25/02/2009 1a 2_CD1ESPECIAL_004

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25/02/2009 1a 2_CD1ESPECIAL_004
B4
MOBI A TARDE
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circuitos de carnaval
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AT CARNA ou AT AV
ou AT BARRA.
SALVADOR,
QUARTA-FEIRA,
25/2/2009
carnava
l
2009
NOSSO
REPÓRTER-VERDADE
PROVA: É DURO SER GARI
NO CARNAVAL
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acessar o canal
Carnaval
(m.atarde.com.br)
em seu celular
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SEBASTIÃO BISNETO | AG. A TARDE
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VALMAR HUPSEL FILHO
[email protected]
Tem coisa que a gente precisa viver na pele para descrever direito.
Eu já havia observado de cima da
estrutura metálica (praticável)
montada por A TARDE a coreografia dos garis no Campo Grande e
refletido sobre a importância destes profissionais para o Carnaval.
Mas foi somente vestindo a farda
verde e empunhando uma vassoura que pude ter ideia do trabalho duro, e nem sempre reconhecido, o que eles fazem.
Logo de cara percebi que a farda é capaz de tornar invisível
quem a veste. Exemplo: já vestido
com ela, estive no praticável para
usar o banheiro. Um dos funcionários me abordou e, com uma
autoridade que não usaria com
um jornalista, me disse: “Olhe esse monte de lixo. Isso aqui tá
imundo!”. Olhei nos olhos dele e,
apesar de eu ter estado ali nos dois
dias anteriores e conversado inclusive com ele, percebi que não
fui reconhecido. Só me restou responder “vamos providenciar, senhor” e seguir para o trabalho.
A turma da limpeza, acompanhada de malabaristas do Circo
Picolino, entra em cena no intervalo entre um bloco e outro, quando se pode ver o asfalto novamente, cheio de trabalho a ser feito. A
ordem vem em forma de apito e
iniciamos o trabalho. São duas
equipes: os varredores e os coletadores. A ideia é que nós, varredores, sob a orientações dos fiscais,
façamos, o mais rápido possível,
montes de lixo para que os coletadores recolham o material e coloquem dentro de tonéis plásticos
móveis. O resultado da passagem
de dois blocos inteiros dá para encher oito deles. Antes disso, catadores ciscam os montes, feito
pombos, e retiram as latinhas de
alumínio com rapidez e eficiência
impressionantes. Não raro são
crianças e velhos, de sandálias ou
descalços.
Tento exercer meu papel o melhor possível, apesar da inexperiência com o instrumento de trabalho. Enquanto varro o asfalto,
observo o que é deixado para trás
pelos foliões. São centenas de latas
de alumínio, garrafas plásticas,
bandanas e toalhas de rosto e
grande quantidade de embalagens plásticas e abertas de camisinha. Fico imaginando: ou o pessoal gosta de fazer balões com os
preservativos ou tem gente fazendo milagre na avenida.
O desprezo dos foliões com
nosso trabalho é tamanho que
muitos deles simplesmente passam por cima do que varremos,
sem qualquer cerimônia. Há também os que mijam a um metro de
onde ficamos enfileirados. Solidariedade mesmo só encontrei entre
os companheiros. Um colega “dá a
manha” de usar a vassoura do lado
contrário. “Cansa menos, pai”. Outro oferece biscoito no intervalo do
trabalho. Um terceiro estranha um
cara branco (o único) entre eles, e
pergunta se sou da Globo. Desmascarado, digo que sou jornalista e estou ali para contar o que é ser
gari no Carnaval. “Conte mesmo. É
história de muita labuta que ninguém dá valor...”, disse.
É verdade. No Campo Grande,
os artistas agradecem ao governador, ao prefeito, ao secretário da
Cultura, à TV tal, à rádio tal, mas
nenhum deles faz referência ao
trabalho duro dos garis. O único
reconhecimento vem de um homem de idade, cordeiro do Traz a
Massa. “Essa galera é dez!”, repete
ele. Completamente bêbado, sorriso 1001, ele diz em seguida, que é
aposentado da Limpurb. Então, se
ninguém no circuito agradece a
eles, eu uso minha caneta para
neste espaço fazê-lo. A todos os garis do Carnaval de Salvador, pela lição de humildade, garra e respeito
ao próximo, meu muito obrigado.
De vassourão em punho, jornalist
a garante a limpeza do asfalto
no Campo Grande
E o troféu tchuco gostoso vai para...
ANDREA LEMOS
[email protected]
Mal terminava a pergunta e a resposta saltava: Léo Santana. É ele
o homem mais bonito do pagode
para 19 consultadas. Bonito é um
jeito polido de falar, porque o que
o rapaz recebeu de elogio não tinha bem esse tom: "Ele é todo deli deli", "Ele é gostoso",
"Meia-hora de homem para cinco minutos de mulher"... A mes-
ma autora dessa pérola
completou: "Minha filha,
quando o homem é grande, não
precisa ser bonito", empolgava-se Íris Cristina, 28, na mesma
hora em que Eddy, do Fantasmão, ia passando cercado por seguranças. Eu disse a ela que Eddy
só tinha tido dois votos. Íris não
perdeu tempo: "Claro, a gente
gosta de churrasco, ele é sopa".
Sheila Daltron, 22, concordou e se derreteu lembrando da
R$ 0,10 por
msg (5 a 10/dia).
Serviço
disponível
para as
operadoras
Claro, Oi e Vivo.
fantasia de gladiador de Léo.
"Ah, se eu pudesse, ia gladiar
com ele a noite toda". Menos ousada mas tão efusiva foi Marília
Cristina, 26, que, se encontrasse
com Léo, só ia querer um abraço.
"E dizer que sou a Dalila dele",
completou. Marília, que ia passando purpurinada para a avenida, tinha saído na segunda e
na terça-feira só para ver o Parangolé. Jacinete Bonfim, 30,
também estava ali no Campo
Grande pelo mesmo motivo.
O único homem que se arriscou a falar votou em Xanddy: "É,
acho que Xanddy tem uma quebradinha gostosinha", comentou Luis Cunha, 28, que depois
quis saber o que eu tinha anotado. "Anotei o que você disse", informei. Ele deu risada e deixou
que seu voto completasse os 10
que o cantor do Harmonia recebeu em cerca de uma hora de
pesquisa. Em terceiro lugar, três
cantores empataram com dois
votos: Márcio Vitor (do Psirico),
Flavinho (do Pagodart) e Eddy
(do Fantasmão). Nayara Santosperguntou quem tinha escolhido
Flavinho: "Foi só a mãe e a tia dele, né?". Neide Ferreira, 46, foi a
primeira a dar seu voto a Eddy e
achou uma injustiça. Já Psirico
recebeu os mesmos comentários
que ele fez às mulheres com a
melhor música do ano passado:
"Ele é todo bom".