arte grega - O Universo da Arte

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arte grega - O Universo da Arte
ARTE GREGA
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Talvez um dos conceitos mais freqüentemente associados à arte para a maioria das
pessoas, seja o conceito de beleza. A sensação de prazer que temos quando apreciamos uma
música, uma pintura, uma dança ou uma fotografia, é uma sensação que muitos filósofos
identificam como sendo o prazer do belo.
Observando uma obra de arte, podemos até distinguir as sensações provocadas por sua
cor, suas linhas e formas harmoniosas. Temos a impressão de que quem a concebeu sabia
equilibrar formas, explorar significados e textura, conceber o prazer do belo. Temos a certeza
então que, quando um objeto, uma música, ou uma cena despertam essa sensação de prazer, essa
emoção, temos uma autêntica manifestação artística.
Ao longo de nossa vida vamos desenvolvendo uma forma peculiar e pessoal de apreciar
esteticamente o mundo que nos envolve, pois a estética, vista como um ramo da filosofia tem
como objeto de estudo a natureza do belo e dos fundamentos da arte. Neste caso, a estética
estuda o julgamento e percepção do que é considerado belo.
Para os gregos, a forma bela se relaciona com a harmonia/simetria (equilíbrio entre
entidades opostas que se neutralizam), com a proporção (todas as partes devem adaptar-se
reciprocamente, segundo relações proporcionais do sentido geométrico: A está para B, assim
como B está para C) e com a euritmia (adaptação das proporções às necessidades da visão)
(ECO, 2004)
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Uma das maiores influências na construção de nosso conceito de beleza encontra
sustentação na beleza ideal clássica da Grécia Antiga. Os gregos introduziram o nu na arte e essa
característica enfatiza a busca pelas proporções ideais das estátuas que representavam o
equilíbrio, a racionalidade e a perfeição do corpo e da mente. A arte grega buscava então
expressar um ideal de beleza, de formas perfeitas nas quais predominavam a harmonia, a
simetria, o equilíbrio e a proporcionalidade.
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A arte em Platão
O filósofo Platão (c. 429-347 a.C.) considerava as artes imitativas como a pintura, a música, a
poesia e o teatro, um grande erro. Segundo ele, elas não teriam uma finalidade prática, presente somente nas
artes não-imitativas, como a arte da guerra ou da fazer sapatos, por exemplo. Na República de Platão, em que
ele descreve uma forma de organização ideal do Estado, não há lugar para as artes imitativas. Ele também as
condenava por razões morais. A arte causaria o enfraquecimento moral do indivíduo ao estimular emoções
como a auto-piedade, a compaixão, aumentando a emotividade e diminuindo a capacidade racional,
considerada a capacidade superior do ser humano, dentro da visão grega.
Além de tudo, Platão julgava que as artes imitativas estavam duplamente afastadas da realidade.
Para ele, o nosso mundo é uma imitação tosca, um simulacro, de um mundo ideal superior, o mundo das idéias
ou das Realidades Supremas. Para explicar, ele fez uma analogia entre o nosso mundo e uma caverna. Imagine
que alguém vivesse por toda a vida dentro de uma caverna, olhando para o fundo dela, vendo apenas as
sombras projetadas pelo sol do que se encontra ao lado de fora. Essa pessoa tomaria as sombras como sendo a
realidade, sem saber que se trata apenas das sombras do que se encontra fora da caverna. Assim, para ele, o
nosso mundo, o mundo dos sentidos, é apenas uma sombra de uma realidade superior, que é o mundo das Idéias
Eternas. Sendo o mundo apenas um simulacro da verdade, e a arte, um simulacro desse mundo, a arte seria um
simulacro de um simulacro, afastando-se duplamente da realidade.
[Projeto Escola e Cidadania para Todos/São Paulo:Editora do Brasil, 2005]
Por amor à sabedoria os antigos gregos interpretaram racionalmente a realidade do
mundo, com o uso sistemático da razão humana para compreender o mundo, diferente das
interpretações oferecidas pelas lendas, mitos ou crenças religiosas. Assim nasceu a filosofia, filos
significa amor e sofia quer dizer sabedoria.
