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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE DIVINÓPOLIS – FUNEDI/UEMG
CENTRO DE PÓS GRADUAÇÃO
ROGÉRIO DA CUNHA MAIA
Informática, Educação e Transdisciplinaridade
Divinópolis
2007
Rogério da Cunha Maia
INFORMÁTICA, EDUCAÇÃO E TRANSDISCIPLINARIDADE
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em
Educação, Cultura e Organizações Sociais da
FUNEDI/UEMG,
como
requisito
parcial
à
obtenção do título de Mestre em Educação,
Cultura e Organizações Sociais.
Área de concentração: Estudos Contemporâneos.
Orientador: Prof. Dr. Pedro Pires Bessa
Divinópolis
Centro de Pós-Graduação FUNEDI/UEMG
2007
M217i
Maia , Rogério da Cunha
Informática, educação e transdisciplinaridade [manuscrito] / Rogério
da Cunha Maia. – 2007.
149 f., enc. il .
Orientador : Pedro Pires Bessa
Dissertação (mestrado) - Universidade do Estado de Minas Gerais,
Fundação Educacional de Divinópolis.
Bibliografia : f. 126 - 135
•Informática.
2. Educação. 3. transdisciplinaridade. l. Bessa, Pedro
Pires. II. Universidade do Estadual de Minas Gerais. Fundação Educacional
de Divinópolis. III. Título.
CDD: 372.35
Dissertação intitulada “ Informática, Educação e Transdisciplinaridade” de autoria do mestrando
Rogério da Cunha Maia, aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes professores:
________________________________________
Prof. Dr. Pedro Pires Bessa – Orientador
________________________________________
Prof. Dr. José Geraldo Pedrosa – Banca
________________________________________
Prof. Drª. Francis Paulina Lopes da Silva - Banca
________________________________________
Prof. Drª. Helena Alvim Ameno – Suplente
________________________________________
Prof. Dr. Alexandre Simões Ribeiro
Coordenador do programa de Mestrado
FUNEDI/UEMG
Divinópolis, 27 de novembro de 2007
A minha esposa Bia.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter me dado o privilégio de viver e determinação para concluir
este trabalho.
A minha esposa que foi mãe e “pai” de nossa filhinha Letícia que nasceu junto com o
projeto do mestrado, cumprindo minhas funções quando estive “ausente” em muitos momentos
importantes deste projeto.
Ao Professor Dr. Pedro Pires Bessa pela dedicação, atenção, paciência e sábia
orientação em todo o desenvolvimento deste trabalho.
A todos do Centro de Pós-graduação FUNEDI-UEMG, que sempre me atenderam
com um sorriso e prontos a colaborar com minhas necessidades.
E não poderia deixar de agradecer aos professores que participaram da pesquisa de
campo deste projeto e contribuíram significativamente com suas respostas e declarações.
Agradeço também a todas as pessoas e entidades que gentilmente me cederam
formalmente o direito de utilização de imagens, textos, trabalhos e outros materiais que
contribuíram significativamente para este trabalho. Dentre elas:
−
Colégio Dante Alighieri
−
Ciência Hoje On-line
−
Tomoe Soroban Co.
−
CotiaNet
−
matematica.com.sapo.pt
−
Roberto Mauro Costa e Silva
−
Carlos Roberto Amâncio
“A educação faz com que as pessoas sejam
fáceis de guiar, mas difíceis de arrastar; fáceis
de governar, mas impossíveis de escravizar”.
Henry Peter
RESUMO
A utilização da tecnologia da Informação tem provocado transformações rápidas em
todo o mundo, principalmente pelo seu poder em integrar e transmitir informações em tempo real
para a maioria dos povos, simultaneamente. A Informática está provocando o deslocamento de
fronteiras, a quebra e a construção de novos paradigmas em toda a contemporaneidade. O objetivo
desta pesquisa foi estudar como a Informática está sendo utilizada na Educação, detectar quais
recursos estão disponíveis nas escolas e como eles estão sendo utilizados nas salas de aula. A
metodologia utilizada foi a análise da literatura existente e uma pesquisa de campo para confronto
de dados entre a teoria e sua evolução prática no dia-a-dia dos professores. Os resultados mostraram
que muitos recursos já estão sendo utilizados na Educação, entretanto, a maioria deles são básicos e
há falta de recursos como: hardwares, softwares e principalmente falta treinamento adequado aos
professores e alunos. Conclui-se que há resistências por parte da escola em utilizar a Informática,
que ainda há um predominância na utilização do quadro-negro nas salas de aula por falta dos
recursos da Informática e do grande apego ao antigo método que coloca o professor como centro do
conhecimento. Também concluiu-se, que não há resistência em utilizar a Informática por parte do
professor. Ele tem se empenhado, até mesmo com seus próprios recursos, para levar para o dia-a-dia
da escola as novidades tecnológicas a que tem acesso e acredita na Informática como ferramenta
que possibilitará a aproximação entre o mundo da escola e o universo fora dela.
Palavras chaves: Informática. Tecnologia. Educação. Escola. Professor. Comunicação. Informação.
ABSTRACT
The use of the Information technology has provoked fast transformations in the
whole world, mainly for its power in integrating and transmitting information simultaneously in real
time for the majority of the peoples. Information technology is provoking the displacement of
borders, the breaking and the construction of new paradigms in all the contemporaneity. The
purpose of this research was to study as Information technology is being used in the Education,
identify which resources are available in the schools and how they are being used in the classrooms.
The methodology used was a review of existing literature and a local research for confrontation of
data between the theory and its practical evolution in day-by-day of the professors. The results
showed that many resources are already being used in Education, however, the majority of them is
8
basic and there is a lack of resources such as hardware, software, and especially lack adequate
training to teachers and students. We concluded that there is resistance from the school to use the
Information technology, that still has a predominance in the use of the blackboard in the classrooms
due the lack of resources of informatics and the great attachment to the old method which places the
teacher as center of the knowledge. We also concluded that there is not resistance in using the
information technology by the teacher. He has struggled even with his own resources to take to the
school new technologies that he access and believes in Information technology as a tool which will
allow the approchement between the world of school and the universe beyond it.
Keywords: Computer. Technology. Education. School. Teacher.
9
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS...........................................................
12
LISTA DE ILUSTRAÇÕES.................................................................................
13
LISTA DE TABELAS..........................................................................................
16
1
INTRODUÇÃO....................................................................................................
17
1.1
Objetivos e justificativas do estudo.......................................................................
17
1.1.1
Objetivos...........................................................................................................................
17
1.1.2
Problemática......................................................................................................................
18
1.1.3
Hipóteses...........................................................................................................................
18
1.1.4
Metodologia utilizada.......................................................................................................
18
1.2
Cenário atual.........................................................................................................
19
1.3
Ultrapassando fronteiras........................................................................................
20
2
INFORMÁTICA...................................................................................................
26
2.1
História da Informática..........................................................................................
26
2.1.1
O hardware............................................................................................................
26
2.1.2
O software.............................................................................................................
36
2.2
Redes de computadores.........................................................................................
48
2.3
Internet..................................................................................................................
50
2.3.1
História da Internet................................................................................................
51
2.3.2
Internet no Brasil...................................................................................................
52
2.3.3
Internet2................................................................................................................
53
2.4
Impactos da Informática na contemporaneidade...................................................
55
2.5
Conceitos emergentes da Informática...................................................................
56
2.6
Impactos da Informática no mundo das imagens..................................................
58
2.7
A próxima onda.....................................................................................................
61
3
INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO.....................................................................
64
3.1
A tecnologia na Escola..........................................................................................
64
3.2
Resistência por parte do docente...........................................................................
65
3.3
Resistência por parte da Escola: O mundo da Escola e o mundo fora
dela........................................................................................................................
67
3.4
Breve história da Informática na Educação...........................................................
72
3.5
Realidade brasileira da Informática na Escola................................................................
78
10
SUMÁRIO
4
PESQUISA DE CAMPO, CONFRONTO DE DADOS E ANÁLISES................
80
4.1
Objetivos e justificativas do estudo.......................................................................
80
4.2
Amostragem da pesquisa.......................................................................................
83
4.3
Resultados obtidos.................................................................................................
88
4.3.1
Recursos da Informática disponíveis nas escolas..................................................
91
4.3.2
Utilização dos recursos disponíveis.......................................................................
99
5
CONCLUSÕES ...................................................................................................
119
6
BIBLIOGRAFIA..................................................................................................
126
7
ANEXOS..............................................................................................................
136
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
3D
- Em três dimensões
EAD
- Ensino a distância utilizando as novas tecnologias digitais
ENIAC
- Electronic Numerical Integrator and Computer. O primeiro computador
eletrônico
E.U.A.
- Estados Unidos da América
IBOPE
- Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística
IP
- Endereços unívocos dos computadores na Internet.
MIPS
- Milhões de instruções por segundo
OEA
- Organização dos Estados Americanos
ON DEMAND
- Sob demanda. Expressão usada pelos especialistas em negócios emergentes,
que corresponde a alocação de recursos para executar uma determinada
atividade no momento exato em que são necessários, sem que seja possível
prever tal atividade ou situação, produto de um grande conjunto de variáveis.
ONG´s
- Organizações Não Governamentais
PC
- Personal Computer - Computador Pessoal
S.O.
- Sistema Operacional
TCP/IP
- Protocolo de controle de transferência / Internet Protocolo : Protocolo
(linguagem do software) utilizada na troca de informações na Internet.
TIC´s
- Tecnologias da informação e comunicação
UNESCO
- Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
U.R.S.S.
- União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
VOIP
- Voz sobre IP, ou seja, telefonia utilizando a tecnologia da Internet sem custo
de tarifação normal das empresas telefônicas.
WEB
- É a WWW, abreviação de World Wide Web. É apenas um dos diversos serviços
disponíveis através da Internet, que serve como dispositivo de entrada e saída
de conteúdos da Internet.
12
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1
- Primeira calculadora utilizada pelo homem...............................................
27
Figura 2
- Blaise Pascal..............................................................................................
28
Figura 3
- Pascalina: Foi a primeira calculadora mecânica do mundo (1642)...........
28
Figura 4
- ENIAC, o primeiro computador eletrônico...............................................
30
Figura 5
- John Von Neumann, um dos construtores do ENIAC...............................
31
Figura 6
- Processador 4004 da Intel..........................................................................
32
Figura 7
- Processador Intel Pentium.........................................................................
35
Figura 8
- Lady Ada. A primeira pessoa a escrever um programa de computador....
37
Figura 9
- Linha de comando do Sistema Operacional MS-DOS da Microsoft........
39
Figura 10
- Primeira versão do Sistema Operacional Windows da Microsoft.............
40
Figura 11
- Sistema Operacional OS/2 da IBM............................................................
41
Figura 12
- Sistema Operacional Linux, desenvolvido por Linus Torvalds.................
45
Figura 13
- Windows X, produzido pelo MIT (Massachusetts Institute Of
Tecnnology)...............................................................................................
47
Figura 14
- Sistema Operacional Solaris da SUN Microsystems................................
47
Figura 15
- Emoticons...................................................................................................
76
Figura 16
- Lousa digital..............................................................................................
107
Gráfico 1
- Distribuição da pesquisa por cidades dos entrevistados............................
83
Gráfico 2
- Distribuição da pesquisa pelo sexo dos entrevistados...............................
83
Gráfico 3
- Distribuição da pesquisa por idade dos entrevistados...............................
84
Gráfico 4
- Distribuição da pesquisa por tempo em que os entrevistados lecionam....
84
Gráfico 5
- Distribuição da pesquisa por tipo da instituição de ensino onde os
entrevistados lecionam...............................................................................
Gráfico 6
85
- Distribuição da pesquisa por número de escolas em que os entrevistados
lecionam.....................................................................................................
85
Gráfico 7
- Distribuição da pesquisa por períodos em que os entrevistados lecionam
86
Gráfico 8
- Distribuição da pesquisa por número de períodos em que os
entrevistados lecionam...............................................................................
Gráfico 9
86
- Distribuição da pesquisa por área de formação acadêmica dos
entrevistados..............................................................................................
87
Gráfico 10 - Distribuição da pesquisa pelo maior nível de formação acadêmica dos
entrevistados..............................................................................................
87
13
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 11 - Distribuição da pesquisa pelo tempo da primeira graduação dos
entrevistados..............................................................................................
88
Gráfico 12 - As escolas das redes pública e privada têm computadores disponíveis de
acordo com as necessidades atuais dos professores?.................................
91
Gráfico 13 - As escolas da rede privada têm computadores disponíveis de acordo
com as necessidades atuais dos professores?............................................
92
Gráfico 14 - As escolas da rede pública têm computadores disponíveis de acordo
com as necessidades atuais dos professores?............................................
92
Gráfico 15 - Locais onde as escolas das redes pública e privada disponibilizam os
computadores para os professores.............................................................
93
Gráfico 16 - Locais onde as escolas da rede privada disponibilizam os computadores
para os professores.....................................................................................
94
Gráfico 17 - Locais onde as escolas da rede pública disponibilizam os computadores
para os professores.....................................................................................
95
Gráfico 18 - Choques de horários dos professores na utilização dos recursos de
Informática disponíveis nas escolas das redes pública e privada..............
96
Gráfico 19 - Choques de horários dos professores na utilização dos recursos de
Informática disponíveis nas escolas da rede privada.................................
97
Gráfico 20 - Choques de horários dos professores na utilização dos recursos de
Informática disponíveis nas escolas da rede pública.................................
97
Gráfico 21 - O professor tem liberdade para utilizar os computadores em suas aulas
sem ter que pedir aprovação à direção ou outro órgão da escola?.............
98
Gráfico 22 - Os computadores oferecidos são suficientes para as atividades que os
professores gostariam de implementar?.....................................................
98
Gráfico 23 - Nas escolas existe um planejamento para manter os computadores
sempre atualizados?...................................................................................
99
Gráfico 24 - Freqüência mensal da utilização de computadores em sala de aula pelos
professores.................................................................................................
100
Gráfico 25 - Freqüência mensal da utilização de computadores em sala de aula,
considerada ideal pelos professores...........................................................
101
Gráfico 26 - Nível de satisfação da escola com a utilização da Informática..................
102
Gráfico 27 - Nível de satisfação dos alunos com a utilização da Informática...............
104
Gráfico 28 - De quem foi a iniciativa de adotar o computador na sala aula?................
105
14
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 29 - Professores com dificuldades durante a implementação do computador
em suas aulas.............................................................................................
107
Gráfico 30 - O professor já tinha conhecimento e sabia utilizar a Informática em suas
aulas?.........................................................................................................
110
Gráfico 31 - O professor consegue se manter atualizado quanto aos softwares e
hardwares disponíveis?.............................................................................
111
Gráfico 32 - O professor utiliza softwares exclusivos para suas aulas?.........................
112
Gráfico 33 - Quantos alunos utilizam o mesmo computador nas aulas?........................
112
Gráfico 34 - Durante a formação acadêmica do professor foi utilizado algum recurso
de Informática?..........................................................................................
113
Gráfico 35 - O professor já fez cursos de Informática voltados para a Educação?.......
113
Gráfico 36 - Qual o domínio do professor sobre os softwares utilizados em suas
aulas?.........................................................................................................
114
Gráfico 37 - Qual o domínio do professor sobre o computador?..................................
114
Gráfico 38 - Qual o domínio dos alunos sobre a Informática?.....................................
115
Gráfico 39 - O professor percebeu aumento de rendimento dos seus alunos com a
utilização dos computadores?....................................................................
115
Gráfico 40 - O professor percebeu mudanças significativas em seus alunos devido ao
uso dos computadores?..............................................................................
116
Gráfico 41 - Qual o grau de interesse dos alunos nas aulas utilizando o computador?.
116
Gráfico 42 - As aulas melhoram ou rendem mais com a utilização da Informática?.....
117
Gráfico 43 - O professor prefere lecionar utilizando o computador?.............................
118
Gráfico 44 - Como o professor analisa uma mesma aula dada com e sem o
computador?...............................................................................................
118
Gráfico 45 - O professor utiliza os computadores para avaliar seus alunos?.................
119
15
LISTA DE TABELAS
1
- Exemplos dos dialetos x significado de “bate-papo” on-line.........................
75
2
- “Emoticons” de “bate-papo” on-line...............................................................
76
3
- Número de professores nas cidades de Divinópolis-MG e Itaúna-MG...........
82
4
- Recursos da Informática utilizados pelos professores em suas aulas..............
106
5
- Sugestões dos professores entrevistados.........................................................
108
6
- Versões do sistema operacional Windows......................................................
137
16
1 - INTRODUÇÃO
Conforme BARRETO (2003), “novas” são aquelas tecnologias utilizadas na
Educação que não se confundem com as “velhas”: lousa, caderno, lápis, caneta, livros didáticos etc.
E novas desta forma, são as tecnologias da informação. Conhecer o que os professores pensam, os
seus receios, necessidades, limitações e capacidades é necessário, pois, as tecnologias da
informação já estão no dia-a-dia da escola e na vida do professor, juntamente com o impasse entre
usar ou não estas novas tecnologias, segundo PRETTO:
Compreender os novos processos de aquisição e construção do conhecimento é
básico para tentarmos superar este impasse. Esta compreensão, por outro lado
empurra-nos para considerarmos fundamental a introdução das chamadas
tecnologias da comunicação e informação nos processos de ensino-aprendizagem
(PRETTO, 1999, p. 80).
Esta pesquisa, numa primeira parte trata da Teoria da Informática, analisando-se a
evolução do hardware e software e seus impactos na contemporaneidade. Na segunda parte,
procura-se analisar a Informática no contexto da Educação e por fim, encerra-se com uma pesquisa
de campo sobre a Informática na Educação, permitindo complementar as informações da revisão
literária e confrontar seus resultados com as hipóteses propostas.
1.1 - Objetivos e justificativas do estudo
1.1.1 - Objetivos
Pesquisar sobre a Informática na Educação, através de estudos, revisão e análises de
trabalhos e literaturas sobre o assunto e realizar uma pesquisa de campo com os professores da rede
pública e privada para identificar a utilização da Informática na sala de aula.
Analisar também os recursos já disponibilizados (computadores, Internet e outras
tecnologias) e experiências já vividas pelos profissionais de ensino, como base para confrontar com
a problemática e hipóteses propostas neste trabalho.
17
1.1.2 - Problemática
A rejeição da Informática pela Educação que continua contribuindo para a formação
de um mundo na Escola e outro fora dela.
1.1.3 - Hipóteses
1) Há falta de recursos (hardware, software e treinamento) nas escolas, estes são
insuficientes para a inclusão da Informática como instrumento de transformação da educação e sua
adequação ao mundo fora da escola.
2) Há grande resistência por parte da Escola e dos docentes na utilização da
Informática, principalmente na sala de aula, por falta de conhecimento e receio dos impactos das
transformações que a tecnologia pode produzir na relação professor/aluno.
1.1.4 - Metodologia utilizada
Revisão da literatura sobre o assunto e realização de uma pesquisa de campo
quantitativa e qualitativa com os professores da rede pública e privada, para confrontar na prática os
as hipóteses deste trabalho.
18
1.2 – Cenário atual
O primeiro passo, no sentido da evolução ao organizar o conhecimento para retenção
e transmissão da história humana foi dado quando as línguas antigas do Oriente Médio formularam
um método para registrar por escrito o que era falado. O segundo passo foi a invenção da imprensa
e o terceiro grande passo que mudou dramaticamente o futuro da humanidade foi a invenção do
computador e com ele a criação da Internet (REDMOND, 2004).
Uma parte significativa do conhecimento astronômico da Renascença foi realizada
sem o telescópio, mas foi graças à impressão, quando Kepler e Tycho Brahe, utilizando tabelas e
séries numéricas, mapas celestes e anotações antigas que estavam disponíveis, ultrapassaram a
fronteira entre o mundo fechado e o universo infinito (LÉVY, 1993). Sem essa transformação no
registro do conhecimento, sem as possibilidades de simulações oferecidas pela Informática, que
provocaram as ultrapassagens de fronteiras impensáveis na astronomia e na cosmologia, não teria
sido possível levar o homem à Lua, nem o primeiro astronauta brasileiro ao espaço em 2006 e nem
mesmo a possibilidade deste texto ter sido produzido e registrado da forma como se encontra.
Em 1977, Ken Olsen, co-fundador e principal executivo da DEC - Digital Equipment
Corporation1, numa convenção sobre a sociedade do futuro, declarou que não havia nenhuma razão
para um indivíduo ter um computador em sua casa. Isso leva a acreditar que grandes desafios para o
futuro lembram grandes enganos, pois, atualmente somente no Brasil já existem mais de 21 milhões
de usuários domésticos (BARANAUSKAS e SOUZA, 2006).
As novas tecnologias da Informática não só revolucionaram a forma de produzir e
entender os processos cotidianos, como também encurtaram as fases de evolução de pesquisas,
diminuíram distâncias com a tecnologia da velocidade e conforto admiráveis dos superjatos que
cruzam oceanos em poucas horas, reduziram o prazo de lançamentos e a vida útil de produtos e
estão transformando os processos cognitivos de forma assustadora. A Informática está provocando
deslocamentos na maioria das fronteiras que conhecíamos como fixas, certas e espelhadas na
globalização2, o mundo está sendo redesenhado continuamente e as transposições estão acontecendo
1
A DEC em 1977 era uma das maiores companhias do mundo em fabricação de computadores. Em 1998, a DEC foi
vendida para a COMPAQ, outra grande companhia do setor de tecnologia. E em 2002, a gigante HP - Hewlett Packard,
comprou a COMPAQ (TRAMONTINA e ATTROT, 2006).
2
“Globalização: sf. Processo de integração entre as economias e sociedades dos vários países, especialmente no que se
refere à produção de mercadorias e serviços, aos mercados financeiros, e a difusão de informações” (FERREIRA, 2000,
p. 348).
19
muito rapidamente e de forma virtual. O antes impossível, hoje se não é realidade, está a caminho
de se concretizar, como observa IANN:
As novas tecnologias, por exemplo, podem tornar as outras tecnologias obsoletas,
na mesma forma que podem tornar obsoletas outras formas de mobilização da
força de trabalho. As várias forças produtivas, bem como as instituições e
organizações que configuram as relações de produção, podem tornar-se
dispensáveis, técnica e socialmente obsoletas (IANN, 2003, p. 179).
A Informática com todos seus recursos computacionais destaca-se como o maior
componente da globalização. E isto é de fácil percepção; basta observar como os fluxos de capitais
financeiros são transferidos eletronicamente e instantaneamente de uma parte do mundo para a
outra. Tudo feito em questão de segundo, como as redes de informações via satélites e fibras óticas
que alimentam o mundo com as imagens de uma guerra ao vivo. E ainda a Internet, com seu poder
de onipresença, que oferece a todo canto do mundo a uniformidade de produtos, tornando-os
comuns no globo, praticamente desconsiderando a existência da cultura de um país, de religião ou
qualquer outra barreira que supostamente exista. Apenas entra e em pouquíssimo tempo já se
transforma em moda universal3. Tudo isso acontecendo em uma velocidade nunca antes pensada.
Observa SROUR, analisando esse contexto que:
O capitalismo contemporâneo assumiu uma nova configuração ao combinar-se
com a Revolução Digital. Essa revolução tecnológica introduz uma radical
redefinição da organização do trabalho: os trabalhadores deixam de ser
desqualificados, meras engrenagens da linha de produção fordista-taylorista, e se
tornam co-responsáveis no controle da produção, em íntima colaboração com os
gestores que, assim, perderam a soberania. A Revolução Digital potencializa as
novas relações de propriedade que foram se constituindo ao longo do século XX.
De fato, os trabalhadores se transformaram em sócios menores do sistema por meio
de:
1.Participação nos lucros e nos resultados;
2.Fundos de pensão que eles constituíram e que são os maiores investidores
atuais;
3.Benefícios sociais legalmente constituídos, o que os levam a partilhar com os
capitalistas parte do excedente econômico gerado socialmente.
A Revolução Digital contribui decisivamente para que a transição entre o antigo
capitalismo excludente e o capitalismo social se efetue (SROUR, 2003, p. 307).
1.3 – Ultrapassando fronteiras
Os
deslocamentos e ultrapassagens de fronteiras na Informática são sempre
contínuos. Utilizando-se da necessidade de autocriar para incorporar novos recursos para a
3
Um bom exemplo desta moda universal é o IPOD, equipamento utilizado para ouvir músicas no formato digital que já
é utilizado em todo o mundo, independente da cultura, religião ou qualquer outro elemento local.
20
manipulação de informações, a Informática se autocanibaliza. E destrói em muito pouco tempo
produtos, processos e conceitos firmes gerados por ela ou já assimilados e em utilização como
padrão pela massa de usuários. E faz isto com muita naturalidade e inclusive como objeto de anseio
por seus utilizadores, que sempre esperam a próxima versão com novos aparatos tecnológicos que
transformarão a maneira de o mundo comportar e ditarão quais serão as novas regras da fase
seguinte4. A Informática, nessas condições se apresenta como um novo agente da efemeridade que
leva a questionar se a era atual é ainda a contemporaneidade ou uma nova era. E até mesmo se o
princípio de “eras” ainda se aplica em períodos tão curtos de transformações importantes.
De acordo com PEIXOTO (1988), hoje o real é ele mesmo uma questão. As autopistas de
alta velocidade da informatização, transformam por completo o perfil das grandes cidades e, portanto, a
experiência e a maneira de ver. O indivíduo contemporâneo é em primeiro lugar um passageiro
metropolitano; em permanente movimento, cada vez para mais longe, cada vez mais rápido. Essa crescente
velocidade determinaria não só o olhar mas, sobretudo, o modo pelo qual a própria cidade e todas as outras
coisas se apresentam.
A Informática também tem um papel importante como agente cognitivo e de
transformação pessoal, pois, com os novos conceitos de representação e gravação magnética, a
memória está sendo substituída pelos algoritmos de armazenagem, indexação e procura. Esses
algoritmos são os novos atores que transportam e conduzem o aprendizado e a percepção, sem que
se tenha que decorar conteúdos. Com a tecnologia da informação, qualquer conteúdo está
disponível sempre que necessário, através de pesquisas aleatórias dentre contextos variados e até
combinados. CHAUI afirma que:
A idéia de memória artificial existe até hoje, quando nos referimos aos
computadores e falamos de sua “memória”. A diferença entre a memória artificial
dos antigos e a atual, consiste no fato de que a deles era desenvolvida como uma
capacidade do sujeito do conhecimento humano, enquanto a atual deposita a
memória nas máquinas e quase nos despoja da necessidade de termos memória
(CHAUI, 2002, p. 127).
Há na Informática mais que apenas depósito de dados estáticos, mais que apenas
memória. Existe uma central de processamento com capacidade de organizar, indexar, classificar,
4
Uma grande transformação causada pela Informática já neste início de milênio foi a comunicação de voz pela Internet
(VOIP – Voz Sobre IP). As empresas telefônicas estão sendo obrigadas a jogar fora o modelo completo de organização
anterior, baseado em cobrança por impulso e se transformar da noite para o dia em outro tipo de empresa; pois com a
tecnologia VOIP, os clientes destas empresas não pagam mais impulsos para falar para qualquer lugar do mundo
utilizando os computadores, Internet e softwares gratuitos. Isto tudo com grande qualidade e sem nenhum custo com
empresas telefônicas (MAIA, 2005).
21
combinar, compilar, calcular e representar os dados memorizados. E isto faz com que o computador
passe de instrumento de transformação a agente cognitivo, principalmente quando executa tarefas
árduas de procura e representação de grandes conteúdos de datas remotas, que não estão mais em
evidência na área de atenção do ser humano, como observa LÉVY:
Quando uma nova informação ou um novo fato surge diante de nós, devemos, para
gravá-lo, construir uma representação dele. No momento em que a criamos, esta
representação encontra-se em estado de intensa ativação no núcleo do sistema
cognitivo, ou seja, está em nossa zona de atenção, ou muito próxima a esta zona.
Não temos, portanto, nenhuma dificuldade em encontrá-la instantaneamente. O
problema da memória de longo prazo é o seguinte: como encontrar um fato, uma
proposição ou uma imagem que se achem muito longe de nossa zona de atenção,
uma informação que há muito tempo não esteja em estado ativo? (LÉVY, 1993, p.
79).
E é exatamente este um dos papéis da Informática: disponibilizar e trazer os dados, a
representação construída e arquivada para a zona de atenção no momento que se precisa dela,
libertar para o processo de criação e transformação de dados em informação. Com isto, pode-se
evoluir de utilizadores passivos de dados para agentes ativos e construtores de conhecimento. Podese fazer parte da transformação e não somente receber as conseqüências das novas regras e
fronteiras.
O computador também é usado como agente cognitivo, no processamento dos
softwares que conseguem simular o mundo real com tamanha naturalidade e confiabilidade, ao
ponto de substituir os antigos testes e treinamentos das indústrias, laboratórios acadêmicos e
empresariais, que eram realizados com objetos reais e de custos elevados. Os computadores
empregados na robótica das indústrias, principalmente as automobilísticas, já determinam as rotas
dos operadores e como as atividades devem ser realizadas, incluindo exceções e interferências que
ocorrem nos processos.
Passar de agente passivo para agente ativo num processo de efemeridade contínuo,
pode parecer simples, mas, faz toda a diferença quando isto implica a possibilidade de obter a
reboque, as melhorias aquisitivas que transformam as condições de vida, abrem portas para as
realizações profissionais e principalmente pessoais de cada membro da sociedade.
22
Outro papel transformador da Informática é conectar os assuntos comuns que se
espalham entre as culturas e distâncias, principalmente ser um agente da transdisciplinaridade5,
permitindo a aproximação de comunidades científicas e acadêmicas através da tecnologia de
comunicação, armazenamento e disponibilidade destes portfólios organizados e combinados por
assuntos eletronicamente. Permite, assim, que especialistas de áreas correlatas ou não, trafeguem
por itinerários de conhecimentos produzidos por comunidades de culturas e ambientes
desconhecidos, ou que sejam impossíveis de serem reproduzidos no ambiente atual do especialista.
