CENTRO UNIVERSITÁIO DE GOIÁS CURSO DE AGRONOMIA
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CENTRO UNIVERSITÁIO DE GOIÁS CURSO DE AGRONOMIA
0 Uni-ANHANGUERA – CENTRO UNIVERSITÁIO DE GOIÁS CURSO DE AGRONOMIA INOCULAÇÃO EM SOJA COM BACTÉRIAS DO GÊNERO Bradyrhizobium GILSANI NAUFEL GUIMARÃES JUNIOR GOIÂNIA Junho/2013 1 GILSANI NAUFEL GUIMARÃES JUNIOR INOCULAÇÃO EM SOJA COM BACTÉRIAS DO GÊNERO Bradyrhizobium Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Agronomia do Centro Universitário de Goiás Uni-ANHANGUERA, sob orientação da Dra. Cristiane Regina Bueno Aguirre Ramos, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Agronomia. GOIÂNIA Junho/2013 2 TERMO DE APROVAÇÃO GILSANI NAUFEL GUIMARÃES JUNIOR INOCULAÇÃO EM SOJA COM BACTÉRIAS DO GÊNERO Bradyrhizobium Trabalho de conclusão de curso apresentado à banca examinadora como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Agronomia do Centro Universitário de Goiás Uni-ANHANGÜERA, defendido e aprovado em 04 de Junho de 2013 pela banca examinadora constituída por: ___________________________________ Prof.ª Dr.ª Cristiane Regina Bueno Aguirre Ramos Orientadora _________________________________ Prof.ª Dr.ª Luciana Domingues Bittencourt Ferreira Membro _________________________________ Prof.ª Dr.ª Sara Lane Sousa Gonçalves Membro 3 Dedico esse trabalho ao meu pai Gilsani Naufel Guimarães, a minha mãe Patricia Watanabe Guimarães e minha irmã Gisele Watanabe Guimarães e minha namorada Amanda Santos Costa por ter me dado apoio e sempre estar ao meu lado, me ajudando e dando conselhos para o meu sucesso. 4 AGRADECIMENTO Agradeço primeiramente a Deus por iluminar e abençoar minha vida, também meu pai Gilsani Naufel Guimarães, minha mãe Patricia Watanabe Guimarães e minha irmã Gisele Watanabe Guimarães e minha namorada Amanda Santos Costa, agradeço também a minha orientadora Cristiane Regina Bueno Aguirre Ramos por ter ajudado e aconselhado todo o tempo, agradeço também a todos que ajudaram na conclusão desse trabalho. 5 "É preciso entender que nós não herdamos as terras de nossos pais, mas as tomamos emprestadas de nossos filhos." Provérbio Amish 6 RESUMO A fixação biológica de nitrogênio é indispensável na soja hoje no Brasil, dispensando o seu uso mineral e reduzindo o custo de produção. O objetivo desse trabalho foi avaliar e comparar a inoculação na soja com a bactéria Bradyrhizobium no sulco de semeadura com a inoculação tradicional das sementes, em solo de primeiro ano de cultivo desprovido de bactérias nodulantes dessa cultura. Foi conduzido um experimento de campo na cidade de Edealina Goiás no ano 2012/2013, sendo avaliados os tratamentos: inoculação nas sementes, inoculação no sulco de plantio com 1 dose de inoculante, inoculação no sulco com 2 doses e inoculação no sulco com 3 doses. A inoculação no sulco proporcionou os melhores resultados que as demais, provavelmente porque não entrou em contato com o fungicida. Assim, a viabilidade da inoculação no sulco passa a ter muitas vantagens em relação à inoculação nas sementes, cuja sua produção sofre perdas por estar em contato direto com o fungicida. PALAVRAS-CHAVE: Fixação biológica. Nitrogênio. Bactérias nodulantes. 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 8 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 10 2.1 Fixação biológica do nitrogênio (FBN) 10 2.2 Inoculante 11 2.3 Métodos de Inoculação 12 2.3.1 Inoculação nas sementes 12 2.3.2 Inoculação no sulco de semeadura 12 2.4 Inoculção em áreas com cultivo de soja 13 2.4.1 Inoculação em áreas de primeiro cultivo com soja 13 2.4.2 Inoculação em áreas com cultivo anterior de soja 13 3 MATERIAL E MÉTODOS 15 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 18 5 CONCLUSÃO 20 REFERÊNCIAS 21 8 1 INTRODUÇÃO A soja (Glycine max (L.) Merrill) que hoje é cultivada em todo o mundo , é muito diferente dos ancestrais que lhe deram origem, espécies de plantas rasteiras que se desenvolviam na costa leste da Ásia, principalmente ao longo do Rio Amarelo, na China. Sua evolução começou com o aparecimento de plantas oriundas de cruzamentos