LEIA AQUI - Universo IPA
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Ano 3 | Edição 9 | Dezembro de 2008 | Versão STANDARD Jornal do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA | www.metodistadosul.edu.br/universoipa Camelódromo muda centro de Porto Alegre Foto: Bruna Garbin O primeiro camelódromo de Porto Alegre está quase pronto. A obra, localizada na praça Rui Barbosa, deve mudar o centro da capital e também a rotina dos vendedores ambulantes, os conhecidos camelôs. Apesar de a Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (SMIC) acreditar que o Centro Popular de Compras (CPC) irá beneficiar camelôs e consumidores, os vendedores ambulantes temem o aumento dos aluguéis. Eles solicitam que a prefeitura acompanhe a assinatura dos contratos que firmarão com a empresa Verticon, responsável pela obra e que administrará o CPC nos próximos 25 anos. >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> página 3 Obra em construção na praça Rui Barbosa, centro de Porto Alegre, fica pronta ainda este ano e receberá os vendedores ambulantes, hoje instalados de forma irregular nas ruas do centro da capital Rumo do Jornalismo está nas mãos do STF Asaph Borba A rivalidade entre os dois maiores clubes gaúchos, Inter e Grêmio, se mostra até quando os seus presidentes necessitam formar alguma opinião sobre um projeto que visa proibir o álcool nos estádios gaúchos. Ambos têm opiniões diferentes, um a favor e outro contra. A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e os sindicatos movimentam-se em defesa do diploma de Jornalismo, enquanto aguardam a decisão do Supremo Tribunal Federal, prestes a julgar o Recurso Extraordinário (RE) 511.961, que desregulamenta a obrigatoriedade do diploma em Jornalismo. >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Lei seca nos estádios >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> página 14 Comércio a R$ 1,00 página 10 José Antonio Meira da Rocha O consumo de produtos de R$1,00 é uma prática que cresce na capital. Os comerciantes usam o preço como estratégia para fidelizar o cliente. A economista Daisy Martins explica que o comércio de produtos com preços atrativos, como os de R$ 1,00, é vantajoso quando a venda ocorre em quantidade elevada ou quando, na hora da compra, o consumidor leve também outro produto que não tenha desconto. >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> página 14 Edimar Blazina Fonte Milenar, em Frankfurt Frankfurt, um dos destinos mais procurados da Europa Colonizada por celtas, a cidade de Frankfurt está localizada no coração da Alemanha e é a preferida por turístas. Situada às margens do Rio Main, é o 3º maior centro financeiro mundial e destaca-se nas áreas cultural, comercial, turística, industrial e financeira. Presidente do Sindicato dos Jornalistas/RS, José Maria Nunes >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> página 7 Moeda de R$ 1,00 vale muito no comércio da capital Opinião Dezembro de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA editorial “O nosso jornal” Mais um jornal chega até vocês, impresso produzido pelos estudantes do curso de Comunicação Social - Jornalismo do Centro Universitário Metodista, do IPA. Esta é a segunda edição produzida por esta turma e a nona edição de nosso jornal. A cada novo número que colocamos em circulação percebemos que o Universo IPA amadurece, mas, principalmente, se renova como veículo experimental. Uma nova edição traz impressa nas páginas o processo de aprendizagem de um grupo de alunos com perfil único. Cada estudante contribui para dar a “cara” daquela edição e é essa diversidade que constitui o diferencial do Universo IPA e que, sobretudo, caracteriza-o como lugar onde os futuros jornalistas vivenciam e experimentam a profissão. A sala de aula transforma-se num laboratório e ali, em meio a computadores, pavores, incertezas, erros e acertos, juntos, professores e alunos editam este jornal que agora apresentamos aos leitores. Convidamos você a ler um jornal cheio de vida, repleto de superações e no qual cada matéria aqui publicada é fruto de um esforço singular dos estudantes, que têm orgulho do que eles chamam de “nosso jornal”. Não temos dúvidas da importância que este produto jornalístico tem para a vida e a formação de nossos alunos, que nos desafiam a cada aula a pensar a prática jornalística, a questionar regras prontas, a superar preconceitos e a enxergar, valorizar e investir no potencial de cada um. Entre tantas matérias queremos destacar algumas. A aluna Jaqueline Cavalini esforçou-se para trazer à matéria sobre a obrigatoriedade do diploma de jornalista uma versão imparcial, com opiniões a favor e contra, mas percebeu que a subjetividade de quem escreve faz a diferença e pesa na edição. A leitura revelará o resultado. Rhavine Falcão surpreendeu com a matéria sobre Kung Fu, brigou por mais espaço e conseguiu. Está lá, na contra-capa do jornal, numa matéria de primeira. Quer saber o que dá para comprar com R$ 1,00? O colega Edimar Blazina responde numa matéria sobre o assunto. Ainda em Porto Alegre, a aluna Bruna Garbin traz a preocupação dos camelôs referentes ao novo espaço que está sendo construído no centro para abrigar estes vendedores. Do centro de Porto Alegre, você poderá viajar para Frankfurt. Quem nos guia é o aluno Asaph Borba, nosso repórter especial da editoria de turismo. Você irá ler também matérias sobre esporte, saúde, cultura e economia. A maioria dos estudantes dessa turma executou a tarefa de cobertura de sua pauta com empenho e dedicação. O perfil dessa turma é motivador, alguns são tímidos, outros curiosos, engraçados e entusiasmados. De um modo geral, eles são audaciosos, não têm medo de desafios, de fazer entrevistas, irem a lugares distantes para fazer pesquisas, entrevistas para a construção do texto. Eles vivenciaram a produção do jornal em cada detalhe. Certamente, foram seduzidos pelo Jornalismo. São questionadores, querem saber o que erraram e por qual o motivo, para aprender. A maioria entendeu que a crítica de seus textos, feitas pelos professores, é positiva, construtiva, para torná-los profissionais mais qualificados. O processo de produção desta edição foi acompanhado, semanalmente, pela turma, que sempre se mostrou preocupada em fazer o melhor. Temos certeza de que você, leitor, tem nas mãos um jornal produzido por alunos que sentem paixão e orgulho pelo que fazem. Desejamos uma leitura prazerosa! Michele Limeira e Ana Paula Megiolaro IPA - Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista conselho superior de administração - consad Presidente: Wilson Roberto Zuccherato • Vice-presidente: Rosilene Gomes da Silva Rodrigues • Secretário: Rui Sergio Santos Simões • Conselheiros: Augusto Campos de Rezende, Clóvis de Oliveira Paradela, Eric de Oliveira Santos, Henrique de Mesquita Barbosa Corrêa, Maria Flávia Kovalski, Nelly Azevedo Matolla, Nelson Fer, Paulo Roberto Lima Bruhn, Saulo de Tarso Cerqueira Baptista. reitor: Norberto da Cunha Garin Jornal elaborado por estudantes do 2º semestre do curso de Jornalismo IPA coordenação do curso de jornalismo Mariceia Benetti professores(as) Ana Paula Megiolaro, Glória Cunha, José Antônio Meira da Rocha, Maria Cristina Vinas, Michele Limeira e Rogério Soares. projeto experimental ii e produção e planejamento editorial e gráfico ii editores-chefes: M ichele Limeira e Ana Paula Megiolaro ajor - agência experimental de jornalismo arte-final: Carlos Tiburski • distribuição: Manoel Canepa revisão: Lisete Ghiggi e Glória Cunha • endereço ajor: Rua Joaquim Pedro Salgado, 80, Rio Branco - Porto Alegre/RS - CEP: 90420-060 contato: 51 3316.1269 e [email protected] impressão: Zero Hora (1.000 exemplares) Diálogos Infames Ser ou não ser? Eis a questão Clarissa Madalozzo Sabe-se que o ano de 1968 foi um dos mais marcantes da nossa era. Ele veio para revolucionar a política, a livre expressão e o sexo. Será que poderíamos dizer que no século 21 também estaria promovendo grandes transformações na sexualidade? Desde a década de 1980, a homossexualidade vem ganhando espaço, se difundindo em forma de arte. Muitos filmes da época se inspiraram tanto na libertinagem quanto no singelo ato de amor entre pessoas do mesmo sexo, ato esse que se se impõe e que se impõe e faz o espectador se questionar se o mundo estaria se tornando gay, palavra que há alguns anos causava arrepios em homofóbicos e em alguns médicos que custaram a acreditar que “isso” não era uma doença. A questão que surge, em pleno século 21, é se estaria o mundo mais homossexual ou bissexual do que heterossexual. A resposta não parece ser simples. O tempo passa e a tendência é experimentar, ultrapassar limites, e conceitos que antes eram tradicionais e conservadores estão caindo junto com os dogmas da Igreja Católica que nunca negou a sua eterna discórdia com o ser ou não ser dos homossexuais. O mundo resolveu bater na mesma tecla: exige liberdade, incluindo nesse conceito o de liberdade sexual a e, para isso, existe a necessidade de se expor. Se antes os homossexuais se escondiam, hoje proclamam por seus direitos. E um deles é serem aceitos pela sociedade. Nesse ponto, perguntamonos se ser homossexual estaria se tornando algo volúvel, marketing ou moda? Muitos não se surpreendem quando uma estrela do show business é flagrada aos beijos com parceiros do mesmo sexo. Foi o que aconteceu com as popstars, e também mães de família, Madonna e Britney Spears, que se beijaram de forma caliente enquanto apresentavam, ao vivo, o show no Video Music Awards, transmitido pela emissora americana MTV. Seria a banalização de práticas ho- Viver para morrer? Morrer por viver? mossexuais ou maneira de atrair os holofotes? Ou publicidade barata, o que não deixa de ser banal em sua essência. São muitas as dúvidas que afligem os que vivenciam e os que observam de forma analítica e curiosa essa confusão sexual e é claro que respostas exatas e conclusivas não existem; afinal, a natureza tem lá as suas surpresa. Gay que é gay afirma ter nascido assim, mas existem alguns que só descobrem que o são depois de viver um relacionamento heterossexual que gerou frustrações. E as questões não param de surgir: estariam essas pessoas confusas em relação a seus desejos, perturbadas porque, às vezes, a sociedade classifica esses desejos como absurdos e depravados? Ficam as perguntas: estariam todos eles confusos em seus desejos que muitas vezes parecem absurdos e depravados? Mas quem poderia servir de parâmetro ou exemplo?O que é um fetiche para os homens não causa tanto furor para as mulheres, os homens heterossexuais que fazem questão de apimentar as suas fantasias não se importando em ver o que consideram tamanha “beleza”: lindas mulheres se beijando. Mas quando é homem com homem, o foco muda, para pior, é claro! Como em uma das mais aclamadas peças teatrais escrita pelo inglês Shakespeare, que pôs em questionamento a dúvida cruel de Hamlet, uma analogia perfeita se tratando dos conflitos humanos, mesmo esse sendo distintos. Hamlet ao segurar uma caveira, essa que seria a representação de seu pai assassinado ou dele próprio, se questiona em um momento de dor e insanidade. Em uma das cenas mais grandiosas do teatro surge a pergunta: ser ou não ser? Eis a questão. Obviamente, Shakespeare não tratou de questões sobre a homossexualidade naquela época, mas o conflito de Hamlet, em continuar a ser ele mesmo ou se tornar quem ele menos espera, é o embasamento do profundo conflito do ser e de ser, e esse continuará a existir eternamente, pois para ele, respostas não existem. Site: www.sxc.hu Arte: Carlos Tiburski Uriel Gonçalves Em 11 de junho de 1963, um homem de saia marchava pela rua. Olhava para a frente com profunda concentração, como fazemos quando nossa mente está ausente. Mas a sua não estava. Completamente consciente de si e transparecendo uma tranqüilidade invejável, o homem, ignorando o tráfego, sentou-se no meio da rua, cruzou as pernas e fechou os olhos. Após alguns minutos de silêncio, o homem agarrou o pequeno galão ao seu lado e se batizou com o conteúdo. Enfim, acionou o aparelhinho em sua mão e colocou fogo em si mesmo. As labaredas atraíram todo um contingente de pessoas, de policiais armados a motoristas curiosos. Porém o que mais surpreendeu a multidão não foi o fogo em si, mas o fato de que, apesar de todo estrago que fazia o fogo, consumindo o homem até a morte, esse permaneceu em seu lugar, simplesmente, impassível. Um dia depois centenas de jornais ocidentais brigavam pela foto do monge vietnamita em chamas, protestando contra o governo de seu país. O objetivo era dar àquele homem a primeira capa e imortalizar seu ato de coragem. Por um dia. Por um dia, seus inimigos seriam inimigos do mundo inteiro. Mas apenas por um dia, porque amanhã, depois de desgastado o assunto, estaríamos à caça de outro inimigo, seja ele um seqüestrador de criancinhas, um político italiano ou o governo russo. E assim tem sido há muito tempo: heróis e vilões descartáveis, uma grande batalha contra sabese-lá-quem. Enquanto esse e outros monges lutam pelo que acreditam justo, a nós, pobres ocidentais brasileiros, falta contra o que lutar. Não, nós não temos um inimigo em comum. Não saímos por aí ateando fogo em nós mesmos porque não temos coragem. Não fazemos isso porque não temos um porquê. Não um porquê de verdade, só um monte de porquês inventados. Nossa luta é contra um assassino de uma vítima desconhecida, contra o seqüestrador de uma criança que jamais encontraremos, contra um governo que achamos mais ou menos. Tudo aqui é mais ou menos, nada é bom o suficiente para virar heroísmo. Nada é ruim o suficiente para causar a revolta geral. E a revolta, brasileiros, a revolta é indispensável. Todas as grandes conquistas da humanidade foram feitas na revolta. Mesmo para um monge que viveu na paz, o auge da vida foi na revolta. Afinal, enquanto a paz nos dá um porquê para sobreviver, a revolta nos dá um porquê para morrer. E quem não tem pelo que morrer, não tem pelo que viver. Falsas promessas Tiago Pintaude Fica a pergunta: de onde vai sair o dinheiro para os projetos que os candidados vêm apresentando nestas eleições? Vontade para realizar tantas obras é o que os concorrentes à Prefeitura de Porto Alegre estão apresentando no horário político. Mas não consigo entender, de onde vai sair o dinheiro? O cálculo não fecha! Saúde, educação, moradia, saneamento, trânsito e segurança. É justamente esta última que tem me preocupado . Cabe lembrar que a questão da segurança pública confunde-se com a própria origem e razão de existir do Estado. Segundo a Teoria do Pacto Social, de Jean Jacques Russeau, o principal motivo que levou as pessoas a viverem em comunidade, abrindo mão de certas liberdades individuais em prol de um organismo que os representaria foi justamente a questão da garantia da segurança dos grupos de indivíduos. Segurança que não temos. Policiais que não estão nas ruas. Respeito com o cidadão que não existe. Em um ano de eleições, de promessas, de esperança, é bom ficarmos atentos para exigirmos dos próximos eleitos uma política eficiente voltada para a segurança dos portoalegrenses. Texto: Edimar Blazina | Ilustrações: Caroline Garcia Geral Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Dezembro de 2008 Cidade Camelódromo está quase concluído Fotos: Bruna Garbin Bruna Garbin A Apesar de concordarem que as condições de trabalho vão melhorar, os camelôs temem que dentro de alguns anos a empresa Verticon, que administrará o Centro Popular de Compras (CPC), ou popular camelódromo, por 25 anos, suba o preço dos aluguéis e eles não tenham condições de pagar. Com a política da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (SMIC) de tolerância zero para o comércio irregular e a nova lei municipal nº 9.941, a multa prevista para quem for pego trabalhando na praça será de R$ 1.334,28, além da apreensão dos produtos. O primeiro camelódromo de Porto Alegre fica na praça Rui Babosa, centro da cidade, e deverá ser inaugurado ainda este ano. Segundo a assessora de imprensa e comunicação dirigida da SMIC, Elisangela Kanaan, “o CPC vai melhorar muito a vida do ambulante e do consumidor, pois o ambulante, como seus produtos, não enfrentará mais problemas climáticos, como, chuva, frio e calor extremo. O consumidor se sentirá seguro para fazer suas compras, terá infra-estrutura como Obra do Centro Popular de Compras deve ser concluída ainda este ano e abrigará comerciantes ambulantes sanitários, elevadores, escadas rolantes, alimentação, segurança, lotéricas, agências bancárias e acesso para deficientes”. A assessora afirma que “com a recolocação dos ambulantes no CPC, as vias e calçadas ficarão livres para pedestres e carros. Além disso, eles terão um endereço e uma identidade junto à sociedade”. No entanto, “com a mudança, a denominação correta passa a ser comerciante popular ao invés de camelô”, concluí. O casal de vendedores am- Entrega da obra na rua Bordini deve atrasar Tiago Pintaude O prolongamento da rua Coronel Bordini à Vicente da Fontoura, que tem como objetivo facilitar a ligação entre as zonas norte e sul, sofreu interrupção em função de troca da rede pluvial, o que deve atrasar o cronograma de entrega em aproximadamente três meses, informou o gerente técnico da empresa Bolognesi Elson Petry. Lançada pela prefeitura municipal no dia 17 de janeiro para facilitar a ligação da Zona Norte da cidade à Sul, a ampliação da Bordini entre as vias Casemiro de Abreu e Cabral, fruto de um acordo entre a Bolognesi Engenharia e o município, tinha oito meses para ser concluída, mas este prazo não será mantido. Conforme Petry, parte da obra parou porque a secretaria solicitou uma licença específica para a rede pluvial que ficou tramitando dois meses no órgão. “O grupo pretendia terminar a intervenção, iniciada em janeiro, dentro de seis meses, prazo menor que o exigido pela prefeitura. Mas devido à licença ter demorado, devemos ter um atraso na entrega da obra”. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Smam) informou que no projeto de ampliação da Bordini não se falava sobre mudanças nos esgotos, por isso o órgão solicitou uma licença específica, contou Petry. Outro motivo é a presença de árvores no local, o que exigiu um cuidado extra. “Nos foram exigidas medidas compensatórias, plantio de 25 mudas no entorno da via e de outras 408 em vários locais”. Elson Petry disse que não sabia dessa burocracia, acreditava que apenas uma licença serviria para tudo. O custo da obra é de R$ 1,5 milhão, incluindo a modernização da rede pluvial. O objetivo do prolongamento da Bordini é facilitar o fluxo de carros, ligando a Vicente da Fontoura e criando um eixo entre Cristóvão e Terceira Perimetral. A obra é executada em contrapartida a um empreendimento da Bolognesi à rua Cabral. bulantes, Glaci da Silva, 47 anos, e Flávio da Silva, 49, concorda que as condições de trabalho irão melhorar. “Vai ser ótimo para nós sairmos da rua, o conforto de estar em uma sala, não precisar recolher os produtos no final do dia”, afirmam. O camelódromo, projetado pelo arquiteto Jonas Shiaffino, contará com 800 boxes. Conforme Kanaan, “os boxes serão de 4m² e terão um aluguel de R$ 400 mensais”. A informação passada pela SMIC aos camelôs sobre os boxes, segundo Flávio da Silva, é outra. “Os bo- xes de 4m² serão somente para lotéricas e agências bancárias, os oferecidos para nós são de 2m² e 1,5x 2m e o aluguel será semanal, para os menores R$ 75 e para os maiores R$ 100”, afirma. E ressalta “quem atrasar três semanas seguidas, será expulso”. O chefe municipal de fiscalização dos ambulantes , Walter Souza Correa, esclarece que haverá vários tamanhos de boxes. “A informação passada pelos camelôs está incompleta. O camelódromo conta com boxes de 1,5x2m, 3m², 4m² e 6m², ou seja, são vários tamanhos. A praça de alimentação terá os boxes maiores, para melhor acomodação dos consumidores. Quanto ao aluguel, será semanal de R$ 25,00 por metro quadrado”. Segundo ele, houve reuniões com os ambulantes e os boxes serão divididos por critério de idade, trabalho e até mesmo de condições financeiras para pagar os aluguéis. A empresa Verticon, que investiu cerca de R$14 milhões na obra, ficará com sua administração por 25 anos e fará contrato de um ano com os vendedores ambulantes. Depois de terminado o período, os contratos serão renovados e estarão sujeitos a alterações nos preços. “Quem garante que depois e um ano, a empresa não bote nós na rua. A situação é igual aluguel de casa, depois o proprietário quer de volta e nós ficamos na rua (sic)”, afirma o casal de vendedores. Flávio da Silva, como os demais camelôs, pede acompanhamento na assinatura do contrato. “Queremos que a prefeitura ou a SMIC acompanhe a assinatura do contrato, pois se amanhã ou depois não dá certo lá, queremos outro lugar pra trabalhar. Temos medo de que, no próximo ano, o proprietário, não renove o contrato. Então, para onde vamos? Como vou sustentar minha família?”, afirma ele. Segundo Correa, “o contrato vai ser tratado direto entre a empresa e os ambulantes, mas os advogados da prefeitura estão sempre à disposição para esclarecer alguma dúvida”. O camelódromo exigirá também mudanças nas linhas de ônibus que circulam no centro da capital. Pavimento superior terá espaço para estacionamento Pixações incomodam moradores Diego Ramos Diego Ramos Quantas vezes você deparou com uma parede ou um muro pichado? Essa é a uma imagem que cada dia está mais presente em Porto Alegre. Esse tipo de vandalismo, que não é mais novidade nos noticiários, preocupa a população, que quer acabar de vez com esse problema. Atualmente, as pichações são um dos problemas graves de Porto Alegre. Os muros de casas, prédios e mais recentemente monumentos históricos da cidade, como o Laçador, são os alvos desse tipo de vandalismo. Desde o início do ano, em Porto Alegre, já foram flagradas 56 pessoas realizando atos de pichações, pela Brigada Militar - BM. No Brasil, a pena para esse tipo de crime é a detenção de três meses a um ano e multa, embora essa pena, na maioria das vezes, é paga com cestas básicas. O vandalismo é um problema que preocupa a população, como dona-de-casa Julieta Bastos, 52 anos, que já teve o muro de sua residência pichado três vezes em menos de um mês. “Aqui na nossa rua, todas as casas já foram pichadas pelo menos uma vez, essas pessoas (pichadores) não respeitam mais nada”, comenta Julieta, que mora no bairro Partenon há mais de 20 anos. Segundo ela, a cidade de uns anos para cá vem sendo invadida por esse vandalismo e as Educativo do Rio Grande do Sul (Fase), doutora Cláudia Zavaglia essa é uma maneira de apresentar-se ao mundo, uma auto-afirmação, colocando em um local visível o nome do “bonde” ao qual pertencem. “Essas pessoas estariam sem perspectiva de vida e não estão se dando conta que estão prejudicando aos outros e a si mesmos? É uma pergunta que eles mesmos devem se responder”, refere Zavaglia, que pensa que a prefeitura tem buscado soluções para as pichações. Uma solução atual Parede de um prédio público pichado no bairro Cidade Baixa consequências são graves, como as freqüentes pichações no Parque Farroupilha, conhecido popularmente por Redenção, um dos pontos turísticos da cidade. Projetos foram feitos para tentar amenizar o problema, como a campanha Xô Pixação, criada em 2007 pela Associação Benjamim Constant, em parceria com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, que tem como objetivo conscientizar os moradores, síndicos e proprietários de imóveis a pintarem suas residências com a tinta anti-pichação. Os verdadeiros pichadores Na cidade de Porto Alegre vêem-se diversos tipos de pichadores. Têm aqueles que manifestam a realidade que vivem através da pichação. Há também as pessoas que usam a pichação como uma forma de entretenimento. “Para eles (pichadores) quanto mais difícil o acesso ao prédio, mais importante e mais valioso é o seu reconhecimento com os demais envolvidos nesse vandalismo”, diz R.R. que comete esse vandalismo pelos prédios da cidade. Há grupos de pichação, os chamados “bondes”, que estão por toda a cidade e a maioria das vezes arriscando as suas vidas ao subir em prédios e casas para deixar as suas marcas. Segundo a médica da Fundação de Atendimento Sócio- Há maneiras de acabar com as pichações? Há sim, uma delas é o grafite, uma forma de arte em desenhos, que não degradam a imagem na cidade, são aprendidos em oficinas e estimulados em campanhas sociais. Esse tipo de manifestação artística, considerada uma forma de expressão de artes visuais, também chamada de street art (arte urbana). Mas recentemente vem sendo uma forma de acabar com o vandalismo da pichação, não só em Porto Alegre e sim em todo o Brasil. Segundo o professor de uma oficina de grafite, no Morro Santana, Marcelo Dutra, 25 , o grafite vem sendo usado para muitas outras coisas além do seu verdadeiro objetivo. Como o combate direto e indireto aos pichadores. “Já vi gente que pichava a cidade inteira e agora vem ajudando a combater a pichação”, afirma. Geral Dezembro de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA jardim botânico 50 anos de preservação ambiental Sergio Bavaresco E Vanessa Schneider Em tempos de preocupação com aquecimento global e a de sustentabilidade do meio ambiente, Porto Alegre possui um riquíssimo companheiro da preservação da flora nativa e que festeja bodas de ouro. No dia 10 de setembro de 2008 o Jardim Botânico, da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, comemorou 50 anos de pesquisas, conservação e cultivo de plantas das mais variadas espécies, especialmente as ameaçadas. A programação de aniversário se estenderá de setembro a dezembro, quando ocorre o lançamento do livro dos 50 anos do Jardim Botânico. O Jardim Botânico recebe anualmente cerca de 60 mil visitantes e iniciou o plantio de suas primeiras coleções de plantas em 1957. No ano seguinte foi aberto ao público com a finalidade científica, educacional e de conservação. Considerado um dos cinco maiores jardins botânicos do Brasil, possui uma área territorial de 39 hectares, com uma estrutura física básica composta por quatro estufas, laboratório de análise de sementes, laboratório de cultura de tecidos, banco de sementes, viveiro, área administrativa, auditório para 70 pessoas, 11 coleções especiais Lago da Ponte é um dos pontos mais procurados pelos visitantes do parque pela sua beleza natural e 23 áreas no Arboreto. Segundo o técnico das coleções científicas, Ari Delmo Nilson, as pessoas desconhecem a amplitude do local, que circunda três grandes avenidas da Capital gaúcha. “Elas ficam admiradas com a extensão do local. Como não escutam o barulho dos carros e ouvem o canto dos pássaros, comentam que sentem como se estivessem no interior e não no miolo de Porto Alegre”, afirma. Nilson trabalha há 33 anos no Jardim Botânico e presenciou algumas situações críticas. “Quando iniciei, ele não era cercado e havia muitas pessoas morando aqui. Foirealizado um acordo e a fundação conseguiu um recurso mínimo para que elas pudessem comprar um terreno e fazer a mudança. Demorou uns 15 anos para que pudéssemos ter a área livre para conservação”, explica. O prédio que foi construído para sere o estúdio da TVE, também, foi um dos obstáculos enfrentado pelos fun- Vizinhos do crime Rodrigo Domingos Guilherme Rosito Os moradores que vivem ao redor do Presídio Central de Porto Alegre, localizado na avenida Rócio, no bairro Partenon, afirmam que há segurança e tranqüilidade no local, mas também destacam acontecimentos curiosos. A estudante Laura Rodrigues, 21 anos, também moradora e mulher de um detento, conta o que acontece ao redor e dentro do Presídio. Segundo ela, no lado esquerdo do presídio, as casas são de fronte à “Galeria D”, e nesse local, mulheres tiram a roupa e seduzem os presos ocasionando alvoroço. “Elas quase sempre estão drogadas e só saem de lá quando os policiais as retiram”, comenta. Rodrigues afirma que ocorrerem mortes no Presídio, mas todas são abafadas por policiais. “Fui visitar meu marido e, quando passei por uma cela, vi os próprios presos retirando um corpo enrolado em um cobertor”, relata. Também fala sobre as facções que predominam no presídio Central: “Existem cinco galerias, e em cada uma delas predomina uma facção. São elas: Os trabalhadores, Mano, Unidos pela Paz, Sem facção e Aberto. Ninguém pode invadir o território do outro, se não o bixo pega! Quando alguém das facções não respeita estas leis, na maioria das vezes, começam as rebeliões”. O diretor confirma a existência de facções. “Realmente as facções existem, e isso começou principalmente quando surgiu o Comando Vermelho (CV)”. cionários. “A fundação teve que se adaptar ao tamanho do prédio, pois é uma estrutura grande e inadequada que construíram e deixaram de lado”, lembra o técnico. Conservação das áreas O Jardim Botânico está dividido em pequenas áreas que recebem atenção e cuidados, como a horta de plantas medicinais e o butiazeiro. O butia- zeiro é a planta símbolo para os funcionários do Jardim Botânico. “É nativo daqui e procuramos sempre dar espaço e um valoroso cuidado não só para ele, mas para todas as plantas”, conta Nilson. Ainda, há áreas para serem ajardinadas e organizadas, pois o Jardim Botânico trabalha para a comunidade e precisa investir, mas é preciso buscar recursos. “O Jardim Botânico buscou convênios com cooperativas e acordos com a prefeitura para conseguir ter um pouco mais de “folga”, se não trabalhamos com a verba muito “apertada”, salienta. O Centro de Visitação proporciona aos estudantes e público em geral uma orientação mais individualizada para apreciação e estudo das espécies. De acordo com o agrônomo e coordenador da sessão de educação ambiental, José Fernando da Rosa Vargas, é possível fazer trilhas temáticas, conhecer o parque mais detalhadamente, destacar e mostrar quais são as plantas ameaçadas de extinção e as que são símbolos do Estado Gaúcho. Segundo Vargas, o Jardim Botânico recebe por ano 16 mil estudantes. “Temos uma boa média de visitas de estudantes. Nos preocupamos mais com a qualidade ao passar a mensagem da conservação da biodi- versidade do que na quantidade. É difícil um monitor falar para 30 pessoas e conseguir manter a atenção de todos num ambiente que é aberto e dispersivo”, explica. O Jardim Botânico possui o JardinAção, evento que ocorre semestralmente e que oferece atividades na área de saúde, cultura e meio ambiente, e nasceu de uma organização voluntária. “O JardinAção é um dos trabalhos mais gratificantes que fazemos, pois rola muita energia e alegria ao realizá-lo. No último evento recebemos mais de 3 mil pessoas e no dia seguinte não vimos nenhuma sujeira estava tudo limpo”, relata Vargas. O parque possui a comercialização de mudas de espécies nativas, frutíferas e ornamentais como uma alternativa de fonte de renda. Também é procurado para a realização de casamentos, fotos e filmagens de formatura, além de festas para lançamento de produtos. O Jardim Botânico abre de terça a domingo, das 8 às 17 horas. Os ingressos custam R$ 2, sendo que estudantes e adultos maiores de 60 anos pagam R$ 1, e as crianças, até 12 anos, não pagam. Mais informações no site: www.fzb.rs.gov.br/jardimbotanico Casa de sopa beneficente na zona sul da capital Marilia Pereira Marília Pereira Rua ao lado do presídio: moradores contam o que presenciam Ele também explica que quando um presidiário é solto e depois retorna por outro crime, já sabe para qual galeria vai ir, pois elas são divididas por bairros. “Os presos têm o direito de escolher em qual galeria ficar, devido a brigas que ocorreram fora da cadeia. As galerias são como se fossem divididas por bairros aqui fora, por exemplo, Bom Jesus não pode ficar junto com Conceição”, explica Moraes O tenente-coronel Moraes relata que em 1995 as mortes eram freqüentes no presídio, mas que hoje em dia quase nada acontece. “Há treze anos os agentes penitenciários administravam o presídio e, como houve motim seguido de mortes, quem assumiu o presídio foi a Brigada Militar. Não apenas o Central, mas também os presídios do Jacuí, e os de Charqueadas, incluindo a penitenciária de Alta Segurança, PEC, PASC e Colônia Penal.” Segundo ele, as mortes ocorrem por doenças como, Aids, tuberculose e rubéola. “Quando os presos morrem, são por causa de doenças ou de morte natural. Desde quando comecei aqui, em dezembro de 2007, ocorreram cinco mortes por causa normal e uma por esfaqueamento. Sempre que um apenado morre, o local é isolado, depois é acionada a Polícia Civil, que aciona a perícia”. O tenente-coronel diz que ocorrem muitas brigas pela indignação dos presos com a lotação máxima das celas. “O presídio Central tem capacidade para 1561 homens e há 4739 apenados, resumindo, a cela que cabem oito, entram trinta”, afirma. O diretor conta que os moradores são tranquilos, mas também ressalta comenta que há drogas escondidas. Segundo ele, é freqüente pessoas serem pegas com drogas, celulares e objetos perigosos. Afirma que isso só prejudica o apenado. “Quando pegamos pessoas com drogas, elas são indiciadas e respondem a processo, complicam a vida de seu ente, pois o detento fica dez dias em isolamento e o juiz pode aumentar a pena”, afirma. Em muitos casos brigadianos são autuados em flagrante, por prestarem serviços aos detentos. “Já foram pegos brigadianos entregando celular e droga a eles”, relata. Decorridos apenas cinco meses de inauguração da sua nova sede, a Casa da Sopa já traz muitos benefícios para a comunidade. Entre eles estão os projetos de geração de renda, alfabetização, reforço escolar e saúde. Cerca de 1,5 mil pratos de sopas são distribuídos todas as quartas-feiras para a comunidade, juntamente com uma refeição diferenciada, que auxilia na alimentação das crianças. Além da distribuição de alimentos, a Casa conta com vários projetos. Um deles que ainda está em andamento prevê a geração de renda para as pessoas. Quem relatou este fato foi a Nutricionista que trabalha na Casa, Janice Rocha. Segundo Rocha, eles ainda estão esperando a liberação de verbas para a implementação de um projeto destinado à higienização de alimentos, como se fosse uma mini-indústria para ajudar na geração de renda dos beneficiados e voluntários da casa. A coordenadora da casa, Rosane Beatriz Laurêncio, é filha da fundadora, Eva Laurêncio, já falecida. Rosane informou que, além da cozinha, a Casa também possui uma sala onde trabalha um assistente social que atende cerca de 50 famílias da comunidade. Num outro espaço ocorre o reforço escolar que é integrado com as escolas e um refeitório onde nas Casa distribui cerca de 1,5 mil pratos de sopas na Restinga quartas-feiras, além da distribuição das sopas, cerca de 80 crianças entram e fazem uma refeição diferenciada com acompanhamento da nutricionista Janice Rocha. Laurêncio disse que eles têm instrumentos como, macas, muletas e cadeiras de rodas que ficam na antiga sede da Casa e são emprestadas as pessoas que necessitam. “É só levar a carteira de identidade e assinar um termo de compromisso, retirar o material e, quando puder, devolve-lo”, diz. A Casa da Sopa irá abrigar o Posto de Saúde da Família (PSF) que assume o espaço logo após as reformas. O PSF atende as comunidades da Vila Castelo, Caixa d’água, a primeira unidade vacinal da Restinga, a cooperativa dos Bombeiros, o Núcleo Esperança I e a Vila Pedroso. O presidente da Casa e gerente operacional do Sistema de Transporte do Sul (STS) na Restinga, Rôni Ferrari afirmou que a casa começou distribuin- do cerca de 1,5 mil pratos de sopa. Atualmente, cerca de 4 mil recebem alimentação, incluindo