LEIA AQUI - Universo IPA

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Ano 3 | Edição 9 | Dezembro de 2008 | Versão STANDARD
Jornal do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA | www.metodistadosul.edu.br/universoipa
Camelódromo muda
centro de Porto Alegre
Foto: Bruna Garbin
O primeiro camelódromo de Porto Alegre está quase pronto. A obra, localizada na praça Rui
Barbosa, deve mudar o centro da capital e também a rotina dos vendedores ambulantes, os
conhecidos camelôs. Apesar de a Secretaria
Municipal da Produção, Indústria e Comércio
(SMIC) acreditar que o Centro Popular de Compras (CPC) irá beneficiar camelôs e consumidores, os vendedores ambulantes temem o aumento dos aluguéis. Eles solicitam que a prefeitura acompanhe a assinatura dos contratos que
firmarão com a empresa Verticon, responsável
pela obra e que administrará o CPC nos próximos 25 anos. >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> página 3
Obra em construção na praça Rui Barbosa, centro de Porto Alegre, fica pronta ainda este ano e receberá os vendedores ambulantes, hoje instalados de forma irregular nas ruas do centro da capital
Rumo do Jornalismo
está nas mãos do STF
Asaph Borba
A rivalidade entre os dois maiores clubes gaúchos, Inter e
Grêmio, se mostra até quando os seus presidentes necessitam
formar alguma opinião sobre um projeto que visa proibir o álcool nos estádios gaúchos. Ambos têm opiniões diferentes, um
a favor e outro contra.
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e os sindicatos movimentam-se em defesa do diploma de Jornalismo, enquanto aguardam a decisão do Supremo Tribunal Federal, prestes a julgar o Recurso Extraordinário (RE) 511.961, que desregulamenta a obrigatoriedade do diploma em Jornalismo.
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Lei seca nos estádios
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página 14
Comércio a R$ 1,00
página 10
José Antonio Meira da Rocha
O consumo de produtos de R$1,00 é uma prática que cresce na capital. Os comerciantes usam o preço como estratégia
para fidelizar o cliente. A economista Daisy Martins explica que
o comércio de produtos com preços atrativos, como os de R$
1,00, é vantajoso quando a venda ocorre em quantidade elevada ou quando, na hora da compra, o consumidor leve também outro produto que não tenha desconto.
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página 14
Edimar Blazina
Fonte Milenar, em Frankfurt
Frankfurt, um
dos destinos mais
procurados da Europa
Colonizada por celtas, a cidade de Frankfurt está localizada no coração da Alemanha e é a preferida por turístas. Situada às margens do Rio Main, é o 3º maior centro financeiro
mundial e destaca-se nas áreas cultural, comercial, turística,
industrial e financeira.
Presidente do Sindicato dos Jornalistas/RS, José Maria Nunes
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página 7
Moeda de R$ 1,00 vale muito no comércio da capital
Opinião
Dezembro de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
editorial
“O nosso jornal”
Mais um jornal chega até vocês, impresso produzido pelos estudantes do curso de Comunicação Social - Jornalismo do Centro Universitário
Metodista, do IPA. Esta é a segunda edição produzida por esta turma e
a nona edição de nosso jornal. A cada novo número que colocamos em
circulação percebemos que o Universo IPA amadurece, mas, principalmente, se renova como veículo experimental. Uma nova edição traz impressa nas páginas o processo de aprendizagem de um grupo de alunos
com perfil único. Cada estudante contribui para dar a “cara” daquela
edição e é essa diversidade que constitui o diferencial do Universo IPA
e que, sobretudo, caracteriza-o como lugar onde os futuros jornalistas
vivenciam e experimentam a profissão. A sala de aula transforma-se num
laboratório e ali, em meio a computadores, pavores, incertezas, erros e
acertos, juntos, professores e alunos editam este jornal que agora apresentamos aos leitores.
Convidamos você a ler um jornal cheio de vida, repleto de superações
e no qual cada matéria aqui publicada é fruto de um esforço singular dos
estudantes, que têm orgulho do que eles chamam de “nosso jornal”. Não
temos dúvidas da importância que este produto jornalístico tem para a vida e a formação de nossos alunos, que nos desafiam a cada aula a pensar
a prática jornalística, a questionar regras prontas, a superar preconceitos
e a enxergar, valorizar e investir no potencial de cada um.
Entre tantas matérias queremos destacar algumas. A aluna Jaqueline
Cavalini esforçou-se para trazer à matéria sobre a obrigatoriedade do diploma de jornalista uma versão imparcial, com opiniões a favor e contra,
mas percebeu que a subjetividade de quem escreve faz a diferença e
pesa na edição. A leitura revelará o resultado. Rhavine Falcão surpreendeu com a matéria sobre Kung Fu, brigou por mais espaço e conseguiu.
Está lá, na contra-capa do jornal, numa matéria de primeira. Quer saber
o que dá para comprar com R$ 1,00? O colega Edimar Blazina responde
numa matéria sobre o assunto. Ainda em Porto Alegre, a aluna Bruna Garbin traz a preocupação dos camelôs referentes ao novo espaço que está
sendo construído no centro para abrigar estes vendedores. Do centro de
Porto Alegre, você poderá viajar para Frankfurt. Quem nos guia é o aluno
Asaph Borba, nosso repórter especial da editoria de turismo. Você irá ler
também matérias sobre esporte, saúde, cultura e economia.
A maioria dos estudantes dessa turma executou a tarefa de cobertura
de sua pauta com empenho e dedicação. O perfil dessa turma é motivador, alguns são tímidos, outros curiosos, engraçados e entusiasmados.
De um modo geral, eles são audaciosos, não têm medo de desafios, de
fazer entrevistas, irem a lugares distantes para fazer pesquisas, entrevistas para a construção do texto. Eles vivenciaram a produção do jornal em
cada detalhe. Certamente, foram seduzidos pelo Jornalismo. São questionadores, querem saber o que erraram e por qual o motivo, para aprender.
A maioria entendeu que a crítica de seus textos, feitas pelos professores,
é positiva, construtiva, para torná-los profissionais mais qualificados. O
processo de produção desta edição foi acompanhado, semanalmente,
pela turma, que sempre se mostrou preocupada em fazer o melhor. Temos
certeza de que você, leitor, tem nas mãos um jornal produzido por alunos
que sentem paixão e orgulho pelo que fazem.
Desejamos uma leitura prazerosa!
Michele Limeira e Ana Paula Megiolaro
IPA - Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista
conselho superior de administração - consad
Presidente: Wilson Roberto Zuccherato • Vice-presidente: Rosilene
Gomes da Silva Rodrigues • Secretário: Rui Sergio Santos Simões •
Conselheiros: Augusto Campos de Rezende, Clóvis de Oliveira Paradela,
Eric de Oliveira Santos, Henrique de Mesquita Barbosa Corrêa, Maria
Flávia Kovalski, Nelly Azevedo Matolla, Nelson Fer, Paulo Roberto Lima
Bruhn, Saulo de Tarso Cerqueira Baptista.
reitor:
Norberto da Cunha Garin
Jornal elaborado por estudantes do
2º semestre do curso de Jornalismo IPA
coordenação do curso de jornalismo
Mariceia Benetti
professores(as)
Ana Paula Megiolaro, Glória Cunha, José Antônio Meira da Rocha,
Maria Cristina Vinas, Michele Limeira e Rogério Soares.
projeto experimental ii e produção e planejamento editorial e gráfico ii
editores-chefes: M
ichele Limeira e Ana Paula Megiolaro
ajor - agência experimental de jornalismo
arte-final: Carlos Tiburski • distribuição: Manoel Canepa
revisão: Lisete Ghiggi e Glória Cunha • endereço ajor: Rua Joaquim Pedro
Salgado, 80, Rio Branco - Porto Alegre/RS - CEP: 90420-060
contato: 51 3316.1269 e [email protected]
impressão: Zero Hora (1.000 exemplares)
Diálogos Infames
Ser ou não ser?
Eis a questão
Clarissa Madalozzo
Sabe-se que o ano de 1968
foi um dos mais marcantes da
nossa era. Ele veio para revolucionar a política, a livre expressão e o sexo. Será que poderíamos dizer que no século
21 também estaria promovendo grandes transformações na
sexualidade?
Desde a década de 1980,
a homossexualidade vem ganhando espaço, se difundindo
em forma de arte. Muitos filmes
da época se inspiraram tanto
na libertinagem quanto no singelo ato de amor entre pessoas do mesmo sexo, ato esse
que se se impõe e que se impõe e faz o espectador se questionar se o mundo estaria se
tornando gay, palavra que há
alguns anos causava arrepios
em homofóbicos e em alguns
médicos que custaram a acreditar que “isso” não era uma
doença.
A questão que surge, em pleno século 21, é se estaria o mundo mais homossexual ou bissexual do que heterossexual.
A resposta não parece ser
simples. O tempo passa e a tendência é experimentar, ultrapassar limites, e conceitos que antes eram tradicionais e conservadores estão caindo junto com
os dogmas da Igreja Católica
que nunca negou a sua eterna
discórdia com o ser ou não ser
dos homossexuais. O mundo
resolveu bater na mesma tecla:
exige liberdade, incluindo nesse
conceito o de liberdade sexual
a e, para isso, existe a necessidade de se expor. Se antes
os homossexuais se escondiam, hoje proclamam por seus
direitos. E um deles é serem
aceitos pela sociedade.
Nesse ponto, perguntamonos se ser homossexual estaria
se tornando algo volúvel, marketing ou moda?
Muitos não se surpreendem
quando uma estrela do show
business é flagrada aos beijos
com parceiros do mesmo sexo.
Foi o que aconteceu com as
popstars, e também mães de
família, Madonna e Britney Spears, que se beijaram de forma
caliente enquanto apresentavam, ao vivo, o show no Video
Music Awards, transmitido pela
emissora americana MTV. Seria
a banalização de práticas ho-
Viver para morrer?
Morrer por viver?
mossexuais ou maneira de atrair
os holofotes? Ou publicidade
barata, o que não deixa de ser
banal em sua essência.
São muitas as dúvidas que
afligem os que vivenciam e os
que observam de forma analítica e curiosa essa confusão
sexual e é claro que respostas
exatas e conclusivas não existem; afinal, a natureza tem lá
as suas surpresa.
Gay que é gay afirma ter nascido assim, mas existem alguns
que só descobrem que o são
depois de viver um relacionamento heterossexual que gerou
frustrações. E as questões não
param de surgir: estariam essas
pessoas confusas em relação
a seus desejos, perturbadas
porque, às vezes, a sociedade
classifica esses desejos como
absurdos e depravados?
Ficam as perguntas: estariam todos eles confusos em
seus desejos que muitas vezes
parecem absurdos e depravados? Mas quem poderia servir
de parâmetro ou exemplo?O
que é um fetiche para os homens não causa tanto furor para as mulheres, os homens heterossexuais que fazem questão de apimentar as suas fantasias não se importando em
ver o que consideram tamanha
“beleza”: lindas mulheres se
beijando. Mas quando é homem com homem, o foco muda, para pior, é claro!
Como em uma das mais
aclamadas peças teatrais escrita pelo inglês Shakespeare,
que pôs em questionamento a
dúvida cruel de Hamlet, uma
analogia perfeita se tratando
dos conflitos humanos, mesmo
esse sendo distintos. Hamlet ao
segurar uma caveira, essa que
seria a representação de seu
pai assassinado ou dele próprio, se questiona em um momento de dor e insanidade. Em
uma das cenas mais grandiosas
do teatro surge a pergunta: ser
ou não ser? Eis a questão.
Obviamente, Shakespeare
não tratou de questões sobre
a homossexualidade naquela
época, mas o conflito de Hamlet, em continuar a ser ele mesmo ou se tornar quem ele menos espera, é o embasamento
do profundo conflito do ser e
de ser, e esse continuará a existir eternamente, pois para ele,
respostas não existem.
Site: www.sxc.hu
Arte: Carlos Tiburski
Uriel Gonçalves
Em 11 de junho de 1963,
um homem de saia marchava
pela rua. Olhava para a frente
com profunda concentração,
como fazemos quando nossa
mente está ausente. Mas a sua
não estava. Completamente
consciente de si e transparecendo uma tranqüilidade invejável, o homem, igno­rando o
tráfego, sentou-se no meio da
rua, cruzou as pernas e fechou
os olhos. Após alguns minutos
de silêncio, o homem agarrou
o pequeno galão ao seu lado
e se batizou com o conteúdo.
Enfim, acionou o aparelhinho
em sua mão e colocou fogo
em si mesmo. As labaredas
atraíram todo um contingente
de pessoas, de policiais armados a motoristas curiosos. Porém o que mais surpreendeu
a multidão não foi o fogo em
si, mas o fato de que, apesar
de todo estrago que fazia o
fogo, consumindo o homem
até a morte, esse permaneceu
em seu lugar, simplesmente,
impassível.
Um dia depois centenas de
jornais ocidentais brigavam
pela foto do monge vietnamita
em chamas, protestando contra o governo de seu país. O
objetivo era dar àquele homem
a primeira capa e imortalizar
seu ato de coragem. Por um
dia. Por um dia, seus inimigos
seriam inimigos do mundo inteiro. Mas apenas por um dia,
porque amanhã, depois de
desgastado o assunto, estaríamos à caça de outro inimigo,
seja ele um seqüestrador de
criancinhas, um político italiano ou o governo russo. E assim
tem sido há muito tempo: heróis e vilões descartáveis, uma
grande batalha contra sabese-lá-quem.
Enquanto esse e outros
monges lutam pelo que acreditam justo, a nós, pobres ocidentais brasileiros, falta contra
o que lutar. Não, nós não temos um inimigo em comum.
Não saímos por aí ateando fogo em nós mesmos porque
não temos coragem. Não fazemos isso porque não temos
um porquê. Não um porquê
de verdade, só um monte de
porquês inventados. Nossa luta é contra um assassino de
uma vítima desconhecida,
contra o seqüestrador de uma
criança que jamais encontraremos, contra um governo que
achamos mais ou menos. Tudo aqui é mais ou menos, nada é bom o suficiente para virar heroísmo. Nada é ruim o
suficiente para causar a revolta geral. E a revolta, brasileiros,
a revolta é indispensável. Todas as grandes conquistas da
humanidade foram feitas na
revolta. Mesmo para um monge que viveu na paz, o auge
da vida foi na revolta. Afinal,
enquanto a paz nos dá um porquê para sobreviver, a revolta
nos dá um porquê para morrer.
E quem não tem pelo que morrer, não tem pelo que viver.
Falsas promessas
Tiago Pintaude
Fica a pergunta: de onde
vai sair o dinheiro para os projetos que os candidados vêm
apresentando nestas eleições?
Vontade para realizar tantas
obras é o que os concorrentes
à Prefeitura de Porto Alegre estão apresentando no horário
político. Mas não consigo entender, de onde vai sair o dinheiro? O cálculo não fecha!
Saúde, educação, moradia, saneamento, trânsito e segurança. É justamente esta última
que tem me preocupado .
Cabe lembrar que a questão da segurança pública confunde-se com a própria origem
e razão de existir do Estado.
Segundo a Teoria do Pacto
Social, de Jean Jacques Russeau, o principal motivo que
levou as pessoas a viverem em
comunidade, abrindo mão de
certas liberdades individuais
em prol de um organismo que
os representaria foi justamente a questão da garantia da
segurança dos grupos de indivíduos. Segurança que não
temos. Policiais que não estão
nas ruas. Respeito com o cidadão que não existe.
Em um ano de eleições, de
promessas, de esperança, é
bom ficarmos atentos para exigirmos dos próximos eleitos
uma política eficiente voltada
para a segurança dos portoalegrenses.
Texto: Edimar Blazina | Ilustrações: Caroline Garcia
Geral
Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Dezembro de 2008
 Cidade
Camelódromo está quase concluído
Fotos: Bruna Garbin
Bruna Garbin
A
Apesar de concordarem
que as condições de
trabalho vão melhorar, os
camelôs temem que dentro
de alguns anos a empresa
Verticon, que administrará
o Centro Popular de
Compras (CPC), ou popular
camelódromo, por 25 anos,
suba o preço dos aluguéis
e eles não tenham
condições de pagar. Com
a política da Secretaria
Municipal da Produção,
Indústria e Comércio
(SMIC) de tolerância zero
para o comércio irregular
e a nova lei municipal
nº 9.941, a multa prevista
para quem for pego
trabalhando na praça será
de R$ 1.334,28, além da
apreensão dos produtos.
O primeiro camelódromo de
Porto Alegre fica na praça Rui
Babosa, centro da cidade, e
deverá ser inaugurado ainda
este ano. Segundo a assessora de imprensa e comunicação
dirigida da SMIC, Elisangela Kanaan, “o CPC vai melhorar muito a vida do ambulante e do
consumidor, pois o ambulante,
como seus produtos, não enfrentará mais problemas climáticos, como, chuva, frio e calor
extremo. O consumidor se sentirá seguro para fazer suas compras, terá infra-estrutura como
Obra do Centro Popular de Compras deve ser concluída ainda este ano e abrigará comerciantes ambulantes
sanitários, elevadores, escadas
rolantes, alimentação, segurança, lotéricas, agências bancárias e acesso para deficientes”.
A assessora afirma que
“com a recolocação dos ambulantes no CPC, as vias e calçadas ficarão livres para pedestres e carros. Além disso, eles
terão um endereço e uma identidade junto à sociedade”. No
entanto, “com a mudança, a
denominação correta passa a
ser comerciante popular ao invés de camelô”, concluí.
O casal de vendedores am-
Entrega da obra na rua
Bordini deve atrasar
Tiago Pintaude
O prolongamento da rua
Coronel Bordini à Vicente da
Fontoura, que tem como objetivo facilitar a ligação entre
as zonas norte e sul, sofreu
interrupção em função de troca da rede pluvial, o que deve
atrasar o cronograma de entrega em aproximadamente
três meses, informou o gerente técnico da empresa Bolognesi Elson Petry.
Lançada pela prefeitura
municipal no dia 17 de janeiro
para facilitar a ligação da Zona
Norte da cidade à Sul, a ampliação da Bordini entre as vias
Casemiro de Abreu e Cabral,
fruto de um acordo entre a Bolognesi Engenharia e o município, tinha oito meses para ser
concluída, mas este prazo não
será mantido.
Conforme Petry, parte da
obra parou porque a secretaria
solicitou uma licença específica
para a rede pluvial que ficou tramitando dois meses no órgão.
“O grupo pretendia terminar a
intervenção, iniciada em janeiro,
dentro de seis meses, prazo
menor que o exigido pela prefeitura. Mas devido à licença ter
demorado, devemos ter um
atraso na entrega da obra”.
