sent ro olimp smo - Comité Olímpico Portugal

Transcrição

sent ro olimp smo - Comité Olímpico Portugal
Reportagem
A R E V I S TA D O C O M I T É O L Í M P I C O D E P O R T U G A L
Nº 130, Maio de 2012 publicação mensal
SENT R
O OLIMP SMO
Entre Londres e o Jamor
A MISSÃO OLÍMPICA
QUIS DAR AOS JORNALISTAS ACREDITADOS
PARA OS JOGOS UM PRIMEIRO CONTACTO COM A REALIDADE
DO MAIOR EVENTO MULTIDESPORTIVO DO MUNDO.
ENTRE LONDRES E O JAMOR FORAM MUITAS
AS EMOÇÕES VIVIDAS!
Entrevista
Telma Monteiro, Campeã Europeia
de Judo, fala da sua preparação
e das suas expectativas para os Jogos
Reportagem
Um dia com Ana Rente,
Atleta Olímpica
de Trampolim Feminino
Roteiro
As nossas sugestões para o que
não deve perder em Londres
no mês de Maio
24 . Olimpo . Janeiro 2012
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Revista
COP
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10:43
3/22/12
PM
Sumário
10
TEMA DE CAPA
SENTIR O
OLIMPISMO
A Missão Olímpica
proporcionou aos jornalistas
acreditados para os Jogos
Olímpicos 2012 um
primeiro contacto com a
realidade do maior evento
multidesportivo do mundo.
Começando em Londres e
terminando no Jamor foram
muitas as emoções vividas.
14
ENTREVISTA
TELMA
MONTEIRO
A Campeã Europeia de
Judo, fala-nos sobre a sua
preparação para os Jogos
Olímpicos de Londres e
da responsabilidade de
representar Portugal no
evento. Numa pequena
entrevista ficámos a
conhecer o lado mais
pessoal desta judoca de
26 anos.
18
REPORTAGEM
ANA RENTE
A Olimpo foi acompanhar
um dia de Ana Rente,
Atleta Olímpica de
Trampolim Feminino,
que normalmente se
divide entre as aulas do
quinto ano de medicina
na Faculdade de Ciência
Médicas da Universidade
Nova de Lisboa e os
treinos no Lisboa Ginásio
Clube (LGC).
Ficha
Técnica
4 EDITORIAL
6 BREVES
10 TEMA DE CAPA
Sentir o Olimpismo
14 ENTREVISTA
Telma Monteiro,
Campeã Europeia de Judo
18 REPORTAGEM
Ana Rente, Atleta Olímpica
de Trampolim Feminino
20 PUBLIREPORTAGEM
Delta Cafés
21 ROTEIRO LONDRES
22 OPINIÃO
Miguel Nobre Ferreira,
Coordenador da Comissão
Instaladora do TAD
Propriedade e Edição
Comité Olímpico de
Portugal, Travessa da
Memória, 36 1300-403
LisboaTel.: 21 361 72 60
Fax: 21 363 69 67
Director
José Vicente Moura
Director Executivo
João Malha
Textos
Cunha Vaz & Associados
Fotos
Fernando Piçarra,
Registos Associação e
Arquivo COP
Projecto Gráfico e
Paginação
Cunha Vaz & Associados
Impressão
Sig, Sociedade IndustrialGráfica, Lda.
Rua Pêro Escobar, 21,
2680-574 Camarate Lisboa
Tiragem
2.500 exemplares
Periodicidade
Mensal
Numero de Registo ICS
102203
Depósito Legal
9083/95
Distribuição gratuita
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Editorial
JOSÉ VICENTE MOURA
Presidente do Comité Olímpico de Portugal
LONDRES 2012
exemplo de um conjunto de excelentes atletas
demonstra, mesmo nos nossos conturbados e
intranquilos tempos, que é possível vencerem-se
dificuldades e conquistar-se um lugar de evidência.
FALTAM CERCA DE DOIS MESES PARA
a Cerimónia de Abertura dos Jogos da XXX
Olímpiada, em Londres.
Nesta data cerca de 70 atletas estão qualificados pelas Federações Internacionais e
com resultados que lhes permitem ser seleccionados pelo Comité Olímpico de Portugal
(COP) para integrarem a Missão Olímpica
de 2012.
Temos, assim, mais atletas que em ano
homólogo dos Jogos de Pequim e menos
modalidades apuradas.
As atletas do género feminino, ultrapassam os 45%, o que relativamente a Pequim
significa um progresso, neste âmbito.
Infelizmente, mais uma vez, as modalidades colectivas primam pela ausência,
desta feita o Futebol cedo se afastou da qualificação e o Voleibol, sempre lutando tenazmente para se apresentar nos Jogos, não se
apurou. Seria crucial analisar e definir o que
fazer em termos futuros.
Este conjunto de excelentes atletas que,
ao longo de quatro anos, muito trabalharam, sacrificando tempo, actividades profissionais e estudantis, bem merecem serem
credores da nossa admiração e apoio. Cada
vez é mais difícil o apuramento para os Jogos e só por isto devem ser homenageados.
O seu exemplo demonstra, mesmo nos
nossos conturbados e intranquilos tempos,
que é possível vencerem-se dificuldades e
conquistar-se um lugar de evidência.
Com as grandes potências económicas
e demográficas cada vez mais interessadas
em demonstrarem ao Mundo a excelência
dos seus regimes e políticas, mobilizando
as melhores condições financeiras, infraestruturais e técnicas, naturalmente que
aspiram conquistar a grande maioria das
medalhas olímpicas, sendo a excepção, a
este primado, por parte dos pequenos países, um facto assinalável.
Convém recordar que dos doze campeões
europeus ou mundiais que, em 2008, integraram a Missão para Pequim, hoje só
contamos com uma atleta nessas condições.
Se no desporto olímpico, as previsões
fossem credíveis, teríamos cumprido as
nossas previsões de medalhas para Pequim. Mas como, felizmente, as previsões
são falíveis, talvez Londres nos traga o
sucesso que os atletas, com certeza, mas
também os treinadores, e os dirigentes das
Federações, COP e Administração Central
bem merecem.