pratos com arroz e feijão. Conforme relatou Ferrari, a Casa da Sopa, com 36 voluntários, beneficia milhares de moradores do bairro. Todas as quartas-feiras, basta entrar na fila e pegar sua refeição. Os alimentos são doados pela Ceasa. A sede tem um projeto em parceria com o Hospital Santa Casa, no complexo hospitalar Santo Antônio, chamado de Receita de Amor. Todas as sextas-feiras os voluntários da Casa da Sopa levam até o Hospital da Criança um lanche, supervisionado pela nutricionista da casa. No cardápio há um kit com sanduíche, suco e uma barrinha de cereal entregue aos acompanhantes que vêm do interior e passam o dia inteiro no hospital, muitas vezes sem dinheiro para comer. “Essa parceria com a Santa Casa foi excelente”, diz Ferrari, ele pretende, em 2010, ter um retorno muito grande. Geral Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Dezembro de 2008 Exploração Infantil Brincando de vender balas nas ruas Fotos: Clarissa Madalozzo S. Pires John trabalha para sobreviver. É mais uma criança que é explorada, se tornando invisível numa sociedade acostumada com a história do trabalho infantil. Atualmente, são 5,1 milhões de menores no trabalho clandestino Clarissa Madalozzo Simões Pires N Num país onde a economia cresce e a taxa de desemprego diminui, ainda é possível encontrar nas zonas urbanas e rurais, crianças trabalhando. Elas são vítimas da exploração infantil, uma realidade que precisa ser enfrentada por uma nação acostumada a conviver com esta situação. A cada esquina, parada de ônibus ou estação de trem, não é difícil encontrar crianças que atuam no trabalho ilegal. A idéia de um menor contribuir na renda da família, por muito tempo, foi defendida pela sociedade. Essa é uma questão cultural que persistiu no Brasil, quando se acreditava que pôr uma criança em atividades profissionais a deixaria longe da vida marginalizada, dando-lhe disciplina. Mas foi só na década de 1980, quando surgiu um movimento social em favor dos direitos da criança e do adolescente, que começaram as primeiras e significativas mudanças. Contribuiram para isso, a promulgação da Constituição Federal de 1988, a adoção da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, em 1989 e, finalmente, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), lei aprovada em 1990. Essas ferramentas possibilitam aos campos de pesquisas fazerem estudos para entender a seriedade da questão e dar continuidade ao trabalho de erradicação da exploração infantil. De acordo com divulgações das Organizações das Nações Unidas (ONU) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), as conseqüências da exploração dos menores são traumá- Pedro Jacobi, lutando contra a exploração infantil, “temos que acabar com o assistencialismo barato” ticas, tanto psicológica quanto fisiologicamente. Manifestamse na dificuldade de aprendizado, no desenvolvimento e na exclusão social. Também é elevado o número de acidentes ocorridos durante as atividades, como casos de mutilações, queimaduras e doenças graves contraídas. Conforme o auditor do Núcleo de Combate ao Trabalho Infantil e Proteção do Adolescente, Pedro Jacobi, grandes eventos, como a Expointer e o acampamento Farroupilha, atraem muitas crianças para trabalharem informalmente, seja vendendo produtos, catando latinhas de alumínio ou pets ou mendigando. São nesses eventos que o Ministério do Trabalho, em conjunto com outras redes, atua para dar a assistência necessária para as crianças e suas famílias. Para Jacobi, não é só a questão de retirar a criança da rua, “é de ter onde colocá-la”. Para isso, ele acredita que deve ser feito um trabalho de assistência à família, através do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), ou com a ajuda de outros como o Bolsa Família. Esses programas garantem, segundo ele, que a criança freqüente a escola e, no turno inverso, atividades que as ocupem de forma lúdica. A exploração da prostituição infantil também deve ser combatida. Conforme Jacobi, essas crianças são vulneráveis e acabam sendo aliciadas no sexo e nas drogas, sem terem escolhas. Ele complementou: “Se a sociedade não ocupa o seu espaço, os traficantes ocupam”. O auditor entende que hoje faltam trabalhadores qualificados, mas quanto mais houver crianças trabalhando nas ruas, menos chances futuras elas terão de ter uma boa qualificação no mercado de trabalho. Por isso é necessário investir em cursos que as qualifiquem, ajudando no seu desenvolvimento e as mantendo nas escolas. “Temos que dar oportunidades”, complementou. Segundos dados fornecidos pelo Ministério Público, muitas crianças e adolescentes são vítimas de terceiros ou deles mesmos, que se obrigam ou se permitem inserir em atividades de natureza não educacionais, em decorrência da exploração barata, do abandono ou da negligência: tanto fa- miliar quanto social. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou, em pesquisa de 2006, uma queda no índice de trabalho infantil, mas que continua alto, 5,1 milhões de menores entre 5 e 17 anos estavam trabalhando, sendo que desse total 237 mil crianças tinham entre 5 e 9 anos. O Nordeste, de acordo com pesquisa encomendada pela OIT, lidera dois tipos de ranking do trabalho infantil no Brasil: o que apresenta números absolutos nos casos de exploração de crianças e adolescentes e outro com percentuais comparados aos dados regionais e nacionais. Conforme estudos, as crianças que são de origem de famílias pobres ou com pais desempregados, pardas e negras, têm uma maior tendência a trabalhar. Crianças que vivem do campo apresentam mais facilidades de contribuírem na renda da família, uma vez que, na agricultura é mais aceitável um menor trabalhar, por questões históricas. Muitas vezes, existe a idéia de que por trás de um menor há um mandante, porém pesquisas contestam a presuposi- ção. Conforme o IBGE, em pesquisa realizada em 2006, nas Unidades Federais, só no Rio Grande do Sul, 81,1% dos menores queriam trabalhar, contra 16,3% que eram incentivados pelos pais. Não foi diferente com John, de 12 anos, que por conta própria ajuda a mãe, doméstica e separada. Morador da cidade de Alvorada, aos nove anos se deslocava até Porto Alegre para vender balas de gomas no trensurb e em ônibus. John disse que encontra dificuldade para vender os produtos em sua cidade. Atualmente, ele e mais dois irmãos, de 11 e 9 anos, trabalham na capital vendendo balas. “Trabalhamos porque queremos ajudar”, conta. O dinheiro é destinado para a mãe. Por dia, John chega a lucrar R$100 ou mais. Apesar de trabalhar, disse conseguir conciliar com os estudos, ano que vem informa que já vai para a quinta série. Mas para Jacobi, essas crianças não possuem discernimentos em suas escolhas: “Parece bonito querer ajudar a família, mas elas têm que estar nas escolas”. O fato de o cidadão comprar o produto que essa criança esteja vendendo, é outro fator que dificulta as organizações de apoio a tirarem as crianças das ruas, “Ao olhar uma criança em dia frio e chuvoso, dói o coração, mas é movido por pena de comprar balinhas que acabamos contribuindo para que a criança não saia da rua”, afirmou Jacobi. Muitas vezes mendigar ou vender produtos num turno em uma sinaleira, se consegue ganhar mais do que oferece o PETI ou o Bolsa Família. “Quanto mais der esmola ou comprar flores, guardanapos ou balinha, mais estimulo essa criança tem de ficar na rua”, ressaltou. Conforme Jacobi, são mais de 150 entidades atuantes pa- ra a erradicação da exploração infantil, só no Rio Grande do Sul, e complementou: “As comissões estaduais de proteção ao trabalhador adolescente é uma rede ainda invisível perante a imprensa e sociedade”. Mas além de todas as estruturas criadas para combater o trabalho infantil, é necessário que a população ajude. E para isso não basta só à indignação, tem que agir. São diversos os órgãos públicos que atuam verificando se a criança está em situação de risco. A Brigada Militar, um dos que lutam para a retirada não repressiva dessas crianças que estão nas ruas, também está junto à Polícia Civil e o Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (DECA). De acordo com Jacobi, são muitas as entidades que a sociedade pode entrar em contato, pois essa é a melhor das ajudas e complementou: “Só assim se pode acabar com o assistencialismo barato”. A situação da exploração infantil nos países subdesenvolvidos influencia de forma negativa o desenvolvimento de qualquer nação, pois essas crianças são o futuro do país. E constituem uma das maiores preocupações das organizações de defesa dos direitos humanos. Um trecho da Constituição Federal retrata a importância dos deveres para com os menores, conforme o artigo 227: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. Política Dezembro de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA participação Para que serve um Grêmio Estudantil? Fotos: Caroline Garcia Caroline Garcia A EM QUE RESULTA A EDUCAÇÃO SÓCIO-POLÍTICA - Dos líderes municipais de Viamão, foram líderes estudantis: o vice-prefeito e 9 dos 14 vereadores. - 120 alunos de escolas da rede pública responderam a enquete: Para que realmente serve um grêmio estudantil? -> Para organizar eventos na escola: 19% -> Para representar os alunos perante a direção: 72% -> Para popularizar os alunos envolvidos na chapa do grêmio estudantil: 7% -> Não sabe/não opinaram: 2% Ao contrário do que se acredita, os jovens estão cada vez mais conscientes da organização política, no ano em que as eleições municipais coincidiram com as estudantis. Na Escola Estadual de Ensino Médio Setembrina, berço político de Viamão, a eleição para o grêmio estudantil em 2008 foi semelhante com o da eleição civil, da campanha até o impeachment. O estudante do terceiro ano do ensino médio da Escola Setembrina, em Viamão, Gabriel dos Santos, 19 anos, assumiu há pouco o cargo de presidente do grêmio estudantil, e afirma que não deseja dar seguimento à carreira política. Embora fosse vice da chapa que assume há quase dois anos seguidos, temia que algo afastasse o antigo presidente e não acreditava na possibilidade de um dia ter que substituí-lo. “Onde se lida com dinheiro a coisa aperta!”. É o que diz dos Santos quando questionado sobre o porquê da decisão. Diz que é responsabilidade demais lidar com prestação de contas. A cobrança é uma constante que o preocupa. “Houve um processo de eleição bem organizado, envol- Gabriel dos Santos e sua equipe vendo mais ou menos cem pessoas, entre componentes da chapa e simpatizantes, que esclareciam sobre a eleição durante os intervalos, com entregas de santinhos e visitas em sala de aula, também”, conta. “Os problemas da escola são os mesmos problemas do mundo!”, diz o ex-candidato à vereança na cidade, o professor Marco Sozo, hoje diretor da escola Setembrina, tenta sempre discutir política em alta escala com seus alunos, pois vê que a vivência com a liderança es- tudantil é algo saudável quando bem acompanhada. Sozo não se posiciona quanto ao afastamento do antigo presidente do grêmio. Pensa que através da autonomia coloca os alunos em contato com verdadeiras responsabilidades. Todo o processo se resume em aprendizado. Respeito e confiança são palavras chave entre o diretor e presidente do grêmio, pois, segundo Sozo, hoje há um diálogo bem estabelecido, ao contrário de suas experiências durante a di- Pesquisas eleitorais não influenciam o eleitor Os institutos de pesquisa acabam atuando, em períodos eleitorais, como verdadeiros termômetros da população. Os institutos afirmam que retratam o que o eleitor quer nas urnas. Divulgação Marco Sozo e Gabriel dos Santos, a trabalho Adolescentes voltam a se interessar pelo voto no RS Crédito ??????? Nathalia Kurtz André Freitas Segundo o gerente do Ibope no Rio Grande do Sul, Domício Torres, as pesquisas eleitorais são simples resultados matemático, e não influenciam os eleitores em sua decisão na hora de votar. “No instituto realizamos um estudo, antes de irmos realizar as coletas, temos um processo demorado que começa com estudos das regiões”, explica Torres. “O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fornecem o material para os institutos codificarem e qualificarem o universo a ser pesquisado. Desses dados realizamos as pesquisas em uma cidade como Porto Alegre, por exemplo. Eles são primordiais para formar o perfil dos entrevistados que são separados da seguinte forma: pela quantidade de homens e mulheres, pelo grau de escolaridade, pela condição civil e ramo profissional dos pesquisados”, explica Domicio Torres. tadura militar. “Os problemas da escola são os problemas do mundo”, afirma ao comparar os processos de eleições escolares e municipais. Percebeu que a campanha foi feita em cima de popularização, e isso para ele é algo negativo. Sobre o futuro dos líderes estudantis, preocupa-se: “A partir do momento em que se vota em uma pessoa e não em um projeto, o debate é surdo, e a tentativa da escola em politizar futuros cidadãos se torna inútil”. Leitor decide em quem votar Quando questionado a respeito da influência das pesquisas o gerente é taxativo: “O eleitor é soberano na hora do voto, as pesquisas são amostra do que a população pensa, e não decidimos o que eleitor irá votar, mas sim mostramos as tendências do que a população esta pensando”. Segunda a diretora de Projeto do Instituto Methodus Pesquisa e Análise de Mercado, Margrid Sauer, as pesquisas eleitorais também não influenciam os eleitores na hora do voto nas urnas. “Nosso diferencial é que realizamos uma amostra mais detalhada em cada região mapeada, por isso temos um grau de acerto maior”, declara a diretora. O Ibope e o Methodus utilizam os mesmos métodos de pesquisa: as perguntas induzidas e espontâneas para realização de suas pesquisas. Nas ruas, a população demonstra preocupação com a influência das pesquisas sobre o voto. O metalúrgico Geison Almeida declara que as pesquisas influenciam as pessoas, que não têm conhecimento aprofundado sobre os candidatos. Para o Engenheiro Mecânico Alexandre Basso, “as pesquisas eleitorais influenciam o eleitor dependendo do nível intelectual do eleitor, mas salienta que as pesquisas devem ser divulgadas”. O economista Sérgio Barbosa diz não se influenciar com as pesquisas, mas que algumas delas deixam-se levar por pesquisas. O metalúrgico José Carlos Duarte afirma que “não acretido nas pesquisas, elas não falam a verdade, são realizadas para influenciar as pessoas”. Coordenadora de Marketing, Dóris Gharcia, relata que as pessoas gostam de votar em quem está ganhando, isso é do ser humano, por isso elas influenciam, principalmente no segundo turno. Quantidade de menores de 18 anos aptos a votar retoma número de 2004. Segundo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS), 180 mil eleitores com 16 e 17 anos estão cadastrados para votar no dia 5 de outubro no Rio Grande do Sul. Faltam algumas semanas para o pleito que irá decidir quem serão os vereadores que estarão à frente da casa dos legisladores em 2008, assim como o prefeito. A regra Legenda ??????????????? estabelecida pela Justiça Eleitoral é que para os jovens de nores de 18 anos cadastrados 16 anos o voto é facultativo, no TRE-RS. Esse número ou seja, não é obrigado a com- aponta uma retomada de inparecer às urnas para a esco- teresse do jovem pelo voto, lha dos novos representantes que tinha caído desde os 189 do governo, e quem completou mil aptos em 2004. Conforme 18 é obrigado a votar. o Tribunal Superior Eleitoral “Quando ganhamos o di- (TSE), as eleições de 2006 rereito de voto, ganhamos o di- gistraram queda no voto fareito de voz”. Essa é a visão da cultativo jovem, com adesão estudante Bruna Vilela, 17 de 138 mil entre 16 e 17 anos anos. no Estado. Também, entusiasmado, Alguns dos diferenciais na Felipe Dias, 16, deixa claro sua hora do voto, segundo Fernanopinião: “vou votar pela primei- da Azevedo, 16, são as prora vez esse ano e estou feliz postas apresentadas: “Acredipor isso, pois só posso cobrar to que como eu, a maioria acha os meus direitos quando esti- que o melhor candidato é ver fazendo os meus deveres, aquele que promete melhorias e acho que todo cidadão tem na educação básica, saúde e como dever, votar”. mais empregos. Mas lógico, é Eles integram o grupo de preciso cumprir”. cerca de 180 mil eleitores meJovens são a favor do voto facultativo. Apesar de estarem votando por opção, de dez jovens entrevistados, nove são contra o voto ser obrigatório no Brasil. Matheus Cavallini, 19, demonstra-se incomodado: “me sinto pressionado, o Brasil parece estar sempre fora das boas práticas de países desenvolvidos”. Considerando entre essas práticas a não obrigatoriedade do voto. “O voto obrigatório é uma imposição e em um País democrata não pode haver imposições”, disse Azevedo. “Vou votar porque quero, porque acredito que o Brasil possa melhorar, mas existem pessoas que não pensam como eu e tem que votar”, completa a estudante. Especial Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Dezembro de 2008 Fotos: Asaph Borba mundo Frankfurt, onde o passado e o futuro se encontram no presente S Asaph Borba Situada às margens do Rio Main, no coração da Alemanha, Frankfurt é uma cidade que une no presente seu passado e futuro. Por sua importância industrial, comercial, financeira e turística tem se tornado um dos destinos mais procurados da Europa. Fundada pelos Celtas por volta do ano 100 a.C., e povoada por Romanos, Francos e Germanos nos séculos seguintes, a cidade foi palco de importantes acontecimentos. Depois de uma história conturbada, que inclui as duas grandes guerras do século 20, Frankfurt tornou-se uma metrópole Européia e o terceiro maior centro financeiro mundial. Segundo dados históricos da Enciclopédia Britânica, por muito tempo Frankfurt am Main, que quer dizer passagem dos francos sobre o rio Main, foi autônoma. Manteve-se como cidade-estado por muitos séculos, e ganhou importância política a partir de 1356, quando o Imperador Carlos IV designou a cidade como o lugar em que os reis germânicos eram coroados e onde reunia-se o parlamento dos diversos principados alemães. Em 1866, a cidade foi incorporada à Prússia, perdendo sua autonomia. Desde então, firmou-se como um centro econômico, turístico e cultural. Com a revolução industrial no século 19, Frankfurt passou a atrair imigrantes, primeiramente vindos de todas as partes da Alemanha, depois judeus, turcos, e mais tarde, pessoas de outras nações européias, americanas, africanas e asiáticas, que também começaram a chegar. Segundo o site oficial de Frankfurt (www.frankfurt.de), os imigrantes representam hoje um total de 24% da população de 664 mil habitantes. De acordo com a presidente da Câmara de Comércio, Petra Roth, “Frankfurt é a menor metrópole do mundo, onde, em breves percursos, há muito a descobrir”, e depois conclui,“venha de onde vier, um visitante irá sempre encontrar pessoas que falam o seu idioma e um restaurante onde servem um prato típico de seu país”. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945), a cidade Fonte Milenar Estátua de Göethe foi seriamente destruída, mas pela força de seu povo e ajuda internacional, foi reconstruída nas décadas seguintes, passando a ser a metrópole de hoje. Frankfurt, às margens do Rio Main Vida Cultural Por ser o berço de poetas e pensadores como Johann Göethe e Theodor Adorno, a cidade oferece uma intensa agenda cultural. Os seus museus estão entre os mais disputados da Europa, assim como os teatros, que apresentam uma diversidade de eventos que englobam todas as artes, agradando aos mais diferentes gostos e idades. Os festivais folclóricos e literários, assim como sua ópera, fazem da cidade um point para quem aprecia a boa música e a arte em geral, pois, alí ocorrem quase mil eventos anualmente. Uma das atrações é o Teatro Frankfurt, não só por sua beleza arquitetônica, mas também por seu valor histórico e cultural. Conforme Ann Lore Sundberg, moradora local desde pequena, a vida cultural é inesgotável. Ela afirma que “pela diversidade de povos e raças que temos aqui a programação da cidade é diversificada e nunca é monótona”. Arquitetura A paisagem arquitetônica de Frankfurt é de tirar o fôlego. Os seus arranha-céus misturam-se às construções seculares, a maioria delas, restauradas. O centro histórico, com seus prédios medievais e sua fonte milenar, está entre os locais mais visitados, assim como a principal igreja da cidade, a Catedral de São Bartolomeu, Estação Central com trem ICE ao fundo Turismo sobre o Rio Main onde se pode ouvir em vários horários do dia o magestoso órgão de tubos. Próximo ao centro estão muitos museus, estátuas e peças originais bem conservadas do tempo de Carlos Magno e outros imperadores alemães. Há também parques que no verão ficam repletas de pessoas ávidas por sol e vida ao ar livre. Gastronomia Em conseqüência da imigração, pode-se encontrar por toda parte, diferentes tipos de bares e restaurantes, que servem os mais diversos pratos. É possível também saborear a cozinha típica alemã, que na região tem influência da Bavária. As cervejas oferecidas são de vários tipos e procedências, assim como com a salsicha alemã, que ali é chamada de frankfurter. A gaúcha e descendente de alemães, Lígia Blauth, que esteve várias vezes na cidade, sugere que “no mercado público central a salsicha boch, servida com mostarda e chucrute, acompanhada de uma cerveja waissenbeer, é imperdível”. Eventos Sede financeira do Mercado Comum Europeu, a cidade conta com mais de 300 bancos, assim como a movimentada bolsa de valores de Frankfurt, uma das mais importantes do mundo. Em razão disso, concentra eventos de todos os tipos, bem como: feiras, congressos e exposições, que enfocam finanças, ciência e tecnologia, tudo isto apoiado por uma vasta rede de hotéis. Mesmo com o crescimento, a metrópole alemã não perdeu seu charme e glamour, e continua sendo uma cidade acolhedora e alegre. Natural de Munique, o comerciante Willie Bretas, em visita à cidade, afirma que a segurança, tanto durante o dia quanto à noite, é um ponto forte e diz: “aqui a gente pode andar tranqüilo, pois há policiamento em toda parte”. Ele conclui que ”do jeito que anda o mundo é difícil uma cidade assim, onde as pessoas podem andar sem medo de serem assaltadas”. Passeiar de barco pelo Rio Main, que corta a cidade, também é possível, dele se pode ter uma visão da parte histórica, onde a metrópole surgiu. Na região metropolitana, os pequenos trens elétricos e coloridos dão um charme todo especial. É possível, também, viajar Órgão de tubos na catedral de São Bartolomeu Prefeitura antiga Arquitetura tradicional a qualquer cidade próxima, como Stutgard, Heidelberg ou Colônia, nos rápidos e confortáveis trens ICE, que atingem até 350 km. por hora. Compras Frankfurt é um local para boas compras, onde encontrase de tudo. Ali estão as principais redes de lojas européias e americanas, que concentram as principais marcas e grifes. Nas áreas de tecnologia, áudio e vídeo, assim como de equipamentos industriais e mecânicos, diversidade, qualidade e bom preço são pontos altos de Frankfurt. Por tudo isso, essa cidade milenar é um dos locais deste planeta onde o passado e o futuro se encontram em um presente construído com muita cultura, riqueza e modernidade. Teatro Central, onde funciona a ópera Saiba mais http://www.frankfurt.de Cultura Dezembro de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA teatro POA em Cena, 15 anos de espetáculo Ana Paula Maciel P Ana Paula Maciel Porto Alegre Em Cena completa 15 anos Há 15 anos, o Em Cena coloca em cartaz, nos palcos e ruas de Porto Alegre, espetáculos de vários países. O mais reconhecido evento da cidade, o festival internacional de teatro Porto Alegre Em Cena, entre 2 e 22 de setembro, comemorou seus 15 anos de existência em 62 espetáculos procedentes de Dinamarca, Argentina, Uruguai, Brasil, Estados Unidos, Portugal, Itália, França e Espanha. O ano de 2008 é dedicado à celebração do teatro. O festival presta homenagens a outros parceiros locais que também comemoram datas representativas, como 150 anos do Theatro São Pedro e a Tribo de Atuadores Oi Nóis Aqui Traveiz, que completa 30 anos de criação artística ininterrupta, em uma edição especial com grandes atrações internacionais e brasileiras, de teatro, dança e música. Essa edição contou com a apresentação de um álbum retrospectivo sobre a história do Em Cena e as grandes personalidades que fizeram parte desses 15 anos. O álbum é recheado de fotos e verbetes especiais, contando a história dos músicos, Os 150 anos do Theatro São Pedro foram homenageados pelo Porto Alegre em Cena atores, atrizes, grupos, coreógrafos, diretores e espetáculos, além de um apêndice com todas as edições do festival. Nomes como Paulo Autran, Celso Frateschi, Linneu Dias, Antônio Nóbrega, China Zorrilla, estão no rol das personalidades catalogadas. Os três mil exemplares da publicação serão distribuídos gratuitamente para escolas de teatro, companhias teatrais, secretarias de cultura e bibliotecas. A maior de todas as edições da história do festival internacional de teatro Porto Alegre Em Cena começou quebrando recordes já no primeiro dia de venda de ingressos: 60% dos 64 espetáculos esgotaram-se em questão de horas. O evento iniciou no dia 2 de setembro com a performer e compositora De casa para o mundo Pedro Guilhon O povo brasileiro é que mais tempo passa conectado à internet. Em julho, o acesso residencial registrou 23,7 milhões de usuários ativos e estabelece-se um novo recorde de tempo conectado: os brasileiros passaram, em média, um dia inteiro conectados à internet, segundo pesquisa IBOPE de 8 de agosto. Neste ambiente, em que mais pessoas têm acesso à internet, cresce cada vez mais um novo ramo da produção musical, a produção caseira. Bandas brasileiras como a paulista Cansei de Ser Sexy (CSS), sucesso na Europa, Estados Unidos e Japão, só ficaram conhecidas através de downloads gratuitos em sites de divulgação musical. Hoje, as meninas do CSS já fizeram turnês por três continentes e a música delas”Music is my hot hot sex” foi tema da campanha internacional do Ipod Touch, da Apple. “Produzido em casa é associado a mal feito, mas não é bem assim, o que se precisa é de bom gosto, investimento e uma boa dose de dedicação”. É o que diz o estudante de Sistema de Informação, Fernando Carvalho, 26 anos, também conhecido como Dinei. Além de beatmaker, (produtor de batidas), Dinei é MC, compõe letras de música rap, grava em casa com o auxílio do computador no qual opera programas de gravação profissionais como Pro Tools e CuBase, sobre Pedro Guilhon americana Laurie Anderson. Criado em 1994, o Porto Alegre Em Cena sempre se destacou pelo ineditismo e ousadia de sua programação e inestimável contribuição às artes cênicas gaúchas, trazendo à cidade alguns dos grupos mais importantes dentro do teatro, música e dança, não só do Brasil, mas de todo o mundo. Realizado pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), o festival já é, hoje, ponto de referência cultural e artística de nossa cidade. Colocando à disposição do público, anualmente, em torno de meia centena de espetáculos a preços populares, em praças públicas, teatros e espaços alternativos espalhados pela cidade, o Em Cena tem uma média de 100 mil espec- tadores a cada edição. Consolidado como um dos maiores festivais de artes cênicas da América Latina, durante um mês, Porto Alegre vira palco e mesa de debates para artistas e profissionais de teatro que estarão conversando, interpretando, atuando, instigando, diversificando linguagens, discutindo propostas e, acima de tudo, encantando o público. Desde 1994, 31 países e 12 estados brasileiros integraram a grade de programação, com 692 espetáculos e todos ocorreram em mais de 40 locais diferentes, entre teatros, shoppings, galpões industriais, espaços alternativos e bairros periféricos da cidade, dentro do projeto de Descentralização da Cultura com um público de aproximadamente 700 mil pessoas. O Porto Alegre em Cena se tornou o festival brasileiro que apresenta o melhor da produção teatral contemporânea nacional e internacional, em sua plenitude e diversidade de estilos, contemplando a platéia com espetáculos inéditos no Brasil. A capital já recebeu nomes como Peter Brook, Hanna Schygulla, Denise Stoklos, Maria Bethânia, Paulo Autran, Tônia Carrero entre outros. A grande festa do teatro se encerra dia 22 de setembro, com a entrega do Prêmio Braskem, no Theatro São Pedro. Palácio Piratini guarda acervo histórico Renato Quintana Renato Quintana Fernando “Dinei”: beatmaker independente os quais se refere. “Aprendi sozinho, mexendo”. Segundo ele, é possível fazer praticamente todo o processo em casa, desde a gravação até divulgação que é feita por meios eletrônicos como blogs, fotologs, sites de relacionamentos e, principalmente, de alguns sites direcionados especificamente à música como o Myspace. Dinei completa dizendo: “eu ainda não tenho tempo pra fazer disto uma fonte de renda, o retorno vem se as pessoas gostam da música, se identificam, se um número muito grande de pessoas passa a gostar você, tem uma boa chance de fazer sucesso”. Para o músico Yeshua Jahmiliano, 25, membro da banda de reggae Santíssima Trindade, a produção caseira vem não só para facilitar a ascensão de novos talentos, mas também para manter a qualidade e a liberdade das criações. “As gravadoras, muitas vezes distorcem a criação do artista a modulando para ser mais vendável”. A página do músico no Myspace tem uma média de cem acessos por dia e já gerou contatos para shows além de divulgação em vários locais do Brasil. “Só de pensar que cem pessoas por dia escutam minhas musicas já é gratificante, para se atingir cem pessoas, dez anos atrás, você teria que ter lançado um CD, eu ainda vou lançar o meu e milhares já ouviram”, completa o músico. Segundo o estudante de jornalismo, Leonardo Silva, 22, que produz e apresenta um programa de rádio on-line, a produção caseira e a divulgação por meio da internet são o caminho a ser seguido pelas bandas que querem despontar no meio musical. “Por meio da internet eu já conheci vários artistas novos, tanto de Porto Alegre como de outros lugares e tive a oportunidade de entrevistar gente até do Recife”. Sede do Governo Estadual do Rio Grande do Sul, o Palácio Piratini possui um amplo espaço cultural aberto à população e abriga em seu interior painéis pintados pelo artista francês Aldo Locatelli e inspirados na lenda do negrinho do pastoreio, um dos ícones do folclore gaúcho. O Palácio é um dos principais pontos turísticos da Capital, aberto de segunda à sexta-feira, das 9h às 17h, à visitação pública. O Palácio serviu de cenário para importantes fatos e trajetórias de diversas personalidades políticas do Estado. Neste ano, o Palácio Piratini completou 87 anos de história e cultura. O prédio, situado na Praça Marechal Deodoro, mais conhecida como praça da Matriz, possui um importante acervo de arte. Segundo o funcionário do Palácio Piratini, Renato Ortiz, o monumento possui peças vindas da França e painéis que foram pintados por Aldo Locatelli, destacando-se também a lenda do Negrinho do Pastoreio que relata a força política gaúcha. A funcionária do Palácio Piratini Lúcia Melechi descreve que no saguão principal que liga as alas governamental e residencial existem esculturas que representam a agricultura e a indústria gaúchas, sendo que na fachada principal estão obras criadas pelo artista fran- Palácio Piratini, 87 anos de história cês Paul Landowski, criador do Cristo Redentor do Corcovado, no Rio de Janeiro. De acordo com o site oficial do Palácio Piratini, desde 1921, ano em que foi fundado a sede do Governo, passaram 25 políticos, entre eles interventores, presidentes de província e go- Visitacão O Piratini é aberto à visitação pública, acompanhadas por guias. As visitas podem ser realizadas de segunda às sextas-feiras, das 9h às 17h, (menos nas quintas-feiras à tarde), em português, inglês, francês, espanhol e libras, a linguagem dos deficientes auditivos. Atualmente, a visitação está restrita ao térreo, porque o piso de todo o andar superior deve ser substituído. A visitação aos salões vernadores eleito e nomeados. O edifício foi incluído no projeto monumental do Ministério da Cultura com apoio do BID e Unesco, voltado à revitalização de centros históricos do Brasil, e desde 1986 é considerado patrimônio histórico e artístico nacional. nobres deve voltar a ser aberta ao público em 2009. agendamento Agendamento de visitas: 51 3210-4170 51 3210-4169 51 3210-4168 E-mail: [email protected] Tempo aproximado de passeio: 20 minutos. Cultura Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Dezembro de 2008 Fotos: Asaph Borba religião História de fé M Asaph Borba Muito se ouve falar sobre as três religiões que mais influenciaram, e ainda influenciam a história, mas poucos sabem como surgiram e quais são as semelhanças e diferenças que existem entre elas. O Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo são religiões muito próximas. E, nesta ordem, foram nascendo, relacionadas umas com as outras, tomando lugar e força no decorrer da história. Judaísmo A religião monoteísta mais antiga, o Judaísmo, tem na Torá, (que são os cinco primeiros livros da Bíblia escritos por Moisés), nos Livros dos Profetas e nos Salmos, suas principais fontes de doutrina e ensino. Os Judeus crêem que esses livros sagrados foram escritos por inspiração divina no decorrer da história de Israel, e são chamamos, na Bíblia que conhecemos, de Antigo Testamento. A crença judaica nasceu com o patriarca Abraão (1800 a.C), desenvolveu-se na Palestina e firmou-se como uma religião solidificada, após o êxodo do Egito, quando Moisés recebeu a Lei direto da boca de Deus, no monte Sinai. Como povo escolhido e dirigido por Jahvé (Deus), conquistaram a terra prometida, povoada por povos nômades de origem árabe, semita e palestina, e estabeleceram seu reino dividido em doze tribos. Mais tarde Davi, seu principal rei, estabelece Jerusalém como capital, que durou até o ano 70 d.C, quando foram totalmente dominados pelos Romanos. Por fim os judeus dispersaramse pelo mundo. Por causa de seus profundos laços de sangue, família e fé, e estruturados em rígidos costumes e tradições de vida, os Judeus, assim como o judaísmo, nunca deixaram de existir, pois mesmo fragmentados por todo o mundo, subsistiram como povo e raça. Seus líderes religiosos, cha- O Alcorão, livro sagrado islâmico mam-se rabinos e são responsáveis pela continuidade da religião e dos costumes, não permitindo o convívio amplo, casamento ou mesmo sociedade com não judeus. Tem no sábado seu dia de descanso. Em 1948, quando a ONU estabeleceu novamente o estado de Israel na Palestina, não foi difícil para os Judeus de todo o mundo se unirem e voltarem para a “Terra Prometida”, que na época era ocupada por palestinos islâmicos e colonos judeus. Com a ajuda estrangeira, os judeus venceram vários conflitos armados com os árabes que tentaram evitar a instalação do novo estado. Gradativamente, Israel impôs-se como nação e Jerusalém voltou a ser a capital religiosa, unificando assim os vários ramos do Judaísmo moderno. Cristianismo A fé Cristã, surgiu também em Israel durante a decadência política do estado Judeu, quando já eram dominados pelos Romanos. Jesus Cristo, homem simples, judeu, com um ensino profundo, confrontou a religiosidade e os costumes da época. Conta a história descrita nos livros bíblicos, que este Rabi (mestre) como era chamado, foi revestido de um poder sobrenatural que lhe fora delegado por Deus, realizando muitos milagres, e através de sua pregação, revigorou a fé