Isto possibilita responder às restrições da memória humana de longo prazo, das pesquisas e
descobertas individuais e da complexidade da fusão do todo. As representações também passam a
ser transmitidas em larga escala para públicos que até então não tinham acesso a tudo isso, duram
de forma autônoma, inclusive construindo vida e significados independentes e novos, quando um
assunto se conecta pelas interseções dos novos padrões de comunicação oferecidos pela Informática
a todos os setores onde está presente. NOBRE, relata essa inserção da tecnologia que já está
ocorrendo em todas as áreas do conhecimento:
Eu noto que cada vez mais a Ciência da Computação se torna parte integrante de
novas áreas do conhecimento, por exemplo, da Bioinformática. Mais do que
ferramentas de atuação de outras áreas científicas, a Computação passa a ser
incorporada integralmente ao desenvolvimento e à linguagem dessas áreas
(NOBRE, 2006, p. 10).
Com as facilidades de registros, armazenamento, transmissão e cruzamento
automático das informações e principalmente a possibilidade de simulações que a Informática
oferece, problemas que até então não tinham soluções começam a ser resolvidos como subproduto
de outras pesquisas6 . E ter informação é tem poder, segundo LÉVY:
A rapidez, a flexibilidade, a enorme capacidade de armazenamento e
processamento proporcionadas pela ferramenta Informática fizeram dela o
instrumento maior da administração dos homens e dos bens. A circulação e o uso
das informações estratégicas nas três áreas estreitamente ligadas da economia,
ciências e armas, apóiam-se integralmente nas redes de teleinformática que
encerram o planeta em malhas a cada dia mais estreitas. O computador é um
formidável fator de poder (LÉVY, 1998, p. 161).
5
Transdisciplinaridade: Como o prefixo ‘trans’ indica, a transdisciplinaridade diz respeito ao que está, ao mesmo
tempo, entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de todas as disciplinas. Seu objetivo é a
compreensão do mundo presente, e um dos imperativos é a unidade do conhecimento (NICOLESCU, 1999, p. 9).
6
Um exemplo de solução de problema obtido como subproduto de pesquisa, ocorreu recentemente quando a interseção
de duas especialidades, a dermatologia e oncologia, descobriu o medicamento para evitar quedas de cabelos, a
FINASTERIDA. Este medicamento já era usado para tratamento de hiperplasia da próstata e com testes para redução da
dose até um limite que ainda permanecesse eficiente e gerasse menores efeitos colaterais, chegou-se a dose para
tratamento da alopécia (queda de cabelo) (GORMLEY, 1995).
23
LEVY (1988) também cita outra transformação que está ocorrendo desde a metade
do século passado, provocando reconfigurações dos ambientes, dos espaços e sendo a mola-mestra
impulsionadora de novas tecnologias. Trata-se do crescimento constante e em proporções sempre
maiores de parte da população que está passando do labor manual para o trabalho do conhecimento,
transformando e propagando informação. BLATTMANN também afirma que:
O trabalho manual está gradativamente sendo substituído com ferramentas que
auxiliam na qualidade, rapidez e eficiência dos serviços e/ou produtos efetuados.
Estas ferramentas são as novas tecnologias. Mas devido o ser humano apresentar
restrições ao novo e moderno, conseqüentemente as relutâncias interferem desde a
dificuldade de aprendizagem até a tecnofobia (medo de utilizar novas tecnologias).
Novas tecnologias e o contínuo aprender. As novas tecnologias nas organizações
estão enfocadas na utilização de novas metas para a tecnologia de informação e na
computação em rede, aberta e centrada no usuário (BLATTMANN, 1999, p. 4).
A disseminação dos equipamentos de cálculos transforma o tipo de habilidade
cognitiva necessária aos operários, que precisam recorrer cada vez mais ao raciocínio abstrato e
estar inclusos num mundo de códigos e mensagens. A comunicação substitui o labor e a necessidade
de esforço físico: os computadores estão em toda parte, controlam tudo: o tráfego aéreo, as redes
ferroviárias, os vôos espaciais, a distribuição da energia elétrica, o calor, a água, os robôs, as
ferramentas, as linhas completas de produção, a vigilância de prédios, as centrais nucleares, os
processos complexos e tudo que se apóia no tecnocosmo, provocando o afastamento gradativo dos
objetos (LEVY, 1998). SIQUEIRA também afirma que:
Na era das novas tecnologias de comunicação e informação, o conteúdo qualitativo
do trabalho passa a ser privilegiado, transformando-se, assim, sua concepção. O
trabalho passa a ser uma série de aplicações de conhecimentos, onde os indivíduos
voltam suas capacidades para a programação e o controle, e isto traz como
exigência se pensar a formação dos indivíduos para o trabalho com base em
pressupostos pós-fordistas, sob os quais novas habilidades estão sendo
demandadas. Temos hoje um aumento das exigências de aptidões para o trabalho,
considerando-se uma base de conhecimentos mais amplos, exigência de capacidade
para resolução de problemas, exigência para tomada de decisões autônomas,
capacidade de abstração e comunicação escrita e verbal. Somando-se a isto, o
trabalhador deve ser polivalente, e com maior nível de escolaridade. Polivalente no
sentido de multiqualificado, isto é, aquele que é capaz de desenvolver e incorporar
diferentes competências e repertórios profissionais (SIQUEIRA, 2003, p. 1).
A inteligência do homem consiste em transformar a sua sociedade inteligente:
mensagens, linguagens, ferramentas e instituições. A inteligência trabalha na conexão, conecta o
homem com seus semelhantes e com dimensões que só existem de fato para os seres humanos, o
longínquo, o passado, o futuro. Para conectar cada vez mais, o homem tem se apoiado na
24
tecnologia. Uma tecnologia que é antes de tudo humana, por que é uma extensão do corpo e dos
sentidos. O que torna os seres humanos únicos é o desejo de entender e conhecer o futuro, a
necessidade de adaptação às novas tecnologias que são criadas e desenvolvidas. “Uma membrana
de cálculo e informação codificada estende-se entre o corpo dos homens e o mundo técnico. Mídia
das mídias, tecnologia de controle das técnicas, a Informática condiciona doravante a possibilidade
do tecnocosmo” (LÉVY, 1998, p. 16).
Com todas estas transformações e mudanças de hábitos, as novas fronteiras se
deslocam rapidamente também dentro da escola e é na sala de aula que se recebem os verdadeiros
agentes da cognição: os professores e alunos da nova era digital, que podem ter como
responsabilidade transformar a tecnologia em grande aliada do ser humano. Segundo FROES:
A tecnologia sempre afetou o homem: das primeiras ferramentas, por vezes
consideradas como extensões do corpo, à máquina a vapor, que mudou hábitos e
instituições, ao computador que trouxe novas e profundas mudanças sociais e
culturais – a tecnologia nos ajuda, nos completa, nos amplia (FRÓES, 1998, p. 56).
E adquirir computadores será cada vez mais fácil, graças a redução de custos pela
produção em grande escala, gerada pelos novos hábitos que apóiam-se essencialmente na
tecnologia. Para isto é necessário entender a tecnologia, sua mutação e seu poder de transformação
na contemporaneidade, conforme os próximos capítulos e a afirmação de GATES:
Agora que a Informática atingiu preços incrivelmente baixos e se acha presente em
todos os segmentos da vida, estamos à beira de uma nova revolução. Desta vez,
envolvendo comunicações a preços sem precedentes; todos os computadores vão se
unir para se comunicar conosco e por nós. Interconectados globalmente, formarão
uma rede que está sendo chamada de estrada da informação, da qual a Internet
atual é uma precursora direta (GATES, 1995, p. 56).
25
2 – INFORMÁTICA
2.1 - História da Informática
2.1.1 – O Hardware
LÉVY (2000), define hardware como qualquer componente físico de um computador
e também declara que a palavra hardware poderia ser livremente traduzida como equipamento. Na
categoria de hardware enquadram-se o monitor, teclado, placa-mãe, mouse, scanner, modem, discos
rígidos e outros dispositivos da Informática.
Máquinas Inteligentes já são mencionadas no Livro 18 da Ilíada de Homero que
atribui a Héfestos (Vulcano dos Romanos), o Engenheiro do Conhecimento dentre os deuses gregos,
o ter construído um carrinho de chá capaz de andar sozinho e servir aos deuses, respondendo ao
desejo destes:
Mesas de três pernas estava ele fazendo, vinte ao todo, para colocar ao longo da
parede de sua bem construída sala. A essas ele adaptou rodas forjadas em ouro,
pois assim elas iriam por si próprias ao banquete dos deuses, a sua vontade, e
voltariam deixando todos desconcertados. (HOMERO, V. 373-377).
Teria Héfestos, ainda, construído moças tão perfeitas que era impossível descobrir se
essas seriam máquinas ou seres humanos: “Criadas vestidas de ouro prestavam grande ajuda aos
seus senhores; parecendo moças de verdade, elas davam provas de aguçado entendimento por suas
falas inteligentes, eficientes e habilidosas atuações “ (HOMERO, V. 417-420).
O Ábaco (FIG. 1), primeira máquina com capacidade de realizar cálculos produzida
pelo homem, tem seus primeiros registros há cinco mil anos, na Mesopotâmia, onde viveu o povo
sumério (IFRAH, 1997). O ábaco também evoluiu e tinha várias formas, conforme a cultura e pelo
povo que o usava. Com a consolidação do uso do papel e da caneta, ele passou por uma redução
de uso, principalmente na Europa, mas até os dias atuais ainda é fabricado e comercializado7.
7
Um dos fabricantes ainda em operação é a TOMOE SOROBAN CO. do Japão que existe deste 1921. Home page do
fabricante. Disponível em: <http://www.soroban.com>. Acesso em: 20 mai. 2006.
26
FIGURA 1 – Primeira calculadora utilizada pelo homem.
Fonte: Wikipédia.
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ábaco>. Acesso em: 20 mai. 2006.
Dando um enorme salto na evolução das máquinas de processar dados e gerar
informações, chega-se ao século XVII, onde as “engenhocas” já estavam mais sofisticadas.
O desenvolvimento da tecnologia da computação foi a união de várias áreas do
conhecimento humano, dentre as quais: a matemática, a eletrônica digital, a lógica de programação,
entre outras. Blaise Pascal (FIG. 2), em 1642 criou a PASCALINA (FIG. 3). Pascal, que trabalhava
com seu pai na cidade de Rouen em 1642, aos 18 anos, desenvolveu uma máquina de calcular,
baseada em dois conjuntos de discos: um para a introdução dos dados e outro que armazenava os
resultados, interligados por meio de engrenagens. Baseados no sistema decimal, os cálculos eram
realizados de tal forma que quando um disco ultrapassava o valor nove, retornava ao zero e
aumentava uma unidade no disco imediatamente superior.
A WIKIPÉDIA (2006), relata que a Pascalina, como ficou conhecida, foi a primeira
calculadora mecânica do mundo. Pascal lançou sua máquina no comércio sob uma patente do rei da
França, mas sua comercialização foi um fiasco, devido a seu funcionamento pouco confiável, hoje
conhecido como bugs nos computadores modernos. Mesmo assim, Pascal construiu cerca de 50
unidades desta calculadora mecânica. As máquinas de calcular, descendentes da Pascalina, ainda
hoje podem ser encontradas em algumas lojas de departamentos.
27
FIGURA 2 – Blaise Pascal
Fonte: Wikipédia.
Disponível em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Blaise_Pascal>. Acesso em: 20 mai. 2006.
FIGURA 3 – Pascalina: Foi a primeira calculadora mecânica do mundo (1642)
Fonte: Wikipédia.
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Pascalina>. Acesso em: 20 mai. 2006.
Cinqüenta e dois anos depois, Leibniz8 aprimorou o invento de Pascal, de tal forma
que a nova "calculadora" mecânica já era capaz de realizar a multiplicação, além da soma.
Entretanto, foram necessários quase dois séculos até que, em 1820, as máquinas de calcular
mecânicas começassem a ser amplamente utilizadas, graças a Charles de Colmar 9, que inventou
uma nova calculadora que conseguia realizar todas as quatro operações aritméticas básicas: soma,
subtração, divisão e multiplicação (WIKIPÉDIA, 2006).
8
9
Filósofo e matemático alemão de Leipzig, Gottfried Wilhelm Leibniz (WIKIPÉDIA, 2006).
Francês natural de Paris, conhecido como Thomas de Colmar (WIKIPÉDIA, 2006).
28
A Ciência sempre esteve presente na Informática. Dentro do contexto da Revolução
Industrial Inglesa, surge Charles Babbage10, matemático inglês que integrando as teorias
matemáticas aos conhecimentos já acumulados com as máquinas, concluiu que as operações
matemáticas repetitivas poderiam ser desenvolvidas com mais agilidade e confiabilidade pelas
máquinas do que pelos homens. Então, projetou uma máquina a vapor, que seria capaz de realizar
os cálculos matemáticos mais complexos do que as quatro operações básicas. Esta máquina de
tamanho absurdo, nunca chegou a ser
construída, mas seu projeto foi fundamental para os
progressos e avanços que se alcançou hoje na tecnologia digital (WIKIPÉDIA, 2006).
Em 1889, os estadunidenses necessitavam realizar um novo censo demográfico e
acreditavam que seriam necessários dez anos para terem os resultados, pois, o censo realizado
anteriormente gastou sete anos para ser concluído. Herman Hollerith11, estadunidense, fundador da
empresa que deu origem à IBM12, de posse deste problema, criou uma nova máquina que conseguiu
apurar o censo em apenas seis semanas. Além da agilidade que conferiu ao processo, a máquina
deste estadunidense trazia consigo a idéia de cartões perfurados para armazenar dados. Ou seja, os
cartões perfurados foram naquela época, algo parecido ao que são agora os discos magnéticos (HD,
disquetes, CDRW, DVDRW, etc), guardando as devidas proporções. O problema destes
computadores mecânicos era a enorme quantidade de engrenagens e suas complexidades
(WIKIPÉDIA 3, 2006).
Em 1903, foi proposto um computador totalmente eletrônico e que utilizava a álgebra
booleana. A álgebra booleana é a famosa álgebra binária, do verdadeiro ou falso, presença de
energia elétrica vale 1, ausência de energia elétrica vale 0. Esta álgebra, base de todos os
sistemas computacionais de hoje em dia, possibilita todas as maravilhas da tecnociência e sua
inclusão como efetivo agente das transformações da contemporaneidade.
Foi somente a partir da II Guerra Mundial que os computadores eletrônicos passaram
a ser muito importantes, quando os governos perceberam o potencial estratégico que essa tecnologia
podia oferecer. Inicialmente, com os alemães que desenvolveram o Z3, um computador capaz de
projetar aviões e mísseis num curto espaço de tempo e com grande precisão. Os britânicos também
10
Brilhante matemático inglês, é conhecido como o “pai do computador” (WIKIPÉDIA, 2006).
Herman Hollerith foi um empresário estadunidense e o principal impulsionador do leitor de cartões perfurados,
instrumento essencial na época para a entrada de dados nos computadores (WIKIPÉDIA, 2006).
12
International Business Machines (IBM) é uma empresa americana de Informática. As atividades da IBM se estendem
hoje por mais de 150 países. As fábricas e laboratórios da IBM funcionam em 15 diferentes países. A IBM Brasil é uma
das subsidiárias da IBM no mundo. Em 1917, a IBM surgiu no Brasil, tendo sido a primeira filial fora dos Estados
Unidos. O ano de 1924 marcou o estabelecimento definitivo da IBM Brasil. A IBM é uma empresa que investe em
pesquisa e desenvolvimento mantendo-se na liderança do ranking de publicação de patentes há 14 anos consecutivos
(WIKIPÉDIA 4, 2006).
11
29
acordaram para esta tecnologia e desenvolveram o Colossus, que processava com eficiência a
decodificação das mensagens alemãs (REDMOND, 2004).
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra Fria, travada entre
E.U.A. e U.R.S.S., iniciou-se outra guerra, a tecnológica para obter informações do lado oposto, a
espionagem. Os computadores só aumentaram e se desenvolvia uma série de recursos e também de
aplicações, para as quais o computador poderia ser utilizado.
Então, em 1946 foi criado o ENIAC (FIG. 4), que pesava 30 toneladas e continha 18
mil válvulas eletrônicas. Era capaz de armazenar 100 mil cálculos por segundo. Sua construção foi
tão importante, que delimitou a computação em antes e depois dele. Sua importância está no fato
de, diferentemente de todos os equipamentos que foram desenvolvidos anteriormente, não era
destinado a uma operação específica, como cálculos de balística, construir aviões, contagem de
censo ou decodificar códigos de mensagens, mas poderia ser usado de maneira geral, como
utilizamos os computadores atualmente.
Em seguida, John Von Neumann (FIG. 5), juntamente com a equipe da Universidade
da Pensilvânia, propôs uma nova arquitetura de computadores, que marcou e permitiu o
desenvolvimento da tecnologia até chegar ao estágio atual. Essa arquitetura se formava por uma
unidade que centralizava o processamento da máquina, a UNIDADE CENTRAL DE
PROCESSAMENTO (CPU), e por uma outra que armazenava os programas, a MEMÓRIA, que são
as funções e os procedimentos a serem realizados.
FIGURA 4 - ENIAC, o primeiro computador eletrônico.
O ENIAC na escola de Moore da engenharia elétrica.
Fotografia pertencente ao Exército dos E.U.A. (U.S. Army)
Fonte: Wikipédia. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/ENIAC>. Acesso em: 21 mai. 2006.
30
FIGURA 5 – John Von Neumann13, um dos construtores do ENIAC.
Foi também professor na Universidade de Princeton – Nova Jérsei E.U.A.
Fonte: Wikipédia.
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/John_von_neumann>. Acesso em: 21 mai. 2006.
Com o desenvolvimento da tecnologia surgiram os transistores e assim, as
dispendiosas, caras e superaquecidas válvulas utilizadas nos computadores anteriores, foram
substituídas por estes chips, que são muito mais baratos, econômicos e de tamanhos reduzidos. Com
isso, os computadores também reduziram drasticamente de tamanho e passaram a consumir menos
energia. Passaram a ser chamados de computadores de segunda geração e dominaram o final da
década de 1950 e início dos anos 1960. Apesar de usarem transistores de tamanhos reduzidos, esses
computadores ainda eram enormes e de domínio restrito a grandes universidades, órgãos
governamentais e raríssimas empresas comerciais.
O uso efetivo e em larga escala começou mesmo com a terceira geração dos
computadores. Estes eram baseados em circuitos integrados, os microchips, que surgiram em 1958,
mas só foram empregados nos computadores em 1963. Enquanto os grandes computadores,
13
John Von Neumann foi um matemático húngaro de origem judaica naturalizado americano em 1930, que desenvolveu
importantes contribuições em Mecânica Quântica, Teoria dos conjuntos, Ciência da Computação, Economia, Teoria dos
Jogos e praticamente todas as áreas da Matemática. Faleceu no dia 8 de Fevereiro de 1957, vítima de um tumor no
cérebro. Um dos amigos dele chegou a dizer que Von morreu frustrado por saber que já não podia mais pensar.
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/John_von_neumann>. Acesso em: 21 mai. 2006.
31
conhecidos como mainframes, desenvolviam-se aumentando a capacidade de processamento e
armazenamento, surgiam os minicomputadores que permitiram a inserção da Informática nas
empresas menores, pois seus custos haviam se reduzido significativamente e já estavam ao alcance
de um número maior de usuários. A CPU, atingiu tamanho muito pequeno com o uso dos
microchips e o leque de aplicações (programas) para o computador explodiu de forma ilimitada.
Em 1971, surgiu o primeiro microprocessador comercial do mundo, o 4004 (FIG. 6),
que foi lançado pela Intel14. E com ele nasceu a quarta geração dos computadores, que utilizam um
microprocessador para armazenar as habilidades de processamento em único chip. Integrado ao
chip RAM (grande quantidade de memórias em único chip), também lançado pela
Intel, o
microprocessador tornou os computadores ainda menores e mais rápidos (REDMOND, 2004).
FIGURA 6 – Processador 4004 da Intel
Fonte: Wikipédia.
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Intel_4004>. Acesso em: 21 mai. 2006
MORIMOTO (2006), relata que o processador 4004 da Intel processava 74 mil
instruções por segundo, entretanto os processadores que vieram logo em seguida, pelo seu sucesso,
já tinham capacidades muito superiores. Uma nova família de processadores iniciada pelo 8086
forneceu
maior
velocidade
e
potência
aos
computadores.
Mesmo
nesta
época,
os
supercomputadores já eram muito potentes, chegando a processar 150 milhões de operações por
segundo (MIPS).
14
Intel Corporation é a contração de Integrated Electronics Corporation, empresa multinacional de origem americana
fabricante de circuitos integrados, especialmente microprocessadores. Esta também é fabricante de chips para placa
mãe, também conhecidos como chipsets e memórias flash usadas em dispositivos como tocadores de músicas
conhecidos como MP3 (WIKIPÉDIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Intel_Corporation>. Acesso em: 31
mai. 2006).
32
Em 1974, foi lançado o primeiro PC - Personal Computer (computador pessoal), o
MITS Altair 8800. Era pequeno e barato em relação à geração de computadores anteriores. Depois
foram lançados o Apple I & II e o Commodore PET, que eram mais avançados.
O microprocessador 8086 surgiu em 1978 e foi projetado para equipar o PC
fabricado pela empresa IBM, lançado em 1981, com um novo microprocessador de 16 bits15, ou
seja, processava um conjunto de 16 sinais (bits) ao mesmo tempo, portanto, duas vezes mais rápido
que seu antecessor. Este microcomputador tinha como foco os usuários domésticos, pois foi
projetado para este público dando ênfase à facilidade de uso e interatividade. Devido a tais
facilidades de utilização e o baixo custo em relação aos minicomputadores, as pequenas empresas
que até então não conseguiam pagar pelos minicomputadores e computadores de grande porte,
acabaram utilizando-o para as tarefas mais repetitivas do seu dia-a-dia, como processos contábeis,
processar os cálculos de folha de pagamento, administrar estoques e elaborar as correspondências.
Rapidamente, o PC se tornou o padrão de computador e já era comum a todas as
pequenas organizações e para muitos usuários domésticos de maior poder aquisitivo. Entretanto, as
empresas de médio e grande porte não tinham confiança no PC que ainda não oferecia os recursos
necessários para substituir os grandes computadores que eram utilizados em seus processos
volumosos e complexos.
Logo em seguida, foi lançado o PC-XT – Personal Computer Extend, uma versão
estendida e com maior capacidade de processamento, que definiu de vez que o PC seria o padrão
adotado e tomaria, em menos de uma década, o lugar dos grandes computadores na maioria das
organizações. O PC já era mais confiável, muito mais rápido e permitia conectá-lo em redes com
outros computadores para compartilhamento de informações e recursos. As empresas começaram a
utilizá-lo em processos cada vez mais complexos e logo estava substituindo os grandes
computadores, pois o PC-XT era
mais barato, mesmo que, naquele momento, houvesse um
acréscimo nos prazos de processamento, o “custo x beneficio” compensava. Esse processo recebeu
o nome nas organizações, de DOWNSIZING16.
Pouco tempo depois, a Intel lançou o processador 80286, conhecido também como
PC-AT (Computador Pessoal de Tecnologia Avançada), ou simplesmente, como 286. A partir do
286, o PC já assumia as características de um computador para organizações empresariais de
15
Bit – Unidade mínima de informação em um sistema digital, que pode assumir apenas um de dois valores (0 ou 1)
(FERREIRA, 2001, p. 100).
16
DOWNSIZING: Processo de substituição dos computadores de grande porte por microcomputadores, reduzindo custos
com locação desses equipamentos, que geralmente não eram vendidos (somente alugados), aumento da disponibilidade
de espaço liberado por eles, menor complexidade e conseqüentemente, maior facilidade de utilização.
33
qualquer segmento, com capacidade de gerenciamento de maior memória RAM e maior capacidade
de gerenciamento do tráfego de dados que aumentava muito nos discos rígidos, que passaram a ser
chamados de HD (hard disk – disco rígido). Em muito pouco tempo, o 286 já substituía o PC e PCXT nas organizações.
Em 1989, a Intel lançou o 80386, igualmente conhecido pelos usuários como,
apenas, 386. O lançamento deste microprocessador, que já operava a 32 bits, mudou radicalmente o
modo como as empresas utilizavam a Informática. A imprensa com seu poder de construir e destruir
conceitos rapidamente, decretou a morte dos computadores de grande porte (mainframes) e os
minicomputadores pelo seu alto custo e também por uma série de casos bem sucedidos de empresas
que reduziram fantasticamente seus custos e espaços físicos, aplicando o Downsizing utilizando os
computadores com o novo processador 386.
Juntamente com este novo processador, os computadores já vinham equipados com
monitor de vídeo colorido, tela grande, mouse, e tinham para a época de seu lançamento, grande
capacidade de processamento, que não deixava muito a desejar em relação aos caros e enormes
computadores de grande porte.
Poucos meses depois, as versões SX e DX17 do processador 386 foram lançadas. A
versão SX que tinha o preço mais baixo e era mais indicado para uso doméstico e a versão DX, que
era voltada para empresas que precisavam de maior velocidade e recursos de multiprocessamento18
e multiusuário19 (WIKIPÉDIA 3, 2006).
Seguindo a linha de evolução, logo a Intel lançou o processador 486, com muito mais
capacidade de processamento e com recursos de multimídia, com melhor tratamento de imagens,
sons e conexão mais fácil com outros equipamentos.
Outros concorrentes apareceram no mercado da Intel, obrigando-a a lançamentos
freqüentes de novos processadores, confirmando a LEI DE MOORE20. Seu próximo lançamento
seria originalmente denominado 80586, ou 586, mas como números não podem ser registrados, o
17
O processador 386 exigia o uso de periféricos de 32 bits, que eram muito caros na época, por isso, a Intel lançou uma
versão do 386 de baixo custo, chamada de 386 SX, que internamente trabalhava à 32 bits, porém externamente
funcionava à 16 bits, possibilitando a fabricação de placas-mãe mais baratas usando basicamente os mesmos
componentes das placas do processador 286. Para não haver confusão, o 386 original passou a ser chamado de 386 DX
(MORIMOTO, 2004).
18
Multiprocessamento: Capacidade do computador executar mais de uma função ao mesmo tempo: Exemplo: enviar um
e-mail enquanto digita um texto.
19
Multiusuário: Capacidade de um mesmo computador atender a mais de um usuário ao mesmo tempo.
20
LEI DE MOORE: Em 1965, Gordon Moore, que mais tarde fundou a Intel ao lado de Bob Noyce, previu que a
capacidade de um chip de computador dobraria anualmente. MOORE fez a projeção com base na relação
preço/desempenho dos chips de computador do triênio anterior. Na verdade, MOORE não acreditava que esse índice de
avanço fosse durar muito tempo. Mas, dez anos depois, a previsão se mostrou verdadeira e ele voltou a prever que a
capacidade dobraria a cada dois anos. Até hoje as previsões para os chips se mantiveram e a média - uma duplicação da
capacidade a cada dezoito meses - é chamada, entre os engenheiros, de Lei de Moore (GATES, 1995).
34
nome foi alterado para PENTIUM. Este novo processador tinha uma série de novas capacidades,
surgindo novamente uma nova família de processadores. Estes precisavam oferecer maiores
recursos aos softwares, para implementar os recursos de Plug & Play21 e principalmente, utilizar
com mais intensidade os recursos gráficos do computador. Os programas (softwares) já ofereciam
uma interface gráfica mais fácil de operar e o uso do mouse tornou-se padrão para o usuário
operacional (WIKIPÉDIA 6, 2006).
A Internet que já estava se firmando como grande tendência e causando impactos
com sua mobilidade e facilidade de obter conteúdos e navegação através dos hipertextos22,
necessitava dos dispositivos de conexão como: modem, microfone, câmera integrada, software de
navegação e comunicação na rede mundial. E até os dias atuais, a Internet continua crescendo de
forma espantosa e está intensamente presente no dia-a-dia de todas as pessoas.
Outros modelos de processadores continuaram a ser lançados, ainda na família
Pentium e atualmente (2006), está disponível o Pentium D (FIG. 7) que é o topo da família da Intel
com processadores de 64 bits.
FIGURA 7 – Processador Intel Pentium
Fonte: Wikipédia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Pentium_D>. Acesso em: 31 mai. 2006
Outra importante empresa fabricante de microprocessadores é a AMD23, fundada em
21
Plug & Play: Recurso disponível nos sistemas operacionais e computadores mais recentes, que quando se conecta um
novo equipamento ao computador, como por exemplo uma câmera digital, ele a reconhece automaticamente e a
disponibiliza instantaneamente para utilizar, sem que tenha de conhecer ou instalar outros recursos avançados.
22
Hipertextos: “é um conjunto de nós ligados por conexões” (LÉVY, 2000, p. 33). Uma forma não linear de apresentar e
consultar informações. Um hipertexto vincula as informações contidas em seus documentos (ou “hiperdocumentos”,
como preferem alguns) criando uma rede de associações complexas através de hiperlinks ou, mais simplesmente, links.
23
A AMD - Advanced Micro Devices, é uma empresa americana fabricante de circuitos integrados, especialmente
35
1969. Ela tem participado de todo o processo de desenvolvimento da tecnologia e
também
fornecido às organizações microprocessadores de excelente qualidade e com preços muito atraentes.
Sua grande força vem da compatibilidade de seus processadores com o da concorrente Intel. Isto
permite que um software que processa num processador Intel, processe perfeitamente e sem
nenhuma alteração nos processadores AMD.
A velocidade, a capacidade de processamento e a interoperabilidade dos
computadores aumentaram enormemente deste a década de 1970. Entretanto, a engenharia
tecnológica dos microchips permaneceu basicamente a mesma, permanecendo os computadores da
atualidade ainda na quarta geração (REDMOND, 2004).
Nesta breve história dos computadores, observa-se o quanto a Informática ultrapassa
a si mesma várias vezes e muito rapidamente. Essas ultrapassagens transformam a maneira de agir,
pensar, construir o mundo e criam novas fronteiras constantemente em todos os lugares onde a
Informática está presente.
2.1.2 – O software
LÉVY (2000), define software como um programa de computador e afirma que o
software consiste em um conjunto de instruções em linguagem de máquina que controla e determina
o funcionamento do computador e de seus periféricos.