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Breves
6 . Olimpo . Maio 2012
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MILLENNIUM BCP,
BANCO OFICIAL DO COP
O
Millennium bcp e o Comité Olímpico de Portugal (COP)
assinaram um contrato de patrocínio, que contempla a
sponsorização do COP e da Equipa Olímpica Portuguesa,
no âmbito dos Jogos Olímpicos de Londres 2012. O Millennium bcp
é assim o Patrocinador Oficial do COP e da Equipa Olímpica Portuguesa, em regime de exclusividade, no sector da banca. O protocolo
foi assinado por Nuno Amado, Presidente da Comissão Executiva do
// Diogo Ganchinho,
24 anos, garantiu a sua
vaga olímpica
TRAMPOLINS
O Presidente
do Comité
Olímpico
de Portugal
(COP),
Comandante
Vicente Moura, esteve presente no XIV
Congresso de Ciência do Desporto e
Educação Física dos Países de Língua
Portuguesa, subordinado ao tema
“Desporto: Cultura, Estética e Excelência”,
que se realizou em Belo Horizonte, Brasil,
entre os dias 2 e 5 de Abril.
PATROCÍNIO
LEGISLAÇÃO
Diogo Ganchinho representa Portugal nos trampolins
BRASIL
COP PRESENTE NO XIV
CONGRESSO DE CIÊNCIA
DO DESPORTO E EDUCAÇÃO
FÍSICA DOS PALOP
O ginasta português
Diogo Ganchinho,
24 anos, garantiu
presença nos
Jogos Olímpicos
de Londres 2012,
superando o ginasta
Nuno Merino nos
Campeonatos
Europeus de
Trampolins, que
decorreram em
São Petersburgo,
na Rússia. Diogo
Ganchinho
qualificou-se para
a final registando
49,470 e 59,075
pontos nos
dois saltos das
preliminares de
apuramento para
a final.
Ganchinho volta
assim a marcar
presença na
maior competição
multidesportiva do
mundo, depois de
ter sido 11.º nas
preliminares em
Pequim 2008.
49,470 e 59,075 pts
O Comité Olímpico de Portugal (COP) e a
Shamir, empresa israelita pioneira mundial
na investigação e desenvolvimento na
área das lentes oftálmicas, estabeleceram
um acordo de patrocínio que permitirá
ajudar todos os atletas nacionais com
necessidades
oftalmológicas.
O acordo
entre as duas
entidades,
que irá vigorar
durante o Ano
Olímpico, torna
a firma Shamir
o “Fornecedor
Oficial Oftálmico
do Comité
Olímpico de Portugal”, em regime de
exclusividade. Shamir é uma multinacional
especialista em lentes oftálmicas
progressivas, com um ‘know-how’ de
40 anos, detentora de um dos maiores
e mais avançados departamentos de
Investigação e Desenvolvimento de lentes
do mundo. Em Portugal, tem o laboratório
de referência da Europa, nos arredores do
Porto, onde emprega 200 pessoas e produz
lentes oftálmicas para o mercado português
e europeu. Só em 2011 produziu mais de
1,5 milhões de lentes por receita.
DIOGO
GANCHINHO
APURAMENTO
PATROCÍNIO
ÓPTICA SHAMIR É
FORNECEDOR OFICIAL
DO COMITÉ OLÍMPICO
DE PORTUGAL
Governo aprova
Tribunal Arbitral
do Desporto
O Governo aprovou, para
audições, o anteprojecto de
proposta de lei que institui, sob
a égide do Comité Olímpico de
Portugal, o Tribunal Arbitral
do Desporto, com competência
específica para administrar a
justiça relativamente a litígios
que relevam do ordenamento
jurídico desportivo ou
relacionados com a prática
do desporto, sendo uma
entidade jurisdicional
independente, com sede
nas instalações do Comité
Olímpico de Portugal.
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PROJECTO APOIADO PELO COP
350 MILHÕES DE DALTÓNICOS PODEM
DISTINGUIR BANDEIRAS DOS PAÍSES
PARTINDO da premissa de que 90% da
comunicação é feita através da cor, o código
ColorADD, uma invenção portuguesa
patenteada, define três símbolos universais
que se combinam para traduzir a cor. A estes
juntam-se mais dois, representados pelo
preto e pelo branco. De uma forma simples
e positiva, num “jogo mental”, consegue-se a correcta identificação da cor para
indivíduos que não a conseguem diferenciar.
Estima-se que existam no mundo 350
milhões de Daltónicos. Estudos revelam que
95% dessa comunidade já sentiu ou sente
constrangimentos de acessibilidade à vida
social dada como adquirida pela maioria:
“De que país é a bandeira hasteada? Como
escolho ou compro uma peça de roupa? Como
interpreto o mapa do metro se as linhas são
representadas por cores? Que cor está no
semáforo?” A aplicação do conceito ColorADD
à maior competição desportiva do mundo
facilitará o dia-a-dia de todos os daltónicos que
assistirão aos Jogos, quer no complexo Olímpico,
quer através das emissões televisivas.
Millennium bcp, e Vicente Moura, Presidente do Comité Olímpico de Portugal, na
sede do COP, e contou com a presença dos
atletas olímpicos Marco Fortes, Francis Obikwelu, Diogo Ganchinho, Ana Rente e Sara
Carmo, bem como de Nuno Barreto, Presidente da Comissão de Atletas Olímpicos.
1 000 000
Já estão à venda
quase um milhão
de bilhetes, incluindo
alguns para
a final masculina
de 100 metros
e para as Cerimónias
de Abertura
e de Encerramento
dos Jogos Olímpicos
Londres 2012.
APURAMENTO
ÁLVARO MARINHO E MIGUEL NUNES
PRESENTES EM LONDRES
A DUPLA de velejadores da classe 470, Álvaro Marinho e Miguel Nunes,
garantiu presença nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, na Semana
Olímpica Francesa, obtendo um 5.º lugar na Medal Race e ficando assim
à frente da dupla António Matos Rosa/Ricardo Schedel. Esta será a quarta
vez que a dupla Álvaro Marinho e Miguel Nunes marcará presença na maior
competição multidesportiva do mundo.
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ENCONTRO
COP/FPT PROMOVEM
ENCONTRO PARA
FALAR DE TÉNIS
O Comité Olímpico de Portugal (COP) e
a Federação Portuguesa de Ténis (FPT)
promoveram dia 20 de Abril, na sede do COP,
em Lisboa, um encontro subordinado ao tema
“O ténis português nos Jogos Olímpicos”. No
encontro, que assinalou o 87.º aniversário da
FPT, fundada a 16 de Março de 1925, pretendeu-se recuperar a memória do ténis português nos
Jogos Olímpicos e perspectivar Londres 2012.
APURAMENTO
TIRO E VELA
Já estão apurados os atletas a quem serão
atribuídas as quotas olímpicas de Tiro e de Vela,
na classe Star. No Tiro o apuramento coube
aos atletas João Costa e Joana Castelão. Na
classe Star de Vela foi escolhida a dupla Afonso
Domingos e Frederico Melo. Para Joana Castelão,
um dos talentos do
Tiro nacional, Londres
2012 será a sua estreia
olímpica. Para o atirador
João Costa, o primeiro
atleta português a
garantir, para Portugal
uma quota olímpica
para Londres 2012,
será a sua quarta
participação, tendo sido
7.º classificado nos Jogos de Atenas 2004. Na
vela, a dupla Afonso Domingos e Frederico Melo
garantiu a qualificação durante os Mundiais de
Vela de Classes Olímpicas que decorreram em
Perth, Austrália, em Dezembro.
