois da extração. Devido aos lavagem rápida, a estrutura com base de silicato ainda Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 13 Tecnologia Plasma permanece nas superfícies da fibra. Fig. 7. Imagens SEM de (a) algodão de controle, (b) algodão tratado com plasma exposto a 50 ciclos de lavagem, e (c) algodão tratado com plasma não expostos a lavagem. (a) Conclusões Foi conduzido um design estatístico completo de experimentos para prever as propriedades FR do algodão de plasma Silicato de Sódio-O 2 exposto, baseado na concentração de SS utilizada. O tempo de combustão das amostras de algodão tratado (após a lavagem) aumentou dramaticamente para aproximadamente três vezes mais que a amostra de controle. De acordo tanto com o modelo estatístico e os experimentos realizados, foram obtidos melhores resultados quando tanto as baixas concentrações SS e a energia dissipada para os eletrodos foram usadas em maiores tempos de exposição ao plasma O2. Uma explicação é que maiores concentrações de SS resultaram em camadas grossas de SiO2 que não podem ser polimerizadas uniformemente e completamente pelo plasma O2. É importante notar que o tratamento com plasma aumentou o (b) tempo de ignição de 1s para 5s. Portanto, todas as amostras tratadas foram testadas com um tempo de ignição de 5s (ao invés de 1s). Os resultados TGA mostraram que a camada sílica age como um isolante térmico, permitindo a decomposição do algodão revestido em proporções menores se comparado com as amostras não tratadas. A caracterização da superfície dos substratos com XPS, ATR/ FTIR e SEM confirmaram a presença de estruturas similares com silicato na superfície dos tecidos mesmo após 50 ciclos de lavagem. Concluiu-se que a técnica de baixa pressão de plasma usada para fazer a ligação cruzada das camadas de silicato pré-depositado no algodão tem o potencial de gerar tecidos retardantes de chama. Agradecimentos Os autores gostariam de agradecer o Departamento de Agricultura (Research Grant S-1026) e a Universidade de Winsconsin-Madison pelo suporte financeiro nesta pesquisa. 14 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Plasma Referências 1. Gann, R. G., Kirk-Othmer Encyclopedia of Chemical Technology, 4th edition, Vol. 10, John Wiley & Sons, New York, N.Y., USA, 1993, pp930-936. 2. Lyons, John W., the Chemistry and Uses of Fire Retardants, Wiley Interscience, New York, N.Y., USA, 970. 3. Handbook of Fiber Chemistry, edited by Manachen Lewin and Eli M. 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Sarmadi recebeu muitos prêmios, incluindo o Harold DeWitt Smith Memorial Medal, apresentado juntamente por ASTM International, Commitee D13 em Produtos Têxteis e Albany International Research Company. Seu trabalho no Sustainable Carpet Project para o estado da Califórnia, EUA recebeu mais de 16 prêmios. Majid Sarmadi, Department of Design Studies, University of Wisconsin-Madison, 1300 Linden Dr., Madison, WI 53706, USA; fone: +1 608 262 7492; fax: +1 608 265 5099; [email protected] Tecnologia Preparação Aumento de absorção de água em tecidos de algodão tratados com descarga corona Autores:João B. Giordano1*, João S. C. Campos2 *Faculdade de Tecnologia de Americana, Departamento Têxtil FATEC, Americana-SP [email protected] 2 Faculdade de Engenharia Química Departamento de Polímeros, Unicamp, Campinas- SP Revisão Técnica: Dimas Novais Resumo: Introdução Durante o tratamento por descarga corona, espécies Na indústria têxtil, mais especificamente no setor de ativas são geradas, as quais podem reagir com a acabamento, os materiais têxteis são submetidos a processos superfície do polímero ocasionando quebra de cadeias e físicos, físico-químicos, bioquímicos e químicos, os quais formação de radicais, criando assim grupos polares na têm a finalidade modificar as características iniciais dos superfície e conseqüentemente, aumentando a sua materiais têxteis, ou seja, prepará-los para que possam energia superficial e absorção de água. Neste trabalho posteriormente ser tingidos e ou receberem produtos de utilizou-se tecido de algodão. Nos processos acabamento como amaciantes e resinas. Estas operações convencionais de preparação desses tecidos são usados preliminares são necessárias, pois os materiais têxteis, agentes químicos que agridem os efluentes têxteis, assim durante sua fabricação adquirem substâncias que dificultam a a descarga corona propõe-se como tratamento prévio do absorção de água e conseqüentemente a absorção também de material sem ação de agentes químicos. Os objetivos corantes, portanto para se obter bons resultados de deste trabalho são: 1. Tratar com descarga corona tingimento são necessários que os materiais têxteis estejam tecidos de algodão; 2. Verificar absorção de água em limpos e com boa absorção de água. 1,3 tecidos de algodão tratados com descarga corona; Nestes processos de pré-tratamento são comumente Tecidos foram submetidos à descarga: corona variando- utilizados produtos químicos tais como: detergentes, bases, se o tempo exposição, em seguida foi realizada testes de ácidos, enzimas, agentes oxidantes e redutores, que agem nos absorção de água. Os resultados mostram que: houve materiais têxteis retirando impurezas e conferindo a estes aumento da absorção de água no tecido de algodão que absorções de água suficiente para os processos seguintes e de 50% em amostra sem tratamento passou até a 280% em seguida são eliminados nos final dos processos nos com o tratamento, observou-se também que com tempos efluentes têxteis, gerando impacto negativo ao meio de 1min. já ocorreram aumento de absorção de água. ambiente, além de utilização de grande quantidade de água e energia. Palavras-chave: Corona, têxtil, algodão, absorção de água. No sentido de diminuir a poluição dos efluentes, o tratamento com descarga corona vem propor uma alternativa de preparação destes materiais sem utilização de agentes 56 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Preparação químicos, sendo exclusivamente tratamento físico, além Experimental: de não haver consumo de água, o processo é único e mais Preparação das amostras rápido que os processos convencionais utilizados. Desta · Amostras de tecido de algodão engomado foram forma a técnica de descarga corona pode economizar submetidas a 5 lavagens consecutivas em água à temperatura etapas do pré-tratamento (desengomagem e purga) de de ebulição e em seguida secas a temperatura ambiente tecidos para o tingimento, portanto é um processo mais (22 ºC); resultando com este processo tecido de algodão econômico que o convencional e menos poluente. 2 denominado de tecido de algodão lavado com traços de Tecidos de algodão crus, ou seja, apresentam goma amido (goma); ·Amostras de tecido de algodão engomado foram (aplicada nos fios de urdume para aumentar a resistência ao processo de tecimento), óleos e ceras naturais da submetidas a 7 lavagens consecutivas em água à temperatura própria fibra. Estas substâncias conferem ao tecido baixa de ebulição e em seguida tratou-se com uma solução de 30 g/l absorção de água que é extremamente prejudicial aos de enzima por 1 hora à temperatura de 70 °C e na seqüência processos de acabamento de tecidos de algodão. Neste foram realizados mais 3 lavagens consecutivas com água sentido, tecidos de algodão crus (engomado) foram temperatura de ebulição e em seguida secas a temperatura tratados com corona a fim de verificar se ocorre aumento ambiente (22ºC); obtendo-se tecido de algodão da absorção de água destes materiais. desengomado (sem presença de amido). O uso da descarga corona através de ar, à pressão e uma forma Medidas: 1. Medidas de absorção de água em amostras de algodão muito efetiva de aumentar a absorção de água sem afetar a temperaturas atmosféricas proporciona integridade da fibra ou do fio. O tratamento envolve uma engomado, lavado e desengomado em função do tempo de descarga plasmática de alta voltagem e conduz a tratamento corona: Método direto. modificações físico-químicas na cutícula do algodão sem alterar a estrutura principal da celulose. 