A Secretaria Municipal de
Meio Ambiente (Smam) informou que no projeto de ampliação da Bordini não se falava sobre mudanças nos esgotos, por isso o órgão solicitou uma licença específica,
contou Petry. Outro motivo é
a presença de árvores no local,
o que exigiu um cuidado extra.
“Nos foram exigidas medidas
compensatórias, plantio de 25
mudas no entorno da via e de
outras 408 em vários locais”.
Elson Petry disse que não sabia dessa burocracia, acreditava que apenas uma licença
serviria para tudo.
O custo da obra é de R$
1,5 milhão, incluindo a modernização da rede pluvial. O objetivo do prolongamento da
Bordini é facilitar o fluxo de carros, ligando a Vicente da Fontoura e criando um eixo entre
Cristóvão e Terceira Perimetral.
A obra é executada em contrapartida a um empreendimento
da Bolognesi à rua Cabral.
bulantes, Glaci da Silva, 47
anos, e Flávio da Silva, 49, concorda que as condições de trabalho irão melhorar. “Vai ser ótimo para nós sairmos da rua, o
conforto de estar em uma sala,
não precisar recolher os produtos no final do dia”, afirmam.
O camelódromo, projetado
pelo arquiteto Jonas Shiaffino,
contará com 800 boxes. Conforme Kanaan, “os boxes serão
de 4m² e terão um aluguel de
R$ 400 mensais”. A informação
passada pela SMIC aos camelôs sobre os boxes, segundo
Flávio da Silva, é outra. “Os bo-
xes de 4m² serão somente para lotéricas e agências bancárias, os oferecidos para nós são
de 2m² e 1,5x 2m e o aluguel
será semanal, para os menores
R$ 75 e para os maiores R$
100”, afirma. E ressalta “quem
atrasar três semanas seguidas,
será expulso”.
O chefe municipal de fiscalização dos ambulantes , Walter
Souza Correa, esclarece que
haverá vários tamanhos de boxes. “A informação passada pelos camelôs está incompleta. O
camelódromo conta com boxes
de 1,5x2m, 3m², 4m² e 6m², ou
seja, são vários tamanhos. A
praça de alimentação terá os
boxes maiores, para melhor
acomodação dos consumidores. Quanto ao aluguel, será semanal de R$ 25,00 por metro
quadrado”. Segundo ele, houve
reuniões com os ambulantes e
os boxes serão divididos por
critério de idade, trabalho e até
mesmo de condições financeiras para pagar os aluguéis.
A empresa Verticon, que investiu cerca de R$14 milhões
na obra, ficará com sua administração por 25 anos e fará
contrato de um ano com os
vendedores ambulantes. Depois de terminado o período,
os contratos serão renovados
e estarão sujeitos a alterações
nos preços. “Quem garante que
depois e um ano, a empresa
não bote nós na rua. A situação
é igual aluguel de casa, depois
o proprietário quer de volta e
nós ficamos na rua (sic)”, afirma
o casal de vendedores.
Flávio da Silva, como os demais camelôs, pede acompanhamento na assinatura do
contrato. “Queremos que a prefeitura ou a SMIC acompanhe
a assinatura do contrato, pois
se amanhã ou depois não dá
certo lá, queremos outro lugar
pra trabalhar. Temos medo de
que, no próximo ano, o proprietário, não renove o contrato.
Então, para onde vamos? Como vou sustentar minha família?”, afirma ele. Segundo Correa, “o contrato vai ser tratado
direto entre a empresa e os ambulantes, mas os advogados da
prefeitura estão sempre à disposição para esclarecer alguma
dúvida”.
O camelódromo exigirá
também mudanças nas linhas
de ônibus que circulam no centro da capital.
Pavimento superior terá espaço para estacionamento
Pixações incomodam moradores
Diego Ramos
Diego Ramos
Quantas vezes você deparou com uma parede ou um
muro pichado? Essa é a uma
imagem que cada dia está mais
presente em Porto Alegre. Esse
tipo de vandalismo, que não é
mais novidade nos noticiários,
preocupa a população, que
quer acabar de vez com esse
problema.
Atualmente, as pichações
são um dos problemas graves
de Porto Alegre. Os muros de
casas, prédios e mais recentemente monumentos históricos da
cidade, como o Laçador, são os
alvos desse tipo de vandalismo.
Desde o início do ano, em
Porto Alegre, já foram flagradas
56 pessoas realizando atos de
pichações, pela Brigada Militar
- BM.
No Brasil, a pena para esse
tipo de crime é a detenção de
três meses a um ano e multa,
embora essa pena, na maioria
das vezes, é paga com cestas
básicas.
O vandalismo é um problema que preocupa a população,
como dona-de-casa Julieta
Bastos, 52 anos, que já teve o
muro de sua residência pichado três vezes em menos de um
mês. “Aqui na nossa rua, todas
as casas já foram pichadas pelo menos uma vez, essas pessoas (pichadores) não respeitam mais nada”, comenta Julieta, que mora no bairro Partenon há mais de 20 anos. Segundo ela, a cidade de uns
anos para cá vem sendo invadida por esse vandalismo e as
Educativo do Rio Grande do Sul
(Fase), doutora Cláudia Zavaglia essa é uma maneira de
apresentar-se ao mundo, uma
auto-afirmação, colocando em
um local visível o nome do “bonde” ao qual pertencem. “Essas
pessoas estariam sem perspectiva de vida e não estão se
dando conta que estão prejudicando aos outros e a si mesmos? É uma pergunta que eles
mesmos devem se responder”,
refere Zavaglia, que pensa que
a prefeitura tem buscado soluções para as pichações.
Uma solução atual
Parede de um prédio público pichado no bairro Cidade Baixa
consequências são graves, como as freqüentes pichações no
Parque Farroupilha, conhecido
popularmente por Redenção,
um dos pontos turísticos da cidade.
Projetos foram feitos para
tentar amenizar o problema, como a campanha Xô Pixação,
criada em 2007 pela Associação Benjamim Constant, em
parceria com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, que tem
como objetivo conscientizar os
moradores, síndicos e proprietários de imóveis a pintarem
suas residências com a tinta
anti-pichação.
Os verdadeiros
pichadores
Na cidade de Porto Alegre
vêem-se diversos tipos de pichadores. Têm aqueles que
manifestam a realidade que vivem através da pichação. Há
também as pessoas que usam
a pichação como uma forma
de entretenimento. “Para eles
(pichadores) quanto mais difícil
o acesso ao prédio, mais importante e mais valioso é o seu
reconhecimento com os demais envolvidos nesse vandalismo”, diz R.R. que comete
esse vandalismo pelos prédios
da cidade.
Há grupos de pichação, os
chamados “bondes”, que estão
por toda a cidade e a maioria
das vezes arriscando as suas
vidas ao subir em prédios e casas para deixar as suas marcas.
Segundo a médica da Fundação de Atendimento Sócio-
Há maneiras de acabar com
as pichações? Há sim, uma delas é o grafite, uma forma de
arte em desenhos, que não degradam a imagem na cidade,
são aprendidos em oficinas e
estimulados em campanhas
sociais. Esse tipo de manifestação artística, considerada
uma forma de expressão de artes visuais, também chamada
de street art (arte urbana). Mas
recentemente vem sendo uma
forma de acabar com o vandalismo da pichação, não só em
Porto Alegre e sim em todo o
Brasil. Segundo o professor de
uma oficina de grafite, no Morro Santana, Marcelo Dutra, 25
, o grafite vem sendo usado para muitas outras coisas além do
seu verdadeiro objetivo. Como
o combate direto e indireto aos
pichadores. “Já vi gente que
pichava a cidade inteira e agora vem ajudando a combater a
pichação”, afirma.
Geral
Dezembro de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
 jardim botânico
50 anos de preservação ambiental
Sergio Bavaresco
E
Vanessa Schneider
Em tempos de preocupação
com aquecimento global e a de
sustentabilidade do meio ambiente, Porto Alegre possui um
riquíssimo companheiro da preservação da flora nativa e que
festeja bodas de ouro. No dia
10 de setembro de 2008 o Jardim Botânico, da Fundação
Zoobotânica do Rio Grande do
Sul, comemorou 50 anos de
pesquisas, conservação e cultivo de plantas das mais variadas espécies, especialmente as
ameaçadas. A programação de
aniversário se estenderá de setembro a dezembro, quando
ocorre o lançamento do livro dos
50 anos do Jardim Botânico.
O Jardim Botânico recebe
anualmente cerca de 60 mil visitantes e iniciou o plantio de
suas primeiras coleções de
plantas em 1957. No ano seguinte foi aberto ao público com
a finalidade científica, educacional e de conservação. Considerado um dos cinco maiores
jardins botânicos do Brasil,
possui uma área territorial de
39 hectares, com uma estrutura física básica composta por
quatro estufas, laboratório de
análise de sementes, laboratório de cultura de tecidos, banco
de sementes, viveiro, área administrativa, auditório para 70
pessoas, 11 coleções especiais
Lago da Ponte é um dos pontos mais procurados pelos visitantes do parque pela sua beleza natural
e 23 áreas no Arboreto.
Segundo o técnico das coleções científicas, Ari Delmo Nilson, as pessoas desconhecem
a amplitude do local, que circunda três grandes avenidas da
Capital gaúcha. “Elas ficam admiradas com a extensão do local. Como não escutam o barulho dos carros e ouvem o
canto dos pássaros, comentam
que sentem como se estivessem no interior e não no miolo
de Porto Alegre”, afirma. Nilson
trabalha há 33 anos no Jardim
Botânico e presenciou algumas
situações críticas. “Quando iniciei, ele não era cercado e havia
muitas pessoas morando aqui.
Foirealizado um acordo e a fundação conseguiu um recurso
mínimo para que elas pudessem comprar um terreno e fazer
a mudança. Demorou uns 15
anos para que pudéssemos ter
a área livre para conservação”,
explica. O prédio que foi construído para sere o estúdio da
TVE, também, foi um dos obstáculos enfrentado pelos fun-
Vizinhos do crime
Rodrigo Domingos
Guilherme Rosito
Os moradores que vivem ao
redor do Presídio Central de Porto Alegre, localizado na avenida
Rócio, no bairro Partenon, afirmam que há segurança e tranqüilidade no local, mas também
destacam acontecimentos
curiosos. A estudante Laura Rodrigues, 21 anos, também moradora e mulher de um detento,
conta o que acontece ao redor
e dentro do Presídio.
Segundo ela, no lado esquerdo do presídio, as casas são de
fronte à “Galeria D”, e nesse local,
mulheres tiram a roupa e seduzem
os presos ocasionando alvoroço.
“Elas quase sempre estão drogadas e só saem de lá quando os
policiais as retiram”, comenta.
Rodrigues afirma que ocorrerem mortes no Presídio, mas
todas são abafadas por policiais.
“Fui visitar meu marido e, quando passei por uma cela, vi os
próprios presos retirando um
corpo enrolado em um cobertor”, relata.
Também fala sobre as facções que predominam no presídio Central: “Existem cinco galerias, e em cada uma delas predomina uma facção. São elas:
Os trabalhadores, Mano, Unidos
pela Paz, Sem facção e Aberto.
Ninguém pode invadir o território
do outro, se não o bixo pega!
Quando alguém das facções
não respeita estas leis, na maioria das vezes, começam as rebeliões”.
O diretor confirma a existência de facções. “Realmente as
facções existem, e isso começou principalmente quando surgiu o Comando Vermelho (CV)”.
cionários. “A fundação teve que
se adaptar ao tamanho do prédio, pois é uma estrutura grande e inadequada que construíram e deixaram de lado”, lembra o técnico.
Conservação
das áreas
O Jardim Botânico está dividido em pequenas áreas que
recebem atenção e cuidados,
como a horta de plantas medicinais e o butiazeiro. O butia-
zeiro é a planta símbolo para os
funcionários do Jardim Botânico. “É nativo daqui e procuramos sempre dar espaço e um
valoroso cuidado não só para
ele, mas para todas as plantas”,
conta Nilson. Ainda, há áreas
para serem ajardinadas e organizadas, pois o Jardim Botânico trabalha para a comunidade
e precisa investir, mas é preciso
buscar recursos. “O Jardim Botânico buscou convênios com
cooperativas e acordos com a
prefeitura para conseguir ter um
pouco mais de “folga”, se não
trabalhamos com a verba muito “apertada”, salienta.
O Centro de Visitação proporciona aos estudantes e público em geral uma orientação
mais individualizada para apreciação e estudo das espécies.
De acordo com o agrônomo e
coordenador da sessão de educação ambiental, José Fernando
da Rosa Vargas, é possível fazer
trilhas temáticas, conhecer o
parque mais detalhadamente,
destacar e mostrar quais são as
plantas ameaçadas de extinção
e as que são símbolos do Estado Gaúcho.
Segundo Vargas, o Jardim
Botânico recebe por ano 16 mil
estudantes. “Temos uma boa
média de visitas de estudantes.
Nos preocupamos mais com a
qualidade ao passar a mensagem da conservação da biodi-
versidade do que na quantidade. É difícil um monitor falar para 30 pessoas e conseguir manter a atenção de todos num
ambiente que é aberto e dispersivo”, explica.
O Jardim Botânico possui o
JardinAção, evento que ocorre
semestralmente e que oferece
atividades na área de saúde,
cultura e meio ambiente, e nasceu de uma organização voluntária. “O JardinAção é um dos
trabalhos mais gratificantes que
fazemos, pois rola muita energia
e alegria ao realizá-lo. No último
evento recebemos mais de 3 mil
pessoas e no dia seguinte não
vimos nenhuma sujeira estava
tudo limpo”, relata Vargas.
O parque possui a comercialização de mudas de espécies nativas, frutíferas e ornamentais como uma alternativa
de fonte de renda. Também é
procurado para a realização de
casamentos, fotos e filmagens
de formatura, além de festas para lançamento de produtos.
O Jardim Botânico abre de
terça a domingo, das 8 às 17
horas. Os ingressos custam R$
2, sendo que estudantes e adultos maiores de 60 anos pagam
R$ 1, e as crianças, até 12 anos,
não pagam. Mais informações
no site: www.fzb.rs.gov.br/jardimbotanico
Casa de sopa beneficente
na zona sul da capital
Marilia Pereira
Marília Pereira
Rua ao lado do presídio: moradores contam o que presenciam
Ele também explica que quando
um presidiário é solto e depois
retorna por outro crime, já sabe
para qual galeria vai ir, pois elas
são divididas por bairros. “Os
presos têm o direito de escolher
em qual galeria ficar, devido a
brigas que ocorreram fora da cadeia. As galerias são como se
fossem divididas por bairros aqui
fora, por exemplo, Bom Jesus
não pode ficar junto com Conceição”, explica Moraes
O tenente-coronel Moraes
relata que em 1995 as mortes
eram freqüentes no presídio,
mas que hoje em dia quase nada acontece. “Há treze anos os
agentes penitenciários administravam o presídio e, como houve motim seguido de mortes,
quem assumiu o presídio foi a
Brigada Militar. Não apenas o
Central, mas também os presídios do Jacuí, e os de Charqueadas, incluindo a penitenciária
de Alta Segurança, PEC, PASC
e Colônia Penal.” Segundo ele,
as mortes ocorrem por doenças
como, Aids, tuberculose e rubéola. “Quando os presos morrem,
são por causa de doenças ou
de morte natural. Desde quando
comecei aqui, em dezembro de
2007, ocorreram cinco mortes
por causa normal e uma por esfaqueamento. Sempre que um
apenado morre, o local é isolado,
depois é acionada a Polícia Civil,
que aciona a perícia”.
O tenente-coronel diz que
ocorrem muitas brigas pela indignação dos presos com a lotação
máxima das celas. “O presídio
Central tem capacidade para
1561 homens e há 4739 apenados, resumindo, a cela que cabem oito, entram trinta”, afirma.
O diretor conta que os moradores são tranquilos, mas também ressalta comenta que há
drogas escondidas. Segundo ele,
é freqüente pessoas serem pegas
com drogas, celulares e objetos
perigosos. Afirma que isso só prejudica o apenado. “Quando pegamos pessoas com drogas, elas
são indiciadas e respondem a
processo, complicam a vida de
seu ente, pois o detento fica dez
dias em isolamento e o juiz pode
aumentar a pena”, afirma.
Em muitos casos brigadianos são autuados em flagrante,
por prestarem serviços aos detentos. “Já foram pegos brigadianos entregando celular e droga a eles”, relata.
Decorridos apenas cinco
meses de inauguração da sua
nova sede, a Casa da Sopa já
traz muitos benefícios para a
comunidade. Entre eles estão
os projetos de geração de renda, alfabetização, reforço escolar e saúde. Cerca de 1,5 mil
pratos de sopas são distribuídos todas as quartas-feiras para a comunidade, juntamente
com uma refeição diferenciada,
que auxilia na alimentação das
crianças.
Além da distribuição de alimentos, a Casa conta com vários projetos. Um deles que ainda está em andamento prevê
a geração de renda para as
pessoas. Quem relatou este fato foi a Nutricionista que trabalha na Casa, Janice Rocha. Segundo Rocha, eles ainda estão
esperando a liberação de verbas para a implementação de
um projeto destinado à higienização de alimentos, como se
fosse uma mini-indústria para
ajudar na geração de renda dos
beneficiados e voluntários da
casa.
A coordenadora da casa,
Rosane Beatriz Laurêncio, é filha da fundadora, Eva Laurêncio, já falecida. Rosane informou que, além da cozinha, a
Casa também possui uma sala
onde trabalha um assistente
social que atende cerca de 50
famílias da comunidade. Num
outro espaço ocorre o reforço
escolar que é integrado com as
escolas e um refeitório onde nas
Casa distribui cerca de 1,5 mil pratos de sopas na Restinga
quartas-feiras, além da distribuição das sopas, cerca de 80
crianças entram e fazem uma
refeição diferenciada com
acompanhamento da nutricionista Janice Rocha. Laurêncio
disse que eles têm instrumentos como, macas, muletas e
cadeiras de rodas que ficam na
antiga sede da Casa e são emprestadas as pessoas que necessitam. “É só levar a carteira
de identidade e assinar um termo de compromisso, retirar o
material e, quando puder, devolve-lo”, diz.
A Casa da Sopa irá abrigar
o Posto de Saúde da Família
(PSF) que assume o espaço logo após as reformas. O PSF
atende as comunidades da Vila Castelo, Caixa d’água, a primeira unidade vacinal da Restinga, a cooperativa dos Bombeiros, o Núcleo Esperança I e
a Vila Pedroso.
