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B4 MOBI A TARDE Receba notícias dos circuitos de carnaval no seu celular. Envie um SMS para 46991 com o texto AT CARNA ou AT AV ou AT BARRA. SALVADOR, QUARTA-FEIRA, 25/2/2009 carnava l 2009 NOSSO REPÓRTER-VERDADE PROVA: É DURO SER GARI NO CARNAVAL USE seu leitor de código de barras para acessar o canal Carnaval (m.atarde.com.br) em seu celular A H N E ÉL trios, aparecem s o e tr n e o u c á v NA PELE ❚ N o do Carnaval s ra u g fi s te n a rt o p eles, os garis, im SEBASTIÃO BISNETO | AG. A TARDE , e d a d l i m Hu o t i e p s e r garra e o m i x ó r p o a VALMAR HUPSEL FILHO [email protected] Tem coisa que a gente precisa viver na pele para descrever direito. Eu já havia observado de cima da estrutura metálica (praticável) montada por A TARDE a coreografia dos garis no Campo Grande e refletido sobre a importância destes profissionais para o Carnaval. Mas foi somente vestindo a farda verde e empunhando uma vassoura que pude ter ideia do trabalho duro, e nem sempre reconhecido, o que eles fazem. Logo de cara percebi que a farda é capaz de tornar invisível quem a veste. Exemplo: já vestido com ela, estive no praticável para usar o banheiro. Um dos funcionários me abordou e, com uma autoridade que não usaria com um jornalista, me disse: “Olhe esse monte de lixo. Isso aqui tá imundo!”. Olhei nos olhos dele e, apesar de eu ter estado ali nos dois dias anteriores e conversado inclusive com ele, percebi que não fui reconhecido. Só me restou responder “vamos providenciar, senhor” e seguir para o trabalho. A turma da limpeza, acompanhada de malabaristas do Circo Picolino, entra em cena no intervalo entre um bloco e outro, quando se pode ver o asfalto novamente, cheio de trabalho a ser feito. A ordem vem em forma de apito e iniciamos o trabalho. São duas equipes: os varredores e os coletadores. A ideia é que nós, varredores, sob a orientações dos fiscais, façamos, o mais rápido possível, montes de lixo para que os coletadores recolham o material e coloquem dentro de tonéis plásticos móveis. O resultado da passagem de dois blocos inteiros dá para encher oito deles. Antes disso, catadores ciscam os montes, feito pombos, e retiram as latinhas de alumínio com rapidez e eficiência impressionantes. Não raro são crianças e velhos, de sandálias ou descalços. Tento exercer meu papel o melhor possível, apesar da inexperiência com o instrumento de trabalho. Enquanto varro o asfalto, observo o que é deixado para trás pelos foliões. São centenas de latas de alumínio, garrafas plásticas, bandanas e toalhas de rosto e grande quantidade de embalagens plásticas e abertas de camisinha. Fico imaginando: ou o pessoal gosta de fazer balões com os preservativos ou tem gente fazendo milagre na avenida. O desprezo dos foliões com nosso trabalho é tamanho que muitos deles simplesmente passam por cima do que varremos, sem qualquer cerimônia. Há também os que mijam a um metro de onde ficamos enfileirados. Solidariedade mesmo só encontrei entre os companheiros. Um colega “dá a manha” de usar a vassoura do lado contrário. “Cansa menos, pai”. Outro oferece biscoito no intervalo do trabalho. Um terceiro estranha um cara branco (o único) entre eles, e pergunta se sou da Globo. Desmascarado, digo que sou jornalista e estou ali para contar o que é ser gari no Carnaval. “Conte mesmo. É história de muita labuta que ninguém dá valor...”, disse. É verdade. No Campo Grande, os artistas agradecem ao governador, ao prefeito, ao secretário da Cultura, à TV tal, à rádio tal, mas nenhum deles faz referência ao trabalho duro dos garis. O único reconhecimento vem de um homem de idade, cordeiro do Traz a Massa. “Essa galera é dez!”, repete ele. Completamente bêbado, sorriso 1001, ele diz em seguida, que é aposentado da Limpurb. Então, se ninguém no circuito agradece a eles, eu uso minha caneta para neste espaço fazê-lo. A todos os garis do Carnaval de Salvador, pela lição de humildade, garra e respeito ao próximo, meu muito obrigado. De vassourão em punho, jornalist a garante a limpeza do asfalto no Campo Grande E o troféu tchuco gostoso vai para... ANDREA LEMOS [email protected] Mal terminava a pergunta e a resposta saltava: Léo Santana. É ele o homem mais bonito do pagode para 19 consultadas. Bonito é um jeito polido de falar, porque o que o rapaz recebeu de elogio não tinha bem esse tom: "Ele é todo deli deli", "Ele é gostoso", "Meia-hora de homem para cinco minutos de mulher"... A mes- ma autora dessa pérola completou: "Minha filha, quando o homem é grande, não precisa ser bonito", empolgava-se Íris Cristina, 28, na mesma hora em que Eddy, do Fantasmão, ia passando cercado por seguranças. Eu disse a ela que Eddy só tinha tido dois votos. Íris não perdeu tempo: "Claro, a gente gosta de churrasco, ele é sopa". Sheila Daltron, 22, concordou e se derreteu lembrando da R$ 0,10 por msg (5 a 10/dia). Serviço disponível para as operadoras Claro, Oi e Vivo. fantasia de gladiador de Léo. "Ah, se eu pudesse, ia gladiar com ele a noite toda". Menos ousada mas tão efusiva foi Marília Cristina, 26, que, se encontrasse com Léo, só ia querer um abraço. "E dizer que sou a Dalila dele", completou. Marília, que ia passando purpurinada para a avenida, tinha saído na segunda e na terça-feira só para ver o Parangolé. Jacinete Bonfim, 30, também estava ali no Campo Grande pelo mesmo motivo. O único homem que se arriscou a falar votou em Xanddy: "É, acho que Xanddy tem uma quebradinha gostosinha", comentou Luis Cunha, 28, que depois quis saber o que eu tinha anotado. "Anotei o que você disse", informei. Ele deu risada e deixou que seu voto completasse os 10 que o cantor do Harmonia recebeu em cerca de uma hora de pesquisa. Em terceiro lugar, três cantores empataram com dois votos: Márcio Vitor (do Psirico), Flavinho (do Pagodart) e Eddy (do Fantasmão). Nayara Santosperguntou quem tinha escolhido Flavinho: "Foi só a mãe e a tia dele, né?". Neide Ferreira, 46, foi a primeira a dar seu voto a Eddy e achou uma injustiça. Já Psirico recebeu os mesmos comentários que ele fez às mulheres com a melhor música do ano passado: "Ele é todo bom".