6 Amostras (10 mm X 200 mm) de tecidos engomados, lavado e desengomado foram pesadas e em seguida tratadas Neste contexto, o recurso da descarga corona pretende com descarga corona em tempos de 1 a 30 min. Estas por sua aproveitar a sua capacidade para alterar a absorção de vez foram mergulhadas em água e imediatamente foram água de tecidos de algodão, mesmo no estado engomado. retiradas e pesadas novamente (molhada). Repetiu-se este Sendo assim, espera-se que o efeito obtido sobre o tecido procedimento para amostras não tratadas. Para cada tempo de de algodão engomado, seja suficiente para eliminar tratamento corona foi realizada 10 medidas de absorção de agentes engomantes, gorduras e ceras da fibra de água, utilizando à mesma metodologia. algodão, eliminando do processo convencional de 3. Absorção de água em tecidos tratados com descarga preparação de tecidos de algodão. Esses processos corona: Amostras de tecido engomado, lavado e desengomado exigem agentes químicos que após sua ação são despejados nos efluentes, originado impacto negativo ao foram tratados com descarga corona por 20 minutos e meio ambiente, além de ser mais rápido e com vantagens verificado absorção de água através da análise de absorção de econômicas. 4,5 gota de solução de corante azul reativo depositada na superfície do tecido, de acordo com norma NBR 13000 - 58 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Preparação Determinação da Absorção de água do Tecido. Esta norma tecidos de algodão no estado engomado com goma de amido, consiste basicamente em gotejar através de uma bureta, parcialmente desengomado, totalmente desengomado. Tabela 1: Características físicas dos tecidos de algodão uma solução de corante sobre a superfície têxtil a uma distância de 4 cm entre a bureta e o tecido e em seguida registrar o tempo de penetração da gota no tecido, além de observar a superfície têxtil após secagem da gota. t = trama; u = urdume Também foi observada a Absorção de água na amostra Nota-se que houve aumento da gramatura nos tecidos tratada com corona pelo método do IPT, baseado na norma JIS L1004. Esta norma consiste em colocar as lavados e desengomados, embora tenha ocorrido perda de amostras no sentido vertical e apenas encostando uma das massa pela eliminação de goma. Observa-se, que o aumento extremidades na solução de corante e observa-se a da gramatura decorre do encolhimento do tecido, pois o quantidade de água que é absorvida pela amostra por algodão sendo fibra natural é de se esperar que ocorra capilaridade, verificando nas amostras o comprimento da encolhimento em contato com água, ainda mais a coluna de água absorvida; temperatura de ebulição. Este fenômeno (encolhimento) é percebido pelo fato que houve aumento na densidade de fios 4. Medidas de absorção através da balança por cm2, ou seja, na mesma área o tecido passou a ter mais hidrostática: fios, conseqüentemente aumento da gramatura. Foram pesadas pares de amostras de tecido de algodão engomado, lavado e desengomado de modo que entre os Absorção de água em função do tempo de tratamento pares de tecidos as amostras possuíam a mesma massa e o corona: mesmo volume, ou seja, 2 amostras de tecido engomado O gráfico apresenta os resultados da absorção de água de (com massa 1 e volume 1), 2 amostras de tecidos lavados amostras de tecido em estado engomado, lavado e (massa 2 e volume 2) e 2 amostras de tecidos desengomado tratadas com descarga corona em função do desengomados (massa 3 e volume 3), em seguida, uma tempo de tratamento: destas amostras (1 engomada, 1 lavada e outra Figura 1: Absorção de água (%) em função do tempo (min.) de tratamento corona em amostras de tecido de algodão engomado, lavado e desengomado. desengomada) foram tratadas com descarga corona por 20 min. e logo após, foram mergulhados em água e pesadas massa da amostra submersa por 60 min, e anotou-se o valor a cada 5 min. de imersão em água. Foram repetidos estes procedimentos para tecidos não tratados com Absorção (%) estas amostras ainda submersas em água e registrou-se a Absorção de água em tecido de algodão engomado tratado com corona Absorçãodeágua emtec idodeal godão lavadotr atadoc om corona Absorção de água em tecido de algodão desengomado tratado com corona 350 300 250 200 150 corona. 100 50 0 Resultados e Discussões Características do tecido: A tabela a seguir mostra as características físicas dos 0 1 5 10 15 20 25 30 Tem po (m in.) Observa-se no gráfico da figura 1 que as amostras não Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 59 Tecnologia Preparação tratadas (tempo 0) apresentam menor absorção de água engomados. Nestes tecidos existem goma, os óleos e ceras que as amostras tratadas com corona, Desde o 1º min. já que dificultam a penetração de água e o tratamento corona terá se nota esta alteração, sendo mais evidente a partir de 5 que atacar as duas camadas (goma e ceras) para obter boa min. Entre 15 e 30 min. ocorre discreta alteração na absorção de água. Os tecidos que foram apenas lavados (baixo absorção, chegando ao máximo de 300%. A absorção teor de amido), mas ainda com cera e óleos apresentam sem pelo tecido de algodão está condicionada à eliminação da tratamento maior absorção de água que os tecidos goma introduzida ao fio no processo de tecelagem a fim engomados. Com tecidos engomados, com ligeiro aumento de aumentar a resistência dos fios ao atrito que ocorre nos da absorção de água, sugerindo que esta diferença o teares e também pela eliminação de óleos e ceras naturais tratamento corona, os tecidos lavados apresentam da própria fibra de algodão. Neste sentido, se ocorre o comportamento semelhante que está relacionada à quantidade aumento de absorção de água do algodão, este elementos de amido que foi eliminada nas lavagens. Conseqüentemente (goma, óleos e ceras) estão sendo eliminados dos tecidos, à absorção de água nos tecidos lavados são menores que nos portanto o tratamento com descarga corona está afetando tecidos desengomados, pois os tecidos lavados ainda estes elementos. Inicialmente agindo sobre a camada de apresentam goma, óleos e ceras que dificultam a penetração goma (amido) que reveste os fios das amostras de tecidos do tratamento corona. engomados e em seguida agindo sobre os óleos e ceras Desta forma tratamento corona tem potencial para naturais da própria fibra das amostras de tecidos substituir os tratamentos convencionais (desengomagem e desengomados. É de se esperar que com o aumento da purga) na preparação de tecidos de algodão para tingimento dosagem do tratamento corona ocorra maior eliminação posterior, constituindo um processo único, menos poluente e destas substâncias contidas nas fibras de algodão. Estas provavelmente economicamente mais viável, pois não se substâncias prejudicam nos tratamentos posteriores tais utilizam agentes químicos e água. como tingimento, estamparia e aplicação de amaciantes, pois nestes processos há necessidade de se ter boa Absorção de água: balança hidrostática: absorção de água do material para absorção de corantes e os outros produtos como amaciantes e resinas. A figura 2 exibe o gráfico da massa (g) aparente de amostras de tecido engomado, lavado e desengomado tratadas A absorção de água em função do tempo de por 20 min. com descarga corona e não tratadas em função do tratamento corona é mais evidente nos tecidos tempo (min.) imerso em água. engomados, pois estes apresentam baixa absorção, inicial chega atingir até 240% ou seja, 4 vezes maior. Já o tecido desengomado, por não apresentar goma, possui sem tratamento corona absorção de água em torno de 200%. Com o tratamento corona passa a ter uma absorção de 300%, esta diferença está ligada exclusivamente ao Figura 2: Gráfico de massa aparente (g) de amostras de tecido engomado, lavado e desengomados não tratados e tratados com descarga corona em função do tempo imersão em água. Massa aparente (g) de aproximadamente 60% e com o tratamento corona 0,4 Tecido de algodão engomado 0,35 Tecido de algodão engomado tratado 20 min. com corona 0,3 0,25 Tecido de algodão desengomado 0,2 Tecido de algodão desengomado tratado com corona por 20 min. 0,15 Tecido de algodão lavado 0,1 ataque da descarga corona às ceras e óleos naturais da 0,05 fibra, porém com valores maiores em relação aos tecidos Neste 1 5caso, 10 15 as 20 amostras 25 30 35 40 submersas 45 50 55 60 em água sofrem à ação Tecido de algodão lavado tratado com 20 min. com corona 0 Tempo de imersão em água (min.) 60 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Preparação da força de empuxo contrário, porém como todos os pares praticamente inalterada ao longo do tempo. Nas amostras não (tratados e não tratados) possuem a mesma massa e o tratadas a absorção ocorre mais lentamente não atinge os mesmo volume, porém diferentes entre si, ou seja, tecido níveis de absorção das tratadas. Para melhor entender os fenômenos causados pela ação lavado tratado e não tratado com a mesma massa e mesmo volume (m1 e v1). Tecido