DESPOLUIÇÃO DO MANGUEZAL - Revista do UNI-RN
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DESPOLUIÇÃO DO MANGUEZAL - Revista do UNI-RN
DESPOLUIÇÃO DO MANGUEZAL: Sistematização de um projeto de intervenção no estuário do rio Potengi A n a Katarina P e s s o a de Oliveira Catarina da Silva S o u z a 1 2 Resumo O ecossistema manguezai ao longo do Rio Potengi, vem sendo prejudicado pelo acúmulo de lixo inorgânico que põe em risco a preservação da fauna e flora, ocasionando conseqüências danosas para o equilíbrio não só biológico, mas também sócio-econômico. Diante desta situação, a Operação Mangue Limpo vem sendo realizada como proposta de uma ação prática de conscientização sobre o problema apresentado. A sistematização das diretrizes da Operação tem como objetivos: identificar e hierarquizar os problemas, definir as soluções e estabelecer as parcerias para a realização de ações que contribuam para a preservação do meio ambiente, destacando o ecossistema manguezai P a l a v r a s - c h a v e : Ecossistema sustentável; meio 1 manguezai; desenvolvimento ambiente DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO PROBLEMA Os m a n g u e z a i s são ecossistemas restritos aos litorais tropicais e subtropicais, os quais d e s e n v o l v e m - s e na z o n a entre m a r é s e localizam-se, geralmente, na d e s e m b o c a d u r a de rios. E s t ã o sujeitos a i n u n d a ç õ e s periódicas por á g u a d o m a r e á g u a d o c e , sofrendo flutuações a b r u p t a s e p r o n u n c i a d a s de salinidade. São c o n s i d e r a d o s c o m o a interface q u e liga o e c o s s i s t e m a de terra firme c o m o e c o s s i s t e m a estuarino costeiro ( F O N S E C A , 2002). O litoral d o R i o G r a n d e d o N o r t e possui 4 0 0 k m d e e x t e n s ã o e apresenta um manguezai bastante desenvolvido no litoral oriental. O Estuário d o rio Potengi, c o m 20 km de extensão, d e s t a c a n d o - s e ainda o d o rio C u r i m a t a ú , o d o rio Ceará1 Especialista em Contabilidade Gerencial - UFRN, Contadora do S E S I - D R / R N Professora da Faculdade Natalense para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte. E-mail: [email protected] Mestre em Administração - U F R N . Professora da Faculdade Natalense para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte E-mail: [email protected] : : R. FARN. Natal. v. 1, n.2, p. 27 - 36 ,jan./jun. 2002. 27 M i r i m , o c o m p l e x o lagunar d e G u a m a r é e G a l i n h o s , l a g u n a d e Barreiras e D i o g o L o p e s , n o estuário d o R i o P i r a n h a s - A ç u e n o estuário d o R i o A p o d i - M o s s o r ó ( M E L O , 2 0 0 0 ) , tudo isso forma o m a n g u e z a l potiguar. A v e g e t a ç ã o arbórea d o m a n g u e z a l é c o m p o s t a p o r p o u c a s e s p é c i e s . Todas a p r e s e n t a m - s e c o m adaptações estruturais e fisiológicas para sobreviver nesse a m b i e n t e d e solo p o u c o c o m p a c t a d o , p o u c o o x i g e n a d o e freqüentemente inundad o pelas m a r é s . N o s m a n g u e s d o Rio G r a n d e d o N o r t e , são e n c o n t r a d a s quatro espécies de árvores: 1) R h i z o p h o r a m a n g l e ( m a n g u e v e r m e l h o ) - se d e s e n v o l v e nas partes m a i s baixas e nas g a m b o a s q u e a p r e s e n t a m m a i o r aporte de água, o n d e suas raízes são a d a p t a d a s ao i m p a c t o das o n d a s . 2) A v i c e n n i a s c h a u e r i a n a ( m a n g u e n e g r o ) - e n c o n t r a d o nas áreas m a i s p r o t e g i d a s sobre os terrenos salinos, por isso, apresenta, e m suas folhas, sistemas glandulares q u e e x p e l e m o e x c e s s o de sais a b s o r v i d o . 