VELA
Mário Santos, o Chefe da Missão Olímpica
Portuguesa aos Jogos Olímpicos Londres
2012, esteve no Centro de Alto Rendimento
de Sangalhos para acompanhar de perto a
preparação dos ginastas qualificados para os
Jogos Olímpicos, bem como dos restantes atletas
da Federação Portuguesa de Ginástica que ali
se encontrava em estágio. Portugal assegurou
quatro quotas olímpicas na modalidade de
Ginástica, através de Manuel Campos (Artística
Masculina), Zoi Lima (Artística Feminina), Nuno
Merino (Trampolim Masculino) e Ana Rente
(Trampolim Feminino).
O Troféu
Princesa Sofia
foi uma das
múltiplas
competições
que ajudou
a determinar
quais os
velejadores
que ocuparão
as quotas
olímpicas
conquistadas
por cada país.
Mário Santos,
Chefe da Missão
Olímpica
Portuguesa
aos Jogos
de Londres
2012, esteve
presente em
Abril em Palma
de Maiorca,
Espanha, para
acompanhar as
várias provas
do Troféu. Em
causa esteve
o apuramento
dos atletas, na
modalidade de
Vela, para as
classes 49er,
470, Laser
Radial e Laser
Standard.
APURAMENTO
VISITA
CHEFE DE MISSÃO NO CENTRO
DE ALTO RENDIMENTO
49ER, 470, LASER RADIAL E LASER STANDARD
Breves
7 300 PESSOAS
TOCHA OLÍMPICA JÁ TEM
PORTADORES E PERCURSO
TRAÇADO
A
organização dos Jogos
Olímpicos de Londres
2012 anuncia que mais
de 7 300 pessoas vão transportar
a Tocha Olímpica. Simultaneamente foram revelados os uniformes dos portadores da Tocha,
bem com o percurso a realizar
e que já pode ser consultado no
sítio da internet www.london2012.
com/olympictorchrelay.
Neste suporte digital podem
também ser lidas as incríveis e
tocantes histórias de vida de alguns dos participantes escolhidos pela comunidade. O grupo
de Portadores da Chama Olímpica inclui todos os que foram nomeados pelo público, bem como
os representantes dos três parceiros: Coca-Cola, Lloyds TSB e
Samsung. Estima-se que uma
média de 115 pessoas transportará diariamente a Tocha durante a
sua jornada de 8 000 milhas por
todo o Reino Unido até chegar
ao Estádio Olímpico, a 27 de Julho. A Chama atravessará mais
de mil comunidades transportada a pé, de barco, eléctrico, balão
de ar quente, bicicleta, moto e
cavalo. Portugal estará representado por Filipa Ferreira, campeã
nacional de Juniores nos 20 km
Marcha, por Isabel Jonet, Presidente do Banco Alimentar, e por
Jorge Gonçalves, um cidadão
anónimo de 61 anos.
Uma menina de nove anos, que pode ver o
Estádio Olímpico da janela do seu quarto,
teve a honra de declarar oficialmente
inaugurado o Estádio Olímpico de Londres,
juntamente com Sebastian Coe. Niamh
Clarke-Willis, que mora em Hackney,
carregou num botão azul gigante que soltou
balões para o céu de Londres.
8 . Olimpo . Maio 2012
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PARCERIA
COP, MOVIJOVEM
E SEDJ LANÇAM
CARTÃO INOVADOR
O COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL
(COP) estabeleceu uma parceria com a
Movijovem e a Secretaria de Estado do Desporto
e da Juventude para o lançamento do Cartão
Jovem Atleta. A apresentação decorreu no
Auditório do Centro de Medicina Desportiva do
Estádio Universitário de Lisboa, contando com as
presenças do Secretário de Estado do Desporto
e Juventude, Alexandre Mestre, do Presidente
do Comité Olímpico de Portugal, Comandante
Vicente Moura e do Presidente da Movijovem,
João Bibe, para além de vários representantes
de entidades e organismos desportivos. O cartão
jovem Atleta destina-se a jovens dos 12 aos
29 anos (inclusive), permitindo um leque de
vantagens, descontos, reduções e isenções em
produtos e serviços prestados por entidades
públicas e privadas. Custa dez euros e é válido
por um ano. Está à venda nos CTT, Pousadas da
Juventude, Lojas Ponto JÁ (IPDJ), nas lojas TMN,
Caixa Geral de Depósitos e através do site:
www.cartaojovem.pt.
Os badmintonistas
portugueses Pedro
Martins e Telma
Santos confirmaram
presença nos
Jogos Olímpicos
de Londres 2012,
após o fecho dos
‘rankings’, nos
quais se apuravam
os 38 primeiros
badmintonistas,
tanto em
femininos como
em masculinos.
Pedro Martins, de
22 anos, atleta do
CHE Lagoense,
qualificou-se na
32.º posição. Telma
Santos, 28 anos,
da mesma equipa,
vê confirmada a
sua presença com
um 36.º lugar no
‘ranking’. Esta
será a estreia para
os dois atletas
portugueses em
Jogos Olímpicos,
mas a quarta
representação
consecutiva do
Badminton nacional
em Jogos Olímpicos,
desde Sidney em
2000.
APURAMENTO
MARCOS FREITAS
E JOÃO PEDRO MONTEIRO
QUALIFICAM-SE PARA TÉNIS DE MESA
OS MESA-TENISTAS Marcos
Freitas e João Pedro Monteiro
qualificaram-se para os Jogos
Olímpicos Londres 2012 ao
vencerem duas das poules
masculinas do Torneio Europeu
de Qualificação Olímpica 2012
que decorreu em Kirchberg, no
Luxemburgo. Marcos Freitas, de
24 anos, e João Pedro Monteiro,
de 28 anos, repetem assim a sua
presença nos Jogos Olímpicos
após terem participado em
Pequim 2008, naquela que foi a
estreia do Ténis de Mesa nacional
na competição, onde também
esteve Tiago Apolónia. Em
Pequim, Marcos Freitas assegurou
o 17.º lugar. João Pedro Monteiro
quedou-se pela 33.ª posição.
Pin Olímpico
Badminton
PORTUGAL
CONQUISTA QUOTA NO RS: X
FEMININO E NO LASER STANDARD
APURAMENTO
O Comité Olímpico de Portugal
(COP) desenvolveu um ‘pin’ para
assinalar a sua participação nos
Jogos Olímpicos.