desengomado tratado e não da água em tecidos de algodão tratados com descarga corona, tratado com outra massa e outro volume (m2 e v2) e ainda construiu-se o gráfico apresentado na figura 3 que mostra a o tecido engomado tratado e não tratado com m3 e v3. relação massa aparente/massa seca em função do tempo Assim esta força de empuxo se iguala, porém tanto as submerso em água e assim sendo, nota-se no gráfico que amostras sem tratamento como as tratadas absorvem todas a amostras tratadas (curvas pontilhadas) estão num água, no entanto, as amostras tratadas com corona patamar maior que as amostras não tratadas, isto indica que absorvem mais água (aumento de absorção de água). Na as amostras tratadas absorvem mais água que as amostras não verdade, então o que realmente se mediu e o que se tratadas. Observa-se também que as amostras tratadas observa no gráfico é a quantidade de água que as amostras absorvem quase que instantaneamente a quantidade de água tratadas absorveram a mais do que as amostras não e a atinge o equilíbrio nos primeiro minutos submerso em tratadas. água, já as amostras não tratadas além da quantidade de água O objetivo deste experimento é verificar a diferença de absorvida ser menor, levam maior tempo para que atinjam o absorção de água das amostras tratadas em relação às equilíbrio, o qual ocorre ao redor dos 15 min. amostras não tratadas. Neste sentido, nota-se no gráfico Figura 3: Massa aparente/massa seca de tecidos de algodão engomados, lavados e desengomados tratados com corona por 20 min. não tratados submersos em água por 60 min. que amostras tratadas apresentam maiores absorções de água que as amostras não tratadas já no primeiro minuto submersas em água. Nos tecidos lavados e desengomados 1,4 nota-se que mesmo após 1 hora de imersão em água o Tecido de algodão engomado tecido não tratado não absorveu a mesma quantidade de água que os tecidos tratados. Já nos tecidos engomados a diferença foi maior nos primeiros minutos de imersão em água, após 5 min. praticamente tiveram a mesma absorção. Isto se deve ao fato que o tratamento não foi suficiente o bastante para remoção completa da goma e óleos e ceras naturais da fibra de algodão, já nos tecidos Massa aparente/ massa seca 1,2 Tecidodeal godãoengom ado tratadoc om c oronapor 20 min. Tecido de algodão lavado 1 0,8 Tecidodeal godãol avado tratadoc om c oronapor 20 min. Tecdio de algodão desengomado 0,6 0,4 Tecido de algodão desengomado tratado com corona por 20 min. 0,2 0 1 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 Tempo de imersão em água (min.) lavado e desengomado a absorção é maior, pois os tecidos estão mais suscetíveis à descarga corona. Ensaio de Absorção de água Observa-se no gráfico que as amostras tratadas Método norma ABNT (NBR 13000 - Determinação da (comparando-se os pares de tecidos) apresentam maior Absorção de água do Tecido) absorção do que as amostras não tratadas. A absorção A figura a seguir mostra a absorção de água de amostras ocorre imediatamente nas amostras tratadas, ou seja, nos de tecido de algodão engomado, lavado e totalmente primeiros minutos de imersão em água e se mantém desengomado, tratados por 20 min. com corona e não 62 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Preparação Figura 5: Teste de absorção de água em tecido de algodão engomado, lavado e desengomado tratados com corona por 20 min. e não tratados. Método IPT baseado na norma JIS L1004. tratados. Figura 4: Teste de absorção de água de tecidos de algodão engomado, lavado e desengomado tratados e não tratados com descarga corona, utilizando solução de corante azul reativo. Método ABNT 1 1 2 3 4 5 6 2 3 4 5 6 1 Algodão engomado 2 Algodão engomado + 20 min. corona 1 Tecido de algodão engomado 3 Algodão lavado 2 Tecido de algodão engomado + 20 min. corona 4 Algodão lavado + 20 min. corona 3 Tecido de algodão lavado 5 Algodão desengomado 4 Tecido de algodão lavado + 20 min. corona 6 Algodão desengomado + 20 min. Corona 5 Tecido de algodão desengomado 6 Tecido desengomado + 20 min. Corona Observa-se claramente na figura 5 que na amostra tratada houve maior absorção de água, a coluna de solução penetrou com mais intensidade em relação à amostra não tratada. De acordo com a figura 4, observa-se que as amostras não tratadas apresentam baixa absorção de água, a gotas Conclusões de solução de corante não penetram no tecido. As gotas - O Tratamento com descarga corona aumenta a absorção permanecem na superfície até secagem completa da gota. de água em tecidos de algodão; No tecido lavado e desengomado, ainda apresentam baixa Com o tratamento com descarga corona pode-se absorção de água. Com o tratamento corona, nota-se que economizar etapas no beneficiamento primário de tecidos de as gotas de solução de corante se espalham pelo tecido, algodão, eliminando as operações de desengomagem, purga e indicando maior absorção de água nesta região. O efeito alvejamento substituindo pela descarga corona, sendo do tratamento corona é mais evidente na amostra exclusivamente físico sem utilização de agentes químicos, desengomada, visto que existe maior uniformidade de consequentemente sem poluir os efluentes com utilização de absorção da solução do corante. 64 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. tais agentes além do que economizar água, sendo, portanto Tecnologia Preparação um processo mais economicamente viável. aplicação no estudo das propriedades elétricas do polímero Referências Bibliográficas PVDF; Tese de Doutorado, IFQSC/SC/USP São Carlos; 1. BIRD, C.L e Boston, W.S. The Theory Of 1990. Coloration Of Textile. Dyers Company Publications Trust. Inglaterra, 1975. 538 P.. 2. CEGARRA J., Aplicaciones Del Plasma n el Acabado Têxtil. Revista de la Industria Têxtil, nº 358, 5168. (1988) 3. GIORDANO, J.B.: Apostila de beneficiamento têxtil. Faculdade de Tecnologia de Americana. 2005. 4. MAGALHÃES, M. J. e PACHECO, Indução plasmática da mercerização em materiais celulósicos. Tese de Doutorado. Universidade do Minho. Portugal. Julho de 2007. 5. PACHECO, N.M.R.A. C., Irradiação corona de materiais de algodão e hidrofilização de produtos de amaciamento. Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil. Universidade do Minho, Portugal, 2000. 6. SINÉZIO, J.C.C.; Novo Triodo Corona e sua Associação Brasileira de Químicos e Coloristas Têxteis Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. X Tecnologia Preparação Comparação de formação de espumas dos principais tensoativos não-iônicos para a purga têxtil Autores:J. V. Barné e D. Daltin [email protected] Revisão Técnica: Humberto Sabino Uma das etapas mais importantes do processamento preço do petróleo. Já os álcoois laurílicos etoxilados têm o têxtil é a limpeza das fibras vegetais de sua cera protetiva custo mais favorável devido sua cadeia graxa possuir origem natural. Sem a remoção eficiente da cera durante a natural, sendo extraída do óleo de palma ou coco. purga, os processos subseqüentes de alvejamento e Desta forma, neste artigo avaliou-se a atuação de álcoois tingimento têm sua eficiência reduzida. No processo de laurílicos etoxilados e álcoois isotridecílicos etoxilados, purga é realizada uma lavagem em banhos aquosos de buscando-se resultados comparativos quanto à geração de tensoativos a quente e a retirada de cera deve ser a mais espuma, ou seja, que resulte no menor volume de espuma a completa possível e no menor tempo. Para isto, o fim de aumentar-se o rendimento e a produtividade de tensoativo deve ser solúvel na temperatura de uso, agir lavagem de fios e tecidos no processo. rapidamente, retirar a cera de forma completa e produzir quantidades de espuma controláveis. PARTE EXPERIMENTAL Tensoativos Utilizados Introdução Além da efetividade do tensoativo na retirada da Para realização da comparação dos tensoativos, utilizouse os seguintes produtos: camada de cera natural, é importante para a indústria - Álcool graxo laurílico com sete mols de óxido de eteno (L têxtil que o volume de espuma em soluções de 70); tensoativos sob recirculação seja a mínima possível - Álcool graxo isotridecílico com seis mols de óxido de eteno permitindo assim o maior aproveitamento do volume útil (IT 60); dos equipamentos. - Álcool graxo isotridecílico com oito mols de óxido de eteno Atualmente os tensoativos mais utilizados para (IT 80). lavagens têxteis são nonilfenóis etoxilados e álcoois isotridecílicos etoxilados. 