3) L a g u n c u l a r i a r a c e m o s a ( m a n g u e branco) - vegeta m a i s para dentro d a r e g i ã o estuarina, nos trechos m e n o s l a m a c e n t o s e salinos, H á p e s q u i sas q u e m o s t r a m q u e esse tipo de m a n g u e suporta m e l h o r a poluição, inclusive a p r o v o c a d a por óleo. 4) C o n o c a r p u s erectus ( m a n g u e d e botão ou de bolota) - se desenv o l v e p r ó x i m o às barras arenosas, c o m p o u c a influência das m a r é s , s e n d o a m e n o r r e p r e s e n t i v i d a d e de v e g e t a ç ã o d e m a n g u e na área. O principal valor dos m a n g u e z a i s está na p r o d u ç ã o e e x p o r t a ç ã o de detritos o r g â n i c o s p a r a as águas estuarinas. O s detritos e m s u s p e n s ã o nas águas, c o m p o s t o s p r i n c i p a l m e n t e por fragmentos de folhas d e m a n g u e , f o r m a m a base a l i m e n t a r d e diversas espécies de caranguejos, c a m a r õ e s e peixes. D e v i d o às c o n d i ç õ e s q u e oferecem, os m a n g u e s são c o n s i d e r a d o s e c o s s i s t e m a s altamente p r o d u t i v o s , g a r a n t i n d o alimento, proteção, c o n d i ç õ e s d e r e p r o d u ç ã o e crescim e n t o p a r a m u i t a s espécies de valor c o m e r c i a l . O s m a n g u e z a i s e x e r c e m ainda outras funções, c o n s i d e r a d a s c o m o benefícios ou serviços gratuitos à c o m u n i d a d e , tais c o m o : p r o t e ç ã o das áreas de terra firme c o n t r a t e m p e s t a d e s e ações erosivas das m a r é s ; retenção de poluentes; retenção de s e d i m e n t o s finos carregados pelas á g u a s , favorecendo a m a n u t e n ção dos canais de n a v e g a ç ã o ; m a n u t e n ç ã o e c o n s e r v a ç ã o de estoques pesqueiros do estuário, garantindo a piscosidade na região; r e c r e a ç ã o e lazer (pesca esportiva, t u r i s m o ecológico, e t c ) . 28 R. FARN, Natal v.l, n.2, p. 27 - 36 JanVjun. 2002. A p e s a r d a g r a n d e r i q u e z a deste ecossistema, o m e s m o v e m efetivamente s e n d o a m e a ç a d o d e v i d o : à e x p l o r a ç ã o d e seus recursos naturais (madeira, pesca, c r u s t á c e o s e m o l u s c o s ) ; à p o l u i ç ã o c a u s a d a p o r l a n ç a m e n t o d e esgotos d o m é s t i c o s , industriais e hospitalares, p o r d e r r a m a m e n t o de petróleo e p o r p r o d u t o s q u í m i c o s o r i u n d o s d e d e f e n s i v o s a g r í c o l a s d a s áreas m a r g i n a i s ; à o c u p a ç ã o i n d e v i d a c o m d e p o s i ç ã o d e lixo e c o n s t r u ç ã o civil; à invasão p o r c o m u n i d a d e s carentes, b e m c o m o pelo a s s o r e a m e n t o d o s m a n g u e s a partir d o s d e s m a t a m e n t o s . T o d o s os materiais p o l u e n t e s inorgânicos j o g a d o s nos m a n g u e z a i s c o m o p n e u d e borracha, garrafas de vidro e d e plástico, lixo industrial, latas de alumínio e utensílios d o m é s t i c o s (vaso sanitário, geladeiras, pias, c a m a s , c o l c h õ e s , e s p e lhos) s ã o d e difícil d e c o m p o s i ç ã o . D e a c o r d o c o m a tabela abaixo, p o d e - s e observar q u a n t o t e m p o a natureza leva para d e c o m p o r o lixo. TABELA DESCRIÇÃO DOS MATERIAIS POLUENTES EM RELAÇÃO AO T E M P O DE DECOMPOSIÇÃO Material poluente Luvas de algodão Caixa de leite Papel toalha Caixa de papelão Pedaço de madeira pintada Jornal Porta latinhas fotodegradáveis Fralda descartável comum ~ | Tempo para ser decomposto pela natureza 05 meses 03 meses 02 a 04 meses 02 meses 13 anos 06 meses 06 meses 450 anos 50 anos 80 anos 200 anos 400 anos 450 anos 650 anos 250.000 anos Tempo indeterminado Lata e copo plástico Bóia de isopor Lata de alumínio Porta latinhas de plástico Garrafa de plástico Linhas de nylon Lixo radioativo Vidro F O N T E : Decodil - Associação de Desenvolvimento Comunitário de Diogo Lopes tabela de duração de lixo no mar. R. FARN. Natal, v. 1, n.2, p. 27 - 36 Jan./jun. 2002 29 C o m o objetivo d e realizar ações