Este pin, cuja proposta criativa esteve a cargo
da BrunoBate – Design Studio, para além de
assinalar a presença de Portugal nos Jogos
Olímpicos Londres 2012, presta homenagem
ao país organizador, através da utilização de um
dos símbolos nacionais ingleses, a Rosa.
A forma escolhida obedece à linguagem
arrojada como foi criado o logótipo para os
Jogos de 2012, através da estilização de formas,
propondo-se à construção de uma rosa muito
particular. Para tal, foi utilizado como elemento
de referência a Cruz de Cristo presente no
símbolo do COP. O ‘pin’ será utilizado por todos
os elementos da Missão Olímpica Portuguesa
presente nos Jogos Olímpicos Londres 2012.
A ATLETA CAROLINA SOUZA-MENDELBLATT assegurou a quota olímpica
para Portugal nos Jogos de Londres 2012 na modalidade de Vela, na
prova de RS:X Feminino. Esta será a segunda vez que Portugal participa
nesta prova na história dos Jogos Olímpicos, depois da estreia em Atlanta
1996, com Catarina Fagundes. A velejadora luso-brasileira de 32 anos
assegurou o lugar para os Jogos de 2012 ao garantir o 52.º lugar no
Mundial de RS:X Feminino, durante uma prova em Cádis, Espanha, no
último lugar que garantia a presença no maior evento multidesportivo do
mundo. Por outro lado, Gustavo Lima garantiu recentemente quota nos
Jogos Olímpicos para Portugal no Mundial da Classe Laser Standard, a
decorrer na Alemanha, alcançando a Frota de Outro do Mundial de Laser
Standard. Com as duas qualificações, elevam-se para oito o número de
classes da modalidade de vela em que Portugal se classificou para os
Jogos: Laser Radial, RS:X Feminino, RS:X Masculino, Star, 49er, 470
Masculino, Match Racing Feminino e Laser Standard.
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Tema de Capa
Citius,
Altius,
Fortius”
E
ste é o lema dos Jogos Olímpicos
em latim. Mais rápido, mais alto
e mais forte em português. Foi
este o desafio lançado pela Missão Olímpica aos jornalistas portugueses que estarão
em Londres a fazer a cobertura dos Jogos
Olímpicos 2012. Por uma manhã, os profissionais da comunicação social viveram o
outro lado do desporto. De ténis calçados,
calções e t-shirt vestidos. Porque para se
entender o desporto sobre o qual escreve,
nada melhor do que sentir nos músculos
o que é ser atleta. Experienciar quão dura
é a preparação para se atingir aquele que
é o objectivo máximo, participar nos Jogos
Olímpicos na capital britânica.
O Complexo do Jamor foi o palco deste
dia diferente para os mais de 30 jornalistas
presentes. Desportivos, generalistas, rádios
e TV’s, todos quiseram ser “Jornalistas
Olímpicos”, o nome dado a este evento pelos responsáveis da Missão Portuguesa que
assinalou, simultaneamente, os 100 dias
para os Jogos Olímpicos de Londres 2012.
E foi bem cedo que o dia começou para
os profissionais da comunicação social.
Como os heróis olímpicos, é preciso começar o treino no alvorar de cada dia. Depois das boas-vindas do Chefe de Missão,
Mário Santos, e do Director do Complexo
Desportivo do Jamor, João Paulo Graça, foram criados quatros grupos de jornalistas.
Cada um iria viver diferentes emoções ao
longo da manhã. Da velocidade do Atletismo, à agilidade da Ginástica, passando
pela perícia da Esgrima, pela destreza da
Canoagem, pela resistência do Triatlo ou
pela força do Judo, os desafios eram vários
e a curiosidade dos participantes sobre
quais as modalidades que lhes calhariam
em sorte era grande.
Para alguns seria o primeiro contacto
MISSÃO LONDRES 2012
SENTIR
O ESPÍRITO OLÍMPICO
Começou em Londres e terminou no Jamor, a experiência
vivida pela Comunicação Social no espaço de uma semana. A
Missão Olímpica quis dar aos jornalistas acreditados para os
Jogos um primeiro contacto com a realidade do maior evento
multidesportivo do mundo. Do palco dos sonhos à experiência
de ser atleta por um dia, foram muitas as emoções vividas.
10 . Olimpo . Maio 2012
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// Do aquecimento até à hora de sprintar,
nada faltou para que os jornalistas se sentissem atletas por um dia
com estas modalidades, pelo que foi fundamental o acompanhamento dos atletas
olímpicos portugueses em cada uma das
estações criadas. Em comum, todos os grupos tiveram a experiência do Atletismo, mas
em provas diferentes. Uns experimentaram
o salto à vara, outros as barreiras, outros
ainda a caixa de saltos que, na pista de corrida, tem assinalados os resultados ímpares
de Nélson Évora no triplo salto, e de Naide
Gomes no Comprimento. Pela velocidade,
um dos pontos mais altos da modalidade
de Atletismo nos Jogos Olímpicos, todos
passaram, alguns dos quais com excelentes
resultados, a demonstrarem que, com a preparação adequada, poderiam sonhar com
os mínimos para uma grande competição.
A acompanhá-los estiveram Yazaldes Nascimento, Ricardo Monteiro, Vera Barbosa,
João Ferreira e Jorge Paula, atletas que estão
na calha para irem a Londres, alguns deles
já com mínimos B para as suas provas.
Impressionados ficaram ainda os jornalistas com as excelentes condições do Centro de Alto Rendimento do Jamor, onde as
principais figuras do Atletismo nacional
se preparam diariamente para superar os
seus recordes pessoais e elevarem bem alto
o nome de Portugal.
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Tema de Capa
// Como verdadeiros campeões olímpicos,
os jornalistas até experimentaram alguns
testes médicos antes do exercício
O outro ponto em comum a todos os
grupos foi a visita ao Laboratório de Alto
Rendimento do Jamor e à sala de treino em
Altitude, que garantem aos atletas portugueses que ali treinam, em diferentes modalidades, condições únicas e de privilégio
para desenvolverem as suas capacidades e
potenciarem ao máximo a sua preparação.
Na estação de Judo, a primeira exigência
foi descalçar os sapatos e respeitar o ambiente especial que existe naquele espaço,
como explicou o Chefe Adjunto da Missão,
Nuno Delgado, medalhado em Sidney. Depois, foi a vez do Bi-Campeão da Europa
João Pina, com a ajuda dos jovens Pedro
Jacinto e Sérgio Oleinic, revelar os segredos de uma modalidade na qual Portugal
tem alcançado excelentes resultados nos
últimos anos. Tatami, Ippon e Yuko passaram a ser termos comuns aos jornalistas
presentes.