LAUDON e LAUDON (1999), dizem que o software refere-se às instruções de
como o hardware do computador deve operar e possui três funções básicas: Desenvolver
ferramentas para aplicar o hardware na solução de problemas, possibilitar que uma organização
gerencie seus recursos computacionais e servir como interface entre o usuário e as informações
armazenadas
Nos primeiros computadores produzidos como o Harvard Mk I e o Colossus, não
havia distinção entre hardware e software, ambos eram programados eletronicamente, trocando-se
chaves e relés para se obter um novo processamento desejado24. Com a evolução dos computadores
e a criação de cartões perfurados e outras formas de meios não-voláteis de armazenamento de
processadores. Seus produtos concorrem diretamente com os processadores fabricados pela Intel e seu produto mais
famoso na década de 1990 foi o processador Athlon, utilizado em computadores pessoais. Mais conhecida por seus
processadores K5, K6-II, K6-III, Athlon, Duron, Sempron, Athlon64 (Arquitetura de 64 bits), Opteron (para servidores),
Turion (para notebooks), a AMD também fabrica circuitos de uso mais geral, como os encontrados em calculadoras e
dispositivos eletrônicos. Alguns de seus circuitos são encontrados também entre os usados pela Apple em seus novos
produtos, como o Mac mini (WIKIPÉDIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/AMD>. Acesso em: 31 mai.
2006).
24
Estes cabos e relés estão ilustrados na FIG.4.
36
dados, houve a separação entre o hardware, ou seja, os equipamentos físicos e as instruções
necessárias que determinavam o processamento para se obter o resultado desejado, surgindo então
os programas dos computadores denominados software:
O primeiro computador, o ENIAC dos anos 40, pesava várias toneladas. Ocupava
um andar inteiro em um grande prédio, e para programá-lo era preciso conectar
diretamente os circuitos, por intermédio de cabos, em um painel inspirado nos
padrões telefônicos (LÉVY, 1995, p. 101).
A primeira pessoa a escrever um programa foi Lady Ada (FIG. 8) e a tradição de
mulheres programadoras se manteve durante a Segunda Guerra Mundial.
FIGURA 8 – Lady Ada. A primeira pessoa a escrever um programa de computador
Fonte: UFF – Instituto de Computação. Disponível em:
<http://www.ic.uff.br/~otton/graduacao/informaticaI/computadores_por_imagens.html>.
Acesso em: 31 mai. 2006
A primeira categoria de software necessária ao funcionamento dos computadores é o
software básico, representado pelo sistema operacional dos computadores (operating system ou
S.O.). O sistema operacional é um programa especial responsável pelo controle de alocação e uso
dos recursos do equipamento, tais como memória, a CPU25, o disco-rígido e demais periféricos.
O Sistema Operacional é o conjunto de softwares básicos, que executa operações
simples, mas que juntas fazem o computador funcionar harmonicamente. Se não existisse sistema
desse tipo, todo software desenvolvido deveria ter sua própria rotina de comunicar com os
25
Onde são realizados os cálculos, classificações, ordenações e comparações.
37
dispositivos do computador de que precisasse, o que, além de causar lentidão, iria gerar vários
formatos fora de padrão e incomunicáveis, de um computador para o outro.
Quando existe um Sistema Operacional, é ele quem lida com os dispositivos
conectados ao computador (disquete, vídeo, impressora, memórias). Assim, um software que seja
feito para funcionar neste sistema não precisará de informações específicas do equipamento. Ao
invés disso, ele chamará funções do Sistema Operacional já prontas que farão a comunicação,
repassando os resultados obtidos conforme a solicitação recebida. Cada Sistema Operacional pode
ter uma linguagem de máquina própria e distinta. Por isso, é comum que softwares feitos para um
Sistema Operacional não funcionem em outro. Por exemplo, software feitos para o Sistema
Operacional Windows da Microsoft26, não funciona no Sistema Operacional MacOS da Apple27.
Conforme LÉVY (2000), o sistema operacional é necessário para que seja possível
executar programas aplicativos tais como o Word, Internet Explorer, Outlook, Excel, Firefox
Navigator e qualquer outro programa aplicativo que existir. Os sistemas operacionais mais
conhecidos e utilizados são o Windows, Unix, Linux e MacOS.
Os primeiros sistemas operacionais eram baseados em linhas de comandos escritas
pelos usuários, como o MS-DOS da Microsoft (FIG. 9), o que exigia muito treinamento e
memorização, dificultando o acesso a usuários leigos.
26
A Microsoft Corporation é a maior e mais conhecida empresa de software do mundo, com faturamento anual de 45
bilhões de dólares (CHEROBINO, 2007, p. 6).
27
A Apple Inc foi fundada em 1976 e sempre foi uma empresa inovadora em lançamentos de novos produtos para novos
usos, com mais de 2.300 funcionários e com um faturamento anual de 1,73 bilhões de dólares (WIKIPÉDIA2, 2007).
38
FIGURA 9 – Linha de comando do Sistema Operacional MS-DOS da Microsoft
Fonte: VILESOFT. Disponível<http://www.vilesoft.com.br/museu>. Acesso em: 10 de mai. 2006.
O primeiro conceito de sistema com interface gráfica, de janelas (desenhos: ícones na
tela, para clique com o mouse), que facilitou muito a operação por parte dos usuários e foi um dos
elementos propulsores da popularização da Informática, foi desenvolvido pela Xerox em 1981 e a
Apple usou a idéia em 1984 e desenvolveu o MacOS para ser usado como sistema operacional em
seu Macintosh Apple. A Microsoft também usou a idéia para produzir a primeira versão do
Windows em 1985, que é uma interface gráfica do usuário, criada em cima do seu antigo sistema
operacional MS-DOS e que já estava sendo utilizado desde 1981 nos computadores PC IBM e
computadores compatíveis. Ficou tão parecido com o MacOS que a Apple decidiu processar a
Microsoft e este caso judicial durou vários anos (WIKIPÉDIA 2, 2006).
A primeira versão do Windows (FIG. 10) não oferecia muitos recursos e não era tão
popular como hoje. A segunda versão foi lançada em 1987, mas somente em 1990 com o Windows
3.0 é que o Windows iniciou sua popularização, pois, apresentava vários atrativos para o usuário
leigo. Seu sucesso também foi impulsionado pelo processador 80386 da Intel que havia sido
lançado no ano anterior e proporcionava os recursos de multiprocessamento das aplicações
processadas no Windows. Outro impulsionador do sucesso do Windows, foi o apoio e o incentivo
que a Microsoft deu aos fornecedores de software aplicativos desde a primeira versão do Windows,
para desenvolverem e converterem seus softwares aplicativos para o novo ambiente gráfico
Windows. Pouco tempo depois foi lançado o Windows 3.1 com pequenas melhorias visuais e o
Windows 3.11, que já fazia uso intensivo dos recursos de multiusuário dos processados 80386,
permitindo com isto que os computadores pudessem ser conectados em rede sem outro software
adicional que geralmente tinha um custo elevado.
39
FIGURA 10 – Primeira versão do Sistema Operacional Windows da Microsoft
Fonte: VILESOFT
Disponível em: <http://www.vilesoft.com.br/museu>. Acesso em: 10 mai. 2005.
A IBM também disponibilizou o sistema operacional OS/2 (FIG. 11), que foi
desenvolvido em parceria com a Microsoft simultaneamente com o Windows 3. O OS/2 era um
sistema operacional mais robusto que o Windows, inclusive de 32 bits completos e surgiu muito
antes do Windows 95. Entretanto, a IBM não foi bem sucedida ao lançá-lo no mercado e ele não
teve boa aceitação, sendo a versão OS/2 Warp a última produzida pela IBM para usuários finais.
40
FIGURA 11 – Sistema Operacional OS/2 da IBM.
Fonte: KernelTread.com.
Disponível em: <http://www.kernelthread.com/mac/vpc/images/os2warp3.gif>. Acesso em: 10 mai. 2006.
Os sistemas da Microsoft são utilizados na grande maioria dos computadores de todo
o mundo. É muito provável que sua escola, sua companhia telefônica, sua padaria, sua farmácia,
seu supermercado, seu médico, a empresa que produziu o papel ou a mídia deste texto usem. Até o
agricultor usa. E no mundo todo há sistemas da Microsoft. Inclusive, rodando em sistemas
operacionais concorrentes, como a versão dos softwares Microsoft Word, Excel e Power Point
também disponíveis para o sistema operacional MacOS da Apple:
A Microsoft é hoje uma das mais conhecidas empresas de Informática no mundo
inteiro. Além de líder no fornecimento de sistema operacional, sistema este
conhecido como Windows, ela atua também no fornecimento de aplicativos
integrados de escritório (Microsoft Office). Estima-se que hoje a Microsoft ocupe
85 porcento do mercado de sistemas operacionais e mais de 80 porcento na
distribuição de ferramentas como o Microsoft Office (KLAVDIANOS, 2002, p. 7).
41
REDMOND (2004), afirma que a Microsoft sempre continuou aperfeiçoando o
Windows e novos lançamentos com melhorias, correções de bugs e novas versões são sempre
lançadas. Entretanto, pela quantidade de usuários do Sistema Operacional Windows, outros
produtos da Microsoft no mundo e por conseqüência, o padrão de funcionalidades de softwares que
ela impõe a todos, causa grande impacto no comportamento das pessoas e das organizações. Várias
fronteiras são deslocadas, algumas derrubadas e outras novas são criadas. Tudo isso, causado pelo
desenvolvimento tecnológico, por campanhas milionárias de marketing e pelas novas aplicações dos
softwares lançados, como:
a) Produtos que anteriormente concorriam ou dependiam dos produtos da Microsoft e
portanto eram comprados e pagos a outra empresa que tinha toda uma estrutura e vida própria, têm
funções idênticas incorporadas gratuitamente aos novos lançamentos da Microsoft. Isto
simplesmente pode “matar” de forma fulminante a outra empresa ou prejudicar sensivelmente seus
negócios. O que foi feito e como estão atualmente as centenas e até milhares de colaboradores que
trabalhavam nestas empresas que não existem mais? No Brasil temos um exemplo do software
FINANCE da Paiva Piovesan que moveu processo contra a Microsoft, referente ao seu software
MONEY, questionando condutas anticoncorrenciais com efeitos no mercado de softwares de
gerenciamento financeiro, conforme QUARESMA ( 2006) e FÉ:
Na ação, a desenvolvedora de software para gestão de negócios denunciou a
estratégia da multinacional para venda e distribuição do aplicativo Money. A Paiva
produz um concorrente, o Finance. Entre as diversas condutas denunciadas pela
Paiva Piovesan, está a inclusão do Money no Microsoft Office for Small Business
(MOSB), a venda do produto para clientes públicos, como Banco do Brasil, sem
concorrência e distribuição gratuita do Money (FÉ, 2004).
Existem outros exemplos de empresas que fabricam ou fabricavam softwares de
compactação de dados, software de conexão de computadores em rede28 e navegadores de Internet
que não conseguiram se movimentar na mesma velocidade dessas novas fronteiras, a ponto de os
órgãos governamentais intervirem:
28
A empresa estadunidense Novell, que já foi líder de mercado com seu software NETWARE, de conexão de
computadores em rede, é um exemplo de produto que praticamente desapareceu do mercado, considerando que o
software que faz essa função já vem gratuitamente embutido no Windows da Microsoft. “A empresa já foi líder no País
em software para servidores, com seu sistema Netware, entre o fim da década de 1980 e começo da de 1990, mas
acabou perdendo espaço para os produtos da Microsoft. No computador de mesa, a presença da Microsoft é ainda mais
esmagadora: 98% dos micros nas empresas brasileiras usam o Windows”. (Último Segundo da Agência Estado, portal
Internet Group – IG). Disponível em: <”http://ultimosegundo.ig.com.br/materias/mundovirtual/19690011969500/1969115/1969115_1.xml>. Acesso em: 11 fev. 2006.
42
A FTC29 apresentou um processo contra a Microsoft não por ela ser a detentora de
85 porcento do mercado de sistemas operacionais, mas como resultado da
Microsoft fornecer o browser Microsoft Internet Explorer juntamente com o
sistema operacional Windows, ambos softwares de sua propriedade. De acordo
com a FTC o browser não poderia ser considerado uma extensão ou melhoria do
sistema operacional como defendia a Microsoft. Um outro ponto crucial no caso
movido contra a Microsoft foi o questionamento acerca do uso de condutas
predatórias de mercado. De acordo com a FTC a Microsoft determinava que os
fabricantes de computadores deveriam pagar uma taxa para instalação do DOS e do
Windows em suas máquinas mesmo que não fossem utilizar aquele sistema
operacional. Seria lógico imaginar que sendo o pagamento efetuado por máquina, a
Microsoft deveria cobrar apenas as licenças utilizadas, ou seja, quando o fabricante
instalasse o produto. Mas, de acordo com FTC os fabricantes eram taxados
independentemente de utilizarem o sistema operacional em suas máquinas ou não,
o que os intimidava em utilizar outros sistemas operacionais existentes no mercado
(KLAVDIANOS, 2002, p. 8).
b) Novas formas de realizar funções anteriores, que agora são agregadas ou
integradas a outras funções já existentes ou novas e que exigem constantemente uma readaptação de
utilização. Isso não acontece com muitos usuários que insistem em utilizar a versão antiga do
software. Assim, as organizações acabam optando por incorporar pessoas mais atualizadas
tecnologicamente com os novos produtos da Microsoft, em detrimento de quem não os atualiza
rapidamente. Exemplo: Software hospedeiro de páginas da Internet, gerenciamento e controle de
usuários e múltiplas versões de um mesmo produto; são funções que a partir de determinada versão
do Windows em diante surgiu e, sem treinamento, o usuário nem sabe que existe e não sabe utilizar.
c) Novos usos e fusões de tecnologias geram novas formas e necessidades nas
organizações, como a incorporação, disseminação e uso da Internet em massa, a comunicação por
voz, vídeo-conferências que agora são feitos via Internet com software específico para comunicação
a qualquer distância ao custo zero, praticamente, utilizando a tecnologia de transferência de voz e
dados na Internet (VOIP30). Como ficarão as empresas de telefonia que têm em seu principal modelo
de receitas financeiras a cobrança por minutos utilizados, os quais agora o cliente não irá pagar
mais?
d) Novas necessidades criadas por campanhas de marketing que manipulam as
pessoas, induzindo-as a acreditar que a nova tecnologia é essencial e trará melhores condições de
vida. Qual a real necessidade de uma pessoa que compra um telefone celular porque determinada
campanha publicitária anuncia que na compra de um aparelho habilitado em determinada
29
FTC Federal Trade Commission (Comissão do Comércio Federal dos Estados Unidos da América), criado em 14 de
fevereiro de 1903. Disponível em: <http://www.ftc.gov/>. Acesso em: 11 fev. 2006.
30
VOIP: Softwares de ampla utilização como o SKYPE e MSN são exemplos de transmissão de voz através da Internet,
também conhecida como VOZ Sobre IP.
43
operadora, ele ganha 1000 torpedos (SMS31) para serem enviados dentro de um mês para seus
amigos?
Em 6 de agosto de 1997, quando a Apple estava em situação financeira complicada, a
Microsoft comprou 100 mil ações, sem direito a voto, da Apple por 150 milhões de dólares,
encerrando também, neste mesmo acordo, as pendências judiciais movidas contra a Microsoft em
1985, por copiar a aparência do sistema operacional OS da Apple (RIBEIRO, 2006).
Outro sistema operacional importante é o Linux (FIG. 12) originalmente,
desenvolvido por Linus Torvalds32 do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de
Helsinki, Finlândia, com a ajuda de vários programadores voluntários através da Internet. No dia 5
de outubro de 1991 Linus Torvalds anunciou a primeira versão "oficial" do Linux, versão 0.02.
Desde então, muitos programadores têm respondido ao seu chamado e têm ajudado a fazer do Linux
o sistema operacional que é hoje, ou seja, é o segundo sistema operacional mais utilizado no
mundo, ficando atrás somente do Windows da Microsoft (WIKIPÉDIA 5, 2006).
FIGURA 12 – Sistema Operacional Linux, desenvolvido por Linus Torvalds
Fonte: WIKIPÉDIA.
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Linux>. Acesso em: 10 mai. 2006.
31
SMS: Send Message System.Permite o envio e recebimento de mensagens através dos celulares.
Linus Benedict Torvalds (Helsínquia, Finlândia, nasceu em 28 de Dezembro de 1969) é o criador do kernel (núcleo
central) do sistema operacional GNU/Linux, chamado simplesmente de "Linux". Linus Torvalds pertence à comunidade
dos Finlandssvensk, um estrato da população representando 6% dos habitantes da Finlândia, que falam sueco. Ele
estudou na Universidade de Helsínquia. Vive atualmente em Santa Clara, na Califórnia, com a sua mulher Tove e suas
três filhas (WIKIPÉDIA 5, 2006).
32
44
A vantagem do Linux é ser mais estável, livre de vírus de computador e ser um
software gratuito33. É mais utilizado em computadores servidores de banco de dados e em empresas
que prestam serviço de acesso à Internet, concorrendo assim, com o Windows Server 2003 da
Microsoft (MAIA, 2005).
O Linux tem conquistado muitos novos usuários, principalmente da comunidade
acadêmica, as ONG´s e órgãos públicos, cujo administradores, com o apoio da IBM e outras
empresas mundiais de tecnologia têm incentivado sua adoção e utilização em massa, criando assim,
uma estrutura de suporte técnico adequada, a disseminação desta tecnologia e aumentando o nível
de confiabilidade:
Linux é a plataforma revolucionária de códigos abertos, totalmente estável,
escalável, segura e poderosa. E por ser assim, oferece toda a flexibilidade que um
e-business precisa para inovar com sucesso. A IBM está orgulhosa em trabalhar
junto a essa comunidade, e muito empolgada em poder ajudar o Linux a crescer
cada vez mais. Agora, liberte seus códigos e seja bem-vindo ao mundo Linux na
IBM. ( IBM. Disponível em: <http://www.ibm.com/br/linux/>. Acesso em: 23 abr.
2006).
Deixe-me dizer os nomes das empresas que desenvolvem Linux: IBM, Intel,
Oracle (Larry Ellison34 em entrevista ao site de notícias IDG NOW. Disponível
em: <http://idgnow.uol.com.br/computacao_corporativa/2006/03/02/idgnoticia.200603-02.0110656479/IDGNoticia_view>. Acesso em: 23 abr. 2006).
Outros sistemas operacionais gráficos, também foram desenvolvidos nesta época,
como o Windows X (FIG. 13), no final da década de 1980 pelo MIT (Massachusetts Institute of
Tecnnology), que se tornou inclusive, a referência para outros sistemas gráficos atuais, como os
sistemas baseados em Unix35 como: o Solaris (FIG. 14) da Sun36 e as interfaces gráficas do sistema
operacional Linux.
33
Também conhecido como open source, ou seja, é um software livre no qual o sistema de códigos fontes são abertos,
sem direitos autorais da criação, que permitem que qualquer programador de computador participe de seu
desenvolvimento e melhorias, sem ter que ficar preso a qualquer fornecedor desta ou daquela tecnologia.
34
Lawrence J. Ellison, mais conhecido como Larry Ellison, é o presidente da empresa Oracle Corporation. Tem uma das
maiores fortunas dos Estados Unidos. O iate de Larry Ellison, Rising Sun, é o terceiro maior do mundo. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Larry_Ellison>. Acesso em: 26 abr. 2006.
35
UNIX é um sistema operacional originalmente criado por um grupo de programadores da AT&T da Bell Labs,
General Electric (GE) e atualmente é o nome dado a uma grande família de Sistemas Operacionais que partilham
muitos dos conceitos dos Sistemas UNIX originais, sendo todos eles desenvolvidos em torno de padrões definidos por
um
consórcio
chamado
POSIX
(Portable
Operating
System
Interface)
.
Disponível
em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/UNIX>. Acesso em: 23 abr. 2006.
36
A Sun Microsystems é uma empresa fabricante de computadores, semicondutores e software com sede em Santa
Clara, Califórnia, no Vale do Silício. As fábricas da Sun localizam-se em Hillsboro, no estado do Oregon, nos E.U.A., e
em Linlithgow, na Escócia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Sun_Microsystems>. Acesso em: 23 abr. 2006.
45
Existem ainda outros sistemas operacionais37 menos conhecidos, mas todos com o
mesmo objetivo de gerenciar os recursos disponíveis no computador, sendo um mensageiro entre o
hardware e o software aplicativo que executa as funções finais que o usuário deseja. Exemplo:
Word, Excel, Powerpoint, Firefox navigator e outros.
Observando a rapidez de lançamentos de novas versões e as transformações que o
próprio sistema operacional Windows da Microsoft e todos os outros que dão vida ao computador
sofreram em poucos anos38, nota-se que a própria tecnologia ultrapassa continuamente a si mesma,
destruindo a geração anterior e forçando novas concepções de trabalhos e rotinas. Organizações que
eram líderes em tecnologia há poucos anos atrás, atualmente não existem mais, ou não são mais
expressivas no grupo de empresas formadoras de opinião e agentes de transformação dos novos
tempos, simplesmente porque não acreditaram que novas tecnologias iriam decolar, deslocar e criar
novas fronteiras e, principalmente, acreditaram que os paradigmas da época iriam se sustentar.
Entretanto, não se sustentaram e criaram “rizomas” de mutações no modo de agir e comunicar das
pessoas, propagadas à velocidades da Internet.
FIGURA 13 – Windows X, produzido pelo MIT (Massachusetts Institute Of Tecnnology)
Fonte: PALIDROM. Disponível em: <http://www.palindrom.ru>. Acesso em: 10 mai. 2006.
37
Outros sistemas operacionais existentes: Amiga, MorphOS, Atari ST, TOS, MultiTOS, MiNT, BeOS, DR-DOS,
VM/CMS, DOS/VSE, VMS, EPOC, Palm OS, Pocket PC, SymbianOS, AtheOS, BS2000, CP/M, FLEX9, FLEX,
MP/M-80, Mach, MenuetOS, Mini-FLEX, Multics, Native Oberon, NetWare Novell, Plan 9, PrimOS, ReactOS,
RiscOS, SkyOS, Syllable, QNX, SSB-DOS, TUNES, TripOS, UCSD P-system.
38
Veja a TAB. 6 do ANEXO A, que apresenta a rápida evolução das versões do sistema operacional Windows.
46
FIGURA 14 – Sistema Operacional Solaris da SUN Microsystems
Fonte: MONAVISTA. Disponível em: <http://www.monavista.com/>. Acesso em: 10 mai. 2006.
Outra observação importante na evolução dos softwares de sistemas operacionais, é a
transformação que estas novas tecnologias trouxeram no dia-a-dia das pessoas, mesmo para os
indivíduos que moram em regiões distantes dos grandes centros tecnológicos, sem acesso aos
computadores. Ainda assim estão sujeitos aos efeitos da Globalização, seja na transgenia das
sementes que plantam em seus campos, nos preços que caem em suas comidities no momento das
colheitas, seja nas novas técnicas de cultivo e artesanatos, transmitidas via Internet pelos satélites,
redes sem fios, mercados virtuais e que já cruzam o planeta.
2.2 - Redes de computadores
Uma rede de computadores é um conjunto de computadores autônomos
interconectados, sem que haja a relação de dependência entre eles. Ou seja, se um computador
puder iniciar, operar e encerrar sem a dependência de outro e estiver conectado a outros
computadores, permitindo enviar, receber, compartilhar recursos entre eles, ele é um membro
legítimo de uma rede.
47
Numa rede de computadores, o usuário determina com qual máquina deseja conectar,
quais tarefas deseja realizar, quais recursos compartilhar com outros usuários, quais tarefas serão
realizadas remotamente e quando transferir e receber informações desta rede. Uma rede é diferente
de um sistema distribuído, onde existem vários computadores interligados, mas o usuário não sabe
ou não indica em qual deles estão armazenados e compartilhados os recursos em uso naquele
momento. O software (sistema operacional) da rede é que determina automaticamente qual deles
estará fazendo o quê e quando, utilizando o conceito conhecido em Informática como grid, onde os
recursos disponíveis são alocados e distribuídos conforme demanda, disponibilidade e melhor
desempenho de cada um deles. “Assim, quem determina a diferença entre sistemas distribuídos e
redes de computadores é o software e não o hardware” (CORREIA e SILVA, 2002, p. 15).
As redes de computadores são classificadas de acordo com vários critérios, por
exemplo:
a) APLICAÇÃO:
•Modelo
Cliente/Servidor: uma rede onde temos um computador central servindo
como repositório de dados, de impressão e de comunicação dentre outras funções,
para outros computadores que dependem dele para ter a informação de forma
unívoca.
•Modelo
Ponto-a-Ponto: Cada computador da rede age como um servidor para os
demais computadores que estão interligados a ele. Por exemplo, um computador
pode conter informações que podem ser acessadas por outros computadores e ele,
por sua vez, pode também acessar informações de outros computadores
simultaneamente.
b) UTILIZAÇÃO E EMPREGO:
•Corporativa:
Quando as redes de computadores são utilizadas pelas empresas e em
outras organizações. As interligações destas redes podem ser somente locais, em um
mesmo espaço físico, denominadas então como uma rede local, ou LAN (local área
network). Ou interligadas através de recursos de teleprocessamento, via cabos
telefônicos, enlaces de rádio, fibras óticas, satélites e até pela própria rede elétrica.
Neste caso são denominadas como uma rede de longo alcance, ou WAN (Wide área
48
network).
•Rede
de pessoas: É a rede mundial de computadores, a Internet, que, com a
popularização dos microcomputadores, trouxe várias aplicações (programas) para o
ambiente e uso doméstico. As informações que antes eram encontradas somente em
raros locais (exemplo: bibliotecas de grandes universidades), agora graças a WEB,
são prontamente compartilhadas nos computadores remotos de forma fácil, rápida e
com prática manipulação de conteúdos.
c)TIPOS DE REDE:
•Intranet:
Rede de computadores onde as informações são de uso restrito a um grupo
de usuários, normalmente organizações fechadas como empresas. Oferece maior
segurança quanto ao sigilo das informações, pois, só está disponível para acesso para
as pessoas conhecidas, devidamente credenciadas e aprovadas.
•Extranet:
Rede de computadores onde as informações também são de uso restrito a
um grupo de usuários, entretanto permitindo acesso a grupos externos específicos e
pré-qualificados, como representantes comercias das empresas que estão em outras
regiões distantes das fábricas, que utilizam computadores móveis como os
notebooks, PDA´s (PALM, Celular e qualquer computador de mão) ou acessam as
informações via Internet, fornecendo credenciais como códigos/senhas que habilitam
ou não o acesso a essa rede.
•Internet:
Rede mundial de computadores onde as informações são públicas e podem
ser acessadas por qualquer computador e por qualquer pessoa que esteja conectada à
rede.
2.3 – Internet
A Internet é uma rede global amorfa de milhões de computadores interligados que
enviam e recebem informação sem que possua um computador mestre, a central disseminadora de
conteúdo. Ela vem determinando uma série de transformações nos hábitos das pessoas. Trata-se de
uma rede sem censura, sem leis e sem horários de funcionamento, mesmo existindo as netiquetas
(regras que o próprio uso sugere e sanciona) para o envio e recebimento de e-mail, interlocuções
49
em chats, participação em listas de discussão ou newsgroup. Estas regras segue-as quem quiser,
pois a liberdade na rede é total e conforme SANTOS 2 :
A comunicação eletrônica está presente na vida de nossos jovens já há bastante
tempo. Para esta meninada, nascida no final do século XX, ligar um computador,
desenvolver sites, conversar na rede, expressar-se através de blogs, fotoblogs,
enviar e-mails ou participar de fóruns é algo absolutamente corriqueiro (SANTOS
2, 2005, p. 151).
E segundo BARAJAS (2003), a Internet é a rede de redes, conecta a cada dia mais
computadores de todo o mundo e está se tornando um dos aspectos-chave na comunicação, tão
importante quanto o telefone nos anos de 1950 e a televisão nos anos de 1960. Ele também afirma
que a Internet não é uma moda passageira e sua aplicação contempla todas as áreas de atividade
humana, desde a medicina à biotecnologia, passando pelo lazer e pela educação. Seu crescente
número de utilizadores e a atração que provoca como novo talismã da contemporaneidade, ao qual
são atribuídos enormes e ainda desconhecidos poderes, produzem uma progressão geométrica no
número de usuários e este fenômeno atinge, assim, uma dimensão global.
A evolução da Informática trouxe, nas duas últimas décadas, a criação de conceitos
antes nunca sonhados: a utilização em grande escala da Internet como cibercultura, a co-autoria de
trabalhos científicos em tempo real, a probabilidade do até então impossível e a remodulação de
conceitos que antes eram certos e bem definidos como o REAL e o VIRTUAL.
Para LAUDON e LAUDON (1999), sob o ponto de vista físico, a Internet é uma
conexão entre redes, pois, para o usuário ela aparece como um grupo de serviços disponíveis para a
troca de informações entre computadores e ou indivíduos conectados.
2.3.1 – História da Internet
Em 1957, a ARPA (Advanced Research Projects Agency) torna-se o primeiro nome a
ser observado na história da Internet. Pois, esta agência, subordinada ao Ministério da Defesa dos
E.U.A., era responsável por desenvolver mecanismos de autodefesa muito avançados
tecnologicamente. Então em 1960, sob a pressão da “guerra fria”, foi criada a ARPANET, uma rede
de computadores única, que permitia o compartilhamento de dados e disponibilizava um sistema de
correios eletrônicos para troca de mensagens. A principal característica dessa rede era não possuir
um local que centralizasse as informações, ou seja, as informações estavam presentes em vários
50
locais (computadores) diferentes ao mesmo tempo, de forma que se um computador (base militar)
fosse atacado e destruído, os demais continuariam conectados e disponibilizando as informações
normalmente (UCHOA e ALVES, 2002). Esse é o princípio fundamental que garante a força da
Internet. “Não há controle central nem 'computador mestre'. Qualquer computador ou qualquer rede
de computadores pode ser conectada a ela, desde que seus usuários sigam as convenções do
protocolo TCP/IP” (REDMOND, 2004, p. 85).
HEIDE e STILBORNE (2000), também afirmam que a Internet foi originalmente
desenvolvida pelo governo federal dos E.U.A. para ligar órgãos governamentais a faculdades e
universidades. A extensão real da Internet começou recentemente com a adição de milhares de
empresas e milhões de indivíduos que utilizam navegadores gráficos (software) para acessar
informações e trocar mensagens.