concretas para m i n i m i z a r a p o l u i ç ã o d o m a n g u e z a l do estuário d o R i o P o t e n g i , foi criada a O p e r a ç ã o M a n g u e L i m p o O M L , q u e d e s d e o a n o 2 0 0 0 totaliza 14 o p e r a ç õ e s . Diante d o d i a g n ó s t i c o da situação atual, a O M L v e m d e s e n v o l v e n d o a ç õ e s de crescente a d e s ã o e x i g i n d o u m a s i s t e m a t i z a ç ã o d e suas diretrizes. Para tanto, p r o p õ e - s e aqui identificar e hierarquizar os p r o b l e m a s , definir as soluções e estabelecer as parcerias para a realização d e ações q u e c o n t r i b u a m para a preservação do meio ambiente, destacando o ecossistema manguezal. 2 OPERAÇÃO M A N G U E L I M P O - O M L A O M L teve seu início, no a n o d e 2 0 0 0 , a partir de u m a ação individual d o ambientalista Ronaldo Freire. D e s d e janeiro de 2002, a O M L conta c o m o apoio do Instituto EPA - E s p a ç o de P r o d u ç ã o Artística, q u e c o n v o c a voluntários, órgãos p ú b l i c o s , imprensa, dentre outros, c o m o objetivo d e despertar e conscientizar a p o p u l a ç ã o da n e c e s s i d a d e de u m a a ç ã o diária, de q u e c a d a u m p o d e fazer sua parte em defesa do m e i o a m b i e n t e e d e u m a m e l h o r q u a l i d a d e d e vida. A O p e r a ç ã o realizada e m 12 de j a n e i r o de 2 0 0 2 , n u m a e x t e n s ã o inferior a 100 m , às m a r g e n s d o estuário d o R i o Potengi c o m a participação de a p r o x i m a d a m e n t e 35 voluntários, c o m o t e m p o d e d u a s h o r a s c a u s o u e s p a n t o a todos q u a n do, ao final, constatou-se q u e foi retirada d o m a n g u e mais de u m a tonelada de lixo. O s atores da s i t u a ç ã o - p r o b l e m a são classificados e m três: atores primários - os q u e m o r a m às m a r g e n s d o rio; atores s e c u n d á r i o s - a p o p u l a ç ã o urbana, inclusive e m p r e s a s ; intermediários - os q u e transitam pelo rio. Vale salientar que, i n d e p e n d e n t e m e n t e d a classificação, t o d o s são agentes agressores e receptores da poluição no manguezal. O m a n g u e z a l p o d e ser tratado c o m o u m recurso renovável, p o r é m finito, q u a n d o se c o n s i d e r a a p r o d u ç ã o natural d e m e l , ostras, caranguejos e outras e s p é c i e s , além de o p o r t u n i d a d e s recreacionais, científicas e e d u c a c i o n a i s . P o d e ser c o n s i d e r a d o n ã o r e n o v á v e l q u a n d o o e s p a ç o é o c u p a d o por c o n s t r u ç õ e s imobiliárias. A fauna e a flora das áreas d o s m a n g u e z a i s são fonte de alimentos para as p o p u l a ç õ e s h u m a n a s . O s e s t o q u e s de peixes e espécies similares constit u e m excelentes fontes d e proteína a n i m a l de alto valor nutricional. O s recursos p e s q u e i r o s são c o n s i d e r a d o s c o m o i n d i s p e n s á v e i s à subsistência das populações. 30 R. FARN, Natal, v. 1, n.2, p. 27 - 36 ,jan./jun. 2002. S e g u n d o Schaeffer-Novelli ( 2 0 0 2 ) , o m a n g u e z a i ecossistema, b e m representado ao l o n g o d o litoral brasileiro, e n c o n t r a - s e a s s o c i a d o aos estuários, baías e a l g u m a s lagoas, ou d i r e t a m e n t e e x p o s t o na linha da costa; é c o n s i d e r a d o no Brasil c o m o d e p r e s e r v a ç ã o p e r m a n e n t e , incluído e m diversos dispositivos c o n s titucionais ( C o n s t i t u i ç õ e s Federal e Estadual) e infraconstitucionais (leis, d e c r e tos, r e s o l u ç õ e s , c o n v e n ç õ e s ) . A o b s e r v a ç ã o d e s s e s i n s t r u m e n t o s legais i m p õ e u m a série d e o r d e n a ç ã o d o uso e/ou ações e m áreas de m a n g u e z a i . A i m p o r t â n c i a d a p r e s e r v a ç ã o desse e c o s s i s t e m a consiste no fato de q u e a sua d e s t r u i ç ã o c