do povo, atingindo também romanos e gregos que por ali transitavam. Os Evangelhos que são livros escritos por discípulos de Cristo, relatam que, aos 33 anos, Jesus morreu crucificado por judeus e romanos, que não tinham interesse que seus ensinos se propagassem, pois feriam as práticas religiosas judaicas e mexiam com a ordem social reinante. Porém, no terceiro dia depois de sua morte, ele ressuscitou, contam os textos bíblicos. Depois disso, reuniu seus discípulos por mais quarenta dias e os enviou pelo mundo com uma mensagem de amor e esperança que transformaria o mundo. A base do cristianismo foi colocada nos Evangelhos e nas cartas, escritas no primeiro século por discípulos e seguidores de Cristo. Essas epístolas, formaram o Novo Testamento, conhecido hoje. Os principais ensinos são: amor a Deus e ao próximo, verdade, integridade, casamento estável, família e perdão, e tem no domingo seu dia santo. Com o tempo, o Cristianismo foi se distanciando paulatinamente desses ensinos originais, tornando-se ainda nos primeiros séculos depois de Cristo, mais uma força política, do que uma expressão de fé, que a princípio sofreu oposição, por parte de romanos e judeus, mas depois de o Imperador Constantino, “cristianizar” o império, no ano 300 d.C., os “cristãos passaram também a oprimir, e em muitos casos fez pagar com a vida seus opositores”. Próximo ao ano 500 d.C., alguns “dogmas”, impostos por Roma, começaram a gerar conflitos, principalmente nos pontos mais distantes no Oriente Médio. Dentre estas normas, a canonização de pessoas, chamados “santos”, distanciavam do culto original a Deus e a Cristo, considerado o filho de Deus. E foi a canonização de Maria, que de simples mãe de Cristo, passou a ser chamada e cultuada como mãe de Deus e rainha dos céus que gerou grande objeção das igrejas do oriente. Em toda esta região o cristianismo foi fortemente influenciado por judeus convertidos ao cristianismo que tinham herança monoteísta (que venera um Deus único), e o culto aos santos retirava o foco desse Deus soberano. Segundo o Bispo da Igreja Metodista, Luis Virgilio, foi a perda da simplicidade o principal fator que propiciou o esfriamento do cristianismo no oriente: “a igreja romana, não apenas perdeu a simplicidade, mas começou buscar a todo preço o poder político se afastando assim de Deus”, explica. Islamismo Dentro desse contexto, por volta do ano 610 d.C., Maomé, um comerciante árabe das pro- Bíblia Sagrada: o vinho e o pão simbolizam no cristianismo o corpo e sangue de Cristo ximidades de Meca, no centro da península da Arábia, conhecedor da fé cristã e também do judaísmo, começou ter algumas “visões” de Deus. A princípio, seu ensino foi bem aceito até mesmo pelos cristãos e judeus locais, por apontarem ao monoteísmo. Suas revelações, depois escritas no Alcorão, que em muitas partes é claramente inspirado em imagens e personagens bíblicos, foram difundidas rapidamente por toda a região. Porém, sua pregação, o Islã, apesar de monoteísta, e com forte ênfase na oração e na fé pura e piedosa, dava também margem à guerra, à conquista pela força e à imposição dessa fé pela espada. O Profeta, como passou a ser chamado, também instituiu a poligamia, tendo ele mesmo 40 esposas, o que foi imedia- tamente rejeitado por cristãos e judeus. Muhamed Asmer, conhecedor da cultura islâmica, afirma, “a poligamia, que foi uma das bandeiras do Islã; apesar de ser liberada pelo cânone religioso, não é mais aceita pela maioria da sociedade na região. Depois da morte de Maomé, seus seguidores iniciaram conquistas para levar a nova fé para fora do mundo Árabe. Aproveitando o enfraquecimento político deixado pela queda do império romano, os árabes levaram sua fé primeiramente ao norte da África, chegando até a Península Ibérica (Portugal e Espanha). Pelo outro lado, conquistaram Jerusalém, chegando até a Turquia. Com este crescimento, surgiu, então, o contra-ataque. Cristãos europeus, insuflados por papas e reis, que haviam, Talmut: Javhé (Deus) fala diretamente com Moisés no Monte Sinai entre outras coisas, perdido as rotas comerciais com o oriente devido o crescimento do Islã, resolveram, em nome da libertação de Jerusalém, iniciar as Cruzadas. Dessa forma, verdadeiros exércitos formados por soldados de diferentes nações navegavam e marchavam para o oriente tendo a cruz e a espada como força de libertação. Assim como o Islã havia feito, os cruzados levaram morte e destruição aos árabes de todo o oriente médio, dando início ao conflito que existe até o dia de hoje. As três religiões apesar de divergentes, convivem sem maiores conflitos no mundo civilizado, porém, onde uma delas é minoria, como por exemplo no oriente médio, há rígido controle, perseguição e intolerância. 10 Educação Dezembro de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA lei Diploma de Jornalismo está ameaçado José Antonio Meira da Rocha Jaqueline Cavalini O O Supremo Tribunal Federal (STF) está prestes a julgar o Recurso Extraordinário (RE) 511.961, que desregulamenta a obrigatoriedade do diploma em Curso Superior de Jornalismo, o que vai significar o fim da profissão regulamentada. O 33º Congresso Nacional dos Jornalistas, movimento sindical nacional da categoria, realizado em São Paulo de 20 a 24 de agosto, teve como pauta principal a atualização da regulamentação profissional e qualificação acadêmica para o curso de jornalismo. O evento reuniu representantes da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e 31 sindicatos de jornalistas de todo o país, que participaram de uma manifestação em defesa do diploma de jornalismo. O objetivo foi esclarecer à população que cabe ao STF a decisão final sobre a obrigatoriedade da formação superior específica para o exercício da profissão. O membro da direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais/RS e professor do Centro Universitário Metodista , Léo Nuñez, tem plena convicção de que a formação profissional é essencial. “O jornalismo Jornalistas em manifestação pela legalidade do diploma é basicamente o conjunto de três elementos, cultura, técnica e ética, e a vivência disso, somente a universidade pode passar. Acredito que as faculdades também são responsáveis por mostrar a qualidade dos alunos que estão formando, pois o mercado de trabalho não reconhece”. O professor de jornalismo do Centro Universitário Metodista, Ricardo Militão, afirma que este debate sobre o diploma não é relevante, mas divide a categoria, se tornando um debate simplificado, que não mostra a realidade do jornalismo, impondo quem é contra ou favor do diploma. “O fato de um jornalista ser diplomado, não é garantia de um bom jornalismo. Hoje em dia, é necessário uma formação de qualidade. A sociedade brasileira precisa de bons jornalistas com ou sem diploma. Estudar é maneira mais fácil de aprender, o diploma é uma questão óbvia, que não deveria ser discutida, pois é um processo irreversível”, afirmou o professor. Conforme Militão, a alegação de que irão contratar pessoas com outra formação para trabalhar no lugar dos jornalistas não se sustenta, porque nos grandes centros isso não acontece, pois a preferência é por estudantes de jornalismo. Essa Nova lei muda relação de estagiários e empresa Gabriela Azevedo Brechas na lei podem provocar exploração dos estagiários Gabriela Azevedo Para agradar seus chefes, muitos estagiários fazem o trabalho de funcionários, porém sem os devidos direitos trabalhistas. É o caso da carga horária semanal não estabelecida e da ausência do período de férias. Não é de hoje que se ouve falar em exploração, principalmente, quando as vítimas são estagiários. Entretanto, o projeto de lei nº 2.419/07, aprovado pela Câmara dos Deputados, deve trazer novas regras para essa situação. O projeto dita as novas re- gras de estágio no País. A matéria agora só depende da sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A partir de então, empresas, instituições de ensino e estudantes terão que se adaptar às mudanças. Uma delas, por exemplo, agrada muito aos estudantes. Ao completar um ano estagiando, o aluno terá direito a 30 dias de férias. E a preferência é que sejam tiradas no período do recesso escolar. Outra novidade é quanto à limitação da jornada: os estágios devem ter, no máximo, seis horas diárias e 30 semanais, exceção para os alunos da Educação Especial e dos anos finais do Ensino Fundamental, que não poderão ultrapassar quatro horas diárias e 20 horas semanais. Nos períodos de prova, os estudantes vão ganhar mais tempo para estudar, com a redução da jornada diária. O projeto determina também que a duração do estágio, na mesma empresa ou instituição, não poderá exceder o prazo de dois anos. Nos estágios considerados optativos, será obrigatório o pagamento da bolsa-auxílio. E, durante o período de férias, ela deverá ser paga integralmente. Com a nova lei, vale-transporte também passa a ser obrigatório. Tíquete-refeição e assistência médica podem ser oferecidos, mas não caracterizam vínculo empregatício. O estudante de Publicidade, Felipe Navarro, 18 anos, estagiário há 3 meses, contou que até então nunca foi explorado e que gosta muito de estagiar. Porém, ele diz que se sentiu pressionado a fazer outras funções não vinculadas. Sobre o projeto de lei, Navarro concorda e acha que vai melhorar bastante a relação do estagiário com a empresa. A empresária, Fernanda Cerbaro, 29, concorda com a nova lei. “Acredito que os estagiários devem ter os mesmos direitos de um contratado”. discussão sobre o diploma, seria uma questão de reserva de mercado. “Não estou preocupado com diploma, e sim, em formar bons jornalistas, pois é isso que o Brasil precisa”, afirmou. A juíza federal Carla Rister concedeu liminar a uma ação civil pública, desobrigando qualquer cidadão de portar diploma de nível superior na área para conseguir registro profissional de jornalista, alegando que o Brasil é o único país que exige diploma de curso superior. Também criticou o fato da regulamentação da profissão ter decorrido de decreto expedido em ditadura militar. O principal motivo para que a juíza concedesse a liminar contra o registro da profissão, foi a ação movida pelo Ministério Publico Federal, a pedido de três empresas de comunicação, o jornal Folha de São Paulo, a revista Veja e a emissora de televisão Globo, que entraram com um processo argumentando que a regulamentação profissional vai de encontro ao artigo quinto da Constituição de 1988 que garante a liberdade de expressão. Conforme a coordenadora do curso de Jornalismo da Intituição Metodista, Mariceia Benetti, esta atitude da grande imprensa brasileira é desqualificada e reflete a postura de empresa, onde estão impregnados o poder econômico e político. “Acredito que a qualificação profissional passa pela acadêmica. Toda a profissão que busca a qualificação, deve sim reconhecer a importância de um diploma. Significa um profissional que refletiu as questões da ética, que refletiu as orientações teóricas da profissão e teve um quadro docente qualificado para orientá-lo no conhecimento do trabalho prático. Só aceita um profissional sem diploma a empresa que não busca a qualidade”, afirmou a coordenadora. O jornalista e presidente do Sindicato dos Jornalistas/RS, José Maria Rodrigues Nunes afirma que a sociedade esta ciente que precisa de informação de qualidade, mas precisa reconhecer a formação do profissional através do diploma. “O curso superior deve ser uma exigência para o exercício do jornalismo. O Brasil é um dos poucos países onde se cobra uma formação superior. E se abdicarmos disso será um retrocesso. Um país, onde se incentiva a educação e que enfrenta sérias dificuldades” ressalta Nunes. A FENAJ defende a formação profissional em cursos de jornalismo de graduação com quatro anos e, no mínimo, 2,7 mil horas-aula, como apontam as diretrizes curriculares aprovadas após inúmeros debates e congressos na área.“O resultado das mobilizações da FENAJ foi extraordinário, muitas pessoas que nãotinham se manifestado,tomaram sua decisão e participaram das manifestações, isso é importante para representação da categoria”, afirma Léo Nuñez. Confira entrevista na íntegra com o presidente do Sindicato dos Jornalistas/RS, José Maria Rodrigues Nunes, no Portal Universo IPA www.metodiatadosul.edu.br/universoipa. Luta longa em defesa da categoria A exigência do diploma para exercer o jornalismo foi criada pelo Decreto-Lei 972/69. Em outubro de 2001, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma Ação Civil Pública na 16ª Vara Cível da Justiça Federal de São Paulo contra o decreto-lei. A juíza federal Carla Abrantkoski Rister concedeu liminar, para desregulamentação do diploma de nível superior e registro profissional de jornalista. Em primeira instância a decisão foi confirmada, a FENAJ recorreu, e o STF de São Paulo deu ganho de causa por unanimidade por votarem a favor do diploma, mas permitiu ao MPF entrar novamente com a ação civil. O STF está prestes a julgar o Recurso Extraordinário (RE) 51.1961. Se for julgado a favor do mérito a FENAJ não poderá recorrer novamente, será a decisão final. Dúvidas predominam na escolha para o vestibular Simone G. Machado Alunos da Escola Estadual Dom João Becker preparam-se para o futuro Simone G. Machado Ao chegar no último ano do Ensino Médio, muitos adolescentes ficam em dúvida ou não sabem qual curso vão fazer. Nessa fase de pressão, esses jovens acabam procurando ajuda, tanto familiar como profissional para fazerem a escolha certa e para que não precisem trocar de curso ao longo do semestre. Em uma pesquisa realizada com duas escolas públicas de Porto Alegre, Dom João Becker e Dom Diogo de Souza, dos cem alunos entrevistados, 61 ainda não sabem ou estão em dúvida sobre qual curso irão fazer. Segundo o site www.vestibular1.com.br, a cada três vestibulandos, apenas um sabe o que quer fazer. Uma das explicações é que esses futuros universitários não sabem se a escolha tem que ser feita pela vocação ou pensando na carreira que é melhor remunerada e que tem mais espaço no mercado de trabalho. A grande variedade de cursos também aca- ba dificultando a escolha dos estudantes. Também, de acordo com informações do site cerca de 20% dos universitários desistem da faculdade por não se identificarem ou pela falta de informação sobre o curso que escolheram, como é o caso da estudante de Educação Física, Roberta da Rosa, do Centro Universitário Metodista. Para ela, a sua escolha aconteceu quando o namorado passou no ENEM, em Turismo. Ao vê-lo pesquisar sobre o curso, acabou se interessando e optando por ele também. “Meu pai também me influenciou a fazer essa escolha pensando que seria o melhor para mim e para minha carreira profissional”, declara Rosa. Ao longo do semestre, a jovem acabou trocando o Turismo pelo curso de Educação Física, pois percebeu que sua vocação e sua vida profissional não tinham relação com a escolha anterior. De acordo com a orientadora vocacional, Anete Bran- dão Rubemich, da Escola Estadual Dom João Becker, se o jovem está na faculdade e acabou percebendo que fez a escolha errada, o melhor que ele tem a fazer é parar por um tempo e avaliar tudo em sua vida, o que ele realmente quer para seu futuro. Se o aluno está quase se formando, ela aconselha a terminar e depois escolher outro curso. Para Rubemich, os adolescentes devem seguir algumas dicas para escolher o curso certo. Dicas úteis 1. Se informar sobre vários cursos. 2. Avaliar o mercado de trabalho. 3. Avaliar a remuneração. 4. Ver se há uma identificação e vocação com a área escolhida. 