naturais, entre duas espécies de soja selvagem, que foram domesticadas e melhoradas por cientistas da antiga China. Sua importância na dieta alimentar da antiga civilização chinesa era tal, que a soja, juntamente com o trigo, o arroz, o centeio e o milheto, eram considerados grãos sagrados, com direito a cerimoniais ritualísticos na época da semeadura e da colheita. No começo do cultivo da soja era mais utilizada para forragem e a partir de 1941, a área cultivada para grãos superou a da forragem, que desapareceu em meados dos anos 60 e a produção de grãos cresceu exponencialmente. Em 2003, o Brasil figurou como o segundo maior produtor mundial, responsável por 52, das 194 milhões de toneladas produzidas em nível global ou 26,8% da safra mundial (BRANDÃO; SANCHES; MICHELLON, 2005). Brum et al. (2005), afirmam que a soja foi uma das principais responsáveis pela introdução do conceito de agronegócio no país, não só pelo volume físico e financeiro, mas também pela necessidade empresarial de administração da atividade por parte dos produtores, fornecedores de insumos, processadores da matéria-prima e negociantes. A soja representa, no nível mundial, o papel de principal oleaginosa produzida e consumida. Tal fato se justifica pela importância do produto tanto para o consumo animal, por meio do farelo da soja, quanto para o consumo humano, em forma de óleo. No Brasil, a partir dos anos 1970, a produção da soja passou a ter grande relevância para o agronegócio, verificada pelo aumento das áreas cultivadas e, principalmente, pelo incremento da produtividade pela utilização de novas tecnologias (SILVA; LIMA; BATISTA, 2011). A partir da década de 1960, impulsionada pela política de subsídios ao trigo, visando autossuficiência, a soja se estabeleceu como cultura economicamente importante para o Brasil. Nessa década, a sua produção multiplicou-se por cinco (passou de 206 mil ton em 1960 para 1.056 milhões de ton. em 1969), sendo que 98% desse volume eram produzidos nos três estados da região Sul. Essa concentração da produção é explicada pelo fato de ser o único espaço possível para o plantio de soja no país, até os anos de 1970, por se tratar de um cultivo de clima temperado e subtropical. A evolução tecnológica foi determinante para progresso do agronegócio no Brasil, em relação à soja, permitindo que este produto se espalhasse para os estados da região Norte e Nordeste do país (SILVA; LIMA; BATISTA, 2011). 9 O Brasil é o segundo maior produtor, processador mundial da soja em grão do mundo e o segundo exportador mundial de soja, farelo e óleo garantindo ao país um papel de grande potencial para o produto. Apesar das vantagens brasileiras para a produção, como a grande disponibilidade de recursos naturais favoráveis do país, o Brasil apresenta desafios que se ultrapassados poderiam resultar numa maior potencialidade do complexo de soja brasileiro, sendo fundamental para um mercado inserido numa concorrência agressiva e altamente excludente (SILVA; LIMA; BATISTA, 2011). Os desafios estruturais envolvem toda a cadeia de logística e no caso brasileiro há a predominância do uso de rodovias na matriz de transporte da soja, o que resulta numa menor viabilidade pela pouca exploração do potencial das hidrovias. Assim, o investimento público em infraestrutura rodo-ferroviária e portuária é essencial para a redução dos custos de escoamento (HUNGRIA; CAMPO; MENDES, 2007). A área plantada com grãos aumentou 23% entre 2001 e 2004. Essa expansão recente difere radicalmente do padrão que prevaleceu durante toda a década de 1990, em que a área agrícola total com lavouras permaneceu constante e todo o aumento da produção agrícola vegetal veio de aumentos de produtividade da terra (BRANDÃO; REZENDE; MARQUES, 2005). A geração de tecnologias teria sido um dos fatores fundamentais para que o Brasil aumentasse sua produção de soja (ROESSING; SANCHES; MICHELLON, 2005). Outro desafio é a adubação, o teor elevado de proteína dos grãos de soja resulta em uma demanda alta de nitrogênio. O nitrogênio (N) é o nutriente requerido em maior