10 Superfícies.

Transcrição

10 Superfícies.
abril/maio 2014
#10
CONCEITUAL
SUPERFÍCIES
ABD 10 SUPERFICIES - CAPA.indd 2
24/04/2014 15:08:53
As grandes marcas de decoração
e design você encontra no D&D Shopping.
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Av. das Nações Unidas, 12.555. De segunda a sexta, das 10h às 22h.
Sábado das 10h às 20h. Domingo e feriados das 14h às 19h.
expediente
Publishers André Poli e Roberta Queiroz
Conselho Editorial Renata Amaral e Roberto Negrete
Edição e Arte Marcos Guinoza
Redação Marcella Aquila
Colaboradores Amer Moussa, Bruno Moreschi,
João Lourenço
Revisão Luciana Sanches
Jornalista Responsável Marcos Guinoza MTB 31683
EDITORIAL
É hora de agir
Amigos,
2014, segundo o calendário chinês, é o ano do cavalo.
Isso significa que vivemos um período propício para a concretização das nossas metas.
O cavalo simboliza movimento, e os anos regidos por
ele favorecem a ação. Por isso, é momento de arregaçar as
mangas e – com trabalho, força e determinação – ir em busca daquilo que desejamos, sem medo de nos arriscar. E é isso
que a ABD tem feito desde que foi fundada, em 1980: com
valentia e disposição incansável, luta para que a nossa profissão seja cada vez mais reconhecida e respeitada.
Hoje, nós, os designers de interiores, já podemos comemorar os grandes avanços que conquistamos ao longo
desse tempo. Somos relevantes e requisitados. Somos parte
essencial de um mercado em permanente expansão no Brasil – o que não quer dizer, de forma alguma, que podemos
nos acomodar.
Como instituição atenta às demandas da nossa profissão, a ABD, com ações e ideias sempre inovadoras, tem
como missão seguir construindo uma ampla plataforma de
relacionamento entre profissionais, empresas e serviços que
compõem o design de interiores. Juntos, somos mais fortes.
Juntos, podemos mais.
E para celebrar esta nossa união, lançamos a décima
edição de ABD Conceitual. Além de entrevista com a designer
Baba Vacaro, a revista reúne nomes e assuntos relacionados
com o tema escolhido para esta edição: superfícies.
Para começar a leitura, é só virar a página.
Renata Amaral, presidente da ABD
Publicidade
Comercial Rosane Gulhak (ABD)
[email protected] | [email protected]
VELVET EDITORA LTDA
Tel.: 11 3082-4275 | www.velveteditora.com.br
ABD Associação Brasileira de Designers de Interiores
Tel: (11) 3064-6990 | www.abd.org.br
Corpo Diretivo ABD
Presidência: Renata Duarte Amaral
Vice-presidência: Marcia Kalil, Ricardo Caminada, Bianka Mugnatto,
Jéthero Miranda
Conselho Deliberativo - Membros Efetivos: Carolina Szabó (SP),
Francesca Alzati (SP), Silvana Carminati (SP), Maurício Peres Queiroz
dos Santos (SP), Alexander Jonathan Lipszyc (SP), Renata Maria
Florenzano (SP), Rosangela Larcipretti (SP), Joia Bérgamo (SP),
Lucy Amicón (SP), Carlos Alexandre Dumont (MG), Jaqueline Miranda
Frauches (MG), Paula Neder de Lima (RJ), Luiz Saldanha Marinho
Filho (RJ), Flávia Nogueira da Gama Chueire (RJ)
Conselho Deliberativo - Suplentes: Nicolau da Silva Nasser (SP),
Paula Almeida (SP)
Conselho Fiscal - Membros Efetivos: Maria Fernanda Pitti (SP),
Fabianne Nodari Brandalise (PR), Catia Maria Bacellar (BA),
Delma Morais Macedo (BA)
Conselho Fiscal - Suplente: Daniela Marim (SP)
Diretora executiva: Alessandra Decourt
Sugestões
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Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade
dos autores e não refletem a opinião da revista.
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4 abd conceitual ABRIL/MAIO 2014
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sumário
abd conceitual / #10 / edição SUPERFÍCIES
Acredite, é porcelanato.
Sala de estar 10
baba
vacarO
Vitrine 08
maurício
arruda
18
maud
vantours
[+]
26 | SUPERFÍCIES
44 | bethan laura wood
Signos, significados e outras interpretações.
Superfícies contam histórias
RG Designer britânica acredita em novas
interpretações do banal
16 | linger a little longer
36 | PERSPECTIVAS abstratas
46 | blocos de montar
Calor faz superfície de mesas e bancos
perder a cor
Fachadas de prédios em um novo e
surpreendente contexto
Galeria Artista encaixa uma peça na outra e
transforma objetos usados em arte
24 | OBJETOS ANIMADOS
38 | QUARTO DE DORMIR
54 | cores de andy warhol
O mundo colorido e lúdico do artista inglês
Richard Woods
Considerações sobre o sono, o colchão,
a cama, o travesseiro
Coleção Uon Uon: padrões divertidos que
imitam madeira
Cortes e projetos especiais
Al. Gabriel Monteiro da Silva, 862
Fone (11)3087-6188
[email protected]
G
6 abd conceitual ABRIL/MAIO 2014
A
B
R
I
E
L
linha josé
Móveis inspirados na
informalidade brasileira
e nas feiras livres
yVitrine
MAURÍCIO ARRUDA
yTexto Marcos Guinoza
Há uma inquietação em Maurício Arruda. Inquietação que o faz ir além do lado mais espetaculoso do
design. Maurício não parece muito interessado em
transformar cadeiras em “obras de arte”. Quer, na verdade, transformar o mundo – reciclando velhas ideias,
reutilizando o descartável, reduzindo o desperdício.
José, a linha de móveis de madeira de demolição com cestos de plástico empilháveis, e a luminária
Parente, com cúpula feita com garrafões de vidro recolhidos por uma cooperativa de catadores, resumem
SER SUSTENTÁVEL
bem as questões que desafiam e movem o designer.
Maurício é ser sustentável, ser conectado com os novos
tempos, ser que não teme refletir sobre os problemas
reais que afetam o planeta e a humanidade.
Mestre em arquitetura, com especialização em
construções sustentáveis, ele combina ousadia, originalidade e bom humor em um design carregado de cor,
brasilidade e preocupações socioambientais.
Ao criar, Maurício recorre a imagens que habitam a memória das pessoas, desenhando objetos que
possam gerar vínculos afetivos. O princípio dele: “O objeto com valor sentimental é garantia de sustentabilidade”.
poltrona rede A rede é
adicionada a uma estrutura metálica,
sem nenhuma intervenção em sua
forma original
Série Coletiva
Móveis híbridos, com funções flexíveis:
mesa de centro/banco, divisória/
cabideiro e poltrona/estação de
trabalho; feitos com cintas de couro,
palha, tecido, fitas de nylon e madeira
Se tivesse o poder de redesenhar o mundo, o
que mudaria?
Redistribuiria os rios para as áreas mais secas. Sem
água, a vida não existe.
Um objeto de estimação.
O banco Tam Tam original de Henry Massonet, que era
da minha vó.
Ser sustentável é?
Ter responsabilidade no papel que exercemos social,
ambiental e culturalmente.
O que te inspira?
Grandes desafios, como reutilizar todo o resíduo sólido
que produzimos diariamente.
Design decorativo ou design utilitário?
Design utilitário que crie vínculos afetivos.
fotos Felipe Morozini, Gianni
Antoniali, Lufe Gomes, Marcos Cimardi,
Thiago Mangialardo, Victor Affaro
J mauricioarruda.net
pratos +5511 De porcelana, são estampados com 41 pontos turísticos da cidade de São Paulo, em
plantas que fornecem uma perspectiva inusitada do conjunto de construções e localidades retratadas
8 abd conceitual ABRIL/MAIO 2014
luminária PARENTE A cúpula é feita com
garrafões de vidro recolhidos pela cooperativa de
catadores Coopamare
ySala
de Estar
BABA VACARO
yTexto Marcella Aquila
baba
E l a é d i r e t o r a d e c r i a ç ã o d e g r a n d e s m a r c a s, r e f e r ê n c i a n o
design nacional e roteirista do programa Casa Brasileira, no GNT
ribs Banco foi criado em 1996 e
reeditado em 2007 para Dpot
fotos divulgação
Christiane Babadopulos Vacaro, conhecida
como Baba Vacaro, é designer das mais determinantes no contexto da produção contemporânea de objetos no Brasil. Baba se formou
em um período bastante conturbado no país
– social, político e economicamente – a década
de 1980, que apresentava, também no que diz
respeito à produção de linguagem, um momento de agitação mundo afora, com questionamentos dos cânones modernos e inúmeras
tentativas de abrir novas frentes de expressão.
Pode-se dizer, nesse sentido, que a trajetória
de Baba se confunde com o esforço de fazer
renascer entre nós a própria ideia de design.
Mulher de múltiplos interesses, como
se define, Baba não apenas contribui para
a construção de uma cultura do design em
terras tropicalorosas, com peças próprias, como
também atua na disseminação dessa cultura
por meio de diferentes meios de comunicação.
Além de palestras, já foi ao ar um programa de
rádio e, atualmente, ela é a roteirista da terceira
temporada de Casa Brasileira, programa de televisão que tem como tema o morar sob os mais
diversos aspectos e desdobramentos.
Diretora de criação de algumas das grandes marcas do mercado brasileiro, Baba conversou com ABD Conceitual.
BOB Luminária desenhada por Baba para a marca Dominici
ABD Conceitual – Como foi o início de carreira e quais foram os
principais desafios que você enfrentou?