O presidente da Casa e gerente operacional do Sistema
de Transporte do Sul (STS) na
Restinga, Rôni Ferrari afirmou
que a casa começou distribuin-
do cerca de 1,5 mil pratos de
sopa. Atualmente, cerca de 4
mil recebem alimentação, incluindo pratos com arroz e feijão. Conforme relatou Ferrari,
a Casa da Sopa, com 36 voluntários, beneficia milhares de
moradores do bairro. Todas as
quartas-feiras, basta entrar na
fila e pegar sua refeição. Os
alimentos são doados pela Ceasa. A sede tem um projeto em
parceria com o Hospital Santa
Casa, no complexo hospitalar
Santo Antônio, chamado de
Receita de Amor. Todas as sextas-feiras os voluntários da Casa da Sopa levam até o Hospital da Criança um lanche,
supervisionado pela nutricionista da casa. No cardápio há
um kit com sanduíche, suco e
uma barrinha de cereal entregue aos acompanhantes que
vêm do interior e passam o dia
inteiro no hospital, muitas vezes sem dinheiro para comer.
“Essa parceria com a Santa
Casa foi excelente”, diz Ferrari, ele pretende, em 2010, ter
um retorno muito grande.
Geral
Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Dezembro de 2008
 Exploração Infantil
Brincando de vender balas nas ruas
Fotos: Clarissa Madalozzo S. Pires
John trabalha para sobreviver. É mais uma criança que é explorada, se tornando invisível numa sociedade acostumada com a história do trabalho infantil. Atualmente, são 5,1 milhões de menores no trabalho clandestino
Clarissa Madalozzo
Simões Pires
N
Num país onde a economia
cresce e a taxa de
desemprego diminui,
ainda é possível encontrar
nas zonas urbanas
e rurais, crianças
trabalhando. Elas são
vítimas da exploração
infantil, uma realidade que
precisa ser enfrentada por
uma nação acostumada
a conviver com esta
situação.
A cada esquina, parada de
ônibus ou estação de trem, não
é difícil encontrar crianças que
atuam no trabalho ilegal. A idéia
de um menor contribuir na renda da família, por muito tempo,
foi defendida pela sociedade.
Essa é uma questão cultural que
persistiu no Brasil, quando se
acreditava que pôr uma criança
em atividades profissionais a
deixaria longe da vida marginalizada, dando-lhe disciplina.
Mas foi só na década de 1980,
quando surgiu um movimento
social em favor dos direitos da
criança e do adolescente, que
começaram as primeiras e significativas mudanças.
Contribuiram para isso, a
promulgação da Constituição
Federal de 1988, a adoção da
Convenção das Nações Unidas
sobre os Direitos da Criança,
em 1989 e, finalmente, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), lei aprovada em
1990. Essas ferramentas possibilitam aos campos de pesquisas fazerem estudos para
entender a seriedade da questão e dar continuidade ao trabalho de erradicação da exploração infantil.
De acordo com divulgações
das Organizações das Nações
Unidas (ONU) e da Organização
Internacional do Trabalho (OIT),
as conseqüências da exploração dos menores são traumá-
Pedro Jacobi, lutando contra a exploração infantil, “temos que acabar com o assistencialismo barato”
ticas, tanto psicológica quanto
fisiologicamente. Manifestamse na dificuldade de aprendizado, no desenvolvimento e na
exclusão social. Também é elevado o número de acidentes
ocorridos durante as atividades,
como casos de mutilações,
queimaduras e doenças graves
contraídas.
Conforme o auditor do Núcleo de Combate ao Trabalho
Infantil e Proteção do Adolescente, Pedro Jacobi, grandes
eventos, como a Expointer e o
acampamento Farroupilha,
atraem muitas crianças para
trabalharem informalmente, seja vendendo produtos, catando
latinhas de alumínio ou pets ou
mendigando. São nesses eventos que o Ministério do Trabalho, em conjunto com outras
redes, atua para dar a assistência necessária para as crianças
e suas famílias. Para Jacobi,
não é só a questão de retirar a
criança da rua, “é de ter onde
colocá-la”. Para isso, ele acredita que deve ser feito um trabalho de assistência à família,
através do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), ou com a ajuda de outros
como o Bolsa Família. Esses
programas garantem, segundo
ele, que a criança freqüente a
escola e, no turno inverso, atividades que as ocupem de forma lúdica.
A exploração da prostituição
infantil também deve ser combatida. Conforme Jacobi, essas
crianças são vulneráveis e acabam sendo aliciadas no sexo e
nas drogas, sem terem escolhas.
Ele complementou: “Se a sociedade não ocupa o seu espaço,
os traficantes ocupam”.
O auditor entende que hoje
faltam trabalhadores qualificados, mas quanto mais houver
crianças trabalhando nas ruas,
menos chances futuras elas terão de ter uma boa qualificação
no mercado de trabalho. Por
isso é necessário investir em
cursos que as qualifiquem, ajudando no seu desenvolvimento e as mantendo nas escolas.
“Temos que dar oportunidades”, complementou.
Segundos dados fornecidos pelo Ministério Público,
muitas crianças e adolescentes
são vítimas de terceiros ou deles mesmos, que se obrigam
ou se permitem inserir em atividades de natureza não educacionais, em decorrência da
exploração barata, do abandono ou da negligência: tanto fa-
miliar quanto social.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
apontou, em pesquisa de 2006,
uma queda no índice de trabalho infantil, mas que continua
alto, 5,1 milhões de menores
entre 5 e 17 anos estavam trabalhando, sendo que desse total 237 mil crianças tinham entre 5 e 9 anos.
O Nordeste, de acordo com
pesquisa encomendada pela
OIT, lidera dois tipos de ranking
do trabalho infantil no Brasil: o
que apresenta números absolutos nos casos de exploração
de crianças e adolescentes e
outro com percentuais comparados aos dados regionais e
nacionais.
Conforme estudos, as crianças que são de origem de famílias pobres ou com pais desempregados, pardas e negras, têm
uma maior tendência a trabalhar.
Crianças que vivem do campo
apresentam mais facilidades de
contribuírem na renda da família,
uma vez que, na agricultura é
mais aceitável um menor trabalhar, por questões históricas.
Muitas vezes, existe a idéia
de que por trás de um menor
há um mandante, porém pesquisas contestam a presuposi-
ção. Conforme o IBGE, em pesquisa realizada em 2006, nas
Unidades Federais, só no Rio
Grande do Sul, 81,1% dos menores queriam trabalhar, contra
16,3% que eram incentivados
pelos pais.
Não foi diferente com John,
de 12 anos, que por conta própria ajuda a mãe, doméstica e
separada. Morador da cidade
de Alvorada, aos nove anos se
deslocava até Porto Alegre para vender balas de gomas no
trensurb e em ônibus. John disse que encontra dificuldade para vender os produtos em sua
cidade. Atualmente, ele e mais
dois irmãos, de 11 e 9 anos,
trabalham na capital vendendo
balas. “Trabalhamos porque
queremos ajudar”, conta.
O dinheiro é destinado para
a mãe. Por dia, John chega a
lucrar R$100 ou mais. Apesar
de trabalhar, disse conseguir
conciliar com os estudos, ano
que vem informa que já vai para a quinta série.
Mas para Jacobi, essas
crianças não possuem discernimentos em suas escolhas:
“Parece bonito querer ajudar a
família, mas elas têm que estar
nas escolas”.
O fato de o cidadão comprar
o produto que essa criança esteja vendendo, é outro fator que
dificulta as organizações de
apoio a tirarem as crianças das
ruas, “Ao olhar uma criança em
dia frio e chuvoso, dói o coração, mas é movido por pena de
comprar balinhas que acabamos contribuindo para que a
criança não saia da rua”, afirmou
Jacobi. Muitas vezes mendigar
ou vender produtos num turno
em uma sinaleira, se consegue
ganhar mais do que oferece o
PETI ou o Bolsa Família. “Quanto mais der esmola ou comprar
flores, guardanapos ou balinha,
mais estimulo essa criança tem
de ficar na rua”, ressaltou.
Conforme Jacobi, são mais
de 150 entidades atuantes pa-
ra a erradicação da exploração
infantil, só no Rio Grande do
Sul, e complementou: “As comissões estaduais de proteção
ao trabalhador adolescente é
uma rede ainda invisível perante a imprensa e sociedade”.
Mas além de todas as estruturas criadas para combater
o trabalho infantil, é necessário
que a população ajude. E para
isso não basta só à indignação,
tem que agir. São diversos os
órgãos públicos que atuam verificando se a criança está em
situação de risco. A Brigada Militar, um dos que lutam para a
retirada não repressiva dessas
crianças que estão nas ruas,
também está junto à Polícia Civil e o Departamento Estadual
da Criança e do Adolescente
(DECA).
De acordo com Jacobi, são
muitas as entidades que a sociedade pode entrar em contato, pois essa é a melhor das
ajudas e complementou: “Só
assim se pode acabar com o
assistencialismo barato”.
A situação da exploração infantil nos países subdesenvolvidos influencia de forma negativa
o desenvolvimento de qualquer
nação, pois essas crianças são
o futuro do país. E constituem
uma das maiores preocupações
das organizações de defesa dos
direitos humanos. Um trecho da
Constituição Federal retrata a
importância dos deveres para
com os menores, conforme o
artigo 227:
“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar
à criança e ao adolescente,
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los
a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão”.
Política
Dezembro de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
 participação
Para que serve um Grêmio Estudantil?
Fotos: Caroline Garcia
Caroline Garcia
A
EM QUE RESULTA A EDUCAÇÃO SÓCIO-POLÍTICA
- Dos líderes municipais de Viamão, foram líderes estudantis:
o vice-prefeito e 9 dos 14 vereadores.
- 120 alunos de escolas da rede pública responderam a enquete:
Para que realmente serve um grêmio estudantil?
-> Para organizar eventos na escola: 19%
-> Para representar os alunos perante a direção: 72%
-> Para popularizar os alunos envolvidos
na chapa do grêmio estudantil: 7%
-> Não sabe/não opinaram: 2%
Ao contrário do que se
acredita, os jovens estão
cada vez mais conscientes
da organização política, no
ano em que as eleições
municipais coincidiram
com as estudantis. Na
Escola Estadual de Ensino
Médio Setembrina, berço
político de Viamão, a
eleição para o grêmio
estudantil em 2008 foi
semelhante com o da
eleição civil, da campanha
até o impeachment.
O estudante do terceiro ano
do ensino médio da Escola Setembrina, em Viamão, Gabriel
dos Santos, 19 anos, assumiu
há pouco o cargo de presidente do grêmio estudantil, e afirma
que não deseja dar seguimento à carreira política. Embora
fosse vice da chapa que assume há quase dois anos seguidos, temia que algo afastasse
o antigo presidente e não acreditava na possibilidade de um
dia ter que substituí-lo. “Onde
se lida com dinheiro a coisa
aperta!”. É o que diz dos Santos
quando questionado sobre o
porquê da decisão. Diz que é
responsabilidade demais lidar
com prestação de contas. A
cobrança é uma constante que
o preocupa.
“Houve um processo de
eleição bem organizado, envol-
Gabriel dos Santos e sua equipe
vendo mais ou menos cem pessoas, entre componentes da
chapa e simpatizantes, que esclareciam sobre a eleição durante os intervalos, com entregas de santinhos e visitas em
sala de aula, também”, conta.
“Os problemas da escola
são os mesmos problemas do
mundo!”, diz o ex-candidato à
vereança na cidade, o professor
Marco Sozo, hoje diretor da escola Setembrina, tenta sempre
discutir política em alta escala
com seus alunos, pois vê que
a vivência com a liderança es-
tudantil é algo saudável quando
bem acompanhada.
Sozo não se posiciona
quanto ao afastamento do antigo presidente do grêmio. Pensa que através da autonomia
coloca os alunos em contato
com verdadeiras responsabilidades. Todo o processo se resume em aprendizado. Respeito e confiança são palavras
chave entre o diretor e presidente do grêmio, pois, segundo
Sozo, hoje há um diálogo bem
estabelecido, ao contrário de
suas experiências durante a di-
Pesquisas eleitorais não
influenciam o eleitor
Os institutos de pesquisa
acabam atuando, em
períodos eleitorais, como
verdadeiros termômetros
da população. Os institutos
afirmam que retratam
o que o eleitor quer
nas urnas.
Divulgação
Marco Sozo e Gabriel dos Santos, a trabalho
Adolescentes voltam a se
interessar pelo voto no RS
Crédito ???????
Nathalia Kurtz
André Freitas
Segundo o gerente do Ibope no Rio Grande do Sul, Domício Torres, as pesquisas eleitorais são simples resultados
matemático, e não influenciam
os eleitores em sua decisão na
hora de votar.
“No instituto realizamos um
estudo, antes de irmos realizar
as coletas, temos um processo demorado que começa
com estudos das regiões”, explica Torres. “O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) fornecem o
material para os institutos codificarem e qualificarem o universo a ser pesquisado. Desses dados rea­lizamos as pesquisas em uma cidade como
Porto Alegre, por exemplo.
Eles são primordiais para formar o perfil dos entrevistados
que são separados da seguinte forma: pela quantidade de
homens e mulheres, pelo grau
de escolaridade, pela condição civil e ramo profissional
dos pesquisados”, explica Domicio Torres.
tadura militar.
“Os problemas da escola
são os problemas do mundo”,
afirma ao comparar os processos de eleições escolares e municipais. Percebeu que a campanha foi feita em cima de popularização, e isso para ele é
algo negativo. Sobre o futuro
dos líderes estudantis, preocupa-se: “A partir do momento em
que se vota em uma pessoa e
não em um projeto, o debate é
surdo, e a tentativa da escola
em politizar futuros cidadãos se
torna inútil”.
Leitor decide em quem votar
Quando questionado a respeito da influência das pesquisas o gerente é taxativo: “O
eleitor é soberano na hora do
voto, as pesquisas são amostra
do que a população pensa, e
não decidimos o que eleitor irá
votar, mas sim mostramos as
tendências do que a população
esta pensando”.
Segunda a diretora de Projeto do Instituto Methodus Pesquisa e Análise de Mercado,
Margrid Sauer, as pesquisas
eleitorais também não influenciam os eleitores na hora do
voto nas urnas. “Nosso diferencial é que realizamos uma
amostra mais detalhada em cada região mapeada, por isso
temos um grau de acerto
maior”, declara a diretora.
O Ibope e o Methodus utilizam os mesmos métodos de
pesquisa: as perguntas induzidas e espontâneas para realização de suas pesquisas.
Nas ruas, a população demonstra preocupação com a
influência das pesquisas sobre
o voto. O metalúrgico Geison
Almeida declara que as pesquisas influenciam as pessoas, que
não têm conhecimento aprofundado sobre os candidatos.
Para o Engenheiro Mecânico Alexandre Basso, “as pesquisas eleitorais influenciam o
eleitor dependendo do nível intelectual do eleitor, mas salienta que as pesquisas devem ser
divulgadas”.
O economista Sérgio Barbosa diz não se influenciar com
as pesquisas, mas que algumas
delas deixam-se levar por pesquisas. O metalúrgico José Carlos Duarte afirma que “não acretido nas pesquisas, elas não
falam a verdade, são realizadas
para influenciar as pessoas”.
Coordenadora de Marketing, Dóris Gharcia, relata que
as pessoas gostam de votar em
quem está ganhando, isso é do
ser humano, por isso elas influenciam, principalmente no
segundo turno.
Quantidade de menores
de 18 anos aptos a votar retoma número de 2004. Segundo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul
(TRE-RS), 180 mil eleitores
com 16 e 17 anos estão cadastrados para votar no dia
5 de outubro no Rio Grande
do Sul.
Faltam algumas semanas
para o pleito que irá decidir
quem serão os vereadores
que estarão à frente da casa
dos legisladores em 2008, assim como o prefeito. A regra Legenda ???????????????
estabelecida pela Justiça Eleitoral é que para os jovens de nores de 18 anos cadastrados
16 anos o voto é facultativo, no TRE-RS. Esse número
ou seja, não é obrigado a com- aponta uma retomada de inparecer às urnas para a esco- teresse do jovem pelo voto,
lha dos novos representantes que tinha caído desde os 189
do governo, e quem completou mil aptos em 2004. Conforme
18 é obrigado a votar.
o Tribunal Superior Eleitoral
“Quando ganhamos o di- (TSE), as eleições de 2006 rereito de voto, ganhamos o di- gistraram queda no voto fareito de voz”. Essa é a visão da cultativo jovem, com adesão
estudante Bruna Vilela, 17 de 138 mil entre 16 e 17 anos
anos.
no Estado.
Também, entusiasmado,
Alguns dos diferenciais na
Felipe Dias, 16, deixa claro sua hora do voto, segundo Fernanopinião: “vou votar pela primei- da Azevedo, 16, são as prora vez esse ano e estou feliz postas apresentadas: “Acredipor isso, pois só posso cobrar to que como eu, a maioria acha
os meus direitos quando esti- que o melhor candidato é
ver fazendo os meus deveres, aquele que promete melhorias
e acho que todo cidadão tem na educação básica, saúde e
como dever, votar”.
mais empregos. Mas lógico, é
Eles integram o grupo de preciso cumprir”.
cerca de 180 mil eleitores meJovens são a favor do voto
facultativo.
Apesar de estarem votando por opção, de dez jovens
entrevistados, nove são contra
o voto ser obrigatório no Brasil.
Matheus Cavallini, 19, demonstra-se incomodado: “me
sinto pressionado, o Brasil parece estar sempre fora das boas práticas de países desenvolvidos”. Considerando entre
essas práticas a não obrigatoriedade do voto.
“O voto obrigatório é uma
imposição e em um País democrata não pode haver imposições”, disse Azevedo.
“Vou votar porque quero, porque acredito que o Brasil possa melhorar, mas existem pessoas que não pensam como
eu e tem que votar”, completa
a estudante.
Especial
Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Dezembro de 2008
Fotos: Asaph Borba
 mundo
Frankfurt, onde o passado e o
futuro se encontram no presente
S
Asaph Borba
Situada às margens do
Rio Main, no coração da
Alemanha, Frankfurt é
uma cidade que une no
presente seu passado e
futuro. Por sua importância
industrial, comercial,
financeira e turística
tem se tornado um
dos destinos mais
procurados da Europa.
Fundada pelos Celtas por
volta do ano 100 a.C., e povoada por Romanos, Francos e
Germanos nos séculos seguintes, a cidade foi palco de importantes acontecimentos. Depois de uma história conturbada, que inclui as duas grandes
guerras do século 20, Frankfurt
tornou-se uma metrópole Européia e o terceiro maior centro
financeiro mundial. Segundo
dados históricos da Enciclopédia Britânica, por muito tempo
Frankfurt am Main, que quer dizer passagem dos francos sobre o rio Main, foi autônoma.
Manteve-se como cidade-estado por muitos séculos, e ganhou importância política a partir de 1356, quando o Imperador
Carlos IV designou a cidade como o lugar em que os reis germânicos eram coroados e onde
reunia-se o parlamento dos diversos principados alemães.