Conforme LÉVY (2000), o nome Internet vem de Internetworking (ligação entre
redes). Embora seja geralmente pensada como uma rede, a Internet na verdade é um conjunto de
todas as redes que usam protocolos (linguagem) TCP/IP. Internet e WEB39 não são a mesma coisa:
A Internet é o conjunto de meios físicos (linhas telefônicas de alta capacidade, computadores,
roteadores, modens, etc) e programas (protocolo TCP/IP) usados para o transporte (transferência) da
informação. E a WEB é apenas um dos diversos serviços disponíveis através da Internet. Fazendo
uma comparação simplificada, a Internet equivale à rede telefônica, com seus cabos, sistemas de
discagem e encaminhamento de chamadas e a WEB é similar a apenas um aparelho de telefone que
serve como dispositivo de entrada e saída da voz.
2.3.2 – Internet no Brasil
A Internet chegou ao Brasil em 1988 por iniciativa da comunidade acadêmica de São
Paulo (FAPESP) e do Rio de Janeiro (UFRJ). E o primeiro acesso à Internet no Brasil se deu em 18
de julho de 1989, quando de fato nasceu a Internet brasileira, com a inauguração do Alternex no Rio
de Janeiro, e em 1991 a FAPESP estabelece as primeiras conexões à Internet e consegue administrar
o domínio “.br” (UCHOA e ALVES, 2002).
39
Atualmente o desenvolvimento da WEB é supervisionado pelo W3C (www.w3c.org), um consórcio de organizações
públicas e privadas que define os padrões de funcionamento da Internet.
51
Pesquisas realizadas no ano de 2002 pela Nielsen/Netratings Global Internet Trend,
identificaram que os E.U.A. e o Japão têm a maior população de internautas do mundo (FREOA,
2004). E também UCHOA e ALVES (2002), nos mostraram que 73% dos provedores de acesso de
Internet em 2000 estavam nos E.U.A., 4% no Japão, 3% no Reino Unido; Alemanha, Canadá e
Austrália estavam com 2% cada um e, Holanda, França, Itália, Finlândia, Taiwan estavam com 1%
cada um e, Suécia, Brasil, Espanha, México e Noruega estavam com 1% deles, o restante estava
em outras partes do mundo.
No Brasil existe um Comitê Gestor da Internet40 que foi criado em abril de 1995 e
tem a missão de organizar, planejar e supervisionar as funções básicas de infra-estrutura para os
serviços de Internet no Brasil, que são: alocação de endereços de IP, registro de nomes de domínio
no “.br”, protocolos básicos e serviços de engenharia de redes (Infra-estrutura).
Em 2000, a Internet brasileira ocupava a 13ª posição no mundo. Em 2002, o país
passou para a 11ª posição mundial, a 3ª posição nas Américas e 1ª posição na América do Sul
(UCHOA e ALVES, 2002).
Já em 2007, o Brasil ocupava o primeiro lugar da América Latina e o quinto no
mundo no uso da Internet, confirmando o crescimento da Internet no país e seu poder de
transformação, interferência, reposicionamento e criação de novas fronteiras no dia-a-dia
(BRENDLER, 2007).
Toda infra-estrutura baseada em comunicação por voz (analógica) está migrando
para um modelo (digital) em que as próprias estações de comutação são baseadas em suporte a IP,
de tal forma que o serviço de voz seja apenas um dos serviços disponíveis na Internet. Isto implica
que as linhas telefônicas atuais estão sendo substituídas através de dispositivos como as fibras óticas
e por linhas de múltiplos serviços à velocidade média/alta para atender ao tráfego de Internet dos
canais de televisões por assinatura digital e acesso à banda larga41 dos telefones celulares que
tendem a ser os aparelhos da convergência42 tecnológica em curto prazo.
40
Mais informações sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil podem ser encontradas no site: <http://www.cg.org.br>
Acesso à Internet a alta velocidade, geralmente acima de 100 kbs
42
Convergência: A cada dia assistimos aos lançamentos de novos celulares com múltiplas funções como: Câmera
fotográfica, acesso a Internet, como dispositivos de entrada de dados já substituindo os computadores de mão (PDA) e
receptores de canais de televisão e estações de rádio.
41
52
2.3.3 – Internet2
Internet243 é um consórcio conduzido por mais de 200 universidades de várias
regiões do mundo, que trabalham em parceria com a indústria e o governo, para desenvolver e
implantar aplicações avançadas e as tecnologias de rede, garantindo o crescimento sustentável da
Internet. Seus objetivos são os seguintes: fornecer alta velocidade de acesso para as comunidades de
pesquisas, permitir aplicações sempre revolucionárias da Internet, permitir a segurança adequada às
aplicações em níveis confiáveis e através dos grupos de funcionamento da Internet2, os membros
colaboram sobre parcerias, iniciativas, aplicações e engenharia num ambiente altamente confiável e
de rápido acesso.
As aplicações avançadas Internet2 permitem a colaboração entre povos e o acesso
interativo à informação e aos recursos de uma maneira que atualmente ainda não é possível na
Internet comum. As exigências de desempenho, tais como a elevada largura da banda (velocidade
de acesso), a transparência para o usuário final e o desenvolvimento de novos protocolos
(linguagens) são essenciais para a missão e a inovação acadêmica, mas não são possíveis pelo atual
nível de segurança e velocidade na Internet comum. “A implantação e consolidação de um modelo
de cooperação de projetos que visam a Internet2 no Brasil é um dos maiores desafios que a
sociedade da informação tem a enfrentar nos próximos anos” (UCHOA e ALVES, 2002, p. 21).
REDMOND (2004), afirma que a Internet não possui proprietário nem governo e
cresceu e continua crescendo organicamente, não por estratégias comerciais ou políticas, mas
porque as instituições e pessoas se beneficiam ao conectar-se a ela.
Uma nova geração da Informática gerada pelas transformações contemporâneas, está
surgido com a evolução dos novos processadores, das novas memórias, da redução de tamanho dos
dispositivos eletrônicos, Internet2 e até a convergência para dispositivos móveis, como o celular.
Talvez seja esta a quinta geração dos computadores, na qual os objetos de transposições estão sendo
todas as transformações sociais, culturais e todas as outras ciências que, estão construindo seu
conhecimento utilizando a Internet como propulsora para construir, distribuir ou compartilhar
conhecimentos a uma velocidade sem precedentes, como ALMEIDA e MORAES nos afirma:
Os velhos “trabalhos de casa” supunham que os alunos sentassem às suas mesas,
lessem alguns livros, consultassem suas anotações, fizessem algumas ilustrações,
escrevessem um texto pessoal, encapassem o trabalho e pronto. O conceito
moderno de trabalho não aceita esse isolamento para a produção de conhecimento.
43
INTERNET2: a evolução da Internet. As informações apresentadas foram obtidas do site oficial da Internet2.
Disponível em: <http://www.Internet2.edu/>. Acesso em: 22 abr. 2006.
53
O conhecimento é um ato produzido socialmente. Os homens e as mulheres
conhecem juntos porque constroem conjuntamente o conhecimento, ao longo da
história. Ele é uma produção coletiva, solidária, mesmo que não esteja claro todo o
tempo quem são os parceiros desse longo processo (ALMEIDA e MORAES, 2000,
p. 41).
As novas formas de comunicar com o mundo, sem as barreiras das distâncias
geográficas são grandes contribuições da Internet, concretizando o conceito de aldeia global já
previsto há 35 anos por MCLUHAN, quando declarou que em um curto período de tempo, o uso da
televisão e outros meios transportariam o mundo para o quintal, transformando o globo em uma
pequena aldeia onde todos se relacionariam com todos e participariam de tudo (MCULUHAN,
1971).
O mundo das novas tecnologias é caracterizado por atributos como interatividade,
mobilidade, convertibilidade, interconectividade, globalização e velocidade. E a Internet consegue
integrar esses atributos, tornando-se um importante instrumento de educação, comunicação e
interação, conforme afirmou VIDIGAL (2002).
A velocidade com que ocorrem os fatos do cotidiano, com o auxílio da tecnologia e
particularmente, com a Internet, pode fazer a diferença entre o sucesso e fracasso das organizações
e não há muito tempo para as necessárias adaptações, conforme afirma GERBASE:
Se é certo que as tecnologias formam uma imagem do homem hoje e do mundo
como conhecemos, através dos média (sic), elas também são veículos para seu
destino. Se pretendemos ter alguma influência sobre nossa próxima escala, é bom
começar logo, pois a velocidade dos deslocamentos é avassaladora (GERBASE,
2003, p. 135).
A Internet contribui muito para se ter os registros dos fatos e dos novos
conhecimentos, uma vez que tudo é armazenado e disponibilizado para qualquer pessoa que tenha
acesso à rede mundial de computadores. Isto acontece pela facilidade em revisar, discutir, editar,
recortar e manter conteúdos complexos das novas ciências, que precisam estar alinhadas umas com
as outras, numa real aplicação da transdisciplinaridade, permitindo livre tráfego pelos itinerários das
especialidades com uma interface que traduza facilmente os “dialetos” próprios que se formam em
cada segmento da ciência. A Internet preserva o conhecimento e age como elemento de
interoperabilidade entre os mais variados assuntos, permitindo que se trafegue pelas fronteiras com
facilidades entre linhas de conhecimentos diferentes. Talvez a Internet seja, no futuro, um
instrumento de importância semelhante à impressa, que deu subsídios a Kepler e Tycho Brahe para
54
nos mostrar um mundo infinito, conforme citado na introdução deste trabalho. ALMEIDA também
corrobora esta tendência, quando nos afirma que:
Na Internet, especialmente por meio de chats, fóruns e e-mails, podemos
potencializar parcerias na construção e execução de projetos. É um meio barato de
se comunicar e interagir. Como a comunicação via Internet é quase sempre escrita,
acaba gerando um rico material para a documentação, registro e análise dos
processos de trabalho (ALMEIDA, 2000, p. 43).
2.4 – Impactos da Informática na contemporaneidade
Com o crescimento
demográfico, os rumos tomados pelo capitalismo e por
conseqüência, o surgimento da globalização, as transformações culturais acontecem em uma
velocidade sem precedentes, trazidas ou impulsionadas pela tecnologia. A Informática, criação do
homem, tem transformado a cultura dos povos de forma assustadora, mas também de forma
inovadora, como nunca se viu antes. A maioria das faces da globalização se apóia nela:
comunicação em tempo real, transferências eletrônicas de fundos (dinheiro eletrônico),
despatrialização do capital (empresas não têm mais nacionalidade), “redução” da distância e o uso
do poder da tecnologia na imprensa e na mídia e suas influências nas decisões culturas e sociais de
um povo que está se tornando único44. “Os globos me põem de cabeça tonta. Quando consigo
localizar um lugar, já trocaram as fronteiras” (MCLUHAN e FIORE, 1971, p. 1).
BAUMAN (1988), já havia observado que nestas transformações culturais
provocadas pela Informática e por todo o desenvolvimento tecnológico, as pessoas estão sempre
em movimento, mesmo que não queiram e aceitem, pois, acontece até mesmo à sua revelia e
mesmo que se estejam fisicamente parados.
Num mundo, onde tudo muda e acontece muito rapidamente, a quantidade de dados
que precisa ser coletada, armazenada, computada, transferida, compartilhada e analisada, cresce a
cada dia, num volume incalculável. A Informática surge neste contexto para atender e superar as
necessidades do ser humano em processar este universo de dados, obtendo grandes quantidades de
informações precisas e de forma rápida, para tentar acompanhar a mutação e velocidade dos novos
tempos.
44
Único no sentido dos hábitos e costumes serem iguais, como uso da calça jeans, do sanduíche do McDonald´s, uma
língua tendente a universal como o inglês, o cinema nos moldes “enlatados”, a inserção e disponibilidade da arte em
camadas menos privilegiadas, onde antes não era acessível e até mesmo a forma de manipulação do capital (produtos)
que nunca teve problema em ser global.
55
Computador, como definido por FERREIRA (2000), é um aparelho ou dispositivo
capaz de realizar operações lógicas e matemáticas, segundo programas previamente preparados.
Nos dias atuais, um computador vai muito além disso, podendo auxiliar as pessoas em processos
repetitivos, combinar e processar uma quantidade enorme de dados de forma on-line, produzindo e
disponibilizando os resultados instantaneamente, em qualquer ponto do planeta que se tenha acesso
à Internet.
Um exemplo de nova fronteira é quase a totalidade dos leitores deste trabalho ter
acesso a algum tipo desta tecnologia digital, o computador. Mesmo que seja usado somente para
digitar textos, tabelas e tarefas mais simples, sabe-se da importância do computador na vida
profissional e até pessoal, com o advento das novas maneiras de se comunicar, em qualquer lugar
do mundo em tempo real, utilizando os softwares SKYPE, MSN ou outro similar45, a um custo
baixíssimo.
2.5 – Conceitos emergentes da Informática
A Informática e, particularmente, a Internet geram impactos em todos os segmentos e
esses impactos são percebidos de várias formas. Um deles é a transformação de conceitos, nos
quais novos substituem ou fundem-se com antigos e principalmente, geram uma nova classe de
conceitos carregados de significados que deslocam fronteiras entre quem os decifra e quem não os
entende. Isso é a exclusão conceitual gerando exclusão digital.
Com as novas transformações ocasionadas pela Internet, novos termos, como
ciberespaço, hipertexto, hipermídia, multimídia e cibercultura foram cunhados para expressar algo
novo que antes não existia. Esses termos não se enquadram em velhas categorias como “concretos”
e “abstratos”, surge a categorização “real” e “virtual” que não são antagônicas nem dicotômicas e
estão ainda em processo de construção em vários contextos, mesmo que se acredite que sempre
existiram. “Esses conceitos extrapolaram o jargão restrito da comunidade informatizada e passaram
a fazer parte do cotidiano das pessoas comuns, tornando-se tão familiares ao nosso meio que
chegamos a crer que eles sempre existiram” (UCHOA e ALVES, 2002, p. 49).
O surgimento dessas novas terminologias, produzidas pela Internet e reforçadas
pelos jornais e outras fontes de mídia,
caracterizam várias mudanças no tratamento das
45
O Software Skype é de propriedade da SKYPE <www.skype.com> e o MSN da Microsoft <www.microsft.com> e
são softwares gratuitos que podem ser obtidos através da Internet e são usados para que duas ou mais pessoas, através
de uma conexão via Internet, comuniquem-se por voz e imagem em tempo real em qualquer distância.
56
informações, na forma em que são construídas, manipuladas e distribuídas, atingindo o ambiente de
maneira inédita. Esses conceitos geram necessidades de tratamento especial, uma vez que
demarcam uma nova fronteira, chamada por alguns de Era da Informação.
UCHOA e ALVES (2002), indicam a presença de um novo conceito de onipresença,
com a tecnologia da Internet, antes impossível de ser implementado. Onipresença, quando a WEB é
considerada um sistema de comunicação de todos-para-todos, em que todos podem ser emissores e
receptores de informação em qualquer lugar que estiverem e o tipo de comunicação estabelecido de
todos-para-todos é o responsável pelas mudanças na cultura das pessoas na sociedade. Essa nova
forma de comunicação está transformando a maneira como as pessoas resolvem seus problemas,
modificando o estilo de vida46 e proporcionando a formação de uma nova forma cultural, a
CIBERCULTURA.
Conforme LÉVY (2000), ciberespaço é o espaço de comunicação aberto pela
interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores. Segundo o autor,
ciberespaço está relacionado àquilo que está on-line: correios eletrônicos, os sites de bate-papo
segmentados por assunto e até os diários pessoais, conhecidos como blogs, que encontraram uma
nova forma de vida, transformando-se em públicos. Isto tudo graças à telemática47.
LÉVY (1995), define o termo emergente “hipertexto”, como um conjunto de campos
ligados por conexões (links), através de palavras, páginas, imagens, gráficos, sons entre outros. Por
meio da WEB (Internet), os recursos de hipertexto e hipermídia, conjugados no mundo da
multimídia48, as informações não estão dispostas linearmente, mas por interconexões de nós,
levando a outros conceitos e idéias, retroligando-se indefinidamente a outros conceitos diferentes,
possibilitando a vinculação entre documentos e ampliando as informações num nível de
interatividade e facilidade nunca antes experimentado.
Com o uso intensivo da Internet e os avançados softwares de comunicação, que
possibilitam a criação de comunidades virtuais geradoras de todo tipo de informação e previsão,
surgem novas formas de tratar os velhos problemas que não aceitam mais as antigas soluções:
46
No novo estilo de vida tecnológico, as pessoas utilizam a Internet, telefones e celulares para fazerem suas compras,
trabalhar, receber e fazer seus pagamentos sem sair de casa. Com isto uma nova relação social está brotando e ainda não
podemos dizer que é melhor ou pior, pois está em processo de transformação e longe de se estabilizar com o
surgimento diário de novas tecnologias em tempo real.
47
Telemática: conjunto das técnicas e dos serviços de comunicação à distância que associam meios informáticos aos
sistemas de telecomunicações.
48
“Etimologicamente, multimídia significa múltiplos meios. Mas, conforme cada autor há definições diferenciadas
dessa terminologia” (UCHÔA e ALVES, 2002, p. 55).
57
a) Possibilidades de simulações:
Os computadores possibilitam representar e testar idéias ou hipóteses, que levam à
criação de um mundo abstrato e simbólico, ao mesmo tempo em que introduzem
diferentes formas de atuação e de interação entre as pessoas. Essas novas relações,
além de envolverem a racionalidade técnico-operatória e lógico-formal, ampliam a
compreensão sobre aspectos sócio-afetivos e tornam evidentes fatores pedagógicos,
psicológicos, sociológicos e epistemológicos (ALMEIDA, 2000, p. 12).
b) Quebra da especialização que não mais é necessidade para participar das
comunidades virtuais a exemplo da WIKIPÉDIA, já citada anteriormente:
À medida que mais e mais pessoas tornam-se tão habilidosas com o ambiente
digital quanto o são com os velhos papel e caneta, a world wide web está se
tornando um projeto autobiográfico digital, uma gigantesca revista ilustrada de
opinião pública (MURRAY 2003, p. 235).
2.6 – Impactos da Informática no mundo das imagens
“Mas, com a Fotografia, a minha certeza é imediata: ninguém no mundo me pode
desmentir” (BARTHES, 1981, p. 158). Esta afirmação do autor já não tem mais validade, com o
advento da nova tecnologia digital dos equipamentos fotográficos, que nos permite a seleção e
envio das fotos pela Internet para uma loja especializada em impressão a baixo custo e assim que
estejam prontas nos são enviadas por um serviço postal também de baixo custo. Geralmente estas
lojas fazem correções de iluminação, cores e ajustes para se obter uma fotografia de maior
qualidade na tentativa de sempre agradar ao cliente, sendo permitido inclusive, excluir e incluir
objetos e até pessoas nas fotografias, de forma muito simples.
Um jovem em sua viagem de férias, utilizando um telefone celular com câmera
fotográfica digital embutida, chega a tirar centenas e até milhares de fotos numa única viagem. E
antes mesmo que retorne de volta à sua casa, ele escolhe as fotografias que lhe interessam, recorta,
combina uma sobre a outra, edita textos, inclui rostos de outras pessoas que nem estavam na
viagem, remove as cenas e fotografias que não gostou e envia, pela conexão de Internet deste
mesmo telefone celular, as imagens já selecionados para seus parentes que estão remotos, de forma
fantástica e rápida, utilizando a convergência da Internet, câmera fotográfica, telefone e editores
compilados em um único aparelho móvel. Tudo mudou muito rapidamente, até a nostálgica magia
da fotografia parece não mais existir.
Apesar de a fotografia ainda continuar encantando a muitos pelo registro do fato, não
se tem mais garantia de que a imagem da fotografia seja real ou tenha sido editada, esse recurso não
serve mais para os propósitos antes importantes, como testemunha documental provando que um
58
fato realmente ocorreu.
Além da fotografia, tantas outras tecnologias também sofreram transformações desta
natureza e estão sendo criadas outras utilidades e mudando a forma de como são enxergadas no
novo mundo digital.
Isso ocorreu com a radionovela, que foi “engolida” pela televisão e que convergiu
com muito sucesso para para a imagem visual televisiva. “Quem assiste televisão é assistido por
ela, olho quase extra-terreno feito de gotas audiovisuais sonoras, desferidas por um chuveiro
pirotécnico e elétrons coloridos” (PIGNATARI, 1988, p. 487).
E como a tecnologia está sempre ultrapassando as suas próprias fronteiras, a televisão
também está sofrendo suas próprias transformações, com a nova televisão digital. Ela deixa de ser
uma via de mão-única e passa a ser interativa, pois com a tecnologia digital, a Internet já virá como
“item de série”. O receptor deixa de ser telespectador e passa a opinar sobre a programação,
selecionar quais programas deseja ver, assistir a mais de um canal simultaneamente, participar de
enquetes e pesquisas de satisfação. Um novo mundo está surgindo com esta tecnologia: a televisão
deixa de ser televisão e passa a ser um instrumento convergente de outras tecnologias que agregadas
geram novos conceitos e novas culturas. E PENTEADO nos lembra que:
De uma perspectiva antropológica, toda a criação humana é cultura. Ela
compreende os bens materiais, as representações simbólicas, os conhecimentos, as
crenças, os sistemas de valores, o conjunto de normas que orientam o
comportamento humano e nutrem as expectativas de comportamento
(PENTEADO, 1991, p. 11).
Também se nota influência da literatura na televisão e vice-versa, registrada nas
telenovelas, miniséries e seriados exibidos em horários nobres da televisão brasileira, e pelo
conteúdo de muitas obras literárias que são inspiradas no mundo da televisão, até mesmo quando o
autor tem conhecimento ou não, como nos afirma BESSA:
Essa nova televisão está intimamente ligada ao computador e o computador à
Internet. São fenômenos já definitivamente registrados entre nós. E certamente,
como já está acontecendo, Computador-Internet-Televisão-Nova, circularão,
abundantemente, na literatura brasileira como a literatura virtual em várias facetas
(BESSA, 2004, p. 55).
A transformação cultural proporcionada pelas tecnologias e como exemplo a
tecnologia visual, que até meio século atrás se restringia a alguns pares de efeitos especiais no
cinema, tomou proporções de grandezas imensuráveis. Está presente na poesia, com o jogo de
59
palavras associadas a imagens, que pode ser realizado com simulações matemáticas de sons e
sentimentos que estatisticamente mais agradam; nas artes plásticas com gráficos maravilhosos antes
impensados; nas mídias televisivas onde são mais expressivas e, particularmente, na fusão entre
todo tipo de cultura e consumo. Tudo isto gera os grandes comerciais televisivos, cinematográficos,
outdoors e outros tipos de mídias visuais que se esbarra a todo o momento nas veredas do
cotidiano.
Mesmo antes de a Internet ser popular, ARISTARCO (1985), já previa profundas
transformações, com a nova tecnologia daquele momento, o laser:
Aquilo que presumivelmente produzirá a mudança mais violenta e profunda do
nosso modelo de apreender e representar o mundo é a introdução do laser na vida
normal. O laser modificará as nossas relações sociais, fará envelhecer de súbito,
não só o cinema não tridimensional, mas também as outras artes (ARISTARCO,
1985, p. 28).
E com as tecnologias da Informática, a Internet e todos seus recursos de produção
visual e sonora, surge o questionamento sobre onde entra realmente o talento para as artes,
considerando que qualquer pessoa que tenha algumas habilidades tecnológicas pode simular e
produzir uma obra de arte. E até mesmo produzir poesia digital, conforme se pode ver a seguir.
ARAUJO (1996), em seu trabalho de pesquisa do “Vídeo Poesia”, nos poemas
“BOMBA “e “SOS” de Augusto de Campos, “PARAFÍSICA” de Haroldo de Campos, “FEMME”
de Décio Pignatari, “DENTRO” de Arnaldo Antunes e “O ARCO ÍRIS NO AR CURVO” de Júlio
Plaza, todos produzidos com o auxílio do computador, abriu as portas para as novas faces e formas
de produzir a poesia, quando nesta grande e nova proposta de linguagem, mesclou palavra, som e
imagem em algo fora do normal.
Essas novas fronteiras nas formas de criar poesia continuam gerando perplexidades
em muitos pela acentuação de contradições, inserção de movimento na palavra escrita, gerando
figuras fônicas e principalmente, por quebrar paradigmas. No poema “PARAFÍSICA”, onde foram
compilados a parte técnica e artística, a riqueza de intenções foi modificada, esta nova maneira de
fazer a poesia provocou a interação entre indivíduos de mundos diferentes, cada qual em sua
especialidade, todos com um objetivo muito comum na produção de um todo sem fragmentos e
sem um desfecho previsível, produzindo algo de diferente e até então desconhecido e impossível
sem a utilização da Informática.
60
A poesia digital é uma evolução genética da poesia concreta que sofreu uma mutação
bem definida: o antes e o depois de receber o ingrediente tecnologia (ARAUJO, 1996). Um novo
campo se abre na produção de poesia na contemporaneidade, proporcionado pela multiplicidade de
meios que podem conduzir a horizontes inesperados e inovadores. A poesia está se confrontando
com os novos meios, produzindo um universo de narrativas mais complexo, mais interessante com
produção inesperada gerada pela mistura dos recursos (fotografia, cinema, poesia, sons) e isso leva
à produção flexível. A possibilidade de criação em equipe utilizando a tecnologia digital, incluindo
a Internet, conduz a um ganho de destreza que sozinho é impossível obter. Comprovando isto, basta
prestar atenção na aplicabilidade dessa forma de produzir poesia que já está concretizada nos
comerciais televisivos, onde é explorada com todos os proveitos a intensidade de recursos das
linguagens oferecidas pela Informática, com o fim de expressar mais conteúdo e deixar marcas num
curto espaço de tempo de apenas 15 segundos.
2.7 - A próxima onda
A globalização arrasta as economias para a produção do efêmero, do volátil (por
meio de uma redução em massa e universal da durabilidade dos produtos e
serviços) e do precário (empregos temporários, flexíveis, de meio expediente)
(BAUMAN, 1999, p. 86).
A efemeridade já se mistura ao presente. As evoluções socioculturais provocadas
pela Informática, estão gerando uma série de novas fronteiras no dia-a-dia, uma grande onda de
transformações está atingindo a tudo e a todos, tirando as organizações e as pessoas de suas zonas
de conforto e revelando um volátil universo onde o novo ambiente, o criativo, a novidade estão se
tornando padrão. E o labor com a abstração proporcionada pela simulação tem criado um mundo
virtual difícil de ser entendido, gerando a sensação errônea de que o computador é capaz de ter a
solução para tudo. LÉVY nos fala sobre esta transformação:
Um modelo digital não é lido ou interpretado como um texto clássico, ele
geralmente é explorado de forma interativa. Contrariamente à maioria das
descrições sobre papel ou aos modelos reduzidos analógicos, o modelo informático
é essencialmente plástico, dinâmico, dotado de uma certa autonomia de ação e
reação. Como Jean-Lous Weissberg observou tão bem, o termo simulação conota
hoje esta dimensão interativa, tanto quanto a imitação ou a farsa. O conhecimento
por simulação é sem dúvida um dos novos gêneros de saber que a ecologia
cognitiva informatizada transporta (LÉVY, 1993, p. 121).
61
Com os novos recursos de simulação virtual, surge também um novo tempo muito
curto, se considerado com os atuais parâmetros de mensuração. Este novo tempo não prima pela
evolução e sim pelo falecimento do atual e o renascer de algo novo em funcionalidade. Novos usos
são criados e estendidos, gerando necessidades que chegam para muitos a ser essenciais, como o
celular, o delivery e os cartões de créditos.
E não há mais espanto com os grandes avanços e com a efemeridade, pois, são tão
freqüentes que, quando as pessoas tomam conhecimento de sua existência, surge a dúvida se é uma
novidade ou apenas estavam desatualizadas quanto a isto. E nesta dúvida, a maioria destas pessoas
por constrangimento e até por falta de aptidão para utilizarem os novos aparatos tecnológicos,
fazem-se de entendidos ou não dão importância, passando rapidamente para a “próxima onda”, sem
conhecer e dominar a primeira. Com isto, a construção da “casa tecnológica” necessária ao mundo
desta nova era, é feita com alicerce de apenas “terra e água”. E com o balancear forte da explosão
digital, instalada em cada esquina e recentemente em grande número de residências, em pouco
tempo se desmorona, por falta de bases sólidas, provocando a exclusão digital. Portanto, a falta de
espanto com os novos limites itinerantes desta onda encapsula as transformações que são
provocadas por ela.
As crianças de hoje, logo que nascem, ganham um fotoblog49 e em pouco tempo já
têm até um e-mail em seu nome. Fatos dessa natureza, que para muitas pessoas quando sabem que
existem, não acreditam que sejam importantes, não se interessam por isto e, portanto, não
participam da cibercultura. Essas pessoas podem não estar enxergando que está havendo a
construção de um muro virtual no seu cotidiano. Não estão vendo o tamanho da edificação desta
fronteira e optam, ao acaso, em permanecer num cenário que pode estar rapidamente se tornando
obsoleto e, com isto, cair na redução do seu poder aquisitivo sem que percebam e “acordem” tarde
para se adequar à nova onda deste efêmero mundo digital.
Nas novas fronteiras provocadas pela tecnologia, o indivíduo deixa de ser o receptor
de informações para tornar-se o responsável pela construção de seu conhecimento. Isto acontece
quando utilizada a tecnologia para buscar, selecionar e inter-relacionar informações significativas
na exploração, reflexão, representação de depuração de suas próprias idéias, segundo seu estilo de
pensamento e sem estar preso a uma “cartilha” de como as coisas devem ser feitas. As ações são
desenvolvidas em parcerias, por meio de cooperação e da interação com o contexto em tempo real,
com o meio ambiente, com a simulação de atos e seus efeitos antes de serem implementados e,
49
Um fotoblog é um registo publicado na Internet com fotos colocadas em ordem cronológica, ou apenas inseridas pelo
autor sem ordem. Ainda podem-se colocar legendas completando o registro dos momentos fotografados.
62
interagem ativamente com a cultura circulante.
A nova onda digital da Informática que está inserida nas ações do dia-a-dia, reforça
que a única certeza que se continua a ter é a mudança que irá acontecer. Com as novas tecnologias
que surgem a cada dia, é necessário re-aprender a aprender e ter a consciência que este novo
aprendizado não prevalecerá após o pôr do sol, que o novo alvorecer trará sempre novos softwares
avançados e novas regras que irão comportar na era ON DEMAND de forma diferente, com a exata
inclusão dos mesmos ingredientes.