quantidade pela cultura da soja. Com isso seria inviável economicamente se os produtores tivessem que aplicar todo o nitrogênio necessário pra suprir as demandas da planta, contudo, bactérias do gênero Bradyrhizobium, que se associam ao sistema radicular da soja, estabelecem uma importante simbiose fornecendo todo o nitrogênio que a planta necessita (HUNGRIA, CAMPO, MENDES, 2007). Isso tem sido possível, pois, além de substituir a adubação nitrogenada mineral, a Fixação Biológica de Nitrogênio possibilita o aporte de N suficiente para obtenção de alta produtividade de grãos (HUNGRIA et al., 1994). O objetivo desse trabalho foi avaliar dados de produtividade dos diferentes tipos de inoculação feitos na soja, procurando o melhor resultado para ser utilizado em novas práticas pelos agricultores para obter melhores resultados de produção. 10 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Fixação biológica do nitrogênio (FBN) A Fixação biológica de nitrogênio é a principal fonte de N para a cultura da soja, se tivesse que fornecer esses nutrientes em forma de adubo químico à planta necessitaria de 80 kg para uma produção de 1.000 kg de grãos e consequentemente a produção de 3.000 kg.ha-1 implicam na necessidade de 240 kg de N. Bactérias do gênero Bradyrhizobium, quando em contato com as raízes da soja, infectam as raízes, via pêlos radiculares, formando os nódulos. Elas se associam ao sistema radicular da soja, estabelecendo uma importante simbiose, capaz de suprir a soja em nitrogênio (HUNGRIA; CAMPO; MENDES, 2007). A quantidade certa de inoculante e o processo que vai ser feito são essenciais para o sucesso da FBN. As bactérias que formam nódulos nas raízes da soja eram classificadas, até alguns anos atrás, na espécie Rhizobium japonicum. Com os avanços nos estudos de taxonomia das bactérias foram detectadas grandes diferenças, particularmente genéticas, entre as estirpes dessas bactérias (equivalente a cultivares de plantas ou raças de patógenos), resultando na reclassificação em duas novas espécies, Bradyrhizobium japonicum e Bradyrhizobium elkanii. Em linguagem popular, essas bactérias são, muitas vezes, denominadas somente de rizóbio ou bradirrizóbio (ZILLI et al., 2009). A formação de um simples nódulo é resultante de um processo complexo, envolvendo diversos estádios. Inicialmente, as sementes em germinação e as raízes exsudam moléculas que atraem quimicamente os rizóbios, outras que estimulam o crescimento das bactérias na rizosfera da planta hospedeira e outras que desencadeiam a expressão de diversos genes, tanto da bactéria como da planta hospedeira. A seguir, as bactérias penetram na raiz da soja e provocam o crescimento de células específicas da planta hospedeira, formando os nódulos, onde ficarão alojadas. Quando os nódulos estão em plena atividade apresentam, em sua parte interna, coloração rósea intensa, devido à atividade da leghemoglobina, cuja função é a mesma da hemoglobina do sangue humano, ou seja, o transporte do oxigênio, essencial às funções vitais desses microrganismos aeróbios (VARGAS; HUNGRIA, 1997). A melhor resposta das plantas ao inoculante se dá quando as bactérias estão espacialmente próximas ao sistema radicular das plântulas, nas primeiras semanas de 11 desenvolvimento. Nesse estádio, os rizóbios captam os sinais moleculares da planta e infectam os pêlos radiculares, o que culmina na formação dos nódulos (SPAINK, 1995). A aplicação tradicional via semente, nem sempre é eficiente, principalmente pela aplicação conjunta do rizóbio com fungicidas, inseticidas e micronutrientes, que contribuem para causar toxidez às bactérias e danos às vezes irreversíveis às sementes (CAMPO; HUNGRIA, 1999). Uma prática alternativa que tem sido difundida, inclusive com incremento da produção de grãos da soja, é a aplicação de rizóbio, pulverizado no sulco de semeadura, na mesma operação de distribuição da semente no momento de instalação da lavoura de soja (CAMPO; HUNGRIA, 2000). 