o l o c a e m risco todo o equilíbrio ambiental litorâneo, além de atingir direta e i n d i r e t a m e n t e a p o p u l a ç ã o c o m o u m todo. A realização da O M L é um p a s s o p a r a garantir a p r e s e r v a ç ã o de u m m e i o a m b i e n t e dos m a i s ricos d o planeta, g e r a n d o u m a m u d a n ç a na q u a l i d a d e d e vida de diversas c o m u n i d a d e s e d i s s e m i n a n d o o d e s e n v o l v i m e n t o sustentável das p o p u l a ç õ e s . C o n f o r m e M e n d e s (2000), o d e s e n v o l v i m e n t o sustentável tem seis aspectos prioritários q u e d e v e m ser e n t e n d i d o s c o m o m e t a s : 1 - a satisfação das necessidades básicas da população (educação, alimentação, saúde, lazer, etc); 2 - a solidariedade para com as gerações futuras (preservar o ambiente de modo que elas tenham chance de viver); 3 - a participação da população envolvida (todos devem se conscientizar da necessidade de conservar 'im ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para ta!); 4 - a preservação dos recursos naturais (água, oxigênio, e t c ) ; 5 - a elaboração de um sistema social, garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas (erradicação da miséria, do preconceito e do massacre de populações oprimidas como, por exemplo, os índios) e 6 - a efetivação dos programas educativos. Destarte, as a ç õ e s d e s e n v o l v i d a s pela O M L p o s s u e m relevância de caráter social e a m b i e n t a l , n e c e s s i t a n d o de u m aporte científico a fim d e instigar pesquisas q a e viabilizem m a n e i r a s d e atender os aspectos prioritários d o d e s e n v o l v i m e n t o sustentável citados acima. 3 IDENTIFICAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO DOS PROBLEMAS C o m o t é c n i c a para identificação dos p r o b l e m a s será apresentada, através da ilustração 1, a árvore de p r o b l e m a s . Para a construção desta árvore, parte-se do p r o b l e m a central, e l e n c a n d o - s e abaixo dele as causas diretas, abaixo dessas as suas causas principais e, assim, s u c e s s i v a m e n t e . P o d e - s e ramificar a árvore até o R. FARN. Natal, v.l, n.2. p. 27 - 36 Jan./jun. 2002. 3 1 nível q u e desejar. N o entanto, é interessante limitar-se às causas essenciais e passíveis d e m u d a n ç a s ( C A M P O S et al., 2 0 0 2 , p . 17). ILUSTRAÇÃO 1 ARVORE DE PROBLEMAS Poluição d o Manguezal Existe material poluente Existe u m m a n g u e poluído Quantidade suficiente de lixo para polui-lo 1. Ações insuficientes para desDolutcâo Ecossistema manguezal afetado Ausência de um elemento de proteção A área do mangue é utilizada como depósito irregular de lixo FONTE: Adaptado de C A M P O S et al. (2002) 4 IDENTIFICAÇÃO DE SOLUÇÕES Será utilizada a técnica para identificação d e soluções a árvore d e soluções, conforme ilustração 2. S e g u n d o C A M P O S et al (2002, p.21), a construção d a árvore parte d a definição d e u m a possível solução d a situação-problema. A soluç ã o definida surge d a análise d a situação e d e v e expressar u m a estratégia para e n f r e n t a m e n t o do p r o b l e m a . C o m base na solução escolhida, d e v e - s e elencar as c o n d i ç õ e s d i r e t a m e n t e relacionadas à s u a c o n s e c u ç ã o . Essas c o n d i ç õ e s p o d e m implicar c o n d i ç õ e s secundárias, q u e irão c o m p o n d o , dessa forma, os diferentes níveis d a árvore d e soluções. 