Em 1866, a cidade foi incorporada à Prússia, perdendo sua
autonomia. Desde então, firmou-se como um centro econômico, turístico e cultural.
Com a revolução industrial no
século 19, Frankfurt passou a
atrair imigrantes, primeiramente
vindos de todas as partes da Alemanha, depois judeus, turcos, e
mais tarde, pessoas de outras
nações européias, americanas,
africanas e asiáticas, que também começaram a chegar.
Segundo o site oficial de
Frankfurt (www.frankfurt.de), os
imigrantes representam hoje um
total de 24% da população de
664 mil habitantes. De acordo
com a presidente da Câmara de
Comércio, Petra Roth, “Frankfurt
é a menor metrópole do mundo,
onde, em breves percursos, há
muito a descobrir”, e depois
conclui,“venha de onde vier, um
visitante irá sempre encontrar
pessoas que falam o seu idioma
e um restaurante onde servem
um prato típico de seu país”.
Durante a Segunda Guerra
Mundial (1939 a 1945), a cidade
Fonte Milenar
Estátua de Göethe
foi seriamente destruída, mas
pela força de seu povo e ajuda
internacional, foi reconstruída
nas décadas seguintes, passando a ser a metrópole de hoje.
Frankfurt, às margens do Rio Main
Vida Cultural
Por ser o berço de poetas
e pensadores como Johann
Göethe e Theodor Adorno, a
cidade oferece uma intensa
agenda cultural. Os seus museus estão entre os mais disputados da Europa, assim como os teatros, que apresentam
uma diversidade de eventos
que englobam todas as artes,
agradando aos mais diferentes
gostos e idades. Os festivais
folclóricos e literários, assim como sua ópera, fazem da cidade
um point para quem aprecia a
boa música e a arte em geral,
pois, alí ocorrem quase mil
eventos anualmente.
Uma das atrações é o Teatro Frankfurt, não só por sua
beleza arquitetônica, mas também por seu valor histórico e
cultural. Conforme Ann Lore
Sundberg, moradora local desde pequena, a vida cultural é
inesgotável. Ela afirma que “pela diversidade de povos e raças
que temos aqui a programação
da cidade é diversificada e nunca é monótona”.
Arquitetura
A paisagem arquitetônica
de Frankfurt é de tirar o fôlego.
Os seus arranha-céus misturam-se às construções seculares, a maioria delas, restauradas. O centro histórico, com
seus prédios medievais e sua
fonte milenar, está entre os locais mais visitados, assim como
a principal igreja da cidade, a
Catedral de São Bartolomeu,
Estação Central com trem ICE ao fundo
Turismo sobre o Rio Main
onde se pode ouvir em vários
horários do dia o magestoso
órgão de tubos. Próximo ao
centro estão muitos museus,
estátuas e peças originais bem
conservadas do tempo de Carlos Magno e outros imperadores alemães. Há também parques que no verão ficam repletas de pessoas ávidas por sol
e vida ao ar livre.
Gastronomia
Em conseqüência da imigração, pode-se encontrar por
toda parte, diferentes tipos de
bares e restaurantes, que servem os mais diversos pratos.
É possível também saborear a
cozinha típica alemã, que na
região tem influência da Bavária. As cervejas oferecidas são
de vários tipos e procedências,
assim como com a salsicha alemã, que ali é chamada de frankfurter. A gaúcha e descendente de alemães, Lígia Blauth, que
esteve várias vezes na cidade,
sugere que “no mercado público central a salsicha boch, servida com mostarda e chucrute,
acompanhada de uma cerveja
waissenbeer, é imperdível”.
Eventos
Sede financeira do Mercado
Comum Europeu, a cidade
conta com mais de 300 bancos, assim como a movimentada bolsa de valores de Frankfurt, uma das mais importantes
do mundo. Em razão disso,
concentra eventos de todos os
tipos, bem como: feiras, congressos e exposições, que enfocam finanças, ciência e tecnologia, tudo isto apoiado por
uma vasta rede de hotéis. Mesmo com o crescimento, a metrópole alemã não perdeu seu
charme e glamour, e continua
sendo uma cidade acolhedora
e alegre. Natural de Munique,
o comerciante Willie Bretas, em
visita à cidade, afirma que a segurança, tanto durante o dia
quanto à noite, é um ponto forte e diz: “aqui a gente pode andar tranqüilo, pois há policiamento em toda parte”. Ele conclui que ”do jeito que anda o
mundo é difícil uma cidade assim, onde as pessoas podem
andar sem medo de serem assaltadas”.
Passeiar de barco pelo Rio
Main, que corta a cidade, também é possível, dele se pode
ter uma visão da parte histórica,
onde a metrópole surgiu. Na região metropolitana, os pequenos trens elétricos e coloridos
dão um charme todo especial.
É possível, também, viajar
Órgão de tubos na catedral de São Bartolomeu
Prefeitura antiga
Arquitetura tradicional
a qualquer cidade próxima, como Stutgard, Heidelberg ou
Colônia, nos rápidos e confortáveis trens ICE, que atingem
até 350 km. por hora.
Compras
Frankfurt é um local para
boas compras, onde encontrase de tudo. Ali estão as principais redes de lojas européias
e americanas, que concentram
as principais marcas e grifes.
Nas áreas de tecnologia, áudio
e vídeo, assim como de equipamentos industriais e mecânicos, diversidade, qualidade
e bom preço são pontos altos
de Frankfurt.
Por tudo isso, essa cidade
milenar é um dos locais deste
planeta onde o passado e o futuro se encontram em um presente construído com muita cultura, riqueza e modernidade.
Teatro Central, onde funciona a ópera
Saiba mais
http://www.frankfurt.de
Cultura
Dezembro de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
 teatro
POA em Cena, 15 anos de espetáculo
Ana Paula Maciel
P
Ana Paula Maciel
Porto Alegre Em Cena
completa 15 anos
Há 15 anos, o Em Cena
coloca em cartaz, nos
palcos e ruas de Porto
Alegre, espetáculos de
vários países.
O mais reconhecido evento
da cidade, o festival internacional de teatro Porto Alegre Em
Cena, entre 2 e 22 de setembro,
comemorou seus 15 anos de
existência em 62 espetáculos
procedentes de Dinamarca, Argentina, Uruguai, Brasil, Estados Unidos, Portugal, Itália,
França e Espanha. O ano de
2008 é dedicado à celebração
do teatro. O festival presta homenagens a outros parceiros
locais que também comemoram datas representativas, como 150 anos do Theatro São
Pedro e a Tribo de Atuadores
Oi Nóis Aqui Traveiz, que completa 30 anos de criação artística ininterrupta, em uma edição
especial com grandes atrações
internacionais e brasileiras, de
teatro, dança e música. Essa
edição contou com a apresentação de um álbum retrospectivo sobre a história do Em Cena e as grandes personalidades
que fizeram parte desses 15
anos. O álbum é recheado de
fotos e verbetes especiais, contando a história dos músicos,
Os 150 anos do Theatro São Pedro foram homenageados pelo Porto Alegre em Cena
atores, atrizes, grupos, coreógrafos, diretores e espetáculos,
além de um apêndice com todas as edições do festival. Nomes como Paulo Autran, Celso
Frateschi, Linneu Dias, Antônio
Nóbrega, China Zorrilla, estão
no rol das personalidades catalogadas. Os três mil exemplares da publicação serão distribuídos gratuitamente para escolas de teatro, companhias
teatrais, secretarias de cultura
e bibliotecas.
A maior de todas as edições
da história do festival internacional de teatro Porto Alegre Em
Cena começou quebrando recordes já no primeiro dia de venda de ingressos: 60% dos 64
espetáculos esgotaram-se em
questão de horas. O evento iniciou no dia 2 de setembro com
a performer e compositora
De casa para o mundo
Pedro Guilhon
O povo brasileiro é que
mais tempo passa conectado
à internet. Em julho, o acesso
residencial registrou 23,7 milhões de usuários ativos e estabelece-se um novo recorde
de tempo conectado: os brasileiros passaram, em média,
um dia inteiro conectados à internet, segundo pesquisa IBOPE de 8 de agosto. Neste ambiente, em que mais pessoas
têm acesso à internet, cresce
cada vez mais um novo ramo
da produção musical, a produção caseira.
Bandas brasileiras como a
paulista Cansei de Ser Sexy
(CSS), sucesso na Europa, Estados Unidos e Japão, só ficaram conhecidas através de downloads gratuitos em sites de
divulgação musical. Hoje, as
meninas do CSS já fizeram turnês por três continentes e a
música delas”Music is my hot
hot sex” foi tema da campanha
internacional do Ipod Touch, da
Apple.
“Produzido em casa é associado a mal feito, mas não é
bem assim, o que se precisa é
de bom gosto, investimento e
uma boa dose de dedicação”.
É o que diz o estudante de Sistema de Informação, Fernando
Carvalho, 26 anos, também
conhecido como Dinei. Além
de beatmaker, (produtor de batidas), Dinei é MC, compõe letras de música rap, grava em
casa com o auxílio do computador no qual opera programas
de gravação profissionais como Pro Tools e CuBase, sobre
Pedro Guilhon
americana Laurie Anderson.
Criado em 1994, o Porto
Alegre Em Cena sempre se destacou pelo ineditismo e ousadia
de sua programação e inestimável contribuição às artes cênicas gaúchas, trazendo à cidade alguns dos grupos mais
importantes dentro do teatro,
música e dança, não só do Brasil, mas de todo o mundo.
Realizado pela Prefeitura,
por meio da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), o festival
já é, hoje, ponto de referência
cultural e artística de nossa cidade. Colocando à disposição
do público, anualmente, em torno de meia centena de espetáculos a preços populares, em
praças públicas, teatros e espaços alternativos espalhados
pela cidade, o Em Cena tem
uma média de 100 mil espec-
tadores a cada edição.
Consolidado como um dos
maiores festivais de artes cênicas da América Latina, durante
um mês, Porto Alegre vira palco
e mesa de debates para artistas
e profissionais de teatro que estarão conversando, interpretando, atuando, instigando, diversificando linguagens, discutindo
propostas e, acima de tudo, encantando o público.
Desde 1994, 31 países e 12
estados brasileiros integraram
a grade de programação, com
692 espetáculos e todos ocorreram em mais de 40 locais diferentes, entre teatros, shoppings, galpões industriais, espaços
alternativos e bairros periféricos
da cidade, dentro do projeto de
Descentralização da Cultura
com um público de aproximadamente 700 mil pessoas.
O Porto Alegre em Cena se
tornou o festival brasileiro que
apresenta o melhor da produção teatral contemporânea nacional e internacional, em sua
plenitude e diversidade de estilos, contemplando a platéia
com espetáculos inéditos no
Brasil. A capital já recebeu nomes como Peter Brook, Hanna
Schygulla, Denise Stoklos, Maria Bethânia, Paulo Autran, Tônia Carrero entre outros. A grande festa do teatro se encerra
dia 22 de setembro, com a entrega do Prêmio Braskem, no
Theatro São Pedro.
Palácio Piratini guarda
acervo histórico
Renato Quintana
Renato Quintana
Fernando “Dinei”: beatmaker independente
os quais se refere. “Aprendi sozinho, mexendo”.
Segundo ele, é possível fazer praticamente todo o processo em casa, desde a gravação até divulgação que é
feita por meios eletrônicos como blogs, fotologs, sites de
relacionamentos e, principalmente, de alguns sites direcionados especificamente à música como o Myspace. Dinei
completa dizendo: “eu ainda
não tenho tempo pra fazer disto uma fonte de renda, o retorno vem se as pessoas gostam
da música, se identificam, se
um número muito grande de
pessoas passa a gostar você,
tem uma boa chance de fazer
sucesso”.
Para o músico Yeshua Jahmiliano, 25, membro da banda
de reggae Santíssima Trindade, a produção caseira vem
não só para facilitar a ascensão de novos talentos, mas
também para manter a qualidade e a liberdade das criações. “As gravadoras, muitas
vezes distorcem a criação do
artista a modulando para ser
mais vendável”.
A página do músico no Myspace tem uma média de cem
acessos por dia e já gerou contatos para shows além de divulgação em vários locais do Brasil. “Só de pensar que cem pessoas por dia escutam minhas
musicas já é gratificante, para
se atingir cem pessoas, dez
anos atrás, você teria que ter
lançado um CD, eu ainda vou
lançar o meu e milhares já ouviram”, completa o músico.
Segundo o estudante de
jornalismo, Leonardo Silva, 22,
que produz e apresenta um
programa de rádio on-line, a
produção caseira e a divulgação por meio da internet são
o caminho a ser seguido pelas
bandas que querem despontar
no meio musical. “Por meio da
internet eu já conheci vários
artistas novos, tanto de Porto
Alegre como de outros lugares
e tive a oportunidade de entrevistar gente até do Recife”.
Sede do Governo Estadual
do Rio Grande do Sul, o Palácio
Piratini possui um amplo espaço cultural aberto à população
e abriga em seu interior painéis
pintados pelo artista francês Aldo Locatelli e inspirados na lenda do negrinho do pastoreio,
um dos ícones do folclore gaúcho. O Palácio é um dos principais pontos turísticos da Capital, aberto de segunda à sexta-feira, das 9h às 17h, à visitação pública.
O Palácio serviu de cenário
para importantes fatos e trajetórias de diversas personalidades políticas do Estado. Neste
ano, o Palácio Piratini completou 87 anos de história e cultura. O prédio, situado na Praça Marechal Deodoro, mais
conhecida como praça da Matriz, possui um importante acervo de arte. Segundo o funcionário do Palácio Piratini, Renato Ortiz, o monumento possui
peças vindas da França e painéis que foram pintados por
Aldo Locatelli, destacando-se
também a lenda do Negrinho
do Pastoreio que relata a força
política gaúcha.
A funcionária do Palácio Piratini Lúcia Melechi descreve
que no saguão principal que liga as alas governamental e residencial existem esculturas
que representam a agricultura
e a indústria gaúchas, sendo
que na fachada principal estão
obras criadas pelo artista fran-
Palácio Piratini, 87 anos de história
cês Paul Landowski, criador do
Cristo Redentor do Corcovado,
no Rio de Janeiro.
De acordo com o site oficial
do Palácio Piratini, desde 1921,
ano em que foi fundado a sede
do Governo, passaram 25 políticos, entre eles interventores,
presidentes de província e go-
Visitacão
O Piratini é aberto à visitação
pública, acompanhadas por guias.
As visitas podem ser realizadas de
segunda às sextas-feiras, das 9h
às 17h, (menos nas quintas-feiras à tarde), em português, inglês,
francês, espanhol e libras, a linguagem dos deficientes auditivos. Atualmente, a visitação está
restrita ao térreo, porque o piso
de todo o andar superior deve ser
substituído. A visitação aos salões
vernadores eleito e nomeados.
O edifício foi incluído no projeto monumental do Ministério
da Cultura com apoio do BID e
Unesco, voltado à revitalização
de centros históricos do Brasil,
e desde 1986 é considerado
patrimônio histórico e artístico
nacional.
nobres deve voltar a ser aberta ao
público em 2009.
agendamento
Agendamento de visitas:
51 3210-4170
51 3210-4169
51 3210-4168
E-mail:
[email protected]
Tempo aproximado de passeio: 20 minutos.
Cultura
Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Dezembro de 2008
Fotos: Asaph Borba
 religião
História de fé
M
Asaph Borba
Muito se ouve falar sobre
as três religiões que mais
influenciaram, e ainda
influenciam a história, mas
poucos sabem como
surgiram e quais são as
semelhanças e diferenças
que existem entre elas.
O Judaísmo, o Cristianismo
e o Islamismo são religiões muito próximas. E, nesta ordem,
foram nascendo, relacionadas
umas com as outras, tomando
lugar e força no decorrer da história.
Judaísmo
A religião monoteísta mais
antiga, o Judaísmo, tem na Torá, (que são os cinco primeiros
livros da Bíblia escritos por Moisés), nos Livros dos Profetas e
nos Salmos, suas principais
fontes de doutrina e ensino. Os
Judeus crêem que esses livros
sagrados foram escritos por
inspiração divina no decorrer da
história de Israel, e são chamamos, na Bíblia que conhecemos, de Antigo Testamento.
A crença judaica nasceu
com o patriarca Abraão (1800
a.C), desenvolveu-se na Palestina e firmou-se como uma religião solidificada, após o êxodo
do Egito, quando Moisés recebeu a Lei direto da boca de
Deus, no monte Sinai.
Como povo escolhido e dirigido por Jahvé (Deus), conquistaram a terra prometida,
povoada por povos nômades
de origem árabe, semita e palestina, e estabeleceram seu
reino dividido em doze tribos.
Mais tarde Davi, seu principal
rei, estabelece Jerusalém como
capital, que durou até o ano 70
d.C, quando foram totalmente
dominados pelos Romanos.
Por fim os judeus dispersaramse pelo mundo.
Por causa de seus profundos laços de sangue, família e
fé, e estruturados em rígidos
costumes e tradições de vida,
os Judeus, assim como o judaísmo, nunca deixaram de
existir, pois mesmo fragmentados por todo o mundo, subsistiram como povo e raça.
Seus líderes religiosos, cha-
O Alcorão, livro sagrado islâmico
mam-se rabinos e são responsáveis pela continuidade da religião e dos costumes, não permitindo o convívio amplo, casamento ou mesmo sociedade
com não judeus. Tem no sábado seu dia de descanso.
Em 1948, quando a ONU
estabeleceu novamente o estado de Israel na Palestina, não
foi difícil para os Judeus de todo o mundo se unirem e voltarem para a “Terra Prometida”,
que na época era ocupada por
palestinos islâmicos e colonos
judeus.
Com a ajuda estrangeira, os
judeus venceram vários conflitos armados com os árabes
que tentaram evitar a instalação
do novo estado. Gradativamente, Israel impôs-se como nação
e Jerusalém voltou a ser a capital religiosa, unificando assim
os vários ramos do Judaísmo
moderno.
Cristianismo
A fé Cristã, surgiu também
em Israel durante a decadência
política do estado Judeu, quando já eram dominados pelos
Romanos.
Jesus Cristo, homem simples, judeu, com um ensino profundo, confrontou a religiosidade e os costumes da época.
Conta a história descrita nos livros bíblicos, que este Rabi
(mestre) como era chamado, foi
revestido de um poder sobrenatural que lhe fora delegado por
Deus, realizando muitos milagres, e através de sua pregação,
revigorou a fé do povo, atingindo também romanos e gregos
que por ali transitavam.
