Rinoplastia - Clínica Léo Pastori

D / CIRURGIA PLÁSTICA
Rinoplastia
O que mudou e por que?
Dentre o arsenal de cirurgias estéticas, a plástica de nariz, ou
rinoplastia, é um dos procedimentos que mais sofreram mudanças
nos últimos anos. Isso se deve a uma mudança substancial nos
conceitos de beleza da sociedade moderna. Outra preocupação que
está em voga é a parte funcional do nariz. Para entendermos como
isso se deu, a Revista D Saúde consultou o cirurgião plástico Léo
Pastori. Confira a seguir:
D Saúde: O que existe de mais atual em relação a cirurgia do nariz?
Léo Pastori: A cirurgia plástica do nariz talvez seja o
procedimento que mais sofreu mudanças substanciais nos últimos
cinco a dez anos. A causa dessas mudanças pode ser entendida
se atentarmos para os padrões de beleza que sofreram drásticas
alterações nos últimos anos. Até dez anos atrás, o objetivo da
cirurgia se resumia a uma redução do dorso nasal, uma redução
na projeção da ponta nasal e, via de regra, um encurtamento da
pirâmide nasal. Num número importante desses casos operados
havia uma quebra na proporcionalidade em relação ao contexto
da face, levando a alguns estigmas, como por exemplo o de “nariz
operado”. Outro problema que foi aparecendo seria a obstrução
nasal. Ou seja, pelo encurtamento da pirâmide nasal, o espaço para
a passagem do ar também era diminuído. Portanto, esses conceitos
foram revistos. Há quatro anos estivemos em Dallas, num
seminário comemorativo de 25 anos da maior escola de rinologia
do mundo, que tem como principal expoente o especialista Jack
Gunter. Um consenso foi celebrado a partir das demandas por
cirurgia nos dias atuais. Portanto a rinoplastia moderna passou
por uma reformulação. O conceito de redução foi substituído
pelo de remodelagem, já que os padrões atuais de beleza requerem
narizes maiores, porém harmônicos e proporcionais. A prioridade
é a naturalidade do resultado, com a manutenção de uma função
adequada. Assim as rinoplastias redutoras foram substituídas pelas
rinoplastias estruturadas.
DS: Como isso se dá de
maneira prática?
LP: Você já deve ter
ouvido falar que a vida
imita a arte. (risos) Pois
é… a ciência também
imita a arte! Os critérios
de
proporcionalidade
são os mesmos definidos
por Michelangelo no
Renascimento. Simples assim. Pelo tamanho da face, algumas
distâncias são calculadas e comparadas para se inferir, se o
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tamanho do nariz está em proporção com a face do indivíduo. O
começo de uma cirurgia do nariz parte de um estudo fotográfico
minucioso onde algumas medidas são comparadas com o intuito
de se harmonizar a face como um todo. Em suma, nunca devemos
programar a cirurgia de “um nariz”. O mais importante é
estudarmos como esse nariz se relaciona com a face do indivíduo.
Nesse momento devemos ter em mente o objetivo de se evitar
estigmas e preservar ou incrementar a função respiratória.
DS: Tecnicamente, o que mudou?
LP: Para entendermos a mudança na filosofia da cirurgia, nos
remetemos a anatomia e fisiologia. Todas as cartilagens e ossos
do nariz são firmemente aderidos por ligamentos e formam uma
estrutura que definem o contorno do nariz, sustentam o peso
da pele, e permitem o fluxo de ar na respiração. Após a cirurgia,
independente da técnica utilizada, o nariz sofrerá ação de várias
forças que tendem a comprometer o resultado. O corpo formará
um tecido de cicatrização, chamado fibrose, que poderá distorcer
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ou alterar a posição das
cartilagens ao longo
do tempo. Uma outra
força é a resultante dos
movimentos de respiração
que tendem a aproximar
as cartilagens das paredes
laterais
em
direção
ao septo nasal. Outro fator seria o peso da pele sobre as novas
estruturas. E finalmente, temos que considerar o processo de
envelhecimento, durante o qual as cartilagens vão perdendo a força
de sustentação da pele.