50 68 Determinação da Solubilidade do Tensoativo Os álcoois isotridecílicos, no Brasil são os tensoativos Os tensoativos não-iônicos etoxilados apresentam a mais aplicados no processo de purga, porém apresentam propriedade de terem a solubilidade reduzida com o aumento preço elevado por serem produzidos a partir de álcoois da temperatura (propriedade chamada ponto de névoa). Em sintéticos tendo seu custo dependente da variação do processos a quente, um tensoativo de baixo ponto de névoa Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Preparação pode apresentar-se quase totalmente insolúvel, resultando equipamento para 2,57 L/min, 3,32 L/min, 4,17 L/min e 4,50 em menor eficiência. L/min aguardando-se a estabilização da espuma para registro Para determinação do ponto de névoa uma alíquota da das respectivas alturas. amostra (1%) é solubilizada em água sob agitação e Posteriormente repetem-se as mesmas etapas, aquecida e/ou resfriada até ocorrer o ponto de névoa modificando somente a temperatura do equipamento que (ponto de turvação). varia de 30ºC a 90ºC. Definiu-se a concentração dos tensoativos de forma a Determinação do Volume de Espuma obter-se a maior altura possível (30 cm) de espuma no Para obtenção do volume de espuma utilizamos o aparelho para determinação de espuma Mathis ESP, sem que aparelho para determinação de espuma Mathis ESP o produto transborde, adotando-se assim a concentração de (Figura 1). Figura 1 Equipamento de Espuma Mathis ESP 6,25 X 10-4 % p/p para o L 70 e a concentração de 1,25 X 103 % p/p tanto para o IT 60 quanto para o IT 80. RESULTADOS E DISCUSSÕES Resultados do Ponto de Névoa Os resultados obtidos no ensaio de determinação do ponto de névoa estão listados na tabela 1. Tabela 1: Ponto de Névoa para tensoativos utilizados em água 1% p/p. Álcool graxo laurílico com sete mols de óxido de eteno (L 70); Álcool graxo isotridecílico com seis mols de óxido de eteno (IT 60); Álcool graxo isotridecílico com oito mols de óxido de eteno (IT 80). O álcool laurílico com 7 mols de EO demonstrou o maior ponto de névoa, enquanto os álcoois isotridecílicos revelaram os menores valores. Ao compararmos somente os álcoois isotridecílicos, A solução é recirculada no equipamento até formação constatamos que o álcool com 8 mols de óxido de eteno de uma espuma constante, avaliando-se o comportamento apresenta ponto de névoa superior ao álcool com 6 mols de da mesma, mediante vazões e temperaturas distintas. óxido de eteno. Inicia-se o ensaio a temperatura de 30ºC e vazão de 1,91 L/min. Quando o volume de espuma formada apresenta-se estável, anota-se a altura da espuma em centímetros. Resultados do volume de espuma Todos os valores obtidos no ensaio de determinação do volume de espuma em soluções de tensoativos sob Na seqüência, segue-se a elevação da vazão do recirculação estão dispostos nos gráficos 1,2 e 3. 52 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Preparação Gráfico 1. Altura de espuma do álcool laurílico com sete mols de óxido de eteno a concentração: 6,25x10-4 % p/p com variação da temperatura e vazão de recirculação. Gráfico 3. Altura de espuma do álcool isotridecílico com oito-3mols de óxido de eteno a concentração 1,25x10 % p/p com variação da temperatura e vazão de recirculação. 45 45 40 40 35 35 Altura de Espuma (cm) Altura de Espuma (cm) 30 25 20 15 30 25 20 15 10 10 5 5 0 0 30 40 50 60 70 80 90 30 40 50 60 70 80 90 Temperatura (°C) Temperatura (°C) 1,91L/min 2,57 L/min 3,32L/ min 4,17L/ min 4,50L/ min M ediaent reas M édias 1,91L/min 2,57 L/min 3,32 L/m in 4,17 L/m in 4,50 L/m in M edia entre as Médias No geral, observa-se que tanto no gráfico 2 quanto no Pode-se verificar que o aumento da temperatura de 50 gráfico 3, a elevação da temperatura diminui a altura da para 90ºC reduz a altura da espuma. O tensoativo quando espuma. À vazão de 1,91 L/min, o tensoativo atinge o menor submetido à vazão de 1,91 L/min atinge a menor valor de valor de altura da espuma e mediante vazão máxima do altura da espuma e sob a vazão de 4,5 L / min alcança a equipamento, correspondente a 4,5 L / min alcança a maior maior valor para a altura da espuma. valor para a altura da espuma. Gráfico 2. Altura de espuma do álcool isotridecílico com seis mols de óxido de eteno a concentração 1,25x10-3 % p/p com variação da temperatura e vazão de recirculação. 45 apresentou maiores valores para a espuma foi o álcool laurílico com 7 mols de EO, no qual houve necessidade de reduzir-se até mesmo sua concentração para a realização do 40 ensaio, já que sob a concentração de 1,25 x 10-3 % p/p 35 Altura de Espuma (cm) Comparando-se todos os resultados, o produto que 30 (concentração adotada para os álcoois isotridecílicos) a 25 espuma extrapolou o volume do equipamento. Os álcoois isotridecílicos com 8 mols de EO e 6 mols de 20 15 EO revelaram características muito semelhantes em relação a 10 geração de espuma, entretanto os resultados apresentaram-se 5 pouco inferiores para o álcool graxo de menor grau de 0 30 40 50 60 70 80 90 Temperatura (°C) 1,91L/min 2,57 L/min 3,32 L/min 4,17 L/m in 4,50 L/min M edia entre as Médias Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 53 Tecnologia Preparação etoxilação. observa-se uma ligeira queda da espuma, coincidindo-se novamente com o ponto de névoa, neste caso de 48ºC, no qual CONCLUSÃO o tensoativo não iônico inicia o processo de insolubilidade A elevação no grau de etoxilação de um tensoativo (Gráfico 3). aumenta sua parte polar elevando proporcionalmente Ao comparamos as cadeias carbônicas dos álcoois graxos interações dipolo-dipolo das moléculas do tensoativo com avaliados, identificamos que a cadeia laurílica possui a água, conseqüentemente exigindo-se uma temperatura capacidade maior de estabilização da espuma em relação à maior para ruptura efetiva destas forças intermoleculares cadeia isotridecílica. Uma hipótese para explicar este o que leva a um ponto de névoa mais alto. comportamento pode ser devido à cadeia isotridecílica Como o ponto de névoa determina a temperatura onde possuir uma estrutura que propicia um impedimento estérico se inicia a insolubilidade de parte das moléculas de um que pode levar a redução da densidade de moléculas na tensoativo não-iônico, pode-se classificar os mesmos na superfície água-ar, facilitando o escorrimento da água na seguinte ordem decrescente de solubilidade: superfície da bolha. Já a estrutura laurílica, por ser linear não 1º) Álcool laurílico 7 mols de EO: alta solubilidade promoverá tal impedimento estérico, o que levaria a uma com ponto de névoa, 52ºC. densidade de ocupação da superfície maior, favorecendo 2º) Álcool isotridecílico com 8 mols de EO: média assim a formação e estabilidade da espuma. solubilidade com ponto de névoa, 47ºC. Avaliando-se somente os álcoois isotridecílicos com 6 3º) Álcool isotridecílico com 6 mols de EO: baixa mols de EO e 8 mols de EO, os resultados demonstram nesta solubilidade, não podendo-se determinar o valor pelo faixa de solubilidade a teoria de quanto maior o poder método utilizado, pois seu ponto de névoa está abaixo da hidrofílico do tensoativo melhor a estabilização da espuma, temperatura ambiente. pois o álcool isotridecílico com 8 mols de EO possui 2 mols Ao correlacionarmos a solubilidade dos tensoativos de óxido de eteno a mais para cada molécula de álcool, não-iônicos com os resultados de espuma, identificamos elevando seu poder hidrofílico, propiciando a uma espuma que o álcool laurílico com 7 mols de EO, no geral, maior. demonstra uma tendência de elevação de espuma entre as De acordo com os resultados, para os tensoativos não- temperaturas de 30 a 50 ºC, e a partir desta temperatura, iônicos testados, o aumento da vazão no equipamento, aproximadamente 53ºC (ponto de névoa) a espuma propicia a elevação da altura de espuma, devido à geração de apresenta uma queda, devido a insolubilidade de parte do um número maior de bolhas em solução. Já a elevação da tensoativo (Gráfico 1). O álcool isotridecílico com 6 mols temperatura acima do ponto de névoa do tensoativo favorece de EO, no geral, revelou uma tendência somente de queda, a ruptura da espuma tendo-se em vista que se aumenta a o que pode ser explicado, pois seu ponto de névoa é insolubilidade do produto. inferior a 25ºC, ou seja, na temperatura inicial do ensaio de Assim sendo, conclui-se que podemos classificar os espuma (30ºC), ele apresenta-se já parcialmente insolúvel tensoativos quanto à geração de espuma na seguinte ordem (Gráfico 2). No álcool isotridecílico com 8 mols de EO há decrescente: 54 68 uma tendência de elevação da espuma entre as 1º) Álcool graxo laurílico 7 mols de EO: espuma alta. temperaturas de 30 e 45ºC e desta temperatura em diante 2º) Álcool graxo isotridecílico com 8 mols de EO: espuma Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Preparação média. DALTIN, Décio. Processamento Químico Têxtil. 