32 R, FARN. Natal, v. 1, n.2, p, 27 - 36 Jan./jun. 2002. ILUSTRAÇÃO 2 ÁRVORE D E SOLUÇÕES Despoluição do Manguezai Retirada do material poluente Quantidade suficiente de lixo para poluí-lo Combater o despejo do lixo no rio Conscientizar a população quanto à educação ambiental A área do mangue é utilizada como depósito irregular de lixo Ações insuficientes para despoluição Ausência de um elemento de proteção FONTE: Adaptado de C A M P O S et al. (2002) De a c o r d o c o m as árvores d e p r o b l e m a e solução apresentadas, os objetivos d a O M L e s t ã o d i s p o s t o s d a seguinte forma: - retirar o lixo inorgânico existente no m a n g u e z a i ; - d e s e n v o l v e r ações d e d e s p o l u i ç ã o e d e p r e s e r v a ç ã o e m ecossistema manguezai; defesa do - reduzir o índice d e m o r t a l i d a d e d a fauna e d a flora; - d e s e n v o l v e r c a m p a n h a s d e e d u c a ç ã o e p r e s e r v a ç ã o ambiental, dissemin a n d o a idéia d e p r o t e ç ã o , p r e s e r v a ç ã o d a c o n s c i ê n c i a e c o l ó g i c a e m favor dos m a n g u e s e d a p r ó p r i a c o m u n i d a d e . A m e t a é despoluir: reduzir o nível d e poluição no rio Potengi; desenvolver núcleos d e teatro, dança, m ú s i c a , alfabetização para adultos, alimentos alternativos, saúde, etc. para as c o m u n i d a d e s e n v o l v i d a s ; criar m e c a n i s m o s de desenvolvimento e c o n ô m i c o para estas c o m u n i d a d e s ; criar u m a área ecossustentável através d o e c o t u r i s m o ; p r o m o v e r parcerias c o m órgãos ambientais; publicar livros, vídeos e afins para d i s s e m i n a r a e d u c a ç ã o ambiental. 5 ESTRATÉGIA DE PARCERIAS Nas O p e r a ç õ e s j á realizadas o Instituto EPA desenvolveu: ações d e limpeza no m a n g u e z a i d o rio Potengi, m e n s a l m e n t e ; trabalho de conscientização j u n t o R. FARN, Natal, v. 1. n.2, p. 27 - 36 ,jan./jun. 2002. 33 às c o m u n i d a d e s ribeirinhas, p r o c u r a n d o identificar as n e c e s s i d a d e s ; c o n t a t o j u n to às a u t o r i d a d e s c o m p e t e n t e s nas esferas m u n i c i p a i s e estaduais c o m o o C o r p o de B o m b e i r o s , Exército, Ó r g ã o de L i m p e z a Pública, Capitania dos Portos no sentido d e d e s e n v o l v e r atividades conjuntas; contato c o m entidades privadas c o m o os C l u b e s de R e m o , C o l ô n i a de Pescadores e veículos de imprensa. É interessante destacar q u e a l g u n s conflitos e divergências foram e n c o n t r a d o s ao longo das operações, e x e m p l o : 1 - resistência das pessoas e m apoiar ações de c u n h o a m b i e n t a l ; 2 - p r e c o n c e i t o s para c o m c o m u n i d a d e s carentes; 3 - falta d e a p o i o das c o m u n i d a d e s ribeirinhas; 4 - dificuldades financeiras para viabilizar as o p e r a ç õ e s ; e 5 - dificuldade de firmar parcerias. A s p a r c e r i a s almejadas são c o m as seguintes entidades: 1 -- U n i v e r s i d a d e Federal d o Rio G r a n d e do Norte - U F R N - Departamento de Geografia, c o m o objetivo d e realizar a atualização cartográfica d o m a n g u e z a l d o Rio Potengi, a fim de trabalhar c o m informações reais; c o m o D e p a r t a m e n t o de Biologia, p a r a e s t u d o s de m i c r o b i o l o g i a d o m a n g u e z a l , incluindo os aspectos t a x o n ô m i c o s , de d e c o m p o s i ç ã o e d e fixação de matéria e de energia; e c o m o D e p a r t a m e n t o de B o t â n i c a c o m o objetivo de realizar o m o n i t o r a m e n t o das áreas do mangue. 2 - U n i v e r s i d a d e Potiguar - U N P - D e p a r t a m e n t o de Biologia, a fim de mobilizar alunos e professores para estimar o potencial produtivo dos m a n g u e z a i s sob o p o n t o d e vista d a fauna e d a flora, para identificar a c a p a c i d a d e de suporte dos m a n g u e s e m atividades extrativas; 3 - Ó r g ã o s g o v e r n a m e n t a i s estaduais e federais para fazer c u m p r i r a legislação de p r o t e ç ã o aos m a n g u e z a i s , a l o c a n d o recursos materiais e h u m a n o s necessários p a r a a efetivação das ações de sua c o m p e t ê n c i a . 