Nesta presente e próxima onda digital, surge a prática ON DEMAND, onde não
adianta mais construir um perfeito plano de contingência com um grande portfólio de soluções, à
espera de prováveis problemas. Mesmo se estes prováveis problemas surgirem na nova era digital,
estes irão acontecer em novos cenários, com um arcabouço de variáveis produzido pela diversidade
e velocidade das redes de comunicações daquele instante efêmero. Portanto, para resolvê-los serão
necessárias soluções atuais, demandadas e produzidas naquele momento, ou seja, soluções também
efêmeras, da era digital.
As transformações geradas pela tecnologia, estão presentes também na Educação,
como veremos no próximo capítulo. Entretanto, REALE nos alerta sobre as novas direções que o
mundo toma e conseqüentemente, a Escola, com os novos paradigmas das mudanças que quebram
paradigmas:
Toda revolução tornou necessário o abandono por parte da comunidade de uma
teoria científica uma vez honrada, em favor de outra, incompatível com ela;
produziu, conseqüentemente, uma mudança dos problemas a propor à pesquisa
científica e dos critérios segundo os quais a profissão estabelecia o que se deveria
considerar como problema admissível ou com uma solução legítima [...]. Quando
os paradigmas mudam, o próprio mundo toma novas direções (REALE, 2004, p.
141).
63
3 - INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO
3.1 – A tecnologia na Escola
É cada vez mais freqüente, entre os educadores, o tema Informática na educação.
Até há pouco tempo, discutia-se a viabilidade do uso de computadores no ensino.
Hoje, alguns professores e alunos aproveitam esta tecnologia e o computador é
visto como um facilitador. Mas nem todos dispõem deste recurso, tanto no que
tange a sua disponibilidade quanto ao fator econômico das escolas, ou no que diz
respeito à questão de softwares educativos ou seu manuseio (SILVA e SOUSA,
2005, p. 153).
SOUZA e SILVA (2005), afirmam que nos últimos anos, a tecnologia computacional
e suas aplicações em todos os setores do cotidiano são facilmente visíveis e se esbarra com ela a
todo momento. O que antes era impossível, nos dias atuais é necessário investigar mais
profundamente para ver se realmente ainda é ou se já existe uma outra forma de se concretizar. Num
mundo onde as novidades não mais causam espantos, o impossível pode ser relativo à percepção e à
necessidade de cada um.
Aliada à Informática, destaca-se a Internet. Ambas continuam a deslocar as fronteiras
tradicionais, até eliminando muitas delas. As relações estão sendo transformadas e constata-se que
a utilização dos computadores é cada vez mais intensa, dada a diversidade de suas aplicações e a
capacidade de coletar, gerar, armazenar, organizar, processar e principalmente distribuir, de forma
rápida e simultânea, enormes e variadas quantidades de informações, seja nas indústrias, no
governo, nas igrejas e em qualquer segmento da sociedade.
Na escola, essa realidade não é diferente e a Informática, que não apresenta limites
para o pensar, integrar e compartilhar os conhecimentos digitais, possibilita renovar a Educação. Ela
tem o poder de promover a transdisciplinaridade de fato, integrando todas as disciplinas e
especialidades, sendo elas de quaisquer áreas. Conforme FERREIRA nos afirma:
Depois do advento das novas tecnologias, do fenômeno da globalização por que
passam os diferentes países do mundo, a Escola também ganhou novas concepções
e as atitudes do docente e do discente mudara-se. Não é mais possível desconhecer
que, atualmente, devemos interagir, utilizando todo o aparato que o mundo da
Cibernética nos trouxe (FERREIRA 2, 2005, p. 165).
64
3.2 – Resistência por parte do docente
Com a informatização da Educação, o jargão de que “tudo se eleva e cresce a partir
do que já é” entra em crise e assim surge a resistência acadêmica em começar novamente, até
mesmo por parte dos docentes que têm que voltar às carteiras da escola para aprender as novas
tecnologias.
CHAIB (2002), comparou o computador com o monstro Frankenstein e ilustrou
claramente a perplexidade do professor perante a máquina, misturando uma sensação de admiração,
surpresa, crítica e ceticismo. Anexando a estas reações a frustração, a inferioridade, o desconforto e
logicamente a resistência em usar a tecnologia.
DENIZE (2004), diz que atualmente, a criança já nasce envolvida na tecnologia
digital e já está crescendo com isto fazendo parte do seu mundo, o que não aconteceu com a maioria
dos professores. A maioria deles é da época da televisão a válvulas e não tiveram formação digital;
corroborando a “idéia de que qualquer criança lida melhor com computador do que os adultos”
(CARNEIRO, 2002, p. 57).
Essa realidade reforça a recusa do professor em usar o computador, como forma de
impedir que as pessoas percebam sua limitação ao lidar com a tecnologia, não deixando margem
para questionamentos sobre sua competência em ensinar: Como pode o professor não saber lidar
com o tecnologia? O professor não deve saber mais do que os alunos? Então ele não é um bom
professor? É evidente que estas perguntas são descabidas e a competência é um pressuposto
desconsiderado ao se analisar o uso das novas tecnologias em educação. Não é o uso de uma
tecnologia mais sofisticada que irá atribuir maior ou menor competência ao professor, como não é
“um bisturi a laser que transforma um médico em bom cirurgião; embora um bom cirurgião possa
fazer muito mais se dispuser da melhor tecnologia médica, em contextos apropriados”
(CYSNEIROS, 1998, p. 208). PAPERT exemplifica a nova função do professor na Educação:
As primeiras poucas vezes que percebi que os estudantes tinham problemas que eu
não conseguia nem mesmo entender, quanto mais resolver, lutei para evitar
enfrentar o fato de que eu não poderia manter minha posição de saber mais do que
sabia. Eu estava com medo de que desistir destruiria minha autoridade como
professor. A situação, no entanto, piorou. Por fim, sucumbi e disse que não
entendera o problema – “vão e discutam-no com alguns dos colegas da classe que
poderiam ajudar” – o que eles fizeram. E ocorreu que juntas as crianças
conseguiram encontrar um solução (PAPERT, 1994, p. 63)50.
50
Fato ocorrido com a Professora Thelma e reconstruído por PAPERT , 1994, p. 63.
65
MARQUES (2005), afirma que, segundo as instituições e os analistas do setor, as
principais dificuldades, muitas vezes, são enfrentadas junto aos docentes, resistem em se adaptar às
novas determinações. Muda bastante coisa na administração da instituição. A tendência de soluções
(uso de softwares educacionais) para as salas de aula, por exemplo, existe, mas a resistência dos
professores ainda é enorme. Também comenta que tem sido um “parto” para as instituições criarem
essa cultura. Até coisas básicas, como instituições que estão abolindo o diário de classe, trocando a
chamada por cartões de leitura que registram a presença do aluno, enfrentam resistência dos
professores. A resistência do professor é maior do que a do funcionário administrativo da escola
.
FREITAS (2006), em entrevista sobre o uso pedagógico das tecnologias para o site
da UFJF, também observa que a resistência dos professores aumenta à medida em que, na formação
acadêmica e na formação continuada, não há exploração das ferramentas educativas que o
computador oferece. A carência de abordagem das potencialidades do computador impossibilita que
o professor o adote como material útil na prática pedagógica. ”É comum os professores não
saberem muito bem o que fazer com ele. Por isto foi inventada a sala de Informática, para usar num
determinado horário. É uma maneira de não incluir o computador na atividade diária.”
(FERREIRO, 2006, p. 37) . MIZUKAMI, cita a necessidade do contínuo aprendizado por parte do
docente:
Aprender a ensinar pode ser considerado um processo complexo - pautado em
diversas experiências e modos de conhecimentos – que se prolonga por toda a vida
profissional do professor, envolvendo, dentre outros, fatores afetivos, cognitivos,
éticos e de desempenho (MIZUKAMI, 2000, p.140) .
GABRIEL (2001), afirma que mesmo pertencendo a um país em desenvolvimento, o
cotidiano do Brasil está profundamente influenciado pela cultura dos bytes, Internet, cd room e da
tecnologia que nos invade a cada novo alvorecer. Diante de tanta parafernália tecnológica com fins
tão diversos, não é de se estranhar que muitos professores resistam a essa cultura e acabem
reforçando a atitude dos especialistas, na medida em que não se apropriam da nova cultura
tecnológica. Tal realidade reforça a idéia errônea de que a Informática não pertence ao professor e
deve ficar nas mãos de especialistas em tecnologia. Resultado: o professor se torna mero expectador
e crítico desses avanços e se assusta quando precisa discutir assuntos que podem comprometer até a
vida no planeta, como a clonagem, genoma humano e outros dessa natureza, relacionados à
tecnologia. Como participar das discussões e ações globais provenientes da tecnologia e que podem
influenciar diretamente a Educação, sem dominar a linguagem atual, sem acompanhar a grande
66
transformação de fronteiras físicas em fronteiras virtuais e principalmente a dinâmica flutuação dos
itinerários das descobertas tecnológicas?
MENEZES (2006), relata que segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil, dos
mais de 32 milhões de usuários da rede no país, a maioria é jovem. Geralmente, os alunos crianças
e jovens aproveitam e exploram por sua própria conta as oportunidades que o novo mundo digital
oferece. E isto dá a eles um domínio maior da Informática, causando constrangimento a alguns
professores diante desta desenvoltura. Conforme FAGUNDES (2006), não há razão para isto e
afirma que o estudante quer é ser orientado e ouvido e não provar que entende mais de computador.
“Uma mudança significativa de atitude pelo corpo docente é primordial e necessária diante dos
novos desafios da utilização das TICs na educação” (CARBONI, 2006, p.17) .
FICHMANN (2006), também concorda esta postura, afirmando que o papel do
professor é dar um sentido ao uso da tecnologia, produzir conhecimento com base em um labirinto
de possibilidades e que o computador trouxe novas situações de aprendizagem que o professor deve
gerenciar. “O professor tem que ser sujeito e não coadjuvante do processo” (JUDÁ, 2006, p. 6).
3.3 – Resistência da Escola: O mundo da Escola e o mundo fora dela.
PENNA, mostra o mundo fora da Escola, no qual: “Em compensação, a 'geração
web' sabe tudo sobre o mundo virtual: adora conversar pelo msn, ama entrar nos blogs dos amigos,
não vive mais sem webcam e participa de um tanto de comunidades no orkut” (PENNA, 2006, p.
6).
A “geração web” citada por PENNA é um retrato nítido do quanto o mundo da
escola permanece em atraso em relação ao mundo fora dela, pois, muitos dos recursos acima não
são utilizados nas escolas. “O sentido da escola não é o mesmo na cabeça do estudante e na do
professor” (CHARLOT, 2006, p. 15).
GABRIEL (2001), concluiu que em muitas ocasiões, a escola não conseguiu dialogar
com seu tempo, porque ela permaneceu apenas como expectadora dentro de uma realidade volátil
e extremamente dinâmica, no qual o amanhã não será apenas o continuar do hoje e sim, a evolução
integrada de um todo espalhado pelo universo. Também concluiu, que a escola poderia perder o
trem da história e criar o que temos: O mundo da escola e o mundo fora dela.
67
O mundo da escola, no qual a Educação que está acostumada demais consigo
mesma, e fechado sobre si, com todos seus padrões que precisam ser seguidos à risca, não tem
acompanhado a velocidade do mundo fora dela, que substituiu os padrões por Inteligência artificial
e reconstrói-se a cada instante evoluindo com resultados do instante anterior. A Escola está
perdendo a possibilidade de um diálogo abrangente e atualizado com o mundo contemporâneo, o
mundo atual é midiático.
A tecnologia perpassa todas as áreas da experiência humana. Principalmente voltada
para a comunicação, a tecnologia continua provocando uma revolução sem precedentes, quebrando
paradigmas impensáveis como a possibilidade da onipresença, que ocorre facilmente com as
videoconferências, participação em fórum, chat e principalmente no EAD.
A tecnologia digital afeta a todos e de todos os lados, ainda que se tenha grande
resistência em aceitá-la. A escola necessita aprender a desfrutar de seus benefícios. Assim poderia
ser completamente modificada, sem perder de vista sua missão principal: a de educar. E mediada
pela a tecnologia da comunicação, a escola de qualidade pode deixar de ser privilégio de alguns,
para ser direito de todos. A somatória da comunicação com a tecnologia, tendo em vista a educação,
é como uma música tocada em parceria (GABRIEL, 2001).
Um mesmo professor, que atualmente ministra uma aula para meia centena de alunos
em determinado espaço físico, pode agora ministrar esta mesma aula de forma muito mais rica em
conteúdo, exemplos e conexões com a realidade e de fácil entendimento, para milhares de alunos
espalhados em regiões distantes. Utilizando os recursos da tecnologia digital, o EAD também
possibilita que os alunos não tenham que se deslocar para os grandes centros urbanos, eles podem
continuar com suas atividades cotidianas nas comunidades onde vivem. É a oportunidade que a
Educação pode estar tendo de tirar o atraso, deixar de ser apenas espectadora e crítica da tecnologia
e unificar em um só mundo a escola e o mundo fora dela.
Sair da zona de conforto não é agradável e no caso da tecnologia da Informática, não
há como sair da situação de apenas espectador, sem fazer a re-engenharia digital na escola para
então trazer o universo fora da escola para dentro dela. Entretanto, precisa-se estar atento para os
alertas dados por SILVA e SOUZA:
68
A escola que tem um projeto pedagógico inconsistente, não criativo, dominador e
repetitivo, tende a piorar esta situação se, ao implementar o uso do computador,
não rever sua posição. Os alunos podem, ao invés de se sentir motivados e atraídos
pela tecnologia, se assustar com a novidade, criando um sentimento de repulsão
(SILVA e SOUSA, 2005, p. 155).
Conforme SILVA e SOUZA (2005), logo quando o computador conseguiu entrar na
escola, alguns problemas indicados por profissionais da área de educação ficaram em evidência,
como: alunos alienados, isolados, pouco criativos e falta de recursos. Há muitos anos vários
estudiosos do assunto trabalham para quebrar esse conjunto de resistências, todas elas
aparentemente justas e que realmente precisavam ser estudadas, pois o impacto dos computadores
na educação era desconhecido, como citado a seguir:
Vários foram os professores da rede pública que diziam: se não tem merenda
escolar, não tem telha, como e onde vamos colocar os computadores? Outra crítica
era a questão do desemprego em futuro próximo, pois havia o medo da substituição
do homem pela máquina. Havia também os que diziam que a máquina não permite
que o aluno seja criativo, pois ele fica diante da tela por horas, não se comunica
com ninguém, se fecha em seus problemas e geralmente tem que responder em
forma de múltipla escolha. Após muitos anos de estudos feitos por pesquisadores
das mais diversas áreas da educação, podemos perceber que estes receios não se
concretizaram, pois a máquina se mostrou uma grande aliada dos professores em
sala de aula e fora dela, e até criou novos campos de trabalho, como, por exemplo,
a produção e desenvolvimento de softwares educacionais. Realmente os
professores tiveram que se adaptar a essa nova tecnologia; os competentes sempre
se destacam, em qualquer área, inclusive na educação. A idéia de um aluno
robotizado caiu por terra, pois a máquina tem se mostrado uma ferramenta muito
eficaz no desenvolvimento do conhecimento pelo próprio aluno, que assim garante
um maior aprendizado (SILVA E SOUZA, 2005, p. 3).
É necessário que a escola fique em alerta para as cisões dos paradigmas, que são
necessários para adequação às novas realidades que já surgiram; essas cisões estão se alastrando e
multiplicando-se constantemente. “A habilidade mais importante na determinação do padrão de
vida de uma pessoa já se tornou a capacidade de aprender novas habilidades, de assimilar novos
conceitos, de avaliar novas situações, de lidar com o inesperado” (PAPERT, 1994, p. 5).
PAPERT (1994), também já sinaliza para o mesmo paradigma, anteriormente citado
por DENIZE (2004), que necessita ser quebrado: o dogma de que o professor tem que saber e
conhecer todos os assuntos tratados na sala de aula. Com as tecnologias de colaboração e
cooperação, o professor não tem como acompanhar tanta difusão de discussões e contextos, quer
seja de uma mesma especialidade ou não. Os fatos, que estão ocorrendo nas salas de aula em
69
qualquer lugar do planeta, resumem-se em “aprender-em-uso”. Ou seja, está havendo uma
convergência do papel do professor, de dominador de conteúdo para coordenador de conteúdo. É no
ato de discutir e expor os assuntos, que as pessoas (já) estão produzindo o conhecimento, na
interatividade colaborativa e cooperativa que estão propagando conclusões. E fazer isto sem os
recursos tecnológicos é impossível, pois é necessária a prática de onipresença51 do coordenador de
conteúdo – a nova função do professor -, moderando a cooperação do grupo e, como fazer isto sem
a cibernética, da qual provém o virtual de forma muito real? ALBINO e RAMOS, mostram o
surgimento das práticas cooperativas na Educação:
Com a disponibilidade de recursos tecnológicos, surge uma onda de hardwares e
softwares que buscam proporcionar práticas cooperativas, surgem os Groupwares
que são pacotes de ferramentas criados para tal propósito (ou a tecnologia gerada
pela pesquisa na área), bem como, os termos CSCW (Computer Supported
Cooperative Work - Trabalho cooperativo suportado por computador) e CSCL
(Computer Supported Colaborative Learning - aprendizagem colaborativa apoiada
por computador), o que cabe ressaltar é que independente do fim empresarial ou
educacional ambas as tecnologias estão imbuídas do espírito coletivo, ou melhor,
as empresas já descobriram que problemas são melhor resolvidos por um grupo
interligado, do que por alguém isolado, sem contar que tal resolução induz os
envolvidos ao senso de responsabilidade co-autoria pela solução encontrada, é o
comprometimento com o fruto do trabalho de todos, onde ninguém é o proprietário
da idéia, mas sim, um colaborador (ALBINO e RAMOS, 2004, p. 1).
A integração da Informática que LÉVY (1998) afirmou, passa pelo “aprender-emuso”, permitindo aos alunos aprenderem de forma pessoal, explorando melhor seus interesses, suas
aptidões e liberando o professor para oferecer aos seus alunos algo mais pessoal e mais gratificante
para ambos os lados.
No entanto, mudar isto não é tarefa fácil. Há mais de dez anos, PAPERT (1994) já
citava as amarras dos educadores ao processo educacional que continuam até hoje:
No entanto, apesar das muitas manifestações de um desejo por algo diferente, o
sistema educacional vigente, incluindo grande parte de sua comunidade de
pesquisa, permanece bastante comprometido com a filosofia educacional do final
do século 10 e início do século 20, e até o momento nenhum dos que desafiam
estas sacrossantas tradições foi capaz de afrouxar o domínio do sistema
educacional em vigência sobre como as crianças são ensinadas (PAPERT, 1994, p.
11).
51
(ALBINO e RAMOS, 2004), explicam como isto é possível através do conceito de co-autoria. Um exemplo seria
editar uma interpretação de texto, utilizando os recursos da Internet, simultaneamente por todos os alunos de uma
mesma classe, de uma mesma escola ou de qualquer outro grupo espalhando pelo globo e envolvidos num mesmo
assunto, onde as divergências não são decididas por votação ou arbitrariedade e sim pelo consenso entre os
participantes que interagem até atingir os objetivos comuns.
70
PAPERT (1994), também já chama a atenção para o modelo estático e da relação mestrealuno que a escola ainda emprega na educação:
Em total contraste com a imagem de Piaget criança construindo Piaget adulto, a
Escola possui uma inerente tendência a infantilizar as crianças, colocando-as numa
posição de ter que fazer conforme são mandadas, a ocupar-se com trabalhos
ditados por alguém mais e que, além disso, não possuem qualquer valor intrínseco
– o trabalho escolar é feito apenas porque o planejador de um currículo decidiu que
fazer o trabalho moldaria quem o fizesse numa forma desejável (PAPERT, 1994, p.
29).
Nesse atual modelo de escola, tudo que o aluno aprende já está previsto num currículo
estático52 que, em muitos casos, passa até anos sem ser revisto, e que geralmente acontece em todos
os níveis do ensino, inclusive no terceiro grau. Sendo a tecnologia um assunto em constante
mutação, o simples fato de se ter um currículo formal já implica que não há inserções importantes
da tecnologia neste currículo. E se for observada toda a complexidade da vida contemporânea, ela
está fundamentada na tecnologia dinâmica de satélites, celulares, Internet, aviões, tomógrafos,
robótica, dinheiro virtual, cartão de crédito, trabalho remoto, cooperação transcontinental e todo o
aparato cibernético presente em qualquer lugar. Por isso, é fundamental que a escola se adapte e
esteja adequada rapidamente a essas tecnologias, sob pena de uma catástrofe cultural, causada pela
informatização e os novos meios de comunicação, como: chats, e-mail e a comunicação instantânea.
Ou seja, a própria tecnologia, está criando mecanismos alternativos, mesmo que sob uma ótica
fragmentada, que poderão ser superiores e melhores que a escola para ensinar e reagir às
necessidades dinâmicas do dia-a-dia. Basta dar uma olhada nos mecanismos de busca gratuitos na
Internet, que já permitem a um aluno pesquisar todo conteúdo de um trabalho e/ou problema sem
ter que ir a uma biblioteca física. E o mais agravante, são assuntos que a escola ainda nem tem
domínio e que a sociedade já está utilizando intensamente a título de experiência e prática diária,
como a tecnologia VOIP53, aplicando o conceito de “aprender-em-uso” que PAPERT já citava em
1994.
52
Mesmo que o currículo tenha alteração periódica, geralmente ele não se adapta aos fatos que ocorrem
simultaneamente às aulas onde é ministrado. O professor segue o plano de aulas, independente das ocorrências que
afetam os alunos naquele instante onde determinado conteúdo está sendo transmitido.
53
Em 2007, essa tecnologia já estava em pleno uso nas empresas e residências e as escolas pouco sabem sobre ela e,
principalmente, não utilizam seus benefícios. E também por conseqüência, não sabem responder às perguntas sobre este
assunto tão importantes, na economia e nas comunicações e que se refletem nas condições sócio-financeiras da vida de
cada aluno.
71
3.4 - Breve história da Informática na Educação
Ainda na década de 1970, com o livro Mindstorms: children, computers, and
powerful ideas54, PAPERT Seymour, já vislumbrava as transformações que os computadores
poderiam realizar na educação, mesmo numa época em que estes custavam milhões, poucas
instituições os tinham e mesmo que isto se apresentasse como idéia totalmente fora de propósito e
descabida. Afinal, que escola teria recursos e prioridades para esse investimento?
A APPLE, então era o fabricante de computadores que mais se aproximava desse
público, a maior parte, amadores e entusiásticos da computação. A IBM e os japoneses ainda não
haviam entrado neste seguimento.
Pensar nessa transformação, inserir computadores na sala de aula era uma mudança
que teve todas as resistências possíveis. E as críticas e comparações vieram de todos os lados. Era
de conhecimento somente um outro projeto semelhante, naquela época, de Alan Key, um original
divulgador da idéia de que o computador poderia ser um instrumento para todos. No entanto, dois
anos depois da publicação do livro de PAPERT, já havia centenas de salas de aula vivendo a
experiência de acessar um computador nas escolas. Em dez anos, as escolas estadunidenses haviam
comprado três milhões de computadores, centenas de milhares de professores matricularam-se em
aulas para aprender sobre os mesmos, a indústria acordou para essa realidade e os artigos sobre
software educacional inundavam todas as mídias. As atenções da mídia, por efeitos estéticos e
“badalações” sensacionalistas visuais, foram
voltadas exclusivamente para as máquinas, os
computadores. Ou seja, o raciocínio tinha como foco somente a compra de computadores para
promover a informatização, como se isso resolvesse tudo. Não demorou para a mesma mídia
sensacionalista, também noticiar: “escolas compram muitos computadores, mas benefícios nas salas
de aula são poucos”. Longe de produzir melhorias, esses computadores pareciam incapazes até
mesmo de barrar a deterioração. O motivo que levou a isso, foi que no início da década de 1980,
mesmo esse grande número de computadores, divididos para todas as escolas tornou-se uma
quantidade pequena para cada uma delas. E eram usados na administração e nas salas de professores
e não nas salas de aula. Mas isto não era interessante de ser divulgado e não o foi (PAPERT, 1994).
Assim, cada vez mais computadores chegavam às escolas que, sem saber o que fazer
com eles, reuniram-nos em uma sala rotulada de “laboratório de Informática” e, simplesmente
54
Este livro só foi publicado no Brasil em 1985 com o título LOGO: Computadores e Educação e nesta época (1985) a
disseminação de microcomputadores pessoais (PC´s) já ensaiava seus primeiros passos no Brasil.
72
acrescentaram aos currículos, mais uma disciplina: a “Informática” ou “Computação”. Contratandose um especialista ou nomeando um professor mais entusiasmado com a tecnologia, para ministrar
estas aulas. E assim, não se teve até hoje, evolução nem mudança alguma: os ideais de PAPERT
foram abafados, gerando o universo escola e o mundo fora dela:
Deste modo, pouco a pouco as características subversivas do computador foram
desgastadas: ao invés de cortar caminho e, assim desafiar a própria idéia de
fronteiras entre as matérias, o computador agora definiu uma nova matéria: ao
invés de mudar a ênfase de currículo formal impessoal para exploração viva e
empolgada por parte dos estudantes, o computador foi agora usado para reforçar os
meios da escola. O que começara como um instrumento subversivo de mudança foi
neutralizado pelo sistema e convertido em instrumento de consolidação (PAPERT,
1994, p. 41).
O problema da escola foi rejeitar o computador como instrumento de transformação,
o que não ocorreu no universo fora da escola, que não só o aceitou como o implementou em todos
seus segmentos sem exceção, até mesmo nos ambientes religiosos. E quando novas técnicas surgem
e se tornam o modelo dominante, velhos problemas não aceitam mais as velhas soluções e o
significado dos próprios problemas se alteram ou até mesmo deixam de existir.
LÉVY (1993), mostrou um cenário onde esta rejeição do computador como
instrumento de transformação na escola já apresentava seus efeitos, quando falou sobre as novas
maneiras de pensar e conviver, que naquela data estavam sendo elaboradas no mundo das
telecomunicações e da Informática. Também afirmou que já não se podia mais conceber a pesquisa
científica sem uma aparelhagem complexa que redistribuíam as antigas divisões entre experiência e
teoria.
Ao entrar na biblioteca de muitas escolas pode-se constatar facilmente o choque
entre os princípios da Educação e estas novas necessidades constantes de adaptação ao novo.
Percebe-se que as técnicas utilizadas na Educação, transferindo o conhecimento registrado em
livros e experiências passadas, não têm as propriedades necessárias que possibilitam a simulação e
acompanham a velocidade da atualização e desenvolvimento do próprio conhecimento. Livros e
experiências passadas são de suma importância; entretanto, é necessário pensar em outra forma de
mantê-los. Na forma estática como se encontram, não estão acompanhando a realidade dinâmica
que se auto-canibaliza e se reconstrói rapidamente. E este problema perpassa não só a questão de
investimentos e disponibilidades de recursos; o maior desafio é a quebra de paradigmas dos
métodos, processos e principalmente, a transformação da forma como os educadores e mentores do
sistema educacional planejam, implementam e utilizam as tecnologias em sala de aula e em toda a
73
estrutura da Educação. Há o risco de a escola rejeitar qualquer outro instrumento de transformação e
toda mudança na Educação ser sempre muito lenta pela complexidade de sua existência:
É certo que a escola é uma instituição que há cinco mil anos se baseia no falar/ditar
do mestre, na escrita manuscrita do aluno e, há quatro séculos, em um uso
moderado da impressão. Uma verdadeira integração da Informática (como do
audiovisual) supõe portanto o abandono de um hábito antropológico mais que
milenar, o que não pode ser feito em alguns anos (LÉVY, 1993, p. 8).
Há também as questões políticas e de retenção de custos, em que os governos, na
tentativa de maximizar os investimentos, escolhem materiais que não são adequados, que não
possuem interatividade e que são poucos e até mesmos impróprios aos usos pedagógicos, incluindo
treinamentos incompletos, não gerando o domínio necessário da Informática e não despertando o
interesse dos professores. CARBONI descreve a realidade conflitante do professor, nesse contexto:
Os professores precisam de treinamento para as diferentes disciplinas lecionadas, o
que o dificulta, sendo necessários criatividade e tempo do professor para preparar
sua aula, fazendo-os optar pelo autotreinamento, pois o oferecido pelas instituições
e governo é insuficiente, exigindo maior esforço dos professores (CARBONI,
2006, p. 6).
LÉVY (1993), também já mostrava uma prática que infelizmente ainda pode existir,
segundo a qual os chefes e governantes em vez de conduzir um projeto político de alavancagem
tecnológica da educação, apenas apressam-se a colocar dentro das salas de aula os computadores
(hardware), sem os devidos aparatos sistêmicos (software) e principalmente sem a capacitação
adequada aos profissionais da educação.
Não se trata aqui, portanto, de profetizar uma catástrofe cultural causada pela
informatização, mas sim de utilizar os trabalhos recentes da psicologia cognitiva e
da história dos processos de inscrição para analisar precisamente a articulação entre
gêneros de conhecimento e tecnologias Intelectuais (LÉVY, 1993, p. 10).
É necessário se preocupar com estas declarações de estudiosos importantes, que,
naquele contexto e momento, estavam devidamente sintonizadas e espelhavam a realidade.
Entretanto, após mais de uma década, que representa uma eternidade para a velocidade digital dos
novos tempos cibernéticos da atualidade, muitas destas declarações não são mais válidas, mas ainda
muitos lêem, acreditam e propagam essas idéias como atuais, alimentando a exclusão digital,
principalmente dos docentes que deveriam ser os instrumentos de quebra dos paradigmas na
Educação.
74
O professor precisa ficar em alerta e se adaptar aos novos meios que a tecnologia
oferece. Para corroborar essa preocupação, a seguir são apresentados alguns fatos que estão
relacionados à tecnologia do dia-a-dia e conseqüentemente na Educação: “Em muitos casos, mudou
o próprio modo de ler e escrever. O texto de e-mail, por exemplo, não tem regras definidas.”
(FERREIRO, 2006, p. 37) .