3º) Álcool graxo isotridecílico com 6 mols de EO: Oxiteno. espuma baixa. MOSCONI, Patrícia. Método Analítico Oxiteno 1088 Determinação do volume de espuma em soluções de Agradecimentos tensoativos sob recirculação. Oxiteno, 2007. Agradeço ao Centro Universitário Fundação Santo André e a Oxiteno S/A Indústria e Comércio pelo apoio na realização deste trabalho. REFERÊNCIAS Solicite seu cadastramento e receba grátis, semanalmente, o ABQCT Online. Aproveite e mantenha-se informado. BARNÉ, Jaqueline Venancio. Influência das Cadeias Laurílica e Isotridecílica em Tensoativos no Processamento Têxtil. Fundação Santo André, 2008. CERQUEIRA Alberto. Método Analítico Oxiteno 778 Determinação Ponto de Névoa. Oxiteno, 2005. DALTIN, Décio. Introdução aos Tensoativos. Oxiteno, 2006. Você em contato com o Mundo www.abqct.com.br e-mail: [email protected] Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. X Tecnologia Processos Influência do tempo e da temperatura na dipagem de telas de poliéster para pneus Autores:Marina Assumpção Calazans Fernando Barros de Vasconcelos (professor orientador) Centro Universitário da FEI Revisão Técnica: Rafael Rodrigue Ramos Resumo Um pneu deve ter varias funções sendo, as mais importantes: estabilidade dimensional, baixa resistência com soluções provindas do látex para que haja melhor adesão do material têxtil com o pneu. Esse tratamento é a dipagem (dipping). à rodagem, boas propriedades de dirigibilidade, baixo O "dipping" ou dipagem é o processo a que é submetido o peso e boa durabilidade. Essas propriedades dependem tecido estrutural (tela) onde, através da impregnação de uma dos materiais particulares que formam a estrutura do solução à base de látex, consegue-se sua adesão à borracha. pneu, notadamente a borracha e a base de reforço. A adesão entre esses materiais tem um papel fundamental nas propriedades finais do pneu. Nesse estudo buscou-se explorar as variações de tempo e temperatura no No geral, a dipagem consiste em embebedar o tecido em uma solução aquosa compondo resinas e látex. O tecido, após o embebedamento na solução, a um tratamento térmico, com o seguinte propósito: processo de dipagem de telas de Poliéster visando a) Eliminar a água da solução e da fibra. analisar sua influência na adesão com a borracha. b) Promover a reação entre os componentes da solução, Através do planejamento de experimentos mostrou-se de forma a aumentar sua reatividade com a borracha, que a força de adesão aumenta com o tempo e a aumentando assim a adesão. temperatura até um limite a partir do qual começa a cair. Também foi possível delimitar faixas mais indicadas de trabalho para os dois fatores visando otimizar a força de adesão. A figura a seguir mostra as varias fases envolvidas no processo: Figura 1. Diagrama para processamento de pneus Palavras-chave: Pneu. Adesão. Dipagem. Poliéster 1. Introdução Diversas características dos pneus estão relacionadas com as carcteristicas das fibra utilizadas na tela de reforço. A adesão do material têxtil com a borracha tem influencia direta na integridade do pneu, performance a longo prazo e transferência de esforço. Devido ao fato dos materiais têxteis não terem adesão com a borracha do pneu, deve ser feito um tratamento 34 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Fonte: Wiley, 2006 Tecnologia Processos O processo também tem como finalidade fazer o amostra de tecido dipado. Marca: RUCKS Maschinenbau tratamento térmico da fibra, e para alcançar esses dois GmbH. Modelo: KV 258 propósitos, deve ser baseado nas seguintes variáveis: d) Dinamômetro: Aparelho para medição da força de a) Tempo (de exposição nos fornos) adesão do material têxtil com a borracha. Marca: Instron®. b) Temperatura dos fornos Modelo: Series 5840. c) Tensão aplicada na fibra. O tempo e a temperatura de exposição estão 2.3. Metodologia relacionados entre si para alcançar o grau de reticulação Primeiramente, foi estudada uma faixa de variação possível de tempo e temperatura para o ensaio de modo a da solução. Esse trabalho visa identificar o tipo de influência das definir os níveis (min e max) dos dois fatores (tempo e variáveis tempo e temperatura no processo de dipagem temperatura). em tela de Poliéster e determinar faixas de trabalho para obter um resultado ótimo de adesão da borracha. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Material O material têxtil utilizado no trabalho foi uma tela com urdume de Poliéster e trama de Algodão, conforme Foi aplicado inicialmente um planejamento fatorial 2² com pontos centrais e os ensaios definidos segundo esse especificações a seguir: planejamento com a ajuda do software Minitab. Pontos Título do urdume: 1670x2 dtex Densidade: 1378 fios/dm Trama: Ne 30/1 100% CO Largura: 1,45m Gramatura cru: 512g/m2 Gramatura dipado: 528g/m2 TPM (urdume): 320 adicionais para um planejamento central composto podem ser testados caso seja detectada curvatura na relação entre as variáveis. Durante os ensaios a tensão foi mantida constante em 5% de alongamento. Cada amostra de tecido dipado foi prensada com a borracha pré amolecida a alta temperatura na estufa. A seguir foi testada a força de adesão que consiste na força necessária para arrancar o substrato de borracha do tecido no 2.2 Equipamentos No desenvolvimento do trabalho foram utilizados os dinamômetro, segundo a norma ASTM D4776-04 H “Adhesion of Tire Cords and Other Reinforcing Cords to seguintes equipamentos: a) Máquina de dipagem: Máquina de tratamento de Rubber Compounds by H-Test Procedure”. tecidos pneumáticos. Marca: Swatik. Modelo: PLC/AC b) Estufa: Estufa para secagem/amolecimento da 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES borracha a ser prensada no material Callmex. Modelo: Q317M-73 têxtil. Marca: Com a primeira série de ensaios para o planejamento fatorial com pontos centrais chegou-se aos seguintes c) Prensa: Aparelho que prensa a borracha moldada na resultados (ordenados): 36 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Processos da temperatura, do tempo ao quadrado e da interação entre tempo e temperatura. A superfície de resposta mostra como é a relação da força de adesão com o tempo e a temperatura no processo de dipagem. Verifica-se que, inicialmente, tanto um aumento da temperatura quanto do tempo faz aumentar a força de adesão. Porém, a partir de um limite incrementos nos fatores A análise dos dados no Minitab forneceu um valor estudados (principalmente do tempo) provocam uma p de 0,001 para a influência do ponto central (análise da diminuição da mesma que pode ser drástica quando os dois curvatura), o que indica que a relação entre as variáveis fatores estão em seus valores máximos. estudadas não é linear. Assim foram acrescentados quatro ensaios nos pontos axiais conforme o planejamento central composto a seguir: Podemos notar também uma nítida interação entre tempo e temperatura: quando o tempo é pequeno qualquer aumento de temperatura provoca um aumento na adesão. Porém se o tempo é muito grande o mesmo aumento de temperatura Nova análise no Minitab forneceu os resultados provoca uma diminuição na adesão e em proporções maiores. abaixo: O gráfico de interações abaixo ilustra melhor essa análise: Como resultado podemos verificar que, com 95% de confiança (valores p < 005), a adesão é função do tempo, Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 37 Tecnologia Processos O gráfico de contorno a seguir mostra os vários níveis Como os grupos da solução que reagem com a borracha e o de adesão possíveis de serem obtidos com diversas poliéster são os mesmos, não sobram grupos reacionais para combinações de tempo e temperatura. Os melhores a borracha e a solução reage completamente com o poliéster, valores (>180 N) são obtidos com tempos intermediários fazendo com que a adesão entre o RFL e a borracha diminua. e menores temperaturas. Esse conhecimento adquirido acerca do processo permite evitar que se trabalhe com tempos e temperaturas acima do necessário para dada adesão, trazendo uma otimização conjunta de resultado e custo. No entanto se, por exemplo, uma força de adesão acima de 175 N é suficiente, é possível estabelecer uma faixa de trabalho relativamente ampla. 