2.2 Inoculante Os inoculantes turfosos, líquidos ou outras formulações devem ter comprovada a eficiência agronômica, conforme normas oficiais da RELARE (2001), aprovadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A quantidade mínima de inoculante a ser utilizada deve fornecer 600.000 células/sementes. Resultados de pesquisa indicam benefícios crescentes à nodulação e à FBN pela utilização de populações de até 1.200.000 células/sementes. A base de cálculo para o número de bactérias/semente é a concentração registrada no MAPA e que consta da embalagem (HUNGRIA; CAMPO; MENDES, 2001). O número de registro deverá estar impresso na embalagem. Não se deve adquirir e ou usar inoculante com prazo de validade vencido e que não tenha uma população mínima de 1x108 células viáveis por grama ou por ml do produto e que forneça 600.000 células/semente. É necessário também certificar-se de que o mesmo estava armazenado em condições satisfatórias de temperatura e arejamento com o máximo de 30 ºC (HUNGRIA; CAMPO; MENDES, 2001). Após a aquisição o inoculante deve ser conservado em local protegido do sol e arejado até o momento da utilização, além de certificar-se de que os inoculante contenha pelo menos duas das quatro estirpes recomendadas para o Brasil (SEMIA 587, SEMIA 5019, SEMIA 5079 e SEMIA 5080). Nunca se deve esquecer que o inoculante contém microrganismos vivos que necessitam de muito cuidado (CAMPO; HUNGRIA, 2004). 12 2.3 Métodos de Inoculação A inoculação deve ser feita à sombra e efetuar a semeadura no mesmo dia, especialmente se a semente estiver tratada com fungicida e micro-nutrientes, devendo manter a semente inoculada protegida do sol e do calor excessivo. Evitar o aquecimento, em demasia, do depósito da semente na semeadora, pois altas temperaturas reduzem o número de bactérias viáveis aderidas à semente. Para melhor aderência dos inoculantes turfosos, recomenda-se umedecer a semente com 300 ml/50 kg semente de água açucarada a 10% (100 g de açúcar e completar para um litro de água). É imprescindível que a distribuição do inoculante turfoso ou líquido seja uniforme em todas as sementes para que se tenha o benefício da FBN em todas as plantas (CAMPO; HUNGRIA, 2000). 2.3.1 Inoculação nas sementes Se o inoculante utilizado for o inoculante turfoso, as sementes devem ser umedecidas com uma solução açucarada ou outra substância adesiva, misturando bem. Adicionar o inoculante, homogeneizar e deixar secar a sombra. A distribuição da mistura açucarada/adesiva mais inoculante nas sementes deve ser feita, preferencialmente, em máquinas próprias, tambor giratório ou betoneira. Mas, se o inoculante utilizado for o inoculante líquido é necessário apenas aplicar o inoculante nas sementes, homogeneizar e deixar secar a sombra sem a necessidade de utilização de uma substância adesiva. E também não deixar a semente inoculada por muito tempo para ser utilizada se não perde a eficiência, e não expor ao sol (ZILLI et al., 2009). 2.3.2 Inoculação no sulco de semeadura O método tradicional de inoculação pode ser substituído pela aplicação do inoculante por aspersão no sulco, por ocasião da semeadura, em solos com ou sem população estabelecida. Esse procedimento pode ser adotado desde que a dose de inoculante seja, no mínimo, seis vezes superior à dose indicada para as sementes. A utilização desse método tem a vantagem de reduzir os efeitos tóxicos do tratamento de sementes com fungicidas e da aplicação de micronutrientes nas sementes sobre a bactéria (HUNGRIA; CAMPO; MENDES, 2000; ZILLI et al., 2009). 13 2.4 Inoculção em áreas com cultivo de soja 2.4.1 Inoculação em áreas de primeiro cultivo com soja A soja não é uma cultura nativa do Brasil e a bactéria que fixa o nitrogênio atmosférico (Bradirizobium) não existe naturalmente nos solos brasileiros. Assim, é indispensável que se faça a inoculação da soja nessas condições, para garantia de obtenção de alta produtividade. A dose de inoculante deve ser a indicada e não deixar de observar os cuidados em relação à aplicação de fungicidas e micronutrientes nas sementes. Quanto maior o número de células viáveis nas sementes, melhores serão a nodulação e o rendimento de grãos (ZILLI et al., 