Baba Vacaro – Saí da faculdade em 1986, no meio do que se
chama de “década perdida”. Apesar da abertura política, era um
momento econômico muito difícil no país. Nessa época, não havia muitas oportunidades de trabalho para os designers em indústrias, que tentavam sobreviver a duras penas. Mundialmente,
vivia-se um período de fetichização do design e se falava muito
em design assinado, e começaram a importar essas ideias no Brasil. Mas nossa indústria ainda não havia assimilado os benefícios
de se criar uma verdadeira cultura do design dentro das empresas e ainda vivíamos reflexos da abertura do mercado nacional
– o brasileiro estava ávido por consumir produtos de fora, não
importando muito se eram bons ou não. De carros a geladeiras,
móveis e equipamentos, tudo que fosse importado era considerado superior ao que se fabricava no Brasil. O lado bom desse
processo foi que as indústrias nacionais sobreviventes passaram
a ter que considerar uma nova estratégia de diferenciação para
que pudessem ser competitivas, e o design começou a se firmar
como uma ferramenta indispensável para o sucesso dos negócios. Hoje, quase 30 anos depois, o cenário é bem diferente e há
uma valorização, um maior entendimento do papel que um designer pode representar dentro de uma empresa.
ABD Conceitual – Quais seriam os principais entraves a ser superados ainda hoje na produção de design de objetos?
BV – Os principais entraves são ainda a falta de uma verdadeira
cultura do design nas indústrias e no mercado – muitas vezes o
12 abd conceitual ABRIL/MAIO 2014
NUAGE Abajur de seda
safira para Dominici
consumidor não tem consciência de que pode ter produtos melhores, mais bem resolvidos, que realmente melhorem a sua vida.
Acho que nossa melhor contribuição é ter em mente sempre
nossa cultura e, assim, criar produtos impregnados dela, de nosso
estilo de vida casual e alegre.
ABD Conceitual – Como diretora de criação, compondo coleções e linhas de produtos para algumas das marcas mais expressivas atuantes no Brasil, quais são os critérios e valores que te
guiam na escolha de objetos e designers no caso da composição
de um repertório comercial?
BV – É uma equação bastante complexa, que depende de muitas variáveis. A começar pelo posicionamento da própria marca,
sua história, sua proposta de valor. Cada marca precisa de uma
estratégia pensada exclusivamente para ela. Não existe, portanto,
uma fórmula pronta: cada ação e escolha sempre será pensada
para abraçar esse conjunto de variáveis.
mandacaru Inspirada na planta
nordestina, a poltrona é composta por
seis almofadas unidas como pétalas.
Para Futon Company
ABD Conceitual – Quais são os principais elementos que compõem o seu imaginário?
BV – Nós somos o resultado daquilo que vemos, ouvimos,
aprendemos. Sofremos influências de todos os tipos, evoluímos
diariamente. Vou repetir aqui um trecho que escrevi no meu site
para explicar um pouco sobre o meu trabalho: “Sou uma pessoa
de múltiplos interesses e o trabalho que fazemos é uma consequência dessa característica minha. Meu repertório vem de tudo
que apreendo daquilo que vivo e conheço, que se transforma
na minha intuição. Gosto de aprender uma coisa nova todo dia
e me dá muito prazer compartilhar esse conhecimento, que absorvo e retribuo ao mundo a partir daquilo que crio, quer seja um
novo produto, a ideia para uma coleção, um texto que escrevo
ou uma palestra que dou. Gosto muito das pessoas e me inspira
trabalhar em parceria com elas; torno reais os produtos de outros designers com o mesmo empenho que faço os meus. Para
oferecer respostas precisas e ideias personalizadas, envolvo-me
até o fim com a realidade de cada um de meus clientes. Junte-se
a isso o fato de que o universo do design é complexo e intrinsecamente multidisciplinar e pode-se concluir como é difícil explicar com poucas palavras tudo aquilo que fazemos para cada um
de nossos clientes”.
DE TRAÇOS ABERTOS
Escrito pela jornalista Cristina Ramalho, o
livro De Traços Abertos percorre a carreira
de Baba Vacaro e tem 320 imagens, mesmo
número de peças criadas pela designer até a
época do lançamento da obra, em agosto de
2012. As imagens que ilustram esta página
também estão livro: são fotografias de lugares
e elementos que serviram de inspiração para
Baba. A obra faz parte da coleção Design e
Processo, que, em cada volume, apresenta
um nome relevante do design brasileiro.
J editorac4.com.br
ABD Conceitual – Na sua opinião, qual o impacto mais significativo da tecnologia sobre a produção de design de objetos?
BV – Já vivemos momentos em que a tecnologia se apresentava
como forma e se consumia uma estética high tech. Hoje, a tecnologia é cada vez mais avançada, mas se reveste de aspectos cada
vez mais humanos. Muitos dos produtos feitos com altíssima
tecnologia parecem ter sido feitos artesanalmente, sob medida,
personalizados, exclusivamente para um consumidor.
ABD Conceitual – Quais são os lugares, os cheiros, os sabores,
as cores e as texturas que mais te estimulam na produção?
BV – Nossa, difícil dizer, seria uma lista longuíssima. Sou uma
pessoa muito motivada pela memória de lugares, cheiros, sabores... Vivo motivada por essa miríade que está em volta de mim o
tempo todo.
ABD Conceitual – Um sonho que gostaria de ver realizado.
BV – Não sou grande cultivadora de sonhos. Os projetos mais
diversos vão aparecendo na minha vida de forma encadeada,
natural, e cada um deles abraço de um jeito diferente. Gosto de
ver os projetos sendo construídos e realizados, passo a passo,
um a um, e com cada um deles aprendo coisas novas. Sempre
espero que o próximo seja tão ou mais motivador; por enquanto,
sempre deu certo.
ABD Conceitual – Um projeto que gostaria de concretizar.
BV – O próximo projeto pelo qual eu me apaixone.
ABD Conceitual – Se pudesse escolher qualquer lugar e/ou
personagem em qualquer período de tempo para passar um dia...
Quando, com quem seria e por quê?
BV – Sou uma pessoa de múltiplos interesses. Assim, difícil fazer
essa escolha. Eu já faço tantas coisas diferentes num só dia que é
como se vivesse várias vidas. Pra mim, já está mais do que bom.
J babavacaro.com
dominó Descanso para talheres ou pratos quentes de prata e pastilhas de
ônix Itaarte; seixos Jogo de baixelas. Ambos para a marca St. James
Linger a Little Longer
Calor faz superfície de mesas e bancos perder a cor
Fala o designer australiano Jay Watson: “Sempre fui
curioso sobre entender como as coisas funcionam. Aos 8 anos,
lembro de ter separado as peças do meu radiotransmissor para
descobrir qual era o segredo daquilo, confesso que ele nunca
mais voltou a funcionar”.
Adolescente, a curiosidade o levou a trabalhar como
aprendiz em uma oficina artesanal, onde produzia peças para
arquitetos, designers, construtores e sopradores de vidro. Após
estudar desenho técnico e produção na Universidade Nacional
da Austrália, Jay partiu para a Inglaterra. Em 2006, abriu estúdio
em uma antiga fábrica de cobertores, em Oxfordshire, sul do país.
As criações de Jay exploram superfícies, luz e tecnologia,
como é o caso da série Linger a Little Longer. “Acredito que o
mobiliário de nossa casa deve refletir nossas atividades diárias,
nossas emoções. Pensando em explorar esse conceito, comecei
a estudar novos materiais e tecnologias. Para essa série, descobri
a tinta termocrômica. Trata-se de um conjunto simples de mesas
e bancos feitos à mão. A ideia era levar um pouco de diversão
para a hora do jantar.” Feitas de carvalho europeu sólido, as peças minimalistas acomodam entre seis e oito pessoas. Quando
alguém encosta nelas ou coloca algum objeto sobre a mesa
ou o banco, depois de alguns instantes, a superfície perde a cor
preta, revelando a madeira original do objeto. Por meio do calor
transferido, as peças podem ter padrões diferentes todos os dias.
Sobre ser designer, Jay explica: “Não procuro ler revistas
de design. Estou interessado em periódicos científicos e industriais, algo mais próximo da minha realidade. Você pode tentar
dizer algo de várias maneiras diferentes, mas acredito que o
fundamental no design é apresentar uma mensagem que seja
direta e eficaz”. (JL)
16 abd conceitual ABRIL/MAIO 2014
J jaywatsondesign.com
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termocrômica
papel
retrato Coline Buhan
3d paper: PYRAMIDS
sobreposições
Dobra, corta, recorta, vira do avesso, cola: as incríveis
esculturas de papel da designer Maud Vantours
texto joão lourenço
18 abd conceitual ABRIL/MAIO 2014
maud em seu ateliê: “Tento me dedicar a um projeto
por dia. É necessário ter disciplina e ser organizada, nem
sempre consigo, mas é o lema que tento seguir”
3d paper: SPIRALES
Topo Foodesign GUZZINI:
compartimento para frutas e legumes com
design inspirado em cartas topográficas
Ela é francesa, tem 28 anos e cria esculturas de papel. Antes
de expor em galerias de arte e participar de mostras coletivas
internacionais, Maud Vantours era uma garota que sonhava em
ser desenhista – e foi sua paixão pelo desenho que a levou para
a escola de arte Duperré, em Paris. Lá, ela acabou deixando o
lápis de lado para estudar design de produtos e de superfícies
têxteis. Depois de três anos pesquisando materiais, padronagens e formas, abriu um pequeno negócio e passou a trabalhar
principalmente com papel.