4. CONCLUSÃO Percebe-se que até certo ponto, aumentando-se o tempo e a temperatura de dipagem, a adesão aumenta, mas a partir de certo tempo, o aumento da temperatura em um dado tempo ou aumento do tempo a uma dada temperatura, a adesão final diminui, devido ao fato de maior tempo e temperatura aumentarem a velocidade da reação dos grupos reativos da solução com o poliéster. 38 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Acordis Industrial Fibers Chemical and Thermal Resistance of Textile Reinforcing materials in Mechanical Rubber Goods. ALFIERI, Paulo Pedro Maria Tecnologia das Fibras Têxteis III. ASTM - American Society for Testing and Materials, Estados Unidos.. ENCYCLOPEDIA of textiles, fibers, and nonwoven fabrics. New York ; Chichester: John Wiley, c1984. FUNG, Walter; HARDCASTLE, Mike. Textiles in automotive engineering. Cambridge; Woodhead: Pennsylvania: Technomic, 2001. HORROCKS, A. Richard; ANAND, Subhash C. (Ed.). Handbook of technical textiles. Boca Raton, Florida. http://auto.howstuffworks.com/tire.htm acessado em 18/11/2008 14:18h. http://www.bridgestone.com.br/pneus_interno.aspx?id_ produto=58 acessado em 18/11/2008 15:00h. http://www.goodyeartires.com/about/diversity/how_buil t.html acessado em 18/11/2008 14:36h. Http://www.michelintransport.com/ple/front/affich.jsp? codeRubrique=33&lang=PT 18/11/2008 15:20h. Karim Nice. "HowStuffWorks - Como funcionam os pneus". Publicado em 19 de setembro de 2000 acessado em 19/11/2008 16:08 h. KASWELL, Ernest R. Wellington sears handbook of industrial textiles. New York: Textile, c1963. PAGLIARETTA, Carlo The Reinforcing Materials in the Rubber Industry, Itália, 1999. Tecnologia Qualidade Desafios na Medição e Caracterização do Goniocromatismo Autores:Esther Perales, Elísabet Chorro, Víctor Navarro e Francisco Miguel Martínez-Verdú Grupo Cor e Visão Departamento de Óptica Universidade de Alicante, Espanha Tradução e revisão técnica: Kelson dos Santos Araújo Universidade do Minho, Portugal Resumo superfície externa, são semelhantes aos espelhos. Não O goniocromatismo, efeito que consiste na alteração obstante, já que são espelhos imperfeitos, apresentam da cor visualizada em função da variação do ângulo de reflexões ligeiramente afastadas do ângulo especular. Estes iluminação e/ou de observação, ocorre quando o espelhos tampouco estão alinhados perfeitamente, pelo que o material avaliado contém pigmentos de efeitos especiais ângulo de iluminação relativo ao pigmento não é sempre o [1, 2], tais como partículas laminadas de alumínio ou mesmo. Como resultado, os materiais que contêm pigmentos pigmentos multicamadas (de interferência). Nos últimos de partículas metálicas refletem uma quantidade destacada 100 anos vimos o apogeu comercial alcançado pela de luz incidente nas direções dos ângulos aespeculares química de corantes e pigmentos. Deste modo, o interesse próximos, conforme sua aparência visual final nas pelos pigmentos com efeitos especiais não pára de qualidades de brilhantes (glossy), semibrilhantes (semi- crescer já por muitos anos e em setores tão diversos como glossy), ou inclusivamente retroreflectivas (Figura 1). plásticos, cosméticos, cerâmicas, tintas gráficas, papel e embalagens, tintas e revestimentos etc.. No entanto, ainda falta muito para compreendermos plenamente a caracterização óptica e visual (colorimétrica) destes Figura 1. Superior: esquema das reflexões especular e aespecular de um revestimento composto por partículas metalizadas (Al) e pigmentos convencionais. Inferior: perfis polares de reflectância para 3 tipos de brilho. materiais, bem como o controle exato da formulação destes pigmentos especiais para predizer seus efeitos ópticos e visuais. Este artigo apresenta uma revisão do estado da arte (situação atual do desenvolvimento tecnológico na área) com enfoque nas problemáticas da medição e da caracterização do goniocromatismo. 1. Introdução Os pigmentos de partículas metálicas, com formatos laminados e dispostos de modo controlado em paralelo à Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 39 Tecnologia Qualidade Conforme vamos afastando o ângulo de observação do de iluminação [3]. ângulo especular, a luminosidade ou claridade da amostra O principal motivo para que esta classe de pigmentos de pode mudar significativamente. Quando avaliamos efeitos ópticos receba também a denominação de pigmentos amostras coloridas que contêm partículas metálicas e de interferência, ou iridescentes, deve-se aos fatores descritos pigmentos convencionais, a característica mais a seguir. Levando-se em conta a estrutura em camadas que os importante é conhecida como flop (iridescência), definida pigmentos desta classe apresentam, é possível aplicar a teoria como a alteração em termos de luminosidade (claridade) da interferência óptica em camadas múltiplas com índices de quando a amostra é observada desde os ângulos refração e espessuras diferentes [4, 6]. A diferença de aespeculares próximos até os ângulos aespeculares percurso óptico para um par de raios incidentes sobre a distantes. O maior brilho é visto nos ângulos aespeculares superfície da partícula é a chave para a geração de ondas próximos. Uma equação para o índice de flop foi sobrepostas construtivas e destrutivas, favorecendo ou desenvolvida com base nas medições realizadas para os minimizando seletivamente diferentes formas de reflectância ângulos recomendados pela empresa DuPont e espectral, ou seja, as cores para o observador humano. Assim, elaborados em termos da luminosidade CIE, L15*, L45* e considerando-se o índice de refração n para a camada de L110 *, calculadas a partir das medições da luminosidade rutílio, d a espessura da mesma e a o ângulo de incidência CIE nos três ângulos: 15º, 45º e 110º, respectivamente. sobre a superfície em contato com o ar, a diferença de d fase obtida é: 1,11 Flop = = 2,69·(L *15º - L *110º ) (L *45º )0,86 2,69·(L *45º /120º - L *45º /25º )1,11 (L *45º /90º )0,86 l d =2d n 2 - sen 2a + 2 No caso do comprimento de onda com máxima reflectância, temos Y: Os pigmentos perolizados ou de interferência caracterizam-se por serem formados por finas lâminas de mica recobertas por dióxido de titânio, embora existam l 4d n 2 - sen 2a , 2m +1 com m =0,1, 2, 3, K máx = muitas outras formas de construção a partir deste esquema estrutural básico [1, 2]. Quando a luz branca incide sobre Consequentemente, ao passo que os pigmentos de o pigmento, parte dela é refletida e a outra transmitida partículas metálicas estão limitados a alterações na através da camada de dióxido até se encontrar com a luminosidade percebida, os pigmentos de interferência criam lâmina de mica, onde volta a ser refletida. Tal componente a sensação de “mudança de cor” (de tonalidade) de um objeto refletido emerge do pigmento paralelamente ao primeiro quando os ângulos de observação e de iluminação mudam. raio refletido e em fase com este. Como consequência, a onda resultante será mais intensa e, além disso, a 2. Aparência Visual de Materiais Goniocromáticos Geralmente, é possível caracterizar a aparência visual de tonalidade do pigmento sofrerá alterações. Tais alterações dependerão da espessura da camada do óxido metálico, da materiais em qualquer situação que se apresente. Porém, as orientação das lâminas, do índice de refração e do ângulo aplicações industriais da cor são tão amplas e variadas que, 40 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Qualidade em algumas situações, é necessário definir conceitos específicos e fórmulas relacionadas para caracterizar Figura 2. Descrição dos ângulos aespeculares próximos, de face (ao redor da normal)e de flop (distantes) partindo de uma incidência luminosa a 45º diferentes problemas (solidez da cor, brancura, brilho, opacidade, grau de metamerismo etc.). No entanto, em especial, a caracterização óptica e visual de materiais goniocromáticos não é nada simples, mas muito pelo contrário, já que, como mencionado anteriormente, depende dos ângulos de iluminação e de observação. Quando observamos materiais goniocromáticos visualmente, podemos ver três cores dominantes que se Estes materiais refletem a luz seletivamente somente nas denominam: aespecular próxima, de face e flop cercanias dos ângulos aespeculares, com um máximo de 30º. (iridescente) [7]. É possível observar a cor aespecular À medida que o ângulo de observação se aproxima dos próxima quando vemos uma amostra com um ângulo ângulos aespeculares mediano e distante, a cor da amostra se muito próximo ao especular. A cor aespecular próxima aproxima da cor do substrato e, então, a cor resultante passa a depende mais