A herança cultural deixada pelos gregos é imensa, além da filosofia, podemos mencionar
a democracia, o teatro, os jogos olímpicos, muitas palavras de nosso vocabulário tem origem
grega, além das bases da matemática e da física desenvolvidas por Tales e Pitágoras.
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A Academia original, Akademia ou Hekademeia, era originalmente um parque público
situado a noroeste de Atenas e dedicado a um lendário herói ateniense da guerra de Tróia,
Akademos ou Hekademos. Qualquer cidadão ateniense podia comprar um terreno no parque,
assim Platão comprou uma pequena propriedade na área e, em torno de 387 a.C., abriu uma
escola formada por uma biblioteca, um jardim e sua própria residência. Nessa escola professavase um ensino informal, através de lições e diálogos entre os mestres e os alunos, onde se reuniam
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contribuições de diversos campos do saber como a filosofia, a matemática, a música, a
astronomia e a legislação.
As mais conhecidas academias gregas foram a Antiga Academia, criada por Platão, que
teve entre seus mestres além de seu fundador, o matemático Eudóxio de Cnido e como
discípulos, entre outros, Aristóteles, Xenócrates e Espeusipo; a chamada Academia do Meio,
fundada pelo filósofo platônico grego Arcesilaus e a Nova Academia, fundada pelo filósofo
cético grego Carneades. Essa tradição que deu origem a todas as academias e universidades de
ensino superior do Ocidente foi interrompida com o seu fechamento pelo imperador romano
Justiniano em 529 d.C.
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Observando o recortado território grego, percebemos a presença marcante do mar e das
montanhas. Essas barreiras naturais podem ter dificultado a formação de um único Estado grego.
Prevaleceu na administração política grega a formação de Cidades-estados, ou seja, cidades
(polis) que apesar de incluírem área rural e urbana, funcionavam como verdadeiros Estados
independentes. Dentre as Cidades-estados podemos citar Messênia, Corinto, Tebas, Megara,
Erétria, Argos, Olímpia, Esparta e Atenas.
No entanto, antes do auge do poder das Cidades-estados, a principais fontes para o estudo
da história da Grécia, além das escavações arqueológicas, são os poemas de Homero, a Ilíada e a
Odisséia.
A história da Grécia Antiga é longa e complexa, por isso, para facilitar sua compreensão,
os historiadores a dividiram em três períodos: Homérico, Arcaico, Clássico e Helenístico.
O período Arcaico marca o enriquecimento das Cidades-estados e a expansão da
civilização grega por diversas regiões do litoral mediterrâneo e do Mar Negro. O período
Clássico é marcado pelo esplendor da cultura grega no mundo antigo.
Apesar de ter elaborado o primeiro modelo de democracia, a sociedade grega era
escravista, o trabalho produtivo foi considerado desprezível pelo homem livre.
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Acrópilis de Atenas, capital da Grécia
“Uns nascem para ser escravos para que os homens livres possam gozar de um modo mais nobre de vida”.
(Aristóteles)
É importante lembrar...
Historicamente o período arcaico vai de meados do século VII a.C. até a época das
Guerras Pérsicas, no século V a.C. Inicia, então, o período clássico, que vai até o final da Guerra
do Peloponeso no século IV a.C. Nesse período, é importante ressaltar o século de Péricles - ou
século de ouro - (V século a.C.) momento de intensa produção intelectual e artística. No final do
século V a.C. com a tomada de poder de Alexandre, começa o período helenístico, acarretando
diversas mudanças na estrutura social e política e, também, na produção artística da época.
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“Na Atena clássica, a posição social e econômica dos pintores e escultores persistiu quase
sem alterações como era nas idades heróicas e homéricas, apesar da enorme importância que as
obras de arte vieram a adquirir na exibição de poder da vitoriosa cidade que lhe servia de teto. A
arte ainda era considerada uma simples profissão manual, e o artista um vulgar artesão que não
participava no valor espiritual do conhecimento ou da educação. Ainda era mal pago, sem
domicílio certo e levava uma vida errante; era, pois um forasteiro, alguém estranho a cidade que o
empregava” (HAUSER, 2003:117)
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O surgimento da civilização grega abrange mais ou menos quatrocentos anos, de 1100
a.C. até 700 a.C. A partir de 800 a.C., concomitantemente ao crescimento das cidades e à
expansão territorial, percebe-se uma dedicação especial à produção arquitetônica, pictórica e
escultórica. No que diz respeito à pintura, este período testemunhou o desenvolvimento de um
estilo chamado “geométrico” e que aparenta ser o estilo pictórico mais antigo na produção visual
grega.