5. Não ser influenciado por outras pessoas 6. C onversar com estudantes universitários e com profissionais já formados. Fonte: Orientadora Anete B. Rubemich. Saúde Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Dezembro de 2008 11 Doenças psiquiátricas Sintomas determinam psicodiagnósticos E Julianna Uzejka Estresse, bipolaridade, síndrome do pânico e ansiedade são consideradas “doenças do século 21”. Elas fazem parte do dia-a-dia e atingem cada vez mais cedo jovens e crianças. Para o psiquiatra André Picoral, 32 anos, as doenças do século nem sempre são ocasionadas por motivos concretos. Para o psiquiatra, um dos maiores problemas em relação a elas é o desconhecimento das mesmas. Segundo o psiquiatra, a síndrome do pânico consiste em ataques de pânico inesperados, disparados por algum evento externo ou interno, causando a sensação de morte iminente, o que faz com que a pessoa acabe se isolando socialmente, com medo de que ocorra um ataque em público ou que um evento externo dispare um ataque. Os sintomas mais comuns são palpitações, contrações, tensões musculares, rijeza e pensamento rápido. Estudante do curso técnico de informática do Universitário, Guilherme Silva, 18, encarou a doença aos 17 anos, após um assalto. Para ele, esse foi o motivo pelo qual teve a doença. Já para a sua mãe, Luciana Sil- va, 36, o motivo pelo qual seu filho teve a síndrome do pânico foi uma “junção”, como diz a mãe, de vários fatores. A separação dos pais, a fase da adolescência que para todos é complicada, as responsabilidades que passara a ter e, principalmente, “por ser muito quieto e guardar tudo para si”. A bipolaridade, segundo Picoral, é uma doença que se desconhece o tratamento, mas se pode fazer um controle e adaptação do indivíduo para que esse possa ter uma melhor qualidade de vida. Ela se caracteriza por uma variação cíclica de humor (em momentos a pessoa está deprimida e em outros está eufórica, em questão de minutos). Essa variação traz dificuldades sociais para a pessoa e, normalmente, o ciclo depressivo é ainda mais demorado. A estagiária Fernanda Guardiola, 20, conta que lidar com a bipolaridade não é uma tarefa fácil. Seu maior medo, “sem dúvida alguma”, comenta ela, era se matar. “A vida não fazia mais sentido, eu tinha a necessidade de ficar sempre só e, quando estava muito triste e depressiva, não tinha nem mais forças para viver”, conclui. A mãe de Guardiola, Maria Cristina, 54, começou a notar a bipolaridade da filha através das mudanças de atitudes. Sua Julianna Uzejka Medicamentos usados em tratamentos psiquiátricos maior dificuldade era não saber como agir com a filha e, se o que fazia era o certo. O maior medo da mãe era que sua única filha ficasse esquizofrênica. “Não desejo para nenhuma mãe o que passei com Fernanda, não existe dor maior do que ver o filho mal e não saber o que fazer”, diz a aposentada. O quadro de ansiedade, segundo o psiquiatra, é diagnosticado, como transtorno de ansiedade generalizada (TAG). Os sintomas freqüentes são: taquicardia; impaciência; sudorese; dificuldade de concentração; preocupações excessivas; incapacidade de relaxar; preocupações com desgraças futuras, entre outros. Para se diagnosticar a ansiedade como doença TAG, é necessário que esses sintomas estejam presentes na maioria dos dias do paciente, pelo menos várias semanas, geralmente meses. diagnóstico Com exceção da bipolaridade, que é uma doença crônica e que precisa de acompanhamento freqüente, as demais quando tratadas não deixam nenhuma seqüela. O que não significa que as pessoas estejam curadas e que não voltarão a apresentar mais sintomas. Em alguns casos as caracte- rísticas voltam a aparecer, mas com menos intensidade e nunca como as do início. Para o estudante do nono semestre de Psicologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Francisco Crauss de Freitas, 23, todas as pessoas passam por episódios de estresse e ansiedade em suas vidas e, de acordo com a intensidade e a duração desses sintomas, é que se pode caracterizá-lo como doença ou não. Conforme o estudante existe, atualmente, uma banalização de diagnósticos, quando por exemplo, um pequeno desconforto, considerado normal na maioria das pessoas, sobrevalorizado. No caso de ansiedade e estresse, pode-se considerar doença somente quando preencher os critérios dos manuais de psicodiagnósticos, que contemplam a duração e a intensidade do quadro, comparando com alguns sintomas provenientes dessas doenças. Síndrome do pânico e bipolaridade, por exemplo, são doenças identificadas por esses manuais, mas com características bem diferentes. “Podemos sim considerar quadros de estresse, ansiedade, bipolaridade e síndrome do pânico como doenças, tomando cuidado sempre com os critérios utilizados para tal”, afirma Freitas. Segundo ele, um quadro de doença psicológica engloba fatores sociais, biológicos e psicológicos e, para cada pessoa, o quadro se instala de maneira diferenciada, causando sintomas parecidos, mas cada um com a sua particularidade. Normalmente, são diagnosticados esses transtornos na fase da adolescência e adulta. Crianças também podem ter episódios de estresse e ansiedade generalizada, que geram alguns sintomas, mas são menos freqüentes. Estudante do curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Gabriela Araújo, 23, conta que a depressão que teve aos 18 anos de idade foi causada pela “pressão” que seus pais puseram na hora de escolher o curso para o vestibular. Sua maior dificuldade era compreender os mesmos e, ao mesmo tempo, impor sua vontade sem “machucá-los”, diz a estudante. Para ela, tudo começou com uma tristeza e um vazio no peito, o que a fez procurar um psiquiatra. Seu maior medo na época era escolher uma profissão às pressas e depois se arrepender. “Tudo serve de lição, essa experiência me fez crescer e me tornar a mulher que hoje sou, independente, certa do que quero e de minhas escolhas”, observa. Doação de sangue: falta de informação é a grande vilã Divulgação Rafaela Haygertt Apesar de existir um sistema de cooperação entre os hospitais, os bancos de sangue lutam para que não falte sangue aos pacientes. A desinformação é a grande responsável pela falta de doadores. Medo de se contaminar, medo da dor, pressa, falta de informação. São inúmeros os motivos que levam as pessoas a ficarem receosas só de pensar na perspectiva da doação. De acordo com a coordenadora do serviço de Hemoterapia do Hospital das Clínicas, Marlene Balsan, a doação é um procedimento seguro. A enfermeira do setor de hemoterapia da Santa Casa, Sheila de Souza, concorda “o máximo que pode acontecer é uma pequena queda de pressão”, completa.Para se tornar um doador, é preciso passar por uma avaliação rigorosa do sangue. São feitos vários exames para detectar doenças como hepatites, sífilis, HTLV, HIV, HBS e Mal de Chagas.Souza conta que muitas pessoas doam esperando receber um check-up gratuito, o que pode ser muito perigoso, já que essas pessoas podem não estar respeitando o período chamado de janela imunológica, o tempo de incubação de alguns vírus (no HIV, por exemplo, o tempo de incubação é de no mínimo 90 dias). Segundo Balsan, realiza-se um teste de hemoglobina, no qual se conhecerá o histórico de glicose relata que começou a doar querendo ajudar de alguma forma, e teve essa oportunidade graças à empresa onde trabalha. Paulo Moura, segurança do Centro Universitário Metodista, conta que doou uma vez, para ajudar um familiar. “Acho importante doar, deveria fazer mais, mas por preguiça e falta de tempo a gente acaba não doando”, confessa. A Médica do Hospital de Clínicas é categórica: “É preciso que haja um trabalho de conscientização nas escolas, mas acima de tudo uma sensibilização universitária, para conseguir mais doadores”. É preciso que a população crie uma cultura de doação: afinal, sangue não se compra”, que ensina a doar. Onde Doar Durante a doação são retirados 450 ml de sangue, que podem salvar até três pessoas do paciente, descartando assim a possibilidade de diabetes. Após esse teste, passa-se por uma triagem clínica,entrevista onde se conhece alguns dos hábitos de quem deseja doar. Durante a doação, são retirados 450 ml de sangue, com essa quantidade pode se salvar até quatro pessoas Um fato curioso é que mesmo que o tipo sanguíneo “O” seja o mais solicitado pelos médicos, ele também é o mais existente nos bancos de sangue. A médica explica que isso se deve ao fato de que a maioria da população possui esse tipo sangüíneo, por isso, mesmo que existam doadores, também existe uma grande de- manda. Ela explica ainda que o sangue de Rh negativo é o que mais falta nos hospitais. Uma dúvida da população é com relação a piercings e tatuagens. “Para quem possui tatuagens, a Anvisa pede que se espere um ano para a doação, já no caso de piercings o tempo de espera é de três a quatro dias, desde que não existam sinais de infecção”, es- Orientações para doadores - Ter acima de 18 e abaixo de 65 anos. - Ter peso acima de 50 kg. - Ter passado pelo menos 3 meses de parto ou aborto. - Não estar grávida. - Não estar amamentando. - Estar alimentado e com intervalo mínimo de 2 horas do almoço. - Ter dormido pelo menos 6 horas nas 24 horas que antecedem a doação. - Não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 24 horas que antecedem a doação. clarece Souza. Os intervalos entre as doações devem ser de 60 dias para homens e 90 dias para as mulheres. “Ao contrário do que se pensa, pessoas acima de 65 anos podem sim doar sangue, respeitando o intervalo de 6 meses entre as doações”, informa Balsan. Os Doadores A estudante Caroline Cruz, doadora há sete anos, explica que a vontade de doar surgiu,antes mesmo de completar 18 anos, ao descobrir que seu tipo sanguíneo era “O” positivo. O contador, Renato Maracci, + Centro de Hemoterapia e Hematologia Rio Grande do Sul - Av. Bento Gonçalves, 3722 Partenon, Porto Alegre. Tel: (51) 336-6755. + H ospital Santa Casa de Porto Alegre - Rua Anes Dias, 285 Centro, Porto Alegre. Tel: (51) 241-8080. + H ospital das Clínicas de Porto Alegre - Rua Ramiro Barcelos, 2350, Bonfim, Porto Alegre. Tel: (51) 3169000. + H ospital Nossa Senhora Conceição - Francisco Trein, 596, Porto Alegre. Tel: (51) 3345-1371. 12 Saúde Dezembro de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Especialistas alertam para SUS que funciona o excesso de vaidade Morgana Settin Vlima Alexandra Giacomuzzi O prazer de conseguir a aparência dos sonhos, muitas vezes, traz prejuízos. Mais comum do que se imagina, a dismorfia é caracterizada pela distorção na concepção do corpo perfeito. Por não corresponder aos padrões de beleza impostos pela sociedade, muitas pessoas desenvolvem esse transtorno. Segundo cirurgião plástico, Vinícius de Lima, hoje a busca por uma aparência saudável é um anseio do mundo moderno, tanto pelas exigências da sociedade quanto por resgate da auto-estima. “A cirurgia plástica atualmente visa harmonizar traços, redefinir contornos sem exageros, a partir do momento em que ela começa a transformar é hora de parar”, alerta o cirurgião. Mas para algumas pessoas melhorar um pouco o visual não basta. Por vezes incontrolável, a preocupação obsessiva torna a pessoa prisioneira de uma rotina que acaba por prejudicar seus projetos de vida. Na maioria dos casos, os excessos remetem a questões mais profundas. “Geralmente, quem procura a cirurgia plástica baseado numa expectativa irreal tem a ilusão de que vai mudar por dentro e nunca estará satisfeito, sempre inventa- Cirurgias plásticas visam harmonizar traços rá algo diferente”, explica o cirurgião plástico. O médico acredita que o paciente cria um “ideal” na aparência buscando soluções que nem sempre estão em um nariz menor ou em um seio maior, portanto, cabe ao profissional impor limite ao seu paciente, pois do contrário, ele vai fazer mudanças radicais e mesmo ficando estéticamente harmônico, continuará insatisfeito. O educador físico e linfoterapeuta, Moisés Cabelera, trabalha com drenagem linfática nos procedimentos pós-cirúrgicos há mais de 25 anos e também adverte, que, quando a preocupação com a aparência é excessiva, pode se tratar de uma doença chamada disformia. “Ao contrário do vaidoso, quem sofre de dismorfia pode fazer uma ou dez plásticas e nunca estará satisfeito com o resultado, conseqüência da própria distorção que a doença provoca”, pondera Cabelera. As maiores presas da patologia são os adolescentes que, além de não saberem lidar com as mudanças do corpo, muitas vezes não têm maturidade para conviver com os padrões estéticos impostos pela atualidade. Prova disso são as academias cheias de malhadores compulsivos, que passam horas e mais horas do dia suando a camisa. Segundo o educador físico, “o vaidoso faz exercícios para manter a autoestima e a saúde em alta, já o dismórfico faz disso uma obsessão, podendo comprometer inclusive a integridade física do corpo” . Nesse caso, ele aconselha que é preciso levar a questão muito a sério, buscar ajuda imediata de um especialista. “A conquista da harmonia entre beleza e saúde começa com hábitos saudáveis, sem excessos com equilíbrio e bom senso”, argumenta Cabelera. Erisipela ou frieira? Caroline Lajuny Caroline Lajuny Por ser uma doença desconhecida a erisipela é facilmente confundida com outras. Mas cuidado, ela quase sempre apresenta-se através de uma micose interdigital, ou seja, as famosas frieiras, que espalhamse formando uma mancha vermelha, quente e dolorosa. Erisipela é uma infecção provocada quando bactérias encontram uma porta de entrada nas camadas mais superficiais da pele. Segundo a médica, Neiva Schuster Ferreira, os primeiros sintomas desse mal podem ser aqueles comuns a qualquer infecção, como calafrios, febre alta, malestar, náuseas e vômitos. As alterações da pele se apresentam rapidamente e variam desde uma simples vermelhidão, dor e inchaço, até a formação de bolhas. A localização mais freqüente, segundo Ferreira, é nos membros inferiores, na região acima dos tornozelos e também podendo ocorrer em outros locais como rosto e tronco. “O diagnóstico é feito apenas pelo exame clínico, para analisar os sinais e sintomas apresentados pelo paciente, e não há necessidade de nenhum exame de sangue, a não ser para acompanhar a evolução do paciente”, afirma Ferreira. Para a paciente, Maria Cedeni, que sofreu de erisipela, foi algo terrível, que ela nunca tinha visto antes. Cedeni con- O Posto de Saúde Barão de Bagé, localizado na Vila Jardim em Porto Alegre, é um dos 12 postos de saúde do Grupo Hospitalar Conceição (GHC). Esses postos têm como principal característica o atendimento mais humanizado e uma preocupação especial com a comunidade que os cerca. Semanalmente, circulam pelo posto aproximadamente 1,2 mil pessoas e o número de pacientes cadastrados passa dos 6 mil. O centro de saúde comunitária oferece consultas de atenção básica à saúde, nas quais os médicos, quando necessário, encaminham ao especialista do Grupo Hospitalar Conceição (central de marcações). Além de oferecer serviços médicos, atendimentos com nutricionista, psicóloga, médico internista, o posto também busca auxiliar a comunidade de outras formas, tais como grupos de apoio e aconselhamen- to, reuniões com a participação dos moradores do bairro para críticas e sugestões, acompanhamento dos pacientes procurando sempre se manter informado sobre todas as etapas percorridas pelo usuário. De acordo com Olir Antônio Citolin, que trabalha na área administrativa, o diferencial do posto é essa aproximação com a comunidade. “Somos como uma família. Para nós, não tem sábado nem domingo, se for necessário, estamos sempre dispostos a ajudar”, conta. Para a dentista Caren Bavaresco, que trabalha no posto há dois anos, a própria comunidade auxilia no bom funcionamento do serviço. “É característico dos postos do GHC essa preocupação com o paciente como um todo. O usuário não é visto apenas pelo problema que o traz ao posto, mas sim como ser humano, com sentimentos e que precisa desta troca de atenção. E isso é percebido pela comunidade, que responde de forma positi- Morgana Settin O Posto de Saúde, Barão de Bagé, conta com 29 profissionais Limpeza de pele: mais do que vaidade, necessidade Gisele Mendonça Azevedo Gisele Mendonça Erisipela se manifesta com vermelhidão, dor e inchaço ta ainda que se sentiu mal alguns dias antes e foi até o hospital, lá a deixaram no soro, diagnosticando um simples problema estomacal. “Não me preocupei muito, mas quando acordei, no outro dia, minha perna estava muito vermelha e inchada. Fiquei assustada, voltei ao hospital e a médica logo me disse que estava com erisipela”, relata. A médica revela que quando o paciente é tratado logo no início da doença, as complicações não são tão graves, no entanto, os casos não medicados há tempo podem progredir com abcessos, úlceras (feridas) superficiais ou profundas e trombose de veias. “As crises repetidas de erisipela podem ser evitadas através de cuidados higiênicos no local dos ferimentos, mantendo os espaços entre os dedos sempre bem limpos e secos”, aconselha a médica. A paciente Maria Cedeni afir- ma que nunca pensou que uma simples frieira fosse causar um dano tão grande, além do gasto com remédios e tratamentos. “Foram mais de dois meses de tratamento, e nesse tempo todo eu gastei mais de R$ 200 reais em remédios e produtos para curar a doença”, conta. TRATAMENTOS O tratamento é composto de várias medidas aplicadas ao mesmo tempo e só deve ser administrado pelo médico: 1. Uso de antibióticos específicos para eliminar a bactéria causadora. 2. Fechamento da porta de entrada da bactéria, tratando as lesões de pele e as frieiras. 