Os jovens que utilizam os novos softwares e a Internet para se comunicarem de
forma on-line, correios eletrônicos, chat, fóruns e outras formas da nova era, estão criando um novo
dialeto (TAB. 1) ao escreverem e já estão em estágio avançado, a ponto de quem iniciar agora em
uma destas tecnologias ter que gastar um bom tempo para entender o que significam as novas
palavras.
TABELA 1
Exemplos dos dialetos x significado de “bate-papo” on-line
Dialeto
Significado
Flw
Falou, tchau
Psora
Professora
Mulek
Moleque
Bsurdo
Absurdo
Blz
Beleza
Cara
Kra
Vlw
Valeu
Fonte: FRANZOIA e FILHO (2006).
E não basta apenas decorar o par dialeto/significado. Cada grupo cria e varia a cada
instante um novo dialeto que, às vezes, é entendido somente entre sua própria “tribo” e se
acrescenta a isto o grande uso dos “emoticons” (TAB. 2 e FIG. 15), que expressam gestos e
sentimentos em um “bate-papo” on-line.
75
TABELA 2
“Emoticons” de “bate-papo” on-line
B:-)
Feliz
B-)
Feliz e de óculos
&:-)
Cabelo enrolado
X-)
Com vergonha ou tímido
:-(
Triste
:-)))) Gargalhando
(:-...
De partir o coração
:-/
Perplexo
:-0
Impressionado
:-P
Dando língua
d:-)
De boné
d:-P
De boné, dando língua
(:-(
Muito triste
:-x
Mandando beijo
:-D
Rindo
|-(
De madrugada
:-o
Oh,não!!
>:-||
Zangado
(:-)
Careca
:-)
Feliz
[]´s
Abraços
@}-- Rosa
B-)
De óculos
:-)>
De cavanhaque
%+(
De olho roxo
:-)X
De gravata borboleta
B-)
De óculos
R-)
De óculos quebrados
:-D
Gargalhando
|:-)
Sobrancelhas espessas
:^)
Nariz quebrado
3:-)
Vaca
Fonte: (SANTOS 2, 2005, p. 163).
FIGURA 15 – Emoticons
Fonte: Portal Uai Estado de Minas. Disponível em: <http://www.uai.com.br/chat/uaichat_emotions.htm>.
Acesso em: 15 ago. 2006.
76
No Brasil, os adolescentes criaram todo um código para se comunicar pela Internet.
“Pode ser um fenômeno passageiro, mas o certo é que os jovens estão fazendo com a escrita um
jogo divertido. E para transgredir a escrita é preciso conhecê-la” (FERREIRO, 2006, p. 37) .
ALMEIDA 2 (2006), afirma que o educador tem a tarefa de identificar novas
linguagens. A linguagem das tribos internáuticas, por exemplo, causa o mesmo espanto que causou
a linguagem comum usada por Guimarães Rosa. E com a disseminação dos blogs, o jovem nunca
escreveu tanto como agora. Mesmo aqueles que dizem não conhecer a norma culta, escrevem muito
mais. Esse novo fenômeno social (escrita em ambientes virtuais) precisa ser explorado. Precisamos
estimular os alunos a fazer textos, mesmo sem utilizar a linguagem rigorosa. O grande desafio a ser
vencido é a assimilação das linguagens internáuticas pela norma culta. “Ser um bom educador não
é só ter planos claros, é também saber identificar os saberes trazidos pelos alunos” (JUDÁ, 2006, p.
8).
PAPERT (1994), já questionava por que durante um período em que tantas atividades
foram revolucionadas, na educação houve poucas mudanças significativas na forma de ajudar os
alunos a aprender.
Mesmo sabendo que a adequação da educação à tecnologia não possa tomar atalhos
para não queimar etapas, ela carece de rápidas quebras de paradigmas reais, acompanhando os
deslocamentos das novas fronteiras. É essencial que o olhar da educação para a tecnologia seja com
o foco de desenvolver junto com o aluno as habilidades para utilizar a Informática e auxiliá-lo a
responder às complexidades dos problemas diários. Problemas que são dinâmicos e que exigem
respostas fora do padrão, e exigindo cada vez mais que se agregue o valor de um conhecimento que
se multiplica e interrelaciona com vários outros segmentos simultaneamente. São problemas que
solicitam soluções pensadas de forma transdisciplinar e possíveis com a Internet e com ela, a
cooperação, colaboração e co-autoria simultânea. MENEZES alerta sobre a necessidade de convidar
o aluno e a tecnologia a participar da construção do conhecimento:
Quanto mais se mantiverem os hábitos que relegam o aluno a um papel meramente
receptor, menos diferença a tecnologia fará no aprendizado. Em muitas escolas, os
computadores ficam durante a maior parte do tempo confinados a salas que só se
abrem para aulas de Informática, sem se incorporar ao projeto pedagógico. É como
deixar trancados os livros da biblioteca ou limitar seu uso ao processo estrito de
alfabetização (MENEZES, 2006, p. 31) .
77
3.5 – Realidade brasileira da Informática na Escola
Lentamente, a Informática está sendo incorporada nas rotinas das escolas brasileiras,
convidando os educadores a repensar suas práticas de ensino. Há experiências reais que vão dos
primeiros passos até degraus mais altos no mundo do conhecimento digital.
Muitas escolas têm computadores não conectados à Internet e costuma-se dizer que
não servem para nada. Na verdade, não é bem assim; ele pode ser utilizado para uma variedade de
outras funções importantes na educação, como em correções automáticas de textos, cálculos
matemáticos e outras mais que a criatividade do educador conseguir se adaptar. Como sugere
FERREIRO:
A Escola sempre trabalhou mal a revisão de texto e os alunos odiavam fazê-la
porque num texto a mão é preciso voltar e escrever tudo. Com um processador de
texto, a revisão se torna um jogo: experimenta-se suprimir ou deslocar trechos,
com a possibilidade de desfazer tudo. Após as intervenções, temos na tela um texto
limpo, pronto para ser impresso. A revisão é fundamental para que as crianças
assumam a responsabilidade pela correção e clareza do que escrevem (FERREIRO,
2006, p. 37) .
Para CASTRO (2006), a velha sala de aula é antiga e já devia ter sido extinta, mas
ainda está aí. As invenções que prometiam acabar com o método tradicional de ensino, aquele que
utiliza o quadro de giz, o livro, o correio, o rádio, a televisão, o computador e ainda conta com o
professor para transmitir conhecimentos aos alunos por meio de aulas expositivas, até foram
incorporadas ao ensino, mas não chegaram a substituir o antigo método de dar aula. A sala de aula
está sendo transformada pela utilização da tecnologia e o computador pode substituir recursos
humanos escassos e massificar, para muitos, a genialidade de poucos. No Brasil já conta-se com o
uso do EAD em várias universidades e centros de pesquisas de “ponta”. E através dessa tecnologia,
que utiliza intensamente o computador, já é possível reproduzir para muitos alunos a aula de
determinado especialista em uma Ciência, em escolas situadas em regiões remotas do país. O
computador também já reduz trabalhos rotineiros, como correção de provas, realização de
matrículas e administração escolar, em várias instituições. Entretanto, é preciso estar atento e
lembrar que a tecnologia não é pedagogia, portanto, não substitui o professor e que o uso do
computador na escola exige a intervenção dele. “O grande problema do EAD (e-learning), é se
tornar uma apostila na Internet e apostila ruim na Internet nada mais é do que apostila ruim”
(JUDÁ, 2006, p. 6).
78
MEDEIROS (2006), lembra que é possível o uso integrado de várias mídias como o
livro, o televisor, o computador e a Internet para apropriar e construir o conhecimento, desde que se
capacite o professor em tempo integral. DUTRA (2006) e JUDÁ (2006), reforçam a necessidade do
treinamento para o professor, principalmente a nível de tecnologia e dos novos métodos
pedagógicos que o computador exige.
No próximo capitulo será analisado como a Escola está utilizando a Informática na
sala de aula. E ALBINO e RAMOS, citam a importância da Escola em estimular a cooperação e a
interação dos estudantes, como ponto fundamental da inserção da Informática na Escola:
Na veia educacional sabe-se que pacotes de aplicativos que propiciam o trabalho
em grupos estão sendo estudados e desenvolvidos, porém não é a disponibilidade
de softwares cooperativos que irá garantir que as trocas cooperativas aconteçam,
mas sim o desenvolvimento e a compreensão do valor da produção coletiva pelos
nossos educandos. Neste ponto a Escola tem papel fundamental: cabe a ela utilizarse dos meios tecnológicos que favoreçam atividades cooperativas para instigar nos
estudantes a interação, a troca, a construção do conhecimento (ALBINO e
RAMOS, 2004, p. 1).
79
4 - PESQUISA DE CAMPO, CONFRONTO DE DADOS E ANÁLISES
A presente pesquisa teve seu projeto apresentado e aprovado pelo Parecer N°
20/207 de 24/05/2007 do Comitê de Ética em Pesquisa da FUNEDI/UEMG55 e refere-se a
levantamentos de dados da prática diária dos professores em relação à utilização dos recursos da
Informática na Educação.
4.1 – Objetivos e justificativas do estudo
Objetivos Gerais
Detectar o uso da Informática na sala de aula, através de entrevistas individuais
realizadas com duzentos professores do ensino fundamental e médio, da rede pública e privada das
cidades de Divinópolis-MG e Itaúna-MG.
Analisar também os recursos já disponibilizados (computadores, Internet e outras
tecnologias) e experiências já vividas pelos profissionais de ensino, como base para confrontar com
a problemática e hipóteses propostas neste projeto.
Objetivos específicos
1 – Analisar quais e como os recursos da Informática estão sendo utilizados na sala
de aula.
2 – Analisar quais os benefícios da utilização da Informática na sala de aula,
vantagens e possíveis desvantagens com a aplicação da tecnologia.
3 – Analisar quais os benefícios são detectados pelos professores e quais experiências
podem ser compartilhadas com outras comunidades educacionais.
4 – Analisar quais as maiores dificuldades encontradas pelos professores no uso da
Informática na sala de aula e como estão lidando com as novas situações impostas pela tecnologia
no dia-a-dia.
55
O Comitê de Ética em Pesquisa da FUNEDI/UEMG encontra-se devidamente registrado pela CONEP – Comissão
Nacional de Ética em Pesquisa sob. Nº 058205/0006.17 de 12 de abril de 2006 .
80
Problemática
A rejeição da Informática pela Educação que continua contribuindo para a formação
de um mundo na Escola e outro fora dela.
Hipóteses
1) Há falta de recursos (hardware, software e treinamento) nas escolas; estes são
insuficientes para a inclusão da Informática como instrumento de transformação da educação e sua
adequação ao mundo fora da escola.
2) Há grande resistência por parte da Escola e dos docentes na utilização da
Informática, principalmente na sala de aula, por falta de conhecimento e receio dos impactos das
transformações que a tecnologia pode produzir na relação professor/aluno.
Metodologia utilizada
Outras pesquisas semelhantes a esta foram realizadas em outros países e também no
Brasil. Na Inglaterra, DRENOYIANNI E SELWOOD (1998) aplicaram 37 questionários aos
professores do Ensino Fundamental. Na Austrália, RUSSELL e BRADLEY (1997) aplicaram 350
questionários aos professores dos ensinos Fundamental e Médio na Griffith University. Na
Alemanha, MANFRED (2000) utilizou questionários em instituições em 1996, aplicados em
professores dos ensinos Fundamental e Médio. No Brasil, CARBONI (2006) aplicou questionários
para professores de instituições de ensinos Fundamental e Médio das escolas do distrito da Vila
Mariana em São Paulo. Também no Brasil, SILVA e SOUSA (2005) aplicaram questionários para
professores da rede pública e privada de Belo Horizonte e de algumas cidades do Estado de
Massachussetes nos E.U.A. Observou-se que apesar de terem sido realizados em locais diferentes,
muitos dos resultados são semelhantes, incluindo os encontrados nesta pesquisa.
A pesquisa foi realizada através de trabalho de campo, com duzentos56 professores
da rede pública e privada das cidades de Divinópolis-MG e Itaúna-MG, através de entrevistas,
tendo-se como base um questionário aplicado aos professores (ANEXO C).
56
A amostra de 200 entrevistas foi definida aleatoriamente e baseando-se nos trabalhos de RUSSELL e BRADLEY
(1997).
81
A cidade de Divinópolis-MG foi escolhida por ser pólo da região Centro-Oeste de
Minas Gerais57 e a cidade de Itaúna-MG, por estar há apenas 40 km de distância de Divinópolis e
ter recebido, em 1975, pela UNESCO, da OEA e do Ministério da Educação e da Secretaria de
Estado da Educação, o título de Cidade Educativa do Mundo58.
A definição do número de professores que seriam entrevistados em cada uma das
cidades (Divinópolis-MG e Itaúna-MG), foi obtido levando-se em consideração a proporção
aproximada de cada cidade conforme a TAB. 3. e os professores entrevistados foram selecionados
através de sorteio.
TABELA 3
Número de professores nas cidades de Divinópolis-MG e Itaúna-MG
N° de
% de
Professores
Professores
Itaúna-MG
1.769
37,5
Divinópolis-MG
2.944
62,5
Totais...
4.713
100,0
Cidade
Fonte: IBGE (2005)
Muitos professores selecionados não participaram, sendo necessários outros sorteios,
totalizando aproximadamente trezentos questionários distribuídos, que, ao completar as duzentas
entrevistas das duas cidades alvo, a pesquisa no campo foi encerrada.
Nesta pesquisa foi adotado o método quantitativo, não excluindo por totalidade o
método qualitativo, considerando a integração necessária dos dois métodos, conforme PORTELA
(2004) e também o IBOPE59 (2004):
Acreditamos que a melhor forma de se pesquisar é através da integração entre os
métodos quantitativo e qualitativo, pois para analisar-se com fidedignidade uma
situação dada é necessário o uso de dados estatísticos e outros dados quantitativos,
e também da análise qualitativa dos dados obtidos por meio de instrumentos
57
Conforme WIKIPÉDIA (2007). Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Divinópolis>. Acesso em: 11 ago. 2007.
A lei municipal de Itaúna-MG, No 4.016, de 23 de dezembro de 2005, reconhece e instituiu no calendário oficial do
município,o dia 19 de abril como o Dia Itaúna Cidade Educativa do Mundo, em comemoração ao título recebido pelo
Município em 19 de abril de 1975.
59
Uma vez definido o tema da pesquisa, deve-se escolher entre realizar uma pesquisa quantitativa ou uma pesquisa
qualitativa. Uma não substitui a outra: elas se complementam.
(IBOPE. Disponível em:
<http://www.ibope.com.br/calandraWeb/BDarquivos/sobre_pesquisas/tecnicas_pesquisa.html>. Acesso em: 08 ago.
2007).
58
82
quantitativos, entre outros cuidados para se evitar o viés, fruto da subjetividade que
encerra uma pesquisa, a exemplo da subjetividade do pesquisador (PORTELA,
2004, p. 3).
4.2 – Amostragem da pesquisa
As entrevistas foram realizadas no período de 25 de maio a 31 de julho de 2007. Ao
todo foram entrevistados duzentos e sete professores e destas, sete entrevistas foram descartadas por
não serem das cidades foco da pesquisa. Os GRÁF. 1 ao 11 apresentam as amostras da pesquisa.
GRÁFICO 1 – Distribuição da pesquisa por cidades dos entrevistados
GRÁFICO 2 – Distribuição da pesquisa pelo sexo dos entrevistados
83
GRÁFICO 3 – Distribuição da pesquisa por idade dos entrevistados
GRÁFICO 4 – Distribuição da pesquisa por tempo em que os entrevistados lecionam
84
GRÁFICO 5 – Distribuição da pesquisa por tipo da instituição onde os entrevistados lecionam
GRÁFICO 6 – Distribuição da pesquisa por número de escolas em que os entrevistados lecionam
85
GRÁFICO 7 – Distribuição da pesquisa por períodos em que os entrevistados lecionam
GRÁFICO 8 – Distribuição da pesquisa por número de períodos60 em que os entrevistados lecionam
60
Período, neste contexto, indica se o professor leciona para mais de um período, como ensino infantil, fundamental,
médio, graduação, pós-graduação, mestrado ou doutorado.
86
GRÁFICO 9 – Distribuição da pesquisa por área de formação acadêmica61 dos professores entrevistados
GRÁFICO 10 – Distribuição da pesquisa pelo maior nível de formação acadêmica dos entrevistados
61
De acordo com a a tabela de áreas de conhecimento da CAPES de 29/12/2006. Disponível em:
<http://www.capes.gov.br/avaliacao/tabelaareasconhecimento.html>. Acesso em: 02 jul. 2007.
87
GRÁFICO 11 – Distribuição da pesquisa pelo tempo da primeira graduação dos entrevistados
4.3 – Resultados obtidos
Os resultados da pesquisa mostram que a maioria dos professores entrevistados
(64%) é do sexo feminino (GRÁF. 2) e aproximadamente, 60% deles leciona para o ensino
fundamental e médio (GRÁF. 7), onde, conforme PENNA (2006), estão os jovens adolescentes com
maiores necessidades de interação e respostas para questões que as novas mídias têm gerado,
principalmente a utilização dos novos meios de comunicação com a sua “tribo”: MSN, Skype, email e comunidades virtuais como o ORKUT, blogs e outros62.
Há mais de duas décadas e meia a Informática teve o início de sua disseminação
popular com o lançamento do PC, com os trabalhos e livros de LÉVY (1993, 1998, 2000 e 2001),
GATES (1995) e muitos outros, juntamente com todo o histórico da evolução dos computadores e
principalmente do sistema operacional Windows da Microsoft em 1981 (TAB. 6 no ANEXO A),
que trouxe a facilidade visual e utilização com o então revolucionário “mouse”. Portanto, observase no GRÁF. 3, que a maioria dos professores entrevistados já estava dentro da ”cultura
Informática” que já se alastrava por todos os meios e conforme PAPERT (1985), inclusive na
Escola, mesmo que de forma modesta e insistindo em rejeitá-la como instrumento de
transformação.
62
As TAB. 1 e 2, juntamente com a FIG. 15, exemplificam bem estas novas formas de comunicação desta “tribo”
88
Conforme o GRÁF. 5, os professores entrevistados que lecionam tanto na rede
pública quanto na rede privada é de apenas 6% e que os demais lecionam exclusivamente na rede
privada (42%) ou na rede pública (52%), o que produziu uma amostragem praticamente equilibrada
na avaliação das duas redes pesquisadas.
Os resultados obtidos no GRÁF. 6 demonstram que a maioria (70,5%) dos
professores entrevistados leciona somente em uma escola, que pouco mais de um quarto deles
leciona em em duas escolas e que somente 3,5 % deles leciona em 3 escolas diferentes. É
importante considerar estes dados que também reafirmam o equilíbrio dos resultados obtidos na
pesquisa, pois, somente a minoria dos entrevistados estava em ambientes (cenários) diferentes
existentes entre as escolas da rede pública e as escolas da rede privada (BURGARDT, 2006).
Observa-se no GRÁF. 8 que apenas 5,5% dos professores entrevistados leciona para
mais de dois períodos (ensino infantil, fundamental, médio, graduação, pós-graduação, mestrado ou
doutorado), a maioria, 62% leciona somente para um período e 32,5% leciona para dois períodos
diferentes. Esta informação pode indicar que os conteúdos de um mesmo período das disciplinas
ministradas pelos professores entrevistados tendem a ser mais integrados ou ao menos
seqüenciados, o que facilita a montagem, reaproveitamento e reutilização dos recursos da
Informática nas (salas de) aulas.
Durante a realização das entrevistas, observou-se que muitos professores trabalham
em outras instituições, como indústria, comércio, governo e outras entidades que não são da
educação. E que eles também têm outras profissões além de professores, como: administradores de
empresa, contabilistas, economistas, advogados
e outros ligados à área das Ciências Sociais
Aplicadas. No decorrer das entrevistas, muitos destes professores declararam que lecionam
simplesmente para realização pessoal ou porque lecionar os obriga a manter-se atualizados e com
sua rede de relacionamos (networking) bem mais ampla e necessária em suas profissões fora da
carreira como docente. Isto ficou comprovado ao observar o GRÁF. 9, que demonstra a distribuição
da pesquisa por áreas de formação acadêmica dos professores, na qual se destaca a área das
Ciências Sociais Aplicadas com 31,54% dos entrevistados com esta formação.
Essa comprovação tem grande importância, considerando-se que tais professores, ou
seja, mais de 31% deles já está quebrando o paradigma discutido no capítulo 3, sobre a questão da
resistência da escola: o mundo da escola e o mundo fora dela, pois são estes professores que mais
89
contribuem levando para o mundo da escola tudo que usam no seu dia-a-dia no mundo fora dela.
Isso está ocorrendo com mais ênfase nas escolas privadas, entretanto, durante as entrevistas, vários
professores da rede pública, que têm ocupações profissionais diferentes de docentes, narraram fatos
em que eles foram os agentes de várias transformações de processos na escola, incluindo a
utilização de novas tecnologias, como a Informática, devido às suas experiências e vivências fora da
escola.
Observou-se também que esses professores têm mais facilidades, utilizam mais a
Informática em suas aulas e foram eles que apresentaram mais sugestões para melhorar a utilização
dos recursos da Informática na Educação (TAB. 5).
.
Durante a pesquisa, além dos professores serem entrevistados em suas próprias
residências, alguns agendaram o encontro nas dependências
das instituições de ensino onde
lecionam, alguns nas bibliotecas, outros nas salas de professores e demais locais disponíveis.
Durante estes encontros com os professores no ambiente acadêmico, foi detectado que muitos
destes professores “monopolizavam” os recursos tecnológicos disponíveis na escola, como
datashow, laboratórios de Informática e Internet. Havia grande prioridade por parte deles, em
reservá-los para os próximos horários assim que terminava uma aula e isto tinha que ser feito antes
mesmo da entrevista agendada, caso contrário, outro professor o faria. Tal fato chamou a atenção,
porque estes professores eram consultados sobre dúvidas no uso da tecnologia e agiam como líderes
na utilização da Informática em suas escolas, provocando em seus companheiros necessidades antes
inexistentes de utilização da Informática também em suas aulas. Por conseqüência, observou-se que
o grupo docente, com estas atitudes, pressionava a administração para adquirir novos equipamentos
e disponibilizar mais recursos de Informática para a utilização nas aulas.
No GRÁF. 10, observa-se que a maioria dos professores entrevistados (68%) é
especialista e que mais da metade deles tem menos de dez anos de sua primeira graduação (GRÁF.
11). Portanto, mais da metade dos professores entrevistados não pode ser considerada totalmente
leiga no assunto Informática, pois há dez anos, muito material sobre a Informática já circulava nas
escolas de nível superior onde eles estudaram, além de muitas delas também já terem laboratórios
de Informática há mais de uma década.
90
4.3.1 – Recursos da Informática disponíveis nas Escolas
Os resultados da pesquisa apresentam que 65% das escolas (públicas e privadas) tem
computadores disponíveis para serem utilizados nas aulas de acordo com as necessidades atuais dos
professores (GRÁF. 12).
Se descartamos os 6% da amostra total que são as entrevistas de
professores que lecionam tanto na rede pública como na rede privada (GRÁF. 5), baixando a
amostra da rede pública para 52% e da rede privada para somente 42%, ainda assim, a rede privada
investe mais em computadores (75%) para seus alunos e professores do que a rede pública com
55,77%, conforme GRÁF. 13 e 14.
GRÁFICO 12 – As escolas das redes pública e privada têm computadores disponíveis de acordo com as necessidades
atuais dos professores?
91
GRÁFICO 13 – A escolas da rede privada têm computadores disponíveis de acordo com as necessidades atuais dos
professores?
GRÁFICO 14 – As escolas da rede pública têm computadores disponíveis de acordo com as necessidades atuais dos
professores?
92
O GRÁF. 15 mostra que 74,5% das escolas, onde os professores entrevistados
lecionam, disponibiliza os computadores em laboratórios (espaço físico específico para os
computadores) e que há a disciplina Informática formalmente em seus currículos. Este resultado é
preocupante, pois, como citado no Capítulo 3, “Ao invés de cortar caminho e, assim desafiar a
própria idéia de fronteiras entre as matérias, o computador agora definiu uma nova matéria”
(PAPERT, 1994, p. 41). O autor cita o computador como instrumento da transdisciplinaridade e não
somente como mais um recurso pedagógico. “Ao invés de mudar a ênfase de currículo formal
impessoal para exploração viva e empolgada por parte dos estudantes, o computador foi agora
usado para reforçar os meios da escola” (PAPERT, 1994, p. 41). MENEZES também reforça a
resistência da Escola em utilizar a Informática como instrumento de transformação:
Em muitas escolas, os computadores ficam durante a maior parte do tempo
confinados a salas que só se abrem para aulas de Informática, sem se incorporar ao
projeto pedagógico. É como deixar trancados os livros da biblioteca ou limitar seu
uso ao processo estrito de alfabetização (MENEZES, 2006, p. 31) .
Tanto as escolas públicas quanto as escolas privadas envolvidas na pesquisa ainda
disponibilizam os computadores em laboratórios de Informática como mostrado nos GRÁF. 16 e
17. E observa-se no GRÁF. 15, que apenas 4% das escolas disponibiliza computadores em sala de
aula, para que o professor os utilize como instrumento de transformação e facilite 63 seu dia-a-dia
como docente. O restante, 11,5% das escolas não tem computadores ou estes estão disponíveis
(10%) apenas em outros locais64 (secretarias, bibliotecas, etc).
GRÁFICO 15 – Locais onde as escolas das redes públicas e privadas disponibilizam os computadores para os
professores
63
Veja no Anexo B, as declarações dos professores entrevistados relatando na prática os benefícios da Informática na
Educação.
64
Durante encontros com alguns professores nas escolas públicas para as entrevistas, observou-se que há escolas com
computadores nas secretarias e não disponíveis para os professores e que são utilizados mais para confeccionar cartazes
informativos aos alunos e docentes ou apenas com as mesmas finalidades das antigas máquinas de escrever.
93
Ao analisar e comparar os GRÁF. 16 e 17, surgem as diferenças entre as escolas da
rede pública e privada. Pois, os 4% das escolas que disponibiliza computadores em sala de aula para
o professor, conforme GRÁF. 15, refere-se exclusivamente a escolas da rede privada, ou seja,
nenhuma escola da rede pública envolvida na pesquisa disponibiliza computadores na sala de aula
para os professores. E estes 4%, na verdade são os 8,33% das escolas da rede privada, apresentados
no GRÁF. 16 que já consegue utilizar o computador como instrumento de transformação, incluindo
em suas aulas, conforme ALBINO e RAMOS (2004) a co-autoria ou no mínimo uma ferramenta de
automação das rotinas de interação do professor com o aluno (datashow, simulações virtuais e
pesquisas on-line sob demanda).
Analisando mais as diferenças entre as escolas da rede pública em relação à rede
privada, observa-se também que os 11,5% das escolas, conforme GRÁF. 15, que não possuem
computadores são exatamente os 22,12% apresentados no GRÁF. 17, ou quase um quarto das
escolas da rede pública envolvida na pesquisa não tem um computador. Ou seja, em todas as escolas
da rede privada envolvidas na pesquisa, os professores desejam mais computadores, ao passo que na
rede pública os professores desejam que se tenha ao menos um computador para utilizarem ou
iniciar a familiarização com ele.
GRÁFICO 16 – Locais onde as escolas da rede privada disponibilizam os computadores para os professores
94
GRÁFICO 17 – Locais onde as escolas da rede pública disponibilizam os computadores para os professores
O GRÁF. 18 mostra que mais de 31% dos professores entrevistados declarou que não
tem acesso livre e disponibilidade dos computadores para determinar quais e quantas aulas serão
dadas, porque a utilização destes recursos tecnológicos conflitam com horários de outros
professores. Também no GRÁF. 21, observa-se que mais de 65% dos professores entrevistados não
tem liberdade para utilizar os computadores em suas aulas, sem ter que pedir aprovação à direção
ou outro órgão da escola. E durante as entrevistas, vários professores reclamaram da
“monopolização” de recursos que são destinados a alguns professores, sendo um dos motivos
apontados como causadores destes choques de horários. Como já citado anteriormente, esse fato
realmente foi detectado durante as pesquisas. As causas de tudo isto são mostradas no GRÁF. 22,
que demonstra que quase três quartos dos professores considera a oferta dos computadores na
escola insuficientes para as atividades que gostariam de implementar e no GRÁF. 23, mais de 64%
dos professores aponta a falta de um um planejamento para manter os computadores sempre
atualizados, o que gera nas escolas número de computadores instalados, porém, nem todos
funcionando e disponíveis.
95
GRÁFICO 18 – Choques de horários dos professores na utilização dos recursos de Informática disponíveis nas escolas
das redes pública e privada
Os GRÁF.19 e 20 tratam da mesma questão do choque de horários na
utilização dos recursos disponíveis por parte dos professores; entretanto, demonstram a escola
privada e a escola pública, separadamente. Observa-se, nos GRÁF. 19 e 20, que nas escolas da rede
privada o conflito de horário é maior (40,74%) que nas escolas da rede pública (25,25%). Isso
ocorre porque todas as escolas da rede privada envolvidas na pesquisa têm computadores (GRÁF.
16) e elas utilizam mais a Informática na Educação. Ao passo que 22,12% das escolas da rede
pública não têm nenhum computador (GRÁF. 17) e as escolas que o têm usam menos os recursos
disponíveis. Estes dados apontam que mesmo nas escolas da rede privada há necessidade de mais
investimentos em recursos da Informática para serem utilizados pelos professores, principalmente
nas salas de aula, tornando o computador realmente o instrumento de transformação sob a batuta do
professor, que é o agente qualificado na Educação e que pode realmente transpor e remover as
fronteiras entre as disciplinas, integrando as especialidades e provendo a transdisciplinaridade
necessária conforme PAPERT (1994) e DOMINGUES (2001 e 2005).
96
GRÁFICO 19 – Choques de horários dos professores na utilização dos recursos de Informática disponíveis nas escolas
da rede privada
GRÁFICO 20 – Choques de horários dos professores na utilização dos recursos de Informática disponíveis nas escolas
da rede pública
97
GRÁFICO 21 – O professor tem liberdade para utilizar os computadores em suas aulas sem ter que pedir aprovação à
direção ou outro órgão da escola?
GRÁFICO 22 – Os computadores oferecidos são suficientes para as atividades que os professores gostariam de
implementar?
98
GRÁFICO 23 – Nas escolas existe um planejamento para manter os computadores sempre atualizados?