Na Grécia, como aconteceu em outras civilizações, a pintura apareceu como elemento
decorativo da arquitetura. As métopas dos templos, as paredes das diferentes construções
apresentavam, freqüentemente, grandes painéis pintados por artistas geralmente anônimos, mas é
na cerâmica que a pintura encontrou sua grande forma de realização.
É possível observar ricos exemplos de pinturas nas tigelas, nos vasos e nos recipientes de
formas variadas que eram utilizados, no dia a dia, no comércio e nos rituais, sugerindo que, para
os gregos, o objeto podia exercer diferentes funções simultaneamente. Além de conter vinho,
azeite, e outros tipos de mantimentos, as cerâmicas tornavam-se os suportes da produção visual
da época fundamentando, visualmente, histórias, lendas e mitos; construindo e enriquecendo de
maneira “concreta” a cultura visual pertencente a este preciso período histórico.
No começo a cerâmica apresentava um tipo de decoração abstrata que continha
triângulos, formas xadrez e círculos concêntricos. Por volta de 800 a.C., as figuras humanas e de
animais começaram a ser introduzidas na pintura seguindo uma concepção formal geométrica,
isto é uma maneira de retratação mais “simples” e esquemática.
Vaso de Dipylon. Século VIII a. C. 1,08 m.
Museu Metropolitano de arte, Nova York.
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“Nosso espécime do cemitério de Dipylon em Atenas, pertence a um grupo de vasos
muito grandes usados como monumentos dos túmulos; seu fundo tem orifícios através dos quais as
oferendas líquidas podiam filtrar-se até o morto, embaixo. Na parte principal do recipiente vemos o
morto, que jaz em câmara ardente, ladeado por figuras com os braços erguidos em um gesto de
lamentação e um cortejo fúnebre de carruagens e guerreiros a pé. O que há de admirável nessa cena
é o fato de ela não nenhuma referência à vida após a morte; seu propósito é exclusivamente
comemorativo. Aqui jaz um homem digno, é o que ela nos diz, que foi pranteado por muitos e teve
funerais esplêndidos. Será , então, que os gregos não tinham uma concepção da eternidade?
Tinham, mas para eles o domínio dos mortos era uma região sem cores e vagamente definida, onde
as almas, ou “sombras” levavam uma existência insignificante e passiva, sem fazerem quaisquer
exigências aos vivos.” (JANSON: 1996, 47)
O estilo arcaico surgiu por volta do século VII, estimulado pelas relações comercias com
o Egito e o Oriente próximo. O geometrismo, que predominava largamente nas pinturas e nas
esculturas, deu espaço a um tipo de representação mais fiel ao modelo “real”, revelando um
maior movimento, mais riqueza de detalhes e uma predileção pela retratação da figura humana
que era pintada, assim como todas as figuras da “cena”, de preto, destacando-se nitidamente do
fundo de argila ferruginoso. (Lembramos que, freqüentemente, as figuras apresentavam as linhas
principais de construção formal incisas no vaso). Os artefatos em argila deste período retratavam
principalmente episódios mitológicos, povoados de deuses, deusas e heróis.
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Aquiles e Ájax jogando damas.
Ânfora com figuras negras pintadas por
Exéquias (cerca de 540 a. C.) Museu
gregoriano-etrusco, Roma.
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O ateniense Exékias que viveu por volta de 535 a. C. assinou pelo menos duas peças de
cerâmica (fato raro na época, já que a pintura dos vasos era considerada uma arte menor), em que
aparecem figuras negras. Nesse contexto, é importante lembrar que Exékias passou a dar ênfase
a um tipo de representação figurativa onde, segundo Beckett (1997:17) tentava mostrar o mundo
tal como ele era.