3. Redução do inchaço, fazendo repouso absoluto com as pernas elevadas, principalmente no começo. va e participa ativamente”, completa. A equipe do posto é composta por 29 profissionais, entre médicos contratados, residentes, técnicos, auxiliares, agentes, dentistas, psicólogos e vigilante. Atualmente, necessita de mais um auxiliar administrativo e dois técnicos de enfermagem, de acordo com a administração. Como um dos usuários do posto, o técnico em informática Daniel Xavier declara que está satisfeito com o atendimento. “Já fiz alguns tratamentos em consultórios particulares e comparando com o tratamento que venho tendo aqui neste posto posso dizer que, para mim, a saúde pública funciona”, informa Xavier, que complementa: “Acho que os outros postos da rede pública deveriam seguir este exemplo. O que é bom e funciona deve ser passado adiante, para que todos fiquem satisfeitos. Isto seria um ganho na qualidade de vida das pessoas”. Limpeza de pele vai além de lavar o rosto com água e passar hidratante. Existem profissionais especializados para a realização desse procedimento que, embora pareça simples, é dividido em várias etapas: vai da remoção das células mortas a uma hidratação mais profunda. Cuidar da aparência é fundamental, pois ela diz superficialmente quem você é. Limpar a pele de forma adequada exige tempo. A pele tem uma espessura muito grossa, pois consiste em três camadas: Epiderme, derme e hipoderme, explica a professora de uma escola de estética Ligia Ferrari. Segundo o dermatologista Vitor Kosminsky, as sujeiras encontradas na face são conhecidas como acnes, sendo que acne não é somente uma sujeira; nela estão cravos, espinha, cistos, caroços e cicatrizes. A principal responsável pela acne é a glândula sebácea, que se manifesta na adolescência, e produz a oleosidade da pele. Pesquisas afirmam que a acne é hereditária, ou seja, pode passar de pai para filho. Ela pode apresentar graus de infecção. Uma simples espinha passa a ser um caroço, podendo causar até lesões à pele. Para tratar da acne nada melhor que a limpeza de pele. Quando um profissional come- A limpeza de pele pode ser feito manualmente ou com equipamentos ça uma limpeza, ele avalia o tipo de pele do paciente, para então selecionar o produto mais indicado e assim começar o tratamento. Existem dois tipos de procedimento: manual, tem como função fazer a higienização. E o uso dos equipamentos eletrônicos, no qual cada equipamento tem uma função diferente. Um método complementa o outro. A esteticista, Mara Pinto da Silva, defende a não utilização de produtos caseiros, pois além deles não serem eficientes, podem trazer mais a danos à pele. Esses danos muitas vezes podem deixar feridas em função da reação alérgica. Não é qualquer pessoa que pode fazer limpeza de pele, afirma Mara, para isso é sempre bom procurar um especialista antes de ir a uma estética realizar este procedimento. Saúde Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Dezembro de 2008 13 Falta de ar em Porto Alegre Consultório móvel garante acesso à saúde bucal Leticia Kiraly Uma pesquisa realizada pelo Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da USP, divulgada no jornal Zero Hora no mês de setembro, mostra que o nível de poluição em Porto Alegre está acima do dobro recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A cidade de São Paulo continua sendo a mais poluída, ficando a capital gaúcha em segundo lugar, seguida de Belo Horizonte, Curitiba, Rio de Janeiro e Recife. A OMS recomenda que a concentração de material particulado fino no ar não ultrapasse os 10 microgramas por metro cúbico. Segundo os estudos do Laboratório, a média em Porto Alegre excedeu o limite, chegando a 22,25 microgramas. A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM) explica que a poluição do ar ocorre quando são lançadas na atmosfera partículas, gases e vapores gerados por indústrias, veículos e outras fontes. Esta liberação de partículas nocivas é mais intensa na primavera e no inverno, quando a velocidade dos ventos diminui, ocasionando a concentração de gases que geram da- nos não só ao meio ambiente, mas principalmente à saúde da população. Muitas doenças respiratórias graves, como alergias e infecções, decorrem dessas substâncias lançadas sem controle no ar. É fato conhecido que o maior responsável pela poluição atmosférica é o combustível. Este dado se torna agravante nos grandes centros urbanos, onde o número de automóveis ativos é excessivo. E de acordo com o ex-secretário do meio Ambiente, Beto Moesch, militante ambiental, cerca de 70% da poluição no ar de Porto Alegre decorre dos carros. Existem interessantes planos que buscam a solução deste problema, com base, muitas vezes, em modelos aplicados na Europa. Um deles é o aprimoramento do transporte público. É preciso criar um sistema atrativo, rápido, limpo, e pontual, para estimular os motoristas a deixarem o carro na garagem. Além disso, é preciso que exista a tão sonhada conscientização, tanto do público, como de autoridades e mídia. Por exemplo, no dia 22 de setembro foi celebrado o Dia Mundial Sem Carro, evento originado na França há 11 anos e bem mais recente no Brasil. A repercussão na mídia foi tímida. Talvez o interesse do capitalismo selvagem estaria comprometido na divulgação de idéias ambientalistas. Já a população, com o aumento da renda, e por conseqüência, do consumo, não quer abrir mão do conforto de um carro. Uma solução eficaz seria aquela que mexe no bolso do cidadão. A cobrança de multas para quem infringir o inevitável rodízio, e também para quem usar o carro apenas para transporte individual. Ou a isenção de taxas para quem colaborar. Mas a melhor alternativa para a melhoria do ar na capital é o Plano Cicloviário, discutido no Fórum Porto Alegre – Uma Visão de Futuro. Seriam mais de 490km de ciclovias que beneficiariam 30 mil atuais usuários. E com este projeto, certamente muitos outros seriam agregados para elevar esse número. Esta é uma medida adotada por vários países europeus que, além da rapidez para chegar ao trabalho, traz a vantagem da economia, da saúde e da contribuição para a qualidade do ar, descongestionando o tráfego das cidades, e trazendo um novo tom para a paisagem. Basta deixar a preguiça e o carro em casa. Site: www.sxc.hu Cerca de 70% da poluição no ar de Porto Alegre decorre dos carros Rodrigo Domingos Marcolino Na carreta OdontoSesc, em Cidreira, pacientes recebem tratamento odontológico Rodrigo Domingos Marcolino O Serviço Social do Comércio (Sesc), em parceria com o poder público local, sindicatos e entidades de classe, vem realizando o projeto social Odontosesc. O objetivo é atuar na promoção, proteção, prevenção e restauração da saúde bucal, através de clínicas móveis montadas em carretas que circulam por todo o Rio Grande do Sul, oferecendo tratamento odontológico gratuito para pessoas de baixa renda desde 1999. Segundo a coordenadora dos consultórios móveis, Andréia Centeno Rosa, o Sesc oferece total infra-estrutura, consultório, equipamentos, materiais, dentistas e auxiliares de consultório odontológico. Os patrocinadores arcam com as despesas de hospedagem, lavanderia, seguranças, montagem e o deslocamento da unidade, feita através de um caminhão que auxilia no deslocamento da carreta pelo Rio Grande do Sul. O tempo de permanência em cada cidade é de dois meses e a escolha para onde ela vai é feita em reunião com a coordenadora e a direção do Sesc, em Porto Alegre. A meta do programa é levar atendimento odontológico às cidades onde não há unidade operacional Sesc. “Através de tratamentos concluídos e atividades de educação para a saúde, que é realizada na tenda OdontoSesc junto à carreta, as pessoas têm mais qualidade de vida com ações de promoção em saúde bucal. São oferecidas quantas consultas forem necessárias para o paciente concluir o tratamento com êxito”, afirma Rosa. Desde o começo do projeto, foram visitados 90 municípios, realizadas 109 mil consultas, 12 mil tratamentos e 185 mil atendimentos de educação em saúde foram contabilizados. Atualmente, no Estado há quatro carretas, uma em Arambaré, outra em Cruz Alta e as demais estão em praias do litoral norte, Tramandaí e Cidreira. O processo de escolha dos pacientes a serem atendidos se dá através de uma negociação, orienta-se que 50% das senhas sejam destinadas ao poder público local, prefeitura e 50% aos sindicatos, Serviço Social da Indústria (Sesi), Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae) e Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS). São esses parceiros que definem para quem serão distribuídas as senhas de atendimento, usando critérios próprios, pessoas de baixa renda, cadastrados nos Programas de Saúde da Família (PSF), funcionários e escolares. A coordenadora ainda falou que o acesso ao tratamento odontológico é completo, de qualidade, seguindo rígidas normas de biossegurança. “Todo paciente que é examinado recebe o tratamento completo, seguindo os procedimentos feitos na carreta”, explica. São feitas restaurações, radiografias, remoções de tártaro, profilaxias, extrações, cirurgias menores, tratamentos de canal, aplicações de flúor e orientações de higiene bucal. O paciente Ivan da Rosa Júnior comentou que o serviço é de grande valia para comunidade, ajudando aquelas pessoas que não têm condições de pagar um tratamento odontológico. ‘‘Aqui nós temos um tratamento profissional e nos tratam com muita cordialidade e respeito. Espero que voltem em outra oportunidade’’, declarou. Ao final do tratamento é entregue uma pesquisa de satisfação, onde o paciente responde algumas perguntas e dá sua opinião sobre como foi tratado no decorrer do projeto. 14 Economia Dezembro de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Edimar Blazina alimentação Apenas um real: o pouco vale muito P Edimar Blazina Pode parecer uma quantia mínima ou que sem um valor significativo, mas no centro de Porto Alegre, por apenas R$ 1,00, pode-se comprar lanches, frutas, revistas e até mesmo livros. Uma prática que cresce no comércio da capital estimulada pelo consumo. Um real tornou-se, com o passar dos anos, uma quantia quase inexpressiva. Para a maioria das pessoas esse é o valor da moeda de troco, para dar ao flanelinha, da doação no semáforo, aquilo que sobra. Em tempos de crise econômica, elevação no preço dos alimentos e possível volta da inflação, ainda é possível agregar valor à desprezada moeda de R$ 1,00. O SUCESSO É O R$ 1,00 Buscando inovar e apostando no aumento das vendas, uma padaria no centro de Porto Alegre passou a vender seus produtos por R$ 1,00 caindo imediatamente no agrado do público e abrindo, inclusive, uma filial também no centro da cidade. Com uma localização privilegiada, próxima ao Hospital Santa Casa e a paradas de ônibus, onde o movimento de pessoas é intenso, a loja viu suas vendas alavancarem após o início da prática de preços acessíveis. “O sucesso é o um real”, diz Claudiane Silva, 28 anos, caixa da empresa. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor – IPC, a farinha, base para a produção dos produtos vendidos pela panificadora, subiu no último trimestre produtos encontrados por R$ 1,00 - Um cadarço - Vidros com óleo que pastores usam em cultos evangélicos - Blocos de 100 folhetos para evangelização - Pacote com três balas Halls ou dois pacotes de bolachas recheadas - Incensos indianos - Par de brincos vendidos por atacado - Um pastel de carne com suco - Pacote de mini bolo inglês - Bibelôs 10,91%. Perguntada sobre como consegue manter o valor de R$ 1,00 frente a esse aumento, Claudiane esclarece: “Nós compramos o produto de um fornecedor, ele tentou aumentar o preço, mas negociamos para manter o mesmo valor”. Ainda, segundo ela, os salgados são comprados a R$ 0,55 e o lucro vem da venda de cafés e outras bebidas, que quase sempre acompanham os produtos vendidos. “Assim, o lucro cresce para quase 100%”, garante. DE TUDO UM POUCO Não são apenas lanches rápidos que se pode comprar com R$ 1,00 no centro de Porto Alegre. A feirante Geni Lima, 57, que tem sua banca na avenida Júlio de Castilhos, vende frutas e verduras, em embalagens prontas, pelo preço fixo de R$ 1,00. “As pessoas pedem que seja esse valor. Conforme o preço que nós compramos os produtos, o saco (das frutas e verduras) aumenta ou diminui para mantermos o preço”, informa ela. Ainda na avenida Júlio de Castilhos, os livros Análise de Investimentos e Matemática Aplicada estão à venda na li- A hora de trabalhar www.canguru.info Germano Beskow O período da juventude marca, para a maioria dos jovens, a entrada no mercado de trabalho. Isso significa o fim da chamada “mesada” dos pais e a conquista do próprio dinheiro. Programas do governo incentivaram a contratação de jovens ainda sem experiência. A Delegacia Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul (DRT/RS) passou a operar o Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego (PNPE), em janeiro de 2005, executado, até então, somente pelo governo do estado. O PNPE faz parte de um pacote de políticas do Governo Federal para combater o desemprego na juventude. O programa incentiva as empresas a contratarem jovens entre 16 e 24 anos, faixa etária que conta com apenas 30% de participação no mercado de trabalho. Os dados são da pesquisa Emprego, Desenvolvimento Humano e Trabalho Decente. A descentralização foi a estratégia adotada pela DRT/RS para potencializar o PNPE no Estado. Essa forma de operacionalização permitiu que comunidades de municípios, onde não há agências do Sistema Público de Emprego (Sine) e subdelegacias do trabalho tenham acesso a esta política. A coordenadora do PNPE no Estado e auditora fiscal do trabalho, Denise González, explica que a parceria firmada com 85 prefeituras permitiu agilizar os contatos e a intermediação de vagas entre empresários e jo- No centro de Porto Alegre uma padaria aumenta o número de clientes vendendo produtos por apenas R$ 1,00 vraria de Jane Silva, 23, junto com outros títulos, em promoção por apenas R$ 1,00. “Muita gente compra esses livros”, afirma Silva, que vende também revistas eróticas das décadas de 1980 e 90 pelo mesmo valor. Todos os artigos vendidos por ela são usados, o que justifica o preço baixo. que com R$ 2,00 eu como e bebo. Antes eu pagava R$ 2,00 só o lanche”, relata. Segundo os próprios comerciantes, não existe um perfil único de seus consumidores, pois eles são as pessoas que passam pelo centro de Porto Alegre, o que engloba um variado número de estilos e pessoas: do morador de rua ao empresário. OS CONSUMIDORES VENDA E FIDELIZAÇÃO Esse mercado, que vende produtos a R$ 1,00, vem ganhando espaço na capital, assim como o número de pessoas que o consomem. A estagiária Juliana Luzardo, 24, informa que tem economizado bastante desde que começou a comprar os lanches a R$ 1,00, “Sempre compro porque trabalho aqui perto. Economizo por- A economista Daisy Martins, 29, explica que comercializar produtos com um valor bem abaixo do usual no mercado, como no caso dos produtos por um real, só é vantajoso quando há uma grande quantidade de vendas e pela associação, na hora da compra, do produto promocional a outro que tenha seu valor sem desconto. “Como o preço é atraente, o comerciante chama o cliente para dentro de seu estabelecimento e lá ele é estimulado, visualmente ou de alguma outra forma, a comprar um segundo produto”, esclarece. Martins ainda explica que, nesses casos, cria-se certa fidelização dos clientes, pois ao consumirem diversas vezes e o preço se manter o mesmo há bastante tempo, eles acabam voltando. A feirante Geni Lima define claramente a relação entre os comerciantes e seus clientes: “Para nós não é fácil vender isso (seus produtos) por R$ 1,00, mas a gente se esforça para não perder o freguês”, desabafa ela amarrando mais um pacote com cebolas para vender em sua banca. Consumo de carne eleva valor da cesta básica no Rio Grande do Sul Vanessa Gonçalves Vanessa Gonçalves Jovens buscam colocação no mercado de trabalho vens. “São as prefeituras que conhecem a natureza, o porte e a vocação social de cada empresa”, afirma. A visão do chefe O proprietário de um escritório de advogacia, Flávio Cavalli, 68 anos, observa que nem todos novos empregados valorizam o emprego. “A maioria começa puxando o saco, querendo impressionar, mas alguns chegam e não dão o mínimo valor para aquilo que conquistaram, então eu abro o olho e acompanho ele mais de perto”, declara. Histórias curiosas O primeiro emprego do clipador Rodrigo Nascimento, 19, recém chegado de Santo Ângelo veio graças ao PNPE. “Foi tudo muito rápido, cheguei lá fui atendido, me encaminharam para a empresa e em menos de uma semana eu já estava trabalhando” . Já para o estudante de Publicidade Jackson Reginatto, 23, o emprego caiu dos céus, graças a uma vizinha que não agüentava mais o barulho que ele fazia todos os dias quando chegava da balada. “Ela me indicou para a empresa e no dia seguinte eles me contrataram. Foi bom para ambas as partes”. Entretanto, nem tudo é bom no emprego. “O horário é muito ruim, acordo às 5h da manhã, não posso mais namorar e nem ir para as festas”, diz. As vagas mais procuradas pelos jovens são as que possuem menor carga horária, cerca de 30 horas semanais. Onde ir Ministério do Trabalho e Emprego Av. Mauá, 1013 - 9º andar Porto Alegre - RS Telefones (51) 3228-5693 / 3228-5722 Há algum tempo, o preço da cesta básica de Porto Alegre supera o das outras capitais do país. O alimento que se sobrepõe a todos os outros é a carne. Mas por que a carne no Rio Grande do Sul é mais cara? Na realidade não é a carne que é mais cara aqui, conforme afirma Francisco Brust, assessor de Imprensa da Agas de Porto Alegre. “O levantamento do Dieese, que por sinal é rigoroso e possui grande legitimidade, calcula pesos e quantidades diferentes nos produtos de estado para estado”. Em outras palavras, Brust acrescenta: “enquanto a cesta básica de Porto Alegre possui 6,6 quilos de carne, a de outras capitais calculadas possui 4,5 quilos. Ou seja, se compararmos quantidades diferentes de um produto, obviamente teremos di- Os gaúchos são os que mais consomem carne no Brasil ferença no preço”. De acordo com a Dieese, os critérios de pesquisa foram definidos há mais de 50 anos, inicialmente a pesquisa de valores da cesta básica era realizada apenas em São Paulo, mas com o tempo foi ampliada e hoje chega a 16 capitais. As quantidades determinadas para cada região variam de acordo com os hábitos dos consumidores locais. Independente da posição de Porto Alegre no ranking dos valores das cestas básicas, os gaúchos sentem um peso no orçamento no que diz respeito à alimentação. A trabalhadora em serviços gerais, Lucilene Borges, ganha um salário mínimo e adquire cesta básica todos os meses. Ao ser interrogada acerca dos atuais R$ 259,29 da cesta gaúcha ela responde “eu não teria condições de pagar todo este valor em cesta básica, eu compro uma que custa R$ 40 no mercadinho lá perto de casa e que vem bem menos coisas, mas tenho que estar sempre complementando e quando chega o final do mês fica bem apertado”. Esportes Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Dezembro de 2008 15 Lei seca Projeto divide opiniões de torcedores Uriel Gonçalves do bar gremista, Roberto Brasil, concorda com Schumer, mas afirma que o projeto se estende apenas aos poderes da Confederação Brasileira de Futebol, “podemos vender bebidas alcoólicas em jogos pela Sul-Americana ou Libertadores por exemplo, que não poderão nos multar”. Para os vendedores ambulantes que trabalham dentro do estádio também está sendo um problema. “Antes nós ganhávamos 50% do lucro que vendíamos, agora sem as cervejas com álcool esse lucro diminuiu bastante, trabalhar lá fora está sendo mais proveitoso do que aqui dentro”, diz Vilmar Oliveira, um dos vendedores. A Uriel Gonçalves A rivalidade entre os dois maiores clubes gaúchos, Inter e Grêmio, se mostra até quando os seus presidentes necessitam formar alguma opinião sobre um projeto que visa proibir o álcool nos estádios gaúchos. Ambos têm opiniões diferentes, um a favor e outro contra, quando se referem ao projeto de lei, do deputado estadual pelo PSB, Miki Breier. O projeto está sendo testado aqui no sul e, caso dê certo, os clubes do país inteiro terão um ano para se adaptar