Sobrepondo camadas e cores, Maud desenvolve padrões, efeitos gráficos e ilusões de óptica misturando vários tipos de papel com materiais como metal, plástico e couro. “Em
20 abd conceitual ABRIL/MAIO 2014
razão da flexibilidade, o papel é um dos meus materiais favoritos. Posso criar algo que expresse extrema fragilidade ou construir estruturas robustas. As possibilidades são infinitas, pense
em cores, texturas e opções de tratamento. Você pode dobrá
-lo, cortá-lo e virá-lo do avesso.” Em 2010, Maud foi selecionada
para o prêmio de novos talentos da Maison&Objet, importante
feira de design que acontece duas vezes por ano em Paris.
A artista e designer transforma superfícies planas em
objetos tridimensionais, e, a partir do papel, constrói utensílios
e acessórios como fruteiras, luminárias, bolsas e até cases para
celular. Recentemente, ela picotou camadas de padronagens
para as marcas de moda Yves Saint Laurent, Lancôme e Prada.
3d paper: INKA
Sobre o modo como trabalha, explica: “Tento me dedicar a um projeto
por dia. É necessário ter disciplina e ser organizada, nem sempre consigo, mas é o lema que tento seguir. Cada pedido é um novo desafio,
seja para uma marca famosa ou não.”
Maud procura criar gráficos originais, como paisagens de um
sonho multicolorido. Na série Spirales, ela experimenta as infinitas possibilidades de um arco-íris; em Botany, pétalas de flores emulam a profundidade de rosas selvagens. Para Maud, o design deve ser honesto
e eficiente. “Meu papel como designer é tentar desenvolver produtos
que agregam valor e significado, objetos que sejam úteis para nossa
vida. Não posso apenas criar um produto atrás do outro. O público que
busca peças de design é exigente. Acredito que hoje não compramos
algo só para enfeitar a estante, há um significado por trás disso – também queremos fazer parte do mundo que aquele objeto representa.”
Atualmente, ela trabalha em esculturas para o jardim do Le
3d paper: flora
Château de la Roche Jagu, localizado na região da Bretanha. E, em parceria com a fotógrafa Marion Dubier-Clark, planeja lançar livros em 3D.
“Não há limites na hora da criação. Estou interessada em atuar com
pessoas e setores diferentes. Gosto de misturar um pouco de tudo:
edição, produtos, design têxtil, design gráfico e arte.”
A transformação de um material simples como o papel em
obra de arte ainda levanta questões. “Procuro criar algo otimista e sinto que o público está reagindo bem. Às vezes, as pessoas inventam
teorias sobre como meu trabalho é feito. Acho engraçado quando me
perguntam: ‘Você fez isso mesmo à mão ou com uma máquina especial? É papel ou outro material? É 3D ou uma impressão?’”
Depois de Maud Vantours e suas esculturas de papel, o recorte e cole jamais será o mesmo.
J maudvantours.com
SÉRIE BOTANY
22 abd conceitual ABRIL/MAIO 2014
cartoon
WOODS + WRONG Armário da
linha WrongWoods, pufe Hay Bale e
poltrona Bricks & Mortar
WoodBlock House, em londres
OBJETOS ANIMADOS
O mundo colorido e lúdico do artista inglês Richard Woods
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
fotos reprodução
Desde 2007, o artista mantém parceria com
o designer britânico Sebastian Wrong. Dessa união,
surgiram vários móveis com as cores e o estilo pouco
convencional de Woods. A dupla estreou produzindo
o conjunto de armários WrongWoods, que, com o
sucesso, ganhou novas versões: em 2009, em preto
e branco, e, em 2010, em azul e rosa.
A poltrona Bricks & Mortar, com estampa de
Utilizando técnicas de trompe-l’oeil e pintura à mão, Richard Woods cria
tijolos, apareceu em 2009. Os dois lançaram também
superfícies com motivos que imitam veios e ranhuras de madeira que, depois, são
o pufe Hay Bale e a linha de cadeiras Logo.
pintadas com cores alegres e vibrantes, dando um ar de cartoon para as obras. Essas
Nascido em Chester, cidade inglesa próxima
superfícies – feitas com madeira compensada, tinta acrílica e verniz – são aplicadas da fronteira com o País de Gales, Richard Woods vive
em pisos, paredes e fachadas de residências, escritórios e lojas.
em Londres, onde tem escritório e, combinando arte,
Woods também expõe em galerias de arte. No ano passado, montou uma
design e arquitetura, segue colorindo o mundo com
instalação na galeria Alan Cristea, em Londres, chamada Do It Yourself, que buscava suas divertidas “animações”. (MG)
examinar a relação entre o ornamental e o funcional.
Revolution® é uma solução prática, confortável,
econômica e de excelente aparência. Composto de
90% vinil e 10% Poliéster, o carpete apresenta uma
trama texturizada, antiderrapante e de agradável
toque, sendo ótimo para isolamento térmico e
acústico.
De fácil manutenção e colocação, o Revolution®
pode ser utilizado em áreas úmidas e de alto
tráfego, pois sua superfície repele água e sujeira.
Ideal para ambientes internos e externos, tais
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saun as, barcos, hotéis, lojas, bancos, escritórios,
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24 abd conceitual ABRIL/MAIO 2014
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ENSAIO
SUPERFÍCIES
Labyrinth
S i g n o s, s i g n i f i c a d o s
26 abd conceitual ABRIL/MAIO 2014
Withered Flowers
e outras interpretações
texto marcella aquila
l’afrique
Superfícies contam histórias. Casca de ovo, escama de peixe,
caco de vidro. Topologia, topografia, tipografia. Madeira rugosa, mármore frio, idade do bronze. Pele de pêssego, pelo de onça, cabelo pixaim. Crista da onda, espelho d’água, neblina. Monte Everest, Vale dos
Ventos, esfinge. Superfícies são, provavelmente, as primeiras formas
pelas quais percebemos o mundo – como o vemos e/ou tateamos
buscando conhecê-lo. E, sejam elas elaboradas por mãos humanas
ou pela ação de centenas e milhares de anos da natureza, fato é que
as superfícies guardam sob si (ou em si) a chave para a solução de
muitos enigmas. Índices do modo de vida e da produção de antigas
civilizações e da possível existência de vida em outras escalas, esferas
e formas, nesta ou em outras galáxias, superfícies revelam e estimulam
histórias passadas, presentes ou futuras.
28 abd conceitual ABRIL/MAIO 2014
Camadas geológicas nos permitem acessar um pouco da formação do nosso planeta – quais atmosferas e espécies já circularam
por aqui? Um simples teste de laboratório nos transporta para eras
atrás – outros ares. Uma simples operação em laboratório nos permite simular o nascimento de estrelas. Bombas? Depende dos olhos de
quem vê. Vestígios de comida, restos cerâmicos, pegadas de animais...
Será que ainda espreitam em algum lugar por ali? As dunas se movem
de hora em hora, minuto a minuto, mas as pirâmides continuam. Tempestade de areia, tuaregue, véu e vestido. Os egípcios construíam obeliscos de granito vermelho extraindo-os da natureza em um só bloco,
disse-me um amigo. O mais alto chegaria a 41 metros. Mas não chegou a ser totalmente retirado da rocha, pois se percebeu uma fissura
fatal em sua superfície – ele permanece deitado em Assuã. Sabe-se
Alt Deutsch
como esses monumentos eram extraídos, mas como os colocavam
em pé? Talvez o segredo esteja nas entrelinhas – um terceiro a partir
da combinação de alguns daqueles hieróglifos.
As pinturas rupestres permanecem como signos vivos da passagem de homens ancestrais do lado debaixo do Equador. Na Serra
da Capivara, na Patagônia... Hoje o picho existe como signo vivo do
homem das grandes metrópoles. Contradição, violência, desafio. Caminhando catavento. McLuhan, uma figura da eletricidade, diz: “O sistema nervoso foi colocado pra fora”. E o que antes era domínio da visão, agora começa a recobrar os cinco sentidos. Nervos à flor da pele.
A roupa é uma extensão da pele, assim como a casa – shelter. “Mundo
abrigo”, diz Hélio Oiticica. Foi quando também imaginaram que, no
futuro, a superfície da Terra poderia ser eletrificada via wi-fi. E, então,
seria possível ocupar, de modo mutante e temporário, qualquer lugar.
O Superstudio ensaiou imagens dessas possibilidades. Mas ainda concebemos cidades a partir da lógica do lote, então...: muros.
Superfícies contam histórias. As marcas da fôrma no concreto,
tijolos aparentes, troncos no lugar de pilares, uma pedra no meio da
sala. As condições dos lugares, seus materiais postos à mostra: brutalismo. Sérgio Ferro fala em não apagar as marcas do trabalho. O rosto
do escravo negro, nas fotos do Instituto Moreira Salles, apresenta as
marcas precisas de uma sociedade ainda bastante presente. Sobre
quais bases queremos construir as nossas relações, o nosso habitat?
João Filgueiras Lima fez nascer a pré-fabricação entre nós. Caminhamos. L’Homme Qui Marche. À margem da margem. O manuseio do
bronze – uma nova materialidade. Metarrealidade. O manuseio da tin-
Persihed
ta sobre a tela. A perspectiva da tinta sob a tela. Branco sobre branco. A
tela. A saída da tela. A ruptura com a tela. O espaço-tela. Um papel em
branco. Tipos soltos sobre o papel – um lance de dados. Tipos são timbres. Partitura. Quatro e trinta e três. A relação histórica de inventores
com sua produção, nas mais variadas linguagens, é a própria relação
que estabelecem com as superfícies em que atuam e com as matérias
-primas que mobilizam para expressar suas ideias.