dos flocos (escamas) metálicos ou dos seguir as leis da mistura subtrativa (por absorção) de corantes pigmentos de interferência, mas sempre sofrerá uma e pigmentos. Além disso, a cor percebida da reflexão do pequena influência da cor convencional. Quando nos componente aespecular próximo mudará dependendo do aproximamos do ângulo especular entram em destaque as ângulo de iluminação. Então, na zona de transição da Figura propriedades do revestimento da superfície e o brilho de 3, ocorre uma combinação de misturas de cores com base nos definição de imagem que exercem influência sobre a cor princípios aditivos (interferência) e subtrativos (absorção) de especular próxima. A cor de face é observada quando pigmentos. Consequentemente, para avaliar os pigmentos de visualizamos a amostra em um ângulo convencional interferência deveremos incluir vários ângulos de difuso ao longo da normal e para um ângulo de iluminação iluminação. de 45º e é influenciada em sua maioria pela cor convencional. A cor flop (iridescente) é observada quando Figura 3.Esquema da interação das misturas aditiva (interferência) e subtrativa (absorção)nos pigmentos perolizados. olhamos para uma amostra na direção oposta à do ângulo especular e é influenciada pelos pigmentos convencionais (que causam reflexões difusas) e pelos flocos (escamas) metálicos ou pigmentos de interferência que também Adicionalmente, a caracterização fica ainda mais contribuem para a reflexão difusa. À medida que complicada quando são misturados no material/substrato aumentamos o ângulo flop relativo ao ângulo especular, a tanto pigmentos convencionais (sólidos) como pigmentos de dispersão devida aos flocos metálicos ou aos pigmentos de efeitos metálicos ou perolizados. Deste modo, por exemplo, interferência adquire uma influência maior sobre a cor combinando o mesmo tipo de pigmento sólido em vários flop. tipos de pigmentos de interferência (Figura 4, esquerda), as cores resultantes são caracterizadas claramente pela forma 42 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Qualidade "T" correspondentes às curvas aespeculares e de interferência, as quais iremos definir mais adiante. Por outro lado, combinando um pigmento de interferência com um pigmento metálico (Al) e um pigmento sólido em proporções diferentes, os resultados cromáticos são ainda mais variáveis aparentemente seguindo, contudo, alguma regra indeterminada (Figura 4, direita). De todo modo, qualquer que seja a combinação entre pigmentos sólidos, metálicos e/ou perolizados, o usuário/cliente deseja obter uma reprodução da receita/cor de tal modo que a 3. Problemática na Medição de Amostras Gonioaparência cromática seja igual à da cor de referência cromáticas (padrão) sob qualquer geometria de medição/visua- Perante a complexidade, brevemente descrita lização, sem necessidade de saber de início qual é o anteriormente, do comportamento óptico-visual dos substrato físico, os pigmentos e suas proporções pigmentos metálicos e perolizados, é óbvio que não nos é utilizados na cor de referência (por exemplo, igualar a suficiente utilizar as técnicas da espectrofotometria aparência de uma cor perolizada entre materiais bidirecional ou de esfera integradora. Diante disso, já há quimicamente diferentes). Isto implica que o surgimento várias décadas que instituições de normalização, como a DIN, de metamerismo devido à variação da geometria de alemã, e a ASTM, norte-americana, têm estabelecido várias visualização deve ser o mínimo possível (Figura 5). diretrizes neste campo da aparência da cor de materiais Nestes casos, trata-se de uma matização multicor que não especiais [9]. Deste modo, primeiramente, são descritos os pode basear-se exclusivamente na matização da cor ângulos aespeculares cis e trans, tidos como representando os (cálculo da receita) para uma única geometria de medição, desvios angulares relativos à direção especular no sentido mas sim para várias simultaneamente. Estamos falando, horário (trans) e anti-horário (cis), conforme ilustrado na então, de matizações multimetaméricas [8] ou, na melhor Figura 6. das hipóteses, de matizações multiespectrais, ambas representando o desafio atual da Ciência e Tecnologia da Cor neste campo teórico/aplicado. Figura 4.Misturas de pigmentos deinterferência e sólidos. Superior: resultados de vários pigmentos Xirallic com o mesmo pigmento sólido. Inferior: resultados do pigmento Violeta Fantasy com pigmento de Al e outro pigmento sólido em proporções diferentes. 44 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Figura 5. Exemplo no diagrama de cromaticidade CIE-a*b* da matização multimetamérica de uma amostra goniocromática. A curva aespecular parece estar melhor reproduzida que a curva de interferência. Tecnologia Qualidade Figura 6. Direções angulares para medição do goniocromatismo. Ângulo de incidência/iluminação a 45º (em vermelho), ângulo especular a 135º (em verde) e ângulos aespeculares (em azul): tipo cis (+15 e +25º relativos ao ângulo especular), tipo trans (-15º relativo ao ângulo especular). modo, mudando o ângulo de iluminação é possível obter diversas curvas aespeculares da mesma amostra, todas válidas, fornecendo novas informações sobre o comportamento cromático completo do material. Porém, ainda que os valores absolutos dos ângulos aespeculares envolvidos possam ser iguais, os ângulos respectivos de iluminação e observação indicam-nos que pode não haver nenhuma relação angular entre eles. Ou seja, que as geometrias não podem ser invertidas. Por exemplo, se o ângulo de iluminação é de 45º e o ângulo de observação é de 110º, o ângulo aespecular será de 25º. Embora um ângulo de iluminação de 110º e um ângulo de observação de 45º produzam o mesmo ângulo aespecular, a A partir dos ângulos aespeculares são definidas observação seria do tipo “trans”, com a qual nenhuma também a curva de interferência e a curva aespecular na comparação entre as medições daria resultados visuais representação dos resultados colorimétricos da aparência idênticos. Deste modo, entre ângulos aespeculares dos tipos visual de uma amostra goniocromática em um espaço de "cis (+)" e "trans (-)", cria-se um deslocamento (trans cis) em cor. A primeira curva corresponde a um conjunto de nível espectral no sentido dos comprimentos de onda maiores dados colorimétricos associados a pares de ângulos de (Figura 7). Em nível colorimétrico, isto levará a avaliações iluminação/observação com o ângulo aespecular colorimétricas não simétricas, mesmo se girarmos a amostra constante. A segunda corresponde a um conjunto de em 180º com relação à normal colocada na abertura de um dados colorimétricos associados a pares de ângulos de Espectrofotômetro multiângulos [10, 11]. A razão principal iluminação/observação com o mesmo ângulo de desta não reversibilidade cromática, ou anisotropia cromática, incidência (iluminação). Na Tabela 1, vemos as 5 deve-se ao fato de que, em numerosos casos, a camada de geometrias de medição, segundo a norma ASTM, e as 4 óxido metálico sobre o substrato não é plana, mas sim geometrias de acordo com a norma DIN (europeia). De apresenta espessura variável, pelo que não é a mesma coisa qualquer maneira, como é óbvio, é possível definir iluminar e ver por um lado/plano e pelo outro, nem em termos muitas geometrias adicionais, mas o desafio está em ópticos nem visualmente. Levando-se em conta a relevância comercial que os implementá-las na prática dentro de um espectrofotômetro multiângulos. pigmentos metálicos e perolizados têm já há décadas, os Com respeito às geometrias de medição do espectrofotômetros multiângulos existem há menos de 15 goniocromatismo que produzem melhores resultados, já anos e sempre com projetos de construção optomecânicos se constatou que o ideal é usar mais de 5 geometrias e, se adaptados às geometrias de medição recomendadas pelas possível, que algumas delas estejam associadas de tal normas ASTM e DIN. Evidentemente, devemos atribuir a forma que compartilhem o mesmo ângulo aespecular, ou causa desta dependência instrumental com recomendações de seja, que façam parte da chamada "curva de normalização à grande importância do controle de qualidade interferência", em vez da "curva aespecular". Deste visual na indústria automobilística, uma das forças motrizes Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 45 Tecnologia Qualidade da indústria dos nossos tempos. Desta forma, na década para muitos setores industriais (altamente recomendado para de 1990, quando começou-se a normalizar a avaliação