Os Evangelhos que são livros escritos por discípulos de
Cristo, relatam que, aos 33
anos, Jesus morreu crucificado
por judeus e romanos, que não
tinham interesse que seus ensinos se propagassem, pois feriam as práticas religiosas judaicas e mexiam com a ordem
social reinante. Porém, no terceiro dia depois de sua morte,
ele ressuscitou, contam os textos bíblicos. Depois disso, reuniu seus discípulos por mais
quarenta dias e os enviou pelo
mundo com uma mensagem
de amor e esperança que transformaria o mundo.
A base do cristianismo foi
colocada nos Evangelhos e nas
cartas, escritas no primeiro século por discípulos e seguidores de Cristo. Essas epístolas,
formaram o Novo Testamento,
conhecido hoje. Os principais
ensinos são: amor a Deus e ao
próximo, verdade, integridade,
casamento estável, família e
perdão, e tem no domingo seu
dia santo.
Com o tempo, o Cristianismo foi se distanciando paulatinamente desses ensinos originais, tornando-se ainda nos primeiros séculos depois de Cristo, mais uma força política, do
que uma expressão de fé, que
a princípio sofreu oposição, por
parte de romanos e judeus, mas
depois de o Imperador Constantino, “cristianizar” o império,
no ano 300 d.C., os “cristãos
passaram também a oprimir, e
em muitos casos fez pagar com
a vida seus opositores”.
Próximo ao ano 500 d.C.,
alguns “dogmas”, impostos por
Roma, começaram a gerar conflitos, principalmente nos pontos
mais distantes no Oriente Médio. Dentre estas normas, a canonização de pessoas, chamados “santos”, distanciavam do
culto original a Deus e a Cristo,
considerado o filho de Deus. E
foi a canonização de Maria, que
de simples mãe de Cristo, passou a ser chamada e cultuada
como mãe de Deus e rainha dos
céus que gerou grande objeção
das igrejas do oriente. Em toda
esta região o cristianismo foi fortemente influenciado por judeus
convertidos ao cristianismo que
tinham herança monoteísta (que
venera um Deus único), e o culto aos santos retirava o foco
desse Deus soberano.
Segundo o Bispo da Igreja
Metodista, Luis Virgilio, foi a
perda da simplicidade o principal fator que propiciou o esfriamento do cristianismo no oriente: “a igreja romana, não apenas
perdeu a simplicidade, mas começou buscar a todo preço o
poder político se afastando assim de Deus”, explica.
Islamismo
Dentro desse contexto, por
volta do ano 610 d.C., Maomé,
um comerciante árabe das pro-
Bíblia Sagrada: o vinho e o pão simbolizam no cristianismo o corpo e sangue de Cristo
ximidades de Meca, no centro
da península da Arábia, conhecedor da fé cristã e também do
judaísmo, começou ter algumas “visões” de Deus.
A princípio, seu ensino foi
bem aceito até mesmo pelos
cristãos e judeus locais, por
apontarem ao monoteísmo. Suas revelações, depois escritas
no Alcorão, que em muitas partes é claramente inspirado em
imagens e personagens bíblicos, foram difundidas rapidamente por toda a região. Porém, sua pregação, o Islã, apesar de monoteísta, e com forte
ênfase na oração e na fé pura
e piedosa, dava também margem à guerra, à conquista pela força e à imposição dessa fé
pela espada.
O Profeta, como passou a
ser chamado, também instituiu
a poligamia, tendo ele mesmo
40 esposas, o que foi imedia-
tamente rejeitado por cristãos
e judeus. Muhamed Asmer, conhecedor da cultura islâmica,
afirma, “a poligamia, que foi
uma das bandeiras do Islã; apesar de ser liberada pelo cânone
religioso, não é mais aceita pela maioria da sociedade na região.
Depois da morte de Maomé,
seus seguidores iniciaram conquistas para levar a nova fé para fora do mundo Árabe. Aproveitando o enfraquecimento
político deixado pela queda do
império romano, os árabes levaram sua fé primeiramente ao
norte da África, chegando até
a Península Ibérica (Portugal e
Espanha). Pelo outro lado, conquistaram Jerusalém, chegando até a Turquia.
Com este crescimento, surgiu, então, o contra-ataque.
Cristãos europeus, insuflados
por papas e reis, que haviam,
Talmut: Javhé (Deus) fala diretamente com Moisés no Monte Sinai
entre outras coisas, perdido as
rotas comerciais com o oriente
devido o crescimento do Islã,
resolveram, em nome da libertação de Jerusalém, iniciar as
Cruzadas. Dessa forma, verdadeiros exércitos formados por
soldados de diferentes nações
navegavam e marchavam para
o oriente tendo a cruz e a espada como força de libertação.
Assim como o Islã havia feito, os cruzados levaram morte
e destruição aos árabes de todo o oriente médio, dando início
ao conflito que existe até o dia
de hoje.
As três religiões apesar de
divergentes, convivem sem
maiores conflitos no mundo civilizado, porém, onde uma delas é minoria, como por exemplo no oriente médio, há rígido
controle, perseguição e intolerância.
10
Educação
Dezembro de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
 lei
Diploma de Jornalismo está ameaçado
José Antonio Meira da Rocha
Jaqueline Cavalini
O
O Supremo Tribunal
Federal (STF) está
prestes a julgar o
Recurso Extraordinário
(RE) 511.961, que
desregulamenta a
obrigatoriedade do
diploma em Curso Superior
de Jornalismo, o que
vai significar o fim da
profissão regulamentada.
O 33º Congresso Nacional
dos Jornalistas, movimento sindical nacional da categoria, realizado em São Paulo de 20 a
24 de agosto, teve como pauta principal a atualização da regulamentação profissional e
qualificação acadêmica para o
curso de jornalismo. O evento
reuniu representantes da Federação Nacional dos Jornalistas
(FENAJ) e 31 sindicatos de jornalistas de todo o país, que participaram de uma manifestação
em defesa do diploma de jornalismo. O objetivo foi esclarecer à população que cabe ao
STF a decisão final sobre a obrigatoriedade da formação superior específica para o exercício da profissão.
O membro da direção do
Sindicato dos Jornalistas Profissionais/RS e professor do
Centro Universitário Metodista
, Léo Nuñez, tem plena convicção de que a formação profissional é essencial. “O jornalismo
Jornalistas em manifestação pela legalidade do diploma
é basicamente o conjunto de
três elementos, cultura, técnica
e ética, e a vivência disso, somente a universidade pode
passar. Acredito que as faculdades também são responsáveis por mostrar a qualidade
dos alunos que estão formando, pois o mercado de trabalho
não reconhece”.
O professor de jornalismo
do Centro Universitário Metodista, Ricardo Militão, afirma
que este debate sobre o diploma não é relevante, mas divide
a categoria, se tornando um
debate simplificado, que não
mostra a realidade do jornalismo, impondo quem é contra ou
favor do diploma. “O fato de
um jornalista ser diplomado,
não é garantia de um bom jornalismo. Hoje em dia, é necessário uma formação de qualidade. A sociedade brasileira
precisa de bons jornalistas com
ou sem diploma. Estudar é maneira mais fácil de aprender, o
diploma é uma questão óbvia,
que não deveria ser discutida,
pois é um processo irreversível”, afirmou o professor.
Conforme Militão, a alegação de que irão contratar pessoas com outra formação para
trabalhar no lugar dos jornalistas não se sustenta, porque nos
grandes centros isso não acontece, pois a preferência é por
estudantes de jornalismo. Essa
Nova lei muda relação
de estagiários e empresa
Gabriela Azevedo
Brechas na lei podem provocar exploração dos estagiários
Gabriela Azevedo
Para agradar seus chefes,
muitos estagiários fazem o trabalho de funcionários, porém
sem os devidos direitos trabalhistas. É o caso da carga horária semanal não estabelecida
e da ausência do período de
férias. Não é de hoje que se
ouve falar em exploração, principalmente, quando as vítimas
são estagiários. Entretanto, o
projeto de lei nº 2.419/07,
aprovado pela Câmara dos Deputados, deve trazer novas regras para essa situação.
O projeto dita as novas re-
gras de estágio no País. A matéria agora só depende da
sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A partir de
então, empresas, instituições
de ensino e estudantes terão
que se adaptar às mudanças.
Uma delas, por exemplo, agrada muito aos estudantes. Ao
completar um ano estagiando,
o aluno terá direito a 30 dias
de férias.
E a preferência é que sejam
tiradas no período do recesso
escolar. Outra novidade é
quanto à limitação da jornada:
os estágios devem ter, no máximo, seis horas diárias e 30
semanais, exceção para os
alunos da Educação Especial
e dos anos finais do Ensino
Fundamental, que não poderão ultrapassar quatro horas
diárias e 20 horas semanais.
Nos períodos de prova, os estudantes vão ganhar mais
tempo para estudar, com a redução da jornada diária. O
projeto determina também
que a duração do estágio, na
mesma empresa ou instituição, não poderá exceder o
prazo de dois anos. Nos estágios considerados optativos, será obrigatório o pagamento da bolsa-auxílio. E, durante o período de férias, ela
deverá ser paga integralmente. Com a nova lei, vale-transporte também passa a ser
obrigatório. Tíquete-refeição e
assistência médica podem ser
oferecidos, mas não caracterizam vínculo empregatício.
O estudante de Publicidade, Felipe Navarro, 18 anos,
estagiário há 3 meses, contou
que até então nunca foi explorado e que gosta muito de estagiar. Porém, ele diz que se
sentiu pressionado a fazer outras funções não vinculadas.
Sobre o projeto de lei, Navarro
concorda e acha que vai melhorar bastante a relação do
estagiário com a empresa. A
empresária, Fernanda Cerbaro, 29, concorda com a nova
lei. “Acredito que os estagiários
devem ter os mesmos direitos
de um contratado”.
discussão sobre o diploma, seria uma questão de reserva de
mercado. “Não estou preocupado com diploma, e sim, em
formar bons jornalistas, pois é
isso que o Brasil precisa”, afirmou.
A juíza federal Carla Rister
concedeu liminar a uma ação
civil pública, desobrigando
qualquer cidadão de portar diploma de nível superior na área
para conseguir registro profissional de jornalista, alegando
que o Brasil é o único país que
exige diploma de curso superior. Também criticou o fato da
regulamentação da profissão
ter decorrido de decreto expedido em ditadura militar.
O principal motivo para que
a juíza concedesse a liminar
contra o registro da profissão,
foi a ação movida pelo Ministério Publico Federal, a pedido de
três empresas de comunicação, o jornal Folha de São Paulo, a revista Veja e a emissora
de televisão Globo, que entraram com um processo argumentando que a regulamentação profissional vai de encontro
ao artigo quinto da Constituição
de 1988 que garante a liberdade de expressão.
Conforme a coordenadora
do curso de Jornalismo da Intituição Metodista, Mariceia Benetti, esta atitude da grande imprensa brasileira é desqualificada e reflete a postura de empresa, onde estão impregnados o
poder econômico e político.
“Acredito que a qualificação profissional passa pela acadêmica.
Toda a profissão que busca a
qualificação, deve sim reconhecer a importância de um diploma. Significa um profissional que
refletiu as questões da ética, que
refletiu as orientações teóricas
da profissão e teve um quadro
docente qualificado para orientá-lo no conhecimento do trabalho prático. Só aceita um profissional sem diploma a empresa que não busca a qualidade”,
afirmou a coordenadora.
O jornalista e presidente do
Sindicato dos Jornalistas/RS,
José Maria Rodrigues Nunes
afirma que a sociedade esta
ciente que precisa de informação de qualidade, mas precisa
reconhecer a formação do profissional através do diploma. “O
curso superior deve ser uma
exigência para o exercício do
jornalismo. O Brasil é um dos
poucos países onde se cobra
uma formação superior. E se
abdicarmos disso será um retrocesso. Um país, onde se incentiva a educação e que enfrenta sérias dificuldades” ressalta Nunes.
A FENAJ defende a formação profissional em cursos de
jornalismo de graduação com
quatro anos e, no mínimo, 2,7
mil horas-aula, como apontam
as diretrizes curriculares aprovadas após inúmeros debates
e congressos na área.“O resultado das mobilizações da FENAJ foi extraordinário, muitas
pessoas que nãotinham se
manifestado,tomaram sua decisão e participaram das manifestações, isso é importante
para representação da categoria”, afirma Léo Nuñez.
Confira entrevista na íntegra
com o presidente do Sindicato
dos Jornalistas/RS, José Maria
Rodrigues Nunes, no Portal
Universo IPA www.metodiatadosul.edu.br/universoipa.
Luta longa em defesa da categoria
A exigência do diploma para
exercer o jornalismo foi criada
pelo Decreto-Lei 972/69. Em outubro de 2001, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma
Ação Civil Pública na 16ª Vara Cível
da Justiça Federal de São Paulo
contra o decreto-lei. A juíza federal
Carla Abrantkoski Rister concedeu
liminar, para desregulamentação
do diploma de nível superior e registro profissional de jornalista.
Em primeira instância a decisão foi confirmada, a FENAJ recorreu, e o STF de São Paulo deu ganho de causa por unanimidade por
votarem a favor do diploma, mas
permitiu ao MPF entrar novamente
com a ação civil.
O STF está prestes a julgar o Recurso Extraordinário (RE) 51.1961.
Se for julgado a favor do mérito a
FENAJ não poderá recorrer novamente, será a decisão final.
Dúvidas predominam na
escolha para o vestibular
Simone G. Machado
Alunos da Escola Estadual Dom João Becker preparam-se para o futuro
Simone G. Machado
Ao chegar no último ano do
Ensino Médio, muitos adolescentes ficam em dúvida ou não
sabem qual curso vão fazer.
Nessa fase de pressão, esses
jovens acabam procurando ajuda, tanto familiar como profissional para fazerem a escolha
certa e para que não precisem
trocar de curso ao longo do semestre.
Em uma pesquisa realizada
com duas escolas públicas de
Porto Alegre, Dom João Becker
e Dom Diogo de Souza, dos
cem alunos entrevistados, 61
ainda não sabem ou estão em
dúvida sobre qual curso irão fazer. Segundo o site www.vestibular1.com.br, a cada três
vestibulandos, apenas um sabe
o que quer fazer. Uma das explicações é que esses futuros
universitários não sabem se a
escolha tem que ser feita pela
vocação ou pensando na carreira que é melhor remunerada
e que tem mais espaço no mercado de trabalho. A grande variedade de cursos também aca-
ba dificultando a escolha dos
estudantes.
Também, de acordo com
informações do site cerca de
20% dos universitários desistem da faculdade por não se
identificarem ou pela falta de
informação sobre o curso que
escolheram, como é o caso da
estudante de Educação Física,
Roberta da Rosa, do Centro
Universitário Metodista. Para
ela, a sua escolha aconteceu
quando o namorado passou no
ENEM, em Turismo. Ao vê-lo
pesquisar sobre o curso, acabou se interessando e optando
por ele também. “Meu pai também me influenciou a fazer essa escolha pensando que seria
o melhor para mim e para minha
carreira profissional”, declara
Rosa.
Ao longo do semestre, a jovem acabou trocando o Turismo pelo curso de Educação
Física, pois percebeu que sua
vocação e sua vida profissional
não tinham relação com a escolha anterior.
De acordo com a orientadora vocacional, Anete Bran-
dão Rubemich, da Escola Estadual Dom João Becker, se o
jovem está na faculdade e acabou percebendo que fez a escolha errada, o melhor que ele
tem a fazer é parar por um tempo e avaliar tudo em sua vida,
o que ele realmente quer para
seu futuro. Se o aluno está quase se formando, ela aconselha
a terminar e depois escolher
outro curso. Para Rubemich, os
adolescentes devem seguir algumas dicas para escolher o
curso certo.
Dicas úteis
1. Se informar sobre vários cursos.
2. Avaliar o mercado de trabalho.
3. Avaliar a remuneração.
4. Ver se há uma identificação
e vocação com a área escolhida.
5. Não ser influenciado por outras pessoas
6. C onversar com estudantes
universitários e com profissionais já formados.
Fonte:
Orientadora Anete B. Rubemich.
Saúde
Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Dezembro de 2008
11
 Doenças psiquiátricas
Sintomas determinam psicodiagnósticos
E
Julianna Uzejka
Estresse, bipolaridade,
síndrome do pânico
e ansiedade são
consideradas “doenças
do século 21”. Elas fazem
parte do dia-a-dia e
atingem cada vez mais
cedo jovens e crianças.
Para o psiquiatra André Picoral, 32 anos, as doenças do século nem sempre são ocasionadas por motivos concretos. Para
o psiquiatra, um dos maiores problemas em relação a elas é o desconhecimento das mesmas.
Segundo o psiquiatra, a síndrome do pânico consiste em
ataques de pânico inesperados,
disparados por algum evento
externo ou interno, causando a
sensação de morte iminente, o
que faz com que a pessoa acabe se isolando socialmente,
com medo de que ocorra um
ataque em público ou que um
evento externo dispare um ataque. Os sintomas mais comuns
são palpitações, contrações,
tensões musculares, rijeza e
pensamento rápido.
Estudante do curso técnico
de informática do Universitário,
Guilherme Silva, 18, encarou a
doença aos 17 anos, após um
assalto. Para ele, esse foi o motivo pelo qual teve a doença.
Já para a sua mãe, Luciana Sil-
va, 36, o motivo pelo qual seu
filho teve a síndrome do pânico
foi uma “junção”, como diz a
mãe, de vários fatores. A separação dos pais, a fase da adolescência que para todos é
complicada, as responsabilidades que passara a ter e, principalmente, “por ser muito quieto e guardar tudo para si”.
A bipolaridade, segundo Picoral, é uma doença que se
desconhece o tratamento, mas
se pode fazer um controle e
adaptação do indivíduo para
que esse possa ter uma melhor
qualidade de vida. Ela se caracteriza por uma variação cíclica
de humor (em momentos a pessoa está deprimida e em outros
está eufórica, em questão de
minutos). Essa variação traz dificuldades sociais para a pessoa
e, normalmente, o ciclo depressivo é ainda mais demorado.
A estagiária Fernanda Guardiola, 20, conta que lidar com
a bipolaridade não é uma tarefa fácil. Seu maior medo, “sem
dúvida alguma”, comenta ela,
era se matar. “A vida não fazia
mais sentido, eu tinha a necessidade de ficar sempre só e,
quando estava muito triste e
depressiva, não tinha nem mais
forças para viver”, conclui. A
mãe de Guardiola, Maria Cristina, 54, começou a notar a bipolaridade da filha através das
mudanças de atitudes. Sua
Julianna Uzejka
Medicamentos usados em tratamentos psiquiátricos
maior dificuldade era não saber
como agir com a filha e, se o
que fazia era o certo. O maior
medo da mãe era que sua única filha ficasse esquizofrênica.
“Não desejo para nenhuma
mãe o que passei com Fernanda, não existe dor maior do que
ver o filho mal e não saber o
que fazer”, diz a aposentada.