O espaço tende a ser, em nossa época, cada vez menos funcionalista. Na medida em que o trabalho e a comunicação se tornam
móveis, outras atividades são também reposicionadas. Nos grandes
aglomerados urbanos há uma demanda latente pela reprogramação
dos espaços – e por espaços reprogramáveis. Os públicos passam a
ser mais requisitados e os privados tendem a se tornar mais e mais refúgios – ambientes de desaceleração. As telas, interativas, luminosas e
30 abd conceitual ABRIL/MAIO 2014
ligadas em rede, permitem realizar tarefas mecânicas – antes exclusivamente presenciais – sem que seja preciso nos locomover. Logo, sair
assume também novos significados e expectativas as quais os espaços devem responder. A arte do século 20 pressentiu a ação da www
e, ao romper os limites da tela, jogou foco no corpo (intervenções) e
na presença do corpo no espaço (instalações). À arquitetura e ao design de interiores cabem proporcionar as experiências sensoriais que
as telas luminosas são incapazes de prover – estímulos ao tato, paladar
e olfato. As superfícies são, nessa direção, cada vez mais solicitadas.
Superfícies contam histórias. Superfícies revelam e estimulam
histórias passadas, presentes ou futuras. Às imagens que compõem
este ensaio faltamos nós. Pessoas que completem as histórias que estes ambientes são capazes de gerar.
Afinal, de que história você quer fazer parte?
Industry
studio job
As imagens que ilustram esta
matéria são de estampas
do Studio Job. A coleção é
composta por sete padrões –
Industry, Labyrinth, Perished,
Alt Deutsch, L’Afrique e
Withered Flowers (color e
black) – e foi lançada durante
o Salão Internacional de
Milão 2014.
J studiojob.be
publi
Suvinil
À LUZ DO DIA, CONTRASTES VIBRANTES
QUE ESTIMULAM O MOVIMENTO
VERMELHO | MAÇÃ DO AMOR
VERDE | XAROPE DE MENTA
Cor
com som
“VOZ” é o nome da paleta de cores da Suvinil para 2014.
Voz que vibra e emociona, colorindo os ambientes de
contrastes, acolhimento e pluralidades
tendências 2014
Em 2014, a Suvinil explora a concretude imaterial da
cor, apresentando ao público a paleta designada pela
palavra “VOZ”. Porque a concretude-cor não é só aquilo
que se vê. É um pouco mais: é também vibração, frequência de onda que, embora as mãos não consigam
tocar imediatamente, o corpo é capaz de perceber. Os
diferentes estímulos sensoriais provocados pelas cores
dão o tom aos diálogos que se pretende estabelecer
em cada um dos ambientes onde essas cores são aplicadas. Suavidade, introspecção, silêncio: meditação.
Energia, atividade, dinamismo: movimento. Aproximação, troca, colaboração: conexão. Para cada voz, um
matiz, e, para cada conjunto de matizes, um discurso.
Na contramão da aridez diária, na qual somos
submetidos a grandes desgastes e pressões constantes, a paleta “VOZ” procurou dar vazão, por meio das
cores, a discursos diversos, ainda que com um mesmo
propósito: a direção do encontro com a subjetividade,
seja este encontro individual ou coletivo. Nesse sentido,
a Suvinil organizou três caminhos possíveis: Pulsante,
Elementar e Plural. A escolha da voz-cor-som que irá
vibrar através dos espaços é toda sua.
Seguindo a trilha Pulsante, encontraremos os
tons de azul e verde densos, além da alta frequência
dos violetas e o brilho de vermelhos, laranjas e amarelos. Assim como a sombra não existe sem a luz, os
opostos, muitas vezes, são complementares. No caso
da paleta Pulsante, esse contraste é traduzido pelos
matizes mais densos de azuis e verdes e outros mais
iluminados das mesmas famílias. A proposta é colocar
em relação mundos aparentemente díspares como
o dos sonhos, da imaginação, com a realidade – hoje
muito identificada com a era digital.
O caminho Elementar nos traz os timbres suaves e vivos da natureza. Amarelos, laranjas, vermelhos,
marrons e tons neutros convivem com cores claras e
fechadas, como violetas, azuis e verdes. Tudo para reforçar a sensação de acolhimento e descompressão
proporcionada pela liberdade dos ambientes naturais.
Vivemos em uma época em que a rotação da
Terra é ainda acelerada pelas possibilidades de comunicação imediata entre espaços muito distantes no
globo. Misturamo-nos, cada vez mais. E o Brasil é um
exemplo de terra historicamente Plural. E, na rota da
pluralidade, encontramos as cores da bandeira refundadas em tons mais tranquilos: verdes, amarelos e azuis
estão intercalados a marrons e cores neutras de modo
harmonioso. As raízes são evidenciadas de maneira fluida e não convencional.
As vozes estão lançadas. Cabe a você, a partir
de agora, afiná-las à sua maneira: fazendo delas uma
sinfonia, ou um samba de uma nota só.
J suvinil.com.br/tendencias-2014
A magia da noite e seus mistérios concretizados
na sobreposição de tons, luz e sombra.
fotografia
Tour Espace 2000, Paris
Tour Ariane, Paris
Penn Station, Nova York
BNF building, Paris
Arche de la Défense, Paris
Tour Mirabeau, Paris
7 World Trade CentER, Nova York
New York Times Building, Nova York
PERSPECTIVAS
ABSTRATAS
fachadas de prédios em um novo
e surpreendente contexto
Alexander Jacques nasceu e mora em Paris. Foi criado perto da Disneyland, ao lado
de florestas e grandes campos abertos. Após terminar o ensino médio, resolveu estudar
artes plásticas. O primeiro emprego dele foi em uma agência de publicidade, ambiente que
proporcionou encontros com escritores, designers e cineastas. Hoje, ele é o fotógrafo por
trás do projeto Architectural Pattern.
Interessado em desafiar os limites entre design gráfico e fotografia, Alexander
aponta a lente para fachadas de prédios modernos, oferecendo uma visão diferente sobre
padrões gráficos e geométricos. “Meu trabalho é transformar superfícies abstratas em algo
envolvente; tento mostrar que elas podem nos oferecer perspectivas sobre o meio em
que vivemos. Veja só: geralmente, as pessoas usam o mesmo caminho para ir trabalhar
todos os dias. O problema é que, quando passamos pelo mesmo lugar, não paramos para
observar o que nos cerca. Em grandes metrópoles, os prédios são ignorados, principalmente aqueles que não têm nenhuma inovação estética. Se não há um contexto envolvente,
ninguém dá atenção.”
Em suas andanças, Alexander já clicou fachadas de prédios em
Nova York, Paris e Brisbane, na Austrália. “Antes de viajar para um lugar
desconhecido, leio livros de arquitetura sobre o local e também uso o
Google Street View. Chegando ao destino desejado, percorro o prédio e
faço vários testes de ângulos. Quando volto para casa, trabalho um pouco
em cima das fotos, mas não há muita edição. Em geral, todo o processo é
bastante rápido.” A reação do público é variada, mas alguns comentários
são recorrentes: “Isso é legal, mas é mesmo um prédio? Até este aqui? Isso
é foto ou Photoshop?”.
No momento, Alexander procura uma galeria para expor as fotos
do Architectural Pattern e planeja novas viagens. “Vou continuar explorando grandes centros. Porém, tenho outras ideias que não estão relacionadas com arquitetura; me preocupa essa cultura de superprodução e
consumo. Talvez seja esse o meu próximo tema. Vamos ver.” (JL)
J architectural-pattern.com
36 abd conceitual ABRIL/MAIO 2014
ambiente
QUARTO DE DORMIR
CONSIDERAÇÕES SOBRE O SONO, O colchão, A CAMA, O TRAVESSEIRO
texto marcos guinoza
Se Marcel Proust não tivesse bancado a edição de Em Busca do Tempo Perdido, o
livro jamais seria publicado. É que a obra – clássico absoluto da literatura mundial – foi
rejeitada por todos os editores, e Proust, obrigado a lançá-la por sua conta e risco. Um
editor ainda chegou a enviar uma carta meio desaforada para o escritor: “Quebro a cabeça e não consigo entender por que um sujeito precisa de 30 páginas para descrever
como ele se vira na cama antes de dormir”. Sim, são 30 páginas de um “vira pra cá, vira
pra lá” sem fim, em que Proust narra as dificuldades de um personagem que rola na
cama de um lado para o outro sem conseguir cair no sono.
O escritor francês não foi o único a falar de insônia. Muitos outros o fizeram.
Graciliano Ramos: “Não consigo estirar-me na cama, embrutecer-me novamente: impossível a adaptação aos lençóis e às coisas moles que enchem o colchão e os travesseiros”. Anton Tchecov: “Com respeito ao meu modo de vida atual, devo ceder lugar
de primazia à insônia que tenho sofrido ultimamente. Se fosse questionado sobre o
que constitui a característica fundamental de minha existência agora, eu responderia
insônia”. Rubem Braga: “Seria possível deixar essa eterna inquietação das madrugadas
urbanas, inaugurar de repente uma vida de acordar bem cedo?”. Dostoiévski: “Acordou
no dia seguinte já tarde, depois de um sono intranquilo, mas o sono não o revigorou.
Acordou amargo, irascível, com raiva, e olhou com ódio para o cubículo”.
Quem sofre ou já sofreu de insônia sabe: é uma das coisas
mais desesperadoras deitar e não conseguir “apagar”. Aí, na manhã
seguinte, como o personagem de Dostoiévski, iniciamos o dia esgotados, de mal do mundo. Hoje, sabe-se que dormir bem é essencial para
tocar a vida com equilíbrio e disposição. Falam que uma boa noite de
sono é tão fundamental quanto comer alimentos saudáveis e suar a
camisa praticando atividade física. Falam também que melhora a memória e o funcionamento do cérebro. E atenção: se você não quer
virar uma samambaia, saiba que um estudo americano descobriu que
noites maldormidas podem resultar em perda permanente de neurônios. Pelo menos foi isso que aconteceu com os pobres camundongos utilizados na pesquisa.