Os primeiros vasos de figuras vermelhas foram elaborados na segunda metade do século
VI a.C. por um discípulo de Exékias, parecendo quase um “negativo” das pinturas com figuras
negras. As formas humanas, animais e de objetos de cor vermelhas destacavam-se do fundo
preto que era pintado em volta das figuras. Utilizando esta nova técnica, os pintores, não apenas
obtinham o escorço das figuras, mas também representavam profundidade de espaço e
características psicológicas em seus modelos. A representação das figuras adquiriu uma
configuração dinâmica, mais articulada e complexa, propondo temas mitológicos, bélicos mas
também de clara conotação intimista.
Representação de um sacrifício oferecido em conjunto
com uma libação num vaso da Grécia Antiga
Figuração Ática em negativo em negativo de preto sobre o
vermelho do barro oinochóe, ca. 430-425 BC (Louvre).
“A pintura grega de vasos está, caracteristicamente, preocupada em contar as histórias, e
muitos vasos trazem imagens de episódios relatados por Homero na Ilíada e na Odisséia, obras
escritas no século VIII a. C. Vasos ornatos com narrativas datam de tempos anteriores a Homero,
chegam ao período clássico grego (que sucedeu o período arcaico por volta de 480 a.C.) e alcançam
até épocas bem posteriores. A menos que vejamos imagens e vaso como um todo, não podemos
apreciar por completo a pintura cerâmica grega. Uma figura-chave na Odisséia, Palas Atena, a
deusa protetora da cidade de Atenas, aparece numa ânfora confeccionada em cerca de 480 a.C. pelo
artista anônimo que os estudiosos denominaram de pintor de Berlim. A curva negra e brilhante da
ânfora cria a impressão que a deusa afasta-se do nosso olhar, ao mesmo tempo em que nos
possibilita vislumbrá-la em sua solene doçura. Palas Atena estende uma jarra de vinho para
Heracles, que está na outra face da ânfora; ambas as figuras mantêm intacta sua privacidade, mas
ainda assim, se comunicam. É uma obra maravilhosamente contida, tão simples quanto complexa.
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Essa ânfora é um exemplo da técnica das figuras vermelhas que foi elaborada por volta de 530 a.C.
e sucedeu a cerâmica das figuras negras.” (BECKETT, 1997: 17)
No período clássico, o pintor mais importante foi Polignoto (475-450 a. C.) que, segundo
Plínio, deu vida e caráter à pintura. Infelizmente, sua produção não chegou aos dias atuais. Desse
mesmo período, temos outras produções pictóricas que podem ser contempladas e apreciadas
atualmente.
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O rapto de Perséfone, complexo funerário de Filipe II. 340 a.C., Grécia
A batalha de Isso ou a batalha de Alexandre contra os Persas
(cópia romana encontrada em Pompéia em mosaico de uma pintura helenística)
80 a. C, Museu de Nápoles
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A cultura helenística prevaleceu no Mediterrâneo até bem depois o Império romano
tornar-se a potência dominante. Após a morte de Alexandre, seu Império foi dividido entre seus
generais que instauraram uma série de Estados independentes onde prevaleceu um tipo de cultura
cosmopolita, fruto da miscigenação entre oriente e ocidente. Nesse contexto, desenvolveu um
amor à “arte pela arte” onde a influência oriental estimulou a produção de um tipo de arte mais
decorativa e suntuosa e onde os elementos religiosos passaram em segundo plano.
Desenvolveram, nesse período, pinturas de jardins (primeiras paisagens), de naturezas mortas,
retratos e cenas da vida cotidiana. Plínio comentou que, graças à “popularidade” da arte,
encontravam-se pinturas não somente nos palácios, mas também nas barbearias e nas sapatarias.
Os artistas dessa época tinham uma forte preocupação em retratar de maneira extremamente fiel
o mundo real, tendendo a descrever cenas dramáticas e violentas tornando o contato visual, por
parte do público, impactante.