Entendendo-se essa fisiologia, podemos explicar as diferenças
entre a rinoplastia redutora e a estruturada: na rinoplastia
redutora ou tradicional, os ligamentos entre as estruturas são
interrompidos e o esqueleto do nariz é diminuído pela retirada
de quantidades variáveis de cartilagem e osso. Ao final da
cirurgia, apenas um curativo é colocado para que as estruturas
tratadas se mantenham na nova posição até que o tecido de
cicatrização se desenvolva. Logo, nessa cirurgia há uma tendência
ao enfraquecimento das estruturas de sustentação do nariz,
fazendo com que as cartilagens fiquem mais vulneráveis à ação
das forças resultantes. Com isso há um maior risco de assimetrias,
depressões e prejuízo na passagem do ar. Isso pode ocorrer até
depois de muitos anos da cirurgia.
Na rinoplastia estruturada os ligamentos entre as estruturas
também são interrompidos e as cartilagens diminuídas quando
necessário. O interessante é que com ela também temos a
possibilidade de, inclusive, aumentar o esqueleto do nariz. Com
isso podemos otimizar a função respiratória. Durante a cirurgia
enxertos de cartilagem,
que podem ser retirados
do septo, costela ou
até
mesmo
orelha,
são
meticulosamente
esculpidos e usados para
construir estruturas de
suporte ou reforçar as já
existentes. Esses enxertos
funcionam
como
vigas de sustentação
estabilizando a estrutura
do nariz. Outra vantagem dessa técnica consiste na fixação das
cartilagens com fios de sutura, que reconstituem os ligamentos,
proporcionando assim uma chance menor de distorções com o
tempo. Com isso, essa remodelagem no esqueleto nasal estaria
menos vulnerável à ação das forças anteriormente descritas
e proporcionam resultados mais previsíveis, consistentes e
duradouros.
DS: Como fica o septo nasal quando a cartilagem é retirada?
LP: Muito interessante
a sua pergunta. Quando
abordamos o septo nasal,
o descolamento da parede
de revestimento se dá por
um dos lados e preservamos
uma camada que reveste
a cartilagem. A partir
dessa estrutura, chamada
pericôndrio, uma nova
cartilagem é refeita, assim
não se confere morbidade ao
paciente. A natureza é sábia e está do nosso lado.
DS: Pode-se operar o septo junto com a cirurgia do nariz?
LP: Perfeitamente. Acreditamos que, como em todas as áreas
da saúde, o objetivo é proporcionarmos o melhor possível para
o paciente. Pensando assim, uma abordagem multidisciplinar é
indispensável. Nesses e em alguns outros casos, a cirurgia é feita
conjuntamente com uma equipe de otorrinolaringologistas, com os
quais fazemos o planejamento para abordagem funcional e estética
em tempo único.
DS: E as cicatrizes?
LP: Num numero importante de casos pode se fazer as cirurgia
com cicatrizes internas e que, portanto, não são visíveis. Em casos
nos quais se necessite de trabalho mais complexo, são necessárias
cicatrizes externas. Essas cicatrizes são muito pequenas e ficam
perfeitamente camufladas embaixo do nariz.
DS: Qualquer pessoa pode se submeter a uma cirurgia do nariz?
LP: Alguns fatores relacionados à indicação devem ser discutidos
caso a caso. É necessário um exame minucioso e uma conversa
franca. O fundamental é percebermos se há possibilidade real de
nos aproximarmos da expectativa do paciente. Tendo em mente
o que podemos melhorar em termos de função, associado a uma
melhora estética, discutimos um planejamento cirúrgico, com uma
participação ativa do paciente.
DS: Como são os resultados?
LP: Uma cirurgia bem planejada e executada normalmente
tem bons resultados. O inchaço do nariz pode demorar algum
tempo para se resolver e é preciso ter um pouco de paciência. É
interessante salientar que cirurgias de nariz, assim como todas
as outras, tem certa frequência de reoperações, portanto isso
deve ser encarado com naturalidade pelos pacientes. As cirurgias
de revisões, quando necessárias, sem dúvida proporcionam
maximização dos resultados. Ressecções foram substituídas pelas
inclusões, com isso conseguimos um resultado mais refinado e
delicado, preservando a fisiologia e acrescentando uma melhoria
do ponto de vista estético.
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