Em geral, explicam os especialistas, os adultos que não têm
problemas de sono dormem cerca de oito horas por noite. Mas há
exceções. Uns podem precisar de mais tempo na cama do que outros. Agora se liga nessa: estudos científicos e históricos sugerem que
esse papo de que o certo é dormir oito horas ininterruptas pode ser
invenção do século 17. Antes, segundo esses estudos, as pessoas dividiam o sono em dois períodos. O primeiro período começava cerca
de duas horas depois do anoitecer. Lá pelas tantas, despertavam, permaneciam uma ou duas horas acordadas e, depois, voltavam a dormir. No intervalo entre o primeiro e o segundo sono, aproveitavam
para fumar, ler, escrever, rezar e até visitar os vizinhos. Aproveitavam
também para fazer sexo. Um manual médico francês, do século 16,
aconselhava que a melhor hora para conceber um filho não era no
fim de um cansativo dia de trabalho, mas “depois do primeiro sono”.
Nessa época, a noite e seu breu profundo eram ocupados
principalmente por criminosos, prostitutas e bêbados. As pessoas “de
bem” ficavam em casa e, sem TV ou internet para os distrair, dormiam.
Mas então veio a iluminação pública e a noite ganhou luz, movimento,
vida. Logo, virou moda – e ir para a cama cedo, sem curtir a animação
noturna, passou a ser encarado como desperdício de tempo. Os dias
ficaram mais longos e, com isso, o tempo de descanso diminuiu. Do
sono em dois períodos mudamos para o sono ininterrupto de oito
horas. Por esse motivo, alguns estudiosos acreditam que muitos dos
distúrbios do sono atuais podem ter origem na preferência natural do
corpo humano por dormir em dois períodos.
Seja como for, fato é que necessitamos dormir – e dormir
bem! – para recarregar as energias, revalidar as vontades, esquecer
do tempo. Isso mesmo: esquecer do tempo. Para o filósofo romenofrancês Emil Cioran, dorme-se não para descansar, mas para se
esquecer do tempo. Faz sentido. Charles Baudelaire segue essa
mesma linha de pensamento, mas receita outro “remédio”. Segundo
o poeta, devemos nos embriagar de vinho, poesia ou virtude para não
sentir “o fardo terrível do tempo”. Também faz sentido. Mas deixemos
a filosofia para quem é de filosofar e vamos em frente.
CORES FRIAS, CAMAS QUENTES
Para dormir bem, muitas vezes não basta estar caindo de sono. Há
vários fatores que podem interferir no repouso e causar pesadelos
durante a noite. O colchão é um deles. De acordo com o IBGE, uma
40 abd conceitual ABRIL/MAIO 2014
“Dormir é a
melhor coisa
deste mundo.
Nem leitura,
nem diversão,
nem uma boa
mesa, nada se
compara”
tilda swinton apresenta a performance the maybe
pessoa que está com 71 anos passou pelo menos 23 anos dormindo. É tempo pra dedéu em cima de um colchão. Por isso, não
dá para ser qualquer colchão. Tem que levar em conta o peso e a altura da pessoa – e o colchão não pode ser muito mole. O travesseiro é outro item importante. Lá na antiguidade, os egípcios, coitados, dormiam com a cabeça deitada sobre pedras. O tempo
passa, a humanidade evolui e, hoje, tem até travesseiro feito com uma tal espuma viscoelástica desenvolvida pela Nasa. Aqueles
que entendem do assunto dizem que a posição ideal de dormir é deitar de lado, com um travesseiro debaixo da cabeça e outro
entre as pernas.
Até o design do quarto pode prejudicar o sono. Isso significa que beleza, sim, continua sendo fundamental, mas não pode
ser a única questão a se pensar no momento de decorar o quarto. Afinal, de que adianta ter um quarto lindo onde se dorme mal? A
cortina, por exemplo, não pode ser muito curta ou clara. Motivo: permite que a luz invada o ambiente e interrompa a produção de
melatonina, o hormônio do cochilo. As cores das paredes também influenciam. “As cores frias são as mais indicadas para o quarto:
Tilda Swinton
azul, verde. Tanto faz as tonalidades, mais fortes ou mais claras. Vai
do gosto de cada um”, explica Márcia Okida. Formada em design gráfico, coordenadora e professora do curso de produção multimídia da
Universidade Santa Cecília (Unisanta), Márcia é pesquisadora de cores. “Qualquer tom pastel também é bom, como areia, amarelo bem
clarinho, bege.” Mas a cor ideal mesmo para o quarto, afirma a designer, é o azul, em qualquer tonalidade. “É a única cor que realmente
baixa os batimentos cardíacos e relaxa.” Márcia, no entanto, faz um
alerta: “É bom lembrar que nunca devemos usar a cor no quarto inteiro. O indicado é apenas em uma parede e que não seja a parede
que você fica olhando quando está deitado na cama.”
O quarto, como se sabe, não é só local de descanso e nem
sempre se vai para a cama apenas para dormir. Assim, se a ideia –
em vez de acalmar – é “esquentar” o ambiente, torná-lo mais divertido e afrodisíaco, Márcia recomenda o vermelho. “Ao contrário do
azul, o vermelho acelera a circulação, estimula. Lilás e violeta também podem ser usados, pois indicam sensualidade. Mas é preciso
ter cuidado. Essas cores aumentam a sensibilidade, e pessoas com
tendências depressivas devem conviver o mínimo possível com elas.”
A designer acrescenta que, se a pessoa não quiser pintar as
paredes, pode usar as cores nos objetos decorativos.
DA VIGÍLIA PARA O SONO
“Artista viva, vidro, aço, colchão, travesseiro, linho, água e espetáculos”
fotos reprodução
42 abd conceitual ABRIL/MAIO 2014
Embora vital para o bom funcionamento do corpo, dormir bem, ao
que parece, está cada vez mais complicado. Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), existem 90 distúrbios do sono documentados, e esses distúrbios estão provocando olheiras profundas em
cerca de 43% da população brasileira. Essa grande incidência de insônia, na maioria dos casos, é causada por problemas emocionais.
Abuso de café e álcool, exercícios físicos perto da hora de dormir e
tendência ao estresse são outros causadores de “noites em claro”. E
como todos, sem exceção, passam por períodos em que dormem
mal por algum motivo, o melhor a fazer é seguir ao menos um dos
mandamentos do bom sono: reservar o quarto somente para dormir.
E, de preferência, um quarto sem bagunça.
Para o feng shui, “a bagunça constitui um obstáculo que precisa ser removido para que o progresso sonhado se concretize”. E
para se ter uma boa noite de sono, ensinam os mestres chineses, o
quarto deve ser calmo, arejado, organizado, limpo e, principalmente,
livre de bagunça. É isso: nada de roupas e sapatos jogados pelo quarto, nem cama desarrumada.
Para finalizar, Raduan Nassar: “Dormir é a melhor coisa deste
mundo. Nem leitura, nem diversão, nem uma boa mesa, nada se
compara. Sexo, então, é fichinha perto. É um momento de magia
quando você, só cansaço, cansaço da pesada, deita o seu corpo e
a sua cabeça numa cama e num travesseiro. Ensaio, prosa, poesia,
modernidade, tudo isso vai para o brejo quando você escorrega
gostosamente da vigília para o sono. É o nirvana!”.
Alguém discorda?
THE MAYBE
Realizada pela primeira vez em 1995, na galeria
Serpentine, em Londres, e, um ano depois, no Museu
Barracco, em Roma, a performance The Maybe foi
repetida pela atriz Tilda Swinton em 2013. A exposição
aconteceu algumas vezes no Museu de Arte Moderna
de Nova York (MoMA).
Sem aviso ao público, Tilda apareceu dentro de
uma caixa de vidro, onde permanecia deitada em um
colchão, dormindo profundamente. Ao lado da obra,
havia uma placa com a descrição: “Artista viva, vidro,
aço, colchão, travesseiro, linho, água e espetáculos”.
Filha de um oficial do exército britânico, Tilda
Swinton estudou literatura em Cambridge e escreveu
poesia; fez teatro – incluindo uma rápida passagem
pela Royal Shakespeare Company. Mas foi no cinema
que ela conquistou reconhecimento. Começou a
chamar a atenção de público e crítica depois de protagonizar o filme Orlando (1992), interpretando uma
personagem que muda de sexo. Em 2001, foi aclamada
pela atuação em Até o Fim e, em 2008, venceu o Oscar
de atriz coadjuvante por Conduta de Risco.
Tilda mora na Escócia. É casada com o pintor
Sandro Kopp e mãe de gêmeos. Atriz singular, procura
manter distância segura do oba-oba hollywoodiano.
“Vivo em outro planeta, felizmente, e lá fazemos as
coisas de forma diferente.”
J moma.org
yrg
BETHAN LAURA WOOD
yTexto João Lourenço
QUEM Bethan Laura Wood.
ONDE Ela nasceu na mesma cidade de Charles Darwin: em
Shrewsbury, na Inglaterra, cercada de construções do período Tudor, vegetais gigantes e jardins coloridos.
O QUE Bethan nunca teve dúvidas sobre o seu futuro como
designer. “Sempre me atraí por pintar, desenhar, fazer coisas.
Na infância, lembro de ir com meus pais à casa de uma família que trabalhava com móveis de madeira. Lá, aproveitava
para brincar de fazer carros de madeira prensada.”