com estas novas normas. O projeto foi aprovado na Assembléia com 29 votos a 17, com uma grande resistência de deputados que estão ligadas a times do interior. O fisioterapeuta Carlos Rempel, apesar de ser da área médica, não está confiante com o sucesso do projeto: “o problema não é dentro, é nas proximidades do estádio”. O presidente do Grêmio, Paulo Odone, aprova o projeto. “É uma tendência mundial, a Fifa recomenda”, diz. E até nessa questão a rivalidade Gre-Nal entra em jogo, pois o presidente do Inter, Vittorio Piffero, se mostrou contra o projeto, chamando-o de “ato quase inócuo”. “O sistema de monitora- Torcedores Essa cena está sendo proibida nos estádios mento de câmeras resolveu o problema dentro e fora do Beira-Rio, a grande questão agora é saber se nos grandes eventos também será proibido, se em Esteio, onde ocorre a Expointer, também será”, questiona Piffero. O argumento usado pelo parlamentar para convencer os colegas a aprovarem o projeto foi o de prevenção da violência. Mas segundo o gerente de segurança do Internacional, Jai- mar Soares, o trabalho para os seguranças aumentou. “Antes nós (seguranças) tínhamos que cuidar dos bêbados dentro do estádio e dos cambistas fora, agora temos que cuidar dos vendedores ambulantes, dos cambistas e, também, dos bêbados.” E o chefe de segurança do Grêmio, Vinícius Lamachia, afirma que o problema aumentou tanto dentro quanto fora. “No último Gre-Nal, vi pessoas entrarem bêbadas e saírem pra- A dona da bola Germano Beskow Mulheres têm sim espaço no futebol, um mundo tão machista merece sim aquele toque. Mulheres como a Camila, musa inspiradora desta crônica, merecem uma vaga na seleção brasileira e a camisa 10. Ela não era como qualquer outra dessas garotas que entram em um jogo de colégio e só fazem figuração, ela, além de ser uma garota formosa, orgulhosa, de pernas longas e torneadas, um legítimo achado, comparado aos padrões femininos atuais, jogava muita bola, e sempre em trajes esportivos sumários, sem falar no rabo, o rabo de cavalo que ela tinha, longo e com vários tipos de loiros, do mais claro ao mais escuro. Melhor que a Marta ela é, em todos os sentidos. Conheci a dita cuja no meu último ano de colégio, como aquele ano passou rápido, a cada aula de Educação Física, ou até mesmo em joguinho à tarde no bom e velho parque Moinhos de Vento, ela desfilava sua beleza e talento pelas quadras. Lembro-me até hoje das caras que os boleiros assíduos da turma e do colégio faziam toda vez que viam ela pronta para os jogos. Jogar, jogou. Humilhar, principalmente àqueles que não tinham tanto dom para o futebol, os chamados “Joãos” que de Garrincha, ela fazia sempre. Canetas, chapéus, todos os tipos de dribles, ele realizava-os com um talento nato, acho que praticava à tarde, não fazia nada a não ser jogar bola, só não rejeitava a companhia masculina quando era para jogar futebol, não que ele não desse “mole”, apenas “se fazia” um pouco. Mas o momento mais memorável da Camila no futebol escolar aconteceu no fim do ano, depois de um drible parecido com que o Ronaldinho Gaúcho fez com o Dunga em 99 no Brasil, um guri feio feito tombo com mão no bolso, ela tocou na ponta e foi para a área receber o cruzamento, recebeu-o rasteiro, só que um pouco recuado, mas de algum jeito ela fez o gol e de letra, mas uma letra estilizada, nem Pelé fez isso. Que obra! Merecia uma placa, mas a diretora era bem mão-de-vaca. Se o futebol feminino profissional, no Brasil, país do futebol, não tem tem tanto espaço, é um pecado, quantas novas Camilas não estariam em campo, enlouquecendo aos marmanjos com seu talento, e beleza é claro. Ano passado, houve uma grande evolução, a CBF resolveu criar a Copa do Brasil de futebol feminino. Genial!. Tomara que daqui para frente só melhore. Que haja um campeonato. Foguinho, o mestre Foguinho foi um daqueles treinadores que marcam a história de um clube, Foguinho marcou a do Grêmio, pelos seus títulos e por suas pérolas. Certa vez apareceu um gaiato no Olímpico, isso lá pela década de 60, e pediu a Foguinho para fazer um teste no Grêmio. − Joga em que posição? - perguntou Foguinho − Brinco em todas – respondeu Então Foguinho apanhou uma bola e rolou rasterinha, quando ela se aproximou do rapaz ordenou: Cabeceia! O malandro não teve dúvidas, colou o nariz na grama e cabeceou a bola. − Pode ir embora, pra jogador tu não serve! Aviso sobrenatural O que aconteceu não foi algo comum, foi sem dúvidas algo inesperado e dolorido, assim como o futebol. Era um jogo entre amigos, muitos gols e cãibras, sim, algo que tocou na alma, e desde aquele dia nunca mais houve tentativas de jogadas bonitas. A bola estava na linha lateral, na frente, um marcador inofensivo. O que fazer? Humilhar! Na tentativa de um drible, igual ao do Falcão veio aquela cãibra. Fim de jogo e a figura mal conseguia caminhar, para atravessar a rua foi um sacrifício, quem viu se mijou de rir. A propósito o famoso jogador, era eu. ticamente sóbrias, o problema foi o que fizeram lá dentro quando bêbadas”, relata. Na visão dos estabelecimentos Os donos dos bares que estão entorno do estádio estão comemorando essa nova medida tomada. Wesley Sanches, dono de um dos bares que fica próximo ao Beira Rio, garante que seu lucro aumen- tou bastante. “Muitas pessoas se reúnem aqui antes e depois do jogo para tomarem uma cervejinha e conversarem sobre futebol”. Pelo lado contrário, esse projeto está trazendo grandes problemas, dono do bar colorado, André Schumer, diz que está aumentando seus prejuízos e logo terá que aumentar o preço do refrigerante para atingir a média normal do bar. “Sou totalmente contra esse projeto”, declara. Dono Alguns torcedores também não estão gostando muito das medidas tomadas pelo deputado. “Eu ia no estádio, bebia todas, me divertia com meus amigos, cantava e apoiava, agora essa zoação terminou, ir no estádio ficou monótono”, reclama Márcio Vidal, torcedor colorado. Enquanto outros acham uma boa idéia. “Eu sempre freqüentei o estádio e nunca precisei do álcool para me alterar, aquela energia que as pessoas te passam já te deixam assim, sem bebidas alcoólicas, menos violência”, afirma Aline Pereira, freqüentadora assídua de jogos do Grêmio. Centenário colorado Uriel Gonçalves Julio Cesar Vedoy O resultado de um estudo do Sport Club Internacional projeta para 4 abril de 2009, data do seu centenário, um número de 100 mil sócios, algo suficiente para arrecadar R$ 3 milhões por mês. Um grupo de gestão, liderado pelo vice-presidente Mário Sér- Meta: 100 mil sócios até abril de 2009 gio Martins e o vice de administração, Giovanni Luigi, ana- seguinte. “É compromisso coE fora do Brasil? lisa os caminhos para atingir a locar o Inter como o principal meta. Em dois anos e meio, o clube da América até o centeNo Barcelona, os 156 mil quadro social ganharia mais 22 nário”, explica Mário Sérgio. sócios pagam a anuidade, vomil colorados. Haverá entrega de kits com tam, recebem publicação menDe acordo com dados pu- produtos do Inter e jogos entre sal e têm descontos na loja do blicados no site oficial do time, sócios em preliminares no Bei- clube. Apenas 90 mil deles poos atuais 78 mil associados ge- ra-Rio. O clube conta também dem assistir aos jogos, paganram cerca de R$ 1.712 .000 ao com o aumento do espaço no do entre 120 e 900 euros pela mês e custeiam metade da folha Beira-Rio como estratégia. Até cadeira no Nou Camp. Os 8 salarial. O projeto a ser implan- 2009, o estádio ganhará mais mil lugares restantes são ventado é semelhante ao do Bar- 6 mil lugares, passando a 60 didos a torcedores comuns. celona, dono do maior quadro mil. O vice de patrimônio, Pe- Sócios podem colocar à venda social do futebol mundial, com dro Affatato, pretende construir seu lugar no estádio e são re156 mil torcedores que rendem novos camarotes no local da embolsados com 50% do in90 milhões de euros ao ano. antiga coréia. gresso. No Milan e na Inter, Com 100 mil associados, O Beira-Rio não será am- torcedores compram o carnê não haverá mais a venda de pliado agora. A idéia é chegar do Italiano por 150 euros a 2 ingressos nas bilheterias. Os a 90 mil sócios até dezembro mil euros e são considerados sócios de hoje, que têm aces- e mantê-los com as vantagens sócios e têm preferência nos so livre a todas as partidas no atuais, isenção de ingresso em ingressos para Liga dos CamBeira-Rio, terão os direitos pre- todos os jogos por R$ 30, além peões, Copa da Uefa e Copa servados. A direção ainda ana- de criar novas modalidades pa- da Itália. O Milan conta com 36 lisa como esses 22 mil novos ra os 10 mil que serão busca- mil sócios, e a Inter, 33 mil. O associados serão acomoda- dos. Quanto aos benefícios dos River Plate tem 80 mil sócios dos no Beira-Rio. A opção futuros sócios, além de votar, e 80% deles pagam R$ 44,95 mais viável é a criação de lista ganharão o direito de comprar, por mês para ir ao Monumende espera desses novos sócios por preços reduzidos, os 10 mil tal de Nuñez. Os demais papor jogo. No início do ano, o ingressos disponíveis. Caberá gam R$ 68,15 e também usam torcedor indicaria as partidas ao clube enviar material de di- a parte social. Dos 60 mil sóda temporada que teria maior vulgação, publicações e cami- cios do Boca, 40 mil pagam interesse. Se o jogo lotasse por setas. E os associados terão R$ 29 para ver os jogos. Quem antecipação, o torcedor entra- descontos em redes de lojas e paga R$ 58 também vai à área ria na relação para o encontro nas lojas oficiais do clube. social. 16 Esportes Dezembro de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA arte marcial Wushu, faz história no RS E Rhavine Falcão Em ano de olimpíadas, a China fez questão de valorizar um esporte, que é seu “filho”. Apesar de não fazer parte das competições em Pequim, o Wushu, mais conhecido pelos brasileiros por Kung Fu, não ficou de fora das olimpíadas e teve seu espaço garantido com demonstrações que foram realizadas de 21 a 24 de agosto. Mesmo não sendo um esporte olímpico, o Wushu esteve presente nas olimpíadas de Beijing como um “esporte de demonstração” e contou com a presença de três atletas brasileiros, dois para combate (sanshou) e um para competição de formas (taolu), que foram selecionados durante o último campeonato mundial realizado também em Beijing - China. O atleta Emerson Almeida garantiu a medalha de bronze durante a competição. Como o Wushu não estava no programa Olímpico o bronze não Rhavine Falcão Débora Roldão, treina para não perder o ritmo durante a gravidez pode ser contado para o quadro de medalhas do Brasil. O Wushu é um esporte vinculado ao COB - Comitê Olímpico Brasileiro e tem atletas que recebem bolsaatleta do governo federal é, portanto, reconhecido como esporte de alto rendimento, como relata o presidente da Federação Gaúcha de Wushu, Renato Feijó. Wushu é o termo que se refere à toda a arte marcial de origem essencialmente chinesa e tem sua natureza no ataque e na defesa. “O Hsing-I, o Pakua, o Tai Chi Chuan e o Shaolin são alguns dos inúmeros estilos existentes na China e que fazem parte do Wushu de maneira geral”, diz o técnico da Federação Gaúcha de Wushu, Adriano Cunha. Feijó conta que nos tempos de Guerra, antes da invenção da pólvora e armas de fogo, eram usados vários tipos de armas brancas como espada, machado, lança, arco e flecha. Mas, nos dias atuais, as armas são usadas somente para demonstrações, competições e auxiliar no trabalho de alguns aspectos do corpo como a força e agilidade. Para o praticante de Wushu encontrar o equilíbrio físico e espiritual, é preciso muita dedicação nos exercícios e, se necessário, usar de práticas mais tranqüilizantes que esse esporte proporciona como a meditação. Para Cunha, o taolu e o sanshou são uma das partes que envolvem o treinamento. O taolu são seqüências de movimentos realizados e executados individualmente ou através de combates previamente combinados, que Elaine Costa Renato Feijó (D), treina forte incentivando no esporte o aluno Guilherme Silva, 21 anos visam ao desenvolvimento da concentração. O sanshou é o combate propriamente dito, é o momento do treino em que se pode usar todas as técnicas, tornando uma situação próxima de uma luta real. O técnico da Federação Gaúcha ainda comenta que são inúmeros os fatores para definir a vitória de uma luta, mas entre os principais está a preparação psicológica para enfrentar uma determinada situação de luta. Para a vice-presidente da Federação Gaúcha de Wushu, Débora Roldão, arte marcial chinesa não ensina apenas técnicas, mas também filosofia, disciplina e a saúde. Conhecendo e praticando arte marcial, um indivíduo poderá tornarse muito mais centrado e seguro naquilo que faz realmente bem para ele e para a sociedade, completa a atleta. Há 16 anos no Estado Fundada em 29 de agosto de 1992, em Porto Alegre, a Federação Gaúcha de Wushu, é uma associação sem fins lucrativos, de caráter desportivo, cultural e social. A Federação Gaúcha procura auxiliar e ajudar os atletas sempre que precisam, mas ainda faltam investimentos e patrocínios de empresas que se disponham a investir nesse esporte. “Após 16 anos de fundação, só agora conseguimos confeccionar os agasalhos da seleção gaúcha”, desabafa Feijó. Para que o atleta possa participar de uma competição é preciso estar praticando em uma escola de Wushu filiada à Federação Gaúcha. “Cabendo à cada escola, selecionar seus atletas para participarem”, lembra Roldão. Um exemplo de for- ça nesse esporte é a própria Débora Roldão que começou seus primeiros passos incentivados pelo pai que também praticava. Foi a primeira mulher a se formar pela escola Shaolin do Norte de Kung Fu no rio Grande do Sul. “Me sinto muito orgulhosa em ter concluído o estilo Shaolin do Norte. Acho que, para qualquer praticante, o momento da conclusão do estilo é sem dúvida um dos mais emocionantes”, ressalta a atleta. O Wushu faz parte de sua vida há muitos anos como diversão e também como trabalho. Deve ser com a mesma alegria de dar aulas que ela pretende, junto com Cunha ensinar e transmitir todo esse amor que tem pelo Kung Fu para o filho Arthur que está a caminho. Arte marcial chinesa: esporte como educação Arquivo: Escola Pro Wushu Rhavine Falcão Um lutador de muitas conquistas. Tricampeão Brasileiro de Wushu, destaque em 2005, pela FGWS, quarto lugar no Panamericano 2006, no Canadá, e primeiro lugar no Sul Americano, em 2007. O atleta Adriano Cunha começou sua história no esporte como aluno e hoje é professor em sua escola. Além, de técnico da Federação Gaúcha de Wushu. Universo IPA - Quando você descobriu sua vocação e paixão pelo Wushu? Adriano Cunha - Como grande parte dos praticantes, o interesse pelas artes marciais veio através de livros e filmes. Logo depois consolidei o gosto pela prática iniciando o treinamento em uma escola de wushu, onde me aprimorei tecnicamente além de aprofundar o conhecimento filosófico do wushu. Universo IPA - Qual a real origem do Kung Fu Wushu? Cunha - A origem do wushu é repleta de lendas e histórias fantásticas. Devido a falta de documentos contendo a história das artes marciais de maneira precisa, é difícil dar a exa- Universo IPA - Qual a dica que você dá para quem gosta de Wushu e sonha em se tornar um lutador? Cunha - A busca do praticante deve visar não apenas se tornar um bom lutador, mas sim desenvolver aspectos internos como disciplina e autocontrole. Isso é um trabalho para toda uma vida, fato que torna o wushu uma arte. O lutador Adriano Cunha em posição Daoshu, em um momento de treino tidão da sua origem. Porém, alguns historiadores dizem que a luta pela sobrevivência dos antigos povoados, que sofriam com ataques de saqueadores e animais selvagens, foi o que estimulou o surgimento de uma arte de defesa e ataque. Universo IPA - O esporte na maioria das vezes, auxilia os jovens a não entrarem na criminalidade. No Wushu isso também é comum? Cunha - Uma vez que se trabalha com as raízes filosóficas do wushu, de maneira verdadeira, e aquele que se propusse a ministrar o ensino da arte marcial deve focar, de maneira verdadeira, o desenvolvimento do praticante como in- e um ambiente que possibilite uma prática segura. Depois buscar um estilo que agrade mais ao futuro praticante, pois existem várias escolas com características diferentes de treinamento. Universo IPA - Como saber se a prática é segura e os profissionais são responsáveis? Cunha - A dica para saber se o estilo praticado é verdadeiro, é buscar professores credenciados pela Federação Gaúcha de Wushu. divíduo completo e útil à sociedade. O wushu é sim uma forte ferramenta para tirar crianças e jovens da marginalidade. Universo IPA - Qual o procedimento para quem quer seguir esse esporte e por onde começar? Cunha - O primeiro passo é procurar uma escola que possua profissionais responsáveis Universo IPA - Você foi aluno e hoje é professor em sua academia. O que você acha que mudou durante esse tempo? Cunha - Acho que aos poucos o wushu está perdendo aquela imagem carregada de violência, que veio nos anos 70 e 80, em filmes como os de Bruce Lee, e entra neste século mostrando, todos os seus benefícios bem como a beleza que envolve toda a cultura e a história desta que é uma das mais antigas artes marciais do mundo. Universo IPA - Você competiu por muitos anos e nos representou muito bem conquistando várias competições. Você acha que esse é o momento certo de parar? Cunha - Sim, venho competindo a mais de dez anos, e consegui alguns títulos que considero muito importantes na minha carreira, dentre eles o primeiro lugar no sul americano em 2007. Sinto que chegou a hora de parar e abrir caminho para quem está chegando. Não é uma decisão fácil, mas acredito ser a mais certa no momento em que estou vivendo. “Sinto que chegou a hora de parar... Não é uma decisão fácil”.
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