2010). Com todos os processos que podem ser utilizados para inocular a soja, ainda há outros fatores que interferem relativamente o bom estabelecimento das bactérias. Temperaturas elevadas e o estresse hídrico, muitas vezes atuando juntos, são os principais fatores ambientais limitantes à fixação biológica do N2 nos trópicos, afetando a simbiose em todos os estádios. O período mais crítico, porém, é o inicial, quando o solo está descoberto, podendo atingir temperaturas superiores a 40ºC na superfície, prejudicando a sobrevivência do rizóbio e a infecção das raízes. Nesse contexto, a semeadura direta é extremamente favorável, pois a cobertura do solo reduz as temperaturas e mantém a umidade por mais tempo (HUNGRIA; CAMPO; MENDES, 2001). Entre os fatores que mais afetam a nodulação e que podem ser controladas pelos agricultores está o tratamento de sementes com micronutrientes e fungicidas. 2.4.2 Inoculação em áreas com cultivo anterior de soja Os ganhos com a inoculação, em áreas já cultivadas anteriormente com soja, são menos expressivos do que os obtidos em solos de primeiro ano. Todavia, têm sido observados ganhos médios de 4,5% no rendimento de grãos com a inoculação em áreas já cultivadas com essa leguminosa. Devido a limitações por diversos fatores ambientais e principalmente nutricionais. Estima-se que, de toda a população microbiana no solo, no máximo 10% dos microrganismos estejam no estádio ativo. Com isso, quando a germinação da soja inicia, os compostos liberados pelas sementes e, a seguir, pelas raízes, atraem as bactérias para as raízes 14 e estimulam a sua multiplicação. Os segmentos de raízes, porém, são suscetíveis à formação de nódulos apenas por poucas horas, durante o crescimento. Desse modo, muitas vezes as bactérias somente atingem as raízes e se tornam aptas a formar nódulos quando já há um determinado crescimento destas. Ao contrário, nas sementes inoculadas, carregando milhares de bactérias, a formação de nódulos é imediata, havendo abundância de nódulos na coroa da raiz principal (HUNGRIA; VARGAS; CAMPO, 1997). Zilli et al. (2010), conduziram em 2006 e 2007 um experimento com o intuito de avaliar diferentes tratamentos com inoculação no sulco e na semente com ou sem fungicida. Houve a formação de um número médio de nódulos superior a 20 e massa de nódulos secos acima de 250 mg por planta, sendo superior a testemunha nos tratamentos de inoculação no sulco e semente não tratada com fungicida A inoculação realizada no sulco da semeadura mostrou desempenho da FBN igual ao tratamento de inoculação nas sementes sem o uso de fungicida. Com a utilização de fungicida na inoculação das sementes verificou-se uma redução no número e na massa de nódulos, que influenciou diretamente na produção final. A inoculação sem fungicidas proporcionou rendimento de grãos semelhante ao tratamento com fertilizante nitrogenado de 200 kg ha-1. Campo et al. (2010), em um experimento conduzido nos estados de São Paulo nas cidades de Avaré e Taciba nos anos de 2001 e 2002 e Mato Grosso na cidade de Jaciara nos anos de 2001 e 2002 avaliaram a eficiência entre inoculação no sulco e nas sementes, em áreas de primeiro ano, no estado de Paraná na cidade de Londrina nos anos de 2001, 2002 e 2003 foi realizado o experimento em áreas pré estabelecidas com bactérias Bradyrhizobium. Os resultados em áreas de primeiro ano de cultivo foram semelhantes, os resultados da inoculação no sulco foram melhores que a inoculação nas sementes tratadas com fungicidas, e a inoculação nas sementes sem tratamento de fungicidas tiveram os mesmos resultados que a inoculação no sulco. Áreas com uma população pré estabelecida de bactérias não tiveram resultados relevantes, mostrando resultados que a inoculação nas sementes e no sulco foram semelhantes. 