do o setor automotivo), é o modelo MA-68II da empresa X-Rite. goniocromatismo, todos os grandes fabricantes de Este instrumento incorpora as 5 geometrias de medição instrumentos de medição da cor (Datacolor, Konica recomendadas pelas normas ASTM 2194 e DIN 6175-2. Minolta, GretagMacbeth, X-Rite, Byk-Gardner, Como já indicado anteriormente, talvez as 5 geometrias de Hunterlab etc.) lançaram no mercado espectrofotômetros medição ASTM e DIN sejam suficientes para a caracterização multiângulos de bancada e portáteis (Figura 8) para de cores metálicas, mas não para cores perolizadas nem, tentarem obter uma fatia significativa do novo mercado inclusive, no caso de outras cores com outros efeitos ópticos de aplicações do goniocromatismo. Entre os (resplande-cência/glitter, cintilação/sparkle etc.). Com uma instrumentos deste leque inicial, o espectrofotômetro iniciativa científico-tecnológica por parte da empresa multiângulos por excelência, quer dizer, o mais utilizado Datacolor, esta implementou as sugestões técnicas de vários Figura 7.Resultados que demonstram a não reversibilidade cromática em uma amostra goniocromática (Colorstream T20-02 Arctic Fire Exterior (T20-02) PSD 5-40 mm Rutílio)medida com um espectrofotômetro multiângulos Datacolor FX10 girando-a ao redor da normal sobre a abertura do instrumento de 0º a 360º com intervalos de 15º. 46 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. Tecnologia Qualidade especialistas internacionais em avaliação do gonio- medir a função de distribuição da reflectância bidirecional cromatismo para lançar no ano de 2005 um novo modelo espectral (ou sBDRF - spectral bidirectional reflectance de espectrofotômetro multiângulos (FX10). Neste distribution function) de qualquer tipo de material. Assim, já instrumento, do conjunto de 10 ângulos de observação e há cerca de uma década que encontramos trabalhos iluminação, seis deles são especificamente concebidos científicos sobre a gonioespectrofotometria integral [12], para a medição de pigmentos de interferência, enquanto alguns baseados em projetos optomecânicos mais flexíveis que cinco podem ser usados para a medição de amostras que o do modelo FX10, como os GK311M da Zeiss e os de partículas metálicas padrões de acordo com as normas GCMS-3B da Avian, além de outros adaptados a partir de DIN 6175 e ASTM E2194. Os ângulos de iluminação e goniofotômetros [13] para medição do brilho, outros que já recepção podem cada um variar da esquerda 0º para a usam telespectroradiômetros [14] ou câmeras multiesdireita 180º. pectrais [15]. Esta classe de novos protótipos em A empresa X-Rite, em resposta à inovação científico- gonioespectrometria integral vem sendo aplicada em enorme tecnológica do modelo FX10 da Datacolor, no outono variedade de campos, desde a caracterização da aparência de passado lançou no mercado o novo espectrofotômetro obras de arte até a otimização da aparência visual de qualquer multiângulos X-Rite MA98 com algumas novidades, material óptico em realidade virtual para ambientes como a incorporação de um segundo ângulo de arquitetônicos, videojogos e cinema 3D, moda virtual etc.. iluminação, o ângulo aespecular "trans" (-15º) e vários ângulos de observação fora do plano convencional de Figura 9. Espectrofotômetro multiângulos FX10 (esquerda) e X-Rite MA98 (direita) iluminação/observação, com o que permite fazer uma avaliação preliminar em nível tridimensional. Figura 8.Exemplos de espectrofotômetros multiângulos existentes no mercado durante a última década. De cima para baixo e da esquerda para a direita: BykMac, X-Rite MA68II, Konica Minolta CM-512m3, Optronik CarFlash, GretabMacbeth ColorEye640 e GretagMacbeth ColorEye-6. Historicamente, a primeira comparação entre espectrofotômetros na Europa foi feita em 1993. Tal comparação interinstrumental serviu para determinar o estado da arte (situação atual do desenvolvimento tecnológico na área) das medições de reflectância espectral e especificação da cor de materiais por meio da espectrofotometria. Participaram quatro laboratórios metrológicos provenientes de diferentes países da União Europeia. Em cada laboratório, foram O aparecimento no mercado do espectrofotômetro X- calibrados os mesmos conjuntos de padrões cerâmicos Rite MA98 pressupõe um passo voltado mais no sentido coloridos. A comparação interinstrumental envolveu a da implementação na prática de espectrofotômetros geometria 0/45 e os componentes especulares incluído e multiângulos tridimensionais, quer dizer, capazes de excluído. O resultado foi que, aproximadamente, metade das Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. 47 Tecnologia Qualidade medições feitas pelos laboratórios nacionais não estava sintetiza seu comportamento óptico (espectral) em todas as de acordo com o limite de perceptibilidade cromática direções possíveis de visualização. Assim, diante de uma (0,5 D Eab). Portanto, estes espectrofotômetros eram aplicação industrial qualquer (tintas e revestimentos para o inadequados para aplicações industriais. A segunda setor automotivo, realidade virtual etc.) em que seja comparação interinstrumental em termos europeus come- importante o conhecimento integral do comportamento çou em 1997 [16]. O objetivo principal neste projeto foi o óptico e visual desta classe de materiais, é imprescindível de harmonizar as medições de cor entre 8 laboratórios dispor de um instrumento com as características descritas nacionais (entre eles, o Laboratório de Metrologia Óptica anteriormente para realizar tarefas tais como o desendo CSIC, em Madri) para obter uma concordância de volvimento de bases de dados multiespectrais, sistemas de 0,5DEab para 95% de cores não fluorescentes e que gerou a formulação de cores metálicas e perolizadas etc.. publicação de um guia de boas práticas para medições de cores opacas e translúcidas. Isto foi alcançado pelo desenvolvimento de um sistema de determinação e correção de erros sistemáticos e aleatórios. O segundo objetivo foi o de ampliar a capacidade de medição de forma a abranger cores fluorescentes usando o método de monocromador duplo em 3 países europeus, além de levar a cabo uma intercomparação de materiais fluorescentes para cumprir com os requisitos metrológicos. De qualquer maneira, daí em diante aparecem na literatura trabalhos sobre comparações entre espectrofotômetros [17-20], mas nenhum ainda com amplitude e abrangência significativas sobre os espectrofotômetros multiângulos para a caracterização do goniocro- matismo. 4. CONCLUSÕES Um espectrofotômetro multiângulos com capacidade de proporcionar geometrias de medição associadas a curvas aespeculares e de interferência é necessário para a caracterização do goniocromatismo. Somente com este tipo de instrumento, ou em sua versão tridimensional usando um conjunto optomecânico e uma câmera multiespectral, é que se pode obter a função de distribuição da reflectância bidirecional espectral (sBDRF) de um material goniocromático, parâmetro que 48 68 Revista Química Têxtil n 96/Setembro 2009. REFERÊNCIAS 1) F.J. Maile, G. Pfaff, P. Reynders: “Effect pigments past, present and future”. Prog. Org. Coat., 54, 150-163 (2005). 2) G. Pfaff: Special Effect Pigments. Norwich: William Andrew Publishers, 2008. 3) P. Wissling: Metallic Effect Pigments. Norwich: William Andrew Publishers, 2006. 4) E. Kirchner, J. Houweling: “Measuring flake orientation for metallic coatings”. Prog. Org. Coat., 57, (2008, in press). 5) G. Chartier: Introduction to Optics. Berlin: Springer, 2005. 6) R.D. Guenther: Encyclopedia of Modern Optics. New York: Academic Press, 2004. 7) R.S. Berns: Billmeyer and Saltzman's principles of color technology, 3rd ed. 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A Diretoria ressalta ainda, que o projeto de estimular os estudantes não se trata apenas de educação, mas sim de proporcionar ao mercado profissionais gabaritados que possam beneficiar o país com grandes pesquisas no ramo. Patrocinadores Aos concorrentes, informamos que a prova será marcada para breve e a data da mesma será divulgada no boletim on-line semanal. Não deixe de participar deste projeto. Caso deseje ser um patrocinador e fazer parte deste time de empresas que apostam na capacitação, escreva para [email protected] e solicite mais informações. Esta edição da Revista Química Têxtil está chegando às suas mãos graças à colaboração dos seguintes anunciantes Sua empresa também pode contribuir com o aperfeiçoamento dos profissionais da Indústria Têxtil Anuncie aqui. Tel. (11) 4195.4931