Na Ginástica, o trampolim foi o cen-
A mais desafiante das estações acabou
por ser a do Triatlo, numa competição
real, na qual o grupo levou à séria a prova
e lutou até à final pela vitória.”
tro das atenções. Com Diogo Ganchinho,
Nuno Merino e Sílvia Saiote a darem as coordenadas, era notório o receio de alguns
dos jornalistas em voar a cada salto que davam. Alguns achavam que iam parar fora
do trampolim mas, à medida que ganhavam confiança, a emoção de subirem mais
alto ganhou a batalha.
Ao lado, era a vez da Esgrima assumir-se
como protagonista. E foi fácil perceber que
a destreza de Zorro não se adquire da noite
para o dia. Inês Herminio e Gael Santos,
que infelizmente não viriam a lograr na
qualificação para Londres, distribuíram o
equipamento e explicaram quais os movimentos. Pouco depois, já se faziam apostas
sobre quem iria conseguir derrotar quem
nos confrontos entre jornalistas.
A alguns metros de distância, as canoas
entravam na água, com a ajuda da atleta
olímpica Joana Vasconcelos e do Chefe
da Missão e Presidente da Federação Por-
tuguesa de Canoagem, Mário Santos. As
forças já não eram muitas e a hipótese de
cair à água não se colocava. Até deixaram os
coletes em terra para demonstrar esta sua
convicção. E, de facto, cumpriram os mínimos, apesar da fadiga acumulada. Foram
alguns minutos à tona de água, de pagaia
na mão, a navegar por águas que nunca tinham navegado.
A mais desafiante das estações acabou
por ser a do Triatlo, numa competição real,
na qual o grupo levou à séria a prova e lutou
até à final pela vitória. João Silva explicou
o que teriam de fazer para chegar à glória
e, depois de nadarem na Piscina Olímpica
do Jamor, montaram nas bicicletas num
percurso que os levaria ao Centro de Alto
Rendimento de Atletismo, onde A Bola
e a Sporttv lutaram em sprint na pista de
tartan, pela vitória que acabou por sorrir ao
canal de TV desportivo, graças à impressionante ponta final de Filipe Gonçalves.
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Capital Mundial do Desporto
LONDRES
FOI NO PASSADO DIA 11 DE ABRIL que a Missão Olímpica
levou a Londres, a maioria dos jornalistas acreditados para os
Jogos Olímpicos para conhecerem o Parque Olímpico: o local
que concentrará a atenção de todo o mundo de 27 de Julho a
12 de Agosto.
Mário Santos, Chefe da Missão Olímpica, liderou a comitiva
de 23 pessoas que rumou à capital britânica, numa viagem
relâmpago que começou às seis horas da manhã, no Aeroporto
de Lisboa, onde o grupo regressou já depois das 22h.
Chegados a Londres, a comitiva rapidamente se dirigiu ao
Centro Comercial de Stratford, ao lado da ainda deserta Aldeia
Olímpica. Será aqui que milhares de atletas e oficiais, de todas
as delegações, ficarão hospedados ao longo das mais de duas
semanas em que decorrem os Jogos. Depois de um rápido
almoço no Centro Comercial, marcado por um alerta de incêndio que obrigou à evacuação do espaço durante alguns minutos, jornalistas e responsáveis da Missão foram até ao Parque
Olímpico onde ficaram a conhecer as várias infra-estruturas
onde decorrerão uma grande maioria das competições.
E se alguém esperava ver ainda muito por fazer, rapidamente
percebeu que o Parque está
praticamente pronto, estando
apenas por concluir as zonas
comuns, já que os vários
locais de competição estão
totalmente terminados. O
passeio de autocarro, com
direito a guia do Comité Organizador dos Jogos Olímpicos,
durou cerca de 40 minutos e
percorreu todos os recantos
do Parque.
São várias as infra-estruturas
que, do ponto de vista arquitectónico, prometem impressionar os milhões de espectadores
que por aqui irão passar no próximo Verão. O destaque vai para
o Centro Aquático, a Copper Box, um pavilhão que parece uma
enorme caixa de madeira suspensa, a Arena de Pólo Aquático e
o Velódromo, que reuniu a preferência da maioria.
Esta foi a oportunidade para os jornalistas ficarem a conhecer,
por fora, aquela que será a sua casa a partir do final de Julho. A
visita ao interior de cada local de competição ficará para mais
tarde, quando começar o maior evento multidesportivo do
mundo, que fará de Londres a capital desportiva do planeta.
A visita terminou com uma improvisada conferência de imprensa do Chefe de Missão aos jornalistas presentes. O pano de
fundo foi o Estádio Olímpico, que receberá alguns dos momentos de maior interesse dos Jogos: as Cerimónias de Abertura e
Encerramento, bem como o Atletismo, uma das modalidades
sobre as quais recaem mais atenções.
Mário Santos falou das expectativas para a competição, não se
comprometendo com a conquista de medalhas, mas garantindo à Comunicação Social que estão reunidas as condições para
que os atletas se superem e possam alcançar excelentes resultados nas diversas modalidades em que Portugal irá participar.
Assim terminou esta visita ao Parque Olímpico, que foi também
a primeira oportunidade para jornalistas e Missão contactarem
mais de perto e partilharem expectativas e procedimentos
durante os Jogos Olímpicos. Em Julho, todos estarão de volta
com a expectativa de viver de perto e relatar uma honrosa
participação da Missão Olímpica de Portugal.
Maio 2012 . Olimpo . 13
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Entrevista
TELMA MONTEIRO,
26 ANOS, CAMPEÃ EUROPEIA DE JUDO
“Para Londres
estou mais madura
e fisicamente melhor preparada”
Assume-se como favorita, mas avisa que isso não é sinónimo de conquista obrigatória de
medalhas. Reconhece os erros de Pequim 2008 e confessa como, às vezes, se mostra durona
às adversárias no tapete, mas até nem está assim tão confiante.
Conseguiu diagnosticar os seus pontos fracos e quais as fragilidades
em combate que não voltará a repetir?
Sinto-me muito mais forte do que há quatro anos em todos os aspectos: técnica e fisicamente sou uma atleta melhor. Mas também
sei que dando mil por cento todos os dias e dando cem por cento
no dia da competição, infelizmente, às vezes não chega. Se as minhas adversárias forem melhores do que eu não há nada que possa
fazer. Tenho que me mentalizar e trabalhar para naquele dia ser
melhor do que elas.