15 3 MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi realizado na Fazenda Paraíso no Município de Edealina – GO, situada a 17° 25’ 33” S, 49° 39’ 54” W e em altitude de 600 m, na safra de 2012/2013 em uma área de pastagem sem cultivo anterior da cultura da soja. Foram estabelecidos cinco tratamentos seguindo o delineamento de blocos ao acaso com quatro repetições: 1 – semente + inoculante + fungicida + micronutriente (SIFM); 2 testemunhas semente + fungicida + micronutriente (TFM); 3 – sementes + fungicida + micronutriente + inoculante no sulco (1x) (SFMIS1); 4 – sementes + fungicida + micronutriente + inoculação no sulco (2x) (SFMIS2); e, 5 - sementes + fungicida + micronutriente + inoculante no sulco (3x) (SFMIS3). As parcelas experimentais tiveram dimensões de 5,0 metros de comprimento e 6,0 metros de largura com espaçamento de linhas de 0,50 cm. Foram utilizados as estirpes de Bradyrhizobium semia 5019 e Bradyrhizobium Semia 5079 com 5 bilhões de células por mL e 1,4 milhões de bactérias por semente, concentração mínima de 5x10 UFC mL-1. Após o preparo das sementes foi riscado o sulco com uma plantadeira passando somente com adubação no qual foi utilizada a formulação 6-24-18 na quantidade de 400 kg ha-1. Logo após foi efetuado a abertura do sulco com uma enxada. A semeadura foi feita manualmente utilizando 13 sementes por metro obtendo-se um estande final de 11 plantas por metro. Os tratamentos de inoculação na semente, sem inoculação no sulco de plantio e na testemunha foi pulverizado somente com água e logo após fechado com uma leve camada de terra com uma profundidade de 2 a 3 cm. Já os tratamentos com inoculante no sulco foi preparado uma calda contendo uma dose de inoculante com três mL cada dois litros de água e pulverizado com o auxilio de uma bomba costal. Sendo preparado um por vez não deixando misturar. Após a pulverização o sulco foi fechado com uma leve camada de terra (2 a 3 cm). Todos os tratamentos foram feitos com o fungicida Derosal (Carbedazim), Belure (Fipronil) e Co-Mo (Cobalto e Molibdênio). Com exceção da testemunha todos os tratamentos receberam o inoculante (MasterFix). O plantio foi realizado no dia 15 de novembro de 2012 com uma boa umidade no solo, e sobre uma palhada seca de capim com a cultivar (Valiosa) (Figura 1). Na Figura 2 temos uma foto da área 17 dias após o plantio. 16 Figura 1 – Área de experimento demarcada no dia 15 de novembro de 2012 Figura 2 – Área do experimento de soja 17 (DAP). Aos 26 DAP foi realizada a primeira aplicação pós emergente para controle de ervas daninhas e algumas pragas. Utilizou-se o herbicida Gliz Max a base glifosato na dose de 3 L ha-1 e o inseticida Cipermetrina na dose de 150 mL ha-1, adicionando na calda óleo mineral e fertilizantes foliares (manganês). Aos 58 DAP foi realizada uma segunda aplicação tendo em vista o controle da ferrugem e de pragas. Foi utilizado o fungicida Fox a base de trifloxistrobina e protioconazol na dose de 0,4 L ha-1 e os inseticidas Atabrom e Ortene. O primeiro a base de clorfluarzuron, para controlar lagartas e percevejos na dose de 0,3 L ha-1 e o segundo, a base de acefato, na dose de 1,2 kg ha-1 adicionando ainda óleo mineral à calda na dose de 0,3 L ha-1. 17 A terceira aplicação foi realizada aos 78 (DAP) para novamente controlar a ferrugem e pragas. Foi utilizado o fungicida Shake a base de epoxiconazol e piraclostrobina na dosagem de 0,6 L ha-1 e um inseticida a base de cipermetrina na dosagem de 0,3 L ha-1, e adicionada à calda óleo mineral. Aos 100 DAP foi realizada a quarta aplicação para controlar ferrugem, doenças de final de ciclo e pragas. Foi utilizado o fungicida Shere Max a base de ciproconazol e trifloxistrobina na dosagem de 0,4 L ha-1 e o fungicida Cercobim a base de tiofanato metilico na dosagem de 1 L ha-1. O inseticida foi o Atabrom a base de clorfluazuron na dosagem de 0,3 L ha-1 e Acefato na dosagem de 1,2 kg ha-1. A colheita foi iniciada aos 125 DAP e realizada manualmente, retirando-se planta por planta (Figura 3). Depois foi feito o debulhamento da vagem da soja a fim de retirar todos os grãos tendo o cuidado de etiquetar separadamente a produção de cada bloco. Foram coletadas apenas as linhas centrais descartando as linhas laterais. Após a colheita foi realizada a pesagem dos grãos e os tratamentos foram separados e colocados em ordem e feita as medias comparadas pelo teste de Tukey a 5%. Figura 3 – Área de experimentação no dia da colheita. 