Edema em diabéticos
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Edema em diabéticos
Num relato conciso, o Dr. Daniel Benchimol apresenta as causas do diabetes e apresenta soluções, que são o resultado da sua vasta experiência Dr. Daniel Benchimol [email protected] Diretor-médico do Centro Integrado de Diabetes do Rio de Janeiro - Dia Rio Edema em diabéticos s portadores de diabetes mellitus podem apresentar todas as causas de edema, da mesma forma que são acometidos os indivíduos não diabéticos. Entretanto, serão enfocadas algumas condições mais freqüentes, ou mais características dos diabéticos. O É claro que o diabético, por apresentar hipertensão arterial duas a três vezes mais em relação ao não diabético, consome mais drogas vasodilatadoras, que costumam gerar edema de membros inferiores, principalmente os bloqueadores dos canais de cálcio. Drogas, como a clorpropamida e as insulinas, em geral, são retentoras de sódio. Essa atuação da clorpropamida foi descoberta por Francisco Arduíno, ao observar a melhora da poliúria, quando utilizada em pacientes portadores de diabetes insípidos. As insulinas aumentam a reabsorção tubular de sódio. O edema insulínico, geralmente, ocorre no tratamento do diabetes 4 descompensado, ou no início da insulinoterapia. No período inicial, na maioria do diabetes tipo II, o hiperinsulinismo está associado, não só à obesidade, mas também à retenção hídrica, e dá, provavelmente, origem aos casos de "edema idiopático" da mulher. “Fatores tóxicos são responsáveis por diversas lesões edematosas nas extremidades dos diabéticos” Ele estaria ligado ao hiperandrogenismo, com hiperinsulinismo e obesidade, encontrados nas mulheres com síndrome dos ovários policísticos. Os ovários, que contêm receptores de insulina, e a síndrome de resistência insulínica, associada a uma série de ações metabólicas e vasculares, devem desempenhar algum papel na alta freqüência de edema, mal que tanto incomoda a estética feminina. Já o diabetes tipo I está associado, em aproximadamente 20% dos casos, a tireoideopatias. Sua característica auto-imune, tanto se associa com o hipotiroidismo, com edema generalizado, como com o hipertireoidismo, com seu quadro clássico de mixedema prétibial. O diabetes descompensado leva ao quadro de desnutrição protéica / calórica, provocando edema. A miocardiopatia isquêmica, com doença macroarterial (doença coronariana), ou microarterial (síndrome X) pode levar à disfunção ventricular direita. Às vezes é indolor, e os sinais de falência de bomba devem ser pesquisados no grupo de maior risco cardíaco. Destaca-se a microalbuminúria como fator de risco coronariano, maior duração do diabetes e presença de doença multiarterial, além dos fatores clássicos como H. A. S., obesidade, tabagismo, sedentarismo, dislipidemia, etc... Na nefropatia subclínica há uma redução do clearence de água livre, propiciando sua difusão para o espaço extravascular. Uma das partes mais importantes na investigação do edema dos pacientes diabéticos, seja do tipo I ou II, é a nefropatia. Antigamente, a nefropatia era diagnosticada na fase avançada, quando a síndrome nefrótica, ou insuficiência renal, estava presente. Hoje, a confirmação de microalbuminúria permite um diagnóstico precoce e uma avaliação de possível lesão microcirculatória em outros territórios. A despeito da concepção clássica de não atribuir à doença arterial periférica de membros inferiores a causa de edema, o avanço do conhecimento sobre a disfunção endotelial pôde explicar a presença de edema em conseqüência do aumento da permeabilidade capilar, deixando passar proteína e água para o interstício. Fatores tóxicos são responsáveis por diversas lesões edematosas nas extremidades dos diabéticos. Edema, rubor e frialdade perturbam o raciocínio clínico pela ausência de calor. Esses casos podem refletir inflamação e/ ou infecção associada à isquemia. Em regra, as úlceras de perna, com origem arterial, são as de localização inframaleolar. Entretanto, o edema pode ser um dos sinais de lesões com celulite ou linfagite ascendente, que podem levar à necrose em áreas superiores aos maléolos, caracteristicamente formados por “Medidas, como o uso de meias elásticas e curativos compressivos , devem ser analisadas criteriosamente no tratamento do edema dos diabéticos, visto que podem agravar o comprometimento da circulação arterial” úlceras superficiais, em forma de arquipélago. Um achado dessa natureza sugere lesão isquêmica microvascular. Algumas lesões neuropáticas vêm acompanhadas de vasoplegia e edema do membro acometido, assim como doenças sistêmicas auto-imunes ou infecciosas geram má-distribuição hídrica, com edema de declive. Artropatia neuropática, artrites em geral, fraturas propiciadas por neuropatias, osteomielites, fístulas, entre outros, podem causar edemas nos portadores de diabetes. A história clínica e o exame físico correlacionam-se bem com o diagnóstico etiológico, confirmado pelos exames complementares. O diagnóstico preciso é de extrema importância, pois ele vai determinar as medidas de higiene e de nutrição, bem como a farmacologia apropriada. Atualmente, temos no mercado diuréticos de alça (Furosemida), já associados ao cloreto de potássio (HIDRION), que têm se mostrado um produto mais adequado para as causas de edema do diabético, excluindo a insuficiência renal terminal. De um modo geral, o pool corporal total de potássio encontra-se diminuído na maioria dos diabéticos, visto que a poliúria espolia potássio. O que seria agravado com o uso de diuréticos que depletam potássio. Certamente, o ajuste da dose deve ser feito caso-a-caso e acompanhamentos clínico, laboratorial e eletrocardiográfico irão mostrar os ajustes necessários. No caso dos diabéticos, o combate ao edema dos membros inferiores ultrapassa a questão cosmética, visto que ele exerce efeito de massa compressora sobre a microcirculação e prejudica a qualidade da nutrição cutânea, favorecendo a abertura da porta de entrada e propagação da infecção através da pele. Medidas, como o uso de meias elásticas e curativos compressivos, devem ser analisadas criteriosamente no tratamento do edema dos diabéticos, visto que podem agravar o comprometimento da circulação arterial. O uso do HIDRION torna-se uma opção vantajosa pela reposição do potássio no tratamento do edema insulínico e de outras etiologias, que devem ser diagnosticadas e tratadas além das medidas de bom controle metabólico do diabetes. 5