O quadro de ansiedade, segundo o psiquiatra, é diagnosticado, como transtorno de ansiedade generalizada (TAG). Os
sintomas freqüentes são: taquicardia; impaciência; sudorese;
dificuldade de concentração;
preocupações excessivas; incapacidade de relaxar; preocupações com desgraças futuras,
entre outros. Para se diagnosticar a ansiedade como doença
TAG, é necessário que esses
sintomas estejam presentes na
maioria dos dias do paciente,
pelo menos várias semanas,
geralmente meses.
diagnóstico
Com exceção da bipolaridade, que é uma doença crônica e que precisa de acompanhamento freqüente, as demais
quando tratadas não deixam
nenhuma seqüela. O que não
significa que as pessoas estejam curadas e que não voltarão
a apresentar mais sintomas.
Em alguns casos as caracte-
rísticas voltam a aparecer, mas
com menos intensidade e nunca como as do início.
Para o estudante do nono
semestre de Psicologia da Universidade do Vale do Rio dos
Sinos (Unisinos), Francisco
Crauss de Freitas, 23, todas as
pessoas passam por episódios
de estresse e ansiedade em suas vidas e, de acordo com a
intensidade e a duração desses
sintomas, é que se pode caracterizá-lo como doença ou não.
Conforme o estudante existe,
atualmente, uma banalização
de diagnósticos, quando por
exemplo, um pequeno desconforto, considerado normal na
maioria das pessoas, sobrevalorizado. No caso de ansiedade
e estresse, pode-se considerar
doença somente quando preencher os critérios dos manuais
de psicodiagnósticos, que contemplam a duração e a intensidade do quadro, comparando
com alguns sintomas provenientes dessas doenças. Síndrome do pânico e bipolaridade,
por exemplo, são doenças identificadas por esses manuais,
mas com características bem
diferentes. “Podemos sim considerar quadros de estresse,
ansiedade, bipolaridade e síndrome do pânico como doenças, tomando cuidado sempre
com os critérios utilizados para
tal”, afirma Freitas. Segundo ele,
um quadro de doença psicológica engloba fatores sociais,
biológicos e psicológicos e, para cada pessoa, o quadro se
instala de maneira diferenciada,
causando sintomas parecidos,
mas cada um com a sua particularidade. Normalmente, são
diagnosticados esses transtornos na fase da adolescência e
adulta. Crianças também podem ter episódios de estresse
e ansiedade generalizada, que
geram alguns sintomas, mas
são menos freqüentes.
Estudante do curso de Direito da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul
(PUCRS), Gabriela Araújo, 23,
conta que a depressão que teve aos 18 anos de idade foi causada pela “pressão” que seus
pais puseram na hora de escolher o curso para o vestibular.
Sua maior dificuldade era compreender os mesmos e, ao
mesmo tempo, impor sua vontade sem “machucá-los”, diz a
estudante. Para ela, tudo começou com uma tristeza e um
vazio no peito, o que a fez procurar um psiquiatra. Seu maior
medo na época era escolher
uma profissão às pressas e depois se arrepender. “Tudo serve
de lição, essa experiência me
fez crescer e me tornar a mulher
que hoje sou, independente,
certa do que quero e de minhas
escolhas”, observa.
Doação de sangue: falta de informação é a grande vilã
Divulgação
Rafaela Haygertt
Apesar de existir um
sistema de cooperação
entre os hospitais, os
bancos de sangue lutam
para que não falte sangue
aos pacientes. A
desinformação é a grande
responsável pela falta de
doadores.
Medo de se contaminar, medo da dor, pressa, falta de informação. São inúmeros os
motivos que levam as pessoas
a ficarem receosas só de pensar na perspectiva da doação.
De acordo com a coordenadora do serviço de Hemoterapia
do Hospital das Clínicas, Marlene Balsan, a doação é um
procedimento seguro. A enfermeira do setor de hemoterapia
da Santa Casa, Sheila de Souza, concorda “o máximo que
pode acontecer é uma pequena queda de pressão”, completa.Para se tornar um doador, é
preciso passar por uma avaliação rigorosa do sangue. São
feitos vários exames para detectar doenças como hepatites,
sífilis, HTLV, HIV, HBS e Mal de
Chagas.Souza conta que muitas pessoas doam esperando
receber um check-up gratuito,
o que pode ser muito perigoso,
já que essas pessoas podem
não estar respeitando o período
chamado de janela imunológica, o tempo de incubação de
alguns vírus (no HIV, por exemplo, o tempo de incubação é
de no mínimo 90 dias). Segundo Balsan, realiza-se um teste
de hemoglobina, no qual se conhecerá o histórico de glicose
relata que começou a doar querendo ajudar de alguma forma,
e teve essa oportunidade graças
à empresa onde trabalha.
Paulo Moura, segurança do
Centro Universitário Metodista,
conta que doou uma vez, para
ajudar um familiar. “Acho importante doar, deveria fazer mais,
mas por preguiça e falta de tempo a gente acaba não doando”,
confessa.
A Médica do Hospital de
Clínicas é categórica: “É preciso que haja um trabalho de
conscientização nas escolas,
mas acima de tudo uma sensibilização universitária, para
conseguir mais doadores”. É
preciso que a população crie
uma cultura de doação: afinal,
sangue não se compra”, que
ensina a doar.
Onde Doar
Durante a doação são retirados 450 ml de sangue, que podem salvar até três pessoas
do paciente, descartando assim a possibilidade de diabetes.
Após esse teste, passa-se por
uma triagem clínica,entrevista
onde se conhece alguns dos
hábitos de quem deseja doar.
Durante a doação, são retirados
450 ml de sangue, com essa
quantidade pode se salvar até
quatro pessoas Um fato curioso é que mesmo que o tipo sanguíneo “O” seja o mais solicitado pelos médicos, ele também
é o mais existente nos bancos
de sangue. A médica explica
que isso se deve ao fato de que
a maioria da população possui
esse tipo sangüíneo, por isso,
mesmo que existam doadores,
também existe uma grande de-
manda. Ela explica ainda que o
sangue de Rh negativo é o que
mais falta nos hospitais.
Uma dúvida da população
é com relação a piercings e tatuagens. “Para quem possui
tatuagens, a Anvisa pede que
se espere um ano para a doação, já no caso de piercings o
tempo de espera é de três a
quatro dias, desde que não
existam sinais de infecção”, es-
Orientações para doadores
- Ter acima de 18 e abaixo de 65 anos.
- Ter peso acima de 50 kg.
- Ter passado pelo menos 3 meses de parto ou aborto.
- Não estar grávida.
- Não estar amamentando.
- Estar alimentado e com intervalo mínimo de 2 horas do almoço.
- Ter dormido pelo menos 6 horas nas 24 horas que antecedem a
doação.
- Não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 24 horas que antecedem a
doação.
clarece Souza. Os intervalos
entre as doações devem ser de
60 dias para homens e 90 dias
para as mulheres. “Ao contrário
do que se pensa, pessoas acima de 65 anos podem sim doar sangue, respeitando o intervalo de 6 meses entre as doações”, informa Balsan.
Os Doadores
A estudante Caroline Cruz,
doadora há sete anos, explica
que a vontade de doar
surgiu,antes mesmo de completar 18 anos, ao descobrir
que seu tipo sanguíneo era “O”
positivo.
O contador, Renato Maracci,
+ Centro de Hemoterapia e
Hematologia Rio Grande
do Sul - Av. Bento Gonçalves, 3722 Partenon, Porto
Alegre. Tel: (51) 336-6755.
+ H ospital Santa Casa de
Porto Alegre - Rua Anes
Dias, 285 Centro, Porto Alegre. Tel: (51) 241-8080.
+ H ospital das Clínicas de
Porto Alegre - Rua Ramiro Barcelos, 2350, Bonfim,
Porto Alegre. Tel: (51) 3169000.
+ H ospital Nossa Senhora Conceição - Francisco
Trein, 596, Porto Alegre. Tel:
(51) 3345-1371.
12
Saúde
Dezembro de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
Especialistas alertam para SUS que funciona
o excesso de vaidade
Morgana Settin
Vlima
Alexandra Giacomuzzi
O prazer de conseguir
a aparência dos sonhos,
muitas vezes, traz
prejuízos. Mais comum
do que se imagina,
a dismorfia é
caracterizada pela
distorção na concepção
do corpo perfeito. Por não
corresponder aos padrões
de beleza impostos
pela sociedade, muitas
pessoas desenvolvem
esse transtorno.
Segundo cirurgião plástico,
Vinícius de Lima, hoje a busca
por uma aparência saudável é
um anseio do mundo moderno,
tanto pelas exigências da sociedade quanto por resgate da
auto-estima. “A cirurgia plástica atualmente visa harmonizar
traços, redefinir contornos sem
exageros, a partir do momento em que ela começa a transformar é hora de parar”, alerta
o cirurgião. Mas para algumas
pessoas melhorar um pouco o
visual não basta. Por vezes incontrolável, a preocupação obsessiva torna a pessoa prisioneira de uma rotina que acaba
por prejudicar seus projetos de
vida. Na maioria dos casos, os
excessos remetem a questões
mais profundas. “Geralmente,
quem procura a cirurgia plástica baseado numa expectativa
irreal tem a ilusão de que vai
mudar por dentro e nunca estará satisfeito, sempre inventa-
Cirurgias plásticas visam harmonizar traços
rá algo diferente”, explica o cirurgião plástico. O médico
acredita que o paciente cria um
“ideal” na aparência buscando
soluções que nem sempre estão em um nariz menor ou em
um seio maior, portanto, cabe
ao profissional impor limite ao
seu paciente, pois do contrário,
ele vai fazer mudanças radicais
e mesmo ficando estéticamente harmônico, continuará insatisfeito.
O educador físico e linfoterapeuta, Moisés Cabelera, trabalha com drenagem linfática
nos procedimentos pós-cirúrgicos há mais de 25 anos e
também adverte, que, quando
a preocupação com a aparência é excessiva, pode se tratar
de uma doença chamada disformia. “Ao contrário do vaidoso, quem sofre de dismorfia
pode fazer uma ou dez plásticas e nunca estará satisfeito
com o resultado, conseqüência da própria distorção que a
doença provoca”, pondera Cabelera. As maiores presas da
patologia são os adolescentes
que, além de não saberem lidar
com as mudanças do corpo,
muitas vezes não têm maturidade para conviver com os padrões estéticos impostos pela
atualidade. Prova disso são as
academias cheias de malhadores compulsivos, que passam horas e mais horas do dia
suando a camisa. Segundo o
educador físico, “o vaidoso faz
exercícios para manter a autoestima e a saúde em alta, já o
dismórfico faz disso uma obsessão, podendo comprometer inclusive a integridade física
do corpo” . Nesse caso, ele
aconselha que é preciso levar
a questão muito a sério, buscar
ajuda imediata de um especialista. “A conquista da harmonia
entre beleza e saúde começa
com hábitos saudáveis, sem
excessos com equilíbrio e bom
senso”, argumenta Cabelera.
Erisipela ou frieira?
Caroline Lajuny
Caroline Lajuny
Por ser uma doença desconhecida a erisipela é facilmente
confundida com outras. Mas
cuidado, ela quase sempre
apresenta-se através de uma
micose interdigital, ou seja, as
famosas frieiras, que espalhamse formando uma mancha vermelha, quente e dolorosa.
Erisipela é uma infecção
provocada quando bactérias
encontram uma porta de entrada nas camadas mais superficiais da pele. Segundo a
médica, Neiva Schuster Ferreira, os primeiros sintomas desse mal podem ser aqueles comuns a qualquer infecção, como calafrios, febre alta, malestar, náuseas e vômitos.
As alterações da pele se
apresentam rapidamente e variam desde uma simples vermelhidão, dor e inchaço, até a
formação de bolhas. A localização mais freqüente, segundo Ferreira, é nos membros
inferiores, na região acima dos
tornozelos e também podendo
ocorrer em outros locais como
rosto e tronco.
“O diagnóstico é feito apenas pelo exame clínico, para
analisar os sinais e sintomas
apresentados pelo paciente, e
não há necessidade de nenhum
exame de sangue, a não ser
para acompanhar a evolução
do paciente”, afirma Ferreira.
Para a paciente, Maria Cedeni, que sofreu de erisipela,
foi algo terrível, que ela nunca
tinha visto antes. Cedeni con-
O Posto de Saúde Barão
de Bagé, localizado na Vila Jardim em Porto Alegre, é um dos
12 postos de saúde do Grupo
Hospitalar Conceição (GHC).
Esses postos têm como principal característica o atendimento mais humanizado e
uma preocupação especial
com a comunidade que os cerca. Semanalmente, circulam
pelo posto aproximadamente
1,2 mil pessoas e o número de
pacientes cadastrados passa
dos 6 mil.
O centro de saúde comunitária oferece consultas de atenção básica à saúde, nas quais
os médicos, quando necessário, encaminham ao especialista do Grupo Hospitalar Conceição (central de marcações).
Além de oferecer serviços médicos, atendimentos com nutricionista, psicóloga, médico
internista, o posto também busca auxiliar a comunidade de
outras formas, tais como grupos de apoio e aconselhamen-
to, reuniões com a participação
dos moradores do bairro para
críticas e sugestões, acompanhamento dos pacientes procurando sempre se manter informado sobre todas as etapas
percorridas pelo usuário. De
acordo com Olir Antônio Citolin,
que trabalha na área administrativa, o diferencial do posto é
essa aproximação com a comunidade. “Somos como uma
família. Para nós, não tem sábado nem domingo, se for necessário, estamos sempre dispostos a ajudar”, conta.
Para a dentista Caren Bavaresco, que trabalha no posto
há dois anos, a própria comunidade auxilia no bom funcionamento do serviço. “É característico dos postos do GHC
essa preocupação com o paciente como um todo. O usuário não é visto apenas pelo problema que o traz ao posto, mas
sim como ser humano, com
sentimentos e que precisa desta troca de atenção. E isso é
percebido pela comunidade,
que responde de forma positi-
Morgana Settin
O Posto de Saúde, Barão de Bagé, conta com 29 profissionais
Limpeza de pele: mais do
que vaidade, necessidade
Gisele Mendonça Azevedo
Gisele Mendonça
Erisipela se manifesta com vermelhidão, dor e inchaço
ta ainda que se sentiu mal alguns dias antes e foi até o hospital, lá a deixaram no soro,
diagnosticando um simples
problema estomacal. “Não me
preocupei muito, mas quando
acordei, no outro dia, minha
perna estava muito vermelha
e inchada. Fiquei assustada,
voltei ao hospital e a médica
logo me disse que estava com
erisipela”, relata.
A médica revela que quando o paciente é tratado logo
no início da doença, as complicações não são tão graves,
no entanto, os casos não medicados há tempo podem progredir com abcessos, úlceras
(feridas) superficiais ou profundas e trombose de veias. “As
crises repetidas de erisipela
podem ser evitadas através de
cuidados higiênicos no local
dos ferimentos, mantendo os
espaços entre os dedos sempre bem limpos e secos”,
aconselha a médica.
A paciente Maria Cedeni afir-
ma que nunca pensou que uma
simples frieira fosse causar um
dano tão grande, além do gasto com remédios e tratamentos.
“Foram mais de dois meses de
tratamento, e nesse tempo todo eu gastei mais de R$ 200
reais em remédios e produtos
para curar a doença”, conta.
TRATAMENTOS
O tratamento é composto de várias medidas aplicadas ao mesmo tempo e só
deve ser administrado pelo
médico:
1. Uso de antibióticos específicos para eliminar a bactéria causadora.
2. Fechamento da porta de
entrada da bactéria, tratando as lesões de pele e as
frieiras.
3. Redução do inchaço, fazendo repouso absoluto com as
pernas elevadas, principalmente no começo.
va e participa ativamente”,
completa.
A equipe do posto é composta por 29 profissionais, entre médicos contratados, residentes, técnicos, auxiliares,
agentes, dentistas, psicólogos
e vigilante. Atualmente, necessita de mais um auxiliar administrativo e dois técnicos de
enfermagem, de acordo com a
administração.
Como um dos usuários do
posto, o técnico em informática
Daniel Xavier declara que está
satisfeito com o atendimento.
“Já fiz alguns tratamentos em
consultórios particulares e
comparando com o tratamento que venho tendo aqui neste
posto posso dizer que, para
mim, a saúde pública funciona”,
informa Xavier, que complementa: “Acho que os outros
postos da rede pública deveriam seguir este exemplo. O
que é bom e funciona deve ser
passado adiante, para que todos fiquem satisfeitos. Isto seria um ganho na qualidade de
vida das pessoas”.
Limpeza de pele vai além de
lavar o rosto com água e passar
hidratante. Existem profissionais
especializados para a realização
desse procedimento que, embora pareça simples, é dividido
em várias etapas: vai da remoção das células mortas a uma
hidratação mais profunda.
Cuidar da aparência é fundamental, pois ela diz superficialmente quem você é. Limpar
a pele de forma adequada exige tempo. A pele tem uma espessura muito grossa, pois
consiste em três camadas: Epiderme, derme e hipoderme, explica a professora de uma escola de estética Ligia Ferrari.
Segundo o dermatologista
Vitor Kosminsky, as sujeiras encontradas na face são conhecidas como acnes, sendo que
acne não é somente uma sujeira; nela estão cravos, espinha, cistos, caroços e cicatrizes. A principal responsável
pela acne é a glândula sebácea, que se manifesta na adolescência, e produz a oleosidade da pele. Pesquisas afirmam
que a acne é hereditária, ou seja, pode passar de pai para filho. Ela pode apresentar graus
de infecção. Uma simples espinha passa a ser um caroço,
podendo causar até lesões à
pele. Para tratar da acne nada
melhor que a limpeza de pele.
Quando um profissional come-
A limpeza de pele pode ser feito manualmente ou com equipamentos
ça uma limpeza, ele avalia o tipo de pele do paciente, para
então selecionar o produto mais
indicado e assim começar o
tratamento. Existem dois tipos
de procedimento: manual, tem
como função fazer a higienização. E o uso dos equipamentos
eletrônicos, no qual cada equipamento tem uma função diferente. Um método complementa o outro.
A esteticista, Mara Pinto da
Silva, defende a não utilização
de produtos caseiros, pois
além deles não serem eficientes, podem trazer mais a danos à pele. Esses danos muitas vezes podem deixar feridas
em função da reação alérgica.
Não é qualquer pessoa que
pode fazer limpeza de pele,
afirma Mara, para isso é sempre bom procurar um especialista antes de ir a uma estética
realizar este procedimento.