QUANDO Em 2006, quando estudava em Brighton, come-
çou a desenhar acessórios. Em seguida, terminou os estudos em Londres e logo abriu um estúdio no leste da cidaHot Rock (acima) Armários
revestidos de madeira laminada
e pedaços de MDF colorido;
Play Time (ao lado) Inspirada
em um banco austríaco do
começo do século 20, com
pernas hexagonais que podem
ser combinadas com outros
modelos da mesma linha;
Moon Rock (ao lado, abaixo)
Coleção de mesas inspirada
nas crateras da Lua e nas
composições do Sistema Solar
J woodlondon.co.uk
de. Desde então, suas peças revestidas de laminado de
madeira já foram selecionadas em diversos concursos.
Ganharam, por exemplo, o prêmio de melhor design do
ano do Museu do Desenho de Londres.
3
fotos Divulgação
POR QUE A britânica é atenta aos detalhes das superfí-
cies, interessada em combinação de cores e proporção
das formas, além da funcionalidade do objeto. Geralmente, o design de Bethan oferece mais do que aparenta.
Pense em pulseiras que se convertem em objetos de
decoração e em mesas que se intercalam nos mais variados modelos. “Acredito que devemos estar atentos sobre
esse consumo desenfreado. Temos o conhecimento de
que a produção em massa não é mais um sonho eterno.
Precisamos utilizar os materiais de forma mais consciente. Não podemos esquecer o cenário maior: o mundo
natural está se esgotando.” Bethan acredita que o novo
pode surgir de tudo aquilo que você vivencia no dia a
dia. E aconselha: “Passeie por um mercado, brechó, veja
cores, inspire-se de cheiros e sons, tenha novas perspectivas sobre o banal, afinal, ninguém sobrevive apenas de
lugares exóticos”.
yGaleria
MICHAEL JOHANSSON
yTexto João Lourenço
peças esquecidas, você se força a pensar em uma solução nova, pois sabe que
o material é limitado; ou seja, não tem muito espaço para o erro.”
Michael ficou conhecido pela série Tetris, em que texturas e cores se
encontram para formar uma superfície que lembra a disposição das peças do
videogame homônimo. A série é formada por um conjunto de malas, caixas de
supermercado, televisores antigos, grandes blocos de Lego e outras bugigangas guardadas pelo artista. “Sempre fui de colecionar coisas, mas chegava a
um ponto em que eu não sabia mais o que fazer com elas. Hoje, a série Tetris
é mais do que uma obra isolada, ela representa o que faço no dia a dia: o Tetris
da vida real, encaixar uma peça na outra.”
Michael defende um design funcional e sustentável, e acredita que é
possível reunir humor, criatividade e senso estético em algo aparentemente
banal. “Procuro dar um novo ar para coisas que todo mundo já está cansado
de ver. Espero que a minha arte possa romper com esses padrões diários.
Quero que o meu trabalho seja um lembrete de que é possível se reinventar
sem necessariamente ter que visitar novos lugares. É uma questão de parar
para observar o ordinário.”
série tetris: tube | CUBE (ACIMA) | VERTICAL TRANSITION IN BLUE (AO LADO)
BLOCOS DE MONTAR
Artista sueco encaixa uma peça na outra e
transforma objetos usados em obras de arte
fotos divulgação
Michael Johansson cresceu em Trollhättan, cidade no
oeste da Suécia. Após se formar em história e artes visuais,
circulou por outros países europeus para ter contato com
artistas locais. Hoje, ele se divide entre Malmo, na Suécia, e
Berlim, na Alemanha, onde produz obras de arte e mobiliário
com objetos que fogem do comum. “Utilizo objetos usados
porque estou interessado no contexto histórico que representam. É mais desafiador e interessante trabalhar com peças
de diferentes origens. Quando se constrói algo com essas
J michaeljohansson.com
46 abd conceitual ABRIL/MAIO 2014
publi
Wallcovering
retrato Rafaela Thomaz
The Wall
rodrigo schimitD,
sócio da Wallcovering
wallcovering: diversidade de texturas e padrões de papéis de parede
Em um mundo de quantidades como o nosso, onde as possibilidades
se multiplicam em escala exponencial, um dos grandes desafios de
grandes marcas está na seleção das informações que processam e na
curadoria dos produtos que oferecem ao público. A Wallcovering, atuante no mercado de papéis de parede há mais de dez anos e atenta às
transformações de nossa época, traz ao Brasil, com exclusividade, um
conjunto de marcas cuidadosamente selecionadas e que atendem
aos critérios de qualidade e inovação exigidos pelo mercado.
Procurando processar uma síntese entre a tradição e as novidades apresentadas pela contemporaneidade, a Wallcovering dispõe
de produtos que utilizam em sua composição a mais alta tecnologia,
sem perder, porém, as principais características dos papéis de parede,
como a delicadeza de matérias-primas sofisticadas, como a seda, e
das texturas, como o linho. Em 2014, a empresa lança no Brasil a marca Khlara. “É uma linha conceito do grupo belga Masureel, especialmente criada para profissionais de design de interiores”, conta Rodrigo
Schimitd, sócio da Wallcovering.
Um dos maiores parceiros da Wallcovering no país, o grupo
Masureel é referência quando se fala em aliar tecnologia e tradição.
Original da região de Lys Valley, conhecida como a principal área de
fiação e tecelagem de linho no norte da Bélgica, a família Masureel
48 abd conceitual ABRIL/MAIO 2014
iniciou sua atuação, no setor têxtil, em 1850. Sempre investindo em
desenvolvimento técnico e criatividade, evoluiu com o mercado
e, hoje, oferece expertise também ao setor de papéis de parede. A
Wallcovering comercializa com exclusividade as marcas Guy Masureel,
Khrôma e Khlara, que compõem o grupo.
Entendendo as especificidades e os diferenciais dos produtos
em relação aos demais tipos de acabamentos disponíveis no mercado, a Wallcovering, segundo Rodrigo, projetou showroom para que o
profissional de arquitetura e design de interiores possa experimentar
uma diversidade de texturas e padrões e escolher o tipo de revestimento que dê mais destaque ao projeto.
Além das marcas Masureel, são encontradas também as
holandesas Origin e Esta Home, a belga Concordia, a sueca Decor
Maison, a italiana Giardini, a descolada Lavmi, entre outras. Cada uma
dessas marcas possui abordagens particulares e especiais, embora todas tenham uma característica em comum: seja no luxo, seja no apelo
cosmopolita, oferecem os melhores produtos e surpreendem com as
abordagens que se propõem desenvolver.
Surpreenda-se também fazendo uma visita a Wallcovering.
J wallcovering.com.br
MASUREEL Linhas exclusivas na Wallcovering, criadas
especialmente para profissionais de design de interiores
publi
Todeschini
Sob medida
Todeschini completa 75 anos de atividades e lança
coleção de móveis planejados inspirada no brasil
Coleção Identidade Frentes
na cor petróleo. Sobriedade e
sofisticação aos ambientes com as
mais variadas combinações
2014 é um ano especial para a Todeschini. Em
28 de abril, a empresa completou 75 anos de atividades e, com tudo que conquistou ao longo desses
anos, tem muito para comemorar.
Hoje, a Todeschini é uma das maiores fabricantes de móveis planejados da América Latina. E vale
lembrar: a empresa foi a primeira do ramo moveleiro a
ser certificada com o ISO 9001, de qualidade nos processos produtivos, e o ISO 14001, de responsabilidade
ambiental, o que conferiu à empresa credibilidade e
respeito. Em 2004, para seguir evoluindo e aumentar
a capacidade produtiva, além de garantir os prazos
de entrega, a Todeschini inaugurou nova fábrica, de
54.000 m² e com tecnologia de ponta, na cidade gaúcha de Bento Gonçalves, onde está a sede da empresa.
Para comemorar os 75 anos, a marca, pelo
quinto ano consecutivo, será a única do segmento
de mobiliário planejado a patrocinar nacionalmente
a Casa Cor, o mais importante evento de arquitetura,
decoração e paisagismo do país. Durante 2014, o mobiliário da Todeschini estará nos ambientes expostos
nas diversas mostras da Casa Cor que vão acontecer
52 abd conceitual ABRIL/MAIO 2014
pelo país. Em São Paulo, em parceria com o designer
Sig Bergamin, estará no principal ambiente.
Tem mais: já está nas lojas Todeschini Espaço
Premier a coleção 2014, chamada Identidade. Inspirada nos cheiros, sabores e paisagens brasileiras, a série
de móveis apresenta cores, texturas e formas que remetem ao Brasil, como, por exemplo, os padrões Aço
Cortain, Cerrado e Verena Rajado. A coleção também
surge com maior variedade de pinturas de alta tecnologia, em acabamento acetinado ou alto brilho, e cujo
nível de qualidade é encontrado apenas nas melhores
marcas de mobiliário da Europa.
Totalmente preparadas para atender arquitetos, designers, decoradores e o público em geral, as
lojas Todeschini Espaço Premier são reconhecidas no
mercado pela qualidade no atendimento ao cliente,
elaborando projetos que são visualizados em 3D, por
meio do software Promob, além de realizar serviços impecáveis de entrega, montagem e assistência técnica.
Móveis planejados personalizam os ambientes, combinando com os gostos e desejos do dono.
Planeje com a Todeschini Espaço Premier.