O judo é composto por muita técnica, mas também por muita táctica,
muita estratégia. Estuda a sua adversária antes de pisar o tapete e
sabe de antemão quais são os seus pontos fortes e fracos?
Raramente entro para um combate sem saber o que tenho de fazer.
Conhecer os pontos fracos dela. Ter capacidade de provocar determinadas reacções. Colocá-la numa posição favorável para atacar.
Por isso temos que ter conhecimento do que normalmente faz e
estudamos os seus pontos fracos e fortes.
É também muito jogo psicológico. Assume uma postura agressiva…
Passo sempre uma imagem forte e confiante, mesmo que às vezes
até nem me sinta tão confiante. Tenho certeza das minhas capacidades e é isso que tento transmitir para intimidar a minha adversária.
O que sentiu quando em Fevereiro no “Grand Slam” de Paris atirou a
sua adversária Aiko Sato ao tapete em sete segundos?
Fiquei muito contente. Eu sabia que ia ser um combate muito difícil. Pelo menos era isso que eu esperava. Ela é uma atleta muito
inteligente. Tinha-lhe ganho há um mês atrás e esperava que fosse
difícil. Fui preparada para um combate muito duro do ponto de
vista técnico e táctico. Quando a bati em tão pouco tempo foi uma
sensação indescritível. Tanto que a minha reacção foi um bocado
descontrolada.
Para si foi tão empolgante ganhar o “Grand Slam” de Paris quanto
poderá ser conquistar uma medalha Olímpica?
Ganhar o “Grand Slam” de Paris é importante. Não é como ganhar
um campeonato do mundo, mas acaba por ter a mesma importância. É uma prova muito forte onde está o grupo mais restrito das
atletas de judo. Creio que nesse sentido se assemelha aos Jogos
Olímpicos. Se tivesse que escolher escolhia Paris, mas não deixam
de ser duas competições especiais. Vencer o “Grand Slam” de Paris
era um objectivo importante que perseguia há muito tempo.
Fotos Fernando Piçarra
Olimpo – Em Atenas era uma jovem inexperiente. Em Pequim estava
preparada mas não correu bem. Fez um diagnóstico do que se passou
e consegue, no momento que se apurou para Londres 2012, dizer o
que correu mal antes e o que não vai correr mal agora?
Mário Santos – Em Pequim o que falhou mesmo foi o facto de eu
querer muito alcançar o ouro. Estava muito segura de mim e, com
alguma ingenuidade, ajudei a alimentar essa expectativa. Quando
perdi o combate com a chinesa [Xian Dongmei] acabei por não
ficar psicologicamente em condições de lutar por uma medalha.
Também nesse ano tive problemas pessoais, morreu o meu treinador. Não estava emocionalmente bem. Mesmo sem me ter apercebido, isso pode ter influenciado. Creio que foi o que mais pesou.
Agora para Londres estou mais madura psicologicamente e sou
uma atleta fisicamente melhor preparada para esta etapa que cria
tanta expectativa.
14 . Olimpo . Maio 2012
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Telma Monteiro Campeã da Europa
A atleta portuguesa Telma Monteiro sagrou-se Campeã Europeia
de Judo na categoria de -57kg, vencendo na final a atleta grega
Loulietta Boukouvala por Ippon, nos campeonatos que se estão a
realizar em Chelyabinsk, Rússia.
Para chegar à final, a judoca portuguesa já tinha vencido quatro
combates. Nazlican Ozerler (TUR), Irina Zabludina (RUS) e
Hedvig Karakas (HUN) na poule A e a atleta Sarah Loko (FRA) na
meia-final.
Esta é a quarta vez que a judoca Telma Monteiro vence o
Campeonato da Europa, a segunda na categoria de -57kg, tendo
também conquistado por três vezes a Medalha de Prata nos
Campeonatos do Mundo de Judo. A atleta portuguesa ocupa neste
momento a segunda posição no ‘ranking’ mundial.
Maio 2012 . Olimpo . 15
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Entrevista
É mesmo teimosa?
Sou. Gostava de pensar
que não, mas sou.
Continua tímida?
Muito tímida. Quando
vou sozinha na rua e
sou abordada por pessoas que não conheço
sou muito envergonhada. Às vezes passo
a sensação de que sou
arrogante ou indiferente porque a minha
timidez bloqueia-me.
É feitio.
Ainda rói as unhas?
Ainda. Mas isto é um
vício. Em vez de as
cortar, roo-as. É mais
giro.
O que ouve agora mais
no seu Mp3?
Ui, ouço tanta coisa…
Desde Queen a Pink.
Ouço tanta música
diferente.
Ainda sonha abrir uma
escola de judo?
Sim. Continuo com
esse sonho. Sonho não,
objectivo futuro.
O surf é o seu segundo
desporto favorito?
Faço surf uma vez
por outra. Gostava de
ser boa no surf. Tenho
tanto respeito pelo
mar que isso acaba
por limitar o que podia
progredir.
Os Globos de Ouro ficam melhor aos pares?
[Venceu o de melhor desportista em 2009 e está
nomeada para a mesma
categoria em 2012]
(risos) Se puder ser aos
pares, melhor. Estar
nomeada num grupo
tão restrito de atletas já
é gratificante. Não é o
meu objectivo principal.
Gostava de ter um para
ser amigo do outro que
está lá em casa (mais
risos).
Mais de sete mil
amigos no Facebook:
sente-se acarinhada?
Sim. É uma forma das
pessoas mostrarem
apoio. É gratificante ir
lá e sentir-me perto das
pessoas que contactam
comigo.
Acha que os homens
têm medo que lhes
bata?
Não. Acho que não
tenho um ar agressivo
(risos)… Eles só ficam
envergonhados por eu
ser uma pessoa conhecida. Acho que não têm
medo que lhes faça mal.
* esta entrevista ocorreu antes da Gala dos Globos de Ouro e antes da partida de Telma Monteiro para o estágio na China
“Gostava de ter outro Globo de Ouro*
para ser amigo do que está lá em casa”
“Um judoca tem que ter empenho, disciplina e coragem”
Disse em 2010 à revista Aula
Magna que “no judo não se
pode facilitar, nem parar. Temos
que estar sempre a trabalhar”.
Em que consiste esse trabalho
constante?
Acho que mesmo quando sair do
judo não vou estar completa. Se
quero manter o nível físico tenho
que me aperfeiçoar. Trabalhar
muito para não ficar para trás.
As minhas adversárias começam
a conhecer-me bem e vão tentar
tudo para me contrariar. Tenho
que estar sempre um passo à
frente.
Quais são as principais qualidades de um judoca?