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A maneira com que os gregos representavam o corpo humano influenciou diretamente a
produção romana e a de toda arte ocidental posterior. As primeiras estátuas gregas, como a do
Curo ou Kouros (moço, em grego antigo) do século VII a.C., baseavam-se no sistema do
quadriculado egípcio. Apresentavam uma configuração simétrica (simetria central) e uma
posição frontal e estática (no máximo um leve deslocamento do pé para frente), onde o peso era
simetricamente distribuído sobre as duas pernas. A expressão do rosto não denunciava
particulares emoções tornando o Curo a representação “universal” do homem jovem e não de um
homem jovem específico.
Aos poucos as linhas e, de conseqüência as formas, suavizaram-se, como é possível
perceber no Rapaz de Crítio de 480 a.C., mostrando uma tentativa de movimento e articulação
dos membros. Em vez de olhar para sua frente, o modelo tem a cabeça ligeiramente voltada para
o lado, o peso do corpo descansa sobre uma perna que assume uma postura mais afastada do eixo
central de simetria. A musculatura do corpo começa a ser ligeiramente evidenciada, assim como
a expressão facial, revelando a possibilidade de retratar o indivíduo e suas características
peculiares.
É importante lembrar que, nesse período, tornou-se necessária a utilização de materiais
diferentes do mármore e de outros tipos de pedras utilizados até então. A articulação dos
membros das estátuas (braços e pernas esticados, deslocamento de postura do eixo central,
torções do busto, etc.) elaborada na tentativa de superar a rigidez das estátuas arcaicas, acarretou
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a possibilidade de quebra dos membros por excesso de peso e falta de sustentação. Recorreu-se,
então, ao uso do metal principalmente do bronze, pois este material permitia ao escultor criar
estátuas que expressassem melhor o movimento. O Zeus de Artemísio (470 a.C.) é um exemplo
disso. Embora seu tronco reflita imobilidade, seus membros passam a idéia de vigorosa
atividade.
1.Kouros, 600 a. C. mármore, 1,86 m.Museu
2.Efebo (Rapaz de Crítio,
3.Zeus de Artemísio, 470 a.C. 2,09 m. Museu
metropolitano de N.Y
480 a.C. 86 cm. Museu
Arqueológico Atenas.
Atenas.
Miron, em sua obra Discóbolo (450 a.C.), continuou trabalhando com a articulação dos
membros e a imobilidade do tronco, representado em posição de torção. Sua obra (originalmente
em bronze) mostra a tensão da musculatura no momento que antecede o lance do disco,
revelando uma posição corporal impossível, mas visualmente harmônica e equilibrada,
sustentada pelo pequeno tronco posto estrategicamente atrás do atleta.
Policleto, no intuito de traduzir de maneira mais natural possível a idéia de movimento,
elaborou o Doríforo, uma estátua que representa um homem caminhando e pronto para dar mais
um passo, apresentando uma alternância de membros tensos e relaxados. Este tipo de
representação segue o princípio do contraposto (ou princípio de Policleto) em que o peso do
corpo se apóia numa das pernas e o corpo segue este alinhamento, dando a ilusão de uma figura
surpreendida em movimento.
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Discóbolo de Míron (cópia romana em mármore).
Doríforo de Policleto (copia romana em mármore).
O original grego data de c. 450 a. C., 1,25 m. Museu Nacional de
O original grego data de c. 440 a. C., 1,99 m.. Museu Nacional de
Roma.
Nápoles.
Por volta do século IV a.C. (período helenístico) a escultura começou a apresentar traços
particularmente característicos. O crescente naturalismo influenciou não somente a representação
da idade e da personalidade do retratado, mas também das emoções e do estado de espírito de um
determinado momento. Outra característica da escultura deste período foi à representação, em
forma humana, de conceitos e sentimentos, como a paz, a vitória, o amor, a liberdade, etc. Outra
inovação se deu no surgimento do nu feminino já que, no período arcaico e clássico, as figuras
das mulheres eram retratadas sempre vestidas. Praxiteles foi um dos grandes escultores desse
período.
Vitória de Samotrácia, C. 190 a. C. 2,75 m.