Coleção Identidade Pintadas na
cor ônix, as frentes DNA materializam
um ponto central da coleção: a
mistura de cores do Brasil
Coleção Identidade Acabamento
jangada. Toda a textura, o tom e a
composição das belas praias brasileiras
coleções todeschini
Color Glass Trouxe a primeira linha de portas de vidro colorido ao mercado
brasileiro; Natural Life Padrões que reproduziam os acabamentos naturais
semelhantes aos encontrados na natureza; Luz & Cor Unia a intensidade da
luz com a vitalidade da cor, em peças com aplicação de LEDs e acabamentos
em alto brilho; Natural Tech Alinhada com a preocupação da empresa com o
desenvolvimento sustentável, utiliza tecnologia de ponta a serviço da natureza;
Organix Ousada e inovadora coleção de móveis inspirada nas formas curvas;
Vida Móveis confortáveis com cores vivas.
LÁ VOU EU
O Programa de Fidelidade Lá Vou Eu é baseado em um sistema de pontos, que são trocados por
viagens para lugares surpreendentes a cada ano. Em 2014, as cidades escolhidas são Amã e El Calafate.
Amã fica na Jordânia, entre o deserto da Síria e o Vale do Rio Jordão. Durante sua longa história, a
cidade foi habitada por diversas civilizações. Lá, o antigo e novo se misturam. El Calafate está situada
na Patagônia argentina. É a cidade mais próxima do Parque Nacional Los Glaciares, onde estão os
glaciares Perito Moreno, Spegazzini, Upsala e Onelli.
Para os associados da ABD que se cadastrarem no programa durante os meses de maio e junho, as
lojas Todeschini Espaço Premier oferecem 15.000 pontos de boas-vindas.
Todeschini Espaço Premier
São Paulo
Moema: Avenida Ibirapuera, 3.249, tel.: 11 3473 5711
J todeschinimoema.com.br | todeschinijardins.com.br
Jardins: Avenida Europa, 421, tel.: 11 2935 8284
D&D
revestimento
shopping
k
MIAMI
Um giro por
fotos divulgação
CORES
DE
ANDY
WARHOL
54 abd conceitual ABRIL/MAIO 2014
coleção uon uon: padrões divertidos que imitam madeira
Nome fundamental da pop art, Andy Warhol, morto em 1987, segue como referência
para inúmeras produções. O uso de cores vibrantes era uma de suas principais características
– e são essas cores que inspiram a coleção Uon Uon, da 14oraitaliana, marca que acaba de
desembarcar no Brasil.
A empresa, com sede em Castelvetro di Modena, comuna italiana na região de Emília
-Romanha, norte da Itália, produz revestimentos de porcelanato que podem ser aplicados em
pisos, paredes e outras superfícies. Os padrões da coleção Uon Uon lembram divertidas ilustrações que imitam a textura da madeira. Para se obter um efeito mais natural, são utilizadas
técnicas avançadas de silk screen, alta porcentagem de vidro e queima-tripa no processo de
produção. As réguas têm tamanho único de 20 cm x 120 cm, e há 84 opções de cores.
Atenta às questões ecológicas, a empresa segue princípios sustentáveis, utilizando
materiais de baixo impacto ambiental em sua linha de produção. ONDE ENCONTRAR J ardece.com.br
Beach
Área
exclu$iva
cidade
para o escritor david leddick, miami, neste século,
será “a cidade mais importante da costa leste americana”
“
texto joão lourenço
mágica
Há 30 anos, Miami era como uma grande comunidade para quem procurava
sossego. Era o roteiro perfeito para aposentados e pessoas que fugiam do frio.
Mas também havia uma nova onda de artistas que começava a carreira por aqui.
Pensei em comprar um apartamento, acabei adquirindo um prédio inteiro.
Miami passou por várias transformações. Com investimento
chegando do mundo todo, os velhos edifícios foram renovados,
a cidade foi revitalizada, novos espaços verdes foram planejados.
O status de cool e chique apareceu com as estrelas de
Assim, Miami recuperou sua juventude. Veja as cores vibrantes
Hollywood e madames endinheiradas. Mas o chique de
utilizadas nas construções mais recentes. Hoje, acho a cidade muito
hoje não é exagerado, as pessoas não têm mais aquela
mais divertida e atraente do que era no passado. Vejo Miami como a
necessidade de mostrar seus bens, tudo soa mais natural.
nova Nova York.
Amo a cidade porque é sempre verão. É como se tivesse algo na água,
não sei explicar muito bem. Aqui, todos se sentem jovens. A cidade
Miami era vista como uma cidade cafona e exagerada.
é fresca e cercada de verde. Por conta da umidade, não é preciso se
Felizmente, hoje representa modernidade e frescor, o
preocupar muito com cremes e protetores. Sua pele sempre está ótima.
lugar onde todos precisam ver e viver.
Quando deixo a cidade por um tempo, aparento ser dez anos mais
velho. A dica para os viajantes de primeira viagem é bastante simples:
As pessoas que não conhecem a cidade ainda costumam
tragam apenas camisetas, shorts e sandálias. Não tem erro, apenas
pensar que Miami é apenas um resort a céu aberto cheio
venham de peito aberto. A cidade abraça todos.
de gente bonita. Existe isso, só que também é uma região
de negócios muito importante. O mercado de arte, por
exemplo, não para de crescer, e o Brasil é um dos países
David Leddick vive em Miami. Contracenou com Maria Callas no
que mais trouxe investimento para cá. Não é de hoje que
Metropolitan de Nova York; dirigiu comerciais para as marcas L’Oréal
Miami é um ponto importante de ligação entre as duas
e Revlon; escreve para o Huffington Post; é autor, entre outros, do
livro In the Spirit of Miami Beach (Assouline, 2008, 160 páginas)
regiões da América.
De região decadente a paraíso do luxo,
o Miami Design District reúne arte, moda, gastronomia
e decoração em um só lugar
texto bruno moreschi
O Design District, até a década de 1980, era apenas uma
área que fazia parte do bairro de Buena Vista. Tudo ali era
decadente: casas simples, muros pichados e criminalidade que fazia com que quase ninguém andasse durante a
noite pelo lugar. Mas a partir de 1990 a região começou a
se transformar. E a iniciativa partiu de um empresário que
quase todos os habitantes de Miami chamam de visionário.
Dono de um fundo de desenvolvimento imobiliário voltado para imóveis de luxo, Craig Robins começou a
comprar dezenas de prédios literalmente caindo aos pedaços. Em pouco tempo, o empresário já era praticamente
o dono do bairro. Com esse poder, convenceu a prefeitura
local a repensar o plano diretor urbano da região e convidou
o casal premiado de urbanistas Andrés Duany e Elizabeth
Plater-Zyberk para repensar um novo bairro. Os anos que
se seguiram foram de investimentos públicos e privados
pesados. Ruas e calçadas refeitas, novas árvores plantadas,
empresários inovadores convencidos a abrir seus negócios
ali e muita, muita publicidade mundo afora.
Antes um bairro com cerca de 3.500 moradores, o
Design District virou paraíso do luxo. Hoje, Fendi, Christian
Louboutin, Yohji Yamamoto, Sephora, Marc Jacobs,
Givenchy, entre outras grifes poderosas, estão instaladas
lá. As que ainda não estão devem chegar em breve. Em
2013, uma equipe de Craig Robins viajou aos mais diversos
locais do mundo para convencer as marcas mais luxuosas
a abrir lojas no bairro. Um total de 50 marcas confirmaram
que chegarão já em 2014. A Louis Vuitton, por exemplo,
anunciou que sua futura filial no Design District será uma de
suas lojas mais glamorosas.
O novo bairro vem causando uma mudança na
geografia do mercado de luxo em Miami. Isso porque
J miamidesigndistrict.com
o Design District vem tirando lojas de locais até então
tradicionais da cidade. Hermès, Cartier e Dior anunciaram
que vão se mudar para o novo ponto. O mesmo vem
acontecendo com lojas da tradicional Lincoln Road. A
diferença gritante é que no Design District não há espaços
para shoppings imensos como os encontrados no centro
de Miami. Tudo é mais discreto – e também mais caro.
Como era de se esperar, o bairro também tem dezenas de galerias de arte importantes – afinal, arte e dinheiro sempre andam juntos. O apelido “SoHo de Miami” não é
por acaso. O que aconteceu no bairro de Nova York vem
se repetindo no Design District. Muitos dos galpões de indústrias desativadas estão sendo ocupados por galerias de
arte, como o espaço De La Cruz Collection. Fundado pelo
casal Rosa e Carlos de la Cruz para mostrar sua coleção
pessoal de arte contemporânea, o local impressiona pela
quantidade e qualidade das obras, além de abrigar um delicioso restaurante. Aliás, gastronomia era o elemento que
faltava destacar no Design District. Na maioria dos restaurantes, as mesas ficam do lado de fora. Isso faz parte da
característica do bairro: as pessoas estão ali para ver e ser
vistas. E não se espante se encontrar grande número de
celebridades e subcelebridades.
Recentemente, a prefeitura de Miami considerou
o Design District a inovação urbanística mais importante já
ocorrida na cidade. Também destacou que a experiência
bem-sucedida é um exemplo de como as parcerias privada e
pública podem trabalhar juntas e de forma eficiente. O bairro
tem apenas 18 quarteirões, pequeno se comparado a outras
regiões mais vastas de Miami. Mas é para esse lugar que todos que visitam e investem em Miami olham cada vez com
mais atenção. E Craig Robins avisa: isso é só começo.
d&d
recebe arquitetos & convidados em Miami
OCUPaR
TRaNSFORMaR
REVITaLIZaR
1 2
texto MARCELLA AQUILA
3
4
5
6
1 Caetano Del Pozzo, Andréa Gonzaga, Claudia Gallasso e Camila Carneiro Johnson 2 Flávia
Samia, Vânia Ceccotto, Andréa Gonzaga e Silvia Bitelli 3 Deborah Basso 4 Ricardo Caminada
5 Ana Paula Zagallo e Roberto Borja 6 Guinter Parschalk, Denise Barretto e Ana Damous
the wynwood walls: ESPAÇO da street art em miami
O bairro de Wynwood foi inteiramente reprogramado para se dedicar à
produção de linguagem e difusão de arte contemporânea: das ruas aos
ateliês e às galerias que, há mais ou menos 12 anos, começaram a se
instalar nos antigos galpões e depósitos industriais da região.