Tendo em conta os valores do
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, felicitou-a pelo seu apuramento para Londres 2012, após a vitória nos campeonatos
europeus na Rússia a 26 de Abril. Sente que a
responsabilidade de representar Portugal nos
Jogos e as expectativas a seu respeito estão a
aumentar cada vez mais?
Responsabilidade sempre senti. Não vejo o
acto de representar o meu país como uma
tarefa banal. Já havia favoritismo e isso agora aumentou. Também já expliquei que o
facto de ser favorita não quer dizer que vá
ganhar. É só uma motivação.
judo: tem que ser uma pessoa
com muito empenho, bastante disciplina e coragem para
enfrentar os adversários.
Em que medida a prática do judo
pode determinar hábitos de vida
saudáveis e um estilo de vida
inteligente?
O judo é uma modalidade em
2011 e 2012 estão a ser anos fantásticos para
si em termos competitivos. Acha que esse
facto aumenta a pressão sobre si? Que por ter
ganho tantas competições terá obrigatoriamente que trazer uma medalha de Londres?
Acima de tudo as pessoas querem isso para
mim porque viram que eu já ganhei muitas
medalhas. Acho que ficavam contentes se eu
conseguisse atingir esse sonho e se lhes pudesse dar essa alegria. Que conseguisse realizar
um sonho pessoal e ganhar a única medalha
que ainda me falta. Aumenta a pressão, mas é
uma pressão positiva. Querem que eu ganhe,
que temos de ser inteligentes para conseguirmos atirar
o adversário ao chão. Não
basta pegar. Temos que antever
movimentos, contrariá-los,
esquivarmo-nos a eles. E depois
levarmos o nosso adversário a reagir de acordo com o
nosso objectivo. Nesse sentido
desenvolve-se a inteligência.
mas por simpatizarem comigo. Falar em medalhas dá a sensação que é fácil e não é. Estou
numa categoria muito competitiva. Todas estamos bem preparadas. Sinto é que se não trouxer uma medalha a reacção das pessoas e da
imprensa poderá não ser muito amigável.
Pensa muitas vezes no facto de que é a melhor judoca portuguesa de todos os tempos?
Não penso muito nisso. Tenho uma carreira
ímpar. Os resultados provam-no. Acho que
posso ganhar ainda mais. Quero só ser melhor do que aquilo que sou actualmente.
16 . Olimpo . Maio 2012
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Reportagem
UM DIA COM...
ANA RENTE,
ATLETA OLÍMPICA DE TRAMPOLIM FEMININO
Fotos Fernando Piçarra
A perfeição do salto
SÉRIE QUE ANA RENTE VAI APRESENTAR NOS JOGOS OLÍMPICOS
Série
(A prestação nos jogos olímpicos é composta por duas séries de aproximadamente 20 segundos cada).
Primeia série
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empranchado;
. Cody engrupado;
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. Mortal atrás empranchado;
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. Barani encarpado;
. Mortal atrás encarpado;
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. Rudy Out engrupado;
. Miller empranchado.
Segunda série
. Barani out Triffis encarpado;
. Half in half out encarpado;
. Barani out Triffis engrupado;
. Half in half Out engrupado;
. Rudy out engrupado;
. Duplo atrás encarpado;
. Full in half out encarpado;
. Full in full out encarpado;
. Barani out encarpado;
. Half in Rudy out encarpado.
Nota: se passar à final, Ana Rente terá que realizar uma sequência da segunda série.
18 . Olimpo . Maio 2012
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Fotos Fernando Piçarra
te oito a nove horas por dia”, diz-nos Ana.
Sobe uma vez mais para rede do trampolim
e fica mais tempo no ar, apercebemo-nos que
o nível de complexidade dos saltos é cada vez
maior, o treinador cronometra o tempo de
execução da série. Ana não fica satisfeita com
o resultado, apesar de Luís considerar que
“não foi uma má prestação”. A segunda tentativa corre melhor. A persistência e capacidade de trabalho são duas características que,
de acordo com Luís Nunes, fazem de Ana
Rente uma das melhores saltadoras do mundo e potencial finalista dos Jogos Olímpicos
de Londres de 2012. Ana Rente vai competir
com 16 atletas de todo o mundo, mas os seus
objectivos para a missão olímpica estão bem
definidos: “primeiro chegar à final e depois
lutar pelas medalhas”. Luís e Ana partem
para Londres dia 22 de Julho.
// A capacidade de trabalho e a boa gestão de tempo de Ana Rente fazem com que a atleta consiga
combinar os estudos de medicina e enfrentar uma competição olímpica
P
ortugal conta novamente com a
presença de Ana Rente na modalidade de trampolim para os Jogos Olímpicos de Londres 2012 (já o fez na
edição de Pequim, em 2008). A Olimpo foi
acompanhar um treino da ginasta no Lisboa
Ginásio Clube (LGC).
Já passava das 20h quando Ana entrou
apressadamente na porta nº 63 da Rua dos
Anjos, em Lisboa (LGC), local onde treina
diariamente desde 2006. No dia, já carregava
uma manhã de exigentes aulas do quinto ano
de medicina da Faculdade de Ciência Médicas da Universidade Nova de Lisboa, horas de
estudo (época de exames) e uma entrevista
concedida à RTP. Mas, ainda assim, Ana entra com uma energia contagiante no ginásio,
cumprimenta os treinadores, Luís Nunes e
Carlos Nobre, e os colegas. Equipa-se na sala
de treino e inicia o aquecimento correndo ao
longo do perímetro da sala. Conforme passa
pelos colegas que ainda não tinha tido oportunidade de saudar, vai distribuindo sorrisos
e “olás”, sem descontinuar a corrida. Luís dálhe as orientações para o resto dos exercícios
de aquecimento e Ana não perde tempo: salta à corda, faz os abdominais e a exercitação
preparatória para os saltos no trampolim.
Dos quatro grandes trampolins que ocupam
a sala, Ana dirige-se para o “seu”, o mais à
direita: “Vou começar com os saltos mortais
simples”, indica-nos. Refere-se aos mortais
engrupados, encarpados e empranchados.
Faz uma pausa para descansar, senta-se no
trampolim e retoma a conversa animada com
os colegas. Passam-se cerca de quatro minutos e Ana regressa às alturas. Aproveitamos a
nova pausa para lhe perguntar quantas horas
treina por dia: “entre duas horas e meia e três
horas, os chineses treinam aproximadamenMaio 2012 . Olimpo . 19
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PROTOCOLO
DELTA CAFÉS APOIA ATLETAS
PORTUGUESES NOS JOGOS
O patrocínio da Delta Cafés ao Comité Olímpico de Portugal reitera o compromisso social da
marca com a prática desportiva, com os atletas portugueses e com Portugal
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á mais de 50 anos que a
Delta Cafés se assume
como uma marca socialmente responsável, fidelizando a comunidade através dos seus
valores, produtos e serviços, intervindo de
forma pró-activa no desenvolvimento integrado da comunidade. O apoio ao desporto,
nomeadamente à Missão Portuguesa nos
Jogos Olímpicos de Londres 2012, decorre
da política de responsabilidade social da
marca que visa incentivar um estilo de vida
saudável, através do patrocínio as várias
modalidades.