18 4 RESULTADO E DISCUSSÃO Na Tabela 1 encontram-se os resultados da pesagem dos grãos. Ela mostra que os tratamentos SFMIS 1, SFMIS 2, SFMIS 3 apresentaram-se como melhor método com maior produtividade. A Testemunha apresentou menor produção, fato que pode ser explicado pela ausência de bactérias nodulantes no solo. Zilli et al., (2010) concluiram que os tratamentos sem fungicida tiveram os mesmos resultados quando tratado com 200 kg de N ha-1, portanto quando adicionado fungicida aos tratamentos, principalmente na inoculação nas sementes a produção é comprometida. Tabela 1 – Produção dos tratamentos em kg/ha. Edealina/GO, Safra 2012/13. Produção em kg Tratamentos Bloco 1 Bloco 2 Bloco 3 Bloco 4 SIFM 1.812 2.200 1.760 2.000 TFM 1.728 1.640 1.424 1.441 SFMIS1 2.210 2.012 2.090 2.117 SFMIS2 1.792 2.292 2.231 2.208 SFMIS3 1.671 3.357 2.564 2.705 Na Tabela 2 encontram se os resultados da analise estatística com teste de Tukey a 5% de probabilidade. Tabela 2 – Produtividade média em kg/ha da parcela em função de diferentes métodos de inoculação. Edealina/GO, Safra 2012/13. (1) Tratamentos Média SFMIS3 2.574 c SFMIS2 2.130 ab SFMIS1 2,107 b SIFM 1.943 c TFM 1.558 bc Médias seguidas de letras iguais não diferem estatisticamente entre si 5% pelo teste de Tukey. 19 O fato do solo onde foi conduzido o experimento apresentar um número reduzido de bactérias nodulantes de soja, ou nada, sendo área de primeiro cultivo, pode ter influenciado na produção já que, com essa condição as plantas que melhor se adaptaram e aproveitaram maior quantidade do inoculante oferecido, apresentaram produtividade melhor. O inoculante quando em contato com o fungicida perde um pouco da sua eficiência, com isso a Inoculação no Sulco seria o melhor método, porque o inoculante é adicionado no sulco do plantio depois da semente ser tratada, diminuindo esse contato. Esse método é bom principalmente em solos de primeiro ano de cultivo, onde não tem nenhum tipo de bactérias nodulantes no solo. Dessa forma, a Inoculação no Sulco mostrou-se tecnicamente viável, assim como Campo et al. (2010), que obtiveram melhores resultados na inoculação realizada no sulco, especialmente para áreas desprovidas de bactéria nodulantes de soja. Contudo, a Inoculação no Sulco aumenta o custo de aquisição do inoculante e as despesas para adaptação das semeadoras e transporte de água para as lavouras. 20 5 CONCLUSÃO Dos diferentes tipos de tratamentos com inoculação o que teve melhor desempenho e produtividade foi à inoculação no sulco 3 vezes a dose. Sua alta produtividade em relação à inoculação nas sementes permite que o produtor adquira a essa prática para ter maior produtividade, principalmente em áreas de primeiro ano de cultivo de soja. A produtividade vai depender da eficiência das bactérias nodulantes. Com a inoculação no sulco reduz o contato dos fungicidas utilizados no tratamento de sementes com as bactérias. 21 REFERÊNCIAS BOHRER, T. R. J.; HUNGRIA, M. Avaliação de cultivares de soja quanto à fixação biológica do nitrogênio. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 33, p. 937-952, 1998. BRANDÃO, A. S. P.; REZENDE, G. C.; MARQUES, R. W. C.: Crescimento agrícola no período 1999/2004, explosão da área plantada com soja e meio ambiente no Brasil. IPEA Textos para discussão 1062. Rio de Janeiro, 2005. BRUM, A. L.; HECK, C. R.; LEMES, C. L.; MÜLLER, P. K.: A economia mundial da soja: impactos na cadeia produtiva da oleaginosa no Rio Grande do Sul 1970-2000. Anais dos Congressos. XLIII Congresso da Sober em Ribeirão Preto. 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Autorizo o Centro Universitário de Goiás, Uni- ANHANGUERA a disponibilização do texto integral deste trabalho na biblioteca consulta e divulgação pela Internet, estando vedada apenas a reprodução parcial ou total, sob pena de ressarcimento dos direitos autorais e penas cominadas na lei. ___________________________________________________ Gilsani Naufel Guimarães Junior Goiânia (GO), 19 de Junho de 2013