Museu do Louvre, Paris
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“O grande desafio – e a grande conquista – da escultura do período helenístico foi à
representação não de uma figura apenas, mas de grupos de figuras que mantivessem a sugestão de
mobilidade e fossem bonitos de todos os ângulos que pudessem ser observados. Assim é o grupo
formado pelo soldado gálata que acaba de matar sua mulher e está pronto para suicidar-se. Esse
conjunto da segunda metade do século III a. C. foi esculpido para um monumento de guerra,
construído em Pergamo. É importante notar que esse grupo revela ao observador, além da beleza,
uma carga de dramaticidade de qualquer lado que seja visto: o soldado olha para trás de forma
desafiadora e está pronto a enterrara a espada em seu pescoço, enquanto segura por um braço o
corpo inerte de sua mulher, que escorrega para o chão. O outro braço, já sem vida, contrasta com
a perna tensa do marido, ao lado do qual ele pende. O sentido dramático é conseguido justamente
pelo contraste: vida e morte, nu e vestido, mulher e homem, força e debilidade.” (PROENÇA,
2000: 35)
O soldado Gálata e sua Mulher, (cópia romana em mármore).
O original grego data da primeira metade do século III a. C. 2,11
m. Museu Nacional delle Terme, Roma.
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FÍDIAS (500- 432 a.C.) o mais conhecido e célebre escultor ateniense, supervisor da estatuária
do Partenon e o primeiro artista a usar drapeados para mostrar o corpo.
POLICLETO (450- 420 a.C.) rival de Fídia, compilou um livro sobre proporção; seu trabalho
mais conhecido foi a imponente estátua de Hera em Argos, em ouro e marfim.
PRAXÍTELES (ativo em meados do século IV a. C.), escultor ateniense célebre pelo primeiro nu
integral da estátua de Afrodite. Introduziu, no decorrer de seu trabalho, um conceito mais
sensual, mais natural da beleza do corpo.
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A Vênus de Milo é uma famosa estátua
grega. Ela representa a deusa grega Afrodite,
do amor sexual e beleza física, tendo ficado
no entanto mais conhecida pelo seu nome
romano, Vénus.
É uma escultura em mármore com 203 cm de
altura, que data de cerca de 130 a.C., e que se
pensa ser obra de Alexandros de Antióquia e
não de Praxíteles.
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“As realizações gregas em arquiteturas têm sido identificadas, desde os tempos romanos
antigos com a criação de três ordens arquitetônicas clássicas: a dórica, a jônica e a corintia.
Dentre elas, a dórica pode muito bem ser considerada a ordem básica, sendo mais antiga e mais
exatamente definida do que a jônica; a corintia é uma variante da última. O que pretendemos
dizer por ‘ordem arquitetônica’? O termo só é utilizado com relação à arquitetura grega (e tudo
que dela provém), com propriedade, pois nenhum dos outros sistemas arquitetônicos que
conhecemos já produziu qualquer coisa comparável. Talvez o modo mais simples de esclarecer o
caráter único das ordens gregas seja este: não existe o que se possa chamar de ‘templo egípcio’ ou
‘igreja gótica’ - os edifícios considerados isoladamente por mais coisas em comum que possam
ter, são tão diversificados que não podemos extrair deles um tipo generalizado - ao passo que o
‘templo dórico’ é uma entidade real, que se forma inevitavelmente em nossa mente ao
examinarmos os monumentos. Essa abstração não é, naturalmente, um ideal que sirva de
parâmetro para avaliarmos o grau de perfeição de um determinado templo dórico; significa,
simplesmente, que os elementos dos quais um templo dórico é composto são extraordinariamente
constantes quanto ao número, espécie e relação existente entre eles. Todos os templos dóricos
pertencem à mesma família claramente identificável; mostram uma consistência interna e um
ajuste mútuo das partes que lhes conferem uma característica única de inteireza e unidade
orgânica.” (JANSON, 1996:52-53)
Na arquitetura grega, o tipo de coluna determinava a ordem (“estilo”) do templo que
apresentava características arquitetônicas próprias e inconfundíveis.
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Coluna Dórica
Coluna Jônica
Coluna Coríntia
Parthenon, de Ictino, 447-432 a.C., Acrópole de Atenas. Exemplo de templo Dórico
Desenho do Patenon em Atenas
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