A vocação do lugar para as artes foi captada pelas antenas de
Tony Goldman, um empreendedor do setor imobiliário, amplamente
conhecido e admirado nos Estados Unidos por seus projetos de transformação de áreas degradadas. Foi Goldman quem identificou o novo
potencial que se desenhava no horizonte de Miami e, logo, um panorama no qual Wynwood poderia se (re)inserir.
Incrustado entre o bairro histórico de Buena Vista (1920), ao
norte, e a Downtown, ao sul, Wynwood constitui exatamente o elo entre
o Design District (norte) e o Miami Beach Convention Center, onde, desde 2002, acontece a versão americana da Art Basel. Foi apenas ligar os
pontos e Wynwood começava a se reestruturar. Em 2004, cerca de 18
galerias já haviam se instalado no bairro, que passou a abrigar, também,
inúmeros eventos satélites da Art Basel e, em 2009, o projeto Wynwood
Walls. Idealizado por Tony Goldman, com base na legislação local, que
determinava o caráter essencialmente pedestre da área, a ideia foi convidar artistas conhecidos por seus trabalhos na rua (arte mural e grafite)
a ocupar as enormes paredes dos galpões de Wynwood e, ao mesmo
tempo, promover a street art como um gênero que, segundo o projeto,
ainda era “pouco apreciado e historicamente não respeitado”.
Desde a primeira edição, Wynwood Walls já teve a participação de artistas expressivos do grafite mundial: os americanos Futura,
The Date Farmers, Faile e Bäst, How e Nosm, Jeff Soto, Logan Hicks,
Retna e Ryan McGiness; os gregos Stelios Faitakis e B.; os mexicanos Saner e Sego; o espanhol Liqen; o francês Invader; os brasileiros
Nunca e osgemeos.
Na sequência das ocupações iniciais, dentro e fora dos galpões de Wynwood, muitas outras seguiram. Hoje, o bairro tem mais
de 45 galerias, e os murais também se multiplicaram. Bares, restaurantes e cafés, alguns com caráter experimental, começam a estimular uma maior permanência e vida, diurna e noturna, nas ruas. Mesmo
certas marcas de peso do mundo da moda começam a migrar de
outros bairros para Wynwood.
De fato, a arte, estrategicamente financiada, permanece
como grande atrativo e motor na revitalização dessa área industrial
residual da cidade. É quase inevitável a comoção generalizada acerca
desse recente site que intenciona se tornar uma grande “lândia” da
arte contemporânea. Mas, na dança da especulação, é preciso estar
atento: a produção de linguagem, sobretudo aquela comprometida
com nada mais do que ela mesma, muitas vezes é avessa aos acordos
de retorno financeiro, próprios do mercado das artes e imobiliário. E,
nesse sentido, a arte pode até dançar conforme outras músicas, mas
tanto melhor quando dita o ritmo a partir de suas próprias réguas.
J thewynwoodwalls.com
Vânia Ceccotto, superintendente do D&D Shopping, em parceria com a associação dos lojistas, comandou jantar no hotel
Mandarin Oriental, em Miami, para comemorar a premiação do Programa de Relacionamento i/D, durante a Art Basel Miami
Beach. A festa teve a presença de profissionais premiados, lojistas e convidados.
1 2
34
a r t b a s e l m i a m i b e a c h
Miami virou
lugar de
encontro e
intercâmbio
de interesses
comuns, espécie
de cidade
latinoamericana
dentro
dos
estados
unidos
texto Dennys Matos
56
1 Roberto Nadaleto, Natália Meyer e Vânia Ceccotto 2 Alisson Macedo, Cristina e Fernanda Macedo e
Rita de Cássia Camilo 3 Silvana Lara Nogueira, Carina Korman, Fátima e Shênia Nogueira 4 Andréa Pilar e
Rodrigo Costa 5 Brunete Fraccaroli e Léo Shehtman 6 Jóia Bergamo, Drica Diogo e Patrícia Rocha
Quando a Art Basel chegou a esta cidade, em 2002, Miami era
uma urbe eminentemente turística, marcada pela passagem
de numerosos visitantes dos Estados Unidos e da Europa que
vêm para cá, sobretudo, para “se secar” de seus longos e frios
invernos. Mas essa imagem tem mudado de forma vertiginosa em anos recentes, provocada por vários fatores: econômicos, populacional e, obviamente, pelo magnífico crescimento
da Art Basel Miami Beach como projeto artístico e empresarial
de dimensões planetárias.
Do ponto de vista econômico, nos últimos cinco
anos, grandes capitais latino-americanos fixaram suas bases
operacionais em Miami e, não só driblaram a crise financeira
de 2008-2009, como ampliaram e diversificaram a produção e a exportação
de seus produtos ao vasto e insaciável mercado norte-americano.
No que se refere à densidade demográfica, ocorreu um espetacular
crescimento. A população, antes formada fundamentalmente por falantes da
língua inglesa e cubanos, recebeu numerosa presença de pessoas do Caribe, da
América Central e América do Sul.
Sobre a Art Basel Miami Beach, em 2013, ela chegou à 12ª edição.
Neste período de pouco mais de uma década, o evento, assim como todo o
ecossistema de feiras desenvolvido em seu entorno, tem gerado um inédito
fenômeno no mercado artístico, de alcance global único em todo o mundo.
Paralelas à Art Basel, acontecem dezenas de feiras de arte contemporânea, como a Scope, que, nesta última edição, teve cerca de 100 expositores
internacionais, e o Breeder, programa que teve a participação de
15 galerias. A Art Miami se destaca por sua amplitude
e variedade, apresentando 125 galerias, vindas de
17 países.
Novos eventos foram criados: a feira
de arte contemporânea Brazil Art Fair, que
teve 15 galerias brasileiras, e o programa
Suspended Time, composto por artistas do Brasil.No geral, uma mistura de
arte e design, que decepcionou por
seu conceito confuso e uma seleção
artística que pouco ou nada tem a ver
com a magnífica explosão da atual arte
contemporânea brasileira.
É evidente que há de tudo e para
todos os gostos na Art Basel Miami Beach,
desde a arte ornamental e decorativa até propostas mais sérias. Mas, após percorrer as exposições, tem-se a sensação de que todas se repetem
um pouco, que todas têm, salvo as exceções, uma receita
de mesmice. Supõe-se que seja também porque exista dentro da
arte mais atual uma visibilidade artística contemporânea bastante globalizada.
Por isso, ao se aproximar de uma fotografia de Candida Höfer, por exemplo,
logo se percebe que não é realmente da fotógrafa alemã.
Há cenários não menos atrativos e dinâmicos, que são os das exposições em museus, fundações e outros tantos espaços que guardam suas melhores mostras para o evento. Vale destacar, neste amplo panorama, o espaço
Pérez Art Museum Miami, com salas dedicadas à arte latino-americana de vanguarda e com exposições de grandes artistas contemporâneos, como a retrospectiva do chinês Ai Weiwei.
De qualquer maneira, o que fica claro é que a Art Basel Miami Beach
e as feiras paralelas de arte mudaram a cara da cidade. Criou-se uma sinergia
entre projetos imobiliários, design de móveis e moda, arte, gastronomia, escritórios de arquitetura, empresas de decoração e interiores, hotelaria e tudo o
que se pode imaginar relacionado à indústria do lazer e do entretenimento. A
cidade se tornou multinacional e, portanto, multicultural, forjando uma ampla
diáspora artística, empresarial e sociocultural latino-americana.
Dennys Matos é crítico de arte. Cubano, vive em Miami.
J artbasel.com/en/miami-beach
Tradução: Silvana de Souza
Descubra sua voz em:
pinterest.com/tintassuvinil
“
TODAS AS
CORES TÊM
VOZ. QUAL
É A SUA?
PULSANTE
O contraste na busca pela transformação, pela
liberdade de ousar e experimentar. Azuis e verdes
e também as nuances vibrantes dos violetas, vermelhos,
laranjas e amarelos são os tons pulsantes. Cor que
melhor representa o tema: Maçã do Amor.
Voz. Esta é a tendência da
Suvinil para 2014. A voz das
cores vai entrar em sintonia com
a sua vida. Para você fazer das
cores uma extensão da sua
opinião. Do seu gosto. Da sua
personalidade. Da sua voz.
São três temas:
Miami é o que Veneza foi para a humanidade
no período do Renascimento. É um
caldeirão de atividades culturais, onde o
art déco e o barroco espanhol convivem
em harmonia, onde celebridades se
ELEMENTAR
reúnem com modelos e atletas, onde sul-
O resgate suave da simplicidade, da serenidade,
do essencial. Amarelos, laranjas, vermelhos, marrons
e neutros são os tons elementares. Cor que melhor
representa o tema: Dia da Noiva.
americanos e europeus sentam juntos para
um expresso na Ocean Drive.
david leddick
D&D
PLURAL
A convivência harmoniosa com o outro, a aceitação de nuances
diferentes, a cooperação entre os tons. Verdes, amarelas
e azuis, misturadas com pitadas de marrons e neutras, são as
cores plurais. Cor que melhor representa o tema: Pau-brasil.
shopping
Sua casa, seu orgulho.

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