Saúde
Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Dezembro de 2008
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Falta de ar em Porto Alegre Consultório móvel garante
acesso à saúde bucal
Leticia Kiraly
Uma pesquisa realizada pelo Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da
USP, divulgada no jornal Zero
Hora no mês de setembro,
mostra que o nível de poluição
em Porto Alegre está acima do
dobro recomendado pela Organização Mundial de Saúde
(OMS). A cidade de São Paulo
continua sendo a mais poluída,
ficando a capital gaúcha em
segundo lugar, seguida de Belo Horizonte, Curitiba, Rio de
Janeiro e Recife. A OMS recomenda que a concentração de
material particulado fino no ar
não ultrapasse os 10 microgramas por metro cúbico. Segundo os estudos do Laboratório,
a média em Porto Alegre excedeu o limite, chegando a 22,25
microgramas.
A Fundação Estadual de
Proteção Ambiental (FEPAM)
explica que a poluição do ar
ocorre quando são lançadas
na atmosfera partículas, gases
e vapores gerados por indústrias, veículos e outras fontes.
Esta liberação de partículas
nocivas é mais intensa na primavera e no inverno, quando
a velocidade dos ventos diminui, ocasionando a concentração de gases que geram da-
nos não só ao meio ambiente,
mas principalmente à saúde
da população.
Muitas doenças respiratórias
graves, como alergias e infecções, decorrem dessas substâncias lançadas sem controle
no ar. É fato conhecido que o
maior responsável pela poluição
atmosférica é o combustível. Este dado se torna agravante nos
grandes centros urbanos, onde
o número de automóveis ativos
é excessivo. E de acordo com
o ex-secretário do meio Ambiente, Beto Moesch, militante
ambiental, cerca de 70% da poluição no ar de Porto Alegre decorre dos carros.
Existem interessantes planos que buscam a solução deste problema, com base, muitas
vezes, em modelos aplicados
na Europa. Um deles é o aprimoramento do transporte público. É preciso criar um sistema
atrativo, rápido, limpo, e pontual, para estimular os motoristas a deixarem o carro na garagem. Além disso, é preciso
que exista a tão sonhada conscientização, tanto do público,
como de autoridades e mídia.
Por exemplo, no dia 22 de setembro foi celebrado o Dia
Mundial Sem Carro, evento originado na França há 11 anos e
bem mais recente no Brasil. A
repercussão na mídia foi tímida.
Talvez o interesse do capitalismo selvagem estaria comprometido na divulgação de idéias
ambientalistas. Já a população,
com o aumento da renda, e por
conseqüência, do consumo,
não quer abrir mão do conforto de um carro. Uma solução
eficaz seria aquela que mexe
no bolso do cidadão. A cobrança de multas para quem infringir o inevitável rodízio, e também para quem usar o carro
apenas para transporte individual. Ou a isenção de taxas para quem colaborar.
Mas a melhor alternativa para a melhoria do ar na capital é
o Plano Cicloviário, discutido no
Fórum Porto Alegre – Uma Visão de Futuro. Seriam mais de
490km de ciclovias que beneficiariam 30 mil atuais usuários.
E com este projeto, certamente muitos outros seriam agregados para elevar esse número. Esta é uma medida adotada
por vários países europeus que,
além da rapidez para chegar ao
trabalho, traz a vantagem da
economia, da saúde e da contribuição para a qualidade do
ar, descongestionando o tráfego das cidades, e trazendo um
novo tom para a paisagem.
Basta deixar a preguiça e o carro em casa.
Site: www.sxc.hu
Cerca de 70% da poluição no ar de Porto Alegre decorre dos carros
Rodrigo Domingos Marcolino
Na carreta OdontoSesc, em Cidreira, pacientes recebem tratamento odontológico
Rodrigo Domingos Marcolino
O Serviço Social do Comércio (Sesc), em parceria com o
poder público local, sindicatos
e entidades de classe, vem realizando o projeto social Odontosesc. O objetivo é atuar na
promoção, proteção, prevenção e restauração da saúde
bucal, através de clínicas móveis montadas em carretas que
circulam por todo o Rio Grande do Sul, oferecendo tratamento odontológico gratuito
para pessoas de baixa renda
desde 1999.
Segundo a coordenadora
dos consultórios móveis, Andréia Centeno Rosa, o Sesc
oferece total infra-estrutura,
consultório, equipamentos,
materiais, dentistas e auxiliares
de consultório odontológico.
Os patrocinadores arcam com
as despesas de hospedagem,
lavanderia, seguranças, montagem e o deslocamento da
unidade, feita através de um
caminhão que auxilia no deslocamento da carreta pelo Rio
Grande do Sul. O tempo de
permanência em cada cidade
é de dois meses e a escolha
para onde ela vai é feita em
reunião com a coordenadora
e a direção do Sesc, em Porto
Alegre. A meta do programa é
levar atendimento odontológico às cidades onde não há unidade operacional Sesc. “Através de tratamentos concluídos
e atividades de educação para a saúde, que é realizada na
tenda OdontoSesc junto à carreta, as pessoas têm mais qualidade de vida com ações de
promoção em saúde bucal.
São oferecidas quantas consultas forem necessárias para
o paciente concluir o tratamento com êxito”, afirma Rosa.
Desde o começo do projeto,
foram visitados 90 municípios,
realizadas 109 mil consultas,
12 mil tratamentos e 185 mil
atendimentos de educação em
saúde foram contabilizados.
Atualmente, no Estado há
quatro carretas, uma em Arambaré, outra em Cruz Alta e as
demais estão em praias do litoral norte, Tramandaí e Cidreira. O processo de escolha dos
pacientes a serem atendidos se
dá através de uma negociação,
orienta-se que 50% das senhas
sejam destinadas ao poder público local, prefeitura e 50% aos
sindicatos, Serviço Social da
Indústria (Sesi), Serviço de
Apoio às Micros e Pequenas
Empresas (Sebrae) e Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS). São esses
parceiros que definem para
quem serão distribuídas as senhas de atendimento, usando
critérios próprios, pessoas de
baixa renda, cadastrados nos
Programas de Saúde da Família (PSF), funcionários e escolares. A coordenadora ainda
falou que o acesso ao tratamento odontológico é completo, de qualidade, seguindo rígidas normas de biossegurança. “Todo paciente que é examinado recebe o tratamento
completo, seguindo os procedimentos feitos na carreta”, explica. São feitas restaurações,
radiografias, remoções de tártaro, profilaxias, extrações, cirurgias menores, tratamentos
de canal, aplicações de flúor e
orientações de higiene bucal.
O paciente Ivan da Rosa Júnior
comentou que o serviço é de
grande valia para comunidade,
ajudando aquelas pessoas que
não têm condições de pagar
um tratamento odontológico.
‘‘Aqui nós temos um tratamento profissional e nos tratam com
muita cordialidade e respeito.
Espero que voltem em outra
oportunidade’’, declarou.
Ao final do tratamento é entregue uma pesquisa de satisfação, onde o paciente responde algumas perguntas e dá sua
opinião sobre como foi tratado
no decorrer do projeto.
14
Economia
Dezembro de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
Edimar Blazina
 alimentação
Apenas um real:
o pouco vale muito
P
Edimar Blazina
Pode parecer uma quantia
mínima ou que sem um valor
significativo, mas no centro
de Porto Alegre, por apenas
R$ 1,00, pode-se comprar
lanches, frutas, revistas e até
mesmo livros. Uma prática
que cresce no comércio da
capital estimulada pelo consumo.
Um real tornou-se, com o
passar dos anos, uma quantia
quase inexpressiva. Para a
maioria das pessoas esse é o
valor da moeda de troco, para dar ao flanelinha, da doação
no semáforo, aquilo que sobra. Em tempos de crise econômica, elevação no preço
dos alimentos e possível volta
da inflação, ainda é possível
agregar valor à desprezada
moeda de R$ 1,00.
O SUCESSO É O R$ 1,00
Buscando inovar e apostando no aumento das vendas,
uma padaria no centro de Porto Alegre passou a vender seus
produtos por R$ 1,00 caindo
imediatamente no agrado do
público e abrindo, inclusive,
uma filial também no centro da
cidade. Com uma localização
privilegiada, próxima ao Hospital Santa Casa e a paradas de
ônibus, onde o movimento de
pessoas é intenso, a loja viu suas vendas alavancarem após o
início da prática de preços
acessíveis. “O sucesso é o um
real”, diz Claudiane Silva, 28
anos, caixa da empresa.
Segundo o Índice de Preços
ao Consumidor – IPC, a farinha,
base para a produção dos produtos vendidos pela panificadora, subiu no último trimestre
produtos encontrados por R$ 1,00
- Um cadarço
- Vidros com óleo que pastores usam em cultos evangélicos
- Blocos de 100 folhetos para evangelização
- Pacote com três balas Halls ou dois pacotes de bolachas recheadas
- Incensos indianos
- Par de brincos vendidos por atacado
- Um pastel de carne com suco
- Pacote de mini bolo inglês
- Bibelôs
10,91%. Perguntada sobre como consegue manter o valor de
R$ 1,00 frente a esse aumento,
Claudiane esclarece: “Nós
compramos o produto de um
fornecedor, ele tentou aumentar
o preço, mas negociamos para
manter o mesmo valor”. Ainda,
segundo ela, os salgados são
comprados a R$ 0,55 e o lucro
vem da venda de cafés e outras
bebidas, que quase sempre
acompanham os produtos vendidos. “Assim, o lucro cresce
para quase 100%”, garante.
DE TUDO UM POUCO
Não são apenas lanches rápidos que se pode comprar
com R$ 1,00 no centro de Porto Alegre. A feirante Geni Lima,
57, que tem sua banca na avenida Júlio de Castilhos, vende
frutas e verduras, em embalagens prontas, pelo preço fixo
de R$ 1,00. “As pessoas pedem que seja esse valor. Conforme o preço que nós compramos os produtos, o saco
(das frutas e verduras) aumenta ou diminui para mantermos
o preço”, informa ela.
Ainda na avenida Júlio de
Castilhos, os livros Análise de
Investimentos e Matemática
Aplicada estão à venda na li-
A hora de trabalhar
www.canguru.info
Germano Beskow
O período da juventude marca, para a maioria dos jovens, a
entrada no mercado de trabalho.
Isso significa o fim da chamada
“mesada” dos pais e a conquista do próprio dinheiro. Programas do governo incentivaram a
contratação de jovens ainda
sem experiência. A Delegacia
Regional do Trabalho do Rio
Grande do Sul (DRT/RS) passou
a operar o Programa Nacional
de Estímulo ao Primeiro Emprego (PNPE), em janeiro de 2005,
executado, até então, somente
pelo governo do estado.
O PNPE faz parte de um pacote de políticas do Governo
Federal para combater o desemprego na juventude. O programa incentiva as empresas a
contratarem jovens entre 16 e
24 anos, faixa etária que conta
com apenas 30% de participação no mercado de trabalho.
Os dados são da pesquisa Emprego, Desenvolvimento Humano e Trabalho Decente.
A descentralização foi a estratégia adotada pela DRT/RS
para potencializar o PNPE no
Estado. Essa forma de operacionalização permitiu que comunidades de municípios, onde
não há agências do Sistema
Público de Emprego (Sine) e
subdelegacias do trabalho tenham acesso a esta política. A
coordenadora do PNPE no Estado e auditora fiscal do trabalho, Denise González, explica
que a parceria firmada com 85
prefeituras permitiu agilizar os
contatos e a intermediação de
vagas entre empresários e jo-
No centro de Porto Alegre uma padaria aumenta o número de clientes vendendo produtos por apenas R$ 1,00
vraria de Jane Silva, 23, junto
com outros títulos, em promoção por apenas R$ 1,00. “Muita gente compra esses livros”,
afirma Silva, que vende também
revistas eróticas das décadas
de 1980 e 90 pelo mesmo valor. Todos os artigos vendidos
por ela são usados, o que justifica o preço baixo.
que com R$ 2,00 eu como e
bebo. Antes eu pagava R$ 2,00
só o lanche”, relata. Segundo
os próprios comerciantes, não
existe um perfil único de seus
consumidores, pois eles são as
pessoas que passam pelo centro de Porto Alegre, o que engloba um variado número de
estilos e pessoas: do morador
de rua ao empresário.
OS CONSUMIDORES
VENDA E FIDELIZAÇÃO
Esse mercado, que vende
produtos a R$ 1,00, vem ganhando espaço na capital, assim como o número de pessoas que o consomem. A estagiária Juliana Luzardo, 24, informa que tem economizado bastante desde que começou a
comprar os lanches a R$ 1,00,
“Sempre compro porque trabalho aqui perto. Economizo por-
A economista Daisy Martins,
29, explica que comercializar
produtos com um valor bem
abaixo do usual no mercado,
como no caso dos produtos por
um real, só é vantajoso quando
há uma grande quantidade de
vendas e pela associação, na
hora da compra, do produto
promocional a outro que tenha
seu valor sem desconto. “Como
o preço é atraente, o comerciante chama o cliente para
dentro de seu estabelecimento
e lá ele é estimulado, visualmente ou de alguma outra forma, a
comprar um segundo produto”,
esclarece. Martins ainda explica
que, nesses casos, cria-se certa fidelização dos clientes, pois
ao consumirem diversas vezes
e o preço se manter o mesmo
há bastante tempo, eles acabam voltando.
A feirante Geni Lima define
claramente a relação entre os
comerciantes e seus clientes:
“Para nós não é fácil vender isso (seus produtos) por R$ 1,00,
mas a gente se esforça para
não perder o freguês”, desabafa ela amarrando mais um pacote com cebolas para vender
em sua banca.
Consumo de carne eleva
valor da cesta básica no
Rio Grande do Sul
Vanessa Gonçalves
Vanessa Gonçalves
Jovens buscam colocação no mercado de trabalho
vens. “São as prefeituras que
conhecem a natureza, o porte
e a vocação social de cada empresa”, afirma.
A visão do chefe
O proprietário de um escritório de advogacia, Flávio Cavalli, 68 anos, observa que nem
todos novos empregados valorizam o emprego. “A maioria
começa puxando o saco, querendo impressionar, mas alguns
chegam e não dão o mínimo
valor para aquilo que conquistaram, então eu abro o olho e
acompanho ele mais de perto”,
declara.
Histórias
curiosas
O primeiro emprego do clipador Rodrigo Nascimento, 19,
recém chegado de Santo Ângelo veio graças ao PNPE. “Foi
tudo muito rápido, cheguei lá
fui atendido, me encaminharam
para a empresa e em menos
de uma semana eu já estava
trabalhando” .
Já para o estudante de Publicidade Jackson Reginatto,
23, o emprego caiu dos céus,
graças a uma vizinha que não
agüentava mais o barulho que
ele fazia todos os dias quando
chegava da balada. “Ela me indicou para a empresa e no dia
seguinte eles me contrataram.
Foi bom para ambas as partes”.
Entretanto, nem tudo é bom no
emprego. “O horário é muito
ruim, acordo às 5h da manhã,
não posso mais namorar e nem
ir para as festas”, diz.
As vagas mais procuradas
pelos jovens são as que possuem menor carga horária, cerca de 30 horas semanais.
Onde ir
Ministério do
Trabalho e Emprego
Av. Mauá, 1013 - 9º andar
Porto Alegre - RS
Telefones
(51) 3228-5693 / 3228-5722
Há algum tempo, o preço
da cesta básica de Porto Alegre supera o das outras capitais do país. O alimento que
se sobrepõe a todos os outros
é a carne. Mas por que a carne no Rio Grande do Sul é
mais cara? Na realidade não
é a carne que é mais cara aqui,
conforme afirma Francisco
Brust, assessor de Imprensa
da Agas de Porto Alegre. “O
levantamento do Dieese, que
por sinal é rigoroso e possui
grande legitimidade, calcula
pesos e quantidades diferentes nos produtos de estado
para estado”. Em outras palavras, Brust acrescenta: “enquanto a cesta básica de Porto Alegre possui 6,6 quilos de
carne, a de outras capitais calculadas possui 4,5 quilos. Ou
seja, se compararmos quantidades diferentes de um produto, obviamente teremos di-
Os gaúchos são os que mais consomem carne no Brasil
ferença no preço”.
De acordo com a Dieese,
os critérios de pesquisa foram
definidos há mais de 50 anos,
inicialmente a pesquisa de valores da cesta básica era realizada apenas em São Paulo,
mas com o tempo foi ampliada
e hoje chega a 16 capitais. As
quantidades determinadas para cada região variam de acordo com os hábitos dos consumidores locais.
Independente da posição
de Porto Alegre no ranking dos
valores das cestas básicas, os
gaúchos sentem um peso no
orçamento no que diz respeito
à alimentação. A trabalhadora
em serviços gerais, Lucilene
Borges, ganha um salário mínimo e adquire cesta básica todos
os meses. Ao ser interrogada
acerca dos atuais R$ 259,29
da cesta gaúcha ela responde
“eu não teria condições de pagar todo este valor em cesta
básica, eu compro uma que
custa R$ 40 no mercadinho lá
perto de casa e que vem bem
menos coisas, mas tenho que
estar sempre complementando
e quando chega o final do mês
fica bem apertado”.
Esportes
Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Dezembro de 2008
15
 Lei seca
Projeto divide opiniões de torcedores
Uriel Gonçalves
do bar gremista, Roberto Brasil, concorda com Schumer,
mas afirma que o projeto se
estende apenas aos poderes
da Confederação Brasileira de
Futebol, “podemos vender bebidas alcoólicas em jogos pela Sul-Americana ou Libertadores por exemplo, que não
poderão nos multar”. Para os
vendedores ambulantes que
trabalham dentro do estádio
também está sendo um problema. “Antes nós ganhávamos 50% do lucro que vendíamos, agora sem as cervejas
com álcool esse lucro diminuiu
bastante, trabalhar lá fora está sendo mais proveitoso do
que aqui dentro”, diz Vilmar
Oliveira, um dos vendedores.
A
Uriel Gonçalves
A rivalidade entre os dois
maiores clubes gaúchos,
Inter e Grêmio, se
mostra até quando os seus
presidentes necessitam
formar alguma opinião
sobre um projeto que
visa proibir o álcool nos
estádios gaúchos. Ambos
têm opiniões diferentes,
um a favor e outro contra,
quando se referem ao
projeto de lei, do deputado
estadual pelo PSB, Miki
Breier.
O projeto está sendo testado aqui no sul e, caso dê certo,
os clubes do país inteiro terão
um ano para se adaptar com
estas novas normas. O projeto
foi aprovado na Assembléia
com 29 votos a 17, com uma
grande resistência de deputados que estão ligadas a times
do interior. O fisioterapeuta Carlos Rempel, apesar de ser da
área médica, não está confiante com o sucesso do projeto:
“o problema não é dentro, é nas
proximidades do estádio”. O
presidente do Grêmio, Paulo
Odone, aprova o projeto. “É
uma tendência mundial, a Fifa
recomenda”, diz. E até nessa
questão a rivalidade Gre-Nal
entra em jogo, pois o presidente do Inter, Vittorio Piffero, se
mostrou contra o projeto, chamando-o de “ato quase inócuo”. “O sistema de monitora-
Torcedores
Essa cena está sendo proibida nos estádios
mento de câmeras resolveu o
problema dentro e fora do Beira-Rio, a grande questão agora é saber se nos grandes eventos também será proibido, se
em Esteio, onde ocorre a Expointer, também será”, questiona Piffero.