4 - S E S I - S e r v i ç o Social da Indústria e S E N A I - Serviço Nacional de A p r e n d i z a g e m Industrial - D e p a r t a m e n t o s Regionais d o Rio G r a n d e do Norte, a fim de viabilizarem recursos financeiros e/ou técnicos para cursos de e d u c a ç ã o ambiental e p r o g r a m a s de reciclagem de lixo; 34 R. FARN, Natal, v. 1, n.2. p. 27 - 36 Jan./jun. 2002. 5 - P E T R O B R Á S - Para d e s e n v o l v e r o p r o g r a m a de reciclagem de lixo j u n t o às c o m u n i d a d e s p r ó x i m a s aos m a n g u e z a i s ; 6 - C E F E T - C e n t r o Federal d e E d u c a ç ã o Tecnológica do Rio G r a n d e d o N o r t e , a fim d e d e s e n v o l v e r p r o g r a m a de a p r o v e i t a m e n t o do lixo; 7 - O u t r a s O r g a n i z a ç õ e s N ã o G o v e r n a m e n t a i s e G r u p o s de pesquisas q u e trabalham c o m a temática do m a n g u e z a i a fim de estabelecer u m a rede de informações. 6 CONCLUSÃO E notável a necessidade de preservar o manguezai dada à sua importância p a r a o equilíbrio d o ecossistema. A destruição dos m a n g u e s coloca e m risco a s o b r e v i v ê n c i a d e espécies d a fauna e flora, b e m c o m o a subsistência e c o n ô m i c a das p o p u l a ç õ e s ribeirinhas q u e d e p e n d e m da atividade de pesca. A O p e r a ç ã o M a n g u e L i m p o v e m p r e e n c h e r u m a lacuna na c o n d u ç ã o da preservação deste ambiente. P a r a ter c o n t i n u i d a d e , a O p e r a ç ã o M a n g u e L i m p o necessita estabelecer p a r c e r i a s , v i s a n d o a m e n s u r a r os r e s u l t a d o s d e c a d a o p e r a ç ã o por m e i o de indicadores e observância das situações anterior e posterior do ambiente e n c o n t r a d o , ressaltando-se q u e trata-se de um p r o c e s s o de longo prazo cujas i m p l i c a ç õ e s r e c a e m no nível ambiental e social dos atores e n v o l v i d o s . E relevante para a O p e r a ç ã o que os seus organizadores estejam capacitados a lidar c o m voluntários, u m a vez que a lógica que permeia a realização d e tais p r o j e t o s é diferente e n o v a p a r a m u i t o s . O s e n t i d o de c o l e t i v i d a d e , c o n s c i ê n c i a e c o l ó g i c a e d e s e n v o l v i m e n t o sustentável d e v e estar presente nas a ç õ e s , a l é m de b e m assimilado p o r seus c o n d u t o r e s e parceiros REFERÊNCIAS A N D R A D E , Sílvio de. Poluição está destruindo m a n g u e da Redinha. J o r n a l Tribuna do Norte. Natal, p.9, jan. 2 0 0 1 . C A M P O S , Arminda Eugênia Marques; et al. Elaboração e monitoramento de proj e t o s sociais. Brasília, 2002, R. FARN, Natal, v. 1, n.2, p. 27 - 36 ,jan./jun. 2002. 35 FONSECA, Izabel A.Z. Manguezal. Disponível em: <http:// www.guiaguaruja.com.br/meioambiente/manguezal.htm>. Acesso em: 23 mar. 2002. M E L O . Ana Carine Silveira de. Os berçários marinhos. Jornal Tribuna d o Norte. Natal, 1 Ornai. 2000. S C H A E F F E R - N O V E L L I , Yara. Avaliação e ações prioritárias para conservação da biodiversidade da z o n a costeira e m a r i n h a . Disponível em: www.bdt.fat.org.br/ workshop/costa/mangue/. Acesso em: 05jan. 2002. Abstract Then swamp ecosystem along the Potengi River has been harmed by the accumulation of inorganic garbage which is taking the fauna and flora preservation at risk, causing not only biological damages to the nature balance as well as social economic ones. Because of this, the campaingn "Mangue Limpo" (clean swamp), has been having as a proposal to make people aware of this problem The operation has as its main objectives: identifying andpriorizing the problems, defining solutions and establishing the partners to the action taking that will contribute to the environment preservation, emphasizing the swamp ecosystem. Key words: swamp ecosystem; 36 environment. R. FARN, Natal, v. 1. n.2, p. 27 - 36 .jan./jun. 2002.
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