4.3.2 – Utilização dos recursos disponíveis
O GRÁF. 24 apresenta a freqüência mensal de utilização dos computadores pelos
professores, em suas aulas. Um bom resultado apresentado neste gráfico é que mais de 12% dos
professores entrevistados já utiliza a Informática entre 50 e 75% em suas aulas. Porém, também se
observa que mais de 70% dos professores usa pouco a tecnologia na escola e somente uma pequena
minoria (5,88%) usa os computadores em mais de 75% de suas aulas. Mesmo sendo a minoria,
pouco mais de um quarto dos professores que utiliza a informática acima de 25% em suas aulas já
estão conseguindo levar o mundo real para dentro das escolas. Seja através dos canais de
comunicação, com a Internet que estes computadores oferecem, seja com a facilidade na troca
(compartilhamento com outros professores) de informações por correios eletrônicos (e-mail), pelo
novo formato de aulas que se torna dinâmico, seja pelos conteúdos que são revisados com mais
freqüência, simulações e principalmente pelas oportunidades de ter acesso a um acervo infinito da
WEB, que cresce enormemente a cada instante. WOEI também destaca a importância da WEB:
Hoje, a informação em si é um bem que viaja à velocidade da luz e pode ser
encontrada em um cômodo de uma casa, em uma lanchonete, e até mesmo em
quiosques na rua. A responsabilidade disso foi, sem dúvida nenhuma, o advento e o
avanço da internet como meio de transmissão de informações. Com alguns poucos
cliques é possível conseguir praticamente tudo sobre cursos e instituições de
qualquer parte do mundo (WOEI, 2003, p.1) .
99
GRÁFICO 24 – Freqüência mensal da utilização de computadores em sala de aula pelos professores
No GRÁF. 25 observa-se que quase 12% dos professores considera ideal utilizar o
computador em acima de 75% de suas aulas e que mais de um terço dos professores entrevistados
considera que o ideal da utilização do computador é em acima de 50% de suas aulas.
O GRÁF. 5 demonstra que mais da metade dos professores entrevistados, leciona
em escolas da rede pública e que quase um quarto destas escolas (GRÁF. 17) não tem computadores
e na outra parte que os tem, eles são muito concorridos. Acredita-se que à medida que mais
investimentos forem realizados na aquisição de recursos de Informática para as escolas e os
professores começarem a contar certos com estes recursos, sem choques de horários (GRÁF. 18, 19
e 20), os mais da metade dos professores entrevistados que sugerem utilizar o computador entre 25
a 50% em suas aulas (GRÁF. 25), irão optar por 50 a 75% e até mesmo para acima de 75% de
utilização dos computadores em suas aulas. E a minoria de 11,83% dos professores entrevistados,
que sugere a utilização de menos de 25% dos computadores em suas aulas (GRÁF. 25), reduzirá
significativamente, permanecendo somente os professores muito resistentes a novas tecnologias e
mudanças de processos.
Estes professores mais resistentes a novas tecnologias tendem a ser atropelados pelas
novas fronteiras e, conforme GABRIEL (2001), são eles que não deixam a escola dialogar com seu
tempo, que a fazem permanecer apenas como espectadora dentro de uma realidade volátil e
extremamente dinâmica, causada por todas as adaptações que a globalização tem inserido no mundo
e conseqüentemente no universo da escola.
100
GRÁFICO 25 – Freqüência mensal da utilização de computadores em sala de aula, considerada ideal pelos professores
O GRÁF. 26 apresenta o nível de satisfação da escola, percebido pelo professor com
a utilização da Informática em suas aulas. Observa-se que mais da metade, ou seja 56,25% dos
professores entrevistados acredita que a escola (diretoria e coordenação) está satisfeita (médio/alto)
com os resultados alcançados com o uso da Informática em suas aulas.
O resultado que gera preocupação no GRÁF. 26 são os quase 20% de indiferença
por parte da escola. Durante as entrevistas, os professores afirmaram que a escola não se envolve
muito com a questão da disponibilidade dos recursos de Informática na escola. O que faz é delegar
esta atividade ao setor de logística, Informática e até mesmo a um professor com maior aptidão em
tecnologia, chegando a gerar, como já citado anteriormente, a “monopolização” dos recursos para
determinados professores. Somente quando a pressão é muito grande por parte de todos os
professores ou há algum evento político é que alguns recursos são adquiridos e rearranjados. Ainda
segundo os professores entrevistados, também não há nenhum item de controle para mensurar os
resultados do antes e depois da implementação de novos recursos tecnológicos. Apenas reuniões
rápidas para discutir os conflitos causados por choques de horários na utilização dos poucos
recursos que têm disponíveis, principalmente datashow.
Ainda no GRÁF. 26, tem-se o resultado de 23,86% de baixa satisfação por parte da
escola, que se acredita ser causado pela própria indiferença da escola e, principalmente, porque as
escolas estão simplesmente enchendo os laboratórios de Informática com computadores (hardware)
e a maioria delas, simplesmente, não sabe que estes computadores não funcionam sem sistemas
101
(software) e capacitação (treinamentos) para os professores e também para os alunos que irão
utilizá-los. Em muitas escolas visitadas65, durante as entrevistas a pedido dos professores, observouse que a maioria dos computadores estão sendo utilizados apenas como as antigas máquinas de
escrever, por falta de softwares específicos e falta de treinamento do professor que está tendo que
aprender, por sua conta e risco, como utilizar e integrar o computador ao conteúdo de sua disciplina.
Outro fator também detectado como causador desta baixa satisfação por parte da escola é a baixa
qualidade dos computadores instalados e disponíveis para os professores. Muitos deles estão
ultrapassados e não conseguem processar nem mesmo as versões mais recentes dos softwares de
editoração de textos e quando têm acesso à Internet, a conexão é precária. Ou seja, o professor ainda
tem que se aventurar com recursos já sucateados. “Os computadores normalmente são colocados
nas escolas sem o mínimo de preocupação com a preparação do profissional. As máquinas
normalmente são ultrapassadas e a escola não dispõe de recursos humanos” (informação verbal)66.
Durante as entrevistas, percebeu-se que não adianta plantar sementes de baixa
qualidade em terra boa. E foi exatamente isso que ocorreu, atingindo o baixo nível de satisfação da
escola, os 23,86% detectados no GRÁF. 26. Na verdade o nível de satisfação da escola não é baixo,
é apenas a colheita justa das precárias sementes plantadas (recursos inadequados ou inexistentes)
nas terras férteis da Educação (os professores).
GRÁFICO 26 – Nível de satisfação da escola com a utilização da Informática
65
Todas estas escolas visitadas são da rede pública, algumas com computadores já com vida útil vencida, doados pela
comunidade e empresas.
66
Declaração de um dos professores entrevistados na pesquisa de campo.
102
O GRÁF. 27 apresenta o nível de satisfação dos alunos com a Informática, percebido
pelo professor com a utilização da Informática em suas aulas. Observa-se que quase três quartos dos
dos professores entrevistados, ou seja 72,19% acredita que os alunos estão satisfeitos (médio/alto)
com os resultados alcançados através do uso da Informática em suas aulas. Muitos dos professores
entrevistados relataram sobre a atração dos alunos pela tecnologia, a forma intensa de utilização no
dia-a-dia por parte deles, como o uso de seus celulares multimídias, seus tocadores de músicas
digitais como MP3, MP4, IPOD, etc. A facilidade e o brilho nos olhos quando são apresentados às
novas tecnologias e até mesmo nas críticas quanto à qualidade e capacidade dos laboratórios de
Informática que eles têm disponíveis na escola67.
Durante as entrevistas com os professores, muitos reclamaram sobre a falta de
interesse dos alunos nas salas de aulas. Segundo eles, a maioria destes alunos cumprem o básico dos
deveres e apenas fazem o que é solicitado sem muita participação, ou seja, ouvem, registram e
muitos apenas decoram para as avaliações. Nota-se com isto que é necessário algo novo que mude
e faça com que os alunos participem e façam mais que registrar e decorar:
raciocinem,
desenvolvam e discutam suas próprias hipóteses sobre os temas tratados na escola.
O problema é que a forma tradicional de se fazer isto na Escola não se encaixa no
modelo do mundo fora dali, onde a efemeridade é uma constante e a quantidade de variáveis
envolvidas nas novas hipóteses dos assuntos modernos é imensa, impossível de serem processadas
por uma só pessoa como o professor, que no modelo atual tem que dominar o conteúdo e repassá-lo
ao aluno. Nesse ponto é que entram os computadores e todas as outras tecnologias que conseguem
memorizar e processar milhões de cenários simultaneamente, além de permitir que inúmeras
pessoas se envolvam e troquem experiências on-line, independente de onde estejam. E melhor que
isto, conforme LÉVY (1993), a tecnologia tem o poder de simulações virtuais, sem desperdícios de
materiais e sem limites para recursos, onde certo e errado não existem ou são relativos. Se o aluno
não precisar saber que algo até então é impossível, provavelmente ele irá tentar outros caminhos
que o torne possível.
Com a utilização da tecnologia na educação e o alto nível de satisfação e interesse
dos alunos detectados pelos professores nos GRÁF. 27 e 41, pode-se comprovar o poder da
tecnologia para, de fato, quebrar o paradigma de que na Escola o professor tem que ensinar e o
aluno aprender, além de praticamente reduzir o problema da falta de interesse dos alunos, citados
67
Veja o ANEXO B.
103
pelos professores entrevistados. Percebe-se que esta tecnologia que agrada aos alunos já agrada
também a muitos professores e que a Escola terá que deixar de ser um lugar físico e passar a ser
uma instituição de produção e disseminação do conhecimento. Uma instituição dinâmica que
acompanhe o mundo real fora da atual Escola, onde o professor não precisará ser mais o dominador
do conteúdo, pois alunos e professores estarão juntos construindo e divulgando sob demanda o
conhecimento, seja de forma presencial nas salas de aulas físicas ou conectados remotamente em
qualquer outro lugar do mundo. O professor passa a ser o coordenador do conteúdo e não mais o
ponto central de propagação do conhecimento e não haverá mundos diferentes dentro e fora da
escola.
GRÁFICO 27 – Nível de satisfação dos alunos com a utilização da Informática
Observa-se também no GRÁF. 27, que aproximadamente um quarto dos professores,
ou seja 27,81% deles, acredita que os alunos têm baixo nível de satisfação com a Informática na
Educação ou são indiferentes. Atribui-se este resultado, à baixa capacidade, qualidade e
disponibilidade dos computadores ofertados nas escolas, principalmente na rede pública. E como
citado anteriormente, os computadores disponíveis são até mesmo incapazes de processar os
programas básicos, ou seja, a tecnologia apresentada ao aluno já é ultrapassada e não consegue
realizar as operações que seus colegas de outras escolas, ou em casa conseguem fazer, não
despertando no aluno o interesse que teria potencial em fazê-lo.
Uma das questões da entrevista realizada com o professor, é a quem atribuir a
iniciativa de adotar o computador em suas aulas. E conforme o GRÁF. 28, observa-se que 66,45%
104
deles afirmou que eles mesmos tomaram a inciativa e que apenas pouco mais de um quarto, ou
seja, apenas 28,03% deles, respondeu que foi a escola que tomou a iniciativa. Este índice é
excelente, indicando que os professores estão, de fato, participando da inclusão digital nas escolas.
Entretanto, ao analisar a TAB. 4, que mostra os recursos da Informática que estes professores estão
utilizando na sala de aula, observa-se que excetuando pouquíssimos itens da lista apresentada,
houve na verdade apenas a mecanização da forma de transferir o conhecimento. O professor ainda
continua como o centro propagador do conhecimento e a escola ainda é um lugar e a produção do
conhecimento através da cooperação, da co-autoria e da coordenação (precisa ser a nova função do
professor) ainda está longe de ser algo real nas aulas dos professores entrevistados.
GRÁFICO 28 – De quem foi a iniciativa de adotar o computador na sala aula?
Outro resultado importante apresentado no GRÁF.28, mesmo que de forma tímida,
são os 2,58% dos professores que afirmaram ser dos alunos a iniciativa em adotar o computador na
sala de aula. É importante pelo fato de o professor ter acatado tal iniciativa e permitido que o aluno
participasse efetivamente da formatação das aulas. E também por haver interesse dos alunos em
melhorar e alterar a forma tradicional das aulas, incorporando ferramentas da tecnologia que podem
ajudar a atrair maior interesse e despertar o desejo de conhecer mais sobre os assuntos apresentados
na escola.
Na TAB. 4, pode-se observar que o recurso mais usado pelos professores é o
datashow com 23,79% e isto é facilmente compreendido, pois além de fácil utilização como
mostrado no GRÁF. 29, no qual 61,25% dos professores não teve dificuldade em implementar o
computador em suas aulas, vários professores afirmaram que utilizando esta tecnologia as aulas são
mais ricas em detalhes visuais, não são mais estáticas e podem incorporar recursos que antes eram
105
difíceis de produzir. E principalmente porque as aulas preparadas para esta tecnologia são fáceis de
ser alteradas e estar sempre atualizadas com todas as novidades do assunto apresentado ao aluno.
Além da aula ter maior rendimento quanto ao tempo e explanação dos assuntos. O grande problema
apresentado pelos professores foi a concorrência em ter este recurso disponível para todas as suas
aulas.
TABELA 4
Recursos da Informática utilizados pelos professores em suas aulas
Item Recurso utilizado
Professores que
utilizam
%
01
Datashow- Apresentações
59
23,79
02
Pesquisas na Internet
33
13,31
03
Jogos acadêmicos
27
10,89
04
Editor de textos e corretor ortográfico
26
10,48
05
Planilhas eletrônicas – Cálculos e gráficos
24
9,68
06
Softwares específicos para suas disciplinas
22
8,87
07
Exibição de filmes digitais no computador
17
6,85
08
DVD Player - conteúdo multimídia da disciplina
10
4,03
09
Editor gráfico para produção de desenhos
09
3,63
10
Exibição de figuras animadas
07
2,82
11
Exibição de fotografias
06
2,42
12
Simulação
04
1,61
13
Softwares de mapas
03
1,21
14
Softwares de demonstração em 3D
01
0,40
248
100,00
68
/////// Total de professores usuários dos recursos:
Ao observar a TAB. 04, destaca-se o item 06 (Softwares específicos para suas
disciplinas), utilizado por apenas 8,87% dos professores. Esse único item, pode englobar todos os
outros recursos utilizados pelos professores. Ou seja, estes softwares podem oferecer os recursos de
apresentações das disciplinas, pesquisas integradas e com referências cruzadas com a Internet, jogos
de assimilação, editores de notas a qualquer momento por parte do aluno e professor, como na lousa
digital apresentada na FIG. 16, laboratórios de simulações, multimídia e apresentação 3D. Tudo
isto de forma integrada e através dos links que conectam assuntos e toda a comunidade sobre o
conhecimento como um todo, permitindo navegar a qualquer momento de uma disciplina a outra de
forma transdisciplinar.
68
Vários professores usam mais de um recurso apresentado
106
Algumas escolas já adotaram a tecnologia. É o caso do colégio Dante Alighieri, de
São Paulo. A escola utiliza a lousa digital desde 2002 e garante que, com ela, as
aulas são mais dinâmicas. “A lousa promove a interação dos alunos com o
professor e é uma excelente ferramenta utilizada em sala de aula”, conta a
professora Valdenice Cerqueira, coordenadora do departamento de Tecnologia
Educacional da escola (ABREU, 2005, p. 1).
FIGURA 16 – Lousa Digital
Foto: Colégio Dante Alighieri – São Paulo-SP
Fonte: Revista Ciência Hoje (ABREU, 2005, p. 1)
GRÁFICO 29 – Professores com dificuldades durante a implementação do computador em suas aulas
107
TABELA 5
Sugestões dos professores entrevistados
Item Sugestão
01
%
Treinamentos, cursos de capacitação e reciclagem para os
professores e pessoal de apoio
76
22,03
02
Ampliar o número de computadores e da disponibilidade deles
70
20,29
03
Softwares específicos para cada disciplina
29
8,41
04
Um laboratório de Informática disponível e funcionando na escola
18
5,22
05
Equipamentos mais atualizados
18
5,22
06
Softwares atualizados
15
4,35
07
Treinamento extra-curricular para nivelar o conhecimento dos
alunos
15
4,34
08
Programação por parte da escola para atender a todos professores
13
3,77
09
Ter um local apropriado
12
3,48
10
Computadores com acesso à Internet
12
3,48
11
Maior interesse dos professores em utilizar a Informática
10
2,90
12
Maior assistência do pessoal de apoio
10
2,90
13
Divulgação dos recursos e benefícios dos mesmos
10
2,90
14
Computadores para todos os alunos na sala de aula
07
2,03
15
Adquirir ou ampliar equipamentos de datashow
06
1,74
16
Maior interesse das instituições de ensino
06
1,74
17
Todas as escolas deveriam ter a disciplina Informática no currículo
05
1,45
18
Disponibilizar o computador também na sala de aula, não somente
em laboratórios
04
1,16
19
Curso de Informática dentro da carga horária escolar
03
0,87
20
Abrir espaço para uso dos computadores em tempo integral
02
0,58
21
Financiamentos facilitados para o professor e estudante adquirir
computadores
02
0,58
22
Turmas menores - máximo 25 alunos
01
0,28
23
Após treinamentos criar grupos e fóruns para troca de experiências
pela Internet
01
0,28
345
100,00
69
\\\\\\\\ Total de sugestões recebidas
69
N° de
Professores
Vários professores fizeram mais de uma sugestão
108
Ainda no GRÁF. 29, observa-se que mais de 35% dos professores entrevistados teve
dificuldade em introduzir o computador em suas aulas. Acredita-se que pela falta de treinamentos,
cursos de capacitação e reciclagem para os professores e pessoal de apoio. A TAB. 5, mostra a lista
de sugestões apresentadas pelos professores durante as entrevistas e percebe-se que este item é o
primeiro com 76 sugestões. Ampliar o número de computadores e da disponibilidade deles, é a
segunda sugestão mais indicada pelos professores, sendo também outro importante motivo para este
índice.
Observou-se, durante a pesquisa que os professores que já utilizam a Informática em
suas aulas há mais tempo, encabeçaram a lista dos que sugeriram softwares específicos para cada
disciplina que leciona. E somando apenas as três primeiras sugestões dos professores, conforme a
TAB. 5: necessidades de treinamentos, equipamentos e softwares específicos, obtém-se mais de
50% de toda a lista de sugestões. Analisando esta informação e as demais sugestões da TAB. 5,
acredita-se, que se essas três primeiras sugestões dos professores forem atendidas, se a escola
insistir em
tratar a Informática apenas como mais uma disciplina, ignorando seu poder
transdisciplinar e continuar deixando que seus professores e alunos introduzam a Informática na
Educação de acordo com suas condições (GRÁF. 28) e não possuir um melhor e mais amplo
planejamento (GRÁF. 23), há um grande risco de todas as outras sugestões explodirem como
necessidades imediatas por parte dos professores e alunos de uma única vez. E a Escola,
principalmente da rede pública, corre o risco de perder as “rédeas” do processo e dos currículos que
seus professores ministram, pois, o mundo fora da escola irá utilizar o canal da tecnologia (Internet
e as novas mídias) para penetrar e invadí-la com suas requisições ON DEMAND do capitalismo.
Continuando a análise dos resultados, O GRÁF. 30 demonstra que a maioria dos
professores que já utiliza o computador há mais tempo, já tinha conhecimento de Informática, ou
seja, 67,07% dos professores, quando os adotaram em suas aulas. E este conhecimento foi adquirido
fora da escola e por conta do próprio professor. O restante, ou seja, 32,93%, participou de
treinamentos fornecidos pela escola, até mesmo porque em vários casos, 29,03% conforme GRÁF.
28, foi a escola que teve a iniciativa de adotar o computador em suas aulas.
É importante destacar que como o recurso mais utilizado é o datashow, conforme a
TAB. 4, o conhecimento declarado pelos professores é básico, o suficiente para apresentações e
editores de textos. Em alguns casos, até mesmo em simples planilhas eletrônicas e formatação de
tabelas, muitos professores têm dificuldades, não permitindo que eles utilizem softwares mais
109
sofisticados, principalmente softwares específicos de suas disciplinas, om as quias realmente teriam
maiores ganhos.
GRÁFICO 30 – O professor já tinha conhecimento e sabia utilizar a Informática em suas aulas?
Também foi questionado aos professores se eles conseguiam manter-se atualizados
com os programas e computadores disponíveis. O GRÁF. 31 mostra que somente 33,14% deles
consegue, mesmo assim com restrições e se esforçando em ler revistas técnicas e participando de
eventos nos quais as tecnologias são divulgadas. Desse percentual, a maioria são professores que
atuam em outras profissões e empresas privadas e são da área das Ciências Sociais e Aplicadas,
conforme GRÁF. 10, que utilizam mais intensamente a Informática no dia-a-dia.
110
GRÁFICO 31 – O professor consegue se manter atualizado quanto aos softwares e hardwares disponíveis?
Na TAB. 5, onde são apresentadas as sugestões dos professores para uma melhor
utilização dos computadores e outros recursos da informática na Educação, observa-se que
“softwares específicos” para cada disciplina é a terceira opção mais sugerida pelos professores. E
como já apresentado anteriormente, a utilização dos softwares específicos para cada disciplina é que
realmente irá levar o computador para a sala de aula e para isto é necessário que a escola dê
prioridade a treinamentos em grande escala para os professores (Sugestão mais enfatizada na TAB.
5). CARBONI também observa a necessidade de treinamento para diferentes disciplinas para os
professores:
Os professores precisam de treinamento para as diferentes disciplinas lecionadas, o
que o dificulta, sendo necessários criatividade e tempo do professor para preparar
sua aula, fazendo-os optar pelo autotreinamento, pois o oferecido pelas instituições
e governo é insuficiente, exigindo maior esforço dos professores (CARBONI,
2006, p. 6).
O GRÁF. 32 mostra que apenas pouco mais de um quarto dos professores utiliza
softwares exclusivos para suas aulas. Isto ocorre pela falta de recursos disponíveis para o professor
utilizar. E o GRÁF. 33 mostra isto com clareza, onde mais de 92% dos professores tem que utilizar
um computador para mais de um aluno e em mais de 22%, os professores têm que utilizar um
computador para mais de três alunos. Outro motivo é falta de familiarização com os softwares
exclusivos de suas disciplinas: no GRÁF. 34, observa-se que mais de 57% dos professores
entrevistados não utilizou nenhum recurso da Informática durante sua formação acadêmica. Apenas
111
31,69¨%, conforme o GRÁF. 35 fez cursos de Informática voltados para a Educação, menos de um
quarto, ou seja, apenas 22,56% conforme o GRÁF. 36 tem pleno domínio dos softwares utilizados
em sala de aula e somente 12,22% deles, conforme o GRÁF. 37 tem alto domínio do computador.
GRÁFICO 32 – O professor utiliza softwares exclusivos para suas aulas?
GRÁFICO 33 – Quantos alunos utilizam o mesmo computador nas aulas?
112
GRÁFICO 34 – Durante a formação acadêmica do professor foi utilizado algum recurso de Informática?
GRÁFICO 35 – O professor já fez cursos de Informática voltados para a Educação?
113
GRÁFICO 36 – Qual o domínio do professor sobre os softwares utilizados em suas aulas?
GRÁFICO 37 – Qual o domínio do professor sobre o computador?
O GRÁF. 38, mostra outro problema que os professores encontram nas salas de aula
com a utilização do computador: o desnivelamento de conhecimento de Informática pelos alunos.
Há alunos com conhecimentos avançados, medianos e alguns que não conhecem nada e em muitos
casos, nunca tiveram contato com um computador. Os professores entrevistados deram a sugestão
de a escola oferecer um treinamento extra-curricular para nivelar o conhecimento destes alunos,
conforme a TAB. 5. As escolas até já o fazem, só que não como treinamento extra-curricular e sim
como uma disciplina chamada Informática, alienando os alunos dos currículos e gerando outra
especialidade com todas as suas complexidades, não atendendo ao nivelamento desejado (PAPERT,
1994).
114
GRÁFICO 38 – Qual o domínio dos alunos sobre a Informática?
Nas entrevistas com os professores, também foram solicitados que avaliassem a
utilização prática da Informática em suas aulas. Pode-se observar, no GRÁF. 39, que mais da
metade dos professores, ou seja 56,33% deles, acredita que houve aumento de rendimento dos seus
alunos com a utilização dos computadores em suas aulas e que 64,2%, conforme o GRÁF. 40,
percebeu mudanças significativas em seus alunos, devido ao uso dos computadores. O GRÁF. 41,
mostra que mais de 80% dos professores entrevistados percebeu um grau médio/alto de interesse
dos alunos nas aulas com o computador.
GRÁFICO 39 – O professor percebeu aumento de rendimento dos seus alunos com a utilização dos computadores?
115
GRÁFICO 40 – O professor percebeu mudanças significativas em seus alunos devido ao uso dos
computadores?
GRÁFICO 41 – Qual o grau de interesse dos alunos nas aulas utilizando o computador?
Os professores também analisaram se as aulas melhoram ou rendem mais com a
utilização da Informática e no GRÁF. 42, observa-se que a maioria deles, ou seja, 85,9%, afirmou
que sim. E os relatos durante as entrevistas eram sobre: a facilidade e agilidade para a manutenção
dos conteúdos que, com apenas alguns cliques, inserem e reposicionam conteúdos nas aulas já
elaboradas e ainda com a opção de simular resultados antes de optar por uma ou outra forma da
aula. Também comentaram sobre as possibilidades de apresentar conteúdos dinâmicos que antes não
conseguiam ou exigiam muito tempo e materiais escassos na escola.
116
GRÁFICO 42 – As aulas melhoram ou rendem mais com a utilização da Informática?
Os professores foram questionados se preferem ou não lecionar utilizando o
computador em suas aulas. Quase 70% deles, conforme o GRÁF. 43, afirmou que sim e justificou,
dizendo que estas ficam mais ricas, interessantes e ágeis. O computador facilita a fixação dos
conteúdos, estimula a criatividade e o raciocínio, aumenta o rendimento dos alunos e desenvolve o
seu senso crítico. Os resultados também sugerem que a maioria dos 30,86% que respondeu que não
prefere utilizar esta ferramenta, não é capacitada ou não tem disponibilidade dos computadores para
todas suas aulas e não quer correr o risco de contar com os recursos da Informática e não os ter
quando necessitar. Outro problema constatado, é o número de alunos por computador, que chega em
muitos casos a mais de três por máquina, conforme demonstrado no GRÁF. 33. Isso pode ser
também facilmente confirmado ao se analisar a TAB. 5, na qual a segunda sugestão em ordem das
mais requisitadas pelos professores, foi para “ampliar o número de computadores e da
disponibilidade deles na escola”.
Já no GRÁF. 44 observa-se que 78,38% dos professores afirmou que as aulas dadas
com o computador são positivas e mais interessantes. Considerando-se as devidas proporções de
cada gráfico, os resultados comparativos entre os GRAF. 42 e 44 são agora mais coerentes,
reafirmando que a Informática pode reduzir o problema da falta de interesse e participação dos
alunos nas salas de aula. Os professores entrevistados ainda acreditam que as aulas com o
computador podem melhorar mais, se: novos programas específicos forem criados; as escolas
qualificarem mais seus professores; se houver um aluno por máquina e se o currículo escolar for
117
elaborado em conjunto com os alunos. Proporcionar cenários de desafios para os alunos,
intercâmbio de idéias com outras turmas, identificar quais as expectativas junto com os alunos são
pontos que, conforme os professores entrevistados, tornam as aulas mais interessantes.
GRÁFICO 43 – O professor prefere lecionar utilizando o computador?
GRÁFICO 44 – Como o professor analisa uma mesma aula dada com e sem o computador?
Os professores entrevistados, também fizerem uma comparação entre uma mesma
aula dada com e sem o uso do computador. 78,38% deles, conforme o GRÁF. 44, acredita que com
o computador a aula pode ser muito produtiva e mais interessante. Destacam-se os seguintes
comentários: “Com o uso do computador: o aluno não fica apenas recebendo o conteúdo, ele
interage e aproveita melhor a aula, as aulas são mais produtivas e criativas, há mais recursos para
ministrar os temas, provocam o desenvolvimento de novas estratégias, o pensamento torna-se mais
118
organizado, os alunos desenvolvem com mais facilidade a intuição e o senso crítico e os assuntos
complexos são apresentados de forma mais suave e simples, graças aos novos recursos visuais e
dinâmicos. Sem o uso do computador: alunos que só recebem conteúdos (mestre ensina, aluno tem
que aprender), são desinteressados, dispersos, as aulas são repetitivas e cansativas e os professores
são mais solicitados pelos alunos durante as aulas com mais interrupções, para compreender o
raciocínio”.
Também foi perguntando aos professores se eles utilizam os computadores para
avaliar seus alunos e 21,79% dos professores que utiliza a Informática em suas aulas já o faz,
conforme demonstrado no GRÁF. 45.
GRÁFICO 45 – O professor utiliza os computadores para avaliar seus alunos?
E encerrando a entrevista com os professores, eles foram questionados se existe
alguma reação contrária à utilização dos computadores em suas aulas, por parte dos familiares de
seus alunos e todos disseram que não há nenhum registro e nada quanto a isto. Inclusive relataram
que acontece exatamente o contrário: muitos alunos já têm acesso aos computadores em casa e para
muitas famílias de menor poder aquisitivo, a Escola é o único local onde seus filhos têm acesso à
Informática.
Durante a realização das entrevistas, observou-se também que o professor que
utiliza os recursos da Informática na escola, ou já adquiriu um computador para seu uso pessoal ou
deseja fazê-lo o mais rápido possível, dando sempre preferência em comprar um notebook, por
questões de mobilidade para ser utilizado em casa e na escola.
119
5 - CONCLUSÕES
O assunto aqui pesquisado é muito novo, tendo sido objeto de estudos há poucos
anos. Portanto, carece de constantes reflexões pela sua complexidade e capacidade de
transformações, particularmente na Educação, na qual estamos passando por uma fase de transição
entre aqueles que se profissionalizaram usando o computador e suas vantagens e aqueles que não
tiveram esta formação ou não se interessam em adquiri-la. A Informática é uma ciência muito nova
e está disponível e integrada a qualquer outra ciência; daí a sua importância como recurso da
transdisciplinaridade.