O argumento usado pelo
parlamentar para convencer os
colegas a aprovarem o projeto
foi o de prevenção da violência.
Mas segundo o gerente de segurança do Internacional, Jai-
mar Soares, o trabalho para os
seguranças aumentou. “Antes
nós (seguranças) tínhamos que
cuidar dos bêbados dentro do
estádio e dos cambistas fora,
agora temos que cuidar dos
vendedores ambulantes, dos
cambistas e, também, dos bêbados.” E o chefe de segurança
do Grêmio, Vinícius Lamachia,
afirma que o problema aumentou tanto dentro quanto fora.
“No último Gre-Nal, vi pessoas
entrarem bêbadas e saírem pra-
A dona da bola
Germano Beskow
Mulheres têm sim espaço no futebol, um mundo
tão machista merece sim aquele toque. Mulheres como a Camila, musa inspiradora desta crônica, merecem uma vaga na seleção brasileira e a camisa 10. Ela
não era como qualquer outra dessas garotas que entram em um jogo de colégio e só fazem figuração, ela,
além de ser uma garota formosa, orgulhosa, de pernas
longas e torneadas, um legítimo achado, comparado
aos padrões femininos atuais, jogava muita bola, e
sempre em trajes esportivos sumários, sem falar no
rabo, o rabo de cavalo que ela tinha, longo e com vários
tipos de loiros, do mais claro ao mais escuro. Melhor
que a Marta ela é, em todos os sentidos.
Conheci a dita cuja no meu último ano de colégio,
como aquele ano passou rápido, a cada aula de Educação Física, ou até mesmo em joguinho à tarde no
bom e velho parque Moinhos de Vento, ela desfilava
sua beleza e talento pelas quadras. Lembro-me até
hoje das caras que os boleiros assíduos da turma e
do colégio faziam toda vez que viam ela pronta para os jogos. Jogar, jogou. Humilhar, principalmente
àqueles que não tinham tanto dom para o futebol, os
chamados “Joãos” que de Garrincha, ela fazia sempre. Canetas, chapéus, todos os tipos de dribles, ele
realizava-os com um talento nato, acho que praticava
à tarde, não fazia nada a não ser jogar bola, só não
rejeitava a companhia masculina quando era para jogar futebol, não que ele não desse “mole”, apenas “se
fazia” um pouco. Mas o momento mais memorável da
Camila no futebol escolar aconteceu no fim do ano,
depois de um drible parecido com que o Ronaldinho
Gaúcho fez com o Dunga em 99 no Brasil, um guri
feio feito tombo com mão no bolso, ela tocou na ponta
e foi para a área receber o cruzamento, recebeu-o
rasteiro, só que um pouco recuado, mas de algum
jeito ela fez o gol e de letra, mas uma letra estilizada,
nem Pelé fez isso. Que obra! Merecia uma placa, mas
a diretora era bem mão-de-vaca.
Se o futebol feminino profissional, no Brasil, país
do futebol, não tem tem tanto espaço, é um pecado, quantas novas Camilas não estariam em campo,
enlouquecendo aos marmanjos com seu talento, e
beleza é claro. Ano passado, houve uma grande evolução, a CBF resolveu criar a Copa do Brasil de futebol
feminino. Genial!. Tomara que daqui para frente só
melhore. Que haja um campeonato.
Foguinho, o mestre
Foguinho foi um daqueles treinadores que marcam a história de um clube, Foguinho marcou a do
Grêmio, pelos seus títulos e por suas pérolas.
Certa vez apareceu um gaiato no Olímpico, isso
lá pela década de 60, e pediu a Foguinho para fazer
um teste no Grêmio.
− Joga em que posição? - perguntou Foguinho
− Brinco em todas – respondeu
Então Foguinho apanhou uma bola e rolou rasterinha, quando ela se aproximou do rapaz ordenou:
Cabeceia!
O malandro não teve dúvidas, colou o nariz na
grama e cabeceou a bola.
− Pode ir embora, pra jogador tu não serve!
Aviso sobrenatural
O que aconteceu não foi algo comum, foi sem
dúvidas algo inesperado e dolorido, assim como o
futebol. Era um jogo entre amigos, muitos gols e cãibras, sim, algo que tocou na alma, e desde aquele dia
nunca mais houve tentativas de jogadas bonitas.
A bola estava na linha lateral, na frente, um marcador inofensivo. O que fazer? Humilhar! Na tentativa
de um drible, igual ao do Falcão veio aquela cãibra.
Fim de jogo e a figura mal conseguia caminhar, para
atravessar a rua foi um sacrifício, quem viu se mijou
de rir. A propósito o famoso jogador, era eu.
ticamente sóbrias, o problema
foi o que fizeram lá dentro quando bêbadas”, relata.
Na visão dos
estabelecimentos
Os donos dos bares que
estão entorno do estádio estão comemorando essa nova
medida tomada. Wesley Sanches, dono de um dos bares
que fica próximo ao Beira Rio,
garante que seu lucro aumen-
tou bastante. “Muitas pessoas
se reúnem aqui antes e depois
do jogo para tomarem uma
cervejinha e conversarem sobre futebol”. Pelo lado contrário, esse projeto está trazendo
grandes problemas, dono do
bar colorado, André Schumer,
diz que está aumentando seus
prejuízos e logo terá que aumentar o preço do refrigerante para atingir a média normal
do bar. “Sou totalmente contra
esse projeto”, declara. Dono
Alguns torcedores também
não estão gostando muito das
medidas tomadas pelo deputado. “Eu ia no estádio, bebia
todas, me divertia com meus
amigos, cantava e apoiava,
agora essa zoação terminou, ir
no estádio ficou monótono”,
reclama Márcio Vidal, torcedor
colorado. Enquanto outros
acham uma boa idéia. “Eu sempre freqüentei o estádio e nunca precisei do álcool para me
alterar, aquela energia que as
pessoas te passam já te deixam
assim, sem bebidas alcoólicas,
menos violência”, afirma Aline
Pereira, freqüentadora assídua
de jogos do Grêmio.
Centenário colorado
Uriel Gonçalves
Julio Cesar Vedoy
O resultado de um estudo
do Sport Club Internacional
projeta para 4 abril de 2009,
data do seu centenário, um
número de 100 mil sócios, algo suficiente para arrecadar
R$ 3 milhões por mês. Um
grupo de gestão, liderado pelo vice-presidente Mário Sér- Meta: 100 mil sócios até abril de 2009
gio Martins e o vice de administração, Giovanni Luigi, ana- seguinte. “É compromisso coE fora do Brasil?
lisa os caminhos para atingir a locar o Inter como o principal
meta. Em dois anos e meio, o clube da América até o centeNo Barcelona, os 156 mil
quadro social ganharia mais 22 nário”, explica Mário Sérgio.
sócios pagam a anuidade, vomil colorados.
Haverá entrega de kits com tam, recebem publicação menDe acordo com dados pu- produtos do Inter e jogos entre sal e têm descontos na loja do
blicados no site oficial do time, sócios em preliminares no Bei- clube. Apenas 90 mil deles poos atuais 78 mil associados ge- ra-Rio. O clube conta também dem assistir aos jogos, paganram cerca de R$ 1.712 .000 ao com o aumento do espaço no do entre 120 e 900 euros pela
mês e custeiam metade da folha Beira-Rio como estratégia. Até cadeira no Nou Camp. Os 8
salarial. O projeto a ser implan- 2009, o estádio ganhará mais mil lugares restantes são ventado é semelhante ao do Bar- 6 mil lugares, passando a 60 didos a torcedores comuns.
celona, dono do maior quadro mil. O vice de patrimônio, Pe- Sócios podem colocar à venda
social do futebol mundial, com dro Affatato, pretende construir seu lugar no estádio e são re156 mil torcedores que rendem novos camarotes no local da embolsados com 50% do in90 milhões de euros ao ano.
antiga coréia.
gresso. No Milan e na Inter,
Com 100 mil associados,
O Beira-Rio não será am- torcedores compram o carnê
não haverá mais a venda de pliado agora. A idéia é chegar do Italiano por 150 euros a 2
ingressos nas bilheterias. Os a 90 mil sócios até dezembro mil euros e são considerados
sócios de hoje, que têm aces- e mantê-los com as vantagens sócios e têm preferência nos
so livre a todas as partidas no atuais, isenção de ingresso em ingressos para Liga dos CamBeira-Rio, terão os direitos pre- todos os jogos por R$ 30, além peões, Copa da Uefa e Copa
servados. A direção ainda ana- de criar novas modalidades pa- da Itália. O Milan conta com 36
lisa como esses 22 mil novos ra os 10 mil que serão busca- mil sócios, e a Inter, 33 mil. O
associados serão acomoda- dos. Quanto aos benefícios dos River Plate tem 80 mil sócios
dos no Beira-Rio. A opção futuros sócios, além de votar, e 80% deles pagam R$ 44,95
mais viável é a criação de lista ganharão o direito de comprar, por mês para ir ao Monumende espera desses novos sócios por preços reduzidos, os 10 mil tal de Nuñez. Os demais papor jogo. No início do ano, o ingressos disponíveis. Caberá gam R$ 68,15 e também usam
torcedor indicaria as partidas ao clube enviar material de di- a parte social. Dos 60 mil sóda temporada que teria maior vulgação, publicações e cami- cios do Boca, 40 mil pagam
interesse. Se o jogo lotasse por setas. E os associados terão R$ 29 para ver os jogos. Quem
antecipação, o torcedor entra- descontos em redes de lojas e paga R$ 58 também vai à área
ria na relação para o encontro nas lojas oficiais do clube.
social.
16
Esportes
Dezembro de 2008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
 arte marcial
Wushu, faz história no RS
E
Rhavine Falcão
Em ano de olimpíadas,
a China fez questão de
valorizar um esporte, que
é seu “filho”. Apesar
de não fazer parte das
competições em Pequim,
o Wushu, mais conhecido
pelos brasileiros por
Kung Fu, não ficou de
fora das olimpíadas e
teve seu espaço garantido
com demonstrações que
foram realizadas de
21 a 24 de agosto.
Mesmo não sendo um esporte olímpico, o Wushu esteve
presente nas olimpíadas de Beijing como um “esporte de demonstração” e contou com a
presença de três atletas brasileiros, dois para combate (sanshou)
e um para competição de formas
(taolu), que foram selecionados
durante o último campeonato
mundial realizado também em
Beijing - China. O atleta Emerson
Almeida garantiu a medalha de
bronze durante a competição.
Como o Wushu não estava no
programa Olímpico o bronze não
Rhavine Falcão
Débora Roldão, treina para não perder o ritmo durante a gravidez
pode ser contado para o quadro
de medalhas do Brasil. O Wushu
é um esporte vinculado ao COB
- Comitê Olímpico Brasileiro e
tem atletas que recebem bolsaatleta do governo federal é, portanto, reconhecido como esporte de alto rendimento, como relata o presidente da Federação
Gaúcha de Wushu, Renato Feijó. Wushu é o termo que se refere à toda a arte marcial de origem essencialmente chinesa e
tem sua natureza no ataque e
na defesa. “O Hsing-I, o Pakua,
o Tai Chi Chuan e o Shaolin são
alguns dos inúmeros estilos existentes na China e que fazem
parte do Wushu de maneira geral”, diz o técnico da Federação
Gaúcha de Wushu, Adriano
Cunha. Feijó conta que nos tempos de Guerra, antes da invenção da pólvora e armas de fogo,
eram usados vários tipos de armas brancas como espada, machado, lança, arco e flecha. Mas,
nos dias atuais, as armas são
usadas somente para demonstrações, competições e auxiliar
no trabalho de alguns aspectos
do corpo como a força e agilidade.
Para o praticante de Wushu
encontrar o equilíbrio físico e espiritual, é preciso muita dedicação nos exercícios e, se necessário, usar de práticas mais tranqüilizantes que esse esporte
proporciona como a meditação.
Para Cunha, o taolu e o sanshou
são uma das partes que envolvem o treinamento. O taolu são
seqüências de movimentos realizados e executados individualmente ou através de combates
previamente combinados, que
Elaine Costa
Renato Feijó (D), treina forte incentivando no esporte o aluno Guilherme Silva, 21 anos
visam ao desenvolvimento da
concentração. O sanshou é o
combate propriamente dito, é o
momento do treino em que se
pode usar todas as técnicas, tornando uma situação próxima de
uma luta real. O técnico da Federação Gaúcha ainda comenta
que são inúmeros os fatores para definir a vitória de uma luta,
mas entre os principais está a
preparação psicológica para enfrentar uma determinada situação de luta. Para a vice-presidente da Federação Gaúcha de
Wushu, Débora Roldão, arte
marcial chinesa não ensina apenas técnicas, mas também filosofia, disciplina e a saúde. Conhecendo e praticando arte marcial, um indivíduo poderá tornarse muito mais centrado e seguro naquilo que faz realmente bem
para ele e para a sociedade,
completa a atleta.
Há 16 anos no Estado
Fundada em 29 de agosto
de 1992, em Porto Alegre, a Federação Gaúcha de Wushu, é
uma associação sem fins lucrativos, de caráter desportivo, cultural e social. A Federação Gaúcha procura auxiliar e ajudar os
atletas sempre que precisam,
mas ainda faltam investimentos
e patrocínios de empresas que
se disponham a investir nesse
esporte. “Após 16 anos de fundação, só agora conseguimos
confeccionar os agasalhos da
seleção gaúcha”, desabafa Feijó. Para que o atleta possa participar de uma competição é
preciso estar praticando em
uma escola de Wushu filiada à
Federação Gaúcha. “Cabendo
à cada escola, selecionar seus
atletas para participarem”, lembra Roldão. Um exemplo de for-
ça nesse esporte é a própria
Débora Roldão que começou
seus primeiros passos incentivados pelo pai que também praticava. Foi a primeira mulher a
se formar pela escola Shaolin
do Norte de Kung Fu no rio
Grande do Sul. “Me sinto muito
orgulhosa em ter concluído o
estilo Shaolin do Norte. Acho
que, para qualquer praticante,
o momento da conclusão do
estilo é sem dúvida um dos mais
emocionantes”, ressalta a atleta.
O Wushu faz parte de sua vida
há muitos anos como diversão
e também como trabalho. Deve
ser com a mesma alegria de dar
aulas que ela pretende, junto
com Cunha ensinar e transmitir
todo esse amor que tem pelo
Kung Fu para o filho Arthur que
está a caminho.
Arte marcial chinesa: esporte como educação
Arquivo: Escola Pro Wushu
Rhavine Falcão
Um lutador de muitas
conquistas. Tricampeão
Brasileiro de Wushu,
destaque em 2005, pela
FGWS, quarto lugar no
Panamericano 2006, no
Canadá, e primeiro lugar
no Sul Americano, em
2007. O atleta Adriano
Cunha começou sua
história no esporte como
aluno e hoje é professor
em sua escola. Além, de
técnico da Federação
Gaúcha de Wushu.
Universo IPA - Quando
você descobriu sua vocação
e paixão pelo Wushu?
Adriano Cunha - Como
grande parte dos praticantes, o
interesse pelas artes marciais
veio através de livros e filmes.
Logo depois consolidei o gosto
pela prática iniciando o treinamento em uma escola de wushu,
onde me aprimorei tecnicamente além de aprofundar o conhecimento filosófico do wushu.
Universo IPA - Qual a real origem do Kung Fu
Wushu?
Cunha - A origem do wushu
é repleta de lendas e histórias
fantásticas. Devido a falta de
documentos contendo a história das artes marciais de maneira precisa, é difícil dar a exa-
Universo IPA - Qual a dica que você dá para quem
gosta de Wushu e sonha em
se tornar um lutador?
Cunha - A busca do praticante deve visar não apenas
se tornar um bom lutador, mas
sim desenvolver aspectos internos como disciplina e autocontrole. Isso é um trabalho
para toda uma vida, fato que
torna o wushu uma arte.
O lutador Adriano Cunha em posição Daoshu, em um momento de treino
tidão da sua origem. Porém,
alguns historiadores dizem que
a luta pela sobrevivência dos
antigos povoados, que sofriam
com ataques de saqueadores
e animais selvagens, foi o que
estimulou o surgimento de uma
arte de defesa e ataque.
Universo IPA - O esporte
na maioria das vezes, auxilia
os jovens a não entrarem na
criminalidade. No Wushu isso também é comum?
Cunha - Uma vez que se
trabalha com as raízes filosóficas do wushu, de maneira verdadeira, e aquele que se propusse a ministrar o ensino da
arte marcial deve focar, de maneira verdadeira, o desenvolvimento do praticante como in-
e um ambiente que possibilite
uma prática segura. Depois
buscar um estilo que agrade
mais ao futuro praticante, pois
existem várias escolas com características diferentes de treinamento.
Universo IPA - Como saber se a prática é segura e
os profissionais são responsáveis?
Cunha - A dica para saber
se o estilo praticado é verdadeiro, é buscar professores credenciados pela Federação
Gaúcha de Wushu.
divíduo completo e útil à sociedade. O wushu é sim uma forte ferramenta para tirar crianças
e jovens da marginalidade.
Universo IPA - Qual o procedimento para quem quer
seguir esse esporte e por
onde começar?
Cunha - O primeiro passo
é procurar uma escola que possua profissionais responsáveis
Universo IPA - Você foi
aluno e hoje é professor em
sua academia. O que você
acha que mudou durante esse tempo?
Cunha - Acho que aos poucos o wushu está perdendo
aquela imagem carregada de
violência, que veio nos anos 70
e 80, em filmes como os de
Bruce Lee, e entra neste século mostrando, todos os seus
benefícios bem como a beleza
que envolve toda a cultura e a
história desta que é uma das
mais antigas artes marciais do
mundo.
Universo IPA - Você competiu por muitos anos e nos
representou muito bem conquistando várias competições. Você acha que esse é
o momento certo de parar?
Cunha - Sim, venho competindo a mais de dez anos, e
consegui alguns títulos que
considero muito importantes na
minha carreira, dentre eles o
primeiro lugar no sul americano
em 2007. Sinto que chegou a
hora de parar e abrir caminho
para quem está chegando. Não
é uma decisão fácil, mas acredito ser a mais certa no momento em que estou vivendo.
“Sinto que chegou a hora de parar... Não é uma decisão fácil”.

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