A Delta Cafés tem apoiado e promovido
várias iniciativas desportivas de âmbito local e nacional. Exemplo disso é o patrocínio
da marca a vários clubes de futebol como o
Sporting Clube de Portugal, o Sport Lisboa
e Benfica e o Futebol Clube do Porto, bem
como outras modalidades desportivas, designadamente o Basquetebol, o Andebol e
o Automobilismo.
Na vila alentejana de Campo Maior,
sede do Grupo, a Delta Cafés presta um
forte apoio à comunidade desportiva patrocinando o Sporting Clube CampoMaiorense e proporcionando condições para a
prática de desporto na comunidade, incentivando um estilo de vida saudável, através
de várias modalidades como o futebol (nas
categorias de infantis, iniciados, juniores,
juvenis e seniores), Futsal, Futebol Feminino, Basquetebol, Ginástica, Natação e BTT.
Da comunidade local ao desporto nacional, a Delta Cafés, apoia o desenvolvimento das comunidades desportivas. O patrocínio da Delta Cafés ao Comité Olímpico
de Portugal (COP) reitera o compromisso
social da marca com a prática desportiva,
com os atletas portugueses e com Portugal, sobretudo num momento em que se
prepararam para enfrentar mais um duro
desafio nas suas carreiras desportivas: os
Jogos Olímpicos de 2012.
20 . Olimpo . Maio 2012
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Maio 2012 . Maio . 21
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Opinião
MIGUEL NOBRE FERREIRA
Coordenador da Comissão Instaladora do TAD
A PROPÓSITO DO TRIBUNAL
ARBITRAL DO DESPORTO
aprovação pelo Governo da proposta de lei
que institui, sob a égide do Comité Olímpico de Portugal (COP), o Tribunal Arbitral do
Desporto (TAD) constitui facto relevante que
a “Olimpo” vem assinalar.
Honra seja feita ao actual Secretário de Estado do Desporto, Dr. Alexandre Mestre, que
teve a percepção do interesse para o Desporto
Nacional da institucionalização do TAD e a
determinação política necessária para o impulsionar, após cinco anos de inexplicável
“travagem” burocrática.
Nesta ocasião é oportuno recordar o histórico do processo que constitui uma emanação do movimento associativo e do seu propósito de auto-governo da justiça desportiva,
independente da administração pública e da
justiça comum.
De facto, a história do TAD começou em
2001 por iniciativa da Fundação do Desporto, com o apoio da Associação Portuguesa
de Direito Desportivo e sob a égide do COP,
com a realização em Lisboa de um Seminário Internacional sobre Arbitragem Desportiva, no qual participaram eminentes juristas
nacionais e estrangeiros, nomeadamente o
Dr. Matthieu Reeb, actual Secretário Geral do
Tribunal Arbitral do Desporto (TAS).
Desde então o COP assumiu a liderança
do projecto do TAD, tendo o Presidente Vicente Moura proposto a sua criação como
finalidade estatutária do COP, o que foi aprovado pelas Federações Desportivas olímpicas
e não olímpicas.
Com esse objectivo, em 2006, foi constituída, no seio do COP, a Comissão Instaladora do TAD, presidida pelo Juiz Conselheiro
Cardoso da Costa, que elaborou o projecto
de Estatutos do TAD, os quais vieram a ser
aprovados, por unanimidade das Federações
presentes, na Assembleia Plenária do COP
de 27/10/2007.
O projecto de criação do TAD foi entregue
ao então Secretário de Estado e, posteriormente, em 14/12/2007, ao Ministro da Justiça, tendo ambos manifestado o seu apreço
pela iniciativa do COP e a sua aprovação à
criação do TAD nos moldes propostos.
Não obstante, em Setembro de 2010, foi
nomeada pelo Governo uma Comissão para a
Justiça Desportiva, encarregada de elaborar um
novo projecto para o TAD, que veio a ser apresentado publicamente em Maio de 2011, mas
que não chegou a ser aprovado pelo Governo.
Cabe aqui salientar que o projecto do Governo, alternativo ao do COP, reflectia uma visão
estatizante da justiça desportiva, em que o movimento associativo e os seus legítimos representantes (COP, Confederação, Federações e
Associações de Treinadores, Árbitros e Atletas)
tinham uma participação subalterna.
Desde logo, o COP manifestou ao Governo então em funções a sua oposição a tal
projecto, tendo recomposto a sua Comissão
Instaladora, que passou a ser presidida pelo
Prof. Miguel Galvão Teles, com o propósito
de manter e aprofundar, em diálogo com o
novo Governo, o seu projecto de um TAD, de
matriz essencialmente associativa.
Por isso, constitui um êxito para o COP a
Resolução do Conselho de Ministros, agora tomada, de criação do TAD sob a égide do COP,
dotado de competência específica para administrar a justiça nos litígios decorrentes da actividade desportiva, independente dos órgãos da
administração pública e dispondo de autonomia administrativa e financeira, organismo jurisdicional com sede no COP, que responderá
pela sua instalação e funcionamento.
Note-se que o projecto do COP é, simultaneamente, supra-federativo e transversal a
todo o sector desportivo e a bolsa de juízes,
limitada a juristas ou personalidades de mérito reconhecido, é composta por indicação
das entidades representativas do movimento
associativo e dos agentes desportivos, com exclusão de nomeações por via administrativa
ou política.
O modelo de TAD proposto pelo COP segue, com as necessárias adaptações à nossa
realidade desportiva, a estrutura, composição
e funcionamento do TAS de Lausanne, ao
qual estão sujeitos todos os Comités Olímpicos e todas as Federações Internacionais, e
consequentemente as Federações Nacionais,
e que tem granjeado elevado prestígio internacional, pela independência, isenção e competência das suas decisões.
Importa salientar que o TAD será independente do COP e não se destina a substituir
os órgãos jurisdicionais legítimos das Federações, mas tão só a decidir em última instância os recursos das suas decisões, evitando o
recurso à justiça comum.
O COP, e o movimento associativo, aguardam a breve institucionalização do TAD,
satisfeitos por, ao fim de dez anos, ter sido
reconhecido o seu esforço e por, mais uma
vez, terem contribuído para a melhoria do
Desporto Nacional.
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