Após todos os contatos com os professores e finalizadas as análises das entrevistas,
concluiu-se claramente que a Informática é um excelente e necessário instrumento de transformação
da Educação, entretanto, o agente desta transformação com toda certeza será sempre o professor.
Analisando os itens da TAB. 5 que contém as sugestões, para se atender as
necessidades dos professores, principalmente o item 01 (Treinamentos, cursos de capacitação e
reciclagem para os professores e pessoal de apoio) e o item 02 (Ampliar o número de computadores
e da disponibilidade deles) que representam mais de 53% de todo o conjunto de sugestões, o
GRÁF. 15 no qual apenas 4% das escolas disponibiliza computadores em sala de aula, os 11,5% das
escolas que não têm computadores ou estes não estão disponíveis, os 10% onde os computadores
estão instalados em outros locais como secretarias, bibliotecas e outros, confirma-se a primeira
hipótese da pesquisa, de que há falta de recursos (hardware, software e treinamento) nas escolas,
estes são insuficientes para a inclusão da Informática como instrumento de transformação da
educação e sua adequação ao mundo fora da escola.
Quanto à segunda hipótese da pesquisa, de que há grande resistência por parte da
Escola e dos docentes na utilização da Informática, principalmente na sala de aula, por falta de
conhecimento e receio dos impactos das transformações que a tecnologia pode produzir na relação
professor/aluno, chegou-se a dois resultados: um por parte da Escola e outro por parte dos docentes.
Por parte da Escola, confirmou-se essa hipótese. Conclui-se que a escola não
consegue dialogar com seu tempo, ela permanece apenas como espectadora diante da Informática,
observando a alternância das novas fronteiras. Ela está perdendo a possibilidade de um diálogo
abrangente e atualizado com o mundo contemporâneo, que é midiático e a somatória da
120
comunicação com a tecnologia, tendo em vista a educação, é como uma música tocada em parceria..
E essa “música” está em descompasso, pois, enquanto a Escola ainda está presa a lugares físicos, a
“geração WEB” sabe tudo sobre o mundo virtual: adora conversar pelo MSN, ama entrar nos blogs
dos amigos, não vive mais sem Webcam e participa de um tanto de comunidades no ORKUT.
A Escola permanece comprometida com a filosofia educacional do final do século
XIX e início do século XX e ao invés de mudar a ênfase de currículo formal impessoal para
exploração viva e empolgada por parte dos estudantes, o computador foi agora usado para reforçar
os meios da escola. Os computadores não são incorporados aos projetos pedagógicos e uma
verdadeira integração da Informática (como do audiovisual) supõe portanto o abandono de um
hábito antropológico mais que milenar, o que não pode ser feito em alguns anos.
Observa-se também no GRÁF. 28, que apenas pouco mais de um quarto dos
professores respondeu que foi da escola a iniciativa em adotar o computador nas aulas e que,
conforme o GRÁF. 26, quase 20% dos professores acredita que para a Escola é indiferente o uso ou
não dos computadores em suas aulas. Portanto, por parte da Escola, as fronteiras continuam a se
multiplicar e continua também adiada, a transdisciplinaridade que a Escola tanto necessita e que
permitiria que Escola e o mundo fora dela fossem um só.
Por parte dos docentes, houve uma grande surpresa após a conclusão da pesquisa de
campo, pois, durante a análise da literatura e antes do início da pesquisa de campo, todas as
conclusões estavam voltadas para a confirmação de que havia grande resistência por parte dos
docentes, na utilização da Informática, tal hipótese não se confirmou com os dados apurados nos
gráficos apresentados no capítulo 4, além dos resultados obtidos durante as pesquisas com os
professores entrevistados.
Durante as entrevistas individuais com cada professor, observou-se que a maioria
destes, deseja fortemente utilizar a tecnologia em todas as suas aulas, sabe dos seus benefícios e que
muitos deles utilizam de seus próprios recursos financeiros e materiais para produzir e levar
conteúdos em mídias alternativas, com ênfase nas mídias da tecnologia que fazem brilhar os olhos
dos alunos e que estes ficam desejosos para as próximas aulas.
121
Outra surpresa da pesquisa, foi perceber que muitos professores com mais tempo de
docência, com mais idade e que não tiveram contato com os recursos de Informática em seus cursos
de graduação são os que usam a tecnologia e cobram maior utilização também por parte dos seus
colegas professores. Alguns professores afirmaram que não conseguiriam voltar a dar aulas em
quadro-negro e utilizar o velho giz, pois se perde muito tempo transcrevendo conteúdos que o aluno
pode receber eletronicamente e mais do que isto, incorporar movimentos e a riqueza de ilustrações
que são impossíveis de produzir com o giz e que são grandes recursos para memorização e
assimilação de conteúdos.
Portanto, conclui-se que a hipótese de que há grande resistência por parte dos
docentes na utilização da Informática, principalmente na sala de aula, por falta de conhecimento e
receio dos impactos das transformações que a tecnologia pode produzir na relação professor/aluno,
não se confirmou. Concluiu-se que há falta de recursos para utilização dos professores em outros
locais que não sejam laboratórios ou salas de aulas, a fim de que se familiarizem com eles e possam
praticar, preparar e manter seu conhecimento e ter suas aulas atualizadas.
Também detectou-se a necessidade de mais pessoal de apoio, de maneira a auxiliar o
professor, pois a falta da prática e treinamento, somada ao fato de que os professores não possuem
computadores próprios, deixa os professores inseguros nas aulas, utilizando a Informática, fazendoos evitá-los e resistir à sua adoção. Com isto o professor fica sem domínio dos recursos disponíveis,
começando a ter problemas com os alunos, que podem ter um conhecimento maior que o seu em
relação à Informática, levando-o a não adotar o computador em suas aulas.
Detectou-se também, dificuldades por parte dos docentes em relação a treinamentos.
Houve professores que sugeriram que os cursos e treinamentos sejam realizados dentro da carga
horária escolar, conforme TAB. 5. Apesar de saberem da importância e necessidade, muitos
professores são resistentes em dispor de tempo e dinheiro para os treinamentos. Quando o
treinamento é feito, reclamam que é efetuado por técnicos, o que dificulta a compreensão, assim
como pelo fato de existirem professores de disciplinas diferentes, exigindo mais tempo e
criatividade do professor no preparo de suas aulas.
Pode-se observar também no GRÁF. 35, que quase 70% dos professores
entrevistados nunca participaram de cursos de Informática voltados para a Educação. Para eliminar
essas dificuldades, uma mudança significativa de atitude pelo corpo docente é primordial e
122
necessária diante dos novos desafios da utilização das tecnologias da informação e comunicação na
educação.
Concluiu-se também que há uma série de outros problemas quanto à inserção da
Informática na Educação, em que o professor não consegue fazer muito e não se pode rotulá-lo de
resistente quanto à utilização da tecnologia por isto. Como a indisponibilidade de recursos
apresentadas no GRÁF. 18, a falta de liberdade para utilizar os computadores em suas aulas
apresentadas nos GRÁF. 21 e 22, a falta de um um planejamento por parte da Escola para manter
os computadores sempre atualizados, conforme o GRÁF. 23 e a baixa qualidade dos computadores
instalados e disponíveis para os professores, dos quais muitos estão ultrapassados e não possuem
acessos a Internet ou a conexão é precária. No GRÁF. 31, pode-se observar que apenas pouco mais
de 30% dos professores consegue se manter atualizado quanto a softwares e hardwares disponíveis.
No GRÁF. 33, aparece o problema de o professor ter que administrar mais de um aluno por
computador e em muitos casos, há mais de três alunos por computador.
Ainda negando a segunda hipótese quanto à existência de resistência do professor na
utilização da Informática na Educação, observa-se no GRÁF. 28, que houve participação intensa, ou
seja, 66,45% dos professores entrevistados, na iniciativa de adotar o computador em suas aulas.
Nos GRÁF. 29 e 30, observa-se que a maioria dos professores já sabia utilizar os computadores, não
teve dificuldades em implementá-los em suas aulas e ainda afirmou conforme os GRÁF. 39, 40 e
41, sobre as melhorias percebidas e as mudanças significativas em seus alunos devido a utilização
da Informática em suas aulas. Também nos GRÁF. 42, 43 e 44, o professor atesta as melhorias e
rendimentos de suas aulas com a inserção da Informática, sua preferência em ministrar suas aulas
utilizando o computador e faz uma comparação positiva e interessante em ter o computador para
ministrar seu conteúdo. Inclusive no GRÁF. 25, observa-se que quase 90% dos professores
entrevistados considera ideal utilizar o computador em suas aulas acima de 25% da carga horária
mensal. E destes 90% de professores, 24,73% acredita que o ideal seja utilizar o computador em
suas aulas entre 50 a 75% e ainda aproximadamente 12% deles acredita que a freqüência ideal seria
acima de 75% da carga horária mensal.
Analisando a literatura utilizada como referência neste trabalho e os resultados da
pesquisa, observa-se que as vantagens em utilizar a Informática na Educação são inúmeras. Dentre
elas, as que os professores mais destacaram foram: facilidade em preparar as aulas, mantê-las
atualizadas, usar os recursos de animação, som e controles de multimídia que prendem a atenção e
despertam interesse dos alunos. Na literatura o que mais chamou a atenção durante as pesquisas
123
foram os estudos de ALBINO e RAMOS, que apresentam o CSCL (Computer Supported
Colaborative Learning - aprendizagem colaborativa apoiada por computador), que são tecnologias
imbuídas do espírito coletivo, onde o conhecimento é desenvolvido por um grupo interligado, que
induz os envolvidos ao senso de responsabilidade, co-autoria pela solução encontrada e o
comprometimento com o fruto do trabalho de todos, onde ninguém é o proprietário da idéia, mas
sim, um colaborador. Utilizando os recursos da WEB, os hiperlinks entre os assuntos têm o poder
de implementar por conseqüência a transdisciplinaridade entre todas as áreas.
Como desvantagem da utilização da Informática na Educação, a pesquisa apresentou
a exclusão digital. Um dos professores entrevistados que preferiu não ser identificado, retratou bem
estas preocupações com a escola da rede pública em relação à escola da rede privada: “O mundo da
escola particular é menos distante do universo fora da escola do que a escola pública”. Alunos das
escolas públicas e privadas concorrem às oportunidades da vida fora da escola igualitariamente,
mais com formação escolar bem diferentes. Os dados apresentados nos GRÁF. 13 ao 20,
comprovam que os alunos da escola privada estão mais preparados para a tecnologia que impera no
mundo fora da escola.
Há também problemas nas escolas que têm um projeto pedagógico inconsistente,
autoritário e repetitivo, pois podem implementar a Informática sem rever suas posições quanto à
inércia e lentidão em acompanhar as novas fronteiras da tecnologia. Pois, tais itens quase sempre
não são percebidos ou são apenas “maquiados” com a utilização de “parafernálias eletrônicas”, ao
contrário da implementação da Informática como instrumento de evolução pedagógica. Isto poderá
assustar os alunos com a novidade desordenada, ao contrário de atraí-los e motivá-los gerando
resistências e dificuldades por parte do aluno.
Para finalizar, concluiu-se que a interatividade é uma das principais fronteiras que a
Informática trouxe para a Educação, bem exemplificada pela simulação que é, sem dúvida, um dos
novos gêneros de saber que a ecologia cognitiva informatizada transporta. Quando os paradigmas
mudam, o próprio mundo toma novas direções. O professor precisa deixar de ser mero expectador e
crítico desses avanços, pois, ele tem o poder de ser o agente pró-ativo dessa interatividade e
simulação, tornando a transdisciplinaridade palpável e realizável em todas as áreas do
conhecimento.
124
Não se pode afirmar que a Informática aplicada à Educação é o único meio eficaz de
ensino e aprendizagem, mas, pelo o que se observou nesta pesquisa e também em outras, como a de
SILVA e SOUZA, ela colabora de forma significativa com o professor e o aluno. Quem a utiliza
recomenda.
125
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135
7 - ANEXOS
ANEXO - A
TABELA 6 - Versões do sistema operacional Windows
Versão
Windows 1.0
Características
A Microsoft anunciou o lançamento deste que foi o primeiro Windows na
primavera de 1981, porém, ele foi lançado no dia 20 de novembro de 1981.
O Windows 1.0 não foi nenhum grande sucesso comparado com seus
sucessores da década de 90, devido à limitação do hardware da época.
Rodando em XTs (computadores da época) que tinham apenas 512Kb de
memória, o Windows consumia praticamente tudo. Inicialmente, ele foi
lançado em 4 disquetes de 5,25 polegadas de 360 KB cada um.
O Windows 1.0 continha um jogo de aplicações para desktop, um
calendário, bloco de notas, calculadora, relógio e programas de
comunicação. O conceito de janelas e ícones copiado do sistema
operacional da Apple, o MacOS. Nesta versão ainda não havia suporte à
sobreposição de janelas.
Windows 2.0
O Windows 2.0 foi lançado em 1987 e praticamente tem a mesma interface
do Windows 1.0, com a diferença de ter mais recursos e ferramentas.
Existem mais duas versões especiais do Windows 2.0:
Windows 2.0/386 - Versão do Windows 2.0 lançada em 1988, otimizada
para aproveitar todos os recursos dos microprocessadores 386;
Windows 2.0/286 - Versão do Windows 2.0 lançada em 1989, em 7
disquetes de 3,5 polegadas de 720 KB cada um.
Windows 3.x
Versão voltada principalmente a redes locais (LANs) propiciando maior
facilidade aos usuários de construírem suas próprias redes.
Pode ter sido responsável pela saída do mercado de empresas como Novell
e Lantastic, que dominavam como fornecedoras de NOSes (sistemas
operacionais para redes) em plataformas cliente-servidor e ponto a ponto,
respectivamente.
Windows 95
Versão lançada em 24 de agosto de 1995, com mudança radical na forma
136
Versão
Características
de apresentação e interface com o usuário, graças ao uso das instruções de
32 bits. Todas as versões anteriores eram baseadas em 16 bits. Os nomes
dos arquivos puderam a partir de então ter 255 caracteres (mais uma
extensão de três caracteres), isto é, suporte a nomes extensos de arquivos e
não apenas 8 (com a extensão de 3) como ocorria nas versões anteriores.
Windows NT
O Windows NT foi lançado pela Microsoft com o objetivo principal de
fornecer mais segurança e comodidade para ambientes corporativos, isto é,
usuários de empresas e lojas. A sigla NT significa New Technology (nova
tecnologia) e a partir de 2001 este tipo de Windows começou a ter outros
nomes, ser oferecido também para usuários domésticos e começou a mudar
de visual, como um exemplo o Windows XP (Windows NT 5.1). Este
Windows permaneceu sem popularidade até o fim da era 9x/ME, quando
lançaram o Windows 2000 ou NT 5.0. Nesta edição também foi
implementada a idéia de Serviços, na qual o sistema operacional trabalha a
partir de serviços (como se fossem vários computadores isolados em um
só), tendo assim menores chances de travar, pois era possível reinicializar
apenas um serviço do que o computador por inteiro. Estas versões do
Windows aceitam três tipos de sistemas de arquivos:
FAT16 - Windows NT 3.xx e Windows NT 4.0;
FAT32 - Windows 2000, Windows XP e Windows 2003;
NTFS - Windows NT 4.0, Windows 2000, Windows XP, Windows 2003
Windows 98
Versão lançada pela Microsoft em julho de 1998, trazia como novidade a
completa integração entre o sistema operacional e a Internet. A grande
novidade é o suporte a múltiplos monitores e USB. Uma segunda edição,
chamada de Windows 98 SE (de Second Edition) foi lançada em 1999 e
servia para corrigir os bugs da versão anterior e trazia drivers e programas
atualizados. Muitos usuários classificam esse sistema como um dos
melhores já lançados pela Microsoft.
Windows ME
Com poucas diferenças para o Windows 98, ele parece ter sido um sistema
que foi lançado para dar alguma resposta aos fãs que esperavam por uma
nova versão, enquanto o Windows XP não fosse lançado. Trata-se
basicamente de uma implementação da interface de usuário do Windows
2000 na arquitetura do Windows 98, resultando no Windows ME. Ele foi
137
Versão
Características
lançado oficialmente em Agosto de 2000. É considerado por algumas
pessoas como uma versão ruim e defeituosa, porém era mais rápida do que
o Windows 98; a partir desta versão, foi introduzida uma nova tecnologia,
que permitia o Windows rodar mais rápido dentro de um computador. Na
mesma época, foi lançada uma nova versão do Mac OS X e a Microsoft
estava com receio de perder clientes. Reagindo a este fato, lançou o
Windows ME para que os fãs aguardassem o lançamento do Windows XP.
Windows 2000
O lançamento desse Windows, em Fevereiro de 2000, que também era
chamado de Windows NT 5.0 marcou o começo da era NT (New
Technology) ainda com falhas de segurança, como, por exemplo, o
armazenamento de senhas em um arquivo próprio e visível, o que
facilitava a ação de hackers e invasores. Ainda não apresentava muita
semelhança com o XP no visual, que até então ainda era o mesmo do ME.
Nesta versão foi iniciada a criação e utilização de um novo sistema de
gerenciamento, baseado em LDAP, chamado pela Microsoft de Active
Directory, o que trazia diversas funções, como suporte a administração de
usuários e grupos (como no NT3.51+) além das novas opções como
computadores, periféricos (impressoras, etc...) e OU´s (Organization Unit).
Versões: Professional, Server, Advanced Server e Datacenter Server.
Windows XP
É a versão mais recente, lançada em Outubro de 2001 e é também
conhecida como Windows NT 5.1. Roda em formatações FAT32 (File
Allocation Table, em português: "tabela de alocação de arquivos") ou
NTFS (New Technology File System, em português: "nova tecnologia de
sistema de arquivos"). A sigla XP deriva da palavra eXPeriência. Uma das
principais diferenças em relação às versões anteriores é quanto à interface.
Trata-se da primeira mudança radical desde o lançamento do Windows 95.
A partir deste Windows, surgiu uma nova interface, abandonando o antigo
formato 3D acinzentado. Também é notável a incrível diferença de
velocidade com qualquer versão anterior, o suporte a Hardware também
foi melhorado em relação às versões 9x.
Versões: Home, Professional, Tablet PC, Media Center Edition, Embedded,
138
Versão
Características
Starter Edition e Windows XP 64-bit Edition
O nome de código desta versão, antes do lançamento, era Whistler.
Windows Server 2003
Versão do Windows lançada em Abril de 2003, e é também conhecida
como Windows NT 5.2. Novidades na área administrativa, Active
Directory, e automatização de operações. Versões: Standard Edition,
Enterprise Edition, Data Center Edition e Web Edition (32 e 64 bits).
Windows Vista
A Microsoft divulgou recentemente alguns detalhes do Windows Vista,
também conhecida como Windows NT 6.0 e é o sistema operacional que
substituirá o Windows XP e que terá seis versões, uma delas simplificada e
destinada aos países em desenvolvimento. O Windows Vista começará a
ser vendido no início de 2007.
São três versões destinadas ao usuário doméstico:
Vista Home Basic
Vista Home Premium
Ultimate Edition
As duas versões voltadas para o público corporativo são:
Vista Business
Vista Enterprise
O Vista Starter, destinado aos mercados emergentes.
O nome de código desta versão, é Longhorn.
Windows Vienna
Prometido para 2008.
Windows CE
Versão minimalista que equipa dispositivos com sistemas embarcados
como rádios automotivos, celulares, PDAs, robôs, TVs e etc.
Compatibilidade:
Os primeiros Windows, como o 1.0, 2.0 e 3.x, só são compatíveis em
partições formatadas com o sistema de arquivos FAT (em português:
Tabela de alocação de arquivos), ou como é chamado, FAT16. No salto do
3.1 para o 95B (Windows 95 OSR 2/OSR 2.1), os HD's poderiam ser
139
Versão
Características
formatados em FAT32. Inicialmente lançado com o Windows NT, a
tecnologia NTFS é agora o padrão de fato para esta classe. Com a
convergência de ambos sistemas, o Windows XP passou também a preferir
este formato.
Características técnicas:
A principal linguagem de programação usada para se escrever o códigofonte das várias versões do Windows é a linguagem C++.
Até à versão 3.11, o sistema rodava em 16 bits, daí em diante, em 32 bits.
As últimas versões (como o XP, o 2003 e o futuro Windows Vista, nome de
código Longhorn) estão preparadas para a tecnologia 64 bits. Esse sistema
deverá incluir o sistema de arquivos WinFS.
Fonte: WIKIPÉDIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Windows>. Acesso em: 23 abr. 2006
140
ANEXO B
ALGUMAS DECLARAÇÕES DOS PROFESSORES ENTREVISTADOS NA PESQUISA DE
CAMPO
1)“Aula sem computador – dificuldade de atualização das aulas e falta de ilustrações”.
2)“A utilização da Informática na sala de aula hoje é um avanço sem retorno em função de
possibilitar maior praticidade e atualização dos conteúdos, além de permitir uma visualização
maior de alguns detalhes e peculiaridades do conteúdo, antes difíceis de serem visualizados
dentro de sala de aula”.
3)"Não sei fazer uso dos computadores. Visito o laboratório com meus alunos nos horários
estabelecidos pela escola e com a presença do técnico em informática. Meus alunos adoram
jogos ortográficos, desafios matemáticos, textos de datas comemorativas etc. Sempre falei que
não queria aprender, mas, hoje vendo o brilho nos olhos e a satisfação de meus alunos, pretendo
aprender."
4)“O uso do computador nas escolas de forma regular pode colaborar para diminuir a exclusão
digital, pois, há ainda um número grande de alunos que não possuem esse recurso em casa.”
5)“Gostaria muito de usar o computador em minhas aulas, mas existem vários fatores
impedindo que isso aconteça: Computadores insuficientes, falta de material e profissionais
treinados, ambiente adequado, etc. No entanto a inovação tecnológica da informática no
ambiente escolar é uma realidade que não podemos deixar de colocar em prática por causa do
comodismo gerado pelos impedimentos que relacionei. As soluções têm que ser buscadas,
porque se não nunca seremos parte dos 'ditos' países de primeiro mundo.”
6)“O computador é um recurso rico, divertido que nos ajuda nas questões cognitivas,
principalmente quando trabalhamos junto com os professores de sala de aula. O computador
desperta a atenção e a percepção dos alunos, tornando a mesma aula mais divertida e
interessante. Vejo como foi bom para os alunos. Vejo o progresso de cada um até em alunos com
deficiência mais severa. Conseguimos despertar a atenção e concentração antes tão difíceis.
(mesmo que por pouco tempo)”.
7)“O que mais me chamou atenção foram as crianças 'hiperativas' que em frente ao computador
parece que estão hipnotizadas jogando 'sozinhos' por vários minutos sem dispersar”.
8)“Meu sonho é que meus alunos saissem da escola em pé de igualdade com os alunos de
escolas particulares onde esses dominam tudo da informática e internet”.
141
9)“Não tive formação de informática, mas economizei, comprei o meu 'dentro das minhas
possibilidades' e procurei recursos próprios”.
10) “Na era da informática ainda existem pessoas na educação sem a menor condição de aderirse ao mercado 'tão' amplo dos softwares sofisticados, internet que mudariam a cara da educação
e principalmente a qualidade do ensino no país”.
11) “Adoro utilizar o computador com meus alunos, pois desperta interesse e curiosidade
incentivando-os ao crescimento”.
12)“Deve-se trazer a tecnologia para dentro da escola ou usar a tecnologia para levar a escola
para fora de seus muros”.
142
ANEXO C
QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES NA PESQUISA DE CAMPO
Caro(a) Professor(a);
Solicito a gentileza de sua colaboração em participar desta pesquisa, respondendo
as perguntas deste questionário, a fim de que consigamos construir uma visão da
situação da utilização da Informática em nosso ambiente acadêmico. Suas respostas
serão utilizadas exclusivamente para análise e são de suma importância no Programa de
Mestrado em Educação, Cultura e Organizações Sociais da Universidade Estadual de
Minas Gerais – UEMG; onde participo como mestrando desde março de 2005. Minha
dissertação é sobre Informática na Educação, na qual, pesquiso sobre o uso da
tecnologia em sala aula e no meio acadêmico. Sua ajuda é essencial para a conclusão
deste trabalho.
Desde já lhe agradeço muito.
Atenciosamente;
Professor Rogério da Cunha Maia
PARTE I – DADOS PESSOAIS
01 - Nome: ______________________________________________________
02 - Escola(s) em que leciona: _______________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
03 - Idade:
04 – Sexo:
( ) Até 30 anos
( ) Feminino
( ) De 30 a 40 anos
( ) Masculino
( ) De 40 a 50 anos
( ) De 50 a 60 anos
( ) Acima de 60 anos
143
05 – Em qual instituição se graduou? _____________________________________
_______________________________________________________________
06 – Em qual curso é sua graduação? _________________________________
_______________________________________________________________
07 – Ano de conclusão de sua graduação? __________________________
08 – Concluiu ou está cursando algum curso de pós-graduação?
( ) Sim
( ) Não
Se sim: Quais: _____________________________________________
(
) Especialização ( ) Mestrado
09 – Há quanto tempo leciona?
(
) Doutorado
10 – Para quais períodos leciona?
(
) Até 5 anos
(
) Ensino Infantil
(
) De 5 a 10 anos
(
) Ensino Fundamental
(
) De 10 a 15 anos
(
) Ensino Médio
(
) De 15 a 20 anos
(
) Ensino Superior
(
) De 20 a 25 anos
(
) Pós-graduação
(
) De 25 a 30 anos
(
) Mestrado
(
) Acima de 30 anos
(
) Doutorado
PARTE II – NA ESCOLA
11 – A escola em que o(a) senhor(a) leciona possui computadores disponíveis para serem
utilizados em suas aulas, de acordo com suas necessidades?
(
) Sim (
) Não
12 – Onde estes computadores ficam disponíveis?
(
) Na sala de aula
(
) Em laboratórios de Informática
(
) Outros locais
144
13 – O(A) senhor(a) tem acesso livre e disponibilidade dos computadores para determinar
quais e quantas aulas serão dadas utilizando este recurso tecnológico, sem conflitar com
horários de outros professores?
(
) Sim (
) Não
14 – O(A) senhor(a) tem liberdade para utilizar os computadores em suas aulas sem ter
que pedir aprovação à direção ou outro órgão da escola?
(
) Sim (
) Não
15 – Os computadores oferecidos ao(à) senhor(a) são suficientes?
(
) Sim (
) Não
16 – Existe um planejamento para manter os computadores sempre atualizados ?
(
) Sim (
) Não
17 – Com que freqüência mensal, o(a) senhor(a) utiliza os computadores em suas aulas?
(
) Menos de 25%
(
) Entre 25 e 50%
(
) Entre 50 e 75%
(
) Acima de 75%
18 – Em sua opinião, qual seria a freqüência ideal de utilização dos computadores em
suas aulas?
(
) Menos de 25%
(
) Entre 25 e 50%
(
) Entre 50 e 75%
(
) Acima de 75%
19 – Qual o nível de satisfação da escola, que o(a) senhor(a) percebe com a utilização da
Informática em suas aulas?
(
) Baixo
(
) Médio
(
) Alto
(
) Indiferente
145
20 – Qual o nível de satisfação dos alunos, que o(a) senhor(a) percebe com a utilização
da Informática em suas aulas?
(
) Baixo
(
) Médio
(
) Alto
(
) Indiferente
21 – De quem foi a iniciativa de adotar o computador em suas aulas?
(
) Sua
(
) Da Escola
(
) Dos Alunos
(
) Outros Professores
22 – O(A) senhor(a) teve dificuldades durante a implementação do computador em suas
aulas?
(
) Sim (
) Não
23 – O(A) senhor(a) já tinha conhecimento e sabia utilizar a Informática em suas aulas?
(
) Sim (
) Não
24 – O(A) senhor(a) consegue se manter atualizado quanto aos softwares (programas) e
hardwares (computadores) disponíveis no mercado e sua utilização?
(
) Sim (
) Não
25 – O(A) senhor(a) utiliza softwares exclusivos para suas aulas?
(
) Sim (
) Não
26 – O(A) senhor(a) percebeu mudanças significativas em seus alunos devido ao uso dos
computadores em suas aulas?
(
) Sim (
) Não
27 – O(A) senhor(a) já fez cursos de Informática voltados para a Educação?
(
) Sim (
) Não
28 – Existe alguma reação contrária à utilização dos computadores em suas aulas, por
parte dos familiares de seus alunos?
(
) Sim (
) Não
146
29 – O(A) senhor(a) utiliza os computadores para avaliar seus alunos?
(
) Sim (
) Não
30 – O(A) senhor(a) percebeu aumento de rendimento dos seus alunos com a utilização
dos computadores em suas aulas?
(
) Sim (
) Não
31 – Qual o grau de interesse de seus alunos nas aulas utilizando o computador?
(
) Baixo (
) Razoável (
) Médio
(
) Alto
32 – Qual o domínio do(a) senhor(a) sobre o computador ?
(
) Baixo (
) Razoável (
) Médio
(
) Alto
33 – Qual o domínio do senhor(a) sobre os programas (softwares) utilizados em suas
aulas?
(
) Baixo (
) Razoável (
) Médio
(
) Alto
34 – De forma geral, qual o domínio dos seus alunos sobre a Informática?
(
) Baixo (
) Razoável (
) Médio
(
) Alto
35 – Quantos alunos utilizam o mesmo computador em suas aulas?
(
) Um (
) Dois (
) Três
(
) Mais de três
PARTE III – QUESTÕES ABERTAS
36 – O(A) senhor(a) prefere lecionar utilizando o computador ou não?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
147
37 – O(A) senhor(a) acredita que as aulas melhoram ou rendem mais com a utilização da
Informática? Podem melhorar mais? Como?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
38 – O que o(a) senhor(a) sugere para uma melhor utilização dos computadores e outros
recursos da informática na Educação?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
39 – Quais recursos o(a) senhor(a) utiliza para tornar suas aulas mais atrativas quando
o(a) senhor(a) usa os computadores?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
40 – Como o(a) senhor(a) analisa uma mesma aula dada com e sem o computador?
______________________________________________________________
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41 – Durante sua formação acadêmica foi utilizado algum recurso de Informática? Faça
um comentário sobre isto.
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42 – Abaixo deixamos o espaço aberto para o(a) senhor(a) fazer seus comentários,
críticas e/ou sugestões.
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